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Resumos de História – 1ºteste As transformações das primeiras décadas do Seculo XX As primeiras décadas do século XX foram alvo de inúmeras mudanças quer a nível cultural e social, quer a nível político e económico. O mundo estava em constante mutação e tudo se desenvolvia a uma velocidade inimaginável - telefones, rádios e televisões começaram a aparecer em todas os estabelecimentos e casas e, em poucas décadas, estas tecnologias já se encontravam totalmente globalizadas. A nível político e económico as mudanças foram catastróficas quando, a 28 de Junho de 1914, o arquiduque Francisco Fernando, herdeiro ao trono Austro-húngaro, e a sua esposa Sofia de Hohenberg, foram assassinados por um membro de um grupo nacionalista-terrorista de nome Mão Negra. Este facto desencadeou um dos maiores conflitos conhecidos na História, a Primeira Guerra Mundial. Na altura a Inglaterra e a Alemanha encontravam-se num auge de poder. Possuíam prósperas colónias, rotas comerciais abundantes, riquezas e as suas capitais eram grandes centros culturais que atraíam pessoas de todas as partes do mundo. Contudo, após o incidente Austro-Húngaro a Alemanha aliou-se e rompeu num caos e guerra do qual resultou a destruição de vários territórios franceses e na tentativa de conquista de colónias que pertenciam aos Ingleses e Franceses. Esta guerra durou quatro anos e terminou, finalmente, a 11 de Novembro de 1918. Deste modo, medidas tiveram que ser tomadas e após o conflito as nações vencedoras reuniram-se em Paris, no início de janeiro de 1919, para a Conferência de Paz. Neste encontro foram ditadas as condições dos países vencidos, com foco principal na Alemanha, na tentativa de impedir definitivamente que outra guerra se estabelecesse. Os resultados reflectiram-se na criação de vários tratados, nomeadamente o Tratado de Versalhes, cuja assinatura decorreu a 28 de Junho de 1919, onde é estruturado o “castigo” das nações vencidas. Deste tratado entra em vigor uma nova geografia política e uma nova ordem internacional. Na Europa, a Áustria torna-se um estado independente, surgem a Polónia, a Checoslováquia, a Jugoslávia e a Hungria que se separam da Áustria. A França recupera a Alsácia-Lorena, que havia perdido nos finais do século XIX para a Alemanha. Na Ásia, a Arábia torna-se independente.

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Resumos de História – 1ºteste

As transformações das primeiras décadas do Seculo XX

As primeiras décadas do século XX foram alvo de inúmeras mudanças quer a nível cultural e social, quer a nível político e económico. O mundo estava em constante mutação e tudo se desenvolvia a uma velocidade inimaginável - telefones, rádios e televisões começaram a aparecer em todas os estabelecimentos e casas e, em poucas décadas, estas tecnologias já se encontravam totalmente globalizadas.

A nível político e económico as mudanças foram catastróficas quando, a 28 de Junho de 1914, o arquiduque Francisco Fernando, herdeiro ao trono Austro-húngaro, e a sua esposa Sofia de Hohenberg, foram assassinados por um membro de um grupo nacionalista-terrorista de nome Mão Negra. Este facto desencadeou um dos maiores conflitos conhecidos na História, a Primeira Guerra Mundial.

Na altura a Inglaterra e a Alemanha encontravam-se num auge de poder. Possuíam prósperas colónias, rotas comerciais abundantes, riquezas e as suas capitais eram grandes centros culturais que atraíam pessoas de todas as partes do mundo. Contudo, após o incidente Austro-Húngaro a Alemanha aliou-se e rompeu num caos e guerra do qual resultou a destruição de vários territórios franceses e na tentativa de conquista de colónias que pertenciam aos Ingleses e Franceses. Esta guerra durou quatro anos e terminou, finalmente, a 11 de Novembro de 1918.

Deste modo, medidas tiveram que ser tomadas e após o conflito as nações vencedoras reuniram-se em Paris, no início de janeiro de 1919, para a Conferência de Paz. Neste encontro foram ditadas as condições dos países vencidos, com foco principal na Alemanha, na tentativa de impedir definitivamente que outra guerra se estabelecesse.

Os resultados reflectiram-se na criação de vários tratados, nomeadamente o Tratado de Versalhes, cuja assinatura decorreu a 28 de Junho de 1919, onde é estruturado o “castigo” das nações vencidas. Deste tratado entra em vigor uma nova geografia política e uma nova ordem internacional. Na Europa, a Áustria torna-se um estado independente, surgem a Polónia, a Checoslováquia, a Jugoslávia e a Hungria que se separam da Áustria. A França recupera a Alsácia-Lorena, que havia perdido nos finais do século XIX para a Alemanha. Na Ásia, a Arábia torna-se independente.

Outras modificações são visíveis e destas a principal perdedora é a Alemanha – considerada como responsável pela guerra. Humilhada, a nação é obrigada a ceder à França territórios e minas para substituir aqueles que destruiu; a reconhecer a independência e aceitar as novas fronteiras ditadas; a renunciar todos os seus direitos sob as colónias; à pose de um exército exclusivo que não tenha capacidade de implementar outra guerra; à proibição do fabrico e importação de engenhos militares; à proibição do fabrico de armas que não tenham sido aprovadas pelas principais potências (EUA, Inglaterra, França e Itália); e ao reconhecimento da sua responsabilidade e danos causados na guerra. Além disso, este país sofrerá de um juro excêntrico que terá que pagar aos países que sofreram danos e perdas com a guerra, nomeadamente a França.

O tratado previa também a criação da Sociedade das Nações. Este projecto, proposto pelo presidente Wilson, tinha como objetivo a promoção da paz e a solução para os danos do pós-guerra. Apesar de não ter vingado e se ter dissolvido poucos anos depois da sua criação, esta sociedade foi, mais tarde, uma inspiração para a criação da ONU.

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O fracasso da SDN sucedeu-se com o abandono dos EUA, que não concordavam com algumas ideias impostas no Tratado de Versalhes, tais como os prejuízos e humilhações dos países vencidos – que ia contra os ideais de igualdade defendidos pelo presidente Wilson. Assim, a SDN, na qual já não participavam os países vencidos, perdeu uma das suas principais nações e, com o tempo, foi perdendo também os países que eram considerados como “minorias”, tais como Portugal, e que se sentiam revoltados por não terem qualquer mérito nem serem favorecidos.

A Europa era, no pós-guerra, ainda um palco de guerra. Os países encontravam-se enfraquecidos com o caos e destruição causados pela guerra e entram numa crise económica, social e cultural, na tentativa de concertarem os danos. Logicamente, isto reflecte-se num enclausuramento dos países e gera uma enorme competição entre eles. A batalha contra a crise e o ambiente de guerra ainda se encontrava nas relações entre as nações.

A Primeira Grande Guerra deixou a Europa arruinada. A crise que se abateu sobre todos era complexa e várias medidas tiveram que ser impostas para tentar equilibrar a balança económica, social e comercial. A desvalorização da moeda de modo a estimular o comércio foi a principal medida; os produtos ficam mais baratos o que aumenta a exportação para outras partes do mundo, que preferem os seus preços – o que contribui para o aumento da competitividade entre nações).

Por outro lado, a guerra deixa também marcas que não têm retorno, tais como a desorganização do comércio e a perda dos mercados para as grandes potências fora da europa, os EUA e o Japão. Nisto dá-se a ascensão dos Estados Unidos que, intactos da guerra, tornam-se os credores de uma Europa que procura no exterior um suporte para o seu mercado e economia.

Esta nação sofre, em 1920, uma pequena mas violenta crise da qual resulta o aumento do desemprego e diminuição dos salários. Neste sentido, como acontece ao longo da história, a conjuntura económica e social com que os Estados Unidos se deparam reflecte-se na formação de um novo modelo económico, baseado nos ideais preconizados por Adam Smith, que assenta na iniciativa privada e na correcção de possíveis falhas no mercado, assim como uma aplicação de métodos de racionalização do trabalho, que tinha como objetivo diminuir os custos de produção e permitir o aumento dos salários.

Neste sentido, nascem dois conceitos mediáticos na história, o Taylorismo e o Fordismo. O primeiro, criado por Frederick Taylor (1856-1915), preconiza a divisão do trabalho nas indústrias, baseado na divisão das tarefas e no planeamento prévio do tempo de produção, que é obtido através da cronometragem. Deste modo, compete aos trabalhadores uma dada tarefa e um tempo certo para a realizar, gerando, assim, uma maior competição entre as indústrias, que competem pelo alcance de tempos mais reduzidos de produção. O segundo, criado por Henri Ford, dono da indústria de automóveis Ford, assentava numa política de salários mais altos e num aumento (baseado nas teorias de Taylor) da velocidade de realização de tarefas, que estava altamente dependente das máquinas, sendo que o trabalhador teria que alcançar uma eficiência de trabalho semelhante àquela que as máquinas já alcançavam. Estes ideais podem parecer negativos pois o trabalhador é visto como um mero “objeto”, no entanto, com o aumento dos salários aumenta também o incentivo e um maior poder de compra na classe operária, o que a satisfaz e cria a ideia que até o mais pobre pode subir na vida com o esforço, gerando, deste modo, contentamento e aumento da produção e da qualidade.

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A Implantação do modelo Marxista-Leninista na Rússia

- O modelo Soviético

A Rússia dos finais do século XIX encontrava-se ainda muito atrasada em relação às outras nações. O seu controlo estava sob o poder do Czar, que se assemelhava ao Antigo Regime da Europa, já posto de parte muitos anos antes. A revolução que terminou a monarquia absoluta em todos os cantos do continente ainda não tinha marcas visíveis na Rússia, no entanto, os camponeses, que constituíam quase 90% da população, começavam a inteirar-se do seu poder e a contrariar o modo de vida em que eram obrigados a viver, com baixos salários e horas de trabalho extraordinárias – a classe baixa era abusada.

No seio deste reino de terror encontrava-se Nicolau II, que apesar da tensão política e social que se levantava, resistia a abdicar do poder que lhe tinha sido concedido pela hierarquia. Todas as classes se debatiam com o desejo de mudança, os camponeses queriam poder sobre as terras (que estavam, na altura, sob o poder da burguesia e nobreza), o proletariado exigia um aumento dos salários e melhores condições de vida e a burguesia, juntamente com a nobreza mais liberal, ansiavam pela modernização do país e a sua abertura política, como era visível em toda a Europa.

Em 1905 dá-se a primeira Revolução do proletariado que, apesar dos esforços, fracassa. No entanto, consegue demonstrar a necessidade de mudança e até gerar medo do poder desta classe social, dado que, em 9 de janeiro desse ano, o denominado Domingo Sangrento, o povo sai à rua para entregar uma petição no palácio de inverno, quando é parada pelas tropas czarinas, que disparam sem piedade deixando no chão mais de 200 mortos, incluindo mulheres e crianças. Assim, o Czar convoca a Duma (que se assemelha à corte) na tentativa de evitar uma guerra civil.

Neste conselho são abolidos alguns privilégios dos mais ricos e diminuem-se os impostos dos camponeses. Além disso, dá-se a criação de três partidos que concorrem ao parlamento: o Partido Constitucional Democrático, um grupo de liberais com ideais burgueses; o Partido dos Socialistas Revolucionários, que defendem a colectivização do trabalho; e os Socialistas Democratas, os mais radicais. Estes últimos dividem-se em dois ramos: os mencheviques, a minoria e os bolcheviques, a maioria, que é liderada por Lenine.

Os bolcheviques trarão enormes mudanças nas primeiras décadas do século XX, tento efeitos radicais na Rússia e alterando o curso de quase todas as nações europeias, que neles encontram o medo. Os seus ideais provêm de Karl Marx e Engels e caracterizam-se pela necessidade de dar mais poder ao proletariado, pela criação de um Estado liderado pelo partido Comunista, tudo assente pela via da Revolução como único meio de alcançar estas ideias.

Em 1917 a Rússia encontrava-se no limiar do colapso. A tensão começava a albergar-se em todas as classes e a necessidade de mudança era clara. Todos os partidos que tinham sido criados com a Duma encontravam-se revoltados com a incompetência do Czar e com a sua decisão de participar na Primeira Guerra Mundial, que trouxera o caos e destruição.

Deste modo, entre 22 e 28 de fevereiro a população, principalmente as classes baixas, saem às ruas para manifestarem o seu descontentamento. Iniciam-se as greves do proletariado e criam-se as Sovietes – assembleias lideradas por trabalhadores, desde camponeses a soldados e marinheiros. Além disso, Lenine, líder dos bolcheviques, regressa do exílio e retoma os seus planos na Rússia, tendo como objetivo primordial derrubar a monarquia.

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Em março dá-se uma manifestação em Petrograd para festejar o Dia Internacional da Mulher, que rapidamente se sucumbe numa Revolução. A este motim aderiram as forças populares e dos soldados que faziam parte do Soviete. Isto resultou no assalto ao Palácio de Inverno onde, desprovido de apoios, Nicolau II vê-se forçado a abdicar do seu poder, que é colocado nas mãos de um Governo Provisório dirigido por Lvov e, mais tarde, por Kerensky, que possuía ideais burgueses e tinha como objetivo a instauração da Democracia e a continuação da guerra com a Alemanha. No entanto, rapidamente se reconhece que o novo governo não pode proliferar e com a retoma do poder bolchevique de Lenine iniciam-se os planos que o irão derrubar.

Deste modo, o líder bolchevique publica as famosas “teses de abril”, onde preconiza os ideais da revolução, clarificando que o seu objetivo é dar o poder ao proletariado e aos camponeses, dissolver o Governo Provisório, nacionalizar todas as terras, retirando-as do poder da nobreza e da burguesia e coloca-las à disposição dos sovietes (principalmente dos camponeses), “introduzir” o socialismo às massas e fazer reconhecer que o futuro está nas mãos do Comunismo.

Em 24 e 25 de Outubro a Rússia deparou-se com outra Revolução. Os militares bolcheviques, conhecidos como Guardas Vermelhos, saíram à rua e assaltaram o Palácio de Inverno, derrubando o Governo Provisório. Este acto, que aconteceu da noite para o dia, conduziu os bolcheviques ao poder da Rússia, liderados por Lenine, que ocupou a presidência, juntamente com Trotsky, a quem coube liderar a Pasta de Guerra, e Estaline, com a Pasta das Nacionalidades.

