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aí num dia desses para conhecer uma escola – confesso que entediada até então. O que eu tinha de informação era que nas salas de aula não havia portas e que as crianças estudavam e

conviviam num mesmo espaço, independente de idade.Ao chegar, a impressão de ter ido ao lugar errado: parecia um sítio, com árvores, cabana, folhas, gravetos, fogão e cozinha rústicos e várias salas sem porta mesmo. Na área central, crianças brincando. Os professores, à mesa, comiam e conversavam enquanto olhavam as crianças. Um esquema caótico e organizado, não sei definir. Mas alegre, sem dúvida. Logo pensei que tudo estava orquestrado e saí pela escola para conversar com as crianças. Isso sempre foi fácil, porque elas me olham e logo devem perceber que falamos a mesma língua. E vi que todas estavam muito bem. Uma pequena engenheira mostrava a cabana e ensinava como construí-la. Um garotinho queria me levar até o ateliê, outro mostrava as flores que tinha plantado. Todos misturados, crianças grandes jogando bola com as pequenas e, realmente, cuidando das menores. No meio do passeio, avistei meu sobrinho de cinco anos em cima de uma árvore. A cena, confesso, não vou esquecer: ele chorava. Até aí, nada diferente, ele sempre chorava na escola. Mas, desta vez, chorava porque não queria ir para casa! Perguntei em tom de brincadeira para a professora o que havia colocado no suco das crianças... De repente, quem chorou fui eu. Como se naquele momento eu voltasse ao passado, quando tinha um medo enorme de levantar cedo e ir à escola, e me sentir um peixe fora d’água. Que alívio ver o menino feliz, descendo da árvore e dizendo “não quero ir em-bora, me deixa ficar aqui só mais um pouquinho?”. Neste mesmo dia, seu desenho saiu perfeito: pessoas com mãos, pés, dedos e unhas, olhos, bocas sorridentes e cores lindas. Cores de criança. Esta é a escola que eu quero apresentar a vocês, a escola da Terê, a Escola Ágora, que faz jus ao nome. Na Grécia, Ágora era a praça principal da pólis, em que as pessoas se reuniam para ouvir os grandes mestres. Era o palco daquilo que quero ver no meu país: democracia, liberdade e direito de escolha. Com vocês, caros leitores da Versátil Magazine, uma breve conversa com a mantenedora e diretora da escola, a Terê, Terezinha Fogaça de Almeida, que é Licenciada em Português e Inglês.

por Claudia Liba

Ágora, formando cidadãos

educação

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Versátil Magazine: Poderia nos contar como foi a sua in-fância e sua vida escolar? Qual era o método de ensino da escola que frequentou, como a senhora foi alfabetizada e aprendeu as primeiras continhas de matemática?Terezinha Fogaça: Venho de uma família de professores (seis, incluindo minha mãe). Tive uma infância difícil, pois meus pais se separaram quando eu tinha seis anos e, naquela época, isso era raro. Então, ler, viajar na imagina-ção, estudar, foram escapes muito importantes para mim. Fui alfabetizada por uma de minhas tias, aos cinco anos, época em que também aprendi os primeiros números. Fiz o primário num colégio de freiras norte-americanas. VM: Quando vislumbrou a ideia de ter, de fazer uma escola?TF: Foi ao exercer o cargo de coordenadora de quinta a oitava série na extinta Escola Crescer, em 1983.

VM: Como foi a história do nascimento do Ágora? Quais foram os professores, os funcionários, como se deu a montagem do espaço físico?TF: A Ágora começou a ser pensada por mim em 1983, mas em 1984 montei um grupo de estudos reunindo pro-fessores que já tra-balhavam comigo para efetivar a concretização da escola. O es-paço físico foi descoberto por uma mãe de aluno da Escola Crescer.

VM: Poderia contar alguma história real de “criança feliz” no Ágora?TF: Olhando as fotos tiradas na escola, muitas pessoas comentam que nossos alunos são crianças muito boni-tas - não acho que seja apenas beleza física que ilumina seus rostos, acho que é o bem-estar interior, a alegria que cada um demonstra por estar ali que se reflete em cada expressão.

VM: Que aspectos filosóficos norteiam o método de ensino do Ágora?TF: Conteúdos com significado, valores humanistas, es-paço para a experimentação, projetos coletivos, ênfase às áreas de Artes fazem parte de nosso trabalho. VM: Dentre as influências que a senhora tem, quais são os seus grandes mestres?TF: O maior de todos, Freinet.

VM: O que é ser cidadão para a senhora e como o Ágora trabalha o tema sustentabilidade am-

biental?TF: É entender seu papel no mundo. Usa-

mos pouquíssimos descartáveis, evitamos desperdício, produzimos pouco lixo. VM: Hoje, qual é seu grande sonho?TF: Que a Escola, como instituição, seja mais valorizada pela sociedade.

educação

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saúde

O USO DA RESPIRAÇÃO NO CONTROLE DO ESTRESSE E DA ANSIEDADE

s práticas de exercícios respiratórios têm sido utilizadas há milhares de anos pelas culturas orientais como técnicas para

promover o equilíbrio físico, mental e emocional, além do autoconhecimento e da concentração. Na tentativa de minimizar os efeitos do estresse, que atualmente afetam grande parte da população no mundo, pesquisas demonstraram o que já era conhecido empiricamente: a respiração lenta e regular, com predominância da respiração diafrag-mática, quando praticada regularmente, promove diminuição dos níveis de estresse, além de auxiliar no tratamento de várias patologias a ele relaciona-das, melhorando a qualidade de vida. A reação de estresse se instala no organismo quando algo é interpretado como ameaçador para a sua integridade, desencadeando várias reações psicofísicas que se caracterizam pelo aumento da atividade do sistema nervoso autônomo simpático, pela liberação de adrena-lina e noradrenalina pelas suprarrenais, levando a um aumento da pressão arterial, da frequên-cia cardíaca e da frequência respiratória, pre-parando o organismo para o que é denomi-nado “reação de luta ou fuga”, ou “reação de estresse” – como denominam, informalmente, os pesquisadores e clínicos americanos.O processo de estresse apresenta três fases: a fase de alerta, inicial, na qual todas as reações de au-mento de atividade do sistema nervoso simpático são desencadeadas; a fase de resistência, na qual os sinais da fase de alerta diminuem em intensidade, tendendo à estabilização em uma situação desfavorável para o organismo, e a fase de exaustão, quando aparecem sintomas e doen-ças relacionadas ao estresse, como hipertensão,

“Vários estudos de Medicina Comportamental paratratamento de estresse e ansiedade utilizam as práticas respiratórias.”

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infecções, arritmias cardíacas, diabetes mellitus, diminuição da imunidade, queda de cabelo, al-teração do hábito intestinal. Sendo assim, novos recursos começaram a ser pesquisados para diminuir o impacto causado pelo estresse na população em geral. Vários estu-dos demonstram os benefícios das práticas diárias de exercícios respiratórios, com respiração lenta e diafragmática, promovendo a diminuição da ativi-dade do sistema nervoso simpático, sendo efeti-vas, como terapia coadjuvante, nos quadros de hipertensão arterial essencial, ansiedade, pânico, dor crônica e outros.As técnicas de exercícios de respiração podem também ser praticadas juntamente com outras técnicas, tais como meditação e relaxamento, potencializando seus efeitos. Na atualidade, vários estudos de Medicina Comportamental para tratamento de estresse e ansiedade uti-lizam as práticas respiratórias. É importante ressaltar que as práticas de exercí-cios respiratórios devem ser criteriosamente in-dicadas e acompanhadas por profissionais quali-ficados e experientes, para que possam, como terapia coadjuvante, colaborar para o restabeleci-mento da saúde psicofísica e para a melhora da qualidade de vida.

Dra. Regina Silva Melo é Especialista em Medicina Comportamental

[email protected]

As práticas de exercícios respiratórios devem ser criteriosamente indicadas e acompanhadas por

profissionais qualificados e experientes.

