SEP 83

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/11/2019 SEP 83

    1/223

    SrieEstudosePesquisas

    83

    USO ATUAL

    DAS TERRAS

    BACIAS DA MARGEM DIREITA

    DO LAGO DE SOBRADINHOS A L V A D O R

    2 0 0 9

  • 8/11/2019 SEP 83

    2/223

    Governo da Bahia

    Governo do Estado da BahiaJaques Wagner

    Secretaria do PlanejamentoWalter de Freitas Pinheiro

    Superintendncia de Estudos Econmicos e Sociais da BahiaJos Geraldo dos Reis Santos

    Diretoria de Informaes GeoambientaisRita Pimentel

    Ficha Tcnica

    Coordenao de Recursos Naturais e AmbientaisAline Pereira Rocha

    Equipe Tcnica (Temtica)Aline Pereira Rocha (Vetorizao Temtica)

    Antnio Leonardo Guimares de Mello

    ColaboraoJussara Tourinho de Melo

    Maria de Ftima Fiza Marinho

    EstagiriosElaine Teixeira Santos

    Leonardo Ribeiro Farias

    Coordenao de Cartografia e GeoprocessamentoErivaldo Lima de Queiroz (Tratamento das Imagens)

    Elaborao da Base CartogrficaElisngela Soares de Prado

    Ivana Silva de Jesus

    Planejamento Cartogrfico e Arte FinalAna Lcia da Silva Teixeira

    Anglica Manina de Moraes Cunha Neta

    Dfini Nascimento

    Reviso de LinguagemMaria Jos Bacelar Guimares

    Coordenao de Disseminao de InformaesMrcia Santos

    Padronizao e EstiloEditoria de ArteElisabete Cristina Teixeira Barretto

    Aline Santana (estag.)

    Produo ExecutivaAnna Luiza Sapucaia

    Projeto GrficoElisabete Cristina Teixeira Barretto

    Julio Vilela

    EditoraoSandro de Jesus Santos

    Av. Luiz Viana Filho, 435, 2 andar - CAB - CEP 41750-002 - Salvador - Bahia

    Tel.: (71) 3315-4822 / 3115-4707 - Fax: (71) 3116-1781

    www.sei.ba.gov.br - [email protected]

    Superintendncia de Estudos Econmicos e Sociais da Bahia.

    Uso atual das terras: Bacias da Margem Direita

    do Lago de Sobradinho. Salvador: SEI, 2009.

    223 p. il. (Srie estudos e pesquisas, 83).

    ISBN 978-85-85976-71-2

    1. Uso atual das terras Bacias da Margem Direita do Lago de

    Sobradinho. I. Ttulo. II. Srie.

    CDU 711.14(813.8)

  • 8/11/2019 SEP 83

    3/223

    LISTA DE ILUSTRAES

    FIGURAS

    1. Articulao das imagens do satlite CBERS2. Articulao das imagens do satlite LANDSAT

    3. Padres de uso interpretados nos mosaicos de imagens CBERS2, rbitas 151, 152 e 153, e

    pontos 110, 111, 112, 113 e 114. Combinao de bandas 243

    4. Localizao da rea de estudo

    5. Municpios inseridos na rea de estudo

    6. Balano hdrico segundo Thornthwaite

    7. Evoluo administrativa

    8. Padres de uso e cobertura vegetal

    9. Principais minerais quanto ocorrncia

    ESQUEMAS

    1. Procedimentos metodolgicos

    FOTOS

    1. Sorgo irrigado, Jussara

    2 . Annona squamosa, pinha ou fruta-do-conde, Presidente Dutra

    3. Enxertia em fase inicial de substituio da pinha pela atemoia, Presidente Dutra

    4. Atemoia, hbrido resultante do cruzamento entre a ata e a cherimoia, Presidente Dutra

    5. Substituio do cultivo da pinha pelo da atemoia. frente, com folhas maiores, a planta

    da atemoia enxertada na planta da pinha; atrs, com folhas menores, a planta da pinha

    que ser cortada, Presidente Dutra

    6. Fibra de sisal secando ao sol. Ao fundo, animal utilizado no transporte, Canarana

    7. Uva em fase de experincia no Permetro de Irrigao Mirors, Ibipeba

  • 8/11/2019 SEP 83

    4/223

    8. Cebola, Lapo

    9. Irrigao em sulcos, por gravidade. Plantao de cebolas, Sento S

    10. Plancie de inundao do lago de Sobradinho ocupado com cultivo. Ao fundo,

    espelho dgua, Sento S

    11. Packing House. Beneficiamento e distribuio dos produtos da olericultura, Lapo12. Cultivo de alfafa, parte da alimentao do avestruz, Irec

    13. Palma forrageira utilizada na alimentao animal

    14. Avestruz, espcie explorada na regio de Irec. O macho, com penas pretas, de maior porte

    15. Avestruz, espcie explorada na regio de Irec. A fmea, com penas acinzentadas, de menor porte

    16. Criao racional de abelhas em colmeias, Central

    17. Criao racional de abelhas em colmeias ( direita) e no tronco da rvore ( esquerda, na poro

    mais grossa do tronco), Central

    18. Exemplar de mandacaru,cereus jamacaru, da famlia das Cactceas, espcie tpica na rea19. Cactcea, espcie tpica da vegetao, Sento S

    20. Palmeira licuri ou ouricuri

    21. Caatinga Parque, Sento S

    22. Carnabas no vale do rio Verde, Projeto de Assentamento Almas, Itaguau da Bahia

    23. Tanques-rede da APBPS prontos para incio das atividades

    24. Criao de tilpias em tanques-rede no lago de Sobradinho

    QUADROS

    1. Programas e projetos implementados na rea estudada

    2. Caractersticas da estrutiocultura na regio de Irec e relao com a mdia mundial

    3. Ocorrncias industriais por municpio, empresa e produto

    4. Unidades de conservao

    5. Stios com Registros Rupestres inseridos no Projeto Homem e Natureza por municpio

    6. Acampamentos rurais e nmero de famlias por municpio 2005

    7. Projetos do Programa Cdula da Terra por rea, famlias e municpio 20098. Projetos do Programa Crdito Fundirio e Combate a Pobreza Rural por rea, famlias e municpio 2009

    9. Comunidades de Fundos e Feches de Pasto reconhecidas por rea, famlias e municpio 2009

    10. Comunidades quilombolas por municpio e data de atualizao da certido 2009

    11. Principais conflitos por tipo de uso

  • 8/11/2019 SEP 83

    5/223

    LISTA DE TABELAS

    1. Populao urbana, regional e nacional 1950-2000

    2. Crescimento geomtrico anual da populao por municpio 1991-2000

    3. Informaes municipais 2000

    4. Estabelecimentos rurais familiares, segundo estratos de rea por municpio 2009

    5. rea dos estabelecimentos rurais familiares, segundo estratos de rea por municpio 2009

    6. Estabelecimentos rurais familiares com mo de obra familiar por municpio 2009

    7. rea plantada com mamona por municpio 2002-2007

    8. Produo de mamona por municpio 2002-20079. Produo de milho. Dez maiores produtores Brasil 2002-2007

    10. Produo de milho por municpio 2002-2007

    11. rea plantada com milho por municpio 2002-2007

    12. Produo de feijo. Dez maiores produtores Brasil 2002-2007

    13. rea plantada com feijo. Dez maiores plantadores Brasil 2002-2007

    14. Produo de feijo por municpio 2002-2007

    15. rea plantada com feijo por municpio 2002-2007

    16. rea plantada com sorgo. Dez maiores plantadores Brasil 2002-2007

    17. Produo de sorgo. Dez maiores produtores Brasil 2002-2007

    18. Produo de sorgo por municpio 2002-2007

    19. rea plantada com sorgo por municpio 2002-2007

    20. Produo de banana. Dez maiores produtores Brasil 2002-2007

    21. rea plantada com banana. Dez maiores plantadores Brasil 2002-2007

  • 8/11/2019 SEP 83

    6/223

    22. Produo de banana por municpio 2002-2007

    23. rea plantada com banana por municpio 2002-2007

    24. Produo de sisal por municpio 2002-2007

    25. rea plantada com sisal por municpio 2002-2007

    26. Produo de manga por municpio 2002-2007

    27. rea plantada com manga por municpio 2001-2006

    28. Produo de uva por municpio 2002-2007

    29. rea plantada com uva por municpio 2002-2007

    30. rea plantada com melancia por municpio 2002-2007

    31. Produo de melancia por municpio 2002-2007

    32. rea plantada com melo por municpio 2002-2007

    33. Produo de melo por municpio 2002-2007

    34. rea plantada com tomate por municpio 2002-2007

    35. Produo de tomate por municpio 2002-2007

    36. Produo de cebola por municpio 2002-2007

    37. rea plantada com cebola por municpio 2002-200738. Produo de caf por municpio 2002-2007

    39. rea plantada com caf por municpio 2002-2007

    40. Efetivo do rebanho bovino por principais municpios criadores 2002-2008

    41. Efetivo do rebanho caprino por principais municpios criadores 2002-2007

    42. Efetivo do rebanho ovino por principais municpios criadores 2002-2007

    43. Produo de mel por municpio 2002-2007

    44. Nmero de produtores e colmeias por ramo da atividade e municpio 200945. Projetos de Associao de Piscicultura realizados com a Companhia Nacional de Abaste-

    cimento nos municpios de Sento S e Sobradinho 2008-2009

    46. Projetos de Associaes de Piscicultura envolvidas no Programa Boa Pesca por famlias,

    produo e receita nos municpios de Sento S e Sobradinho 2008- 2009

    47. Projetos de Assentamentos de Reforma Agrria por rea, famlias e municpio 2008

  • 8/11/2019 SEP 83

    7/223

    SIGLAS E ABREVIATURAS

    Aapimec Associao dos Apicultores e Meliponicultores de Central

    ABA Associao Brasileira de Antropologia

    Accojus Associao dos Criadores de Caprinos e Ovinos de Jussara

    Acripeixes Associao de Criadores de Peixes de Sobradinho

    ADAB Agncia de Defesa Agropecuria da Bahia

    ADCT Ato das Disposies Constitucionais Transitrias

    ADRAP Associao de Desenvolvimento Rural e Agropecurio de Prevenido

    ADRI Agncia de Desenvolvimento da Regio de Irec

    APA rea de Proteo Ambiental

    APAE Associao de Pais e Amigos dos Excepcionais

    APBPS Associao de Piscicultores Boa Pesca de Sobradinho

    Appser Associao de Piscicultores da Ponta da Serra

    Aprir Associao dos Pecuaristas da Regio de Irec

    ASQ Agenda Social Quilombola

    Assopec Associao de Pequenos Criadores de Peixes de Sento S

    Assopecp Associao dos Pequenos Criadores de Peixes

    Bahiabio Programa de Bioenergia do Estado da Bahia

    Bahiatursa Empresa de Turismo da Bahia S.A.

    BID Banco Interamericano de Desenvolvimento

    BNB Banco do Nordeste do Brasil S.A.

