36
Scaffolds bioarreabsorvíveis e a evolução dos dispositivos na intervenção coronária percutânea Mário Barbosa Guedes Nunes R4 Cardiologia intervencionista Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia São Paulo Brasil 05 DE MARÇO DE 2015

Suporte Vascular Bioabsorvível

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Suporte Vascular Bioabsorvível

Scaffolds bioarreabsorvíveise a evolução dos

dispositivos na intervenção coronária percutânea

Mário Barbosa GuedesNunes

R4 Cardiologia intervencionista

Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia

São Paulo – Brasil05 DE MARÇO DE 2015

Page 2: Suporte Vascular Bioabsorvível

Angioplastia com Balão

Stents Convencionais

Stents Farmacológicos1ª Geração

Stents Farmacológicos2ª Geração

Scaffolds biorreabsorvíveis

1977

198619871988

1994

2001

2003

2006

2009

2013

Recolhimento agudo e crônico

Proliferação neointimal

Trombose de stent

Proliferação neointimalTrombose de stent

NeoateroscleroseFratura de stentEndotelização incompleta

Complicações hemorrágicas

DAPT 12 meses

DAPT 30 dias

Proliferação neointimal

BraquiterapiaDrogas Sistêmicas

Page 3: Suporte Vascular Bioabsorvível

• Os DES metálicos de 2ª geração tem ótimos

resultados a curto e longo prazo na maioria dos

pacientes com DAC

• Perspectiva limitada de avanços substanciais na

tecnologia de mecanismos de eluição da droga e de

melhora da biocompatibilidade do polímero

E depois dos stents farmacológicos maismodernos, o que mais ainda precisamos?

Page 4: Suporte Vascular Bioabsorvível

Precisamos de um dispositivo ideal!

Resgate do conceito perdido na história: A presença a longo

prazo do arcabouço metálico na coronária não corrobora com o

remodelamento positivo

• Performance aguda tão boa quanto os BMS ou DES de ponta

• Competitivo com os DES de 2ª geração em relação a desfechos

clínicos e de segurança

• Não inflamatório e não trombogênico

• Que permita a restauração da função vascular normal

Page 5: Suporte Vascular Bioabsorvível

Remete a duas necessidades originais dos stents:

1. Tratar dissecção e recolhimento elástico agudo, reduzindo

hiperplasia neointimal

E2. Restaurar TODOS os aspectos da fisiologia vascular

normal, incluindo a potencial redução da aterosclerose,

remodelamento adaptativo, vasomotricidade normal e

propriedades antitrombóticas

Resgate de um conceito não tão recente:TERAPIA DE RESTAURAÇÃO VASCULAR

Page 6: Suporte Vascular Bioabsorvível

Qual a necessidade real e potenciaisvantagens dos BRS?

Balão BMS DES BRS/BVS

Oclusão vascular aguda - + + +

Recolhimento agudo - + + +

Trombose aguda/subaguda - - - -

Trombose tardia + - - +

Trombose muito tardia + 0 0 +(?)

Hiperplasia Neointimal - - + +

Remodelamento negativo crônico - + + +

Remodelamento positivo crônico + - - +

Restauração da função vascular + - - +

Aumento tardio da luz vascular + - + +

Iqbal et al. Eur Heart J. 2014; 35(12) 765-76. In: Abizaid A, Costa Jr, JR. Suportes VascularesBioreabsorvíveis: do conceito à aplicação clínica. 2014; 1 ed. Rio de Janeiro

Page 7: Suporte Vascular Bioabsorvível

• Possível redução de trombose de tardia e muito tardia

• O risco de trombose de stent nunca desaparece completamente

• Facilita uma futura nova revascularização percutânea ou cirúrgica

• Diminui risco de fratura de stent

• Prevenção de má aposição de hastes, permitindo remodelamento positivo

• Resolução do enjaulamento do ramo lateral em bifurcações

• Bifurcações: Segurança a longo prazo em técnicas de 2 stents

• Lesões aorto-ostiais

• Restauração da função endotelial

• Potencial de utilização na intervenção cardiopediátrica

• Aplicabilidade de angiotomografia ou angiorresonância no seguimento evolutivo

Qual a necessidade real e potenciaisvantagens dos BRS?

Page 8: Suporte Vascular Bioabsorvível

O que é a Duração Mínima do

Suporte Radial?

