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Instituto Superior de Novas Profissões
Sebenta de Direito dos Contratos Docente: Prof. Doutor Rui Teixeira Santos Discente: Neelam Sulemane nº 21500144
Unidade Curricular: Direito dos Contratos
Licenciatura em Gestão Comercial e Vendas
Sebenta de Direito dos Contratos Página 2
Índice
Introdução .................................................................................................................................. 3
Noção de direito ......................................................................................................................... 4
Ramos do Direito ....................................................................................................................... 4
Fontes do Direito ........................................................................................................................ 5
A Lei ........................................................................................................................................... 6
A hierarquia de espécies de leis em forma de pirâmide ............................................................. 7
Publicação da lei ........................................................................................................................ 8
Estrutura de um texto legal (Guia prático de regras na redação de atos normativos da Assembleia da República) ......................................................................................................... 9
Aplicação da lei no tempo ........................................................................................................ 11
Normas Jurídicas ..................................................................................................................... 14
Introdução aos contratos .......................................................................................................... 16
Requisitos Gerais de validade dos Contratos .......................................................................... 18
Elementos do contrato: essenciais, naturais, acidentais .......................................................... 23
Espécies de contrato: comodato, mútuo, o depósito, o penhor, reporte. ................................. 24
Vícios da Vontade: erro, dolo, coacção .................................................................................... 25
Divergências entre a vontade e a declaração da vontade........................................................ 28
Inexistência, Invalidade e Ineficácia dos Contratos .................................................................. 29
Contratos Comerciais ............................................................................................................... 30
Conclusão ................................................................................................................................ 32
Bibliografia ............................................................................................................................... 33
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Introdução
Direito é um sistema de normas de conduta social cujo respeito é assegurado pela sociedade
pública. Possui um domínio muito vasto, em que dentro dele existe algumas partes ou
divisões.
O contrato pode ser definido como um acordo entre duas pessoas (contraentes ou
outorgantes), individuais ou colectivas, em que uma das partes se submete a determinadas
obrigações, usufruindo em troca de certos direitos.
Este trabalho foi produzido no âmbito da unidade curricular de Direito dos Contratos proposto
pelo Docente Rui Teixeira Santos, com o objetivo de interiorizar e perceber melhor os
conceitos básicos de direito e algumas temáticas relacionadas com a parte dos contratos que
considero importantes.
Nesta sebenta, pretendo, não só resumir um pouco de cada temática, como também reflectir e
analisar alguns conceitos que serão importantes pôr em prática no futuro.
Contudo, espero que após a leitura do mesmo, seja possível compreender estes conceitos e
tirar o máximo de proveito.
Sebenta de Direito dos Contratos Página 4
Noção de direito
O Direito é um sistema de normas de conduta social cujo respeito é assegurado pela
autoridade pública.
É o conjunto de processos e normas jurídicas consideradas justificáveis num dado grupo, que
contribuem para a prevenção de litígios e para a resolução destes através de um discurso
argumentativo, de amplitude variável, apoiado ou não pela força organizada.
As normas jurídicas caracterizam-se por se dirigirem a um conjunto indeterminado de pessoas
e de situações, pela coercibilidade e o seu acatamento pode ser forçado pela autoridade
pública.
Podemos definir autoridade pública aquela pessoa que investida na função pública tem
efetivamente o poder de decisão, mando, figurando como competente e responsável pelo ato
administrativo.
Direito Objectivo é a dimensão do direito enquanto regras e instituições normativas genéricas
que regem o comportamento humano de um certo grupo social em um determinado momento
histórico, autorizando o indivíduo a fazer ou não algo.
Direito subjectivo é a situação jurídica, consagrada por uma norma, através da qual o titular
tem direito a um determinado ato face ao destinatário. Em geral, o direito subjectivo
consagrado por uma norma de direito conduz a uma relação trilateral entre o titular, o
destinatário e o objeto do direito.
Ramos do Direito
Direito público é o ramo do direito composto pelas normas que tem por base o interesse do
Estado, tais como a função e organização, a ordem e segurança, a paz social, etc.
Direito Privado é formado por normas que tem por base as relações existentes entre os
particulares relativas à vida privada, e as relações patrimoniais ou extra patrimoniais. As
normas de direito privado encontram-se no direito civil e no direito comercial.
Sebenta de Direito dos Contratos Página 5
Fontes do Direito
Lei: todo o acto normativo escrito intencionalmente dirigido à produção de normas
abstractas e gerais
Jurisprudência: conjunto das sentenças e dos acórdãos dos tribunais e a doutrina
que contêm.
Costume: é a criação espontânea da sociedade resultando numa certa convicção de
obrigatoriedade, de acordo com cada sociedade e cultura específica. Baseia-se nos
valores morais da sociedade, relativos ao bom senso e ao ideal de Justiça.
Doutrina: por doutrina entendem-se as opiniões ou pareceres dos jurisconsultos, em
que estes desenvolvem as suas concepções sobre a interpretação ou integração do
direito.
A doutrina assume papel extremamente relevante para o direito e é essencial para aclarar
pontos, estabelecer novos parâmetros, descobrir caminhos ainda não pesquisados,
apresentar soluções justas, interpretar as normas, pesquisar os fatos e propor alternativas,
com vistas a auxiliar a construção sempre necessária e constante do estado de direito.
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A Lei
Lei, todo o acto normativo escrito intencionalmente dirigido à produção de normas abstractas
e gerais.
Visa disciplinar condutas objectivando o melhor interesse da colectivo, de forma a
proporcionar uma coexistência pacífica entre os membros da sociedade.
Leis Fundamentais - Da estrutura hierárquica é a norma superior, chama-se esta norma
superior máxima de norma fundamental, a qual constitui o fundamento de validade de todo o
sistema jurídico.
Leis Ordinárias- são consideradas leis ordinárias, as leis (em sentido lato) emanadas dos
órgãos de soberania nacional ou dos órgãos de governo próprio das regiões autónomas com
competências legislativas atribuídas pela Constituição
Lei Inconstitucional - inconstitucionalidade é o estado de toda norma ou ato normativo que
colide com outra ou outras normas da Constituição, ou seja, todas as outras leis têm que
respeitar a Constituição, se não a respeitarem, são inconstitucionais e, por isso, inválidas.
Lei ilegal- é quando uma norma ordinária violar uma outra norma ordinária.
Uma lei pode ser ilegal mas não inconstitucional?
Sim, nem tudo o que é ilegal é inconstitucional, ou seja, se uma norma infringe uma disposição
normativa inferior á Constitucional (uma lei ordinária, por exemplo) ela é ilegal, mas pode não
ser inconstitucional por não violar qualquer disposição contida na Constituição.
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A hierarquia de espécies de leis em forma de pirâmide
Nem todas as normas têm o mesmo valor jurídico. As normas de hierarquia superior
prevalecem sobre as inferiores, caso contrário, poderão ser consideradas inconstitucionais ou
ilegais, ou seja, cada dispositivo normativo possui uma norma da qual deriva e à qual está
subordinada, cumprindo à Constituição o papel de preponderância.
Uma lei pode ser ilegal mas não ser inconstitucional.
Constituição da República Portuguesa (1976), leis constitucionais é a lei suprema
do país.
Leis feitas na Assembleia da República, Decretos-Lei elaboradas pelo Governo.
Decretos Legislativos Regionais – são de órgãos com poder normativo sectorial,
como é o caso das Assembleias Legislativas Regionais dos Açores e Madeira.
