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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE RONDÔNIA Porto Velho - Fórum Cível Av Lauro Sodré, 1728, São João Bosco, 76.803-686 e-mail: Fl.______ _________________________ Cad. Documento assinado digitalmente em 30/11/2015 12:33:48 conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001. Signatário: EDENIR SEBASTIAO ALBUQUERQUE DA ROSA:1011227 PVH2FAZPU-22 - Número Verificador: 1001.2015.0034.5971.844064 - Validar em www.tjro.jus.br/adoc Pág. 1 de 30 CONCLUSÃO Aos 09 dias do mês de Novembro de 2015, faço estes autos conclusos ao Juiz de Direito Edenir Sebastião Albuquerque da Rosa. Eu, _________ Silvia Assunção Ormonde - Escrivã(o) Judicial, escrevi conclusos. Vara: 2ª Vara da Fazenda Pública Processo: 0003414-92.2015.8.22.0001 Classe: Mandado de Segurança Impetrante: Ivo Narciso Cassol Impetrado: Secretário Chefe da Casa Militar do Estado de Rondônia SENTENÇA SENTENÇA Trata-se de MANDADO DE SEGURANÇA impetrado por IVO NARCISO CASSOL contra suposto ato coator do CHEFE DA CASA MILITAR do Governo do Estado de Rondônia. Afirma que foi Governador do Estado de Rondônia nos períodos de 2003/2006 e 2007/2010, quando renunciou ao cargo para concorrer a uma das vagas para Senador, sendo eleito e empossado em 2011. Menciona que durante seu mandato de Governador, elaborou projeto de Lei Ordinária, sendo aprovado com o número 2.255/10, que garantiu a todos os ex-Governadores do Estado de Rondônia, após sua saída do mandato, segurança pessoal e de seus familiares, pelo mesmo período de exercício do cargo. Informa que desde a renúncia ao cargo de Governador, vem se utilizando da segurança que lhe fora garantida e aos seus familiares, contudo para sua surpresa, em 09 de fevereiro de 2015, recebeu o Ofício nº 056/GAB/CM-2015, do Secretário-Chefe da Casa Militar, sendo informado da revogação da Lei Ordinária n. 2.255/10 pela da Lei Ordinária n. 3508/15, ficando extinto o serviço de segurança pessoal.

Juiz diverge de posicionamento do Tribunal de Justiça sobre segurança particular de Cassol

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PVH2FAZPU-22 - Número Verificador: 1001.2015.0034.5971.844064 - Validar em www.tjro.jus.br/adocPág. 1 de 30

CONCLUSÃOAos 09 dias do mês de Novembro de 2015, faço estes autos conclusos ao Juiz de Direito Edenir Sebastião Albuquerque da Rosa. Eu, _________ Silvia Assunção Ormonde - Escrivã(o) Judicial, escrevi conclusos.

Vara: 2ª Vara da Fazenda PúblicaProcesso: 0003414-92.2015.8.22.0001Classe: Mandado de SegurançaImpetrante: Ivo Narciso CassolImpetrado: Secretário Chefe da Casa Militar do Estado de Rondônia

SENTENÇA

SENTENÇA

Trata-se de MANDADO DE SEGURANÇA impetrado por IVO

NARCISO CASSOL contra suposto ato coator do CHEFE DA CASA MILITAR do

Governo do Estado de Rondônia.

Afirma que foi Governador do Estado de Rondônia nos períodos de

2003/2006 e 2007/2010, quando renunciou ao cargo para concorrer a uma das

vagas para Senador, sendo eleito e empossado em 2011.

Menciona que durante seu mandato de Governador, elaborou projeto

de Lei Ordinária, sendo aprovado com o número 2.255/10, que garantiu a todos os

ex-Governadores do Estado de Rondônia, após sua saída do mandato, segurança

pessoal e de seus familiares, pelo mesmo período de exercício do cargo.

Informa que desde a renúncia ao cargo de Governador, vem se

utilizando da segurança que lhe fora garantida e aos seus familiares, contudo para

sua surpresa, em 09 de fevereiro de 2015, recebeu o Ofício nº 056/GAB/CM-2015,

do Secretário-Chefe da Casa Militar, sendo informado da revogação da Lei Ordinária

n. 2.255/10 pela da Lei Ordinária n. 3508/15, ficando extinto o serviço de segurança

pessoal.

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Alega a existência do direito líquido e certo de ter restabelecido o

serviço de segurança, pois tem direito adquirido, requerendo seja concedida liminar

no sentido da manutenção do serviço de segurança.

A inicial veio acompanhada de documentos (fls. 14/24).

Em decisão foi indeferido o pedido liminar (fls. 32/35).

Interposto agravo de instrumento (fls. 38/41).

Estado de Rondônia ingressa no feito (fls. 58/63).

Em sede de recurso foi deferida liminar com o fim de restabelecer o

serviço de segurança (fls. 64/69).

Estado de Rondônia informa cumprimento da decisão (fl. 78).

Impetrante informa cumprimento parcial da decisão (fls. 82/83).

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE RONDÔNIA apresenta

parecer (fls. 134/140), onde discorre a respeito da matéria para afirmar inexistente

direito adquirido e, consequentemente, denegação da ordem.

É O RELATÓRIO. DECIDO.

Cuida-se de ação mandamental impetrada por IVO NARCISO

CASSOL contra ato do CHEFE DA CASA MILITAR, que determinou o cancelamento

da medida administrativa que coloca à disposição militares para fazerem segurança

pessoal do ex-Governador e de seus familiares.

O mandado de segurança, como remédio constitucional, destina-se a

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proteger direito líquido e certo, não amparável por habeas corpus ou habeas data

contra ato (ou omissão) marcado de ilegalidade ou abuso de poder, de autoridade

pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público

(art. 5º, LXIV da Constituição Federal).

Mérito.

DO DIREITO INVOCADO PELO IMPETRANTE. LEI CONCESSIVA. LEI REVOGADORA.

Anota-se que o ponto em discussão cinge-se em Lei Ordinária

Estadual n. 2.225 de 03 de março de 2010, que dispõe sobre a segurança de ex-

Governadores do Estado e estabelece:

Art. 1º. Fica assegurado aos ex-Governadores do Estado e seus

familiares, o direito a segurança pessoal por igual período do exercício

do cargo de Governador, imediatamente após o término do seu

respectivo mandato.

Art. 2º. As despesas de que trata es Lei correrão a conta de dotações

orçamentárias próprias da Coordenadoria Geral de Apoio à

Governadoria CGAG.

Art. 3º. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Enquanto a Lei Ordinária Estadual n. 3.508 de 03 de fevereiro de

2015, acabou por revogar referida norma legal, conforme consta de seu conteúdo:

Art. 1º. Fica revogada a Lei n. 2.255 de 03 de março de 2010, que

"Dispõe sobre a segurança do ex-Governador do Estado".

Art. 2º. Esta Lei entra e vigor na data de sua publicação. Palácio do

Governo do Estado de Rondônia, 3 de fevereiro de 2015.

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Com efeito, o Impetrante pretende seja mantida legislação de sua

própria autoria, posteriormente revogada, como acima claramente demonstrado.

É se pontuar que em sede de recurso de agravo neste feito, o e. TJRO

acabou por decidir o próprio mérito do mandamus, a saber:

Agravo de instrumento. Mandado de segurança. Antecipação de tutela.

Ex chefe do executivo. Direito à segurança. Lei revogada. Direito

adquirido. Ação popular. Recurso com efeito suspensivo. Ausência de

produção de efeitos. Recurso provido.

A revogação pura e simples da lei estadual que garante aos chefes do

executivo o direito de ter prestado, às expensas do Estado, serviço de

segurança para si e seus familiares, posteriormente ao mandato, pelo

mesmo período de tempo deste, não pode violar o direito adquirido.

