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TRADIÇÕES E TRADUÇÕES NA CULTURA POPULAR EM PERNAMBUCO: ENTRE A DIVERSIDADE E A HOMOGENEIDADE Isabel Cristina Martins Guilien Que Pernambuco é a terra da diversida- de cultural, ninguém duvida! Mas será que podemos fazer uma avaliação do estado des- sa diversidade, de quantas manifestações encontram-se em dificuldade para se manter? Em 2006, tive a oportunidade de coorde- nar um projeto de pesquisa que objetivava proceder a um mapeamento da documenta- ção existente em Pernambuco sobre as for- mas de expressão da cultura imaterial. Financiada pelo lphan e composta por uma equipe multidisciplinar, os resultados surpre- enderam e foram além do esperado.' A pes- quisa consistia em fazer um levantamento da documentação produzida sobre a cultura ima- terial, e entendia-se por documentação" a produção bibliográfica, iconográfica e audio- visual existente em bibliotecas públicas. O Doutora em História pela IJNICAMP e Prof". Deparlamenlo de História da UFPE. levantamento foi feito em diferentes bibliote- cas e arquivos do Estado, contemplando as seguintes cidades: Recife, Olinda, Vitória de Santo Antão, Goiana, Caruaru, Petrolina e Garanhuns. Definiu-se como critério para a seleção as bibliotecas que fossem abertas ao públi- co, descartando-se da pesquisa as bibliote- cas particulares ou com acesso restrito 2 . O trabalho nas bibliotecas revelou o quanto o tema "cultura imaterial" e "patrimônio mate- rial" está distante do universo da pesquisa corriqueira, pois nem atendentes das biblio- tecas estavam familiarizados com o tema, nem as palavras chave mencionadas, quan- do utilizadas nos instrumentos de busca, mostravam resultados significativos. O que funcionava mesmo, tanto para os atenden-

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TRADIÇÕES ETRADUÇÕES NA

CULTURA POPULAR EMPERNAMBUCO: ENTRE A

DIVERSIDADE E AHOMOGENEIDADE

Isabel Cristina Martins Guilien

Que Pernambuco é a terra da diversida-de cultural, ninguém duvida! Mas será quepodemos fazer uma avaliação do estado des-sa diversidade, de quantas manifestaçõesencontram-se em dificuldade para se manter?

Em 2006, tive a oportunidade de coorde-nar um projeto de pesquisa que objetivavaproceder a um mapeamento da documenta-ção existente em Pernambuco sobre as for-mas de expressão da cultura imaterial.Financiada pelo lphan e composta por umaequipe multidisciplinar, os resultados surpre-enderam e foram além do esperado.' A pes-quisa consistia em fazer um levantamento dadocumentação produzida sobre a cultura ima-terial, e entendia-se por documentação" aprodução bibliográfica, iconográfica e audio-visual existente em bibliotecas públicas. O

Doutora em História pela IJNICAMP e Prof". Deparlamenlode História da UFPE.

levantamento foi feito em diferentes bibliote-cas e arquivos do Estado, contemplando asseguintes cidades: Recife, Olinda, Vitória deSanto Antão, Goiana, Caruaru, Petrolina eGaranhuns.

Definiu-se como critério para a seleçãoas bibliotecas que fossem abertas ao públi-co, descartando-se da pesquisa as bibliote-cas particulares ou com acesso restrito 2. Otrabalho nas bibliotecas revelou o quanto otema "cultura imaterial" e "patrimônio mate-rial" está distante do universo da pesquisacorriqueira, pois nem atendentes das biblio-tecas estavam familiarizados com o tema,nem as palavras chave mencionadas, quan-do utilizadas nos instrumentos de busca,mostravam resultados significativos. O quefuncionava mesmo, tanto para os atenden-

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les quanto para os mecanismos de buscanos acervos eram as velhas cultura popu-lar' e folclore.

Já prevendo que o tema ainda é umanovidade para o grande público, principal-mente os estudantes do ensino médio emesmo os universitários, aliamos a neces-sidade de pesquisar no interior do Estadocom a importância de divulgar a existênciade uma nova noção de patrimônio, bemcomo as implicações políticas e cultural paraPernambuco e para o Brasil.

