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SrieEstudosePesquisas
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USO ATUAL
DAS TERRAS
BACIAS DA MARGEM DIREITA
DO LAGO DE SOBRADINHOS A L V A D O R
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Governo da Bahia
Governo do Estado da BahiaJaques Wagner
Secretaria do PlanejamentoWalter de Freitas Pinheiro
Superintendncia de Estudos Econmicos e Sociais da BahiaJos Geraldo dos Reis Santos
Diretoria de Informaes GeoambientaisRita Pimentel
Ficha Tcnica
Coordenao de Recursos Naturais e AmbientaisAline Pereira Rocha
Equipe Tcnica (Temtica)Aline Pereira Rocha (Vetorizao Temtica)
Antnio Leonardo Guimares de Mello
ColaboraoJussara Tourinho de Melo
Maria de Ftima Fiza Marinho
EstagiriosElaine Teixeira Santos
Leonardo Ribeiro Farias
Coordenao de Cartografia e GeoprocessamentoErivaldo Lima de Queiroz (Tratamento das Imagens)
Elaborao da Base CartogrficaElisngela Soares de Prado
Ivana Silva de Jesus
Planejamento Cartogrfico e Arte FinalAna Lcia da Silva Teixeira
Anglica Manina de Moraes Cunha Neta
Dfini Nascimento
Reviso de LinguagemMaria Jos Bacelar Guimares
Coordenao de Disseminao de InformaesMrcia Santos
Padronizao e EstiloEditoria de ArteElisabete Cristina Teixeira Barretto
Aline Santana (estag.)
Produo ExecutivaAnna Luiza Sapucaia
Projeto GrficoElisabete Cristina Teixeira Barretto
Julio Vilela
EditoraoSandro de Jesus Santos
Av. Luiz Viana Filho, 435, 2 andar - CAB - CEP 41750-002 - Salvador - Bahia
Tel.: (71) 3315-4822 / 3115-4707 - Fax: (71) 3116-1781
www.sei.ba.gov.br - [email protected]
Superintendncia de Estudos Econmicos e Sociais da Bahia.
Uso atual das terras: Bacias da Margem Direita
do Lago de Sobradinho. Salvador: SEI, 2009.
223 p. il. (Srie estudos e pesquisas, 83).
ISBN 978-85-85976-71-2
1. Uso atual das terras Bacias da Margem Direita do Lago de
Sobradinho. I. Ttulo. II. Srie.
CDU 711.14(813.8)
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LISTA DE ILUSTRAES
FIGURAS
1. Articulao das imagens do satlite CBERS2. Articulao das imagens do satlite LANDSAT
3. Padres de uso interpretados nos mosaicos de imagens CBERS2, rbitas 151, 152 e 153, e
pontos 110, 111, 112, 113 e 114. Combinao de bandas 243
4. Localizao da rea de estudo
5. Municpios inseridos na rea de estudo
6. Balano hdrico segundo Thornthwaite
7. Evoluo administrativa
8. Padres de uso e cobertura vegetal
9. Principais minerais quanto ocorrncia
ESQUEMAS
1. Procedimentos metodolgicos
FOTOS
1. Sorgo irrigado, Jussara
2 . Annona squamosa, pinha ou fruta-do-conde, Presidente Dutra
3. Enxertia em fase inicial de substituio da pinha pela atemoia, Presidente Dutra
4. Atemoia, hbrido resultante do cruzamento entre a ata e a cherimoia, Presidente Dutra
5. Substituio do cultivo da pinha pelo da atemoia. frente, com folhas maiores, a planta
da atemoia enxertada na planta da pinha; atrs, com folhas menores, a planta da pinha
que ser cortada, Presidente Dutra
6. Fibra de sisal secando ao sol. Ao fundo, animal utilizado no transporte, Canarana
7. Uva em fase de experincia no Permetro de Irrigao Mirors, Ibipeba
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8. Cebola, Lapo
9. Irrigao em sulcos, por gravidade. Plantao de cebolas, Sento S
10. Plancie de inundao do lago de Sobradinho ocupado com cultivo. Ao fundo,
espelho dgua, Sento S
11. Packing House. Beneficiamento e distribuio dos produtos da olericultura, Lapo12. Cultivo de alfafa, parte da alimentao do avestruz, Irec
13. Palma forrageira utilizada na alimentao animal
14. Avestruz, espcie explorada na regio de Irec. O macho, com penas pretas, de maior porte
15. Avestruz, espcie explorada na regio de Irec. A fmea, com penas acinzentadas, de menor porte
16. Criao racional de abelhas em colmeias, Central
17. Criao racional de abelhas em colmeias ( direita) e no tronco da rvore ( esquerda, na poro
mais grossa do tronco), Central
18. Exemplar de mandacaru,cereus jamacaru, da famlia das Cactceas, espcie tpica na rea19. Cactcea, espcie tpica da vegetao, Sento S
20. Palmeira licuri ou ouricuri
21. Caatinga Parque, Sento S
22. Carnabas no vale do rio Verde, Projeto de Assentamento Almas, Itaguau da Bahia
23. Tanques-rede da APBPS prontos para incio das atividades
24. Criao de tilpias em tanques-rede no lago de Sobradinho
QUADROS
1. Programas e projetos implementados na rea estudada
2. Caractersticas da estrutiocultura na regio de Irec e relao com a mdia mundial
3. Ocorrncias industriais por municpio, empresa e produto
4. Unidades de conservao
5. Stios com Registros Rupestres inseridos no Projeto Homem e Natureza por municpio
6. Acampamentos rurais e nmero de famlias por municpio 2005
7. Projetos do Programa Cdula da Terra por rea, famlias e municpio 20098. Projetos do Programa Crdito Fundirio e Combate a Pobreza Rural por rea, famlias e municpio 2009
9. Comunidades de Fundos e Feches de Pasto reconhecidas por rea, famlias e municpio 2009
10. Comunidades quilombolas por municpio e data de atualizao da certido 2009
11. Principais conflitos por tipo de uso
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LISTA DE TABELAS
1. Populao urbana, regional e nacional 1950-2000
2. Crescimento geomtrico anual da populao por municpio 1991-2000
3. Informaes municipais 2000
4. Estabelecimentos rurais familiares, segundo estratos de rea por municpio 2009
5. rea dos estabelecimentos rurais familiares, segundo estratos de rea por municpio 2009
6. Estabelecimentos rurais familiares com mo de obra familiar por municpio 2009
7. rea plantada com mamona por municpio 2002-2007
8. Produo de mamona por municpio 2002-20079. Produo de milho. Dez maiores produtores Brasil 2002-2007
10. Produo de milho por municpio 2002-2007
11. rea plantada com milho por municpio 2002-2007
12. Produo de feijo. Dez maiores produtores Brasil 2002-2007
13. rea plantada com feijo. Dez maiores plantadores Brasil 2002-2007
14. Produo de feijo por municpio 2002-2007
15. rea plantada com feijo por municpio 2002-2007
16. rea plantada com sorgo. Dez maiores plantadores Brasil 2002-2007
17. Produo de sorgo. Dez maiores produtores Brasil 2002-2007
18. Produo de sorgo por municpio 2002-2007
19. rea plantada com sorgo por municpio 2002-2007
20. Produo de banana. Dez maiores produtores Brasil 2002-2007
21. rea plantada com banana. Dez maiores plantadores Brasil 2002-2007
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22. Produo de banana por municpio 2002-2007
23. rea plantada com banana por municpio 2002-2007
24. Produo de sisal por municpio 2002-2007
25. rea plantada com sisal por municpio 2002-2007
26. Produo de manga por municpio 2002-2007
27. rea plantada com manga por municpio 2001-2006
28. Produo de uva por municpio 2002-2007
29. rea plantada com uva por municpio 2002-2007
30. rea plantada com melancia por municpio 2002-2007
31. Produo de melancia por municpio 2002-2007
32. rea plantada com melo por municpio 2002-2007
33. Produo de melo por municpio 2002-2007
34. rea plantada com tomate por municpio 2002-2007
35. Produo de tomate por municpio 2002-2007
36. Produo de cebola por municpio 2002-2007
37. rea plantada com cebola por municpio 2002-200738. Produo de caf por municpio 2002-2007
39. rea plantada com caf por municpio 2002-2007
40. Efetivo do rebanho bovino por principais municpios criadores 2002-2008
41. Efetivo do rebanho caprino por principais municpios criadores 2002-2007
42. Efetivo do rebanho ovino por principais municpios criadores 2002-2007
43. Produo de mel por municpio 2002-2007
44. Nmero de produtores e colmeias por ramo da atividade e municpio 200945. Projetos de Associao de Piscicultura realizados com a Companhia Nacional de Abaste-
cimento nos municpios de Sento S e Sobradinho 2008-2009
46. Projetos de Associaes de Piscicultura envolvidas no Programa Boa Pesca por famlias,
produo e receita nos municpios de Sento S e Sobradinho 2008- 2009
47. Projetos de Assentamentos de Reforma Agrria por rea, famlias e municpio 2008
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SIGLAS E ABREVIATURAS
Aapimec Associao dos Apicultores e Meliponicultores de Central
ABA Associao Brasileira de Antropologia
Accojus Associao dos Criadores de Caprinos e Ovinos de Jussara
Acripeixes Associao de Criadores de Peixes de Sobradinho
ADAB Agncia de Defesa Agropecuria da Bahia
ADCT Ato das Disposies Constitucionais Transitrias
ADRAP Associao de Desenvolvimento Rural e Agropecurio de Prevenido
ADRI Agncia de Desenvolvimento da Regio de Irec
APA rea de Proteo Ambiental
APAE Associao de Pais e Amigos dos Excepcionais
APBPS Associao de Piscicultores Boa Pesca de Sobradinho
Appser Associao de Piscicultores da Ponta da Serra
Aprir Associao dos Pecuaristas da Regio de Irec
ASQ Agenda Social Quilombola
Assopec Associao de Pequenos Criadores de Peixes de Sento S
Assopecp Associao dos Pequenos Criadores de Peixes
Bahiabio Programa de Bioenergia do Estado da Bahia
Bahiatursa Empresa de Turismo da Bahia S.A.
BID Banco Interamericano de Desenvolvimento
BNB Banco do Nordeste do Brasil S.A.