Assim, após a Revolução mediática, a história conheceu a primeira nação liderada pelo proletariado – o comunismo triunfara. No entanto, Lenine irá encontrar alguma oposição regente nas forças czarinas, nos mencheviques e alguns nacionalistas que se opõem aos ideais comunistas, o que gerará alguma instabilidade política e social.

O novo governo inicia as suas funções com a criação e publicação dos Decretos Revolucionários. Estes decretos serviram como base ao regimento da nova nação russa. Em primeiro lugar, o Decreto sobre a Paz tende a pôr fim à sua participação na guerra. O Decreto Sobre a Terra preconiza a pose de todas as terras pertencentes à burguesia, que passam para a mão dos sovietes, abolindo, deste modo, a propriedade à terra desta classe. O Decreto sobre o Controlo Operário atribuía aos operários a possibilidade de gerir a respectiva produção. Finalmente, o Decreto sobre as Nacionalidades visava a igualdade e soberania dos povos da Rússia, a abolição dos privilégios religiosos e de classes e a abolição da ideia de sociedade de classes, como estava regente até então.

Deste modo, Lenine retira a Rússia da guerra com a assinatura do Tratado de Brest-Litovsk, a 3 de março de 1918, onde fica acordada a cedência de um vasto conjunto de territórios, tais como a Finlândia, a Polónia, a Estónia e a Ucrânia. Esta perda de territórios não é propriamente positiva, principalmente quando parte das terras cultiváveis e minas ali se encontravam, no entanto, é necessária para a paz procurada.

Lenine promulga a primeira constituição em Julho de 1918. Além disso, vai também organizar os sovietes em dois organismos: a Assembleia do congresso e o Comité dos Comissários (no qual fazem parte Lenine, Trotsky e Estaline). Finalmente, são creditados os ideais radicais do comunismo, ou seja, é criado o Partido Único, que impede a criação e importância de qualquer outro partido; todos os documentos passam a ser alvo de censura; passa a existir uma polícia única soviete; e dá-se a nacionalização de todos os produtos e industrias russas.

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No entanto, os bolcheviques não foram bem recebidos pelas massas, que continuavam revoltadas com a ruína económica e com as condições deploráveis em que viviam. Assim, na resistência ao bolchevismo, na qual reagem os Brancos – nome dado à guarda que se opõe ao bolchevismo - resulta uma guerra civil que dura desde março de 1918 até 1920 e põe termo à vida de inúmeros indivíduos.

Apesar das tentativas do exército Branco os Vermelhos, liderados por Trotsky, saem vencedores e inicia-se uma nova política económica e social que se prolongará até 1927.

Neste novo modelo, inicia-se o processo de Ditadura do Proletariado, mais uma ideia preconizada por Karl Marx, que é descrita como essencial à edificação do comunismo e implica a tomada ao poder do Estado por parte do proletariado, que depressa abolirá todos os privilégios das restantes classes socias, terminando, assim, com as desigualdades sociais.

A resistência do proletariado ao regime bolchevique era imensa e isto gerou alguma dificuldade na Ditadura do Proletariado, dado que este mostrou resistência aos Decretos Revolucionários. Além disso, vivia-se ainda um clima de guerra civil pesado e destrutivo. Deste modo, Lenine toma medidas radicais que ficam conhecidas como Comunismo de Guerra.

Estas medidas preconizavam a censura da imprensa, a nacionalização de todos os bancos, fábricas e terra, o decreto do trabalho como uma obrigação a todos os povos, a requisição do aumento da produção agrícola, a reforma agrária, a abolição da propriedade privada, o congelamento dos salários e o centralismo democrático.

Toda a economia foi nacionalizada e passou a competir ao Estado o racionamento e a distribuição dos bens de acordo com os ideais comunistas.

A partir de 1922, a Rússia converteu-se na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). No entanto, os Sovietes, anteriormente conhecidos como aliados dos bolcheviques, eram agora membros do proletariado que não viam no bolchevismo os resultados que esperavam. Lenine queria, no entanto, que o Estado Soviético tivesse poder, fosse forte e disciplinado. Assim, formula-se o centralismo democrático, cujas ideias se baseiam que todo o poder emana da base, ou seja, pelos sovietes, escolhidos por sufrágio universal.

Finalmente, Lenine vê-se obrigado a ceder perante a ruína económica e social em que a nação se encontrava. Assim, o comunismo cede lugar à Nova Política Económica (NEP), que recorre ao capitalismo, com a interrupção da colectivização agrária, com a liberdade de comércio interno, com a privatização de empresas e industrias e com a abertura ao investimento estrangeiro.

A Regressão do Demoliberalismo

A revolução e implantação do comunismo na Rússia tiveram repercussões nos vários cantos da Europa liberal, onde a classe do proletariado se via aflita com a crise económica que os países atravessavam, expondo a sua revolta através de greves e manifestações. Além disso, a Rússia fazia-se notar como uma luz para os trabalhadores, que viam esperança no comunismo de libertação e abolição das classes sociais.

A nação russa via nesses movimentos força para continuar com os seus ideais Marxistas-Leninistas. Deste modo, deu-se a fundação, em Moscovo, em março de 1919, da III Internacional, também conhecida como Komintern.

O Komintern propunha coordenar e até incentivar a luta da classe trabalhadora a nível mundial, com o fim de ver triunfar o marxismo-leninismo, tendo que ser chefiada unicamente

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por partidos comunistas que fossem fieis aos ideais russos. Além disso, se o objetivo primordial da III Internacional fosse completo os bolcheviques teriam finalmente a sua vitória, pois passariam a ser aceites por todo o proletariado (em vês de apenas o mais radicais) e todas as classes que se opunham aos seus ideais seriam sacudidas ao seu poder.

Esta Internacional Operária realizou dois congressos, sendo que o 2º teve uma enorme importância na vida social e política das nações. Neste congresso, realizado em julho de 1920, os partidos socialistas e sociais-democratas são obrigados a abandonar os seus ideais e a defenderem o bolchevismo e o centralismo democrático. Deste modo, convertem-se estes partidos em comunistas.

Consequência do declínio económico, político, social e cultural do pós-guerra e dos ideais socialistas e revolucionários que se faziam notar, a Europa assiste a uma radicalização social e política, minada de greves e manifestações. Países como a Alemanha, a Hungria e a Itália viram-se em dificuldades de organizar as multidões enraivecidas e as tentativas de uma revolução bolchevista, resultando na execução dos líderes destes partidos e na resistência das classes mais elevadas.

O medo da consagração da revolução bolchevique em alguma nação aumentou e proliferou pela Europa, que se via escassa em meios para continuar a resistir. Até a burguesia e as classes médias sucumbiram ao medo de perderem os seus privilégios e poses, o que se revelou num aumento de adeptos de um governo forte, que garantisse a paz social, a riqueza e o conforto destas classes.

Deste modo, as soluções apresentadas eram autoritárias e de direita. Partidos conservadores e nacionalistas começaram a ganhar um enorme número de votos no início dos anos 20. Isto sucedeu-se particularmente nos países onde as dificuldades e a destruição foram maiores.

Em 1919, é fundado em Itália o partido Fasci Italiani di Combattimento, de onde mais tarde derivará a expressão Fascismo, por um ex-socialista italiano de nome Benito Mussolini. Este partido defendia a democracia e o socialismo, no entanto, a sua simpatia com os burgueses e industriais de direita torna-o mais aderente aos ideais conservadores e totalitaristas. Deste modo, os fascistas sobem ao poder e tomam posse do Estado italiano, quando em 27 e 30 de Outubro organizam uma greve geral e dá-se a “Marcha Sobre Roma”, na qual participam cerca de 30 000 fascistas, liderados por Mussolini, juntamente com a sua força militar, os “Camisas Negras”.

O rei, perante a situação, convida Mussolini a formar um governo. No entanto, o desejo deste partido não é a parceria com o rei e com o seu governo, mas sim a tomada do poder absoluto. Conseguem, deste modo, alterar as eleições de 1924, vencendo por maioria. Além disso, continuam os seus atos de “poder” e assassinam o líder do partido socialista, Giacomo Matteoti.

Por sua vez, em Espanha é adoptada entre 1947 e 1975, uma ditadura militar, liderada pelo general Miguel Primo de Rivera.

Além disso, também a Hungria, a Bulgária, a Lituânia, a Turquia, a Grécia, Portugal e outros países conheceram o poder dos regimes autoritários.

A Europa liberal cai no abismo a partir dos anos 20 e passa a reconhecer em grande parte das suas nações o caráter nacionalista e extremista dos seus líderes, o que, mais tarde,

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desencadeará na Segunda Guerra Mundial. Esta necessidade da adesão ao autoritarismo reflete a regressão do Demoliberalismo.

Mutações nos Comportamentos e na Cultura

O século XX foi alvo de enormes mudanças a todos os níveis, principalmente na Europa e nos Estados Unidos, onde a industrialização provou a sua capacidade acelerada de evolução e povoou as cidades com as suas novidades, tais como o carro e o comboio, que alteraram o modo de mobilidade das populações.

O constante crescimento fez-se notar principalmente no meio urbano, onde a população se engloba e cresce. Deste modo, é possível verificar-se uma massificação dos indivíduos, que passam a frequentar os mesmos transportes, os meus locais de lazer, as mesmas atividades de ócio e horários de trabalho. Pode-se concluir que se torna visível a despersonalização dos povos, passando estes a ser nada mais que meros números.

A convivência entre os sexos torna-se mais livre e ousada, sobretudo após a Primeira Grande Guerra, da qual a mulher sai triunfante e adquire mais visibilidade, passando a possuir alguns direitos que eram, até então, exclusivos ao sexo masculino.

A entrada no século XX trás a notícia de mudança, sob a qual se previam alterações nos valores da sociedade burguesa. No entanto, esta classe opta por desprezar as previsões e viver no novo mundo com otimismo e superioridade.

Porém, após a Primeira Guerra Mundial as esperanças desmoronam-se e levanta-se o pessimismo e o caos. O choque da guerra abale a sociedade e gera contestações, que mais tarde se fariam sentir em revoltas. Instala-se, deste modo, um clima de anomia, ou seja, de ausência de normas morais e sociais.

Esta falta de valores acelera as mudanças que se encontravam em curso. Dá-se, então, uma mudança de paradigma, causada pelos destroços da guerra, que abrem as portas à possibilidade de um novo recomeço, de um crescimento da cultura e do comércio. Daqui nasce a classe média, que integra a pequena e média burguesia.

No sentido destas alterações a emancipação feminina é das que mais se faz sentir, com a mudança radical da ideologia da mulher como dona de casa. Esta deixa de possuir dependência total do homem e reivindica os seus direitos. O movimento feminista, que procura a igualdade jurídica, social, económica, intelectual e política dos sexos, faz-se sentir com a criação das associações das sufragistas, que tinham como primeiro objetivo o direito ao voto.

Na Europa, destacaram-se as sufragistas britânicas. Indignadas com a oposição e resistência face aos seus desejos, estes grupos procuraram atrair a atenção recorrendo a meios extremos e violentos, com manifestações, greves e apedrejamentos.

Os seus meios não conheceram a cedência do governo. No entanto, com a participação na guerra, as mulheres tiveram que assumir o papel do homem no sustento da família, revelando-se capazes de substituir o sexo oposto em quase todas as tarefas.

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Finalmente, o esforço foi compensado, dado que, após o conflito que provocara tanto caos e destruição, as mulheres adquirem o direito de intervenção política e abrem-se carreiras profissionais prestigiadas, tomando a mulher uma nova posição na história.

História – 3º teste

A morte de Lenine, em 1924, deixou a Rússia sem líder e, desse modo, gerou uma enorme contestação para chefe do Partido Comunista. Neste ambiente de disputa ganha, em 1928, o antigo secretário-geral do Estado, Estaline, contrariando as intenções de Lenine que escreve no seu testamento “Estaline é demasiado brutal (…). Proponho, pois, aos camaradas que estudem um meio de demitir Estaline deste cargo”.

Até 1953, data da sua morte, Estaline foi chefe da União Soviética. O seu principal objetivo era transformar a Rússia numa potência mundial e conseguir propagar o comunismo pelos vários cantos do mundo, nomeadamente na Europa. Para tal, iniciou um projecto que visava a melhoria dos sectores do Estado e da economia, entre eles contava-se a colectivização dos campos, a planificação de uma economia equilibrada e sustentável e, para tal, utilizou um meio de administração que se contava com o totalitarismo e a repressão.

Em outono de 1929 iniciou-se o plano de colectivização dos campos. Considerava-se esta medida imprescindível ao avanço da indústria, dado que ao retirar mão de obra dos campos, estes teriam que, inevitavelmente, encontrar emprego nas fábricas. Este projecto, que avançou a ritmo acelerado, foi empreendido com brutalidade sobre os pequenos proprietários (os KULAKS), aos quais confiscaram as terras e o gado – três milhões destes proprietários camponeses foram executados ou deportados para a Sibéria.

Criaram-se os KOLKHOZES – cooperativas de produção – constituídas pelas famílias camponesas. Estas foram obrigadas a entregar as suas terras e instrumentos para a colectividade. Parte da sua produção ficava para o Estado e a restante era distribuída pelos camponeses em função do trabalho exercido – uma medida que não partilhava os ideais comunistas de Karl Marx. Em 1930 são criadas as Estações de Máquinas e Tractores que tinham como função assegurar o controlo da produção e dos campos. Este projecto de colectivização rapidamente alcançou resultados satisfatórios, apesar da forte oposição do povo camponês.

Por sua vez, a indústria tinha um atraso ancestral em relação aos restantes países da Europa e Estados Unidos. Deste modo, Estaline cria os Planos Quinquenais, planeados durante o período da NEP, pela GOSPLAN (comissão do conselho do trabalho e da defesa). Estes tinham como objectivo primordial dar prioridade à indústria e à produção agrícola como meios de melhoria económica, que visavam o aumento da produção em cinco anos. Estaline tinha em vista continuar a ideia marxista-leninista de que a URSS devia ser auto-suficiente. Implementou, assim, para os cinco anos várias metas que, caso não fossem cumpridas, seriam vistas e punidas como um crime contra o Estado. Deste modo, o objetivo final era conseguir colocar a produção em excesso no mercado e competir com as potências capitalistas, criando uma imagem mais produtiva do comunismo perante a Europa e os EUA.

