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Disciplina: Língua Portuguesa Série: 1º Ano Turma: Profª: Tatiana Elizabeth Turno: Tardeb Ensino: Médio Aluno(a): Data: _____/_____/ 2015 Caderno de Atividades Autorreguladas - Dependência Liceu Nilo Peçanha Instruções: 1. A atividade deve ser feita com caneta esferográfica azul ou preta. Qualquer resposta a lápis NÃO será considerada. 2. A atividade sem assinatura NÃO será corrigida. 3. NÃO será aceito rasura. 4. Não amasse sua atividade, caso contrário será aplicada nota zero. Tenha cuidado

Atividade autorregulada

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Page 1: Atividade autorregulada

Disciplina: Língua Portuguesa Série: 1º Ano Turma: Profª: Tatiana Elizabeth

Turno: Tardeb Ensino: Médio

Aluno(a): Data: _____/_____/ 2015

Caderno de Atividades

Autorreguladas -

Dependência

1º ano do Ensino Médio

2015

Liceu Nilo Peçanha

Instruções:1. A atividade deve ser feita com caneta esferográfica azul ou preta. Qualquer

resposta a lápis NÃO será considerada.2. A atividade sem assinatura NÃO será corrigida.3. NÃO será aceito rasura.4. Não amasse sua atividade, caso contrário será aplicada nota zero. Tenha cuidado com seu material!

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Avaliação

Caro(a) aluno(a), A seguir, você deverá responder às questões propostas. Bom trabalho!

Você vai ler um fragmento do capítulo XIX de O Cortiço, em que o narrador conta como Bertoleza percebeu o esforço de João Romão para ascender socialmente. Após, responda às questões de 1 a 5.

... Era isto justamente o que, tanto o Barão como o Botelho, morriam por que lhe dissessem. Sim, porque aquela boa casa que se estava fazendo, e os ricos móveis encomendados, e mais as pratas e as porcelanas que haviam de vir, não seriam decerto para os beiços da negra velha! Conservá-la ia como criada? Impossível! Todo Botafogo sabia que eles até aí fizeram vida comum!

Todavia, tanto o Miranda, como o outro, não se animavam a abrir o bico a esse respeito com o vizinho e contentavam-se em boquejar entre si misteriosamente, palpitando ambos por ver a saída que o vendeiro acharia para semelhante situação.

Maldita preta dos diabos! Era ela o único defeito, o senão de um homem tão importante e tão digno.

Agora, não se passava um domingo sem que o amigo de Bertoleza fosse jantar à casa do Miranda. Iam juntos ao teatro. João Romão dava o braço à Zulmira, e, procurando galanteá-la e mais ao resto da família, desfazia-se em obséquios brutais e dispendiosos, com uma franqueza exagerada que não olhava gastos. Se tinham de tomar alguma coisa, ele fazia vir logo três, quatro garrafas ao mesmo tempo, pedindo sempre o triplo do necessário e acumulando compras inúteis de doces, flores e tudo o que aparecia. Nos leilões das festas de arraial era tão feroz a sua febre de obsequiar a gente do Miranda, que nunca voltava para casa sem um homem atrás, carregado com os mimos que o vendeiro arrematava.

E Bertoleza bem que compreendia tudo isso e bem que estranhava a transformação do amigo. Ele ultimamente mal se chegava para ela e, quando o fazia, era com tal repugnância, que antes não o fizesse. A desgraçada muita vez sentia-lhe cheiro de outras mulheres, perfumes de cocotes estrangeiras e chorava em segredo, sem ânimo de reclamar os seus direitos. Na sua obscura condição de animal de trabalho, já não era amor o que a mísera desejava, era somente confiança no amparo da sua velhice quando de todo lhe faltassem as forças para ganhar a vida. E contentava- se em suspirar no meio de grandes silêncios durante o serviço de todo o dia, covarde e resignada, como seus pais que a deixaram nascer e crescer no cativeiro. Escondia-se de todos, mesmo da gentalha do frege e da estalagem, envergonhada de si própria, amaldiçoando-se por ser quem era, triste de sentir-se a mancha negra, a indecorosa nódoa daquela prosperidade brilhante e clara.

