55
INSTITUTO SUPERIOR DE ENSINO SUMARÉ ISES LICENCIATURA EM HISTÓRIA ADEMAR RODRIGUES MARLUCE CARLOS DE OLIVEIRA SILVA VERA LÚCIA GOMES O Museu como extensão da sala de aula TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II São Paulo 2015

Tcc museu como extensao da sala de aula

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Tcc museu como extensao da sala de aula

INSTITUTO SUPERIOR DE ENSINO SUMARÉ ISES

LICENCIATURA EM HISTÓRIA

ADEMAR RODRIGUES

MARLUCE CARLOS DE OLIVEIRA SILVA

VERA LÚCIA GOMES

O Museu como extensão da sala de aula

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II

São Paulo

2015

Page 2: Tcc museu como extensao da sala de aula

INSTITUTO SUPERIOR DE ENSINO SUMARÉ ISES

LICENCIATURA EM HISTÓRIA

ADEMAR RODRIGUES

MARLUCE CARLOS DE OLIVEIRA SILVA

VERA LÚCIA GOMES

O Museu como extensão da sala de aula

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto

Superior de Ensino Sumaré - ISES, como requisito parcial

para a conclusão do Curso de Licenciatura em História.

Orientador: Prof.ª. Silene Ferreira Claro.

São Paulo

2015

Page 3: Tcc museu como extensao da sala de aula

ADEMAR RODRIGUES

MARLUCE CARLOS DE OLIVEIRA SILVA

VERA LÚCIA GOMES

O Museu como extensão da sala de aula

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto

Superior de Ensino Sumaré - ISES, como requisito parcial

para a conclusão do Curso de Licenciatura em História.

Orientador: Prof.ª. Silene Ferreira Claro.

São Paulo, 09 de dezembro de 2015.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________

Prof. Me. Moroni Tartalioni Barbosa

________________________________________

Prof.ª Mª. Raquel Gomes

________________________________________

Prof.ª. Mª Silene Ferreira Claro

Page 4: Tcc museu como extensao da sala de aula

DEDICATÓRIA

Dedicamos a Deus, e a nossas famílias pela fé e

confiança demonstrada durante os momentos mais

difíceis.

Page 5: Tcc museu como extensao da sala de aula

AGRADECIMENTOS

Foi um grande desafio escrever esse TCC, passamos por diversas dificuldades, mas

graças a muitas pessoas conseguimos superar obstáculos e enfim alcançar mais uma etapa

em nossas vidas.

Iniciamos nossos agradecimentos pelo nosso Pai Celestial, pois nele concentramos

nossos pensamentos para a execução de todos os acontecimentos de nossas vidas.

Foi com a graça de Deus que tivemos saúde e sabedoria para caminhar numa

extensa trilha do saber, absorvendo todo o conhecimento possível, através de grandes

mestres que com certeza também foram influenciados pela força suprema do universo.

Foi através dos obstáculos que passamos durante esses três anos que alcançamos

um nível de empatia, simpatia e controle das nossas atividades intelectuais.

Agradecemos ao ISES, com sua primorosa direção e administração por abrirem

suas portas e janelas pela qual vislumbramos este futuro que nos aguarda.

Agradecemos ao nosso orientador Me. Thiago Figueira Boim, pela paciência e

orientação.

Ao professor Moroni Tartalione por nos inspirar na escolha do tema.

Nossa querida coordenadora do curso Silene Ferreira Claro com certeza foi mais

uma mestra fundamental durante todo o nosso curso apoiando, orientando no estágio

supervisionado e tantas outras questões acadêmicas.

Aos nossos mestres que sempre estiveram dispostos a nos ajudar na transposição

das dificuldades e barreiras e foram fontes inspiradoras em especial ao professor Felipe

Henrique Gonçalves da Silva, que nos proporcionou aulas inesquecíveis.

Agradecemos também aos nossos coordenadores do estágio supervisionado que

também deram informações preciosas na execução do nosso TCC.

Muito obrigada aos nossos amigos professores e bibliotecários fora da nossa

instituição de ensino, queridas Ana Maria Machado Tonon, Rosilene Barbosa, Vilma Lúcia

de Oliveira e queridos Marcel José Araújo, Jefferson de Andrade, Reginaldo Assis Batista,

que contribuíram com fornecimento de materiais didáticos que foram utilizados para leitura

Page 6: Tcc museu como extensao da sala de aula

e orientação.

Aos nossos familiares, Talita Gomes e José Silvano da Silva que sempre estiveram

ao nosso lado nesta caminhada, naquelas noites mal dormidas e fins de semana de estudo

exaustivos. Nestes momentos difíceis, estiveram nos oferecendo à força e estímulos para

necessários para continuarmos.

Agradecimentos indispensáveis aos colaboradores do Museu de Arqueologia e

Etnologia da Universidade de São Paulo – MAE/USP, que acompanharam nossas visitas em

suas unidades durante nossas pesquisas.

Agradecimentos especiais a Doutora Francisca Aida Barboza Frigols do

Departamento de Documentação do MAE/USP, Profa. Dra. Maria Cristina Oliveira Bruno,

diretora do MAE/USP, Ader Gotardo, fotógrafo do MAE/USP e Maria Aparecida Gomes de

Andrade e Alexandra Pedroso Simões.

Agradecemos aos nossos amigos pelas palavras necessárias nos momentos difíceis,

pelos auxílios nos trabalhos e dificuldades e principalmente por estarem ao nosso lado nesta

caminhada tornando-a mais fácil e agradável.

Agradecemos aos nossos empregos que financiaram essa jornada e ao FIES, que

tornou um sonho de graduação possível.

Enfim, oferecemos para todos que direta ou indiretamente contribuíram para nossa

formação, os mais sinceros e profundos agradecimentos.

“Enquanto os rios correrem para o mar, os

montes fizerem sombra aos vales e as estrelas fulgirem no

firmamento, deve durar a recordação do beneficio

recebido na mente do homem reconhecido.”

Virgílio

Page 7: Tcc museu como extensao da sala de aula

RESUMO

Este trabalho tem o intuito de realizar uma análise da utilização do espaço

museológico como espaço de aprendizagem, introduzindo as visitas museológicas a fim de

estender o assunto estudado em sala de aula.

Desta forma a utilização do museu como uma extensão da sala de aula, se

transforma numa ferramenta a mais para que o professor amplie seu campo de atuação, e

obtendo resultados no Ensino de História, diminuindo a distância entre o objeto de estudo,

em sala de aula do universo do aluno, tornando a aula mais atraente.

Na trilha de perguntas e respostas ao longo deste trabalho, para melhor analisar a

funcionalidade de utilizar o museu como extensão da sala de aula, foi necessário pesquisar o

projeto Lugares de Aprender, pesquisar o MAE e buscar uma relação de como utilizar o

intercambio da escola o museu e aplicar as propostas deste projeto.

Para este estudo, usamos como referência o MAE/USP como espaço de mediação e

aprendizado com o aluno.

Tudo isto apoiado em pesquisas de estudiosos no assunto como nosso orientador

Moroni Tartalione, Circe Bittencourt e Marlene Suano.

Os museus são um fator relevante para potencializar o conhecimento escolar e

promove uma educação informal, isso torna a visita ao museu desde que orientada, a ser um

evento prazeroso e agradável e os alunos tem liberdade para conhecer e explorar elementos

até então desconhecidos.

Com esta proposta pesquisamos a Proposta Curricular do Estado de São Paulo

(2008) a fim de encontrarmos uma direção para guiar os nossos passos rumo ao objetivo de

criar uma aula agradável e produtiva.

Palavras Chaves: professor, museu, ensino de História, sala de aula, alunos.

Page 8: Tcc museu como extensao da sala de aula

INDÍCE DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Exposição Cidade de Pedra.................................................................................... 35

Figura 2 - Arqueologia Brasileira ........................................................................................... 36

Figura 3 - tanga marajoara ...................................................................................................... 36

Figura 4 - Arqueologia Médio Oriental .................................................................................. 36

Figura 5 - Arqueologia Pré-colombiana ................................................................................. 37

Figura 6 - Arqueologia Africana e Afro-brasileira ................................................................. 37

Figura 7 - Arqueologia Brasileira ........................................................................................... 38

Figura 8 - Ensino no MAE ..................................................................................................... 39

Figura 9 - Encontros de Formação ......................................................................................... 40

Figura 10 – Kit de Objetos Arqueológicos e Iconográficos ................................................... 40

Figura 11 – Maleta de Objetos Arqueológicos e Iconográficos ............................................. 40

Figura 12 - Kit infantil Indigena ............................................................................................. 41

Figura 13 - Kit Multisensorial ................................................................................................ 42

Figura 14 - Valise Objetos do Homem ................................................................................... 42

Figura 15 - Visita na Reserva Técnica ................................................................................... 43

Figura 16 - Visita á reserva técnica ........................................................................................ 44

Figura 17 - Terceira Idade ...................................................................................................... 45

Figura 18 - Atividades férias .................................................................................................. 45

Figura 19 - Pesquisa ............................................................................................................... 46

Figura 20 - Pesquisa ............................................................................................................... 47

Figura 21 - Biblioteca ............................................................................................................. 48

Figura 22 - Biblioteca ............................................................................................................. 49

Figura 23 - Projeto LABECA ................................................................................................. 50

Figura 24 - novos talentos ...................................................................................................... 50

Figura 25 - Nossa visita no MAE/USP ................................................................................... 53

Figura 26 - CARTAZ DE EXPOSIÇÃO ................................................................................ 53

Figura 27 - URNA MORTUÁRIA INDIGENA .................................................................... 54

Page 9: Tcc museu como extensao da sala de aula

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11

CAPITULO I ........................................................................................................... 14

1 O ENSINO DE HISTÓRIA E O MUSEU .......................................................... 14

1.1 O Museu e o currículo escolar ........................... Erro! Indicador não definido.

1.2 Museu e exposições ...................................................................................... 16

1.3 Mudanças a partir do século XV ........................ Erro! Indicador não definido.

1.4 Museu e Memória ......................................................................................... 21

1.5 Preservação do Patrimônio ............................................................................. 24

CAPITULO II .......................................................................................................... 26

2 A INTEGRAÇÃO DA SALA DE AULA E O MUSEU ....................................... 26

2.1 Museu e cultura escolar ................................................................................. 26

2.2 Espaço de aprendizagem. ............................................................................... 27

2.3 O Museu como ferramenta para aprendizagem ................................................. 28

2.4 Uma extensão da sala de aula ......................................................................... 30

CAPITULO III ........................................................................................................ 33

3 MAE – MUSEU DE ARQUEOLOGIA E ETNOLOGIA .................................... 33

3.1 MAE – Museu de Arqueologia e Etnologia da USP e seu Acervo ...................... 34

3.2 O MAE e o ensino ........................................................................................ 38

3.3 Encontros de Formação ................................................................................. 39

3.3.1 Kits de objetos infantis indígenas ............................................................. 41

3.4 Kit multissensorial ........................................................................................ 41

3.5 Valise Origens do Homem ............................................................................. 42

3.6 Visitas ......................................................................................................... 43

3.7 Trabalhos com a terceira idade ....................................................................... 44

3.8 Atividades de férias....................................................................................... 45

3.9 Pesquisa ....................................................................................................... 46

3.10 Revista ..................................................................................................... 46

3.11 Biblioteca ................................................................................................. 47

3.12 Parcerias ................................................................................................... 49

3.12.1 Novos talentos ....................................................................................... 50

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 51

5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 55

Page 10: Tcc museu como extensao da sala de aula

11

INTRODUÇÃO

O presente trabalho se propõe a contribuir com a compreensão da relação museu-

escola ao analisar estas expectativas e como elas são correspondidas após a visita a um

museu de ciências.

