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CAMILO CASTELO BRANCO Amor de Perdição (Memórias de uma família) Prof. Arminda Gonçalves - ESAG

Ag amordeperdição

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C A M I L O C A S T E L O B R A N C O

Amor de Perdição(Memórias de uma família)

Prof. Arminda Gonçalves - ESAG

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Amor de Perdição novela passional

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A novela* é caraterizada por uma economia narrativa, a ação avançarapidamente sem grandes descrições de personagens ou de espaços.(exceções: a vida conventual; a história de Manuel Botelho)

Amor de Perdição (1862) é uma novela passional, poisapresenta um sentimento de paixão exacerbada capaz de enfrentarquaisquer obstáculos: de ordem social/familiar, moral ou material.Expõe o tema dos amores contrariados, tema típico da novelaromântica em geral e camiliana em particular.

* Distinguir novela de romance e conto (outro ppt). Camilo escreveu novelas passionais (Amor de Perdição); novelassatíricas (Queda dum anjo) e novelas realistas (Eusébio Macário).

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Amor de Perdição foi escrito na Cadeia da Relação do Porto em“quinze dias, os mais atormentados da minha vida”. Um tio doescritor, Simão Botelho, havia estado naquela cadeia por terferido em Viseu um indivíduo, em homicídio frustrado e, devidoao seu mau porte anterior, foi degredado para Goa. Baseadoneste facto, misturando-o com relatos familiares ouvidos à tiaRita e comunicando-lhe a paixão devoradora de que estavapossuído (por Ana Plácido, que também se encontrava nacadeia) compôs, segundo Miguel Unamuno,* “a novela depaixão amorosa mais intensa e mais profunda que jamais seescreveu na Península Ibérica.”

*escritor espanhol

Título e subtítulo

Título Amor de Perdição Ficção

Subtítulo (Memórias de uma família) Verdade

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Verdade e Ficção

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Prisão de Simão Botelho por homicídio frustrado; condenação ao degredo na Índia, onde chegou em 1807;

Domingos Botelho era de origem plebeia e não nobre;

Um Albuquerque (Francisco de Paula e não Tadeu) acusou Simão de delito grave.

Camilo corrigiu o caráter e regenerou os costumes de Simão por força de um amor impoluto, tornando-o simpático à análise do leitor;

Camilo enobreceu moral e genealogicamente Domingos Botelho;

Camilo deu a Albuquerque uma função determinante no drama.

Personagens criadas por Camilo: Teresa de Albuquerque, Baltasar, Mariana, João da Cruz.

Verdade Ficção

Deste modo, a novela impõe-se fundamentalmente como um produto da imaginação do autor.

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Estrutura

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Estrutura ExternaIntrodução+20 capítulos+ Conclusão

Estrutura InternaTrês partes: Amou, perdeu-se e morreu amando.

Introdução e cap. I

Cap.II – IX 1.ªparte: Amou

Cap.X – XX 2.ªparte: perdeu-se

Conclusão 3.ªparte: morreu amando

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Ação – uma crónica da mudança social

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A decadência da nobreza.

A família de Simão

Referências temporais anteriores à Revolução Liberal. (ascensão da

burguesia e mudança de valores)

A província como um espaço de valores tradicionais.

As instituições repressivas: família, igreja e justiça

A condição da mulher.

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1.º capítulo

Fazer o Saber+Português

Fernão Botelho + ?

Domingos + Rita Marcos Luís

Manuel + Jacinta Simão Maria Ana Rita

Camilo* + Ana Plácido + (Manuel Pinheiro Alves)

Jorge Nuno Manuel

(*Camilo+ Joaquina= Rosa; Camilo+ Patrícia Emília= Bernardina Amélia)

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Ação – os amores infelizes

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A trama romanesca da novela apresenta o seguinte esquema bipartido:

Relato dos amores infelizes de Simão e Teresa - uma intriga em prosa narrativa típica, de ritmo acelerado.

As cartas trocadas entre os dois amantes – uma evocação dos factos narrados, em prosa poética, de ritmo lento. (Recurso ao

género epistolar como processo de narração.)

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É a repressão social/familiar que determina o tipo derelação que se estabelece entre Simão e Teresa, oamor romântico:

amor secreto (conversas à janele, cartas)

amor contrariado (ameaças, violência)

amor contraditório (fonte de salvação e de perdição)

Ação – os amores infelizes

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O amor, que reúne as três personagens principais -Simão, Teresa e Mariana -, é indissociável da ideia demorte, tema romântico por excelência.