Decretos Regulamentares - são diplomas emanados pelo Governo e promulgados
pelo Presidente da República.
Resoluções do Conselho de Ministros - provêm do Conselho de Ministros e não
têm de ser promulgados pelo Presidente da Republica.
Portarias - são ordens do Governo, dadas por um ou mais ministros e que também
não têm de ser promulgadas pelo PR.
Despachos Normativos - são diplomas que têm apenas como destinatários os
subordinados do ministro(s) signatário(s) e valem unicamente nesse(s) ministério(s).
Posturas - são regulamentos autónomos locais, provindos dos corpos administrativos
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competentes.
Publicação da lei
Todas as espécies de leis são publicadas no Diário da Republica, condição necessária para
conferir eficácia à lei. A falta de publicidade gera a ineficácia jurídica na norma.
Função
Dar a conhecer a lei (a ignorância ou a má interpretação da lei não justifica a falta do
seu cumprimento nem isenta as pessoas das sanções nela estabelecidas)
Efeito certificatório
A 1ª Série, onde são publicadas as leis e demais atos normativos que emanam dos
órgãos de soberania (Presidência da República, Assembleia da República, Governo e
Tribunais), bem como, da Comissão Nacional de Eleições;
A 2ª Série, onde são publicados atos regulamentares do Governo, como portarias e
despachos, atos da administração pública central e local, atos de instituições com
funções essenciais de supervisão e regulação, como o Banco de Portugal, bem como
os demais atos de diversas entidades públicas autónomas.
Vigência
Os atos legislativos e os outros atos de conteúdo genérico entram em vigor no
dia neles fixado, não podendo, em caso algum, o início da vigência verificar-
se no próprio dia da publicação.
Na falta de fixação do dia, os diplomas referidos no número anterior entram
em vigor, em todo o território nacional e no estrangeiro, no 5.o dia após a
publicação.
O prazo referido anteriormente conta-se a partir do dia imediato ao da sua
disponibilização no sítio da Internet gerido pela Imprensa Nacional- Casa da
Moeda, S. A.
“Vacatio Legis”, período de tempo que medeia entre a data da publicação de um diploma e a
sua data de entrada em vigor.
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Identificação
Todos os atos são identificados por um número e pela data da respetiva
publicação no Diário da República.
Os atos normativos devem ter um título que traduza sinteticamente o seu
objeto.
Os diplomas de cada uma das Regiões Autónomas têm numeração própria e
são ainda identificados pelas letras A (Açores) e M (Madeira), a acrescentar à
indicação do ano.
Os diplomas que tenham a mesma designação genérica devem ser
identificados pela indicação da entidade emitente.
Exemplo: Os decretos-lei são identificados por um número e pela data de publicação em
Diário da República. O número de identificação consiste num número de ordem anual, seguido
de "/", seguido do ano da publicação.
Decreto-Lei no 55/2014, de 25 de agosto, foi o 55.o decreto-lei publicado no ano de 2014,
tendo sido publicado na data de 25 de agosto do referido ano.
Estrutura de um texto legal (Guia prático de regras na redação de atos
normativos da Assembleia da República)
Artigo, é a unidade básica da lei. Toda lei tem, no mínimo, um artigo. Constituem a forma
mais prática de se localizar alguma informação dentro da lei. Os artigos são representados
pela abreviatura “arte”.
Cada artigo deve dispor sobre uma única matéria, podendo ser subdividido em números e
alíneas.
A identificação dos artigos faz-se através de algarismos. Para evitar renumerações de um
diploma alterado (por exemplo, em caso de aditamento de novos artigos), a identificação dos
artigos aditados pode efectuar-se através da utilização do mesmo número do artigo anterior,
associado a uma letra maiúscula do alfabeto português. Caso o diploma contenha um único
artigo, a designação do mesmo deve efectuar-se através da menção «Artigo único», por
extenso.
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Divisão em números
Cada número não deve conter mais do que um período. A identificação dos números, tal como
a dos artigos, faz-se através de algarismos.
Alíneas
A identificação das alíneas faz-se através de letras minúsculas do alfabeto português. Se for
necessário incluir alíneas em número superior ao número de letras do alfabeto português,
deve dobrar-se a letra e recomeçar o alfabeto.
Subdivisão de alíneas
As alíneas podem ser subdivididas em subalíneas, identificadas através de numeração
romana, em minúsculas.
Ordenação e sequência de artigos
Devem ser inseridos na parte inicial dos atos legislativos: o seu objecto, o âmbito, as normas
que definem conceitos necessários à sua compreensão e os seus princípios gerais.
As normas substantivas devem preceder as normas adjectivas.
Em relação a actos normativos respeitantes a sujeitos jurídicos, as atribuições que lhes sejam
conferidas devem igualmente ser inseridas na parte inicial, após a identificação do objecto.
As normas de competência devem ser inseridas após a descrição de cada um dos órgãos que
as detêm, ou seja, depois dos artigos que contêm as respectivas normas orgânicas. A menção
a competências deve ser relativa aos órgãos e não aos sujeitos, uma vez que, estes têm
atribuições, não competências (exemplo: “Atribuições do Instituto do Desporto de Portugal” e
“Competências da direcção do Instituto do Desporto de Portugal”).
Se estivermos perante actos normativos com um ou mais órgãos, as normas orgânicas devem
preceder as regras relativas à competência e às formas de actividade (exemplo: Artigo 4.o
“Composição do Conselho de Direcção”; Artigo 5.o “Designação dos membros”; Artigo 6.o
“Competências”; Artigo 7.o “Contratos a celebrar pelo Conselho de Direcção”). Se o acto
normativo regular mais do que um sujeito ou órgão devem as respectivas disposições estar
agrupadas e ordenadas em relação a cada um, ou seja, deve evitar-se organizar preceitos em
que os sujeitos ou órgãos têm a matéria que lhes diz respeito dispersa em artigos que não se
encontram seguidos.
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Aplicação da lei no tempo
ARTIGO 12º Código Civil(Aplicação das leis no tempo. Princípio geral)
1. A lei só dispõe para o futuro; ainda que lhe seja atribuída eficácia retroativa, presume-se
que ficam ressalvados os efeitos já produzidos pelos factos que a lei se destina a regular.
2. Quando a lei dispõe sobre as condições de validade substancial ou formal de quaisquer
factos ou sobre os seus efeitos, entende-se, em caso de dúvida, que só visa os factos novos;
mas, quando dispuser directamente sobre o conteúdo de certas relações jurídicas, abstraindo
dos factos que lhes deram origem, entender-se-á que a lei abrange as próprias relações já
constituídas, que subsistam à data da sua entrada em vigor.
Nº 1
A Lei Nova – Regula todos os factos e respectivos efeitos jurídicos após início da sua vigência
(dispõe para o futuro) – art. 12º, nº 1 – 1ª parte do Código Civil E também regula todos os
factos ocorridos após o início da sua vigência mas que se encontrem retroconetados.
A Lei Antiga – Regula todos os factos e respetivos efeitos jurídicos durante a sua vigência.
Nº 2
1ª Parte: as que dispõem sobre os requisitos de validade substancial ou formal de factos ou
sobre os seus efeitosAplicam-se apenas a fatos novos, ou seja, não dispõem sobre as
situações jurídicas constituídas antes da entrada em vigor da lei nova.Os efeitos em causa
são regulados como expressão de uma valoração dos fatos que lhes deram origem.