Ainda que a norma tenha sido objeto de ação popular em que foi

reconhecida sua lesividade ao patrimônio público, o fato de ter havido

recurso com efeito suspensivo impede a produção de seus efeitos.

Recurso a que se dá provimento. ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos

estes autos, acordam os desembargadores da 2ª Câmara Especial do Tribunal de

Justiça do Estado de Rondônia, na conformidade da ata de julgamentos e das notas

taquigráficas, em, POR UNANIMIDADE, DAR PROVIMENTO AO RECURSO. Os

desembargadores Roosevelt Queiroz Costa e Gilberto Barbosa acompanharam o

voto do relator. Porto Velho, 13 de outubro de 2015. DESEMBARGADOR WALTER

WALTENBERG SILVA JUNIOR. RELATOR.

DO DIREITO ADQUIRIDO. PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL.

A Constituição Federal assenta como valores e regras essenciais à

estabilidade social e institucional a garantia de direitos individuais de alta

sensibilidade à própria existência da organização e estrutura da sociedade, no rol

dos Direitos e Garantias Fundamentais.

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Pontes de Miranda assentou:

"A Afirmação e o reconhecimento da dignidade humana, o que se operou por

lentas e dolorosas conquistas na história da humanidade, foi o resultado de

avanços, ora esporádicos, nas três dimensões: democracia, liberdade,

igualdade. Erraria quem pensasse que se chegou perto da completa

realização. A evolução apenas se iniciou para alguns povos; e aqueles

mesmo que alcançaram, até hoje, os mais altos graus ainda se acham a

meio caminho. A essa caminhada corresponde a aparição de direitos,

essenciais à personalidade ou à sua expansão plena, ou à sua subjetivação e

precisão de direitos já existentes" (Comentários à Constituição Federal de

1967, com a Emenda nº 1 de 1969, Tomo IV, fls. 618).

Anota-se então:

Destarte, o Direito não pode molestar (alterar) o passado das pessoas, pode

apenas prover para o presente e futuro delas, jamais violando o que já se

constituiu sob o amparo da ordem jurídica, pois "como a segurança jurídica e

a justiça dão o sentido teleológico do Direito, jamais poderá ter sobrevivência

um princípio (retroatividade geral) que ameace permanentemente causar um

desmantelamento na vida social" (SILVA, 2000, p. 106).

http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=5359

A Constituição de 1988, na mesma esteira das Constituições de

19341, 19462 e 19673, consagrou a proteção ao direito adquirido, ao ato jurídico

perfeito e à coisa julgada (art. 5º XXXVI):

XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa

julgada;

Tem-se conceito legal ao instituto (Decreto-Lei nº 4.657, de 04 de

setembro de 1942):

Art. 6º, § 2º - Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém

por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo,

ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.

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Verifica-se que o instituto "direito adquirido" tem por cerne a pretensão

de fixação da intangibilidade de determinadas relações ou situações jurídicas por

efeito de normas supervenientes àquelas sob as quais se constituíram essas

relações.

DIREITO ADQUIRIDO E LEI NO TEMPO IRRETROATIVIDADE X EFICÁCIA IMEDIATA

DA LEI SUPERVENIENTE.

No exame ao conteúdo finalístico do direito adquirido, verifica-se a

relevância da discussão sobre efeitos de retroatividade ou de irretroatividade de

normas supervenientes para afetar as relações constituídas sob a regra anterior,

destacando o elemento temporal ou intertemporal, ou seja, o exame da lei no

tempo.

Teoriza-se existirem: a) retroatividade máxima se o evento fato

jurídico já ocorreu, está completamente consumado e a norma pretende

reestabelecer as partes à situação anterior e retomar inteiramente os efeitos dos

fatos pretéritos; b) retroatividade média se o ato contém efeitos pendentes,

ocorridos ainda sob vigência da norma anterior, mas ainda não consumados; c)

retroatividade mínima existem efeitos futuros, se realizam, assim, já sob vigência

da nova norma. Confirma-se com Dirley Cunha Junior:

Ocorre a retroatividade máxima (também chamada restitutória) quando a lei

nova retroage para atingir os atos ou fatos já consumados (direito adquirido,

ato jurídico perfeito ou coisa julgada).

A retroatividade média, por outro lado, se opera quando a nova lei, sem

alcançar os atos ou fatos anteriores, atinge os seus efeitos ainda não

ocorridos (efeitos pendentes). É o que ocorre, por exemplo, quando uma

nova lei, que dispõe sobre a redução da taxa de juros, aplica-se às

prestações vencidas de um contrato, mas ainda não pagas.

Já a retroatividade mínima (também chamada temperada ou mitigada) se

verifica quando a novel lei incide imediatamente sobre os efeitos futuros dos

atos ou fatos pretéritos, não atingindo, entretanto, nem os atos ou fatos

pretéritos nem os seus efeitos pendentes. Dá-se essa retroatividade mínima,

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quando, por exemplo, a nova lei que reduziu a taxa de juros somente se

aplicar às prestações que irão vencer após a sua vigência (prestações

vincendas). http://dirleydacunhajunior.jusbrasil.com.br/artigos/198257086/distincao-entre-retroatividade-maxima-media-e-minima

Tributa-se ao Ministro Moreira Alves:

...

A retroatividade máxima é aquela que ocorre quando, em questão de direito

intertemporal evidentemente, a lei nova prejudica os atos e fatos que já se

consumaram no passado e cujos efeitos também se extinguiram no passado.

...

A retroatividade média é aquela que, em grau de intensidade, se apresenta

menos intensa do que a retroatividade máxima.

...

E finalmente nós temos o caso mais comum que é o da retroatividade

mínima. A retroatividade mínima é aquela que alguns autores, inclusive de

renome, confundem com a chamada eficácia imediata da lei.

Atribui-se a Gabba e Roubier as influências na concepção moderna e

cientifica do instituto "direito adquirido", sendo ordenada por Popoliev em duas

correntes: SUBJETIVA e OBJETIVA. Permita-se então apontar os principais pontos,

relevantes, nas duas correntes teóricas: objetiva e subjetiva.

Na visão da teoria objetivistas de Roubier:

Para os objetivistas, o conflito de leis no tempo resolve-se através da

identificação da lei vigente no momento em que os efeitos dos fatos são

produzidos. Dentre os doutrinadores objetivistas, destaca-se o francês Paul

Roubier, cuja teoria foi acolhida pelo legislador brasileiro.

...

Assim, faz distinção entre uma fase dinâmica, que corresponde ao momento

da constituição e extinção da situação, e uma fase estática, que corresponde

ao momento em que essa situação produz seus efeitos.

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Conclui, então, que as leis relativas aos modos de constituição ou de extinção

de uma situação jurídica não podem, sem retroatividade, contestar a eficácia ou

ineficácia jurídica de um fato passado. Já quando se cuida de fixar os efeitos

dessa situação jurídica, a definição do caráter retroativo faz-se da seguinte

forma: os efeitos já produzidos antes da entrada em vigor da nova lei fazem

parte do domínio da lei antiga e são intocáveis. A lei nova determinará os

efeitos jurídicos que se produzirão após a sua entrada em vigor, sem que isto

signifique algo diferente do efeito imediato.

http://jus.com.br/artigos/8405/o-direito-adquirido-na-jurisprudencia-do-supremo-tribunal-federal#ixzz3sbjexQn7

Assim, na teoria objetiva, os efeitos jurídicos produzidos à luz da nova

lei são por esta afetado, preservando-se somente o direito e os efeitos consumados

à luz da lei anterior. Importa destacar anotações ao entendimento de ROUBIER,

fixando controvérsia não sobre efeito retroativo da lei nova mas na condição de

aplicação meramente imediata dessa norma. Veja-se:

"Quanto aos atos jurídicos celebrados durante a vigência da lei revogada,

que continuam a produzir efeitos na vigência da nova lei, distingue Roubier

os efeitos decorridos dos efeitos a serem produzidos depois da revogação da

lei. Segundo Roubier, os efeitos produzidos na vigência da lei anterior, são

intocáveis pela lei nova (Irretroatividade); já os efeitos que ocorrerão na

vigência de nova lei, são por ela regulados (efeito imediato da lei).

