10

Click here to load reader

Material 7ª semana

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Material 7ª semana

e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesNoções em Biologia

AULA 1

Alfabetização Digital

61

Aula 7 - Os fungos

Objetivos:

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

1. reconhecer a importância dos fungos para a vigilância epide-miológica em saúde;

2. descrever a estrutura dos fungos e seus mecanismos de repro-dução;

3. reconhecer a classificação dos fungos;4. listar as principais doenças causadas por fungos.

7.1 A importância dos fungos

Os fungos são muito conhecidos pela sua capacidade decomposito-ra. Essa capacidade os coloca numa posição importante nos ciclos da matéria na natureza, pois são eles, juntamente com algumas espécies de bactérias, que decompõem a matéria orgânica que “sobra” na natureza (animais e ve-getais mortos), devolvendo algumas substâncias úteis ao ambiente. Essa ca-pacidade decompositora também pode ser prejudicial aos seres vivos, pois os fungos são responsáveis por diversas doenças nos vegetais e nos animais, inclusive no homem.

A digestão dos fungos é bastante peculiar, pois eles lançam suas enzimas digestivas ao meio externo e, só depois, absorvem a matéria já digerida para dentro de suas células. Esse tipo de digestão é que os torna pa-togênicos, pois eles degradam o substrato onde vivem. Você já deve ter visto um alimento sendo degradado por um fungo. Tente visualizar um pedaço de fruta apodrecendo; aquelas massas cinzentas que recobrem os alimentos em estado de degradação são fungos. Quando um fungo se desenvolve na pele ou em outros tecidos do homem, ele também lança suas enzimas digestivas, provocando lesões conhecidas por micoses.

É importante destacar, aqui, outras utilidades dos fungos, como, por exemplo, na engenharia genética, na indústria alimentícia (fermento de pão, bebidas alcoólicas, derivados do leite) e na indústria farmacêutica, o famoso antibiótico penicilina é extraído de uma espécie de fungo do gênero Penicilium. A utilização dos fungos na indústria alimentícia se deve à pro-priedade fermentadora que eles apresentam, ou seja, alguns deles quebram os alimentos na ausência de oxigênio para conseguirem energia; os produtos desse processo podem ser úteis, como o álcool (bebidas alcoólicas) e o ácido lático (queijos).

Page 2: Material 7ª semana

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Vigilância em Saúde62

7.2 Características gerais dos fungos

Os fungos mais conhecidos são os bolores, os cogumelos, as orelhas de pau e as leveduras. As características dos fungos não permitem que eles sejam classificados no reino animal nem no reino vegetal, e sim em um reino à parte, denominado reino Fungi.

São organismos eucariontes, heterótrofos, uni ou multicelulares. A maioria vive no solo alimentando-se de cadáveres de animais e

plantas e de outras matérias orgânicas. Desenvolve-se muito bem em am-bientes úmidos e com pouca luminosidade, daí o surgimento de mofos nas paredes e roupas, em nossas casas, quando as temperaturas abaixam. Eles gostam tanto dos ambientes úmidos que são capazes de crescerem dentro de geladeiras; você já deve ter visto o mofo que cresce em molhos de tomate, em pães etc. Existem, também, espécies de fungos parasitas, que vivem à custa de animais e de plantas vivas e, ainda, espécies que formam associa-ções mutualísticas com outros seres vivos, como no caso da associação com as algas; é uma relação de interdependência tão restrita, que eles consti-tuem, juntos, os liquens.

Figura 25: Liquen.Fonte: Disponível em <www.infoescola.com/biologia/liquens/>. Acesso em 01 out. 2010.

Outro tipo de associação importante é a que algumas espécies de fungos fazem com as raízes de plantas, formando as micorrizas. A presença dos fungos nessas raízes melhora a absorção de alguns micronutrientes pre-sentes no solo, que são essenciais ao crescimento da planta.

Liquens: associação entre fungos e algas.

Esse tipo de associação permite que os liquens

habitem locais onde nem as algas nem os fungos sozinhos não conseguiriam

sobreviver, ou seja, há uma dependência

mútua onde cada um desempenha um

papel essencial à sobrevivência.

Page 3: Material 7ª semana

e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesNoções em Biologia 63

Figura 26: Exemplos de fungos.Fonte: Disponível em <diariodeestudanteonline.blogspot.com/2010/05/>. Acesso em 12 out. 2010.

7.3 Estrutura e organização dos fungos

Alguns fungos são unicelulares e são denominados por leveduras, mas a maioria é multicelular, constituída por filamentos microscópicos e ra-mificados, denominados hifas. O corpo do fungo multicelular é formado por um conjunto de hifas e recebe o nome de micélio. As hifas podem ou não apresentar septos (paredes transversais). As hifas não septadas, preenchidas por uma massa citoplasmática que contém centenas de núcleos; são deno-minadas hifas cenocíticas. No caso das hifas septadas, elas podem ou não apresentar um ou dois núcleos por célula.