O primeiro plano quinquenal é desenvolvido entre 1928 e 1932 e tinha como objectivo a criação de bases na economia da nação. Deste modo, além da colectivização dos campos, com a criação dos KOLKHOZES, entre outras, implementa-se uma meta que visava o aumento da indústria pesada, nomeadamente a siderúrgica e a eléctrica. Isto conduziu ao quase desaparecimento do sector privado da indústria. Além disso, promoveu investimentos maciços, recorreu à contratação de técnicos estrangeiros e apostou na formação de especialistas e engenheiros.

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O segundo plano quinquenal é desenvolvido de 1933 a 1937 e, apesar de continuar a privilegiar a indústria pesada, cria metas que visam o desenvolvimento das indústrias ligeiras e dos bens de consumo (vestuário e calçado). Além disso, no sector agrícola, dá-se a criação de pequenas propriedades privadas.

O terceiro plano quinquenal, desenvolvido entre 1938 e 1942, nunca chega a ser concluído, devido ao despontar da II Guerra Mundial.

Apesar de nunca ter conseguido terminar o seu plano, o governo de Estaline encontra uma enorme produtividade nas medidas até então tomadas. A indústria do aço aumenta em de 4 a 18 milhões de toneladas; a colectivização tem efeitos positivos, de modo que continua a aumentar e a gerar lucro. Assim, a URSS entra na II Guerra Mundial como a terceira maior potência mundial da altura.

Tudo isto foi possível devido ao regime que Estaline apresentava. Um estado omnipotente e totalitário que se regia por meio da repressão. Os cidadãos encontravam-se privados de liberdade e eram totalmente controlados. Os jovens eram obrigados a inscreverem-se nos Pioneiros e, mais tarde, nas Juventudes Comunistas, sendo este um meio de os direccionar e de lhes incutir os ideais do comunismo de Estaline. A cultura era reduzida aos métodos de propaganda e qualquer outro meio de exaltar o Estado. A repressão era possibilitada pelas forças da polícia política, a NKVD. A partir de 1934 a repressão aumentou ferozmente, caracterizada por purgas e processos políticos. Os antigos companheiros bolcheviques de Lenine foram executados, assim como a administração e os líderes do Exercito Vermelho. Todos aqueles que falassem contra o Estado foram punidos com a deportação para campos de trabalho ou com a execução.

Entretanto, na outra parte do mundo, os Estados Unidos recuperavam da severa crise de 1929 (o Crash da bolsa de Nova Iorque). Resultante deste “incidente” a economia estava mais frágil do que nunca e começam a ponderar-se soluções para evitar que tal voltasse a acontecer. Deste modo, John Keynes preconiza o intervencionismo do Estado, clarificando que o Estado se deve comprometer perante as empresas e as indústrias, pois, desse modo, é possível o controlo da inflação, o investimento nas indústrias, a luta contra o entesouramento, e o apoio às empresas.

Em 1932, as ideias de Keynes são concretizadas graças à eleição de Roosevelt para a presidência. Este propunha-se a tirar os EUA da crise e consegue-o através do intervencionismo do Estado, pondo em prática um conjunto de medidas às quais se deu o nome de New Deal.

A primeira fase decorreu entre 1933 e 1934. Neste momento estabeleceram-se as suas metas, do relançamento da economia e da luta contra o desemprego e a miséria. Para tal, tomaram-se rigorosas medidas financeiras, tais como o encerramento temporário de várias instituições bancárias para que estas fossem inspeccionadas pelos funcionários federais. Deu-se uma desvalorização da moeda, o que permitiu baixar as dívidas externas e fez subir os preços, através de uma inflação controlada, aumentando assim o lucro das empresas.

No sentido de combater o desemprego, Roosevelt apostou na construção de estradas, vias-férreas, aeroportos, barragens, entre outras, ou seja, edifícios públicos que necessitavam de muita mão-de-obra. Deste modo, aqueles que se encontravam desempregados conseguiam um emprego, mesmo que este não fosse ao encontro das suas habilitações.

No que diz respeito à agricultura, foi criada uma lei, a Agricultural Adjustment Act (AAA), que visava proteger a agricultura, através de empréstimos aos agricultores e de

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indeminizações dadas aos mesmos pela redução das áreas cultivadas (devido à crise de excesso de produção).

Em relação à indústria, foi criada a National Industrial Recovery Act (NIRA), que tinha como objetivo a proteção da indústria e da produção industrial. Visando isto, foram fixados preços mínimos e máximos de venda, de modo a evitar a concorrência desleal entre produtos; e garantiram aos trabalhadores um salários mínimo e a liberdade sindical. As empresas que seguissem estas medidas à ordem eram premiadas monetariamente – fomentando assim o avanço da produção e motivando para que esta fosse conseguida justamente.

Entre 1935 e 1938 deu-se a segunda fase do New Deal, talvez a mais significativa na história. Foi criada a lei de Wagner, que reconhecia a liberdade sindical e o direito à greve. Além disso, foi também criado o Social Security Act, que regulou a reforma e criou o fundo de desemprego e auxílio aos pobres. Em 1938, o Fair Labor Standard Act estabeleceu o salário mínimo e reduziu as horas de trabalho semanal. Deste modo, os EUA conseguiram finalmente um Estado intervencionista para assegurar a felicidade e o bem estar da sociedade.

Entretanto, em França, a crise que se vivia criou um ambiente de disputa entre regimes radicais, cujas esperanças no regime parlamentarista e liberal caíam por não verem qualquer resultado positivo. Deste modo, é criada uma coligação de esquerda de nome Frente Popular, que via na figura de León Blum o seu líder. O seu lema era “pelo pão, pela paz e pela liberdade” e triunfou em maio de 1936, ganhando as eleições. O seu objetivo prioritário era deter o avanço fascista, com medo que sucedesse em França o mesmo que na Alemanha.

Inicialmente, um vasto movimento grevista ocupara as fábricas em greves alegres que visavam demonstrar a necessidade de melhoria mas, no entanto, felizes devido ao reconhecimento que o Partido ouvia a sua voz. Seguidamente, os patrões das fábricas começaram a denunciar a ameaça bolchevista que se propagava e o Governo interveio por meio de mediação. Deste modo, criaram-se os contratos de trabalho, em que se aceitava a liberdade de sindicato e se previa o aumento salarial. De seguida, diminuíram-se as horas semanais de trabalho e concederam o direito ao trabalhador de 15 dias de férias pagas por ano, até então impensável. Além disso, no sentido de melhorar a qualidade de vida e promover o avanço do país, a Frente Popular tomou outras medidas tais como o aumento da escolaridade obrigatória até aos 14 anos, a criação de albergues da juventude, o incremento dos desportos, do cinema, do teatro, e o controlo pelo Estado do Banco de França, que é finalmente nacionalizado.

Ainda no mesmo ano (1936), em Espanha, é também criada uma Frente Popular, apoiadas por socialistas, comunistas, anarquistas e sindicatos operários. Este partido, mais extremista que o de França, inicia o seu mandato enfrentando as forças conservadoras e separando a Igreja do Estado. Neste sentido, é criada a Frente Nacional, onde os monárquicos, os conservadores e os falangistas pretendem combater a Frente Popular, dando assim origem à famosa guerra civil espanhola.

Dimensão Social, Política e Cultural

O principio do século XX trás várias novidades, tanto a nível cultural, como político e social. Deste modo, emerge a cultura de massas, que se irá propagar estrondosamente até aos dias de hoje.

A imprensa, a rádio e o cinema são os protagonistas desta época e englobam os meios de comunicação de massas, os media, ou mass media. Estes proporcionaram não só a propagação das notícias a ritmo acelerado, mas abriram também um novo mundo do sonho e das fantasias.

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A imprensa, já existente há séculos, passa a ser direccionada à massa, com a utilização de um vocabulário simples e informal, capaz de ser compreendido por todos. O livro, por sua vez, passa a ser também criado em prol da sociedade. Aparecem os romances cor-de-rosa, a banda desenhada, as histórias políticas e os romances policiais – sendo este último de especial importância, devido à célebre escritora Agatha Christie, considerada a escritora mais vendida do século XX. Finalmente, os jornais passam a incluir história de guerra e crime, são ilustrados com fotografias e possuem secções femininas, desportivas, e crónicas para todos lerem.

A rádio, criada por Marconi em 1896, é o meio de comunicação mais popular na época. Este é acessível a todos, mesmo aos analfabetos, pois não requer qualquer leitura. Transmite notícias, música, novelas radiofónicas e anúncios publicitários.

O cinema, nascido na França, é considerado uma das maiores invenções do início do século XX. Este abre as portas a uma completamente nova indústria, onde se fomenta os sonhos e o imaginário e se criam e divulgam personagem do fantástico.

PORTUGAL: O ESTADO NOVO

Portugal, que se encontrava desde 1910 sob o regime de uma República parlamentar, é, em 1926, vítima de um golpe de Estado militar que acaba com a democracia, iniciando assim um longo período de ditaduras.

Inicialmente, instala-se uma ditadura militar, mantida até 1932, que põe termo à crise social e política até então vivida. Após sucessivas mudanças de líder, sem que nenhum tivesse a preparação para tomar conta do cargo, o resultado foi desastroso, deixando Portugal cair mais fundo na crise. Em 1928 sobe ao poder o general Óscar Carmona, que conta com António de Oliveira Salazar para o cargo da pasta das Finanças.

Salazar, antigo professor de Economia da Universidade de Coimbra, conseguiu grandes feitos no seu cargo, conseguindo mesmo um saldo positivo no Orçamento do Estado. Deste modo, os seus adeptos cresciam e, em 1932, é nomeado para a chefia do Governo.

Salazar empenhou-se na criação de uma nova ordem política em Portugal. Para tal, cria novas instituições que servem de alicerce ao Estado. Entre eles a União Nacional, uma força política oficial, criada em 1933, que mais tarde se tornará no partido único: o Partido Nacional. Além disso, é também criado o Ato Colonial, aprovado em 1930, onde se reafirmava o poder de Portugal sobre as colónias e a relação de dependência das mesmas. Mais tarde, publica o Estatuto do Trabalho Nacional e cria a que ficou conhecida como Constituição de 1933, onde se põe fim à ditadura militar e onde ficou consagrada a nova ordem política: o Estado Novo.

Este era um Estado onde se fomentava maioritariamente o Nacionalismo, de caráter autoritário, corporativo e conservador – ideais inspirados nos modelos totalitários da Europa, nomeadamente do fascismo italiano. Além disso, os seus ideais assentavam nas ideias conservadores de Deus, Pátria, Família, Austeridade e Paz Social.

A administração do Estado Novo residia na manipulação do povo e dos media, de modo a demonstrar que os seus ideais eram os mais acertados. Fortemente inspirado por Mussolini e o seu lema “tudo no Estado, nada contra o Estado”, Salazar cria também o seu lema “Tudo pela Nação, nada contra a Nação. Os seus métodos passavam por engrandecer o culto da vida no mundo rural, onde as populações agricultoras não tinham acesso ao mundo exterior e, consequentemente, não tinham meios de criticarem ou compreenderem o regime em que viviam. Além disso, Salazar protege fortemente a Igreja Católica, acabando por declará-la mesmo a religião da Nação portuguesa.

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Salazar enaltece também a imagem da família portuguesa, onde o papel da mulher se reduz ao papel passivo de submissa à família, esposa carinhosa e mãe atenciosa e sacrificada. A família portuguesa era, de acordo com os seus ideais, uma família católica, respeitadora e austera.

O Estado Novo possuía, além disso, ideais de um nacionalismo exacerbado. Deste modo, Salazar procurava enaltecer os feitos dos portugueses, apresentando-os como heróis, dotados de enormes qualidades e grandiosos nos seus feitos.

À semelhança do fascismo italiano, o Estado de Salazar era antiliberal, antidemocrático e antiparlamentar. Para ele, a Nação representava um todo e, como tal, os interesses do individuo eram colocados de parte. O interesse principal residia na Nação em si. Deste modo, a ideia da existência de vários partidos tornou-se impensável, pois cada partido defendia os interesses de um grupo de indivíduos, não indo de acordo com o ideal nacionalista salazarista. Assim, Salazar opõe-se à democracia parlamentar e faz existir um Partido Único, como acontecia na Alemanha e em Itália.

Todas estas medidas e ideais só colocadas à prova através do poder administrativo que cabia ao líder. Isto reconhecia a autoridade de Presidente da República como máxima, o primeiro poder do Estado, completamente independente do Parlamento. O líder tinha, deste modo, a capacidade de fazer reger as leis e as medidas necessárias à condução do país na direcção pretendida.

De modo a fomentar o seu poder, Salazar cria, tal como se vê no fascismo italiano, as corporações. Estes órgãos agrupavam a população por famílias e funções que estes desempenhavam. Integravam tanto os trabalhadores como os seus patrões, de modo a que todos se sentissem iguais. No entanto, estes órgãos tinham como objetivo final o controlo da economia e das relações laborais por parte do Estado.

Além disso, de modo a concretizar os ideais ditatoriais do Estado salazarista, são criadas um grupo de instituições e processos que visam o controlo das massas. Entre eles, o SPN (Secretariado da Propaganda Nacional), em 1933, dirigido por António Ferro, tem o papel de fazer propagar os ideais do Estado e controlar as artes. Em segundo lugar, funda-se em 1930 a União Nacional, que iria em 1934 tornar-se no Partido Nacional, ou seja, um Partido Único, concretizado aquando da extinção de todos os partidos políticos.

Com a vitória da Frente Popular, em França, e o início da Guerra Civil em Espanha, um ambiente de ameaça bolchevique paira sobre o Portugal ditatorial. Deste modo, Salazar obriga um funcionalismo público, conseguido através de um juramento que provava a fidelidade das massas e o repúdio ao comunismo. Além disso, recorre a organizações milicianas, tais como a Legião Portuguesa, destinada a defender o “património espiritual da Nação” e a combater a ameaça bolchevista – esta legião era de caráter obrigatório em certos empregos públicos. Do mesmo caráter, foi fomentada a Mocidade Portuguesa, também de inscrição obrigatória para os estudantes, este órgão era fundamental para o Estado e visava incutir os ideais salazaristas e os seus valores nacionalistas e patrióticos.

