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Nádia João Estante

Universidade Politécnica Maputo, 2009

HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO: Estudo de Caso sobre Conhecimentos, Atitudes e Práticas (CAP) em relação ao HIV/SIDA no Hotel Southern Sun de Maputo

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Nádia João Estante

HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO

TURISMO: Estudo de Caso sobre Conhecimentos, Atitudes e

Práticas em relação ao HIV/SIDA no Hotel Southern Sun Maputo

Monografia apresentada à Escola Superior de

Gestão, Ciências e Tecnologias da Universidade

Politécnica, como parte dos requisitos para a

obtenção do grau de Licenciada em Turismo e

Gestão de Empresas Turísticas.

Tutora: Dra. Andrea Folgado Serra

MAPUTO

2009

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Parecer do tutor:

Eu, Andrea Folgado Serra, Tutora da Monografia de Licenciatura da estudante Nádia

João Estante, intitulada “HIV/SIDA no Local de Trabalho no Sector do Turismo:

Estudo de Caso sobre Conhecimentos, Atitudes e Práticas em relação ao HIV/SIDA

no Hotel Southern Sun Maputo”, outorgo à mesma a minha apreciação favorável.

Por estes motivos, considero o presente trabalho de Licenciatura da candidata, apto

para ser submetido à avaliação e defesa pública perante o Júri nomeado para o efeito.

Maputo, 10 de Agosto de 2009

________________________

Andrea Folgado Serra

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Declaração de Autoria

Eu, Nádia João Estante, declaro por minha honra, que este trabalho nunca foi

apresentado, na sua essência para a obtenção de qualquer grau académico, e que ele

constitui o resultado da minha investigação, estando indicadas no texto e na

bibliografia, as fontes por mim utilizadas para o efeito.

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Em memória ao trabalhador do Hotel Southern

Sun Maputo, Alexandre José Cossa, que faleceu

vítima da Sida. Que Deus lhe dê um eterno

descanso.

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“O HIV/SIDA tornou-se numa terrível ameaça para o mundo do trabalho: atinge o

segmento mais produtivo da mão-de-obra, reduz os seus lucros, aumenta

consideravelmente as despesas das empresas de todos os sectores de actividade

porque reduz a produção, aumenta os custos do trabalho, conduz a uma perda de

competências e de experiência. Representa, por outro lado, uma ameaça para os

direitos fundamentais no trabalho, nomeadamente com a discriminação e a

estigmatizarão de que são vítimas os trabalhadores e as pessoas que vivem com o

HIV/SIDA ou que por ele são afectadas.”

Organização Internacional do Trabalho (2001)

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AGRADECIMENTOS

A realização deste trabalho simboliza um período de grande esforço e empenho no

intuito de aprimorar os meus conhecimentos. Contudo, apenas pude concluir a minha

caminhada, pois obtive o apoio, a compreensão e a colaboração de diversas pessoas

especiais.

Agradeço primeiramente a Deus por abençoar-me, dar-me forças e proteger-me a cada

minuto da minha vida. Em seguida, presto o meu agradecimento à minha mãe, Sra.

Felezelina Massingue, pois só foi possível a realização deste trabalho graças à melhor

educação, para ela vai o meu agradecimento por tudo que sempre me transmitiu.

O meu agradecimento estende-se também à minha tutora, Mestre Andrea Folgado

Serra, por compartilhar comigo o seu conhecimento. Seu auxílio, paciência e atenção

foram elementos fundamentais para a conclusão deste trabalho.

Impossível de esquecer do meu marido Dinis, que durante longas horas discutiu

comigo assuntos relevantes para este trabalho. Seus conselhos e percepções em muito

me ajudaram a organizar as minhas ideias. Sua paciência e carinho para comigo foram

a fonte de energia e de motivação para que este trabalho pudesse ser concluído. A ele

deixo aqui o meu especial agradecimento.

Não poderia de deixar de agradecer aos funcionários do Hotel Souther Sun, em

destaque à Sra. Anastácia Mucavele, pela abertura e sugestões que muito serviram

para a recolha de informação.

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Agradeço, ao Ricardo Xavier que sempre esteve disposto para qualquer que fosse a

necessidade relacionada ao trabalho.

De forma especial, agradeço a todos os meus docentes do primeiro ao quarto ano que

tiveram a dura missão de transmitir os seus conhecimentos para que eu pudesse

desenvolver-me intelectualmente.

Por fim, agradecer a todos os meus colegas de grupo, os famosos “Guis” foram e são

todos tão importantes para o meu crescimento pessoal, em especial ao Marino, Íris

Vanessa e ao Vasco Manhiça.

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RESUMO

Este trabalho de investigação científica, teve como objectivo analisar o HIV/SIDA no

local de trabalho, tomando o Hotel Southern Sun Maputo como estudo de caso. O

estudo visou identificar e analisar o nível de conhecimentos, atitudes e práticas em

relação ao HIV/SIDA junto ao universo de trabalhadores do referido Hotel através de

uma abordagem quantitativa e pesquisa do tipo exploratória e descritiva. Por outro

lado, o estudo propõe algumas medidas que a direcção podia tomar em consideração

na fase de implementação da sua política do HIV/SIDA no local de trabalho. Os

resultados do estudo mostram que todos os trabalhadores do hotel têm um nível

considerável de conhecimentos sobre o HIV/SIDA, uma parte notável têm atitudes

discriminatórias a pessoas vivendo com HIV/SIDA, quase todos praticam sexo

desprotegido e têm parceiros múltiplos e concorrentes independentemente do seu sexo,

idade, estado civil, nível académico e cargo que ocupam na organização. Por outro

lado, o estudo revelou que, em relação ao uso do preservativo, nem sempre a decisão é

tomada de forma conjunta. Na implementação da política do HIV/SIDA no local de

trabalho em desenvolvimento até à altura da realização deste estudo, propõe-se o

seguinte: Para a redução do estigma e discriminação contra os trabalhadores vivendo

com o HIV, a acção deve incidir mais sobre os que discriminam, têm poder e não

estão infectados, pois estes é que podem evitar a discriminação, encorajar os

trabalhadores a manterem a sua atitude solidária para com os seus colegas vivendo

com o HIV, e incluir tanto os trabalhadores como os cônjuges na educação e

sensibilização. Por outro lado, para a redução do risco de infecção pelo vírus causador

do SIDA, as acções de sensibilização e educação devem incidir na mudança de

comportamento, particularmente na redução do número de parceiros sexuais e uso

consistente do preservativo no seio de todos os trabalhadores da instituição, incluindo

os seus parceiros sexuais regulares.

Palavras-chave: Estudo CAP, HIV/SIDA, Local de Trabalho, Comportamentos de

Risco, Hotel Southern Sun, Maputo

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Desafios para o Desenvolvimento do Turismo em Moçambique ........................................ 38

Quadro 2. Análise SWOT do Turismo em Moçambique ................................................................... 39

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Fluxo Turístico Receptivo Internacional (2000 – 2005) em milhões .................................... 20

Tabela 2. Indicador de Referência por Motivo de Visita .................................................................... 23

Tabela 3. Receitas do Turismo Internacional em Moçambique ........................................................... 23

Tabela 4. Total de Dormidas (nacionais+estrangeiros) ...................................................................... 24

Tabela 5. Taxa de Ocupação (%) ....................................................................................................... 24

Tabela 6. Receitas nos Estabelecimentos Hoteleiros e Similares (MT)................................................ 25

Tabela 7. Receitas nos Estabelecimentos Hoteleiros por Categoria ..................................................... 26

Tabela 8. Volume de Investimentos em Projectos de Turismo ............................................................ 26

Tabela 9. Contribuição do Turismo para o PIB .................................................................................. 27

Tabela 10. Estatísticas Mundias sobre o HIV em 2007 ...................................................................... 29

Tabela 11. Taxas Estimadas de Prevalência do HIV em Adultos (15-49 anos) por Província, Região e

Nacional em Moçambique 2007 ................................................................................................ 31

Tabela 12. Reanálises das Taxas Históricas de HIV (Regionais e Nacionais) ...................................... 31

Tabela 13. Reanálises das Taxas Históricas de HIV (Provinciais) ....................................................... 32

Tabela 14. Existência de Política de combate ao HIV/SIDA em oito empresas Moçambicanas ........... 44

Tabela 15. Opinião de trabalhadores de oito empresas sediadas em Moçambique sobre a Política de

HIV-SIDA ................................................................................................................................ 45

Tabela 16. Áreas de cobertura do programa na opinião de gestores e de trabalhadores ........................ 47

Tabela 17. Serviços Oferecidos pelo Hotel Southern Sun Maputo ...................................................... 56

Tabela 18. Indicadores e Sub-indicadores da Pesquisa ....................................................................... 61

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Evolução do HIV a nível Mundial (1990-2007) ................................................................ 30

Gráfico 2. Tendência da Prevalência do HIV a nível nacional ............................................................ 33

Gráfico 3. Tendência da Prevalência do HIV a nível regional ............................................................. 33

Gráfico 4. Distribuição dos participantes por Sexo ............................................................................. 57

Gráfico 5. Distribuição dos participantes por Faixa Etária .................................................................. 58

Gráfico 6. Distribuição dos participantes por Estado Civil ................................................................. 58

Gráfico 7. Distribuição dos participantes por Nível de Formação ....................................................... 59

Gráfico 8. Distribuição dos participantes por Cargo ........................................................................... 60

Gráfico 9. Atitudes de Estigma e Discriminação a PVHS segundo o Sexo .......................................... 73

Gráfico 10. Atitudes de Estigma e Discriminação a PVHS segundo o Cargo ...................................... 74

Gráfico 11. Comportamento Sexual de Risco dos Trabalhadores segundo o Sexo .............................. 75

Gráfico 12. Comportamento Sexual de Risco dos Trabalhadores segundo a Idade .............................. 77

Gráfico 13. Comportamento Sexual de Risco dos Trabalhadores segundo Estado Civil ...................... 78

Gráfico 14. Comportamento Sexual de Risco dos Trabalhadores segundo o Nível Académico ............ 79

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LISTA DE ABREVIATURAS

ACP Trabalhadores que não aceitam acolher em sua casa e cuidar dum parente vivendo

com o HIV

AED Academia para o Desenvolvimento Educacional

BAT British American Tabaco

BM Banco de Moçambique

CAP Conhecimentos, Atitudes e Práticas

DINATUR Direcção Nacional do Turismo

DTS Doença de Transmissão Sexual

ECOSIDA Associação de Empresários contra a Sida

FDC Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade

CPI Centro de Promoção e Investimentos

ILO International Labor Organization

INE Instituto Nacional de Estatística

HIV Vírus de Imunodeficiência Humana

OIT Organização Internacional do Trabalho

OMS Organização Mundial da Saúde

OMT Organização Mundial do Turismo

ONUSIDA Programa das Nações Unidas para a SIDA

PIB Produto Interno Bruto

PNCS Programa Nacional de Controlo do SIDA

PVHS Pessoas Vivendo com o HIV

PRP Trabalhadores que não aceitam partilhar uma refeição com uma pessoa vivendo com

o HIV

RETOSA Organização Regional de Turismo da África Austral

SADC Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral

SIDA Sindroma de Imunodeficiência Adquirida

SPSS Statistical Package for Social Sciences

TSCT Trabalhadores que não aceitam que um trabalhador manifestando sintomas de

HIV/SIDA continue a trabalhar

UIP Uso Inconsistente do Preservativo

UNAIDS United States Agency for Internacional Development

WTTC Conselho Mundial de Viagens e Turismo

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 1

1.1 ENQUADRAMENTO ....................................................................................... 1 1.2 PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO ...................................................................... 2

1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 6 1.4 OBJECTIVOS ................................................................................................. 8

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO .......................................................................... 9

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................. 11

2.1 O TURISMO NO MUNDO E EM MOÇAMBIQUE ............................................... 11 2.2 HIV/SIDA NO MUNDO E EM MOÇAMBIQUE ................................................ 27

2.2.1 Evolução do HIV/SIDA .......................................................................... 27 2.2.2 Estimativas do HIV/SIDA a Nível Global............................................... 28

2.2.3 Situação actual da Epidemia em Moçambique ....................................... 30 2.2.4 Impacto do HIV/SIDA............................................................................ 34

2.2.5 Legislação sobre o HIV/SIDA nas organizações .................................... 40 2.2.6 Estratégias de Resposta ao HIV/SIDA nas Organizações....................... 42

3 METODOLOGIA ........................................................................................... 51

3.1 DESENHO DA PESQUISA .............................................................................. 51

3.2 TÉCNICAS DA PESQUISA ............................................................................. 53 3.3 POPULAÇÃO ............................................................................................... 55

3.4 INSTRUMENTO DE PESQUISA ....................................................................... 60 3.5 PROCEDIMENTOS........................................................................................ 62

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................... 64

4.1 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................. 64

4.2 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................................... 80

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...................................................... 83

5.1 CONCLUSÕES ............................................................................................. 83 5.2 RECOMENDAÇÕES ...................................................................................... 84

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 86

ANEXOS ................................................................................................................. 90

ANEXO 1: INSTRUMENTO DE PESQUISA ................................................................... 90

ANEXO 2: TABELAS DE ANÁLISE ESTATÍSTICA ....................................................... 93

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Enquadramento

O SIDA é uma questão moral; é uma questão empresarial sã que todos nós devemos tomar nos

nossos locais de trabalho... quanto mais cedo tornaremos acessíveis os nossos recursos para

lutar contra ela, melhor será para as empresas de amanhã1.

O HIV/SIDA afecta particularmente as faixas etárias mais produtivas (15-49 anos de idade)2,

onde a epidemia é mais grave. Afecta também a economia nacional, a produtividade e a

produção, incluindo a segurança alimentar dos agregados familiares das comunidades.

Nove em cada dez pessoas vivem com HIV/SIDA e são adultos que se encontram na fase mais

produtiva das suas vidas. A força de trabalho mundial já perdeu 28 milhões de pessoas por

causa do SIDA, um número que pode crescer substancialmente se não houver uma resposta

mais forte de todos os sectores da sociedade. (OIT, 2006; ONUSIDA e Empresas, 2007)

Segundo a ONUSIDA e Empresas (2007) a epidemia reduz a disponibilidade da mão-de-obra,

especialmente a especializada, aumenta os custos de operação, reduz a produtividade,

desacelera o crescimento económico, ameaça vidas de trabalhadores e empregadores e põe em

perigo os direitos humanos.

Simultaneamente, o local de trabalho é um dos locais mais importantes e mais efectivos para

responder à epidemia, mesmo em países onde a prevalência do HIV/SIDA é baixa. Duas em

cada três pessoas vivendo com o HIV/SIDA deslocam-se diariamente ao seu local de trabalho,

fazendo com que o seu local de trabalho, seja ideal para a promoção da prevenção do HIV,

tratamento, assistência e apoio. A capacidade única do local de trabalho juntar indivíduos que

1 Olusina Falana, Secretário Executivo da Coligação Empresarial da Nigéria Contra a SIDA 2 Instituto Nacional de Estatística (INE), Ronda 2007.

HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

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se encontram nos grupos etários de maior risco, constitui uma situação inigualável para a

consciencialização, educação, acesso ao tratamento e promoção da não discriminação contra

pessoas vivendo ou em risco de adquirir o vírus. (ONUSIDA e Empresas, 2007)

A demonstração visível de liderança do HIV/SIDA pelas empresas, pode influenciar o

comportamento do trabalhador e do cliente, e desta forma, ajudar a conter o estigma e a

discriminação relacionada com a epidemia. Políticas de trabalho bem informadas sobre a

doença, tais como, as que asseguram práticas de não discriminação e acesso equitativo aos

benefícios legais, médicos, de invalidez entre outros serviços; podem ter um impacto

significativo no processo da epidemia na comunidade, a nível nacional e regional. Daí fazer

parte duma resposta efectiva contra o HIV/SIDA no local de trabalho gera boa vontade e

demonstra o empenho das empresas para com uma forte cidadania institucional e o bem-estar

dos seus trabalhadores. (ONUSIDA e Empresas, 2007)

1.2 Problema de Investigação

Há 25 anos desde que a Sindroma da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) surgiu como a maior

emergência de saúde, a epidemia tem tido um sério efeito devastador no desenvolvimento

humano. Em muitos países a epidemia tem minado o progresso nos objectivos do

desenvolvimento do milénio, particularmente, em áreas como redução da pobreza, promoção

da igualdade de género, redução da mortalidade infantil e aumento da qualidade de vida das

mães. (UNAIDS, 2006)

De acordo com o relatório da UNAIDS (1999), o vírus da Imunodeficiência Humana (HIV)

continua a disseminar-se por todo o mundo, atingindo comunidades que eram pouco

vulneráveis a epidemia, e a sua virulência está a aumentar em áreas nas quais a SIDA já é a

principal causa de morte em adultos (15-49 anos de idade).

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Não existem explicações simples para o facto de alguns países serem mais afectados pelo vírus

HIV. Supõe-se que a pobreza, o analfabetismo, o comportamento de risco são alguns factores

importantes para a epidemia. (UNAIDS, 1999)

O HIV repercute-se directamente nas empresas, ao atingir a sua força de trabalho. Os elevados

custos da SIDA no mundo do trabalho: perda de produtividade, contratação e formação de

novos empregados, prémios de seguros e assistência médica mais caros reforçam a

argumentação a favor do investimento em programas de prevenção do HIV para homens e

mulheres no seu local de trabalho. (ONUSIDA, 2000)

O HIV/SIDA está concentrado entre adultos em idade produtiva: estima-se que dos 40 milhões

de pessoas que actualmente vivem com o HIV, 80% são adultos, e pelo menos, 26 milhões são

trabalhadores com idade entre 15-49 anos de idade. (OIT, 2003)

O estabelecimento de um programa e de uma política relativa ao HIV/SIDA no local de

trabalho é uma solução eficiente e reduzirá o alastramento e o impacto futuro da doença.

(ONUSIDA, 1998)

Segundo um estudo da capacidade de resposta das empresas à SIDA (Fórum Económico

Mundial, 2005-2006) aproximadamente 11 mil líderes de empresas em 117 países revela que

poucas empresas se tem esforçado em responder ao HIV/SIDA no local de trabalho, apesar do

impacto que este tem sobre as suas actividades.

Enquanto que a preocupação [súbida dos índices do HIV/SIDA e seu impacto sobre as

actividades das empresas] continua a crescer, muitas empresas ainda não tomaram medidas

apropriadas para fazer face a esta situação. Menos de 10% de empresas afirmaram ter

realizado uma avaliação quantitativa de risco de HIV/SIDA, e menos de uma em cada cinco

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empresas desenvolveram políticas que lidam com questões de discriminação na promoção,

pagamento ou benefícios sociais sobre o estado de HIV/SIDA. (ONUSIDA e Empresas, 2007)

O agravamento da pobreza absoluta e das condições de saúde da população torna-se uma

questão mundial que afecta directamente o sector empresarial. Na África Subsahariana,

particularmente na África Austral de que Moçambique é parte, o HIV/SIDA tornou-se uma

epidemia que desafia não só o desenvolvimento económico e social do país como também gera

repercussões na produtividade e nos custos com os trabalhadores, pois, à medida que a

epidemia do HIV/SIDA progride, maiores são os problemas que as organizações enfrentam

com a mão-de-obra devido ao absentismo, às faltas por doença, à degradação da saúde do

pessoal e à reforma antecipada. Esta situação resulta na baixa produtividade e fraca qualidade

de mão-de-obra.

As empresas são cada vez mais chamadas a encontrar respostas responsáveis e eficazes para

lidarem com o crescente índice de seroprevalência na população no geral e nos seus

trabalhadores para reduzir o impacto negativo desta epidemia nos seus negócios. (ONUSIDA e

Empresas, 2007)

Apesar do desenvolvimento tecnológico, a mão-de-obra continua sendo o recurso mais

precioso das organizações. Por isso, a aposta das empresas na motivação da sua mão-de-obra

constitui uma das estratégias chave para um bom desempenho, provisão de serviços de

qualidade e aumento da produtividade.

Actualmente, o sector do turismo em Moçambique apresenta-se em franco desenvolvimentoe

continuará a sê-lo nos próximos anos. (MITUR, 2004) Contudo, este desenvolvimento enfrenta

entre outros, dois grandes desafios: o HIV/SIDA e a integração regional.

Sem uma força de trabalho estável e saudável que assegure serviços padronizados e constantes,

o turismo não registará o desenvolvimento desejado nem poderá competir ao nível dos países

da região a despeito da sua localização estratégica e privilegiada para a prática do turismo.

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Por outro lado, sabe-se que entre os anos 1999/2000, a Associação Empresários contra a Sida

(EcoSida), vários actores sociais, e o Conselho Nacional de Combate ao SIDA (CNCS)

desenvolveram um levantamento na linha de base das percepções do HIV/SIDA junto de 1000

empresas sediadas em Moçambique. Conforme indica a ILO (2003), do total das 1000

empresas contactadas apenas 64 responderam ao referido estudo, tendo o mesmo concluído

que:

Nenhuma das empresas tinha um ponto focal de HIV/SIDA.

Nenhuma das empresas tinha realizado alguma avaliação das questões de HIV/SIDA na

empresa.

Nenhum programa de HIV/SIDA no local de trabalho tinha sido desenvolvido por

alguma empresa respondente.

Nenhuma tinha jamais realizado actividades para promover a conscientização entre a

força de trabalho com relação a HIV/SIDA.

Nenhuma tinha algum programa de distribuição de preservativos entre os trabalhadores.

Face aos resultados do estudo acima, e tendo em conta que pouco se sabe sobre as práticas e

políticas de combate ao HIV/SIDA pelas empresas em Moçambique, particularmente nos

últimos anos, dado não existirem dados estatísticos e estudos científicos a respeito, urge

diagnosticar a situação no interior das empresas, particularmente no sector turístico, com

elevado impacto económico no país e, apartir daí sustentar, de forma consistente, potenciais

políticas e programas de intervenção relativamente ao HIV nas organizações.

O Hotel Southern Sun, instituição do sector de Turismo objecto do presente estudo está em

processo de desenvolvimento da sua política de HIV no Local de Trabalho. Contudo, esta

política está a ser desenvolvida, em conjunto com uma estratégia de programas de intervenção,

sem qualquer estudo de base junto dos seus trabalhadores que possa sustentar alternativas ou

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opções de se adoptar determinados programas ou ainda acções de redução da pandemia no seio

da organização.

Sabe-se que a operacionalização de qualquer política sobre o HIV no Local de Trabalho deve

preceder estudos que possibilitem, entre outros aspectos, diagnosticar conhecimentos, atitudes,

crenças e comportamentos individuais e de grupo no seio dos trabalhadores de uma

organização. Só a partir destes estudos, designados por estudos CAP – Conhecimentos,

Atitudes e Práticas, se torna possível direccionar acções concretas e viáveis aos diversos sub-

grupos alvo nas organizações que sustentem mudanças efectivas de comportamentos em

relação ao HIV/SIDA com impacto na saúde dos indivíduos, das organizações, das

comunidades que as circundam e, por último, da sociedade em geral.

É precisamente neste contexto que se coloca a seguinte questão que norteará a presente

investigação: que nível de conhecimentos, atitudes e práticas em relação ao HIV/SIDA

possuem actualmente os trabalhadores do Hotel Southern Sun da cidade de Maputo?

1.3 Justificativa

O HIV/SIDA constitui uma ameaça de grande magnitude para as empresas dos sectores

público e privado. Segundo a OIT (2002) algumas empresas sabem que mais de metade dos

seus trabalhadores vivem com HIV. Em Moçambique, poucos estudos e dados estatísticos são

realizados e publicados a respeito dos índices de HIV/SIDA no sector empresarial, embora a

imprensa divulgue, muitas vezes, alguma informação a respeito originando alguma inquietação

e alarme junto da sociedade. Dados sobre o assunto oriundos de empresas do ramo de Hotelaria

e Turismo são escassos no país, pelo que o presente estudo constitui uma contribuição

importante.

O mundo do trabalho está cada vez mais afectado, pois sofre não apenas com o custo humano

da força de trabalho, mas também com a redução dos lucros e da produtividade. Isso resulta em

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novos desafios tanto para os empregadores quanto para os trabalhadores. Respostas

construtivas e pró-activas ao HIV/SIDA no local de trabalho podem contribuir para uma

melhoria das relações de trabalho e para garantir a continuidade da produção (OIT, 2002). A

realização deste estudo serve também este propósito, alertar os empregadores, gestores e

trabalhadores do sector turístico para as consequências negativas de se olhar a força de trabalho

como um custo e não um investimento, do ponto de vista estratégico, para garantir uma

qualidade de vida no trabalho sustentável e, consequentemente, excelência na qualidade dos

produtos e serviços prestados.