Ca Caatinga
CAR Companhia de Desenvolvimento e Ao Regional
Cartgeo Cartografia e Geoprocessamento
CBA Confederao Brasileira de Apicultura
CBERS Chinese-Brazilian Earth Resources Satellite(Satlite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres)
CBPM Companhia Baiana de Pesquisa Mineral
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CDA Coordenao de Desenvolvimento Agrrio
CEF Caixa Econmica Federal
Ceplac Comisso Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira
Cepram Conselho Estadual de Meio Ambiente
CERB Companhia de Engenharia Rural da Bahia
CHESF Companhia Hidro Eltrica do So Francisco
Coafti Cooperativa de Agricultores Familiares do Territrio de Irec
Codevasf Companhia de Desenvolvimento dos Vales do So Francisco e do Parnaba
Codeverde Companhia de Desenvolvimento do Rio Verde
Conab Companhia Nacional de Abastecimento
Conaq Coordenao Nacional de Articulao das Comunidades Negras Rurais Quilombolas
Contag Confederao Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
Coopertruz Cooperativa de Estrutiocultores do Plat de Irec
Coperj Cooperativa dos Empreendedores Rurais de Jussara
Cp Cultura permanente
CPT Comisso Pastoral da Terra
Ct Cultura temporria
DiGeo Diretoria de Informaes Geoambientais
DNPM Departamento Nacional de Produo Mineral
DSG Diviso do Servio Geogrfico
Ebal Empresa Baiana de Alimentos
EBDA Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrcola
EIA Estudo de Impacto Ambiental
Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria
FADCT Fundao de Apoio ao Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico
Faeb Federao da Agricultura e Pecuria do Estado da Bahia
FASEC Fundao de Assistncia Scio Educativa e Cultural
FCP Fundao Cultural Palmares
Febamel Federao Baiana de Apicultura e Meliponicultura
PGPAF Programa de Garantia Preos para a Agricultura Familiar
FIEB Federao das Indstrias do Estado da Bahia
FPM Fundo de Participao do Municpio
Funasa Fundao Nacional de Sade
Fundifran Fundao Desenvolvimento Integrado do So Francisco
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SCT Secretaria de Cultura e Turismo
Seagri Secretaria da Agricultura, Irrigao e Reforma Agrria
SEAP Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca
Sebrae Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas
Secomp Secretaria de Combate Pobreza e s Desigualdades Sociais
Secti Secretaria de Cincia, Tecnologia e Inovao
Secult Secretaria de Cultura
Sedes Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate Pobreza
SEI Superintendncia de Estudos Econmicos e Sociais da Bahia
SEIA Sistema Estadual de Informaes Ambientais
Sema Secretaria de Meio Ambiente
Senai Servio Nacional de Aprendizagem Industrial
Senar Servio Nacional de Aprendizagem Rural
SEPPIR Secretaria Especial de Polticas de Promoo da Igualdade Racial
Setur Secretaria do Turismo
SIF Servio de Inspeo Federal
SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservao da Natureza
Suaf Superintendncia da Agricultura Familiar
Sudene Superintendncia do Desenvolvimento do Nordeste
Te Tenso ecolgica
UC Unidade de Conservao
UESB Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
UFBA Universidade Federal da Bahia
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
Unicamp Universidade Estadual de Campinas
UTM Universal Transversa de Mercartor
Vs Vegetao Secundria
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13 APRESENTAO
17 INTRODUO
19 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS
27 CARACTERIZAO DA REA
27 MEIO NATURAL
41 OCUPAO DO ESPAO
49 PROGRAMAS E PROJETOS
55 USO DA TERRA E COBERTURA VEGETAL
57 CULTURAS
61 Mamona
67 Milho
72 Feijo
77 Sorgo
82 Pinha
89 Banana
94 Coco-da-baa
96 Sisal
100 Manga102 Uva
105 Melancia e melo
108 Olericultura
115 Policultura
120 PASTAGEM
129 EXTRATIVISMO
140 COBERTURA VEGETAL
149 OUTROS USOS
149 INDSTRIA
155 RECURSOS MINERAIS
161 TURISMO
166 PESCA E AQUICULTURA
175 UNIDADES DE CONSERVAO
178 STIOS ARQUEOLGICOS
184 ASSENTAMENTOS RURAIS
193 REMANESCENTES DE QUILOMBOS
198 POVOS INDGENAS
SUMRIO
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199 USOS E CONFLITOS
203 CENRIOS E TENDNCIAS
207 REFERNCIAS
213 GLOSSRIO
217 APNDICE A
217 PONTOS DE CONTROLE GPS
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APRESENTAO
O mapeamento do Uso Atual das Terras das Bacias da margem direita do Lago de Sobradinho disponibilizado pela Superintendncia de Estudos Econmicos e Sociais da Bahia (SEI), por
meio da Diretoria de Informaes Geoambientais (Digeo) e elaborado pela Coordenao deRecursos Naturais e Ambientais (CRNA), como parte de um estudo sistemtico da Srie Estu-
dos e Pesquisas (SEP), com o objetivo de dotar o Estado de informaes atualizadas sobre as
formas de uso e ocupao do territrio.
O termo uso da terra denota a forma pela qual o espao est sendo ocupado, quer por as-
pectos naturais, quer por atividades antrpicas, tornando-se um dos principais estudos, que
fornecem informaes para a criao de um banco de dados que possibilite melhor utilizaodo espao regional.
O conhecimento atualizado das formas de utilizao e ocupao do solo, bem como seu uso
histrico, imprescindvel ao estudo dos processos que se desenvolvem na regio, tornando-sede fundamental importncia, na medida em que seu mau uso causa deteriorao no ambiente.
Portanto a atualizao constante dos registros de uso atual e ocupao da terra funda-
mental para que suas tendncias possam ser analisadas. Seu objetivo fornecer subsdios
s aes do planejamento regional e compreenso dos padres de organizao do espao
agrcola alterado pela ao do homem e pelo desenvolvimento tecnolgico. Assim, possibi-
lita a construo de cenrios que se tornam referncias para estudos posteriores e aes de
planejamento com cunho tmporo-espacial.
De forma detalhada e com linguagem de fcil compreenso, a anlise focaliza as atividades
agropastoris, industriais, extrativas, a dinmica e as formas de apropriao e a presso exer-cida sobre os recursos naturais. Traz ainda uma descrio fsica, permitindo uma viso geral
da regio estudada.
Com sistema produtivo baseado, em grande parte, na agricultura familiar, com pequenas
propriedades e utilizao de mo de obra familiar, a dinmica econmica no to expressivacomo em outras regies do Estado, mas apresenta especificidades inerentes a sua confor-
mao socioeconmica.
O memorial descritivo vem acompanhado do mapeamento temtico na escala 1:250.000, com
articulao em trs folhas, abrangendo uma rea de cerca de 35.698km2. Alm de impresso,
o trabalho est disponvel para consulta e downloadno sitewww.sei.ba.gov.br.
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Fo
to:Digeo/CRNA,
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to:Digeo/CRNA,
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INTRODUO
O presente estudo tem como enfoque a anlise e o mapeamento do Uso Atual das Terras das
Bacias da Margem Direita do Lago de Sobradinho, bacia hidrogrfica do rio So Francisco, no
tocante dinmica socioeconmica e ambiental, aos condicionantes das atividades e aos re-flexos no espao. Com sistema de produo tradicionalmente de pequena propriedade e com
mo de obra familiar, a regio tem sido alvo de programas voltados ao fortalecimento desse
sistema, visando subsidiar a manuteno do homem no campo de forma sustentvel.
Os elementos pr-textuais constam de Lista de Ilustraes, com as figuras, fotos e quadros,
Lista de Tabelasalm das Siglas e Abreviaturas.
A publicao est estruturada em captulos e inicia com os Procedimentos Metodolgicoscom
a descrio do mtodo utilizado para a realizao do trabalho, ressaltando instrumentos e
equipamentos utilizados, desde a aquisio e o tratamento das imagens de satlite at a
importncia dos trabalhos executados em campo e que contriburam de forma indispensvel
para sua finalizao.
Aps os procedimentos metodolgicos, efetua-se uma caracterizao da rea, com a descrio
dos principais aspectos naturais existentes, a exemplo do clima, relevo, solo e geomorfologia,
bem como a forma como se deu o processo de ocupao, suas consequncias para o ambiente
e para a conformao da dinmica atual.
O captulo Uso da Terraanalisa as atividades desenvolvidas que figuram significativamente
na matriz econmica regional. Informaes acerca dos cultivos implementados, produo,
produtividade, inovaes tecnolgicas e sua importncia na economia, alm da partici-
pao percentual de cada tipo de uso mapeado. Dados da Produo Agrcola Municipal
(PAM), elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), permitem ava-
liar o comportamento da produo e a participao dos principais cultivos nos cenrios
estadual e nacional.
Como informao complementar, no captulo Cobertura Vegetalforam mapeadas e des-
critas os principais tipos de vegetao, tomando como base mapeamentos existentes,
enquanto que o controle dessas informaes foi realizado quando do mapeamento e das
viagens ao campo.
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USOATUALDASTERRASBACIASDAMARGEMDIREITADOLAGODESOBRADINHO
No captulo Outros Usosso apresentadas as demais atividades econmicas exploradas, como
indstria, recursos minerais, turismo, pesca e aquicultura. Destacam-se tambm informaes
acerca das unidades de conservao, assentamentos rurais, remanescentes de quilombos epovos indgenas.
Problemas decorrentes do desenvolvimento dessas atividades so analisados no captulo Usos
e Conflitosque estabelece relao entre o uso e as implicaes que dele decorrem.
Em Cenrios e Tendnciasso tecidas consideraes sobre a dinmica atual e as perspectivas
setoriais. So ressaltadas atividades centrais na regio e sua importncia socioeconmica e
ambiental.
Ainda fazem parte da publicao o Glossrio, as Refernciase um Anexono qual esto rela-
cionados pontos coletados em campo com referncia no mapeamento, chamados de pontos
de checagem.
Finalmente, acompanham o estudo trs mapas na escala 1: 250.000.
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PROCEDIMENTOS METODOLGICOS
Os estudos de Uso da Terra so desenvolvidos pela Superintendncia de Estudos Econmicos e
Sociais da Bahia de forma sistemtica, o que implica na construo de uma linha metodolgica
a ser seguida, sendo feitas inseres quando as especificidades da rea estudada exigem ouem funo das inovaes tcnicas, seja com a implementao de softwares, equipamentos
ou a insero de outras variveis em sua composio. Desta forma, o processo de construo
contnuo e a cada trabalho integram-se novos conhecimentos com o objetivo de refinar
conceitos existentes.
Com a finalidade de esclarecer o uso termo bacia na denominao do estudo, haja vista a
diversidade de aplicaes de bacia e sub-bacia nas diversas escalas de abordagem, cabe
uma abordagem dos conceitos adotados. A bacia hidrogrfica a unidade fsica de anlise
e, conceitualmente, compreendida como
[...] um conjunto de terras drenadas por um rio e seus afluentesm, formadanas regies mais altas do relevo por divisores de gua, onde as guas das
chuvas, ou escoam superficialmente formando os riachos e rios, ou infiltram
no solo para formao de nascentes e do lenol fretico. Barrella (2001 apud
TEODORO et al, 2007, p. 138).
