UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA – CURSO DE MESTRADO
EVANDRO ANTONIO CAVARSAN
UTILIZAÇÃO DO GEOPROCESSAMENTO NA PREVENÇÃO E ESTRATÉGIAS
DE COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS NO MUNICÍPIO DE CABRÁLIA
PAULISTA – SP
MARINGÁ - PR
2007
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ii
UTILIZAÇÃO DO GEOPROCESSAMENTO NA PREVENÇÃO E ESTRATÉGIAS
DE COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS NO MUNICÍPIO DE CABRÁLIA
PAULISTA – SP
Dissertação apresentada à Universidade Estadual de
Maringá, com requisito parcial para a obtenção do
Grau de Mestre em Geografia, área de concentração:
Análise Regional e Ambiental.
Orientadora. Profa. Dr
a. Marta Luzia de Souza
MARINGÁ - PR
2007
iii
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
(Biblioteca Central - UEM, Maringá – PR., Brasil)
Cavarsan, Evandro Antonio
C377u Utilização do geoprocessamento na prevenção e
estratégias de combate a incêndios florestais no
município de Cabralia Paulista - SP / Evandro Antonio
Cavarsan. -- Maringá : [s.n.], 2007.
143 f. : il. color., figs., tabs.
Orientadora : Profª. Drª. Marta Luzia de Souza.
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de
Maringá. Programa de Pós-graduação em Geografia, 2007.
1. Incêndios florestais - Áreas de riscos. 2.
Defesa civil - Incêndios florestais. 3. Análise
ambiental - Geoprocessamento. 4. Núcleos de defesa
florestal - Planejamento. 5. Incêndios florestais -
Prevenção e controle. I. Universidade Estadual de Maringá. Programa de Pós-graduação em Geografia. II.
Título.
CDD 21.ed. 910.16349618
iv
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pelo dom da vida,
Inteligência e as pessoas mais importantes de minha vida:
A memória do meu pai Lázaro, por tudo o que me ensinou
em todos os momentos.
A minha mãe Olinda, por ser esta mulher lutadora que sempre
buscou o melhor para seus filhos.
A minha irmã Elisângela, pela sua existência.
A minha esposa Estefânia e minha filha Maria Clara, pelo
carinho, apoio, compreensão e afeto em todos os momentos.
v
AGRADECIMENTOS
À Profa. Dr
a. Marta Luzia de Souza pela orientação firme, e apoio contínuo
em todas as etapas deste trabalho, tendo muitas vezes sacrificado suas horas de
descanso para que esta pesquisa pudesse ser concluída, demonstrando assim um alto
grau de profissionalismo, amor ao ensino e ao conhecimento cientifico.
Aos Professores Dr. Edvard Elias de Souza Filho e. Dra Leonor Marcon da
Silveira pela atenção e sugestões durante a etapa de qualificação;
Ao Departamento de Geografia pelo espaço concedido durante a realização
deste trabalho, como também ao GEMA (Grupo de Estudos Multidisciplinares do
Ambiente) e a Secretária do Programa de Pós-Graduação Sra. Aparecida de Lima
Savi, pela educação e presteza nos atendimentos e a todos os funcionários do
Departamento de Geografia da UEM;
Ao Comando da Polícia Militar do Estado de São Paulo e a Coordenadoria
Estadual de Defesa Civil - CEDEC, em especial ao Major PM Manoel Messias de
Mello;
Aos integrantes do Grupamento de Radio Patrulhamento Aéreo da Polícia
Militar, base de Bauru, Estado de São Paulo;
Ao Sr. Jacintho Zanoni Filho, Prefeito Municipal e aos Vereadores Câmara
Municipal da cidade e município de Cabrália Paulista, pela confiança e apoio em mim
depositado;
Aos integrantes do 4º Grupamento de Polícia Militar do município de
Cabrália Paulista, em especial ao seu Comandante, 3º Sgt PM Cláudio José Gimenez;
Aos Amigos e Técnicos da Secretaria Municipal de Agricultura e do
Departamento de Engenharia e da Prefeitura Municipal de Cabrália Paulista,
Engenheiro Agrônomo Amauri Gomes, Técnico Agrícola Rubens Cassini, Engenheiro
Civil Vicente Luis Ribas de Abreu, pelo apoio durante os trabalhos de campo;
vi
Aos Amigos Danilo Aparecido Garbulio, Lílian Latorre e Renato Baragatti
Cassini, pelo apoio nas questões referentes à diagramação dos textos e imagens
utilizadas durante a realização desta pesquisa;.
Ao Amigo Prof. Álvaro José de Brito, ex-coordenador da Defesa Civil do
município de Bauru;
Aos Técnicos e Metereologistas do Instituto de Pesquisas Metereológicas-
IPMet, Campus da UNESP em Bauru e da Superintendência da Empresa Brasileira de
Infra-Estrututra Aeroportuária - INFRAERO em São Paulo, Capital;
Ao Departamento de Geografia e a Reitoria da Universidade do Sagrado
Coração – USC, em especial aos Professores Ms. José Carlos Rodrigues Rocha e Ms.
Ana Maria Penteado Bortolozzi ao Prof. Sebastião Clementino da Silva “Macalé” pelo
apoio, sugestões e incentivo durante a elaboração do projeto e desenvolvimento da
pesquisa;
A Direção Geral e ao Corpo Docente do Curso de Pedagogia do Instituto de
Ensino Superior de Bauru-IESB/PREVE, pelo incentivo e apoio a mim confiado em
todas as etapas do desenvolvimento desta pesquisa, sem o qual não teria conseguido.
Em especial ao Amigo e incentivador Prof. Ms. Laércio de Oliveira;
Ao Amigo e incentivador Prof. Dr, Lourenço Magnoni Junior, diretor da
Escola Técnica Agrícola “Astor de Mattos Carvalho” do Centro Estadual de Educação
Tecnológica Paula Souza em Cabralia Paulista.
Ao Sr. Nivaldo Roberto Bettoni, proprietário da Empresa EMBALET,
município de Cabrália Paulista e ao Sr. Joaquim Flávio dos Santos Camponez, por
terem contribuído e muito com informações e algumas das fotografias antigas que
ilustram esta pesquisa;
Enfim a todos aqueles que eu não tenha mencionado e que estiveram de
alguma forma contribuído para a realização desta pesquisa fazendo parte nessa minha
caminhada, a todos meu muito obrigado.
vii
RESUMO
O objetivo dessa pesquisa foi a realização do mapeamento das áreas de riscos de
incêndios florestais, principalmente em função do uso e ocupação do solo do município
de Cabralia Paulista com o intuito de subsidiar a implantação de Núcleos de Defesa
Florestal. A área de estudo localiza-se na região centro-oeste do estado de São Paulo,
aproximadamente entre as latitudes 22º 37’ e 22º 56’S e longitudes 49º 31’ e 49º 45’W,
com altitude média de 511m. O município possui uma área superficial de 236Km²
inserido no segmento superior da bacia do rio Alambari, principal curso d’água que
drena a área do município. Para tanto foi utilizado o Geoprocessamento para a
elaboração dos vários produtos cartográficos onde pode-se destacar as cartas de Uso e
Ocupação do Solo, Hipsometria, e de Declividade que foram inseridas em um Banco de
Dados, deram origem as cartas de Risco de Incêndios Florestais de Localização dos
Futuros Núcleos de Defesa Florestal. Esses produtos cartográficos poderão subsidiar os
trabalhos desenvolvidos pela Defesa Civil em nível, local e regional. Uma vez que a
área de estudo tem como base de sua economia a indústria madeireira e atividades
voltadas à silvicultura. A área pesquisada é de interesse estratégico nacional para a
preservação ambiental. Esta dissertação também contribuirá para as pesquisas que estão
sendo realizados em municípios vizinhos que ainda não possuem levantamentos
geográficos desta natureza.
Palavras-chave: Geoprocessamento, Defesa Civil, Núcleos de Defesa Florestal,
Análise Ambiental.
viii
ABSTRACT
The objective of this research was to map areas of the municipal district of Cabrália
Paulista under risk of wildfires, especially in regard of ground use and occupation,
aiming to aid the establishment of Forest Defense Base Camps. The studied area is
located in the central west region of São Paulo state, approximately at coordinates 22º
37’ and 22º 56’S (latitude) and 49º 31’ and 49º 45’W (longitude), and average altitude
of 511m. Cabrália Paulista has a surface area of 236km2 and is at the upper section of
Alambari river basin, the main watercourse that drains the area. To do so,
Geoprocessing was used to elaborate various cartographic products, including the
Ground Use and Occupation, Hypsometry and Slope Maps. These products were fed to
a data bank and created the Wildfire Risk Assessment and the Future Forest Defense
Base Camps Location Map. These cartographic products may aid local and regional
work developed by Civil Defense, given that the studied area has logging and forestry-
based activities as its basic economic income. The area is also seen as strategic from a
national viewpoint in regard to environmental preservation. This dissertation will also
contribute to research happening in other neighboring districts which still do not have
this type of geographic survey.
Keywords: Geoprocessing; Civil Defense, Forest Defense Base Camps, Environmental
Analysis.
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 Incêndio Superficial.......................................................................... 38
Figura 02 Incêndio de Solo ou Subterrâneo ..................................................... 39
Figura 03 Incêndio de Copa.............................................................................. 39
Figura 04 Focos de Fogo................................................................................... 40
Figura 05 Partes da Chama................................................................................ 41
Figura 06 Triângulo de Fogo............................................................................. 43
Figura 07 Modelo painel indicativo ao grau de perigo de incêndio ................. 51
Figura 08 Localização da área de estudo........................................................... 61
Figura 09 Modelo de diagrama metodológico desenvolvido durante a
realização das primeiras etapas da pesquisa......................................
69
Figura 10 Tela do sotware ArcVeiw com detalhe da tabela de dados do NDF
01......................................................................................................
71
Figura 11 Esquema do processo para obtenção de mapas de risco de
incêndios florestais............................................................................
74
Figura 12 Tronco de Peroba retirada pelos funcionários da Fazenda Fátima,
das Matas existentes no município de Cabralia Paulista em 1951....
78
Figura 13 Instalação inicial da Madeireira Cabralia, fevereiro de 1984............ 81
Figura 14 Vista aérea do Distrito Industrial e atuais instalações da Embalet e
Industria de Urnas Leomar................................................................
82
Figura 15 Temperaturas Máximas X Recordes Máximos e Mínimos para a
região de Bauru-SP 1962 à 2005.......................................................
85
Figura 16 Temperaturas Minimas X Recordes Máximos e Mínimos para a
região de Bauru-SP 1962 à 2005......................................................
86
Figura 17 Precipitação média acumulada em (mm), temperatura média na
região de Bauru – SP nos últimos 50 anos........................................
87
Figura 18 Gráfico de precipitação pluviométrica acumulada no período de
1985-2005.........................................................................................
88
Figura 19 Rede hidrográfica do Município de Cabrália Paulista – SP............ 91
Figura 20 Mapa Geológico do Município de Cabrália Paulista – SP............. 93
Figura 21 Carta Hipsométrica do Município de Cabrália Paulista – SP........... 96
Figura 22 Carta de Declividade do Município de Cabrália Paulista – SP......... 98
x
Figura 23 Gráfico da evolução das áreas de vegetação natural remanescente
no município de Cabrália Paulista-SP...............................................
99
Figura 24 Gráfico da evolução das áreas de silvicultura, pinus sp e eucalipto
sp no município de Cabrália Paulista-
SP......................................................................................................
100
Figura 25 Mapa reconstituição da cobertura vegetal do Estado de São Paulo.. 102
Figura 26 Carta de uso e ocupação do solo da área de estudo e localização do
prováveis Núcleos de Defesa Florestal.............................................
104
Figura 27 Codificação dos atributos de análise existentes na área de estudo.... 106
Figura 28 Carta de Risco à Incêndios Florestais, município de Cabralia
Paulista..............................................................................................
109
Figura 29 Vista aérea das Instalações da Escola Agrícola............................... 111
Figura 30 Plantio de Laranja, ao fundo eucalipto sp e fragmantos residuais
de floresta no centro..........................................................................
113
Figura 31 Entrada do NDF 03, Fazenda Novo Estilo, pela Rod SP 225........... 115
Figura 32 Vista do futuro NDF 04, Sitio Nossa Senhora de Fátima, detalhe
de um dos açudes existentes na propriedade.....................................
116
Figura 33 Vista aérea parcial do Horto Florestal, nota-se a existência de
aceiros entre a pastagem e os pés de eucalipto sp e as divisões
internas compostas por talhões.........................................................
118
Figura 34 Fragmentos de floresta no interior das Quadras de eucalipto sp
detalhes dos aceiros...........................................................................
120
Figura 35 Vista do Represa’s Bar, ao fundo à esquerda parte do fragmento de
floresta...............................................................................................
121
Figura 36
Área remanescente de Vegetação Nativa, Fazenda Santo Antonio
do Alto............................................................................................
123
Figura 37 Vista da entrada do futuro NDF 09 – Fazenda Arizona.................... 124
Figura 37 Vista de um dos açudes do NDF 010, Recanto JB.......................... 126
xi
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 Produtos cartográficos coletados durante a realização da
primeira etapa do trabalho da pesquisa..........................................
76
Quadro 02 Direção dos ventos na área de estudo período de 2003 à
2005..............................................................................................
89
Quadro 03 Variáveis climáticas na área de estudo no período de 2003-
2005...............................................................................................
89
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 Classe de Incêndios .......................................................................... 40
Tabela 02 Tipos de Incêndios ........................................................................... 41
Tabela 03 Análise da quantidade de precipitação.............................................. 50
Tabela 04 Interpretação do Grau de Perigo....................................................... 51
Tabela 05 Relação entre o tipo de cobertura vegetal e o risco de incêndios..... 75
Tabela 06 Área e porcentagem dos tipos de solos na área do município de
Cabralia Paulista – SP.......................................................................
94
Tabela 07 Tabela síntese dos dados coletados em campo na área de estudo..... 107
xii
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS................................................................................ v
RESUMO...................................................................................................... vii
ABSTRACT.................................................................................................. viii
LISTA DE FIGURAS.................................................................................. ix
LISTA DE QUADROS................................................................................ xi
LISTA DE TABELAS................................................................................. xi
1. INTRODUÇÃO............................................................................................. 14
2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS................................................................... 18
2.1 Geoprocessamento.......................................................................................... 18
2.2 Sistemas de Informações Geográficas (SIG).................................................. 25
2.2.1 Aplicações de SIG em Incêndios Florestais................................................... 33
2.3 Conceitos e Definições de Incêndios Florestais............................................. 38
2.3.1 Índices de Risco de Incêndios........................................................................ 49
2.4 Exploração da Silvicultura............................................................................. 54
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.............................................. 58
3.1 Material........................................................................................................... 59
3.1.1 Localização da área de estudo........................................................................ 59
3.1.2 Clima.............................................................................................................. 60
3.1.3 Hidrografia..................................................................................................... 60
3.1.4 Substrato Rochoso.......................................................................................... 62
3.1.5 Solo................................................................................................................ 62
3.1.6 Relevo............................................................................................................. 63
3.1.7 Cobertura Vegetal........................................................................................... 63
3.2 Método............................................................................................................ 67
4. ANÁLISES E DISCUSSÕES....................................................................... 77
4.1 Histórico de ocupação da área de estudo e infra-estrutura atual.................... 77
4.2 Atributos do Meio Físico............................................................................... 85
4.2.1 Clima.............................................................................................................. 85
4.2.2 Hidrografia..................................................................................................... 90
4.2.3 Substrato Rochoso......................................................................................... 92
4.2.4 Solos............................................................................................................. 94
xiii
4.2.5 Relevo............................................................................................................. 95
4.2.6 Cobertura Vegetal........................................................................................... 99
4.3 Núcleos de Defesa Florestal........................................................................... 103
6 CONCLUSÕES............................................................................................. 127
REFERÊNCIAS............................................................................................ 131
APÊNDICE................................................................................................. 138
ANEXOS....................................................................................................... 141
14
1 - INTRODUÇÃO
O objeto da presente pesquisa é o segmento superior da bacia do rio
Alambari, que engloba o município de Cabrália Paulista, que após a decadência da
cultura do café e da cultura do “bicho da seda” teve grande parte de sua área territorial,
no início da década de 1960 e início dos anos de 1970, tomada por empresas
interessadas em implantar áreas de silvicultura, principalmente o plantio de pinus sp. A
região onde se encontra localizado o Município de Cabrália Paulista atendia aos
atributos necessários, entre eles as condições climáticas e os solos apropriados para o
cultivo de pinus sp e eucalipto sp. Outro fator importante que influenciou a implantação
destas áreas de cultivo foi um grande incentivo por parte do Governo Federal, para a
instalação de empresas de silvicultura segundo Kronka et al (2002).
No início da década de 1980 várias empresas do ramo madeireiro e serrarias
instalaram-se na área do município com o intuito de explorar a reserva florestal aí
existente uma vez que a região de Cabrália Paulista era referência em reservas de pinus
sp. O perfil econômico do município que até então possuía característica
predominantemente agrícola, evoluiu para uma característica industrial principalmente
no ramo madeireiro.
Na zona rural do município de Cabrália Paulista existem, várias reservas
florestais remanescentes de áreas de vegetação original, que aliadas às áreas de
silvicultura, aumentam ainda mais o potencial florestal do município. O local torna-se
uma área de risco propícia para a ocorrência de incêndios florestais principalmente nas
áreas rurais podendo atingir os remanescentes de floresta. Aliado a esse fator mais de
50%, da economia do município gira em torno da indústria madeireira e da silvicultura.
A situação explicitada aumenta ainda mais a preocupação dos órgãos
governamentais e autoridades locais com respeito à segurança das áreas de silvicultura e
a preservação das áreas remanescentes de vegetação nativa, tais como Cerrado, Campos
Cerrado, Cerradão, Floresta Tropical Semidecidual (Mata Atlântica).
Diante do exposto anteriormente, o objetivo principal desta dissertação foi a
realização de um mapeamento de áreas de risco de incêndios florestais principalmente
em função do uso e ocupação do solo do município de Cabrália Paulista. Este
mapeamento visou identificar áreas potenciais para a futura implantação de Núcleos de
Defesa Florestal - NDFs, com o emprego do Geoprocessamento que permite
15
desenvolver mecanismos de prevenção e combate a incêndios florestais por meio de
monitoramento digital.
No Estado de São Paulo existe um Plano de Prevenção e Combate a
Incêndios Florestais que tem como objetivo, por meio de um sistema de comunicação
integrado, adotar ações preventivas para impedir o surgimento de focos de incêndios
nos remanescentes florestais e otimizar os recursos existentes, sistematizando de forma
integrada e objetiva as informações de interesse, incluído a priorização das áreas
abrangidas por meio da identificação dos focos de incêndio em tempo real, mobilização
de recursos materiais e humanos a serem empregados para a realização do combate
como também treinamento de equipes locais.
A Coordenação Geral do Plano é desenvolvida por representantes da
Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA), Coordenadoria de Licenciamento e de
Proteção aos Recursos Naturais (CPRN), Departamento Estadual de Proteção aos
Recursos Naturais (DEPRN), Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
(CETESB) e Instituto Florestal (IF), Secretaria de Segurança Pública (SSP), Corpo de
Bombeiros (CB), Companhia de Policia Ambiental e de Mananciais (CPAM) e
Grupamento Aéreo (GA) e Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (CEDEC), que
realizam trabalhos de aspectos conceituais do Plano, além de estabelecerem prioridades,
estratégias de divulgação, reavaliação e o planejamento, de forma a buscar sempre uma
melhor eficiência nas ações de prevenção, de combate, de repressão e de emergência.
Desde 2002 a Coordenação do Plano, conta com o apoio importantíssimo
dos integrantes do Grupamento Aéreo equipados com helicópteros, que com bases nas
cidades de São Paulo, Campinas, Ribeirão Preto, Santos e atualmente em Bauru, atuam
com todo o empenho de suas aeronaves, fazendo o transporte dos combatentes e
equipamentos, nas vistoria ao local das ocorrências. Apoio este que em sincronia com as
equipes em terra e as Instituições envolvidas no Plano acabam por dinamizar ainda mais
as ações de emergência e combate a incêndios florestais, trabalhando arduamente em
conjunto nas várias ocorrências.
Das ações já executadas neste contexto segue o relato de dois exemplos. No
ano de 2002 não apenas o Estado de São Paulo, mas o Brasil enfrentou o fenômeno El
Nino, além das comemorações da Copa do Mundo e das tradicionais Festas Juninas. No
dia 13 de junho de 2002 a Polícia Ambiental apreendeu 2.804 balões, sendo registrado
também neste ano que no Estado de São Paulo a média de temperatura esteve em torno
16
de 26ºC, tendo sido considerada a mais elevada dos últimos 30 anos. Esta temperatura
proporcionou que o número de incêndios aumentasse consideravelmente ocasionando
uma perda da cobertura vegetal, até o mês de agosto em torno de 1.101,80 hectares,
diminuindo no mês de setembro e disparando no mês de outubro.
Neste período nas ocorrências de grande porte a utilização de aeronaves
específicas para o combate foi imprescindível, devido ao difícil acesso e/ou altitudes
elevadas, como por exemplo, ocorrências no município de São José do Barreiro, Parque
Nacional da Serra da Bocaina e Parque Estadual da Serra do Mar (SEMA, 2002).
No ano de 2003 a partir do mês de maio, foram registradas ocorrências de
incêndios devido a queda de balões estendendo-se até o mês de outubro, e foram
registrados 5.409 focos de incêndios e 7.709,72ha de áreas queimadas tendo sido
registrado um aumento de 21,3% no número de focos e 35% nas ocorrências de causa
criminosa e uma perda do remanescente da vegetação nativa em torno de 0,21% em
relação a 2001. O tipo de vegetação mais atingido foi a mata do tipo floresta tropical
semidecidua com 2.659,61ha, embora proporcionalmente o cerrado tenha sido o
ecossistema mais prejudicado com 26,65% de sua área destruída. Segundo dados do
Ministério do Meio Ambiente neste mesmo ano de 2003 foram identificadas em todo o
território brasileiro 900 áreas como sendo áreas de interesse estratégico prioritário para
a conservação do bioma Cerrado (IBGE, 2004).
O município de Cabrália Paulista está inserido dentro dessas áreas, uma vez
que possui significativas reservas compostas por áreas com fragmentos de florestas e
áreas com remanescentes de Cerrado (IBGE, op cit); fato este que foi amplamente
divulgado pela impressa local por meio do Jornal da Cidade de Bauru (2004) que se
encontra nos Anexos I e II.
Outra questão importante a ser considerada é a atuação da Defesa Civil, pois,
segundo Fernandes e Amaral (1996), os sistemas de emergência devem ser integrados
entre si. A efetiva redução de acidentes naturais como os incêndios florestais em áreas
rurais e urbanas podem ser atingidos com a efetiva participação intensiva da sociedade
através da sensibilização de seus lideres comunitários, por meio de informações e
treinamentos. Tais procedimentos têm sem dúvida um grande valor científico, uma vez
que a sua adoção faz com que ocorram ações preventivas por meio de treinamentos,
exercícios simulados de combate a incêndios podendo culminar com a elaboração e a
distribuição de manuais técnicos e de cartilhas de orientação.
17
Ainda é necessário que os municípios desenvolvam seus próprios planos de
monitoramento já que os mesmos possuem peculiaridades e características próprias.
Esta pesquisa subsidiará a Coordenadoria de Defesa Civil do Município de Cabrália
Paulista, para que possa implantar seu próprio plano de monitoramento, prevenção e
combate aos incêndios florestais, com o auxílio do Geoprocessamento. Esse plano
poderá ser desenvolvido como projeto piloto e poderá ser implantado em outros
municípios do Estado de São Paulo.
Sendo que para tanto foi necessário cumprir com os seguintes objetivos:
- Realização de um mapeamento das áreas de risco de incêndios florestais em função do
uso e ocupação do solo com a elaboração de um banco de dados;
- Levantamento das características geográficas da área;
- Elaboração de cartas temáticas da hipsometria, declividade e uso do solo;
- Elaboração de uma carta temática com destaque para as potenciais áreas de risco de
incêndios florestais;
- Elaboração de uma carta temática de localização com destaque para as propriedades
relacionadas como futuros Núcleos de Defesa Florestal (NDFs).
18
2 – FUNDAMENTOS TEÓRICOS
Esta parte da dissertação trata dos fundamentos teóricos que subsidiaram a
pesquisa desenvolvida. Foram abordados aspectos relacionados aos fundamentos do
Geoprocessamento, Sistema de Informações Geográficas (SIG), aplicações de SIG em
incêndios florestais, conceitos e definições de incêndios florestais, índices de riscos de
incêndios florestais e exploração da silvicultura.
2.1 Geoprocessamento
Muitas pesquisas na Geografia e outras Ciências afins utilizam atualmente o
Geoprocessamento, pois ele é uma importante ferramenta para o desenvolvimento das
pesquisas em diversas áreas, sendo fundamental para a realização dos mais variados
trabalhos.
Em função disso, Rodrigues (1990), conceitua o Geoprocessamento como
sendo um conjunto de tecnologias de coleta, tratamento de informações espaciais,
desenvolvimento e uso de sistemas que as utilizam.
As diversas áreas (Geografia, Geologia, Hidrologia, Engenharias de Pesca,
Ambiental, e Florestal, entre outras) têm desenvolvido o tratamento e a utilização de
informações espaciais próprios, mas com procedimentos muito similares, sob um
arcabouço conceitual e metodológico único.
Nesse sentido Rodrigues (1990), ressalta que a coleta de dados é
provavelmente a parte mais importante do Geoprocessamento, uma vez que se baseia na
observação direta ou indireta de um mundo real. Conforme o mesmo caracteriza os
diferentes tipos de coletas de dados descritos a seguir:
- Levantamentos Ambientais – constituem-se em uma grande variedade de
levantamentos, correspondentes às inúmeras áreas de interesses ambientais e
incluem os objetivos, métodos de amostragens, entre outros. Nesse tipo de
coleta os métodos mais utilizados são os de Sensoriamento Remoto e
levantamento de campo;
- Levantamento de Relevo – este tipo tem por objetivo obter dados de
localização de pontos do terreno em duas ou três dimensões, podendo ser
caracterizado por uma grande variedade de métodos tais como: topográfico
tradicional, geodésico, aerofotogramétrico e por posicionamento;
19
- Levantamentos de População: neste caso tem-se como objetivo a obtenção
de dados sobre as características dos indivíduos que constituem uma
determinada população. Pode-se envolver a coleta de dados de todos os
elementos de uma população, por meio do método censitário, ou somente da
parte mais representativa utilizando para tanto o método amostral.
Em função disso Rodrigues (1990), ressalta que o desenvolvimento da etapa
de coleta de dados inicia-se um novo processo conhecido como geocodificação, que
consiste em prover referências passíveis de tratamento automatizado, englobando os
domínios espaciais. Os pontos, linhas e áreas são associados a entes discretos, pontos
como indústrias, escolas, e alternativamente, a entes contínuos como uma reserva
florestal. As linhas, por exemplo, são associadas a entes como rodovias, vias de acesso e
linhas de transmissão de energia, e as áreas têm associação a entes como propriedades e
quadras, e podem apresentar unidades espaciais de área, podendo ser arbitrárias,
institucionais, nodais e naturais.