Deu-se, do mesmo modo, um vasto controlo no ensino, no qual se adoptaram os “livros únicos” do Estado, que enalteciam o nacionalismo e os ideais do Estado Novo, assim como a religião Cristã. Em vista de continuar a propagar os seus ideais, Salazar toma também precauções na vida familiar da população, surgindo, em 1936, a Obra das Mães para a Educação Nacional, que visava criar a imagem da “mãe-modelo” que deveria ser seguida à regra. Finalmente, é criada a Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho (FNAT), órgão que

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procurava controlava os tempos livres dos trabalhadores, com atividades “educativas” dotadas de nacionalismo.

Entretanto, o clima de repressão – único modo de impor os ideais do Estado – obriga à censura prévia de todos os artigos da imprensa, do teatro, do cinema, da rádio e, mais tarde, da televisão. Para tal, foram criados órgãos capazes de intervir e controlar a censura e as massas, tais como a polícia política, a PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado, ou Polícia de Vigilância e de Defesa do Estado). Esta assegurou-se, a partir de 1945, de prender, torturar e até matar todos os opositores ao regime, focando-se principalmente (mas não só) nos simpatizantes do Partido Comunista.

A nível financeiro, que foi para Salazar a prioridade desde que subiu ao poder como ministro da Finanças, tomaram-se várias medidas capazes de aumentar o orçamento do Estado e conseguir um saldo positivo. Para tal, dá-se uma diminuição das despesas e um aumento das receitas, conseguida com a criação de novos impostos e com o aumento das tarifas alfandegárias sobre as importações. Além disso, o papel neutro tomado aquando da II Guerra Mundial foi uma atitude bem tomada no Estado Novo, com isto, criaram-se mais receitas a nível das exportações, maioritariamente do volfrâmio, e torna possível o aumento das reservas de ouro, permitindo assim a estabilidade monetária.

A nível social, além de todas as medidas repressivas tomadas na educação e na família, o Estado Novo fomentou o mundo rural, hostilizando nos seus ideais a cidade industrial, com a intenção de manter o povo analfabeto em relação ao que se encontrava fora das fronteiras portuenses para que, deste modo, os seus ideais se mantivessem incontestados. Para tal são criadas medidas que visavam promover o mundo rural e agrícola, tais como a construção de numerosas barragens que, ao melhorarem a irrigação dos solos, promoviam a agricultura, conseguindo assim maior produção, assim como um maior número de produtores. A Junta de Colonização Interna, criada em 1936, tinha como objetivo trazer a população para certos locais do interior do país, conseguindo assim o crescimento da produção vinícola, de arroz, de batata, azeite, cortiça e das frutas.

Entre estas, a mais importante medida foi, sem dúvida, a Campanha do Trigo. Inspirada na batalha do trigo italiana, este projecto procurava alargar a área de cultura do trigo, principalmente no Alentejo. Entre 1929 e 1937 os seus feitos foram bastante satisfatórios e permitiram a autosuficiência da Nação.

A nível nacional foi implantada uma política de obras públicas, cujo protagonista foi o Eng. Duarte Pacheco, Ministro das Obras Públicas. Neste sentido, foi criada a Lei de Reconstituição Económica, em 1930, que procurava não só combater o desemprego originado pela crise, mas também criar no país as infraestruturas necessárias ao desenvolvimento económico.

Deste modo, foram melhoradas as redes de caminhos-de-ferro e criadas inúmeras estradas, que duplicaram até 1950, e até auto-estradas, seguindo os modelos da Alemanha. Foram também edificadas novas pontes, entre elas a ponte sobre o Tejo, que se tornou a mais célebre e foi considerada a maior ponte suspensa da Europa. Além disso, expandiram-se também as redes telegráficas, os portos e os aeroportos, o que permitiu o desenvolvimento crucial do comércio externo e interno. Finalmente, esta política preocupou-se também em melhorar as condições de vida da população, com a construção de hospitais, escolas, universidades, bairros de operários, estádios, tribunais e prisões.

Entretanto, ao contrário do que foi feito a nível agrícola, a indústria sofreu um enorme atraso durante todo o tempo do Estado Novo. Inicialmente foi criada uma política de

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condicionamento industrial, entre 1931 e 1937, que impedia qualquer avanço ou criação de fábricas que não fosse aprovado primeiro pelo Estado – ou seja, não se deu qualquer avanço. Este dirigismo económico que se pensava ser temporário, resultante de uma política anticrise, provou-se de caráter definitivo e condicionou o avanço industrial do país.

A RECONSTRUÇÃO DO PÓS-GUERRA

Após a vitória dos Aliados na II Guerra Mundial, um clima caótico prosperou sobre a Europa. Não só a Alemanha e o Japão saíam da guerra humilhados e destruídos, mas também a França e a Inglaterra apresentavam grandes dificuldades a nível financeiro, social e político.

Entre 4 e 11 de fevereiro de 1945, Roosevelt, Estaline e Churchill reúnem-se na que ficou conhecida como a Conferência de Ialta. Neste momento, ficaram esclarecidas algumas medidas a tomar para sustentar a nova ordem mundial, tão dificilmente conseguida.

Em primeiro lugar, definiram-se as fronteiras da Polónia e estabeleceu-se a divisão provisória da Alemanha em quatro áreas, que seriam administradas separadamente pelas quatro potências (Rússia, Inglaterra, EUA e França). Em segundo lugar, decidiram-se algumas bases essenciais à preparação da ONU (Organização das Nações Unidas) e estabeleceu-se a quantia base de 20 000 milhões de dólares a pagar pela Alemanha, para reparar os estragos causados pela guerra.

Alguns meses mais tarde, os líderes reuniram-se novamente, desta vez com o fim de consolidar os alicerces da paz. A Conferência de Potsdam foi, no entanto, mal sucedida e foi rapidamente encerrada. Isto sucedeu-se devido ao clima tenso liderado pelas divergências de ideais entre os liberais capitalistas e o comunismo de Estaline.

Neste sentido, inicia-se um período de tensão entre liberais e “Estaline”. Com o papel preponderante da Rússia para a vitória da II Guerra Mundial, o protagonismo que com ela veio foi visto por Estaline como oportuno para a propagação dos ideais socialistas. Fomentando estas ideias veio o poder dado à URSS, a quem coube a libertação dos países da Europa Oriental. Assim, a vantagem no Leste Europeu rompeu-se e, embora contrárias às ideias da Conferência de Ialta, todos os países libertados pelo Exército Vermelho tornaram-se socialistas.

Este acelerado processo de sovietização foi fortemente contestado pelos liberais ocidentais. Com isto, Churchill denuncia publicamente no famoso discurso de Fulton os meios de liderar de Estaline e insere o conceito da “cortina de ferro”.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS

Após a II Guerra Mundial retoma-se a ideia de criar um organismo capaz de manter a paz, tal como acontecia com a Sociedade da Nações, antes do seu fracasso. Roosevelt baptiza o futuro organismo como Organização das Nações Unidas (ONU).

Esta fica inicialmente acordada na Conferência de Teerão, realizada em 1943 e, mais tarde, é ratificada em Ialta, onde se acorda a convocação de uma conferência que contasse com figuras políticas dos vários países e onde se redigiria a Carta fundadora das Nações Unidas.

Iniciada a 25 de abril de 1945, esta Conferência contou com representantes dos vários países que afirmava, unanimemente, a vontade de promover a paz e a cooperação internacional.

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Manter a paz e reprimir os atos de agressão através de meios pacíficos e de acordo com a justiça e com os direitos do Homem foi, talvez, um dos mais importantes propósitos deste organismo. Além disso, também o desenvolver de relações amigáveis entre as várias nações e desenvolver a cooperação internacional, tanto a nível económico, como social e cultural.

Maioritariamente, a ONU procurava defender os Direitos do Homem e do cidadão, de modo a impedir que se repetissem as atrocidades do holocausto. Neste sentido, é aprovada em 1948 a Declaração Universal dos Direitos do Homem, que ultrapassa a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão criadas em França, em 1789. Esta Declaração não se limitava aos direitos alienáveis do Homem, mas incluía também grande importância às questões socioeconómicas, tais como o direito ao ensino e ao trabalho – talvez assim fosse porque, com o desenvolvimento da humanidade, já não se podia considerar que apenas os direitos básicos fossem de caráter obrigatório.

A ONU encontrava-se organizada em vários órgãos de funcionamento, cada um com o seu propósito. Em primeiro lugar, a Assembleia-Geral, formada pelos estados-membros, funciona como um parlamento mundial e tem por objetivo discutir todo o tipo de questões abrangidas pela organização. Em segundo lugar, o Conselho de Segurança, composto pelos estados permanentes e mais dez estados rotativos, é o órgão ao qual compete a manutenção da paz e da segurança; este órgão faz as “recomendações”, atua como mediador, decreta sanções e decide a intervenção das forças militares da ONU; todas as decisões deste órgão são realizadas através do voto, no entanto, os estados permanentes têm todos que votar a favor, tendo, contrariamente, direito de veto. O Secretariado-Geral possui um mandato de cinco anos que pode ser renovado; neste órgão encontra-se o secretário-geral que, apesar de não te direito de voto, toma parte em todas as reuniões do Conselho de Segurança.

O Conselho Económico e Social, por sua vez, encontra-se encarregue de promover a cooperação a nível económico, social e cultural entre as nações. Este é um dos órgãos mais importantes da ONU e abrange vários pequenos órgãos, criados a partir de 1944 por economistas de todo o mundo, que visavam evitar o ciclo da crise e da desvalorização da moeda. Deste modo, além de terem tornado o dólar como a principal moeda na época, criaram também organismos de proteção às nações com problemas financeiros, o FMI, e o BIRD (Banco Mundial), destinado a financiar projectos de longo prazo das várias nações.

PRIMEIRA VAGA DE DESCOLONIZAÇÕES

A II Guerra Mundial foi um despertar para as novas realidades do mundo, tanto a nível económico e social, como político e cultural. Entre todas as “novidades” trazidas com o final da guerra, a perceção das injustiças e até atrocidades cometidas nas colónias levou a um propagação do sentimento de liberdade e revoltas nestes locais.

A guerra mostrara que a Europa não era totalmente invencível e, no momento de ruptura, via-se economicamente destruída e incapaz de lidar com conflitos coloniais. Além disso, também as duas maiores potências mundiais, os EUA e a URSS, pressionavam o processo de descolonização. A primeira potência não gostava de ver refletido no “presente” aquilo que fora no “passado”, ou seja, uma colónia britânica sem liberdade, assim como via os seus interesses económicos aumentarem, dado que com a ruptura das colónias as matérias-primas tornavam-se escassas nas nações que, deste modo, teriam que pedir ajuda externa. A segunda via os ideais marxistas a serem colocados em causa com a repressão colonial e, além disso, viam ouro na possibilidade de estender o socialismo nos países recém criados.

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Deste modo, inicia-se no continente asiático o processo de descolonização. No Médio Oriente, tornam-se independentes a Síria, o Líbano, entre outros, sendo estes os primeiros. A Índia apenas em 1947 consegue tornar-se independente, depois dos muitos esforços do líder da “oposição”, Gandhi. Muitos outros estados vão lutando e conseguindo a sua independência, alguns a grandes custos, como foi o caso da Indochina, onde a ocupação japonesa fomentara os sentimentos antifranceses, resultando numa forte oposição comunista e ditatorial contra a França.

Resumos de História – 4º teste

Após a derrota alemã na II Guerra Mundial, e tendo em conta o sucedido anos antes, na I Guerra Mundial, os países vencedores sentiram a necessidade de criar medidas capazes de impedir que uma nova guerra voltasse, jamais, a despontar.

Deste modo, a Alemanha foi dividida em quatro partes essenciais e cada uma dessas era administrada por uma das grandes potências vencedoras (Inglaterra, França, URSS e EUA). O país divide-se, assim, em dois núcleos centrais: os liberais e capitalistas e os comunistas russos. Tendo em conta os meios administrativos de ambos, a Rússia sentiu-se ameaçada.

Enquanto isto sucedia, os países de leste eram também conquistados (sovietizados) pela URSS, dado que fora convocada a esta o poder de libertar estes países do nazismo – que resultou numa oportunidade para os sovietizar. Este facto dá força ao conceito de “cortina de ferro” preconizada por Churchill, que evidenciava o clima de tensão que se vivia entre o comunismo e os liberais. Deste modo, Estaline cria o Kominform (Secretariado de Informação comunista), em 1947, que vinha substituir o antigo Komintern. Era um organismo que visava o controlo e a propagação do comunismo pelo mundo.

Entretanto, a 12 de Março do mesmo ano (1947), o presidente norte-americano Harry Truman põe em evidência a necessidade de resistir às tentativas de dominação russa. O que este pretendia era combater o comunismo soviético através da contenção e ajudar a Europa a reerguer-se do caos da guerra – é então lançada a doutrina Truman. Entretanto, o clima político permanecia instável e propício à propagação dos ideais soviéticos. Deste modo, o secretário de Estado norte-americano George Marshall propõe um plano de ajuda económica à Europa que fica conhecido como o Plano Marshall e irá complementar-se na doutrina Truman. Este projecto concebia fundos monetários aos vários países da Europa, incluindo aqueles que se encontravam sob o domínio soviético. A Rússia vê esta ajuda dos EUA como um meio de divulgação dos seus ideais liberais e capitalistas e recusa-a em todos os países sob o seu domínio.

Neste sentido, a Rússia responde em janeiro de 1949 com a criação do Plano Molotov, que visava estabelecer uma cooperação entre os países de domínio soviético e estipulavam a longo prazo a ajuda técnica e financeira, assim como o fomento das trocas comerciais entre nações. Deste modo, cria-se o COMECON (Conselho de Assistência Económica Mútua), uma organização de cooperação económica destinada a promover o desenvolvimento financeiro e as atividades comerciais e industriais destes países.

Além disso, na Alemanha, Berlim era administrado pelas três potências liberais que viram este território como o campo de batalha ideal a conter o avanço soviético, fazendo dos seus territórios alemães uma república federal, a República Federal Alemã (RFA). Por sua vez, a Rússia, após enormes protestos, faz para o seu território semelhante escolha, criando a República Democrática Alemã (RDA).

