GUIA DE ESTUDOS
CDH (2016) Direitos de grupos minoritários, políticas para uma convivência amigável e a segurança de sua identidade
Bárbara Fabrizia de Oliveira Moreira Diretora Beatriz Fontainha de Castro Diretora Assistente Jonnathan Lobo Diretor Assistente
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO DA EQUIPE ................................................................................2
2 APRESENTAÇÃO DO TEMA ...................................................................................4
3 MINORIAS ..................................................................................................................8
3.1 A Origem das Minorias ..........................................................................................13
3.1.2 Minorias Étnicas, Religiosas e Linguísticas ......................................................14
3.1.3 Minorias Modernas .............................................................................................15
3.2 A Consciência da Minoria ......................................................................................16
3.3 O Estado ..................................................................................................................16
3.3.1 Políticas e a Segurança da sua identidade ...........................................................17
4 APRESENTAÇÃO DO COMITÊ ............................................................................18
5 POSIONAMENTO DOS PRINCIPAIS ATORES ..................................................19
5.1 Rússia .......................................................................................................................19
5.2 Alemanha .................................................................................................................19
5.3 França ......................................................................................................................20
5.4 Irã .............................................................................................................................20
5.5 Índia .........................................................................................................................21
5.6 China ........................................................................................................................21
6 QUESTÕES RELEVANTES PARA O DEBATE ...................................................21
REFERÊNCIAS ............................................................................................................23
TABELA DE REPRESENTAÇÃO .............................................................................24
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1. APRESENTAÇÃO DA EQUIPE
Caros senhores delegados, sejam bem-vindos! É com muito prazer que iniciamos os
estudos para a décima sétima edição do Modelo Intercolegial das Nações Unidas
(MINIONU). Meu nome é Bárbara Moreira e sou a diretora do Conselho de Direitos
Humanos (CDH) das Nações Unidas: Direitos de grupos minoritários, políticas para uma
convivência amigável e a segurança de sua identidade. Sou estudante no curso de
Relações Internacionais, e durante a 17ª edição estarei cursando o quarto período. Apesar
de já ter ouvido falar do MINIONU antes de ingressar no curso, só participei após entrar na
faculdade. Minha primeira participação foi em 2014 como voluntária no comitê da
Organização dos Estados Americanos (OEA), onde tive a oportunidade de aprender sobre a
parte logística e procedimental do mesmo. Em 2015, fui diretora assistente no Escritório das
Nações Unidas para Drogas e Crimes (UNODC), onde tive uma experiência diferente da
primeira, conseguindo aprender sobre a parte substancial, estratégica e tática de um comitê.
Ambos os cargos foram de extrema importância e sei que tudo o que aprendi será usado
nessa nova experiência, no cargo de diretora.
Meu nome é Beatriz Fontainha de Castro, tenho dezoito anos e estou muito feliz por
fazer parte da equipe do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, como diretora
assistente. Durante o 17º MINIONU estarei cursando o quarto período de Relações
Internacionais. Apesar de conhecer o projeto há alguns anos, minha primeira participação foi
em 2015, como voluntária de logística. Ao participar da edição anterior do MINIONU, tive
experiências engrandecedoras que, com certeza, foram de extrema importância para o meu
crescimento acadêmico e pessoal. Isso me motivou a participar novamente do projeto.
É com grande satisfação que venho me apresentar através deste, meu nome é
Jonnathan Lobo, tenho 20 anos e estarei no 5º período de Relações Internacionais pela
Pontifica Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) quando ocorrer o 17º
MINIONU. Está é a segunda vez que participo efetivamente do MINIONU, pois eu conheço o
projeto desde quando entrei na PUC Minas e não tive a oportunidade de participar antes
como delegado, somente como voluntário no ONU Mulheres (2020) na 16ª Edição do
MINIONU. Agora sou Diretor Assistente do Comitê que mais representa minha
personalidade, o Conselho de Direitos Humanos 2016, a minha escolha é pela afinidade
com o tema e espero trazer contribuições ao debate que subjaz.
Gostaríamos de reforçar que o estudo deste guia e o acompanhamento de outras
informações, por meio das mídias sociais, são de extrema importância para que os senhores
tenham uma boa simulação. Ademais, estamos disponíveis para esclarecer quaisquer
dúvidas que os senhores possam ter e para auxiliá-los da melhor maneira possível. Sendo
assim, não hesite em nos procurar. Bons estudos!
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Qualquer dúvida entrar em contato pelo e-mail: [email protected]
Acompanhe nossas postagens pelo blog: 17minionucdh2016.wordpress.com e pela
página no Facebook: facebook.com/17minionucdh2016
Atenciosamente,
Equipe do Comitê que simulará o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas
2016.
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2. APRESENTAÇÃO DO TEMA
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi aprovada pela Assembleia Geral
das Nações Unidas (AGNU) em 10 de dezembro de 1948, cristalizando de maneira formal a
preocupação com a integridade do ser humano após Segunda Guerra Mundial, que ao longo
da história humana, foi ferida e comprometida e que no pós-guerra se revela uma pauta de
extrema importância a ser discutida e resolvida. Dessa forma, há uma reafirmação sobre a
dignidade humana e uma preocupação genuína em tratar do assunto. Devido às perdas
imensuráveis que a humanidade sofreu, o entendimento dos erros cometidos e a gravidade
das atrocidades vivenciadas, uma mudança se tornou mais que necessária. (COMPARATO,
2001). Sendo assim:
[…] a compreensão da dignidade suprema da pessoa humana e de seus direitos, no curso da História, tem sido, em grande parte, o fruto da dor física e do sofrimento moral. A cada grande surto de violência, os homens recuam, horrorizados, à vista da ignomínia que afinal se abre claramente diante de seus olhos; e o remorso pelas torturas, as mutilações em massa, os massacres coletivos e as explorações aviltantes faz nascer nas consciências, agora purificadas, a exigência de novas regras de uma vida mais digna para todos. (COMPARATO, 2001, p.36, grifo nosso).