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Lei da Ficha Limpa – Lei complementar nº 135, de 4

de junho de 2010, significou um enorme progresso

na sociedade brasileira, primeiro porque resultou da

participação popular e, segundo, por ser uma tentativa de varrer

parte da corrupção do nosso país. Quanto ao primeiro ponto, tam-

bém devemos destacar que a iniciativa popular é uma das formas

descritas na nossa Carta Magna para o exercício da democracia,

onde um projeto de lei é apresentado à Câmara dos Deputados,

subscrito por no mínimo 1% do eleitorado nacional, distribuído

pelo menos por cinco Estados, com não menos que 0,3% dos

eleitores de cada um deles. A Lei da Ficha Limpa obteve mais de 2

milhões de assinaturas.

FICHA LIMPA

Ir contra a nossa Constituição é instalar a

insegurança, é abrir precedente

para outras mudanças e fadá-la

ao fracasso.

cidadania

VENCEU A CONSTITUIÇÃO

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A lei que tantos avanços trará ao nosso país, como inelegi-

bilidade por oito anos de pessoas sentenciadas por decisão

de órgão colegiado ou transitadas em julgado – decisão que

não cabe mais recurso – por praticarem abuso de poder, corrupção

eleitoral, improbidade administrativa, entre outros, começou

dividindo opiniões, inclusive no nosso judiciário.

Os candidatos que tiveram seus registros negados recorreram da

decisão alegando que a lei não

deveria valer para as eleições

de 2010, porém o TSE (Tri-

bunal Superior Eleitoral) en-

tendeu de forma diferente e

manteve a decisão inicial.

Com esta dúvida, e sendo o as-

sunto de repercussão nacional,

o caso foi para a nossa Suprema

Corte, o STF (Supremo Tribu-

nal Federal), que começou a julgar o caso em 2010. Após os votos

dos ministros do STF, verificou-se um empate: cinco entenderam

que ela devia valer para esse pleito e cinco, que não. Como naquela

época o Pleno contava com apenas dez ministros – em virtude da

aposentadoria de Eros Grau –, foi necessário esperar até 2011, com

o anúncio de Luiz Fux como novo ministro para a decisão final.

Todos os ministros votaram novamente e a decisão teve seis votos

contrários à lei valer para as eleições de 2010 e cinco favoráveis.

Sendo assim, no entendimento do STF, a lei só valerá para as

eleições municipais de 2012.

Como cidadão brasileiro que torce pelo fim da corrupção, a decisão

pode ser um pouco frustrante. No entanto, sob o ponto de vista

da segurança jurídica foi uma decisão irretocável. O artigo 16 da

nossa Constituição é muito claro ao expressar que “A lei que alterar

o processo eleitoral entrará em

vigor na data de sua publicação,

não se aplicando à eleição que

ocorra até um ano da data de

sua vigência”, ou seja, se a lei

entrou em vigor em 2010, não

poderia valer para aquele ano,

caso contrário seria oposto à

nossa Constituição. Ir contra a

nossa Constituição é instalar a

insegurança, é abrir precedente para outras mudanças e fadá-la ao

fracasso. Portanto, por mais que se queira ver uma limpeza na nossa

política, é necessário, em primeiro lugar, honrar a nossa Constitu-

ição, e proclamá-la a verdadeira vitoriosa.

André Lobas de Castro é estudante do 3º semestre de

Direito na PUC-SP.

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saúde

CALORES, CORAÇÕES, CAUSOS E CAFÉS

a edição passada da Versátil Magazine conversamos sobre Psicossomática, tema bastante complexo que tentei represen-tar, de forma clara e objetiva, sem pender totalmente para o

cientificismo. Sumariamente, para efeitos de revisão, pode-se conceber a Psicossomática como a relação entre o corpo e a mente de um indi-víduo, refletindo angústias psicológicas na saúde física e vice-versa. Na Medicina atual, na verdade, são poucos os que ainda diferem estes dois microambientes humanos.Por sua complexidade, é justo que nem todos se sintam absolutamente fa-miliarizados na primeira leitura. Sobretudo, em se tratando de um texto rela-tivamente informal, redigido por alguém cujo estudo do tema se limita a livros acadêmicos e discussões em disciplinas da graduação. Por isso, hoje retorno com um “relato de caso”, como dizemos na universidade, ou seja, contaremos uma história que aconteceu pouco tempo atrás, para ilustrar o conceito de Psicossomática. Puxe uma cadeira, sirva-se de uma xícara de cafezinho quente. Afinal, a história é justamente sobre esse café.Na ocasião, eu era estudante do terceiro ano de Medicina da Unesp, em Botucatu, interior de São Paulo. Ainda muito jovem, com pouco conhecimen-to clínico prático e menos ainda de conhecimento de vida, carregava aquele brilho nos olhos de um adolescente fascinado pelo que via e vivia, com a inexorável vontade de mudar o mundo, de salvar vidas, que inocência!, ou pelo menos de fazer a diferença, algumas vezes, mas ainda me faltava uma longuíssima estrada de estudos e experiências. Não me importava. O desejo de ver sorrisos de contentamento era maior que minha ignorância.Em meio a esse contraste interior, minha turma foi dividida em pequenos grupos que atenderiam a população em diversas Unidades Básicas de Saúde (famigerada UBS, popularmente conhecida na região como “postinho”), sob tutoria de médicos da UBS. Meu grupo foi alocado na zona rural da UBS de Rubião Jr., distrito de Botucatu. Consultávamos, no início, dois a três pacien-tes por dia, para aprendermos a dinâmica de atendimento e nos habituarmos com a prática; até então, nosso estudo fora bastante teórico. Com o tempo, o número de pacientes diários aumentava, pois adicionavam-se novos casos aos retornos, mas nossa habilidade e resolutividade aumentavam proporcio-nalmente. Nossas expectativas, idem. É aí que entra na história o Sr. F.*Sr. F tinha seus 63 anos, embora aparentasse mais. Tinha a face bondosa e rugas na lateral dos olhos pretíssimos que denunciavam seu gosto por sorrir. Usava roupas surradas meio sujas, as botinas e a barra da calça avermelhadas e os braços bronzeados e as mãos grandes calejadas do trabalho no cafezal. Os dentes, malcuidados, eram poucos. Cãs, também rareadas. Era o es-tereótipo do velhinho da roça que vem para consultas de rotina. Ledo engano... Mal sabíamos (ele e eu) que depois dessa consulta nossa rotina se alteraria para sempre.Tímidos ambos, comecei com o básico da anamnese médica: como é seu

História para ilustrar conceitos. Mas, muito além disso, para fazer a gente pensar.

