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Junho 2010 Sistemática e taxonomia de peixes de água doce da América do Sul Prof. Dr. Francisco Langeani Laboratório de Ictiologia, DZB, UNESP

Apostila Sistemática de Peixes

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Junho 2010

Sistemática e taxonomia de peixes de água doce da América do Sul

Prof. Dr. Francisco Langeani

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Diversidade Atualmente existem cerca de 2.000.000 de espécies descritas; algumas estimativas apontam que o total de espécies existentes hoje possa chegar de 10.000.000 a 30.000.000 (algumas 100.000.000). Dentre os animais, existem aproximadamente 55.000 espécies de vertebrados, incluindo quase 28.000 espécies de peixes. Peixes de água doce respondem por cerca de 43% do total de peixes (aprox. 11.952 spp, segundo Nelson, 2006), distribuídas em 0,0093% da água (água doce disponível em rios e lagos dos 3% de água doce na Terra). A ictiofauna de peixes de água doce da América do Sul é a mais rica do mundo e apresenta uma grande diversidade biológica e adaptativa. Böhlke et alii (1978) apontam a existência de 2.500 a 3.000 espécies descritas e afirmam que de 30 a 40% da fauna ainda não foi descrita, totalizando 5.500 a 5.600 espécies para toda a região Neotropical. Estimativas mais recentes apontam cerca de 6.025 espécies (Reis et alii, 2003) até cerca de 8.000 espécies (Schaefer, 1998). No Brasil, 85% das espécies são peixes primariamente de água doce (Ostariophysi) e o restante peixes de grupos marinhos que invadiram secundariamente a água doce (Malabarba & Reis, 1987). Os peixes de água doce podem ser agrupados com base em sua tolerância à água salgada (Myers, 1951, modificação de Darlington, 1957). Essa classificação, embora não natural, pode auxiliar o entendimento de sua distribuição: a. Divisão Primária – peixes com pouca ou nenhuma tolerância à água salgada, que funciona como uma barreira; sua distribuição não pode ser explicada por dispersão por mar ou águas costeiras; b. Divisão Secundária – peixes alguma tolerância à água salgada; sua distribuição pode refletir dispersão por águas costeiras ou percursos curtos em águas salgadas; c. Divisão Periférica – peixes confinados à água doce ou que passam parte de seu tempo aí e são bastante aparentados a grupos marinhos, tendo se originado de grupos marinhos que utilizaram os oceanos para dispersão. Métodos de campo Como a fauna é muito diversa, a área hidrográfica bastante extensa e complexa e a finalidade da coleta pode ser bastante variada , a escolha do método de captura ideal para o cumprimento dos objetivos definidos requer um bom planejamento inicial e um mínimo de conhecimento com relação a: a. hidrografia da região a ser explorada, tipo de ambiente (lótico ou lêntico), acesso aos pontos, vegetação marginal, tipo de fundo, integridade ambiental, alterações sazonais;

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b. biologia dos peixes, conhecimento anterior sobre hábitos, aspectos comportamentais, alimentares e reprodutivos tendem a aumentar sobremaneira o sucesso da coleta; c. métodos de captura e seletividade, bastante diversos. Características ambientais No Estado de São Paulo, em particular, e na América do Sul, no geral, os peixes de água doce ocorrem em dois tipos principais de ambientes: a) lóticos, aqueles que apresentam fluxo de água, como riachos, cabeceiras e calhas dos rios; b) lênticos, aqueles com nenhum ou pequeno fluxo de água, como lagoas, lagos e reservatórios. Lóticos - a) Riachos e cabeceiras: de todos os ambientes de água doce os riachos e as cabeceiras são os mais instáveis. Segundo Uieda & Castro (1999), riachos são partes de um sistema fluvial onde, devido à presença de vegetação ripária bloqueando total ou parcialmente a incidência direta de luz solar, a produção primária local é baixa e a comunidade depende em grande parte da importação de material orgânico alóctone para sua subsistência. b) Calhas dos rios: ambientes com uma maior insolação, possibilitando a existência de algas e macrófitas e uma produção primária local relativamente maior, o que torna a comunidade menos dependente da importação de matéria orgânica para sua subsistência. Lênticos: de maneira geral, quando permanentes, são os mais estáveis dentre os de água doce; apresentam grande insolação, presença de muitas algas e macrófitas e normalmente uma produção primária mais alta. São os ambientes com menor renovação de água.

Os reservatórios diferem substancialmente dos ambientes naturais de águas lênticas pois tendem a apresentar uma alta produção primária inicial, que depois se estabiliza em níveis normalmente mais baixos. De maneira geral, as espécies que vivem nas calhas dos rios têm uma distribuição mais ampla e realizam migrações reprodutivas (piracema) nas épocas de cheias; as espécies de riachos e ambientes lênticos têm uma distribuição bem mais restrita e não realizam piracemas; sua reprodução ocorre normalmente também em épocas de cheias, entretanto diversas espécies podem apresentar um período reprodutivo bem mais longo e não coincidente com as cheias. As características das espécies de peixes variam de um tipo de ambiente a outro e, portanto, são muito importantes para tomadas de decisão quanto ao melhor método de coleta a ser empregado.

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Métodos de coleta Redes: malhadeiras (lanço e espera), feiticeiras, arrasto, tarrafas, peneiras, puçás. As malhadeiras são compostas por um pano simples, de tamanhos e malhas variadas, com bóias em sua parte superior e pesos na inferior; são colocadas em locais de passagem dos peixes, que ficam presos em suas malhas. As feiticeiras são redes compostas por mais de um pano, com malhas variadas. Redes de arrasto são compostas por pano simples e malha normalmente pequena, manuseadas por dois ou mais coletores ou mesmo embarcações, dependendo do tamanho, funcionam cercando e capturando os peixes de modo semelhante às peneiras, ou passando por uma determinada porção do ambiente aquático e aprisionando os peixes em um ou mais sacos. Tarrafas são redes circulares de vários tamanhos e malhas, quando bem manuseadas podem ser bastante eficientes, embora algo seletivas. Peneiras, aros de madeira ou metal com tela de arame, de vários tamanhos e malhas, manuseadas individualmente junto à margem dos corpos d’água. Os puçás podem ser utilizados como as peneiras, são compostos por um cabo e um aro ao qual é atado um saco de rede de malha fina, são fáceis de manusear e podem ser usados também para a coleta durante atividades subaquáticas. Armadilhas: covos e cercados diversos. Os covos são armadilhas pequenas e portáteis, utilizadas com iscas e colocadas em rios ou riachos com a boca voltada à jusante. Os cercados ou cercos são armadilhas permanentes colocadas em locais de passagem dos peixes, uma vez dentro os peixes não conseguem sair. Anzol e linha: varas, espinhéis, anzol de galho, joão bobo. Métodos que empregam uma isca colocada em um anzol atado a uma linha. Venenos: timbó ou seu princípio ativo, a rotenona. Misturados à água do ambiente, impedem as brânquias de retirar oxigênio da água; os peixes comportam-se como estivessem em ambiente anóxico e muitos chegam a sair fora d’água. Bastante eficiente e não seletivo, porém proibido atualmente no Brasil. Pesca elétrica: consiste na produção de um campo elétrico na água, passando uma corrente entre dois eletrodos submersos; os peixes podem ficar paralisados, deslocarem-se em direção ao cátodo ou ânodo ou morrerem. Se a fonte de energia, o gerador, é de corrente alternada, normalmente provoca a paralisia nos peixes, facilitando sua captura e também a obtenção de dados sem levar os exemplares à morte. Dos métodos atuais, tem se mostrado o mais eficiente e menos seletivo para riachos e cabeceiras.

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Fixação dos exemplares Para a maior parte das finalidades o formol tem sido o fixador, por excelência, de peixes em geral. É utilizada uma solução aquosa de formol comercial puro a 10% (9 partes de água e uma parte de formol). Os exemplares, recém coletados, são colocados vivos na solução, onde deverão permanecer por cerca de 48 h. Peixes maiores de 15 cm de comprimento padrão devem Ter suas cavidades e maiores porções de musculatura injetadas com a solução. A morte dos exemplares por afogamento em formol, embora cruel, proporciona a fixação do corpo com as nadadeiras bem distendidas e o engolimento do fixador paralisa os processos de digestão, possibilitando estudos posteriores relacionados à alimentação. Para estudos de reprodução o melhor método é colocar os peixes em gelo para posteriormente, em laboratório, dissecá-los, retirar as gônadas para fixação em solução de Bouin e o restante dos peixes em formol 10%. Atualmente, é bastante comum a retirada de amostras de tecidos para estudos moleculares. Para DNA, um pedaço de nadadeira, brânquia ou uma porção de musculatura, fixados em álcool absoluto (que deve ser trocado após algumas horas) e mantidos em tubos plásticos com tampa funcionam muito bem. Ficha de campo Extremamente importantes são as informações relativas ao ambiente da coleta e às condições do clima no dia. Uma ficha de campo com espaços para preenchimento funciona bem e evita que se esqueça algum dado ou parâmetro importante à pesquisa que se pretende. Cada pesquisador acaba criando a sua própria ficha ou seu caderno de campo. Informações imprescindíveis são local, município, estado da coleta; drenagem principal; data de coleta; coletor. Informações relativas às condições do ambiente: tipo de água, fundo, vegetação marginal ou submersa. Método de coleta utilizado, tamanho de malha, esforço de pesca. Documentação fotográfica do ambiente e dos exemplares recém coletados. Parâmetros ambientais: temperatura do ar e da água, pH, oxigênio dissolvido, condutividade, transparência, velocidade da corrente e outros, podem ajudar bastante em análises ecológicas e ambientais. Informações sobre o microhábitat das espécies coletadas é também bastante importante. Atualmente, o georeferenciamento do ponto de coleta através de sistemas de posicionamento global por satélite (GPS) tem sido quase que indispensável. Na ficha de campo podem existir espaços para todas essas informações e também para um número de campo, que acompanhará o material coletado. Rotulagem dos exemplares

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Os exemplares provenientes de cada ponto de coleta serão acondicionados ainda no campo todos juntos, em sacos plásticos, e com uma pequena etiqueta (em papel resistente) com o número de campo (ver acima). Conservação e colecionamento Em laboratório, após o tempo de fixação em solução de formol, os exemplares serão conservados em frascos com álcool 70º GL. Mantendo-se os frascos plenos com álcool, ao abrigo da luz e do calor intenso, esses exemplares permanecerão íntegros e fonte de informação para estudos científicos durante muito tempo. A triagem dos exemplares capturados juntos na mesma coleta objetiva separar, identificar e quantificar os exemplares e as espécies capturadas. Dependendo do que se pretenda, esse material pode ser mantido junto no mesmo frasco, ou separado em frascos individuais por espécie (o mais usual). Cada frasco deve conter um rótulo com as informações mais importantes: nome da espécie, número de exemplares, localidade, coletor, data de coleta, determinador. Os frascos com os exemplares formarão as coleções e serão mantidos e organizados dependendo da finalidade específica a que se destinem e de modo a melhor cumpri-la. Coleções Coleções biológicas são constituídas por um conjunto de organismos mortos, ou partes desses organismos, reunidos ordenadamente e conservados para estudos. Estudos taxonômicos dependem fundamentalmente de espécimes de coleções. As coleções também oferecem os elementos para comprovação de toda a pesquisa pregressa e, portanto, devem ser utilizadas por pesquisadores de várias áreas da biologia para depósito de exemplares testemunho de suas pesquisas, Fontes de material para coleções Coletas, permutas e retenção. Tipos Dependendo do seu objetivo, pode haver coleções muito diferentes, com relação ao tamanho, ao tipo de material que conservam, ao grupo taxonômico, ao tipo de utilização (ensino, pesquisa (vários tipos), referência, exposição pública).

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Didáticas Pesquisa: grandes coleções gerais, coleções particulares (Werner Bockerman, Jorge Jim) (Ver http://splink.cria.org.br/ que exibe dados de algumas coleções do Estado de São Paulo) Coleções regionais Coleções especiais (interesse econômico, levantamento faunístico, identificação) Coleções de tipos Organização e disposição O material identificado deve ser disposto de modo a permitir sua pronta localização. Geralmente o ordenamento utilizado é o taxonômico, dado pelos catálogos, que ordenam os táxons em taxonomicamente, em ordens, famílias e subfamílias e, assim por diante, até espécie. Freqüentemente, gêneros e espécies em táxons politípicos são ordenados alfabeticamente. Às vezes, dependendo do interesse do pesquisador que trabalha mais diretamente com a coleção, essa ordem pode mudar. Curadoria A curadoria é toda a política prática e científica de lidar com as coleções, de modo a mantê-las indefinidamente em boas condições de preservação (Martins, In Papavero 1994). Envolve as atividades de preservação, armazenamento, catalogação do material científico, avaliação das necessidades e condições de empréstimo de material, procedimento e adoção de métodos de catalogação e informatização, levantamentos ou tombamentos, doações e permuta. Informatização Atualmente a informatização é parte fundamental da curadoria de coleções, permitindo um acesso e recuperação de dados de maneira rápida e segura. Existem diversos softwares que se prestam à tarefa. Para as coleções de peixes o mais antigo é o Muse, atualmente utilizado por poucas coleções. No Estado de São Paulo a coleção da UNESP de São José do Rio Preto utiliza o Biota (Colwell). O Specify, um programa que tem sido freqüentemente escolhido para o gerenciamento de coleções de peixes, é utilizado pelo MZUSP, MNRJ, MCP e USP de Ribeirão Preto.

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Além disso, iniciativas têm permitido o acesso a informações em vários bancos de dados através de um único link, como é o caso do speciesLink (http://splink.cria.org.br/), um Sistema Distribuído de Informação que integra em tempo real, dados primários de coleções científicas do Estado de São Paulo, dados de observação do programa Biota/Fapesp e dados de acervos de algumas coleções do exterior. O projeto tem apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Bibliografia Böhlke, J.E.; Weitzman, S.H. & Menezes, N.A., 1978. Estado atual da sistemática dos peixes de

água doce da América do Sul. Acta Amazonica, 8 (4): 657-677. Cailliet, G.M; Love, M.S. & Ebeling, A.W., 1996. Fishes. A field and laboratory manual on their

structure, identification and natural history. Waveland Press, Prospect Heights, Illinois, 194 pp.

Caramaschi, E.P.; Mazzoni, R. & Peres-Neto, P.R. (eds.), 1999. Ecologia de peixes de riacho.

Série Oecologia Brasiliensis, Vol. 6: xv + 260 pp. Malabarba, L.R. & Reis, R.E., 1987. Manual de técnicas para preparação de coleções zoológicas:

peixes. Sociedade Brasileira de Zoologia. 36: 1-14. Nelson. J.S., 2006. Fishes of the world. 4th ed. John Wiley & Sons, New Jersey, 601 pp. Papavero, N. (Org.), 1994. Fundamentos práticos de taxonomia zoológica: coleções, bibliografia,

nomenclatura. 2ª ed. Ed. UNESP & FAPESP, São Paulo, SP, 285 pp. Schaefer, S.A., 1998. Conflict and resolution: impact of new taxa on phylogenetic studies of the

neotropical cascudinhos (Siluriformes, Loricariidae). In Malabarba, L.R.; Reis, R.E.; Vari, R.P.; Lucena, Z.M.S. & Lucena, C.A.S. (eds.). Phylogeny and classification of neotropical fishes. Pp. 375-400. Edpucrs, Porto Alegre.

Uieda, V.S. & Castro, R.M.C., 1999. Coleta e fixação de peixes de riacho. In Caramaschi, E.P.;

Mazzoni, R. & Peres-Neto, P.R. (eds.). Ecologia de peixes de riacho. Série Oecologia Brasiliensis, vol. 6. PPGE-UFRJ. Rio de Janeiro, Brasil.

Vanzolini, P.E. & Papavero, N. (org.), 1967. Manual de coleta e preparaçao de animais terrestre

e de água doce. Departamento de Zoologia, Secretaria da Agricultura do Est. S. Paulo, São Paulo, 223 pp.

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Winston, J. E. 1999. Describing species. Practical taxonomic procedure for biologists. Columbia

University Press, New York, 518 pp. Peixes de água doce da América do Sul (classificação segue Compagno, 1991 e Nelson, 1994) Cephalaspidomorphi Petromyzontiformes Geotriidae Mordaciidae Chondrichthyes Carcharhiniformes Carcharhinidae - Carcharhinus leucas Pristiformes Pristidae – Pristis Myliobatiformes Potamotrygonidae – Paratrygon, Plesiotrygon, Potamotrygon Teleostomi Sarcopterygii Dipnoi Lepidosireniformes Lepidosirenidae – pirambóia: Lepidosiren Actinopterygii Teleostei Osteoglossomorpha Osteoglossiformes Osteoglossidae – Osteoglossum Arapaimatidae – Arapaima

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Elopomorpha Anguilliformes Anguillidae – Anguilla Ophichthidae – Stictorhinus (gênero monotípico do Rio Tocantins) Clupeomorpha Clupeiformes Engraulididae – manjubas: Amazonsprattus, Anchoa, Anchoviella, Jurengraulis, Lycengraulis Clupeidae – Platanichthys, Ramnogaster e Rhinosardinia (porções baixas do Orinoco e

Amazonas) Pristigasteridae – sardinhas: Ilisha, Pellona, Pristigaster Euteleostei Super Ordem Ostariophysi Characiformes Characidae – diversas subfamílias e gêneros de Characiformes de pequeno porte – lambaris,

piabas e pequiras. Acestrorhynchidae - Acestrorhynchus Erythrinidae – Erythrinus, Hoplerythrinus, Hoplias Ctenoluciidae – Boulengerella, Ctenolucius Cynodontidae – Cynodon, Hydrolicus, Rhapiodon Lebiasinidae - Lebiasina, Piabucina, Pyrrhulina, Copeina, Copella, Nannostomus e

Poecilobrycon. Parodontidae – Saccodon, Apareiodon, Parodon Gasteropelecidae – Toracocharax, Gasteropelecus e Carnegiella. Prochilodontidae – Ichthyoelephas, Prochilodus e Semaprochilodus. Curimatidae - Curimatopsis, Potamorhina, Curimata, Psectrogaster, Steindachnerina,

Pseudocurimata, Curimatella e Cyphocharax Anostomidae - Leporinus, Leporellus, Abramites, Schizodon, Laemolyta, Rhytiodus, Anostomus,

Pseudanos, Synaptolemus, Sartor, Gnathodolus Chilodontidae – Caenotropus, Chilodus Crenuchidae – Crenuchus e Poecilocharax (Crenuchinae) e Ammocryptocharax, Characidium,

Elacocharax, Kluzewitzia, Leptocharacidium, Melanocharacidium, Microcharacidium e Odontocharacidium (Characidiinae)

Hemiodontidae – Anodus, Micromischodus, Hemiodus, Argonectes, Bivibranchia Gymnotiformes Gymnotidae – Gymnotus, Electrophorus

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Rhamphichthyidae – Rhamphichthys, Gymnorhamphichthys, Iracema Hypopomidae – Hypopomus, Brachypopomus, Microsternarchus, Racenisia, Steatogenys,

Hypopygus Sternopygidae – Sternopygus, Archolaemus, Distocyclus, Eigenmannia, Rhabdolichops Apteronotidae – Sternarchorhamphus, Orthosternarchus, Sternarchorhynchus,

Platyurosternarchus, Parapteronotus, Apteronotus, Sternarchella, Magosternarchus, Compsaraia, Porotergus, Adontosternarchus, Sternarchogiton (=Oedemognathus)

Siluriformes Diplomystidae - Diplomystes Cetopsidae – Helogenes (Helogeneinae), Cetopsis, Hemicetopsis, Pseudocetopsis, Paracetopsis, Denticetopsis, Bathycetopsis (Cetopsinae). Nematogenyidae - Nematogenys Trichomycteridae – família bem grande, com aproximadamente 200 espécies de diversos

gêneros, distribuídos em oito subfamílias: Copionodontinae, Glanapteryginae, Sarcoglanidinae, Stegophilinae (incluindo Pareiodontinae), Trichogeninae, Trichomycterinae, Tridentinae e Vandelliinae

Callichthyidae - Callichthyinae, com Dianema, Hoplosternum, Megalechis, Lepthosplosternum e Callichthys e Corydoradinae, com Brochis, Corydoras (não monofilético) e Aspidoras

Scoloplacidae – Scoloplax Astroblepidae - Astroblepus Loricariidae – várias espécies e gêneros distribuídos em Lithogeninae, Neoplecostominae,

Hypoptopomatinae, Ancistrinae, Loricariinae e Hypostominae. Doradidae - Wertheimeria, Franciscodoras, Platydoradinae com Kalyptodoras, Platydoras,

Acanthodoras e Agamyxis, Astrodoradinae com Astrodoras e Hypodoras (Astrodoradini), Anadoras, Physopyxis e Amblydoras e Merodoras (Amblydoradini), Doradinae com Orinocodoras e Rhinodoras, Centrochir, Pterodoras, Centrodoras, Megalodoras, Lithodoras e Doraops (Centrochirini), Oxydoras e Petalodoras, Nemadoras, Stenodoras e Trachydoras (Trachydoradina), Doras, Hassar, Opsodoras, Hemidoras, Anduzedoras e Leptodoras (Doradina).

Auchenipteridae (Ageneiosidae, Centromochlidae) Pimelodidae – mais de 300 espécies e vários gêneros distribuídos em Pimelodinae,

Heptapterinae, Pseudopimelodinae. Aspredinidae - Pseudobunocephalus, Acanthobunocephalus, Bunocephalus, Amaralia,

Pterobunocephalus, Platystacus, Aspredo, Aspredinichthys, Xyliphius Hoplomyzon, Dupoichthys, Ernstichthys

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Super Ordem Protacanthopterygii Osmeriformes Galaxiidae – Aplochiton, com duas espécies no sul da América do Sul. Brachygalaxias, Galaxias Super Ordem Paracanthopterygii Batrachoididae - peixes-sapo: Potamobatrachus, Thalassophryne Gobiesocidae – Gobiesox Super Ordem Acanthopterygii Atherinomorpha Atheriniformes Atherinopsidae – peixes-rei: Basilichthys, Odontesthes Beloniformes Belonidae – peixes-agulha: Belonion, Potamorhaphis, Pseudotylosurus, Strongilura Hemirhamphidae – halfbeaks: Hyporhamphus Cyprinodontiformes – aproximadamente 850 espécies e 110 gêneros. As famílias da América

do Sul: Rivulidae Cyprinodontidae Poeciliidae Anablepidae Percomorpha Synbranchiformes Synbranchidae – mussums: Ophisternon, Synbranchus. Perciformes Percichthyidae Sciaenidae – Petylipinnis, Pachyurus, Pachypops e Plagioscion. Polycentridae – peixe-folha: Monocirrhus, Polycentrus Cichlidae – Diversos gêneros e diversas espécies Eleotridae – Microphilypnus, Gobiidae – Awaous , Evorthodus (Guianas) Pleuronectiformes

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Achiridae – linguados: Achirus, Apionichthys, Baiostoma, Catathyridium, Gymnachirus, Hypoclinemus

Tetraodontiformes Tetraodontidae – baiacus: Colomesus Morfologia de peixes de água doce Orientação e formato do corpo (proporções); Revestimento do corpo: Corpo nu; corpo coberto por placas ósseas (escudos ou placas); corpo

coberto por escamas (ciclóides, ctenóides); estruturas especiais de revestimento; Nadadeiras: ímpares – dorsal (1 ou 2; adiposa), caudal (tipo), anal; pares – peitoral (cintura),

pélvica (cintura); raios na forma de espinhos, acúleos ou raios moles, simples ou ramificados;

Linha lateral: corpórea, cefálica; interrompida ou não; dividida ou não; Boca: posição, tamanho, dentes e barbilhões associados ou próximos; protratilidade; Narinas: posição e número; Olhos: localização, relação com a pele da cabeça; Aberturas branquiais: únicas, pares ou múltiplas, protegidas pelos ossos operculares ou pele;

presença de espiráculo (Chondrichthyes) ?, membranas branquiais (relação entre si e com o ístmo), arcos branquiais e rastros;

Ânus e poro genital; Ossos do crânio: maxilas, palato, operculares, branquiais, teto do crânio (fontanela); Ossos associados à nadadeira dorsal; Cintura peitoral: cleitro, coracóide; cintura exposta ou coberta por pele, placas ou escamas;

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Estruturas especiais: clásper (tubarões e raias); acúleos em nadadeiras ou outras partes (raias e bagres); pseudotímpano (Cheirodontinae); espinho pré-dorsal (Serrasalmidae, Prochilodontidae, Stethaprioninae-Characidae); glândula caudal (Glandulocaudinae); filamento dorsal (Apteronotidae); barbilhão nasal e espinhos no opérculo (Trichomycteridae, Loricariidae); gonopódio (Poeciliidae).

