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(ANEELAGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA EcÉrIcA
Ofício n° 0091/2017-SRD/ANEEL
Brasília, 21 de março de 2017.
Ao SenhorPedro Henrique Fantini VieiraGerenteCemig Distribuição S.A.Belo Horizonte — MG
Assunto: Dúvidas sobre o Sistema de Compensação de Energia Elétrica.
Senhor Gerente,
1. Fazemos referência à Carta IR/CR-0307A/20161, recebida em 31/10/2016, por meio da quala Cemig apresenta dúvidas sobre o Sistema de Compensação de Energia Elétrica, as quais serãorespondidas na mesma sequência em que foram apresentadas.
2. Com respeito à geração compartilhada, a Procuradoa Federal junto à ANEEL emitiu oParecer n° 00433/2016/PFANEEL/PGF/AGU2, de 30/08/201 6, anexo, esclarecendo que:
• Para os fins de geração compartilhada prevista na Resolução Normativa ANEEL n°482/2012, a constituição: ai) de consórcio deve seguir o disposto na Lei n° 6,404/76 etambém observar o disposto na Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil n°1.634/2016, para fins de inscrição no CNPJ; a.2) de cooperativa deve observar as regrasgerais previstas no Código Civil (arts. 1.093 a 1.096), assim como o disposto na Lei n°5.764/6 1
• O instrumento jurídico adequado para comprovar a solidariedade existente entre oscomponentes do consórcio, da cooperativa ou condomínio é seu ato constitutivo, seja patafins jurídicos, seja para os fins previstos no § 6°, do art. 4°, da REN ANEEL n° 482/2012;
• Não há uma espécie de cooperativa ou de consórcio predefinido na ResoluçãoNormativa ANEEL n° 482/2012 para fins de geração compartilhada, devendo ser adotada aforma que permita a utilização dos créditos de energia gerados entre os integrantes doconsórcio ou da cooperativa conforme indicado à distribuidora.
1 Documento SIC n°48513.029642/2016-002 Documento SIC n°48554.001986/2016-71
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Recebimento: 27/03/2017 Prazo: - Órgãos Responsáveis: GR Órgãos Envolvidos: DRC - GR/PC - JE/TC - PE - RC - RC/PA - GR/FA - PE/PS - RC/CR
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Protocolo: A-10172/2017 Analista: Raphael Bernardes Processo IR: 1927 Condor: 1/25
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E$ ANEELAEclA NACiONAL DE ENERGIA EcrIcA
FI. 2 do Ofício n° 0091-SRD/ANEEL, de 21/03/2017.
3. Adicionalmente, tendo em vista os questionamentos recebidos pela SRD sobre apossibilidade de enquadramento de Condomínios Voluntários e Associações de qualquer natureza comogeração compartilhada no âmbito da REN n° 482/2012, além dos questionamentos da referida Carta daCemig, a SRD realizou consulta à Procuradoria Federal junto à ANEEL por meio do Memorando n°0473/2016-SRD/ANEEL, a qual emitiu a Nota n° 00025/2016/PFANEEL/PGF/AGU, anexa, com os seguintesesclarecimentos:
• Inexistência de óbice jurídico à adesão ao sistema de compensação de energiaelétrica por condomínios voluntários regulados pelos arts. 1.314 a 1.326 do Código Civil,aplicando-se o art. 2°, inciso VI, dc art. 6°, inciso II, da REN n° 482/2012;
• Necessidade de eventual alteração REN n° 482/2012 para previsão dapossibilidade de geração compartilhada por outras formas de associações, diversas deconsórcios, cooperativas e condomínios, tendo em vista o rol taxativo previsto no atoregulatório; e
• Incompetência da Procuradoria para dirimir dúvidas genéricas encaminhadas poragentes do setor elétrico, não relacionadas a casos concretos, e sem prévia manifestaçãoda área técnica com indicação de quais pontos precisam ser esclarecidos, aplicando-se odisposto nos arts. 8° e lida Portaria PGF n°526/2013.
4, O primeiro bloco de questões se refere à constituição de consórcio e cooperativas parageração compartilhada. Para o item a), o Parecer n° 00433/2016/PFANEEL/PGF/AGU esclarece alegislação a ser seguida pata a formação de cooperativas e consórcios. Compete à distribuidora analisar oato constitutivo da cooperativa ou do consórcio apresentado pelo consumidor, junto à solicitação de acesso,para fins de comprovação da adequação do documento à legislação específica.
5. Pata os itens b), c) e d), esclarecemos que o inciso VIII do art. 7° da REN n° 482/2012determina que o percentual de energia excedente que será destinado a cada unidade participante do sistemade compensação deve ser definida pelo titular da unidade consumidora onde se encontra instalada amicrogeração ou minigeração distribuída, o qual é livre para adotar qualquer critério de divisão da energiaexcedente.
6. O compromisso de solidariedade só deve ser novamente apresentado à distribuidora (apósa conexão da central geradota) no caso de inclusão ou exclusão de integrantes de consórcio, cooperativaou condomínios, podendo ser apenas o ato que aprovou a alteração da constituição original. Para o casode alteração dos percentuais de energia excedente alocados entre os integrantes, compete ao titular daunidade com geração realizar a solicitação junto à distribuidora.
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£ANEELAGENCIA NACIONAL DE ENËNGIA ELEÍCA
FI. 3 do Ofício n° 0091-SRD/ANEEL, de 21/03/2017.
7. Pata os itens e), f), g) e h), esclarecemos que conforme consta da Nota n°00025/201 6/PFANEEL/PGF/AGU, somente podem ser caracterizada com geração compartilhada a reuniãode consumidores em cooperativa ou consórcio, nos termos da legislação específica citada no Parecer n°00433/2016/PFANEEL/PGF/AGU, não podendo ser aceitos outros arranjos jurídicos nessa modalidade.
8. Dessa forma, os documentos apresentados no anexo da Carta IR/CR-0307A/2016 nãodevem ser aceitos pela distribuidora para fins de enquadramento na modalidade de geração compartilhada.
9. Com relação ao item 2, que trata da propriedade da unidade geradora, esclarecemos que olocal onde se encontra a microgeração ou minigeração deve ser de titularidade do consórcio ou dacooperativa no caso de geração compartilhada.
10. O item 3 aborda o aluguel de equipamentos de geração de energia e cita o art 6-A da RENn° 482/2012, o qual veda explicitamente o aluguel ou arrendamento de terrenos, lotes e propriedades emcondições nas quais o valor cobrado seja em reais por unidade de energia elétrica. No entanto, não hámenção à locação de equipamentos, que é a dúvida da Cemig.
11. Dessa forma, devem-se buscar outros documentos que tratem sobre o tema, tais como oVoto do Diretor-Relator da revisão da REN n° 482/2012, para preencher a referida lacuna. Assim,transcrevem-se a seguir os itens 17 e 18 do referido Voto.
‘17. Nesse ponto, a Procuradoria por meio do Parecer n° 542/2015/PFANEEUPGF/AGU,concluí pela impossibilidade normativa de os consumidores cativos optarem pelacontratação direta de energia elétrica, como se consumidores livres fossem, inclusivemediante contrato de aluguel ou arrendamento de terrenos e equipamentos comcontraprestação pecuniária expressa em unidades monetárias por unidades de energia.
18. Por outro lado, como visto acima, não há a mesma restrição normativa para que osconsumidores cativos exerçam a atividade de autoprodução de energia elétrica (ou deautoconsumo, conforme a nomenclatura da Resolução Normativa n° 482, de 2012, quebusca enfatizar a característica de consumidor de quem optou por instalar a micro eminigeração distribuída), podendo os mesmos exercerem a posse do terreno e dosequipamentos de geração por meio de contratos de aluguel e de arrendamento cujacontrapartida não seja, fundamentalmente, o pagamento pela energia produzida. Em outraspalavras, os contratos de equipamentos podem possuir cláusulas definindo o pagamentode parcelas variáveis associadas ao rendimento e à performance técnica dos equipamentos,mas o valor da parcela principal deve ser fixo de modo a não caracterizar a comercializaçãode energia elétrica. (grifo nosso)
12. Conforme consta do referido Voto, a Procuradoria Federal junto à ANEEL concluiu, de formamais abrangente, que não é possível o pagamento do aluguel ou arrendamento de terrenos e equipamentosem valor expresso em reais por unidade de energia. Contudo, o Diretor-Relator entende que no caso deequipamentos, pode haver o pagamento de parte do aluguel ou arrendamento associado ao desempenhopreviamente acordado entre as partes.