Nesse sentido ressaltamos que durante a realização das etapas posteriores,
segundo Rodrigues (op. cit.) irá ocorrer o tratamento de dados, ou seja, das informações
referentes aos dados coletados e codificados que serão submetidos a determinadas
operações, podendo envolver tanto sistemas de análise simples de dados, como sistemas
mais complexos e abrangentes. As metodologias referentes a este processo podem ser
agrupadas em:
- Manipulação de Dados: consiste nas operações que auxiliam determinadas
tarefas tais como: a “entrada” e a “saída” de dados, seu armazenamento,
recuperação e integração. Pode ser inteiramente dependente do esquema de
geocodificação. Os dados de sensores remotos, como as imagens de satélites,
podem ser manipulados por meio de técnicas de interpretação visual, ou com
o auxílio de sistemas de tratamento digital de imagens;
- Gerenciamento de Dados: engloba as operações de armazenamento,
manutenção e recuperação de dados. Esses dados podem ser tratados
seguindo uma abordagem hierárquica, de redes ou relacional;
- Modelos Digitais de Terreno (MDT): tais modelos podem ser denominados
como sendo modelos de elevação, podendo ser definidos como sendo
funções, lato sensu, onde um par de coordenadas no plano assumem o valor
de elevação do terreno naquele ponto. Pode o MDT ser utilizado na geração
de informações essenciais para a definição de áreas suscetíveis a utilização
20
antrópica assim como, na identificação das condicionantes naturais. É
indicado principalmente para quem utiliza os Sistemas de Informações
Geográficas (SIG) como apoio na elaboração da Cartografia regulamentar;
-Mapeamento por Computador: consiste em operações digitais que
compreendem as representações gráficas de fenômenos, ou objetos, de
expressão espacial, tendo como princípio a associação de técnicas de
produção de gráficos por computador com o da Cartografia tradicional, tais
como os mapas de referência (topográficos) e os mapas temáticos.
Em função disso o Geoprocessamento, segundo Gomes (2002), pode ser
entendido como sendo conjuntos de programas de computadores cuja utilização está
associada a arquivos, procedimentos, equipamentos e documentações, informações estas
que tenham relação com as questões espaciais.
Para Silva (1999), o Banco de Dados é uma etapa fundamental do
Geoprocessamento. Pois aí se observa a complicada estrutura utilizada, percebe-se que
o mesmo tem como objetivo fundamental a provisão de uma visão abstrata dos dados, a
fim de que os usuários não tenham acesso a detalhes de como o banco de dado é
constituído e de como os dados são armazenados. Tais informações são ocultas e
conhecidas em determinados níveis de abstração.
Estes níveis estudados por Silva (op.cit.), foram divididos em baixos, físicos
e conceituais:
Os baixos são aqueles que descrevem ao usuário de que maneira os dados
são organizados, os usuários com pouca experiência não precisam se
preocupar com o detalhamento encontrado em tais níveis. No nível físico,
são descritas em detalhe as estruturas dos dados. No nível conceitual,
ocorrem a definição de quais dados serão ou não armazenados e qual a
relação estrutural entre eles. Neste nível é que os administradores de banco
de dados decidirão qual tipo de informações serão mantidas ou alteradas na
estrutura do referido banco. Tais dados necessitam estar protegidos de
acessos não autorizados e de ações que possam destruir, incluir ou alterar de
forma intencional ou acidental os dados e as informações constantes do
banco de dados.
É importante ressaltar que para Silva (1999), o mau uso dos dados é
classificado como intencional e acidental. Dentre as formas intencionais podemos
observar o seguinte: a ocorrência de leitura não autorizada de dados, culminando com a
21
mudança de dados, ações estas que em muitas vezes podem terminar com a destruição
não autorizada do banco de dados, seja ela parcial ou total. As acidentais podem ocorrer
ou devido a perdas ocasionadas pelo mal funcionamento do banco ou através da má
distribuição desses dados em uma rede de computadores que pode apresentar anomalias
causadas por acessos simultâneos ao mesmo banco de dados. É necessário um sistema
de segurança eficiente que possa inibir tais ocorrências, preservando assim a integridade
do banco de dados bem como das informações contidas no mesmo.
Sendo assim, é aconselhável que os usuários que tenham acesso ao banco de
dados, sejam pessoas de máxima confiança da empresa ou órgão institucional, a fim de
que não ocorram danos no sistema operacional por manipulação inadequada do banco
de dados. O usuário pode ser o mesmo que manipula ou modifica o esquema desde que
sob supervisão direta de sua chefia. Tais autorizações dizem respeito aos seguintes
fatores, segundo Silva (op.cit.):
a) Leitura - é permitida a leitura dos dados e informações, mas não é
permitida a modificação e a alteração dos mesmos;
b) Entrada – é permitida a entrada de novos dados, desde que não sejam
modificados os já existentes;
c) Atualização – é permitida a modificação dos dados existentes, mas não a
sua eliminação;
d) Índice – é permitida a criação ou eliminação, mas somente no que diz
respeito aos índices;
e) Recurso – também é permitida a criação de novas relações ou interfaces;
f) Alteração – só permitem o acréscimo ou a eliminação de determinados
atributos em uma relação;
g) Redução – nesta operação é permitida a eliminação das relações.
Podendo-se compreender com base em estudos anteriores citados por Silva
(1999), que a tecnologia de bancos de dados utilizadas em SIG é constituída
classicamente por dados tabulares, ou seja, dados referentes às feições espaciais. Um
banco de dados é composto por uma coleção de dados integrados e inter-relacionados. O
Sistema Gerenciador de Banco de Dados (SGBD) consiste em um conjunto de
programas que tem a finalidade de acessar os dados pertencentes ao banco de dados.
Tem como seu principal objetivo criar um ambiente propício e eficiente a fim de retirar,
armazenar e atualizar os dados e informações contidas neste banco de dados. Mas, para
22
que isso ocorra o SGBD deve enfrentar alguns desafios tais como: a redundância de
dados, inconsistência e dificuldade no acesso aos mesmos, sem contar o isolamento de
dados e a existência múltiplos usuários. O SGBD tem que se preocupar ainda com a
segurança e integridade dos dados.
Assim sendo salientamos que para Silva (op.cit.), no que diz respeito a
utilização e manipulação de sistemas, a questão da segurança dos dados passa a ser de
extrema importância, portanto, é necessário haver mecanismos que impeçam ações que
possam danificar ou inutilizar o banco de dados como, por exemplo, o usuário ter
acesso ou permissão para atualizar, apagar ou transferir dados. A integridade dos dados
existentes depende da inexistência de dados que não demonstrem os fenômenos
existentes no mundo real.
Tendo sido verificado na obra do autor citado acima a existência de vários
tipos de bancos de dados com as seguintes características:
a) Banco de Dados em Rede: este tipo de banco surgiu nos idos da década de
1960, e consiste em um modelo de rede onde os dados ficam acondicionados
como que em caixas, existindo uma variada coleção delas, que correspondem
aos vários tipos de registros. Já o relacionamento dos dados existentes é
representado por linhas que correspondem a estas ligações, uma associação
entre dois registros. A linguagem de manipulação de dados consiste
geralmente em comandos existentes na linguagem conhecida como
hospedeira linguagem esta que tem acesso à manipulação das variáveis do
banco de dados, assim como às variáveis declaradas localmente;
b) Banco de Dados Hierárquico: este modelo é similar ao modelo em rede,
uma vez que os dados e as relações são representados, respectivamente,
através de registros e ligações. A diferença entre eles é a seguinte: no modelo
hierárquico há organização dos registros como se fossem uma coleção de
árvores, já no modelo em rede as técnicas utilizadas são do modelo em
formato de grafos arbitrários. Outra característica deste tipo de banco de
dados é o relacionamento um-para-muitos e não muitos-para-muitos, ou seja,
todos os “filhos” devem estar ligados a algum “pai”. Por exemplo, caso se
deseje saber um determinado tipo de solo, o sistema deverá investigar todas
as possibilidades, podendo levar algum tempo, mas, se o solo for um “pai”, a
informação é respondida rapidamente. Este modelo não permite uma ligação
entre os mesmos tipos de registros, o que significa que, caso haja a
23
necessidade de algum questionamento entre os dados, ocorrerá a necessidade
de subir e descer na árvore que compõe a base de dados;
c) Banco de Dados Orientado ao Objeto (BDOO): neste caso o modelo de
orientação a objeto encontra-se protegido através de um código de dados em
um único local conhecido como objeto. E as relações deste objeto com o
restante do sistema definiram-se como sendo um conjunto de mensagens,
podendo estes dados ter diferentes representações tidas como arbitrariamente
longas como, por exemplo, textos, dados de áudio, gráficos, imagens de
vídeo, entre outras. Tal característica fez com que este tipo de banco de
dados se tornasse muito popular, aumentando demasiadamente as pesquisas
em busca do desenvolvimento e a melhoria deste sistema, devido à
possibilidade de se ter um produto estruturado nas representações de
abstrações como ícones, coexistindo com os dados. Sua maior qualidade
funcional diz respeito à questão da “re-usabilidade”, ou seja, as rotinas
comuns são armazenadas em arquivos tipo biblioteca, permitido ao usuário
recuperar ou rever estas rotinas a qualquer momento. A linguagem utilizada
é diferente das linguagens tradicionais, fazendo com que este banco tenha
uma característica peculiar devido a três características inerentes ao BDOO:
o polimorfismo, o capsulamento e a herança.
- Polimorfismo: é a capacidade e a habilidade que o sistema tem de fazer
com que diferentes objetos respondam a uma mesma mensagem através de
diferentes caminhos;
- Capsulamento: é a capacidade que o sistema tem de se auto-proteger de
interferências externas, ou seja, proteger a si e a todos os dados que estejam
encapsulados;
- Herança: é a habilidade que este sistema possui de adquirir e recuperar a
funcionalidade de outros objetos, mesmo que estes tenham passado por um
processo de configuração, sendo que para atingir tal fim novas classes
devem ser criadas como sendo seus descendentes;
d) Banco de Dados Relacional: este tipo de banco é tido como sendo um dos
bancos mais novos: É uma coleção de tabelas, cada uma associada a um
único nome. Neste banco cada tabela possui uma determinada estrutura onde
uma linha representa um relacionamento entre determinados conjuntos de
valores, pois, neste caso, a tabela representa tais relacionamentos, existindo
24
aí uma estreita correspondência entre os conceitos expressos nas tabelas e o
conceito matemático de relação. Pode ser operado com dois ou mais
arquivos ao mesmo tempo, utilizando-se de ligações estabelecidas por
campos comuns.
25
2.2 Sistemas de Informações Geográficas (SIG)
Dentre as ferramentas utilizadas pelos técnicos envolvidos com as atividades
que requeiram utilização de informações espaciais georeferenciadas de interesse
geográfico, o emprego de Sistemas de Informações Geográficas (SIG) se faz necessário.
Segundo Silva (1999), estudos realizados demonstram a existência no atual
mercado de uma centena de diferentes SIGs. Tais sistemas dependem exclusivamente
dos mapas em detrimento das relações que podem ser estabelecidas entre estes e os
SIGs. Vale lembrar que o objetivo primordial dos primeiros mapas era de auxiliar a
navegação na condução de operações de cunho militar, a exemplo dos romanos, que
atribuíam uma grande importância às atividades desempenhadas pelos medidores de
terras conhecidos como agrimensores, fazendo com que estes ocupassem importantes
cargos em seu governo.
Silva (1999) comenta em sua obra que em 1835, as técnicas de Cartografia,
juntamente com a teoria da Ciência Social e a responsabilidade sobre o meio ambiente,
transformaram-se em importante base para a elaboração de projetos de mapeamentos
temáticos. Nessa época outro fator de destaque que contribuiu e muito para a evolução
dos SIGs foi a Revolução Industrial.
Com o aumento da produção de artigos manufaturados, houve uma busca
ainda maior pela matéria-prima, ocasionando assim a migração ou êxodo rural em
direção aos grandes centros. O significativo aumento populacional das grandes cidades,
fez com que ocorresse um aumento também na expectativa de obras de infra-estrutura,
na área social como na urbana, principalmente no que se refere aos setores de
transportes, comunicação e no uso e ocupação do solo. A exemplo disso podemos citar,
em 1838, o Atlas elaborado pela Companhia de Estrada de Ferro Irlandesa como
instrumento de gestão das atividades de transporte e ampliação de linha. Esse trabalho é
tido como o primeiro SIG: Sistema constituído de vários mapas entre eles mapas de
população, transportes, linha de fluxo e tráfego, geológicos e topográficos. Esses mapas
eram utilizados de forma virtual em operações de sobreposição onde se observam os
diferentes atributos de determinadas posições espaciais, contribuindo assim para que a
empresa pudesse ter o controle das decisões a serem tomadas (SILVA, op.cit.).
Para Silva (1999) somente com o avanço das diversas áreas tecnológicas é
que, na década de 1940, aparecem os primeiros computadores eletrônicos, modificando
assim os padrões tidos como clássicos da Cartografia. Foram abertas enormes
26
possibilidades de pesquisa e manipulação de grandes quantidades de dados,
principalmente dados espaciais, através de processos de cálculos matemáticos via
computador.
No final da década de 1950, vários profissionais de áreas diversas tais como
metereologistas, geofísicos e geógrafos, passaram a incorporar em suas atividades
mapas e demais produtos cartográficos gerados por computadores. Silva (1999)
comenta que nos estágios iniciais a representação gráfica era apresentada de maneira
bastante simplificada. Nessa época ocorreu um rápido avanço da análise espacial
atingindo o status de Ciência. Como exemplo, podemos citar um fato que aconteceu na
Suécia, quando após vários estudos nessa área no início da década de 1960, o estudioso
Hagelstrand desenvolve sua teoria a respeito da difusão espacial. Nesta mesma década,
após 1965, com o auxílio dessas teorias, o modelamento de dados censitários foi se
desenvolvendo de tal maneira que passou a fazer parte não apenas do meio acadêmico,
mas também da esfera governamental.
Enquanto isso, desde 1962, no Canadá, era desenvolvido no Canadian Land
Inventory, pelo pesquisador Tomlinson(1)
, o que podemos citar como sendo o primeiro
SIG da era contemporânea, denominado Sistema de Informações Geográficas
Canadense (Canadian Geographic Information System – Cgis). A principal
característica desse sistema foi ter sido projetado com a finalidade de atender não
apenas a uma aplicação específica; ele passa a ter uma abrangência maior no que diz
respeito a análise e interpretação de dados (SILVA, op.cit.).
Na revisão de literatura o autor citado acima comenta que a principal
aplicação do Cgis era o armazenamento de mapas em formato digital, com informações
a respeito do uso da terra em todo o Canadá. Possuía a capacidade não apenas de
armazenar, mas também de recuperar os dados, por meio de um processo de
reclassificação dos mesmos utilizando para isso uma operação conhecida como
mudança de atributos, tais como: reclassificar os atributos, mudar a escala de
apresentação, oferecer operações de superposição entre polígonos, criar novos
polígonos, fornecer listas de acordo com a necessidade dos usuários e apresentar
relatórios estatísticos. Consolida-se assim, a origem do Sistema de Informações
Geográficas como o conhecemos hoje.
______________________________________________________________________
(1)TOMLINSON, R. F e BOYLE, A. R. (1981) The state of development of systems for
handling national resources inventory data. Cartographica, v. 18, pp. 65-95.
27
No ano de 1964, Silva (1999) explica que nos Estados Unidos, surgiu ainda
um protótipo do que seria considerado o primeiro SIG. Tal sistema tinha como meta a
análise dos problemas relacionados com os recursos naturais, sendo denominado de
MAIDS. Tal sistema não apenas armazenava e recuperava dados de um determinado
atributo, mas conseguia também produzir operações de superposição e operações
matemáticas e simulações. O sistema também era capaz de gerar relatórios em forma de
gráficos. Outro fator de destaque desse sistema era a forma mais versátil com que eram
realizadas as atualizações em seu banco de dados através de operações bem
simplificadas ao contrário dos demais.
E que de acordo com Silva (op.cit.) outro fator marcante na história dos SIGs
foi a publicação em 1969, por Ian MacHarg(2)
de um trabalho intitulado Design with
nature, no qual estabeleceu e formalizou o conceito de uso do Sistema para a análise de
aptidão e uso do solo através da sua capacidade analítica. O sistema poderia combinar e
comparar determinados tipos de dados mesmo os mais variados através de modelos
predeterminados, produzindo como síntese da análise vários produtos, dentre eles
gráficos e mapas.
Ainda segundo o autor, o Sistema proposto por MacHarg teve eficiência
comprovada em 1988, quando o próprio MacHarg viria a dizer na cidade de Atlanta
(EUA), na conferencia de Urisa:
“Nós temos que ver o computador como um equipamento que
pode ampliar, em termos quantitativos, nossas sensibilidades,
nossa sensitividade e nossos entendimentos, portanto afetar as
modificações feitas por nós sobre o meio ambiente, de modo
que possamos aumentar a saúde humana e a qualidade de vida”.
Para Silva (1999) nos anos de 1970 ocorre uma nova fase no
desenvolvimento dos SIGs, principalmente aqueles voltados para as questões relativas
ao planejamento e ao modelamento de situações, referentes as áreas urbanas, apesar de
que nessa época os objetivos eram considerados ainda como sendo modestos e a
modelagem geralmente era realizada de maneira simples. Dentre essas operações uma
que se tornou famosa em se tratando de modelamentos foi desenvolvido na Austrália,
ficando conhecida com o nome de TOPAZ (Technique for the Optimum Placement of
Activities in Zones).Foi aplicada com sucesso nos Estados Unidos e na Austrália, em
cerca de 40 áreas diferentes.
(2) MACHARG, W. e TOOD, R. (1966) A comprehensive highway route selection method,
prepared by the Delaware-Raritam Committee.
28
Contudo ressalta Silva (op.cit.) que outro fator positivo nessa década foi
o surgimento das imagens de Sensoriamento Remoto, vindo a se tornar uma fonte
importantíssima de informações para os SIGs. Foram esses produtos incorporados, em
1972, juntamente com outros produtos derivados do processamento digital de imagens
de satélite com a finalidade de análises de dados espaciais. Um ano depois um novo
sistema gráfico foi produzido pela Intergraph, a fim de atender principalmente a
interesses militares, mas foi também utilizado como suporte para as administrações
governamentais. Esse sistema produzia um mapeamento automático interativo, ficando
conhecido como Nashiville.
Podemos compreender com base em Silva (1999) que a incorporação
definitiva dos SIGs em atividades diversas para a sociedade só aconteceu na década de
1980, devido a vários fatores, entre os quais o mais importante: a evolução tecnológica
da informática. Como exemplo podemos citar a utilização da plotagem eletrostática, do
scaner e das estações de trabalho. Tais incorporações deram um grande impulso na
tecnologia de banco de dados a exemplo da ESRI (Earth Research Institute), que
desenvolveu seu banco de dados com característica relacional comercial, enquanto o
produzido pela Intergraph era do tipo hierárquico.
Na década de 1990 ocorrem outras inovações nos SIGs tais como, a
arquitetura dos sistemas, os periféricos e os aplicativos passam a ser ligados em redes,
fazendo com que ao final dessa década ocorresse, uma poderosa capacitação de
produção gráfica, por meio do processamento de atributos oriundos das análises
espaciais com a crescente integração do usuário com os SIGs. Dessa relação pode ser
estabelecida funções junto aos mais variados setores da sociedade, tanto governamentais
quanto o privado, como uma poderosa ferramenta na área do planejamento, devido à
facilidade de uso dos seus aplicativos (SILVA, op.cit).
Nesse sentido ressaltamos a análise realizada em vários trabalhos por
Archela (2001), onde a mesma define SIG como sendo um sistema auxiliado por
computador para aquisição, armazenamento, manipulação, análise e visualização de
dados geográficos. E que tal sistema é a combinação de avanços da Cartografia Digital,
dos sistemas de manipulação de banco de dados e do Sensoriamento Remoto com o
desenvolvimento metodológico da análise geográfica, para produzir um conjunto
distinto de procedimentos analíticos que auxiliam no gerenciamento e na atualização
constante das informações disponíveis.
29
Um conceito mais amplo do SIG, segundo estudos anteriores citados por
Archela (2001) é que além de software, um SIG compreende todo um conjunto de dados
gráficos e não-gráficos adequadamente armazenados em um ou mais bancos de dados,
organizados e estruturados com lógica para responder a questões pré-determinadas.
Deve-se ressaltar que não existe um modelo padrão, capaz de resolver todos o
problemas, executar todos os tipos de representação gráfica ou atender a todas as
necessidades dos técnicos e instituições que utilizam esses recursos. Quando da escolha
de um SIG, deve ser considerada a definição de objetivos, as necessidades do usuário e
a análise da estrutura organizacional da instituição na qual o mesmo será implantado.
Assim Archela (2001) ressalta que o SIG pode ser considerado como um dos
instrumentos de grande utilidade para o planejamento e gestão, uma vez que possibilita
avaliar tendências do crescimento urbano, definir os avanços de redes de infra-estrutura,
definir locais estratégicos para a instalação de postos de saúde, hospitais, creches,
escolas, áreas de lazer, áreas potenciais de ocupação residencial e industrial, avaliar a
porcentagem de cobertura vegetal natural e cultivada pelo homem em atividades de
reflorestamento (silvicultura), determinar a extensão de áreas industriais, residenciais,
agrícolas entre outros. E determinar áreas piloto que auxiliem na prevenção e combate a
incêndios florestais.
O SIG não é simplesmente uma ferramenta que pode ser utilizada na
realização de inventários de informações, pois Silva (1999) ressalta que ele pode ser
utilizado também para simular e testar modelos ou estimar determinadas situações, e
deve conter os seguintes componentes:
a) um sistema de aquisição de dados, que colete ou processe dados
espaciais derivados de mapas disponíveis, imagens de satélites, etc;
b) um sistema de armazenamento e recuperação que organize os dados
espaciais, de modo a permitir um rápido acesso pelo usuário para
subseqüente análise, bem como a atualização e correção do banco de dados
espaciais;
c) um subsistema de manipulação e análise de dados que realize uma
variedade de tarefas tais como produção de estimativas, modelos de
simulação, etc.;
d) um subsistema de relatórios de dados que seja capaz de apresentar
todo o banco de dados original, ou parte dele, bem como os dados
30
manipulados, fornecendo uma saída de modelos espaciais na forma de
tabelas, mapas e figuras.
Sendo assim um Sistema “SIG” segundo Silva (1999) deve executar uma
série de programas que permitam obter superposições, transformações, desenho de
novos mapas e cálculos. Possibilita assim a tomada de decisões em diferentes níveis,
com grande objetividade e de maneira confiável, propiciando sempre a análise a partir
da informação geográfica, ou seja, aquela que diz respeito ao espaço ou que esteja
georeferenciada. Devem-se manter os dados primários em forma de conjunto
estruturado logicamente, de forma tabular, evitando assim a perda dos mesmos, pois só
e possível implementar um Sistema Geográfico de Informações Espaciais em regiões
que apresentam mapeamento concluído ou com cobertura de imagens de satélite.
Para Silva (op.cit.), são utilizados três grupos como sendo as principais
fontes de análise espacial de um SIG, aqui denominadas como funções:
1- Funções Locais: são compreendidas como sendo as classes simples, as
quais dão origem a valores no mesmo mapa, onde os múltiplos, em dois
ou mais mapas, podem ser visualizados nas formas: gráfica, imagem ou
tabular;
2- Funções de Vizinhança: estas funções estão dividas em duas modalidades
distintas: imediata função, cuja aplicação requer a geração de um Modelo
Digital de Elevação (MDE), a fim de se elaborar, por exemplo, mapas
de declividade. E a extensiva, que é aplicada principalmente para a
produção de mapas de corredores (tipo linear) ou faixas concêntricas
(tipo pontual), tomando como alvo determinadas características
espaciais, tais como estradas, vias de acesso, rios, habitações, etc.
3- Funções Zonais: também estão divididas em duas modalidades distintas:
inteiras, são utilizadas para a análise de dois ou mais mapas, sendo um
no formato de áreas contendo valores associados a uma planilha de
dados. Já as parciais são utilizadas em mapas que possuem categorias
qualitativas em formato poligonal em um mapa no formato de superfície
estatística contínua também conhecido como Modelo Digital de Elevação
(MDE).
Quanto as aplicações das técnicas de SIG em relação à modelagem
cartográfica, Gomes (2002) ressalta que as mesmas devem ter como características
31
principais atender aos padrões estabelecidos por normas técnicas e legislação vigente,
na busca de uma forma mais eficaz do diagnóstico e da resolução de problemas.
Tais regras e normas, segundo a autora, são estabelecidas a fim de se
convencionarem os procedimentos relativos à Cartografia e podem ser encontradas na
Norma Cartográfica Brasileira, cuja denominação mais usual e genérica é atribuída a
qualquer documento de origem normativa, integrando assim a Coletânea Brasileira de
Normas Cartográficas, conforme consta no Decreto nº 89.817 de 20 de Junho de 1984.
A autora (GOMES, op.cit.) explicita que a modelagem cartográfica consiste
na utilização de modelos expressos em forma de combinação de mapas, estruturados no
encadeamento de regras de transformação espacial de dados geográficos mapeados,
tendo como principais características:
- A necessidade de ocorrer à adaptação do SIG como um conjunto de mapas
temáticos, onde se deve caracterizar um determinado setor da superfície
terrestre, devendo este ser organizado em camadas denominadas como layers
de informações associadas á área de estudo. Cada camada tem a função de
individualizar um atributo de maneira explícita como, por exemplo, espaço,
vegetação, rochas, solos, declividades do terreno, altimetria, etc. ou de
maneira implícita obtida através de análises lógicas de coincidência espacial,
de vizinhança, etc., disponíveis no SIG;
- A consideração que todo o seu projeto deve estar fundamentado em um
modelo de decisão, tendo como resultado a escolha de determinados locais
baseados em fatores mapeados espacialmente. Aplica-se para tanto a teoria
de decisão, que num contexto de SIG deve ser empregada de forma analítica
multicriterial ao nível espacial, tendo o objetivo de avaliação da
susceptibilidade.
Recentemente durante a realização do Mapeamento Dinâmico da Cobertura
Vegetal nas Montanhas Nurota no Uzbequistão, os autores Mumimov e Benedikt (2005)
com o objetivo de desenvolver um software especial baseado em Sistemas de
Informações Geográficas e em tecnologia de Sensoriamento Remoto, descreveram a
área de estudo a fim de se generalizar os vários tipos de técnicas de análise ambiental.
Os pesquisadores explicaram o estudo básico para o mapeamento das mudanças de
vegetação que foi executado com a avaliação das referidas imagens que foram
32
analisadas utilizado o processamento digital de imagens ERDAS IMAGINE(3)
e demais
materiais tais como mapas, cartas topográficas, mapas temáticos de cobertura vegetal
(inventários florestais) e de uso do solo, que foram analisados por meio de interpretação
visual e em extensivos levantamentos de campo, por meio dos quais pode-se obter
informações importantíssimas a respeito das mudanças das áreas de vegetação sendo
que alguns dados foram extrapolados pela interpretação de imagens por causa da
impossibilidade de visitar alguns locais da área de estudo.
Este levantamento, segundo Mumimov e Benedikt (op.cit.), culminou no
desenvolvimento de um sistema interativo para o mapeamento dinâmico de uma
cobertura vegetal com base em imagens de satélites permitindo assim a elaboração de
mapas temáticos a partir de dados coletados tendo como objetivo analisar o impacto de
atividades econômicas na área de estudo podendo-se assim prever mudanças ecológicas
e geográficas para um longo período de controle e monitoramento ambiental. Esta é
uma importante ferramenta de capacitação dos pesquisadores e do governo na tomada
de decisões no que diz respeito ao monitoramento dos ecossistemas por meio de
medidas efetivas para superar as mudanças negativas em áreas de interesse ambiental. É
possível assim prever o desenvolvimento futuro a longo prazo por meio das análises
ambientais que podem contribuir para o desenvolvimento regional destas áreas, por
meio do acesso deste banco de dados podendo-se tornar uma ferramenta
importantíssima nas questões referentes ao Planejamento Ambiental.
