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Revista Varal do Brasil de janeiro de 2014.
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ISSN 1664-5243
Ano 5 - Janeiro de 2014—Edição no. 27
Corsier, 2012
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LITERÁRIO, SEM FRESCURAS
Genebra, inverno de 2014
Edição no. 27 - Janeiro de 2014
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ISSN 1664-5243
EXPEDIENTE Revista Literária VARAL DO BRASIL
NO. 27 - Genebra - CH - ISSN 1664-5243
Copyright : Cada autor detém o direito sobre o seu texto. Os direitos da revista pertencem a Jacqueline Aisenman.
O VARAL DO BRASIL é promovido, organizado e realizado por Jacqueline Aisenman
Site do VARAL: www.varaldobrasil.com
Blog do Varal: www.varaldobrasil.blogspot.com
Textos: Vários Autores
Ilustrações: Vários Autores
Foto capa: © Anna Omelchenko - Fotolia
Foto contracapa: © phloxii - Fotolia
Muitas imagens encontramos na internet sem ter o nome do autor citado. Se for uma foto ou um desenho seu, envie um e-mail aqui para a gente e teremos o maior prazer em divulgar o seu ta-lento. Agradecemos sua compreensão.
Revisão parcial de cada autor
Revisão geral VARAL DO BRASIL
Composição e diagramação:
Jacqueline Aisenman
A distribuição ecológica, por e-mail, é gratuita. A revista está gratuitamente para download em seus site e blog.
Informações sobre o 28o Salão Internacional do Livro e da Imprensa de Genebra e sobre o stand do VARAL DOBRASIL:
PARITICIPE DAS PRÓXIMAS EDIÇÕES:
• Até 25 de JANEIRO você pode enviar textos para nossa edição de março que trará o tema INFINITA MULHER e onde falaremos da mulher em todos os seus significados e expressões.
• As inscrições podem ser encerra-das antes se um número ideal de participantes for atingido.
BLOG DO VARAL
Você pode contribuir com arti-
gos, crônicas, contos, poemas,
versos, enfim!, você pode escre-
ver para nosso blog. Também
pode enviar convites, divulgação
de seus livros, pinturas, fotogra-
fias, desenhos, esculturas. Pode
divulgar seus eventos, concur-
sos e muito mais. No nosso
blog, como em tudo no Varal, a
cultura não tem frescuras!
(www.varaldobrasil.blogspot.co
m) Toda contribuição é feita e
divulgada de forma gratuita e
deve ser enviada para o e-mail
A revista VARAL DO BRASIL circula no
Brasil do Amazonas ao Rio Grande do
Sul...
Também leva seus autores através dos
cinco continentes.
Quer divulgação melhor?
Venha fazer parte do
VARAL DO BRASIL
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*Toda participação é gratuita
Salão do Livro de Genebra, 2013
Quando iniciamos um novo ano, junto com ele praticamente reiniciamos nossas vidas. Como se um sinal nos fosse dado pelo universo de que é possível recomeçar, apagar erros e pro-blemas e seguir adiante com força renovada e novos propósitos.
Cremos, mais do que nunca, que o universo nos dará a energia necessária do recomeço e deste recomeço faremos uma nova vida.
Assim, cada ano que chega traz em si as es-peranças de milhares de seres que, juntos, unem-se mesmo sem querer, numa oração infinita de amor e esperança!
Agradecemos o ano de 2013 que para nós foi um ano de muito sucesso e reconhecimento.
Realizamos várias edições de nossa revista e temos, com ela, alcançado cada vez mais pes-soas e indo a lugares nunca imaginados. Esta-mos percorrendo caminhos novos e antigos com a mesma alegria, a alegria de divulgar nossa literatura.
Realizamos com brio nosso primeiro Prêmio Varal do Brasil de Literatura e iniciamos as ins-crições para o II Prêmio que terá seus vence-dores divulgados em 2014. Este ano, além de contos, crônicas e poemas, teremos também textos infantis.
Os lançamentos do Varal Antológico 3 foram um sucesso. Lançamos em Genebra e em Flo-rianópolis cercados de amigos. Foram momen-tos muito especiais que não serão esquecidos. E para o próximo ano já temos a lista de auto-res de nosso novo livro, Varal Antológico 4, o qual conta, além de escritores brasileiros resi-dentes no Brasil e no exterior, com autores de Portugal e de Angola.
Nossa participação no 27o Salão Internacional
do Livro e da Imprensa de 2013 foi coroada de grande sucesso. Com certeza, deste evento organizado pelo Varal do Brasil, nasceram muitos frutos que se espalharam pela Europa e pelo Brasil, abrindo oportunidades antes im-pensadas para os escritores participantes.
Por isto, para 2014 viremos ainda maiores, ainda mais empreendedores, com mais garra e força: traremos cinquenta metros quadrados de muita emoção no Salão do Livro!
Pela primeira vez grandes nomes da literatura brasileira estarão em Genebra, em nosso es-tande, lado a lado com os valores de nossa nova literatura: Alice Ruiz, Luiz Ruffato e Cín-tia Moscovich nos darão o imenso prazer de suas presenças durante o 28o Salão do Livro e da Imprensa de Genebra. Teremos também artes plásticas, artesanato, música, divulgação de cidades brasileiras e, claro!, muita literatu-ra!
Em 2014 pretendemos continuar nosso cami-nho com você, leitor! E com você escritor!
Por isto agradecemos a confiança e o carinho com o qual somos sempre recebidos.
Agradecemos cada participação!
Você que escreve, você que nos lê, é a faísca de vida que anima o Varal do Brasil!
Obrigada!
Feliz Ano Novo, venha 2014 pleno de saúde, alegrias e muito sucesso!
Jacqueline Aisenman Editora-Chefe Varal do Brasil
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• ALICE LUCONI NASSIF
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• YARA DARIN
SOB A FACE OK
Por Basilina Divina Pereira
Tu és o que pensas e não o que aparentas.
Guarda o delírio que te persegue
e na voragem da tua alma que vaga,
planta tua busca no veio da intuição.
Dela poderás colher o abismo ou a alvorada.
No abismo, verás o medo e a tua própria face,
aquela que se esconde do espelho.
No alvorecer, que desafia a esfera do homem,
verás o reflexo da luz,
os perigos do horizonte,
mas chegarás ao outro lado
onde a tua imagem não mais te negará.
E quando renasceres sobre teu próprio passo
serás a centelha
e a essência do que és e não vês.
DO LIVRO...
Por Gaiô São tantos empilhados, disputando momento esperado. Tomado nos braços o escolhido, em doce deleite ser sorvido o livro, na liquidez das horas, silenciosas... Sussurrantes palavras deglutidas, amorosas, murmura a alma em cada célula faminta de sonho e fantasia, realidade em saídas. Imaginação debruçada no coração derrama, em sensível espairecer, o conhecer. ...Sopram vozes interiores... se espalham em vapor musical volatizando o ser no imortal, impregnando a matéria, o viver. Semeadura germina reinvenção... Saber... Arte by Sergio Niculitcheff.
Soneto de amor
Por Welber Rocha
Juro a minha eterna e lídima amada
Aproveitar a cada momento, apenas com sua presença
De tanto amor assim, meu coração não guarda
Pois ele espera com angústia a sua sentença.
Mesmo com sua indecisão, mantenho meu coração em chama
Tendo meu sangue como combustível; minha alma inflama
Sentindo, por ti, muito amor e brandura
Em um passeio primaveril apagará minha amargura.
Temo, por debaixo de um conjunto de arvoredos
Não contemplar seu semblante e sua imagem
Cautelosamente guardarei todos os seus segredos.
Por prudência não direi que meu amor será eterno
Creio que falar em eternidade é aludir a uma miragem;
Mas enquanto ele durar sempre será blandícia e terno.
O HOMEM CAÇADOR DE AVENTURAS
Por Antonio Laurentino Sobrinho Certa vez um homem chamado Clarindo o caçador de aventuras resolveu sair pelo mundo em busca de umas aventuras diferentes de todas que já tinha par-ticipado antes. Ele percorreu por vários países até chegar ao Brasil, partindo da sua terra natal. Em sua incansável busca até chegar ao Estado do Ceará, mais precisamente em Assaré, quando foi informado que em Quixamubim tinha um lobisomem assom-brando a população daquele lugar. então foi para aquele lugar imediatamente a procura do mes-mo, Uma das características mais marcantes são as de formações monolíticas nas mais diversos for-mas. Sr Clarindo ficou encantado com os monolíti-cos, então resolveu ficar alguns dias naquele lugar diferente de tudo que já tinha visto antes. Era tudo lindo e magistral, ele estava muito contente em co-nhecer aquele lugar belíssimo. Então resolveu logo armar sua barraca para dormir, deixou tudo pronto e foi para cidade de Quixamubim fazer algumas com-pras, foi quando encontrou uma mulher querendo matar uma galinha cinzenta, ela era muito bonita. Quando a galinha viu o homem, olhou firme para ele e começou a chorar, as lagrimas caíram em abun-dância. Sr Clarindo falou! Minha senhora não mate esta galinha ela está chorando, Quanto a senhora quer por ela? Pois eu gostaria de comprá-la. A se-nhora falou: -- vou matar para os meus sete filhos comer, eles estão com fome.Sr Clarindo caçador de aventuras falou: -- Está aqui o dinheiro que dá para a senhora comprar duas galinhas e mais algumas coi-sas. A senhora responde: – O senhor está de brinca-deira comigo? Este dinheiro só pode ser falso. Não acredito em forasteiro. O caçador disse, não, eu não sou um forasteiro, eu moro em Assaré, estou indo pra Quixamubim, meu nome é Sr Clarindo o caçador de aventura, pode conferir o dinheiro senhora: --Tudo bem, não conheço dinheiro, vou perguntar pa-ra alguém, mas se o senhor estiver me enganando, não vai prestar. Esta cidade vai ficar pequena para o senhor. Caçador: -- Está bem minha senhora, pode mandar conferir o dinheiro. Com toda esta confusão a galinha que estava muito cansada adormeceu em meus braços, daí a pouco a mulher retornou toda alegre, com três galinhas, um pacote de arroz, e um de feijão. e ainda lhe sobrou
um pouco de dinheiro. Sr Clarindo,- (o caçador) fa-lou: Eu não falei pra senhora que o dinheiro era bom? Sim senhor, obrigado! O senhor é um Anjo, agora me diga, por que fez isso? O que viu nesta ga-linha de tão especial sr caçador? -- Não gosto de ver ninguém matando animais, especialmente as gali-nhas. Ela tem nome? Como devo chamá-la dona Clotilde? Claro sr, o nome dela é Cotinha. Está bem, mas agora vou seguir minha viagem em para Quixa-mubim.
A Cotinha continuava dormindo, era um sono tão pesado, que o sr Clarindo ficou com dó de acordá-la. Seguiu em frente, já na saída encontrou uma família trabalhando em um roçado de milho e feijão bom dia, bom dia-estou acampado pro alguns dias perti-nho de vocês--que mal lhes pergunte de onde o se-nhor vem? eu venho das banda de Assaré. vem de lar mas já andei muito por esté mundão afora a pro-curando de aventuras,--Eles riram á vontade que tipo de aventura o senhor procura? Lobisomem, mu-la sem cabeça ou vampiros? O menino Luciano perguntou-lhe assustado. O Sr já viu algum Vampi-ro? sim, sim, claro que sim já vi muitos. respondeu o caçador. Aonde na previdência social em Brasília quando o Sr. José Serra era ministro da saúde? En-tão é verdade que eles se alimentam de sangue?--sim mais isto é outra história, vampiros brasileiros gos-tam mesmo é de dólares americano. os Vampiros que gostam de sangue isto era no passado, os do leste Europeu da Transilvânia, o Drácula. esta bem meu jovem? Ora Sr. caçador o senhor esta no um lugar certo, respondeu o pai do menino... Aqui tem um grande açude que tem uma enorme galinha que assusta os pescadores que sempre aparece pa-ra eles em noites de lua clara--o senhor já viu? cre-do em cruz. Não mas muita gente já viu. Como o senhor se chama? Meu nome é Manoel. Somos da família dos Dantas e este é meu filho Luciano. So-mos de uma família tradicional dos lados de Caja-zeiras na Paraíba. cheguei aqui ainda menino, meu pai já falecido chamava-se José Domingos Dantas.- muito bem sr, e o seu filho está estudando? sim, quando crescer quer ir para São Paulo --está bem foi um grande prazer, como faço pra chegar à este lugar? e só segui este riacho pedregoso, lar na frente encontra o açude do cedro pode armar a barraca (porem tome cuidado com o tal de Antonio chico)--
(Segue)
Eu prometo que voltarei aqui para desvendar o mis-tério deste lobisomem, nem que tenha que cravar uma bala de prata vigem em seu peito, mais isto é outra história ,obrigado sai dali correndo fui a Quixaramubim onde a barraca já estava armada. Chegando, arrumei tudo rapidinho peguei a Cotinha é a barraca e partimos pra Quixa-dá encontramos um bom lugar montamos a barraca debaixo de um bonito pé de juazeiro todo florido, com suas belas e minúsculas flores branquinhas, co-mo é sua característica daquele lugar, está super per-fumado. Cotinha vamos passar alguns dias aqui! Ela balançou a cabeça em um gesto afirmativo, parecia que estava entendendo tudo, parecia até uma pessoa! Armou a barraca próxima ao tronco do juazeiro, foi para uma nascente de águas cristalinas, tome um banho, aproveitei para trazer água fresca pra cotinha e deu-lhe comida. Prepare um jantarzinho básico. -- Agora já jantamos vamos contemplar a lua e daqui a pouquinho vamos dormir, Cotinha balançou a cabeça afirmando. O senhor Clarindo ficou intrigado com a atitude da galinha. A Cotinha já tinha feito aquilo várias vezes, já era 22,horas é trinta minutos . --Vamos dormir Cotinha? – Ela balançou a cabeça afirmando que sim, olhou pra mim, foi pra um canto da barraca e dormiu. Eu estava muito cansado, não demorei muito, dormi também um sono profundo, era o sono quase dos justos, afinal de contas tinha salvado a vida de uma galinha falante especial, a Cotinha. Quando acordei, o sol já estava alto. -- Bom dia, querida Cotinha tudo bem? – Sim, dormi como uma pedra, aliás, pedra era o que não faltava naquele lugar exótico, -- Que horas são Cotinha? -- Meu amor, já são nove horas. – Nossa! nove horas! Já fiz um cafezinho delicioso e cuscuz, venha tomar café senhor Clarindo, antes que esfrie. Eu não tinha me dado conta que a Cotinha estava falando comigo. -- Cotinha você está falando? Eu fiquei perplexo. -- Minha querida você fala? – Sim, sempre falei. -- On-tem quando a senhora queria te matar você não fa-lou? -- É porque eu sei os segredos dela, ela tem sete filhos, mas só dois é filho do marido dela, os outros cinco são filhos de um compadre, por isso ela contou toda aquela história fantasiosa. Se eu tivesse falado, o senhor não tinha me salvado. Quem ia querer sair por aí com uma galinha falante? -- Eu fiquei muito contente, mas ao mesmo tempo pensando como seria sair andado com uma galinha falante? Seria motivo de muitas curiosidades no sertão cearense?
Tomamos o café e continuamos conversando como
duas pessoas normais, os passarinhos estavam todos cantando, era um momento mágico em minha vida de caçador de aventuras. Aqueles sete dias foram mágicos, durante o dia ficávamos pescando a noite, conversamos um pouco, depois dormimos. Assim, se passaram sete dias, na sexta-feira o dia estava dife-rente, fui ao riacho tomar um banho em suas Águas límpidas, depois voltei para o acampamento. Aquele dia estava tudo diferente, o sol estava com um brilho diferente, raios dourados, o vento sopran-do de norte a sul, era um cenário magistral, único, belíssimo, lindo e inesquecível. Quando de repente o tempo começou a mudar, o vento ficou intenso, os pássaros pararam de cantar, o sol se escondeu, as nuvens escureceram, de repente uma chuva torrenci-al, parecia um dilúvio. O vento ímpeto oso, cruel, assombrador, desesperador, A Cotinha que er uma galinha centrada, calma, começa ficar desesperada : -- Não se preocupe, não vai acontecer nada com o senhor. Tudo isso é porque eu contei o segredo para o senhor. -- Por que você me contou seu segredo? -- Ah! O senhor salvou minha vida, eu não tinha outro jeito de agradecer o que fez. Por isso eu quis contar tudo sobre meu segredo. -- Agora o que vai aconte-cer com você? -- Agora eu serei transformada em uma enorme galinha de pedra cinzenta, É começou a crescer crescer crescer,--EU ficarei petrificada para sempre neste monte. Este será o preço que terei que pagar pela quebra desse segredo. O vento arremes-sar a Cotinha de morro acima sem piedade, em um piscar de olhos a cotinha foi parar em cima do mor-ro -- Não Cotinha, não tem nada que eu possa fazer pra te ajudar? -- Não meu amor, o senhor não pode fazer mais nada. Muito obrigada por estes sete dias, que passamos juntos, foram eternos, pois significou muito para mim. Eu me transformarei em um polo turístico desta região do sertão Cearense. De qual-quer maneira serei famosa entre estes povos sofredo-res deste sertão sofrido, mas já está na minha hora. A conversa está tão agradável, mas não há mais tempo, tenho que partir. Estas foram as ultimas palavras da Cotinha, , o sol sumiu, era só trovão e relâmpago, de repente a terra tremeu, meu coração disparou, a chuva continuava intensa, as águas continuavam subindo rapidamente. Eu pensava que ia morrer, chegou uma hora que eu não vi mais nada, desmaiei, fui transformado em uma estátua de gelo durante sete dias, depois quando acordei olhei para o morro e lá estava a Cotinha no
(Segue)
no topo do morro, eu não aguente ver minha amiga cotinha petrificada ,desmaiei novamente fique desacor-dado durante sete dias, quando acordei olhei para o lado direito, e percebi que havia uma enorme pedra cin-zenta em forma de uma galinha choca, então gritei: -- É você Cotinha?! Aquela em enorme pedra balançou a grande cabeça afirmativamente.-- Eu Cotinha era você que nadava no açude as nas noites de sextas-feiras assustando os pescadores não?--sim era EU mesma--EU não tive dúvida que era mesmo a Cotinha, contem-plando a A majestosa Baía do açude do cedro, eu fiquei mais sete dias contemplando a beleza daquela pe-dra em forma de galinha, depois de sete dias embarquei em uma maria-fumaça rumo à Fortaleza. Quem quiser conhecer a Cotinha, ela está em Queixado no estado do Ceará. Um belo lugar para quem gos-ta de aventuras é escalada em montanhas.
Luto é...
Mostramos nossa visão
sobre o luto após a morte
com versos do coração
que já sofreu esse corte.
União Brasileira de Trovadores - UBT
Seção empossada em 14 de agosto de 2007
Bragança Paulista SP 2013
Um segundo de humanidade
Por Dilma Schmitz Leite
Um dia eu simplesmente não me sentia, como se pairasse na tênue linha entre a realidade e a loucura, não capaz de decidir o lado que de-veria tomar, ininteligível para mim, estado mór-bido e negro como a noite solitária de um inver-no rigoroso, mas fazia sol lá fora e através das vidraças eu via a felicidade nos olhos das ou-tras pessoas, eu fechada na minha escuridão só vislumbrava a vida que eu não tinha, mas que a desejava, a vida simplesmente esvaiu-se de mim, apenas o contorno do meu corpo me fazia ainda humana; sim, para quem me olhas-se eu era uma pessoa com tristezas e alegrias como todas as outras, eu sabia que há muito a penumbra foi tomando formas mais escuras, a alegria já não existia e a tristeza por sua vez também não, deixei de sentir todas as sensa-ções humanas, passei a me identificar com as coisas não com os seres, a penteadeira e seus três espelhos refletiam minha imagem triplicada por nada, eu era o nada, ela própria se espe-lhava mais humana e vivaz e guardava com ela todas as minhas imagens de quando ainda existia, mesmo que fossem apenas reflexos de reflexos de instantes vividos por mim, apesar disso eram mais próximos da essência da mi-nha existência e ainda mais ela guardava em suas três gavetas todas as sutilezas clandesti-nas que eu sentira, abri uma para ver se podia senti-las, insuportável sentimento de perda, eu
desaparecera ainda estando presente, seus adornos também continham segredos revela-dos em sussurros, eu sabia que estavam lá, não os podia mais ouvir, eu evaporei, queria ter os mesmos quatro pés fincados no chão a apoiar a minha estrutura assim como esse mó-vel, ele está presente e ostenta toda a sua im-ponência diante da vida, viro os espelhos late-rais para dentro para ver se juntando as três imagens de mim eu me vejo, só um esboço mal elaborado com um lápis preto vislumbra de for-ma bastante embaçada uma caricatura do que já fui, irreconhecível para mim e para a pentea-deira, até a banqueta de assento de veludo ver-melho estranhou meu corpo, ela não sentiu meu peso porque não existo, porque não peso, não gravito, mais uma vez espio sorrateiramen-te a vida lá fora, as crianças têm uma peculiari-dade que são só delas, achar alegria nas pe-quenas belezas e nas coisas que já não repa-ramos, a simplicidade de como vivem intensa-mente cada momento é invejável, qualquer tri-vialidade parece um motivo para sorrir e a vida explode nelas sem grandes motivos, o brilho em seus olhos dizem mais do que todas as pa-lavras reunidas poderiam exprimir, viro de novo para a penteadeira e ela disfarçadamente ri de mim porque sabe que sua existência é mais preciosa do que a minha, invejo-a, ela não tem que lutar com as frustrações que eu carrego, apesar do sol faz frio, só que eu não sei se é externo, eu me remexo toda diante da minha indignação, os sulcos no meu rosto já não têm sentido, eles já não contêm as nódoas deixa-das pelos sofrimentos e felicidades sentidos, eles estão ocos e desprovidos de razões, os espelhos teimam em tentar esboçar alguma imagem, mas eles não podem realizar o im-possível, não há o que ser capturado, talvez nas gavetas por estarem cerradas, ainda so-breviva algum sopro de minha vida, não, não falo das gavetas da penteadeira, mas as da al-ma, tento desencravar alguma sensação, al-gum sentimento de dentro delas, mas é em vão, tão certo quanto a incerteza de todas as coisas, não encontro nada, se meu corpo físico desaparecesse eu me sentiria aliviada.
(Segue)
Tento uma das gavetas da penteadeira, quem sabe nessa eu consiga, lentamente vou puxando,
uma pequena luz metálica e gelada chama minha atenção um tanto quanto desatenta pela de-
sesperança, um crucifixo de prata com pedrinhas brilhosas, acho que brilhantes, que pertencera
a minha mãe, por um instante a doce lembrança dela me trouxe um pouco de sentimento, mas
tão fugidio que sequer o pude sentir de fato, aperto-o com força entre os dedos, quero capturar
outra vez aquele micro segundo de humanidade, já não posso mais, a fugacidade é a minha ar-
ma mais poderosa tanto para os outros quanto para mim mesma, por um lado boa porque não
me permite cair em profundo desespero; por outro, maldosa e sádica porque simplesmente me
mata ainda viva, coloco o crucifixo de onde nunca deveria ter tirado e fecho a gaveta para sem-
pre, a gaveta da penteadeira e a da alma também. Novamente estamos nos olhando, a pentea-
deira e eu, cada uma com suas dúvidas, tento desnudar meu ser de todas as mazelas e me tor-
nar humana, é inútil, ela venceu, tanta humanidade me fez mal, então pego uma colcha preta e
a cubro para que não mais me venha convidar a me encontrar, olho para trás e a vejo encolhida
no canto, ouço seu pranto, viro as costas e saio, tanta sentimentalidade me enoja.
Brasil de Todos
És meu chão, dourado de amor que me aquece e engrandece
com sonhos e muita ação.
Abraças meu corpo com sol e estrelas e deita-me na areia com coqueiros sob esteiras
e faz-me navegar em águas mornas e cidades históri-cas
livros do meu saber e consciência de amor.
És grande, enorme, varonil mestiço em sangue, cor, coração
lutas por liberdade e igualdade desde o início dos tempos
quando teu povo corria pelado e desconhecia a fúria e ganância do branco.
Sobrevivestes a todo e qualquer ato cruel e esperas que tua nação acorde realmente
para lutar dignamente com a espada da palavra e reconstruir o progresso com a união que a tudo
precede.
És meu Brasil, meu país, minha nação meu berço, minha casa, meu torrão
quero-te completo, por inteiro com mulatos, negros, mestiços, brancos, amarelos
colorido como o teu pavilhão amarelo, verde, branco, anil
sem violência, sem droga, sem crime celeiro do meu vigoroso e protetor país
sede da minha venturosa nação.
Santuário da Vida
Santuário da vida és dilacerada pelas mãos do homem
homens dependentes do teu chão da tua água, da tua flora, do teu aconchego.
És do Universo, as vestes de Maria
em vários tons de azuis coroa de sua luta por amor a Jesus.
És a morada da vida
sacrário da Luz Divina tecida com amor
em beleza e formosura.
Relicário de aves, orcas, pandas tamanduás, formigas e do bicho homem
alimentas com tuas raízes toda a raça humana.
Mereces amor, carinho, preservação
de crianças, jovens, adultos e da sabedoria dos anciãos.
Conhecer-te, é necessário
para te amar e conservar-te tesouro maior da humanidade
Por Jania Souza
O AMOR E O INVERNO...
Por Marly Rondan
Podemos dizer que o INVERNO é a Estação que mais aju-da os enamorados. O frio estimula o aconchego, ficar mais tempo em casa, assistir um filme, ouvir música
e namorar, juntinho, abraçadinho.
Podemos dizer que o amor é o sentimento de maior valor neste nosso caminhar, mas as emoções são mais numerosas e interferem no nosso comportamento o tempo todo.
É raro uma pessoa, que está amando alguém, não ter ciúmes, medo de perder, medo
de que algo ruim aconteça ao outro, não é muito comum, mas pode ter inveja das qualidades do outro e uma quantidade de emoções que vai interferir no relacionamento.
Seria ideal que pudéssemos amar incondicionalmente, amar pelo prazer de amar, sem esperar nada da outra pessoa, sem cobranças...O amor faz bem somente àquele que ama, quem é amado, se não for recíproco, será um aborrecimento.
O amor faz suas células se renovarem de maneira acelerada, sua saúde melhora, sua pele rejuvenesce, seus olhos têm um brilho especial, sua alegria de viver aumenta, MÁS as emoções; ciúmes, medos, inve-ja, preocupação, que acompanham os amantes, desfazem esses benefícios do amor, e o relacionamento que deveria ser só alegria, passa a ser um sofrimento.
Amar é preciso, mas aprenda a amar incondicionalmente, em benefício próprio. Não coloque sua felici-dade, sua alegria nas mãos da outra pessoa. Amar alguém já é um privilégio, se a outra pessoa retribuir o seu amor, é mágico! Não estrague essa experiência com emoções negativas, viva seu amor com alegria, especialmente no INVERNO!
