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águas da sua vida social. Mada- lena Alves, mãe de menina celía- ca com sete anos, costuma dizer que a doença celíaca “não é o fim da picada”, pois existem alternativas alimentares. “Baixar a guarda é que nunca”. Aqui partilha connosco como costuma planear as suas férias isentas de glúten. Falaremos ainda de um “super alimento” boliviano, rico em minerais, proteínas e aminoáci- dos essenciais. Já adivinharam? Quinoa, claro! E para terminarmos bem fresqui- nhos, Mónica Coimbra deixa-nos com água na boca com a sua receita mesmo a calhar para festas estivais. Para todos, umas boas férias isentas de glúten, SEMPRE! Antevendo meses de verão que se aproximam (e se São Pedro nos ajudar), este será um número “ligeiro e com cheirinho a férias”. São ainda limitados os estudos clínicos no doente celíaco sobre o consumo de aveia a longo prazo. A aveia é ou não segura para o celíaco e sensível ao glúten? Raquel Benati, conheci- da defensora acérrima da cau- sa celíaca, membro ativo na associação brasileira de doen- tes celíacos e autora do blog Dieta Sem Glúten resume o que se sabe à data sobre esta polé- mica. A Dra. Carla Damas, dietista clínica no Hospital Egas Moniz, no Centro Clínico da GNR e na Clínica Faccia, aconselha-nos a tirar o máximo partido da tradi- cional dieta mediterrânica por- tuguesa, adaptando-a a um estilo de vida isento de glúten. Será possível? Sabia que o custo médico esti- mado para os doentes celíacos na região do Mediterrâneo durante o período que medeia entre o início dos seus sintomas e o diagnóstico é de 4€ mil milhões nos próximos oito anos? Assustador? Faça o despiste aos seus familiares diretos, não dei- xe que eles contribuam para estes números! Se há algo que preocupa aque- les que reagem ao glúten, mes- mo aqueles que são uns verda- deiros mestres na dieta, são as festas e as viagens. É necessária perícia e alguns conhecimentos que aqui descrevemos para circum-navegar em segurança as EDITORIAL O ESTADO DA ARTE - O celíaco pode consumir aveia? A aveia não contém glúten e não está relacio- nada com os grãos que o contêm, mas pode provocar sintomas semelhantes aos induzi- dos pelo glúten no celíaco. Por este motivo, esta é uma questão que suscita muitas dúvidas e alguma polémica. A aveia contém proteínas cha- madas aveninas que contêm alguma homologia estrutural (mesma sequência de aminoáci- dos) com o glúten. Logo têm o potencial de provocar reação imune e sintomas no celíaco. Contudo, segundo o Centro de Estudo da Doença Celíaca da Universidade de Chicago menos de 1% dos celíacos reage des- ta forma à aveia. Atualmente, não existe forma de determinar qual o celíaco que vai reagir à aveia. O consumo de aveia pelo celía- co deve ser previamente discuti- do com o médico assistente e dietista. De uma forma ou outra, a aveia deve provir de fonte que garanta não contaminação com glúten, pois a contaminação cruzada é uma das principais razões pela qual este cereal foi considerado não seguro no passado. Caso o celíaco deseje introduzir a aveia na sua alimentação aconselha-se que o faça segun- do monotorização clínica por médico e/ou dietista. Os sinto- mas e inflamação da mucosa duodenal devidos à ingestão do glúten, já deverão ter regredi- do antes da introdução da aveia, de forma que, se houver reinflamação, esta só possa ser atribuída ao glúten. Uma vez que em alguns casos os sintomas devidos ao glúten persistem por um ou mais anos, a introdução segura da aveia pode tardar. A recomendação médica atual nos adultos com doença celíaca ou doenças associadas ao glú- ten é limitar o consumo de aveia em 50 gramas por dia no máximo (o equivalente a cerca de 1/2 chávena de aveia seca) e nas crianças em 25 gramas por dia (o equivalente a cerca de 1/4 de chávena de aveia seca). Deve ainda ser tido em conside- ração que alguma da sintoma- tologia gastrointestinal atribuí- da à aveia pode dever-se ao seu conteúdo em fibras e não a reação autoimune. (continua na página seguinte) Agradecimentos: ANA PIMENTARedacção ANTÓNIO JOÃO PEREIRA Revisão clínica AVELINO GUERREIRO apoio técnico e informático CARLA DAMAS - Nutrição CLÁUDIA MACEDO Revisão ortográfica e tipográfica/ layout LIPITA SEM GLÚTENgrãos e farinhas sem glúten MADALENA ALVES - Entrevistada MÓNICA COIMBRA - Receita do Mês RAQUEL BENATI - Estado da Arte EDITORIAL 1 ESTADO DA ARTE 1,2 INFO & DICAS 2 ENTREVISTA 3 NUTRIÇÃO 3,4 RECEITA DO MÊS 4 Neste número: Julho 2014 Edição 1, Nº 7 GRUPO VIVA SEM GLÚTEN PORTUGAL Newsletter Contacto: [email protected]

