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Varal Do Brasil No. 2

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Literário, sem frescuras!

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VARAL DO BRASIL Literário, sem frescuras

Genebra, primavera de 2010

Ano 2—No. 2

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EXPEDIENTE Revista Literária VARAL DO BRASIL

No. 2 — Genebra — CH

Copyright © Vários autores

O Varal do Brasil é promovido, organi-zado e divulgado pelo site: www.coracional.com

Site do Varal: www.varadobrasil.ch

Textos: Vários Autores

Ilustrações: Vários Autores

Revisão parcial de cada autor.

Revisão Geral: Varal do Brasil

Composição e diagramação: Jacqueli-ne Aisenman

A distribuição ecológica, por email, é gratuita.

Se você deseja participar do Varal do Brasil no. 03, que será estendido em junho de 2010, envie seus textos até 05 de maio 2010 para [email protected]

A participação é gratuita. Participe!

A revista com proposta literária simples, descomplicada, que chega por email e está disponível para download no site, é um varal extenso que traz o Brasil para dentro da Suíça (e mesmo para algumas casas européias!) e leva os que aqui estão para o Brasil.

Unidos pela língua Portuguesa e pela ale-gria de escrever, cá estamos nós divul-gando o terceiro número. Mais autores, mais poesia, cotidiano, emoções, mais vida.

O futuro? Não sabemos! Mas do presente podemos dizer uma coisa: O Varal che-gou e, ao ser estendido, tem proporciona-do muitos bons momentos.

Obrigada a todos, escritores e leitores, por tornar isto possível!

Abraços, Jacqueline

Genebra, abril de 2010

Devido ao volume de textos, o Varal passa a ser uma revista eletrônica e ecológica, sendo enviada por email e colocada para download a partir do site www.varaldobrasil.ch onde também são encontradas as informações sobre os autores. Pendure sua vontade de ler e escrever no VARAL DO BRASIL e estenda-o nas ruas!

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PROJETO DE PREFÁCIO

Mário Quintana

Sábias agudezas... refinamentos... - não!

Nada disso encontrarás aqui. Um poema não é para te distraíres

como com essas imagens mutantes de caleidoscópios. Um poema não é quando te deténs para apreciar um detalhe

Um poema não é também quando paras no fim, porque um verdadeiro poema continua sempre...

Um poema que não te ajude a viver e não saiba preparar-te para a morte

não tem sentido: é um pobre chocalho de palavras.

“Às vezes tenho a impressão de que escrevo por simples curiosidade intensa. É que, ao es-crever, eu me dou as mais inesperadas sur-presas. É na hora de escrever que muitas ve-zes fico consciente de coisas, das quais, sen-do inconsciente, eu antes não sabia que sabia.”

Clarice Lispector in A Descoberta do Mundo

Há pessoas que nos falam e nem as escuta-mos, há pessoas que nos ferem e nem cica-trizes deixam mas há pessoas que simples-mente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre.” Cecília Meireles

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PRIMAVERA

Cecília Meireles

A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega. Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores. Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos come-çam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conver-sam: mas tão baixinho que não se entende. Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inaugu-ram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o pri-meiro raio de sol.

Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores co-bertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz. Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação...

Texto extraído do livro "Cecília Meireles - Obra em Prosa - Volume 1", Editora Nova Fron-teira - Rio de Janeiro, 1998, pág. 366.

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• AMAZONAS • AMOR COM ELA • ANIS E ALCAÇUZ • ANVERSO DO FOLHETIM • ARMAS NOSSAS DE CADA DIA • A BOMBA • BONOMIA • DANÇAR SÓ FAZ BEM • DEDOS • DESAPRENDIZ • DONA DO TEMPO • DOS OLHOS • ELA E EU • ESCANINHO • EU NÃO TENHO MAIS SAUDADES • UM FADO À FRANCISCO JOSÉ • FRUSTRAÇÕES • JOSÉ MINDLIN • O LIVRO • MAIS UM LOUCO NO CURRÍCULO DO

MUNDO • NOITES FRIAS, FRIAS NOITES • O QUE FOI E O QUE FICA • PÁLIDA PORÇÃO DE SAUDADE • PARTILHA • PECADOS • POEMA A UMA FLOR • PRA ONDE EU VÁ • PRESENÇA • PRISIONEIRA • QUEM É O POETA? • ROSA • RUA DOS MURURÉS • SILÊNCIO, TEMPO SÁBIO • SONAMBOLIBRO • O SONO DOS AMANTES • TRANSFORMAÇÃO • TEATRO DE RUA • VARAIS • VOCAÇÃO PARA UM CIDADÃO ITALIANO • VOCÊ APOSTA?

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PARTICIPAÇÃO NO VARAL NO. 3 DE JUNHO

Envie seus textos para o e-mail [email protected] em formato Word (não serão aceitos textos co-lados aos emails).

Envie uma biografia breve acompanhada de uma ou duas fo-tos e dados para contato (email, blog, site, etc.). Se usar pseudônimo e não desejar que seu nome verda-deiro seja colocado no Varal ou no site, envie uma biografia do seu pseudônimo. Não serão aceitas bio-grafias e fotos Incorporadas aos e-mails, apenas em anexo.

Será escolhido apenas um texto de cada autor sendo:

- poemas de no máximo duas pági-nas contendo 20 linhas;

- contos e crônicas com um máximo de três páginas de 25 linhas;

- os envios deverão ser feitos até o dia 05 de maio (todo texto que che-gar após esta data será observado automaticamente para o Varal de A-gosto).

- será dada a prioridade aos que enviarem com maior antecedência.

Nossos convidados especiais:

Mário Quintana Carlos Drummond de Andrade

Clarice Lispector Mário de Andrade

Chico Buarque Fernando Pessoa Cecília Meireles Ferreira Gullar

“Como dois e dois são quatro Sei que a vida vale a pena Embora o pão seja caro E a liberdade pequena” Ferreira Gullar “Não devemos servir de exemplo a ninguém. Mas podemos servir de lição.” Mário de Andrade Não tenho a pretensão de que to-das as pessoas que gosto, gos-tem de mim. Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o impor-tante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível. E que esse momento será ines-quecível”. Mário Quintana

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AMAZONAS

Por Varenka de Fátima

Amazonas, Amazonas, Amazonas, é nossa!

Quando a aurora surge E os primeiros raios de sol

Iluminam sua mata, as cores mudam, A densidade da flora colorida,

Os pássaros de raras espécies.

Amazonas, Amazonas, Amazonas, é nossa!

O dinheiro que é a bola que rola no mundo

Seduz o homem que vem de outras terras

Para levar nosso ouro, minério, borracha,

Madeira, devastando nossa mata Queimando e tirando nossa riqueza,

E o povo que vive na terra fértil?

Amazonas, Amazonas, Amazonas, é nossa!

O povo morre lutando por nossa riqueza

Quanta gente sofrida, quanto sangue derramado.

Vamos nos unir e apoiar, Agora sem ajuda nossos irmãos

morrerão Chegou a hora de não calar

Amazonas, Amazonas, Amazonas, é nossa!

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CONHECENDO:

Varenka de Fátima Araújo

Reside em Salvador-Bahia. Formada em Direção teatral pela Universidade Federal da Bahia, cursou licenciatura em Desenho na Escola de Belas Artes da UFBA. É figu-rinista da Escola de Teatro da UFBA. Pro-fessora de teatro em Salvador e em 1984 no Panamá. Atriz, maquiadora e figurinista de varias peças de teatro. Participou do li-vro Ecos Machadianos, coletânea verso e prosa, teve participação com a poesia Sal-vador no Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus.

Teve duas poesias na Antologia Delicatta IV prosa e verso, Poeta, Mostra Tua Cara e Coletânea Eldorado. É colaboradora da re-vista Artpoesia e Minirevista Contando e Poetizando de Marcos Toledo, é membro do grupo Poetas Del Mundo e Luso Poemas. Na antologia Mãos que falam, ficou na nona colocação com a poesia Tempo de Espera. Teve três poemas no livro GACBA.

Celeiro dos Escritores: http://galerialiteraria.celeirodeescritores.org/perfil.asp?at=varenka

Poetas Del Mundo: http://www.poetasdelmundo.com/verInfo_america.asp?ID=6036

Luso Poemas: http://www.luso-poemas.net/modules/yogurt/index.php?uid=9120

Contato: [email protected]

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AMOR COM ELA

Por Valdeck Almeida de Jesus

Ela me quer Ela me ama Ela me beija

E não reclama.

Dá-me a vida Faz-me feliz

Ajuda-me sempre Sempre me quis.

Ela me adora Não me deixa só

Por mim ela desata Da vida o nó.

Não a ajudo Não a recompenso Faço pouco por ela Só em mim penso.

Ela é a natureza. Eu sou o homem.

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CONHECENDO:

Valdeck Almeida de Jesus

VALDECK ALMEIDA DE JESUS, 43, jornalista, funcionário público, editor de livros e palestrante. Membro correspondente da Academia de Letras de Jequié e efetivo da União Brasileira de Escritores. Em-baixador Universal da Paz.. Publicou os livros Memorial do Inferno: a saga da família Almeida no Jardim do Éden, Feitiço contra o feiticeiro, Valdeck é Prosa e Vanise é Poesia, 30 Anos de Poesia, Heartache Poems, dentre outros, e par-ticipa de mais de 60 antologias. Organiza e patrocina o Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus de Poesia, desde 2005, o qual já lançou mais de 600 poetas.

Site: www.galinhapulando.com E-mail: [email protected]

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ANIS E ALCAÇUZ

Por Oswaldo Antônio Begiato

Há palavras bem ditas.

Há palavras mal ditas.

Há palavras não ditas;

essas são as sensatas.

Ora, a mulher que amo

tem beijos com gosto

de anis-estrelado:

- Quando me beija

viro céu fragrante;

tem beijos com gosto

de raiz de alcaçuz:

- Quando me beija

lacra-nos insanos.

Coerentes, guardamos

as palavras medidas

sem nossas pronúncias.

Tiramos a palavra

da boca, um do outro.

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CONHECENDO:

Oswaldo Antônio Begiato

SEM SOMBRAS

Ao meio dia De um domingo Prenhe de sol

E enamorado de outubro Rompi espontâneo

Como um botão de rosa fêmea Que nasce sem ser esperado.”

Nasci, sob o signo de escorpião, em 26 de outubro do ano de 1953,

na cidade de Mombuca, um pequeno encanto

no canto interior do Estado de São Paulo.

Menor que a cidade só eu mesmo. Ainda pequeno vim para Jundiaí, também São Paulo, Terra da Uva,

da qual experimentei o sabor do fruto e jamais a deixei.

Nela me fiz advogado sem banca, aposentado sem queixas

e onde perambulo até hoje, buscando, perdidas nas sarjetas,

as palavras que me usam para escrever poesias.

Email: [email protected] Blog: http://oabegiato-poesias.blogspot.com

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ANVERSO DO FOLHETIM

Por Jania Souza

Sai à rua... deparei-me com sua alma

(anjo profano). Tomei-a em minhas mãos...

sem nenhuma vergonha - desnudei-a por inteiro – perscrutando seu íntimo.

Surpreso! Vi por entre meus dedos - derrame –

panfletos, jornais, pasquins... de sangue era seu peito

num charco sobre o limbo da cova fria. Dentro, restos crus de memória na ignorância da deslembrança

do final do dia. As manchetes – notícias do outro dia -

nada revelam de novo (sempre pré-fabricadas)

- paradoxo – “as colunas sociais puras fanfarras dos

endinheirados o disse me disse da politicagem sempre

cega aos descamisados e - a imoralidade do guloso e incorrigível

tráfico a ceifar cada vez mais almas...”

A sociedade desmancha-se perdendo seu brio, seu brilho

esteio da esperança. Ah! Rua menina mulher

barco à vela sem horizonte meretriz sem prostíbulo

ocaso do dia...

Em ti, depositei minhas esperanças de melhores

dias. Mas, sem nenhum

compromisso traíste minha confiança...

Eh! Rua menina mulher

parideira sem ofício ocaso do dia!

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CONHECENDO:

Jania Souza

Potiguar, escritora, poeta, artista plás-tica, ativista cultural. Empregada Cai-xa. Economista. Contadora. Sócia fun-dadora da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN – SPVA/RN. Pri-meira Tesoureira da atual Diretoria da UEB/RN. Participa de entidades culturais nacionais, delegada regional da APPERJ; representante do Mo-vimento Latino-americano ABRACE; Clube dos Escritores de Piracicaba/SP; Movimento Poetas del Mundo e VIRARTE/RS. Organizou 06 volumes da Antologia Literária SPVA/RN. Participação em diversas coletâneas na-cionais, dentre elas Komedi, D’Selchi; Perfil e Caderno Oficina da AP-PERJ; Novos Poetas Natalenses da Biblioteca Municipal Esmeraldo Si-queira – FUNCARTE; Fazendo Arte, volume I e II do Sindicato dos Bancá-rios do RN em 1998/ 99 e 2008; ABRACE - Letras de Babel, volume 4. Em 2007, lançou “Rua Descalça – poesia”. Em 2009, lança livro infantil, prosa, Magnólia, a besourinha perfumada” e o livro de poesia – “Fórum Íntimo” em parceria com Editora Alcance/RS.

Realizou várias coletivas de artes visuais e duas individuais. Sua obra, ó-leo s/ tela, “Paisagem Ribeirinha” compõe o acervo da Pinacoteca do Es-tado do RN. Membro titular da Comissão Normativa da Lei Municipal de Incentivo à Cultura Djalma Maranhão para os biênios 2002/03 e 2004/05 e suplente para 2009/10. Membro titular do Conselho Municipal de Cultu-ra do Município de Natal em 2004“ . Voluntária desde 1994 no Projeto As-sistencial Fraldinha pela ONG Moradia e Cidadania. Páginas na net: www.spvarn.org; http:www.janiasouzaspvarncultural.blogspot.com/ .

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ARMAS NOSSAS DE CADA DIA

Por Gilberto Nogueira de Oliveira

O poeta está armado, Disse ele empunhando uma caneta.

O pintor está armado, Disse ele empunhando um pincel.

A policia está armada, Disseram eles, combatendo o povo.

Chegou a tropa de choque, Abrilhantando a desgraça. O camponês está armado,

Disse ele empunhando uma foice O operário está armado,

Disse ele empunhando um martelo. O povo está armado,

Disseram eles de encontro à esperança. O governo está armado

Disseram eles promovendo o terror A desgraça brilha na praça.