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cotidiano

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nome, quantos anos, com que trabalha, há quanto tempo, é casado, tem religião, onde nasceu, onde vive, quando se mudou. O que lhe inco-moda? As dores no peito. Como são essas dores? Umas pontadas, fisga-das, às vezes, parece que dá um nó nas tripas, um choquinho assim; parece que dói lá dentro, que o coração vai parar. O senhor já teve isso antes? Nunca, começou faz uns dias e, de lá pra cá, ficou nisso. Tem a ver com alimentação, exercício, estresse? Não, nada, só tem a dor e pronto, e nada que eu faço melhora, nem remédio do postinho, o outro médico achou que era no músculo. Entendo.Dor estranha, história esquisita. Em-bora não tenha devorado os livros to-dos da biblioteca, achei que a situação merecia investigação mais detalhada: o aspecto físico era insuficiente. Tentei deixá-lo à vontade, pedi para me contar seu cotidiano, falar sobre sua casa e seu trabalho, diálogo em que ele prontamente se envolveu. Logo trocávamos experiências e risos, até que o assunto tornou-se a família. Retesou-se sério e me explicou que seu filho era usuário de álcool e entorpecentes, vivia endividado, roubava pertences dos pais para vender e pagar aos trafican-tes. Sr. F se entristeceu ao adentrar esse território que antes não expunha talvez por falta de abertura e/ou interesse dos médicos que lhe atenderam até então. Ficou tenso. E, veja que coincidência: começou a ter episódios daquela dor no peito, exatamente a que o trouxe à consulta.Suspeitei (ah, aí vem a psicossomática!) que a dor fosse disparada pelo estresse e comoção devido à conjuntura exposta. Imaginei a quantas devia estar a cabeça desse senhor, que trabalhou com a mulher a vida toda na lavoura, em condições pouco salubres, conseguindo parcos recursos para o sustento da família. Que viu seu filho crescer e se tornar o que se tor-nou. Imaginei que, se fosse comigo, adoraria ter alguém para desabafar e compartilhar angústias. Ponderei a situação e, além das condutas médicas clássicas (solicitar exames e prescrever algo que melhorasse a dor), sugeri retornos periódicos para conversarmos. Simplesmente conversar, a seu bel-prazer. Também orientei que, se a situação com o filho o incomodava, eles deveriam conversar e resolver o impasse como fosse possível e melhor para ambos. Esse foi nosso acordo.Nos próximos quatro encontros, o Sr. F recebeu toda a atenção que me era possível oferecer: suas consultas duravam cerca de duas horas. Nelas, ele me contava sobre sua infância, diversos empregos que teve, histórias engraçadas e tristes; conversara com o filho, que concordou trabalhar na lavoura com o pai em troca de algum dinheiro, e que procuraria parar de se drogar. Notei que a cada dia que o via, ele parecia melhor, rejuvenescido. Parou de sentir dores. Parou até de tomar o remédio. Pensei que já estava bom o bastante para receber alta das consultas. Disse-lhe isso, e a resposta foi ligeira: lembrei duma coisa agora, doutor (achava engraçado ele me chamar de doutor), acho que ando esquecido.Sintoma novo? Repentino? Ainda mais estranho que a dor. Em breve averiguação da capacidade cognitiva, sem surpresas, observei que seu raciocínio e memória iam muito bem, obrigado. Num dos testes veio a primeira grande alegria da minha vida de médico, e veja bem, eu nem era médico ainda. Pedi-lhe que escrevesse uma frase simples. Escreveu

sorrindo. Tomei o papel e li, perplexo e feliz, nos pequenos garranchos: “Você é meu amigo”. O maldito profissionalismo me obrigou a con-ter as lágrimas de alegria. Avaliei que, afinal, as consultas não preju-dicavam ninguém. Ao contrário, ajudaram o Sr. F a ficar bom, meu propósito ali. Embora não houvesse nenhum problema de saúde física visível no paciente, disse-lhe que continuasse comparecendo à UBS.

Resumirei o restante da história. O ano chegava ao fim, assim como meu estágio. Eu não mais atenderia o Sr. F. Na última consulta, expliquei o fato, dizendo que não o deixaria na mão, mas sim o transferiria para o rol de pa-cientes que a médica da UBS acom-panhava. Reforcei que fizéramos um excelente trabalho juntos, e que a abertura, confiança e sinceridade dele foram essenciais para o sucesso do tratamento, reafirmando o prazer de

tê-lo como paciente e, a essa altura do campeonato, amigo. Sentiria falta de nossas conversas divertidas e preocupadas, e prometi que ainda o visitaria para conhecer seu cafezal, do qual tanto se orgulhava.A resposta partiu de olhos úmidos: como assim, não vou mais te ver? Você fez um bem enorme pra mim, doutor. Mudou minha vida. Se não fosse o senhor, quem ia descobrir que minha preocupação tava me dando dor? Eu podia ter um infarto e ninguém ia saber o motivo, doutor. Obrigado por ter me escutado, por ter paciência pra me ouvir, ninguém mais dá atenção pra velho hoje em dia. Você vai ser um ótimo médico! E me abraçou. Às favas com o profissionalismo, avermelhei os olhos junto com ele. Que comple-tou: não sei como te agradecer... mas trouxe um presente. Era uma lata de alumínio cheia de pó do café de seu cafezal. Colhido, ressecado, torrado, moído por ele mesmo. Peguei os melhores grãos pra você, doutor, não é nada de mais, mas é de coração. Senti, vindo da lata, o odor marcante. Agora que estamos bebendo, caro leitor, afirmo: é o café com mais sabor que já experimentei na minha vida. Concorda?Prossigamos. Foi-se embora em um abanar de mãos, com o exame físi-co todo limpo, sem qualquer alteração cardíaca, respiratória, digestória, urinária. Sequer uma pressão alta. Sequer uma dor leve nas juntas. Renova-do. Não operei nenhum milagre, simplesmente cumpri minha função de promotor da saúde, coisa que todo médico (aliás, todo profissional da saúde) deveria fazer. Simplesmente dei atenção a quem precisava de um ouvinte; tratei-o como ele merecia, como um ser humano que tem problemas e quer ombro. Não curei, somente ajudei a encontrar o caminho da cura. O coração, que antes lhe doía, estava em perfeito estado de conservação: bombeava o sangue normalmente. O meu, porém, batia mais forte do que nunca, tocado irreversivelmente. Os efeitos do re-conhecimento, de uma homenagem simples. Simplesmente inesquecível.Obrigado, Sr. F, de coração. *O nome foi oculto por questões éticas de sigilo médico.

Octávio Pella Legramandi é estudante de Medicina da FMB/Unesp,

sonhador, escritor de meia tigela e, quando sobra um tempinho, gente.

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ótima experiência. É uma sensação de plenitude. Estou tra-balhando com sócios que são meus amigos, eu já produzi algumas coisas com o Giuliano Ricca, o diretor Alexandre Reinecke é um cara democrático, inteligente, experiente. A minha parceira, Nextel, entrou com o patrocínio, com mais outras empresas, como Porto Seguro, que apresenta o espetáculo, Banco GM. Então nós temos tranquilidade para produzir. Nós te-mos atores incríveis como o Norival Rizzo e a Carol Mariottini, as condições de produção favoráveis e equipe de amigos. O processo de ensaio está sendo pra-zeroso, temos um texto poderoso do Woody Allen. As dificuldades que poderia ter, eu não as tive.

Versátil Magazine: Fabio, qual é a sua expectativa com o presente trabalho? Fabio Assunção: Minha expectativa é oferecer ao público uma peça inteligente e com humor.

VM: O Woody Allen é um dos ícones do cinema. O que você vê no trabalho dele como especial?FA: A originalidade, personalidade e obstinação. Certa-mente ele deve ter enfrentado dificuldades do mercado cinematográfico americano, filmes que deram certo, outros que não foram tão bem aceitos, e ele nunca parou. Todo ano está fazendo um filme original. Especial é perceber a trajetória de um homem que nasceu para isso. A trajetória do Woody passa para mim a imagem de um diretor especial.

VM: Como é a sensação de voltar ao palco, ao teatro, após tanto tempo? FA: De mergulhar a fundo em todos os departamen-tos: a produção, a criação dessa peça está sendo uma

Em nenhum

momento,

quando faço

teatro, me sinto

exposto

entrevista

ueremos algo diferente do que foi dito: apontamos para você, leitor, o que existe de

melhor. Fico muito feliz ao apresentar todo o talento exibido por Fabio Assunção em

seu atual trabalho. Em Adultérios vive um homem sonhador, considerado louco, lunático,

mas, ao mesmo tempo, extremamente lúcido.

A peça exibe o humor genial do autor, Woody Allen, para quem riso e angústia se misturam no cotidiano.

E, como Norival Rizzo me falou, é um espetáculo que promove a autoanálise. Da plateia, parece

mesmo que estamos no divã. Norival falou da proposta de levar o público a pensar sobre nossos ímpetos

de cometer atos considerados loucos. Para ele, dentro de cada um de nós existe outra pessoa, que tende

a descompensar, brigar, matar e, por isto, vivemos contemporizando estes lados. Achei interessante

e, depois de assistir à peça, constatei: eles cumpriram seus papéis brilhantemente.

E para vocês saberem que eu sofro pra manter a seriedade em certos momentos, alguém me responde:

gente, o Fabio Assunção precisava ser tão bonito?

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VM: Fazer um trabalho no teatro, ao vivo, deve ser prazeroso por conta da interação imediata com o pú-blico. Qual é o lado difícil de estar exposto diante do público? FA: Em nenhum momento, quando faço teatro, me sin-to exposto. Eu gosto de desenhar os personagens que eu faço, e quando estou no palco, no teatro, estou den-tro deles, e não eles dentro de mim. Tenho um prazer enorme em passar a energia daquele personagem.

