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O DOENTE NO MEIO HOSPITALAR: A Experiência da Hospitalização

Aula 5 o doente no meio hospitalar

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O DOENTE NO MEIO HOSPITALAR:

A Experiência da Hospitalização

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Introdução

A hospitalização pode ter diversos significados dependendo da natureza da doença, da personalidade do paciente e da sua situação de vida no momento em que é admitido.

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Hospital como uma instituição

Evolução histórica dos hospitais:• Na idade média - os hospitais eram para doentes

com baixo poder economico, órfaos e mendigos.

Pessoas com elevado poder económico eram tratadas em casa.

• Ate 1920 os hospitais eram vistos como instituições de caridade para os que não tinham outra alternativa para se curarem da doença.

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• Na actualidade os hospitais são instituições com muitas actividades relacionadas com a saúde dentre elas:– Prevenção da doença– Tratamento da doença– Atenção as vítimas de agressão– Promoção da educação sanitária– Realização de pesquisas– Treino de pessoal clínico/médicos

Hospital como uma instituição

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A Experiência da Hospitalização• A experiência da hospitalização ultrapassa a simples

interacção que as pessoas têm com os clínicos.

• Estar hospitalizado significa lidar com uma instituição como um todo que é estranha para grande parte das pessoas.

• Os hospitais têm as suas próprias regras e procedimentos, elaboradas primariamente para a conveniência e eficácia do pessoal hospitalar, que muitas das vezes parecem passar por cima das necessidades do paciente.

• Por isso os hospitais são considerados locais aversivos e a hospitalização tende a ser uma experiência negativa.

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A experiência da hospitalização• O processo de hospitalização pode ser sentido como

agressão, pois a instituição reforça a condição de dependência do portador de uma doença, impondo-lhe normas e decidindo tudo por si.

• É habitualmente um ambiente impessoal e estéril, onde não se tomam em consideração os hábitos pessoais ou de vida do paciente

• Neste sentido, quanto mais ansioso ou deprimido o doente estiver no momento da admissão, mais probabilidades terá de se sentir estranho e assustado, especialmente quando se trata de uma primeira admissão.

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O Paciente no Hospital• O paciente é a razão da existência do hospital. Entretanto

faz-se com que ele se sinta um hóspede (estranho) no ambiente hospitalar e geralmente não lhe é dado o devido valor.

• Pacientes hospitalizados são muitas vezes tratados de forma despersonalizada (como se fossem objectos) pelos clínicos como forma de minimizar envolvimento emocional ou para mantê-los quietos e calados.

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O papel do doente no hospital• O indivíduo é obrigado a adaptar-se a uma rotina ordenada com

horas estabelecidas para todas as actividades.• O paciente fica sujeito a experiências estranhas e por vezes

assustadoras.• Tem de se submeter a vários tratamentos• Observa de perto doenças de outras pessoas e escuta por

vezes a descrição dos sintomas• Tem de se adaptar ao facto de que as suas necessidades mais

intimas sejam cuidadas por outras pessoas que lhe são estranhas

• Deve observar as normas e responder às exigências do pessoal.

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O Papel do doente no hospital

• Espera-se que o doente siga os horários do hospital (refeições, toma dos medicamentos, o dormir e acordar, receber visitas de acordo com a rotina estabelecida), se conforme com os procedimentos hospitalares e deixe que o seu corpo esteja à disposição dos técnicos sempre que estes solicitarem.

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Tipologia de Pacientes

• As pessoas lidam de forma diferente com o papel de paciente. Deste modo, existem 3 formas de respostas dos pacientes:– Bons ou de fácil trato– Normais ou regulares– Problemáticos ou difíceis

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Pacientes Bons Pacientes Regulares Pacientes Problemáticos

• Colaboram no tto• Conformam-se passivamente com o papel de peciente• São tolerantes• Não reclamam• Resignam-se ao tratamento

• Colaboram no tto• Conformam-se passivamente com o papel de paciente • Menos tolerantes• Colaboram no tratamento

• Não são tolerantes• Transformam o seu problema de saúde em emocional.• Exigem atenção extra • Recusam colaborar com o tratamento

Preferidos dos clínicos porque não interferem com a rotina do pessoal.

Constituem a maior parte dos pacientes

Não são preferidos dos clínicos. Muitas

das vezes são esquecidos e vistos como perturbadores

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Porquê respostas diferentes ao papel do paciente:

• A forma como as pessoas respondem a perda de controle ao entrarem para o hospital (pouca informacao sobre a doença, ser colocado a disposição de uma instituição, e a viragem que acontece na vida do sujeito);

ANGÚSTIA E CONFUSÃO

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• Outros pacientes, particularmente os jovens, com melhor educação ou acostumados a ter controle sobre o seu meio, reagem com reactância (pacientes psicologicamente motivados para preservar o sentimento de liberdade que está ser ameaçado). A perda de controlo é vista como algo inaceitável a liberdade individual.

Porquê respostas diferentes ao papel do paciente:

RAIVA E RESISTÊNCIA

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• A reacção a hospitalização pode variar ao longo do tempo

• Alguns pacientes entram para o hospital com expectativas de manter o controle da situação mas que por vários factores (falta ou pouca informação) não conseguem mantê-lo ou te-lo desenvolvem o desespero.

Porquê respostas diferentes ao papel do paciente:

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Experiência da hospitalização

Para alguns pacientes o hospital é um lugar seguro, do qual esperam alívio dos seus sintomas que lhes causam dor, ansiedade e desamparo, onde podem por algum tempo ser aliviados das pressões, tensões e conflitos da vida quotidiana.