O povo de encontro à desgraça E a desgraça brilha...na praça

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CONHECENDO:

Gilberto Nogueira de Oliveira

1953 - Nasce a 26 de agosto em Nazaré-Ba 1968 – Ingressa no PCdoB, na ilegalidade e começa sua carreira literária com várias poesias e um romance: A VINGANÇA DOS IRRACIONAIS 1971 – Escreve REVOLTA e algumas poesias 1972 – Perde seu irmão mais velho (21 anos) em Salvador-Ba na militância política. 1974 – Escreve o SANTO DEMONIO e poesias 1976 – Muda-se para Belo Horizonte a tra-balho e escreve poesias 1977 – Escreve ESSES HEROIS CAMPO-NESES, OS DOIS POLOS ANTAGÔNI-COS e algumas poesias 1979 /1994 Escreve poesias 1995 – Escreve O SISTEMA e poesias 1998 – Escreve NEOLIBERALISMO NO CÉU e poesias 1999 – Escreve IMPÉRIO e mais dois livros que continuam sem títulos. 2000 -10 – Escreve ORGIAS CAPITAIS, FERRO, O HOMEM PARTIDO 2001 – Escreve TEATRO IMPRODUTIVO, ZÉ, e conclui o livro FERRO. São organiza-das todas as suas poesias em dois livros com os títulos LÁ FORA e EM MINHA TER-RA.

Contato: [email protected]

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Com o objetivo primeiro de defe-sa da diversidade linguística, a UNESCO decidiu, em 1999, pro-clamar o dia 21 de Março Dia Mundial da Poesia.

ACORDAR, VIVER

Carlos Drummond de Andrade

Como acordar sem sofrimento? Recomeçar sem horror? O sono transportou-me

àquele reino onde não existe vida e eu quedo inerte sem paixão.

Como repetir, dia seguinte após dia

seguinte, a fábula inconclusa,

suportar a semelhança das coisas ásperas

de amanhã com as coisas ásperas de hoje?

Como proteger-me das feridas

que rasga em mim o acontecimento, qualquer acontecimento

que lembra a Terra e sua púrpura demente?

E mais aquela ferida que me inflijo a cada hora, algoz

do inocente que não sou?

Ninguém responde, a vida é pétrea.

A NOSSA CASA

Florbela Espanca

A nossa casa, Amor, a nossa casa! Onte está ela, Amor, que não a vejo?

Na minha doida fantasia em brasa Costrói-a, num instante, o meu desejo!

Onde está ela, Amor, a nossa casa,

O bem que neste mundo mais invejo? O brando ninho aonde o nosso beijo

Será mais puro e doce que uma asa?

Sonho... que eu e tu, dois pobrezinhos, Andamos de mãos dadas, nos cami-

nhos Duma terra de rosas, num jadim,

Num país de ilusão que nunca vi...

E que eu moro - tão bom! - dentro de ti E tu, ó meu Amor, dentro de mim...

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A BOMBA

Por Infeto

Bum pow, Bum pá... É a bomba caseira que destrói o lar.

Bomba feita em casa por adolescentes, vândalos ou gênios dementes, com o

objetivo de estourar. Uma pessoa boa ou má?

Cabrum, Cabraá... É a bomba industrial feita para matar.

Mutila e mata. Não se deixe enganar.

Ainda não vende no supermercado, mas é questão de tempo para se

comercializar. Olhe para onde pisa, para não voar.

Iscatabum Bumbapow... É a bomba nuclear que destrói o mundo

em menos de um piscar. Foi construída, com toda desgraça possível que o homem pode dar. Vejam só: ela explode até o mar.

Hum, ahhh!... É uma bomba bacteriológica que aca-

bou de estourar, ela mata até o ar. Não existe, não há como escapar.

Mata pelo ar, pois os principais ingredi-entes são a estupidez e ignorância

humana. É assim que vamos todos estourar e

acabar de nos acabar.

Bum pow, Bum pá, Cabrum, Cabraá, Is-catabum Bumbapow, Hum, ahhh!

É a bomba da ignorância.

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CONHECENDO:

Infeto

Soteropolitano, conhecido como INFETO. Diplomado em ansiedade, insônia, frustração e com tendências artísti-cas e ao pensar desde os 14 anos. Julga-se, autodidata e ignorante por natureza perante a arte. Possui projetos en-gavetados e alguns realizados nas áreas literárias (contos, resenhas, críticas, artigos, monografias, poe-mas, crônicas, livros etc.), e também nas áreas de teatro e cinema (roteiros de curtas e peças), música, e artes vi-suais em geral. "Sou o espírito do Dr. Fritz incorporado num corpo de um tetraplégico."

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CONHECENDO:

Walnélia Corrêa Pederneiras

PERFIL

Sou professora. Nem mestra, nem monja.

Ainda preciso muito aprender

com minhas próprias limitações...

Professo o que recebo

também dos livros. Transmito

através da aula. Comungando

com alunos-amigos fortaleço a minha

vocação. Somos reciprocamente

importantes! Inspirada,

consciente e com devoção faço da oração

outro meio de comunicação "...que eu procure mais

compreender que ser compreendido"

São Francisco, Monge abençoado!

Meditação é comunhão

sem concentrar no pessoal.

É para a Totalidade! Vivo!

Respiro, tropeço, aprendo, caminho.

Alegre ou triste, sigo em frente!

Amo! A começar

pela família. É minha base

alicerçada no Amor! Caminho que leva ao Criador.

Tenho um anjo que se chama filha,

um marido chamado honestidade

e uma bênção chamada Hermógenes. Prossigo nos amigos

por afinidade, longe ou perto.

São tantos, tantos... Agradeço. Aprendo

com os que um dia foram alunos. Poucos são

os que de nada mais sei. Muitos os que mantém o elo

por Sabedoria. Os que encontraram

outros caminhos mas mantém a luz acesa,

a porta aberta, me ensinam Humildade e Gratidão.

Os que foram embora e falam que saudade é oração...

Os que nunca foram porque mesmo presentes

eram ausentes, deixam o desenho

da figura que passa e que o meu coração diz

que ali também mora uma fonte de Luz.

... Interessante Que tudo se mescla na minha vida

Yoga, Família, Alunos, Amigos, flores... Cadê a Poesia?

Está aqui... Companheira inseparável

de longa data. Velha mestra inspiradora!

Amiga-irmã que se expressa em versos... É minha oração e Liberdade!

Viva a nova idade

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BONOMIA Por Walnélia Corrêa Pederneiras Comunicado: Não é cão, nem gente... É poema e foi perdido neste mundo virtual Que muito me encanta mas às vezes desagrada. Seu nome: Bonomia Endereço, aqui mesmo ...não tenho posses sobre o poema porque chamo meus versos de irmãos... Nossa mãe é Inspiração poética Paternidade: Conhecimento livre, descompromissado sendo aos poucos transformado em Sabedoria. Nova etapa de vida fluida...não sabia que o virtual é fugaz... Expressava em versos o que o título sugere... Qualidade de quem é bom, simples e crédulo...

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Por José Valdir de Oliveira

É verdade fácil de falar e de dizer: “quem canta os males espanta ”. É o adágio popular mais que co-nhecido entre as criancinhas e a melhor idade. Mas também é verdade que ao cantar, não se canta parado, estacionado em meia-pista com os pés, cabeça e o corpo fincado num só buraco feito um moirão de cerca, um poste, ou, um tatu apoitado. Soma-se a esta certeza, que se diga- di-ga mais de sete vezes sem parar..., que quem canta, dança e dança no seu melhor sentido, no acertado estilo em que não há maldade que su-porte tal graça concebida e todos os males são ponteados ao fogo da alegria, espantando as magoas, mazelas e tristezas daninhas.

Dançar Só Faz Bem! Pois os viventes contagiados pela música e o movimento vão ficando bobos sorrin-do qual uma linda criança de 04 ou de 80 anos emba-lada em seus próprios sonhos. É verdade também, que aquele que dança, põe o corpo pra mexer, acom-panha a música que reverbera o movimento de todas as coisas que rastejam, caminham, voam e navegam nesta Terra. Todas as coisas, as facilmente vistas e outras muito escondidas.

Dançar Só Faz Bem , quando esta arte mais primitiva e pura do movi-mento incita o corpo, que vai e vem e volta e roda e se arrasta e desliza na busca de outro corpo de outra alma aliciando as pessoas com o sa-grado e consigo mesmo. Dançar também Só Faz Bem no instante de juntar e untar os pares enlaçados, os melódicos namorados pelos salões da vida nesta forma de caminhar mano a mano acertando um mesmo compasso, passo a passo, olho a olho, flerte a flerte, boca a boca, perse-guindo talvez, aquele momento único, leve e interminável que desafie a própria gravidade.

Dançar Só Faz Bem , por que é um modo de caminhar combinado e se configura num espaço raso de alegria acolhedor de todas, dos mais aos menos vividos, dos jovens de setenta, dos quase velhos de 15 anos, da criança de colo e da nona já de bengala.

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E ao toque do: umh i dois, umh i dois, ummh dois três, não tem pobre, não tem rico, o barraco está formado, o ambiente incendiado, ateado num fogo de corisco serpenteado e neste estado de coisas é duvidoso pensar que haja alguém sarado ou doente que possa ficar indiferente-mente sentado sem o zumbir da cabeça, o tremer e balançar o corpo. Dá-se de vez uma debandada louca de galanteios, cada um catando, flertando seu par e logo-logo, no dum tidum, dum tidum, o povo lota e soca sacudindo o salão, parecendo que está tudo endoidado sem coisa

melhor pra fazer.

Dançar Só Faz Bem .. E lá vão eles, todo esse rolo de gente, ora agarrados, ora enlaçados; às vezes de frente, meio de lado girando e sorrindo de corpo inteiro como a-tores de primeira grandeza, não há termo para tanta feli-cidade, caminham a passos arrastados ou puladinhos, ou, aos dois combinados, suspensos e rimados a dançar como se vivessem naquele instante o primeiro e o último minuto de suas vidas. Pouco, muito pouco se importando

ou dando conta que o mundo possa se alargar.

Dançar Só Faz Bem!

AULA INAUGURAL

Mário Quintana

É verdade que na Ilíada não havia tantos heróis [como na guerra do Paraguai...

Mas eram bem falantes E todos os seus gestos eram ritmados como num

balé Pela cadência dos metros homéricos.

Fora do ritmo, só há danação. Fora da poesia não há salvação.

A poesia é dança e a dança é alegria. Dança, pois, teu desespero, dança. Tua miséria, teus arrebatamentos,

Teus júbilos E,

Mesmo que temas imensamente a Deus, Dança como David diante da Arca da Aliança;

Mesmo que temas imensamente a morte, Dança diante da tua cova.

Tece coroas de rimas... Enquanto o poema não termina A rima é como uma esperança Que eternamente se renova.

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CONHECENDO:

José Valdir de Oliveira

José Waldir de Oliveira é natural de Palhoça/SC., escritor, músico, policial civil aposentado, historiador e advogado. Não tem livros publi-cados, mas já escreveu desde peças de tea-tro a letras de músicas, inclusive é vencedor de alguns festivais dos quais participou como músico e compositor. Tem um jeito de escre-ver forte e peculiar, onde mistura com suces-so uma verve ferina e ao mesmo tempo irôni-ca sem, contudo, ser mordaz ou ofensivo ao expressar sua opinião e visão dos aconteci-mentos que comenta.

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DEDOS

Por Ly Sabas

Aprisionados libertos

amordaçados apertados em botas sandálias coturnos

ou alpercatas Amarelos brancos pretos

azulados coloridos dedos multifacetados. Dedos dos pés

equilíbrio cumplicidade

fetichismo segurança amizade Eternos

companheiros de jornada

quem me dera tê-los

na calçada da fama

eternizados.

Imagem: Osvaldo Pastorelli

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CONHECENDO:

Ly Sabas

Nasci na cidade do Rio de Janeiro, em 1952. Tenho tu-do de Aquário e muito de Dragão. Fui criada em Nova Iguaçu, brincando de roda e amarelinha na rua que era de terra fofa. Tentei aprender a subir em árvores, andar de bicicleta e nadar na Praia de Ramos, milhões de a-nos antes do Piscinão. Fui normalista, como quase to-das as mulheres de minha geração. Casei ainda quase adolescente e pari duas meninas maravilhosas que se transformaram em mulheres fortes e corajosas. Hoje moro em Osasco, não sou mais professora e brinco de ser poeta e escritora, sem estilo ou didática, movida a-penas pela paixão.

Site : http://www.lysabas.prosaeverso.net/

E-mail: [email protected]

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DESAPRENDIZ

Por Marília Kosby

Minha vó me ensinou a jogar guerra E a rezar

Com sete anos de idade Viesse o que viesse

Eis meu kit de sobrevivência na selva dos humanos: Um ás de ouro na manga

E algumas frases na língua de deus

Mas eu aprendi mesmo foi futebol E ainda hoje não sei brigar direito

Confundo Pai Nosso com Ave Maria Numa boa

Sem pudor, sem medo

Tudo torto Mas nunca em vão

Sem blasfêmia, eu rezo errado E dá certo!

Pintura de Roger Folco

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CONHECENDO:

Marília Kosby

Marília Floôr Kosby nasceu em 1984, na cidade de Arroio Gran-de, sul do Rio Grande do Sul. Há cerca de dez anos mora em Pelotas / RS, onde realiza a maior parte de seus trabalhos como antropóloga, poeta e letrista. Além dos escritos etnográficos so-bre a presença africana e afro-descendente no continente ameri-cano - publicados em diferentes revistas científicas, veicula nos blogs Salamancas Supersônicas e A Sanga das Patavinas, bem como em outros sites da internet e publi-cações impressas no sul do sul pa-ís, sua produção literária de poemas, contos e letras musi-cais, iniciada em 2008.

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DONA DO TEMPO

Por Cristiane Stancovik

...Quem dera ser dona do tempo Pararia o tempo Naquele tempo em que o tempo foi meu amigo

Quando o tempo me deu tempo

para viver bons tempos Me daria mais tempo

para apreciar as coisas simples da vida Nem precisaria tanto tempo

para dizer EU TE AMO para quem dedicou muito tempo

para tentar me fazer feliz Hoje o tempo me ensinou

que nem todas as pessoas que mereciam escutar

'EU TE AMO' estão aqui

Mas o tempo também me ensinou

que há e é tempo

de dizer para as que estão... O tempo...