As sub-bacias, por sua vez, so consideradas, segundo Teodoro (et al, 2007, p. 138), como
reas de drenagem dos tributrios do curso dgua principal e na medida em que so
tomadas como unidades, em uma escala de trabalho que no englobe a bacia maior, so
propriamente denominadas bacias. Desta forma, conclui-se que cada bacia hidrogrfica
interliga-se com outra de ordem hierrquica superior, constituindo, em relao ltima, uma
sub-bacia (SANTANA, 2004, apud TEODORO et al, 2007, p. 139) e, assim, a aplicabilidade dostermos torna-se relativa escala de trabalho.
A primeira etapa, realizada em escritrio, consistiu nos levantamentos bibliogrfico, car-
togrfico e das imagens de satlite. Com a pesquisa bibliogrfica foi possvel conhecer o
espao, identificar as atividades desenvolvidas e fornecer subsdios s etapas subsequentes.
Informaes relativas ao tipo de agropecuria desenvolvida, turismo, extrao de recursos
minerais, dentre outras, possibilitaram a montagem de uma legenda preliminar que norteou
o incio dos trabalhos.
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USOATUALDASTERRASBACIASDAMARGEMDIREITADOLAGODESOBRADINHO
A base cartogrfica georreferenciada no sistema de referncia South American Datum
1969 (SAD 69), com projeo Universal Transversa de Mercator (UTM) com os elementos
indispensveis montagem do mapa, foi elaborada pelo setor de Cartografia e Geoproces-samento (Cartgeo). Para montagem da base foram utilizadas 27 folhas planialtimtricas do
Mapeamento Sistemtico do Brasil, escala 1:100.000, executadas pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatstica (IBGE), Superintendncia do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene),
Diviso do Servio Geogrfico (DSG) e Companhia de Desenvolvimento dos Vales do So
Francisco e do Parnaba (Codevasf). Os procedimentos adotados na atualizao da plani-
metria envolveram um cuidado especial para assegurar a exatido posicional, bem como a
qualidade da informao.
Nesse sentido ajusta-se o processo de seleo das feies a escala final, ou seja, 1:250.000.
Com base nesta, foram feitos os lanamentos e as atualizaes dos temas relativos ao sistema
virio, rede de drenagem, reas urbanas e obras e estruturas, alm de algum outro ajuste que
se mostrou necessrio.
Todo esse arcabouo de dados foi modelado e manipulado com o uso do softwareArcviev. A
primeira viagem ao campo teve como propsito o reconhecimento da totalidade do espao
territorial a ser estudado. O controle e a complementao de informaes foram realizados
com o auxlio de um notebookconectado a um aparelho de Sistema de Posicionamento Global
(GPS) e o softwareGlobal Mapper, que permitiram o acompanhamento digital da viagem em
tempo real e in loco, alm de possibilitar a construo da legenda preliminar.
As imagens digitais utilizadas no trabalho foram do satlite ChinaBrasil Earth Resources Satellite2 ou Satlite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS-2), disponibilizadas gratuitamente
pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em seu stio na Internet, das rbitas 151,
152 e 153, pontos 110, 111, 112, 113 e 114 (Figura 1).
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PROCEDIMENTOSMETODOLGICOS
Figura 1Articulao das imagens do satlite CBERS
Fonte: INPE, 2006/2008.
Para complementar a interpretao, em especial nos locais em que a incidncia de nuvens
prejudicou a visualizao das imagens CBERS, utilizaram-se imagens do satlite LANDSAT 5,
rbitas 217 e 218, pontos 067, 068 e 069, tambm correspondendo ao perodo 2006/2008
(Figura 2) e disponibilizadas pelo INPE.
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USOATUALDASTERRASBACIASDAMARGEMDIREITADOLAGODESOBRADINHO
Figura 2Articulao das imagens do satlite LANDSAT
Fonte: INPE, 2006/2008.
As imagens CBERS foram tratadas com o softwarede sensoriamento remoto ENVI, com base
no qual foram selecionadas quatro bandas espectrais (1, 2, 3 e 4), s quais se atribuiu as cores
primrias (R=red, G=green, e B=blue) aos trs canais espectrais escolhidos, resultando em trs
composies coloridas ou falsa cor (243, 421 e 321) RGB. A composio RGB 243 foi a mais
utilizada por se apresentar mais prxima da colorao real.
As imagens LANDSAT 5 foram tratadas a partir das bandas 2, 3, 4, 5 e 8, resultando tambm
em composies que possibilitaram a interpretao. A composio RGB 543 foi utilizada por
ser a que mais se aproximava da CBERS RGB 243.
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PROCEDIMENTOSMETODOLGICOS
Foram montados trs mosaicos para o recobrimento total, com abrangncia temporal corres-
pondendo ao perodo de janeiro a maro de 2008. Apenas uma das imagens que comps o
mosaico que cobre o sul da bacia correspondeu a dezembro de 2006. A defasagem deve-se presena de nuvens que impossibilitou a interpretao, explicando, assim, a necessidade
da mosaicagem. Neste caso o nivelamento da temporalidade e atualizao da informao
temtica foi intensificado in loco.
A vetorizao foi feita com o softwareArcGis e a classificao das manchas partiu da identi-
ficao previamente estabelecida com o conhecimento dos tipos de uso da terra existentes
na rea, resultando nos padres de uso existentes (Figura 3). A fotointerpretao obedeceu
a critrios como cor, tonalidade, textura, forma e tamanho das feies identificadas, que
permitiram maior clareza aos resultados.
(continua)
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Figura 3Padres de uso interpretados nos mosaicos de imagens CBERS2, rbitas 151, 152 e 153, epontos 110, 111, 112, 113 e 114. Combinao de bandas 243
Fonte: INPE, 2008; SEI, 2009.
Na definio das caractersticas referentes ao modelo a ser adotado quando da interpretaodas imagens e em funo da escala de trabalho estabeleceu-se como clula mapevel cercade 1.250m X 1.250m, equivalente a 156ha. Considerou-se que a menor rea devia ter tamanhoem torno de 750m X 750m, correspondendo a 56ha, tendo como referncia estudos tcnicos
realizados pelo IBGE (2006).
(concluso)
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PROCEDIMENTOSMETODOLGICOS
Entretanto, por sua relevncia, alguns usos com dimenses menores que 56ha foram con-
templados, correspondendo geralmente a pequenos ncleos com vegetao, isolados em
topos de morros ou em vales, alm de alguns cultivos, a exemplo do sisal.Aps a fotointerpretao foram realizadas mais duas viagens de campo para o refinamento
do mapeamento preliminar. Em funo da extenso da rea, o controle foi feito em duas
etapas; a primeira cobriu a poro sul e a segunda, a poro norte, visando maior cobertura
do espao. Com a navegao em tempo real, foi feita a checagem do mapeamento, e as
alteraes foram efetuadas quando do retorno ao escritrio. Uma vez em campo, rgos e
instituies governamentais, privadas e associaes de classe, comerciantes e produtores
foram visitados, momentos em que foram sanadas dvidas e requeridas informaes impor-
tantes para a pesquisa.
Nos trabalhos em campo, o uso do GPS (Mbile Mapper e Garmin) foi de importncia funda-mental e possibilitou a tomada de pontos de controle, por meio dos quais foram corrigidos
e/ou inseridos elementos.
Sistematicamente, as etapas de desenvolvimento do trabalho podem ser visualizadas no
Esquema 1.
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Esquema 1Procedimentos metodolgicos
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CARACTERIZAO DA REA
MEIO NATURAL
A rea em estudo est inserida na regio de influncia do clima semirido, com a caatinga
prevalecendo em praticamente todo o territrio, e abrange municpios localizados na margemdireita do rio So Francisco, mais precisamente no submdio.
Ocupa uma parcela de cerca de 35.698,55km situada ao norte do estado da Bahia entre as
coordenadas de 0830 e 1230 de latitude sul e 3800 e 4230 de longitude oeste, corres-
pondendo parte da poro direita da bacia do rio So Francisco, formada pelas sub-bacias
hidrogrficas dos rios Verde, Jacar ou Vereda do Romo Gramacho e dos rios da margem
direita do lago de Sobradinho (Figura 4).
A agricultura a atividade propulsora do desenvolvimento regional, em especial a irrigada,
impulsionada pela perenizao de trechos do rio So Francisco e de outros canais de sua bacia
com a construo de barragens, podendo ser citado o ncleo de Irec como proeminente.
Essas atividades contribuem para a projeo da regio no cenrio estadual e nacional.
A conjuntura criada por essas atividades conferiu a esse espao caractersticas poten-
ciais de atrao de populao, implicando em importantes alteraes no padro de
ocupao espacial.
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Figura 4Localizao da rea de estudo
Fonte: SEI, 2009.
Administrativamente, a rea de estudo composta por 31 (trinta e um) municpios, dentre os
quais dez encontram-se parcialmente inclusos, que fazem parte dos Territrios de Identidade
de Irec, Piemonte da Diamantina, Chapada Diamantina, Serto de So Francisco e Velho
Chico, como mostra a Figura 5.
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CARACTERIZAODAREA
Figura 5
Municpios inseridos na rea de estudoFonte: SEI, 2009.
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O Brasil, assim como o estado da Bahia, a partir da dcada de 1970, aumentou significati-
vamente o processo de urbanizao, sendo, hoje, considerado um pas urbano, embora se
considere que os conceitos de urbano e rural utilizados para este fim sejam consideradosdefasados e no traduzam a situao atual.
A Tabela 1 destaca a regio Sudeste com a maior taxa no perodo seguida pela regio Centro-
Oeste embora todas as regies apresentem crescimento nas dcadas subsequentes.
Tabela 1Populao urbana, regional e nacional 1950-2000 (%)
Brasil e regio geogrfica 1950 1960 1970 1980 1991 2000
Norte 29,6 35,5 45,1 51,6 59,0 69,8
Nordeste 26,4 34,2 41,8 50,5 60,7 69,0
Sudeste 47,5 57,4 72,7 82,8 88,0 90,5
Sul 29,5 37,6 44,3 62,4 74,1 80,9
Centro-Oeste 25,9 37,2 48,1 67,8 81,3 86,7
Brasil 36,2 45,1 55,9 67,6 75,6 81,2
Fonte: IBGE. Censos Demogrficos. 2008a.
Vrios foram os fatores que contriburam para esta nova realidade. As disparidades econmicas
regionais e a insero diferenciada de cada regio na economia nacional foram determinantes
na desigualdade do ritmo no processo de urbanizao.
A fundao de Braslia, em 1960, foi responsvel por este aumento no Centro-Oeste brasileiroenquanto, no Sul, o uso de tecnologia na agricultura e a concentrao da terra provocaram
a transferncia da populao rural para o meio urbano.
Os movimentos migratrios intra e interregionais aceleraram o processo de esvaziamento das
reas rurais, e o crescimento da populao nas zonas urbanas das cidades teve ainda como con-
dutor o crescimento industrial e o acesso aos servios urbanos, principalmente nas metrpoles.
De acordo com a Superintendncia de Estudos Econmicos e Sociais da Bahia (SEI, 2003) o aumen-
to desse crescimento se deve, ainda, diminuio gradativa e regular dos ndices de mortalidade.