Assim, não alcança os efeitos já produzidos sob o Império da lei antiga.

Quando, segundo a lei anterior, a situação jurídica é perfeita, não é atingível

pela nova lei, sob pena de lhe ser dado efeito retroativo.

Mas ao ser revogada a lei, a situação não se tiver completado, será

alcançada pela lei nova. Defende, pois Roubier, o princípio da aplicação

imediata da lei."

(GUSMÃO, 2002, p. 244-245).

http://www.rkladvocacia.com/arquivos/artigos/art_srt_arquivo20140503114714.pdf

A teoria subjetivista de Gabba - teoria clássica ou teoria dos direitos

adquiridos - leva em conta os efeitos dos fatos jurídicos sobre as pessoas.

José Eduardo Martins Cardozo sintetiza a teoria subjetivista nos seguintes

termos:

"De forma sintética, poderíamos dizer que os defensores desta corrente

têm, como alicerce de todas suas reflexões, a ideia de que as novas leis

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não devem retroagir sobre aqueles direitos subjetivos que sejam

considerados juridicamente como adquiridos pelo seu titular. Ou em

outras palavras: ao ver destes, a questão da irretroatividade das leis tem

assento na premissa fundamental que afirma a impossibilidade de uma lei vir

a desrespeitar 'direitos adquiridos' sob o domínio de sua antecedente"

Muitos autores célebres apresentaram-se como importantes defensores da

doutrina subjetivista, dentre eles, Gabba, Merlin, Blondeau, Mailhet de Chassat,

Demombe, Lassalle e Savigny. [06]

À época de Gabba predominava a crença de que a retroatividade da lei seria,

em si mesma, uma injustiça, devendo, por conseguinte, ser aplicado o

princípio absoluto da irretroatividade das leis, para solucionar os problemas

relativos aos conflitos de leis no tempo.

Gabba, em sua teoria, combate a referida crença e defende que, no conflito

de leis no tempo, é perfeitamente justa a aplicação da lei nova a relações

constituídas anteriormente, desde que se respeitem todos os direitos

adquiridos. [07]

http://jus.com.br/artigos/8405/o-direito-adquirido-na-jurisprudencia-do-supremo-tribunal-federal#ixzz3sbfo8RvW

A teoria subjetivista prestigia a visão a partir da norma que constituiu o

direito, tanto em relação à sua formação quanto aos seus efeitos. Contudo, confere

especial valor ao conteúdo desse direito constituído em relação a sua apropriação

pelo sujeito.

Interessa destacar que a condição jurídica do direito intertemporal

comporta dois tipos de sistemas: um sistema legal e um sistema constitucional,

considerando a origem da norma que institui seus princípios. No sistema

constitucional somente outra norma constitucional e não uma lei ordinária detém

força normativa para impor aplicação retroativa de lei.

Entende-se que Constituição Federal acolheu a doutrina da

irretroatividade restrita e não absoluta, influenciada pela posição subjetivista, na

linha de Gabba:

Depreende-se que o legislador pátrio não acolheu na Constituição o

princípio da irretroatividade absoluta das leis, mas, sim, o princípio da

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irretroatividade restrita, que consiste na proibição de leis prejudiciais

ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada. Percebe-

se, portanto, a influência, no texto constitucional, da teoria dos direitos

adquiridos de Gabba, que também pregava a irretroatividade das leis restrita

à proteção dos direitos adquiridos, conforme antes exposto.http://jus.com.br/artigos/8405/o-direito-adquirido-na-jurisprudencia-do-supremo-tribunal-federal#ixzz3sbmDFb7j

Na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 493 0-DF (RT 690/176-

690) o Ministro MOREIRA ALVES assinalou:

"No direito brasileiro, o princípio do respeito ao ato jurídico perfeito e

ao direito adquirido é de natureza constitucional, e não excepciona de

sua observância por parte do legislador lei infraconstitucional de

qualquer espécie, inclusive de ordem pública, ao contrário do que

sucede em países como a França, em que esse princípio é estabelecido

em lei ordinária, e, conseqüentemente, não obriga o legislador (que

pode afastá-lo em lei ordinária posterior), mas apenas o juiz, que, no

entanto, em se tratando de lei ordinária de ordem pública, pode aplicá-

lo, no entender de muitos, retroativamente, ainda que ela silencie a esse

respeito."

Esse entendimento do e. STF é reiterado em diversos outros

precedentes a assinalar prestigio extremo à intangibilidade dos atos e situações

jurídicas consolidadas sob vigência de normas anteriores, assinalando limites contra

normas ordinárias supervenientes, sob regra do "direito adquirido".

Nada obstante, é certo que a construção teórica clássica e também

respeitáveis sustentos doutrinários instauram controvérsia em relação às situações

e aos fatos vinculados como efeitos de regras anteriores, mas ocorridos

inteiramente já sob vigência das normas ordinárias supervenientes. Assim, há forte

controvérsia ao tema, invocando-se aplicação da visão objetivista. Veja-se:

...

No entanto, o princípio constitucional não é absoluto.

A aplicação de uma lei, segundo teoria do cientista jurídico francês Paul

ROUBIER (ROUBIER, 1960), é observada em três situações:

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primeiramente, quando os fatos ocorrem, por completo, antes da vigência da

nova lei, a aplicação da mesma é retroativa (portanto, de caráter

excepcional). Quanto aos fatos que se iniciam integralmente após a vigência

da nova lei, é certo que os mesmos devem ser regidos segundo a nova

norma. A terceira hipótese, na qual a relação jurídica se firma

anteriormente à nova lei, porém seus efeitos só são produzidos após a

edição da nova norma, ROUBIER fala em aplicação imediata das leis.

Embora concordemos com a doutrina que afirma se tratar de retroatividade

mínima, a hipótese faz incidir lei nova aos efeitos de origem pretérita, que

produzem efeitos após a sua instituição.

Assim é que existe a possibilidade de uma lei ser aplicada em casos já

completos juridicamente, sem que tal fato enseje ilegalidade. Essa

ocorrência, porém, deve ser extraordinária, salvaguardando-se a regra geral

da irretroatividade.

Direito Adquirido, Ordem Pública, Irretroatividade legal e Declaração de

Inconstitucionalidade. Cristina Fernandes Kfuri Lopes.

http://www.rkladvocacia.com/arquivos/artigos/art_srt_arquivo20140503114714.pdf

Considerando essas anotações, assinaladas as divergências, é de se

render o reconhecimento à substância jurídica do fundamento assentado pelo e.

TJRO na decisão que em Agravo de Instrumento que entendeu pela concessão da

liminar em favor do Impetrante.

A despeito disso - sem pretensão de afronta ou desconsideração aos

fundamentos anotados na decisão do AI que entendeu por prestigiar o interesse do

Impetrante a título de direito adquirido - este Juízo se permite expressar no exame

do mérito do mandado de segurança fundamento distinto ao esposado pelo do e.

TJRO.

DO RECONHECIMENTO DE INCONSTITUCIONALIDADE FIXADA NA AÇÃO POPULAR.