2ª Parte: as que dispõem sobre os efeitos mas abstraindo dos fatos que lhe deram origem.
Aplicam-se às situações jurídicas constituídas antes da entrada em vigor da lei nova mas
cujos efeitos subsistam ou estejam ainda em curso à data do início de vigência da nova lei.
Atende-se diretamente à situação jurídica, independentemente do facto que a originou.
Revogação, revogar significa retirar a validade da lei do sistema, por meio de outra lei que a
substitui. Mas revogar não significa sempre eliminar toda a eficácia, pode ocorrer que uma
norma tenha sido revogada, mas que os seus efeitos permaneçam.
Revogação expressa, é designada toda supressão ultimada por um ato válido deliberado de
uma autoridade normativa em um documento normativo. Para haver revogação a disposição
revogadora deve ostentar pelo menos o mesmo nível hierárquico que o material jurídico
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revogado e a supressão realizada em um documento normativo pode tanto eliminá-lo por
completo quanto eliminar apenas parte dele.
Revogação tácita é indicada a contenção específica da vigência de uma norma por
apresentar-se incompatível com outra em um determinado caso concreto, ou seja, a norma
revogadora é implícita e a revogação resulta da incompatibilidade entre as normas.
Revogação Total é caraterizada pelo fato de se dar “inteira regulação da matéria”. Ou seja,
quando o legislador publica material jurídico que disciplina inteiramente matéria já regulada
anteriormente, diz-se que o material jurídico anterior foi revogado.
A lei toda desaparece, mediante a publicação de uma nova lei.
Revogação parcial: norma posterior/superior, revoga parcialmente a outra norma.
Caducidade, a caducidade pode resultar de uma cláusula, contida na própria lei, de que esta
se manterá em vigor durante determinado período de tempo ou enquanto durar determinada
situação, e pode ainda resultar do desaparecimento das causas de aplicação da lei.
Veto é a oposição de um órgão, pessoa ou autoridade, que possui esta competência, a uma
deliberação válida emanada de outrem, o que impede que esta deliberação produza efeitos
jurídicos.
O veto pode fundamentar-se em razões políticas, sendo veto político ou veto por
inconstitucionalidade quando é por base a decisão do Tribunal Constitucional pronunciando-
se pela inconstitucionalidade do decreto ou de algumas das suas normas.
Uma das competências do Presidente da República é o da fiscalização política da actividade
legislativa dos outros órgãos de soberania. Ao Presidente não compete, é certo, legislar, mas
compete-lhe sim promulgar (isto é, assinar), e assim mandar publicar, as leis da Assembleia
da República e os Decretos-Leis ou Decretos Regulamentares do Governo.
A falta da promulgação determina a inexistência jurídica destes atos O decreto vetado é devolvido à Assembleia da República pelo Presidente da República, solicitando nova apreciação do diploma em mensagem fundamentada. Exemplos práticos
Exemplo 1:
António (comprador) e João (vendedor) celebram em Janeiro de 2010 um contrato de compra
e venda relativo a um prédio rústico cujo preço resulta de uma avaliação feita por Carlos
conhecido de João.
Fica estabelecido entre as partes, que no momento da celebração do referido contrato António
entregaria a João 75% do valor da coisa e em Setembro de 2010 entregar-lhe-ia o restante
montante e receberia em contrapartida o prédio rústico em causa.
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Sucede porém, que em Março de 2010 António conclui, ao submeter o prédio rústico a uma
nova avaliação que o preço fixado inicialmente é exorbitante e foi fixado de má-fé por acordo
entre João e Carlos.
Sustentando-se nesta má-fé, A introduz em tribunal um pedido de resolução deste contrato,
em Maio de 2010, altura em que a Lei que vigorava em Janeiro de 2010 já havia sido
substituída por uma Lei Nova.
Colocado perante esta questão, o Juiz depara-se com uma necessidade de definir que factos
serão regulamentados pela Lei em vigor, no momento da celebração do negócio jurídico e que
outros serão regulamentados pela Lei em vigor no momento que o pedido é introduzido em
Tribunal.
De acordo com o disposto no art. 12o, o 1 – 1a parte, a Lei Nova só dispõe para o futuro, isto
é, só se aplica a fatos constitutivos modificativos ou extintivos de relações jurídicas, bem
como, os efeitos que tenham ocorrido após o início da sua vigência. Porém a Lei Nova
também deve aplicar-se aos fatos ocorridos após o início da sua vigência que se encontram
retroconectados com fatos passados e que não têm natureza constitutiva.
Sendo assim, no exemplo mencionado, a obrigação que sobre João impende, de restituir a
António o que este pagou, no momento da celebração do negócio jurídico deve ser regulada
pela Lei Nova, porque se trata de um facto que encontra o seu pressuposto material de
existência num outro que é anterior mas não tem natureza constitutiva (prestação feita pelo
sujeito António no momento da celebração do contrato que é o facto que vai determinar a
existência da obrigação de restituir que impende sobre o sujeito João caso o contrato seja
resolvido).
Exemplo 2:
Caso de um funcionário com contrato assinado em Outubro de 2007 e termine o seu contrato
em Setembro de 2015. Neste caso, e como este trabalhador já conta com mais de três anos
de antiguidade quando chegar a Outubro de 2013, os cálculos são os seguintes: o período de
trabalho entre Outubro de 2007 até Outubro de 2012 é contabilizado com 30 dias de salário
por cada ano, para efeitos de compensação. Já o período entre Novembro de 2012 e
Setembro de 2013 é contabilizado com 20 dias de salário por ano. Por último, a parcela entre
Outubro de 2013 e Setembro de 2015 será calculada com base em 12 dias de salário por cada
ano.
Em resumo:
Vejamos então sucintamente, as regras actualmente em vigor:
• Contratos até Outubro de 2012: indemnização será calculada com base em 30 dias de
salário por ano.
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• Contratos de Novembro de 2012 a Setembro de 2013: indemnização será calculada com
base em 20 dias de salário por ano.
• Contratos de Outubro de 2013 a Janeiro de 2014: Indemnização será calculada com base
em 18 dias de salário por ano.
• Contratos de Fevereiro de 2014 a Setembro de 2015: Indemnização será calculada com
base em 12 dias de salário por ano.
Normas Jurídicas
Estrutura das Normas Jurídicas
A norma jurídica está estruturada de acordo com os seguintes elementos: Previsão, onde se
prevê a situação da vida social a regular; Estatuição, onde se estabelece e a conduta a
observar e Sanção onde se estabelece a ameaça de um mal para quem não cumpre a
conduta visada. (Artº77, C.Civil).
Previsão: a norma jurídica fixa padrões de conduta que regulam situações, casos concretos
da vida que se espera venham a acontecer (previsíveis), contendo em si mesma a
representação da situação futura.
Estatuição: a norma jurídica impõe necessariamente uma conduta a adotar quando vê
verifique, no caso concreto, a previsão da norma.
Sanção: a norma jurídica dispõe dos meios de coacção que fazem parte do sistema
(ordenamento) jurídico para impor o cumprimento dos seus comandos.
Características das normas jurídicas:
A norma jurídica é a regra de conduta, imperativa, geral e abstrata, imposta de forma coerciva
pelo Estado, que se deve ser adotada pelos membros de determinada sociedade, para a
realização dos fins do Direito.
Desta forma a norma jurídica destacamos quatro características fundamentais:
Imperatividade: na sua forma tradicional, a norma jurídica impõem uma determinada
conduta social através de um comando ou de uma ordem. Existem, todavia, normas
jurídica que atribuem poderes ou faculdades não impondo quaisquer comportamentos.