Assim sendo, juntamente com o trabalhonas bibliotecas e acervos o projeto previa arealização de seminários de sensibilizaçãoque intensionavam informar e divulgar as po-líticas públicas sobre o património imaterial.Ao mesmo tempo os seminários e os deba-tes suscitados permitiram à equipe tomar co-nhecimento de que havia uma grandedisparidade entre o que estava documentadoe as manifestações existentes nas várias re-giões do Estado de Pernambuco. Essa con-jução de circunstâncias e fatores propiciou quemuitos problemas pudessem ser formuladospela equipe, grande parte deles referentes àsituação dos registros documentais sobre acultura popular diante da diversidade de ma-nifestações que existem em Pernambuco.Neste artigo propõe-se uma reflexão sobre adisparidade encontrada entre a diversidadede formas de expressão e os poucos regis-tros levantados sobre as mesmas. Em con-sequência, discutirei as imbricações naspolíticas públicas a respeito daultura imate-rial e seu processo de patrimonialização.

Patrimônio imaterial: oralidade,memória e as ambiguidadesdo registro documental

É inquestionável que o patrimônio ima-terial ou intangível tem estado em evidên-cia na contemporaneidade. Alicerçado emuma concepção antropológica de cultura,ele é também o resultado de um longo ecomplexo debate tanto nacional quanto in-ternacional acerca da noção de patrimônioe no alargamento do seu sentido. Por pa-trimônio cultural entende-se o conjunto de

bens culturais e simbólicos criados por umgrupo social ou povo ao largo de sua histó-ria, e que o identifica em relação a outrosgrupos ou povos. Esse patrimônio é res-ponsável pela projeção cultural de um gru-po ou povo, além de ser definidor deidentidade. A definição de patrimônio incor-pora a ciência, tecnologia, arte, tradições,monumentos, costumes e práticas sociaisde matizes diversos. Nas relações sociaise culturais estabelecidas entre os homense com a natureza o conhecimento dessepatrimônio é indispensável, pois permiteque a sociedade continue existindo, tal qualfoi caracterizada por sua cultura e história.Apesar de, tecnicamente, se fazer uma dis-tinção entre o patrimônio material do intan-gível, Manuela Carneiro da Cunha (2005)observou com maestria a indissociabilida-de entre o material e imaterial.

De acordo com a Convenção para a Sal-vaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial daUnesco (2003), o património imaterial é cons-tituído pelas práticas, representações, ex-pressões, conhecimentos, habilidades,assim como instrumentos, artefatos e espa-ços culturais associados, que as comunida-des, grupos e em alguns casos os indivíduosreconhecem como parte de seu patrimônio,transmitido de geração a geração, constan-temente recriado em resposta à interaçãocom a natureza e a história, proporcionando,como já referido, sentido de identidade. Ain-da de acordo com a convenção da Unesco opatrimônio imaterial se manifesta de diver-sas formas agrupando tradições e expres-sões orais, expressões artísticas, nos quaismitos, lendas e rituais a oralidade desempe-nha um papel fundamental, interconectandoe transmitindo esse saber. Nesse sentido, oregistro ou documentação desse patrimônioimaterial exige a transposição desse saberpara outros suportes que não os usados tra-dicionalmente por quem os detinha. Ao mes-mo tempo, não há como deixar de apontarpara as ambiguidades que o processo depatrimonialização têm criado, pois o campodo patrimônio

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é um campo de representações e, nestesentido, não se confunde com a realida-de onde se movem os agentes em suaspráticas sociais. Não temos como prote-gera realidade, nem como conter seusmovimentos, seus embates, suas forçasde vida. (ABREU, 2005, p. 54)

Este é um dos grandes paradoxos queas políticas públicas sobre o patrimônio ima-terial têm se deparado: a necessidade decriar salvaguardas para que a oralidadecomo forma de transmissão do saber conti-nue a existir num mundo cada dia mais glo-balizado em que os meios de comunicaçãoproduzem registros em mídias diversas.Walter Benjamin já tinha apontado há déca-das atrás que não se contavam mais históri-as com o mesmo espírito das comunidadestradicionais, pois acabou o tempo em que otempo não vem ao caso(1989, p63) Agora,mais do que nunca, o registro documental epolíticas de salvaguarda de inúmeras mani-festações culturais são urgentes. Dependen-do da oralidade para sua transmissãoencontram-se em séria dificuldade para fa-zer com que as novas gerações tenhamacesso ao saber-fazer que lhes dão supor-te, encontram-se ameaçadas ou em perigode deixarem de existir em função da fragili-dade das formas de transmissão do saber-fazer em questão, diante das formas decomunicação do mundo globalizado. Não háaqui a intenção de se fazer uma apologiapela "preservação" cultural, ao modo dosfolcboristas do século XIX e início do XX, queviam as manifestações culturais em cons-tante perigo de desaparecimento. Entende-se a cultura como dinâmica e histórica, enesse sentido aponto a discussão efetuadapor SALHINS (1997) contribui para dirimirquais dúvidas quanto aos desejos de "pre-servação" cultural. Não obstante, seria inge-nuidade achar que os novos meios decomunicação podem fazer o mesmo papelque a oralidade, e que as novas formas detransmissão não modificarão substancial-mente as formas de expressão que depen-diam de um saber-fazer que tinha naoralidade seu grande suporte. Podemos ci-