Ah se eu fosse dona do tempo... Perderia no tempo

aqueles tempos que perdi muito tempo

sofrendo com a dor

de não ter mais o tempo com as pessoas que muito amei

Faria com que o tempo

naqueles tempos de angústia Nem mesmo um piscar de

olhos seria tão rápido

Faria com que cada segundo virasse horas

naqueles tempos em que o tempo me fez querer

parar no tempo

O tempo... Ah se eu fosse dona do

tempo...

Literacy of a Fantasy by emptyidentityentity

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CONHECENDO:

Cristiane Stankovik

Nelci Cristiane Stancovik nasceu em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul no ano de 1980, mas vive em Capivari de Baixo, Santa Catarina desde os dois anos de idade. É filha de Nelson Stancovik (artista cir-cense) e Clair Salete Pandolfi (descendente de imigrantes italianos). Estudante de letras na Universidade do Sul de Santa Catarina, lugar o qual foi incentivada por sua professora de literatura "Jussara Bittencout de Sá" (escritora) a escrever e inscrever-se para um concurso nacio-nal literário no ano de 2008, conquistando o primeiro lugar na categoria crônica.

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"É fácil trocar as palavras, Difícil é interpretar os silêncios!

É fácil caminhar lado a lado, Difícil é saber como se encontrar!

É fácil beijar o rosto, Difícil é chegar ao coração!

É fácil apertar as mãos, Difícil é reter o calor! É fácil sentir o amor,

Difícil é conter sua torrente!

Como é por dentro outra pessoa? Quem é que o saberá sonhar?

A alma de outrem é outro universo Com que não há comunicação possível,

Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma Senão da nossa;

As dos outros são olhares, São gestos, são palavras,

Com a suposição De qualquer semelhança no fundo."

« Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a

febre de sentir. O que confesso não tem impor-tância, pois nada tem im-

portância. Faço paisa-gens com o que sinto. »

“Nunca a alheia vontade, inda que grata, Cumpras por própria. Man-da no que fazes, Nem de ti mesmo servo. Ninguém te dá quem és. Nada te mude. Teu íntimo destino involun-tário Cumpre alto. Sê teu filho.”

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CONHECENDO:

ChajaFreidaFinkelsztain

Professora, Pedagoga, Escritora, Poetisa, Contista e Cronista, Chaja nas-ceu na Alemanha em 1947. Seus pais foram sobreviventes de campos de concentração. Atualmente somente sua mãe (Eva) está viva. A família chegou ao Brasil em 1950, puxados por um tio materno que aqui vivia. O início de vida foi muito difícil e trabalharam arduamente pela manutenção digna de uma família. Aos dezoito anos naturalizou-se brasileira. Casada com Isaac Manoel, médico pediatra, mãe de dois filhos: Cláudio e Gilson, ambos casados, têm dois netinhos lindos – Marcel e Mariana e um a caminho (do Gilson). Chaja graduou-se inicialmente, em 1968 em Filosofia pela UERJ, tendo registro MEC em História, Filosofia e Psicologia. Lecionou por dez anos História, Moral e Cívica e OSPB no Colégio A. Liessin, (particular). Para-lelamente fez concursos e foi aprovada para o Município. Começou como profa. de Estudos Sociais na Escola Estados Unidos. Em 1980 foi convi-dada a ingressar para equipe do 5º DEC, STAE, onde chegou a coorde-nar a equipe de Supervisão Escolar. Fez complementação na área de Pedagogia com registros do MEC em Supervisão, Orientação e Administração. Em 1982 terminou seu curso de Pós-graduação em Educação pela UFRJ. Árcade efetiva da ABRACE–Arcádia Brasílica de Artes e Ciências Estéti-

cas, desde setembro de 2000, onde atual-mente ocupa a função de Secretária Geral. Escritora correspondente da Academia Ca-choeirense de Letras foi convidada através de participação e premiação em concurso li-terário. Laureada com diplomas, títulos, troféus e medalhas de “ouro”, “prata” e” bronze” – Tem obras publicadas em Antologias, Jornais e Revistas. Uma pequena obs.: Chaja têm material sufici-

ente para impressão de um livro solo, mas ainda não conseguiu tempo para organizá-lo .

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DOS OLHOS

Por ChajaFreidaFinkelsztain

Olhar materno... totalmente protetor Olhar poderoso e revelador

Se quiser esconder algo... não chegue perto

Nem encare Ela logo descobrirá!

Todas as mães têm esse poder? Eu tenho... minha mãe... também sempre

teve Os olhos verdes límpidos

Iluminados Que algumas vezes ficam confundidos

com azul singular Tão expressivos

Eles falam! Sozinhos marcam o seu rosto

Se preciso lembrar dela A primeira idéia vem do olhar

Tão vivo e presente Vida você atropelou-a em diferentes

momentos e ela... Traz sofrimento marcado no braço

Tem a marca de prisioneira de campo de concentração

Nunca números foram tão feios... Tem sofrimento marcando o corpo

De alguém que lutou e sobreviveu com garra

Seu nome bíblico faz jus a sua saga Teve muito pouco de paraíso no seu

existir Mas sempre foi uma lutadora

Jamais entregou as armas Pensando em ti... hoje

Te procurei pelos olhos verdes que combinam

A beleza com a sua grandeza E mais que na hora já era necessário

fazer tal registro...

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CONHECENDO:

Marcello Ribeiro

Iniciou seus estudos musicais com aulas de violão com a Professora Miriam Lourenção, aos 12 anos de idade. Depois estudou também Saxofone (Alto,) Flauta transversal, Cavaquinho, Viola Caipira, Violino, Bandolim, Piano, Pandeiro e entre outros percussivos como: caixa com esteira, alfaia, djembe. Estudou três anos com-posição no Curso Superior da FAAM. Trabalhou co-mo músico, compositor, ator e assistente de direção musical no espetáculo “Largo da Matriz” realizado pelo Instituto Pombas Urbanas em residência na ca-sa de cultura Oswald de Andrade, também fez a di-reção musical do espetáculo “Histórias para serem contadas” com o mesmo grupo. Participou da composição e execução da trilha sono-ra da peça o Cerco, com o grupo Santo Inácio. Trabalhou como músico e orientador no grupo Zuni-dos do Monte Azul, onde realizava também trabalho social com crianças carentes. Fez direção musical do espetáculo infantil: “As Me-ninas da Roda”, preparando vocalmente o grupo e também compondo canções.

Atualmente prepara trilha sonora para o filme “Raizes e descendentes de Zumbi”, e é diretor musi-cal, musico e ator do espetáculo “A Arvore dos Ma-mulengos” de Vital Santos e é organizador do Sarau de Ontem (bar de Ontem - quinzenalmente)

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ELA E EU

Por Marcello Ribeiro

Uma canção quer nascer no meio dessa gritaria.

Versos cantados, medidos, vozes na porta do meu edifício

Quando vou te ouvir dizer: Não falo tua língua.

Soam faróis e buzinas, sobram perdas nessa confusão

Uma nação quer crescer no meio dessa covardia.

Vozes caminhos contidos, versos na parede do meu edifício

Como vai entender? Não falo tua língua.

Soam faróis e buzinas, sonho perder essa confusão

Foto de Marina Oliveira

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“Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se de al-guém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: mi-nuto por minuto paga-se com a própria alegria. É urgente pois a a-legria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até pare-ce que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente an-tes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais. Essa pessoa que atenda ao anún-cio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere. Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir antes que se transforme em drama. Implora-se também que venha, im-plora-se com a humildade da alegria-sem-motivo. Em troca oferece-se também uma ca-sa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar. P.S. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilacerar os outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma ale-gria até mesmo divina para dar.”

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ESCANINHO

Por Renata Iacovino

Eu quero que num escaninho Desenhem-se as linhas de meu caminho

E eu, sem aportar... não suporte Derrubando, assim, meus ares de forte

Eu quero que esta hora Não leve embora

O cheiro do meu amor Que nesta primavera, neste calor

Faz-me sentir de outro planeta Sem ao menos eu precisar de luneta... Quero esquecer que ele tem afazeres

Que preterem meus prazeres Mas eu, na minha perseverança,

Sorrio como uma criança Que sensitivamente sabe

O que é seu e o que não lhe cabe De forma obediente eu espero

O que o destino, às vezes, severo Faz-me enxergar em manhãs toscas

Em quase todas as minhas manhãs tão foscas...

Eu quero crer que sua mão me levará Perto de meu coração, que inequivocadamente pulsará

Pelo último do que há em mim Que, certamente, é um renascer para que não

haja meu fim.

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CONHECENDO:

Renata Iacovino

Natural de Jundiaí/SP, escritora, poetisa e cantora. Cinco livros de poesi-as editados: Ilusões Amanhecidas (Literarte Editora), 1996; Poemas de Entressafra, 2003; e Missivas (Editora In House), 2006, com Valquíria Gesqui Malagoli, com quem também lançou em 2007 o livro/CD infantil uniVerso enCantado; e Ouvindo o silêncio, 2009; ainda em 2009, com Valquíria, lançou o CD infantil De grão em grão e o livrObjeto OLHAR DI-verso (haicais e fotos). Participa de Antologias e é jurada de concursos literários. Integra: Academia Jundiaiense de Letras, Academia Feminina de Letras e Artes de Jundiaí, Academia Infantil de Letras e Artes de Jun-diaí, Sociedade Jundiaiense de Cultura Artística, Grêmio Cultural Prof. Pedro Fávaro e Grupo Arte em Ação. Autora do Hino da Academia Jun-diaiense de Letras. Organizou o livro 1ª Olimpíada de Redação – Ano 2005/Os 35 anos da Biblioteca Pública Municipal Prof. Nelson Foot Jun-diaí-SP (Editora In House).

Em 2009 organizou a Antologia – Encontros de Defesa do Consumidor do Estado de São Paulo – 25 anos, lançado pela Fundação Procon/SP. Articulista do Jornal de Jundiaí Regional. Ministra oficinas lítero-musicais e realiza Saraus para públicos diversos. Premiada em concursos literá-rios.

Sites: http://reiacovino.blog.uol.com.br http://reval.nafoto.net http://caju.valquiriamalagoli.com.br e-mail: [email protected]

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EU NÃO TENHO MAIS SAUDADES

Por Jacqueline Aisenman

Eu não tenho mais saudades, tenho cicatrizes. Feridas fechadas de dores abertas,

que não sinto mais. Sonhos perdidos

e esperanças incertas. Eu não tenho mais saudades,

tenho cicatrizes. Lembranças amenas,

inventadas talvez, pontes quebradas

num caminho sem volta. Eu não tenho mais saudades,

tenho cicatrizes e só elas doem,

com o tempo, com o vento, com o que sobrou dos sentimentos.

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CONHECENDO:

Jacqueline Aisenman

“Quarenta e nove anos vivendo entre o Bra-sil e a Suíça me fizeram sentir mais ou me-nos como cantam os Titãs: "Não sou brasileiro, não sou estrangeiro / Não sou de nenhum lugar, sou de lugar nenhum, sou de lugar ne-nhum .." Mas tudo muda quando começo a escrever e afloram os senti-mentos. A mão segura a caneta e tudo vem e tudo sai nesta língua bra-sileira, o Português, tão rico, que nos permite expressar as emoções como em nenhuma outra.”

Nascida no sul de Santa Catarina, Jacqueline recebeu este nome de sua avó paterna. Escreve desde pequena, pois seu coração capricorni-ano nem sempre consegue se expressar pela voz ou pelos gestos. Foi Diretora dos Museus Anita Garibaldi e Casa de Anita em Laguna – SC e Diretora do Departamento de Cultura da cidade; foi colaboradora de vários jornais em Santa Catarina como redatora e revisora. Foi fun-dadora e redatora do jornal “O Manifesto”, de curta, mas intensa vida.

Editou em 2007 o livro Coracional e tem participado de várias Antologi-as a cada ano, muito bem acompanhada por excelentes escritores.

Atualmente edita a revista VARAL DO BRASIL e administra o site do mesmo nome com o intituito de divulgar artistas dentro do Brasil e da terra que hoje também é sua, a Suíça.

Tem em seu site Coracional e em seu Blog Certas Li-nhas um meio de expressão constante.

E-mail: [email protected]

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UM FADO À FRANCISCO JOSÉ Por José Alberto de Souza

“Vienen a ser novedades las cosas que se olvidaran.” LOPE DE VEJA

O cais vazio. Uma figura solitária. Os armazéns enfileirados. O vento nordeste. Ondas na amurada. O sol nascente. Gaivotas. As águas no horizonte. Um lugarejo além-mar. A luz fraca do acetileno. O cascalho das ruas estreitas. Lua minguante. Alvas casas de portas e janelas coloridas. As cordas percutidas de uma guitarra. O canto dolente de um fado. FRANCISCO JOSÉ: Partir,

Ter de te dizer adeus E sentir falta dos lábios teus.

(Um bêbado apoiado no poste grita na noite, conver-sa com seres imaginários que não o percebem; es-tes falam entre si.) BÊBADO: Nunca que vocês tiram ela de mim, metam-se e eu acabo com sua raça de bastardos. OS OUTROS (afagam-se, olhares perdidos, braços e pernas confundin-do-se na massa): Ninguém nos compreende, temos mais de aproveitar a onda. BÊBADO: Nunca que vocês tiram ela de mim, metam-se e eu acabo com sua raça de bastardos. OS OUTROS (afagam-se, olhares perdidos, braços e pernas confundin-do-se na massa): Ninguém nos compreende, temos mais de aproveitar a onda. (Ruído de um grilo, o ronco saindo de uma veneziana, gemidos, o ran-ger de uma cama, cascata tamborilando no urinol.) FRANCISCO JOSÉ: O que resta após despedida Nada mais é do

que saudade, Lembrança daqueles momentos Que tivemos de felicidade.

(A orquestra ajustada, violinos ao fundo, o coro na frente, a guitarra qua-se humana.) VIOLINOS (discretos): Sonhemos, é eterna a nossa noite.

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O CORO (altissonante): Grande coisa amar desse jeito.

A GUITARRA (chorando): Tenham pena de mim...

(A mariposa na direção do facho no sentido da luz gira a bolsa, provoca os passantes.)

FRANCISCO JOSÉ: Partir, Ter de te abandonar Com a esperança de voltar.

(A réstia vermelha e tênue escapando através da porta entreaberta, ca-deiras arrastadas, a trajetória de uma garrafa no ar, um corpo caindo na laje fria, crianças adormecidas na calçada).

O CALHORDA (sacudindo a poeira da queda): Mas que gente mais estú-pida; precisavam me tratar assim só porque dancei com a garota do che-fão.