Percebe-se que a vergonha e humilhação por fazer parte da covardia que mancha a
história impulsionam os debates acerca da importância de assegurar os direitos
fundamentais dos seres humanos e provoca medidas a serem adotadas, buscando
concretizar o firmamento dos avanços no que tange a integridade do homem. Além do
popular “peso na consciência”, outro fator de extrema importância para a nova percepção
sobre esses direitos e sua afirmação, são as grandes descobertas científicas e as invenções
tecnológicas. Dessa maneira, há uma convergência da evolução tecnológica e da
importância dos direitos humanos. (COMPARATO, 2001). Segundo Fábio Comparato, esses:
são os dois grandes fatores de solidariedade humana, um de ordem técnica, transformador dos meios ou instrumentos de convivência, mas indiferentes aos fins; o outro de natureza ética, procurando submeter a vida social ao valor supremo da justiça. A solidariedade técnica traduz-se pela padronização de costumes e modos de vida, pela homogeneização universal das formas de trabalho, de produção e troca de bens, pela globalização dos meios de transportes e de comunicação. Paralelamente, a solidariedade ética, fundada sobre o respeito aos direitos humanos, estabelece as bases para a construção de uma cidadania mundial, em que já não há relações de dominação, individual ou coletiva. Ambas essas formas de solidariedade são, na verdade, complementares e indispensáveis para que o movimento de unificação do gênero humano não sofra interrupção ou desvio. A concentração da humanidade sobre si mesma, como resultado da evolução tecnológica no limitado espaço terrestre, se não for completada pela harmonização ética, fundada nos direitos humanos, tende à desagregação social, em razão do fatal prevalecimento dos mais fortes sobre os mais fracos. (COMPARATO, 2001, p. 37)
5
Com isso, os meios de comunicação e transporte já então presentes no século XX,
sofrem um progresso apressado pela Primeira e Segunda Guerra Mundial, os países
investem em projetos tecnológicos e bélicos, aperfeiçoando seus conhecimentos científicos
e armamentos. A ascensão de vacinas e o avanço da medicina social buscavam prevenir
doenças e epidemias, estudos sobre genética corroboram para a afirmação do fato de todos
os seres humanos serem iguais independentemente da estrutura e formação social. Os
meios de trabalho começam a se regularizar através da Organização Internacional do
Trabalho (OIT), melhorando as condições em que o proletariado exercia sua função,
trazendo normas e regulamentações também sobre crianças e mulheres. Convenções
internacionais sobre diversos assuntos crescem, corte para punir crimes de guerra é
incentivada pela França, lutas anti-facistas eclodem em diversos países, liberdades
essenciais como a de expressão, religião, privação e do medo são identificadas pelo
presidente americano Roosevelt. (UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME,
2000). São esses e outros fatores, que em um contexto propício como o pós-Segunda
Guerra, onde o mundo se encontrava em um caos social permeado pelas incertezas e pelo
senso de justiça, em meio a novas descobertas e evoluções econômicas, sociais e políticas,
que em 1948 se estipula a Declaração Universal de Direitos Humanos, firmando que:
Artigo I – Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade. Artigo II – 1. Todo homem tem capacidade para gozar os direitos e liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça cor, sexo, língua, religião, opinião ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. 2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente ou sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania. Artigo III – Todo homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. (DECLARAÇÃO UNIVERSAL DE DIREITOS HUMANOS apud UNESCO, BRASÍLIA, 1998, p. 2).
A declaração foi, tecnicamente, uma recomendação de princípios 1 das Nações
Unidas aos seus membros, como reafirma Eleanor Roosevelt em seu discurso 2 como
1Já em seu Preâmbulo deixa explícito que: “A Assembleia Geral das Nações Unidas proclama a presente 'Declaração Universal dos Direitos dos Homens' como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforcem, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos própios Estados Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.” (ONU, 1948 apud POSSA, 2007, p. 35).
2 “Ao aprovar esta Declaração hoje, é de primeira importância ter a clareza das características
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representante dos Estados Unidos da América (EUA) e da Comissão de Direitos Humanos
(CDH), mas não foi por ser uma recomendação que seu valor jurídico foi desmerecido.
Assim, “sua força jurídica advém do fato de que esse documento definiu o que os Estados
entendiam por Direitos Humanos e fundamentais.” (POSSO, 2007, p. 36). Além disso, o teor
do documento foi um grande passo ao reconhecimento mundial da importância e respeito à
dignidade do ser humano, já que pela primeira vez na história criou-se um documento formal
reunindo e codificando os direitos fundamentais aos homens.
Essa declaração deu início a uma nova luta pela proteção desses direitos tendo seu
conteúdo inspirado diversos tratados e convenções acerca do tema, como os Pactos
Internacionais de Direitos Humanos de 1966, institucionalizando os direitos fundamentais,
criando mecanismos de sanções e denúncias de violações, servindo de instrumento para a
promoção e proteção dos mesmos. Contribuiu também para a inicialização do Direito
Internacional dos Direitos Humanos com estudos de juristas renomados, passando a ter
uma base jurídica legal e sendo efetivamente indispensável na elaboração de Constituições
nacionais, que incorporaram a essência desses princípios vitais a todos os indivíduos.
Sendo os direitos humanos universais, inalienáveis, indivisíveis, inter-relacionados e
interdependentes, muitos juristas e internacionalistas os consideram jus cogens3, sendo
hierarquicamente maior que qualquer outra lei ou norma. “No entanto, a questão central não
é a de elevar o documento em si ao patamar de jus cogens, bastando que as normas
contidas nele sejam consideradas como imperativas e obrigatórias a todos os Estados,
mesmo os não signatários.” (POSSO, 2007, p. 45). Porém, no momento em que os Estados
participam da criação e efetivação desses direitos em suas Constituições, “é irrecusável
admitir que o mesmo Estado também possa suprimi-los, ou alterar de tal maneira o seu
conteúdo a ponto de torná-los irreconhecíveis.” (COMPARATO, 2001, p. 57) para benefício
dos seus interesses. Ademais, “nada assegura que falsos direitos humanos (…) não sejam
também inseridos na Constituição, ou consagrados em convenção internacional, sob a
denominação de direitos fundamentais.” (COMPARATO, 2001, p. 56, grifo nosso).
É por este motivo, que os direitos fundamentais, apesar da sua características
primordiais de inviolabilidade, irredutibilidade e imutabilidade, ainda são violados ou
desrespeitados em diversos países do mundo como exemplificado abaixo na FIG 1,
disponibilizada pela Maplecroft. Esses direitos ainda são muito frágeis, o que agrava a
básicas deste documento. Ele não é um tratado; ele não é um acordo internacional. Ele não é e não pretende ser um instrumento legal que contenha obrigação legal. É uma declaração de princípios básicos de direitos humanos e liberdades, que será selada com aprovação dos povos de todas as Nações.” (Roosevelt apud POSSA, 2007, p. 36).
3 “Norma peremptória de direito internacional geral. Como tal, é considerada como a mais importante fonte do Direito Internacional, superior a quaisquer outras. Diante da ampla aceitação de que os Direitos Humanos são de fato, jus cogens, ambos compartilham das mesmas características como a universalidade, a imperatividade, a impossibilidade de derrogação e a consequente nulidade de normas que o derroguem.” (POSSA, 2007, p. 45).
