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® ISSN ISSN ISSN ISSN 1664 1664 1664 1664-5243 5243 5243 5243 Varal do Brasil e você: Uma amizade duradoura! 3 anos JUNTOS, fazendo da literatura um caminho alegre e descontraído FELIZ ANIVERSÁRIO! FELIZ ANIVERSÁRIO! FELIZ ANIVERSÁRIO! FELIZ ANIVERSÁRIO!

Revista varal

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Uma revista literária sem frescuras. Um varal de textos estendido entre o Brasil e a Suíça. Um poema de amor à escrita. Uma ferramenta para divulgar nossos escritores. E o site, além da escrita, abriga as mais variadas formas de expressão da arte. Arte que nada mais é senão a expressão da própria vida.

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Varal do Brasil e você:

Uma amizade duradoura!

3 anos JUNTOS, fazendo

da literatura um caminho

alegre e descontraído

FELIZ ANIVERSÁRIO!FELIZ ANIVERSÁRIO!FELIZ ANIVERSÁRIO!FELIZ ANIVERSÁRIO!

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Varal do Brasil, literário sem frescuras! - Novembro/Dezembro 2012

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LITERÁRIO, SEM FRESCURAS

Genebra, outono de 2012

No. 18

FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!FELIZ ANVIERSÁRIO!

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EXPEDIENTE Revista Literária VARAL DO BRASIL

NO. 18 - Genebra - CH

Copyright Vários Autores

O Varal do Brasil é promovido, organizado e rea-lizado por Jacqueline Aisenman

Site do VARAL: www.varaldobrasil.com

Blog do Varal: www.varaldobrasil.blogspot.com

Textos: Vários Autores

Colunas:

Clara Machado

Fabiane Ribeiro

Sarah Venturim Lasso

Sheila Ferreira Kuno

Ilustrações: Vários Autores

Foto capa: © Anton Zabielskyi - Fotolia com

Foto contracapa: © Ruth Black - Fotolia com

Muitas imagens encontramos na internet sem ter o nome do autor citado. Se for uma foto ou um desenho seu, envie um e-mail para nós e tere-mos o maior prazer em divulgar o seu talento.

Revisão parcial de cada autor

Revisão geral VARAL DO BRASIL

Composição e diagramação:

Jacqueline Aisenman

A distribuição ecológica, por e-mail, é gratuita. A revista está gratuitamente para download em seus site e blog.

Se você deseja participar do VARAL DO BRASIL NO. 19 envie seus textos até 10 de dezembro de 2012 para: [email protected]

O tema da edição no. 19 será sobre o Planeta Terra, sobre a vida, a natureza, os animais, o ser humano. Declare o seu amor pelo Planeta!

ESPECIAL NATAL E ANO NOVO PARA DEZEMBRO

A revista Varal convida você para falar de amor, de paz, de tudo o que se possa desejar na época natalina para desta forma esperar o melhor em 2013!

Traga sua mensagem na forma que melhor encontrar! Pensamentos, tro-vas, haicais, poemas, crônicas, con-tos, minicontos... Ou outra forma ain-da que houver ou mesmo que você inventar!

Vamos passar juntos o Natal e o Ano Novo!

[email protected]

COMO PARTICIPAR DO VARAL

• Solicitar o formulário pelo nosso e-mail.

• Enviar seus textos, fotos e/ou dese-nhos acompanhados de uma foto e de uma minibiografia para o e-mail [email protected] Toda participação é gratuita

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Obrigada a você leitor, a você escritor, que nos acompanha e

participa conosco!

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Varal do Brasil, literário sem frescuras

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Estamos completando três anos de existência. Três anos de participação ativa na literatura de Língua Portuguesa. Não estamos, claro, nos meios intelectuais. Mas estamos no coração de tanta gente que isto é mais do que suficiente para afirmarmos que sim, conquistamos um espaço na divulgação de nossa literatura! Afinal, entre a revista, blog, site, livros, muito mais de quinhentos autores já passaram pelo VARAL DO BRASIL.

Já editamos dois livros e estamos com as inscrições abertas para a edição do terceiro volu-me. Com qualidade e respeito fazemos uma antologia que difere de todas as outras.

Já participamos de um dos maiores e melhores Salões Internacionais do Livro, o de Gene-bra, na Suíça. Um sucesso total. Levamos para o meio internacional aproximadamente du-zentos títulos de mais de cento e cinquenta autores! Quatorze escritores estiveram presen-tes para autografar seus livros vindos do Brasil, Suíça, EUA, Itália e Holanda. Fizemos até mesmo um especial sobre o cordel homenageando Jorge Amado com as participações mui-to especiais de Valdeck Almeida de Jesus e Marcelo Candido Madeira.

Se a Livraria Varal do Brasil fechou seu site e suas vendas diretas pela impossibilidade de continuar com as portas abertas, assim mesmo estamos nos preparando para ir ao 27o. Sa-lão Internacional do Livro de Genebra que ocorrerá em maio de 2013. Mais uma vez, com muita garra e muita vontade de mostrar ao mundo o que temos em nossa bela literatura. Abrimos inscrições e lá vamos nós novamente fazer a festa da literatura brasileira na Suíça. O VARAL DO BRASIL é isto: vontade de ir longe com você, de mostrar seu talento, de unir o leitor com o escritor.

Nestes três anos foram vinte e oito revistas, dois livros e mais um em preparação. Foram mais de mil publicações em nossos blog e site; milhares de visitas no blog, site e página Fa-cebook. Inegavelmente, estamos juntos!

Aqui, o agradecimento sincero pela fidelidade e pelo carinho sempre demonstrado! E siga-mos para mais um ano de sucesso e alegrias com os corações unidos para mostrar o me-lhor de nós!

Jacqueline Aisenman Editora-Chefe do VARAL DO BRASIL

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Varal do Brasil, literário sem frescuras!

♦ ALEXANDRA MAGALHÃES ZEINER

♦ ALICE LUCONI NASSIF

♦ AMELITA SOARES

♦ AMILTON MACIEL MONTEIRO

♦ ANA ESTHER

♦ ANA ROSENROT

♦ ANAIR WEIRICH

♦ ANDRÉ V. SALES

♦ ANGELA GUERRA

♦ ANNA BACK

♦ ANTÔNIO FIDÉLIS

♦ AUDELINA MACIEIRA

♦ BETO ACIOLI

♦ CARLOS CONRADO

♦ CAROLINE BRITO

♦ CAROLINE BAPTISTA AXELSSON

♦ CESAR SOARES FARIAS

♦ CLARA MACHADO

♦ CRISTIANE STANCOVIK

♦ CRISTINA CACOSSI

♦ DANILO A. DE ATHAYDE FRAGA

♦ DEANNA RIBEIRO

♦ DHIOGO JOSÉ CAETANO

♦ DOMINGOS A. RICHIERI NUVOLARI

♦ DORA DUARTE

♦ EDIANE SOUZA

♦ ELIANE ACCIOLY

♦ ELOISA PORAZZA

♦ EVELYN CIESZYNSKI

♦ FABIANE RIBERO

♦ FELIPE CATTAPAN

♦ FERNANDA DE F.FERRAZ

♦ FLAVIA ASSAIFE

♦ GILBERTO NOGUEIRA DE OLIVEIRA

♦ GILMA LIMONGI BATISTA

♦ GUACIRA MACIEL

♦ HERNANDES LEÃO

♦ HIPÓLITO FERRO

♦ ISABEL CRISTINA S. VARGAS

♦ IVANE LAURETE PEROTTI

♦ IVONE VEBBER

♦ JACQUELINE AISENMAN

♦ JARDEL ELIAS

♦ JOANA ROLIM

♦ JOSÉ CAMBINDA DALA

♦ JOSÉ CARLOS PAIVA BRUNO

♦ JOSÉ HILTON ROSA

♦ JUAN BARRETO

♦ JULIA REGO

♦ JUVENAL PAYAYA

♦ LÚCIA AMÉLIA BRULLHARDT

♦ LUNNA FRANK

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Varal do Brasil, literário sem frescuras

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♦ MARCELO DE OLIVEIRA SOUZA

♦ MARCOS TOLEDO

♦ MARCOS TORRES

♦ MADDAL

♦ MARIA ANGELITA HEINZ

♦ MARIA SOCORRO

♦ MÁRIO OSNY ROSA

♦ MARIO REZENDE

♦ MERARI TAVARES

♦ NILZA

♦ ODENIR FERRO

♦ ODETE BIN

♦ OLIVEIRA CARUSO

♦ REGINA COSTA

♦ RENATA IACOVINO

♦ RODRIGO PEREIRA DOS SANTOS

♦ ROSSANDRO LAURINDO

♦ ROZELENE FURTADO DE LIMA

♦ SARAH VENTURIM LASSO

♦ SHEILA FERREIRA KUNO

♦ VALQUÍRIA GESQUI MALAGOLI

♦ VARENKA DE FÁTIMA ARAÚJO

♦ VERA LUCIA PASSOS

♦ VINICIOUS LEAL M. DA SILVA

♦ VIVIANE SCHILLER BALAU

♦ WALNÉLIA CORRÊA PEDERNEIRAS

♦ WILSON DE OLIVEIRA JASA

♦ YARA DARIN

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Varal do Brasil, literário sem frescuras!

Ah! Se amar fosse fácil...

Por Amilton Maciel Monteiro

Ah! Se amar fosse fácil, minha amiga,

Não haveria gente mal amada,

Não teria no mundo tanta briga,

Nem crianças largadas na calçada!

É que amar é bem árduo! E há até quem diga

Que das fainas é a mais sacrificada,

Pois, além de você se dar, fadiga

Com tanta incompreensão, sem dizer nada...

Contudo, sem amar, restam as tristezas...

É até pior que a dura incompreensão,

Ou o que se sofre com indelicadezas;

Pois fomos concebidos para o amor,

Que vive bem em nosso coração,

Como dispôs o Sumo Criador!

Valores

Por Ana Esther

Valores?

A lguém os viu?

Louvados sejam...

Oh, não... hoje em dia

Renegados são!

Esquecidos, abandonados,

Sumiram do coração.

Imagem: Delacorr

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Amor em fuga Por Audelina Macieira

Sombria alma minha

maltratas este corpo que por ti chora

Se vem para mim assim não quero

prefiro fugir dessa agonia

quando lá na escuridão interna

do semblante perdão

imploro por uma bebida quente

para esquecer dos seus lábios

para não lembrar dos seus abraços

para que este alguém onde estiver

que partiu e deixou para depois

o infinito deste amor

que solidão que dor

que fazes agora o meu coração

que sangra

ah! quando lembro que fugiu de mim

lembro também do passarinho sem ni-nho

lembro que ao fugir de mim

me deixou no chão

Meu amor aceite meu perdão

e vem me dê a mão

A fuga não é o caminho

da doce ilusão

A fuga é destino de morte

Para quem fica

E solidão eterna para quem vai

Vem amor!

Vem amor

Agora tanto faz o anseio é só para te ver

Em paz e te dá o que eu tenho

Meu amor, que nunca vai te deixar

Esse amor é nossa casa nosso lar

Esse amor está em mim mas é seu

Amor não fuja de mim

Vem logo, e arrependa-se

Vem viver o amor.

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Grito Existencial

Por Beto Acioli

Grita um silêncio em meu grão deserto

Faz-me arder áridos sentimentos

Passo, deveras, longos maus momentos

O sofrimento faz meu mundo inquieto

O meu tormento passa-se em secreto

Expilo prantos coração adentro

Navalho cortes sanguinolentos

Retalho a alma em perverso decreto

A fundo peno com meus desatinos

Sinto o profundo gosto do veneno

Morrendo aos poucos a cada segundo

Decerto seja o maldito mundo

Impondo a vida pelo que devemos

Ou nos expondo à sorte do destino

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VARAL DO BRASIL NO

SALÃO

INTERNACIONAL DO LIVRO DE GENEBRA 2013

O Varal do Brasil estará presente com um stand de 12m2 no prestigia-do Salão Internacional do Livro de Genebra em 2013.

Estão abertas quinze vagas para sessões de autógrafo e trinta e cin-co vagas para exposição de livros. Todas as vagas serão preenchidas mediante a seleção de títulos e pagamento de participação cooperati-va.

As pessoas interessadas deverão escrever para o e-mail

[email protected] mail solicitando mais informações.

Adiantamos que as associadas da REBRA e os associados da LITERAR-TE, assim como os participantes regulares da revista VARAL DO BRA-SIL, receberão descontos especiais para suas participações.

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Varal do Brasil, literário sem frescuras!

LIA E SEU MUNDO

Por Anair Weirich

Chamava-se lia...

e lia - ah! se lia!

Tanto lia

que seu nome

era apologia

à leitura.

E lia mesmo!

lia outdoor, jornal,

qualquer anúncio a esmo.

Levava a literatura

muito a sério.

Em cada aposento da casa

havia um livro sendo lido,

e cada história com seu mistério.

Essa era lia...

e como lia!

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BOLO DE ANIVERSÁRIO

Fonte: http://mdemulher.abril.com.br/c

Ingredientes

. 1 1/2 xícara (chá) de manteiga

. 3 1/4 xícaras (chá) de açúcar

. 14 ovos

. 3 1/2 xícaras (chá) de farinha de trigo

. 1 colher (sopa) de fermento em pó

. 250 g de ameixa seca

. 1 3/4 de xícara (chá) de água

. 8 gemas

. 200 g de chocolate amargo

Modo de preparo

1. Prepare a massa: bata bem a manteiga com 1 1/2 xícara (chá) de açúcar. Junte 6 ovos inteiros e bata até ficar homogêneo. 2. Acrescente a farinha peneirada com o fermento e misture. 3. Ponha numa forma de 30 cm de diâmetro untada com manteiga e asse em forno, prea-quecido, até dourar. 4. Deixe esfriar e desenforme. Repita a receita mais uma vez. 5. Prepare o recheio: retire o caroço das ameixas. Cozinhe-as com 1/4 de xícara (chá) de açúcar e 3/4 de xícara (chá) de água até ficarem macias. 6. Bata as ameixas no liquidificador aos poucos. Corte os bolos e recheie. 7. Prepare a cobertura: cozinhe 1 1/2 xícara (chá) de açúcar e 1 xícara (chá) de água até obter ponto de bala dura. Bata 8 gemas. 8. Junte a calda quente e bata até esfriar. Junte o chocolate e misture. 9. Cubra o bolo e decore.

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Varal do Brasil, literário sem frescuras!

AMIZADE SUPREMA GRAÇA DE VIVER

Por Eloisa Porazza

Amizade suprema graça de viver!

Verdadeiro tesouro da caminhada,

Sentimento que expressa bem querer,

Transmite harmonia e felicidade também.

Devemos agradecer ao poderoso escultor

Pelos Amigos forjados na forja do coração.

Amizade um tipo especial de carinho,

Que nasce na espontaneidade do viver.

Consiste na grande satisfação

De, com base na sinceridade,

Dizer palavras apropriadas no estender da mão,

Seja qual for à situação.

Amigo confessor Ouve calados os queixumes,

Seca nossas lágrimas, Silencia a voz do pranto

E faz-nos sorrir para um novo alvorecer

Agasalho da hora certa que aquieta nosso ser,

E na magia da existência, retempera o coração.

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Herdeiros *

Ana Rosenrot

Pararam de falar quando eu cheguei me olharam com desprezo como se eu não tivesse direito de estar ali, mas logo recome-çaram a remexer nos objetos, falando alto e discutindo o que caberia a quem. Se eles soubessem que a única coisa que eu queria daquela casa já não existe mais, não preci-sariam esconder furtivamente as coisas que encontravam.

Olho ansiosamente pelos desvãos da sala, na esperança de encontrar pelo menos uma sombra do passado perdido e me depa-ro com o velho relógio na parede, amarelado pelo tempo, cheio de pontos de ferrugem e ainda trazendo no visor um buraco bem re-dondinho perto do número oito, resultado de uma pedra mal atirada, como tive medo na-quele dia de que ela brigasse comigo pela falta de cuidado, desobedecendo à eterna ordem de brincar lá fora, mas ela sorriu, co-mo sempre, com os lábios e os olhos e disse que o importante era que o relógio ainda marcava as horas, e que assim poderia se lembrar de mim toda vez que olhasse para ele, só que agora nada disso adianta.

Caminho da sala para a cozinha, os olhos de todos me seguem em silêncio, ven-do com velado prazer que o grande mito fa-miliar era uma mentira, nunca entenderam que algumas pessoas nasceram para correr pelo mundo a procura de uma vida melhor, isso para eles era fuga, covardia, abandono da família; somente ela, em todos os mo-mentos me apoiou, mostrando-se orgulhosa com o tão pouco ou quase nada que eu tinha conseguido nunca me senti tão só e miserá-vel como agora. No corredor examino triste as portas fechadas, o que eu não daria para vê-la sair de uma delas com seu eterno sorri-so, tão pequena, a alma tão grande, sempre uma palavra boa a dizer, mas tudo acabou só o que vejo e ouço são coisas sendo revi-radas, roupas e lembranças jogadas no chão, a eterna busca por algo valioso; é quando eu vejo atirado ao chão por alguém que não viu nenhum valor naquilo, um pe-

queno retrato, feio, manchado, avermelhado como os retratos antigos são, ali estava aquele sorriso deslumbrante, segurando um grande bebê de bochechas vermelhas e olhos inocentes, eu; naquele momento aqui-lo valeu mais que todo o ouro do mundo.

Corro para pegar o retrato , alguns se assustam, pensando que eu estava tentando me apoderar de algum bem de valor, como se lá existisse isso, pego o retrato e todo um mundo perdido volta a existir em minha men-te, ela agora se encontra do meu lado e eu a ouço falar, com voz suave, me ensinando coisas que em nenhum lugar eu poderia aprender, enquanto penteia meus cabelos, ela me fala sobre a vida, a importância da compaixão, de como devemos ser fortes na adversidade e nunca deixar que a maldade e a ganância entrem em nosso coração; um barulho de algo quebrando me chama a atenção, vou ver e descubro que alguém ha-via derrubado da parede o relógio, que agora se tornou um monte de cacos, molas e en-grenagens, vítimas e testemunhas da sanha familiar por lucro, o silêncio volta a reinar, como se o barulho os tivesse despertado de um pesadelo, todos param e se olham, olha-res vergonhosos se cruzam pelos cantos, indo de um para o outro, como se assim pu-dessem ver a si mesmos e vão largando o que haviam recolhido e guardado em bolsas e sacolas, começam a juntar os pedaços do relógio, unidos como nunca foram em ne-nhum outro momento de suas vidas.

Com o retrato nas mãos, vou deixan-do a casa e aquele mundo para trás, mas posso ouvir vindo da sala, que a conversa agora é amigável, risos e comentários sobre momentos felizes e velhos retratos vão eco-ando pelos cantos, agora, é como se ela es-tivesse novamente ali e para mim ela sem-pre estará.

A única herança que devemos guardar são as boas lembranças.

*Conto vencedor do 2º Lugar no Troféu Ja-caré 2010.

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Varal do Brasil, literário sem frescuras

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REDEMOINHO

Por Lúcia Amélia Brüllhardt

I A Vida é um redemoinho Que roda com, precisão Tendo o vento como artéria dando vida ao coração II Na roda desse moinho Eu quero me balançar Não quero ser Don Quixote Montado em seu alazão Lutou contra o moinho Pensando ser um dragão III Não perco tempo Esperando Vendo a velhice chegar Na roda desse moinho quero me balançar IV Se é verso, se é rima Repito tempo e lugar Repito que no moinho Eu quero me balançar ...

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Show Imperdível Por Amelita Soares

“NÃO PERCAM, ÚNICA APRESENTA-ÇÃO DE SARITA MELO, NESTE SÁBADO NO ESPORTE CLUBE MELINENSE”. Quando vi este cartaz colado num poste, fiquei tão eufórico, enlou-quecido de felicidade que nem conse-gui terminar de ler, tratei de ir rapida-mente a um caixa eletrônico e saquei tudo o que tinha na minha conta− o dinheiro reservado para pagar o alu-guel daquele mês−, para comprar o ingresso e assistir ao show da minha vida; nunca fui muito amigo de festas, shows, nem passeios, sempre fui um homem muito caseiro, mas, por minha amada Sarita Melo− a única cantora que gostei de ouvir em toda a minha vida−, sou capaz de fazer qualquer loucura. Peguei meu carro e literalmente voei até o Esporte Clube, para comprar meu ingresso antes que se esgotas-sem; não consegui encontrar quem me atendesse; o clube estava deserto, mais parecia um túmulo. Comecei a fi-car intrigado, será que os ingressos já tinham se esgotado? Desesperado, voltei pra casa e pesquisei na Internet por horas, na es-perança de adquirir− mesmo que mais caro−, um lugar, nem que fosse na úl-tima fila, mas nada encontrei; corri até a cidade, perguntei a todo mundo, até aos cambistas, que ficavam na praça; ninguém sabia de nada; parecia que o único interessado no show era eu. Derrotado, passei a semana to-da pensando num jeito de resolver o meu problema− não conseguia nem

trabalhar direito−, procurei novamente o cartaz, para ver se encontrava algu-ma informação, mas como choveu for-te durante a semana, todos os carta-zes tinham desaparecido; sem chegar a uma solução para o meu problema, resolvi ir ao show assim mesmo; quem sabe alguém desista de última hora e me venda o ingresso. No sábado, vesti meu melhor traje e fui para o Esporte Clu-be−esperando por um milagre−, fiquei parado na porta, observando por um longo tempo, até que um casal de na-morados começou a discutir, trocar acusações e cada um foi para um lado; percebi que o rapaz, aborrecido, dirigia-se para o carro com um ingresso nas mãos; corri até ele e pedi, sem ne-nhum escrúpulo− pouco me importan-do com sua tristeza por brigar com a namorada−, que ele me vendesse seu ingresso. Ele parou, olhou-me descon-fiado, deu a impressão de que iria me dizer alguma coisa, mas desistiu, pediu trezentos e cinquenta reais − que pa-guei sem regatear− e foi embora, com a aparência bem melhor do que antes. Realizado, transbordando de fe-licidade, entrei no salão e enquanto o show não começava, fiquei observando os cartazes com a foto de minha ado-rada Sarita, que cobria as paredes; foi então que pude ler o que dizia o res-tante do anúncio: “Patrocínio Prefeitura Municipal de Melina – Entrada Franca”. Fiquei tão arrasado por ter sido enganado, que não consegui nem pres-tar atenção no show. Saí do Esporte Clube com uma certeza: informação é tudo. Já o aluguel deste mês, tornou-se uma coisa incerta.

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BOLO DA MAMÃE (Rendimento: 25 fatias)

Ingredientes: Massa - 5 ovos - 2 xícaras (chá) de açúcar - 1 xícara (chá) de leite quente - 2 xícaras (chá) de farinha de trigo - 1 colher (sobremesa) de fermento em pó Recheio - 1 lata de leite condensado - 1 lata de creme de leite - 1/2 litro de leite - 3 gemas - 3 colheres (sopa) de farinha de trigo Cobertura branca - 2 xícaras (chá) de açúcar - gotas de essência de baunilha - 3 claras Cobertura de chocolate - 3 colheres (sopa) de açúcar - 3 colheres (sopa) de chocolate em pó solúvel - 1 colher (café) de manteiga - 2 colheres (sopa) de leite Modo de Preparo: 1. Massa: bata as claras em neve, junte as gemas, o açúcar e continue a bater até obter um creme leve e fofo. Despeje aos poucos o leite e bata mais um pouco. Misture leve-mente a farinha peneirada com o fermento. Asse em forma redonda (28 cm de diâme-tro) untada e enfarinhada, em forno quente (200ºC) por 40 minutos. 2. Recheio: bata todos os ingredientes no liquidificador. Leve ao fogo mexendo sempre até engrossar. Corte o bolo em 2 camadas e recheie com esse creme. 3. Cobertura branca: faça uma calda em ponto de voar com açúcar, 1 xícara de chá de água e as gotas de essência de baunilha. Bata as claras em neve na batedeira e vá despejando a calda fervente sobre elas, batendo até tomar consistência. Cubra a torta com uma camada bem farta. 4. Cobertura de chocolate: leve ao fogo brando uma panela com o açúcar, o chocolate em pó, a manteiga e o leite. Deixe ferver por 5 minutos, mexendo sempre. Passe a co-bertura sobre a torta e com uma colher faça movimentos circulares. Sirva gelado de véspera. Fonte: livro “O Doce Brasileiro” do acervo culinário Nestlé * Receita enviada por Valquíria Gesqui Malagoli, com foto que ilustrou o poema da foto da pá-gina anterior

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Declaração de amor

Por Angela Guerra

E, de repente, me vi barata, pe-las mãos de Kafka!...

Entrei num armário, com Lewis, para descobrir outras Terras, cheias de mistérios...

Vivi aventuras incríveis, com Tolkien, em busca de um anel, para salvar o mundo...

Depois, me perdi em Avalon, na magia de Bradley, em meio às bru-mas...

Em seguida, me apaixonei pelo vampiro romântico, de Meyer, e me encantei com os Anjos e Demônios, de Brown...

Acho que fui a única, no meu curso de Letras (Português-Inglês – porque você deve estar estranhando todos os meus exemplos, de literatura estrangeira...), a ser perseguida por Moby Dick, do início ao final da saga, com Hemingway...

Viajei (nos dois sentidos – meta-fórico e virtual), com Bryson, nos seus relatos das diferenças culturais experi-mentadas por ele nos EUA e na Ingla-terra...

Sofri horrores de violência em A filha do General, cujo autor não me re-cordo, e me desesperei no Afeganis-tão, na pele daquele pobre menino, com Hosseini...

Mais tarde, escrevi minhas me-mórias de Geisha, com Golden, e lutei contra Voldemort, desde o início de

Harry Potter, com Rowling.

Investiguei, com Miss Marple e Poirot, todos os crimes, seguindo as dicas de Agatha Christie!

Marquei presença, também, na literatura de língua espanhola, com Cervantes, Borges e Llosa...

No momento, me arrisco na itali-ana, tentando descobrir o segredo das flores, com Diffenbaugh. Só não me disseram que se tratava de uma tradu-ção quando o encomendei... Detesto traduções! Mesmo não compreendendo tudo, só leio os originais, nos idiomas que aprendi/aprendo.

Faz-se mister mencionar, tam-bém, que me deliciei com a poesia de Robert Frost e Emily Dickinson; com os poemas e o teatro, de Shakespeare... Ainda houve a pintura social, de Dic-kens...

Todavia, a memória me falha, certamente, pois me lembro de muitas horas mais, esquecidas, em colóquio amoroso com alguma obra...

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Varal do Brasil, literário sem frescuras

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Meu Deus, como pude me esque-cer de Eça de Queiroz e Camilo Castelo Branco, com que me maravilhei, na Fa-culdade! Propositalmente, não menci-ono autores brasileiros porque foram muitos, mas, em sua grande maioria, leitura indicada por algum professor, para realizar algum trabalho...

Sempre faço questão de ler o li-vro antes de assistir ao filme, pois, apesar da capacidade criativa e tecno-lógica das equipes de efeitos especi-ais, não há nada tão imbatível como a nossa imaginação, que fica limitada pelo que se vê na tela, caso se inverta a ordem....

A saudável convivência da TV e do computador (e seus desdobramen-tos), com o rádio, mais antigo, nos as-segura que o advento do E-book não nos forçará a abdicar do livro de papel, cujo manuseio nos proporciona tanto prazer, no virar de cada página, na co-locação de nosso marcador predileto, demarcando os limites do que já foi li-do, no inalar de seu cheirinho carac-terístico... Para não falar da felicidade suprema de poder selecioná-lo, entre muitos a reler, na prateleira de nossa própria biblioteca doméstica... Com que amor vamos comprando, um a um, e enfileirando-os na estante; não arrumados militarmente, por área de conhecimento, como nas bibliotecas maiores, mas por tamanho, cor etc – à vontade do freguês...

Muitas pessoas são acusadas de não devolver os livros tomados em-prestados, e, por isso, talvez, se tenha cunhado o dito: “Livro é como escova de dentes: de uso pessoal e intransfe-rível!” Mas como é gratificante estimu-lar no outro o gostinho pela leitura!

Como fazê-lo, se não, emprestando-lhe aquele ma-ra-vi-lho-so livro, que aca-bamos de ler, ou reler?!...

Livro de Angela Guerra

ESPECIAL NATAL E ANO NOVO PARA DEZEMBRO

A revista Varal convida você para falar de amor, de paz, de tudo o que se possa desejar na época natalina e esperar para o 2013 que se aproxi-ma.

Traga sua mensagem na forma que melhor encontrar! Pensamentos, tro-vas, haicais, poemas, crônicas, con-tos, minicontos... Ou outra forma ain-da que houver ou mesmo que você inventar!

Vamos passar juntos o Natal e o Ano Novo!

[email protected]

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Varal do Brasil, literário sem frescuras!

Infância Esperança

Por Anna Back

Minha infância há tanto vivida,

Traz à boca sabores diversos, contidos.

Gosto de saudade, de doces, pastel,

suspiro.

Do frescor das frutas, do pé, na hora,

colhidas.

Carinho de avós, e o gosto de algo que

lembro,

Mas que não sei o nome, nem se existe...

Enfim, sentimentos variados, sonhados,

vividos!

As descobertas do começo da vida.

Vida em broto, desabrochando, só.

Os causos dos mais velhos, vivências.

E lá a encontro, no baú da saudade,

De coque de grampos, óculos e avental...

Meu anjo em forma de avó.

Meus pais amados, heróis guerreiros,

Contra a pobreza, sempre lutaram.

Pensando nos filhos, e nunca em si

Mangas arregaçadas, olhar no horizonte.

Os vi trabalhar muito, chorar e sorrir.

Com orgulho no peito, a quem quis,

Os filhos formaram!

Os irmãos, amigos e cúmplices!

As peraltices eram sempre coletivas.

Brincávamos soltos, aos saltos,

Balanço na árvore, pra lá, pra cá!

Vida no sítio, pomar ao lado,

Bichos, flores, crianças e frutas.

Vida impregnada de natureza,

Parece perfeita, melhor não há.

Todavia, com tanto regalo,

Queria eu viver na cidade!

Apesar da mesa farta, sortida,

Pois quase tudo se fazia em casa.

Goiabada, queijos, marmelada,

Biscoitos, nata, requeijão...

Sentia falta, mais do que pão,

Queria conforto, apesar da idade!

Queria ler mais, ser professora!

Ter luz em casa, água encanada,

Cor nas paredes, cama com véu.

Tantos sonhos para uma criança!

Conhecer o mar, passear nas ruas...

De uma infância pobre em bens,

Guardo as melhores recordações.

Das coisas e das pessoas simples.

Um nome para ela?

Posso chamá-la de Esperança!