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No entanto, as três potências mantêm “estacionadas” as suas tropas na cidade de Berlim, o que é visto por Estaline como uma ameaça. Deste modo inicia-se o Bloqueio de Berlim, no qual os sovietes bloqueiam todos os acessos terrestres à cidade por parte das potências aliadas. Para tal, a União Soviética bloqueia as linhas ferroviárias e rodoviárias e tenta comandar os portos, tendo com isto em vista o bloqueio da produção industrial, para que, deste modo, estes necessitassem da ajuda soviética e se retirassem da cidade para assim alargar o seu território para a capital.

Assim, a 24 de Junho de 1948, Estaline decreta o Bloqueio de Berlim. As potências liberais são forçadas a abastecer a cidade através de uma ponte aérea durante 321 dias (Operação Vittle), até que, a 12 de Maio de 1949, Estaline suspende o bloqueio, deixando na capital um clima caótico de pobreza e fome.

Deste modo, inicia-se um período de forte tensão, o qual se deu o nome de Guerra Fria. Este prolongou-se até meados dos anos 80, no entanto, foi até meados dos anos 50 que a tensão foi mais visível. Os Estados Unidos e a URSS viram-se hostilizados e intimidados um pelo outro ao longo deste tempo, que resultou em enormes mudanças pelo mundo inteiro. Ninguém desejava ou tinha sequer forças para entrar noutro conflito mundial como o ocorrido poucos anos antes com a II Guerra Mundial, no entanto, a ganância, o poder, e maioritariamente as diferenças políticas entre as duas potências despontaram um clima perigoso que se encontrava aliado ao desejo de possuir mais do que o outro, quer em armamento, como em territórios. Deste modo, o liberalismo e o marxismo-estalinista viram-se num campo de combate no qual nenhum queria sucumbir à guerra, no entanto queriam superar o adversário em tudo.

Devido a este conflito, os EUA não tardaram a encontrar aliados que os apoiassem na contenção do comunismo. Neste sentido, dá-se em 1949 a assinatura do Tratado do Atlântico Norte, entre os EUA, o Canadá e algumas nações europeias. Mais tarde isto viria a dar origem à Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN (ou NATO), uma importante organização militar do pós-guerra que visava “regular por meios pacíficos todas as divergências internacionais em que possam encontrar-se envolvidas por forma que não façam perigar a paz e segurança internacionais”.

A partir desta aliança formada formaram-se inúmeras outras, de modo que, em 1959, já três quartos do mundo se encontravam ligados aos EUA. Estas novas alianças multilaterais contavam com a Organização dos Estados Americanos (OEA), que ligavam a América; na Oceânia (ANZUS); no Sudoeste Asiático (Organização do Tratado da Ásia de Sudoeste – OTASE); Médio Oriente (Pacto de Bagdade).

O mundo encontrava-se então dividido. Por um lado, existia o sistema repressivo e comunista de Estaline, por outro, o sistema liberal e capitalista que representava o resto da Europa e EUA. Este segundo “mundo” tinha como objetivo travar a expansão do socialismo comunista e assegurar a paz e justiça liberal mundial. Era já dado como certo desde o ocorrido na Grande Depressão que o Estado deveria possuir um papel interventivo na sociedade. Este facto não foi negado, mas sim priorizado durante esta altura. Em 1945 dão-se as eleições em Inglaterra que colocam no poder o líder do Partido Trabalhista, Clement Atlee, deixando claro que a necessidade era o socialismo, em vez o conservadorismo até então preconizado pela figura de Churchill. Por todo o mundo, partidos com idealismos idênticos começaram a proliferar – adeptos da social-democracia, que rejeita os ideais de Marx e evidenciam a necessidade de novas reformas sociais e da melhoria de vida dos trabalhadores. Nisto, encontra-se apenas a exceção de países como a Itália e a RFA (República Federal Alemã), que receavam os partidos socialista e deram poder aos democratas-cristãos, que tinham na sua

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ideologia a doutrina social da igreja e visavam o bem estar do homem maioritariamente a nível espiritual.

Deste modo, enfatiza-se a preocupação do Estado como a nação, fomentam-se os programas de nacionalizações dos bancos, das companhias de seguros, da produção de energia, dos transportes, entre outras. O Estado torna-se, assim, o principal agente da economia, nascendo a conceção do Estado como Estado-providência.

O Estado-providência nasce no Reino Unido como walfare state, ou seja, um Estado que tem na sua totalidade o objetivo de ver melhorar as condições de vida da sua população. Para tal, criam-se medidas, tais como o sistema nacional de saúde (National Health Service), que torna gratuitos todos os serviços médicos e que se estende a todos os cidadãos, e um sistema de proteção social que engloba o abono de família, de desemprego, de reforma, e a baixa médica para doentes, assim como alguns subsídios aos mais pobres. Estas medidas permitem uma estabilização social e económica, tornando as nações mais prósperas.

O mundo entrou assim num período que não via fim à sua prosperidade. O governo trabalhava arduamente para obter resultados e, ao longo de 1945 e 1973 não houve qualquer crise ou diminuição da economia e das taxas de crescimento. O capitalismo regressou em alta, maioritariamente na RFA, na França e no Japão, que ficaram denominados como “milagres económicos”. Um grande apoio a esta causa foram os acordos de Bretton Woods, feitos entre os EUA e o Japão, nos quais se estabeleceu o dólar como a moeda de maior poder e cujo objetivo era o de criar instituições monetárias e mecanismos de apoio financeiro que trouxessem estabilidade económica e facilitassem o câmbio de moedas (deste resultou, entre outras, a criação do FMI), e a criação da CEE. Estes trinta anos de crescente prosperidade ficaram conhecidos como os “Trinta Gloriosos” – expressão tornada popular pelo economista francês Jean Fourastié.

Estes anos conheceram inúmeras mudanças, como já vimos. Entre elas ocorreu um enorme progresso tecnológico, fomentado pela aposta das novas grandes empresas e fábricas e que atingia todos os sectores. Além disso, é de destacar também a preferência ao petróleo em relação ao carvão (que se mantinha como predilecto desde a Revolução Indústrial), dado que o primeiro era de tal forma abundante e rico cujos preços se viram reduzidos e óptimos para a sua compra. É também de evidenciar o aumento das grandes empresas e a concentração industrial, que foi unicamente permitida pela melhoria das condições de vida, que fomentaram a possibilidade de crescimento da classe média e da classe alta para patamares mais elevados na sociedade. Não só tudo isto, mas deu-se também um aumento da população ativa, que ocorreu não só devido ao “baby-boom”, ou seja, ao aumento geral da natalidade no anos 40 e 50, também devido à maior integração da população feminina no mercado de trabalho, e além disso, também se fez notar um crescimento da população que emigrava de países menos desenvolvidos à procura de melhores condições de vida (entre estes, Portugal estava entre os países com maior taxa de imigrantes). Esta mão-de-obra crescente era também mais qualificada devido ao aumento da escolaridade obrigatória, o que contribuo para o bom desenvolvimento das nações.

Não obstante o que foi referido, adicionou-se ainda a modernização da agricultura nos países desenvolvidos, permitindo a autosuficiência dos mesmos, a capacidade não só de importar como também de exportar produtos alimentares e diminuiu a dependência externa. Finalmente, notou-se um crescimento do sector terciário, ou seja, dos serviços. A este sector dedicava-se maioritariamente a classe média e, deste modo, com o seu aumento, nota-se que se deu um aumento favorável na classe média, diminuindo a pobreza neste países.

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Tudo isto motiva a sociedade ao típico consumismo, com a agravante dos progressos tecnológicos e da importância dos novos sectores, como é o caso da publicidade, que permitem também um aumento dos produtos e fomentam a necessidade de os adquirir.

Deste modo, a sociedade mundial capitalista abastece-se de um leque de bens, tais como automóveis, electrodomésticos, roupas, telefones, televisões, os quais a população tem agora dinheiro para adquirir. Inventa-se assim as “tendências”, ou seja, os bens que é necessário adquirir e que, passada uma época, são deitados fora e substituídos por outros objectos (“passam de moda”). Nisto vem também a publicidade ajudar, criando uma única “propaganda de consumo” que manipula os indivíduos a adquirirem certos produtos através de técnicas psicológicas de persuasão.

Entretanto, do outro lado do globo, a URSS divulgava e espalhava a sua palavra e os seus ideais marxistas. Saído da II Guerra Mundial, o comunismo contava apenas com dois partidários: a URSS e a Mongólia. No entanto, o tempo e as eventualidades permitiram a propagação rápida das suas ideias. Entre 1945 e 1949 o comunismo propaga-se até à Europa Ocidental (Coreia do Norte e China). Já nos anos 50 e 60 alastra-se para até à Ásia (Vietname, Camboja e Birmânia) e encontra em Cuba o seu local de eleição, devido à sua proximidade dos EUA.

Foi a partir da URSS que todos os ideais marxistas partiram e foi graças à necessidade de libertar certos países dos domínios totalitaristas, trabalho que coube à URSS nos acordos de Ialta (dos quais Estaline se iria aproveitar) e à primeira vaga de descolonização que Estaline viu a sua oportunidade ser viavelmente conseguida.

A primeira vaga comunista propagou-se pela Europa Oriental e foi realizada sobre ordem de pressão pela URSS. Em 1948 todos os países de Leste motivados pelo comunismo já possuíam Partido Único e viviam sob ideais semelhantes aos da União Soviética. Estes novos partidos receberam a designação de Democracias Populares pois viviam soube a égide dos ideais comunistas, opunham-se aos regimes liberais, possuíam partido único e tinham um Estado que controlava tudo, desde a economia à cultura.

Em 1955 os laços entre a Albânia, a Bulgária, a Hungria e a República Democrata Alemã, a Polónia, a Roménia, a URSS e a Checoslováquia, ou seja, democracias populares foram reforçados através do Pacto de Varsóvia. Este pacto militar visava a aliança entre os vários países e a “una” protecção contra qualquer agressão – bastante similar à NATO, nos EUA. Deste modo, tanto os EUA como a URSS possuíam aliados suficientes para se defenderem em caso de nova guerra, comprometendo qualquer tentativa de ambas as potências atacarem.

Por sua vez, a segunda vaga deu-se na Ásia. Esta contou apenas com o apoio da URSS e não foi directamente resultado das ordens e tropas militares dirigidas por Estaline, mas sim por vontade própria dos trabalhadores das nações em constituírem os ideais do marxismo. Muitos países assim se revolucionaram, à exceção da Coreia do Norte, que foi resultado direto das ordens da URSS. Em primeiro lugar, a Coreia fora, na sua totalidade, incumbida de ser libertada do governo japonês após a II Guerra Mundial, por parte da União Soviética e dos EUA. No entanto, as duas potências não pareciam encontrar consenso no modo de dirigir a recém-nação. Deste modo, a Coreia divide-se em duas potências, uma comunista e a outra liberal e capitalista. Apesar de ainda assim se manterem nos dias de hoje, entre 1950 e 1953 este facto resultou numa severa guerra entre o norte e o sul, até que por força militar as conseguiram parar.

A China, por sua vez, tornou-se socialista a partir de vários movimentos revolucionários nacionalistas. Em 1949, Mao Tsé-Tung proclama a instauração de uma

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República Popular, após trinta anos de falhadas tentativas. Apesar de não terem contado com um grande apoio por parte da URSS, a China assina, em Moscovo, um Tratado de Amizade e Aliança entre as duas nações. Assim, a URSS passa a contar com mais uma aliança, apesar de anos mais tarde esta ser quebrada.

Além disso, a América Latina é também alvo das tentações comunistas, nomeadamente nos anos 60 e 70. O seu ponto fulcral foi Cuba onde, em 1959, Fidel Castro e Che Guevara derrotam o ditador Fulgêncio Batista. Até então estes comunistas não tinham qualquer ligação com a URSS, no entanto, após serem hostilizados por parte dos EUA, aceitam o apoio dos soviéticos e transformam Cuba em mais um aliado no comunismo. É devido a esta aliança que a Guerra Fria se torna mais temível aquando de 1962 uns aviões americanos avistam em Cuba armas nucleares capazes de atacar território americano. Kennedy, já presidente, envia um aviso que acaba por se resolver num acordo, no qual a américa se compromete a não mais tentar derrubar o regime de Cuba.

Tal como é já do conhecimento geral, o comunismo soviético sempre dera prioridade à indústria, maioritariamente à indústria pesada e às infraestruturas, tais como os complexos siderúrgicos e as centrais hidroeléctricas. Este factor vai-se propagar para todos os países Europeus sob a alçada comunista. O que trará enormes consequências. Apesar de certos países terem visto um crescimento notável na indústria, a vida das suas populações só piorou. As horas de trabalho mantêm-se, os salários sobem bastante lentamente e as carências de bens proliferam. Além disso, não demora muito tempo até que os resultados da excessiva industrialização se mostrem prejudiciais. As empresas vêm-se privadas de quaisquer poder e entusiasmo e fazem apenas o pedido para alcançar as metas dos planos ditados. Na agricultura não se fazem quaisquer avanços, sendo que algumas nações exportadoras de cereais passam a ter que os importar.

Na tentativa de solucionar o problema, o novo líder soviético, Nikita Kruchtchev, efectua um conjunto de reformas. Este plano inicia-se em 1959 com o reforço das indústrias de consumo e de habitação. Segue-se um aumento das terras cultivadas, no sentido de aumentar a produção agrícola. No entanto, o resultado destas medidas fica muito aquém do que era esperado e a economia colapsa quando, na década de 70, sobe ao poder Leonidas Brejnev, que trás consigo uma era de corrupção e abuso de poder.

Entretanto, as potências Americana e Soviética disputavam tudo o que podiam numa guerra de tensão e competição que parecia não ter fim. Não apenas o muro de Berlim expunha as suas divergências, mas também as competições de armamento que foram realizadas.

Em primeiro lugar, os EUA sentiram-se surpreendidos quando, em Setembro de 1949, os Russos fazem explodir a sua primeira bomba atómica, que estes acreditavam serem os únicos a possuir até então. A necessidade de superar os Russos fê-los procurar uma receita mais potente que a bomba atómica, fazendo em 1952, explodir a primeira bomba de hidrogénio, que no ano seguinte também já se encontrava sob a alçada dos Russos.

Assim, o segundo ponto iniciou-se com o aumento gigantesco do orçamento da nação americana para o armamento “convencional”. Este orçamento triplica após a invasão da Coreia do Sul pelos comunistas, e sente-se a necessidade de possuir mais armas e um maior poder terrestre, aéreo e naval. A este plano segue-se, obviamente, um igual por parte da URSS, que gasta 80% do seu orçamento em despesas militares.