Primeiramente, confirma-se que a Lei autorizando ao ex-Governador

desfrutar de seguranças, teve sua inconstitucionalidade reconhecida em sentença

de mérito junto a Ação Popular n. n. 0007169-66.2011.8.22.0001, ainda pendente

de exame em sede recurso, a ser apreciado pela mesma egrégia Câmara.

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Na referida ação foi decretada a invalidade da norma legal,

reconhecida a lesividade ao patrimônio em razão de seu cumprimento, uma vez que

verificado o dispêndio de recursos públicos para finalidades privada.

Registra-se então. Tenho por acompanhar mesmo entendimento, o

deferimento de servidores para fins de ordem particular é de se ter por ilegítimo, a

sua ilegalidade é claramente revelada a violação aos princípios da moralidade

administrativa, da impessoalidade, da razoabilidade e do interesse público, na

medida em que permite o dispêndio de recursos públicos para finalidades privadas.

Os pontos que direcionam a divergência são apontados a seguir.

DA INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO. RELAÇÃO INSTITUCIONAL.

VINCULAÇÃO AO CARGO PÚBLICO EXERCIDO. REGIME JURIDICO. SUJEIÇÃO AO

EFEITO IMEDIATO DA LEI POSTERIOR.

Anota-se o preceptivo normativo relacionado a norma quanto ao

"direito adquirido" presta-se a assegurar segurança jurídica ou, melhor, estabilidade

e confiança nas relações sociais entre os seus integrantes e entre estes e o Estado

e reciprocamente.

A estabilidade normativa que assegure aos membros da sociedade a

conclusão finalização das relações jurídicas instituídas em conformidade com

previsão ou autorização vigente no ordenamento jurídico efetivamente é premissa

que sustenta a vida social. Afasta-se assim o despotismo e o arbítrio, próprios de

regimes ou sistemas incompatíveis com os valores da cidadania e da democracia

como premissa aos fins normativos.

Nessas considerações, este Juízo reconhece que a estabilidade das

relações jurídicas é elemento essencial à vida social e uma das principais senão a

principal conquista do Estado de Direito, pois orienta as regras do jogo social de

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convivência em uma expectativa de confiança.

Essa confiança mais que esperança, sonho ou ilusão é que inspira

ações concretas de cada individuou no sentido de um "fazer social", um "construir

social", um "participar social", um "ser social e socialmente relevante". Trabalhar e

confiar ser retribuído depois, adquirir e confiar depois receber, emprestar e confiar

depois ser restituído, ser tributado e ter retorno social.

O "direito adquirido" se justifica e legitima nesse plano de segurança

jurídica valorada no estimulo, na inspiração, orientação, ordenação ou imposição de

uma conduta ou comportamento positivo ou negativo de toda a sociedade ou de um

grupo ou de indivíduos que se porta ou se conduz de acordo com a prescrição legal

na expectativa de que assegura um resultado previsível e inalterável ao arbítrio

mesmo do legislador ordinário.

A despeito disso, não se desconsidera que a atualização legislativa faz

presumir a necessidade de se estabelecer novo padrão ético e social valores e

princípios a serem observados comumente pelo grupo social. Veja-se a previsão

do Código Civil, editado para vigência a partir de 2002, pretendendo estabelecer

vinculação imediata das relações jurídicas aos valores e finalidades por ele

assentadas, assinala regra de efeito imediato:

Art. 2.035. A validade dos negócios e demais atos jurídicos,

constituídos antes da entrada em vigor deste Código, obedece ao

disposto nas leis anteriores, referidas no art. 2.045, mas os seus

efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele

se subordinam, salvo se houver sido prevista pelas partes determinada

forma de execução.

Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar

preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este

Código para assegurar a função social da propriedade e dos

contratos.

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Certo que o instituto "direito adquirido" tem aplicação genérica nas

relações jurídicas públicas e privadas.

Contudo, existem relações jurídicas especiais que se formam em

espaços jurídicos especiais e sob formas especiais e nos quais os conteúdos dos

direitos atribuídos aos destinatários são, de premissa, suscetíveis de alterações por

regra de origem, sujeito ao dinamismo legislativo.

Nesse sentido, exemplificam-se as normas de natureza processual:

No campo do Direito Processual, vale reafirmar a prevalência do

princípio da irretroatividade da lei. O princípio tempus regit actum faz

com que os atos processuais realizados sob o império da lei anterior

sejam mantidos, tendo as novas normas processuais aplicabilidade

imediata no que concerne ao restante do processo. Desse modo, há, por

exemplo, direito adquirido ao recurso já interposto quando da entrada em

vigor da lei que o extingue.

Igualmente, exemplificam-se as normas de natureza tributária.

Cumpre destacar que a jurisprudência do excelso Supremo Tribunal

Federal vem mantendo o entendimento consagrado no verbete de sua

Súmula nº 584, no sentido de que "ao imposto de renda calculado sobre

os rendimentos do ano-base aplica-se a lei vigente no exercício

financeiro em que deve ser apresentada a declaração". É conferir, por

exemplo, o RE nº 104.259-RJ, Relator o Exmº Sr. Ministro Cordeiro Guerra

(RTJ 115/1336), o RE nº 197.790-6-MG, Relator o Exmº Sr. Ministro Ilmar

Galvão (DJU de 21.11.97), e, mais recentemente, o RE 194.612-1-SC,

Relator o Exmº Sr. Ministro Sydney Sanches (DJU de 08.05.98).

https://www.google.com.br/#q=A+IRRETROATIVIDADE+DA+LEI+NO+DIREITO+BRASILEIRO+Oswaldo+Othon+de+Pontes+Saraiva+Filho+Consultor+da+Uni%C3%A3o+Procurador+da+Fazenda+Nacional+de+Categoria+Especial+Professor+de+Direito+Tribut%C3%A1rio+da+Universidade+Cat%C3%B3lica+de+Bras%C3%ADlia

Tais situações especiais já foram reconhecidas pelo e. STF, no que se

refere a relação tributária, conforme destaca Oswaldo Othon de Pontes Saraiva

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Filho (in A IRRETROATIVIDADE DA LEI NO DIREITO BRASILEIRO). Veja-se:

Deve ser ressaltado que a lei de tributação não deve retroagir para

alcançar fatos geradores do tributo ocorridos antes da publicação da

lei, mas pode ter repercussão em relação a fatos posteriores ao

aperfeiçoamento de contratos celebrados entre particulares. Ninguém

tem direito adquirido à mantença das regras de tributação exatamente

como elas estavam no momento da celebração de um negócio jurídico

(STF, AGRSS 775-1-SP, in DJU de 23.02.96, e AGRSS 819-6-SP, in DJU

de 13.06.97).

Os entes da Federação recebem da Constituição o poder de tributar, para

que assim possam cumprir suas atividades em prol da realização do bem

comum. Não tem o administrado o direito de obstar a que incida sobre seus

bens e negócios nova regra jurídica de tributação no que concerne aos fatos

geradores sucedidos após a publicação da lei tributária, mesmo que esses

bens tenham sido adquiridos ou os contratos tenham sido celebrados antes

da lei que instituiu ou aumentou o tributo.

...

O Pleno do STF ao analisar as ADIN's nº 3.105/DF e 3.128/DF, relator para

acórdão o Ministro Cezar Peluso, entendeu que, em se tratando de tributação

de ordem constitucional, não se aplica o direito adquirido nas aposentadorias

já constituídas. Assim é ignorar tudo o que fora decidido anteriormente. Veja-

se, in verbis:

"Noutras palavras, não há, em nosso ordenamento, nenhuma norma jurídica

válida que, como efeito específico do fato jurídico da aposentadoria, lhe

imunize os proventos e as pensões, de modo absoluto, à tributação de ordem

constitucional, qualquer que seja a modalidade do tributo eleito, donde não

haver, a respeito, direito adquirido com o aposentamento."

https://www.google.com.br/#q=A+IRRETROATIVIDADE+DA+LEI+NO+DIREITO+BRASILEIRO+Oswaldo+Othon+de+Pontes+Saraiva+Filho+Consultor+da+Uni%C3%A3o+Procurador+da+Fazenda+Nacional+de+Categoria+Especial+Professor+de+Direito+Tribut%C3%A1rio+da+Universidade+Cat%C3%B3lica+de+Bras%C3%ADlia

Assim, essas relações jurídicas formadas sob condicionamentos do

dinamismo normativo afetam o próprio "conteúdo" do "direito adquirido" em relação

as suas sujeições à eficácia imediata de normas supervenientes.