Xixi de gato
Por Júlia Rego
Senti um cheiro estranho, porém não fiz ne-nhum comentário. Sou muito observadora, mas, ao mesmo tempo, muito reservada. Aliás, acho que uma coisa está relacionada à outra, não sei o que influencia o quê. Encontramo-nos para irmos, juntas, ao traba-lho. Enquanto esperávamos o ônibus que nos levaria à Escola, conversávamos sobre as in-quietações profissionais que, há muito, vem nos angustiando. Quando, finalmente, a condução chegou, entra-mos e nos acomodamos em um banco próximo ao cobrador. Continuamos a conversar, ela, muito exaltada, expondo suas preocupações e refletindo sobre as expectativas criadas em tor-no da profissão e tal e coisa e coisa e tal. Eu quase não prestava atenção ao que ela fala-va, pois o cheiro forte que eu estava sentindo vinha, justamente, da direção dela e me atingia de tal forma, que eu já começava a ter confu-são mental. O vento que entrava pela janela arrastava aquele aroma para minhas narinas, deixando-me inebriada, não de prazer, mas de náusea, tal era o incômodo que me causava. A minha amiga estava com a corda toda naque-le dia, falava pelos cotovelos, como a querer me fazer desviar a atenção de algo que ela mesma não estava suportando. De repente, não aguentando mais, perguntou-me se eu estava sentindo um cheiro estranho. Eu tentei fazer cara de paisagem, mas diante da insistência dela, deixei minha habitual discri-ção e respondi que estava, sim, sentindo um cheirinho diferente. Um perfume novo, talvez tenha exagerado na dose, quem sabe... Ela cheira daqui, cheira dali, como a buscar o que ela, de fato, já desconfiava. Enfim, diz “é minha blusa”! A essa altura, eu já estava pedindo a Deus o milagre de encurtar o trajeto até o trabalho, an-tes que eu desse com os burros n’água ali mes-mo.
Percebi que minha companheira continuava a se cheirar, tentando confirmar suas suspeitas e justificar, para mim, o motivo de estar exalando aquele perfuminho barato. Eu disse perfuminho barato? Pois, sim! Fiapo! Foi ele! Fez xixi na minha blusa! Gato desgraçado! Naquele momento, fiquei pasma com a desco-berta do real motivo daquele cheiro, não menos desgraçado, e, muda estava, muda fiquei, até que ela tomou uma decisão. Vou tirar a blusa agora! Não posso ir à sala de aula impregnada desse cheiro. Resolução tomada, foi para o fundo do ônibus que, por acaso, estava vazio e, lá, se despiu, voltando toda serelepe com a aprova do crime nas mãos. Sorte é que estava com outra blusa por baixo daquela maldita. E agora, perguntou ela, o que faço com isso? Não jogue pela janela, gritei eu, numa postura politicamente correta, quando, na verdade, o que eu gostaria de dizer, mesmo, era que des-se sumiço naquela coisa mal cheirosa ali mes-mo. Guardou-a num saco, esperando um local apropriado. Seguimos viagem, mas quem disse que o chei-ro tinha passado? Alias, tinha passado, sim, para a outra blusa! E, o pior, é que não tinha mais como dispensar essa, foi a única peça que sobrou na parte de cima. Nesse momento, ela já estava constrangida, e eu também, só de pensar em qual seria a rea-ção dos alunos diante da proximidade física que, certamente, teria que enfrentar. (Segue)
O cheiro não passava, antes, piorava, já misturada ao suor que transbordava com o calor e o nervosismo da minha amiga. Numa atitude solidária, ofereci-lhe o frasco de perfume que carre-go na bolsa para eventuais necessidades. Acho que não foi uma boa ideia... Entramos na escola, cada uma tomou o rumo da respectiva sala de aula e não tive mais conhe-cimento do estrago que tão forte odor poderia estar provocando nos recintos educacionais. Quando, mais tarde, nos encontramos nos corredores, achei por bem ficar calada, mas estava ansiosa para saber o que tinha acontecido no período em que ficamos separadas. Vi minha amiga caminhando em minha direção, contorcendo-se de tanto rir e, mesmo sem ima-ginar o que tinha ocorrido, comecei a rir também. Quanto mais ela ria, mas eu ria também, num transe biliteral envolvido em mistério. Quando, finalmente, conseguiu s recuperar, respirou fundo e disse: - Descobri a fórmula do Carolina Herrera! Eu, entendendo menos ainda, e já farta de lembrar-me de aromas, odores, perfumes e afins, pe-di-lhe que me contasse logo o que tinha acontecido. Entre pausas para gargalhadas, soube que uma aluna dela, não só elogiou o cheiro que dela exalava como perguntou, ainda, se se tratava do famoso perfume. Mais, muito convicta, ela res-pondeu, sim, era o tal! Estupefata com o que acabara de ouvir, calei-me por uns breves segundos para, em seguida, olhando-nos olhos nos olhos, explodirmos em gargalhadas. E assim ficamos até chorarmos de tanto rir. Pois é, quem haveria de dizer que minha amiga, não só sairia ilesa do constrangimento a que estaria exposta, como foi elogiada por estar usando um perfume de notas tão exóticas. Já era noite quando fomos para casa juntas e cansadas. Agora o cheiro do perfume já estava quase se dissipando, mas também que importava, afinal estávamos felizes por termos desco-berto a fórmula do xixi de gato, ou melhor, de um perfume de griffe.
SAUDADES DE UM RIO DE SONHOS
Por Lange Pinheiro
Rio de Janeiro, 1978. Pelos campinhos da bai-
xada lá ia o menino travesso, moleque suado
com a camisa rasgada e o short do lado aves-
so. A bola comprada com as vendas de
“sacolé” estava sempre debaixo do braço, só
pra ver se os meninos da pelada o deixavam
jogar e quem sabe marcar um golaço. Ele con-
tava seus gols pelos campos de terra batida.
22 até então contra 215 do Digão. Era goleada,
mas ele não ligava. Sabia que o pior estava em
casa, a truculência de um pai radical que acha-
va que futebol era coisa de marginal.
Pai mineiro, que foi para o Rio de Janeiro na
tentativa de enricar. É, só enricou seis filhos
cariocas e bateu com a cara na porta de tudo
quanto é lugar. Pai que amava seus filhos co-
mo tanta força que, por medo, lhes privava a
liberdade. Que achava que diversão e esporte
eram riscos e futilidades. Mas a sua mãe, por
sorte, assim não pensava. Esperava o marido
sair, colocava um ki-suco na bolsa e os seis
filhos num ônibus rumo à primeira praia.
Já o menino sonhador, que não era culpado de
nada, sentiu tudo na pele. A privação da rua,
das amizades e principalmente da tal pelada.
Em casa ele sempre escondia a bola. Mas toda
vez que nas mãos a pegava, como num conto
de história, a sua vida se encantava. Ah! Bola
amada! Mundo imaginário! Retirando o pobre
cenário onde até a comida lhe faltava, a vonta-
de pela boca saltava e mesmo num pequenino
corpo o menino num grito louco dizia que que-
ria ser um rei. O rei do futebol. Sonhos que se
tornavam reais à medida que o tempo passava.
Pouco talento, diga-se de passagem. Mas a
ânsia da sua vontade o fazia vibrar de felicida-
de a cada golzinho marcado. Gol de peito, de
barriga ou sentado. Não importava a qualidade,
apenas o número de sonhos que eles proporci-
onavam. Mas este não era o seu destino...
E foi num primeiro sinal que algo muito anormal
veio a acontecer. Um amiguinho de jogo mor-
reu no meio de um fogo num lote abandonado
e ninguém soube o porquê.
Uma semana depois outro colega seu caiu num
bueiro aberto e como se fosse um inseto sim-
plesmente desapareceu.
Outro aviso do destino aconteceu num jogo
emocionante, valia um troféu usado e dois litros
de refrigerante. Ele, que era esforçado, correu
mais do que os outros e de tanto que ficou can-
sado caiu no meio do campo. Debaixo de um
sol escaldante, ficou ali parado, com os olhos
semifechados e um sorriso meio maroto.
(Segue)
Nada grave ele teve, a não ser uma estranha visão: uma enorme bola falante que dizia para
aquele menino que futebol não era seu destino. Seria até motivo de graça se ele não tivesse fica-
do um mês inteiro em casa, triste e calado, sem falar uma palavra. Ele, que queria conquistar o
mundo, viu tudo desabar. A pelada por um tempo cessou e ele apenas estudou sem de nada re-
clamar.
Mas seu sonho era maior do que tudo e assim como ele veio ao mundo num belo dia ele também
renasceu pra jogar. Novamente driblou, sorriu e se encantou e com a bola nos pés voltou a mar-
car. Como o mundo não é perfeito, ali estava seu defeito: acreditar apenas na sua vontade e não
no que a vida lhe apontava como a mais pura verdade. Sonho novamente encerrado aos 13
anos de idade, quando o pai voltou pra Minas Gerais e o futebol ele não jogou mais.
Hoje o menino está aqui. Um carioca que não joga bola, não tem uma nega chamada Tereza,
mas torce pro Flamengo, com certeza. E agora só me restam os sonhos de que eu poderia estar
ai, brilhando. Ser um Ronaldinho Gaúcho, um Neymar ou um Fenômeno.
Mas eu sou apenas mais um na multidão. Troco os pés pelas mãos, escrevo letras que queriam
ser bolas, desilusões, lembranças, estórias e histórias. Dos contos de um Rio encantado que
nunca saiu de mim. Contos que agora conto, com início, meio e fim.
ALMA LIMPA
Por Jô Mendonça Alcoforado
Lavei minha vida
Com lágrimas salobras
Limpei a sujeira do caminho
Joguei os cacos quebrados no lixo
Envolvida por anos, deixei fluir a dor.
Cortes e cicatrizes no coração
Desesperada por algo roubado
Tirado abruptamente de mim
Senti o peso do vazio
E ao mesmo tempo, alívio!
A dor me fazia sorrir
Chorava de amor.
CULTíssimo
Por @n[ Ros_nrot
Como primeiro tema do ano resolvi esco-lher um filme que nos transporta literalmente a um mundo de magia e ocultismo, onde a perso-nagem principal é transportada para um mundo místico e desconhecido, habitado por seres es-tranhos... Aposto que eu sei exatamente em que estão pensando, mas enganou-se quem pensou em Mágico de Oz ou Alice no País das Maravilhas, pois apesar dos dois serem inspira-dores desta obra, como também foram as obras M. C. Escher e principalmente "Outside Over There" de Maurice Sendak (o rei da literatura infantil) eu estou falando de um grande clássi-co, considerado meio trash, perigoso de ser as-sistido, amaldiçoado até, eu falo do incrível La-birinto - A magia do tempo (Labyrinth, Estados Unidos e Reino Unido – 1986), o último filme produzido por Jim Henson, famoso criador dos
Muppets e estrelado por Jennifer Connelly (jovem e linda) e David Bowie (psicodélico co-mo sempre), conta a história da adolescente Sarah (Jennifer Connelly) que é obrigada pelos pais a ficar em casa cuidando do irmão mais novo Toby (o nome do bebê seria Freddie, mas foi alterado para Toby - nome real da criança -, pois apenas assim ele reagia aos chamados) e ela deseja (invocando duendes do mal) se livrar da criança, que não para de chorar de forma alguma. Atendendo seu pedido, o Rei dos Du-endes (David Bowie), personagem de um dos livros de Sarah, ganha vida e sequestra o bebê. Arrependida, a menina terá de enfrentar um la-birinto e resgatar o irmão antes da meia-noite para evitar que ele seja transformado em um duende.
Filme maravilhoso com tudo de legal que havia nos anos 80: sintetizadores, efeitos CGI (simplórios e dos anos 80) e principalmente David Bowie com um penteado (ainda bem que nin-guém usa mais) que alguns podem ver em antigas fotos e mães e tias (até tios) ou até mesmo naquele retrato de formatura escondido a sete chaves. Com um enredo cheio de fantasia que encanta adultos e crianças, esse filme CULT até hoje é muito comentado e analisado, envolto em teorias da conspiração, pois alguns dizem que ele é o retrato da tentativa de programação Monarca (técnica de controle da mente por hipnose, neurociência, psicologia e ocultismo que cria escravos mentais) do governo americano. Mas treinamento para escravos ou não, é um filme maravilhoso, com muitos simbolis-mos,figuras lendárias, desafios de inteligência, figurinos extraordinários, que podem criar diferen-tes impressões nos expectadores, a única coisa certa é que quem assistir vai viajar e sonhar muito, tanto com as cenas lindas ( a cena do baile é de emocionar) do filme quanto com a trilha sonora (que por si só é um show à parte) composta e interpretada pelo próprio David Bowie. Se ainda não assistiu, está perdendo tempo, um pouco de fantasia não faz mal a ninguém e se já viu, vale assistir para se embalar no romance e na aventura. Até a próxima e obrigada por me aguentarem! Para fazer um comentário ou deixar sua sugestão é só enviar um e-mail: [email protected]
Premissas
Por Eliane Fernandes
Muitos por quês surgirão quando nossas páginas começarem a ser folheadas e nossa história ser per-cebida. Provavelmente nossas entrelinhas serão esquecidas, as diferenças veementemente relembra-das e nossas escolhas e decisões altamente criticadas. Às vezes, nos enxergaremos pelo avesso. Ou-tras vezes nem nos olharemos. Mas, certamente, nossa conexão estará sintonizada, pois há muito en-tre nós, que não precisa ser dito para ser sentido. Há incertezas. Sim. Nenhum futuro é promessa de perfeição e felicidade plena. Mas, a gente se inventa. Sem problemas.
Há sintonia entre palavras, versos, tintas e cores. E também ainda há muito não vivido. Mas, reina a esperança de um amanhã que venha breve na premissa de um desejo realizado. E quando se tornar em agora que se danem as opiniões não solicitadas porque os passos serão nossos, os desejos serão nossos, as vontades serão nossas, os sonhos serão nossos.
E escrevendo me contento e relembro que contos de fadas são reais. Eles existem numa intensidade absurda dentro da gente. E navegando no mar de desejos e sonhos internos (lugar não dito, apenas sentido e mantido em sigilo) a gente vive fora da realidade. Mas, chega uma hora que se percebe que contos de fadas, apesar de terem um final feliz, têm fim. Embora sejam eternos dentro de nós. Mas que não seja apenas um conto, que seja mais longo. E, qualquer coisa, eu reconto. E, se quiseres ar-ranja uma princesa que eu encontro um tonto. Desde que seja real e pode ser até que eu te escreva um conto.
Sou louca por Shakespeare e adoro Camões, mas que fazer se me aventuro por outras páginas que me atordoam. E eu insensatamente me apego e leio e releio num silêncio que me abraça brandamen-te toda noite. E vem a minha realidade me aturdir, mas eu contorno o que parece estar fora de con-trole embora, às vezes, estoure e perca a paciência. Mas, constrói-se ternamente uma atmosfera de magia que evapora e cura os medos. E, hoje, o tempo de medos findou.
Se ante este emaranhado de vozes desconexas e sentimentos interligados as coisas não funcionarem bem, ok. Eu volto e reescrevo e tu pintas de outra cor.
by alegri
Extraio a positividade do paradoxo
Por Raphael Alberti
Correr na praia
é como viver a vida.
De um lado para o outro
Sem uma demarcada trilha.
Obstáculos mil:
as pessoas na frente,
o tempo,
o vento
e da água, o frio.
Mas tiro forças a todo momento:
das pessoas em frente,
do tempo,
do vento
e do frio líquido.
Como na vida,
ultrapasso barreiras
bem-intencionado
meu ponto de vista
E se só me restasse este dia
Por Angela Delgado
O marido está almoçando na cozinha com a tevê ligada. Como hoje é um dia muito especial, fa-ço o prato e, sem reclamações, vou almoçar, como mereço, ao ar livre, mas, com as malditas cigarras. Disso, em outubro em Brasília, não há como escapar, nem em meu apocalipse particu-lar. Diga-se literalmente de passagem, isso é segredo, pois não quis melindrar ninguém, passan-do-o com uns em detrimento de outros. Como a Parca não me avisou com antecedência sobre esta minha ida brusca e prematura, não posso pegar um avião e ir despedir-me de minha queri-da irmã que mora na Inglaterra. Aliás, neste meu derradeiro dia, passando ela com a filha, genro e duas netas, quinze dias, nas Canárias. Fazer o quê, então? Deixar aqui o meu amor incondicional por toda a minha família e amigos é uma despedida. Fajuta, mas não posso nem sair à francesa e nem espalhar o pânico: último dia?! Mas, como? E a nossa viagem marcada para o ano que vem? É realmente uma pena, mas, quem sabe, poderei me juntar a vocês? Darei uma soprada mais forte e estarei lá em espí-rito, serve? A caçula tão amada diria: - Mãe, o que vai ser de mim sem você? É por esse e outros diálogos que tive que me calar e viver este dia mais ou menos normal-mente. No momento, há dois netos aqui. Penso em, como última lembrança e contribuição, apre-sentar o livro "Onde está Wally" ao netinho mais novo, grudado na telinha, vendo desenho... Vou tentar mesmo assim. Não é que deu certo? Ele, com cinco anos, se encantou ao ver Wally, aquela figurinha de camisa vermelha listrada incorporada ao cenário asteca de 200.000 anos, com suas cordas e cavalos assustados. Virando a página, ei-lo no mundo das pirâmides em meio a centenas de pessoinhas e sarcófagos, há 4.500 anos atrás. Em seguida, Wally se mistu-ra aos romanos em um feriado no Coliseu, onde cristãos eram atirados aos leões (disso meu ne-tinho não ficou sabendo). Depois viaja com os vikings e seus chapéus de chifre, em um mergu-lho de mais de mil anos. Continuando sua trajetória, o desafio agora é encontrar o bonequinho de camisa listrada, que está perdido no meio de catapultas e de uma multidão ao fim de uma das Cruzadas, há mais de 800 anos. Daí para cair entre camponeses, malabaristas, trovadores e bobos da corte na Idade Média é só um virar de folha. Mais uma, e, com certa dificuldade, o encontramos, fugindo das espadas e flechadas dos samurais no Japão de 400 anos atrás; nos barcos dos piratas com tapa-olhos há pouco mais de 250 anos; com um livro na mão em um bai-le há 100 anos, em Paris, quando os homens usavam perucas e as mulheres dançavam Cancã; ainda concentrado em seu livro, na Corrida do Ouro dos americanos, no final do século XIX; e, finalmente, no futuro, ao lado de naves, extraterrestres, robôs e mísseis... Assim, meu último dia vai se escoando. Eu, aqui, escrevendo, imagine, quando sou desperta-da pela campainha do telefone. É meu neto primogênito avisando que não vem almoçar e eu lembro-lhe da aula de dança de salão, daqui a pouco, quando em vez de eu ir dançar, neste que será meu último dia, vou bem-humorada, como “votorista”, como bem lembrou uma “mãetorista”, que conheci outro dia. Voltamos, ouvindo pelo som do carro músicas deliciosas e entre elas, algumas que eu costu-mava ouvir nas festinhas da época de meus 15 anos, como "La mer", quando praticamente mi-nha vida começava e que agora se encerra, justamente fechando o ciclo, com as mesmas músi-cas. No entanto, como o prazo para entregar esta crônica se esgotou, em vez de uma difícil sele-ção em um concurso, ganhei uma bela prorrogação e, se tudo não passou de um pesadelo, pe-lo menos caprichei neste dia a mais vivido. Não saí muito da rotina, porém ficou mais do que provado de que gosto dela. Ainda tenho alguns minutos para conversar por e-mail com uns e ou-tros e, de quebra, algumas horas para mergulhar no livro que estou lendo!
LABIRINTO
Por Cláudio de Almeida Hermínio
Neste mundo alienado e confuso,
vivo o presente a um passo do futuro.
A vida nem sempre segue em linha reta,
extravio ao escutar o apito do trem.
Todas as angústias e dores se refazem
ao esquivar-se de minhas memórias.
Então,
escapam-me as inspirações e limitações.
É possível sentir falta daquilo que não vi?
Daquilo que não vivi?
As portas estão abertas
e não me levam a lugar algum.
O que falo ou o que penso
deixam de existir...
E eu sequer me atrevo a
puxar as rédeas do tempo.
miss you by ~jaychua on deviantART
Ano Novo
Por Gladis Deble
Uma mão num aceno
despede o ano que parte.
Se o rei morreu. Viva o rei !
O ano novo que nasce
traz um rolo de promessas
num novelo volumoso.
Gera um elo de esperança
essa alegria fugaz
como bolhas de espumante.
Eu olho a taça em silêncio
e a textura frágil e invasora
me bebe misteriosamente...
Em março a revista Varal do Brasil será uma edição especial sobre a mulher, venha partici-
par! Escreva seu texto, prosa ou verso, tendo a mulher como tema e envie para o nosso e-mail
juntamente com o formulário de inscrição.
Inscrições até o dia 25 de janeiro!
LUPA CULTURAL
Por Rogério Araújo
(Rofa)
“O mundo está salvo!”
Não é o que você está pensando ao ler
esse título. Não se trata de um texto sobre a
“salvação das almas” ou pregação religiosa,
mas algo muito interessante que ouvi e que
tem tudo a ver!
Uma jornalista entrou numa livraria e viu
uma cena, digamos assim, para lá de inusitada.
Uma criança pedindo aos seus pais um LIVRO
de presente. E a querida colega disse para
amigos depois disso: “O mundo está salvo!”
Numa época em que crianças podem
pedir “brinquedos tecnológicos” que já vem tu-
do pronto, não exigindo muito que se pense,
como num jogo de vídeo game com tito para
todo lado ou para computadores, dentre inúme-
ras opções, esta em especial chegou e, catego-
ricamente, pediu um livro.
Não existe nada melhor para ler, aumen-
tar vocabulário, viajar na imaginação e relaxar
e curtir do que ler um bom livro. É algo fasci-
nante! Quem tem preguiça de ler ou nem expe-
rimentou e diz que não gosta (bem parecido
com um alimento que se diz que não gosta sem
nunca tê-lo provado), não sabe o que está per-
dendo.
E ainda hoje em dia tem para todo tipo
de pessoas e gostos. Só não lê quem não quer.
A sua importância é tamanha que Carlos Drum-
mond de Andrade disse: “A leitura é uma fonte
inesgotável de prazer, mas por incrível que pa-
reça, a quase totalidade, não sente esta sede.”
É preciso o estimulo desta “sede” desde
a infância, caso contrário não haverá vontade
de “beber nesta fonte”, costume e nem conti-
nuidade nesta prática tão benéfica para a vida
de qualquer um e que provoca grande cresci-
mento intelectual e de experiências mesmo.
Albert Einstein afirmou que “A leitura
após certa idade distrai excessivamente o espí-
rito humano das suas reflexões criadoras. Todo
o homem que lê de mais e usa o cérebro de
menos adquire a preguiça de pensar.”
Ler é um exercício bem completo para o
cérebro. E uma vez iniciado desde criança,
imagine só que efeitos podem ter? Muitos e
sem precedentes. Quem lê sabe disso bem, já
quem não lê talvez não saiba a falta que lhe
faz.
“Viajar pela leitura/sem rumo, sem inten-
ção./Só para viver a aventura/que é ter um livro
nas mãos./É uma pena que só saiba disso/
quem gosta de ler./Experimente!/Assim sem
compromisso,/você vai me entender./Mergulhe
de cabeça/na imaginação!” (Clarice Pacheco).
E quantas “viagens” podem ser feitas se cada
um começar desde a tenra idade, nos primeiros
anos, manuseando um livro, sendo seduzido
por sua bela apresentação? (Segue)
Um professor que trabalha a leitura com
seus alunos antes de entrar na produção de
textos pode ter grande surpresas com seus
efeitos. Jorge Luis Borges disse que “Sempre
imaginei que o paraíso fosse uma espécie de
livraria.” E realmente um “paraíso” é algo que
nos faz bem, nos torna feliz e leve. Isso a leitu-
ra faz e muito bem! O mesmo autor desta frase
também disse “Creio que uma forma de felici-
dade é a leitura.” Está corretíssimo. Ler pode
trazer grande prazer e gerar uma série de mu-
danças positivas na vida de todos.
E Francis Bacon disse que “A leitura tor-
na o homem completo; a conversação torna-o
ágil; e o escrever dá-lhe precisão.” Eis uma das
funções da leitura que talvez nunca ninguém
imagina: quem lê escreve melhor e até se inspi-
ra para isso. Alguns até despertam para ser um
escritor pelo estímulo da leitura de livros que os
levam até a imaginação de que isso é perfeita-
mente possível.
Ninguém deve privar crianças de ler por-
que elas serão cerceadas no seu direito de so-
nhar e levar esses sonhos pela vida afora para
um dia os realizar seja em que idade for. E es-
ses “sonhos” podem começar ou atender pelo
nome de “livros”.
Quem acha bobagem ler ou mostrar esse
mundo às crianças desde cedo ou porque não
foi apresentado a esse “mundo imaginário” ou
porque é um frustrado na vida por não ter vivi-
do plenamente sua infância desde criança e,
por isso, foi “roubado” em seu viver.
E finalizo com a belíssima frase de
Stephen King: “Crianças, ficção é a verdade
dentro da mentira, e a verdade desta ficção é
bastante simples: a magia existe.”
Um forte abraço do Rofa!
* Escritor, jornalista, autor do livro “Mídia, bênção ou maldição?” (Quártica Premium, 2011), lançado na XV Bienal do Livro do Rio de Janeiro (2011), Sa-lão de Genebra, Suíça (2012), Expo Amperica, em Nova York, EUA (2012) e na Feira de Frankfurt, Alemanha (2013); dentre participações em diversas antologias no Brasil e exterior; vencedor de prêmios literários e culturais; membro de várias academias literárias brasileiras e mundiais; menção honrosa no Prêmio Varal do Brasil de Literatura, com a crônica “O amor... é cego, surdo e mudo?!”; recebeu o Prê-mio Diamonds Of Arts and Education Austrian 2013, em Viena, Áustria (2013).
O que achou da coluna “Lupa Cultural” e deste tex-to? Contato: [email protected]
“Psiquiatras e Psicólogos trabalhando juntos, segundo as
ideias de Augusto Cury: um estudo de
caso”
Por André Valério Sales
“só uma criança não tem consciência das misérias
dos outros” (Augusto Cury, 2005).
1. Introdução:
O presente estudo de caso refere-se à qualida-de do atendimento médico psiquiátrico aos usuários dos serviços à saúde no município de Arez/RN, Bra-sil. Até este momento da pesquisa foram contactados 39 médicos, enfermeiros e odontólogos e cerca de 30 pacientes.
De início, para tratar do caso da necessidade premente de médicos Psiquiatras em Arez, cidade que precisa de pelo menos dois destes profissionais para dar conta da grande demanda, a pesquisa em-preendida por nós revelou também a necessidade da existência de Psicólogos ou Psicanalistas que aju-dem a acompanhar os casos mais leves, iniciados pelos psiquiatras e que se manteriam sob sua super-visão. É preciso ressaltar que foi contactada e depois ouvida a então psiquiatra do ESF 4, no Centro de Saúde Manuel da Costa Souza, Dra. Simone Salga-do, e mais um psiquiatra de Natal/RN, Brasil, com décadas de experiência, além das citadas 30 pessoas pertencentes às comunidades atendidas.
