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Constituio da
Repblica Federativa
do Brasil
1988
Comentada pelo
Supremo Tribunal Federal.
Atualizado at 28/10/10
Francisco Lima Figueiredo
2
Sumrio PREMBULO ................................................................................................................................... 5
TTULO I - Dos Princpios Fundamentais ........................................................................................... 6
TTULO II - Dos Direitos e Garantias Fundamentais ......................................................................... 53
CAPTULO I - DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS........................................................................ 53
CAPTULO II - DOS DIREITOS SOCIAIS ......................................................................................................................622
CAPTULO III - DA NACIONALIDADE .........................................................................................................................669
CAPTULO IV - DOS DIREITOS POLTICOS .................................................................................................................674
CAPTULO V - DOS PARTIDOS POLTICOS ................................................................................................................695
TTULO III - Da Organizao do Estado .......................................................................................... 701
CAPTULO I - DA ORGANIZAO POLTICO-ADMINISTRATIVA ...............................................................................701
CAPTULO II - DA UNIO ...........................................................................................................................................719
CAPTULO III - DOS ESTADOS FEDERADOS ........................................................................................................... 2163
CAPTULO IV - Dos Municpios .................................................................................................................................800
CAPTULO V - DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITRIOS ................................................................................. 2245
Seo I - DO DISTRITO FEDERAL ...................................................................................................................... 2245
Seo II - DOS TERRITRIOS ............................................................................................................................ 2255
CAPTULO VI - DA INTERVENO .......................................................................................................................... 2256
CAPTULO VII - DA ADMINISTRAO PBLICA .................................................................................................... 2286
Seo I - DISPOSIES GERAIS ........................................................................................................................ 2286
Seo II - DOS SERVIDORES PBLICOS ............................................................................................................ 2656
Seo III - DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITRIOS .............................. 2768
Seo IV - DAS REGIES ................................................................................................................................... 2771
TTULO IV - Da Organizao dos Poderes .................................................................................... 2772
CAPTULO I - DO PODER LEGISLATIVO .................................................................................................................. 2773
Seo I - DO CONGRESSO NACIONAL .............................................................................................................. 2773
Seo II - DAS ATRIBUIES DO CONGRESSO NACIONAL .............................................................................. 2781
Seo III - DA CMARA DOS DEPUTADOS ....................................................................................................... 1028
Seo IV - DO SENADO FEDERAL ..................................................................................................................... 2815
Seo V - DOS DEPUTADOS E DOS SENADORES ............................................................................................. 2838
Seo VI - DAS REUNIES ................................................................................................................................ 2892
Seo VII - DAS COMISSES ............................................................................................................................. 2898
Seo VIII - DO PROCESSO LEGISLATIVO ......................................................................................................... 1071
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Seo IX - DA FISCALIZAO CONTBIL, FINANCEIRA E ORAMENTRIA .................................................... 1129
CAPTULO II - DO PODER EXECUTIVO ................................................................................................................... 3163
Seo I - DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA REPBLICA ............................................................... 3163
Seo II - Das Atribuies do Presidente da Repblica .................................................................................. 3176
Seo III - Da Responsabilidade do Presidente da Repblica ........................................................................ 1175
Seo IV - DOS MINISTROS DE ESTADO .......................................................................................................... 1183
Seo V - DO CONSELHO DA REPBLICA E DO CONSELHO DE DEFESA NACIONAL ..................................... 3236
CAPTULO III - DO PODER JUDICIRIO .................................................................................................................. 3241
Seo I - DISPOSIES GERAIS ........................................................................................................................ 3241
Seo II - DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL ................................................................................................. 1274
Seo III - DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA ............................................................................................ 4087
Seo IV - DOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E DOS JUZES FEDERAIS .................................................. 1528
Seo V - DOS TRIBUNAIS E JUZES DO TRABALHO........................................................................................ 4248
Seo VI - DOS TRIBUNAIS E JUZES ELEITORAIS ............................................................................................ 4297
Seo VII - DOS TRIBUNAIS E JUZES MILITARES ............................................................................................ 4318
Seo VIII - DOS TRIBUNAIS E JUZES DOS ESTADOS ...................................................................................... 4351
CAPTULO IV - DAS FUNES ESSENCIAIS JUSTIA .......................................................................................... 4380
Seo I - DO MINISTRIO PBLICO ................................................................................................................. 4380
Seo II - DA ADVOCACIA PBLICA ................................................................................................................. 4543
Seo III - DA ADVOCACIA E DA DEFENSORIA PBLICA ................................................................................. 4560
TTULO V - Da Defesa do Estado e Das Instituies Democrticas ................................................ 4631
CAPTULO I - DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE STIO ............................................................................. 4631
Seo I - DO ESTADO DE DEFESA ..................................................................................................................... 4631
Seo II - DO ESTADO DE STIO ........................................................................................................................ 4635
Seo III - DISPOSIES GERAIS ...................................................................................................................... 4637
CAPTULO II - DAS FORAS ARMADAS .................................................................................................................. 1702
CAPTULO III - DA SEGURANA PBLICA .............................................................................................................. 4655
TTULO VI - Da Tributao e do Oramento ................................................................................ 1718
CAPTULO I - DO SISTEMA TRIBUTRIO NACIONAL ............................................................................................. 1718
Seo I - DOS PRINCPIOS GERAIS ................................................................................................................... 1718
Seo II - DAS LIMITAES DO PODER DE TRIBUTAR ..................................................................................... 1750
Seo III - DOS IMPOSTOS DA UNIO ............................................................................................................. 4948
Seo IV - DOS IMPOSTOS DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL.............................................................. 4983
Seo V - DOS IMPOSTOS DOS MUNICPIOS .................................................................................................. 5064
Seo VI - DA REPARTIO DAS RECEITAS TRIBUTRIAS ............................................................................... 5084
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CAPTULO II - DAS FINANAS PBLICAS ............................................................................................................... 5113
Seo I - NORMAS GERAIS ............................................................................................................................... 5113
Seo II - DOS ORAMENTOS .......................................................................................................................... 5119
TTULO VII - Da Ordem Econmica e Financeira .......................................................................... 5189
CAPTULO I - DOS PRINCPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONMICA .................................................................. 5189
CAPTULO II - DA POLTICA URBANA .................................................................................................................... 5299
CAPTULO III - DA POLTICA AGRCOLA E FUNDIRIA E DA REFORMA AGRRIA .............................................. 5312
CAPTULO IV - DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL ..................................................................................... 5360
TTULO VIII - Da Ordem Social .................................................................................................... 5363
CAPTULO I - DISPOSIO GERAL.......................................................................................................................... 5363
CAPTULO II - DA SEGURIDADE SOCIAL ................................................................................................................ 5363
Seo I - DISPOSIES GERAIS ........................................................................................................................ 5363
Seo II - DA SADE ......................................................................................................................................... 5443
Seo III - DA PREVIDNCIA SOCIAL ................................................................................................................ 5476
Seo IV - DA ASSISTNCIA SOCIAL ................................................................................................................. 5519
CAPTULO III - DA EDUCAO, DA CULTURA E DO DESPORTO ........................................................................... 5525
Seo I - DA EDUCAO ................................................................................................................................... 5525
Seo II - DA CULTURA ..................................................................................................................................... 5566
Seo III - DO DESPORTO ................................................................................................................................. 5578
CAPTULO IV - DA CINCIA E TECNOLOGIA .......................................................................................................... 2052
CAPTULO V - DA COMUNICAO SOCIAL ........................................................................................................... 2053
CAPTULO VI - DO MEIO AMBIENTE ..................................................................................................................... 5619
CAPTULO VIII - DOS NDIOS .................................................................................................................................. 5693
TTULO IX - Das Disposies Constitucionais Gerais .................................................................... 5716
ATO DAS DISPOSIES CONSTITUCIONAIS TRANSITRIAS........................................................... 5777
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CONSTITUIO DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
PREMBULO
Ns, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assemblia Nacional Constituinte para
instituir um Estado Democrtico, destinado a assegurar o exerccio dos direitos sociais e
individuais, a liberdade, a segurana, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justia como
valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia
social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a soluo pacfica das controvrsias,
promulgamos, sob a proteo de Deus, a seguinte CONSTITUIO DA REPBLICA FEDERATIVA
DO BRASIL.
Devem ser postos em relevo os valores que norteiam a Constituio e que devem servir de orientao
para a correta interpretao e aplicao das normas constitucionais e apreciao da subsuno, ou no,
da Lei 8.899/1994 a elas. Vale, assim, uma palavra, ainda que brevssima, ao Prembulo da Constituio,
no qual se contm a explicitao dos valores que dominam a obra constitucional de 1988 (...). No apenas
o Estado haver de ser convocado para formular as polticas pblicas que podem conduzir ao bem-estar,
igualdade e justia, mas a sociedade haver de se organizar segundo aqueles valores, a fim de que se
firme como uma comunidade fraterna, pluralista e sem preconceitos (...). E, referindo-se, expressamente,
ao Prembulo da Constituio brasileira de 1988, escolia Jos Afonso da Silva que O Estado Democrtico
de Direito destina-se a assegurar o exerccio de determinados valores supremos. Assegurar, tem, no
contexto, funo de garantia dogmtico-constitucional; no, porm, de garantia dos valores abstratamente
considerados, mas do seu exerccio. Este signo desempenha, a, funo pragmtica, porque, com o
objetivo de assegurar, tem o efeito imediato de prescrever ao Estado uma ao em favor da efetiva
realizao dos ditos valores em direo (funo diretiva) de destinatrios das normas constitucionais que
do a esses valores contedo especfico (...). Na esteira destes valores supremos explicitados no
Prembulo da Constituio brasileira de 1988 que se afirma, nas normas constitucionais vigentes, o
princpio jurdico da solidariedade. (ADI 2.649, voto da Rel. Min. Crmen Lcia, julgamento em 8-5-2008,
Plenrio, DJE de 17-10-2008.)
"Prembulo da Constituio: no constitui norma central. Invocao da proteo de Deus: no se trata de
norma de reproduo obrigatria na Constituio estadual, no tendo fora normativa." (ADI 2.076, Rel.