_____________________________________________________________________________ (3)
Marca Registrada da plataforma de Geoprocessamento de ERDAS Inc.; Atlanta, GA, EUA.
33
2.2.1 – Aplicações de SIG em Incêndios Florestais
Os Sistemas de Informações Geográficas (SIGs) têm se mostrado como
importantes aliados na prevenção e no combate aos incêndios, uma vez que aumentam a
eficiência do sistema de vigilância, tendo em vista que eles podem auxiliar na escolha
de locais para a instalação de torres de vigilância na região a ser monitorada
(PEZZOPANE et al., 2001). Como forma de otimização de custos foram analisados,
segundo o autor, critérios como a proximidade de rodovias e vias de acesso, pontos
mais elevados do terreno, topografia, condições climáticas, material combustível e tipo
de vegetação, critérios estes que fazem parte do banco de dados que podem ser
analisados pelos Sistemas de Informações Geográficas.
Esses critérios já são utilizados em pesquisas de manejo de incêndios
florestais como por exemplo, no Parque Nacional de Yosemite, EUA, desde 1990,
sendo que em 1996, foi incorporado a estas tecnologias um SIG denominado FIRE,
sistema este que integra dados espaciais de material combustível e topografia com dados
temporais, direção do vento e umidade do material combustível. A grande novidade no
funcionamento desse sistema é que ele pode predizer o comportamento dos incêndios
florestais no espaço e no tempo.
Loch (2001) defende a importância da realização periódica do inventário
florestal regional ou estadual a fim de se manter o controle contra os desmatamentos em
áreas florestais. Salienta também que tais atualizações do respectivo inventário podem
ser realizadas utilizando os vários tipos de sensores remotos tais como imagens de
satélite ( Landsat TM, SPOT e outros) e fotografias aéreas (coloridas ou preto e branco).
Esse inventário deve ser realizado num período de no máximo 10 anos, sob pena de se
perder o controle e a precisão das informações coletadas.
Lesage et al. (2001) destacam a importância do conhecimento do campo no
que diz respeito aos incêndios florestais, visto que é necessário muitas vezes tomar
decisões de como agir em poucos segundos. Tal preocupação teve início na França a
partir de 1970, quando os órgãos responsáveis pela defesa florestal começaram a se
preocupar com a elaboração de novos mapas com a finalidade de prevenir os incêndios,
mapas estes conhecidos atualmente como mapas de Defesa de Floresta Contra Fogo
(DFCI).
Os mapas foram concebidos segundo Lesage et al. (2001), a partir da
aplicação de SIGs desenvolvidos especificamente para esse fim, ou seja, a produção de
mapas impressos no formato analógico em escalas compatíveis de 1:25.000. Com o
34
tempo, viu-se que o SIG que gerava os antigos mapas DFCI, apresentava duas
desvantagens: primeiro o alto custo na elaboração dos mapas, uma vez que cada
departamento (Estado) francês deveria disponibilizá-los em todos os veículos que
trabalham na área de monitoramento. Segundo que este mapas de um ano para outro
tornavam-se obsoletos. Sendo assim, o governo francês resolveu adotar um SIG que
pudesse oferecer tais produtos cartográficos em formato digital, criando-se o Sistema de
Informações Geográficas Aplicado a Segurança Civil (SIGASC).
Este novo sistema de acordo com Lesage et al. (op. cit.), veio suprir de
forma eficaz o problema apresentado pelo SIG anterior, contribuindo e muito com os
órgãos governamentais franceses incumbidos da defesa florestal. As aplicações do novo
SIG estão diretamente ligadas à silvicultura bem como à administração e manejo de
florestas, por meio de ações preventivas e operacionais no tocante à defesa florestal e
administração de emergências de origem florestal. Nesse SIG todas as aplicações só são
possíveis por meio da atualização criteriosa do conjunto de informações que compõem
um banco de dados. Tais atualizações são realizadas por uma equipe de técnicos
especialistas em SIG que compõem os grupos de trabalho baseados em cada
departamento francês, tendo como objetivo a coleta e a atualização de dados para que o
sistema possa gerar mapas diariamente atualizados em escalas regional e nacional.
O SIG, segundo Lesage et al. (2001), possui também informações
importantíssimas quanto à prevenção e combate a incêndios florestais tais como:
localização das unidades administrativas e operacionais, rede hidrográfica, uso da terra,
rede viária, localização dos Pontos de Defesa Florestal Contra Incêndio (PDFCI),
represas e açudes, variações climáticas, etc, informações estas que constam dos
inventários elaborados nos 15 departamentos franceses que integram a costa
mediterrânea da França.
Outro exemplo interessante da utilização dos SIGs na área florestal é o
sistema implantado no Canadá, que, segundo Lee et al. (2002), utiliza tecnologias dos
SIGs mas tem características específicas para a área florestal, denominado como
Sistema de Gerenciamento de Incêndio – system Fire Management (sFMS). Foi
projetado para apoiar as políticas públicas canadenses no que diz respeito aos incêndios
em áreas florestais. Esse sistema, que integra um programa em nível nacional consegue
prever e administrar em tempo real ou de hora em hora, alertando para situações
iminentes de incêndio que possa estar ameaçando determinada região.
35
Neste caso o sistema FIRE elabora diversos produtos cartográficos: cartas de
comportamento do fogo, cartas de locais com possíveis probabilidades da ocorrência de
incêndios, estatísticas quanto à duração do incêndio, bem como cálculo da área que
pode ser atingida, podendo predizer quais os impactos que o incêndio poderá causar, ou
seja, qual a área queimada e até o percentual da emissão de gás-estufa na atmosfera. Os
resultados conseguidos são porque os dados climáticos também são incorporados ao
sistema tais como: temperatura, umidade relativa do ar, direção dos ventos, entre outros.
Tais dados são tabulados e posteriormente analisados por uma equipe de especialistas
que imediatamente decidem qual a melhor estratégia a ser empregada, a utilização ou
não de meios materiais, humanos e inclusive o uso ou não de aeronaves (LEE et al.
2002).
Contudo ressalta Lee et al (op.cit.) que também são utilizadas imagens de
satélite AVHRR bem como fotografias aéreas, que contribuem ainda mais com a análise
cartográfica da área atingida. Esses dados são disponibilizados também pela internet, o
que demonstra a preocupação do Canadá com as questões florestais. Há mais de 30 anos
a população canadense mantém uma relação de constante vigilância através de sistemas
operacionais, cada vez mais avançados, como é o caso do Sistema Canadense de
Monitoramento de Incêndio em Áreas Florestais – Canadian Wildland Fire Information
System (CWFIS).
Florenzano (2002) destaca que nas últimas décadas no Brasil ocorreu um
aumento expressivo das queimadas e que isso ocorre devido ao aumento da ocupação de
seu território, uma vez que o processo de povoamento do país ainda é muito latente.
Defende a importância da detecção e do monitoramento de queimadas e dos incêndios
florestais que acabam causando diversas implicações ecológicas, climáticas e
ambientais. A autora ressalta a importância da utilização das imagens de satélites para a
detecção dos focos de incêndios já que é possível detectá-los e localizá-los em tempo
real, em todo o território brasileiro, através de imagens AVHRR dos Satélites NOAA e
Landsat-5. As imagens de satélites aliadas ao SIG possuem uma utilidade
importantíssima no estudo e monitoramento do meio ambiente, podendo inclusive ser
utilizados durante as atividades de planejamento de cidades e regiões.
No trabalho dos pesquisadores Deppe e Paula (2003), estes defendem que o
controle adequado de incêndios passa a ser economicamente viável e necessário, uma
vez que contribui para a minimização de determinados efeitos e causualidades tais
como: as perdas econômicas e a degradação ambiental. Nesse trabalho os autores
36
também demonstram que quanto aos incêndios há a vantagem da prevenção e do
controle; e comparando-se com outros desastres de natureza geológica e meteorológica
as ações de prevenção tornam-se muito mais eficazes.
Sendo assim, a importância da utilização dos Sistemas de Informações
Geográficas como ferramenta incorporada a sistemas de tomada de decisão são de
grande valia no que diz respeito à prevenção e ao combate de incêndios florestais. E que
em estudos realizados por Deppe e Paula (op.cit.), os autores proporcionaram o
desenvolvimento de um sistema denominado FIRES, os dados foram organizados em
um SIG, que, por sua vez, encontra-se integrado ao software Arc View GIS 3.2,
utilizando suas extensões Spatial Analyst e Network Analyst. O sistema combina assim a
habilidade da realização do cruzamento e a composição de informações armazenadas
em diferentes layers, facilitando a geração de informações de cunho estratégico. Esse
fato faz com que aumente e muito a capacidade de se identificarem falsos alarmes em
relação aos focos de calor uma vez que estes são detectados pelo sistema com auxilio de
técnicas de Sensoriamento Remoto, que por sua vez utilizam imagens NOAA/AVHRR.
Para que o sistema FIRES funcione, as imagens são analisadas juntamente
com o cruzamento de informações das localidades onde há a ocorrência de focos de
calor com dados a respeito do estado de vegetação, o que proporciona a análise dos
riscos de incêndio florestal, considerando-se também a proximidade ou não de rodovias.
Outra informação importante acrescentada ao sistema é a localização das unidades do
Corpo de Bombeiros, para que o mesmo execute uma integração total, por meio de um
cruzamento eficiente de dados, sejam eles fisiográficos, composto pelas redes de
drenagem e unidades de conservação ambiental, e dados logísticos, atuando assim como
suporte para definição de ações estratégicas e planos de monitoramento que visem as
ações de prevenção e combate. Tais ações tornam-se cada vez mais eficazes na extinção
imediata dos incêndios (DEPPE e PAULA, 2003).
Por outro lado o trabalho elaborado por Yadav et al. (2003) demonstra a
experiência dos impactos da silvicultura na população de Helebang no Nepal. São
apresentadas situações em que a comunidade passou a conviver de maneira direta com
as florestas, explorando de forma sustentável os recursos das florestas de pinus
existentes nas proximidades. A integração tornou-se importante. Segundo os autores,
antes da realização desse estudo 75% dos locais pesquisados estavam em situação
crítica. A administração das florestas passou para o controle direto das comunidades
representadas por grupos conhecidos como Bafios, só que no início eles não possuíam
37
uma organização efetiva e não conseguiam conter os vários focos de incêndios
florestais.
Após essas experiências, os Bafios se organizaram e passaram a investir em
um Sistema de Proteção de Florestas, instituindo o primeiro grupo de guardas florestais
com a missão de patrulhar as áreas florestais. Outro problema enfrentado foi a
inexistência de um inventário da área de estudo com informações atualizadas a respeito
das atividades florestais e de vegetação existente, o que dificultou assim os trabalhos de
monitoramento e defesa florestal. Constatou-se uma necessidade de um apoio técnico,
pois, como foi detectado pelos pesquisadores, a ausência de um sistema eficiente de
monitoramento de incêndios ameaçava todo o empreendimento relativo às atividades
florestais tais como extração de resina do pinus, das folhas e da própria madeira. Tal
situação demonstrou claramente que a ausência de um SIG nessas situações pode
comprometer a sobrevivência de comunidades que estão intimamente ligadas a
atividades florestais, tendo-se aí não apenas um problema de cunho ambiental mas
também social.
Para Pinheiro e Kux (2005), durante a produção de mapas temáticos é
necessário informar a sua exatidão, mapas temáticos necessitam ter um alto grau de
confiabilidade, pois poderão ser utilizados como subsídios em ações referentes ao
Planejamento Ambiental e Prevenção de Incêndios. Os autores destacam a importância
dos trabalhos de campo associados à utilização de imagens de satélite, proporcionando
assim maior exatidão temática quando da interpretação visual de imagens, digitalizadas
na tela do computador. Ainda que para alguns pesquisadores a interpretação visível da
imagem e os procedimentos metodológicos utilizados, sejam considerados como
subjetivos, segundo os autores ainda são as melhores opções para o mapeamento de
áreas que estão constantemente sujeitas a processos de destruição, pois permitem
melhoria nas ações de gerenciamento de áreas no tocante a preservação dos
ecossistemas e dos maciços florestais remanescentes que mantêm a diversidade
biológica das áreas florestais ameaçadas no Brasil como Mata Atlântica, Cerrado e
outras áreas.
38
2.3 - Conceitos e Definições de Incêndios Florestais
Os incêndios florestais normalmente começam por relâmpagos, queima de
entulhos, gases emitidos pelos escapamentos de máquinas e equipamentos, queimadas
com fins agrícolas, cigarros jogados negligentemente e incêndios criminosos.
Segundo Coelho (1999), na floresta pode ocorrer 04 tipos de incêndios,
caracterizados, como: incêndio superficial, de solo ou subterrâneo, de copa e focos de
fogo, demonstrados nas Figuras 01 a 04.
De acordo com Coelho (op.cit.), o primeiro tipo é o incêndio superficial
conforme podemos notar na Figura 01. Tem esse nome, pois caminha pela superfície do
solo e queima gramíneas, ramos e folhas, também incendeia toras e troncos que estão
em seu caminho. Este tipo de incêndio é considerado como sendo o mais comum.
Figura 01: Incêndio Superficial
Fonte: Aula Sobre Incêndios Florestais (Costa, 2002, Slide nº 03)
Como segundo tipo tem-se o incêndio de solo ou subterrâneo, como se pode
observar na Figura 02. Esse tipo queima a matéria orgânica (restos de vegetais) que se
encontram abaixo da superfície. Normalmente é um fogo de combustão lenta, sem
chamas (COELHO, 1999).
39
Figura 02: Incêndio de Solo ou Subterrâneo
Fonte: Aula Sobre Incêndios Florestais (Costa, 2002, Slide nº 04)
Outro tipo muito comum de Incêndio, segundo Coelho (1999) é o incêndio
de copa. Tem essa denominação, pois caminha pelas copas das árvores, conforme pode-
se notar na Figura 03. Este tipo de incêndio ocorre geralmente em dias de muito vento e
com baixa umidade relativa do ar.
Figura 03: Incêndio de Copa
Fonte: Aula Sobre Incêndios Florestais (Costa, 2002, Slide nº 05)
Na interpretação da obra de Coelho (1999) o quarto e último tipo de incêndio
em florestas é conhecido como focos de fogo. São na verdade inícios de incêndios que
40
ocorrem nas proximidades do incêndio principal, e geralmente são causados por
fagulhas ou folhas atiradas do incêndio principal. A menos que seja apagado a tempo,
cada foco pode transformar-se em um novo incêndio, agravando ainda mais a situação.
Figura 04: Focos de Fogo
Fonte: Aula Sobre Incêndios Florestais (Costa, 2002, Slide nº 06)
Os incêndios, segundo sua extensão, podem ser divididos em classes que vão
de A até E, ficando assim distribuídas (Tabela 01):
Tabela 01: Classes de Incêndios
CLASSES Extensão (m²)
A Área menor que 1.000
B 1.000 a 5.000
C 5.000 a 50.000
D 50.000 a250.000
E Área maior que 250.000
Fonte: Coelho (1999, p.06)
Quanto ao seu tipo, segundo Teie (1994), os incêndios podem ser
classificados de A até D, assim distribuídos (Tabela 02):
41
Tabela 02: Tipo de Incêndios
CLASSES TIPOS
A Madeira e outros materiais combustíveis orgânicos
B Incêndios de petróleo e produtos derivados do petróleo
C Incêndios elétricos, aqueles que envolvem linhas elétricas
carregadas
D Incêndios de metais, aqueles que envolvem a combustão
de metais
Fonte: Teie (1994, p.64)
Segundo Coelho (1999) no que diz respeito a sua forma, os incêndios podem
ser caracterizados por partes (Figura 5) e descritos da seguinte maneira:
Figura 05: Forma de um incêndio
Fonte: Coelho (1999, p.06)
- Perímetro: é o atual limite do incêndio, é medido pela distância em torno
dos limites das chamas;
Flancos
Cabeça / Frente
Origem
Base / Cauda
42
- Frente: é a parte do incêndio que se movimenta mais rápido. Um incêndio
pode ter duas ou mais frentes, quando o vento muda de direção, pois os
flancos ou a retaguarda podem dar origem a uma nova frente. Isso acontece
rapidamente e sem qualquer sinal que possa alertar o que vai acontecer;
- Retaguarda: é a parte do incêndio que se move mais lenta, ou seja, é a parte
de trás;
- Flanco: são os dois lados do incêndio entre a frente e a retaguarda. Os
flancos geralmente movem-se mais ou menos paralelos à direção do vento.
De acordo com a revisão de literatura na obra de Coelho (1999), o mesmo
ressalta que não há incêndios iguais, e uma regra básica que toda a equipe empenhada
em combater incêndios deve saber, principalmente o coordenador chefe de operações, é
que cada incêndio tem suas peculiaridades e que, mesmo acontecendo em locais
distintos, deve-se atentar para diversos fatores tais como: temperatura, umidade relativa
do ar, tipo de vegetação, topografia e direção dos ventos.
O fogo pode ser considerado como um inimigo potencial das florestas, tanto
naturais como plantadas, por ser uma força altamente destrutiva quando não controlado.
Quando utilizado de forma controlada, pode ser de grande utilidade para as atividades
florestais uma vez que em planos de prevenção o fogo pode ser utilizado para a redução
de material combustível no interior das florestas, como é utilizado em parques nacionais
nos Estados Unidos e em florestas localizadas na Espanha e França. E que ainda
existem grandes controvérsias sobre os possíveis danos que o fogo pode causar às
árvores do povoamento, sendo imprescindível o estudo do comportamento do fogo a
fim de se avaliar seu efeito sobre as árvores (SOARES, 2005).
Para tanto, Soares (2005), ressalta que é interessante entendermos que em se
tratando de incêndio florestal, este tem início através de um pequeno foco (fósforo
aceso, “bitucas” de cigarro, fagulhas, pequenas fogueiras, etc.). O fogo pode ser
conceituado como sendo um fenômeno físico resultante da rápida combinação entre
duas substâncias distintas, o oxigênio e uma substância qualquer (ex. palha, grama seca,
madeira, etc.), que com a produção de calor, luminosidade, evoluem para chamas
devido à ocorrência de combustão entre as substâncias envolvidas. Resulta daí uma
reação química por oxidação, tendo-se o que é conhecido como sendo o “Triângulo de
Fogo”, conforme demonstrado na Figura 06.
43
Figura 06: Triângulo de Fogo
Fonte: Coelho (1999, p.01)
A redução ou exclusão de qualquer um desses elementos pode inviabilizar o
processo de combustão, extinguindo-se aí o foco que poderia resultar em um incêndio
de grandes proporções. De acordo com Soares (2005), um incêndio florestal superficial,
após iniciado pelas causas citadas anteriormente, tende inicialmente a se propagar para
todos os lados de forma aproximadamente circular.
Em um segundo momento sua forma é alterada pela ação do vento e da
topografia. Em função disso Soares (2005) ressalta que nessa fase o fogo já apresenta
forma definida, podendo ser divido nas seguintes partes: cabeça ou frente, flancos,
cauda e base. A cabeça ou frente é a parte que avança mais rapidamente seguindo a
direção do vento, e a cauda ou base se propaga em direção oposta ao vento e em menor
velocidade, podendo-se às vezes até se auto-extinguir. Os flancos se propagam seguindo
a direção perpendicular à frente do incêndio, ligando-se esta à cauda.
Em se tratando da propagação dos incêndios, vários fatores contribuem para
que ele se espalhe com mais velocidade, tais como: material combustível, a umidade
presente nesse material, as condições climáticas predominantes no local, a topografia e
o tipo de floresta. Existe uma diferença na ação de cada um destes fatores em virtude de
que para cada região e época do ano existem peculiaridades locais que devem ser
constantemente observadas, pois causam uma grande diferença no comportamento dos
incêndios. A observação atenta é considerada como sendo um passo básico na avaliação
44
dos vários fatores ambientais a respeito do comportamento do fogo. Podem ser
utilizados como subsídios no planejamento das ações a serem efetuadas durante aos
trabalhos de prevenção e de combate aos incêndios (SOARES, 2005).
Dentre esses fatores podemos destacar os seguintes:
1- Dimensões da chama: a dimensão vertical das chamas produzidas durante os
incêndios é utilizada para estimar a intensidade do fogo (Batista, 1990 apud Soares,
2005). Existe aí uma certa dificuldade em se identificarem essas dimensões, as
principais dimensões obtidas são:
a) comprimento da chama: é a distância entre a ponta da chama e o solo ou
superfície do combustível restante, medida no meio da sua zona ativa. O
comprimento da chama pode ser estimado no próprio incêndio ou por meio de
fotografias, necessitando-se para isso de alguma referência no local que possa
servir de escala;
b) altura da chama: é a distância entre a ponta da chama e a superfície do solo ou
do material que está queimando, medida verticalmente em relação ao solo. A
estimativa da altura das chamas pode ser feita por meio da carbonização na
casca das árvores. Quando a inclinação das chamas é 45º ou mais, o
comprimento é praticamente igual à altura. Entretanto, se a inclinação for menor
que 45º, a altura será sempre menor que o comprimento;
c) profundidade da chama: é a distância, na base da chama, entre a margem
dianteira e a margem posterior.
Portanto, segundo Soares (2005) quando se usa a altura das chamas ao invés
do comprimento, para estimar a intensidade do fogo, quanto maior for o ângulo de
inclinação da chama em relação ao solo, menor será o erro da estimativa.
De acordo com Soares (2005) a obtenção dessas medidas, no entanto, não é
tão simples assim. A ponta da chama é uma referência muito instável, portanto faz-se
necessário obter uma média de várias observações durante um determinado período de
tempo, a fim de que ela possa ser representativa do comportamento do fogo.
2 - Intensidade do fogo: a intensidade do fogo segundo Soares (2005) é a taxa de
energia ou calor liberada por unidade de tempo e por unidade de comprimento da frente
de fogo. Numericamente é igual ao produto da quantidade de combustível disponível
pelo seu calor de combustão e pela velocidade de propagação do fogo, como demonstra
a equação de (Byram s/d apud Soares 2005).
45
I = H.w.r
Sendo:
I = intensidade do fogo em kcal/ms
H= calor do combustível em kcal/Kg(+4.000 kcal/Kg)
w= peso do combustível disponível em Kg/m2
r= velocidade de propagação do fogo em m/s
Pode-se estimar a intensidade do fogo através de sua relação com o
comprimento médio das chamas. Traduz-se esta relação através da seguinte equação:
I=63,05 . hc2,17
Sendo:
I= intensidade do fogo em kcal/ms
hc= comprimento das chamas em m
Segundo Soares (2005) a intensidade do fogo, calculada por meio das equações
de Byram (Byram s/d apud Soares, 2005), tem demonstrado ser um parâmetro muito útil
na descrição do comportamento do fogo, além de servir como um índice de referência
para visualizar e comparar as taxas de energia liberadas por diferentes incêndios.
Devido ao fato de o combustível requerer certo tempo para queimar, a liberação de calor
não está limitada à parte mais avançada da frente do fogo, mas acaba se estendendo
retroativamente através de toda a zona onde está ocorrendo a combustão;
3- Velocidade de propagação: é a expressão usada para descrever a taxa segundo a qual
o fogo aumenta, tanto em área como em lineamento. Em estudos de comportamento do
fogo, um dos mais importantes parâmetros é a taxa de propagação linear do fogo, ou
velocidade de propagação, que pode ser medida em metros por segundo, metros por
minuto ou quilômetros por hora. Para isso podem ser utilizados modelos matemáticos,
que estimam a velocidade de propagação de incêndios. Outra forma de medir a
propagação do fogo pode ser também a medida direta através da cronometragem de uma
46
distância pré-estabelecida e percorrida pelo fogo. Apesar de não ser um dos parâmetros
mais fáceis de medir um incêndio, a velocidade de propagação é muito importante na
previsão do comportamento do fogo (SOARES, 2005);
4 - Tempo de residência: o tempo de residência ou o intervalo de tempo em que a frente
de fogo permanece num determinado ponto é também um importante componente do
comportamento do fogo. Segundo Soares (2005) tal importância se deve ao fato de que
os danos causados à vegetação dependem não apenas da temperatura do fogo, mas
também ao tempo de exposição da vegetação a essa temperatura.
Na interpretação de Soares (op.cit.) pode-se constatar que o tempo de
residência pode ser mensurado diretamente ou estimado por meio de outros parâmetros,
sendo interessante o acompanhamento da variação da temperatura com pares térmicos
colocados na superfície do solo, determinando-se dessa forma o tempo de residência, ou
seja, o intervalo entre o aumento significativo da temperatura e o seu declínio aos níveis
anteriores. Pode ser medido também com o auxílio de um cronômetro, observando-se aí
o tempo gasto pela frente de fogo para passar por um ponto pré-determinado.
O tempo de residência segundo o autor pode ser calculado por meio da
velocidade de propagação do fogo e a profundidade (ou largura) da chama.
Profundidade da chama é a distância horizontal entre duas extremidades da chama.
Outra estimativa do tempo de residência pode ser realizada também com base no
tamanho médio das partículas de combustível. Tal relação pode ser entendida através da
seguinte equação:
tr= P/r
sendo,
tr= tempo de residência em segundos
P= profundidade
r= velocidade de propagação do fogo em m/s
47
5- Calor por unidades de área e perdas de calor:
a) Calor por unidade de área: segundo Soares (2005) é o calor liberado por unidade de
área, podendo ser estimado por meio da observação da intensidade do fogo, dividindo-
se esta pela velocidade de propagação, ou seja:
Ha= I/r
sendo,
Ha= calor liberado em kcal/m2
I= intensidade do fogo em kcal/m.s
r= velocidade de propagação do fogo em m/s
b) Perdas de calor: entende-se como sendo o calor liberado pelo material que queima na
floresta não sendo ainda conhecido com precisão, mas seguramente é menor que os
valores apresentados anteriormente, pois a combustão em condições naturais não é
completa. Outras perdas de calor devem ser levadas em consideração quando se estima
o balanço de energia produzida pelos incêndios, tais como a perda por radiação e perda
pela presença de umidade (SOARES, 2005).
Alguns trabalhos, segundo Soares (op.cit.), indicam que a perda por radiação
pode chegar a cerca de 15% do valor máximo do calor de combustão do material
queimado. Levando-se em conta que essa perda ocorre devido à presença de água, do
teor de umidade do material combustível e calor de combustão pode-se estimar o calor
de combustão do material úmido através da seguinte equação:
Hw = Hd. [ 100-(U / 7) / 100 + U]
sendo,
Hw = calor de combustão do material úmido
Hd = calor de combustão do material seco
U= conteúdos de umidade em % de peso seco
Segundo o autor tendo em vista a presença de umidade no material
combustível, há a necessidade de calor para elevar a temperatura da água presente no
material combustível e aquecer o vapor d’água até a temperatura das chamas. Utiliza-se
para isso um valor menor do calor de combustão nos cálculos e trabalhos relacionados
com o comportamento do fogo, no que diz respeito às perdas de calor no processo de
48
combustão do material florestal em condições naturais. Uma vez que a variação entre os
diversos tipos de combustíveis florestais não é muito grande, esse valor de calor de
combustão pode ser considerado como uma constante, cujo valor recomendado é de
4.000 kcal/Kg de material consumido.
6- Altura de crestamento: pode-se defini-la como sendo a altura média de secagem letal
da folhagem das árvores, que ocorre durante o incêndio (SOARES, 2005). Ou seja, é o
efeito imediato do fogo, sendo um importante parâmetro a ser utilizado para se
estimarem os danos causados pelo incêndio à floresta, bem como para se estabelecerem
condições ideais para a realização de uma queima controlada dentro da floresta.