Dra. Simone Salgado também foi ouvida ao fazer duas consultas diretamente ao pesquisador, contribuindo enquanto pesquisada e enquanto médi-ca em atendimento. O psiquiatra natalense foi ouvi-do e também consultado enquanto médico em aten-dimento.
Resultou dos referidos contatos: não somente a necessidade da urgência de pelo menos dois psiquia-tras atendendo à população que os demanda em Arez (lembrando que a cidade está em processo de desenvolvimento e que o número de habitantes vem crescendo com o tempo); mas também, por sugestão dos médicos ouvidos, a importância de que o muni-cípio ofereça psicólogos (ou psicanalistas) para os usuários da psiquiatria que possuem problemas me-
nos graves de distúrbios psicológicos, não necessari-amente precisando tomar medicamentos, mas, paci-entes que demandam apenas diálogos – pois vive-mos num tempo em que as pessoas são carentes de atenção –, diálogos estes que podem ser levados a cabo por psicólogos (por exemplo: atendimentos psi-cológicos ou psicanalíticos como práticas longas, contínuas; ou psicoterapia breve, dependendo do caso), sempre acompanhados pela supervisão de um médico psiquiatra.
(Segue)
1Possui graduação (UECE, 1991) e Mestrado em Serviço Social (UFPB, 1996). Assistente Social da área da Saúde na Prefeitura de Arez/RN, Bra-sil, atualmente Coordena pesquisa sobre “A qua-lidade do atendimento ao usuário da saúde em Arez/RN (2013-2014)”. 2Pode-se perguntar: por que somente foram en-trevistadas formalmente 30 pessoas? A resposta é: de acordo com a metodologia de pesquisa soci-ológica atual, em se colhendo um certo número de entrevistas, o pesquisador começa a notar que, a partir de um certo ponto, impossível de ser mensurado antecipadamente, as respostas dos entrevistados passam a se repetir, vez após vez, até atingirem a um saturamento qualitativo. De acordo com os metodólogos Linda Gondim & Jacob Lima: “Estudos qualitativos raramente po-dem estabelecer, de antemão, quantas pessoas serão pesquisadas, uma vez que tal número vai depender da qualidade das informações forneci-das pelos próprios informantes. Isto significa que só se vem a saber qual a quantidade de sujeitos a serem ouvidos quando se chega à saturação qua-litativa, ou seja, no momento em que as entrevis-tas se repetem em conteúdo, nada mais acrescen-tando às informações obtidas” (2002: pág. 56-57). Acerca desta “saturação qualitativa”, ver também Taylor & Bogdan: Introduccíon a los métodos cualitativos de investigación (1996). E sobre os métodos de pesquisa contemporâneos em Sociologia, ver Howard S. Becker: Métodos de Pesquisa em Ciências Sociais (1994); Pierre Bourdieu et. al. A Profissão de Sociólogo: Preli-minares Epistemológicas (1999) e Wright Mills, A Imaginação Sociológica (1975).
2. Esclarecimentos do tema a partir das ideias do psiquiatra Augusto Cury:
A Prefeitura ao agir assim, unindo o traba-lho de psiquiatras ao de psicólogos ou psicanalistas, ajudará a desafogar o grande número de atendimen-tos necessários aos pacientes que lotam a procura pela psiquiatria na cidade.
Na verdade, a partir das ideias de Augusto Jorge Cury, há pessoas que precisam apenas ser ou-vidas por um profissional, desabafar seus pro-blemas e receber um apoio, dialogar com um psicólogo, ou com ele(a) aprender técnicas de relaxamento ou de convivência social, e não ne-cessariamente de atendimento psiquiátrico, nem de uso de medicamentos de “tarja preta”.
Augusto Cury assinala, em seu livro O Mes-tre dos Mestres (2006), que para um futuro próxi-mo, os psiquiatras projetam que um excelente mé-dico será “um profissional menos ávido por pedir exames laboratoriais e prescrever medicamentos e mais interessado em dialogar com seus pacientes, [será] alguém com habilidade para penetrar no mundo deles, detectar seus níveis de ansiedade e ajuda-los a superar as dores existenciais” (pág. 49, grifado por mim). Ainda enfatiza Cury que “o diá-logo em todos os níveis das relações humanas está morrendo. As relações médico/paciente/ professor/aluno [etc.], (...) carecem frequentemente de pro-fundidade” (idem: pág. 65).
Cury ainda constata que muitas pessoas vão ao psiquiatra ou psicólogo “não porque estão doen-tes, ou pelo menos seriamente doentes, mas porque não têm ninguém para conversar abertamente so-bre suas crises existenciais”. Não se discute que “é difícil falar de nós mesmos. O medo de falar si” mesmo está ligado “à dificuldade de encontrar al-guém que tenha desenvolvido [e seja preparado pa-ra] a arte de ouvir”. Esta arte de ouvir é, dessa for-ma, “uma das mais ricas funções da inteligên-cia” (idem: pág. 145, grifos meus). Por isso a ur-gência de que a Secretaria de Saúde de Arez promo-va a complementação em seus quadros com os pro-fissionais desta área que a demanda populacional requer.
Observamos, portanto, que sem a ajuda de outros profissionais da área, no caso de Arez espe-cificamente, os psiquiatras vem trabalhando sozi-nhos, sem outros apoios possíveis, e têm uma de-manda sempre alta de usuários destes serviços, acarretando uma superlotação de pacientes para os médicos que poderia ser dividida com psicólogos, presentes nas Escolas e nos Postos de Estratégia de Saúde da Família.
Sabemos que o usuário da área da Saúde, e principalmente os que padecem de transtornos psi-
cológicos, esperam do atendimento médico: gentile-za, calma durante os diálogos, simpatia e até mes-mo, bom humor! Como no Brasil a situação do trato com a demanda médica na área da saúde está mais para caótico do que para modelo suíço ou sueco, já é feliz quem consegue ser atendido por profissio-nais calmos e gentis... Apesar de tudo, sabemos, segundo o ditado popular, que “abaixo de Deus vêm os médicos”, e os usuários ouvidos pelo pes-quisador repetiram, implicitamente essa máxima, ou seja: ao serem perguntados sobre a qualidade da atenção médica, ninguém reclamou de problemas. O psiquiatra Cury afirma, em seu livro O Código da Inteligência (2008), que em nosso país os médicos são como “deuses tr atando de seres huma-nos” (pág. 128, grifo meu).
Ou ainda, acrescenta Cury (idem: pág. 115): ao tratarmos com os outros, o diálogo nos proporci-ona “um sistema de interpretação” que pode tanto “diminuir” o outro, desumanizando-o, quanto “aumentar” nossa interpretação, “divinizando-o”.
É verdade que a maioria dos usuários da as-sistência à saúde em Arez é de pessoas carentes, por isso mesmo há a grande procura ao Sistema Único de Saúde (SUS). Esta maioria carente de doentes está em busca de cura para suas dores, físicas ou psíquicas, ou ainda: são pacientes ansiosos, estres-sados, por causa dessa procura aos serviços de saú-de num país onde não se sabe ao certo se vai haver atendimento médico (e de qualidade) para o seu problema! Portanto, além da dor, da falta de recur-sos, existe a ansiedade, que toma conta dos usuários dos serviços, que chegam aos Hospitais ou Postos de Saúde sem a certeza se irão ser atendidos, ou não, e nem se esse atendimento vai demorar a ocor-rer, ou ainda, se há ali pessoal treinado para diminu-ir sua dor de imediato.
Para o atendimento satisfazer as necessida-des do paciente, há a necessidade da confiança no trabalho das equipes de profissionais e que ele se sinta em segurança, como alerta o neurologista cari-oca Bernardo Liberato: “para manter a confiança no médico, é importante que o paciente termine a con-sulta 100% seguro” (Veja, 20/07/2011, pág. 127).
Segundo Augusto Cury escreve, em O Futu-ro da Humanidade (2005), na maioria das vezes, o paciente psiquiátrico precisa “criticar sua postura diante da vida”, precisa “reaprender a viver”, a ele-var sua autoestima; “a sociedade moderna empobre-ceu, perdeu a amabilidade e a afabilidade”, assim como a tolerância, a sensibilidade, solidariedade, que são valores necessários aos seres humanos para a convivência em grupo (idem: pág. 118).
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3. A necessidade do atendimento aos jovens, nas Escolas do município:
Uma ideia bastante rica que surgiu durante as entrevistas com os médicos, já que os usuários não opinaram acerca desse novo tipo de atendimento (por psicólogos), foi a de que é preciso que os paci-entes de Arez sejam ouvidos e acompanhados ainda na fase da adolescência, por exemplo, durante seus tempo nas Escolas (ainda no Ensino Fundamental e Médio). Ou seja, os médicos pedem, não apenas sugerem, que a Secretaria de Saúde de Arez ofereça psicólogos aos usuários da saúde neste município desde a Escola. Desse modo, para cada Escola de Porte Médio do município, deve haver pelo menos um psicólogo que ouça e dialogue com a juventude problemática existente naquela instituição.
O interesse maior desta ideia é que os pro-blemas sejam detectados e iniciados em tratamento dialógico por profissionais da área, ainda na adoles-cência ou puberdade, intentando acompanhar os ca-sos problemáticos desde as raízes dos transtornos, antes que se chegue à necessidade mais séria de atendimento por um médico psiquiatra, na idade adulta. Em sendo assim, os psiquiatras passariam a cuidar principalmente dos casos mais graves, além de supervisionar os atendimentos dos psicólogos.
A modernidade, a luz elétrica, além do sur-gimento de novas tecnologias que inundam os lares: os aparelhos de TV, CD, DVD, computadores pes-soais, tablet, iPode, iPad, etc., trouxeram também o fim do “prazer do diálogo” entre as pessoas, entre pais e filhos, vizinhos de bairro... A partir desta constatação o que se nota é que os resultados dessa invasão tecnológica para as emoções humanas, no dia a dia, foram cada vez mais: “a solidão, a ansie-dade e a insatisfação” (Cury, 2006: pág. 157). Ou ainda: o mundo do trabalho nas sociedades moder-nas caminha lado a lado com o estresse generaliza-do. Poucas pessoas conseguem ser imunes aos ma-les psicológicos da contemporaneidade.
Há na atualidade verdadeiras batalhas (de ONGs, por exemplo) para incutir nas pessoas, para resgatar nelas, sentimentos de solidariedade, amiza-de, cooperação mútua, respeito ao meio ambiente, preservação da natureza, etc.
Noutro livro seu, já citado, Augusto Cury explica que não existe ninguém no mundo, nenhum humano “isento de dor”. O que ocorre é que certas pessoas se impõem presas ao seu passado de incô-modos psicológicos, e a par tir dessas emoções não resolvidas, também não sabem como viver seu tempo presente, no entanto, isso não é motivo de alarde pois “todos somos reféns de algum período do passado” (2005: pág. 36).
Por isso, é considerado normal, numa cidade
mesmo de pequeno porte, como Arez, encontrarmos pessoas necessitadas de apoio da psiquiatria ou psi-cologia, sobretudo porque, em casa, não são enten-didas pelos próprios familiares: aqueles que se dei-xam abater pelas perdas (de entes queridos, de um emprego, etc.); aqueles que se enchem de culpas por coisas miúdas do dia a dia... Na realidade, estes e muitos outros são pessoas que vivem com a sensa-ção de desamparo, de solidão, desproteção, depres-são, de não terem com quem dialogar abertamente e sem medos de repressões. Falta a essas pessoas: es-perança, autoconfiança, compreensão em casa, diá-logo com os familiares e amigos, enfim, capacidade de continuar as lutas da vida. Nas sociedades mo-dernas, Cury (2005: pág. 93) adverte ainda que es-tão morrendo virtudes importantes, como a humani-dade e a “sensibilidade” em relação aos problemas do outro.
Neste ponto, Cury nos ensina que essa soli-dão e desamparo, não raro presentes já desde a ju-ventude, “essa “solidão radical estimula a depres-são” (idem: pág. 55, grifado por mim). E aí vem a ocorrer com o ser humano algo bastante conhecido pelos médicos: o paciente ansioso, deprimido, hi-persensível, etc., jovem ou adulto, canaliza para seu próprio corpo (sintomatiza) estes seus medos, o que lhe causa, cada vez mais, doenças psíquicas mais difíceis de tratamento e cura (idem: pág. 111).
Por tudo isso é que os psiquiatras ouvidos pelo pesquisador sugerem, como importantíssimo, que os jovens em idade escolar possam ter acesso aos profissionais de psicologia dentro já da própria escola, para que no futuro não venham superlotar os Hospitais em busca de tratamento psíquico, que já poderia vir sendo prevenido desde a escola. Em ou-tras palavras: investindo em prevenção à saúde psí-quica dos jovens, futuramente o município gastaria muito menos com adultos psicologicamente incom-preendidos, deprimidos, egoístas, ou dependentes de medicamentos ou outros tipos de drogas para continuar vivendo.
Sendo assim, se como já citado “só uma cri-ança não tem consciência das misérias dos outros”, o que vemos em nosso mundo moderno é a produ-ção também de adultos infantilizados, egoístas, por vezes dependentes permanentes de seus pais, de seus professores e até mesmo das drogas ilícitas, que além da fuga da realidade, proporcionam, geral-mente, o sentimento de pertencimento a um grupo de amigos ou de dependentes químicos (normalmente composto por outras pessoas egoístas também).
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Em outro de seus livros (A Sabedoria Nossa de Cada Dia, de 2007), Cury alerta que é inegável que há um aumento dos transtornos psíquicos nas sociedades modernas, inclusive, para quem se preo-cupa com esse assunto, há também na atualidade um “aumento da frequência da depressão na infân-cia”, um fato que é deveras preocupante e que re-quer atitudes de prevenção por parte dos poderes públicos (idem: pág. 72-73).
Mais adiante, neste mesmo livro, o autor acrescenta que “Nossas crianças se tornaram uma plateia de pessoas agitadas. É a geração mais irre-quieta e ansiosa que o planeta conheceu”. Para Au-gusto Cury (2007: pág. 81, grifo meu) não adianta jogar a culpa disso nos pais ou na Escola, e sim, no sistema hiperestimulante em que os adultos também convivem, como, por exemplo o vício em estar plu-gado na Internet, em assistir TV por muitas horas diárias, jogar interminavelmente defronte ao micro-computador, etc., além das necessárias informações apreendidas na Escola. Ou seja, adultos e principal-mente os jovens na contemporaneidade estão indis-soluvelmente ligados a um sistema de “hiperprodução de pensamentos”, esta exposição massiva desgasta o córtex cerebral e gera fadiga, irritabilidade, esquecimento, dentre outros transtor-nos.
O psiquiatra em questão destaca que “infelizmente” os gestores da área da saúde “investiram muito em tratamentos e pouco em pre-venção. Esperamos que as pessoas fiquem doen-tes para então tratá-las”, e isso, para Cury, é muito “injusto” (idem: pág. 109, grifos meus). Por isso a preocupação dos médicos entrevistados nesta pes-quisa com a prevenção, com o oferecimento de ser-viços psicológicos aos alunos desde o Ensino Fun-damental ao Médio.
Sobre as possíveis falhas dos pais, e a falta de um trabalho preventivo nas Escolas, por meio de atendimentos psicológicos, etc., Augusto Cury ensi-na que desde cedo o ser humano deveria aprender a gerir o seu próprio “eu”, assim como aprender a ser tolerante com os outros, descobrir o poder da afetividade, do altruísmo, do amor, alegria, tran-quilidade, do autoconhecimento, da autocrítica, au-toestima, ser solidário, ter compaixão, sonhar e buscar realizar seus sonhos, elaborar projetos de vida, etc. No entanto, tudo isso depende de um “aprendizado complexo”, e pelo visto, “Nossos jo-vens ficarão 10 ou 20 anos nas escolas sem aprender esses fenômenos. Como seria importante”, enfatiza Cury, “que houvesse um grande número de psicólo-gos, pedagogos e professores que fossem mestres em educar o eu como gestor psíquico desde a infân-cia” (Cury, 2007: pág. 135, grifos meus).
Já no livro O Vendedor de Sonhos (2008a), Augusto Cury demonstra seu desgosto afirmando
que “angustia-me que o sistema esteja gerando cri-anças insatisfeitas e ansiosas. For tes candidatas a serem pacientes psiquiátricas e não seres huma-nos felizes e livres” (pág. 133, grifos meus). De mo-do desalentador, Cury assinala que nós “Formamos jovens estressados, tensos, com instinto de predado-res, ansiosos para serem o número um, e não pacifi-cadores, tolerantes” (idem: pág. 231, grifos meus).
4. Sobre o “sepultamento”, necessário, do passa-do incômodo de cada um (talvez a parte mais im-portante dos problemas psíquicos nas pessoas sem transtornos graves):
Como já citado, o psiquiatra Augusto Cury explica cientificamente, a partir de suas experiên-cias na área de medicina, que algumas pessoas im-põem a si mesmas uma “prisão” ao seu passado de incômodos psicológicos, e par tindo dessas emo-ções não resolvidas em tempos anteriores, não con-seguem viver com plenitude e felicidade o seu tem-po presente, sendo este um problema talvez o mais sério, entre os pacientes que não são portadores de transtornos psíquicos graves, ainda que, ressalve Cury, independente de transtornos psicológicos quaisquer, “todos [nós] somos reféns de algum período do passado” (2005: pág. 36, grifos meus).
Sobre este tema, as palavras de Cury são preciosas. Para o psiquiatra citado: “Quem não dia-loga sobre seu passado não o sepulta com maturida-de”, ou seja, essa pessoa estará sempre perpetuando as suas feridas emocionais (idem: pág. 215). Elas não conseguem se desligar de emoções incômodas e negativas que já passaram e que não eram para inco-modarem mais a uma pessoa de emoções normais! Infelizmente, guardar com gosto estas emoções ne-gativas do passado, possivelmente, se tornam des-trutivas para a própria pessoa.
E somente quem pode ajudar este tipo de pessoa, com dificuldades ou transtornos psicológi-cos, são os profissionais preparados para este traba-lho: psiquiatras, psicólogos ou psicanalistas. Mes-mo, por exemplo, um Assistente Social ou um Tera-peuta Ocupacional, por mais cursos que façam, não são preparados para lidar com este tipo de paciente, pois necessariamente é preciso que o profissional tenha um supervisor de seu trabalho – que como veremos à frente, é angustiante e desgastante para o próprio médico psiquiatra ou neurologista, assim como para os próprios psicólogos e psicanalistas que, obrigatoriamente, têm que possuir um outro profissional da área como supervisor permanente de suas atividades –, pois lidam com a intimidade e doenças de seres humanos e devem também serem orientados em suas atividades. (Segue)
Ou seja, este não é um trabalho psicológico qualquer, ao contrário, lidar com emoções e trans-tornos psíquicos não são trabalhos fáceis e nem acessíveis a qualquer profissional bem intenciona-do, como já citado.
Há que se esclarecer, aqui, algo sobre a pro-fissão de psicanalista e a importância atual da psica-nálise. A psicanálise é um método de atendimen-to e busca de cura psicológica criado pelo médico austríaco Sigmund Freud (1856-1909). Por poder ser realizada por qualquer estudioso, tendo passado pela Universidade ou não, a psicanálise requer anos de estudo e de acompanhamento por um supervisor, além da obrigação de passar por provas e testes em uma sociedade psicanalítica organizada e reconheci-da pela comunidade psicanalítica. Ainda assim, o método freudiano tem seu poder de tratamento e cura questionados pelos profissionais que enfrentam anos de academia até conseguirem chegar ao seu consultório próprio, seja como psiquiatras, seja co-mo psicólogos, legalizados pelos seus Conselhos Nacionais e Regionais.
Em resumo: não é qualquer um, independen-te dos Cursos que possua, ou feitos após a acade-mia, que se pode dizer clínicos capazes de tratar e curar os diversos transtornos psicológicos que as sociedades modernas ajudam a criar e a desenvolver nos seres humanos em geral.
A psicanálise recorre, especialmente, aos transtornos criados, inventados ou enfrentados na mais tenra infância, que segundo Freud, ficariam guardados no que ele chama de inconsciente. A psi-canálise acredita que algumas pessoas não conse-guem superar os seus traumas da vida, e apenas os escondem num lugar da memória que não visitam nunca: o inconsciente, ainda que em nosso agir coti-diano façamos muitas coisas de modo inconsciente, e que às vezes, não sabemos o porquê. A verdade é que esses hábitos adquiridos e utilizados de forma não conscientes, estão vivos, presentes e mal resol-vidos em nosso inconsciente.
Muitos discordam de tal abordagem, porém, existem psiquiatras e psicólogos das mais diferentes correntes de pensamento que concordam com o au-xílio da teoria de Freud. De qualquer maneira, a psi-canálise é hoje utilizada em todo o mundo como uma teoria passível de tratamento e cura dos trans-tornos psicológicos moderados (ou seja, nem aque-les de origem genética, ou reconhecidamente muito graves, comprovadamente pela ciência como não havendo possibilidade de cura).
5. O desconforto dos próprios profissionais da área:
Em se tratando do problema da sobrecarga
dos médicos psiquiatras, a jornalista Paola Fer-nanda entrevistou o psiquiatra Geraldo Araújo para a Revista Cult (em julho de 2011, “Choque Modera-do”), e em certo momento pergunta ao médico: “o senhor sente-se pessoalmente afetado por seu traba-lho diário?”, e a resposta dele foi: – Este “trabalho desperta em você uma angústia muito grande. Lidar com transtorno mental é algo extremamente desgas-tante [para o médico], por isso os profissionais da área fazem [também] terapia. Eu faço”. Araújo ainda recomenda que para o paciente, “Juntamente com medicamento, deve-se fazer terapia [com psi-cólogos ou psicanalistas]. É a melhor combinação. Porque você trata a questão biológica [com os me-dicamentos] e a questão individual [com a terapia psicológica]” (pág. 31, grifos meus), o que vem a corroborar com os resultados desta pesquisa e com as ideias de Augusto Cury.
Voltando ao caso dos pacientes psiquiátri-cos, Cury (2006: pág. 65) ensina que nós, profissio-nais da área da saúde, temos que entender que, nas sociedades modernas, os seres humanos vivem “ilhados” dentro de si mesmos, envolvidos “num mar de solidão”, no entanto, esta solidão é “silenciosa”. Ou mais ainda: o ser humano moderno “trabalha e convive com multidões, mas ao mesmo tempo, está isolado dentro de si”. Por isso a angús-tia dos próprios médicos e psicólogos (ou psicana-listas) que trabalham com esse tipo de distúrbio: da ansiedade, solidão e dor psíquica do outro, do paci-ente não preparado a ter a desenvoltura necessária para lidar psicologicamente com seus problemas do dia a dia.
Isto significa que Arez precisa não somente de médicos psiquiatras em seus quadros de assistên-cia à saúde da população, mas também do auxílio de profissionais da área psicológica, sejam psicólo-gos ou psicanalistas. Cury ainda complementa que “não há técnica psicoterápica que resolva a soli-dão [dos pacientes]. Não há antidepressivos e tranquilizantes que aliviem a dor que ela traz”. Para ele, enquanto o consumismo das sociedades modernas exalta o ter, o possuir bens materiais, de-vemos nos voltar à busca de quem somos, de encon-trar prazer de viver pelo que somos, e não, pelo que temos (idem: págs. 65-66, grifos meus). Com o im-pério do individualismo atualmente, da competitivi-dade acirrada e da exclusão social ser bem maior que a inclusão, a solidão tem se tornado um dos maiores provocadores de transtornos psicológicos (idem: pág. 146).
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Lembra o psiquiatra citado que a medicina contemporânea “mexe com as nossas mais dramáti-cas necessidades existenciais”, numa “tentativa de-sesperada de superar a dor”, de aliviá-la, de “melhorar a qualidade de vida das pessoas e de pro-longar a sua existência”, seu tempo de vida, de “superar o drama do envelhecimento”, buscando adiar o fim da existência (Cury, 2006: págs. 91-92). Sabemos também que o ser humano “sempre procu-rou a medicina como âncora do presente, com o ob-jetivo de retardar” o envelhecimento e a morte (idem: pág. 99). Por isso mesmo Cury aconselha que o tratamento psiquiátrico, com medicamentos e diálogo, seja também acompanhado pela psicote-rapia, pois psiquiatras, psicólogos e psicanalistas são estudiosos que se prepararam para ouvir seu cliente e ensiná-los a pensar por si mesmos, na bus-ca da solução para seus problemas existenciais (idem: pág. 104).
Reafirma ainda Augusto Cury que os profis-sionais desta área que se reciclam, buscam aprender sempre mais, que querem evoluir, objetivando aten-der cada vez melhor seus clientes, procura ouvi-los com calma e ensinar-lhes a “se interiorizar”, a me-ditar, a “se repensar” sempre, e a “gerenciar”, sozi-nhos, os seus pensamentos, seus problemas e suas vidas. Isto significa que o bom profissional deve agir com delicadeza, especialmente, objetivando “incluir e cuidar das pessoas excluídas social-mente” (idem: pág. 152-155), por isso é que o autor ressaltou antes que “só uma criança não tem consci-ência das misérias dos outros”, ou seja, uma criança não está preocupada com as questões adultas de ex-clusão e inclusão social dos outros seres humanos em dificuldade (Cury, 2005: pág. 93).
Em outro de seus livros, acima citado, Au-gusto Cury observa, com razão, tanto em relação aos pacientes quanto em relação aos profissionais da área da saúde, que hoje em dia nós “estamos di-ante da geração mais insatisfeita, emocionalmente superficial e propensa aos mais variados transtornos psíquicos” (Cury, 2007: pág. 73). Ele ainda adverte que os acadêmicos da área da saúde, de modo geral, sejam médicos, enfermeiras, odontólogos, etc., “se preparam para o sucesso”, e tal como seus pacien-tes, também são despreparados para serem os “autores de sua história”. Não são preparados “para lidar com frustrações, perdas, desafios e fracas-sos” (Cury, 2005: pág. 101).
O Abrigo de Idosos mantido na cidade (em Nas-cença, Arez/RN) precisa de Psicólogos e Tera-peutas Ocupacionais:
No livro de Cury O Vendedor de Sonhos (2008a: pág. 136, grifos meus), o protagonista da história ao visitar um asilo de idosos pergunta, es-
pantado ao ver onde está: “– Num asilo?”, e conti-nua: “– Essas pessoas estão apáticas, deprimidas! O que mais pode animá-las?”.
E eu responderia: falta aos idosos, essencial-mente, alguém que os ouça, mesmo que eles não digam “coisa com coisa”, falta diálogo com os que têm a mente sã; e falta, sobretudo, que a Secretaria de Saúde ou de Assistência Social da Prefeitura de Arez ofereça a estes idosos um Terapeuta Ocupaci-onal e Psicólogos. São seres humanos que precisam sair do imobilismo, da depressão, e da dependência de medicamentos para dormir!