    Ca Caatinga

    CAR Companhia de Desenvolvimento e Ao Regional

    Cartgeo Cartografia e Geoprocessamento

    CBA Confederao Brasileira de Apicultura

    CBERS Chinese-Brazilian Earth Resources Satellite(Satlite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres)

    CBPM Companhia Baiana de Pesquisa Mineral

  • 8/11/2019 SEP 83

    8/223

    CDA Coordenao de Desenvolvimento Agrrio

    CEF Caixa Econmica Federal

    Ceplac Comisso Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira

    Cepram Conselho Estadual de Meio Ambiente

    CERB Companhia de Engenharia Rural da Bahia

    CHESF Companhia Hidro Eltrica do So Francisco

    Coafti Cooperativa de Agricultores Familiares do Territrio de Irec

    Codevasf Companhia de Desenvolvimento dos Vales do So Francisco e do Parnaba

    Codeverde Companhia de Desenvolvimento do Rio Verde

    Conab Companhia Nacional de Abastecimento

    Conaq Coordenao Nacional de Articulao das Comunidades Negras Rurais Quilombolas

    Contag Confederao Nacional dos Trabalhadores na Agricultura

    Coopertruz Cooperativa de Estrutiocultores do Plat de Irec

    Coperj Cooperativa dos Empreendedores Rurais de Jussara

    Cp Cultura permanente

    CPT Comisso Pastoral da Terra

    Ct Cultura temporria

    DiGeo Diretoria de Informaes Geoambientais

    DNPM Departamento Nacional de Produo Mineral

    DSG Diviso do Servio Geogrfico

    Ebal Empresa Baiana de Alimentos

    EBDA Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrcola

    EIA Estudo de Impacto Ambiental

    Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria

    FADCT Fundao de Apoio ao Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico

    Faeb Federao da Agricultura e Pecuria do Estado da Bahia

    FASEC Fundao de Assistncia Scio Educativa e Cultural

    FCP Fundao Cultural Palmares

    Febamel Federao Baiana de Apicultura e Meliponicultura

    PGPAF Programa de Garantia Preos para a Agricultura Familiar

    FIEB Federao das Indstrias do Estado da Bahia

    FPM Fundo de Participao do Municpio

    Funasa Fundao Nacional de Sade

    Fundifran Fundao Desenvolvimento Integrado do So Francisco

  • 8/11/2019 SEP 83

    9/223

  • 8/11/2019 SEP 83

    10/223

    SCT Secretaria de Cultura e Turismo

    Seagri Secretaria da Agricultura, Irrigao e Reforma Agrria

    SEAP Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca

    Sebrae Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas

    Secomp Secretaria de Combate Pobreza e s Desigualdades Sociais

    Secti Secretaria de Cincia, Tecnologia e Inovao

    Secult Secretaria de Cultura

    Sedes Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate Pobreza

    SEI Superintendncia de Estudos Econmicos e Sociais da Bahia

    SEIA Sistema Estadual de Informaes Ambientais

    Sema Secretaria de Meio Ambiente

    Senai Servio Nacional de Aprendizagem Industrial

    Senar Servio Nacional de Aprendizagem Rural

    SEPPIR Secretaria Especial de Polticas de Promoo da Igualdade Racial

    Setur Secretaria do Turismo

    SIF Servio de Inspeo Federal

    SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservao da Natureza

    Suaf Superintendncia da Agricultura Familiar

    Sudene Superintendncia do Desenvolvimento do Nordeste

    Te Tenso ecolgica

    UC Unidade de Conservao

    UESB Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

    UFBA Universidade Federal da Bahia

    UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Unicamp Universidade Estadual de Campinas

    UTM Universal Transversa de Mercartor

    Vs Vegetao Secundria

  • 8/11/2019 SEP 83

    11/223

    13 APRESENTAO

    17 INTRODUO

    19 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS

    27 CARACTERIZAO DA REA

    27 MEIO NATURAL

    41 OCUPAO DO ESPAO

    49 PROGRAMAS E PROJETOS

    55 USO DA TERRA E COBERTURA VEGETAL

    57 CULTURAS

    61 Mamona

    67 Milho

    72 Feijo

    77 Sorgo

    82 Pinha

    89 Banana

    94 Coco-da-baa

    96 Sisal

    100 Manga102 Uva

    105 Melancia e melo

    108 Olericultura

    115 Policultura

    120 PASTAGEM

    129 EXTRATIVISMO

    140 COBERTURA VEGETAL

    149 OUTROS USOS

    149 INDSTRIA

    155 RECURSOS MINERAIS

    161 TURISMO

    166 PESCA E AQUICULTURA

    175 UNIDADES DE CONSERVAO

    178 STIOS ARQUEOLGICOS

    184 ASSENTAMENTOS RURAIS

    193 REMANESCENTES DE QUILOMBOS

    198 POVOS INDGENAS

    SUMRIO

  • 8/11/2019 SEP 83

    12/223

    199 USOS E CONFLITOS

    203 CENRIOS E TENDNCIAS

    207 REFERNCIAS

    213 GLOSSRIO

    217 APNDICE A

    217 PONTOS DE CONTROLE GPS

  • 8/11/2019 SEP 83

    13/223

    13

    APRESENTAO

    O mapeamento do Uso Atual das Terras das Bacias da margem direita do Lago de Sobradinho disponibilizado pela Superintendncia de Estudos Econmicos e Sociais da Bahia (SEI), por

    meio da Diretoria de Informaes Geoambientais (Digeo) e elaborado pela Coordenao deRecursos Naturais e Ambientais (CRNA), como parte de um estudo sistemtico da Srie Estu-

    dos e Pesquisas (SEP), com o objetivo de dotar o Estado de informaes atualizadas sobre as

    formas de uso e ocupao do territrio.

    O termo uso da terra denota a forma pela qual o espao est sendo ocupado, quer por as-

    pectos naturais, quer por atividades antrpicas, tornando-se um dos principais estudos, que

    fornecem informaes para a criao de um banco de dados que possibilite melhor utilizaodo espao regional.

    O conhecimento atualizado das formas de utilizao e ocupao do solo, bem como seu uso

    histrico, imprescindvel ao estudo dos processos que se desenvolvem na regio, tornando-sede fundamental importncia, na medida em que seu mau uso causa deteriorao no ambiente.

    Portanto a atualizao constante dos registros de uso atual e ocupao da terra funda-

    mental para que suas tendncias possam ser analisadas. Seu objetivo fornecer subsdios

    s aes do planejamento regional e compreenso dos padres de organizao do espao

    agrcola alterado pela ao do homem e pelo desenvolvimento tecnolgico. Assim, possibi-

    lita a construo de cenrios que se tornam referncias para estudos posteriores e aes de

    planejamento com cunho tmporo-espacial.

    De forma detalhada e com linguagem de fcil compreenso, a anlise focaliza as atividades

    agropastoris, industriais, extrativas, a dinmica e as formas de apropriao e a presso exer-cida sobre os recursos naturais. Traz ainda uma descrio fsica, permitindo uma viso geral

    da regio estudada.

    Com sistema produtivo baseado, em grande parte, na agricultura familiar, com pequenas

    propriedades e utilizao de mo de obra familiar, a dinmica econmica no to expressivacomo em outras regies do Estado, mas apresenta especificidades inerentes a sua confor-

    mao socioeconmica.

    O memorial descritivo vem acompanhado do mapeamento temtico na escala 1:250.000, com

    articulao em trs folhas, abrangendo uma rea de cerca de 35.698km2. Alm de impresso,

    o trabalho est disponvel para consulta e downloadno sitewww.sei.ba.gov.br.

  • 8/11/2019 SEP 83

    14/223

  • 8/11/2019 SEP 83

    15/223

    15

    Fo

    to:Digeo/CRNA,

    2008

    Fo

    to:Digeo/CRNA,

    2008

  • 8/11/2019 SEP 83

    16/223

  • 8/11/2019 SEP 83

    17/223

    17

    INTRODUO

    O presente estudo tem como enfoque a anlise e o mapeamento do Uso Atual das Terras das

    Bacias da Margem Direita do Lago de Sobradinho, bacia hidrogrfica do rio So Francisco, no

    tocante dinmica socioeconmica e ambiental, aos condicionantes das atividades e aos re-flexos no espao. Com sistema de produo tradicionalmente de pequena propriedade e com

    mo de obra familiar, a regio tem sido alvo de programas voltados ao fortalecimento desse

    sistema, visando subsidiar a manuteno do homem no campo de forma sustentvel.

    Os elementos pr-textuais constam de Lista de Ilustraes, com as figuras, fotos e quadros,

    Lista de Tabelasalm das Siglas e Abreviaturas.

    A publicao est estruturada em captulos e inicia com os Procedimentos Metodolgicoscom

    a descrio do mtodo utilizado para a realizao do trabalho, ressaltando instrumentos e

    equipamentos utilizados, desde a aquisio e o tratamento das imagens de satlite at a

    importncia dos trabalhos executados em campo e que contriburam de forma indispensvel

    para sua finalizao.

    Aps os procedimentos metodolgicos, efetua-se uma caracterizao da rea, com a descrio

    dos principais aspectos naturais existentes, a exemplo do clima, relevo, solo e geomorfologia,

    bem como a forma como se deu o processo de ocupao, suas consequncias para o ambiente

    e para a conformao da dinmica atual.

    O captulo Uso da Terraanalisa as atividades desenvolvidas que figuram significativamente

    na matriz econmica regional. Informaes acerca dos cultivos implementados, produo,

    produtividade, inovaes tecnolgicas e sua importncia na economia, alm da partici-

    pao percentual de cada tipo de uso mapeado. Dados da Produo Agrcola Municipal

    (PAM), elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), permitem ava-

    liar o comportamento da produo e a participao dos principais cultivos nos cenrios

    estadual e nacional.

    Como informao complementar, no captulo Cobertura Vegetalforam mapeadas e des-

    critas os principais tipos de vegetao, tomando como base mapeamentos existentes,

    enquanto que o controle dessas informaes foi realizado quando do mapeamento e das

    viagens ao campo.

  • 8/11/2019 SEP 83

    18/223

    18

    USOATUALDASTERRASBACIASDAMARGEMDIREITADOLAGODESOBRADINHO

    No captulo Outros Usosso apresentadas as demais atividades econmicas exploradas, como

    indstria, recursos minerais, turismo, pesca e aquicultura. Destacam-se tambm informaes

    acerca das unidades de conservao, assentamentos rurais, remanescentes de quilombos epovos indgenas.

    Problemas decorrentes do desenvolvimento dessas atividades so analisados no captulo Usos

    e Conflitosque estabelece relao entre o uso e as implicaes que dele decorrem.

    Em Cenrios e Tendnciasso tecidas consideraes sobre a dinmica atual e as perspectivas

    setoriais. So ressaltadas atividades centrais na regio e sua importncia socioeconmica e

    ambiental.

    Ainda fazem parte da publicao o Glossrio, as Refernciase um Anexono qual esto rela-

    cionados pontos coletados em campo com referncia no mapeamento, chamados de pontos

    de checagem.

    Finalmente, acompanham o estudo trs mapas na escala 1: 250.000.

  • 8/11/2019 SEP 83

    19/223

    19

    PROCEDIMENTOS METODOLGICOS

    Os estudos de Uso da Terra so desenvolvidos pela Superintendncia de Estudos Econmicos e

    Sociais da Bahia de forma sistemtica, o que implica na construo de uma linha metodolgica

    a ser seguida, sendo feitas inseres quando as especificidades da rea estudada exigem ouem funo das inovaes tcnicas, seja com a implementao de softwares, equipamentos

    ou a insero de outras variveis em sua composio. Desta forma, o processo de construo

    contnuo e a cada trabalho integram-se novos conhecimentos com o objetivo de refinar

    conceitos existentes.

    Com a finalidade de esclarecer o uso termo bacia na denominao do estudo, haja vista a

    diversidade de aplicaes de bacia e sub-bacia nas diversas escalas de abordagem, cabe

    uma abordagem dos conceitos adotados. A bacia hidrogrfica a unidade fsica de anlise

    e, conceitualmente, compreendida como

    [...] um conjunto de terras drenadas por um rio e seus afluentesm, formadanas regies mais altas do relevo por divisores de gua, onde as guas das

    chuvas, ou escoam superficialmente formando os riachos e rios, ou infiltram

    no solo para formao de nascentes e do lenol fretico. Barrella (2001 apud

    TEODORO et al, 2007, p. 138).