Quando crianças, estudávamos na escola e gostávamos dos passeios que a escola

oferecia, muitos deles eram para exposições e museus, lembramos que em muitos casos os

professores faziam destas saídas um passeio sem muitas vezes preparar os alunos para tal

momento, quando os alunos chegavam se dispersavam em alguns grupos, cada um ia para

um lado sem seguir um roteiro em muitos casos, quando retornava para a escola, no máximo

era realizado um bate papo, destacando algumas coisas do dia que os alunos queriam, sem

promover a potencialização desta visita para o a proposta curricular da escola, previsto no

plano pedagógico.

Pensando neste fato é que o problema levantado na nossa proposta ao fazer este

TCC, foi procurar conhecer mais profundamente os museus e colocar na nossa vida diária

como futuros professores de história o hábito e prática de usar o museu como uma extensão

da sala de aula, com mais uma ferramenta para auxiliar e tornar o ensino de história mais

agradável para os alunos.

Em nossa formação para professores, entendemos que existe a necessidade e

oportunidade de utilizar técnicas diversas para potencializar o assunto estudado.

Na pesquisa de campo podemos levantar as expectativas e maneiras como o aluno

se comporta diante dos objetos encontrados no museu e analisar a contribuição do museu

para o ensino médio e fundamental.

Durante a confecção deste trabalho, procuramos vários documentos, como livros,

revistas, artigos e teses de autores que pudessem orientar nossa pesquisa para irmos à busca

da analise da funcionalidade de utilizar o museu como extensão da sala de aula e para isso

também foi necessário pesquisar o projeto Lugares de Aprender, pesquisar o MAE e buscar

uma relação de como utilizar o intercambio da escola o museu e aplicar as propostas deste

projeto.

Entre a bibliografia escolhida, escolhemos o trabalho do professor Moroni

Tartalione Barbosa que foi uma grande inspiração e norte para o desenvolvimento deste

trabalho.

Page 11: Tcc museu como extensao da sala de aula

12

De acordo com a Proposta curricular do Estado de São Paulo (2008) um dos

conceitos abordados no ensino de história, são tempo e sociedade, história e memória,

história e trabalho e cultura e sociedade, onde são propostos utilização de meios como

estudar diversas fontes escritas, mapas, imagens e através deles conhecer os mitos e

memória dos momentos históricos envolvidos no currículo escolar.

Dentre os vários museus localizados em São Paulo, vislumbramos uma opção

sugerida pelo nosso orientador Thiago Figueira Boim, muito interessante para os professores

intermediarem as visitas dos alunos, que são o MAE1 – Museu de Arqueologia e Etnologia

da Universidade de São Paulo, localizado na Cidade Universitária.

No MAE conhecemos as possibilidades de pesquisa e o trabalho que eles

fazem com os professores, apoiando a programação de visita monitorada e auxilio aos

professores que queiram fazer o curso de extensão. Neste curso de duração de quatro horas é

possível conhecer diversos kits que o museu disponibiliza para os professores fazerem uma

prévia com os alunos na sala.

Escolhemos o MAE por apresentar características que favorecem o envolvimento

com os alunos do ensino fundamental e médio e ter fácil localização.

O MAE possui diversos ambientes tornando possível desenvolver objetivos ligados

ao currículo escolar e assim complementar o que o aluno aprende na escola.

Durante o ano este museu apresenta diversas exposições e atividades onde os

visitantes podem interagir com os objetos, assim adquirindo maior afinidade com os

acontecimentos de onde esses objetos são provenientes.

Segundo a Proposta Curricular do Estado de São Paulo, pra que serve a história, é

uma pergunta que está sempre sendo reformulada e que tem várias respostas.

“O problema é que, enquanto a função do compositor, que extrai sua

música do coração do silêncio, parece ser a de despertar nossos

sentidos, o problema do (a) professor (a) de História, que deve

extrair conhecimento dos distantes tempos passados, é bem

diferente. Inicialmente, os programas atribuem ao (à) docente a

responsabilidade de conduzir os alunos por caminhos que levem ao

exercício pleno da cidadania. Cabe-lhe acompanhar, sem dirigir, os

momentos iniciais da formação da consciência crítica de crianças e

adolescentes, a partir de sua experiência cotidiana. Para isso,

esperasse que ele superasse as sempre lembradas formas tradicionais

de ensino, que parecem valorizar, sobretudo, o sentimento de

1 MAE – Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, abriga acervos oriundos do Museu

Paulista, conhecido como Museu do Ipiranga.

Page 12: Tcc museu como extensao da sala de aula

13

pertencer – para servir – a uma grande nação, assim como fizeram os

heróis responsáveis por sua construção.” (PCSP 2008, p.41)

O ensino da história traz o conhecimento dos acontecimentos, porém sem

julgamentos, apenas narrações dos documentos e objetos encontrados e a partir dessa

descoberta procurar criar um mundo melhor a partir desses conhecimentos.

“Quem trabalha com História sabe – ou deveria saber – que seus

julgamentos são inócuos, não produzindo quaisquer efeitos sobre os

tempos passados. Em outras palavras, é claro que é importante

denunciar a violência genocida da conquista da América, da

escravização de negros e índios, das fogueiras da Inquisição, das

guerras e bombardeios, das práticas de racismo, mas nenhum desses

temas irá devolver a vida e a dignidade usurpadas de milhões e

milhões de pessoas, ao longo dos séculos” (PCSP, 2008, pp.42.).

De modo geral há um senso comum predominante sobre o pensamento que a

disciplina de História é uma matéria muito fácil, que qualquer um pode lecionar, apenas

ensinando datas, nomes importantes e acontecimentos políticos.

A abordagem do ensino de História possibilitando ao aluno a oportunidade

encontrar algo mais do que datas e nomes, tornando uma disciplina atraente e fascinante é a

hipótese a ser estudada nos capítulos que seguem.

Primeiramente estudamos alguns conceitos históricos do museu, também um pouco

dos lugares de memórias, para seguindo adiante procurar possíveis propostas oferecidas para

adequar os recursos oferecidos dentro e fora da escola.

As ferramentas pedagógicas oferecidas pelo material didático baseado no currículo

escolar, de acordo com os autores escolhidos para trabalharmos o tema museu como

extensão da sala de aula seria capaz de possibilitar uma aliança de recursos capaz de

aprofundar o potencial de aprendizagem do aluno.

No segundo capitulo procuramos situar a sala de aula como um local propicio para

o aprendizado e a extensão para potencializar esse ensino seria o museu. Através de

atividades lúdicas e praticas a exploração do museu é a hipótese de melhor aproveitamento

escolar onde o professor vai agir na mediação.

Já no terceiro e último capitulo fazemos a descrição do museu visitado e suas

características físicas e pedagógicas, procurando desvendar no conteúdo do museu as

perspectivas favoráveis para entender o ensino da sala de aula e vice-versa.

Concluindo nosso objetivo de aliar o conhecimento adquirido no museu para

potencializar o tema projetado no currículo escolar dentro da escola.

Page 13: Tcc museu como extensao da sala de aula

14

CAPITULO I

1 O ENSINO DE HISTÓRIA E O MUSEU

Neste capitulo a proposta é apresentar os significados e um breve relato do início do

museu, suas propostas de educação para as escolas. Fazer também sua relação e algumas

possibilidades de se usar a aula-visita ao museu na educação histórica. Por fim, mostra-se a

perspectiva e proposta do museu na área de Educação.

Há muito tempo tem se perpetuado este mito da disciplina de História ser fácil de

lecionar e os alunos não terem o interesse nesta aula. Porém, cabe ao professor mudar este

paradigma, e buscar uma alternativa para que a história alcance outros horizontes, embora a

aula expositiva seja importante, é tanto quanto, fugir da mesmice que predomina a escola

nos dias de hoje, deixando os alunos apenas como meros expectadores e leitores dos livros

didáticos.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) sugerem que o professor e o aluno

utilizem de métodos de leitura e análise de documentos, sendo de grande benefício a todos,

pois os resultados são aulas mais atraentes com a participação dos alunos, pois estes recursos

fazem parte dos saberes, “Dar aula é uma ação complexa que exige o domínio de vários

saberes característicos e heterogêneos” (BITTENCOURT, 2008, p.51).

Para conseguir trabalhar em sala de aula, o bom professor deve se utilizar de

criatividade e aguçar a curiosidade dos os alunos, são elementos que não podem faltar em

sala de aula, assim a utilização destes saberes poderá alcançar os resultados imaginados.

Encontramos o conceito de historicidade e memória estudando Le Goff, que aponta

que as origens históricas passaram a desempenhar o historicismo e primeiro plano na

renovação epistemológica a partir da segunda metade do século XX.

“O conceito de historicidade desligou-se das suas origens

"históricas", ligadas ao historicismo do século XIX, para

desempenhar um papel de primeiro plano na renovação

epistemológica da segunda metade do século XX. A 'historicidade'

permite, por exemplo, refutar no plano teórico a noção de "sociedade

sem história", refutada por outro lado pelo estudo empírico das

sociedades estudadas pela etnologia”. (Lefort, 1952)

A necessidade e importância da preservação da memória carecem de organização

dos objetos encontrados e transformação dos objetos em documentos históricos para tornar

Page 14: Tcc museu como extensao da sala de aula

15

possível essa preservação conforme Le Goff aponta para estudos de Changeux.

“O processo da memória no homem faz intervir não só a ordenação

de vestígios, mas também a releitura desses vestígios” e "os

processos de releitura podem fazer intervir centros nervosos muito

complexos e uma grande parte do córtex”, mas existe certo número

de centros cerebrais especializados na fixação do percurso mnésico".

(CHANGEUX, 1972, p. 356)

Ainda existe um processo mais complexo nesta tentativa de se fazer do museu uma

extensão da sala de aula e da própria sala uma extensão do museu, onde alguns fatores

podem e devem ser levados em consideração, pois contribuem o desenvolvimento deste

procedimento.

Kátia Abud nos mostra a necessidade de haver uma preparação quando se planeja

uma saída com os alunos e não apenas encarando como um passeio recreativo. Como

professores devemos ter este cuidado para não cairmos neste mesmo erro e extrairmos o

melhor desta oportunidade que os alunos terão.

Na perspectiva de Kátia Abud encontramos o seguinte conselho:

“A visita deve, preferencialmente, estar inserida no contexto de um

projeto de ensino em desenvolvimento na escola. [...] outra ação

importante é planejar o que será feito com as informações adquiridas

no museu, bem como as possibilidades de aprofundamento desse

conhecimento (por meio de pesquisa posterior) e a divulgação dos

saberes construídos para os demais alunos da escola.”

(ABUD, 2010: p.140).

Circe Bittencourt que corrobora também com o pensamento de uma melhor

proposta pedagógica para explorar os benefícios da utilização da visita ao museu, benefício

esse de tornar a história menos teórica e mais pratica aos alunos, entrarem em contatos com

tais fatos ou objetos ao universo do aluno, deixando assim a aula ou visitação em um

ambiente atrativo e mais interessante com maiores resultados, fazendo de uma visitação uma

extensão da sala de aula, aproveitando de forma positiva com os alunos os momentos que ali

estão:

“O Potencial educativo dos museus tem sido preocupação dos

especialistas, Elaine Hirata, do MAE - Museu de Arqueologia e

Etnologia da USP constatou que para” boa parte dos professores, o

museu assume uma função especifica: o seu acervo ilustra, de

maneira concreta, as aulas de História, os artefatos se restringem,

deste ponto de vista, ao complemento ideal para o documento

Page 15: Tcc museu como extensao da sala de aula

16

histórico por excelência, isto é o texto [...] Ainda na palavra da

autora, as visitas “tradicionais”, com monitoração exercida pelo

professor ou então por intermédios de um roteiro escrito,

acarretavam não “só uma visão parcial do acervo, como também

incentivava as crianças a uma cópia frenética das legendas e

painéis sem uma compreensão do real significado dos objetos

expostos” (Hirata, 1985, p12-13). “Essa forma de visitar os museus

faz que os objetos permaneçam inacessíveis, conclui, sendo preciso

desencadear uma ação educativa que estimule à sensibilidade a

linguagem plástica”. (BITTENCOURT 2008, p 354-355).