O mundo encontrava-se, segundo Churchill, resvalado para o “equilíbrio instável do terror”.

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No entanto, nem todas as competições entre as duas superpotências foram perigosas. A competição mais saudável desenvolveu-se com os progressos tecnológicos a nível da ciência e da aeroespacial. Devido à receita deixada pela Alemanha nazi que trabalhava secretamente num projecto de mísseis criam-se os primeiros foguetes que, na Rússia, se desenvolvem em satélites e foguetes capazes de sobrevoar o espaço e, até, levar consigo passageiros.

Deste modo, em outubro de 1957, a Rússia eleva-se a um nível mais elevado quando consegue colocar em órbita o primeiro satélite artificial da História, o Sputnik 1. Após inúmeras tentativas falhadas e a morte de alguns cães domésticos, o Sputnik 2 consegue levar a primeira passageira no espaço que sobrevive, a cadela Laika. Isto destrói os Americanos, que rapidamente tentam superar as suas ações, em várias tentativas falhadas. Só em 1958 conseguem o lançamento com sucesso do Explorer 1. Por sua vez, mais algumas sondas são enviadas até que os Russos conseguem tocar na lua. Assim, continuam a criar-se metas entre as duas potências que conseguem ser superadas, principalmente pela União Soviética, até que, em 1969, os Americanos conseguem colocar dois astronautas na superfície lunar, convocando assim a sua liderança perante a URSS.

Entretanto, no continente asiático, o Japão dava uma reviravolta em relação ao estado como havia saída da II guerra mundial, ou seja, humilhado e destruído. O “milagre japonês” foi o nome dado ao seu rápido progresso e à sua prosperidade após a guerra. No início sob a alçada dos EUA, até conseguir total independência, em 1952, mantendo a aliança entre ambos e favorando dos apoios financeiros e técnicos americanos.

No entanto, o que realmente permitiu ao Japão ascender foi a sua tradição e cultura altamente trabalhadores, assim como um pensamento virado para o progresso. Em primeiro lugar, o Partido Liberal-Democrata era o governo acertado para a época, um Estado interventivo que criou as condições favoráveis ao avanço económico do país. Em segundo lugar, dado que na II Guerra Mundial esta nação se encontrava aliada à Alemanha nazi o japão foi também vítima das condições tratadas que visavam impedir uma nova guerra, ou seja, o Japão viu-se privado de qualquer armamento militar que pudesse ser prejudicial, o que resultou numa junção do orçamento até então utilizado para o armamento, canalizando-o para outros recursos financeiros, dado que promoveu o seu desenvolvimento. Além disso, a mentalidade japonesa foi um dos factores decisivos para o progresso deste país, dado que a ligação desde sempre criada no Japão visava que o patrão deveria fazer tudo em função do trabalhador e, por sua vez, o trabalhador devia dedicar a sua vida à empresa onde é funcionário. Deste modo, ambos cooperavam de modo amigável e favorável, de tal modo que, nos primeiros anos, os funcionários abdicaram dos seus aumentos de salários para os dar à empresa, de modo a promover a renovação tecnológica.

Assim, o Japão ganhou um novo objetivo: tornar-se a primeira sociedade consumista asiática.

Esta meta foi atingida devido à criação de medidas e planos de produção vários, bastante similares aos americanos. Em primeiro lugar, deu-se o primeiro “boom” económico entre 1955 e 1961, devido ao fomento da produção industrial, que triplicou nesse período de tempo. Dentro desta medida os sectores que adquiriram maior importância foram os da indústria pesada (construção naval, máquinas, indústria química) e dos bens de consumo, tais como os televisores, as rádios, os electrodomésticos, entre outros. Além disso, viu-se também um forte aumento no comércio externo, que duplicou.

Deste modo, em meados dos anos 60 e inícios dos anos 70 a produção industrial duplicou e criaram-se inúmeros postos de trabalho. Desenvolveu-se também a indústria

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siderúrgica, assim como novos sectores, tais como o automóvel, a televisão a cores, os aparelhos de circuito integrado, entre outros.

Assim, com o segundo “boom” este colocou-se em terceiro lugar nas potências mundiais, tendo à sua frente a URSS e os EUA.

Entretanto, na China via-se nos anos 50 uma separação na aliança feita com a União Soviética. Esta separação sucede-se devido às divergências de ideais, pois enquanto o comunismo via no operariado a “massa”, o líder do Estado, Mao dava esse papel ao camponês, que protegia e admirava como líder da nação. Assim, os dois blocos dividem-se e o comunismo chinês passa a ser representado como Maoísmo, devidos aos seus ideais próprios. Além disso, a China adopta, anos passados, um programa de fomento económico ao qual dará o nome de “grande salto em frente”. Este programa visava “apanhar, em 15 anos, a Inglaterra”, sem quaisquer ajudas externas.

A indústria pesada é, deste modo, posta de parte e o enfase passa para os campos e as pequenas indústrias locais. Para ajudar no enclausuramento da China, Mao faz ferozes críticas ao actual líder soviético, Kruchtchev, defendendo Estaline e acusa os “novos soviéticos” de se afastarem do caminho socialista de Marx. A isto, a União Soviética responde com ameaças. A china Maoísta considera a sua nação como “verdadeiramente socialista”.

No entanto, o seu programa do “grande salto em frente” cai no falhanço e é abandonado em 1960, o que afasta Mao Tsé-Tung do poder por breves tempos, enquanto tenta eliminar os seus opositores e restabelecer a “paz” que pretendia. No seu regresso, Mao lança um novo programa, a “Revolução Cultural” – apoiada pelas suas “Citações”, ou seja, pelas anotações que colocara no seu “livro vermelho”, publicado em 1964. Este livro foi durante anos citado e seguidos por milhares de jovens, que viam nas suas citações mandamentos bíblicos. Alguns jovens criavam até o seu próprio “livro vermelho”, com a mesma capa vermelha, mas na qual colocavam a sua imagem e as suas citações (sempre inspiradas nas de Mao). Esta revolução é levada a cabo pelo líder chinês e pelos seus jovens seguidores, o que rapidamente desencadeia na violência, colocando a China à beira da anarquia e da guerra civil. Em 1968 recorre-se às forças militares para impor a ordem e terminar o ambiente caótico e tenso que se vivia.

Entretanto, milhões de mortos foram conseguidos, milhões de perseguidos e milhões de jovens tiveram que ser enviados para campos de reeducação. No entanto, os esforços de Mao acabam por dar frutos e, em 1971, o país dá entrada na ONU e recebe o cargo de Conselho de Segurança.

Anos antes, a Europa do pós-guerra fomenta a necessidade de ascender e voltar a um patamar aceitável como potência mundial. Esta necessidade de melhorar foi conseguida através da união entre várias nações, ideia preconizada por Churchill, que apela ao renascimento europeu semelhante aos EUA.

Criam-se, deste modo, várias organizações europeias que promovem encontros, debates e congressos. Em primeiro lugar, é criada a CECA, devido às ideais de Shuman (1950), que coloca em evidência a necessidade de cooperação entre a Alemanha e a França no domínio da produção do aço e do carvão. CECA – Comunidade Europeia do Carvão e do Aço – integra, além das nações que Shuman evidenciou, a Bélgica, a Itália, a Holanda e Luxemburgo. Esta comunidade estabeleceu uma zona de minas e siderurgia colectiva que era orientada e controlada por uma Alta Autoridade.

Após a criação desta comunidade segue-se a criação de uma comunidade muito mais vasta e importante, até considerada o início da União Europeia, a CEE (Comunidade Europeia

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do Carvão e do Aço). Esta é criada a partir da assinatura do Tratado de Roma, em 1957, no qual os países que integravam a CECA se comprometeram a implementar a livre circulação de mercadorias, de capitais e de trabalhadores, bem como a livre prestação de serviços. Basicamente, deu-se um fomento e facilitou-se os acessos e o comércio entre as várias nações que assinaram o contrato, de tal modo que, no ano de 1968, se consegue concretizar a união aduaneira, ou seja, a livre circulação de mercadorias, dando assim mais um passo na direcção da União Europeia.

Finalmente, a CEE torna-se, em 1970, a maior potência comercial do Mundo, gerando assim o seu alargamento. Deste modo, em 1973 novos países assinavam o Tratado, tais como o Reino Unido, a Irlanda e a Dinamarca.

Anos antes, após a II Guerra que abalou o mundo, dá-se uma nova vaga de descolonizações, nomeadamente em África e na Ásia, e tem o seu início em 1945.

Tem o seu início com a independência da Líbia, que se encontrava sob a proteção da ONU, em 1951. Cinco anos mais tarde seguem-se Marrocos e a Tunísia, que se encontravam sob o domínio francês. Além destas, a Argélia era outra colónia de igual importância sob o domínio francês, no entanto, devido à existência de milhares de colonos franceses que se recusaram a sair do território, esta entrou numa guerra e só ganha independência em 1961.

O propagar da independência no continente africano resulta na organização de movimentos nacionalistas que promovem a luta contra os colonizadores, ou seja, fomentam a independência e a identidade das colónias. Este novo processo conta, obviamente, com o apoio da ONU, eterna defensora da igualdade e da justiça. Em 1960, a Assembleia Geral aprova a Resolução 1514, que visa o direito à autodeterminação dos territórios que se encontram sob administração estrangeira, condenando as forças armadas das suas metrópoles.

Entre as décadas de 40 e 70 evidenciam-se cerca de 70 novos países, outrora colónias, que ganham a sua independência. No entanto, apesar de ser direito alienável a sua independência, este facto não vai retirar as ex-colónias da dependência externa das metrópoles. Isto sucede dado que o conjunto de colónias que se separaram dos seus “administradores” constituem o Terceiro Mundo, ou seja, são regiões pobres e altamente populosas, a adicionar a falta de recursos e meios que estes têm para se desenvolverem, pois são zonas naturais, fracamente ou nada industrializadas, que passam a depender da exportação de matérias-primas, que lhes são compradas pelos países desenvolvidos que, por sua vez, usufruem destas para as transformarem em bens essenciais, que mais tarde as ex-colónias terão que comprar para sustentarem a sua vida. Isto torna-se um ciclo vicioso, dado que o preço das matérias-primas é altamente reduzido em comparação ao preço dos produtos industrializados, permitindo assim o total endividamento destes países. Assim, a dependência continua a ser um problema real, no entanto, é feito de forma indirecta, pois é através de companhias e acordos mútuos que esta dependência é “oficializada”.

Além disto, a descolonização tem outros efeitos sobre o globo, como por exemplo a existência de novos países que terão que se administrar política e economicamente sozinhos. Este facto revela a possibilidade de estes novos países encontrarem uma nova via, que não fosse igual à do liberalismo ou do comunismo assente até então. Em via disto, estreitam-se os laços entre os novos países e dá-se, em 1955, a conferência de Bandung, na Indonésia, onde se promovem novos princípios: a negação do colonialismo, a rejeição da política de blocos, e a aliança pacífica entre nações.

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Esta conferência tem grandes proporções no mundo “colonial” e inspira o Movimento dos Não Alinhados, que é criado na Conferência de Belgrado, em 1961, movimento que estabelece uma nova via política como alternativa ao comunismo e ao liberalismo.

Este movimento cria então uma nova política. Em base, esta visava defender as restantes colónias, propagar a descolonização, defendia “uma política ativa, positiva e construtiva” e pretendia estabelecer a paz mundial. No entanto, apenas a medida de luta contra o colonialismo foi realmente levada a cabo.

Entretanto, em Portugal vivia-se um período de declínio do Estado Novo. O regime salazarista fraquejava e avistava-se já um fim. Apesar das campanhas que tinham por objetivo a “revolução agrícola”, na década de 50 a agricultura continuava pobre e pouco produtiva. A isto culpavam-se as dimensões agrícolas, que se viam no norte divididas em minifúndios, ou seja, pequenas parcelas que não permitiam o uso de novas indústrias e, no sul, os latifúndios, propriedades enormes mas que não eram aproveitadas.

Face ao problema de produção elaboraram-se novos planos de reforma, como a mecanização da exploração agrícola. Assim, dá-se o II Plano de Fomento (1959), que visava aumentar a produção e a qualidade de vida dos agricultores, no entanto este plano falha.

Resumos de História – 5ºteste

Ente 1985 e 1991 dão-se profundas alterações na história mundial traçada até então. A Guerra Fria termina de forma inesperada, a Alemanha une-se novamente, a URSS entra em declínio e desmembra-se e, finalmente, os EUA, sem outros concorrentes à altura, tornam-se a maior potência mundial.

O início de 1985 na URSS torna-se fundamental para a continuidade da história Russa até aos tempos de hoje. Em março Mikhail Gorbatchev, um homem novo e de ideais mais liberais que os seus antecessores, é eleito secretário-geral do Partido Comunista.

Com a sua entrada no poder, Gorbatchev encara as necessidades e os problemas do sistema soviético que vinham a piorar desde a era de Brejnev. Deste modo, dá início a uma política de diálogo e aproximação ao Ocidente, nomeadamente dos EUA, com os quais reinicia conversações no sentido de dar fim ao enorme conflito da Guerra Fria que vinha já desde 1947. Assim, com o desarmamento por parte de ambas as potências, Gorbatchev conseguiu canalizar a economia – que era em grande parte dirigida no sentido do armamento e da militarização – para a reestruturação interna.

No sentido de ganhar o apoio popular para a renovação económica pretendida, a perestroika (que significa reestruturação), o líder inicia, em simultâneo, a glasnost (transparência), ou seja, uma medida que visa a abertura política, reconciliando o socialismo com a democracia.

A perestroika tem como função descentralizar a economia, privatizando algumas empresas, dando-lhe apoio e incentivando essa privatização através de enormes subsídios que suportavam a sua falta de rentabilidade – criando assim uma balança económica pouco viável, sustentada pela necessidade de abertura externa.

Por sua vez, a glasnost pretende motivar a população a acreditar na abertura interna da nação. Assim, este projecto apelava à denúncia da corrupção e da censura (abolindo-a), e à oportunidade de participação dos cidadãos na vida política. Em março de 1989 dão-se, neste sentido, as primeiras eleições verdadeiramente livres na URSS, que dão poder ao Congresso dos Deputados do Povo.