De acordo com a reunião Tripartida de Peritos sobre o HIV/SIDA e o mundo do trabalho do

Bureau Internacional do Trabalho (OIT, 2001), de forma a garantir a coerência dos programas

nacionais de luta contra a SIDA, de avaliar os custos da epidemia nos locais de trabalho,

planificar medidas que visam atenuar o impacto socioeconómico da SIDA, as autoridades

competentes devem encorajar, apoiar, realizar pesquisas e difundir os resultados. O presente

estudo enquadra-se neste contexto, ao procurar trazer ao de cima informação que fomente a

consciêncialização de empregadores e tomadores de decisão, sobre a importância de

diagnosticar o seu constexto organizacional produzindo dados concretos que favoreçam a

tomada de decisão relativamente a acções e estratégias que visem reduzir o impacto de pessoas

vivendo com o HIV/SIDA no seio das suas organizações.

Por outro lado, a falta de tomada de medidas adequadas para fazer face à prevalência do

HIV/SIDA, particularmente, no sector empresarial, conforme refere a ONUSIDA e Empresas

(2007) justifica uma análise das razões que levam as empresas a esta posição ou a procurarem

respostas efectivas no combate ao HIV/SIDA no local de trabalho.

O sector do turismo, particularmente o hoteleiro, também se ressente do custo humano da força

de trabalho, redução dos lucros e da produtividade resultantes da crescente incapacidade

laboral do trabalhador afectado pelo HIV/SIDA. A este factor, acresce-se o desafio de a gestão

ter que gerir o absentismo dos trabalhadores vivendo com o HIV/SIDA e preservar a imagem

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

8

da instituição junto dos seus clientes, perante trabalhadores que já manifestem sintomas

visíveis da doença.

Deste modo, poque o Hotel Sourthen Sun Maputo ainda não tem o conhecimento sobre o

comportamento, atitudes e práticas dos seus trabalhadores em relação ao HIV/SIDA, o presente

estudo torna-se pertinente dado que desde o início das suas actividades, o Hotel nunca realizou

algum tipo de pesquisa desta natureza, por forma a deliniar estratégias de intervenção

apropriadas à situação existente.

Espera-se, portanto, que o presente estudo contribua para o Hotel Southern Sun melhor

delinear os aspectos a ter em atenção no que diz respeito à finalização da sua política de HIV

no Local de Trabalho e, posteriomente, à sua operacionalização, através de programas e acções

que visem responder às necessidades de conhecimentos, a atitudes pouco adequadas e a

práticas de risco relativamente ao HIV/SIDA no seio da sua força de trabalho.

Finalmente, a relevância do presente estudo centra-se no facto do mesmo trazer não apenas

informação exploratória e descritiva das diversas variáveis em estudo, como também, fomentar

alguma análise cruzada sobre o comportamento de algumas variáveis. A referida perspectiva

poderá sustentar o levantamento de algumas hipóteses que poderão ser objecto de futuras

investigações sobre o tema, particularmente no contexto empresarial do turismo em

Moçambique.

1.4 Objectivos

Objectivo Geral

Contribuir para a melhoria de estratégias de resposta ao estigma e discriminação de pessoas

vivendo com HIV/SIDA (PVHS) e comportamentos de risco de infecção pelo HIV nas

empresas turísticas.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

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Objectivos Específicos

1. Apresentar uma breve revisão da literatura relativamente à situação actual do Turismo e

da legislação e prevalência do HIV/SIDA em Moçambique e no Mundo.

2. Explorar, medir e descrever o nível de conhecimentos, atitudes e comportamentos

relativamente ao HIV/SIDA junto da força de trabalho do Hotel Southern Sun de

Maputo;

3. Comparar o nível de conhecimentos, atitudes e comportamentos relativamente ao

HIV/SIDA junto da força de trabalho do Hotel Souther Sun da cidade de Maputo em

relação às variáveis sócio-demográficas: sexo, idade, estado civil, nível académico e

cargo.

4. Sugerir à empresa em estudo algumas estratégias de combate ao HIV/SIDA junto da

sua força de trabalho.

1.5 Estrutura do Trabalho

O presente trabalho, está dividido em 5 capítulos. No primeiro capítulo faz-se um breve

enquadramento e introduz-se o tema central do presente estudo, contextualizando o problema

de investigação, a justificativa e os objectivos que se pretende alcançar com o mesmo.

No segundo capítulo apresenta-se a fundamentação teórica, na qual se discute o contexto actual

do sector de turismo em Moçambique, a problemática do HIV/SIDA no Mundo e em

Moçambique, a legislação internacional e nacional a respeito da pandemia e o seu impacto a

nível económico e se destaca algumas das estratégias e práticas comuns que se tem adoptado

para a redução da mesma no seio das organizações.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

10

O terceiro capítulo apresenta a metodologia usada para o desenvolvimento do presente estudo

destacando-se o tipo de investigação, as técnicas adoptadas, a população alvo e, finalmente, o

instrumento e procedimentos da pesquisa.

No quarto capítulo, procede-se à apresentação dos resultados do estudo procurando responder

aos principais objectivos do mesmo e faz-se a discussão dos resultados confrontando os dados

do estudo com os apresentados no capítulo da fundamentação teórica e realçando as principais

descobertas e suas implicações práticas.

Finalmente, no quinto e último capítulo, tecem-se as principais conclusões da pesquisa em

função dos objectivos previamente definidos e dos resultados obtidos e deixam-se algumas

sugestões à empresa objecto de estudo.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

11

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 O Turismo no Mundo e em Moçambique

A presente secção cumpre apresentar o Turismo no Mundo em Moçambique abordando o

turismo como fenómeno económico, seus efeitos macroeconómicos, sua importância, impactos

positivos e seu crescimento na economia, ilustrando os indicadores de referência na área do

turística.

Segundo Cunha (1997, p.227), o turismo é uma actividade horizontal que influencia e é

influenciada pela generalidade das actividades humanas qualquer que seja a sua natureza. Na

maior parte das actividades humanas encontra-se uma relação directa com o turismo, assim

como, uma dependência mais ou menos profunda com a generalidade das outras actividades.

O turismo é um sector económico em constante crescimento em todo o Mundo. É uma

actividade económica internacional, que em 2001, contribuiu com 4.2% para o Produto Interno

Bruto (PIB) da economia global e empregou 8.2% da população economicamente activa do

mundo, Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo em Moçambique (2004-2013).

Portanto, como reforça Cunha (1997, p.227), “à medida que o turismo se desenvolve, torna-se

numa actividade que responde à satisfação de necessidades múltiplas de ordem intelectual,

física, psicológica, cultural, social e profissional, mediante o desenvolvimento de novas

actividades e a renovação das actividades existentes.”

Assim, o turismo é uma actividade multi-sectorial e se relaciona com todos os organismos

produtivos da economia, isto é, não é um ramo económico independente, mas sim um ramo

que esta interligado a outros sectores.

O turismo é uma indústria que propicia rápido crescimento económico em ofertas de empregos,

nível de vida e activação de outros sectores produtivos do país receptor, Oliveira (2002, p.46).

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

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A Organização Mundial de Turismo (OMT), citada por Oliveira (2002, p.46), divulgou que no

ano de 1996, a actividade turística teve um crescimento de 4,5% no número de viagens

internacionais, acima de 3,8% de 1995 em relação a 1994. Quanto à entrada de divisas nas

nações, o incremento foi de 7,6% ultrapassando a US$ 423 biliões. Em todo o mundo, cerca de

592 milhões de viajantes deslocaram-se entre os países em 1995 e 1970, o número aumentou

para 257%. Em 2010 o número de viajantes irá atingir 1 bilião e para 2020, as estimativas da

OMT apontam para mais de 1,6 bilhão de viagens internacionais.

A OMT publicou ainda, que o número de empregos no sector de turismo cresça, isto é, o

turismo deve criar entre 2,2 milhões e 3,3 milhões de empregos na Europa até o ano de 2010,

com uma taxa de crescimento anual de 1% a 1.5%. Ao mesmo tempo, a indústria contribuiu

com mais de US$ 3,5 trilhões para a receita global. (Oliveira, 2002, p.47)

A OMT prevê que as correntes turísticas triplicarão nas próximas décadas. O número de

turistas que, por volta do ano 2020, se deslocarão de país a país, será de 1,6 bilhão, com gastos

que somarão mais de US$ 2 trilhões ou US$ 5 bilhões por dia. Espera-se também que o

número de empregos cresça proporcionalmente. (Oliveira, 2002, p.49).

Neste contexto, a indústria do turismo é grande promotora de riquezas e aparece em todo o

mundo, como um dos mais importantes segmentos geradores de empregos e postos de trabalho.

(Steinbruchi, 1988) No entanto, é necessário adoptar mecanismos para gerir o mercado de

trabalho, seus obstáculos que bloqueiem a criação de empregos e também de melhorar as

informações disponíveis sobre a localização e as oportunidades de empregos existentes,

Oliveira (2002, p.49).

Em todo o mundo, o turismo é um sector que revela uma crescente importância económica.

(MITUR, 2003) Em 2007 o número de turistas que visitou Moçambique cresceu 21% em

relação ao ano anterior, permitindo ao país arrecadar receitas de 103, 4 milhões de euros. No

mesmo ano, entraram em Moçambique 1 259 000 turistas3.

3 Disponível em (31/01/2009 ) em: www.notíciaslusofonas.com/view.php

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

13

De acordo com a Política do Turismo e Estratégia da sua Implementação, o turismo é um dos

sectores que pode trazer crescimento e emprego e nele estão associados vários benefícios

directos:

Rendimento – o acto de satisfazer um turista implica a compra de uma variedade de bens e

serviços que podem ocorrer em diferentes momentos e locais, facto que resulta em uma série

de rendimentos significativos para uma economia.

Emprego – o turismo é um sector de trabalho intensivo que integra todos os graus de

habilidade, do mais complexo ao mais simples, envolvendo todas as camadas sociais. Dada

a sua característica transversal, estimula o mercado de emprego nos outros sectores da

economia.

Conservação – quando gerido de forma adequada, o turismo fortalece a viabilidade

económica das áreas protegidas e reduz a pressão sobre o ambiente.

Investimento – a intensidade do capital no sector cria uma larga carteira de oportunidade de

investimentos para os sectores público e privado.

Infraestruturas – o potencial e a dinâmica de crescimento do sector turístico aliados aos

benefícios económicos associados, dita a necessidade de criar e investir em infraestrutuas.

Prestígio – o prestígio internacional e, finalmente a conquista de um lugar na “lista” dos

destinos preferidos tem implicações comerciais e económicas positivas.

Criação de pequenos negócios – o turismo esta directa e indirectamente ligada a uma

diversidade de sectores da economia e, por isso, cria oportunidades para pequenos negócios.

Ao mesmo tempo, para além dos benefícios anteriormente mencionados é pertinente destacar

alguns dos efeitos macro-económicos do Turismo. Por exemplo, em âmbito nacional, o turismo

provoca a transferência de recursos financeiros, produzidos numa região de um país para outras

do mesmo país, por meio da movimentação de turistas nacionais viajando internamente.

Quanto à perspectiva internacional, o turismo é considerado como uma exportação invisível de

bens e serviços. O efeito económico obtido é o mesmo das exportações, resultando no ingresso

de moeda no país receptor. (Oliveira, 2002, p.61)

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

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Por outro lado, é a actividade que, segundo Oliveira (2002, p.61), oferece mais emprego do que

qualquer outra actividade económica em todo o mundo. Segundo a WTTC (Conselho Mundial

de Viagens e Turismo), são 333 milhões de empregos directos, o que equivale a uma entre

nove pessoas economicamente activas. Entretanto, o turismo traz vantagens como fonte

geradora de empregos, nomeadamente:

Alto grau de impacto em toda a economia;

A facilidade com que promoções e investimentos geram novos empregos;

Diversidade qualitativa nos empregos gerados;

Geração de primeiros empregos, principalmente para o público jovem;

Geração de empregos sazonais para pessoas com outras ocupações;

Geração de empregos em áreas com desemprego estrutural, como por exemplo, áreas

rurais;

Possibilidade de criar empregos em determinadas regiões, tanto por meio de acções

promocionais, assim como, pela construção de infraestruturas e

Predominância e empregos de micro, pequenos e médios empreendimentos.

O turismo, tem ta,bém um efeito multiplicador, ou seja, pode repercutir em outros sectores da

actividade económica, provocando uma verdadeira reacção em cadeia. Actua indirectamente,

gerando renda não só na indústria turística complementar, mas também em quase todos os

outros sectores económicos. Seu reflexo se faz sentir na construção civil, na indústria

alimentar, na produção de móveis e utensílios domésticos, nos serviços de profissionais liberais

e no movimento bancário. (Oliveira, 2002, p.65).

Deste modo, o sector turístico beneficia também, aos outros sectores, nomeadamente, ao sector

público que é afectado pela realização de obras no incremento do comércio em geral, ligado

especialmente aos produtos típicos de artesanato e suvenires, toda a rede de indústrias e

serviços relacionados ao transporte tais como, os postos de gasolina, oficinas mecânicas e

actividades vinculadas aos veículos automotores. (Oliveira, 2002, p.65).

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

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A Organização Mundial de turismo (OMT, 1998), define o turismo como o conjunto dos

resultados de carácter económico, financeiro, político, social e cultural produzidos numa

localidade, decorrentes do relacionamento entre os visitantes com os locais visitados durante a

presença temporária de pessoas que se deslocam de seu local habitual de residência para

outros, de forma espontânea e sem fins lucrativos.

De facto, o turismo produz efeitos económicos globais entendendo-se como tais, a incidência

que provoca sobre os objectivos gerais da política económica, que abrangem o conjunto do

sistema económico, sendo, ao mesmo tempo, objectivos do próprio turismo, Cunha (1997,

p.239). Isto significa que, o turismo provoca efeitos económicos que incidem sobre a política

económica de qualquer país, alcançando em simultâneo com os objectivos do próprio turismo.

Assim, é possível distinguir cinco efeitos nomeadamente, os efeitos directos e indirectos,

efeitos induzidos, efeitos resultantes dos investimentos turísticos e efeitos sobre o

desenvolvimento regional.

Efeitos Directos

Por efeitos directos entendem-se as incidências exercidas pelo consumo turístico sobre as

actividades turísticas e sobre as actividades fornecedoras dos bens e serviços consumidos pelos

turistas, e que constituem em primeiro ciclo as transacções, Cunha (1997, p.239).

Por exemplo, o aumento das despesas turísticas dá origem a criação de empregos (emprego

directo) pelo aumento da capacidade turística nos estabelecimentos de alojamento, restauração

ou de outros serviços. Por outras palavras, os efeitos directos resultam das despesas turísticas

pelo aumento da capacidade produtiva do turismo, nos estabelecimentos de alojamento,

restauração, etc.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

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Efeitos Indirectos

Por efeitos indirectos consideram-se as incidências sobre os sectores produtivos fornecedores

de bens e serviços às actividades que permitem satisfazer directamente os consumos turísticos

e estas incidências constituem o segundo ciclo de transacções, Cunha (1997, p.239).

Ou seja, os efeitos indirectos resultam do aumento da capacidade produtiva que arrasta a

expansão de outras actividades gerando empregos indirectos que fornecem bens e serviços. A

produção mobiliária, a produção de alimentos, equipamentos industriais, a maquinaria, a

cerâmica, a agricultura, a electricidade, o gás, têxteis, entre outros, são alguns exemplos destes.

Efeitos Induzidos

São os efeitos induzidos que correspondem ao emprego gerado pala produção activada pela

procura para o consumo dos receptores do valor acrescentado, gerado pela produção de bens e

serviços turísticos. Esta produção gera um rendimento para os respectivos produtores que, com

ele, adquirem outros bens, activando uma produção distinta da que se destina os consumidores

turísticos, daqui derivando efeitos que são induzidos pelo consumo inicial de bens e serviços

turísticos. Ou seja, parte dos rendimentos gerados pela produção turística aplicada pelos

respectivos receptores na procura dos bens e serviços, que por sua vez, impulsiona outros

sectores de actividade ao corresponderem ao aumento da procura assim gerada. Assim, a

expansão destes sectores origina novos empregos de forma induzida (empregos induzidos),

Cunha (1997, pp.240, 264).

Efeitos Resultantes dos Investimentos Turísticos

Segundo Cunha (1997, p.262), os investimentos constituem uma variável estratégica do

desenvolvimento económico, na medida em que, não há acréscimo da riqueza e do emprego

sem investimentos públicos ou privados.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

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Entretanto, em virtude das construções, equipamentos, infraestruturas, meios de transporte,

equipamentos, etc., necessários à produção de bens e serviços turísticos que exigem elevados

investimentos, o turismo contribui para elevar a taxa de investimento, ou seja, para aumentar a

formação bruta de capital fixo, Cunha (1997, p.262).

De acordo com Bull (1996) citado por Cunha (1997, p.262), os investimentos no sector

turístico apresentam algumas diferenças em relação aos investimentos realizados noutros

sectores:

Uma boa parte dos investimentos turísticos não são realizados por razões comerciais, mas

antes por razões de carácter social, educativo ou ambiental, como os investimentos em

centros de informação, parques nacionais ou protecção do ambiente.

Frequentemente, os investimentos turísticos são compartilhados com outros sectores,

como no caso dos centros desportivos ou de convenções em relação aos quais o turismo

se comporta como um inquilino.

Alguns investimentos turísticos são efectuados com vista à realização de acontecimentos

de curta duração, como os festivais e acontecimentos desportivos, que posteriormente

deixam de ter utilização turística ficando disponíveis para a utilização pelas populações

locais.

Finalmente, um certo número de investimentos realizados no turismo deve-se a razões

relacionadas com o modo de vida das populações.

Efeitos sobre o Desenvolvimento Regional

Segundo Cunha (1997, p.283), quatro razões levam com que o turismo seja um motor de

desenvolvimento regional e, simultaneamente, um factor de explosão económica global:

A primeira, porque o turismo é uma actividade que melhor pode usar os recursos locais,

sejam eles naturais, humanos, históricos ou culturais. É a actividade económica que

melhor se pode inserir no processo de desenvolvimento regional que resulta do

aproveitamento do património e dos valores locais, proporcionando maior valor

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

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acrescentado ao espaço rural e ao património natural e cultural garantindo maior valor

económico.

A segunda, o turismo permite uma transferência de rendimentos das regiões mais

desenvolvidas para as menos desenvolvidas, assim como a exportação de bens e serviços

para outras regiões.

A terceira, o turismo a nível regional proporciona a construção de infraestruturas e de

equipamento social, tais como: a construção de vias de comunicação, as redes de

saneamento básico entre outros serviços públicos; beneficiando a população local. Isto

porque, o turismo é para uma região uma actividade básica em virtude dos serviços

prestados serem quase inteiramente exportados para outras regiões ou para o estrangeiro,

o que estimula o desenvolvimento da região.

A última razão é porque, o turismo contribui para a dinamização e modernização da

produção local. Proporciona o aparecimento de novas actividades, como os serviços

pessoais, revigora as produções artesanais que de outro modo tendem a desaparecer e

desempenha o papel de factor de atenuação dos desequilíbrios regionais, permitindo

alcançar uma distribuição mais equitativa do nível de vida entre regiões desenvolvidas e

regiões mais desfavorecidas.

Deste modo, a participação do turismo no desenvolvimento regional assume, segundo Cunha

(1997, p.284), o carácter de:

Desenvolvimento integrado quando o turismo surge como promotor dominante do processo

de desenvolvimento sem, contudo, monopolizar, isto é, as actividades a desenvolver devem

ser compatíveis com o turismo não podendo afectar o seu desenvolvimento.

Desenvolvimento catalítico quando as actividades turísticas surgem com estimuladoras de

desenvolvimento assumindo um papel complementar e, neste caso, estas têm de ser

compatíveis com todas as outras.

Desenvolvimento créstico quando as actividades turísticas podem ser úteis ao

desenvolvimento regional e constituírem um meio de diversificação da actividade

económica, mas não o influenciam.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

19

O Turismo produz impactos económicos positivos. Oliveira (2002, p.185) afirma que, os

visitantes ao se deslocarem do seu local habitual de residência para outros locais, no país ou no

exterior, com o objectivo de passear, divertir-se, visitar parentes e amigos ou por outras razões

diferentes das de trabalhar, fixar residência e/ou cumprir compromissos profissionais gastam,

normalmente, mais dinheiro do que os viajantes comuns. Ou seja, os turistas ao fazerem as

suas viagens gastam com meios de transportes, alojamento, alimentação, compras, serviços de

divertimento, comunicação, entre outros. No entanto, os recursos financeiros produzidos nas

origens dos turistas transferem-se para o país receptor como reforço económico devido a

presença dos visitantes.

O impacto na economia do país receptor proveniente da despesa turística, é afectado de forma

positiva, produzindo o chamado efeito “cascata”. Isto significa que, os turistas consomem bens

e serviços de empresas e de profissionais que, por sua vez, gastarão tais recursos na aquisição

de outros bens e serviços necessários para exercer suas profissões. O outro facto interessante é

o efeito multiplicador. Por exemplo, uma empresa compra de outras empresas bens e serviços

de que necessita. A renda familiar é ampliada havendo investimento na melhoria do padrão de

vida de seus membros. (Oliveira, 2002, p.185-186).

Ou seja, os turistas ao fazerem as suas viagens gastam com meios de transportes, alojamento,

alimentação, compras, serviços de divertimento, comunicação, entre outros. No entanto, os

recursos financeiros produzidos nas origens dos turistas transferem-se para o país receptor

como reforço económico devido a presença dos visitantes.

O impacto na economia do país receptor proveniente da despesa turística, é afectado de forma

positiva, produzindo o chamado efeito “cascata”. Isto significa que, os turistas consomem bens

e serviços de empresas e de profissionais que, por sua vez, gastarão tais recursos na aquisição

de outros bens e serviços necessários para exercer suas profissões. O outro facto interessante é

o efeito multiplicador. Por exemplo, uma empresa compra de outras empresas bens e serviços

de que necessita. A renda familiar é ampliada havendo investimento na melhoria do padrão de

vida de seus membros. (Oliveira, 2002, p.185-186)

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

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O turismo destaca-se como um dos fenómenos mais significativos do mundo contemporâneo

influenciando o desenvolvimento económico, social, político e ambiental de diversos países e

regiões nele inseridos. (Lopes, 2009)

De acordo com a Organização Mundial do Turismo (OMT), a actividade turística gera em

Produto Interno Bruto (PIB) 10,9% sendo responsável por uma receita de US$ 3,78

trilhões/ano, conseguindo arrecadar cerca de 11% de impostos, conforme indica Lopes (2009).

É uma indústria que gera directa ou indirectamente cerca de 300 milhões de empregos, o que

equivale a mais de 10% da força de trabalho do mundo. (Fernandes, 2007)

Tabela 1. Fluxo Turístico Receptivo Internacional (2000 – 2005) em milhões

Regiões 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Europa 396,2 395,8 407,4 408,6 425,6 443,9

Ásia e Pacífico 111,4 116,6 126,1 114,1 145,4 156,2

Américas 128,2 122,2 116,7 113,1 125,8 133,1

Oriente Médio 25,2 25,0 29,2 30,0 35,9 38,4

África 28,2 28,9 29,5 30,7 33,3 36,7

Mundo 689,2 688,5 708,9 696,6 766,0 808,3

Fonte: WTO – Janeiro, 2006

O turismo em Moçambique está gradualmente a recuperar o seu potencial na economia

nacional. O crescimento dos investimentos ao longo dos últimos anos que resultaram na

expansão da capacidade de alojamento e dos serviços inerentes ao turismo e no melhoramento

da qualidade do produto4.

O número de turistas tem crescido consideravelmente no país, essas correntes turísticas

internacionais são originadas pelas características relevantes dos seus recursos naturais,

culturais e valor histórico das zonas que mais interesse turístico tem despertado aos entusiastas

de cultura ou que procuram aventura, laser, negócios, ecoturismo, turismo religioso dentre

4 Fonte: http://www.mozambique.org (Acesso a 31/01/2009)

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

21

outros atractivos que representam o produto turístico, Plano Estratégico para o

Desenvolvimento do Turismo em Moçambique (2004-2013).

De acordo com a Estratégia de Moçambique para o processo de Integração Regional na SADC,

a abertura do comércio estimula toda a economia da seguinte forma:

Aumenta as receitas dos países exportadores e proporciona aos consumidores dos países

importadores uma escolha mais vasta de bens e de serviços a preços baixos, graças a

uma maior concorrência e

Permite que os países possam reduzir a exportar os bens e serviços em que são mais

competitivos.