Nessa esteira, importa observar que mesmo na teoria subjetivista do

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"direito adquirido" tem-se que o elemento "patrimônio" tem elevada relevância no

exame da intangibilidade ou não do direito em relação às normas supervenientes.

Veja-se, na linha da compreensão de Gabba:

Já quanto ao "direito como elemento do patrimônio", pondera Gabba

que, para um direito ser considerado adquirido, não basta que seja

concreto; é também indispensável que se tenha tornado elemento ou

parte do patrimônio individual, já que existiriam muitos direitos que não

se poderiam propriamente chamar de adquiridos, porque não fariam

parte do patrimônio de quem o possui. [10]

http://jus.com.br/artigos/8405/o-direito-adquirido-na-jurisprudencia-do-supremo-tribunal-federal#ixzz3sbK14Xbc

Reiteradamente mencionados, nesse tema "direito adquirido", os

julgamentos das Ações Diretas de Inconstitucionalidade nºs 3.105 e 3.128, nos

quais o Pretório Excelso decidiu que é constitucional o art. 4º, caput, da Emenda

Constitucional nº 41/2003, que instituiu a cobrança de contribuição previdenciária

dos inativos, entendendo-se ter sido flexibilizado pelo e. STF o instituto.

Nesse exame, é que este Juízo entende que a relação jurídica da qual

decorre o benefício extraordinário concedido ao Impetrante não consolida como

direito adquirido sob regra da imutabilidade ou intangibilidade.

Com efeito. Não somente a lei processual e lei de relação tributária

estão aptas a afetarem efeitos de relações jurídicas constituídas sob lei anterior,

mas também relações administrativas estatutárias estão sujeitas aos efeitos

imediatos de leis supervenientes.

A lei invocada pelo Impetrante, em relação à pessoa ou destinatário,

não trata de "lei geral" (número indeterminado de pessoas e diversidade de fatos

regulados grandes normas) e nem mesmo de "lei especial" (matérias especiais

relacionadas a temas ou grupos específicos- microssistemas), mas, a rigor, de "lei

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individual" ou "singular" (tema especifico e direcionamento a sujeitos identificados),

editada durante o seu mandado e destinada a contemplar o próprio Impetrante.

Não se trata de situação na qual possa ser reconhecida a existência

previa conduta do Impetrante constituindo um determinado direito e criando uma

justa e legitima expectativa de que teria um benefício que não poderia ser suprimido

por lei posterior. Não se verifica conduta e causa justificadora de confiança

presumidamente incutida ao Impetrante em ter assegurado o direito sem

possibilidade de sofrer efeito de norma superveniente.

Não se trata de norma fixada em critério isonômico, não somente em

relação aos demais membros sociais, mas também em relação aos demais Chefes

de Executivos Municipais e Estaduais e aos demais Chefes de Poderes

Legislativo e Judiciário.

Rene Dotti.

A imunidade concedida ao Imperador (Dom Pedro I e Dom Pedro II) tinha a

natureza de privilégio, como característica da aristocracia e das elites

administrativa e social da época. Ao instituir o princípio da igualdade de todos

perante a lei, a Constituição de 1891 acrescentou ao dispositivo próprio: "A

República não admite privilégios de nascimento, desconhece foros de nobreza

e extingue as ordens honoríficas existentes e todas as suas prerrogativas e

regalias, bem como os títulos nobiliárquicos e de conselho" (art. 72, § 2.º).

A evolução legislativa revela que o sistema positivo brasileiro não acolhe, no

campo da responsabilidade legal, qualquer regra que possa caracterizar um

privilégio. Equivocadamente alguns juristas e jornalistas utilizam esse

vocábulo para indicar o caso de prerrogativa.

http://www.dotti.adv.br/artigosppp_006.htm

O direito invocado pelo Impetrante tem fundamento em concessão da

benesse vinculada ao exercício do cargo público pelo agente político, ou seja, está

relacionado a vinculo de regime jurídico do agente público ao Ente Público ao qual

serviu.

Nessa perspectiva, é de se registrar que as relações jurídicas

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decorrentes do exercício de cargos públicos não asseguram intangibilidade ("direito

adquirido") em relação à superveniência de norma que altere o "status" ou

condições do cargo ou de atributo dos agentes públicos. Veja-se:

Antes de encerrar, cabe dizer que, obviamente, o direito adquirido não é

estranho ao Direito Administrativo.

No que concerne às relações da Administração Pública com o servidor,

assevere-se que, como há, na espécie, uma relação estatutária ou

institucional, nenhum óbice jurídico há a que se alterem as normas que

disciplinam essa relação, colhendo ao servidor, de imediato, o novo regime.

https://www.google.com.br/#q=A+IRRETROATIVIDADE+DA+LEI+NO+DIREITO+BRASILEIRO+Oswaldo+Othon+de+Pontes+Saraiva+Filho+Consultor+da+Uni%C3%A3o+Procurador+da+Fazenda+Nacional+de+Categoria+Especial+Professor+de+Direito+Tribut%C3%A1rio+da+Universidade+Cat%C3%B3lica+de+Bras%C3%ADlia

Nesse sentido, além da singeleza da forma como foi instituído o

benefício, ou seja, na gestão do Impetrante como Chefe do Poder Executivo, assim,

sob sua influência política, em realizada em seu próprio benefício, tem-se a natureza

especial da norma em relação à regra geral do sistema normativo que passou a

integrar sob forma de lei forma, pois não tem destinatário geral e nem especial mas,

evidentemente, destinatário individual e a causa entendida por legitimadora do

benefício prende-se à relação institucional mantida entre o agente público

(Impetrante) e o exercício do cargo público de Governador de Estado. Dai, é de se

reconhecer que o conteúdo da norma que concedeu a deferência (benefício) ao

Impetrante está relacionado ao "status" do cargo público que ocupou.

Reiterados precedentes do e. STF, referentes a "direito adquirido" a

"regime jurídico", firmam inexistir direito adquirido a regime jurídico em favor de

agentes públicos, admitindo a incidência dos efeitos imediatos da norma

supervenientes aos efeitos da norma anterior ocorridos sob sua vigência -

destacando-se os conflitos remuneratórios e previdenciários, envolvendo causas de

forma de cálculo de remuneração alteração em regras de benefício previdenciário.

Nesse sentido: AI 632930 AgR / RJ, Rel. Min. LUIZ FUX. j. 18/12/2012; ARE 687579 AgR / BA, Rel. Min. LUIZ FUX,

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j. 16/10/2012; AI 836087 AgR / PE, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, j. 02/10/2012; RE 227755 AgR / CE, Rel. Min.

DIAS TOFFOLI, j. 02/10/2012; ARE 700261 AgR / DF, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA, j. 25/09/2012 e RE 696009 AgR / RS, Rel.

Min. LUIZ FUX, j. 18/09/2012.

DA INEXISTÊNCIA DE INTERESSE PÚBLICO. AUSENCIA DE JUSTA CAUSA E

ILEGITIMIDADE.

E mais. Tampouco se permite reconhecer existência de interesse

público relacionado à deferência concedida ao Impetrante.