O PORTEIRO (dedo no meio dos lábios, tapinha nas costas dele): Psiu, não vai acordar os coitadinhos.

(Clareia o dia, as lanternas se apagam, janelas batem abrindo aos pares, carroças surgem de todos os cantos, ferraduras tiram faíscas das pedras, o lugarejo some do pensamento.)

FRANCISCO JOSÉ Vou m’embora pra bem longe de ti (solta todos os agudos): Com o coração em pedaços Pois minha maior vontade Seria querer-te em meus braços.

Observação: - A craseado no título significa UM FADO À (moda) FRANCISCO JOSÉ.

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CONHECENDO:

José Alberto de Souza

Pelos profissionais do site Caros Ouvintes: “José Alberto de Sou-za, intelectual desde a infância esteve sempre ligado à comunica-ção. Atualmente se diverte com as letras, a música e a poesia.” Por ele mesmo: Nasceu na cidade heróica de Jaguarão, meio Brasil meio Uruguai, no dia em que a Rádio Nacional do Rio de Janeiro completava seu primeiro ano de fundação. Caixas, tipos, ramas e galés. A infância. Rádio, jornais e livros. A juventude. Cinema, fute-bol e estudos. A mocidade. Mulher, emprego e filhos. A maturidade. Música, letras e boemia. Prepara a velhice sob protestos da família

Site: http://gaucha.ning.com/profile/JoseAlbertodeSouza

Blog: http://poetadasaguasdoces.blogspot.com/

E-Mail: [email protected]

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CONHECENDO:

Casinho

Nascido em Florianópolis - SC, em 1947, Casinho é aquariano. Há décadas, ele escreve poesias, porém somente agora decidiu mostrá-las, ainda que escondido atrás do pseudônimo que, segundo ele mesmo, é “a máscara que esconde o eu”. Recentemente, começou a escrever contos, no que se diz realizado, por se tratar de antigo so-nho. Seus trabalhos falam de amor, de dor, de ecologia e de uma in-tensa paixão pela vida.

Contato: [email protected]

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FRUSTRAÇÕES

Por Casinho

Sombras, somente sombras na vidraça em frente

E, num momento, num repente, Com elas me assustei.

Não via assim faz muito tempo A lua clara, límpida e imensa

A clarear sem uma estrela E, refletido na vidraça, eu via

Meu corpo como uma palmeira. Era grande, robusto e escuro.

Era muito grande, eu juro, Mas tão frágil que nem sei. Foi há tempo, muito tempo,

Que ao sentir o mesmo efeito Uma vidraça eu quebrei.

Saíram manchas escuras como noite em

tempestade E, me sentindo um covarde, na camisa eu

enrolei Minha mão suja de sangue, meu coração

que nem mangue Sujo de medo eu deixei.

São peças que a vida prega. São frustrações que não negam

Recalques pra se sentir. No tempo a vida é curta para a dor e o amor.

Se tivesses o infinito, Jamais darias um grito Ou um gemido de dor.

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CONHECENDO:

Clarice Villac

Paulistana, mora em Campinas, SP. Revisora editorial e professora de Língua Portu-guesa. Com amigos distantes e espalhados, redesco-briu o encanto de escrever Poesia e alguma prosa, e encontra a oportunidade de comparti-lhar percepções, reflexões, visões sensíveis; a-través de antenas, imagens, letras, afe-tos. Amigos que se tornam presentes de Vida. Gatos, cachorros, tartarugas, plantas, pessoas, espaços abertos, pe-quenos movimentos da Natureza, são fonte de inspiração. E a poesia há de voar no vento como uma flor que sai pra conhecer mais longe, depois que completou seu ciclo no galho, entre as folhas, entre as outras flores, não mais pousada na árvore tronco, lançando-se ao infinito, alçando-se pelo vento inventando novos caminhos.

Encontre mais Textos & Imagens de Clarice em: http://www.villac.pro.br/ http://claricevillac.blogspot.com/ e-mail: [email protected]

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JOSÉ MINDLIN

(1914-2010)

Por Clarice Villac

J á podemos espalhar que de fato existiu O exemplo bonito e raro

S eria tão bom que isso fosse mais comum... É maravilhoso ter existido

M indlin, o José amigo dos livros! I mensa capacidade de saber o que é importante

N ele, a luz se espalha! D ele, recebemos persistência e cultura

L ivros, livros, livros! I ntenso brilho de generosidade

N asceu para todos nós!

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CONHECENDO:

Susana Martins

Membro da Associação dos Roteiristas, elaborou os seguintes trabalhos: 2004 - 2006 "Palavras que Não Pas-sam" - TV Século XXI 2005 "Minhas Metades" texto teatral - Teatro Padre Bento 2007 Institucional Vérita S/A 2007 Institucional Materr Amabilis Edu-cação 2008 "A Liberdade" curta experimental 2009 "Rosa de Abril" vídeo clip

Encontre Susana em seus sites:

http://www.wix.com/piafraus/susanamartins e

http://piafraus.blogspot.com/

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O LIVRO

Por Susana Martins

Proteja-me

entre seus braços, das coisas externas... do tumulto do mundo...

das vozes aflitas, que resmungam qualquer coisa

sobre a insegurança da vida.

Eu quero no seu abraço a segurança das palavras

nas suas páginas benditas... Leva-me por cada canto...

em cada frase... nas entrelinhas...

porque, somente em si, sou capaz de tantas asas... em tantos vôos...

e, em cada pouso, ser mais uma possibilidade

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CONHECENDO:

Matheus Paz

Entre contos e poemas, um homem comum, ao mesmo tempo raro, na singularidade do que faz, a cada dia: expressão do trabalho, do amor, enfim, da vida... Professor de Geografia, casado com Marci-lei, atualmente reside em Taquara-RS, Brasil. Colabora no Caderno Literário Pragmatha (Porto Alegre-RS) e tem poemas no Jornal de Poesia de Soares Feitosa. E-mail: [email protected]

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Por Matheus Paz

Um dia ele parou, e olhou bem na cara do mundo: - Ah, mundo... Ninguém será páreo para o meu currículo! E deu-se o tumulto. Mobilizaram-se os papéis, providenciaram-se as có-pias. E os números, coitados... Apavoraram-se: - Lá vem aquele louco, querendo tudo agora, de última hora! Os números são mesmo assim, reclamões. Mas o sistema exige deles. Exige que estejam sempre prontos, pois nunca se sabe quando eles se-rão necessários. E o sistema exige que as pessoas sejam assim, como números. Aí algu-mas pessoas tentam resistir. Seguram-se, agarram-se, em coisas huma-nas ou, na falta delas, recorrem a coisas nas quais e, com as quais, pos-sam manifestar sua humanidade: compram um cachorrinho ou enviam dinheiro para algum menininho pobrezinho. Mas na maioria das vezes não adianta. Muito poucas vezes. Quando menos se conta, lá estão e-les... Os números. E depois, as pessoas querendo ser números. Tal acon-teceu naquele dia, ao louco do currículo. Foi assim que passou a ser co-nhecido. E os conhecidos a comentar:

- Um símbolo da resistência sucumbiu! E o louco do currículo enlouqueceu mesmo e saiu por aí a gritar: - Não importam os outros, só importa a minha porta! Olhem, como é lindo o meu umbigo!

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Sonho. Não Sei quem Sou

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

Sonho. Não sei quem sou neste momento. Durmo sentindo-me. Na hora calma

Meu pensamento esquece o pensamento, Minha alma não tem alma.

Se existo é um erro eu o saber. Se acordo

Parece que erro. Sinto que não sei. Nada quero nem tenho nem recordo.

Não tenho ser nem lei.

Lapso da consciência entre ilusões, Fantasmas me limitam e me contêm. Dorme insciente de alheios corações,

Coração de ninguém.

Foto de Marina Oliveira

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NOITES FRIAS, FRIAS NOITES

Por Jaci Santana

Noites frias, frias noites... Às margens do meu corpo

Perpetuadas por longas noites sombrias Gélidas tristezas

Por entre vasos e veias Passeiam esquecidas.

Congelados restos de esperança Dissolvem-se em amargas

Horas insones.

Noites frias, frias noites. Noites frias de abandono.

Sem teu calor Sem teu amor de rara poesia. Vou digerindo esta ausência

Que me atormenta dia após dia Em dissonantes sons que resvalam,

Intermitentes... Noturnos... Constantes...

Tento não sucumbir a esta dor - Minha eterna companhia– Que me assalta a desoras.

E entre frias noites de solidão, Ouço no negrume da noite,

O palpitar descompassado do meu coração,

Debatendo-se na ânsia de rever-te, E de tocar-te pela última vez.

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CONHECENDO:

Jaci Santana

Nasceu em Aracaju. Mora no Rio de Janeiro. Cur-sou Direito e, atualmente, dedica-se a poesia. Parti-cipa de Concursos Literários. Recebeu vários con-vites para participar de Antologias. Recebeu Menção Honrosa no I Con-curso de Poemas Delfos com o 5º lugar, e a divulgação do mesmo no Jornal Le Ville com a poesia “Oásis Tropical”. Em 2007 teve seu primeiro Livro de Poesia “Amor, Sexo e Poesia” editado pela Litteris Editora e par-ticipação no Diário do Escritor de 2006 a 2010, também pela Litteris Edi-tora. Em 2009, participou da Antologia “Canta Brasil” com a letra de mú-sica “Canto de Dor, lançada na Bienal do livro”- RJ. Ainda em 2009, teve Menção Honrosa no II Jogos Florais do Século XXI com a poesia "Cura", além, da participação no Caderno Literário nº 8, sob a coordena-ção da jornalista e escritora Sandra Veronese, com a poesia “Mistura de Vinho", Em 2010, teve algumas poesias publicadas no Caderno-Revista 7Faces sob a direção e coordenação do escritor e poeta Pedro Fernan-des. Tem suas poesias hospedadas em sites literários, tais como:

Garganta da Serpente, Blocos Online, Site de Poesias, O Melhor da Poe-sia na Web, Lusos-Poemas, Poesias Sem Fronteiras, Sociedade dos Poetas Advogados, Borbollettah, Portal Literal, Artigonal, Favas Conta-das, Poetas em Desassossego, Liter'Art, Poetas Del Mundo, Recanto das Letras, Site de Poetas&Escritores.

E-mails: [email protected]

[email protected]

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O QUE FOI E O QUE FICA

Por Nelson Dias Costa

Parte de quem parte Permanece

Não se desvanece Ilude-se ao partir Que nada deixou

O vento leva as folhas Os galhos envelhecem

A raiz permanece O importante ficou

Parte de quem fica Parte junto sem ser vista

Diluída em saudade infinita E a parte que fica

Sente a falta da parte que lhe falta

Que se completa na parte que se foi

E dessa mudança que nada mudou

A parte que permanece Dela não se esquece

Sonha com a parte toda Mas se contenta

Com a parte que ficou

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CONHECENDO:

Jacqueline Campos

Brasília – DF / Brasil - aos dezesseis dias do décimo segundo mês do ano de hum mil novecentos e sessenta e três, nasce, com certeza já artista, Jaqueline Campos Vieira. Formada em Artes Visuais pela Faculdade Brasileira de Teatro / Fa-culdade de Artes Dulcina de Moraes (FBT). Seu talento no domínio de várias técnicas, como o pastel, a aquare-la, o acrílico, a xilogravura e papel machê, se revela único, ao visitar arredores de sua alma poética. Assim, inquieta, curiosa, tímida porém intensamente ousada na sua intenção de ser apreciada, é a arte de Jaqueline Campos.

Site: http://deixaelaentrar.blogspot.com/ (Persephone)

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PÁLIDA PORÇÃO DE SAUDADE

Por Jaqueline Campos

Enfim amanheceu meu amor Já ouço os pássaros lá fora

Com os primeiros raios de sol Amanheceu junto

Meu pé gelado E uma pálida porção de saudade

Amanheceu também O cheiro do cappuccino

E um resto de sonho embolado no edredom Amanheceu o gato, o sapato, o travesseiro

O desejo, a música, a poesia Algum guardado, resquício do passado

Amanheceram todos, felizes, destemidos Aguardando chegar a noite

Procurando fazer sentido

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CONHECENDO:

Valquíria Gesqui Malagoli

Jundiaiense, nasceu em 27/9/1968. Membro das Academias: Jundiaiense de Letras, Fe-minina de Letras e Artes de Jundiaí, Infantil de Letras e Artes de Jundiaí (campo adulto) e Cachoeirense de Letras (correspondente); também do Grêmio Cultural Prof. Pedro Fávaro, Sociedade Jundiaiense de Cultura Artística e Grupo Arte em Ação. Autora dos livros de poesia: Versos versus Versos (2005), Testamento (2008) e O presente de grego (2009 – romance infanto-juvenil). Missivas (2006) e O-LHAR DIverso – haicaimagético (2009), além dos infantis uniVerso enCanta-do (2007 – livro/CD) e De grão em grão (2008 – CD), são parcerias com Re-nata Iacovino, ao lado de quem realiza oficinas, saraus e atividades afins para diversos públicos. Juntas, desenvolveram e mantêm desde 2009 a CircuitoTe-ca, biblioteca itinerante sem fins lucrativos, a fim de estimular os hábitos da leitura e da escrita. No mesmo ano, com Josyanne Rita de Arruda Franco, criaram o jornal literário de distribuição gratuita CAJU. Articulista do Jornal de Jundiaí Regional, escreve quinzenalmente para a coluna Opinião. Colabora-dora do Caderno Literário da Editora Pragmatha. Premiada em concursos lite-rários, integra inúmeras antologias.

www.valquiriamalagoli.com.br

vmalagoli.blog.uol.com.br

reval.nafoto.net

caju.valquiriamalagoli.com.br

[email protected]

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PARTILHA

Por Valquíria Gesqui Malagoli

Quantos enigmas moram Atrás das palavras?

Ah – que monstros! – nos devoram. Cá eu lavro... aí, tu lavras, Mas, eis que elas arvoram

E... em silêncios só afloram.

Cada uma é um lado: O verso e o reverso

Desta lavoura (este fado) Que sustenta o universo.

São moedas com que nos assalaria Esta vida.

Ei-las... a porção de cada dia!

Quem dera um de nós decifrá-las, Para, quem sabe, assim,

Com as sobras... depois de gastá-las, Tu dares de ti, e eu... o melhor de mim.