Figura 27: Estruturados fungos.Fonte: Disponível em <www.enq.ufsc.br/.../microorganismos/fungos3.gif>. Acesso em 10 out. 2010.

Figura 28: Tipos de hifasFonte: Disponível em <www.enq.ufsc.br/.../microorganismos/fungos3.gif>. Acesso em 10 out. 2010.

Page 4: Material 7ª semana

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Vigilância em Saúde64

7.3.1 A parede das hifas A parede das hifas é constituída pelo polissacarídeo quitina, como a

parede celular de alguns animais como os artrópodes (grupo dos insetos, ara-nhas e crustáceos). Devido a essa semelhança, antigamente, os fungos eram agrupados no reino animal. Alguns fungos apresentam parede de celulose, como a parede celular dos vegetais, por isso eles também já foram classi-ficados como vegetais. Mas o fato de serem heterótrofos os exclui do reino vegetal, e a digestão extracelular os exclui do reino animal, daí a criação do reino Fungi para abrigar essas espécies com tantas peculiaridades.

7.3.2 Os corpos de frutificação

Muitas espécies de fungos formam, em determinadas condições ambientais, estruturas denominadas corpos de frutificação, de tamanho e forma variados. Um exemplo de corpos de frutificação são os cogumelos e as orelhas de pau.

7.4 Reprodução dos Fungos

Os fungos podem se reproduzir assexuada e sexuadamente.

7.4.1 Reprodução assexuada

Os fungos se reproduzem assexuadamente de três formas.

7.4.1.1 Fragmentação

É uma forma bastante simples utilizada por fungos filamentosos: um micélio se fragmenta originando novos micélios.

7.4.1.2 Brotamento

Fungos unicelulares (leveduras) utilizam essa forma. É também bas-tante simples: o broto é originado na célula genitora, podendo se soltar ou permanecer grudado, formando uma cadeia de células.

7.4.1.3 Esporulação

A maioria dos fungos se reproduz assexuadamente por meio de es-poros, células dotadas de paredes resistentes que , ao germinar, produzemhifas.

Page 5: Material 7ª semana

e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesNoções em Biologia 65

7.4.2 Reprodução sexuada

Os cogumelos de chapéu pertencem a um grupo de fungos chamado de basidiomicetos. Vamos considerar esse grupo para explicar, de forma sim-plificada, como ocorre a reprodução dos fungos pluricelulares.

Como vimos, o micélio é formado por um emaranhado de filamen-tos denominados hifas. Nos fungos terrestres, o micélio se desenvolve, so-bretudo subterraneamente. Mas hifas férteis organizam, geralmente no meio aéreo, uma estrutura chamada de corpo de frutificação. Essa estrutura con-tém um “chapéu” portador de vários esporângios. Cada esporângio é uma estrutura produtora de unidades de reprodução chamadas esporos.

Uma vez produzidos nos esporângios, os esporos são limitados no ambiente, podendo se espalhar pela ação do vento; por exemplo: ao encon-trar condições favoráveis, num certo local, os esporos germinam e originam hifas que formarão um novo fungo. O número de corpos de frutificação emiti-dos por um cogumelo de chapéu é variável, conforme a espécie. O micélio de um único cogumelo Agaricus bisporus, comestível e conhecido como cham-pignon, é capaz de emitir, em média, de 80 a 100 “chapéus” no meio aéreo.

7.5 Classificação dos fungos

Ainda não existe consenso quanto à classificação dos fungos. Adota-remos, aqui, a seguinte classificação, que é bastante comum entre os biólo-gos: dividiremos os fungos em dois filos, apresentados a seguir.

7.5.1 Filo Mixomycota Fungos gelatinosos ou mixomicetos. Temos, aproximadamente, 600

espécies conhecidas. São bastante coloridos e vivem em matas úmidas e sombreadas, sobre folhas caídas e troncos apodrecidos.

São fungos cenocíticos, sem hifas, que, na fase vegetativa, lembram amebas. A característica que diferencia esse filo é que eles não possuem parede, mas sim uma membrana flexível. Apresentam reprodução sexuada, formando esporângios onde ocorre a meiose.

Page 6: Material 7ª semana

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Vigilância em Saúde66

Figura 29: Exemplo de myxomicota.Fonte: Disponível em <http://sites.google.com/site/correiamiguel25/home>. Acesso em 20 set. 2010.

7.5.2 Filo eumycota

Apresenta a maior variedade de espécies, aproximadamente 100 mil, distribuídas em quatro classes.

7.5.2.1 Classe Phycomycetes

Os ficomicetos são os fungos mais simples, e a maioria deles não forma corpo de frutificação.

Figura 30: Desenho esquemático do bolor do pão, um ficomiceto.Fonte: Disponível em <www.professorjarbasbio.com.br/fungos2.jpg> Acesso em 02 out. 2010.