    As sub-bacias, por sua vez, so consideradas, segundo Teodoro (et al, 2007, p. 138), como

    reas de drenagem dos tributrios do curso dgua principal e na medida em que so

    tomadas como unidades, em uma escala de trabalho que no englobe a bacia maior, so

    propriamente denominadas bacias. Desta forma, conclui-se que cada bacia hidrogrfica

    interliga-se com outra de ordem hierrquica superior, constituindo, em relao ltima, uma

    sub-bacia (SANTANA, 2004, apud TEODORO et al, 2007, p. 139) e, assim, a aplicabilidade dostermos torna-se relativa escala de trabalho.

    A primeira etapa, realizada em escritrio, consistiu nos levantamentos bibliogrfico, car-

    togrfico e das imagens de satlite. Com a pesquisa bibliogrfica foi possvel conhecer o

    espao, identificar as atividades desenvolvidas e fornecer subsdios s etapas subsequentes.

    Informaes relativas ao tipo de agropecuria desenvolvida, turismo, extrao de recursos

    minerais, dentre outras, possibilitaram a montagem de uma legenda preliminar que norteou

    o incio dos trabalhos.

  • 8/11/2019 SEP 83

    20/223

    20

    USOATUALDASTERRASBACIASDAMARGEMDIREITADOLAGODESOBRADINHO

    A base cartogrfica georreferenciada no sistema de referncia South American Datum

    1969 (SAD 69), com projeo Universal Transversa de Mercator (UTM) com os elementos

    indispensveis montagem do mapa, foi elaborada pelo setor de Cartografia e Geoproces-samento (Cartgeo). Para montagem da base foram utilizadas 27 folhas planialtimtricas do

    Mapeamento Sistemtico do Brasil, escala 1:100.000, executadas pelo Instituto Brasileiro de

    Geografia e Estatstica (IBGE), Superintendncia do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene),

    Diviso do Servio Geogrfico (DSG) e Companhia de Desenvolvimento dos Vales do So

    Francisco e do Parnaba (Codevasf). Os procedimentos adotados na atualizao da plani-

    metria envolveram um cuidado especial para assegurar a exatido posicional, bem como a

    qualidade da informao.

    Nesse sentido ajusta-se o processo de seleo das feies a escala final, ou seja, 1:250.000.

    Com base nesta, foram feitos os lanamentos e as atualizaes dos temas relativos ao sistema

    virio, rede de drenagem, reas urbanas e obras e estruturas, alm de algum outro ajuste que

    se mostrou necessrio.

    Todo esse arcabouo de dados foi modelado e manipulado com o uso do softwareArcviev. A

    primeira viagem ao campo teve como propsito o reconhecimento da totalidade do espao

    territorial a ser estudado. O controle e a complementao de informaes foram realizados

    com o auxlio de um notebookconectado a um aparelho de Sistema de Posicionamento Global

    (GPS) e o softwareGlobal Mapper, que permitiram o acompanhamento digital da viagem em

    tempo real e in loco, alm de possibilitar a construo da legenda preliminar.

    As imagens digitais utilizadas no trabalho foram do satlite ChinaBrasil Earth Resources Satellite2 ou Satlite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS-2), disponibilizadas gratuitamente

    pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em seu stio na Internet, das rbitas 151,

    152 e 153, pontos 110, 111, 112, 113 e 114 (Figura 1).

  • 8/11/2019 SEP 83

    21/223

    21

    PROCEDIMENTOSMETODOLGICOS

    Figura 1Articulao das imagens do satlite CBERS

    Fonte: INPE, 2006/2008.

    Para complementar a interpretao, em especial nos locais em que a incidncia de nuvens

    prejudicou a visualizao das imagens CBERS, utilizaram-se imagens do satlite LANDSAT 5,

    rbitas 217 e 218, pontos 067, 068 e 069, tambm correspondendo ao perodo 2006/2008

    (Figura 2) e disponibilizadas pelo INPE.

  • 8/11/2019 SEP 83

    22/223

    22

    USOATUALDASTERRASBACIASDAMARGEMDIREITADOLAGODESOBRADINHO

    Figura 2Articulao das imagens do satlite LANDSAT

    Fonte: INPE, 2006/2008.

    As imagens CBERS foram tratadas com o softwarede sensoriamento remoto ENVI, com base

    no qual foram selecionadas quatro bandas espectrais (1, 2, 3 e 4), s quais se atribuiu as cores

    primrias (R=red, G=green, e B=blue) aos trs canais espectrais escolhidos, resultando em trs

    composies coloridas ou falsa cor (243, 421 e 321) RGB. A composio RGB 243 foi a mais

    utilizada por se apresentar mais prxima da colorao real.

    As imagens LANDSAT 5 foram tratadas a partir das bandas 2, 3, 4, 5 e 8, resultando tambm

    em composies que possibilitaram a interpretao. A composio RGB 543 foi utilizada por

    ser a que mais se aproximava da CBERS RGB 243.

  • 8/11/2019 SEP 83

    23/223

    23

    PROCEDIMENTOSMETODOLGICOS

    Foram montados trs mosaicos para o recobrimento total, com abrangncia temporal corres-

    pondendo ao perodo de janeiro a maro de 2008. Apenas uma das imagens que comps o

    mosaico que cobre o sul da bacia correspondeu a dezembro de 2006. A defasagem deve-se presena de nuvens que impossibilitou a interpretao, explicando, assim, a necessidade

    da mosaicagem. Neste caso o nivelamento da temporalidade e atualizao da informao

    temtica foi intensificado in loco.

    A vetorizao foi feita com o softwareArcGis e a classificao das manchas partiu da identi-

    ficao previamente estabelecida com o conhecimento dos tipos de uso da terra existentes

    na rea, resultando nos padres de uso existentes (Figura 3). A fotointerpretao obedeceu

    a critrios como cor, tonalidade, textura, forma e tamanho das feies identificadas, que

    permitiram maior clareza aos resultados.

    (continua)

  • 8/11/2019 SEP 83

    24/223

    24

    USOATUALDASTERRASBACIASDAMARGEMDIREITADOLAGODESOBRADINHO

    Figura 3Padres de uso interpretados nos mosaicos de imagens CBERS2, rbitas 151, 152 e 153, epontos 110, 111, 112, 113 e 114. Combinao de bandas 243

    Fonte: INPE, 2008; SEI, 2009.

    Na definio das caractersticas referentes ao modelo a ser adotado quando da interpretaodas imagens e em funo da escala de trabalho estabeleceu-se como clula mapevel cercade 1.250m X 1.250m, equivalente a 156ha. Considerou-se que a menor rea devia ter tamanhoem torno de 750m X 750m, correspondendo a 56ha, tendo como referncia estudos tcnicos

    realizados pelo IBGE (2006).

    (concluso)

  • 8/11/2019 SEP 83

    25/223

    25

    PROCEDIMENTOSMETODOLGICOS

    Entretanto, por sua relevncia, alguns usos com dimenses menores que 56ha foram con-

    templados, correspondendo geralmente a pequenos ncleos com vegetao, isolados em

    topos de morros ou em vales, alm de alguns cultivos, a exemplo do sisal.Aps a fotointerpretao foram realizadas mais duas viagens de campo para o refinamento

    do mapeamento preliminar. Em funo da extenso da rea, o controle foi feito em duas

    etapas; a primeira cobriu a poro sul e a segunda, a poro norte, visando maior cobertura

    do espao. Com a navegao em tempo real, foi feita a checagem do mapeamento, e as

    alteraes foram efetuadas quando do retorno ao escritrio. Uma vez em campo, rgos e

    instituies governamentais, privadas e associaes de classe, comerciantes e produtores

    foram visitados, momentos em que foram sanadas dvidas e requeridas informaes impor-

    tantes para a pesquisa.

    Nos trabalhos em campo, o uso do GPS (Mbile Mapper e Garmin) foi de importncia funda-mental e possibilitou a tomada de pontos de controle, por meio dos quais foram corrigidos

    e/ou inseridos elementos.

    Sistematicamente, as etapas de desenvolvimento do trabalho podem ser visualizadas no

    Esquema 1.

  • 8/11/2019 SEP 83

    26/223

    26

    USOATUALDASTERRASBACIASDAMARGEMDIREITADOLAGODESOBRADINHO

    Esquema 1Procedimentos metodolgicos

  • 8/11/2019 SEP 83

    27/223

    27

    CARACTERIZAO DA REA

    MEIO NATURAL

    A rea em estudo est inserida na regio de influncia do clima semirido, com a caatinga

    prevalecendo em praticamente todo o territrio, e abrange municpios localizados na margemdireita do rio So Francisco, mais precisamente no submdio.

    Ocupa uma parcela de cerca de 35.698,55km situada ao norte do estado da Bahia entre as

    coordenadas de 0830 e 1230 de latitude sul e 3800 e 4230 de longitude oeste, corres-

    pondendo parte da poro direita da bacia do rio So Francisco, formada pelas sub-bacias

    hidrogrficas dos rios Verde, Jacar ou Vereda do Romo Gramacho e dos rios da margem

    direita do lago de Sobradinho (Figura 4).

    A agricultura a atividade propulsora do desenvolvimento regional, em especial a irrigada,

    impulsionada pela perenizao de trechos do rio So Francisco e de outros canais de sua bacia

    com a construo de barragens, podendo ser citado o ncleo de Irec como proeminente.

    Essas atividades contribuem para a projeo da regio no cenrio estadual e nacional.

    A conjuntura criada por essas atividades conferiu a esse espao caractersticas poten-

    ciais de atrao de populao, implicando em importantes alteraes no padro de

    ocupao espacial.

  • 8/11/2019 SEP 83

    28/223

    28

    USOATUALDASTERRASBACIASDAMARGEMDIREITADOLAGODESOBRADINHO

    Figura 4Localizao da rea de estudo

    Fonte: SEI, 2009.

    Administrativamente, a rea de estudo composta por 31 (trinta e um) municpios, dentre os

    quais dez encontram-se parcialmente inclusos, que fazem parte dos Territrios de Identidade

    de Irec, Piemonte da Diamantina, Chapada Diamantina, Serto de So Francisco e Velho

    Chico, como mostra a Figura 5.

  • 8/11/2019 SEP 83

    29/223

    29

    CARACTERIZAODAREA

    Figura 5

    Municpios inseridos na rea de estudoFonte: SEI, 2009.

  • 8/11/2019 SEP 83

    30/223

    30

    USOATUALDASTERRASBACIASDAMARGEMDIREITADOLAGODESOBRADINHO

    O Brasil, assim como o estado da Bahia, a partir da dcada de 1970, aumentou significati-

    vamente o processo de urbanizao, sendo, hoje, considerado um pas urbano, embora se

    considere que os conceitos de urbano e rural utilizados para este fim sejam consideradosdefasados e no traduzam a situao atual.

    A Tabela 1 destaca a regio Sudeste com a maior taxa no perodo seguida pela regio Centro-

    Oeste embora todas as regies apresentem crescimento nas dcadas subsequentes.

    Tabela 1Populao urbana, regional e nacional 1950-2000 (%)

    Brasil e regio geogrfica 1950 1960 1970 1980 1991 2000

    Norte 29,6 35,5 45,1 51,6 59,0 69,8

    Nordeste 26,4 34,2 41,8 50,5 60,7 69,0

    Sudeste 47,5 57,4 72,7 82,8 88,0 90,5

    Sul 29,5 37,6 44,3 62,4 74,1 80,9

    Centro-Oeste 25,9 37,2 48,1 67,8 81,3 86,7

    Brasil 36,2 45,1 55,9 67,6 75,6 81,2

    Fonte: IBGE. Censos Demogrficos. 2008a.

    Vrios foram os fatores que contriburam para esta nova realidade. As disparidades econmicas

    regionais e a insero diferenciada de cada regio na economia nacional foram determinantes

    na desigualdade do ritmo no processo de urbanizao.