tar como exemplo, a história recente dosmaracatus-nação que alcançaram sucesso,e cujos mestres têm sido convidados a mi-nistrar oficinas para ensinar a tocar os ins-trumentos que compõem o batuque,enquanto que o cortejo não recebe as mes-mas atenções da mídia. Processo seme-lhante ocorre com o boi do Maranhão, cujoauto não encontra nos espetáculos o mes-mo espaço que a música. E evidente quenem por isso essas formas de expressãopodem ser consideradas "ameaçadas" dedesaparecimento, mas é inegável que oprocesso de espetacularização provocoumudanças significativas, estudadas porLIMA & GUILLEN (2007)

A essas formas de transmissão oral seassocia a memória, como uma combinaçãoindissolúvel. Memória e patrimônio se rela-cionam, e devem estar no centro de nossasinvestigações, não para "preservar" a cultu-ra, congelando-a, mas como um dos direi-tos esseciais para o exercício de umacidadania plena. Muito já se escreveu na his-toriografia brasileira sobre o silenciamentoe o ocultamento de diversos grupos sociaisna história. Tendo em perpectiva uma noçãode história aberta para o futuro, viva, res-pondendo às questões políticas e culturaisdo presente, por se tratar de uma forma deconhecimento e referência sobre a experi-ência social, o direito à memória e seu lega-do às gerações futuras deve ser garantidopelas políticas públicas que objetivam lidarcom o patrimônio cultural. (CHAUI, 2006;PAOLI, 1992)

Não poderia deixar de ressaltar que, nes-te campo, a dimensão política da noção depatrimônio emerge com toda força. O cam-po do patrimônio não é um "lugar de apazi-guamento", pois expressa disputas econflitos. Como podem os povos indígenaslegar um patrimônio em que o saber sobre omundo natural é fundamental se o meioambiente encontra-se ameaçado de destrui-ção? Q que dizer dos direitos de tantas mú-sicas tradicionais que ainda hoje sãogravadas e reproduzidas como "domíniopúblico"? E outros tantos exemplos que po-

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daríamos citar, estendendo-nos muito nes-sas ambiguidades entre a produção culturaldos grupos tradicionais, e a garantia de re-torno dos benefícios econômicos que sãogerados a partir do momento em que essasexpressões culturais adentram o mercado.

As políticas públicas existentes no Brasilsobre o patrimônio imaterial seguem a ten-dências internacionais, bem como os dita-mes propostos pela Unesco desde 1989,quando lançou o programa de salvaguardadas culturas tradicionais que, diante do cres-cente processo de globalização necessitari-am de proteção, seja porque se encontravamem processo de desaparecimento, ou por-que tornavam-se objeto de cobiça no mer-cado cultural que passou a definir asmanifestações culturais simplesmente debens. Estes se encontram a cada dia maisvalorizados pela possibilidade de ampliaresse mercado cultural com a criação de no-vos bens de consumo, seja através de turis-mo cultural ou mesmo com a produção debens comercializáveis.

As políticas públicas em âmbito mundialtêm como escopo, portanto, a preocupaçãoem criar mecanismos que protejam as cultu-ras tradicionais da espoliação de seu capitalcultural diante da ampliação do mercado cul-tural e da inserção das manifestações nessemesmo mercado, sem que isso traduza ou sereverta em benefício de quem produz efetiva-mente os bens culturais ou os grupos e po-vos que são detentores desse saber-fazer. Aspolíticas públicas a respeito do patrimônioimaterial, portanto, demandam ações de sal-vaguarda e registros dos bens culturais a se-rem patrimonializados. Uma reflexãofundamental tem surgido desse debate:

a escolha do que constitui o patrimônio deuma nação - seja ele material ou intangí-vel - é uma das operações políticas maisimportantes para a consolidação de umadeterminada história, memória e culturacomuns (ABREU, 2007, p. 353).