Teresa(a mulher–anjo romântica)

Mariana

• O ideal de felicidade conjugal burguesa (“… a casinha nas margens do Mondego...”);

• O entendimento total dos espíritos que se identificam e se protegem;

• A abnegação completa;

• O sacrifício para tornar o outro feliz;

Refúgio na morte, porque esse ideal é impossível de concretizar.

A morte (suicídio), porque já não é útil ao outro.

Simão

Ação – os amores infelizesCopiar

Simão

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Antes de amar Transformado pelo amor

Caraterização da personagem

ArruaceiroDesordeiroRevolucionário (jacobino)

CalmoTranquilo Solitário

O retrato físico de Simão não é de natureza literária, é atranscrição do livro de assentos da Cadeia da Relação doPorto.

Ao longo da narrativa, há uma evolução do comportamento da personagem, o que contribui para a construção do herói romântico que Simão representa.

Simão, um herói romântico

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Move-se por grandes valores (amor, justiça, liberdade) Sentimentos exacerbados (amor idealizado, absoluto)

Entra em conflito com a sociedade/família. Rejeita as regras. Encontra-se isolado (eu e o mundo; individualismo)

Revela-se corajoso e determinado.

Simão é marginalizado pelo caráter excessivo de tudo o quefaz, diz ou sente, constitui-se sempre como um desvio emrelação à “normalidade”.

A sociedade reprime o herói romântico. Simão é preso, éoprimido pela família (tal como Teresa, a heroína romântica).

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Teresa, a heroína romântica

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Teresa, a mulher-anjo romântica, frágil e débil fisicamente, toda ela espírito e força de caráter, não consegue confrontar-se com a realidade que acaba por a matar.*

* lembrar Maria, Hermengarda, Joaninha

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Mariana

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Mariana é a figura mais humana e complexa da obra:

símbolo da gratidão desinteressada: trata o filho daquele que livrou o pai da forca.

símbolo da generosidade discreta e delicada: dá dinheiro a Simão, fazendo-o supor que é de sua mãe.

símbolo da abnegação sem limites: serve de mensageira de cartas entre Simão e Teresa.

símbolo de um amor puro, humilde e sem limites.

Mariana, mulher forte que se confronta com uma realidade atroz(humanamente quebra, quando enlouquece temporariamente…).Sabe muito bem qual é o seu lugar. Serena e naturalmente encara oseu destino (que pressente) e tem a força capaz de acompanharSimão na vida e na morte.

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João da Cruz

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João da Cruz é o bom bandido* tão ao gosto da época.

Lembrar o Zé do Telhado, que também esteve preso na Cadeia da Relação.

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Espaço

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As descrições são quase nulas (caraterística da novela).

Há vários espaços ao longo da obra, não há, por isso, uma unidade de espaço. O espaço narrativo concentra-se à medida que a relação entre os dois protagonistas se torna mais dramática.

Cadeia da Relação, Porto

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Convento de Monchique, Porto

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Fonte de S. Francisco, Viseu

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Solar dos Albuquerques ??

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Solar dos Albuquerques(agora biblioteca municipal de Sátão) ??

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Convento, Viseu ??

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Tempo

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A organização temporal é cronológica.

O tempo é de ritmo vertiginoso no início, abarcando cerca de 40 anos no 1.º capítulo e torna-se mais lento na intriga propriamente dita, entre 1801 e 1807.

As cartas são interrupções (encaixes) na narração da história.

Narrador e Narratário

Narrador Narrador-autor

Camilo, na 1.ªpessoa, dando conta das memórias da família (subtítulo)

Narrador heterodiegético e omnisciente

O narrador contando a história dos amores de Simão e de Teresa (título)

Narrador que se identifica com o seu protagonista , Simão.

Narrador subjetivo

Narratário Narratário explícito

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Narrador-autor-personagem

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CamiloAna

Plácido

Simão Teresa

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Linguagem

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Escrevi em quinze dias…

Linguagem simples e económica

Frases curtas de ritmo rápido

(Quase) ausência de adjetivação

Predominância de nomes e verbos

Linguagem coloquial

Registo de língua popular e regional (realismo)

Diálogos vivos

Espontaneidade

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Camilo consegue assim a simpatia dos seus leitores para a sua causa pessoal…

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A história de Clementina de Sarmento

Outra história de amores contrariados tão ao gosto da época…

As histórias de amores infelizes da atualidade…

Guerra dos Balcãs ( Sarajevo, Mostar)

Bibliografia

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CASTELO BRANCO, Camilo. Amor de Perdição. Porto Editora. Realização didática de Luís Amaro de Oliveira.