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USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL

Aspectos materiais

Ralpho Waldo de Barros Monteiro Filho

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1- DESJUDICIALIZAÇÃO

• DESJUDICIALIZAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS: transferência

de atribuições antes tratadas exclusivamente no âmbito jurisdicional,

i. e., processadas perante um Juiz de Direito por meio de ação ou,

ainda, pedido de providências (de natureza administrativa mas ainda

assim na esfera do Poder Judiciário).

Ex: Emancipação, separações, divórcios, inventários e partilhas.

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1.1 – DESJUDICIALIZAÇÃO DA USUCAPIÃO

Usucapião: o art. 214, § 5º, da LRP (inserido pela Lei nº

10.931/2004), evita o cancelamento do registro por vício de

procedimento quando presentes os requisitos da usucapião.

Usucapião Administrativa: Lei nº 11.977/2009, primeira a

regulamentar a usucapião administrativa, restrita, entretanto, às

situações de regularização fundiária de interesse social. Código de

Processo Civil de 2015 (art. 1.071), inserção do art. 216-A à Lei de

Registros Públicos que dá origem a usucapião administrativa geral

(qualquer direito imobiliário usucapível).

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Código de Processo Civil de 2015 (art. 1.071): diploma que,

inegavelmente, ao inserir o art. 216-A à Lei de Registros Públicos,

fez nascer em nosso ordenamento – tal como já acontece em sistemas

jurídicos estrangeiros – a usucapião administrativa geral (e geral

porque aplicável para a aquisição de qualquer direito imobiliário

usucapível).

Legalidade, constitucionalidade e conveniência: a

desjudicialização da usucapião é reconhecidamente constitucional,

posto não se tratar daquelas questões resguardadas pela chamada

reserva de jurisdição.

Ademais não se excluirá, em qualquer hipótese, a possibilidade de

judicialização da questão.

* § 9º do art. 216-A da LRP: a rejeição do pedido extrajudicial não impede o

ajuizamento de ação de usucapião.

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2- USUCAPIÃO: PRESSUPOSTOS GERAIS

CONCEITO: usucapião é forma originária de aquisição da

propriedade móvel (art. 1.260 do CC) ou imóvel (art. 1.242 do CC)

por meio do exercício da posse, em obediência aos pressupostos

legais, conforme sua modalidade.

CLASSIFICAÇÃO: tradicionalmente, divide-se em ordinária e

extraordinária; mais recentemente, surgiram tipos especiais (urbana,

rural, coletiva, familiar); todas as modalidades de usucapião, em

tese, poderão ser reconhecidas pela via extrajudicial, se preenchidos

os respectivos requisitos.

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2.1 – REQUISITOS PESSOAIS, REAIS E FORMAIS:

REQUISITOS PESSOAIS: são questões subjetivas que devem

ser observadas quando do pedido de usucapião e que dizem

respeito à pessoa do possuidor e do proprietário. Não se

trata - e é bom distinguir – de analisar a capacidade da pessoa

do possuidor para pleitear a usucapião e sim a sua legitimação

para prática do exercício do direito reclamado.

Capacidade ≠ Legitimação

Art. 1124 do Código Civil: as causas suspensivas e interruptivas da

prescrição são extensivas aos possuidores, ou seja, apresentadas nos

art. 197 ao 201 do CC (não há simetria perfeita) interferem na fruição

do prazo de exercício de posse, impedindo, em alguns casos, que ele

se inicie ou, em outros, que prossiga

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Art. 197. Não corre a prescrição:

I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;

II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;

III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou

curatela.

Art. 198. Também não corre a prescrição:

I - contra os incapazes de que trata o art. 3o;II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos

Municípios;

III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.

Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:

I - pendendo condição suspensiva;

II - não estando vencido o prazo;

III - pendendo ação de evicção.

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REQUISITOS REAIS: a análise recai sobre o objeto da

usucapião, uma vez que somente direitos reais sobre bens

usucapíveis podem ser adquiridos por essa via.

A importância dessa análise reside no fato de que alguns bens não

estão sujeitos a usucapião, tais como os bens públicos, de acordo

com o art. 102 do Código Civil (critério é a titularidade do bem –

art. 98). Entretanto, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal

já sinalizou no sentido de se distinguir a propriedade pública da

particular não apenas por meio da titularidade do bem, mas pela

afetação de sua finalidades – ou seja, se a finalidade é pública, os

bens receberão proteção como se submetidos ao regime de Direito

Público e, portanto, não sujeitos a usucapião (RE 220.906, Rel.

