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1 Constituição da República Federativa do Brasil 1988 Comentada pelo Supremo Tribunal Federal. Atualizado até 28/10/10 Francisco Lima Figueiredo

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    Constituio da

    Repblica Federativa

    do Brasil

    1988

    Comentada pelo

    Supremo Tribunal Federal.

    Atualizado at 28/10/10

    Francisco Lima Figueiredo

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    Sumrio PREMBULO ................................................................................................................................... 5

    TTULO I - Dos Princpios Fundamentais ........................................................................................... 6

    TTULO II - Dos Direitos e Garantias Fundamentais ......................................................................... 53

    CAPTULO I - DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS........................................................................ 53

    CAPTULO II - DOS DIREITOS SOCIAIS ......................................................................................................................622

    CAPTULO III - DA NACIONALIDADE .........................................................................................................................669

    CAPTULO IV - DOS DIREITOS POLTICOS .................................................................................................................674

    CAPTULO V - DOS PARTIDOS POLTICOS ................................................................................................................695

    TTULO III - Da Organizao do Estado .......................................................................................... 701

    CAPTULO I - DA ORGANIZAO POLTICO-ADMINISTRATIVA ...............................................................................701

    CAPTULO II - DA UNIO ...........................................................................................................................................719

    CAPTULO III - DOS ESTADOS FEDERADOS ........................................................................................................... 2163

    CAPTULO IV - Dos Municpios .................................................................................................................................800

    CAPTULO V - DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITRIOS ................................................................................. 2245

    Seo I - DO DISTRITO FEDERAL ...................................................................................................................... 2245

    Seo II - DOS TERRITRIOS ............................................................................................................................ 2255

    CAPTULO VI - DA INTERVENO .......................................................................................................................... 2256

    CAPTULO VII - DA ADMINISTRAO PBLICA .................................................................................................... 2286

    Seo I - DISPOSIES GERAIS ........................................................................................................................ 2286

    Seo II - DOS SERVIDORES PBLICOS ............................................................................................................ 2656

    Seo III - DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITRIOS .............................. 2768

    Seo IV - DAS REGIES ................................................................................................................................... 2771

    TTULO IV - Da Organizao dos Poderes .................................................................................... 2772

    CAPTULO I - DO PODER LEGISLATIVO .................................................................................................................. 2773

    Seo I - DO CONGRESSO NACIONAL .............................................................................................................. 2773

    Seo II - DAS ATRIBUIES DO CONGRESSO NACIONAL .............................................................................. 2781

    Seo III - DA CMARA DOS DEPUTADOS ....................................................................................................... 1028

    Seo IV - DO SENADO FEDERAL ..................................................................................................................... 2815

    Seo V - DOS DEPUTADOS E DOS SENADORES ............................................................................................. 2838

    Seo VI - DAS REUNIES ................................................................................................................................ 2892

    Seo VII - DAS COMISSES ............................................................................................................................. 2898

    Seo VIII - DO PROCESSO LEGISLATIVO ......................................................................................................... 1071

  • 3

    Seo IX - DA FISCALIZAO CONTBIL, FINANCEIRA E ORAMENTRIA .................................................... 1129

    CAPTULO II - DO PODER EXECUTIVO ................................................................................................................... 3163

    Seo I - DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA REPBLICA ............................................................... 3163

    Seo II - Das Atribuies do Presidente da Repblica .................................................................................. 3176

    Seo III - Da Responsabilidade do Presidente da Repblica ........................................................................ 1175

    Seo IV - DOS MINISTROS DE ESTADO .......................................................................................................... 1183

    Seo V - DO CONSELHO DA REPBLICA E DO CONSELHO DE DEFESA NACIONAL ..................................... 3236

    CAPTULO III - DO PODER JUDICIRIO .................................................................................................................. 3241

    Seo I - DISPOSIES GERAIS ........................................................................................................................ 3241

    Seo II - DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL ................................................................................................. 1274

    Seo III - DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA ............................................................................................ 4087

    Seo IV - DOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E DOS JUZES FEDERAIS .................................................. 1528

    Seo V - DOS TRIBUNAIS E JUZES DO TRABALHO........................................................................................ 4248

    Seo VI - DOS TRIBUNAIS E JUZES ELEITORAIS ............................................................................................ 4297

    Seo VII - DOS TRIBUNAIS E JUZES MILITARES ............................................................................................ 4318

    Seo VIII - DOS TRIBUNAIS E JUZES DOS ESTADOS ...................................................................................... 4351