As questões suscitadas em torno do de-bate do patrimônio são extremamente com-plexas e não têm uma resposta pronta erápida, já que estão sendo construídas na

prática, no fazer-se das manifestações cul-turais e em sua relação com as instituiçõesgovernamentais e com o mercado. Mas oque importa para nossa discussão é desta-car que estamos sendo obrigados a repen-sar a idéia de patrimônio nacional e que estenão é constituído apenas de monumento,igrejas e prédios antigos. Temos a oportuni-dade de constatar que estamos diante denovas políticas da memória e de novas for-mas de administração institucional do passa-do. Destaca-se o fato de que novas políticasda cultura têm nos dado a oportunidade decriar novas culturas políticas para a cons-trução da identidade, memória e histórianacional. Diferentes grupos sociais estãotendo a oportunidade pela primeira vez naHistória do Brasil de registrar uma memó-ria do seu passado fundamental para a de-finição das identidades. E são aquelesgrupos em sua maioria considerados comotradicionais e que foram em grande medi-da silenciados na construção da memórianacional. Têm se criado novos canais deexpressão cultural e oportunidade ímpar decolocar em discussão as políticas de cons-trução da memória nacional. Esse proces-so não tem se dado evidentemente semtensões, conflitos, resistências e adesões,e pleno de ambiguidades. O que não sepode, é banalizar nem o processo, nem asmanifestações culturais que têm sido obje-to de discussão, registro e inventário.

Tanto no âmbito federal, quanto no estadu-al, diversas políticas públicas têm sido formu-ladas para fomentar o registro dos bens dacultura imaterial, e, a produção de documenta-ção sobre esses bens tem sido ressaltada comomedida fundamental para que o patrimônioimaterial possa ser transmitido para as gera-ções futuras. Essas medidas têm facilitado oregistro dos bens, ao mesmo tempo em que oprocesso de globalização colocou esses mes-mos bens em contato com um mercado cadadia mais veroz quando se trata de produzir econsumir novos bens culturais. A tensão pre-sente entre a vontade de conservar as mani-festações e muitas vezes sua relação mercantil,que a transforma num bem, tensiona essas

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políticas públicas a ponto de incongruênciaspoderem ser apontada amiúde.

O patrimônio imaterial em PernambucoComo se pode perceber, em Pernambuco,

o debate também tem sido intenso. A imagemde Pernambuco associam-se, como que natu-ralmente, uma sede de outras referenciadasem práticas da cultura popular: o carnaval doRecife com seus clubes e blocos de frevo, osmaracalus e os caboclinhos, a literatura decordel e a xilogravura de J. Borges, os bone-cos de barro de mestre Vitalino, a feira de Ca-ruaru, as bandas de pífanos, o xote, o xaxadoe o baião, entre outras, que conferem ao con-junto identidade cultural e histórica.

Da mesma forma, não se dissocia daconstrução imagética de Nordeste referên-cias à cultura popular. Se por muito tempoessas manifestações foram naturalmenteconsideradas como constitutivas de uma tra-dição, hoje passam por um processo de in-tensa discussão que tem redundado napatrimonialização de alguns bens culturais,como a feira de Caruaru e o Frevo - já re-gistrados como patrimônio da cultura imate-rial do Brasil—, enquanto o Maracatu Nação,o Maracatu Rural, Caboclinho e Cavalo Ma-rinho encontram-se em processo de reco-nhecimento. No âmbito estadual, desde2002, a lei 12.196 instituiu o Registro doPatrimônio Vivo do Estado de Pernambuco,que reconheceu os saberes e as práticas demestres e mestras da cultura popular comofundamentais para a memória e cultura es-tadual, a exemplo de Mestre Salustiano, Anadas Carrancas, Lia de ltamaracá, ManoelEudócio, dentre outros.

Assiste-se, na sociedade contemporânea,um complexo processo que tem resultado napaffimonialização da cultura popular, proces-so este que tem uma história na qual umasérie de debates sobre a cultura popular re-dundou em políticas públicas de reconheci-mento, nas quais uma memória histórica ecultural também tem sido discutida. Essaspolíticas públicas, ainda que não se coloquemtotalmente a reboque dos debates suscitadospelas ações da Unesco, estão em consonân-

cia com as discussões levadas a efeito mun-dialmente sobre a necessidade de criar ins-trumentos para que antigas tradições tenhamcondições de deixar para as gerações futu-ras esse saber-fazer que constitui a experi-ência da humanidade"3. Nesse sentido, aUnesco recomenda que se envidem esforçospara criar instituições que preservem e tor-nem disponível amplamente documentaçãosobre o patrimônio cultural imaterial do paíse/ou região.