Newsletter Grupo Viva sem glúten Portugal ed 1 nr 7 jul 2014

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Page 1: Newsletter Grupo Viva sem glúten Portugal  ed 1 nr 7 jul 2014

águas da sua vida social. Mada-lena Alves, mãe de menina celía-ca com sete anos, costuma dizer que a doença celíaca “não é o fim da picada”, pois existem alternativas alimentares. “Baixar a guarda é que nunca”. Aqui partilha connosco como costuma planear as suas férias isentas de glúten. Falaremos ainda de um “super alimento” boliviano, rico em minerais, proteínas e aminoáci-dos essenciais. Já adivinharam? Quinoa, claro! E para terminarmos bem fresqui-nhos, Mónica Coimbra deixa-nos com água na boca com a sua receita mesmo a calhar para festas estivais. Para todos, umas boas férias isentas de glúten, SEMPRE!

Antevendo meses de verão que se aproximam (e se São Pedro nos ajudar), este será um número “ligeiro

e com cheirinho a férias”. São ainda limitados os estudos clínicos no doente celíaco sobre o consumo de aveia a longo prazo. A aveia é ou não segura para o celíaco e sensível ao glúten? Raquel Benati, conheci-da defensora acérrima da cau-sa celíaca, membro ativo na associação brasileira de doen-tes celíacos e autora do blog Dieta Sem Glúten resume o que se sabe à data sobre esta polé-mica. A Dra. Carla Damas, dietista clínica no Hospital Egas Moniz, no Centro Clínico da GNR e na Clínica Faccia, aconselha-nos a

tirar o máximo partido da tradi-cional dieta mediterrânica por-tuguesa, adaptando-a a um estilo de vida isento de glúten. Será possível? Sabia que o custo médico esti-mado para os doentes celíacos na região do Mediterrâneo durante o período que medeia entre o início dos seus sintomas e o diagnóstico é de 4€ mil milhões nos próximos oito anos? Assustador? Faça o despiste aos seus familiares diretos, não dei-xe que eles contribuam para estes números! Se há algo que preocupa aque-les que reagem ao glúten, mes-mo aqueles que são uns verda-deiros mestres na dieta, são as festas e as viagens. É necessária perícia e alguns conhecimentos que aqui descrevemos para circum-navegar em segurança as

EDITORIAL

O ESTADO DA ARTE - O celíaco pode consumir aveia? A aveia não contém glúten e não está relacio-nada com os grãos que o

contêm, mas pode provocar sintomas semelhantes aos induzi-dos pelo glúten no celíaco. Por este motivo, esta é uma questão que suscita muitas dúvidas e alguma polémica. A aveia contém proteínas cha-madas aveninas que contêm alguma homologia estrutural (mesma sequência de aminoáci-dos) com o glúten. Logo têm o potencial de provocar reação imune e sintomas no celíaco. Contudo, segundo o Centro de Estudo da Doença Celíaca da Universidade de Chicago menos de 1% dos celíacos reage des-ta forma à aveia. Atualmente, não existe forma de determinar

qual o celíaco que vai reagir à aveia. O consumo de aveia pelo celía-co deve ser previamente discuti-do com o médico assistente e dietista. De uma forma ou outra, a aveia deve provir de fonte que garanta não contaminação com glúten, pois a contaminação cruzada é uma das principais razões pela qual este cereal foi considerado não seguro no passado. Caso o celíaco deseje introduzir a aveia na sua alimentação aconselha-se que o faça segun-do monotorização clínica por médico e/ou dietista. Os sinto-mas e inflamação da mucosa duodenal devidos à ingestão do glúten, já deverão ter regredi-do antes da introdução da aveia, de forma que, se houver reinflamação, esta só possa ser