A partir do censo demogrfico de 2000 alguns municpios sobressaram-se na regio. Se-
gundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), no perodo 1991-2000, para a
populao municipal, destacaram-se os municpios de Juazeiro (3,44%) e Ourolndia (2,56%)
com as mais elevadas taxas de crescimento; os municpios de Barro Alto (8,68%) e Ourolndia
(7,34%) apresentaram os mais altos ndices para a populao urbana; e Juazeiro destacou-se
com a mais elevada taxa de crescimento para a populao rural (5,05%). Com os ndices mais
baixos, tem-se Itaguau da Bahia (-4,64%), para a populao total, Sobradinho (0,07%), para
a populao urbana, e Irec (-9,78%), para a populao rural.
Ressalta-se ainda que dos 31 (trinta e um) municpios da rea de estudo somente oito regis-
traram taxas positivas no crescimento da populao rural; em cinco deles apenas pequena
parcela de seu territrio est inserido na rea estudada (Tabela 2).
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CARACTERIZAODAREA
Tabela 2Crescimento geomtrico anual da populao por municpio 1991-2000 (%)
MunicpiosPopulao
Total Urbana Rural Sedes
Amrica Dourada 0,00 2,33 -3,10 9,39
Barra do Mendes -0,68 1,65 -2,02 1,69
Barro Alto 0,04 8,68 -3,58 2,84
Bonito 1,70 2,65 1,05 2,65
Brotas de Macabas -1,02 2,46 -1,89 2,60
Cafarnaum 1,78 5,11 -1,46 3,76
Canarana -0,46 2,89 -2,56 3,59
Central 1,49 1,6 1,40 1,60
Gentio do Ouro -0,96 1,83 -2,99 2,00
Ibipeba -1,41 7,18 -7,68 4,36
Ibitiara -1,8 -0,81 -2,01 1,62
Ibitit 0,39 2,27 -0,92 7,42
Ipupiara 0,68 2,64 -1,74 3,63
Irec 1,35 3,19 -9,78 3,12
Itaguau da Bahia -4,64 2,95 -5,70 2,41
Joo Dourado -0,14 2,28 -2,97 2,95
Juazeiro 3,44 2,99 5,05 2,28
Jussara 1,02 1,61 0,04 1,57Lapo 1,88 3,36 1,09 3,36
Morro do Chapu 0,92 2,74 -1,10 3,07
Mulungu do Morro 1,07 2,5 0,19 6,40
Ourolndia 2,56 7,34 1,10 7,34
Presidente Dutra -0,08 2,1 -2,29 2,11
So Gabriel 0,32 3,83 -2,58 2,11
Seabra 0,45 3,37 -1,27 3,50
Sento S 1,50 3,76 -0,58 4,14
Sobradinho 0,06 0,07 -0,07 0,07
Souto Soares -2,37 6,83 -5,10 1,74
Uiba 0,00 1,62 -1,87 1,78
Umburanas 2,28 3,44 1,47 3,09
Xique-Xique 1,14 1,89 -0,46 1,95
Fonte: IBGE. Censos Demogrficos, 2008a.
Observa-se que, no geral, no h uma regularidade na distribuio populacional entre os
municpios mencionados. As densidades demogrficas variam de 2,52 hab./km em Sento S,
183,10 hab./km em Irec e 56,29 hab./km em Presidente Dutra, bem superiores se comparadas
mdia do Estado, 23,14 hab./km, e uma mdia regional de 11,99 hab./km, considerando
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aqueles municpios cujos territrios esto totalmente inseridos na rea de estudo, como pode
ser visualizado na Tabela 3.
Tabela 3Informaes municipais 2000
Municpios rea includa
no estudo (%)Populao total
(hab.)Densidade demogr-
fica (hab./km2)Taxa de urbaniza-
o total (%)Taxa de urbanizao
das sedes (%)
Amrica Dourada 100 15.959 21,45 63,59 20,15
Barra do Mendes 100 13.610 10,87 40,99 39,71
Barro Alto 100 12.098 28,42 42,78 21,27
Bonito 90,8 12.902 20,12 42,64 42,64
Brotas de Macabas 26,17 13.003 5,48 23,46 20,60
Cafarnaum 100 16.059 17,31 57,34 51,06
Canarana 99,65 21.665 35,06 45,03 27,90
Central 100 16.792 27,66 45,48 45,48
Gentio do Ouro 34,39 10.173 2,77 48,19 25,70
Ibipeba 100 15.362 10,84 60,42 37,09
Ibitiara 4,14 14.443 8,25 18,79 12,70
Ibitit 100 17.905 31,69 45,02 31,17
Ipupiara 45,85 8.541 7,24 60,70 47,47
Irec 100 57.436 183,1 92,53 86,41
Itaguau da Bahia 100 11.309 2,57 17,57 17,57
Joo Dourado 100 18.967 19,28 60,32 60,32
Juazeiro 1,9 174.567 27,32 76,35 71,77
Jussara 100 15.339 17,31 64,31 46,27
Lapo 100 24.727 38,74 37,30 37,30
Morro do Chapu 30,18 34.494 6,24 57,38 47,58
Mulungu do Morro 10,54 15.119 29,21 40,74 27,53
Ourolndia 2,38 15.356 12,03 29,03 29,03
Presidente Dutra 100 13.730 56,29 55,78 46,69
So Gabriel 100 18.412 15,92 53,29 45,88
Seabra 35,15 39.422 13,95 42,49 40,24
Sento S 99,77 32.461 2,52 53,18 36,87
Sobradinho 93,28 21.325 16,12 91,96 91,96
Souto Soares 50,40 14.795 13,5 34,34 22,12
Uiba 100 13.614 26,4 57,88 39,43
Umburanas 0,13 14.140 7,8 43,75 34,05
Xique-Xique 19,15 44.718 7,88 70,59 68,09
Total 768.443 11,89 53,43 52,4
Fonte: IBGE. Censos Demogrficos, 2008a.
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CARACTERIZAODAREA
Cabe destacar que as dimenses territoriais municipais contribuem para a diversidade en-
contrada e que as condies histricas do povoamento e da formao so reflexos dessa
realidade em determinados casos, a exemplo de Sobradinho, que na poca de sua criaoj detinha elevada taxa de urbanizao em funo do poder atrativo da obra de construo
da barragem.
Regionalmente, verifica-se que um percentual elevado da populao reside em reas urba-
nas, conferindo uma taxa de urbanizao de 53,43% no ano de 2000. Do total de 31 (trinta e
um) municpios, 15 (48%) registraram no ano de 2.000 taxas de urbanizao acima de 50%,
com destaque para o municpio de Irec, com a quase totalidade de sua populao (92,53%)
habitando na zona urbana. No outro extremo, com 17,57%, sobressai-se o municpio de
Itaguau da Bahia.
Ressalta-se ainda, que mais da metade do contingente demogrfico regional, 52,40%, estconcentrado na rea urbana; os maiores ndices so registrados no municpio de Sobradinho,
com 91,96% da populao residindo na sede municipal, seguido do municpio de Irec, com
86,41%, e de Xique-Xique, com 68,09%.
O clima da regio caracteriza-se por apresentar chuvas escassas e mal distribudas durante
o ano, concentradas em poucos meses e registrando ndices elevados de deficincia hdrica,
sem excedente e com perodo de reposio somente no extremo sul da rea, no municpio
de Seabra, condicionado, por sua vez, pela altitude, como pode ser visualizado na Figura 6.
No geral, constata-se que ao norte a aridez mais acentuada que ao sul, comprovado pela
intermitncia de toda a drenagem.
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Figura 6Balano hdrico segundo Thornthwaite
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hdricos, estado da Bahia, Semarh/SRH, 2004.
Balano Hdrico do Estado da Bahia, SEI/Seplantec, 1999.
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CARACTERIZAODAREA
No obstante as limitaes impostas pelas condies climticas ao desenvolvimento de ati-
vidades agropecurias, a regio firmou-se como importante produtora de gros, em especial
o feijo, figurando, por muito tempo, como fornecedora do gro para vrios estados.Faz-se necessrio salientar tambm a forte influncia que o clima exerce nas oscilaes
demogrficas. Existe relativa frequncia na alterao da composio demogrfica regional
condicionada pela intensa variabilidade da pluviosidade. Como exemplo, cita-se a regio de
Irec que, constantemente, perde populao para outras cidades mais prximas e para o Sul do
pas, quando o perodo de seca se prolonga de modo a afetar o rendimento no campo. Alm
da migrao extrarregional, h tambm perdas demogrficas para as reas urbanizadas dos
prprios municpios e circunvizinhas, esvaziando o campo. Quando as condies climticas
invertem-se, esse contingente retorna regio de origem.
A tendncia para a concentrao populacional nas sedes, realidade constatada em vrios mu-nicpios baianos, pode acarretar problemas na gesto municipal de forma geral e em especial
no que diz respeito infraestrutura e aos servios e, consequentemente, gerar e/ou agravar
deficincias no ambiente urbano, fato observado na crescente favelizao nas periferias dos
centros mais desenvolvidos, tanto intra quanto extrarregionais.
De modo geral, o potencial regional est voltado para a agricultura. A regio de Irec j esteve
no topo dos grandes produtores de feijo do pas, abastecendo o mercado interno, sendo
sua manuteno neste rankingdependente basicamente dos ndices pluviomtricos, o que
demonstra claramente a fragilidade econmica da regio.
Quanto ao sistema de transportes, importantes vias cortam a rea interligando-a inter e in-trarregionalmente, a exemplo da BR-122, BA-052, conhecida como Estrada do Feijo, BA-368,
BA-144, dentre outras. A poro norte da regio, mais especificamente na margem direita
do Lago de Sobradinho, a menos favorecida no que se refere infraestrutura viria, pois a
existncia de relevo acidentado funciona como obstculo a sua implantao.
O dinamismo regional e a estrutura montada para as atividades implantadas proporcionam a
convergncia de segmentos e atividades das mais distintas, diversificam o mercado, ampliam
a gerao de emprego e renda e proporcionam o crescimento das localidades.
A esse dinamismo deve-se tambm o estabelecimento de um cenrio de caractersticas fa-
vorveis no estado. A conformao dos permetros de irrigao, a insero de lotes familiares
em conjunto com os empresariais e, ao mesmo tempo, o elevado nmero de famlias que,
vivem margem dessa dinmica por no serem atendidas pelos projetos, em meio caatinga
e em condies climticas extremas, configuram um complexo sistema de uso e ocupao
das terras. Lugares providos das mais modernas infraestruturas e lugares em que as condies
de sobrevivncia pem prova seus moradores.
As regies do Baixio de Irec e das margens do Lago de Sobradinho so as preferenciais para
a irrigao, pelas caractersticas edficas associadas com a disponibilidade de gua para
irrigao do rio Verde e do Lago de Sobradinho.
