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Sarcasmo na Obra de Eça de Queirós

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Page 1: Sarcasmo na Obra de Eça de Queirós

Disciplina: Cultura e Literatura Portuguesa

Docente: Professora Conceição Coelho

Tema: Sarcasmo de Eça de Queirós

Licenciatura: Educação Básica

- 2ºano Dia 3º Semestre

Ano Lectivo: 2016 / 2017

Trabalho realizado por: Sofia Guadalupe Atamoros Matzinger

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Introdução

Com este ensaio pretendo conhecer de forma detalhada a escrita de Eça de Queirós.

Gostaria de conhecer as características de escrita e os temas que o autor aborda e

pesquisar as razões pelas quais este tem as sua forma única de ser e porquê é tão

venerado não só em Portugal como pelo mundo todo.

Admiro muito a forma revolucionaria de ser do autor tal como todos os escritores

fundadores da Geração de 70. Revoltaram-se contra o quotidiano, contra a sociedade.

Foram considerados loucos, foram considerados carentes que queriam chamar à

atenção. No entanto eram visionários e demasiado avançados para a época onde

viviam. Admiro-os pela persistência e pela crença fiel aos seus ideais.

Ao ler obras de Eça de Queirós consigo verificar, pela forma como escreve e pelo que

escreve, a sua critica à sociedade. Por este motivo decidi realizar este trabalho: para

descobrir qual a razão do sarcasmo da sua escrita e se a geração de 70 e o

movimento realista foram os principais influenciadores.

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Desenvolvimento

Realismo

O Realismo começou por ser um movimento de resposta ao sentimentalismo e do

idealismo romântico, que acabou por contagiar a segunda metade do século XIX

sendo a grande escola literária.

O seu principal objetivo era a representação da realidade mais honesta possível para

demonstrar osproblemas socias da altura. Muitas vezes, autores e artistas que

defendiam este movimento gostavam de criar na sua imaginação uma sociedade mais

justa aos seus olhos.

Mantinham uma atitude crítica acerca da sociedade acompanhada por observação e

análise de costumes, preferiam temas que fossem coletivos tais como: educação,

política, economia, jornalismo, miséria social, vida familiar, adultério, etc...). Na

literatura deu-se preferência a utilizar a forma de escrita do romance onde se pode

criticar o estado social da comunidade com propósitos reformistas.

Influências

Eça de Queirós estudou na Universidade de Coimbra, onde conheceu Antero de

Quental. Defendiam o Realismo e pertenceu à equipa de escritores da “Geração de

70”. À geração de 70 pertenceram muitos intelectuais que revulicionaram o modo de

pensar do país, da sociedade e da literartura.

Entre os membros da Geração destacaram-se: os acima mencionados, Ramalho de

Ortigão, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro e Teófilo Braga. O seu maior sucesso foi a

revista Orpheu onde criticavam a sociedade, o poder injusto absolutista eo

romantismo. Eram apoiantes do Renascimento: modelo muito moderno para

sociedade da época.

Linguagem e Estilo Queirosiano

A forma como cada autor escreve é uma forma de demonstrar as suas experiências

de vida e como pensa acerca do mundo.

Depois de ter relido o conjunto de contos de Eça de Queirós reparei que o autor tem a

capacidade de descrever coisas de forma muito simples, por isso muitos dos contos

são estudados por crianças na escola. No entanto também consegue ser mais

complexo, tem a tendência de criticar o mundo nessas ocasiões como n”A Relíquia” ou

n”Os Maias”.

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Impressionismo e Características

Surgiu em França, em 1874, na pintura onde participavam Monet, Renoir, Cézanne e

Degas. O seu objetivo era captar, do real, dando sobretudo impressões puras, o que

entendiam instantâneamente e fugazes. Desta forma, preocupavam-se com a luz e a

cor, não utilizavam contornos nos desenhos e as personagens tinham um ar

transparente e esfomado. Esta forma de captar o que é real influenciou a literatura e

podemos verificar isso em escritores realistas como Flaubert e Eça de Queirós.

