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Departamento de Ciências da Educação
Curso: Ciências da Educação
1º Ciclo da licenciatura 2º Ano
Unidade Curricular: Educação Comparada
Ano lectivo: 2009/2010
Educação de Adultos/Aprendizagem ao longo da vida
Docente: Nuno Fraga
Discentes: Cátia Vieira; Carina Reis; Vânia Fernandes
Funchal, 23 de Janeiro de 2010
1
Índice
1-Introdução 4/5
2- Educação e formação de jovens e adultos em Portugal 6
2.1 Contexto histórico 6/7
2.2 Temas em debate e futuros desenvolvimentos 7/8
2.3 Objectivos gerais/Condições de acesso………………….......................8/9/10
2.4 Financiamento……………………………………………………………...10
2.5 Ligação educação/emprego……………………………………………..10/11
2.6 Partipação na Aprendizagem ao Longo da Vida…………………………...11
3- Educação e formação de jovens e adultos na Eslovénia 12
3.1 Contexto histórico 12
3.2 Temas em debate e futuros desenvolvimentos 13
3.3 Objectivos gerais/Condições de acesso…………………………….. 13/14/15
3.4 Fincanciamento……………………………………………………………..15
3.5 Ligação educação/emprego…………………………………………..…15/16
3.6 Participação na Aprendizagem ao Longo da Vida………………………….16
4- Justaposição………………………………………………………………………17/18
5- Comparação………………………………………………………………………19/20
6- Referências Bibliográficas…………………………………………………………..21
7- Anexos……………………………………………………………………………….22
2
Resumo
A educação de adultos diz respeito, tal como o nome indica à instrução e
qualificação dos mesmos que não tiveram oportunidade de prosseguir ou finalizar os
seus estudos. Este tema tem vindo cada vez mais a preocupar as entidades políticas a
nível europeu, sendo que todos os países pertencentes à UE têm vindo a desenvolver
projectos no sentido de levar a educação ao maior número de jovens e adultos possível.
Contudo, neste trabalho comparativo apenas são focados dois desses países: Portugal e
Eslovénia. Dada a necessidade da existência de variáveis numa comparação, são
abordadas aquelas consideradas mais pertinentes, sendo elas: os temas em debate e
futuros desenvolvimentos; objectivos gerais/condições de acesso; financiamentos;
ligação educação/emprego; participação na Aprendizagem ao Longo da vida. Numa
recta final são apresentadas as semelhanças e diferenças dos sistemas educativos em
questão, pois é esse o objectivo principal do trabalho.
Abstract
Adult education is concerned, as the name indicates the education and qualification of
those who had no opportunity to continue or terminate their studies. This theme has
been increasingly concerned about the political authorities at European level, and all
countries within the EU have been developing plans to bring education to more young
people and adults as possible. However, this comparative work is only focused on two
of these countries: Portugal and Slovenia. Given the need for a comparison of variables
are dealt with those considered most relevant, namely: the topics to be discussed and
future developments, overall objectives / conditions of access, financing, link education
and employment, participation in Lifelong learning. In the final run are presented the
similarities and differences in education systems in question, because that is the main
objective of the work.
3
1- Introdução
O presente trabalho foi elaborado na unidade curricular de Educação Comparada
e tem como objectivo fazer a comparação de dois sistemas educativos, nomeadamente
Portugal (país comum a todos os grupos da turma) e Eslovénia (país livremente
escolhido por nós). Ainda dentro dos referidos sistemas educativos tivemos a
possibilidade de escolher uma temática para desenvolvermos o nosso trabalho, e nós,
enquanto grupo, achamos interessante trabalhar a temática da Educação de Adultos, esta
que se encontra directamente ligada à Aprendizagem ao Longo da Vida, e através da
qual abordaremos uma série de variáveis que a ela dizem respeito.
Assim sendo, a realização do nosso trabalho baseou-se na leitura de documentos
relativos à educação em ambos os países, seguindo o método comparativo de Bereday,
divido em quatro fases: a descrição (obtenção dos dados), a interpretação (dos dados), a
justaposição (confronto entre as informações recolhidas) e a comparação (análise
simultânea da educação nos dois sistemas educativos).
Antes de passarmos ao trabalho propriamente dito, torna-se importante esclarecer
conceitos como a Aprendizagem ao Longo da Vida e Educação de Adultos.
