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Violência contra a mulher: gênero, número e grau Alice Bianchini Doutora em Direito Penal pela PUC/SP Integrante da Comissão Especial da Mulher Advogada – OAB/Federal Coeditora do Portal www.atualidadesdodireito. com.br

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Violência contra a mulher: gênero, número e grau

Alice BianchiniDoutora em Direito Penal

pela PUC/SPIntegrante da Comissão

Especial da Mulher Advogada – OAB/Federal

Coeditora do Portal www.atualidadesdodireito.

com.br

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Novos paradigmas e antigas culturas

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“Todos são iguais perante a lei. Não haverá privilégios, nem distinções, por motivo de nascimento, sexo, raça, profissões próprias ou dos pais, classe social, riqueza,

crenças religiosas ou ideias políticas”

Art. 113, 1, da CF/34

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Argumentos utilizados na época

- Relativização do principio: crença de que haviam desigualdades naturais

- Silencio em relação à dicotomia

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24 de fevereiro de 1932

Apesar da resolução do então presidente Getúlio Vargas, o direito de participar das votações era somente destinado às mulheres casadas (com autorização dos maridos), e às viúvas e solteiras com renda própria.

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marido chefe do grupo familiar:- fixar o domicílio da

família - nomear tutor e

administrar os bens do casal

Durou até a entrada em vigor da CF/88

incapacidade relativa da mulher casada

Durou até 1962: Lei 4.121/62 (Estatuto da Mulher Casada)

1934: direito de voto à mulher nas mesmas condições do homem, porém facultativo

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“homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição”

(art. 5º, caput, e inciso I, da CF/88)

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“Em respeito à formação patriarcal da família brasileira e no interesse da preservação da harmonia nas relações do grupo

familiar, estamos em que deva prevalecer uma autoridade diretiva unificada, com a manutenção da chefia da sociedade

conjugal nas mãos do homem.”

PEREIRA, Áurea Pimentel. A nova Constituição e o direito de família. 2. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 1991. p. 49.

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Os homens devem ser a

cabeça do lar.

Mulher deve satisfazer o

marido na cama, mesmo quando

não tem vontade

A mulher que apanha em casa deve ficar quieta

para não prejudicar os

filhos.

Dá para entender que um homem

rasgue ou quebre as coisas da

mulher se ficou nervoso.

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Atributos que reforçam a probabilidade de uma adesão a valores mais igualitários, de respeito à diversidade, e de uma postura mais intolerante em relação à violência contra as mulheres:

- morar em metrópoles

- morar nas regiões mais ricas do país

- morar no Sul e Sudeste

- ter escolaridade mais alta e

- ser mais jovem

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Números alarmantes

Brasil: 62º em igualdade de gênero

Argentina: 32

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Mulheres recebem salário 27,1% menor do que o dos homens, muitas vezes nos mesmos cargos.

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2012

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/09/27/pela-1-vez-em-dez-anos-diferenca-salarial-de-homens-e-mulheres-aumenta.htm

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http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/09/27/pela-1-vez-em-dez-anos-diferenca-salarial-de-homens-e-mulheres-aumenta.htm

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Direito de família

Adotar o sobrenome da mulher já é opção de 25% dos homens ao casar

FSP, 6 out 13, p. C5

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Lei Maria da PenhaArt. 6o A violência

doméstica e familiar contra a mulher constitui

uma das formas de violação dos direitos

humanos.

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Mulher é proibida de dirigir

Chibatadas por dirigirhttp://atualidadesdodireito.com.br/alicebianchini/2011/10/03/chibatadas-por-dirigir-e-agressoes-a-mulher/

Mulheres dirigem melhor que homens, diz pesquisaEstudo apontou que os homens levam mais multas e penalidadeshttp://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/noticias/mulheres-dirigem-melhor-que-homens-diz-pesquisa

Piadas machistas podem tornar as mulheres piores motoristashttp://hypescience.com/piadas-sexistas-podem-tornar-as-mulheres-piores-motoristas/

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Mulher não tem acesso à educaçãohttp://atualidadesdodireito.com.br/alicebianchini/2012/10/14/ativista-mirim-e-baleada-por-defender-a-igualdade-de-genero/

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As meninas se ocupam mais de tarefas do lar e acabam tendo menos tempo que os meninos para brincar ou estudar,

prejudicando-lhes o rendimento escolar.http://atualidadesdodireito.com.br/alicebianchini/2013/10/11/hoje-11-de-outubro-e-o-dia-internacional-da-menina/

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Mulheres expõem cicatrizes para denunciar violência doméstica em ensaio de fotos

http://atualidadesdodireito.com.br/alicebianchini/2014/03/08/precisamos-de-um-dia-internacional-da-mulher/

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Brasil – 7º país em número de homicídios de mulheres em uma lista de 84 países

Mapa da Violência 2012

De cada 10 mulheres vítima de homicídio, 7 são assassinadas por aqueles com quem elas mantêm uma relação de afeto

Goiás é o 9º estado em número de homicídios femininos

5,7 por 100 mil

4,6: a média nacional

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41% das mortes de mulheres ocorreram dentro de casa

68,8% dos incidentes com vítimas mulheres aconteceram na residência ou habitaçãoMapa da Violência 2012

52% das violências praticadas pelos maridos e companheiros são de de morte (2012)

57% das agressões contra mulheres ocorre após o término do relacionamento

GEVID - MP/SP (2013)

Anápolis

Taxa: 5,8 (192 cidade mais violenta)

4,6: a média nacional

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Homens são mais felizes do que as mulheres. FSP 24 ago 07, A26.