Agnatha/ Cephalaspidomorphi Petromyzontiformes Geotriidae

Família monotípica composta pela espécie anádroma e parasita Geotria australis, ocorre ao sul da América do Sul e outras localidades meridionais do mundo. Mordaciidae

Três espécies, apenas Mordacia lapicida, uma forma parasita, desova em rios do sudoeste da América do Sul.

Chondrichthyes Elasmobranchii são normalmente grandes predadores (mais de 1m), com um esqueleto cartilaginoso calcificado e raramente ossificado. Diferem dos peixes ósseos pela ausência de suturas no crânio e pelo fato de seus dentes não serem fundidos às maxilas e sim embebidos em tecido conjuntivo das maxilas. Dentes de reposição contínua; maxila superior formada pelo palato-quadrado e capaz de protratilidade; boca subterminal ou ventral, livre do crânio; aberturas nasais ventrais e incompletamente divididas por pele em porções inalante e exalante; raios das nadadeiras do tipo ceratotriquias, macios, córneos e não segmentados; normalmente cinco fendas branquiais, às vezes seis ou sete; espiráculo pode estar presente, anteriormente, logo atrás do olho; fertilização interna, machos com uma modificação da nadadeira pélvica como órgão intromitente, o clásper; desenvolvimento interno ou externo. Carcharinidae (Carcharhiniformes)

Porte pequeno a grande (75 a 550 cm CT); quinta fenda branquial sobre a origem da peitoral; membrana nictitante inferior; primeira nadadeira dorsal à frente das pélvicas, segunda dorsal sobre a nadadeira anal; lobo inferior da caudal normalmente desenvolvido, menor que o dorsal, comprimento da nadadeira caudal menos da metade do comprimento total do corpo; sulcos pré-caudais presentes; vivíparos. Carcharhinus leucas, cabeça chata, penetra livremente em água doce, tendo sido assinalado em Iquitos, Peru, mais de 4000 km do mar (Figueiredo, 1977; Carvalho & McEachran, 2003).

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Pristidae (Pristiformes) Porte grande a muito grande (até 8m CT); focinho prolongado em uma lâmina rostral,

com espinhos laterais, que se quebrados não são repostos, inseridos em alvéolos; nervos ophtálmico e bucofaríngeo em canais internos no rostro (ao contrário de Pristiophoridae cujos espinhos rostrais são superficiais e os nervos também, dispostos fora do porção rostral interna); boca, narinas e fendas branquiais ventrais; espiráculo presente; nadadeira anal ausente; ovovivíparos. Pristis pristis, peixe-serra, penetra em água doce, até pelo menos a confluência do Negro e do Amazonas. (Figueiredo, 1977; Carvalho & McEachran, 2003). Potamotrygonidae (Myliobatiformes)

Porte médio a grande (25 cm de largura do disco a mais de 100 cm de comprimento); mais ou menos 20 espécies de 3 gêneros (Paratrygon, Plesiotrygon e Potamotrygon) de raias de água doce que não toleram águas salgadas; cintura pélvica com processo mediano e anterior muito expandido (o processo pré-pélvico); adaptações à água doce incluem retenção de muito pouca uréia nos fluidos corpóreos e glândula retal atrofiada; redução das Ampolas de Lorenzini. Potamotrygon apresenta a cauda mais grossa e curta, normalmente mais curta que o comprimento do disco ( vs. cauda mais delgada e filiforme em Paratrygon (muito longa nos jovens e reduzida nos adultos) e Plesiotrygon (bastante longa mas grossa na base); o espinho em Paratrygon é reduzido e situado próximo à base da cauda (vs. mais desenvolvido e situado mais posteriormente nos outros dois gêneros); nadadeiras dorsal e caudal ausentes (dobras de pele dorsais e ventrais com elementos radiais rudimentares, após o espinho caudal, ocorrem em Potamotrygon (apenas ventrais em Plesiotrygon e ausentes em Paratrygon). Ovovivíparos. (Berra, 2001; Rosa, 1985; Carvalho; Lovejoy & Rosa, 2003). Teleostomi Sarcopterygii Dipnoi Lepidosireniformes Lepidosirenidae – pirambóia

Lepidosiren é o gênero que ocorre na América do Sul, em ambientes pantanosos do Brasil e Paraguai, nas drenagens do Rio Paraná e Rio Amazonas. Podem chegar até 1,25 m de CT; apresentam as nadadeiras pares filamentosas, táteis e quimiosensoriais; nos machos as pélvicas desenvolvem filamentos longos que servem para liberar oxigênio aos ovos em desenvolvimento em ninhos em águas pobres em oxigênio. Onívoros, consomem vertebrados, invertebrados e algas. Apresentam respiração aérea obrigatória e podem sobreviver inativos, enterrados, por muitos meses de seca.

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Actinopterygii Teleostei Osteoglossomorpha Osteoglossiformes Placa dentígera bem desenvolvida no basial; processos ósseos pares na base do segundo arco branquial; intestino disposto à esquerda do estômago. Durante a mordida a placa dentígera, na língua, é pressionada contra o paresfenóide, no céu da boca, que também porta grandes dentes. (Lauder & Liem, 1983) Osteoglossidae

Peixes alongados (60 – 100 vértebras), comprimidos, com escamas grandes e pesadas; nadadeiras dorsal e anal em posição posterior; nadadeira caudal homocerca; nadadeira pélvica bem posterior à peitoral; barbelas na sínfise mandibular. Duas espécies: Osteoglossum bicirrhosum e Osteoglossum ferreirai, os aruanãs, chegam a quase 1m e realizam grandes saltos fora d’água para capturar insetos nas árvores da mata inundada. (Kanazawa, 1966; Berra, 2001) Arapaimatidae

Arapaima gigas, o pirarucu, maior peixe de água doce, podendo chegar a 4,5m e 200kg; corpo cilíndrico, mais comprimido posteriormente; escamas grandes; ossos da cabeça esculturados; respiração aérea obrigatória através da bexiga fisóstoma. Elopomorpha Anguilliformes Anguillidae

Enguias de água doce. A espécie que ocorre no norte da América do Sul é Anguilla rostrata que, como o restante das espécies do gênero, é catádroma, necessitando de áreas oceânicas profundas e com condições adequadas de salinidade e temperatura e correntes favoráveis à dispersão das larvas leptocéfalas para rios distantes. Escamas pequenas embebidas na parede do corpo, nadadeiras peitorais presentes, maxila inferior ligeiramente mais longa que a superior. Raras na América do Sul, com registros na Colômbia (Ferraris, 2003). Ophichthidae Mais de 250 spp em 55 gêneros, todos de águas tropicais marinhas, exceto uma espécie conhecida apenas de água doce da América do Sul, Stictorhinus potamius Böhlke & McCosker, 1975, que ocorre no Rio Tocantins (Ferraris, 2003).

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Clupeomorpha Clupeiformes Presença de projeções anteriores e pares da bexiga natatória alojadas em expansões do proótico e pterótico, conectando a bexiga ao ouvido interno; dois forames proeminentes limitados pelo proótico, exoccipital e basioccipital; presença de recessus lateralis, uma câmara no pterótico que liga-se a muitos dos canais latero sensoriais da cabeça; uróstilo composto pelo uroneural 1 e o centro vertebral terminal, hipural 1 separado do uróstilo (autógeno); linha lateral corpórea ausente. De maneira geral, a perda de dentes nas maxilas e arcos branquiais, redução e perda de raios branquiostégios e desenvolvimento de tratos digestivos longos e complexos, com uma estrutura semelhante à uma moela, são eventos que ocorreram repetida e independentemente dentro do grupo. (Lauder & Liem, 1983). Os Clupeoidei desenvolveram um órgão epibranquial (sensu Nelson, 1967) – espaço atrás do quarto arco branquial limitado anterior e posteriormente pelas bordas interdigitadas de rastros especializados; sua função é compactar as micropartículas, ingeridas pelo hábito micrófago, em porções maiores e mais facilmente tratáveis. (Lauder & Liem, 1983). Engraulididae

Porte pequeno, abertura bucal grande e com pequenos dentes, maxilar estende-se além da margem posterior do olho; rastros branquiais numerosos (90 ou mais); nadadeiras sem espinhos; olhos caracteristicamente mais próximos da ponta do focinho que da margem do opérculo; faixa lateral prateada; focinho com órgão rostral com função sensorial; linha lateral corpórea ausente, cefálica presente; escamas ciclóides fracamente implantadas; formam cardumes. Cerca de vinte espécies dos gêneros Amazonsprattus, Anchoa, Anchoviella, Jurengraulis, Lycengraulis, conhecidas popularmente como manjubas. (Figueiredo & Menezes, 1978; Berra, 2001; Whitehead, Nelson & Wongratana, 1988). Clupeidae

Porte pequeno (10-20 cm CP); forma do corpo variável de comprimida a arredondada; linha lateral ausente; dentes pequenos ou ausentes; nadadeira peitoral não alcança a origem da pélvica; escudos abdominais e escamas ciclóides fracamente implantadas; audição especializada, devido à ligação entre a bexiga e o ouvido interno; Platanichthys e Ramnogaster. (Whitehead, 1985a), rio da Prata e rio Uruguai e Rhinosardinia amazonica, porções baixas do Orinoco e Amazonas. Pristigasteridae

Porte médio a grande (20- 70 cm); nadadeira anal longa 30- 60+ raios; nadadeira dorsal curta; nadadeira peitoral alcança ou ultrapassa a origem da pélvica; quilha ventral serrilhada; ossos pré-dorsais inclinados em sentido dorsal ou antero-dorsal. Três gêneros:

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Pellona (com cinco espécies apud Melo, 2001), Ilisha e Pristigaster, com uma espécie cada. (Whitehead, 1985a). Euteleostei Super Ordem Ostariophysi Grupo típico de água doce, representando mais de 85% dos peixes de água doce do Brasil e provavelmente 90 a 95% dos peixes do estado de São Paulo. Bexiga natatória dividida em duas porções: anterior, menor e posterior, maior (ducto pneumático próximo à união das duas partes); câmara anterior da bexiga revestida externamente por uma túnica peritoneal prateada, ligada às duas costelas pleurais mais anteriores (que formam em Otophysi o tripus e a quarta costela pleural); ausência de ossos supramaxilares e supraneural anterior ao arco neural mais anterior; presença de tubérculos nupciais. Na América do Sul ocorre o principal grupo dos Ostariophysi, os Otophysi, caracterizados pela posse de osso metaperigóide em forma de machadinha com duas lâminas e de um aparelho de Weber, uma série de modificações peculiares das vértebras anteriores, unindo a bexiga natatória ao ouvido interno e aumentando sobremaneira a capacidade auditiva desses peixes: primeiro arco neural se transforma em escáfio e claustro (secundáriamente perdido em Gymnotiformes); segundo arco neural em intercalário; terceira costela pleural e parapófise em tripus e, finalmente, Quarta costela plural em suspensório. Também existem células epidérmicas produtoras de substância de alarme, presentes em todo o grupo. (Fink & Fink, 1981, 1996) Cladograma de Relacionamento

O interesse do curso estará centrado mais nos Characiphysi: Characiformes e Siluriphysi (Gymnotiformes + Siluriformes). Characiformes Representado por 23 gêneros e 208 espécies na África e 200 gêneros e 1140 espécies na região Neotrópica. As escamas são geralmente ciclóides, presentes pelo corpo todo, exceções existem em Gymnocharacinus (sem escamas), Hoplocharax (sem escamas na região dorsal e em Cynopotaminae (Characidae), Bivibranchia velox (Hemiodontidae), Ctenoluciidae e Prochilodontidae, que apresentam escamas ctenóides/espinóides. Os raios da nadadeiras são normalmente moles e não transformados em acúleos ou espinhos, com a exceção em Hoplocharax, onde os primeiros raios da anal e dorsal são na forma de espinhos. A dorsal tem normalmente um pequeno número de raios: 11 a 12. A série circumorbital é composta por oito ossos.

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Nenhum dos caracteres listados acima, entretanto, é exclusivo de Characiformes. As sinapomorfias compartilhadas pelos membros do grupo envolvem caracteres osteológicos internos ou de difícil visualização, e.g. presença de forame no proótico; abertura dorsomedial da fossa postemporal (epioccipital); capsula lagenar grande e globular, projeta-se bem lateralmente ao côndilo occipital; processo transverso do terceiro arco neural lateral ao processo ascendente do intercalário; dentes multicuspidados; dentes de reposição do dentário e de alguns dentes prémaxilares formam-se em criptas ou valas nos ossos; hipural 1 separado do centro composto por um espaço (Fink & Fink, 1981) Erythrinidae Dorsal com base relativamente longa (iii + 8-9 em Erythrinus e Hoplerythrinus e iii + 11-15 em Hoplias), no meio do corpo; ausência de nadadeira adiposa; caudal com a borda arredondada; anal de base curta; boca grande com dentes cônicos e caninos; ausência de fontanela e presença de supra-opérculo. Gêneros: Hoplias, com a dorsal mais longa (iii + 11-15 raios) e dentes caninos no maxilar; Erythrinus e Hoplerythrinus com a dorsal mais curta (iii + 8-9 raios) e apenas dentes cônicos no maxilar. (Géry, 1977) Ctenoluciidae Dentes cônicos pequenos, bem juntos, e voltados para trás no premaxilar e dentário; focinho alongado; dorsal atrás do meio do corpo, oposta à anal; caudal furcada; a forma do corpo lembra aquela de Lepisosteus. Gêneros Ctenolucius com escamas ctenóides não típicas, 45 a 50 escamas na linha lateral e pequenos dentes cônicos no palato; Boulengerella com escamas ciclóides denticulares, 87 a 124 escamas em linha lateral e palato sem dentes. (Vari, 1995) Crenuchidae Fontanela restrita à área posterior à barra epifiseal ou ausente; dentes cônicos ou tricúspides em uma série única na maxila superior e normalmente duas na inferior; dentes no ectopterigóide; dois ou mais raios simples na porção anterior da peitoral; anal com base curta (menos de 14 raios). Crenuchinae com dorsal longa (15 a 17 raios) e dentes tricúspides ou caninos: Crenuchus e Poecilocharax. Characidiinae com 11 a 13 raios na dorsal; dentes cônicos ou levemente tricúspides: Ammocryptocharax, Characidium, Elacocharax, Kluzewitzia, Leptocharacidium, Melanocharacidium, Microcharacidium e Odontocharacidium. (Buckup, 1993; 2003)

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Gasteropelecidae Quilha ventral anterior; nadadeira pélvicas reduzidas e peitorais bem desenvolvidas; dentes multicúspides e cônicos em uma ou duas séries no pré-maxilar; capazes de “voar” sobre a água. Gêneros: Toracocharax, 5 raios branquiostégios e duas séries de dentes no pré-maxilar; Gasteropelecus e Carnegiella com quatro raios branquiostégios e uma ou duas séries de dentes no pré-maxilar. Carnegiella apresenta ainda ausência de adiposa e linha lateral interrompida. (Weitzman, 1960; Géry, 1977) Prochilodontidae Lábios grossos e bem desenvolvidos; numerosos dentes diminutos e depressíveis (não inseridos nos ossos) em duas séries superior e inferiormente; espinho procumbente dirigido anteriormente na origem da nadadeira dorsal. Gêneros: Prochilodus com espinho procumbente bífido, escamas ctenóides e caudal clara ou com máculas; Semaprochilodus espinho bífido, escamas ciclóides, caudal com faixas horizontais escuras; Icthyoelephas com espinho procumbente arredondado, escamas ciclóides e caudal clara, sem manchas. Curimatidae Ausência de dentes nas maxilas inferior e superior é o único caráter externo capaz de definir todos os membros da família. As relações internas dentro da família foram estabelecidas por Vari (1989), que reconhece os gêneros: Curimatopsis, Potamorhina, Curimata, Psectrogaster, Steindachnerina, Pseudocurimata, Curimatella e Cyphocharax. (Vari, 1982, 1984,1989 a, b, c e d, 1991, 1992 a e b, 2003) Chilodontidae Porte pequeno; dentes cônicos e ou tricúspides implantados nos lábios e depressíveis; dorsal de base curta e no meio do corpo; boca terminal ou sub-inferior; dentes faringeanos com três ou mais cúspides; todos os seus membros nadam com a cabeça voltada para baixo. Gêneros: Caenotropus com boca sub-inferior e regiões pré-dorsal e pós-ventral arredondadas; Chilodus com boca anterior e regiões pré-dorsal e pós-ventral quilhadas. (Isbrücker & Nijssen, 1988; Vari et al., 1995) Anostomidae Dentes bem desenvolvidos, em número de três a quatro, incisiviformes (às vezes cuspidados) e assimétricos, em série única no dentário e no pré-maxilar; membranas branquiais unidas ao istmo; maxilar sem dentes e excluído da abertura bucal.

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Gêneros: Leporinus, Leporellus, Abramites, Schizodon, Laemolyta, Rhytiodus, Anostomus, Pseudanos, Synaptolemus, Sartor, Gnathodolus. (Winterbottom, 1980; Géry, 1977; Vari & Williams, 1987; diversos trabalhos de Britski e Garavello com Leporinus e Schizodon; Garavello & Britski, 2003) Parodontidae Boca inferior; mandíbula com borda anterior reta e normalmente sem dentes; dentes do pré-maxilar com borda larga e multicúspides; dentes do maxilar e dentário ocorrem em algumas espécies; sem fontanela; 3 a 4 raios branquiostégios; membranas branquiais unidas entre si e livres do istmo; nadadeiras peitorais bem desenvolvidas, usadas para “andar” e ancorar os peixes ao fundo de ambientes correntosos. Gêneros: Apareiodon, Saccodon e Parodon (com dentes na porção do dentário próxima ao ríctus bucal). (Starnes & Schindler, 1993; Pavanelli, 1999 e 2003) Hemiodontidae Sulco supra-peitoral (depressão axilar) limitado dorsalmente pela porção posterior do cleitro seguida por uma série de escamas alongadas; i + 9 a 11 raios pélvicos; pálpebra adiposa ocular estende-se desde a porção posterior dos orifícios nasais até a região opercular, com abertura verticalmente alongada na altura da pupila; dentes multicúspides normalmente presentes apenas no pré-maxilar; borda anterior do dentário arredondada; quatro a cinco raios branquiostégios. Gêneros: Anodus com dentes ausentes tanto no pré-maxilar quanto no dentário, rastros branquiais muito longos e portando minúsculos "ctenii"; Micromischodus presença de dentes pedicelados no dentário e pré-maxilar, com uma única cúspide recurvada posteriormente; Argonectes com dentes tricúspides, maxila superior levemente protráctil, pálpebra adiposa recobrindo todo o olho, exceto por pequeno orifício dorso-lateral, acima da pupila e uma série de dobras cutâneas dispostas dorsalmente entre a porção anterior do focinho e os poros nasais; Bivibranchia apresenta dentes tricúspides e um sulco dorso-tranversal no focinho, marcando o encaixe do maxilar superior que é protráctil; Hemiodus com dentes multicúspides presentes apenas na maxila superior. (Langeani, 1996) Lebiasinidae – peixes lápis Porte pequeno; linha lateral incompleta; sfontanela, upraorbital e fenestra do metapterigóide/quadrado ausentes; pré-maxilar com uma série única de dentes cônicos ou cuspidados; dentário normalmente com duas séries; maxilar curto. Gêneros: Lebiasina, Piabucina, Pyrrhulina, Copeina, Copella, Nannostomus e Poecilobrycon. (Weitzman, 1966, 1978; Fernandez & Weitzman, 1987; Weitzman & Cobb, 1975; Géry, 1977)

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Cynodontidae Porte médio a grande; anal longa; boca grande com fenda bucal acentuadamente oblíqua; uma única série de dentes cônicos e caninos em ambas as maxilas, sendo que o par anterior de caninos é muito desenvolvido e se encaixa em um par de perfurações características no palato (Cynodontinae); porção ventral do corpo quilhada (Cynodontinae e Gilbertolus – Roestinae). Cynodontinae com Cynodon, Hydrolicus e Raphiodon e Roestinae com Roestes e Gilbertolus. (Howes, 1976; Lucena & Menezes, 1998, Toledo-Piza, Menezes & Santos, 1999; Toledo-Piza, 2000) Acestrorhynchidae Dentes presentes no palato; dentes cônicos ou caninos em série única no pré-maxilar e dentário (às vezes dentes tricúspides alongados). primeiro arco branquial com rastros curtos, laminares e com espinhos; outros caracteres osteológicos em (Lucena & Menezes, 1998). Gênero Acestrorhynchus. Characidae Dentro de Characiformes, Characidae é a família mais complexa e diversa. Provavelmente, alguns de seus representantes são mais relacionados com grupos de fora do que com aqueles internos. Atualmente, trabalhos de análise filogenética têm rearrranjado o grupo, restringindo algumas das subfamílias a um menor número de gêneros, em consequência diversos gêneros de Characidae são atualmente incertae sedis, e.g. Oligosarcus, Probolodus, Aphyocharax, etc. Agoniatinae Corpo alongado e comprimido; quilha ventral desenvolvida em algumas espécies e pouco desenvolvida em outra; abertuta bucal oblíqua, pré-maxilar com 2 séries de dentes cônicos ou tricúspides, sendo que as cúspides laterais são normalmente muito pequenas e inconspícuas; maxila alongada e com dentes cônicos ao longo de todo seu comprimento; dentário com duas séries de dentes, a externa com dentes tricúspides, caninos ou cônicos variando bastante de tamanho, a interna com apenas um par tricúspide ou cônico. (Zarske & Géry, 1997) Iguanodectinae Porte pequeno; corpo alongado e comprimido, quilhado em algumas espécies (Piabucus); anal com base moderada a longa; dorsal atrás do meio do corpo; boca pequena, terminal e à frente dos olhos, pré-maxilar com uma ou duas séries de dentes (quando presente, a série externa com um ou dois dentes), dentário com uma única série de dentes,;

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dentes multicúspides de coroa larga (semelhantes aos de Parodontidae e Hemiodontidae). Vari (1977) relaciona três caracteres exclusivos para o grupo: a. porção posterior da bexiga natatória muito desenvolvida, mais desenvolvida posteriormente; b. menor espessura dos miótomos na região em contato com a porção posterior da bexiga natatória (visível externamente); c. modificação dos pterigióforos anteriores da nadadeira anal, sendo o primeiro muito expandido anteriormente e deitado posteriormente, seguindo o contorno da câmara posterior da bexiga natatória. Gêneros Iguanodectes e Piabucus. Salmininae Porte médio; 2 séries de dentes cônicos no pré-maxilar e dentário; 1 série de pequenos dentes no maxilar. Dourados e tabaranas. Um único gênero: Salminus. Tetragonopterinae Porte pequeno; 2 a 3 séries de dentes cuspidados no pré-maxilar; 1 série de dentes cuspidados no dentário; 1 série, geralmente curta, de dentes cuspidados no maxilar. Lambaris, piabas e afins. Vários gêneros: Astyanacinus, Astyanax, Autanichthys, Bario, Boehlkea, Brycochandus, Bryconacidnus, Bryconamericus, Bryconella, Bryconops, Carlastyanax, Ceratobranchia, Coptobrycon, Creagrudite, Nematobrycon, Creagrutops, Creagrutus, Creatochanes, Ctenobrycon, Deuterodon, Genycharax, Gymnocharacinus, Gymnocorymbus, Gymnotichthys, Hasemania, Hemibrycon, Hemigrammus, Hyphessobrycon, Knodus, Markianna, Microgenys, Moenkhausia, Opisthanodus, Parapristella, Piabarchus, Piabina, Psellogrammus, Pseudochalceus, Ramirezella, Rhinobrycon, Rhinopetitia, Shultzites, Stichonodon, Tetragonopterus, Thayeria, Vesicatrus. Cheirodontinae Porte pequeno; dentes pedunculados e grandemente expandidos e comprimidos distalmente, cônicos ou cuspidados em uma série única no pré-maxilar, maxilar e dentário; pseudotímpano presente entre a primeira e a segunda costelas pleurais; mancha umeral ausente. Vários gêneros e espécies conhecidos como lambaris, piabinhas ou piabas. (Malabarba, 2003).