Muitos deles ainda podem brincar de bola, de xadrez, dama ou gamão, talvez, algumas senho-ras possam aprender costura, bordado, tricô, etc. O que importa, principalmente, é que haja diálogo e que eles se sintam queridos, incluídos na sociedade (que os prefere excluídos, trancados entre grades, impostos a ficarem em “seu canto”, e, especialmen-te, separados dos adultos “normais”!).
Nas palavras de Cury: “não há pessoas im-prestáveis, mas pessoas mal valorizadas” (idem: pág. 140). Nós esquecemos que aqueles idosos guardam ainda muito de suas experiências de vida, suas habilidades, sejam manuais, seja brincar, jogar, cantar, contar histórias, enfim, sentir-se pessoas não excluídas socialmente... O psiquiatra citado comple-menta ainda que “o ser humano morre não quan-do o seu coração deixa de pulsar, mas quando de alguma forma deixa de se sentir importante” para alguém, para a família (idem: pág. 141, grifo meu).
Mesmo que não tenhamos “soluções mági-cas” para os problemas da velhice, demência, ou da cegueira, debilidades presentes atualmente no Abri-go de Idosos de Nascença, podemos, como propõe Augusto Cury, “emprestar nossos ouvidos” (2008a: pág. 219), para que aquelas pessoas desabafem suas tristezas, mágoas, falem de seu passado, etc., ainda que eles não sejam pacientes psiquiátricos. Conti-nua o psiquiatra Cury alertando, em O Futuro da Humanidade, que somente receitar antidepressivos, não é a cura para as depressões e “angústia da soli-dão” (2005: pág. 38).
Geralmente abandonados pelas famílias num asilo, ou ainda que desprovidos de parente algum, o trabalho do Terapeuta Ocupacional, ou dos Psicólo-gos, é ajudar aos idosos ativos a entenderem que mesmo quando se perdeu tudo, é possível ainda viver com dignidade, com qualidade de vida (idem: pág. 146).
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Bibliografia Citada:
ARAÚJO FILHO, Geraldo. “Choque Moderado – Entrevista a Paola Fernanda”. Cult. São Paulo, Bregan-tini, nº 59, julho de 2011.
BECKER, Howard S. Métodos de Pesquisa em Ciências Sociais. 2ª ed. São Paulo: Hucitec, 1994. (trad. Marco Estevão e Renato Aguiar).
BORDIEU, Pierre & CHAMBOREDON, Jean-Claude & PASSERON, Jean-Claude. A Profissão de So-ciólogo: Preliminares Epistemológicas. Petrópolis: Vozes, 1999. (trad. Guilherme J . F. Teixeira).
CURY, Augusto Jorge. O Código da Inteligência. Rio de Janeiro: Ediouro/TNB, 2008.
_____. O Vendedor de Sonhos. São Paulo: EAI, 2008a.
_____. A Sabedoria Nossa de Cada Dia. Rio de Janeiro: Sextante, 2007.
_____. O Mestre dos Mestres. Rio de Janeiro: Sextante, 2006.
_____. O Futuro da Humanidade. 3ª ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2005.
GONDIM, Linda M. P. & LIMA, Jacob C. A pesquisa como artesanato intelectual: Considerações sobre método e bom senso. João Pessoa: Manufatura, 2002.
LIBERATO, Bernardo. “Como se tornar um paciente eficiente”. Veja: Abr il, semanal, 20 de julho de 2011.
MILLS, C. Wright. A Imaginação Sociológica. 4ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1975. (trad. Waltensir Dutra).
TAYLOR, S. J. & BOGDAN, R. Introduccíon a los métodos cualitativos de investigación. Barcelona: Pai-dós, 1996.
Monge
Por Luciano Petroceli
Acorrentado nessa mascara,
Que depressão,
Os invólucros,
Neles estão presos,
Berros aos altos,
Um eco tão distante,
Faz parar,
Tendência ou não,
Quero fisgar,
O absoluto, o irreal,
No arremesso,
Expandir a força,
Sentir livre,
Como voos dos pássaros,
Soltar as canções,
Devolver a vida a este escravo,
De alma partida.
Crisálida
Por Maria Lúcia Mendes
Primeiro vou te amar na lua nova
Uma amor só de olhares e suspiros.
Na minguante, tecerei as vestes
Laços de seda, sob véus de organza,
Perfumarei meu corpo com aloés e sândalo,
Uma guirlanda de murtas e açucenas
Ornará meus cabelos
Desatados na crescente, a tua espera
Quando teus passos alçarem minha porta
E me disseres sorrindo:” eu vim Maria”
Hei de apagar num sopro, a lua cheia.
Imagem by tezzan83
MEMÓRIAS DE UM VIRA LATAS
Por Gilberto nogueira de Oliveira
Fiquei velho e fui expulso de casa
E fiquei abandonado
Nas ruas de uma grande cidade.
Sentia fome e sede
E acabei me tornando um vira latas.
Acabaram-se os banhos de cheiro
Em meus pelos perfumados.
Ficaram fétidos e eriçados.
Saí em busca de alimentos.
O primeiro saco de lixo
Só havia papel e vidro.
Ah! Humanos desleixados
Que nem pensam nos garis.
No segundo saco de lixo
Achei uma cabeça de frango.
O jeito foi traçar aquilo,
Mesmo sentindo náuseas
E saudades de minha ração.
Anoiteceu.
Fui procurar um abrigo.
Encontrei! Embaixo do viaduto.
Um pedinte muito pobre
Me convidou para morar com ele
Ali naquele lugar.
Me aceitou como sou.
Dividiu seu pão comigo
E fui dormir em seus braços.
UM VERDADEIRO AMOR
Por Girlene Monteiro Porto
Um verdadeiro amor reconstrói uma vida, Cola um coração quebrado,
Faz esquecer magoas passadas. Ah! Um verdadeiro amor
Traz de volta aquele sorriso, Faz acreditar no amor aquele que dele estava descrente
Faz a felicidade ficar evidente, estampada na cara. Um eu te amo! É a frase mais linda do mundo.
Sabe aquele: E foram felizes para sempre! Acredita-se piamente nele.
Um verdadeiro amor deixa a vida mais bonita, mais colorida. E a eternidade é pouco tempo para viver um amor verdadeiro.
Imagem by Samantha Meglioli
Comunique-se!
Por Rogério Araújo (Rofa)
COMUNIQUE-SE com a cabeça e pense coisas positivas das pessoas, deixe pensa-mentos negativos de lado;
COMUNIQUE-SE com os olhos e veja o lado bonito das pessoas, principalmente o interior;
COMUNIQUE-SE com os ouvidos e ouça duas vezes mais do que fala, já que ouvir é uma arte;
COMUNIQUE-SE com a boca e fale somente o que é bom para se ouvir, use pala-vras que edificam;
COMUNIQUE-SE com as mãos e dê sinais de como você gosta dos outros, dê um aperto de mão bem forte e sincero;
COMUNIQUE-SE através do seu andar e aproxime-se para perto de alguém que pre-cise de você, não se afaste;
COMUNIQUE-SE com o coração, demonstrando o seu amor e sentimentos em rela-ção ao outro;
Enfim, COMUNIQUE-SE com Deus, sintonizando-o como principal “meio de comuni-cação” de sua vida, nunca deixando de lado o amor ao seu próximo como você ama si mes-mo.
CONVERSANDO COM
CLARA MACHADO
Gratidão.
Olá, boa semana a todos, o tema que vou refletir com vocês hoje, será gratidão.
A nossa sociedade esta adoecendo com seus conflitos e suas neuroses, e um dos fatores que tem desencadeado essas doenças psicossomáticas, esta relacionado a sua falta de gratidão, sabem porque? Por que o homem esta cada vez mais voltado para uma corrida desenfreada do ter e de aumentar cada vez mais as suas posses, e esta se tornando um escravo de si mesmo, e quanto mais ele ficar preso a isso mais doente e insatisfeito ele vai ficando, porque quanto mais se tem mais se quer ter.
Quando se chega nesse estagio e se você começa a se sentir angustiado, com um vazio dentro de você, e insatisfeito com tudo o que você lutou para conquistar, esta na hora de você parar para fazer uma reflexão sobre sua vida, e tirar algumas horas de silencio e de encontro com vo-cê, mesmo, onde você vai parar tudo e se dedicar somente a seus pensamentos, e suas refle-xões, e ai você vai poder identificar que o simples ato de estarmos respirando, de estarmos pen-sando sobre a vida, e vivendo alguns minutos em silêncio é um profundo ato de gratidão que temos que ter conosco por estarmos ali, realizando, essa reflexão.
Quando temos gratidão pelo simples ato de acordar de manhã com saúde e com uma sensação de alegria e que aquele dia vai ser de muito paz, já estamos sendo gratos, a vida, ao universo e para quem crê em Deus a Deus.
E quanto mais você se permitir ter pequenos gestos e pensamentos de gratidão com você, e com as pessoas ao seu redor, mais saudável e feliz você vai estar, e isso independe da sua quantidade de TER, mais sim da sua grande capacidade de SER.
Faça uma experiência por uma semana e seja grato a tudo o que lhe acontecer e você vai se sentir uma pessoa muito mais feliz e saudável.
Se tiver vontade de fazer um comentário, será sempre bem vindo.
Um abraço
Maria Clara L Machado.
www.mariaclara.psc.br
Nordestinando [uma homenagem a Miguel Arraes de Alencar – em seu período de exílio]
Por José Carlos Cavalcanti Leite
Chapéu de palha, palha de cana. Semeia o homem a terra plana.
Mãos calejadas, submissão, subnutrido, inanição. O latifúndio é seu patrão. Não tem sequer um torrão.
Assim padece o homem do sertão. Esperando um dia a libertação.
MANGUE SECO
Por Emérita Andrade
Lá na areia vê-se O brilho das ondas pequeninas
Que atropelam as gaivotas alegres a brincar E a passarada corre, voa , canta, E na areia de novo vêm buscar O alimento que a vaga amiga
Traz das águas mais profundas... Quer do rio, quer do mar,
As dunas correm na vastidão de areia É mangue seco posto ao luar...
Uma canoa, uma jangada, um barco a remo... O homem, este caboclo lá está,
Fazendo ordenhar a cabra arisca Que o sustento lhe fez dominar...
Se pesca peixe, pesca também almas... Mas a poesia eleva-se do vento, Este enigma que deixa em tudo
Um doce-amargo, uma dor, uma canção... Esta força secular que independe da vontade, Ela, só ela, é força capaz de impor a todos
O desejo de viver para sonhar, O contemplar do céu escuro sem estrelas,
o deserto sem flor, o canto sem lume, o ar sem perfume, amar, tão somente amar...
O vento
Por Selma Antunes
E o vento insiste em ficar
Mais uma noite.
Insiste em soprar este vazio,
Que paira em meu céu.
Mas por que o vento
Não leva este vazio?
Por que não o carrega,
Como faz com as nuvens,
Que aqui passam sem deixar rastros.
Ele insiste em ficar mais uma noite,
Insiste em desmanchar meus pensamentos
Pelo ar...
Imagem by dreammystyle
Meu querido esposo
Por Nilza Amaral Souza
Há muito não lhe escrevo. Culpa da tecnologia, e suas redes. Mas, súbito, me lembrei de nossos bilhe-tinhos. Tempos da Sociedade Cultural Dante Alighi-eri, na cidade do interior de nossa adolescência.
Eu estudava italiano pela manhã, você tentava aprender a língua de meus avós, no período da tarde. Tempos de inocência, de amor. Declarado através de ingênuas mensagens, deixadas na carteira de uso co-mum. E nos apaixonamos, crescemos e nos casamos.
Esta é a última mensagem que escrevo. Dizem que última é uma palavra fatídica, sempre devemos dizer penúltima. Mas este termo implicará em mais algu-ma notícia, o que não é o caso.
Através desta, dispenso-o da minha companhia. Dis-penso-o do horror de conviver com a velhice. Livro você da faculdade da pena ou da gratidão em nome de nossos anos de convívio. Lembro-me de seu me-do da velhice.
O tempo e o vento nos levam em seu galope. Deixo-lhe de quebra a lembrança de meu corpo jovem, da pele sedosa, da ardente sedução da nossa juventude. Da ardência de nosso desejo. E fico com a lembran-ça de você, jovem guerreiro, que me atraiu na sua brasileirice, na sua cultura de hábitos tão diferentes dos meus. Agradeço ao infinito pelos anos de trocas com que nos brindou por tantos anos de casamento feliz, num tempo em que o respeito e o carinho co-mandavam o mundo.
Deixo-lhe de lembrança, a graça e a espontaneidade do comportamento jovem do inicio de nosso namo-ro. E fico com a saudade de você, jovem caçador de meu afeto, impetuoso e corajoso que me dominou pela emoção de sua sensibilidade. Reveja em nossas filhas a continuidade de minha personalidade. Não sou mais a fresca rosa, mas a forte orquídea efêmera e fugaz. Ame-as e as proteja como me amou e prote-geu.
Restam-me as fotos de nossos passeios pelas flores-tas de nossa vida incipiente, pelos atalhos que desco-brimos para construirmos o nosso amor. Fomos Ro-meu e Julieta contemporâneos, de Shakespeare, o Tristão e a Isolda, de Helena Gomes, ou a Annabel Lee de Edgar Allan Poe, ou simplesmente João e Maria na versão prosaica das pessoas comuns. Ou mesmo as personagens de Morávia, o italiano que sabia contar. Sabemos, entretanto, que o nosso amor não foi comum, e não acabou. Por amar você com todo o meu coração é que o dispenso do dragão de horrores, definição de Nietzsche sobre a velhice.
Olho-me no espelho e não me reconheço, mas perce-
bo o mesmo olhar de indagação quando o apanho me olhando. Vejo-me ali, naquele reflexo como uma estranha intrometida invadindo meus aposentos, rou-bando a minha beleza e se imiscuindo na minha vi-da. Há fases da vida de uma mulher em que seu pior inimigo é o espelho. O espelho silencioso que a acu-sa de não ser mais a jovem de pernas grossas e cintu-ra fina, de cabelos esvoaçantes negros e sedosos, a minha imagem de garota italiana, cheia de vida, neta de imigrantes que fizeram a vida no bairro paulista-no, comercializando alho, cebola, e especiarias con-tribuindo para a riqueza do pais que os acolheu.
Não queira me procurar. Se ainda nosso amor perdu-ra, deixe-me livre para voar para o alto das monta-nhas inatingíveis. Quero ser a águia que perscruta e tudo assiste de seu voo nas alturas. Quero ser a lua que só se mostra a noite, ou a longínqua estrela que já deixou seu brilho. Quero ser imortal na minha mortalidade. Esse é o meu último desejo.
E é com toda a força que nosso amor me dá, que lhe dedico o último beijo, o beijo de amor que derramo do alto de minha emoção.
Adeus meu querido. Até uma outra dimensão onde nossos corpos não feneçam e nossas mentes res-plandeçam .Até o fim do arco Iris.
Sua amada Deusa.
Querida e amada Deusa.
Respondo na sua própria carta. Guarde as duas.
Vou cumprir o seu desejo. Mas, prometo que se você se sentir desamparada e infeliz nessa sua última de-cisão, estarei aqui, como sempre estive aguardando a sua volta. Você me provocou lágrimas de saudade, junto com as de felicidade e agradecimento pelo nosso convívio. Quero lhe provocar lágrimas de feli-cidade pela certeza que lhe dou, da esperança de que esta seja não a última ,mas a penúltima vontade.
Poucas palavras em resposta, mas coração disparan-do de emoção.
Seu eterno amante, Otelo.
Terra Nossa Terra
Por Maria Moreira
Terra de serras e montes altos
De solo fecundo e alimento do mundo
Terra de todos os povos
Sagrada mãe e pátria amada.
Terra amassada
Terra revirada
Terra de plantio
No cio
No fio
Terra de todos os matizes
De ternas raízes tenras!
Templos de minérios raros
Solo de riquezas mil
Terra fértil
Terra molhada
Terra alagada
No Brasil
No mundo
Terra que sempre serviu de abrigo
De chão de meus antepassados
Terra de futuros ainda vindouros
Solo pátria livre e democrática.
Triturados
Torrões
Terra solta.
Neste chão que um dia descansarei!
Experiência...
Por Alice Luconi Nassif
o ato da criação
traz alegria e paz
livra da profundidade
joga na superfície
anula a transitoriedade
aquela que sufoca
apertando o coração
lembrando da extinção.
quem quer encarar a morte?
que está sempre à espreita
esperando com serenidade
sabendo que a todos sujeita?
é como encarar o sol,
os olhos queimam, escurecem
é melhor desviar o olhar
“olhar” para outro lugar
onde, outra luz espera
vida! instante a experienciar
prêmio dos fortes,
aqueles que não temem a morte
aqueles que nunca esquecem,
sabem que viver é uma sorte...
o mundo é uma fraternidade
onde todos participam, mas sem olvidar
que a vida é só uma faísca, de verdade
do eterno que sempre existiu, existe , existirá
um rápido clarão, na escuridão da eternidade
um tempo mágico, um arco-íris, uma poesia
um ‘ser’ a experimentar... uma criatividade.
Imagem by Scale of lifeby iNeedChemicalX
Indriso pelas letras
Por Oliveira Caruso
Acordar antes do arrebol.
Muito antes, Deus do céu!
Nas letras eu tento viver...
Não vou dormir mui cedo,
porque às letras eu me entrego,
como delas um castelão.
Dou-lhes meu trabesseiro.
Eu sigo ao computador.
Nasci de uma caneta
Por Núbia Strasbach
Nasci de uma caneta, num papel branquinho, branquinho.... Fui criada a partir de uma inspiração divina, de um dom especial. Cheia de intenções e malícia, fui imaginada de diversas maneiras mas só uma ideia vingou. Apareci de repente, primeiro na imaginação, depois veio a caneta, minha concretizadora, que concretizou meu corpo, deu forma ao que hoje eu sou. Não parei por aí, andei de mão em mão, de olhar em olhar, e cai no gosto do povo. Hoje sou o que sou, devido a bem aventurada caneta, que me proporcionou bailar no papel branquinho, que esperava algo inusitado. E o inusitado aconteceu: surgiu a crônica, que com muito orgulho consta neste papel branquinho;.
O DEZOITO BRUMÁRIO DE ARTUR RIMBAUD
Por Antonio Cabral Filho
TENHO APENAS VINTE ANOS
A MAIS QUE ARTUR RIMBAUD
E NEM UM SEGUNDO NO INFERNO,
NUNCA PROVEI A TAÇA DA AMARGURA
NEM QUEBREI A CARA NA ABISSÍNIA
E CHEGUEI EM CASA PERNETA,
JAMAIS RENEGUEI MEUS PAIS
NEM MINHA QUERIDA JAMPRUCA
POR SUA VIDA PACATA,
E O FATO DE MOCHILAR POR AÍ
NÃO TORNOU-ME UM ANDARILHO
NEM ME FARÁ URBANÓIDE.
SAIR DA CASA PATERNA, PRA MIM,
É O MESMO QUE IR AO TRABALHO
OU À HORTA COLHER ALFACES.
NÃO QUERO FAZER DO MUNDO
UM MONTE DAS MINHAS CINZAS
SÓ PORQUE EU NÃO ME AMO.
NÃO SOFRO DE "CAZUZISMO"
ACUSANDO A BURGUESIA
POR FALTA DE IDEOLOGIA.
PARA QUE SERVE A FILOSOFIA
Por Germano Machado
Para que serve a Filosofia? - Perguntava-me uma jovem que frequenta o Grupo de Estudos Filo-sóficos ( GEF) do CEPA. Expliquei-lhe que, em principio, se poderá afirmar que, da filosofia, co-
mo raiz-mãe, tintura-mater essencial, nasceram as diversas ciências. É uma Ciência? Como explicá-la se, como ponto central, nasce também de si, a Filosofia da Ci-ência? A Filosofia, de um ponto de vista vertical, verifica-se na História humana e dos homens. Daí a importância da Historia da Filosofia e da Filosofia da História, não é trocadilho ou jogo de
palavras. A filosofia é o pensador e o pensar inseridos, postos dentro da realidade humana. Pensa, pois, certo, errado, lógico, desta ou daquela forma, o Filósofo pois exerce e exercita o
pensar, a capacidade do homem de razoar, logicizar, intuir, em suma, ver e medir. Quando lemos os filósofos nos seus textos, entendendo as suas posições, ao sentirmos que são fruto do seu período de existir, são epocais no dizer de Heidegger. O mesmo afirmava não po-der de jeito algum ser - e - estar fora do que se passa na sociedade e nas comunidades no ho-mem que pensa só ou com outros que procuram o ser - aí então percebe para que serve a filo-
sofia. Como citado filósofo germânico a filosofia é Ser - Tempo e o - aí quer dizer o Estar. A filo-sofia é o Estar sendo no tempo onde o filósofo existe e existência.
Então começamos a perceber para que serve a Filosofia. Se o homem é um animal politico e social por natureza ( Aristóteles), se é animal racional se diferencia dos demais em um lado,
porque tem em si anseios profundos de transcendência, igualmente pelo seu ser mesmo e por ser assim filosofa e vai a filosofia.
Toda vez que penso e penso que penso, todos os instantes em que verifico e peso os atos, to-talmente racional, estou simplesmente pensando/ filosofando ou filosofando/pensando. A Filoso-fia é a mãe do pensar, segura o homem como uma criança e a razão do homem como um adul-to para que, como ambos faça sua vida, intervenha na História e a modifique. Neste sentido, a Filosofia é política, politiza, faz politica. O homem é um ser politico por natureza. Há assim uma filosofia de cada ciência, Filosofia da Biologia, da Matemática Bertrand Russell e Wittgenstein e assim em diante. O estudo e análise da filosofia em si mesmo exige que se saiba e se verifique
se posso pratica-la , se é eficaz e partícipe. Assim entendendo, Marx estava certo quando afirmava, com razão, que a Filosofia hoje, mais do que interpretar, há de transformar o mundo. Desta forma, poderá o jovem ou a jovem ver " Para que serve a Filosofia" : para não se enganar, não ser alienado e nem se alienar, interpre-tar, intervir e transformar seu país e o mundo a partir de sua casa ou de si próprio, do seu ser e do seu tempo. A Filosofia, conquanto leve à reflexão, faz-se noção, exige participar, determina um agir, assim como pode levar , e leva as maiores contemplações matemáticas e empurra o
homem ao seu íntimo. Hoje já se está falando " Esta é a Filosofia de nossa empresa" ou " Vere-mos qual a Filosofia a utilizar nesse entendimento industrial".
Uma pergunta dolorosa : " Que nação mudou o mundo sem uma Filosofia para guiá-la e norteá-la? A Europa é o que é pelo predomínio de sua Filosofia assim como em todas as partes do mundo a educação leva a pensar / filosofar sendo, estando no seu tempo. Se alguém esbrave-jar, estiver contra, há um consolo : esta é a sua filosofia e teremos de respeitá-lo... Então para que serve a Filosofia? A Filosofia serve?
BRASIL SEM FRONTEIRAS
Por Ivonita Di Concilio
O Brasil tem fama de produzir o binômio Carnaval e Futebol e essas duas a.vidades são as mais
divulgadas no mundo, como se o brasileiro só .vesse os pés para dançar o samba ou chutar uma bola.
Na Música, por exemplo, temos várias referências, desde Ary Barroso com sua Aquarela do Brasil –
tocada internacionalmente por orquestras famosas e símbolo musical do Brasil – até Tom Jobim e Vinícius
de Moraes, com sua Garota de Ipanema, entre outras. Nosso cancioneiro é rico nas letras e nas melodias e
carrega um roman.smo ímpar, nascido nas toadas sertanejas e transmi.do para as demais tendências
musicais, que são muitas.
Embora o símbolo máximo seja, sem dúvida, o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, nos orgulhamos
em despontar como o país que conta com a Arquitetura mais revolucionária da atualidade. Temos uma
Arquitetura Na.va inigualável espalhada por todo o extenso território brasileiro, de norte a sul, nos diver-
sos núcleos indígenas, cada qual com caracterís.cas próprias. Mesmo as mal afamadas favelas cariocas,
com suas construções geralmente nas encostas dos morros da cidade, viraram ícones e hoje são incluídas
nos roteiros turís.cos, o que, de certa forma as resgata da marginalidade.
No Sul, especificamente, a influência dos imigrantes de várias nacionalidades, que chegaram ao
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, no início do Século XX, marcou a arquitetura – principalmente
com as construções mistas (alvenaria e madeira) que os italianos trouxeram e os chalés em enxaimel dos
alemães. Esse .po de arquitetura ( muito preservado e seguido) é mo.vo de atração turís.ca – pasmem –
para italianos e alemães em visita às respec.vas colônias, pois quase não existem mais naqueles países,
possivelmente arrasados pelos bombardeios da Segunda Guerra.
Embora o símbolo máximo do Brasil seja, sem dúvida, o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, nos or-
gulhamos em despontar como o país que conta com a Arquitetura mais revolucionária da atualidade, bem
como seu expoente máximo: Oscar Niemeyer – um dos maiores arquitetos mundiais modernistas, com
obras reconhecidas em vários países, como França e Estados Unidos.
De Niemeyer é a seguinte frase: “Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura e inflexí-
vel, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do
meu País, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é
feito todo o universo, o universo curvo de Einstein”.
Oscar Niemeyer (1907/2012) morreu um mês antes de completar 106 anos de idade, plenamente
lúcido e, ainda, dando orientações sobre Arquitetura. Sua fenomenal façanha foi a de criar “do nada” a
primeira cidade planejada e que é, hoje, símbolo do Modernismo: Brasília, a Capital do Brasil.
Este ilustre brasileiro é uma prova inconteste de que não é só Carnaval ou Futebol que o Brasil ex-
porta.
Cabaret Por José Carlos Paiva Bruno Boca beca do corpo, sonho louco moço, Esboço dum viajante solto, leve douto, Sensual grito do calabouço; sei que ouço, E a boca? Louca do esboço do moço... Beijo é o silêncio do coito, ébrio oito, Lábios enamorados, gemidos calados, Fornicações mudas atriz cortesã durante, E do moço galante, perto sendo distante... Pétalas e batom, quebra da maldição... Feitiço do luar em cílio postiço, Muito antes castiço; agora viço... Quase um deboche visgo, fetiche rosa. Ritual maquiagem do amor, delírio sedutor, Perfume sexo: Chanel feromônio nexo, Balé do ósculo e amplexo, simples complexo, Cópula, côncavo e convexo: corpos em anexo... Espartilho negro gato, dupla cor do sapato, Glamour dum caro ou barato, vitrola de moeda, Música da ficha dela; liga clandestina bela, Seda da meia-calça, sede tarantela... Dúvida desta ou daquela: quem é mais linda? Bela imagem ou a finta, deliciosa cinta... Saudade pressinta: brincadeira vinte mais trinta, Tempo não minta... Flerte da piteira e pinta... Assim duma fome agora, me devora... Assim decora meu ritmo, gozo rito infinito, Assim neon de sonhos, letra casal... Lençóis e taças, cristal das vidraças.
