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ORIGEM, DISTRIBUIÇÃO E CONSUMO DE ALIMENTOS IN NATURA NO ESPÍRITO SANTO 0
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
AALLIIMMEENNTTOOSS NNOO EESSPPÍÍRRIITTOO SSAANNTTOO
VITÓRIA 2010
ANTÔNIO OLIVEIRA ARAÚJO
JAKSON CARLOS SILVA LEONARDO NUNES DOMINGOS
LUCINEI VICENTE DA SILVA
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO
Material didático-pedagógico, produzido para o Trabalho de Conclusão de Curso em Geografia da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciatura Plena. Orientador: Solange Lins Gonçalves
VITÓRIA 2010
APRESENTAÇÃO
Este trabalho consiste em material de auxílio, produzido sobre o tema:
Alimentos no Espírito Santo, abordando a produção, distribuição e consumo de
alimentos in natura no estado do Espírito Santo.
Ele foi elaborado com o objetivo de esclarecer o processo pelo qual o
alimento in natura passa para chegar à mesa do consumidor capixaba, desde a
produção até o consumo, passando pelo processo de distribuição.
Acredita-se que o esclarecimento desta dinâmica levará o leitor à “dar
importância”, tanto às pessoas que participam deste processo quanto ao alimento
em si. Os alimentos in natura em questão são as hortaliças, as frutas, os cereais e
leguminosas, os ovos e as aves , isto é, produtos que não foram transformados
pela indústria.
A pesquisa foi baseada nos dados adiquiridos na Central de Abastecimento
do Espírito Santo (CEASA-ES), na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), realizada
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e em entrevistas tanto
formais quanto informais dos agentes envolvidos na distribuição dos alimentos. Os
dados referentes à CEASA são do ano de 2007, e foram utilizados para caracterizar
a produção municipal de alimentos, enquanto os dados do POF, que são do ano de
2002 – 2003, foram utilizados para determinar o perfil do consumidor capixaba. As
entrevistas ajudaram na obtenção de pontos de vista sobre o tema, principalmente
quando se trata dos alimentos orgânicos, pois não se tem muitos dados estatísticos
a respeito.
Este é um material que visa subsidiar o professor ao trabalhar o assunto
alimentos no nível médio, com sentido de enfatizar a questão dos alimentos,
utilizando-se da realidade do Espírito Santo.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO --------------------------------------------------------------------------- 4
2. NOTA METODOLÓGICA -------------------------------------------------------------- 5
3. PRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------ 7
3.1 Produção de hortaliças ------------------------------------------------------ 10
3.1.1 Hortaliças folhosas e florais ------------------------------------ 10
3.1.2 Hortaliças frutosas ------------------------------------------------ 12
3.1.3 Hortaliças tuberosas --------------------------------------------- 13
3.2 Produção de frutas ----------------------------------------------------------- 15
3.3 Produção de cereais e leguminosas ------------------------------------ 16
3.4 Produção de aves ------------------------------------------------------------ 18
3.5 Produção de ovos ------------------------------------------------------------ 18
4. DISTRIBUIÇÃO -------------------------------------------------------------------------- 20
4.1 História da CEASA-ES ----------------------------------------------------- 21
4.2 A dinâmica da distribuição ------------------------------------------------- 22
5. CONSUMO -------------------------------------------------------------------------------- 29
5.1 Perfil do consumidor -------------------------------------------------------- 31
5.2 Supermercados e Feiras --------------------------------------------------- 33
5.2.1 Supermercados ---------------------------------------------------- 34
5.2.2 Feiras ----------------------------------------------------------------- 36
5.3 A relação entre a oferta, a procura e o preço ------------------------ 36
5.4 O desperdício de alimentos ----------------------------------------------- 39
6. ALIMENTOS ORGÂNICOS ----------------------------------------------------------- 42
6.1 História dos alimentos orgânicos no Brasil --------------------------- 42
6.2 Funcionamento do mercado dos alimentos orgânicos ----------- 44
7. GLOSSÁRIO ------------------------------------------------------------------------------ 48
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ------------------------------------------------ 49
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 4
1 INTRODUÇÃO 1
Os alimentos, junto com a água, o ar e a radiação solar, são os principais
fatores responsáveis pelo funcionamento do corpo humano. O responsável pela
maior parte da produção alimentar que abastece os nossos organismos, é o campo,
sobretudo quando nos referimos aos alimentos in natura. Porém, essa não é a única
função dele. Não podemos nos levar por essa visão predominantemente urbana de
que o campo serve apenas para produzir alimento. Seria como dizer que a cidade só
serve para produzir produtos industrializados (eletrodomésticos, carros...), e nós
sabemos que isso não é verdade. O campo é formado por pessoas que como nós,
gostam de se divertir, têm família, têm filhos, que se casam e que também ficam
doentes, mas que, o trabalho deles consiste, na maioria das vezes, em produzir
alimentos. Sabendo disso, poderemos estudar os alimentos, mas saber que foi um
ser humano, como nós, que os produziu, às vezes, com a ajuda do seu filho ou
esposa.
Trazendo para a nossa realidade, os alimentos in natura que (objeto de
estudo) são produzidos nas áreas rurais, passam, geralmente, pela CEASA e
chegam até nós, consumidores. Eles são, de forma geral, mais benéficos à saúde
humana do que os alimentos industrializados, e assim, servem melhor à principal
função do alimento: nutrir. Dentro deste assunto, abordar-se-á também assunto dos
alimentos orgânicos, e sua importância diante do crescente número de mortes
associadas aos chamados “venenos agrícolas”.
Também por outro motivo o estudo foi direcionado aos alimentos in natura,
afinal eles representam a relação produção-consumo mais claramente, pois do
mesmo jeito que o alimento sai do campo, ele chega à cidade para ser consumido.
Isto é, não passam pela indústria, não são manufaturados.
1 Correção ortográfica feita por Aida Regina Gonçalves da Silva, professora de português
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 5
2 NOTA METODOLÓGICA
A nota metodológica é a parte em que se explica como (método) organizou-se
o trabalho, e as nomenclaturas utilizadas nele. Então, isto a torna fundamental para
entender o restante.
No título do trabalho foi
mencionado um termo que merece
explicação: “alimentos in natura”.
Essa expressão é utilizada para
descrever os alimentos de origem
vegetal e animal que são
consumidos em seu estado natural,
como as frutas, por exemplo. São
sobre esses alimentos que iremos
estudar.
Classificaremos os alimentos
in natura com base nos critérios da
CEASA-ES e da Pesquisa de
Orçamento Familiar (POF),
realizada em 2002 – 2003 pelo
IBGE. Assim, os alimentos serão
divididos em cinco grandes grupos:
hortaliças, frutas, cereais e
leguminosas , aves e ovos.
Perceba que os cereais e
leguminosas, aqui, pertencerão ao
mesmo grupo.
TABELA 1 - HORTALICAS
HORTALIÇAS FOLHOSAS e FLORAIS
ACELGA, AGRIAO, ALCACHOFRA, ALECRIM, ALFACE, ALMEIRAO, ALHO PORRO, ARRUDA, ASPARGO, BROTO DE ALFAFA, BERTALHA, BROCOLO, CAMOMILA, CEBOLINHA, COUVE BRUXELAS, COUVE CHINESA, CHAPEU DE COURO, CHICORIA, COENTRO, COUVE-FLOR, COGUMELO, CONFREI, COUVE, CARQUEJA, ENDIVIA, ESCAROLA, ESPINAFRE, FUNCHO, HORTELA, LOSMA, LOURO, MANJERICAO, MOSTARDA, MOYASHI, PALMITO, POEJO, RADICHE, REPOLHO, RUCULA, SALSA, SERRALHA, SALSAO, SALVIA, TAIOBA, TOMILHO, TANSAGEM.
HORTALIÇAS FRUTOSAS
ABOBORA, ABOBRINHA, BERINJELA, CHUCHU, ERVILHA, TORTA, JILO, MAXIXE, MILHO VERDE, MORANGA, PEPINO, PIMENTAO, PIMENTA, QUIABO, TOMATE, VAGEM.
HORTALIÇAS TUBEROSAS
ALHO, BATATA, BETERRABA, BATATA DOCE, CARA, CEBOLA, CENOURA, GENGIBRE, GOBO, INHAME, MANDIOCA, MANDIOQUINHA, NABO, RABANETE
Fonte: CEASA-ES Organização: Leonardo Nunes Domingos
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 6
Fonte: CEASA-ES Organização: Leonardo Nunes Domingos
Fonte: CEASA-ES Organização: Leonardo Nunes Domingos
A hortaliças, (tabela 1)
são o que chamamos
comumente de legumes e
verduras. Elas são divididas
em hortaliças folhosas e
florais, em hortaliças frutosas,
e em hortaliças tuberosas. As
hortaliças folhosas são
denominadas assim, pois são
vegetais em que parte que
serve de alimento é a folha e/ou a flor, como é o caso da alface e da couve-flor. As
hortaliças frutosas são chamadas assim, pois as
partes comestíveis do vegetal, não são a folha
nem a flor, mas sim o seu fruto, como o chuchu,
e a abóbora. E, por fim, as hortaliças tuberosas,
onde as partes comestíveis do vegetal ficam em
baixo da terra, como a batata e a mandioca.
O grupo das frutas (tabela 2) , das aves,
dos ovos e dos cereais e leguminosas (tabela 3)
não são subdivididos. Como exemplo de frutas,
temos a banana e a goiaba. As aves são
representadas pelas galinhas caipiras e de
granja. Os ovos incluem os tipos brancos,
vermelhos, caipira e de codorna. Por fim, os
cereais e leguminosas, são representados pelo
amendoim, feijão, arroz e milho. Sendo que, o
feijão e o amendoim são leguminosas, e, o arroz
e o milho são cereais.
É importante esclarecer que a CEASA não
comercializa apenas alimentos in natura. Pode-
se encontrar lá alimentos industrializados ou
TABELA 2 - FRUTAS
ABACATE, ABACAXI, ACEROLA, AMEIXA, AMORA, ATEMOIA, BANANA, CARAMBOLA, CAJU, CAQUI, CASTANHA, CIDRA, CAJA, CAJAMANGA, COCO, FIGO, FRUTA PAO, GOIABA, GRAVIOLA, JABUTICABA, JACA, JAMBO, JENIPAPO, KIWI, LARANJA, LIMAO, LIMA DA PERSIA, LICHIA, MAÇÃ, MANGA, MARACUJA, MARMELO, MAMAO, MELAO, MANGOSTIN, MELANCIA, MORANGO, NECTARINA, NESPERA, PERA, PESSEGO, PHYSALIS, PINHAO, PINHA, POMELO, PITAYA, ROMA, SERIGUELA, TAMARINDO, TANGERINA, UVA.