7
possibilidade de serem infringidos.
FIG 1 – Direitos Humanos: Mapeando o Risco
Fonte: HALF OF..., 2013.
Sendo assim, a FIG 1, apresenta um mapa global analisando a extensão de abusos
dos direitos humanos em 197 países, a cor vermelho escuro representando os Estados mais
propensos ao extremo desrespeito. A figura também informa que essas infrações estão se
agravando em escala mundial, com mais de 45% dos países ameaçados de extrema ou
elevada possibilidade de violação dos direitos fundamentais.
Um fato importante sobre essas estatísticas é que grande parte dos países que
apresentam a cor vermelho têm uma diversidade social muito grande, seja étnica, linguística
ou religiosa. Os direitos fundamentais nesses países se adequam a uma maioria, ou até
mesmo uma minoria dominante, podendo causar o que John Stuart Mill popularizou como a
tirania da maioria4, caracterizada pela ignoração das necessidades dos grupos minoritários,
que muitas vezes tem suas vozes abafadas pela tentativa de homogeneização da sociedade,
quase sempre apoiado pela própria sociedade majoritária, como explicita o seguinte trecho:
“A tirania da opinião e do sentimento dominantes: contra a tendência da sociedade para impor, por outros meios além das penalidade civis, as
4A expressão já tinha sido citada por John Adams em 1788 e Alexis de Toucqueville em 1853.
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próprias ideias e práticas como regras de conduta, aquelas que delas divergem para refrear e, se possível, prevenir a formação de qualquer individualidade em desarmonia com os seus rumos, e compelir todos os caracteres e a se plasmarem sobre o modelo dela própria. Há um limite à legítima interferência da opinião coletiva com a independência individual. E achar esse limite, e mantê-lo contra as usurpações, é indispensável tanto a uma boa condição dos negócios humanos como à proteção contra o despotismo político.” (MILL, apud SILVA, 2009, p.128).
Com isso, a discriminação é um problema inevitável, e os grupos minoritários acabam já
vulneráveis e deslocados, não encontram segurança em políticas nacionais, que acabam
não os representando de forma adequada e nem garantindo aquilo que é imprescindível à
eles.
3. MINORIAS
Sabe-se que muitos, se não todos os países, são compostos por diferentes
descendências e ou grupos culturais, que podem variar de Estado para Estado. E tal
diversidade social, cultural e até mesmo política, contribuiu para marcar o século XX com
perseguições, atrocidades, conflitos étnicos e desrespeitos aos direitos naturais
principalmente dos grupos minoritários. O termo minoria, ainda hoje, não possui uma
definição universal, variando de autor para autor, o que dificulta na legislação do direito
internacional, entretanto, para explicar nosso tema, usaremos a definição dada pelo
geografo Pierre George, que em Geopolítica das Minorias, afirma que:
O termo minoria (…) designa grupos humanos que se encontram “marginalizados”, em posição de inferioridade numérica, salvo exceção e, ao mesmo tempo, de inferioridade política, social ou econômica, cultural etc... O fato de estar estar em minoria implica, ao mesmo tempo, o fato de ser “menor” jurídica ou sociologicamente. Trata-se, então, de uma realidade de ordem quantitativa e diferencial e, simultaneamente, de uma condição de dependência ou ressentida como tal. (GEORGE, 1984, p.1).
Deste modo, em 1947, o sistema de proteção das minorias, que era amparado pela já
extinta Sociedade das Nações, foi considerado pelas Nações Unidas como defasado pelas
mudanças ocorridas no sistema internacional; o fim da guerra, novas potências pós-guerra e
as mudanças políticos, sociais e econômicas, a Carta das Nações Unidas passou a ser sua
substituta. Um ano depois, a Declaração Universal dos Direitos Humanos tomou de vez a
posição de princípio máximo de integridade, reiterando e complementando a substância do
documento da Carta. O plano era que ambos escritos fossem tão efetivos que não haveria
necessidade de disposições específicas sobre os direitos das minorias, e por isso se
preocupam em enfatizar a proibição da discriminação em seus textos, respectivamente nos
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artigos 1º5 e 55º6, e 2º7, já que afeta diretamente e negativamente as minorias. Entretanto,
depois de 1948 vários fatos importantes ocorreram; na década de 1950, guerras de
liberação nacional e revoltas na Ásia, independência de alguns países do continente
africano, o boicote liderado por Martin Luther King Jr. aos ônibus de Montgomery como ato
de protesto sociopolítico contra a segregação racial que ainda existia, levando a Suprema
Corte dos Estados Unidos da América a considerar inconstitucional a vigência dessa
marginalização dos negros. Houve diversas Convenções da OIT sobre Discriminação no
Emprego e Trabalho, Fim do Trabalho Forçado, Isonomia Salarial, além de um Comitê
voltado à Liberdade de Associação e uma Comissão de inquérito sobre violações dos
direitos sindicais. No que se refere aos direitos humanos, Corte, Comissão e Convenção
Européia. (UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME, 2000).
Na década de 1960, países africanos e de outras regiões adquirem o direito de
autodeterminação. Nos EUA, a União dos Trabalhadores Rurais da América organiza-se
para proteger os trabalhadores imigrantes. Movimentos feministas eclodem exigindo
igualdade. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos tem sua primeira sessão
realizada. Há, em Teerã, o Primeiro Congresso Mundial sobre os Direitos Humanos, a
Anistia Internacional, a Comissão Pontifícia para Justiça e Paz Internacional, a Organização
da Unidade Africana se originam. (UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME,
2000). Ocorre a Convenção Internacional das Nações Unidas sobre o Fim de Todas as
Formas de Discriminação Racial e os Pactos Internacionais de Direitos Humanos de 1966,
as minorias em seu 27º artigo:
Nos Estados em que haja minorias étnicas, religiosas ou linguísticas, as pessoas pertencentes a essas minorias não poderão ser privadas do direito de ter, conjuntamente com outros membros de seu grupo, sua própria vida cultural, de professar e praticar sua própria religião e usar sua própria língua. (PACTO DOS DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS apud COMPARATO, 2001, p. 320).
Tal proclamação é uma resposta dos acontecimentos anteriores, das décadas de
1950 até 1966, pois com a autodeterminação de alguns países, principalmente aqueles que
apresentam um alto nível de diversidade cultural, é inevitável as diferenças entre os grupos.
Os movimentos feministas e dos negros também constituem um novo processo de formação
5 “3. Conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas internacionais de caráter econômico, social, cultural ou humanitário, e para promover e estimular o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião.” (CARTA DAS NAÇÕES UNIDAS apud COMPARATO, 2001, p.220).