Relativamente à Aprendizagem ao Longo da Vida, a Comissão e os Estados-Membros,
no âmbito da Estratégia Europeia de Emprego, definiram-na como “toda e qualquer
actividade de aprendizagem, com objectivo, empreendida numa base contínua e visando
melhorar conhecimentos, aptidões e competências” (Comissão das Comunidades
Europeias, pag 3). Estas actividades de aprendizagem podem ocorrer em qualquer
momento da vida, desde a infância até à reforma, e compreendem três categorias
básicas:
- a aprendizagem formal, que decorre em instituições de ensino e conduz a diplomas e
qualificações reconhecidas;
- a aprendizagem não-formal, que decorre em paralelo aos sistemas de ensino e não
conduz necessariamente a certificados formais.
- a aprendizagem informal, que pode não ser reconhecida pelos indivíduos como
enriquecimento dos seus conhecimentos e que se caracteriza pela aprendizagem natural
no seu dia-a-dia.
4
No que diz respeito à educação de adultos, esta pretende elevar os níveis de habilitação
escolar e profissional na população jovem e adulta oferecendo formação que potencie as
suas condições de empregabilidade e certifique as competências adquiridas ao longo da
vida.
De seguida daremos a conhecer quais as variáveis seleccionadas para o nosso
estudo comparativo. Primeiramente analisamos os temas em debate e futuros
desenvolvimentos onde estão explícitas as preocupações e medidas a tomar para o
desenvolvimento da Educação. Outra das variáveis são os objectivos e condições de
acesso à educação, pois cada programa tem as suas prioridades e objectivos para melhor
responder às necessidades da população e da sociedade em que estão inseridos. Logo a
seguir fazemos referência ao financiamento, pois é deste que depende a qualidade do
ensino e a existência do próprio, tal como a existência de outros programas de formação
e de ajudas aos estudantes. Por último, mas não menos importante, analisamos a ligação
da educação com o emprego, através da qual verificamos a importância da formação da
população de forma a responder às necessidades económicas, sociais, culturais,
tecnológicas. É neste âmbito que se torna importante saber quais as áreas com mais
necessidades de empregar pessoas de modo a que a escolha de curso seja feita tendo em
conta essas mesmas necessidades.
Posto isto, passaremos a uma descrição mais detalhada das variáveis, de forma a
confrontarmos mais tarde as informações recolhidas, sendo esta última a fase que
Bereday denomina de justaposição. O objectivo da referida justaposição é facilitar a
comparação dos dados dos dois países. Comparação essa que dá por encerrado o nosso
trabalho.
5
2- EDUCAÇÃO E FORMAÇAO DE JOVENS E ADULTOS EM PORTUGAL
2.1-Contexto histórico
Ao contrário do que é habitual pensarmos, a Educação e Formação de Jovens e Adultos
é um tema que tem vindo a preocupar as entidades governamentais do nosso país desde
há muitos anos. Na realidade, desde 1836 que há uma preocupação em formar adultos.
Com a primeira reforma liberal do ensino primário, a 15 de Novembro do mesmo ano,
começam a ser leccionadas aulas aos adultos, não com o intuito de os formar numa área
específica, mas sim com o objectivo de reduzir o número de analfabetos no país.
Entre 1910 e 1926 o governo da 1ª República incidiu-se, uma vez mais, sobre o
ensino de adultos e o objectivo continuava a ser o mesmo: instruir o maior número de
pessoas possíveis. No entanto, o esforço de tentar alfabetizar a população não foi
conseguido e, em 1930, os cursos nocturnos para adultos passam a abranger jovens de
ambos os sexos com mais de 14 anos.
Já durante o Estado Novo, o governo decidiu intensificar a sua campanha contra
o analfabetismo, pois este era “inimigo do desenvolvimento económico” (EURYDICE,
2006/07:156). Deste modo, até 1974, altura em que houve uma alteração na concepção
política da educação de adultos, não se podia falar concretamente na existência de um
sistema educativo, o que havia eram campanhas de alfabetização. Assim sendo, a partir
da década de 70 foi criada a Direcção-Geral de Educação Permanente que promovia a
educação extra-escolar e actividades culturais e profissionais, para jovens e adultos.
Em finais de 1975 já havia um Plano de Educação de Adultos cujas primeiras
medidas tomadas foram o apoio a actividades de natureza educativa promovidas pelas
organizações populares.