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Outra atividade desenvolvida a aquicultura, implementada aps a instalao de tanques-rede
em alguns reservatrios existentes. De acordo com Parker (1991 apud ALBINATI, 2006, p. 67) a
aquicultura constitui uma das possibilidades de gerao de renda no semirido nordestino:A salinizao de mananciais de gua doce limita seu uso na agricultura tradi-
cional em muitas regies ridas e semiridas. No entanto, essas guas salinas,imprestveis para culturas tradicionais, podem ser utilizadas para o cultivo
de algas e peixes e gerar um novo agronegcio no semirido, onde a intensa
radiao solar possa ser aproveitada, de forma racional, para que se obtenha
uma elevada produtividade primria.
A pesca uma atividade essencial, pois meio de subsistncia de populaes ribeirinhas
instaladas ao longo de todo o vale do rio So Francisco, embora venha sofrendo forte declnionas ltimas dcadas, por questes sociais, econmicas ou ambientais.
De acordo com a Bahiapesca (2008), o estado da Bahia, atualmente, um dos grandes pro-dutores de pescados no pas, devido aos investimentos em tecnologia para melhoramento
gentico das espcies e implantao de novas tcnicas de manejo, alm da manuteno de
capacitao em criao de peixes nos municpios de Casa Nova e Sento S, pela Companhia
de Desenvolvimento dos Vales do So Francisco e do Parnaba (Codevasf) com a parceria do
Servio de Apoio s Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Prefeituras Municipais de Sobradinho
e Sento S, Associao de Criadores de Peixes de Sobradinho (Acripeixes) e a Associao de
Pequenos Criadores de Peixes de Sento S (Assopecp).
A Estao de Piscicultura de Xique-Xique, inaugurada em 2007, foi construda em parceria
entre a Codevasf e a Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca (SEAP), cuja gesto ser com-partilhada pela Codevasf e pela Bahiapesca (CODEVASF, 2008a).
Por essa razo, a implementao, por parte do governo estadual, de polticas de explorao
da atividade em reservatrios por ele administrados tem assumido importncia vital para a
populao beneficiada pelo programa.
O potencial turstico-arqueolgico evidenciado nas grutas da rea de Proteo Ambiental
(APA) Gruta dos Brejes/Vereda do Romo Gramacho, criada pelo Decreto n 32.487, de 13/11/85
(BAHIA, 1985). Essa a APA mais antiga do estado da Bahia e abrange parte dos municpios
de Morro do Chapu, Joo Dourado e So Gabriel. Foi criada para preservar a regio da Gruta
dos Brejes e Gruta da Igrejinha, devido principalmente a suas formaes geolgicas.Quanto ao modelado, segundo o Projeto Radar na Amaznia (BRASIL, 1981, 1982, 1983), a regio
apresenta feies diferenciadas, oriundas de movimentos tectnicos e de sedimentao associa-
dos a outros fatores naturais e interveno humana. Essa diferenciao proporciona uma com-
partimentao da superfcie segundo regies geomrficas, cujas especificidades influenciam no
uso e na ocupao, alm de constiturem papel fundamental para o conhecimento do espao.
Distinguem-se cinco grandes domnios geomrficos na rea de estudo: Depsitos Sedi-
mentares, Bacias e Coberturas Sedimentares, Coberturas Dobradas, Macios Remobilizados
e do Escudo Exposto. Cada um deles est subdividido em regies e unidades geomrficas,
caracterizados a seguir.
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CARACTERIZAODAREA
O domnio dos Depsitos Sedimentares est dividido nas regies Plancies do rio So Fran-
cisco e nos Piemontes Inumados. As Plancies do rio So Francisco englobam modelados de
origem fluvial e continental e so representadas principalmente pelos aluvies encontradasao longo do curso dos rios, nas pores em que no h o controle estrutural.
Esses modelados de acumulao so constitudos por areias finas e argilas. So reas planas,
em alguns pontos abaciadas, resultantes de acumulao e sujeitas a inundaes peridicas,
correspondentes s vrzeas atuais. O trecho jusante da barragem de Sobradinho tem ca-
racterstica abaciada, arenosa e/ou argilosa, podendo apresentar arresmo e/ou comportar
lagoas fechadas ou precariamente incorporadas rede de drenagem.
Os aluvies so formados nesta rea pela Unidade Vrzeas e Terraos Aluviais que ocorrem
ao longo do rio So Francisco e dos baixos cursos de alguns de seus afluentes, com fluxo de
drenagem interrompido em vrios trechos. representada, principalmente, por reas pla-nas, resultantes da acumulao fluvial ou de enxurradas, contendo vrzeas atuais e terraos.
Enquanto as plancies correspondem s reas periodicamente inundveis, os terraos so
inundados apenas nas cheias excepcionais.
Os Campos de Areias do Mdio So Francisco fazem parte da regio Piemontes Inumados,
tambm neste domnio, estendendo-se descontinuadamente nas margens da represa de
Sobradinho.
O modelado constitudo de planos inclinados recobertos de areias provenientes de coluvies
do Tercirio e de alvio-coluvies do Quaternrio, localmente pedogeneizadas. Resulta da
convergncia de leques aluviais arenosos provenientes dos rios e possui espessura irregular;nos locais em que mais espessa, mascara o embasamento rochoso. submetida ao clima
semirido e coberta por vegetao predominantemente de caatinga que se desenvolve sobre
Latossolos, Alissolos, Neossolos e Planossolos Soldicos.
O domnio das Bacias e Coberturas Sedimentares possui duas regies geomrficas, cada uma
com suas unidades respectivas: o Planalto da Bacia Tucano Jatob e os Reversos do Planalto
da Diamantina.
O Planalto da Bacia Tucano Jatob constitudo por arenitos, folhelhos, siltitos, argilitos,
conglomerados e calcrios, capeados por argilas e crostas laterticas, predominando os Neos-
solos (Areias Quartzosas) que justificam a pouca ocupao humana, onde prevalece o clima
semirido e a vegetao de caatinga. As condies litoestruturais e climticas interferem na
drenagem, cujos tributrios das principais bacias so predominantemente intermitentes.
A outra regio geomrfica desse domnio constituda pelos Reversos do Planalto da Dia-
mantina, com as unidades Chapada de Irec e Baixada dos rios Jacar e Salitre. Compreende
o compartimento plano embutido entre as elevaes do Planalto da Diamantina e rampeado
em direo ao rio So Francisco. Caracteriza-se pela preponderncia de modelados planos
da Formao Caatinga localmente karstificadossobre rochas do Grupo Bambu, recobertas
em grande parte por sedimentos cenozoicos areno-argilosos e cascalhos, mal consolidados
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e inconsolidados. A maior parte situa-se entre altitudes que variam de 400 a 800m, clima se-
mirido de seca acentuada, com vegetao predominante de caatinga, bastante devastada
pela intensa ocupao humana por culturas cclicas.A Chapada de Irec constitui uma estrutura geomorfolgica descontnua em altitudes que
variam de 600 a 800m, caracterizando-se por uma topografia levemente ondulada, com eleva-
es suaves e sem a formao de escarpas, a despeito de, localmente, apresentar amplitudes
considerveis de variaes altimtricas entre o topo e a base.
Corresponde aos espaos de ocorrncia dos calcrios, dolomitos e ardsias do Grupo Bambu
e, nos locais onde apresentam fcies dobradas, h possibilidades de aquferos mais regulares.
O modelado caracteriza-se por um conjunto de planos rampeados contendo formas de disso-
luo expostas, com ocorrncia de karstem exumao ou mascaradas por argilas, produtos
de descalcificao, areias e solos.
Desenvolvem, nestas condies, os Cambissolos intensamente utilizados pelos cultivos de
feijo, milho, mamona e olericultura, alm dos Latossolos, presentes nas regies mais planas
da Chapada, como ao sul da cidade de Canarana. A rede de drenagem alimentada por guas
provenientes do lenol subterrneo, caractersticas dos ambientes calcrios.
O plat calcrio de Irec uma unidade geomorfolgica bem caracterizada por seu relevo
tabular suavemente ondulado, oscilando em torno da cota mdia de 700m de altitude.
Os vales geralmente apresentam-se assimetricamente, com fundo chato, canais bem encai-
xados e vertentes abruptas, constitudas por paredes de calcrio que chegam a atingir mais
de 50m de desnvel. Paredes abruptos so vistos ao longo do rio Jacar, um dos sistemas de
drenagem de porte existentes na rea.
A unidade Baixada dos rios Jacar e Salitre tambm compe esta regio e constituda de
planos inclinados na direo do vale do rio So Francisco. Os trechos cortados pelos rios Ja-
car e Salitre formam depsitos cenozoicos que se misturam superficialmente com detritos
mais recentes. As feies mais planas so recobertas por formaes superficiais espessas
que caracterizam os pediplanos retocados inumados. Os pediplanos mais conservados so
representados pelos topos residuais em forma de mesas, componentes da Serra do Funil.
Ocorrem alguns kartsem exumao cobertos com feies superficiais de dissoluo e grutas
e ainda depresses fechadas do tipo dolinas.
Os rios Verde e Jacar so intermitentes e, tal como na Chapada de Irec, mantm caractersticas
de drenagem tpica de relevo crstico, organizada apenas nos baixos cursos, apresentando
sumidouros e ressurgncias nas rochas do Bambu. Os vales so encaixados com vertentes
em patamares, em funo da resistncia diferencial das rochas eroso (IBGE, 1994).
A drenagem comandada pelos rios Jacar e Salitre (este ltimo no includo no estudo),
que se apresentam encaixados, descrevem angulosidades que sugerem controle estrutural,
possuindo vales chatos com vertentes abruptas esculpidas nos calcrios.
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Na superfcie predominam solos do tipo Latossolo e Cambissolo que comportam cobertura
vegetal constituda de caatinga. As atividades agrcolas esto relacionadas com a ocorrncia
de solos derivados da alterao dos calcrios, que so encontrados em locais mais restritosdo que os da Chapada de Irec, entre eles os Cambissolos. A insignificante presena de jun-
tas e fraturas aliada ao baixo ndice pluviomtrico limitam a alimentao do aqufero, o que
determina a diferenciao desta unidade com a Chapada de Irec.
A elevada fertilidade dos solos condiciona uma intensa atividade agrcola, explorada atravs
de culturas cclicas, devido a baixa pluviosidade regional de aproximadamente 450mm du-
rante seis a oito meses consecutivos.
O domnio das Coberturas Dobradas, regio geomrfica Planalto da Diamantina, formado
por um conjunto composto de anticlinais esvaziadas, sinclinais suspensas e feies inter-
medirias aplanadas. As formas de relevo, resultantes do rejuvenescimento por eroso deestruturas dobradas em rochas metassedimentares atingidas por falhamentos, justificam a
denominao do domnio.
A regio geomrfica Planalto da Diamantina constitui um conjunto topograficamente elevado,
interrompido eventualmente por modelados planos, situados a cerca de 1.000m de altitude
mdia. Reflete forte controle estrutural, com sucesso de escarpas e vales direcionados,
adaptados a falhas e fraturas.