E que de acordo com Soares (op.cit.) existe uma preocupação crucial sobre o
efeito de qualquer incêndio florestal, no que diz respeito à sobrevivência ou não das
árvores atingidas, pois em incêndios de copa ou mesmo superficiais de grande
intensidade normalmente ocorre a morte das árvores. Já incêndios de baixa, média ou
variável intensidade podem provocar apenas danos superficiais ou a morte parcial da
área florestal atingida. Normalmente acima da zona de combustão de um incêndio
superficial há uma faixa dentro da qual a folhagem é crestada e morta pelos gases
quentes que se elevam das chamas.
Contudo ressalta Soares ((op.cit.) que as experiências anteriores têm
demonstrado que pelo menos para coníferas, a principal causa da mortalidade é o
crestamento, ou destruição total da copa, ao invés dos danos ao tronco. As cicatrizes
deixadas pelo fogo na base do tronco podem facilitar a penetração de fungos ou insetos,
mas não afetam diretamente a sua sobrevivência. Para morrer por danos causados
apenas no tronco, uma árvore tem que ser completamente anelada (envolvida) pelo
fogo, e um incêndio suficientemente intenso para provocar esse anelamento fatalmente
será capaz de crestar toda a sua copa. Em alguns casos a morte por meio de anelamento
pode levar vários anos, enquanto pelo crestamento da copa o processo é bastante
rápido. Em outros casos, algumas espécies podem suportar a perda de grande parte da
copa por crestamento sem mortalidade embora a taxa de incremento seja
temporariamente reduzida.
Outro fator agravante ressaltado por Soares (2005) é que a temperatura
alcançada, a determinada altura, pela coluna de convecção acima do fogo, depende de
três fatores: a intensidade do fogo, a temperatura do ar e a velocidade do vento. Em
uma determinada intensidade de fogo, ventos fortes tendem a dissipar a coluna de
49
convecção horizontalmente, reduzindo a altura de crestamento letal. A temperatura do
ar é outro fator importante, pois o acréscimo de calor necessário para matar a folhagem
depende natural e diretamente da temperatura inicial.
7 - Produção de calor: a produção de calor em altas temperaturas geradas pelos
incêndios florestais é classificada como importante componente do comportamento do
fogo e fator primário de dano, à vegetação, e ao próprio ecossistema local (SOARES,
2005). A temperatura da chama em um incêndio florestal pode atingir até 1250°C,
podendo essa temperatura ser ainda maior se medida no turbilhão de chamas de um
incêndio de alta intensidade. O material incandescente tem uma temperatura bem
menor, devido à formação de uma camada de cinzas sobre o combustível, que acaba
reduzindo o contato com o oxigênio, diminuindo-se assim a taxa de combustão e
conseqüentemente reduzindo a temperatura. Por exemplo, as temperaturas das brasas
são de aproximadamente 650°C, mas o tempo de exposição a esse material em um
incêndio é bem maior.
Como cada incêndio segundo Soares (op. cit.) tem características específicas,
as temperaturas registradas dependem de vários fatores, tais como a velocidade de
propagação, tipo de material combustível, época de queima, topografia, condições
climáticas, etc. A maioria das pesquisas registra temperaturas máximas entre 600 e
800°C, embora alguns possam ser inferiores a 300°C ou superiores a 1000°C, em
incêndios de baixa e alta intensidade, respectivamente, e nos casos específicos de
queima controlada a temperatura raramente ultrapassa os 500°C.
2.3.1 Índices de Risco de Incêndios
Os índices de riscos de incêndios são projeções matemáticas que refletem,
antecipadamente, a probabilidade de ocorrer um incêndio, que pode se propagar com
facilidade, de acordo com as condições climáticas e atmosféricas do dia em questão ou
da freqüência de um determinado período de dias. É importantíssimo para as ações de
cunho preventivo e pré-supressão de incêndios.
O autor Soares (2005) relacionou vários tipos de índices aplicados em vários
países como, por exemplo: os índices de Angstron utilizados na Suécia, os índices de
Telicyn e Nesterov empregados na ex União das Republicas Socialistas Soviéticas
50
(URSS) e o índice de Monte Alegre, utilizado no Brasil. Esse índice é conhecido
também como Fórmula de Monte Alegre
A Fórmula de Monte Alegre é um índice que foi desenvolvido por meio de
dados da região central do Estado do Paraná. Sendo um índice também acumulativo,
tem como única variável a umidade relativa do ar, medida às 13 horas. E a sua equação
básica é a seguinte:
FMA= Σ ( 100 / Hi )
Sendo:
FMA: Fórmula de Monte Alegre
H= umidade relativa do ar (%), medida as 13 horas
n= número de dias sem chuva
Como apresenta característica acumulativa, esse índice está sujeito às
restrições de precipitação, como mostra a Tabela 03.
Tabela 03: Análise da quantidade de precipitação
Chuva do dia (mm) Modificação no cálculo
≤2,4 Nenhuma
2,5 a 4,9 Abater 30% da FMA calculada na véspera
e somar (100/H) do dia
5,0 a 9,9 Abater 60% da FMA calculada na véspera
e somar (100/H) do dia
10,0 a 12,9 Abater 80% da FMA calculada na véspera
e somar (100/H) do dia
> 12,9 Interromper o cálculo (FMA = 0) e
recomeçar o somatório no dia seguinte
Fonte: Índices de Risco de Incêndios Florestais (Soares 2005, p.05)
Para a interpretação do grau de perigo estimado pela FMA, é necessária uma
escala como mostra a Tabela 04:
n
i = 1
51
Tabela 04: Interpretação do Grau de Perigo
Valor de FMA Grau de Perigo
≤1,0 Nulo
1,1 a 3,0 Pequeno
3,1 a 8,0 Médio
8,1 a 20,0 Alto
> 20,0 Muito Alto
Fonte: Índices de Risco de Incêndios Florestais (Soares 2005, p.05)
Segundo Soares (2005), após a determinação do Grau de Perigo por meio da
Fórmula de Monte Alegre, podem-se transferir os resultados para painéis coloridos
(Figura 07) colocados em pontos estratégicos, tais como estradas, rodovias, prédios
públicos a exemplo do que ocorre nas rodovias do Estado do Paraná onde tais painéis
são visíveis próximos às bases da Polícia Rodoviária Estadual. Eles alertam a população
sobre o perigo ou não de incêndios florestais, contribuindo e muito para com as ações
de prevenção de incêndios.
Figura 07: Modelo painel indicativo do grau de perigo de incêndio
Fonte: Coelho (1999, p.07)
Segundo Pezzopane et al. (2001) quando da realização de uma análise
espacial do risco de ocorrência de incêndios, deve ser considerado o fator cobertura do
solo, denominado como material combustível seguido pela análise do relevo da região
da área de estudo, neste caso o município de Viçosa em Minas Gerais. Nesse trabalho o
autor enfatiza que o vento é uma outra importante variável no estudo de incêndios
principalmente no que diz respeito a propagação e que a radiação solar também tem sua
importância. Uma vez que determina a disponibilidade energética contribuindo assim
para a redução da umidade do material combustível, principalmente em regiões com
52
relevo acidentado. Sendo que neste trabalho a determinação do risco de incêndios em
toda a área de estudo foi em função da variação dos valores da FMA – Fórmula de
Monte Alegre.
Tendo sido esta caracterização espacial e temporal do material combustível,
seguida pela análise do relevo da região e risco de incêndio que baseados em
informações metereológicas, acabam possibilitando com maior rapidez a detecção de
áreas críticas, além de simulações e acompanhamento da evolução de um incêndio,
demonstrando sua grande utilidade na prevenção e combate dos mesmos.
É interessante frisar que na região da pesquisa da presente dissertação devido
a proximidade com o Estado do Paraná, o índice mais utilizado dentre os citados
anteriormente é a Fórmula de Monte Alegre. E dentre as diversas utilidades e
aplicações dos referidos índices de perigo de incêndios, podemos destacar vários
fatores que contribuem e muito para as atividades de prevenção e combate a incêndios
florestais, como o conhecimento do grau de perigo, uma vez que estes índices
permitem, diariamente, um conhecimento do grau de perigo a que está sujeita a área
florestal, ao estimar a probabilidade de ocorrência de incêndios, desde que exista uma
fagulha para iniciar a combustão.
Outro fator importantíssimo é que tais índices podem ser utilizados no
planejamento do controle de incêndios; à medida que os valores dos índices aumentam,
indicam que as medidas preventivas de pré-supressão ao fogo devem ser intensificadas.
E quando os índices indicam que não existe perigo ou que ele é pequeno, as medidas de
prevenção e prontidão podem ser reduzidas, diminuindo assim os custos operacionais e
de controle. Podemos também utilizar tais índices a fim de se adquirir a permissão para
queimas controladas, uma vez que, de acordo com o Código Florestal, as queimas
controladas só podem ser realizadas mediante a autorização dos órgãos competentes, no
caso o poder público. Um dos fatores fundamentais observados para a concessão de
permissão para a queima é o índice de perigo de incêndio. Em casos do índice apontar
para alto ou muito alto, tal permissão não será dada pois há probabilidade do fogo
escapar ao controle e se transformar em um incêndio incontrolável.
Podem-se estabelecer zonas de perigo, através do acompanhamento da
evolução de tais índices, visto que, durante certo tempo, em grandes regiões tal prática
permite estabelecer as zonas potenciais, as zonas potencialmente mais perigosas ou
propícias à ocorrência de incêndios conhecidos como zonas de risco. Os índices podem
ser utilizados na previsão do comportamento do fogo, pois estimam também a
53
propagação e o potencial de danos, fornecendo uma boa idéia do comportamento do
fogo em caso de ocorrência de um incêndio, sendo limitado dependendo da situação.
Indica o que se deve esperar em termos de comportamento do fogo, podendo distinguir
seu grau de vulnerabilidade como, por exemplo, se o mesmo ocorrer em dia de perigo
médio ou muito alto.
Outro fator de relevância no estudo e utilização dos índices de risco de
incêndio, é que tal informação pode ser utilizada na divulgação dos meios de
comunicação a fim de que as pessoas que trabalham em áreas diretamente ligadas a
atividades florestais ou recreação possam ter conhecimento do grau de perigo de
incêndio. Acompanhados de outros esclarecimentos, tais informações podem contribuir
para a conscientização da população no tocante aos problemas que os incêndios podem
causar às florestas e à população local. Tais informações estão intrinsecamente ligadas
às questões de Planejamento e Ações de Defesa Civil, em caso de interdição ou
desocupação de determinada área de risco.
Para Nogueira (2002) dentre os vários procedimentos utilizados para a
redução dos casos de incêndio, a vigilância e a fiscalização são imprescindíveis em
qualquer ação de planejamento de proteção florestal uma vez que a melhor forma de se
combater um incêndio florestal é através de ações preventivas. Constituindo-se assim as
ações eficientes de vigilância, na primeira etapa para o sucesso do serviço de combate.
Neste trabalho tal afirmação é verdadeira uma vez que foi constatado que durante
situações em ações extremas que quanto mais cedo o foco de incêndio for detectado
menor será à frente do incêndio e consequentemente menor será a estrutura necessária
para debelá-lo.
Segundo Soares (2005) existe uma relação entre o fogo e a silvicultura que é
de vital importância para os profissionais que trabalham na área ambiental,
principalmente em atividades relacionadas com a operação e manejo florestal. É
importante lembrar que aliada à silvicultura existe uma preocupação em preservar
também os remanescentes florestais de matas nativas que em grande maioria acabam
convivendo harmoniosamente com as florestas plantadas.
54
2. 4 Exploração da Silvicultura
Os pinheiros são comuns nas florestas de coníferas setentrionais, mas os
climas temperados e subtropicais contêm a maior diversidade de espécies e apresentam
também os melhores índices de crescimento. Esses pinheirais adquiriram grande
importância econômica no mundo, sendo as espécies Pinus taeda, Pinus elliotti, Pinus
palustris, Pinus echinata, Pinus sylvestrris, Pinus radiata as mais difundidas e
plantadas (LEÃO, 2000).
Nos países da Europa e América do Norte, a matéria-prima para a indústria
de papel são tradicionalmente espécies do gênero pinus sp e outras coníferas. No Brasil,
essas culturas foram iniciadas nos anos de 1929, com plantações da Companhia
Melhoramentos, no município de Caieiras, Estado de São Paulo. Várias espécies foram
testadas: Cryptomeria japonica Don, Cupressus lusitanica MillCunninghamia
lanceolata Hook. Esta última demonstrou ser a mais promissora devido à boa produção
(aos 28-30 anos alcançava 25m cúbicos por hectare) e também pelo seu bom
desenvolvimento (aos 29 anos, atingia uma altura de 24 a 26m). Além disso, por
apresentar poucas exigências quanto ao tipo de solo e regenerar-se facilmente, tornou-se
a espécie mais cultivada (LEÃO, 2000).
No Brasil segundo Leão (op.cit.) foram introduzidas cerca de cinqüenta
espécies diferentes de pinus sp, cada qual específica para determinada condição
ecológica e objetivo econômico. A mais comum é o Pinus elliotti Engelm, o slash pine,
cujo plantio foi incentivado pelo governo do Estado de São Paulo, por meio de seu
Serviço Florestal. Essas árvores nativas do Sul dos Estados Unidos, valiosas
principalmente devido à precocidade, foram amplamente difundidas. Aos dez anos de
idade, elas alcançam em média, 10m de altura e 17cm de diâmetro. Quando atingem o
porte adulto, chegam a ter 15 a 40m de altura e 60-100cm de diâmetro. Desenvolvem-se
bem no cerrado suportando a estação seca sem prejuízo; exigem irrigação apenas nos
primeiros anos, mas em muitos locais chegam a dispensá-la e concorrem
vantajosamente com as reservas nativas.
Há cerca de 20 anos, teve o início da exploração resinífera no país, destinada
a fornecer matéria-prima à industria farmacêutica. Por causa do alto teor de resina –
seiva que escorre da casca dos troncos e dos galhos inferiores – contido no pinus elliotti,
a espécie foi selecionada para extração desse material, em detrimento da substância
55
obtida de outras espécies tropicais, que apresentavam baixa qualidade e,
consequentemente, pouca aceitação no mercado (LEÃO, 2000).
O Brasil chegou a ocupar uma posição de destaque no mercado mundial
nesse setor, classificando-se na década de 1980 como o segundo maior produtor.
Estima-se que das 75 mil toneladas de resina produzida anualmente, 70% originam-se
do Estado de São Paulo. Perto de 40 mil toneladas são industrializadas internamente nas
17 fábricas localizadas nas regiões Sul e Sudeste do país. Cerca de 15 mil toneladas são
exportadas in natura para Portugal, Índia e Argentina. E o restante cerca de 20 mil
toneladas, é exportado como derivados industrializados para a Índia e alguns países da
Europa( LEÃO, 1999).
O pinus sp, plantado no Sul do Brasil, principalmente nos Estados do Paraná
e Santa Catarina, além de servir como matéria-prima para a produção de celulose,
utilizado também na fabricação e produção de móveis, chapas e placas e vêm sendo
cortado com 20 a 25 anos, depois de passar por sucessivos desbastes. Várias espécies
tem sido cultivadas, todas exóticas, com destaque para o Pinus teada. Em meados de
1970 foram realizadas inúmeras experiências de se introduzir pinheiros tropicais no
Brasil. O Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais - IPEF , Órgão da ESALQ – Escola
Superior de Agronomia Luiz de Queiroz, em Piracicaba – SP, USP – Universidade de
São Paulo, foi um dos precursores no estudo deste assunto de maneira profunda (LEÃO
op.cit).
De acordo com Leão (2000) a expansão do plantio dessas árvores acabou
não se concretizando em virtude de razões ecológicas, uma vez que a grande maioria
das empresas, localizadas na região Sul do país, preferiu o plantio com espécies de
pinheiros provenientes de localidades de clima temperado, enquanto aquelas situadas
acima da linha do trópico de Capricórnio optaram por espécies com características
folhosas, como os eucaliptos, que apresentavam extraordinário crescimento em climas
mais quente.
Segundos estudos realizados por Andrade (1961); Figueri (1908) apud Leão
(2000) o eucalipto sp: é a espécie arbórea mais utilizada em reflorestamento no mundo,
sendo possível constatar que os primeiros eucaliptos sp plantados em solo paulista
foram provenientes da Austrália, país de onde os mesmos são nativos, tais tornaram-se
conhecidas na Europa por meio de dois ingleses o botânico David Nelson e o médico
Willian Anderson, que integraram as expedições do capitão Cook, realizadas entre 1776
e 1779. Anos mais tarde o botânico L. Heriter de Brutelle apud Leão (2000), utilizando
56
as espécies existentes no herbário do Jardim Botânico de Kew, em Londres, descreveu
pele primeira vez esse importante gênero de plantas da família das mirtáceas, em Sertum
Anglicum. Tendo os resultados desta pesquisa sido publicados em Paris em 1788.
No Brasil, segundo Leão (2000) os primeiros exemplares da espécie
conhecida como eucalyptus Gigantea foram plantados em 1823 no Jardim Botânico do
Rio de Janeiro, pelo seu diretor frei Leandro do Sacramento. Esta espécie foi também
empregada pelo major Archer no reflorestamento das matas da Tijuca. Em 1875, o
fazendeiro Matias Velho plantou três mil exemplares em sua propriedade no município
de São Jose do Norte, no Rio Grande do Sul.
Sendo que somente em 1904 é que teve início o plantio intensivo do gênero
eucalipto sp no Brasil, através do agrônomo Edmundo Navarro, após a execução de
vários experimentos nos hortos de, localizados nos municípios de Jundiaí e Rio Claro,
no Estado de São Paulo. Cinco anos depois, era publicado o primeiro livro sobre o
assunto, “A Cultura do Eucalyptos”, com 156 páginas (LEÃO,op.cit.).
De acordo com estudos realizados por Leão (op.cit.) no início do Século XX,
a Companhia Paulista de Estradas de Ferro – Cia. Paulista decidiu instalar povoamentos
de árvores em alguns pontos do interior do Estado de São Paulo, inclusive na localidade
onde futuramente iria se constituir o município de Cabrália Paulista, cuja madeira seria
utilizada como combustível nas locomotivas, sendo também empregada na fabricação
de postes e dormentes utilizados nas linha férreas. Segundo os autores era uma forma de
rebater as críticas aos desmatamentos efetuados pela empresa quando da implantação de
ferrovias. Devendo-se a esta atividade como sendo o motivo primeiro da introdução do
eucalipto sp em larga escala no país.
Segundo Sampaio (1926 apud Leão 2000) as estatísticas de 1923 elaboradas
pela Cia. Paulista, demonstram que tinham implantado cerca de 8,5 mil hectares com
eucaliptos em oito hortos florestais, com quase nove milhões de árvores.
Na interpretação de Leão (2000), foi constatado que cerca de 144 espécies
diferentes de eucalipto sp foram introduzidas nos país por Navarro, chegando os hortos
da Cia. Paulista a ter 230 espécies no total, com cerca de 86 destas espécies sendo
amplamente cultivadas nos anos posteriores a atuação deste pesquisador. E que por
ocasião de sua morte em 1941, Navarro de Andrade havia plantado em terras da Cia.
Paulista, cerca de 24 milhões de árvores. Quando as máquinas movidas à lenha foram
substituídas pelas movidas a diesel nos anos de 1940, o eucalipto sp já estava difundido
em todo o interior paulista.
57
Nos anos de 1960, segundo cálculos do Serviço Florestal do Ministério da
Agricultura apud Leão (2000), o Brasil, possuía 560 mil hectares reflorestados, dos
quais 447 mil situados no Estado de São Paulo. Nessa época houve uma substancial
mudança na política florestal do país com a instituição da legislação de incentivos
fiscais destinados ao reflorestamento, que vigorou até dezembro de 1987 e proporcionou
um extraordinário incremento dessa atividade.
Atividade esta que segundo Leão (2000) passou a ter inúmeras outras
utilizações constituindo a base da indústria de celulose de papel e painéis de madeira
implantada no país no período de 1960 á 1980. O corte dessas árvores ocorre aos sete
anos de idade, em um regime que permite até três rotações sucessivas e econômicas,
com ciclo de até 21 anos. Hoje, os plantios clonais possibilitam obter uma produtividade
nas florestas de até 50m3 /hectare/ano. Atualmente, de todas as árvores desse gênero
plantadas no mundo, quase a metade está no Brasil. Tendo em vista que no final do
Século XX o setor florestal brasileiro manteve um total de 4,6 milhões de áreas
plantadas com espécies de rápido crescimento tais como eucaliptos sp e pinus sp em
regime de produção. E que a qualidade da floresta, pode ter múltiplas funções. Nos anos
de 1990, o setor passou a dominar a tecnologia da produção, conscientizando de que
esta precisa ocorrer em harmonia com a natureza, preservando o ambiente. Sendo que
atualmente o grande desafio para os estudiosos e técnicos da área florestal está em
contornar os problemas sociais e políticos decorrentes da produção florestal, tornando as
populações que vivem em zonas de influência as principais beneficiárias do
desenvolvimento (LEÃO, op.cit.).
58
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A presente pesquisa foi desenvolvida por procedimentos metodológicos,
advindos de fragmentos de metodologias já aplicadas em outras pesquisas e que
subsidiaram a metodologia desenvolvida nessa pesquisa. Os procedimentos
metodológicos incluem desde a descrição do objeto da pesquisa; localização e atributos
do meio físico e/ou elementos da paisagem; até os métodos empregados na elaboração
das cartas temáticas, incluindo os materiais utilizados em campo e no laboratório.
Como área de estudo delimitou-se o segmento superior da bacia do rio
Alambari, recorte territorial definido pelo município de Cabrália Paulista, Estado de São
Paulo. Tendo em vista que em 2003 o Ministério do Meio Ambiente, incluiu o
município dentre as 900 áreas de interesse estratégico prioritárias para a conservação do
bioma Cerrado. Além disso, o município possue significativas reservas de vegetação
nativa “matas”, muitas delas inclusas na legislação federal como é o caso da Floresta
Estacional Semidecidual “Mata Atlântica”, em acordo com que dispõe o Artigo 3 do
Decreto Federal 750/1993, em consonância com a Resolução Conjunta SMA/IBAMA-
SP 01/1994 (BRASIL, 1994)
Na área estudada foram delimitados locais, principalmente propriedades
rurais, com expressiva cobertura vegetal ocupados por fragmentos florestados naturais
ou atividades específicas de silvicultura e culturas diversas. Tendo em vista que a área
de estudo possue atualmente 187 propriedades rurais com atividades diversificadas,
destas foram inicialmente visitadas e escolhidas 42 propriedades que apresentavam
características essenciais para a futura implantação de Núcleos de Defesa Florestal
(NDFs).
Dentre estas 42 propriedades foram selecionadas 10 como sendo áreas piloto
para a presente pesquisa, por apresentarem os critérios essenciais para um planejamento
estratégico de combate a incêndios florestais, segundo Vetorazzi e Ferraz (1998), que
são os seguintes: proximidade da propriedade de vias de acesso; estradas vicinais,
estradas pavimentadas e rodovias; para facilitar a acessibilidade para o apoio logístico;
pontos de captação de água (rios, lagos, açudes e represas).
Nas visitas as propriedades foram observados também a existência ou não de
dispositivos contra fogo e proteção das propriedades como aceiros e barreiras e a infra-
estrutura logística básica composta por: veículos, caminhões, caminhões pipa, tratores e
maquinários pesados dentre eles pode-se citar máquinas esteira, pás carregadeira e
59
moto-niveladoras, foi observada também a existência de ferramentas manuais diversas
como: moto-serras, bombas costal, pinga-fogo, etc.
Ressalta-se também que foram observadas nessas propriedades áreas
disponíveis para construções que sirvam de abrigos para as equipes envolvidas na
coordenação e no combate a incêndios, além da existência ou não de brigadas de
incêndios equipadas com Equipamento de Proteção Individual (EPI), composto por:
capacetes, óculos de proteção, jaquetas de nomex, polainas e botas de couro. Foi
considerada também a disponibilidade de áreas para pouso e decolagens de aeronaves e
contato direto com a base da Defesa Civil localizada na sede do município por meios
próprios de comunicação tais como rádio, telefone, internet etc.
3.1 – Material
O segmento superior da bacia do rio Alambari que integra o município de
Cabrália Paulista foi o material, ou seja, o objeto de análise da presente pesquisa por
meio da caracterização geográfica, na qual foram enfatizadas nesta parte da dissertação
as principais características do meio físico dentre os principais atributos e/ou elementos
da paisagem.
3.1.1 – Localização da área de estudo
O município de Cabrália Paulista está localizado na região Centro Oeste do
Estado de São Paulo, entre as latitudes 22º 37’ e 22º 56’S e longitudes 49º 31’ e 49º
45’W, com altitude média de 511m. O município possui uma área superficial de
236Km² inserido na bacia hidrográfica do rio Alambari, principal curso d’água que
drena a área do município.
O município é servido pelas rodovias SP 225 e SP 293 que o coloca em
comunicação no sentido leste - oeste do Estado de São Paulo com as cidades de
Duartina (11Km), pela rodovia SP 293, Lucianópolis via Duartina (25Km) e Ubirajara
(35Km). No sentido oeste-leste pela rodovia SP 225 com as cidades de Piratininga
(25Km), Bauru (37Km) e Pederneiras (67Km), onde se encontra instalado o Porto
Intermodal da Hidrovia Tiête Paraná com acesso pela rodovia SP 225 e Agudos
(46Km), por meio da rodovia SP 225 e rodovia SP 300 Marechal Rondon em Bauru. No
sentido sul Paulistânia (25 km), Santa Cruz do Rio Pardo (53Km) e Ourinhos (90Km),
60
pela rodovia SP 225 até Ourinhos onde se encontra a rodovia BR 153 com destino a
região sul do País o que proporciona grande facilidade de escoamento de mercadorias
para o Mercosul. O município encontra-se distante 350km da capital São Paulo sendo
que seu principal acesso é pela rodovia SP 280 - Castelo Branco distante 35Km da sede
do município no sentido Santa Cruz do Rio Pardo via rodovia SP 225 (Figura: 08).
3.1.2 – Clima
O clima predominante na área de estudo é o mesmo da região de Bauru-SP,
onde se encontra instalado o Instituto de Pesquisas Metereológicas – Ipmet da
Universidade Estadual Paulista – UNESP. Segundo Figueiredo e Sughara (1997), tem as
seguintes classificações:
1- Segundo Thornthwaite (Thornthwaite, 1931 apud Figueiredo e Sughara,
1997), o clima é: Sub-Umido (C), Mesotérmico (B’), com Pouca Umidade no Inverno
(w), e com a marcha anual da temperatura (c) concentrada em mais de seis meses no
ano. Classificação Climática: CB’cw.
2- Segundo Köppen (Köppen, 1948 apud Figueiredo e Sughara, 1997) foi
classificado como Quente sem estação seca, com temperatura média da estação quente
maior do que 22ºC. Classificação Climática: Cwa..
3.1.3 – Hidrografia
A Hidrografia do município de Cabrália Paulista corresponde à área drenada
principalmente pelo rio Alambari que tem sua nascente nas proximidades do distrito de
Brasília Paulista, município de Piratininga, é um afluente da margem direita do rio
Turvo e este por sua vez deságua no rio Paranapanema.