O exame da correspondência do interesse público às deferências

concedidas aos agentes públicos, relacionadas às condições entendidas como

necessárias ou adequadas ao exercício do cargo é, induvidosamente, prerrogativa

da Administração e da Política Administrativa.

De se ver então que não se estar a questionar direitos defensáveis por

agentes públicos relacionados ao exercício efetivo do cargo - tais como verba

destinada a contratações de assessores de confiança ou auxiliares para as decisões

políticas, disponibilidades de veículos oficiais e motoristas, residências ou auxílios,

condições de deslocamentos (passagens), acessos de comunicações ou outros

itens que se prestem e se justifiquem ao exercício do cargo.

Essas disposições, conquanto possam ser questionadas quanto à

necessidade ou não desses itens, estão, efetivamente, afetas à prerrogativa política

do legislador e revela-se liame lógico entre as disponibilidades deferidas e os

atributos do cargo e prerrogativas dos agentes. Assim, de forma direta ou indireta é

possível atribuir causa e legitimação de interesse público ou da Administração em

favor dessas concessões, já que as condições de exercício do cargo ou da função

pública são avaliadas pelo legislador. Sobre interesse público, veja-se:

...Leonardo José Carneiro da Cunha... 

Na verdade, o interesse 'social' e o 'geral' estão relacionados com a

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'coletividade' ou com a 'sociedade civil', enquanto o interesse 'público' mantém

ligação com o Estado. Ao Estado cabe não somente a ordenação normativa do

'interesse público', mas também a soberana indicação do seu conteúdo. O

interesse público constitui interesse de que todos compartilham. A finalidade

dos atos administrativos deve vir informada pelo interesse público. A expressão

interesse público evoca, imediatamente, a figura do Estado e, mediatamente,

aqueles interesses que o Estado 'escolheu' como os mais relevantes, por

consultarem os valores mais prevalecentes na sociedade. Há uma aproximação

terminológica entre interesse público e interesse geral. O interesse público não

é a soma de interesses particulares, sendo certo que a Administração é

competente para definir o interesse público naquilo que não constitui domínio

reservado ao legislador. …

No entanto, ao contrário, a concessão do benefício invocado pelo Impetrante revela-se desprovida de relação direta ou indireta ao interesse público relacionado ao exercício efetivo do cargo.

É nesse ponto, a relevância do caso em exame, pois, a rigor, não se concebe possa ser considerado "incorporado" ao patrimônio subjetivo do Impetrante o direito de ter policiais militares para sua guarda e de sua família.

Há um evidente contraponto de interesses entre o coletivo e o

individual, pois, sem justifica especifica de risco pessoal, senão o genérico, afeto a

todo cidadão, há deslocamento de agentes públicos de segurança para atividade de

segurança particular de um ex agente político. Repisa-se. O benefício não

apresenta justa causa institucional ou de interesse público ou social e tampouco se

revela garantia individual:

Daí resulta o princípio da supremacia do interesse público sobre o particular,

constituindo um dos alicerces de todo o direito público. É bem verdade que não

há norma constitucional que albergue tal princípio. Sua consolidação, todavia,

decorre, como visto, de uma idéia antiga e praticamente universal, segundo a

qual se deve conferir prevalência ao coletivo em detrimento do individual."

http://jus.com.br/artigos/24238/consideracoes-sobre-a-inexistencia-de-direito-adquirido-a-regime-juridico-origem-e-limites#ixzz3t2N2xNfz

Veja-se:

... Maria Sylvia Zanella Di Pietro...

Ligado a esse princípio de supremacia do interesse público também chamado de princípio da finalidade pública está o da indisponibilidade do interesse público que, segundo Celso Antônio Bandeira de Melo (1995:31-33), 'significa que sendo interesses qualificados como próprios da coletividade internos ao

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setor público não se encontram à livre disposição de quem quer que seja, por inapropriáveis. O próprio órgão administrativo que os representa não tem disponibilidade sobre eles, no sentido de que lhes incumbe apenas curá-los o que é também um dever na estrita conformidade do que dispuser a intentio legis'. Mas além, diz que 'as pessoas administrativas não tem portanto disponibilidade sobre os interesses públicos confiados à sua guarda e realização. Esta disponibilidade está permanentemente retida nas mãos do Estado (e de outras pessoas políticas, cada qual na própria esfera) em sua manifestação legislativa. Por isso, a Administração e a pessoa administrativa, autarquia, tem caráter instrumental'.  http://jus.com.br/artigos/24238/consideracoes-sobre-a-inexistencia-de-direito-adquirido-a-regime-juridico-origem-e-limites#ixzz3t2dMkoC4

É entendimento deste Juízo que tais deferências protocolares

concedidas em razão do exercício do cargo não constitui "direito subjetivo" ou

"patrimônio" que se incorpore ao agente público após a cessação da condição de

Chefe do Poder Executivo.

Eis o berço do entendimento consagrado de inexistência de direito adquirido a

regime jurídico, sua origem primeira: os princípios da supremacia e da

indisponibilidade do interesse público.

De tal sorte, por ser indisponível ao Estado o interesse público e prevalente aos

privados, se, para sua satisfação, for imperiosa a substituição de um regime

jurídico mais vantajoso aos administrados por outro, menos penoso para o

Poder Público, este não somente pode como deve fazê-lo. Vale reiterar, por

oportuno, que o primado do interesse público inspira e vincula o Estado desde

a construção normativa até sua execução, ressaltando Di Pietro que ele "está

presente tanto no momento da elaboração da lei como no momento da sua

execução em concreto pela Administração pública", pois, "da mesma forma que

esse princípio inspira o legislador ao editar as normas de direito público,

também vincula a Administração Pública, ao aplicar a lei, no exercício de sua

função administrativa"[x].

 http://jus.com.br/artigos/24238/consideracoes-sobre-a-inexistencia-de-direito-adquirido-a-regime-juridico-origem-e-limites#ixzz3t2e8jAJQ

Não se desconsidera o valor e a consagração do "direito adquiridos"

cuja construção e constituição ocorra em situação legitima que permita reconhecer

ao indivíduo a consolidação de vantagem agregada à sua personalidade em sendo

possível de ser apropriada individualmente, sujeitando então os demais membros da

sociedade e ao Estado observar e respeitar o exercício, instituindo assim em seu

favor do beneficiado: potestatividade e estabilidade jurídica.

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Contudo, não se tem por impedimento inflexível a aplicação imediata

da norma superveniente se o direito invocado como "adquirido" decorre de lei

especial concessiva de benefício gratuito benesse incompatível aos valores e

princípios da Constituição Federal, desligado de causa justa e legitima e em

detrimento e privação do grupo social em relação à disponibilidade de serviço

público de segurança com desvio parcial de agentes públicos para atendimento

privado e privilegiado ao Impetrante. Vê-se a lei não somente na sua forma mas no

exame de validade:

Na visão da dogmática jurídica, uma norma, para ser válida, deve

primeiramente estar integrada no ordenamento jurídico, onde cumprir-se-ão

seus processos de formação e produção, em conformidade com as diretrizes

e requisitos do próprio ordenamento. "Cumprido esse processo", diz TERCIO

SAMPAIO FERRAZ JUNIOR, "temos uma norma válida." (...) "Sancionada a

norma legal, para que se inicie o tempo de sua validade, ela deve ser

publicada. Publicada a norma, diz-se, então, que a norma é vigente. (...)