Malabarba (1998) diagnostica e restringe o grupo, retirando dai diversos gêneros que passam a incertae sedis em Characidae (ver comentários em Malabarba, 1998 sobre possíveis relações). Serrasalmidae Corpo alto e comprimido; região pré-ventral quilhada e com espinhos voltados para trás (escamas modificadas); espinho pré-dorsal presente (secundariamente ausente em

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Mylossoma, Piaractus e Colossoma); nadadeira dorsal com mais de 16 raios; área pré-dorsal sem escamas Piranhas Dentes comprimidos com a borda cortante bastante afiada, tricúspides, com a cúspide mediana muito maior que as laterais, em uma única série no pré-maxilar e dentário; dentes no palato podem ocorrer. Gênero Serrasalmus. Pacus Pré-maxilar com duas séries de dentes; dentário com duas séries de dentes, a segunda com apenas um par. Gêneros – Piaractus (pacu caranha) e Colossoma (tambaqui), sem espinho pré-dorsal; Myleus (pacu prata) e Metynnis, com espinho pré-dorsal e menores. Aphyocharacinae Peixes de pequeno porte; ampla fontanela frontal e parietal; segundo infra-orbital reduzido, terceiro e quarto bem desenvolvidos; dentes tricúspides e cônicos em uma única série nas maxilas; linha lateral incompleta; pseudotímpano ausente. Gênero Aphyocharax; pequiras, pequirões. (Lima, 2003, 2004) Bryconinae e Triportheinae Pré-maxilar com três séries de dentes cuspidados; dentário com duas séries, a posterior formada por um único par junto à sínfise mandibular, e as vezes outros menores mais atrás. Bryconinae Porte médio; dentes cuspidados, o sinfiseano cônico; maxilar todo denteado. Piracanjuvas e Piabanhas. Gênero Brycon e Chilobrycon. (Zanata, 2000) Triportheinae Porte pequeno a médio; região peitoral e abdominal quilhadas, coracóide quilahado; 2 a série do dentário composta apenas pelo par sinfiseano; maxilar não denteado; mais de 20 rastros no ramo inferior do primeiro arco branquial (30 a 90); nadadeira dorsal atrás do meio do corpo; peitoral longa. Sardinhas de água doce. Gêneros Triportheus e Lignobrycon. (Malabarba, 1998, 2004). Chalcidiinae Um único gênero, Chalceus, cujas relações são hipotetizadas com Characidae africanos, Hemiodontidae, Crenuchidae e, em seguida, por um clado formado por vários

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representantes dos Characidae Neotropicais. Com relação à dentição se assemelha a Brycon; em outros aspectos se assemelha a Alestes, um Characiformes africano, e.g. escamas grandes (Zanata, 2000; Zanata & Toledo-Piza, 2004). Glandulocaudinae Macho com glândula caudal, recoberta por escamas normalmente bastante modificadas em um ducto para liberação do feromônio; semelhantes aos Tetragonopterinae com quatro dentes na série interna do pré-maxilar e ii+8 raios dorsais, com os quais são possivelmente relacionados (Malabarba & Weitzman, 2003); dorsal geralmente atrás do meio do corpo. Vários gêneros, em São Paulo os mais comuns são Mimagoniates, Glandulocauda, Pseudocorynopoma e Planaltina. (diversos trabalhos Weitzman, Menezes e juntos). Stethaprioninae Presença de um espinho pré-dorsal procumbente e espinhos anais presentes em machos adultos; corpo alto e semelhante aos Tetragonopterinae. Gêneros Poptella, Orthospinius, Stethaprion e Brachychalcinus. (Reis, 1989) Clado 1 (Lucena, 1998) Grupo proposto por Lucena (1998): 2(Gnatocharax + (Hoplocharax + (Heterocharax + Lonchogenys))) + 3(Phenacogaster + (4(5Cynopotamus + (Acestrocephalus + Galeocharax)) + (Acanthocharax + (6Charax + Roeboides)))) Clado 3 (Lucena, 1998) Caracterizado pela retenção da forma larval da nadadeira peitoral; pseudotímpano largo entre a primeira e a segunda costelas pleurais (também em Cheirodontinae sensu Malabarba, 1998); presença de uma projeção anterior no processo isquiático; pequena abertura do pseudotímpano à frente da primeira costela pleural; neuromastos conspícuos presentes na cabeça. Characinae Dentes cônicos, geralmente em série única no pré-maxilar e dentário (alguns com uma segunda série de um a três dentes no dentário); normalmentesem dentes no palato (algumas espécies de Charax podem apresentar); vários são comedores de escamas e apresentam dentes mamiliformes dispostos fora da boca; gibosidade pré-dorsal normalmente presente; escamas ciclóides e ctenóides; um pseudotímpano à frente da primeira costela pleural pode estar presente. Acanthocharax, Acestrocephalus, Charax, Cynopotamus, Galeocharax, Gnathocharax, Heterocharax, Hoplocharax, Lonchogenys, Phenacogaster, Priocharax e Roeboides. (Lucena, 1987, 1988 a e b, 1998, 2000; Lucena & Menezes, 2003; Menezes, 1976)

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Siluriphysi Mesetmóide comprimido, bastante estreito em vista dorsal; olho reduzido em comparação à série circum-orbital; supra-orbital ausente, demais ossos da série circum-orbital consistindo grandemente ou inteiramente pelas porções portadoras do canal da linha lateral infra-orbital; ausência de ossos escleróticos; ectopterigóide grandemente reduzido (Siluriformes) ou ausente (Gymnotiformes); sempre 9 + 9 raios caudais ou menos (vs. 10+9). Inclui os peixes elétricos (Gymnotiformes) e os bagres e cascudos (Siluriformes). Gymnotiformes Os Gymnotiformes são caracterizados por possuir: nadadeira anal muito desenvolvida, com mais de 100 raios; raios da nadadeira anal articulam-se diretamente com os pterigióforos próximas, pterigióforos distais pouco desenvolvidos, cartilaginosos e intermediários entre os raios; região pré-anal muito curta e ânus anterior; cintura e nadadeiras pélvicas ausentes; nadadeira dorsal ausente; órgãos elétricos presentes, às vezes visíveis por transparência na região caudal ou evidentes como filamentos cilíndricos mentonianos ou humerais; olhos subcutâneos; papilas gustativas ausentes no integumento extra-oral; sem dentes no maxilar; ectopterigóide, claustro e nadadeira adiposa ausentes metapterigóide triangular. Sinusoidea Clado formado por Sternopygidae e Apteronotidae que compartilham, entre outros caracteres: origem da nadadeira anal na cintura peitoral; 15 a 25 raios simples, não ramificados, na anal; órgão elétrico hipaxial da larva é substituído por órgão elétrico que no adulto não tem relação com a musculatura hipaxial. Apteronotidae Família com o maior número de espécies (41 spp) em Gymnotiformes, caracterizada por: nadadeira caudal e filamento ectodérmico dorsal e órgão elétrico neurogênico. Vários gêneros: Adontosternarchus, Apteronotus, Sternarchogiton, Sternarchella, Magosternarchus, Porotergus, Sternarchorhynchus, Platyurosternarchus, Parapteronotus, Orthosternarchus, Sternarchorhamphus, Compsaraia. Sternopygidae Presença de dentes viliformes em ambas as maxilas; papila genital pouco desenvolvida. Archolaemus, Distocyclus, Eigenmannia, Rhabolichops, Sternopygus.

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Rhamphichthyoidea Clado constituído por Hypopomidae e Rhamphichthyodae é corroborado pelo compartilhamento de 16 caracteres apomórficos (Albert & Campos da Paz, 1998; Albert, 2001), entre eles: boca pequena, abertura curta; sem dentes; narinas anteriores dentro da abertura bucal ou antero-ventrais, nunca dorsais. Hypopomidae Focinho curto; narinas bem separadas, as posteriores mais perto do olho que da ponta do focinho; origem da anal oculta por dobra de pele e atrás da base da nadadeira peitoral; órgãos elétricos formando cordões na região gular ou atrás das peitorais. Hypopomus, Brachypopomus, Microsternarchus, Racenisia, Steatogenys, Hypopygus. Rhamphichthyidae Focinho longo; narinas bem próximas, as posteriores longe do olho; linha lateral sempre completa; origem da anal não oculta por dobra de pele e sempre ao nível ou à frente da base da peitoral. Rhamphichthys, Gymnorhamphichthys e Iracema. Gymnotidae Corpo cilíndrico ou sub-cilíndrico; abertura bucal larga, mais de um terço do comprimento da cabeça; fontanela ausente nos adultos; pré-maxila grande. Fazem ninhos de espuma e restos vegetais, onde protegem ovos e larvas. Escamas presentes; boca prognata; olho ventral, na linha da boca; nadadeira anal termina na ponta da cauda. Gymnotus. Escamas ausentes; pele grossa com poros látero-sensoriais grandes; órgão para respiração áerea oral; nadadeira anal com mais de 400 raios, se continua ao redor da ponta da cauda, formando uma nadadeira caudal falsa. Electrophorus. Siluriformes Parietais ausentes, provavelmente fundidos aos supra-occipital; sub-opérculo ausente; pré-opérculo e inter-opérculo muito encurtados em seu eixo ântero-posterior; presença de barbilhões; bexiga natatória reduzida, normalmente sem sub-divisões externas perceptíveis (hábito de fundo); presença de travas nos acúleos das nadadeiras dorsal e peitoral são comuns; dentes pequenos, cônicos, em grande número e distribuídos em faixas nas maxilas (dentes viliformes). Trinta e quatro famílias, 412 gêneros e 2405 espécies (Nelson, 1994; de Pinna, 1998). Um grande projeto pretende estudar e descrever o grupo a nível mundial nos próximos anos, “All Catfish Species Inventory”, delineado na página web http://clade.acnatsci.org/allcatfish/

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Diplomystidae (sul do continente Chile e Argentina) Grupo mais primitivo dentre os Siluroidei; maxilar compõe a borda da boca e é denteado; parece apresentar resquício de parietal; sem barbilhões mentonianos. Diplomystes (3 espécies), Olivaichthys (monotípico). (Arratia, 1987; Arratia & Schultze, 1990). Cetopsidae (Cetopsidae sensu strictu e Helogeneidae) Ligamento interopérculo-mandibular do interopérculo disposto dorsalmente. (de Pinna & Vari, 1995) Helogeneinae: bagres pequenos que vivem em pequenos igarapés rasos e aparentemente mimetizam folhas mortas na cor, forma e comportamento. Membranas branquiais unidas ao ístmo; nadadeira dorsal deslocada para trás; nadadeira anal muito longa. Um único gênero Helogenes, com quatro espécies; alimentam-se de invertebrados alóctones (Vari & Ortega, 1986) Cetopsinae: candirus-açus; maioria alimenta-se de pequenos invertebrados aquáticos ou alóctones, alguns alimentam-se de outros peixes mortos ou agonizantes, ocasionalmente de peixes ainda sadios, dos quais retiram pedaços grandes com o auxílio de seus dentes viliformes bastante afiados (Cetopsis e Hemicetopsis); pele lisa; acúleos das nadadeiras ausentes ou reduzidos; nadadeira adiposa ausente. Dorsal à frente do meio do corpo; barbilhões maxilares e mentonianos reduzidos; abertura branquial estreita; caudal normalmente furcada; dentes presentes no vômer; faixas de dentes viliformes ou incisivos nas maxilas e olhos muito pequenos e pouco desenvolvidos. Cetopsis, Hemicetopsis, Pseudocetopsis, Paracetopsis, Denticetopsis, Bathycetopsis. (Oliveira, 1988; Lundberg & Py-Daniel, 1994; Ferraris, 1996). Loricarioidea Super-família cujos membros são caracterizados por compartilhar: odontodes presentes nos raios das nadadeiras e no corpo; ausência de cartilagens anteriores no basipterígio; dentes bilobados (exceto Callichthyidae onde foram perdidos; em Trichomycteridae presentes em Trichogenes e alguns outros membros). Compõe-se das famílias Nematogenyidae, Trichomycteridae, Callichthyidae, Scoloplacidae, Astroblepidae e Loricariidae.

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Nematogenyidae Músculo levator operculi muito desenvolvido, cobrindo a maior parte da face lateral do opérculo e ligando-se em sua porção ventro-lateral. Um único gênero Nematogenys e uma única espécie, endêmica ao Chile Central. Trichomycteridae A segunda família de Loricarioidea em número de espécies, são aproximadamente 200 espécies descritas e muitas outras ainda não descritas. Há oito subfamílias reconhecidas: Copionodontinae, Glanapteryginae, Sarcoglanidinae,, Stegophilinae (incluindo Pareiodontinae), Trichogeninae, Trichomycterinae, Tridentinae e Vandelliinae. A família inclui as mais notáveis especializações alimentares entre os peixes, os Vandelliinae são exclusivamente hematófagos, os Stegophilinae alimentam-se de muco e escamas e os Trichomycterinae são predadores generalizados de pequenos invertebrados (de Pinna, 1998). Caracterizados pela posse de um aparato opercular conspícuo, com o opérculo e interopérculo modificados e portando odontoides para ancoragem e movimentação em substratos duros e penetração e fixação em hospedeiros; barbilhões do rictus com eixos que se estendem aos tecidos moles ventrais ao maxilar (vs estendendo-se à sínfise do dentário em Callichthyidae). A única subfamília não monofilética do grupo é Trichomycterinae, todas as demais possuem sua monofilia bem corroborada em literatura (de Pinna, 1998). Aparentemente vários tricomicterídeos realizam respiração aérea através do estômago; parece que o processo pode servir também para aumento da flutuabilidade (de Pinna, 1998).

Nematogenyidae Trichomycteridae Callichthyidae Scoloplacidae Astroblepidae Loricariidae

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Callichthyidae Caracterizados pela presença de duas séries laterais de placas ósseas e respiração aérea intestinal, entre outros caracteres basicamente osteológicos. O grupo divide-se em duas subfamílias: Callichthyinae, com Dianema, Hoplosternum, Megalechis, Lepthosplosternum e Callichthys e Corydoradinae, com Brochis, Corydoras (não monofilético) e Aspidoras. (Reis, 1997, 1998a, 1998b; Britto, 1997). Os Callichthyidae, como muitos outros Loricarioidea, apresentam respiração aérea, sendo que uma grande parte da parede do intestino é revestida por epitélio repiratório vascularizado; o ar é engolido, empurrado à porção intestinal e, depois de utilizado, expelido pelo ânus; o ar pode ter também uma função hidrostática. Essa capacidade respiratória, aliada ao revestimento bastante impermeável do corpo, possibilita que os calictídeos possam migrar entre corpos d’água por distâncias consideráveis (Beebe, 1945). Scoloplacidae Uma das famílias a ser estabelecida mais recentemente, seus membros são caracterizados pela posse de uma placa rostral bem desenvolvida com odontodes grandes e ausência de vômer. São conhecidas quatro espécies, em um único gênero – Scoloplax, provenientes da drenagem amazônica, rio Tocantins e sistema do Paraná-Paraguai. Os exemplares são sempre pequenos (até 20 mm CT) e vivem em águas lênticas e lóticas de fundo arenoso ou com material depositado. (Schaefer, 1990, Schaefer, Weitzman & Britski, 1989) Astroblepidae São endêmicos às porções norte dos Andes e especializados em ambientes torrenciais. Possuem habilidades notáveis para escalar paredes rochosas, em decorrência de especializações únicas na boca em forma de ventosa e na nadadeira e cintura pélvica. Apenas um único gênero – Astroblepus – com mais de 40 espécies nominais. Loricariidae A maior família de bagres do mundo, com mais de 600 espécies e 70 gêneros, provavelmente também a mais complexa taxonomicamente. Loricariídeos são comedores de algas restritos aos mais baixos níveis tróficos dos ecossistemas neotropicais. São caracterizados pela posse de dentes com cúspides bífidas e assimétricas; presença de dois ligamentos entre o mesetmóde e a premaxila, entre outros caracteres. De maneira geral podem ser caracterizados também pela posse de quatro ou cinco séries laterais de placas ósseas no corpo, boca inferior em forma de ventosa, nadadeira anal curta, ossos componentes do premaxilar e dentário separados entre si e membranas branquiais unidas ao ístmo. O grupo é dividido em Lithogeninae, com um único gênero – Lithogenes;

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Neoplecostominae, com Neoplecostomus, Isbrueckerichthys, Kronichthys, Pareiorhina e Hemipsilichthys; Hypoptopomatinae, com vários gêneros, todos normalmente de tamanhos pequenos e caracterizados por possuir a cintura escapular exposta total ou parcialmente em sua porção ventral; Loricariinae, com vários gêneros caracterizados entre outras coisas pela presença de um pedúnculo caudal deprimido; Ancistrinae, também com diversos gêneros que compartilham entre si modificaçãoes no aparelho opercular e região lateral da cabeça e, finalmente os Hypostominae, com vários gêneros e provavelmente não monofilético. Diversos autores, recentemente revisada por Armbruster (1997; página web http://george.cosam.auburn.edu/usr/key_to_loricariidae/lorhome/lorhome.html) Pimelodidae Pimelodidae é um agrupamento heterogêneo de cerca de mais de 300 espécies e tem sido historicamente caracterizado pela ausência de especializações vistas em outras famílias de bagres neotropicais. Atualmente são reconhecidos três grupos: Pimelodinae, Heptapterinae e Pseudopimelodinae, que são mais intimamente relacionados a outros grupos de Siluriformes do que entre si e, em conseqüência, devem ser elevados à categoria de famílias em uma classificação filogenética, o que ainda depende de estudos mais aprofundados. MELHORAR GERAL Pimelodinae é um grande agrupamento composto em sua maior parte de espécies predadoras e incluindo formas tão distintas quanto Hypophthalmus, forma pelágica e filtradora, e Phractocephalus, forma de corpo largo e forte. Os pimelodíneos incluem também o maior bagre da Neotrópica, Brachyplatystoma filamentosum (piraíba), que alcança 2,8 m e 140 kg de peso. São caracterizados pela presença de uma superfície de articulação do etmóide lateral no palatino bastante alongada e processo dorso-lateral da premaxila conspicuamente bifurcado. Diversos gêneros (cerca de 30). Heptapterinae Inclui espécies de porte pequeno a médio, caracterizadas por possuir: porção distal do processo transverso posterior da quarta vértebra expandido e profundamente furcado, entre outros caracteres ósseos. Vários gêneros. Pseudopimelodinae É o menor grupo, compreendendo Microglanis, Pseudopimelodus, Lophiosilurus e Cephalosilurus, caracterizados por uma série de especializações osteológicas.

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Aspredinidae É a família mais aberrante de bagres neotropicais, incluindo peixes com uma forma de corpo bastante bizarra e tamanhos variando de menos de 20 mm até 420 mm. A superfície do corpo apresenta fileiras longitudinais de tubérculos unculíferos; a cintura escapular é bem larga e forte, a abertura branquial é muito reduzida; opérculo e nadadeira adiposa ausentes; 10 ou menos raios caudais, sendo que as bases dos raios mais externos são expandidas; bases dos barbilhões mentonianos reduzidas. Diversos gêneros: Pseudobunocephalus, Acanthobunocephalus, Bunocephalus, Amaralia, Pterobunocephalus, Platystacus, Aspredo, Aspredinichthys, Xyliphius Hoplomyzon, Dupoichthys, Ernstichthys, Micromyzon. (Friel, 1994; Friel & Lundberg, 1996) Doradoidea Compreende as famílias Doradidae, Auchenipteridae e Ageneiosidae, mais a família africana Mochokidae. O grupo é unido pela posse de um aparelho de mola elástica, uma modificação produtora de som do ramo muleriano do aparelho de Weber (ramo anterior da parapófise da quarta vértebra).(Regan, 1911; Britski, 1972; Ferraris, 1988) Doradidae A mais conspícua das famílias de Doradoidea sul americanos, com cerca de 80 espécies, desde os minúsculos Physopyxis (cerca de 3 mm CP) aos grandes Megalodoras (cerca de 1 m CP).

Uma série de placas ósseas com um espinho retrorso ao longo da linha lateral; às vezes placas entre a dorsal e adiposa, entre a adiposa e a caudal e entre a anal e a caudal; um par de barbilhões maxilares, dois pares de barbilhões mentonianos, anal curta; membranas branquiais unidas ao ístmo; sem dimorfismo sexual. Wertheimeria, Franciscodoras, Platydoradinae com Kalyptodoras, Platydoras, Acanthodoras e Agamyxis, Astrodoradinae com Astrodoras e Hypodoras (Astrodoradini), Anadoras, Physopyxis e Amblydoras e Merodoras (Amblydoradini), Doradinae com Orinocodoras e Rhinodoras (e provavelmente Rhynchodoras), Centrochir, Pterodoras, Centrodoras, Megalodoras, Lithodoras e Doraops (Centrochirini), Oxydoras e Petalodoras, Nemadoras, Stenodoras e Trachydoras (Trachydoradina), Doras, Hassar, Opsodoras, Hemidoras, Anduzedoras e Leptodoras (Doradina). (Eigenmann, 1925; Higuchi, 1992) Auchenipteridae (incluindo Centromochlidae e Ageneiosidae) Família constituída por aproximadamente 20 gêneros e 70 espécies amplamente distribuídas na América do Sul. Pseudauchenipterus inclui alguns dos poucos siluriformes tolerantes à água salobra e salgada. Alguns (e.g. Trachycorystes) comem frutos (Goulding, 1980) e outros (e.g. Auchenipterus) predam insetos e crustáceos (Menezes, 1949).