    A fundao de Braslia, em 1960, foi responsvel por este aumento no Centro-Oeste brasileiroenquanto, no Sul, o uso de tecnologia na agricultura e a concentrao da terra provocaram

    a transferncia da populao rural para o meio urbano.

    Os movimentos migratrios intra e interregionais aceleraram o processo de esvaziamento das

    reas rurais, e o crescimento da populao nas zonas urbanas das cidades teve ainda como con-

    dutor o crescimento industrial e o acesso aos servios urbanos, principalmente nas metrpoles.

    De acordo com a Superintendncia de Estudos Econmicos e Sociais da Bahia (SEI, 2003) o aumen-

    to desse crescimento se deve, ainda, diminuio gradativa e regular dos ndices de mortalidade.

    A partir do censo demogrfico de 2000 alguns municpios sobressaram-se na regio. Se-

    gundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), no perodo 1991-2000, para a

    populao municipal, destacaram-se os municpios de Juazeiro (3,44%) e Ourolndia (2,56%)

    com as mais elevadas taxas de crescimento; os municpios de Barro Alto (8,68%) e Ourolndia

    (7,34%) apresentaram os mais altos ndices para a populao urbana; e Juazeiro destacou-se

    com a mais elevada taxa de crescimento para a populao rural (5,05%). Com os ndices mais

    baixos, tem-se Itaguau da Bahia (-4,64%), para a populao total, Sobradinho (0,07%), para

    a populao urbana, e Irec (-9,78%), para a populao rural.

    Ressalta-se ainda que dos 31 (trinta e um) municpios da rea de estudo somente oito regis-

    traram taxas positivas no crescimento da populao rural; em cinco deles apenas pequena

    parcela de seu territrio est inserido na rea estudada (Tabela 2).

  • 8/11/2019 SEP 83

    31/223

    31

    CARACTERIZAODAREA

    Tabela 2Crescimento geomtrico anual da populao por municpio 1991-2000 (%)

    MunicpiosPopulao

    Total Urbana Rural Sedes

    Amrica Dourada 0,00 2,33 -3,10 9,39

    Barra do Mendes -0,68 1,65 -2,02 1,69

    Barro Alto 0,04 8,68 -3,58 2,84

    Bonito 1,70 2,65 1,05 2,65

    Brotas de Macabas -1,02 2,46 -1,89 2,60

    Cafarnaum 1,78 5,11 -1,46 3,76

    Canarana -0,46 2,89 -2,56 3,59

    Central 1,49 1,6 1,40 1,60

    Gentio do Ouro -0,96 1,83 -2,99 2,00

    Ibipeba -1,41 7,18 -7,68 4,36

    Ibitiara -1,8 -0,81 -2,01 1,62

    Ibitit 0,39 2,27 -0,92 7,42

    Ipupiara 0,68 2,64 -1,74 3,63

    Irec 1,35 3,19 -9,78 3,12

    Itaguau da Bahia -4,64 2,95 -5,70 2,41

    Joo Dourado -0,14 2,28 -2,97 2,95

    Juazeiro 3,44 2,99 5,05 2,28

    Jussara 1,02 1,61 0,04 1,57Lapo 1,88 3,36 1,09 3,36

    Morro do Chapu 0,92 2,74 -1,10 3,07

    Mulungu do Morro 1,07 2,5 0,19 6,40

    Ourolndia 2,56 7,34 1,10 7,34

    Presidente Dutra -0,08 2,1 -2,29 2,11

    So Gabriel 0,32 3,83 -2,58 2,11

    Seabra 0,45 3,37 -1,27 3,50

    Sento S 1,50 3,76 -0,58 4,14

    Sobradinho 0,06 0,07 -0,07 0,07

    Souto Soares -2,37 6,83 -5,10 1,74

    Uiba 0,00 1,62 -1,87 1,78

    Umburanas 2,28 3,44 1,47 3,09

    Xique-Xique 1,14 1,89 -0,46 1,95

    Fonte: IBGE. Censos Demogrficos, 2008a.

    Observa-se que, no geral, no h uma regularidade na distribuio populacional entre os

    municpios mencionados. As densidades demogrficas variam de 2,52 hab./km em Sento S,

    183,10 hab./km em Irec e 56,29 hab./km em Presidente Dutra, bem superiores se comparadas

    mdia do Estado, 23,14 hab./km, e uma mdia regional de 11,99 hab./km, considerando

  • 8/11/2019 SEP 83

    32/223

    32

    USOATUALDASTERRASBACIASDAMARGEMDIREITADOLAGODESOBRADINHO

    aqueles municpios cujos territrios esto totalmente inseridos na rea de estudo, como pode

    ser visualizado na Tabela 3.

    Tabela 3Informaes municipais 2000

    Municpios rea includa

    no estudo (%)Populao total

    (hab.)Densidade demogr-

    fica (hab./km2)Taxa de urbaniza-

    o total (%)Taxa de urbanizao

    das sedes (%)

    Amrica Dourada 100 15.959 21,45 63,59 20,15

    Barra do Mendes 100 13.610 10,87 40,99 39,71

    Barro Alto 100 12.098 28,42 42,78 21,27

    Bonito 90,8 12.902 20,12 42,64 42,64

    Brotas de Macabas 26,17 13.003 5,48 23,46 20,60

    Cafarnaum 100 16.059 17,31 57,34 51,06

    Canarana 99,65 21.665 35,06 45,03 27,90

    Central 100 16.792 27,66 45,48 45,48

    Gentio do Ouro 34,39 10.173 2,77 48,19 25,70

    Ibipeba 100 15.362 10,84 60,42 37,09

    Ibitiara 4,14 14.443 8,25 18,79 12,70

    Ibitit 100 17.905 31,69 45,02 31,17

    Ipupiara 45,85 8.541 7,24 60,70 47,47

    Irec 100 57.436 183,1 92,53 86,41

    Itaguau da Bahia 100 11.309 2,57 17,57 17,57

    Joo Dourado 100 18.967 19,28 60,32 60,32

    Juazeiro 1,9 174.567 27,32 76,35 71,77

    Jussara 100 15.339 17,31 64,31 46,27

    Lapo 100 24.727 38,74 37,30 37,30

    Morro do Chapu 30,18 34.494 6,24 57,38 47,58

    Mulungu do Morro 10,54 15.119 29,21 40,74 27,53

    Ourolndia 2,38 15.356 12,03 29,03 29,03

    Presidente Dutra 100 13.730 56,29 55,78 46,69

    So Gabriel 100 18.412 15,92 53,29 45,88

    Seabra 35,15 39.422 13,95 42,49 40,24

    Sento S 99,77 32.461 2,52 53,18 36,87

    Sobradinho 93,28 21.325 16,12 91,96 91,96

    Souto Soares 50,40 14.795 13,5 34,34 22,12

    Uiba 100 13.614 26,4 57,88 39,43

    Umburanas 0,13 14.140 7,8 43,75 34,05

    Xique-Xique 19,15 44.718 7,88 70,59 68,09

    Total 768.443 11,89 53,43 52,4

    Fonte: IBGE. Censos Demogrficos, 2008a.

  • 8/11/2019 SEP 83

    33/223

    33

    CARACTERIZAODAREA

    Cabe destacar que as dimenses territoriais municipais contribuem para a diversidade en-

    contrada e que as condies histricas do povoamento e da formao so reflexos dessa

    realidade em determinados casos, a exemplo de Sobradinho, que na poca de sua criaoj detinha elevada taxa de urbanizao em funo do poder atrativo da obra de construo

    da barragem.

    Regionalmente, verifica-se que um percentual elevado da populao reside em reas urba-

    nas, conferindo uma taxa de urbanizao de 53,43% no ano de 2000. Do total de 31 (trinta e

    um) municpios, 15 (48%) registraram no ano de 2.000 taxas de urbanizao acima de 50%,

    com destaque para o municpio de Irec, com a quase totalidade de sua populao (92,53%)

    habitando na zona urbana. No outro extremo, com 17,57%, sobressai-se o municpio de

    Itaguau da Bahia.

    Ressalta-se ainda, que mais da metade do contingente demogrfico regional, 52,40%, estconcentrado na rea urbana; os maiores ndices so registrados no municpio de Sobradinho,

    com 91,96% da populao residindo na sede municipal, seguido do municpio de Irec, com

    86,41%, e de Xique-Xique, com 68,09%.

    O clima da regio caracteriza-se por apresentar chuvas escassas e mal distribudas durante

    o ano, concentradas em poucos meses e registrando ndices elevados de deficincia hdrica,

    sem excedente e com perodo de reposio somente no extremo sul da rea, no municpio

    de Seabra, condicionado, por sua vez, pela altitude, como pode ser visualizado na Figura 6.

    No geral, constata-se que ao norte a aridez mais acentuada que ao sul, comprovado pela

    intermitncia de toda a drenagem.

  • 8/11/2019 SEP 83

    34/223

    34

    USOATUALDASTERRASBACIASDAMARGEMDIREITADOLAGODESOBRADINHO

    Figura 6Balano hdrico segundo Thornthwaite

    Fonte: Plano Estadual de Recursos Hdricos, estado da Bahia, Semarh/SRH, 2004.

    Balano Hdrico do Estado da Bahia, SEI/Seplantec, 1999.

  • 8/11/2019 SEP 83

    35/223

    35

    CARACTERIZAODAREA

    No obstante as limitaes impostas pelas condies climticas ao desenvolvimento de ati-

    vidades agropecurias, a regio firmou-se como importante produtora de gros, em especial

    o feijo, figurando, por muito tempo, como fornecedora do gro para vrios estados.Faz-se necessrio salientar tambm a forte influncia que o clima exerce nas oscilaes

    demogrficas. Existe relativa frequncia na alterao da composio demogrfica regional

    condicionada pela intensa variabilidade da pluviosidade. Como exemplo, cita-se a regio de

    Irec que, constantemente, perde populao para outras cidades mais prximas e para o Sul do

    pas, quando o perodo de seca se prolonga de modo a afetar o rendimento no campo. Alm

    da migrao extrarregional, h tambm perdas demogrficas para as reas urbanizadas dos

    prprios municpios e circunvizinhas, esvaziando o campo. Quando as condies climticas

    invertem-se, esse contingente retorna regio de origem.

    A tendncia para a concentrao populacional nas sedes, realidade constatada em vrios mu-nicpios baianos, pode acarretar problemas na gesto municipal de forma geral e em especial

    no que diz respeito infraestrutura e aos servios e, consequentemente, gerar e/ou agravar

    deficincias no ambiente urbano, fato observado na crescente favelizao nas periferias dos

    centros mais desenvolvidos, tanto intra quanto extrarregionais.

    De modo geral, o potencial regional est voltado para a agricultura. A regio de Irec j esteve

    no topo dos grandes produtores de feijo do pas, abastecendo o mercado interno, sendo

    sua manuteno neste rankingdependente basicamente dos ndices pluviomtricos, o que

    demonstra claramente a fragilidade econmica da regio.

    Quanto ao sistema de transportes, importantes vias cortam a rea interligando-a inter e in-trarregionalmente, a exemplo da BR-122, BA-052, conhecida como Estrada do Feijo, BA-368,

    BA-144, dentre outras. A poro norte da regio, mais especificamente na margem direita

    do Lago de Sobradinho, a menos favorecida no que se refere infraestrutura viria, pois a

    existncia de relevo acidentado funciona como obstculo a sua implantao.

    O dinamismo regional e a estrutura montada para as atividades implantadas proporcionam a

    convergncia de segmentos e atividades das mais distintas, diversificam o mercado, ampliam

    a gerao de emprego e renda e proporcionam o crescimento das localidades.