VM: Como é ser uma grande figura pública? Existe um peso nisso tudo ou você se sente acolhido pelo pú-blico, pelos fãs?FA: O público acolhe o que as pes-soas produzem. O público gosta de qualidade, surpresa, originalidade, inteligência e di-versão. Essas qualidades são as coisas que eu persigo para que o meu trabalho seja acolhido pelo público.

VM: Você pensa que as relações humanas sejam com-plexas como num filme de Woody Allen?FA: A complexidade das relações humanas é relativa ao olhar que as observam. As relações humanas podem ou não ser complexas, depende do seu ponto de vista. Eu posso olhar uma mesma relação de uma forma com-plexa ou de uma forma simplória. Acho que os filmes do Woody mostram essa complexidade para as pessoas.

VM: O que você deseja, como ator, despertar nas pessoas?FA: Alegria! A minha intenção com o meu trabalho é fazer as pessoas serem um pouco mais felizes.

A trajetória do Woody passa para mim a imagem de um diretor especial.

A minha intenção com o

meu trabalho é fazer as pessoas

serem um pouco mais felizes.

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entrevista

A complexidade das relações humanas é relativa ao olhar que as observam.

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por Claudia Liba

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entrevista

tem muita paciência com a outra pessoa, né? Você sabe e o outro não sabe nada... Não é bem assim, tudo tem dois lados e é preciso analisar os dois sempre.

VM: Neste sentido, interpretar é um ato de coragem?NR: Fazendo uma comparação de sentimento e não de forma, costumo comparar o ator com um piloto de Fórmula 1. A coragem acho que é a mesma. Você está exposto a qualquer coisa. Qualquer problema que ocorrer você tem que resolver. E está lidando com a inteligência das pessoas. É engraçado que, muitas vezes, quem assiste a uma corrida de Fórmula 1 fica esperando que aconteça uma desgraça, uma batida (rs)! Não necessariamente ver alguém morrer, mas ver algo espetacular. Eu às vezes penso que o espectador está louco pra ver alguma coisa assim, pra ver até onde o cara consegue fazer alguma coisa.

VM: Como um desafio: “Será que ele consegue?”NR: Isto. Não que torça para o cara errar, mas pra ver até onde o cara consegue fazer alguma coisa.

VM: Dá medo, então, entrar em cena?NR: Sempre! Sempre! Ator tem muito medo (rs)! Eu sempre fico pensando “por que eu tô fazendo isso?... eu tive muita coisa pra fazer na vida, mas por que eu tô fazendo isso aqui?”. E aí a gente fica tenso. Precisa ter uma concentração dobrada pra encontrar um ponto de atenção, poder entrar em cena e fazer uma coisa legal.

VM: O que vale a pena na profissão de ator, Norival? NR: O mesmo que vale para aquele cara que consegue terminar esse trabalho. Você tem todas essas pergun-tas, o que estou fazendo aqui, por que estou fazendo isso. E aí você se depara pensando “eu sei por que es-tou fazendo isso, porque eu consigo fazer isso.”.

Versátil Magazine: Como foi trabalhar com um texto de Woody Allen, que tem um estilo muito particular, um estilo pessoal forte? É complicado transpor tudo isto para a linguagem teatral?Norival Rizzo: Sobre o texto Adultérios, é um dos pri-meiros textos dele. Mas eu não vejo muita diferença, na verdade, entre roteiro de teatro e roteiro de cinema. Porque a ideia está toda ali. E também é fácil transportar o que a gente faz para o teatro, para o cinema.

VM: A experiência vai criando um ator mais apto para preparar e compor personagens? Ela te coloca na cena ou você, constantemente, aprende a interpretar?NR: Sempre fico com a impressão da primeira leitura. Porque se eu gosto, fica tudo bem mais fácil, mais tran-quilo. Em outras vezes deparamos com um texto que é legal, mas que não “bate” com você. Você fica brigando com o texto, o que não foi como agora. Logo que li, achei maravilhoso e que daria um espetáculo bem legal. Já começo a imaginar como fica a cena e você parte para o trabalho até que encontra o tom exato para a personagem.

VM: Os trabalhos do Woody Allen geralmente mostram de forma intensa a complexidade das relações humanas. Você gosta de textos que têm conteúdos, digamos, mais reflexivos?NR: Eu gosto, sim. E quanto ao Woody Allen, no fundo ele faz quase uma análise, né? É como se você estivesse num divã. Mas, na verdade, como ator eu gosto de ex-perimentar todo tipo de texto. Do Woody Allen, acho que já vi todos os filmes e sempre vejo nele essa com-plexidade humana, o relacionamento. Acho isto bacana, porque, assistindo ao espetáculo, você começa uma ana-logia com a sua vida, pensa no que pode melhorar, o que você pode esperar de tal pessoa. Às vezes, a gente não

Você tem essa pessoa maluca dentro e que a qualquer momento pode explodir. Se você não mantiver esse ser racional em dia,

um dia ou outro a pessoa irracional vai aparecer.

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ADULTÉRIOS. Texto de Woody Allen. Em Nova York, à beira do Rio Hudson, acontece o encontro entre Jim, um roteirista de cinema de recente sucesso, e Fred, um “homeless” esquizofrênico que o acusa de ter roubado sua história para escrever o roteiro do filme. Em meio a uma divertida e tensa discussão, os dois se vêem cada vez mais próximos, a ponto de Fred tornar-se conselheiro da relação amorosa de Jim e sua amante, Barbara, prestes a terminar. Tradução: Rachel Ripani. Direção e adaptação: Alexandre Reinecke. Com Fábio Assunção, Norival Rizzo e Carol Mariottini.

Teatro Shopping Frei Caneca. Rua Frei Caneca, 569, Consolação(11) 3472 2226. Até 27 de novembro.

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É a recompensa, o trabalho feito, o pú-blico. Isso que te move a fazer de novo.

VM: O que acha mais bacana na peça Adultérios? NR: O ser humano em geral tem um sen-so crítico que o segura em determinadas ações. Você, como eu, como a maioria das pessoas, já teve vontade de – se não matar uma pessoa – bater nela. Mas o seu senso crítico racional fala: “eu não sou an-imal.” E você tenta manter a calma, o que significa dizer que você tem essa pessoa maluca dentro e que a qualquer momento pode explodir. Se você não mantiver esse ser racional em dia, um dia ou outro a pessoa irracional vai aparecer. Costumo dizer que em entrevistas com assassinos em série, quando perguntados sobre o motivo de ter matado, eles respondem “eu não sei”. Isto mostra para mim que tem realmente essa pessoa dentro de nós em uma eterna briga entre o racional e o irracional. Às vezes, um problema que você coloca pra fora, é essa pessoa que vai resolver, porque o seu lado racional não resolve. Este é o grande jogo ao qual a plateia vai assistir e refletir. É este o negócio mais legal da peça. Eu convido todos a olhar lá dentro de seu inconsci-ente adormecido e escondido. Você pode trabalhar legal com isto tudo.

Às vezes, a gente não tem muita

paciência com a outra pessoa, né?

Você sabe e o outro não sabe nada...

Não é bem assim, tudo tem dois lados e é preciso analisar os

dois sempre.

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gastronomia

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Gabriel [email protected]

Twitter: @leicand

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ondue é um ritual coletivo celebrado nor-malmente nos dias de inverno, com aquele cheirinho de queijo fundido que perfuma a

casa inteira. Mas não surgiu assim, com casais pa-gando caro em restaurantes suíços ou franceses e tomando erroneamente vinhos tintos, à luz de velas, nos Jardins ou em Campos do Jordão.

Na Helvécia, região dos Alpes, há mais ou me-nos sete séculos o povo da montanha e do ca-nivete produziu um grande excedente de queijo, mas quando chegou o inverno tudo congelou e, depois, estragou. No ano seguinte aconteceu de novo. E de novo e de novo. Até que, em uma reunião para discutir como resolver o problema, um bom samaritano sugeriu que todo o exce-dente fosse derretido e acrescido em um pouco de aguardente: o kirsch, bebida local feita de cerejas (também usada no bolo floresta negra).