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Varal do Brasil, literário sem frescuras

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A quarta neta

Por Eliane Accioly

Era uma vez a Carolina, uma menina de sete anos. Xereta. Perguntadeira. Desconfiada. Ciumenta. Taurina e loira. Cabeçuda, brava. Neta de alemães pelo lado paterno. E pelo materno, mineirinha de seiscentos anos. Uma mistureba. Carolina gosta muito da vovó Eliane, mas acha que para a vovó mineira, ela é só a quarta neta, “Que mico ser a quarta neta!”, “Não sou mocinha como a Ana Luiza, nasci depois do Gianluca e do Guilherme, e nem sou a caçula, como a Amanda”, pensa. As coisas que Carolina mais detesta são: 1- Ser a quarta neta, nem a mais velha, nem a caçula. 2- Quando o irmão, o Guilherme, um ano e sete meses mais velho bate nela. 3- E quando o Guilherme a arrasta e puxa pela roupa no corredor da escola, na frente dos colegas! Uma vergonha! Por conta de uma arrastada Carolina deu um tapa merecido e estalado na cara do Guilher-me. O tapa fez plaft, e ficou grudado na bo-checha dele, escorrido, um tomate esborra-chado. Vovó Eliane não viu Guilherme arras-tar a Carolina, só viu o tapa estampar a cara do neto, e desenhar um mapa, ouviu o plaft! E chiou:

_ Não se bate assim no irmão, Carolina! A menina ficou mais vermelha que o tapa na bochecha do irmão, e sentida com a vovó: “Ela protege o Guilherme! Gosta mais dele que de mim! Não zangou dele me arrastar.” Quase chorou, mas no lugar das lágrimas fechou o rosto, que ficou mais redondo. A boca de Carolina se abriu naquele rosto cor de rosa e redondo, e falou para a vovó: _Você não manda em mim. Só a minha mãe! Vovó ficou impertinente: _ Avó também educa, Carolina! E querendo ser engraçadinha, vovó continu-ou: _ E quando a neta vê a vó educar diz: “Obrigada, vovó”. Carolina sentiu que era um balão e teve me-do de estourar e virar pedaços de borracha. Não um balão cheio de gás, um balão cheio de ira por causa da vovó. Até esqueceu o desaforo de ser puxada pelo Guilherme na frente dos colegas. De novo a boca se abre no rosto redondo e diz: _ Não vou agradecer, vovó! Sou diferente de toda criança! Não quero mais ir para a casa da vovó.

Mas, Carolina foi para a casa da vovó. Era sexta feira, o dia de vovó pegar Carolina e o Guilherme no colégio. Passam pelo Super Mercado e compram salada. Carolina de bra-ços cruzados finge que nem tem avó, mas anda atrás dela, com medo de ficar perdida. Já ouviu contar de criança perdida, e acha uma coisa muito triste. Suspira: “Vida de cri-ança é difícil!” Chegam à casa dos avós. Ca-rolina sente o cheiro de pastel.

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Ainda está zangada, mas, o cheirinho de

pastel... A menina come um monte de pastel

de queijo, os que gosta. Vovó pede para

Néia fritar tantos quantos a neta quiser. Para

o Guilherme tem pastel de carne. Carolina

pensa que inventou gostar de pastel de quei-

jo, porque precisa ser diferente do Guilher-

me. “Graças a Deus a vovó agrada nós dois”,

pensa a pequena mastigando um pastel cro-

cante. Estão na mesa quatro pessoas, dois

adultos, vovó e vovô, e duas crianças, Caroli-

na e o Guilherme. A raiva fica amarrada ao

pé da mesa. Carolina está feliz de não ter

explodido como um balão. Continua inteira.

Toma sorvete de sobremesa e considera,

“Quem sabe a quarta neta também tem lugar

no coração da vovó?”. Mas, nesse pedaço

Carolina fica muito triste, e começa a chorar

de soluçar. Vovó senta a neta no colo e per-

gunta o que está acontecendo:

_ É por causa da vovó que você chora?

_ Não, vovó, é por causa da mamãe e do pa-

pai. Mamãe viaja muito. Está na Venezuela e

só volta amanhã. Papai viaja muito, está em

Brasília, e volta hoje de noite. Eu fico muito

triste e tenho pesadelo.

_ Ah! A vovó entende você porque já fui cri-

ança, também ficava triste quando meus pais

saiam de noite e eu ficava em casa. Me lem-

bro até hoje, vejo agora quando você fala

dos seus pais, é como eu me sentia.

_ Você quer ficar perto dos seus pais, vovó?

_ Não, meu amor. Agora cresci e tenho uma

neta chamada Carolina, estou com ela aqui

no meu colo.

_ Vovó, você viu o Guilherme me arrastar no

colégio?

_ Não vi. Foi por isso que você deu o tapa

nele? Porque ele arrastou você?

_ Foi.

_ Então, peço desculpas. Você me desculpa,

Carolina?

_ Desculpo, vovó.

Diz Carolina, ainda sentada no colo da vovó.

Vovó levanta de mãos dadas com ela. Vão

para o sofá, e quando a quarta neta vê, vovó

Eliane está contando uma história:

“Era uma vez a Carolina, uma menina de se-

te anos:

Xereta.

Perguntadeira.

Desconfiada.

Ciumenta”.

É a história que Carolina acaba de viver. A

menina se aconchega na avó e pensa:

“Essa minha avó! Sei não!!!!!!!!!!!!”

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AMOR

Por Caroline Baptista Axelsson

Um ícone de paixão que está de cara por ar

Como vaga-lume, acende e apaga, acende e apaga

As vezes pode ser visto, as vezes não

O medo de perder encolhe a alma

Mas o corpo erguido se entrega

Pisando em terra firme

batida por rodas, sapatos e passos

É simplesmente desejo conservado em lata

e sem cheiro de nada

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Poeta

Por Renata Iacovino

Ainda bem que recrio

Cada personagem dentro de mim

Pois só assim sobrevivo

Ao verdadeiro que grita

Em meus escombros

E suaviza minha passagem

Nessa incógnita estrada

De mudez assustada.

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Varal do Brasil, literário sem frescuras

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O VARAL DO BRASIL estará presente com um stand de 12m2 no prestigiado Salão In-ternacional do Livro de Genebra de 1º a 5 de maio de 2013.

Estão abertas quinze vagas para sessões de autógrafo e trinta e cinco vagas para exposição de livros. Todas as vagas se-rão preenchidas mediante pagamento de participação cooperativa.

As pessoas interessadas deverão escrever para o e-mail [email protected] solicitando mais informações.

Adiantamos que as associadas da REBRA e os associados da LITERARTE, assim como os participantes regulares da revista VARAL DO BRASIL, receberão descontos es-peciais para suas participações.

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FINITUDE Por Julia Rego

Comecei a entender tudo muito tarde.

Estávamos no meio da madrugada a olhar o silêncio que vinha da rua deserta, enquanto transbordávamos o ápice extravasado.

Ninguém a nos espreitar, só o vento frio do final de agosto acariciava nossos ouvidos, fazendo-nos despertar das nossas divaga-ções.

Como pude entregar-me mais uma vez...

Ainda me recordo daquelas palavras doces, invadindo e entorpecendo todo o meu ser, ao tempo em que me envolvia numa aura amorosa deliciosamente cálida.

Ao fundo, as notas de uma arrebatadora canção arrastavam-nos para os encantos do amor, fazendo-nos acreditar que o universo, naquele momento, deixaria de girar e, cúm-plice, aplaudiria o encontro de dois seres apaixonados.

É incrível como a música tem o mágico po-der de transformar alguns encontros em his-tórias únicas e inesquecíveis.

A bebida nos inebriava, despertando nossos desejos mais recônditos num misto de torpor e prazer.

Calma e surpreendentemente começamos a dançar num ritmo suave e frenético como se quiséssemos seduzir a nós mesmos.

Não falávamos nada naquele momento, não precisava, os olhos e as batidas do coração falavam por nós.

Corpos colados pelo suor que se desprendia dos nossos poros completavam o diálogo improvisado do amor.

Estava apaixonada e não sabia. E não que-ria.

Mas o que seria a vida sem paixão? O que seria de nós se passássemos pela vida sem

saborear este fascinante e paradoxal senti-mento...

Numa sofreguidão há muito não experimen-tada, entregava meu corpo, despindo-me languidamente diante do meu algoz.

Mas as horas, os minutos, os segundos cor-riam desesperadamente como a querer apa-gar as sensações, o gosto e o cheiro do amor impregnados no meu ser.

Despertei de susto, ou de medo, e quando olhei para dentro de mim ele já caminhava, longe, sem sequer olhar para trás, sem cul-pa, sem dor e sem lágrimas, por uma desco-nhecida estrada que insiste em levar embora os nossos amores.

Senti o dia acordar rapidamente, sem que o meu coração pudesse planejar uma fuga.

Eu não entendia que tudo deveria permane-cer na fugacidade que insiste em tudo arras-tar, sem deixar marcas, e sofri!

A luz matinal já ofuscava o brilho dos olhos, anunciando uma jornada angustiante de descobertas e perdas.

Por que sempre teria que acabar assim...

Ocorreu-me que nada foi tacitamente ajusta-do.

Quem disse que as mãos ficariam entrelaça-das para sempre, quem disse que os lábios deveriam estar sempre vermelhos e molha-dos, prontos para obedecer a um só chama-do...

Um único e aprisionador chamado...

Comecei a entender tudo muito tarde...

Apenas quando a estrada que o levou em-bora acenou, sorrindo, para mim.

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Não aguentamos mais!!

Por Marcelo de Oliveira Souza

Não aguento mais! Tiro na esquina Ferindo o rapaz,

A noite se ilumina O clarão da chacina Morre uma menina

Chuva e choro De dia...

À noite tudo se repete Nada mais prevalece A bala come o rosto, Rosto sofrido de dor

Caído na vala, no esgoto Muita dor e agonia...

Ninguém sabe ninguém viu

O estouro da bomba deflagrada, Num flagrante da rapaziada

Não tem festa, não tem nada O couro come na madrugada Choro, morte e mais nada... E mais um corpo despejado

No quintal da estrada.

Não aguento mais Drama, grito e desespero

Tudo pelo dinheiro O povo precisa de PAZ

No cemitério o povo Jaz... Sofrimento, ferida, rapaz

Não aguento mais Não aguentamos mais!

Som

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Varal do Brasil, literário sem frescuras!

AMOR SEM LIMITE

Por Lunna Frank

Ao tocar seu amor

A flor linda nasceu no jardim

Começou a desabrochar

Quando inesperadamente

Foi colhida com tanto carinho

Tamanho era o seu amor

O milagre aconteceu

Teve vida e calor

.

E o pássaro feliz

Não parava de cantar

Voando de flor em flor

Para seu néctar saborear

.

Hoje o pássaro e a flor estão juntinhos

Num campo de jardins floridos

Provando a todos

Que a vida só tem sentido com amor

.

Quem tem uma só flor no jardim

Nunca pense que chegou ao fim

Comete um ledo engano

O pássaro e a flor

Hoje vivem juntinhos livres

Cultuando as belezas naturais do amor e da vida

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Varal do Brasil, literário sem frescuras! - Novembro/Dezembro 2012

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BOLO DE ANIVERSÁRIO COM DOIS RECHEIOS

INGREDIENTES " Massa 8 ovos 1 xícara (chá) de açúcar 1 xícara (chá) de leite 2 xícaras (chá) de farinha de trigo 1 xícara (chá) de castanha-do-pará moída 1 colher (sopa) de fermento químico em pó manteiga para untar farinha de trigo para polvilhar " 1º recheio 1 lata de Creme de leite Nesté 1 tablete de chocolate meio amargo " 2º recheio 1 lata de Leite moça 1 vidro de leite de coco (200ml) 4 gemas " Cobertura 4 claras 1 xícara (chá) de açúcar castanha-do-pará moída, para decorar Modo de Preparo MASSA: Em uma batedeira, bata os ovos até do-brarem de volume. Adicione o açúcar e ba-ta mais um pouco. Diminua a velocidade da

batedeira e adicione o leite. Desligue e adi-cione a farinha, as castanhas moídas e o fermento e misture delicadamente. Despeje em forma redonda (28cm de diâmetro), un-tada e polvilhada. Leve ao forno médio-alto (200°C), preaquecido, por cerca de 30 mi-nutos. Retire do forno e espere amornar. Reserve. 1º recheio: Recheio de Chocolate: Em uma tigela, aqueça o Creme de Leite NESTLÉ® em banho-maria e misture o Chocolate picado. Mexa até formar um creme homogêneo. Reserve. 2º recheio: Recheio de Baba de Moça: Em uma pane-la, misture o LEITE MOÇA® com o leite decoco e as gemas e leve ao fogo baixo, mexendo sempre. Assim que ferver cozinhe por cerca de 1 minuto, para engrossar. Re-tire do fogo e espere esfriar. Reserve. Cobertura: Em uma panela, misture o açúcar com meia xícara (chá) de água e leve para fer-ver, sem mexer, até obter uma calda em ponto de fio. Enquanto a calda se forma, bata as claras em neve. Não desligue a ba-tedeira e despeje a calda em fio quando estiver no ponto. Bata até que a tigela da batedeira esfrie. Montagem: Desenforme e corte o bolo em três partes iguais. Sobre uma das partes, espalhe o recheio de Chocolate e cubra com a outra parte da massa. Espalhe o recheio de baba de Moça e cubra com a ultima parte da massa. Espalhe o marshmallow sobre todo o bolo e cubra com castanha-do-Pará moí-da. Dica: Decore com morangos ou frutas vermelhas e hortelã. Fonte: http://www.nestle.com.br

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Livro

Por José Hilton Rosa

Às vezes penso

Às vezes leio

Às vezes procuro

Às vezes relembro

Às vezes deixo para depois

Às vezes procuro na estante

Às vezes leio o que está sobre a mesa

Tanto tenho para ler

Um livro me leva às vezes, para onde nunca estive

O livro me ensina

Com letras diferenciadas nas suas formas

Uma imagem nos deixa sem ter nenhuma figura

O livro é a arte de aproximar as pessoas

O livro é o sinônimo do saber, de ser educado

O livro em qualquer lugar em que esteja, desperta-me o desejo de conhecê-lo

Na foto, o autor com um de seus livros

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Meus Mestres e eu

Por Alexandra Magalhães Zeiner

Em um dos momentos mais difíceis da minha vida, tive a benção de conhecer meus mes-tres de yoga. Um casal de yogis e Sanyasis, ou seja, pessoas que abriram mão de tudo na vida para se dedicar a pratica da yoga. Mathaji (pronúncia Matagi) e Swameji (pronúncia Suamegi), seguiam os ensinamentos de Swami Satyananda Saraswati. Meu mestre apren-deu tudo diretamente com o Swami Satyananda Saraswati, iniciador da Escola Bihar de Yoga, que possui centros no mundo inteiro. Mathaji era responsável pelas lições de yoga.

Sua mensagem foi clara desde nosso primeiro encontro em 2010, a prática da yoga serviria como uma ferramenta, a cura viria através da disciplina e fé que existia em cada um. O amor e a simplicidade emanada deles me inspiraram profundamente desde o primeiro mo-mento. Os ensinamentos desta ciência milenar continuam a guiar pessoas, no mundo intei-ro, desde sua difusão.

Passados dois anos desde o inicio da minha prática diária ensinada pacientemente por Mathaji, recebi a noticia que eles retornariam a Europa, para dar continuidade ao trabalho iniciado no inicio do ano 2000. A coordenadora responsável por eles na Áustria me convi-dou para junto a ela organizar eventos na Alemanha, pois tínhamos mudado de Viena para Sul da Alemanha.

Quando olho para trás vejo claramente o quanto os ensinamentos dos meus mestres se tornaram parte essencial da minha vida. Aceitei o convite e propus a eles que se hospe-dassem no nosso apartamento em Viena, onde eu os acompanharia na semana que esti-vessem atendendo novos e antigos alunos. No aeroporto de Viena a organizadora estava bastante nervosa e me perguntava a cada instante como eu conseguia manter a calma. Eu disse apenas que minha felicidade era maior que o nervosismo. A viagem de Bangalore (Sul da Índia) até Viena foi longa, mesmo assim eles chegaram bem-dispostos para a idade avançada(ele já passava dos 80 e ela beirando os 80).

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Varal do Brasil, literário sem frescuras

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A semana seguinte foi intensa para todos nós. Eles mal tiveram tempo de descansar e já tinham uma agenda cheia durante o dia inteiro. Eu fazia minha parte, preparando re-feições, roupas e fazendo o trabalho diário no apartamento. A convivência foi maravilhosa, como uma reunião de família. Notando a re-cuperação lenta dos dois, depois da longa jornada, resolvi conversar com a organizado-ra local para adiar a próxima viagem para o interior da Áustria. Na minha opinião eles de-veriam ficar em Viena por mais uma semana. Infelizmente ela não entendeu meu ponto de vista e foi brusca, não havia opção neste ca-so, e frisou que eu seria responsável quando eles estivessem na Alemanha.

Como ela organizou tudo anteriormente, re-solvi aceitar a situação e manter certa distân-cia. No entanto, sentia no peito algo estra-nho, que não conseguia explicar. Decidi con-versar com eles e tentei colocar em palavras a minha preocupação e meus sentimentos sobre a viagem. Mathaji me respondeu: -« Não se preocupe, já sabemos, nos adapta-remos, faz parte da nossa missão ». Meu marido, sempre apaziguador, me pediu para ter paciência, brincando com meus mes-tres, sugerindo horas extras no programa de yoga que eu seguia. Mas como eu poderia negar aquele sentimento no peito? Só me restava insistir com eles, caso algo aconteça, no sul da Áustria, eles poderiam voltar ao apartamento de Viena ou ir para o sul da Ale-manha.

A viagem até o povoado distante próximo as montanhas, foi longa, mas impressionante pela beleza das paisagens da região. Mathaji sempre ao meu lado, conversando alegre-mente sobre todas viagens feitas por este mundo, sempre levando os ensinamentos da yoga para gente de todas as idades e cren-ças.

Foi com o coração pesado que nos despedi-mos. Não gostei do lugar nem da casa aluga-da pela coordenadora, consegui a muito cus-to evitar um conflito maior e tentei me com-portar na presença dos meus mestres. Eles sabiam dos meus sentimentos e afagaram meus cabelos carinhosamente. Chorei, me ajoelhei e confessei: eu os amava de cora-

ção. Meu marido e meu filho também repeti-ram as mesmas palavras. Esta foi a última vez que vi Mathaji.

As semanas seguintes foram um pesadelo para todos nós. Depois de duas semanas Swameji adoeceu e foi hospitalizado. Mathaji ficou no pequeno hospital com ele, mas se-gundo o próprio Swameji me revelaria de-pois, parou de se alimentar. Entrou em coma e foi transferida para um hospital maior em Salzburg, onde faleceu uma semana depois.

Enquanto Mathaji estava em coma, Swameji foi liberado do pequeno hospital e fomos bus-cá-lo pessoalmente porque a coordenadora da Áustria não tinha nervos para lidar com a situação. Ele passou muito mal durante a via-gem, preocupados telefonamos com urgência para nosso medico, que ficou estarrecido com tudo que ouviu e viu ao examiná-lo. Ele foi imediatamente hospitalizado na nossa ci-dade, e mesmo contra sua vontade sobrevi-veu. Depois ele me confessou já saber da partida de Mathaji dias antes, quando ela se despediu dele durante uma meditação. Graças a contatos do meu marido, um jatinho ambulância o levou de volta para Bangalore, onde está se recuperando desde então…

Mathaji estará sempre presente no nosso co-ração, eu já a reencontrei em sonhos… Meu filho de seis aninhos me pediu para parar de chorar porque ela já está no céu.

Agradeço a oportunidade de registrar minha experiência neste Varal Mágico, canal de ex-pressão para todos, especialmente para os brasileiros residentes no exterior. Obrigada Jacqueline!

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Varal do Brasil, literário sem frescuras

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Vozes

Por Felipe Cattapan

A voz distante

de um amigo de infância

me atinge metálica por telefone:

monofônica divaga...

polifônica evoca...

uma vaga península itálica

na nostalgia de uma Antiguidade

esquecida...

onde a poesia só era lida

quando declamada

cantada

exaltada

- em voz alta vivenciada.

O passar dos séculos nos decantou...

amadurecidos, emudecemos:

a necrose do tempo

nos sedando, nos silenciou

- (o que algum dia foi canção

hoje é abstração ou mania).

Afônicos

sem som nem saudade

sem ritmo nem timbre

proclamamos a liberdade

vociferando-a em versos livres:

cantamos sem vibrato

as vibrantes aventuras que não

vivemos

e todas as outras que jamais

ousaremos;

repetimos aos espelhos

as crenças que já perdemos

nas teses em que nos perdemos;

sufocamos em pigarros

os derradeiros desejos

dos últimos suspiros

soluçados com lirismo

na fumaça do romantismo

dos cigarros pós-modernos;

evocamos paixões contidas

e distorcidas

em velhas gravações

de canções antigas

relembrando

em solitária litania

- em uma desbotada boemia -

que algo de saudoso se perdeu,

que a melodia da nossa voz

desapareceu

ao desencantarmos a poesia...

- “O mio bambino caro”,

“Ne me quitte pas”!...

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Varal do Brasil, literário sem frescuras!

Como é o meu amor

Por Maddal

Te amo tanto

tanto

tanto...

Como amar mais?

Tu és meu ideal companheiro.

Cúmplice em todos assuntos.

Meu apoio.

Olhas nos meus olhos

mergulhas no meu ser

e funde-se comigo nas profundezas do viver.

Amo-te de qualquer jeito

sem condição

sem porem

sem medida.

Ah, meu amor

cara metade...

som que embala minha alegria

poesia que me fala ao coração

imagem que busco ver em toda parte.

Onde anda você?

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Varal do Brasil, literário sem frescuras

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Por Hernandes Leão

Lá estava ela... como no sonho; estava maravilhosa!

Era simplesmente, um exemplar único, de uma be-leza estonteante

Uma mulher inigualável, de uma aparência magnífi-ca e frondosa

Que encantava, e nos fascinava; com um mero olhar exuberante

Como poderia ela, ostentar tanta magnitude e per-

feccionismo de beleza? Seu rosto, com aquela tez alva, e olhos cor de es-

meralda; me enfeitiçava Sua boca, exibia lábios carnudos e sensuais; ao ob-

servá-la, ficava excitado com certeza Vê-la pessoalmente, concretiza o sonho, e me deixa

a comprovação, do que imaginava

Seu corpo, era um misto de formosura e volúpia em pessoa; exalava um perfume suave e doce

Sua voz, transparecia uma música angelical de me-lodia inconfundível; um canto de sereia...

Que deixava-nos atônitos, prendendo nosso olhar àquela Dama encantadora e precoce

Até aquele momento, não divisava o futuro, deixava o barco à deriva; mas agora tinha

uma eclusa Passado a entropia, que deixava meu coração em ebulição de energia

Pensei e percebi; que doravante, eu não poderia mais viver sem minha Musa...

Poesia contida no livro: PAPIROS D'ALMA E OS PERGAMINHOS DO TEMPO – em ho-menagem à sua esposa.

MUSA

Imagem: normal_©Jessica_Galbreth_FairyOfInspiration_Fairy_visions

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Varal do Brasil, literário sem frescuras! - Novembro/Dezembro 2012

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Raízes Por Maria Socorro Semelhante éden, efêmero desumano Segreda malícia nos olhos espiral encanto Premissa bela à sombra seduz tanto Amor flutuante de complexo engano Drama de raízes oculta a grandeza Dama graciosa cálice do meu pecado Permite sagaz antídoto amado Almíscar as veias vício de sútil fraqueza Súdito ao fascínio a beleza da alma Prélio desejo oprime lábios nativo Aflige esvairado olhar que tua boca acalma Divina raízes a ti sou cativo Põe-me à prova... Sou plágio n"alma Amo-te em delírio meu amor sedativo.

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Varal do Brasil, literário sem frescuras! - Novembro/Dezembro 2012

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Por Mário Rezende Sentir emoção é chorar uma falta, dar a volta por cima e se achar. Sentir emoção é cantar uma vitória, é festejar uma glória. Sentir emoção é um chute na bola, é o grito de gol. Sentir emoção é corar de vergonha por deslize inesperado. É olhar nos olhos de alguém e encontrar os teus. É receber a criança que chega e se despedir de quem vai. Sentir emoção é olhar ao redor e encontrar todo mundo; é amar o filho, o pai, a mãe, o irmão, o cônjuge, o amigo. Sentir emoção é amar o que ainda não nasceu e também o que já morreu. Sentir emoção é ter amor no coração. Sentir emoção é ganhar e perder. Sentir emoção é dar topada, é cantar no chuveiro. Sentir emoção é puxar o peixe que vem na linha, é comer a toda hora, é não ter o que comer. Sentir emoção é ver o sol que brilha, é brilhar sem ver o sol. Sentir emoção é observar a chuva que chora, é ter o universo aqui, ao alcance das mãos. Sentir emoção é despertar de um sonho, é namorar, brigar, separar e reatar. Sentir emoção é pisar na grama,

saltar e cair rolando de rir. Sentir emoção é viver com pouco dinheiro e ter despesa de sobra. Sentir emoção é dar leão quando jogou na cobra. Sentir emoção é botar pra fora, xingar, gritar, gargalhar e aplaudir. Sentir emoção é engolir, calar, pensar e chorar. Sentir emoção é chegar ao orgasmo. Sentir emoção é tudo aquilo enfim, que mexe, assim, de repente, com o ânimo da gente.

EMOÇÕES

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INTROSPECÇÃO

Por Guacira Maciel

Sou eu quem em mim mesma habita sou quem arde em abissais limites

quem transita em meus mistérios mergulhada sou quem me planta, rega e colhe sou quem por desígnio ou desdita sob a superfície trilha labirintos

sou quem perdida e sem certezas busca e se agarra à cálida orvalhada

sou o som e a escuta das pegadas na pálida luz da madrugada

sou quem iça velas como asas frágeis de cristal de porto em porto pairo entre os adeuses

em busca da tepidez nômade da esperança mas sou quem me convence e surpreende

a mim me reinventa e acende sou quem espanta o tédio das sombras sobre março

quem como a lagarta lenta, voraz, silenciosa devora e regurgita aquele amor vencido

sou quem se envolve nas dobras frias do cetim ardendo lentamente em fogo brando

quem me vela à pálida tez da lua pelo acalanto da noite embalada

em frio e solitário abrigo sou quem reacende a própria chama...

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REGULAMENTO

VARAL ANTOLÓGICO 3

DA SELEÇÃO E DA

PARTICIPAÇÃO

1.1. O Varal Antológico é promovido pelo VARAL DO BRASIL ®, revista lite-rária eletrônica realizada na Suíça (ISSN 1664-5243).

1.2 Serão consideradas abertas as ins-crições a partir de 20 de julho até 20 de dezembro de 2012. Caso o núme-ro de participantes ideal seja atingido, as inscrições poderão ser encerradas mais cedo. 1.3. Poderão participar da antologia to-das as pessoas físicas maiores de 18 anos, ou menores com permissão do responsável, de qualquer nacionalidade ou residentes em qualquer país, desde que escrevam na língua portuguesa.

1.4. A coletânea terá tema livre e será composta por diversos gêneros literá-rios, o escritor podendo enviar contos, poemas, trovas, haicais, sonetos e crô-nicas ou outros.

DA ACEITAÇÃO DOS TEXTOS

2.1. Serão aceitos textos em língua

portuguesa, com tema livre, em for-mato A4, espaços de 1,5, fonte Ti-mes New Roman de tamanho 12 e que não ultrapassem quatro pági-nas. Os textos deverão vir acompanha-dos dos dados de inscrição (ver abai-xo).

2.2. Não serão aceitos textos que per-tençam ao universo de personagens já existentes criados por outro autor. Também não serão aceitos textos poli-tica ou religiosamente tendenciosos, que expressem conteúdo racista, pre-conceituoso, que façam propaganda política ou contenham intolerância reli-giosa de culto ou ainda possuam cará-ter pornográfico. Também não serão aceitos textos que possam causar da-nos a terceiros ou que divulguem pro-dutos ou serviços alheios.

2.3 Os textos não deverão ter ilustra-ções ou gráficos

2.4 Serão recusados os textos que não vierem na formatação requisitada, as-sim como os textos que chegarem cola-dos no corpo do e-mail.

2.5. Os textos recebidos serão exami-nados por uma banca formada pela equipe do VARAL DO BRASIL ® e al-guns escritores e/ou críticos convida-dos. A avaliação se dará com base nos seguintes critérios: criatividade e origi-nalidade do texto, assim como a quali-dade do mesmo.

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2.6 Os textos deverão vir acompanha-dos de uma pequena biografia. A bio-grafia, escrita na terceira pessoa, deve-rá conter no máximo cinco linhas (A5, letra Times New Roman 12, espa-ço 1.5). Lembre-se sempre que numa biografia, como em muito na vida, me-nos é mais. 2.7. Os textos devidamente formatados deverão ser enviados para o e-mail: [email protected], juntamente com os dados de inscrição e demais do-cumentos de autorização.

2.8. Ao se inscrever na Antologia o au-tor autoriza automaticamente a veicu-lação de seu texto, sem ônus para a revista VARAL DO BRASIL ® nos meios de comunicação existentes ou que pos-sam existir com a intenção de divulgar a antologia.

3) SOBRE AS INSCRIÇÕES

PARA A SELEÇÃO:

3.1. As inscrições para a Antologia se-rão abertas no dia 20 de julho 2012 e encerradas no dia 20 de dezembro de 2012, podendo ser encerradas antes, caso o número de textos recebidos e avaliados sejam aprovados antes da data, no formato e padrão já descritos. O livro será publicado em 2013. As ins-crições só poderão ser feitas pelo e-mail [email protected]

OS NOMES DOS SELECIONADOS SE-RÃO DIVULGADOS: A PRIMEIRA PARTE NO DIA 20 DE SETEMBRO DE 2012 E A SEGUNDA PARTE NO DIA 10 DE JANEIRO DE 2013 POR E-MAIL.

3.2. Para participar os candidatos deve-rão, além de enviar um ou mais textos

de acordo com as regras estabelecidas neste regulamento, fornecer o formulá-rio anexo preenchido.

3.3. Só serão aceitas inscrições através dos procedimentos previstos neste re-gulamento. Os dados fornecidos pelos participantes, no momento das inscri-ções, deverão estar corretos, claros e precisos. É de total responsabilidade dos participantes a veracidade dos da-dos fornecidos à organização da Anto-logia.

3.4. Todo autor é proprietário dos direi-tos autorais dos textos por ele enviados para publicação no livro e cuja autoria seja comprovada pela declaração envi-ada; 3.5. Em caso de fraude comprovada, o texto será excluído automaticamente da antologia. Cada autor responderá perante a lei por plágio, cópia inde-vida ou outro crime relacionado ao direito autoral.

3.6 Todo autor é livre para divulgar, preparar lançamentos, noites de autó-grafos, individuais ou em conjunto, do livro VARAL ANTOLÓGICO 3, desde que se responsabilize por todas as despesas - preparativos para lançamento, custos administrativos e convites, compra de exemplares a mais do que os recebidos pela participação – pertencendo tam-bém ao participante o valor das vendas dos livros em questão. Para tanto, o participante apenas deverá entrar em contato com a revista através do e-mail [email protected] para que o número de exemplares lhe seja enviado mediante pagamento (preço da edito-ra / remessa), notando-se aqui a ante-cedência requerida. O VARAL DO BRA-SIL® reserva-se o direito de estar ou não presente nos lançamentos organi-zados pelo autor.

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3.7. Os participantes concordam em autorizar, pelo tempo que durar a anto-logia com a editora, que a organização faça uso do seu texto, suas imagens, som da voz e nomes em mídias impres-sas ou eletrônicas para divulgação da Antologia, sem nenhum ônus para os organizadores, e para benefício da mai-or visibilidade da obra e seu alcance junto ao leitor.

4) DO PAGAMENTO PELO SIS-

TEMA DE COTAS

4.1. A participação se dará no sistema de cotas, sendo que cada autor deverá proceder ao pagamento da seguinte forma: (a) Cada autor pagará o valor de R$ 550,00 (quinhentos e cinquenta reais) que podem ser pagos à vista ou

(b) em duas parcelas de R$ 290,00, sendo o primeiro pagamento até 31 de janeiro de 2013 e o segundo e último pagamento até 25 de fevereiro de 2012.