Já em 1979 realizaram-se os trabalhos preparatórios do Plano Nacional de
Alfabetização e Educação de Base de Adultos que viria a definir os princípios
organizativos do sistema educativo “considerando o ensino recorrente de adultos como
uma modalidade especial de educação escolar que visa assegurar uma escolaridade de
2ªoportunidade, com planos e métodos de estudo específicos, conferindo os certificados
e diplomas atribuídos pelo ensino regular” (EURYBASE, 2006/07:156)
A partir de 1997 a temática Educação de Adultos começa a ser protagonista nas
agendas políticas e nos debates públicos devido à sua importância e, como tal, o
6
governo português encomenda a um grupo de especialistas a elaboração de um
documento de Estratégia para o desenvolvimento da Educação e Formação de Adultos.
Na realidade, há muito que se tem tomado medidas para o desenvolvimento e formação
de adultos, pois é cada vez mais necessário “potenciar o quadro de qualificação da
população adulta pouco escolarizada e pouco qualificada, por via da valorização das
competências adquiridas ao longo da vida, em contextos formais e não formais, tendo
em vista aumentar a competitividade do nosso tecido empresarial, face aos desafios
colocados pelo processo de globalização da economia e pela constante celeridade da
mudança e inovação tecnológicas.” (EURYBASE, 2006/07:158)
2.2-Temas em debate e futuros desenvolvimentos
Com o passar dos tempos, os aspectos políticos, económicos, tecnológicos e até
mesmo os aspectos culturais e sociais dos países vão se modificando. Como tal, é
necessária uma constante actualização e/ou criação de novas políticas e estratégias que
acompanhem essas modificações/evoluções.
No campo da educação, viu-se a necessidade de desenvolver e apostar na
Educação e Formação de Adultos num contexto de aprendizagem ao longo da vida, e
como tal, foi estabelecido na “Estratégia de Lisboa” em Março de 2000, sob a égide da
presidência portuguesa do Conselho da União Europeia objectivos a realizar no prazo de
10 anos, objectivos esses que passavam por criar infra-estruturas de conhecimento,
promover a inovação e modernizar o sistema educativo. Ficou ainda bem patente na
“Estratégia de Lisboa” a importância do desenvolvimento de uma educação de
qualidade e uma formação vocacional de modo a promover “ a inclusão e coesão social,
a mobilidade, a empregabilidade e competitividade, a prevenção de todas as formas de
discriminação e exclusão e a promoção do respeito pelos direitos humanos.”
(EURYDICE, 2006/07:159)
Outra aposta do Ministério da Educação e do Ministério do Trabalho e da
Solidariedade Social, entidades responsáveis pela Educação e Formação de Adultos, foi
a qualificação de milhares de portugueses através da “Iniciativa Novas Oportunidades”
que pretendia aumentar a oferta de profissionalização, assegurar uma gestão territorial
integrada dos cursos e redes de estabelecimentos, desenvolver um sistema de avaliação
qualificada, promover uma melhor adequação da educação e formação de adultos às
7
expectativas e condições de participação da população activa, mobilizar grandes
empresas e associações empresariais para a formação dos seus activos, entre outros
aspectos. No entanto, para conseguirem atingir estes objectivos foram consolidadas
novas ofertas educativas e formativas, com certificação escolar e profissional que
permitiam facilitar a empregabilidade dos activos, foram também promovidos percursos
formativos orientados para a actualização, reciclagem e aperfeiçoamento profissional,
foram ainda incluídos no currículo conteúdos dos domínios das tecnologias de
informação e comunicação, e entre outras medidas, foi alargado ao 12ºano o sistema de
Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências adquiridas em todos os
contextos da vida.
2.3-Objectivos Gerais/Condições de Acesso
O ensino e formação de adultos têm como principal objectivo o desenvolvimento
de uma educação de qualidade e a promoção da formação profissional. No entanto, essa
formação pode ser feita por diferentes vias de ensino.
Em primeiro lugar temos o ensino recorrente que, segundo o Eurydice, tem
como objectivos gerais assegurar uma nova oportunidade de ensino aos que dela não
usufruíram na idade própria, aos que abandonaram precocemente o sistema educativo e
aos que o procuram para aprofundarem o seu nível profissional ou cultural; e atenuar os
desequilíbrios existentes entre os diversos grupos etários, no que respeita aos seus níveis
educativos. Para aceder a este tipo de formação é necessário ter, para o caso de aceder
ao ensino básico, mais de 15 anos de idade, e ao ensino secundário mais de 18, e
apresentar um certificado de conclusão do nível precedente e fazer uma avaliação
diagnóstica globalizante.