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E$ ANEELAENc!A NACÍL’NAL DE ENEF?IJIA ELLIhc
FI. 4 do Ofício n° 0091-SRD/ANEEL, de 21/03/2017.
13. Portanto, a Cemig não pode exigir que o consumidor apresente qualquer documentodiferente do que está estabelecido na Seção 3.7 do Módulo 3 do PRODIST, tais como comprovantes decompra de módulos e inversores ou cópia de contratos com as empresas integradoras, pois o art, 6 — A daREN n° 482/2012 não concedeu tal faculdade à distribuidora.14. Contudo, nos casos em que forem identificados contratos de aluguel ou arrendamento doimóvel, terreno ou lote com cláusulas que associem o valor do pagamento à produção de energia elétrica,assim como de empresas que publicamente anunciem o aluguel de equipamentos nessas mesmascondições, a Cemig deve denunciar essas empresas para que a ANEEL possa abrir processos defiscalização.
15. Com relação ao item 4, que aborda a solidariedade dos consumidores reunidos emconsórcio ou cooperativa com geração compartilhada e empreendimentos com múltiplas unidadesconsumidoras, para responder aos itens a), b), c) e d), transcrevemos a seguir partes do Parecer n°00433/2016/PFANEEL/PGF/AGU com os esclarecimentos da Procuradoria Federal junto à ANEEL.
“33. A SRD informou, por meio do Memorando n. 315/2016SRD/ANEEL, que a finalidadedo instrumento jurídico destinado a comprovar a solidariedade entre os integrantes dosempreendimentos com múltiplas unidades consumidoras e de geração compartilhada écomprovar que todas as unidades consumidoras que receberão os créditos de energiaelétrica gerada pela microgeração ou minigeração distribuída são particípantes dacooperativa, consórcio ou condomínio titular da unidade onde a geração se localiza.
“35. A questão que deve ser elucidada diz respeito à finalidade da citada solidariedade. Deacordo com a informação prestada pela área técnica, a expressão tal como se encontra no. 6°, do ad. 4° da REN ANEEL, não se refere ao conceito /urídico de solidariedade, mas tãosomente à necessidade de comprovação da participação de cada integrante no consórcio,cooperativa ou condomínio, bastando a apresentação do ato constitutivo destes para guese/a possível apreciar a participação de cada um. A relevância da comprovação daparticipação de cada integrante é fundamental para que a distribuidora saiba em quequantidade e a quem deve repassar a energia objeto de empréstimo gratuito[9].
36. Por outro lado, ainda que se trate da necessidade de aferir a responsabilidade de cadaum dos partícipes do consórcio, cooperativa ou condomínio, guanto às obrigações por estesassumidas, também deve ser consultado o ato constitutivo dos mesmos ou a lei respectivapara verificar se cada consorciado, cooperado ou condomínio responde pela totalidade dasobrigações ou não. (grifos nossos)
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FI. 5 do Oficio n° 0091-SRD/ANEEL, de 21/03/2017.
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16, Dessa forma, a REN n° 482/2012 não define os limites de responsabilidade de cadaconsorciado ou cooperado perante o consórcio ou a cooperativa. Em particular, a Norma não permite que adistribuidora efetue a cobrança de eventuais débitos pendentes/inadimplidos por uma unidade consumidoraintegrante de consórcio, cooperativa ou condomínio ou efetue a suspensão do fornecimento de energia dosdemais integrantes.
Atenciosamente,
CARLOS ALBERTO CALIXTO MATTARSuperintendente de Regulação dos Serviços de Distribuição
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ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃOPROCURADORIA-GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL JUNTO À AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICACOORDENADORIA DE OUTORGAS E TARIFAS
PARECER n. 00433/2016/PFANEEL/PGF/AGU
NUP: 48554.001986/2016-71
INTERESSADOS: Superintendência de Regulação dos Serviços de Distribuição - SRD
ASSUNTOS: Esclarecimentos sobre a formação de consórcio e cooperativa no âmbito da REN n° 482/2012.
EMENTA: Resolução Normativa ANEEL n. 482/2012. Geração compartilhada.
Necessidade de constituição de consórcio ou cooperativa. Art. 2°, VII. Observância
legislação aplicável. Inexistência de previsão normativa quanto ao tipo de consórcio ou
cooperativa. Possibilidade de distribuição entre os integrantes do consórcio ou
cooperativa dos créditos de energia gerados. Solidariedade prevista no art. 4°, § 6°.Comprovação por meio do ato constitutivo.
1. O Memorando n° 3l5/2016-SRD/ANEEL[1], solicita manifestação desta Procuradoria Federalacerca da caracterização dos consórcios e cooperativas para fins de geração compartilhada, nos termos daResolução Normativa ANEEL n. 482/2012, com as alterações promovidas pela Resolução Normativa ANEEL n.687/2015.
1-DOS FATOS
2. A SRD por meio do Memorando n. 3l5/2016-SRD/ANEEL, solicitou à Procuradoria Federaljunto a ANEEL o esclarecimento pertinente à constituição de consórcios e cooperativas prevista no art. 2°,inciso VII da Resolução Notmativa ANEEL n. 482/2012.
3. Transcrevo o teor do mencionado Memorando para elucidar o questionamento:
1 . A Resolução Normativa — REN n° 687/2015 revisou a Resolução Normativa - REN n°
482/2012. cujas alterações entraram em vigor em março deste ano. Dentre as inovações
no regulamento. destaca-se a introdução de novas modalidades de geração distribuída, a
saber: geração compartilhada e por empreendimentos de múltiplas unidades
consumidoras.
2. Conforme estabelecido no art. 2°, inciso VII da REN n° 4822012, a geração
compartilhada é “caracterizada pela reunião de consumidores, dentro da mesma área de
concessão ou permissão, por meio de consórcio ou cooperativa, composta por pessoa
fisica ou jurídica, que possua unidade consumidora com microgeração ou minigeração
distribuída em local diferente das unidades consumidoras nas quais a energia excedente
será compensada” (grifo nosso).
3. Dessa forma, a Resolução permite que unidades consumidoras dentro de uma mesma
área de concessão ou permissão se reúnam em consórcio ou cooperativa, instalem micro
ou minigeração em uma unidade consumidora diferente do local de consumo e dividam,
entre os consorciados ou cooperados, os créditos de energia elétrica gerados.
4. Para tanto, a central geradora deve ser classificada como unidade consumidora sob a
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titularidade da cooperativa ou consórcio, com o devido CNPJ, para permitir que os
créditos sejam alocados entre os seus integrantes, previarnente informados, nos termos do
au. 7°.
5. Desde a publicação da REN n°687/2015, a SRD recebe questionamentos em eventos
do setor elétrico (congressos, serninários, workshops, etc), consultas por e-mau, telefonee cartas sobre a naturezajurídica dos consórcios e cooperativas.
6. Em resposta, a SRD informa que a Agência não estabelece a legislação que deve ser
cumprida, cabendo ao consumidor a responsabilidade por identificar e seguir os
procedimentos necessários para a formação de cooperativa e consórcio. No entanto, o
nível de complexidade dos últimos questionamentos não nos permite mais enviar tal
resposta, sendo necessário maior embasamento jurídico sobre o tema.
7. Dentre as dúvidas recebidas, o Oficio n° 010/20161, da lntrepid Investimentos e
Participações Eireli e a Carta LS-1600802-LBRI2, da Lanna Engenharia, levantam
dúvidas sobre a legislação aplicável à formação de consórcio e cooperativa.
