5
Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo – Faculdade de Biblioteconomia e Ciências da Informação Cristiano neves de Souza Coelho 4ª Semestre – Noturno – Sala 53 – 22/09/2010 Teoria da Comunicação – Profª Tânia Calegaro Atividade: A propaganda eleitoral no Brasil Acredito que as pessoas devam assumir a autoria de suas idéias. Por mais que seja necessária a imparcialidade em uma análise, minha função como parte desta sociedade é não ser imparcial. São de minha responsabilidade as palavras aqui escritas, como integrante da massa brasileira que vai às urnas no dia 03 de Outubro de 2010. Adianto que até o fim desta atividade não serei imparcial, que não utilizarei palavras que me afastem da situação como um observador que pinça fatos de nossa realidade, até porque eu causarei menos danos que os veículos de comunicação existentes, e não estou contando fatos sobre idéias de outras pessoas dizendo que são minhas como os nossos objetos de estudo costumam fazer. Assim, inicio dizendo que a terceira eleição para importantes cargos da Nação no Século XXI é o retrato da Sociedade brasileira atual: Muito mais imoral, sem personalidade, cínica. Não afirmo que Toda a Sociedade esteja contaminada mas os valores da Massa brasileira estão completamente apodrecidos, por todas as camadas que poderiam influenciar uma mudança positiva em nosso meio. Nada mudou por aqui desde o retorno das eleições diretas. Continuamos tendo que aturar jingles cafonas e repetitivos; O eleitor continua sendo tratado como experimento, as legendas dos partidos são divulgadas como exercício de condicionamento ao espectador, repetitivo, extenuante. Os candidatos são as mesmas figuras batidas, os mesmos esquetes. As promessas continuam vazias, complemento de promessas

A propaganda eleitoral no Brasil - Cristiano Neves de Souza Pereira

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Trabalho apresentado durante o 2º semestre de 2010 para a disciplina "Teoria da Comunicação" ministrada pela Profª Drª Tânia Callegaro. Autor: Cristiano Neves de Souza Pereira.

Citation preview

Page 1: A propaganda eleitoral no Brasil - Cristiano Neves de Souza Pereira

Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo – Faculdade de Biblioteconomia e Ciências da

Informação

Cristiano neves de Souza Coelho 4ª Semestre – Noturno – Sala 53 – 22/09/2010

Teoria da Comunicação – Profª Tânia Calegaro

Atividade: A propaganda eleitoral no Brasil

Acredito que as pessoas devam assumir a autoria de suas idéias. Por mais que seja necessária a

imparcialidade em uma análise, minha função como parte desta sociedade é não ser imparcial. São de minha

responsabilidade as palavras aqui escritas, como integrante da massa brasileira que vai às urnas no dia 03 de

Outubro de 2010. Adianto que até o fim desta atividade não serei imparcial, que não utilizarei palavras que

me afastem da situação como um observador que pinça fatos de nossa realidade, até porque eu causarei menos

danos que os veículos de comunicação existentes, e não estou contando fatos sobre idéias de outras pessoas

dizendo que são minhas como os nossos objetos de estudo costumam fazer.

Assim, inicio dizendo que a terceira eleição para importantes cargos da Nação no Século XXI é o

retrato da Sociedade brasileira atual: Muito mais imoral, sem personalidade, cínica. Não afirmo que Toda a

Sociedade esteja contaminada mas os valores da Massa brasileira estão completamente apodrecidos, por todas

as camadas que poderiam influenciar uma mudança positiva em nosso meio.

Nada mudou por aqui desde o retorno das eleições diretas. Continuamos tendo que aturar jingles

cafonas e repetitivos; O eleitor continua sendo tratado como experimento, as legendas dos partidos são

divulgadas como exercício de condicionamento ao espectador, repetitivo, extenuante. Os candidatos são as

mesmas figuras batidas, os mesmos esquetes. As promessas continuam vazias, complemento de promessas

Page 2: A propaganda eleitoral no Brasil - Cristiano Neves de Souza Pereira

dos programas de governo de seus adversários ou antecessores; Quando eleito percebe qual a real situação

deixada pelo antigo gestor, e quanta desculpa geram para poucas ou nenhumas realizações. Nada mudou.