1.1 Museu e exposições

As exposições museológicas têm o objetivo de instruir comunicar ideias e conceitos

ao seu público visitante na história etimológica da palavra 'museu', encontram-se as

seguintes explicações: a palavra vem de "musa”, e as musas eram as divindades da antiga

mitologia grega. A palavra museion designava os templos das musas que existiam no

Helecion, em Atenas, onde eram depositados objetos preciosos oferecidos às divindades em

sinal de agradecimento. (SANTOS, 1990).

As coleções eram custodiadas pelo Clero, que pregava “o despojamento pessoal, o

desprendimento dos bens materiais supérfluos” (SUANO, 1986, p. 14), e assim, formalizava

pactos políticos, financiando as guerras do Estado Papal. No entanto, essa situação se alterou

ao final desse período quando príncipes das cidades italianas começam a formar suas

coleções particulares. Neste momento o museu tinha função de “Gabinetes de Curiosidade”

e as coleções passam a ser divididas em categorias do tipo “reserva e prestigio social”, de

“valor mágico”, de “lealdade de grupos”, de “curiosidade” e de “pesquisa”. Sendo assim, “a

coleção tem o objetivo de retratar, ao mesmo tempo, a realidade e a história de uma parte do

mundo, onde foi formada, e, também, a daquele homem ou sociedade que a coletou e

transformou em „coleção‟.” (SUANO, 1986, p. 12).

Segundo Suano (1986, p. 22). As coleções se tornaram abertas ao público a partir

do final do século XV. Com o movimento da reforma religiosa, a cultura passou a ser

compreendida como agente de defesa e preservação da sociedade cristã, sendo criado neste

período, bibliotecas e museus, que funcionavam como centro didático. Nesse período os

museus eram compostos de materiais clássicos (obras de arte aceitas pela Igreja) e, peças

advindas de missões jesuítas que impulsionaram o museu a se tornar uma máquina

pedagógica.

Ao “final do século XVII e começo do século XVIII viram a cristalização da

Page 16: Tcc museu como extensao da sala de aula

17

instituição museu em sua função social de expor objetos que documentassem o passado e o

presente e celebrassem a ciência e a historiografia oficiais.” (SUANO, 1986, p. 23).

Considera-se que o primeiro museu aberto ao público foi em 1683, o Ashmole Museum,

ligado à Universidade de Oxford, Inglaterra. (GROSSMANN; RAFFAINI; TEIXEIRA

COELHO, 2004). Mas tanto este museu como os da Igreja tinham visitação bastante restrita

à cúpula da Igreja, aos artistas, à elite governante, e aos especialistas, estudiosos e estudantes

universitários.

A política econômica dos séculos XVI – XVIII que gerou uma política educacional

e cultural responsável, em parte, pela ampliação do acesso às grandes coleções. [...] Assim,

pouco a pouco, a permissão para visitas a galerias dos palácios, aos „gabinetes‟,

“guardarobas” e mesmo “museus”, como eram chamados os lugares onde se guardavam as

coleções, começam a surgir em toda a Europa. (SUANO, 1986, p. 25-26).

No fim do século XVIII, também conhecido como “Século das Luzes” 2a Europa

vivia tensões sociais, o autoritarismo da realeza perdia espaço para as reações populares.

Através desse movimento revolucionário do final do século XVIII3 que se abriu

definitivamente o acesso às grandes coleções, tornando-se efetivamente públicas. A

revolução burguesa, os enciclopedistas, a revolução francesa, entre outros acontecimentos,

culminou na insistência da necessidade de educação como grande arma dos países

modernos. E o museu correspondia bem a essa necessidade da burguesia de se estabelecer

como classe dirigente.

São as ideologias dos pensadores liberais, que vão fomentar movimentos de

emancipação no Novo Mundo – como a independência Norte Americana, em 1776, e a

Inconfidência Mineira, em 1789, em Minas Gerais, Brasil, a exemplo da Revolução

Francesa, desse mesmo ano, considerada o grande acontecimento europeu do período. Na

Europa, a política educacional pós-revolução vai trazer importantes mudanças conceituais ao

transformar o súdito em cidadão e prepara- ló para participar do governo do país. De estatal,

a educação passa a nacional. (MATTOS, 2010, p. 31).

As autoras defendem a tese que o desenvolvimento das “ideias museológicas” em

paralelo às “ideias pedagógicas” desde a Renascença até o Iluminismo, se encaixa nos

princípios da “pedagogia humanista” e “a qual valorizava os métodos indutivos e

2 Século das Luzes: em francês a referencia ao iluminismo é Lumières, a palavra em inglês é Enlightment e na

língua alemã é Aufklärung.

3 Iluminismo: foi o movimento intelectual no século XVIII, no qual a centralização da ciência e racionalidade

crítica.

Page 17: Tcc museu como extensao da sala de aula

18

experimentais, e reconhecia a importância da observação dos fatos e da ação como meio de

aprendizagem.” (MATTOS, 2010, p. 29). Corroborando com este contexto, Lara Filho

(2006, p. 47), defende que o museu foi um instrumento para afirmar os princípios do

Iluminismo, transformando-se num laboratório de ideias ousadas e inovadoras. Neste

momento, surge o conceito de curadoria, que era a organização e disposição dos objetos em

exposição, de modo a criar um discurso.

Com o objetivo de “ensinar” a nação, difundir o civismo e a história, surge os

vários museus nacionais com interesse em educar do povo. Na França, a Convenção

Nacional, em 1792, aprovou a criação de quatro novos museus a serviço da nova ordem: o

Museu do Louvre4, - a partir do modelo enciclopédico criado por Diderot e d‟Alembert, em

1793 -, com o objetivo de educar a nação nos valores clássicos da Grécia e Roma e naquilo

que representava sua herança contemporânea o Museu dos Monumentos, destinado a

reconstruir o passado, privilegiando o neoclassicismo em detrimento da herança do período

medieval; o Museu de História Natural e o Museu de Artes e Ofícios, sendo todos estes

voltados ao pensamento científico. (SUANO, 1986, pp.28-29). Em Viena, o Belvedere foi

inaugurado em 1783 e o Museu Real dos Países Baixos em Amsterdam (1808). Seguiram-se

o Altes Museum, de Berlim (1810), o Museu do Prado (1819) e o Museu Hermitage, de

Leningrado (1852).

Após este fato na história, traçaram-se os contornos da acepção moderna de

museus, que se consolidou no século XIX com a criação de diversos museus importantes na

Europa,

[...] concebidos dentro do „espírito nacional‟, esses museus nasciam

imbuídos de uma ambição pedagógica – formar o cidadão, através

do conhecimento do passado – participando de maneira decisiva do

processo de construção das nacionalidades. (JULIÃO, 2006, p. 21)

Nos EUA a criação dos museus deu-se de forma diferente dos europeus. Neste país,

a instituição nasceu aberta ao público em sua maioria, mediante a um prévio pagamento na

entrada. Importantes inovações na educação e forma de exposição dos objetos se deram em

solo americano. Também vale lembrar que nos EUA a forte ligação entre interesses privados

e interesse público permitiu a criação e manutenção de diversas instituições sociais,

4 Museu do Louvre – criado em 1793, o Musée Du Louvre, está no palácio do Louvre, em Paris, Mona Lisa e

Vênus de Milo estão expostas lá e também coleções egípcias, greco-romanas.

Page 18: Tcc museu como extensao da sala de aula

19

educacionais e culturais e, dentro deste panorama está o museu, - que tem laços fortes com a

comunidade; tendo as Sociedades de Amigos do Museu, organizações poderosas e ricas,

com poder de autoridade nos conselhos diretores destas instituições. (SUANO, 1986, p. 32).

Na América do Sul, os museus passam a existir a partir do século XIX, sendo que

os seus primeiros passos na criação destas instituições aconteceram após suas respectivas

conquistas de independência. Estes museus, modestamente, foram criados aos moldes

europeus, que perduraram até o século XX. (SUANO, 1986).

“... é possível dizer que no século XIX firmaram-se dois

modelos de museus no mundo: aqueles alicerçados na história

e cultura nacional, de caráter celebrativo, como o Louvre, e os

que surgiram como resultado do movimento científico,

voltados para a pré-história, à arqueologia e a etnologia, a

exemplo do Museu Britânico”.

(JULIÃO 2006, p. 22)

No Brasil, os primeiros museus datam-se das iniciativas de D. João VI que cria em

1815 o Museu Real, posteriormente em 1818 se torna Museu Nacional. “No final do século

XIX surgem o Museu do Exército (1864), o Museu Emílio Goeldi, no Pará (1866), o Museu

da Marinha (1868) e o Museu Paulista (1892).” (GROSSMANN; RAFFAINI; TEIXEIRA

COELHO, 2004, p. 270). Os museus iniciaram com características de coleções de história

natural, etnografia, e científico, que se alinhavam ao modelo etnográfico, que se difundiu em

todo o mundo. Entre os anos 1870 e 1930, eram caracterizados pela pretensão enciclopédica,

dedicados à pesquisa em ciências naturais, voltados para a coleta, o estudo e a exibição de

coleções naturais, de etnografia, paleontologia e arqueologia.

O primeiro museu com finalidade pedagógica surge no Brasil em 1883 segundo

Moroni Barbosa, o Museu Pedagógico Nacional ou Museu Escolar Nacional, localizado na

Província do Rio de Janeiro. Este museu teve como objetivo “revelar o estado atual do

ensino primário em todos os graus por meio de uma exposição permanente, a história e

dados e estatísticos do ensino no Brasil seriam mostrados ao público”. (Misan, 2005, p98.)

[...] “ser um centro de aperfeiçoamento constantes de professores com exposições de novos

recursos didáticos, materiais de ensino, biblioteca com acervo sobre as publicações

internacionais pedagógicas”. (BITTENCOURT, 1991. p. 251)

Na linha de pensamento de Mattos e Mattos (2010), neste período, sob a influência

Page 19: Tcc museu como extensao da sala de aula

20

de ideias iluministas e cientificistas portuguesas, é que se inicia o interesse pelo estudo de

acervos museológicos brasileiros, que nasce relacionado com uma instituição escolar e com

a Academia, obedecendo às orientações da Universidade de Coimbra. As autoras reforçam

que, apesar de o Museu no Brasil ter surgido com finalidades educativas, podemos verificar

que, por herança.

“Nossos primeiros museus nasceram como obrigação copiada de

museus europeus, sem o menor equacionamento aos nossos anseios.

Durante todo o século XIX, vão surgir em várias capitais de

províncias os Museus enciclopédicos, muito mais preocupados na

acumulação de coleções e nas pesquisas realizadas por “homens

sábios”, do que na comunicação e no diálogo com a população”.

(MATTOS, 2010, p. 38).