8. A SRD respondeu aos questionamentos da Intrepid Investimentos e Participações
Elreli por meio do Oficio n° 0328/2016-SRD/ANEEL, restando pendente a reposta à
carta da empresa Lanna Engenharia.
8. Outro ponto constantemente questionado, diz respeito à natureza do instrumento
jurídico exigido para comprovar o compromisso de solidariedade entre os integrantes de
consórcio, cooperativa ou empreendimentos com múltiplas unidades consumidoras
(condomínios), nos termos do §6° do art. 4°.
9. Sobre esse assunto, a SRD entende que esse instrumento jurídico tem o objetivo de
comprovar que todas as unidades consumidoras que receberão os créditos de energia
elétrica gerada pela microgeração ou minigeração distribuída são participantes da
cooperativa, consórcio ou condomínio titular da unidade onde a geração se localiza.
10. Diante do exposto, solicita-se apreciação do tema pela Procuradoria e emissão de
parecer jurídico sobre os pontos levantados. Em especial, solicita-se o auxílio para
responderás questões apresentadas na Carta LS-l600802-LBRI. da Lanna Engenharia.
4. Esclarecido o objeto da consulta, passa-se a sua análise.
II- DA ANÁLISE
5. A Resolução Normativa ANEEL n. 482/2012 estabelece as condições para o acesso demicrogeração e minigeração distribuídas aos sistemas de distribuição de energia elétrica, além de inaugurar osistema de compensação de energia elétrica.
6. Nos termos da norma referida é permitido o uso de qualquer fonte renovável, além da cogeraçãoqualificada, denominando-se microgeração distribuída a central geradora com potência instalada até 75quilowatts (KW) e minigeração distribuída aquela com potência acima de 75 kW e menor ou igual a 5 MW(sendo 3 MW para a fonte hídrica), conectadas na rede de distribuição por meio de instalações de unidadesconsumidoras.
7. Quando a quantidade de energia gerada em determinado mês for superior à energia consumidanaquele período. o consumidor fica com créditos que podem ser utilizados para diminuir a fatura dos mesesseguintes. De acordo com as novas regras, o prazo de validade dos créditos passou de 36 para 60 meses, sendoque eles podem também ser usados para abater o consumo de unidades consumidoras do mesmo titular situadasem outro local, desde que na área de atendimento de uma mesma distribuidora. Esse tipo de utilização doscréditos foi denominado “autoconsumo remoto”.
8. Outra inovação da norma diz respeito à possibilidade de instalação de geração distribuída emcondomínios (empreendimentos de múltiplas unidades consumidoras). Nessa configuração, a energia geradapode ser repartida entre os condôminos em porcentagens definidas pelos próprios consumidores.
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9. A ANEEL criou ainda a figuta da “geração compartilhada”, possibilitando que diversosinteressados se unam em um consórcio ou em uma cooperativa, instalem iiiicro ou minigeração distribuída eutilizem a energia gerada para redução das faturas dos consorciados ou cooperados.
10. Os questionamentos apresentados à Procuradoria abrangem: i) a legislação aplicável àconstiwição de consórcios e de cooperativas para fins de geração compartilhada que possua unidade deminigeração ou microgeração disttibuída em local diferente das unidades consumidoras nas quais a energiaexcedente será compensada; ii) natureza do instrumento jurídico exigido para comprovar o compromisso desolidariedade entre os integrantes de consórcio. cooperativa ou empreendimentos com múltiplas unidadesconsumidoras (condomínios), nos termos do §6° do art. 4°; iii) qual tipo de consórcio ou cooperativa é exigidopela Resolução Normativa ANEEL n. 482/2012?
II. 1 — Dos Consórcios
11. O consórcio, de acordo com a definição de Fábio Andrade, é a reunião de diferentes empresas
que buscam conjugar esforços para o objetivo comum na execução de certo projeto, empreendimento ouprestação de serviço[2].
12. Acerca dos consórcios, cumpre transcrever a lição de Marlon Tomazette[3J:
As reuniões de sociedades podem ter diversos motivos e, eventualmente, podem se
destinar a um empreendimento específico, como a construção de uma obra, a
participação em um leilão ou a participação em uma licitação. Nesses casos, há a
formação de consórcios isto é, de reuniões de sociedades, para a execução de
determinado empreendimento.
O consórcio é um contrato associativo entre sociedades independentes ou subordinadas
que não é dotado de personalidade jurídica, embora haja o arquivamento do contrato.
Diferencia-se dos grupos de sociedades, primordialmente, pela permanência inerente aos
grupos que é alheia à caracterização dos consórcios, que se destinam a empreendimentos
determinados.
O consórcio não é dotado de personalidade jurídica, de modo que cada integrante é
dotada de personalidade jurídica própria, e, por conseguinte, de direitos e obrigações
próprios. Quaisquer obrigações comuns atinentes à execução do empreendimento devem
ser disciplinadas pelo contrato de consórcio. Excepcionalmente, o artigo 2$, § 3°, da Lei
n 8.078/90 estabeleceu que, pelos danos causados ao consumidor, as integrantes do
consórcio têm responsabilidade solidária. De modo similar, a lei de licitações estabelece
que as sociedades consorciadas serão solidariamente responsáveis pelos atos praticados
em consórcio, tanto na fase de licitação quanto na de execução do contrato (Lei 8.666/93
—art. 33,V)
13. Consórcio, portanto, apenas traduz o compromisso de duas ou mais sociedades de conjugaresforços e recursos patrimoniais para a consecução de um objeto certo e definido. Não importa, com efeito, o
surgimento de uma nova pessoa jurídica, tampouco derroga a autonomia distinta de cada uma das pessoas
jurídicas consorciadas.
14. Com efeito, uma vez que o consórcio de empresas não possui personalidade jurídica própria, não
pode ele ser sujeito de direitos e obrigações, de modo que todas as pessoas jurídicas que o compõem figuram
como parte no ato do Poder Público que as possibilita, por exemplo, explorar um empreendimento de geração eenergia elétrica (ato de competência da União, nos termos do art. 21, XII, “b”, da Constituição). E dizer: como oconsórcio não tem personalidade própria, quem por ele responde são os consorciados, estes sim, sujeitos dedireitos e obrigação.
15. A Lei n. 6.404/76, que trata das Sociedades por Ações, disciplina os aspectos societários dosconsórcios no arts. 27$ e 279:
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Art. 278. As companhias e quaisquer outras sociedades, sob o mesmo controle ou não,
podem constituir consórcio para executar determinado empreendimento, observado o
disposto neste Capítulo.
§ 10 O consórcio não tem personalidade jurídica e as consorciadas somente se obrigamnas condições previstas no respectivo contrato, respondendo cada uma por suas
obrigações, sem presunção de solidariedade.
§ 2° A falência de urna consorciada não se estende às demais, subsistindo o consórcio
com as outras contratantes; os créditos que porventura tiver a falida serão apurados e
pagos na forma prevista no contrato de consórcio.
Art. 279. O consórcio será constituído mediante contrato aprovado pelo órgão da
sociedade competente para autorizar a alienação de bens do ativo não circulante, do qual
constarão: (Redação dada pela Lei n° ii .94 1, de 2009)
- a designação do consórcio se houver;
II - o empreendimento que constitua o objeto do consórcio;
til - a duração, endereço e foro;
IV - a definição das obrigações e responsabilidade de cada sociedade consorciada, e das
prestações específicas;
V - normas sobre recebimento de receitas e partilha de resultados;
VI - normas sobre administração do consórcio, contabilização, representação das
sociedades consorciadas e taxa de administração, se houver;
VII - forma de deliberação sobre assuntos de interesse comum, com o número de votos
que cabe a cada consorciado;
VIII - contribuição de cada consorciado para as despesas comuns, se houver.
Parágrafo único. O contrato de consórcio e suas alterações serão arquivados no registro
do comércio do lugar da sua sede, devendo a certidão do arquivamento ser publicada.