E, no entanto, adorava o amigo, tinha por ele o fanatismo irracional das caboclas do Amazonas pelo branco a que se escravizam, dessas que morrem de ciúmes, mas que também são capazes de matar-se para poupar ao seu ídolo a vergonha do seu amor. O que custava aquele homem consentir que ela, uma vez

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por outra, se chegasse para junto dele? Todo o dono, nos momentos de bom humor, afaga o seu cão... Mas qual! o destino de Bertoleza fazia-se cada vez mais estrito e mais sombrio; pouco a pouco deixara totalmente de ser a amante do vendeiro, para ficar sendo só uma sua escrava. Como sempre, era a primeira a erguer-se e a última a deitar-se; de manhã escamando peixe, à noite vendendo-o à porta, para descansar da trabalheira grossa das horas de sol; sempre sem domingo nem dia santo, sem tempo para cuidar de si, feia, gasta, imunda, repugnante, com o coração eternamente emprenhado de desgostos que nunca vinham à luz. Afinal, convencendo-se de que ela, sem ter ainda morrido, já não vivia para ninguém, nem tampouco para si, desabou num fundo entorpecimento apático, estagnado como um charco podre que causa nojo. Fizera-se áspera, desconfiada, sobrolho carrancudo, uma linha dura de um canto ao outro da boca. E durante dias inteiros, sem interromper o serviço, que ela fazia agora automaticamente, por um hábito de muitos anos, gesticulava e mexia com os lábios, monologando sem pronunciar as palavras. Parecia indiferente a tudo, a tudo que a cercava...

Disponível em http://www.lunaeamigos.com.br/fragmentos/fragmentos8.htm Acesso em 16 out. 2013.

1) Releia com atenção o fragmento a seguir.

“Sim, porque aquela boa casa que se estava fazendo, e os ricos móveis encomendados, e mais as pratas e as porcelanas que haviam de vir, não seriam decerto para os beiços da negra velha! Conservá-la ia como criada? Impossível! Todo Botafogo sabia que eles até aí fizeram vida comum! ”

A partir da leitura do texto, pode-se deduzir que: a) João Romão e Bertoleza foram amantes durante anos. b) João Romão e Bertoleza conheciam-se desde muito jovens. c) João Romão havia comprado Bertoleza de seu antigo dono. d) João Romão havia contratado Bertoleza para ser sua criada. 2) Assinale a alternativa que apresenta um exemplo de discurso indireto livre.

a) “João Romão dava o braço à Zulmira, e, procurando galanteá-la e mais ao resto da família (...)” b) “Maldita preta dos diabos! Era ela o único defeito, o senão de um homem tão importante e tão digno. ” c) “A desgraçada muita vez sentia-lhe cheiro de outras mulheres, perfumes de cocotes estrangeiras e chorava em segredo (...)” d) “(...) tanto o Miranda, como o outro, não se animavam a abrir o bico a esse respeito com o vizinho e contentavam-se em boquejar entre si misteriosamente (...)”

3) Releia a passagem a seguir:

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“Nos leilões das festas de arraial era tão feroz a sua febre de obsequiar a gente do Miranda, que nunca voltava para casa sem um homem atrás, carregado com os mimos que o vendeiro arrematava. ”

Nesse fragmento, os termos obsequiar e arrematava, significam, respectivamente:

a) oferecer e concluía. b) presentear e acabava. c) agradar e adquiria. d) cortejar e completava.

4) Das passagens a seguir, qual a única que NÃO apresenta uma descrição subjetiva da personagem Bertoleza?

a) “(...) feia, gasta, imunda, repugnante, com o coração eternamente emprenhado de desgostos (...)” b) “Fizera-se áspera, desconfiada, sobrolho carrancudo, uma linha dura de um canto ao outro da boca. ” c) “(...) sem interromper o serviço (...) gesticulava e mexia com os lábios, monologando sem pronunciar as palavras. ” d) “E contentava- se em suspirar no meio de grandes silêncios durante o serviço de todo o dia, covarde e resignada (...)”

5) Observe os dois fragmentos a seguir:

I – “Como sempre, era a primeira a erguer-se e a última a deitar-se; de manhã escamando peixe (...)”

II – “(...) desabou num fundo entorpecimento apático, estagnado como um charco podre que causa nojo (...)”

Nesses trechos, pode-se verificar, respectivamente, a presença das figuras de linguagem: a) hipérbole e metáfora. b) antítese e comparação. c) onomatopeia e gradação. d) metonímia e personificação.

PesquisaVamos reler um fragmento do capítulo XIX e outro do capítulo XXIII.

Nessas passagens, você perceberá como a personagem Bertoleza é desprezada por João Romão, depois de passar anos trabalhando para enriquecê-lo.