(c) O pagamento deverá ser feito no caso do autor receber comunicação comprovando a aprovação do (s) seu (s) texto (s)

4.2. A cada depósito o comprovante de-ve ser enviado para o e-mail [email protected]

4.3. O recebimento do pagamento total dá ao autor a garantia de sua participa-ção na coletânea. O não recebimento de nenhuma parcela até o dia 27 de fe-vereiro de 2013 anula a participação do

autor. 4.4. O pagamento parcial do valor coo-perativo não dá direito à participação no livro. Caso o autor não termine o pagamento acordado, será substituído por outro participante e comunicado através de e-mail. 4.5. No dia 27 de fevereiro de 2013 considerar-se-á o livro fechado. 4.6. O (s) depósito (s) deverá (ão) ser feito (s) em nome de: Informações no e-mail: [email protected] 4.7. Não haverá prorrogação dos prazos de depósito em respeito a todos os par-ticipantes selecionados. Pequenos atra-sos podem ser considerados desde que avisados através do e-mail [email protected] e em acordo com a equi-pe organizadora. 4.8. Os participantes receberão um to-tal de 10 exemplares da Antologia por participação. O livro terá aproximadamente 250 pá-ginas no formato padrão (14 x 21 cm) Capa nas medidas 14 x 21 cm fechado; Laminação BOPP Fosca (Frente); Capa em Supremo 250g/m² com 4 x 0 cores; Miolo Fechado em Pólen Soft 80g/m² com 1 x 1 cores Os serviços prestados serão de editora-ção completa: Leitura e seleção Revisão Projeto gráfico criação de capa ISBN e ficha cartográfica impressão 4.9. A presente antologia será editada pela Design Editora com o selo editorial Varal do Brasil, será registrada e rece-berá ISBN , mas cada autor é responsá-vel por registrar suas obras.

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4.10. A remessa dos exemplares para o endereço do autor que não se encontrar presente quando do lançamento do livro será paga pelo mesmo, independente do valor pa-go pela participação. A remessa acontecerá após o lançamento do livro e o autor deverá solicitar o valor do frete pelo e-mail [email protected]

5) OUTRAS INFORMAÇÕES 5.1. Dúvidas relacionadas a esta anto-logia e seu regulamento poderão ser enviados para o e-mail [email protected] 5.2. Todas as dúvidas e casos omissos neste regulamento serão analisados por uma comissão composta pela equi-pe organizadora e sua decisão será ir-recorrível.

5.3. Para todos os efeitos legais, o par-ticipante da presente Antologia, decla-ra ser o legítimo autor dos textos por ele inscritos, isentando os organizado-res e a editora de qualquer reclamação ou demanda que porventura venha a ser apresentada em juízo ou fora dele.

5.4. O VARAL DO BRASIL ® reserva-se o direito de alterar qualquer item desta Antologia, bem como interrompê-la, se necessário for, fazendo a comunicação expressa aos participantes. 5.5. A participação nesta Antologia im-plica na aceitação total e irrestrita de todos os itens deste regulamento.

5.6. A data prevista para a entrega dos exemplares do livro VARAL ANTO-LÓGICO 3 é durante o lançamento do mesmo em 2013 (data a ser agenda-

da) e pelos correios em média vinte a trinta dias após o lançamento (O autor se responsabilizará por pagar o frete caso deseje receber seus livros pelos correios). Será oportunamente discuti-da uma noite de autógrafos organizada pela revista VARAL DO BRASIL ® 5.7 Em caso de, por motivos de força maior, não puder ser realizado um lan-çamento físico do livro VARAL ANTOLÓ-GICO 3, os livros poderão ser requisi-tados pelos autores através do e-mail [email protected] após aviso por parte do VARAL DO BRASIL ® e um ou mais lançamentos virtuais poderão ser realizados. 5.8. Os livros ficarão à disposição na editora para serem solicitados por TRÊS meses após o lançamento e/ou aviso aos autores por parte do VARAL DO BRASIL ®. Após esta data conside-rar-se-á que o autor não deseja rece-ber os livros e os mesmos poderão ser doados a alguma escola, biblioteca ou outros. 5.9. O fórum para qualquer recurso é situado em Genebra, Suíça.

Capa do volume 1 de 2011

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Abstrato da alma II

Por Yara Darin

Desmoronou o castelo

Se desfez a magia

Tudo se perdeu !

Pra você, foi só fantasia

Pra mim, um amor sonhado

Tão esperado!

Restou em mim a nostalgia

Adormeci no calor da dor

Entristeceu o meu sonho de amor

Tão sincero ,no desejo de ter você.

Vou juntando os cacos do meu coração

Este vazio em minh'alma, não acalma

E dispersa no meu pensamento abstrato

Me resta só a esperança de fato,

De um dia te reencontrar.

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Um Ser Amor

Por Maria Angelita Heinz

Você veio inteiro Veio como o dia

Livre como o vento Numa tarde fria

Com o olhar brilhante Brilho de diamante Um coração quente

Feito um vendaval em mim

Varreu as nuvens Da minha solidão

E eu

Me apaixonei perdidamente por você Agora sou

Bem mais que sei Um ser amor

Amar alguém

É viajar pra terra onde ninguém vai Amar alguém

É deixar fluir os sentimentos Ser capaz de amar Amar simplesmente

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BOLO DE CHOCOLATE PARA ANIVERSÁRIOS Fonte: http://www.almanaqueculinario.com.br/

ingredientes

• Massa:

• 3 colheres (sopa) de manteiga

• 2 xícaras (chá) de açúcar

• 4 ovos

1 xícara (chá) de leite • 1 xícara (chá) de farinha de trigo 1 xícara (chá) de chocolate em pó solúvel

• 1 colher (sopa) de fermento em pó • Recheio de Cobertura: • 200 gramas de manteiga sem sal • 8 colheres (sopa) de chocolate em pó solúvel • 3 colheres (sopa) de açúcar • 2 latas de creme de leite • Para decorar: chocolate granulado cerejas.

Modo de preparo

Massa: Bata na batedeira, a manteiga, o açúcar e as gemas até obter um creme Misture aos poucos o leite, a farinha de trigo, o chocolate e o fermento Mexa delicadamente Bata as claras em neve e incorpore à massa Unte uma fôrma com manteiga e polvilhe farinha de trigo e despeje a mistura Leve para assar em forno pré aquecido. Recheio e cobertura: Bata a manteiga na batedeira até obter um creme Despeje em um recipiente e misture o chocolate em pó, o açúcar e o creme de leite até obter uma massa homogênea. Retire o bolo do forno, desenforme e depois de frio, corte-o ao meio Recheie o bolo e cubra com o creme de chocolate. Decore com chocolate granulado e cerejas.

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Varal do Brasil, literário sem frescuras!

CANTO A DUAS VOZES

Por Regina Costa

flores jogadas no chão

lendas num cartão postal

chave largada no jarro

cartas emboladas

lençol de linho bordado

dobrado de amor finito

suflê de abóbora com queijo

no forno esbraseado

armários pela metade

cds espalhados

...e um mamão partido ao meio...

sua voz ressoa entre os móveis, talheres e taças sem tempo, sem volta...

tantas voltas nos voltaram

tantas pautas nos ligaram

momentos de alegria nos retratam espocados

jogo tudo fora

seu pijama cor de cravo

vinte anéis de uma ilusão

chuva fina cai e chora

relógio marca o compasso

amor equacionado no bilhete ao pé da porta

rebuliço de palavras

por mais raras, fascinantes

magia lua amante

vou seguindo adiante, com a viola em contracanto

estou ralada de saudade.

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NOITE DE LUAR

POR SARAH VENTURIM LASSO

Era uma noite de luar, e ela estava debruçada em sua janela no terceiro andar.

Estava com o olhar fixo na lua e sentia todo seu brilho pene-trando seu sua pele, em seus cabelos e em suas pupilas.

Quem passava na rua, se contorcia de curiosidade sobre os pensamentos da bela menina da janela, que estava ali perdi-da em si mesma e no mundo.

Não viu o tempo passar nem as pessoas saírem da rua e es-ta ficar deserta.

Quando estava cheia da luz do luar e com o corpo carregado de energia, se inspirou e saiu da janela.

Foi escrever um conto.

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NaquelaruaPor Vera Passos

Naquela rua marquei os passos desta caminhada

Os primeiros amigos, a mangueira, o jardim...

O caminho da escola, a praça, o cinema...

O primeiro amor, a mais linda flor, o cheiro do jasmim

Naquela rua olhei estrelas, pulei janela, segui a estrada

Corri atrás do trem, quebrei a cabeça, descobri meu bem

Sentei no batente, fiquei contente quando vi alguém

Naquela rua vi nascer, vi morrer, vi partir

Vi amigo chorar, outro sofrer e outro sorrir

Naquela rua eu plantei uma flor e pus no meu cabelo

Adocei a alma ouvindo estórias e lições de amor

Pulei corda, cantei cantigas de roda, joguei bola

Conheci a escola, descobri nos livros, tantas emoções

Naquela rua arranquei o véu, descobri o céu, empinando pipa...

Pulei fogueira, rasguei bandeira, desatei a dor

Conquistei amigos, ganhei bombons, ganhei uma flor...

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HOMENS

Por Isabel C S Vargas

“Homens e mulheres devem ser iguais no direito à oportunidade de desenvolver plena-mente suas potencialidades, mas, definitiva-mente não são idênticos nas capacidades inatas.”

Allan e Barbara Pease

Quando discorremos sobre homens ou mulheres, não é raro começar a apontar falhas, defeitos, ou ter atitudes discriminató-rias. O que ocorre muitas vezes é a falta de percepção ou não reconhecimento de carac-terísticas próprias de cada um, que não im-plicam em defeito ou sinal de menos inteli-gência ou valor. Torna-se necessário buscar as origens para tentarmos entender os fatos, o aqui e o agora e estabelecermos uma per-cepção que nos permita uma visão mais cla-ra para não incorrermos em constantes erros ou falácias.

Valho-me de opiniões de autores abali-zados para fundamentar meu posicionamen-to. Os autores supra citados falam no uso dos hemisférios para justificar diferenças ób-vias entre homens e mulheres. Um usa a ra-cionalidade, o outro a emoção.

Içami Tiba os denomina de homem- cobra e mulher- polvo. Isto baseado nas ca-racterísticas inatas de cada um. Já viram ho-mens fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo? Nada excepcional. Coisas tipo cuidar do almoço no fogão, colocar roupas na má-quina de lavar, atender ao telefone e ainda olhar o tema da escola do filho que pede so-corro e atenção, tudo isto simultaneamente? Impossível não é? Mas não se trata de má vontade, burrice ou falta de atenção com a esposa ou companheira. É preciso entender as características que ao longo dos séculos se incorporaram à genética.

Eles tinham que ter o olho aguçado, certeiro para conseguir abater a caça e tra-zer o alimento para a família. Inclusive sob pena de desmoralização se não o fizessem. Em contrapartida, elas deveriam alimentar a prole, vestir, plantar, cuidar dos idosos, zelar para que os remanescentes no local não se perdessem ou se afastassem enquanto os homens estavam fora, considerando que um descuido poderia resultar em um ataque de animal feroz, captura por inimigo ou outras coisas desastrosas pelas condições inóspi-tas dos lugares de outrora.

Aos homens cabia uma função diferen-te das funções femininas o que implica, inva-riavelmente, em desenvolvimento de habili-dades diversas. Responsabilidades diferen-tes, porém não menos importantes.

O erro que persiste até a atualidade é supervalorizar um em detrimento do outro e atribuir valores diferentes aos gêneros.

O ideal, o correto e justo é igualdade nas diferenças. Isto implica em respeito.

Com a revolução industrial, acesso ao mercado de trabalho pelas mulheres, divisão de tarefas, a conduta masculina vem se mo-dificando. Com isto já não se vê mais as típi-cas e simplórias expressões: “Isso é coisa de homem” ou “Isso é coisa para mulheres”.

Os homens deixaram de se enquadrar naquele estereótipo durão que não chora, e outras tantas coisas tolas. Homem chora sim, cuida de filho, troca fralda, faz mama-deira, vai ao parquinho, penteia cabelo das suas filhas, ouve suas reclamações, conta historinha, brinca de boneca ou de super-heróis e ainda encontra tempo para descan-sar a armadura e andar de quatro no chão para o filho montar em suas costas. Nos in-tervalos entre a tarefa profissional, o ser pai e ser marido, ainda é capaz de passar aspi-rador de pó na casa, ir ao super ou fazer um churrasquinho no final de semana para alivi-ar a esposa. Há os que ainda levam flores, chocolate ou perfume. Enfim, desenvolveram a sensibilidade e as potencialidades femini-nas. Sem qualquer ironia ou gozação nisso, creio que as pessoas, independente de se-xo, quando amadurecem desejam viver bem e isso inclui despojar-se do egoísmo natural.

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Daí surge essa atitude de companheiris-mo e partilha.

Evidentemente não somos tolos de achar que isto é unanimidade, pois ain-da temos uns tantos brutamontes que se não tivessem um resquício de temor da lei, ainda arrastariam as suas mulhe-res pelos cabelos como na época das cavernas. Há aqueles que em função do álcool ou das drogas, espancam a cada bebedeira, namoradas, filhos, esposas, mães e pais idosos. Ora, racionalize-mos, então. Bons e ruins, santos ou de-mônios, traiçoeiros ou fiéis, crápulas ou honestos são adjetivos que cabem em qualquer ser humano, independente de gênero.

Assim sendo, dá para darmos um voto de confiança aos homens, cuja co-tação no mercado feminino geralmente se encontra em alta.

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Varal do Brasil, literário sem frescuras!

LENDÁRIOS CÂNTICOS

Por Gilma Limongi Batista

Na solidão daqui de baixo

Respirei estrelas lá de cima

No silêncio chuvoso da rua deserta

Os postes de ferro choravam amarguras

Com folhas em douradas

Lágrimas de luz

Na serenidade do lago em volta

Emudeci angústias

No raio de luar sonhei subir e descer

Como índia naquela lenda transformar – me

Na aparência e na essência

Poder reinaugurar – me na vida para

Ser

Vitória - régia.

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Varal do Brasil, literário sem frescuras!

A melodia da escrita

Por Alice Luconi Nassif

É no som da solidão

Que ouço a canção

(da pura essência)

Que me liberta dos

Condicionamentos

Daquela aparência

Que me veste tão mal.

Esta música vence

Os espectros aleijados

Das linguagens enganosas

Desviadas de vivências

Discursos falsos e vazios

Desprovidos de potência

São abissais e nada dizem.

Nesta solidão nascem as palavras

Do som das minhas sensações

(experiências fidedignas)

Melodia legitima

Da minha autenticidade.

E,

É na primeira página

Que deve surgir o cheiro e o gosto

Das páginas seguintes

Sagrando o estimulo saboroso

Jamais o tédio nauseante

Que obriga a desistir

Da magia da escrita

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Caminhar

Por Jardel Elias

Me escondo em sonhos errados;

Sonhos nunca esperados.

Chego a me jogar ao chão;

me busco em um sentimento

chamado solidão.

Onde está meu recomeço;

procuro por minha atitude

nem sei o que eu mereço.

Será que devo arriscar;

que chão devo pisar.

Na insegurança de um sonho;

vivo em busca.

Busca da felicidade;

em cada esquina

em cada cidade.

Penso que nada posso realizar;

se longe Você estar.

Já sei o que vou fazer;

vou te encontrar;

custe o que custar

Segurar em Tua Mão;

Na qual Você me mostrará a direção.

Sei que Contigo no amor;

vou trilhar.

E toda minha vida transformar.

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O Terreno Baldio

Por Hipólito Ferro

O quadro diante da parede lisa e branca moldava aquele espaço que não aparentava nenhuma vivacidade e também não havia na-turalidade, as pessoas passavam diante da moldura indiferente e apressadas devido ao trabalho em seus respectivos departamentos, mas não notara nada mais que uma peça ex-posta. A fotografia do quadro de tamanho médio, era uma evolução do registro de uma imagem e o seu deslocamento por diversas paisagens e ângulos diferentes e a criativida-de do homem para registrar fatos e aconteci-mentos, a foto do quadro era uma fotografia aérea de uma pequena cidade do interior mostrava as pequenas casas e os seus esta-belecimentos, as ruas toda sua peculiaridade e seu traçado, as cores e a suas diferenças e tonalidades, a praça central, a igreja matriz uma pessoa ali ou acolá o tempo estava mol-dado naquele retângulo, mas o que chamava a atenção na foto para um determinado garo-to, havia no meio daquele quadro pequenos espaços não preenchidos pela ação do ho-mem, formavam pequenos pontos espalha-dos diante da imagem. Eram os famosos ter-renos baldios lugares abandonados que ain-da não tinha um fim especifico. Com os anos a própria urbanização e a especulação imobi-liária preenchem essas lacunas que modela os quadrículos de uma cidade.

Acontece que havia no garoto e em seus amigos de fazer do terreno baldio pontos es-tratégicos para desenvolverem o seu lado lúdico, a formarem suas amizades e rivalida-des, as suas marcas e as pegadas registra-das no temporal, chamava popularmente o chão batido do terreno baldio, no seu saber e a fazer disso como autênticos ritos de passa-gem de uma fase para outra na vida. Era uma instituição não oficializada entre eles os garotos de portas sempre abertas é claro, bastava estar presente ali e mostrar algum talento ou outra coisa qualquer para ser com-

partilhada.

Surgia também que os terrenos baldios despertavam certa função em determinado grupos de garotos, o formato e a grandeza e a localização, sua peculiaridade a sua vizi-nhança tudo isso tem um papel determinante para o seu desenvolvimento ou sua extinção e abandono, que pode ter uma variação mui-to grande dependendo dos próprios garotos ou do dono ou locatário que pode construir algo para um determinado fim é um jogo de força entre o lúdico o imaginário coletivo e a concretização do concreto de um projeto.

Havia na pequena cidade quando o êxodo rural, ainda mostrava-se seu germe de cres-cimento lentamente e as aglomerações de casas e as pessoas ainda eram esparsas, a liberdade de escolhas por parte dos garotos para elegerem alguns terrenos baldios como pontos verdadeiramente de crescimento em suas pequeninas vida eram um triunfo e um trunfo para os garotos em sua tenra idade e energia de sobra para as suas realizações.

Entre as escolhas ou quando aparece es-pontaneamente um na paisagem como o ló-cus especifica adquire certo status entre os garotos, que pode algumas vezes formar cer-ta e irregular hierarquia de valores que muita das vezes acaba adquirindo uma senha de acesso entre eles seja pela força física ou talento ou agilidade e ate certa malícia por parte de alguns.

Um terreno baldio localizava-se em uma esquina era um pouco elevado acima do ní-vel da rua já asfaltada, naqueles tempos, per-to do centro se é que uma cidade pequena o próprio centro é ele mesma isso facilita a sua auto comunicação; em um determinado perí-odo o terreno baldio foi lugar de passagem de grupos de pessoas que desejavam facili-tar o trajeto ou simplesmente mudar a sua rota, que com o passar dos calendários anu-ais formava trilhas estreitas, de acesso de um determinado ponto ao outro, será que a me-nor distancia entre dois pontos é uma reta ou uma trilha, o terreno também possuía uma nostalgia natural e o microcosmo abundante de sua botânica era cercado de duas arvores de porte magnífico chamada de figo de ben-jamim de folhas pequenas e a sua cor verde

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escura, em que preenchia todo o seu tama-nho considerável e seus frutos de coloração diferente, em sua copa se produzia uma som-bra reconfortante e de grandes proporções e dimensões e em seu tronco era visível às si-nalizações em que o tempo foi o seu verda-deiro escultor.

Geralmente em locais de fácil acesso ou mesmo distante de um centro de uma cidade que produz um magnetismo nos garotos, para produzirem e desenvolverem sua imaginação além da previsibilidade dos adultos. Aconte-ceu que o encontro de vários garotos no local do terreno longe do olhares de seus pais ou responsáveis; irrompeu ali cena memorável para que ficasse registrada nas terras daque-le chão.

Em uma determinada tarde em que o si-lencio nas pequenas cidades em bem audível devido ao fim da sesta e a morosidade de seus transeuntes, era o mês dos ventos e também a época em que caem as folhas das arvores, no local as folhas do figo de benja-mim eram de um tamanho colossal, formava-se um tapete espesso de folhas secas já acu-muladas dos anos anteriores que declinava e caia suavemente ate o seu destino na rua ao lado. Depois de suas atividades lúdicas em que a energia dos garotos é dissipada para aquilo que estão fazendo e o seu objetivo de apenas brincar e disputar alguma coisa. Ces-sado o jogo lúdico naquela tarde, dois garotos não havia gasto toda a sua energia no mo-mento da recreação entre eles.

Então o encontro foi fulminante e digno, os dois possuíam o mesmo nome de um impera-dor da antiguidade Alexandre, um baixo de cabelos liso e ralo o outro de altura maior e magro por genética e de olhos penetrantes e objetivo.

A grande maioria já havia dispersado e foram para as suas casas ou para outro terre-no baldio, ficaram apenas uns poucos garotos por ali à toa ou vagueando nos seus pensa-mentos. Com isso quando a sua energia ain-da estava acumulada em seus corpos, os dois Alexandres se trombaram e entreolha-ram por algum motivo desconhecido de natu-reza que somente os garotos sabem e mais ninguém. Devido à altura ser desproporcional o encontro corporal entre os dois a sua bata-

lha inicial que começou em pé por alguns mi-nutos por alguns instantes modificou comple-tamente mudando de direção, o começo foi no nível do terreno baldio, depois os dois es-tavam já estavam no solo ali começou a foto-grafia memorável eles partiram um para cima do outro formando um só corpo estenderam na vertical e ali deslizaram e rolaram suave-mente entre as folhas secas de benjamim fi-caram um longo tempo ali entres as folhas em que às vezes o que predominava era seus corpos ou muitas das vezes as folhas que cobriam uma parte de seus membros e com isso uma alternância constante entre o humano e a botânica, isso duraram entre o crepúsculo da tarde e o começo da noite, to-dos os restantes dos garotos já havia definiti-vamente embora ficando apenas os dois Ale-xandres.

No outro dia correu um boato na pequena cidade, rapidamente a população inteira ficou sabendo, que os dois garotos haviam desa-parecido por algum tempo e não sabia o moti-vo do desaparecimento cada um alegando algo, mas sem saber o motivo principal e com isso as especulações tomavam proporções catastróficas.

Sabe-se que com o tempo as pessoas re-lembram de um fato importante ou a amnésia coletiva predomina em suas memórias, foi o que aconteceu o esquecimento foi parcial em um primeiro momento e com o tempo foi total.

A vida continua sempre é sua força gera-dora por si mesma tem seu próprio mecanis-mo. Os terrenos baldios foram ficando cada vez mais escassos por diversos motivos e o crescimento urbano é predominante, porem naquele terreno baldio em que havia duas ar-vores e dois garotos um dia que lutaram, tam-bém havia desaparecido e tomara no seu lu-gar uma ampla casa de esquina de uma famí-lia.

Certo dia um pequeno garoto do interior viajou com uma excursão de sua escola para um centro urbano movimentado e atraente para os pupilos, e uma de suas visitas progra-mática era uma visita em centro de exposição de artes um salão muito amplo e nobre e um quadro de aquarelas com cores fortes mag-netizou o garoto a cena do quadro dois ho-mens lutando debaixo de uma imensa arvore

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Varal do Brasil, literário sem frescuras

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com folhas espalhadas por todos os lados, o garoto ficou ali parado observando aquilo e ao mesmo tempo fascinado enfim olhou e aproximou do quadro e viu um nome no canto interior e abaixo a direita do quadro o nome: Alexander o nome do quadro da exposição: cena bíblica quadro número 7: A luta de Jacó.

♦ Desde primeiro de outubro estamos recebendo inscrições para o Salão

Internacional do Livro de Genebra (exposição de livros e sessões de

autógrafos) 2013

♦ Até dez de novembro estaremos recebendo as colaborações para a revista

especial de Natal e Ano Novo

♦ Até trinta de novembro estaremos recebendo os textos (prosa ou poesia) para

o concurso “orelha” do livro Varal Antológico 3

♦ Até dez de dezembro estaremos recebendo textos para a revista Varal de

janeiro (com tema Planeta Terra: fale sobre o planeta, sobre a natureza, os

animais, os seres humanos, a vida)

♦ Até vinte de dezembro estaremos recebendo textos para a seleção para o

livro Varal Antológico 3

♦ Dia dez de janeiro serão anunciados os úl2mos selecionados para o livro Varal

Antológico 3 e também o vencedor do concurso da “orelha” do livro.

AGENDADOVARAL

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Varal do Brasil, literário sem frescuras! - Novembro/Dezembro 2012

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Canção II

Por Walnélia Corrêa Pederneiras

O músico

foi descobrindo

aos poucos...

O poeta também.

Harmonia, convém.

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Varal do Brasil, literário sem frescuras

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BOLO COM CREME CROCANTE

Ingredientes

. 7 ovos

. 3 xícaras (chá) de açúcar

. 5 1/2 xícaras (chá) de leite

. 3 colheres (sopa) de margarina

. 2 xícaras (chá) de farinha de trigo

. 1 colher (sopa) de fermento em pó

. 3 colheres (sopa) de chocolate em pó

. 1/2 xícara (chá) de açúcar de confeiteiro

. 4 colheres (sopa) de amido de milho

. 1 xícara (chá) de água

. 1 1/2 xícara (chá) de amendoim tostado e sem pele

. 4 colheres (sopa) de conhaque

. Chantili a gosto

Modo de preparo

1. Bata 4 claras em neve. Continue batendo e acrescente uma a uma as 4 gemas.

2. Junte 1 xícara (chá) de açúcar, 1/2 xícara (chá) de leite, a margarina, a farinha de trigo e o fermen-

to.

3. Divida a massa em duas partes e em uma delas misture o chocolate em pó.

4. Coloque as massas em formas separadas de 20 cm de diâmetro cada, untada com margarina e

enfarinhada.

5. Asse no forno, preaquecido, a 200 ºC até firmar, aproximadamente 25 minutos. Deixe amornar e

desenforme.

6. Prepare o creme: em uma panela, misture 3 xícaras (chá) de leite, 3 gemas passadas na peneira, o

açúcar e o amido de milho.

7. Leve ao fogo brando, mexendo sem parar até engrossar. Deixe esfriar.

8. Prepare o crocante: em uma panela, misture 2 xícaras (chá) de açúcar, a água e leve ao fogo bran-

do, sem mexer, deixe ferver até formar uma calda em ponto de fio.

9. Desligue o fogo e misture o amendoim.

10. Espalhe sobre uma superfície lisa untada com margarina.

11. Deixe esfriar e desgrude com uma espátula. Pique o crocante e misture ao creme.

12. Prepare a calda: misture 2 xícaras (chá) de leite e o conhaque.

13. Corte os bolos ao meio e umedeça com a calda. 14. Em um aro, alterne camadas de bolo e creme. Leve a geladeira até firmar. 15. Na hora de servir, retire do aro, cubra com chantili e decore com raspas de chocolate.

Fonte: http://mdemulher.abril.com.br/

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DEPRESSÃO

Por Juvenal Payayá

A cachoeira é traiçoeira, Astuta, arma uma arapuca E de repente o rio dolente Cai sobre a rocha bruta

E a pedra lava, lixa e limpa

As manchas turvas da estação; Apesar da queda livre, o rio

Não machuca o braço

Nem sofre escoriação, O rio voa sem asa e pena

Tomando proveito na decida – o rio não tem subida –

E o pulmão suspira o ar,

O gás que sai da mata ciliar, Furtivo no perfume dela Canta, rola, rindo devagar;

Depois da queda o rio é outro, De fato, a vida do rio é plena

Até receber o primeiro esgoto E cai em depressão – é pena!

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Varal do Brasil, literário sem frescuras!

Despretensiosamente Por Caroline Brito

Deixa eu viver de sonhos

Insistir nas ilusões

Ser feliz de uns momentos

Em despretensões

Fingir toda a verdade

Nas mentiras que criei

Não será, pois a vida

Conversão de tudo que inventei?

Segue, olha o horizonte

Ao longe, na enseada

Edifica toda uma vida

Nas areias, na estrada

E cantar, vamos cantar...

Baladas de verso e refrão

Seguir tal qual as belas músicas

Das notas, ser composição

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Varal do Brasil, literário sem frescuras! - Novembro/Dezembro 2012

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Por Fabiane Ribeiro

Conto 6 - O veneno e o antídoto

Prólogo: “Então, ela pegou um dos frascos por entre os dedos e, suavemente, ergueu-o no ar,

embriagando-se com o seu perfume...”

Maria Isabel chegou em casa aquela noi-te, sentindo um misto de emoções. A reunião semanal do grupo de deficientes visuais que ela comandava, havia sido muito produtiva.

Mais que nunca, ela sentia-se ligada ao mundo.

Apesar da ausência da visão, a mulher gostava de manter sua casa sempre cheia de flores. O mosaico de cores em sua sala não lhe passava despercebido. E os perfumes então...

E foi em meio a seus vasos preferidos que ela lembrou-se do primeiro relato da reunião daquele dia. Havia sido o relato de Frederico a respeito de seu sonho com o cavalo branco. Ele havia percorrido gramados maravilhosos. Tudo, no sonho, saltava frente a seus olhos e um belo e calmo riacho percorria aquelas terras infinitas, como se fosse um espelho de sua al-ma.

Então, havia sido a vez da doce menina Dalila, que compartilhara com o grupo seu so-nho junto ao mar. Apesar da idade, Maria Isa-

bel nunca visitara o mar; mas, através do relato de Dalila, ela sentia que o oceano era um velho conhecido, que há muito também habitava seus próprios sonhos.

Através das experiências compartilhadas na reunião, ela sentia que aprendera um pouco mais sobre si própria...

Lembrou-se de Jonatas e seu sonho com a prisão. Maria Isabel quase se sentiu sufocada ao pensar no pesadelo do rapaz... Pesadelo que, como em toda existência, tornara-se um lindo sonho, pois ele soube libertar-se... Ele ti-rou as próprias algemas e tornou-se uma águia, linda e dona de si, a voar pelo céu.

Emocionante também havia sido o so-nho do rapaz com a rosa da noite escura... Ma-ria Isabel lembrava-se de suas palavras: “Aquela rosa parecia anunciar ao vento do de-serto, sob a luz do sol ou sob a escuridão da noite fria, que qualquer jardim regado a dois é mais florido”.

Era o amor, presente em cada sonho, em cada existência. Sempre .

Então, Maria Isabel apanhou o livro em braile que possuía, no qual havia a Lenda dos Olhos e da Saudade... Aquela lenda, mais que tudo, lhe comprovava que, no fim, é sim, sem-pre o amor...

A causa... a razão de tudo... o pecado original, e a salvação.

O veneno e o antídoto.

A mulher foi para seu pequeno laboratório improvisado em casa.

Ela ganhava a vida fabricando perfumes, a partir de extratos de suas plantas preferidas. Começara o trabalho apenas há alguns anos, quando perdera a visão e sentira que os chei-ros podiam trazer um significado novo e especi-al para seus dias. Ainda tinha poucos frascos fabricados, entretanto, cada um era especial, único...

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Então, ela pegou um dos frascos por entre os dedos e, suavemente, ergueu-o no ar, embria-gando-se com o seu perfume. Ela conhecia profundamente o segredo de cada um daqueles aromas.

Cada um deles era como um antídoto para o veneno da amargura que quisera tomar conta de seu coração quando as luzes do mundo se apagaram a ela, há alguns anos... Eles salvaram a fabricante de perfumes. Eles, de certo, salvariam o coração daquele a quem seri-am destinados. Pois eram únicos.

Eram o próprio amor.

O próprio veneno.

Acima de tudo... a salvação.

O antídoto.

Momentos de Prazer

Por Flávia Assaife

Quando estou com você... ... Corpos misturados... ...Sabores adocicados...

Pensamentos apimentados...

Sempre que o sorriso nasce em tua face Sempre que o brilho surge em teu olhos

Sempre que a lágrima rola faceira Quando a boca diz besteira!

Voltamos à infância

Com a pureza das crianças Voamos nas asas da imaginação Sendo guiados pelo coração...