TABELA 3 – CEREAIS e LEGUMINOSAS, AVES
e OVOS
AVES
GALINHA CAIPIRA, GALINHA DE GRANJA.
OVOS
OVOS DE CODORNA, OVOS CAIPIRA, OVOS VERMELHOS, OVOS BRANCOS.
CEREAIS E
LEGUMINOSAS
AMENDOIM, ARROZ, FEIJÃO, MILHO.
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 7
Fonte: CEASA-ES Autor: Leonardo Nunes Domingos
LINHARES
S. MATEUS
ECOPORANGA
ARACRUZ
COLATINA
PANCAS
ALEGRE
NOVA VENÉCIA
MONTANHA
C. DA BARRA
IÚNA
SERRA
PINHEIROS
CASTELO
JAGUARÉ
ST. TERESA
GUAÇUÍ
DOMINGOS MARTINS
MIMOSO DO SUL
MUCURICI
ITAGUAÇU
GUARAPARI
P. KENNEDY
VIANA
SOORETAMA
MUQUIITAPEMIRIM
ANCHIETA
J. NEIVA
IBATIBA
IBIRAÇU
BAIXO GUANDU
AFONSO CLÁUDIO
C. DE ITAPEMIRIM
MUNIZ FREIRE
B. DE S. FRANCISCO
RIO BANANAL
ST. M. DE JETIBÁ
ST. LEOPOLDINA
VILA PAVÃO
ALFREDO CHAVES
FUNDÃOITARANA
VILA VALÉRIO
Á. D. DO NORTE
IRUPI
BREJETUBA
VARGEM ALTA
IBITIRAMA
ÁGUIA BRANCA
PONTO BELO
BOA ESPERANÇA
PEDRO CANÁRIO
APIACÁ
ICONHA
CARIACICA
C. DO CASTELO
MARILÂNDIA
LARANJA DA TERRA
G. LINDENBERG
S. R. DO CANAÃ
MANTENÓPOLIS
S. GABRIEL DA PALHA
S. D. DO NORTE
VILA VELHA
S. J.DO CALÇADO
ALTO RIO NOVO
MARECHAL FLORIANO
J. MONTEIRO
ATILIO VIVACQUA
RIO NOVO DO SULPIÚMA
MARATAÍZES
D. DO R. PRETO
VITÓRIA
V. N.DO IMIGRANTE
D. DE S. LOURENÇO
B. J. DO NORTE
40°0'0"W
40°0'0"W
41°0'0"W
41°0'0"W42°0'0"W
18°0
'0"S
18°0
'0"S
19°0
'0"S
19°0
'0"S
20°0
'0"S
20°0
'0"S
21°0
'0"S
21°0
'0"S
MAPA 1: PRODUÇÃO DE ALIMENTOS IN-NATURA NO ESPÍRITO SANTO EM QUILOS - 2007
µ0 20 40 60 8010
km
Porcentagem do total0%0% - 2%2% - 6%9%12%30%
manufaturados, como doces, e até produtos não-alimentícios, como ferramentas e
adubo. Porém, estudar-se-á apenas os alimentos in natura.
3. PRODUÇÃO
A produção de todos os grupos de alimentos, mostrados acima, formam a
produção total de alimentos in natura. Isto é, a produção de todas as hortaliças,
frutas, cereais e leguminosas, aves e ovos. Essa produção total é medida em
quilogramas (mapa 1).
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 8
É fácil, ao analisar o mapa, perceber o grande potencial produtivo do
município de Santa Maria de Jetibá. Alguns outros municípios também se destacam,
como, Domingos Martins, Santa Leopoldina, Santa Teresa, Afonso Cláudio, Laranja
da Terra, Venda Nova do Imigrante, Alfredo Chaves, Vianna, Itarana, Aracruz e
Linhares. É importante perceber também que há uma grande quantidade de
municípios que contribuem pouco, o que nos leva a concluir que a produção agrícola
espírito-santense é composta, predominantemente, por pequenas produções
municipais.
Uma questão a ser levada em consideração é a dos municípios “não-
produtores”. Será que em Jerônimo Monteiro (sul do estado) não se planta sequer
um “pé de alface”? É fundamental dizer que, as informações do mapa referem-se
aos alimentos in natura produzidos de acordo com os dados da CEASA-ES. As
informações da produção agrícola de subsistência, não estão representadas no
mapa. Além disso, quaisquer alimentos que não passam pela CEASA para serem
vendidos, também não estão representados no mapa, por exemplo, os alimentos
vendidos na beira das estradas ou nas feiras locais de cada cidade. Isto acontece
em Jerônimo Monteiro. Lá a produção de alimento não passa sequer pela CEASA
de Cachoeiro de Itapemirim (mais próxima
do município), muito menos pela CEASA de
Cariacica. Toda a produção de alimentos in
natura é vendida nas feiras, restaurantes e
supermercados locais (do município ou
municípios próximos). Como exemplo,
temos o Sr. Ailton de Souza Jorge (figura
1), que, na sua terra, produz hortaliças
folhosas e florais, como taioba e couve;
hortaliças frutosas, como jiló; e frutas, como
banana da terra, nanica, prata e jaca. Ele
vende sua produção na feira no próprio
município, de um modo todo especial. Ao
invés de usar a tradicional banca de feira,
ele utiliza seu automóvel. Por final, o Sr.
Douglas B
onella
Figura 1: O Sr. Ailton, produtor de alimentos, que os vendem na feira, dentro do próprio município (Jerônimo Monteiro).
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 9
Ailton nos relevou que não utiliza a
CEASA para vender seus alimentos
porque os considera em pouca
quantidade, mas já tem planos para
aumentar a produção.
Outra análise que se deve fazer, é
que o mapa de produção de alimentos in
natura não revela, por exemplo, a
quantidade de hortaliças ou frutas
produzidas no estado. Veja isso à frente.
Dos produtos in natura estudados, o mais produzido são as hortaliças
frutosas, com um pouco mais de 110 mil toneladas (tabela 4), elas são seguidas
pelas de frutas, cuja produção alcança 91 mil toneladas, e depois, em terceiro lugar,
temos as hortaliças folhosas e florais, com um montante de 32 mil toneladas.
A produção de hortaliças folhosas e florais é bem representativa, pois mesmo
sendo produtos que possuem pouco peso, por serem folhas e flores, ocupam o
terceiro lugar na produção em quilos.
TABELA 4: PRODUÇÃO DE ALIMENTOS IN NATURA NO ESPÍRITO SANTO - 2007
GRUPOS QUILOS (kg)
Hortaliças Frutosas 110.279.168 Frutas 91.136.598
Hortaliças Folhosas e Florais 32.804.562 Hortaliças Tuberosas 29.380.427
Ovos 27.647.679 Cereais e Leguminosas 2.778.055
Aves 185 TOTAL 294.026.674
Fonte: CEASA-ES Organização: Leonardo Nunes Domingos
Gráfico 1
PRODUÇÃO DE ALIMENTOS IN-NATURA NO ESPÍRITO SANTO - 2007
11%
38%
10%
31%
9%1%
0,0001%
Hortaliças Folhosas e Florais Hortaliças Frutosas
Hortaliças Tuberosas Frutas
Cereais e Leguminosas Aves
Ovos
Fonte: CEASA-ES Autor: Leonardo Nunes Domingos
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 10
Fonte: CEASA-ES Autor: Leonardo Nunes Domingos
DOMINGOS MARTINS
ST. M. DE JETIBÁ
ITARANA
ST. LEOPOLDINA
ST. TERESA
MARECHAL FLORIANO
VIANA
AFONSO CLÁUDIO
LARANJA DA TERRA
ALFREDO CHAVES
CARIACICA
VARGEM ALTA
GUARAPARI40°40'0"W
40°40'0"W
41°0'0"W
41°0'0"W
20°0
'0"S
20°0
'0"S
20°2
0'0
"S
20°2
0'0
"S
µ0 5 10 15 202,5
km
Porcentagem do total0%0% - 2%2% - 6%11%69%
MAPA 2: PRINCIPAIS PRODUTORES DE HORTALIÇAS FOLHOSAS E FLORAIS NO ESPÍRITO SANTO EM QUILOS - 20 07
Para facilitar o estudo, podemos trabalhar com esses dados em porcentagem
(gráfico 1), assim percebemos que aquela grande produção de hortaliças frutosas
(mais de 110 mil toneladas) representam 38% de toda produção de alimentos in
natura. As frutas representam 31%, as hortaliças folhosas e florais 11%, e as
hortaliças tuberosas 10%. É interessante destacar que, embora a produção de
Cereais e Leguminosas alcance quase 3 mil toneladas, ela representa apenas 1%
da produção.
A produção capixaba de alimentos já foi vista. Sabe-se também o quanto é
produzido de cada grupo de alimentos. Mas não se tem o conhecimento de quais as
características da produção alimentar de cada município. Veja adiante a produção
de alimentos in natura, desde as hortaliças até os ovos, nos municípios espírito-
santenses.
3.1 Produção de hortaliças
3.1.1 Hortaliças folhosas e florais
As hortaliças folhosas e florais
(mapa 2) são muito produzidas pelo
município de Santa Maria de Jetibá,
responsável por 69% do total.
Domingos Martins é o segundo maior
produtor (11%). E, grande parte dos
municípios contribuem com até 2% da
produção. Pode-se analisar também
que, muitos municípios não produzem
esse tipo de hortaliça.
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 11
Repolho híbrido
Couve chinesa
A tabela 5 foi feita com base em
alguns municípios que mais produzem esse
tipo de hortaliça, são eles: Santa Maria de
Jetibá e Domingos Martins. Tanto o primeiro
quanto o segundo são grandes produtores de
repolho híbrido.
Em Santa Maria, de toda a produção
de hortaliças folhosas e florais, 74,6% é de
repolho híbrido. Enquanto que em Domingos
Martins esse número é de 55,2%.
Além disso, Santa Maria se destaca na
produção de Couve chinesa, e Domingos
Martins, em repolho roxo.
