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Page 1: Yellow Submarine

SALVADOR TERÇA-FEIRA 14/8/20126 2

Liderado por Luiz Rocha, Zona Harmônica resgata uma esquecida tradição brasileira

Diz o senso comum que “bra-sileiro não tem memória”. Co-mo todo clichê tem seu fundo deverdade – ou não seria clichê –,aqui vai mais um dado brasileiroperdido no tempo, cortesia dogaitista e pesquisador baianoLuiz Rocha: “Entre os anos 1930e 60, o Brasil teve vários trios degaitistas, de relativo sucesso”.

Imerso nas suas pesquisas enos encontros/workshops quecostuma promover, o Papo deGaita, Luiz acabou formando elemesmo um trio naqueles mol-des, o Zona Harmônica, queatualmente cumpre temporadatodas as sextas-feiras de agostono Visca Sabor & Arte.

Formado por Luiz (gaita dia-tônica),BrenoPádua(cromáticae diatônica) e Ramon El-Bachá(gaita baixo), mais o percussio-

Os músicosmandam verversões destandards, alémde hits radiofônicose músicas autorais

Tainã El-Bachá / Divulgação

Zona Harmônica: Breno Pádua, Ricardo Hardmann, Ramon El-Bachá e Luiz Rocha, toda sexta no Visca

ColetâneaChico Castro Jr.Jornalista e repórter doCaderno 2+

Luiz Natureza estreia

Conhece Luiz Natureza? Não seenvergonhe. Um dos melhorese mais bem guardados segre-dos da música baiana está pres-tes a ser revelado. Quem nãoquiser esperar o álbum que oprodutor andré t. está concluin-do, deve comparecer ao showque esse simpático senhor, fãde Roberto Carlos e ska, faz nes-ta sexta-feira, no Dubliner’sIrish Pub. 22 horas, R$ 10. De-pois não digam etc e tal...

Música & pimpolhos

O senhor ou a senhora dona decasa tem filhos? Faça-lhes umfavor e leve-os ao concerto daOrquestra Castro Alves (segun-da a sair do Projeto Neojiba),dentro do projeto Música paraBrincar, na Concha Acústica doTCA. Regência do equatorianoDavid Calderón e participaçãodo jovem Yuri Azevedo, aquelemenino que ganhou um prêmioem Campos do Jordão. Domin-go, 17 horas, R$ 10 e R$ 5.

PRETA GIL

Em seu novo trabalho,intitulado Sou Como Sou, acantora Preta Gil mostra suasgrandes marcas: cançõesdançantes com letras quequestionam estereótipos ebastante ousadas, como anona faixa, Tudo com Você.SOU COMO SOU / UNIVERSAL/ R$21,90

MARIANA PAIVA

TITÃS

Sem favor nenhum, um dosmelhores LPs do rock brasucaem todos os tempos, CabeçaDinossauro (1986) ganhaedição comemorativa. O CD 2traz a versão demo do disco,com a inédita (e ótima) VaiPra Rua. CABEÇA DINOSSAURO ED.

COMEMORATIVA 30 ANOS / WARNER / R$

24,90 CHICO CASTRO JR.

SANTANA

Volta, benvinda, de Santanaao som instrumental, semintenções pop. Há menoslatinidade que de costume,trocada por uma abordagemmelódica mais profunda emística. A faixa-título é umabela elegia à ancestralidadeindígena. SHAPE SHIFTER / SONY

MUSIC / R$ 24,90 EDUARDO BASTOS

REVERENDO T. & OS DISCÍPULOS

DESCRENTES

O Reverendo T. (nomeartístico de Tony Lopes) soltaEP em que dá guinada rumo aum som eletrônico, enumeraseus defeitos (Muito Prazer) econfessa seus pecados(Desculpe). Divino. MUITO PRAZER

/ BRECHÓ / BAIXE: DISCIPULOS

DESCRENTES.BLOGSPOT.COM.BR CCJR.

MALDITA

A banda Maldita dá a cara atapa e arrisca uma mistura demetal gótico com funk carioca.O resultado é mais do queduvidoso, impressão reforçadapelo apego aos clichês deambos os gêneros. Para nãomencionar as letras pueris.MONTAGEM /INDEPENDENTE / BAIXE:

BANDAMALDITA.COM.BR CCJR.

THAEME & THIAGO

Como toda boa indústria, afonográfica lança diversosprodutos iguais. Este CD émais um dentro do segmentode duplas sertanejas comcanções que falam deromance e pegação na balada.AO VIVO EM LONDRINA / SOM LIVRE / R$

14,90 (CD) / R$ 32,90 (DVD) / R$ 35,90

(KIT CD E DVD) MARCELO ARGÔLO

po depois, ele viajou à China,para uma convenção, e trouxeuma gaita baixo de lá. Foi o quefaltava para formarmos o trio.Um negócio da China, literal-mente”, diverte-se Luiz.

Embalado, o grupo foi apro-vado em um edital setorial demúsica da Fundação Cultural doEstado (Funceb). “Ainda não fe-chamos as datas, mas entre ou-

tubro e dezembro, estaremosrodando por algumas cidadesdo interior, com o workshop Pa-po de Gaita e o show do ZonaHarmônica”, comemora Luiz.

ZONA HARMÔNICA / SHOWS ÀS

SEXTAS-FEIRAS DE AGOSTO, 21 HORAS /

VISCA SABOR & ARTE (R. GUEDES CABRAL,

123, RIO VERMELHO) R$ 15

VEJA: WWW.PAPODEGAITA.COM

LANÇAMENTO A animação Yellow Submarineganha edição em CD, DVD e Blu-Ray

Todos a bordoem versãorestauradados BeatlesMARCEL BANE

Pepperland é uma terra mágica,na qual a música reina suprema.Até que os Meanies Azuis de-claram guerra e enviam seuexército de malvados, cujo líderé a temível luva voadora, paradestruir todaabelezaeaniquilarqualquer melodia. O mundo co-lorido de Pepperland começa aficar cinza. Restaurar as cores eos sons a esta terra paradisíacaé a função da Sgt. Pepper’s Lo-nely Hearts Club Band, de unscertos Beatles.