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Únicos Siluriformes com fertilização interna; dimorfismo sexual bastante característico: modificações na nadadeira anal dos machos para cópula, orifício urogenital na extremidade distal do primeiro raio anal, nadadeira dorsal desenvolve diversos espinhos e capacidade de movimentação ampla (mantém a proximidade da fêmea durante a cópula); barbilhão maxilar dos machos maduros bem desenvolvido, conspícuo e com espinhos; testículo grandemente modificado, o esperma é produzido apenas na porção anterior, porção posterior produz substância gelatinosa que aparentemente é injetada na fêmea ao final da cópula, após a transferência de esperma, tampando o oviduto, que é alargado; machos apresentando todas essas modificações são raros, provavelmente em épocas não reprodutivas os espinhos no acúleo dorsal e barbilhão maxilar, bem como seu tamanho e maior ossificação involuem. O grupo tem sido objeto de estudos recentes, dividido em duas subfamílias Centromochlinae e Auchenipterinae. Centromochlinae, caracterizada por possuir: metapterigóide cônico, com pouca ou nenhuma expansão laminar; tubo urogenital de machos adultos estreito e saindo de uma projeção cutânea que cobre a base urogenital anteriormente; raios anais orientados obliquamente e não interdigitados com os espinhos hemais; gêneros Centromochlus, Tatia e Glanidium. Auchenipterinae, a maior subfamília, é caracterizada por linha lateral ramificada na base da nadadeira caudal e sinusoidal ao longo de todo o corpo, juntamente com as demais características de dimorfismo sexual descritas acima; gêneros Asterophysus, Pseudotatia, Tocantinsia, Trachycorystes, Liosomadoras, Trachelyopterychthys, Pseudauchenipterus, Auchenipterichthys, Trachelyichthys, Trachelyopterus, Ageneiosus, Tetranematichthys, Entomocorus, Auchenipterus e Epapterus. Super Ordem Protacanthopterygii Osmeriformes Galaxiidae Grupo exclusivo de água doce, alguns diádromos, em águas temperadas do hemisfério sul; em nossa região ocorrem no sul da América do Sul e Ilhas Falkland (Malvinas). São alongados e sem escamas. Gênero Aplochiton, com duas espécies: nadadeira dorsal anterior à nadadeira pélvica, nadadeira adiposa presente, caudal furcada; piscívoros ou insetívoros, provavelmente anfídromos, com as larvas sendo carregadas para o mar após a eclosão em águas doces. Super Ordem Paracanthopterygii Batrachoididae Família caracterizada por uma cabeça grande, olhos dorsais; a maioria possui múltiplas linhas laterais e o corpo não escamado. Nadadeiras dorsal e anal apresentam base longa, a dorsal precedida por dois ou três espinhos bastante afiados e anteriores; apresentam apenas três pares de brânquias; nadadeiras pélvicas jugulares; são peixes de águas costeiras, de

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hábitos bênticos, e bem camuflados contra o fundo. Existem três subfamílias: Batrachoidinae, Porichthyinae e Thalassophryninae, a primeira e a terceira com representantes em águas doces sul americanas. Batrachoidinae, com Potamobatrachus trispinosus que ocorre no Tocantins e apresenta três espinhos suboperculares. Os representantes de Thalassophryninae diferem dos demais membros da família por apresentar linha lateral única ou ausente, dois espinhos ocos na dorsal e um opercular, conectados à glândulas que produzem um veneno bastante potente; dois gêneros: Daector com uma espécie (quadrizonatus) ocorrendo no rio Atrato e outra (gerringi) ocorrendo no San Juan, e Thalassophryne, com uma espécie amazônica. (Berra, 2001; Collette, 1995; www.fishbase.org ). Gobiesocidae Espécies de tamanho pequeno a médio, prontamente reconhecidas pela presença de uma ventosa torácica, utilizada para fixação ao substrato. Podem ser reconhecidos ainda pela cabeça deprimida, pelo menos anteriormente, corpo sem escamas e coberto por uma grossa camada de muco, dorsal única, sem espinhos e na porção posterior do corpo, raios pélvicos contribuem para a formação da ventosa torácica. Uma espécie, Gobiesox juradoensis, ocorre em rios da drenagem pacífica da Colômbia. Super Ordem Acanthopterygii Série Mugilomorpha (tainhas) Série Atherinomorpha (Atheriniformes, Beloniformes, Cyprinodontiformes) Atheriniformes Atherinopsidae Formam o grupo irmão de todos os demais Atheriniformes; apresentam o corpo comprimido e alongado, normalmente uma faixa prateada lateral bastante conspícua (silversides, peixes-rei); duas nadadeiras dorsais, a primeira com espinhos levemente flexíveis; anal com um espinho; escamas normalmente ciclóides; boca terminal e normalmente protráctil, sendo que a maioria das espécies é planctívora; nadadeiras pélvicas abdominais, peitorais inseridas medio-dorsalmente; olhos grandes. Vivem em grandes cardumes em águas rasas e litorâneas, sendo importantes como alimento, iscas e forragem para outros peixes. Na América do Sul ocorrem espécies dos gêneros Basilichthys, porção oeste dos Andes do Peru ao Chile e Odontesthes, nas drenagens litorâneas atlânticas, do sul do Brasil à Patagônia e pacíficas até o Chile. (Dyer, 1998; Berra, 2001). Beloniformes Belonidae

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Grupo com distribuição pelo mundo inteiro, um terço de suas espécies ocorre em águas doces da América do Sul, Índia, sudeste da Ásia, Austrália e nova Guiné. Os belonídeos (peixes-agulha) são finos, alongados, com as maxilas superior e inferior alongadas e portando vários dentes; escamas ciclóides pequenas; nadadeiras dorsal e anal com a base longa e em posição posterior, opostas uma à outra; nadadeiras pélvicas abdominais; nadadeiras peitorais curtas e médio-laterais; linha lateral baixa; lobo caudal inferior mais alongado que o dorsal, relacionado à capacidade que as espécies têm de saltar; são nadadores bastante rápidos e vivem junto à superfície alimentando-se de outros peixes; produzem ovos grandes, redondos e com filamentos pegajosos. Nas águas doces da América do Sul estão representados por Potamorhaphis, com espécies no Orinoco, Amazonas e Guianas e Paraná-Paraguai; Pseudotylosurus, com uma espécie no Orinoco, Guinas e baixo Amazonas e outra no alto Amazonas e Paraná-Paraguai. Um gênero miniatura, Belonion, com representantes menores de 50 mm CT, também ocorre nas águas doces sul americanas: Belonion apodion, sem cintura e nadadeiras pélvicas e B. dibranchodon, com a maxila superior notavelmente mais curta que a inferior, assemelhando-se a membros de Hemirhamphidae. Strogilura em rios da vertente andida oeste. (Collette, 1966, 1974a, 1974b, 1982; Berra, 2001). Hemirhamphidae Semelhantes aos Belonidae, delgados e alongados, com a maxila inferior muito mais longa que a superior; escamas ciclóides grandes. Em água doce na América do Sul estão representados por uma única espécie, Hyporhamphus brederi, que ocorre no Orinoco e no Amazonas. Ao contrário dos seus parentes marinhos que são herbívoros, os de água doce são insetívoros (Berra, 2001). Cyprinodontiformes A ordem Cyprinodontiformes engloba aproximadamente 110 gêneros e 850 espécies, divididos em duas subordens: Aplocheilodei, com Rivulidae e Aplocheilidae e Cyprinodontoidei, com Profundulidae, Godeidae, Fundulidae, Valenciidae, Anablepidae, Poeciliidae e Cyprinodontidae. São peixes de pequeno porte (10 cm ou menos), com prémaxilar protráctil e dentes geralmente cônicos (bicúspides e tricúspides em alguns), com escamas na cabeça, nadadeiras com raios moles, esqueleto caudal simétrico, nadadeira caudal com borda arredondada ou truncada e freqüentemente sem linha lateral corpórea (comum em peixes de pequeno porte), mas com a linha lateral cefálica bem desenvolvida. Alguns dos seus representantes são vivíparos. Habitam os mais variados tipos de habitats temperados e tropicais, com variação salina e temporários; sua capacidade de retirar oxigênio da película superficial da água e omnivoria, com uma tendência à insetivoria, são responsáveis por grande parte dessa adaptação a ambientes extremos; por causa disso algumas espécies

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têm distribuição muito restrita, o que contribui para sua ameaça ou extinção. (Costa, 1998; Moyle & Cech, 2000; Berra, 2001). Rivulidae Facilmente reconhecíveis pela união das membranas operculares, pela redução do sistema latero-sensorial da cabeça e outras sinapomorfias relacionadas a ossos da cabeça e nadadeiras. Na América do Sul, ocorrem representantes do grupo (Aplocheiloidei) na maioria dos sistemas aquáticos cisandinos e drenagens transandinas da Colômbia e Venezuela e bacias costeiras do noroeste da Colômbia; exceto por Rivulus, todos os demais rivulídeos são peixes anuais, bastante conhecidos e apreciados pelos aquariofilistas por seu padrão de cor; adultos enterram seus ovos fertilizados no fundo dos ambientes antes da seca; os adultos morrem e apenas os ovos sobrevivem à seca, eclodindo alguns meses depois no início da estação chuvosa. Diversos gêneros, e.g. Cynolebias, Plesiolebias e Leptolebias. (Costa, 1995a, 1995b, 1998, e outros; Berra, 2001). Anablepidae Os representantes (tralhotos, quatro-olhos) ocorrem do sul do México à Nicarágua, ao longo da costa norte da América do Sul da Venezuela ao Pará e no sul do Brasil, Argentina e Uruguai; possuem boca anterior e dentes tricúspides. Gêneros Anableps, Jenynsia e Oxyzygonectes; os dois primeiros apresentam fecundação interna, viviparidade e dimorfismo sexual, com os machos portando gonopódios que podem ser destros ou sinistros (dobram-se para a direita ou esquerda). Anableps possui olhos divididos através da iris em duas partes, a pupila superior para visão aérea e a inferior para visão aquática, na retina também dividida formam-se duas imagens (uma aérea e uma aquática); por causa da visão são difíceis de coletar e capazes de fugas espetaculares sobre a superfície da água, agitando vigorosamente o pedúnculo e a nadadeira caudal. Jenynsia e Oxyzygonectes têm olhos normais. (Costa, 1998; Ghedotti, 1998; Berra, 2001). Oxyzygonectes são ovíparos e os machos não apresentam gonopódios. Poeciliidae

Apresenta cerca de 30 gêneros e 300 espécies; nadadeira peitoral apresenta inserção lateral; têm tamanhos reduzidos. São divididos em 3 subfamílias: Aplocheilichthyinae, restrita à Africa e Madagascar; Fluviphylacinae, amazônica e com espécies diminutas e Poeciliinae, o maior e mais importante grupo. As duas primeiras subfamílias apresentam fertilização externa e ausência de gonopódio; Poeciliidae apresenta representantes vivíparos (matrotrofia) ou ovovivíparos (lecitotrofia), todos com fecundação interna; os machos são sempre menores que as fêmeas e apresentam modificações na nadadeira anal, o gonopódio, para a transmissão do espermatóforo, e às vezes também na nadadeira pélvica; após a cópula os

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espermatozóides são armazenados pela fêmea, podendo durar até 10 meses. Algumas espécies de Poecilia e Poeciliopsis apresentam populações constituídas exclusivamente por fêmeas idênticas à mãe, que foram provavelmente originadas a partir de hibridização entre espécies próximas; nessas populações as fêmeas copulam com machos de outras espécies e os espermatozóides não unem-se geneticamente aos óvulos, apenas estimulam a clivagem da célula. A sistemática do grupo é grandemente baseada na morfologia dos machos, principalmente do gonopódio. (Costa, 1998; Berra, 2001)

Cyprinodontidae

A última família com representantes na América do Sul. É representada por cerca de 43 espécies de Orestias, distribuídas pelas terras andinas do norte do Chile ao norte do Peru; mais da metade de suas espécies são endêmicas do Lago Titicaca, 3810m acima do nível do mar, entre Peru e Bolívia, 8284 km2, 122 km de comprimento, 45 km de largura e até 281m de profundidade. Este é o mais alto ambiente natural habitado por peixes e as espécies de Orestias, pela ausência de outros peixes (existe apenas um Trichomycterus), apresentam uma enorme radiação adaptativa, ocupando diversos nichos disponíveis com formas litorâneas, formas de águas mais abertas e profundas, piscívoras, planctívoras e miniaturas; O. cuvieri, forma ictiófaga, é a maior espécie, atingindo até 22 cm CP; membros do complexo O. gilsoni atingem a maturidade sexual com 30 mm CP. Trutas e peixes-rei foram introduzidos no Titicaca apresentando ameaça às espécies de Orestias. (Berra, 2001) Série Percomorpha Cintura pélvica unida à peitoral diretamente ou através de ligamentos. Synbranchiformes Peixes de água doce sem cintura e nadadeira pélvica; cintura peitoral situada bem abaixo da cabeça e não conectada ao crânio; nadadeira caudal reduzida ou ausente; escamas quando presentes são ciclóides. Divididos em Mastacembelidae (África e Ásia) e Synbranchidae (regiões tropicais e subtropicais do mundo, estuários, rios, riachos, lagoas e brejos). Synbranchidae Exemplares sem nadadeiras peitorais (presentes apenas duas semanas durante o desenvolvimento, com função de fazer circular água pela pele, ricamente vascularizada e com sistema de contra-corrente); dorsal e anal reduzidas a quilhas baixas e sem raios; nadadeira caudal reduzida ou ausente; escamas ausentes (exceto em Monopterus); aberturas branquiais confluentes ventralmente, formando uma abertura única; brânquias grandemente reduzidas; respiração aérea faringeana ou intestinal (Monopterus cuchia, da Índia, apresenta sacos

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aéreos especiais ligados à faringe). Apresentam hermafroditismo protogínico (condição rara entre os peixes de água doce), começando a vida como fêmeas e passando por uma reversão sexual até os quatro anos. Podem viver em águas pobres em oxigênio graças à respiração aérea. Synbranchus é facultativo, enquanto Monopterus apresenta respiração aérea obrigatória. Os peixes desse grupo são capazes de locomoverem-se fora d’água ondulando lateralmente o corpo, alguns foram vistos inclusive alimentando-se (Liem, 1987). Durante a época de seca podem hibernar, enterrando-se no solo; experimentos em laboratório mostraram que S. marmoratus pode sobreviver até nove meses enterrado. Synbranchus é o único gênero da América do Sul. (Favorito-Amorim, 1998; Berra, 2001). Perciformes Percichthyidae Grupo de água doce do sul da América do Sul (Argentina e Chile) e Austrália, caracterizado pela presença de uma nadadeira dorsal dupla com a porção anterior espinhosa e a posterior com raios moles, podendo haver ou não um recorte profundo entre elas; três espinhos anais; escamas ctenóides posteriores com ctenii simples e em forma de agulha; tamanho de poucos centímetros até 1,8m CT (Maccullochella gênero australiano). Na América do Sul ocorrem dois gêneros: Percichthys (até 20cm CT) e Percilia (até 90mm CT) cada um com duas espécies, restritas ao sul do Chile e Argentina. Cichlidae Ampla distribuição em águas doces da África e América do Sul. Peixes normalmente de águas lênticas, ocupando diversos tipos de habitats, exibem hábitos predominantemente diurnos, muitos constróem ninhos e apresentam comportamento conspícuo de proteção à prole. Morfologicamente, além das sinapomorfias osteológicas, podem ser caracterizados por possuir um premaxilar marcadamente protráctil, dentes cônicos, escamas ctenóides, raios anteriores das nadadeiras dorsal, anal e pélvica transformados em espinhos e linha lateral bipartida em um ramo anterior, superior, próximo a base da nadadeira dorsal, e um ramo posterior mais ventral. A família compreende aproximadamente 50 gêneros e 450 espécies. Sciaenidae Família com representantes marinhos e de água doce; as espécies mais comuns são conhecidas como corvinas e pescadas. Em águas doces ocorrem quatro gêneros: Plagioscion, Pachyurus, Pachypops e Petilipinnis, caracterizados pela presença de raios anteriores transformados em espinhos nas nadadeiras dorsal, anal e pélvica, escamas ctenóides e a linha lateral, ao contrário dos Cichlidae, é completa e não dividida e estende-se até a porção posterior dos raios caudais. (Casatti, 2000; Berra, 2001)

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Polycentridae Peixes-folha da África (2 gêneros) e América do Sul (Monocirrhus e Polycentrus), caracterizados por possuir boca muito grande e protráctil, corpo comprimido e coloração mimética com folha. Monocirrhus polyacanthus, a espécie mais comum da América do Sul, ocorre nas Guianas e terras baixas da Amazônia, alto rio Negro e alto Orinoco, chega a 10cm CT e é a espécie de peixe-folha mais parecida com uma folha; tem um corpo alto, focinho pontudo e boca muito grande, capaz de engolir peixes até 75% de seu tamanho; possuem um barbilhão mentoniano característico semelhante a um pecíolo (o que aumenta a semelhança com uma folha); nadadeiras dorsal e anal longas com vários espinhos anteriores e uma porção posterior, bem próxima à nadadeira caudal com poucos raios moles; escamas pequenas e ctenóides; linha lateral interrompida ou ausente e nadadeira caudal com borda arredondada e coberta por escamas em quase toda extensão. Polycentrus punctatus ocorre nas teras baixas do Amapá, entre a Guiana Francesa e o Brasil até Trinidad e baixo rio Orinoco e apresenta um menor número de raios moles na nadadeira anal (6 a 8 vs. 11 a 14 em Monocirrhus). Eleotridae Família composta por aproximadamente 35 gêneros e 150 espécies. Nadadeiras pélvicas são separadas e não formam um disco de sucção como na maioria dos Gobioidei (ver Gobiidae abaixo; alguns autores acreditam que deva ser incluída em Gobiidae, e.g. Liem, 1970); boca prognata ou terminal, nunca inferior; escamas ciclóides ou ctenóides; linha lateral corpórea ausente. Muitos são coloridos e fáceis de manter e procriar em cativeiro, o que os torna apreciados para o aquarismo. Os ovos são colados ao substrato ou vegetação submersa e parte do desenvolvimento ocorre em águas salobras. São normalmente bênticos, carnívoros, alimentando-se de insetos crustáceos e pequenos peixes. Na América do Sul há um gênero amazônico e miniatura, Microphilypnus.(várias espécies). (Menezes e Figueiredo, 1985; Berra, 2001) Gobiidae A maior família de peixes marinhos, de acordo com Nelson (1994), com aproximadamente 212 gêneros e 1875 espécies. Possuem normalmente as nadadeiras pélvicas unidas em um disco de sucção (presente em todos os de água doce); duas nadadeiras dorsais, sendo que a base da segunda é normalmente maior que o espaço que a separa da base da nadadeira caudal (em Eleotridae a base da segunda dorsal é menor que a distância que a separa da base da caudal); escamas ciclóides, ctenóides ou ausentes; linha lateral corpórea normalmente ausente; tamanho pequeno, normalmente menores de 10 cm. Awaous (Amazônia e rios costeiros da América do Sul) e Evorthodus ( Guianas). (Menezes e Figueiredo, 1985; Berra, 2001)

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Pleuronectiformes Achiridae Os linguados são peixes muito especializados e conspícuos. Após a eclosão as larvas são bilateralmente simétricas e nadam como os demais peixes; entretanto ainda cedo durante o desenvolvimento, normalmente entre 10 a 25 mm, um dos olhos migra para o outro lado do crânio, que ainda não está completamente ossificado, em um processo que dura de 1 a 5 dias, alterando também ossos, músculos, vasos sanguíneos e nervos da cabeça; o órgão nasal também migra do lado cego para o lado com os olhos; nadadeiras peitorais e pélvicas do lado cego são reduzidas. Quando adultos os linguados são bênticos e assimétricos; podendo ter o olho do lado direito ou do esquerdo, dependendo do grupo, algumas espécies com indivíduos destros e sinistros. O lado cego é normalmente achatado e o lado com os olhos é pigmentado e suavemente convexo; nadadeiras dorsal e anal muito longas, a dorsal disposta inclusive na porção dorsal da cabeça; escamas ciclóides ou ctenóides. Linguados normalmente nadam por ondulações laterais do corpo e nadadeira dorsal e anal. Carnívoros. Achiropsis, Achirus, Apionichthys, Catathyridium, Hypoclinemus, Pnictes, Soleonasus, Trinectes. (Berra, 2001; Ramos, 1998, 2003a e 2003b) Tetraodontiformes Os Tetraodontiformes são os Acanthopterygii mais especializados, apresentando muitos caracteres redutivos, perda de diversos ossos (parietais, nasais, infraorbitais, espinhos anais, costelas); aberturas branquiais reduzidas; boca com placas dentígeras características; pele grossa, pode ser revestida por escamas transformadas em espinhos, escudos ou ossículos. Não são bons nadadores, alimentado-se de presas lentas ou imóveis. (Berra, 2001) Tetraodontidae Inclui 19 gêneros e aproximadamente 121 espécies (20 em água doce); é a única família da ordem que possui representantes de água doce. Apresentam quatro placas dentígeras que, raspadas uma contra a outra, produzem som bastante alto, capazes de mordidas fortes (alguns acidentes relatados com humanos); nadadeiras pélvicas ausentes. Capazes de inflar o corpo através do enchimento do estômago, ou saco associado, com água ou ar, dificultando a ação de predadores. Possuem uma toxina, a tetrodoxina, extremamente forte e letal, na pele, sangue e órgãos internos como fígado, gônadas e intestinos. Na América do Sul ocorre uma espécie, Colomesus asellus, sendo especialmente comum em rios de água clara (talvez relacionado à maior presença de esponjas nesses ambientes).