Diante do exposto, pode-se afirmar que embora o museu público seja datado a

partir da abertura do Museu Britânico, a instituição demorou a ser de fato “a serviço do

público” como já mencionado anteriormente. Isso se deu pelo fato de o público não se ver

representado por estas instituições. De acordo com Suano (1986), até meados do século

XIX, o museu público não foi feliz e fecundo. Isso se explica pelo fato de muitos museus

não terem uma política de definição e orientação do acervo, bem como de suas atividades

voltadas ao público, simplesmente se acumulava e se exibia, se sucedendo diante dos salões,

o tédio e o desinteresse do público.

É na segunda metade do século XIX que o público faz suas primeiras críticas

reivindicatórias quanto à exposição, ao atendimento e o museu passa a ser reconhecido como

um espaço educativo. Também se data neste período o museu como objeto de estudo e a sua

especialização – Museológica, como área do conhecimento. Com isso intensificam-se os

debates em torno de planos de ação, remanejamento de coleções, distribuição de

responsabilidades, arquitetura e ambientação, serviços oferecidos. Pode-se considerar que

nestes debates surge a figura do mediador, como mostra a revista Gazette des Beaux Arts, de

roteiros preestabelecidos, com “guias permanentes” para escolares e crianças e implantação

de um departamento especialmente voltado para o público. (SUANO, 1986, p. 45). Nota-se

que iniciava a apontar a necessidade de “pessoal especializado” para o trabalho nos museus

Deste modo, o museu que conhecemos hoje foi “inventado” no século XIX. Após

as mudanças mencionadas e a virada para o século XX vai se acentuar o que começara neste

século, “os museus crescem em número e diversidade e as reflexões sobre seu estatuto e

papel social, aos poucos, ganham importância”. (LARA FILHO, 2006, p. 76).

Page 20: Tcc museu como extensao da sala de aula

21

1.2 Museu e Memória

Maria Margaret Lopes, (BREFE-1999, pp.33), sobre as origens dos museus no

Brasil, principalmente o Museu Paulista onde guarda grande parte do acervo sobre a

independência do Brasil.

Acontece a partir do século XIX pela via de historia natural com bases

antropológicas, quando a vinda da família real veio para o Brasil, com a Missão Artística

Francesa de 18165, e a partir de 1870, inicia-se um novo ciclo onde o interesse pela criação

de uma identidade cultural começa a germinar através dos intelectuais, onde a História

Natural é a principal característica dos museus, entre 1818 e 1922, segundo Maria Margareth

Lopes.

Quatro destaques importantes e pioneiros de museus no Brasil foram Museu Real,

que se transformou em Museu Nacional, Museu Paraense Emilio Goeldi (1871), Museu

Paranaense (1876), Museu Botânico do Amazonas (1883) e Museu Paulista (1890).

Brefe destaca a afirmação de Lopes na citação abaixo:

“Em compasso, portanto com os interesses das elites locais, mas

também acompanhando, com certo atraso, o desenrolar das ciências

no contexto internacional, os museus se transformam, como é o caso

do Museu Paulista, a partir de meados da década de dez deste

século. È justamente este momento de clara inflexão que me

interessa abordar aqui, pois é ai que começa a se delinear

claramente o perfil de um museu histórico, dentro dos quadros de

um museu ainda enciclopédico. A partir de então a convivência, que

nunca fora especifica, entre o acervo de objetos históricos e as

coleções de História Natural, começa a ficar insustentável.”

(BREFE, 1999)

Um destaque para outros museus criados no século XIX, por Mário Barata (1986) é

o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, em 1850.

A partir do século XX o museu assume suas características de arquivo e de templo

histórico da nação na visão de José Marianno6, não importando apenas seus valores

estéticos, mas sim sua importância na preservação do passado da nação.

O Museu Paulista, com a entrada de Taunay na sua organização, passa a ter um

caráter historiográfico muito importante apesar de Taunay não ter um trabalho de

museologia.

5 Missão artística: Movimento artístico proveniente da França, com a chegada da coroa portuguesa ao Brasil,

essa missão artística foi um marco no ensino das artes no Brasil. 6 Marianno, José. “As margens do museu histórico” Revista do Brasil, nº 82, 1922.

Page 21: Tcc museu como extensao da sala de aula

22

Ele faz criticas ao tamanho e organização as obras no Museu Paulista, localizadas

na sala B8, onde as aquisições de obras eram feitas na sua maioria através de doações, não

havia investimentos para enriquecer o local, o que dificultava o caráter histórico do local.

Faltava espaço para disposição de telas e a disposição das mesmas era desfavorável, segundo

Ihering. As obras estavam como que entulhadas de qualquer jeito, não valorizava sua

visualização.

Muitos dos objetos apresentados não faziam parte da historiografia brasileira como

uma cópia da coleção do Thesouro de Boscoreale, a original se encontra no Louvre em

Páris. Os visitantes cultos caçoavam do museu pela má organização e falta de foco.

“A má impressão que essas salas pareciam causar no visitante,

segundo conta Taunay, devia-se sem dúvida, ao contraste existente

entre as coleções de História Natural, rigorosamente classificada e

exposta segundo os critérios vigentes na disciplina cientifica e as

coleções de historia, que mais pareciam um depósito de coisas

antigas e disparatadas, um velho gabinete de curiosidades, bem ao

gosto dos colecionares dos séculos anteriores. Os objetos pareciam

aleatoriamente expostos, sem qualquer tipo de classificação,

temática, tipologia, cronológica, ou outra que fosse. Era esse aspecto

que, certamente, incomodou Taunay ao chegar á direção do Museu,

e o levou como será visto, a transforma-lo por completo,

concedendo valor e, sobretudo, nova organização ás coleções

históricas. “(BREFE, 1999)

Taunay promove mudanças significativas no Museu Paulista e em 1922, inaugura

oficialmente a Seção de História. Desde 1917 ele começa a receber várias doações de várias

cidades do interior paulista, ele consegue expor objetos dos bandeirantes, tropeiros,

produtores de café. Em 1919, iniciam-se os preparativos para comemorações centenárias de

1922, começam a construir o Monumento do Ipiranga. Encomenda quadros e estátuas para

adornar o Monumento. Washington Luís passa a administrar o orçamento da construção do

Museu.

Grandes nomes da nossa história são representados em estatuas como, Fernão dias

Paes Leme, Bartolomeu Bueno da Silva, Paschoal Moreira Cabral, Antônio Raposo Tavares,

Francisco de Brito Peixoto, Gaspar de Godoy Collaço nas escadarias sobre consolos

deixados por Bezzi.

O Museu Paulista é incorporado a Universidade de São Paulo em 1934, pois as

condições financeiras e orçamentarias do Museu Paulista não tem como manter-se sozinho,

e Taunay foi eleito para o Conselho Universitário e para atuar como professor de História da

Civilização Brasileira, essa incorporação também aumentaria o ensino e a ação da

Page 22: Tcc museu como extensao da sala de aula

23

Universidade.

As coleções de Ciências Naturais foram transferidas para o (MAE-USP) Museu de

História e Etnologia em 1942.

A direção do Museu passa para Sergio Buarque de Holanda após aposentadoria de

Taunay em 1946.

“Mais depressa que se supusera conseguimos reabrir ao publico, em

condições incomparavelmente melhores, os cômodos da antiga

seção de Zoologia. Quatorze salas novas pudemos oferecer aos

nossos visitantes cheios de vida de antanho regional e nacional,

agora muito melhor distribuídas. A antiga sala única de Etnografia

brasileira pode desdobrar-se em três outras que contamos dentro em

breve, abrir a visitação pública...” (BREFE-1999, pp.269).

Taunay foi muito importante na criação do museu histórico como memória nacional,

com o museu paulista essa ação foi legitimada.

Em 1989 parte do acervo do Museu Paulista passa a compor o Museu de

Arqueologia e Etnologia da USP, o MAE. Neste ano acontece a transferência do pessoal

técnico e materiais históricos, levando ao profissionalismo sonhado no ramo dos museus por

Taunay.

“É a noção de lugar de memória que vem a tona aqui para

compreender o Museu Paulista, lugar de exaltação da memória, de

veneração do passado, mas, sobretudo, lugar de apropriação e de

exercício de História em incessante processo de (re) elaboração.”

(BREFE-1999, pp.281).

Ulpiano de Meneses7 é o organizador do Museu Paulista de 1963à 1968 e passa a

ser o diretor do Museu Paulista de 1989 até 1994 que conduz um novo plano de gestão para

redimensionar a visão do museu.

A crise da memória segundo por Ulpiano de Meneses apresenta alguns tópicos de

extrema importância a serem elucidados, e tem como fatores relevantes aspectos

epistemológicos, socioeconômicos, políticos, técnicos e existenciais que não podem deixar

de ser tratados.

7 Ulpiano de Menezes – Professor Emérito da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da USP dirigiu o

Museu Paulista /USP de 1989 até 1994. Foi o responsável pela organização do MAE de 1963 até 1968 e

passou a ser o diretor do MAE de 1968 até 1978. Desde 2005 passou a integrar o IPHAN a partir de 2005.

Page 23: Tcc museu como extensao da sala de aula

24

"A memória, pois, tanto como prática, como representação, está

viva e atuante entre nós. Isso, porém, não significa estabilidade e nem

mesmo situação de equilíbrio e tranquilidade. Pelo contrário, seu status é

extremamente problemático, a ponto de muitos especialistas, como Richard

Terdiman (1993), diagnosticarem, no mesmo quadro acima delineado, uma

verdadeira crise da memória na sociedade ocidental. Para esboçarmos

rapidamente o perfil deste caráter problemático no quadro geral da

memória, conviria apontar suas marcas mais salientes. foram selecionadas

apenas dimensões que pareceram de maior relevância: a epistemológica, a

técnica, a existencial, a politica e a socioeconômica." (MENESES, 1999)

Em entrevista na revista do SESC SP (2011), Ulpiano declara que: “Como o museu

é inventado, sempre acreditei que sua primeira obrigação educacional seria dar a conhecer o

que é um museu e como funciona” e respondendo a questão de qual seria a função do museu

hoje em dia é que não convém um modelo único de museu já que o museu é capaz de

articular múltiplas funções inclusive na educação.

“O mais importante que posso dizer é que não convém reduzir as

funções do museu a um modelo único. É uma tendência forte entre

nós e convém combatê-la. Os museus, ontem como hoje, têm

potencial de exercer várias funções: fruição estética, conhecimento

crítico, informação, educação, desenvolvimento de vínculos de

subjetividade, sonho, devaneio etc. No meu entendimento, o grande

privilégio do museu é poder articular – de preferência solidariamente

– essa multiplicidade de funções, científico-documentais, culturais e

educacionais. Tal privilégio continua em nossos dias.” 8

1.3 Preservação do Patrimônio

Ao analisarmos a bibliografia de Riegl, encontramos na Revista n. 21 do MAE9,

publicada em 2011 uma resenha de Pedro Luís Machado Sanches que versa sobre o culto

dos monumentos10

, Sanches menciona as edições de Riegl (1981; 1982; 1983; 1987; 2003)

com provável criação a partir de influencia da Convenção para Proteção do Patrimônio

Mundial Cultural e Humano da UNESCO11

.

A tradução brasileira nos chegou com a criação do Instituto Brasileiro de Museus

8 Disponível em: https://www.sescsp.org.br/online/revistas último acesso em 05/01/2016.

9 MAE – Museu de Arqueologia e Etinologia da USP

10 RIEGL, A. o Culto dos monumentos na sua essência e sua gênese. Goiânia, Editora da Universidade

Católica de Goiás, 2006. 120 pp. 11

UNESCO – União das Nações Unidas para Educação e Cultura

Page 24: Tcc museu como extensao da sala de aula

25

IBRAM12

e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), pelas

mãos de Elane Ribeiro Peixoto e Albertina Vicentini.