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OS GANSOS. AS RIPAS.

Por Joana Rolim

Conj.2010 . Um balcão, uma atendente em seu

computador. Sala de paredes amarelas, desprovi-

das de qualquer outro elemento. O colorido e o

som da televisão me atraíram, na falta de qual-

quer outra opção de distração, já que fechar os

olhos e me envolver em pensamentos seria im-

possível.

Um ardoroso grafólogo. Uma apresentadora. Um

texto para análise . Nela todo o caráter e a índole

de um repórter se revelando na letra dele. Nada

contra. Mas não me bate. Acabei aprendendo que

a letra ‘o’ tem o ‘poder’ de definir o esbanjador e

o pão-duro. Uma vez detectada a anomalia na

letra, pode-se, simplesmente, inverter o adjetivo

que imprime o perfil da pessoa, simplesmente

mudando o formato da letra. O esbanjador se tor-

na pão-duro e vice-versa.

‒ Ah!Ah! Que fácil! ‒ comentei com a atendente

também atenta.

Quebrando a sequência do quadro, uma cena me

calou: gansos, centenas, enfileirados tal qual uma

procissão ou desfile, sob o comando de um ho-

mem e uma ripa ‒ comprida, larga, bem equili-

brada nas mãos calejadas? que mantinham a mar-

cha dos gansos, escuros como o asfalto quebra-

do , pela rua dividida com carros, carroças, cami-

nhão. Alguns paravam respeitando a marcha em

ziguezague comandado e obedecido à risca pelos

gansos faceiros e barulhentos sob o comando que

os protegia.

Era uma imagem inédita, ofuscante pela beleza

do gansos e destreza do comando. Desciam em

direção à lagoa, onde a água límpida? aguava a

grama e ondeava a cada ganso que nela mergu-

lhava.

O Homem foi entrevistado. Por acaso um jorna-

lista por ali passava!

‒ Eles produzem mais quando são levados a pas-

sear pelas ruas. Nenhum foi atropelado!

Ele disse. Está dito!

Essa imagem valeu! Guardei a imagem! Que ima-

gem! Um homem, uma ripa e centenas de gansos

‒ poderiam ser milhares, não ser gansos, poderi-

am ser milhões ou bilhões de homens ‒ mulheres

inclusas.

O homem poderia ser alguns homem ensandecido

pelo poder, ou muitos, ou máfias, ou chefes de

estado, conquistadores, terroristas, líderes enlou-

quecidos pela ganância e poder ou ... briga por

inveja, briga por dinheiro briga por poder, briga

pela sua própria loucura. Gritos, balbúrdia, mor-

tos. A ripa balançava, agredia, machucava e ma-

tava!

Uma ripa para centenas de gansos. Uma ripa, uma

arma, centenas de armas, centenas de balas, uma

forca, instrumentos de tortura... Quais? Para o

corpo ou para a mente? Ou para o corpo e para a

mente.

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Varal do Brasil, literário sem frescuras! - Novembro/Dezembro 2012

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A Mudança

Por Sheila Ferreira Kuno

Ele olhou pela janela do apartamento de

numa rua movimentada de são Paulo, tudo era

novo e assustador.

Ignácio morava em Luanda quando o pai

chegou com a grande novidade, eles iriam para

o Brasil.

O pai de Ignácio trabalhava numa gran-

de construtora brasileira, que o havia contrata-

do para trabalhar em uma obra Saneamento

Básico de Luanda. Ele demonstrou tanta com-

petência que foi convidado para trabalhar na

matriz da empresa que ficava no Brasil.

A família de Ignácio não vivia mal em

Luanda, mas António, seu pai, considerou uma

boa oportunidade para seu crescimento profis-

sional. O impacto não seria muito grande para

o filho, uma vez que os dois países falavam

português. Era certo que haveria um impacto

cultural, mas seria muito importante para o filho

esta experiência de vida. Ele sabia que a espo-

sa se adaptaria rápido, pois era uma mulher

destemida.

Ignácio estava apavorado, ele tinha ape-

nas 8 anos e já havia presenciado na escola

que frequentava em Luanda, como alunos es-

trangeiros eram recepcionados. Um grupo de

garotos faziam chacota, xingavam e se os no-

vos garotos tentassem se defender, eles eram

surrados.

Ignácio conversou com o pai sobre seus

medos, António tentou tranquilizá-lo sem su-

cesso, dizendo que estaria atento a qualquer

problema que Ignácio viesse a ter e que estaria

sempre preparado para defendê-lo.

Nada disso acalmava seu coração, ele

tinha saudades de tudo que deixara para traz.

Olhava pela janela e via uma rua movimentada,

rodeada de prédios altos, ao contrário da rua

onde morava na periferia de Luanda, que era

repleta de crianças brincando; aqui ele brinca-

ria apenas dentro do condomínio.

Desde que chegou, há três dias, Ignácio

não quis sair de casa, mesmo com a insistência

dos pais.

Ele estava apavorado só de pensar que

no dia seguinte teria que ir à escola nova. Igná-

cio queria fugir, voltar para Luanda, mas como?

Desejou ficar doente para não ir.

A noite foi terrível, ele não conseguiu

dormir, ficou vendo fotos dos lugares e amigos

que deixou, pensou tristemente se um dia vol-

taria a vê-los.

No dia seguinte, sua mãe o levou de me-

trô até a escola, pois eles ainda não tinham

comprado um carro. Ignácio ficou perplexo com

esse meio de transporte, ele estava acostuma-

do a utilizar as candongas, o transporte mais

popular em Luanda.

Imagem: http://www.multiculturas.com/a

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Varal do Brasil, literário sem frescuras

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Na escola, a professora Ana apresentou com entusiasmo Ignácio à turma e anunci-

ou que hoje seria uma aula especial, pois eles estudariam sobre o país onde Ignácio nas-

ceu. Durante a aula, a professora pedia que um dos alunos veteranos comentasse sobre

um determinado assunto e depois chamava Ignácio para contar como era em Luanda. No

inicio, Ignácio estava tímido e com medo de ser vaiado, mas percebeu que as outras crian-

ças estavam interessadas em ouvi-lo, então ele perdeu o medo e se soltou.

Na hora do lanche, ele fez amizade com um garoto de sua classe, que morava perto

de sua nova casa e o convidou para jogar vídeo game.

Ignácio voltou animado para casa, percebeu que poderia ser feliz durante o período

que morasse no Brasil, mas era certo, mesmo que demorasse ele queria voltar para sua

terra natal.

INFANCIA ( IN)FELIZ

Por Ivone Vebber

LEMBRO DOS MEUS

SEIS PRIMEIROS ANOS,

NA CHÁCARA,

DE PÉ NO CHÃO

COLHENDO, NO PÉ,

FRUTAS ,LEGUMES,PINHÃO...

LEMBRO DOS SETE ANOS EM

DIANTE,

DA TORTURA DIÁRIA

AO IR PRA ESCOLA

E SOFRER "

BULLYNG" DE COLEGAS

SEM DÓ , COMO ESMOLA....

LEMBRO DA MÃE

COLOCANDO MEU SAPATO

PRETO E DIZENDO:

NINGUÉM TEM PENA DE MIM....

ELA SOFRIA, HEROÍNA,

TAMBÉM O MAU CASAMENTO

E 10 FILHOS DE AUMENTO.....

LEMBRO DA PRAIA

EM QUE FOMOS ....

A FAMILIA TODA NA ÁGUA

LAVANDO MAUS FLUÍDOS

LEVANDO ALEGRIA

AO CORAÇÃO

AINDA INTEIRO,

NÃO DESTRUÍDO.....

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Uma ripa para centenas de homens? Número ine-

xato? Qual seria o exato?

Bilhões de pessoas marchando obedientes, sem

atropelamento.

Mas são homens (mulheres inclusas). A farsa mo-

numental refém de medos extravagantes. Mas ne-

las, de repente, um (ns) descontrolado (s), um (ns)

desobediente (s), outro (s) com fome, um (ns) re-

voltado (s), tambores tocando, drogas drogando,

assassinato assassinando, crianças assassinas se

assumindo, condutores atropelando...

Marcha de homens e mulheres para a câmara de

gás!

Marcha de homens e mulheres para as fogueiras

acesas pelos representantes de “Deus”!

Marcha de homossexuais querendo seus direitos...

(alguém os negou?)! Marcha da maconha nos lá-

bios clamando pela liberdade da fumaça...

E estupro em cadeia...

Marcha de mulheres seminuas, ou quase nuas,

reivindicando: ‘eu dou pra quem eu quero’! Ou-

viu-se não?

Marchas implorando pela liberdade. Déspotas

metendo a ripa!

Marcha de mulheres cobertas, tendo os olhos e as

mãos livres. Ou ficaram cegas ou suas mãos tom-

baram ensanguentadas.

Mas não há marcha contra a corrupção, com polí-

ticos politiqueiros, contra o afogamento por im-

postos excessivos, contra os ‘quarenta e cinco mil

mulheres assassinadas por seus próximos, contra

a pedofilia, crianças desaparecidas, contra mulhe-

res seviciadas ou seduzidas pela máfia da porno-

grafia... pelos jovens a quem foram negadas uma

educação de qualidade, nem marcha de trabalha-

dores pelo seu direito ( a dos sindicados não con-

tam, trabalham por eles mesmos). E as mulheres?

Sem marcha! Conformadas.

Assim caminha a humanidade, os sinos dobram

para o maior espetáculo da Terra: no palco, o en-

tretenimento, para o corpo e para mente, que os

mantém dentro do espaço protegido pela ripa, que

mantém os ‘gansos’ na plateia, aplaudindo. Sem

água límpida aguando a vegetação.

Entrada livre. Saída paga. Às vezes com uma vi-

da.

Que imagem linda! A dos gansos.

Que imagem feia! A dos homens.

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Varal do Brasil, literário sem frescuras!

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O meu amor

Por Cristiane Stancovik

Meu amor independente Não brevidade

Perene Amor sem veneno Isso eu não quero Mas quero morrer

Amor que não troca Que não vende

Que dá Que toca

Sem ganhar Sem perder Amor amor

Amor diferente E igual

Eu quero infinito Arco-íris de amor

Amor por qualquer um Por qualquer coisa

Sem obstinação Amor de coração Amor em voz alta Sem ensurdecer

Amor pra sempre merecer Pra sempre

Meu eterno amor.

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Varal do Brasil, literário sem frescuras

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PONTO AZUL BRILHANTE

Por Odenir Ferro

Vivendo dentro deste gigantesco maravilhoso in-tenso imenso Tropical País - chamado Brasil! Com as suas dimensões continentais - nas quais eu me deparo a pensar, - sobre este tópico, - den-tro deste momento feliz em que agora eu me en-contro. Acordei inspirado, hoje de manhã! Prati-camente de madrugada. E, quando já estava na estrada, pude rever renascer o nosso tão imensu-rável e belíssimo espetáculo, juntamente com to-da a magia que há em torno de si: - O nascer do Sol!

Quanta beleza, cercada de puro lirismo, poesia e até um profundo e milenar mistério a perdurar pela ordem natural de tudo e de todos os movi-mentos que nos circundam e nos envolvem plenos pela dinâmica da Vida... E por mais que a Ciência tente, não há um solução exata para todos estes fenômenos naturais que nos acolhem e nos ampa-ram com as suas radiantes belezas, momento a momento. Essas essenciais belezas carismáticas, são fenômenos divinais que compõem todos os contextos da Vida. São geradas, e mantidas den-tro do saboroso teor envolto num profundo e in-desvendável mistério!

Pude perceber o aconchego do sol, sentindo-o, a elevar-se numa intensidade rápida - pleno de uma coloração vermelho rubro - contrastando com o intenso e infinito azul anil do céu claro e ausente de nuvens. Eu me situei agradecido naqueles ins-tantes de mágicos momentos! Sentindo-me ampa-rado por um profundo encanto que se emanava do encontro entre o fim da madrugada, com o des-pertar de mais um novo dia.

Tomei a ciência emocional dentro de mim, de que mais uma vez, o milagre de bilhões e bilhões de anos se repetia. E a Vida, novamente, caminhava refluindo-se em todos os lugares do Planeta Ter-ra!

Quanta beleza há nisto tudo. Nesta misteriosa má-gica extraída da metafísica alquímica que rege a foça dos Planetas - aonde o Planeta Terra - tam-bém reina silencioso enquanto a noite está de um lado, e mais ruidoso, quando o sol renasce; tra-zendo calor, energia pura de vida, à outra parte do Planeta que existe acontecendo dentro deste mila-

gre operacional, constatado como dia!

Noites e dias! Quanta harmonia coerente se faz presente, nisto tudo!

Melhor ainda, - podemos, notoriamente, concluir-mos: - Tudo sempre fez, se faz, e se fará parte nisto tudo, compondo-se com exímia exatidão, como se fosse um gigantesco quebra-cabeças. Os Ciclos das Estações, os dias, os meses, os anos, os séculos, as Eras Planetárias... Vivemos dentro de um Planeta encantador! Riquíssimo, antiquíssi-mo!... Arquibilionário em idade. A sua riqueza é indescritível! Vivemos cercados por uma natureza nobre e exuberante. E até podemos sentirmo-nos livres, somente pelo fato de existirmos dentro deste belíssimo contexto.

Fico pensando em quanto de luz, o Sol já envol-veu a Terra! Com os seus brilhantes raios, vindo e acontecendo nas temperaturas certas. Momento a momento! Impulsionando as engrenagens da Vi-da,... E que permanecem quase indecifráveis; com os seus inúmeros segredos que ainda estão por ser desvendados. Oriundos desde os primórdios dos Códigos da Criação, até os nossos dias atuais. Sempre se renovando, sempre se multiplicando, muito embora sempre mantendo-se igual e inalte-rável, dentro dele mesmo. Numa expressividade contínua, - aonde a linha dinâmica da existência perdura, - recriando-se dentro da mistério natural que atua na realidade de si mesma.

Acredito que exista uma comunicação de milhões de anos, já estabelecida, inconscientemente confi-gurada dentro dos parâmetros estabelecidos entre todas as regras sociais com os seus devidos direi-tos e deveres - dentro de cada Cultura, de cada população, de cada tribo, de cada país...

O nosso exuberante Planeta Terra - se olhado a milhares de quilômetros de distância, - se apre-senta apensa como sendo um minúsculo ponto azul brilhante! Circulando errante em torno de si mesmo, - e dos demais planetas, - dentro das imensas ondas de negruras da Via Láctea! For-mando um equilíbrio sensacional, com os demais planetas e tudo o que os cercam...

Mas, o nosso Planeta Terra, tal qual o vivencia-mos no decorrer do Tempo, - é impregnado de muitas ondas de energias transcendentais, metafí-sicas, químicas e físicas, - além de muitas outras ondas desconhecidas por nós, até agora - e que se renovam momento a momento!

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Varal do Brasil, literário sem frescuras

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A composição do nosso planeta é feita de radiante beleza atemporal!

No nosso Planeta, estão presentes as forças Espirituais que superam todos os demais estados de bele-zas que nos são perceptíveis - por quase nós todos - até o presente momento!

Em todos os lugares, em todos os instantes, o Quasar Magnético da Vida, pulsa a linha magnética e imortal da nossa realidade existencial. Impulsionando-nos todos, ao rumo do futuro que se faz presente em cada instantâneo do segmento desta realidade vivencial - espiritual ou física - mas, existencial e substancial:

- E que é o Milagre da Vida!

JACQUELINE AISENMAN

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Amigo bicho

Por César Soares Farias

É com desespero que anuncio o desapareci-mentode minha cachorra, um pincher de peque-no porte.

Ela é marrom clara, bem magrinha, pesa cerca de1,5 kg. Tem orelhas pontudinhas, rabinho curto, três anos de idade. Ela se perdeu na praia de Ipanema no dia 16 de fevereiro, terça-feira de Carnaval por vol-ta das 11:00 h. Estamos

procurando todos os dias. Temos uma criança que sofre muito com o desaparecimento. Fizemos buscas na praia e continuamos procurando. Se alguma família estiver com a cachorrinha, por favor devolva nosso bichinho. Desde já, agra-decemos qualquer informação.

Gisele Abreu Machado, Ipanema

Diário Gaúcho 23/02/2010

Em seu programa matutino na Rádio 104 FM, nos dias 22 e 23 de fevereiro, o co-municador J. Crow também noticiou o extra-vio daquele pequeno animal de estimação. Ambas as tentativas, no entanto, não

surtiram o efeito esperado, fazendo cair em depressão todos naquela casa, exceto Lígia. A ausência de Chiquita, a personalida-de canina em questão, deixou um vazio in-versamente proporcional ao seu tamanho. Era uma cadelinha bastante amorosa, que costumava roçar-se nas pernas dos donos até receber carinho. Deitava-se de barriga pra cima e com olhos suplicantes induzia-os a alisar-lhe com os pés, desde o ventre até o pescoço. Uma vez atendida, protestava a ca-da interrupção da carícia, pondo-se de pé e arranhando-lhes com delicadeza as pernas. Era alegre ao extremo e sua alegria contagia-va-os tanto que eram raras as brigas e dis-

cussões naquele lar. O seu rabinho balança-va em movimentos ultrarrápidos toda vez que ela simplesmente ouvia a voz de alguém, co-mo se estivesse de fato entendendo cada pa-lavra pronunciada. Buscava os olhares da-quelas pessoas da mesma forma que a mar-garida branca dos campos retorce-se para aproveitar o sol. Lembravam duas minúscu-las e brilhantes pedras de quartzo aqueles olhos ternos, meigos e vívidos. Brincava com qualquer objeto colocado ao seu alcance, desde chinelos e pantufas no chão até nove-los de lã, jornais e garrafas pet largadas em cima de cadeiras ou mesas. Essa faceta sa-peca despertou a antipatia de um único mem-bro da família, que não tolerava, em hipótese alguma, ver a casa desarrumada.

Lígia fulminava a cachorrinha com olhares de rancor toda vez que encontrava o pátio de pernas para o ar. Vassoura caída, havaianas desaparecidas, meias rasgadas, tudo isso irritava-a com uma profundidade espantosa. Fazia uma tempestade em copo d’água, es-tressando-se facilmente enquanto os outros reagiam com bom humor diante das peripé-cias do bichinho. Gisele, sua irmã, no auge do desespero e inconformada com o sumiço de Chiquita, suspeitou dela como a possível mentora intelectual do desaparecimento, re-parando que parecia tranquila demais para aquele momento tão desolador.

Tal desconfiança abalou sensivelmente a re-lação entre as duas, que se tornaram pratica-mente estranhas e não mais confidenciavam segredos uma para a outra. Nem mesmo as refeições faziam juntas, parecendo a cada dia mais distantes. De fato, encaravam de maneiras diferentes a perda de um mero ani-malzinho de estimação.

“Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, e as lágrimas de saudade der-ramadas por Gisele e a filha Páti acabaram abrindo uma brecha nas sólidas paredes do coração de Lígia. Por essa brecha penetra-ram lembranças que a fizeram refletir. Após mergulhar no passado e posteriormente com-parar o ontem com o hoje, desejou, acredite, ver a casa novamente desarrumada. Lamen-tou em seu íntimo não ter percebido antes o quanto a cadelinha fazia falta naquele lar.

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A possibilidade de nunca mais ouvir aqueles latidos finos e sentir o arranhar daquelas frá-geis patinhas em busca de carinho, assus-tou-a. Passou então a acompanhar sua ir-mã, o cunhado e a sobrinha nas buscas in-termináveis que faziam diariamente pelos quatro cantos do bairro Ipanema. Em casa, á noite, levantava abruptamente da cama toda vez que ouvia lá fora latidas semelhan-tes à da pequenina. Corria afoita até a jane-la da frente e abria as duas folhas de madei-ra com pressa, recebendo em cheio no rosto a aragem fria da madrugada. Voltava então, frustrada, ao seu quente e aconchegante leito e de tanto repetir esse vai-vem, acabou contraindo um resfriado que lhe fez arder em febre durante uma semana inteira.

Tão logo se recuperou, prosseguiu com determinação redobrada a sua tarefa investigativa. Foi incansável na procura, mo-vida pela saudade e o arrependimento que aumentavam a cada dia. Chegava do traba-lho por volta das 18:30 e sem pausa para um banho ou descanso lançava-se a novas buscas, guiando lentamente o seu Ford KA azul marinho. Percorreu Pet Shops, escolas, praças e até botecos na esperança de obter pistas que levassem-na a achar aquela agu-lha no palheiro.

Na data em que completaram exatos dois meses do desaparecimento, ao final da tarde, quando voltava pra casa visivelmente transtornada, Lígia entrou em uma lancheria para tomar água mineral com gás. Fazia um calor quase insuportável em pleno outono gaúcho e a temperatura elevada parecia derreter-lhe o ânimo. Sentou-se na única cadeira vazia do balcão e por um instante arrependeu-se de entrar num lugar tão baru-lhento e cheio de gente. Como estava can-sada demais e sem pique para procurar um outro bar, quedou-se ali mesmo, permane-cendo com um olhar perdido em direção a um quadro na parede. A pintura artística re-produzia com fidelidade, em todos os seus detalhes, uma paisagem à beira-mar. No som MP3 do estabelecimento tocava, em volume razoável, um sucesso do cantor e compositor carioca Seu Jorge. O swing da música lhe reanimou o semblante e a letra, que dizia coisas como “É importante manter a paz interior, e não deixar morrer a chama

do amor...”, lhe trouxe de volta o equilíbrio e disposição para seguir adiante. Ao seu lado, durante todo o tempo naquele balcão e sem tirar os olhos dela, um rapaz aproveitou o promissor momento para paquerá-la. Apre-sentou-se como um fã do Seu Jorge e disse que tinha todos os Cd’s dele em casa. De-pois, acrescentou uma lista de artistas e mú-sicos da sua preferência, o que atraiu o inte-resse de Ligia, fazendo-a finalmente reparar nele.

A começar pelos gostos musicais, descobriram várias afinidades entre si e os assuntos pareciam não ter fim. As horas passaram voando e, apenas quando perce-beram que o balcão e as mesas estavam já praticamente vazios, deram-se conta que a lancheria se preparava para encerrar o ex-pediente. Mauricio morava num apartamen-to a duas quadras dali e convidou-a para uma visita de cortesia. Ela recusou o convi-te, pois temia que as coisas acabassem ro-lando rápido demais entre os dois, prome-tendo, contudo, que se encontrariam nova-mente. Ele então, simulando um certo desa-pontamento na voz, disse-lhe como frase de despedida:

-- Então ta... Não vais ficar conhecendo a minha ratinha...

-- Ratinha? Não acredito que tu cria uma rata em casa...

O rapaz explicou então que recentemente tinha achado na praia uma minúscula cadeli-nha com laço rosa na coleira branca. Ficou com pena de vê-la ali com frio, tremendo, toda assustada com o barulho dos carros na avenida, e levou-a sem qualquer dificuldade, no colo, pra casa. Lígia, eufórica, mudou de ideia e quis acompanhá-lo para confirmar o que a sua intuição parecia querer dizer-lhe.

A noite estava com uma temperatura agradável e convidativa para passeios. Le-varam menos de dez minutos até chegarem ao prédio 1018 da Avenida Tramandaí, onde Mauricio morava no 5º andar. No elevador ela mentalmente perguntava a si própria se o destino haveria mesmo de recompensá-la duplamente ao final daquele dia de buscas.

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Acharia a desaparecida e ainda, de quebra, um novo amor?

A sorte realmente parecia estar ao seu lado e naquela mesma noite Chiquita retornou com ela para os braços de Gisele, filha e marido. Foi um grande estardalhaço entre todos quando a miniatura de quatro patas reapareceu, trazida por sua ex-opositora. Páti, a guriazinha que chorara praticamente todos os dias com saudade da cachorrinha, aninhou-a em seus braços e beijou-a com ternura, reação esta tão es-pontânea e pura que emocionaria até o mais insensível dos mortais. “Cadê a minha pikurruxa... Cadê a coisinha mimosa da ma-mãe...”, repetia sem cessar a não menos enternecida Gisele. A pequena Chiquita também, por sua vez, dava claras demons-trações de euforia. Estava um pouco mais magra, pois apesar dos cuidados de Mauri-cio, perdera o apetite com saudades da fa-mília. Emitiu um grunhido diferente, seme-lhante a um grito de desabafo. Em seguida, correu como uma louca por toda a casa e suas patinhas velozes faziam-na pratica-mente flutuar sobre o piso. Quando cansou, começou a latir, olhando para um e para ou-tro, faceira com aquele reencontro. Gisele pegou-a no colo e acariciou as suas orelhi-nhas pontudas, o que a fez fechar os olhos de tanto contentamento. Depois, deslizou os dedos, desde a cabeça até a ponta do seu focinho, deixando-a paralisada de prazer. Abraçou-a de encontro ao rosto, recebendo em troca varias lambidas que acabaram-lhe fazendo cócegas.

Já era tarde da noite, mas mesmo assim todos sentiram fome, já que nas últi-mas semanas ninguém conseguira comer regularmente. A tristeza abatera-se naquela casa de tal forma que até a comida perdera o interesse para eles. Ali, entretanto, no au-ge daquele final feliz, os seus estômagos roncaram reclamando em coro, fazendo Gi-sele deslocar-se às pressas até o galinheiro. Quando lá chegou foi recebida por uma franga de penas vermelhas, parada na en-trada da portinhola de tela. Como em outras tantas vezes, estava ali para catar no chão os generosos punhados de milho que a mo-ça jogava para engordá-la. A ave nutria pela mãe de Páti uma afeição toda especial e

sentia-se protegida na sua presença. Nos dias de frio buscava o seu calor humano, tal como o pinto refugia-se na quentura da mãe. Recebia, algumas vezes, carinho em seu pescoço e em tais momentos arrepiava-se do bico até o rabo. Tinha penas brilhan-tes e macias, o que lhe dava um saudável aspecto, deixando-a diferente das demais galinhas. Tranquilizava-se quando escutava música e quanto mais identificava-se com a melodia mais ela colocava ovos.

Gisele buscou então o seu pescoci-nho, só que desta vez com intenções dife-rentes. Agarrou-o com as duas mãos, er-gueu o roliço corpinho dela no ar e girou-o varias vezes, com movimentos circulares. O osso do pescoço não suportou o esforço por muito tempo e fez “TRACK”, fraturando-se ao meio. O bicho sentiu uma dor indescrití-vel e ainda olhou uma última vez, confusa, para a dona da Chiquita.

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BOLO TROPICAL DE ANIVERSÁRIO

Fonte: http://panelinha.ig.com.br/

Ingredientes para os dois bolos (massa de pão-de-ló):

- 10 ovos

- 300 g de açúcar

- 300 gramas e farinha de trigo

- Manteiga e farinha de trigo para untar

- Fôrma de mais ou menos 23 cm de diâmetro

Ingredientes para o recheio de coco:

-200 ml de leite de coco

- 400 ml de leite

- 200 gramas de coco ralado seco sem açúcar

- açúcar a gosto

Ingredientes para o recheio de maracujá

-360 ml de polpa de maracujá batida e coada

-340 g de açúcar

-300 g de manteiga sem sal

-8 ovos

-20 g de amido de milho

Ingredientes para a cobertura:

- 2 claras de ovo

- 150 g de açúcar

- 1 tampinha de essência de baunilha

- tiras ou lascas de 1 coco fresco (é só pedir na barra-ca de coco na feira que eles cortam )

-polpa de 1 maracujá batida no liquidificador com 2 colheres de sopa de açúcar.

Preparo dos bolos:

Para este bolo, é preciso assar dois bolos de pão-de-ló. Faça uma massa de cada vez, asse, desenforme e só então prepare e asse o segundo bolo.

Pré-aqueça o forno a 180 graus. Unte uma forma de 23 cm de diâmetro e cubra o fundo com um disco de papel manteiga untado e polvilhado com farinha. Bata 5 ovos com 150 gramas de açúcar na batedeira até que tripliquem de volume. Teste o ponto: coloque um pouco da mistura numa colher de chá. A mistura não deve cair da colher. Retire a mistura da batedeira, passe para uma tigela e incorpore a farinha peneiran-do. Coloque a massa na forma e leve ao forno por cerca de 30 minutos. O pão-de-ló estará bom quando você apertar a massa com os dedos e ela ceder ao toque sem ficar marcada. Desenforme o pão-de-ló

ainda quente, deixe a forma esfriar, lave, seque, unte e faça o segundo bolo. Atenção: não corte o pão-de-ló quente!

Preparo do recheio de coco:

Coloque o coco ralado numa frigideira e leve ao fofo baixo, mexendo bem. Continue mexendo até que o coco comece a ficar mais escuro, mexa mais rapida-mente e tire do fogo. Numa panela média, misture o leite, o leite de coco e o coco ralado e leve ao fogo brando até ferver, mexendo sem parar. Adicione açú-car a gosto e continue mexendo até que a mistura engrosse. Retire do fogo quando estiver com consis-tência parecida com a do brigadeiro. Deixe esfriar.

Preparo do recheio de maracujá:

Numa panela, junte a polpa de maracujá, metade do açúcar e cozinhe até ferver. Bata no liquidificador os ovos com o açúcar restante e o amido de milho. Colo-que essa mistura numa tigela e despeje aos poucos a mistura de maracujá quente sobre essa mistura de ovos. Volte tudo à panela e cozinhe, mexendo sem parar, até ficar grosso, sem deixar ferver. Retire do fogo e deixe esfriar.

Preparo da cobertura:

Misture as claras de ovos, o açúcar e a baunilha e cozinhe em banho-maria, mexendo até o açúcar dis-solver. Despeje essa mistura quente numa batedeira e bata até que quadriplique de volume (entre 10 e 15 minutos).

Montagem do bolo:

- Corte cada bolo ao meio. Recheio os bolos nessa ordem: primeiro, uma camada de cobertura de mara-cujá; uma camada de cobertura de coco e por fim uma camada de cobertura de maracujá.

- Com a ajuda de uma espátula, passe a cobertura sobe o bolo. - Enfeite o bolo com lascas ou tiras de coco.

- Leve a mistura de polpa de maracujá e açúcar ao fogo e mexa até que engrosse um pouco. Retire do fogo e pingue algumas gotinhas dessa calda sobre o bolo.

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Varal do Brasil, literário sem frescuras! - Novembro/Dezembro 2012

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AMOR ETERNO AMOR

Por Wilson de Oliveira Jasa

Amor eterno amor que no meu peito,

vai batendo bem forte de emoção;

amor sublime, real e sem defeito,

que sinto incandescer no coração.

Amor eterno amor de tão perfeito,

que mais parece sonho de paixão;

mas por ser verdadeiro e eterno feito,

nem é preciso ter explicação.

Amor eterno amor da minha vida,

tu és a primavera mais florida,

porque tu és botão de rosa flor.

Outro amor igual a este não existe,

pois o único que obstáculos resiste,

é somente este amor eterno amor...

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CASTELINHO MOLHADO

Por Marcos Toledo

Estava na praia brincando de correr, resolvi

parar para fazer um castelo de areia, sentei puxei

o balde para perto de mim, comecei a puxar

areia para cima de mim fazendo um monte enor-

me, fui até à água, arrastei meu balde sob a água

e puxei para cima, ele voltou cheio.

Com o balde cheio de água, fui até o monte

que tinha feito e comecei a jogar a água sobre o

monte de areia, fazendo com que o monte amo-

lecesse, deixando-o mais fácil para moldar meu

castelo.

Sentei na areia, enquanto montava meu lindo

castelo, de repente me deu uma vontade de fa-

zer xixi, mas me segurei porque já estava quase

acabando de montar o castelinho e não queria

parar bem no final.

A vontade apertava a cada mão cheia de areia

que colocava sobre o monte, que nessa altura já

tinha o formato que eu estava esperando.