Generalidade: a norma jurídica é geral porque os seus preceitos se dirigem a todos
os membros da ordem jurídica e não a um conjunto determinando e individualizável de
destinatários
Abstracção: as normas jurídicas prevêem condutas, de modo abstracto, isto é,
disciplinam um número indeterminando de casos e de situações. As normas jurídicas
não poderão se individuais ou singulares e/ou concretas, pois violaram o principio da
igualdade de todos os cidadãos perante a lei.
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Coercibilidade: A possibilidade da ordem jurídica recorrer ao uso da força para
impedir ou reprimir a violação de uma norma jurídica. As regras do Direito (normas
jurídicas) que impõem aos seus destinatários certos comportamentos podem ser
impostas pela força. Não sendo uma característica intrínseca da norma jurídica, a sua
coercibilidade é garantida pela ordem jurídica que atribui ao Estado o poder de aplicar
as sanções previstas.
Classificação das normas jurídicas
Há várias classificações de normais jurídicas que partem de diferentes critérios e principais
topologias.
Normas de interesse e ordem pública - Que consistem em regular as situações de
maior relevância social e que, como tal, são imperativas
Normas de interesses e ordem particular - Que regulam interesses dos particulares
e, como tal, podem ser afastadas por estes (trata-se de normas supletivas).
Normas universais ou comuns - Tem como objetivo aplicar em todo o território do
estado.
Normas regionais - Aplicam-se numa região autónoma.
Normas locais - Só se aplicam em certa localidade ( autarquia local ), como por
exemplo os regulamentos municipais, hoje tao importantes, designadamente a nível
urbanístico.
Normas gerais - Traduzem os princípios fundamentais do sistema jurídico,
constituindo o regime-regra das relações que regulam.
Normas excepcionais - Regulam certo setor restrito de relações sociais com
características próprias de forma oposta à que vigora para a generalidade das
relações desse tipo.
Norma especiais - Tem como função regular um setor restrito de casos de forma
diferente do regime-regra aplicado a casos idênticos.
Normas imperativas - Impõem certos comportamentos, não podendo ser afastadas
pela vontade das partes.
Norma dispositivas - Atribuem aos particulares certa faculdade cujo exercício
depende da vontade dos interessados (que poderão ou não usar) normas dispositivas
propriamente ditas ou facultativas - ou fixam determinado regime, que, na falta de
manifestação da vontade das partes, se aplica suprindo essa falta Normas supletivas.
Normas jurisprudenciais - Dimanam dos tribunais (os antigos assentos, no
ordenamento jurídico português). Esta classificação assenta num critério que será
objeto de estudo adiante, nas fontes de direito.
Norma Permissiva -Como o nome indica, estatui uma permissão, uma faculdade,
uma possibilidade jurídica de ação ou resultado. Como atras se disse, esta permissão
pode ser uma permissão pura, dirigida a atos materiais (Como por Exemplo: Artigos
1450º, 1453º, 1459º, etc.. do CC), ou a concessão de autonomia da vontade, para
produção de efeitos jurídicos (Como por Exemplo : Artigos 223º, 2188º do CC).
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Normas Supletivas e Norma Imperativa -É uma norma de outro tipo (imperativa ou
permissiva), mas que acresce uma nota essencial particular: aplica-se aos negócios
jurídicos só se as partes não tiverem excluído a sua aplicação.
Normas Remissivas -São aquelas que não definem uma determinada consequência
jurídica, antes remetendo a sua definição para outra norma exemplo: Numa
determinada situação X, aplica-se o regime previsto para Y.
Normas não autónomas- São normas cujo sentido só poderá alcançar-se em
conjugação com outras normas (preceitos restritivos e remissivos).
Introdução aos contratos
Defino contrato como um acordo vinculativo assente em uma ou mais declarações
negociais contrapostas mas convergentes, articuladas na comum intenção de produzir um
resultado jurídico unitário – uma composição unitária de interesses. O contrato tem um
conjunto de requisitos sem os quais não é considerado válido.
Fazem parte desses requisitos os requisitos objectivos e os requisitos subjetivos.
A partir desta definição, e como uma garantia de boa implementação e utilização do
mesmo, são fixados os Princípios Fundamentais dos Contratos, sendo eles:
A. Liberdade Contratual
B. Consensualismo
C. Boa - Fé
D. Força Vinculativa
Princípio da Liberdade Contratual:
“Artigo 405º do Código Civil
1- Dentro dos limites da lei, as partes têm a faculdade de fixar livremente o conteúdo dos
contratos, celebrar contratos diferentes dos previstos neste código ou incluir nestes as
cláusulas que lhes aprouver.
2- As partes podem ainda reunir no mesmo contrato regras de dois ou mais negócios,
total ou parcialmente regulados na lei.”
Este principio consiste em dar aos particulares a autonomia de, na área dos contratos,
agirem de acordo com a sua própria vontade. Partem, deste principio, várias
consequências como a liberdade dos contraentes tanto de contratar como de não
contratar e de fixar o conteúdo das relações contratuais – desde que de acordo com as
leis em vigor.
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As declarações de vontade das partes não exigem nenhum tipo de formalidades especiais
(de acordo com o artigo 219º do Código Civil) e podem ser expressas ou tácitas (artigo
217º).
Como efeito desta regra surgem:
- A liberdade de celebração: pertence à iniciativa privada a decisão de realizar, ou não,
o contrato.
- A liberdade de decisão do tipo contratual: é responsabilidade dos particulares a
escolha do contrato a celebrar, singularizando na lei ou qualquer outro.
- A liberdade de estipulação: capacidades dos contraentes modelarem o conteúdo da
espécie de negociação eleita de acordo com o seu interesse.
Natureza supletiva do direito dos contratos
A liberdade contratual é um dos princípios básicos do direito privado. Quando plenamente
interpretada, ela requer que existam negociações preliminares ao fim das quais, e com
ponderação dos interesses de todas as partes, são assumidos os ajustes necessários.
A partir daí, uma medida correta do direito dos contratos assume uma natureza supletiva –
ou seja, as normas legais apenas se aplicam quando ambas as partes não as tenham
afastado. Recorde-se, então, que o artigo 405º, nº 1, do Código Civil reconhece a
faculdade de fixar livremente o conteúdo dos contratos e celebrar contratos diferentes dos
previstos na lei ou incluir cláusulas que lhes agrade.
Limitações ao princípio da liberdade contratual A. Proibição de celebrar contractos com determinadas pessoas
- Art. 579º A 876º: Venda de coisas litigiosas
- Art. 877º: Venda de pais para filhos
- Art. 953º: Doações a favor de pessoas abrangidas pelas indisponibilidades
B. Limites à fixação do conteúdo dos contratos
Princípio do Consensualismo:
Principio segundo o qual basta o acordo de vontade para a perfeição do contrato. Este
princípio é regulado através do Art. 217º e 219º do Código Civil.
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São, assim, definidos os contratos consensuais – celebrados por simples acordos das partes –
e os contratos solenes – quando para a sua inclusão seja imposto o preenchimento de
formalidades especiais.
Princípio da boa-fé
Tutela-se a confiança de cada uma das partes em que a outra conduza as negociações
segundo a boa-fé.
O instituto de responsabilidade pré-contratual fundamenta-se na defesa da confiança do
sujeito e na lealdade do comportamento da outra.