Depois temos a educação extra-escolar que tem como grandes objectivos
promover o desenvolvimento e a actualização de conhecimentos e competências em
substituição ou complemento da educação escolar; promover cursos de alfabetização
que visam combater o analfabetismo literal e funcional e o analfabetismo regressivo;
cursos socioeducativos que visam uma formação moral e cívica e cursos
socioprofissionais que visam a formação para o ingresso no mercado de trabalho. Estes
cursos destinam-se essencialmente a indivíduos com baixos níveis de escolaridade e que
já não estejam em idade de frequentar o ensino regular.
8
Seguidamente, temos o sistema de aprendizagem em que o principal objectivo é
preparar os jovens e adultos, candidatos ao 1ºemprego, para a vida activa, dando-lhes
formação para que estes reforcem as suas competências académicas, pessoais, sociais e
relacionais e adquiram saberes no domínio científico-tecnológico. São requisitos para a
entrada neste curso a conclusão do 1º, 2º e 3º ciclos do ensino básico ou o ensino
secundário, uma vez que, este curso visa qualificar candidatos ao 1ºemprego que
tenham atingido a idade limite da escolaridade obrigatória e que não ultrapassaram,
preferencialmente, o limite etário dos 25 anos,
Depois, para assegurar o cumprimento da escolaridade obrigatória e combater a
exclusão, temos os cursos de educação e formação, que permitem aos jovens e adultos o
acesso ao mundo do trabalho com uma boa qualificação profissional e ainda permite-
lhes ingressarem no ensino superior. Estes cursos destinam-se essencialmente aos
jovens com idade igual ou superior a 15 anos, que estejam em risco de abandono escolar
ou que já abandonaram a escola antes da escolaridade de 12 anos e aos indivíduos que já
acabaram o 12ºano e que não tendo nenhuma qualificação académica pretendem obter
uma para a entrada no mercado de trabalho.
Também existem os cursos de especialização tecnológica que permitem
aprofundar os conhecimentos científicos e tecnológicos no domínio da formação de
base, desenvolver competências profissionais e pessoais adequadas ao exercício
profissional qualificado, e por fim, promover percursos formativos que integrem os
objectivos de qualificação e inserção profissional e permitam o prosseguimento dos
estudos. Tem acesso a estes cursos indivíduos que já tenham o ensino secundário
completo ou habilitações equivalentes, como a conclusão de cursos profissionais.
Também podem candidatar-se a estes cursos num estabelecimento de ensino superior,
adultos com mais de 23 anos, desde que tenham capacidades, competências e
experiência na área em causa e tais capacidades sejam reconhecidas.
Outra via de ensino pela qual os adultos podem optar é a do Reconhecimento,
Validação e Certificação de Competências, que tem como principais objectivos dar
oportunidade a todos os cidadãos, em especial aos menos escolarizados e aos activos
empregados e desempregados, de verem reconhecidas, validadas e certificadas as
competências e conhecimentos, que nos mais variados contextos, foram adquirindo ao
longo da vida; promover e facilitar percursos de educação e formação e promover
também a (re)construção de projectos pessoais ou profissionais significativos. Este
processo de Reconhecimento e Validação de Competências destina-se a indivíduos com
9
mais de 18 anos, sem a escolaridade básica, e que pretendem elevar os seus níveis de
certificação escolar e qualificação profissional e realizar percursos subsequentes de
formação numa perspectiva de aprendizagem ao longo da vida.
Por fim, temos as acções s@ber +, em que os objectivos passam por estimular os
adultos a adquirir, desenvolver ou reforçar as suas competências pessoais, profissionais
ou escolares, diversificar as ofertas educativas para adultos e criar soluções flexíveis e
certificáveis que promovam a melhoria das qualificações profissionais da população
adulta. Estas acções destinam-se a adultos maiores de 18 anos que pretendem adquirir,
desenvolver ou reforçar competências em áreas específicas, independentemente das suas
habilitações escolares e profissionais.
2.4-Financiamento
Todo o financiamento dos cursos de Educação e Formação de Adultos,
desenvolvidos pelo Ministério da Educação e pelo o Ministério do Trabalho e da
Solidariedade Social, provêm de verbas do Orçamento Geral do Estado, e do co-
financiamento do Fundo Social Europeu no âmbito da Qualificação e Classificação de
Activos. No que diz respeito à atribuição de bolsas de formação, estas apenas são dadas
a algumas modalidades de ensino, sendo elas os Cursos de Aprendizagem e os Cursos
de Educação de Adultos.