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Chave para os grandes grupos de peixes de água doce Francisco Langeani, Fabrício José Tarelho-Pereira, Vanessa Xavier Linhares de Andrade e Roselene Silva Costa Ferreira (Departamento de Zoologia e Botânica, UNESP, São José do Rio Preto, SP). 1. Corpo discóide, extremamente deprimido e com 5 pares de fendas branquiais ventrais (arraias) ou extremamente comprimido e com as nadadeiras dorsal e anal com bases quase tão longas quanto o comprimento do corpo (linguados) ............................................................... 2 1’. Corpo normal, ou se comprimido ou deprimido nunca como o anterior .................................. 3 2. Corpo deprimido dorso-ventralmente; nadadeiras peitorais muito desenvolvidas, formando a maior porção do corpo .............................................. POTAMOTRYGONIDAE (arraias) 2’. Corpo comprimido lateralmente, bastante assimétrico e com pigmento em apenas um dos lados; dois olhos do mesmo lado do corpo ................................................................................ ....................................................................................................................... ACHRIDAE (linguados) 3.Corpo nu ou com placas ósseas (ver entretanto Electrophorus, Gymnotiformes) ..................... 8 3’. Corpo coberto com escamas ...................................................................................................... 4 4. Raios anteriores da nadadeira dorsal e anal transformados em espinhos; sem nadadeira adiposa; escamas ctenóides ............................................................................................................ 7 4’. Nadadeiras sem espinhos, raios moles ...................................................................................... 5 5. Nadadeiras dorsal e ventral (pélvica) ausentes............................................................................. .......................................................................... GYMNOTIFORMES (espadinhas, tuviras, poraquê) 5’. Nadadeiras dorsal e ventral presentes ....................................................................................... 6 6. Sem nadadeira adiposa; pré-maxilar protráctil; fenda bucal pequena; peixes de porte diminuto ............................................... CYPRINODONTIFORMES (guarus, barrigudinhos, lebistes) 6’. Nadadeira adiposa normalmente presente; pré-maxilar não protráctil (ver contudo Bivibranchia); fenda bucal normalmente ampla .............................................................................. ........................................ CHARACIFORMES (lambaris, piaus, piavas, corimbatá, piranhas, pacus) 7. Linha lateral em dois ramos: um anterior próximo à base da nad. dorsal e outro posterior ao longo da porção média do pedúnculo caudal .............................................................................. .............................................................................. CICHLIDAE (acarás, porquinho, tilápias, zoiudo) 7’. Linha lateral não dividida, estendendo-se até a extremidade posterior dos raios caudais medianos ................................................................................... SCIAENIDAE (corvinas e pescadas) 8. Aberturas branquiais laterais, normais; nadadeiras dorsal e peitoral sempre presentes ........................................................................................ SILURIFORMES (bagres, cascudos e afins) 8’. Aberturas branquiais confluindo ventralmente e formando uma única abertura; nad. dorsal, anal, peitoral e pélvica ausentes ............................................. SYNBRANCHIDAE (mussum)

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CHONDRICHTHYES Carcharhinidae: Carcharinus leucas, cabeça-chata. Amazônia até o Peru. Pristidae: Pristis pristis, peixe-serra. Amazônia, até pelo menos a confluência do Negro com o Amazonas. CHAVE PARA GÊNEROS DE POTAMOTRYGONIDAE (Rosa, 1985) 1. Distância da boca à margem anterior do disco relativamente longa, 2.6 a 3.3 vezes a

largura do disco; um processo na margem externa do espiráculo ............................................. ........................................................................................................................................ Paratrygon 1’. Distância da boca à margem anterior do disco relativamente curta, 3.6 a 5.6 vezes na largura do disco; processo externo no espiráculo ausente............................................................. 2 2. Cauda relativamente curta, menos de duas vezes na largura do disco; cauda com aletas dorsais e ventrais ....................................................................................................... Potamotrygon 2’. Cauda relativamente longa e filiforme, mais de duas vezes a largura do disco em exemplares intactos; somente aleta ventral na cauda ................................................ Plesiotrygon CHAVE PARA FAMÍLIAS E SUB-FAMÍLIAS DE CHARACIFORMES SULAMERICANOS 01. Maxilas superior e inferior totalmente desprovidas de dentes ............................................. 02. 01’. Maxilas providas de dentes, pelo menos parcialmente (Fig. 1) .......................... ................. 03. 02’. Rastros curtos ou ausentes .............................................................................. CURIMATIDAE. 02 . Rastros longos e numerosos (fig. 2) ............................................................................. Anodus. 03 . Mandíbula sem dentes, pelo menos na sua borda anterior (Fig. 3)............ ...................... ...04. 03’. Mandíbula provida de dentes, inclusive anteriormente (Fig. 1) ........................................... 07. 04 . Dentes cônicos, depressíveis ....................................................................... CHILODONTIDAE. 04’. Dentes cuspidados (Fig. 4) ..................................................................................................... 05. 05 . Pré-maxilar protrátil; dentes tricúspides pequenos (Fig. 5) ...................................................... ............................................................................................................................. BIVIBRANCHINAE. 05’. Pré-maxilar não protrátil; dentes multicuspidados (Fig. 6) .................................................. 06. 06 . Borda anterior da mandíbula reta (Fig. 6) .................................................................................. .............................................................................................................................. PARODONTIDAE.

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06’. Borda anterior da mandíbula arredondada (Fig. 6) ................................................. Hemiodus. 07 . Dentes pequenos ou diminutos, distintamente depressíveis (Fig. 7) ................................... 08. 07’. Dentes bem desenvolvidos, implantados no osso das maxilas, não depressíveis (Fig. 1)........................................................................... ....................................................... ............... 10. 08 . Dentes diminutos, numerosos, dispostos em fileiras nos lábios grossos e móveis; freqüentemente com um espinho pré-dorsal (Fig. 8) ....................................................................... ...................................................................................................................... PROCHILODONTIDAE. 08’. Dentes pequenos; lábios normais, sem espinho pré-dorsal (Fig. 8)........ ........................ .....09. 09. Pálpebra adiposa grande cobrindo quase todo o olho; dentes da mandíbula numerosos (mais de 50), dispostos em 2 séries (Fig. 9) ...................................................................................... .............................................................................................................................. Micromischodus. 09’. Pálpebra adiposa reduzida, poucos dentes (até 12), dispostos numa única série na mandíbula ....................................................... ............................................. ...... CHILODONTIDAE. 10 . Dentes incisivos, (comprimidos) truncados ou cuspidados (às vezes, também dentes cônicos ou caninos) (Figs. 4 e 10) ................................................................................................. 11. 10’. Apenas dentes cônicos e/ou caninos (Fig. 4; Oligosarcus pintoi – Acestrorhynchinae com dentes tricúspides, semelhantes a cônicos) ......................................................................... .......32. 11 . Abdome comprimido, com uma quilha de espinhos, pelo menos antes das ventrais: corpo alto e comprimido (Fig. 11).............................................. ......................................... ........ 12. 11’. Abdome sem espinhos ........................................................... ........................... .................. 13. 12 . Dentes tricúspides ou serrilhados, cortantes, dispostos numa única série nas maxilas; frequentemente com dentes no palato (Fig. 12) ............................................... SERRASALMINAE. 12’. Dentes incisivos ou truncados (molariformes), dispostos em 2 séries no pré-maxilar; sem dentes no palato (Fig. 12)............................................................................... ............... MYLEINAE. 13 . Abdome comprimido antes das ventrais (Fig. 13)........................ ......................... .............. 14. 13’. Abdome arredondado ou achatado antes das ventrais (Fig. 13) .......................................... 20. 14 . Peito muito expandido; peitoral muito longa, alcançando ou quase alcançando a origem da anal; ventrais rudimentares (Fig. 14)... ..................................................................................... ... ....................................................................................................................... GASTEROPELECIDAE. 14’. Peito moderadamente expandido; peitoral longa, porém distintamente distante da anal; ventrais normalmente desenvolvidas (Fig. 14) .............................................................. ............. 15. 15 . Corpo alto: altura contida 2 vezes ou menos no comprimento padrão (Fig. 15) ...................... ...................................................................................................................................................... 16. 15’. Corpo alongado: altura contida 2,5 vezes ou mais no comprimento padrão (Fig. 15) ........ 17. 16 . Com espinho procumbente à frente da dorsal (Figs. 8 e 1) ...................................................... .......................................................................................................................... STETHAPRIONINAE. 16’. Sem espinho procumbente ................................................................. STICHONODONTINAE.

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17 . Dentes cuspidados, dispostos em 3 séries no pré-maxilar; dentário com um par de dentes junto a sínfise, atrás da série anterior (Fig. 16) ........................................ TRIPORTHEINAE. 17’. Uma ou duas séries de dentes no pré-maxilar, mandíbula sem o par de dentes sinfisianos posteriores .................................................................... ..................................... ...... 18. 18 . Dentes da mandíbula caninos ou tricúspides com a cúspide mediana muito desenvolvida e as laterais rudimentares; maxilar com muitos dentes (Fig. 17) ..................................................... .................................................................................................................................. AGONIATINAE. 18’. Dentes da mandíbula cuspidados, cuspides laterais não rudimentares; maxilar com 1 único dente ou sem dentes ......................................................................................................... 19. 19 . Dentes da mandíbula com 4 à 6 cúspides irregulares; maxilar longo com 1 único dente tricúspide (Fig. 18) ........................................................................................ CLUPEACHARACINAE. 19’. Dentes da mandíbula multicuspidados, de coroa larga, com a cúspide mediana mais desenvolvida que as laterais; maxilar curto com 1 único dente multicuspidado (Fig. 18) ....................................................................................................... IGUANODECTINAE ( Piabucus ). 20 . Corpo totalmente desprovido de escamas ......................................... GYMNOCHARACINAE. 20’. Corpo coberto de escamas ............................................................................... .................... 21. 21 . Crânio sem fontanela (Fig. 19) ......................................................................................... ......22. 21’. Crânio com fontanela frontal e/ou parietal (Fig. 19) ..................................................... ...... 24. 22 . Mandíbula com 2 séries de dentes ................................................................ ....................... 23. 22’. Mandíbula com 1 única série de dentes ...................................................... CHARACIDIINAE. 23 . Dentes pré-maxilares em 1 série ...................................................................... LEBIASININAE. 23’. Dentes pré-maxilares em 3 séries (Fig. 25) ......................................................... BRYCONINAE. 24 . Pré-maxilar e dentário com 1 única série de dentes ............................................... ............. 25. 24’. Pré-maxilar com 2 ou 3 séries de dentes ................................................................. ............ 28. 25 . Dorsal com cerca de 11 raios (Fig. 20) ....................................................................... ........... 26. 25’. Dorsal com 15 ou mais raios (Fig. 20)............................................................... CRENUCHINAE. 26 . Ampla fontanela frontal e parietal presente (Fig. 19) .......................................................... 27. 26’. Fontanela frontal ausente e a parietal, se presente, confinada a região occipital (Fig. 19) ..................................................................................................................... NANNOSTOMATINAE. 27 .4 ou menos dentes em cada metade do pré-maxilar ou dentário (= 8 dentes); os dentes muito próximos, apoiando-se uns sobre os outros. Padrão de colorido do corpo geralmente constituído de faixas transversais ou listras longitudinais ou 3 máculas no flanco (Fig. 21) ............................................................................................................................... ANOSTOMIDAE. 27’. Pré-maxilar geralmente com mais de 4 dentes, separados uns dos outros; maxilar com ou sem dentes. Freqüentemente com uma mancha umeral e uma caudal(Fig. 22) ............................................................................................... CHEIRODONTINAE ( RHOADSIINAE). 28 . Macho com glândula caudal e escamas modificadas na base da nadadeira caudal(Fig. 23) .................................................................................................................... GLANDULOCAUDINAE.

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28’. Macho sem glândula caudal e sem escamas modificadas sobre a cauda.................................. ..................................................................................................................................................... 29. 29 . Membranas branquiais unidas entre si, livres do istmo; dentes cuspidados; apenas 1 ou 2 dente na série externa do pré-maxilar; anal longa (32 à 46 raios) (Fig. 24)... IGUANODECTINAE. 29’. Membranas branquiais livres entre si e do istmo (Fig. 24) ................................................... 30. 30 . 3 séries de dentes no pré-maxilar; mandíbula com 1 série extra de dentesmaiores e uma série posterior formada por um par junto à sínfise e uma série de dentes diminutos, de cada lado, distante do dente sinfisiano (Fig. 25) ....................................................................................... ........................................................................................................ BRYCONINAE + CHALCIDIINAE. 30’. 2 ou 3 séries de dentes no pré-maxilar; mandíbula com 1 única série................................ 31. 31 . Dentes cuspidados e cônicos pequenos; maxilar inteiramente denteado; dorsal longa e falcada nos adultos (Fig. 26) ..................................................................................... RHOADSIINAE. 31’. Dentes cônicos e caninos, às vezes ligeiramente cuspidados, no dentário e no pré-maxilar; maxilar inteiramente denteado; corpo bastante alongado ................................................ ................................................................................................................................... AGONIATINAE 31’’. Geralmente todos os dentes cuspidados; maxilar não inteiramente denteado ou sem dentes ........................................................................................... .TETRAGONOPTERINAE. 32 . Fontanela presente (Fig. 19) ................................................................... ............................. 33. 32’. Fontanela ausente (Fig. 19) ....................................................... .......................................... 38. 33 . Macho com glândula caudal e escamas modificadas cobrindo a base da caudal; dentes muito delicados, parcialmente fora da boca (Figs. 23 e 27) ..................................... ......................................................................................................................... XENUROBRYCONINI. 33’. Macho sem glândula caudal e escamas modificadas ............................................ ............... 34. 34 . Dentes do pré-maxilar em 2 séries; maxilar inteiramente denteado; mandíbula provida de 2 séries com grande número de dentes (mais de 30 em cada dentário), os dentes da série interna, tanto do pré-maxilar quanto do dentário, menores ou mais numerosos que os da série externa. Todos os dentes de uma mesma série sub-iguais (Fig. 28) ... ..............SALMININAE. 34’. Dentes desiguais, dispostos de maneira distinta da acima ................................................... 35. 35 . Com dentes no palato (Fig. 12) ................................................................................... ...........36. 35’. Sem dentes no palato ........................................................................................................... 37. 36 . Abdome comprimido; 1 par de dentes caninos enormemente desenvolvidos na frente da mandíbula; fenda bucal muito inclinada (Fig. 29) ........................................................ .............................................................................................................................. CYNODONTIDAE. 36’. Abdome arredondado; fenda bucal horizontal (Fig. 29) ........................................................... .................................................................................................................... ACESTRORHYNCHINAE. 37 . Com escamas ctenóides (Fig. 30) ............................................................... CYNOPOTAMINAE. 37’. Com escamas ciclóides (Fig. 30) .......................................................................... CHARACINAE.

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38 . Focinho prolongado em rostro; maxilas providas de 1 única série de dentes cônicos, numerosos, dispostos um ao lado do outro, formando uma borda cortante única (Fig. 31) ............................................................................................................................... CTENOLUCIIDAE. 38’. Focinho não prolongado em rostro .................. .................................................................... 39. 39 . 2 séries de dentes no dentário ........................................................ .............PYRRHULININAE. 39’. 1 única série de dentes no dentário ................................................................. ERYTHRINIDAE Chave para os gêneros de Hemiodontidae (Langeani, 1996) 1. Dentes pequenos, pedicelados, presentes no pré-maxilar e dentário ......................................... ....................................................................................................... (Anodontinae) Micromischodus 1'.Dentes ausentes tanto no pré-maxilar como no dentário ............................................................ ...................................................................................................................... (Anodontinae) Anodus 1''. Dentes multi ou tricúspides presentes no pré-maxilar; dentário sem dentes(Hemiodontinae) 2 2. Maxila superior não protráctil; dentes multicuspidados e de coroa larga ................................... .......................................................................................................................................... Hemiodus 2'. Maxila superior ligeiramente ou completamente protráctil; dentes tricuspidados(Bivibranchiini) 3 3. Uma série de dobras dorsais no focinho entre a extremidade anterior e as narinas; pálpebra adiposa recobrindo totalmente o olho, exceto por um orifício muito pequeno, quase imperceptível, acima da pupila; maxila superior ligeiramente protráctil ........... Argonectes 3'. Porção ântero-dorsal do focinho lisa, sem dobras, com um sulco tranversal, onde se encaixa a maxila superior que é protráctil; arcos branquiais grandemente alargados ............................................................................................................................. Bivibranchia Chave para gêneros de Lebiasinidae (Lebiasininae, Pyrrhulininae, Nannostomatinae) 1. Maxilas com dentes tricuspidados, ectopterigóide com dentes ............................................ ............................................................................................................... Lebiasina e Piabucina 1’. Maxilas com dentes cônicos ou multicuspidados; ectopterigóide sem dentes ......................... 2 2. Dentes cônicos; boca relativamente grande e voltada para cima .............................................. 3 2’. Dentes multicuspidados; boca pequena e terminal .............................................. Nannostomus 3. Maxilar curvo, em forma de S; nadadeiras prolongadas.................................................. Copella 3’. Maxilar normal ........................................................................................................................... 4 4. Pré-maxilar com duas séries de dentes ........................................................................ Pyrrhulina 4’. Pré-maxilar com uma série de dentes ............................................................................ Copeina

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Chave para gêneros de Cynodontidae 1. Região abdominal (distância entre a peitoral e a anal) maior que a base da nadadeira anal .... 2 1’. Região abdominal menor que a base da anal ............................................................... Cynodon 2. Dorsal situada sobre a anal ....................................................................................... Rhaphiodon 2’. Dorsal situada à frente da anal .................................................................................. Hydrolycus Chave para gêneros de Anostomidae 1. Boca terminal ou um pouco voltada para baixo ......................................................................... 2 1’. Boca voltada para cima .............................................................................................................. 6 2. Dentes multicuspidados ............................................................................................... Schizodon 2’. Dentes não multicuspidados, entalhados mais ou menos profundamente .............................. 3 3. Nadadeira caudal coberta com pequenas escamas, seus lobos atravessados por barras escuras .............................................................................................................................. Leporellus 3’. Nadadeira caudal nua, coberta por escamas apenas na base ................................................... 4 4. Nadadeira anal com mais de 10 raios ramificados; abdome comprimido atrás das nadadeiras pélvicas, formando uma quilha ..................................................................... Abramites 4’. Nadadeira anal com menos de 10 raios ramificados; região pós-pélvica arredondada, não quilhada ........................................................................................................................................... 5

3. Corpo muito alongado, cilindriforme; dentes comprimidos muito assimétricos ........................ .......................................................................................................................................... Rhytiodus 5’. Corpo não muito alongado; dentes espessos e freqüentemente assimétricos ........................... ...........................................................................................................................................Leporinus 6. Dentário com apenas um único dente grande e em forma aproximada de foice ...................... ..................................................................................................................................... Gnathodolus 6’. Dentário com quatro dentes ...................................................................................................... 7 7. Corpo relativamente alto; dentes do pré-maxilar algo tricuspidados; dentes do dentário com coroa arredondada ............................................................................................ Anostomoides 7’. Corpo alongado .......................................................................................................................... 8 8. Pré-maxilar com dentes tri ou multicuspidados ......................................................................... 9 8’. Pré-maxilar com dentes bicuspidados ou de coroa arredondada ........................................... 11 9. Dentário com dentes truncados .................................................................................. Laemolyta 9’. Dentário com dentes bicuspidados .......................................................................................... 10 10. Três raios branquiostégios ........................................................................................ Pseudanos

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10’. Quatro raios branquiostégios .................................................................................. Anostomus 11. Dentário com quatro dentes, o sinfisiano não muito maior que os demais ............................... ................................................................................................................................... Synaptolemus 11’. Dentário com três dentes, o sinfisiano bem maior que os outros dois ........................... Sartor Chave para gêneros de Prochilodontidae 1. Nadadeiras caudal e anal atravessadas por barras escuras ............................. Semaprochilodus 1’. Nadadeiras sem barras escuras .................................................................................................. 2 2. Dentes de coroa larga; espinho pré-dorsal bífido ..................................................... Prochilodus 2’. Dentes de coroa longa e estreita; espinho pré-dorsal simples, com a borda anterior arredondada ............................................................................................................ Ichthyoelephas Chave para gêneros de Chilodontidae 1. Sem dentes na mandíbula ........................................................................................ Caenotropus 1’. Com dentes em ambas as maxilas .............................................................................................. 2 2. Boca terminal; pré-maxilar e dentário com uma série de dentes cônicos ................................. .............................................................................................................................................Chilodus 2’. Boca inferior; pré-maxilar com uma série de dentes bicúspides; dentário com uma série de dentes cônicos ....................................................................................................... Tylobronchus Chave para gêneros de Parodontidae 1. Mandíbula com 1 a 3 dentes truncados de cada lado de sua porção lateral ............................... ............................................................................................................................................. Parodon 1’. Mandíbula completamente desprovida de dentes .................................................................... 2 2. Um único raio indiviso na nadadeira peitoral ........................................................... Apareiodon 2’. Dois raios indivisos na nadadeira peitoral .................................................................... Saccodon Chave para gêneros de Erythrinidae 1. Osso maxilar provido de dentes cônicos, com um dente canino na porção proximal .... Hoplias 1’. Osso maxilar provido apenas de dentes cônicos, sem caninos ................................................. 2

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2. Ectopterigóide com dentes cônicos; mesopterigóide com dentes cônicos menores; uma mácula arredondada na porção superior do opérculo ............................................ Hoplerythrinus 2’. Ectopterigóide com dentes cônicos; mesopterigóide sem dentes; sem mácula no opérculo .......................................................................................................................................... Erythrinus Chave para gêneros de Ctenoluciidae 1. Margens laterais da porção anterior da mandíbula com processos laterais dorsoventralmente achatados e conspícuos; focinho anteriormente espatulado em vista dorsal, arredondado ou com um apêndice anterior curto; dentes do pré-maxilar formando um arco anteriormente, com 4 a 5 dentes distintamente maiores que os demais; escamas ctenóides; 45 a 50 escamas em linha lateral ................................................................. Ctenolucius 1`. Margens laterais da porção anterior da mandíbula sem os processos laterais dorsoventralmente achatados e conspícuos; focinho pontudo anteriormente em vista dorsal, terminando anteriormente em um processo alongado, exceto em exemplares muito grandes; séries de dentes do pré-maxilar formando um angulo agudo anteriormente; todos os dentes do pré-maxilar de mesmo tamanho aproximado; escamas não ctenóides; 87 a 124 escamas em linha lateral ............................................................................................ Boulengerella Chave para gêneros de Gasteropelecidae 1. Pré-maxilar com duas fileiras de dentes, a externa com 3 dentes; nadadeira anal com 34 a 44 raios ....................................................................................................................... Toracocharax 1’. Pré-maxilar com 1 ou 2 fileiras de dentes, quando 2, a externa com apenas 1 dente; nadadeira anal com 22 a 36 raios .................................................................................................... 2 3. Adiposa presente; linha lateral completa, quase atingindo a origem da nadadeira anal .......... 4. Gasteropelecus 2’. Adiposa ausente; linha lateral incompleta, com 1 a 3 escamas perfuradas ou ausente ............. Carnegiella

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CHAVE PARA FAMÍLIAS E GÊNEROS DE GYMNOTIFORMES 1. Fontanela ausente nos adultos; mandíbula prognata; boca voltada para cima (Fig. 32) ........ 2 1’. Fontanela presente; mandíbula não prognata (Fig. 33) ............................................................. 3 2. Escamas presentes; pedúnculo caudal terminando em ponta (Família GYMNOTIDAE) .............. Gymnotus 2’. Escamas ausentes; nadadeira anal continuando-se ao redor da ponta da cauda (Família ELECTROPHORIDAE) ................................................................................................... Electrophorus 3. Caudal presente (Família APTERONOTIDAE; Fig. 34) .................................................................. 4 3’. Caudal ausente (Fig. 35) ........................................................................................................... 12 4. Focinho muito alongado; dentes presentes em ambas as maxilas (Fig. 36) ................................. ......................................................................................................................................................... 5 4’. Focinho não alongado (Fig. 37) .................................................................................................. 7 5. Focinho curvo (Fig. 36) ................................................................................ Sternarchorhynchus 5’. Focinho reto (Figs. 38 e 39) ........................................................................................................ 6 6. Boca muito pequena; fenda bucal não alcançando mais que 1/6 do comprimento do focinho (Fig. 38) Orthosternarchus 6’. Boca grande ou de tamanho moderado; fenda bucal alcançando pelo menos 1/3 do comprimento do focinho (Fig. 39) .................................................................. Sternarchorhamphus 7. Dentes ausentes ............................................................................................ Adontosternarchus 7’. Dentes presentes, pelo menos em uma das maxilas ................................................................ .8 8. Dentes ausentes na maxila superior. Dentes da maxila inferior dispostos numa série única ................................................................................................................................ Sternarchogiton 8’. Dentes presentes em ambas as maxilas ..................................................................................... 9 9. Dentes localizados fora da boca, em parte ....................................................... Oedemognathus 9’ . Dentes normalmente assentados nas maxilas ........................................................................ 10 10. Dorso nu até além da origem do filamento dorsal; escamas da linha lateral grandes ............... Porotergus 10’. Dorso com escamas em frente da origem do filamento dorsal ............................................. 11 11. Fenda bucal longa; ângulo da boca atrás ou um pouco à frente da margem anterior do olho (Fig. 40) Sternarchus 11’. Fenda bucal curta; ângulo da boca muito à frente da margem anterior do olho (Fig. 41) ........ Sternarchella 12. Dentes presentes; focinho curto ............................................................................................. 13 12’. Dentes ausentes ..................................................................................................................... 16 13. Olho com margem orbital livre (Família STERNOPYGIDAE; Fig. 42) ............................................ ...................................................................................................................................... Sternopygus