Ao pesquisar acerca da escrita do autor reparei que tanto descreve e critica do

quotidiano real como também cria histórias para dar um ponto de vista. Usando

qualquer uma das maneiras, o autor gosta de descrições muito detalhadas ocupando

longas páginas, o que para mim ao início faz-me pensar que Eça pretende que

imaginemos tudo tal como é mas no fim acabo por perder o ciclo da narração, talvez

seja a minha falta de hábito pela leitura ou a dificuldade e falta de atenção ao ler. A

tática que o autor utiliza para que as suas narrações sejam visuais é o exagero da

utilização de adjetivos e advérbios. Com este estilo de escrita, consegue despertar nos

leitores a sua própria opinião acerca da sociedade criando de suas obras, sátiras sem

ser direto!

Ao reler “A Relíquia” fico com a impressão de que não gostava da sociedade do seu

tempo – do século XIX, ou seja; não apoiava as hierarquias sociais nem os abusos de

autoridade, como por exemplo as injustiças do clero, a proibição da liberdade de

expressão, falta de igualdades sociais. Por estes motivos, verifiquei que o autor

exagera no papel que dá a cada personagem conforme a sua classe social. Na

Relíquia, a Titi era beata, mas beata ao ponto do exagero.

Acredito que o autor teve muitas dificuldades com a autoridade e as suas obras pela

sua forma de ser revoltoso e por escrever o que pensa sem misericórdia dos

absolutistas.

Recursos Estilísticos

N”A Relíquia, as figuras de estilo que reparei mais foram o sarcasmo e a hipálage:

“óculos austeros”, “mão avara”, beijos devotos” – segundo capítulo; “joelhos católicos”

– terceiro capítulo; etc... A hipálage consiste em em transpor uma qualidade de um

sujeito para um objeto desumano.

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Ironia e Sarcasmo

O que eu mais aprecio na escrita de Eça de Queirós é a sua forma de críticar a

sociedade. Talvez revejo-me nele, talvez também eu tenho uma costela revolucionária.

No entanto continuo com a ideia de que o facto da geração de 70 serem todos jovens

intelectuais com formas de poder observar países mais desenvolvidos, fez com que

estes apoiassem movimentos demasiado avançados para Portugal da altura – como o

movimento Realista. Devemos agradecer-lhe pois estes formam os que nos abriram a

porta para o desenvolvimento, iniciaram a nossa despedida ao romantismo.

O sarcasmo vem da revolta dentro de cada escritor como uma forma de presuadir o

leitor a sentir o que o este sente e apoiar os seus mesmos ideais.

A ironia de Eça, é também conhecida pela Ironia da Cultura Portuguesa, ou seja, vem

nos genes de cada cidadão português. A ironia e crítica trocista são traços

característicos desta cultura. Apresenta-se de forma mais diversificada, desde uma

conversa entre familiares até uma obra de arte.

N’Os Elementos Fundamentais da Cultura Portuguesa de Jorge Dias, afirma que a

ironia tem relatos desde as cantigas de escárnio e de maldizer da Idade Média até Gil

Vicente, Nicolau Tolentin, Bocage e Camilo Castelo Branco.

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Bibliografia

Estilo e Características da Escrita:

http://www.notapositiva.com/pt/trbestbs/portugues/11linguagestiloqueiros.htm

Geração de 70, Realismo e Impressionismo:

- Manual escolar de Português, “Plural 11”, Cursos Científico-Humanísticos, 11ºano do

Ensino Secundário; Editora: Raiz; 1ª Edição de 2014; Autores: Elisa Costa Pinto,

Paula Fonseca e Vera Saraiva Batista.

Ironia:

- Manual escolar de Português, “Plural 11”, Cursos Científico-Humanísticos e Cursos

Tecnológicos, 11ºano do Ensino Secundário; Lisboa Editora; 1ª Edição de 2008;

Autores: Elisa Costa Pinto, Paula Fonseca e Vera Saraiva Batista.

Ironia e Sarcasmo:

- Apontamentos das aulas de Cultura e Literatura Portuguesa da Prof. Conceição

Coelho