Riegl navega a partir do século XVIII analisando a forma que as sociedades

utilizavam para preservar seus monumentos e patrimônios históricos. (RIEGL 2006, pp. 57)

Foram os greco-romanos que deram inicio aos movimentos de preservação do

patrimônio histórico com suas obras de arte que representavam figuras de reis e heróis

gregos e romanos. (RIEGL 2006, pp. 52).

Os três capítulos que representam o trabalho de Riegl nos trazem seus estudos sobre

a progressão do culto preservacionista dos monumentos e sua importância que a partir do

século XX passa a ter um novo contorno, igualando-se tanto para monumentos antigos

quanto modernos de acordo com a visão atual da cultura germânica.

“só as obras impróprias a todo uso prático atual podem ser olhadas e

apreciadas somente do ponto de vista do valor de antiguidade e sem

consideração do valor de uso; se as obras são ainda utilizáveis, nosso

prazer encontra-se satisfeito quando não apresentam o valor de

contemporaneidade que habitualmente temos.” (REIGL, 2006)

12

IBRAM – Instituto Brasileiro de Museus – Criado no governo Lula, Lei nº 11906, autarquia vinculada ao

Ministério da Cultura. A responsabilidade do IBRAM é cuidar da Politica Nacional de Museus (PNM) e de

melhorias neste setor, aumento das visitas aos museus brasileiros, responsável pela administração de 29

museus.

Page 25: Tcc museu como extensao da sala de aula

26

CAPITULO II

2 A INTEGRAÇÃO DA SALA DE AULA E O MUSEU

Neste capitulo temos o objetivo de apresentar a sala de aula como local para

aprendizagem, e o museu como extensão para melhor aproveitamento junto aos alunos.

Utilizamos bibliografia de livros e revistas que exploraram o assunto em busca de

informações que nos levassem ao encontro de como podemos explorar os museus para

melhor aproveitamento e resultados com os alunos, na busca deste resultado em que o

professor pode ser um agente entre o desconhecido e aluno.

2.1 Museu e cultura escolar

Julia em seu artigo “A cultura escolar como objeto histórico” nos diz que a cultura

é como um conjunto de regras definindo o que será ensinado e as práticas necessárias para a

conclusão desta tarefa.

“A cultura escolar é descrita como um conjunto de normas que

definem conhecimentos a ensinar e condutas a inculcar, e um

conjunto de práticas que permitem a transmissão desses

conhecimentos e a incorporação desses comportamentos”. O

trabalho é circunscrito ao período moderno e contemporâneo,

período compreendido entre os séculos XVI e XIX. (JULIA, 2001)

Julia, também aponta as características básicas das encontradas no decorrer dos

séculos XVI e XIX e divide em três etapas, a primeira no século XVI, mostra a escola

chamada hoje de secundária, como um edifício com mobília e materiais específicos, na

segunda etapa definido como moderna ou contemporânea os cursos são em salas separadas e

progressão de nível.

Já na terceira etapa surgem os profissionais especializados em ensinar e

normalmente eram religiosos, surgindo assim às escolas normais. (JULIA, 2001, pp.7)

A escola é um espaço de educação formal onde o conhecimento científico é

repassado, aprendido e valores são disseminados, embora existam outros espaços

educativos, como são as instituições culturais, consideradas como espaços de educação não

formal, tais como os museus com as suas diversas especificações, que podem ser

fundamentais para que possamos nos conectar com nossa própria identidade, estabelecendo

Page 26: Tcc museu como extensao da sala de aula

27

um paralelo entre o presente, o passado e o futuro.

A obra de Forquin intitulada “Escola e cultura: as bases sociais e epistemológicas

do conhecimento escolar” (1993) apresentam questões importantes para a cultura escolar,

como o que ensinar, qual a relação para se ensinar um ou outro tema e também relações

entre a erudição, currículo e desigualdades sociais.

Forquin revisa autores importantes no assunto como Raymond Willians, Geoffrey

Bantock na década de 60 e na década de 70 as revisões sobre Young, Vulliamy e Geoff

Whitty, que tinham uma visão sociológica do currículo.

O autor Forquin discute essas relações de cultura e educação com ênfase na

dificuldade que os professores sentem no que vão ensinar, sendo que a cultura é fundamental

e a escola é que tem o dever de programar fazer um script do conteúdo a ser transmitido.

Uma contribuição importantíssima vem de R. Willians sustentando a hipótese de

que as culturas passadas podem sobreviver e ser à base de construção da memória cultural.

A educação vai socializar as pessoas através do patrimônio comum. Também

caracteriza que existe a desigualdade social que priva algumas classes de ter conhecimento e

acesso a muitas oportunidades de conhecimento e cultura conforme revisa os conceitos de

Bantok.

2.2 Espaço de aprendizagem.

Pensando nos conteúdos e disciplinas que são ensinadas na escola, o museu é uma

linguagem experimental e cheia de singularidade, muitas vezes desvalorizada pelas

instituições de ensino, até mesmo pelos profissionais de educação, em muitos casos por falta

de informação, formação e até mesmo comodismo pedagógico, embora também saibamos

que em alguns casos há impedimentos técnicos que dificultam as realizações dessas

atividades, seja pela logística, estrutura, ou a própria mentalidade da instituição. Não nos

cabe apontar um culpado, queremos apenas utilizar os espaços de aprendizagem para

colhermos melhores resultados.

O professor desempenha um papel fundamental, porque este é formador de opinião,

neste sentido, acreditamos que este ensaio em forma de TCC, possa nos servir como

instrumento pedagógico, e melhores mediadores da extensão do ensino de museu em sala de

aula, e aula em espaços museológicos.

O professor não é um mero “reprodutor do saber, o aluno precisa aprender

Page 27: Tcc museu como extensao da sala de aula

28

pesquisar, analisar e ter seu senso de crítico para que tenha a capacidade de construir uma

história”. Circe Bittencourt afirma que a História escolar tem um perfil próprio, e de acordo

com Rüsen, em 1986, quando publicado o seu artigo, estavam presentes quatro pontos

principais nas discussões sobre a Didática da História na Alemanha.

O primeiro está relacionado à metodologia de instrução na sala de aula, este não se

limita a sala de aula ele precisa ser pensado de acordo com os alunos eles precisam

participar aprender a fazer, e desenvolver o seu próprio raciocínio, podemos ajuda-lo por

começar pelo cotidiano do aluno, ou seja, o que está a sua volta, quando ele entender sua

identidade estará em condições de entender outras culturas.

O segundo elemento diz respeito à investigação da consciência histórica produzida

pela vida pública. Nesse caso ajudamos os alunos a trabalhar as fontes, museus, arquivos,

documentos diversos.

O terceiro elemento retoma as questões dos objetivos da educação histórica e de

como estes seriam alcançados. “História como uma matéria a ser ensinada e aprendida tem

de passar por um exame didático referente à sua aplicabilidade de orientar para a vida. Ajuda

o aluno na compreensão humana”.

Já o quarto elemento colocou em debate a análise da natureza, função e

importância da consciência histórica, que Rüsen define como “uma combinação complexa

que contém a apreensão do passado regulada pela necessidade de entender o presente e de

presumir o futuro”.

A pesquisa do autor nos dá a entender que dentro dos princípios em sala de aula

precisamos ensinar o aluno a ter uma consciência histórica, e podemos começar pelo

cotidiano do aluno, ensinar a questão da temporalidade, quando temos a memória o fato

histórico precisa ser construído e cada tempo traz seus valores e formas de organização

social entender a temporalidade pode ajudá-lo a situar a história ou o seu objeto de estudo de

acordo com o tempo mesa pesquisa do que seja estudado no presente.

2.3 O Museu como ferramenta para aprendizagem

Quando falamos em museus, pensamos em diversidade, relacionada a uma dada

comunidade, composta por sujeitos que se expressam a partir do contato com o “outro”, e é

por meio do outro que aprendemos a reproduzir pensamentos, conceitos, ideias, etc.

A diversidade a qual nos referimos é composta por um conjunto de valores, metas,

Page 28: Tcc museu como extensao da sala de aula

29

costumes, dentre outros prejuízos por um ou mais sujeitos que fazem parte de uma

determinada comunidade. Nesse aspecto é essa diversidade de valores e experiências que irá

compor a nossa identidade pessoal e social, porém, para que isso se concretize é necessário

que entendamos a nossa própria cultura, para que desta maneira, possamos olhar o

“outro” de maneira significativa e humana.

Para o professor Moroni Tartalioni Barbosa é justamente a disciplina de História,

que busca esta diversidade este diferencial e complemento na busca deste aprendizado:

“... as possibilidades de ensino recaem sobre as evidências materiais,

são oferecidas metodologias de ensino que partam da observação do

cotidiano para que os alunos possam empreender uma investigação

histórica comparativa, buscando refletir sobre as transformações e

continuidades dos processos culturais.” (BARBOSA, 2010, p.32.).

Sendo assim, o ensino de história em espaços museológicos tem um papel

fundamental, quando estamos nestes espaços conseguimos ir a lugares nunca imaginados,

podemos conhecer apreciar e ter um olhar crítico e contextualizado sobre temas do cotidiano

e da nossa realidade.

Segundo Bordieau o conceito de “habitus” que é uma forma aberta de utilização de

ações e percepções que as pessoas adquirem com as experiências sociais, as atividades

culturais vão além de sua percepção e tem o poder de aumentar a compreensão de novas

relações com ambientes e culturas diferentes. É uma possibilidade de obter julgamentos e

criticas de diferentes contextos sociais, culturais e estéticos.

“Enquanto força formadora de hábitos, a escola propicia aos que se

encontram direta ou indiretamente submetidos à sua influência, não

tanto esquemas de pensamento particulares e particularizados, mas

uma disposição geral geradora de esquemas particulares capazes de

serem aplicados em campos diferentes do pensamento e da ação aos

quais se pode dar o nome de habitus cultivado.” (BOURDIEU, 2001,

p.211)

Julia em seu artigo “A cultura escolar como objeto histórico” nos diz que a cultura

é como um conjunto de regras definindo o que será ensinado e as práticas necessárias para a

conclusão desta tarefa.

“A cultura escolar é descrita como um conjunto de normas que

definem conhecimentos a ensinar e condutas a inculcar, e um

conjunto de práticas que permitem a transmissão desses

Page 29: Tcc museu como extensao da sala de aula

30

conhecimentos e a incorporação desses comportamentos”. O

trabalho é circunscrito ao período moderno e contemporâneo,

período compreendido entre os séculos XVI e XIX. (JULIA, 2001)

2.4 Uma extensão da sala de aula

Com base nas considerações dos autores, os espaços museológicos são uma grande

possibilidade e ferramenta para entrarmos em contato com o patrimônio cultural de nossa

sociedade e com objetos artísticos, culturais os quais podem aumentar o nosso

conhecimento, estabelecendo um paralelo entre presente, passado e futuro, além desses

documentos escritos, Circe Bittencourt também traz o conceito de documentos não escritos

que podem ser trabalhados em sala de aula para potencializar este aprendizado.

O professor deve estar sempre se capacitando, ele não deve jamais “paralisar” as

ações educativas, mas deve procurar aumentá-las, alguns espaços museológicos oferecem

um repertório cultural ao educador, propiciando que o mesmo se torne um multiplicador de

ações significativas no campo da arte, e assim aproveitando melhor as ferramentas e

oportunidades, quando melhor preparado ele poderá oferecer mais ao aluno que, por sua vez,

conseguirá assim extrair o melhor deste momento.

