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Cap. III No extremo da história 3. Estética Relacional

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Estética relacional

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Cap. III No extremo da história3. Estética Relacional

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A s narrativas particulares em contraposição às metanarrativas conduzem também a uma mudança na maneira em que se organiza a política. No sistema moderno o mundo estava politicamente dividido entre esquerda e direita. Hoje, estes valores universalistas perdem força frente aos valores particulares. Assim a política se fragmenta em diversas comunidades articuladas entorno a interesses políticos específicos e cotidianos como o meio ambiente, os direitos civis, assuntos de gênero, justiça, fome, terra, etc. Estas são as chamadas micro políticas e a arte reflete estas atitudes sociopolíticas ligadas às questões da realidade.

Assim como as fronteiras entre arte e ciência se diluem, assim também as fronteiras entre arte e política se abrem a um terceiro espaço em que acontece uma arte engajada no espaço relacional da sociedade (que é o espaço da política, polis é cidade organizada, sociedade). Acontece no tecido das relações sociais tanto para questionar a luta do poder (a política) como para proporcionar espaços de relacionamento alternativos.

A estrutura de um mundo fragmentado e em constantes crises é o material sobre o qual os artistas criam. A adversidade, a incerteza, a precariedade, a troca, o espaço de relação são tanto meios como linguagens para a poética da criação.

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Bourriaud - A obra relacional enfatiza o uso antes que a contemplação. A arte relacional privilegia as intersubjetividades antes que a opticalidade. Retórica aberta, open-ended, emancipação do leitor.

A obra relacional cria espaços de relações. Ênfase no espaço como um entre-lugar.

Espaço relacional das camadas (layers) fragmentadas dos espaços políticos. Espaço de relação entre a arte a vida.

Ana Teixeira, Escucho Histórias de Amor, 2005, Chile

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Nicolas Bourriaud - Estética Relacional: “[...] não foi a modernidade que morreu, e sim a sua versão idealista e teleológica. [...] Hoje a modernidade prolonga-se em atividades de bricolagem e reciclagem do dado cultural, na invenção do cotidiano e na ordenação do tempo vivido, objetos tão dignos de atenção e estudo quanto as utopias messiânicas ou as novidades formais que caracterizavam o passado.” (2009, p. 17-19)

Felix Gonzalez-Torres, Grupo Material, A Escolha do povo, 1979

A aura da obra de arte deslocou-se para seu público

Rirkrit Tiravanija

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Maurizio Cattelan, a Nona Hora, 1999

Política, cultura, locação

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Coco Fusco, Operação Atropos, 2006, cubana-americana. http://vimeo.com/3562432 Guillermo Gómez- Peña

Antropologia Reversa (Roy Wagner) “todo entendimento de uma outra cultura é uma experiência com a sua própria”

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Rosalind Krauss – Noção de campo expandido – “Deste modo o campo proporciona ao artista um conjunto finito porém ampliado de posições relacionadas para empregar e explorar , assim como uma organização da obra que não esteja ditada pelas condições de um meio em particular.” (2006).

Damian Ortega “Coisa Cósmica” 2001

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“Un Baca”, acrílico, 2008

http://www.youtube.com/watch?v=OdbiIfKsrxA

“Figura que define sua própria linha de horizonte”, instalação, 2011-2012 http://www.youtube.com/watch?NR=1&v=JRbC7B0rM_k&feature=endscreen

José Bedia, Cuba

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Esculturas:Loiuse Bourgeois, Alexandre Calder, Henry Moore, Bruce Nauman, Claes Oldenburg, Maurizio Cattelan e Coosje van Bruggen

Filmes: Solyent Green, Solaris e La Règion Centrale.

Dominique Gonzalez Foerester

RedeSistema de ligações multipolar e extensível com um número não determinado de entradas. Uma vez na rede pode ser ter acesso a todas as entradas. Uma rede forma uma trama, um tecido de relações que formam outros tecidos de maneira complexa ou simples. Idéia de Inteligência Coletiva de Pierre Lèvy (1999).