Yellow Submarine, o longa deanimação estrelado pelos qua-tro fabulosos, ganhou uma re-edição em DVD e Blu-Ray, alémda trilha sonora em CD. Eis achance de assistir a um clássicoda psicodelia em alta definição,com sons e cores brilhantes.

A inspiração para Yellow Sub-marine nasceu da canção ho-mônima, escrita por John Len-non e Paul McCartney, para odisco Revolver, de 1966. O pon-to de partida foi uma série decerca de 40 curtas animados jáestrelados pelos Beatles na redeamericana ABC, e produzidospor Al Brodax. Foi Brodax quemabordou Brian Epstein, empre-sário do quarteto, com umaideia para o longa-metragem.Empolgado com a ideia de tra-balhar com o designer alemãoHeinz Eldemann, ele contribuiu

Divulgação

Graças ao artista alemão Heinz Edelman, Pepperland, os Beatles ganharam vida e brilho na tela

Versão traz otrailer original, ummaking of chamadoMod Odyssey,com bastidoresda produção

todas as idades. Mas uma mu-dança aconteceria nos anos 50,quando as emissoras de TV pas-saram a exibir os desenhos noperíodo no qual as crianças es-tavam em casa, após a escola, enas manhãs de sábado, mudan-do a percepção do público adul-to quanto aos desenhos anima-dos. Quando Yellow Submarineestreou, em 1968, foi conside-

rado a redenção da animação.Com seu estilo visual inovador eimpregnado de referências pop,não era certamente um dese-nho para crianças, mas paraqualquer um capaz de apreciarsua reinterpretação de podero-sas canções dos Beatles.

O caminho até a estreia foicurioso. O filme entrou em fasede produção sem um roteiro fi-nal, sem um storyboard defini-tivo, e com um grupo de pessoasenvolvidas tão inspirado pelascanções dos Beatles que foi rea-lizado em apenas 11 meses. Es-se milagre da realização se deveao diretor George Dunning, eaos roteiristas Lee Minoff, AlBrodax, Jack Mendelson, EricSegal e aos diálogos criados porRoger McGouh. Mas foram pre-cisos 14 roteiros diferentes, 40animadores e 140 técnicos.

PsicodélicoInspirado pelas novas tendên-cias nas artes daquela geração,Yellow Submarine se coloca ladoa lado com a vibrante pop art deAndy Warhol, Martin Sharp,Alan Aldrige e Peter Blake, coma fotografia psicodélica de Ri-chard Avedon e com as imagenssurreais de Salvador Dalí. “Nósdecidimos trazer as imagensque são familiares para o ima-ginário popular. O filme, apesarda história e do enredo, foi de-senhado para ser uma experiên-cia”, contou o diretor GeorgeDunning, no livro Beatles at theMovies, de Roy Carr.

O longa captura com perfei-ção o espírito dos combativosanos60:omovimentoantiguer-ra, a contracultura e a onipre-sente psicodelia do período. Tec-nicamente, a obra refletia a ver-ve exploratória das artes de van-guarda, com o uso de luzes es-troboscópicas, cores fortes, edi-ção rápida e sequências de co-lagem.

O processo de restauração dofilme foi feito à mão, quadro aquadro, de forma a preservar aarte gráfica original. A primeiraedição em DVD foi lançada em1999, mas sem o tratamentoadequado para os desenhos ori-ginais. Desde então, o filme es-tava indisponível.

YELLOW SUBMARINE / THE BEATLES

EMI MUSIC / R$ 49,90 (DVD) E R$ 89,90

(BLU-RAY) / EMIMUSICBRASIL.COM

nista Ricardo Hardmann, os mú-sicos mandam ver versões destandards como Summertime(G. Gershwin) e Tequila (TheChamps), além de hits radio-fônicos mais recentes, comoSmooth (Santana), e autorais,como Medo de Chutar Alguém(composta pelo trio).

“Ostriosantigosusavamuma(gaita) cromática, uma gaitabaixo e uma de acordes, masnós usamos basicamente as dia-tônicas, que são as comumenteusadas no blues”, conta.

“A ironia é que não temosblues no repertório”, ri Luiz.“Buscamos temas consagradosdediversosgêneros,músicasco-nhecidas por ouvintes de váriosperfis. E aí as transportamos pa-ra estética da gaita”, explica.

Gaita made in ChinaO Zona Harmônica em si é frutodos Papos de Gaita. “Uma vezmostrei no encontro uma gaitabaixo que me foi emprestadapor Léo Barros, ex-integrante doúnico trio de gaita dos anos 60em Salvador, o Harmônica Trio.Ramon, que é médico e fã degaita, se interessou. Algum tem-

com as músicas It’s Only a Nor-thern Song, All Together Now eHeybulldog. Mas a série de de-senhos animados da ABC estavapara Yellow Submarine como aingenuidade das primeiras can-ções do Beatles está para a re-volução do álbum Revolver.

O longa foi lançado nos ci-nemas em 1968, e trouxe con-sigo uma revolução na maneira

como os desenhos animadoseram feitos e mudou a percep-ção para a audiência a que sedestinavam. Obviamente, gran-des animações já existiam àépoca: os clássicos desenhos daWarner Bros e os longa-metra-gens da Walt Disney já faziamparte de uma tradição de gran-des estúdios e produções queencantavam espectadores de

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