Como educadores mesmo não sendo especialista em museu, temos essa grande

possibilidade de trabalhar com esta linguagem em sala de aula, utilizando o museu; levando

nossos alunos em exposições e oficinas nos institutos culturais e museus, podendo dialogar e

fazer intervenções pertinentes, também com os espaços museológicos. O espaço

museológico pode ser usado como extensão do ensino na sala e o professor tem a

possibilidade de ser um excelente mediador dessa ferramenta de extensão de aprendizado

nos espaços museológicos e sala de aula.

Além dos recursos tradicionais que os professores se utilizam, Circe Bittencourt nos

traz a concepção de documentos não escritos, objetos que trazem informações sobre o

passado do homem e sua cultura;

“Os objetos de museu fazem parte desses documentos, esses

compõem a cultura material são portadores de informações sobre

costumes, técnicas, condições econômicas, ritos e crenças de nossos

antepassados. Essas informações são obtidas através da leitura dos

objetos transformados em documentos. [...] A potencialidade de um

trabalho para transformar objetos em documentos depende da

inversão do olhar de curiosidade a respeito das peças de um museu,

mudar o seu olhar e o seu pensamento sobre o museu de um passado

ultrapassado e atrasado para um olhar de indignação, informação

que pode aumentar o conhecimento sobre os homens e sua história”.

Page 30: Tcc museu como extensao da sala de aula

31

(BITTENCOURT 2008, p 355-358)

De acordo com a autora quando mudamos nosso pensamento sobre o museu ser um

lugar apenas de passado, coisas velhas, é que vamos conseguir obter as informações

necessárias dos objetos expostos, e analisados, assim fazendo uso deste objeto aprendizagem

dos alunos, desta maneira o professor não será apenas reprodutor de ideias ali expostas, mas

sim agente entre seu aluno e o complemento implícito nos objetos analisados.

Ainda segundo a autora os especialistas em educação afirmam dois critérios para o

descobrimento de um objeto, sendo estético e cientifico:

“Estéticos: para o desenvolvimento estético é fundamental a

aproximação do aluno com o objeto, o contato físico com a peça, a

compreensão global proveniente de seu conhecimento intuitivo”.

“Científicos: no cientifico o aluno entende o objeto como integrante

da organização social, da vida cotidiana dos rituais da arte ou ofícios

de determinados grupos sociais.” (BITTENCOURT, 2008, p 355-

358).

Desta maneira o fator estético serve para chamar atenção do aluno para que ele possa

entrar em contato físico com a peça assim iniciar uma compreensão maior e entrar no

cientifico saindo da superficialidade, e começar a entender como objeto que carrega cultura.

Seja este trabalho, análise do aluno em um momento individual ou em grupo para

compreender as questões que envolvam e carregam o objeto.

Neste momento os objetos se transformam em documentos não escrito, que

carregam cultura, hábitos e costumes, trazendo a informação sociais e econômicas dos

indivíduos e sociedades, através da leitura desses documentos, sendo esta leitura princípios

básico para a construção do conhecimento e assim fazendo com que tais locais sejam

espaços de aprendizagem para os alunos. A autora ainda ressalta a importância do diálogo

entre o educador e o aluno nesse processo de aprendizagem, seja em sala de aula, museu ou

outro local para ser usado como local de aprendizagem. (BITTENCOURT 2008).

Como professores e educadores, temos que buscar todas as possibilidades de

utilizar os locais como espaços de aprendizagem, para este desafio de darmos algo a mais e

buscarmos o diferente, encontramos algumas palavras de Paulo Freire que nos chama ao

desafio de surpreender com os desafios:

“... o bom professor é o que consegue, enquanto fala trazer o aluno

até a intimidade do movimento de seu pensamento. Sua aula é assim

um desafio e não uma “cantiga de ninar”. Seus alunos cansam, não

Page 31: Tcc museu como extensao da sala de aula

32

dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu

pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas

incertezas.” (FREIRE, 2002, p. 33).

Como professores devemos iniciar uma viagem com os alunos em busca do saber,

cativando os alunos a buscar o desconhecido através destas ferramentas que dispomos, o

ensino de História tem sido engessado com apenas números, datas e pessoas que marcaram

seu nome na história, devemos ir além destas barreiras, o aluno deve ser levado a um novo

universo para complementar o conteúdo dos livros didáticos, fazendo assim com que este

universo seja mais atraente aos alunos e assim o professor consiga conquistar maiores

resultados com os alunos, e uma dessas possibilidades além do museu tradicional13

é o

museu aberto14

, que possui características que facilitam seu acesso.

O professor deve explicar que atualmente a pratica artística expandiu de tal forma

que pode estar em espaços fora dos museus tradicionais virtuais, nas ruas, na natureza etc.

Isso acontece por causa da mudança do parâmetro artístico em nosso processo desde a

metade do século XX, que abre espaço com a aproximação da arte com a vida e até o uso de

materiais que antes não eram utilizados em obras de arte. Exemplificando com algumas

obras, monumentos, grafites, esculturas, painéis, em fachadas de prédios, instalações,

desempenho. Principalmente as obras contemporâneas que são muitas efêmeras, que

transmitem mensagens sofisticadas (reciclagem e preservação do meio ambiente).

13 O Museu tradicional comporta coleções de objetos de arte, ciências naturais, etnologia, e história, é um lugar

destinado a estudos desses objetos e documentos históricos.

14 O Museu aberto tem ilustrações a céu aberto, tornando espaços urbanos agradáveis e disponíveis para todos

desfrutarem da arte ali exposta, como muros e viadutos da cidade, também esculturas e monumentos

espalhados pelas praças.

Page 32: Tcc museu como extensao da sala de aula

33

CAPITULO III

3 MAE – MUSEU DE ARQUEOLOGIA E ETNOLOGIA

Neste capitulo apresentamos o que pudemos conhecer em nossa visita ao MAE-

USP. Analisamos a perspectiva abordada pelo mestre Moroni Tartalioni Barbosa, em sua

tese apresentada para a PUC – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sobre o

museu, neste documento ele aborda detalhes do Projeto Lugares de Aprender. Na pesquisa

são abordados materiais que serão usados por professores do Ensino Fundamental II.

A fim de basear e encontrar indícios da funcionalidade desta proposta Moroni

Tartalioni pesquisou teses, periódicos e programas curriculares procurando evidenciar a

aproximação da proposta de integração escola e museu. Nosso querido mestre Barbosa nos

leva a acompanhar sua jornada no ensino fundamental, onde reavaliou as visitas aos museus

como um complemento das aulas.

Projeto composto por cinco capítulos destinado aos professores do ensino básico,

esse projeto também conta com DVDs e programa da TV Cultura. O projeto Lugares de

Aprender compreende um currículo direcionado para o ensino fundamental com eixos

temáticos que compreendem dois anos escolares por eixo, por exemplo: espaços, tempos e

obras para a 5ª e 6ª série fundamental, 7ª e 8ª – patrimônio, expressões e produções, para o

ensino médio o eixo é século, contexto e transformações.

São três publicações de “Horizontes Culturais – Lugares de Aprender”, com textos

para reflexões sobre as visitas e informações sobre museus, centros culturais, parques e

outros lugares de conhecimento cultural em São Paulo e o material é disponibilizado para as

diretorias de ensino.

Ao falar do MAE, é conhecer um lugar que possui muitas atrações principalmente

para o publico escolar. A pergunta que buscamos responder junto com os alunos é se o que

pudemos ver no museu tem a ver com a aula dada em sala e se o museu serviu como meio de

exploração do potencial educativo das exposições.

O roteiro que seguimos de acordo com as atividades oferecidas pelo museu e após

consultas ao PCNs, inicia-se com o professor escolhendo o museu a ser visitado,

consultando as atividades oferecidas, calendários de agendamento e preparar o material

didático da aula que será abordada em conjunto com a visita ao museu.

Page 33: Tcc museu como extensao da sala de aula

34

Os alunos puderam responder a pergunta apresentando redações sobre o que viram

e relacionando com o conteúdo didático. Em posse do conteúdo da matéria apresentada em

sala de aula, o aluno poderá aproveitar o potencial educativo do museu e conhecer peças

originais ou mesmo réplicas que darão noção de tempo e memória e a importância de

preservação do patrimônio.

É a oportunidade que o professor tem de mostrar para o aluno que museu é um

lugar de memória e não um lugar de coisas velhas e sem graça. As regras de permanência do

museu também devem ser alertadas para os visitantes, como não tocar nas obras, manter

silêncio e outras regras do local a ser visitado, evitando assim contratempos na visita.

A visita ao museu tem o objetivo de ser prazerosa e criar no visitante o desejo de

retornar, trazer outras pessoas, familiares para conhecer um lugar de memória, valorizar os

momentos passados e trazer conhecimento e cultura para todos de todas as classes.

Os registros do passeio devem ser feitos depois da visita, com calma, refletindo

sobre os objetos observados.

3.1 MAE – Museu de Arqueologia e Etnologia da USP e seu Acervo

O MAE foi criado em 1989.e teve como administrador Ulpiano de Menezes, que

inicialmente participou da organização do museu e depois como administrador.

O MAE nasceu da fusão do Instituto de Pré-História e dos setores de arqueologia e

etnologia do Museu Paulista e do Acervo Plinio Ayrosa do Departamento de antropologia da

Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da USP.

O Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo tem a

Etnologia, Arqueologia e Museologia em sua constituição museológica universitária

disponibilizam a pratica do ensino e pesquisa em suas instalações.

A Etnologia se baseia nos estudos de cultura material e compreensão de produções

artísticas dos povos ameríndios, facilita o acesso dos indígenas aos acervos.

A Museologia é valorizada através de pesquisas que abrangem historicidade e

analise das construções do Museu.

O acervo do MAE conta com objetos representativos dos indígenas brasileiros da

época colonial até a idade contemporânea, objetos das Américas pré-conquista e influencias

africanas. Também tem materiais referentes à antiguidade clássica mediterrânea e do oriente

médio e suas coleções arqueológicas e etnológicas nos proporcionam o estudo de questões

Page 34: Tcc museu como extensao da sala de aula

35

sobre as condições humanas.

Fica possível o estudo dos costumes, modo de falar, vestir, costume sobre os

casamentos, ritual como sepultamentos e outros. As exposições são temporárias com temas

relevantes aos seus objetos de estudo, e com elas acontecem programas educativos para

incentivar o conhecimento destas pesquisas para grupos de diferentes faixas etárias.

Figura 1 - Exposição Cidade de Pedra

Fonte: site do Mae15

O acervo documental do MAE é composto de documentação textual, iconográfica e

audiovisual referente às suas coleções Arqueológicas e Etnográficas. Integra, além da

documentação produzida no âmbito das atuais pesquisas realizadas pelo MAE/USP, os

fundos documentais do antigo Instituto de Pré-História e Museu de Arqueologia e Etnologia,

do Museu Paulista e do Acervo Plínio Ayrosa da FFLCH/USP.