    A esse dinamismo deve-se tambm o estabelecimento de um cenrio de caractersticas fa-

    vorveis no estado. A conformao dos permetros de irrigao, a insero de lotes familiares

    em conjunto com os empresariais e, ao mesmo tempo, o elevado nmero de famlias que,

    vivem margem dessa dinmica por no serem atendidas pelos projetos, em meio caatinga

    e em condies climticas extremas, configuram um complexo sistema de uso e ocupao

    das terras. Lugares providos das mais modernas infraestruturas e lugares em que as condies

    de sobrevivncia pem prova seus moradores.

    As regies do Baixio de Irec e das margens do Lago de Sobradinho so as preferenciais para

    a irrigao, pelas caractersticas edficas associadas com a disponibilidade de gua para

    irrigao do rio Verde e do Lago de Sobradinho.

  • 8/11/2019 SEP 83

    36/223

    36

    USOATUALDASTERRASBACIASDAMARGEMDIREITADOLAGODESOBRADINHO

    Outra atividade desenvolvida a aquicultura, implementada aps a instalao de tanques-rede

    em alguns reservatrios existentes. De acordo com Parker (1991 apud ALBINATI, 2006, p. 67) a

    aquicultura constitui uma das possibilidades de gerao de renda no semirido nordestino:A salinizao de mananciais de gua doce limita seu uso na agricultura tradi-

    cional em muitas regies ridas e semiridas. No entanto, essas guas salinas,imprestveis para culturas tradicionais, podem ser utilizadas para o cultivo

    de algas e peixes e gerar um novo agronegcio no semirido, onde a intensa

    radiao solar possa ser aproveitada, de forma racional, para que se obtenha

    uma elevada produtividade primria.

    A pesca uma atividade essencial, pois meio de subsistncia de populaes ribeirinhas

    instaladas ao longo de todo o vale do rio So Francisco, embora venha sofrendo forte declnionas ltimas dcadas, por questes sociais, econmicas ou ambientais.

    De acordo com a Bahiapesca (2008), o estado da Bahia, atualmente, um dos grandes pro-dutores de pescados no pas, devido aos investimentos em tecnologia para melhoramento

    gentico das espcies e implantao de novas tcnicas de manejo, alm da manuteno de

    capacitao em criao de peixes nos municpios de Casa Nova e Sento S, pela Companhia

    de Desenvolvimento dos Vales do So Francisco e do Parnaba (Codevasf) com a parceria do

    Servio de Apoio s Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Prefeituras Municipais de Sobradinho

    e Sento S, Associao de Criadores de Peixes de Sobradinho (Acripeixes) e a Associao de

    Pequenos Criadores de Peixes de Sento S (Assopecp).

    A Estao de Piscicultura de Xique-Xique, inaugurada em 2007, foi construda em parceria

    entre a Codevasf e a Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca (SEAP), cuja gesto ser com-partilhada pela Codevasf e pela Bahiapesca (CODEVASF, 2008a).

    Por essa razo, a implementao, por parte do governo estadual, de polticas de explorao

    da atividade em reservatrios por ele administrados tem assumido importncia vital para a

    populao beneficiada pelo programa.

    O potencial turstico-arqueolgico evidenciado nas grutas da rea de Proteo Ambiental

    (APA) Gruta dos Brejes/Vereda do Romo Gramacho, criada pelo Decreto n 32.487, de 13/11/85

    (BAHIA, 1985). Essa a APA mais antiga do estado da Bahia e abrange parte dos municpios

    de Morro do Chapu, Joo Dourado e So Gabriel. Foi criada para preservar a regio da Gruta

    dos Brejes e Gruta da Igrejinha, devido principalmente a suas formaes geolgicas.Quanto ao modelado, segundo o Projeto Radar na Amaznia (BRASIL, 1981, 1982, 1983), a regio

    apresenta feies diferenciadas, oriundas de movimentos tectnicos e de sedimentao associa-

    dos a outros fatores naturais e interveno humana. Essa diferenciao proporciona uma com-

    partimentao da superfcie segundo regies geomrficas, cujas especificidades influenciam no

    uso e na ocupao, alm de constiturem papel fundamental para o conhecimento do espao.

    Distinguem-se cinco grandes domnios geomrficos na rea de estudo: Depsitos Sedi-

    mentares, Bacias e Coberturas Sedimentares, Coberturas Dobradas, Macios Remobilizados

    e do Escudo Exposto. Cada um deles est subdividido em regies e unidades geomrficas,

    caracterizados a seguir.

  • 8/11/2019 SEP 83

    37/223

    37

    CARACTERIZAODAREA

    O domnio dos Depsitos Sedimentares est dividido nas regies Plancies do rio So Fran-

    cisco e nos Piemontes Inumados. As Plancies do rio So Francisco englobam modelados de

    origem fluvial e continental e so representadas principalmente pelos aluvies encontradasao longo do curso dos rios, nas pores em que no h o controle estrutural.

    Esses modelados de acumulao so constitudos por areias finas e argilas. So reas planas,

    em alguns pontos abaciadas, resultantes de acumulao e sujeitas a inundaes peridicas,

    correspondentes s vrzeas atuais. O trecho jusante da barragem de Sobradinho tem ca-

    racterstica abaciada, arenosa e/ou argilosa, podendo apresentar arresmo e/ou comportar

    lagoas fechadas ou precariamente incorporadas rede de drenagem.

    Os aluvies so formados nesta rea pela Unidade Vrzeas e Terraos Aluviais que ocorrem

    ao longo do rio So Francisco e dos baixos cursos de alguns de seus afluentes, com fluxo de

    drenagem interrompido em vrios trechos. representada, principalmente, por reas pla-nas, resultantes da acumulao fluvial ou de enxurradas, contendo vrzeas atuais e terraos.

    Enquanto as plancies correspondem s reas periodicamente inundveis, os terraos so

    inundados apenas nas cheias excepcionais.

    Os Campos de Areias do Mdio So Francisco fazem parte da regio Piemontes Inumados,

    tambm neste domnio, estendendo-se descontinuadamente nas margens da represa de

    Sobradinho.

    O modelado constitudo de planos inclinados recobertos de areias provenientes de coluvies

    do Tercirio e de alvio-coluvies do Quaternrio, localmente pedogeneizadas. Resulta da

    convergncia de leques aluviais arenosos provenientes dos rios e possui espessura irregular;nos locais em que mais espessa, mascara o embasamento rochoso. submetida ao clima

    semirido e coberta por vegetao predominantemente de caatinga que se desenvolve sobre

    Latossolos, Alissolos, Neossolos e Planossolos Soldicos.

    O domnio das Bacias e Coberturas Sedimentares possui duas regies geomrficas, cada uma

    com suas unidades respectivas: o Planalto da Bacia Tucano Jatob e os Reversos do Planalto

    da Diamantina.

    O Planalto da Bacia Tucano Jatob constitudo por arenitos, folhelhos, siltitos, argilitos,

    conglomerados e calcrios, capeados por argilas e crostas laterticas, predominando os Neos-

    solos (Areias Quartzosas) que justificam a pouca ocupao humana, onde prevalece o clima

    semirido e a vegetao de caatinga. As condies litoestruturais e climticas interferem na

    drenagem, cujos tributrios das principais bacias so predominantemente intermitentes.

    A outra regio geomrfica desse domnio constituda pelos Reversos do Planalto da Dia-

    mantina, com as unidades Chapada de Irec e Baixada dos rios Jacar e Salitre. Compreende

    o compartimento plano embutido entre as elevaes do Planalto da Diamantina e rampeado

    em direo ao rio So Francisco. Caracteriza-se pela preponderncia de modelados planos

    da Formao Caatinga localmente karstificadossobre rochas do Grupo Bambu, recobertas

    em grande parte por sedimentos cenozoicos areno-argilosos e cascalhos, mal consolidados

  • 8/11/2019 SEP 83

    38/223

    38

    USOATUALDASTERRASBACIASDAMARGEMDIREITADOLAGODESOBRADINHO

    e inconsolidados. A maior parte situa-se entre altitudes que variam de 400 a 800m, clima se-

    mirido de seca acentuada, com vegetao predominante de caatinga, bastante devastada

    pela intensa ocupao humana por culturas cclicas.A Chapada de Irec constitui uma estrutura geomorfolgica descontnua em altitudes que

    variam de 600 a 800m, caracterizando-se por uma topografia levemente ondulada, com eleva-

    es suaves e sem a formao de escarpas, a despeito de, localmente, apresentar amplitudes

    considerveis de variaes altimtricas entre o topo e a base.

    Corresponde aos espaos de ocorrncia dos calcrios, dolomitos e ardsias do Grupo Bambu

    e, nos locais onde apresentam fcies dobradas, h possibilidades de aquferos mais regulares.

    O modelado caracteriza-se por um conjunto de planos rampeados contendo formas de disso-

    luo expostas, com ocorrncia de karstem exumao ou mascaradas por argilas, produtos

    de descalcificao, areias e solos.

    Desenvolvem, nestas condies, os Cambissolos intensamente utilizados pelos cultivos de

    feijo, milho, mamona e olericultura, alm dos Latossolos, presentes nas regies mais planas

    da Chapada, como ao sul da cidade de Canarana. A rede de drenagem alimentada por guas

    provenientes do lenol subterrneo, caractersticas dos ambientes calcrios.

    O plat calcrio de Irec uma unidade geomorfolgica bem caracterizada por seu relevo

    tabular suavemente ondulado, oscilando em torno da cota mdia de 700m de altitude.

    Os vales geralmente apresentam-se assimetricamente, com fundo chato, canais bem encai-

    xados e vertentes abruptas, constitudas por paredes de calcrio que chegam a atingir mais

    de 50m de desnvel. Paredes abruptos so vistos ao longo do rio Jacar, um dos sistemas de

    drenagem de porte existentes na rea.

    A unidade Baixada dos rios Jacar e Salitre tambm compe esta regio e constituda de

    planos inclinados na direo do vale do rio So Francisco. Os trechos cortados pelos rios Ja-

    car e Salitre formam depsitos cenozoicos que se misturam superficialmente com detritos

    mais recentes. As feies mais planas so recobertas por formaes superficiais espessas

    que caracterizam os pediplanos retocados inumados. Os pediplanos mais conservados so

    representados pelos topos residuais em forma de mesas, componentes da Serra do Funil.

    Ocorrem alguns kartsem exumao cobertos com feies superficiais de dissoluo e grutas

    e ainda depresses fechadas do tipo dolinas.

    Os rios Verde e Jacar so intermitentes e, tal como na Chapada de Irec, mantm caractersticas

    de drenagem tpica de relevo crstico, organizada apenas nos baixos cursos, apresentando

    sumidouros e ressurgncias nas rochas do Bambu. Os vales so encaixados com vertentes

    em patamares, em funo da resistncia diferencial das rochas eroso (IBGE, 1994).

    A drenagem comandada pelos rios Jacar e Salitre (este ltimo no includo no estudo),

    que se apresentam encaixados, descrevem angulosidades que sugerem controle estrutural,

    possuindo vales chatos com vertentes abruptas esculpidas nos calcrios.

  • 8/11/2019 SEP 83

    39/223

    39

    CARACTERIZAODAREA

    Na superfcie predominam solos do tipo Latossolo e Cambissolo que comportam cobertura

    vegetal constituda de caatinga. As atividades agrcolas esto relacionadas com a ocorrncia

    de solos derivados da alterao dos calcrios, que so encontrados em locais mais restritosdo que os da Chapada de Irec, entre eles os Cambissolos. A insignificante presena de jun-

    tas e fraturas aliada ao baixo ndice pluviomtrico limitam a alimentao do aqufero, o que

    determina a diferenciao desta unidade com a Chapada de Irec.

    A elevada fertilidade dos solos condiciona uma intensa atividade agrcola, explorada atravs

    de culturas cclicas, devido a baixa pluviosidade regional de aproximadamente 450mm du-

    rante seis a oito meses consecutivos.