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Desterritorialização[...] a inadequação da noção usual de pertencimento (a uma nação) para a compreensão da dinâmica de um mundo globalizado- baseado que está em uma idéia de territórios apartados- e o conseqüente rompimento da associação imediata e exclusiva entre lugar, cultura e identidade [...] (Moacir dos Anjos, 2005, p. 9)

A noção de identidade se desterrioriza

Chang Xugong, Representante do fazendeiro, bordado, 2008

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Maurizio Cattelan, L.O.V.E. Piazza Affari, Milão, 2010http://www.youtube.com/watch?v=Yy3zOTCSPHc&feature=player_embedded

“O que faz as pessoas se sentirem tão ofendidas pelas imagens? [...] A imagem possui um tipo de caráter vital, vivo que é capaz de sentir o se faz a ela. Não é só um meio transparente de comunicar uma mensagem, mas uma coisa animada, viva, um objeto com sentimentos, intenções, desejos e agência” (W.J.T. Mitchell, What do Imagens Want?, 2005, p. 127)

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http://www.reneestout.com/

Renée Stout, Fetish No. 2, 1988

Entrevista com Renèe Stout

Trigo Piula, Ta Tele, 1988

Minkisi, Zinkisi ou Nkisi – figura na qual habita um espírito

“Totems, fetiches e ídolos não são só objetos, imagens ou mesmo ‘coisas’ estranhas que desafiam nossos modos de objetividade. [...] Mas se são, usando os termos do filósofo Nelson Goodman “maneiras de fazer o mundo” são também maneiras de desfazer os vários mundos nos quais circulam. Não são simplesmente manifestações de figuras coerentes do mundo ou cosmologias cujas mitologias devem ser mapeadas e narradas, mas lugares de luta sobre histórias e territórios.” (W. J. T. Mitchell, 2005, p. 196)

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Efrain Almeida, 2007

Moacir dos Anjos - “As reconstruções identitárias, que formuladas nas regiões periféricas, acompanham o processo de globalização são enunciados críticos à universalização de códigos criados nas regiões que detêm o poder de difundir valores simbólicos mundialmente. Em vez de apenas rejeitar formulações a eles estranhas ou de reproduzir mimeticamente uma linguagem artística supostamente internacional, os criadores daquelas regiões instituem por meio de obras hibridas que traduzem e aproximam formações culturais diversas, um espaço agonístico de negociação entre diferenças que não se reconciliam. Também condenam por esse procedimento, idéias de pertencimento, que associam de modo unívoco e atemporal, territórios e culturas. Evitam, assim ,ser apreendidos pelo olhar do outro quer como exóticos, quer como imitadores, avocando a natureza tensa e transacional de suas identidades, irredutíveis tanto a um passado idealizado e imutável quanto a modelos universalizantes.” (2005, p. 51)

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“Eco argumenta que toda obra de arte é potencialmente aberta já que pode provocar uma gama ilimitada de possíveis leituras; a arte, a música e a literatura contemporânea simplesmente apontaram este fato. Bourriaud mal interpreta estes argumentos aplicando-os a obras específicas (àquelas que requerem interação literal) e assim re-dirige o argumento á intencionalidade do artista antes que ás questões de recepção. Eco via a obra de arte como uma reflexão das condições de existência numa cultura moderna fragmentada, Bourriaud vê a arte produzindo estas condições.” (Bishop, 2004)

Jorge Pardo (Cuba) , Bulgogi, 2010

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Construção de espaços concretos, espaços de convívio, pontos de encontro, (Nicolas Bourriaud )

Liam Gillick, Driving Practice, 2004

“Não existe a idéia, existem tal vez 20,000 idéias brilhando entre a ilusão do presente e a ilusão do passado”

Neste projeto um grupo de ex-trabalhadores que voltam ao seu lugar de trabalho fechado (clausura) onde improvisam novos modos de produção usando sinalização redundante da fábrica

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Santiago Sierra, Bienal de Veneza, 2001, Homens não europeus pagados para se tingir o cabelo de loiro.

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Minerva Cuevas, “Mejor Vida Corp.”