Princípio da Força Vinculativa
A partir do momento em que é celebrado o contrato – e quando plenamente válido – este
passa a constituir lei imperativa entre as partes.
Regulamentado no Art. 406º do Código Civil estão a pontualidade, a irrevogabilidade,
intangibilidade e os efeitos entre as partes.
Assim, o contrato só pode modificar-se ou extinguir-se por mútuo consentimento dos
contraentes.
Requisitos Gerais de validade dos Contratos
Capacidade
Para entender a figura da capacidade jurídica, teremos que relembrar a figura da
personalidade jurídica, dado que esta está estritamente ao tema do relatório.
A personalidade jurídica tanto pode ser singular como pode ser coletiva, pudemos encontras
as distinções e especificidades de cada uma destas personalidades no Código Civil. Para a
personalidade jurídica singular a partir do Artigo 66o até ao Artigo 156o, e para a pessoas
coletivas do Artigo 157o até 194o.
A personalidade jurídica é adquirida no momento do nascimento (pessoa singular), ou do
momento do registo da sociedade (pessoa coletiva), ver Artigo 66o e 158o do C.C.
No momento da aquisição da personalidade jurídica, esta automaticamente adquire a
capacidade de gozo.
Capacidade de gozo
“A capacidade de gozo consiste na susceptibilidade de direitos e obrigações, ou por outras
palavras, na aptidão para ser sujeito activo ou passivo de relações jurídicas.” (Teles, 2002,
pág 385)
Segundo o mesmo autor a capacidade de gozo, enquanto a capacidade genérica identifica-se
com a personalidade jurídica, sendo que existe uma particularidade, é que a capacidade é um
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conceito relativo, ou seja, susceptível de concretizações várias, diferentes personalidades
jurídicas podem possuir diferentes capacidades, umas detêm mais capacidade outras menos
capacidade. Por outro lado a personalidade jurídica é um conceito absoluto, ou seja, não se
pode ser mais ou menos pessoa. (Teles, 2002, pág 386)
A capacidade de gozo pode-se entender como a capacidade de ter/receber. Com isto em
mente, partiremos para a segunda parte da capacidade.
Capacidade de exercício
“Capacidade de exercício é a susceptivilidade de praticar actos jurídicos.” (Teles, 2002, pág
386).
A capacidade de gozo pode-se entender como a capacidade de fazer. É frequente que para o
diferenciar a capacidade de gozo da capacidade de exercício é trazida a matéria dos
elementos da norma jurídica, a previsão a estatuição.
A previsão é equiparada a capacidade de exercício, ou seja, o facto em si, e a capacidade é
equiparada a estatuição, ou seja, o que fazer se a previsão acontecer.
Para além disto, citando Teles, a capacidade de exercício pode ser específica para certos
actos jurídicos – testamento, casamento, atos patrimoniais entre vivos. (2002, pág. 386)
Tendo o conhecimento, sobre a figura da capacidade no seu todo, passaremos para a
aproxima etapa do tema – incapacidade.
Incapacidade
Todos os atos que estão feridos da incapacidade de gozo são: Nulos.
Todos os atos que estão feridos de incapacidade de exercício são: Anuláveis. Dentro da
incapacidade de exercício encontramos três figuras:
1. Menoridade;
2. Interdição;
3. Inabilitação;
Menoridade
Segundo o Código Civil é menor que não tiver ainda completado dezoito anos de idade.
(Artigo 122º)
O artigo 123º dita que um menor de idade carece de capacidade para o exercício de direito,
salvo disposição em contrário. Ou seja, um menor possui incapacidade de exercício, salvo
disposição em contrário.
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Deste modo, se um menor de 12 anos celebrar um contracto de trabalho, a fim de ocupar o
cargo de vendedor numa empresa, o contracto de trabalho é anulável, devido a incapacidade
do menor.
O menor de idade, pode passar pelo processo de emancipação aos 16 anos, tornando-o maior, artigos 132 o e 133o do C.C. Existem excepções da incapacidade das menores previstas na lei, que pudemos encontrar no artigo 127o do C.C. Interdição Esta figura é aplicada aos maiores de idade, sendo que pode ser invocada ainda quando o
individuo é menor, a fim de fazer efeitos quando este atingir a maioridade.
“Podem ser interditos do exercício dos seus direitos todos aqueles que por anomalia psíquica,
surdez-mudez ou cegueira se mostrem incapazes de governar suas pessoas e bens.
“2 - As interdições são aplicáveis a maiores; mas podem ser requeridas e decretadas dentro
do ano anterior à maioridade, para produzirem os seus efeitos a partir do dia em que o menor
se torne maior.” - Artigo 138º C.C.
Todos aqueles que apresentarem um ou mais dos três elementos apresentados no número 1
do art. 138º, e que estes elementos mostrem a sua incapacidade de governar suas pessoas e
bens, podem ser interditos.
Uma pessoa interdita é equiparada a um menor, com as necessárias adaptações. (Ver arte.
139º C.C)
E da competência dos tribunais a decisão de interdição de certo individuo, sendo que o
processo de interdição pode ser requerido por (ver arte. 141º):
1. Cônjuge;
2. Tutor ou Curador;
3. Parente sucessível;
4. Ministério Publico.
O restante processo legar em situação de interdição encontra-se nos artigos 142º e seguintes.
Inabilitação
A inabilitação é uma figura de menor gravidade face a interdição, que possui certas diferenças
da figura da interdição.
“Podem ser inabilitados os indivíduos cuja anomalia psíquica, surdez-mudez ou cegueira,
embora de caracter permanente, não seja de tal modo grave que justifique a sua interdição,
assim como aqueles que, pela sua habitual prodigalidade ou pelo abuso de bebidas alcoólicas
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ou de estupefacientes, se mostrem incapazes de reger convenientemente o seu património.” -
Artigo 152º C.C.
incapacidade acidental O Artigo 257o do Código Civil dita: “1. A declaração negocial feita por quem, devido a qualquer causa, se encontrava acidentalmente incapacitado de entender o sentido dela ou não tinha o livre exercício da sua vontade é anulável, desde que o facto seja notório ou conhecido do declaratório. 2. O facto é notório, quando uma pessoa de normal diligencia o teria podido notar.”
“Verdadeiramente, a chamada “incapacidade acidental” não integra a ideia de incapacidade,
mas antes a de falta de vontade. O negócio mostra-se desprovido do elemento volitivo, porque
no momento da sua prática o agente está privado da faculdade de querer. A perturbação do
sujeito pode revestir certo caracter duradouro (alcoolismo inveterado, toxicodependência) e,
quando tal aconteça, é de presumir qua a perturbação existe na ocasião de celebração do
negócio” (Teles, 2002, pág. 397).
Esta afirmação pode ser observada em vários artigos do Código Civil, em que a incapacidade
acidental encontra-se como rasão explicativa para a anulabilidade de um negócio/contracto
por falta de vontade. Ver artigos 1635º e 2199º do Código Civil.
Ou seja, uma pessoa que no momento de celebração do contracto encontrasse por exemplo
sob efeito de álcool ou substâncias psicotrópicas, pode recorrer a figura da incapacidade
acidental, para anular o contracto, justificando-se pela sua incapacidade acidental.
E de anotar que os tribunais por norma são extremamente rigorosos nos casos de
anulabilidade de negócios/contractos por via de incapacidade acidental.