atribuída ao glúten. Uma vez que em alguns casos os sintomas devidos ao glúten persistem por um ou mais anos, a introdução segura da aveia pode tardar. A recomendação médica atual nos adultos com doença celíaca ou doenças associadas ao glú-ten é limitar o consumo de aveia em 50 gramas por dia no máximo (o equivalente a cerca de 1/2 chávena de aveia seca) e nas crianças em 25 gramas por dia (o equivalente a cerca de 1/4 de chávena de aveia seca). Deve ainda ser tido em conside-ração que alguma da sintoma-tologia gastrointestinal atribuí-da à aveia pode dever-se ao seu conteúdo em fibras e não a reação autoimune.

(continua na página seguinte)

Agradecimentos:

ANA PIMENTA– Redacção

ANTÓNIO JOÃO PEREIRA –

Revisão clínica

AVELINO GUERREIRO – apoio

técnico e informático

CARLA DAMAS - Nutrição

CLÁUDIA MACEDO – Revisão

ortográfica e tipográfica/ layout

LIPITA SEM GLÚTEN– grãos e

farinhas sem glúten

MADALENA ALVES - Entrevistada

MÓNICA COIMBRA - Receita do

Mês

RAQUEL BENATI - Estado da Arte

EDITORIAL 1

ESTADO DA ARTE 1,2

INFO & DICAS 2

ENTREVISTA 3

NUTRIÇÃO 3,4

RECEITA DO MÊS 4

Neste número:

Julho 2014 Edição 1, Nº 7

G R U P O V I VA S E M G L Ú T E N P O R T U G A L

Newsletter

Contacto: [email protected]

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Resumindo, são ainda limitados os estudos clínicos sobre o consu-mo de aveia no doente celíaco a longo prazo. No entanto, sabe-se que numa minoria de celía-cos aquela leva a reação autoi-mune semelhante à induzida pelo glúten. Para introdução da aveia em segurança no celíaco aconselha-se: 1 – a introdução na dieta do celíaco deve ser monitorizada por médico e dietista; 2- o processo inflamatório da mucosa duodenal e sintomatolo-

gia devidos ao glúten devem ter regredido; 3- a aveia deve ser garantida-mente isenta de glúten.

Texto adaptado de RAQUEL BENA-TI em dieta sem

glúten, celíaca,

professora de Artes, fundadora da ACELBRA-RJ, responsável pela publicação e manutenção do site www.riosemgluten.com e editora

de materiais relacionados com Educação Celíaca.

Tapsas D et all. Swedish children with celiac disease comply well with a gluten-free diet, and most include oats without reporting any adverse effects: a long-term follow-up study. Nutr. Res. Maio 2014; 34 (5):436-41. Tjellstrom B et all. The effects of oats on the function of gut microflora in children with coeliac disease. Aliment Pharmacol Ther. Maio 2014; 39 (10).

O ESTADO DA ARTE- O celíaco pode consumir aveia? (cont.)

Newsletter

Dieta isenta de glúten nas ocasiões festivas e em via-gem

Se há algo que preocupa aque-les que “não se dão bem com o glúten” são as festas, principal-mente na casa

dos outros, e o planeamento das viagens. São necessários alguns conhecimentos para circum-navegar em segurança as águas da sua vida social. Ao planear a ida a uma festa tenha em consideração:

Sempre que possível esteja

presente na altura da confe-ção dos alimentos; ajude a escolher a ementa, os ingre-dientes e marcas seguras;

Deve informar o anfitrião

das suas limitações dietéticas e propor, com simpatia, levar um prato; assim, se não puder comer nada, esse prato é uma segurança;

Da mesma maneira, leve um

lanche de emergência, tal como umas bolachas, barras de cereais, umas tostas, caso se verifique a primeira situa-ção mencionada e o prato de segurança tiver sido con-taminado por outro convida-do;

Caso o evento envolva o

consumo de álcool pode levar a sua cerveja sem glú-ten (SG);

Deve comer antes de sair de

casa. Prepare uma bela e reconfortante refeição e garanta que não sai faminto

de casa. Deste modo, resistirá melhor às tentações off-limits com que se vai deparar;

Mesmo uma refeição SG

pode não ser isenta: aquela pasta de atum SG, com um aspeto tão inocente, pode ter sido contaminada por uma tosta com glúten mergulhada diretamente no seu recipien-te;

Na dúvida, não coma. O

anfitrião pode ter tido todos os cuidados, mas se não faz ele próprio a dieta, é prová-vel que tenha cometido algum erro. Em caso de dúvida e sempre com educação, peça para ver as embalagens ou rótulos dos produtos usados na festa.