Inserido nesse contexto, o projeto "For-mas de expressão da cultura imaterial dePemambucd' realizado de forma interinsti-tucional entre o lphan, a Fundação JoaquimNabuco, a Universidade Federal de Pernam-buco e a Universidade Federal Rural de Per-nambuco teve por objetivo realizar ummapeamento bibliográfico e audiovisual dasmanifestações da cultura imaterial presen-tes em Pemambuco. A pesquisa atendeu aoEdital do Programa Nacional do PatrimônioImaterial- PNPI/2006, que no âmbito da pes-quisa, documentação e informação, tem suasprincipais linhas de ação voltadas para: a)Realização de pesquisa, levantamentos,mapeamentos e inventários; b) Apoio à ins-trução de processos de Registro; c) Siste-matização de informações, constituição eimplantação de banco de dados; d) Apoio àprodução, conservação de acervos documen-tais e etnográficos, considerados fontes fun-damentais de informação sobre patrimôniocultural imaterial. Em consonância com es-sas linhas de ação, o Edital apresentava aproposta de levantamento documental desaberes e modos de fazer, formas de ex-pressão, festas e celebrações, e lugares ouespaços de práticas culturais coletivas, porUnidade da Federação, e conjuntamentediagnóstico da situação das instituições queabrigam esses acervos documentais".(PNPI, 2006. p. 1)

A proposta do projeto em questão res-tringia-se a levantar a documentação exis-tente sobre as formas de expressão e bensculturais referenciados, dada a diversidadede bens culturais existentes no Estado dePernambuco. Pensávamos que essa rique-

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za se traduziria em uma grande quantidadedocumental, difícil de ser levantada em ape-nas um ano, como o próprio edital limitava.No entanto, para o lphan, era interessanteque o banco de dados que resultaria desselevantamento contemplasse uma gama mai-or de bens culturais, e um acordo foi firmadocom a equipe para que as outras categorias(lugares, ofícios, celebrações) fossem arro-ladas numa documentação de escritores eestudiosos considerados como clássicos dahistoriografia pernambucana: GilbertoFreyre, Mário de Andrade, Câmara Cascu-do, Waldemar Valente, Mário Souto Maior,Mário Sette e Pereira da Costa.

Desde o final do século XIX os estudossobre folclore e cultura popular estiverampresentes na produção bibliográfica pernam-bucana se estendendo até os dias de hoje,resultando numa farta produção documen-tal. Essa produção extensa pode ser expli-cada pela estreita relação das culturastradicionais com a constituição imagético-discursiva da região Nordeste, em que o fol-clore adquiriu um status central comoreferência identitária da região.

A vinculação entre a cultura popular e aconstrução simbólica da identidade regionale, em particular, à memória do Estado, pro-duziu um grande acervo sobre bens da cul-tura imaterial. Há um sem número de obrascom temáticas relacionadas ao folclore per-nambucano, sem contar a produção de arti-gos dirigidos ao tema, que não estão sendoobjeto de análise do levantamento. Vale res-saltar que, nos últimos anos, a cultura popu-lar pernambucana vem alcançando cada vezmais projeção, ultrapassando a expressãolocal e expandindo-se tanto em âmbito naci-onal como internacional, através do proces-so de globalização, do renovado interesseque diversos atores sociais têm demonstra-do pela cultura popular devido às novas for-mas de mídia atuando na disseminação dasexpressões culturais.

Diante da diversidade cultural presente nasmanifestações da cultura imaterial no Estadoe da necessidade de identificação das práticasexistentes, a demanda pelo levantamento do-

cumental sobre o patrimônio imaterial exigeuma mobilização de vários atores sociais den-tre os quais pesquisadores, estudantes, pro-dutores culturais, artistas, instituiçõesgovernamentais e não-governamentais com afinalidade de ampliar o repertório das práticasde preservação que, neste caso, constituem-se dos registros dessas manifestações.Levantamento documental:questões suscitadas

O esforço de levantar e sistematizar da-dos sobre os diversos bens da cultura ima-terial em Pernambuco pode ser pensadocomo uma ação cultural que tem como focouma visão da cultura como produtora e cria-dora de oportunidade de inserção social epolítica (cidadã) dos grupos detentores desaber tradicional. Nesse sentido, o banco dedados surge como um instrumento de em-poderamento desses grupos e da socieda-de civil ao fornecer subsídios para pedidosde registro dos bens como patrimônio ima-terial. O banco de dados deve facilitar osprimeiros passos para quem deseja ter aces-so aos registros documentais sobre os bensculturais com objetivos diversos. Sem esque-cer os impasses e implicações políticas de-correntes da patrimonialização deconhecimentos tradicionais, em que as di-versas formas de apropriação desse conhe-cimento sem que direitos intelectuais sejampostos em discussão são questionáveis equestionadas, o reconhecimento desse pa-trimônio pode igualmente ser pensada comoum esforço dos grupos e comunidades parase manter na condição de sujeitos em nego-ciação com a sociedade como um todo. Prin-cipalmente as ações de salvaguarda podemproporcionar garantia de continuidade de umsaber do grupo e/ou comunidade para as ge-rações Muras (COELHO, 2003; ANDRELLO,2008).