16. De outra banda, as obrigações e responsabilidades de cada integrante do consórcio podem sercontratuatrnente disciplinadas por seus integrantes. Todavia, no caso de consórcios que atuem na áreaconsumerista e de contratações com o poder público, alguns diplomas optaram por impor a responsabilidadesolidária dos membros do consórcio, derrogando assim, em parte, a possibilidade de seus integrantes disporemsobre a responsabilidade dos atos do consórcio. Nesse sentido, dispõem as leis 8.078/1990 e 8.666/93:
Lei n° 8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor:
Art. 2$. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em
detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder infração da lei,
fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração
também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ouinatividade da pessoajurídica provocados por má administração.
§ 1°(Vetado).
§ 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, sãosubsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.
§ 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações
decorrentes deste código.
(...)
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Lei n ° 8.666/1993 (Lei de Licitações:
Art. 33. Quando permitida na licitação a participação de empresas em consórcio,
observar-se-ão as seguintes normas:
1 - comprovação do compromisso público ou particular de constitilição de consórcio,
subscrito pelos consorciados;
11 - indicação da empresa responsável pelo consórcio que deverá atender às condições deliderança, obrigatoriamente fixadas no edital;
111 - apresentação dos documentos exigidos nos arts. 28 a 31 desta Lei por parte de cada
consorciado, admitindo-se, para efeito de qualificação técnica, o somatório dos
quantitativos de cada consorciado, e, para efeito de qualificação econômico-financeira, osomatório dos valores de cada consorciado, na proporção de sua respectiva participação,podendo a Administração estabelecer, para o consórcio, um acréscimo de até 30% (trintapor cento) dos valores exigidos para licitante individual, inexigível este acréscimo para
os consórcios compostos, em sua totalidade, por micro e pequenas empresas assim
definidas em lei;
IV - impedimento de participação de empresa consorciada, na mesma licitação, através
de mais de um consórcio ou isoladamente;
V - responsabilidade solidária dos integrantes pelos atos praticados em consórcio, tanto
na fase de licitação quanto na de execução do contrato.
17. Destarte, quando um empreendimento de geração é atribuído a um consórcio, seus integrantes
passam a por ele responder diretamente. Não só isso, tratando-se de consórcio constituído com o fito de assinar
contrato administrativo com o Poder Público, a responsabilidade dos atos do consórcio referente a tal contratopassa a ser atribuída aos consorciados de maneira solidária, ou seja, todos os consorciados respondem pelaintegralidade das obrigações decorrentes do contrato.
1$. A Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil n° 1.634/2016, em seu art. 4°, estabeleceu
que os consórcios também estão obrigados a se inscrever no CNPJ:
Art. 4° São também obrigados a se inscrever no CNPJ:
111 - grupos e consórcios de sociedades, constituídos, respectivamente. na forma previstanos arts. 265 e 278 da Lei n°6.404, de 15 de dezembro de 1976; (grifo nosso)
19. Portanto, para os fins de geração compartilhada prevista na Resolução Normativa ANEEL n.482/2012, a constituição de consórcio deve seguir o disposto na Lei n. 6.404/76 e também observar o disposto naInstrução Normativa da Receita Federal do Brasil n° 1.634/2016, para fins de inscrição no CNPJ.
II. 2 Das Cooperativas
20. Rizzardo conceitua as cooperativas como “sociedades de pessoas. de natureza civil, tendopersonalidade jurídica própria, organizadas não para a obtenção de lucro, mas para a prestação de serviços aosseus associados[4]”.
21. O Código Civil de 2002 é a lei geral que rege as cooperativas, sendo a Lei 5.764/71, a leiespecífica sobre o tema[5J.
22. O art. 4° da Lei Federal n° 5.764/71 conceitua as cooperativas:
Art. 4° As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídicapróprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos
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associados, distinguindo-se das demais sociedades pelas seguintes características: [...J
23. Nos dizeres de Gina Copola[6], “as cooperativas podem ser singetamente conceituadas como
sociedades de pessoas, que visam a objetivo comum, sem fins lucrativos, e realizam atividades econômicas, que,porém, não se referem a operações de comércio, porque não objetivam lucro, mas, sim, a consecução deinteresses comuns de seus sócios.”
24. O art. 1 .094 do Código Civil de 2002 traz as características das cooperativas:
Art. 1 .094. São características da sociedade cooperativa:
- variabilidade, ou dispensa do capital social;
11 - concurso de sócios em número mínimo necessário a compor a administração da
sociedade, sem limitação de número máximo;
1H - limitação do valor da soma de quotas do capital social que cada sócio poderá tomar;
IV - intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade, ainda que
por herança;
V - quorum, para a assembléia geral fttncionar e deliberar, findado no número de sócios
presentes à reunião, e não no capital social representado;
VI - direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou não capital a
sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participação;
VII - distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor das operações efetuadas
pelo sócio com a sociedade, podendo ser atribuído juro fixo ao capital realizado;
VIII - indivisibilidade do findo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de
dissolução da sociedade.
25. O art. 4° da Lei n. 5.764/71 também enumera as características das cooperativas:
Art. 40 As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica
próprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos
associados, distinguindo-se das demais sociedades pelas seguintes características:
— adesão voluntária, com número ilimitado de associados, salvo impossibilidade
técnica de prestação de serviços;
11— variabilidade do capital social representado por cotas-partes;
III — limitação no número de quotas-partes do capital para cada associado, facultado,
porém, o estabelecimento de critérios de proporcionalidade, se assim for mais adequado
para o cumprimento dos objetivos sociais;
IV — inacessibilidade das quotas-partes do capital a terceiros, estranhos à sociedade;
V — singularidade de voto, podendo as cooperativas centrais, federações e confederações
de cooperativas, com exceção das que exerçam atividade de crédito, optar pelo critério
da proporcionalidade;
VI — quorum para ftmcionamento e deliberação da Assembléia Geral baseado no número
de associados e não no capital;
VII — retomo das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operações
realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário da Assembléia Geral;
VIII — indivisibilidade dos fundos de Reserva e de Assistência Técnica Educacional e
Social;
IX — neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e social;
X — prestação de assistência aos associados, e, quando previsto nos estatutos, aos
empregados da cooperativa;
XI — área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião, controle,
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operações e prestação de serviços.
26. O art. 982 do Código Civil estabelece que a cooperativa é espécie de sociedade simples, isto é,não empresária.
27. De acordo com as lições de Arnaldo Rizzardo[7], tendo em vista que as cooperativas sãoenquadradas como sociedades simples, o seu registro deve ser feito perante o Cartório de Registro Civil dasPessoas Jurídicas, o que não afasta o registro na Junta Comercial, especialmente no que diz respeito àscooperativas que exercem atividade empresarial, nos termos do § 6°, do art. 18 da Lei n. 5.764/71.
28. O Tribunal Regional Federal da 3’ Região entende pela necessidade de registro das cooperativasna Junta Comercial, de acordo com o estabelece a Lei 5.764/71:
ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. COOPERATIVA (SOCIEDADE
SIMPLES, CONFORME O NOVO CÓDIGO CIVIL): REGISTRO DE SEUS ATOS NA
JUNTA COMERCIAL, PARA FINS DE OBTENÇÃO DE CNPJ/RECEITA FEDERAL.
PREVALÊNCIA DO ARTIGO 1$ DA LEI N° 5.764/71 (NORMA ESPECIAL).
INDICAÇÃO NESSE SENTIDO DO ARTIGO 1.093 DO CÓDIGO CIVIL. REMESSA
OFICIAL E APELO DA UNIÃO PROVIDOS.
1. Embora a natureza de sociedade simples emprestada pelo Novo Código Civil àsociedade cooperativa, o registro dela deve ser feito na Junta Comercial em razão da
especialidade do art. 18 da Lei n°5.764/71, aplicável mesmo após o advento do Novo
Código Civil,já que este estabelece no art. 1.093 que “a sociedade cooperativa reger-se-á
pelo disposto no presente Capítulo, ressalvada a legislação especial”, que deve
prevalecer onde contiver estipulações peculiares a entidade cooperativa.