A altitude reflete significativamente nas caractersticas climticas regionais, em especial quan-
to temperatura, com mdias anuais abaixo de 20C e precipitaes em torno de 750mm a
1.000mm. Nos vales encravados nas reas de altitude mais elevada, registram-se condies desemiaridez e, consequentemente, temperaturas mais elevadas e ndices de precipitao mais
baixos. Essas caractersticas, por sua vez, exprimem-se nas condies de solo e vegetao.
A regio do Planalto da Diamantina subdivide-se em trs unidades geomrficas: o Pediplano
Central, as Chapadas de Morro do Chapu e os Blocos Planlticos Setentrionais.
O Pediplano Central ocupa toda a poro central do Planalto da Diamantina e, na rea de
estudo, localiza-se no extremo sul, nos municpios de Barra do Mendes, Brotas de Macabas
e Seabra. As altitudes variam entre 1.000m e 1.350m cujo modelado resultou da superfcie
de aplanamento que foi degradada, retocada e inumada, interrompida por cristas residuais
das camadas quartzticas dobradas. A amplitude das dobras e as diferenciaes litolgicas
explicam as aberturas em amplos vales, que se encontram orientados quanto estrutura.
Morros residuais, os testemunhos, formam hogbacks, em especial nos fechamentos das
grandes dobras.
De forma geral, inclui relevos planos que se apresentam em diversos nveis; nas posies mais
elevadas esto os pediplanos mais conservados, limitados por ressaltos topogrficos.
A unidade Chapadas de Morro do Chapu, com a cidade de Morro do Chapu em sua poro
central, tem como predominantes os extensos aplanamentos e reas dissecadas com dife-
rentes intensidades. representada por um conjunto de dobras exumadas a partir de uma
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superfcie de aplanamento que truncou as cumeeiras das anticlinais. A eroso foi facilitada
pela presena de camadas de metassiltitos e metargilitos intercaladas s de metaconglome-
rados e metarenitos.Nos espaos marcados por controle estrutural e onde ocorre dissecao diferencial, a mor-
fologia definida por modelados tabuliformes limitados por vales encaixados e alinhados.
A essas feies interpem-se modelados formando extensos planos, incluindo alguns vales
largos e rasos e lombas.
Os Blocos Planlticos Setentrionais, a outra unidade localizada acima da anterior e a sul da
represa de Sobradinho e da cidade de Sento S, caracteriza-se por elevaes residuais corres-
pondentes a uma anticlinal falhada e esvaziada. O centro dessa unidade ocupado por uma
depresso embutida aberta pelo riacho da Bazu, controlada e favorecida por um sistema
de falhas. constituda de compartimentos elevados e seccionados pela drenagem que seadaptou a linhas de fraquezas que comandam a dissecao diferencial.
Vales em garganta so ladeados por escarpas ngremes que se encontram em diferentes
altitudes. Os topos, situados a quase 1.000m, esto uniformizados por uma superfcie de
aplainamento que se encontra degradada. Ao sul da regio, nas proximidades das nas-
centes do riacho da Bazu, h extensos planos inclinados cortados por vales mais abertos
e pouco entalhados, apresentando-se como uma regio de relevo muito movimentado e
de difcil acesso.
O domnio dos Macios Remobilizados caracteriza-se por uma tectnica positiva de grande
raio de curvatura, submetida, no entanto, a movimentaes verticais vigorosas que a distin-guem das demais reas estabilizadas do embasamento. A unidade identificada corresponde
ao Pediplano do Baixo So Francisco, que se caracteriza pela homogeneidade de feies,
representadas por vastos planos e elevaes residuais que formam uma depresso limitada
por reborbos escarpados.
Nesta unidade, o rio So Francisco apresenta margens escarpadas, formando canyonde qua-
se 80m de profundidade, fraturado e falhado transversalmente. Os afluentes, neste trecho,
desembocam entalhando canyonsadaptados rede de fraturas e falhas que cortam o rio
principal. Dispersos em toda a unidade, os relevos residuais compem blocos isolados, na
forma de inselbergs, geralmente representados por dissecados em formas convexas, algunscorrespondendo s intruses granticas.
O domnio do Escudo Exposto engloba as pores emersas da plataforma estabilizada. Cons-
titui-se de rochas metamrficas, metassedimentares e gneas pertencentes aos complexos
do Pr-Cambriano. Apesar da rigidez, sofreram deformaes de grande raio de curvatura,
capazes de levant-las e quebr-las nos setores marginais ou ainda arque-las sob coberturas
plataformais do Grupo Chapada Diamantina e Grupo Bambu.
Na regio das depresses interplanlticas identifica-se a unidade do Pediplano Sertanejo, onde
predominam formas de aplanamento retocadas, apresentando formaes superficiais que
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indicam remanejamentos sucessivos do material. Essas formas apresentam-se rampeadas e
dissecadas fracamente. Ocorrem nos municpios de Sento S e Sobradinho, sobre influncia
de cursos dgua pouco extensos, a exemplo do riacho Grande. Nota-se nitidamente efeitos doescoamento difuso sob uma vegetao do tipo Caatinga Parque sem palmeiras, que favorece
a exposio do solo aos processos da eroso, tornando as reas instveis.
As drenagens ora cortam transversalmente as direes estruturais, ora adaptam-se s falhas
e fraturas, apresentando trechos retilinizados. Em geral, os vales apresentam fundos chatos e
leitos arenosos e localmente pedregosos, limitados por encostas de franco declive, alteradas
e ravinadas. A vegetao est sendo substituda por pastagens e culturas cclicas.
De modo geral, a regio apresenta feies bastante diferenciadas, oriundas de movimen-
tos tectnicos e de sedimentao associadas a outros fatores naturais e a interveno
humana. Essa diferenciao proporciona uma compartimentao da superfcie segundoregies geomrficas, cujas especificidades influenciam diretamente no uso e na ocupao,
alm de constiturem papel fundamental para o conhecimento do espao fsico.
A rea , por excelncia, de domnio da vegetao de caatinga, implantada em terrenos do
Pr-Cambriano, mostrando-se sob diversas formas. No geral, a Caatinga Arbrea Aberta
que domina, surgindo manchas de propores considerveis da Arbrea Densa e de tenso
ecolgica caatinga cerrado.
Nas regies mais movimentadas do modelado, nos domnios das coberturas dobradas e dos
planaltos residuais, a exemplo da regio de Morro do Chapu, a vegetao mais densa,
apresentando-se sob forma de Tenso Ecolgica contato da caatinga com o cerrado.
A vegetao predominante a Caatinga Arbrea Aberta sem palmeiras, que se apresenta,
por vezes, com palmeiras, e em regies de contato com cerrado. O cerrado aparece tambm
entremeado com floresta estacional. Na poro oriental da rea, surgem alguns bolses de
caatinga arbrea densa sem palmeiras.
OCUPAO DO ESPAO
O rio So Francisco exerceu fundamental papel no processo de colonizao que se deu desde
meados do sculo XVI, seja como principal via de acesso, seja como importante meio de sobre-vivncia, sendo explorado economicamente, de fato, desde quando foi descoberto, em 1502.
O extrativismo de ouro e pedras preciosas prevaleceu por muitos anos como atividade princi-
pal, em especial em seu alto curso. De forma geral, o rio desempenhou papel de fundamental
importncia na ocupao do territrio brasileiro, tendo sido utilizado como caminho nas
incurses das bandeiras para o interior do territrio e, por isso, ficou conhecido como Rio da
Unidade Nacional. Na regio em estudo, margeando os municpios de Sento S e de Sobra-
dinho, a ocupao se deu tambm em funo de sua excelente navegabilidade.
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Com as pecurias bovinas, caprinas e ovinas como principal vetor de interiorizao do povo-
amento do territrio baiano, as margens do rio transformaram-se em terrenos prprios para
a instalao dos cultivos no relacionados diretamente com a atividade principal da poca, acana-de-acar. Sem contar com esse cultivo, a pecuria e a cultura de subsistncia eram as
principais atividades desenvolvidas. Aproveitando-se da fertilidade dos terrenos de vazante,
a criao de gado e os cultivos de subsistncia fixaram-se em suas margens, condicionando
a implantao dos primeiros ncleos habitacionais, bem como o avano da ocupao terri-
torial para o interior.
Diversas localidades tiveram origem em extensas fazendas de gado, a exemplo de Morro do
Chapu e Xique-Xique. A ocupao agrcola deu-se somente a partir da dcada de 1970.
A despeito do povoamento antigo, a rea permaneceu isolada do litoral e apresentou ocu-
pao rarefeita at o final do sculo XIX e meados do sculo XX. A descoberta de ouro nasimediaes da Serra de Assuru, municpio de Gentio do Ouro, levou ao incio do povoamento
dessa poro do territrio, a partir de 1840.
Ao final do sculo XIX, o fenmeno das secas assolou o territrio baiano e fez com que grande
fluxo de pessoas se deslocasse para essa regio em busca de possibilidades de trabalho. Dessa
forma, pode se dizer que o povoamento da regio de Irec estava associado ao fenmeno
das secas. Diversos retirantes do municpio de Macabas buscavam outras terras, alcanando
o lugar denominado Mundo Novo (atual Amrica Dourada). Em 1915, foi criado o distrito
de Amrica Dourada. Seu topnimo originrio do sobrenome da famlia Dourado, da qual
faziam parte dois ancies que chefiavam os retirantes de Macabas. De acordo com o IBGE(1958), durante algum tempo a regio foi campo de lutas a mo armada, provocadas pelos
bandos denominados mandiocas e mosquitos, obrigando os fazendeiros e suas famlias a
se refugiarem em localidades prximas.
O povoamento do interior motivou a criao de outros lugarejos como Canal (atual Joo
Dourado) e Rochedo (atual Ibitit), cujo nome decorre da grande quantidade de rochas
encontradas em seus arredores.
Segundo o IBGE (1958), a origem do municpio de Irec est associada a outro grande perodo
de estiagem ocorrido em 1887, no qual os retirantes formaram o arraial de Caraba, corruptela
de carnaba, rvore encontrada em abundncia no lugarejo, com guas subterrneas desco-bertas acidentalmente, mas que garantiram o desenvolvimento do local. Irec, que significa
sobre guas ou rio subterrneo, foi desmembrado de Morro do Chapu em 1926, ficando
sob sua jurisdio o distrito de Amrica Dourada.
A regio de Irec fazia parte das terras de uma sesmaria que se estendia at as barrancas do
So Francisco, pertencente ao conde da Ponte, residente em Macabas (DUARTE, 1966 apud
BARBOSA, 2000). Por volta de 1900, Joo Jos da Silva Dourado comprou grande parte dessas
terras, aumentando o prestgio da famlia Dourado e abrindo caminho para a participao de
outros fazendeiros na regio, at ento ocupada por pequenos lavradores.