Vigente, portanto, é a norma válida (pertencente ao ordenamento) cuja

autoridade já pode ser considerada imunizada, sendo exigíveis os

comportamentos prescritos".(26)

Mas não é este o único sentido que se atribui à validade da norma. LUIZ

ANTONIO RIZZATTO NUNES, assevera que a validade tanto pode referir-

se ao aspecto técnico-jurídico ou formal quanto ao aspecto da

legitimidade. "No primeiro caso, fala-se de a norma jurídica ser válida

quando criada segundo os critérios já estabelecidos no sistema jurídico

(...). No outro, fala-se do fundamento axiológico, cuja incidência ética

seria a condição que daria legitimidade à norma jurídica, tornando-a

válida".(27)http://jus.com.br/artigos/2696/classificacao-das-normas-juridicas-e-sua-analise-nos-planos-da-validade-existencia-e-eficacia#ixzz3sgpdXu8k

Pondere-se. É de se entender que o agente público está sujeito a

contingencias da mobilidade e do dinamismo próprio da vida social com afetação na

esfera (social ou institucional) que lhe conferiu determinadas vantagens e que não

se considera viável impor continuidade de um benefício que revele subversivo ou

que imponha a admitir sua sobrevivência em um paradoxo de essência: moralidade

e impessoalidade x benefício sem justa causa e sem causa legitima em favor

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pessoal desvinculado de interesse público.

Em tese, o surgimento de um diploma legal, em revogação ao anterior, leva a

crer que essa novel lei é mais adequada ao contexto fático-jurídico de seus

destinatários, ao passo que a antecedente teria se mostrado menos

apropriada em razão das inevitáveis mudanças decorrentes do tempo.

www.agu.gov.br/page/download/index/id/892452

Portanto, nesses fundamentos, em primeiro ponto, assinala-se a

inconsistência do direito invocado pelo Impetrante por não prevalecer contra o efeito

imediato da lei superveniente que retira o benefício concedido em deferência por

efeito do regime institucional mantido ao cargo público e a jurisprudência do e. STF,

conforme assinalado, é assente na inexistência de direito adquirido a regime juridico

e, assim, compreendido aos efeitos que dele possam decorrer.

DA DESCONFORMIDADE CONSTITUCIONAL.

De outro lado, em segundo ponto, a própria concessão do benefício

comporta ser impugnada sob perspectiva de incompatibilidade inconstitucional ao

conceder benefício desligado ao efetivo exercício contemporâneo do cargo público.

Anote-se: julgado do TJPI, no REEX n. 201200010023695-PI, submetido ao exame

do e. STF, não conhecido, assentando o seguinte:

"REEXAME NECESSÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. SEGURANÇA CONCEDIDA

PARCIALMENTE. PENSAO VITALÍCIA. VIÚVA DE EX-PREFEITO. LEI MUNICIPAL.

INCONSTITUCIONALIDADE. DIREITO ADQUIRIDO. INEXISTÊNCIA. RECURSO

CONHECIDO E PROVIDO.

...

III - Como se vê, não há qualquer fundamento de validade na

pretensão da Impetrante/Requerente, além de incorrer em flagrante

inconstitucionalidade e violação ao princípio da moralidade no

serviço público, na medida em que o pagamento desse benefício não

se compatibiliza com os primados da ética, transparência e lealdade

ao interesse público.

...

VII- Por fim, registre-se que, por ser a concessão de referido

benefício ilegal, por ter como base norma inconstitucional, não há

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que se falar em direito adquirido, razão porque merece ser reformada

a sentença recorrida. (...).

O precedente menciona decisão da Ministra Carmen Lucia:

A Ministra CÁRMEN LÚCIA, em julgado de sua relatoria, pontifica que

'aludida "pensão" não passa de uma regalia, uma dádiva, uma

recompensa vitalícia, um proveito pecuniário de natureza

permanente, instituído não como um benefício, mas como uma

benesse ou favor conferido a quem tenha se desinvestido do cargo

eletivo, após ter desempenhado o mandato completo' (ADI 3.853/MS),

o que vem a afrontar o princípio da moralidade.

Portanto, destaca-se que o direito adquirido reclama, primeiramente,

conformidade à Constituição Federal. Diz Celso Ribeiro Bastos:

"É cediça também na nossa doutrina e jurisprudência a afirmação de

que não pode haver direito adquirido contra a Constituição ... De fato,

se não pode haver nem mesmo, como se viu no item anterior, direito

adquirido contra a lei, não pode haver, obviamente, direito adquirido em

afronta à Constituição O ato assim praticado é inconstitucional e

consequentemente passível de anulação."

A doutrina constitucionalista é assente quando se confronta direito

adquirido contra a Constituição, chegando a ser pacífico que "não há direito

adquirido contra a Constituição, porque todas as normas a ela se subordinam, sem

condição" (SILVA, 2000, p. 180), existe, porém, com a Constituição e em razão dela.

Nesse ponto é de observar o entendimento do e. STF:

Já foi objeto de diversos julgamentos pelo STF, onde se firmou o

entendimento no sentido de que a •"concessão de benefícios aos ex-

ocupantes de cargos públicos, revela-se como privilégios, benefícios ou

prerrogativas dissociadas do efetivo exercício do cargo ocupado ou de

mandato eletivo". Nesse sentido: ADI 3.853/MS, rel. Min. Cármen Lúcia,

Tribunal Pleno, DJe 26.10.2007 e Inq 1.376-AgR/MG, rel. Min. Celso de

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Mello, Tribunal Pleno, DJ 16.3.2007.

Logo, diante dessa infeliz iniciativa do atual mandatário, revela-se

inconcebível que esta benesse seja aprovada, ainda mais quando se tem

em relevo, conforme bem destacado pela então Ministra do STF, Ellen

Gracie , ao ser relatora do Recurso Extraordinário nº 508451, sobre caso

idêntico, julgado em 5 de maio de 2011, que a Constituição Federal

pretende tratar igualmente os cidadãos comuns, como são, também, os

ex-exercentes de mandato de governador. Em verdade, interpretação

diversa implicaria outorga de privilégio, injustificável em sociedade

democrática, a grupos ou castas, em detrimento da maioria dos

cidadãos, com ofensa ao princípio maior, qual seja, o da isonomia.

E, ainda:

1. Trata-se de recurso extraordinário interposto contra acórdão do

Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios que declarou a

inconstitucionalidade do art. 1º da Lei Distrital 2.723/2001, o qual

instituiu "medidas de segurança e apoio pessoal em favor de ex-

governador do Distrito Federal", com utilização de material (veículo

oficial) e pessoal (quatro servidores) da Administração Pública. 2. No

RE, a parte recorrente alega violação aos art. 21, XIV, 32, § 4º, XXI, e 37,

caput e V, e 48 da Constituição Federal, sustentando, em síntese, a

constitucionalidade da legislação distrital, pois não se trata de

privilégio, mas sim, concessão de tratamento diferenciado a quem se

encontra em situação diferente. Aduz que "o governador não pode ser

equiparado ao cidadão comum. Tendo em vista os relevantes serviços

prestados e funções desempenhadas no exercício do cargo" (fl. 210) e

que existe legislação em nível Federal que garante benefícios

semelhantes ao Presidente da República. 3. Admitido o recurso na

origem (fls. 230-232), subiram os autos. 4. O Ministério Público Federal

manifestou-se pelo desprovimento do recurso (fls. 238-240). 5. O recurso

não merece prosperar. Em casos como o dos presentes autos, em que

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se discute a concessão de benefícios aos ex-ocupantes de cargos

públicos, o Supremo Tribunal Federal tem se posicionado no sentido de

não admitir privilégios, benefícios ou prerrogativas dissociadas do

efetivo exercício do cargo ocupado ou de mandato eletivo. Nesse

sentido: ADI 3.853/MS, rel. Min. Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, DJe