Já não dava mais para aguentar, o que me fez

resolver, que faria ali mesmo sentado na areia,

olhei para os meus pais, eles estavam bem dis-

traídos, meu pai lia o jornal, nem olhava para

mim, minha mãe estava deitada de costas para o

sol, essa mesmo que não estava vendo nada.

Puxei um pouco de areia para cima do meu

short, encobrindo ele por inteiro e deixei soltar o

xixi que tanto me incomodava.

Ah! Que alivio, já não aguentava mais me

segurar, olhei para baixo e vi o xixi, aparecer na

areia, que encobria meu short, achei aquilo en-

graçado e comecei a jogar mais areia em cima

de mim.

Quanto mais areia eu jogava em cima de

mim, ficava mais quentinho, devido ao xixi que

não parava de sair, senti que já tinha terminado e

agora não estava mais quentinho como antes.

Comecei a tirar aquela areia molhada de cima

de mim e comecei a jogar outras mais quenti-

nhas do sol.

Estava mesmo muito distraído com tudo

aquilo. Castelo, areia, água, xixi, eram tantas as

preocupações que me distrai completamente.

Quando ouço alguém me chamar, bem ao

longe, era uma voz feminina, igual a da minha

mãe, olhei para o lado e minha mãe ainda estava

tomando banho de sol de costas, então não po-

deria ser ela, quem poderia ser?

A voz vai ficando mais alta, aos poucos co-

mecei a entender o que ela estava falando, resol-

vo virar para trás para ver quem era e o que ela

queria comigo.

Quando vejo que era minha mãe que dizia.

- Mijou na cama de novo menino, olha só o

lençol todo molhado enrolado em você.

AMEM -

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A abelha, uma lição

Por Nilza

Era período de férias. Saí da cama bem cedo, tomei o café da manhã e fui chamar meus primos para virem brincar comigo no quintal de nossa casa. Durante toda a manhã, ficamos tão envolvidos nas brincadeiras de pular corda, subir em árvores, jogar bola-queimada, que, quando tive sede, não quis ir pegar um copo dentro de casa, pois achei uma perda de tempo. Abaixei-me e bebi a água diretamente da torneira do filtro, que fica-va a um canto da área dos fundos - algo que mamãe não permitia, por ser muito anti-higiênico.

Minha desobediência foi punida de imediato: uma abelha que se encontrava na dita torneira me picou a língua. Corri, gritando, para dentro de casa, desesperada de dor, com a língua inchando a olhos vistos. Mamãe tirou o ferrão, que ainda estava lá, e fez uma compressa de fumo com álcool. O gosto que ficou em minha boca foi horrível!

Passei o dia só resmungando, quase não podia falar. A língua inchou tanto, que qua-se não cabia na boca. Querendo me distrair, sentei em uma cadeira de vime na varanda, para ficar apreciando o movimento da rua.

Pouco depois, chegou o verdureiro Setenta (esse era seu apelido) em sua carroça e, ao ver-me de língua de fora, perguntou a mamãe o que havia acontecido. A par do ocorri-do, pôs-se a rir e a zombar de mim.

Acho que foi a primeira vez que tive ódio de uma pessoa, um sentimento muito ruim! E marcou tanto, que jamais consegui esquecer o que senti naquele momento. Minha von-tade era espancá-lo, não tinha o direito de caçoar de mim! Senti-me pequenina como um grão de areia, humilhada e ainda sendo a atração de todos.

Corri para dentro chorando e recolhi-me em meu quarto, onde fiquei o dia todo remo-endo aquele sentimento que, naquela hora, estendia-se também a minha mãe: ela não tinha nada que ter contado a outras pessoas o que acontecera, em especial ao Senhor Setenta!

No dia seguinte, porém, acordei em paz comigo e com o mundo... Minha língua havia voltado ao normal, e meus sentimentos também já haviam se acalmado.

Imagem do site Baixaqui

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Jazigo da Esperança

Por Oliveira Caruso

Certa manhã, antes duma aula, tu me convidaste a um jantar, o que me felici-tou bastante. Todavia, em resposta, ainda relutei, alegando ter outra importante aula a começar justamente no horário em que inici-ar-se-ia tal confraternização. Embora minha recusa se dotasse de autenticidade, mal ti-nha ciência eu de que este jantar seria co-memorativo a teu aniversário. Logo que sou-be, não titubeei em minha pronta resposta a teu doce pedido, o qual se revestira de um olhar quase intimativo.

Estava certo de contar com tem-po disponível para voltar à minha casa, na capital, mas precisava estudar neste interva-lo até a noite, atitude esta a mais prudente. Este foi o motivo pelo qual decidi não trocar meus trajes veraneios por algo mais apropri-ado à ocasião. Após a primeira aula do ho-rário noturno, desci então ao térreo da facul-dade, onde já se encontravam alguns cole-gas. Ainda não havias chegado, motivo pelo qual resolvi telefonar a ti, com a Esperança de que te apressasses um pouco. Como pa-recias assim não fazer, mantive-me em mi-nha prosa com o pessoal conhecido nosso.

Tão logo chegaste, resolveste pro-curar por mim, enquanto conversavas com todos. Demoramos um pouco a rumarmos à pizzaria, visto que nos encontrávamos en-voltos a agradáveis assuntos. Uns se dirigi-ram de carro até lá; nós dois e alguns outros deslocamo-nos de ônibus, mas não sem que antes tu me puxasses pelo braço. Uma vez alcançado o estabelecimento, após um breve intervalo, resolvemo-nos por adentrar o mesmo.

Eu tinha noção acerca da possibi-lidade de alguns dos presentes serem igual-mente interessados em transpassar o “mero terreno” da amizade no que a ti respeitava. Por conseguinte, tratei de, tão logo quanto possível, apossar-me de uma cadeira. Não

se tratava de qualquer cadeira, mas a situa-da justamente a teu lado esquerdo, respeita-da aquela destinada a teu irmão, sita à tua direita. Consegui de fato meu intento, mas não por muito tempo; o número de convida-dos que compareciam cresceu, o que fez com que nos deslocássemos todos a outro grupo de mesas, com vistas a melhor todos se acomodarem.

Desta feita, optei pela discrição; sentei ao fim da junção das mesas. Já tu, acomodaste-te no meio da mesma. Passei a noite a dividir-me entre parcas fatias de piz-za, fartas conversas e chacotas com cole-gas, além de mais fartos olhares para ti. Por algumas vezes correspondeste-me aos olhares, o que fez com que me arrependes-se de não buscar novamente um assento a tal lado.

A ocasião foi deveras ditosa, uma vez que brincadeiras se sucederam e de lá saí com farto sorriso nos lábios no que res-peitava a ti. Na quarta-feira da semana se-guinte, fizeste questão de me dizer que teu irmão, o responsável pela carona até parte de meu trajeto para casa, havia me consi-derado uma pessoa “ legal” . Na terceira e última vez que ouvi estes dizeres, não vaci-lei: “digo o mesmo a respeito dele, mas pre-firo a irmã” . Tua réplica então deu-se a aprovar meus dizeres.

Quando desta prosa, estávamos caminhando junto a outros três colegas pelo calçadão praiano de Icaraí. Tomei certa do-se de audácia e perguntei se voltarias à tua terra no fim de semana (situada na região metropolitana do estado), ao que me res-pondeste normalmente fazer, mas perma-necerias em Niterói desta vez. De supetão, convidei-te a sair no sábado, ao que acei-taste prontamente.

No dia seguinte, após a segunda aula noturna, interrompida por uma festa na faculdade (onde uma banda executava suas músicas aos poucos expectadores), busquei confirmar sobre a saída acertada contigo. Todavia, contrariando a resposta que me fora dada na noite anterior, questionaste-me quanto a meus reais sentimentos e inten-ções. Diante de minha amiga romanesca

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Esperança, trataste de uma vez de golpeá-la no coração. Um golpe tão potente que pôs minha amiga inconsciente. Ainda socorri-a, mas despedi-me de ti então como bom amigo, visto que me mantive frio diante da negativa inesperada, embora se tivesse dado de modo tão gélido.

Contudo, não compreendi o porquê de tanto afeto teu demonstrado antes, se não desejavas algo mais! Retornei a pé até a barca, adentrei-a e em seguida ingressei no ônibus para casa sem em momento algum colocar nos ouvidos os fones com os quais sempre ou-via minhas canções. Permaneci atônito ao me lembrar da frieza polar de teus olhos, que se puseram indiferentes às informações captadas por teus ouvidos.

Em meu regresso para casa, não prossegui só. Comigo estavam Esperança, a qual já mencionara, e Orgulho. Minha amiga Esperança fora de tal monta golpeada por ti que tratei de supetão de erguê-la nos braços durante o trajeto de volta. Orgulho então fita-va, dotado de cólera intensa, minha amiga, como quem desejava dela se livrar, visto como sempre a considerara tola.

Uma vez em minha cama, adormeci com facilidade extrema, o que não ocorrera nas três noites anteriores, devido à aguardada conversa que teria contigo – a conversa rela-tada três parágrafos acima. Mal sabia eu que esta viria a ser tão curta e desagradável ...De repente, sucedeu-se neste período algo que na manhã posterior far-se-ia a mim confessa-do.

Enquanto aproveitava meu sono profundo, também não tinha consciência do que Orgulho fazia num outro quarto por perto. Esperança ainda se encontrava demasiado fadi-gada, mas Orgulho caminhou sorrateiramente em direção a ela. Então, sacou dum traves-seiro e, dotado de frieza ainda maior que a tua, começou a pressioná-lo contra o rosto da pobre Esperança. Ele usou de força descomunal. Ela, sem imaginar como se defender ou ter ao menos força para tal, balançava os braços. A ineficácia de sua reação, destarte, cola-borou para sua repentina morte, cadáver que eu mesmo ajudei a ocultar. O ditado popular acabou não se confirmando...

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O Poder do Deserto

Por Mário Osny Rosa

Ynso – Poeta Itinerante

Do Chile aquele deserto

Onde o verde ignora.

Um solo pouco esperto

Aguardando sua hora.

A semente resistente

Dorme naquele chão.

Nem a seca ressente

Momento de sua ação.

Com a chuva tudo crescer

Na solidão a espera.

O deserto vai florescer

A chuva em nova era.

O dia que começa chover

Cresce aquela plantinha.

O verde se volta a ver

Surge a verde folhinha.

A semente no deserto

Depois de anos dormindo.

Volta ter vida e concreto

Torna o deserto mais lindo.

Esta terra benção de Deus

O homem que a rejeita.

Tudo que Ser Supremo deu

Sempre é mal aceita.

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Noturno para Franz

Por Danilo Augusto de Athayde Fraga

Quando o espírito farfalha

E a vontade estremece abandonada ao vento

E a derradeira porta se entreabre – e a sabemos

- (Essa esperança não é para nós)

E se tem o coração, mas já não o sente

Entre dois espasmos

E se tem olhos que estão como nublados

Ou completamente anoitecidos

E a mão desiste, e a palavra desiste na iminência

E mesmo o pensamento se amedronta

E mesmo o leve gesto queda ao lado: vencido

E a música descansa no silêncio – talvez para sempre

Ele nos lembra em sua doce paciência

E sua modéstia convicta

Que talvez a pena não valha - e mesmo

O poema não valha e certamente

A Rendição se atrasará. Mas, mesmo assim

E apesar de tudo

Existe tanta vida e por todos os lados

Acontecendo incessante e explode em um segundo

E sequer o pensamento e sequer a mais longa música poderá apaziguar

E mesmo que a gente esteja doente ou deseje a morte de forma sincera

E mesmo depois de tudo o que acontece

Somos num instante rendidos por coisas tão pequenas

Por este mínimo incessante que existe em tudo

Por esta vida que existe - demasiadamente

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Ode à Leitura

Por Rossandro Laurindo

Queria poder com maestria

Da caneta em punho

Traçar meus caminhos de viver

Meus sentidos controlar

Com uma simples escrita mover

O que está em livros fazemos de vida

Seguimos caminhos de letras que ensinam

Somos livros abertos, mas sem letras

Páginas em branco que respiram

Como folhas sobre mesas

Brancas, transparentes

Sem sequer uma imagem

Esperando o carimbo de letras

Que conosco interagem

Tudo escuro em nossa mente

Enquanto longe de páginas letradas

Mais letrados do que gente

Os ácaros empoleirados

Sobre os livros empoeirados

Das estantes enfileiradas

O que houve com a tinta de nossas canetas?

Com escrivaninhas vazias nos encontramos

No lugar, tecnologia por cuja qual

Logo amantes nos tornamos

Sons e imagem nos atraem mais

Que o prazer da antiguidade

Páginas e páginas nunca são demais

Transborda-nos de saber, felicidade

Saudade de minha imagem

Em lugares isolados, em silêncio

Natureza em minha alma

O elevar das letras aos meus olhos, suave incenso

Infinito fosse o tempo

Quando ao tocar um livro

Tique, tique nunca taque, um minuto

Nada mais que a leitura, o momento

Mortiça é minha mente sem saber

Meu espírito, miserável o meu ser

Entendimento é ouro puro

Conhecimento, tu és poder

Poderoso não é quem tem

Mas quem anseia conhecer

Maldade emerge de trevas, do vazio

Ler, alimento que preenche

Vácuo preenchido pelo leite abundante

Luz, estado que atingimos

Trevas extintas por

Culturalidade de estudantes

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Varal do Brasil, literário sem frescuras!

BOLO DE ANIVERSÁRIO

PARA O BOLO: 1 1/2 xícara de manteiga (300grs) 1 1/2 xícara de açúcar 6 ovos 3 1/2 xícaras de farinha de trigo 1 colher de fermento em pó Esta receita deve ser repetida duas vezes. Para o recheio: 250 grs de ameixa seca, sem caroço 1/4 de xícara de açúcar 3/4 de xícara de água Para a cobertura: 1 1/2 xícara de açúcar 1 xícara de água 8 gemas 200grs de chocolate meio amargo derretido Modo de preparo: Bata a manteiga com o açúcar ate obter um creme de cor clara e leve. Junte os ovos, um a um, batendo sempre ate obter um creme homogêneo. Acrescente a farinha peneirada com o fer-mento em pó e misture delicadamente. Coloque numa fôrma de 30 cm de diâmetro untada com manteiga. Leve para assar em forno quente (200ºC), preaquecido, ate dourar ou até, que enfiando um palito, ele saia limpo. Retire do forno, deixe esfriar e desenforme. Faça outra receita da massa do bolo. Prepare o recheio: Numa panela pequena, coloque as ameixas, o açúcar e a

água e cozinhe até as ameixas ficarem maci-as. Bata no liquidificador, aos poucos, e recheie o bolo. Prepare a cobertura : Numa panela, coloque o açúcar e a água. Leve ao fogo até ferver e formar uma calda em ponto de bala dura. Teste, pegando um pouco de calda morna entre os dedos. Deverá formar uma bola que mantem a for-ma. Bata as gemas até ficarem esbranquiçadas e dobrarem de volume. Acrescente a calda quente, caindo em fio, e continue batendo ate esfriar. Junte o chocolate e bata até misturar. Leve para gelar por 30 minutos. Cubra todo o bolo com o creme de chocolate. Rende 40 fatias.

Fonte: http://janss1959.blogspot.ch/

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JÁ VI TUDO

Por Gilberto Nogueira de Oliveira

Tudo o que eu vi está guardado em mim.

Não esqueço nunca de tudo o que vivi:

Já vi um homem virar bicho,

Já vi mãe chorar pelo filho,

Já vi a fome chorar pela morte.

Já vi tudo na vida, até a própria vida

Querer tornar-se morte.

Quase que vi a morte.

Já quis morrer de amor.

Foi aí que aprendi o significado da vida.

Queria até viver.

Já vi bicho virar homem, amando-se mutuamente

Como fazem os bichos que pensam que são homens,

E os homens que pensam que são bichos.

Já vi sangue inocente correndo sem razão,

Quase vi o homem comer a outra metade do pão.

Já vi Cristo ensinando o amor entre irmãos,

Mas o homem interveio e disse, não!

Já vi a paz nascer numa mulher da madrugada,

Já vi o sol morrer nos braços de minha amada,

Já vi um homem morrendo aflito e envenenado,

Pelo desespero da fome, pelo alimento minguado.

Já vi tudo ou quase tudo,

E penso que não vi nada,

Que não vivi quase nada.

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OLHOS DE AURORA

Por Deanna Ribeiro

Seis e meia da manhã. Todos os

dias a essa hora eu estava a esperar o

ônibus. Como de costume, ele dobrava

a esquina já muito cheio; eu, então,

me espremia entre as pessoas até che-

gar lá atrás e encontrar um lugar razo-

avelmente confortável. Não sei se

“confortável” é a palavra, acho que

“ocupável” cai melhor.

Bem, eu enraizava meus pés

nesse espaço e assim permanecia até

mais da metade do caminho, quando,

enfim, conseguia sentar. Ia escutando

música ou as conversas alheias para

me distrair. De tanta rotina, acabei de-

corando alguns rostos e nomes, além

dos pontos nas quais eles desciam,

claro! – era o mais importante. Algu-

mas conversas eram entediantes; ou-

tras, me aborreciam.

Os dias no 209 eram agitados,

apesar da aparente repetitividade dos

acontecimentos. Vez ou outra, algo

inusitado acontecia naquele “busão dos

infernos”, como eu costumava chamá-

lo, com certo carinho. Numa manhã

igual às outras, entre vozes, música e

aperto, ela surgiu: veio em minha dire-

ção e postou-se de pé ao meu lado.

Como não reparar em seus olhos cas-

tanho-amarelados e na boca que pare-

cia pronta para o beijo?

Fui por todo o trajeto tentando

disfarçar meu embasbacamento com

tanta beleza. Não sei se tive sucesso,

entretanto. Ela era meu conceito vivo

do Belo. A Plenitude, o Sublime, o Su-

perior. Uma musa! Desde esse dia, ia

tentando descobri-la em algum ponto

do coletivo lotado. Ficava à espera de

que subisse, e quando isso acontecia,

fitava o olhar para que também me

enxergasse.

Por vezes, os passageiros, que

eram muitos, se encarregavam de es-

condê-la de mim. Via seus olhos de

aurora por entre cabeças e rostos alea-

tórios. Um pedaço de boca, um tanti-

nho de cabelos, um quê de ombros.

Assim, aos pedaços, eu a admirava; e

cuidava de juntá-los todos na mente.

Montava meu quebra-cabeças perfeito.

A moça dos olhos de aurora po-

voava meus sonhos, era minha primei-

ra lembrança ao acordar. Esperava por

ela a cada manhã, e a tristeza me as-

saltava, se ela perdia a hora e o 209.

Viajava cabisbaixo, capturando trechos

de conversas misturados à recordação

do sol nascente.

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Ainda buscava por ela - ansioso

– na esperança de tê-la deixado esca-

par à vista num primeiro instante.

Às vezes ficava dois ou três dias

sem vê-la. E minha felicidade acumula-

da fugia por todos os poros no dia se-

guinte, ao ver os raios solares aden-

trando o coletivo. Quase me escapava o

sorriso instalado bem lá dentro da al-

ma, quando desses momentos. Será

que alguém me viu escancarar os lá-

bios? Pensava, preocupado. Por milési-

mos de segundos, no entanto, pois

mais importante era a presença de Au-

rora (assim a chamei), que me preen-

chia.

Durante meses até as manhãs

mais escuras se radiavam. Radiou-se a

minha existência; nimbos se abriam

num clarão. Não havia mais ninguém

ali, além de nós dois. Tinha a sensação

de lugar vazio de gente, totalmente

ocupado por ela. Só percebia ser ilusão

quando os passageiros a escondiam

inocentemente com seus cabeções. Mas

em mim, só havia Aurora.

Certa manhã, rompeu-se um cabo

do motor e o ônibus não pôde seguir

viagem. Entre reclamações e xinga-

mentos, descemos todos do coletivo, e

foi aí que puxei assunto com a dona

dos meus pensamentos. Eis a minha

desgraça. Aqueles lindos lábios disse-

ram com satisfação:

- Ô, má sorte! Ainda bem que

amanhã me livro do 209!

Tentei disfarçar o desapontamen-

to com um riso sem jeito, fingindo

aprovação ao que acabara de ouvir.

Aurora não sabia, mas, quando

fosse crepúsculo, a escuridão se abole-

taria em mim. Talvez para sempre. E o

sol só ressurgiria nesses momentos em

que a retiro do fundo da lembrança e

trago à superfície do pensamento.

Na revista Varal do Brasil de janeiro

nós vamos falar do Planeta, do amor

ao Planeta, do ser humano, dos

animais, plantas…!

Nós vamos falar da vida!

Par+cipe!

Envie seu texto até dez de dezembro

para [email protected]

VARALDEJANEIRO

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A casa desbotada

Por Varenka de Fátima Araújo

A luz do sol desapareceu o céu escureceu como tinta sépia

tão escuro, manchas em contrastes um atalho que não se apresenta

tal como é, sigo na ousadia olhando tantas manchas esfumaçadas

um clarão se fez, o breu se desfez no trilho vou equilibrando me

ele não via meu rosto em desejos queria momentos prazerosos despida seguiu seu rumo sem olhar para traz

aquela casa amarela, uma propriedade em ruínas foi meu abrigo solitário

passei a noite olhando às telhas velhas desbotadas em vermelho e marrom, pretas

a telha de plástico incolor levantava descia com a ventania durante horas

meus olhos desenhavam seu corpo em vão

Imagem - fonte: http://yaagob.blogspot.com/2010/06/reliquias-da-casa-velha.html

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CONSUMAÇÃO

Por Carlos Conrado

A minha distração não demorou muito para ser in-terferida por uma voz suave e com cheiro de vinho bem perto do meu ouvido esquerdo. Neste instan-te o meu sangue começou a ferver. Ela me deixa-va cada vez mais dependente do seu ser. Ela es-tava sentada ao meu lado, e logo movimentou as suas mãos ao encontro das minhas. Ao tocar-lhe as carnes dos dedos pude perceber a grandeza da sua energia. Ao tocar-lhe desnudei-a em meus de-vaneios e dei ênfase a uma nostalgia que nutri em mim por vários tempos. Percebendo-me incomo-dado por senti-la mais próximo, ela investe um bei-jo ardil e molhado no canto esquerdo do pescoço. Ela sobe a sua boca lasciva até o glóbulo de uma de minhas orelhas e, morde-me a atiçar os mais loucos suspiros. Era certo, o meu desejo era recí-proco. Descontrolado agarrei-lhe a nuca e beijei-a de forma a parecer uma fera arfando o seu desejo após horas no cio. Sua pele branca, seus cabelos ruivos e seus lábios carnudos faziam dela uma mulher de beleza ímpar. Mesmo que existissem outras brancas de cabelos rui-vos, nenhuma delas seria tão bela e desejada quanto à Anne. Beijar-lhe o colo era como despir a ternura. Arremessei o seu cachecol vermelho ao chão de forma branda e lenta como a compor uma canção New Age. Tirei-lhe a camisa e seu jeans que bem contornava as suas belas formas. Desci-lhe minhas mãos por suas curvas a estudar-lhe como uma das formosas esculturas de Rodin. O ritmo agora estava mais frenético... gostava de ouvi-la sussurrar em meus ouvidos pedindo-me para ser consumida. Aos pouco fui tirando o seu sutiã e desvendando-lhe mais e mais o íntimo. Seus seios eram como peras sedentas para serem mordidas. Não tinha como resistir... nem era preciso resistir pois a presa ansi-ava ser devorada!... Molhei-lhe os bicos e, por instantes, sentir-me como uma criança no-vamente. Sua pele tinha um gosto doce, talvez fosse o gosto de algumas flores, mas sim, havia cravo e hortelã em sua composição. Deitei-lhe no sofá. Ela não soltava os braços de mim a ponto de ferir-me com as unhas de suas mãos. Olhando atentamente em meus olhos, ela movimentou os braços e começou a tirar a minha camisa de botão de forma vo-raz e arremessou sobre o sofá. Mordeu-me os lábios e num riso sedutor anunciou que iria me morder do pescoço ao meio com intenção de me deixar mais louco ainda... Escorre-gando suas finas mãos sobre o meu corpo não muito atlético, mordidas famintas desce-ram rumo a minha calça. Ao chegar ao meio, ela soltou o botão e desceu o zíper da minha veste. Despido também diante da amada, ela agarrou-me com suas mãos e com sua boca desvelou-me por inteiro. Ajoelhada diante de mim, olhou para cima a tentar visualizar o meu rosto e dizer-me atentamente, que era minha, somente minha. Agarrei-lhe os braços e a fiz subir. Logo lhe tirei a calcinha e abri espaço entre suas pernas para que eu pudes-se me encaixar. Naquele momento sentir-me o deus Heros a cravar-lhe sem dó a minha espada!... Não tínhamos a preocupação de que alguém pudesse nos observar ou até mesmo, vetar a nossa tão esperada consumação. Ela acreditava estar provida da segu-rança, pois só havia eu, ela, e um homem bêbado e desmaiado debaixo de uma ducha no banheiro do escritório. Estávamos sim seguros.

Imagem: Pintura de Carlos Conrado

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De que adianta Por Vinicius Leal M. da Silva

De que adianta Ter tudo que queremos Se o rosto na qual me encanta Se nem poder, acho que podemos De que adianta Ver a água cair da fonte E não ver teu rosto no horizonte Namorar na praça ainda é tudo Beijar tua boca Faz-me ter certeza que tenho tudo Sem eu realmente achar que estou louca Não sei o que pensar Sou uma dama Sou poetisa... Mais será que sou seu ar? Eu sou apenas eu Querendo apenas em pranto querendo me afogar...

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Os filmes de minha vida

Por Norália de Mello Castro

Na década de 90, quando instalaram TV a cabo em Belo Horizonte, fiquei eufóri-ca e de imediato fiz a assinatura, uma rea-ção bem natural para quem era e é fissura-da em cinema.

A TV a cabo me colocaria num mun-do ampliado, sem precisar viajar, e me per-mitiria ver filmes dentro de casa. Foi uma sensação de felicidade intensa.

Aí, começou uma curtição pela TV jamais sentida. Pouco tempo depois, uma ligeira frustração: a maioria dos filmes que apresentavam já tinha sido vistos. Felizmen-te, criaram as locadoras de filmes e eu pude superar esta lacuna.

Certo dia, conscientizei: ficar frustra-da por ver só filmes repetidos, não dá! Afi-nal, sempre fui curtidora de cinema, demais até. Amava entrar naquelas salas às escu-ras e ver histórias e mais histórias com ima-gens vivas. A TV a cabo não está me cor-respondendo em filmes, porque fui uma “ratazana” de cinemas.

Passadas duas décadas de TVs a cabo, continuo nos meus programas preferi-dos: filmes, cinema. Uma distração que leva a gente a transpor distâncias físicas, se jo-gando num mundo meio mágico e meio real. Curto mesmo uma televisão. Só que hoje, uma diferença se apresenta: o mundo mu-dou, os filmes mudaram, continuam apre-sentando os mais novos e os antigos; e sen-

do considerados velhos filmes com apenas cinco anos de idade.

E os artistas?... Uau... estes muda-ram prá valer! Aparecem poucos mitos. Quase não conheço os novatos: são tantos, incontáveis, até! Aqueles ídolos de antes

desapareceram. Os ídolos de hoje são co-mo um meteorito, aparecem e desparecem velozmente; poucos permanecem como ins-

piradores, melhor dizendo, como exemplos. Entram e saem nas telas com cifrões altos, sem se fixarem. Posso citar como exemplos por grandes desempenhos: uma Meryl Streep, um Michael Douglas. Uma Helen Mirren ou Renée Zellweger. Dos antigos e/ou novos, muitos, muitos mesmos se fixa-ram para sempre, por histórias magistrais e artistas sensacionais, jamais esquecidos. Adoro rever os filmes que permanecem na história do cinema.

Penso que herdei de meu pai esta paixão por cinema, porque ele era apaixo-nado por filmes e suas máquinas criativas. Amava fotografar e filmar. Durante a nossa infância, ele nos levava, a mim e meus ir-mãos, aos domingos, a matinês das 10 ho-ras, para vermos filmes de humor, onde a criançada se divertia e os adultos também. Vi muitos humoristas considerados de pri-meira linha, historicamente citados até hoje.

Confesso que não gostava deles: os Três Patetas, sempre fazendo maldades en-tre eles; e nem do gordo e magro, um humi-

lhando o outro. Se ria, era porque acompa-nhava o riso que se fazia em toda a plateia. Talvez eu não pudesse ainda entender tais filmes. Só sei que é difícil até hoje gostar de um filme de humor. Mas, o passeio ao cine-ma valia naquelas manhãs domingueiras.

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Mas, um filme, numa matinê de do-mingo, ficou para sempre em minha lem-brança, jamais saiu e me fez amar o cine-ma. Definitivamente.

Pássaro Azul (1940) com a fantásti-ca Shirley Temple , menina prodígio que marcou toda uma geração. Conquistou o mundo com seus cabelos dourados e ca-cheados e seu grande talento, todo expres-so na história comovente de Mytyl, uma ga-rotinha mal humorada, que sai de casa com seu irmão para conhecer e conquistar o mundo, atrás do pássaro azul, o pássaro da felicidade. E por entre caminhos, retorna à casa paterna, onde o pássaro azul é visto na janela de sua casa.

Que história comovente! Que beleza de interpretação! Tudo em preto e branco, com cenários maravilhosos.

Saí superemocionada do cinema, de mãos dadas com meu pai e irmãos, cami-nhando pela avenida principal de nossa ci-dade que, àquela época, era cheia de árvo-res de ficus. Minha emoção, que queria me levar ao choro, encontrei forma de manifes-tá-la. De mãos dadas com meu pai, fui ca-tando bolinhas vermelhas das árvores, caí-das no chão, e eu as esmagava. Cheguei em casa, mesmo tendo esmagado tantas bolinhas, com um mal humor danado:

Eu queria ser Shirley, ter cabelos en-caracolados, mas os meus eram terrivel-mente lisos. A grande lição que ficou foi que

a verdadeira felicidade está na nossa casa, junto dos seres mais próximos e amados. Podemos conquistar muita coisa além, mas o nosso lar é nosso reduto, o nosso prote-tor, o nosso mundo especial; somos fruto

dele e dele dependemos para outras con-quistas. O nosso lar é o espaço mais sagra-do, pequeno, minúsculo, mas nosso acon-chego diferencial. A busca de nossa felici-dade está no lar, dele, para ele e por ele, mesmo que, muitas vezes, ele não nos dê todas as respostas que precisamos ou de-sejamos, mas ele é completitude da nossa felicidade.

Nas minhas divagações cinemato-gráficas de hoje, me perguntei:

“Quais os filmes que lhe marcaram? Quais os que ficaram em você?”

Afinal, ver um filme é como colocar uma sobrepele no próprio corpo, é inserir imagens e falas no pensamento, é refletir sobre a vida e suas nuances, é muito mais do que simples diversão de ver fotos de ou-tras pessoas representando ali na frente, é entranhar no mundo e deixar-se ser entra-nhada por ele. Então, decidi retirar as peles sobrepostas pelo cinema e fazer uma reme-mória dos filmes que foram absorvidos, uma vez que me lembrei do primeiro filme que me tocou sobremaneira – Pássaro da Felicidade .

Vamos lá:

Charles Chaplin me conquistou com seu humor sutil, cheio de ternura e sempre com uma mensagem. Carlitos me fazia rir e chorar; gargalhava diante de suas cenas

cômicas. Uma das cenas que ficou para sempre, foi a de Carlitos se encontrando com uma criança de rua; no final, ele esten-

de a mão para a criança e, de mãos dadas, seguem os dois pela rua.