Min. Maurício Corrêa, DJ 14.11.2002).

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Outros exemplos de bens que frequentemente são objeto de dúvidas nas

ações de usucapião são:

Terrenos de marinha (que não podem ser usucapidos, mas deve-se analisar

os limites do imóvel, caso a caso);

Terras devolutas (indisponíveis segundo art. 225 CF, mas deve se analisar

caso a caso);

A ausência de transcrição no Ofício Imobiliário não induz a presunção de

que o imóvel se inclui no rol das terras devolutas; o Estado deve provar essa

alegação. (STJ - REsp: 113255 MT 1996/0071431-2, Relator: Ministro ARI

PARGENDLER, TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 08.05.2000 p.

89)

Bens sobre os quais pendam cláusula de inalienabilidade - com exceção

da usucapião ordinária – porque a cláusula de inalienabilidade atingiria o

próprio título (que deixaria de ser justo) - tais bens podem ser usucapidos,

uma vez que se trata de aquisição originária e, por isso, qualquer limitação

que por ventura o proprietário antecessor tenha sofrido no direito de dispor

da coisa é extinta pela usucapião.

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REQUISITOS FORMAIS: se subdividem em dois grupos, quais

sejam, os requisitos essenciais (GERAIS) e os suplementares

(ESPECÍFICOS).

1- Requisitos essenciais: são assim denominados

porque devem estar presentes em toda e qualquer modalidade de

usucapião.

São eles: o tempo, a posse mansa e pacífica e o animus domini.

– Tempo: o transcurso do tempo é fundamental para a

usucapião em geral, havendo diferenças apenas a depender da

modalidade de usucapião.

– Posse mansa e pacífica: pacificidade significa aqui sem

oposição judicial de alguém que pretenda retomá-la.

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– Animus domini: que consiste no comportamento do usucapiente de

possuir a coisa como se sua fosse. Vale dizer que o Código Civil não

faz menção a “intenção de ser dono” muito utilizada na doutrina. O

que se exige é que o possuidor tenha a coisa como se sua fosse, ou seja,

o requisito é o comportamento de dono.

2- Requisitos suplementares: exigidos apenas em

algumas determinadas modalidades de usucapião, a exemplo da

exigência de justo título e boa-fé na usucapião ordinária.

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3- USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL:

MODALIDADES E RESPECTIVOS REQUISITOS

MATERIAIS.

A Usucapião pode ser classificada em ordinária, extraordinária e

especial.

Todas estas modalidades de usucapião poderão ser reconhecidos

pela via extrajudicial, se preenchidos os respectivos.

3.1 - USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA:

Adquirirá a propriedade do imóvel aquele que possuir como seu um

imóvel, pelo prazo de 15 anos, independentemente de justo título ou

boa-fé. Nesse caso, o prazo poderá ser reduzido para 10 anos se o

possuidor tiver estabelecido no imóvel sua moradia habitual ou nele

tiver realizado obras de caráter produtivo.

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Nessa modalidade de usucapião, a lei subdivide a posse em dois tipos,

para, a depender de qual tipo for exercida, reduzir o prazo para a

usucapião.

Posse simples: aquela que se satisfaz com o mero exercício, pelo

possuidor, de algum dos poderes inerentes a propriedade,

exteriorizando seu poder sobre o bem.

Posse qualificada: é aquela que atribui ao imóvel função social que,

nesta modalidade, trata-se do estabelecimento de moradia no imóvel

ou a realização de obras de caráter produtivo.

Conforme se verifica, o exercício de posse qualificada reduz de 15 para

10 anos o prazo do exercício de posse para a usucapião extraordinária.

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3.2 - USUCAPIÃO ORDINÁRIA:

Adquirirá a propriedade do imóvel aquele que, por 10 anos contínuos e

ininterruptos, com justo título e boa-fé, possuir bem imóvel como seu.

Será, porém, de cinco anos o prazo, se o imóvel tiver sido adquirido

onerosamente, e cujo registro tenha sido cancelado, desde que o

possuidor tenha nele sua morada, ou nele tenha realizado investimentos

de interesse social ou econômico.

Verifica-se, portanto, que para propor a usucapião ordinária será

necessária - além dos requisitos essenciais - a presença de dois

requisitos suplementares: justo título e boa-fé. Referido prazo de posse

será reduzido se o justo título representar negócio oneroso (ou seja, não

pode ser título representativo de uma doação ou formal de partilha) e se

houver posse qualificada.

Mas o que se entende por justo título e boa-fé?