6 “c) o respeito universal e efetivo dos direitos humanos e das liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião.” (CARTA DAS NAÇÕES UNIDAS apud COMPARATO, 2001, p. 223).
7 Veja na página 6.
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minoritária, como veremos adiante. Seguindo com os acontecimentos, na década de 1970,
as questões sobre os direitos humanos atraem bastante atenção devido o tratamento dos
palestinos nos territórios ocupados, torturas de oponentes políticos no Chile, a “guerra suja”
na Argentina e o genocídio no Camboja. Temos o apartheid na África do Sul e a Convenção
Internacional da ONU sobre o Fim e a Punição do Crime de apartheid no Brasil e no
Paraguai. Os movimentos feministas continuam a exigir igualdade, havendo no final da
década uma Convenção da ONU sobre o Fim de Todas as Formas de Discriminação Contra
as Mulheres (CFDCM). Protestos populares contra a guerra do Vietnã, a guerra civil Biafra-
Nigéria e o conflito Árabe-Israelense. A OIT faz uma Convenção sobre a Idade Mínima. Em
Roma acontece a Conferência Mundial sobre Alimentos, aparecem as primeiras comissões
de justiça e paz, também temos a Corte Interamericana de Direitos Humanos e a Vigília dos
Direitos Humanos, conhecida como Vigília de Helsinki. A Anistia Internacional recebe o
prêmio Nobel da Paz por ter contribuído para dispersar a liberdade, a justiça e dessa forma,
para a paz do mundo. (UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME, 2000).
A década de 1980 traz o fim das ditaduras na Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai e
nas Filipinas. Convenções da ONU sobre os Direitos das Crianças e Contra a Tortura ou
Outros Tratamentos ou Castigos Cruéis, Desumanos ou Degradantes. Conferência e
Comissão Africana sobre Direitos Humanos e das Pessoas, sendo que a primeira “constituiu
em afirmar que os povos são também titulares de direitos humanos.” (COMPARATO, 2001, p.
393). Tivemos a Declaração da ONU sobre o Direito ao Desenvolvimento, a Organização
Árabe pelos Direitos Humanos, o Comitê da ONU sobre os Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais. Na China, o protesto na Praça Tiananmen exigia a igualdade social, liberdade de
imprensa e social, além de democracia e o combate a corrupção política, mas a repressão
violenta do governo marcou o evento como o Massacre da Praça da Paz Celestial,
repercutindo em diversas mídias internacionais. Outro marco importante da década foi a
queda do Muro de Berlim, que era considerado um símbolo concreto da divisão do mundo e
da Guerra Fria, sendo chamado também de cortina de ferro. Esse acontecimento é de
extrema importância para a “formalização” do declínio da União Soviética. (UNITED
NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME, 2000).
Com a chegada da década de 1990, a democracia espalha-se pela África. Ocorre
uma limpeza étnica na antiga Iugoslávia e genocídio e violações em massa de direitos
humanos praticados pelos extremistas de etnia hutu contra hutus moderados e
principalmente, contra a etnia tutsi em Ruanda. O separatismo regional se agrava na União
das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), com países declarando sua independência e
em 31 de dezembro de 1991, a URSS, dando lugar a mais de 10 países e a Federação
Russa. Temos também a Primeira Organização para Segurança e Cooperação na Europa e
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sua instituição, o Alto Comissariado para Minorias Nacionais. (UNITED NATIONS
DEVELOPMENT PROGRAMME, 2000).
Apesar de todos esses acontecimentos e da concretização material da Carta
Internacional dos Direitos do Homem (constituída pela Declaração Universal dos Direitos do
Homem, pelo Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e pelo
Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos e seus dois Protocolos facultativos),
esperava-se que a igualdade de todos os homens, sua liberdade e a não discriminação
fossem legitimadas e efetivamente respeitadas, indiferentes dos aspectos políticos e
socioculturais, mas, infelizmente, os documentos já citados não foram capazes de cuidar e
atender todas as necessidades das minorias e cessar preconceitos e desigualdades.
(UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME, 2000). Assim, se tornou claro que
seriam necessárias medidas adicionais para proteger melhor as pessoas pertencentes a
minorias “para este efeito foram concebidos direitos específicos para as minorias.” (FICHA
DE DIREITOS HUMANOS, 2004, p. 4).
Sendo assim, tentando otimizar e melhorar as situações desses grupos, em 18 de
Dezembro de 1992, a Assembleia Geral das Nações Unidas, através da resolução 47/135
instituiu a Declaração sobre os Direitos das Pessoas Pertencentes a Minorias Nacionais ou
Étnicas, Religiosas e Linguísticas, que complementa e reafirma toda matéria de direitos
humanos produzidas, principalmente a Declaração Universal dos Direitos Humanos,
principalmente o Artigo Segundo8. Através desse novo documento, pretende-se reforçar o
comprometimento dos Estados em busca de soluções para amenizar as desvantagens das
minorias e melhorar as condições de suas identidades, como explícito no Artigo I:
1. Os Estados deverão proteger a existência e a identidade nacional ou étnica, cultural, religiosa e linguística das minorias no âmbito dos seus respectivos territórios e deverão fomentar a criação das condições necessárias à promoção dessa identidade. 2. Os Estados deverão adotar medidas adequadas, legislativas ou de outro tipo, para atingir estes objetivos. (NAÇÕES UNIDAS, 2004, p. 29).
Essa preocupação agora com as condições desses grupos, dá-se também devido as
diversas transformações importantíssimas, e que delinearam nossa atual realidade; a
relativização do tempo e espaço, que ganham destaque por permitir que diferentes culturas
entrassem em contato e as relações interestatais fossem intensificadas de uma forma nunca
vista antes. Com isso, trazendo a interdependência entre Estados, seja em âmbito
econômico, político, social ou cultural. Aproximando, desta maneira, o mundo com o advento
da tecnologia e o fenômeno da globalização. Kolodziej, de forma perspicaz, observa que:
8Veja na página 6.
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Nessa visão de globalização, estímulos, não desestímulos, geram conflitos culturais. Grandes avanços na eficiência e efetividade nas formas de transporte, comunicação e tecnologia computacional encolheram o mundo. Povos e culturas anteriormente isolados, com pouco contato com estrangeiros (…) agora estão lado a lado. Crescentes e constantes contatos são vistos como abertura para mútua hostilidade, não compreensão e tolerância. Conflitos acerca de valores fundamentais parecem intocáveis e sem solução. (…) Outros insistem em reduzir os conflitos mundiais para grupos identitários incompatíveis dentro e entre culturas. Esses supostamente minam a coesão de culturas e desafiam a autoridade de Estado-nação. O futuro da humanidade está no imaginário do tribalismo avançado, anarquia e caos dos grupos. (KOLODZIEJ, 2005, tradução nossa).