Min. Carlos Velloso, julgamento em 15-8-02, Plenrio, DJ de 8-8-03.)
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TTULO I - Dos Princpios Fundamentais
Art. 1 A Repblica Federativa do Brasil, formada pela unio indissolvel dos Estados e Municpios
e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrtico de Direito e tem como fundamentos:
NOVO: "Lei 6.683/79, a chamada Lei de anistia. (...) Princpio democrtico e princpio republicano: no
violao. (...) No Estado democrtico de direito o Poder Judicirio no est autorizado a alterar, a dar outra
redao, diversa da nele contemplada, a texto normativo. Pode, a partir dele, produzir distintas normas.
Mas nem mesmo o Supremo Tribunal Federal est autorizado a rescrever leis de anistia. Reviso de lei de
anistia, se mudanas do tempo e da sociedade a impuserem, haver ou no de ser feita pelo Poder
Legislativo, no pelo Poder Judicirio." (ADPF 153, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 29-4-2010,
Plenrio, DJE de 6-8-2010.)
Controle jurisdicional da atividade persecutria do estado: uma exigncia inerente ao estado democrtico
de direito. O Estado no tem o direito de exercer, sem base jurdica idnea e suporte ftico adequado, o
poder persecutrio de que se acha investido, pois lhe vedado, tica e juridicamente, agir de modo
arbitrrio, seja fazendo instaurar investigaes policiais infundadas, seja promovendo acusaes formais
temerrias, notadamente naqueles casos em que os fatos subjacentes persecutio criminis revelam-se
destitudos de tipicidade penal. Precedentes. (HC 98.237, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 15-12-
2009, Segunda Turma, DJE de 6-8-2010.)
"A Lei de Execuo Penal LEP de ser interpretada com os olhos postos em seu art. 1. Artigo que
institui a lgica da prevalncia de mecanismos de reincluso social (e no de excluso do sujeito apenado)
no exame dos direitos e deveres dos sentenciados. Isso para favorecer, sempre que possvel, a reduo
de distncia entre a populao intramuros penitencirios e a comunidade extramuros. Essa particular
forma de parametrar a interpretao da lei (no caso, a LEP) a que mais se aproxima da CF, que faz da
cidadania e da dignidade da pessoa humana dois de seus fundamentos (incisos II e III do art. 1). A
reintegrao social dos apenados , justamente, pontual densificao de ambos os fundamentos
constitucionais." (HC 99.652, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 3-11-2009, Primeira Turma, DJE de 4-
12-2009.)
"A plena liberdade de imprensa um patrimnio imaterial que corresponde ao mais eloquente atestado de
evoluo poltico-cultural de todo um povo. Pelo seu reconhecido condo de vitalizar por muitos modos a
Constituio, tirando-a mais vezes do papel, a Imprensa passa a manter com a democracia a mais
entranhada relao de mtua dependncia ou retroalimentao. Assim visualizada como verdadeira irm
siamesa da democracia, a imprensa passa a desfrutar de uma liberdade de atuao ainda maior que a
liberdade de pensamento, de informao e de expresso dos indivduos em si mesmos considerados. O
5 do art. 220 apresenta-se como norma constitucional de concretizao de um pluralismo finalmente
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compreendido como fundamento das sociedades autenticamente democrticas; isto , o pluralismo como a
virtude democrtica da respeitosa convivncia dos contrrios. A imprensa livre , ela mesma, plural, devido
a que so constitucionalmente proibidas a oligopolizao e a monopolizao do setor ( 5 do art. 220 da
CF). A proibio do monoplio e do oligoplio como novo e autnomo fator de conteno de abusos do
chamado poder social da imprensa." (ADPF 130, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 30-4-2009,
Plenrio, DJE de 6-11-2009.)
O Estado de direito viabiliza a preservao das prticas democrticas e, especialmente, o direito de
defesa. Direito a, salvo circunstncias excepcionais, no sermos presos seno aps a efetiva comprovao
da prtica de um crime. Por isso usufrumos a tranquilidade que advm da segurana de sabermos que, se
um irmo, amigo ou parente prximo vier a ser acusado de ter cometido algo ilcito, no ser arrebatado de
ns e submetido a ferros sem antes se valer de todos os meios de defesa em qualquer circunstncia
disposio de todos. (...) O que caracteriza a sociedade moderna, permitindo o aparecimento do Estado
moderno, , por um lado, a diviso do trabalho; por outro, a monopolizao da tributao e da violncia
fsica. Em nenhuma sociedade na qual a desordem tenha sido superada, admite-se que todos cumpram as
mesmas funes. O combate criminalidade misso tpica e privativa da Administrao (no do
Judicirio), atravs da polcia, como se l nos incisos do art. 144 da Constituio, e do Ministrio Pblico, a
quem compete, privativamente, promover a ao penal pblica (art. 129, I). (HC 95.009, Rel. Min. Eros
Grau, julgamento em 6-11-2008, Plenrio, DJE de 19-12-2008.)
"Ao direta de inconstitucionalidade: Associao Brasileira das Empresas de Transporte Rodovirio
Intermunicipal, Interestadual e Internacional de Passageiros ABRATI. Constitucionalidade da Lei 8.899,
de 29 de junho de 1994, que concede passe livre s pessoas portadoras de deficincia. Alegao de
afronta aos princpios da ordem econmica, da isonomia, da livre iniciativa e do direito de propriedade,
alm de ausncia de indicao de fonte de custeio (arts. 1, IV; 5, XXII; e 170 da CF): improcedncia. A
autora, associao de classe, teve sua legitimidade para ajuizar ao direta de inconstitucionalidade
reconhecida a partir do julgamento da ADI 3.153-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de 9-9-2005.
Pertinncia temtica entre as finalidades da autora e a matria veiculada na lei questionada reconhecida.
Em 30-3-2007, o Brasil assinou, na sede da ONU, a Conveno sobre os Direitos das Pessoas com
Deficincia, bem como seu Protocolo Facultativo, comprometendo-se a implementar medidas para dar
efetividade ao que foi ajustado. A Lei 8.899/1994 parte das polticas pblicas para inserir os portadores
de necessidades especiais na sociedade e objetiva a igualdade de oportunidades e a humanizao das
relaes sociais, em cumprimento aos fundamentos da Repblica de cidadania e dignidade da pessoa
humana, o que se concretiza pela definio de meios para que eles sejam alcanados." (ADI 2.649, Rel.
Min. Crmen Lcia, julgamento em 8-5-2008, Plenrio, DJE de 17-10-2008.)
"Segundo a nova redao acrescentada ao Ato das Disposies Constitucionais Gerais e Transitrias da
Constituio de Mato Grosso do Sul, introduzida pela EC 35/2006, os ex-Governadores sul-mato-
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grossenses que exerceram mandato integral, em 'carter permanente', receberiam subsdio mensal e
vitalcio, igual ao percebido pelo Governador do Estado. Previso de que esse benefcio seria transferido
ao cnjuge suprstite, reduzido metade do valor devido ao titular. No vigente ordenamento republicano e
democrtico brasileiro, os cargos polticos de chefia do Poder Executivo no so exercidos nem ocupados
'em carter permanente', por serem os mandatos temporrios e seus ocupantes, transitrios. Conquanto a
norma faa meno ao termo 'benefcio', no se tem configurado esse instituto de direito administrativo e
previdencirio, que requer atual e presente desempenho de cargo pblico. Afronta o equilbrio federativo e
os princpios da igualdade, da impessoalidade, da moralidade pblica e da responsabilidade dos gastos
pblicos (arts. 1; 5, caput; 25, 1; 37, caput e XIII; 169, 1, I e II; e 195, 5, da Constituio da
Repblica). Precedentes. Ao direta de inconstitucionalidade julgada procedente, para declarar a
inconstitucionalidade do art. 29-A e seus pargrafos do Ato das Disposies Constitucionais Gerais e
Transitrias da Constituio do Estado de Mato Grosso do Sul." (ADI 3.853, Rel. Min. Crmen Lcia,
julgamento em 12-9-2007, Plenrio, DJ de 26-10-2007.)
"Estipulao do cumprimento da pena em regime inicialmente fechado Fundamentao baseada apenas
nos aspectos inerentes ao tipo penal, no reconhecimento da gravidade objetiva do delito e na formulao
de juzo negativo em torno da reprovabilidade da conduta delituosa Constrangimento ilegal caracterizado
Pedido deferido. O discurso judicial, que se apoia, exclusivamente, no reconhecimento da gravidade
objetiva do crime e que se cinge, para efeito de exacerbao punitiva, a tpicos sentenciais meramente
retricos, eivados de pura generalidade, destitudos de qualquer fundamentao substancial e reveladores
de linguagem tpica dos partidrios do direito penal simblico ou, at mesmo, do direito penal do inimigo
, culmina por infringir os princpios liberais consagrados pela ordem democrtica na qual se estrutura o
Estado de Direito, expondo, com esse comportamento (em tudo colidente com os parmetros delineados
na Smula 719/STF), uma viso autoritria e nulificadora do regime das liberdades pblicas em nosso
Pas. Precedentes." (HC 85.531, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 22-3-2005, Segunda Turma, DJ
de 14-11-2007.) Vide: HC 100.678, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 4-5-2010, Primeira
Turma, DJE de 1-7-2010.
improcedente a ao. Em primeiro lugar, no encontro ofensa ao princpio federativo, a qual, no
entender da autora, estaria na feio assimtrica que a norma estadual impugnada deu a um dos aspectos
do correspondente processo legislativo em relao ao modelo federal. Ora, a exigncia constante do art.