A integração económica regional pode, portanto potenciar o crescimento económico. Mas pode

também ter efeitos negativos. O acesso aos mercados mais vastos e abertos implica uma maior

concorrência entre empresas e entre países. Ao colocar em competição economias com

diferentes graus de desenvolvimento, a integração pode, se não for devidamente controlada,

aumentar o fosso entre os países mais avançados e os pobres e marginalizar ainda mais

economias pobres da região5.

Nos últimos tempos, dirigentes do Governo, empresários, analistas e outros interessados têm

apelado para que a indústria moçambicana se prepare para os desafios que a integração

regional, mais propriamente o Protocolo da SADC sobre o Comércio Livre, representa. Os

apelos têm sido no sentido de tornar a indústria nacional mais competitiva, para que o país não

seja invadido por produtos oriundos de outros países. Moçambique tem uma imensa vantagem

competitiva em áreas como o turismo, a agricultura e energia e tem igualmente um gigantesco

potencial de industrialização em zonas próximas dos seus três principais portos, com

perspectiva de exportação para mercados extra-regionais. Mas a exploração destas vantagens

no seu máximo potencial requer uma estratégia que assenta em várias frentes. Uma delas é a

educação e formação técnico-profissional. A profissionalização do sector público e o

estreitamento dos procedimentos institucionais criam um maior nível de previsibilidade e

5 Estratégia de Moçambique para o processo de Integração Regional na SADC.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

22

confiança no funcionamento das instituições, e estabelece um mecanismo que permite que todo

o sistema funcione quase que em piloto automático6.

O negócio e destinos turísticos que florescerão no futuro serão os actores globais competindo

com o puder da marca e economias de escala ou pequenos actores com uma orientação clara e

produtos especializados, capazes de sobreviver devido à baixa concorrência e por

compreenderem os seus produtos melhor do que os intervenientes globais, Política do Turismo

e Estratégia da sua Implementação (2003).

Assim, sendo o turismo uma das áreas com elevado potencial em Moçambique, deve tomar em

conta as seguintes medidas prioritárias7:

Envolvimento de Moçambique na Organização Regional de Turismo da África Austral

(RETOSA) e garantir a implementação do protocolo do turismo da SADC;

Prosseguir com a eliminação da necessidade do visto de entrada para cidadãos dos

estados membros da SADC;

Promover a melhoria da qualidade dos serviços turísticos;

Vender a imagem do país na região;

Criar uma rede de pesquisa, estatísticas e troca de informações;

Harmonizar e desenvolver políticas, estratégias e legislação ao nível da região e

Encorajar investimentos no sector.

Neste contexto, importa fazer menção a alguns indicadores de referência na área do Turismo

em Moçambique. Por exemplo, de 2004 a 2008 regista-se uma tendência de crescimento no

número de chegadas internacionais8, turistas ao país, assim como nas receitas do turismo

internacional9, conforme ilustram as tabelas abaixo.

6 Jornal Savana de 01 de Junho de 2007.

7 Estratégia de Moçambique para o processo de Integração Regional na SADC.

8 Chegadas Internacionais – número de viajantes que entraram no país durante um determinado período.

9 Receitas do Turismo Internacional – os gastos em valores monetários feitos pelos turistas vindos do exterior durante um certo período.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

23

Tabela 2. Indicador de Referência por Motivo de Visita

Por motivo de visita 2004 2005 2006 2007 2008 Var (08/07)

Turistas 470,000 578,000 664,300 771,000 1,025,554 33.02

Negócio/Conferência 131,000 175,000 310,000 351,000 220,600 -37.15

Lazer e Férias 254,000 275,000 214,000 261,000 670,000 156.70

Visita a Familiares e Amigos 85,000 128,000 140,300 159,000 134,954 -15.12

Outros Visitantes 241,000 376,000 430,700 488,000 482,500 -1.13

Total de Chegadas Visitantes 711,000 954,000 1,095,000 1,259,000 1,508,054 19.78

Fonte: INE/Migração

Tabela 3. Receitas do Turismo Internacional em Moçambique

Ano 2004 2005 2006 2007 2008* Var (08/07)

Milhões de USD 95,3 129.6 139.7 163.4 185.4 13.46

Fonte: Banco de Moçambique/INE

* Previsão Anual

Ao mesmo tempo, os resultados do Inquérito nos Estabelecimentos Hoteleiros no país revelam

uma tendência de crescimento no número de dormidas e taxa de ocupação entre 2004 e 2006,

registando a partir daqui uma estagnação até ao ano de 2008. Note-se que, enquanto as

Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo mostraram uma tendência de declínio de dormidas e

taxa de ocupação, as Províncias de Manica, Maputo e Cabo Delgado registaram a tendência

contrária (vide as tabelas abaixo).

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

24

Tabela 4. Total de Dormidas (nacionais+estrangeiros)

Província 2004 2005 2006 2007 2008 Var (08/07)

Niassa 24,348 26,428 25,889 25,214 26,403 4.72

Cabo Delgado 39,711 41,378 44,839 37,139 46,594 25.46

Nampula 22,256 26,250 24,083 24,111 28,643 18.80

Zambézia 35,797 36,710 37,663 43,275 44,523 2.88

Tete 28,746 26,917 24,385 19,586 22,589 15.33

Manica 13,719 11,356 11,634 13,964 21,090 51.03

Sofala 40,455 42,147 53,986 70,002 79,241 13.20

Inhambane 52,271 75,743 89,956 91,763 67,695 -26.23

Gaza 39,986 37,907 46,737 36,528 32,566 -10.85

Maputo Prov. 29,564 23,213 46,319 35,937 49,465 37.64

Maputo Cid. 373,897 358,194 488,150 474,784 474,077 -0.15

TOTAL 700,751 706,242 893,642 872,302 892,888 2.36

Fonte: INE

Tabela 5. Taxa de Ocupação (%)

Províncias 2004 2005 2006 2007 2008 Var (08/07)

Niassa 21.6 22.7 22.1 20.7 21.4 3.24

Cabo Delgado 26.1 26.9 28.2 20.7 24.8 19.69

Nampula 17.9 19.5 17.0 16.0 16.3 1.64

Zambézia 24.3 23.3 23.5 25.9 28.0 8.30

Tete 39.0 34.6 31.0 33.9 38.1 12.53

Manica 10.7 8.8 8.0 8.1 12.3 51.52

Sofala 21.3 22.3 28.2 33.9 38.8 14.29

Inhambane 12.1 17.9 18.5 18.3 13.4 -26.90

Gaza 12.5 13.0 15.4 11.3 10.2 -9.37

Maputo Prov. 17.5 15.0 29.2 23.3 32.0 37.59

Maputo Cid. 30.2 28.8 40.3 40.4 39.5 -2.13

Total 22.7 23 28.3 27.2 27.4 0.85

Fonte: INE

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

25

Por outro lado, Moçambique registou uma tendência global de crescimento nas receitas nos

estabelecimentos hoteleiros e similares de 2004 a 2008. Contudo, enquanto as Províncias do

Niassa, Manica e Maputo Cidade e Província contribuíram de forma significativa neste

crescimento, as Províncias de Tete, Zambézia, Gaza e Inhambane registaram o contrário,

conforme a tabela que se segue.

Tabela 6. Receitas nos Estabelecimentos Hoteleiros e Similares (MT)

Províncias 2004 2005 2006 2007 2008 Var( 08/07)

Niassa 6,756,159.53 7,582,494.46 7,629,141.03 11,935,258.26 19,091,286.44 59.96

Cabo Delgado 58,746,718.75 70,169,256.68 67,046,777.08 97,744,397.79 102,734,167.11 5.10

Nampula 23,453,399.33 29,270,560.45 24,185,957.02 49,128,891.87 54,913,271.76 11.77

Zambézia 20,408,419.28 16,711,404.92 19,451,504.97 43,663,526.57 38,314,807.18 -12.25

Tete 10,596,405.44 9,137,342.32 8,507,176.87 40,717,454.84 12,441,022.80 -69.45

Manica 15,889,792.93 12,741,328.35 15,368,460.06 20,155,755.04 27,886,955.63 38.36

Sofala 49,108,175.98 56,972,866.46 57,365,415.75 85,892,955.18 88,517,527.76 3.06

Inhambane 51,638,264.67 64,458,465.27 95,372,208.92 85,432,434.33 81,636,642.73 -4.44

Gaza 29,814,804.46 31,065,107.27 51,285,087.46 59,253,938.89 55,298,977.47 -6.67

Maputo Prov. 17,520,366.89 18,002,305.20 32,487,358.45 30,275,380.35 34,496,483.98 13.94

Maputo Cid. 515,309,111.76 568,417,406.29 862,922,600.63 875,628,290.96 1,011,938,532.01 15.57

Total (MT) 799,241,619.02 884,528,537.67 1,241,621,688.27 1,399,828,284.06 1,527,269,674.88 9.10

Fonte: INE

De 2004 a 2008 verifica-se um lento crescimento no número de lugares disponíveis nos quartos

dos estabelecimentos de alojamento para pernoita dos hóspedes no país. Note-se que a maior

taxa de crescimento registou-se em hotéis de 2, 4 e 5 estrelas, como mostra a tabela seguinte.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

26

Tabela 7. Receitas nos Estabelecimentos Hoteleiros por Categoria

Categoria 2004 2005 2006 2007 2008 Var (08/07)

Hotéis de 4 a 5 estrelas 2,421 2,505 2,505 2,879 2,966 3.02

Hotéis de 3 estrelas 2,715 2,810 3,125 3,197 3,207 0.31

Hotéis de 2 estrelas 2,480 3,125 3,614 3,985 4,342 8.96

Outras 6,191 6,387 6,496 6,974 6,990 0.23

Total 13,807 14,827 15,740 17,035 17,505 2.76

Fonte: INE/DINATUR

Registou-se um crescimento no volume de investimentos em projectos de turismo10

entre 2004

e 2007, seguido de um decréscimo no volume de investimento no ano subsequente, conforme

ilustra a tabela adiante.

Tabela 8. Volume de Investimentos em Projectos de Turismo

Descrição 2004 2005 2006 2007 2008 Var (08/07)

Propostas analisadas 116 169 169 171 265 54.97

Propostas aprovadas 55 95 105 133 237 78.20

% das aprovações 47.4% 56.20% 61.90% 78% 78.90% 1.15

Quartos 1,855 2,704 2,855 8,040 7,756 -3.53

Camas 3,171 2,951 5,283 15,668 13,205 -15.72

Emprego 1,922 2,232 3,896 17,936 5,448 -69.63

Valor (103 USD) 67,159.00 83,690.00 604,252.40 977,201.00 739,634.83 -24.31

Fonte: DINATUR

Postos de Emprego: o número de postos de emprego oficialmente registados é estimado

actualmente em cerca de 34,928 (o sector informal não entra).

10

Projectos de Investimentos no Turismo – os projectos em referencia incluem os de aprovação de âmbito central, como

instalação de estabelecimento de alojamento e agencias de viagens e operadores turísticos.

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27

Apesar da estagnação do sector do turismo durante os 16 anos da guerra civil em Moçambique,

nota-se uma tendência de crescimento na sua contribuição ao PIB conforme indicam as taxas

na tabela abaixo.

Tabela 9. Contribuição do Turismo para o PIB

ANO 91 92 93 94 95 96 97 98 99 2000 01 02 03

% 0.5 0.6 0.8 0.8 0.8 0.8 1.0 0.9 0.9 0.9 0.8 1.8 2.5

Fonte: Banco de Moçambique

2.2 HIV/SIDA no Mundo e em Moçambique

Esta secção cumpre apresentar sobre o HIV/SIDA no mundo e mostra estimativas e tendências

a nível global. Aborda igualmente o HIV/SIDA em Moçambique, ilustra estimativas de

prevalência nacional e regional. Descreve também sobre o impacto do HIV/SIDA na

economia, no local de trabalho e no sector do turismo, apresenta a legislação sobre o

HIV/SIDA e aborda sobre as estratégias de resposta do HIV/SIDA nas organizações

apresentando um quadro de mudança de comportamento (BEHAVE) e suas aplicações.

2.2.1 Evolução do HIV/SIDA

A evolução do HIV no mundo está marcada por cinco fases. A primeira vai até 1981, quando

não se suspeitava da presença da doença e o vírus disseminava-se de forma despercebida. A

segunda compreende o período de 1981 até 1985, marcado pelas pesquisas que culminaram na

descoberta do vírus e das formas de transmissão. (Valentim, 2003, p.43-44)

A terceira fase corresponde ao período do início da mobilização global contra a doença, a partir

da qual foram criados programas nacionais e mundiais de resposta à pandemia, despertando a

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

28

solidariedade internacional na Sessão Especial da Assembleia das Nações Unidas, realizada em

Outubro de 1987. No mesmo ano, a Organização Mundial da Saúde criou uma estratégia global

de resposta ao HIV/SIDA, que foi universalmente adoptada como projecto padrão.

A quarta fase compreende o começo da década de 90, quando inicia a fase de efectiva de

aplicação de recursos financeiros, na ordem internacional de resposta à doença e vai até

meados do segundo quartel da mesma década. Inicia a quinta fase, na qual a doença, nos países

desenvolvidos, encontra-se controlada, o que não se verifica nos países em vias de

desenvolvimento, particularmente nos países localizados na África e no Caribe.

2.2.2 Estimativas do HIV/SIDA a Nível Global

As últimas estatísticas mundiais sobre a epidemia do HIV foram publicadas pela

ONUSIDA/OMS em Novembro de 2007, e referem-se ao fim de 2007.

Segundo a UNAIDS (2007) mais de 25 milhões de pessoas morreram devido ao vírus

associado à SIDA11

desde 1981 e que só em África, existem 12 milhões de órfãos. Esta mesma

fonte refere ainda que no fim de 2007, as mulheres representavam 50% de todos os adultos

vivendo com o HIV12

a nível mundial, e 61% na África Subsahariana.

De igual forma, os jovens (abaixo dos 25 anos de idade) representam metade de todas as novas

infecções a nível mundial enquanto que, nos países em desenvolvimento ou em transição, 7.1

milhões de pessoas necessitam de medicação que lhes salvem a vida com urgência; e, destas,

apenas 2.015 milhões efectivamente recebe medicação. (UNAIDS, 2007)

11

Guia de Terminologia da ONUSIDA usa o guia da terminologia da OMS para todas as questões relativas ao esti lo editorial. Março de 2007. 12

Mesma nota anterior.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

29

Tabela 10. Estatísticas Mundias sobre o HIV em 200713

Pessoas Vivendo com HIV/SIDA Estimativa Variação

Pessoas vivendo com HIV em 2007 33.2 milhões 30.6-36.1 milhões

Adultos vivendo com HIV em 2007 30.8 milhões 28.2-33.6 milhões

Mulheres vivendo com HIV em 2007 15.4 milhões 13.9-16.6 milhões

Crianças vivendo com HIV em 2007 2.5 milhões 2.2-2.6 milhões

Novas pessoas vivendo com HIV em 2007 2.5 milhões 1.8-4.1 milhões

Novos adultos vivendo com HIV em 2007 2.1 milhões 1.4-3.6 milhões

Novas crianças vivendo com HIV em 2007 0.42 milhões 0.35-0.54 milhões

Mortes devido ao vírus associado à SIDA em 2007 2.1 milhões 1.9-2.4 milhões

Mortes em adultos devido ao vírus associado à SIDA em 2007 1.7 milhões 1.6-2.1 milhões

Mortes em crianças devido ao vírus associado à SIDA em 2007 0.33 milhões 0.31-0.38 milhões

Fonte: 2007 Epidemiology Report on November 20, UNAIDS

O número de pessoas vivendo com HIV subiu de cerda de 8 milhões em 1990 para mais de 33

milhões em 2007, e continua a crescer (vide gráfico 1). Cerca de 69% das pessoas vivendo com

HIV estão na África Subsahariana (UNAIDS, 2007).

13 De referir que na tabela foi usada a linguagem com base no Guia de Terminologia da ONUSIDA.

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30

Gráfico 1. Evolução do HIV a nível Mundial (1990-2007)

Fonte: ONUSIDA (2007)

2.2.3 Situação actual da Epidemia em Moçambique

Segundo Cauldwell, et al (2002), o primeiro caso de SIDA em Moçambique foi identificado

em 1986 e até Dezembro de 1998 constatou-se 10.687 casos ao Programa Nacional de

Controlo do SIDA (PNCS). Estima-se que mais de 1.200.000 moçambicanos eram

seropositivos14

até ao final de 1998.

Os resultados da Ronda 2007 (INE) indicam que a epidemia do HIV em Moçambique continua

em crescimento, embora existam diferenças nas tendências regionais. A prevalência do HIV15

em Moçambique em 2007, é de 16% e esta estimativa tem um intervalo de plausibilidade de

14% e 17% respectivamente (vide tabela 11).

14

Guia de Terminologia da ONUSIDA usa o guia da terminologia da OMS para todas as questões relativas ao estilo editorial. Março de 2007. 15

Mesma nota anterior.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

31

Tabela 11. Taxas Estimadas de Prevalência do HIV em Adultos (15-49 anos) por Província,

Região e Nacional em Moçambique 2007

Província Taxa de Prevalência ajustada Região Taxa de Prevalência (IP)

Maputo Cidade 23% (18%-29%)

Sul 21% (16%-23%)

Maputo Província 26% (18%-34%)

Gaza 27% (18%-35%)

Inhambane 12% (7%-16%)

Zambézia 19% (12%-29%)

Centro 18% (17%-21%)

Sofala 23% (17%-33%)

Manica 16% (10%-23%)

Tete 13% (11%-21%)

Niassa 8% (4%-14%)

Norte 9% (7%-10%) Nampula 8% (6%-12%)

Cabo Delgado 10% (6%-14%)

Nacional 16% (14%-17%)

Fonte: INE( 2007)

Tabela 12. Reanálises das Taxas Históricas de HIV (Regionais e Nacionais)

Região 2001 2002 2004 2007

Sul 15% (10%-17%) 16% (12%-18%) 19% (14%-21%) 21% (16%-23%)

Centro 18% (16%-20%) 18% (17%-20%) 19% (17%-21%) 18% (17%-21%)

Norte 7% (6%-8%) 8% (6%-9%) 9% (7%-10%) 9% (7%-10%)

Nacional

(UA fit) 14% (12%-14%) 15% (13%-15%) 16% (14%-16%) 16% (14%-17%)

Fonte: INE( 2007)

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32

Tabela 13. Reanálises das Taxas Históricas de HIV (Provinciais)

Província 2001 2002 2004 2007

Maputo Cidade 17% (12%-20%) 18% (13%-23%) 21% (16%-23%) 23% (18%-29%)

Maputo Província 16% (10%-24%) 18% (12%-23%) 22% 15%-31%) 26% (18%-34%)

Gaza 19% (12%-26%) 21% (14%-29%) 25% (17%-33%) 27% (18%-35%)

Inhambane 8% (6%-14%) 9% (6%-15%) 10% (7%-16%) 12% (7%-16%)

Zambézia 16% (9%-23%) 17% (10%-25%) 18% (12%-28%) 19% (12%-29%)

Sofala 25% (15%-31%) 24% (16%-32%) 24% (17%-33%) 23% (17%-33%)

Manica 18% (10%-23%) 17% (10%-23%) 16% (10%-23%) 16% (10%-23%)

Tete 16% (11%-21%) 15% (11%-21%) 14% (11%-21%) 13% (11%-21%)

Niassa 6% (3%-11%) 7% (4%-12%) 8% (4%-14%) 8% (4%-14%)

Nampula 8% (5%-10%) 9% (6%-11%) 9% (6%-12%) 8% (6%-12%)

Cabo Delgado 8% (4%-12%) 9% (5%-3%) 9% (6%-14%) 10% (6%-14%)

Nacional (UA fit) 14% (12%-14%) 15% (13%-15%) 16% (14%-16%) 16% (14%-17%)

Fonte: INE, 2007

Segundo INE (2007), a epidemia parece estar a atingir o seu pico e a estabilizar nas regiões

centro e norte do país, onde na região sul as estimativas indicam que a prevalência do HIV

continua a aumentar e não há indicações de que haja diminuição da prevalência em qualquer

região do país, conforme ilustram os gráficos abaixo.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

33

Gráfico 2. Tendência da Prevalência do HIV a nível nacional

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

1970

1972

1974

1976

1978

1980

1982

1984

1986

1988

1990

1992

1994

1996

1998

2000

2002

2004

2006

2008

2010

Pre

va

lên

cia

(%

)

Taxa estimada

Limite superior

Limite inferior

Tendência da Prevalência Tendência da Prevalência

NacionalNacional

Fonte: INE, Ronda 2007

Gráfico 3. Tendência da Prevalência do HIV a nível regional

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

1970

1972

1974

1976

1978

1980

1982

1984

1986

1988

1990

1992

1994

1996

1998

2000

2002

2004

2006

2008

2010

Pre

va

lên

cia

(%

)

Taxa Estimada Norte

Taxa Estimada Centro

Taxa Estimada Sul

Tendência da Prevalência Tendência da Prevalência

RegionalRegional

Fonte: INE, Ronda 2007

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

34

2.2.4 Impacto do HIV/SIDA

O HIV/SIDA gera impacto negativo em diferentes sectores económicos da sociedade. No

entanto, pelo objecto do presente estudo, iremos abordar o impacto da pandemia a nível do

sector económico e social, do sector do Turismo e do impacto no local de trabalho.

O HIV afecta o desenvolvimento social e económico que passam pela força de trabalho e pelo

nível e distribuição de poupanças. No primeiro caso, os efeitos decorrem pelo facto de a

epidemia causar um impacto negativo na população activa, onde se concentra a incidência da

epidemia e mortalidade relacionadas com o vírus associado à SIDA. Assim, pessoas com

importantes papéis económicos e sociais (tanto homens como mulheres) deixam de dar sua

plena contribuição para o desenvolvimento do país.

Os efeitos, naturalmente, não se limitam a simples cálculo de perdas de mão-de-obra, mas têm

implicações muito mais profundas na estrutura das famílias, na sobrevivência das comunidades

e problemas a longo prazo de sustentabilidade da capacidade produtiva.

Portanto, o declínio da poupança provoca um impacto negativo na economia com seus efeitos

nos níveis de acumulação de capital, inclusive de investimento humano. Assim, com níveis

mais baixos de poupanças familiares afectam investimentos nos sectores do turismo, educação,

entre outros.

O SIDA vai mais longe nos seus efeitos negativos. Apesar de, o último conflito armado ter

agravado a situação da pobreza em Moçambique, o SIDA é um factor que agrava ainda mais a

situação da pobreza. É de notar que famílias, empresas e comunidades inteiras são

empobrecidas devido à redução da produtividade dos seus membros e devido aos custos da

doença e morte. Este empobrecimento, que resulta num impacto negativo, na economia, além

de dificultar a montagem de campanhas efectivas de educação, aumenta a probabilidade de

algumas mulheres e poucos homens trocarem o sexo por dinheiro, alimentos e abrigo.

(Macuamule, 2002, p.7).

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

35

Os governos e os empregadores não se devem sentir confortados com as sugestões de que o

impacto real do SIDA afecta no crescimento económico, particularmente, no PIB Per Capita. O

Relatório do Banco Mundial (1997) explica que as mortes são em grande número de pessoas

que têm baixo rendimento e de um pequeno número no grupo de pessoas de alto rendimento.

Segundo Jackson (2004, p.33), a pandemia do HIV causa impactos sobre os agregados

familiares, nomeadamente:

A perda de rendimentos e receitas enviadas pelos familiares a trabalhar no exterior, e da

mão-de-obra produtiva, levando a uma maior pobreza e nutrição inferior;

Aumento de despesas sobre os serviços de saúde, transportes e funerais;

Redução da despesa sobre os géneros alimentares, tais como, vestuário, ensino e outros

serviços;

Maior carga de trabalho sobre as mulheres e crianças;

Recurso às economias e venda de património;

Pressão emocional e perda e

Riscos de estigma, isolamento e rejeição.

Para além disso, a epidemia do HIV causa impactos no desenvolvimento humano e social

afectando na capacidade de um país em aumentar a produtividade e o investimento público e

privado. A morte de um ou de ambos os pais devido a doença associada ao HIV implica que

os jovens sejam forçados a ir para o mercado de trabalho cedo, sacrificando a sua educação. A

sustentabilidade do crescimento económico em países em vias de desenvolvimento como é o

caso de Moçambique são ameaçadas, num mercado de consumo em regressão, resultante do

declínio do crescimento populacional e da reorientação das despesas de consumo para o

tratamento das pessoas vivendo com o HIV.