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Dessa forma, percebe-se que essa aproximação e convivência com culturas
diferentes, provoca uma crescente necessidade de reafirmação identitária, não sobrando
espaço para tolerância e respeito mínimo para com os outros. E, no tema retratado,
consolidando as desigualdades dos grupos minoritários, que estão presentes em várias
sociedades, em maior ou menor grau, como ilustrado abaixo na FIG 2, que mostra a
diversidade cultural ao redor do mundo.
FIGURA 2 – Diversidade Cultural ao Redor do Mundo
Fonte: Morin, 2013.
A figura informa que quando mais escuro a tonalidade do verde, maior a diversidade
cultural no país. A diversidade no continente africano é muito perceptível, e as tensões
nesses países também, já que muitos deles são relativamente novos em questões
9 In this view globalization spurs, not stifles, cultural conflicts. Great strides in the efficiency and effectiveness of
modes of transportation, communications, and computer technologies have shrunk the world. Previously isolated peoples and cultures, which had infrequent contacts with outsiders (...) are now cheek by jowl. Increased and sustained contacts are seen to invite mutual animosity, not understanding and tolerance. Conflicts over fundamental values appear intractable and irresolvable by compromise. (...) Others insist on reducing the world's conflicts to irreconcilable group identities within and across cultures. These are alleged to undermine the cohesion of cultures and to challenge the authority of nation-states. The future of mankind is cast in the imagery of advancing tribalism, anarchy, and group chaos.
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constitucionais quando comparado com outros países do mundo. Para evitar conflitos com e
entre grupos minoritários, dessemelhanças de direitos, falta de apoio dos Estados,
intolerância e discriminação que a Declaração sobre os Direitos das Pessoas Pertencentes
a Minorias Nacionais ou Étnicas, Religiosas e Linguísticas é tão importante. Essa declaração
é um manifesto da evidência dessas minorias, que passam agora a ser reconhecidas no
âmbito internacional, tendo os Estados que buscar melhorias legais e jurídicas para atendê-
las, para que dessa forma a desproporcionalidade de diferenças sejam revistas, amenizando
as desigualdades e reparando a opressão e marginalização que estes grupos sofreram ao
longo de toda a história da humanidade. (NAÇÕES UNIDAS, 2004).
3.1 A Origem das Minorias
De acordo com Jacques Poumaréde, o termo minoria só passa a existir devido à
noção de Estado, e está subjugado a ele. (POURMARÉDE, 2004). Dessa forma, o
reconhecimento e os direitos das minorias é muito recente, pois a ideia de Estado é
relativamente recente, se levarmos em conta todo o período histórico que a humanidade
possui. No entanto, se desconsiderarmos ambos os termos e o que eles representam
atualmente, se descobre que o outro, na história do mundo, não é, de forma alguma, recente.
Segundo Poumarède:
Com efeito, todas as sociedades encontraram-se diante da instalação, em seu território, de um grupo humano alógeno (...). Todas as sociedades conheceram também a emergência, em seu âmbito, do Outro, isto é, de um grupo diferente, dissidente, constituído por causa de uma ruptura social ou cultural. (POURMARÈDE, 2004, p. 37).
Dessa forma, o contato com a alteridade já datava da Antiguidade, na Mesopotâmia,
trazendo as condições dos estrangeiros, que até onde se sabe eram prisioneiros de guerra
que se tornavam escravos. E ao longo da história, esses Outros continuam aparecendo
como com as colônias estrangeiras no Egito faraônico, ou os bárbaros na Grécia antiga e
etc. Sendo assim, para conseguir dar uma resposta coerente com as demandas dessas
minorias, é extremamente necessário saber qual a origem de sua formação. De acordo com
Pierre George:
O caso mais simples é aquele de populações instaladas em um determinado espaço geográfico e que são submetidas por invasores. […] O exemplo mais representativo é o da ocupação do continente americano por populações vindas da Europa, dando lugar a diversas formas de condição minoritária ameríndia. […] O segundo caso é aquele de populações sistematicamente introduzidas, em uma determinada época, em um espaço que não era originariamente seu, para assegurar a exploração de recursos locais ou a defesa de fronteiras, a serviço dos mestres do país, pouco numerosos […]. O exemplo mais importante, pela massa humana envolvida
14
[…] é aquele do tráfico dos negros africanos para a América tropical, as Caraíbas e o Sul dos Estados Unidos. […] O terceiro caso é aquele da dispersão de populações expulsas de seus países de origem, em função de acontecimentos políticos, de perseguições religiosas, ou de populações engajadas em aventuras econômicas, criando as chamadas diásporas, cujos elementos mesmo muito afastados uns dos outros, permanecem cultural e economicamente idênticos. […] Toda dispersão possui seu antídoto, ou seja, a reconcentração em núcleos localizados em áreas de acolhimento privilegiadas, que desempenham o papel de centros de atração e de fixação dos signos aos quais está ligada a identidade de grupo. (GEORGE, 1984, p.3).
É através dessa origem, do seu entendimento e estudo, das suas dificuldades e
necessidades, que se pode buscar trabalhar com esses grupos. Assim, talvez de fato os
Estados possam se empenhar em buscar medidas para a proteção dos seus direitos e
identidades.
3.1.1 Minorias Étnicas, Religiosas e Linguísticas
Segundo o Artigo Segundo da Declaração Sobre os Direitos das Pessoas
Pertencentes a Minorias Nacionais ou Étnicas, Religiosas ou Linguísticas:
“I. as pessoas pertencentes a minorias nacionais ou étnicas, religiosas e linguísticas (…) têm o direito de fruir a sua própria cultura, de professar e praticar sua própria religião, e de utilizar a sua própria língua, (…) sem interferência ou qualquer forma de discriminação” (NAÇÔES UNIDAS, 2004, p. 28, grifo nosso).
Dessa maneira, a definição de etnia nos é dada como “população ou grupo social
que apresenta homogeneidade cultural, compartilhando história e origem comuns.”