Gratidão
Por Rozelene Furtado de Lima
Pelo ventre que me acolheu Aceitou conceber um novo ser
Na escuridão deixou-me crescer Célula por célula desenvolveu
Sem saber como eu seria Enrodilhou-me em seu coração
Produziu minha alimentação Deixou-me crescer a cada dia
Transformou seu corpo em leito Foi meu sol, fui seu sonho de ouro
Fez-me luz, fiz-me tesouro Projeto tão belo tão perfeito
Somos feitos para viver em paz Viver felizes com dignidade
Mas há tanto preconceito Nas fendas, nas lendas, na maldade
Deveríamos ser todos iguais Mas nem sempre é assim que acontece Somos únicos, individuais, diferentes
Cada qual com seu ingrediente Cada mãe com sua prece Cada língua tem seu povo Todo povo tem sua terra
Toda gente uma alma encerra Toda alma vem de um renovo
Bendigo o ventre que me deu filiação E a terra que me deu berço no universo
Como poeta expresso meu sentir em verso Agradecendo ao Criador e a toda criação
CATOLÉ TERRA QUERIDA
Por Lenival de Andrade
Catolé terra querida
Já fui embora tantas vezes
Mas sempre volto a minha terrinha
Nasci em Patu
Em Catolé cresci e me criei
Passaram-se coisas que nem notei
Não tem nem pra mim nem pra tu
Morei em Patos
A morada do sol
Mas por trás de um lençol
Vieram firmes pensamentos
Fui parar em João Pessoa
A nossa capital
Lá é o litoral
Terra onde o pensamento voa
No vestibular conheci Monteiro
Terra dos Magníficos e Flávio José
Lembrei-me até do filé
Mas ainda não me achei por inteiro
Andei por várias outras terras
Entre elas Brejo do Cruz
Terra do Zé Ramalho
Mas prefiro a terrinha do Chico César
Além do Ricardo Brilhante, Pedro Neto e Chico Farinha
Também morou aqui Rosinha
Antiga paixão minha
Da minha infância querida
Guardarei para toda a vida
Catolé terra querida
SEM ÊNFASE
“As coisas. Que tristes são as coisas consideradas sem ênfase.” Carlos Drummond de Andrade
Por Rubens Jardim
Sem ênfase As coisas permanecem
Sendo coisas. O avião não levanta voo
E o gesto não sai do corpo Se não houver ênfase. É a ênfase que arruma A louça na cristaleira
E o lenço bordado na gaveta. Sem ênfase
Ninguém salva as flores Do mal. Nem as Cinzas
Das Horas.
Caspar David Friedrich
Le Moine au bord de la mer
TALHERES
Por Adriana Scherner
Certo dia um homem rico e uma moça pobre se conheceram.
Ele era um homem elegante, admirador da boa culinária. Conhecia vários países. Inteligente, educado, belo e charmoso.
A moça pobre era simples, educada, gentil, delicada e muito observadora. Prestava atenção em tudo o que ele lhe contava e procurava aprender com aquele homem que sabia um pouco de tudo.
Quando saiam para almoçar ou jantar a moça tinha por hábito, após encerrar sua refeição, de-positar o garfo e a faca separadamente no prato. Ela deixava sempre os talheres de frente um para o outro.
O homem rico, com toda sua educação e carinho, ensinou à moça a maneira certa de como ela deveria arrumar os talheres ao final da sua refeição e em seguida, esboçava um leve sorriso. Olhava nos olhos da moça e colocava os talheres dela, lado a lado no canto direito do prato e explicava com voz e olhar manso que assim o garçom entenderia que ela havia terminado e po-deria então, recolher o prato.
O tempo passava rapidamente e com ele novos almoços e jantares foram surgindo entre os dois. A moça algumas vezes ainda mantinha o antigo hábito de separar os talheres e o homem rico, sem jamais repreende-la, apenas repetia o mesmo gesto.
Após várias refeições, a moça aprendeu a lição e sem falar palavra alguma, apenas olhou com doçura nos olhos dele e o fez segui-la com os olhos até seu prato. Dessa vez, ela havia arruma-do os talheres da forma como ele havia lhe ensinado. Ele lhe devolveu um olhar sereno e um sorriso de satisfação.
Algumas vezes a moça propositalmente, ainda deixa os talheres desajeitados, só para apreciar o homem à sua frente estender as mãos para arrumar seus talheres, sem nunca repreende-la.
Muito tempo se passou, algumas vezes a moça faz suas refeições sozinha e sempre ao término delas, ela olha para seu prato e com um leve sorriso, arruma seus talheres do jeito como apren-deu, mesmo que naquele momento não tenha nenhum garçom para recolher lhe o prato.
MILAGRE...SERÁ?
Por Maria Aparecida Felicori (Vó Fia)
Laura era pobre, mas era uma mulher feliz, porque seu marido Antonio era um homem bom e trabalhador que só vivia para cuidar de sua esposa e dos cinco filhos e aquelas crianças eram bem educadas e gentis; Laura era uma boa dona de casa, mas nunca aprendeu a ganhar dinhei-ro, porque seu marido com seu trabalho de mecânico, sustentava a todos.
A vida daquela família era tranquila e os dias passavam sempre em paz, Antonio trabalhando em sua oficina, as crianças na escola e Laura em casa cuidando dos serviços domésticos com carinho e eficiência e tudo naquela casa era muito limpo, as roupas limpas e cheirosas e a comi-da era feita com sabedoria e era deliciosa, tudo naquela casa era felicidade.
Mas tudo que é bom tem pouca duração e numa manhã Antonio se despediu da esposa e dos filhos e foi trabalhar, mas se sentiu mal na rua, foi socorrido, mas chegou morto no hospital; foi um desastre, porque aquela família dependia do mecânico para tudo e nos primeiros dias Laura não sabia o que fazer, mas os amigos levavam comida pronta e carinho.
Mas como é normal, passados os sete dias as visitas foram diminuindo e de repente Laura e os filhos ficaram sós, foi ai que ela ficou desesperada, porque estava acostumada com os cuida-dos do marido, mas vendeu a oficina mecânica e foi sobrevivendo com o dinheiro daquela ven-da, mas onde se tira e não se põe, o resultado é que termina.
E quando o dinheiro se acabou, Laura foi olhar a dispensa e lá só restava um pacote com cin-co quilos de açúcar, ela entrou em desespero, mas se ajoelhou e pediu com muita fé a ajuda de Deus e foi dormir ao lado dos filhos, sem saber como alimenta-los no dia seguinte; durante a madrugada ela sonhou com um homem de olhos meigos, que lhe disse: seu sustento está na porta de sua cozinha.
O dia amanheceu, ela acordou, abriu a porta da cozinha e a primeira coisa que viu foi um ma-moeiro carregado de mamões verdes, ai ela entendeu o significado de seu sonho, apanhou algu-mas frutas e com o açúcar que lhe restava, preparou uma bandeja cheia de lindos doces, saiu para a rua e em pouco tempo vendeu todos e com o dinheiro conseguido comprou mantimentos.
Voltou para sua casa e preparou um bom café da manhã para seus filhos e depois preparou mais doces e saiu para vende-los e em poucos dias as pessoas vinham encomendar seus do-ces e ela começou a preparar novos tipos de doces e bolos; seu talento culinário foi reconhecido e ela passou a cuidar de seus filhos com todo conforto e suas preocupações se acabaram.
O tempo passou e Laura com seus filhos já adultos, continuou trabalhando na administração da fabrica de doces que conseguiu levar ao sucesso, mas seus filhos formados, cuidavam de todos os assuntos da fabrica e juntos trabalhavam unidos e felizes; Laura acreditava que Deus ouvira suas preces e lhe mostrara o caminho a seguir. O nome da fabrica era: Doçaria do Antonio.
TRÊS MÃES
Por Robinson Silva Alves
MÃE ANGÊLICA, MINHA VIDA, AMADA MÃE, MINHA RAINHA
MINHA QUERIDA
MINHA MÃEZINHA MINHA MAÊ
GUERREIRA HILDA
MÃE MADRINHA CONSOLOU MEU PRANTO
NAS NOITES FRIAS DE SOLIDÃO ONDE O ESPIRITO SOFRE
E A ALMA TREME
MINHA MADRINHA MÃE, AVÓ,
MARLENE
MÃE PROFESSORA TIA AMADA DA ESCOLINHA
ONDE APRENDI O ABC DO “NUNCA DESISTA”
MÃE ALEGRIA MÃE PROFESSORA.
TIA RITA.
MINHAS MÃES MINHA MAGIA
GRANDE INSPIRAÇÃO
Crônica do dia
Por Luiz Flávio Nascimento
No último final de semana participei de um Flohmarkt (mercado de usados) aqui em Hamburgo. Ao meu lado esquerdo estava uma senhora que também participa-va do mercado. Ela dirigindo-se a mim, disse:
-Eu poderia colocar estas roupas aqui?
E sem esperar pela resposta já foi colocando as tais roupas.- Eu assustado com a invasão, respondi:
- Não a senhora não pode... a senhora me parece que reservou 3 metros também, como eu. Se a senhora precisa de mais, por que não reservou mais? Ela meio in-dignada respondeu: - Isso não é nada simpático da sua parte! - O que? respon-di... a senhora tenta invadir meu território e eu é que não sou simpático.
E como havia percebido o sotaque dela ao falar em alemão, perguntei:
- De onde a senhora é mesmo? Ela respondeu como todo entusiasmo: - Sou fran-cesa! Então, eu disse: - Está explicado a sua tentativa de invasão, assim são a maioria de vocês franceses, invasores de territórios alheios e não é por menos que vocês ainda hoje são possuidores de colônias no mundo. Diante deste co-mentário, ela sem responder, voltou aos seus 3 metros. Ao final do dia ela me pe-diu desculpas e me desejou ainda uma boa noite e me perguntou de onde eu era. E eu com todo entusiasmo também, respondi: Sou brasileiro! Assim, acredito que com diplomacia podemos evitar várias invasões de territórios! E viva nós!
Arte de
Luiz Flávio
Nascimento
Meu nome é Jorge Por Jorge Luis Martins O livro Meu nome é Jorge é um exemplo de resistên-cia e abnegação. Nele, o autor nos mostra, na práti-ca, aquilo que, em tese, os especialistas reiteram to-dos os dias: a importância da família na formação humana. Essa é a principal mensagem do livro, mos-trar ao leitor como a manutenção de vínculos famili-ares, em todas as circunstâncias da vida, é funda-mental para vencer. É comovente a insistência de Jorge em manter os vínculos familiares, mesmo diante da rejeição e do clima de beligerância enfrentados desde o nascimen-to. Em seu livro, é relatada uma história de vida des-de o primeiro berço em uma caixa de sapatos até a construção dos meios para uma sobrevivência digna, a árdua construção de um projeto de vida, a forma-ção acadêmica. Tudo isso por caminhos nada trivi-ais, especialmente nos atribulados anos da infância como menino de rua, até o início da vida adulta. A narrativa retoma o passado e chega ao presente, per-mitindo passagens com as reflexões de um homem maduro sobre a própria existência construída a ferro e fogo. Todas as portas que se abriram para Jorge o levariam invariavelmente à marginalidade e ao crime. Mas outros elementos de sua personalidade, além do ape-go à família, ajudaram-no a superar todo tipo de obs-táculos que a ele se apresentaram já a partir da pri-meira infância. Entre eles, a valorização da amizade, que ele tão bem sabe conquistar e cultivar. Jorge Martins nasceu em Novo Hamburgo. A mãe tinha problemas mentais e o pai, homem violento, o agredia. Diante dessa atmosfera nada propícia para o início de uma construção de vida, foi morar com a avó, de quem recebeu todo o carinho e a atenção ne-cessárias a sua sobrevivência. Mas, quando ainda tinha apenas dez anos, a avó morreu. Aí recomeçou uma luta renhida para ocupar seu lugar ao sol. Foi para a rua, morou um tempo com o pai que o agredia e o submetia a atividades incompatíveis com a idade, mas não agüentou os maus tratos que se repetiam. Então, retornou à rua, onde perambulava dia e noite, alimentando-se de restos de comida, de doações, dormindo em praças e até no cemitério da cidade. Depois de perambular por Novo Hamburgo, veio para Porto Alegre, trazido por uma pessoa que lhe prometeu uma vida melhor. Viveu durante algum tempo na praça da Alfândega, conviveu com pessoas de baixo valor moral e ético, mas sempre com os olhos voltados para algo que, tinha certeza, o levaria a um caminho de luz e harmonia. Caiu em embosca-das armadas por inimigos, esteve preso, mas, em
função de sua fortaleza moral e da arte de cultivar boas amizades, conseguiu vencer todas as adversida-des. Depois de duras batalhas contra o preconceito, con-quistou um emprego digno, ganhou confiança dos chefes, montou um negócio próprio, prosperou, cur-sou técnico em Transações imobiliárias (Corretor), formou-se em Administração, fez pós-graduação em Psicopedagogia, cursou Inglês, é Editor e proprietá-rio de uma locadora de automóveis e hoje atua tam-bém como ator, sendo um dos mais requisitados do cinema e da televisão do Rio Grande do Sul. Outra singular virtude de Meu nome é Jorge é, ain-da, a disposição do autor de não esconder o passado. Jorge mostra-o em toda a sua dimensão - e contribui com isso para que, a exemplo dele, possamos tam-bém enfrentar os duros percalços da vida, tornando o mundo melhor, mais solidário e mais humano. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ O livro Meu Nome é Jorge aborda questões funda-mentais sobre abandono, violência, perda da família e miserabilidade com todas as implicações que isso pode acarretar. Mostra a luta incessante do autor pela suas própria sobrevivência, a busca dos valores familiares o que revela sensibilidade, e o perdão restaurador sobre a dura vida de quem conta com a sorte para permane-cer vivo e íntegro. Um livro para ler de um só fôlego. Uma história en-volvente que nos faz refletir sobre as frágeis relações sociais sobre pessoas que, na sua grande maioria, acabam por percorrer os caminhos da criminalidade. Parabéns ao autor que desnudou a sua própria vida, sem preconceitos nem pudores, para nos dar uma lição de vida , luta e perdão, onde a superação das dificuldades serve de motivação para sua própria vitória. Obs.: O escritor está no projeto Autor Presente, do IEL – Instituto Estadual do Livro – RS, e também é integrante do projeto do Ministério da cultura na Caravana dos Escritores: [email protected]
ASSIM COM OS CESARES ROMANOS, TODO POLÍTICO JÁ TEM UM LUGAR GARANTIDO...
Por Jeremias Francis Torres
Pois é, assim como al-guns dos generais e comandantes romanos, todo ou quase todo político, já possui um lugar garantido no inferno quando morrer!
A todo ser humano, pelo me-nos, resta o benefício da dúvida: vou ou não vou? eis a questão!
Para o político não resta a míni-ma possibilidade quanto a isso!
A eles, esse benefício, não po-derá ser concedido! Nem há que se falar: “in dubio pro reo” (Na dúvida, pelo réu. A incerteza sobre a prática de um delito ou sobre alguma circunstância relativa a ele deve favorecer o réu). Ao contrário, não haverá mais dúvida! Eles serão condenados!
Ou você tem dúvida, quanto ao destino futuro de um indivíduo, que mente des-caradamente durante a vida, durante uma campanha para se eleger e depois dá adeus aos eleitores e nunca mais andam pelas ruas, a não para angariar votos nas próximas elei-ções?!
Veja-se por exemplo, tomando por base, esse mais recente escândalo em São Paulo, tanto na Prefeitura, quanto no Governo: palavras vazias enganando a “povão” e desvio de milhões de dólares dos cofres da população em prol da satisfação de seus desejos pesso-ais!
A grande diferença dos políti-cos brasileiros para alguns dos CÉSARES, por exemplo, NERO, CAIO JULIO CESAR e outros, é que aqueles conseguiam ser desagradáveis alguma parte do tempo e em outra parte, volta-vam a fingir que eram bons para conquistar a simpatia do povo. Ou seja, conseguiam ser sin-ceros algum tempo, quando demonstravam “quem realmente eram:’ ditadores, executores, malfeitores, dementes e esquizofrênicos (CALÍGULA, HELIOGÁBALO, por exemplo)”.
Estes, (os políticos), aperfeiço-aram o negócio: CONSEGUEM SER FINGI-DOS DURANTE TODO O TEMPO E O TEMPO TODO! Só perdendo o “rebolado”, quando uma “explosão” de denúncias documentadas e com-
provadas de corrupção, vem à tona, tisnar seu aparente “cristalino” governo!
A mentira faz parte da vida desses homens, assim como o trabalho faz parte da sua!
O cinismo, a hipocrisia, a men-tira, a traição, o egoísmo, a ambição, etc., são as únicas filosofias que conhecem individual-mente ou em seu conjunto!
A única coisa que torna sua maldita existência suportável, é justamente o fato, de acreditarem em sua própria mentira e baseados nisso, acharem que podem ao mes-mo tempo enganar a si próprios, ao semelhante e logicamente (no seu mísero entendimento) a Deus!
Enfim, acreditando que possa haver um destino diferente para sua alma, diferentemente do que todo mundo sabe o que lhes advirá, quando partirem dessa pra “melhor”, diria, que vivem tranquilamente, numa certa comodidade!
No entanto, um futuro tenebro-so os aguarda!
Ou alguém aí consegue imagi-nar um mentiroso, hipócrita, desonesto, dividin-do o mesmo espaço com DEUS?
O Homem
Por Clara Machado
Quando Cristo veio a Terra há mais de dois mil anos atrás, ele viveu um período de sua vida como homem físico e inconsciente e a partir do momento que ele ficou os 40 dias no deserto ele teve o grande contato com a sua verdadei-ra consciência e missão no nosso planeta que era a de ajudar a nossa humanidade a enten-der seu verdadeiro papel ao estar encarnado fisicamente e ele utilizava as parábolas como um meio de chegar aos homens e ao seu ver-dadeiro entendimento e de como eles poderi-am superar todas as suas dificuldades terrenas acreditando no amor incondicional do Pai Eter-no. e o mais incrível nessa história é que ele foi incompreendido, preso, torturado em uma cruz até sua morte física.
E hoje temos o seu grande legado os seus en-sinamentos e o mais surpreendente é que até hoje o homem continua com as mesmas difi-culdades, ganância, poder, ciúmes, inveja, ma-tando seu semelhante, por puro prazer e luxú-ria e outros matando e dizendo que matam em nome de Deus. Se Deus é puro Amor, como o homem pode usar essa desculpa para matar em seu nome ? não seria mais fácil o homem admitir o quanto ele é ignorante nos seus argu-mentos e na sua mesquinhes e se deparar com esta realidade que esta dentro dele mes-mo, e ter uma atitude de coragem. e dizer para ele mesmo: " Sou eu que faço as maldades e sou responsável por elas eu também tenho dentro de mim a pureza e a santidade que pos-so deixar aflorar e transformar a partir deste exato momento, tudo o que fiz de ruim para mim e para os meus semelhantes até o dia de hoje e começar com um firme propósito de transformação e mudar radicalmente a minha vida e me transformar em um homem bom. Capaz de mudar toda a minha inconsciência em uma consciência plena de amor, por mim e por meus semelhantes e encontrar aquilo que Cristo veio nos ensinar que é encontrar o Rei-no dos Céus". pois o Reino dos Céus esta na
nossa consciência, muito mais perto de você do que você imagina, acredite nisso, acredite em você, na sua capacidade de evolução e de purificação e tem mais, só tem um caminho para você chegar neste lugar é através de vo-cê mesmo. Você que esta lendo esse texto agora, comece a pensar que ele foi escrito pa-ra você neste momento e faça uma reflexão de tudo o que esta ruim na sua vida, hoje e acre-dite que tudo isso esta assim porque você esta permitindo que sua vida seja dessa forma, mais agora você tem a chave da mudança e da transformação, acabou de receber, e faça bom uso dela.
E para terminar minha fala deixo uma parábola de jesus para você.
"Jesus falou: O Semeador saiu para semear. Enquanto semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho, e os passarinhos foram e as semearam. Outras sementes caíram em ter-renos pedregosos, onde não havia muita terra. As sementes logo brotaram, porque a terra não era profunda. Porem, o sol saiu, queimou as plantas e elas secaram, porque não tinham raiz. Outras sementes caíram no meio dos es-pinhos, e os espinhos cresceram e sufocaram as plantas. Outras sementes, porém, caíram em terra boa, e responderam cem, sessenta e trinta frutos por um. Quem tem ouvidos, ouça!"
SINFONIA À LIBERDADE
Por Isabel C S Vargas
Orquestra de sons magistrais
Gratuita e diária
Fazem de meu amanhecer
Momento único e abençoado.
Sem ingresso e sem tempo definido,
Ouço os pássaros a cantar
Saudando o dia que amanhece
Recepcionando o sol ou a chuva
Com sabedoria louvando a ambos
Indispensáveis para a sobrevivência.
Alimento-os diariamente.
Livres descem ao solo
Para provar o alimento.
Como recompensa voos rasantes
Passeios ao solo, alegre cantar,
Colorida revoada.
Sem temor dividem o alimento
E espaço com meus cães.
O gato espreita do telhado em silenciosa visita,
Liberdade total.
Constante ir e vir
Sem medo de aprisionamento.
O amor não permite grilhões.
EU E O LAR
Por Laudecy Ferreira
Amigos vou lhe dizer
amigas vou lhe falar
ter uma vida saudável
é algo espetacular
mas ter quem nos acolha
é maravilha que só Jesus
pode nos recompensar.
Foi numa noite escura
que a notícia se deu
de um câncer ou sepultura
foi a verdade que doeu .
Estando em desespero
e a família também
agora o quê fazer
se a condição financeira
não nos convém?
De repente chega um amigo
enviado por Jesus
dizendo que existe um Lar
chamado “Lar Amigos de Jesus”.
Acolhe branco, preto e pobre
quem o câncer veio ter
pra o acolhimento fazer
e vida nova devolver.
Irmã Conceição, sua Equipe e Voluntários
Com maior satisfação
Se doam de coração
E pede a Jesus:
Que nunca nos falte o pão,
O amor, a caridade,
E a alegria na doação.
Meu poema revela tristeza
Por Maria José Vital Justiniano
Poesia sem alma Poeta sem calma Poema que grita Uma dor escondida Palavras sem graça De uma voz vazia Sentimentos negros Coração sem pulsação Meu poema revela tristeza de um dia perdido de horas de trevas de sonhos amarrados de manhãs sem sol Assim é meu poema sem rosto sem voz sem luxo sem nada.
Cultura Por Emanuel Medeiros Vieira
Falarei sobre cultura. Cultura? Sim: sem pretensão e de maneira clara.
Um dos temais que mais problematizaram a minha geração foi a discussão sobre “altura cultura” ou “baixa cultura”, arte “elitista” ou arte “popular”.
O CPC da UNE, já na década de 50 e também na de 60, pensou o assunto em reuniões, seminários, obras de arte. E subiu o morro. Lógico, havia equívocos e um maniqueísmo ingênuo que, dentro do contexto da época, até era possível entender.
Por que não gostar de Beethoven e de Carola, de Mozart e de Pixinguinha, de Bach e de Lupicínio?
Já é um lugar-comum ou “mantra” da indústria cul-tural se justificar afirmando que oferece o que públi-co quer.
Bia Abramo indaga: “Mas será que, ao contrário, o mecanismo é de tal forma perverso que o público passa a querer aquilo que se imagina que deve ser dado?”
O gosto se discute sim! E tem mecanismos comple-xos e autônomos.
A acusação que se faz para desqualificar os que criti-cam a programação da TV aberta, é chamá-los de elitistas.
(Seria elitismo condenar a horrenda grade da TV aberta, pelo menos aos domingos?)
Elitismo é deixar fora da população pobre – que, às vezes se esforça loucamente para construir bibliote-cas nas favelas – aquilo que a humanidade produziu de mais duradouro e inteligente.
Elitismo – pondera outro observador – é fazer da alta cultura privilégio de minorias, enquanto se produz lixo para quem não conhece nem tem tempo de co-nhecer outra coisa.
“Elitista é o sacrossanto mercado, que não irá arris-car o lucro certo pela missão – que deveria caber a uma emissora pública – de tornar sua audiência mais informada, consciente e crítica.”
Pude perceber , em alguns morros deste país, a emo-ção das pessoas mais humildes, mais pobres, mais vulneráveis do Brasil, assistindo a uma orquestra que foi se exibir para elas, com Villa Lobos, por exem-plo, no repertório.
Se só se oferece lixo, violência, e se existe uma vo-lúpia em exibir os mais baixos instintos (em progra-
mas policiais ou de auditório), as pessoas só terão isso. Não saberão de que existe um outro mundo, uma outra arte, e passarão o tempo de suas vidas sem poder usufruir de qualquer beleza.
Precisava-se antigamente de vários dias, semanas ou meses para leitura (profunda, feita com calma) de um romance. Lembro de “A Montanha Mágica”, de Thomas Mann. A gente folheava, voltava para trás, para frente, lendo de novo, mais uma vez, para gra-var bem o nome de um personagem; enfim, refletia-se sobre a mensagem.
Hoje, como expectador, a gente consome o mesmo romance, processado em imagens, no espaço de no-venta minutos.
Mas com menores consequências, pois, como obser-va Günter Kunert, deixa de existir o esforço de tra-duzir na mente primeiramente o elemento abstrato do texto para algo visível.
Claro: nesse ritmo, quem está acostumado só com TV, se pegar um livro sentirá tédio, pois “sua expec-tativa subliminar não é satisfeita, porque aquilo que lhe é oferecido exige um outro método de aborda-gem.”
Ele resume: “Quem está acostumado a caminhos curtos mostra relutância diante dos mais longos.”
GRACIAS, MERCEDES
Serei até redundante: Mercedes Sosa marcou muito a minha geração.
Com belíssima e impactante voz, ela falava de nos-sas aflições políticas, da morte dos sonhos, das dita-duras, do sofrimento dos idealistas.
Ela foi a voz da resistência de nuestra América
Mercedes, através de uma música bela e pungente, meditou sobre as angústias e esperanças de gerações politizadas que sofreram em suas vidas o impacto das ditaduras brutais do cone sul; refletia sobre os exílios internos e externos em nossas vidas.
E – algo muito importante –, ela cantou a sensação de desenraizamento, e a percepção de ser estrangeiro também em sua própria terra..
Para muitos de nós, o exílio foi a pátria soberana.
Em mais de 40 álbuns, compactos e participações em discos alheios, ela gravou os mais importantes com-positores argentinos, como Ariel Ramirez, Atahualpa Yupanqui, Horacio Guarany, César Izella, Léon Grieco, Victor Heredia e Gustavo Leguizado.
(Segue)
Trabalhou, igualmente, em parceria com o poeta Felix Luna.
Mercedes também registrou canções inesquecíveis de compositores e poetas chilenos como Victor Jará e Pablo Neruda.
Cantou “O Cio da Terra”, de Chico Buarque e Milton Nascimento.
Foi um dos pilares fundamentais da música popular argentina, ao lado de Carlos Gardel (que está cantando cada vez melhor...) e Astor Piazzola.
Bastaria que tivesse sido a intérprete definitiva de “Gracias a la vida” e “Volver aos 17”, de Violeta Parra.
El citava nas entrevistas a letra de Maria Helena Walsh: “Tantas veces me mataron, tantas veces me mori y aqui estoy resuscitando”..