A outra alternativa para

manter uma vida social e não pôr em causa a dieta é orga-nizar a festa em sua casa. Não ofereça nenhuma opção com glúten e esteja descansa-do pois não há possibilidade de contaminação. Há suficien-tes receitas deliciosas e sem glúten para satisfazer todos os convidados. Caso estes perguntem o que podem trazer, mencione bebidas, snacks rotulados, saladas sem molhos ou uma salada de frutas para a sobremesa.

Por fim, para um evento feliz, tente concentrar-se na festa e nos amigos, não no que não pode comer.

E em viagem? Como proceder? Fazer uma dieta isenta de glúten em viagem nem

Kaukinen K et all. Long-term consump-tion of oats in adult celiac disease patients. Nutrients. 2013 Nov 6; 5(11). http://www.cureceliacdisease.org/archives/faq/do-oats-contain-gluten Celiac support association http://www.csaceliacs.org/guide_to_oats.jsp

NE: em Portugal, pode-se encon-

trar aveia sem glúten da marca

Bauckhof nas lojas Celeiro ou da

marca Alara na loja online Gluten

Free Living.

sempre é fácil, mas com o pla-neamento correto é algo “a colocar no mapa“ das suas férias.

Existem várias linhas de

cruzeiros que fornecem refeições isentas de glúten. Após escolher uma compa-nhia adequada, informe-se antes da viagem se é permi-tido levar comida para bordo. Se sim, leve snacks isentos de glúten não perecí-veis como biscoitos e bola-chas, salgados, pão e bar-ras energéticas para as emergências. Relembre-os da sua solicitação de dieta especial no momento do check in. Leve uma declara-ção médica em Inglês ou na língua oficial da linha de cruzeiro sobre a sua condi-ção para passar pela segu-rança portuária.

Se viajar de avião, verifique

com a companhia aérea se esta dispõe de refeições isentas de glúten e faça a sua reserva atempadamen-te. Leve consigo alimentos sem glúten para a espera nos aeroportos e opte por produtos que “viajem bem”, i.e., que não se estraguem facilmente. Devido às restri-ções nos aeroportos de pro-dutos autorizados a bordo, se possível, traga uma declaração médica a ates-tar a sua necessidade de uma dieta especial. Não se esqueça de perguntar ao check-in e ao entrar no avião se a sua refeição embarcou.

Pesquise por hotéis que

INFO & DICAS ofereçam pequeno-almoço isento de glúten nas páginas web da associação de celía-cos local. Caso não encontre nenhum, procure um hotel que se situe perto de um supermercado que venda produtos sem glúten. Conhe-cer os supermercados locais e quais os seus produtos é sempre uma boa opção, especialmente quando os restaurantes locais não estão sensibilizados para a intole-rância ao glúten.

Nos restaurantes, caso não

fale a língua, mostre um cartão escrito na língua local em que explica qual a sua restrição alimentar e como o podem ajudar. Vários sites já disponibilizam este mate-rial online, logo imprima os cartões que lhe interessam antes de partir. Um bom recurso é o site Celiac Tra-vel. Para cada país procure a ajuda da associação de celíacos local, bem como a existência de páginas na web com listas de restauran-tes que fornecem refeições isentas de glúten. Procure aplicações na web para colocar no seu telemóvel que forneçam endereços de restaurantes com menus isentos de glúten.