Serruys et al., Circulation 1988; 77: 361

O lumen parece se estabilizar em aproximadamente 3 meses após ICP

p < 0.00001

p < 0.00001

Estudo com QCA em 342 pacientes consecutivos após 1, 2, 3 e 4 meses

Page 9: Suporte Vascular Bioabsorvível

O que é a Duração Mínima do

Suporte Radial?

Asakura et al. Circulation 1998; 97(20): 2003-6

O lumen e hiperplasia se estabilizam em aproximadamente 3 meses após ICP

Seguimento angiográfico e angioscópico em 12 pacientes de ICP com BMS

p < 0.05

Page 10: Suporte Vascular Bioabsorvível

0 a 3 meses

Performance deve ser similar a de um DES

padrão

• Bom sistema de entrega

•Mínimo recolhimento agudo

• Boa força radial aguda

• Entrega controlada da droga ao tecido abluminal

3 a ≈ 6-9 meses

Transição do suporte para estrutura descontínua

•Gradualmente, vai perdendo força radial

•Hastes incorporadas à parede do vaso

• Implante se torna estruturalmente descontínuo

• Vaso recupera a resposta a estímulos fisiológicos

≈ 9 meses

Implante descontínuo e inerte

• Reabsorve por mecanismo benigno, inócuo

Revascularização Restauração Absorção

TERAPIA DE RESTAURAÇÃO VASCULAR

Page 11: Suporte Vascular Bioabsorvível

• Biodegradação: Processo in vivo, mediado por ação

celular, resultando em produtos finais menos

complexos, que possam ser medidos, ou seja, não

são eliminados

• Biorreabsorção: Processo in vivo, não

necessariamente mediado por ação celular,

resultando em produtos finais menos complexos, que

são completamente eliminados do organismo

Nossa língua portuguesa?

Page 12: Suporte Vascular Bioabsorvível

1 3 6 24 meses

Perda total da massa

e reabsorção

Deposição de plaquetas

Recrutamento de Leucócitos

Proliferação e migração de CML

Depósito de matriz

Re-endotelização

Função vascular

Forrester JS, et al., J. Am. Coll. Cardiol. 1991; 17: 758.

Liberação da droga

Perda de massa

Suporte

Oberhauser JP, et al., EuroIntervention Suppl. 2009; 5: F15-F22.

Bases fisiológicas da revascularização com BRS/BVS

Page 13: Suporte Vascular Bioabsorvível

Início da tecnologia dos Scaffolds Biorreabsorvíveis

Onuma et al. Circulation. 2011;123:779-797

Nishio et al. Circulation. 2012; 125:2343-52

Page 14: Suporte Vascular Bioabsorvível

Ácido Lático(C3H6O3)

CO2

H2O

Ácido-Polilático- Poli-L-LA (PLLA)- Poli-D,L-LA (PDLLA)

- etc

Ácido Polilático (PLLA)*Polímero: macromolécula composta de unidades estruturaisrepedidas

L-LA

D-LA

Meso L,D-LA

Racêmica, D,L-LA

Page 15: Suporte Vascular Bioabsorvível

Programas clínicos de Scaffold Bioabsorvível

Page 16: Suporte Vascular Bioabsorvível

Pós-ICP 6 meses 24 meses

n = 25 n = 25 n = 18

ALM

6.04 mm2 5.19 mm2 5.46 mm2

ABSORBCoorte AAnálise não

pareada*

Área do

Scaffold

11.8%

Área do

Scaffold

10.85%

Perda Tardia = 0.43 mm

*Serruys, PW., TCT 2008

ABSORB Coorte A: Alterações Temporais no Diâmetro Luminal

• Perda luminal melhor que dos BMS, porém inferior a de bons DES

• IVUS: Contribuição mais importante de recolhimento crônico do scaffold

do que de hiperplasia neotintimal

• Seguimento de 2 anos: aumento tardio da luz arterial recuperação do

poder de remodelamento vascular e evidência de reabsorção

Page 17: Suporte Vascular Bioabsorvível

ABSORB Coorte A: Outras descobertas e ensinamentos

Seguimento de 2 anos: Redução de 12,7% na carga de placa do

segmento tratado, sem alteração da MEE

Page 18: Suporte Vascular Bioabsorvível

ABSORB Coorte A: Outras descobertas e ensinamentos

Seguimento angiográfico de 2 anos: Provas de vasoreatividade retorno da

propriedade de contrair e dilatar o segmento tratado com o BVS, ainda visível

na imagem intracoronária

Serruys, PW, et al. Lancet 2009

Page 19: Suporte Vascular Bioabsorvível

ABSORB Coorte A: Outras descobertas e ensinamentos

Onuma et al. Lancet. 2013

Seguimento de 5 anos: Manutenção da patência luminal (Área

de 3.25 mm2), na ausência de isquemia (FFR médio 0.86)