O HIV/SIDA produz também um impacto sobre as organizações. O HIV/SIDA está mudando a

distribuição etária e sexual da força de trabalho, uma vez que, a taxa de infecção é

comparativamente mais alta justamente na faixa etária produtiva. Cada vez mais, tem

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

36

aumentado o número de viúvas (os), órfãs e velhos, que se vêm forçados a assumir o papel

principal de provedor de rendimento familiar, dada a incapacidade ou morte do membro

provedor, esta situação pode e tem levado que crianças órfãs se vêm pressionadas a aceitar e se

submeterem a péssimas formas de trabalho infantil. Também são reportados casos de pessoas

velhas que têm de voltar ao trabalho devido a necessidades de sustento pessoal e/ou familiar.

(FDC, 2005)

De acordo com a Proposta Técnica de Campanha de Formação e Educação para a Prevenção e

Combate ao HIV/SIDA (FDC, 2005), a doença ou morte de pessoal qualificado e experiente

pode levar a redução considerável de produtividade e de rendimentos duma empresa. Esta

situação pode ser resultante de situações como:

Aumento do absentismo devido às doenças relacionadas com o HIV/SIDA;

Aumento dos custos associados com o recrutamento e treinamento (formação) dos

novos trabalhadores;

Declínio da moral entre os trabalhadores devido às mortes prematuras de seus colegas;

A perda de pessoal qualificado;

O aumento da rotação do pessoal: a produtividade é afectada durante o tempo

necessário para substituir os trabalhadores mais experientes ou mais qualificados em

particular;

A baixa produtividade dos novos trabalhadores: os novos colaboradores precisam de

tempo para aperfeiçoar o trabalho;

Ambiente no local de trabalho: o medo em relação aos colegas infectados pode levar a

um ambiente de tensão, suspeita e descriminação no local de trabalho, afectando ainda

mais a produtividade e a moral dos trabalhadores e

O aumento dos custos de operação com os cuidados de saúde e assistência médica,

seguros, assim como, compensações no caso de morte por incapacidade, o pagamento

de pensões.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

37

Os efeitos, naturalmente, não se limitam a simples cálculo de perdas de mão-de-obra, mas tem

implicações muito mais profundas na estrutura das famílias, na sobrevivência das comunidades

e nos problemas de sustentação da capacidade produtiva a longo prazo. Portanto, “ o caso para

as empresas assenta num interesse completamente elucidado por parte das próprias empresas.

Precisamos duma mão-de-obra saudável16

.”

Neste contexto, quanto mais progride a epidemia do HIV mais problemas de mão-de-obra

terão as empresas, ou seja, quanto mais danos o SIDA causar aos trabalhadores, mais as

entidades patronais terão de enfrentar problemas de mão-de-obra como o absentismo, as faltas

por doença, a degradação da saúde do pessoal e a reforma antecipada17

.

O aspecto mais crítico da epidemia é a sua concentração na população em idade activa (idade

entre 15-49 anos)18

, de modo que pessoas com importantes papéis sociais e económicos são

directa ou indirectamente afectadas.

Mas a evolução do HIV-SIDA não apenas produz um impacto negativo na economia em geral

de um país, como particularmente, no sector do turismo, âmbito do presente trabalho de

investigação.

É sabido que Moçambique é um país com um dos recursos costeiros mais fortes da África

Austral. O seu litoral permanece inexplorado e é muito diversificado em paisagem, flora e

fauna. A vida marinha está presente em grandes quantidades e o mergulho e a pesca

correspondem aos padrões internacionais de alta qualidade. (MITUR, 2004)

Todavia, a transformação deste potencial em riqueza efectiva para o país depende de vários

factores, sobretudo dos seus recursos humanos como destaca o MITUR (2006):

16 GUPTA, Rajá, et al.; Fundo Global de Combate ao HIV/SIDA, Tuberculose e Malária 17 Ídem 18 INE, Ronda 2007.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

38

”O desenvolvimento que o sector do turismo está a registar no país nos últimos anos, pode ser

interrompido pelo HIV/SIDA se medidas sérias não forem tomadas. O sucesso do turismo passa

pela existência de infraestruturas, quadros especializados na matéria do turismo,

empreendedores e trabalhadores no geral. No entanto, se parte deste grupo (trabalhadores

incluindo quadros especializados) é infectado pelo vírus HIV/SIDA e depois perde a vida,

quanto tempo será preciso para preparar novas pessoas?”.

Entre os principais desafios para o desenvolvimento do Turismo em Moçambique apontados

pelos MITUR (2004) está a baixa qualidade e quantidade de recursos humanos com formação

especializada nas diversas áreas deste sector, conforme indicado no Quadro abaixo. Ora, se o

país já apresenta escassez de profissionais nesta área, torna-se urgente proteger os actuais

quadros no sector com vista à sustentabilidade económica e produtiva do turísmo em

Moçambique.

Quadro 1. Desafios para o Desenvolvimento do Turismo em Moçambique

Constrangimentos

Desenvolvimento

Institucional

Falta de planeamento, zoneamento e de planos directores para áreas estratégicas do turismo;

Fraca capacidade de intervenção institucional,

Falta de comunicação, coordenação e interligação entre sectores e entidades administrativas, etc.

Recursos Humanos

Baixa qualidade e quantidade de pessoas formadas em matéria de conservação, de hotelaria e turismo;

Limitadas instituições de formação e de educação e sua distribuição geográfica;

Fraca consciência sobre a importância do turismo no seio da população local, especialmente junto das

comunidades rurais;

Fraco envolvimento das comunidades nos processos de desenvolvimento de empreendimentos

turísticos e

Falta de comunicação interna acerca do significado do turismo e seus benefícios associados para a

economia e para as comunidades locais.

Ambiente

Saúde; doenças e situação de higiene (malária, cólera, HIV/SIDA) e qualidade e quantidade de

hospitais e clínicas;

Erosão;

Uso não sustentável dos recursos naturais (produção mineral, caça furtiva, desflorestação), etc.

Conservação e Turismo

Falta de fiscais treinados nas áreas de conservação;

Baixo número de fauna bravia na maioria das áreas de conservação;

Falta de planos de gestão e zoneamento das áreas para o desenvolvimento do turismo, etc.

Fonte: MITUR (2004)

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

39

Por outro lado, mesmo sendo poucos profissionais afectos ao sector do Turismo, outro ponto

fraco apontado pelo MITUR (2004) é o facto destes profissionais apresentarem níveis de

competências e qualificações muito baixas (vide Quadro 2). Neste sentido, investir na

formação e desenvolvimento de quadros neste sector poderá tornar-se um risco sob pena da

pandemia do HIV-SIDA influenciar negativamente no retorno sob o investimento realizado.

Quadro 2. Análise SWOT do Turismo em Moçambique

Pontos Fortes

Praias tropicais e águas quentes durante o ano inteiro;

Qualidade de pesca desportiva;

Ilhas tropicais exóticas, sendo muitas parte de uma reserva marinha nacional procuradas por turistas de alto

rendimento, havendo poucas na África Austral;

Terras húmidas, ecossistemas e flora e fauna na zona litoral sem igual;

Ambiente tropical/exótico reflectido através da língua, música, arte, arquitectura, gastronomia, dança, etc.;

Frutos do mar (camarão, lagosta, lagostim);

Proximidade do Parque Nacional de Kruger na África do Sul;

Registos mundiais: dunas de areia mais altas, maiores populações de dugongos, litoral do Índico mais longo, luta

armada pela independência, etc.

Fraquezas

Imagem afectada pelo passado de Moçambique e assuntos relacionados com o continente Africano, como a

instabilidade política, a criminalidade, desastres naturais, pobreza, o HIV/SIDA, a malária e outras doenças, etc.;

Nível global de instalações e serviços (água, serviços de saúde pública, esgoto, saúde);

Serviço e qualidade de acomodação baixos, em geral;

Níveis profissionais baixos no sector público e privado para a identificação de cenários de desenvolvimento

adequados;

Relação preço/qualidade não equilibrada. Os preços praticados são demasiado elevados;

Dificuldades em infraestruturas, acesso, recursos humanos, aspectos institucionais, marketing, ambiente,

conservação, etc.

Oportunidades

Mercado do eco-turismo;

Tendências de decrescimento do mercado doméstico da África do SUL e da região;

Integração regional (África Austral) através da criação de ligações entre o interior e a costa, ACTFs, corredores

e circuitos de turismo regional;

Safaris de Indico (uma forma mais activa de turismo de sol, praia e mar com o objectivo de observar a vida

marinha e grandes animais do mar), etc.

Ameaças

Fraca disponibilidade de recursos técnicos e financeiros para a implementação de planos integrados e

estratégicos para o desenvolvimento do turismo;

Crescimento descontrolado do sector do turismo;

A contínua fraca disponibilização de quadros qualificados para a concepção e implementação dos programas;

Domínio de operadores e turistas da África do Sul e outros países da região ou de países com interesse

complementar a Moçambique, etc.

Fonte:MITUR (2004)

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

40

2.2.5 Legislação sobre o HIV/SIDA nas organizações

Código da OIT

O Código Condutas e Práticas sobre o HIV/SIDA e o Mundo do Trabalho da Organização

Internacional do Trabalho (OIT), é um conjunto de directrizes reconhecidas internacionalmente

que oferecem recomendações para uma acção contra o HIV/SIDA no local de trabalho. Este

Código contém princípios fundamentais para as políticas a nível nacional e da empresa, e ainda

um guia prático para programas promovendo a prevenção do HIV/SIDA; a erradicação do

estigma e discriminação de PVHS ou supostamente seropositivas; a gestão e a atenuação dos

efeitos do HIV/SIDA no local de trabalho; e a prestação de assistência e protecção dos

trabalhadores seropositivos ou doenças ligadas ao SIDA. (Valentim, 2003, p.172)

O Código de Conduta e Práticas aplica-se a todos os empregadores e trabalhadores (inclusive a

candidatos a emprego) dos sectores público e privado e a todos os tipos de trabalho formal e

informal. Este código tem como princípios-chave, o reconhecimento do HIV/SIDA como

questão relacionada com o local de trabalho; a não discriminação; a igualdade de géneros;

ambiente de trabalho saudável, o diálogo social, screening para fins de exclusão do emprego

ou de actividades de trabalho, a confidencialidade, a continuidade da relação de emprego,

assim como, a prevenção, assistência e apoio.

Código da SADC

O Código sobre o HIV/SIDA e o Emprego na Comunidade de Desenvolvimento da África

Austral (SADC) tem o objectivo de garantir (a) a não discriminação entre indivíduos infectados

com HIV e os não infectados, assim como entre o HIV/SIDA e outras condições de saúde

comparáveis; e (b) que os estados membros da SADC elaborem códigos tripart idos nacionais

sobre o SIDA e Emprego, que se deverão reflectir na Lei com o desejo de uniformizar os

padrões nacionais na gestão do HIV/SIDA.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

41

O Código sobre o SIDA e o Emprego baseia-se nos princípios fundamentais dos direitos

humanos e dos direitos dos doentes, padrões e orientações regionais e da OMS/OIT, princípios

éticos da saúde e da medicina ocupacional, dados de pesquisa epidemiológica, prática

económica prudente e uma atitude humana e de reflexão para com os indivíduos.

No seu âmbito, o Código deverá cobrir todos os trabalhadores e futuros trabalhadores; todos os

locais de trabalho e contratos de trabalho e os componentes políticos (acesso ao emprego,

testes no local de trabalho, confidencialidade, oferta de emprego, estatuto no emprego,

segurança no trabalho, benefícios ocupacionais, formação, redução dos riscos, primeiros

socorros, compensação dos trabalhadores, educação e sensibilização, programas de prevenção,

gestão da doença, protecção contra a estigmatização, gestão de ofensas, informação, controlo e

revisão).

Lei nº 05/2002, de 5 de Fevereiro

A Lei nº 05/2002 de 05 de Fevereiro foi aprovada pela Assembleia da República para abordar a

problemática do HIV/SIDA no local de trabalho. A Lei procura estabelecer os princípios gerais

visando garantir que todos os trabalhadores e candidatos a emprego não sejam discriminados

nos locais de trabalho, ou quando se candidatam ao emprego por serem suspeitos ou portadores

do HIV. A Lei aplica-se, sem qualquer discriminação, a todos os trabalhadores e candidatos a

emprego, na Administração Pública e outros sectores públicos ou privados, incluindo os

trabalhadores domésticos (artigo 3).

A lei prevê ainda sanções para casos de violação da mesma traduzidas em indemnizações a

favor dos trabalhadores ou candidatos a emprego vítimas de actos de discriminação para efeitos

de trabalho e multas a favor do Estado (artigos 12, 13, 16 e 17).

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

42

Lei nº 12/2009 de 12 de Março

Esta Lei é mais abrangente e estabelece os direitos e deveres de PVHS e adopta medidas

necessárias para a prevenção, protecção e tratamento das mesmas. No âmbito de aplicação a

Lei aplica-se à PVHS, ao pessoal de saúde e a outras em situação de risco ou transmissão, bem

como à população geral (artigo 1). Nos artigos 41 e 42 referem-se a não discriminação nas

relações de trabalho e nos direitos do trabalhador vivendo com HIV/SIDA, quer para o

trabalhador quer para o candidato a emprego. A Lei prevê ainda penalidades para casos de

violação da mesma no que se refere a discriminação de PVHS traduzidas em indemninizações

a favor da pessoa discriminada (artigo 46).

2.2.6 Estratégias de Resposta ao HIV/SIDA nas Organizações

O relatório da OIT (2002) Repertório de Recomendações Práticas sobre o HIV/SIDA e o

Mundo do Trabalho recomenda que para melhorar a vida das pessoas vivendo com HIV19

no

ambiente laboral os empregadores devem construir políticas para o local de trabalho que

combatam práticas discriminatórias e devem apostar na prevenção do HIV/SIDA. Em relação

aos trabalhadores vivendo com HIV20

, os empregadores devem respeitar seus direitos e

estimular a solidariedade. Para que estes aspectos se concretizem, é preciso realizar

campanhas, capacitações e sensibilizações.

A OIT (2002) recomenda ainda que, as acções e programas no mundo de trabalho em

particular, e na sociedade em geral, devem ser sensíveis à questão do género com o objectivo

de minimizar a vulnerabilidade das mulheres. Deste forma, propõe a educação do sexo seguro

para homens e mulheres, a divulgação dos direitos dos trabalhadores e o incentivo a relações

19 Guia de Terminologia da ONUSIDA usa o guia da terminologia da OMS para todas as questões relativas ao

estilo editorial, isto é, escrita, uso de notas de rodapé, etc.; Março de 2007.

20 Mesma nota anterior.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

43

compartilhadas entre os sexos, aliás posições estas defendidas pela Rede Nacional Feminista

de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos.

Uma política para o local de trabalho pode fornecer o quadro para as acções realizadas pela sua

organização com vista a reduzir a propagação do HIV/SIDA e a gerir o seu impacto na

organização, no ambiente de negócios e na comunidade.

A tomada de consciência sobre os efeitos que a doença pode ter em todos os aspectos da vida,

incluindo a saúde da força de trabalho da empresa e a capacidade de esta se manter competitiva

no mercado, tem levado um número cada vez maior de empresas a produzirem políticas para o

HIV/SIDA. Esta afirmação poderá ser sustentada pelo estudo recentemente desenvolvido por

Rodrigues (2008) sobre políticas e práticas de HIV-SIDA no sector empresarial em

Moçambique.

Dados do referido estudo indicam que a maioria dos gestores e trabalhadores das oito (8)

empresas objecto de investigação afirma a existência de uma política de HIV-SIDA na sua

organização (vide tabela 14).

De acordo com a OIT (2002), uma política para o local de trabalho:

Demonstra um compromisso explícito quanto à acção da empresa;

Garante a observância da legislação nacional apropriada;

Estabelece um padrão de comportamento para todos os trabalhadores (quer estejam ou

não infectados);

Dá orientação aos supervisores e gestores;

Ajuda os trabalhadores que vivem com o HIV/SIDA a compreenderem o tipo de apoio

e assistência que irão receber, o que aumenta a probabilidade de se apresentarem

voluntariamente a aconselhamento e testagem voluntária;

Ajuda a travar a propagação do vírus por meio de programas de prevenção e

Ajuda a empresa na planificação das acções dirigidas ao HIV/SIDA e na gestão do seu

impacto.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

44

Tabela 14. Existência de Política de combate ao HIV/SIDA em oito empresas Moçambicanas

3 0 3

100,0% ,0% 100,0%

5 0 5

100,0% ,0% 100,0%

4 0 4

100,0% ,0% 100,0%

2 2 4

50,0% 50,0% 100,0%

4 0 4

100,0% ,0% 100,0%

5 0 5

100,0% ,0% 100,0%

5 0 5

100,0% ,0% 100,0%

5 0 5

100,0% ,0% 100,0%

33 2 35

94,3% 5,7% 100,0%

1 0 1

100,0% ,0% 100,0%

1 0 1

100,0% ,0% 100,0%

1 0 1

100,0% ,0% 100,0%

0 1 1

,0% 100,0% 100,0%

1 0 1

100,0% ,0% 100,0%

1 0 1

100,0% ,0% 100,0%

1 0 1

100,0% ,0% 100,0%

1 0 1

100,0% ,0% 100,0%

7 1 8

87,5% 12,5% 100,0%

Nº de inquiridos

% Empresa

Nº de inquiridos

% Empresa

Nº de inquiridos

% Empresa

Nº de inquiridos

% Empresa

Nº de inquiridos

% Empresa

Nº de inquiridos

% Empresa

Nº de inquiridos

% Empresa

Nº de inquiridos

% Empresa

Nº de inquiridos

% Empresa

Nº de inquiridos

% Empresa

Nº de inquiridos

% Empresa

Nº de inquiridos

% Empresa

Nº de inquiridos

% Empresa

Nº de inquiridos

% Empresa

Nº de inquiridos

% Empresa

Nº de inquiridos

% Empresa

Nº de inquiridos

% Empresa

Nº de inquiridos

% Empresa

Standard Bank

Mozal

BAT

Kudumba

KEMPE

CETA

Coca-Cola

Catucha

Empresa

Total

Standard Bank

Mozal

BAT

Kudumba

KEMPE

CETA

Coca-Cola

Catucha

Empresa

Total

Grupos InquiridosTrabalhador

Gestor de HIV

Sim Não

A empresa possue

uma política de

HIV/SIDA?

Total

Fonte: Rodrigues (2008)

A política da empresa sobre o HIV/SIDA e quaisquer programas dela resultantes, devem ser

consistentes com os seus valores, missão, necessidades e capacidades particulares, ao mesmo

tempo devem respeitar os direitos humanos dos seus trabalhadores e os padrões laborais

aceites. Tal como se pode verificar no estudo desenvolvido por Rodrigues (2008), acima de

80% dos trabalhadores e gestores das oito empresas investigadas, sediadas em Maputo,

afirmou que a política de HIV-SIDA da sua empresa está em concordância com a Legislação

Laboral nacional.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

45

Ainda de acordo com o estudo realizado por Rodrigues (2008), os dados indicam que 62% das

empresas analisadas, afirma que a reacção dos trabalhadores à política de HIV-SIDA tem sido

boa e 25% das mesmas considera que os trabalhadores tem aderido à política. A tabela 18,

abaixo, ilustra a opinião dos trabalhadores das referidas empresas relativamente à política de

HIV-SIDA.

Tabela 15. Opinião de trabalhadores de oito empresas sediadas em Moçambique sobre a

Política de HIV-SIDA

O que acha da política de HIV/SIDA?

Count %

Protege o trabalhador da discriminação 2 5,6%

Boa 14 38,9%

Excelente 2 5,6%

Abrangente e efectiva 4 11,1%

Fundamental para o bem estar do trabalhador 1 2,8%

Alinhada com as leis do país 1 2,8%

Não respondeu

7 19,4%

Devia ser mais detalhada para melhor compreensão 1 2,8%

Importante para prevenção do HIV/SIDA 1 2,8%

Apoia o trabalhador na prevenção 2 5,6%

Razoável 1 2,8%

Fonte: Rodrigues (2008)

Organizações internacionais como a OIT desenvolveram padrões para uma resposta abrangente

ideal que a empresa possa tomar em consideração à medida que a política evolui. De acordo

com a OIT (2002), uma resposta organizacional abrangente incluirá o seguinte:

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

46

Uma política empresarial ou organizacional sobre a resposta da empresa ao HIV/SIDA

que tenha um amplo consenso e seja bem conhecida por todos os membros da

organização;

Informação e actividades para lidar com o estigma e discriminação no local de trabalho;

Informação e serviços relacionados com a prevenção da infecção do HIV/SIDA;

Diagnóstico e tratamento das infecções sexualmente transmitidas (DTSs);

Acesso ao teste voluntário e anónimo do HIV;

Informação e serviços relacionados com a assistência e tratamento do pessoal vivendo

com o HIV ou dos seus familiares;

Um plano para avaliar o impacto da resposta da empresa ao HIV/SIDA e

Um plano para reduzir o impacto do HIV/SIDA na organização.

A pesquisa desenvolvida por Rodrigues (2008) em empresas sediadas em Maputo revelou que

as mesmas operacionalizam as suas políticas através de programas que cobrem diversas áreas,

nomeadamene: prevenção, distribuição de preservativos, acções de combate ao estigma e

discriminação, aconselhamento, testagem voluntária, tratamento, programas de educação e

formação de educadores de pares.

No entanto, conforme ilustra a tabela 18, o estudo de Rodrigues (2008) revelou existirem

algumas discrepâncias entre as opiniões dos gestores e trabalhadores relativamente às áreas de

intervenção dos programas de HIV-SIDA promovidos pelas empresas objecto do estudo.

Conforme a referida tabela, há, no geral concordância entre as opiniões dos gestores e

trabalhadores, nas áreas prevenção e distribuição de preservativos. Porém, no que concerne ao

estigma e discriminação na empresa British American Tabaco (BAT), 60% dos trabalhadores

não concorda com a existência de programas nesta área, contrariamente à opinião do gestor da

empresa.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

47

De igual forma, verifica-se que na empresa Catucha Trading, todos os trabalhadores não

confirmam a testagem voluntária, enquanto que o gestor dos programas, aponta ser esta uma

área coberta pelo programa.

Na empresa Kempe, 75% dos trabalhadores não confirmam que o tratamento é uma das áreas

que o programa cobre, contrariamente ao gestor enquanto que para a área de aconselhamento o

estudo de Rodrigues (2008) aponta uma discordância de opiniões entre trabalhadores e gestores

das empresas BAT e Kudumba.

Tabela 16. Áreas de cobertura do programa na opinião de gestores e de trabalhadores

2 100 3 100,0 3 100,0 3 100,0 3 100,0 3 100,0 3 100,0

2 100,0

1 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0

1 100,0

5 100 4 80,0 5 100,0 5 100,0 5 100,0 4 80,0 5 100,0 3 60,0

1 20,0 1 20,0 2 40,0

1 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0

4 80,0 2 40,0 5 100,0 5 100,0 5 100,0 1 20,0 2 40,0

1 20,0 3 60,0 5 100,0 4 80,0 3 60,0

1 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0

1 100,0

1 25,0 1 25,0 2 50,0 2 50,0

3 75,0 3 75,0 4 100,0 2 50,0 4 100,0 2 50,0 4 100,0 4 100,0

1 100,0 1 100,0

1 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0

4 100 3 75,0 4 100,0 4 100,0 1 25,0 2 50,0 3 75,0

1 25,0 3 75,0 2 50,0 1 25,0 4 100,0

1 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0

5 100 5 100,0 5 100,0 5 100,0 5 100,0 5 100,0 1 20,0 5 100,0

4 80,0

1 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0

1 100,0

4 80,0 4 80,0 4 80,0 4 80,0 4 80,0 4 80,0 5 100,0 4 80,0

1 20,0 1 20,0 1 20,0 1 20,0 1 20,0 1 20,0 1 20,0

1 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0

3 60,0 5 100,0 5 100,0 1 20,0 4 80,0 5 100,0

2 40,0 5 100,0 5 100,0 4 80,0 1 20,0

1 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0

1 100,0

Sim

Não

Sim

Não

Sim

Não

Sim

Sim

Não

Sim

Não

Sim

Não

Sim

Não

Sim

Não

Sim

Sim

Não

Sim

Não

Sim

Não

Sim

Sim

Não

Sim

Não

Grupos Inquiridos

Trabalhador

Gestor de HIV

Trabalhador

Gestor de HIV

Trabalhador

Gestor de HIV

Trabalhador

Gestor de HIV

Trabalhador

Gestor de HIV

Trabalhador

Gestor de HIV

Trabalhador

Gestor de HIV

Trabalhador

Gestor de HIV

Empresa

Standard Bank

Mozal

BAT

Kudumba

KEMPE

CETA

Coca-Cola

Catucha

Nº %

Prev encão

Nº %

Estigma e

discriminacão

Nº %

Testagem

voluntária

Nº %

Distribuicao de

preservativ os

N

º %

Tratamento

Nº %

Programas

de

educacão

Nº %

Aconselhamento

Nº %

Formacão de

educadores de

pares

Fonte: Rodrigues (2008)

Tais discrepâncias de opiniões que o estudo acima aponta revelam ainda muitas fraquezas de

resposta ao combate à pandemia pelo sector empresarial em Moçambique, tendo em linha de

conta o que a OIT (2002) preconiza como estratégias organizacionais abrangentes,

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

48

nomeadamente: a divulgação das acções no seio de toda a organização, bem como a

informação a todos os elementos da organização sobre serviços e actividades disponíveis.