Lembre-se: se não consegue ler um rótulo, na dúvida, não coma. Divirta-se e descanse em segu-rança. Não deixe a dieta ditar a sua vida social. Planeie com antecedência. ANA PIMENTA/CLÁUDIA MACE-

DO

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Edição 1, Nº 7

ENTREVISTA

NUTRIÇÃO

Madalena Luiz Gomes Alves Madalena Alves, mãe de uma menina celíaca com sete anos de idade, conta-nos como costuma planear as suas férias. Como reagiu ao diagnóstico da sua filha? Desde o dia em que recebi a notícia que a minha filha era celíaca que mergulhei num curso intensivo de DC. Pesquisei e li muito. Encontrei também ajuda no facebook através das pági-nas da APC e do Viva Sem Glú-ten Portugal. Foi nestes fóruns que vi que não era o fim da picada, que havia muitas alter-nativas desde que não se bai-xasse a guarda. Há pouco tempo fez uma via-gem em férias aos Estados Unidos. Como a planeou? Quais os maiores desafios que encontrou? Sempre que vou de férias, tenho que dedicar uns dias a pesquisar. No início, ia apenas para sítios que soubesse que estavam preparados para nos receber; agora que estou com mais prática, não me limito, mas preparo muito bem o terri-

tório. Neste caso, sabia que os EUA, nomeadamente a Florida, tem uma rede de restauração muito bem preparada para receber diversas alergias. Estu-dei sítios recomendados por serem muito bons: a Bunnie Cakes que faz cupcakes e os supermercados Wholefoods. Nos hotéis pedia a opção sem glúten para o pequeno-almoço sempre que disponível. Não deixo de levar a comida prefe-rida da Mariana.

Para os parques da Disney li as recomendações do parque e comparei com os comentários em blogs específi-cos. Ao contrário

da Disney de Paris, há bastante mais opções disponíveis e do agrado das crianças (tinham pizzas, cachorros, sandes). Foi uma agradável surpresa, pois em Paris era intragável. O maior desafio foi fora das cidades principais. Aqui o conhecimento da DC não era tão grande, mas como o cliente é rei nesse país, fomos sempre

muito bem tratados. Nestes casos, o importante é não bai-xar a guarda e fazer todas as perguntas que fazemos cá até termos confiança que não vai haver contaminação cruzada. Que conselho dá a quem está a planear férias sem glúten pela primeira vez?

Contactar a associação de

celíacos local, eles têm sem-pre conselhos, listas de res-taurantes (até recomendam com base nas nossas necessi-dades), cuidados a ter, e a tradução do texto que des-creve a DC para a restaura-ção caso não falemos o seu idioma;

Estudar os locais para onde

vão, ver se a restauração está preparada para celía-cos e, se não, fazer uma lista de restaurantes onde podem comer nos percursos que vão fazer;

Se vão para um sítio em que

parte da experiência é culi-nária, ver onde se pode comer a alternativa sem glúten. Em Viena encontrei

schnitzel e bolos típicos, em Itália massas e pizzas, nos EUA panquecas, hambúr-guer, cupcakes;

Levar sempre backup. Eu

levo sempre pão, bolachas, barras de cereais, etc.;

Ver onde há supermercados

com alimentos sem glúten, especialmente em viagens de longa duração;

Ler blogs locais e até fazer

perguntas, eles têm ótimas recomendações. Foi assim que descobri os melhores cupcakes que já comi (mesmo comparando com as versões com glúten);

Verificar se existem aplica-

ções para o telemóvel que ajudem a saber quais os produtos com glúten nos supermercados;

Apesar de sair mais caro,

recomendo que dentro de espaços apertados como carros e aviões, que a famí-lia coma toda sem glúten. Assim todos podem partilhar, não há risco de migalhas e contaminação.

DIETA MEDITERRÂNICA VS. VIVER SEM GLÚTEN- SERÁ POS-SÍVEL ADAPTAR? A Dieta Mediterrânica foi classi-ficada pela UNESCO, a 4 de Dezembro 2013, como Patrimó-nio Imaterial da Humanidade. A particularidade da Dieta Medi-terrânica é tratar-se não só de um estilo alimentar, mas também de um modo de vida saudável, visto que tem uma componente de atividade física.

Existem, pelo menos, 16 p a í s e s b a n h a d o s pelo mar

Mediterrâneo, sendo que os hábitos alimentares variam entre eles de acordo com a cultura, origem étnica e religião. No entanto, há características ali-mentares comuns: a base das refeições das populações da bacia do Mediterrâneo caracte-riza-se por um elevado consumo de hortaliças, legumes, saladas, leguminosas secas e frescas,

fruta fresca e frutos secos; cereais pouco ref inados (especialmente o pão de trigo, centeio ou mistura); consumo moderado de peixe, aves e ovos e a carne vermelha (porco e vaca) apenas em dias festivos; o azeite é a principal gordura a ser utilizada quer para cozinhar quer para temperar; o vinho, principalmente o tinto, em pequena quantidade acompa-nhando as refeições principais, e queijo, leite e derivados em pequenas quantidades.