15 Fonte: disponível em: http://www.nptbr.mae.usp.br/wp-ontent/uploads/2012/10/exposicao-cidade-de-

pedra.jpg: acesso em dez.2015

Page 35: Tcc museu como extensao da sala de aula

36

Figura 2 - Arqueologia Brasileira

Fonte: site MAE16

Figura 3 - tanga marajoara

Fonte: site do MAE17

Figura 4 - Arqueologia Médio Oriental

Fonte: site do MAE18

16

Fonte: disponível

em:http://www.nptbr.mae.usp.br/wpcontent/uploads/2012/10/acervo_arqueologia_brasileira.jpg: acesso em

dez.2015 17

Fonte: disponível em: http://www.nptbr.mae.usp.br/wp-content/gallery/arqueologia-

brasileira/thumbs/thumbs_marajoara_tanga.jpg: acesso em dez.2015 18

Fonte: disponível em: http://www.nptbr.mae.usp.br/wp-

content/uploads/2012/10/acervo_arqueologia_classica_meido_oriental.jpg: acesso em dez.2015

Page 36: Tcc museu como extensao da sala de aula

37

Figura 5 - Arqueologia Pré-colombiana

Fonte: site do MAE19

Figura 6 - Arqueologia Africana e Afro-brasileira

Fonte: site do MAE20

19

Fonte: disponível em: http://www.nptbr.mae.usp.br/wp-content/gallery/arqueologia-pre-

colombiana/preco006.jpg: acesso em dez.2015 20

Fonte: disponível em: http://www.nptbr.mae.usp.br/wp-content/gallery/etnologia-africana-e-afro-

brasileira/thumbs/thumbs_mascara-baule-costa-do-marfim.jpg: acesso em dez.2015

Page 37: Tcc museu como extensao da sala de aula

38

Figura 7 - Etnologia Brasileira – leque karajá

Fonte: site do MAE21

3.2 O MAE e o ensino

Os cursos de para graduação e pós-graduação ministrados pelo MAE podem ser

frequentados por alunos e professores de outras instituições. Os cursos de extensão

universitária também podem ser frequentados pelos alunos da USP e de outras faculdades.

A programação do MAE é bem diversificada e tem programas de ações educativas

que proporcionam aos professores utilizar o potencial de seus acervos arqueológicos e

etnográficos.

21

Disponível em: http://www.nptbr.mae.usp.br/wp-content/gallery/etnologia-

brasileira/thumbs/thumbs_05.jpg: acesso em dez.2015

Page 38: Tcc museu como extensao da sala de aula

39

Figura 8 - Ensino no MAE

Fonte: site do Mae22

3.3 Encontros de Formação

O objetivo dos encontros de formação é dar orientações para os professores

prepararem os alunos para as visitas ao museu e melhor aproveitamento pedagógico, que é

um dos principais diferenciais do MAE em relação aos outros museus.

No Curso de Formação para as visitas às exposições os professores participantes

desta formação de duração de quatro horas terão acesso às orientações para preparação dos

alunos as visitas e são tratados assuntos e conceitos pertinentes à exposição.

No Curso de Formação para a utilização dos recursos pedagógicos existe a

possibilidade de empréstimo de materiais com recursos pedagógicos e orientação de como

utilizar esses objetos para preparação dos alunos para a visita. São diversos Kits com

aplicações que ilustram as pesquisas feitas pelo MAE.

22 Fonte: Disponível em: http://www.nptbr.mae.usp.br/wp-content/uploads/2012/10/ensino.960x398.jpg:

acesso em dez.2015.

Page 39: Tcc museu como extensao da sala de aula

40

Figura 9 - Encontros de Formação

Fonte: site do MAE23

O MAE disponibiliza o empréstimo de kits diversos para integração professor,

escola e alunos.

Com esse recurso as crianças podem analisar os objetos e trabalhar as temáticas da

arqueologia, etnologia e museologia.

O setor que cuida do cadastramento do professor para emprestar o kit é a Seção Técnica de

Educação para o Patrimônio.

Figura 10 – Kit de Objetos Arqueológicos e Iconográficos

Fonte: site do MAE24

Figura 11 – Maleta de Objetos Arqueológicos e Iconográficos

23

Fonte: Disponível em: http://www.intranet.mae.usp.br/media/enc/Thumb001.jpg: acesso em dez.2015

24

Fonte: Disponivel em http://www.intranet.mae.usp.br/media/kit-aet/Thumb002.jpg: acesso em dez.2015

Page 40: Tcc museu como extensao da sala de aula

41

Fonte: site do MAE25

3.3.1 Kits de objetos infantis indígenas O publico escolar através da utilização dos kits indígenas infantis podem praticar o

manuseio, observar e questionar certas características da cultura dos povos indígenas que ali

estão sendo apresentados.

Figura 12 - Kit infantil Indígena

Fonte: site do MAE

26

3.4 Kit multissensorial

25

Fonte: Disponível em http://www.intranet.mae.usp.br/media/kit-aet/Thumb003.jpg: acesso em dez.2015 26

Fonte: Disponivel em: http://www.intranet.mae.usp.br/media/kit-ind/Thumb001.jpg: acesso em dez.2015

Page 41: Tcc museu como extensao da sala de aula

42

O kit multissensorial proporciona facilidade de manuseio para pessoas com deficiência

visual.

È oferecido também um caderno de apoio em braile com textos científicos a respeito do

assunto que fala nos kits.

Figura 13 - Kit Multissensorial

Fonte: site do MAE27

3.5 Valise Origens do Homem

O recurso pedagógico das valises, é representado por gavetas onde o usuário pode

interagir e discutir sobre o desenvolvimento das pesquisas e processo de hominização,

também há slides e textos que acompanham o recurso.

Figura 14 - Valise Objetos do Homem

Fonte: site do MAE28

27

Fonte: disponível em: http://www.intranet.mae.usp.br/media/kit/Thumb005.jpg: acesso em dez.2015 28

Fonte: disponível em: http://www.intranet.mae.usp.br/media/kit-valis/Thumb007.jpg: acesso em dez.2015

Page 42: Tcc museu como extensao da sala de aula

43

3.6 Visitas

No ano 2005 o MAE recebeu a guarda provisória de coleções amazônicas que eram

guardadas pelo extinto Instituto Cultural Banco Santos através de ordem judicial.

Nesta coleção podemos encontrar artefatos de varias regiões amazônicas e evidencias

de populações indígenas.

Esta coleção é constituída por artefatos provenientes de diferentes regiões da

Amazônia e evidencia importantes formas de ocupação deste território pelas populações

indígenas de largo período histórico, como marajoaras, tapajônicas e guaritas.

Na reserva técnica visitável são apresentadas as responsabilidades que o museu tem

com este acervo importantíssimo e o setor Educativo é quem coordena as marcações de

visitas.

Figura 15 - Visita na Reserva Técnica

Fonte: site do MAE29

29

Fonte: disponível em: http://www.intranet.mae.usp.br/uploads/img5187a9a098643.jpg: acesso em dez.2015

Page 43: Tcc museu como extensao da sala de aula

44

Figura 16 - Visita á reserva técnica

Fonte: site do MAE30

3.7 Trabalhos com a terceira idade A partir de 2005 o MAE oferece no primeiro semestre de cada ano, Oficinas para a

Terceira Idade direcionadas para Memória e Arqueologia, às quartas-feiras, das 14h00min às

16h30min.

É o programa “Universidade Aberta à Terceira Idade” da PRCEU/USP31

, que

permite aos participantes atividades arqueológicas, museológicas, cultura material e outros.

É possível participar de simulações de escavações e contextualizar objetos pessoais

e biográficos e produzir registros orais, textuais e figurativos.

Também são realizadas visitas a Instituições museológicas.

Os participantes conseguem se socializar e elaborar um projeto expositivo das suas

atividades, que é exposta ao publico.

30

Fonte: disponível em: http://www.intranet.mae.usp.br/media/rtv/Thumb008.jpg: acesso em dez.2015 31

PRCEU/USP – Pró Reitoria de Cultura e Educação – “Além disso, é ela quem planeja, coordena e executa

eventos das áreas de cultura e extensão dentro da Universidade de São Paulo, através de seus onze órgãos, de

seus programas e de seus projetos. Para as atividades realizadas nas Unidades de Ensino, Institutos

Especializados e Museus, a Pró Reitoria atua como Órgão indutor, normativo e de fomento. A missão da

PRCEU volta-se, igualmente, à disseminação, em seu âmbito, dos valores essenciais à vida acadêmica, entre os

quais ressalta o zelo constante pela excelência das relações com a sociedade.”(disponível em:

http://prceu.usp.br/institucional/ ultimo acesso em: 06/12/2015)

Page 44: Tcc museu como extensao da sala de aula

45

Figura 17 - Terceira Idade

Fonte: site do MAE32

3.8 Atividades de férias

São realizadas atividades de férias para o publico infanto-juvenil nos meses de

janeiro e julho, onde de forma lúdica são abordadas áreas museológicas, arqueológicas e

etnológicas.

São apresentados para esse publico artes rupestres com temas afro e indígena,

também simulação de escavações, visitas orientadas e outras atividades pertinentes.

Figura 18 - Atividades férias

Fonte: site do MAE33

32

Fonte: Disponível em: http://www.intranet.mae.usp.br/uploads/img51a4b7c8931c3.jpg: acesso em dez.2015

33

Fonte: disponível em: http://www.intranet.mae.usp.br/uploads/img5187808fe6b8f.jpg: acesso em dez.2015

Page 45: Tcc museu como extensao da sala de aula

46

3.9 Pesquisa

A pesquisa no Museu de Arqueologia e Etnologia são realizadas em torno de seus

acervos de Arqueologia e de Etnologia. Docentes e alunos participam do trabalho com essas

coleções, provenientes de vários locais no mundo e também de vários períodos da história

humana. O MAE também desenvolve pesquisas vinculadas aos vários aspectos da

Museologia aplicada à Arqueologia e à Etnologia.

Figura 19 - Pesquisa

Fonte: site do MAE34

3.10 Revista

Em 1991 aconteceu a fusão das revistas Dédalo, Revista de Pré-História e Revista

do Museu Paulista que eram ligadas as pesquisas arqueológicas e etnológicas e por esse

motivo foi criada a Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, substituindo os

periódicos antigos do MAE, Instituto de Pré-História e Revista do Museu Paulista.

A Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, nascida em 1991 substituiu os

periódicos do antigo Museu de Arqueologia e Etnologia, Instituto de Pré-História e Museu

34Fonte: disponível em: http://www.nptbr.mae.usp.br/wp-content/uploads/2012/10/pesquisa_dor.jpg:

acesso em dez.2015

Page 46: Tcc museu como extensao da sala de aula

47

Paulista (Dédalo, Revista de Pré-História e Revista do Museu Paulista), em decorrência da

fusão dessas instituições ligadas à pesquisa em Arqueologia e Etnologia. Trata-se de revista

acadêmica destinada à publicação de trabalhos sobre Arqueologia, Etnologia e Museologia,

com ênfase na África, América, Mediterrâneo e Médio-Oriente.

Figura 20 - Pesquisa

Fonte: site do MAE35

3.11 Biblioteca

Visitamos a biblioteca do Mae/USP, que possui mais de 75.000 volumes que

incluem teses, folhetos, catálogos, periódicos que abrangem os temas trabalhados em sua

linha de pesquisa.

A Biblioteca serve de apoio para os estudantes acessarem normas técnicas ABNT

para teses e dissertações e catalogo das obras cadastradas.

Para utilizar a Biblioteca tento online quanto para empréstimos é preciso fazer o cadastro no

site que contém todas as informações sobre as condições para sua utilização.

É possível acessar o site da biblioteca se logando no Facebook ou Twiter no

endereço: http://heracles.mae.usp.br/sistema

35

Fonte: Disponível em: http://www.nptbr.mae.usp.br/wp-content/uploads/2012/10/publicacoes.960x398.jpg:

acesso em dez.2015

Page 47: Tcc museu como extensao da sala de aula

48

Figura 21 - Biblioteca

Fonte: site do MAE36

36

Fonte: disponível: http://heracles.mae.usp.br/sistema/admin/images/xihajurizuxebevuruyebacikiInicialFoto1.jpg:

acesso em dez.2015

Page 48: Tcc museu como extensao da sala de aula

49

Figura 22 - Biblioteca

Fonte: site do MAE37

3.12 Parcerias O MAE/USP conta com algumas parcerias que favorecem o conhecimento de

técnicas arqueológicas e simulações que permitem potencializar o uso do espaço do museu

na área de atuação de museologia, arqueologia e etnologia.