Ademais, estratégias que se tem mostrado consistentes no combate à epidemia tem-se centrado

na mudança de comportamentos pelo que importa abordar o Modelo “BEHAVE” enquanto

estratégia de planificação para gestores de programas que tenham grandes componentes de

mudança de comportamento. Este modelo compreende várias ferramentas que apóiam os

gestores a conseguirem decisões programáticas chaves, a decidirem sobre os dados necessários

em cada fase e a centrarem-se no ponto de vista da audiência21

.

O BEHAVE integra princípios da ciência do comportamento e marketing social para ajudar os

gestores a olharem para quatro questões fundamentais:

Quais são os grupos primários alvo que devem ser alcançados para se promover o

comportamento desejado?

Que acções devem ser tomadas para mudar o comportamento?

Que factores (positivos e negativos: psico-sociais, estruturais ou outros) fazem a maior

diferença na escolha do grupo para agir?

Que estratégias serão efectivas a lidar com os factores identificados?

A aplicação do BEHAVE tem-se apoiado em diferentes teorias de mudança de comportamento.

No presente trabalho, procurar-se-á aplicá-lo combinando-o com as teorias do sistema

ecológico, modelo de crença na saúde, teoria cognitiva social e modelo de fases de mudança de

comportamento.

21 2005; Academy for Educational – CHANGE Project 1875 Connecticut Ave., NW, Washington, D.C.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

49

Figura 1. Esquema BEHAVE

Esquema BEHAVE

Grupo Primario

Grupo Secundario

Qual(ais) a idade,

sexo, ocupacao,

localizacao,

religião, nível

social, estado

civil, etc.

aspiracoes, fase

de mudanca de

comportamento

Condutores do HIV

AUDIENCIA

PRIMARIA

Comportamento a

promover: Que

comportamento

pretendemos

ajudar o(s)

grupo(s) a

adoptarem?

Positivos: quefactores positivos

nos podem ajudar

a promover o

comportamento

desejado?

Negativos/

barreiras: o que

poderá dificultar

a adopção do

comportamento

Desejado?

Que intervenções

devemos levar a

cabo para

promovermos o

comportamento

pretendido?

Como podemos

tirar melhor

partido dos

factores positivos

Como podemos

minimizar os

factores negativos

FACTORES CHAVE ACTIVIDADESCOMPORTAMENTO

Fonte: Academia para o Desenvolvimento Educacional (AED)

Na mudança de comportamento a teoria cognitiva social reconhece que a educação e

sensibilização oferecem o conhecimento que por si só não assegura a mudança da conduta do

indivíduo. De acordo com o modelo das fases de mudança, é necessário encetar intervenções

que ajudem a levar o grupo alvo passar da fase de conhecimento para a mudança de atitude,

desta para a fase da prática e desta para a da total eficácia individual e conseqüente

manutenção22

.

No entanto, como a teoria de sistemas ecológicos aponta, para que a mudança de

comportamento do indivíduo/grupo (de trabalhadores) seja eficaz, é necessário que esta inclua

a comunidade do indivíduo (trabalhador) ou grupo alvo (trabalhadores) que pode incluir a

família e amigos; bem como o ambiente político, económico e social em que o indivíduo

(trabalhador) e ambiente (família e empresa) se inserem e operam23

.

A empresa só logrará ajudar o seu trabalhador a abandonar o seu comportamento actual (mais

de um parceiro sexual e uso inconsistente de preservativo) e adoptar o comportamento

desejável (redução do número de parceiros sexuais e uso consistente do preservativo) se:

22 Fonte: www.popconcil.org/horizons/AIDSsquest/description.html (Acesso a 04/02/2009) 23 idem

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

50

Demonstrar que os benefícios a ganhar pela adopção do novo comportamento são

maiores do que os benefícios que ganha com a manutenção do comportamento actual;

Identificar e oferecer modelos de referência, habilidades e tipo de apoio que o

trabalhador necessita para adoptar o novo comportamento;

Identificar os factores que podem ajudar o trabalhador, assim como, antecipar as

barreiras que poderão dificultar a adopção do novo comportamento e formas da sua

remoção e

Explorar as oportunidades que a família e a empresa; e o ambiente político, econômico e

social oferecem para reforçar a mudança e manutenção do comportamento desejado,

incluindo acções de advocacia.

A figura abaixo, ilustra a combinação das teorias de comportamento atrás referidas.

Figura 2. Modelo de Mudança de Comportamento - BEHAVE

Conhecimento

Atitude

PráticaEficácia Individual

Eficácia Colectiva Barreiras

Advocacia

Comunidade

Ambiente político, económico e social

Indivíduo

Contemplação

Pré-contemplação

Preparação p Acção

Acção

Manutenção

Comportamento Actual

Comportamento Desejável – Output

Benefícios

Modelos de ref.

Habilidades

Auto-estima

Tipo de apoio Quem pode apoiar

Que habilidades

Que capacidades

Que benefícios

Factores Chave

Que barreiras a remover p

garantir a eficácia colectiva

e para reforçar a sua

manutenção, no âmbito de:

Políticas

Serviços

Ambiente

Atitudes colectivas

Fonte: Academia para o Desenvolvimento Educacional (AED)

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

51

3 METODOLOGIA

O presente capítulo demonstra as fases que constituem a abordagem e o método usado na

pesquisa e descreve os procedimentos e instrumentos adoptados neste trabalho. Compreende o

desenho e técnicas da pesquisa, a caracterização do questionário aplicado, a apresentação da

empresa estudada e do perfil dos participantes, os procedimentos de colecta e tratamento de

dados e as limitações encontradas no decurso da realização da pesquisa.

De acordo com Quivy e Campenhoudt (1992), a definição da metodologia de trabalho utilizada

é fundamental: “Os nossos conhecimentos constroem-se com o apoio de quadros teóricos e

metodológicos explícitos, lentamente elaborados que constituem um campo pelo menos

parcialmente estruturado, e esses conhecimentos são apoiados por uma observação de factos

concretos.”

Deste modo, para a elaboração do presente trabalho, foi necessário passar pela recolha de

informação, por um lado, em termos teóricos sobre o tema e, por outro lado, em termos de

dados concretos sobre a situação em estudo.

3.1 Desenho da Pesquisa

A pesquisa é uma actividade voltada para a solução de problemas, possibilitando resultados

mais confiáveis, se for conduzida utilizando-se conceitos, métodos, técnicas e procedimentos

científicos bem definidos. Quanto ao tipo, as pesquisas podem ser exploratórias, descritivas ou

explicativas. (Gil, 1994)

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

52

No presente estudo adoptou-se a pesquisa do tipo descritiva que possibilita não só descrever as

características de determinada população ou fenómeno, como também estabelecer relações

entre as variáveis. (Gil, 1994)

Em termos de abordagem, recorreu-se à quantitativa uma vez que as pesquisas descritivas

requerem um planeamento mais rigoroso de colecta de dados e o uso de técnicas padronizadas.

Segundo Chagas (2007), na pesquisa quantitativa, cada fenómeno tem uma explicação

objectiva (científica), com medição rigorosa dos dados, procurando explicar os fenómenos

sociais em estudo recorrendo-se à quantificação ou análise estatística dos dados. Este tipo de

abordagem procura quantificar opiniões, atitudes e comportamentos de determinada população

ou fenómeno, demonstrando, desta forma, uma grande preocupação de com a mensuração,

através do emprego de técnicas estatísticas. (Markoni e Lakatos, 2001)

Quanto ao método, a presente pesquisa recorre ao estudo de caso. Segundo Gil (1994) este tipo

de método tem como fundamento que a ideia da análise de uma unidade de determinado

universo pode possibilitar a compreensão da generalidade do mesmo ou o estabelecimento de

bases para uma investigação posterior mais sistemática e precisa.

A vantagem deste método é a sua relativa simplicidade e economia devido ao facto de poder

ser realizado por um único investigador ou um grupo pequeno e o inconveniente é a

impossibilidade de generalização dos resultados obtidos. (Gil,1994).

Assim, adoptando o estudo de caso procurou-se, no âmbito desta pesquisa, aprofundar a

realidade de uma organização específica do sector de turismo, neste caso um estabelecimento

hoteleiro, com suas especificidades sem, no entanto, poder generalizar os dados para outras

organizações similares.

A pesquisa tem também a característica de estudo CAP que consiste num conjunto de questões

que visam medir o que a população sabe, pensa e actua frente a um determinado problema. Os

estudos CAP foram introduzidos nas estratégias preventivas frente ao SIDA com a intenção de

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

53

identificar quais são as principais características de uma determinada população no que se

refere aos seus Conhecimentos, Atitudes e Práticas. (MEC, 2002).

3.2 Técnicas da Pesquisa

Para o presente trabalho foram utilizados os seguintes métodos/técnicas de pesquisa apoiados

na obra de Quivy e Campenhoudt (1992):

Pesquisa bibliográfica

Análise documental e

Inquérito por questionário

A pesquisa bibliográfica ou consulta bibliográfica, serve de guia teórico ao investigador e

fornece informação sobre ideologias, modelos e estudos já levados a cabo pertinentes ao tema

estudado. A consulta bibliográfica permitiu perceber a sensibilidade dos autores e seus pontos

de vista assim como das escolas de gestão em relação aos aspectos chave a ter em conta numa

pesquisa. Esta percepção serviu de base para a elaboração dum modelo teórico de análise, que

é constituído pelos principais aspectos a serem tratados no capítulo de análise dos dados e

desenvolvimento da informação. Para o presente estudo recorreu-se à consulta de bibliografia

em formato impresso e electrónico composta por livros científicos e técnicos, monografias e

artigos científicos.

O método de análise documental consiste fundamentalmente na recolha de dados preexistentes.

Estes podem ser fundamentalmente:

Documentos oficiais – usados principalmente para a recolha de informação do tipo

macroeconómico e social, fornecida por instituições com esse propósito. No âmbito da

presente pesquisa foram consultados os seguintes documentos oficiais: estatísticas e

estudos sectoriais, leis, códigos e relatórios.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

54

Documentação da empresa – consultada de modo a entender o funcionamento das

diversas áreas e políticas da empresa que sejam de interesse para o trabalho a ser

efectuado. A documentação consultada pode ser interna à empresa em questão, ou

mesmo documentação relativa a empresas do mesmo sector. No caso do presente estudo,

recorreu-se a informação da empresa publicado no seu website, bem como folhetos

informativos com o perfil da empresa.

Quer a pesquisa bibliográfica, quer a análise documental permitem economizar o tempo ao

investigador e evitar o recurso abusivo aos inquéritos e entrevistas, que sendo muito extensos e

frequentes acabam por aborrecer as pessoas solicitadas.

O questionário é o elemento chave de recolha de informação. É um documento de registo de

respostas ou opiniões de forma lógica, ordenada e de acordo com os objectivos do trabalho. De

acordo com Gil (1994, p.124), o questionário é uma técnica de investigação composta por um

número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por

objectivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações

vivenciadas.

De uma forma geral, os questionários devem seguir um conjunto de regras que garantam a

eficácia e a credibilidade da informação recolhida. Geralmente, a elaboração do questionário

deverá satisfazer as seguintes condições conforme salientam Pires e Santos (1996, p.72):

Não ser demasiado extenso, pois podem resultar em índice elevados de falta de resposta,

sendo abalada a credibilidade dos resultados;

Ser organizado e focado, pois pode-se tornar muito disperso, confundido o interlocutor e

diminuindo a fiabilidade da informação recolhida;

Minimizar a subjectividade, principalmente nos casos em que é elevado o número de

inqueridos;

Ter linguagem adequada, encontrando um meio-termo entre uma linguagem demasiado

corrente ou demasiado técnica, pois podem assumir a questão de forma incorrecta;

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

55

Ter flexibilidade nas questões colocadas de modo a conseguir captar diversas expressas

por cada um;

Não condicionar as respostas devendo as perguntas serem imparciais e não fazerem

juízo de valor positivo de modo a influenciar a resposta do inquerido.

3.3 População

O presente estudo recorreu à análise profunda de uma unidade hoteleira designada por

Southern Sun Maputo, hotel localizado em frente à praia do Costa do Sol localizado na cidade

de Maputo. Está aproximadamente a 8km do Aeroporto Internacional de Maputo e situa-se na

Avenida da Marginal que se estende diante do Oceano Índico.

A empresa localiza-se na Avenida da Marginal 4016, Caixa Postal 4354 Maputo Moçambique;

Telefone: +258 21 495050; Fax: +258 21 497700; Email: [email protected]

Southern Sun é uma empresa turística cuja visão do grupo é de ser:

Melhor grupo hoteleiro de África por qualquer medida reconhecida

Líder no grupo de hotéis em África e um actor chave na indústria hospitaleira

internacional

Sinónimo de qualidade e estilo

Southern Sun Maputo é pertença da Tsogo Sun Holdings. Oferece serviços a todo mercado

desde o mercado de luxo até abaixo das próprias marcas, segmentadas de acordo com as

necessidades dos hóspedes. Detém os direitos exclusivos em partes da África Subsariana de

operar hotéis sub liderança das marcas Inter-Continental e Holiday Inn.

Em 2005 o Hotel Southern Sun Maputo iniciou um processo de revisão da sua marca,

alinhando novamente o seu portifólio de marcas para adquiri-las, deste modo reforçando a

capacidade de oferta de cada marca individual e aumentando a selecção orientada das suas

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

56

marcas de hotéis. O grupo acredita que este processo traz ao Hotel Southern Sun a capacidade

de alcançar seus objectivos tornando-se o melhor grupo hoteleiro de África.

Tabela 17. Serviços Oferecidos pelo Hotel Southern Sun Maputo

Serviços Hoteleiros

(Espaços públicos e

Ar condicionado)

Cabeleireiro, concierge service, botiques e lojas de conveniência, elevadores, ginásio, piscina para

hóspedes, bar, front office, cofre, lavandaria, wake-up calls, doutor/dentista em caso de necessidade

(assistência), serviços de baby siting em caso de solicitação, acesso gratuito à Internet em todos os

quartos e parque de estacionamento ao ar livre e cadeira de rodas acessível.

Alojamento

O alojamento inclui 2 suites luxuosas, 6 suites executivas e 1 quarto equipado especialmente para

portadores de deficiência e 158 quartos de hóspedes bem equipados. Todos os quartos dispõem de ar

condicionado, canais de noticia por cabo, televisores a cabo/satélites coloridos com controlo remote,

ligação telefónica directa, fax, cofre, cabo de barbeador electrónico, secador de cabelo, facilidade de

preparação de café/chá, casa de banho privativa, espaço confortável para trabalhar, guarda fato

separado, corrente eléctrica de 220w e room service para refeições das 11horas as 23horas. Alguns

quartos são para não fumadores.

Restauração

Oferta diversidade de pratos locais e internacionais aos seus hóspedes preparados com requinte. Oferece

ainda um bufftet completo de pequeno almoço, assim como jantares a la carte e de buffet. Existem

também refeições leves e sandowiches que são servidos na explanada do Oceano Índico.

Conferências Oferece sala de estar e 2 salas de reuniões acomodando até 20 pessoas cada, serviços de secretariado e

de fotocópia.

Transportes Transporte disponível de/para: o Aeroporto Internacional de Maputo e serviços de viagens conseguidos

através de concierge.

Fonte: Hotel Southern Sun Maputo (2008)

A população considerada para o presente estudo refere-se ao universo de trabalhadores do

Hotel Southern Sun Maputo, cuja dimensão é de 140 elementos. A pesquisa abrangeu toda a

população tendo sido aplicados 140 questionários no âmbito da colecta de dados. O propósito

era de conseguir que todos os questionários fossem devidamente preenchidos, porém 38

questionários foram anulados devido ao mau preenchimento. Daí, foram aprovados 102

questionários que representa 72,9% da população levando a que os dados da pesquisa possam

ser generalizados apenas para o universo de elementos que compõem a organização estudada

mas não o universo de outras organizações com características semelhantes ao Hotel Southern

Sun Maputo.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

57

Neste sentido, trabalhou-se com um total de 102 questionários para efeitos de análise e

tratamento dos dados da presente pesquisa, pelo que importa caracterizar o perfil dos

inquiridos. Dos 102 trabalhadores do Hotel Souther Sun abrangidos pela pesquisa, 22,5%

eram mulheres e a restante percentagem do sexo masculino, conforme ilustra o gráfico

seguinte.

Gráfico 4. Distribuição dos participantes por Sexo

Feminino

Masculino

Sexo

22,55%

77,45%

Fonte: Questionário de Pesquisa

Em relação à idade, mais de 90% dos inquiridos pertence ao intervalo dos 21 a 50 anos de

idade, distribuídas pelas seguintes faixas etárias: 31 a 40 anos (42,16%), 21 a 30 anos de idade

(34,31%) e 41 a 50 anos de idade que é representada por 17,65%. A restante fatia é abrangida

pelos inquiridos até 20 anos de idade, mais de 60 anos e os que não responderam,

nomeadamente, 2,94%, 0,98% e 1,96% respectivamente, como ilustra o gráfico abaixo.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

58

Gráfico 5. Distribuição dos participantes por Faixa Etária

Até 20 anos

De 21 a 30 anos

De 31 a 40 anos

De 41 a 50 anos

Mais de 60 anos

N/R

Idade2,94%

34,31%

42,16%

17,65%

0,98%1,96%

Fonte: Questionário de Pesquisa

Relativamente ao estado civil, mais de metade (60,78%) dos colaboradores do hotel são

solteiros, 2,94% divorciados, 32, 35%, casados e 3,92% tem outro tipo de relacionamento; vide

figura abaixo.

Gráfico 6. Distribuição dos participantes por Estado Civil

Casado

Solteiro

Divorciado

Outro

Estado Civil

32,35%

60,78%

2,94%3,92%

Fonte: Questionário de Pesquisa

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

59

Em relação ao nível académico, grande parte dos inquiridos tem o nível Secundário/Médio

(78,43%), enquanto que os com o nível primário e superior se quedam na mesma posição com

9.8%, conforme ilustra a figura abaixo.

Gráfico 7. Distribuição dos participantes por Nível de Formação

Primário

Secundária/Nível Médio

Bacharelato

Licenciatura

Doutoramento

N/R

Form ação9,80%

78,43%

4,90%3,92%

0,98% 1,96%

Fonte: Questionário de Pesquisa

Relativamente ao cargo que os participantes ocupam no hotel, grande parte dos inquiridos

fazem parte do quadro operacional (68,63%) e 20,59% do quadro técnico administrativo.

Entretanto, outra parcela (9,80%) é do corpo directivo, como mostra a figura abaixo.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

60

Gráfico 8. Distribuição dos participantes por Cargo

Corpo Directivo

Quadro Técnico Administrativo

Quadro Operacional

N/R

Cargo que ocupa no Hotel9,80%

20,59%

68,63%

0,98%

Fonte: Questionário de Pesquisa

3.4 Instrumento de Pesquisa

O questionário usado para a colecta de dados com vista a responder aos objectivos da presente

pesquisa é da autoria da Mestre Andrea Folgado Serra.24

Trata-se de um instrumento

desenhado com base nos padrões internacionais exigidos pela OMS, no âmbito de indicadores

para estudos CAP na área do HIV/SIDA, e com uma boa consistência interna verificada através

da sua aplicação no contexto moçambicano a uma população de 1700 pessoas entre estudantes

e docentes universitários e pessoal do corpo técnico e administrativo de uma instituição de

Ensino Superior.

Pequenas adaptações foram realizadas à versão original do instrumento para efeitos desta

pesquisa apenas no âmbito textual e das opções de categorias de resposta no âmbito das

variáveis sócio-demográficas, dado o estudo incidir sobre uma população diferente da que

endereçava a versão original.

24 Docente e investigadora do Curso de Psicologia na Universidade Politécnica e orientadora do presente trabalho

de investigação.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

61

O instrumento está dividido em várias partes, conforme se apresenta em anexo. A primeira

parte procura dados que caracterizam o perfil sócio-demográfico dos participantes olhando

para o sexo, idade, estado civil, formação e cargo que ocupam no estabelecimento hoteleiro

(primeiras cinco questões).

A segunda parte centra-se sobre os conhecimentos, atitudes e práticas em relação ao

HIV/SIDA (perguntas de seis a quarenta e três, subdivididas pelos três indicadores atrás

referidos) conforme indica a tabela abaixo.

Tabela 18. Indicadores e Sub-indicadores da Pesquisa

Indicador Sub-indicador Questões do Inquérito

Conhecimentos sobre o

HIV/SIDA

Conhecimentos sobre o HIV/SIDA 6, 7, 8, 9

Conhecimentos sobre meios de prevenção e

transmissão do HIV/SIDA

10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17,

18, 19, 20

Acesso a Informação sobre HIV/SIDA 21, 22

Atitudes em relação ao

HIV/SIDA

Atitudes de Estigma e Discriminação das PVHS 23, 24, 25, 26, 27

Práticas em relação ao

HIV/SIDA

Comportamentos Sexuais de Risco 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35,

36, 37

Práticas de intervenção (Aconselhamento, Apoio

Psicossocial, Testagem e Medicação)

38, 39, 40, 41, 44, 43

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

62

3.5 Procedimentos

Recolha dos dados

Para a condução do presente trabalho, contactou-se a ECoSIDA (Empresas Moçambicanas

contra o SIDA) com a finalidade de obter a relação das empresas hoteleiras que fazem parte

dos seus membros. Contactadas as empresas hoteleiras fornecidas, através dos seus pontos

focais todas, com a excepção do Hotel Southern Sun Maputo, não se mostraram disponíveis a

colaborar no estudo.

A disponibilidade do Hotel Southern Sun Maputo de colaborar no estudo foi manifesta no

primeiro encontro realizado entre a autora e o seu ponto focal. A empresa solicitou a

apresentação duma credencial da Universidade Politécnica acompanhada duma carta redigida

pela pesquisadora indicado os objectivos do estudo para submissão à direcção da empresa.

Posteriormente, teve lugar um segundo encontro no qual a autora foi informada sobre a

aprovação do seu pedido pela direcção da empresa e subsequente coordenação do processo,

assim como a marcação da data para o preenchimento dos inquéritos.

Tratamento dos dados

O tratamento e análise dos dados colectados junto da população que o presente estudo, foi

realizado utilizando o Statistical Package for Social Sciences (SPSS)25

, versão 13.0 do Sistema

Operativo Microsoft Windows. O tipo de tratamento estatístico a ser usado para a análise dos

dados foi baseado na estatística descritiva.

O SPSS permite encurtar o tempo e esforço que são despendidos quando os dados e cálculos

são efectuados manualmente. Por outro lado, realiza automaticamente cálculos estatísticos

complexos.

25 Programa Estatístico para Ciências Sociais

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

63

Deste modo, após o preenchimento dos questionários as respostas foram digitadas assumindo

como conjunto de variáveis conforme consta no inquérito em anexo 1. Uma vez introduzidos

os dados, estes foram processados automaticamente, resultando como out put um conjunto de

tabelas e gráficos, reflectindo um resumo da frequência das respostas obtidas.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

64

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O presente capitulo apresenta os resultados do estudo e faz uma discussão dos mesmos

fundamentalmente sustentada pela fundamentação teórica apresentada anteriormente.

4.1 Apresentação dos Resultados

Conhecimentos sobre o HIV/SIDA

O que os trabalhadores sabem sobre o HIV/SIDA?

100% já ouviram falar do HIV ou da doença chamada SIDA

79,4% sabem qual é a diferença entre o HIV e a doença chamada SIDA

59,8% conhecem alguém que vive com o vírus ou que tenha morrido devido a

doenças relacionadas à SIDA

27,5% tem um parente próximo que vive com o vírus ou que tenha morrido devido a

doenças relacionadas à SIDA

17,6% tem um amigo próximo que vive com o vírus ou que tenha morrido devido a

doenças relacionadas à SIDA

O que os trabalhadores não sabem sobre o HIV/SIDA?