112, 2, da Constituio fluminense consagra mera restrio material atividade do legislador estadual,
que com ela se v impedido de conceder gratuidade sem proceder necessria indicao da fonte de
custeio. assente a jurisprudncia da Corte no sentido de que as regras do processo legislativo federal
que devem reproduzidas no mbito estadual so apenas as de cunho substantivo, coisa que se no
reconhece ao dispositivo atacado. que este no se destina a promover alteraes no perfil do processo
legislativo, considerado em si mesmo; volta-se, antes, a estabelecer restries quanto a um produto
especfico do processo e que so eventuais leis sobre gratuidades. , por isso, equivocado ver qualquer
relao de contrariedade entre as limitaes constitucionais vinculadas ao princpio federativo e a norma
sob anlise, que delas no desbordou. (...) Alm disso, conforme sobrelevou a AGU, os princpios
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constitucionais apontados como violados so bastante abrangentes (...). Realizando-se o cotejo entre o
artigo impugnado nestes autos e os preceitos constitucionais adotados como parmetro de sua
constitucionalidade, no se vislumbra qualquer incompatibilidade, at porque se trata de disposies
desprovidas de correlao especfica. Da chegar-se, sem dificuldade, concluso de que a norma
estadual no vulnera o princpio federativo, consagrado nos arts. 1, caput, 18 e 25 da CF." (ADI 3.225,
voto do Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 17-9-2007, Plenrio, DJ de 26-10-2007.)
"Extradio e necessidade de observncia dos parmetros do devido processo legal, do estado de direito e
do respeito aos direitos humanos. Constituio do Brasil, arts. 5, 1, e 60, 4. Trfico de entorpecentes.
Associao delituosa e confabulao. Tipificaes correspondentes no direito brasileiro. (...) Obrigao do
STF de manter e observar os parmetros do devido processo legal, do estado de direito e dos direitos
humanos." (Ext 986, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 15-8-2007, Plenrio, DJ de 5-10-2007.)
"Mandado de segurana impetrado pelo Partido dos Democratas DEM contra ato do Presidente da
Cmara dos Deputados. Natureza jurdica e efeitos da deciso do TSE na Consulta 1.398/2007. Natureza
e titularidade do mandato legislativo. Os partidos polticos e os eleitos no sistema representativo
proporcional. Fidelidade partidria. Efeitos da desfiliao partidria pelo eleito: perda do direito de continuar
a exercer o mandato eletivo. Distino entre sano por ilcito e sacrifcio do direito por prtica lcita e
juridicamente consequente. Impertinncia da invocao do art. 55 da Constituio da Repblica. Direito do
impetrante de manter o nmero de cadeiras obtidas na Cmara dos Deputados nas eleies. Direito
ampla defesa do parlamentar que se desfilie do partido poltico. Princpio da segurana jurdica e
modulao dos efeitos da mudana de orientao jurisprudencial: marco temporal fixado em 27-3-2007.
(...) Mandado de segurana contra ato do Presidente da Cmara dos Deputados. Vacncia dos cargos de
deputado federal dos litisconsortes passivos, Deputados federais eleitos pelo partido impetrante e
transferidos, por vontade prpria, para outra agremiao no curso do mandato. (...) Resposta do TSE a
consulta eleitoral no tem natureza jurisdicional nem efeito vinculante. Mandado de segurana impetrado
contra ato concreto praticado pelo Presidente da Cmara dos Deputados, sem relao de dependncia
necessria com a resposta Consulta 1.398 do TSE. O Cdigo Eleitoral, recepcionado como lei material
complementar na parte que disciplina a organizao e a competncia da Justia Eleitoral (art. 121 da
Constituio de 1988), estabelece, no inciso XII do art. 23, entre as competncias privativas do TSE
responder, sobre matria eleitoral, s consultas que lhe forem feitas em tese por autoridade com jurisdio
federal ou rgo nacional de partido poltico. A expresso matria eleitoral garante ao TSE a titularidade
da competncia para se manifestar em todas as consultas que tenham como fundamento matria eleitoral,
independente do instrumento normativo no qual esteja includo. No Brasil, a eleio de deputados faz-se
pelo sistema da representao proporcional, por lista aberta, uninominal. No sistema que acolhe como se
d no Brasil desde a Constituio de 1934 a representao proporcional para a eleio de deputados e
vereadores, o eleitor exerce a sua liberdade de escolha apenas entre os candidatos registrados pelo
partido poltico, sendo eles, portanto, seguidores necessrios do programa partidrio de sua opo. O
destinatrio do voto o partido poltico viabilizador da candidatura por ele oferecida. O eleito vincula-se,
necessariamente, a determinado partido poltico e tem em seu programa e iderio o norte de sua atuao,
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a ele se subordinando por fora de lei (art. 24 da Lei 9.096/1995). No pode, ento, o eleito afastar-se do
que suposto pelo mandante o eleitor , com base na legislao vigente que determina ser
exclusivamente partidria a escolha por ele feita. Injurdico o descompromisso do eleito com o partido o
que se estende ao eleitor pela ruptura da equao poltico-jurdica estabelecida. A fidelidade partidria
corolrio lgico-jurdico necessrio do sistema constitucional vigente, sem necessidade de sua expresso
literal. Sem ela no h ateno aos princpios obrigatrios que informam o ordenamento constitucional. A
desfiliao partidria como causa do afastamento do parlamentar do cargo no qual se investira no
configura, expressamente, pela Constituio, hiptese de cassao de mandato. O desligamento do
parlamentar do mandato, em razo da ruptura, imotivada e assumida no exerccio de sua liberdade
pessoal, do vnculo partidrio que assumira, no sistema de representao poltica proporcional, provoca o
desprovimento automtico do cargo. A licitude da desfiliao no juridicamente inconsequente,
importando em sacrifcio do direito pelo eleito, no sano por ilcito, que no se d na espcie. direito
do partido poltico manter o nmero de cadeiras obtidas nas eleies proporcionais. garantido o direito
ampla defesa do parlamentar que se desfilie de partido poltico. Razes de segurana jurdica, e que se
impem tambm na evoluo jurisprudencial, determinam seja o cuidado novo sobre tema antigo pela
jurisdio concebido como forma de certeza e no causa de sobressaltos para os cidados. No tendo
havido mudanas na legislao sobre o tema, tem-se reconhecido o direito de o impetrante titularizar os
mandatos por ele obtidos nas eleies de 2006, mas com modulao dos efeitos dessa deciso para que
se produzam eles a partir da data da resposta do TSE Consulta 1.398/2007." (MS 26.604, Rel. Min.
Crmen Lcia, julgamento em 4-10-2007, Plenrio, DJE de 3-10-2008.) No mesmo sentido: MS 26.602,
Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 4-10-2007, Plenrio, DJE de 17-10-2008; MS 26.603, Rel. Min. Celso
de Mello, julgamento em 4-10-2007, Plenrio, DJE de 19-12-2008.
"Ao direta de inconstitucionalidade Art. 75, 2, da Constituio de Gois Dupla vacncia dos cargos
de prefeito e vice-prefeito Competncia legislativa municipal Domnio normativo da lei orgnica
Afronta aos arts. 1 e 29 da Constituio da Repblica. O poder constituinte dos Estados-membros est
limitado pelos princpios da Constituio da Repblica, que lhes assegura autonomia com condicionantes,
entre as quais se tem o respeito organizao autnoma dos Municpios, tambm assegurada
constitucionalmente. O art. 30, I, da Constituio da Repblica outorga aos Municpios a atribuio de
legislar sobre assuntos de interesse local. A vocao sucessria dos cargos de prefeito e vice-prefeito pe-
se no mbito da autonomia poltica local, em caso de dupla vacncia. Ao disciplinar matria, cuja
competncia exclusiva dos Municpios, o art. 75, 2, da Constituio de Gois fere a autonomia desses
entes, mitigando-lhes a capacidade de auto-organizao e de autogoverno e limitando a sua autonomia
poltica assegurada pela Constituio brasileira. Ao direta de inconstitucionalidade julgada procedente."
(ADI 3.549, Rel. Min. Crmen Lcia, julgamento em 17-9-2007, Plenrio, DJ de 31-10-2007.) Vide: ADI
4.298-MC, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 7-10-2009, Plenrio, DJE de 27-11-2009; ADI 1.057-
MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 20-4-1994, Plenrio, DJ de 6-4-2001.
"O postulado republicano que repele privilgios e no tolera discriminaes impede que prevalea a
prerrogativa de foro, perante o STF, nas infraes penais comuns, mesmo que a prtica delituosa tenha
11
ocorrido durante o perodo de atividade funcional, se sobrevier a cessao da investidura do indiciado,
denunciado ou ru no cargo, funo ou mandato cuja titularidade (desde que subsistente) qualifica-se
como o nico fator de legitimao constitucional apto a fazer instaurar a competncia penal originria da
Suprema Corte (CF, art. 102, I, b e c). Cancelamento da Smula 394/STF (RTJ 179/912-913). Nada pode
autorizar o desequilbrio entre os cidados da Repblica. O reconhecimento da prerrogativa de foro,
perante o STF, nos ilcitos penais comuns, em favor de ex-ocupantes de cargos pblicos ou de ex-titulares
de mandatos eletivos transgride valor fundamental prpria configurao da ideia republicana, que se
orienta pelo vetor axiolgico da igualdade. A prerrogativa de foro outorgada, constitucionalmente, ratione
muneris, a significar, portanto, que deferida em razo de cargo ou de mandato ainda titularizado por
aquele que sofre persecuo penal instaurada pelo Estado, sob pena de tal prerrogativa
descaracterizando-se em sua essncia mesma degradar-se condio de inaceitvel privilgio de
carter pessoal. Precedentes." (Inq 1.376-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 15-2-2007,
Plenrio, DJ de 16-3-2007.)
"A questo do federalismo no sistema constitucional brasileiro O surgimento da ideia federalista no
Imprio O modelo federal e a pluralidade de ordens jurdicas (ordem jurdica total e ordens jurdicas
parciais) A repartio constitucional de competncias: poderes enumerados (explcitos ou implcitos) e
poderes residuais." (ADI 2.995, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 13-12-2006, Plenrio, DJ de 28-9-
2007.) No mesmo sentido: ADI 3.189, ADI 3.293 e ADI 3.148, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em
13-12-2006, Plenrio, DJ de 28-9-2007.