O modo de confe-ção das refeições continua a ser à base do estufado simples (alho, cebo-la, tomate, azeite,

água e ervas aromáticas) fican-do a refeição muito saborosa e apaladada. A prática diária de exercício físico como, por exem-plo, caminhar, está incluída neste estilo de vida. Qual é o sucesso deste tipo de alimentação? Possivelmente a

Dieta Mediterrânica é um dos modelos alimentares mais sau-dáveis do mundo. Os pontos fortes deste estilo alimentar têm a ver com os nutrientes destes alimentos. Assim, as frutas, hor-taliças e legumes são ricos em antioxidantes (protetores contra os radicais livres, ou seja, contra o envelhecimento celular preco-ce), vitaminas, minerais e fibra. O azeite rico em ácidos gordos monoinsaturados (importante na prevenção das doenças cardio-vasculares), vitaminas e betaca-rotenos. O peixe rico em proteí-nas de alto valor biológico, minerais, cálcio fósforo. Por fim, os cereais ricos em hidratos de carbono e fibra são os grandes fornecedores de energia. Como adaptar a dieta mediter-rânica à necessidade de restri-ção de glúten? Muito simples: o trigo, centeio, cevada e aveia são os únicos alimentos da dieta Mediterrânica, que as pessoas alérgicas, celíacas ou sensíveis ao glúten não podem consumir, pelo que estes devem ser substi-

tuídos. Farinhas e grãos de milho, arroz, grão-de-bico, soja, quinoa, trigo-sarraceno, ama-ranto, milho painço; farinhas de alfarroba, coco, amêndoa, cas-tanha, batata e tremoço são ótimas para manter o padrão alimentar equilibrado e saudá-vel, disfrutando em pleno dos benefícios de uma dieta medi-terrânica isenta de glúten.

A moderniza-ção da socie-dade levou a a l g u m a s m u d a n ç a s sociológicas,

nomeadamente menos disponibi-lidade para cozinhar, sedenta-rismo e globalização da alimen-tação. Contudo, é possível apli-car, sem dúvida, os conhecimen-tos de uma alimentação e estilos de vida saudáveis, como os da dieta mediterrânica, às restri-ções impostas pela doença celíaca, alergia e sensibilidade ao glúten.

CARLA DAMAS

Page 4: Newsletter Grupo Viva sem glúten Portugal  ed 1 nr 7 jul 2014

4

Apesar de ser considerado um cereal, não contem glúten, sendo assim mais uma excelente alter-nativa à alimentação celíaca! A sua versatilidade, o sabor agra-dável e a textura suave fazem com que seja facilmente usada, tanto em pratos doces ou salga-dos. Apresenta-se em forma de fari-nha ou em pequenos grãos arre-dondados de várias cores, desde o branco, vermelho e preto, o que torna as nossas receitas mais coloridas. Experimentem combinar a farinha de quinoa, em menores quantida-des, com outras sem glúten, ou

GRÃOS E FARINHAS SEM GLÚ-TEN Já conhecem quinoa?

Este grão de nome invul-gar, e ainda pouco conhe-cido, é consi-derado por muitos como

um “super alimento” devido à sua riqueza nutricional e protei-ca. Originário da América do Sul, este pequeno grão arredondado é cultivado há mais de cinco mil anos nos Andes Bolivianos, sendo um dos grãos mais importantes na base da alimentação deste povo.

substituir na receita original pela mesma quantidade e vão ter na vossa mesa ótimos biscoitos, bola-chinhas, bolos, pão ou até umas “super” barrinhas de quinoa com chocolate. A quinoa em grão pode ser inse-rida em sopas, saladas, refoga-dos, misturada num bom iogurte ao pequeno-almoço ou simples-mente cozida, servindo de acom-panhamento aos pratos princi-pais. Coze em 15-20 minutos, tal como o arroz, com o dobro da água. Antes de ser confecionada, deve-se lavar muito bem, de modo a remover a sua resina natural, de sabor amargo e forte. Mais um truque? Se quiserem que os vossos pratos fiquem mais

NUTRIÇÃO (cont.)