Texto 1 – Capítulo XIX

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“E Bertoleza bem que compreendia tudo isso e bem que estranhava a transformação do amigo. Ele ultimamente mal se chegava para ela e, quando o fazia, era com tal repugnância, que antes não o fizesse. A desgraçada muita vez sentia-lhe cheiro de outras mulheres, perfumes de cocotes estrangeiras e chorava em segredo, sem ânimo de reclamar os seus direitos. Na sua obscura condição de animal de trabalho, já não era amor o que a mísera desejava, era somente confiança no amparo da sua velhice quando de todo lhe faltassem as forças para ganhar a vida. E contentava- se em suspirar no meio de grandes silêncios durante o serviço de todo o dia, covarde e resignada, como seus pais que a deixaram nascer e crescer no cativeiro. Escondia se de todos, mesmo da gentalha do frege e da estalagem, envergonhada de si própria, amaldiçoando-se por ser quem era, triste de sentir-se a mancha negra, a indecorosa nódoa daquela prosperidade brilhante e clara.”

Disponível em http://www.lunaeamigos.com.br/fragmentos/fragmentos8.htm Acesso em 16 out. 2013.

Texto 2 – Capítulo XXIII “[Bertoleza] Reconheceu logo o filho mais velho do seu primitivo

senhor, e um calafrio percorreu-lhe o corpo. Num relance de grande perigo compreendeu a situação; adivinhou tudo com a lucidez de quem se vê perdido para sempre: adivinhou que tinha sido enganada; que a sua carta de alforria era uma mentira, e que o seu amante, não tendo coragem para matá-la, restituía-a ao cativeiro.

Seu primeiro impulso foi de fugir. Mal, porém, circunvagou os olhos em torno de si, procurando escapula, o senhor adiantou se dela e segurou lhe o ombro. — É esta! disse aos soldados que, com um gesto, intimaram a desgraçada a segui-los. — Prendam-na! É escrava minha!

A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos espalmada no chão e com a outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada para eles, sem pestanejar.

Os policiais, vendo que ela se não despachava, desembainharam os sabres. Bertoleza então, erguendo se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto e, antes que alguém conseguisse alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado.

E depois embarcou para a frente, rugindo e esfocinhando moribunda numa lameira de sangue.”

Disponível em http://www.lunaeamigos.com.br/fragmentos/fragmentos8.htm Acesso em 16 out. 2013.

Nesses fragmentos, fica evidente uma questão sociocultural recorrente na história do Brasil, que é a exploração, preconceito e a discriminação sofridos pelo povo negro que muito contribuiu para a construção da sociedade brasileira. Você sabe que os povos africanos trouxeram diversas contribuições para a cultura e formação do povo brasileiro, uma vez que influenciaram a língua, a música, a dança, a culinária, a religião, entre outros.

De posse dessas informações, você deverá realizar uma pesquisa, dividida em duas etapas, que poderá ser realizada em duplas ou em grupos:

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ETAPA 1: Entreviste uma pessoa de descendência africana. É recomendável que essa pessoa tenha 40 anos de idade ou mais. Procure investigar as seguintes questões:

Você vê alguma diferença de tratamento em relação aos negros, considerando o período de 20, 30 anos atrás em relação aos dias atuais? O que mudou? Mudou para melhor?

Você já sofreu algum tipo de discriminação? Relate alguma situação.

Você acha que mesmo existindo a lei que pune o racismo, as pessoas ainda continuam discriminando os negros?

Na sua opinião, existe ou não discriminação no Brasil?

Você poderá fazer outras perguntas que achar interessantes. A partir das informações fornecidas pelo entrevistado, organize-as em um texto em que você apresente a pessoa entrevistada (se ela consentir, é claro!) e exponha as informações colhidas. Escreva seu texto para sua professora.

ETAPA 2: Pesquise na internet ou em outras fontes a participação do negro na cultura e sociedade brasileiras. Faça um painel com fotos de algumas personalidades brasileiras que venceram o preconceito e adquiram respeito e reconhecimento social. Abaixo de cada foto, dê as principais informações sobre sua contribuição social, cultural ou política. Eis algumas sugestões:

Taís Araújo, Lázaro Ramos (atores);

Joaquim Barbosa (ministro do Ministro do Supremo Tribunal Federal);

Benedita da Silva (deputada federal);

Edson Arantes do Nascimento – Pelé (jogador de futebol);

Adbias do Nascimento (militante político, ator, poeta);

Aleijadinho (escultor mineiro);

Zumbi dos Palmares; (ícone da resistência negra à escravidão);

Juliano Moreira (médico psiquiatra);

Lima Barreto, Machado de Assis (romancistas);

Pixinguinha, Cartola (compositores).

Caro aluno, esperamos que após o estudo de alguns fragmentos do romance “O cortiço” você tenha se interessado pela leitura integral da obra. Acesse o link http://stat.correioweb.com.br/arquivos/educacao/arquivos/AlusioAzevedo-OCortio0.pdf e leia esse grande clássico da literatura brasileira.