TABELA 5: ALGUNS DOS MUNICÍP IOS MAIORES PRODUTORES DE HORTALIÇAS
FOLHOSAS E FLORAIS DO ESPÍRITO SANTO, E SEUS PRINCIPAIS ALIMENTOS -
2007 Santa Maria de
Jetibá - porcentagem (%)
Domingos Martins - porcentagem (%)
Repolho híbrido 74,6 Repolho híbrido 55,2 Couve-flor
branca 8,5 Couve-flor
branca 23,5
Couve Chinesa 6,0 Repolho roxo 9,1
Alface 3,0 Brócolis 3,3
Repolho roxo 2,8 Alface 3,3
Outros 5,1 Outros 5,6
TOTAL 100 TOTAL 100,0 Fonte: CEASA-ES Organização: Leonardo Nunes Domingos
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 12
3.1.2 Hortaliças frutosas
Como acontece na produção de
hortaliças folhosas e florais, nas hortaliças
frutosas (mapa 3) Santa Maria de Jetibá
lidera, agora com 25% do total. Os
municípios vizinhos vêm em segundo lugar
com 4% a 12% da produção. São eles:
Domingos Martins, Alfredo Chaves, Santa
Teresa, Santa Leopoldina, Afonso Cláudio,
Laranja da Terra, Itarana e Venda Nova do
Imigrante. Alguns destes estão sendo
representados na tabela 6, que acompanha
o mapa.
TABELA 6: ALGUNS DOS MUNICÍP IOS MAIORES PRODUTORES DE HORTALIÇAS FRUTOSAS DO ESPÍRITO SANTO, E SEUS
PRINCIPAIS ALIMENTOS - 2007 Santa Maria de Jetibá
- porcentagem (%) Domingos Martins -
porcentagem (%) Chuchu 43,6 Tomate Longa
Vida 66,8
Tomate Longa Vida
13,1 Pimentão 8,1
Pepino 11,7 Chuchu 5,9
Pimentão 10,7 Abóbora Jacaré Verde
3,6
Vagem 7,5 Jiló 3,2
Outros 13,4 Outros 12,5 TOTAL 100,0 TOTAL 100,0
Santa Leopoldina - porcentagem (%)
Santa Teresa - porcentagem (%)
Chuchu 42,8 Tomate Longa Vida
75,5
Batata Doce 15,3 Chuchu 7,3
Pepino 8,0 Pimentão 4,6
Berinjela 7,6 Pepino 3,7
Tomate Longa Vida
6,5 Vagem 1,8
Outros 19,7 Outros 7
TOTAL 100,0 TOTAL 100,0
Alfredo Chaves - porcentagem (%)
Afonso Cláudio - porcentagem (%)
Tomate Longa Vida
69,1 Tomate Longa Vida
72,9
Pimentão 16,2 Quiabo 9,5
Jiló 9,5 Pimentão 4,7
Tomate Santa Cruz
1,4 Pepino 4,0
Pepino 0,9 Milho Verde 2,7
Outros 2,8 Outros 6,2 TOTAL 100,0 TOTAL 100,0
Laranja da Terra - porcentagem (%)
Venda Nova do Imigrante -
porcentagem (%) Tomate Longa
Vida 54,8 Tomate Longa
Vida 91,4
Quiabo 27,5 Pimentão 2,2
Pepino 5,6 Moranga Híbrida
2,0
Pimentão 4,3 Abóbora Jacaré Madura
1,1
Jiló 3,2 Tomate Santa Cruz
1,0
Outros 4,5 Outros 2,3
TOTAL 100,0 TOTAL 100,0
Fonte: CEASA-ES Organização: Leonardo Nunes Domingos
Fonte: CEASA-ES Autor: Leonardo Nunes Domingos
DOMINGOS MARTINS
ST. TERESA
VIANA
ST. M. DE JETIBÁ
ST. LEOPOLDINA
AFONSO CLÁUDIO
CASTELOGUARAPARI
ITARANA
ALFREDO CHAVES
CARIACICA
IBIRAÇUITAGUAÇU
LARANJA DA TERRA
FUNDÃO
SERRA
MARECHAL FLORIANO
VARGEM ALTA
V. N.DO IMIGRANTE
VILA VELHA
ANCHIETA
S. R. DO CANAÃ
C. DO CASTELO
J. NEIVABAIXO GUANDU
C. DE ITAPEMIRIM40°40'0"W
40°40'0"W
41°0'0"W
41°0'0"W
20°0
'0"S
20°0
'0"S
20°2
0'0
"S
20°2
0'0
"S
MAPA 3: PRINCIPAIS PRODUTORES DE HORTALIÇAS FRUTOSA SNO ESPÍRITO SANTO EM QUILOS - 2007
µ0 10 20 30 405
km
Porcentagem do total0%0% - 1%1% - 4%4% - 7%7% - 12%25%
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 13
Tomate Santa Cruz
Moranga híbrida: pode ser consumida cozida, em
sopas ou guisados, assada e em forma de purê.
Gengibre
À primeira vista, olhando a tabela dos alimentos
mais produzidos em cada um dos municípios, percebe-
se o destaque do
Tomate Longa
Vida (aquele muito
utilizado por nós
na salada, com o
peso em torno de
250g). As
exceções ficam
com Santa Maria
de Jetibá e Santa
Leopoldina, onde o
chuchu ocupa o
primeiro lugar, em
relação à produção total de hortaliças frutosas.
Entre os cinco alimentos mais produzidos em
cada município estão o pimentão, pepino, quiabo, jiló,
vagem, moranga híbrida, abóbora jacaré madura,
berinjela, milho verde e abóbora jacaré verde.
3.1.3 Hortaliças tuberosas
Novamente, o município de Santa Maria de Jetibá é o
maior produtor, agora em hortaliças tuberosas, com 46%
(mapa 4). Pode-se concluir então, que maior parte das
hortaliças em geral que consumimos vêm de Santa Maria de
Jetibá. Outros três municípios também contribuem
significativamente para a produção das tuberosas: Domingos
Martins, Santa Leopoldina e Alfredo Chaves. Ambos
responsáveis por uma produção entre 6 e 15%.
Tomate Longa Vida
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 14
DOMINGOS MARTINS
VIANA
ST. M. DE JETIBÁ
ST. LEOPOLDINA
ST. TERESA
ITARANA
CARIACICA
GUARAPARIALFREDO CHAVES
MARECHAL FLORIANO
FUNDÃOLARANJA DA TERRA
VILA VELHA
SERRA
CASTELO
IBIRAÇUITAGUAÇU
40°40'0"W
40°40'0"W
41°0'0"W
41°0'0"W
20°0
'0"S
20°0
'0"S
20°2
0'0"
S
20°2
0'0"
S
MAPA 4: PRINCIPAIS PRODUTORES DE HORTALIÇASTUBEROSAS NO ESPÍRITO SANTO EM QUILOS - 2007
µ0 5 10 15 202,5
km
Porcentagem do total0%0% - 1%1% - 6%6% - 15%46%
Fonte: CEASA-ES Autor: Leonardo Nunes Domingos
Cará: Consome-se geralmente após cozimento. Pode também ser assado ou frito. O purê de carás é muito apreciado.
Os alimentos mais produzidos por
estes municípios citados (tabela 7) , estão
na tabela. Santa Maria de Jetibá, no que
diz respeito a hortaliças tuberosas, produz
beterraba (41,2%), cenoura (19,7%), e
cebola amarela (17,1%). Os demais
municípios produzem principalmente
Inhame, e em menores quantidades,
mandioca, cenoura, gengibre, cará, batata
doce, mandioquinha e batata comum.
TABELA 7: ALGUNS DOS MUNICÍPIOS MAIORES PRODUTORES DE HORTALIÇAS TUBEROSAS DO ESPÍRITO SANTO, E SEUS
PRINCIPAIS ALIMENTOS - 2007 Santa Maria de
Jetibá - porcentagem (%)
Domingos Martins - porcentagem (%)
Beterraba 41,2 Inhame 34,9
Cenoura 19,7 Mandioca 23,6
Cebola Amarela
17,1 Cenoura 15,4
Inhame 9,8 Batata comum 11,6
Batata doce 4,1 Beterraba 7,0
Outros 8,1 Outros 7,5
TOTAL 100,0 TOTAL 100,0
Santa Leopoldina - porcentagem (%)
Alfredo Chaves - porcentagem (%)
Inhame 45,7 Inhame 68,6
Mandioca 27,5 Mandioquinha 23,3
Cará 13,2 Mandioca 6,4
Cenoura 4,7 Cenoura 0,9
Gengibre 4,1 Batata doce 0,5
Outros 4,8 Outros 0,4
TOTAL 100,0 TOTAL 100,0
Fonte: CEASA-ES Organização: Leonardo Nunes Domingos
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 15
3.2 Produção de Frutas
Após observar os mapas da produção de hortaliças e suas sub-divisões,
dedicar-se-á a análise da produção dos demais alimentos in natura. O próximo serão
as frutas (mapa 5) .
Os grandes produtores de frutas são os municípios de Domingos Martins e
Linhares (17%), e Santa Leopoldina e Aracruz (entre 7% e 11%) da produção total.
É importante perceber que, Santa Maria de Jetibá não se destaca aqui como na
produção de hortaliças. Em relação à produção de frutas, ele está inserido no grupo
que produz entre 1 e 2% da produção.
TABELA 8: ALGUNS DOS MUNICÍPIOS MAIORES PRODUTORES DE FRUTAS DO ESPÍRITO SANTO, E SEUS PRINCIPAIS
ALIMENTOS - 2007 Domingos Martins -
porcentagem (%) Linhares -
porcentagem (%) Banana da
terra 58,8 Mamão
haway 35,6
Tangerina ponkan
17,3 Laranja pêra
25,8
Banana prata 7,9 Banana prata
13,6
Banana nanica 5,6 Mamão formosa
8,4
Laranja lima 3,2 Côco Verde 6,2 Outros 7,3 Outros 10,4 TOTAL 100,0 TOTAL 100,0
Santa Leopoldina - porcentagem (%)
Banana prata 35,6 Banana nanica 25,4
Banana da terra
19,7
Tangerina ponkan
10,8
Tangerina Cravo
2,8
Outros 5,7
TOTAL 100,0
Fonte: CEASA-ES Organização: Leonardo Nunes Domingos
LINHARES
ARACRUZ
COLATINA
SERRA
ST. TERESA
ITAGUAÇU
ST. LEOPOLDINA
ST. M. DE JETIBÁ
FUNDÃOITARANA
J. NEIVA
RIO BANANALPANCAS
IBIRAÇU
DOMINGOS MARTINS
BAIXO GUANDUMARILÂNDIA
S. R. DO CANAÃ
CARIACICA
G. LINDENBERG
VITÓRIA
S. D. DO NORTE
40°0'0"W
40°0'0"W
40°20'0"W
40°20'0"W
40°40'0"W
40°40'0"W
19°2
0'0"
S
19°2
0'0"
S
19°4
0'0
"S
19°4
0'0
"S
20°0
'0"S
20°0
'0"S
MAPA 5: PRINCIPAIS PRODUTORES DE FRUTASNO ESPÍRITO SANTO EM QUILOS - 2007
µ0 10 20 30 405
km
Porcentagem do total
0%
0% - 1%
1% - 2%
2% - 5%
5% - 7%
7% - 11%
17%
Fonte: CEASA-ES Autor: Leonardo Nunes Domingos
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 16
Do outro lado, o município de Linhares,
que até então não se colocava entre os
principais produtores de hortaliças, revela-se
um grande produtor de frutas.