61
Limites da Área de Estudo
Área Urbana
Vias de Acesso
Curvas de Nível
BASE: IBGE – Cartas do Brasil 1:50.000, 1972/1973
Figura 08: Localização da área de estudo Fonte: Adaptado pelo autor
Cabrália Paulista
0 200 400 km 0 20 40 km 0 500 1000 m
0 1000 2000 m
N
35º W
10º S
7523 KmN
655
74º W
34º S 51º W
25º S
45º W
20º S
49º31’ W
22º48’ S
Duartina
Lucianópolis
Paulistânia
Paulistânia/Agudos
Piratininga
49º49’ W
22º56’ S
São Paulo
7503
659 663 667 671 675 678 KmE
7513
62
3.1.4 – Substrato Rochoso
Geologicamente a área de estudo pertence à unidade Geotectônica
denominada Bacia do Paraná que, segundo Almeida e Melo (1981), trata-se de uma
vasta superfície formada num grande geossinclinal pela deposição de sedimentos e
derrames de lavas basálticas, desde o Período Cretáceo da Era Mesozóica. Portanto, a
área assenta-se sobre litologias encontradas na Bacia do Paraná, pertencentes ao Grupo
Bauru. Esse é constituído por diversas formações predominantemente areníticas. Desse
modo, encontra-se na área de estudo as Formações Marília e a Adamantina.
3.1.5 – Solo
Os principais tipos de solos identificados na área de estudo foram: Latossolo,
Argissolo e Gleissolo. Esta identificação foi realizada em 1960 a partir de um
levantamento na escala 1:50.000, pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do
Estado de São Paulo - SAA, sendo que a nomenclatura utilizada na época foi atualizada
de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA (1999) e
foi corroborada em campo. A seguir são descritas as principais características de cada
grupo de solos:
-Latossolo: são solos altamente intemperizados, profundos e bem drenados, constituídos
predominantemente por sesquióxidos, minerais de argila do tipo 1/1 (caulinita) e
quartzo. Os óxidos de ferro livre contribuem para a agregação das partículas de silte e
argila, fazendo com que esses solos, sejam bem arejados e friáveis, com ótimas
propriedades físicas. Entretanto, a baixa atividade das argilas silicatadas e dos óxidos de
ferro fazem com que sejam em geral deficientes em nutrientes. O perfil do solo
apresenta seqüência de horizontes A, B e C com pequena diferenciação entre eles. A
textura pouco varia com a profundidade, uma vez que não apresentam horizonte
superficial de acúmulo de argila. Os latossolos são divididos em subclasses, de acordo
com a cor e o teor de Fe2O3, textura do horizonte B, caráter álico e saturação com bases.
-Argissolos: compreendem solos com horizonte B textural e argila de atividade baixa,
conhecidos anteriormente como Podzólico Vermelho-Amarelo, parte das Terras Roxas
Estruturadas e similares, Terras Brunas, Podzólico Amarelo e Podzólico Vermelho
escuro.
63
-Gleissolos: solos com horizonte glei, conhecidos como glei humido ou pouco humido,
hidromórfico cinzento ou glei tiomórfico. Compreendem uma classe de solo cuja
característica mais importante é a presença de horizonte glei a menos de 80cm de
profundidade, resultante de marcante processo de redução devido à proximidade do
lençol freático. Nesta categoria estão incluídos os solos glei pouco húmidos eutróficos e
distróficos. Esses solos apresentam uma camada superficial de material orgânico
(horizonte turfoso) inferior a 40cm de espessura, desenvolvem-se em planícies aluviais
onde é comum a ocorrência de extratos e apresentam grande diversidade textural,
ocorrendo desde arenosa até argilosa, predominando esta última.
3.1.6 – Relevo
O relevo na área de estudo, segundo Ponçano (1981), apresenta-se constituído
geomorfologicamente, escala regional, por colinas amplas, morrotes alongados e
espigões; descritos abaixo; com altitudes médias que variam de 500 a 640 metros do
fundo de vale até o topo do espigão:
- Colinas amplas: onde predominam interflúvios com área superior a 4 km², topos
extensos e aplainados e vertentes com perfis retilíneos a convexos. As drenagens neste
tipo de relevo são de baixa densidade, padrão subdentrítico com vales abertos e
planícies aluviais interiores restritas, com a presença eventual de lagoas perenes ou
intermitentes;
- Morrotes alongados e espigões: onde predominam interflúvios sem orientação
preferencial com topos angulosos e achatados, vertentes ravinadas com perfis retilíneos
com drenagem de média a alta densidade, padrão dentrítico e vales fechados.
3.1.7 – Cobertura Vegetal
A cobertura vegetal natural que recobria a área do município de Cabrália
Paulista anterior a 1854, segundo Kronka et al.(1993), era constituída, pela floresta
tropical subcaducifólia. No Inventário Florestal do Estado de São Paulo realizado em
1993, por este autor, foi constatada a existência de áreas remanescentes de cerrado,
campo cerrado, cerradão, vegetação de restinga ou várzea e floresta subcaducifólia
tropical (“Mata Atlântica”) tendo sido as áreas de Mata Atlântica confirmadas também
64
pelo levantamento da Organização Não Governamental - ONG SOS Mata Atlântica em
2003.
E que de acordo com o Inventário Florestal do Estado de São Paulo
apresentado por Kronka et al (2005), o mesmo explica que os resultados das
fotointerpretações indicou um área de vegetação natural remanescente de 5.035.070
hectares para todo o Estado de São Paulo, área esta que corresponde à 20,3% de sua
superfície. E que para cada fitofisionomia, os resultados foram os seguintes: mata –
2.069.920 ha (8,3%); capoeira – 1.241.090 ha (4,99%); cerrado – 784.990 ha(3,16%);
cerradão – 105.390 ha (0,42%); campo cerrado – 143.390 ha (0,60%); campo – 43.870
ha (0,18%).
Nas formações florestais nativas existentes na área de estudo, foi observado
que o cerrado e a Mata Atlântica são os dois biomas que possuem ainda significativa
presença, seguidos pelas formações de campo cerrado, capoeira, floresta estacional
semidecidual também conhecida popularmente como “mata” e a vegetação de várzea.
Foram utilizados os estudos realizados por Cavassan (2000), Leão (2000) e
Kronka et al (2005) como subsídio para a definição e caracterização dos biomas e
formações descritos a seguir:
- BIOMA I:
- Cerrado: segundo Cavassan (2000) o cerrado ocupava, no início do século XX, cerca
de 18,2% da superfície do Estado de São Paulo. Atualmente encontra-se representado
por fragmentos da cobertura original no interior, sendo constituídos por áreas disjuntas,
ou seja áreas que apresentam as mesmas características geomorfológicas só que em
locais diferentes mas dentro da mesma área de estudo, sem indicadores de que pelo
menos num passado recente, esteve ligado à porção nuclear que abrange o Brasil
Central e menos de 10% desses fragmentos encontram-se protegidos na forma de
Unidades de Conservação Estadual.
Ocorrem ainda concentrações, destas coberturas de vegetação natural,
sobretudo nas regiões de Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Presidente Prudente,
tendo como característica geográfica a Depressão Periférica Paulista do Planalto
Cristalino Atlântico no limite sudeste de distribuição da maioria dos fragmentos de
cerrado. Conforme foi observado por Kronka et al (2005) a existência na região de
Bauru, onde está inserida a área de estudo, onde o Cerrado se apresenta com
característica florestal. Esta formação vegetal tem características peculiares próprias
65
sendo universalmente conhecida como Savana (KRONKA et al, 2005) caracterizada por
dois estratos: um arborecente, de pequenas árvores tortuosas, espaçadas e dotadas de
cascas espessas, e outro baixo, formado por gramíneas, subarbustos e arbustos e quando
muito devastado, aproxima-se de um capinzal (campo-sujo); se mais preservado, é o
campo-cerrado. A flora é caducifólia (as folhas caem durante a estação seca, nos meses
de maio, junho e julho). Uma formação deste tipo bem-desenvolvida, densa e alta pode
abranger de 181 a 235 árvores por hectare.
Dentro deste bioma podemos destacar também:
- Cerradão: é caracterizado por formação vegetal constituída de três andares:
o primeiro apresenta espécies rasteiras ou de pequeno porte; o segundo arbustos
e pequenas formas arbóreas, não ultrapassando 5-6 m de altura e o terceiro,
arbóreo com árvores de 10-12 m (KRONKA et al, 2005);
- Campo Cerrado: é classificado como sendo um subtipo do cerrado com
predomínio de vegetação rasteira, principalmente gramíneas e pequenas árvores
e arbustos espaçados entre si (KRONKA et al, 2005);
- BIOMA II:
- “Mata” Floresta Estacional Semidecidual: floresta densa, sempre verde e diversificada
com árvores de até 20 metros de altura. Encontrada em trechos contínuos ao longo do
litoral e em pontos esparsos no interior do estado de São Paulo; também conhecida
como Mata Atlântica que era a densa floresta litorânea que impressionou os
colonizadores portugueses há quinhentos anos e foi intensamente explorada no decorrer
do tempo. Naquela época, eram 3,5 mil quilômetros de matas exuberantes numa faixa
contínua, com quase um milhão de quilômetros quadrados. Hoje, restam apenas
manchas isoladas nas unidades de conservação. A Mata Atlântica é considerada uma
das mais ricas do ponto de vista da diversidade biológica; caracteriza-se também por um
alto grau de endemismo, pois cerca de 70% das espécies das árvores que abriga são
exclusivas das zonas costeiras. (LEÃO, 2000);
Essa rica vegetação, segundo Leão (2000), foi sistematicamente arrasada por séculos de
exploração, tendo sido inicialmente utilizada para a extração do pau-brasil e depois com
as sucessivas derrubadas e queimadas, que possibilitaram o plantio da cana, café e
pastagens. Durante anos, a Mata Atlântica forneceu o combustível para engenhos de
açúcar, locomotivas e siderúrgicas, além de madeira de lei para consumo interno e
66
exportação. O crescimento das principais cidades brasileiras exigiu a redução gradativa
de sua área, limitando-a locais praticamente inacessíveis. Sendo que a mesma também
ocorre em várias regiões do interior do Estado de São Paulo, tendo sido a mesma
devastada quase que totalmente, durante a ocupação do Oeste Paulista para o
desenvolvimento da cultura cafeeira principalmente no final do século XIX.
Segundo Leão (2000), em uma pesquisa utilizando imagens de satélite, em que se
considerou a existência dos fragmentos florestais com mais de quatrocentos hectares, o
autor mostrou que existe apenas 8,8% da cobertura original revestindo 9,5 milhões de
hectares. Dessas áreas remanescentes, 79% estão localizadas nos Estados de São Paulo,
Paraná e Santa Catarina; e que deste percentual somente 5% estão no Nordeste do país.
Sendo caracterizada como Mata de altitude localizada inicialmente sobre a longa cadeia
de montanhas paralela ao oceano Atlântico, desde o Rio Grande do Sul ao Rio Grande
do Norte. No Estado de São Paulo sua área nuclear está localizada nas Serras do Mar e
Serra da Mantiqueira. Fora dessas regiões, apresenta numerosas extensões interiores do
território paulista sob a forma de capões e matas ciliares, e expande-se ainda pela
Argentina, com muitas espécies comuns ao Brasil.
A Mata Atlântica pode ser dividida em dois tipos básicos: florestal pluvial montana,
que reveste as serras entre 800-1700 metros de altitude, e a baixo montana, entre 300-
800 metros aproximadamente, descritas da seguinte maneira segundo Leão (2000):
Floresta pluvial montana: localiza-se nos morros das serras do Mar e
Mantiqueira, onde as árvores alcançam 20 a 30 metros, sendo que algumas
espécies emergentes podem atingir até 40 metros, como o jequitibá-rosa
(Cariniana legalis), é o reino das quaresmeiras (Tibouchina sp.), mais abriga
ainda palmeiras e inúmeras outras espécies geralmente adornadas por plantas
epífitas e samambaias. Acima de 1100-1700 metros a floresta pluvial é
substituída pela mata baixa e menos densa, de aspecto seco, com árvores
tortuosas, esgalhadas e numerosos arbustos;
Baixo montana apresenta solo profundo, elevações arredondadas sucessivas
ao longo de vastas extensões, expandindo-se por Minas Gerais, Espírito Santo,
Rio de Janeiro e São Paulo, onde chega até perto do mar. Há uma estação seca,
mas nos vales o clima é bem úmido. A estrutura e composição das diversas
porções são variáveis, como as condições do ambiente. As árvores podem atingir
até 12 metros de altura, com menor densidade entre elas. Algumas espécies mais
características são o angico (Pipadenia macrocarpa), maçaranduba (Persea sp.)
67
e o cedro (Cadrela fissilis). Nas zonas mais úmidas, elas podem atingir até 25
metros como o jequitibá (Cariniana esrellensis), e típicas são a garapa (Apuleia
leiocarpa), guarabu (Peltogyne sp.), murici (Byrsomina sp.), guapuruvu
(Schizolobium parahyba), jacaré (Piptadenia gonocantha) e vinhático-da-mata
(Plantymenia foliolosa) e as epífitas são raras.
- Capoeira: caracteriza-se como vegetação secundária da Floresta Estacional
Semidecidual resultante da exploração ou alteração de uma “mata primitiva”,
normalmente de porte menor e menos diversificada que a floresta original. Em locais
onde a alteração é mais intensa, apresenta inicialmente espécies pioneiras como a
imbaúba (Cecropía peltata) (KRONKA et al, 2005);
- Campo: vegetação rasteira composta por gramíneas e herbáceas, caracterizada pela
ausência de árvores de grande porte (KRONKA et al, 2005);
- Vegetação de Várzea: formação vegetal que ocorre ao longo dos cursos d’água,
apresenta árvores com copas que se destacam das demais e também árvores dominadas
(KRONKA et al, 2005);
3.2 – Método
Este trabalho foi realizado em várias etapas, empregando-se métodos e
técnicas específicas para cada etapa que configuraram a metodologia desenvolvida nesta
pesquisa.
As revisões bibliográficas sobre o tema foram realizadas durante tudo o
período de execução da pesquisa, destacando-se os autores específicos que foram
empregados na parte metodológica da pesquisa.
Esta dissertação foi estruturada seguindo-se basicamente três etapas
interligadas: o inventário (levantamento de dados existentes e produzidos), a análise
(elaboração de banco de dados e cartas temáticas) e a síntese dos resultados. A
seqüência metodológica está sintetizada em um modelo de diagrama (Figura 09) e
descrita da seguinte maneira:
68
Etapa 1:
- Definição da escala de pesquisa (1:50.000), delimitação e digitalização da base
topográfica da área de estudo;
- Coleta de dados bibliográficos, segundo as normas da ABNT/NBR –
14724/2002, para o resgate histórico visando a fundamentação teórica do tema a
ser pesquisado e da área de estudo;
- Levantamento de produtos cartográficos como: cartas topográficas, mapas e
cartas temáticas diversas e imagens de satélites;
69
70
- Elaboração de uma ficha de campo (Apêndice I); que foi elaborada utilizando os
procedimentos metodológicos propostos por Souza e Zuquete (1998), onde os
mesmos ressaltam que é necessário realizar coletas de dados em campo
elaborando-se para tal, uma Ficha de Campo, ficha esta que deve considerar as
características físicas e as peculiaridades locais obedecendo a critérios pré-
estabelecidos em campo, aliados aos objetivos da pesquisa, podendo ocorrer a
padronização de termos técnicos nas fichas que facilitam os levantamentos em
campo constituindo-se em uma ferramenta fundamental na criação de um banco
de dados digital;
- Realização de um sobrevôo sobre a área de estudo a fim de identificar o uso e a
ocupação atual da área com registros fotográficos de baixa altitude para auxiliar
na avaliação de propriedades com futuras possibilidades da implantação de
Núcleos de Defesa Florestal (NDFs);
- Caracterização geográfica da área com os detalhamentos dos futuros Núcleos de
Defesa Florestal (NDFs) com o uso das fichas de campo e aparelho de
navegação GPS (Global Positioning System).
Etapa 2:
- Elaboração da carta de localização dos futuros Núcleos de Defesa Florestal
(NDFs);
- Elaboração do banco de dados digital com a descrição de cada NDF, exemplo na
Figura 10, obtido do inventário (fichas de campo) das principais características
dos atributos meio físico como: o clima, a hidrografia, o substrato rochoso, o
solo, o relevo, a cobertura vegetal e a infra-estrutura, tendo sido cada um deles
analisado conforme metodologia específica.
71
Figura 10: Tela do software ArcView , exemplo do banco de dados do NDF 1
No levantamento das variáveis climáticas da área foram realizadas pesquisas
bibliográficas no trabalho de Figueiredo e Sughara (1997), nos registros da Casa
de Agricultura/CATI de Cabrália Paulista e SEMA (2005) que forneceram dados
de precipitação e temperatura. No que diz respeito aos dados da umidade relativa
do ar e direção e velocidade dos ventos os mesmos foram fornecidos pelo
IPMet/UNESP (2007) e INFRAERO (2006). Por meio da análise destes dados
foi possível alimentar o banco de dados com as variáveis climáticas obtidas.
A caracterização da Hidrografia, do substrato rochoso, dos solos e do relevo foi
obtida por meio de pesquisa bibliográficas e cartográficas, em conjunto com a
observação “in loco” durante a realização dos trabalhos de campo.
No que diz respeito a cobertura vegetal (nativa e silvicultura), a mesma foi
obtida por meio da análise e interpretação de produtos cartográficos, mapas e
cartas temáticas, imagens de satélite e fotografias de baixa altitude.
Quanto ao elemento infra-estrutura o mesmo foi analisado “in loco” durante a
realização dos trabalhos de campo, foram observadas as características e
critérios essenciais já definidos anteriormente na revisão bibliográfica;
72
- Elaboração das cartas temáticas digitais: hipsométrica, declividade, uso e
ocupação do solo e localização dos futuros Núcleos de Defesa Florestais e a
carta de risco de incêndios florestais, detalhadas a seguir:
Carta hipsométrica
Esta carta tem como objetivo definir e identificar as altitudes de uma
determinada área por meio das curvas de nível existentes, pois delimita a sua
maior e menor altitude. Durante a elaboração da mesma as curvas de nível foram
agrupadas em 05 classes, com cores diferentes as altitudes mais baixas de 500 a
540m (verde), acima de 540 a 580m (amarelo), acima de 580 a 600m (laranja),
acima de 600 a 620m (vermelho) e acima de 620 até 640 (vermelho escuro). A
eqüidistância foi definida em 20m, desta maneira tendo em vista a melhor
representação da área de estudo. Uma vez que de acordo com Mendonça (1999)
o estudo da hipsometria de uma determinada área possibilita a observação
altimétrica do relevo que está diretamente relacionado com a análise dos
processos de uso e ocupação do solo;
Carta de Declividade
A carta de declividade ou clinográfica consiste num instrumento de
representação da inclinação do terreno de uma determinada área. Este tipo de
documento cartográfico pode auxiliar na melhor utilização do terreno e como
ferramenta na prevenção e no combate a incêndios florestais.
Para elaboração dessa carta foram estabelecidas classes com cores diferenciadas
que melhor representassem a inclinação do terreno em relação ao plano
horizontal. As classes foram definidas em função da escala, da eqüidistância das
curvas de nível e do espaçamento entre elas seguindo a proposta feita pelo
Instituto Agronômico de Campinas – IAC (1991). A carta elaborada foi
representada por 05 classes em porcentagens: 0-3% (amarelo claro); 3-8%
(laranja); 8-12% (vermelho); 12-20% (rosa escuro) e >20% (roxo);
Carta de Uso e Ocupação do Solo e Localização dos Futuros Núcleos de Defesa
Florestais (NDFs)
Essa carta foi elaborada a partir da interpretação a imagem de satélite Landsat,
resolução 30m, (INPE, 2005), utilizando-se o método de análise proposto por
73
Kronka et al (2005). Este método delimita os usos da área com tonalidades e
texturas diferenciados por cores que evidenciam os tipos de culturas, vegetação e
ocupação destacando-se também a localização dos dez NDFs a serem
implantados futuramente;
Carta de Risco de Incêndios Florestais
Esta carta foi elaborada segundo partes da metodologia proposta por Vetorazzi e
Ferraz (1998), para o mapeamento de risco em escala regional, onde os autores
ressaltam que o mapeamento de risco de incêndios em fragmentos florestais
pode ser realizado em duas escalas distintas: local ou regional. Nessa pesquisa
optou-se pela escala regional uma vez que o objetivo era analisar o município
como um todo. Para esse tipo de caso os autores apresentam o mapeamento de
risco em nível regional por meio do esquema proposto na (Figura 11). O produto
final obtido foi fundamentado na proposta metodológica dos autores até as fases
correspondentes aos: “mapa-base de riscos de incêndios para a região” e
“informações sobre a dinâmica e uso da terra”. As fases seguintes envolvem
variáveis meteorológicas que permitem o uso de índices de riscos de incêndios
florestais como a Fórmula de Monte Alegre, descrita na parte 2 da presente
dissertação.
Na carta de riscos a incêndios florestais da área estudada foram utilizadas 03
classes de riscos; representadas em cores como o verde (baixo), amarelo (médio)
e vermelho (alto), a escolha dessas cores foi análoga ao conceito semafórico. A
elaboração dessa carta foi pautada principalmente na cobertura vegetal; pois o
conhecimento do tipo de vegetação permite quantificar o tipo de material
combustível disponível para queima em um eventual incêndio. A delimitação
final das áreas de risco é decorrente dos pesos atribuídos aos diferentes tipos de
cobertura vegetal e sua distribuição areal (Tabela 05), que foram fundamentados
em Oliveira. (2002) e adaptados para a área pesquisada.
74
Informações geocodificadas e
digitalizadas sobre os
Meios físico, biótico e antrópico da
região
Integração dos Planos de
Informações (PI`s) sobre a região
em um Sistema de Informações
Geográficas
Mapa-base de risco de incêndios
para a região
Incorporação de variáveis
meteorológicas e de informações
sobre a dinâmica e uso da terra
Mapas de risco para diferentes
situações ao longo da estação
seca
Figura 11: Esquema do processo de obtenção de mapas de risco de incêndios florestais Fonte: Extraído de Vetorazzi e Ferraz (p.113, 1998)
75
Tabela 05: Relação entre o tipo de cobertura vegetal e o risco de incêndios
Distribuição Areal/ Tipo de Cobertura Vegetal Risco Peso
Áreas com plantios de eucaliptos sp, pinus sp, seringueira e
laranja
alto 3
Áreas com vegetação remanescente “mata nativa”, culturas
diversas (café, cana-de açúcar, ec.) e pastagens
médio 2
Áreas sem cobertura vegetal (estradas, solos exposto, etc) e
áreas em descanso (disponíveis para futuros plantios)
baixo 1
Fonte: adaptado pelo autor de Oliveira (2002)
Etapa 3:
- Análise dos resultados e elaboração final da dissertação.
Vale ressaltar que no desenvolvimento desta pesquisa na fase relacionada com a
elaboração das cartas temáticas foi utilizado simultaneamente mais de um software:
Arcview 3.3, AutoCad (2.6) e Spring (4.3.2). Devido à não disponibilidade de alguns
aplicativos do software Arcview 3.3 e a interface amigável em algumas funções entre ele
e os outros dois softwares utilizados foi possível o desenvolvimento das análises
realizadas. Optou-se também por padronizar a apresentação dos produtos cartográficos
elaborados em um único software, pois cada um deles apresenta algum tipo de
vantagem ou desvantagem quando o material é impresso, formato analógico, ou quando
ele fica somente no formato digital.
Os materiais básicos utilizados para subsidiar os métodos empregados foram:
- Diversos produtos cartográficos mostrados no Quadro 1;
- Aparelho Receptor GPS – Etrex Legend – Garmim;
- Scanner A4 e A0;
- Softwares: AutoCad (2.6) – digitalização da base topográfica digital;
ArcView (3.3) – montagem do banco de dados e elaboração das cartas
de
localização dos NDF, uso e ocupação e risco de incêndios florestais;
Adobe Photoshop (7.0.1) – manipulação de fotografias;
Spring (4.3.2) – elaboração das cartas de hipsometria e de
declividade.
76
Produtos Cartográficos Fontes
Imagens de Satélite: Landsat TM (2005) INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)
São José dos Campos – SP (2005)
Carta Topográfica de Domélia: 1:50.000
Folha SF-22-Z-B-IV-1
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) 1972 – 1973a
Carta Topográfica de Duartina: 1:50.000
Folha SF-22-Z-B-I-3
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) 1973b
Mapa Geomorfológico do Estado de São Paulo:
1:500.000
IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do
Estado de São Paulo) – SP (1981)
Mapa Geológico do Estado de São Paulo:
Folha de Bauru – SP: 1:250.000
DAEE (Departamento de Águas e Energia
Elétrica) UNESP (Universidade Estadual Paulista)
São Paulo – SP (1997)
Mapa da fotointerpretação das diferentes
Fitofisionomias Vegetacionais do Estado de São
Paulo: (Figuras 43 e 53): 1:50.000
IF (Instituto Florestal)
São Paulo-SP (1993)
Quadro 01: Produtos cartográficos coletados durante a primeira etapa do trabalho de pesquisa
77
4- ANÁLISES E DISCUSSÕES
Nesta parte da dissertação são apresentadas as análises e as discussões dos
resultados obtidos durante a realização da pesquisa. Com base nos dados coletados para
atingir os objetivos propostos foi elaborado um histórico de ocupação da área de estudo,
assim como a descrição dos principais atributos do meio físico, como o clima, a
hidrografia, o substrato rochoso, o relevo e a cobertura vegetal.
A pesquisa também abordou as características da infra-estrutura existente
que juntamente aos atributos do meio físico podem ser relacionados com a ocorrência
ou não de incêndios florestais e nas atividades de prevenção.
Foram elaboradas também cartas de uso e ocupação do solo e a de risco de
incêndios florestais, para subsidiar a indicação das 10 áreas pilotos para a implantação
da sede dos futuros Núcleos de Defesa Florestal – NDFs, sendo que para isso estas áreas
tiveram seus dados tabulados com base nas informações extraídas das fichas de campo
(modelo no Apêndice) e foram apresentadas na forma sintetizada em um quadro ao
longo do texto a fim de contribuir na descrição dos futuros NDFs ao longo das análises.
4.1 – Histórico da ocupação da área de estudo e infra-estrutura atual
O nascimento do Patrimônio do Mirante, atual Cabrália Paulista, teve sua
origem quando as ferrovias Noroeste do Brasil e Paulista competiam pela disputa do
bravio sertão compreendido entre os rios Tiête e Paranapanema, rumo a oeste do rio
Paraná. Assim em 1905, a Noroeste plantava na cidade de Bauru o marco de partida
em direção ao Mato Grosso e a Paulista em 1910, ambas, transpondo o rio Tiête,
alcançavam a povoação de Bauru. Fruto natural do progresso das vias férreas inúmeras
cidades iam surgindo ao longo dos trilhos de ferro. De outra parte, intrépidos e
destemidos bandeirantes modernos, antecipando-se à solução fácil e lógica do
desbravamento dos sertões, trazido pelo lastro das ferrovias iam semeando povoações
onde daí alguns anos, viria o transporte ferroviário colher os frutos da agricultura e da
pecuária e até mesmo da indústria. Filha desse espírito de aventura nasceu Cabrália
Paulista (IBGE, 1957).
Além dos rios Feio e Batalha, segundo IBGE (op.cit) terras desconhecidas e
incultas esperavam sua vez de civilização e progresso. Foi então que, pelo ano de 1915,
autêntico desbravador de sertões, Antônio Consalter Longo, proveniente de Agudos,
78
radicou-se em vasta área de terreno à margem esquerda do rio Alambari, a 42Km de
Bauru, pertencentes originalmente ao Cel. Rodrigues Alves e juntamente com Manoel
Francisco do Nascimento, resolveram doar à Mitra Diocesana de Botucatu uma área de
vinte e dois alqueires e por meio de aforamento de datas, criar o Patrimônio do Mirante.