Como critérios diante da diversidade do-cumental encontrada estabelecemos quefariam parte do levantamento as culturaistradicionais que tinham como base de trans-missão a tradição oral, bem como as mani-festações que se encontravam ameaçadas.

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Nesse sentido, ficaram fora de nosso levan-tamento a grande produção, por exemplo,de registros sonoros do frevo, forró, baião,etc. Essa escolha justifica-se como já foisalientado, pela enorme quantidade de re-gistros encontrada, explicada pelo fato deque estavam já inseridos num mercado cul-tural que tem produzido uma grande quanti-dade de registros documentais. Por outrolado, lembramos que o frevo foi objeto deum levantamento semelhante, no processode sua pathmonializaçáo.

Da mesma forma, acreditamos que o forró,baião e congêneres necessitam de um re-gistro específico diante da riqueza e diversi-dade que a pesquisa sinalizou. Em resumo,o projeto de pesquisa em questão privilegiouem seu levantamento os bens da cultura ima-terial, especialmente as formas de expres-são que têm ainda na oralidade sua principalforma de reprodução do saber, e que neces-sitam por sua vez de políticas públicas maisurgentes, dai a necessidade de um bancode dados que possa subsidiá-las.

A medida que estendíamos a pesquisapara o interior do Estado, aliado ao fato deque nessas cidades onde fizemos o levan-tamento documental também promovemosseminários de sensibilização onde a culturaimaterial, sempre com bom público e provo-cando debates e questionamentos, umamelhor compreensão da situação dos bensculturais em questão foi se formando para aequipe, e discutida em constantes reuniõessemanais.

Surpreendeu a equipe encontrar umagrande diversidade de bens culturais exis-tentes no interior do Estado e que não foramdocumentalmente registrados, que não fo-ram objetos de estudos mais sistemáticos,seja pelo folclore no seu sentido amplo, sejapelas ciências sociais ou mesmo dos histo-riadores locais. Poderíamos citar o "sambade véio" da ilha do Massangano, Petrolina,vários tipos de coco e samba da região deGaranhuns, a Confraria do Rosário da cida-de de Floresta, que mantém a tradição deeleição de rei congo, entre outras. A Confra-ria do Rosário foi contemplada em 2007 com

o prêmio do Patrimônio Vivo, mas a docu-mentação existente sobre o grupo ainda ébastante pobre. Existem, naturalmente, mui-tas outras manifestações que sequer fica-mos conhecendo!

Não podemos deixar de destacar quemerecem estudos sistemáticos alguns con-juntos de bens culturais, como as manifesta-ções do catolicismo popular, pois procissões,romarias e outras expressões culturais nãose encontram devidamente documentadas. Asuperficialidade com que foram tratados cer-tos temas, extremamente complexos em queimbricações com religião, cultura e identida-de surpreendeu negativamente toda a equi-pe. Podemos citar, como exemplo, todo oconjunto de festejos associados à procissãode Nossa Senhora da Conceição, impressio-nantemente ignorada pela academia! E nãose trata apenas do catolicismo, pois as mani-festações culturais associadas às religiõesafro-descendentes padecem de processosemelhante. Apesar de mais bem estudadaspela Antropologia, Xangô e Jurema ainda de-mandam estudos sistemáticos sobre suascelebrações, sobre os lugares sagrados dosquais a religião depende, sem deixar de men-cionar a diversidade de toadas e músicas queencontram-se precariamente documentadas.Há toda uma plasticidade e musicalidade as-sociadas a essas cerimônias que necessitamde registros complexos.

Esperamos e recomendamos um dire-cionamento das políticas públicas do lphanpara o inventário dessas manifestações exis-tentes no interior e não documentadas. Se apolítica do patrimônio se presta a preservara memória dos grupos que têm esses benscomo referências culturais, ou se presta ape-nas para celebrar a diversidade cultural enobilitar para o mercado novos bens, eis umdilema a ser discutido e questionado. E odirecionamento das políticas públicas podeser percebido de imediato quando se privi-legia o espetáculo e se contempla com me-nos recursos ações para a salvaguardadesses bens.