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Carlitos, com seus passos gingados com aqueles pezões e a criança saltitante, filmados por detrás, com as sombras e luzes destacando os dois, e a filmadora se afastan-do lentamente. Este afastar foi só no filme, pois em mim permanece a emoção e o gesto de amor do Carlitos, o vagabundo. Em Lu-zes da Cidade (1933), quando o Carlitos, o vagabundo, se encontra com a florista cega e ela o confunde com um ricaço saindo de um carro, quer dizer-lhe que se enganou, mas quando percebe a cegueira da moça, a expressão de ternura do ator, a mais linda expressão de ternura que já vi, quer no cine-ma ou na vida real, transforma toda a tela num grande gesto de amor: seus olhos bri-lham como estrelas solares, seus gestos am-pliam sua emoção e eu choro todas as vezes que vejo esta cena, só igualada quando ouço a música do Luzes da Ribalta ( 1953).

Com Carlitos ou Charles Chaplin, pas-sei a gostar do humor crítico com mensagem construtiva, não aquele humor de estardalha-ço vão.

Em Tempos Modernos (1940) e no Grande Ditador (1936), com todo seu gestu-al cômico nessas sátiras, não perdeu a ter-nura que sinto em todos os seus filmes. Falar de Chaplin, para uma não crítica de cinema, é quase impossível, pois ele foi um dos mai-ores gênios do cinema. Grandioso. Soberbo. Que me ensinou que precisamos observar e conservar a ternura até nas críticas, sejam quais forem. A delicadeza na Arte, o respeito ao tratar um tema. E que aprendizagem difí-cil... muito difícil... ainda aprenderei um dia...

Uma simbiose bem constante e defini-da foi adentrando em mim. Por vezes, filmes me levavam a escolher tema para leitura, ou a leitura me levava a escolher um filme. Um dos filmes que me levaram a procurar o cria-dor do enredo foi Por Quem os Sinos Do-bram (1943). Magistral. Deslumbrante. Em preto e branco, com Ingrid Bergman e Gary Cooper, o par romântico, narrando um episó-dio da guerra civil espanhola. Mas, o perso-nagem que me marcou mesmo foi Pilar, uma guerrilheira mística, determinada, que toma-va as decisões que precisavam ser tomadas. A intérprete, atriz grega, ganhou Oscar de coadjuvante e fez crescer mais ainda o valor deste filme, me fez refletir sobre a morte, a vida e a guerra. E, no final do filme, aquela grande frase de Ernest Hermingway:

“Não perguntes por quem os sinos do-bram. Eles dobram por ti.”

Saí do cinema com o coração dispara-tado. Com a sensação que a cada badalada do sino, eu morria também. A cada dia vivi-do, era um badalar do sino. A cada entarde-cer, o sino tocava para mim. A urgência de viver intensamente se fazia necessário. E viver bem, diante da luz diurna, para ser re-fletida na luz lunar.

Dizem que esta frase não é de Ernest, é de um poeta renascentista. Sendo dele ou não, para mim, será de Hemingway, que fui ler. Um escritor de raro talento narrativo.

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O romantismo que vivenciei em mui-tos filmes como Folhas ao Vento , com Do-rothy Malone, década de 50, a Ponte de Waterloo ( 1940), Casablanca (1942), Su-blime o Amor (1978), histórias deliciosas de amores finalizados pela guerra, morte, de-sencontros, desajustes, foram ficando para trás. A marca maior veio com o Diário de Anne Frank, baseado no diário de uma jo-vem que durante dois anos se escondeu dos nazistas, passou fome, medo, frio, mas en-controu ainda uma razão maior de viver: o amor. Morreu num campo de concentração nazista.

Novamente, a reflexão da morte se impôs, a velocidade do passar do tempo se fez mostrar. Aqui, então, entram duas artis-tas que revolucionaram costumes e indica-ram mais e mais a pressa do viver intensa-mente. Brigitte Bardot e Marilyn Monre . Ambas encararam uma nova forma de en-frentar amores desiludidos: uma liberdade mais ampla para as mulheres. Sensuais, mostraram o lado mais amplo da sexualida-de feminina. Ambas se tornaram MITOS. Suas imagens falam mais do que seus fil-mes, mas delas me ficaram o Desfolhando a Margarida (1956) e As Cataratas do Niá-gara (1953). As duas são citadas e relem-bradas sempre por autores.

Estou falando mais de filmes estran-geiros. E os filmes brasileiros?

Vi muitos. Na minha juventude predo-minavam as chanchadas, que eu não curtia. Mas, Floradas na serra (l954), baseado num romance homônimo de Dinah Silveira de Queiroz, e Menino do Engenho (1970), de Walter Lima Jr, me tocaram sobremanei-ra.. E o meu filme predileto, aquele que me tocou mais? Pergunto-me hoje. Ah! O meu filme... O grande e magistral preto e branco Hiroshima, Mon Amour (1959). Fui assisti-lo sozinha, numa tarde. Enfrentava questio-namentos existenciais, procurava respostas de como direcionar todas as indagações, que atitudes tomar. Fui ver este filme. E, lá, vi o casal de amantes, se amando, se sepa-rando por imposições de uma terrível guer-ra. Na primeira vez que o vi, eu chorei tanto que não soube contar para colegas o que vira no filme. Voltei dias depois. Voltei mais e mais vezes. O que me prendia neste fil-me? A alegria do encontro dos amantes e a tristeza da separação imposta?

Percebi, a certa altura, que todo o so-frimento estava diluído no fantástico diálogo do filme, escrito por Marguerite Duras, que ganhou prêmio máximo por seu roteiro. Os diálogos eram precisos, concisos. O jogo de sombra e luz dos mais primorosos e envol-ventes. A cena dos amantes, caminhando ao léu, sem saber que decisão tomar diante da separação imposta por uma guerra cruel - ele, japonês e ela francesa - enquanto flashbacks são utilizados, levando a jovem até Nevers, sua terra natal, invadida pelos inimigos e ela é agredida por eles.

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O amor pode ser destruído por uma guerra nazista, japonesa, espanhola, qual-quer outra guerra, até mesmo com a nossa guerra pessoal diante de preconceitos, limi-tações, raivas, ódios, desencontros mal re-solvidos, impasses profissionais... sempre se encontra uma justificativa para um caso de amor mal resolvido e é triste enfrentar o de-samor. Mas, são as histórias de amores infe-lizes que sobrevivem em livros e filmes, são eles que marcam.

Hiroshima me levou a buscar os livros de Maguerite Duras. Se não li todos, quase todos. Escritora internacionalmente reconhe-cida por sua escrita singular, sucinta e preci-sa.

O cinema sempre me encantou com sua capacidade de em menos de uma hora ou pouco mais de hora, conduzir o especta-dor a vivenciar emoções das mais diferenci-adas, em narrativas curtas entre passado, presente e futuro com poucas palavras, le-vando-o às mais diferentes paisagens e tem-po. A fotografia diz muito e, por vezes, mais do que as palavras. Esta capacidade de sín-tese sempre me instigou e Duras faz nos seus livros um cinema escrito. Em 1984, ela lançou o seu livro O Amante , que depois foi filmado.

Li o livro em francês e em português e vi o filme. Ao ler o livro, mais admirei esta autora, como ela conseguiu, num romance pequeno, curto, colocar tanto tempo narrati-vo, com tamanha intensidade de emoções,

levando o leitor a não querer largar o livro até o final da história. Dizem que o livro que levantou o maior prêmio literário da França é autobiográfico. Que seja! Mas é uma lição de vida para adolescentes e para os aman-tes de uma boa leitura. Nele, encontramos amor, paixão, sobrevivência necessária, trai-ção, busca de ser feliz.

Há pouco tempo, um escritor, leu um texto de uma colega e declarou que gostara tanto do texto lido, que gostaria de ele ter escrito o referido texto. Achei que o escritor foi de uma autenticidade única, até humilde. O texto da colega é realmente um grande texto, li-o depois.

E chegando ao final deste meu texto, me pergunto:

“Qual filme eu gostaria de ter feito?”

Nenhum! Não seria nunca uma cine-asta!

“Qual artista gostaria de ter sido?”

Nenhuma! Não dou para arte cênica! Ao contrário, minha timidez se apresenta ao falar em público.

Mas...

“Qual livro gostaria de ter escrito?”

Para esta pergunta, tenho resposta afirmativa.

Ernest Hemingway viajava pelo mun-do para buscar suas histórias; um andarilho.

Duras viveu na Indochina e sobreviveu a guerras. Eu não enfrentei guerras, nem fo-me, nem saí andando pelo mundo. Fui e sou um andarilho de livros e filmes. Confesso que o livro que eu gostaria de ter escrito é O Amante . Naturalmente.

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TUDO COMPLETO

Por Antonio Fidelis

Seus pensamentos estão em mim

Suas mãos, seu corpo e.

Sua alma quente está em mim

Não consigo sentir outra coisa

A não ser, a falta que o seu corpo.

Sua maneira de agir

Sua forma de pensar, me faz...

Não imagino como vou ficar sem você

No momento és minha estrela guia.

E rege minha vida

Fazendo-me sentir um homem

Desejado, querido, amado.

Quero apenas você. Ser amigo, amante.

Ouvir apenas o barulho da sua voz

Ouvir apenas o toque da sua mão

Sentir o gosto de sua língua na minha boca

E seus órgãos quentes dentro de mim

E eu compensando tudo

Tudo que sinto, todo prazer, tudo.

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A ARTE INCONDICIONAL DE AMAR

Por Dhiogo José Caetano

O amor é a maior força que existe no mundo. Aqui falo de amor no sentido lato e não só do sentimento que pode existir entre dois seres. O amor total é uma forte de energia que não utilizamos o suficiente.

O amor é uma plenitude que no envolve até nos momentos de raiva, pois a raiva ou ódio é a antítese do amor, ou seja, o amor que está doente.

Portanto, aja sempre com amor e terá sucesso na sua existência. O amor está na base de todas as grandes descobertas e grandes invenções que tiveram lugar, têm lugar e terão lugar na história da humanidade.

Sem amor, não podemos construir nada de grande. O amor é simplesmente a essência que nos mantém vivos.

Se os homens projetaram enormes templos, igrejas, mosteiros, sinagogas, mesquitas, foi por amor ao ser supremo: o seu salvador aquele conhecido com regente de todas as coisas que existe no universo.

Se os homens fizeram descobertas em todos os domínios, foi para melhorar a vida dos seus amados irmãos.

Seja no domínio da medicina, da tecnologia, do dia a dia ou da melhoria das condições de vida, no fundo, os investigadores, os cientistas, os médicos e os grandes exploradores agi-ram sempre para o bem da humanidade.

O amor vence tudo, a sua supremacia sobrepõe todas as coisas.

Aqueles que tentaram, tentam ou tentarão praticar o mal serão sempre vencidos, porque a força do amor é maior do que a força do ódio. Esta pode causar muitos estragos, mas será sempre vencida no fim!

Meus amados irmãos, convindo vocês para praticar a arte do amor no dia a dia. Não só irá atingir mais depressa os seus objetivos, mas também praticará o bem à sua volta. Obterá sempre uma recompensa moral ou material.

Será um ministro que prega o amor e que é sempre amado.

Em suma, cultive a atitude de amar incondicionalmente e não por interesse ou esperando re-ceber uma recompensa. Coloque um amor incondicional nas suas palavras, pensamentos e atos, assim a sua vida plenamente será rega com muito sucesso, clarividência e paz.

Amar nunca é demais!

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Seu gesto

Por Domingos Alberto Richieri Nuvolari

Gosto do seu gesto simples,

Intrigante, calado e sereno como o

Luar de uma noite tão linda.

Rondo todas as noites somente

Em busca e você, para poder

Encontrar você num dia qualquer.

Inesperadamente olhar para você e

Inquieto dizer do meu pranto.

Começo então a pensar na grande

Herança do seu amor grandioso.

Enfim entro pelas portas do mundo,

Com toda certeza e toda

Convicção de encontrar sempre você.

Incerto caminho por nuvens

Ricas de tantas alegrias e

Risos de um canto eterno.

Inspirado em você, vejo

Este mundo todo feito pra mim.

Sinto tanta alegria ao ver

Nascer um dia, que com

Toda força me leva a você.

Amo todas as noites de luar.

Incertezas não existem.

Inesperados já não acontecem.

Alegria não falta se em

Todas as tardes e em todas as

Noites, que vivo, me lembro dos

Seus olhos me fitando.

E poder olhar para eles, todos os

Instantes que estou com você.

Rapidamente viajo pelas ideias absurdas,

Rasgando as fronteiras do pensamento.

Incerto de tudo, volto a mim e

Começo a pensar em você.

Costumo a ouvir você dizer e digo

Em vão, aqui está o som da

Harpa mais bem tocada, que é a

Canção que tua voz exala.

Intacto ouço-a e fico a

Imaginar o futuro tão distante.

Espero um dia nesse futuro te

Encontrar a mesma que você é hoje,

Rindo seu riso nesse rosto

Lindo, e dizer que mesmo

Incerto desse futuro tão distante, que

Gosto de uma coisa em você, de você.

Page 103: Revista varal

Varal do Brasil, literário sem frescuras

www.varaldobrasil.com 103

Miscelânea de Mim Por Ediane Souza Sou uma mistura de tudo, sou menina, sou mulher. Sou aquela que sonha, que trabalha duro, que espera com fé. Nasci católica, da Bíblia sempre me aproximei. Busco conhecer a cultura umbandista, pelo Espiritismo me encantei. Tudo o que é do bem é obra de Deus. Creio em santos, sei que há anjos, o meu, o seu. Medito em tudo que me aquieta a alma. Busco o colo de Maria, o amparo de Jesus me acalma. Sou uma mistura de tudo, sou menina, sou mulher. Se fosse animal, um gorila seria, o seu olhar me transmite o orgulho de ser quem é. Gosto dos cavalos pela beleza, pelo passo certo, por sua força e poder. Dos sapos, aprecio a beleza dos saltos, buscando alcançar o que deseja ser. Sou uma mistura de tudo, sou menina, sou mulher. Sou masculino no feminino, o futebol não posso perder. Da novela aos suspenses, da comédia ao seriado. Vejo drama, esportes, romances e me encanta o desenho animado. Sou uma mistura de tudo, sou mulher, sou menina. Tenho medo escuro, o vazio me persegue, solidão é minha sina. Para vencer o monstro do silêncio, trago sempre a luz acesa. A música é sempre o meu alento, espanta a minha tristeza. Sou uma mistura de tudo, sou mulher, sou menina. Trago na voz um dom, já ouvi dizer que meu canto fascina. Sou romântica, gosto de flores, de afago, de aconchego. Adormeço buscando o abraço que espero e nunca vejo. Sou uma mistura de tudo, sou mulher, sou menina. Acendo velas, meus incensos, busco a prece, a oração me ilumina. A minha mistura de tudo me inspira a querer o bem. A menina ainda sonha, a mulher acredita que um grande amor ainda vem.

Foto de

Ediane Souza

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Varal do Brasil, literário sem frescuras

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MINHA PRIMEIRA BONECA

Por Dora Duarte

Ah como era feia a minha boneca!!!!! Feia muito feia mesmo! Não era uma boneca qualquer como as das lojas: de porcelana, rosada com um belo vestido, ou aquelas de marcas famosas de um material róseo cheirando a coisa nova, era sim, comprada na feira. Uma boneca de pano grosseiro, ou seja, de algodão cru, vestido de chita, mais era a minha boneca querida. Chamava-se Hosana, minha amiguinha inseparável. Não tinha os olhos azuis brilhantes nem cílios longos, tinha os olhos pretos, boca vermelha feitos da linha de bordado, já tão desbotados, mas era a minha boneca, a boca então, não tinha traços delica-dos. As pernas eram compridas; sem curvas, sem joelhos, sem pé, portanto não tinha dedos. Os braços então, tais quais as pernas, mas era a minha boneca. Seu corpo desengonçado sem formas perfeitas, mas era a minha boneca que eu gos-tava. Ah e como disso eu me orgulhava! Pensava...já que ela não tem beleza, vou fazer mais e mais vestidos de retalhos de tecidos finos para vez em quando transformá-la. Ganhei uma caixa usada de charutos, usei como baú para suas roupinhas. Em pouco tempo já era uma coleção. Troca daqui, troca dali, enfeitava Hosana , mas era só isso que eu conseguia...Enfeitá-la. O tempo passou, outras bonecas mais vistosas eu ganhei, mas nunca abandonei àquela boneca feiosa. Um fatídico dia, vendo bonecas que dormiam e choravam nos braços de ricaças meninas, pensei numa ideia tampouco brilhante.. (.A minha não chora e nem dorme, mas posso faze-la beber) E foi com esse pensamento inocente, que eu vi mais que de repente, a minha primeira boneca “ morrer”. A carinha de mofo pintada, portanto mais feia estava, mas era a minha boneca!!! Perdi...a enterrei numa cova no fundo do meu quintal, com toda honra e choros e um adeus a minha primeira boneca.

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Varal do Brasil, literário sem frescuras! - Novembro/Dezembro 2012

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Por Sheila Ferreira Kuno

Inteligência que encanta

Desta vez vou deixar as esquisitices dos profissionais da informática de lado e vou falar

da inteligência.

Nessa área, como em qualquer outra, existem vários profissionais inteligentes, mas a in-

teligência de um deles me encantou.

Mário, um rapaz de estatura média, pele branca, cabelos castanhos, anelados e longos,

sempre preso em um rabo. Usava barba e bigode fartos. Não era uma pessoa vaidosa, muitas

vezes mal penteava os cabelos e a barba dificilmente estava alinhada.

Filho único, sua mãe uma mulher muito moderna e anima-

da, seu pai um português, que pelo pouco contato que tive

com ele, posso concluir que é muito inteligente.

Ele viveu alguns anos na África com seu pai, onde traba-

lhou e viajou pelo mundo, o que lhe proporcionou um co-

nhecimento cultural incrível.

Embora ele não tivesse formação de nível superior, Mário

era respeitado por sua inteligência e criatividade. Ele parti-

cipava de todas as decisões importantes dos projetos.

Uma pessoa sensível e carinhosa, sempre disposto a aju-

dar os amigos.

Pai de duas meninas, Mario tinha um amor incondicional por elas.

Hoje ele não trabalha mais conosco e com certeza, quem o conheceu sente falta de sua

presença marcante.

Eu sinto falta das nossas conversas, pois Mário é o tipo de pessoa que conhece tudo,

uma enciclopédia ambulante, não tinha assunto que ele ficasse de fora, na verdade, ele sempre

se destacava em tudo, seja política, história, religião, informática, enfim, qualquer assunto.

Mario também tinha suas esquisitices, mais que eram ofuscadas por sua inteligência

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Varal do Brasil, literário sem frescuras

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Receita e ingredientes do Bolo de Chocolate:

Fonte: http://www.qvinho.com.br

Massa: • 2 xícaras (chá) de farinha de trigo; • 2 xícaras (chá) de açúcar; • 1 xícara (chá) de chocolate em pó (amargo); • 1 xícara (chá) de água morna; • 1 colher (sopa) de óleo de canola; • 1 colher (sopa) de fermento; • 6 ovos.

Recheio: • 1 lata de leite condensado; • 2 caixinhas de morangos; • 1 pote de creme de leite fresco (Nata).

Cobertura: • ½ xícara (chá) de açúcar; • 1 lata de creme de leite; • 200g de chocolate em barra para cobertura.

Modo de preparo: Para preparar a massa bata as claras em neve e reserve. Numa batedeira adicione as ge-mas com a água morna, em seguida coloque os ingredientes secos passando por uma pe-neira e bata até ficar uma massa lisa. Depois acrescente as claras em neve e mexa deva-gar. Por último a coloque o fermento e leve ao forno numa forma redonda untada com man-teiga, por aproximadamente 35 minutos. Enquanto a massa está assando prepare o recheio. Coloque a lata de leite condensado nu-ma panela de pressão, adicione água até cobrir a lata, e deixe cozinhar por 45 minutos. En-quanto isso bata a nata até o ponto de chantilly. Depois de atingido o ponto, coloque 2 co-lheres (sopa) de açúcar e os morangos cortados em fatias. Misture bem e reserve. Retire da forma a massa do bolo e, com muita delicadeza, corte-o em duas camadas. Na primeira delas espalhe o creme de nata e morangos; capriche nos morangos já que esse

creme deixará a massa bem molhadinha. Na segunda camada espalhe o leite condensado cozido. Para finalizar prepare a cobertura. Leve ao fogo uma panela e dissolva o açúcar com o cre-me de leite e a barra de chocolate já ralado. Misture bem (cuidando para não ferver), e de-pois que estiver bem homogênea espalhe por cima do bolo, ajustando as laterais para não ficar com falhas. Para decorar e dar um toque especial cubra com lascas de chocolate amargo e morangos inteiros.

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Eu ou Quem?

Por Fernanda de Figueiredo Ferraz

Hoje eu acordei esquisita, talvez porque ontem fui dormir esquisita. O sonho era esquisito. O que é esquisita? Se eu soubesse usaria qualquer outra palavra ao invés de esquisita. Eu tento definir, mas só sei achar que sou esquisita, arrisco: é uma sensação assim...como se estivesse fora de mim e de repente não fosse mim mesma, fosse outra “mim”. Quantas “mim” eu devo ter? Talvez eu não tenha contado quantas por ser tarefa difícil, ou talvez não tenha contado por medo.

Eu tenho uma “mim” que adoro, a que me alegra, sorri por dentro, me eleva. Nos dias desta “mim”, fico apta a tudo, de visitas ao pet shop a “shots de tequila”. Por fora este mim está sempre ali, mas no meu interior eu sei que não.

O “eu” esquisito, ou um deles, quer chorar, descabelar, ou perguntar para Deus, Universo, Estrela ou você aí: por quê e mais por quês. O mais esquisito é que numa audá-cia este mesmo “eu” tenta responder e divaga sobre questionamentos infindáveis e se abstrai do trânsito; da conversa da festa; da aula de step; esquece de trancar a porta, ou deixa o cachorro para fora, pois meu “eu” está quase chegando a conclusões e não pode se distrair com as tarefas básicas. Este “eu” encontra um certo aconchego numa taça de vinho e ouve a mestres como Toquinho e Vinícius que lhe respondem: A vida é uma gran-de ilusão mal nasce começa morre Sim! É isto que quero saber! E quero saber mais, por-que eu sou eu e não você? Nesses dias, deste “eu” é como se “eu” vivesse no mundo da terra, que atrapalha suas andanças no mundo da lua onde tudo é mais profundo, atormen-tador e real para este. A terra se transforma num grande palco para atuar e realizar tare-fas assim: iguais.

O outro “eu” é o mais comum, racional, presente, mas o igualmente distraído, por-que está fazendo a lista do supermercado na reunião com o chefe e pensando na reunião quando está pagando no caixa registradora. Esta sou o meu eu, meus “eus” amado(s), tanto desligado (s), mas nada despreocupado (s).

Aliás despreocupada é que não sou, em nenhum dos meus “eus”.

Mas: Uma vida não questionada não merece ser vivida. (PLATÃO) E quem sou eu ou o outro eu para dizer o contrário! Questiono mesmo, nem que não queira, a mente é inqui-eta, se isso me faz esquisita, então assim sou e nos outros dias sou “normal”, sou e sou quantas forem nascendo e crescendo.

Fonte imagem: http://beta.arabia.msn.com/l

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Amor Sublime

Por Viviane Schiller Balau

Amor sublime! Que sinto por você Que me deixas louca, Por não amar-me Tanto como queria Ser amada por ti; Sem saber o que pensar, Quando não sei o que vai dizer ou fizer Para calar meu coração... Que sofre pela sua falta de carinho Que se faz presente, Quando nosso amor é cheio de paixão e desejo Que nós faz acalentamos nossos momentos num simples gesto de amor.

Imagem: Loving Eye by elektrake

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Sarah Venturim Lasso

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...O ILUMINADO?

Fãs de terror e Stephen King, tremei! O autor mais co-nhecido por suas histórias de tirar o sono de qualquer um, anunciou a sequência do clássico O Iluminado, lan-çado em 1977. Se você não conhece, não perca a chan-

ce de ler esse clássico imperdível de terror, onde um menino e seus pais ficam presos em um hotel no inver-no...

Claro que qualquer detalhe a mais pode ser considerado um spoiler, mas prepare-se para uma série de pulos na cadeira, e pesadelos. Para os mais apressadinhos, o fil-me faz jus ao livro.

Super recomendado!

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Varal do Brasil, literário sem frescuras

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RETRATO

Por Marcos Torres

O poço secou.

Não há sequer uma gota d’água

para molhar a memória.

Agora,

apenas uma fotografia

em preto e branco

congelada num tempo

esquecido.

Um dia um jornal dizia

que a fotografia em preto e branco ia congelar o tempo.

Aí ficaríamos tentando escolher

o passado ou futuro.

O presente é uma ilusão de ótica.

Naquele papel o mundo ficava congelado

numa fotografia em preto e branco,

olhando o seu próprio retrato

paralisado numa parede fria.

Hoje,

o tempo, as horas, as imagens,

não podem ser congelados.

Então,

a fotografia em preto e branco

é o atual objeto de desejo:

Paralisa um tempo que anda para trás.

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O Livro – O Golo Do Escritor

Por José Cambinda Dala

Imagina um papel branco e um escrito. Qual deles nos dá mais impacto na mente? Com certeza que é o escrito, ao vê-lo temos a curiosida-de de saber o que lá está gravado. Podemos co-nhecer quem a transcreveu, mas muitas das vezes desconhecemos quem escreveu, o verdadeiro au-tor. Assim, ficamos também alheios as dificulda-des que ele passou para dar a luz, o livro – o golo do escritor.

É admirável vermos uma página cheia de letras, palavras, frases, períodos formando pará-grafos. E quando a lemos, aprendemos, retemos qualquer coisa nem que seja ao menos conhecer a escrita de algumas palavras. Com isso, de uma ou de outra forma estamos a render homenagem ao grande autor que a escreveu.

Não imaginam o grande favor que os escri-tores, aqueles que perdem momentos e noites para lançar um livro no mundo da literatura. Num li-vro, podemos além de lindos textos encontrar mensagens boas que sirvam de fontes de inspira-ção, para escrever, mudar de vida, mudar a forma de pensar, de se relacionar, etc. Tudo! Tudo é transmitido por meio do livro.

É fácil obtermos um papel, é só tirar a ár-vore da floresta, levá-la para indústria de transfor-mação que lhe tornará em madeira e consequente-mente daí teremos o papel. E esse papel pára por aí? Não! A grande tarefa agora é compor, escrever textos nele, o que tem sido tarefa árdua para os escritores, sejam eles cronistas, poetas, pensado-res, ou outro.

Com certeza, os autores escritores passam por muitas dificuldades, que merecem o nosso res-peito, para se atingir ao livro. Primeiro é que o autor tem que se concentrar num assunto a escre-ver, que não é fácil. Depois tem que se preocupar com um revisor literário antes de se editar o livro, que também não é nada muito acessível. Muitas

das vezes têm de se associarem para se conseguir um bom número de textos e formarem uma obra repartindo-se assim os custos. Portanto, as dificul-dades não são só financeiras.

Por fim, caso consegue-se lançar o livro tem que ser vendido por um preço módico que muitas das vezes não compensam os desembolsa-dos. Então, o escritor é um autor deficitário. Mas, sem dúvidas é um homem feliz, pois não está mui-to preocupado com os custos e sim com a obra publicada e posta a disposição do público, os lei-tores, são esses que lhe darão o devido reconheci-mento, o respeito, a admiração para a satisfação dele.

O livro é uma grande fonte de transmissão cuja mensagem é definitiva, não se apaga e sem-pre que a desejamos rever é só desfolhá-la.

O livro liberta a consciência do leitor, ins-pirando-lhe para qualquer coisa, até mesmo para comentar ou escrever outro texto e publicá-lo mais tarde.

Na verdade, o livro é uma pasta na memó-ria interna do autor, onde estão guardadas e publi-cados vários pensamentos, conselhos, inclusive uma matéria visando a satisfação das necessidades das sociedades.

O livro é uma grande riqueza que é distri-buída a todo mundo, seja vendido ou não. Todos são convidados a ler e partilhar dum livro em qualquer lugar e tempo.

E falando do livro nunca devemos nos es-quecer que o grande livro, o maior e mais impor-tante de todos é a Bíblia Sagrada, a palavra de Deus que tudo nos dá para explicarmos ou vermos as coisas, até divinas.

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Creio Por José Carlos Paiva Bruno Creio num Homem projeto, muito além de objeto... Em vida, repleto: em morte, discreto... Bilhete secreto! Creio atômica avaliação múltipla, astúcia de muitos pontos... Lusos do começo, novos baianos em apreço... Sou tamanho e momento, alegria e lamento; movimento... Cepo sem acento, acepipe d’alquimia convento... Simples convenção; forma da fórmica, sofisticação... Creio em plantas e cores, diversidades amores! Creio em delicados licores, pétalas em flores... Amálgama em geração, fusório embriagada explosão... Creio firula efeito folhetim, tintim por tintim... Aventura pandora sim, assim leque de Berlim! Assanhadas palavras, saracoteando estradas, jornadas... Jornais de um tempo inteiro, sagas gorjetas do feiticeiro... Creio druida truques de vida, versus araques do fim... Assim arautos de um novo Jardim, coloridas maçãs de mim! Creio no improviso, mímica emergência do aviso... Clemência da amazona, fogo de lua, química nua... Creio num ir e voltar, quase criança engatinhar... Passada que mostra pegada, marca de caminhar! Sendo sempre começo, sou o fim que mereço... Creio na estação do preço: se subo ou se desço... Aroma de um lado belo, lençol apito que revelo... Com ela me atrelo, creio não no fim, trem de jasmim! Imanentes versos da imaginação, linhas da liberdade, Beijo você beldade, curvas loucuras de paixão e amizade... Existência do que simplesmente creio: começo, fim e meio... Devaneio...

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Varal do Brasil, literário sem frescuras

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CONVERSANDO COM

CLARA MACHADO

Depressão Neste artigo vou falar da doença do nosso século, a depressão que tem acometido tan-tas pessoas. E nós nos perguntamos porque nossa sociedade esta adoecendo? Aí eu penso, vocês já ouviram aquela frase. "me sinto só no meio da multidão?", as pessoas têm se sentido sozinhas , desestimuladas, fracassadas e sem energia para identificar o que realmente as faz vivas aqui no nosso planeta e quando elas não encontram essa resposta elas coloca ma culpa nos seus rela-cionamentos ou na falta deles, ou na sua in-satisfação pessoal e profissional. E a partir daí elas não querem mais nada a não ser se deitar em uma cama, dormir por horas e es-perar a morte chegar. Porque as pessoas deprimidas pensam que que sua única saída é a morte e que quando esta chegar aquela sensação de tristeza, desânimo, vai desapa-recer e ele (a), vão acordar do pesadelo e não vão ter essas sensações tão desagradá-veis causadas pela depressão.

Mas como pesquisadora do comportamento humano venho aqui para te ajudar a sair des-sa depressão, sem dependência de remé-dios e sem a saída da morte.

A grande saída para a depressão é primeiro parar um minuto com você e identificar: o que estou sentindo? E por que estou sentin-do todo esse mal estar? Anote isso em uma folha de papel em branco então leia e releia três vezes e depois queime e faça uma medi-tação olhando para o fogo e dizendo que vo-cê tem a capacidade de queimar e se libertar de tudo aquilo de ruim que você colocou no

papel porque tudo aquilo estava dentro de você e quem tinha colocado lá foi você mes-mo. Então você tem o poder de transmutar todo o negativo da sua vida em positivo e pense nisso, somente você tem esse poder.

Segundo momento, faça uma reflexão sobre o que realmente você quer na sua vida, o que te faz feliz, qual o seu papel aqui no mundo, para que você veio, encontre o seu PORQUÊ na sua vida e escreva em um pa-pel em branco e durante um mês leia o seu porquê ou antes de dormir ou na hora que você acordar, mais faça isso com Fé e deter-minação, você vai perceber que como em um passe de mágica sua vida vai melhorar muito e sua depressão vai embora e você vai se transformar em uma pessoa livre e saudá-vel e ADEUS DEPRESSÃO.

um abraço com carinho.