Na tabela 8 , tem-se alguns dos
principais produtores de frutas do estado.
Quase 60% da produção de frutas de
Domingos Martins, é de banana da terra.
Linhares produz mais mamão do tipo haway,
do que qualquer outra fruta, mas também
produz laranja pêra (25,8%) e banana prata
(13,6).Santa Leopoldina se destaca como grande produtor de banana: 35,6% de
banana prata, 25,4% de banana nanica e 19,7% de banana da terra.
3.3 Produção de Cereais e Leguminosas
A produção de cereais e leguminosas no Espírito Santo (mapa 6) não é bem
distribuída, pelo contrário, ela é localizada em apenas 20 dos 78 municípios do
estado. Entre os maiores produtores de cereais estão: Santa Maria de Jetibá, com
28%, e Viana, com 24%. Em uma faixa de produção entre 5 e 15%, temos Domingos
Martins, Vitória, Cachoeiro de Itapemirim e Afonso Cláudio. Vitória entra aí como
produtora de Cereais e Leguminosas, mas na verdade esses dados apenas indicam
que o produto ao chegar na CEASA-ES foi informado que veio de Vitória, mas isso
não significa que foi produzido na capital. Até porque não há espaço agrícola
suficiente para tal.
Mamão haway
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 17
O principal cereal e leguminosa produzido
no estado é o feijão (tabela 9) . Santa Maria
produz feijão preto (45,7%), feijão vermelho
(45,2%), feijão manteiga (7,0%), feijão carioquinha
(2,0%) e feijão guandu (0,04%). A maior parte da
produção de Viana é de feijão manteiga (31,8%).
Já em Domingos Martins, no quesito cereal e
leguminosa, a maior produção é de feijão preto
(52,2%). Em Vitória, a “produção” envolve dois
alimentos: o milho seco (97%) e o arroz (3%).
TABELA 9: ALGUNS DOS MUNICÍPIOS MAIORES PRODUTORES DE CEREAIS E LEGUMINOSAS DO ESPÍRITO SANTO, E
SEUS PRINCIPAIS ALIMENTOS - 2007
Santa Maria de Jetibá - porcentagem (%)
Viana - porcentagem (%)
Feijão Preto 45,7 Feijão
Manteiga 31,8
Feijão Vermelho
45,2 Feijão Preto 24,5
Feijão Manteiga
7,0 Feijão Vermelho
24,5
Feijão Carioquinha
2,0 Feijão Carioquinha
14,8
Feijão Guandu
0,04 Milho Seco 4,3
Outros 0,0 Outros 0,2
TOTAL 100,0 TOTAL 100,0
Domingos Martins - porcentagem (%)
Vitória - porcentagem (%)
Feijão Preto 52,2 Milho Seco 93,0
Feijão Vermelho
27,8 Arroz 7,0
Milho Seco 14,7 - -
Feijão Carioquinha
2,7 - -
Feijão Manteiga
2,6 - -
Outros 0,0 Outros 0,0
TOTAL 100,0 TOTAL 100,0
Fonte: CEASA-ES Organização: Leonardo Nunes Domingos
Feijões: 1 - feijão preto, 2 – Feijão Guandu, 3 – Feijão Carioquinha, 4 – Feijão Vermelho.
1 2
3 4
Fonte: CEASA-ES Autor: Leonardo Nunes Domingos
VIANA
SERRAST. LEOPOLDINA
DOMINGOS MARTINSCARIACICA
GUARAPARI
ST. M. DE JETIBÁ
VILA VELHA
MARECHAL FLORIANO
ALFREDO CHAVES
VITÓRIA
FUNDÃO
ANCHIETA40°20'0"W
40°20'0"W
40°40'0"W
40°40'0"W
20°2
0'0
"S
20°2
0'0
"S
MAPA 6: PRINCIPAIS PRODUTORES DE CEREAIS E LEGUMINO SASNO ESPÍRITO SANTO EM QUILOS - 2007
µ0 5 10 15 202,5
km
Porcentagem do total0%0% - 2%2% - 5%5% - 15%24%28%
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 18
Fonte: CEASA-ES Autor: Leonardo Nunes Domingos
ST. LEOPOLDINA
ST. M. DE JETIBÁ
DOMINGOS MARTINS
ST. TERESA
CARIACICA
ITARANA
VIANA
FUNDÃO
40°40'0"W
40°40'0"W
20°0
'0"S
20°0
'0"S
MAPA 7: PRINCIPAIS PRODUTORES DE AVESNO ESPÍRITO SANTO EM QUILOS - 2007
µ0 5 10 15 202,5
km
Porcentagem do total0%16%84%
3.3 Produção de Aves
Apenas dois municípios
capixabas são responsáveis pela
produção de aves do estado (mapa
7): Santa Maria de Jetibá e Santa
Leopoldina, sendo que o primeiro é
responsável por 84%, e o segundo,
por 16%.
É importante esclarecer que, o termo “produção de aves”, significa criar
galinhas, visando o seu abate, e a comercialização da sua carne.
Percebe-se, ao analisar a tabela 10 que, ambos os municípios são grandes
produtores de galinha caipira. Em Santa Maria, a galinha de granja ocupa o segundo
lugar.
3.4 Produção de Ovos
Por fim, a produção de ovos (mapa 8). Esse alimento in natura é produzido
principalmente por dois municípios: Santa Maria de Jetibá e Santa Leopoldina. O
primeiro contribui com 83%, e o segundo, com 11%.
TABELA 10 : ALGUNS DOS MUNICÍP IOS PRODUTORES DE AVES DO ESPÍRITO SANTO,
E SEUS PRINCIPAIS ALIMENTOS - 2007 Santa Maria de Jetibá -
porcentagem (%) Santa Leopoldina - porcentagem (%)
Galinha Caipira 57,4 Galinha Caipira
100,0
Galinha de Granja
42,6 - -
Outros 0,0 Outros 0,0
TOTAL 100,0 TOTAL 100,0
Fonte: CEASA-ES Organização: Leonardo Nunes Domingos
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 19
Fonte: CEASA-ES Autor: Leonardo Nunes Domingos
ST. LEOPOLDINA
ST. TERESA
ST. M. DE JETIBÁ
DOMINGOS MARTINS
FUNDÃO
CARIACICA
SERRA
ITARANA
IBIRAÇU
40°40'0"W
40°40'0"W
20°0
'0"S
20°0
'0"S
MAPA 8: PRINCIPAIS PRODUTORES DE OVOSNO ESPÍRITO SANTO EM QUILOS - 2007
µ0 5 10 15 202,5
km
Porcentagem do total0%0% - 5%11%83%
Todos esses municípios produzem em sua maioria ovos brancos, depois, em
quantidade menor, ovos vermelhos (tabela 11) . Outros tipos de ovos também são
produzidos em quantidade menor, são eles: ovos de codorna, ovos caipira e ovos de
granja.
Algumas dúvidas podem surgir neste momento, depois de analisar os mapas
da produção de aves e de ovos. Repare, no mapa, que os municípios que produzem
ovos são bem mais numerosos do que os que produzem aves. Mas como isso pode
acontecer? Como se produz ovos sem as galinhas? A questão é que, estamos
levando em consideração o que é comercializado. Esses municípios que
comercializam os ovos, também possuem galinhas, porém não as comercializam. Na
verdade, as vendem só depois que param de colocar ovos, ou seja, quando estão
“velhas”. Mas essa venda é feita na própria região ou nas periferias da Grande
Vitória, de modo que não passa pela CEASA-ES.
TABELA 11: ALGUNS DOS MUNICÍP IOS MAIORES PRODUTORES DE OVOS DO ESPÍRITO SANTO, E SEUS PRINCIPAIS
ALIMENTOS - 2007 Santa Maria de Jetibá
- porcentagem (%) Santa Leopoldina - porcentagem (%)
Ovos Brancos
81,1 Ovos Brancos
67,1
Ovos Vermelhos
17,1 Ovos Vermelhos
31,7
Ovos de Codorna
1,7 Ovos Caipira
0,7
Ovos Caipira 0,1 Ovos de Codorna
0,5
Ovos de Granja
0,03 - -
Outras 0,0 Outras 0,0 TOTAL 100,0 TOTAL 100,0
Domingos Martins - porcentagem (%)
Ovos Brancos
80,4
Ovos Vermelhos
18,9
Ovos de Granja
0,7
- -
- - Outros 0,0
TOTAL 100,0
Fonte: CEASA-ES Organização: Leonardo Nunes Domingos
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 20
4. DISTRIBUIÇÃO
A maior parte da distribuição dos alimentos in natura no Espírito Santo é feita
pela Central de Abastecimento do Espírito
Santo (CEASA-ES). A CEASA recebe os
alimentos dos agricultores e distribui para os
Supermercados, Feiras e Restaurantes, que
vendem aos consumidores. Alguns alimentos
podem chegar até os consumidores, sem o
intermédio desta instituição, como exemplo, os
produtores que vendem seus alimentos direto
nas feiras.
A Unidade Central da CEASA fica no município de Cariacica, a Unidade Sul,
em Cachoeiro de Itapemirim, a Unidade Noroeste, em Colatina (início em 2008), e a
Unidade Norte, em São Mateus (início em 2009) (mapa 9) .
Sabe-se a função, a
localização, mas não se sabe por que
a CEASA foi criada, quem inventou, e
quando. Para responder à tais
perguntas é necessário mergulhar na
história da instituição, e compreender
o contexto histórico do período de sua
criação.
Logotipo da CEASA.