26.10.2007 e Inq 1.376-AgR/MG, rel. Min. Celso de Mello, Tribunal Pleno,

DJ 16.3.2007. Em seu voto, o Ministro Celso de Mello consignou: "Nada

pode autorizar o desequilíbrio entre os cidadãos da República. O

reconhecimento da prerrogativa de foro, perante o Supremo Tribunal

Federal, nos ilícitos penais comuns, em favor de ex-ocupantes de

cargos públicos ou de ex-titulares de mandatos eletivos transgride valor

fundamental à própria configuração da idéia republicana, que se orienta

pelo vetor axiológico da igualdade. - A prerrogativa de foro é outorgada,

constitucionalmente, "ratione muneris", a significar, portanto, que é

deferida em razão de cargo ou de mandato ainda titularizado por aquele

que sofre persecução penal instaurada pelo Estado, sob pena de tal

prerrogativa - descaracterizando-se em sua essência mesma - degradar-

se à condição de inaceitável privilégio de caráter pessoal". Sobre o

tema, cito trecho do parecer do representante do Ministério Público

Federal: "Nesse sentido, o artigo 1º da Lei n. 2.723/2001 não deve ser

interpretado de forma ampliativa, notadamente numa Constituição que

pretende tratar igualmente os cidadãos comuns, como são, também, os

ex-exercentes de mandato de governador. Em verdade, interpretação

diversa implicaria outorga de privilégio, injustificável em sociedade

democrática, a grupos ou castas, em detrimento da maioria dos

cidadãos, com ofensa ao princípio maior as isonomia" (fl. 240). 6. Ante o

exposto, nego seguimento ao recurso extraordinário (art. 557, caput, do

CPC). Publique-se. Brasília, 25 de maio de 2011. Ministra Ellen Gracie

Relatora. (RE 508451, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, julgado em

25/05/2011, publicado em DJe-104 DIVULG 31/05/2011 PUBLIC

01/06/2011).

Anota-se, ainda, o entendimento do e. TJMG, sobre idêntica matéria:

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O Tribunal Pleno declarou inconstitucional a Lei Estadual nº 8966/2008 que

garante a ex-governadores segurança bancada pelos cofres públicos. A lei

foi proposta e aprovada pela Assembleia Legislativa e sancionada durante

o governo Blairo Maggi. Em seis anos de vigência, o primeiro e único a ser

beneficiado pela lei foi o próprio ex-governador e hoje senador Blairo

Maggi.

A lei declarada inconstitucional estabelecia que a segurança deveria ser

garantida pela Casa Militar do Estado por igual período ao que durou o

mandato do ex-chefe de Estado. O dispositivo dizia ainda que teriam direito

ao benefício ex-governadores que exerceram o cargo por no mínimo três

anos.

A Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) nº 2039/2013 julgada na tarde

desta quinta-feira pelo Tribunal de Justiça foi proposta pelo procurador-

geral de Justiça, posto hoje ocupado por Paulo Prado. O relator da ação,

desembargador Luiz Ferreira da Silva, votou em consonância com o

parecer do Ministério Público, posição que foi seguida integralmente pelo

colegiado.

Os magistrados e o representante do MP entenderam que a lei possuía

vício de iniciativa pelo fato dela ser de autoria de lideranças partidárias, ou

seja, ter sido proposta pela própria Assembleia. A prerrogativa de propor

criação, estruturação e atribuições de secretarias de Estado é do Poder

Executivo.

Os magistrados e o representante ministerial também entenderam que a lei

afrontava os princípios constitucionais da isonomia, impessoalidade e

moralidade administrativa. "Cessado o mandato o governador volta a ser

um cidadão comum e por isso não há razoabilidade nesses privilégios e

regalias, principalmente em um estado em que a população vive à míngua

no tocante à segurança pública", enfatizou o promotor Antonio Sérgio

Cordeiro Piedade. (Glaucia Colognesi. Coordenadoria de Comunicação do

TJMT. [email protected])

Desse modo, este Juízo entende pela não ocorrência de direito

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adquirido, pois o Impetrado atuou dentro do padrão de legalidade exigida,

cumprindo estritamente a regra lega definida na lei superveniente.

DO QUANTITATIVO PREVISTO EM REGULAMENTO. PREVALÊNCIA.

Por fim, é de destacar que colocar à disposição do Impetrante 09

(nove) servidores do quadro efetivo da Polícia Militar, ultrapassa até mesmo o direito

derrogado aos ex-Presidentes da República, considerando que gozam do privilégio

de contar com 02 (dois) seguranças tão somente (LF n. 6.381 de 27.02.2008).

Lado outro, é de observar que referida lei revogada fora

regulamentada nos termos do Decreto n. 15.862 de 28 de abril de 2011, onde

estabelece:

Art. 1º. Findo o mandato de Governador de Estado, quem o houver exercido,

em caráter permanente, terá direito, por igual período do exercício do cargo

ao serviço de 03 (três) servidores para atividades de segurança pessoal.

Grifei

Art. 2º. A segurança prestada aos ex-Goverandores será restrita aos limites

territoriais do Estado de Rondônia.

Art. 3º. A segurança prestada pelo Estado de Rondônia aos familiares do ex-

Governador será a estritamente decorrente da segurança concedida ao ex-

Governador, quando estiverem na companhia do ex-detentor do cargo.

Art. 4º. Ao requerer o benefício, o ex-Governador deverá indicar o seu local

de residência, que será considerada a sede da prestação de serviço dos

servidores à sua disposição.

Ao passar pelo crivo do regulamento acima, é de destacar que fora

fixado o quantitativo de servidores para atuarem na segurança pessoal do ex-

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Governadores e seus familiares, ou seja, num total de 03 três seguranças.

Desse modo, em prevalecer os termos da norma em razão de não ter

ocorrido o trânsito em julgado da Ação Popular n. 0007169-66.2011.8.22.0001, que

cuida da inconstitucionalidade da referida lei, instaria observar o quantitativo

estabelecido no regulamento, nesse caso limitado a três servidores somente, pois

a lei não institui quantitativo e o Decreto Regulamentar, sem impedimento legal,

fixou validamente.

Em sendo assim, em respeito a decisão do e. TJRO, comportaria

reconhecer direito tão somente ao quantitativo fixado no Decreto, ou seja, somente

03 agentes públicos a serem destacados para guarda pessoal e privada do

Impetrante.

Nesses fundamentos, reiterando que este Juízo não desconhece que

os fundamentos do e. TJRO assentados na decisão que concedeu a liminar de

segurança está fincada em respeitável e substancioso fundamento, reservando-se,

porém, somente, a expor entendimento diverso, conclui, no exame de mérito, pela

inexistência do direito líquido e certo invocado pelo Impetrante.

.

Dispositivo.

Ante o exposto, DENEGO A SEGURANÇA, entendendo ausente o direito líquido e

certo no que se refere a manutenção dos servidores à disposição do ex- Governador

e seus familiares, e, em consequência, RESOLVO o feito com exame de mérito nos

termos do art. 269, I do CPC.

Considerando a r. decisão do e. TJRO, este Juízo a ela se submete,

no sentido conferir efeito suspensivo a esta decisão denegatória, mantendo-se o

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efeito da concessão pela e. Instância superior até decisão ulterior ou o transito em

julgado. Sem honorários na orientação do art. 25 da Lei n. 12016/09. Sem custas.

PRIC. Reexame necessário.

Porto Velho-RO, segunda-feira, 30 de novembro de 2015.

Edenir Sebastião Albuquerque da Rosa Juiz de Direito

RECEBIMENTOAos ____ dias do mês de Novembro de 2015. Eu, _________ Silvia Assunção Ormonde - Escrivã(o) Judicial, recebi estes autos.

REGISTRO NO LIVRO DIGITALCertifico e dou fé que a sentença retro, mediante lançamento automático, foi registrada no livro eletrônico sob o número 730/2015.