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Boa fertilidade e existncia de gua em seu subsolo alavancaram o desenvolvimento regional,
com excelentes safras de milho, feijo e algodo, sem, no entanto, proporcionar visibilidade
no cenrio estadual. A regio permaneceu um grande tempo com explorao de culturas desubsistncia e sem construir fortes relaes com as demais regies da Bahia.
Somente a partir da dcada de 1940, com a mecanizao da agricultura, os interesses eco-
nmicos e incentivos governamentais comearam a se direcionar para a regio de Irec,
por intermdio da Secretaria da Agricultura do Estado, que forneceu crdito para a meca-
nizao da lavoura, e, posteriormente, de um programa de assistncia tcnica e de material
permanente denominado Operao Irec. Depois a Codevasf atuou na regio incentivando
a agricultura de sequeiro de feijo, milho, mamona e algodo. Outro fator importante, apon-
tado por Barbosa (2000), diz respeito instalao de uma agncia do Banco do Brasil, que
passou a financiar a produo, por meio da Carteira Agrcola, e posteriormente do Banco do
Nordeste. Nesse sentido, um crescente nmero de migrantes afluiu, revertendo o quadro
de expulsora de populao.
As dcadas de 1960 e 1970 marcaram o processo de modernizao da agricultura nacional,
com o uso intenso de insumos produzidos pela indstria (fertilizantes, agrotxicos, corretivos,
maquinrios e raes). Na Bahia, tal processo afetou as reas agrcolas mais dinmicas, como
o caso da regio de Irec. Nesse aspecto, todas as polticas de desenvolvimento regional
implementadas pelo governo para a regio nordestina tambm se refletiram nessa rea, onde
a poltica de crdito rural, altamente subsidiado pelo governo federal, possibilitou a construo
da infraestrutura bsica estradas, eletrificao e comunicao (BARBOSA, 2000).
Foi somente no final da dcada de 1970 e incio do decnio de 1980 que a regio surgiu
no estado como efetiva produtora de gros (feijo, principalmente, milho e mamona)
e entrou, efetivamente, no cenrio econmico baiano e nordestino. No foi somente a
excelncia dos solos e a existncia de gua em seu subsolo que alavancaram o desenvol-
vimento regional. A implantao da rede viria para o escoamento da produo regional e
as facilidades advindas da oferta de crditos agrcolas foram fundamentais para que essa
nova realidade se conformasse.
Ainda segundo Barbosa (2000), a dcada de 1990 foi marcada por uma crise na regio causada
primeiramente pelo impacto da seca, com incio em 1993 e prolongamento at 1996, aliado
entrada de outras regies do estado a exemplo do oeste baiano, com uso intensivo da
irrigao no mercado de gros do feijo.
Com a agricultura comercial voltada basicamente para o mercado externo, a exemplo do
cacau, cana e fumo, o estado da Bahia passou a ter na regio de Irec importante fonte de
abastecimento de gneros alimentcios voltados para o mercado interno. H de se conside-
rar, entretanto, a heterogeneidade existente nesses espaos e a manuteno de economias
estagnadas em alguns municpios.
Com exceo das reas localizadas s margens dos rios principais, em especial do So Fran-
cisco, beneficiadas pela irrigao, a regio sofre com os problemas decorrentes das condies
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climticas. Como se insere totalmente no semirido, a regio est sujeita, como grande parte
do estado, aos dficits hdricos do polgono das secas e, consequentemente, esto a eles
relacionados o uso e a ocupao das terras.Em termos gerais, segundo a Companhia de Desenvolvimento e Ao Regional (CAR, 1999,
p. 53), o processo de integrao desta regio com as demais do estado e do pas decorreu da
navegao do So Francisco, no em funo de necessidades regionais, mas, [...] por ser via
de escoamento de uma produo dispersa por vrias reas, inclusive de outros estados.
Sento S originou-se de uma aldeia indgena Centucs e da migrao de portugueses oriun-
dos de outras reas do Vale do So Francisco e do Piau, que construram a base econmica
apoiada na cana-de-acar, com o cultivo, beneficiamento e comrcio. Seu desmembramento
de Pilo Arcado ocorreu em 14 de dezembro de 1857, pela Lei Provincial 0650 (CAR, 2002).
Sobradinho foi desmembrado de Juazeiro em 24 de fevereiro de 1989, pela Lei Estadual n
4.843, devido ao processo de construo da barragem de mesmo nome iniciado na dcada
de 1970, que atraiu grande quantidade de pessoas, originando um novo ncleo urbano.
A construo da barragem de Sobradinho, entre os anos de 1970 e 1980, alterou significati-
vamente os padres de ocupao, a estrutura social, poltica, econmica e cultural da rea,
com a relocao de cidades inteiras nas margens do rio, como Casa Nova, Sento S, Remanso
e Pilo Arcado e diversos povoados.
A barragem de Sobradinho foi construda sob a justificativa da necessidade de regularizao
do rio So Francisco para a produo de energia eltrica na usina de Paulo Afonso. Foi con-
cluda em 1977, com uma rea de 4.214km, capacidade para 37,5 bilhes de metros cbicos
de gua (o maior lago artificial do mundo) e potencial total de produo de energia de 13 mil
MW. Posteriormente, possibilitou a instalao da agroindstria, com a irrigao dos cultivos,
e transformou a rea em referncia nacional na atividade.
As consequncias dessas intervenes so inmeras e refletem positiva e negativamente.
Por um lado, do ponto de vista dos ribeirinhos, trouxe diversos transtornos e alguns conflitos
persistiram at pouco tempo, especialmente porque, aps o represamento do rio, a [...] perda
de referncia do espao fsico implicou para a populao, em seu conjunto, uma perda de
identidade social (SEI, 2003, p. 319).
As famlias que se recusaram a deixar a regio para serem alocadas em espaos pr-escolhidos
pela Companhia Hidro Eltrica do So Francisco (CHESF), cerca de 50% do total, permaneceram
nas bordas do lago que se formou e assim o fizeram em funo da dependncia pessoal com
o rio. No observaram, no entanto, os pareceres tcnicos da Companhia acerca da ocorrncia
de solos de baixa fertilidade, da elevada incidncia de secas e a inviabilidade econmica para
o desenvolvimento da agricultura irrigada. Aps a cheia do lago, o rio no voltou a seu curso
natural eliminando as vrzeas utilizadas na implantao de cultivos. O avano do espelho
dgua levou a todos para uma rea de extremas dificuldades climticas, a regio da caatinga.
A sada dos jovens foi inevitvel.
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Aps essas transformaes, a base produtiva nos antigos ncleos urbanos e rurais experimen-
tou um processo de desestruturao e desorganizao, com o desaparecimento do sistema
produtivo agrcola, baseado na agricultura de vazante aliado agricultura de sequeiro, e dapesca realizada nas lagoas que se formavam na beira do rio (BAHIA, 1981a). Dessa forma, a eli-
minao do sistema de vazante do rio imps aos relocados as seguintes opes: ou modernizar,
instalando sistemas de irrigao em pequena escala, ou arriscar roas de sequeiro localizadas
nas reas dependentes de escassas e concentradas chuvas, ou pescar (BAHIA, 1981b).
Os conflitos decorrentes das transferncias das famlias no tiveram as mesmas propores
nas zonas rurais e urbanas, pois os critrios de relocao dos moradores foram diferentes. A
reconstruo dos ncleos urbanos obedecia manuteno da configurao espacial original,
preservando-se relaes de vizinhana, infraestrutura, servios e comrcio. Quanto aos mo-
radores da zona rural, que utilizavam as terras da vazante e, em sua maioria, no possuam
ttulos de propriedade, tiveram problemas com a indenizao (equivalente apenas s ben-
feitorias realizadas pelos agricultores), pois receberam quantias insuficientes para aquisio
de novas terras.
Alm disso, a tentativa de reconstruo da vida socioeconmica foi dificultada,tambm, pelo impacto da desestruturao de suas antigas comunidades que,
dispersadas, foram agregadas em novos ncleos com os quais no possuam
identidade (SEI, 2008, p. 25).
importante destacar que os sistemas produtivos baseados na pequena produo familiar
associada aos perodos de cheia do rio e usufruindo dos sedimentos orgnicos depositados
alimentava um ciclo anual de fertilidade na produo de alimentos, sendo substitudo,abruptamente, pela irrigao mecnica, implantada por instituies oficiais e particulares
(CAR, 2004), de amplos investimentos tcnicos e econmicos.
Os grupos sociais que mais sofreram com os impactos negativos da relocao foram os be-
radeiros, moradores que viviam na margem do rio So Francisco e praticavam a agricultura
de vazante, que foram prejudicados pelo deslocamento de suas atividades para as reas de
sequeiro, e os catingueiros, moradores da caatinga que praticavam a agricultura extensiva,
principalmente de caprinos, e sofreram com a reduo do espao destinado a pastagem.
O nmero de postos de trabalho que surgiram em consequncia da cons-
truo de Sobradinho, direta ou indiretamente, se mostrou insuficiente paraincorporar todos aqueles indivduos que no tinham mais como trabalhar
nos moldes a que estavam acostumados (SEI, 2008, p. 25).
Por outro lado, do ponto de vista regional, a barragem proporcionou o crescimento econmico
e o surgimento, no cenrio estadual, de uma das principais reas de cultivo irrigado, com a
cidade de Juazeiro sobressaindo-se frente s demais como o mais importante centro regional,
beneficiada pela localizao junto ao rio e cidade de Petrolina (PE), e, principalmente, pela
confluncia de vias de transportes rodovirio, fluvial e ferrovirio. Os projetos de irrigao
tornaram-se molas propulsoras de desenvolvimento nessa regio, que passou a constituir as
chamadas ilhas de prosperidade.
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O crescimento socioeconmico que ocorreu na regio, aps a instalao dos projetos de irri-
gao, transformou a cidade de Juazeiro em destino preferencial para um grande contingente
populacional. Dessa forma, contrariando as mdias das demais regies e do prprio estado,a regio na qual a cidade de Juazeiro est inserida, Territrio Serto do So Francisco, apre-
sentou, no perodo 1991-2000, a terceira maior mdia de crescimento demogrfico, ficando
atrs apenas do Extremo Sul e da Metropolitana de Salvador.
A grande maioria desse contingente residia, em 1980 e em 2000, nas reas urbanas, que
registraram aumento de mais do que o dobro em sua populao, perto de 2,3 vezes maior,
106.683 habitantes e 243.612 habitantes, respectivamente. O crescimento demogrfico rural
registrou aumento mais sutil, mas, assim como a populao urbana, contrariou as tendncias
das demais regies e do estado que apresentavam taxas negativas de crescimento e registrou
taxas positivas em alguns municpios (SEI, 2003).
No obstante as melhorias advindas desse processo e da convergncia de investimentos para
a regio de Juazeiro, possvel observar que os reflexos na melhoria da qualidade de vida da
populao local no possuem a mesma intensidade. A elevada disponibilidade de mo de
obra barata e sem especializao na regio, provinda especialmente da rea da caatinga, e
a convergncia de um elevado nmero de pessoas de praticamente todo o estado contribui
para essa contraditria realidade.