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13’. Olho sem margem orbital livre, coberto pela pele da cabeça (Família EIGENMANNIDAE; Fig. 43) ........................................................................................................................................... 14 14. Sem escamas na região dorsal, anteriormente; boca grande; mandíbula ligeiramente prognata; órgãos elétricos retangulares, visíveis por transparência na região caudal .................... Rhabdolichops 14’. Com escamas na região dorsal, anteriormente ..................................................................... 15 15. Focinho curto; narinas posteriores muito perto da borda anterior do olho (Fig. 44) Eigenmannia 15’. Focinho longo, às vezes cônico; narinas posteriores distantes dos olhos (Fig. 45) Distocyclus 16. Focinho longo (Família RHAMPHICHTHYIDAE) ........................................................................ 17 16’. Focinho curto (Família HYPOPOMIDAE) ................................................................................. 18 17. Corpo completamente coberto de escamas (espécies com mais de 20 cm de comprimento) .......................................................................................................... Rhamphichthys 17’. Corpo sem escamas na porção anterior, lateralmente (espécies com menos de 15 cm de comprimento) ............................................................................................... Gymnorhamphichthys 18. Órgãos elétricos sob a cabeça, similares a um par de cordões cilíndricos, embutidos em um par de calhas........................................................................................................... Steatogenys 18’. Órgãos elétricos não em forma de cordão sob a cabeça ....................................................... 19 19. Focinho obtuso; órgão elétrico situado atrás da nadadeira peitoral (Fig. 46) ........................................................................................................................................ Hypopygus 19’. Focinho algo alongado (Fig. 47) .............................................................................. Hypopomus CHAVE PARA FAMÍLIAS DE SILURIFORMES SUL-AMERICANOS 1. Osso maxilar bem desenvolvido, provido de dentes e formando a porção lateral da maxila superior; membranas branquiais algo unidas entre si, mas livres do istmo ................................................................................................................................ DIPLOMYSTIDAE 1’. Osso maxilar pequeno, sem dentes, formando a porção basal do barbilhão maxilar; margem da maxila superior formada apenas pelo pré-maxilar ...................................................... 2 2. Boca inferior; lábios largos, freqüentemente em forma de ventosa; barbilhões mentonianos ausentes, sem espinhos no opérculo (Fig. 48) .......................................................... 3 2’. Boca geralmente terminal, lábios normais; barbilhões mentonianos geralmente presentes (Fig. 49) ............................................................................................................................................ 4 3. Corpo quase totalmente coberto com placas ósseas ............................................ LORICARIIDAE 3’. Corpo desprovido de placas ósseas ................................................................... ASTROBLEPIDAE 4. Corpo com placas ósseas ............................................................................................................. 5 4’. Corpo desprovido de placas ósseas ............................................................................................ 6

4. Uma série de placas ósseas ao longo da linha lateral; cada placa com um processo espiniforme mediano, voltado para trás (exceção, Wertheimeria; Fig. 50). ........... DORADIDAE

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5’. Duas séries de placas altas e estreitas de cada lado do corpo (Fig. 51) ....................................... ............................................................................................................................... CALLICHTHYIDAE 6. Opérculo e pré-opérculo geralmente providos de espinhos; dorsal situada atrás do meio do corpo; barbilhões nasais às vezes presentes (Fig. 49).................................................................. ......................................................................................................................... TRICHOMYCTERIDAE 6’. Opérculo e pré-opérculo sem espinhos; sem barbilhões nasais (Fig. 52) .................................. 7 7. Aberturas branquiais muito grandes, projetando-se até perto da sínfise mandibular; rastros longos e numerosos; nadadeira anal longa, com mais de 60 raios (Fig. 24) ......................................................................................................................... HYPOPHTHALMIDAE (Hypophthalmus) 7’. Aberturas branquiais nunca se projetando até perto da sínfise mandibular (Fig. 24) .............. 8 8. Olhos laterais, distantes da borda lateral do crânio; barbilhões maxilares muito reduzidos na fêmea, ossificado no macho; barbilhões mentonianos geralmente ausentes; pós-mentonianos sempre ausentes (Fig. 52) ........................................................................................... .................................................................................................................................. AGENEIOSIDAE 8’. Margem superior da órbita formada pela borda lateral do crânio (exceto nos gêneros Sorubim e Sorubimichthys); 3 pares de barbilhões bem desenvolvidos ........................................ 9 9. Aberturas branquiais amplas; membranas branquiais livres do istmo (Fig. 24) ....................... 10 9’. Membranas branquiais unidas ao istmo (Fig. 24) ................................................................... 11 10. Primeiro raio da dorsal situado mais perto da ponta do focinho que da base dos raios caudais medianos ..................................................................................................... .PIMELODIDAE 10’. Dorsal sem acúleo, localizada no meio do corpo; nadadeira anal longa, com mais de 30 raios ......................................................................................................................... HELOGENEIDAE 11. Cintura escapular muito desenvolvida (muito larga quando o peixe é visto dorsalmente); nadadeira adiposa ausente (Fig. 53) ......................................................................... ASPREDINIDAE 11’. Cintura escapular normalmente desenvolvida (Fig. 54) ........................................................ 12 12. Nadadeira dorsal com acúleo; escudo nucal em contato com a parte posterior do crânio (Fig. 55) ............................................................................................................... AUCHENIPTERIDAE 12’. Nadadeira dorsal sem acúleo; escudo nucal reduzido e distante da parte posterior do crânio (Fig. 56) .............................................................................................................. CETOPSIDAE Chave para gêneros de Aspredinidae 1. Nadadeira anal curta, com 12 raios ou menos (Subfamília BUNOCEPHALINAE; Figs. 57, 58 e 61) .................................................................................................................................................... 2 1’. Nadadeira anal baixa e muito longa, com 50 ou mais raios (Subfamília ASPREDININAE; Figs. 63 e 64) .................................................................................................................................... 6

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2. Corpo desprovido de séries longitudinais de escudos ou placas ósseas (Tribo BUNOCEPHALINI; Fig. 53 e 57) ........................................................................................................ 3 2’. Corpo com 6 séries longitudinais de escudos ósseos, as duas séries dorsais e as duas ventrais formando uma armadura compacta acima e abaixo da cauda; a série da linha lateral de cada lado formada de escudos muito menores. Nadadeiras pélvicas se originando à frente da dorsal (Tribo HOPLOMYZONTINI; Fig. 58) .................................................................................... ...................................................................................................................................... Hoplomyzon 3. Face anterior e posterior do acúleo da peitoral providas de espinhos fortes; dorsal com 5 raios; pedúnculo caudal relativamente delgado (Fig. 59) ............................................................... 4 3’. Face anterior do acúleo da peitoral mais ou menos lisa, sem espinhos fortes (Fig. 60) ........... 5 4. Cabeça deprimida e rugosa, sua maior altura igual a cerca de metade de sua maior largura (Fig. 57) ...................................................................................................................... Bunocephalus 4’. Cabeça alta e muito rugosa; sua maior altura aproximadamente igual a sua maior largura ...... Agmus 5. Nadadeira dorsal muito pequena, com 2 raios; cabeça muito rugosa, larga e deprimida; sua maior altura menor que a altura do pedúnculo caudal, que é muito alto; lábio inferior sem franjas (Fig. 61) ........................................................................................................... Amaralia 5’. Dorsal com 5 raios; cabeça relativamente lisa; pedúnculo caudal delgado; lábio inferior com uma franja de barbelas delicadas dirigidas para frente (Fig. 62) .............................................. ............................................................................................................................................. Xiliphius 6. Uma série de barbelas ou pequenos tentáculos se estendendo inferiormente de cada lado da boca até a ponte escapular e parte anterior do abdome (Fig. 36) ............................................ 7 6’. Ponte escapular e cabeça não marginados com barbelas; barbilhão maxilar adnato, isto é, ligado por pele ao focinho (Fig. 64) ..................................................................................... Aspredo 7. Ponta do focinho lisa; um único par de barbilhões mentonianos ou às vezes nenhum............... Chamaigenes 7’. Ponta do focinho (nasais e etmóide) com 4 ganchos largos; 1 par de barbilhões mentonianos e 1 par de pós-mentonianos presentes (Fig. 63) ........................................................ ................................................................................................................................ Aspredinichthys

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Chave para gêneros de Cetopsidae 1. Olhos totalmente ausentes; ausência quase completa de cromatóforos no corpo ..................... .................................................................................................................................... Bathycetopsis 1`. Olhos e cromatóforos presentes ................................................................................................ 2 2. Dentes cônicos ou incisivos, dispostos em uma ou mais séries no pré-maxilar e dentário; raios pélvicos internos livres .................................................................................................................... 5 2`. Apenas dentes cônicos dispostos em 1 a 3 séries no pré-maxilar e dentário;filamentos na dorsal e peitoral presentes; raios pélvicos internos unidos ao abdome ao longo de toda sua porção proximal ............................................................................................................................... 3 1. Aberturas branquiais amplas estendendo-se abaixo da peitoral ............................................... ................................................................................................................................. Pseudocetopsis 3`. Aberturas branquiais restritas, não se estendendo abaixo da inserção da nadadeira peitoral 4 4.Duas a três séries de dentes cônicos no dentário ..................................................... Paracetopsis 4`. Uma série de dentes cônicos largos no dentário ........................................................... Cetopsis 5. Filamentos na peitoral e dorsal presentes nos machos; abertura branquial ampla estendendo-se abaixo da inserção da peitoral; três séries de dentes cônicos no pré-mailar e duas a três séries no dentário .............................................................. “Hemicetopsis macilentus” 5`. Filamentos na peitoral e dorsal ausentes; Abertura branquial não se estende abaixo da inserção da peitoral; uma série de dentes incisiviformes no pré-mailar e uma série de dentes cônicos largos no dentário ......................................................................................... Hemicetopsis Chave para gêneros de Callichthyidae (Reis, 1998) 1. Preopérculo coberto por pele; dentário com dentes; Placa nucal coberta por pele; focinho deprimido; barbilhão maxilar longo, normalmente além das aberturas branquiais (Callichthyinae) ................................................................................................................................ 2 1`. Preopérculo exposto; dentário sem dentes ; placa nucal exposta; focinho comprimido; barbilhão maxilar curto, normalmente não além do olho (Corydoradinae) ................................... 6 2. Ossos infraorbitais cobertos por pele; cabeça muito deprimida, sua altura menor do que 75 % da largura cleitral; coracóides não expostos ventralmente .............................................................. ......................................................................................................................................... Callichthys 2`. Ossos infraorbitais expostos; cabeça moderadamente deprimida, sua altura mais que 75% da largura cleitral; coracóides expostos ventralmente ................................................................... 3 3. Borda da caudal furcada ou côncava........................................................................................... 4 3`. Borda da caudal truncada ou convexa ....................................................................................... 5

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4. Primeiro infraorbital fracamente conectado ao etmóide lateral; acúleo dorsal tão longo quanto os primeiros raios ramificados ............................................................................... Dianema 4`. Primeiro infraorbital articulado ao etmóide lateral; acúleo da dorsal mais ou menos a metade do tamanho dos primeiros raios ramificados .............................................. Hoplosternum 5. Dorsal com uj acúleo, um raio simples e 7 a 8 raios ramificados; anal com dois raios simples e 5 a 6 raios ramificados; machos adultos com acúleo peitoral muito alongado ............. Megalechis 5`. Dorsal com um acúleo e 7 raios ramificados; anal com um raio simples e 5 ramificados; machos adultos com o acúleo peitoral alargado, mas não particularmente alongado .................... Lepthoplosternum 6. Fossa supra-occipital arredondada; porção óssea dos acúleos da peitoral e dorsal curtos, mais ou menos a metade do comprimento dos primeiros raios ramificados; placa nucal não contacta o processo posterior do supra-occipital ........................................................................... Aspidoras 6`.Fossa supra-occipital ausente; porção óssea dos acúleos da peitoral e dorsal tão longos quanto os raios ramificados subsequentes; placa nucal contactanto o processo posterior do supra-occipital ................................................................................................................................. 7 7. Dorsal com 7 a 9 raios ramificados ............................................................................... Corydoras 7`. Dorsal com 10 a 18 raios ramificados .............................................................................. Brochis Chave para os gêneros de Doradidae 1. Placas da linha lateral não atrofiadas .......................................................................................... 2 1`. Apenas uma placa grande limitando posteriormente o pseudo-tímpano e mais três pequenas à frente dela; adiposa prolongando-se para a frente como uma quilha; cabeça mais larga que longa ........................................................................................................... Wertheimeria 2. Corpo totalmente coberto por placas ósseas, inclusive a região ventral ..................................... ......................................................................................................................................... Lithodoras 2`. Apenas a série lateral de placas e, em alguns casos, uma série mediana atrás da dorsal e atrás da anal .................................................................................................................................... 3 3. Cabeça deprimida; largura do corpo (medida na cintura escapular) maior que o comprimento da cabeça; barbilhões simples, isto é, não ramificados .................................................................. 4 3`. Largura do corpo menor que o comprimento da cabeça; focinho cônico ou sub-cônico; boca relativamente pequena ................................................................................................................. 18 4. Base da nadadeira adiposa mais longa que a da anal ................................................................. 5 4’. Base da adiposa mais curta que a da anal ................................................................................ 11 5. Adiposa continuando-se para a frente como uma quilha baixa; focinho liso, isto é, osso lacrimal sem espinhos ..................................................................................................................... 6

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5’. Adiposa não se continuando para a frente ou continuando-se apenas por uma curta distância; acúleo da dorsal serrilhado apenas na frente; olho mais perto da ponta do focinho que da margem posterior do opérculo; pedúnculo caudal coberto acima e abaixo, em grande parte, com fulcros que aumentam de tamnaho para a frente; bexiga natatória sem divertículos e sem ceco posterior ................................................................................................ Franciscodoras 6. Pedúnculo caudal nu, tanto acima como abaixo, ou com a metade posterior coberta com fulcros caudais laminados ............................................................................................................... 7 6’. Pedúnculo caudal inteiramente coberto com placas tanto acima como abaixo, medianamente; placas muito altas, deixando somente uma estreita área nua ao longo do dorso; olho situado no meio da cabeça; bexiga natatória sem divertículos, sua altura igual à metade da largura; ceco posterior da bexiga natatória em forma de cenoura .............. Platydoras 7. Ceco posterior da bexiga natatória presente; tanto a porção anterior como o ceco deprimidos e orlados de numerosos divertículos .............................................................................................. 8 7’. Bexiga natatória sem ceco posterior .......................................................................................... 9 8. Menos de 23 placas na linha lateral; espinhos da face posterior do acúleo da dorsal em menor número que os da face anterior ...................................................................... Megalodoras 8’. Cerca de 34 a 40 placas na linha lateral .................................................................. Centrodoras 9. Menos de 18 placas na linha lateral; bexiga natatória mais larga que longa, com uma fileira marginal de divertículos; espinhos da face posterior do acúleo da dorsal menores e em menor número que os da face anterior ..................................................................................... Hoplodoras 9’. Mais de 20 placas na linha lateral ............................................................................................ 10 10. 25 a 30 placas na linha lateral, muito estritas, as mais fortes sobre a nadadeira anal; olho totalmente à frente do meio da cabeça; bexiga natatória deprimida e marginada com divertículos franjados na borda posterior e lateral; um divertículo plumiforme no ângulo externo anterior, curvado ao redor da porção anterior da bexiga ................................ Pterodoras 10’. 30 placas na linha lateral; espinhos posteriores do acúleo da dorsal mais fortes que os anteriores; três placas com espinhos em contato com o escudo nucal; o restante das placas diminuindo gradativamente de tamanho; bexiga natatória sem divertículos e cecos ... Centrochir 11. Acúleo da dorsal com espinhos em frente ou atrás ................................................................ 12 11’. Acúleo da dorsal sem espinhos, com sulcos longitudinais (exceto Physopyxis) ....................... ....................................................................................................................................................... 15 12. Corpo escuro com uma faixa clara ao longo da linha lateral ............................... Acanthodoras 12’. Corpo sem faixa clara ao longo da linha lateral ..................................................................... 13 13. Placas acima e abaixo do pedúnculo caudal com espinho; lados do acúleo da dorsal e peitoral com espinhos; osso lacrimal erétil, com espinhos; olho situado à frente do meio da cabeça ................................................................................................................................ Agamyxis

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13’. Fulcros caudais laminados e proeminentes, cobrindo aproximadamente a metade da superfície superior e inferior do pedúnculo caudal; acúleo da dorsal e peitoral sulcados lateralmente .................................................................................................................................. 14 14. Lacrimal erétil; largura do corpo (medida na cintura escapular) maior que a distância do focinho até a extremidade do escudo nucal; ceco posterior da bexiga natatória simples ou bifurcado ..........................................................................................................................Astrodoras 14’. Lacrimal procumbente; largura do corpo cerca de 1,25 vezes na distância do focinho até a extremidade do escudo nucal; porção posterior da bexiga natatória em forma de coração ou com um ceco simples .................................................................................................. Scorpiodoras 15. Processo do coracóide mais curto que o processo cleitral ..................................................... 16 15’. Processo do coracóide muito maior que o processo cleitral, este não alcança o primeiro escudo da linha lateral; caudal arredondada ................................................................. Physopyxis 16. Sem placas entre a dorsal e a adiposa; caudal entalhada ....................................................... 17 16’. Uma grande placa sobre a porção anterior da adiposa; caudal truncada; lacrimal sem espinhos ......................................................................................................................... Amblydoras 17. Granulações do coracóide e cleitro confluentes num grande escudo; lacrimal com espinhos........................................................................................................................Amblydoras 17’. Granulações do coracóide e cleitro não confluentes, deixando um espaço coberto por pele entre eles; lacrimal sem espinhos ..................................................................................... Anadoras 18. Escudo nucal sem forame ........................................................................................................ 19 18’. Escudo nucal com um forame de cada lado, logo atrás do supra-occipital ........................... 23 19. Barbilhões simples; barbilhões mentonianos não unidos por uma membrana em suas bases; adiposa continuando-se para a frente como uma quilha baixa, mais longa que a nadadeira anal20 19’. Barbilhões maxilares franjados; as bases dos barbilhões mentonianos unidas por uma membrana; olho atrás do meio da cabeça; acúleo dorsal serrilhado em ambas as margens; adiposa curta; caudal furcada ....................................................................................................... 22 20. Olho atrás do meio da cabeça; pedúnculo caudal nu, tanto acima como abaixo; margem posterior do acúleo da dorsal com espinhos antrorsos ou em ângulo reto com o eixo do acúleo, menos numerosos e muito mais fracos que os da margem anterior ........................................... 21 20’. Olho no meio da cabeça; porção superior do pedúnculo caudal inteiramente coberta por fulcros caudais laminados; porção inferior quase inteiramente coberta por fulcros; face posterior do acúleo da dorsal com espinhos retrorsos muito mais longos que os da face anterior...............Rhinodoras 21. 16 a 23 placas na linha lateral; fileiras de tentáculos no fungdo do teto da boca Pseudodoras 21’. 34 a 40 placas na linha lateral; sem tentáculos no teto da boca ............................... Oxydoras 22. Opérculo, pré-opérculo e processo coracóide granulares; primeira placa nucal grande ...................................................................................................................................... Trachydoras

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22’. Opérculo, pré-opérculo e processo coracóide cobertos com pele; superfície mediana dorsal e ventral sem placas ................................................................................................................ Doras 23. Barbilhão maxilar franjado com diminutas barbelas .............................................................. 24 23’. Barbilhão maxilar simples; barbilhões mentonianos ligados por uma membrana basal; adiposa curta .................................................................................................................. Nemadoras 24. Uma série mediana de placas entre a dorsal e a adiposa e, às vezes, entre as pélvicas e a anal (em exemplares adultos) ......................................................................................... Hemidoras 24’. Região mediana do dorso sem placas .................................................................................... 25 25. Origem da ventral mais perto da caudal do que do focinho; adiposa não se continuando para a frente como uma quilha ..................................................................................................... 26 25’. Origem da ventral mais próxima do focinho do que da caudal; adiposa continuando-se para a frente como uma quilha .............................................................................................. Leptodoras 26. Olho de forma normal; escudos geralmente bem desenvolvidos ............................ Opsodoras 26’. Diâmetro horizontal do olho muito maior que o vertical; focinho muito longo; processo cleitral grande e arredondado posteriormente ..................................................................... Hassar Chave para gêneros de Auchenipteridae 1. Nadadeira adiposa presente, às vezes pequena ......................................................................... 2 1’. Nadadeira adiposa ausente ...................................................................................................... 12 2. Ventrais com 9 a 13 raios; anal com 57 a 59 raios ........................................... Pseudoepapterus 2’. Ventrais com 12 a 15 raios; anal com 32 a 49 raios ............................................. Auchenipterus 2’’. Ventrais com 6 a 10 raios; anal com menos de 50 raios ........................................................... 3 3. Ventrais com 10 raios; anal com 13 raios ............................................................... Asterophysus 3’. Ventrais com 9 a 10 raios; analç com 20 a 26 raios ................................................................... 4 3’’. Ventrais com menos de 9 raios ................................................................................................. 6 4. Caudal obliquamente truncada ou levemente furcada .............................................................. 5 4’. Caudal profundamente furcada ................................................................. Pseudauchenipterus 5. Cabeça muito deprimida, com os ossos expostos e granulares; fontanela pequena, oval ou arredondada; olho pequeno, cabendo mais que 6 vezes na cabeça ................................................ .................................................................................................................................. Trachycorystes 5’. Cabeça deprimida somente na porção anterior, sua porção posterior quase tão alta quanto larga; fontanela alongada, seu comprimento mais que 3 vezes sua largura; olho grande, menos que 4 vezes na cabeça ...................................................................................... Auchenipterichthys 7. Ventrais com 8 raios; anal com cerca de 20 (17 a 25) raios ........................................................ ......................................................................................................................... Pseudauchenipterus 6’. Ventrais com menos de 8 raios .................................................................................................. 7

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7. Ventrais com 7 raios .................................................................................................................... 8 7’. Ventrais com 6 raios ................................................................................................................... 9 8. Anal com 12 raios; cabeça deprimida, sua largura o dobro da altura .......................................... ........................................................................................................................................ Tocantinsia 8’. Anal com 15 a 16 raios; cabeça não deprimida, sua largura medida na ponte escapular somente pouco maior que a altura (medida no mesmo nível) ......................................................... ....................................................................................................................................... Pseudotatia 9. Anal com 17 a 41 raios............................................................................................................... 10 9’. Anal com 7 a 13 raios ................................................................................................................ 11 10. Barbilhão maxilar longo, alcançando a base da anal; barbilhões mentonianos internos alcançando a base da peitoral; anal com 18 a 21 raios; caudal furcada com lobos agudos; corpo mais ou menos delgado ............................................................................................... Entomocorus 10’. Barbilhão maxilar alcançando no máximo até a dorsal; barbilhão mentoniano interno não alcançando a base da peitoral; anal com 17 a 41 raios (geralmente 20 a 30); caudal obliquamente truncada ou arredondada, às vezes levemente emarginada, mas nunca furcada; corpo curto e pesado ........................................................................................... Parauchenipterus 11. Peitoral com um forte e longo acúleo e 7 a 12 raios; distância pré-dorsal 2,7 a 3,25 vezes no comprimento padrão ................................................................................................ Centromochlus 11’. Peitoral com um acúleo e 4 ou 5 raios ramificados; distância pré-dorsal 3,27 a 3,7 vezes no comprimento padrão; ossos do crânio cobertos com pele fina ...............................................Tatia 12. Ventral com 6 a 10 raios; anal com menos de 40 raios .......................................................... 13 12’. Ventral com 14 a 16 raios; anal com mais de 50 raios ........................................................... 14 13. Ventral com 6 raios; anal com cerca de 32 raios; olho pequeno, 6 vezes na cabeça ................................................................................................................................ Trachelyopterus 13’. Ventral com 10 raios; anal com 35 raios; olho grande menos de 4 vezes na cabeça ................ ..................................................Trachelychthys 14. Ventral com 15 ou 16 raios; anal com cerca de 53 raios; dorsal com um acúleo e 4 raios; dentes presentes ............................................................................................ Trachelyopterichthys 14’. Ventral com 14 raios; anal com cerca de 61 raios; dorsal com um acúleo e 3 raios; sem dentes ............................................................................................................................... Epapterus Chave para subfamílias e gêneros de Trichomycteridae 1. Sem espinhos no opérculo e no interopérculo (Fig. 65) ............................................................. 2 1’. Com espinhos no interopérculo e geralmente no opérculo (Fig. 66) ........................................ 6 2. Nadadeira peitoral com acúleo; barbilhões mentonianos e nasais presentes; nadadeira dorsal inserida sobre as ventrais (Subfamília NEMATOGENYINAE) .................................................