DE GROUCHO MARX (1890-1979): “Esses são os meus princípios. Se você não gosta deles, eu tenho outros.”
ESPERANDO POR ELA
Por Mário Rezende
Na organização do pensamento, tudo é distribuído de acordo com a necessidade, o que
é determinado pela observação dos neurônios plantonistas nos sentidos da visão, da audição, do olfato e do paladar, além dos que ficam na fronteira do corpo e trabalham no tato.
Naquele dia, na parte da tarde, eu tinha levado os meus neurônios operários para pas-sear. Como meu objetivo principal estava bem definido, aliado ao lazer dos operários, só os es-pecialistas em sexualidade estavam em plena atividade. Nessas situações, a maior parte da ca-tegoria entra em ação e, naquele momento, os da seção LP (Luana Piovani) estavam cheios de energia e disposição, uma quantidade de sinapses incrível.
Enquanto caminhava pelo circuito Leblon-Ipanema, desde a Dias Ferreira até a General Ozório, seguindo a calçada da direita da Ataulfo de Paiva. Dei uma paradinha de praxe em fren-te ao Cine Leblon e continuei seguindo em direção à Visconde de Pirajá; senti saudade dele quando atravessei a Vinícius de Moraes.
Estava voltando pela calçada oposta, olhando as modas, pensando que poderia ter a sor-te de encontrar a Luana, para ver se ela se engraçava dando de cara comigo, deixasse de ficar com esses lanchinhos e pegava logo um prato cheio de comida mineira, tipo galo com quiabo e polenta. Não, não sou mineiro, sou carioca mesmo, da gema. Mas se eu quisesse usar uma metáfora, o prato típico teria que ser feijoada acompanhada de caipirinha. Aí não iria dar, é mui-to grosseiro, típico camelô carioca, que vai trabalhar de bermuda, camiseta e chinelo, muita bai-xaria e falta de elegância. Não sei como algumas mulheres aguentam. Cada figura! Acho que se eu fosse mulher, seria homossexual, porque tem homem que dá até nojo, não tem finesse, educação, raciocina com a do pênis.
Voltando ao meu objetivo, ela, a Luana, minha deusa, poderia aproveitar, me conhecen-do, para esquecer o lance com o Caetano, porque também sou poeta, pelo menos quero acredi-tar que sim. Adivinhe... Pois é, não deu as caras. O máximo que encontrei do metier, foi o Ro-drigo Santoro, de passagem por Ipanema, já que ele, agora, é de Hollywood, com direito até a algumas sílabas depois de ”Lost”. Ele está chegando lá, eu torço por ele porque é humilde e sa-be dar tempo ao tempo, feito a Alice. Estou falando da Alice Braga, que desbancou muito cachê alto por ser mulher bonita e boa atriz, também. Pelo menos a beleza do corpo teve a quem pu-xar (à Gabriela Cravo e Canela que enfeitou a minha telinha, à dama do lotação que provocou aumento de pulsação e à protagonista de “Eu te Amo”, espetáculo que ficou na lembrança dos marmanjos). Fico torcendo para que ele, o Rodrigo, seja percebido pela Jolie depois que o Brad passar. Eu, por enquanto, continuo na esperança pela Luana, porque não foi daquela vez.
Solitário
Por Roberto Ferrari
Muitas poesias te escrevi,
Mostrei a minha alma, e quis te entregar meu coração,
Vivi a vida de um louco apaixonado esperando pelo dia
Em que te beijaria e cantaria poemas para você
Gritei com a força do meu amor
Venha e me ame,
Se entregue aos meus carinhos
As poesias que eu te declamei
São como um eco dentro da tua alma
Como o som do vento
Sou o cavaleiro do nosso destino
Perdido de amor
Solitário na noite.
Tantas vezes procurei por emoções novas
E só tinha você no pensamento
Nas noites frias, de um silêncio profundo
Caminhava sozinho
Por vezes achava que meus olhos
Haviam te visto ao longe
Ilusão da minha paixão.
As poesias que eu te declamei
São como um eco dentro da tua alma
Como o som do vento
Sou o cavaleiro do nosso destino
Perdido de amor
Solitário na noite. Sim, hoje posso te ouvir Declarar nosso amor pela noite
Sim, eu posso ouvir o som do vento
Pela noite
E te amar sob os raios prateados da Lua
Minha confidente
Sempre serei o cavaleiro do destino
Para te amar e proteger, meu amor!
Quadro - O Vazio
Por Varenka de Fátima Araújo
Sem imagem da radiografia
o contorno do quadro
onde a cor da imagem é a desmaterialização
e o raciocínio não acompanha a mão
cortante é o silêncio
o vazio do amor
do não procriar
em direção da morte
enfim o vazio
Vivos em mim
Por Rita Velosa
Se Carlos estivesse vivo, diria: Vai ,Rita, ser “gauche” na vida! Se Quintana estivesse vivo, diria: Eles passarão! Você, Rita, passarinho! Se William estivesse vivo, diria: É,Rita. Ser ou não ser: eis a questão! Se Castro Alves estivesse vivo, diria: Deus! Deus! Onde estás que não respondes para a Rita? Se Camões estivesse vivo, diria: Pobre Rita!Amor é fogo que arde sem se ver! Se Vinicios estivesse vivo, diria: Rita, sua beleza é fundamental! Se Nelson estivesse vivo, diria: Todo jovem é um imbecil, E você, Rita, gosta de apanhar! Se Augusto estivesse vivo, diria: Escarra nesta boca que te beija, Rita! Se Sá Carneiro estivesse vivo,diria: Vai, Rita! Perder-te dentro de ti, Porque és labirinto! Se Fernando estivesse vivo, diria: Você é uma fingidora! Finge tão completamente, Que chega a fingir que é dor, A dor que deveras sente! Se Olavo estivesse vivo, diria: Padeces, Rita! Que fazer para ser boa? Perdoa! Se Raimundo estivesse vivo, diria: Rita, vai-se a primeira pomba despertada! Aos pombais, elas voltam. Mas ao seu coração, Elas não voltam mais! E Vicente, o que diria? Rita, a felicidade existe sim. Mas nós não a alcançamos, Porque está sempre apenas onde a pomos, E nunca a pomos onde nós estamos!
Ah! E o eterno Paulo, o que diria? Rita, ainda que você tivesse o dom da profecia, O conhecimento de todos os mistérios, E de toda a ciência, Ainda que você tivesse toda a fé, A ponto de transportar montanhas, Se você não tivesse o amor, Você nada seria! E você , Rita ? O que você diria? Eu diria: Vida, mistério infindo! Inúmeras ilusões! Ora alegres, ora tristes. Nada mais!
NEM TUDO PASSA
Por Deidimar Alves Brissi
Fama, poder, fortunas, passam...
Passam as ilusões da vida.
A fama também é esquecida.
Passam com os anos, passam...
Passa todo poder temporal.
Passa toda iniquidade,
Só vai ficando a bondade.
Passando tudo que é mal.
As lágrimas que nós secamos,
E as alegrias que damos
Isto nunca é esquecido.
Todo amor, toda verdade
Ficará para eternidade.
Não passará, meu amigo!
Revelando como me sinto... como sou...
...generosos são os olhos que veem...
Por Ediane Souza
Causa-me espanto quando me dizem o quanto sou extremamente generosa. Ouvi isto várias ve-zes há dois anos, num período intensamente doloroso. Aqui, ali escuto novamente. Hoje, me ocorre de receber tal adjetivo, vindo de alguém que me é bastante caro, cuja forma de me olhar, esta, sim, é por demais generosa. Não... não sou generosa assim como acreditam. Eu procuro dar o melhor que tenho, mas é puro egoísmo, não se iludam, já que fazer o bem ao outro me promove recompensa ainda maior. Falam do quanto sou cuidadosa e carinhosa com o outro... E não deveria ser esta a nossa missão neste mundo? Emocionei-me também quando li, dentre ou-tras coisas, que as minhas palavras e a minha voz são um oásis encantado. Ah, meu amigo, se as pessoas soubessem o que sinto, se conseguissem me enxergar por dentro, se alcançassem as minhas aflições... Ah, se pudessem saber como me vejo impotente, especialmente agora, co-mo são os meus lamentos noites adentro, se vislumbrassem o vazio que por vezes me ocorre, o grito que silencio, o choro que preciso calar para que o outro possa escancarar a sua dor... Ah, se por um instante percebessem a minha fragilidade... que nada sou... Se compreendessem que é tão simples o que eu anseio viver e, ainda assim, me é quase impossível de alcançar... Se ain-da não desisti, é porque o que carrego em mim não tem mais cura, não pode ser transmutado, transferido, não servirá para mais ninguém... Se ainda não desisti, é porque meus pés vivem saindo do chão, porque me vejo voando além, porque em meus delírios eu posso tudo e muito mais. Mas tenho consciência do que sou: sou pequena, meu povo, meu cinto de utilidades vive perdendo os apetrechos, minha capa é plástica, a heroína está só nos gibis. No mais, mentalizo naquilo que é e sempre será meu lema de vida (tomando para mim os versos de Álvaro de Cam-pos-FP): “Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo”. Esta sou eu... generosos, encantados são os olhos que me veem...
O suspiro do infeliz
Por Evelyn Cieszynski
Um cigarro acesso de baixo das luzes neon No chapéu caem as cinzas da noite mas essas coisas minuciosas não me interessam hoje, hoje quero fumar. Fumar em todas as encruzilhadas que estiverem em meu caminho Porque hoje, ah hoje, hoje não tenho nome não tenho rosto, sou inidentificável, inexistente, inquieto A casmurragem tem seu momento de aflição E quem se importa? a porta do bordel fechada à luz do dia estraga a visão da cidade urbana Quero mais é me encostar, e há quem o diga Foram trabalhos, palavras, ensaios Pra quê? a sarjeta decora minha carnificina, aquela doce melodia aos ouvidos dos ratos os restos não poderiam ser queimados, mas exilados, em vez disso, incinerados foram os ratos não fazem parte da história Àqueles que sangraram, rastejaram, imploraram agora sai da minha nicotina de carbono quando exalo de meus pulmões a canção que suicidou as andorinhas em pleno verão, cai no chão; os restos o coração que bombeia a bala de cobre, que resseca os órgãos de dentro pra fora o excesso de perfeccionismo manda ao tapete de ossos algumas cabeças ocas alienadas sem consciência da oniricidade do sonho a metafísica de um corpo nu apaga a chama ardente do coração frio da experiência do magnífico da morte em si como si do sopro funesto da cruz
MÉDICO DA ALMA
Por Rita de Oliveira Medeiros
Em meados deste ano, uma grande amiga me conta aos prantos, que seu netinho de três anos, se encon-tra hospitalizado, mais uma vez, após 3 ou 4 interna-ções, sem que os médicos consigam fazer um diag-nóstico, deixando a família e amigos em pânico.
Este relato me trouxe a lembrança uma situação se-melhante que passamos com nosso filho mais novo. Com 3 meses de idade ele passou a fazer uma infec-ção de 15 em 15 dias. Penamos por 3 longos anos, idas e vindas a consultórios, exames e mais exames, cada uma mais assustador do que o outro, sem que qualquer diagnóstico próximo da realidade fosse apresentado. Até que um dia, após 3 anos de muita apreensão, foi identificada a causa: simplesmente Amígdalas e Adenoides muito grandes, com a cirur-gia realizada, problema resolvido!
E quando falava com esta amiga ao telefone, me veio a lembrança o Dr. Paulo Carneiro, médico que conheci, nos meus tempos de infância, em Laguna.
Época em que, ainda sem o compromisso dos bancos escolares, passava o tempo brincando, até que che-gavam as quatro horas da tarde, quando invariavel-mente, corria ao portão de madeira, na frente de ca-sa, e lá ficava esperando meu pai voltar do trabalho, no Porto de Laguna o que acontecia, rigorosamente, todos os dias pouco depois deste horário.
Eu sorria contente, quando já conseguia avistá-lo, vindo com seu andar cadenciado, fisionomia sempre séria, a garrafa de café balançando na mão. Eu abria o portão e corria para os seus braços. O seu rosto então se iluminava com um sorriso lindo. Ele me erguia do chão, dava um beijo estalado na minha bo-checha me rodopiava em seu colo, só um pouquinho. E vínhamos juntos, de mãos dadas, às vezes eu lhe contava algo, às vezes ele. Mas também vínhamos em silencio. Contudo, numa certa tarde, percebi já de longe, que havia algo errado.
Naquele dia, quando fui esperá-lo, notei que a garra-fa vinha segura com firmeza embaixo do braço e o seu passo estava muito mais apressado, sua fisiono-mia bem mais fechada e ele sequer se abaixou para
me rodopiar em seu colo, como sempre fazia.
Ela nada falou, apenas segurou a minha mão com firmeza e entrou portão adentro, chamando por mi-nha mãe, e me levando quase de arrasto:
-Maria, Maria!
- O que foi meu velho? O que tens?
- Manda chamar o Doutor Paulo, pelo amor de Deus!
O medo mostrou novamente sua cara em meu cora-ção. O rebuliço foi geral, não lembro qual dos meus irmãos foi requisitado para tal tarefa, mas até pareci-am baratas tontas, correndo para um lado e para o outro.
Fiquei esquecida naquele turbilhão, e muito silencio-samente, fui até o quarto espia-lo. Ele rolava na ca-ma de um lado para o outro dizendo desesperado, com a mão na cabeça:
-Ai! Ai Meu Deus, meu Pai, que dor!
A maioria das pessoas que eu conhecia exclamava Meu Deus. Ele ainda acrescentava Meu Pai! Eu sem-pre achei muito bonito e sentia uma coisa boa dentro de mim. Às vezes, esta exclamação saia junto com um suspiro fundo.
Aproximei-me pé ante pé e como sempre tivera carta branca naquela cama, nela me encarapitei e tentei tocá-lo. Para meu espanto, fui afastada por sua mão crispada e ele mandou que eu saísse. Minha mãe cor-reu em meu socorro e disse:
-Vai prá lá menina, o pai agora não pode!
Agora, já não era mais medo. Era pavor! O meu pai, sempre tão forte, meu esteio e segurança, estava do-ente! Corri para perto de minha cachorrinha e fiquei sentada na calçada, entre apavorada e pensativa, co-ração apertado e sem saber exatamente o que fazer!
Resolvi voltar para dentro de casa e fiquei na sala que ficava ao lado do quarto, sentada no sofá, ouvin-do os seus gemidos, com o coração cada vez mais apertado. Até que, finalmente, ouvi as vozes dos meus irmãos chegando e a porta da frente se abriu com um estrondo.
O vento nordeste pareceu entrar junto com aquele personagem. A porta da sala, que dava para a cozi-nha bateu, anunciando sua chegada.
(Segue)
Era um senhor baixinho careca e barrigudo, com uma maleta de couro, típica dos médicos, balançando prá lá e prá cá, igualzinho à garrafa de café. Ele en-trou como se a casa fosse dele e exclamou, com uma voz assaz anasalada:
- O que é Roldão? Que é que tu tais de manha em cima desta cama homem?
-Ai Doutor Paulo! Não sei! É muita dor!
O resto do diálogo eu não pude ouvir. Novamente fui retirada do recinto.
Quando as coisas se acalmaram, a dor passara, eu já sentada em seu colo perguntei quem era aquele mé-dico, e ele me disse sorrindo e aliviado:
-É o Doutor Paulo, minha filha! Quando escutei sua voz, metade da dor sumiu!
Eu fiquei espantada com a afirmação. Mas meu cora-ção gravou aquela frase. Creio que foi neste instante que primeiro compreendi o que era a palavra confi-ança, sem o saber. Muitas histórias eu ouvi sobre aquele medico aquela tarde, enquanto ganhava o meu colinho antes da janta. Sobre como ele era bom para os pobres, como era excelente político, como tantas vezes saíra de sua casa, à noite, para ir ao mor-ro do cemitério, onde morávamos atender um de nós ou nossa mãe em trabalho de parto, inclusive do meu, quando já morávamos na casa do Mar Grosso! Fiquei tão embevecida com aqueles relatos que, de imediato, também estabeleci com ele uma relação de confiança.
Este médico, o Doutor Paulo Carneiro nesta época, com a idade próxima do meu pai, ainda me tratou por um bom tempo. Adorava ele, pois sempre me receitava um remédio com gosto de chocolate, o Ambrasinto.
Um dia, não sei por que acordei na arca de Noé (uma cama enorme onde dormiam os meus irmãos quando eram pequenos) muito fraca, sem conseguir me le-vantar. Esta minha indisposição que no início fora tratada como normal, se estendeu até o horário do almoço. Por coincidência, neste dia recebemos em nossa casa a Noêmia, uma visitante ilustre, filha do Compadre Joca, da Caputera. Quando chegou e sou-be que eu não estava bem a Noêmia prontamente foi até o quarto me ver. Após dirigir-me aquele olhar carinhoso costumeiro e me abraçar forte (como era bom o seu abraço) eu consegui ouvir, quando ela co-chichou no ouvido da minha mãe:
- São as regras dela que querem descer e não conse-guem.
Não sei por que, fiquei mais confiante depois de ou-vir esta explicação. Com três irmãs adultas, e muitas amigas que já “eram mocinhas” eu já sabia que um dia também sangraria como elas, todos os meses, embora o assunto fosse tratado como em todas as casas: não era discutido, nem explicado, simples-mente acontecia!
No dia seguinte, fui levada pelo meu Pai até a casa do Doutor Paulo e lá, fui recebida com muito cari-nho, como se fosse uma visita ilustre. Dona Ludmila, sua esposa, nos recebeu atenciosamente, eu me senti a vontade.
Quando ele colocou o jaleco, dirigiu-se a mim sor-rindo e disse, com sua voz fanha, que eu já gostava:
-Vem aqui menina, quero te ver.
Olhou para o meu pai e disse:
- Nada que uma vitaminazinha A não resolva!
-É ambrasinto? Eu perguntei brincando.
Os dois riram muito e disseram que não!
Dali a algum tempo menstruei. A Noêmia não era o Doutor Paulo, mas também sabia das coisas!
Doutra feita, bem mais tarde, comecei a ficar com um vergão na pele, cada vez que me coçava ou toca-va. Novamente fui atendida por ele, em sua casa, com toda deferência. Nesta época ele ficava durante o inverno no Rio de Janeiro e o verão em Laguna. Lembro muito bem da sua fisionomia bem mais ve-lha, com os óculos na ponta do nariz, chegou bem perto do meu corpo, e riscou a minha barriga com o dedo indicador. O vergão imediatamente se formou. Ele não disse nada. Escreveu o nome do remédio no formulário de receitas e nos fomos para casa.
Falando com Miriam, relembrando Igor e Dr. Paulo, fiquei pensando ao colocar o fone no gancho: - O que era ensinado na faculdade de medicina que ele cursou que hoje não se ensina mais? Não existiam tantos exames, máquinas superpoderosas, e ele con-seguia dar o diagnóstico corretamente. Será porque os médicos de hoje tratam “pacientes” e não mais “pessoas”?
Ou será que isto ocorre porque eles, os médicos, fo-ram transformados em meros vendedores de remé-dios?
Sonhos, ilusões noturnas
Por Yara Darin
No fundo o universo o mar é ilimitado o céu é o infinito.
A ventania sacode os galhos
sinto medo e arrepios no silêncio entre os rochedos
as ondas que se quebram na areia.
Cruzo os oceanos deparo com sereias
banhando-se ao luar.
Ignoro os monstros com suas presas colossais por onde flutuo desafiando
as águas de um mar agitado.
Quero salvar o que restou navego contra a corrente escura noite que persiste
ilusões de sonhos na madrugada decompondo-se na beira do cais.
CAMILA DE MOSSI QUADROS
CARLOS PEDRO
CARMEN DI MORAES
CAROLINE BAPTISTA AXELSSON
CÍNTIA MEDEIROS
CLEVANE PESSOA
DILMA SCHMITZ LEITE
DULCE AURIEMO
DYANDREIA PORTUGAL
EDIANE SOUZA
FABIANA DE ALMEIDA
FLÁVIA ASSAIFE
FLÁVIO BARRETO
GAIÔ
GILMA LIMONGI BATISTA
GIRLENE MONTEIRO PORTO
HEBE C. BOA-VIAGEM A. COSTA
IRMA GALHARDO
IVANE LAURETE PEROTTI
IZABELLA PAVESI
JACQUELINE AISENMAN
JANIA SOUZA
JOSÉ HILTON ROSA
LENI ANDRÉ
LENIVAL NUNES DE ANDRADE
LÚCIA AMÉLIA BRULHARDT
LUIZ CARLOS AMORIM
MARCIO BATALHA
MARCOS MAIRTON
MARIA DE FÁTIMA B.MICHELS
MARIA DE LOURDES ALBA
MARIA JOÃO SARAIVA
MARIA (NILZA) DE CAMPOS LEPRE
MARILU F. QUEIROZ
NORÁLIA DE MELLO CASTRO
RAIMUNDO CANDIDO T. FILHO
RENATA CARONE SBORGIA
ROBERTO FERRARI
ROGÉRIO ARAÚJO (ROFA)
ROSE ROCHA
ROSELIS BATISTAR
SANDRA NASCIMENTO
SILVANA G. BRUGNI DA CRUZ
VAL BEAUCHAMP
VALDECK ALMEIDA DE JESUS
VALQUIRIA IMPERIANO
VERA LUCIA ERTHAL (ANNA BACK)
WALNÉLIA CORREA PEDERNEIRAS
YARA DARIN
YOLANDA CINTRÃO FORGHIERI
O livro conta com:
Apresentação de
Sonia Nogueira
Prefácio de
Maria de Fátima B. Michels
Orelhas de
Basilina Divina Pereira e
Gladis Deble
Poema de abertura de
Alex Monteiro
Posfácio de
Jania Souza
ALTOS NEGÓCIOS
Por Odenir Ferro
Pelo suave deslanchar do meu viver, trilhando mui-tas estradas, sonhador que fui – e que a viver sonhan-do ainda estou – vi desfilarem por mim, inúmeras pessoas travestidas dentro de si mesmas, represen-tando as funções do seu papel imposto pelo seu per-sonagem real.
Personagem que muitas vezes, dentro desse real, ex-trapolavam-se em inúmeras fantasias existenciais. E dentro dessas fantasias, muitas vezes, acabavam por rumarem-se até a um ápice rumoroso; onde culmina-va por incriminar ou vitimar algum próximo: pego desatento, nas volúpias da surpresa, desprevenido. Sim, perante o meu viver, vi muitas pessoas fraque-jarem, se venderem, serem mesquinhas, torpes, tara-das, prostitutas, vulgares...
Mas, vi muitas pessoas defendendo as causas dignas, também. E nobres, consistentes pela força da bonda-de, também.
Assim vim eu, fiel servidor de mim, carregando a cruz que o nosso Senhor Jesus Cristo me deu. Eu não me desvencilhei dela, jamais. Em nenhum momento, sequer. Através dela, foi que pude adquirir uma ple-na força para rir ou para chorar, de algumas (muitas) mesquinharias humanas. Sinto muito orgulho e dig-nidade pela cruz que tenho e carrego-a com a maes-tria do talento. Muitas e muitas vezes, eu vi a pobre-za estampada no rosto mascarado com o pseudônimo de grã-fino. E, em muitas tantas outras vezes, eu vi a cena repetir-se exatamente, em personagens inversos e com posições sociais opostas. Embora as máscaras fossem curiosamente semelhantes. Eu vi os laços cruéis da desumanidade, tecerem-se em dolorosos ardis, na calada da noite, às escuras – para que nin-guém soubesse – contra muitos justos, contra muita gente de bem e do bem...
Vi o mal arquitetar-se... Nas penumbras... Utilizando-se como “ferramentas de trabalho”, das mentes, que socialmente, sendo tidas como brilhantes, ali, naque-le momento, foram vendendo-se, tornando-se o que sempre foram: torpes, vulgares, doentias... Corroídas pela inveja, pela insensatez ávida, por uma estupidez egocêntrica – que as levavam ao delírio ambicioso... Por estarem em posição de destaque. Criando um mundo falso, dentro de um falso e estúpido poder que as desembaraçavam da lama que era, sutilmente, colocada embaixo do tapete da sua nobre sala de vi-sitas. Enquanto ostentavam o brilho duvidoso nos olhos, encenando transparecerem-se com uma alma esplendorosa, magnética... Enquanto, entretanto, a
realidade interior sempre era a de uma alma deca-dente, amparando-se numa fama feita em ruínas es-pirituais.
A vida se embriagava em vícios corrosivos. Provin-dos dos estados amorfos ou rancorosos d’alma. Quando o que imperava incisivo era a lei dos lucros. Muitas e muitas vezes, obtidos à custa da opressão ou da manipulação ardilosa de uns, contra muitos pobres oprimidos! Onde uns se beneficiavam de lu-cros geradores da nobreza e, outros, muito se esbra-vejavam e se praguejavam contra este estúpido e de-negrido sistema.
Vi “reis e rainhas” com títulos politicamente corre-tos, serem destronados e sendo postos em situações embaraçosas. E que rapidamente eram esquecidas – pois a “mídia da comunicação”, logo se encarregava de desviar a atenção do povo, do determinado escân-dalo, para outro assunto mais breve, suave, banal, corriqueiro, e que fosse mais condizente com a “inocência e aceitação popular” até que aparecesse um novo escândalo, e as estórias da História, pelas forças dantescas e canhestras de si próprias, se repe-tissem... Dentro deste tapete voador ilusório e vulgar que movimenta para aonde os falsos e podres pode-res se concentram...
Esta atenção era sempre desviada do foco em si, pela mídia comunicativa, pois sempre havia interesses escusos ou ilícitos, que rolavam por “debaixo dos panos”.
A vida que consiste dentro do mundo dos negócios, nos altos e baixos das perdas e dos ganhos. Onde a roleta russa da roda vida do meio dos negócios faz das “cabeças pensantes”, os impulsos vibrarem-se somente dentro dos acordes sonoros dos lucros so-brepostos (desviando-se dos impostos), cada vez mais, somando-se aos altíssimos escusos lucros. Nu-ma pirâmide sucessiva de sucessos cheios de praze-res imediatos, onde a rotina consumista consiste ape-nas em viver a realidade dos fatos: o físico, o palpá-vel e tudo o que aparentar ser real e crível aos olhos carnais (lúcidos, ou inebriados pelos alucinógenos vis). A matéria e o consumo e o lucro e o prazer ime-diato é tudo e tão somente o que conta: nesse escalão do poder. Composto pelo culto ao alto lucro. Impos-to pelo alto jogo, onde a vitória consiste em saber como ganhar, ganhar, ganhar...
Mesmo sabendo que o grande risco a correr poderá ser o de perder, perder, perder...
Essa é a máquina da vida que gira dentro do mundo dos Altos Negócios!