Legitimidade A legitimidade também é uma figura de elevada importância na validade dos contractos, dado que a ilegitimidade gera a nulidade do ato.1 Segundo a matéria leccionada na unidade curricular, pode-se dizer (em sede de principio geral) que tem legitimidade para celebrar um negócio jurídico os titulares dos interesses cuja regulamentação forma o conteúdo desse negócio jurídico – essa é a legitimidade directa. Assim, sendo pudemos afirmar que a legitimidade é uma qualidade do sujeito definida em concreto. A legitimidade é uma figura que é aplicada a cada negócio jurídico, em específico. Exemplo: O António José é maior de idade que possui capacidade de gozo e de exercício, a fim de exercer a sua actividade profissional de arquiteto muda paroquio-o, e deseja vender o seu imóvel em Lisboa. Dado tratando-se de uma maior com toda a capacidade de exercício
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ele vende o seu móvel, dado que ele é o legitimo dono. Mas o mesmo António José, com as mesmas capacidades já não pode vender o imóvel da sua colega Rita Antunes, ou seja, o mesmo não pode vender bens alheios, por falta de legitimidade. Com o exemplo acima, torna-se mais fácil entendimento da figura de legitimidade, que no caso concreto é legitimidade direta 2. E importante também perceber que dado que a capacidade e a legitimidade são figuras diferentes, podem existir casos onde haja legitimidade sem capacidade, bem como a capacidade sem legitimidade. Trata-se de legitimidade indirecta quando esta é exercida pelo instituto de representação. Instituto de representação Regra geral todos os negócios jurídicos devem ser celebrados pelos próprios titulares dos interesses, mas existem situações em que, por diferentes motivos e causas, existe a possibilidade do mesmos acontecer, seja por ausência, inconveniência, doença ou outra. 1 Assim sendo, não possui prazo para ser arguida. 2 Trata-se de legitimidade direta quando esta é exercida pelo próprio titular do interesse. Quando tal acontece pudemos recorrer ao instituto da representação. Para entender o instituto da representação recorreremos ao artigo 258o do C.C, que diz: “O negócio jurídico realizado pelo representante em nome do representado, nos limites dos poderes que lhe competem, produz os seus efeitos na esfera jurídica deste ultimo.” Ou seja, quando trata-se de representação o representante não deve possuir quaisquer interesses próprios. No instituto da representação existe quatro figuras principais: 1. Procuração; 2. Mandato; 3. Negocio consigo mesmo; 4. Representação sem puderes. Procuração A procuração é a figura mais utilizada no instituto da representação, e pudemos encontrar a sua definição no artigo 262o do C.C: “1. Diz-se procuração o ato pelo qual alguém atribui a outrem, voluntariamente, poderes representativos. 2. Salvo disposição legal em contrário, a procuração revestirá a forma exigida para o negocio que o procurador deva realizar.” Por outras palavras, a procuração é um ato onde um individuo atribui a outro individuo, voluntariamente, poderes representativos.
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A individuo que recebeu os poder de representação é o representante, e deve agir apenas em representação dos interesses do representado e não dos seus. Mandato Mandato é uma figura muito similar a procuração, e muitas vezes estes termos misturam-se na linguagem corrente. Mas a diferença é enquanto a procuração inclui sempre e apenas os poderes representativos, tal situação não ocorre no mandato, sendo que existem dois tipos de mandato diferentes. Mandato com representação – Argo 1178 C.C – é a figura similar a procuração. Mandato sem representação – Arcto 1180 C.C – não existe puderes de representação, logo diferente da procuração. Negocio consigo mesmo Esta figura é de fácil compreensão, encontra-se definida no arcto 261 do C.C, de uma forma simples o negócio consigo mesmo, ocorre quando um individuo com poderes de representação para a venda de um imóvel, em vez de vender a um terceiro, vende o imóvel a si mesmo. Para realizar tal negocio é obrigatório que haja consentimento do representado, caso não haja consentimento o negocio é anulável, ver numero 1 do arcto 261 C.C. Representação sem poderes A representação sem poderes ocorre quando um individuo sem poderes de representação, celebra um negócio em nome de outrem. Este contracto é ineficaz, salvo se for ratificado, esta ratificação está sujeita a forma exigida para a procuração e tem efeitos retroactivos, sem prejuízo dos direitos do terceiro. (Arcto 268 numero 1 e 2). O mesmo artigo diz que existe, um prazo para a apresentação da ratificação, caso for apresentada fora do prazo, é considerada negada.
Elementos do contrato: essenciais, naturais, acidentais
Os elementos essenciais formam o núcleo fundamental do contrato, sendo indispensáveis.
Estes elementos essenciais reconduzem-se à aqueles que caracterizam o contrato como
contrato de certo tipo ou espécie.
Mas temos de ter atenção que para a caracterização de um contrato não importa
decisivamente o nome que lhe dêem os contraentes. Alias, os nomes que lhe possam dar os
contraentes são irrelevantes quanto à caracterização do contrato, importando para a mesma,
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apenas o conteúdo do mesmo que caracteriza verdadeiramente a vontade das partes
contraentes.
Os elementos naturais chamam-se e assim porque a lei os entende conformes com a
natureza do contrato, não sendo conduto indispensáveis a sua validade de existência.
No silêncio das partes, os elementos naturais do contrato integram-se na substância da
convenção. Veja-se o caso de num contrato de arrendamento urbano, nada se disser sobre
arrendamento. Neste caso, o mesmo considerar-se-á proibido, já que a norma supletiva da lei
assim o prevê.
Aos elementos acidentais chamam-se correctamente, cláusulas acessórias que não formam
parte do conteúdo necessário do contrato, nem sequer do normal conteúdo do contrato.
Veja-se o exemplo de um contrato de trabalho, as partes estipularem uma cláusula de
exclusividade- esta cláusula tem cariz acessório, já não é elemento obrigatório a constar num
contrato de trabalho nem sequer é seu elemento normal. Especificamente, naquele
determinado caso concreto, as partes entenderam contudo estipularem-no.
Espécies de contrato: comodato, mútuo, o depósito, o penhor, reporte. O comodato é o contrato gratuito pelo qual uma das partes entrega a outra certa coisa móvel
ou imóvel para que se sirva dela com a obrigação de a restituir – arteº 1129
O mútuo é o contrato pelo qual uma das partes empresta dinheiro ou qualquer outra coisa
fungível – (arteº 207 para noção de coisa fungível), ficando a segunda obrigada a restituir
outro tanto do mesmo género e qualidade- arteº 1142.
Aqui o mutuante não se obriga a nada; o mutuário que se constitui na obrigação de restituir
outro tanto acrescido de juros que se convencionaram.
De facto, o mútuo presume-se o oneroso, mas será havido como usuário com as inerentes
sanções civis e criminais, se os juros anuais estipulados excederem os juros legais,
acrescidos de 3% ou 5%, conforme exista ou não garantia real.
O depósito é o contrato pelo qual uma das partes entrega a outra uma coisa móvel ou imóvel,
para que a guarde e a restitua com ou sem retribuição, quando for exigida- arteº 1185.
O penhor é uma garantia real que proporciona ao credor a satisfação do seu crédito com
preferência sobre os demais credores que só produz efeitos pela entrega da coisa empenhada
que o credor terá de restituir logo que a obrigação seja inteiramente cumprida- arteº 666, 667 e
669.
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O reporte é constituído pela compra, a dinheiro de contado, de títulos de crédito negociáveis e
pela venda simultânea de títulos da mesma espécie, a termo, mas por preço determinado,
sendo a compra e revenda feitas à mesma pessoa- arteº 477.