Acrescentando o kirsch, o queijo enrijeceria mas não estragaria, podendo ser derretido de novo. Todo o povoado testou a receita em um grande caldeirão no meio da praça, e um felizardo, para provar, meteu um pedaço de pão na mistura dos queijos fundidos. Deve ter sido uma grande festa. Provavelmente repetida todos os anos. A partir daí surgiu a fondue (sim, fondue é uma palavra feminina) a bourguignone, que é a carne mergulhada em óleo quente e daí para frente. E a fondue sem-

pre foi celebrada coletivamente, como podemos lembrar nos

deliciosos registros de Uderzo e Gocini - As-terix, que não eram exatamente da Helvécia e sim da Gália, com os caldeirões do prato mais evoluído. Todos da aldeia comiam juntos e quem derrubasse o primeiro pedaço de pão na mistura deveria pagar uma prenda.

Na Suíça, esse prato quentinho, que deve acompanhar uma taça de vinho, é sempre feito pelos homens, assim como acontece com o nosso churrasco. É praticamente o único prato que todo homem suíço sabe fazer. O porquê é simples: o serviço militar na terra do chocolate é obrigatório ao sexo masculino e dura dois anos, mas no início todos ganham um caderninho com algumas receitas. A primeira é a fondue e logo na iniciação do exército há uma grande con-fraternização com um caldeirão enorme cheio de queijos fundidos e muita bebida. Quando os jovens voltam para casa, no mínimo esse prato sabem fazer!

E o vinho? Branco! De início, os tintos já não costumam ir tão bem com queijos fortes. É bom fazer combinações e harmonizações que funcio-nam há tantos anos em seus países de origem. Nos Alpes se bebe um branco Fendant, da uva chasselas. Aqui, não é muito comum e, se acha-do, não vale o preço. Então, outro branco que vá bem com sua mistura de queijos...

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anilo Moraes e os Criados-Mudos

é o nome do novo trabalho dos caras.

O Danilo conversou com a gente, em

uma entrevista divertida, no mesmo dia em que

se apresentava ao vivo na rádio Cultura. Os

Criados-Mudos são Guilherme Kastrup (bat-

eria e percussão) e Zé Nigro (teclado e baixo).

Lançado em 30 de junho, o CD é muito bom!

Tem composições inéditas do Danilo e de

parceiros bem bacanas, como Céu, Rodrigo

Campos, Anelis Assumpção, Thalma de Freitas,

Giba Nascimento, Chico Salem, Zeca Baleiro

e Chico César.

Acho que esse paulistano, filho de um Premedi-

tando o Breque, banda da Vanguarda Paulista

dos anos 1980, trouxe a irreverência no DNA.

E registro aqui a promessa do cara: ganharás o

CD autografado! Bem, ele só não me entregou

ainda... Mas querem ver entregar? La vai:

Danilooooo, os seus criados são mudos, mas

eu falo mais que a boca!

Gente, acho que agora garanto o CD, né?

Com vocês, Danilo Moraes.

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entrevista

VM: A grande mídia tem contribuído para a divulgação de tra-balhos como o que você desenvolve?DM: A mídia tem falado bastante dessa “Nova Geração”. De fato tem bastante gente muito boa fazendo trabalhos autorais e lançando disco, fazendo show. Aí cabe à gente conseguir algum destaque dentro desse caldeirão de gente talentosa! Mas com certeza tem espaço. Lógico que poderia ter mais. Faltam lugares como a Casa de Francisca, um lugar maravilhoso onde toco bas-tante, tem uma ótima programação e se renova sempre, arrisca. Muitos lugares bons fecharam e ainda estamos à espera que novos lugares surjam.

VM: O que você ouve e o que você não ouve jamais? DM: Ouço muito música brasileira e tenho ouvido mais rock “classicão”, como Led Zeppelin, Rolling Stones, bandas que

eu não ouvi tanto na adolescência, sem-pre pirei nos Beatles. Ouço e ouvi muito forró, samba e muita MPB, bossa-nova, jazz, adoro. Música erudita também. Não conheço bem, nunca toquei, mas adoro, me faz ouvir música sem os ví-cios de quem faz aquilo, apenas como ouvinte. Não tenho muita paciência pra música muito comercial, pra essas músi-cas da Disney atuais, sabe? Ou o Justin Bieber. Dei aula pra crianças e era difícil quando algum aluno trazia esses CDs pra gente ouvir em aula.

VM: Gosta de literatura, cinema, teatro? Diga um livro, um filme e uma peça que você gostou.DM: Gosto de tudo! Tem fases que vou mais e outras menos. Filme que adorei foi

esse do Woody Allen, “Meia Noite em Paris”, deu saudade de lá. Recentemente reli Vidas Secas, do Graciliano Ramos, e adorei. Tinha lido na escola e me lembro de ter gostado. Mas agora é diferente, né? Li porque quis, fica melhor. Li também as biografias do Clapton e do Keith Richards, gostei. Uma fase mais rock and roll. Teatro faz tempo que não vou. Preciso ir mais, porque adoro.

VM: Como foi a produção do novo CD? DM: O Danilo Moraes e os Criados Mudos foi uma produção independente, daquelas dependentes da boa vontade de muita gente. A produção musical foi feita por mim, pelo Zé Nigro e pelo Guilherme Kastrup, que são os Criados Mudos. Gra-vamos no estúdio Navegantes, na Lapa, mixamos lá também. Quem mixou foi o Gustavo Lenza, que também mixou o CD da Céu, da Anelis Assumpção, do Nação Zumbi, um monte de gente bacana. Masterizamos em Miami, com o Felipe Tichauer, que mandou muito bem. O CD saiu pelo selo Scubidu Records,

Versátil Magazine: Como foi sua formação musical, sendo filho de um dos “Premês”, o Wandi Doratiotto?Danilo Moraes: Eu comecei a estudar música desde os dez anos, no Espaço Musical, escola em que hoje dou aula. Passei por vários professores bacanas, como Swami Jr, Ricardo Breim, Levy Miranda, Luizão Cavalcanti, Jarbas Barbosa, Claudio Leal. Componho desde criança, sempre fiz mais as melodias e meus parceiros sempre fizeram mais as letras, apesar de neste disco ter letras minhas também. O Premê sempre foi uma influência muito forte, a banda que eu mais vi shows e por onde o contato com a música profissional começou. A temática bem-humorada entrou na minha música recentemente, através dos parceiros Ricardo Teté e Giba Nascimento, que foram trazendo o humor pras letras das minhas músicas.

VM: Quando você descobriu que seria mesmo um compositor, cantor, guitarrista, enfim, um músico?DM: Acho que desde que comecei a tocar. Tive minha primeira banda mais séria com quinze anos, fizemos um show bacana no Teatro Ruth Escobar em 1994. Foi o primeiro show mais “profissional”, fora dos festivais de colégio. Por ver a música rolando em casa, pra mim sempre foi uma coisa natural, não causou aquele espanto familiar, sabe?

VM: Quais são as suas principais referên-cias musicais?DM: O Premê, o Rumo. Ouvia muito Caetano quando era moleque, mas todo mundo na escola gostava de rock, então eu escondia um pouco esse lado. Besteira de moleque, né? Sempre fui fissurado por Jack-son do Pandeiro e João Gilberto, os maiores cantores do Brasil! Moacir Santos me influenciou recentemente, fiz várias músicas inspiradas no “Coisas”.

VM: O disco Danilo Moraes abriu novas perspectivas artísticas? DM: Esse primeiro disco serviu muito como um registro de músicas que eu tinha e estavam paradas. Na época estava to-cando muito com o Banguela, grupo de forró que tocava bas-tante no extinto KVA, em Pinheiros. A banda começou a ficar mais devagar e resolvi gravar minhas músicas, um CD solo, e ir morar na França para divulgar meu som lá e encontrar uns amigos (Ricardo Teté e Ricardo Herz) que estavam morando em Paris e me falaram que a coisa tava bacana por lá. O pro-jeto da França demorou mais do que o previsto, enquanto isso fui fazendo algumas coisas por aqui. Eu gosto bastante desse primeiro disco. Apesar de tê-lo lançado em 2003, tem músicas que gosto de tocar até hoje. Com ele, na época, fui indicado pro prêmio TIM e pro Rumos, do Itaú Cultural. Foi bem bacana.