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CONHECENDO:

Lariel Frota

Meu nome é Marli Ribeiro de Freitas e nas minhas criações utilizo o pseudônimo de LARIEL FROTA. Sou professora, educadora na área de Educação para o Trânsito, pales-trante, escritora e poeta. Fui responsável por duas colunas numa revista voltada ao público dos motociclistas, a REVISTA MOTOBOY, daí nasceu a necessidade do pseudônimo. Como assinava uma coluna sobre Legislação de Trânsito e Primeiros Socorros, o editor julgou que a outra coluna com contos e crônicas sobre o quotidiano desse profissional sobre duas rodas, deveri-a ser assinada por outra pessoa, daí, pari Lariel:

É verdadeiramente estranho o mundo das letras Que brincam felizes sobre o branco do papel,

Fez a velha mestra parir a si mesma Dando origem a própria cópia: Lariel!!!!

No final de 2008, enviei a título de curiosidade, um poema denomina-do PRESSA, para um concurso da editora Andross. Surpreendente-mente o trabalho foi classificado para fazer parte da coletânea UNI-VERSO PAULISTANO, foi o meu primeiro trabalho publicado. Estimulada por esse primeiro passo vitorioso, enviei um outro trabalho: RELATOS DE CASSANDRA, que foi classificado para fazer parte da coletânea DIAS CONTADOS, da editora Andross, tendo sido um dos escolhidos para uma leitura no coquetel de lançamento.

E-mail:

[email protected]

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PECADOS

Por Lariel Frota

Por que gritam ferozmente, Sobre o prazer das genitálias. Se não é isso que dá origem,

Ao conteúdo de tantas mortalhas. Por que o preconceito imbecil Com rancor e ira veementes, Se não é de leitos ardentes Onde inexiste o órgão viril,

Que brotam as mazelas do mundo. Os corpos em amor transbordantes,

Com orgasmos triunfantes. Não ferem, ou agridem ninguém

Por que será que a turba insana grita, E essa bandeira vazia, no vazio

agita !!!!!

( Homenagem a Leci Brandão, carnaval de 2005 – que ao entrar no Sambódromo como jurada, foi aplaudida, pela maioria, mas ofendida por u-ma parcela imbecil da arquibancada)

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CONHECENDO:

Anna Back

Vera Lúcia Luz Erthal, natural de Lages, SC, filha de Osvaldo Backes da Luz e Maria dos Prazeres Luz. Nasceu a 11 de abril de 1955. É casada com Hélio Adilson Erthal, mãe de três filhos e tem dois netos.

Escritora autodidata escreve desde os dezessete anos. Publica suas o-bras sob o pseudônimo de ANNA BACK.

Professora aposentada pelo Estado. Trabalhou 27 anos como professo-ra, secretária e diretora de escola pública. Hoje, atua na Secretaria da Educação de seu município, Otacílio Costa, na serra catarinense.

Publicações:

ROSTOS E VÉUS (2006) - Concurso Literário do Estado de SC.

NINGUÉM SABE (2007) – Medalha de Bronze no Concurso da AB-PEL RJ.

NATAL SEM NOEL (2008) Revista Literária da ABPEL RJ (Edição Ma-chado de Assis).

MEU BEM (2009) – Antologia Scortecci (Enigmas do Amor) – SP.

POEMA MATUTINO – (2009) – Antologia Scortecci (Enigmas do A-mor) – SP.

FAVOS DE MEL – (2009) Revista Literária – Clube dos Escritores de Piracicaba – SP.

AMIGO AUSENTE – (2010) Revista Literária – Clube dos Escritores de Piracicaba – SP.

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POEMA A UMA FLOR

Por Anna Back

Tu, que desabrochas na aurora da existência...

Tu, que traduzes o que de mais belo a vida pode dar:

Tu, filha amada, que vives hoje, Aos quinze anos, a tua primavera, Ouve as palavras que te quero dar!

Tu que sonhas, Que ousas querer

Tudo o que da vida esperas E que mereces ter.

Ouse, sonhe, queira, Aos quinze, tudo é permitido.

No doce embalo Do sonho e da quimera!

Deus criou maravilhas: Cantos, flores, perfumes, Cores, e amores.

E fez surgir a primavera.

E plantou para mim, para nós, um jardim...

E deu-nos uma flor viva, de alma nobre,

Gentil e amiga! Você, a mais encantadora dentre

todas, Você, filha querida!

Mother And Daughter - Leonardo Ruggieri

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Consulados da Suíça no Brasil

Se você precisa ir a um Consulado da Suíça no Brasil entre neste site e verifique os endereços:

http://www.consulados.com.br/suica/

Batatas, uma tradição suí-ça

Batata Rösti - Receita tradi-cional suíça que consiste em ralar as batatas cruas, fritan-do-as na manteiga ou na gor-dura de bacon, dando um for-mato de panquecas abertas, que podem ou não receber outros ingredientes, além do sal e da pimenta-do-reino moída na hora. É item obri-gatório no desjejum dos cam-poneses suíços.

ROSTI DE MILHO COM LEGUMES 4 porções 3,5 dl de caldo de legumes 100 g de farinha de milho 600 g de batata cozida, ralada com um ralador para Rösti manteiga de cozinha ou creme de cozinha sal Recheio: 250 g de creme semi-desnatado 1 punhado ervas frescas (Cebolinha, salsa e agrião, por exemplo.) picadas, sal, pimenta 500g de legumes (rábano, cenouras, aspargos, por e-xemplo) cortados miúdos e cozidos al dente ervas para decorar 1 Coloque o caldo de legumes para ferver em uma fri-gideira e despeje a farinha de milho aos poucos. Co-zer 30-35 minutos em fogo baixo, mexendo ocasional-mente. Reservar a polenta. 2 Aqueça a manteiga ou creme para assar na frigideira mesmo, refogar as batatas e a polenta 5-10 minutos, mexendo ocasionalmente e então formar uma espécie de omelete e deixar grelhar). 3 Cobertura: Misture o creme com as ervas e tempe-rar. 4 Colocar o creme sobre o rosti e em seguida rechear com os legumes.. Decore e sirva imediatamente. Dicas: Use polenta restante, adicionando à vontade bacon ou presunto em cubos. Sirva o rösti sem recheio como acompanhamento.

Receita do site:

http://www.suissegarantie.ch/

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Por Dúlcio Ulysséa Jr.

Pensar em mim, impossível,

Sem antes em ti! Não tenho outra morada

Se não for aí Como conseguir viver

Sem que te tenha aqui.

Mesmo que eu vá Aqui, ali, lá ou acolá

E volte pra cá Não irei conseguir sem

que cá Aqui pra mim estiveres.

Carrego-te pra aqui, pra ali, pra cá, pra acolá Para qualquer lugar Onde eu possa ir ou

imaginar

Spring Poppies I © Susan Hazard 2005

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CONHECENDO:

Dúlcio Ulysséa Jr.

Meu nome é Dúlcio Ulysséa Júnior, tenho 28 anos, sou casado e te-nho em meu filho a mais valiosa aquisição de toda minha vida. Aria-no, brasileiro nascido em Laguna-SC em 08/04/81. Ainda bem jovem tive a pior perda que uma criança pode ter: perdi meus pais. Is-so me ensinou a ver, aprender e reverenciar o mundo através de um ângulo completamente diferente. Trabalho com construção ci-vil de rodovias e adoro escrever. Tenho três livros que comecei a es-crever, sendo um de poesias, mas a “marvada” preguiça me impede de terminá-los. Só espero terminar algum destes! Pretendo no ano que vem começar minha faculdade de Engenharia Civil e na continui-dade sempre dar uma vida de boa qualidade a minha esposa, que a-mo tanto, e minha jóia mais preciosa, meu filho. Sou de família simples e de vida bem aproveitada, adoro viver e apro-veito um dia após o outro realmente e deixando as coisas irem acon-tecendo conforme a vida segue.

Contato:

[email protected]

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CONHECENDO:

Vicente de Pércia

Licenciado em Letras e Literatura Portuguesa, Finanças, Estéti-ca, História de Arte e Metodologia do Ensino Superior, na Universida-de Federal Fluminense e em vários Centros de Es-tudos Superiores em diversos países (Espanha, França, Inglaterra, Argentina, entre outros). Foi fundador de inúmeros Pólos universitários de Ar-te, Secretário do Setor de Cursos do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Membro do Conselho de Artes Plásticas do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, Vice-Presidente da Associação Brasileira de Críticos de Arte, Membro da Bow-Art International. Em 2007 seu livro "Na costa do Descobrimento" editora Rembrandt, Rio de Janeiro é lançado em vários estados do Brasil e exterior. "Vertentes do Amor e Morte"- Reflexões sobre a ópera Tristão e Isolda De Richard Wagner, editora Bow Art International, Scortecci, São Paulo, 2009. Possui outros livros publicados e participou de inúmeras antologias e A-nuários da Arte Brasileira.

Atualmente, exerce a profissão de jornalista, é crítico de arte, Palestran-te de temas e assuntos específicos ligado à literatura. Escritor e artista plástico e conferencista, atuante, dirige o Estúdio de Arte Contemporânea em Teresópolis, RJ, Brasil.

Leia a mais da biografia de Vicente em www.varaldobrasil.ch

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PRESENÇA

Por Vicente de Pércia

Ser absoluto no escuro no vazio do dia

frio de Sol. Solte estilhaços em comunhão com este

momento: na relva, resvalada, revoltada...

Sem ser nada Nada sem ser.

Circulando em volta das luzes

estrelando....

rompendo sombras, branqueando...

Brincando e desfazendo num contínuo: a percepção ensolarada,

enrijecida e esquecida na luta pela vida, no galope de hoje.

Diminuindo a severidade:

o arder de dentro, o agasalhar como ninguém.

Remultiplicando espante palavras,

enxote palpitações, imprima facetas,

enxerte o gosto de estar.

E lento, indo e vindo,

serenamente encantas...

Foto de Amelia

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MESMA PALAVRA PARA DIZER O MESMO… AH, BRASIL TÃO GRANDE!

Mandioca: aipi, aipim, castelinha, ipim, macamba, macaxeira, macaxera, man-dioca-brava, mandioca-doce, mandioca-mansa, maniva, maniveira, mucamba, pão-de-pobre, tapioca, uaipi

MARISCO

• qualquer invertebrado marinho comestível, esp.

moluscos e crustáceos [Na Amazô-nia, o termo é aplicado pelos ribei-rinhos tb. aos peixes.]

• berbigão (Anomalocardia brasilia-na)

• mexilhão (Perna perna)

• espécie de colher provida de enden-tações nos bordos, us. para retirar a polpa dos cocos maduros.

REGIONALISMO são variantes de uma mesma língua que identifica o falante com sua origem tradicional, podendo ser identificados pela fala, vocabulários peculiares da região, sotaques e costumes.

Com o auxílio do Dicionário HOUAISS

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PRISIONEIRA

Por Sandra Helena Queiróz Silva

Vesti minha túnica humana E fiquei prisioneira do mundo

Feito de enganos onde canto e Exalto-me.

E tu que nunca reparas Nem sabes que sou alma rara. Sei que me medes, me pesas,

Observas-me, me destilas.

Revolto-me, fujo e entristeço. Crio asas e vôo no silêncio

Como a abelha de flor em flor Fabricando mel sem ter

colméia...

Nasci livre, como o vento, Eu quero, apesar da minha idade

Que este amor sufocado Ainda se expanda

Dentro da minha ternura.

Nestes instantes de beleza calma

Presa a este amor confuso Meu ser se transfigura

Porque sinto que o amor é luz E a mais alta manifestação do

ser

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CONHECENDO:

SANDRA HELENA QUEIRÓZ SILVA

Casada, 47 anos, com formação profissional em Técnica de Análises Químicas e atualmente estudante de Direito na FASC. Reside na cida-de de São José, SC. Considerando-se uma aprendiz da escrita, trans-crevendo de forma informal emoções trazidas por mãos que ajudam neste projeto de escrever. Sendo assim, utilizando sempre o compa-nheiro lápis e um canto de sossego com músicas instrumentais, rela-xando a mente e brotando linhas a fio. O projeto de escrever surgiu em sua mente em consequência de algu-mas experiências, as quais a levaram a refletir profunda e longamente, incentivando a investigar o campo tão misterioso da alma silente onde escondem em sua alfombra os mais profundos segredos.

CONTATOS - sandrahelenaq@hotmail Encontre mais Sandra em seu blog O Mundo de Uma Poetisa

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QUEM É O POETA

Por Ju Virginiana

É o fingidor, o rimador, versejador...

É o que sente o sabor De observar da vida o sabor

e o dissabor

É o que vê, em seu estado de consciência,

O sonho visitando a realidade E transformando-a em felicidade

É o que vê a realidade sem sonho

Em seu estado puro E escreve o escuro, de tantos,

o apuro

É aquele que tudo vê, tudo sabe, tudo sente

Como se o mundo fosse transparente

E dele não se pudesse nunca

estar ausente

Aquele que vibra com a vida E faz vibrar na ponta dos dedos Cada gota de emoção sentida!

Rene Balmer

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CONHECENDO:

Ju Virginiana

Professora, licenciada em Letras Português e Espanhol, especialista em Leitura e Produção Textual.

É associada à AGES - Associação Gaúcha de Escritores, filiada à UBT - União Brasileira de Trovadores de Caxias do Sul, Membro Efetivo da Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores - AVSPE, Cônsul do Movimento Poetas del Mundo de Caxias do Sul. Participa em inúmeros sites, blogs, jornais. Já integrou várias comis-sões julgadoras em concursos literários Participa em mais de cinquenta Antologias Poéticas. Conta com várias classificações e premiações em Concursos Literários

E-MAIL: [email protected]

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Texto e ilustração estavam pela internet

DOCÊ = minerim falano "de você" KÉDI? = o mesmo qui "cadê" (tem até sáiti na net) PRÉSTENÇÃO = é quano o minerim tá falano e ocê num tá ouvino. DEU = o mêz qui "de mim" .... ex : larga deu, sô!! SÔ = ponto finar de quarqué frase ... qué exempro??? Ex: óia o "deu", sô! DÓ = o mêz qui "pena", "compaixão" , qui dó, gentch!!! DI VERA???? = ..... o mêz qui "de verdade" GARRÁDU = o mêz qui "junto".... NIMIM = o mêz qui "em mim" ....nóóo, ocê vivi garradu nimim, trem!!!....larga deu, sô!! NÓOO = num tem nada a ver cum laço apertado não, é o mêz qui "nossa" ...vem di Nossa Sinhora! PELEJÃNU = o mêz qui tentãnu ... ó ieu tô qui tô pele-janu cum esse trem, né di hoje ...qui nó cego (agora e nó mêzz!) NÉ??? = né é : num é, uai!!!! PINGA = o mêz qui cachaça ... é danadibão com o tutu e uns torresmim, bão tamém cum franguim cum quiabo. TACÁ = o mêz qui "jogar" ... taquei tudo fora!!! vô tacá quejim na ambrusia.