Fonte: CEASA-ES Autor: Leonardo Nunes Domingos
40°0'0"W
40°0'0"W
41°0'0"W
41°0'0"W42°0'0"W
18°0
'0"S
18°0
'0"S
19°0
'0"S
19°0
'0"S
20°0
'0"S
20°0
'0"S
21°0
'0"S
21°0
'0"S
MAPA 9: LOCALIZAÇÃO DAS CEASA'S NO ESPÍRITO SANTO EM 2008
µ0 40 80 120 16020
km
Divisa MunicipalC. de ItapemirimCariacicaColatinaS. Mateus
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 21
4.1 História da CEASA-ES
A distribuição de produtos cultivados no campo tornou-se mais difícil e caro,
depois do crescimento dos centros urbanos do país. Isto, junto com a
“desorganização” dos lugares onde eram vendidos, gerou a necessidade de
melhorar as condições de comercialização dos alimentos.
No final dos anos sessenta, o Governo Federal identificou uma grande falha
no comércio dos produtos agrícolas no país. A comercialização era feita nas ruas,
sem fiscalização, sem higiene, sem a devida transparência dos preços e em
embalagens inadequadas. Havia ainda, o lixo produzido e o engarrafamento no
trânsito nos locais próximos de onde ocorria à distribuição dos alimentos.
Por causa disso, o Governo Federal buscou ajuda de alguns organismos
internacionais, que possuíam mais experiência no assunto, para achar a solução do
problema, além de outros países que conheciam técnicas de planejamento,
construção e operação de mercados atacadistas.
Os primeiros planos que foram traçados para tentar resolver o problema,
receberam os nomes de Programa Estratégico de Desenvolvimento em (1970) e o I
Plano de Desenvolvimento em (1972/74), sendo que esses dois planos
estabeleceram como prioridade a construção de Centrais de Abastecimento
(CEASA’s) nas principais cidades do país.
A partir desta decisão do Governo Federal, foram implantadas Centrais de
Abastecimentos – CEASA’s -, destinadas à comercialização dos alimentos in natura,
e outros produtos agrícolas, em todas as capitais brasileiras e nas principais cidades
de cada Estado, formando o que foi denominado Sistema Nacional de Centrais de
Abastecimento - SINAC, cuja administração ficou sob a responsabilidade do órgão
chamado COBAL, que significa Companhia Brasileira de Alimentos, e hoje é
conhecida como CONAB.
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 22
No Espírito Santo, a empresa CEASA é controlada pelo próprio Governo do
Estado.
4.2 A Dinâmica da Distribuição
A distribuição é importante, pois é através deste processo que nós, na cidade,
temos acesso ao alimento. Isto é, a distribuição é que leva o alimento ao
consumidor. As CEASA’s de todo o Brasil fazem este papel. No Espírito Santo não é
diferente. Porém, essa distribuição não é tão simples assim, ela possui uma
dinâmica complexa e interessante. Para ficar por dentro deste processo, é preciso
entender como funciona a instituição.
A CEASA-ES (mapa 10), é dividida em diversos setores, ou pavilhões. Para
Facilitar a visualização, os pavilhões mais importantes foram coloridos, para facilitar
o estudo. Observando o mapa, pode-se identificar os: PP1, PP2, PP3, PPA, PPB ,
PNP Baixo , PNP Alto , CC1 e CC2. Para simplificar, entenda, primeiramente o que
significam essas siglas. Os pavilhões que começam com PP, são os pavilhões
permanentes, enquanto PNP significa pavilhão não permanente. As siglas que
começam com CC, correspondem aos centros comerciais, que são responsáveis
pela venda de máquinas e ferramentas, e por isso, não serão muito estudados, já
que este trabalho se refere aos alimentos.
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 23
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40°23'50"W
40°24'0"W
40°24'0"W
40°24'10"W
40°24'10"W
40°24'20"W
40°24'20"W
40°24'30"W
40°24'30"W
20°19'20"S20°19'20"S
20°19'30"S20°19'30"S
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Pavilhão P
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Pavilão não P
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Pavilhão P
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n° 663-TD
Adaptação: Leonardo N
unes Dom
ingos
0100
200300
50
m
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 24
Figura 3: Algumas redes de supermercados que ocupam os pavilhões PPA e PPB, responsáveis pela distribuição dos alimentos. Além de redes supermercadistas, temos algumas empresas que atendem aos supermercados, como a “extrafruti”.
Figura 2: Os pavilhões permanentes 1, 2 e 3. Ocupados por distribuidoras de alimentos.
Os pavilhões
permanentes são
subdivididos em PP1, PP2 e
PP3 (figura 2) , onde ficam
as distribuidoras de
alimentos, que compram do
produtor rural e vendem na
CEASA, e/ou para os
supermercados, e/ou para os
feirantes, e/ou para os
restaurantes.
Os pavilhões
permanentes PPA e PPB
(figura 3) são ocupados
pelas redes de
supermercados que,
inclusive, compram das
distribuidoras (PP1, 2 e
3). Esse transporte, é
feito por meio de
“carrinhos”, dentro da
CEASA mesmo. Esses
supermercados por sua
vez, enchem os seus
caminhões, e distribuem para as suas lojas. A rede de supermercado Carone é um
exemplo. Ela possui um local fixo na CEASA, lá abastece seus caminhões e distribui
para as suas 6 lojas na Grande Vitória.
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 25
Figura 5: PNP baixo. Mais conhecido como “pedra baixa” pelos utilizadores da CEASA.
Esses pavilhões
permanentes (PP’s) são
chamados assim,
justamente por que são
“lojas” fixas, que não
mudam com freqüência. Já
os Pavilhões não
Permanentes (PNP’s), há
“lojas” fixas. Isto é, são
formados por vendedores
que podem estar lá em um
dia, mas podem não estar
no dia seguinte. Os PNP’s
são divididos em dois: PNP
alto (figura 4) e PNP baixo (figura 5) . Os trabalhadores e freqüentadores da
CEASA-ES apelidaram
esses lugares de “pedra
alta” e “pedra baixa”,
respectivamente. A
pedra alta é chamada
assim, pois é
literalmente mais
elevada do que a pedra
baixa (figura 6)
O mais importante
a se saber, é que existe
uma diferença entre
estes lugares. A pedra
alta é ocupada pelos próprios agricultores, dispostos a vender os seus alimentos. Já
na pedra baixa, encontram-se os comerciantes, que estão apenas vendendo os
alimentos dos produtores em troca de uma comissão. Os vendedores são,
geralmente, pessoas que moram ali próximo, em Cariacica, e nas regiões próximas.
Figura 4: PNP alto. Mais conhecido como “pedra alta”. Tem esse nome porque realmente é mais alta do que o PNP baixo
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 26
O primeiro olhar
sobre as pessoas que
trabalham nas pedras alta
e baixa, já evidencia
quem são os produtores,
e quem apenas
comercializa o alimento.
Os agricultores possuem,
em geral, um “jeito”
próprio. Além disso,
possuem as marcas de
um homem do campo: as
mãos calejadas, a pêle
“enrugada do sol” e as
vestimentas próprias de um trabalhador rural. Enquanto os comerciantes da pedra
baixa, são pessoas que nós estamos acostumados a conviver na cidade.
Uma rápida passada de olho nas placas dos caminhões (figura 7) encostados
na pedra alta, já dá uma noção como se reúnem ali, produtores de diversas partes
do estado, e até de fora.
Figura 6: A divisão entre a “pedra baixa” e a “pedra alta”.
Figura 7: As placas de caminhões encontrados estacionados e carregados de alimentos em torno na pedra alta
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 27
Figura 8: A dinâmica de distribuição dos alimentos dentro da CEASA, até chegar ao consumidor final. A entrada de alimentos é feita pelos Pavilhões Permanentes PP1, 2 e 3, e/ou pelos Pavilhões não Permanentes (PNP). Desses pavilhões, os produtos são vendidos para os Supermercados (PPA e PPB) e/ou para as feiras, de onde nós compramos.
ATACADO VAREJO
ENTRADA DE ALIMENTO NA
CEASA-ES
PNP (PRODUTORES)
PP1, 2 E 3 (DISTRIBUIDORES)
PPA e PPB (SUPERMERCADO
S)
FEIRAS
CONSUMIDOR FINAL
Em suma, os alimentos in natura chegam às mesas do consumidor capixaba,
ou pelos agricultores que vendem na CEASA-ES pra os feirantes e
supermercadistas, ou pelos distribuidores que vendem principalmente para os
supermercados (instalados dentro da CEASA-ES), que por sua vez, vendem pra nós
(Figura 8) . Como já foi dito, os alimentos in natura também podem ser comprados
direto do consumidor, nas feiras e/ ou cooperativas.
Quando é colocado lado à lado a quantidade
de alimentos comercializados em cada setor da
CEASA-ES, e sabendo que grande parte destes,
são alimentos in natura, podemos dizer que os
pavilhões não permanentes (alto e baixo) são os
que mais comercializam (tabela 12) . O movimento
diário de pessoas neste local é intenso, pois ele
concentra quase 60% da comercialização (gráfico
2). É importante dizer que existe uma outra
TABELA 12: QUANTIDADE COMERCIALIZADA NA CEASA-ES
POR PAVILHÃO - 2007 Pavilhões Quantidade em
quilos (kg) PP1 14.069.637 PP2 120.236.760 PP3 78.956.542 PPA 4.547.085 PPB 677.350
PNP (alto e baixo)
276.651.894
TOTAL 495.139.268 Fonte: CEASA-ES Organização: Leonardo Nunes Domingos
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 28
modalidade de venda de alimentos dentro da CEASA-ES: a “venda sobre veículo”.
Este tipo de comércio foi responsável por uma quantidade considerável de produtos
comercializados em 2007: quase 6 mil toneladas.
Comercialização na CEASA-ES por pavilhão em quilos - 2007
43%
1%
56%
PP1, PP2 e PP3
PPA e PPB
PNP (alto e baixo)
Fonte: CEASA-ES Autor: Leonardo Nunes Domingos
Gráfico 2
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 29
5. CONSUMO
O consumo é o final do ciclo do alimento, ou seja, é o fim para o qual ele foi
produzido. Boa parte da produção capixaba é destinada ao mercado interno. Além
disso, consome-se alimentos de fora do Estado, e até de fora do País. Parte do alho
que tempera a comida do capixaba aqui, vem da Argentina. Em fevereiro de 2007 a
CEASA-ES recebeu 25.000 kg de alho deste país, e o vendeu no estado parte deste
montante.
A palavra “consumo” será substituída agora pela palavra “alimentação”. A
primeira não tem relação direta com alimentos, pois consumir também pode ser
entendido como comprar. Já a palavra alimentação é o processo pelo qual o corpo
obtêm e assimila os alimentos, para manter o funcionamento das suas funções
vitais, incluindo o crescimento.