De acordo com IBGE (1957) em 1920, foi inaugurada a capela em louvor do
Senhor Bom Jesus, passando, a partir dessa data a chamar-se o lugar: Patrimônio do
Senhor Bom Jesus do Mirante. Ao lado da igreja, o Patrimônio ia crescendo e já em
1922 pela Lei nº 1893, de 16 de Dezembro, tornava-se distrito do Mirante, pertencente
ao município de Piratininga. Pelo Decreto nº 9775, de 30 de Novembro de 1938 o
distrito de Mirante passou a denominar-se Cabrália e em 30 de novembro de 1944, pelo
Decreto-lei nº 14.334, mudou novamente a denominação, passando a se chamar Pirajaí.
Em 24 de Dezembro de 1948, pela Lei nº 233, o então distrito de Pirajaí era elevado a
município, constituído do único distrito original, com o nome de Cabrália Paulista,
pertencendo à Comarca de Piratininga. Nesta época com a municipalização do
município vários fatores contribuíram para que a economia do mesmo se consolida-se
tais como o aumento das áreas de plantio do café no município, por meio do
desmatamento de grandes área de floresta no município de Cabrália Paulista como
pode-se notar na Figura12.
Figura 12: Tronco de Peroba retirado pelos Funcionários da Fazenda Fátima, das matas
existentes no município de Cabralia Paulista em 1951 Fonte: Arquivo pessoal do Sr. Joaquim Flavio dos Santos Camponez (2005)
79
Aliado a introdução do “Bicho da Seda”, incentivado por empresas
multinacionais de origem chinesa tais como a BRATAC S/A, GUNSAN S/A e
SOSEDA S/A. O município de Cabrália Paulista, após a decadência da cultura do café e
da cultura do “Bicho da Seda”, teve grande parte de sua área territorial no final da
década de 1960 e início dos anos de 1970, tomada por empresas interessadas em
implantar inúmeras áreas de silvicultura, reflorestamento, principalmente de pinus sp
uma vez que a região onde se encontra localizado o Município de Cabrália Paulista,
atendia aos atributos necessários entre eles as condições climáticas e solos apropriados
para o cultivo de reflorestamento, outro fator importante que influenciou a implantação
destas florestas, no início dos anos de 1960 e 1970, foi um grande incentivo por parte do
Governo Federal (KRONKA et al, 1993).
Sendo que o grande fator de desenvolvimento florestal segundo Leão (2000),
foi a aprovação da legislação de incentivos fiscais de 1966, que possibilitou às empresas
abaterem até 50% do valor do imposto de renda devido, para aplicar em projetos de
reflorestamento, através da Lei 5106, de 02 de Setembro de 1966. Proporcionando
assim as condições necessárias para a produção de madeira de forma racional para as
diversas utilizações, incorporando ao processo produtivo terras até então consideradas
marginais para a agricultura.
Neste mesmo período segundo informações do Instituto Brasileiro de
Desenvolvimento Florestal - IBDF, órgão federal criado em 1967 (IBDF, 1983, apud
Leão, 2000), encarregado de gerenciar o setor florestal na época, constatou que devido a
aprovação desta lei houve um crescimento da área de reflorestamento (silvicultura) no
país em torno de 100 a 250 mil hectares anuais no período de 1968 a 1973 e entre 1974
e 1982 elevou-se para 450 mil hectares anuais.
Segundo Leão (2000) o processo de ocupação do solo está aliado à expansão
dos níveis de consumo per capita de produtos florestais, condicionando-se assim a
criação de extensas florestas, vinculadas ao fornecimento de matéria-prima de baixo
custo para os segmentos estratégicos da economia brasileira. Surge então um grande
número de interessados nessa atividade que contando com os benefícios previstos na
legislação e aproveitando os recursos financeiros disponíveis, tornaram o ramo de
reflorestamento (silvicultura), uma operação de grande escala. Após dez anos da
aprovação da legislação de incentivos fiscais o Brasil era um dos quatro países que mais
promoviam plantios de árvores no mundo, depois da China, da extinta União Soviética e
dos Estados Unidos.
80
Leão (op.cit), afirma que nesta época o IBDF, registrou que os projetos de
reflorestamentos atrelados a política fiscal vigente, totalizaram cerca de 6, 2 milhões de
hectares entre 1967 e 1986, sendo 52% com eucalyptus sp e 30% com pinus sp. Tendo
sido esta legislação sucessivamente formulada entre 1970 e 1974, esses benefícios
foram extintos pelo governo e substituídos por outros, menos atraentes às empresas.
Tal fato é confirmado através de estudos realizados por Kronka et al (2002).
Quando o autor cita que durante a realização do Mapeamento da Quantificação das
Áreas de Reflorestamento do Estado de São Paulo, foi constatado que durante os
períodos analisados entre os anos de 1962, 1971 e 1973, houve por parte do Governo
um incremento da ordem de 279.730 ha, representando na época um aumento de 79,3%
na área de reflorestamento de pinus sp do Estado de São Paulo, como foi o caso do
município de Cabrália Paulista que teve um incremento de 124.870 ha, representando na
época um aumento de 72,6% da área plantada, sendo que tal situação só ocorreu devido
aos incentivos fiscais para o reflorestamento (silvicultura). As análises referentes ao
período de 1999-2000, indicaram uma redução expressiva nestas áreas de
reflorestamento (silvicultura), principalmente na 7ª Região Administrativa do Estado de
São Paulo, Região de Bauru.
Das empresas que atuaram na região podemos destacar a Reflorestadora
Tilibra S/A, Reflorestadora Martins Machado S/A, Fazenda São Sebastião do Alambari,
Salmem, Bauru Diesel, Reflorestadora O.K., sendo que esta última com sede na cidade
de Itapetininga, Estado de São Paulo, possue também várias áreas de silvicultura no
Estado do Paraná.
No início da década de 1980 várias empresas do ramo madeireiro composta
por serrarias, tais como, a Madeireira Cabrália (Figura 13), Madepinus, Industrial
Madeireira JR Ltda, Ripinus Industria de Madeira Ltda, Serraria Malmonge Ltda foram
consideradas como sendo as pioneiras que se instalaram na área do município uma vez
que na região de Cabrália Paulista era referência em reservas de pinus sp. Tais empresas
se instalaram com o intuito de explorar a grande reserva florestal existente nesse
município. Produzindo de início matéria prima para a indústria de Lápis Johann Faber
& Faber Castel instalada no município paulista de São Carlos, o perfil do município
que até então possuía característica predominante agrícola evoluiu para uma
característica industrial principalmente no ramo madeireiro.
81
Figura 13: Instalação inicial da Madeireira Cabrália (02/1984)
Fonte: Arquivo pessoal do Sr. Nivaldo Roberto Bettoni (2006)
Durante a década de 1980 surgiram outras empresas que passaram a produzir
outros artefatos de madeira voltados principalmente para o setor hortifrutigranjeiro, ou
seja, “caixas para frutas”, dentre elas podemos destacar a indústria de Embalagens
Colaço, Indústria de Embalagens para Frutas Regiane, Indústria de Embalagens para
Hortifrutigranjeiro ZK, Serraria Malmonge Madeireira Ltda. Também neste período
houve uma maior diversificação no setor madeireiro com o início da produção de
móveis e de urnas mortuárias com as empresas Indústria e Comércio de Móveis RJJ
Ltda, Comércio e Indústria de Urnas Leomar, Fábrica de Urnas Bignotto e Eucapinus
Indústria e Comércio Ltda, fazendo com que o município de Cabrália Paulista ficasse
conhecida como a Capital do “caixão” (urnas mortuárias) devido a quantidade de urnas
produzidas nestas empresas que eram enviadas para todos os cantos do Brasil bem como
até países da comunidade internacional incrementando ainda mais a economia do
município.
No final da década de 1980 e início dos anos de 1990 a fabricação de
“pallets” de madeira para a exportação começou ser amplamente produzido na área do
município através das empresas SG Indústria e Comércio de Embalagens de Madeira
Ltda e EMBALLET, sendo que esta última conquistou vários prêmios de importância
nacional na produção de “pallets” para a exportação atendendo empresas em todo o
território nacional, como pode ser notada a seguir na Figura 14.
82
Figura 14: Vista aérea do Distrito Industrial e atuais instalações da Embalet e Indústria Leomar
Fonte: Arquivo pessoal do Sr. Nivaldo Roberto Bettoni (2006)
No final da década de 1990 empresas como a RIPASA S/A Celulose e Papel e
a LWARCEL Celulose e Papel S/A ambas do ramo de produção de celulose e papel
adquiriram fazendas na área do município impulsionando ainda mais o setor da
silvicultura introduzindo aí o eucalipto sp.
O município de Cabrália Paulista, conta com uma população de 4.656
habitantes conforme o último censo de 2000, para todo o município sendo 2.348
homens e 2.308 mulheres dos quais 3.992 habitantes ou 85% na área urbana e 664 na
zona rural (IBGE, 2000). A principal aglomeração urbana existente é a sede do
município, com 3.992 habitantes, seguindo pelo bairro Floresta com aproximadamente
100 habitantes distando 11km da sede e pelo bairro Jibóia com aproximadamente 30
habitantes, distando 15km da sede. E, conforme projeção do IBGE para o ano de 2005 o
município estaria em torno de 5.063 habitantes (IBGE, 2005).
A economia do município encontra-se atualmente voltada em sua maior
parte para o setor madeireiro estando assim distribuída: 05 indústrias de urnas
mortuárias, 03 indústrias de embalagens de madeira usadas para exportação “palets”, 05
empresas fabricantes de embalagens (caixas) para frutas, 02 empresas fabricantes de
móveis, 02 empresas da área metalúrgica, 01 empresa fabricante de aquecedores solares
e 01 empresa da área química, localizadas no Distrito Industrial do município, sendo
que uma destas empresas localiza-se no bairro Floresta. Elas empregam juntas
83
aproximadamente 1.000 funcionários. Além destas encontra-se instalada uma filial da
Granja Céu Azul S/A com sua matriz localizada no município de Pereiras – SP, que
produz no município ovos, futuras matrizes de galináceos e frutas que são enviadas para
grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro e outros.
Em Cabrália Paulista existem também grandes empreendimentos na área de
reflorestamento de pinus sp e eucalipto sp localizadas em fazendas pertencentes as
Empresas RIPASA S/A Celulose e Papel, LWARCEL Celulose e Papel Ltda ambas
com sede em Lençóis Paulista-SP. No município encontra-se também a área de
agropecuária bem desenvolvida com a criação de gado de corte, plantações de laranja,
produção de hortifrutigranjeiros, cultura de cana-de-açúcar para as usinas da região,
distribuídas, em 164 propriedades rurais sendo que 60% das mesmas são propriedades
com até 100 hectares onde são empregadas grande parte da mão de obra restante.
O município de Cabrália Paulista é servido pela Empresa de Ônibus
Rodoviário Ibitinguense em vários horários de Cabrália a Bauru e vice e versa e também
pela Empresa Expresso de Prata Ltda com dois horários de Cabrália Paulista para São
Paulo e vice e versa.
O município conta com duas agências bancárias e o comércio é bem
desenvolvido contando com lojas de vestuários e presentes em geral, vários
supermercados bem aparelhados, lojas de material de construção, de produtos
veterinários, vários bares e lanchonetes, restaurantes e uma churrascaria. O município
possui em sua sede, vários atrativos, entre eles bares, lanchonetes, 01 danceteria, com
capacidade para 1.000 pessoas, possue também 01 Conjunto Poli Esportivo “João de
Oliveira” com piscina, quadras, campo de bocha e lanchonete, 01 estádio de futebol de
campo “José Ghinelli’, 01 ginásio de esportes “João Pires”, 01 biblioteca pública e na
zona rural existe uma cachoeira no bairro Floresta e trilhas pelas matas e estradas
municipais que permitem a prática de turismo ecológico.
A sede municipal possue prédios de alvenaria tem seus logradouros públicos
bem arruados, sargeteados, asfaltados e iluminados eletricamente, estando a sede assim
constituída de um Centro Urbano e mais quatro conjuntos habitacionais: Jardim Nova
Mirante, Nova Cabrália, Núcleo Habitacional Antonia Orlato Madrigal I e II. Nesses
conjuntos habitacionais e no centro urbano 100% das residências são atendidas pelos
serviços de abastecimento de água, que provêm de minas existentes na região, o esgoto
e a coleta de lixo são prestados pelo município.
84
A população de Cabrália Paulista é assistida no setor de Saúde com uma
Unidade Mista de Saúde e Pronto Socorro e vigilância sanitária, havendo na cidade 04
médicos, 05 dentistas e 02 farmacêuticos, 03 enfermeiras, 12 auxiliares de enfermagem.
O município possui 05 templos religiosos, sendo 04 cristãos e 01 espírita.
No que diz respeito a educação o município encontra-se bem estruturado nos
níveis que vão desde a educação infantil até o ensino fundamental e técnico. Pois conta
com as seguintes instituições de ensino: “Creche e Berçário Santa Maria Goretti” que
atende as crianças menores de 0 a 6 anos, e mais 04 escolas sendo uma escola estadual
“Senador Rodolfo Miranda” de ensino fundamental e médio com 1.200 alunos
matriculados, possui também duas escolas municipais, uma de ensino médio “Profa.
Ivani Cotobias Pimentel Maranho” com 500 alunos matriculados e uma de ensino
infantil “Profa. Maria de Jesus Pereira Camponês” com 170 alunos matriculados.
No município encontra-se instalada uma escola técnica agrícola “Astor de
Mattos Carvalho” mantida pela CETESPS – Centro de Educação Tecnológica Paula
Souza com 360 alunos matriculados, sendo que destes 93 são internos vindos de várias
cidades da região e inclusive de outros Estados, tais como Rondônia, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio de Janeiro. Os cursos oferecidos nesta instituição de
ensino são: técnico agrícola, pecuária, florestal, administração, informática,
programação, contabilidade e ensino médio. A escola que possui toda a infra-estrutura
necessária para os internos localiza-se a 3km da sede do município.
No município há também 86 universitários que estudam em universidades da
região como Bauru, Garça, Marília e Santa Cruz do Rio Pardo.
O município conta com 01 Delegacia de Polícia, 01 Destacamento da Polícia
Militar e com a Defesa Civil que mantêm uma Brigada de Combate a Incêndios
Florestais que também desenvolve outras atividades na área social tais como,
campanhas, palestras e orientações, com temas diversos: drogas, educação ambiental,
segurança no trânsito entre outros. O município possui também a Casa da Agricultura,
órgão da Secretaria Estadual de Agricultura com técnicos e engenheiro agrônomo que
atendem os proprietários rurais.
85
4.2 – Atributos do Meio Físico
Foram feitas as descrições dos principais atributos do meio físico, como o
clima, a hidrografia, o substrato rochoso, o relevo e a cobertura vegetal para subsidiar a
análise sobre a influência desses atributos na ocorrência ou não de incêndios florestais.
Clima
No Estado de São Paulo, o período mais crítico no que diz respeito a
incêndios florestais é o que está compreendido entre os meses de junho a outubro em
virtude dos seguintes fatores: época seca, os ventos atuam com maior intensidade e os,
agricultores, em geral, tem o hábito de promover queimadas em suas terras com o fim
de facilitar o preparo dos solos ou a reforma de pastagens (SÃO PAULO, 2006).
Tendo em vista que na área de estudo dentre as quatro estações do ano,
primavera, verão, outono e inverno, apenas duas o verão e o inverno é que possuem
características diferenciadas das demais, ou seja, bem definidas. Neste caso a variação
das temperaturas não é o fator determinante para diferenciar as estações, uma vez que
mesmo no inverno podem-se registrar temperaturas elevadas.
No que diz respeito à temperatura média no mês mais frio é inferior à 15°C
enquanto que no mês mais quente ultrapassa os 30°C, conforme podemos confirmar nas
Figuras 15 e 16 , onde são demonstradas as temperaturas máximas e mínimas na região
de Bauru, onde está inserida a área de estudo, no período de 1962 a 2005.
Figura 15: Temperaturas mMáximas x Recordes Máximo e Mínimo para a Região de
Bauru/SP (1962 a 2005) Fonte: Adaptado pelo autor, 01/2007, com base em Figueiredo e Sugahara (1997, p.10)
86
Figura 16: Temperaturas Mínimas x Recordes Máximo e Mínimo para a Região de
Bauru/SP (1962 a 2005) Fonte: Adaptado pelo autor, 01/2007, com base em Figueiredo e Sugahara (1997, p.10)
Sendo que para Figueiredo e Sughara (1997) é a precipitação que diferencia
uma estação da outra, pois no inverno chove em média 5 (cinco) vezes menos do que no
verão conforme podemos notar na Figura 17 a seguir, onde são demonstradas a
precipitação média mensal acumulada em milímetros, nos últimos 50 anos, por estações
climáticas juntamente com a temperatura média na região de Bauru – SP, onde também
encontra-se o gráfico (Figura 17) com os registros de precipitação média acumulada
para a região onde está inserida a área de estudo nos últimos 50 anos.
87
Figura 17 - Precipitação média acumulada em (mm), temperatura média na região de
Bauru/SP nos últimos 50 anos Fonte: Adaptado pelo autor, 01/2007, com base em Figueiredo e Sugahara (1997, p.10)
88
Na Figura 18 constata-se que na região onde está inserida a área de estudo no
período de 1985 a 2005 a precipitação pluviométrica média foi de 1.353,9mm.
Destacam-se os anos de 1989 e 1993 como sendo os anos onde ocorreram uma maior
quantidade de precipitação pluviométrica. Nesse período foram registrados 1.693mm e
1.587mm respectivamente, sendo que as chuvas são regulares de outubro a março, como
podemos notar na Figura 17, ilustrada anteriormente.
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
19851987
19891991
19931995
19971999
20012003
2005
Precipitação Acumulada (mm)
Figura 18: Gráfico da precipitação pluviométrica acumulada no período de 1985-2005 Fonte: Adaptado pelo autor com base nos Registros de precipitação pluviométrica Município de
Cabrália Paulista, SP, Casa da Agricultura/CATI (2005)
No que diz respeito ao comportamento dos ventos predominantes na área de
estudo, de acordo com dados da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária
INFRAERO (2006) e Instituto de Pesquisas Meterológicas da Universidade Estadual
Paulista-IPMet (2007), no período de 2003 a 2005, ocorreram na área de estudo a
predominância de ventos com direção Leste (E) – Sudeste (SE) ou seja (ESE),
conforme pode-se notar no Quadro 02. Os dados foram coletados e registrados na
Estação Metereológica de Superfície do Aeroporto – INFRAERO juntamente com os
dados coletados e registrados a cada cinco minutos na Estação Metereológica do
Instituto de Pesquisas Metereológicas – IPMet, ambos localizados na cidade de Bauru-
Precipitação
em milímetros
Anos
89
SP, (Latitude: 22°21’30”S e Longitude 49°01’37W) nos períodos diurno das 06h05min
– 18h00 e noturno das 18h05min – 06h00.
2003 2004 2005
Direção do Vento
( º )
Diurno
(%)
Noturno
(%)
Diurno
(%)
Noturno
(%)
Diurno
(%)
Noturno
(%)
N:345,1-15º 8,1 4,1 6,5 2,7 7,7 4,0
NE: 15,1-75º 16,8 9,9 18,8 9,3 19,1 11,6
E:75,1-105º 12,9 6,4 21,4 14,7 19,7 14,1
SE:105,1-165º 36,4 58,1 29,2 55,9 28,8 53,9
S:165,1-195º 2,6 5,3 2,7 3,5 2,6 3,2
SW:195,1-255º 6,2 7,5 6,5 7,2 5,0 5,1
W:255,1-285º 3,4 1,9 3,9 2,2 3,1 1,3
NW:285,1-345º 13,6 6,8 11,0 4,5 14,1 6,7
Total: 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Quadro 02: Direção dos Ventos na área de estudo no período de 2003-2005 Fonte: Adaptado pelo autor com base nos Registros da INFRAERO (2006) e IPMet (2007)
As temperaturas médias anuais, a umidade relativa do ar e a velocidade
média dos ventos registradas na área pelo IPMet no período de 2003 a 2005, são
demonstrados no Quadro 03.
VARIÁVEIS
CLIMÁTICAS
2003 2004 2005 DIURNO NOTURNO DIURNO NOTURNO DIURNO NOTURNO
Temperatura (ºC) 23,6 20,0 23,0 19,4 23,6 20,1
Umidade
Relativa do Ar
(%)
75,0
86,6
76,9
88,4
76,8
88,4
Velocidade
Média dos
Ventos (m/s)*
2,2
1,9
2,6
2,5
2,6
2,5
*altura 15m
Quadro 03: Variáveis Climáticas registradas na área de estudo no período de 2003-2005 Fonte: Adaptado pelo autor com base nos Registros da INFRAERO (2006) e IPMet (2007)
Apresentando na área de estudo velocidades médias diárias de 08 km/h para
os ventos considerados como de fraca intensidade e 29,8km/h para os ventos
considerados como de forte intensidade em dias considerados normais, em situações
consideradas anormais os mesmos chegam a atingir de 80 à 120 Km/h (CAVARSAN,
2002)
Vale ressaltar que na área de estudo em alguns períodos entre os meses de
maio a outubro os ventos podem atingir de 30km/h (Grau 4) a 39km/h (Grau 5),
podendo fazer com que ocorra situações que merecem uma atenção redobrada dos
serviços de vigilância. Tendo em vista que nestas condições segundo Teie (1994), pode
ocorrer a inclinação de árvores e a ocorrência de poeira suspensa no ar, o autor enfatiza
90
que ventos de Grau 4 podem contribuir para a queda de galhos e ocasionar a resistência
na locomoção das pessoas o que pode dificultar e muito os trabalhos das equipes de
terra envolvidas no combate à incêndios florestais, contribuindo assim com a
propagação mais rápida dos mesmos, situação esta que caso não haja controle pode
destruir grandes áreas de vegetação e até cidades inteiras que estejam próximas da área
atingida.
Hidrografia
A Figura 19, mostra os principais cursos d’água existentes na área de
estudo. O rio Alambari tem como seus afluentes da margem esquerda os córregos Água
dos Pombos ou da Arizona, da Concórdia, Santo Antonio, das Palmeiras, Água da
Floresta, do Barro Preto, da Restinga, Água do Paço, do Camponês, Água do Rubin;
São José da Corrente e o ribeirão da Jibóia. Em sua margem direita tem como seus
afluentes os ribeirões Água Branca e Preto. (IBGE, 1973)
Esses córregos são caracterizados por rios Tipo - II, conforme classificação
adotada no Estado de São Paulo pela CETESB, SÃO PAULO (2005), ou seja, rios que
não possuem largura maior que 10 metros, só que devido a abundância de nascentes
fazem com que o potencial hidráulico do município seja aproveitado pelos proprietários
rurais na construção de represas e açudes.
Em grande parte das propriedades rurais, alguns cursos d’água encontram-se
com trechos assoreados devido provavelmente a ausência de mata ciliar e aos tipos de
rochas e solos susceptíveis à processos erosivos da região. É importante ressaltar que os
rios e córregos do município de Cabrália Paulista, são importantes tributários da
margem direita no Médio Curso do Rio Paranapanema, pertencendo também ao
CBHMP - Comitê de Bacia Hidrográfica do Médio Paranapanema, CBHMP, SÃO
PAULO (2007).
91
92
Substrato rochoso
O substrato rochoso da área de estudo é representado cartograficamente na
Figura: 20, onde pode-se notar a distribuição das Formações Adamantina e Marilia SÃO
PAULO (1997). Sendo que o mesmo é constituído principalmente de arenitos de
granulação fina e grossa. A Formação Marilia é constituída de arenitos de granulação
fina a grossa, compreendendo bancos maciços com tênues estratificações cruzadas de
médio porte, incluindo lentes e intercalações subordinadas de silitos, argilitos e arenitos
muito finos com estratificações plano-paralela e freqüentes níveis rudáceos com
presença comum de nódulos carbonáticos. A Formação Adamantina é constituída de
depósitos fluviais com predominância de arenitos finos a muito finos, podendo
apresentar cimentação e nódulos carbonáticos, com lentes de siltitos arenosos e
argilitos, ocorrendo em bancos maciços e estratificação plana paralela e cruzada de
pequeno a médio porte, ALMEIDA e MELO (1981).
As características do substrato rochoso e dos solos existentes na área de
estudo devido a sua constituição são muito susceptíveis a ocorrência de vários tipos de
feições erosivas (sulcos, ravinas e voçorocas) quando na presença de elevada
precipitação e ausência de cobertura vegetal. Essas condições podem acarretar a perda
do solo arável, a destruição de trechos das estradas vicinais e contribuir também com o
assoreamentos dos cursos d’água e o impedimento da ação das equipes do solo
envolvidas no combate à incêndios florestais.
93
94
Solos
Na área de estudo existe o predomínio de três tipos de solos: o Latossolo
Vermelho Amarelo, o Argissolo Vermelho Amarelo e o Gleissolo. O levantamento dos
tipos de solos foi adaptado da Secretaria Estadual de Agricultura (1960) com a
utilização da nomenclatura atualizada da EMBRAPA (1999). Na Tabela 06 são
mostrados os tipos de solos, a área e a porcentagem de ocorrência de cada um deles, no
município de Cabrália Paulista.
O solo do tipo Latossolo Vermelho Amarelo Álico A moderado (Lva), ocorre
numa área aproximada de 139Km2, correspondendo a 58,90% do total da área de
estudo. O Argissolo Vermelho Amarelo a moderado - Agsva – textura arenosa média do
tipo abrupto ocorre em 37,71% da área, corresponde a 89km², e o Argissolo Vermelho
Amarelo a moderado – Agsvar - textura arenosa ocorre em 1,69%, corresponde a 4
Km², da área em estudo.
O solo do tipo Gleissolo ocorre em 1,69% da área e corresponde a 4km²
aproximadamente juntamente ao solo hidromórfico glei pouco humido distrófico
(HGPd), ocorrem principalmente nos fundos de vale ou seja, nas proximidades das
margens dos rios e córregos na área de estudo.
Tabela 06 : Área e porcentagem de ocorrência dos tipos de solos na área de estudo
SOLOS
ÁREA
Km 2
%
Lva 139 58,90
Agsva
89 37,71
Agsvar 4 1,69
HGPd 4 1,69
TOTAL 236,00 100,00
Fonte: Adaptação do Levantamento de Solos do Município de Cabrália Paulista-SP,
Secretaria Estadual de Agricultura (1960) e EMBRAPA (1999)
95
Relevo
As características do relevo levantadas nesta pesquisa foram às relacionadas
à altimetria e a declividade.
A altitude do município de Cabrália Paulista é de 500 a 640m e a elaboração
da carta hipsométrica (Figura 21), possibilitou a observação da variação altimétrica do
relevo da área de estudo. Foram utilizadas cinco classes hipsométricas; onde as cores
mais claras caracterizam as regiões de menores altitudes, contidas até 500m ou seja,
próximo aos cursos d’agua, representada pela cor verde. Segue-se então uma sucessão
de tonalidades, das mais claras as mais escuras, determinando a transição das classes
hipsométricas estabelecidas, até o vermelho escuro que representa os locais mais
elevados da área (até 640m).
Esta carta pode posteriormente ser utilizada em estudos relacionados ao uso
e ocupação do espaço geográfico, tendo em vista que as altitudes estão associadas aos
tipos de solos, juntamente com o substrato rochoso e o clima possibilitam verificar a
forma mais adequada do uso do solo, podendo ser utilizada como importante ferramenta
em operações de combate a incêndios florestais, bem como em ações de planejamento
local.
96
97
A carta de declividade representa as inclinações do relevo e foi elaborada
com base nas análises das variações topográficas mais representativas da área
pesquisada (Figura 22).
As declividades mais baixas da área são classificadas entre 0-3% e estão na
maioria das vezes presentes no topo das vertentes, ocorrendo também nos fundos de
vale, representam o relevo suave-ondulado. As declividades das classes de 3-8% e de 8-
12% ocorrem com maior freqüência na área de estudo e representam o relevo plano-
ondulado. Já as declividades de 12-20%, representam o relevo ondulado e >20% o
relevo acidentado, aparecendo este em locais restritos e dispersos, sempre próximos às
áreas de fundo de vale.