Dentre os bens levantados pela pesquisaalguns merecem destaque. Foi surpreenden-

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te constatar, durante a redação das descri-ções dos bens levantados, a forte presençada cultura indígena no interior do Estado.Ainda que sejam considerados como "rema-nescentes" dos antigos grupos que ocupavama região durante o período colonial, estudospromovidos por teses e dissertações têmapontado para a complexidade identitária des-ses grupos bem como o papel central da cul-tura imaterial na sua afirmação (OLIVEIRA,1998; 1999). Dentre os grupos indígenas exis-tentes em Pernambuco destacam-se:

FuIni-Ô: vivem no município de ÁguasBelas. Conservam o idioma Yathê e al-guns rituais como o Ouricuri.

Pankararu: vivem entre os municípios deTacaratu, Jatobá e Petrolândia, conser-vando algumas de suas festas tradicio-nais como a Festa do Menino do Ranchoe o Flechamento do Umbu.

Xucuru: vivem na região da Serra doOrorubá, município de Pesqueira, con-servam algumas festas religiosas comoa de Nossa Senhora da Montanha.

A cultura imaterial desSes grupos temsido documentada em teses e dissertaçõesdesenvolvidas nas universidades, destacan-do-se os programas de Antropologia e Etno-musicologia da UFPE. Notadamente esteúltimo núcleo conserva em seu acervo umarica documentação sonora e visual, resultan-te de pesquisas em grupo coordenadas peloprof. Carlos Sandroni. O toré foi sem dúvidaa manifestação mais estudada e discutidanesses trabalhos, em que foi apontado seupapel na definição da identidade dos grupos(GRUNEWALD, 2005). No entanto, essasteses e dissertações, bem como as ques-tões que suscitaram, não têm chegado aogrande público, o que me parece fundamen-tal para que as políticas públicas sejam re-formuladas para atenderem às necessidadesdesses grupos.

A forte presença africana na cultura pernam-bucana traduzida no sucesso dos maracatus nacontemporaneidade, no reconhecimento dosafoxés corno grupos culturais pemambucanosque têm suas peculiaridades e especificidades,

na importância de terreiros de xangô, como oSítio de Pai Adão e o Vê Axé Oyá Mengué - ouSeita Africana Santa Bárbara da Nação Xambá- tidos como guardiões de suas tradições religi-osas e culturais, sem falar na capoeira, nas es-colas de samba e outras manifestações culturaisem que a presença de negros e negras tem sidofundamental. Começam a aparecer teses e dis-sertações sobre a cultura afro-descendente,delineando as diferenças entre os grupos e acomplexidade das manifestações apontadas, oque indica a necessidade de em alguns anos seatualizar banco de dados. Assim como se podeperceber que certas manifestações até bem re-centemente consideradas não pernambucanascomeçam a ser estudadas, como os afoxés eescolas de samba, buscando entender as pe-culiaridades dos grupos locais e que são res-ponsáveis pela definição de identidade dosgrupos de afro-descendentes.

O legado do patrimônio imaterial

Acima de qualquer dúvida, a pesquisa sus-citou em toda a equipe a convicção que aspolíticas públicas devem redundar na produ-ção de documentação sobre os bens inventa-nados, para que o patrimônio não se firmaapenas como um elemento nobilftador dos di-rigentes polí&os que definem essas mesmaspolíticas públicas. Como exemplo, citamos oPatrimônio Vivo, que tem contemplado comuma renda mensal grandes mestres e gruposda cultura popular, mas até o presente não temproduzido um registro dos bens culturais asso-ciados a esses "patrimônios". A Lei do Regis-tro do Patrimônio Vivo (Lei n° 12.196, de 2 demaio de 2002) tem como objetivo preservar asmanifestações populares e tradicionais da cul-tura pernambucana, bem como propiciar con-dições para que os artistas repassem seusconhecimentos às novas gerações.

Há evidentemente mestres que questio-nam essa obrigação. J. Borges, xilogravuris-ta renomado, já afirmou categoricamente, porexemplo, que contribuiu bastante com a cul-tura popular e não se vê obrigado em funçãodo "prêmio" a trabalhar mais. No lado oposto,Dila, também xilogravurista, tem acompanha-do os festivais de inverno promovidos pela

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Dentre as formas de expressão existen-tes no Estado, e que têm atraído muita aten-ção da mídia de modo amplo, destacam-seo maracatu rural e o cavalo marinho, secun-dado pelo caboclinho. E interessante obser-var que, apesar de intensamente referidos,a documentação levantada não reflete acomplexidade dessas formas de expressãobem como sua inserção no mercado cultu-ral contemporâneo. Muitos dos trabalhos le-vantados limitam-se a repetir um saberconsagrado retirado de alguns poucos auto-res que estudaram essas manifestações nopassado. Esperamos que as políticas públi-cas sobre a cultura imaterial consigam en-frentar o desafio de provocar inventários queregistrem a complexidade dos diversos benslevantados, e não apenas apontar novos"bens culturais" a serem absorvidos pelomercado. Que essas políticas públicas pos-sam realmente transformar a memória so-cial que suporta as referências culturais dosgrupos em patrimônio imaterial, pois, en-quanto essas manifestações não forem do-cumentadas sua transmissão para asgerações futuras pode estar comprometi-da. O grande desafio, no entanto, continuasendo criar mecanismos de registro semque se perca de vista a intangibilidade dossistemas simbólicos e culturais, para quese possa valorizar a cultura sem que secorra o risco de cristalizá-Ia.