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No entanto, aquando do decorrer das políticas de Gorbatchov, os países de Leste que se encontravam sob o domínio soviético, encontraram nesta “liberalização” política o fomento para a sua contestação independentista que já vinha dos tempos de Brejnev, nomeadamente porque, ao contrário do que se passara com os antecessores políticos soviéticos, desta vez a sua revolta não contava com a intervenção militar russa, que até então era utilizada para normalizar as situações de revolta popular. Além disso, Gorbatchev considerava que as democracias populares eram um peso para a URSS e concordou no afastamento daqueles países nos quais proliferavam os ideais liberais, permitindo-os criar fronteiras e escolher o seu regime político.

Em 1989 inicia-se um período de democratização das nações que se encontravam sob o domínio soviético. Dá-se, então, a abertura das fronteiras com o Ocidente e, a 9 de novembro, cai o mundo de Berlim, dando descontinuidade à “cortina de ferro”, preconizada por Churchill após a II Guerra Mundial.

Face à queda do muro, que durante quatro décadas dividia a Europa, a divisão da Alemanha deixa de fazer sentido e, assim, esta reunifica-se no final de 1990, trazendo consigo a dissolução do Pacto de Varsóvia e do COMECON, resultando num novo clima de paz para a Europa já há tanto tempo ansiado.

Entretanto, a União Soviética debatia-se com graves problemas políticos e económicos. Em primeiro lugar, a perestroika trouxera problemas que se tornavam incontroláveis e a economia entrara, desse modo, num acentuado declínio. Em segundo lugar, o desmembramento dos países de leste, iniciado com a Estónia que, em 1988, se assume como estado soberano e em 1990 com a Lituânia que se desmembra oficialmente da URSS, e a reunificação da Alemanha, impulsionara pela União Soviética os confrontos étnicos e a propagação das ideias liberais.

Deste modo, Gorbatchev, que nunca quis a destruição da URSS, tenta parar o seu declínio pela intervenção militar no Estados Bálticos. Assim, o líder começa a perder os seus apoios mais liberais, nomeadamente de um dos seus ex-colaboradores, Boris Ieltsin, que é eleito presidente da república da Rússia em 1991, marcando o fim a URSS.

Em 1991 a maioria das repúblicas da União declara a sua independência e, no final desse ano, cria-se a CEI (Comunidade de Estados Independentes) que agrega 12 das 15 repúblicas que se tornaram independentes. Gorbatchev abandona finalmente a presidência da URSS, já totalmente desintegrada.

A perestroika, que prometera uma melhoria das condições de vida a nível salarial, de bens de consumo e de assistência social, tornara-se um fracasso económico. No entanto, o fim desta política de economia planificada significa, também, o fim dos subsídios às empresas, que necessitavam dos mesmos para rentabilizar os seus lucros. Por conseguinte, muitas empresas entram em barrota, reunindo cada vez mais condições para o caos económico da nação.

O desemprego floresce a um nível inimaginável e a liberalização dos preços contribui para a inflação dos preços, a qual os salários não acompanham. Assim, muitas famílias soviéticas perdem o seu sustento e veem-se sem meios de subsistência. Entre estes apenas algumas pessoas enriquecem, conseguindo acumular grandes fortunas. Estes apoderam-se das empresas privadas que faliram e, outros, canalizam os seus fundos para investimentos no estrangeiro, fazendo com que, em meados dos anos 90, 45% do rendimento nacional se encontrasse em 5% da população.

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Além disso, também os novos países, independentes da União Soviética, viram-se em crise económica. Com o afastamento da nação perdem também os seus subsídios e o comércio torna-se, de modo geral, mais caro, criando um certo ambiente de caos económico.

Externo à União Soviética, o mundo encontra-se sob a égide dos três polos de desenvolvimento: os EUA, a União Europeia e a Ásia-Pacífico. Entre estes, é nos Estados Unidos que se encontram as melhores condições políticas, económicas e sociais.

Esta superpotência mantém, até aos dias de hoje, a sua filosofia da “livre empresa”, que fomenta toda a sua economia. O Estado-Nação mantém-se intacto, permitindo e incentivando a privatização das empresas, cuja carga fiscal se torna mais baixa, os encargos com a segurança social são diminutos e as restrições ao despedimento ou deslocação de mão-de-obra são praticamente inexistentes.

A sua nação, de carácter pós-industrial, apresenta na sua base o poder do sector terciário, que ocupa aproximadamente 75% da população ativa e é responsável por 70% do PIB. É também o maior exportador de serviços do Mundo e a sua economia possui momentos escassos de recessão. Além disso, também o sector agrícola e pecuário apresenta níveis positivos para a sua economia, possuindo uma elevadíssima produtividade.

Deste modo, a hegemonia dos EUA dá grandes frutos aquando da presidência de Bill Clinton.

O presidente, querendo contrariar a crescente prevalência do comércio na União Europeia, procura fazer crescer as relações económicas com o Sudeste Asiático, revitalizando a APEC (Cooperação Económica Ásia-Pacífico). Além disso, nasce nas suas mãos a NAFTA (Acordo de Comércio Livre da América do Norte) que tem como objectivo, semelhante ao da União Europeia, a livre circulação de capitais e mercadorias entre os EUA, Canadá e México. No entanto, a NAFTA acaba por colocar as nações num estado de dependência face aos Estados Unidos.

Além disso, a hegemonia norte-americana deve-se também ao grande avanço tecnológico. A sua economia é de tal forma canalizada para a investigação científica que esta nação continua a ser aquela que mais investe neste ramo. As novas tecnologias tornam-se determinantes para o desenvolvimento de um país a partir de meados do século XX e é tendo consciência deste facto que os EUA conseguem proliferar em relação ao resto do mundo, sendo que o seu Estado financia 50% da investigação privada e efectua encomendas dos mais sofisticados materiais militares e paramilitares. Finalmente, o seu avanço tecnológico tão crescente deve-se também à criação dos tecnopólos – parques gigantescos, associados às suas mais prestigiadas universidades, onde se encontram laboratórios e fábricas de pesquisa e avanço tecnológico únicas até então -, sendo o mais famoso Silicon Valley, na Califórnia, onde nasceu a internet.

Mas em que momento da história é que se pode delimitar o início da hegemonia americana pós Guerra Fria? Este momento encontra-se descrito por muitos historiadores como o ano de 1991, aquando da Guerra do Golfo, que fora proposta por George Bush (pai) no sentido de iniciar uma nova ordem mundial cuja base se encontrava nos ideais pós II Guerra Mundial, os mesmos que tinham sido o berço da ONU. Assim, a Guerra do Golfo é iniciada como meio de libertação do Kuwait, um pequeno país petrolífero que havia sido invadido pelo Iraque, e a supremacia americana torna-se mundialmente conhecida pelo modo como as tropas iraquianas (4º maior exército mundial) nada conseguiram contra as sofisticadas tecnologias militares da nação rival.

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No entanto, o seu elevado estatuto perante o mundo gerou alguma controvérsia quando, apercebendo-se do seu enorme poderio, o presidente Bush e, mais tarde, o filho que o sucede, ditam algumas modificações da “Nova Ordem Mundial”.

Em primeiro lugar, impõe algumas sanções económicas, tais como o bloqueio do mercado externo e interno, dos países que violassem os direitos humanos, possuíssem uma política repressiva ou suportassem organizações terroristas, fazendo com que, em 1998, 75 países se encontrassem sob ou em risco de receber estas “punições”. Em segundo lugar, reforçam o papel da OTAN, que devido ao declínio da URSS perdera as razões para existir, e contrariam o seu papel unicamente defensivo, sendo que após 1991, esta organização passa a ter o poder de intervir militarmente na Europa sempre que haja razões para tal. Finalmente, os EUA assumem um papel militar mais ativo, sendo protagonistas de inúmeras intervenções armadas de vários motivos, entre elas a do combate ao terrorismo no Afeganistão, em 2001, e a destituição de regimes repressivos.

Este último factor conduz à polémica invasão do Iraque que, em 2003, consegue derrubar o regime de Saddam Hussein. No entanto, as verdadeiras razões que levaram a esta guerra levam a inúmeros debates e divergências de opiniões, fazendo com que o regime político americano, na altura encabeçado por Bush (filho) perdesse a maioria do seu apoio e crença. Deste modo, é em 2008 que se elege como novo presidente Barack Obama, que trás consigo um clima de crença na mudança e na paz mundial.

Anos antes, também a Europa se debatia com a necessidade que vinha desde o Tratado de Roma, de se unificar e unir o poder de todas as suas nações no sentido de proliferar como uma superpotência e resolver alguns problemas económicos e sociais que vinham ainda da II grande guerra.

A sua primeira necessidade foi a união aduaneira, ou seja, a livre circulação de mercadorias. Neste sentido, a Comunidade Económica Europeia (CEE) cria um conjunto de instituições que, semelhantes ao que fora feito na ONU, se encarregavam de diferentes ramos económicos, sociais e políticos entre nações. Assim, os estados-membros conseguem alcançar alguns resultados e tentam pôr em prática uma política agrícola comum, um projecto de combate ao desemprego e um de ajuda às zonas menos favorecidas do continente.

No entanto, as suas ideias e tentativas resultam apenas na perda de apoio e de crença, sendo que no início dos anos 80 a Comunidade começa a colapsar. Felizmente, 5 anos depois, Jacques Delors entra na presidência da Comissão Europeia e faz sua prioridade o renascer da CEE. Deste modo, Delors prende-se na necessidade de um avanço económico como União Europeia, que se reflete na assinatura, em 1986, do Ato Único Europeu, que previa para 1993 o estabelecimento do tão querido mercado único – adicionando que não seria de livre circulação de mercadorias apenas, mas também das pessoas, dos capitais e dos serviços, reunindo assim condições para uma verdadeira União no continente.

Neste sentido, Delors publica o Livro Branco, onde estavam escritas as medidas a tomar e os seus prazos, assim como um profundo estudo económico sobre os custos da Europa se esta não se unisse como planificado. É então, em 1990, que o mercado livre se torna finalmente uma realidade. Além disso, as nações começam a acreditar que esta União poderá dar mais frutos, criando no horizonte novas medidas e ideias, tais como o alargamento da moeda, da política migratória, da política externa e da defesa a nível continental (daqueles que fizessem parte da União).

Estas crenças conduzem, em 1992, ao célebre Tratado de Maastricht, assinado na cidade holandesa. Este tratado entra em vigor um ano depois e estabelece a existência da

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conhecida União Europeia que temos nos dias de hoje. Esta é fundada em três pilares principais: o comunitário, de cariz económico e, também, aquele à qual dão prioridade; o político, de política externa e segurança comum (PESC) e, finalmente, o da cooperação nos domínios da justiça e dos assuntos internos.

Assim, a criação da União Europeia traça uma nova ordem na Europa da qual praticamente todas as nações querem fazer parte. Entretanto, a necessidade de uma moeda única cresce e propaga-se, fazendo com que a 1 de janeiro de 1999 seja inaugurado o euro, uma moeda única que, três anos mais tarde, é adotada por todos os países que fazem parte da União.

Deste modo, a CE torna-se a maior potência comercial do mundo, com um PIB semelhante ao dos EUA, um mercado interno estável e produtivo e uma mão de obra relativamente qualificada, assim como uma rede de transportes e comunicações que permite a livre circulação.

Infelizmente, no final do século XX a CE começa a perder a sua hegemonia face aos Estados Unidos, devido à elevação da sua taxa de desemprego e envelhecimento da população, entre outros factores.

[da Europa dos 9 à Europa dos 25]

[As Dificuldades de Construção de uma Europa Política]

Anos antes, na Ásia, que nos anos 50 ainda vivia longe do desenvolvimento tecnológico, apostando nas atividades tradicionais, dá um salto e inicia-se um período de desenvolvimento que o vai colocar nos grandes mercados mundiais, em conjunto com os EUA e a Europa.

Este desenvolvimento inicia-se com o “Milagre Japonês” que ocorre principalmente devido ao apoio dos Estados Unidos e à boa classe trabalhadora e mal paga. Esta nação serve então de modelo à primeira geração de países industriais do Leste Asiático, que ficaram conhecidos como “os quatro dragões” (ou tigres). Tal como ocorrera no Japão, estes países possuíam trunfos que não se encontravam entre as superpotências mundiais: mão de obra abundante e esforçada, assim como altamente barata. Assim, Hong Kong, Singapura, Coreia do Sul e o Taiwan, conseguiram compensar a sua falta de terra arável, de recursos mineiros e energéticos, de capitais e dos seus problemas de superpopulação. Canalizam então os seus investimentos na indústria têxtil, automóvel, na construção naval e nas novas tecnologias.

Apesar do êxito dos Novos Países Industrializados (NPI) estes possuíam dois problemas de alguma gravidade. Em primeiro lugar, a sua excessiva dependência externa, tanto em termos financeiros como energéticos, assim como no comércio, pois a maioria das exportações dos seus produtos tinham como alvo o ocidente, o que significava que qualquer perda dos negócios para com esses países iria abalar fortemente a sua economia. Em segundo lugar, passara a existir um forte clima de rivalidade que separava estes países, dado que aquilo que vendiam era semelhante e vinha das mesmas zonas.

Entretanto, dá-se um abrandamento da economia ocidental nos anos 70, fazendo com que estes países perdessem grande parte do seu sustento comercial. Neste sentido, os NPI viram-se para novos mercados e fornecedores, nomeadamente no Sudeste Asiático, nos membros da ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático, que nascera em 1967), uma associação que englobava a Tailândia, a Malásia, a Indonésia e as Filipinas. Estes países possuíam factores que os tornavam perfeitos para trocas comerciais com o Japão e os “Quatro

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Dragões”, dado a sua abundância em matérias-primas, em recursos energéticos e em bens alimentares que os NPI necessitavam.

Deste modo, os Estados do “arco do Pacífico” (como ficaram conhecidos) tornam-se um polo económico de elevado volume de trocas inter-regionais, alterando também a balança económica mundial, com o crescimento de Hong Kong e Singapura que passam a fazer parte dos países mais ricos do mundo. No entanto, este crescimento tem também um lado negativo; estas novas industrializações tornam a Ásia na região mais poluída do mundo e onde a população carece de bens alimentares, é altamente pobre e explorada.

Entretanto, em Timor-Leste inicia-se uma necessidade de independência que é iniciada com a independência da Indonésia, concedida pela Holanda em 1949 e, em 1974, com a Revolução do 25 de Abril, que agita a colónia portuguesa.