Vícios da Vontade: erro, dolo, coacção
O Erro é uma noção inexacta, não verdadeira, sobre alguma coisa, objeto ou pessoa, que
influencia a formação da vontade; o erro para viciar a vontade e tornar anulável o negócio
deve ser substancial, escusável e real, no sentido de que há de ter por fundamento uma razão
plausível, ou ser de tal monta que qualquer pessoa inteligente e de atenção ordinária seja
capaz de cometê-lo.
a) Erro sobre a pessoa do declaratário: resulta do texto da lei respeitando ao facto de
estar apenas em causa a pessoas do declaratário. Se se referir a outras pessoas
declarantes já se aplica o art. 252º/1 CC. O erro pode referir-se à sua entidade, a
qualquer qualidade jurídica ou que não concorra na pessoa do declaratário, quaisquer
outras circunstâncias.
b) Erro sobre o objecto do negócio: deve aceitar-se que ele abrange o objecto
material como jurídico (conteúdo), o erro aqui relevante quando relativo ao erro material
reporta-se à entidade ou às qualidades objectivas (art. 251º -247º);
c) Erro sobre os motivos não referentes à pessoa do declaratário nem ao objecto do
negócio (art. 252º CC).
Dolo
O dolo tem uma dupla concepção completamente distinta, pode ser:
Uma sugestão ou artifício usados com o fim de enganar o autor da declaração
(art. 253º/1 CC);
A modalidade mais grave de culpa é a contraposta à mera culpa ou também
negligência (art. 483º/1 CC).
Em Direito Civil, o que está em causa é a primeira acepção. O dolo dá lugar a uma espécie
agravada de erro, porque o dolo é erro provocado.
A noção de dolo consta do art. 253º/1. Trata-se dum erro determinado por um certo
comportamento da outra parte. Só existirá dolo, quando se verifique o emprego de qualquer
sugestão ou artifício com a intenção ou a consciência de induzir ou manter em erro o autor da
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declaração (dolo positivo ou omissivo), ou quando tenha lugar a dissimulação, pelo
declaratário ou por terceiro, do erro do declarante (dolo negativo, omissivo ou de consciência).
A relevância do dolo depende da sistematização colhida pela doutrina e jurisprudência,
depende de três factores:
1. Que o declarante esteja em erro; 2. Que o erro tenha sido causado ou tenha sido dissimulado pelo declaratário ou terceiros; 3. Que o declaratário ou terceiro haja recorrido a qualquer artifício, sugestão ou embuste. Para Castro Mendes, “a relevância do dolo depende de uma dupla causalidade, é preciso que, primeiro, o dolo seja determinante do erro, e que esse erro (segundo) seja determinante do negócio”.
A coacção Consta do art. 255º/1, e consiste no “receio de um mal de que o declarante foi ilicitamente
ameaçado com o fim de obter dele a declaração”. É, portanto, a perturbação da vontade,
traduzida no medo resultante de ameaça ilícita de um dano (de um mal), cominada com o
intuito de extorquir a declaração negocial.
Só há vício da vontade, quando a liberdade do coacto não foi totalmente excluída, quando lhe
foram deixadas possibilidade de escolha, embora a submissão á ameaça fosse a única
escolha normal.
Tipos:
Temor reverencial (art. 255º/3 CC)
Consiste no receito de desagradar a certa pessoa de quem se é psicológica, social ou
economicamente dependente.
Pretende afastá-lo como causa relevante do medo, tendo como consequência que o acto
praticado por temor reverencial, tem por fonte um dever, que é a contrapartida de um poder
funcional. O temor reverencial é irrelevante porque não haveria nunca ameaça ilícita, porque a
conduta do pertenço coactor, mais não é o exercício normal desse poder. Deixará de haver
simples temor reverencial se exceder no exercício do poder que lhe é atribuído.
Medo
O que está em causa é a própria liberdade de libertação do declarante que fica afectada.
Consiste na intervenção, no processo de formação da vontade de um factor (que é uma
precisão), faz com que o declarante queira algo que de outro modo não queria.
Não há uma exclusão da vontade, mas há uma vontade formada de modo viciado. Em sentido
jurídico do termo, pode-se dizer que quem age condicionado por medo, quer ter aquela
conduta que adoptou, mas que essa pessoa não queria esse tipo de conduta se não fosse o
receio de que contra o declarante viesse a surgir um mal se ele não agisse daquela maneira.
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O medo consiste na previsão de danos emergentes de um mal que impende sobre o
declarante por virtude da qual ele emite certa declaração negocial que noutras circunstâncias
não queria, causas:
· Pode advir de uma situação criada por acto humano;
· Causas que têm origem pela própria força da natureza.
Incapacidade Acidental
A hipótese está prevista no art. 257º CC, onde se prescreve a anulabilidade, desde que se
verifique o requisito (além da incapacidade acidental) destinado à tutela da confiança do
declaratário a notoriedade ou o conhecimento da perturbação psíquica.
Para se conseguir a anulação de uma declaração negocial, com base neste preceito é
necessário:
a) Que o autor da declaração, no momento em que a fez, se encontrava, ou por anomalia
psíquica, ou por qualquer outra causa em condições psíquicas tais que não lhe permitiam o
entendimento do acto que praticou ou o livre exercício da sua vontade.
b) Que esse estado psíquico era notório ou conhecido do declaratário.
Estado de Necessidade Situação de receio ou temor gerada por um grave perigo que determinará o necessitado a
celebrar um negócio para superar o perigo em que se encontra.
A hipótese dos negócios em estado de necessitado deve subsumir-se na previsão do art.
282º, onde se estatui a anulabilidade dos chamados negócios usurários. Devem verificar-se os
requisitos objectivos: benefícios excessivos ou injustificativos, tem de haver uma desproporção
manifesta entre as prestações.
Devem igualmente, verificar-se requisitos subjectivos, a saber:
1. Exploração de situações tipificadas, que não é excluída pelo facto de a iniciativa do
negócio provir do lesado;
2. Uma situação de necessidade, inexperiência, ligeireza, dependência, estado mental ou
fraqueza de carácter.
A anulabilidade, prescrita no art. 282º, pode porém, a requerimento do necessitado ou na
parte contrária, ser substituída (art. 283º CC) pela notificação do negócio, segundo juízos de
equidade (redutibilidade).
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Divergências entre a vontade e a declaração da vontade.
A divergência entre a vontade e a declaração da vontade pode ser consciente e deliberada ou
inconsciente. Por outras palavras podemos afirmar que se trata da diferença entre o que
queremos e o que declaramos de forma consciente, deliberada ou inconsciente.
Existem três casos a considerar, que são os seguintes:
1º - Reserva mental
2º - Simulação
3º - Erro na declaração
O conceito de Reserva mental está estipulado no Artigo 244º do Código Civil – 1. “ Há reserva
mental, sempre que é emitida uma declaração contrária à vontade real com o intuito de
enganar o declaratório”. E a consciência de reserva mental – 2. “ A reserva não prejudica a
validade da declaração, excepto se for conhecida do declaratório; neste caso, a reserva tem
os efeitos da simulação”. Nesta situação (de reserva mental) podemos afirmar que a
declaração foi feita de forma consciente e deliberada.
O conceito de Simulação está estipulado no Artigo 240º do Código Civil, na qual abrange três
elementos: “ acordo entre o declarante e o declaratório”; “ intuito de enganar terceiros” e
“divergência entre a declaração negocial e a vontade real do declarante” (acordo simulatório).