Outros experimentam como uma obrigação e o

sentimento dominante tende a ser ansiedade, a

qual pode, em varios graus, dever-se a

enfermidade, a sua situação de vida ou aos

temores que tenham dos hospitais

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• A hospitalização cria ainda uma cisão com o quotidiano do paciente podendo causar:– Descontentamento, desgosto sensação de abandono,

medo do desconhecido– Fantasias e temores (doença = castigo, agressão

externa, punição)– Incerteza e tensão– Passividade e efeitos infatilizantes (ser cuidado por

outros, falta de actividade e viver segundo o horário destes)

– Apatia e depressão

Reacções face a hospitalização

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Principais Recomendações

• Como diminuir o impacto da hospitalização no indivíduo:– Dar informação sobre a doença,

procedimentos terapeuticos e cirurgicos.– Ensinar técnicas de auto-controlo– Estabelecer uma relação médico-paciente de

empatia e com canais de comunicação abertos.

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A hospitalização na Infância

• A hospitalização é um processo que causa stress em qualquer pessoa.

• 10% a 35% de crianças hospitalizadas desenvolvem perturbações de comportamento

• 95% de crianças hospitalizadas mostram preocupações psicológicas

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A hospitalização na Infância• Quando o paciente é uma criança, os factores do

desenvolvimento se intensificam, influenciando a sua resposta emocional.

• Particularmente em crianças pequenas, o stress da hospitalização pode agudizar-se devido a ansiedade de separação (dor devido a separação da familia).

• Quando criancas pequenas são separadas dos seus pais e colocadas em ambientes desconhecidos, desenvolvem algumas reacções emocionais como a angustia, tristeza e desespero.

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A hospitalização na Infância

• Normalmente as crianças têm uma grande dificuldade de perceber o que está a acontecer ao seu redor e porque estão no hospital (muitas das vezes as crianças nao sabem porque os pais as levaram ao hospital, o que irá acontecer e o que não está bem com elas).

• Muitas das vezes os pais e clínicos simplesmente não informam o que lhes irá acontecer.

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• Pesquisas comprovam que criancas compreendem o adoecer de forma diferente que o adulto e podem não compreender o que lhes é dito.

• Por vezes as Crianças podem se culpar pela doença ou interpretar o tratamento como um castigo ou punição.

A hospitalização na Infância

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Falta de informação

Várias pesquisas sobre hospitalização demonstraram que as crianças hospitalizadas com frequência não sabiam porque os pais as tinham levado ao hospital, o que não estava bem com elas e o que iria acontecer com elas durante o internamento. (in Gofman, Buckman, e Schade )

Factores que dificultam a hospitalização

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Factores que dificultam a hospitalização

Má compreensão da doençaEstudos demonstraram que as crincas percebem a doenca de maneira diferente dos adultos e que a informação que lhes é dada não é devidamente compreendida causando confusão.

As criancas têm dificuldade em compreender o que está ao seu redor. Para a criança, elas é o centro da sua atenção.

As crianças podem se culpabilizar pela doenca ou pensar que o tratamento é uma forma de castigo.

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Outros factores que influenciam a hospitalização

• O sofrimento e as fantasias ameaçadoras da criança hospitalizada variam de acordo com:

– a idade da criança (crianças mais pequenas tem mais dificuldades),

– características individuais (capacidade de adaptação, níveis de tolerância)

– Características da própria doença (aguda ou crónica, sintomas da doença)

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• Implicacoes da hospitalização:– Separação do seu meio familiar, escolar e etc.– Imposição da inactividade– Medo das consequências da doença– Vergonha de ser observada por outros

• Deste modo a hospitalizacao cria na criança:– Regressao– Ansiedade– Angustia– Enurese

A hospitalização na Infância

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Fases de resposta emocional da criança face à separação da mãe

1. Protesto, desespero e negação; os danos da privação materna como a apatia, insegurança, medos e a ansiedade de separação podem ocorrer durante a hospitalização, especialmente se esta for prolongada e a criança for menor de cinco anos de idade;

2. O risco do hospitalismo, descrito como um quadro de reações bastante complexas, apresentado por crianças hospitalizadas, inclusive com sintomas clínicos que podem agravar ou se confundir com os sintomas da própria doença que determinou o internamento, dificultando o diagnóstico e o tratamento;

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Fases de resposta emocional da criança face à separação da mãe

3. As reações apresentadas pelas crianças, após a alta como: insónia, pesadelos, medo excessivo, seguir a mãe frequentemente e ter dificuldade em separar-se dela, ou, contrariamente, rejeitá-la, além do aparecimento de distúrbios reactivos de conduta como enurese, roer unhas, entre outros.

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• Preparar psicologicamente a criança para o internamento

• Garantir que a criança tenha o máximo de conforto e carinho durante o período de internamento ou tratamento.

• Muitos efeitos negativos podem diminuir se a criança receber informação adequada sobre:– a doença de modo a compreende-la melhor, – Os motivos do internamento – o que acontecerá durante o internamento.

Recomendações para os clínicos

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Técnicas para preparação da criança para a hospitalização

Técnicas usadas neste contexto:• Modelagem – exposição da criança a uma situação

de internamento/cirurgia ou testagem.• Ensino de técnicas aos pais ou cuidadores que

visam apoiar a criança a lidar com a doença/internamento.

• Diminuição da ansiedade dos pais informando-os ou preparando-os para as intervenções.

• A participação dos pais nos cuidados à criança no tratamento e recuperação da mesma.