2.5-Ligação educação/emprego
Actualmente, Portugal, um país considerado desenvolvido atravessa uma fase
menos boa devido à crise económica, e como tal, o número de desempregados disparou
atingindo números nunca antes alcançados.
Deste modo, torna-se necessário, antes de tirar um curso, saber quais as áreas
que mais necessidade tem de empregar pessoas, e isto aplica-se não só na educação
tradicional, mas também na Educação e Formação de Adultos.
Assim sendo, torna-se fundamental o desenvolvimento dos serviços de
informação e orientação profissional nas escolas, nos centros de formação profissional e
nos centros de emprego de forma a apoiar e aconselhar as escolhas escolares e
profissionais dos jovens e adultos, encaminhando-os e aconselhando-os, dentro dos seus
gostos, para as áreas com mais saídas, preferencialmente, na sua zona de residência.
10
Aprender na idade adulta, por vezes pode não ser fácil, e como tal, os Serviços
de Psicologia e Orientação do Ministério da Educação (SPO) assumem um papel
importante na formação de adultos, uma vez que, pretendem resolver problemas no
processo de aprendizagem que possam surgir e contribuir para o aumento da auto-
estima do adulto através de acompanhamento psicológico e de orientação escolar.
Também é objectivo da SPO implementar estratégias que facilitem a transição do adulto
para a vida activa no mundo do trabalho, incentivar o desenvolvimento de atitudes de
“aprendizagem ao longo da vida”, formar novos formadores e incentivar à formação os
alunos dos percursos qualificantes do ensino básico e secundário e dos alunos do ensino
recorrente. Normalmente os alunos alvos da SPO “são alunos do ensino básico e
secundário, mas também ocasionalmente empregados e desempregados a quem é
prestado apoio nas suas escolhas escolares e profissionais, fomentando neles o interesse
por uma constante actualização de conhecimentos, valorizando o processo de
informação e orientação, contributo fundamental para a promoção do sucesso escolar e
profissional e de resposta a necessidades especificas.” (EURYDICE, 2006/07:181)
Ainda no âmbito educação/emprego existem os Centros de Emprego, que com
uma rede de 86 centros espalhados pelo país, ambicionam “proporcionar a todos os
jovens e adultos, antes de atingirem, respectivamente, 6 e 12 meses de desemprego,
orientação profissional.” (EURYDICE, 2006/07:181)
Por fim temos o Instituto de Emprego e Formação Profissional que desenvolve a
sua acção através de Centros de Formação Profissional de gestão directa e de gestão
participada. O de gestão directa, constituído por 33 centros distribuídos pelo país, tem
como competências a programação, preparação, execução, apoio e avaliação das acções
de formação profissional. Já os centros de gestão participada, com uma rede de 29
centros, com núcleos regionalizados e móveis têm como principal objectivo a promoção
de acções formativas de natureza sectorial ou profissional.
2.6-Participação na Aprendizagem ao Longo da Vida
Através da interpretação do gráfico (anexo I) do inquérito da Eurostat, feito às
forças de trabalho em 2002, verificamos que a percentagem de população com idade
entre 25 e 64 anos que em Portugal tinha participado em acções de educação ou
formação nas 4 semanas anteriores ao inquérito foi de 2,9%, valor que se encontra um
pouco abaixo da média europeia, que é de 8,5 %.
11
3- A EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA
ESLOVÉNIA
A educação contínua e a formação de jovens e adultos na Eslovénia é definida como
sendo um processo, iniciado propositadamente por adultos que apenas completaram o
primeiro ciclo ou que abandonaram a escola, e inclui actividades educativas
classificadas como:
- Educação formal: está relacionada com a obtenção de uma licenciatura ou qualificação
profissional de nível superior;
- Sistema de certificação formal nacional: validações das competências, quer tenham
sido obtidas formal ou informalmente. Esta validação é feita através de um exame;
- Educação contínua formal ou informal: actualização dos conhecimentos e
competências daqueles que já se encontram qualificadas;
- Educação de adultos não formal: serve para melhorar o conhecimento, discernimento e
melhorar as suas habilidades e competências apenas para a realização pessoal.