(MINIDICIONÁRIO AURÉLIO DA LINGUA PORTUGUESA, 2009, p. 383). Então as minorias
étnicas são formadas por grupos que apresentam uma cultura, tradição, traços históricos e
origem diferentes da maioria da população e da cultura predominante. A título ilustrativo
pode-se usar como exemplo: os indígenas atualmente no Brasil, os bascos na Espanha, os
turcos na Alemanha e etc. Já as minorias religiosas, manifestando suas crenças por uma
determinada doutrina e rituais próprios, são formadas por grupos que professam uma
religião distinta da professada pela maioria, ou diferente da religião oficial adota por um
Estado confessional10. Apesar de a liberdade religiosa ser um direito fundamental a qualquer
indivíduo e citada inúmeras vezes em constituições nacionais, declarações, pactos e
tratados internacionais, ainda sofre sérias violações em vários países do mundo. Como
exemplificação: os cristãos no Oriente Médio, os judeus na Alemanha, os muçulmanos no
10
Estados que possuem uma religião oficial, mas não devem ser confundidos com teocracia, onde o poder político é fundamentado na religião.
15
Brasil e etc. As minorias linguísticas são formadas por grupos que utilizam dialeto11 ou uma
língua, sendo o termo definido como “o conjunto das palavras e expressões, faladas ou
escritas por um povo, por uma nação e o conjunto das regras da sua gramática, diferentes
da oficial escolhida pelo país em que vivem.” (MINIDICIONÁRIO AURÉLIO DA LINGUA
PORTUGUESA, 2009, p. 517). Como por exemplo: os curdos na Turquia, os dialetos na
Índia e em vários países africanos, o tupi guarani no Brasil e o basco na Espanha.
É necessário ressaltar, que muitas vezes, determinados grupos podem se encaixar
em mais de uma categoria minoritária, o que pode facilitar ou não as legislações sobre suas
necessidades. A título explicativo: os bascos na Espanha, que possuem uma língua e etnia
diferente, os indígenas que possuem crenças religiosas, língua e etnias diferentes, e que
também pode variar de tribo para tribo e etc.
3.1.2 Minorias Modernas
Segundo Pierre George, “a forma mais recente de constituição de minorias resulta
dos movimentos de mão de obra engendrados pelas desigualdades de desenvolvimento
tecnológico e econômico.” (GEORGE, 1984, p.4). Sendo assim, formadas por grupos que
foram desfavorecidos ao longo da história e que atualmente, buscam seus direitos e
reconhecimentos perante a sociedade majoritária. Considera-se como exemplo desses
grupos: o movimento negro em vários países do mundo, o feminismo, a causa LGBT, o
movimento dos trabalhadores, os refugiados, as pessoas com necessidades especiais e etc.
Entendendo a importância de tratar essas desigualdades e reparar as injustiças, George
ainda afirma que:
Assim, tratar da questão das minorias é abordar um dos dados essenciais da política nacional e internacional. […] Um esboço da diversidade das minorias, da afirmação de sua identidade e de suas reivindicações aparece como um importante tema da abordagem dos sistemas de relações entre os diversos elementos constitutivos da população dos Estados, e entre coletividades etno culturais e o espaço geográfico. (GEORGE, 1984, p. 2-3.).
É importante tratar dessa questão para que os países se tornem um ambiente onde
esses grupos sintam segurança em se expressar e que sejam levadas em considerações
suas requisições, pois a tendência atual é que cada vez mais, esses grupos minoritários
modernos, nascidos de movimentos sociais, políticos ou econômicos ganhem força e que
queiram ser reconhecidos pelas suas peculiaridades. Essa nova forma de minoria é tão
recente que não há uma declaração que a específica, sendo os indivíduos dos seus grupos
11
“Variedade regional de uma língua.” (MINIDICIONÁRIO AURÉLIO DA LINGUA PORTUGUESA, 2009, p. 316)
16
muitas vezes tratados apenas pelos direitos humanos.
3.2 A Consciência da Minoria
Para que haja, de fato, a formação legítima de um grupo minoritário, é necessária
que esse grupo se sinta inferior à população majoritária e, além disso, possua uma
identidade que se difere dos demais. A consciência da diferença é necessária para que as
minorias procurem espaços para que possam conquistar suas liberdades de se expressarem
e de serem respeitadas e resguardadas pela lei. A identidade da minoria é fundamental para
isso, pois, segundo George:
A identidade de uma minoria repousa sobre sua memória coletiva, inseparável de suas particularidades etno culturais. O conjunto dessas particularidades tem sido simbolizado pela imagem do que tem sido chamado de raízes. […] A afirmação da identidade é um fenômeno histórico, com fases de intensidade desigual, muito sensível a todas as variações da conjuntura, embora a vontade de existir enquanto grupo seja constante. […] É essa continuidade dos valores compartilhados da identidade grupal que alimenta as doutrinas da afirmação de um direito nacional, ou, ao mesmo, regional. Assim, a tomada de consciência do pertencimento a uma minoria é ponto de partida para a reivindicação de direitos que reconheçam sua existência e sua especificidade. (GEORGE, 1984, p. 5-6).
É através da identidade que os grupos conseguem provar suas especificidades, e com isso,
buscar meios de superar os obstáculos que colocam em risco seus direitos e até mesmo,
suas características próprias.
3.3 O Estado
O comprometimento dos Estados é primordial para assegurar que todos,
independentes das diferenças etno culturais, sejam protegidos e se sintam parte da
sociedade em que vivem. Buscando reforçar e reafirmar a Declaração Universal dos
Direitos Humanos e a Declaração sobre os Direitos das Pessoas Pertencentes a Minorias
Nacionais ou Étnicas, Religiosas e Linguísticas, em 1993, em Viena, foi proclamado
solenemente pela Conferência Mundial de Direitos Humanos, o princípio da
complementaridade solidária dos direitos humanos de qualquer espécie, nos seguintes
termos:
Todos os direitos humanos são universais, indivisíveis, interdependentes e inter-relacionados. A comunidade internacional deve tratar os direitos humanos globalmente, de moto justo e equitativo, com o mesmo fundamento e a mesma ênfase. Levando em conta a importância das particularidades nacionais e regionais, bem como os diferentes elementos
17
de base históricos, culturais e religiosos, é dever dos Estados, independentemente de seus sistemas políticos, econômicos e culturais, promover e proteger todos os direitos humanos e as liberdades fundamentais. (CONFERÊNCIA MUNDIAL DOS DIREITOS HUMANOS apud COMPARATO, 2001, p.65).
Apesar de parecer muito simples na teoria, a universalização e a efetiva
instauração dos direitos humanos fica a desejar em vários países, tendo em vista que muitas
vezes, os interesses do bem da humanidade, são contrários, ou no melhor das hipóteses,
prejudiciais aos interesses políticos e socioeconômicos. Em Estados que não dão tanta
importância aos direitos humanos, e as minorias, deixam esses grupos a mercê da
exploração em vários aspectos socioeconômicos e políticos. Um Estado com desigualdade,
injustiças e intolerância as diferenças, é um terreno propício para a covardia e humilhação
para com os desprotegidos e desfavorecidos. Dessa forma, é preciso levar em consideração
as dificuldades do florescimento da igualdade e da liberdade, em Estados que têm outros
focos como prioridade, e não o bem estar da sua população total.