Nascem então três partidos políticos: a União Democrática Timorense (UDT), que defendia a união autónoma com Portugal; a Associação Popular Democrática Timorense (APODETI), que defendia a integração com a Indonésia; e a Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (FRETLIN), ligada aos ideais de esquerda.

O confronto destes três partidos tem inicio em 1975 e a sua violência foge ao poder de Portugal, que acaba por se retirar de Timor e reconhecer, formalmente, a legitimidade de um novo governo. Em 7 de dezembro do mesmo ano o líder indonésio Suharto ordena a invasão do território timorense, fazendo com que Portugal apelasse ao apoio das Nações Unidas, que condenavam a ocupação no território. Infelizmente, devido à grande violência da Indonésia, que se estima ter morto mais de 200 mil timorenses, Timor passa formalmente a fazer parte da Indonésia.

Entretanto, a FRETLIN, escondida nas montanhas, inicia um período de terror a tentar combater a Indonésia, resultando em mais timorenses mortos no massacre do cemitério de Santa Cruz, em 1991. No ano seguinte, dá-se a prisão do líder da resistência, Xanana Gusmão, uma notícia amplamente divulgada. A ajuda dos media tornam Timor no centro da atenção mundial e mobilizam a opinião pública, conseguindo cada vez mais apoios, nomeadamente em 1996, quando o Prémio Nobel da Paz é atribuído ao bispo de Díli e ao representante da Resistência Timorense, Ramos Horta.

No final dos anos 90, fortemente pressionada pelo mundo e principalmente pelos seus parceiros da ASEAN, a Indonésia aceita que o povo timorense decida o seu futuro através de um referendo marcado para agosto de 1999. Entretanto, as suas mílicias armadas iniciam um período de violência e intimidação dos timorenses no sentido de os manter. No entanto, o referendo, supervisionado pelas Nações Unidas, dá uma “inequívoca” vitória a Timor, desencadeando mais uma momento de caos e terror por parte das milícias armadas. A missão UNAMET (das Nações Unidas) é obrigada a retirar-se e mais uma vez os timorenses ficam sob o regime de terror e violência da Indonésia.

Nesta onda de indignação e de solidariedade do Mundo é enviada uma nova força de paz multinacional, patrocinada pelas Nações Unidas, que finalmente encaminha o território para a independência. Em 2002 nasce oficialmente a República Democrática de Timor-Leste.

Infelizmente, a paz não durou muito tempo e em 2006 abate-se uma gravíssima crise político-militar no território. Uma nova onda de violência começa e é novamente destacada uma missão de paz cujo mandato é vê-se inicialmente para 6 meses, no entanto é obrigado a prolongar-se por falta de autonomia timorense.

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Entretanto, na China, o fracasso económico do maoísmo e após a sua morte, em 1976, a nação vê-se obrigada a repensar as suas políticas de desenvolvimento. Neste sentido, o território chinês vai abolir por completo a antiga política colectivista, virada para a autarcia, em prol da sua modernização. Integra-se, então, nos sistemas financeiros e comerciais internacionais e adopta as regras da economia de mercado mundiais, colocando-o assim sob um sistema financeiro capitalista, algo inimaginável no período Mao.

Esta necessidade de mudança é assumida por Deng, um comunista que Mao havia afastado durante a Revolução Cultural. Este líder segue uma nova política pragmática, na qual divide a China em duas áreas geográficas distintas: o interior, essencialmente rural e totalmente resguardado da influência externa – mantendo assim a política repressiva até então conhecida, na qual parte da população, ainda sem conhecimentos e em grande parte analfabeta, prossegue o seu trabalho precário de inúmeras horas por semana (semelhante à escravatura); e o litoral, que se abre ao capitalismo estrangeiro.

Assim, com esta divisão, a China inicia no litoral uma vaga de grande desenvolvimento industrial e económico que o espaço rural não acompanha. Em cerca de quatro anos o sistema agrário é totalmente reestruturado, as terras são descoletivizadas e entregues, em regimes de arrendamento a longo prazo, aos camponeses, podendo comercializar os seus excedentes no mercado livre. Deste modo, a produção agrícola cresce em cerca de 50% em apenas cinco anos. Por sua vez, a indústria sofre uma modificação radical, abandonando a indústria pesada em prol dos produtos de consumo e a autarcia em favor da exportação.

O sistema de “Porta Aberta” adotado na era Deng dá grandes resultados e, em 1980, quatro cidades chinesas são consideradas “Zonas Económicas Especiais”, dotadas de uma legislação ultraliberal, altamente favoráveis aos negócios. Assim, as empresas de todo o Mundo são convidadas a estabelecer-se nestas áreas, sendo que em 1983 foram assinados 188 contratos com multinacionais estrangeiras de todas as áreas económicas e industriais.

Além disso, dá-se também uma política de aproximação económica e política entre as duas grandes potências do Pacífico, sendo que em 1978 é finalmente celebrado o tratado de paz com o Japão, que põe fim á sua rivalidade que vinha da II Guerra Mundial. Finalmente, a China reata também relações com Washington, que havia sido interrompida na República Popular.

O país integra-se na vida económica mundial. Em 1980 adere ao FMI e ao Banco Mundial e em 1986 candidata-se oficialmente ao GATT. Assim, o seu crescimento económico cresce a um nível impressionante e, em 2007, o PIB chinês torna-se o quarto maior do mundo.

Entretanto, após longas negociações com o Reino Unido e Portugal, a China consegue mais um avanço na sua geografia, quando consegue a integração de Hong Kong e Macau, negociando que estas colónias iriam ter um elevado grau de autonomia durante pelo menos 50 anos após a sua integração, iriam possuir um funcionamento democrático e até uma moeda própria.

No entanto, a sua política não se encontra na base daquilo que esta demonstra ao mundo, o que gera alguns problemas. As desigualdades entre o litoral e o interior crescem imenso ao longo dos anos, criando algumas ideias de revolta na população mais liberal. Além disso, o Partido Comunista continua a ser um Partido Único e, ao contrário do seu sistema económico liberal, mantém uma política esquerdista repressiva que tenta ocultar para o exterior. Em 1989 uma revolta juvenil propõe a liberalização política, no entanto esta acaba em tragédia quando o exército chinês investe contra os jovens em Pequim.

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Entretanto, no continente africano, o fim da Guerra Fria, que trouxera esperanças de melhorias nas condições de vida social, económica e política, verificou-se ainda mais caótica para grande parte do Terceiro Mundo.

Assim, a África Subsariana afundou-se na miséria, com fortes fomes, epidemias, rivalidades étnicas e ditaduras ferozes. Independentemente da sua riqueza em matérias-primas, África é, desde sempre, um mundo posto de parte, abusado, escravizado e sobreexplorado, de modo que as suas riquezas, mesmo após todas as mudanças que se viram no século XX, continuavam a ser compradas a preço irrisórios, criando uma enorme disparidade entre as importações e as exportações. Além disso, o crescimento acelerado da população impede o desenvolvimento a nível de educação e de cuidados de saúde, aumentando também a dependência de bens estrangeiros para a sua população. Por conseguinte, são criadas enormes disparidades com o exterior, resultando em enormes dívidas que são pagas com novos empréstimos, deixando o continente a afundar-se cada vez mais em juros e dívidas externas. Finalmente, é também um local com poucas ajudas internacionais, que se vão retirando sob o pretexto de que os seus fundos eram desviados para a compra de armas e para contas particulares dos governadores.

Além dos problemas de pobreza e subnutrição encontra-se ainda um novo surto de pestes: a sida, a tuberculose, entre outras. Em 2002 é estimado que três quartos da população infectada com o vírus do HIV eram africanos. Assim, a esperança média de vida de alguns países regrediu de 24 a 33 anos. A isto junta-se a guerra e os conflitos, além de étnicos, gerados pelas fronteiras deixadas nas ex-colónias pelos países que a regiam.

Por sua vez, a América Latina viveu até às últimas décadas do século XX numa crise económica gravíssima e viu-se sem qualquer suporte.

Os anos 60 e 70 foram vividos sob a necessidade e tentativa de estabilizar a economia e de ganhar independencia face ao estrangeiro. Iniciou-se, então, uma política industrial proteccionista com vista a substituir as importações. No entanto, esta política contou com recurso de inúmeros empréstimos vindos de organismos internacionais e de instituições privadas de crédito. Mal geridos, estes empréstimos levaram ao colapso económico latino-americano, nos anos 80 a retracção económica e a subida dos juros impediram a liquidação atempada dos empréstimos, resultando na declaração de insolvência por parte de vários países, entre eles o México, em 1982.

A comunidade latino-americana foi assim considerada a mais endividada do Mundo. Muitos apoios tentaram recalcar e diminuir a dívida externa, mas impuseram medidas severas de austeridades que permitissem o equilíbrio económico, tais como os despedimentos, a diminuição de salários, o fim dos subsídios e o corte nas despesas de apoio social. Por conseguinte, a população da América-Latina caiu na pobreza extrema.

Neste sentido, procura-se a salvação económica numa política neoliberal, altamente virada para as exportações e semelhante à realizada pelos NPI. O seu pioneiro foi o Chile, com Augusto Pinochet, que nos anos 80 conseguiu algum êxito. A sua primeira medida reflectiu-se na privatização do sector estatal, sujeitando-o à lei da concorrência e procurando colocar a sua economia no mercado mundial.

Isto resultou num crescimento notável no comércio, no entanto não foi suficiente para resolver os problemas económicos que estes países enfrentavam. Em 2001 cerca de 214 milhões de latino-americanos ainda viviam no luto da pobreza e alguns países encontravam-se no total caos económico.

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Além disso, o poder de Fidel Castro em Cuba, que anos antes trouxera o medo aos EUA da propagação do comunismo, fundamentara por parte da superpotência a criação de regimes ditatoriais nos países vizinhos à nação comunista. Poucos eram os países que possuíam liberdade eleitoral, sendo que a maioria vivia em regimes repressivos, que não contribuíam positivamente para o avanço económico e social da américa-latina. Deste modo, a partir dos anos 60 e principalmente nos anos 70, iniciaram-se processos graves de guerrilhas e guerras civis que pretendiam a liberdade, contribuindo ainda mais para o atraso das regiões. Nos anos 80, por sua vez, sentiu-se a necessidade da democracia nestes locais, o que levou à queda dos autoritarismos, que foram substituídos pela tão querida liberalização democrática, feita por políticos civis, eleitos por sufrágio popular.

Por sua vez, no Médio Oriente e nos Balcãs a zona vive um período muito mais caótico que qualquer outro.

A sua zona instável vai assumindo um protagonismo cada vez maior. As suas guerras iniciam-se pelos mais variados motivos, entre eles a riqueza petrolífera e o avanço dos fundamentalistas.

A reação extremista à ocidentalização sofrida pelas sociedades muçulmanas durante o domínio estrangeiro reflete-se na propagação de guerras por toda a zona do Médio Oriente. Os fundamentalistas consideram-se os únicos depositários da verdadeira fé e pretendem preservar, na íntegra, os seus conhecimentos, regendo-se religiosa, social, e politicamente pelas ideias escritas no Corão. Estes movimentos têm inicio no Irão, em 1979, com uma revolução contra a posse americana, que resulta na instauração de um Estado Teocrático.

Entretanto, é criado o projecto da ONU que visa a partilha do território palestiniano e a proclamação do Estado de Israel, a cidade Santa dos Judeus, que encontrariam nesse território a sua casa após os horrores vividos na II Guerra Mundial. No entanto, este projecto recebeu uma forte rejeição por parte do povo palestiniano e do povo árabe em geral, dando o começo a vários conflitos armados entre os dois povos.

A resistência israelita, que consegue sobreviver aos ataques inimigos dos seus vizinhos é conseguida devido ao forte apoio dos EUA e pelos judeus de todo o mundo, que concordavam com o sionismo, que proclamava Israel como terra santa que pertencia aos judeus. Por outro lado, também os árabes defendem a terra que há séculos lhes pertencia. Isto desemboca em consequentes conflitos e, além disso, leva os israelitas a ocuparem os territórios reservados aos Palestinianos. Assim, a revolta palestiniana cresce com a criação da OLP (Organização de Libertação da Palestina), liderada por Arafat.

Entre o clima de guerra acontece uma violenta revolta juvenil, a Intifada, que leva os EUA a pressionarem Israel para abrir negociações com a OLP. Conduzidas secretamente em Oslo, a discussão resulta no primeiro acordo israelo-palestiniano, assinado em 1993, em Washington, estabelece o reconhecimento das duas partes e renúncia à luta armada.

No entanto, este acordo é confrontado com vários obstáculos, desde a oposição fundamentalista à resistência judaica. Assim, é após o assassinato de Rabin, em 1995, por um fanático judeu, que o acordo cai em declínio e a paz degrada-se. A violência aumenta em grande escala e o exército judaico tenta responder com intervenções ainda mais destruidoras, criando o caos. Assim, em 2001, o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, ordena a construção de um extenso muro que isola a Cisjordânia – que remete para a vergonha do Muro de Berlim.

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Por sua vez, na zona dos Balcãs, a Jugoslávia vivia em paz desde 1946, com a subida ao poder por Tito, que soube reconhecer as divergências de nacionalidades, línguas e religiões no país e optou por transformá-lo num Estado Federal composto por seis repúblicas.

No entanto, após a sua morte em 1991, a Eslovénia e a Croácia declaram a sua independência, desencadeando a guerra por parte do presidente sérvio que impedia a fragmentação do país. O conflito cessa um ano depois com o contributo da ONU.

Pouco depois, a Bósnia-Herzegovina proclama a independência, reacendendo a chama da guerra, colocando Sarajevo (a sua capital) numa situação desesperada. A Guerra na Bósnia torna-se o centro do mundo e a Europa vê novamente o terror da II Guerra Mundial, com a mesmas violência e as mesmas atrocidades.

Finamente, após muitos impasses e negociações, a OTAN põe fim ao conflito armado e conduz os acordos de Dayton (1995), que dividem o território em duas comunidades autónomas. No entanto, o fim da década trás novamente o pesadelo aos Balcãs, nomeadamente na região de Kosovo, na qual se desenrola uma operação de “limpeza étnica” à qual a OTAN tenta intervir. Por fim, o presidente Milosevic considera-se vencido e Kosovo é colocado sob a proteção das Nações Unidas.