Page 20: Suporte Vascular Bioabsorvível

6 meses 12 meses 24 meses 60 meses

MACE dirigidos porisquemia**

1 (3.3%) 1 (3.4%) 1 (3.4%) 1 (3.4%)

Mortalidade cardiovascular 0 (0.0%) 0 (0.0%) 0 (0.0%) 0 (0.0%)

Infarto 1 (3.3%) 1 (3.4%) 1 (3.4%) 1 (3.4%)

Infarto Q 0 (0.0%) 0 (0.0%) 0 (0.0%) 0 (0.0%)

Infarto Não-Q 1 (3.3%) 1 (3.4%) 1 (3.4%) 1 (3.4%)

RLA dirigida por isquemia 0 (0.0%) 0 (0.0%) 0 (0.0%) 0 (0.0%)

ICP 0 (0.0%) 0 (0.0%) 0 (0.0%) 0 (0.%)

Cirurgia 0 (0.0%) 0 (0.0%) 0 (0.0%) 0 (0.%)

30 pacientes, 29 a partir do 12º mês* ECAM – Desfecho composto de morte cardiovascular, IAM e RLA (cirúrgica ou percutânea) dirirgida por isquemia

Serruys, PW, TCT, 2011

NENHUM CASO DE TROMBOSE DE STENT

ABSORB Coorte A: Resultados clínicos de 5 anos

Page 21: Suporte Vascular Bioabsorvível

ABSORB Coorte B

Coorte A: BVS 1.0

Coorte B: BVS 1.1

Distribuição mais uniforme das

hastes

Maior força radial

Armazenamento em temperatura

ambiente

Melhora na retenção do dispositivo

O que não mudou:

• Material, cobertura e a estrutura

longitudinal

• Espessura das hastes

• Perfil de liberação de droga

• Tempo total de degradação

Page 22: Suporte Vascular Bioabsorvível

Pós-ICP 6 meses 24 meses

n = 25 n = 25 n = 18

ALM

6.53 mm26.36 mm2 6.85 mm2

ABSORBCoorte B

Análise de série**

n = 33 n = 33n = 33

Área do

Scaffold

1.7%

Área do

Scaffold

7.7%

ALM

6.04 mm2 5.19 mm2 5.46 mm2

ABSORBCoorte AAnálise não

pareada*

Área do

Scaffold

11.8%

Área do

Scaffold

10.85%

Perda Tardia = 0.43 mm

*Serruys, PW., TCT 2008

**Serruys, PW., TCT 2011

ABSORB Coorte A Versus Coorte B:Alterações Temporais no Diâmetro Luminal

Perda Tardia = 0.19 mm

Page 23: Suporte Vascular Bioabsorvível

30 dias 6meses 9 meses 12 meses

MACE dirigidos porisquemia**

2 (2.0%) 5 (5.0%) 5 (5.0%) 7 (6.9%)

Mortalidade cardiovascular 0 (0.0%) 0 (0.0%) 0 (0.0%) 0 (0.0%)

Infarto 2 (2.0%) 3 (3.0%) 3 (3.0%) 3 (3.0%)

Infarto Q 0 (0.0%) 0 (0.0%) 0 (0.0%) 0 (0.0%)

Infarto Não-Q 2 (2.0%) 3 (3.0%) 3 (3.0%) 3 (3.0%)

RLA dirigida por isquemia 0 (0.0%) 2 (2.0%) 2 (2.0%) 4 (4.0%)

ICP 0 (0.0%) 2 (2.0%) 2 (2.0%) 4 (4.0%)

Cirurgia 0 (0.0%) 0 (0.0%) 0 (0.0%) 0 (0.%)

30 pacientes, 29 a partir do 12º mês* ECAM – Desfecho composto de morte cardiovascular, IAM e RLA (cirúrgica ou percutânea) dirirgida por isquemia