Clara Machado.

www.claramachado.com.br

Fonte imagem: http://www.corposaun.com/

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O MAR CHEGOU

Por Juan Barreto

Ela estava naquele estágio aonde a gente vai agachando lentamente na banheira do sono cheia com seu líquido morninho e va-pores cheirosos.

A água lambendo carinhosamente suas per-nas, barriga e seios. Lentamente progressi-va, chegando ao pescoço, queixo e por fim beijando-lhe a boca, mas ainda não estava completamente imersa, as orelhas estavam de fora mantendo a vigília, permitindo que conseguisse perceber o que acontecia ao redor, mesmo que os sons chegassem muito distantes e distorcidos dando a deliciosa sensação de quando nada parece ser com a gente, mesmo assim, ainda não era um sono REM e isso era ruim.

Três puxõezinhos curtos na manga da cami-sa. Intervalo curto. Mais três puxõezinhos curtos e rápidos deram descarga na banhei-ra de água quente e a luz no fim do ralo se chama vida real.

Ela ensaiou uma abertura de olho. Ainda com a visão embaçada pode ver com olhos semicerrados uma figura pequenininha em widescreen.

-Mãe!

-Hum...Quê? Daniel? O que aconteceu queri-do? Por que você não está dormindo?

Daniel abraçava a cabeça solitária de ‘Golfe’, seu ursinho polar de pelúcia, contra o peito.

Cabeça literalmente solitária, rasgada e com fiapos brancos de costura saindo. O corpo de Golfe jazia como troféu na casinha do ca-chorro da vizinha. Foi triste na época, mas Daniel nem achava mais tão ruim assim. Fi-cara com a melhor parte, ficara com a parte que conversava.

- É o amigo do vovô no telefone. Ele quer falar com você.

-O que? Amigo do seu avô?

-É! No telefone.

Ela agora sim acordou de verdade. Sempre que o telefone toca de madrugada, o ‘alarme-de-coisa -ruim’ toca dentro da gente. Ainda mais quando se tem pai idoso.

-Alô, seu Juliano? O que aconteceu? (...) Ah, meu Deus, meu Deus! E como foi isso? (...) Mas ele está bem? (...) Qual o hospital que ele está? (...) Certo então, olha, eu vou só deixar o Daniel na casa do pai dele e depois vou direto pra ai. (...) Certo (...) Certo, muito obrigado por tudo seu Juliano, até já!

Ela se sentiu meio tonta, apoiou o corpo com uma das mãos no braço do sofá enquanto a outra limpava o suor condensado na testa. - ‘A noite vai ser longa!’. – Respirou fundo e olhou para o filho sentado no primeiro de-grau da escada olhando pra ela com uma apreensão ingênua e fofa.

-Daniel, filho, o vovô sofreu um acidente, na-da demais, ele só caiu da janela e a mamãe tem que ir ao hospital ver como ele está. Agora sobe lá no quarto põe cueca, camisa, calção e a escova de dente na sua mochila e calça a chinelinha que eu vou te deixar na casa do papai. Amanhã a mamãe pega você depois do almoço, tá bem docinho? Vai filho! Rapidão, rapidão! Ela digitou o número do ex-marido com as mãos trêmulas enquanto o filho subia os degraus de dois em dois.

------------------------------------------------------------

Ele estava sentado num cogumelo gigante, admirando um lindo nascer do sol que se ini-ciava. O sol como uma gema gigante, se es-premia entre o horizonte e o céu. Ele conver-sava literalmente consigo mesmo. Era um diálogo entre sua boca normal e uma outra boca inusitada que ficava na sua testa.

De repente, no meio de uma divagação qual-quer da boca comum, a boca da testa inter-rompe com uma voz que não era a sua cha-mando um nome que era o seu:

“Juliano!” – Intervalo curto... Outra vez: “Juliano!”.

Juliano acordou.

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A escuridão do quarto entrou em foco e a si-lhueta de uma pessoa sentada na janela aberta contra a luz do poste da rua também, justificando o vento frio que recheava o ambi-ente. Aquela voz rascante outra vez. A voz da segunda boca era a mesma da silhueta.

-Juliano, acorde!

-Eu já estou acordado, mas que diabos! Caio? É você?

-Claro idiota! Um ladrão chamaria seu nome?

-Poderia ser um fantasma! – Juliano sentou-se na cama endireitando o corpo devagar, tateou no escuro em busca da luminária que ficava sobre o criado-mudo ao lado da cama. – Mas o que diabos você está fazendo nessa janela?

-Você sabe o que é ser velho?

-Er... Eu acho que sei! Velhice só é relativa até os sessenta anos. Daí pra frente passa a ser um fato: Você é velho! E eu já tenho se-tenta e três...

-Ser velho é não ter mais o que desejar!

-O quê? Não seja ridículo! – Procurando os óculos na mesinha. – Que bobagem é essa? Eu mesmo estou desejando nesse exato mo-mento que você desça dai e feche essa jane-la antes que nós dois peguemos uma pneu-monia.

-Quando se é criança, dizemos que quere-mos viver pra sempre, ai crescemos mais um pouco e substituímos por algo mais plausível: "Quero viver o máximo que eu puder! Quero morrer de velhice!”. É o que todos dizem! Mas e quando você chega à velhice Juliano? O que se deseja agora? Morrer de mais velhi-ce? Que merda é essa? - A voz dele transpa-recia uma agonia entre a indignação e a me-lancolia.

-Caio meu amigo, vamos conversar melhor aqui dentro, ande. Ai você vai pegar um res-friado. Juliano falava tranquilamente, mas seu

medo era real e era outro que não o resfriado. O amigo recomeçava a falar efusivamente, gesticulando largamente com os braços e ele preferiu não se levantar da cama pra não dei-xar o outro mais nervoso.

-Quando se está no começo da vida é como se acordássemos numa praia deserta e o nosso objetivo é o mar, mas estamos loooon-ge, longe pra caralho dele. O mar é um mero risquinho azul ou verde, nem dá pra saber ao certo! A cada passo que se dá a areia pesa absurdamente e tosta nossos pés até que com o tempo vamos nos acostumando, pe-gando o jeito de caminhar. A praia vai se en-chendo de pessoas seminuas, conchinhas, guarda-sóis coloridos e cheiro de comidas e ai o mar já nem importa mais. O passeio se torna o objetivo, já que ficou agradável! O mar vira meramente um horizonte agora. Pois bem, eu já cheguei ao mar e agora? Eu sinto a água já no meu umbigo Juliano, e agora? – Ele chorava de escorrer, chorava de soluçar. Passou os dedos nos olhos molhados e es-tendeu a palma da mão pra frente para o ami-go.

- Vê? Água salgada! O mar chegou! O mar chegou aqui! O mar chegou em mim!

-Caio...

-Não quero mais ficar dentro d’água, já estou enrugado o bastante. – Passou as pernas pa-ra o lado de fora num gesto brusco e sumiu no ar frio em dois andares de vácuo.

-SOCOOORRO! SOCOOORRO! ALGUÉM!! MEU COLEGA DE QUARTO CAIU DA JANE-LA!

Juliano apertava o botão ao lado da cama fre-neticamente. Luzes acesas no corredor, bur-burinho de pessoas acordando, barulho de passos apressados.

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ADOTE UM LIVRO - UM PROJETO DE VIDA

Por Ivane Laurete Perotti

Eu, Ivane Laurete Perotti penso que, se as palavras andassem sozinhas, tal-vez os livros não passassem de uma carica-tura enviesada das antigas caixinhas de ra-pé. Ficariam nos bolsos compridos, esperan-do para liberar o pó do espirro, ou do enten-dimento, ou da alegria, ou da tristeza. Se as palavras andassem sozinhas teríamos sido descartados há muito tempo enquanto ope-rários da língua, fabricantes de sentidos e materializadores de histórias.

E quero acreditar que as histó-rias chegaram antes das palavras, envolvi-das em nuvens mágicas que se permitiam liberar ou não. As nuvens carregavam se-nhas, códigos de mão dupla: um sinal ia e outro voltava. Abriam caminho deslizando para dentro do coração daqueles que fecha-vam os olhos da boca. Boca fechada, histó-ria contada.

Porém, uma multidão crescente de bocas abertas apoderou-se vagarosa-mente das nuvens mágicas, e as histórias foram trancafiadas atrás do meio-fio do pen-samento. O tempo tomava conta das histó-rias, mas elas aprenderam a dobrar a vonta-de de seu guardião e cada uma por si foi sal-tando para fora, em gotículas de saliva que cobravam o carregamento pesado. Dessa cobrança surgiram as palavras, trôpegas, algumas mais rechonchudas do que outras, e impuseram-se às altas taxas de trafegabili-dade cobradas das nuvens mágicas rechea-das pelas histórias da vida.

Hoje, as palavras não têm pre-ço, mas as nuvens mágicas que carregavam as histórias soltas e livres condensaram-se em folhudas páginas, acreditando ensinar às bocas humanas a hora certa de saboreá-las. Daí os livros reunirem-se em grupos distin-tos, sindicalizados, de alta patente e poder e peso. Bem, essa é outra história e precisaria

de muitas nuvens mágicas para dar conta do trajeto percorrido pelo alto escalão das histó-rias. Mas a preocupação aqui é outra: algu-mas nuvens mágicas escondem-se em pe-quenas folhas que estão à deriva, esperando por uma adoção que lhes permita saltitar pe-las avenidas dos pensamentos desbloquea-dos.

Você quer adotar uma história? Eu conto algumas que precisam ser adota-das.

As palavras que se escondem nas histórias escritas precisam passar de mão em mão, estão carentes de olhos curio-sos, de bocas politicamente corretas, de ave-nidas largas. As palavras desejam ser leva-das de um para outro, sem dono, sem rumo, sem hora para se mostrarem vivas e inteiras na forma de livros a serem gratuitamente dis-tribuídos.

Esta é uma caixa de rapé. Parece um projeto, possui título "ADOTE UM LIVRO", mas é uma caixa de rapé. Dentro dela, o pó de várias histórias espera para ser condensado em livros livres, livros que irão abrir-se entre mãos de todos os tamanhos e cores. Livros sem preço para as palavras que carregam e que terão asas para voar para onde desejarem.

E "isso" tudo não é um sonho, é uma necessidade vital. Sem nuvens mági-cas, as palavras agarradas às páginas preci-sam buscar outras e outras e outras palavras para sobreviverem e fazerem sobreviver os que dela se valem: nós todos!

Você adota uma história? Se não estiver seguro de seu interesse, leia a "forma" formal e material do que parece um

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projeto - dentro do qual outras caixinhas de rapé estão esperando para sair.

Mas adote, adote uma história que tem a ver com a sua nuvem mágica.

Fora da caixa, podemos abrir muitos olhos apertados pela ilusão das anti-gas tarifas cobradas pelas línguas demasia-damente compridas.

Quer saber o que está embaixo, por baixo e de baixo dessas metáforas? Leia o PROJETO ADOTE UM LIVRO, na íntegra, por inteiro (ou quase) no blog "PALAVRAS EM BANHO-MARIA", ivaneperot-ti.blogspot.com.

Mesmo que você não queira le-var para casa uma caixinha de pó de rapé, permita que alguém descubra que elas estão por aí, sem pai e sem mãe, esperando para condensarem-se em novas nuvens mágicas.

ADOTE!!!

As palavras CRIAM!!!! PROCRI-AM! RECRIAM!!! E nesse ritmo fecundam o AGORA que se avizinha... se avizinha...se avizinha...

São 32 possibilidades de adoção. Veja abaixo o quadro dos títulos que esperam por você. Você pode participar da distribui-ção, do lançamento, da campanha dentro e fora do Brasil. Pois, quanto mais "adotadores" se juntarem, mais crianças poderão ter em mãos a nuvem mágica das histórias conta-das. Você mesmo pode decidir para quem enviar o livro adotado, uma vez que pode es-colher a sua recompensa e distribuí-la para onde e quem desejar com o seu nome na contracapa:

EU, ___ (fulano de tal______________________________

ADOTEI ESTE LIVRO). Os países lusófonos estão carentes de magia escrita. Juntos, po-demos começar por aqui e alcançar outros lugares: Guiné, Angola, Moçambique...

TÍTULOS DOS LIVROS E TEMÁTICA:

1. Pão de Queijo e Café Preto – construção de valores, contexto, cultura, relação entre o “novo” e o “elemento herdado” .

2. Laelia Purpurata - a fada florista – uma noção sobre "tipos” e formação de preconcei-tos, valores, convencimento, julgamento social.

3. Maria Fumaça – prosa poética cujo objeto é a Locomotiva Maria Fumaça que é mantida em São João Del Rey-MG.

4. O homem que perdeu o sapato - temáti-co sobre as perdas, a morte, a singularidade, as histórias de cada um.

5. A enchente das goiabas – meio ambien-te, sustentabilidade. Na visão de uma criança vítima das chuvas. Texto narrativo.

6. O catador de latinhas – temáticas sobre a formação dos sentidos na linguagem e na so-ciedade.

7. Meu amor de profe, meu primeiro amor – texto digressivo sobre a visão infantil da pri-meira escola

8. Tapetes de Rua - cultura e costumes, construção dos Tapetes de Rua durante a Semana Santa, valorização do meio ambien-te, reciclagem, criatividade.

9. Como o Mundo me parece – fenomeno-logia, leitura de mundo e observações sobre a construção das “verdades” pessoais.

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10. Mãe! O espelho está me copiando... - sobre os clichês e formação de opiniões, so-bre a estereotipia infantil e as relações com o “diferente”, sobre a curiosidade infantil

11. Pelos trilhos do trem - história e cultura envolvem as noções de progresso, avanço e harmonia entre o ontem e o “hoje”. Ideias de formação do cooperativismo.

12. Sapatilhas douradas - depressão infantil e dança se misturam em um universo de su-peração e encontro com a beleza estética e subjetiva.

13. O monstro e a libélula- sobre a forma-ção dos medos na infância.

14. Maria Cotovelo - texto digressivo trata sobre as primeiras impressões na criança.

15. Em uma terra com nome de santo – cultura, gastronomia, conceitos, valores, arte-sãos, e formação de opinião.

16. Airam, minha avó Maria - temática so-bre a vida e a participação das avós na histó-ria infantil, valores que englobam a ideia de “velhice”, solidão e abandono.

17. A fazedora de Bonecas - a relação da criança sobre a construção de histórias, o ato de contar e o “fazimento” de universos para-lelos no mundo infantil, a independência em fases de crescimento, os medos criados e os medos reais.

18. Pé de moleque – prosa poética cujo ob-jeto é um “arquétipo” do menino mineiro.

19. O menino azul – diferenças, “síndrome de down”, formação de valores, inserção so-cial, e a construção dos “falatórios”.

20. O vendedor de palavras - narrativa so-bre o "agenciamento" das palavras e a for-mação dos sentidos em contexto árido

21. Jô, o caranguejo. Aventuras de um ca-ranguejo macho- meio ambiente, natureza, ecologia, marezeiros, a cata do caranguejo, a luta pela sobrevivência.

22. Cida, a lagartixa Aparecida – temática sobre as lagartixas e suas impressões no contexto humano. Relações de medo, intera-ção, metáforas sobre formação do sujeito so-cial, político e interativo.

23. O cachorro que falava inglês – a natu-reza e a expressão da tristeza, depressão e melancolia na fase inicial da adolescência.

24. Também vou à escola - narrativa sobre a inclusão, diferenças, limites e superação pessoal.

25. A fonte de três pratos - narrativa sobre a construção da história pessoal, individual, a partir do contexto familiar.

26. Tia Lu, minha tia sapequinha - relacio-namento familiar, diferenças, pequenos atri-tos, noções veladas sobre a formação de laços dentro da família atual.

27. Pikuá Piracuca – narrativa sobre a cha-mada "loucura", a “normalidade”, a exclusão, a violência que a indiferença promove.

28. Miudinho - temática sobre a construção dos pares verdade/mentira, o repasse dos axiomas, o aprendizado por modelagem e exemplificação.

29. Arco-íris invisível - resiliência infantil, superação.

30. Mentira tem pernas curtas – contos in-fantis.

31. A menina e os animais – sobre os cui-dados com os animais, adoção e trabalho em comunidade.

32. Causos aumentados - histórias ficcio-nais sobre os tropeiros na Região de Minas Gerais.

Contatos: [email protected]

[email protected]

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MOTIVAÇÃO

Por Cristina Cacossi

Eu, como escritor que sou, estava precisando de motivação extra para iniciar um novo li-vro. Pensei muito e resolvi : vou conhecer o mundo. Descobrir tudo o que há de belo. As sete maravilhas existentes dentro dele, e, além delas, as escondidas, as que não saem em postais.

Para tal realização eu precisava de muito dinheiro, pois ficaria, sei lá, talvez anos sem tra-balhar. Só observando.

Essa ideia foi ganhando força dentro de mim e não medi esforços para a tal realização.

Num determinado dia, fui.

Estando diante da natureza vi belezas estontean-tes : o cume das montanhas, os mares, a neve, a chuva, a diversidade das matas, a candura e o co-lorido das flores, a simplicidade dos animais, a for-mosura da mulher ... degustei também, os sabo-res e senti os aromas.

Voltei.

Após tudo ver, ouvir, cheirar, degustar, tatear, senti fome. Fome de permitir que ouras vozes se expressassem através de mim, de redi-mir almas com minha poesia, de escrever os sonhos humanos, de saciar os significados. Também de colocar bocas, sorrisos, palavras, preces, desaforos. Emprestar o corpo a cor-pos desconhecidos. De colocar olhos no cego. Incorporar o conflito que não me pertence. Apreender o conceito, o sentido mais oculto e até desconcerto. Fome de ser o maná e ali-mentar todas as inquietações. De chover nos corações e também aquecê-los. De ser pala-vras que estão por detrás das palavras, que falam, mas em segunda voz. Fome de romper o lacre e os limites do convencional. De mostrar a cicatriz depois do corte. De obedecer os desatinos.

Minha alma estava faminta!

Percebi naquele momento, que dentro de mim eu não havia procurado nada para a minha motivação. Disforme, eu procurara as belas formas do lado de fora.

Então, sem ver, ouvir, cheirar, tatear, degustar, descobri que alguém habitava meu ser, que dele vinha uma fragrância estonteante. Aspirei-a e suspirei por ela.

Encontrei assim, a luz, a verdade, a paz, a beleza maior e a ... motivação.

Tarde a descobri, mas ... descobri !!

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CONCURSO O livro VARAL ANTOLÓGICO 3, terceira coletânea organizada pela revista VARAL DO BRASIL, sediada em Genebra, Suíça, será realizado pela Design Editora, de Santa Catarina (Brasil). Terá como prefaciador o escritor e jornalista baiano Valdeck Al-meida de Jesus e terá o poema de abertura escrito pela talen-tosa escritora piauiense Rita de Cássia Amorim Andrade. Hoje saiu a lista dos primeiros vinte selecionados. Já foi dar uma olhada nos incríveis selecionados? Dia dez de janeiro sairá a segunda e última lista! (peça nosso regulamento aqui: [email protected] ou encontre em nossos site e blog) Agora estamos fazendo um pequeno concurso: quem fa-rá o poema ou o pequeno texto (dez a quinze linhas) que estará numa das orelhas do livro? Que tal se fosse você? Envie seu poema ou seu texto sobre o VARAL DO BRASIL para [email protected] e vamos ver... Quem sabe será mes-mo você! O vencedor estará presente na orelha do livro e terá direito a receber cinco exemplares do livro (mediante o pagamento do frete caso não se encontre no lançamento do mesmo). Prazo para envio dos textos: 30 de novembro.

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PERDI AS PALAVRAS

Por Rodrigo Pereira dos Santos

Perdi meus escritos memórias e momentos

Perdido sem minhas palavras mágicas minhas dores e alegrias em papel

Perdi minha voz materializada meus sentimentos em registros minha literatura não aprendida

gravações e sinônimos

Os livros vivos as poesias sedutoras

as palavras andantes...

Buscarei as palavras em sonhos e vida

no céu e na alma transparente

no momento e no instante no perdido e no presente...

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Quem sou?

Por Rozelene Furtado de Lima

Sou nuvem ou chuva Dependo do tempo

Sou pé ou asa Dependo do vento Sou vida ou morte Dependo da sorte Sou tudo ou nada Dependo da fada Sou triste ou feliz

Dependo do meu nariz Sou fé ou porquê Dependo de você Sou como o mar Sempre a mudar

Ou como noite de lua No quarto crescente

Sou um pedacinho de gente Sou pequena flor no jardim

Dependo de quem cuida de mim

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Banco 24 horas

Por Evelyn Cieszynski

Saca. Saca. Saca.

E nunca repõe.

Faz empréstimos.

Tira. Armazena.

Sem devoluções.

Bombeia. Pulsa.

Saca outra vez.

Apita o aparelho.

Saldo diário em débito.

Negativado.

Falência em 24h e zero minuto.

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SÓ ESTÁ CANSADO

Por Odete Bin

Cabeça inclinada pelo cansaço A bem da verdade, vencido Óculos pesam sobre o nariz

Músculos tensos e reprimidos.

Por cima da armação antiga Um par de óculos embaçados

Para quem o vê : - mal enxerga Mas tudo vê; só está cansado !

Enxerga além do que vemos Tudo percebe o que o rodeia É com os olhos da sabedoria Que faz imagens e se norteia.

As fantasias na realidade O tempo roubara-lhe duramente

Através de lutas e batalhas E o sono no rosto transparente.

Já não possui avidez à luta Parado, pelo tempo espera

Saudade só tem do que vai longe E os anos repassam; são tantas primaveras !

Gritar para quê? Já não adiantaria É melhor cantar mesmo com a voz rouca

Porque existe sol todos os dias Acha ainda que a vida é pouca.

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Viajando e Conhecendo o Outro Lado do Mundo

Por Merari Tavares

Sobre esse tema, principio citando a minha frase, cuja autoria me pertence: “A leitu-ra de um bom livro nos proporciona viajar e conhecer o outro lado do mundo”. Por que na maioria das vezes quando autografo um livro, utilizo essa frase?

Porque para mim, ao realizar a leitura de um bom livro, você está enriquecendo o seu vocabulário, expandindo o seu conhecimento de mundo e muito mais que isso, está viajando e conhecendo o outro lado do mundo, culturas diferentes!

Muita das vezes, você possui um determinado sonho, aquele sonho de conhecer uma determinada cidade, país ou até mesmo, curiosidade de saber sobre uma cultura es-pecífica, porém, não lhe sobra tempo ou até mesmo condições financeiras para que você viaje até lá. O livro, nesse momento, é o nosso melhor amigo, pois nos proporciona reali-zar uma magnífica viagem, sem sair de casa! Já parou para pensar nesse privilégio?

O livro é um objeto mais que precioso. Você pode levá-lo para qualquer lugar, a qualquer momento. Quem nunca parou para ler enquanto estava aguardando a fila quilo-métrica numa consulta médica? No ônibus, quando fazia sua rotina para o trabalho? No sofá de casa, na cama, quando o silencio da noite se fazia presente... E até mesmo, quem nunca leu enquanto estava usando a toalete?

É mesmo de se admirar as infinitas situações em que o livro se faz presente em nossas vidas. Não apenas a presença, mas ele nos proporciona um prazer incontável. Uma leitura de um gênero que nos agrade faz com que leiamos horas e horas e nem nos damos conta. Quando a leitura consegue prender o leitor, a sede parece não se esgotar. Mais o leitor quer beber daquela água cristalina, que tanto bem lhe faz.

O livro é o nosso melhor amigo. Aqui vai outra frase minha: “São nos livros onde encontramos consolo, quando mais ninguém nos ouve”. Frase verdadeira esta também não?

Sim, pois há momentos em nossas vidas, que nem nossos melhores amigos, aque-les que compreendem nossas angústias, algumas vezes, estes não nos compreendem quando passamos por determinadas situações. É neste momento, que recorremos ao nosso ombro amigo, o livro, pois nele, teremos o livre arbítrio para escolhermos o autor, a história, a mensagem perfeita para curar a nossa ferida.

Livro é cultura! Livro é liberdade de expressão! Portanto leia, pois a viagem é ga-rantida!

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A CRUZ ERA O SINAL

Por Jacqueline Aisenman

Fez o sinal várias vezes com as mãos. Mas não encontrou soluções, não ouviu respostas para suas interrogações si-lenciosas. Era o sinal da cruz que havia aprendido breve-mente em um curso de catecismo. Repetiu. E mais ainda. Nada. Ergueu os olhos para a grande cruz que decorava a igreja onde estava e levantou-se irrequieto. Aquela cruz era o sinal. Precisava confiar menos no absurdo e mais em si mesmo. Saiu em direção à porta e deixou para trás velhos hábitos e um pedaço dele mesmo que não precisa-ria mais.

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A Obra de Câmara Cas-cudo em suas Dimensões

Singular e Universal

Por André Valério Sales Aluno Especial do Doutorado em Sociologia (PPGS/UFPB)

I. INTRODUÇÃO: A motivação deste artigo partiu do convite da União Brasileira de Escritores/RN para participarmos de uma Mesa-Redonda, a ocorrer em outubro de 2012, sobre o tema da universalidade da obra do etnógrafo potiguar Câmara Cascudo (1898-1986), a ser constitu-ída por: Anna Maria Cascudo (filha dileta do mestre), Diógenes da Cunha Lima (Presidente da Academia de Letras do RN) e eu, como estudioso premiado neste tema e com vários livros publicados sobre o célebre professor em questão. Decidi que minha parte na mesa, transformada no presente texto, deveria trazer como termos para comparação uma discussão sobre os escritos singula-res e universais de Luís da Câmara Cascudo. Em 2009, no Mestrado em História da UFRN foi defendida uma dissertação cujo autor demonstra não entender o porquê de Câmara Cascudo ser um homem-memória, como escreve Jacques Le Goff em seu livro História e Memória (1990: 371); o escritor da dissertação demonstrava não compreender porque Cascudo foi um documento-vivo em sua época, e por-que foi tornado monumento pelos seus amigos e pela sua cidade natal! De acordo com a dissertação, o pes-quisador parece acreditar que é um “erro” ou uma “falha” de nós potiguares, de modo geral, monumenta-lizamos o nosso autor maior, Câmara Cascudo (maior em quantidade de livros e crônicas publicadas, e em termos de suas contribuições para a preservação da Cultura e da cultura popular, tanto potiguar, quanto brasileira, moura, judia, etc.).

Logo de início, afirmo que minha posição é a de que essa monumentalização da figura e da obra de Luís da Câmara Cascudo é absolutamente legítima. O objetivo aqui, portanto, é comprovar que tal monumentalidade não é um erro, ao contrário, Cascu-do é e deve ser monumentalizado porque tudo o que ele escreveu sobre nossa terra e outras terras, outros continentes (estudando sempre as culturas de Portugal, África, etc.), tem validade, tem valor, e é útil a muitas pessoas, muitos pesquisadores, de diversas áreas do saber, como História da Cultura, Sociologia da Cultu-ra, dentre outras. Apresentando alguns exemplos atuais que com-provem a universalidade e a importância da obra cas-cudiana na contemporaneidade, lembro que a Revista

de História da Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro: Sabin) cita textos e livros de Cascudo, lembrando ape-nas dos dois anos mais recentes, nos exemplares de: outubro de 2010; fevereiro de 2011 (em três lugares diferentes na mesma Revista); julho e agosto de 2011; e outubro de 2011 (por três vezes, em diferentes espa-ços, inclusive em um artigo sobre a Inquisição e os Judeus; e noutro, sobre a História da Alimentação). Já em 2012, a obra de Câmara Cascudo é citada nos exemplares de janeiro (em artigo sobre o cordelista paraibano Leandro de Barros), fevereiro, julho , agos-to (em dois lugares diferentes; num deles, em artigo do “imortal” da ABL, Ivan Junqueira, sobre o persona-gem Dom Quixote, de Miguel de Cervantes) e em se-tembro também.

Afora estes exemplos, no livro preparado pelo Governo Federal (Silva, 2008), voltado especialmente para o ensino de cultura popular em todas as escolas do Brasil (Cultura Popular e Educação: Salto para o Futuro, Brasília: MEC/TV Escola), dos 27 textos so-bre o tema, a ser trabalhado pelos professores em sala de aula, 8 utilizam Câmara Cascudo como referência. Corroborando uma anterior observação de Margarida Neves (2002), mesmo que os textos escritos por Cas-cudo especificamente voltados para a História (alguns deles de caráter singular, de interesse restrito) tragam ainda o ranço positivista e rankeano, advindos da His-tória clássica – quando se buscava nos documentos históricos “a verdade”, sem questioná-los – segundo Neves é “sem dúvida como estudioso da cultura e das tradições populares que Cascudo merece ser lido”, e precisamente esses “textos que se referem ao povo e suas práticas e à história das coisas miúdas, ao anedó-tico, que em uma de suas chamou de micro história são, juntamente com o sempre consultado Dicionário do Folclore Brasileiro, os mais interessantes e insti-gantes para o historiador de hoje” (grifo original).

Sabemos que Câmara Cascudo foi um pesqui-sador, incansável, que nunca deixou que os estereóti-pos impostos pelas elites de nosso país à Cultura Po-pular e aos estudiosos dela, conhecidos até hoje sob o bordão pejorativo de “folcloristas”, impondo-os sem-pre que possível às margens da História, o impedissem de levar adiante seu imenso trabalho etnográfico-antropológico.

Mesmo assim, é sob o termo “folclorista que Cascudo ficou rotulado em nível nacional e internacio-nal, e nós, hoje, não podemos fugir disto. É um fato consumado pela História! Câmara Cascudo é conheci-do, junto com Mário de Andrade, como um dos “dois maiores folcloristas [brasileiros] do século XX” (Moraes, 2010: 27). As recomendações da Unes-co (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), desde a sua 25ª Reunião da Confe-rência Geral, em 1989, são, dentre outras: Folclore e Cultura Popular são equivalentes; “Folclore é o

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conjunto das criações culturais de uma comunidade baseado nas suas tradições, expressas individual ou coletivamente, representativo de sua identidade social; Constituem-se fatores das manifestações folclóricas: Aceitação Coletiva, Tradicionalidade, Funcionalidade e Dinamicidade” (Severino Vicente, In. Alberto, 2006: 28; ver também: D’Amorim e Araújo, 2003: 16). Desse modo, tanto o Dicionário de Língua Por-tuguesa do lusitano Caldas Aulete (2004: 850) apre-senta Cascudo como “Folclorista e etnólogo potiguar de reputação nacional”, quanto o Dicionário de An-tonio Houaiss (2004: 813) afirma que Câmara Cascu-do foi “jornalista, pesquisador e autoridade nacional em folclore, desde cedo se dedicou às pesquisas de campo sobre as tradições, hábitos, crendices e supers-tições nas áreas rurais e urbanas. Na África, pesquisou sobre a influência africana na alimentação brasileira, de que resultou a História da Alimentação no Brasil”.