São programas como LABECA, Giro Cultural, Visitas á Reserva Técnica e Novos

Talentos.Com a participação no Programa Ciro Cultural que é mantido pela Pró-Reitoria de

Cultura e Extensão Universitária da Universidade de São Paulo o publico vai se aproximar

do patrimônio histórico.

Já o Laboratório de Estudos sobre a Cidade Antiga, Labeca, tem como objetivo

aprofundar e difundir estudos da sociedade grega ficam reunidos alunos e professores que

desenvolvem trabalhos em várias linhas de pesquisa com orientação do projeto.

Divulgar esse trabalho para os professores de ensino básico é um dos seus objetivos,

através de mapas, imagens e material bibliográfico sobre a cidade antiga.

37

Fonte: Disponível em: http://www.nptbr.mae.usp.br/wp-content/uploads/2012/10/biblioteca-01.960x398.jpg:

acesso em dez.2015

Page 49: Tcc museu como extensao da sala de aula

50

Figura 23 - Projeto LABECA

Fonte: site do MAE38

3.12.1 Novos talentos

A CAPES e Pró-Reitoria de Cultura e Extensão financiam o Projeto Novos

Talentos, projeto institucional da USP que insere estudantes e professores do ensino

fundamental e médio da rede publica no ambiente universitário.

As visitações no Museu de Arqueologia e Etnologia da USP é um dos espaços a ser

visitados por esse publico conhecendo valores do patrimônio histórico.

Figura 24 - novos talentos

Fonte: site do MAE

39

38

Fonte: disponível em: http://www.intranet.mae.usp.br/media/flabeca/Thumb005.jpg: acesso em dez.2015 39

Fonte: disponível em: http://www.intranet.mae.usp.br/media/novost/Thumb002.jpg: acesso em dez.2015

Page 50: Tcc museu como extensao da sala de aula

51

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Realizamos uma pesquisa dos espaços museológicos e sua extensão na sala de aula,

procurando entender se é possível o museu além de ser um espaço guardião da memória, ser

também um local de educação e relação com o conhecimento e a cultura, um espaço de

extensão.

Visitamos o MAE/USP, que possui uma variedade de projetos e programas

educativos e integradores de pautas pertinentes com o universo pedagógico.

Buscamos compreender como deve ser a mediação entre museu e escola, para

realizar essa pesquisa procuramos o entendimento referencial de alguns teóricos e ao

aprofundarmos no estudo destes materiais, encontramos citações da mediação do museu com

a cultura escolar já acontece ao longo da sociedade, investigou-se a respeito dos objetos de

estudo da Museológica.

A importância da transformação do objeto em documento é um fato que também

pesquisamos e que tem muita relevância quando se estuda os museus como lugar de

memória.

A autora Circe Bittencourt com sua experiência fala da preparação da mente do

aluno, para o sucesso da mediação educativa, cultural e da informação, sendo estas

categorias também base para a extensão.

As ações educativas, e culturais podem ser realizadas tanto da análise nos objetos e

que existe em uma informação importante para uma descoberta do passado mesmo no tempo

presente.

O autor Tardif citado no livro de BITTENCOURT-2008 pag. 355- 358, diz que “o

passado é lugar de memória e de história e que quando estamos nos espaços museológicos

ou investigando um objeto podemos ir a lugares nunca imaginados”.

O “Museu” exerce um papel educativo e de mediação além de ser uma instituição

cultural, por esse motivo também se mostra importante na extensão da sala de aula.

Realizamos esta pesquisa com o intuito de analisar o espaço museológico como

extensão da sala de aula, observamos que esta proposta pode trazer grandes benefícios para a

educação pedagógica e aprendizado dos alunos, acreditamos que o museu possa cumprir seu

papel de extensão para a educação e auxilio na formação dos alunos, citamos em nossa

pesquisa as características do museu, desde um local restrito a um local aberto para visitação

Page 51: Tcc museu como extensao da sala de aula

52

e de cultura, apoiados em referencias didáticas provenientes de materiais de autores

renomados.

Não devemos ensinar que os alunos sejam meros copistas e não podemos cair na

velha pratica de serem apenas reprodutores didáticos, devemos como a autora cita sair do

tradicional, e tentar não extrair parcialmente o que o acervo oferece, e beneficiar como um

todo daquele local, com uma preparação prévia do que será explorado, usando o museu

como apoio dos temas explorados em sala de aula e também do que será explorado

posteriormente, devemos incentivar o aluno a ter uma visão real dos objetos ali expostos,

com seus significados e representações culturais que podem trazem uma nova visão ao aluno

do significado dos objetos analisados.

Encontramos algumas dificuldades para realização de nossa pesquisa de campo

para implantação das ideias teóricas, a burocracia impõe algumas limitações para a

implantação dos projetos que buscam informações internas destas instituições, porém

encontramos informações importantes nos sítios eletrônicos dos museus visitados e em

nossas visitas pudemos comprovar o que é oferecido no site, e pudemos assim ter a vivência

prática possível no ambiente em estudo.

Em nossas visitas também tivemos a orientação dos funcionários do museu, porém

para acompanhar todas as atividades que o museu oferece o tempo que tivemos entre fazer o

TCC e a agenda do museu não coincidiram, mas como professores teremos muito tempo

para levar nossos futuros alunos e aprofundar nossos conhecimentos e fazer diversas

atividades em breve.

De acordo com os autores que dissertam sobre o assunto podemos compreender que

há um campo vasto a ser explorado e assim oferecer um novo horizonte e nova perspectiva

ao aluno e também ao professor, tanto no ensino fundamental quanto no ensino médio.

Page 52: Tcc museu como extensao da sala de aula

53

Figura 25 - Nossa visita no MAE/USP

Fonte: Elaborada pela autora em 18/09/2015

Figura 26 – Cartaz de exposição

Fonte: Elaborada pela autora em 18/09/2015

Page 53: Tcc museu como extensao da sala de aula

54

Figura 27 – urna mortuária indígena

Fonte: Elaborada pela autora em 18/09/2015

Page 54: Tcc museu como extensao da sala de aula

55

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABUD, Kátia Maria. Ensino de História. São Paulo: Cengage Learning, 2010. p. 140.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da educação. São Paulo: Editora Moderna,

1994.

BARBOSA, Moroni Tartalioni, O Ensino de História nos Museus Paulistas: uma proposta

pedagógica a partir do Projeto Lugares de Aprender da Fundação para o Desenvolvimento

da Educação (FDE) 2010. PUC – SP.

BITTENCOURT Circe Maria Fernandes. Ensino de História: Fundamentos e métodos,

Cortez Editora, São Paulo, 2008. p.354-355.

BLOCH, Marc, Apologia da História ou Ofício do Historiador. Editora Zahar, Rio de

Janeiro 2002. p.103.

BOURDIEU, P. e PASSERON, J. C. 1975. A reprodução – elementos para uma teoria do

sistema. Rio de Janeiro: Francisco Alves (Prefácio, Livro 1 e Livro 2 – Cap. 1, p. 11-117)

BREFE, Ana Claudia Fonseca. Um lugar de memoria para a nação: O Museu Paulista

reinventado por Affonso d´Escragnolle Taunay (1917-1945), Campinas, SP, 1999.

Dissertação de pós-graduação PAULA, Thais Regina Franciscon de. A mediação em

museus: um estudo do projeto “Veja com as mãos” Universidade Estadual Paulista –

Marília, 2012. Consulta 20\11\ 2015

FORQUIN, Jean-Claude. Escola e cultura: as bases sociais e epistemológica do

conhecimento escolar. Trad. Guacira Lopes Louro, Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

205p.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Editora Paz e Terra, São Paulo, 2002. p.33.

GROSSMANN, Martin; RAFFAINI, Patrícia T.; TEIXEIRA COELHO. Museu. In:

TEIXEIRA COELHO. Dicionário crítico de política cultural. 3. ed. São Paulo:

Fapesp/Iluminuras, 2004. p. 269-274.

JULIA, Dominique. Revista Brasileira de História da Educação, São Paulo, n.1, p. 9-44,

2001. Janeiro/Junho-2011. Disponível na internet:

http://moodle.fct.unl.pt/pluginfile.php/122509/mod_resource/content/0/Leituras/Dominique

_Julia.pdf

JULIÃO, Letícia. Apontamentos sobre a história dos museus. In: Cadernos de Diretrizes

Museológicas I. 2.ed. Brasília: Ministério da Cultura/Instituto do Patrimônio Histórico e

Artístico Nacional/Departamento de Museus e Centro Culturais, Belo Horizonte: Secretaria

do Estado da Cultura/Superintendência de Museus, 2006.

LARA FILHO, Durval de. Museu: de espelho do mundo a espaço relacional. 2006. 139 f.

Page 55: Tcc museu como extensao da sala de aula

56

Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação). Escola de Comunicação e Artes da

Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006

MATTOS, Yára; MATTOS, Ione. Abracaldabra: uma relação afetivo-cognitiva na relação

museu-educação. Ouro Preto: UFOP, 2010. 168p.

MENEZES, Ulpiano Bezerra de. A Crise da Memória, História e documentos reflexões para

um tempo de transformações. In: SILVA, Zélia Lopes (org.). Arquivos, patrimônio e

memória: trajetórias e perspectivas. São Paulo: UNESP, 1999.

PEREIRA, Vanessa Souza. Como referenciar figuras e imagens. 2012. Disponível

em: http://www.contornospesquisa.org/2012/08/como-referenciar-figuras-imagens-e.html.

Acesso em: 06/01/2016

Proposta Curricular do Estado de São Paulo: História /Coord. Maria Inês Fini. – São Paulo:

SEE, 2008.

Revista Museu Arqueologia e Etnologia, São Paulo, n. 21, p. 385-391, 2011.

SANCHES, Pedro Luís. RIEGL, A. O Culto dos monumentos: sua essência e sua gênese.

Revista Museu Arqueologia e Etnologia, São Paulo, n. 21, p. 385-391, 2011. Março, 2011.

Disponível na internet: http://www.nptbr.mae.usp.br/wp-content/uploads/2013/07/385-391-

Sanches.pdf

SCHAER, Roland. L‟Invention des Musées. Evreux: Gallimard/Reunion des Musées

Nationaus, 1993.

SUANO, Marlene. O que é museu. São Paulo: Brasilense, 1986.

Sítios eletrônicos:

Disponível em: http://www.culturaecurriculo.fde.sp.gov.br, ultimo acesso: 06/12/2015.

Disponível em: http://www.educacao.sp.gov.br/lugares-aprender, ultimo acesso: 06/12/2015.

Disponível em: http://www.museus.gov.br/ ultimo acesso 06/12/2015.

http://www.sescsp.org.br/online/artigo/5774_ULPIANO+BEZERRA#/tagcloud=lista último

acesso em 05/01/2016 revista 164 21/01/2011

Disponível em: http://heracles.mae.usp.br/sistema/ ultimo acesso em 18-10-14

Disponível em: http://www.nptbr.mae.usp.br/institucional/ ultimo acesso em 06/01/2016

Disponível em:http://www.contornospesquisa.org/2012/08/como-referenciar-figuras-

imagens-e.html – ultimo acesso em 06/01/2016