Cada país do mundo têm seu guia alimentar, de acordo com seus hábitos,
disponibilidade de alimentos e necessidade da população. No Brasil, o guia
alimentar é o que conhecemos como “pirâmide alimentar” (figura 9). A pirâmide é
dividida em quatro partes: a dos alimentos energéticos, dos alimentos reguladores, a
Figura 9: Pirâmide de Alimentos
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 30
dos alimentos construtores e dos energéticos extras.
Os alimentos energéticos ocupam a base da tabela, e devem ser mais
consumidos do que os outros. Entre esses alimentos temos os pães e as massas, as
raízes e tubérculos (hortaliças tuberosas), e os cereais. Os dois últimos fazem parte
dos alimentos in natura que vimos até agora. Esses alimentos são chamados assim,
pois são responsáveis por fornecer a energia que utilizamos no dia a dia.
Os alimentos reguladores ocupam uma região um pouco mais estreita na
pirâmide do que os anteriores, então devem ser consumidos em quantidade menor.
Eles são compostos por frutas e legumes (hortaliças folhosas e florais, e hortaliças
frutosas). São chamados de reguladores, pois são necessários ao bom
funcionamento do organismo, auxiliando o crescimento e na prevenção de doenças.
Logo após, numa faixa ainda mais estreita, temos os alimentos construtores.
Fazem parte deles, os leites e derivados, as leguminosas, as carnes e os ovos. São
chamados de construtores, porque são fundamentais na construção do organismo,
como nossos ossos, pele e músculos. Devem ser consumidos em menor quantidade
do que os alimentos reguladores.
Chegando ao topo da pirâmide, fica os alimentos que devem ser consumidos
em pouquíssima quantidade: os alimentos energéticos extras. Compõe esse grupo,
os doces, açúcares, óleos e gorduras.
É importante dizer que, essa pirâmide alimentar não deve ser seguida à risca.
Ela é só uma referência. Cada pessoa possui características biológicas próprias, e
para “entrar numa dieta”, deve-se, antes de tudo, consultar o médico.
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 31
5.1 Perfil do Consumidor
Para estudar o perfil do consumidor capixaba, no que se trata de alimentos in
natura, utilizou-se os dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), realizada
pelo IBGE no ano de 2002 - 2003. Ela mostra o consumo dos alimentos em quilos,
no Brasil, no Sudeste e no Espírito Santo (tabela 13) . Isto permite comparar a
realidade do estado com a da sua região, e com a do seu País.
Os dados da tabela indicam a aquisição alimentar “per capita”, isto é, por
pessoa. Repare que um capixaba consome, aproximadamente a mesma quantidade
de alimentos in natura do que os outros moradores dos estados da Região Sudeste,
e do que os brasileiros. Há uma variação maior nas frutas (o capixaba consome
mais), nos cereais e leguminosas (o capixaba consome menos) e nos ovos (o
capixaba consome mais).
Em relação à porcentagem do consumo espírito-santense de alimentos in
natura (gráfico 3), percebe-se uma predominância dos cereais e leguminosas
(36%), depois, as frutas (24%), as hortaliças tuberosas (12%), as aves (13%) e as
hortaliças frutosas (11%). As hortaliças folhosas e florais, além dos ovos,
correspondem apenas a 2% do consumo capixaba.
TABELA 13: AQUISIÇÃO ALIMENTAR DE ALIMENT OS IN NATURA DOMICILIAR "PER CAPITA" ANUAL (QUILOGRAMAS) - 2003
Grupos Brasil Sudeste Espírito Santo
Hortaliças folhosas e florais 2,5 2,7 2,8
Hortaliças frutosas 13,4 15,2 13,0
Hortaliças tuberosas e outras 13,1 14,5 13,6
Frutas 23,1 24,1 26,7
Cereais e leguminosas 48,4 48,1 40,0
Aves 13,9 13,5 15,3
Ovos 1,7 0,1 2,2
TOTAL 116,1 118,3 113,7
Fonte: IBGE - Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002 - 2003 Organização: Leonardo Nunes Domingos
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 32
CONSUMO DE ALIMENTOS IN-NATURA "PER-CAPITA" NO ESPÍRITO SANTO - 2002 / 2003
11%
12%24%
36%13% 2%
2%
Hortaliças folhosas e florais Hortaliças frutosas Hortaliças tuberosas
Frutas Cereais e leguminosas Aves
Ovos
Fonte: IBGE - Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002 – 2003 Autor: Leonardo Nunes Domingos
Gráfico 3
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 33
5.2 Supermercados e Feiras
As feiras e supermercados são os principais pontos em que o consumidor tem
contato com o alimento in natura. Esses locais compram sob forma de atacado e
vendem a varejo. Isto é, compram em grande quantidade (geralmente da CEASA-
ES) e vendem em pequenas quantidades, de acordo com a necessidade do
consumidor. Outros pontos de venda a varejo são os restaurantes.
Tanto os supermercados como as feiras têm um papel extremamente
importante na distribuição dos alimentos in natura. Os supermercados atraem
principalmente em relação à flexibilidade do horário (abertos nos finais de semana e
feriados, além de fecharem só à noite), pela comodidade, por ser climatizado (na
maioria deles), e possuir estacionamento próprio. Já as feiras livres são vantajosas,
pois oferecem boa oportunidade de negociação do preço e qualidade dos alimentos.
Venda de alimentos in natura na feira livre e no supermercado.
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 34
5.2.1 Supermercados
Antes da “invenção” do
supermercado, a comercialização
dos alimentos era feita em
mercearias e armazéns de pequeno
porte. Nesses estabelecimentos, as
pessoas não tinham acesso direto
ao produto que queriam comprar,
elas pediam ao dono do comércio e
ele se encarregava de pegar. O
supermercado vem com a idéia,
justamente de eliminar esse
intermediário entre o consumidor e o produto, no sentido de agilizar as vendas.
Foi com essa idéia que os supermercados surgiram por volta de 1930 nos
Estados Unidos da América. Como o contexto era de crise, e o novo modelo
agilizaria as vendas e baratearia os custos, ele serviu direitinho. A novidade teve boa
aceitação no País e depois no mundo.
No Brasil, os supermercados surgiram na década de 1950 no estado de São
Paulo. O público-alvo era principalmente a classe alta e média.
Na década de 1970 houve um crescimento do número destes
estabelecimentos comerciais. Foi neste período de intensa industrialização e forte
crescimento urbano da Grande Vitória, que foi aberto o primeiro supermercado no
Espírito Santo visando atender a crescente população urbana.
Antes da década de 1990, não era comum a venda de alimentos in natura nos
supermercados. Estes eram vendidos normalmente em feiras e quitandas. Com a
instalação das redes supermercadistas na área interna da CEASA, isso mudou.
Essa mudança garantiu aos donos de supermercados produtos de melhor qualidade
e preços mais baixos, atraíndo-os para esse ramo.
Exemplo de mercearia
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 35
A partir de 1990 o estado foi invadido por um novíssimo modelo de
supermercados: os hipermercados. Maiores, mais modernos e informatizados, eles
alteraram os padrões da concorrência e os hábitos dos consumidores.
Durante essa década, a tendência geral foi a de criação de um oligopólio das
grandes redes, que se fundiram, arrendaram ou compraram outras redes de
supermercado.
No final dos anos de 1990, a tendência foi a formação de associações. Elas
proporcionam um maior poder de negociação, pois o aumento do volume da compra
reduz o seu preço, que por sua vez reduzem os custos. Gastando menos na
aquisição do alimento, os supermercadistas podiam baixar mais o seu preço, e
conquistar mais clientes.
Atualmente os
supermercados seguem o
modelo consumista da
sociedade urbana. O que
atrai mais as pessoas nos
supermercados hoje em
dia é o que menos nutri
os seus corpos: alimentos prontos para o consumo e os alimentos industrializados.
Quase nunca as pessoas entram em um supermercado com o objetivo de comprar
hortaliças ou frutas in natura, ou quando acontece isso, elas levam algo supérfluo ao
passar pelas prateleiras.
ACAPS – Associação Capixaba de Supermercados
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 36
5.2.2 Feiras
As feiras livres são tão antigas quanto a necessidade de comercialização dos
produtos agrícolas. No Brasil as primeiras feiras aconteceram no século XVII na
cidade de São Paulo. Em Vitória – ES, esse tipo de comercio iniciou-se por volta da
década de 1940. O contexto era de crescimento populacional da Grande Vitória,
principalmente de Vitória, e isto gerou a necessidade de se colocar mais pontos de
vendas de alimentos in natura (principalmente), antes concentrado no Mercado da
Vila Rubim.
Nas áreas rurais do nosso estado, as feiras acontecem no centro de comércio
local, de modo que os produtores da região expõe seus produtos à venda e/ ou troca
direta de um alimento por outro. Nas áreas urbanas, as feiras instalam-se nas ruas,
onde acontecem geralmente pela manhã. Muitas vezes é a única chance de um
consumidor urbano conhecer quem produz o alimento que ele consome. As feiras
são importantes pontos de venda de alimento in natura.
5.3 A Relação entre a Oferta, a Procura e o Preço
A aquisição dos alimentos in natura acontece, na maioria das vezes, por meio
da compra, pouca das vezes através de troca ou doações. Essa ação envolve um
fator importante: o preço. Este, por sua vez, está diretamente relacionado à oferta
dos alimentos, e à procura por estes mesmos alimentos. Chama-se isto de “lei da
oferta e da procura”. Essa lei diz que quando se tem uma grande oferta de um
determinado produto (muitos alimentos para serem vendidos), e pouca procura por
este, o preço tende a reduzir. De outro modo, uma pequena oferta, e muita procura,
faz o preço a subir.
Quando aplica-se essa lei nos alimentos, ela deve sofrer uma adaptação. O
fator oferta varia bastante, pois a produção dos alimentos varia de acordo com a
safra. Porém a procura pelo alimento, geralmente não varia tão rapidamente, pois as
pessoas os consomem de forma mais ou menos regular. Exceto em alguns casos,
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 37
por exemplo, nas vésperas do natal, quando há um aumento da procura por
castanhas e nozes. Um outro fator que pode afetar a procura é o crescimento da
população, porém isso acontece tão lentamente, que só afeta o preço a longo prazo.
Então, dedicar-se-á mais à oferta, como fator que influencia o preço.
Para exemplificar isso,
analisar-se-á a evolução da oferta e
preço durante o ano de 2007 dos
principais ingredientes do prato do
dia a dia: o arroz e o feijão.