Podemos tomar como exemplo um indivíduo que reside num país africano e que pretenda
passar umas férias de 2 anos em Portugal mas que para isso necessita de visto e para
consegui-lo este estabelece um acordo com uma dada empresa para contrato de trabalho. O
intenção deste individuo é de obtenção de visto para férias e não de trabalhar. Logo está a
enganar terceiros.
Nesta situação também se afirma que a declaração foi feita de forma consciente e deliberada
tal como na reserva mental.
O conceito de Erro na transmissão da declaração está estipulado no Artigo 250º do Código
Civil- 1. “A declaração negocial inexactamente transmitida por quem seja incumbido da
transmissão pode ser anulada nos termos do artigo 247º”. 2. “Quando, porém, a inexactidão
for devida a dolo do intermediário, a declaração é sempre anulável”. Nesta situação (erro na
transmissão da declaração) podemos afirmar que a declaração foi feita de uma forma
inconsciente, diferente da reserva mental e da simulação.
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Inexistência, Invalidade e Ineficácia dos Contratos Antes de passarmos a entender os conceitos de ineficácia, invalidade ou inexistência é
necessário que se clarifique o conceito de Facto Jurídico. Assim, definimos facto jurídico como
todo o acontecimento natural ou ação humana que produz efeitos ou consequências jurídicas.
A delimitação de facto jurídico é tarefa que cabe ao próprio Direito, a criação de efeitos
jurídicos cabe à norma jurídica
Ineficácia:
Um contrato ineficaz é todo aquele que por ter vícios, ou seja, violar disposições legais e não
produz efeitos devido à existência de um obstáculo externo.
A Ineficácia, num sentido amplo, aplica-se quando por qualquer motivo legal o negócio não
produz, na sua totalidade (ineficácia total) ou em parte (ineficácia parcial) os efeitos para os
quais foi realizado.
Num sentido estrito, a ineficácia contratual decorre da falta de uma circunstância externa que
influencia a situação produtora de efeitos jurídicos.
A ineficácia pode, ainda, ser relativa- quando opera apenas e só em relação a certas pessoas
e só por elas pode ser invocada – ou absoluta – quando a sua invocação pode partir por
qualquer parte interessada.
Inexistência: Consideramos um contrato inexistente quando nele nem a aparência contém uma qualquer
materialidade de negócio jurídico, ou existindo nessa mesma aparência, a realidade não lhe
corresponde.
Ao abrigo disto mesmo podemos afirmar que os elementos necessários para que um ato seja
considerado existente são a presença de um agente (elemento estrutural) que pratique o fato
jurídico e a presença, também, de um objecto – igualmente elemento estrutural – que pratique
de igual modo o fato.
Ineficácia em sentido amplo
Ineficácia em sentido estrito
Ineficácia Absoluta
Ineficácia Relativa
Invalidade
Nulidade
Anulabilidade
Inexistência
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Invalidade:
Faz parte da invalidade toda a situação que provém de uma falta ou de uma irregularidade nos
elementos internos ou essenciais do ato.
A invalidade do contrato é, então, a falta ou o vício de um dos pressupostos ou requisitos
contratuais, como ocorre com o contrato celebrado pelo absolutamente incapaz. Da invalidade
pode ocorrer a nulidade, a inexistência ou a anulabilidade do contrato.
É, de um contrato inválido, exemplo todo aquele que seja realizado com um individuo que
segundo a lei tenha falta de capacidade legal, impossibilidade física ou legal do objecto ou
seja considerado ilícito.
CONTRATO NULO CONTRATO ANULÁVEL
A nulidade pode ser evocada por qualquer interessado. A anulabilidade será evocada apenas pelos titulares interessados no contrato
Para que se declare a nulidade do contrato, é necessário que esta seja declarada pelo juiz, caso nenhum dos interessados o faça.
Para que se declare a anulabilidade do contrato, esta é declarada pela lei.
A nulidade dá-se pela violação de ordem pública ou mandamento coactivo que tutela o interesse geral.
A anulabilidade dá-se pela violação de normas que visam proteger o outro contratante.
O contrato nulo perde seus efeitos desde a sua formação.
O contrato anulável tem seus efeitos válidos enquanto não se declara sua invalidade por sentença e só sofre alteração a partir daí.
A nulidade é perpétua, sendo que o contrato nulo não se restabelecerá com o decurso do tempo.
A anulabilidade é recuperável sendo que o contrato anulável é passível de restabelecimento.
Para que um contrato se insira nos contratos válidos tem de ter um agente legalmente
considerado capaz e de conter um objecto lícito.
E, dos efeitos da sentença da invalidade, fazem parte a ação declaratória de nulidade –
quando o juiz declara, desde o seu início, a nulidade do negócio jurídico. Ou, através de uma
ação anulatória, onde o juiz constitui uma invalidade.
Contratos Comerciais
1. Princípios gerais. Deveres pré-contratuais. Os contratos de adesão. As cláusulas
contratuais gerais.
2. Garantias
3. Negócio electrónico (introdução)
Os atos comerciais são praticamente todos contratos, embora possam também existir atos
não negocias, atos comerciais unilaterais e até atos ilícitos geradores de responsabilidade
extracontratual.
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Os atos jurídicos são manifestações de vontade juridicamente relevantes. Podem ser simples
ou in6tencionais. São intencionais os que tinham a intenção de obter os efeitos que deles
decorrem. Neste caso estão os Negócios Jurídicos.
Um contrato é um negócio jurídico mediante o qual duas ou mais pessoas regulam
unitariamente interesses jurídicos
Regras dos Contratos Comerciais
Simplicidade da forma (principio da consensualidade – art.219º do CC;
Solidariedade passiva nas obrigações comerciais (art. 513º do CC e art 100o do
Ccom);
Responsabilidade na Fiança do Fiador (artº 638ºCC e art. 101 do Ccom);
Onerosidade: Juros compensatórios e moratórios (obrigatoriedade do pagamento de
juros moratórios ao Estado): 2º semestre de 2013;
Prescrição (artº 317 CC);
Obrigação Geral de Segurança relativa a produtos e serviços no mercado europeu
(DL 69/2005 de 7 de Março);
Proibição de concorrência desleal (Lei nº 19/2012 de 8 de maio - Lei da
Concorrência).
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Conclusão
Após concluir a leitura do presente trabalho, espero compreender e conseguir explicar a
natureza das noções base do direito, assim como a parte relacionada com os contratos.
Este trabalho foi realizado de maneira a complementar a matéria lecionada pelo Docente e
espero que tenha ficado percetível.
Os tópicos aqui abordados foram para além da matéria lecionada e era esse o objetivo da
minha elaboração. Tentei resumir no máximo que pude e colocar os pontos que achei mais
importantes para não conter demasiada informação e ficar muito extenso
Para finalizar, acrescento que a realização desta sebenta contribuiu imenso para reter e
interiorizar os conceitos/ conhecimentos mais importantes desta disciplina.
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Bibliografia
Maria João Mimoso. (2012). Legislação Empresarial. Lisboa: QUID JURIS. Vários, V. A. (2012). Código Civil. Porto editora. Lições de Direito Comercial - Docente Rui Teixeira Santos Livro: Introdução ao Estudo do direito, Obras Completas '' Autor - Prof. Doutor João Castro Mendes Código Civil - 2011- 2ª Edição Introdução aos Contratos Comerciais- Docente Rui Teixeira Santos