Errado. Muita coisa mudou, infelizmente para pior. Parafraseando nosso excelentíssimo senhor

presidente desta nação adorada, Nunca antes na história deste País o eleitor tem se entregado tão burramente

aos lobos em pele de cordeiro. Difícil de acreditar que em pleno século da comunicação, das tecnologias, não

vem da parcela envelhecida da sociedade e muito menos dos desfavorecidos e facilmente manipuláveis esta

decepção; São os Jovens que pouco demonstram mais do que simples indignação e agem como resignados aos

acontecimentos. Pior, são destes jovens que sairão os votos para as aberrações políticas existentes no pleito de

2010, assim como vem acontecendo nas ultimas disputas. Faz-se jus ao slogan recente: A eleição é o palco da

democracia, o espetáculo. É tudo exatamente como antes, muito pior. Exercer um direito imposto sob pena de

multa desestimula o cidadão em formação, que já traz um provável desconforto difundido por seus familiares.

Este formador de opinião recebe numa idade que pode ser considerada madura para decidir o futuro de sua

nação, quando não pode sequer adentrar em um Motel ou estar devidamente empregado e registrado, entre

outros fatos que podem prolongar ainda mais este parágrafo... Este Jovem está armado com o direito de

decidir o futuro de seu Estado, sua pátria, e por meio destas propagandas deveria conhecer um pouco sobre o

Partido e o candidato que tiver mais afinidade. Um pedaço da programação nos veículos de comunicação,

infestado do que considero o pior da produção publicitária.

Os velhos mecanismos de persuasão ainda estão presentes na propaganda para o pleito deste ano.

Características comuns de candidatos intransigentes que bradavam suas propostas de campanha estão

enraizadas como leis para outros, que hoje atuam como patéticas fotocópias. A tática de atordoar o pretendido

eleitor com berros e gestos que mais lembram os nazi-fascistas do século anterior continua muito forte,

acompanhada de outra técnica absurda: balbuciar rapidamente palavras quase inteligíveis, adaptando o tempo

de propaganda a suas propostas. Compreensível? Nem um pouco. Atualmente estes candidatos conseguem

divulgar sua campanha utilizando-se dos meios virtuais e poderiam ocupar o tempo disponível só para

divulgar a legenda do Partido e o endereço onde poderiam vincular suas propostas. Se isto funcionaria,

depende muito da vontade do povo, e não existe outra desculpa que justifique a desculpa dada por estes

nanicos. Se as cadeias corrompidas de comunicação os excluem como Legítimos partidos políticos, que se

reinventem. E existe uma verdade: Muitos destes são partidos pequenos porque se fazem ridículos com

propostas absurdas.

E existe uma nova categoria de pretendentes a ocupar as cadeiras importantes do Estado, mais que no

passado; Personalidades conhecidas do povo, sejam artistas ou atletas, pessoas que por um curto espaço de

tempo tiveram na vida um momento de Fama. Esta categoria é perigosa devido aos obscuros companheiros de

partido que carregam nas costas. Sua Tática consiste em aproveitar-se da fama para angariar votos ao

Page 3: A propaganda eleitoral no Brasil - Cristiano Neves de Souza Pereira

verdadeiro propósito do Partido político que os aceitou – Minha sincera opinião é de que nenhum partido que

deseja a confiança do cidadão tenha ligação com nenhumas destas figuras, muitas vezes decadentes e que já

não conseguem se manter no mercado midiático. Infelizmente a diretoria destas organizações é esperta o

suficiente e sabe que não é o Respeito que move nossa Sociedade decadente – Estas personagens utilizam

muita simpatia, muito sorriso, vinculam suas capacidades aos feitos que pretendem conseguir se eleitos. São

uma categoria sem valor político, como os Macacos e Rinocerontes do Século passado. O interessante é a

população ainda votar nestes. Estas são as armas para atrair o eleitorado jovem, uma falsa descontração, uma

demonstração errônea de desafio ao que já existe. Lembro-me do parlamento italiano elegendo uma famosa

atriz do ramo pornográfico, só que aqui não existe cunho político desafiador. As verbas são o diferencial, e a

fama como já citei é benéfica ao partido, pois junto com a imagem estampada e comprada pelo eleitor, está

