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Page 1: JEAN-JAQUES ROUSSEAU E O CONTRATO SOCIAL

Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP

Instituto de Ciências Sociais Aplicadas

Curso de Serviço Social – 2015/1

Disciplina: Filosofia – 1º Período

Docente: Professor José Luiz Furtado

Discente: Celma M. Marota,

Título da dissertação: JEAN-JAQUES ROUSSEAU E O CONTRATO SOCIAL

Rousseau foi um importante filosofo do séc. XVIII (1712-1778), que pensou na essência

do Estado como sociedade organizada.

A filosofia de Rousseau pode ser assim definida: A sociedade corrompe o homem, uma vez

que este ao nascer tem uma natureza boa. Neste sentido, o homem nasce livre, porem está cercado

de condições que provocam a sua corrupção. O homem se torna escravo do mundo e de tudo que o

rodeia; o homem passa a ter preocupação como mundo das aparências, do status, na busca do

reconhecimento e do orgulho. Mesmo assim, por ser um filósofo especulativo, Rousseau pensava

ser possível constituir uma sociedade ideal, levando sua ideologia voltada para a concepção da

Revolução Francesa. Nesta época se fez o seguinte questionamento: Como se preservar a liberdade

natural do homem e ao mesmo tempo garantir o bem-estar e a segurança da vida em sociedade?

Para o filósofo, este questionamento seria resolvido através de um contrato social, no qual prevaleça

a soberania da sociedade, da política por meio da vontade coletiva.

Rousseau pensa que a busca pelo bem-estar é o que move as ações humanas e, em algumas

ocasiões o interesse comum poderia fazer o indivíduo contar com a assistência de seus semelhantes.

Porém, em alguns outros momentos, a concorrência faria com que todos desconfiassem de todos.

Pois bem, com a instalação do contrato social seria preciso determinar a questão da igualdade entre

todos, e do empenho entre todos. Se por um lado a vontade individual diria respeito à vontade

privada, a vontade do cidadão, daquele que vive em sociedade e tem consciência disso, deveria ser

coletiva, havendo um interesse para bem comum.

O filósofo acreditava ser necessário a instituição da justiça e da paz para submeter

igualitariamente o poderoso e o fraco, que busca a harmonia entre os indivíduos que viviam em

sociedade. Rousseau afirma que a propriedade privada seria a origem das desigualdades entre os

homens, criando assim a exploração entre os homens. A origem da propriedade privada estaria

diretamente ligada à formação da sociedade civil. O homem passa a se preocupar com a aparência.

No convívio em sociedade, ser e parecer passam a ser coisas distintas. Para Rousseau, o caos viria

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através da desigualdade, por meio da piedade natural e da destruição da justiça, tornando os homens

maus, colocando a sociedade em estado de guerra. Na concepção da sociedade civil, toda a piedade

cai por terra, sendo que “desde o momento em que um homem teve necessidade do auxílio do outro,

desde que se percebeu que seria útil a um só indivíduo contar com provisões para dois,

desapareceu a igualdade, a propriedade se introduziu, o trabalho se tornou necessário”

(WEFFORT, 2001, p. 207).

Institui-se aí a importância do Contrato Social, pois depois da perda da liberdade natural, os

homens precisariam receber em troca a liberdade civil. O Contrato Social serve como mecanismo

para este fim. A sociedade exerce um papel ativo e passivo neste contrato, isto é, o povo surge

como administrador no processo de preparação das leis e de cumprimento das mesmas, e isso faz

com que o homem entenda que, cumprir as leis, é um ato de liberdade.

Assim, a partir deste contrato passa a ser tratado de um pacto ajustado na alienação da

vontade particular como condição de igualdade na sociedade. Para tanto, a soberania do povo

passaria a ser condição para a libertação. Então, a soberania seria para o povo e não para a realeza -

este apenas funcionário do povo, fato que coloca Jean-Jaques Rousseau em posição contrária ao

Poder Absolutista vigente na Europa do séc. XVIII. Ele aponta a validade do papel do Estado,

porém começa a indicar os possíveis riscos da sua instituição.

Rousseau ponderava que da mesma forma como um indivíduo pode tentar fazer valer sua

vontade sobre a vontade da coletividade, também pode o Estado subjugar a vontade coletiva. Sendo

assim, se o Estado tinha sua importância, ele não seria soberano por si só, porém suas ações

deveriam ser dadas em nome da soberania da sociedade, o que proporciona uma valorização da

democracia no pensamento de Rousseau.