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AtençãoParaNocaTermiQueEstamosApredeAqu

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AtençãoParaNocaTermiQueEstamosApredeAqu

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Mãe de família comete crime só para ser presa e passar um tempo sozinha

Sem tempo para mais nada, uma mãe de família resolveu tomar uma atitude radical.

Veja a reportagem:

http://migre.me/bcHgI

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Três questões gerais iniciais

1. Constituição Federal/Política criminal

2. Ação afirmativa3. Uma questão de

gênero e não de sexo

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Projeto de Monitoração Global 2010

“A manter-se inalterada a taxa de mudança observada desde 2000 com respeito a presença de

mulheres nas notícias, levará pelo menos 40 anos

?????? anos ??????

para que alcancemos a igualdade.”

acelerar mudanças redirecionar as ações

MORENO. Rachel. A imagem da mulher na mídia. Ed. Publisher, 2012.

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Devassa pode ser multada em R$ 6 milhões por propaganda abusivahttp://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2013/10/04/devassa-pode-ser-multada-em-r-6-milhoes-por-propaganda-abusiva.htm

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Estereótipos de gênero

Pesquisa do Canadá aponta empate técnico

Quem fala mais: o homem ou a mulher?

Quem gasta mais no cartão de crédito?

Homens. 26% mais – Fonte: Instituto Ibope Inteligência (2007)

Quem é mais fofoqueiro?

Homens. 76 min por dia Fonte: OnePoll (2009)

Quem mente mais?

Homens. Instituto Gfk – Alemanha

Quem fala mais de sexo?

Mulheres (5º lugar) Homens (8º lugar)

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62% violência psicológica

6% violência moral

Tipos de violência doméstica mais conhecidos

80% violência físicaMulher fica 30 dias internada. Lesão corporal leve?

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Sociedade e LMP

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Em mulher não se bate nem com uma flor91%

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2010 Fundação Perseu Abramo/SESC

Entre os pesquisados do sexo masculino:

8% admitem já ter batido em uma mulher

14% acreditam que agiram bem;

15% declaram que bateriam de novo

2% declaram que “tem mulher que só aprende

apanhando bastante”

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concordaram, total ou parcialmente

63% “casos de violência dentro de casa devem serdiscutidos somente entre os membros da família”

78,7 “em briga de marido e mulher não se mete a colher”

82% “o que acontece com o casal em casa não interessaaos outros”

89% “roupa suja deve ser lavada em casa”

A pesquisa do Sistema de Indicadores de Percepção Social, do Ipea, sobre a tolerância social à violência contra as mulheres, entrevistou 3.810 pessoas em todas as unidades da federação durante os meses de maio e junho de 2013, sendo que as próprias mulheres representaram 66,5% do universo de entrevistados.

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Em briga de marido e mulher não se mete a colher

78,7% dos entrevistados

advogados, advogadasjuízes, juízas

promotores, promotoras de justiçadefensores, defensoras públicos

delegados, delegadasestagiários/estagiárias

Atores jurídicos

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Mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar. (maio/junho 2013)

http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=21971&Itemid=9

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Motivos pelos quais as mulheres não “denunciam” seus agressores (respostas dadas por vítimas):

1º 31% preocupação com a criação dos filhos

2º 20% medo de vingança do agressor

3º 12% vergonha da agressão

4º 12% acreditarem que seria a última vez

5º 5% dependência financeira

6º 3% acreditarem que não existe punição e

7º 17% escolheram outra opção.

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Invisibilidade do problema

As mulheres comunicam o fato às autoridades na MINORIA das vezes

Mulheres levam de 9 a 10 anos para “denunciar” as agressões

Os pais são os principais responsáveis pelos incidentes violentos até os 14 anos de idade das

vítimas. Nas idades iniciais, até os 4 anos, destaca-se sensivelmente a mãe. A partir dos 10 anos,

prepondera a figura paterna.

Mapa da Violência 2012. http://mapadaviolencia.org.br/pdf2012/mapa2012_mulher.pdf

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Ação afirmativa

A Lei proporciona instrumentosque possam ser utilizados pelamulher vítima de agressão oude ameaça, tendente aviabilizar uma mudançasubjetiva que leve ao seu

EMPODERAMENTO

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Ação afirmativa

Art. 4º CEDAW

essas medidas cessarão quando os objetivos de igualdade de oportunidade e tratamento forem alcançados

Lei excepcional (CP, art. 3º): vigoraenquanto duraremas circunstâncias que lhe deramorigem.

[Aplicação para homem?]

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O Código de honra: como ocorrem as revoluções morais

Kwame Anthony Appiah

Sentimento que

muda a história

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“não existe o ser humano natural;

o comportamento é moldado pela cultura.” Regina Navarro Lins. O livro do amor.

Rio de Janeiro: BestSeller. 2012.

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O Código de honra: como ocorrem as revoluções morais

Kwame Anthony Appiah

v e r g o n h a

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