"Governador e Vice-Governador do Estado Afastamento do Pas por qualquer tempo Necessidade de
autorizao da Assembleia Legislativa, sob pena de perda do cargo Alegada ofensa ao postulado da
separao de poderes Medida cautelar deferida. A fiscalizao parlamentar como instrumento
constitucional de controle do Poder Executivo: Governador de Estado e ausncia do territrio nacional. O
Poder Executivo, nos regimes democrticos, h de ser um poder constitucionalmente sujeito fiscalizao
parlamentar e permanentemente exposto ao controle poltico-administrativo do Poder Legislativo. A
necessidade de ampla fiscalizao parlamentar das atividades do Executivo a partir do controle exercido
sobre o prprio chefe desse Poder do Estado traduz exigncia plenamente compatvel com o postulado
do Estado Democrtico de Direito (CF, art. 1, caput) e com as consequncias poltico-jurdicas que
derivam da consagrao constitucional do princpio republicano e da separao de poderes. A autorizao
parlamentar a que se refere o texto da Constituio da Repblica (prevista em norma que remonta ao
perodo imperial) necessria para legitimar, em determinada situao, a ausncia do chefe do Poder
Executivo (ou de seu vice) do territrio nacional configura um desses instrumentos constitucionais de
controle do Legislativo sobre atos e comportamentos dos nossos governantes. Plausibilidade jurdica da
pretenso de inconstitucionalidade que sustenta no se revelar possvel, ao Estado-membro, ainda que no
mbito de sua prpria Constituio, estabelecer exigncia de autorizao ao chefe do Poder Executivo
local, para afastar-se, por qualquer tempo, do territrio do Pas. Referncia temporal que no encontra
parmetro na Constituio da Repblica." (ADI 775-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 23-10-
1992, Plenrio, DJ de 1-12-2006.)
12
"Inexistente atribuio de competncia exclusiva Unio, no ofende a Constituio do Brasil norma
constitucional estadual que dispe sobre aplicao, interpretao e integrao de textos normativos
estaduais, em conformidade com a Lei de Introduo ao Cdigo Civil. No h falar-se em quebra do pacto
federativo e do princpio da interdependncia e harmonia entre os poderes em razo da aplicao de
princpios jurdicos ditos 'federais' na interpretao de textos normativos estaduais. Princpios so normas
jurdicas de um determinado direito, no caso, do direito brasileiro. No h princpios jurdicos aplicveis no
territrio de um, mas no de outro ente federativo, sendo descabida a classificao dos princpios em
'federais' e 'estaduais'." (ADI 246, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 16-12-2004, Plenrio, DJ de 29-4-
2005.)
"O pacto federativo, sustentando-se na harmonia que deve presidir as relaes institucionais entre as
comunidades polticas que compem o Estado Federal, legitima as restries de ordem constitucional que
afetam o exerccio, pelos Estados-membros e Distrito Federal, de sua competncia normativa em tema de
exonerao tributria pertinente ao ICMS." (ADI 1.247-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 17-8-
1995, Plenrio, DJ de 8-9-1995.)
"Se certo que a nova Carta Poltica contempla um elenco menos abrangente de princpios constitucionais
sensveis, a denotar, com isso, a expanso de poderes jurdicos na esfera das coletividades autnomas
locais, o mesmo no se pode afirmar quanto aos princpios federais extensveis e aos princpios
constitucionais estabelecidos, os quais, embora disseminados pelo texto constitucional, posto que no
tpica a sua localizao, configuram acervo expressivo de limitaes dessa autonomia local, cuja
identificao at mesmo pelos efeitos restritivos que deles decorrem impe-se realizar. A questo da
necessria observncia, ou no, pelos Estados-membros, das normas e princpios inerentes ao processo
legislativo, provoca a discusso sobre o alcance do poder jurdico da Unio Federal de impor, ou no, s
demais pessoas estatais que integram a estrutura da Federao, o respeito incondicional a padres
heternomos por ela prpria institudos como fatores de compulsria aplicao. (...) Da resoluo dessa
questo central, emergir a definio do modelo de Federao a ser efetivamente observado nas prticas
institucionais." (ADI 216-MC, Rel. p/ o ac. Min. Celso de Mello, julgamento em 23-5-1990, Plenrio, DJ de
7-5-1993.)
I - a soberania;
"As terras indgenas versadas pela Constituio Federal de 1988 fazem parte de um territrio estatal-
brasileiro sobre o qual incide, com exclusividade, o Direito nacional. E como tudo o mais que faz parte do
domnio de qualquer das pessoas federadas brasileiras, so terras que se submetem unicamente ao
primeiro dos princpios regentes das relaes internacionais da Repblica Federativa do Brasil: a soberania
ou independncia nacional (inciso I do art. 1 da CF). (...) H compatibilidade entre o usufruto de terras
13
indgenas e faixa de fronteira. Longe de se pr como um ponto de fragilidade estrutural das faixas de
fronteira, a permanente alocao indgena nesses estratgicos espaos em muito facilita e at obriga que
as instituies de Estado (Foras Armadas e Polcia Federal, principalmente) se faam tambm presentes
com seus postos de vigilncia, equipamentos, batalhes, companhias e agentes. Sem precisar de licena
de quem quer que seja para faz-lo. Mecanismos, esses, a serem aproveitados como oportunidade mpar
para conscientizar ainda mais os nossos indgenas, instru-los (a partir dos conscritos), alert-los contra a
influncia eventualmente mals de certas organizaes no governamentais estrangeiras, mobiliz-los em
defesa da soberania nacional e reforar neles o inato sentimento de brasilidade. Misso favorecida pelo
fato de serem os nossos ndios as primeiras pessoas a revelar devoo pelo nosso Pas (eles, os ndios,
que em toda nossa histria contriburam decisivamente para a defesa e integridade do territrio nacional) e
at hoje dar mostras de conhecerem o seu interior e as suas bordas mais que ningum." (Pet 3.388, Rel.
Min. Ayres Britto, julgamento em 19-3-2009, Plenrio, DJE de 1-7-2010.)
A imprescindibilidade do uso do idioma nacional nos atos processuais, alm de corresponder a uma
exigncia que decorre de razes vinculadas prpria soberania nacional, constitui projeo concretizadora
da norma inscrita no art. 13, caput, da Carta Federal, que proclama ser a lngua portuguesa o idioma
oficial da Repblica Federativa do Brasil. (HC 72.391-QO, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 8-3-
1995, Plenrio, DJE de 17-3-1995.)
II - a cidadania
A Lei 8.899/1994 parte das polticas pblicas para inserir os portadores de necessidades especiais na
sociedade e objetiva a igualdade de oportunidades e a humanizao das relaes sociais, em
cumprimento aos fundamentos da Repblica de cidadania e dignidade da pessoa humana, o que se
concretiza pela definio de meios para que eles sejam alcanados. (ADI 2.649, Rel. Min. Crmen Lcia,
julgamento em 8-5-2008, Plenrio, DJE de 17-10-2008.)
"Ningum obrigado a cumprir ordem ilegal, ou a ela se submeter, ainda que emanada de autoridade
judicial. Mais: dever de cidadania opor-se ordem ilegal; caso contrrio, nega-se o Estado de Direito."
(HC 73.454, Rel. Min. Maurcio Corra, julgamento em 22-4-1996, Segunda Turma, DJ de 7-6-1996.)
III - a dignidade da pessoa humana;
direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, j
documentados em procedimento investigatrio realizado por rgo com competncia de polcia judiciria,
digam respeito ao exerccio do direito de defesa. (Smula Vinculante 14)
14
S lcito o uso de algemas em casos de resistncia e de fundado receio de fuga ou de perigo
integridade fsica prpria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por
escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da
priso ou do ato processual a que se refere, sem prejuzo da responsabilidade civil do Estado. (Smula
Vinculante 11)
Nota: O Plenrio do STF, no julgamento da ADI 3.510, declarou a constitucionalidade do art. 5 da Lei de
Biossegurana (Lei 11.105/2005), por entender que as pesquisas com clulas-tronco embrionrias no
violam o direito vida ou o princpio da dignidade da pessoa humana.
"A pesquisa cientfica com clulas-tronco embrionrias, autorizada pela Lei 11.105/2005, objetiva o
enfrentamento e cura de patologias e traumatismos que severamente limitam, atormentam, infelicitam,
desesperam e no raras vezes degradam a vida de expressivo contingente populacional (ilustrativamente,
atrofias espinhais progressivas, distrofias musculares, a esclerose mltipla e a lateral amiotrfica, as
neuropatias e as doenas do neurnio motor). A escolha feita pela Lei de Biossegurana no significou um
desprezo ou desapreo pelo embrio in vitro, porm uma mais firme disposio para encurtar caminhos
que possam levar superao do infortnio alheio. Isto no mbito de um ordenamento constitucional que
desde o seu prembulo qualifica a liberdade, a segurana, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e
a justia como valores supremos de uma sociedade mais que tudo fraterna. O que j significa incorporar
o advento do constitucionalismo fraternal s relaes humanas, a traduzir verdadeira comunho de vida ou
vida social em clima de transbordante solidariedade em benefcio da sade e contra eventuais tramas do
acaso e at dos golpes da prpria natureza. Contexto de solidria, compassiva ou fraternal legalidade que,
longe de traduzir desprezo ou desrespeito aos congelados embries in vitro, significa apreo e reverncia a
criaturas humanas que sofrem e se desesperam. Inexistncia de ofensas ao direito vida e da dignidade
da pessoa humana, pois a pesquisa com clulas-tronco embrionrias (inviveis biologicamente ou para os
fins a que se destinam) significa a celebrao solidria da vida e alento aos que se acham margem do
exerccio concreto e inalienvel dos direitos felicidade e do viver com dignidade (Min. Celso de Mello).
(...) A Lei de Biossegurana caracteriza-se como regrao legal a salvo da mcula do aodamento, da
insuficincia protetiva ou do vcio da arbitrariedade em matria to religiosa, filosfica e eticamente
sensvel como a da biotecnologia na rea da medicina e da gentica humana. Trata-se de um conjunto
normativo que parte do pressuposto da intrnseca dignidade de toda forma de vida humana, ou que tenha
potencialidade para tanto. A Lei de Biossegurana no conceitua as categorias mentais ou entidades
biomdicas a que se refere, mas nem por isso impede a facilitada exegese dos seus textos, pois de se
presumir que recepcionou tais categorias e as que lhe so correlatas com o significado que elas portam no
mbito das cincias mdicas e biolgicas." (ADI 3.510, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 29-5-2008,
Plenrio, DJE de 28-5-2010.)