Tem bastante gente muito boa

fazendo trabalhos autorais. Cabe a nós conseguir algum destaque

dentro desse caldeirão de gente

talentosa!

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que é do meu parceiro produtor Flavio de Abreu, e distribuído pela Tratore. Através da Tratore, o CD chega em qualquer loja do Brasil. Só que o lojista tem que botar fé, né? Aí eu peço aquela forcinha dos amigos e de você que está lendo pra perguntar na loja mais perto se tem o CD... Vai ajudar bastante, pode crer.

VM: Você também produz trilhas musicais. Como é este trabalho?DM: Tenho um estúdio na minha casa, coisa simples, mas já dá pra tirar uma onda boa. Tenho muitos amigos das antigas que fizeram cinema, se envolveram com vídeos, sites, mil coisas do gênero. Eles foram precisando de trilha ao mesmo tempo em que eu ia equipando mais o estúdio. Aí um indica o outro e assim foi indo. Ano passado fiz com o Ricardo Herz umas trilhas bem bacanas pra documentários de dança da São Paulo Companhia de Dança, com retrospectivas das carreiras de bailarinos brasileiros de primeiríssima linha, como Décio Otero, Márcia Haydée, Angel Vianna, Carlos Moraes. Fiz agora uma série pro canal Futura chamada “Nossa Terra, Nossa Gente”, bacana também. Eu e o Herz fizemos muita coisa pro grupo Laborg, que faz projeções multimídia muito legais e criativas. Eles participaram da Quadrienal de Praga e levaram um super prêmio com o último trabalho que fizemos juntos.

VM: Quanto às parcerias com Zeca Baleiro, Céu e Chico César, você já gostava do trabalho deles?DM: Cada parceiro tem uma relação diferente. A Céu é uma grande amiga, tivemos uma banda juntos há dez anos, o Sistema PF de Som, a gente compôs “Mais um Lamento”, que entrou no disco dela e agora registrei minha versão. Com o Zeca tive contatos mais esporádicos e ficou a promessa de uma parceria. Rolou por email, quando a letra chegou eu quase caí da cadeira! O Chico César é amigo há muito tempo. Duas vezes ele quebrou o braço e eu entrei na banda pra tocar violão.

VM: Como é a experiência de fazer letra e música? DM: Em “Acordo Cedo”, sou meio insone, essa letra saiu fácil. Tem parcerias com o Giba e a Céu. É bacana quando os parceiros fazem letra e música juntos.

VM: Você tem coragem de contar o que tem dentro do seu criado-mudo? DM: Xi... só tem tralha. A letra diz “mais de cinco anos da minha vida esparramados num segundo.”. Tem coisas de mais de dez anos, coleção de chaveiros, foto minha cabeludo, óculos velhos... Uma gaveta abarrotada de tranqueira velha e inútil, preciso dar uma limpa nela!

VM: Vai me dar de presente um disco seu autografado, já que sou fã? DM: Opa! Mas é craro (sic)! Tá separado aqui!

CRIADO MUDO(Giba Nascimento / Danilo Moraes) Outrora era um criado-mudoagora fala, já falou quase tudocartão de motel, papel do boréumoça de fel e recado de bar Tem foto minha cabeludochiclete, ficha telefônica em desusomais de cinco anos da minha vidaesparramados num segundo De quebra a ponta de um cigarromeio amareladojunto a uma 3 por 4e eu incriminado tô Balinha, uma pontinha de frontale eu falei “já era”uma foto da Moniquee um pôster da Vera E o criado-mudo viroua casa caiuo criado mudo virou Eu mato aquele cabeçudovou tacar fogo no criado que era mudomais de cinco anos da minha vidaesparramados num segundo Depressa, caminhão na portaprimo, sogro e sogradando uma mão aqui, agoradia de mudança Pirralho, o filho do meu primo Hilárioacabou com a festadeu um susto no meu sogroe a turma indigesta viu: O criado-mudo viroua casa caiuo criado-mudo virou Esta música foi composta baseada na crônica “Criado-Mudo”, de Mario Prata.

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CLICHÊ. Texto: Marcelo Pedreira. Lucio Mauro Filho faz piada com clichês do nosso vo-cabulário. Construído por chavões, o texto discute de forma engaçada como o brasileiro adere, quase sem querer, a lugares comuns e frases feitas. O espetáculo começa na porta do teatro, onde o ator bate-papo com a plateia. Direção: Rubens Camelo. Com Lucio Mauro Filho. Teatro Folha. Shopping Pátio Higienópolis. Avenida Higienópolis, 618, Higienópolis, (11) 3823 2323. Até 28 de agosto.

mix cultural

TEATRO por Claudia Liba e Valéria Diniz

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CINEMA

por Valéria Diniz

LANTERNA VERDE. Adaptação dos quadrinhos da DC Comics. O piloto Hal Jordan é condecorado com um anel que lhe dá poderes sobrenaturais e garante sua participa-ção na tropa Lanternas Verdes, que jurou manter a ordem no Universo. Direção: Martin Campbell. Com Ryan Reynolds, Blake Lively. Estreia: 19 de agosto.

por Valéria Diniz

CRUEL. Texto: August Strindberg. A peça explora sentimentos de amor, ódio, desconfiança e paixão. Os personagens têm per-sonalidades e ações paradoxas: Gustavo é movido pela vingança; Adolfo é manipulável, casado com uma escritora que cai nas ar-madilhas do ex-marido Gustavo. Direção: Elias Andreato. Com Reynaldo Gianecchini, Maria Manoella e Erik Marmo. Teatro FAAP. Rua Alagoas, 903, Higienópolis, (11) 3662 7233. Até 04 de outubro.

FAUSTO EM PROGRESS. Partindo do Fausto, de Goethe, o grupo re-constrói a história do médico tornado alquimista e sua procura por experiên-cias mundanas e pelo diabo realizador de desejos. Direção: Luciana Ramin. Com Bárbara Mello, Bruno Sperança Forcinito, José Sampaio, Junior Lima, Luciana Ramin e Thadeo Ibarra. Espaço dos Satyros II. Praça Roosevelt, 134, Centro, (11) 3258 6345. Até 26 de agosto.

SUPER 8. Um grupo de jovens testemunha um acidente de trem enquanto filmam uma produção em super 8. Logo suspeitam que aquilo não foi exatamente um acidente, pois, em seguida, ocorrem desaparecimentos incomuns e fatos inexplicáveis. Direção: J.J. Abrams. Com Joel Courtney, Jessica Tuck, Ryan Lee. Estreia: 12 de agosto.

THE HUNGRY RABBIT JUMPS. Depois que a esposa é assaltada, sofrendo graves ferimentos, um marido vingativo reúne um grupo de voluntários para ajustar contas com o agressor. Direção: Roger Donaldson. Com Nicolas Cage, January Jones, Harold Perrineau, Guy Pearce, Monica Acosta. Estreia: 12 de agosto.

WINNIE THE POOH. Corujão, Tigrão, Abel, Leitão, Cangu, Guru e Bisonho precisam salvar Christopher Robin de um problema imaginário. Pooh, que tinha saído só para buscar mel, irá com o grupo para ajudar a resolver o incidente. Direção Stephen J. Anderson. Com as vozes de John Cleese, Craig Ferguson. Estreia: 29 de julho.

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SHOWS por Claudia Liba e Valéria Diniz

EXPOSIÇÃOSOMOS TERRA. Quase uma instalação artística, a exposição busca criar uma ex-periência de encantamento pela natureza. Para isto mobiliza experiências sensoriais através de cores, luzes, jogos e games interativos. Somos Terra ocupa uma área de quase 500 m2 na sede da UMAPAZ (Universidade do Meio Ambiente e da Cultura de Paz), ligada à Secretaria do Verde e do Meio Ambiente do Município de São Paulo. A exposição fez parte da Virada Sustentável, em junho, e foi criada pelo cenógrafo Marko Brajovic e equipe. Grátis. Parque Ibirapuera. Avenida IV Centenário, 1.268, portão 7A, (11) 5572 8037. Até 31 de agosto.