Por tudo o que foi aqui exposto, determinei que para tratar da contribuição da obra do professor Câma-ra Cascudo no tocante às suas dimensões singular e universal, que vem contribuindo até hoje para o co-nhecimento em diversas áreas do saber, é necessário classificar ou dividir o tema em duas partes, em duas categorias essenciais, a singularidade e a universalida-de, com a finalidade de distribuir o assunto no texto de modo que ele venha a ser entendido pelo leitor da me-lhor forma possível. Desse modo: 1º) trato de escritos cascudianos de caráter singular, por exemplo, quando referem-se à cidade do Natal ou ao Estado do Rio Grande do Norte; e 2º) discuto mais amplamente os escritos universalistas elaborados por Cascudo. O assunto em questão será então trabalhado a partir dos conceitos de singularidade e universalidade (ver Sales, 2012a) com base nos estudos do filósofo húngaro Georg Lukcás (1885-1971), no seu livro In-trodução a uma Estética Marxista: Sobre a Categoria da Particularidade, de 1959. A ênfase de meu discur-so recai sobre os interesses da História e da Sociolo-gia. O contato de Lukács com a Sociologia não era superficial; ele foi amigo dos sociólogos Georg Sim-mel, Max Weber, Karl Mannheim, Tönnies, dentre outros (Frederico, 1998: 9); participou dos cursos de Simmel na Universidade de Berlim, entre 1909-1910, chegando a ser “o aluno favorito de Simmel e assíduo freqüentador da sua casa” (Paulo Netto, 1981: 11); todos estes autores participavam de grupos de estudo (Schiur – seminário particular), aos domingos, nas casas uns dos outros.

Voltando ao nosso interesse aqui, a obra de Cascudo será dividida, para melhor compreensão e explicitação do tema, a partir destes dois conceitos explicitados com maestria por Lukács, o singular e o universal.

Para desenvolver o assunto aqui proposto, en-volve iniciá-lo pelos trabalhos de Cascudo que obede-

çam à dupla classificação que elegi: há trabalhos de caráter universal, que versam sobre questões de nível nacional ou internacional; e outros, que têm alcance singular, abrangendo, segundo o exemplo, estudos sobre a cidade do Natal, berço do referido etnógrafo, sobre outros municípios potiguares, sobre o Estado do Rio Grande do Norte, etc.

II. ABRINDO UM PARÊNTESIS:

Antes de adentrar ao tema em si, é preciso abrir um parêntesis a fim de citar quatro opiniões críticas acer-ca da obra cascudiana, procedentes de quatro autores diferentes, que foram também os impulsionadores des-se meu escrito. Noutras palavras: foi a partir das cita-ções que faço a seguir, sem questionar nenhuma delas, já que explico suas graves falhas em um de meus li-vros (ver Sales, 2007a), que decidi escrever esse tra-balho:

a) Em seu livro A Invenção do Nordeste e Ou-tras Artes, Albuquerque Júnior imagina que Câmara Cascudo adota uma “visão estática” do elemento fol-clórico; que seus trabalhos estão “longe de fazer uma analise histórica ou sociológica do dado folclórico”, e são apenas, segundo Júnior, “verdadeiras coletâneas de materiais referentes à sociedade rural, patriarcal e pré-capitalista do Nordeste”. Ou seja, nesta errônea avaliação de Albuquerque Júnior (2006: 77), Cascudo e outros “folcloristas” mais: “Embora se apresentem como defensores do material folclórico, são parado-xalmente estes [mesmos] folcloristas os seus maiores inimigos e detratores, ao marginalizá-lo, impedindo a criatividade em seu interior, cobrando a sua perma-nência ao longo do tempo, o que significa sua obso-lescência” (ver minha crítica aos deslizes cometidos por este tipo de análise em: Sales, 2007a: 102-109, 116 e 139-147).

b) Já Andrea Chiachi, em seu texto “Eles, os Outros: Considerações sobre Identidades e Diversida-des Culturais” (2004: 71), declara que o que “está au-sente” nos estudos de Folclore, assim como também “de boa parte da obra de Câmara Cascudo”, é “o Bra-sil das relações de trabalho, ou seja, o Brasil das clas-ses sociais”. A crítica que aos erros de avaliação deste autor já foi feita por mim antes (Sales, 2007a: 98 a 101).

c) Raimundo Arrais, numa seleção de crônicas cascudianas dos anos 1920, material que o próprio Arrais ajuda a divulgar, dissertando sobre um trecho da crônica de Cascudo intitulada “Larico Pellado”, escrita em 1928, afirma que, em termos de His-tória , nesse texto cascudiano da juventude já “aparecem as grandes linhas que orientam a

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abordagem do passado por Câmara Cascudo: a socie-dade é esvaziada de suas tensões, seu movimento, su-as rupturas”, e em se tratando de Folclore e Etnografia, Arrais ainda critica – equivocadamente – que nesta crônica citada, “em contrapartida”, o “tratamento fol-clórico” do assunto por Câmara Cascudo demonstra que ele “concebe o passado da cidade [do Natal] como o domínio de uma cultura popular imobilizada , esva-ziada de toda manifestação dissonante, na qual o folclorista [Cascudo] nada mais vê senão uma doce ingenuidade” (Arrais, 2005: 44). A equivocada crítica deste autor já foi avaliada anteriormente por mim (Sales, 2007a: 108 a 117).

d) Hilário Franco Júnior analisa, por sua vez, o livro de Cascudo: Contos Tradicionais do Brasil (também publicado em francês), no Dicionário Crítico – Câmara Cascudo (2003), organizado por Marcos Silva. Em sua crítica, Franco Jr. observa que Cascudo produziu “uma ampla obra”; recolheu, sistematizou e interpretou materiais etnográficos “muito vastos e dis-persos”; era “dono de uma enorme erudição”, porém, de uma erudição “predominantemente livresca, fato curioso para folcloristas”, e ainda afirma, erroneamen-te, que Cascudo “não deixou o Brasil, salvo uma úni-ca pesquisa de campo na África portuguesa, em 1963”. E ainda acrescenta Franco Jr. “pode ser dito” de Cascudo que ele foi “um etnógrafo de gabinete”, e conclui: Cascudo “pode ser dito” também como sendo “pouco aparelhado lingüisticamente” (2003:47). As avaliações incorretas deste autor foram por mim escla-recidas, em detalhes (Sales, 2007a: 79 a 88), além de ter publicado um livro somente sobre o preparo cascu-diano: Câmara Cascudo e seu erudito preparo lingüís-tico no romance “Canto de Muro” (Sales, 2012).

Considerando que fica um tanto claro que ne-nhum dos quatro autores citados tenham ainda conse-guido entender a importância da vida e obra de Câmara Cascudo; além da distância psicológica que eles man-têm de uma obra que não foi produzida por conterrâneo seu; e tendo em vista que quem não precisou ainda tra-balhar nenhuma temática em que a obra de Cascudo lhe seja valiosa, em algum ponto, também não conse-gue entender a importância de seus escritos (seja para tratar do lado singular de sua obra, seja para trabalhar com outros temas mais universais – como, por exem-plo, Folclore, etnografia brasileira, africana, estudos judaicos, etc.); as críticas acima aludidas me moveram a escrever essa classificação, sobre alguns livros de Cascudo, além de citar outros autores que escreveram sobre a contribuição de suas pesquisas, com a finalida-de de demonstrar o valor dessas investigações, tanto em uma dimensão singular à nossa cidade do Natal e ao nosso Estado do Rio Grande do Norte, quanto em sua dimensão universalista, que traz elementos que ajudam na produção do conhecimento em várias áreas do saber acadêmico, como, por exemplo, nas já citadas

História e Sociologia da Cultura.

Começo então a tratar do assunto que é central nesse trabalho: fazendo citações à obra de Câmara Cas-cudo que demonstram as dimensões singulares e uni-versalizantes de diversos livros seus. A partir de agora, vou fazer comentários de trabalhos de sua lavra que possuem apenas um caráter singular, passando em se-guida às de caráter universal, buscando, com essa dife-renciação, proporcionar um melhor entendimento te-ma:

III. Singularidade:

O Dicionário Houaiss, considerado por muitos como “o melhor” do Brasil, conceitua o universal enquanto algo que é “comum, relativo ou pertencente ao univer-so inteiro”, algo “comum a todos os componentes de determinada classe ou grupo” (2009: 1907); e o singu-lar refere-se àquilo que “se aplica a um único sujei-to” (id.: 1750).

Já de acordo com o filósofo escolhido para defi-nir o singular e o universal, Georg Lukács, é preciso então esclarecer que existe uma relação de comple-mentaridade entre e singularidade e a universalidade. As duas são noções correlatas, há reciprocidade entre elas, porém, são coisas bastante diferentes. Há uma “tensão” entre estes dois pólos, e é uma tensão “constantemente” transformada “em ato” (Lukács, 1978: 111). Isto significa que o universal só existe a partir das diversas partes singulares que o compõem; do mesmo modo, tudo que é singular é composto de centelhas do universal

Segundo a classificação por mim elaborada, os livros escritos por Câmara Cascudo que possuem cará-ter singular, referentes, portanto, a temas natalenses ou norte-rio-grandenses, de modo geral, e demais livros, lançados por outros autores, que se utilizam da obra cascudiana, são:

1. Estudos sobre a História do Rio Grande do Norte:

*Luís da Câmara Cascudo: História do Rio

Grande do Norte. Rio de Janeiro: MEC, 1955.

A partir desta contribuição, vários autores utili-

zaram esse livro de Cascudo na construção de outros saberes, sobre diversos temas, por exemplo (em ordem aleatória):

- José Lacerda Felipe e Edilson Carvalho: Atlas Esco-lar do Rio Grande do Norte.

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- José Lacerda Felipe, Edilson Carvalho e Aristotelina Rocha: Atlas Escolar, Rio Grande do Norte: Espaço Geo-Histórico e Cultural.

- Tarcísio Medeiros: Aspectos Geopolíticos e Antropo-lógicos da História do Rio Grande do Norte.

- Olavo de Medeiros Filho: Aconteceu na Capitania do Rio Grande e Notas Para a História do Rio Gran-de do Norte.

- Carlos Henrique Noronha: Rio Grande do Norte: Tempo & Espaço.

- Fátima Martins Lopes: Índios, Colonos e Missioná-rios na Colonização da Capitania do Rio Grande do Norte.

- Marlene Mariz & Luiz Eduardo Suassuna: História do Rio Grande do Norte.

- Denise Monteiro: Introdução à História do Rio Grande do Norte.

- Sérgio Trindade & José Albuquerque: Subsídios pa-ra o Estudo da História do Rio Grande do Norte.

- Bernard Alléguède: Os Franceses no Rio Grande do Norte.

- Eduardo Gosson: Sociedade e Justiça: História do Poder Judiciário do Rio Grande do Norte.

- Márcia Oliveira & Maria Cristina Araújo: Rio Gran-de do Norte: Geografia e Paisagens Potiguares.

- Tarcísio Gurgel et al.: Introdução à Cultura do Rio Grande do Norte: Literatura, Artes Plásticas, Folclo-re.

2. Estudos sobre Etimologia e Toponímia

Potiguar:

*Câmara Cascudo: Nomes da Terra: Geo-grafia, História e Toponímia do Rio Grande do Nor-te. Natal: FJA, 1968. Este livro é tão citado, por tantos autores poti-guares, singularmente no que diz respeitos à toponí-mia e história de vários municípios do Rio Grande do Norte, que não cabe aqui tantos nomes de autores e livros. Mais adiante, damos alguns exemplos de muni-cípios cuja História foi estudada por Cascudo em seu Nomes da Terra.

3. Estudos sobre o Folclore Norte-Rio-Grandense: Neste sentido, a obra cascudiana inspirou:

- Deífilo Gurgel: Espaço e Tempo do Folclore Poti-guar.

- Veríssimo de Melo: A Obra Folclórica de Cascudo como Expressão do Movimento Modernista no Brasil.

4. Estudos sobre a “Ditadura de 1964” no

Rio Grande do Norte: Câmara Cascudo é lembrado por Mailde Pinto Galvão, no artigo: “Uma Experiência de Cultura Po-pular” (In. Isaura Rosado Maia: Cascudo: Guardião das Nossas Tradições), como tendo sido ele um gran-de ajudador da Cultura Popular na época da gestão do Prefeito de Natal, depois cassado, Djalma Maranhão (1915-1971), de quem ela foi secretária.

5. Estudos da História e Arquitetura da Ci-dade do Natal:

*Câmara Cascudo: História da Cidade do Natal. 3ª ed. Natal: IHG/RN, 1999.

Este denso e precioso livro inspirou;

- Carina Melo & Romero Silva Filho: Centro Históri-co de Natal.

- Jeanne Nesi: Natal Monumental (um livro clássico) e Caminhos de Natal.

- Pedro de Lima: Luís da Câmara Cascudo e a Ques-tão Urbana em Natal.

- Marcos Silva: Câmara Cascudo, Dona Nazaré de Souza & Cia (Guerras do Alecrim).

- Raimundo Arrais: Crônicas de Origem: A Cidade de Natal nas Crônicas Cascudianas dos Anos 20 e Arrais et al.: O Corpo e a Alma da Cidade: Natal entre 1900 e 1930.

6. Estudos da História da Colaboração de

Natal na 2ª Guerra Mundial: *Câmara Cascudo: História da Cidade de Natal. 3ª ed. Natal: IHG/RN, 1999. .

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A importante participação de Cascudo na defesa civil de Natal, na época da 2ª Guerra, dentre outros detalhes da história daquela época, são citados por:

- Lenine Pinto: Os Americanos em Natal.

- Flávia de Sá Pedreira: Chiclete eu Misturo com Bana-na: Carnaval e Cotidiano de Guerra em Natal (1920-1945).

- André Sales: 2ª Guerra Mundial: o torpedeamento do Cruzador Bahia pelos nazistas e a história de um herói potiguar.

7. Estudos sobre a História de Municípios do RN:

Câmara Cascudo contribuiu para pesquisas sobre vários municípios do Rio Grande do Norte; in-contáveis, tais como: Mossoró, Santana do Matos, Goi-aninha, Boa Vista, Martins, Arez, dentre vários outros, principalmente em seus livros História do Rio Grande do Norte e Nomes da Terra. É desnecessário, portanto, citar aqui esta enorme quantidade de autores potiguares que se referem a Cascudo em seus respectivos livros.

8. Biografias e Críticas de Pesquisadores

acerca de Câmara Cascudo: Não fosse a consagração nacional e internacio-nal de Cascudo (e seu casamento com Dhália Freire), esses artigos e livros não existiriam; como por exem-plo:

- Jorge Amado: “Mestre Cascudo, Tão Jovem”. In. Província 2.

- Pedro Bloch: “Pedro Bloch Entrevista Câmara Cascu-do”. In. Província 2. (Publicado também na Revista Manchete, nº 619, de 29/2/1964).

- Dorian Gray Caldas: “Cascudo: o Universal e o Parti-cular”. In.. MAIA, Isaura A. Rosado (Org.). Cascudo: Guardião das Nossas Tradições.

- Fernando Luís da Câmara Cascudo: “Confissões do Filho”. In.. MAIA, Isaura A. Rosado (Org.). Cascudo: Guardião das Nossas Tradições.

- Anna Maria Cascudo-Barreto: O Colecionador de Crepúsculos – Fotobiografia de Luís da Câmara Cas-cudo; Coronel Cascudo: O Herói Oculto e Teotônio Freire: Fragmentos de um Legado.

- Américo de Oliveira Costa: Viagem ao Universo de Câmara Cascudo – Tentativa de Ensaio Biobibliográ-

fico.

- Gilberto de Mello Freyre: “Luiz da Câmara Cascudo: Antropólogo Cultural”. In. Província 2.

- Vânia Gico: Luís da Câmara Cascudo: Itinerário de um Pensador.

- Diógenes da Cunha Lima: Câmara Cascudo: Um Brasileiro Feliz.

- Isaura Rosado Maia (Org.): Cascudo: Guardião das Nossas Tradições.

- Zila Mamede: Luís da Câmara Cascudo: 50 anos de Vida Intelectual (1918-1968). (Um clássico).

- Gildson Oliveira: Câmara Cascudo: Um Homem Chamado Brasil.

- REVISTA CONTINENTE DOCUMENTO – CÂMARA CASCUDO, A VIDA DENTRO DA OBRA.

- André Sales: Câmara Cascudo: Sua Teoria Folclóri-ca, o Método de Pesquisa e sua Relação Política com as Classes Populares.

- Marcos Antonio Silva (Org.): Dicionário Crítico – Câmara Cascudo.

- Itamar de Souza: Câmara Cascudo: Vida & Obra.

Finalizando esta parte do assunto, quero lembrar que para esta mesma classificação dos livros de Cascu-do que fiz acima, Manoel Onofre Júnior (2012: 51-64) denomina-os de escritos regionais.

Passo agora à discussão sobre a dimensão uni-versal da obra elaborada por Câmara Cascudo.

IV. Universalidade:

Segundo o filósofo Georg Lukács, antes já cita-do, o universal é tudo aquilo que diz respeito aos “interesses de toda a sociedade” (1978: 76), a universa-lidade está sempre “em uma contínua tensão com a singularidade”. Ou seja, as relações entre singular e universal (deixando de lado as explicações sobre a par-ticularidade) são sempre múltiplas e contraditórias, e quanto mais autêntica e profundamente os nexos da realidade, suas conexões e contradições, “forem conce-bidos sob a forma da universalidade”, de modo mais exato e mais concreto “poderá ser compreendido tam-bém o singular” (id.: 104).

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De acordo com a classificação elaborada por mim para este momento, a obra de Câmara Cascudo em sua di-mensão universalista, que se refere a temas que trans-cendem Natal e o Rio Grande do Norte, abrangendo assuntos que interessam a todo o Brasil, além, de Por-tugal, Espanha, África, estudos judaicos, etc., pode ser assim distinguida:

1. Estudos sobre o Folclore e a Cultura Po-

pular no Brasil:

*Câmara Cascudo: Dicionário do Folclore Brasileiro - Edição Revista, Atualizada e Ilustrada. 12a ed. São Paulo: Global, 2012.

_____. Civilização e Cultura – Pesquisas e Notas de Etnografia Geral. São Paulo: Global, 2004.

_____. Folclore do Brasil. 2ª ed. Natal: FJA, 1980.

_____. Literatura Oral no Brasil. 2ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1978. (Coleção Docu-mentos Brasileiros, n° 186).

_____. Geografia dos Mitos Brasileiros. 2a ed. Rio de Janeiro: José Olympio/MEC/INL, 1976. (Coleção Documentos Brasileiros, v. 52).

_____. Contos Tradicionais do Brasil Para Crianças. São Paulo: Global, 2003.

Neste quesito, Câmara Cascudo é citado por autores brasileiros, de modo geral, e bastante utilizado, por exemplo, nas Universidades do país:

- Antonio Augusto Arantes: O Que é Cultura Popular.

- Carlos Rodrigues Brandão: O Que é Folclore.

- René Marc Silva (Org.): Cultura Popular e Educa-ção: Salto para o Futuro.

- Mário de Andrade: Macunaíma, O Herói Sem Ne-nhum Caráter e O Turista Aprendiz.

Sabemos pelas cartas trocadas entre Câmara Cascudo e Mário de Andrade (Moraes, 2010), que Cascudo ajudou no feitio do famoso livro andradeano Macunaíma, contribuindo, em duas célebres passa-gens, ambas esclarecendo a Mário as diferenças entre algumas rendas de bilros nordestinas/potiguares cita-das pelo autor do célebre romance (Andrade: 2008: 34 e 156).

2. Estudo sobre Folkcomunicação:

Esta é uma nova área do conhecimento, relati-vamente recente, que também utiliza as contribuições da obra universalista de Cascudo, como, por exemplo, apenas para citar o fundador da nova disciplina: - Luiz Beltrão: Folkcomunicação: Um Estudo dos Agentes e dos Meios Populares de Informação de Fa-tos e Expressão de Idéias.

3. Estudos sobre os Mártires de Cunhaú e

Uruaçu (em Processo de Canonização): Nos estudos sobre nossos possíveis “santos potiguares”, a contribuição de Cascudo também está lá, por exemplo, em:

- Auricéia Lima. Terras de Mártires.

- Francisco de Assis Pereira: Protomártires do Brasil.

4. Estudo sobre a Raça Negra e sua Religião

no Brasil e na África:

Câmara Cascudo nunca negou seu interesse em trazer à luz a História de personagens normalmente excluí-dos pela sociedade, como, por exemplo, os judeus e a raça negra. Comprovam isso, em relação aos estudos afro-brasileiros ele deixou escritos os livros:

*Câmara Cascudo: Meleagro: Pesquisa do Catimbó e Notas da Magia Branca no Brasil. 2ª ed. Rio de Janeiro: Agir, 1978a.

_____. Made in África – Pesquisas e Notas. 5ª ed. São Paulo: Global, 2001b.

Especificamente acerca dos seus estudos afri-canos, seus livros influenciaram, dentre outros:

- Roberto Emerson Benjamin: A África Está em Nós: História e Cultura Afro-Brasileira.

- Augusto Mesquitela de Lima. “Portugal e África na Obra de Câmara Cascudo”. In.. MAIA, Isaura A. Ro-sado. Cascudo: Guardião das Nossas Tradições.

5. Estudos sobre a História dos Judeus no Brasil: *Câmara Cascudo: Mouros, Franceses e Judeus: Três Presenças no Brasil. 3ª ed. São Paulo, Global, 2001c.

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Como já antes citado, em relação aos estudos judaicos brasileiros, referem-se aos estudos de Cascudo, por exemplo:

- Olavo de Medeiros Filho: Velhas Famílias do Seri-dó.

- Egon Wolff & Frieda Wolff: Natal: Uma Comuni-dade Singular.

- João Dias Medeiros: Nos Passos do Retorno: Des-cendentes dos Cristão-Novos Descobrindo o Judaís-mo de seus Avós Portugueses.

- André Sales: Lugares e Personalidades Históricas de Arez/RN.

6. Estudos de Antropologia e Etnografia:

*Câmara Cascudo: Ensaios de Etnografia

Brasileira – Pesquisas na Cultura Popular do Bra-sil. Rio de Janeiro: MEC/INL, 1971. (Coleção Con-sulta Científica, nº 2).

_____. Geografia dos Mitos Brasileiros. 2a ed. Rio de Janeiro: José Olympio/MEC/INL, 1976. (Coleção Documentos Brasileiros, v. 52).

_____. Civilização e Cultura – Pesquisas e Notas de Etnografia Geral. 2ª ed. Belo Horizonte: Itatiaia. 1983.

_____. Dicionário do Folclore Brasileiro - Edição Revista, Atualizada e Ilustrada. 10a ed. São Paulo: Global, 2001.

_____. História da Alimentação do Brasil – Pesquisas e Notas. 2ª ed. São Paulo: Global, 2010b.

_____. Contos Tradicionais do Brasil para Crianças. São Paulo: Global, 2003. (Coleção Tradi-ção Popular, vol. 5).

Quando o assunto é etnografia, pode-se dizer que Cascudo estava imerso, completamente em seu principal elemento. Seus livros sobre antropologia/etnografia influenciaram:

- Maristela Oliveira de Andrade: Anotações Sobre a Obra Etnográfica de Câmara Cascudo e Tradição e Cultura Nordestina: Ensaios de História Cultural e Intelectual.

- Altimar Pimentel: Boi de Reis.

- Elvira D’Amorim & Dinalva Araújo: Do Lundu ao Samba: Pelos Caminhos do Coco.

- Eduardo Escalante: A Festa de Santa Cruz da Aldeia de Carapicuíba no Estado de São Paulo.

7. Estudo do Período Chamado de “Brasil

Holandês” (1630 a 1654):

*Câmara Cascudo: Os Holandeses no Rio Grande do Norte. Natal: Departamento de Impren-sa, 1949.

_____. Geografia do Brasil Holandês – Pre-sença Holandesa no Brasil: Bahia, Sergipe, Alago-as, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ce-ará, Maranhão. Rio de Janeiro: José Olympio, 1956.

Os dois livros citados são de importância in-discutível para a História do tempo chamado de “Brasil Holandês”, independente de seu caráter singu-lar ou mesmo, regional, o tema interessa, concomitan-temente, ao Brasil e a Holanda. Sua contribuição ao assunto, da qual o Geografia do Brasil Holandês tor-nou-se um clássico, inspirou:

- José Antônio Gonsalves de Mello: Tempo dos Fla-mengos: Influência da Ocupação Holandesa na Vida e na Cultura do Norte do Brasil. (O livro clássico considerado o mais importante sobre a época da ocu-pação holandesa em nosso país).

- Pedro Puntoni: “Geografia do Brasil Holandês”. In.. SILVA, Marcos Antonio (Org.). Dicionário Crítico – Câmara Cascudo.

- Evaldo Cabral de Mello: Rubro Veio: O Imaginário da Restauração Pernambucana.

- Olavo de Medeiros Filho: No Rastro dos Flamen-gos.

- André Sales: Câmara Cascudo: O Que é Folclore, Lenda, Mito e a Presença Lendária dos Holandeses no Brasil.

8. Estudos sobre a “Revolução de 1817” no Nordeste:

*Câmara Cascudo: Movimento da Indepen-dência no Rio Grande do Norte. Natal: FJA, 1973.

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_____. A Casa de Cunhaú: História e Genealogia. Brasília: Senado Federal: 2008a.

A “Revolução de 1817” ocorreu apenas no Nordeste do Brasil, mas é uma temática, indubitavel-mente, universalista. Os livros de Câmara Cascudo acima citados são clássicos sobre o assunto, ainda que eu não haja procurado, em Recife ou em João Pessoa, por exemplo, outros escritos que tratem desta que foi uma das primeiras revoluções brasileiras pela nossa independência de Portugal.

9. Estudos sobre a “Guerra de Canudos”:

*Câmara Cascudo: “Biblioteca: J. C. Pinto Dantas Jr. ‘O Barão de Geremoabo’”. A República. Natal: IOE, Ano XLIX, nº 2454, 30/05/1939.

_____. “O Barão de Jeremoabo”. A Tarde. Salvador/BA, 01/08/1939.

_____. “Euclides da Cunha em Natal”. Re-vista Bando. V. 5. Natal: Sebo Vermelho, no 9-10, 2002. Ocorrida na Bahia, a História da Guerra de Canudos, cujo livro clássico é Os Sertões, de Euclides da Cunha, é tema de interesse nacional e internacional; a tradução do livro de Euclides para várias línguas estrangeiras é prova disso. Cascudo também deixou sua modesta contribuição sobre a epopeia militar con-tra o povoado humilde de Canudos, tendo contribuído, por exemplo, para o livro de: - André Sales: Canudos, Os Sertões e a História de um Herói Potiguar.

10. Estudos na Área da Literatura:

*Câmara Cascudo: Literatura Oral no Bra-

sil. 2ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1978. (Coleção Documentos Brasileiros, n° 186).

_____. Canto de Muro – Romance de Costu-mes. 4ª. ed. São Paulo: Global, 2006. De modo algum, os estudos literários de Câ-mara Cascudo, incluindo seu romance único, Canto de Muro, de 1959, são de interesse singular. Nesta área do conhecimento é inclusive notória sua contribuição, dentre outros, aos escritos do modernista Mário de Andrade. Além disso, seus livros ainda serviram de inspiração para os seguintes estudos:

- Mário de Andrade: Macunaíma, O Herói Sem Ne-nhum Caráter e O Turista Aprendiz.

- Ilza Matias de Souza: Câmara Cascudo: Viajante da Escrita e do Pensamento Nômade.

- Humberto Araújo (Org.): Histórias de Letras: Pes-quisas Sobre a Literatura no Rio Grande do Norte.

11. Estudos sobre Ecologia e Biologia:

*Câmara Cascudo: Canto de Muro – Ro-

mance de Costumes. 4ª. ed. São Paulo: Global, 2006. Além do interesse universalista desse livro cascudiano, seu único romance, acredito que ele mere-cesse até mesmo uma tradução para o inglês, que é a língua mais universal do Ocidente. A importância da erudição e do aparato linguístico comprovadamente utilizados pelo autor, inspirou os seguintes escritos:

- Telê Ancona Lopez: “Canto de Muro”. In: SILVA, Marcos Antonio (Org.). Dicionário Crítico – Câmara Cascudo.

- André Sales: Câmara Cascudo e seu erudito preparo lingüístico no romance “Canto de Muro”.

12. Estudos sobre a Internacionalidade da obra de Câmara Cascudo:

Ainda que o tema da História dos judeus e da África sejam de interesse internacional, os escritos de Cascudo publicados noutros países, além de México, Japão, Cuba, etc., serviram de tema para os seguintes livros: - Francisco Fernandes Marinho: Câmara Cascudo e o I Congresso Luso-Brasileiro de Folclore e “Câmara Cascudo e a Península Ibérica”. In.. CASCUDO, Dali-ana (Org.). Câmara Cascudo: 20 Anos de Encanta-mento.

13. Autobiografias do autor e estudos sobre suas memórias:

*Câmara Cascudo: Prelúdio e Fuga do Re-al. Natal: FJA, 1974.

_____. Pequeno Manual do Doente Aprendiz – Notas e Maginações. 2ª ed. Natal: EdUFRN, 1998b.

_____. Canto de Muro – Romance de Costu-mes. 4ª. ed. São Paulo: Global, 2006.

_____. O Tempo e Eu: Confidências e Propo-sições. 2ª ed. Natal: EdUFRN, 2008.

_____. Viajando o Sertão . 4ª ed. São Paulo, 2009.

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_____. Na Ronda do Tempo. 3ª ed. Natal: EdUFRN, 2010.

_____. Ontem – Marginações e Notas de um Professor de Província. 3ª ed. Natal: Ed UFRN, 2010a.

_____. Gente Viva. 2ª ed. Natal: EdUFRN, 2010c.

MORAES, Marcos Antonio (Org.). Câmara Cascudo e Mário de Andrade: Cartas, 1924-1944. São Paulo: Global, 2010.

Sendo um assunto atualmente de máxima rele-vância, os livros autobiográficos de Cascudo têm inte-ressado pesquisadores de vários estados brasileiros, e talvez até de outros países lusófonos. Como exemplo, cito:

- Margarida de Souza Neves: “Artes e Ofícios de um Provinciano Incurável” . Revista Projeto História (PUC/SP) – Artes da História & outras linguagens; “Literatura: prelúdio e fuga do real”. Revista Tempo e “O Artesanato da Memória: Luís da Câmara Cascudo e a Narrativa Autobiográfica” In. PASSEGI, M. C.; BARBOSA, T. M. N. Narrativas de Formação e Sabe-res Biográficos.

14. Estudos Críticos à obra Cascudiana:

Os estudos críticos que a obra de Cascudo ins-pirou, poderiam ser classificados como de interesse singular, mas, como são todas elas publicações de nível nacional, devem ser compreendidos como escritos uni-versalistas. Por exemplo:

- Durval Muniz Albuquerque Jr: A Invenção do Nor-deste e outras Artes.

- Andrea Chiacchi: “Eles, os Outros: Considerações sobre Identidades e Diversidades Culturais”. In.. BUO-NFIGLIO, Maria Carmela. Políticas Públicas em Questão: O Plano de Qualificação do Trabalhador.

- Raimundo Arrais: Crônicas de Origem: A Cidade de Natal nas Crônicas Cascudianas dos Anos 20.

- Marcos Antonio Silva (Org.). Dicionário Crítico – Câmara Cascudo.

- Hilário Franco Jr.: “Contos Tradicionais do Brasil”. In: SILVA, Marcos Antonio (Org.). Dicionário Crítico – Câmara Cascudo. V. CONCLUSÕES:

Acredito, por fim, que meus objetivos iniciais foram aqui cumpridos com a maior seriedade possível. A partir de uma ampla bibliografia, que com cer-teza é bastante conhecida pelos estudiosos do tema, demonstrei que além de seus escritos de dimensão sin-gular, existem livros de dimensão universal presentes na obra de Câmara Cascudo (que ultrapassa mais de 100 livros publicados) que são de importância inequí-voca para a compreensão da História e da Sociologia das culturas humanas.

È preciso ratificar que esta universalidade refe-re-se, mais especificamente, aos escritos cascudianos que versam sobre a Cultura universal e sobre as Cultu-ras Populares, tanto no Brasil, como na África, em Por-tugal, Espanha, etc.

VI. REFERÊNCIAS:

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