3.1-Contexto Histórico
A história da educação de adultos na Eslovénia remete-nos para o século XIX,
época em que ainda fazia parte do Império Austro-Húngaro. Foi, nesta época, que se
introduziu iniciativas, tais como as escolas de Domingo com o intuito de melhorar o
conhecimento dos camponeses e agricultores.
Em 1958 foi estabelecido o Instituto para a Educação de Adultos, que tinha
como missão promover a educação destes.
A partir de 1991 (altura em que a Eslovénia se tornou independente), as
mudanças sociais e políticas trazem a democracia para a Eslovénia, o que teve um
grande e importante impacto no campo da educação de adultos, pois no “Livro Branco
sobre a Educação (1996) ”, este passa a ser visto como um campo de igualdade no
sistema de ensino.
12
3.2-Temas e debate e futuros desenvolvimentos
A Resolução sobre o Programa Nacional de Educação de Adultos, aprovada em
2004, está actualmente em revisão. Uma resolução que irá cobrir o período até 2013,
tendo em conta na educação de adultos o contexto económico, social e ambiental.
Tal como em muitos países, existe uma enorme necessidade de tratar o
envelhecimento da população, os efeitos da globalização sobre as migrações, os
processos culturais, sociais e económicos, mudanças ambientais e avanços científicos e
tecnológicos, que vêem exigir novas abordagens para a educação da população.
Outros assuntos em debate são: como proporcionar educação de qualidade;
como redistribuir capacidades intelectuais entre as instituições para jovens (em que o
número de matrículas está a reduzir) e as instituições para adultos (onde a procura está a
aumentar); a privatização da educação de adultos.
3.3-Objectivos gerais/ Condições de acesso
A educação de adultos foi definida como uma componente chave da
aprendizagem ao longo da vida pelo Parlamento esloveno, em 2004. Na Resolução
“Master Plan for Adult Education in the Republic of Slovenia to 2010” foram definidas
três áreas prioritárias:
- aprender a melhorar o nível da educação;
- educação e formação para as necessidades do mercado de trabalho;
- formação geral de adultos e aprendizagem.
Estas áreas tinham como objectivos estratégicos:
- melhorar o nível geral da educação de adultos e definir como ensino obrigatório doze
anos de educação;
- melhorar a empregabilidade da população;
- e ampliar as oportunidades de aprendizagem e desenvolver projectos em educação
para todos.
No Programa Anual da Educação de Adultos 2008/09 existem três prioridades:
13
- a primeira é dada aos programas de alfabetização pública para diferentes grupos-alvo.
E outros programas, como por exemplo, a alfabetização das tecnologias da informação e
comunicação, educação para a cidadania, etc;
- a segunda prioridade é dada aos programas de educação formal de adultos que levam a
níveis publicamente reconhecidos de ensino, do básico ao ensino superior;
- a terceira prioridade é dada aos programas de formação para os desempregados e os
trabalhadores e a aquisição de qualificações profissionais nacionais pelo sistema de
certificação para os trabalhadores desempregados.
A estratégia de aprendizagem ao longo da vida concebida pelo Ministro da
Educação, em 2007, baseia-se nos objectivos e métodos estratégicos da UE, definindo
objectivos e métodos estratégicos para superar as deficiências do sistema nacional, tais
como:
- mudar a posição inferior da educação de adultos relativamente à educação da
juventude;
- melhorar a gestão e aumentar o financiamento da educação de adultos;
- equilibrar o conceito económico na aprendizagem ao longo da vida com o conceito
humanista.
Os objectivos nacionais definidos por esta estratégia de aprendizagem ao longo
da vida, estão focados na conscientização de aprender como é importante para o
indivíduo e ambiente local, a promoção da igualdade de aprendizagem em todas as
idades e em todas as actividades.
Relativamente ao acesso a estes programas de
educação/formação/aprendizagem:
- para se inscrever no programa de ensino básico não existem requisitos especiais de
admissão. Todos aqueles que tenham frequentado o 8º/9º ano de escolaridade, com ou
sem sucesso e que tenham mais de 15 anos podem se inscrever;
- para o ensino recorrente os candidatos devem ter mais de 16 anos e ter concluído com
êxito o ensino básico;
- os requisitos para educação geral de adultos são basicamente os mesmos que para os
mais jovens. Com a simples diferença que aqueles que não conseguiram terminar o
ensino recorrente como jovens adultos, têm a oportunidade de recorrer ao exame de
aptidão em qualquer momento posterior na vida adulta. Se estes não pretendem terminar
14
o ensino geral, como ensino recorrente, podem optar por frequentar um curso
profissional e obter uma qualificação na ocupação seleccionada;
- aqueles que concluíram o ensino técnico podem fazer um exame geral e continuar os
seus estudos na Universidade;
- para o reconhecimento, validação e certificação de competências, os candidatos devem
ter experiência e uma carteira que apresente indícios dessa experiência;
- relativamente aos programas de educação informal, não existem requisitos, apesar de
em alguns cursos de línguas poderem existir pré-requisitos.