“Eu não acredito que exista uma ‘arte política’. Eu penso no MVC como um ativismo social, mas estou usando meios e instituições do contexto da arte. Uma coisa é usar elementos de um contexto social especifico para produzir uma peça de arte e outra dar a um projeto uma utilidade em termos sociais.” (Minerva Cuevas em entrevista com Hans Ulrich Obrist)

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Francis Alys, Turista, 1996

Exposição Da adversidade vivemos (Helio Oiticica) em 2001 em Paris e A Estrutura da Sobrevivência na Bienal de Veneza de 2003 curadas por Carlos Basualdo: a experiência da realidade latino americana caracterizada pela constante precariedade e adversidade em contexto socioeconômicos tragicamente instáveis.A arte se centra na crise, não para apontá-la mas pelas respostas que gera.

Gerardo Mosquera: “o artista se exporta a si mesmo, se tornando num transeunte cosmopolita que condensa processos globais”.

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Marjetica Potrc, Casa crescente, 2003

“O mundo em que vivemos agora é sobre auto-sustentação, iniciativa individual, projetos a pequena escala” Potrc

Fernanda Gomes, 2003

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Mujeres Creando, Principio Potosí, Museu Reina Sofia, Madrid 2010

http://www.youtube.com/watch?v=Et1v16uog4U&feature=related

http://mujerescreando.org/potosi/pag/conferencia.htm

Stuart Hall - Os cenários políticos do mundo são cada vez mais fragmentados em identificações que desterritorializam e deslocam as identidades. A nova base política é definida pelos movimentos sociais:ecológicos, feministas, homossexuais, de liberação, religiosos, etc. Uma política da “diferença”.

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Proposta de Lei: Elizabeth Velázquez, Colaboração arte e política: Joe Hateley e Hugo Vera, Projeto Transgênero, Equador, 2010http://www.proyecto-transgenero.org/

http://www.youtube.com/watch?v=DjM0rfcflOA

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Carsten Holler, The Unilever Series, Tate Modern 2006-2007

“Muito do que é feito atualmente nas artes é produzido e circula de acordo com as regras das inovações e obsolescência periódica, não por causa do impulso experimentador, como no tempo das vanguardas, mas sim por que as manifestações culturais foram submetidas aos valores que “dinamizam”o mercado e a moda: consumo incessantemente renovado, surpresa e divertimento”. (Canclini, 1999).

Ênfase no valor relacional pode levar a uma concepção socializante, de entretenimento e moralizante da arte

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Claire Bishop - Arte dos 90: obras que são abertas, interativas, que se resistem a serem fechadas, muitas vezes parecendo um ‘work in progress’ antes que objetos completos. Estes trabalhos parecem derivar de uma criativa interpretação errada da teoria pós-estruturalista: ao invés das interpretações serem abertas a uma continua reavaliação, a própria obra de arte se coloca em perpetuo fluxo. (Bishop, 2004)

Phillipe Parreno, Kunsthall Zurich, 2009

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Pierre Huyghes, “Remake” (Hitchcok Janela Indiscreta, 1954) 1995

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Deleuze, Imagem – tempo:Cinema: a imagem -movimento onde o tempo procede como ditado pela ação (narrativa causa e efeito, racionalidade) a temporalidade está governada pelo esquema senso-motor. Tudo responde a uma causalidade linear (ainda quando é interrompida por um flashback) Tudo tem uma progressão razoável.A imagem- tempo, a diferença da imagem-movimento se desliga do esquema senso-motor. A experiência se desloca da progressão de imagens á imagem em si, aberto à diferentes modalidades temporais. A imagem-tempo existe não como cronologia, mas como presentes justapostos. O cinema é único como meio porque tem mobilidade e temporalidade.

O valor do cinema é a capacidade de mobilizar a percepção. Tendemos a imobilizar o fluido da vida para atuar, o cinema nos abre á percepção com o fluido do movimento. Pensamos o tempo como a ligação entre pontos imóveis ou vemos o tempo como um fluido de um ponto de vista imóvel. O cinema libera a imobilidade do ponto de vista singular do observador. Isto nos permite pensar a verdade da arte e da vida como movimento que subseqüentemente imobilizamos em nossas percepções.