seguindo um grupo interessante de se conhecer, que ocuparão cadeiras em votações importantes. Imagino

como este nosso eleitorado não aprende nada, nossa sabedoria popular diz que é quebrando a cara que se

aprende; Não é assim, com toda essa justiça que a vida segue. Ninguém consegue se lembrar de na eleição

retrasada ter elegido uma figura polêmica para importantes votações, e que nada de diferente dos velhos rostos

foi feito, aliás, seus reais feitos foram ter ofendido uma mulher em plena câmara, bater boca futilmente com

outros representantes, montar um gabinete pomposo e ter projetos de leis pouco relevantes. Ainda, elegeram

um cantor decadente e pouco polêmico como a figura citada acima, que agora se aproveita a angariar

eleitores da base do Pomposo decadente, utilizando a pratica da comoção; Esta tem sido amplamente

explorada na atualidade. Como a religião, por exemplo, que anda perigosamente infiltrada nos pleitos; Hoje

eu vejo escancarar uma nova abordagem destes neopentecostais nas propagandas. Como em todas as camadas

da sociedade, eles agora buscam infiltrar-se no Estado, apelando para suas fileiras de fiéis, incisivamente

vinculando uma falta de fé a falta de sucesso em seus intentos.

Fora os religiosos, o apelo emocional é escancarado, pois como é do conhecimento de todos a

desistência de Orestes Quércia, um único nome que ouso citar pois já não faz mais parte do circo. Sua doença

virou uma espécie de campanha-pró-martir, os seus votos estão sendo disputados com grande avidez por uma

cadeira no Senado. Portanto, agora surge sua filha e cheia de ternura transmite a mensagem do patriarca,

solicitando o voto na legenda. Os eleitores que depositem sua confiança nos deputados que o mesmo

reconhece como aptos a defender o cidadão Paulista. Assim poderá se eleger figuras de todo tipo de caráter e

a população não reconhece o perigo escondido nestes atos. São altas as taxas tributárias, sucateamento de

profissões, e ali eles estão dizendo que os índices de desemprego tem caído. Na propaganda de uns, tudo está

melhor, e quantos companheiros depondo a favor destas afirmações! Para outros nunca houve tanta corrupção,

e muitas imagens de pobres são lançadas aos olhos do telespectador, e as imagens colhidas de noticiários, dos

escândalos recentes. Para todos o futuro do País é a bola, o desenvolvimento através do esporte. Mais uma vez

a tática é tocar o eleitor, seja na propaganda explicita ou nos atos promovidos ultimamente em razão dos

eventos a acontecer no ano do fim do próximo mandato, e em 2016. A linguagem que utilizam em seus

Page 4: A propaganda eleitoral no Brasil - Cristiano Neves de Souza Pereira

esquetes transmite simpatia ao eleitor torcedor e boleiro. É o espírito de equipe, o Time... Nada dizem a

respeito dos prazos estarem mais do que estourados para todas as obras, e que veremos muita falcatrua

acontecer, independente de quem for eleito. Quando dizem que devemos festejar e nos fazem agradecer a

oportunidade de vivenciar estas experiências, uma conquista! Na verdade todos os lados estão querendo

desviar nossos olhos da idéia de que estes são eventos decadentes, sem peso histórico a não ser para os

dividendos dos empresários e toda sorte de negócios feitos durante a realização dos espetáculos. Batem nas

costas do cidadão e vão a eventos de comemoração vestindo a camisa do seu time para que não se preste

atenção no atraso, na vinda da instituição que viabiliza o evento da Copa do Mundo, a qual não pagará um

único imposto por qualquer coisa feita no País até o fim do mesmo. Estão ali batendo no peito e dizendo que

estas realizações trarão desenvolvimento ao Estado, e outros se aproveitam da polêmica para se eleger,

questionando no caso do Estado de São Paulo, a letargia dos atuais gestores na decisão sobre um Estádio sede,

sobre a abertura da Copa do Mundo. Estes, mais tarde, estão reunidos em restaurantes consagrados e fechando

acordos mesmo que não sejam de partidos com ideologias próximas. E pela emoção mais uma vez o eleitor

vai sendo enganado.