    O domnio das Coberturas Dobradas, regio geomrfica Planalto da Diamantina, formado

    por um conjunto composto de anticlinais esvaziadas, sinclinais suspensas e feies inter-

    medirias aplanadas. As formas de relevo, resultantes do rejuvenescimento por eroso deestruturas dobradas em rochas metassedimentares atingidas por falhamentos, justificam a

    denominao do domnio.

    A regio geomrfica Planalto da Diamantina constitui um conjunto topograficamente elevado,

    interrompido eventualmente por modelados planos, situados a cerca de 1.000m de altitude

    mdia. Reflete forte controle estrutural, com sucesso de escarpas e vales direcionados,

    adaptados a falhas e fraturas.

    A altitude reflete significativamente nas caractersticas climticas regionais, em especial quan-

    to temperatura, com mdias anuais abaixo de 20C e precipitaes em torno de 750mm a

    1.000mm. Nos vales encravados nas reas de altitude mais elevada, registram-se condies desemiaridez e, consequentemente, temperaturas mais elevadas e ndices de precipitao mais

    baixos. Essas caractersticas, por sua vez, exprimem-se nas condies de solo e vegetao.

    A regio do Planalto da Diamantina subdivide-se em trs unidades geomrficas: o Pediplano

    Central, as Chapadas de Morro do Chapu e os Blocos Planlticos Setentrionais.

    O Pediplano Central ocupa toda a poro central do Planalto da Diamantina e, na rea de

    estudo, localiza-se no extremo sul, nos municpios de Barra do Mendes, Brotas de Macabas

    e Seabra. As altitudes variam entre 1.000m e 1.350m cujo modelado resultou da superfcie

    de aplanamento que foi degradada, retocada e inumada, interrompida por cristas residuais

    das camadas quartzticas dobradas. A amplitude das dobras e as diferenciaes litolgicas

    explicam as aberturas em amplos vales, que se encontram orientados quanto estrutura.

    Morros residuais, os testemunhos, formam hogbacks, em especial nos fechamentos das

    grandes dobras.

    De forma geral, inclui relevos planos que se apresentam em diversos nveis; nas posies mais

    elevadas esto os pediplanos mais conservados, limitados por ressaltos topogrficos.

    A unidade Chapadas de Morro do Chapu, com a cidade de Morro do Chapu em sua poro

    central, tem como predominantes os extensos aplanamentos e reas dissecadas com dife-

    rentes intensidades. representada por um conjunto de dobras exumadas a partir de uma

  • 8/11/2019 SEP 83

    40/223

    40

    USOATUALDASTERRASBACIASDAMARGEMDIREITADOLAGODESOBRADINHO

    superfcie de aplanamento que truncou as cumeeiras das anticlinais. A eroso foi facilitada

    pela presena de camadas de metassiltitos e metargilitos intercaladas s de metaconglome-

    rados e metarenitos.Nos espaos marcados por controle estrutural e onde ocorre dissecao diferencial, a mor-

    fologia definida por modelados tabuliformes limitados por vales encaixados e alinhados.

    A essas feies interpem-se modelados formando extensos planos, incluindo alguns vales

    largos e rasos e lombas.

    Os Blocos Planlticos Setentrionais, a outra unidade localizada acima da anterior e a sul da

    represa de Sobradinho e da cidade de Sento S, caracteriza-se por elevaes residuais corres-

    pondentes a uma anticlinal falhada e esvaziada. O centro dessa unidade ocupado por uma

    depresso embutida aberta pelo riacho da Bazu, controlada e favorecida por um sistema

    de falhas. constituda de compartimentos elevados e seccionados pela drenagem que seadaptou a linhas de fraquezas que comandam a dissecao diferencial.

    Vales em garganta so ladeados por escarpas ngremes que se encontram em diferentes

    altitudes. Os topos, situados a quase 1.000m, esto uniformizados por uma superfcie de

    aplainamento que se encontra degradada. Ao sul da regio, nas proximidades das nas-

    centes do riacho da Bazu, h extensos planos inclinados cortados por vales mais abertos

    e pouco entalhados, apresentando-se como uma regio de relevo muito movimentado e

    de difcil acesso.

    O domnio dos Macios Remobilizados caracteriza-se por uma tectnica positiva de grande

    raio de curvatura, submetida, no entanto, a movimentaes verticais vigorosas que a distin-guem das demais reas estabilizadas do embasamento. A unidade identificada corresponde

    ao Pediplano do Baixo So Francisco, que se caracteriza pela homogeneidade de feies,

    representadas por vastos planos e elevaes residuais que formam uma depresso limitada

    por reborbos escarpados.

    Nesta unidade, o rio So Francisco apresenta margens escarpadas, formando canyonde qua-

    se 80m de profundidade, fraturado e falhado transversalmente. Os afluentes, neste trecho,

    desembocam entalhando canyonsadaptados rede de fraturas e falhas que cortam o rio

    principal. Dispersos em toda a unidade, os relevos residuais compem blocos isolados, na

    forma de inselbergs, geralmente representados por dissecados em formas convexas, algunscorrespondendo s intruses granticas.

    O domnio do Escudo Exposto engloba as pores emersas da plataforma estabilizada. Cons-

    titui-se de rochas metamrficas, metassedimentares e gneas pertencentes aos complexos

    do Pr-Cambriano. Apesar da rigidez, sofreram deformaes de grande raio de curvatura,

    capazes de levant-las e quebr-las nos setores marginais ou ainda arque-las sob coberturas

    plataformais do Grupo Chapada Diamantina e Grupo Bambu.

    Na regio das depresses interplanlticas identifica-se a unidade do Pediplano Sertanejo, onde

    predominam formas de aplanamento retocadas, apresentando formaes superficiais que

  • 8/11/2019 SEP 83

    41/223

    41

    CARACTERIZAODAREA

    indicam remanejamentos sucessivos do material. Essas formas apresentam-se rampeadas e

    dissecadas fracamente. Ocorrem nos municpios de Sento S e Sobradinho, sobre influncia

    de cursos dgua pouco extensos, a exemplo do riacho Grande. Nota-se nitidamente efeitos doescoamento difuso sob uma vegetao do tipo Caatinga Parque sem palmeiras, que favorece

    a exposio do solo aos processos da eroso, tornando as reas instveis.

    As drenagens ora cortam transversalmente as direes estruturais, ora adaptam-se s falhas

    e fraturas, apresentando trechos retilinizados. Em geral, os vales apresentam fundos chatos e

    leitos arenosos e localmente pedregosos, limitados por encostas de franco declive, alteradas

    e ravinadas. A vegetao est sendo substituda por pastagens e culturas cclicas.

    De modo geral, a regio apresenta feies bastante diferenciadas, oriundas de movimen-

    tos tectnicos e de sedimentao associadas a outros fatores naturais e a interveno

    humana. Essa diferenciao proporciona uma compartimentao da superfcie segundoregies geomrficas, cujas especificidades influenciam diretamente no uso e na ocupao,

    alm de constiturem papel fundamental para o conhecimento do espao fsico.

    A rea , por excelncia, de domnio da vegetao de caatinga, implantada em terrenos do

    Pr-Cambriano, mostrando-se sob diversas formas. No geral, a Caatinga Arbrea Aberta

    que domina, surgindo manchas de propores considerveis da Arbrea Densa e de tenso

    ecolgica caatinga cerrado.

    Nas regies mais movimentadas do modelado, nos domnios das coberturas dobradas e dos

    planaltos residuais, a exemplo da regio de Morro do Chapu, a vegetao mais densa,

    apresentando-se sob forma de Tenso Ecolgica contato da caatinga com o cerrado.

    A vegetao predominante a Caatinga Arbrea Aberta sem palmeiras, que se apresenta,

    por vezes, com palmeiras, e em regies de contato com cerrado. O cerrado aparece tambm

    entremeado com floresta estacional. Na poro oriental da rea, surgem alguns bolses de

    caatinga arbrea densa sem palmeiras.

    OCUPAO DO ESPAO

    O rio So Francisco exerceu fundamental papel no processo de colonizao que se deu desde

    meados do sculo XVI, seja como principal via de acesso, seja como importante meio de sobre-vivncia, sendo explorado economicamente, de fato, desde quando foi descoberto, em 1502.

    O extrativismo de ouro e pedras preciosas prevaleceu por muitos anos como atividade princi-

    pal, em especial em seu alto curso. De forma geral, o rio desempenhou papel de fundamental

    importncia na ocupao do territrio brasileiro, tendo sido utilizado como caminho nas

    incurses das bandeiras para o interior do territrio e, por isso, ficou conhecido como Rio da

    Unidade Nacional. Na regio em estudo, margeando os municpios de Sento S e de Sobra-

    dinho, a ocupao se deu tambm em funo de sua excelente navegabilidade.

  • 8/11/2019 SEP 83

    42/223

    42

    USOATUALDASTERRASBACIASDAMARGEMDIREITADOLAGODESOBRADINHO

    Com as pecurias bovinas, caprinas e ovinas como principal vetor de interiorizao do povo-

    amento do territrio baiano, as margens do rio transformaram-se em terrenos prprios para

    a instalao dos cultivos no relacionados diretamente com a atividade principal da poca, acana-de-acar. Sem contar com esse cultivo, a pecuria e a cultura de subsistncia eram as

    principais atividades desenvolvidas. Aproveitando-se da fertilidade dos terrenos de vazante,

    a criao de gado e os cultivos de subsistncia fixaram-se em suas margens, condicionando

    a implantao dos primeiros ncleos habitacionais, bem como o avano da ocupao terri-

    torial para o interior.

    Diversas localidades tiveram origem em extensas fazendas de gado, a exemplo de Morro do

    Chapu e Xique-Xique. A ocupao agrcola deu-se somente a partir da dcada de 1970.

    A despeito do povoamento antigo, a rea permaneceu isolada do litoral e apresentou ocu-

    pao rarefeita at o final do sculo XIX e meados do sculo XX. A descoberta de ouro nasimediaes da Serra de Assuru, municpio de Gentio do Ouro, levou ao incio do povoamento

    dessa poro do territrio, a partir de 1840.

    Ao final do sculo XIX, o fenmeno das secas assolou o territrio baiano e fez com que grande

    fluxo de pessoas se deslocasse para essa regio em busca de possibilidades de trabalho. Dessa

    forma, pode se dizer que o povoamento da regio de Irec estava associado ao fenmeno

    das secas. Diversos retirantes do municpio de Macabas buscavam outras terras, alcanando

    o lugar denominado Mundo Novo (atual Amrica Dourada). Em 1915, foi criado o distrito

    de Amrica Dourada. Seu topnimo originrio do sobrenome da famlia Dourado, da qual

    faziam parte dois ancies que chefiavam os retirantes de Macabas. De acordo com o IBGE(1958), durante algum tempo a regio foi campo de lutas a mo armada, provocadas pelos

    bandos denominados mandiocas e mosquitos, obrigando os fazendeiros e suas famlias a

    se refugiarem em localidades prximas.

    O povoamento do interior motivou a criao de outros lugarejos como Canal (atual Joo

    Dourado) e Rochedo (atual Ibitit), cujo nome decorre da grande quantidade de rochas

    encontradas em seus arredores.

    Segundo o IBGE (1958), a origem do municpio de Irec est associada a outro grande perodo

    de estiagem ocorrido em 1887, no qual os retirantes formaram o arraial de Caraba, corruptela

    de carnaba, rvore encontrada em abundncia no lugarejo, com guas subterrneas desco-bertas acidentalmente, mas que garantiram o desenvolvimento do local. Irec, que significa

    sobre guas ou rio subterrneo, foi desmembrado de Morro do Chapu em 1926, ficando

    sob sua jurisdio o distrito de Amrica Dourada.

    A regio de Irec fazia parte das terras de uma sesmaria que se estendia at as barrancas do

    So Francisco, pertencente ao conde da Ponte, residente em Macabas (DUARTE, 1966 apud

    BARBOSA, 2000). Por volta de 1900, Joo Jos da Silva Dourado comprou grande parte dessas

    terras, aumentando o prestgio da famlia Dourado e abrindo caminho para a participao de

    outros fazendeiros na regio, at ento ocupada por pequenos lavradores.