NOVO: "(...) a dignidade da pessoa humana precede a Constituio de 1988 e esta no poderia ter sido
contrariada, em seu artigo 1, III, anteriormente a sua vigncia. A Arguente desqualifica fatos histricos que
antecederam a aprovao, pelo Congresso Nacional, da Lei 6.683/79. (...) A inicial ignora o momento talvez
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mais importante da luta pela redemocratizao do pas, o da batalha da anistia, autntica batalha. Toda a
gente que conhece nossa Histria sabe que esse acordo poltico existiu, resultando no texto da Lei
6.683/79. (...) Tem razo a Arguente ao afirmar que a dignidade no tem preo. As coisas tm preo, as
pessoas tm dignidade. A dignidade no tem preo, vale para todos quantos participam do humano.
Estamos, todavia, em perigo quando algum se arroga o direito de tomar o que pertence dignidade da
pessoa humana como um seu valor [valor de quem se arrogue a tanto]. que, ento, o valor do humano
assume forma na substncia e medida de quem o afirme e o pretende impor na qualidade e quantidade em
que o mensure. Ento o valor da dignidade da pessoa humana j no ser mais valor do humano, de todos
quantos pertencem humanidade, porm de quem o proclame conforme o seu critrio particular. Estamos
ento em perigo, submissos tirania dos valores. (...) Sem de qualquer modo negar o que diz a Arguente
ao proclamar que a dignidade no tem preo [o que subscrevo], tenho que a indignidade que o
cometimento de qualquer crime expressa no pode ser retribuda com a proclamao de que o instituto da
anistia viola a dignidade humana. (...) O argumento descolado da dignidade da pessoa humana para
afirmar a invalidade da conexo criminal que aproveitaria aos agentes polticos que praticaram crimes
comuns contra opositores polticos, presos ou no, durante o regime militar, esse argumento no
prospera." (ADPF 153, voto do Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 29-4-2010, Plenrio, DJE de 6-8-2010.)
Trfico de entorpecentes. (...) Priso em flagrante. bice ao apelo em liberdade. Inconstitucionalidade:
necessidade de adequao do preceito veiculado pelo art. 44 da Lei 11.343/2006 e do art. 5, XLII, aos
arts. 1, III, e 5, LIV e LVII, da CF. (...) Apelao em liberdade negada sob o fundamento de que o art. 44
da Lei 11.343/2006 veda a liberdade provisria ao preso em flagrante por trfico de entorpecentes.
Entendimento respaldado na inafianabilidade desse crime, estabelecida no art. 5, XLIII, da CF. Afronta
escancarada aos princpios da presuno de inocncia, do devido processo legal e da dignidade da
pessoa humana. Inexistncia de antinomias na Constituio. Necessidade de adequao, a esses
princpios, da norma infraconstitucional e da veiculada no art. 5, XLIII, da CF. A regra estabelecida na
Constituio, bem assim na legislao infraconstitucional, a liberdade. A priso faz exceo a essa regra,
de modo que, a admitir-se que o art. 5, XLIII, estabelece, alm das restries nele contidas, vedao
liberdade provisria, o conflito entre normas estaria instalado. A inafianabilidade no pode e no deve
considerados os princpios da presuno de inocncia, da dignidade da pessoa humana, da ampla defesa
e do devido processo legal constituir causa impeditiva da liberdade provisria. No se nega a acentuada
nocividade da conduta do traficante de entorpecentes. Nocividade afervel pelos malefcios provocados no
que concerne sade pblica, exposta a sociedade a danos concretos e a riscos iminentes. No obstante,
a regra consagrada no ordenamento jurdico brasileiro a liberdade; a priso, a exceo. A regra cede a
ela em situaes marcadas pela demonstrao cabal da necessidade da segregao ante tempus. Impe-
se porm ao Juiz, nesse caso o dever de explicitar as razes pelas quais algum deva ser preso
cautelarmente, assim permanecendo. (HC 101.505, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 15-12-
2009, Segunda Turma, DJE de 12-2-2010.) No mesmo sentido: HC 100.185, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgamento em 8-6-2010, Segunda Turma, DJE de 6-8-2010; HC 100.742, Rel. Min. Celso de Mello,
julgamento em 3-11-2009, Segunda Turma, Informativo 566; HC 101.055, Rel. Min. Cezar Peluso,
julgamento em 3-11-2009, Segunda Turma, DJE de 18-12-2009. Em sentido contrrio: HC 93.229, Rel.
Min. Crmen Lcia, julgamento em 1-4-2008, Primeira Turma, DJE de 25-4-2008.
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"Inconstitucionalidade da chamada execuo antecipada da pena. Art. 5, LVII, da CF. Dignidade da
pessoa humana. Art. 1, III, da CF. O art. 637 do CPP estabelece que (o) recurso extraordinrio no tem
efeito suspensivo, e uma vez arrazoados pelo recorrido os autos do traslado, os originais baixaro
primeira instncia para a execuo da sentena. A Lei de Execuo Penal condicionou a execuo da
pena privativa de liberdade ao trnsito em julgado da sentena condenatria. A Constituio do Brasil de
1988 definiu, em seu art. 5, LVII, que ningum ser considerado culpado at o trnsito em julgado de
sentena penal condenatria. Da que os preceitos veiculados pela Lei 7.210/1984, alm de adequados
ordem constitucional vigente, sobrepem-se, temporal e materialmente, ao disposto no art. 637 do CPP. A
priso antes do trnsito em julgado da condenao somente pode ser decretada a ttulo cautelar. (...) A
Corte que vigorosamente prestigia o disposto no preceito constitucional em nome da garantia da
propriedade no a deve negar quando se trate da garantia da liberdade, mesmo porque a propriedade tem
mais a ver com as elites; a ameaa s liberdades alcana de modo efetivo as classes subalternas. Nas
democracias mesmo os criminosos so sujeitos de direitos. No perdem essa qualidade, para se
transformarem em objetos processuais. So pessoas, inseridas entre aquelas beneficiadas pela afirmao
constitucional da sua dignidade (art. 1, III, da CF). inadmissvel a sua excluso social, sem que sejam
consideradas, em quaisquer circunstncias, as singularidades de cada infrao penal, o que somente se
pode apurar plenamente quando transitada em julgado a condenao de cada qual. Ordem concedida.
(HC 94.408, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 10-2-2009, Segunda Turma, DJE de 27-3-2009.)
"Priso preventiva. (...) Autos instrudos com documentos comprobatrios do debilitado estado de sade do
paciente, que provavelmente definhar na priso sem a assistncia mdica de que necessita, o
estabelecimento prisional reconhecendo no ter condies de prest-la. O art. 117 da LEP determina, nas
hipteses mencionadas em seus incisos, o recolhimento do apenado, que se encontre no regime aberto,
em residncia particular. Em que pese a situao do paciente no se enquadrar nas hipteses legais, a
excepcionalidade do caso enseja o afastamento da Smula 691/STF e impe seja a priso domiciliar
deferida, pena de violao do princpio da dignidade da pessoa humana (art. 1, III, da CF)." (HC 98.675,
Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 9-6-2009, Segunda Turma, DJE de 21-8-2009.) No mesmo sentido:
RHC 94.358, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 29-4-2008, Segunda Turma, Informativo 504.
Lei do crime organizado (art. 7). Vedao legal apriorstica de liberdade provisria. Conveno de
Parlermo (art. 11). Inadmissibilidade de sua invocao. (...) Clusulas inscritas nos textos de tratados
internacionais que imponham a compulsria adoo, por autoridades judicirias nacionais, de medidas de
privao cautelar da liberdade individual, ou que vedem, em carter imperativo, a concesso de liberdade
provisria, no podem prevalecer em nosso sistema de direito positivo, sob pena de ofensa presuno
de inocncia, dentre outros princpios constitucionais que informam e compem o estatuto jurdico
daqueles que sofrem persecuo penal instaurada pelo Estado. A vedao apriorstica de concesso de
liberdade provisria repelida pela jurisprudncia do STF, que a considera incompatvel com a presuno
de inocncia e com a garantia do due process, dentre outros princpios consagrados na Constituio da
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Repblica, independentemente da gravidade objetiva do delito. Precedente: ADI 3.112/DF. A interdio
legal in abstracto, vedatria da concesso de liberdade provisria, incide na mesma censura que o
Plenrio do STF estendeu ao art. 21 do Estatuto do Desarmamento (ADI 3.112/DF), considerados os
postulados da presuno de inocncia, do due process of law, da dignidade da pessoa humana e da
proporcionalidade, analisado este na perspectiva da proibio do excesso. O legislador no pode
substituir-se ao juiz na aferio da existncia de situao de real necessidade capaz de viabilizar a
utilizao, em cada situao ocorrente, do instrumento de tutela cautelar penal. Cabe, unicamente, ao
Poder Judicirio, aferir a existncia, ou no, em cada caso, da necessidade concreta de se decretar a
priso cautelar. (HC 94.404, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 18-11-2008, Segunda Turma, DJE
de 18-6-2010.) Em sentido contrrio: HC 89.143, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 10-6-2008,
Segunda Turma, DJE de 27-6-2008.
Controvrsia a propsito da possibilidade, ou no, de concesso de liberdade provisria ao preso em
flagrante por trfico de entorpecentes. Irrelevncia para o caso concreto, face a sua peculiaridade.