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por Valéria Diniz

RED HOT CHILI PEPPERS. Uma das mais famosas bandas de rock do mundo estará no Brasil em setembro, com turnê baseada no álbum “I’m With You”. O show de abertura ficará a cargo da banda inglesa FOALS. Arena Anhembi. Avenida Olavo Fontoura, 1.209, Santana, (11) 2226 0400. Dia 21 de setembro.

PHILIP GLASS E TIM FAIN. A música de Philip Glass passa dos palcos operísticos aos shows de música popular, das salas de concerto às poltronas dos cinemas. Aos 73 anos, ele divide o palco com o violinista Tim Fain, vencedor do Young Concert. Sala São Paulo. Rua Mauá, 51, Luz, (11) 3367 9500. Dias 13 e 14 de setembro.

MÚSICA por Claudia Liba e Valéria Diniz

CHAMBER MUSIC SOCIETY. Esperanza Spalding. Premiada recentemente com o Grammy de Melhor Artista Revelação (2011), a baixista e cantora de 27 anos é considerada uma das maio-res estrelas do jazz mundial da atualidade. Ela se aventura pelas músicas cubana, argentina e brasileira, cantando em inglês, espanhol e português.

RACHMANINOV CONCERTOS PARA PIANO Nº 2 E 4. Arnaldo Cohen – OSESP. Dando sequência aos lançamentos que registram gravações da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP), o CD contempla duas obras para piano do compositor russo Sergei Rachmani-nov (1873-1943). Com o violinista e maestro Yan Pacal Torteuer como regente convidado, ao lado de John Neshling, e o pianista Arnaldo Cohen.

RED HOT + RIO 2. Há 15 anos a Red Hot Organization angaria fundos para combate à AIDS com CDs, programas de televisão e outras produções culturais. Neste CD, faz um tributo à Tropicália com participações de Caetano Veloso, David Byrne e John Legend, Beck e Seu Jorge, Tom Zé e Javelin, Marisa Monte e várias bandas, vocalistas e DJs do indie rock internacional. www.redhot.org

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A AUSÊNCIA QUE SEREMOS. (1) Héctor Abad. Bio-grafia escrita pelo filho do médico colombiano Gómez (1921-87), defensor de causas sociais e direitos humanos, executado pelos esquadrões da morte nos anos 1980. O título do livro provém de um verso atribuído a Jorge Luis Borges, encontrado no bolso do pai. Companhia das Letras.

A PÁGINA ASSOMBRADA POR FANTASMAS. (2) Antônio Xerxenesky. Escritores, reais ou inventados, são o combustível dos contos, onde a literatura, com seus labirin-tos e enigmas, torna-se protagonista. O autor usa a ficção para refletir sobre os fantasmas que são a base de qualquer literatura que se queira contemporânea. Editora Rocco.

BORRALHEIRO. (3)Fabrício Carpinejar. Cem crônicas sobre o novo homem, que não tem vergonha de sua sensi-bilidade, cuida dos filhos e pensa no jantar, que é romântico

e adora lojas, que pede desculpa com o riso, orgulha-se da própria carência e tem estratégias divertidas de sedução. Editora Bertrand Brasil.

EU NÃO SEI TER. (4) Marcelo Candido. Um romance contemporâneo ambientado em São Paulo e que discute as dificuldades humanas de se relacionar e comunicar. O narrador masculino revela seu interior, as personagens femi-ninas vivem suas indecisões e o acaso deixa claro seu papel na vida das pessoas. Virgiliae/Livros de Safra.

GERAÇÃO ZERO ZERO. (5) A proposta desta antologia é reunir não o que já foi consagrado pelo tempo, mas o que de melhor vem sendo feito na literatura brasileira deste início de século. Contos inéditos de Luiz Ruffato, Ana Paula Maia, Lourenço Mutarelli, Joca Reiners Terron, Veronica Stigger. Editora Língua Geral.

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HERÓIS DEMAIS. (6) Laura Restrepo. Aos 16 anos, Mateo vai a Buenos Aires com a mãe, esperando encontrar o pai que não vê desde pequeno. Para que ele entenda como e por que tudo aconteceu, ela conta sua vida na Argentina nos tempos da guerra suja. O leitor espera o desfecho até os últimos parágrafos. Companhia das Letras.

IMORTAL. (7) Traci L. Slatto. Florença, séc. XIV, um menino é abandonado e submetido a crueldades. Mas possui um dom que o leva a abraçar mistérios da alquimia e da cura. Quando desaparece, tem início um suspense de fé, arte e magia. Tradução: Maria de Fátima Oliva do Coutto. Editora Bertrand Brasil

MUITO ALÉM DO NOSSO EU. (8) Miguel Nicolelis. Estamos prestes a cruzar mais uma fronteira do conhecimen-to em direção à compreensão do imenso poder do cérebro, o que pode provocar grandes mudanças nas áreas de saúde e tecnologia. O neurocientista brasileiro revela ideias revolu-cionárias a respeito. Companhia das Letras.

O ESQUIZOIDE. (9) Rodrigo de Souza Leão. Org.: Ramon Mello. Carioca de múltiplos talentos, Rodrigo produziu intensamente antes de morrer em 2009, aos 43 anos, em uma clínica psiquiátrica. Aqui, ele explora

com delicadeza, num misto de ficção e relato pessoal, os laços invisíveis que separam sanidade e loucura. Editora Record.

O LIVRO EXTRAVAGANTE. (10) José Jorge Letria. A poesia do autor vem de longe, coça ouvidos, alegra corações e faz sorrir. Um dos mais destacados nomes da literatura infanto-juvenil em Portugal, José Jorge Letria nos presenteia com esta coletânea que é pura alegria. Ilustrações: Taisa Borges. Editora Peirópolis.

POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS. (11) Ronald J. Watkins. O historiador conta como o navegador português Vasco da Gama se preparou para a viagem que o levaria às Índias. Watkins uti-lizou diários, mapas e documentos da época. O livro é leitura obrigatória para todos que se interessam por História. Editora Record.

UM HOMEM CHAMADO LOBO. (12) Oliverio Coelho. Um pai em busca do filho, um filho em busca do pai. São essas as procuras básicas do livro do escritor argen-tino. Elas se iniciam depois que Estela, mulher ocasional de Lobo e mãe de Ivan, some de suas vidas, voltando depois para levar junto o filho. Virgiliae/Livros de Safra.

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“O problema é que aquele amor fui eu que o inventei.”

A vida em suma é o que inventamos e com o passar do tempo vamos criando e recriando

sobre algo que inventamos.O tempo passa e nos reinventamos também,

diante das invenções que fizemos e estamos por fazer.

Ela foi assim; um rosto, um corpo, que um dia inventei de amar.Fui construindo aquele amor.

Embelezei seus olhos, enterneci os seus cabelos, fiz jade seu corpo.

E para espanto meu, transformei seu cheiro em minha alma.

Ah! E quanto por inventar!O problema é quando se inventa algo e o invento acredita que ele é somente aquilo. Mas se não acredita, abre-se o diálogo.

Você quer que o invento seja o que você inventou.

A invenção contesta você reafirma.O invento renega e você insiste.

Há um caminhar, um fluir, um discutir, construir, reconstruir.

Abre-se então uma doce discussão eterna, um reinventar.

E assim a vida passa e não se apercebe o tempo.

O tempo do invento e do inventor; tudo um só tempo, um bom tempo.

Mas quando o invento acredita que é de fato somente o invento, a vida pára.

O tempo congela, a invenção toma conta de si e se apropria do inventor.

A tensão se esvai e o brilho se apaga.Ela se acreditou rosa, mas não soube criar

caule, folhas e espinhos.Esqueceu-se do perfume e do invento que era meu.

E aí o amor feneceu.