3.4-Financiamento
Os fundos públicos atribuídos pelo Ministério da Educação e do Desporto só
podem financiar programas de ensino oferecidos por instituições, enquanto que o
Ministério do Trabalho prevê fundos públicos para os particulares.
Os desempregados que se matricularem em programas educacionais formais a
nível secundário ou terciário podem se candidatar a bolsas de estudo, caso tenham
menos de 26 anos. Para além da bolsa de estudo beneficiam também de possíveis bolsas
de actividade, benefícios de custo de vida para despesas de viagem, material de
apoio/estudo. Mas caso não concluam com êxito o programa são obrigados a devolver
estas bolsas concedidas.
3.5-Ligação educação/emprego
Através da política activa de emprego, o Ministério do Trabalho, da Família e
dos Assuntos Sociais, deve garantir que exista um equilíbrio entre os programas
educacionais e a empregabilidade. Para tal deve utilizar algumas estratégias como por
exemplo:
- incentivar os desempregados a inscreverem-se em programas que os preparam para
profissões onde há falta de empregados qualificados;
- incentivar as empresas a fornecerem educação e formação aos seus trabalhadores;
- outra forma de equilibrar as necessidades do mercado de trabalho é o sistema de
certificação, o qual permite uma resposta rápida as necessidades.
Esta certificação vem dar a oportunidade aos desempregados que abandonaram a
escola precocemente a serem competitivos no mercado de trabalho, e dando a estes a
15
oportunidade de obter formação básica e profissional assim como a obtenção de novas
competências.
No Instituto Esloveno para a Educação de Adultos, há uma secção de
aconselhamento, onde profissionais respondem a questões relacionadas com a
aprendizagem e educação individual, de forma a ajudar aqueles que planeiam participar
em programas educacionais e encaminhar para a instituição educacional mais acertada.
Existe também na Agência Nacional de Emprego uma secção para o
aconselhamento da carreira para desempregados, onde são fornecidas informações para
a ajuda a encontrar emprego, informações sobre programas educacionais, planeamento
da carreira, etc.
O funcionamento destes centros de informação e consulta são financiados pelo
Ministério da Educação e do Desporto, excluindo os serviços prestados pela Agência
Nacional de Emprego, pois estes já são financiados pelo Ministério do Trabalho, da
Família e dos Assuntos Sociais com o apoio do Fundo Social.
3.6-Participação na Aprendizagem ao Longo da Vida
Através da interpretação do gráfico (anexo I) do inquérito da Eurostat, feito às
forças de trabalho em 2002, verificamos que a percentagem de população com idade
entre 25 e 64 anos que na Eslovénia tinha participado em acções de educação ou
formação nas 4 semanas anteriores ao inquérito foi de 8,8 %, valor que se encontra
acima da média europeia, que é de 8,5 %.
16
4- Justaposição
Portugal Eslovénia
QUALIFICAÇÂO QUALIDADE
Temas em debate e futuros
desenvolvimentos
- Aprendizagem ao longo da vida;
- Criação de infra-estruturas de conhecimentos;
- Inovação e modernização do sistema educativo;
- Promover: coesão social, mobilidade, empregabilidade, competitividade.
- necessidade de tratar o envelhecimento da população;
- processos culturais sociais e económicos;
-mudanças ambientais e avanços científicos;
- como proporcionar uma educação de qualidade.
Objectivos gerais/Condições de
acesso
- combater o analfabetismo;
- dar oportunidades de ensino a quem não as teve;
- preparar para a vida activa;
- desenvolver competências profissionais e pessoais;
- certificar as competências que cada um possui.
- melhorar o nível geral da educação;
- definir como ensino obrigatório doze anos de educação;
- melhorar a empregabilidade da população;
-ampliar as oportunidades de aprendizagem:
- desenvolver projectos em educação para todos.
17
Países
Variáveis
Financiamento
- verbas do orçamento geral do Estado e co-financiamento do Fundo Social Europeu;
-atribuição de bolsas de estudo.