Paciente primria, de bons antecedentes, com emprego e residncia fixos, flagrada com pequena
quantidade de maconha quando visitava o marido na penitenciria. Liberdade provisria deferida pelo Juiz
da causa, posteriormente cassada pelo Tribunal de Justia local. Mandado de priso expedido h cinco
anos, no cumprido devido a irregularidade no cadastramento do endereo da paciente. Supervenincia de
doena contagiosa [AIDS], acarretando outros males. Inteno, da paciente, de entregar-se autoridade
policial. Entrega no concretizada ante o medo de morrer no presdio, deixando desamparada a filha
menor. Dizer 'peculiaridade do caso concreto dizer exceo. Exceo que se impe seja capturada pelo
ordenamento jurdico, mesmo porque a afirmao da dignidade da pessoa humana acode paciente. A
transgresso lei punida de modo que a lei [= o direito] seja restabelecida. Nesse sentido, a condenao
restabelece o direito, restabelece a ordem, alm de pretender reparar o dano sofrido pela vtima. A priso
preventiva antecipa o restabelecimento a longo termo do direito; promove imediatamente a ordem. Mas
apenas imediatamente, j que haver sempre o risco, em qualquer processo, de ao final verificar-se que o
imediato restabelecimento da ordem transgrediu a prpria ordem, porque no era devido. A justia
produzida pelo Estado moderno condena para restabelecer o direito que ele mesmo pe, para restabelecer
a ordem, pretendendo reparar os danos sofridos pela vtima. Mas a vtima no caso dos autos no
identificada. a prpria sociedade, beneficiria de vingana que como que a pacifica em face, talvez, da
frustrao que resulta de sua incapacidade de punir os grandes impostores. De vingana se trata, pois
certo que manter presa em condies intolerveis uma pessoa doente no restabelece a ordem, alm de
nada reparar. A paciente apresenta estado de sade debilitado e dela depende, inclusive economicamente,
uma filha. Submet-la ao crcere, isso incompatvel com o direito, ainda que se possa ter como
adequado regra. Da que a captura da exceo se impe. Ordem deferida, a fim de que a paciente
permanea em liberdade at o trnsito em julgado de eventual sentena penal condenatria. (HC 94.916,
Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 30-9-2008, Segunda Turma, DJE de 12-12-2008.)
A natureza jurdica da regresso de regime lastreada nas hipteses do art. 118, I, da Lei de Execues
Penais sancionatria, enquanto aquela baseada no inciso II tem por escopo a correta individualizao da
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pena. A regresso aplicada sob o fundamento do art. 118, I, segunda parte, no ofende ao princpio da
presuno de inocncia ou ao vetor estrutural da dignidade da pessoa humana. Incidncia do teor da Sm.
vinculante 9 do STF quando perda dos dias remidos. (HC 93.782, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgamento em 16-9-2008, Primeira Turma, DJE de 17-10-2008.) No mesmo sentido: HC 100.953, Rel.
Min. Ellen Gracie, julgamento em 16-3-2010, Segunda Turma, DJE de 9-4-2010; HC 95.984, Rel. Min.
Cezar Peluso, julgamento em 10-2-2009, Segunda Turma, DJE de 8-5-2009.
Paciente denunciado pela infrao do art. 290 do CPM. Alegao de incidncia do princpio da
insignificncia. Precedentes do STF favorveis tese da impetrao: no aplicao espcie vertente.
Princpio da especialidade. (...) A existncia de deciso neste STF no sentido pretendido pela impetrante,
inclusive admitindo a incidncia do princpio da insignificncia justia castrense, a despeito do princpio
da especialidade e em considerao ao princpio maior da dignidade humana (HC 92.961, Rel. Min. Eros
Grau, DJ de 21-2-2008), no bastante a demonstrar como legtima sua pretenso. Nas circunstncias do
caso, o fato no penalmente irrelevante, pois a droga apreendida, alm de ter sido encomendada por
outra pessoa, seria suficiente para o consumo de duas pessoas, o que configuraria, minimamente, a
periculosidade social da ao do Paciente. A jurisprudncia predominante do STF no sentido de
reverenciar a especialidade da legislao penal militar e da justia castrense, sem a submisso
legislao penal comum do crime militar devidamente caracterizado. (HC 94.649, Rel. Min. Crmen Lcia,
julgamento em 12-8-2008, Primeira Turma, DJE de 10-10-2008.)
O julgamento perante o Tribunal do Jri no requer a custdia preventiva do acusado, at ento simples
acusado inciso LVII do art. 5 da Lei Maior. Hoje no necessria sequer a presena do acusado (...).
Diante disso, indaga-se: surge harmnico com a Constituio mant-lo, no recinto, com algemas? A
resposta mostra-se iniludivelmente negativa. Em primeiro lugar, levem em conta o princpio da no
culpabilidade. certo que foi submetida ao veredicto dos jurados pessoa acusada da prtica de crime
doloso contra a vida, mas que merecia o tratamento devido aos humanos, aos que vivem em um Estado
Democrtico de Direito. Segundo o art. 1 da Carta Federal, a prpria Repblica tem como fundamento a
dignidade da pessoa humana. Da leitura do rol das garantias constitucionais art. 5 , depreende-se a
preocupao em resguardar a figura do preso. (...) Ora, estes preceitos a configurarem garantias dos
brasileiros e dos estrangeiros residentes no Pas repousam no inafastvel tratamento humanitrio do
cidado, na necessidade de lhe ser preservada a dignidade. Manter o acusado em audincia, com algema,
sem que demonstrada, ante prticas anteriores, a periculosidade, significa colocar a defesa,
antecipadamente, em patamar inferior, no bastasse a situao de todo degradante. (...) Quanto ao fato de
apenas dois policiais civis fazerem a segurana no momento, a deficincia da estrutura do Estado no
autorizava o desrespeito dignidade do envolvido. Incumbia sim, inexistente o necessrio aparato de
segurana, o adiamento da sesso, preservando-se o valor maior, porque inerente ao cidado. (HC
91.952, voto do Rel. Min. Marco Aurlio, julgamento em 7-8-2008, Plenrio, DJE de 19-12-2008.)
19
A Lei 8.899/1994 parte das polticas pblicas para inserir os portadores de necessidades especiais na
sociedade e objetiva a igualdade de oportunidades e a humanizao das relaes sociais, em
cumprimento aos fundamentos da Repblica de cidadania e dignidade da pessoa humana, o que se
concretiza pela definio de meios para que eles sejam alcanados. (ADI 2.649, Rel. Min. Crmen Lcia,
julgamento em 8-5-2008, Plenrio, DJE de 17-10-2008.)
O Tribunal, por maioria, deu provimento a agravo regimental interposto em suspenso de tutela
antecipada para manter deciso interlocutria proferida por desembargador do Tribunal de Justia do
Estado de Pernambuco, que concedera parcialmente pedido formulado em ao de indenizao por
perdas e danos morais e materiais para determinar que o mencionado Estado-membro pagasse todas as
despesas necessrias realizao de cirurgia de implante de Marcapasso Diafragmtico Muscular MDM
no agravante, com o profissional por este requerido. Na espcie, o agravante, que teria ficado tetraplgico
em decorrncia de assalto ocorrido em via pblica, ajuizara a ao indenizatria, em que objetiva a
responsabilizao do Estado de Pernambuco pelo custo decorrente da referida cirurgia, que devolver ao
autor a condio de respirar sem a dependncia do respirador mecnico. (...) Concluiu-se que a realidade
da vida to pulsante na espcie imporia o provimento do recurso, a fim de reconhecer ao agravante, que
inclusive poderia correr risco de morte, o direito de buscar autonomia existencial, desvinculando-se de um
respirador artificial que o mantm ligado a um leito hospitalar depois de meses em estado de coma,
implementando-se, com isso, o direito busca da felicidade, que um consectrio do princpio da
dignidade da pessoa humana. (STA 223-AgR, Rel. p/ o ac. Min. Celso de Mello, julgamento em 14-4-
2008, Plenrio, Informativo 502.)
"Uso de substncia entorpecente. Princpio da insignificncia. Aplicao no mbito da Justia Militar. (...)
Princpio da dignidade da pessoa humana. Paciente, militar, preso em flagrante dentro da unidade militar,
quando fumava um cigarro de maconha e tinha consigo outros trs. Condenao por posse e uso de
entorpecentes. No aplicao do princpio da insignificncia, em prol da sade, disciplina e hierarquia
militares. A mnima ofensividade da conduta, a ausncia de periculosidade social da ao, o reduzido grau
de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da leso jurdica constituem os requisitos de
ordem objetiva autorizadores da aplicao do princpio da insignificncia. A Lei 11.343/2006 nova Lei de
Drogas veda a priso do usurio. Prev, contra ele, apenas a lavratura de termo circunstanciado.
Preocupao do Estado em mudar a viso que se tem em relao aos usurios de drogas. Punio severa
e exemplar deve ser reservada aos traficantes, no alcanando os usurios. A estes devem ser oferecidas
polticas sociais eficientes para recuper-los do vcio. O STM no cogitou da aplicao da Lei 11.343/2006.
No obstante, cabe a esta Corte faz-lo, incumbindo-lhe confrontar o princpio da especialidade da lei
penal militar, bice aplicao da nova Lei de Drogas, com o princpio da dignidade humana, arrolado na
Constituio do Brasil de modo destacado, incisivo, vigoroso, como princpio fundamental (...) Excluso
das fileiras do Exrcito: punio suficiente para que restem preservadas a disciplina e hierarquia militares,
indispensveis ao regular funcionamento de qualquer instituio militar. A aplicao do princpio da
insignificncia no caso se impe; a uma, porque presentes seus requisitos de natureza objetiva; a duas,
em virtude da dignidade da pessoa humana. Ordem concedida." (HC 92.961, Rel. Min. Eros Grau,
20
julgamento em 11-12-2007, Segunda Turma, DJE de 22-2-2008.) No mesmo sentido: HC 90.125, Rel. p/ o
ac. Min. Eros Grau, julgamento em 24-6-2008, Segunda Turma, DJE de 5-9-2008.
"Ato do Tribunal de Contas da Unio. (...). Penses civil e militar. Militar reformado sob a CF de 1967.
Cumulatividade. (...). A inrcia da Corte de Contas, por sete anos, consolidou de forma positiva a
expectativa da viva, no tocante ao recebimento de verba de carter alimentar. Este aspecto temporal diz
intimamente com o princpio da segurana jurdica, projeo objetiva do princpio da dignidade da pessoa
humana e elemento conceitual do Estado de Direito." (MS 24.448, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em
27-9-2007, Plenrio, DJ de 14-11-2007.)