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.................................................................................................................................... Nematogenys 2’. Nadadeira peitoral sem acúleo ou ausente ............................................................................... 3 3. Nadadeira dorsal ausente; barbilhões nasais, rostrais e maxilares presentes; barbilhões mentonianos ausentes; anal (se presente) e caudal não confluentes (Subfamília GLANAPTERYGINAE) ........................................................................................................................ 4 3’. Nadadeira dorsal presente; somente os barbilhões maxilares e mentonianos presentes; anal e caudal muito longas e confluentes entre si (Subfamília PHREATOBIINAE) ........ Phreatobius 4. Nadadeira anal presente; olhos degenerados; nadadeira caudal pequena, mas bem desenvolvida (Fig. 67) 5 4’. Nadadeira anal ausente; olhos funcionais; caudal degenerada numa franja; anguiliformes (Fig. 68) ......................................................................................................................... Glanapteryx 5. Sem vestígios externos de olhos; focinho curto; peitorais presentes; corpo curto e grosso, comprimido ................................................................................................................... Pygidianops 5’. Olhos vestigiais; focinho alongado em forma de pá; peitorais ausentes; corpo muito alongado ........................................................................................................................ Typhlobelus 6. Corpo curto e grosso; cabeça alta; adiposa presente, longa e baixa (Subfamília SARCOGLANIDINAE) ........................................................................................................................ 7 6’. Corpo alongado; cabeça baixa; adiposa ausente ....................................................................... 8 7. Dorsal com 4 raios; sem barbelas sob a cabeça ......................................................... Sarcoglanis 7’. Dorsal com 9 raios; com um par de barbelas sob a cabeça ................................... Malacoglanis 8. Boca terminal, não em forma de ventosa (Fig. 49) ..................................................................... 9 8’. Boca inferior, às vezes em forma de ventosa (Fig. 69) ............................................................. 14 9. Membranas branquiais confluentes com o istmo; caudal profundamente furcada; cabeça um tanto alta; sem barbilhões nasais (Subfamília PAREIODONTINAE; Fig. 70) ............... Pareiodon 9’. Membranas branquiais livres ou pouco ligadas ao istmo; caudal arredondada ou emarginada; cabeça achatada; barbilhões nasais presentes (Subfamília TRICHOMYCTERINAE; Fig.71) ............................................................................................................................................ 10 10. Opérculo com uma longa aba dérmica; osso maxilar mais longo que seu barbilhão (Fig. 72) .................................................................................................................................. Scleronema 10’. Opérculo sem aba dérmica; maxilar muito pequeno ............................................................. 11 11. Nadadeira dorsal longa, com 14 ou mais raios ....................................................................... 12 11’. Nadadeira dorsal curta, com cerca de 11 raios; pedúnculo caudal comprimido ...................... ....................................................................................................................................................... 13 12. Pedúnculo caudal fortemente comprimido; distância pré-dorsal maior que a metade do comprimento (total); peitoral prolongada num curto filamento; dorsal com 17 raios; ânus situado entre as pontas das ventrais................................................................................. Hatcheria 12’. Pedúnculo caudal arredondado; distância pré-dorsal aproximadamente igual à metade do comprimento (total); dorsal com 14 a 16 raios; ânus situado próximo à base das ventrais . ......

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........................................................................................................................................Bullocki 13. Nadadeiras ventrais presentes (Fig. 73) ............................................................ Trichomycterus 13’. Nadadeiras ventrais ausentes (Fig. 74) ................................................................. Eremophilus 14. Anal de base curta, com 7 a 11 raios, sua origem atrás ou raramente sob a base da dorsal . 15 14’. Anal de base longa, com 15 a 25 raios, sua origem em frente da dorsal (Subfamília TRIDENTINAE) ............................................................................................................................... 28 15. Dentários unidos medialmente; boca larga; numerosos dentes delicados em faixa ou fileiras (Subfamília STEGOPHILINAE; Fig. 75) ................................................................................ 16 15’. Dentários separados medialmente; boca pequena; dentes grandes (Subfamília VANDELIINAE; Fig. 76) 23 16. Lábios grandes, extrusíveis, estendendo-se para trás, até perto da abertura branquial; espinhos operculares ausentes ................................................................................ Apomatoceros 16’. Lábios não extrusíveis; espinhos operculares presentes ....................................................... 17 17. Olhos laterais, bem afastados um do outro; cabeça muito chata e deprimida; interorbital quase tão largo quanto a cabeça e quase perfeitamente chato .........................Haemomaster 17’. Olhos superiores, próximos um do outro; interorbital estreito, geralmente côncavo .......... 18 18. Membranas branquiais unidas entre si e livres do istmo (Fig. 77) ............................................. ................................................................................................................................... Acanthopoma 18’. Membranas branquiais confluentes com o istmo (Fig. 69) .................................................... 19 19. Caudal furcada, os lobos um tanto longos e afilados; cabeça e corpo mais ou menos altos e grossos; pedúnculo caudal delgado (Fig. 78) .................................................. Pseudostegophilus 19’. Caudal emarginada, truncada ou arredondada; corpo um tanto delgado; cabeça deprimida (Fig. 79) ......................................................................................................................... 20 20. Numerosos raios procurrentes acessórios; caudal semelhante à de um girino, mas não muito afilada ............................................................................................................. Ochmacanthus 20’. Raios caudais procurrentes em pequeno número; caudal de aspecto distinto......................... ....................................................................................................................................................... 21 21. Somente 2 espinhos no opérculo (Fig. 79) .............................................................. Henonemus 21’. Quatro ou mais espinhos no opérculo ................................................................................... 22 22. Origem da ventral situada mais ou menos no meio da distância entre a ponta do focinho e a origem da caudal. ................................................................................................. Homodiaetus 22’. Distância da origem das ventrais até a base da caudal cerca de 1,5 a 2 vezes na distância entre ela e o focinho ...................................................................................................... Stegophilus 23. Membranas branquiais unidas entre si e livres do istmo; dentes presentes na mandíbula; dentários mais ou menos unidos entre si ............................................................ Paracanthopoma 23’. Membranas branquiais confluentes com o istmo .................................................................. 24 24. Um grande dente em forma de garra na extremidade de cada maxilar (dificilmente visível sem dissecção); duas séries de dentes depressíveis no meio da maxila superior, flanqueadas

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por uma série de dentes muito menores; duas séries curtas de dentes nas extremidades dos ramos mandibulares; caudal subtruncada ........................................................................................ ....................................................................................................................................... Branchioica 24’. Sem dente em forma de garra na extremidade do maxilar ................................................... 25 25. Poucos dentes depressíveis numa única série no meio da maxila superior; caudal arredondada ou emarginada 26 25’. Diversas séries de dentes depressíveis no meio da maxila superior, flanqueadas por uma série simples de dentes menores de cada lado ............................................................................ 27 26. Mandíbula desprovida de dentes ................................................................................ Vandellia 26’. Um conjunto de pequenos dentes em cada dentário ...........................................Plectrochilus 27. Uma pequena série de dentes na extremidade distal do dentário; caudal emarginada............. ...........................................................................................................................Parabranchioica 27’. Dentário desprovido de dentes; caudal com o lobo superior alongado .................................... .................................................................................................................................... Paravandellia 28. Conjuntos de espinhos operculares e interoperculares confluentes entre si; membranas branquiais unidas ao istmo ............................................................................................ Miuroglanis 28’. Espinhos operculares distantes dos interoperculares; membranas branquiais unidas entre si, livres do istmo; olhos laterais, bem separados um do outro; interorbital largo e chato (Fig. 77) ................................................................................................................................ 29 29. Corpo não muito alongado; altura 4 a 8 vezes no comprimento padrão; cabeça 5 a 6,5 no comprimento padrão; 4 a 8 espinhos interoperculares ................................................................ 30 29’. Corpo muito alongado; altura cerca de 13 vezes no comprimento padrão; cabeça cerca de 9 vezes no comprimento padrão; 3 ou 4 espinhos interoperculares .......................................... ...............................................................................................................................................Tridens 30. Dez espinhos operculares; 2 barbilhões maxilares; barbilhão nasal presente ........................... ...................................................................................................................................... Tridentopsis 30’. Seis espinhos operculares; 1 barbilhão maxilar; barbilhão nasal ausente ................................ ...................................................................................................................................... Tridensimilis Gêneros não incluídos: Pleurophisus Ribeiro, 1918 Trichogenes Britski, 1983 Chave para gêneros de Pimelodidae 1. Dentes incisivos em duas séries no pré-maxilar e uma série no dentário .................................. ....................................................................................................................................... Callophysus 1`. Dentes cônicos, geralmente viliformes ...................................................................................... 2

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2. Palato sem dentes (vide exceção Pimelodus) ............................................................................. 3 2`. Palato com dentes, os dentes do vômer e do pterigóide formando áreas dentígeras relativamente grandes .................................................................................................................. 29 3. Órbita com margem livre, isto é pele da cabeça formando uma invaginação mais ou menos profunda ao redor dos olhos ........................................................................................................... 4 3`. Órbita sem margem livre, pele da cabeça passa sobre os olhos sem invaginação ..................... ....................................................................................................................................................... 17 4. Primeiro raio da dorsal mole, não transformado em um acúleo pungente ............................... 5 4`. Primeiro raio da dorsal forte, transformado em um acúleo ...................................................... 9 5. Maxila superior muito mais longa que a inferior; poucos dentes, fracamente assentados nos ossos .......................................................................................................................................... 6 5`. Maxila superior apenas um pouco mais longa que a inferior; faixa de dentes bem desenvolvidas; primeiro raio da peitoral mole ............................................................................... 7 6. Primeiro raio da peitoral mole não transformado em acúleo ................................... Pimelodina 6`. Primeiro raio da peitoral forte, transformado em acúleo ....................................... Cheiroceros 7. Barbilhões longos e largos, com uma aba membranosa na margem posterior; adiposa originando-se logo atrás (cerca de um diâmetro ocular) da base da dorsal..................................... ........................................................................................................................................ Pinirampus 7`. Barbilhões teretes ou pouco achatados; adiposa iniciando-se bem mais atrás da base da dorsal ............................................................................................................................................... 8 8. Adiposa originando-se na ponta dos raios da dorsal, quando adpressa ao corpo; seu comprimento cerca de três vezes no comprimento do corpo ................................ Luciopimelodus 8`. Adiposa separada da dorsal por uma distância maior que a base da mesma, seu comprimento cerca de quatro vezes no comprimento do corpo ............................... Megalonema 9. Dentes ausentes no pré-maxilar ou no dentário ....................................................................... 10 9`. Dentes sempre presentes no pré-maxilar e no dentário ......................................................... 11 10. Dentes ausentes no pré-maxilar; fontanela interrompida atrás dos olhos ................................ ............................................................................................................................................ Bergiaria 10`. Dentes ausentes no dentário; fontanela até o processo do supra-occipital ............................. ................................................................................................................................... Conorhynchus 11. Processo supra-occipital, quando presente, não alcançando a placa nucal ........................... 12 11`. Processo supra-occipital sempre presente, alcançando a placa nucal .................................. 13 12. Fontanela não se continuando atrás dos olhos ............................................................ Rhamdia 12`. Fontanela continuando-se até a base do processo supra-occipital ......................... Rhamdella 13. Processo supra-occipital largo na base e forte; fontanela não se continuando atrás dos olhos .............................................................................................................................................. 14 13`. Processo supra-occipital estreito; fontanela continuando-se até o supra-occipital ....................................................................................................................................... Pimelodella

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14. Nadadeira caudal obliquamente arredondada .......................................................... Goeldiella 14`. Nadadeira caudal furcada ...................................................................................................... 15 15. Lábio superior sem margem livre dorso-lateralmente ou com uma pequena margem livre; focinho largo ......................................................................................................................... 16 15`. Lábios grandes, o superior com margem livre formando uma aba de pele desde o lado até o meio da abertura bucal; focinho estreito em vista dorsal ....................................................... ................................................................................................................................... Iheringichthys 16. Olhos situados em posição estritamente lateral; anal com 17 raios .......................................... .................................................................................................................................. Parapimelodus 16`. Olhos situados em posiçãosúpero-lateral; anal com 11 a 13 raios. (Às vezes pequenas áreas de dentes no palato) .............................................................................................. Pimelodus 17. Olho degenerado, completamente coberto por pele e não visível externamente; caudal furcada ........................................................................................................................................... 18 17’. Olho normal, mas pequeno .................................................................................................... 20 18. Processo supra-occipital não alcançando a placa nucal; 9 a 11 raios na anal ........................ 19 18`. Processo supra-occipital alcançando a placa nucal; 12 a 15 raios na anal ................................ .................................................................................................................................... Typhlobagrus 19. Fontanela atingindo a base do processo supra-occipital; espaço entre a adiposa e a dorsal maior que a base da dorsal .................................................................................... Caecorhamdella 19`. Fontanela não se estendendo além do nível posterior dos olhos; espaço entre a diposa e a dorsal menor que a base desta última ................................................................... Caecorhamdia 20. Acúleo da dorsal bem desenvolvido, forte; corpo curto; cabeça aproximadamente tão larga quanto longa ......................................................................................................................... 21 20`. Acúleo da dorsal pequeno ou substituído por um raio mole, não pungente ........................ 24 21. Superfície dorsal do crânio coberta por pele; origem da pélvica atrás do meio do corpo (exceto às vezes nos jovens) .......................................................................................................... 22 21`. Superfície dorsal do crânio coberta com espessa camada de músculos; origem da pélvica à frente do meio do corpo ............................................................................................ Brachyglanis 22. Topo da cabeça com cristas ósseas; nadadeira adiposa muito baixa, sua altura aproximadamente igual ao diâmetro da órbita .......................................................... Lophiosilurus 22`. Topo da cabeça liso; adiposa bem desenvolvida e relativamente alta .................................. 23 23. Faixa de dentes do pré-maxilar com um ângulo projetando-se para trás .................................. ............................................................................................................................. Pseudopimelodus 23`. Faixa de dentes do pré-maxilar sem ângulo projetando-se para trás lateralmente ................. ....................................................................................................................................... Microglanis 24. Acúleo da peitoral forte e curto; crânio coberto com espessa camada de músculos; anal com 17 raios ou mais ........................................................................................................ Myoglanis 24`. Acúleo da peitoral fraco ou ausente ...................................................................................... 25

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25. Anal com 13 a 28 raios ............................................................................................................ 26 25`. Anal com cerca de 11 raios..................................................................................................... 27 26. Cabeça alta; corpo alto e pesado; origem da pélvica sob os raios posteriores da dorsal ...................................................................................................................................... Rhamdiopsis 26`. Cabeça mais ou menos deprimida; orpo alongado ................................................ Heptaperus 27. Cabeça alta; pélvica situada sob os raios posteriores da dorsal; caudal profundamente furcada ................................................................................................................... Cetopsorhamdia 27`. Cabeça deprimida ................................................................................................................... 28 28. Caudal lanceolada; pélvica alcançando o meio da anal ....................................... Nemuroglanis 28`. Caudal não lanceolada; pélvica não alcançando o meio da anal .............................. Imparfinis 29. Palato com diminutas áreas de dentes no vômer ................................................................... 30 29`. Palato com áreas bem desenvolvidas de dentes no vômer e freqüentemente no pterigóide ...................................................................................................................................... 31 30. Processo do supra-occipital não alcançando a placa nucal; barbilhões comprimidos em forma de cinta ...................................................................................................................... Perugia 30`. Processo supra-occipital alcançando a placa nucal; fontanela continuando-se até perto do processo supra-occipital; nadadeira adiposa mais alta que longa; focinho longo e pontudo ................................................................................................................................... Conorhynchus 31. Maxila superior projetando-se pouco ou não se projetando além da mandíbula ..................... ....................................................................................................................................................... 32 31`. Maxila superior projetando-se muito além da mandíbula .................................................... 43 32. Barbilhões muito largos, em forma de fita .............................................................................. 33 32`. Barbilhões teretes ou apenas um pouco achatados .............................................................. 34 33. Cabeça alta; olho relativamente grande; primeiro raio da dorsal prolongado em filamento ............................................................................................................ Platynematichthys 33`. Cabeça achatada, olho muito pequeno; primeiro raio da dorsal não prolongado em filamento ............................................................................................................................. Goslinia 34. Dorsal com I + 9 a 10 raios; dentes do vômer em duas áreas ovais, às vezes unidas medialmente e sempre separadas das áreas do pterigóide ................................................ Leiarius 34`. Dorsal com I + 6 a 8 raios ....................................................................................................... 35 35. Mandíbula mais longa que a maxila superior; faixa de dentes do pré-maxilar muito estreita na região medial; dentes vomerianos dispostos em uma área única muito mais larga que a do pré-maxilar e contínua com a do pterigóide ...................................................................... .................................................................................................................................... Hemisorubim 35`. Mandíbula igual ou mais curta que a maxila superior ........................................................... 36 36. Segunda placa nucal enormemente desenvolvida, reniforme; adiposa geralmente com raios; cabeça tão larga quanto longa .................................................................... Phractocephalus 36`. Segunda placa nucal pequena; adiposa sem raios ................................................................. 37

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37. Cabeça muito deprimida, sua largura ao nível da fenda bucal mais ou menos igual à sua maior largura; base da adiposa mais curta que a da anal; faixa de dentes do pré-maxilar muito estreita junto à sínfise; área de dentes do vômer separada na linha mediana, intimamente unida com a do pterigóide, formando em conjunto uma figura semelhante a uma vírgula ......................................................................................................... Pseudoplatystoma 37`. Cabeça mais afilada para a frente; áreas de dentes do palato de conformação distinta ..... 38 38. Pterigóide sem dentes ............................................................................................................. 39 38`. Pterigóide com dentes ........................................................................................................... 40 39. Áreas de dentes do vômer algo triangulares, separadas entre si medialmente; área de dentes do pré-maxilar com uma projeção posterior, lateralmente; corpo com faixas escuras e inclinadas ................................................................................................................... Merodontotus 39`. Áreas de dentes do vômer ovaladas, separadas ou, às vezes unidas medialmente; área de dentes do pré-maxilar sem projeção posterior; corpo sem faixas escuras .. Steindachneridion 40. Áreas de dentes do vômer e pterigóide separadas ................................................................. 41 40`. Áreas de dentes do vômer unidas às do pterigóide ............................................................... 42 41. Cabeça mais ou menos alta, aproximadamente tão alta quanto larga; fontanela interrompida atrás dos olhos; processo supra-ocipital alcançando a placa nucal ........................... ........................................................................................................................................... Bagropsis 41`. Cabeça mais larga que alta; caudal profundamente furcada; áreas de dentes do vômer separadas ou unidas medialmente ............................................................................. Duopalatinus 42. Cabeça tão larga quanto longa ...................................................................................... Paulicea 42`. Cabeça mais longa do que larga ................................................................... Brachyplatystoma 43. Focinho largo, a largura ao nível da boca igual ou maior que a largura da cabeça; dentes da maxila superior dispostos numa faixa larga em forma de crescente ....................................... 44 43`. Focinho longo e pontudo, sua largura ao nível da boca 1,5 vezes na maior largura da cabeça; dentes da maxila superior dispostos numa faixa longa em forma de seta; área de dentes do pterigóide ovalada longitudinalmente, distante da área vomeriana; barbilhões maxilares muito mais longos que o corpo......................................................................................... ........................................................................................................................... Platystomatichthys 44. Cabeça extremamente deprimida; olhos estritamente laterais ................................... Sorubim 44`. Olhos superiores ............................................................................................... Sorubimichthys Chave para as subfamílias de Loricariidae 1. Cabeça e corpo deprimidos; a superfície superior e inferior do pedúnculo caudal limitada lateralmente por uma única série de placas que geralmente formam uma quilha lateral; nadadeira adiposa ausente (Fig. 80) ................................................................................................. .................................................................................................................................... LORICARIINAE