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– Justo título: considera-se justo título todo e qualquer ato

jurídico hábil, em tese, a transferir a propriedade,

independentemente de registro.

Enunciado 303 CJF. Considera-se justo título, para a presunção

relativa da boa-fé do possuidor, o justo motivo que lhe autoriza a

aquisição derivada da posse, esteja ou não materializado em

instrumento público ou particular. Compreensão na perspectiva da

função social da posse.

Tem-se que justo título é o instrumento que na sua forma é apto a

transferir a propriedade, ainda que ele apresente algum vício de

natureza formal ou substancial. A bem da verdade, o que

normalmente se vê é que o título apresentado para fins de usucapião

possui algum vício que o inabilita ao registro e/ou para efetivar a

transferência da propriedade, até mesmo porque, se assim não fosse,

a usucapião seria desnecessária, uma vez que bastaria registrar o

título.

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Justo título, portanto, pode ser uma escritura de compra e venda,

formal de partilha, carta de arrematação, assim como, segundo

ampla jurisprudência, a promessa de compra e venda ou a cessão de

direitos, mesmo sem registro.

OBS: Inciso IV do art. 216 LRP - Justo título como documento

essencial na usucapião extrajudicial. O justo título deverá,

sempre, acompanhar o pedido de usucapiao na via extrajudicial?

Não. Haverá necessidade de justo título quando o pedido formulado

for o de reconhecimento de usucapião ordinária. Sendo

extraordinária, não se há falar em tal documento.

Ainda, o dispositivo não está bem redigido porque pode passar a ideia de que o

justo título pode ser substituído por outros documentos. Na verdade, tratou o

inciso de coisas diferentes. Uma é a exigência do justo título quando a modalidade

pleiteada for a ordinária. Outra é aquilo que se aceitará como prova dos fatos

(recibos e quitações dos encargos fiscais e tributários; minutas de contratos e

promessas; declarações de pessoas atestando determinada situação etc.).

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– Boa-fé: possuidor de boa-fé é, segundo o art. 1201 CC,

aquele que ignora vício ou obstáculo que impede a aquisição

da coisa. É a incidência do estado de erro, que gera falsa

percepção do possuidor ser o titular da propriedade do imóvel.

A alegação de boa-fé, para fins de usucapião, está interligada e é

dependente da existência de justo título, pois ele vem materializar o

elemento objetivo que acarreta a convicção do possuidor de ser o

proprietário da coisa.

3.3 - USUCAPIÃO ESPECIAL:

Divide-se em rural e urbana. A usucapião especial rural exige posse

qualificada (moradia e produção) por cinco anos ininterruptos,

independentemente de boa-fé e justo título, sendo cabível para áreas

rurais com no máximo cinquenta hectares;

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Já a usucapião especial urbana também exige cinco anos ininterruptos

de posse qualificada (moradia própria ou da família),

independentemente de boa-fé e justo título, sendo cabível para áreas

urbanas de no máximo duzentos e cinquenta metros quadrados.

Em ambas as modalidades – rural ou urbana – o usucapiente não pode

ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

3.4 - USUCAPIÃO FAMILIAR:

A Lei 12.424, de 16 de junho de 2011 trouxe nova modalidade de

usucapião denominada familiar ou de especial urbana por abandono do

lar (ou, ainda, usucapião pró-família), prevista no artigo 1.240-A do

CC/2002.

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Para o reconhecimento do direito a essa modalidade de usucapião,

o cônjuge que permaneceu no imóvel (que deve ser urbano, de

propriedade comum do casal e ter até 250m2) deve exercer, por 2

(dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse qualificada

(exclusiva, direta e para moradia própria ou de sua família) e,

também, não ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

Alcançados os requisitos acima apontados, o cônjuge que

permaneceu no imóvel poderá requerer a extinção da

compropriedade, usucapindo a parte do imóvel que não lhe

pertencia.

* semelhança com à usucapião urbana, já prevista no artigo 1.240

do CC/2002 e art. 183 da CF/1988.

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3.5 - USUCAPIÃO COLETIVO:

É consenso de que a usucapião coletiva é modalidade especial da

usucapião urbana (e, assim, da usucapião constitucional). Como

característica marcante, a usucapião assim reconhecida instituirá o

que a lei chama de condomínio especial porque todos os ocupantes,

independentemente da extensão de sua posse, serão senhores de igual

fração ideal no registro imobiliário, salvo acordo escrito entre todos os

possuidores envolvidos (§ 3o do art. 10 do Estatuto da Cidade).