2. Ausência de direito líquido e certo da impetrante a inscrição no CNPJ sem antes
proceder ao seu registro na Junta Comercial
3. Remessa oficial e apelo da União Federal providos, para denegar a segurança.
(TRF3, Apelação/Reexame Necessário n. 0022544-20.2005.4.03.6100/SP, 6° T. Des.
Federal Johonsorn di Salvo, 15.01.2015)
29. Para a constituição das cooperativas faz-se necessária a deliberação de assembleia-geral,mediante a convocação dos fundadores e a publicação de acordo com as regras aplicáveis às sociedades
simples.
30. Wilson Alves Polonio[$J elucida as etapas para a constituição das cooperativas:
As sociedades cooperativas constituem-se por deliberações da Assembleia-Geral dos
fundadores, compreendendo-se no grupo de sociedades de pessoas, embora seus
regimentos internos de deem por estatuto, e não por contrato social, como ocorre com as
demais sociedades de pessoas [...]Seus atos constitutivos devem ser arquivados na Junta Comercial para que possam
adquirir personalidade jurídica. É necessário, adicionalmente, que os atos constitutivos
da sociedade cooperativa sejam registrados na Organização das Cooperativas Brasileiras
— OCB, ou na entidade estatal correspondente.
31. Logo, para a constituição de urna cooperativa devem ser observadas as regras gerais previstas noCódigo Civil, assim como o disposto na Lei n. 5.764/6 1.
II. 3 Do instrumento jurídico apto a comprovar a solidariedade para fins do disposto no art. 4°, § 6° daResolução Normativa ANEEL n. 482/2012
32. O questionamento apresentado pela empresa Lana Engenharia diz respeito à natureza do
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instrumento jurídico exigido para comprovar o compromisso de solidariedade entre os integrantes de consórcio,cooperativa ou empreendimentos com múltiplas unidades consumidoras (condomínios), nos termos do § 6° do art.4°, da Resolução Normativa ANEEL n. 482/2012.
Art. 4° - Fica dispensada a assinatura de contratos de uso e conexão na qualidade decentral geradora para os participantes do sistema de compensação de energia elétrica, nostermos do Capitulo III, sendo suficiente a emissão pela Distribuidora do RelacionamentoOperacional para a microgeração e a celebração do Acordo Operativo para aminígeração, nos termos da Seção 3.7 do
Módulo 3 do PRODIST. (Redação dada pela REN ANEEL 687, de 24.11.2015.)
§6° Para os casos de empreendimento com múltiplas unidades consumidoras e geraçãocompartilhada, a solicitação de acesso deve ser acompanhada da cópia de instrumentojurídico que comprove o compromisso de solidariedade entre os integrantes. (Incluídopela REN ANEEL 687, de 24.11.2015.)
33. A SRD informou, por meio do Memorando n. 315/2016-SRD/ANEEL, que a finalidade doinstrumento jurídico destinado a comprovar a solidariedade entre os integrantes dos empreendimentos commúltiplas unidades consumidoras e de geração compartilhada é comprovar que todas as unidades consumidorasque receberão os créditos de energia elétrica gerada pela microgeração ou minigeração distribuída sãoparticipantes da cooperativa, consórcio ou condomínio titular da unidade onde a geração se localiza.
34. Vale esclarecer que a solidariedade pode ser entendida, de acordo com o viés jurídico, como umvínculo que une devedores e/ou credores diversos de unia mesma obtigação, impondo que cada um seja chamadoa responder pela integralidade do crédito. Nesse turno, transcreve-se excerto do art. 264, do Código Civil:
Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, oumais de um devedot cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.
Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.
Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.
35. A questão que deve ser elucidada diz respeito à finalidade da citada solidariedade. De acordocom a informação prestada pela área técnica, a expressão tal como se encontra no § 6°, do art. 4° da RENANEEL, não se refere ao conceito jurídico de solidariedade, mas tão somente à necessidade de comprovação daparticipação de cada integrante no consórcio, cooperativa ou condomínio, bastando a apresentação do atoconstitutivo destes para que seja possível apreciar a patiicipação de cada um. A relevância da comprovação daparticipação de cada integrante é fundamental para que a distribuidora saiba em que quantidade e a quem deverepassar a energia objeto de empréstimo gratuito[9].
36. Por outro lado, ainda que se trate da necessidade de aferir a responsabilidade de cada um dospartícipes do consórcio, cooperativa ou condomínio. quanto às obrigações por estes assumidas, também deve serconsultado o ato constitutivo dos mesmos ou a lei respectiva para verificar se cada consorciado, cooperado oucondomínio responde pela totalidade das obrigações ou não.
II. 3 Do tipo de cooperativa ou consórcio exigidos pela Resolução Normativa ANEEL n. 482/2012
37. O art. 2°, VII, da REN ANEEL n. 482/2012 dispõe acerca da necessidade de constituição decooperativa ou consórcio para fins de geração compartilhada:
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Art. 2° Para efeitos desta Resolcição, ficam adotadas as seguintes definições:
[.«]VTI — geração compartilhada: caracterizada pela reunião de consumidores, dentro da
mesma área de concessão ou permissão, por meio de consórcio ou cooperativa, composta
por pessoa fisica ou jurídica, que possua unidade consumidora com microgeração ou
minigeração distribuída em local diferente das unidades consumidoras nas quais a
energia excedente será compensada; (Incluído pela REN ANEEL 687, de 24.11.2015.)
38. Como se pode perceber, a mencionada resolução não especifica o tipo de consórcio oucooperativa a ser constituído pela reunião de consumidores, dentro da mesma área de concessão ou permissão,que possua unidade consumidora com microgeração ou minigeração distribuída em local diferente das unidadesconsumidoras nas quais a energia excedente será compensada.
39. A formação de um consórcio ou cooperativa tem por fim permitir a divisão entre os consorciados
e cooperados dos créditos de energia gerados. Assim sendo, não há uma forma precisa, predifinida de qual tipode cooperativa ou consórcio que devem ser adotados pelos interessados em adotar a geração compartilhar.
40. O que deve ser ressaltado é que a forma elegida pelo consórcio ou cooperativa possibilite autilização dos créditos de energia gerados entre os integrantes do consórcio ou da cooperativa conforme indicadoà distribuidora.
III - DA CONCLUSÃO
41. Face o exposto, esta Procuradoria entende que:
a) para os fins de geração compartilhada prevista na Resolução Normativa ANEEL n. 482/2012,a constiwição: a.1) de consórcio deve seguir o disposto na Lei n. 6.404/76 e também observar o disposto naInstrução Normativa da Receita Federal do Brasil n° 1.634/2016, para fins de inscrição no CNPJ; c.2) decooperativa deve observar as regras gerais previstas no Código Civil (arts. 1.093 a 1.096), assim como o dispostona Lei n. 5.764/61:
b) o instrumento jurídico adequado a comprovar a solidariedade existentes entre os componentesdo consórcio ou da cooperativa é seu ato constitutivo, seja para fins jurídicos, seja para os fins previstos no § 6°,
do art. 4°, da REN ANEEL n. 482/2012;
c) não há uma espécie de cooperativa ou de consórcio prefinido na Resolução NormativaANEEL n. 482/2012 para fins de geração compartilhada, devendo ser adotada a forma que permita a utilizaçãodos créditos de energia gerados entre os integrantes do consórcio ou da cooperativa conforme indicado àdistribuidora.
42. É o parecer.
43. Assim concluído e fundamentado, submete-se o presente Parecer à consideração do SenhorProcurador-Geral Substituto, para que haja posterior encaminhamento à Superintendência de Regulação dosServiços de Distribuição — SRD.
Brasília, 30 de agosto de 2016.
MICHELE FRANCO ROSA
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Procuradora Federal
[1] 48554.001986/2016-00.[2] ANDRADE, fábio Martins de. O novo regime tributário do consórcio de empresas. Revista
Fórum de Direito Tributário — RFDT, Belo Horizonte, ano 10, n. 58, jul./ago. 2011. Disponível em:<http://www.bidforum.com.br/bidfPDI0006.aspx?pdiCntd=80882>. Acesso em: 16 ago. 2016.