(Segue)
As atitudes que tomamos ou comportamentos que adquirimos, ou posicionamentos em relação a algo ou a alguém, em situações diversas, ou adversas, me-diante aos momentos de vida. Onde as ondas nave-gantes do viver levam os nossos projetos à deriva, a margem, às encostas cheias de pedras... Expondo-nos aos altos riscos, devido às muitas nuanças aves-sas; que obriga-nos a ir de encontro às forças exis-tentes no mais profundo âmago do íntimo do nosso ser interior. E, extrair dali, as essências fundamentais para encontrarmos as soluções para equacionarmos, sanando de vez, a gama de determinados problemas que se assomam pelos percalços do viver. Ao virem de encontro de nós, num encalço insistente. Parecen-do ser uma fúria esbravejante das quebradas espu-mantes das ondas bravias, vindas momentâneas e sorrateiramente, até o encalço de onde estivermos... Para arrebentarem-se de encontro das encostas ter-restres, cheias de enormes, gigantescas pedras que se encontram em nosso caminho.
A vida é um jogo. E nós vamos, e vamos nós, nos alimentando, através destes jogos da vida. Ao ali-mentarmo-nos, com as constâncias mais interessan-tes desse jogo que se mescla com as fantasias e as realidades do viver. E viver é um alto negócio, den-tro de um alto jogo de risco cheio de acertos e de muitos desacertos... A vida é um estado de desassos-sego, pois que ela é um alto estágio de ensinamentos – aonde nós, humildes alunos – vamos aprendendo com essa hábil mestra, os subterfúgios que possibili-ta-nos a adquirirmos o encontro potencial, dentro de nós mesmos. Dentro do que chamamos de sobrevi-vência. Para vivermos os altos negócios, dentro dos “jogos da vida”, é necessário, antes de tudo, que sai-bamos como sobreviver...
A partir da aquisição filosófica que todos temos den-tro de nós – um conceito de sobrevivência – é que vamos ou podemos então, viver.
Para vivermos, precisamos de bem-estar que é gera-do pelo equilíbrio composto por uma saúde perfeita, “ou quase”, uma alimentação boa, um estado emoci-onal satisfatório e uma mente e um espírito e um cor-po sintonizado em emoções provenientes de um co-ração pulsante firme. Sintonizado com todo esse conjunto de atitudes complexas, que formam um as-pecto interno e estético, gerado por um perfeito equi-líbrio, em harmonia sintonizada com o Amor plural. Proveniente da atemporalidade espiritual, vinda do Sagrado que ampara todos nós.
Para que tudo isso ocorra, é necessário acima de tu-do, estarmos amando a nós mesmos e ao nosso pró-ximo. E, estarmos em paz conosco mesmos e com o mundo que nos envolve e nos cerca de muitos e mui-tos milhões e milhões de estímulos a tudo e a todos. Inclusive, aos inumeráveis apelos consumistas.
ATIVIDADES DO VARAL
• Inscrições abertas para a revista
de março que trará a MULHER como tema. Até 25 de janeiro;
• Inscrições abertas para o II Prê-mio Varal do Brasil de Literatu-ra. Solicite o regulamento atra-vés de nosso e-mail ou leia em nossos site e blog;
• Inscrições abertas para o 28o Salão Internacional do Livro de Genebra (30 de abril a 4 de maio de 2014). Você pode se inscre-ver para vir autografar ou ape-nas para enviar seus livros e es-tar presente em nosso catálogo. Peça o dossiê do autor através de nosso e-mail [email protected]
O MAL DE SEPÚLVEDA
Por George dos Santos Pacheco
As coisas não iam nada bem em Abaruna, uma pequena cidade encravada na serra fluminense. Um lugar aprazível, de clima ameno, com rios e ca-choeiras onde muitos mergulhavam a fim de restabe-lecer suas forças. Com essas qualidades, havia ga-nhado o apelido de “Pedaço do Céu”, exibido no pórtico da cidade. Sua economia girava em torno da criação de bois, porém, os mais pobres criavam ca-bras. Sepúlveda era um deles. Havia se mudado para lá há um ano com sua esposa, buscando uma vida melhor.
Levantava todos os dias às cinco da manhã. Ordenhava algumas cabras, depois soltava todo o rebanho para pastar, recolhendo-os à tardinha. Com o leite, sua dedicada esposa fabricava queijos que eram vendidos na cidade. À noite costumava ir à venda tomar uma pinga, e jogar sinuca, enquanto Margarete ficava em casa rezando. O assunto da vez era o aparecimento de uma onça na região. Dezenas de animais estavam aparecendo mortos nos sítios, com os corpos dilacerados. Não sobrava quase nada.
– Bota mais uma, Chico! – disse ele, seguran-do o taco em uma das mãos.
– Então compadre, devemos formar um gru-po para caçar essa onça. – disse Sebastião dando uma golada na cachaça, deixando escorrer pelo canto da boca, que ele eventualmente limpava com a man-ga da camisa.
– De acordo compadre! – disse o Dr. Nunes, o único fazendeiro presente. Falava como se também fosse integrar o grupo. Não iria. Com certeza seria um empregado seu...
– Devemos ter cuidado senhores... Afinal, ninguém viu ainda a tal onça... – disse Zaqueu, que era filho de Sebastião.
– Não entendo o porquê dessa sua inseguran-ça... O compadre Moura viu a onça devorando uma de suas cabras, não foi Moura? – disse o pai de Za-queu.
– Na verdade... não tenho certeza se era uma onça... – disse Moura abaixando a cabeça. – Apesar da lua cheia, o bicho estava longe e eu não pude ver mais que seus olhos vermelhos. Mas era grande, do tamanho de uma onça ou maior.
– Você disse Lua Cheia? – perguntou Dr. Nu-nes.
– Sim doutor... – respondeu Moura.
– Temo estarmos lidando com uma criatura do mal... – disse ele limpando o suor da testa. – Isso
que o compadre Moura viu, realmente não era uma onça. Era um lobisomem...
– Mas não é possível! Nunca tivemos isso por aqui... – reclamou Sepúlveda.
– Também nunca tivemos onças... – disse Zaqueu, um pouco desconfiado.
– Isso não existe gente! Vocês estão malu-cos? – disse Chico, o dono da venda.
– Se não fizermos nada, um dia pode ser um de nós que amanhecerá morto pela criatura, seja ela onça ou lobisomem... – disse Dr. Nunes seriamente. Era o único que parecia acreditar plenamente na existência das tais criaturas.
– Para mim chega! Vocês estão todos bêba-dos, a começar pelo doutorzinho! – disse Sepúlveda, ao sair do bar, cambaleante.
– Me respeite Sepúlveda! Volte aqui seu bor-ra botas! – disse ele levantando-se. Cuspia ao falar, e seu rosto havia corado.
– Acalme-se homem... – disse Chico.
– Façamos o seguinte: Iremos todos para casa hoje, e pensaremos no assunto. Amanhã nos reunire-mos mais uma vez e decidiremos o que fazer... – dis-se Dr. Nunes com uma autoridade que nenhum outro tinha.
Os homens saíram um a um da venda, cala-dos e preocupados. Suas casas ficavam a léguas dali e a noite ia alta. Por mais que não acreditassem na história, os sons dos animais noturnos e o vento que sibilava nas árvores assustavam. Mas eles fingiam não se abater...
– Então pai... Acredita no doutor? – pergun-tou Zaqueu enquanto caminhavam pela estrada em-poeirada.
– Olha filho, seu avô contava essas histórias desde que eu era moleque. Mas eu só vou acreditar no dia em que eu vir um... – disse ele pegando uma pequena trilha que dava em sua casa.
Caminharam em silêncio até que ouviram um animal rosnando, que parecia enorme. Pararam de caminhar, mas continuavam a ouvir o rosnado. Am-bos sentiram um arrepio percorrer a espinha. A mor-te parecia iminente. Ousaram dar mais passos, mas a criatura rosnava mais. Não tiveram coragem de olhar para trás.
Decidiram correr. As passadas do bicho bati-am pesadas ao chão, após eles, e mais velho foi al-cançado. A criatura de quase dois metros, pelos mar-rons e olhos vermelhos, que estava ofegante e baban-do, deu-lhe um violento golpe, derrubando-o ao chão. Sebastião lançou um olhar suplicante para o filho que não pode fazer nada.
(Segue)
O lobisomem lançou-se sobre ele, que gritava desesperadamente, mordendo-o diretamente no pes-coço. Seu sangue quente jorrava e a criatura parecia se divertir com seu corpo, arrancando-lhe pedaços de carne, uivando e rugindo.
– O Senhor é meu pastor, nada me faltará... – recitava o rapaz correndo e chorando.
Sepúlveda cambaleava a caminho de casa, com a roupa suja e rasgada, provavelmente devido a um tombo. Não temia nada. Não era bravura, apenas o efeito da bebida. Alguns ficam corajosos com pou-cos goles.
Abriu sua porta, que rangia sombriamente, quebrando o silêncio que insistia em permanecer ali. Descalçou-se e entrou lentamente, temendo acordar a mulher, que estava no quartinho. Uma semana por mês ela dormia separada do marido. Coisas de mu-lher...
Pelo caminho vinha pensando na história do Dr. Nunes. Era melhor se precaver. Conferiu as jane-las, e trancou a porta de seu quarto, pegando uma espingarda que havia atrás dela. Colocou-a ao seu lado na cama e dormiu.
No dia seguinte, Sepúlveda chegou da venda com o pão debaixo do braço e com os olhos arrega-lados.
– Que cara é essa, bem? – perguntou Marga-rete. Tinha por volta de um metro e sessenta, pele pálida e olhos lânguidos.
– O compadre Sebastião morreu! – disse ele com a voz baixa. Nem ele mesmo conseguia acredi-tar no que dizia.
– Ara! Mas morreu de quê? – perguntou ela tomando o pão de suas mãos.
– Ah mulher... Um bicho atacou a ele o filho no caminho de casa ontem à noite. O Zaqueu disse que foi lobisomem...
– Mas que absurdo! – disse ela levando as mãos ao rosto. – Não acho que isso exista...
– Mas agora a coisa é séria... O compadre Moura já havia visto a criatura, mas ninguém tinha morrido ainda. E eu mesmo não acreditava, mas de-pois dessa... – disse ele saindo de casa. Voltou minu-tos depois com algumas tábuas debaixo do braço, um martelo e pregos.
– O que vai fazer? – perguntou ela, confusa.
– Você não me abra as portas nem as janelas desta casa por nada esta noite! – disse ele enquanto pregava as tábuas nas janelas. – Hoje vamos caçar a criatura!
Depois de reforçar as janelas e portas, limpou a espingarda, que não podia falhar quando fosse ne-cessária. O sol já estava no horizonte e Sepúlveda
precisava estar pronto para a caçada. Aproximou-se da mulher, deu-lhe um beijo e a abraçou.
– Eu te amo! Se algo me acontecer, saiba que sempre te amei e para sempre te amarei! – disse ele com os olhos marejados.
– Eu também te amo querido! Não há de te acontecer nada! – disse ela com ar tristonho.
O grupo reuniu-se na venda, como combina-do, e saiu com armas em punho. Inclusive Zaqueu, que havia perdido o pai recentemente, estava lá, pro-metendo vingança. Dr. Nunes mandou avisar que tinha um sério compromisso e que infelizmente não poderia ir, mas mandou um de seus capatazes...
Caminharam mata adentro tendo somente a lua como farol. Preparavam uma armadilha para o monstro. Prenderam uma cabra numa estaca fincada ao chão, ficando à espreita. Puderam perceber o mo-vimento brusco dos arbustos, a respiração ofegante e suas passadas que ficavam cada vez mais fortes e próximas. Finalmente ele saltou sobre a cabra, mor-dendo ferozmente seu pescoço. Mal podiam acredi-tar no que viam...
– Desgraçado! – gritou Zaqueu saindo da to-caia atirando na criatura, que deu um forte rugido e se embrenhou na mata novamente.
– Não Zaqueu! – gritaram eles. A atitude do moço estava pondo tudo a perder.
O monstro agitava as folhas ao redor do ra-paz e toda a equipe se aproximou. Temiam pelo pior. A criatura parecia estar se preparando para o ataque.
– Volte aqui seu desgraçado! – disse ele dis-parando um tiro na direção da mata. Não ouviram mais som nenhum. De repente, os outros, que esta-vam a uma distância considerável de Zaqueu, avista-ram o monstro que caminhava lentamente e silencio-so.
– Não! – gritou Chico, mas era tarde. Zaqueu teve tempo apenas de virar-se e desferir-lhe um tiro, mas a criatura o devorou assim como fez com seu pai. Os homens atiraram nela, mas o monstro fugiu para a mata.
– Minha casa fica para lá! – disse Sepúlveda preocupado com a mulher. Ela podia estar correndo perigo!
Correram atrás do bicho. Avistaram-no caído já no quintal da casa de Sepúlveda e o primeiro a se aproximar foi ele, que logo viu a janela do quarto de sua mulher, completamente destruída. Ele estava ofegante e ferido, parecendo se arrastar para a casa. Seus olhos lacrimejavam e ele rugia baixinho, como um filhote na presença da mãe.
(Segue)
– O que fez com minha mulher? – esbravejou – Volte para as trevas, monstro! – disse Sepúlveda atirando no lobisomem. Ele deu um grande grito e ficou encarando-o, com a respiração rápida e curta. Aquele olhar lhe era familiar...
A criatura foi perdendo tamanho. Seus pelos sumiam rapidamente. As feições femininas não de-moraram a surgir e o corpo esguio de Margarete ja-zia moribundo em frente a seu marido. Tudo então começou a fazer sentido. As noites que ela preferia passar sozinha, eram exatamente as sete noites da lua cheia...
– Não! Margarete! – disse ele jogando a arma ao chão e abraçando o corpo nu da esposa, chorando copiosamente.
– Me perdoe... – disse ela, expirando em seus braços.
– O que estão esperando? – esbravejou ele com o rosto banhado em lágrimas. - Terminem logo com isso! – disse ele, abraçando ainda mais o corpo flácido da esposa. Sua vida agora não fazia mais sen-tido.
O capataz de Dr. Nunes tentou detê-lo, mas Chico e Moura o impediram, pois entenderam a sú-plica do amigo. Sepúlveda não queria que sua mu-lher ficasse conhecida como o monstro. Entregou então a sua vida, para que salvasse ao menos a repu-tação dela. Seus amigos, com as armas, o livraram do martírio e ele tomou o lugar de Margarete. Ficou conhecido como o terrível lobisomem de Abaruna, morto enquanto devorava a própria mulher.
Noites inusitadas
Por Edson José dos Santos
E o problema do ar condicionado persistia por mais uma noite de trabalho... Cheguei ao meu limite de tolerância; após sete anos no emprego, e como o técnico da manutenção solucio-nara, pela primeira vez era necessário pela primeira vez fazer uma reclamação ao chefe.
Dotado de bom senso e simpatizante do trabalho em equipe; não faria uma reclamação co-mum como às dos demais colegas, mas uma dissertação, descritiva e narrativa através da escri-ta de um texto conforme as regras do português padrão e não padrão... Deveria ser um texto que expressasse a minha indignação; algo de maneira tal, que meu jeito pacato outrora me ne-gara; que mostrasse a minha desesperadora situação trabalhista; que sensibilizassem o chefe; que fossem inteligíveis com argumentos convincentes e cômicos a ele e a quem o lesse; mas que, sobretudo o texto deveria meio incomodativo por busca da solução do famigerado ar condi-cionado. Então peguei o bloco de anotações, a caneta esferográfica azul e comecei escreven-do... Como de práxis passei o cartão do relógio de ponto da clínica e caminhei pelo corredor cen-tral indo em direção ao local de trabalho, à farmácia do centro cirúrgico. Cumprimentei a colega que simultaneamente despedia-se dando a chave da porta e recomendações do chefe. Assim, assumi mais um plantão de 12 horas...
Abri, entrei e fechei a porta do setor de trabalho e deparei-me com o equipamento de ar ainda danificado e conseqüentemente um calor quase insuportável dentro do pequeno recinto. Então pensei: - Meeeeeeeeeeeeeu Deus!... Como trabalhar em situação tão adversa?... E os medicamentos em temperaturas inapropriadas?!... Nem um ventiladorzinho!... Verdadeiramente; estou no sal!...
Numa atitude desesperadora e temendo uma eventual invasão de pragas, com mosca ou algum inseto enxerido, baixei a pesada janela de vidro isolando provisoriamente o centro cirúrgi-co de sua farmácia. Embora perante as solicitações necessárias dos técnicos de saúde, sempre que necessário tinha que levantá-la... Depois sentei na cadeira defronte à porta, segurei-a e fiz dela ora leque por improviso; ora aberta devido o cansaço do fatigado movimento de indo e vin-do com o braço. Enfim, tudo isso na ânsia desesperadora e desenfreada por uma singela brisa. Mas por ser uma situação atípica e por despertar a atenção de outros profissionais que por ali passavam, fechei a porta e dai em diante foi suor, lenço e fadiga; fadiga, lenços e suor... Assim passou a noite e amanheceu o dia e veio outra noite e o dia; noite e di... à noite e o d... a noite e o... o dia e a noite... à noite... a noit... a noi... a no...
LITERATURA INFANTIL BRASILEIRA
Por Esther Rogessi
Esta abordagem objetiva, a explicitação da ne-
cessidade de publicações textuais, cu-
jos personagens infantis e infanto-juvenis se-
jam – também – representados por suas pró-
prias etnias, visto a escassez dos personagens
afros.
Por que um dos mais conhecidos, e populares
personagens infantis negros - "O Saci Pererê,"
denota o mal e retrata – o portador de deficiên-
cia física, como que, algo cômico?
Por que a Branca de Neve além de branca, ain-
da, é “Neve?”
Por que as princesas e fadas são sempre bran-
cas?
Faz-se necessário haver mudanças na Literatu-
ra Infantil Brasileira concernente, aos persona-
gens tradicionais da Literatura Infantil e Infanto
-juvenil. Às crianças afro-brasileiras necessi-
tam, também, de personagens afros, tanto
quanto, às crianças índias necessitam de per-
sonagens indígenas.
Uma criança falou para os seus pais:
“ – Não posso ser a princesa na peça teatral da
minha escola... Às princesas são brancas...”
Fez-se necessária uma exaustiva busca, nas
prateleiras das nossas livrarias, por livros que
tivessem personagens afro-brasileiros, na nos-
sa literatura infantil, para que àquela criança
tomasse consciência da beleza e importância
da sua negritude, sem que sofresse sequelas.
Tenho me interessado bastante em conhecer,
aprofundar-me, em tudo quanto diz respeito às
nossas raízes. O meu interesse em participar
de seminários, oficinas, palestras e cursos,
com abordagens na cultura afro-brasileira, afro-
indígena, África lusófona, tem crescido e acres-
cido o meu entendimento, concernente às nos-
sas raízes. Temos alcançado um relativo pro-
gresso concernente à educação antipreconcei-
tuosa do nosso povo, durante quase que trinta
anos, no tocante aos afros. Porém, não pode-
mos negar que às marcas dos seus sofridos
passados, persiste no âmago de muitos. Mar-
cas repassadas em forma de histórias conta-
das pelos griôts, aos seus descendentes, as
quais, hoje, temos conhecimento – o que res-
salta a importante tarefa desses sábios an-
ciãos.
Nesses anos à Literatura Infantil e Infanto-
juvenil brasileira, tem prosperado, isso é fato.
Porém, falta divulgação – o que objetivou essa
narrativa, sobre a dificuldade de se encontrar o
citado material literário.
Imagem: Brasil Cultura
Entre tantos autores maravilhosos temos a Ana
Maria Machado com “Menina bonita do laço de
fita” – bela literatura infantil, porém, trago à to-
na, as marcas do passado, anteriormente cita-
das, dessa feita, através do depoimento de
uma educadora que, quando lia em sala de au-
la, “Menina bonita do laço de fita” percebeu o
mal causado pelo preconceito e às marcas ori-
undas, desse preconceito, em uma aluna.
Ao estimular a sua turma à leitura falou para os
seus alunos: “ – Gente, eu trouxe um livro que
gosto muito, e, quero ler para vocês: “Menina
bonita do laço de fita” da autoria de Ana Maria
Machado!
Comecei a fazer à leitura, a cada página que
eu lia tinha uma aluna que se contorcia, de-
monstrando seu desagrado diante da escolha
da leitura. Em um determinado momento, já
quase do meio para o fim da leitura, a aluna
falou: – “Oh professora, eu não gosto desse
livro!”
Logo ela que amava todas às leituras feitas em
sala de aula; que estava descobrindo a leitura
naquele ano, representante dos afrodescen-
dentes, vir com aquela fala... Mas, eu não me
intimidei, não fiz o que me pedia, continuei a
ler até o fim, mesmo diante das caras e bocas
da menina. Quando terminei de ler, ela adorou,
não a história, mas o fato de não mais ouvir
aquela história – chata!”
Depois desse relato, faço algumas observa-
ções, ou melhor, faço minhas leituras a respeito
do comportamento da criança diante da leitura
citada; acredito que grande parte do desconfor-
to da aluna ( 4º ano , 9 anos de idade) vem de
sua cor, pois o livro faz menção a uma criança
negra, e ela é a única criança negra da sala, ou
era, até o ano passado; recentemente recebe-
mos um garotinho negro.
Quando eu explicava os porquês de como o
personagem do livro ficar pretinho, automatica-
mente, às crianças a olhavam, e, os olhares
causava-lhe mal estar; não sentia representar
os negros, sentia ser a diferente da sala - a ne-
gra, inferiorizando-se, já que não assumia a
sua negritude.
Outra leitura que pode ser feita também é que
ela não se identificava como a menina bonita
pretinha, quando questionada sobre sua cor
nomeava-se, morena clara. Não se identificava
como afrodescendente; não se via representa-
da naquela narrativa, naquelas imagens...”
(Segue)
Diante de todas às conquistas, das quais, te-
mos conhecimento nesses anos, podemos com
certeza aplaudir a iniciativa governamental,
quando no início do ano de 2003, o então presi-
dente da República Luiz Inácio Lula da Silva,
reconhecendo a importância das lutas antirra-
cistas dos movimentos sociais negros, reco-
nhecendo às injustiças e discriminações raci-
ais, contra os negros no Brasil e dando prosse-
guimento à construção de um ensino democrá-
tico que incorporasse a história e a dignidade
de todos os povos que participaram da constru-
ção do Brasil, contribuíram para a alteração da
Lei nº 9.394/96 - que estabelece às diretrizes e
bases da educação nacional -, sancionando a
Lei Nº 10.369/03. A Lei nº 9.394/96 passou a
vigorar acrescida de artigos que incluem as se-
guintes diretrizes:
• Art.26-A. Nos estabelecimentos de ensino
fundamental e médio, oficiais e particulares,
torna-se obrigatório o ensino sobre História e
Cultura Afro-brasileira.
• §1º. O conteúdo programático a que se refere
o caput deste artigo incluirá o
estudo da História da África e dos Africanos, a
luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasi-
leira e o negro na formação da sociedade naci-
onal, resgatando a contribuição do povo negro
nas áreas social, econômica e política pertinen-
te à
História do Brasil.
• §2º. Os conteúdos referentes à História e Cul-
tura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito
de todo o currículo escolar, em especial nas
áreas de Educação Artística e de Literatura e
História Brasileira.
• Art.79-B. O calendário escolar incluirá o dia
20 de novembro como "Dia Nacional da Cons-
ciência Negra".
A referida Lei propõe reflexões relevantes para
a implantação de ações educacionais que bus-
quem a superação do racismo e a valorização
da população afrodescendente. Acredita-se
que, uma vez alcançados os objetivos previstos
nesta legislação, seus efeitos poderão repercu-
tir em toda a sociedade, podendo transformá-la
em uma sociedade mais igualitária.
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Por Eloisa Menezes Pereira
Professor ,mágico da informação
Persiste na História
Protagonizando a memória
Resgata a educação
Desmotivado, engatinha
Fortalecido pela esperança
Novos olhares mantinha
Na transformação da criança
A sociedade o reconhece
Degustas a evolução
Na aprendizagem amanhece
Aprimorando a construção
Agradecemos a ti, professor
Os cidadãos que formaste
Esculpindo o mentor
Homem o tornaste
Eu Venho
Po r E l i an e M a ria
P r es t e m a t e n ç ão . . .
P r ep a r em - s e !
E s cu t em !
O l he m e v e j am . . .
V e j am m eu s am a dos a n j os
V e j am m eu s a n jo s gu e r r e i r os
V e j am m eu s a n jo s m e ns a ge i r os
V e j am m eu s a n jo s d a cu r a e d o p e r d ão
V e j am ,
E s t ã o t od os aq u i . . .
S e r a f in s , Q u e ru b ins , Po t e s t ad e s , T r on os , A n jo s , Ar ca n jo s . . .
V e j am . . . s ão mi lh a r e s . . . s ão m i lh õ es
I l u m i n an do e co lo r i nd o os c éus c o m su as Div in a s P r e s e nç a s
E nt o an do o s C â n t i co s C e l es t i -a i s . . .
P r ep a r an do ,
A n un c i a nd o c om júb i l o a Mi nh a C h e gad a .
E u v en h o a t o do s os l u ga r es
E u v en h o a t o d as as d i re ç õ es
H o je , e u v en ho a t od os v o c ês !
H o je , E u ve nh o
E u v en h o ab r a ç a r -v o s c om m eu D i v in o Am o r
E u v en h o ab r a ç a r -v o s c om m eu F l a me j an t e C or a ç ão
E u v en h o ab r a ç a r -v o s c om a P ur e -z a d a m in h a Lu z
E u v en h o ab r a ç a r -v o s c om o E s -p l en do r d a V e rd a d e
E u v en h o ab r a ç a r -v o s c om a P az .
Eu v e nh o o f e r e c e r - l h es a Li b e r d ad e .
H o je , e u v en ho ab r i r o Po r t a l do C am in ho d o R e gr e s s o . . .
. . . ao C or a ç ã o de De u s P a i -M ã e .
E u v en h o . . . E u v en ho . . . H o je . . .
E u v en h o . . .
E u a b r a ço e p e rm e io t od a a T er r a c o m a p l e n i t ud e d o M eu Amo r e d a M in h a Lu z .
E u a b r a ço , e p e rm ei o to da s a s c r e a tu r as , f i l h os e f i l h as d o C r e ad o r
E u a b r a ço e p e rm e io t od a s as fo r -m a s de Vi da
E u a b r a ço e p e rm e io t od a e qu a l -q u e r p a r t í cu l a de V i da
E u a b r a ço e p e rm e io t od os o s es -t a do s d e co ns c i ê n c i a
E u a b r a ço e p e rm e io os qu a t r o r e in os d a n a t u r ez a
E u v os a b r a ço c om o an ún c io d a R e de n ç ão !
E u v os a b r a ço c om o M i l a g r e d a R e ssu r r e i ç ã o !
H o je ,
E u v en h o . . . su a ve . . . p o r ém po -t e n c i a lm e n t e . . . .
E u v en h o pa r a t r i un f a r
E u v en h o pa r a r e ina r
E u v en h o em Co mpa ix ão
E u v en h o pa r a v os r e d i mi r
E u v en h o pa r a v os l i b e r t a r
E u v en h o pa r a v os g l o r i f i c a r E u v en h o pa r a v os a r r e b a t a r n a S up r em a G ló r i a d a U n id ad e !
D e s nu de m su as a lma s . . .