  • 8/11/2019 SEP 83

    43/223

    43

    CARACTERIZAODAREA

    Boa fertilidade e existncia de gua em seu subsolo alavancaram o desenvolvimento regional,

    com excelentes safras de milho, feijo e algodo, sem, no entanto, proporcionar visibilidade

    no cenrio estadual. A regio permaneceu um grande tempo com explorao de culturas desubsistncia e sem construir fortes relaes com as demais regies da Bahia.

    Somente a partir da dcada de 1940, com a mecanizao da agricultura, os interesses eco-

    nmicos e incentivos governamentais comearam a se direcionar para a regio de Irec,

    por intermdio da Secretaria da Agricultura do Estado, que forneceu crdito para a meca-

    nizao da lavoura, e, posteriormente, de um programa de assistncia tcnica e de material

    permanente denominado Operao Irec. Depois a Codevasf atuou na regio incentivando

    a agricultura de sequeiro de feijo, milho, mamona e algodo. Outro fator importante, apon-

    tado por Barbosa (2000), diz respeito instalao de uma agncia do Banco do Brasil, que

    passou a financiar a produo, por meio da Carteira Agrcola, e posteriormente do Banco do

    Nordeste. Nesse sentido, um crescente nmero de migrantes afluiu, revertendo o quadro

    de expulsora de populao.

    As dcadas de 1960 e 1970 marcaram o processo de modernizao da agricultura nacional,

    com o uso intenso de insumos produzidos pela indstria (fertilizantes, agrotxicos, corretivos,

    maquinrios e raes). Na Bahia, tal processo afetou as reas agrcolas mais dinmicas, como

    o caso da regio de Irec. Nesse aspecto, todas as polticas de desenvolvimento regional

    implementadas pelo governo para a regio nordestina tambm se refletiram nessa rea, onde

    a poltica de crdito rural, altamente subsidiado pelo governo federal, possibilitou a construo

    da infraestrutura bsica estradas, eletrificao e comunicao (BARBOSA, 2000).

    Foi somente no final da dcada de 1970 e incio do decnio de 1980 que a regio surgiu

    no estado como efetiva produtora de gros (feijo, principalmente, milho e mamona)

    e entrou, efetivamente, no cenrio econmico baiano e nordestino. No foi somente a

    excelncia dos solos e a existncia de gua em seu subsolo que alavancaram o desenvol-

    vimento regional. A implantao da rede viria para o escoamento da produo regional e

    as facilidades advindas da oferta de crditos agrcolas foram fundamentais para que essa

    nova realidade se conformasse.

    Ainda segundo Barbosa (2000), a dcada de 1990 foi marcada por uma crise na regio causada

    primeiramente pelo impacto da seca, com incio em 1993 e prolongamento at 1996, aliado

    entrada de outras regies do estado a exemplo do oeste baiano, com uso intensivo da

    irrigao no mercado de gros do feijo.

    Com a agricultura comercial voltada basicamente para o mercado externo, a exemplo do

    cacau, cana e fumo, o estado da Bahia passou a ter na regio de Irec importante fonte de

    abastecimento de gneros alimentcios voltados para o mercado interno. H de se conside-

    rar, entretanto, a heterogeneidade existente nesses espaos e a manuteno de economias

    estagnadas em alguns municpios.

    Com exceo das reas localizadas s margens dos rios principais, em especial do So Fran-

    cisco, beneficiadas pela irrigao, a regio sofre com os problemas decorrentes das condies

  • 8/11/2019 SEP 83

    44/223

    44

    USOATUALDASTERRASBACIASDAMARGEMDIREITADOLAGODESOBRADINHO

    climticas. Como se insere totalmente no semirido, a regio est sujeita, como grande parte

    do estado, aos dficits hdricos do polgono das secas e, consequentemente, esto a eles

    relacionados o uso e a ocupao das terras.Em termos gerais, segundo a Companhia de Desenvolvimento e Ao Regional (CAR, 1999,

    p. 53), o processo de integrao desta regio com as demais do estado e do pas decorreu da

    navegao do So Francisco, no em funo de necessidades regionais, mas, [...] por ser via

    de escoamento de uma produo dispersa por vrias reas, inclusive de outros estados.

    Sento S originou-se de uma aldeia indgena Centucs e da migrao de portugueses oriun-

    dos de outras reas do Vale do So Francisco e do Piau, que construram a base econmica

    apoiada na cana-de-acar, com o cultivo, beneficiamento e comrcio. Seu desmembramento

    de Pilo Arcado ocorreu em 14 de dezembro de 1857, pela Lei Provincial 0650 (CAR, 2002).

    Sobradinho foi desmembrado de Juazeiro em 24 de fevereiro de 1989, pela Lei Estadual n

    4.843, devido ao processo de construo da barragem de mesmo nome iniciado na dcada

    de 1970, que atraiu grande quantidade de pessoas, originando um novo ncleo urbano.

    A construo da barragem de Sobradinho, entre os anos de 1970 e 1980, alterou significati-

    vamente os padres de ocupao, a estrutura social, poltica, econmica e cultural da rea,

    com a relocao de cidades inteiras nas margens do rio, como Casa Nova, Sento S, Remanso

    e Pilo Arcado e diversos povoados.

    A barragem de Sobradinho foi construda sob a justificativa da necessidade de regularizao

    do rio So Francisco para a produo de energia eltrica na usina de Paulo Afonso. Foi con-

    cluda em 1977, com uma rea de 4.214km, capacidade para 37,5 bilhes de metros cbicos

    de gua (o maior lago artificial do mundo) e potencial total de produo de energia de 13 mil

    MW. Posteriormente, possibilitou a instalao da agroindstria, com a irrigao dos cultivos,

    e transformou a rea em referncia nacional na atividade.

    As consequncias dessas intervenes so inmeras e refletem positiva e negativamente.

    Por um lado, do ponto de vista dos ribeirinhos, trouxe diversos transtornos e alguns conflitos

    persistiram at pouco tempo, especialmente porque, aps o represamento do rio, a [...] perda

    de referncia do espao fsico implicou para a populao, em seu conjunto, uma perda de

    identidade social (SEI, 2003, p. 319).

    As famlias que se recusaram a deixar a regio para serem alocadas em espaos pr-escolhidos

    pela Companhia Hidro Eltrica do So Francisco (CHESF), cerca de 50% do total, permaneceram

    nas bordas do lago que se formou e assim o fizeram em funo da dependncia pessoal com

    o rio. No observaram, no entanto, os pareceres tcnicos da Companhia acerca da ocorrncia

    de solos de baixa fertilidade, da elevada incidncia de secas e a inviabilidade econmica para

    o desenvolvimento da agricultura irrigada. Aps a cheia do lago, o rio no voltou a seu curso

    natural eliminando as vrzeas utilizadas na implantao de cultivos. O avano do espelho

    dgua levou a todos para uma rea de extremas dificuldades climticas, a regio da caatinga.

    A sada dos jovens foi inevitvel.

  • 8/11/2019 SEP 83

    45/223

    45

    CARACTERIZAODAREA

    Aps essas transformaes, a base produtiva nos antigos ncleos urbanos e rurais experimen-

    tou um processo de desestruturao e desorganizao, com o desaparecimento do sistema

    produtivo agrcola, baseado na agricultura de vazante aliado agricultura de sequeiro, e dapesca realizada nas lagoas que se formavam na beira do rio (BAHIA, 1981a). Dessa forma, a eli-

    minao do sistema de vazante do rio imps aos relocados as seguintes opes: ou modernizar,

    instalando sistemas de irrigao em pequena escala, ou arriscar roas de sequeiro localizadas

    nas reas dependentes de escassas e concentradas chuvas, ou pescar (BAHIA, 1981b).

    Os conflitos decorrentes das transferncias das famlias no tiveram as mesmas propores

    nas zonas rurais e urbanas, pois os critrios de relocao dos moradores foram diferentes. A

    reconstruo dos ncleos urbanos obedecia manuteno da configurao espacial original,

    preservando-se relaes de vizinhana, infraestrutura, servios e comrcio. Quanto aos mo-

    radores da zona rural, que utilizavam as terras da vazante e, em sua maioria, no possuam

    ttulos de propriedade, tiveram problemas com a indenizao (equivalente apenas s ben-

    feitorias realizadas pelos agricultores), pois receberam quantias insuficientes para aquisio

    de novas terras.

    Alm disso, a tentativa de reconstruo da vida socioeconmica foi dificultada,tambm, pelo impacto da desestruturao de suas antigas comunidades que,

    dispersadas, foram agregadas em novos ncleos com os quais no possuam

    identidade (SEI, 2008, p. 25).

    importante destacar que os sistemas produtivos baseados na pequena produo familiar

    associada aos perodos de cheia do rio e usufruindo dos sedimentos orgnicos depositados

    alimentava um ciclo anual de fertilidade na produo de alimentos, sendo substitudo,abruptamente, pela irrigao mecnica, implantada por instituies oficiais e particulares

    (CAR, 2004), de amplos investimentos tcnicos e econmicos.

    Os grupos sociais que mais sofreram com os impactos negativos da relocao foram os be-

    radeiros, moradores que viviam na margem do rio So Francisco e praticavam a agricultura

    de vazante, que foram prejudicados pelo deslocamento de suas atividades para as reas de

    sequeiro, e os catingueiros, moradores da caatinga que praticavam a agricultura extensiva,

    principalmente de caprinos, e sofreram com a reduo do espao destinado a pastagem.

    O nmero de postos de trabalho que surgiram em consequncia da cons-

    truo de Sobradinho, direta ou indiretamente, se mostrou insuficiente paraincorporar todos aqueles indivduos que no tinham mais como trabalhar

    nos moldes a que estavam acostumados (SEI, 2008, p. 25).

    Por outro lado, do ponto de vista regional, a barragem proporcionou o crescimento econmico

    e o surgimento, no cenrio estadual, de uma das principais reas de cultivo irrigado, com a

    cidade de Juazeiro sobressaindo-se frente s demais como o mais importante centro regional,

    beneficiada pela localizao junto ao rio e cidade de Petrolina (PE), e, principalmente, pela

    confluncia de vias de transportes rodovirio, fluvial e ferrovirio. Os projetos de irrigao

    tornaram-se molas propulsoras de desenvolvimento nessa regio, que passou a constituir as

    chamadas ilhas de prosperidade.

  • 8/11/2019 SEP 83

    46/223

    46

    USOATUALDASTERRASBACIASDAMARGEMDIREITADOLAGODESOBRADINHO

    O crescimento socioeconmico que ocorreu na regio, aps a instalao dos projetos de irri-

    gao, transformou a cidade de Juazeiro em destino preferencial para um grande contingente

    populacional. Dessa forma, contrariando as mdias das demais regies e do prprio estado,a regio na qual a cidade de Juazeiro est inserida, Territrio Serto do So Francisco, apre-

    sentou, no perodo 1991-2000, a terceira maior mdia de crescimento demogrfico, ficando

    atrs apenas do Extremo Sul e da Metropolitana de Salvador.

    A grande maioria desse contingente residia, em 1980 e em 2000, nas reas urbanas, que

    registraram aumento de mais do que o dobro em sua populao, perto de 2,3 vezes maior,

    106.683 habitantes e 243.612 habitantes, respectivamente. O crescimento demogrfico rural

    registrou aumento mais sutil, mas, assim como a populao urbana, contrariou as tendncias

    das demais regies e do estado que apresentavam taxas negativas de crescimento e registrou

    taxas positivas em alguns municpios (SEI, 2003).