3.3.1 Políticas e a Segurança da sua identidade
Como citado no 27º artigo do Pacto dos Direitos Civis e Políticos, “as minorias não
podem ser privadas de exercer sua língua, professar sua religião ou desenvolver e praticar
sua cultura, e é obrigação do Estado, garantir que tais direitos não sejam feridos.” (PACTO
DOS DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS apud COMPARATO, 2001, p. 320). Dessa forma,
deve-se buscar medidas legais contra qualquer tipo de discriminação, e se ainda necessário,
conceder direitos especiais à essas minorias, desde que esses direitos não sejam contrários
e excludentes aos direitos fundamentais de todos os homens. O uso dos direitos especiais:
Justificam-se diferenças no tratamento de tais grupos, ou dos indivíduos a eles pertencentes, se aplicadas a fim de promover uma efectiva igualdade e o bem-estar do conjunto da comunidade. Esta forma de acção afirmativa pode ter de ser sustentada durante um período prolongado a fim de que os grupos minoritários possam beneficiar das vantagens da sociedade em
igualdade de condições com a maioria. (NAÇÕES UNIDAS, 2004, p. 7).
Tais direitos não devem jamais serem considerados como vantagem sobre os
demais, pois é somente através deles, que muitas vezes, essas minorias conseguem se
igualar ao resto da comunidade. Além disso, são em diversos casos, indispensáveis para a
preservação das identidades desses grupos, que ao longo dos períodos em que sofrem
marginalização são tão desgastados. O Estado deve buscar melhorar sempre a condição de
vida desses grupos, esforçando para a inclusão e integração com os outros, aplicando e
adotando medidas e políticas específicas sempre que preciso para reparar e eliminar as
18
desigualdades e a Declaração sobre os Direitos das Pessoas Pertencentes a Minorias
Nacionais ou Étnicas, Religiosas e Linguísticas é bem clara quanto aos deveres do Estado
em diversos de seus artigos, reafirmando a importância e influência do mesmo para o
desenvolvimento e participação desses grupos.
4. APRESENTAÇÃO DO COMITÊ
O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (CDHNU) foi criado em 2006
pela Assembleia Geral das Nações Unidas, sendo considerado o substituto da Comissão de
Direitos Humanos, que foi extinta depois de 60 anos de atuação. É um órgão
intergovernamental composto por 47 Estados-membros, que atualmente se reúnem três
vezes ao ano; em março, junho e setembro, com duração total de 10 semanas, contando
também com organizações não governamentais e membros observadores em suas sessões.
Caso seja requerido por um terço dos membros, pode acontecer uma sessão especial a
qualquer momento para relatar violações e ou atender emergências. (CENTRO REGIONAL
DE INFORMAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 2016).
Sua sede fica em Genebra, na Suíça, e sua competência está relacionada à
aplicação dos princípios dos direitos humanos, com o objetivo de reiterar e promover os
direitos humanos ao redor do mundo, analisando casos de violação desses direitos e
reportando à Assembleia Geral, buscando conscientizar, desestimular atos contra os direitos
humanos e dar uma resposta a tais violações junto aos demais órgãos das Nações Unidas.
O Centro Regional de Informação das Nações Unidas, afirma que o CDHNU:
(...) promoverá a assistência e educação no domínio dos direitos humanos, ajudará a desenvolver o direito internacional na esfera dos direitos humanos, analisará a atuação dos Estados-membros no campo dos direitos humanos, esforçar-se-á por evitar abusos, responderá a situações de emergência e servirá de fórum internacional para o diálogo sobre questões de direitos
humanos. (PERGUNTAS FREQUENTES..., 2016).
Os mandatos dos membros duram 3 anos, e eles não podem ser reelegidos após
dois mandatos consecutivos, dando espaço para que outros países se envolvam nos
propósitos do órgão. Os membros são eleitos em um processo de votação secreta na
Assembleia Geral, e seus cargos podem ser suspensos caso os países apresentados
estejam violando os direitos humanos. O CDHNU trabalha buscando desenvolver o direito
internacional na esfera de proteção e garantia dos direitos humanos ao redor do mundo.
(CENTRO REGIONAL DE INFORMAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 2016).
O conselho está submetido a analises periódicas de cinco em cinco anos da
Assembleia Geral, para garantir que suas avaliações estejam sendo conduzidas de maneira
19
imparcial e eficiente, buscando a transparência do órgão. (CENTRO REGIONAL DE
INFORMAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 2016). Além disso, todos os membros das Nações
Unidas serão examinados, ainda segundo o Centro Regional de Informação das Nações
Unidas:
O conselho terá também um novo mecanismo periódico de análise que lhe dará – e também ao mundo – a oportunidade de examinar a atuação de todos os 191 Estados-membros das Nações Unidas. Ao contrário do que acontecia antes, nenhum país poderá escapar a esse exame. Isto promete ser um instrumento muito forte para os defensores dos direitos humanos, a
nível mundial. (PERGUNTAS FREQUENTES..., 2016).
Ademais, possui caráter recomendatório e pode influenciar nas decisões dos demais órgãos,
oferecendo notícias, casos, estudos, analises e prestando serviços ligados aos direitos
humanos, e buscando prevenir crises humanitárias, atrocidades e o desrespeito aos direitos
individuais e a liberdade do homem. (CENTRO REGIONAL DE INFORMAÇÃO DAS
NAÇÕES UNIDAS, 2016).
5. POSIONAMENTO DOS PRINCIPAIS ATORES
Essa seção refere-se aos atores que atualmente são de extrema importância para o
debate proposto. Esperando deles grande participação devido aos seus problemas, políticas
e influências no que tange aos direitos humanos e minorias.
5.1 Rússia
A Rússia possui um extenso território, que é povoado por diversos grupos etno
culturais. As leis referentes aos direitos humanos no Estado ainda são insatisfatórias, pois
construir leis sólidas em um país tão complexo é um caminho longo e difícil. Infelizmente,
sabe-se que há violações dos direitos infantis e de acordo com a Anistia Internacional,
discriminação, racismo e assassinatos de membros de grupos minoritários. Além disso, os
movimentos sociais também são repreendidos.