[3] Marlon Tomazette. Curso de Direito Empresarial. Teoria Geral do Direito Societário —
Volume 1, Editora Atlas. São Paulo, 2008, p. 596.[4] Rizzardo, Arnaldo. Direito de Emptesa. 4 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012. p. 777.
[5] O artigo 1.093 do Código Civil dispõe que “a sociedade cooperativa reger-se-á pelo dispostono presente Capítulo, ressalvada a legislação especial”, sendo complernentado pelo artigo 1.096: “no que a leifor omissa, aplicam-se as disposições referentes à sociedade simples, resguardadas as característicasestabelecidas no art. 1.094”. Vê-se, portanto, que o Código Civil assume o papel de lei geral, enquanto que a leiespecial principal em vigor, a que ele se refere, é a Lei n° 5.764/71. que “define a Política Nacional deCooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas, e dá outras providências”.
[6] COPOLA, Gina. A participação das cooperativas em licitações: o direito de preferênciaprevisto pela Lei Federal n° 11.488, de 15 de junho de 2007. Fórum de Contratação e Gestão Pública—FCGP, BetoHorizonte,ano6,n.6$,ago.2007.Disponívelem:<http://www.bidforum.com.br/bidfPDI0006.aspx?pdiCntd=46765>. Acesso em: 16 ago. 2016.
[7] Rizzardo, Arnaldo. Direito de Empresa. 4 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012. p. 777.
[8] Polonio, Wilson in Rizzardo, Arnaldo. Direito de Empresa. 4a cd. Rio de Janeiro: Forense,2012. p. 797.
[9] Esta Procuradoria já se pronunciou anteriormente, no Parecer n. 108/2012-PGE/ANEEL/PGF/AGU, sobre a natureza jtirídica da relação entre o consumidor com geração distribuída e aconcessionária de distribuição que se caracteriza como um contrato de mútuo, que é um empréstimo gratuito decoisa fungível, ou seja, que pode ser substituída por outra de mesma espécie, qualidade e quantidade, na formado art. 586 do Código Civil: “Ali. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado arestituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade.”
Atenção, a consulta ao processo eletrônico está disponível em http://sapiens.agu.gov.br medianteo fornecimento do Número Unico de Protocolo (NU?) 48554001986201671 e da chave de acesso 08e5a55a
Documento assinado eletronicamente por MICHELE FRANCO ROSA, de acordo com os normativos legaisaplicáveis. A conferência da autenticida& do documento está disponível com o código 10477415 no endereçoeletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais: Signatário (a): MICHELE FRANCO ROSA. Data eHora: 30-08-2016 14:37. Número de Série: 66711628011306454129202660409680933430. Emissor: AutoridadeCertificadora do SERPRO Final v3.
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48554000560/2017-00-1 (ANEXO: 001)
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃOPROCURADORIA-GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL JUNTO À AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICAGABINETE - PROCURADOR-GERAL
SGAN, QUADRA 603 / MÓDULOS ‘1” E “J” CEP 70830-110, BRASÍLIA/DF BRASIL - TELEFONE (61)2192-8614 FAX: (61) 2192-8149 E-MATL: [email protected]
DESPACHO n. 0043$/2016/PFANEELIPGF/AGU
NUP: 48554.001986/2016-71
INTERESSADOS: SUPERINTENDÊNCIA DE REGULAÇÃO DOS SERVIÇOS DE DISTRIBUIÇÃO -
SRD
ASSUNTOS: Esclarecimentos sobre a formação de consórcio e cooperativa no âmbito da REN n° 482/2012.
Aprovo o PARECER n. 00433/2016/PFANEEL/PGF/AGU. Encaminhe-se à Superintendênciade Regulação dos Serviços de Distribuição - SRD.
Brasília, 06 de setembro de 2016.
MARCELO ESCALANTE GONÇALVES
PROCURADOR-GERAL SUBSTITUTO
Atenção, a consulta ao processo eletrônico está disponível em http://sapiens.agu.gov.br medianteo fornecimento do Número Unico de Protocolo (NUP) 48554001986201671 e da chave de acesso 08e5a55a
Documento assinado eletronicamente por MARCELO ESCALANTE GONCALVES, de acordo com osnormativos legais aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o código10760869 no endereço eletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais: Signatário (a): MARCELOESCALANTE GONCALVES. Data e Hora: 06-09-2016 15:50. Número de Série: 121920. Emissor: AutoridadeCertificadora do SERPRO Final v4.
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18/O 1/2017 https://sapiens.a9u.gov.br/documento/1 8908221
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃOPROCURADORIA-GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL JUNTO À AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICACOORDENADORIA DE OUTORGAS E TARIFAS
NOTA n. 00025/2OI6IPFANEELÍ?GF/AGU
NU?: 48554.002616/2016-51
INTERESSADOS: SUPERINTENDÊNCIA DE REGULAÇÃO DOS SERVIÇOS DEDISTRIBUIÇÃO - SRD - ANEEL
ASSUNTOS: AGÉNCIAS/ÓRGÃOS DE REGULAÇÃO
EMENTA. Geração compartilhada. Interpretação do art. 2°, inciso VII, da
Resolução Nomiativa no 482, de 17 de abril de 2012, da Agência
Nacional de Energia Elétrica — ANEEL.
1 - Inexistência de óbice jurídico à adesão ao sistema de compensação de
energia elétrica por condomínios voluntários, aplicando-se o art. 2°,
inciso VI, e/e art. 6°, inciso li, da RN ANEEL n°482/2012.
II - O art. 2°, inciso VII, da RN ANEEL n°482/2012 não prevê quaisquer
espécies de associações, sendo necessária eventual alteração do ato
normativo para alteração do ml taxativo previsto no ato regulatório.
III - Incompetência da Procuradoria para dirimir dúvidas genéricasencaminhadas por agentes do setor elétrico. Necessidade de prévia
manifestação da área técnica com indicação de quais pontos precisam seresclarecidos, aplicando-se o disposto nos arts. 8° e li da Portaria PGF n°526/2013.
1. A Superintendência de Regulação dos Serviços deDistribuição — SRD encaminha, para análise e manifestação desta Procuradoria, o Memorando n°0473/2016—SRD/ANEEL, de 9 de dezembro de 2016, com questionamentos relacionados à geraçãocompartilhada. Para uma melhor compreensão do objeto da consulta, reproduz-se a seguir o teor docitado memorando:
“1. Segundo art. 2’ inciso Vil da REN n” 482/2012, a geração
compartilhada é caraeteri:ada pela reunião de consumidores, dentro
da mesma álea de concessão ou permissão, por meio de consórcio ou
cooperativa, composta por pessoa fisica ou jurídica, que possua
ttn idade consumidora co tu tu icrogeração o ti iii in igeração distribuída
eia local diferente das unidades consumidoras nas quais a energia
excedente será compensada” (grijb nosso,).
https:llsapiens.agu.gov.br/documentG’18908221 1/8
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2. A SRD consultou a Procuradoria Federal sobre a cameterizacão dos
consórcios e cooperativas para fins de erqcão compartilhada, por meio
do Menioi’ando ti0 315/2016 - $RD/ANEELJ. de 10/08/2016. Em
resposta, íbi emitido o Parecer n° 00433/2016/PFAEEL/PGF/AGU, de
30/08/2016.
3. Tendo em vista que a eracão compartilhada desperta o interesse de
muitas empresas, em funcão do potencial de consitinidores quepoderiam a aderir à RENn°482/2012. a SRD recebeu auestionamentossobre a possibilidade de a Aênciq aceitar outras ffuras jurídicas para
enquadramento com jeracão compartilhada. difu;’entes de cooperativa
e consórcio.
4. O prim eito jbi apresentado pela Empresa Brasileira de Eu etgia Solar
— EBS em reunião realizada no dia 21/09/2016 na SRI) epostetiormente
enviado por e-mau ao Diretor-Geral, anexo, com o pleito de considerar
o Condomínio Civil lu,itário, definido no Art. 1.314 do Código Civil,
com uma alternativa para enquadramento com geração compartilhada.