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1’. Cabeça e corpo relativamente altos; pedúnculo caudal com mais de uma série de placas de cada lado (exceto em Oxyropsis), sua secção transversal elíptica, arredondada ou quadrangular (Fig. 81) ..................................................................................................................... 2 2. Ponte escapular exposta na superfície ventral, pelo menos lateralmente; adiposa geralmente ausente (espécies de pequeno porte com, no máximo, 10 cm de comprimento; Fig. 82) ........................................................................................................... HYPOPTOPOMATINAE 2’. Ponte escapular não exposta, coberta por pele ou placas dérmicas (Fig. 83) ........................... 3 3. Placas da região interopercular geralmente providas de espinhos ou cerdas, articuladas com o opérculo de tal forma que o levantamento deste provoca a projeção dos espinhos para fora (Fig. 84) ........................................................................................................ ANCISTRINAE 3’. Interopérculo normal, sem espinhos ou cerdas que se projetam para fora (Fig. 85) ................ 4 4. Fileira de dentes da mandíbula seguida por uma ou mais séries de papilas grandes e distintas das demais sobre o lábio; abdome com uma área central mais ou menos hexagonal, formada de placas pequenas e limitada de todos os lados por uma área nua (apenas um gênero, no Sudeste do Brasil; Fig. 86) ............................................................................................... ....................................................................................................................... NEOPLECOSTOMINAE 4’. Sem a série de papilas grandes atrás da série de dentes da mandíbula (Fig. 87) HYPOSTOMINAE Chave para gêneros de Loricariinae 1 Seis a oito placas entre o supraoccipital e a nadadeira dorsal; focinho prolongado num rostro; corpo muito delgado e estreito ........................................................................................... 2 1’ Duas a cinco placas entre o supraoccipital e a dorsal ................................................................. 3 2 Ponte escapular exposta na superfície ventral; rostro com uma dilatação na ponta provida de espinhos .................................................................................................................... Acestridium 2’. Ponte escapular não exposta ventralmente; rostro sem espinhos na ponta .............................. ......................................................................................................................................... Farlowella 3. Nadadeira caudal com 10 raios ramificados; entalhe orbital geralmente presente ................................................................................................................................................... 4 3’ Nadadeira caudal com 12 raios ramificados; entalhe orbital ausente ..................................... 21 4 Estruturas filamentosas presentes na porção mediana do lábio inferior .................................... 5 4’ Lábio sem estruturas filamentosas ........................................................................................... 13 5 Dentes presentes em ambas as maxilas ....................................................................................... 6 5’ Sem dentes na maxila superior ............................................................................... Planiloricaria

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6 Pré-maxilar com cinco dentes ou menos ..................................................................................... 7 6’ Pré-maxilar com seis dentes ou mais ......................................................................................... 9 7 Dentes excessivamente longos ............................................................................. Brochyloricaria 7’ Dentes não muito longos ............................................................................................................. 8 8 Dentes do pré-maxilar e dentário curtos, mais ou menos do mesmotamanho ........................... ...................................................................................................................................... Paraloricaria 8’ Dentes do pré-maxilar longo, pelo menos duas vezes mais longos que os do dentário (Fig 80) ........................................................................................................................................Loricaria 9 Apenas duas séries de placas grandes no abdome, uma grande placa anal; dentes com dois lobos sub-iguais .................................................................................................... Furcodontichthys 9’ Abdome nu ou coberto com pequenas placas dispostas em maior número de séries; dentes com lobos desiguais ........................................................................................................... 10 10. Maxila superior com mais de nove dentes de cada lado; barbilhões rictais divididos em ramos menores que por sua vez são divididos em ramos diminutos ............................................... ......................................................................................................................................... Ricola 10’ Maxila superior com menos de nove dentes de cada lado ..................................................... 11 11 Abdome nu, exceto por uma estreita faixa mediana de placas pequenas e arredondadas .................................................................................................................................. Crossoloricaria 11’ Abdome nu ou coberto com padrões variados de pequenas placas arranjadas numa faixa estreita mediana ............................................................................................................................ 12 12 Focinho expandido num rostro curto e agudo; barbilhão rictal longo, quase igual ao comprimento da cabeça ........................................................................................ Rhadinoloricaria 12’ Focinho de forma triangular, não expandido num rostro; barbilhão contido1,5 ou mais vezes no comprimento da cabeça ....................................................................... Pseudohemiodon 13. Focinho prolongado num rostro .............................................................................................. 14 13’ Focinho não prolongado num rostro....................................................................................... 15 14 Rostro expandido na ponta e provido de ganchos curtos............................ Hemiodontichthys 14’ Rostro sem ganchos na ponta .................................................................................... Reganella 15 Dentes bilobados, cada lobo em forma de colher, o lobo interno muitomaior que o externo .......................................................................................................................................... 16 15’ Lobos dos dentes não em forma de colher ............................................................................ 17 16 Abdome inteiramente revestido de placas “salientes” .......................................... Dasyloricaria 16’ Abdome parcialmente nu .................................................................................... Spatuloricaria 17 Lados da cabeça dos machos marginados com numerosas cerdas ........................................ 18 17’ Lados da cabeça sem cerdas em ambos os sexos ................................................................... 19 18 Abdome totalmente nu .............................................................................................. Ixinandria 18’ Abdome coberto de placas ..................................................................................... Rineloricaria

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19. Lábio superior estreito com muitas papilas diminutas estendendo-se anteriormente numa série de papilas separadas, curtas em forma de barbelas largas ....................................................................................................................................................... 20 19’ Lábio superior liso anteriormente, sem abas ..................................................... Loricariichthys 20 Três a cinco séries de placas entre as séries laterais do abdome; três a cinco placas à frente da placa impar anal .........................................................................................Limatulichthys 20’ Sete ou mais séries de placas entre as séries laterais do abdome; numerosas placas à frente da placa impar anal ....................................................................................... Pseudoloricaria 21 Focinho expandido num rostro ................................................................................... Sturisoma 21’ Focinho não expandido num rostro ........................................................................................ 22 22 Peitorais e dorsal prolongadas em filamento .......................................................................... 23 22’ Peitorais e dorsais não prolongadas ........................................................................................ 24 23 Peitoral com I + 7 raios ........................................................................................ Lamontichthys 23’ Peitoral com I + 6 raios ..................................................................................... Pterosturisoma 24 Corpo e pedúnculo caudal sem quilhas evidentes; placas espinhosas; abdome nu ................. .............................................................................................................................................Hartiella 24’ Corpo e pedúnculo com quilha lateral distinta .............................................................. Harttia Chave para gêneros de Hypoptomatinae 1 Pedúnculo caudal achatado .......................................................................................... Oxyropsis 1’ Pedúnculo caudal com secção elíptica ou arredondada ............................................................. 2 2 Postemporal elevado com 3 quilhas muito distintas e com perfurações grandes; i+12+i raios caudais (Fig 85) ............................................................................... Otothyris 2’ Caudal com i+14+i raios ............................................................................................................... 3 3 Trava do acúleo da dorsal ausente; cabeça achatada; órbita geralmente atingindo o perfil dorsal e ventral da cabeça ......................................................................................... Hypoptopoma 3’ Trava da dorsal presente ............................................................................................................ 4 4 Adiposa presente ..................................................................................................... Parotocinclus 4’ Adiposa ausente .......................................................................................................................... 5 5 Olho lateral, seu diâmetro maior que o espaço que separa da superfície inferior da cabeça Otocinclus 5’ Olho súpero–lateral, seu diâmetro menor que o espaço que o separa da superfície inferior da cabeça ............................................................................................................ Microlepidogaster Chave para gêneros de Ancistrinae

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1 Dorsal longa com I+9 a I +15 raios; dentes de ponta normal; borda do focinho granular ou híspida.......................................................................................................................Megalancistrus 1’ Dorsal curta, geralmente com I+7 raios, raramente I+8 ou I+9 .................................................. 2 2 Focinho desprovido de placas, mas com tentáculos (exceto nos jovens) (Fig 86 e 87) . Ancistrus 2’ Focinho coberto de placas, sem tentáculos ................................................................................ 3 3 Margem do focinho sem placas e sem cerdas ............................................................................. 4 3’ Margem do focinho com placas ou com cerdas .......................................................................... 7 4 Nadadeira adiposa ausente; área nua do focinho muito grande; uma área nua atrás da dorsal ....................................................................................................................... Lipopterichthys 4’ Nadadeira adiposa presente ....................................................................................................... 5 5 Peitoral, ventral e anal longas; raios da ventral e anal com abas cutâneas posteriores; dorsal com I+8 raios .............................................................................. Hypocolpterus 5’ Nadadeiras moderadamente desenvolvidas ......................................................... Chaetostomus 6 Margem do focinho com placas, granular ou híspido, porém sem cerdas .................................. 7 6’ Margem do focinho com cerdas ................................................................................................ 11 Dentes em pequeno número, em forma de concha .......................................................... Panaque 7’ Dentes com coroa de forma distinta ........................................................................................... 8 8 Dorsal unida à adiposa .............................................................................................. Parancistrus 8’ Dorsal separada da adiposa ......................................................................................................... 9 9 Pré-maxilar muito menor que o dentário, com poucos dentes ................................................. 10 9’ Pré-maxilar e dentário mais ou menos iguais em tamanho; numerosos dentes ......................... ............................................................................................................... Hemiancistrus (+Peckoltia) 10 Corpo muito deprimido; espinhos pouco conspícuos; (espécies de pequeno porte) ..... Litoxus 10’ Corpo elevado; placas com espinhos bem desenvolvidos (espécies de grande porte) ............................................................................................................................... Pseudacanthicus 11 Nadadeira adiposa presente .................................................................................................... 12 11’ Nadadeira adiposa ausente ..................................................................................................... 14 12 Cabeça muito larga e achatada, sua largura quase igual à distância pré-dorsal ......................... ................................................................................................................................. Cordylancistrus 12’ Cabeça mais estreita, sua largura muito menor que a distância pré-dorsal .......................... 13 13 Interopérculo armado com espinhos que podem ser dobrados e completamente retraídos sob o opérculo .............................................................................................. Lasiancistrus 13’ Interopérculo armado com espinhos delgados que não podem ser completamente retraídos sob o opérculo ......................................................................................... Dolichancistrus 14 Sem nadadeira anal ............................................................................................. Leptoancistrus 14’. Com nadadeira anal; dois escudos da série lateral inferior ficam em contato com o postemporal .................................................................................................................... Acanthicus

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Chave para gêneros de Hypostominae 1 Postemporal limitado posteroventralmente pelo cleitro ou por placas grandes ........................ 2 1’ Postemporal limitado posteroventralmente por uma área nua ou por uma área coberta de pequenas placas ......................................................................................................................... 7 2. Borda do focinho nua ................................................................................................. Lithogenes 2’ Borda do focinho revestida de placas ........................................................................................ 3 3 Margem da cabeça com cerdas ............................................................................ Pseudancistrus 3’ Margem da cabeça sem cerdas ................................................................................................... 4 4 Dorsal com I+7 raios ..................................................................................................................... 5 4’ Dorsal com I+9 a I+15 raios ......................................................................................... Liposarcus 5. Dentes com um dos lobos muito desenvolvido e em forma de concha ..................................... ........................................................................................................................................ Cochliodon 5’ Dentes de forma distinta ............................................................................................................. 6 6 Corpo totalmente coberto de longos espinhos; pedúnculo causal muito longo, a origem da anal situada mais ou menos no meio do corpo ................................................................................ .................................................................................................................................. Isorineloricaria 6’ Pedúnculo caudal curto, a origem da anal muito atrás do meio do corpo (Fig 81 e 84) ...................................................................................................................................... Hypostomus 7 27 a 32 placas laterais; 4 ou mais placas, excluindo a placa pré-dorsal, na linha mediana entre o supraoccipital e a origem da dorsal .................................................................................... 8 7’ 22 a 26 placas laterais; cleitro estendendo-se para trás acima da base do acúleo da peitoral .......................................................................................................................................... 12 8 Cada dente com dois lobos aproximadamente iguais; placas laterais não se encontrando ao longo da linha mediana dorsal entre a dorsal e a adiposa ........................................................... .......................................................................................................................................... Upsilodus 8’ Dentes normais, com um dos lobos pequeno e outro grande; placas laterais encontrando-se ao longo da linha mediana dorsal, pelo menos em parte ......................................................... 9 9 Cabeça curta e relativamente estreita, mais ou menos quadrangular, seu comprimento (até a extremidade do supraoccipital ) contido cerca de 3,6 vezes no comprimento padrão; a menor largura da face contida cerca de 2 vezes na largura interorbital; nadadeira adiposa presente; abdome nu; margem do focinho sem cerdas ............................................... Kronichthys 9’ Cabeça contida 3,4 vezes ou menos no comprimento padrão, larga e achatada ..................................................................................................................................................... 10 10 Nadadeira adiposa presente; pedúnculo caudal relativamente curto, arredondado ou ovalado, sua altura contida, 3,2 vezes ou menos no seu comprimento ....................................... 11

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10’ Nadadeira adiposa ausente; dorso atrás da nadadeira dorsal fortemente achatado, de tal maneira que a secção do pedúnculo é retangular; altura do pedúnculo caudal contida 3,7 vezes ou menos no seu comprimento........................................................................... Pareiorhina 11 Abdome inteiramente nu; adultos com cerdas retas na face, espiniformes nos machos ........... Hemipsilichthys 11’ Abdome com plaquinhas espalhadas; face com diminutas cerdas (em exemplares de 80 mm de comprimento)................................................................................................. Pareiorhaphis 12 Pedúnculo caudal achatado em baixo, algo triangular em secção transversal; abdome inteiramente nu; postemporal limitado póstero-ventralmente por uma área nua; anal curta, seu raio mais longo cerca de um terço do comprimento da ventral ................................................ ............................................................................................................................................. 13 12’ Pedúnculo caudal arredondado abaixo; abdome coberto de plaquinhas (nos adultos), pelo menos ao longo da base das placas laterais; postemporal limitado posteriormente por placas; raio mais longo da anal pelo menos a metade do comprimento da ventral .................... 14 13 Dorsal com I+9 ou I+10 raios .......................................................................................... Delturus 13’ Dorsal com I+7 raios ......................................................................................... Corymbophanes 14 Abdome quase inteiramente coberto de plaquinhas (no adulto); espaço interorbital muito largo; frontais excluídos da borda da órbita; adiposa ausente .......................................... 15 14’ Abdome em sua maior parte nu, mas com placas bem desenvolvidas, transversalmente alongados entre a base da peitoral e da ventral; frontal formando parte da órbita.................... 16 15 Região da face com cerdas bem desenvolvidas ................................................ Pseudorinelepis 15’ Região da face sem cerdas ........................................................................................... Rinelepis 16 Adiposa presente; face com cerdas; 22 placas laterais .......................................... Pogonopoma 16’ Adiposa ausente; sem cerdas; 25 ou 26 placas laterais ................................ Pogonopomoides Chave para gêneros de Cichlidae sulamericanos 1. Nadadeira anal com 3 espinhos .................................................................................................. 2 1’. Nadadeira anal com 4 ou mais espinhos .................................................................................. 18 2. Ramo superior do primeiro arco branquial com lóbulo .............................................................. 3 2’. Ramo superior do primeiro arco branquial sem lóbulo, normal.. .............................................. 9 3. Rastros situados na orla livre do lóbulo. ..................................................................................... 4 3’. Rastros situados na base do lóbulo. ........................................................................................... 8 4. Linha lateral superior correndo perto da base da dorsal (não mais distante que uma

escama). Pequeno porte (5 cm). Poucos rastros pequenos, às vezes faltando totalmente ....... 5. Apistogramma (+ Microgeophagus) 4’. Linha lateral superior distante da base da dorsal ...................................................................... 5

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5. Nadadeira dorsal com 7 a 9 espinhos. Pequeno porte (6 cm). Linha lateral degenerada, apenas poucas escamas perfuradas no ramo superior .................................................... Biotoecus 5’. Nadadeira dorsal com maior número de espinhos; linha lateral normal .................................. 6 6. Olho igual ou maior que a altura preorbital ............................................................. Pintoichthys 6’. Olho menor que a altura do preorbital ...................................................................................... 7 6. Base da nadadeira dorsal precedida por um espinho subcutâneo voltado para frente............. 7. Gymnogeophagus 7’. Base da dorsal não precedida por espinho ............................................................... Geophagus 8. Caudal espessamente coberta de escamas quase até a ponta. Lóbulo e rastros bem desenvolvidos. Lábio espesso .......................................................................................... Retroculus 8’. Escamas cobrindo apenas a metade basal da caudal. Lóbulo pouco desenvolvido com poucos rastros ............................................................................................................... Acarichthys 9. Borda posterior do preopérculo serrilhada ou denteada ......................................................... 10 9’. Borda posterior do preopérculo normal, lisa ........................................................................... 13 10. Corpo relativamente alto e comprimido ..................................................................... Crenicara 10’. Corpo alongado ...................................................................................................................... 11 11. Linha lateral superior correndo perto da dorsal (segunda série abaixo dela); pequeno porte (7cm) ........................................................................................................................ Dicrossus 11’. Linha lateral superior distante da dorsal ................................................................................ 12 12. Dentes dispostos em várias séries, os posteriores depressíveis ............................... Crenicichla 12’. Dentes dispostos em 2 ou 3 séries, não depressíveis ............................................. Batrachops 13. Dorsal com um entalhe entre a porção espinhosa e a de raios moles ............................. Cichla 13’. Dorsal contínua, sem entalhe ................................................................................................. 14 14. Rastros muito longos e numerosos .................................................................. Chaetobranchus 14’. Rastros curtos, em número pequeno ..................................................................................... 15 15. Dorsal densamente coberta de pequenas escamas, pelo menos até o meio da nadadeira. D. com XII-XVI + 19-21 e A . com III + 15-16 raios .......................................................... Astronotus 15’. Nadadeira dorsal não coberta de escamas até o meio .......................................................... 16 16. Boca grande; pré-maxilar muito protráctil; maxilar exposto distalmente, quando a boca está fechada........................................................................................................................ Acaronia 16’. Boca pequena; pré-maxilar moderadamente protráctil; maxilar não exposto distalmente . 17 17. Linha lateral superior distante da base da dorsal ..................................................... Aequidens 17’. Linha lateral superior correndo junto `a base da dorsal (separado dela apenas por meia série de escamas) ............................................................................................................ Nannacara 18. Rastros longos e numerosos ........................................................................ Chaetobranchopsis 18’. Rastros não alongados ............................................................................................................ 19 19. Numerosos raios moles na dorsal e anal (mais que 24 em cada uma delas).......................... 20 19’. Raios moles da dorsal e anal em menor número ................................................................... 21

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Sistemática e taxonomia de peixes de água doce da América do Sul - 74 Prof. Dr. Francisco Langeani

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20. Dentes com distribuição normal. Raios moles da dorsal, anal e ventrais prolongados ............. Pterophyllum 20’. Dentes confinados à porção anterior das maxilas ............................................. Symphysodon 21. Boca grande; processo do pré-maxilar muito longo; maxilar bem exposto na porção distal, quando a boca está fechada ...................................................................................... Petenia 21’. Boca moderadamente desenvolvida; processo do pré-maxilar bem mais curto que o anterior .......................................................................................................................................... 22 22. Corpo alto. Dentes grandes; os da série externa maiores e afastados dos da série interna; base dos dentes alargada. Escamas da linha lateral maiores que as das séries imediatamentesuperior ou inferior ........................................................................................... Uaru 22’. Corpo geralmente mais alongado. Dentes geralmente normais, às vezes de base alargada. Escamas da linha lateral do mesmo tamanho que as demais Cichlasoma Chave para gêneros de Poeciliidae, Anablepidae e Jenynsiidae do Brasil 1. Olhos salientes, pupila dividida; gonopódio cônico coberto de escamas ..................................... ........................................................................................................................................... Anableps 1’. Olhos normais não salientes....................................................................................................... 2 2. Gonopódio formado pelos raios 1 a 9 embutidos num tubo .......................................... Jenynsia 2’. Gonopódio formado pelos raios 3 a 5 ........................................................................................ 3 3. Pedúnculo caudal muito comprimido abaixo e limitado por duas séries de escamas que formam uma quilha cortante, sem a série de escamas medianas, inferiormente ......... Tomeurus 3’. Pedúnculo caudal normal, com a série de escamas medianas, inferiormente ......................... 4 4. Gonopódio curto, seu comprimento menor que 1/3 do comprimento do corpo ........................ .............................................................................................................................................. Poecilia 4’. Gonopódio longo, maior que 1/3 do comprimento do corpo ................................................... 5 5. Gonopódio sem apêndice ......................................................................................... Phalloptycus 5’. Gonopódio com apêndice .......................................................................................................... 6 6. Apêndice em forma de bandeirola simples, longa .................................................. Cnesterodon 6’. Apêndice em forma de bandeirola dupla (ou chifre de rena), curta ........................ Phalloceros 6’. Apêndice em forma de pá de jardim ..................................................................... Phallotorynus Obs. O gênero Poecilia compreende aqui os antigos gêneros Lebistes, Limia, Pamphoria e Pamphorichthys.

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Sistemática e taxonomia de peixes de água doce da América do Sul - 75 Prof. Dr. Francisco Langeani

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Chave para gêneros de Cyprinodontidae (afins a Rivulus ) da América do Sul (modificada de Myers, 1927) 1. Pedúnculo caudal muito comprimido, sua borda inferior em forma de lâmina; nadadeiras, especialmente a caudal e as pélvicas, pontudas e freqüentemente muito alongadas; dorsal de comprimento moderado (9-10 raios), inserida bem atrás da vertical da origem da anal; anal longa (19 a 20 raios ) .............................................................................................. Pterolebias 1’. Porção inferior do pedúnculo caudal não em forma de lâmina ................................................ 2 2. Abertura da boca formando um sulco em ângulo reto ou agudo em frente ao olho; linha preorbital aproximadamente vertical ou um pouco inclinada para trás ....................................... 3 2’. Fenda bucal quase reta, formando um sulco com um ângulo muito obtuso em frente ao olho; linha do preorbital muito obliqua; dorsal de comprimento moderado (9-10 raios), inserida bem atrás da vertical da origem da anal; anal longa (15 a 17 raios); caudal arredondada ou um pouco pontuda; pélvicas pontudas ou atenuadas; corpo mais ou menos comprimido ....................................................................................................................Trigonectes 3. Origem da nadadeira dorsal inserida sobre ou um pouco atrás da origem da anal ..................... ......................................................................................................................................................... 4 3’. Dorsal inserida bem atrás da vertical da origem da anal .......................................................... 5 4. Dorsal e anal de comprimento moderado (D. 10, A . 12); nadadeiraspélvicas separadas por um interespaço ; corpo alongado, mais ou menos comprimido; caudal redonda ..... Neofundulus 4’. Dorsal e anal longas (D. 16-18, A . 17-20, raios semelhantes nos dois sexos; nadadeiras pélvicas separadas por um interespaço; corpo bastante comprimido, mas não muito alto (altura 3 e meio a 4 e meio no comprimento); caudal redonda ou um pouco pontuda; dorsal e anal pontudas .......................................................................................................... Cynopoecilus 4’’. Dorsal e anal longas (D. 17-26, A . 17-33), raios mais numerosos nos machos; nadadeiras pélvicas não separadas por espaço, às vezes confluentes; corpo muito comprimido e um tanto alto (menos que 3 e 2/3 no comprimento do corpo); caudal redonda; dorsal e anal pontudas nos machos ..................................................................................................... Cynolebias 5. Cabeça tão alta ou mais alta que larga; corpo um pouco comprimido; nadadeiras pélvicas com os raios anteriores prolongados; dorsal e anal pontudas (nos machos pelo menos) ............ 6 5’. Cabeça bem mais larga que alta; corpo muito pouco comprimido, alongado; todas as nadadeiras, raios pélvicos não prolongados ......................................................................... Rivulus 6. Linha preorbital estendendo-se para cima, atrás e ao redor das abas nasais, mandíbula

não horizontal quando a boca está fechada; peitoral normal; caudal redonda, acuminada ..... Rivulichthys

6’. Linha preorbital não se estendendo para cima atrás e ao redor das abas nasais; mandíbula horizontal quando a boca está fechada (como em Rivulus); machos com peitoral atenuada e raios caudais externos prolongados ............................................................... Rachovia