MINERIN = Típico habitante das Minas Gerais I = E (Ex: minino, ispecial, eu i e-la, vistido,isquisitu.) UAI = O correspondente ao "UÉ" dos paulista. Ex: Uai é uai, uai! ÉMÊZZZ? = Minerin quereno confir-mação. ÓIQUI = Minerin tentanu chamar a atenção prá alguma coisa. TXII = O irmão do pai ou da mãe (a muié do txii é a txxiiiiaa). INTORNÁ = Quando num cabe na vazia. PÃO DE QUÊJO =Alimento funda-mental na mesa minêra TUTU = a preferência dos minerin. TUTU = Mistura de farinha de man-dioca cum feijão triturado e uns temperim lá da horta.

TREM = Palavra que num tem nada a ver cum transporte,e que quer di-zer qualquer coisa que o minerin quisé. Ex: Já lavô us trem? Eu comi uns trem lá na roça. Vamo lá tomar uns trem? Qui trem qui é aquilo na oreia da muié sô? MA QUI BELEEEZZZ = Expressão que exprime aprovação, quando gostou di arguma coisa. NNN = Gerúndio do minerêis. Ex. Brincannn, corrennn, innn, vinnn. BELORZONTI = Capitár di Minas Gerais. TRIANGO MINÊRO = Triângulo Mi-neiro. BERABA e BERLÂNDIA = Cidades famosas do Triângo Minêro. (...)

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Aceitarás o amor como eu o encaro?

Mário de Andrade

...Azul bem leve, um nimbo, suavemente Guarda-te a imagem, como um anteparo Contra estes móveis de banal presente. Tudo o que há de melhor e de mais raro

Vive em teu corpo nu de adolescente,

A perna assim jogada e o braço, o claro Olhar preso no meu, perdidamente.

Não exijas mais nada. Não desejo

Também mais nada, só te olhar, enquanto A realidade é simples, e isto apenas.

Que grandeza... a evasão total do pejo

Que nasce das imperfeições. O encanto Que nasce das adorações serenas.

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ROSA Por Rita Medeiros

Rosa quem mandou me cativar?

Toda prosa Tinhas tanto prá falar!

Pois é, Agora agüente...

Um cativado É duro de aguentar!

Se bem que "eternamente" É um estado equidistante,

E longe, dizem, É um lugar que não existe!

A responsabilidade É algo também

questionável, E aquele doido Que por aqui

Foi conhecido como "Zé Perri"

Andava voando por aí, E nem cuidava das rosas

que plantou! As misses

Acabaram com o que ele disse E eu

Já nem te reconheço mais Com tanta esquisitice!

Eu estou do outro lado do mundo,

Sentindo um encanto desencantado

E tu, Neste lugar que não existe

Mesmo assim Esta noite

Ouvistes o meu doloroso chamado! Obrigado

Foto de Marina Oliveira

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CONHECENDO:

Rita Oliveira

Brasileira, casada há 21 anos, 49 anos, mãe aos 32 e 34 anos de dois adolescentes (17 e 15 anos e um de 54). Funcionária Pública Federal há 24 anos e 7 meses e advogada há 10 meses. Mestra de Reiki e umbandista, além de universa-lista. Deu? CONTATOS:

[email protected]

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CONHECENDO:

DIMYTHRYUS

Heterônimo do poeta Darlan Alberto T. A. Padilha, Licenciado em Letras pela Faculdade UNIESP-SP, Embaixador da Paz, título que lhe fora atribuído pelo “CERCLE UNIVERSEL DES AMBASSADEURS D E LA PAIX – SUISSE – FRANCE (Genebra – Suíça). Entre suas 71 premia-ções destaca-se o “Prix Francophonie” a Menção Honrosa (Diplôme d’honneur) no 10éme Concours International de Litt erature Re-gards 2009 (Nevers – France).

Contatos:

Caixa Postal : 1573 – São Paulo / SP – Brasil, 01009-972

[email protected]

[email protected]

Cel.: (11) 7377-3630 - Tel. Com: (11) 3106 – 0078

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RUA DOS MURURÉS1

Por Dimythryus

Algo em mim rompeu-se em fibrilações

Em medo, nevralgias e dúvidas... Até aonde alcançariam os meus

passos Ainda desconjuntados

Após o grande mau súbito2 que me enublou.

O mururê traz novas cores a meu

texto. Mas o quê são mesmo os

mururês? Mururiz, moruruz, moruré

Murerú...

Quais são as flores belas Outrora pinceladas por Alencar em

seus escritos? Tento conter a cada instante o

mururu3 Que todos os dias me castiga

E me instiga a tentar Percorrer o que ainda resta

Do pouco que ainda resta de mim.

Aos poucos os braços contorcidos Destorcem-se e os nervos

aflorados Se desfloram, na luta do visível Com o invisível, sigo no escuro Com medo que a claridade me

alcance.

Ref1: A rua dos Mururés no JD Helena - São Miguel Paulista: Mururés palavra do TUPI / mururuz (1833) mururé (1874) mururê (Alencar 1886) ou moru-ré – mururiz (1909). A ref. Marca a se-mana da Prova São Paulo 2009 – em que o autor foi coordenador local res-ponsável pelo EMEF Mururés.

Ref.2 ao dia 11/11/2009 o autor teve um mau súbito que resultou num prin-cípio de enfarto.

Ref.3 Mururu palavra do tupi que signi-fica enxaqueca.

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SILÊNCIO, TEMPO SÁBIO

Por Tetê Crispim

Pausa tempestiva da alma Arrastada em refugio individual

Flagrante de nudez exterior Regado por cascata de lágrimas

Que deságuam em desafogo Inunda o tempo da reflexão

Momento de pura verdade, profunda viagem Entre meu eu e a realidade.

No silêncio ouço vozes do meu coração Deixo fluir a sensibilidade

Admito meu padecer, E ao mesmo tempo

Dou oportunidade para o meu renovo Por amor próprio reúno os meus cacos

E serena me revisto e retomo o caminho

Silence by J. H

. Fussli

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CONHECENDO:

Tetê Crispim

Terezinha Alves Crispim, Cursando Matemática na UFF e Letras na UBM, professora fluminense que ama in-tensamente a escrita e a arte. Dentre os trabalhos lite-rários da autora: Livro Cárcere Invisível (em edição), Livro Didático- Nova Visão de valores (em edição), Peças teatrais: Utopia de Lara, Cristo em Pedaços, Re-latos Desumanos, A casa do Contador de Histórias, Contos: O Anjo que virou médico, A mais linda Can-ção, Além do Entendimento, Memórias de Pérola. Poe-mas, Projetos Pedagógicos e Palestras Educacionais.

Contato: [email protected],

www.recantodasletras.com.br/autores/tetecrispim

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SONAMBOLIBRO

Por Abilio Pacheco

Toda madrugada, o vizinho chegava do trabalho com o som do carro ligado em volume muito al-to. Perturbava a todos, acordava a vizinhança, às vezes queixava-se ao síndico. De nada adi-antava. Chamado à atenção, deixava o som do carro ligado até as três, as quatro, às cinco... Há mais de dois anos, ninguém reclamava mais.

A música sempre assustava o rapaz, que levantava da cama, caminhava pela casa, ia para o cômodo onde ficavam os livros e, de luz acesa, per-corria os dedos pelas prateleiras, nos cortes superiores dos livros, em bus-ca daquele que havia deixado com o marca-página na noite anterior. De-pois, continuava a narrativa interrompida, quase até a hora d’alva, quando algo (alarmes de relógio, buzinas de carro, cantos de galo) cortava-lhe o fio da história e ele voltava ao quarto, deitava-se para em seguida desper-tar para um dia sem letras e livros.

Durante madrugadas assim, entraram em sua convivência Quixote, Ulis-ses, Gregor Samsa, Hamlet, Santiago, Lucíola, Bovary... Quem quer que o visse entre livros, sabia que dali não poderia extraí-lo. No início, todos da casa cuidavam para que nada lhe despertasse da leitura, depois relaxa-ram. Nas noites em que o vizinho barulhento tornava a madrugada altissonante e a leitura inviável ou quando alguém inadvertidamente retira-va o marca-páginas da leitura de então, o rapaz amanhecia com melancó-lico transtorno ontológico, um efeito colateral.

Um dia, entretanto, o quarto amanheceu vazio. A cama desalinhada confir-mava que dormira as primeiras horas normalmente e depois levantara. A irmã afirmou não encontrá-lo em cômodo algum da casa, nem na bibliote-ca. A mãe, tranqüila, passava café:

Deve estar entre os livros. E estava. Havia virado personagem de Borges ou Cortázar.

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CONHECENDO:

Abílio Pacheco

Abilio Pacheco, nasceu em Juazeiro (BA), viveu a primeira infância em Coroatá (MA), dos 07 aos 27 morou em Marabá, e hoje reside em Belém (PA). Estudou Eletricidade no SENAI-Marabá, fez Magistério na Escola Estadual Dr. Gaspar Vianna, cursou Licenciatura Plena em Letras na UFPA-Marabá e Mestrado em Letras – Estudos Literários na UFPA-Belém. Trabalhou como eletricista, foi bibliotecário por cinco anos e há 11 anos atua no magistério. Trabalhou 05 anos no CEFET-PA (hoje IFPa), onde ajudou na implantação do curso de Letras e foi coordenador do mesmo. Atualmente é professor da UFPA, Campus de Bragança. Aos 17 anos obteve o primeiro destaque em certames literários com o poe-ma “Elegia de Maria”. Publicou Poemia (poesia – semiartesanal) em 1998; Mosaico Primevo (poesia) em 2008; e Riscos no Barro: ensaios literários (2009). É um dos organizadores da Antologia Literária Cidade. É membro correspondente da Academia de Letras do Sul e Sudeste Pa-raense com sede em Marabá. É também contista e cronista, e está com um projeto de narrativa longa ‘em gestação’.

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O SONO DOS AMANTES

Por Malu Freitas

Deitei nos braços do amor Onde morre a eternidade

Dos nossos sonhos Despedimo-nos dos interesses do

Mundo.

A dor já não mais existe Os prantos cessaram

Em meus seios Dormistes já que amado és.

Durma Romeu

O sono dos justos Que descansarei

Ao seu lado eternamente

Eternizado será Em minha memória

Em meus pensamentos Na certeza de que

Fui e serei para sempre:

SUA

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CONHECENDO:

Malu Freitas

Área de atuação: GRAFOLOGIA/GRAFOTÉCNIA (RH) PNL.

Baiana, escritora, poetisa e fomentadora cultural pelo Movimento Cultu-ral Revista ARTPOESIA e ABRACADABRA.

Estudante do Curso de Direito. Com textos, coletâneas poéticas publica-das pelo Brasil e no Exterior.

Obras:

Livros: Ecos Castroalvinos (Artpoesia/ BA/09); Ecos Machadianos/ BA-/2010); Guia dos Escritores Contemporâneos e Antologia Eldorado (Celeiro dos Escritores/ SP/09).

Blog: http://malufreitasaescritora.blogspot.com/

Contatos: [email protected]

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COMO VOCÊ VÊ A VIDA?

Todos as pessoas possuem uma maneira diferente de ver a

vida e de expressar esta visão.

Algumas escrevem, outras pintam, fotografam, desenham,

cantam, tocam um instrumento, esculpem, fazem artesana-

to… Dentro de cada um de nós existe um artista. Algumas

vezes escondemos tanto que nem mesmo os familiares sa-

bem que temos aquele jeitinho especial!

Que tal mostrar pra gente? Que tal enviar para o site do VA-

RAL DO BRASIL o que você faz e dar uma chance para que

possamos conhecer melhor você?

Leia as instruções nas seções « ELES » no

www.varaldobrasil.ch

E mãos à obra: a vida é agora!

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CANÇÃO DO DIA DE SEMPRE

Mário Quintana

Tão bom viver dia a dia...

A vida assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos Como estas nuvens no céu...

E só ganhar, toda a vida,

Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio: Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua, Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança Das outras vezes perdidas,

Atiro a rosa do sonho Nas tuas mãos distraídas...

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Por Ana Lucas

Parei no sinal vermelho, atrás de um carrão. Quinta-feira na hora do al-moço, dia de feira, mulherada apressada carregando abacaxi, abóbora, tomate, berinjela, peixe, criança, cachorro, panela. Um bando de gente falando mal do governo na porta do bar.

Aí eu vi o senhorzinho parado bem ao lado do carrão, esperando tam-bém o sinal abrir, empurrando um carrinho de mão feito de madeira, maior que ele, cheio de papelão e plástico que pegou pela rua. Um ho-mem mirrado e torcido pela idade e pelo sofrimento. Estava lá, erguendo a cabeça com dificuldade para ver as luzes do semáforo.

Olhei em volta e acho que só eu mesma reparei nele. O homem olhou para trás e pude ver o seu rosto, muito enrugado e miúdo. Os olhos a-pertados por causa do sol, o cansaço estampado na boca seca e que já não sorria há muito tempo. Usava um bonezinho colorido com a marca do Ayrton Senna na cabeça. Provavelmente ele nem sabia quem era o Senna.

A camisa clara era daquelas baratas, de tecido fino bem porcaria, com-prada em loja popular - vestida com camiseta por baixo, que era digno. A calça estava puída nos bolsos de trás e a cor verdadeira já desapare-cera e se transformara numa espécie de roxo pálido. O velhinho parecia uma assombração mansa, daquelas que surgiam nos cantos das casas antigas sem dizerem nada, e que sumiam logo.

Pela calçada passou uma garota comendo um lanche e bebendo o últi-mo gole do refrigerante. Ela jogou a latinha no chão assim que a esvazi-ou e seguiu caminho. O velho já acompanhava a menina com o olhar, torcendo para ela jogar fora a lata, e assim que a dita bateu no cimento, o velho se movimentou com esforço, subiu na calçada, andou, abaixou-se fazendo uma careta e a pegou com todo o cuidado. Olhou para latinha de refrigerante extasiado e voltou para o seu carrinho, guar-dando o tesouro no meio dos papelões.

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O catador permanecia invisível para o resto das pessoas. Velho e torci-do.