20,6% não sabem qual a diferença entre o HIV e a doença chamada SIDA

24,5% não conhece ninguém que vive com o vírus ou que tenha morrido devido a

doenças relacionadas à SIDA

29,4% não tem um parente próximo ou amigo que vive com o vírus ou que tenha

morrido devido a doenças relacionadas à SIDA

Constatações

15,7% não sabem se conhecem alguém que vive com o vírus ou que tenha morrido

devido a doenças relacionadas à SIDA

25,5% não sabem se tem um parente próximo ou amigo que vive com o vírus ou que

tenha morrido devido a doenças relacionadas à SIDA

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

65

Conhecimentos sobre os Meios de Prevenção e Transmissão do HIV/SIDA

O que os trabalhadores sabem sobre os meios de prevenção do HIV/SIDA?

82,4% sabem que as pessoas podem proteger-se do vírus que causa a Sida usando

correctamente o preservativo todas as vezes que tenham relações sexuais

71,6% sabem que uma pessoa não pode contrair o vírus a partir de uma picada do

mosquito

73,5% sabem que as pessoas podem proteger-se do HIV tendo um parceiro sexual fiel

não infectado

52% sabem que as pessoas podem se proteger do HIV abstendo-se de ter relações sexuais

77,5% sabem que uma pessoa não pode contrair o HIV partilhando uma refeição com

alguém que vive com o vírus

76,2% sabem que o uso da pílula não evita a infecção do HIV

O que os trabalhadores sabem sobre os meios de transmissão do HIV/SIDA?

91,2% sabem que as pessoas podem contrair o HIV através do uso da mesma

agulha/lâmina ou outros objectos cortantes

93,1% sabem que uma pessoa com aparência saudável poderá estar a viver com HIV, o

vírus que causa a Sida

76,5% sabem que uma mulher grávida vivendo com HIV pode transmitir o vírus ao seu

bebé

70,6% sabem que uma mãe seropositiva no momento do parto pode transmitir o vírus

HIV ao seu bebé

69,6% sabem que uma mulher vivendo com HIV pode transmitir o vírus ao seu bebé

recém-nascido através da amamentação

Em que os trabalhadores estavam errados?

10,8% pensam que as pessoas não podem proteger-se do vírus que causa a Sida usando

correctamente o preservativo todas as vezes que tenham relações sexuais

5,9% pensam que uma pessoa pode contrair o vírus a partir de uma picada do mosquito

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

66

8,8% pensam que as pessoas não podem se proteger do HIV tendo um parceiro sexual

não infectado

27,5% pensam que as pessoas não se podem proteger do HIV abstendo-se de ter relações

sexuais

13,7% pensam que uma pessoa pode contrair o HIV partilhando uma refeição com

alguém que vive com o vírus

4% pensam que o uso da pílula evita a infecção do HIV

2% pensam que as pessoas não podem contrair o HIV através do uso da mesma

agulha/lâmina ou outros objectos cortantes

2% pensam que uma pessoa com aparência saudável não poderá estar a viver com HIV,

o vírus que causa a Sida

10,8% pensam que uma mulher grávida vivendo com HIV não pode transmitir o vírus ao

seu bebé

14,7% pensam que uma mãe seropositiva no momento do parto não pode transmitir o

vírus HIV ao seu bebé

12,7% pensam que uma mulher vivendo com HIV não pode transmitir o vírus ao seu

bebé recém-nascido através da amamentação

Constatações

5,9% não sabem se as pessoas podem se proteger do vírus que causa à Sida usando

correctamente o preservativo todas as vezes que tenham relações sexuais

22,5% não sabem se uma pessoa não pode contrair o HIV a partir de uma picada do

mosquito

17,6% não sabem se as pessoas podem se proteger do HIV tendo um parceiro sexual fiel

não infectado

20,6% não sabem se as pessoas podem se proteger do HIV abstendo-se de ter relações

sexuais

8,8% não sabem se uma pessoa não pode contrair o HIV partilhando uma refeição com

alguém que vive com o HIV

18,8% não sabem se o uso da pílula não evita o infecção do HIV

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

67

6,9% não sabem se as pessoas podem contrair o HIV através do uso da mesma

lâmina/agulha ou outros objectos cortantes

4,9% não sabem se uma pessoa com aparência saudável poderá estar a viver com o

HIV, o vírus que causa à Sida

12,7% não sabem se uma mulher grávida vivendo com o HIV pode transmitir o vírus ao

seu bebé

14,7% não sabem se no momento do parto uma mãe seropositiva pode transmitir o vírus

do HIV ao seu bebé

17,6% não sabem se uma mulher vivendo com o HIV pode transmitir o vírus ao seu

bebé recém-nascido através da amamentação

Acesso à Informação sobre o HIV/SIDA

Com base nas respostas obtidas, no que diz respeito ao acesso a informação através de que

meio, com maior frequência tem acesso à informação sobre o HIV/SIDA, 48,0% tem acesso

através da televisão, enquanto que 26,5% através da rádio, 12,7% e 11,8% através de amigos e

Sistema Nacional de Saúde.

Em relação a pergunta se acha que necessita de obter mais informação sobre o HIV/SIDA,

91,2% afirma que sim, contrariamente a 6,9% que respondeu que não e 2% diz não saber se

necessita ou não de informação.

Atitudes de Estigma e Discriminação a PVHS

Atitudes não Discriminatórias

77,5% estariam disponíveis em partilhar uma refeição com uma pessoa que ele sabe ser

seropositiva

84,3% estariam disponíveis em acolher em sua casa para cuidar dele se um parente

ficasse doente devido ao vírus HIV

9,4% concordam que se um trabalhador vivesse com o HIV e manifestasse sintomas da

doença deveria ser-lhe permitido continuar a trabalhar

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

68

80,4% concordam que se um chefe superior vivesse com o HIV mas não estivesse doente

deveria ser-lhe permitido continuar a desempenhar as suas funções no local de trabalho

Atitudes de Estigma e Discriminação

8,8% não estariam disponíveis em partilhar uma refeição com uma pessoa que ele saber

ser seropositiva

2,0% não estariam disponíveis em acolher em sua casa para cuidar dele se um parente

ficasse doente devido ao vírus HIV

7,8% não concordam que se um trabalhador vivesse com o HIV e manifestasse sintomas

da doença deveria ser-lhe permitido continuar a trabalhar

5,9% não concordam que se um chefe superior vivesse com o HIV mas não estivesse

doente deveria ser-lhe permitido continuar a desempenhar as suas funções no local de

trabalho

Constatações

13,7% não sabem se estariam disponíveis em partilhar uma refeição com uma pessoa

que sabem ser seropositiva

13,7% não sabem se estariam disponíveis em acolher em sua casa para cuidar dele se um

parente ficasse doente devido ao vírus HIV

12,7% não sabem se devia ser-lhe permitido trabalhar se um trabalhador vivesse com o

HIV e manifestasse sintomas da doença

13,7% não sabem se devia ser-lhe permitido continuar a desempenhar as suas funções no

local de trabalho se um chefe superior vivesse com o HIV mas não estivesse doente

24,5% não sabem se gostavam que a situação fosse mantida em segredo se ficassem

doentes devido ao HIV, o vírus que causa a Sida.

Comportamentos Sexuais de Risco

A recolha de informação dos inqueridos sobre se já alguma vez teve relações sexuais, todos os

trabalhadores inqueridos (102) responderam afirmativamente representando 100%. De seguida,

os participantes foram questionados sobre com que idade teve a primeira relação sexual e as

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

69

respostas obtidas mostraram que a idade mínima é 10 anos e a máxima 25 anos, 89

trabalhadores não responderam.

Relações sexuais nos últimos 12 meses

Os trabalhadores (102) foram também perguntados sobre se teve relações sexuais nos últimos

12 meses e a resposta foi afirmativa representando 100%. Para dar continuidade as questões do

inquérito, a pergunta seguinte foi sobre se teve relações com parceiro regular, ocasional,

parceiro regular e ocasional, regular e comercial e parceiro regular, ocasional e comercial e as

respostas foram as seguintes:

41,2% tiveram relações sexuais com parceiro regular

8,8% tiveram relações sexuais com parceiro ocasional

41,2% tiveram relações sexuais com parceiro regular e ocasional

1,0% tiveram relações sexuais com parceiro regular e comercial

5,9% tiveram relações sexuais com parceiro regular, ocasional e comercial

2% não responderam

Posteriormente, os inqueridos forma questionados sobre com quantos parceiros teve relações

sexuais nos últimos 12 meses e as respostas foram as seguintes:

45,1% tiveram relações sexuais nos últimos 12 meses com 1 parceiro

21,6% tiveram relações sexuais nos últimos 12 meses com 2 parceiros

11,8% tiveram relações sexuais nos últimos 12 meses com 3 parceiros

4,9% tiveram relações sexuais nos últimos 12 meses com 4 parceiros

5,9% tiveram relações sexuais nos últimos 12 meses com mais de 4 parceiros

10,8% não responderam a esta questão

Uso do Preservativo

Acredita-se unicamente que, as relações sexuais sem protecção são um dos maiores riscos que

a população moçambicana corre, em relação a infecção com o vírus HIV. Portanto, o uso do

preservativo é uma componente crucial de um programa de HIV/SIDA para aqueles que são

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

70

incapazes de se absterem ou permanecerem fiéis ao seu parceiro26

. Os trabalhadores foram

primeiramente perguntados sobre se costumam usar o preservativo quando mantém relações

sexuais, e as suas respostas foram as seguintes:

65,7% costumam usar o preservativo quando mantém relações sexuais

31,4% não costumam usar o preservativo quando mantém relações sexuais

2,9% não se lembram se costumam usar o preservativo quando mantém relações sexuais

Os trabalhadores foram então questionados sobre com que frequência usa o preservativo, tendo

as respostas sido diferentes nalgumas áreas:

34,3% afirmaram que sempre usam o preservativo

7,8% nunca usam o preservativo

29,4% às vezes usam o preservativo

23,5% afirmaram que quase sempre usam o preservativo

3,9% afirmaram não saber se usam o preservativo com frequência

A pergunta seguinte era se os trabalhadores usaram o preservativo na última vez que tiveram

relações sexuais, e as respostas foram as seguintes:

45,1% afirmaram que usaram o preservativo na última vez que tiveram relações sexuais

43,1% não usaram o preservativo na última vez que tiveram relações sexuais

8,8% não se lembram se usaram o preservativo na última vez que tiveram relações

sexuais

Os trabalhadores foram ainda questionados sobre quem sugeriu o uso do preservativo, e as

respostas foram as seguintes:

60,9% sugeriram o uso do preservativo

34,8% foi decisão conjunta

2,2% o parceiro sugeriu o uso do preservativo

2,2% não se lembram quem sugeriu o uso do preservativo

26 Estudo de Conhecimento, Atitude, Práticas e Crenças (CAPC) no Sector Privado; Associação Comercial e Industrial de Sofala; Novembro de 2005.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

71

Os trabalhadores foram depois perguntados sobre porque não usou o preservativo na última vez

que teve relações sexuais, e as respostas foram as seguintes:

21,7% dizem que o preservativo não estava disponível

15,2% não gostam de usar o preservativo

6,5% não pensaram que fosse necessário usar o preservativo

6,5% não pensaram no uso do preservativo

2,2% o parceiro não aceitou o uso do preservativo

8,7% não sabem porque não usaram o preservativo na última vez que tiveram relações

sexuais

Práticas de Intervenção (Aconselhamento, Apoio Psico-social, Testagem e Medicação)

Os trabalhadores foram questionados também sobre se já alguma vez visitou um GTV e as

respostas foram as seguintes:

45,1% visitaram um GTV

50% não visitaram um GTV

2,9% dizem não se lembrarem

2,0% não responderam

De seguida, os inqueridos foram perguntados sobre o motivo predominante que levou a visitar

o GTV e se obteve as seguintes respostas:

31,9% visitaram um GTV para obter mais informações sobre o HIV/SIDA

10,6% visitaram um GTV para receber aconselhamento

42,6% visitaram um GTV para fazer o teste de HIV

4,3% visitaram um GTV porque estavam doentes

4,3% visitaram um GTV para acompanhar um amigo/familiar

4,3% visitaram um GTV por um outro motivo

2,1% não responderam

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

72

Posteriormente, os colaboradores foram perguntados se já alguma vez fez o teste de HIV e as

respostas foram as seguintes:

56,9% afirmaram terem feito o teste de HIV

40,2% não fizeram o teste de HIV

2,9% não responderam

De seguida, os trabalhadores foram questionados sobre qual o resultado do seu teste e se

obteve as seguintes respostas:

5,1% tiveram resultado positivo no teste de HIV

81,4% tiveram resultado negativo no teste de HIV

10,2% não sabem qual o resultado do teste de HIV

1,7% não se lembram do resultado obtido no teste de HIV

1,7% não responderam a esta questão

Os colaboradores que tiveram o resultado do teste de HIV positivo foram ainda questionados

sobre se está a tomar a medicação anti-retroviral e as respostas foram as seguintes:

33,3% afirmaram estarem a tomar a medicação anti-retroviral

66,6% não estavam a tomar a medicação anti-retroviral

Finalmente, os trabalhadores que tiveram o resultado do teste de HIV positivo foram

perguntados sobre se está a receber algum tipo de apoio psico-social e as respostas foram as

seguintes:

66,6% afirmaram estarem a receber apoio psico-social

33,3% não estão a receber apoio psico-social

Estigma e Discriminação

Nesta secção pretende-se aferir até que ponto o sexo e cargo que ocupam os trabalhadores do

Hotel Southern Sun Maputo constituem uma determinante nas suas atitudes de estigma e

discriminação de pessoas vivendo com o HIV/SIDA.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

73

Sexo

Os resultados mostram que os trabalhadores do sexo feminino revelaram índices

discriminatórios a pessoas vivendo com o HIV (PVHS) mais altos do que os do sexo

masculino. 26,1% dos trabalhadores do sexo feminino não estariam disponíveis a partilhar

uma refeição com uma pessoa que sabem ser seropositiva; em contraste com 21,5% dos

trabalhadores do sexo masculino.

Note-se que 21,7% trabalhadores do sexo feminino não sabem se estariam disponíveis em

acolher um parente em sua casa para cuidar dele se este ficasse doente devido ao HIV; contra

os 13,9% do sexo masculino.

21,7% dos trabalhadores do sexo feminino não concordam que se um trabalhador vivendo

com o HIV e manifestando sintomas da doença fosse permitido continuar a desempenhar as

suas funções no local de trabalho; ao invés dos 20,3% do sexo masculino.

Gráfico 9. Atitudes de Estigma e Discriminação a PVHS segundo o Sexo

26.1%

21.5% 21.7%

13.9%

21.7%

20.3%

0.0%

5.0%

10.0%

15.0%

20.0%

25.0%

30.0%

PRP ACP TSCT

Feminino

Masculino

Fonte: Questionário de Pesquisa e Análise da Autora

Legenda:

PRP Trabalhadores que não aceitam partilhar uma refeição com uma pessoa vivendo com o HIV

ACP Trabalhadores que não aceitam acolher em sua casa e cuidar dum parente vivendo com o HIV

TSCT Trabalhadores que não aceitam que um trabalhador manifestando sintomas de HIV/SIDA

continue a trabalhar

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

74

Cargo que Ocupa no Hotel

O corpo directivo tem uma atitude mais discriminatória do que os quadros técnico-

administrativo e operacional em relação à partilha duma refeição com uma pessoa que sabem

ser seropositiva, pois 30% dos membros deste afirmaram que não estariam disponíveis; em

contraste com os 14,3% e 24,3% dos quadros técnico-administrativo e operacional

respectivamente.

O quadro técnico-administrativo seguido do quadro operacional manifestaram a atitude mais

discriminatória em relação a acolher em sua casa e cuidar dum parente vivendo com HIV, pois

19% e 15,7% respectivamente não aceitariam. No entanto, apenas 10% do corpo directivo não

aceitariam acolher em sua casa e cuidar dum parente vivendo com HIV.

O quadro operacional (com 22,9%) revelou-se mais discriminatório em relação a permitir-se

que um trabalhador vivendo com o HIV e manifestando sintomas da doença continue a

trabalhar. 20% do corpo directivo e 14,3% do quadro técnico-administrativo manifestaram-se

contrários a permitir-se que um trabalhador vivendo com o HIV e manifestando sintomas da

doença continuasse a trabalhar.

Gráfico 10. Atitudes de Estigma e Discriminação a PVHS segundo o Cargo

30.0%

14.3%

24.3%

10.0%

19.0%

15.7%

20.0%

14.3%

22.9%

0.0%

5.0%

10.0%

15.0%

20.0%

25.0%

30.0%

PRP ACP TSCT

Corpo Directivo

Quadro Tecnico Admin.

Quadro Operacional

Fonte: Questionário de Pesquisa e Análise da Autora

Legenda:

PRP Trabalhadores que não aceitam partilhar uma refeição com uma pessoa vivendo com o HIV

ACP Trabalhadores que não aceitam acolher em sua casa e cuidar dum parente vivendo com o HIV

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

75

TSCT Trabalhadores que não aceitam que um trabalhador manifestando sintomas de HIV/SIDA

continue a trabalhar

Comportamentos Sexuais de Risco

Nesta secção pretende-se aferir até que ponto o sexo, idade, o estado civil, e nível académico

constituem uma determinante no comportamento sexual de risco dos trabalhadores do Hotel

Southern Sun Maputo.

Sexo

Os resultados do estudo mostram que os trabalhadores de ambos os sexos têm parceiros

múltiplos e concorrentes com maior proeminência dos trabalhadores do sexo masculino com

63,3% sobre os trabalhadores do sexo feminino com 43,5%. Nota-se ainda que há um elevado

índice no uso inconsistente do preservativo com 73,9% dos trabalhadores do sexo feminino e

63,3% do sexo masculino.

Os trabalhadores do sexo feminino cuja decisão no uso do preservativo é tomada em conjunto

com os seus parceiros representam 60%; enquanto que os do sexo masculino 27,8%. Por outro

lado, os trabalhadores do sexo masculino dominam na tomada de decisão sobre o uso do

preservativo nas relações sexuais com 66,7%; enquanto que somente 40% dos trabalhadores

do sexo feminino é que tomam a iniciativa própria no uso do preservativo.

Gráfico 11. Comportamento Sexual de Risco dos Trabalhadores segundo o Sexo

43.5%

63.3%

73.9%

63.3%60.0%

27.8%

40.0%

66.7%

0.0%

10.0%

20.0%

30.0%

40.0%

50.0%

60.0%

70.0%

80.0%

MCP's UIP DCUP IPUP

Feminino

Masculino

Fonte: Questionário de Pesquisa e Análise da Autora

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

76

Legenda: MCPs27 Parceiros Múltiplos e Concorrentes

UIP Uso Inconsistente do Preservativo

DCUP Decisão Conjunta no Uso do Preservativo

IPUP Iniciativa Própria do Uso do Preservativo

Idade

O estudo revelou que até 20 anos de idade todos os trabalhadores tem parceiros múltiplos e

concorrentes (MCPs) o que representa 100%28

; 68,6% dos 21 aos 30 anos de idade têm MCPs;

seguidos de 55,8% e 44,4% de trabalhadores com idades compreendidas entre os 31 e 40 anos

e 41 e 50 anos respectivamente. Acima dos 50 anos de idade, nenhum trabalhador afirmou ter

relações com parceiros múltiplos e concorrentes.

À excepção dos trabalhadores da faixa etária com mais de 50 anos, entre os trabalhadores das

restantes faixas etárias nota-se o uso inconsistente do preservativo, com a idade entre 21 e 30

anos destacando-se com 71,4%. As idades dos 41 aos 50 anos, 31 aos 40 anos e até aos 20

anos de idade revelaram um uso inconsistente do preservativo de 66,7%, 62,8% e 33,3%

respectivamente.

A decisão sobre o uso do preservativo nem sempre é tomada de forma conjunta entre os

trabalhadores e seus parceiros sexuais nas idades entre os 20 e 50 anos. A falta de decisão

conjunta sobre o uso do preservativo é mais notória nos trabalhadores com mais de 50 anos de

idade com 0%, seguida das faixas etárias dos 31 aos 40 anos (30%), até aos 20 anos (33,3%) e

dos 21 aos 30 anos (42,9%) e 41 aos 50 anos (42,9%).

Nem todos os trabalhadores tem tido a iniciativa própria de sugerirem o uso do preservativo

nas relações sexuais com seus parceiros, à excepção dos trabalhadores com mais de 50 anos de

idade (100%29

), pois, apenas 70% dos trabalhadores dos 31 aos 40 anos, 66,7% até aos 20

anos, 50% dos 21 aos 30 anos e 42,9% dos 41 aos 50 anos de idade.

27

Multiple Concurrent Partners (Parceiros Múltiplos e Concorrentes) 28 No Hotel Southern Sun Maputo tem três trabalhadores até 20 anos de idade. 29

No Hotel Southern Sun Maputo só tem um trabalhador com mais de 50 anos de idade.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

77

Gráfico 12. Comportamento Sexual de Risco dos Trabalhadores segundo a Idade

100%

33.3%33.3%

66.7% 68.6%71.4%

42.9%

50.0%

55.8%

62.8%

30.0%

70.0%

44.4%

66.7%

42.9%42.9%

0.0%0.0%0.0%

100.0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Ate 20 anos 21 a 30 anos 31 a 40 anos 41 a 50 anos Mais de 50 anos

MCP's

UIP

DCUP

IPUP

Fonte: Questionário de Pesquisa e Análise da Autora

Legenda: MCPs Parceiros Múltiplos e Concorrentes

UIP Uso Inconsistente do Preservativo

DCUP Decisão Conjunta no Uso do Preservativo IPUP Iniciativa Própria do Uso do Preservativo

Estado Civil

As parcerias múltiplas e concorrentes estão presentes em todos os diferentes grupos de estado

civil dos trabalhadores com particular destaque no grupo dos solteiros com 64,5% seguido dos

casados com 48,5%; os divorciados com 33,3% e finalmente o grupo “outro” com 25%.

O estudo revelou uma alta taxa de uso inconsistente do preservativo entre o grupo “outro” com

75% (3/4*100), seguido dos casados com 69,7%, dos divorciados com 66,7% e solteiros com

61,3%. A decisão do uso do preservativo tem sido conjunta entre o trabalhador e o seu

parceiro sexual ou por iniciativa do próprio trabalhador. Nenhum trabalhador divorciado tomou

a decisão conjunta nem por iniciativa própria no uso do preservativo o que representa 0%; o

grupo “outro” com 50% tomando a decisão conjunta e por iniciativa própria no uso do

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

78

preservativo. Os trabalhadores solteiros e casados destacam-se na decisão conjunta do uso do

preservativo com os seus parceiros sexuais em 36,4% e 27,3% respectivamente; a mesma

tendência não se verifica em relação à iniciativa do trabalhador para o uso do preservativo com

os casados fixando-se em 63,6% e os solteiros em 60,6%.

Gráfico 13. Comportamento Sexual de Risco dos Trabalhadores segundo Estado Civil

48.5%

64.5%

33.3%

25.0%

69.7%

61.3%

66.7%

75.0%

27.3%

36.4%

0.0%

50.0%

63.6%60.6%

0.0%

50.0%

0.0%

10.0%

20.0%

30.0%

40.0%

50.0%

60.0%

70.0%

80.0%

MCP's UIP DCUP IPUP

Casado

Solteiro

Divorciado

Outro

Fonte: Questionário de Pesquisa e Análise da Autora

Legenda: MCPs Parceiros Múltiplos e Concorrentes UIP Uso Inconsistente do Preservativo

DCUP Decisão Conjunta no Uso do Preservativo

IPUP Iniciativa Própria do Uso do Preservativo

Nível Académico

Em todos os níveis académicos os trabalhadores tem parceiros múltiplos e concorrentes,

destacando-se o nível de doutoramento com 100%30

, seguido dos níveis primário com 70%,

secundário/médio com 61,3%, licenciatura com 25% e bacharelato com 20%.

30 No Hotel Southern Sun Maputo só há um trabalhador com o nível de doutoramento.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

79

A pesquisa revelou que o uso inconsistente do preservativo regista-se em todos os níveis

académicos, com o doutoramento na dianteira com 100%, os licenciados com 80% e bacharéis

80% respectivamente. 65% do nível secundário/médio e 40% do nível primário.

A tomada de decisão sobre o uso do preservativo apenas é feita em conjunto entre o

trabalhador e seu parceiro dos níveis primário (33,3%) e secundário/médio (37,8%); enquanto

que nos níveis de bacharelato, licenciatura e doutoramento não há tomada conjunta de decisão

de uso do preservativo nas relações sexuais.

Por outro lado, o uso do preservativo tem sido por iniciativa do próprio trabalhador nos níveis

de bacharelato com 20%, primário com 66,7% e secundário/médio com 59,5%. Os

trabalhadores dos níveis de licenciatura e doutoramento indicaram não tomarem iniciativa no

uso do preservativo nas suas relações sexuais.