5. O segundo questionamento recebido sobre o mesmo tema é
proveniente do Eng. Guilherme Luiz Susteras, realizado por meio de e
mnail à Ouvidoria Institucional da Agência, anexo, que solicita o
enquadramento de associaç/es de qualquer natureza comno uma das
figurasjurídicas incluídas modalidade geração compartilhada.
6. O terceiro é provenic’nte da Cemig-D, por meio da Curtci JR/CR
0307A/20163, de 25/10/2016, anexa, que apresenta diversos
questionanien los sobre a formação de coopera tira e consórcios,solidariedades entre os seus integraittes, assim como exemplos de
contratos apresentados por consumidores com objetivo de
enquadramento no conceito de geração compartilhada.
7. De.ççq forma, a SRI) çalicitq o posicionamento da ProcuradoriaFederal sobre os pontos anresentados em cada correspondência. com a
emissão de parecer jurídico. avaliaitdo a ,)Ossibilidade de
enquadramento da,ç fieuras iurídicqs citadas no escopo do art. 2°. inciso
VII da RFN n° 422/2012. sem necessidade de atterpcão da Re.çolucãp,bem como considere incluir a avaflacão de outras fleuras Jurídicas no
rol de eleuveis para inteerar a eeracào comoartilhada
(Grifos nossos)
2. Em síntese, a consulta refere-se à interpretação do art. 2°,inciso VII, da Resolução Normativa n° 482, de 17 de abril de 2012, da Agência Nacional deEnergia Elétrica — ANEEL, uma vez que foi exposta a intenção de, ao menos por hora, não alteraro ato regulatório.
3. Na correspondência encaminhada pela Empresa Brasileira deEnergia Solar — EBS resta claro que o objetivo da ANEEL não consiste na imediata revisão donormativo. Vejamos:
“Embora tenham afirmado que essa possibilidade não existe porque
não está descrita na Resolução que só prevê as formas de Consórcio ou
Cooperativa, os representantes da SRI), informaram no caso dc consulta
hdps://sapiens.agu.gov.br/documenta/18908221 2/8
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18/01/2017 hllps//sapiens.agu.gov.br/documento/I 8908221
fr..rmal à Agéncia, eles encaminhariam o assunto à análise daProcuradoria Geral na ANEEL, que se entendesse apropriado, voderiasugerir eventual a/Liste da Resolução ou almtma alternativa como uma
Resolução de Diretoria (não sei bem se foi esse o termo) que abrirusseessa interpretacão, sem que fosse ‘,ecessúrip sua revisão. que não está
na açenda neste momento.
7&mbém opinaram que qualquer revisào neste momento poderia ense/arinseeuranca /urídicq. ou uma discussão mais ampla. uma vez que aprópria A.ência sinalizou que as condicões estabelecidas na Resotucão
só seriam revisitadas num prazo de 4 anos
(Grifos nossos)
4. É o breve relato.
5. Em caráter preliminar, destaque-se que, considerando que amatéria foi recentemente apreciada por este órgão de assessoramento jurídico, não sendo aduzidosfatos novos, nos termos dos art. 40 da Portaria n° 1.399, de 5 de outubro de 1999, da Advocacia-Geral da União[1J, esta manifestação consiste em ii1 e não parecer, admitindo-sepronunciamento simplificado. Passa-se à análise.
6. Eis o dispositivo questionado:
Art. 2° Para efeitos desta Resolução, ficam adotadas as seguintesdefinições:
Vil — geração compartilhada: caracterizada pela reunião deconsumidores. dentm da mesma área de concessão ou permissão, pormeio de consórcio ou cooperativa, composta por pessoa física oujurídica, que possua unidade consumidora com microgeração ouminigeração distribuída em local diferente das unidades consumidorasnas quais a energia excedente será compensada; (Incluído pela RENANEEL 687, de 24.11.2015.)
7. Por razões de economia processual, na fomia do art. 50, § 1°,da Lei no 9.784, de 29 de janeiro 1999[2], acolho os fundamentos aduzidos no Parecer n°00433/2016/PFANEEL/PGf/AGU, de 22 de agosto de 2016, lavrado no processo n°48554.001986/2016-00, destacando-se os seguintes trechos:
‘A Resolução Normativa ANEEL a. 482/2012 estabelece as candiçôes
para o acesso de microgeração e minigeração distribuídas aos sistemas
de distribuição de energia elétrica, além de inaugurar o sistema de
compensação de energia elétrica.
Quando a quantidade de enelgia gerada em determinado inês Jórsupe;-ior à eneigia consum ida naquele período, o consumidor fica com
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créditos que podem ser utilizados para diminuir a fitura dos mesesseguintes. De acordo com as novas regras, o prazo de validade clo.v
créditos passou de 36 para 60 meses, sendo que eles podem também ser
usados para abater o consumo de unidades consumidoras do mesmotitular situadas em outro local, desde que na árc’a clv atendimento deuma mesma distribuïdo,a. Esse tipo de utilização dos créditos Jbidenominado autoconsumo remoto
Outra inovacão da norma diz respeito é nossibilidade de instalacão de
gerocâo distribuída em condomínios tempreendimentos de inóltiplasunidades consumidoras). Nessa configuracão, a energia gerada pode ser
repartida entre os condóminos em porcenta.gens definidas pelospróprios consumidores.
A ANEEL criou ainda a figura da “geracão compartilhadapossibilitando aue diversos interessados se unam em um consórcio ouem uína cooperativa, instalem micro ou minieeracão distribuída entilie,n a energia gerada para reducão das faturas dos consorciados oucooperados.
Portanto, para os fins de geração compartilhada prevista na ResoluçãoNormativa ANEEL n. 482/2012, a constituição de consórcio deve seguir
o disposto na Lei n. 6.404/76 e também observar o disposto na InstruçãoNormativa da Receita Federal do Brasil n° 1.634/2016, para fins deinscrição no CNPI
(,.)
Logo, para a constituição de uma cooperativa devem sei observadas asregras gerais previstas no Código Civil, assim como o disposto na Lei n.5.764/61 “.
(Grifos nossos)
8. Traçado esse breve panorama, resgatemos os questionamentossuscitados pela EBS, pelo Engenheiro Eletricista Guilherme Luiz Susteras, e pela CemigDistribuição S.A.
9. Quanto à dúvida da EBS, não vislumbramos qualquer óbicejurídico à adesão ao sistema de compensação de energia elétrica por condomínios voluntáriosregulados pelos arts. 1314 a 1326 do Código Civil, O art. 2°, inciso VII, da RN ANEEL n°482/2012, embora não explicite a reunião de condôminos — mencionando tão somente a reunião deconsumidores por meio de consórcio ou cooperativa — deve ser interpretado em conjunto com o art.6°, inciso lt, que explicitamente permite a adesão ao sistema de compensação de energia elétricapor integrante de empreendimento de múltiplas unidades consumidoras, definido no art. 2°, incisoVI, como condomínio. Vejamos os dispositivos:
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Art. 2° Para efeitos desta Resolução, ficam adotadas as seguintesdefinições:
III - sistema de compensação de energia elétrica: sistema no qual aenergia ativa injetada por unidade consumidora com microgeração ouminigeração distribuída é cedida, por meio de empréstimo gratuito, àdistribuidora local e posteriormente compensada com o consumo deenergia elétrica ativa
VI — empreendimento com múltiplas unidades consumidoras:caracterizado pela utilização da energia elétrica de forma independente,
no qual cada fração com uso individualizado constitua uma unidadeconsumidora e as instalações para atendimento das áreas de uso comumconstituam uma unidade consumidora distinta, de responsabilidade docondomínio, da administração ou do praprietário do empreendimento,com microgeração ou minigeração distribuída, e desde que as unidadesconsumidoras estejam localizadas em uma mesma pmpriedade ou empropriedades contíguas, sendo vedada a utilização de vias públicas, depassagem aérea ou subterrânea e de pmpriedades de terceiros nãointegrantes do empreendimento;
VII — aeração compartilhada: caracterizada pela reunião deconsumidores. dentra da mesma área de concessão ou permissão.meio de consórcio ou cooperativa, composta por pessoa fisica oujurídica, que possua unidade consumidora com microgeração ouminigeração distribuída em local diferente das unidades consumidorasnas quais a energia excedente será compensada; (Incluído pela REN
ANEEL 687, de 24.11.2015.)