O motorista do carrão acabou olhando para o lado e achou o velho. Su-biu os vidros e deve ter ligado o ar condicionado. Voltou a se concentrar no semáforo.

Um motoqueiro que estava atrás do meu carro notou que o sinal ia mu-dar e foi deslizando lá para frente, metendo-se entre os veículos, quase atropelando o coitado do catador de papelão. Disse um palavrão para o velhinho, acelerou a moto e passou com o sinal ainda vermelho.

O sujeito do carrão balançou a cabeça, olhou para o velho e assim que o sinal abriu acelerou o carrão, abaixando os vidros, alcançando o motoqueiro, buzinando para o rapaz e devolvendo-lhe o palavrão. O ca-ra da moto assustou-se, mas depois fez um gesto obsceno com uma das mãos, gritando outra barbaridade.

Mas o catador de papelão não está nem aí para o motoqueiro desboca-do. Pior que o palavrão é o sol. Pior que o palavrão é a dor nas costas e a fraqueza nas pernas. Pior que o palavrão é a fome. Pior que o pala-vrão é ter de catar o lixo dos outros para sobreviver. Pior que o palavrão é o silêncio.

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CONHECENDO:

Ana Lucas

Ana Lúcia Polessi ou Ana Lucas é natural de Itatiba – SP. Em 1998 foi classificada como uma das 15 melhores escritoras do estado no Mapa Cultural Paulista. Ganhou vários prêmios locais e regionais em artes plásticas e literatura nos anos desde os anos 80. Em 2007 ganhou 1º lugar na categoria Contos e Crônicas do Concurso JI/AEPTI, de Itatiba; 1º lugar no VI Prêmio Escriba de Contos, de Piracicaba – SP; 1º lugar na Categoria Contos “XI Concurso Nacional de Contos Prêmio Ignácio de Loyola Brandão”. Em 2009 lançou seu primeiro livro: “Trilha de So-nhos – Aventuras e Desventuras de um Artista Popular” (Book Com-pany Editorial, sobre a tragicômica vida do folclórico artista itatibense Alan Duarte).

Contatos:

[email protected]

Blog: http://poraovincent.blogspot.com

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Que frutas são originais do Brasil? por Luís Joly

Estima-se que existam pelo menos 312 frutas tipicamente brasileiras. E isso porque muitas frutas tidas como "a cara do Brasil", como a banana e a laranja, não são naturais de terras brasileiras. "Mas, apesar do número impressionante, apenas seis frutas brasileiras são cultivadas comercial-mente em grande escala", diz o engenheiro agrô-nomo Harri Lorenzi, co-autor do livro Frutas Brasi-leiras Exóticas e Cultivadas (confira quais são as seis frutas aqui ao lado). A lista de frutas brasilei-ras não comerciais tem nomes que você prova-velmente nunca ouviu falar, como banana-de-macaco, marôlo, araticum-cagão, taperebá, cario-ta-de-espinho, pau-alazão, marajá e fruta-de-ema, entre outras. Algumas dessas frutas exóticas são registradas fora do Brasil, o que não anula a originalidade verde-amarela, mas deixa o país de fora de eventuais ganhos monetários rela-cionados ao comércio da fruta. Há ainda as frutas extintas, como o oiti-da-baía, umas das favoritas do imperador dom Pedro II, que hoje não existe mais.

Fonte: Revista Mundo Estranho

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Antologia Literária Cidade Volume IV A Antologia Literária Cidade foi criada com a finalidade de centralizar autores numa publicação fora do eixo, de oportunizar espaço para no-vos autores, que ainda não tiveram seus textos publicados em livros, e oferecer um diferencial em relação a outras publicações do tipo. Lança-mos os três primeiros volumes com a participação de mais de 100 auto-res: de alunos de Ensino Médio a professores com doutorado, de auto-res nunca publicados a autores com mais de uma dúzia de publicações, com a participação de autores de várias cidades do Brasil e também com três autores residentes em outros países (Áustria, Austrália e Suí-ça).Dando continuidade ao nosso trabalho estamos fechando o Volume IV da publicação com a perspectiva de levar o livro para a gráfica ainda em dezembro, posto que até o momento metade das páginas já estão fechadas. Além disso, contamos com a sua participação como mais um habitante/morador desta nossa Cidade Literária. Contatos: [email protected]

Gota d'água

Chico Buarque (em1975 para a peça Gota d´água de Chico Buarque e Paulo Pontes)

Já lhe dei meu corpo, minha alegria

Já estanquei meu sangue quando fervia

Olha a voz que me resta Olha a veia que salta

Olha a gota que falta pro desfecho da festa Por favor

Deixe em paz meu coração Que ele é um pote até aqui de

mágoa E qualquer desatenção, faça não

Pode ser a gota d'água

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O QUE SERÁ

Chico Buarque

O que será, que será? Que andam suspirando pelas alcovas Que andam sussurrando em versos e trovas Que andam combinando no breu das tocas Que anda nas cabeças anda nas bocas Que andam acendendo velas nos becos Que estão falando alto pelos botecos E gritam nos mercados que com certeza Está na natureza Será, que será? O que não tem certeza nem nunca terá O que não tem conserto nem nunca terá O que não tem tamanho... O que será, que será? Que vive nas idéias desses amantes Que cantam os poetas mais delirantes Que juram os profetas embriagados Que está na romaria dos mutilados Que está na fantasia dos infelizes Que está no dia a dia das meretrizes No plano dos bandidos dos desvalidos Em todos os sentidos... Será, que será? O que não tem decência nem nunca terá O que não tem censura nem nunca terá O que não faz sentido... O que será, que será? Que todos os avisos não vão evitar Por que todos os risos vão desafiar Por que todos os sinos irão repicar Por que todos os hinos irão consagrar E todos os meninos vão desembestar E todos os destinos irão se encontrar E mesmo o Padre Eterno que nunca foi lá Olhando aquele inferno vai abençoar O que não tem governo nem nunca terá O que não tem vergonha nem nunca terá O que não tem juízo...(2x) Lá lá lá lá lá……..

Feita para o filme "Dona Flor e Seus Dois Maridos", a canção "O Que Será" tem três versões, que marcam passa-gens diferentes da trama: "Abertura", "À Flor da Pele" e "À Flor da Terra". Cantada no filme por Simone, a versão "À Flor da Terra" (três estrofes de doze versos) alcançaria grande sucesso na gravação de Chico Buarque e Milton Nascimento, que abre o elepê Meus caros amigos, um dueto, aliás, que a-conteceu por mero acaso. Chico esta-va na gravadora ensaiando a canção com Francis Hime, quando Milton, de passagem pelo estúdio, ouviu e gos-tou. Daí surgiu o convite para a grava-ção, depois retribuído com a participa-ção de Chico num disco de Milton, cantando com ele "À Flor da Pele". Mas "O Que Será", em qualquer das versões, é uma obra-prima, no nível das melhores criações de Chico Buar-que, com sua melodia forte e sua letra libertária, um tanto ambígua em certos aspectos: "O que será que será / que todos os avisos não vão evitar / porque todos os risos vão desafiar / porque todos os sinos irão repicar / porque to-dos os hinos irão consagrar..." Em 15.9.92, ao tomar conhecimento do conteúdo de sua ficha no Dops-DPPS, em que há uma análise de "O Que Se-rá", Chico Buarque declarou ao Jornal do Brasil: "acho que eu mesmo não sei o que existe por trás dessa letra e, se soubesse, não teria cabimento expli-car..." Fonte: Livro 85 anos de Música Brasi-leira Vol. 2, 1ª edição, 1997, editora 34

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CONHECENDO:

Luiz Otávio Oliani

Luiz Otávio Oliani cursou Letras e Direito. Consta em mais de quaren-ta antologias de literatura. Partici-pação intensa em eventos literá-rios, jornais, revistas do País e do exterior. Recebeu mais de 50 prê-mios. Publicou "Fora de órbita", Edi-tora da Palavra, poesia, 2007, ore-lhas de Teresa Drummond e prefá-cio de Igor Fagundes; livro reco-mendado pelo Jornal de Letras, edi-toria dos acadêmicos Arnaldo Niski-er e Antonio Olinto, em outubro de 2007. Em 2008, teve o poema "Teresa" musicado por Maury San-tana no CD Música em Poesia, vo-lume 1. "Espiral", com prefácio de Reynaldo Valinho Alvarez, orelhas de Astrid Cabral e foto do autor por Eloísa Batelli, é o segundo livro de poemas do escritor, publicação da Editora da Palavra, 2009. Tem poe-mas traduzidos para o inglês, fran-cês, italiano e espanhol na Revista Ponto Doc número 7, edição de 2009.

Contatos

[email protected]

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_de_janeiro/luiz_otavio.html

http://www.revistapontodoc.com/7.htm

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TRANSFORMAÇÃO

Por Luiz Otávio Oliani

toda linguagem

é selva

a ser devastada

toda linguagem

é terra

a ser adubada

toda linguagem

é pedra

a ser limada

(A Antônio Carlos Secchin)

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Tino Portes

Albertino Lineu Portes nasceu em 25 de abril de 1978, em Santa Rosa do Viterbo/SP. Incentivado pelo pai, bibliotecário, e pela mãe, psicopedago-ga, dedica-se à poesia – livre – desde que tomou contato com as primeiras letras.

Funcionário público, em 2007, por ocasião do convite de uma amiga para participar de um varal literário, começou a divulgar seus escritos.

Jovem, leitor assíduo de João Cabral de Melo Ne-to e Baudelaire, ditam-lhe as musas que vez por outra metrifique, embora não esconda sua predi-leção pelos versos e inspiração desmedidos.

Confesso “poeta de horas de ócio” e avesso aos critérios de avaliação, esquiva-se de concursos, não tendo, portanto, premiações a divulgar.

Contato:

[email protected]

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VARAIS

Por Tino Portes

Pequenino, Observava

A mulher que eu mais amava Sob o sol a estender

Sob a chuva a recolher Tanta roupa no varal

Pequenino, Admirava

Como o bambu não arriava Sob o peso a suspender Sob o tempo a escorrer

Como as roupas no varal

Pequenino, Eu nem pensava

Nem com isto me animava: Que eu iria versos escrever Pra noutro varal suspender Que não fosse do bambuzal

Foto de Erica Antunes

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(Receita da cidade de Blumenau, SC)

Blog Cozinha da Janita: http://cozinhadajanita.blogspot.com/

Massa:

-2 xícaras de trigo

-1 xícara de leite

-1 xícara de açúcar

-1 colher (75g) de manteiga ou margari-na

-1 colher de sopa de fermento para bolo -raspas de um limão taiti

-sal a gosto

Para a farofa:

-2 colheres de manteiga ou margarina

-1 colher de azeite

-1 xícara de açúcar

-2 xícaras de trigo -2 colheres(chá) de açucar de baunilha

-1 colher de chá de fermento para bolo

-5 bananas em tiras

Modo de Preparo: Primeiro fazer a farofa: Em um recipiente junto todos os in-gredientes. Com as mãos,misture todos até todos ficarem esfarelafos. Reserve. Massa: Bater tudo ligeiramente na batedeira até a massa ficar consistente. Untar a forma. Colocar a massa. Feito isso cortar 5 bananas em pe-quenas tiras e colocar sobre da massa. Por fim, colocar a farofa. Pré aquecer o forno por 10 min a 180 graus. Levar a cuca ao forno pré aquecido e assar por, me média, 40 min, sen-do 30 min a 220 graus e mais 10 min. a 180 graus. Tirar do forno, deixar esfriar e servir junto com um café fresquinho! Compartilhe este doce momento, junto de um cafezinho ou chá, com sua família e amigos! Cuca é um doce, de origem alemã e o nome vem de kuchen, que signifi-ca bolo. A cuca é feita à base de massa de pão, é muito apreciada e consumida na região sul do Brasil.

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Motivo

Cecília Meireles

Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta.

Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias no vento.

Se desmorono ou se edifico,

se permaneço ou me desfaço, - não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo. Tem sangue eterno a asa ritmada.

E um dia sei que estarei

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Valdeck Almeida de Jesus é um mecenas incansável da literatura brasi-leira. Sua última produção é o livro "Antologia do Amor", com vinte e dois poetas, que será lançado na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, em agosto de 2010. O amor é uma condição do espírito que se abre à entrega e doação de si mesmo e de suas virtudes, no desejo de fazer ou de contribuir com a felicidade da pessoa amada. Ao longo dos séculos o ser humano vem buscando o encontro com alguém com quem possa dividir suas emo-ções, realizações e suas dificuldades. Como se vê, é uma "via de mão dupla", onde se procura a reciprocidade de gestos e posturas e onde as pessoas envolvidas se alegram com o contato, a amizade e/ou a relação amorosa.

Ivonete Almeida de Jesus

MAU DESPERTAR

Ferreira Gullar

Saio do sono como de uma batalha

travada em lugar algum

Não sei na madrugada

se estou ferido se o corpo tenho

riscado de hematomas

Zonzo lavo na pia

os olhos donde ainda escorre

uns restos de treva.