Esta carta pode ser posteriormente utilizada na prevenção e combate a
incêndios florestais tendo em vista que nas pesquisas realizadas por Lombardi (2001) o
mesmo ressalta que as áreas mais declivosas são consideradas de maior risco, uma vez
que a transferência de calor é facilitada no sentido do aclive, aumentando assim a
velocidade de propagação de incêndios.
Outra aplicação desta carta é que a representação cartográfica das
inclinações do relevo pode possibilitar a verificação da utilização e do aproveitamento
mais racional do terreno. Devido às características do substrato rochoso e dos solos da
área pesquisada essa carta permite ainda avaliar a possibilidade do surgimento de
feições erosivas por meio do arrasto de materiais inconsolidados (solos e fragmentos de
rochas) das áreas com maior declive.
98
99
Cobertura Vegetal
Em 2005 foram realizados estudos pela Secretaria Estadual do Meio
Ambiente de São Paulo que culminaram na elaboração do Relatório de Qualidade
Ambiental do Estado de São Paulo para 2006 (SÃO PAULO, 2006).
A evolução das áreas de vegetação natural remanescente na área de estudo é
demonstrada na Figura 23, onde pode-se notar períodos de diminuição e aumento da
mesma, diminuição esta que se deu de forma mais acentuada principalmente durante a
década de 1980 do século XX, época em que ocorreu a exploração e o aumento do
plantio mais acentuado das áreas de reflorestamento silvicultura do município.
Observa-se também um significativo aumento das áreas de vegetação
registrado no período de 2001 a 2005, no município de Cabrália Paulista, esse fato se
deve à existência de 1.770 ha de área correspondente à vegetação natural remanescente,
que corresponde a 7,5% da área territorial do município que se deu devido aos projetos
de recuperação de áreas por meio do reflorestamento das mesmas com espécies nativas.
Como por exemplo, o caso do Projeto de Microbacias Hidrográficas desenvolvido pela
Coordenadoria de Assistência Técnica Integral - CATI, órgão subordinado à Secretaria
Estadual de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, que juntamente com
as Prefeituras, Casas da Agricultura e a comunidade rural local desenvolvem ações para
a revitalização das matas ciliares dos córregos e nascentes.
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
1962-1970 1971-1980 1981-1990 1991-2000 2001-2005
Figura 23: Gráfico da Evolução das áreas de Vegetação natural remanescente no
Município de Cabrália Paulista-SP Fonte: Adaptado pelo autor com base nos dados da Secretaria Estadual de Agricultura e CATI - Casa da
Agricultura de Cabrália Paulista –SP (SÃO PAULO,2006)
Períodos
Área
remanescente
de vegetação
nativa em
hectares
100
No que diz respeito às áreas de silvicultura pode-se notar na Figura 24 que as
grandes áreas constituídas principalmente pelas culturas de pinus sp e eucalipto sp
tiveram no período de 1962 a 2005, uma evolução crescente sendo que o eucalipto sp
no período de 1962 a 1970 apresentava áreas inferiores a 300 hectares, e no período de
2000 a 2005 o mesmo teve um incremento para 2.100 hectares.
0
300
600
900
1200
1500
1800
2100
1962-1970 1971-1980 1981-1990 1991-2000 2001-2005
Pinus
Eucalipto
Figura 24: Evolução das áreas de Silvicultura, pinus sp e eucalipto sp no período de
1962-2005; Município de Cabrália Paulista –SP Fonte: Adaptado pelo autor com base nos dados da Secretaria Estadual de Agricultura e CATI - Casa da
Agricultura de Cabrália Paulista –SP (SÃO PAULO,2006)
É importante destacar que as espécies exóticas, mais utilizadas na
silvicultura na área de estudo são: o pinus sp e o eucalipto sp, nesse sentido Fernandes
(2007) ressalta que em pesquisas desenvolvidas na Estação de Pesquisas Florestais de
Rio Negro pertencente à Universidade Federal do Paraná foi constatado que as
variedades de pinus sp possue grau de inflamabilidade em torno de 115,7 a 172,3%. No
caso do eucalipto sp segundo Fernandes (2006), o mesmo possue um alto grau de
inflamabilidade média em torno de 200%, devido à composição química destas
espécies. O que aumenta e muito o perigo de incêndios. Tendo em vista que a presença
de óleos e resinas existentes nestes tipos de vegetação está diretamente associada a um
maior poder calorífico, podendo aumentar e muito durante o período do verão.
Contudo ressalta Fernandes (2006) que a espécie do eucalipto chega a ter
mais de mil variedades registradas possuem cerca de 21.000J/g (Joules por grama) de
Períodos
Área de
silvicultura em
hectares
101
poder calorífico o que contribue para o aumento da inflamabilidade destas espécies, que
associadas a altas temperaturas podem ocasionar incêndios florestais.
Segundo dados do Instituto Floresta nos estudos realizados por Kronka et al
(1993) a ocupação desordenada do Estado de São Paulo, levou a destruição de grande
parte de sua cobertura vegetal original. O levantamento publicado em 1993, indicou que
somente 13,4% do território paulista ainda estavam revestidos por vegetação natural,
dos quais apenas 7,4% foram classificados como mata nativa. A vegetação classificada
como Mata Atlântica encontra-se protegida por Lei, conforme dispõe o Artigo 3º
Decreto Federal nº 750/1993, (BRASIL, 1994).
Áreas estas que segundo Ab’Saber (2003), devido a extensão de matas
tropicais costeiras, orográficas e de planalto ocorrem no interior do Estado de São
Paulo, acabando por refletir diferentes combinações de fatores. Como por exemplo
durante o ciclo do café anterior a implantação da silvicultura no município de Cabrália
Paulista os fazendeiros e trabalhadores sabiam identificar empiricamente os diferentes
tipos de matas existentes nos planaltos interiores e, sobretudo através de alguns
componentes arbóreos, identificando fertilidades e adequações dos solos que serviam de
suporte ecológico a determinados tipos de mata. E dentre estes tipos estavam as
formações remanescentes de Cerrado descritos por A’Saber (2003), como sendo uma
espécie de fênix dos ecossistemas brasileiros uma vez que esse tipo de vegetação
conseguiu a façanha ecológica de resistir às queimadas. Mas atualmente junto com os
outros ecossistemas brasileiros não resiste aos violentos artifícios tecnológicos
inventados pelos homens “ditos civilizados”.
Outro fator importante no que diz a respeito ao estudo da vegetação nativa
do Estado de São Paulo é a análise da ocupação do Oeste Paulista como pode-se notar
na Figura 25 onde é demonstrado como se deu a destruição da vegetação natural no
Estado de São Paulo, conforme os estudos realizados por Kornka et al (2005) no
período anterior à 1886 até 2000, quando da realização do Inventário da Vegetação
Natural do Estado de São Paulo. Observa-se que a maior destruição da cobertura vegetal
se deu no período compreendido entre o final do século XIX até meados do século XX.
Tendo em vista a expansão das estradas de ferro bem como da necessidade
de terras para o plantio do café, o que fez com que em menos de 50 anos a mata nativa
do Estado de São Paulo ficasse reduzida a índices baixíssimos em relação á outras
regiões brasileiras. Em estudos realizados por Leão (2000) e Kronka et.al.(2005), pode-
se constatar que o impacto ambiental causado por esta ocupação desordenada foi
102
considerado como sendo de enormes proporções uma vez que após o declínio da cultura
do café a grande maioria das propriedades foram ocupadas por pastagens e em algumas
regiões pela cultura da cana de açúcar. Em outras como na área de estudo deram lugar
ao plantio de pinus sp e eucalipto sp, com fins industriais, sendo importantíssimo a
preservação destas áreas remanescentes de vegetação.
Figura 25: Mapa da reconstituição da Cobertura Vegetal do Estado de São Paulo Fonte: Extraído e adaptado pelo autor com base em Kronka et al. (2005, p.11)
103
4.3 - Núcleos de Defesa Florestal
Após a realização dos trabalhados de campo, com o auxílio das fichas de
campo, da elaboração da carta de uso e ocupação e da carta de risco de incêndios foram
elencadas 10 áreas como sendo áreas piloto para futura implantação dos Núcleos de
Defesa Florestal-NDFs.
A carta de uso e ocupação elaborada mostra a delimitação das áreas com
expressiva cobertura vegetal ocupadas por fragmentos florestados naturais ou atividades
específicas de silvicultura ou culturas diversas, a área urbana do município e a
localização da sede dos futuros Núcleos de Defesa Florestal (NDFs), que foram
localizados após a análise da carta de risco de incêndios florestais, descrita e ilustrada
após a explanação da carta de uso e ocupação (Figura 26).
Nota-se na carta de uso e ocupação que além dos tipos de vegetação
descritos anteriormente, no ítem Cobertura Vegetal, uma parte expressiva da área do
município encontra-se ocupada por pastagens, seguida de áreas de silvicultura com
plantios de pinus sp, eucalipto sp e culturas de cana de açúcar e laranja. Em menor
escala ocorre o plantio de seringueira e remanescentes de cafezais.
Percebe-se também a extensa degradação das áreas de “mata natural”,
principalmente na porção sudoeste e centro da área de estudo, áreas essas que
correspondem à bacia do córrego São José do Corrente e em grande parte das áreas que
margeiam o rio Alambari. Esses locais, ou seja, as margens dos rios e córregos que
outrora eram ocupados por “matas” e vegetação de várzea foram durante a década de
1950 e 1960 utilizadas para o cultivo de arroz e atualmente encontram-se em algumas
partes desmatadas e em outras como áreas de pastagens. Esses fatores contribuem para a
ocorrência de feições erosivas e assoreamento dos cursos d’água; além dos bovinos e
eqüinos que utilizam a água dos mesmos para beber; formando no solo desprotegido
sulcos, conhecidos como “trilhas de gado” que facilitam também a ocorrência de outros
tipos de feições erosivas.
104
105
A carta de risco de incêndios florestais foi elaborada principalmente com
base na carta de uso e ocupação do solo atual. Os autores Vetorazzi e Ferraz (1998),
ressaltam que os mapas de risco tem a função principal de auxiliar nos trabalhos de
prevenção de incêndios, entre eles as ações de monitoramento defendidas por Guerra e
Cunha (1996) quando dizem que o “...monitoramento é de importância fundamental em
qualquer ramo do saber em especial aqueles relacionados ao meio ambiente”, quando
explicam que o mesmo poder ser realizado utilizando recursos e sensores remotos
variados tais como: fotografias aéreas, imagens de satélite e de radar.
As cartas de risco de incêndios florestais também podem ser utilizadas como
instrumentos em ações de planejamento de estratégias de combate, pois elas utilizam
informações importantes sobre a existência e as condições de estradas (vias de acesso)
pontos de captação de água (rios, lagos, represas e açudes) registrados no banco de
dados, localização de núcleos urbanos e sedes de fazenda, etc. Informações estas que
quando reunidas em forma de documentos cartográficos, passam a ter essencial
importância nas ocorrências de incêndios uma vez que permite ao pessoal empenhado
em ações de combate possa organizar suas ações com maior rapidez e eficiência.
Na elaboração da carta de risco de incêndios florestais da área de estudo,
foram considerados os atributos do meio físico, descritos anteriormente, e algumas
variáveis sócio-ambientais destacando-se as que estão relacionados diretamente com a
probabilidade da ocorrência de incêndios entre eles: a cobertura vegetal existente, a
declividade do terreno, a proximidade com rodovias, o estado de conservação das
estradas vicinais, a proximidade da área urbana e a densidade demográfica. Em seguida
os principais atributos de análise; relevo, solo, hidrografia, cobertura vegetal, uso e
ocupação, vias de acesso, dispositivos contra fogo, equipamentos e infra-estrutura de
suporte logístico, locais para captação de água e comunicações; foram codificados
conforme é demonstrado na Figura 27.
Na seqüência da pesquisa e com base nos dados coletados e já codificados os
mesmos foram inseridos no banco de dados onde os mesmos foram sintetizados de
maneira sistematizada conforme se pode notar na Tabela 07, tabela esta que contribuiu
de forma eficaz na elaboração da carta de risco de incêndios.
106
Relevo
Vprc – Vertentes com perfis retilíneos e
convexos
Itca - Interfluvios com topos extensos e
aplainados
Solo
Arg – Argissolo
Lv - Latossolo vermelho
Gl - Gleissolo
Hidrografia
RCLN – Rios, Córregos, Lagos e Nascentes
Cobertura Vegetal Natural
M – Mata atlântica - I
Cap – Capoeira - II
Cer - Cerrado - III
Cam - Campo - IV
Cpcer -Campo cerrado - V
Crra - Cerradão - VI
Vvz - Vegetação de várzea – VII
Uso e ocupação do solo
Euc – Eucalipto sp – I
Pi - Pinus sp - II
Cf - Café - III
Can – Cana de açúcar - IV
Lj - Laranja - V
Serg – Seringueira - VI
Past - Pastagem - VII
Psi - Piscicultura - VIII
Vias de Acesso
EVSP – Estrada Vicinal Sem Pavimentação
EVP - Estrada Vicinal Pavimentada
REP – Rodovia Estadual Pavimentada
ACSD – Acesso Sem Denominação
Dispositivos contra-fogo
Ac - Aceiros
Brr - Barreiras
Equipamentos e infra-estrutura de suporte
logístico
Tr - Trator - I
CP – Caminhão pipa - II
TrPD - Trator com plaina dianteira - III
CrP - Carreta pipa - IV
TO - Torre de observação - V
ME - Maquina esteira - VI
C - Caminhão - VII
Mt - Motocicleta - VIII
Fm - Ferramentas manuais – IX
Tomadas de água
RA - Reservatório de água
Rpa - Represas/açudes
RC - Rios/Córregos
Comunicações
Tel - Telefone fixo
CeR - Celular rural
Cel - Celular móvel
Rad - Radio PX/PY
I - Internet
Figura 27: Codificação dos atributos de análise existentes na área de estudo Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados extraídos das fichas de campo
107
108
Com base na tabulação dos dados foram determinadas as classes de risco.
Sendo que neste caso especifico optou-se por 03 classes de risco classificadas como
risco: baixo, médio e alto. Observando-se a Figura 28 pode-se notar que o risco baixo
engloba as áreas com baixa probabilidade da ocorrência de incêndios, no risco médio
encontram-se áreas com probabilidade média de ocorrência de incêndios podendo-se
notar as áreas com risco alto são justamente os locais onde ocorrem a presença dos
remanescentes de vegetação nativa e as áreas de silvicultura onde predominam as
florestas resinosas de pinus sp e eucalipto sp, que ocupam uma extensão territorial de
grande importância na área de estudo.
109
110
As descrições geográficas e da infra-estrutura de cada Núcleo de Defesa
Florestal proposto foram feitas da seguinte maneira:
NDF 01: limita-se com a área urbana da cidade de Cabrália Paulista, no Bairro
Restinga, onde se localiza a Escola Técnica Agrícola “Astor de Mattos Carvalho”, uma
unidade de formação do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza
(CEETPS), vinculado a Universidade Estadual Paulista (UNESP).
A sede do futuro NDF está localizada nas coordenadas do Sistema de Projeção UTM
(7513202mN, 672801mE), com a altitude média de 606m, com uma área de 19,5ha.
Tendo como principal via de acesso a rodovia estadual SP-293 Km 04, rodovia
pavimentada em muito bom estado, que liga Cabrália Paulista ao município de
Duartina.
O substrato rochoso é formado por rochas areníticas e o solo predominante é o tipo
Latossolo vermelho. As formas de relevo que predominam nesta área são vertentes com
perfis retilíneos a convexos, interflúvios sem orientação preferencial com topos
angulosos e achatados e com declividades em torno de 0-3%, 3-8% e 8-12%. No que diz
respeito a Hidrografia existem várias nascentes na área que juntamente com o córrego
da Restinga alimentam o rio Alambari.
Quanto ao uso do solo destaca-se a prática de culturas diversas tais como pastagens,
cana de açúcar, café e pinus sp e fragmentos residuais de floresta.
No levantamento referente aos equipamentos de proteção e dispositivos contra fogo foi
constatada a existência de aceiros e barreiras. No que diz respeito a equipamentos de
segurança contra incêndio o futuro NDF conta com uma ótima infra-estrutura, pois,
tendo em vista que a mesma possue brigada de incêndios equipada com EPI e
equipamentos de uso específico e coletivo podendo-se destacar a existência de: trator,
trator com plaina dianteira e caminhão.
Quanto à comunicação a escola possui, telefone fixo e internet. Apesar da inexistência
de represas e açudes dentro de seu perímetro a mesma conta com um reservatório de
água com capacidade para 17.000 litros, que pode em situação extremas ser utilizado no
abastecimento de caminhões pipa.
Outro fator importante é que na área existe um local que pode ser transformado em
campo de pouso para aeronaves, principalmente de helicópteros, a fim de dar suporte
aéreo às ações de combate a incêndios florestais. As instalações físicas da mesma
podem ser utilizadas também como Centro de Comando de Operações uma vez que
111
existem alojamentos, refeitórios entre outros quesitos necessários a acomodação de
brigadas de incêndio envolvidas em ações de combate e futuramente a mesma pode ser
utilizada também como Centro de Formação de Brigadas em função da estrutura física e
pedagógica que a mesma apresenta.
Na avaliação quanto ao risco da ocorrência de incêndios foi considerada como alto
tendo em vista os seguintes fatores, a proximidade com a rodovia, sua localização
dentro de uma área de plantio de pinus sp, como se pode notar na Figura 29 e a sua
proximidade com a área urbana da cidade de Cabrália Paulista. Esses fatores contribuem
para que tal risco aumente substancialmente.
Figura 29: Vista aérea das Instalações da Escola Agrícola Fonte: Fotografado pelo autor durante sobrevôo realizado em 26/07/2005
NDF 02: esse futuro NDF poderá ser instalado no Sítio São Nicolau, com sede
localizada nas coordenadas do Sistema de Projeção UTM (7507545mN, 666895mE)
com altitude média de 572m, tem como principal via de acesso a estrada vicinal
municipal CBP-030, em bom estado de conservação, que liga Cabrália Paulista ao
Bairro Floresta, na área sudoeste do município.
A área dessa propriedade é de 294ha, encontrando-se a mesma assentada sobre rochas
areníticas friáveis e solos do tipo Latossolo vermelho e Argissolo.
112
As características principais do relevo são as predominâncias de vertentes com perfis
retilíneos a convexos e interflúvios com topos extensos e aplainados com declividades
em torno de 0-3%, 3-8%, 8-12% e 12-20%. Na área existe nascentes que dão origem ao
ribeirão Jibóia que é um dos afluentes da margem esquerda do rio Alambari.
Quanto à cobertura vegetal natural existem os seguintes fragmentos residuais: de
Floresta, de Cerrado, de Cerradão e vegetação de várzea. No uso do solo atual destaca-
se a cultura de laranja.
Quanto aos dispositivos contra incêndio e proteção foi constatada a utilização de aceiros
em todos os limites da propriedade bem como entre a cultura de laranja e as áreas de
vegetação nativa. No que diz respeito a equipamentos a propriedade possue os
seguintes: trator, carretas pipa e caminhão. Quanto à infra-estrutura básica no local
existe uma represa, que têm potencial para abastecimento de caminhões pipa, inclusive
aeronaves. No que diz respeito aos meios de comunicação o futuro NDF apresenta
características bem positivas uma vez que possue, telefone fixo e internet.
A avaliação quanto ao risco de incêndios considera esta localidade enquadrada como
alto tendo em vista os seguintes fatores: potencial inflamável da cultura de laranja,
localização da propriedade nas proximidades de uma área de plantio de eucalipto sp,
como pode ser notado na Figura 39, proximidade do Bairro Floresta que é um Distrito
do Município de Cabrália Paulista, onde existem várias casas e chácaras, contribuindo
assim para que tal risco aumente substancialmente.
113
Figura 30: Vista para o plantio de laranja e cerrado em primeiro plano.Ao fundo
eucalipto sp e fragmentos de floresta no centro Fonte: Fotografado pelo autor durante sobrevôo realizado em 26/07/ 2005
NDF 03: poderá ser instalado na Fazenda Novo Estilo, localizada na área rural do
município de Cabrália Paulista de propriedade da empresa RIPASA Celulose e Papel
S/A, a sede da fazenda encontra-se localizada nas coordenadas do Sistema de Projeção
UTM (7507363 mN, 671454 mE) com altitude média de 614m com uma área de
430,5ha. A sede do futuro NDF tem como principal via de acesso à rodovia estadual SP-
225 no Km269, rodovia pavimentada em muito bom estado que dá acesso ao Bairro
Corrente, na região sudoeste do município próximo a um posto de combustível. Essa
rodovia liga o município de Cabrália Paulista ao município de Paulistânia.
O substrato rochoso da área é formado por rochas areníticas friáveis e solos do tipo
Latossolo vermelho. As características principais do relevo são as predominâncias de
vertentes ravinadas com perfis retilíneos a convexos com declividades em torno de 0-
3% e 3-8%. No que diz respeito a Hidrografia existem, várias nascentes na área e o
córrego das Palmeiras que compõe a bacia de drenagem do rio Alambari.
Na cobertura vegetal existem fragmentos residuais de Floresta, de Cerrado, de Campo
Cerrado, de Cerradão e vegetação de várzea e no uso do solo atual destaca-se a prática
da silvicultura com a existência de uma grande área plantada com eucalipto sp.
114
Quanto aos dispositivos contra incêndio foi constatado a existência de aceiros e as
barreiras contra-fogo, tanto nas margens da rodovia como entre as quadras de plantio
utilizam-se como aceiros os talhões, que se estendem por todo o perímetro da
propriedade. No tocante a equipamentos a propriedade conta com uma ótima infra-
estrutura, pois possue os seguintes equipamentos: trator, caminhão pipa, trator com
plaina dianteira, carreta pipa, caminhões e conta ainda com uma brigada de incêndios
equipada com EPI.
A comunicação também apresenta características bem positivas uma vez que possue,
telefone fixo, Internet e também pelo fato do Caminhão de Bombeiro da empresa
sempre ficar de prontidão na propriedade. Além destes meios existe a comunicação via
rádio entre os caminhões pipa, a sede da Fazenda, a Polícia Militar e a Defesa Civil de
Cabrália Paulista, o que facilita e muito o acionamento em casos extremos. Apesar da
inexistência de represas e açudes dentro de seu perímetro a mesma conta com um
reservatório de água com capacidade de 70.000 litros, que pode em situações extremas
ser utilizado no abastecimento de caminhões pipa.
A avaliação quanto à ocorrência de risco de incêndios foi considerada alto uma vez que
este NDF encontra-se localizado nas margens da rodovia estadual SP 225 seguido pela
área plantada de eucalipto sp, como se pode notar na Figura 31. Estes fatores acabam
contribuindo para que tal risco aumente substancialmente, tendo em vista que esta
rodovia é extremamente movimentada uma vez que é um dos acessos do estado de São
Paulo para a região sul do Brasil.
115
Figura 31: Entrada do futuro NDF 03, Fazenda Novo Estilo, pela Rod. SP 225.
Observar a barreira contra fogo (aceiro) entre a cerca e os pés de eucalipto sp Fonte: Fotografado pelo autor durante os trabalhos de campo em 13/07/2006
NDF 04: esse futuro NDF poderá ser instalado no Sítio Nossa Senhora de Fátima,
localizado na área rural do município de Cabrália Paulista, conhecida municipalmente
como Bairro Alambari. A sede do sítio encontra-se localizada nas coordenadas do
Sistema de Projeção UTM (7515730 mN, 665315 mE) com altitude média de 492m,
tem como principal via de acesso a estrada vicinal municipal CBP-040. A estrada está
em muito bom estado de conservação ligando o município de Cabrália Paulista ao
município de Duartina. A propriedade localiza-se nas proximidades do limite entre os
municípios de Cabrália Paulista e Duartina, com uma área de 8,7ha.
O substrato rochoso é formado por rochas areníticas friáveis e solos do tipo Argissolo e
Gleissolo. O relevo presente nesta área possui a predominância de vertentes com perfis
retilíneos a convexos e interflúvios com topos extensos e aplainados. A declividade
apresenta-se em torno em torno de 0-3%. Quanto à rede hidrográfica existem várias
nascentes que vão contribuir para o rio Alambari e as drenagens neste tipo de relevo são
de baixa densidade.
Quanto a cobertura vegetal existem fragmentos residuais de Campo e vegetação de
várzea e no que diz respeito ao uso do solo destaca-se a utilização da área para as
práticas de pastagens e piscicultura como pode ser notado na Figura 32.
116
Foi constatada a existência de dispositivos contra incêndio do tipo aceiros. Quanto à
comunicação também apresenta características bem positivas uma vez que possue
telefone fixo e Internet. Existem na propriedade vários açudes que podem ser utilizados
no abastecimento de caminhões pipa, que podem ser empenhados no combate a
incêndios florestais nas áreas próximas inclusive podendo atuar no município de
Duartina.
Figura 32: Vista do futuro NDF 04, Sítio Nossa Senhora de Fátima, nota-se um dos
açudes existentes na propriedade Fonte: Fotografado pelo autor durante os trabalhos de campo em 25/07/2006
A avaliação quanto ao risco de ocorrência de incêndios foi considerada como alto,
devido aos seguintes fatores, a proximidade desta propriedade com a estrada vicinal
seguida pela sua localização, ou seja, bem no limite entre os municípios de Cabrália
Paulista e Duartina, além da existência de um fragmento remanescente de floresta
semidecidua localizado à nordeste da propriedade.
NDF 05: poderá ser implantado na área denominada Horto Florestal, é de propriedade
do Governo do Estado de São Paulo, a área é um dos antigos Hortos Florestais criados
pela extinta Ferrovia Paulista S/A - FEPASA, no início do século XX, para suprir a falta
de madeira consumida pelas locomotivas bem como na utilização da mesma como
“dormentes”. Atualmente encontra-se sob responsabilidade da empresa RIPASA
Celulose e Papel S/A. A área é utilizada para a silvicultura no caso plantio de eucalipto
sp, e encontra-se localizado no limite territorial dos municípios de Cabrália Paulista e
Piratininga.
117
A sede do Horto Florestal localiza-se nas coordenadas do Sistema de Projeção UTM
(7516494 mN, 677337 mE) com altitude média de 519m, tem como principal via de
acesso a estrada vicinal municipal CBP-010, que dá acesso ao Bairro Areia Branca. A
estrada vicinal encontra-se em muito bom estado de conservação e liga a região
nordeste do município de Cabrália Paulista ao município de Piratininga.
A área com 225ha está assentada sobre rochas areníticas e os solos são do tipo
Latossolo Vermelho e Argissolo. As características principais do relevo são a
predominância de vertentes ravinadas com perfis retilíneos a convexos e as declividades
ficam em torno de 0-3%. 3-8%, 8-12%, 12-20% e >20%. No que diz respeito a
Hidrografia são encontradas várias nascentes que vão se transformar em córregos dentre
eles o ribeirão da Água Branca, tributário da margem direita do rio Alambari.
Na cobertura vegetal natural remanescente da área existem fragmentos florestados das
seguintes formações: de Floresta “Mata”, Cerrado, Campo Cerrado e Cerradão. Quanto
ao uso do solo destaca-se a prática da silvicultura com a existência de uma grande área
plantada com eucalipto sp. Quanto aos dispositivos contra fogo foi constatada a
existência de aceiros e barreiras tanto nas margens da estrada vicinal como entre as
quadras de plantio que utilizam como aceiros os talhões que se estendem por todo o
perímetro da propriedade.