"(...) a exigncia constante do art. 112, 2, da Constituio fluminense consagra mera restrio material
atividade do legislador estadual, que com ela se v impedido de conceder gratuidade sem proceder
necessria indicao da fonte de custeio. (...) Por fim, tambm infrutfero o argumento de desrespeito ao
princpio da dignidade da pessoa humana. Seu fundamento seria porque a norma (...) retira do legis lador,
de modo peremptrio, a possibilidade de implementar polticas necessrias a reduzir desigualdades sociais
e favorecer camadas menos abastadas da populao, permitindo-lhes acesso gratuito a servios pblicos
prestados em mbito estadual; a regra (...) tem por objetivo evitar que, atravs de lei, venham a ser
concedidas a determinados indivduos gratuidades, o preceito questionado (...) exclui desde logo a
possibilidade de implementao de medidas nesse sentido (concesso de gratuidade em matria de
transportes pblicos), j que estabelece um bice da fonte de custeio. Sucede que dessa frgil premissa
no se segue a concluso pretendida, pois falsa a suposio de que a mera necessidade de indicao
da fonte de custeio da gratuidade importaria inviabilidade desta. A exigncia de indicao da fonte de
custeio para autorizar gratuidade na fruio de servios pblicos em nada impede sejam estes prestados
graciosamente, donde no agride nenhum direito fundamental do cidado. A medida reveste-se, alis, de
providencial austeridade, uma vez que se preordena a garantir a gesto responsvel da coisa pblica, o
equilbrio na equao econmico-financeira informadora dos contratos administrativos e, em ltima anlise,
a prpria viabilidade e continuidade dos servios pblicos e das gratuidades concedidas. (ADI 3.225, voto
do Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 17-9-2007, Plenrio, DJ de 26-10-2007.)
Arguio de incompetncia da Justia Federal. Improcedncia: o nmero de cento e oitenta pessoas
reduzidas condio anloga a de escravo suficiente caracterizao do delito contra a organizao do
trabalho, cujo julgamento compete Justia Federal. (HC 91.959, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 9-
10-2007, Segunda Turma, DJE de 22-2-2008.)
A Constituio de 1988 traz um robusto conjunto normativo que visa proteo e efetivao dos direitos
fundamentais do ser humano. A existncia de trabalhadores a laborar sob escolta, alguns acorrentados, em
situao de total violao da liberdade e da autodeterminao de cada um, configura crime contra a
21
organizao do trabalho. Quaisquer condutas que possam ser tidas como violadoras no somente do
sistema de rgos e instituies com atribuies para proteger os direitos e deveres dos trabalhadores,
mas tambm dos prprios trabalhadores, atingindo-os em esferas que lhes so mais caras, em que a
Constituio lhes confere proteo mxima, so enquadrveis na categoria dos crimes contra a
organizao do trabalho, se praticadas no contexto das relaes de trabalho. (RE 398.041, Rel. Min.
Joaquim Barbosa, julgamento em 30-11-2006, Plenrio, DJE de 19-12-2008.) No mesmo sentido: RE
541.627, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 14-10-2008, Segunda Turma, DJE de 21-11-2008.
"O direito de defesa constitui pedra angular do sistema de proteo dos direitos individuais e materializa
uma das expresses do princpio da dignidade da pessoa humana. Diante da ausncia de intimao de
defensor pblico para fins de julgamento do recurso, constata-se, no caso concreto, que o constrangimento
alegado inegvel. No que se refere prerrogativa da intimao pessoal, nos termos do art. 5, 5, da
Lei 1.060/1950, a jurisprudncia desta Corte se firmou no sentido de que essa h de ser respeitada." (HC
89.176, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 22-8-2006, Segunda Turma, DJ de 22-9-2006.)
"Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (Lei 7.492, de 1986). Crime societrio. Alegada inpcia da
denncia, por ausncia de indicao da conduta individualizada dos acusados. Mudana de orientao
jurisprudencial, que, no caso de crimes societrios, entendia ser apta a denncia que no individualizasse
as condutas de cada indiciado, bastando a indicao de que os acusados fossem de algum modo
responsveis pela conduo da sociedade comercial sob a qual foram supostamente praticados os delitos.
(...) Necessidade de individualizao das respectivas condutas dos indiciados. Observncia dos princpios
do devido processo legal (CF, art. 5, LIV), da ampla defesa, contraditrio (CF,art. 5, LV) e da dignidade da
pessoa humana (CF, art. 1, III)." (HC 86.879, Rel. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 21-2-
2006, Segunda Turma, DJ de 16-6-2006.)
"Arguio de descumprimento de preceito fundamental Adequao Interrupo da gravidez Feto
anencfalo Poltica judiciria Macroprocesso. Tanto quanto possvel, h de ser dada sequncia a
processo objetivo, chegando-se, de imediato, a pronunciamento do STF. Em jogo valores consagrados na
Lei Fundamental como o so os da dignidade da pessoa humana, da sade, da liberdade e autonomia
da manifestao da vontade e da legalidade , considerados a interrupo da gravidez de feto anencfalo
e os enfoques diversificados sobre a configurao do crime de aborto, adequada surge a arguio de
descumprimento de preceito fundamental. Arguio de descumprimento de preceito fundamental Liminar
Anencefalia Interrupo da gravidez Glosa penal Processos em curso Suspenso. Pendente de
julgamento a arguio de descumprimento de preceito fundamental, processos criminais em curso, em
face da interrupo da gravidez no caso de anencefalia, devem ficar suspensos at o crivo final do STF.
Arguio de descumprimento de preceito fundamental Liminar Anencefalia Interrupo da gravidez
Glosa penal Afastamento Mitigao. Na dico da ilustrada maioria, entendimento em relao ao qual
guardo reserva, no prevalece, em arguio de descumprimento de preceito fundamental, liminar no
22
sentido de afastar a glosa penal relativamente queles que venham a participar da interrupo da gravidez
no caso de anencefalia." (ADPF 54-QO, Rel. Min. Marco Aurlio, julgamento em 27-4-2005, Plenrio, DJ
de 31-8-2007.)
"A durao prolongada, abusiva e irrazovel da priso cautelar de algum ofende, de modo frontal, o
postulado da dignidade da pessoa humana, que representa considerada a centralidade desse princpio
essencial (CF, art. 1, III) significativo vetor interpretativo, verdadeiro valor-fonte que conforma e inspira
todo o ordenamento constitucional vigente em nosso Pas e que traduz, de modo expressivo, um dos
fundamentos em que se assenta, entre ns, a ordem republicana e democrtica consagrada pelo sistema
de direito constitucional positivo." (HC 85.237, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 17-3-2005,
Plenrio, DJ de 29-4-2005.) No mesmo sentido: HC 98.621, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento
em 23-3-2010, Primeira Turma, DJE de 23-4-2010; HC 95.634, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 2-6-
2009, Segunda Turma, DJE de 19-6-2009; HC 95.492, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 10-3-
2009, Segunda Turma, DJE de 8-5-2009.
"Denncia. Estado de Direito. Direitos fundamentais. Princpio da dignidade da pessoa humana. Requisitos
do art. 41 do CPP no preenchidos. A tcnica da denncia (art. 41 do CPP) tem merecido reflexo no plano
da dogmtica constitucional, associada especialmente ao direito de defesa. Denncias genricas, que no
descrevem os fatos na sua devida conformao, no se coadunam com os postulados bsicos do Estado
de Direito. Violao ao princpio da dignidade da pessoa humana. No difcil perceber os danos que a
mera existncia de uma ao penal impe ao indivduo. Necessidade de rigor e prudncia daqueles que
tm o poder de iniciativa nas aes penais e daqueles que podem decidir sobre o seu curso." (HC 84.409,
Rel. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 14-12-2004, Segunda Turma, DJ de19-8-2005.)
O direito ao nome insere-se no conceito de dignidade da pessoa humana, princpio alado a fundamento
da Repblica Federativa do Brasil (CF, art. 1, III)." (RE 248.869, voto do Rel. Min. Maurcio Corra,
julgamento em 7-8-2003, Plenrio, DJ de 12-3-2004.)
O fato de o paciente estar condenado por delito tipificado como hediondo no enseja, por si s, uma
proibio objetiva incondicional concesso de priso domiciliar, pois a dignidade da pessoa humana,
especialmente a dos idosos, sempre ser preponderante, dada a sua condio de princpio fundamental da
Repblica (art. 1, III, da CF/1988). Por outro lado, incontroverso que essa mesma dignidade se
encontrar ameaada nas hipteses excepcionalssimas em que o apenado idoso estiver acometido de
doena grave que exija cuidados especiais, os quais no podem ser fornecidos no local da custdia ou em
estabelecimento hospitalar adequado." (HC 83.358, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 4-5-
2004, Primeira Turma, DJ de 4-6-2004.)
23
Sendo fundamento da Repblica Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana, o exame da
constitucionalidade de ato normativo faz-se considerada a impossibilidade de o Diploma Maior permitir a
explorao do homem pelo homem. O credenciamento de profissionais do volante para atuar na praa
implica ato do administrador que atende s exigncias prprias permisso e que objetiva, em verdadeiro
saneamento social, o endosso de lei viabilizadora da transformao, balizada no tempo, de taxistas
auxiliares em permissionrios. (RE 359.444, Rel. p/ o ac. Min. Marco Aurlio, julgamento em 24-3-2004,
Plenrio, DJ de 28-5-2004.)
Fundamento do ncleo do pensamento do nacional-socialismo de que os judeus e os arianos formam
raas distintas. Os primeiros seriam raa inferior, nefasta e infecta, caractersticas suficientes para justificar
a segregao e o extermnio: inconciabilidade com os padres ticos e morais definidos na Carta Poltica
do Brasil e do mundo contemporneo, sob os quais se ergue e se harmoniza o estado democrtico.