    No obstante as melhorias advindas desse processo e da convergncia de investimentos para

    a regio de Juazeiro, possvel observar que os reflexos na melhoria da qualidade de vida da

    populao local no possuem a mesma intensidade. A elevada disponibilidade de mo de

    obra barata e sem especializao na regio, provinda especialmente da rea da caatinga, e

    a convergncia de um elevado nmero de pessoas de praticamente todo o estado contribui

    para essa contraditria realidade.

    A dinmica existente provocou a alterao da estrutura poltico-administrativa regional, com

    diversos municpios sendo emancipados, originados de povoados e vilas nos quais a atividade

    foi implantada com maior intensidade, como pode ser visto na Figura 7.Os reflexos desse dinamismo modificaram a forma de uso e ocupao das terras. At meados

    da dcada de 1940, tem-se uma agricultura basicamente voltada para a subsistncia, com

    grandes extenses de terra ainda ocupadas pela vegetao natural a caatinga e sendo

    substitudas, gradativamente, pela cotonicultura.

    A partir de meados da dcada seguinte, inicia-se a substituio da agricultura de subsistncia

    pela comercial, com elevado incremento demogrfico e expanso de diversos cultivos. H

    a acelerao da devastao da vegetao natural, que vai sendo substituda pelos plantios

    comerciais de feijo, milho, mamona, principalmente o feijo, alm da prtica da agricultura

    irrigada, da pulverizao de ncleos populacionais e o adensamento da rede viria paraatender a essa demanda.

  • 8/11/2019 SEP 83

    47/223

    47

    CARACTERIZAODAREA

    Figu

    ra7a

    Evoluoadministrativa

    Fonte:S

    EI,2001.

    *Municpiodeorigem,noestinseridonareadeestudo.

    E=Extinto;R=Restaurado

  • 8/11/2019 SEP 83

    48/223

    48

    USOATUALDASTERRASBACIASDAMARGEMDIREITADOLAGODESOBRADINHO

    Figu

    ra7b

    Evoluoadministrativa

    Fonte:SEI,2001.

    *Munic

    piodeorigem,noestinseridonareadees

    tudo.

    E=Extinto;R=Restaurado

  • 8/11/2019 SEP 83

    49/223

    49

    CARACTERIZAODAREA

    PROGRAMAS E PROJETOS

    Diversos programas e projetos so implementados na rea de estudo, voltados, de modo geral,

    para o desenvolvimento socioeconmico e a insero dos produtores rurais no mercado co-

    mercial. Ressalta-se que alguns deles abrangem tambm outras pores do territrio nacional.

    Os trabalhos encontram-se associados, entre outros, a projetos que envolvem irrigao, agri-

    cultura familiar e incentivo da produo agrcola voltada para o biodiesel, com os projetos

    de irrigao, por exemplo, sendo atrelados captao de gua dos principais rios da regio,

    visando disponibiliz-la, sobretudo, s localidades que no possuem estrutura de irrigao

    e aos pequenos agricultores.

    Estas aes proporcionam meios para os agricultores e/ou pecuaristas desempenharem uma

    atividade de melhor qualidade e maior produtividade, tendo como exemplo os projetos decaptao de gua que, por meio da construo de adutoras, cisternas, perfurao de poos etc.,

    beneficiam o desenvolvimento da agricultura irrigada e o abastecimento das moradias.

    Na rea, o principal plano de irrigao em implementao o Projeto de Irrigao Baixio

    de Irec, coordenado pelo Ministrio da Integrao Nacional (MIN) em parceria com a Co-

    devasf. O projeto abrange os municpios de Itaguau da Bahia e Xique-Xique, cuja proposta

    inicial objetivava criar espaos irrigados para favorecer localidades com oferta deficitria de

    gua, englobando uma rea de 115.000ha irrigados, dos quais 42.500ha seriam de gesto

    da Codevasf e 72.500ha seriam, dentre outrasempresas, administrados pela Companhia de

    Desenvolvimento do Rio Verde (Codeverde).

    Atualmente, o projeto prev uma rea irrigvel total de 58.659ha, com previso de implanta-

    o em nove etapas, divididas em lotes para os pequenos agricultores; a primeira etapa, que

    abrange 4.723ha, tem previso de concluso em meados de 2009. Com suafinalizao,vrias

    culturas podero ser desenvolvidas no local, a exemplo da cana-de-acar, para a fabricao

    de acar e lcool, e de frutas tropicais com vistas exportao, como banana, maracuj,

    acerola e uva. Prev-se tambma implantao da caprinovinobovinocultura em consrcio

    com atividades complementares como a apicultura e a avicultura, havendo a estimativa de

    serem gerados cerca de 180 mil empregosdiretos e indiretos (CODEVASF, 2009).

    Da mesma forma, o Projeto de Irrigao de Mirors, implantado em 1996, que compreendeos municpios de Ibipeba e Gentio do Ouro, apresenta grande importncia para a regio,

    visando primordialmente a explorao agrcola por pequenos produtores aps o barramen-

    to do rio Verde. O Permetro de Mirors formado pela barragem, que possui capacidade

    de acumulao de 158.000.000m, pelo projeto de irrigao, que tem quase 4.848ha e rea

    irrigvel de 2.703ha, e pela adutora do feijo, que tem mais de 115km de extenso e atende

    a cerca de 250 mil habitantes.

    O permetro administrado pelo Distrito de Irrigao de Mirors em parceria com a Codevasf ;

    do total de 2.145ha, so ocupados por pequenos produtores 1.061ha e 1.084ha por empresas.

    A Codevasf tambm presta servios de assistncia tcnica e extenso rural a 150 agricultores

  • 8/11/2019 SEP 83

    50/223

    50

    USOATUALDASTERRASBACIASDAMARGEMDIREITADOLAGODESOBRADINHO

    que possuem lotes familiares, por meio de um contrato firmado desde 2004 com a Aktiva

    Engenharia Ltda (CODEVASF, 2009).

    O carro-chefe do projeto o plantio da banana, que ocupa uma rea de 1.340ha com umaproduo em torno de 25t ao ano, havendo tambm, entre outros, a melancia, que plantada

    no perodo de entressafra para complementar o cultivo da banana, a goiaba, que se encontra

    em expanso, com uma rea plantada de 23ha, e o tomate. A pinha ocupa uma rea de 88ha

    embora apresente queda progressiva na produo a cada ano juntamente com as culturas

    do coco, atemoia, caju e maracuj, em razo, principalmente, da baixa produtividade e, con-

    sequentemente, do pequeno retorno comercial.

    Ainda h de se destacar o plantio do mamo, cultivado num espao de 50ha pela empresa

    FRUTOP, com parte da produo comercializada no mercado interno e parte exportada para a

    Alemanha; as culturas do abacaxi e da uva em fase de experimento; e os cultivos tradicionaiscomo feijo, milho e mamona plantados em escala menor se comparado aos outros.

    Segundo a Codevasf (2008b), em 2005 a fruticultura irrigada representou quase 82% de

    toda a produo do permetro, dentre as quais esto a banana com 66%, a pinha com 20%,

    o coco com 6% e o caju com 3%. No mesmo ano, o valor bruto da produo para as culturas

    temporrias, referentes s reas familiar e empresarial, representou R$ 963.133,00, enquanto

    para as culturas permanentes esse valor foi de R$ 1.059.188,00, o que correspondeu a R$

    2.022.321,00 no total.

    Ainda conforme a Codevasf (2008b), so gerados por volta de 3.800 empregos no projeto,

    dos quais 1.300 diretos e 2.500 indiretos, com potencial para empregar aproximadamente6.500 empregos com a ocupao do restante da rea irrigvel. Grande parte da produo

    comercializada na prpria regio, possuindo como principais centros de distribuio e de

    consumo os mercados de Juazeiro, Salvador e So Paulo.

    Direcionados ao apoio agricultura familiar, podem ser mencionados o Programa Terra Frtil,

    Programa de Desenvolvimento da Ovinocaprinocultura do Estado da Bahia, Programa de

    Apoio da Fruticultura, Projeto Crdito Fundirio e Combate Pobreza Rural, Programa Com-

    pra Direta, Programa de Crdito Fundirio, Programa de Desenvolvimento da Fruticultura

    Irrigada, Programa Serto Produtivo, Programa Garantia Safra, Projeto Apis So Francisco

    e o Programa Semeando.

    Em relao aos planos voltados oferta hdrica cita-se o Programa de Construo de Cister-

    nas, Programa gua para Todos e o Programa So Francisco, havendo, da mesma maneira,

    aqueles ligados atividade agropecuria com fomento ao combate pobreza ou criao

    de caprinos, como o Programa Serto Forte, Programa Produzir, Projeto Cabra de Corda e o

    Programa Cabra Forte.

    Pelo fato de haver uma considervel produo de mamona na rea, destacam-se o Programa

    de Recuperao da Cultura da Mamona e o Programa Biossustentvel, realizados, entre outros,

    pelo governo estadual por intermdio da Secretaria da Agricultura, Irrigao e Reforma Agrria

  • 8/11/2019 SEP 83

    51/223

    51

    CARACTERIZAODAREA

    (Seagri). Ambos possuem como principal finalidade promover o incentivo e a melhoria na

    qualidade e quantidade da produo, voltada, sobremaneira, para a fabricao do biodiesel.

    Outros programas vinculados ao setor energtico tambm so desenvolvidos, a exemplo doPrograma Estadual de Bioenergia, que estimula a produo de culturas adequadas ao setor

    energtico, como a mamona e a cana-de-acar, buscando, ao mesmo tempo, auxiliar a comer-

    cializao da produo entre os agricultores e as indstrias fabricantes de biocombustveis, e

    do Projeto de Agroenergia, responsvel pela implantao daUsina Bioesmagadora em Lapo

    e incumbido de dinamizar a cadeia produtiva da mamona.

    Como programas e/ou projetos oriundos da esfera no governamental, pode-se citar o

    Projeto Nordeste, mantido pela Associao Beneficente Crist. O projeto atende a cerca de

    450 famlias e est localizado no municpio de Irec, em uma fazenda com 450ha onde so

    desempenhadas aes vinculadas ao plantio de mamona, hortalias e vegetais diversos,milho, abbora, melancia etc., que so distribudos pela prpria associao ou permanecem

    na fazenda, gerando 185 empregos diretos. Vale ressaltar que o cultivo da pinha predomina,

    com 9.800 ps, cuja produo destinada a Salvador. Na escola mantida pela instituio so

    atendidas por volta de 480 crianas, que permanecem no local durante o perodo integral,

    desenvolvendo atividades extraclasse, a exemplo das oficinas de artesanato.

    Em sntese, os principais programas e projetos existentes na rea esto listados no Quadro 1.

    Programa/Projeto

    Objetivo Municpios abrangidos Entidade

    mantenedoraPerodo de

    atuao

    Projeto deExpanso daIrrigao naRegio de Irec

    Ampliar a rea com agriculturairrigada com o aumento dadisponibilidade de gua,especialmente de poos

    Amrica Dourada, Barra do Mendes, Barro Alto,Canarana, Cafarnaum, Central, Gentio do Ouro,Ibitit, Ibipeba, Irec, Itaguau da Bahia, JooDourado, Jussara, Lapo, Morro do Chapu,Mulungu do Morro, Presidente Dutra, So Gabriel,Uiba e Xique-Xique

    SeagriA partir de1999

    Projeto Amanh

    Capacitar jovens para ossetores agrrio e agroindus-trial; fornecer tcnicas para opequeno produtor rural

    Jussara Codevasf A partir de1993

    Programa deRecuperao daCultura da Ma-mona do Estadoda Bahia

    Estimular o desenvolvimentoda mamona, garantir acomercializao, aumentara produo e ampliar aprodutividade

    Amrica Dourada, Barra do Mendes, Barro Alto,Cafarnaum, Canarana, Central, Gentio do Ouro,Ibipeba, Ibitit, I