O Horto Florestal conta com brigada de incêndio equipada com EPI e uma ótima infra-
estrutura de equipamentos, pois possue os seguintes equipamentos: trator, caminhão
pipa, trator com plaina dianteira, carreta pipa, caminhões, motocicleta.
No que diz respeito à comunicação este futuro NDF possue telefone fixo e internet,
além destes meios existentes possui comunicação via rádio entre os caminhões pipa, a
sede da Fazenda, a Policia Militar e a Defesa Civil de Cabrália Paulista o que facilita e
muito o acionamento em casos extremos de ocorrências de incêndios.
Possui dentro de seu perímetro uma represa, que pode em situações extremas ser
utilizada no abastecimento de caminhões pipa. Outro fator importante é que sua área
pode ser transformada em campo de pouso, principalmente de helicópteros a fim de dar
suporte aéreo às ações de combate a incêndios florestais. Possue também uma viatura
Pick Up 4x4, que patrulha todo o perímetro desta propriedade diariamente. As futuras
instalações físicas deste NDF podem ser utilizadas como Centro de Comando de
Operações uma vez que existem também em sua sede alojamentos, refeitórios, entre
outros, necessários a acomodação das brigadas de incêndio envolvido em ações de
combate.
118
Na avaliação quanto ao risco de incêndios foi considerada como alto tendo em vista os
seguintes fatores, o futuro NDF encontra-se localizado dentro de uma área plantada com
eucalipto sp, como se pode notar na Figura 33, a estrada vicinal CBP-010, corta a
propriedade aumentando o fluxo de pessoas e veículos, tendo em vista que o Horto
Florestal localiza-se nos limites dos municípios de Cabrália Paulista e Piratininga
fatores estes que acabam contribuindo para que tal risco aumente substancialmente.
Figura 33: Vista aérea parcial do Horto Florestal, observar a existência de aceiros entre
a pastagem, a plantação de eucalipto sp e as divisões internas compostas por talhões Fonte: Fotografado pelo autor durante sobrevôo realizado em 26/07/2005
NDF 06: Esse futuro NDF denominado Fazenda Nova América, está localizado na área
rural do município de Cabrália Paulista, é de propriedade da empresa
LWART/LWARCEL Celulose e Papel, a sede da fazenda está localizada nas
coordenadas do Sistema de Projeção UTM (7506641mN; 665028mE), com uma altitude
média de 586m e com 1.502,8ha. Tem como principal via de acesso a estrada vicinal
municipal CBP-367, Bairro Floresta, na região sudoeste do município, rodovia esta que
liga o município de Cabrália Paulista ao município de Paulistânia, outra alternativa de
acesso é pela rodovia estadual SP-225, rodovia esta que em muito bom estado e também
faz ligação entre o município de Cabrália Paulista com o município de Paulistânia.
119
A área desta propriedade está assentada sobre rochas areníticas e areníticas friáveis e os
solos são do tipo Latossolo Vermelho e Argissolo. As características principais do
relevo são as predominâncias de vertentes ravinadas com perfis retilíneos a convexos e
declividades em torno de 0-3%, 3-8%, 8-12%, 12-20% e >20%. No que diz respeito a
rede hidrográfica existem várias nascentes que vão se transformar em córregos dentre
eles o córrego Santo Antonio, ribeirão da Jibóia e Água do Rubim todos afluentes da
margem esquerda do rio Alambari.
A cobertura vegetal natural remanescente da área é composta por fragmentos
florestados das seguintes formações: de Floresta “Mata”, Cerrado, Campo Cerrado e
Cerradão. O uso do solo da área destaca-se a silvicultura com a existência de grande
área plantada com eucalipto sp em praticamente toda a sua totalidade.
No que diz respeito aos dispositivos contra incêndio foi constatado a existência de
aceiros e as barreiras contra-fogo, localizados tanto nas margens da estrada vicinal
quanto nos limites da propriedade como entre as quadras de plantio utilizando-se como
aceiros os talhões das mesmas que se estendem por todo o perímetro da propriedade
inclusive nas proximidades da rodovia estadual SP-225.
A fazenda conta com uma ótima infra-estrutura, pois possue brigada de incêndio
equipada com EPI e conta os seguintes equipamentos: trator, caminhão pipa, trator com
plaina dianteira, carreta pipa, caminhões, motocicleta.
Os meios de comunicação existentes neste NDF são: telefone fixo e Internet e existe
também a comunicação via rádio entre a brigada de incêndios da propriedade, a Polícia
Militar e a Defesa Civil de Cabrália Paulista o que facilita e muito o seu acionamento
em casos extremos.
Existem também no perímetro da propriedade represas e açudes que podem em situação
extremas ser utilizados no abastecimento de caminhões pipa, uma vez que os mesmos já
permanecem no local de prontidão durante o ano todo.
Na avaliação quanto ao risco de incêndios foi considerada também como alto devido
aos seguintes fatores: este NDF encontra-se localizado dentro de uma área reflorestada
por eucalipto sp, existem consideráveis áreas com fragmentos florestados dentro das
áreas plantadas como se pode notar na Figura 34, próximo a essa propriedade existe
uma outra com plantio de laranja, além da proximidade da mesma com a rodovia
estadual SP 225. Esses fatores contribuem de forma direta para que o risco de incêndios
aumente substancialmente.
120
Figura 34: Fragmentos de Floresta no interior das quadras de eucalipto sp detalhe
dos aceiros Fonte: Fotografado pelo autor durante sobrevôo realizado em 26/07/ 2005
NDF 07: o local desse futuro NDF é denominado Represa’s Bar limitando-se o mesmo
com o perímetro urbano da cidade de Cabrália Paulista, Bairro Alambari, localizado nas
coordenadas do Sistema de Projeção UTM (7516201mN, 671986 mE) com uma altitude
média de 507m e com uma área de 4,8ha. Tem como principal via de acesso uma
estrada vicinal em muito bom estado que foi construída no antigo leito da extinta
ferrovia que ligava Cabrália Paulista ao município de Piratininga.
A área é formada por rochas areníticas e o tipo de solo predominante é o Argissolo e
ocorre nesta área a existência também do Gleissolo. O tipo de relevo predominante são
as vertentes com perfis retilíneos a convexos e interflúvios com topos extensos e
aplainados com declividade em torno de 0-3% e 3-8%.
No que diz respeito a Hidrografia existem várias nascentes que inclusive dão origem a
uma represa existente nesta propriedade que posteriormente deságuam no rio Alambari,
tendo em vista que a mesma está localizada na margem esquerda desse rio, conforme
podemos notar na Figura 35.
121
Figura 35: Vista da Represa’s Bar, ao fundo à esquerda parte do fragmento de floresta Fonte: Fotografado pelo autor durante os trabalhos de campo em 13/07/2006
Quanto à cobertura vegetal natural existem fragmentos florestais compostos por
formações de Campo e vegetação de várzea. Quanto ao uso do solo destaca-se a cultura
de práticas diversas tais como, pastagem e eucalipto sp. Ressalta-se que esta
propriedade também é utilizada com fins recreativos tais como, camping, local de festas
etc.
Quanto aos dispositivos contra incêndio foi constatada a existência de aceiros em toda a
divisa da propriedade. Os meios de comunicação existentes também apresentam
características bem positivas uma vez que possue, telefone fixo e internet.
Outro fator importante é que as instalações físicas da mesma podem ser utilizadas como
Centro de Comando de Operações uma vez que existe uma boa infra-estrutura tais como
refeitórios, locais de reunião e área de camping que são necessárias para a acomodação
das brigadas de incêndio e demais equipes envolvidas em ações de combate. Podendo
também este NDF ser utilizado como ponto de abastecimento de caminhões e aeronaves
neste caso de helicópteros devido a existência de uma represa que possue as
características básicas para esta finalidade, assim como pode servir de ponto de
observação em situações tanto preventivas como durante as ações de combate a
possíveis incêndios.
122
Na avaliação quanto ao risco de incêndios foi considerada como alto tendo em vista os
seguintes fatores: a inexistência de brigada de incêndios e equipamentos de uso
individual e coletivo, proximidade e localização deste NDF com á área de urbana da
cidade de Cabrália Paulista, grande fluxo de pessoas e veículos que trafegam na estrada
vicinal que dá acesso a propriedade e pela sua localização próxima de um fragmento
florestal composto por área remanescente de Floresta Semidecidual, localizado à
noroeste do futuro NDF.
NDF 08: Esse futuro NDF é denominado Fazenda Santo Antonio do Alto, encontra-se
localizado na zona rural do município de Cabrália Paulista a sede da fazenda tem
localização nas coordenadas do Sistema de Projeção UTM (7505771mN, 662488 mE),
altitude média de 548m e com 290,5ha de área, tem como principal via de acesso a
estrada vicinal municipal CBP-386, estrada esta que liga a cidade de Cabrália Paulista a
região sudoeste do município.
O substrato rochoso é formado por rochas areníticas friáveis e solos dos tipos: Latossolo
vermelho e Argissolo. O relevo característico desta área tem como predominância as
vertentes ravinadas com perfis retilíneos, onde predominam interflúvios sem orientação
preferencial com topos angulosos e achatados, com declividades em torno de 0-3%, 3-
8%, 8-12%, 12-20% e >20%. A rede hidrográfica é composta por várias nascentes que
vão alimentar os vários córregos dentre eles o córrego da Concórdia e Água do Rubim
ambos tributários da margem esquerda do rio Alambari.
No que se refere a cobertura vegetal natural existem grandes fragmentos florestais de
formação da Floresta semidecidual, Capoeira, Cerrado, Campo Cerrado, Cerradão e
vegetação de várzea. Fator este que faz com que seja de vital importância a implantação
desse NDF devido ao tamanho e a importância desta reserva o que faz com que haja
uma susceptibilidade à ocorrência de incêndio florestais. No uso do solo atual destaca-
se a pastagem com a criação extensiva de gado de corte.
Foi constatada a existência de aceiros e as barreiras contra-fogo em todo a perímetro da
propriedade. No que diz respeito a equipamentos a propriedade conta com uma ótima
infra-estrutura, pois possue os seguintes equipamentos: trator, trator com plaina
dianteira, carreta pipa e caminhões.
Possue também represas e açudes dentro de seu perímetro podendo as represas e os
açudes serem utilizados no abastecimento de caminhões pipa, em situações extremas.
Outro fator de destaque é que as instalações físicas do futuro NDF podem ser utilizadas
123
como Centro de Comando de Operações uma vez que existem alojamentos, refeitórios
entre outros necessários à acomodação das brigadas de incêndio envolvidas em ações de
combate, tanto na área da fazenda como em áreas próximas a ela. Além disso, parte da
sua área poderá ser transformada em campo de pouso, principalmente de helicópteros a
fim de dar suporte aéreo as ações de logística, tais como, transporte de pessoal e de
equipamento bem como em ações direta de combate a incêndios florestais.
A comunicação também apresenta características bem positivas uma vez que possue,
telefone fixo e Internet. Na avaliação quanto ao risco da ocorrência de incêndios
florestais foi considerada como alto tendo em vista os seguintes fatores: a propriedade
possue uma das maiores áreas remanescentes de “mata nativa” e Cerrado do município
conforme pode ser notado na Figura 36. A fazenda não conta com brigada de incêndio
equipada e se encontra localizada distante da sede do município o que pode demorar no
envio de pessoal e equipamento, o que justifica a importância da instalação de um NDF
nesta propriedade.
Figura 36: Área remanescente de “mata nativa”, Fazenda Sto. Antonio do Alto Fonte: Fotografado pelo autor durante os trabalhos de campo em 13/07/2006
NDF 09: esse futuro NDF poderá ser instalado na Fazenda Arizona, encontra-se
localizada na área rural do município de Cabrália Paulista, tendo sua sede localizada nas
coordenadas do Sistema de Projeção UTM (7507779 mN, 657722 mE), altitude média
de 536m e 569,6ha de área (Figura 37). A principal via de acesso à propriedade é a
124
estrada vicinal municipal CBP-323 via Bairro Boa Vista, vicinal esta em ótimo estado,
que liga a cidade de Cabrália Paulista a região oeste de seu município.
A área encontra-se assentada sobre rochas areníticas friáveis e solos do tipo Latossolo
vermelho e Argissolo. As características principais do relevo são a predominância de
vertentes com perfis retilíneos a convexos e topos extensos e aplainados, interflúvios
sem orientação preferencial com topos angulosos e achatados, apresentando
declividades em torno de 0-3%, 3-8%, 8-12%. A rede hidrográfica existente é composta
por várias nascentes que vão alimentar os córregos Água dos Pombos e o Arizona, que
formam a rede de drenagem de 1ª ordem da margem esquerda do rio Alambari.
Quanto a cobertura vegetal natural existem fragmentos residuais, florestas, Cerrado e
Cerradão, e vegetação de várzea. No uso do solo destaca-se o plantio do eucalipto sp e
pastagens para a criação extensiva de gado de corte.
Figura 37: Vista da entrada do futuro DF 09 – Fazenda Arizona Fonte: Fotografado pelo autor durante os trabalhos de campo em 13/07/2006
Conforme foi verificado in loco existem dispositivos contra incêndio sendo que os mais
utilizados são os aceiros, existentes em todo o perímetro da propriedade. No que diz
respeito a equipamentos a fazenda conta com uma infra-estrutura adequada, pois possui
os seguintes equipamentos: trator, carreta pipa, caminhões, bomba costal e ferramentas
125
manuais. Além desses itens existem represas e açudes dentro de seu perímetro podendo
as mesmas ser utilizadas no abastecimento de caminhões pipa e aeronaves.
No que diz respeito aos meios de comunicação existentes esta fazenda também
apresenta características bem positivas uma vez que possue, telefone fixo e Internet.
Na avaliação quanto ao risco de incêndios também foi considerado como alto devido
aos seguintes fatores: quantidade de eucalipto sp plantado nesta propriedade, a
inexistência de brigada de incêndio equipada, localização da propriedade próxima a
grandes áreas remanescentes de mata nativa, distância significativa da mesma até a sede
do município. Esses fatores acabam contribuindo para que tal risco aumente
substancialmente.
NDF 10: esse futuro NDF poderá ser localizado no Recanto JB, encontra-se na área
rural de Cabrália Paulista que tem sua sede localizada nas coordenadas do Sistema de
Projeção UTM (7514100 mN, 674609 mE) com uma altitude média de 564m e uma
área de 193,8ha. A principal via de acesso é a estrada vicinal municipal CBP-020, via
Bairro Restinga, é uma estrada em bom estado de conservação, pois ela dá acesso a
região sudeste do município de Cabrália Paulista ao município de Piratininga. Esta
propriedade está localizada praticamente no limite entre estes dois municípios.
O substrato rochoso é formado por rochas areníticas e os solos predominantes são o
Latossolo vermelho e o Argissolo. As formas de relevo que predominam nesta área são
vertentes com perfis retilíneos e convexos e interfluvios sem orientação preferencial
com topos angulosos e achatados, com declividades em torno de 0-3%, 3-8%, 8-12%,
12-20% e >20%. Nesta área a rede hidrográfica é composta por várias nascentes que
alimentam o córrego da Restinga, que compõe a drenagem principal do rio Alambari.
Quanto à cobertura vegetal natural existem fragmentos florestais compostos por
formações de Floresta, Cerrado, Cerradão, além da vegetação de várzea. No uso do solo
atual destaca-se a prática de culturas diversas tais como áreas de plantio de eucalipto sp,
seringueira para extração do látex e pastagens para a criação de gado de corte.
Quanto aos dispositivos contra incêndio foi constatada a existência dos aceiros em toda
a área da propriedade. No que diz respeito a equipamentos a propriedade conta com
uma ótima infra-estrutura, pois possue os seguintes equipamentos: trator, trator com
plaina dianteira, caminhões, bomba costal e ferramentas manuais.
No local existem represas e açudes podendo os mesmos ser utilizados no abastecimento
de caminhões pipa que podem dar suporte às brigadas de incêndio envolvidas em ações
de combate a incêndios florestais, conforme pode ser visualizado na Figura 38. A
126
comunicação da propriedade também apresenta características bem positivas uma vez
que possue, telefone fixo e Internet.
Na avaliação quanto ao risco de ocorrência de incêndios foi considerado como alto
tendo em vista os seguintes fatores: a propriedade possui áreas de plantio de eucalipto
sp e seringueira que são espécies arbóreas altamente inflamáveis, a inexistência de uma
brigada de incêndio equipada, a área está localizada próxima a uma área de plantio de
pinus sp fatores que somados acabam contribuindo para que tal risco aumente
drasticamente.
Figura 38: Vista de um dos açudes do futuro NDF 010 - Recanto JB Fonte: Fotografado pelo autor durante os trabalhos de campo em 20/07/2006
127
5. CONCLUSÕES
Os resultados alcançados durante a realização desta pesquisa, permitiram
entender, que a partir da análise dos dados geográficos e das informações coletadas em
campo e dos produtos cartográficos produzidos durante a realização da mesma, que a
área de estudo representa um importante referencial no que diz respeito à necessidade
da implantação de Núcleos de Defesa Florestal – NDFs.
Núcleos estes que podem contribuir na prevenção e no combate de incêndios
florestais. Fazendo com que ocorra a necessidade da Defesa Civil local se articular
dentro da área de estudo de forma a dinamizar as ações de prevenção e estratégias de
combate a incêndios florestais; sejam elas na proteção de suas áreas remanescentes de
mata nativa ou na proteção da base econômica do município, nas áreas de silvicultura.
Novos planos de monitoramento poderão ser desenvolvidos com o auxílio
dos produtos cartográficos elaborados, cartas hipsométrica, declividade, uso e ocupação
do solo com a localização dos futuros NDFs e a de risco de incêndios florestais, durante
a realização da pesquisa.
Os produtos cartográficos elaborados foram as cartas: hipsométrica,
declividade, uso e ocupação do solo, riscos de incêndios florestais e a de localização dos
futuros núcleos de defesa florestal. Na carta hipsométrica se pode constatar que as
altitudes da área territorial do município de Cabrália Paulista, estão definidas entre 500
e 640m, na carta de declividade as ocorrências das maiores inclinações estão na ordem
de 12-20% e das menores de 3-8% e na carta de uso e ocupação dos solos são mostradas
as áreas com as principais atividades de silvicultura (eucalipto sp e pinus sp), áreas com
vegetação natural remanescente e por vezes degradada, áreas com os cultivos de
pastagens, cana-de-açúcar, laranja, seringueira e resquícios de cafezais, além da área
urbana.
Após a análise e interpretação destas cartas juntamente com as informações
do inventário das unidades básicas da paisagem foi possível elaborar a carta de risco de
incêndios florestais onde foram considerados vários fatores e variáveis agravantes entre
elas: a cobertura vegetal existente; a declividade do terreno, pois a transferência de calor
é facilitada no sentido do aclive; a proximidade com as vias de acesso; a conservação
das estradas vicinais; a proximidade com área urbana e a densidade demográfica.
128
Para tanto foram utilizadas 03 classes de risco, baixo, médio e alto, da
probabilidade da ocorrência de incêndios florestais. Foi observado que as áreas de risco
alto são justamente as áreas onde ocorrem a presença dos remanescentes de vegetação
nativa e as áreas de silvicultura onde predominam as florestas resinosas de pinus sp e
eucalipto sp. Essas áreas ocupam áreas consideráveis da extensão territorial da área de
estudo.
A carta de risco de incêndios florestais elaborada demonstrou que grande
parte da área territorial do município de Cabrália encontra-se sob alerta de incêndio. Por
outro lado agora de posse de tais informações os órgãos governamentais encarregados
poderão ter parâmetros a fim de planejar as ações de prevenção e de estratégias de
combate com maior segurança.
Foi utilizada em partes a metodologia proposta por Vetorazzi e Ferraz (1998)
para a obtenção de cartas de risco de incêndios florestais, mas em trabalhos futuros na
região recomenda-se a incorporação das variáveis meteorológicas, que também foram
levantadas, para que esses dados possam dar subsídios à elaboração de cartas de risco de
incêndios florestas para diferentes situações ao longo da estação seca.
Outro ponto importante a ser ressaltado é que com a utilização dos produtos
cartográficos elaborados principalmente da carta de risco de incêndios florestais,
juntamente com as variáveis climáticas que podem ser inseridas ao banco de dados fará
com que ocorra a dinamização das ações das equipes encarregadas no planejamento e na
coordenação das ações de cunho operacional.
Essa carta pode ser utilizada também como instrumento importantíssimo
para as equipes encarregadas do planejamento e coordenação em ações de cunho
operacional tais como: na alocação e reposição de equipamentos necessários aos futuros
Núcleos de Defesa Florestal e as brigadas de combate a incêndios que estiverem
atuando na área. As informações importantes do banco de dados que podem ser
utilizadas referem-se sobre a existência e as condições das estradas (vias de acesso), a
existência de “tomadas d’agua” (pontos de captação de água) tais como: rios, lagos,
represas e açudes, bem como a existência de núcleos urbanos, sedes de fazenda, etc.
Essas informações podem ser inclusive utilizadas em operações que
necessitem a utilização de aeronaves, como também nas atividades de prevenção e em
ações de combate a incêndios florestais. Servindo ainda como subsídio para orientar as
atividades de vigilância tais como: manutenção de aceiros, conservação de estradas,
alocação de equipamentos em pontos estratégicos, etc.
129
Finalmente foi elaborada a carta de localização dos futuros Núcleos de
Defesa Florestal, que também foram incorporados posteriormente na carta de uso e
ocupação para facilitar a visualização dos mesmos.
Durante a realização desta pesquisa pudemos notar que o propósito da
instalação de uma rede de NDFs, com o objetivo da prevenção e estratégias de combate
a incêndios florestais na área de estudo se faz necessária tendo em vista os seguintes
fatores: o município de Cabrália Paulista não possue guarnição estadual do Corpo de
Bombeiros, a guarnição mais próxima encontra-se instalada na cidade de Bauru,
distante 40Km da área de estudo e em épocas críticas do ano mesmo solicitada as vezes
não pode atender o município uma vez que o aumento na demanda de ocorrências no
município de Bauru impedem o deslocamento de equipes para Cabrália Paulista de
imediato. Outro fator a ser considerado é que mesmo que tais equipes sejam deslocadas
para a área de estudo a rodovia SP-225, que liga Bauru à Cabrália Paulista, por ser de
pista simples (mão dupla) e o único acesso regional para a região Sul do país, tem um
trânsito muito intenso o que torna mais demorado ainda a chegada do socorro.
Essas situações explicitam a necessidade da Defesa Civil local se articular
dentro da área de estudo de forma a dinamizar as ações de prevenção e estratégias de
combate a incêndios florestais, desenvolvendo seus próprios planos de monitoramento,
tendo em vista que cada localidade possue peculiaridades e características próprias.
Nesse ínterim o Geoprocessamento se torna uma ferramenta importante, pois auxilia e
muito na tomada de decisões em situações críticas.
Um fator muito positivo que ocorreu durante a pesquisa foi a instalação por
parte do Governo do Estado de São Paulo da base de Rádio Patrulhamento do
Grupamento Aéreo da Polícia Militar na cidade de Bauru. As aeronaves (helicópteros e
avião de asa fixa) poderão futuramente ser integradas nos planos municipais de combate
a incêndio, pois em casos da necessidade de apoio aéreo aumentará ainda mais o poder
de ação das equipes encarregadas do combate a incêndios florestais. Existindo-se aí a
possibilidade da integração de apoio aéreo durante as ações de combate e
monitoramento.
Baseado na pesquisa desenvolvida e nas informações atuais propõe-se que os
municípios vizinhos implantem planos de monitoramento e realizem estudos a respeito
de suas vulnerabilidades locais quanto a ocorrência de desastres naturais ou não dos
tipos: incêndios florestais, inundações, desabamentos, etc. podendo ser utilizado
também como instrumento na escolha de locais adequados para futuras instalações de
130
torres de observação nas áreas em estudo; e que eles se mantenham integrados em uma
rede maior que pode ser implementada com a utilização mais intensa do
Geoprocessamento destacando-se o emprego e a utilização dos Sistemas de Informações
Geográficas (SIGs).
Esses planos podem ser desenvolvidos pelo Poder Público representado
pelas Prefeituras Municipais, pela Polícia Militar e a Defesa Civil, em conjunto com a
comunidade local e as instituições privadas fortalecendo assim ainda mais as
comunidades locais. Estes planos num futuro próximo poderão integrar um banco de
dados que proporcione aos Órgãos Governamentais, sejam eles municipais estaduais ou
federais, terem em mãos informações valiosíssimas no tocante aos trabalhos
desenvolvidos pela Defesa Civil no que diz respeito à Análise Ambiental.
Uma vez que pesquisas desta natureza irão implementar ainda mais os
trabalhos desenvolvidos pela Defesa Civil local e regional, servindo também como
subsídio para futuros trabalhos nesta área, tendo em vista que os municípios vizinhos
não possuem estudos detalhados a respeito desta questão.
131
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APÊNDICE
139
FICHA DE CAMPO PARA INVENTÁRIO DAS UNIDADES BÁSICAS DE PAISAGEM,
USO E OCUPAÇÃO DO SOLO – MUNICIPIO DE CABRÁLIA PAULISTA - SP
Ponto nº:____ Data ________ Base Topográfica:_________________
Nome da Propriedade: _________________________________________________
Nome do Proprietário: __________________________________________________
Coordenadas: UTM N_____________UTM E___________________
Altitude: ________________________ Fotos:____________________________
Ponto de Referência: _________________________________________________
Principal Via de Acesso:_______________________________________________
Tipo de relevo:
( ) Vertentes com perfis retilíneos a convexos.
( ) Interflúvios com topos extensos e aplainados.
Outros:____________________________________________________________
Tipos de Solo:
( )Latossolo ( )Argissolo ( ) Gleissolos
Outros: ____________________________________________________________
Cobertura vegetal natural:
( )Mata ( )Capoeira ( )Cerrado ( )Campo ( )Campo Cerrado
( ) Cerradão ( )Vegetação de Várzea
Outros: _____________________________________________________________
Ocupação/Uso do solo:
Reflorestamento/Silvicultura:
( ) eucalipto ( ) pinus
Outros: ______________________________________________________________
Culturas:
( )Cana de Açúcar ( )Laranja ( )Seringueira ( ) Pastagem
Outros: _______________________________________________________________
Hidrografia:
( )Rios ( )Córregos ( )Lagos ( )Nascentes
Outros:__
_______________________________________________________________
140
Existem Proteção/Dispositivos Contra Fogo:
( ) Sim ( ) Não
Quais:
( ) Aceiros ( ) Barreiras Contra-Fogo
( ) Outros: Especificar: _________________________________
Riscos de Incêndio:
( ) muito baixo ( ) baixo ( ) médio ( ) alto
( ) altíssimo
Equipamentos e infra-estrutura de suporte logístico:
( ) Trator ( ) Carreta Pipa ( ) Caminhão
( ) Represas/Açudes ( ) Torre de Observação ( ) Motocicleta
( ) Caminhão Pipa ( ) Maquina Esteira
( ) Trator com Plaina Dianteira
( ) Pessoal com equipamento
Coordenadas UTM das Represas/Açudes:
UTM N___________ UTM E___________
Comunicações:
( ) Telefone Fixo ( ) Celular Rural ( ) Celular Móvel
( ) Rádio ( ) Internet
Obs. Anotar números, nomes dos proprietários/administradores e freqüência de rádio
quando houver no campo abaixo.
Observações: ___________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
ANEXOS
142
Fonte: RODRIGUES, I. União Prioriza Cerrado em Bauru; Jornal da Cidade, Ano
XXXVII, nº 11.564, Bauru, p. 04, 2004.
143
Fonte: RODRIGUES, I. União Prioriza Cerrado em Bauru; Jornal da Cidade, Ano
XXXVII, nº 11.564, Bauru, p. 04, 2004.
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