- Fundos Públicos do Ministério da Educação e do Desporto e do Ministério do Trabalho;
- atribuição de bolsas de estudo.
Ligação Educação/Emprego
- serviços de informação, psicologia e orientação profissional nas escolas;
- centros de formação profissional;
- formações nos centros de emprego.
- incentivar os desempregados na sua formação;
- incentivar as empresas a fornecer formação aos trabalhadores.
Participação na Aprendizagem ao
Longo da Vida- participação reduzida. - participação elevada.
18
5- Comparação
Após a análise dos documentos e respectiva informação e, como em qualquer análise
comparativa, detectamos algumas semelhanças e diferenças entre os sistemas em
questão. Assim sendo, a primeira conclusão que retiramos é o facto de em Portugal
existir uma maior preocupação com a qualificação da população, isto é, é preciso levar a
educação ao maior número de adultos, pois muitos deles não tiveram oportunidade de
concluir ou até mesmo iniciar os seus estudos. Já na Eslovénia, a principal preocupação
reside na qualidade da educação, pois ao contrário de Portugal, a percentagem de
analfabetismo é baixa e, como tal a educação de adultos existe no sentido de tornar os
mesmos cada vez mais qualificados e competitivos para o mercado de trabalho. Além
disso há uma preocupação por parte dos adultos em se manterem actualizados,
utilizando os cursos de educação e formação para tal e de forma a se auto-realizarem.
Este facto verifica-se claramente através da percentagem de adultos entre 25 e 64 anos
que participaram em acções de educação e formação antes do inquérito realizado em
2002 às forças de trabalho. O mesmo mostra que em Portugal apenas 2,9 da população
participaram dessas acções, enquanto que na Eslovénia esta percentagem é muito
superior, sendo ela de 8,8%, encontrando-se acima da média europeia.
Respectivamente aos planos futuros e aos objectivos de ambos os países, estes não
apresentam grandes diferenças entre eles, pois os dois pretendem combater o
analfabetismo (principalmente em Portugal); tornar o mercado de trabalho mais
competitivo, oferecendo várias formas e oportunidades de qualificação, quer através de
certificações de competências, cursos de formação, ensino recorrente.
Estas oportunidades vêm mostrar a ligação existente entre a educação e o emprego,
pois através de centros de informação e de aconselhamento existe uma orientação para a
formação tendo em vista as necessidades do mercado de trabalho. Isto verifica-se em
ambos os países, onde incentivam os desempregados a obter mais qualificações de
forma a tornarem-se, uma vez mais, mais competitivos e com oportunidades de
empregabilidade.
No que concerne ao financiamento, variável que tem um grande peso no acesso à
educação, os dois países apresentam semelhanças. Existe uma atribuição de bolsas de
estudo aos adultos desempregados que pretendem dar continuidade à sua formação
académica e pessoal. Em Portugal a educação é financiada por verbas do Orçamento
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Geral do Estado e co-financiada pelo Fundo Social Europeu, e as bolsas de estudo são
asseguradas pelo Ministério da Educação ou pelo Ministério do Trabalho e da
Solidariedade Social. Já na Eslovénia esse financiamento e bolsas de estudo são dadas
pelos Fundos Públicos do Ministério da Educação e do Desporto (no caso de programas
de ensino oferecidos por instituições) e pelo Ministério do Trabalho (no caso de
particulares)
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6- Referências Bibliográficas
● (30-04-2004). Educação e Formação para 2010. Jornal Oficial da União Europeia, pp
C 104/15.
● (2006/2007). Organização do sistema Educativo em Portugal. Eurybase The
Information Database on Education Systems in Europe, pp 156 – 184.
● (2008/2009). Organisation of the education system in Slovenia. Eurybase The
Information Database on Education Systems in Europe, pp 143 – 159.
● (30-10-2000). Memorando sobre Aprendizagem ao Longo da Vida. Comissão das
Comunidades Europeias.
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7- Anexos
I - PARTICIPAÇÃO NA APRENDIZAGEM AO LONGO DA VIDA
Percentagem da população com idade entre 25 e 64 anos que tinha participado em acções de educação ou formação nas 4 semanas anteriores ao inquérito (2002)
Fonte dos dados: Eurostat, Inquérito às Forças de Trabalho.
Fonte dos dados: Eurostat, Inquérito às Forças de Trabalho.
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