Estigmas que por si s evidenciam crime de racismo. Concepo atentatria dos princpios nos quais se
erige e se organiza a sociedade humana, baseada na respeitabilidade e dignidade do ser humano e de sua
pacfica convivncia no meio social. Condutas e evocaes aticas e imorais que implicam repulsiva ao
estatal por se revestirem de densa intolerabilidade, de sorte a afrontar o ordenamento infraconstitucional e
constitucional do Pas. (HC 82.424, Rel. p/ o ac. Min. Presidente Maurcio Corra, julgamento em 17-9-
2003, Plenrio, DJ de 19-3-2004.)
A mera instaurao de inqurito, quando evidente a atipicidade da conduta, constitui meio hbil a impor
violao aos direitos fundamentais, em especial ao princpio da dignidade humana. (HC 82.969, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgamento em 30-9-2003, Segunda Turma, DJ de 17-10-2003.)
A simples referncia normativa tortura, constante da descrio tpica consubstanciada no art. 233 do
Estatuto da Criana e do Adolescente, exterioriza um universo conceitual impregnado de noes com que
o senso comum e o sentimento de decncia das pessoas identificam as condutas aviltantes que traduzem,
na concreo de sua prtica, o gesto ominoso de ofensa dignidade da pessoa humana. A tortura constitui
a negao arbitrria dos direitos humanos, pois reflete enquanto prtica ilegtima, imoral e abusiva um
inaceitvel ensaio de atuao estatal tendente a asfixiar e, at mesmo, a suprimir a dignidade, a autonomia
e a liberdade com que o indivduo foi dotado, de maneira indisponvel, pelo ordenamento positivo. (HC
70.389, Rel. p/ o ac. Min. Celso de Mello, julgamento em 23-6-1994, Plenrio, DJ de 10-8-2001.)
"DNA: submisso compulsria ao fornecimento de sangue para a pesquisa do DNA: estado da questo no
direito comparado: precedente do STF que libera do constrangimento o ru em ao de investigao de
paternidade (HC 71.373) e o dissenso dos votos vencidos: deferimento, no obstante, do HC na espcie,
24
em que se cuida de situao atpica na qual se pretende de resto, apenas para obter prova de reforo
submeter ao exame o pai presumido, em processo que tem por objeto a pretenso de terceiro de ver-se
declarado o pai biolgico da criana nascida na constncia do casamento do paciente: hiptese na qual,
luz do princpio da proporcionalidade ou da razoabilidade, se impe evitar a afronta dignidade pessoal
que, nas circunstncias, a sua participao na percia substantivaria." (HC 76.060, Rel. Min. Seplveda
Pertence, julgamento em 31-3-1998, Primeira Turma, DJ de 15-5-1998.)
Discrepa, a mais no poder, de garantias constitucionais implcitas e explcitas preservao da
dignidade humana, da intimidade, da intangibilidade do corpo humano, do imprio da lei e da inexecuo
especfica e direta de obrigao de fazer provimento judicial que, em ao civil de investigao de
paternidade, implique determinao no sentido de o ru ser conduzido ao laboratrio, 'debaixo de vara',
para coleta do material indispensvel feitura do exame DNA. A recusa resolve-se no plano jurdico-
instrumental, consideradas a dogmtica, a doutrina e a jurisprudncia, no que voltadas ao deslinde das
questes ligadas prova dos fatos. (HC 71.373, Rel. p/ o ac. Min. Marco Aurlio, julgamento em 10-11-
1994, Plenrio, DJ de 22-11-1996.)
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
O servio postal no consubstancia atividade econmica em sentido estrito, a ser explorada pela empresa
privada. Por isso que a argumentao em torno da livre iniciativa e da livre concorrncia acaba caindo no
vazio (...). (ADPF 46, voto do Rel. p/ o ac. Min. Eros Grau, julgamento em 5-8-2009, Plenrio, DJE de 26-
2-2010.)
" certo que a ordem econmica na Constituio de 1988 define opo por um sistema no qual joga um
papel primordial a livre iniciativa. Essa circunstncia no legitima, no entanto, a assertiva de que o Estado
s intervir na economia em situaes excepcionais. Mais do que simples instrumento de governo, a nossa
Constituio enuncia diretrizes, programas e fins a serem realizados pelo Estado e pela sociedade. Postula
um plano de ao global normativo para o Estado e para a sociedade, informado pelos preceitos
veiculados pelos seus arts. 1, 3 e 170. A livre iniciativa expresso de liberdade titulada no apenas pela
empresa, mas tambm pelo trabalho. Por isso a Constituio, ao contempl-la, cogita tambm da iniciativa
do Estado; no a privilegia, portanto, como bem pertinente apenas empresa. Se de um lado a
Constituio assegura a livre iniciativa, de outro determina ao Estado a adoo de todas as providncias
tendentes a garantir o efetivo exerccio do direito educao, cultura e ao desporto (arts. 23, V, 205,
208, 215 e 217, 3, da Constituio). Na composio entre esses princpios e regras h de ser
preservado o interesse da coletividade, interesse pblico primrio. O direito ao acesso cultura, ao esporte
e ao lazer so meios de complementar a formao dos estudantes." (ADI 1.950, Rel. Min. Eros Grau,
julgamento em 3-11-2005, Plenrio, DJ de 2-6-2006.) No mesmo sentido: ADI 3.512, Rel. Min. Eros Grau,
julgamento em 15-2-2006, Plenrio, DJ de 23-6-2006.
25
A m-f do candidato vaga de juiz classista resta configurada quando viola preceito constante dos atos
constitutivos do sindicato e declara falsamente, em nome da entidade sindical, o cumprimento de todas as
disposies legais e estatutrias para a formao de lista enviada ao Tribunal Regional do Trabalho TRT.
O trabalho consubstancia valor social constitucionalmente protegido (art. 1, IV, e 170, da CB/1988), que
sobreleva o direito do recorrente a perceber remunerao pelos servios prestados at o seu afastamento
liminar. Entendimento contrrio implica sufragar o enriquecimento ilcito da Administrao." (RMS 25.104,
Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 21-2-2006, Primeira Turma, DJ de 31-3-2006.)
"O princpio da livre iniciativa no pode ser invocado para afastar regras de regulamentao do mercado e
de defesa do consumidor." (RE 349.686, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 14-6-2005, Segunda
Turma, DJ de 5-8-2005.)
"A fixao de horrio de funcionamento de estabelecimento comercial matria de competncia municipal,
considerando improcedentes as alegaes de ofensa aos princpios constitucionais da isonomia, da livre
iniciativa, da livre concorrncia, da liberdade de trabalho, da busca do pleno emprego e da proteo ao
consumidor." (AI 481.886-AgR, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 15-2-2005, Segunda Turma, DJ de
1-4-2005.) No mesmo sentido: RE 199.520, Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em 19-5-1998, Segunda
Turma, DJ de 16-10-1998.
"Transporte rodovirio interestadual de passageiros. No pode ser dispensada, a ttulo de proteo da livre
iniciativa , a regular autorizao, concesso ou permisso da Unio, para a sua explorao por empresa
particular." (RE 214.382, Rel. Min. Octavio Gallotti, julgamento em 21-9-1999, Primeira Turma, DJ de 19-
11-1999.)
"Em face da atual Constituio, para conciliar o fundamento da livre iniciativa e do princpio da livre
concorrncia com os da defesa do consumidor e da reduo das desigualdades sociais, em conformidade
com os ditames da justia social, pode o Estado, por via legislativa, regular a poltica de preos de bens e
de servios, abusivo que o poder econmico que visa ao aumento arbitrrio dos lucros." (ADI 319-QO,
Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em 3-3-1993, Plenrio, DJ de 30-4-1993.)
V - o pluralismo poltico.
"Lei 8.624/1993, que dispe sobre o plebiscito destinado a definir a forma e o sistema de governo
Regulamentao do art. 2 do ADCT/1988, alterado pela EC 2/1992 Impugnao a diversos artigos (arts.
26
4, 5 e 6) da referida Lei 8.624/1993 Organizao de frentes parlamentares, sob a forma de sociedade
civil, destinadas a representar o parlamentarismo com Repblica, o presidencialismo com Repblica e o
parlamentarismo com Monarquia Necessidade de registro dessas frentes parlamentares, perante a Mesa
Diretora do Congresso Nacional, para efeito de acesso gratuito s emissoras de rdio e de televiso, para
divulgao de suas mensagens doutrinrias (direito de antena) Alegao de que os preceitos legais
impugnados teriam transgredido os postulados constitucionais do pluralismo poltico, da soberania popular,
do sistema partidrio, do direito de antena e da liberdade de associao Suposta usurpao, pelo
Congresso Nacional, da competncia regulamentar outorgada ao Tribunal Superior Eleitoral
Consideraes, feitas pelo relator originrio (Min. Nri da Silveira), em torno de conceitos e de valores
fundamentais, tais como a democracia, o direito de sufrgio, a participao poltica dos cidados, a
essencialidade dos partidos polticos e a importncia de seu papel no contexto do processo institucional, a
relevncia da comunicao de ideias e da propaganda doutrinria no contexto da sociedade democrtica
Entendimento majoritrio do STF no sentido da inocorrncia das alegadas ofensas ao texto da Constituio
da Repblica." (ADI 839-MC, Rel. p/ o ac. Min. Celso de Mello, julgamento em 17-2-1993, Plenrio, DJ de
24-11-2006.)
"Partido poltico Funcionamento parlamentar Propaganda partidria gratuita Fundo partidrio. Surge
conflitante com a Constituio Federal lei que, em face da gradao de votos obtidos por partido poltico,
afasta o funcionamento parlamentar e reduz, substancialmente, o tempo de propaganda partidria gratuita
e a participao no rateio do Fundo Partidrio. Normatizao Inconstitucionalidade Vcuo. Ante a
declarao de inconstitucionalidade de leis, incumbe atentar para a inconvenincia do vcuo normativo,
projetando-se, no tempo, a vigncia de preceito transitrio, isso visando a aguardar nova atuao das
Casas do Congresso Nacional." (ADI 1.354, Rel. Min. Marco Aurlio, julgamento em 7-12-2006, Plenrio,
DJ de 30-3-2007.) No mesmo sentido: AD