Art. 6° Podem aderir ao sistema de compensacão de energia elétrica os
consumidores responsáveis por unidade consumidora:
— com micrageração ou minigeração distribuída;
11— integrante de empreendimento de múltiplas unidades consumidoras;
III — caracterizada como geração compartilhada;
IV — caracterizada como autoconsumo remoto.
10. Ademais, não faria sentido a norma permitir a adesão aosistema de compensação de energia elétrica por consumidores reunidos em consórcio oucooperativa com energia gerada em local diferente do local em oue a energia é compensada (cf.art. 2°, inciso VII, dc art. 6°, inciso III), e não permitir a compensação entre consumidoreslocalizados em uma mesma propriedade ou em propriedades contíguas. sem o ônus da utilizaçãode vias públicas, de passagem aérea ou subterrânea e de propriedades de terceiros não integrantesdo empreendimento (cf. art. 2°, inciso VI, c/c art. 6°, inciso II). E antiga a máxima de que “iii eoquodplus est semper inest et minus” (quem pode o mais, pode o menos).
11. No que concerne à sugestão encaminhada para a Ouvidoriapelo Engenheiro Eletricista Guilherme Luiz Susteras de “permitir afirmação de associacões deauatauer natureza como veículo de viabilftação de usinas de micro e minigeração distribuída na
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modalidade geração compartilhada”, verifica-se a necessidade de eventual alteração da resoluçãopara acolhimento do pleito, uma vez que o art. 60 traz um rol taxativo, e não exemplificativo dashipóteses em que é permitida a adesão ao sistema de compensação de energia elétrica.
12. Destaque-se que, embora passível de críticas, referido textofoi objeto de recente audiência pública (Audiência Pública n° 26/2015), uma vez que foi alteradopela RN ANEEL n° 687, de 24 de novembro de 2015, não cabendo a esta Procuradoria conferirinterpretação contrária ao ato regulatório, amplamente discutido pelos agentes do setor.
13. Pode-se até questionar se uma resolução normativa, como aRN ANEEL n° 482/2012, poderia fazer as restrições que fez em relação à possibilidade de adesãoao sistema de compensação de energia elétrica quando não existe tal previsão legal. Ocorre queque a RN ANEEL n° 482/2012 não regula a geração de potência reduzida, mas sim a conexãodessas unidades geradoras de potência reduzida à rede de distribuição, e a compensação deenergia entre o consumidor detentor de semelhante geração e a concessionária ou permissionáriade distribuição local — matéria inerentemente da competência da agência que fixa os parâmetrostécnicos para o uso da rede de distribuição.
14. Em relação aos questionamentos suscitados pela Cemig-Dverificamos sua nítida abrangência, tratando-se de consulta em tese sobre os mais variadosaspectos da geração compartilhada, dentre os quais os seguintes: (a) legislação aplicável aosconsórcios e cooperativas; (b) partilha de resultados no caso de consórcios; (c) distribuição doexcedente de energia nas cooperativas em que os cooperados não prestam serviços; (d) aplicaçãodo art. 70, inciso VIII, da RN ANEEL n° 482/2012 em caso de consórcio; (e) existência delimitação à mudança de característica de uma unidade já existente de autoconsumo remoto parageração compartilhada ou vice-versa; (f) transferência de saldos excedentes computados a partirda nova classificação; (g) diversas formas de associação de pessoas fisicas e jurídicas parageração compartilhada; (h) avaliação de documentos de consumidores; e (1) alcance docompromisso de solidariedade entre os integrantes de consórcios e de cooperativas.
15. Em atenção ao disposto no art. 80 da Portaria n° 526. de 26 deagosto de 2013, da Procuradoria-Geral Federal, tem-se que poderá haver o encaminhamento deconsulta à Procuradoria “quando houver dúvida jurídica a sei dirimidaJbrnialmente pelos órgãosde execução da PG] que se relacione com a.ç com peténcias bLçtitucionai.ç da autarquia”, nãocabendo a este órgâo de assessoramento jurídico responder a extenso rol de perguntas enviadas poragente do setor elétrico relacionadas à execução de seus contratos.
16. Ademais, conforme art. 11 do mesmo ato normativo, aconsulta deve ser encaminhada pelo órgão assessorado “prefrrencialmente, com jbrmulação dequesitos que se relacionem com situações concretas”, cabendo à área técnica previamente semanifestar, indicando quais pontos precisam ser esclarecidos sob o aspecto exclusivamentejurídico.
17. Considerando que o Memorando n° 0473/201&-SRD/ANEELnão especifica dentre os diversos questionamentos encaminhados pela Cemig-D quais suscitamdúvidas perante a área técnica, tão pouco quesita este órgão de assessoramento jurídico,restringindo-se a solicitar o posicionamento desta Procuradoria sobre perguntas genéricas nãorelacionadas a casos concretos, propõe-se a devolução dos autos à SRD para complementação dainstrução processual, caso entenda necessário.
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18. Diante do exposto, conclui-se pela:
18.1 inexistência de óbice jurídico à adesão ao sistema de
compensação de energia elétrica por condomínios voluntários regulados pelos arts. 1.314 a 1.326do Código Civil, aplicando-se o art. 2°, inciso VI. dc art. 6°, inciso 11, da Resolução Normativa n°482, de 17 de abril de 2012, da Agência Nacional de Energia Elétrica;
18.2 necessidade de eventual alteração RN ANEEL n° 482/2012para previsão da possibilidade de geração compartilhada por outras formas de associações,diversas de consórcios, cooperativas e condomínios, tendo em vista o rol taxativo previsto no ato
regulatório; e
18.3 incompetência desta Procuradoria para dirimir dúvidasgenéricas encaminhadas por agentes do setor elétrico, não relacionadas a casos concretos, e sem
prévia manifestação da área técnica com indicação de quais pontos precisam ser esclarecidos,
aplicando-se o disposto nos arts. 8°e 11 da Portaria PGF n°526/2013.
À consideração superior.
Brasília, 26 de dezembro de 2016.
TATIANA MALTA VIEIRA
Procuradora federal
Coordenadoria de Outorgas e Tarifas
Procuradoria Federal junto à ANEEL
[1] Art. 4° A manifestacão jurídica será elaborada sob a forma de nota quando setratar de hinótese anteriormente examinada e nos casos de menor complexidade jurídica, admitindopronunciamento simplificado.
§ 1° A nota dispensa a descrição da consulta, o histórico dos fatos, o sumário dasquestões a elucidar e a demonstração do raciocínio jurídico desenvolvido.
§ 2° Do embasamento jurídico da nota deverá constar simples referência aos
dispositivos da legislação aplicável, ao parecer respectivo, à obra doutrinária consultada e à fonte
jurisprudencial.
[2] Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos
fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
§ lo A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir emdeclaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões oupropostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.
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Atenção, a consulta ao processo eletrônico está disponível emhttp://sapiens.agu.gov.br mediante o fornecimento do Número Unico de Protocolo (NU?)48554002616201651 e da chave de acesso 423ce193
Documento assinado eletronicamente por TATIANA MALTA VIEIRA, de acordo com osnormativos legais aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com ocódigo 1890$22 1 no endereço eletrônico http://sapiens .agu.gov.br. Informações adicionais:Signatário (a): TATIANA MALTA VIEIRA. Data e Hora: 26-12-2016 16:18. Número de Série:3563095240384588049. Emissor: AC CAIXA PF v2.
Documento assinado eletronicamente por MARCELO ESCALANTE GONCALVES, de acordocom os normativos legais aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponívelcom o código 18908221 no endereço eletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais:Signatário (a): MARCELO ESCALANTE GONCALVES. Data e Hora: 18-01-2017 09:55.Número de Série: 121920. Emissor: Autoridade Certificadora do SERPRO Final v4.
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