A dinmica existente provocou a alterao da estrutura poltico-administrativa regional, com
diversos municpios sendo emancipados, originados de povoados e vilas nos quais a atividade
foi implantada com maior intensidade, como pode ser visto na Figura 7.Os reflexos desse dinamismo modificaram a forma de uso e ocupao das terras. At meados
da dcada de 1940, tem-se uma agricultura basicamente voltada para a subsistncia, com
grandes extenses de terra ainda ocupadas pela vegetao natural a caatinga e sendo
substitudas, gradativamente, pela cotonicultura.
A partir de meados da dcada seguinte, inicia-se a substituio da agricultura de subsistncia
pela comercial, com elevado incremento demogrfico e expanso de diversos cultivos. H
a acelerao da devastao da vegetao natural, que vai sendo substituda pelos plantios
comerciais de feijo, milho, mamona, principalmente o feijo, alm da prtica da agricultura
irrigada, da pulverizao de ncleos populacionais e o adensamento da rede viria paraatender a essa demanda.
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CARACTERIZAODAREA
Figu
ra7a
Evoluoadministrativa
Fonte:S
EI,2001.
*Municpiodeorigem,noestinseridonareadeestudo.
E=Extinto;R=Restaurado
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Figu
ra7b
Evoluoadministrativa
Fonte:SEI,2001.
*Munic
piodeorigem,noestinseridonareadees
tudo.
E=Extinto;R=Restaurado
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PROGRAMAS E PROJETOS
Diversos programas e projetos so implementados na rea de estudo, voltados, de modo geral,
para o desenvolvimento socioeconmico e a insero dos produtores rurais no mercado co-
mercial. Ressalta-se que alguns deles abrangem tambm outras pores do territrio nacional.
Os trabalhos encontram-se associados, entre outros, a projetos que envolvem irrigao, agri-
cultura familiar e incentivo da produo agrcola voltada para o biodiesel, com os projetos
de irrigao, por exemplo, sendo atrelados captao de gua dos principais rios da regio,
visando disponibiliz-la, sobretudo, s localidades que no possuem estrutura de irrigao
e aos pequenos agricultores.
Estas aes proporcionam meios para os agricultores e/ou pecuaristas desempenharem uma
atividade de melhor qualidade e maior produtividade, tendo como exemplo os projetos decaptao de gua que, por meio da construo de adutoras, cisternas, perfurao de poos etc.,
beneficiam o desenvolvimento da agricultura irrigada e o abastecimento das moradias.
Na rea, o principal plano de irrigao em implementao o Projeto de Irrigao Baixio
de Irec, coordenado pelo Ministrio da Integrao Nacional (MIN) em parceria com a Co-
devasf. O projeto abrange os municpios de Itaguau da Bahia e Xique-Xique, cuja proposta
inicial objetivava criar espaos irrigados para favorecer localidades com oferta deficitria de
gua, englobando uma rea de 115.000ha irrigados, dos quais 42.500ha seriam de gesto
da Codevasf e 72.500ha seriam, dentre outrasempresas, administrados pela Companhia de
Desenvolvimento do Rio Verde (Codeverde).
Atualmente, o projeto prev uma rea irrigvel total de 58.659ha, com previso de implanta-
o em nove etapas, divididas em lotes para os pequenos agricultores; a primeira etapa, que
abrange 4.723ha, tem previso de concluso em meados de 2009. Com suafinalizao,vrias
culturas podero ser desenvolvidas no local, a exemplo da cana-de-acar, para a fabricao
de acar e lcool, e de frutas tropicais com vistas exportao, como banana, maracuj,
acerola e uva. Prev-se tambma implantao da caprinovinobovinocultura em consrcio
com atividades complementares como a apicultura e a avicultura, havendo a estimativa de
serem gerados cerca de 180 mil empregosdiretos e indiretos (CODEVASF, 2009).
Da mesma forma, o Projeto de Irrigao de Mirors, implantado em 1996, que compreendeos municpios de Ibipeba e Gentio do Ouro, apresenta grande importncia para a regio,
visando primordialmente a explorao agrcola por pequenos produtores aps o barramen-
to do rio Verde. O Permetro de Mirors formado pela barragem, que possui capacidade
de acumulao de 158.000.000m, pelo projeto de irrigao, que tem quase 4.848ha e rea
irrigvel de 2.703ha, e pela adutora do feijo, que tem mais de 115km de extenso e atende
a cerca de 250 mil habitantes.
O permetro administrado pelo Distrito de Irrigao de Mirors em parceria com a Codevasf ;
do total de 2.145ha, so ocupados por pequenos produtores 1.061ha e 1.084ha por empresas.
A Codevasf tambm presta servios de assistncia tcnica e extenso rural a 150 agricultores
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USOATUALDASTERRASBACIASDAMARGEMDIREITADOLAGODESOBRADINHO
que possuem lotes familiares, por meio de um contrato firmado desde 2004 com a Aktiva
Engenharia Ltda (CODEVASF, 2009).
O carro-chefe do projeto o plantio da banana, que ocupa uma rea de 1.340ha com umaproduo em torno de 25t ao ano, havendo tambm, entre outros, a melancia, que plantada
no perodo de entressafra para complementar o cultivo da banana, a goiaba, que se encontra
em expanso, com uma rea plantada de 23ha, e o tomate. A pinha ocupa uma rea de 88ha
embora apresente queda progressiva na produo a cada ano juntamente com as culturas
do coco, atemoia, caju e maracuj, em razo, principalmente, da baixa produtividade e, con-
sequentemente, do pequeno retorno comercial.
Ainda h de se destacar o plantio do mamo, cultivado num espao de 50ha pela empresa
FRUTOP, com parte da produo comercializada no mercado interno e parte exportada para a
Alemanha; as culturas do abacaxi e da uva em fase de experimento; e os cultivos tradicionaiscomo feijo, milho e mamona plantados em escala menor se comparado aos outros.
Segundo a Codevasf (2008b), em 2005 a fruticultura irrigada representou quase 82% de
toda a produo do permetro, dentre as quais esto a banana com 66%, a pinha com 20%,
o coco com 6% e o caju com 3%. No mesmo ano, o valor bruto da produo para as culturas
temporrias, referentes s reas familiar e empresarial, representou R$ 963.133,00, enquanto
para as culturas permanentes esse valor foi de R$ 1.059.188,00, o que correspondeu a R$
2.022.321,00 no total.
Ainda conforme a Codevasf (2008b), so gerados por volta de 3.800 empregos no projeto,
dos quais 1.300 diretos e 2.500 indiretos, com potencial para empregar aproximadamente6.500 empregos com a ocupao do restante da rea irrigvel. Grande parte da produo
comercializada na prpria regio, possuindo como principais centros de distribuio e de
consumo os mercados de Juazeiro, Salvador e So Paulo.
Direcionados ao apoio agricultura familiar, podem ser mencionados o Programa Terra Frtil,
Programa de Desenvolvimento da Ovinocaprinocultura do Estado da Bahia, Programa de
Apoio da Fruticultura, Projeto Crdito Fundirio e Combate Pobreza Rural, Programa Com-
pra Direta, Programa de Crdito Fundirio, Programa de Desenvolvimento da Fruticultura
Irrigada, Programa Serto Produtivo, Programa Garantia Safra, Projeto Apis So Francisco
e o Programa Semeando.
Em relao aos planos voltados oferta hdrica cita-se o Programa de Construo de Cister-
nas, Programa gua para Todos e o Programa So Francisco, havendo, da mesma maneira,
aqueles ligados atividade agropecuria com fomento ao combate pobreza ou criao
de caprinos, como o Programa Serto Forte, Programa Produzir, Projeto Cabra de Corda e o
Programa Cabra Forte.
Pelo fato de haver uma considervel produo de mamona na rea, destacam-se o Programa
de Recuperao da Cultura da Mamona e o Programa Biossustentvel, realizados, entre outros,
pelo governo estadual por intermdio da Secretaria da Agricultura, Irrigao e Reforma Agrria
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CARACTERIZAODAREA
(Seagri). Ambos possuem como principal finalidade promover o incentivo e a melhoria na
qualidade e quantidade da produo, voltada, sobremaneira, para a fabricao do biodiesel.
Outros programas vinculados ao setor energtico tambm so desenvolvidos, a exemplo doPrograma Estadual de Bioenergia, que estimula a produo de culturas adequadas ao setor
energtico, como a mamona e a cana-de-acar, buscando, ao mesmo tempo, auxiliar a comer-
cializao da produo entre os agricultores e as indstrias fabricantes de biocombustveis, e
do Projeto de Agroenergia, responsvel pela implantao daUsina Bioesmagadora em Lapo
e incumbido de dinamizar a cadeia produtiva da mamona.
Como programas e/ou projetos oriundos da esfera no governamental, pode-se citar o
Projeto Nordeste, mantido pela Associao Beneficente Crist. O projeto atende a cerca de
450 famlias e est localizado no municpio de Irec, em uma fazenda com 450ha onde so
desempenhadas aes vinculadas ao plantio de mamona, hortalias e vegetais diversos,milho, abbora, melancia etc., que so distribudos pela prpria associao ou permanecem
na fazenda, gerando 185 empregos diretos. Vale ressaltar que o cultivo da pinha predomina,
com 9.800 ps, cuja produo destinada a Salvador. Na escola mantida pela instituio so
atendidas por volta de 480 crianas, que permanecem no local durante o perodo integral,
desenvolvendo atividades extraclasse, a exemplo das oficinas de artesanato.
Em sntese, os principais programas e projetos existentes na rea esto listados no Quadro 1.
Programa/Projeto
Objetivo Municpios abrangidos Entidade
mantenedoraPerodo de
atuao
Projeto deExpanso daIrrigao naRegio de Irec
Ampliar a rea com agriculturairrigada com o aumento dadisponibilidade de gua,especialmente de poos
Amrica Dourada, Barra do Mendes, Barro Alto,Canarana, Cafarnaum, Central, Gentio do Ouro,Ibitit, Ibipeba, Irec, Itaguau da Bahia, JooDourado, Jussara, Lapo, Morro do Chapu,Mulungu do Morro, Presidente Dutra, So Gabriel,Uiba e Xique-Xique
SeagriA partir de1999
Projeto Amanh
Capacitar jovens para ossetores agrrio e agroindus-trial; fornecer tcnicas para opequeno produtor rural
Jussara Codevasf A partir de1993
Programa deRecuperao daCultura da Ma-mona do Estadoda Bahia
Estimular o desenvolvimentoda mamona, garantir acomercializao, aumentara produo e ampliar aprodutividade
Amrica Dourada, Barra do Mendes, Barro Alto,Cafarnaum, Canarana, Central, Gentio do Ouro,Ibipeba, Ibitit, I