VIVA SEM GLÚTEN PORTUGAL

RECEITA DO MÊS

Molho de tomate Ingredientes: 1 cebola 1 dente alho 1 tira de pimento vermelho 2 a 3 tomates picados Azeite q.b. 1 folha de louro, 1 pitada de tomilho 1 pitada de sal Preparação do molho (enquanto a massa levada): Deixe cozer durante cerca de 10 a12 minutos em lume médio (ou na Bimby 12min, 100ºC, vel 1, colher inversa). Retire a folha de louro e triture. Montagem: Retirar a massa de pizza do for-

no e espalhe uma camada fina do molho de tomate por cima; depois é só rechear a gosto. Eu usei: Cogumelos frescos fatiados, fatias de chourição de frango sem glúten, ananás em lata, queijo ralado em lactose, óre-gãos secos. Leve ao forno mais 10 a 15 minutos (até o queijo gratinar). Retire do forno e espalhe rúcula por cima e um fio de azeite (opcional). Bebida de ananás com hortelã (feito com o resto do ananás que sobrou da preparação da piz-za): Coloque o ananás e 10 folhas de hortelã pimenta na Bimby e triture durante 2 minutos veloci-dade 7-9. Acrescente o resto do

Newsletter

PIZZA DE OLHÃO E REFRESCO

DE HORTELÃ PIMENTA

Massa de pizza (rende 2 bases): Ingredientes da massa: 500 ml água 1 colher de sopa de iogurte natu-ral 5 gramas de fermento seco Quick Yeast Doves Farm 250 gramas de farinha panificá-vel Mix B Schar 250 gramas de farinha panificá-vel Doves Farm White Bread 1 colher de chá de psílio Finax 9 gramas de sal Preparação da massa: Junte a água, o iogurte e o fer-mento seco. Programe a Bimby para dois minutos, 37ºC e veloci-dade 2. Junte os ingredientes secos e amasse durante cinco minutos (programa espiga). Deixar leve-dar em ambiente ameno durante cerca de uma hora. Divida a massa em duas partes e estenda em superfície polvilhada com farinha (usei de arroz). Estenda com a ajuda de um rolo. Para facilitar, pode estender-se entre 2 folhas de papel vegetal ou saco de plástico. Leve ao forno a 180ºC, durante 15 a 20 minutos ou até ficar estaladiça por fora.

saborosos, experimentem torrar os grãos, numa frigideira, antes de os cozinhar… A quinoa quando comparada com o arroz, ou cereais com glú-ten, como o trigo ou a cevada, apresenta-se mais rica em mine-rais, tais como o magnésio, potás-sio, fosforo, cálcio e ferro. É o único cereal composto por todos os aminoácidos necessários a uma vida saudável. O seu alto teor em fibras favorece o bom funcio-namento do intestino, além de nos dar uma sensação de saciedade. Bons cozinhados com sinal verde na DIG!

LIPITA SEM GLÚTEN

sumo do ananás e cubos de gelo. Misture. Pode acrescentar água fria se achar muito espesso ou até mesmo água com gás. Colo-que em jarro e sirva a acompa-nhar a pizza. Bom apetite!

MÓNICA COIMBRA

SABIA QUE? Sabia que de 2011 a 2021, o número estimado de habitantes no Mediterrâneo é de 500 milhões, dos quais 120 milhões serão crianças? O número estimado de diagnósticos de doen-ça celíaca na mesma área em 2020 é de 5 milhões (1 milhão de crianças), com um aumento de 11% comparado com 2010. Com base na taxa de 2010, haverá 550 000 adultos sinto-máticos e 240 000 crianças doentes: 85% dos celíacos sintomáticos sofrerão de sintomas gastrintestinais, 40% terão anemia e 30% osteopenia, 20% das crianças terão baixa esta-tura e 10% terão alterações das enzimas hepáticas. O custo médico estimado para os doen-tes celíacos durante o período que medeia o início dos seus sintomas e o diagnóstico (media de seis anos nos adultos e dois nas crianças), é de 4€ mil milhões (387€ nas crianças) nos próximos oito anos. O atraso no diagnóstico aumenta a taxa de mortalidade associada. Faça o despiste aos seus familiares diretos, não deixe que eles contribuam para estes núme-ros! Greco L e t al. t al. burden of Celiac disease in the Mediterranean area World J Gastroenterol 2011 Dec 7; 17(45): 4971-4978.