Gráfico 14. Comportamento Sexual de Risco dos Trabalhadores segundo o Nível Académico

70.0%

40.0%

33.3%

66.7%

61.3%65.0%

37.8%

59.5%

20.0%

80.0%

0.0%

20.0%

25.0%

80.0%

0.0%0.0%

100.0%100.0%

0.0%0.0%0.0%

10.0%

20.0%

30.0%

40.0%

50.0%

60.0%

70.0%

80.0%

90.0%

100.0%

Primario Secundario/Medio Bacharelato Licenciatura Doutoramento

MCP's

UIP

DCUP

IPUP

Fonte: Questionário de Pesquisa e Análise da Autora

Legenda: MCPs Parceiros Múltiplos e Concorrentes

UIP Uso Inconsistente do Preservativo

DCUP Decisão Conjunta no Uso do Preservativo

IPUP Iniciativa Própria do Uso do Preservativo

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

80

4.2 Discussão dos Resultados

De acordo com o previsto nos Códigos da OIT e da SADC, as Leis 05/2002 de 5 de Fevereiro e

12/2009 de 12 de Março, cumpre assegurar-se a não descriminação de PVHS ou supostamente

vivendo com HIV/SIDA. Os resultados do estudo indicam, contudo, a existência de atitudes de

estigma e descriminação em relação a PVHS em ambos sexos, idade, níveis de escolaridade e

cargos ocupados na empresa em uma parte dos trabalhadores.

O Código da OIT preconiza programas promovendo a prevenção do HIV/SIDA no local de

trabalho. Ademais, peritos na área de prevenção do HIV/SIDA afirmaram, na Conferência

Global sobre o HIV/SIDA na Cidade do México, em 2008, que os resultados mais

encorajadores na prevenção estão ligados a abordagens centradas na mudança de

comportamento. No New York Times, 2008 pode ler-se em Português: Programas de mudança

de comportamento são altamente eficazes para a prevenção do HIV, mas actualmente não

atingem o número suficiente de pessoas para terem um impacto decisivo sobre a epidemia.

No caso em estudo, a alteração do actual nível de Conhecimentos, Atitudes e Práticas dos

trabalhadores da empresa passa por uma estratégia de mudança de comportamento. O modelo

BEHAVE oferece uma plataforma segura para uma análise situacional que resulta num

programa de prevenção centrada na mudança de comportamento. Assim, usando este modelo

para a análise dos resultados do estudo nota-se que:

Relativamente ao grupo prioritário: consiste em grupo primário e secundário. O primário é

aquele cujos integrantes têm o poder de alterar o comportamento actual indesejável quando

quiserem; enquanto que o grupo secundário é aquele cuja mudança de comportamento depende

em larga medida da vontade do grupo primário. Nele deve-se descrever as características

específicas de cada grupo tais como idade, sexo, ocupação, localização, religião, nível social,

estado civil, etc; aspirações, fase de mudança de comportamento e condutores do HIV.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

81

No entanto, os resultados do estudo indicam que o grupo primário é constituído pelos

trabalhadores do sexo masculino, enquanto que o grupo secundário é constituído pelos

trabalhadores do sexo feminino e parceiros sexuais dos trabalhadores do sexo masculino do

Hotel Southern Sun Maputo.

Neste contexto, na sua grande maioria, os trabalhadores manifestam atitudes e comportamento

de risco de infecção pelo vírus causador da Sida. Esta tendência inclui mesmo os trabalhadores

com um nível de escolaridade superior que possuem um melhor nível de conhecimentos devido

ao acesso à informação de que gozam.

No estudo realizado, 63,3% dos trabalhadores do sexo masculino usam o preservativo de forma

inconsistente comparados com 73,9% (17/23*100) do sexo feminino. Ao mesmo tempo,

apenas 66,7% dos trabalhadores do sexo masculino usam o preservativo por iniciativa própria

comparados com 40% do sexo feminino. Isto revela que, mesmo que as mulheres desejem usar

o preservativo poderão encontrar barreiras por parte dos homens, por sinal, os que tem poder

de decisão sobre o uso do mesmo.

Relativamente ao comportamento a promover: questiona-se sobre qual o comportamento se

pretende ajudar o(s) grupo(s) a adoptar(em). Os resultados do estudo indicam que o

comportamento a promover é a redução do número de parceiros e o uso consistente do

preservativo, pois, tanto os trabalhadores do sexo masculino como os trabalhadores do sexo

feminino têm parceiros múltiplos e concorrentes e não usam o preservativo consistentemente

em todas as relações sexuais.

Em relação aos factores-chave: compreendem os factores positivos que podem ajudar a

promover o comportamento desejado. Por outro lado, as barreiras representam o que poderá

dificultar a adopção do comportamento desejado.

No caso do estudo em referência, poderão ser factores positivos para a mudança de

comportamento a existência duma política de HIV/SIDA no local de trabalho em elaboração, o

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

82

interesse demonstrado pela direcção do hotel em encontrar uma resposta à situação do

HIV/SIDA, através da colocação duma pessoa focal, e ao elevado nível de conhecimentos e

exemplos de trabalhadores que já praticam o comportamento que se pretende promover. A

principal barreira poderão ser os usos e costumes que reduzem a possibilidade de diálogo entre

os parceiros sexuais, retirando à mulher o espaço de abordar questões de preferências em

matérias de sexo, incluindo o uso ou não do preservativo.

Este facto é confirmado por Gcola (2009) ao reconhecer que o homem joga um papel central

no uso do preservativo, devido aos usos e costumes tradicionais prevalecentes em muitas

sociedades africanas, incluindo Moçambique. No seu artigo, ela afirma o seguinte:

“As mulheres não devem fazer perguntas sobre as histórias sexuais e actividades concorrentes

dos seus parceiros. Em tais situações, então, pedir a um homem para usar o preservativo não é

viável. [...] negociar o uso do preservativo muitas vezes torna-se imprudente, difícil e perigoso,

tal como, envolver-se em sexo inseguro.”

Esta realidade explica a razão de se considerar os trabalhadores do sexo masculino e parceiros

dos trabalhadores do sexo feminino, em virtude da sua posição dominante na tomada de

decisões sobre o uso do preservativo e parceiros sexuais.

Em relação as actividades: referem-se às intervenções a serem levadas a cabo para se promover

o comportamento desejado, tirando partido dos factores positivos e minimizando as barreiras.

Aliás, de acordo com o modelo BEHAVE, o conhecimento por si só não assegura a mudança

de comportamento do indivíduo. É necessário que se façam intervenções que ajudem o

indivíduo a passar da fase de conhecimento para a fase de mudança de atitude, desta para a fase

da prática e desta para a fase da total eficácia individual e conseqüente manutenção. Segundo

os resultados do estudo, quase todos os trabalhadores do Hotel Southern Sun Maputo têm um

alto nível de conhecimentos sobre o HIV/SIDA.

De tudo isto resulta que no Hotel Southern Sun Maputo há evidências de fenómenos de

estigma e descriminação e comportamentos sexuais de risco no seio dos trabalhadores.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

83

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1 Conclusões

Estigma e Discriminação

A atitude do corpo directivo em relação a trabalhadores seropositivos é preocupante, pois

parte deste não está disposto a conviver com pessoas ou manter trabalhadores portadores do

HIV, sobretudo quando estes manifestam sintomas visíveis. Esta situação poderá constituir

um desafio na implementação da política do HIV/SIDA no local de trabalho, na medida em

que parte do corpo directivo poderá representar uma resistência ao processo.

O pessoal técnico-administrativo e operacional está mais preparado para trabalhar com

colegas vivendo com o HIV, mesmo manifestando já alguns sintomas. Esta atitude poderá

facilitar o apoio moral, o não isolamento e empatia com os trabalhadores infectados,

contribuindo assim para um ambiente mais positivo e de solidariedade mútua.

A grande empatia que os trabalhadores demonstram para com os seus colegas vivendo com

o HIV/SIDA pode representar uma ameaça à produtividade na empresa, já que sugere que

em caso de doença dum dos membros directos do agregado familiar estes podem facilmente

faltar ou atrasar-se ao serviço.

Comportamento Sexual de Risco

Os resultados do estudo de caso do Hotel Southern Sun Maputo revelam que:

O elevado índice de trabalhadores de ambos os sexos que não usam o preservativo de forma

consistente constitui uma ameaça à estabilidade da mão-de-obra do hotel, devido ao seu

elevado potencial nível de absenteísmo e, consequentemente, à manutenção ou melhoria do

padrão de serviços oferecidos aos clientes.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

84

Em nenhum momento a decisão conjunta no uso do preservativo foi superior à iniciativa do

próprio trabalhador. Este facto sugere que os trabalhadores têm alguma margem para

sugerirem o uso do preservativo nas relações sexuais com os seus parceiros.

O facto de a maior parte dos trabalhadores terem mais do que um parceiro sexual e não

usarem o preservativo consistentemente nas suas relações sexuais, aumenta o seu risco de

infecção pelo vírus causador da Sida. Aliás, a decisão do uso do preservativo nem sempre é

tomada de forma conjunta, pois apenas 34,8% dos trabalhadores o têm feito de forma

conjunta; enquanto grande parte das vezes esta decisão é da iniciativa do parceiro do sexo

masculino.

A natureza confidencial dos questionários usados coloca um desafio de como distinguir

entre trabalhadores com apenas um parceiro sexual e outros com mais de um, aqueles que

usam consistentemente o preservativo e aqueles que o usam de forma inconsistente ou não o

usam, para se poder direccionar programas específicos para cada um destes grupos de

trabalhadores, devido à sua conduta sexual.

5.2 Recomendações

As recomendações para a implementação da política do HIV/SIDA no local de trabalho do

Hotel Southern Sun Maputo que aqui se seguem, centram-se na identificação dos factores que

poderão ajudar e as barreiras que poderão dificultar a redução (a) do estigma e discriminação

de trabalhadores vivendo com o HIV/SIDA e (b) do risco de infecção dos trabalhadores pelo

vírus causador do SIDA. Para ser efectivo, este processo deverá envolver os trabalhadores e

seus parceiros.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

85

Estigma e discriminação

Para a redução do estigma e discriminação contra os trabalhadores vivendo com o HIV, a

acção deve:

Incidir mais sobre os perpetradores e não sobre as vítimas. Isto é, os que discriminam e não

sobre os discriminados; sobre os que têm poder e não sobre os subordinados; sobre os não

infectados e não sobre os infectados. Os discriminados, subordinados ou infectados pouco

ou nada podem fazer para evitarem a discriminação contra si mesmos. Os que discriminam,

têm poder e não estão infectados é que podem evitar a discriminação.

Encorajar os trabalhadores a manterem a sua atitude solidária para com os seus colegas

vivendo com o HIV e assistir-lhes a organizarem-se para darem um apoio moral e psico-

social através de um gesto de carinho, afecto, visitas domiciliárias e hospitalares, por forma

a não se criar perturbações no normal funcionamento do hotel.

Incluir não apenas os trabalhadores, mas também os cônjuges e algumas pessoas mais

próximas dos trabalhadores. Isto poderá contribuir para o alargamento do número de pessoas

sensibilizadas e dispostas a prestar apoio moral e psico-social a pessoas vivendo com o

HIV/SIDA nas famílias, aliviando, assim, o peso de cuidar e apoiar os doentes sobre os

trabalhadores. Por seu turno, reduzir-se-ão as ocorrências de absentismo ou atraso ao serviço

pelos trabalhadores devido à necessidade de ficar ou acompanhar o seu familiar doente.

As acções de sensibilização e educação devem:

Incidir na redução do número de parceiros sexuais e uso consistente do preservativo;

Abranger todos os trabalhadores da instituição, mesmo reconhecendo-se que alguns

trabalhadores já observam um comportamento seguro na sua conduta e relações sexuais;

Estar viradas para a mudança de comportamento e só serão efectivas se envolverem os

cônjuges ou parceiros regulares dos trabalhadores, sobretudo os do sexo masculino.

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

89

40. Rede Nacional Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos; Igualdade de

Gênero e HIV/AIDS: Uma Política por Construir. Dezembro de 2003.

41. República de Moçambique. Lei n°5/2002. Boletim da República I Série, N°7. Maputo,

2002.

42. República de Moçambique. Lei n° 12/2009 de 12 de Março. Boletim da República.

Maputo, 2009.

43. República de Moçambique. Estratégia de Moçambique para o Processo de Integração

Regional na SADC. Disponível em:

http://www.mic.gov.mz/docs/rel/IntRegional/EstrategiadaIntegracao.pdf (Acesso a

21/01/2009)

44. Rodrigues, C. V. Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no Local de Trabalho: A

perspectiva de Empregadores e Trabalhadores de Empresas sediadas em Maputo

(Monografia de Licenciatura). Maputo: Universidade Politécnica, 2008.

45. Steinbruchi, Beijamim, Opinião Económica, Folha de São Paulo, 3 de Agosto, 1998.

46. UNAIDS. Report on the Global Aids Epidemic. Genebra: UNAIDS, 2006.

47. UNAIDS. Epidemilogy Report on November 20, UNAIDS, 2007.

48. UNAIDS/Organização Mundial da Saúde (OMS), Report on Global AIDS Epidemic

(1999).

49. Valentim, H. João. Aids e Relações de Trabalho. Rio de Janeiro: Editora IMPETUS,

2003.

50. World Bank. Policy Research Report, Confronting AIDS, Public Priorities in a Global

Epidemic, Oxford, Oxford University Press, 1997.

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90

ANEXOS

Anexo 1: Instrumento de Pesquisa

QUESTIONÁRIO

Estudo sobre Conhecimentos, Atitudes e Práticas em relação ao HIV/SIDA

A direcção do Hotel Southern Sun Maputo encontra-se num processo de introdução da sua política do HIV/SIDA no local de

trabalho. Para o efeito, pretende-se conduzir um estudo sobre Conhecimentos, Atitudes e Práticas em relação ao HIV/SIDA abrangendo todos os seus trabalhadores. O objectivo do inquérito é avaliar o nível actual de conhecimentos, atitudes e práticas dos trabalhadores em relação ao HIV/SIDA para permitir um direccionamento adequado das acções a serem desenvolvidas no âmbito da implementação da política acima referida. Pela importância e seriedade do estudo, solicita-se a colaboração de todos os trabalhadores do Hotel no preenchimento deste inquérito e apela-se para a honestidade nas respostas dadas. Este inquérito é anónimo e de carácter confidencial e por isso, as pessoas não deverão identificar-se. A sua devolução deverá ser feita numa urna própria. Preencha o inquérito assinalando com um X a opção que melhor caracterizar a sua situação. Lembre-se que para cada questão, apenas poderá assinalar uma única opção de resposta.

1. Sexo: a) Feminino ____ b) Masculino ____

2. Idade: ____

3. Estado Civil: a) Casado ____ b) Solteiro ____ c) Divorciado ____ d) Viúvo ____ e) Outros ____

4. Formação: a) Primária ____ b) Secundária/Nível Médio ____ c) Bacharelato ____

d) Licenciatura ____ e) Mestrado ____ f) Doutoramento ____

5. Cargo que ocupa no Hotel: a) Corpo Directivo____ b) Quadro Técnico Administrativo ____ c) Quadro Operacional_____

6. Já ouviu falar do HIV ou da doença chamada SIDA? a) Sim ____ b) Não ____

7. Sabe qual a diferença entre o HIV e a doença chamada SIDA? a) Sim, sei ____ b) Não, não sei ____

8. Conhece alguém que esteja vivendo com o vírus HIV ou que tenha morrido devido à doenças relacionadas a Sida? a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____

9. Você têm algum parente próximo ou amigo que vive com o HIV ou tenha morrido devido à doenças relacionas a

Sida? a) Sim, um parente próximo ____ b) Sim, um amigo próximo ____ c) Não ____ d) Não sei ____

10. Será que as pessoas podem proteger-se do vírus que causa a Sida usando correctamente o preservativo todas as vezes

que tenham relações sexuais? a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____

11. Poderá uma pessoa contrair o HIV a partir de uma picada de mosquito? a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____

12. Será que as pessoas podem proteger-se do HIV tendo um parceiro sexual fiel não infectado?

a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____

13. Será que as pessoas podem proteger-se do HIV abstendo-se de ter relações sexuais?

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

91

a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____

14. Poderá uma pessoa contrair o HIV partilhando uma refeição com alguém que vive com o HIV? a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____

15. O uso da pílula evita a infecção do HIV? a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____

16. Será que as pessoas podem contrair o HIV através do uso da mesma agulha/lâmina ou outros objectos cortantes?

a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____

17. Acha que uma pessoa com aparência saudável poderá estar a viver com HIV, o vírus que causa a Sida? a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____

18. Poderá uma mulher grávida vivendo com o HIV transmitir o vírus ao seu bébé?

a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____

19. Se respondeu afirmativamente à questão 18, será que no momento do parto a mãe seropositiva pode transmitir o vírus do HIV ao seu bebé? a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____

20. Poderá uma mulher vivendo com o HIV transmitir o vírus ao seu bébé recém-nascido através da amamentação?

a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____

21. Através de que meio tem, com maior frequência, acesso à informação sobre HIV/SIDA? a) Rádio ___ b) TV ___ c) Sistema Nacional de Saúde ___ d) Amigos ___ e) Revistas ____ f) Internet ____ g) Família ___ h) Outro meio ____ Indique qual: ________

22. Acha que necessita de obter mais informação sobre o HIV/SIDA? a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____

23. Estaria disponível em partilhar uma refeição com uma pessoa que você sabe, ser seropositiva? a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____

24. Se um parente seu ficasse doente devido ao vírus HIV, estaria disponível em acolhê-lo em sua casa para cuidar dele? a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____

25. Se um trabalhador vivesse com HIV e manifestasse sintomas da doença, deveria ser-lhe permitido continuar a

trabalhar? a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____

26. Se um chefe superior vivesse com HIV mas não estivesse doente, deveria ser-lhe permitido continuar a desempenhar suas funções no local de trabalho a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____

27. Se você ficasse doente devido ao HIV, o vírus que causa a Sida, gostaria que a situação fosse mantida em segredo?

a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____ 28. Já alguma teve relações sexuais? a) Sim ____ b) Não ____

29. Se respondeu afirmativamente à questão 28, com que idade teve a sua primeira relação sexual? _____

30. Teve relações sexuais nos últimos 12 meses? a) Sim ____ b) Não ____

31. Se respondeu afirmativamente à questão 30, teve relações sexuais com: a) Parceiro regular ____ b) Parceiro ocasional____ c) Parceiro comercial (troca de sexo por dinheiro) ___ d) Parceiro regular e ocasional ____ e) Parceiro regular e comercial ____ f) Parceiro regular, ocasional e comercial _____

32. Se respondeu afirmativamente à questão 30, com quantos parceiros teve relações sexuais nos últimos 12 meses?

a) Um ____ b) Dois ____ c) Três ____ d) Quatro ____ e) Mais do que quatro ____ f) Não sei ____

33. Se respondeu afirmativamente à questão 32, costuma usar o preservativo quando mantém relações sexuais? a) Sim ____ b) Não ____ c) Não me lembro ____

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

92

34. Com que frequência usa o preservativo?

a) Sempre ____ b) Quase sempre ____ c) Às vezes ____ d) Nunca ____ e) Não sei ____ 35. Se respondeu afirmativamente à questão 34, usou o preservativo na última vez que teve relações sexuais?

a) Sim ____ b) Não ____ c) Não me lembro ____

36. Se respondeu afirmativamente à questão 35, quem sugeriu o uso do preservativo?

a) Eu próprio ____ b) O meu parceiro ____ c) Decisão conjunta ____ d) Não me lembro ____

37. Se respondeu negativamente à questão 35, porque não usou o preservativo na última vez que teve relações sexuais? a) Não estava disponível ____ b) É muito caro ____ c) O meu parceiro não aceitou ___d) Não gosto __ e) Usei outro contraceptivo ____ f) Não pensei que fosse necessário ____ g) Não pensei nisso ____ h) Não sei ____ i) Outra razão ____ indique qual: ____________________________________

38. Já alguma vez visitou um Gabinete de Aconselhamento e Testagem Voluntária (GATV)? a) Sim ____ b) Não ____ c) Não me lembro ____

39. Se respondeu afirmativamente à questão 38, indique o motivo predominante que o levou a visitar o GAVT? a) Para obter mais informação sobre o HIV/SIDA ____ b) Para receber aconselhamento ____ c) Para fazer o teste de HIV ____ d) Porque estava doente ____ e) Para acompanhar um amigo/familiar __ f) Outro motivo ____ Indique qual: ______________________________________

40. Já alguma vez fez o teste de HIV? a) Sim ____ b) Não ____ 41. Se respondeu afirmativamente à questão 40, qual foi o resultado do seu teste?

a) Positivo ____ b) Negativo ____ c) Não sei ____ d) Não me lembro ____

42. Se assinalou a alínea a) da questão 41, está a tomar a medicação anti-retroviral? a) Sim ____ b) Não ____ 43. Se assinalou a alínea a) da questão 41, está a receber algum tipo de apoio psicossocial? a) Sim ____ b) Não __

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Anexo 2: Tabelas de Análise Estatística

Conhecimentos sobre o HIV/SIDA

Sabe qual a diferença entre o HIV e a doença chamada SIDA?

81 79,4 79,4 79,4

21 20,6 20,6 100,0

102 100,0 100,0

Sim, sei

Nao, não sei

Total

Valid

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

Conhece alguém que esteja infectado com o vírus ou que tenha morrido

devido a doenças relacionadas à SIDA?

61 59,8 59,8 59,8

25 24,5 24,5 84,3

16 15,7 15,7 100,0

102 100,0 100,0

Sim

Não

Não sei

Total

Valid

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

Você tem algum parente próximo ou amigo que esteja infectado com o vírus ou tenha

morrido devido a doenças relacionadas à SIDA?

28 27,5 27,5 27,5

18 17,6 17,6 45,1

30 29,4 29,4 74,5

26 25,5 25,5 100,0

102 100,0 100,0

Sim, um parente próximo

Sim, um amigo próximo

Não

Não sei

Total

Valid

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

Conhecimentos Sobre os Meios de Prevenção e Transmissão do HIV/SIDA

Será que as pessoas podem proteger-se do vírus que causa a Sida

usando correctamente o preservativo todas as vezes que tenham

relações sexuais?

84 82,4 82,4 82,4

11 10,8 10,8 93,1

6 5,9 5,9 99,0

1 1,0 1,0 100,0

102 100,0 100,0

Sim

Não

Não sei

4

Total

Valid

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

Poderá uma pessoa contrair o HIV a partir de uma picada do mosquito?

6 5,9 5,9 5,9

73 71,6 71,6 77,5

23 22,5 22,5 100,0

102 100,0 100,0

Sim

Não

Não sei

Total

Valid

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

94

Será que as pessoas podem proteger-se do HIV tendo um parceiro sexual

fiel não infectado?

75 73,5 73,5 73,5

9 8,8 8,8 82,4

18 17,6 17,6 100,0

102 100,0 100,0

Sim

Não

Não sei

Total

Valid

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

Será que as pessoas podem proteger-se do HIV abstendo-se de ter

relações sexuais?

53 52,0 52,0 52,0

28 27,5 27,5 79,4

21 20,6 20,6 100,0

102 100,0 100,0

Sim

Não

Não sai

Total

Valid

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

Poderá uma pessoa contrair o HIV partilhando uma refeição com alguém

que vive com o HIV?

14 13,7 13,7 13,7

79 77,5 77,5 91,2

9 8,8 8,8 100,0

102 100,0 100,0

Sim

Não

Não sei

Total

Valid

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

O uso da pí lula evita a infecção do HIV?

4 3,9 4,0 4,0

77 75,5 76,2 80,2

19 18,6 18,8 99,0

1 1,0 1,0 100,0

101 99,0 100,0

1 1,0

102 100,0

Sim

Não

Não sei

4

Total

Valid

Sy stemMissing

Total

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

Será que as pessoas podem contrair o HIV através do uso da mesma

agulha/lâmina ou outros objectos cortantes?

93 91,2 91,2 91,2

2 2,0 2,0 93,1

7 6,9 6,9 100,0

102 100,0 100,0

Sim

Não

Não sei

Total

Valid

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

95

Acha que uma pessoa com aparência saudável poderá estar a viver com

HIV, o vírus que causa a Sida?

95 93,1 93,1 93,1

2 2,0 2,0 95,1

5 4,9 4,9 100,0

102 100,0 100,0

Sim

Não

Não sai

Total

Valid

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

Poderá uma mulher grávida vivendo com o HIV transmitir o vírus ao seu

bébe´?