Na propaganda eleitoral vinculada ao rádio busca-se incorporar características peculiares de locutores

especialistas no veiculo, aproveitando-se da falsa intimidade com o ouvinte. Os candidatos protagonistas da

disputa ao cargo máximo no pleito deste ano adotam uma tática interessante: Criaram uma mesa de discussão,

um pouco parecida com as rodas esportivas espalhadas pelas rádios hoje (também um modelo seguido por

alguns programas na televisão), onde o ambiente criado transmite a falsa sensação de descontração dos

locutores que conversam informalmente sobre diversos assuntos, sempre fechando no Tema do programa de

governo selecionado pelo candidato, diariamente. Assim, ataques diretos são feitos em tom de deboche

vinculados sempre a personagens representando pessoas simples da sociedade. Outra vez é o despejo de meias

verdades no ouvido do cidadão e que este ao menos fica livre das imagens, mais suscetível aos reais perigos

das técnicas de persuasão utilizadas. A voz é importante. A abordagem hoje tem sido esta, diferente. Não

existe mais o enfadonho doutor discorrendo sobre seus feitos e suas pretensas propostas; Bem vindos ao

Mundo dinâmico, interativo, onde o eleitor vai ligar para o seu senador favorito para ouvir a musiquinha pela

enésima vez. Detalhe deste exemplo é atentar para os estereótipos criados pelos programas dos candidatos.

Aprofundando esta análise chega-se a conclusão que: Um nordestino permite que na campanha de seu pupilo

explicitamente coloquem um conterrâneo seu no lugar em que muitos julgam o devido; é abaixo de toda a

hierarquia que o sotaque se incita. É mesmice, discussão batida este tema; Mas a propaganda tem destas

peculiaridades, basta ver os espectadores destes pseudoprogramas. Deliciosas entrevistas mal editadas onde é

perceptível a falta de sincronismo e conexão entre pergunta e resposta. O memorável, o mais admirável é ter

vivido o bastante para enxergar o enorme desespero político de uma figura nada popular, a antítese do atual

modelo de Pai da nação. Tamanho o meu espanto diante do fato destas figuras tão dispares estarem sorrindo

juntas em imagens de campanha do desafeto político, abraçando-se, comparando suas historias... Pode ser que

Page 5: A propaganda eleitoral no Brasil - Cristiano Neves de Souza Pereira

são muito próximos mesmo. Como não sucumbir a tentação de vincular os seus feitos aos feitos de um

pretenso Líder histórico, vendo que a tática funciona ao transformarem um enigma em quase certeza?

Quero finalizar dizendo que a justiça eleitoral nos dá um tapa na face com estas figuras esdrúxulas, e

caridosamente temos oferecido a outra para deleite destes; Aí não é só uma juventude desinteressada ou

falsamente politizada a culpada. Cabe aos caras pintadas mostrar que não estavam naqueles dias turbulentos

de passagem, como cabe a toda esta sociedade encarar que esta nossa democracia jovem é uma perdida,

devassada por estas criaturas que brotam ainda do passado com suas táticas de abordagem obscuras.

Como sair de décadas de amarras e entregar de mão beijada nosso Patrimônio nas mãos destas

personalidades que manipulam tudo, intimamente ligadas aos chefes dos meios de comunicação do País que

nos cansam com a falsa imparcialidade difundida. Como sentar na frente do aparelho de televisão e tentar

acompanhar o horário eleitoral recheado de incompetentes, sabendo que as exigências feitas para preencher

uma vaga de emprego são de caráter explicitamente excludente? Como levá-los a sério, ainda que seja

preciso? Não existe ideologia nestes partidos, não existe força que mova o eleitor a acreditar em uma

bandeira, quase tudo é lugar comum. Os poucos candidatos que se mostram interessantes estão

comprometidos com toda sorte de correligionários. No dia 03 de Outubro deste ano, torço para que as

previsões estejam erradas, que nem tudo o que parece estar certo acabe se concretizando. No fundo eu sei que

é preciso quebrar ainda mais a cara desta sociedade para que algo mude. Aqui estou eu, estudando, e com isto

vou tentar contribuir para um futuro melhor, aos poucos, na minha área de atuação.