Serruys, PW, TCT, 2011

NENHUM CASO DE TROMBOSE DE STENT

ABSORB Coorte B: Resultados clínicos de 5 anos

Page 24: Suporte Vascular Bioabsorvível

ABSORB Corte B: Perda tardia similar ao XIENCE V em 2 anos

Curvas de perda tardia cumulativa do ABSORB Coorte B

Serruys, et al. TCT 2011

Page 25: Suporte Vascular Bioabsorvível

ABSORB Corte B: Incidência de MACE similar ao XIENCE V em 2 anos

6.9%

7.5%

0.6%

393-day HR0.93 [0.38,2.24]

p=0.8678

BVS(B1+B2)XV(SPI+SPII+SPIII RCT)

MA

CE

(C

-De

ath

, M

I, I

D-T

LR

)

0.0%

5.0%

10.0%

15.0%

20.0%

25.0%

Time Post Index Procedure (Months)

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

6.9%

7.5%

0.6%

393-day HR0.93 [0.38,2.24]

p=0.8678

BVS(B1+B2)XV(SPI+SPII+SPIII RCT)

MA

CE

(C

-De

ath

, M

I, I

D-T

LR

)

0.0%

5.0%

10.0%

15.0%

20.0%

25.0%

Time Post Index Procedure (Months)

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

XV Includes only patients with single 3.0 x 18mm stent

BVS Includes all patients

Page 26: Suporte Vascular Bioabsorvível

ABSORB EXTEND

• Registro multicêntrico, não randomizado

• Pouco mais de 800 pacientes

• Desenhado para avaliar Desfechos Clínicos adversos em 1 e 5 anos de

seguimento

• BVS em mais de uma artéria e Overlapping

Abizaid et al. Eurointervention. 2014. Ahead of print

Page 27: Suporte Vascular Bioabsorvível

ABSORB EXTEND

Abizaid et al. Eurointervention. 2014. Ahead of print

TROMBOSE DE STENT:4 casos (0.8%):

- 2 agudos- 2 subagudos

Page 28: Suporte Vascular Bioabsorvível

A realidade dos Scaffoldsbioarrebsorvíveis no Brasil

• Primeiro implante no

país em 2011, no

IDPC

• ABSORB liberado

para uso comercial

pela ANVISA em

novembro de 2014

Page 29: Suporte Vascular Bioabsorvível
Page 30: Suporte Vascular Bioabsorvível

• LLL = DLM ÍNDICE - DLM SEGUIMENTO (6º-9º mês)

• Mauri et al, 2005: LLL desfecho importante na avaliação de

novos stents coronários, nos quais haja perspectiva de baixa

incidência de reestenose binária

• Marcador substituto (surrogate) de eventos, com acurácia

limitada em predizer reestenose binária e TLR de diferentes

dispositivos nos diferentes subgrupos de pacientes

• Relação não linear com TLR e MACE

LATE LUMINAL LOSS: Definição e utilidade clínica

Page 31: Suporte Vascular Bioabsorvível

LATE LUMINAL LOSS: Definição e utilidade clínica

Page 32: Suporte Vascular Bioabsorvível

Primeira comparação randomizada, de mundo real, comparando DES de ponta e BVS

Page 33: Suporte Vascular Bioabsorvível

Primeira comparação randomizada, de mundo real, comparando DES de ponta e BVS

Abizaid et al. JACC. 2015;65(8):802-4

Page 34: Suporte Vascular Bioabsorvível

• Novos trials em cenários de anatomia mais

complexa

• Dispositivos com tecnologia progressivamente

mais avançada

Perspectivas futuras relacionadas aos BRS

Page 35: Suporte Vascular Bioabsorvível

MENSAGEM FINAL

• Os scaffolds biorreabsorvíveis já são uma realidade

• A absorção e a integração do scaffold à parede do vaso

é um fenômeno real

• Sem preocupação em relação ao recolhimento agudo e

tardio

• A hiperplasia neointimal é inibida pela droga, assim

como nos DES

• O fenômeno da biorreabsorção permite que o vaso –

não o stent – determine o diâmetro luminal ótimo

Page 36: Suporte Vascular Bioabsorvível

Eles tratarão lesões

cada vez mais

complexas com os

dispositivos

absorvíveis mais

modernos. Será o

fim dos DES?!?!

Sabe

de

nada…

inocent

e

E o custo

desses

dispositivos?

Estará

escalonado para

a gama de

benefícios

clínicos

adicionais?