5.2 Alemanha
A Alemanha foi o palco de um dos maiores massacres de minorias na história da
humanidade, sendo assim, é um ator fundamental para o debate de direitos humanos e os
direitos das minorias. Esses direitos são considerados como invioláveis e inalienáveis de
qualquer ser humano, além de ser substancial para qualquer comunidade. Caracterizada
como sempre presente em reuniões sobre os Direitos Humanos das Nações Unidas, possui
grande participação em resoluções, sempre se posicionando a favor dos direitos
20
fundamentais de todos os indivíduos. Os direitos humanos são reconhecidos pelos cidadãos
alemães e o poder público alemão tem o dever de respeitar a dignidade humana e protegê-
la. Atualmente, vivem na no Estado alemão, mais de dois milhões de turcos e ou
descendentes, que após Segunda Guerra Mundial, foram “convidados” a reconstruir o país,
que formam uma minoria etno cultural no país. Os grupos étnicos não são bem
representados politicamente e na vida social pública, porém, recebem ajuda financeira do
governo e são incentivados a preservarem suas culturas. No entanto, com a atual crise dos
refugiados, a xenofobia ganha espaço, crescendo ataques e discriminação contra esses
grupos. Apesar de buscar uma integração com a atual comunidade turca alemã, seus
esforços são muitas vezes em vão, já que os turcos e seus descendentes se sentem muitas
vezes perdidos entre duas culturas. Além disso, membros dos grupos minoritários
geralmente ocupam empregos de baixo cargo. Existem várias entidades em favor desses
grupos, destacando-se dentro do país o Conselho das Minorias e a Secretaria das Minorias,
que têm o dever de se preocupar com estas questões, assim como um fórum para se tratar
deste tema. Em plano internacional também se mostra sempre interessada nos assuntos de
preservação e proteção às minorias.
5.3 França
Atualmente, a França também tem sido um destino muito escolhido pelos refugiados,
o que contribui para reforçar as diversas minorias já existentes no seu território. Além disso,
o país sofreu atentados terroristas recentemente, o que reforça o nacionalismo, fazendo com
que a direita fizesse bastante pressão, prezando pelo conservadorismo, entretanto,
comportamentos assim, reafirmam o medo do outro, e faz ascender a xenofobia, o racismo,
os preconceitos. O Estado francês foi pioneiro em garantir os direitos individuais, buscando
a famosa liberdade, igualdade e fraternidade. É um Estado laico, que busca preservar a vida
pública de maneira imparcial, entretanto, recentemente, a brutalidade da polícia tem
aumentado a intolerância e a discriminação para com os grupos minoritários também.
5.4 Irã
A população iraniana sofre com a violação de seus direitos humanos. Há um número
expressivo de prisões e execuções. Membros da oposição governista, ativistas ou até
mesmo membros da impressa são as principais vítimas de perseguições no país. Além disso,
assim como mulheres, as minorias étnicas têm seus direitos restringidos. Minorias religiosas
no Irã não são reconhecidas ou possuem algum direito.
21
5.5 Índia
Nos últimos anos, a índia vem tomando medidas para diminuir suas violações dos
Direitos Humanos. Podem ser citadas mudanças em relações às mulheres, diminuição de
violência, maior liberdade de expressão. As minorias religiosas na índia ainda são alvos de
discriminações, bem como o sistema de castas, que prejudica os menos favorecidos
economicamente, tendo que se sujeitar a exploração e maus tratos do resto da sociedade.
Em relação à direitos aos homossexuais, o Estado ainda considera crime a relação entre
duas pessoas do mesmo sexo.
5.6 China
A China é caracterizada por várias críticas em relação aos direitos humanos. O país
repreende indivíduos que possuem valores diferentes, como por exemplo, em âmbitos
religiosos e políticos. Os defensores dos Direitos Humanos alegam que o governo chinês
tenta conter (muitas vezes usando da força física) a liberdade de expressão, bem como as
liberdades fundamentais dos indivíduos.
6. QUESTÕES RELEVANTES PARA O DEBATE
As questões abaixo tem como intenção levar o leitor a refletir sobre o assunto tratado
ao longo deste guia no que se refere as minorias, para que ele possa buscar respostas,
contribuindo para seu aprendizado e estudo, corroborando para debates coerentes e
inteligentes.
Qual seria a melhor definição internacional para minorias?
Como identificar as minorias?
Qual a melhor maneira de tratar as minorias em geral?
As minorias se diferem, sendo assim, como atender cada demanda?
Como garantir efetivamente os direitos das minorias?
Como diminuir as desigualdades dos grupos minoritários em relação a população majoritária?
Como reparar o curso histórico de marginalização desses grupos minoritários?
Como universalizar os direitos humanos em culturas tradicionais?
Por que é importante defender as minorias?
Qual o maior problema das minorias?
No que atrapalha as minorias?
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Por que há tanta dificuldade em acabar com a discriminação desses grupos?
Como assegurar a identidade minoritária?
Quais seguranças devem ser oferecidas a esses grupos? Por quê?
Quais políticas devem ser adotadas para melhorar o convívio das minorias nas
sociedades?
Quais medidas o Estado deve tomar para proteger as minorias?
23
REFERÊNCIAS
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UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME. Relatório de Desenvolvimento Humano. Nova York: Oxford University Press, 2000. Disponível em: <http://goo.gl/gG1OG7>. Acesso em: 17 jun. 2016.
24
TABELA DE REPRESENTAÇÃO
A tabela abaixo se refere a demanda do comitê. Todos os países são de extrema
importância para as discussões, no entanto, alguns podem ter maior ou menor relevância no
que tange aos direitos humanos, dando ou não ênfase nessa pauta em sua política interna e
externa.
Albânia 3
Argélia 3
Bangladesh 3
Bélgica 3
Bolívia 3
Botswana 1
Burundi 1
China 3
Congo (República do) 3
Costa do Marfim 3
Cuba 1
Equador 1
El Salvador 1
Etiópia 3
França 3
Geórgia 3
Alemanha 3
Gana 1
Índia 3
Indonésia 1
Quênia 1
Quirguistão 3
Letônia 1
Maldivas 1
México 1
Mongólia 3
Marrocos 1
Namíbia 1
Países Baixos 1
Nigéria 3
Panamá 1
25
Paraguai 1
Filipinas 1
Portugal 1
Catar 1
Coreia (República da) 1
Rússia 3
Arabia Saudita 1
Eslovênia 3
África do Sul 1
Suíça 3
Macedônia 3
Togo 1
Emirados Árabes Unidos 1
Reino Unido 1
Venezuela 1
Vietnã 3
Itália (membro observador) 1
Irã (membro observador) 3
Anistia Internacional (membro observador)
3
MRG (membro observador) 3