A oferta de arroz no Espírito
Santo (tabela 14) era de 3 mil quilos
no mês de Fevereiro, oscilou até 7.500, no mês de Agosto, e fechou o ano em
3.600. O preço iniciou o ano em R$ 1,15, desceu até R$ 0,86 no mês de Agosto e
subiu até R$ 1,2 em Dezembro. Uma observação que deve ser feita é que não são
todos os meses do ano que a CEASA-ES oferta arroz. Esses meses que não estão
na tabela, são períodos em que o arroz que chega às mesas do consumidor
capixaba não passa pela CEASA-ES. Isto é, passa pelal CEASA’s de outros estados
ou não utilizam a CEASA-ES como atravessador.
TABELA 14: RELAÇÃO OFERT A E PROCURA DE ARROZ NO ESPÍRITO SANTO - MESES DE 2007
Meses Oferta (kg) Preço (em reais) do quilo
Fevereiro 3.000 1,15 Junho 3.600 1,17 Julho 3.600 0,86
Agosto 7.500 1,17 Outubro 6.600 1,27
Novembro 5.100 1,2 Dezembro 3.600 1,2
Total Geral 33.000 Fonte: CEASA-ES Organização: Leonardo Nunes Domingos
Gráfico 4
RELAÇÃO ENTRE A OFERTA E O PREÇO DO ARROZ NO ESPÍRITO SANTO - 2007
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
7.000
8.000
Fevere
iro
Junho
Julho
Agosto
Outubro
Novem
bro
Dezem
bro
(kg)
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
Pre
ço d
o qu
ilo
Oferta (kq) Preço (em reais)
Fonte: CEASA-ES Autor: Leonardo Nunes Domingos
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 38
O gráfico 4, representa melhor esta relação oferta-preço. Perceba que no
início e no final a “lei da oferta e procura” ocorre de forma mais clara: quando há um
aumento da oferta (linha vermelha), há uma redução do preço (linha azul). Porém,
no meio do ano esta lei não pode ser aplicada, ou seja, outros fatores atuam no
preço.
No caso do Feijão não é
diferente a tabela 15 e o gráfico 5
revelam isso. Em alguns períodos
do ano, como, no mês de março,
julho, agosto, setembro e dezembro,
pode-se ver a atuação da “lei da
oferta e procura”, mas nos demais
meses ela não é aplicável.
TABELA 15: RELAÇÃO OFERTA E O PREÇO DO FEIJÃO NO ESPÍRITO SANTO - MESES DE 2007
Meses Oferta (kg) Preço (em reais) do quilo
Janeiro 136.197 1,4 Fevereiro 174.070 1,39
Março 249.820 1,41 Abril 77.660 1,34 Maio 123.740 1,44 Junho 199.113 1,63 Julho 215.980 1,42
Agosto 235.847 1,43 Setembro 170.870 1,62 Outubro 153.370 2,05
Novembro 162.818 2,46
Dezembro 179.070 3,23 Total Geral 2.078.555
Fonte: CEASA-ES Organização: Leonardo Nunes Domingos
Gráfico 5
Fonte: CEASA-ES Autor: Leonardo Nunes Domingos
RELAÇÃO ENTRE A OFERTA E O PREÇO DO FEIJÃO NO ESPÍRITO SANTO - 2007
0
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000
300.000
Jane
iro
Fevere
iro
Mar
çoAbr
ilM
aio
Junh
oJu
lho
Agosto
Setem
bro
Outubro
Novem
bro
Dezem
bro
(kg)
-
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
Pre
ço d
o qu
ilo
Oferta (kg) Preço (em reais)
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 39
Pode-se concluir então, que existe a influência da “lei da oferta e procura”,
mas que existem outros fatores que influenciam o preço do alimento. A produção de
alimentos varia de acordo com a safra, isso já se sabe. Mas, as safras acontecem
em lugares diferentes, em períodos do ano diferentes. Isto é, na época do ano em
que o alimento é produzido próximo aos centros consumidores, o custo do transporte
é menor, então o preço tende a reduzir. Agora, quando tem que se buscar o
alimento a longas distâncias, gasta-se muito com transporte, e o preço tende a
aumentar.
Se voltar a análise novamente à oferta e preço do feijão (tabela 15 e gráfico
5), perceber-se-á que no decorrer do ano de 2007 houve um grande aumento do seu
preço, porém não houve uma redução da oferta nesta mesma proporção que
explique tal fato. Em Janeiro a oferta era de 136 mil quilos de feijão e o preço era de
R$ 1,4. Em dezembro a oferta estava maior (179 mil quilos), porém o preço foi para
R$ 3,23 (três reais e vinte e três centavos), quando deveria ter reduzido.
5.4 O Desperdício dos Alimentos
A humanidade, há algum tempo, é capaz de produzir alimento para matar a
fome de toda a população do planeta. O desenvolvimento técnico avançado da
atualidade foi o principal fator desta conquista. Porém, nos dias de hoje, a fome
mata uma pessoa a cada 3,5 segundos, em razão de inanição, ou doenças
associadas à má nutrição, de acordo com o Programa Alimentar Mundial (PAM). A
grande questão é que isso tem relação direta com o desperdício, pois de acordo com
o mesmo órgão, morre 1 criança de 5 em 5 segundos ao mesmo tempo que são
desperdiçadas perto de 12 toneladas de comida. As crianças são a grande vítima da
má utilização dos alimentos.
A CEASA-ES, visando contornar o problema de desperdício interno,
desenvolveu um programa social que realiza coletas diárias de alimentos não
comercializados resultantes de doações, que ainda estejam próprios para o
consumo humano. Esse programa se chama “CEASA Sem Desperdício”.
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 40
Você também pode colaborar para reduzir o desperdício. Existem algumas
“receitas alternativas” que buscam utilizar parte de vegetais que são desperdiçados
normalmente (figura 10 e 11).
Pode-se perceber que ainda existe um de pré-conceito em relação a essas
receitas. Principalmente em relação ao seu sabor. Mas como todo tipo de pré-
conceito, não possui ligação com a realidade. Então, deve ser desconsiderado.
Na verdade as chamadas “receitas alternativas” possuem maior valor
nutricional e sócio-econômico. Nutricional, porque utiliza cascas, caules e folhas que
seriam descartados; sócio-econômico porque ao se desperdiçar menos, reduz-se a
procura, e conseqüentemente inibe a elevação dos preços dos alimentos.
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 41
BOLO DE BANANA COM CASCA
(porção ideal 100 gramas)
Ingredientes
• 03 Bananas-prata grandes com casca • 03 ovos • 01 Xícara de chá de açúcar • 01 Xícara de cafezinho de óleo • 01 Colher de sobremesa de canela em pó • 01 Cálice de vinho (opcional) • 01 Colher se sopa de fermento em pó • 01 Pitada de noz moscada • 02 Xícaras de chá de farinha de trigo
Preparo
• Limpar a Casca • Bater todos os ingredientes no liquidificador,
com exceção das claras e do fermento. • Por fim, levar a massa a farinha de trigo
misturando bem até formar uma massa homogenia • Ao final envolver na massa às claras em
neve e o fermento em pó. • Levar ao Forno.
Figura 11: receita disponível no site <http://www.unirio.br/gastronomiavancada/preparacaointegral.htm> . Acesso em 25 de maio de 2010.
SUFLÊ DE FOLHAS DE BETERRABA
(porção ideal 80 gramas)
Ingredientes
• 1 ½ Xícaras de chá de folhas de beterrabas bem lavadas e Picadas
• 1 Xícara de chá de leite • 2 colheres de sopa de maisena • 1 colher de sopa de margarina ou óleo • 3 ovos (gemas separadas) • 3 colheres de sopa de queijo parmesão
ralado • Sal a gosto
Preparo
• Misturar as folhas de beterrabas picadas, o leite, a maisena, a margarina (ou óleo), gemas, e o queijo parmesão ralado.
• Colocar as claras em neve misturando cuidadosamente
• Untar uma forma refratária, colocar a massa e levar ao forno pré-aquecido
OBS. Esta receita pode ser preparada utilizando folhas de cenoura, nabo, rabanete, etc.
Figura 10: receita disponível no site <http://www.unirio.br/gastronomiavancada/preparacaointegral.htm> . Acesso em 25 de maio de 2010.
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 42
Com o manejo orgânico, o mato protege o solo sem prejudicar o crescimento do repolho.
6. ALIMENTOS ORGÂNICOS
O estudo dos alimentos in natura, deve necessariamente passar pelo estudo
dos alimentos orgânicos. Afinal, grande parte dos alimentos orgânicos são
comercializados de forma in natura. Assim, com o objetivo de explicar o processo
pelo qual passa os alimentos in natura, desde a produção até o consumo, deve-se
também considerar os alimentos orgânicos.
Embora haja uma relação entre a produção
orgânica e a Agroecologia, pode-se encontrar
produtores orgânicos que não adotaram este
modelo. Isto é, os alimentos são orgânicos, mas
não há um manejo adequado e consciente da
natureza. Contudo, para este estudo, é importante
focar no fato de que alimentos orgânicos são
aqueles isentos de agrotóxico e/ou adubo químico.
6.1 História dos Alimentos Orgânicos no Brasil
No início da década de 1970, começou-se a repensar o modelo de produção
agrícola tradicional. Os impactos ambientais e a utilização de agrotóxicos
começaram a ser enxergados com “maus olhos” pela sociedade e governo. Nesse
sentido, duas experiências paulistas com o modelo orgânico de produção lançaram
as suas primeiras sementes no Brasil.
No entanto, até meados da década de 1990 o desenvolvimento da agricultura
orgânica aconteceu de forma muito lenta. Segundo um dos pioneiros do movimento
orgânico do país, o Prof. Adilson Paschoal, “pouco de prático se fez no sentido de
mostrar os propósitos, métodos e práticas e as possibilidades do sistema de
agricultura orgânica no País”. Além disso, o comércio desses alimentos ainda não
possuía uma organização eficaz.
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 43
Localizado em Indaiatuba – SP, esse supermercado traz além de uma longa seção de produtos orgânicos, uma estação de reciclagem de lixo, carrinhos de compra produzidos com garrafas pet, bandejas de fécula de mandioca ao invés de isopor.
Por volta de 1992 tivemos avanços mais significativos. A 9° Conferência
Científica Internacional da Federação Internacional de Movimentos da Agricultura
Orgânica (IFOAM) realizada em São Paulo, colaborou para a instauração de normas
e técnicas, além da certificação dos produtos orgânicos. Em associação com o
Instituto Biodinâmico (IBD), criado em 1984, gerou-se um aumento do interesse pela
prática desse modelo de agricultura, através do impulso dado às exportações dos
produtos orgânicos.