R e nd am - s e i n t e i r am e n t e . . .
A b r am - s e v e r da d e i ra m e n t e . . .
A b r am - s e d o c em en te . . .
( S e gu e )
A b r am - s e d e l i c ad am e n t e . . .
A s s im com o o f az em as f l o r es . . .
E nt r e gu em - s e ao Ab r a ç o C ós mi co d o m eu A mo r . . . O A m or d o Cr i s t o
P a r a qu e E u , O CRIS T O ,
S ej a V iv o , l a t e n t e e a tu an t e
E m c a d a um a d as c r e a tu r as d o C r e ad o r
E m c a d a pa r t í cu l a d e Vid a n a T e r -r a
E m c a d a um d e vó s .
U n am o -n os t o do s no Ab r a ço C ós -m ic o do Am or d o Cr i s to .
A b r a c emo -n o s . . . ab r a c em o -n os . . . a b r a c em o -n o s !
N o Co r a ç ão d o Cr i s t o , s e j a mos t o -d os Um.
H o je ,
E u v en h o , e u v en ho , eu v e nh o
P a r a vo c ês , po r v o cê s e em v o -c ê s . . .
E u v en h o ,
P r es t e m a t e n ç ão ,
P r ep a r em - s e !
E u v en h o .
E u , o C r i s t o , v en ho ho j e , p a r a o t ã o es p e r ad o Ab r a ço !
E u v en h o , e m T r iun f o e G ló r i a
E u v en h o pa r a v i v e r e r e sp l a n de -c e r no c o r a çã o d e ca d a u m de v ós .
E u v en h o pa r a q ue b e b am d a Sa -g r a d a T aç a . . .
E u v en h o i n i c i a r a v os s a As c e ns ão n a Lu z .
V e n h am,
T u do e s t á d i v i n am en t e o r q ue s t r a -d o . . .
O P o r t a l e s t á a b e r to . . .
O P o r t a l é o M e u Ab r a ç o ,
O M eu A b ra ç o é o C am in ho d o R e gr e s s o .
V e n h am me us q u e r id os ,
V e n h am to do s vós
T o do s vos es t a mo s e s p e ra nd o .
V e n h am, v e nh am , ve n h am . . .
M e r gu l h em in c on d ic i on a l m en t e n o M e u A br a ç o . . .
E m a b an do no , a b r ac e m o Po r t a l d o M e u A br a ç o .
V e n h am.
HISTÓRIA DO BRASIL SOB A
ÓTICA FEMININA
Hebe C. Boa-Viagem A. Costa
Lourença Coutinho
Século XVIII
Cristã - nova, vítima da Inquisição
Lourença nasceu no Rio de Janei-
ro e pertencia a uma família de cristãos - novos
radicados no Brasil há duas gerações. Todos
eles estavam em boa situação financeira, eram
cultos e nada sabiam do judaísmo que seus
avós professavam antes de virem para o Brasil.
Tornaram-se cristãos e viviam aqui dentro dos
preceitos da religião que adotaram.
Lourença era casada com o advo-
gado João Mendes da Silva. O casal tinha três
filhos: André, Baltazar e Antonio José, todos
eles batizados na Sé do Rio de Janeiro.
O simples fato de Lourença fazer
a limpeza de sua casa às sextas-feiras levou os
inquisidores a pensarem que era para ela poder
guardar o sábado, o Grande Dia, segundo os
costumes judaicos. Essa suspeita causou uma
reviravolta na família.
As denúncias do Tribunal do San-
to Ofício levaram D. João V a ordenar a presen-
ça em Lisboa de todos os adeptos do judaísmo
residentes no Brasil. Começa aí a terrível saga
que a família Silva iria percorrer.
Da confortável residência em que
viviam, os Silvas foram parar nos porões dos
navios abarrotados de outros cristãos novos.
Todos esses infelizes, espoliados de seus bens,
não tinham a menor idéia do que estava para
acontecer. Foi então que os filhos de Lourença
souberam que seus antepassados e eles mes-
mos eram judeus.
Ao chegar a Portugal, Lourença
foi presa e os filhos ficaram privados da presen-
ça da mãe. O caçula, Antonio José, tinha ape-
nas oito anos e não podia compreender a razão
dessa prisão. “Após sua regeneração”, Louren-
ça foi absolvida e voltou para o lar. A sua vida e
dos seus familiares, nunca mais voltou a ser
como aquela que haviam desfrutado no Brasil.
(Segue)
Antonio José cresceu nesse am-
biente, estudou em Coimbra e logo se destacou
como comediógrafo, advogado e poeta luso-
brasileiro. Intelectuais se reuniam frequente-
mente na casa do conde de Ericeira e, num
desses encontros, Antonio José, Francisco Xa-
vier de Oliveira e o padre Álvares de Aguiar ri-
dicularizaram um livro infamante contra os ju-
deus. Esses comentários chegaram aos ouvi-
dos dos inquisidores e, dias depois, os três so-
freram as consequências dessa imprudência.
Antonio José foi preso e Lourença
também, ambos sob acusação de judaizantes.
Ao ser perguntado sobre qual era sua religião,
Antonio José disse não ter nenhuma, mas os
inquisidores acusaram-no de judaizante e por
isso estaria obrigado a denunciar todas as pes-
soas com quem comunicou as leis de Moisés,
fossem vivas ou mortas, parentes ou não. Co-
mo se mantivesse em silêncio foi encaminhado
para a prisão onde deveria procurar lembrar-se
de nomes e fatos, sem nada omitir. Ao ser no-
vamente interrogado, denunciou uma só pes-
soa já falecida, o que não foi considerado sufi-
ciente para absolvê-lo. Ainda havia uma agra-
vante, pois ele não citara nem uma vez o nome
de sua mãe, Lourença Coutinho. Isso determi-
nou que ele fosse posto a tormento e, sob jura-
mento, prometeu que nada diria sobre o que
visse, ouvisse ou sentisse. Quando foi absolvi-
do, depois de abjurar e de prometer jamais re-
cair em heresia, Antonio José ficou arredio com
medo de ser novamente preso e complicar a
situação da mãe que ainda estava encarcera-
da.
Lourença foi libertada três anos
depois e a vida parecia que voltava ao normal.
Dessa fase Antonio José escreveu:
Na confusão da dor o bem perdi-
do / nunca se encontra/ ainda que
achado.
Com o retorno da mãe Antonio
José se animou e escreveu uma ópera que
seria apresentada nos festejos do casamento
do príncipe D. José. Novamente desfrutava da
amizade dos nobres. Resolveu também escre-
ver peças para o povo em geral. Partindo da
obra de Cervantes e criando situações novas
escreveu Vida do Grande D. Quixote de La
Mancha e obteve muito sucesso. Em 1733
apresentou Esopaida ou a Vida de Esopo e o
resultado foi muito bom, ou até muito melhor,
do que o da primeira peça. O teatro popular
passou a atrair mais espectadores do que
aqueles freqüentados pelos nobres. As outras
companhias teatrais começaram a ver Antonio
José, o Judeu, como um concorrente que preci-
sava ser descartado.
Antonio José, em 1733, casou-se com Le-
onor, uma cristã - nova, que já havia sido per-
seguida pelo Santo Oficio. Os Inquisidores es-
tavam atentos e procuravam nas peças do
aplaudido comediógrafo, indiretas mordazes
que os censores não teriam percebido. A fama
de Antonio José atingiu o auge com a sétima
peça: Variedades de Prometeu e já estava en-
saiando a oitava, Precipícios de Faetone,
quando novamente começou o seu calvário.
Uma escrava, por vingança, foi ao Tribunal do
Santo Ofício levantar falsos testemunhos a An-
tonio José e a toda a gente da casa. Assim, no
dia 5 de outubro de 1737, a família reuniu-se
para comemorar o segundo aniversário de
Lourencinha, a filha de Antonio José.
(Segue)
Era um sábado, dia sagrado para os judeus. A concorrência de tantos fatores pro-
piciou à Inquisição poder invadir a casa e prender Antonio José, Lourença e Leonor.
Poderosos tentaram interceder a seu favor, mas os Inquisidores foram inflexíveis.
Antonio José, o Judeu, como ficou conhecido, foi condenado à morte. Sendo acusado de judai-
zante, teve pena mais branda, isto é, não seria queimado vivo e sim depois de morto. Como era
costume na época, o rei, altos dignitários, os inquisidores e a população curiosa assistiram a sua
execução. Numa de suas peças Antonio José dizia:
Sabei que justiça é coisa pintada. Já sei infeliz que como és cega não verás da
sentença a iniquidade”
Condenada à prisão perpétua Lourença Coutinho, aos 61 anos de idade, assistiu
todo o martírio do filho e, pouco tempo depois, faleceu.
Para saber mais
COSTA, H.Boa-Viagem A. Elas as pioneiras do Brasil – são Paulo, Ed. Scortecci, p.55. 2005
REFLEXÕES E PRÁTICAS GEOGRÁFICAS
Ricardo Santos de Almeida
“O sentido da Ciência Geográfica e a contri-
buição de estudiosos”
A Geografia pode ser considerada a ci-
ência com história mais longa devido às ten-
dências dos povos antigos que migravam para
várias localidades na Terra deixando rastros,
enriquecendo a partir disso conhecimento sobre
as paisagens e seus obstáculos naturais, mes-
mo assim tornou-se ciência no final do Século
XVIII na Alemanha e se consolida no início do
Século XIX. Nos Séculos anteriores a ciência
geográfica ainda não era assim classificada,
pois os mitos, lendas e ainda a falta de um ob-
jeto de estudo especifico inviabilizavam a sua
consolidação.
Para Moraes (2003) as ideias geográfi-
cas surgiram com os povos antigos e se davam
através de conhecimentos de como se davam
as estações do ano, o comportamento dos rios
e áreas costeiras e que viabilizavam o acesso a
alimentos, possibilitando também a observação
sobre os componentes da fauna e flora. Contu-
do, viabilizava também como se davam as rela-
ções sociais e deslocamentos.
É necessário frisar que há uma subdivi-
são do conhecimento geográfico em antes e
posterior aos registros históricos principalmente
devido a pouca ou duvidosa quantidade de in-
formações sobre a pré-história, já no caso da
segunda divisão esta contém mais conteúdo,
no que se referem aos conhecimentos adquiri-
dos após as primeiras explorações do ser hu-
mano que viabilizou seu processo evolutivo e
em paralelo a isto, as questões agrárias estão
diretamente associadas, pois são neste mo-
mento que estão inseridas as técnicas que via-
bilizam a transformação da natureza, pois para
Moreira (1982, p. 1.) a natureza socializada é a
natureza original, transmutada.
A primeira natureza permanece em es-
sência na segunda natureza, a natureza sociali-
zada, havendo entre as duas uma unidade dia-
lética: são e não são, a um só tempo, a mesma
coisa. É com o homem primitivo que as ques-
tões territoriais que remetem a disputa por po-
der de determinadas áreas para atender a seus
anseios surgem e para tal torna-se necessária
a transformação da primeira em segunda natu-
reza.
Moraes (2003) afirma que a ciência geo-
gráfica começa a ser reconhecida como ciência
a partir do alastramento das relações capitalis-
tas de produção pelo mundo com a Revolução
Burguesa na Inglaterra e o início do processo
efetivado na França nos fins do Século XVIII.
(Segue)
O principal desafio da ciência geográfica
era sua ligação com a História pondo questões
de se a Geografia era ou não algo para ilustrá-
la e como se dariam os estudos entre natureza
e o homem.
Moraes (2003) destaca que é com os
povos orientais que se dá o desenvolvimento
empírico, a realização das observações e esta-
belecimento de estudos matemáticos dando
origem a estudos sistemáticos do mundo que
contribuíram significativamente para conhecer
outros lugares do mundo e suas especificida-
des. Quanto aos povos mesopotâmicos e egíp-
cios são atribuídos os estudos sobre a geome-
tria, agricultura e hidrografia que relacionados
possibilitaram o desenvolvimento daquela civili-
zação também através das relações comerciais
com outros povos.
O autor também frisa que os gregos acu-
mularam esses conhecimentos supracitados
para tornar sua civilização mais forte sendo pri-
vilegiada pela sua localização, além de contri-
buírem com os estudos sistêmicos que viabili-
zaram a compreensão de fenômenos sísmicos,
de como se desenvolveu a população mediante
o ambiente ao qual viviam dependendo de es-
tudos mais aprofundados sobre o solo e clima.
Já sobre os romanos, salienta a preocupação
de Pompônio, Mela e Plínio na descrição do
vasto império visando indicar a localização de
áreas prósperas que possibilitasse mais rique-
za a partir da comercialização de produtos,
contribuindo assim na construção das vias de
acesso as cidades, aquáticas ou rodoviárias.
Com a expansão do cristianismo há uma
espécie de retrocesso ao avanço da geografia,
pois é principalmente durante a Idade Média
que muito do que fora produzido sobre o espa-
ço geográfico foi simplesmente ignorado ou
confiscado. Mesmo assim, os árabes traduzi-
ram e apossaram-se de documentos e livros
que estavam nas bibliotecas de Alexandria e de
Ptolomeu e os possibilitaram o conhecimento
das obras fundamentais de Aristóteles e de
Ptolomeu, que mesmo não sendo geógrafos
possuem estudos que dependiam de descri-
ções dos lugares e seus contextos sociopolíti-
cos.
Com os povos árabes há mais estudos e
aplicações no que se refere aos processos de
urbanização, estudos sobre agricultura, cons-
truções e explorações navais contribuindo as-
sim em contatos com outros povos, línguas e
costumes sendo socializados também com os
povos dominados.
A Igreja Católica, sua influência, a cobiça, de-
sejos comerciais, a conversão dos povos e o
bloqueio da transmissão de ideias, hoje consi-
deradas verdadeiras, como a esfericidade ter-
restre, também contribuíram significativamente
para a construção da ciência geográfica, pois
em contradição dialética potencializou a expan-
são marítima inserindo em mapas simbologias
como monstros marinhos como significado para
as turbulências e demais fenômenos marítimos.
Além da descoberta de novos mundos, é atra-
vés desta contradição que foram divulgadas a
bussola, o astrolábio e a construção de embar-
cações mais sofisticadas para a época, como a
caravela e nau. Fomentou também a confecção
dos postulados ou mapas que descreviam rotas
marítimas inserindo nestes, informações sobre
clima, vegetação, vulcanismo e as formas de
ação do homem sobre a natureza e sua relação
com o meio ao qual vive.
(Segue)
A ciência geográfica para Moraes (2003)
se destaca por englobar uma variedade de fe-
nômenos estudados, cada um por diferentes
ciências não isolando um objeto especificamen-
te seu.
É através de fatores histórico-estruturais
que se observa a base material das socieda-
des, o modo de produção ao qual estão inseri-
dos e seu processo de desenvolvimento socio-
espacial possibilitando ao mundo a expandir-se
no aspecto econômico viabilizando a formula-
ção de postulados científicos e filosóficos como
exemplo, o conceito de espaço geográfico, pois
[...] o conceito de espaço geográfico se en-riquece porque nele se introduz o homem com sua história. Mais claramente, o espa-ço geográfico é definido como sendo a su-perfície da terra vista enquanto morada, potencial ou de fato, do homem, sem o qual tal espaço não poderia sequer ser pensado. [...] espaço absoluto o espaço torna-se uma coisa em si mesma, [...] independente [...]. [...] espaço relativo este é entendido a partir de relacionamentos entre objetos, e o espa-ço relativo só existe porque os objetos exis-tem e se relacionam mutuamente. [...] espa-ço relacional este é visto como existindo nos objetos, no sentido de que um objeto somente pode existir na medida em que ele contenha e represente dentro de si relações com os outros objetos. (CORRÊA, 1982. p. 1-2).
E é neste espaço geográfico que segun-
do Moraes (2003), no final do Século XVIII, na
Alemanha, Alexander Von Humboldt (1769-
1859) com boa origem social legitima a supera-
ção do determinismo considerando aspectos
naturais e humanos. Neste, não os dissocia uti-
lizando a valorização da estética, da lingua-
gem. Há também a ideia de unidade e enciclo-
pedismo que de modo descritivo articula a ob-
servação dos fenômenos e sua reflexão sobre
o que está sendo estudado demandariam o ob-
jeto da Geografia e com isso generalizavam-se
os fenômenos a partir das comparações e com-
binações.
Sob o pensamento iluminista Humboldt
elaborou propostas e articulações de raciocí-
nios que tornaram a fé na razão como ideário
para o desenvolvimento intelectual que levaria
a sociedade a melhorar seu estado e institui-
ções políticas. Pensou a história como um pro-
gressivo domínio da natureza pelo pensamen-
to, visando instaurar uma ordem social que re-
cuperasse os direitos naturais do homem iden-
tificados pela via da razão e do conhecimento
sendo contrario ao pensamento religioso.
Seus principais métodos eram a articula-
ção da observação dos fenômenos e sua des-
crição como reflexão e possibilidade teórica
que demanda seu objeto. Observava o levanta-
mento empírico e a filosofia da natureza na
busca de novos procedimentos metodológicos
e campos de investigação geográficos. Colocou
-se contra a especulação elaborando materiais
que não se detinham a impressões subjetivas.
Segundo Moraes (1990) devido a grande
importância do contexto social alemão que por
meio da busca por uma organização política e
de identidade no campo cientifico que Friedrich
Ratzel (1844-1904) dirige suas argumentações
utilizando conceitos fundamentais da Geogra-
fia, como o Território, sendo este uma porção
de terra com aglomerado humano sob posse
de alguém, e Espaço Vital, enquanto porção do
planeta necessária para a reprodução de uma
comunidade equilibrando a população e os re-
cursos contidos nela, gerando um caminho pa-
ra a reformulação destes conceitos.
(Segue)
Através desta formulação Ratzel analisa
como essenciais a defesa e o direito de um po-
vo a um território, observando-se fatores como
violência, guerra, conquistas, o embate entre as
sociedades, raças e nações como componen-
tes naturais, pois o contato entre outros povos
se dá através das relações comerciais, assimi-
lação ou guerra. Diferencia a guerra entre ou-
tros povos naturais ou cultos, ocorrendo primei-
ro a escravidão e posteriormente a real con-
quista do território.
Já na França, no Século XIX, que Paul
Vidal de La Blache (1845-1918), fundador da
corrente majoritária do pensamento e escola
geográfica planeja uma Geografia Universal
que através do estudo da região potencializaria
a compreensão do meio físico. Utilizando-se
dos métodos naturalista, possibilista, positivista
e relativista sugere como objeto da Geografia: o
estudo das relações entre homem e natureza,
apenas na perspectiva da paisagem, sendo o
homem um ser ativo transformador do meio em
que vive estudando os gêneros de vida, seus
motivos e relação com os meios naturais sendo
os traços classificatórios e particulares que via-
bilizam a prática da indução e da observação
dos fenômenos por ele analisados nas paisa-
gens por ele pesquisadas especificamente na
França durante a Guerra Franco-Prussiana.
Para Ratzel o Estado, segundo Moraes
(1990) delimita o território contento patrimônio
cultural acumulado e a defesa do espaço vital
sendo esta a função da organização da socie-
dade viabilizando a defesa de seus anseios
movidos a partir de interesses próprios possuin-
do apetite territorial gerando atritos na essência
do Estado. Esses atritos a estratégia imperial
tornam relativas as inevitabilidades a guerras
no período bismarkiano, sendo estes os atribu-
tos que potencializam as concepções político-
sociais contidas nas propostas geográficas de
Ratzel.
As teorias de Ratzel, primeiro autor a
propor uma geografia mais voltada ao entendi-
mento do homem no espaço geográfico, são
retomadas por autores nazistas que buscavam
a unificação da Alemanha sintetizando a geo-
grafia como ciência que trabalha e aprende so-
bre fenômenos podendo adotar também posici-
onamentos. Já Karl Ritter (1779-1859) tratava o
homem como sujeito da natureza observando o
mundo diferenciando a natureza da Terra (esta
projetada por Deus para o desenvolvimento da
espécie humana) e os fatos sob uma ótica mais
prudente já como sendo religioso divergia na
defesa entre ideais racionais e a fé. Partia do
geral para o individual, sendo através do méto-
do redutor ou das conexões os caminhos para
a compreensão do contexto histórico para sa-
ber a evolução social e acelerava a subordina-
ção necessária da matéria à lei geral.
Publicado originalmente em: ALMEIDA, Ricardo Santos. Monitoria da
Disciplina Geografia Agrária: Iniciação à Do-cência para a Formação Acadêmica em Nível Superior. 2012. 98 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Formação Para a Docência do Ensino Superior) – Centro Univer-sitário CESMAC, Alagoas. 2012.
*Ricardo Santos de Almeida é Graduando Geo-
grafia Licenciatura pela UFAL/IGDEMA, Especialista em Formação para a Docência do Ensino Superior pelo Cen-tro Universitário CESMAC e Educação do Campo pela Universidade Cândido Mendes.
LITERATURA & ARTE
LUIZ CARLOS AMORIM
O CRESCIMENTO DO LIVRO DIGITAL NO BRASIL A Câmara Brasileira do livro divulgou, recente-mente, que a venda de livros digitais – e-books – teve um incremento de 350%, entre 2011 e 2012, embora mesmo com todo este cresci-mento, isso represente apenas um por cento do faturamento do mercado livreiro. Pouco mais da metade das editoras brasileiras – que não são tantas assim, diga-se de passa-gem – já aderiram ao livro digital e publicam também nessa plataforma, vendendo os e-books em lojas virtuais próprias ou em lojas tra-dicionais deste tipo de publicação, que aporta-ram no Brasil apostando nesta nova maneira de ler, neste novo nicho. Até porque o Brasil é um mercado em potencial para o livro digital, uma vez que o formato está começando a se popularizar. E se considerar-mos que os smartfones e os tablests já são muito populares – já existe mais de um bilhão de telefones multimídia em uso no país, além da grande quantidade de tablets e notebooks – basta que apenas uma parte dos proprietários desses aparelhos compre algum livro eletrônico para ler neles que a venda dos mesmos dispa-re. É fato que a maioria das pessoas que têm um tablet ou um smartfone nem sabe que pode ler um livro neles, tamanha é a quantidade de op-ções de uso para eles, mas aí deve entrar o marketing das editoras e dos livreiros. A verdade é que os e-books brasileiros estão muito caros. O livro impresso, tradicional, sem-pre foi um produto caro. E livro digital, que dis-pensa a impressão, deveria sair muito mais ba-
rato que a versão em papel, já que dispensa todo um custo industrial – mão-de-obra, matéria prima, equipamentos, logística de distribuição, etc. No entanto, não é o que vem acontecendo, aqui no Brasil. O preço de alguns livros digitais se aproxima muito do preço da versão tradicio-nal, impressa em papel. A desculpa para a aproximação do preço do e-book brasileiro com o preço do livro impresso é que o e-book não traria apena o texto, ele pode agregar sons, imagens, links para complemen-tação da leitura. E a produção disso seria um tanto elevada. Eu, particularmente, prefiro um livro com o velho e bom texto, para que eu re-crie um romance com a minha imaginação e criatividade, partindo do que o autor me ofere-ce. Não quero um monte de entulho e penduri-calhos dentro do meu livro. Acho, sim, que o recurso é muito bom para livros infantis, embo-ra pense que também as crianças merecem exercitar a sua imaginação na recriação de uma fábula ou um conto. E nos livros didáticos e técnicos, aí sim os complementos viriam bem a calhar. Então o livro digital pode crescer, sim, mas por mais que cresça, o certo é que ele vai conviver harmoniosamente com o livro impresso, pois por muito e muito tempo aquele livro tradicional, que a gente pode folhear, manusear, que não exige nada para poder ser lido, a não ser a luz, continuará soberano. Por Luiz Carlos Amorim –Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br
F@L@NDO, DIZENDO E
CONT@NDO EM P@RTES, @
VERD@DE
J_r_mi[s fr[n]is torr_s
BRASIL, AQUI NÃO É CHINA...
A China hoje é uma potência
sob todos os aspectos, inclusive na fabricação
e exportação de tudo que existe na face da Ter-
ra. No entanto, a quantidade excessiva de pes-
soas e o consumo necessário de gêneros ali-
mentícios, fizeram os chineses primar pela
emergência, optando por passar a fio de facão
tudo que se move. À exceção dos seres huma-
nos, eles comem tudo. A necessidade do povo!
O desespero de se manter vivo!
Aqui no Brasil, no entanto, em
parte acontece o contrário: imensidão de terras
e rios, muita gente, porém, ainda pouco povoa-
do, entretanto, tem-se matado muitos animais
que deveriam ser preservados como é o caso
do cavalo, do burro e agora, sob o pretexto de
pesquisas, os cães!
A Ciência, para ser verdadeira-
mente merecedora de destaque no cenário in-
ternacional, nacional e aonde quer que seja,
deve ensejar pesquisas enobrecedoras para o
alívio das doenças dos seres humanos e mes-
mo dos animais com a devida cautela e discer-
nimento! Pois, tudo hoje pode ser sabido: redes
sociais, etc.
Violado alguns desses concei-
tos, os resultados podem ser até satisfatórios,
mas, o preço que se há de pagar pode ser mui-
to alto!
Em recente declaração, mais
precisamente do dia 23 de outubro, o Ministro
responsável pelo gerenciamento desse setor,
se manifestou de maneira clara, a desqualificar
a atitude dos ativistas que inconformados, ten-
do em vista a inamovibilidade das leis e demora
em sua aplicação e o pior, de qualquer refor-
mulação, adentraram à sede do Instituto Royal
e libertaram os animais.
O que no meu mísero ponto de
vista, demonstra uma visão um pouco estereoti-
pada da realidade, haja vista serem duas ques-
tões completamente diferentes pautadas dentro
de um complexo mesmo assunto. São elas: a
libertação dos cães que culminou em infração a
lei e a inconformação com uma lei, que há mui-
to já deveria ter sido revista!
Inclusive, senhor Ministro, se-
melhante ponto de vista ao longo da história da
humanidade, dá sim, ensejo a outras interpreta-
ções, inclusive àquela que deixou Sócrates o
Filósofo Grego, pouco antes de sua morte, ao
ser acusado por opositores que corrompia a
juventude, quando pregava a sua Maiêutica:
“desobedeço sim, as leis, quando injustas, mas,
quem desobedece assim as leis, é melhor do
que elas!”
(Segue)
Os medicamentos de altos custos que compramos (quando se diz alto custo, é alto custo mesmo), são
todos de fórmulas importadas, dos EUA, Europa, etc, até mesmo os medicamentos usados em animais,
basicamente todas possuem princípio atuante vindo de fora. Então a pergunta que se faz é a seguinte:
por que tantos cachorros em ca.veiro? Se de uma única vez, foram encontrados 200, imagine-se ao lon-
go desses anos todos!
No entanto, onde estão os resultados das pesquisas? queremos ver! Queremos enten-
der por que somente nos cães e mais precisamente porque em determinada raça de cães tem que se-
rem feitos esses testes? Respondidas à contento, a avaliação fica com as crianças e com os seres huma-
nos sensíveis a causa do amor ao próximo e o próximo senhores cien.stas, também é um cão!
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