Fundarpe dando oficinas com resultados sur-preendentes. Mas não há como deixar desalientar que é obgação do Estado documen-tar essas experiências.

A respeito do Patrimônio Vivo já eleito épreciso nos determos com mais vagar sobre oque existe de documentação sobre os bens queos mestres detêm o saber-fazer. Dentre osmestres destacam-se os cordelistas e xilogra-vustas J. Borges, J.Costa Leite e Dila. Aindaque não tenha sido o propósito do projeto le-vantar as coleções de cordel e xilogravurasexistentes em bibliotecas, é seguro afirmar quenenhuma biblioteca pública em Pernambucodetém conjunto significativo da obra dessespatrimônios vivos! As grandes coleções de fo-lhetos de cordel foram formadas por colecio-nadores particulares, como Liêdo Maranhão eRoberto Benjamim, da mesma forma que asxilogravuras produzidas pelos mestres emquestão não se encontram nos museus e de-partamentos iconográficos, como conjunto sig-nificativo das obras. Uma ou outra instituiçãopossui alguns exemplares. Mas é urgente queos administradores públicos responsáveispela gestão do Patrimônio Vivo possa reco-lher às bibliotecas um conjunto dos bens cul-turais produzidos pelos mestres. Acreditamosque é dever do Estado não apenas criar con-

Tradições dições para que os mestres possam reprodu-

e traduções na zir seu saber, mas que sua obra permaneça

, culwra popular para as gerações futuras.M Pernambuco:entre a diversidade€ a homogeneidade

Isabel CristinaMartins Guilien

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Notas

O projeto em questão foi: Formas de Expressão da Cultu-ra Imaterial em Pernambuco, desenvolvida em parceria coma IIFPE, IJFRPE, Fundação Joaquim Nabuco e lphan, sobminha coordenação e com a participação de Carlos San-droni, Bartoomeu fito de Medeiros, Maria Angela de FariaGritlo, Sytvia Costa Couceiro, Cibele Barbosa da Silva An-drade, Rita de Cássia Araújo e Joanildo Bury. Participa-ram ainda como pesquisadores João Paulo França, BaniraQueiroz de Souza e Cicera Patricia Alcântara Bezerra, ecomo alunos bolsistas: Débora Halide Claizoni, VanessaMarinho, lngrid Moura, José Bezerra de Brito Neto; SanaeSouto; Frank Souto Maior, Leocádia Ferreira.2 Exceção foi feita ao riquíssimo acervo da Comissão Penam-bucena de Folclore. Aproveitamos a oportunidade para divul-gar a riqueza ímpar desse acervo e a necessidade de

organiza-lo para que possa ser aberto ao público sem restri-ções. Não há como deixar de mencionar o excelente trabalhofedo pelos pesquisadores Roberto Câmara Benjamim e JosséFernando Souza Silva que têm conservado tão rico acervo.

A legislação existente no Brasil reflete muitos dessas ques-tões, e nesse sentido é importante consultar:BRASIL. GO-VERNO FEDERAL. 2000. Decreto 3.551, de 04 de agostode 2000. Disponívet em: http:flwww.minc.gov.br;BRASIL.Ministério da Cultura. 2006. Edital PNPI n° 001)2006. Brasília: Instituto do Patrimônio Histórico e ArtísticoNacional. UNESCO. 2003. Convenção para Salvaguardado patrimônio cultural imaterial. Paris, 17 de outubro de2003. Disponível em: http://unesdoc.unesco.org ; Lei 12196,disponível em: vw.sare.pe.gov.brIJuridicoILeis_OrdinariasI200211 21 96020502 RegistroPatrtrnonio VivoEstado Pe.doc

Tradiçõese traduções nacultura popularem Pernambuco:entre a diversidadee a homogeneidade

Isabel CristinaMartins GuilIeri

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Tradiçõese traduções na

cultura popularem Pernambuco:

entre a diversidadee a homogeneldade

Isabel CristinaMartins Gulilen

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