78 76,5 76,5 76,5

11 10,8 10,8 87,3

13 12,7 12,7 100,0

102 100,0 100,0

Sim

Não

Não sei

Total

Valid

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

Se respondeu afirmativamente a questão 18, será que no momento do

parto a mãe seropositiva pode transmitir o vírus do HIV ao seu bébé?

72 70,6 70,6 70,6

15 14,7 14,7 85,3

15 14,7 14,7 100,0

102 100,0 100,0

Sim

Não

Não sei

Total

Valid

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

Acesso à informação sobre o HIV/SIDA

Através de que meio tem, com maior frequência, acesso a informação sobre o

HIV/SIDA?

27 26,5 26,5 26,5

49 48,0 48,0 74,5

12 11,8 11,8 86,3

13 12,7 12,7 99,0

1 1,0 1,0 100,0

102 100,0 100,0

Rádio

TV

Sistema Nacional

de Saúde

Amigos

Outro meio

Total

Valid

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

Poderá uma mulher vivendo com o HIV transmitir o vírus ao seu bébé

recém-nascido através da amamentação?

71 69,6 69,6 69,6

13 12,7 12,7 82,4

18 17,6 17,6 100,0

102 100,0 100,0

Sim

Não

Não sei

Total

Valid

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

96

Acha que necessita de obter mais informação sobre o HIV/SIDA?

93 91,2 91,2 91,2

7 6,9 6,9 98,0

2 2,0 2,0 100,0

102 100,0 100,0

Sim

Não

Não sei

Total

Valid

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

Atitudes de Estigma e Discriminação das PVHS

Estaria disponível em parti lhar uma refeição com uma pessoa que você

sabe ser seropositiva?

79 77,5 77,5 77,5

9 8,8 8,8 86,3

14 13,7 13,7 100,0

102 100,0 100,0

Sim

Não

Não sei

Total

Valid

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

Se um parente seu ficasse doente devido ao vírus HIV, estaria disponível

em acolhê-lo em sua casa para cuidar dele?

86 84,3 84,3 84,3

2 2,0 2,0 86,3

14 13,7 13,7 100,0

102 100,0 100,0

Sim

Não

Não sei

Total

Valid

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

Se um trabalhador vivesse com o HIV e manifestasse sintomas da

doença, deveria ser-lhe permitido continuar a trabalhar?

81 79,4 79,4 79,4

8 7,8 7,8 87,3

13 12,7 12,7 100,0

102 100,0 100,0

Sim

Não

Não sei

Total

Valid

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

97

Se um chefe superior vivesse com o HIV mas não estivesse doente,

deveria ser-lhe permitido continuar a desempenhar as suas funções no

local de trabalho?

82 80,4 80,4 80,4

6 5,9 5,9 86,3

14 13,7 13,7 100,0

102 100,0 100,0

Sim

Não

Não sei

Total

Valid

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

Se você ficasse doente devido ao HIV, o vírus que causa a SIDA, gostaria

que a situação fosse mantida em segredo?

36 35,3 35,3 35,3

41 40,2 40,2 75,5

25 24,5 24,5 100,0

102 100,0 100,0

Sim

Não

Não sei

Total

Valid

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

Comportamentos Sexuais de Risco

Já alguma vez teve relações sexuais?

102 100,0 100,0 100,0SimValid

Frequency Percent Valid Percent

Cumulativ e

Percent

89 10 25 16,84 2,426

89

Se respondeu

af irmat iv amente à

questão 28, com que

idade teve a sua primeira

relação sexual?

Valid N (listwise)

N Minimum Maximum Mean Std. Dev iat ion

Teve relações sexuais nos últimos 12 meses?

102 100,0 100,0 100,0SimValid

Frequency Percent Valid Percent

Cumulativ e

Percent

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

98

Se respondeu afrimativamente à questão 30, teve relações sexuais com:

42 41,2 41,2 41,2

9 8,8 8,8 50,0

42 41,2 41,2 91,2

1 1,0 1,0 92,2

6 5,9 5,9 98,0

2 2,0 2,0 100,0

102 100,0 100,0

Parceiro regular

Parceiro ocasional

Parceiro regular e

ocasional

Parceiro regular e

comercial

Parceiro regular,

ocasional e comercial

N/R

Total

Valid

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

Se respondeu afirmativamente à questão 31, com quantos parceiros teve relações

sexuais nos últimoss 12 meses?

46 45,1 45,1 45,1

22 21,6 21,6 66,7

12 11,8 11,8 78,4

5 4,9 4,9 83,3

6 5,9 5,9 89,2

11 10,8 10,8 100,0

102 100,0 100,0

Um

Dois

Três

Quatro

Mais do que quatro

Não sei

Total

Valid

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

Se respondeu afirmativamente à questão 32, costuma usar o perservativo

quando mantém relações sexuais?

67 65,7 65,7 65,7

32 31,4 31,4 97,1

3 2,9 2,9 100,0

102 100,0 100,0

Sim

Não

Não me lembro

Total

Valid

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

Com que frequência usa o perservativo?

35 34,3 34,3 34,3

24 23,5 23,5 57,8

30 29,4 29,4 87,3

8 7,8 7,8 95,1

4 3,9 3,9 99,0

1 1,0 1,0 100,0

102 100,0 100,0

Sempre

Quase sempre

Às v ezes

Nunca

Não sei

N/R

Total

Valid

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

99

Se respondeu afirmativamente à questão 34, usou o preservativo na última vez

que teve relações sexuais?

46 45,1 45,1 45,1

44 43,1 43,1 88,2

9 8,8 8,8 97,1

3 2,9 2,9 100,0

102 100,0 100,0

Sim

Não

Não me lembro

N/R

Total

Valid

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

Se respondeu afirmativamente à questão 35, quém sugeriu o uso do preservativo?

28 27,5 60,9 60,9

1 1,0 2,2 63,0

16 15,7 34,8 97,8

1 1,0 2,2 100,0

46 45,1 100,0

56 54,9

102 100,0

Eu próprio

O meu parceiro

Decisão conjunta

Não me lembro

Total

Valid

Sy stemMissing

Total

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

Se respondeu negativamente à questão 35, porque não usou o preservativo na última vez

que teve relações sexuais?

10 9,8 21,7 21,7

1 1,0 2,2 23,9

7 6,9 15,2 39,1

3 2,9 6,5 45,7

3 2,9 6,5 52,2

3 2,9 6,5 58,7

4 3,9 8,7 67,4

14 13,7 30,4 97,8

1 1,0 2,2 100,0

46 45,1 100,0

56 54,9

102 100,0

Não estava disponível

O meu parceiro não

aceitou

Não gosto

Usei outro contraceptivo

Não pensei que f osse

necessário

Não pensei nisso

Não sei

Outra razão

N/R

Total

Valid

Sy stemMissing

Total

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

Práticas de Intervenção (Aconselhamento, Apoio Psico-social, Testagem e Medicação)

Já alguma vez visitou um Gabinete de Aconselhamento e Testagem Voluntária

(GATV)?

46 45,1 45,1 45,1

51 50,0 50,0 95,1

3 2,9 2,9 98,0

2 2,0 2,0 100,0

102 100,0 100,0

Sim

Não

Não me lembro

N/R

Total

Valid

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

Page 114: HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO · Nádia João Estante Universidade Politécnica Maputo, 2009 HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO: Estudo de Caso

HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

100

Se respondeu afirmativamente à questão 38, indique o motivo predominante que o levou a

visitar o GATV

15 14,7 31,9 31,9

5 4,9 10,6 42,6

20 19,6 42,6 85,1

2 2,0 4,3 89,4

2 2,0 4,3 93,6

2 2,0 4,3 97,9

1 1,0 2,1 100,0

47 46,1 100,0

55 53,9

102 100,0

Para obter mais

informações sobre o

HIV/SIDA

Para receber

aconselhamento

Para fazer o teste de HIV

Porque estav a doente

Para acompanhar um

amigo/familiar

Outro motivo

N/R

Total

Valid

Sy stemMissing

Total

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

Já alguma vez fez o teste de HIV?

58 56,9 56,9 56,9

41 40,2 40,2 97,1

3 2,9 2,9 100,0

102 100,0 100,0

Sim

Não

N/R

Total

Valid

Frequency Percent Valid Percent

Cumulativ e

Percent

Se respondeu afirmativamente à questão 40, qual foi o resultado do seu teste?

3 2,9 5,1 5,1

48 47,1 81,4 86,4

6 5,9 10,2 96,6

1 1,0 1,7 98,3

1 1,0 1,7 100,0

59 57,8 100,0

43 42,2

102 100,0

Positivo

Negativ o

Não sei

Não me lembro

N/R

Total

Valid

Sy stemMissing

Total

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

Se assinalou a alínea a) da questão 41, está a tomar a medicação

antiretroviral?

1 1,0 33,3 33,3

2 2,0 66,7 100,0

3 2,9 100,0

99 97,1

102 100,0

Sim

Não

Total

Valid

Sy stemMissing

Total

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

Se assinalou a alínea a) da questão 41, está a receber algum tipo de apoio

psicossocial?

2 2,0 66,7 66,7

1 1,0 33,3 100,0

3 2,9 100,0

99 97,1

102 100,0

Sim

Não

Total

Valid

Sy stemMissing

Total

Frequency Percent Valid Percent

Cumulat iv e

Percent

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

101

Estigma e Discriminação

Sexo

17 0 6 23

16,7% ,0% 5,9% 22,5%

62 9 8 79

60,8% 8,8% 7,8% 77,5%

79 9 14 102

77,5% 8,8% 13,7% 100,0%

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Feminino

Masculino

Sexo

Total

Sim Não Não sei

Estaria disponível em partilhar uma

ref eição com uma pessoa que v ocê

sabe ser seropositiva?

Total

18 0 5 23

17,6% ,0% 4,9% 22,5%

68 2 9 79

66,7% 2,0% 8,8% 77,5%

86 2 14 102

84,3% 2,0% 13,7% 100,0%

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Feminino

Masculino

Sexo

Total

Sim Não Não sei

Se um parente seu f icasse doente

dev ido ao v í rus HIV, estaria

disponível em acolhê-lo em sua

casa para cuidar dele?

Total

Sexo * Se um trabalhador vivesse com o HIV e manifestasse sintomas da doença,

deveria ser-lhe permitido continuar a trabalhar? Crosstabulation

18 1 4 23

17,6% 1,0% 3,9% 22,5%

63 7 9 79

61,8% 6,9% 8,8% 77,5%

81 8 13 102

79,4% 7,8% 12,7% 100,0%

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Feminino

Masculino

Sexo

Total

Sim Não Não sei

Se um trabalhador v ivesse com o

HIV e manif estasse sintomas da

doença, deveria ser-lhe permitido

continuar a trabalhar?

Total

Cargo que Ocupa

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

102

7 3 0 10

6,9% 2,9% ,0% 9,8%

18 1 2 21

17,6% 1,0% 2,0% 20,6%

53 5 12 70

52,0% 4,9% 11,8% 68,6%

1 0 0 1

1,0% ,0% ,0% 1,0%

79 9 14 102

77,5% 8,8% 13,7% 100,0%

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Corpo Directiv o

Quadro Técnico

Administrativo

Quadro Operacional

N/R

Cargo que

ocupa no

Hotel

Total

Sim Não Não sei

Estaria disponív el em partilhar uma

ref eição com uma pessoa que você

sabe ser seropositiva?

Total

9 1 0 10

8,8% 1,0% ,0% 9,8%

17 1 3 21

16,7% 1,0% 2,9% 20,6%

59 0 11 70

57,8% ,0% 10,8% 68,6%

1 0 0 1

1,0% ,0% ,0% 1,0%

86 2 14 102

84,3% 2,0% 13,7% 100,0%

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Corpo Directiv o

Quadro Técnico

Administrativo

Quadro Operacional

N/R

Cargo que

ocupa no

Hotel

Total

Sim Não Não sei

Se um parente seu f icasse doente

dev ido ao v írus HIV, estaria

disponível em acolhê-lo em sua

casa para cuidar dele?

Total

8 2 0 10

7,8% 2,0% ,0% 9,8%

18 2 1 21

17,6% 2,0% 1,0% 20,6%

54 4 12 70

52,9% 3,9% 11,8% 68,6%

1 0 0 1

1,0% ,0% ,0% 1,0%

81 8 13 102

79,4% 7,8% 12,7% 100,0%

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Corpo Directiv o

Quadro Técnico

Administrativo

Quadro Operacional

N/R

Cargo que

ocupa no

Hotel

Total

Sim Não Não sei

Se um trabalhador v ivesse com o

HIV e manif estasse sintomas da

doença, deveria ser-lhe permit ido

continuar a trabalhar?

Total

Comportamento Sexual de Risco

Sexo

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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

103

13 3 6 1 0 0 23

12,7% 2,9% 5,9% 1,0% ,0% ,0% 22,5%

29 6 36 0 6 2 79

28,4% 5,9% 35,3% ,0% 5,9% 2,0% 77,5%

42 9 42 1 6 2 102

41,2% 8,8% 41,2% 1,0% 5,9% 2,0% 100,0%

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Feminino

Masculino

Sexo

Total

Parceiro

regular

Parceiro

ocasional

Parceiro

regular e

ocasional

Parceiro

regular e

comercial

Parceiro

regular,

ocasional e

comercial N/R

Se respondeu af rimativamente à questão 30, tev e relações sexuais com:

Total

6 5 8 4 0 0 23

5,9% 4,9% 7,8% 3,9% ,0% ,0% 22,5%

29 19 22 4 4 1 79

28,4% 18,6% 21,6% 3,9% 3,9% 1,0% 77,5%

35 24 30 8 4 1 102

34,3% 23,5% 29,4% 7,8% 3,9% 1,0% 100,0%

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Feminino

Masculino

Sexo

Total

Sempre

Quase

sempre Às v ezes Nunca Não sei N/R

Com que f requência usa o perserv ativo?

Total

4 0 6 0 10

8,7% ,0% 13,0% ,0% 21,7%

24 1 10 1 36

52,2% 2,2% 21,7% 2,2% 78,3%

28 1 16 1 46

60,9% 2,2% 34,8% 2,2% 100,0%

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Feminino

Masculino

Sexo

Total

Eu próprio

O meu

parceiro

Decisão

conjunta

Não me

lembro

Se respondeu af irmativamente à questão 35,

quém sugeriu o uso do preservativ o?

Total

Idade

0 1 2 0 0 0 3

,0% 1,0% 2,0% ,0% ,0% ,0% 2,9%

11 6 14 0 3 1 35

10,8% 5,9% 13,7% ,0% 2,9% 1,0% 34,3%

19 2 19 1 2 0 43

18,6% 2,0% 18,6% 1,0% 2,0% ,0% 42,2%

10 0 6 0 1 1 18

9,8% ,0% 5,9% ,0% 1,0% 1,0% 17,6%

1 0 0 0 0 0 1

1,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 1,0%

1 0 1 0 0 0 2

1,0% ,0% 1,0% ,0% ,0% ,0% 2,0%

42 9 42 1 6 2 102

41,2% 8,8% 41,2% 1,0% 5,9% 2,0% 100,0%

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Até 20 anos

De 21 a 30 anos

De 31 a 40 anos

De 41 a 50 anos

Mais de 60 anos

N/R

Idade

Total

Parceiro

regular

Parceiro

ocasional

Parceiro

regular e

ocasional

Parceiro

regular e

comercial

Parceiro

regular,

ocasional e

comercial N/R

Se respondeu af rimativamente à questão 30, teve relações sexuais com:

Total

Page 118: HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO · Nádia João Estante Universidade Politécnica Maputo, 2009 HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO: Estudo de Caso

HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

104

2 1 0 0 0 0 3

2,0% 1,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 2,9%

10 7 13 4 1 0 35

9,8% 6,9% 12,7% 3,9% 1,0% ,0% 34,3%

16 12 10 3 2 0 43

15,7% 11,8% 9,8% 2,9% 2,0% ,0% 42,2%

6 3 6 1 1 1 18

5,9% 2,9% 5,9% 1,0% 1,0% 1,0% 17,6%

1 0 0 0 0 0 1

1,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 1,0%

0 1 1 0 0 0 2

,0% 1,0% 1,0% ,0% ,0% ,0% 2,0%

35 24 30 8 4 1 102

34,3% 23,5% 29,4% 7,8% 3,9% 1,0% 100,0%

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Até 20 anos

De 21 a 30 anos

De 31 a 40 anos

De 41 a 50 anos

Mais de 60 anos

N/R

Idade

Total

Sempre

Quase

sempre Às v ezes Nunca Não sei N/R

Com que f requência usa o perservat iv o?

Total

Estado Civil

16 1 10 1 4 1 33

15,7% 1,0% 9,8% 1,0% 3,9% 1,0% 32,4%

21 8 30 0 2 1 62

20,6% 7,8% 29,4% ,0% 2,0% 1,0% 60,8%

2 0 1 0 0 0 3

2,0% ,0% 1,0% ,0% ,0% ,0% 2,9%

3 0 1 0 0 0 4

2,9% ,0% 1,0% ,0% ,0% ,0% 3,9%

42 9 42 1 6 2 102

41,2% 8,8% 41,2% 1,0% 5,9% 2,0% 100,0%

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Casado

Solteiro

Divorciado

Outro

Estado

Civ il

Total

Parceiro

regular

Parceiro

ocasional

Parceiro

regular e

ocasional

Parceiro

regular e

comercial

Parceiro

regular,

ocasional e

comercial N/R

Se respondeu af rimativamente à questão 30, teve relações sexuais com:

Total

9 6 9 6 2 1 33

8,8% 5,9% 8,8% 5,9% 2,0% 1,0% 32,4%

24 16 19 1 2 0 62

23,5% 15,7% 18,6% 1,0% 2,0% ,0% 60,8%

1 0 1 1 0 0 3

1,0% ,0% 1,0% 1,0% ,0% ,0% 2,9%

1 2 1 0 0 0 4

1,0% 2,0% 1,0% ,0% ,0% ,0% 3,9%

35 24 30 8 4 1 102

34,3% 23,5% 29,4% 7,8% 3,9% 1,0% 100,0%

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Casado

Solteiro

Divorciado

Outro

Estado

Civ il

Total

Sempre

Quase

sempre Às v ezes Nunca Não sei N/R

Com que f requência usa o perservativo?

Total

Page 119: HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO · Nádia João Estante Universidade Politécnica Maputo, 2009 HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO: Estudo de Caso

HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

105

2 0 1 0 3

4,3% ,0% 2,2% ,0% 6,5%

7 0 6 1 14

15,2% ,0% 13,0% 2,2% 30,4%

14 0 6 0 20

30,4% ,0% 13,0% ,0% 43,5%

3 1 3 0 7

6,5% 2,2% 6,5% ,0% 15,2%

1 0 0 0 1

2,2% ,0% ,0% ,0% 2,2%

1 0 0 0 1

2,2% ,0% ,0% ,0% 2,2%

28 1 16 1 46

60,9% 2,2% 34,8% 2,2% 100,0%

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Até 20 anos

De 21 a 30 anos

De 31 a 40 anos

De 41 a 50 anos

Mais de 60 anos

N/R

Idade

Total

Eu próprio

O meu

parceiro

Decisão

conjunta

Não me

lembro

Se respondeu af irmativamente à questão 35,

quém sugeriu o uso do preservat iv o?

Total

Nível Académico

3 0 5 0 2 0 10

2,9% ,0% 4,9% ,0% 2,0% ,0% 9,8%

31 9 35 1 3 1 80

30,4% 8,8% 34,3% 1,0% 2,9% 1,0% 78,4%

4 0 0 0 0 1 5

3,9% ,0% ,0% ,0% ,0% 1,0% 4,9%

3 0 0 0 1 0 4

2,9% ,0% ,0% ,0% 1,0% ,0% 3,9%

0 0 1 0 0 0 1

,0% ,0% 1,0% ,0% ,0% ,0% 1,0%

1 0 1 0 0 0 2

1,0% ,0% 1,0% ,0% ,0% ,0% 2,0%

42 9 42 1 6 2 102

41,2% 8,8% 41,2% 1,0% 5,9% 2,0% 100,0%

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Primário

Secundária/Nível Médio

Bacharelato

Licenciatura

Doutoramento

N/R

Formação

Total

Parceiro

regular

Parceiro

ocasional

Parceiro

regular e

ocasional

Parceiro

regular e

comercial

Parceiro

regular,

ocasional e

comercial N/R

Se respondeu af rimativamente à questão 30, teve relações sexuais com:

Total

6 2 2 0 0 0 10

5,9% 2,0% 2,0% ,0% ,0% ,0% 9,8%

28 18 24 7 3 0 80

27,5% 17,6% 23,5% 6,9% 2,9% ,0% 78,4%

1 1 2 0 1 0 5

1,0% 1,0% 2,0% ,0% 1,0% ,0% 4,9%

0 1 1 1 0 1 4

,0% 1,0% 1,0% 1,0% ,0% 1,0% 3,9%

0 1 0 0 0 0 1

,0% 1,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 1,0%

0 1 1 0 0 0 2

,0% 1,0% 1,0% ,0% ,0% ,0% 2,0%

35 24 30 8 4 1 102

34,3% 23,5% 29,4% 7,8% 3,9% 1,0% 100,0%

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Primário

Secundária/Nível Médio

Bacharelato

Licenciatura

Doutoramento

N/R

Formação

Total

Sempre

Quase

sempre Às v ezes Nunca Não sei N/R

Com que f requência usa o perserv ativo?

Total

Page 120: HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO · Nádia João Estante Universidade Politécnica Maputo, 2009 HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO: Estudo de Caso

HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

106

4 0 2 0 6

8,7% ,0% 4,3% ,0% 13,0%

22 0 14 1 37

47,8% ,0% 30,4% 2,2% 80,4%

1 0 0 0 1

2,2% ,0% ,0% ,0% 2,2%

0 1 0 0 1

,0% 2,2% ,0% ,0% 2,2%

1 0 0 0 1

2,2% ,0% ,0% ,0% 2,2%

28 1 16 1 46

60,9% 2,2% 34,8% 2,2% 100,0%

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Primário

Secundária/Nível Médio

Bacharelato

Licenciatura

N/R

Formação

Total

Eu próprio

O meu

parceiro

Decisão

conjunta

Não me

lembro

Se respondeu af irmativamente à questão 35,

quém sugeriu o uso do preservat iv o?

Total

Estado Civil

16 1 10 1 4 1 33

15,7% 1,0% 9,8% 1,0% 3,9% 1,0% 32,4%

21 8 30 0 2 1 62

20,6% 7,8% 29,4% ,0% 2,0% 1,0% 60,8%

2 0 1 0 0 0 3

2,0% ,0% 1,0% ,0% ,0% ,0% 2,9%

3 0 1 0 0 0 4

2,9% ,0% 1,0% ,0% ,0% ,0% 3,9%

42 9 42 1 6 2 102

41,2% 8,8% 41,2% 1,0% 5,9% 2,0% 100,0%

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Casado

Solteiro

Divorciado

Outro

Estado

Civ il

Total

Parceiro

regular

Parceiro

ocasional

Parceiro

regular e

ocasional

Parceiro

regular e

comercial

Parceiro

regular,

ocasional e

comercial N/R

Se respondeu af rimativamente à questão 30, teve relações sexuais com:

Total

9 6 9 6 2 1 33

8,8% 5,9% 8,8% 5,9% 2,0% 1,0% 32,4%

24 16 19 1 2 0 62

23,5% 15,7% 18,6% 1,0% 2,0% ,0% 60,8%

1 0 1 1 0 0 3

1,0% ,0% 1,0% 1,0% ,0% ,0% 2,9%

1 2 1 0 0 0 4

1,0% 2,0% 1,0% ,0% ,0% ,0% 3,9%

35 24 30 8 4 1 102

34,3% 23,5% 29,4% 7,8% 3,9% 1,0% 100,0%

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Casado

Solteiro

Divorciado

Outro

Estado

Civ il

Total

Sempre

Quase

sempre Às v ezes Nunca Não sei N/R

Com que f requência usa o perservativo?

Total

Page 121: HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO · Nádia João Estante Universidade Politécnica Maputo, 2009 HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO: Estudo de Caso

HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009

107

7 1 3 0 11

15,2% 2,2% 6,5% ,0% 23,9%

20 0 12 1 33

43,5% ,0% 26,1% 2,2% 71,7%

1 0 1 0 2

2,2% ,0% 2,2% ,0% 4,3%

28 1 16 1 46

60,9% 2,2% 34,8% 2,2% 100,0%

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Count

% of Total

Casado

Solteiro

Outro

Estado

Civ il

Total

Eu próprio

O meu

parceiro

Decisão

conjunta

Não me

lembro

Se respondeu af irmativamente à questão 35,

quém sugeriu o uso do preservativo?

Total


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