F. Marcos

Um cara que acredita em sonhos e planta amigos.

“““““““““““““OOOOOOOOOOOOOO pppppppppppppppppppppppppppppppppppppprrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrooooooooooooooooooooooooooooooobbbbbbbbbbbbbbbbbbbbblllllllllllllllleeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeemmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmaaaaaaaaaaaaaaaaaa ééééééééééééééééééééééééééééééééé qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqquuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuueeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqquuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuueeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeellllllllllllllllllllllleeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee aaaaaaaaaaaaaaaaaaammmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmoooooooooooooorrrrrrrrrrr fffffffffffffffffffffffffffffuuuuuuuuuuuuuuuuiiiiiiiiiiii eeeeeeeeeeeeeeeuuuuuuuuuuuuuuuu qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqquuuuuuuuuuuuuuuuuuuuueeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee ooooooooooooooooooooooooooooooooo iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiinnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnvvvvvvvvvvvvvvvvvvveeeeeeeeeeeeennnnnnnnnnnnnnnnnnnnnntttttttttttttttttteeeeeeeeeeeeeeiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii..........””””””””””””””””””””””””

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EEEEEEEEEEEEEEEEElllllllllllaaaaaaaaaaa fffffffffffffffooooooooiiiiiiiiiii aaaaaaaaaaaaaaaassssssssssssssssssssssssssssssssssiiiiiiiiiiiiiiiiimmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm;;;;;;;;;;;;; uuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuummmmmmmm rrrrrrrroooooooooooooosssssssssssstttttttttttttoooooooooooooooooooooooooo,, uuuuuuuuuuuuummmmmmmmmmmmmmmmmmm cccccccccccccccccccccccccccooooooooooooooooooooooooorrrrrrrrrrppppppppppppppppooooo,,,, qqqqqqqqqqqqqquuuuuuuuueeeeeee uuuuuuuuuuummmmmmmmmmmmm dddddddddddddddiiiiiiiiiiiiaaaaaaaaaaaaaaaa iiiiiiiiiiiiiiiiinnnnnnnnnnnnvvvvvvvveeeeeeeennnnnnnnnnnnntttttttttttttttttttttttttttteeeeeeeeeeeeeeeeeiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii ddddddddddddddddddddeeeeeeeeeeeeeeeeeeee aaaaaaaaaaaaammmmmmmmmmmmmmaaaaaaaaaaaaaaarrrrrrrrrrrrrr........FFFFFFFFFuuuuuuuuuiiiiiiii ccccccccoooonnnnnnsssssstttttttttrrrrrrrrrruuuuuuuuuuuuuiiiiiiiiiinnnnnnnnnnnnnnnnndddddddddddddddddddddddddddoooooooooooooo aaaaaaaaaaaaaqqqqqqqqqqqqqqqquuuuuuuueeeeeeeelllllllleeeeeeee aaaaaaaaaammmmmmmmmmmmmmmmmmoooooorrrrrrrr.....

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abe-se há muito que grandes desco-bertas científicas, muitas vezes,

surgem de uma inocente conversa de botequim, regada a alguma cerveja ou mesmo um bom vinho. Nunca foi possível acompanhar detalhes desse processo criativo, pois essas conversas geralmente são informais e, mais do que isso, espontâneas e imprevisíveis. No entanto, dois grupos de pes-quisadores diferentes conseguiram registrar esse momento fabuloso de Eureca: eles passaram a gravar todas as conversas que tinham de forma informal. Afortunadamente, ambos obtiveram sucesso em suas empreita-das e seu registro ganhou importân-cia histórica. Eles concordaram em nos fornecer a transcrição das conversas se não divulgássemos seus nomes. Um dos registros vem de um conhecido país de primeiro mundo e o outro de um conhecido país de terceiro mundo. Há, evidente-mente, diferenças ligadas à situação particu-lar de cada um, mas a energia intelectual em ambos é semelhante e demonstra como a atmos-fera científica é a mesma, independente das condições culturais e financeiras. Vamos aos trechos.

GRUPO 1 – PAÍS DESENVOLVIDO — Como está, George? — Vou bem, obrigado. Sente-se e peça uma taça de vinho. Há tempos o espero. O que aconteceu? — Fiquei até tarde no laboratório tentando obter os resultados do PCR. Estava ansioso por eles. — Conseguiu? — Sim. E você vai ficar perplexo. Deu positivo. — Meu Deus! Então estamos vivendo uma incrível e providencial coincidência de descobertas! Estava aqui ruminando sobre os resul-tados e tive um insight: se trocarmos o iniciador por uma sequência palindrômica extraída de uma rã, poderíamos inserir esse gene num vírus e fazê-lo transportar essa sequência até a célula hospedeira! — Uma sequência palindrômica... Num bacteriófago... talvez... SIM! Você tem toda a razão! — Com esse resultado positivo que você obteve hoje, isso é plenamente possível! — Não acredito que estamos próximos de descobrir um método viável de retardar o envelhecimento humano! — Este é um momento único, George! Vamos brindar! — William, se estivermos certos, poderemos narrar este momento aos nossos trinetos! E em boa forma!

De fato, George e William (nomes fictícios) descobriram o primeiro método para retardar o envelhecimento que não envolvia restrição calórica ou seus correlatos. Embora não tenham ganhado o Nobel, não passa um ano sem que sejam feitas indicações para esse grupo científico. Agora vamos ao país de terceiro mundo:

GRUPO 2 – PAÍS SUBDESENVOLVIDO — Como está A.S.? Tudo bem?

Caramba, estou esperando você desde as 19:00! — Fiquei preso num engarrafamento monstro. Três horas.

— Três horas? Mas o que aconteceu? — Uma manifestação na avenida P.

provocou o caos em toda a cidade. Garçom, uma cerveja, por favor.

— Outra manifestação? — Sim. A quarta neste mês. Agora

são os reprovados em cursos de nível superior, que querem ter o direito de exercer a profissão, mesmo tendo sido reprovados.

— Mas... que absurdo! Isso não tem o menor nexo!

— Eu e você sabemos disso, mas é tudo que o atual governo quer: uma massa de

eleitores potenciais. Pode esperar que ainda vão regulamentar essas aberrações. — Então médicos reprovados poderão operar eu ou você?

— Sim, poderão. Eles alegam ser uma minoria discriminada segundo um sa-

ber retrógrado e reacionário que desqualifica a intuição e o improviso. Exigem a aprovação au-

tomática de todos os reprovados. — Não podemos negar a lavagem cerebral que esse governo re-aliza: ao invés de qualificar as pessoas – um processo custoso e de-morado – eles simplesmente invertem a lógica e valorizam a condição das pessoas, seja ela qual for, e não fazem nada para mudá-la. Isso sem gastar um centavo. Mas não vamos falar disso. Há algo muito importante para conversarmos. — Diga. — Fiquei sabendo que a universidade está fazendo uma lista de demissão em massa. — O quê?? — Sim. Todos que recebem salários antigos serão demitidos. A Instituição pretende recontratar profissionais por um terço do nosso salário. — Mas nós ganhamos mal! Como é possível?? — O mercado está inundado com mestres e doutores desem-pregados, que acreditaram na falácia da falta de mão de obra qualificada. Será muito fácil a Instituição achar um pobre coitado com pós-doutorado que queira dar aulas, mesmo que por um salário humilhante. — Estamos perdidos! O que faremos? Tanto tempo dedicado à pós-graduação, vinte anos de magistério, trinta trabalhos publicados e... demissão! — Calma! Ontem, enquanto eu tentava resolver o imbróglio burocrático de nossos reagentes na alfândega, tive um insight incrível! E acho que ele representa uma saída formidável!

Infelizmente não foi possível transcrever o restante da fita, pois um apagão de energia elétrica interrompeu o registro. No entanto, sabemos o que ocorreu depois. Após a demissão, esses pesquisadores abriram uma loja especializada na venda de apetrechos para times de futebol. O começo foi duro, mas hoje eles estão muitíssimo bem e sua loja é

Alexandre Lourenço é Veterinário, microbiologista, professor, bípede, mamífero e, agora, escritor.

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