Requisitos: Com a nova redação do art. 10, dada pela Lei nº

13.465/2017, não mais se fala em áreas urbanas com mais de

duzentos e cinquenta metros quadrados. Também não há menção à

população de baixa renda e para os casos em que não é possível

identificar os terrenos ocupados por cada possuidor. Com a nova

redação, cogita-se de núcleos urbanos informais existentes sem

oposição há mais de cinco anos.

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Primeira discussão diz respeito à abolição dos requisitos da

baixa renda e da impossibilidade de demarcação das posses.

Entendimento mais afinado com a realidade - e a mens legis -

vai no sentido de que estes dois requisitos fazem parte do

conceito de núcleos urbanos informais.

A lei modificou o requisito referente à extensão da área: exigia-se

áreas urbanas com mais de 250 metros quadrados. Agora será

necessário realizar cálculo: a área total deverá ser dividida pelo

número de possuidores e o resultado tem que ser inferior a 250

metros quadrados por possuidor.

A regra é problemática: primeiro, como conseguir, na prática,

quantificar com exatidão o número de possuidores? Segundo, o

que são possuidores: o número total de moradores ou cada núcleo

familiar?

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Por exemplo: área de 3000m, com 70 pessoas = 42,85 m por pessoa;

“Essa deve ser a adotada, até para não se inviabilizar a usucapião e

para dar aplicação à função social à expressão possuidores”. Já a

mesma área de 3000m, com 11 famílias (70 pessoas) = 272 m por

família, o que inviabilizaria a usucapião.

Participação do MP. Nesta modalidade, é obrigatória por dizer

respeito à interesse social coletivo. Há determinação da

Procuradoria Geral da Justiça que dispensa a manifestação da

promotoria de registros somente nos casos de usucapiões

individuais.

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TEXTO REVOGADO:

Art. 10. As áreas urbanas com mais de duzentos e cinqüenta metros quadrados, ocupadas por população de baixa

renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os

terrenos ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os

possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural.

REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 13.465, DE 2017:

Art. 10. Os núcleos urbanos informais existentes sem oposição há mais de cinco anos e cuja área total dividida pelo

número de possuidores seja inferior a duzentos e cinquenta metros quadrados por possuidor são suscetíveis de

serem usucapidos coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural.

§ 1o O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo, acrescentar sua posse à de seu

antecessor, contanto que ambas sejam contínuas.

§ 2o A usucapião especial coletiva de imóvel urbano será declarada pelo juiz, mediante sentença, a qual servirá de

título para registro no cartório de registro de imóveis.

§ 3o Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal de terreno a cada possuidor, independentemente da dimensão

do terreno que cada um ocupe, salvo hipótese de acordo escrito entre os condôminos, estabelecendo frações ideais

diferenciadas

§ 4o O condomínio especial constituído é indivisível, não sendo passível de extinção, salvo deliberação favorável

tomada por, no mínimo, dois terços dos condôminos, no caso de execução de urbanização posterior à constituição

do condomínio.

§ 5o As deliberações relativas à administração do condomínio especial serão tomadas por maioria de votos dos

condôminos presentes, obrigando também os demais, discordantes ou ausentes.

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EXTRAORDINÁRIA ORDINÁRIA ESPECIAL FAMILIAR COLETIVO

URBANA RURAL

- posse pelo prazo de

15 anos;

- redução para 10

anos, se houver posse

qualificada

(moradia ou obras de

caráter produtivo);

- posse pelo

prazo de 10

ano;

- existência

justo título e

boa-fé;

- redução do

prazo para 5

anos se o justo

título que

represente

negócio

oneroso e;

- posse

qualificada

(moradia ou

investimentos

de interesse

social e

econômico).

- posse pelo

prazo de 5

anos;

- posse

qualificada;

(moradia

própria ou da

família)

- imóvel de

até 250 m2;

- não ser

proprietário

de outro

imóvel;

- posse pelo

prazo de 5

anos;

- posse

qualificada

(moradia e

produção)

- imóvel de até

50 hectares;

- não ser

proprietário de

outro imóvel

- posse pelo

prazo de 2 anos

ininterruptos;

- imóvel urbano

de até 250m2;

- propriedade

comum com ex-

cônjuge ou ex-

companheiro que

abandonou o lar;

- posse

qualificada,

direta -

utilização para

moradia;

- não ser

proprietário de

outro imóvel

rural ou urbano;

- posse, sem

oposição, há

mais de 5

anos;

- áreas

urbanas

- mais de

duzentos e

cinquenta

m2

- ocupados

por núcleos

urbanos

informais;

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