Dois anos depois, o Brasil foi pressionado por forças internacionais no sentido
de estabelecer normas tanto para o processo de produção quanto para o de
comercialização dos produtos orgânicos. O resultado foi a criação do Comitê
Nacional de Produtos Orgânicos.
Em 17 de maio de 1999, depois de muita polêmica, foi publicada a Instrução
Normativa n° 007, que fala sobre as normas de produ ção e distribuição dos produtos
orgânicos animais e vegetais. Foi um importante marco para os agricultores
orgânicos. Neste documento há a regulamentação da produção, caracterização,
processamento, processo de embalagem, distribuição, identificação e certificação da
qualidade dos produtos orgânicos.
Atualmente há um
horizonte bem agradável
para o Brasil em relação ao
produtos orgânicos. Nos
últimos 3 anos o mercado
para esse tipo de alimento
cresceu em media 50 % ano
no Brasil, enquanto nos
países da Europa esse valor
chegou à no máximo 30%.
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 44
Neste ano de 2008, o estado de São Paulo inaugurou o primeiro
Supermercado Verde na América Latina. Lógico, com ampla oferta de orgânicos.
Porém, o que tudo indica, o estabelecimento é voltado para as classes médias e
altas, devido o alto valor dos orgânicos ofertados.
Os produtos orgânicos estão cada vez mais presentes nas prateleiras dos
supermercados, nas bancas de feiras. No Barro Vermelho, bairro da cidade de
Vitória, é realizado todo sábado das 5 às 12 horas uma feira livre de alimentos
orgânicos. Outro modo que se tem comercializado esses alimentos é por meio da
formação de grupos de compras.
O crescimento deste ramo de alimentos que promovem a saúde humana tem
sido visto com muito bons olhos pelos principais profissionais de saúde do Brasil. Os
dados revelam que ao lucrar 10,4 bilhões de reais, a indústria de “venenos
agrícolas”, causa a intoxicação de 500 mil brasileiros por ano, sendo que destes, 10
mil morrem. No Espírito Santo, esses venenos mataram 1100 pessoas em 2004,
dados do Centro de Atendimento Toxicológico do Espírito Santo – Toxceno.
No contexto de busca por qualidade de vida, o crescimento do consumo de
alimentos orgânicos no Estado vêm crescendo em torno de 20 a 30% por ano. A
comercialização é feita nas feiras, supermercados ou por meio cooperativas que
fazem entregas em domicílio – geralmente de cestas – mediante formação de
grupos de compra. Nas feiras e nas cooperativas, o preço do orgânico tende a ser
mais atrativo, mas nos supermercados percebe-se uma nítida superioridade do seu
preço em relação aos produtos convencionais (com agrotóxicos e/ ou adubos
químicos.
6.2 Funcionamento do mercado dos alimentos orgânicos
A produção dos alimentos orgânicos é feita geralmente por meio de
Cooperativas Agrícolas, que se organizam e vendem seus produtos para os
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 45
supermercados, feiras e “cooperativas de distribuidores”, e é por meio destes que
temos acesso à este tipo de alimento (figura 12).
Os produtos orgânicos, para serem oficialmente reconhecidos como tal,
devem receber um selo de garantia de que estão totalmente isento de agrotóxicos e/
ou adubos químicos. Esse certificado é dado ao produtor, mediante um pagamento
anual, e uma inspeção inicial e rotineira.
No Espírito Santo, a Associação
de Certificação de Produtos Orgânicos
“Chão Vivo” é a responsável pela
emissão dos selos aos produtores
rurais. O grande problema é que o alto
valor para obtenção do selo,
principalmente para os pequenos
proprietários rurais (que em sua
maioria não têm alto poder aquisitivo),
acaba desestimulando a produção de
orgânicos. Perceba o pequeno número
de produtores certificados, mesmo a nível de Brasil (tabela 16) Como alternativa,
alguns produtores estão utilizando-se de um “certificado solidário” ou “certificado
TABELA 16: NÚMERO DE PRODUTORES ORGÂNICOS CERTIFICADOS NO BRASIL - 2000
Estados Número de produtores certificados
Paraná 2.400*
Rio Grande do Sul
800
São Paulo 800
Rio de Janeiro 120
Espírito Santo 100
Santa Catarina 100
Distrito Federal 50
Outros 130
TOTAL 4.500*
* Cerca de 750 produtores encontravam-se "em processo de certificação". Fonte: DAROLT (2000) Organização: Leonardo Nunes Domingos
Produtor ou
Cooperativa de Produtores
Supermercado
Feiras
Cooperativas
Consumidor
Figura 12: O trajeto que o alimento orgânico realiza, desde a sua produção até o consumo, e suas diversas possibilidades de distribuição
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 46
participativo”, onde a comprovação de que
os alimentos são de fato orgânicos se
fundamenta na responsabilidade e confiança
entre produtor, distribuidor e consumidor. Um
exemplo de cooperativa que utiliza-se deste
tipo de certificado é a Cooperativa Solidária
de Alimentos Orgânicos do Espírito Santo
chamada de “O Broto”. Ela localiza-se na
Rua dos Patos, no bairro Nova Carapina II,
Serra, ES. Essa cooperativa é formada tanto
por consumidores quanto por produtores de
orgânicos.
O diferencial dessa cooperativa é que
ela visa levar o produto orgânico ao público mais carente, para tal, pratica-se um
preço justo, e as entregas são feitas mediante a formação de grupos de
compradores de um mesmo bairro ou local. Além disso, a cooperativa trabalha com
a conscientização de uma alimentação saudável. Atualmente “O Broto” é
responsável pela execução de um “projeto piloto” de abastecimento de alimentos
orgânicos nas escolas municipais de Vitória. Isso é feito em um número reduzido de
escolas, mas há previsão de expansão do projeto.
Utilizar-se-á o
exemplo do “O Broto”
como cooperativa de
alimentos orgânicos
que promovem a sua
distribuição na grande
vitória, para entender
a dinâmica de uma
cooperativa (figura
13). Primeiramente,
ela realiza um
O Broto. Localizado no município da Serra. Telefone de contato: 3318-9762
Foto das cestas de alimentos orgânicos que são vendidas na cooperativa “O Broto”
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 47
planejamento com o produtor rural, estipula-se quantos quilos de cada alimento a
cooperativa precisará, e o agricultor se encarrega de produzir. Os agricultores por
sua vez, se organizam em cooperativas de produtores orgânicos. Ao comprar os
alimentos, “O Broto”, por exemplo, os comercializa aos consumidores em formato de
cestas. É importante entender que muitos dos associados ao “O Broto”, são também
consumidores. Esses alimentos acabam ficando em média 70% mais barato do que
os orgânicos encontrados nos supermercados, e 30% mais baratos do que os
convencionais. Atualmente “O Broto” possui quase 30 pontos de entrega de cestas,
sendo que em cada ponto há no mínimo 5 compradores. As cestas possuem uma
diversidade de 15 itens diferentes, com 600 gramas de peso cada um, sendo que o
total de peso da cesta gira em torno de 9 quilos de alimentos, e o seu preço atual é
de 16 reais para as entregas no município da Serra (onde fica a cooperativa), e 20
reais para entregas em Vila Velha, Vitória e Cariacica, pois se gasta mais com o
transporte.
Vero Sapore - Iconha
GAOI -Iconha
Garra Ecológica – St Maria de Jetibá
Amparo Famil iar – St Maria de Jetibá
Apsad Vida – St Maria de Jetibá
Koomaya - Jaguaré
Grupo Horizonte Organizado - Cariacica
Grupo Cariacica - Cariacica
Grupo Siriema – Laranja da Terra
COOPERATIVA
Ex.: “O BROTO”
ASSOCIADOS CONSUMIDORES ESCOLAS MUNICIPAIS LIDERANÇAS DE BAIRROS
ASSOCIAÇÃO DE PRODUTORES B ROTO CONSUMIDORES
Figura 13: A dinâmica da distribuição dos alimentos orgânicos através das Cooperativas, tendo como exemplo “O Broto”.
ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 48
7. GLOSSÁRIO
Agroecologia: É a ciência ou a disciplina científica que apresenta uma série de
princípios, conceitos e metodologias para estudar, analisar, dirigir e avaliar
ecossistemas, com o propósito de permitir a implantação e o desenvolvimento de
estilos de agricultura com maiores níveis de sustentabilidade.
Atacado: Venda de mercadoria em grande quantidade, de uma só vez.
Funções vitais: São funções essenciais para a manutenção da espécie humana.
Tais como a reprodução, a respiração e a alimentação.
Inanição: Extrema debilidade ou fraqueza por falta de alimentação. A morte por
inanição é, literalmente, uma morte cuja causa foi a fome.
In natura: No estado natural, sem nenhum processamento.
Manufaturados: Que resulta de trabalho manual ou mecânico. Um alimento
manufaturado é aquele que foi transformado na indústria ou manualmente, ex: geléia
de morango.
Oligopólio: Situação econômica em que um pequeno número de empresas controla
a oferta de produtos para ter domínio sobre o mercado.
“Per capita”: P or pessoa. Se eu digo que o consumo de um determinado alimento é
de 15 quilos “per capita”, quero dizer que cada pessoa consome esta quantidade.
Safra: Quantidade de produção agrícola por um período determinado, geralmente
por ano.
Subsistência: Característica de quem se mantém, de quem realiza atividades
necessárias à própria existência.
Varejo: Atividade comercial que consistem em negociar qualquer variedade de
produto a qualquer quantidade, inclusive pequenas. Relacionado ao consumidor
final.
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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Livros e Artigos:
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<www.unirio.br/gastronomiavancada>. Acesso em 11 de novembro de 2008.
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<http://www.wfp.org/portuguese/?NodeID=5> Acesso em: 11 de novembro de 2008
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em: <http://www.wfp.org/portuguese/?NodeID=5> Acesso em: 11 de novembro de
2008
CASTRO, Josué. Introdução In____: Geografia da Fome. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2006. 318p.
Banco de Alimentos e Colheita Urbana: Noções básica s sobre alimentação e
nutrição. Rio de Janeiro: SESC/DN, 2003. 20 pág. (Mesa Brasil SESC. –
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http://www.seculodiario.com.br/arquivo/2006/novembro/10/noticiario/meio_ambiente/
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DAROLT, Moacir Roberto. A evolução da agricultura orgânica no contexto
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ALIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO 50
Dados:
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<http://www.ceasa.gov.br/> Acesso em 11 de novembro de 2008.
<http://www.acaps.org.br/> Acesso em 11de novembro de 2008
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