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O 5o. Concurso Internacional de Minicontos e Poesia ME comemora o vigésimo ano (2009) de existência do mural poético Mulheres Emergentes, o sensual em cartaz . Idealizado pela escritora Tânia Diniz, e agora editado por ela e a escritora Ana Carol Diniz, em Belo Horizonte - MG - Brasil, é uma publicação trimestral, em formato de poster, que enfatiza o feminino e o sensual nas artes. Circula no país e exterior. Regulamento : Para homens e mulheres 1. Trabalhos inéditos recebidos em português ou espanhol. 2. a. Máximo de 03 minicontos e/ou 03 poemas inéditos, com máximo de uma lauda (26/28 linhas), digitados ou datilografados em papel ofício, espaço dois, em 01 (uma) via, sob pseudônimo, além de enviados para o email: [email protected] m b.Dados pessoais (nome, endereço, e-mail, telefax, profissão, RG, pequena biogra-fia, etc.) em envelope lacrado, externo, apenas pseudônimo e nome da obra, e em outro e-mail em anexo. 3. Tema livre. 4. Inscrições abertas de 11 de janeiro a 31 de março de 2010, valendo a data do ca-rimbo postal. Encaminhar para a redação do ME junto com a taxa de inscrição de R$20,00 ou US$10, ou Euros, para estrangeiros. Aceita-se mais de uma obra inscrita por autor desde que sob pseudônimo e taxa diferentes (do mesmo valor).Ou depositados na conta no. 39522-6/Banco do Brasil/ agencia 3032-5, desde que enviada cópia do comprovante do banco.. Redação: R. José Viola, 88 CEP 30411-370 Belo Horizonte- MG -Brasil -Telefax (31) 3332 21 11 5. A premiação constará de três (3) primeiros lugares, que receberão troféu e livros, além da exemplares da publicação em Edição Especial do mural ME com os dez fi-nalistas classificados. 6. A Comissão Julgadora será composta de 3 a 5 membros altamente qualificados e suas decisões são definitivas e irrecorríveis. 7. Os originais não serão devolvidos. A inscrição vale pela aceitação de todos os i-tens deste regulamento e cessão de direitos para eventual publicação. 8. O resultado será anunciado em junho/10, pela imprensa e em e-mails e cartas aos participantes. A data e local de entrega dos prêmios serão determinados na oca-sião. Mulheres Emergenππππes Edições Alternativas

R.José Viola,88-CEP 30411-370 Belo Horizonte -MG- Brasil Telefax 31- 3332 21 11 [email protected] mulheresemergentes.blogspot.com

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VOCAÇÃO PARA UM CIDADÃO ITALIANO

Por Antonio Vendramini Neto

Certa manhã fui até a minha oficina literária com o intuito de escrever alguma coisa sobre o nosso cotidiano, porem, não me ocorreu naquele momento, nenhuma inspira-ção. Desconcentrado, coloquei no aparelho de som um CD de antigas músicas, onde uma delas com o titulo de Lágrimas Napolitanas, falava da partida angustiosa dos imi-grantes Italianos do velho Porto de Nápoles, para terras desconhecidas, buscando um futuro melhor para os seus descendentes. O destino era a América do Sul, mais precisamente o Brasil, onde a princesa Isabel abriu fronteiras para substituir a mão-de-obra escrava, por imigrantes europeus. Em devaneio, lembrei-me que lá estive em uma de minhas viagens, a caminho da Ilha de Capri. Naquela ocasião, en-quanto aguardava a chegada no navio, fiquei “plantado” no cais, imaginando como foi à partida daquelas criaturas, incluindo os meus ancestrais.

Enquanto minha mente divagava, enxergava ao fundo na Baía de Nápoles, o velho vulcão Vesúvio, que expelia um pequeno rolo de fumaça, levando-nos a crer que a qualquer momento, poderia abrir fogo, como na ultima vez em 1944.

A canção entorpecia meus ouvidos, culminando em um trecho que dizia:

E nce ne costa lacreme st’ América Quantas lágrimas nos custa esta

América A nuie napulitane… A nós Napolitanos

Co’nuie ca nce chiagnimmo’o cielo’ e Napule

A nós que choramos o céu de Nápoles

Comme é amaro stu ppane Como é amargo este pão...

Ca a poco a poço Um medo que a pouco a pouco...

Me consuma o core Consome o meu coração

Paura Ca me strue’sta malatía Um medo que parece uma doença

Senza vede cchiu Napule Sem poder ver mais Nápoles

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CONHECENDO:

Antonio Vendramini Neto

Sou aposentado, casado, dois filhos e dois netos. Vivi minha vida profissional intensamente nas áreas de Recursos Humanos e na Gestão da Qualidade, como Auditor do Sistema. Dedico boa parte do meu tempo em escrever minhas memórias, envolvendo os meus antepassados, como também crônicas, con-tos, poemas, poesias e prosas sobre o cotidiano e de viagens rea-lizadas pelo mundo afora. Estou escrevendo um livro sobre a saga de meu avô Italiano em terras Brasileiras, que um dia espero ter-minar e publicar.

Email: [email protected] Site: www.favascontadas.com.br

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Nos próximos dias 23 e 24 de abril, o grupo “Arte em Ação” realizará seu quinto evento na Praça Governador Pedro de Toledo, no centro de Jund-iaí/SP, tendo como título “Praça Viva”, reunindo artistas, produtores, apoiadores e apreciadores de arte. Seguindo a tradição, o Varal Literário marcará presença! E como de costume, também, contamos com sua co-laboração, enviando-nos texto (s) literário (s), podendo ser poesia ou prosa (desde que cada um não ultrapasse uma página). A partir do tema “praça”, como um local de congraçamento, é possível discorrer sobre variados assuntos. Deixamos a criatividade, portanto, a seu critério e pedimos que nos enviem sua contribuição o quanto antes para este e-mail, a fim de que possamos organizar, a tempo, a exposi-ção. Abraço poético, Valquíria Malagoli E-mail: [email protected]

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VOCÊ APOSTA?

Por Fabrício Couto Martins

Se eu procurasse

encontrar uma resposta,

tenho certeza que ela estaria

na direção oposta.

Você aposta?

Foto de Hermin Abramovitch

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CONHECENDO:

Fabrício Couto Martins

Moro em Fronteira, Minas Gerais, onde sempre vivi,escrevo des-de adolescente, e já publiquei alguns poemas numa antologia da editora Scortecci que foi lançada na XVIII bienal internacional do livro de São Paulo, porém minha obra é bem vasta e diversifica-da e inclui poesias, crônicas, contos, textos e até letras para can-ções, a maioria de minha obra ainda não foi publicada.

Mantenho alguns endereços na internet onde coloco quase que diariamente obras de minha autoria, a saber, os dois mais aces-sados são:

http://blogdosblogs.spaceblog.com.br

http://artespontaneaart.blogspot.com

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Ingredientes 1/2kg de mandioca cozida e espremida 100g de carne-seca dessalgada cozida e desfiada 3 ovos 1/2 xícara (chá) de óleo 1 e 3/4 de xícara (chá) de farinha de trigo Sal e pimenta-do-reino a gosto 2 colheres (sopa) de cheiro-verde picado Óleo para fritar Modo de Preparo Em uma tigela, misture a mandioca, a carne, os ovos batidos, o óleo e a farinha. Amasse até obter uma massa consistente. Adicione sal, pimenta, o cheiro-verde e misture. Faça bolinhas com as mãos e fri-te em óleo quente até dourar. Escorra em papel-toalha e sirva. Colaboradores Culinarista: Mariana Maluf Boszczowski Foto: Stela Handa

Receita do site: http://guiadereceitas.uol.com.br/

Carne seca, charque, carne de sol… como se diz mesmo?

Carne-seca: charque feito com bastante sal e ressecado ger. em estu-fa.

Charque: carne bovina cortada em mantas, salgada e seca ao sol ou por processos afins, inclusive com utilização hoje de produtos quími-cos; jabá

Sinônimos da palavra charque: carne de ceará, carne do ceará, carne do sertão, carne do sul, carne-seca, carne-velha, ceará, iabá, jabá, sam-bamba, sumaca.

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Todos os textos publicados no Varal do Brasil receberam a apro-vação dos autores.

É proibida qualquer reprodução dos mesmos sem os devidos créditos autorais, assim o como a citação da fonte.

Se desejar receber quaisquer autorizações para reprodução das obras, por favor entre em contato com o Varal do Brasil por email ou pelos sites para obter os dados dos autores.

Se você é o autor de uma das imagens que encontramos na in-ternet sem créditos, faça-nos sa-ber para que divulguemos o seu talento!

Os textos dos escritores brasileiros e/ou portugueses que aqui estão como convidados es-peciais foram retirados da inter-net.

Para conhecer melhor os autores do VARAL DO BRASIL visite www.coracional.com e www.varaldobrasil.ch

Contatos com o Varal? [email protected]

SER POETA

Florbela Espanca

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens! Morder como

quem beija! É ser mendigo e dar como quem seja

Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor

E não saber sequer que se deseja! É ter cá dentro um astro que flameja,

É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito! Por elmo, as manhãs de oiro e de

cetim... é condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente... É seres alma, e sangue, e vida em

mim E dizê-lo cantando a toda a gente!

Se você não leu os números 0 e 1, peça através do nosso e-mail ou faça download na página do VARAL. É gratuito!

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Foto de Vincent Bourrut

BASEL (BS) E REGIÃO Brasil Club Basilea Promove atividades sociais. Basel, BS E-mail: [email protected] Homepage: http://www.brasil-news.ch CIGA-Brasil Presta informações e aconselhamento nas áreas jurídica, médica, psicológica e social. Promove atividades sócio-culturais. Binningerstr. 19 4103 Bottmingen, BL Tel: 061 423 03 47 Fax: 061 423 03 46 E-mail: [email protected] Homepage: http://www.cigabrasil.ch

Grupo Atitude Foco: problemática da mulher brasileira dentro da sociedade suíça. Presta in-formações sobre as leis suíças e asso-ciações que oferecem ajuda para imi-grantes nas áreas de saúde, direito, educação e emprego. Promove cursos de língua e cultura pa-ra crianças e adultos. Reuniões men-sais: toda a terceira sexta-feira do mês, na Sulgeneckstr. 11 (Igreja Dreifaltigkeit, sala 2), das 19:00 às 21:30. Ponto de informações: quintas-feiras, na Segantinistr. 26a. (Igreja Bruder Klaus), das 17:00 às 20:00. Postfach 225 3000 Bern 21 E-mail: [email protected] ERLINSBACH (AG) Grupo Vivências Grupo de mulheres brasileiras e suíças da região de Aarau e Soloturn. Promove encontros mensais e colabo-ram com entidades do Brasil. Atividades: Troca de experiências; Ajuda e apoio mútuo; Informações sobre temas diversos e atuais; Intercâmbio cultural. Contato: Rossely Belser Aarauerstr 29 5018 Erlinsabch AG Tel.: 062 844 10 52 E-mail: [email protected]

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GENEBRA (GE) Rede Social Espaço de orientação e informação em lín-gua portuguesa. Horários: segundas e terças-feiras das 14:00 às 18:00, sem hora marcada; sába-dos, com hora marcada. Permanência telefônica: quartas e quintas-feiras das 18h00 às 22h00. Contatos: Patrícia França e Darlene Souza Rue du Vieux-Billard 8 1205 Genève GRABS (SG) Brasui (Associação Suíço-Brasileira) Associação de brasileiros que tem por ob-jetivo o apoio mútuo para enfrentar as difi-culdades de viver num país estrangeiro. Contato: Andréa Nigg-Sarmento Unterdorfstr.2 9472 Grabs SG Tel.: 081 771 25 31 E-mail: [email protected] LAUSANNE (VD) Brasis O nome reflete a diversidade do nosso po-vo. Surgiu no 1° Encontro Nacional de Mulhe-res na Suíça, a princípio como coral. De-pois conseguiu-se recursos e iniciaram-se outras atividades. Contato: Mara Nogueira Av. Floréal 16 1006 Lausanne Tel: 021 616 58 67 E-mail: [email protected]

LODANO (TI) ABRACE (Associação Brasileira de Cultura e Educação) Tem como objetivo principal a divulgação da língua e cultura brasileira na Suíça italiana, através de cursos, conferências, seminários e outras atividades. Contato: Solange Winiger 6678 Lodano TI Tel./fax: 091 753 2643 E-mail: [email protected] LUGANO (TI) Clube Brasileiro da Suíça Italiana Promove a integração social dos brasileiros e divulga a cultura brasileira. Contato: Ricardo Schifferle Casela Postale 2383 6901 Lugano Tel.: 076 399 15 00 E-mail: [email protected] LUTHERBACH (BE) CIBRA (Centro de Integração Brasileiro) Promove atividades sócio-culturais. Postfach 4542 Lutherbach, BE Tel.: 032 675 17 88 E-mail: [email protected] Homepage: www.best-solutions.net/cibra/home.html

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Foto de Vincent Bourrut

ST. GALLEN (SG) E REGIÃO Brass (Associação Brasil-Suíça) Formado por brasileiros e alguns suí-ços desde o início de 1995, é bem conhecido na região de St. Gallen. As principais atividades do grupo são: Organizar encontros e eventos; oferecer cursos de português para crianças; orientar as brasileiras recém-chegadas. Rosengarten 9053 Teufen, AR Tel: 071 330 07 27 Fax: 071 330 07 28 E-mail: [email protected] THAYNGEN (SH) Grupo Brasileiro de Schaffhausen Contato: Iria Sulser Zielhagweg 18 8240 Thayngen Tel/Fax: 052 649 34 83

ZURIQUE (ZH) E REGIÃO FEBA (Fundação Expressões Brasil) Promove o contato entre brasileiros (as) e Su-íços, organizando atividades com as crianças. Contato: Elizabeth Wyler-Alves Albisstrasse 26 8038 Zürich Tel.: 01 482 31 51

GRUPO AÇÃO Promove encontros, palestras e debates. Encontros: toda a terceira quinta-feira do mês, na Limmatalstr. 146 (Igreja Heilige Geist), a partir das 18 horas. Friedbergstrasse 23 8512 - Thundorf Contatos: 052 366 38 58 (Maria Janota) E-mail: [email protected] Homepage: http://www.grupoacao.ch

Fonte: CIGA-BRASIL Especiais agradecimentos à Irene.

Fonte: http://www.cigabrasil.ch

Envie os dados de sua associação e ela estará aqui no próximo número!

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• WALNÉLIA CORRÊA PEDERNEIRAS

• VICENTE DE PÉRCIA

• VARENKA DE FÁTIMA

• VALQUIRIA GESQUI MALAGOLI

• VALDECK ALMEIDA DE JESUS

• TINO PORTES

• TETÊ CRISPIM

• SUSANA MARTINS

• SANDRA HELENA QUEIRÓZ SILVA

• RITA MEDEIROS

• RENATA IACOVINO

• OSWALDO ANTÔNIO BEGIATO

• NELSON DIAS COSTA

• MATHEUS PAZ

• MARÍLIA KOSBY

• MARCELLO RIBEIRO

• MALU FREITAS

• LY SABAS

• LUIZ OTÁVIO OLIANI

• LARIEL FROTA

• JU VIRGINIANA

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• JOSÉ VALDIR DE OLIVEIRA

• JOSÉ ALBERTO DE SOUZA

• JAQUELINE CAMPOS

• JANIA SOUZA

• JACQUELINE AISENMAN

• JACI SANTANA

• INFETO

• GILBERTO NOGUEIRA OLIVEIRA

• FABRÍCIO COUTO MARTINS

• DÚLCIO ULYSSÉA JÚNIOR

• DIMYTHRIUS

• CRISTIANE STANKOVIK

• CLARICE VILLAC

• CHAJAFREITASFINKELSZTAIN

• CASINHO

• ANTONIO VENDRAMINI NETO

• ANNA BACK

• ANA LUCAS

• ABÍLIO PACHECO

O Varal do Brasil agradece a todos os autores pela participação neste número 2.

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