Page 7: Material 7ª semana

e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesNoções em Biologia 67

7.5.2.2 Classe scomycetes

Os ascomicetos apresentam estruturas reprodutivas em forma de saco, denominadas ascos, que contêm esporos denominados ascósporos.

Figura 31: Ascomiceto.Fonte: Disponível em <www.infoescola.com>. Acesso em 02 out. 2010.

7.5.2.3 Classe Basidiomycetes Os basidiomicetos formam estruturas reprodutivas denominadas

basídios. A maioria dos basidiomicetos forma corpos de frutificação chama-dos basidiocarpos, popularmente conhecidos como cogumelos.

Figura 32: Desenho esquemático de um basidiomiceto.Fonte: Disponível em <www.kalipedia.com/ciencias-vida/tema/basidiom>. Acesso em 20 set. 2010.

Page 8: Material 7ª semana

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Vigilância em Saúde68

7.5.2.4 Classe Deuteromycetes

Os deuteromicetos são também chamados fungos imperfeitos. Essa classe abriga os fungos em que ainda não foram observados fenômenos se-xuados de reprodução. Diversos fungos dessa classe são parasitas e causam doenças em plantas e animais.

Espero que você tenha aproveitado bastante esta aula! Leia o resu-mo a seguir e resolva atentamente as atividades de aprendizagem!

Resumo

Nesta aula, você aprendeu que:• os fungos apresentam importância em diversas áreas: ecológica,

indústria farmacêutica, indústria alimentícia, dentre outras;• os fungos pertencem ao reino Fungi, são organismos eucarion-

tes, uni ou multicelulares, heterótrofos e podem apresentar pa-rede de quitina ou de celulose;

• a forma de digestão dos fungos é extracelular, o que os torna ótimos decompositores da matéria orgânica;

• os fungos mais conhecidos são: mofos, bolores, leveduras, cogu-melo e orelha de pau;

• o corpo dos fungos é constituído por estruturas denominadas hifas que, em conjunto, formam o micélio;

• os fungos se reproduzem assexuada e sexuadamente;• os fungos são classificados como: micomicetos, ficomicetos, as-

comicetos, basidiomicetos e deuteromicetos;• os fungos podem causar doenças como: micoses superficiais e

profundas, candidíases vaginais, pé de atleta e outras.

Atividades de aprendizagem

1) Comente sobre a importância ecológica dos fungos.

2) Qual a forma de nutrição dos fungos?

3) Qual é a organização básica dos fungos filamentosos?

4) Como os fungos são classificados? Qual o critério utilizado para a classifi-cação dos fungos?

5) Explique resumidamente os processos de reprodução assexuada dos fungos.

6) Explique como são formados os liquens e as micorrizas.

Page 9: Material 7ª semana

e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesNoções em Biologia 69

Referências

AMABIS, J.M. ; MARTHO, G. R.. Conceitos de Biologia. São Paulo, Ed. Moder-na, 2001. vol. Único.

CIMERMAN, Benjamin. Atlas de Parasitologia. São Paulo: Atheneu, 2002.

FUTUYMA, D.J.. Evolução, Ciência e Sociedade. Sociedade Brasileira de Ge-nética, São Paulo, 2002.

JAWETZ, M. & ADELBERG. Microbiologia Médica. Rio de Janeiro, Ed. Guana-bara Koogan S. A., 1998.

NEVES, David Pereira. Parasitologia humana. São Paulo: Atheneu, 2002.

REY, Luís. Bases da parasitologia médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

STEBBINS, GL. Processos de Evolução Orgânica. São Paulo: EDUSP, 1974.

TORTORA, Gerad J. Microbiologia. Porto Alegre: Artmed, 2002.

http://pt.wikipedia.org/

www.brasilescola.com/biologia

www.todabiologia.com/

www.portalsaofrancisco.com.br

Page 10: Material 7ª semana

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Vigilância em Saúde70

Currículo do professor conteudista

Ana Paula Venuto Moura

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Pontifícia Universidade Cató-lica de Minas Gerais, Belo Horizonte/MG, especializações em Microbiologia, Genética e Bioquímica e mestrado em Ciências da Saúde - área de concen-tração: doenças infecto-parasitárias. Atua na área de educação há 15 anos, como professora de Biologia Geral, Genética, Microbiologia e Metodologia do Ensino Superior. Atualmente, é professora efetiva de Genética da Universida-de Estadual de Montes Claros, atuando nos cursos de Biologia, Odontologia e Medicina, e tutora do curso de Medicina das Faculdades Unidas do Norte de Minas. Na pesquisa, trabalha com epidemiologia e histopatologia da Leishma-niose Tegumentar e com metodologias para melhorar o processo de ensino em Biologia e Química no ensino médio. ( Currículo na plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/7834927007712461 )