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“O rizoma opera por variação, por expansão, conquista, captura, Mapa que deve ser produzido, construído, que pode ser extraído, conectado, reversível, modificável com múltiplas entradas e saídas com suas próprias linhas de percurso. Sistema sem centro, sem hierarquia sem significado, definida somente pela circulação de estados”. (Deleuze e Guattari, 1997)

Guillermo Kuitca, (sem título) Mapa, 1990

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“’Campo iconográfico’ [...] ‘conjunto de camadas de informações’ [...] uma arte baseada na produção de relações com o Outro. Exposição como espaço ‘fotogênico’: a obra não se apresenta como totalidade espacial a ser percorrida pelo olhar, mas como uma duração a ser atravessada, seqüência por seqüência, como uma curta metragem em que o espectador deve se locomover . (Nicolas Bourriaud)

Exposição Ozone, Dominique Gozalez Foerster, Berbard Jionsten, Pierre Joseph e Philippe Parreno, 1989

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David Harvey (espaços da esperança) – novas considerações com o problema da espacialidade e da temporalidade (noções de descartável e instantâneo)

Sylvie Fleury, Almine Rech Gallery, 2010

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Eugenia Vargas, Amalia Caputo, Martina Alvarez, THT Talking Head Transmitters, Miami Art Museum, 2010http://www.talkingheadtransmitters.com/

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“Mas penetrar a imagem, assim como no amor carnal, significa ser penetrado por ela. O olhar se impregna de cor, os ouvidos de sonoridade. Não há nada no espírito que não esteja nos sentidos: nada na idéia que não esteja na imagem. Eu me transformo no plano e a profundidade do olho do pintor que me olha [...]. Eu me transformo na dissonância da harmonia, no pulo do passo de dança. ‘Eu’: mas não é mais uma questão do ‘Eu’. Cogito se torna Imago. (NANCY, J.L., 2005 p. 10)

Marina Abramovic, The Artist is Present, MoMA, 2010

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BibliografiaBISHOP, CLAIRE. Antagonism and Relational Aesthetics. Magazine and Massachusetts Institute of Technology. October 110, Fall 51-79. 2004. Encontrado em http://roundtable.kein.org/files/roundtable/claire%20bishop-antagonism&relational%20aesthetics.pdf em 12/05/2010CANCLINI, NESTOR. Consumidores e cidadãos: Conflitos Multiculturais da globalização. Rio de Janeiro: editora UFRJ. 1999. BOURRIAUD, NICOLAS. Estética Relacional. São Paulo: Martins, 2009. ___________,__. Pós-produção: Como a arte reprograma o mundo contemporâneo. São Paulo: Martins. 2009.KRAUSS, Rosalind. La originalidad de la Vanguardia y otros mitos modernos. Madrid: Alianza Editorial. 2006.DELEUZE, G. e GUATTARI F. Mil Platôs. São Paulo: Editora 34. 1997. ________,_. A Imagem- tempo. São Paulo: Brasiliense. 2007.NANCY, JEAN LUC. The Ground of the Image. New York: Fordham University Press. 2005.CANTON, KATIA. Temas da Arte Contemporânea. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes. 2009.ANJOS, MOACIR dos. Local/global: Arte em trânsito. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2005.LEVY, PIERRE. Cibercultura. São Paulo. Editora 34. 1999.HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.MITCHELL, W.J.T. What do Pictures Want?. Chicago: University of Chicago Press, 2005

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WebtecaEstudos pós-coloniais em reflexão, Frank Nilton Marcon Minerva Cuevas, websiteThriving on Adversity: the Art of Precariousness, Anna DezeuzeWebsite de Mujeres Creando, BolíviaCarsten Holler, The Unilever Series, Tate Modern, Londres, 3D da instalação no museuGerardo Mosquera, Cinco continentes y una ciudad, em espanholIdentidade Cultural na Pós-modernidade, Stuart Hall, trecho em portuguêsEntrevista de Nadja Vladi com Marepe, YoutubePierre Levy fala sobre Inteligência ColetivaVideo sobre performance de Marina AbramovicEntrevista com Dominique Gonzalez Foerster, Canal ContemporaneoPhilippe Parreno na revista Contemporary Art DailyAntropologia Reversa de Roy Wagner