    CAPTULO IV - DAS FUNES ESSENCIAIS JUSTIA .......................................................................................... 4380

    Seo I - DO MINISTRIO PBLICO ................................................................................................................. 4380

    Seo II - DA ADVOCACIA PBLICA ................................................................................................................. 4543

    Seo III - DA ADVOCACIA E DA DEFENSORIA PBLICA ................................................................................. 4560

    TTULO V - Da Defesa do Estado e Das Instituies Democrticas ................................................ 4631

    CAPTULO I - DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE STIO ............................................................................. 4631

    Seo I - DO ESTADO DE DEFESA ..................................................................................................................... 4631

    Seo II - DO ESTADO DE STIO ........................................................................................................................ 4635

    Seo III - DISPOSIES GERAIS ...................................................................................................................... 4637

    CAPTULO II - DAS FORAS ARMADAS .................................................................................................................. 1702

    CAPTULO III - DA SEGURANA PBLICA .............................................................................................................. 4655

    TTULO VI - Da Tributao e do Oramento ................................................................................ 1718

    CAPTULO I - DO SISTEMA TRIBUTRIO NACIONAL ............................................................................................. 1718

    Seo I - DOS PRINCPIOS GERAIS ................................................................................................................... 1718

    Seo II - DAS LIMITAES DO PODER DE TRIBUTAR ..................................................................................... 1750

    Seo III - DOS IMPOSTOS DA UNIO ............................................................................................................. 4948

    Seo IV - DOS IMPOSTOS DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL.............................................................. 4983

    Seo V - DOS IMPOSTOS DOS MUNICPIOS .................................................................................................. 5064

    Seo VI - DA REPARTIO DAS RECEITAS TRIBUTRIAS ............................................................................... 5084

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    CAPTULO II - DAS FINANAS PBLICAS ............................................................................................................... 5113

    Seo I - NORMAS GERAIS ............................................................................................................................... 5113

    Seo II - DOS ORAMENTOS .......................................................................................................................... 5119

    TTULO VII - Da Ordem Econmica e Financeira .......................................................................... 5189

    CAPTULO I - DOS PRINCPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONMICA .................................................................. 5189

    CAPTULO II - DA POLTICA URBANA .................................................................................................................... 5299

    CAPTULO III - DA POLTICA AGRCOLA E FUNDIRIA E DA REFORMA AGRRIA .............................................. 5312

    CAPTULO IV - DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL ..................................................................................... 5360

    TTULO VIII - Da Ordem Social .................................................................................................... 5363

    CAPTULO I - DISPOSIO GERAL.......................................................................................................................... 5363

    CAPTULO II - DA SEGURIDADE SOCIAL ................................................................................................................ 5363

    Seo I - DISPOSIES GERAIS ........................................................................................................................ 5363

    Seo II - DA SADE ......................................................................................................................................... 5443

    Seo III - DA PREVIDNCIA SOCIAL ................................................................................................................ 5476

    Seo IV - DA ASSISTNCIA SOCIAL ................................................................................................................. 5519

    CAPTULO III - DA EDUCAO, DA CULTURA E DO DESPORTO ........................................................................... 5525

    Seo I - DA EDUCAO ................................................................................................................................... 5525

    Seo II - DA CULTURA ..................................................................................................................................... 5566

    Seo III - DO DESPORTO ................................................................................................................................. 5578

    CAPTULO IV - DA CINCIA E TECNOLOGIA .......................................................................................................... 2052

    CAPTULO V - DA COMUNICAO SOCIAL ........................................................................................................... 2053

    CAPTULO VI - DO MEIO AMBIENTE ..................................................................................................................... 5619

    CAPTULO VIII - DOS NDIOS .................................................................................................................................. 5693

    TTULO IX - Das Disposies Constitucionais Gerais .................................................................... 5716

    ATO DAS DISPOSIES CONSTITUCIONAIS TRANSITRIAS........................................................... 5777

  • 5

    CONSTITUIO DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

    PREMBULO

    Ns, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assemblia Nacional Constituinte para

    instituir um Estado Democrtico, destinado a assegurar o exerccio dos direitos sociais e

    individuais, a liberdade, a segurana, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justia como

    valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia

    social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a soluo pacfica das controvrsias,

    promulgamos, sob a proteo de Deus, a seguinte CONSTITUIO DA REPBLICA FEDERATIVA

    DO BRASIL.

    Devem ser postos em relevo os valores que norteiam a Constituio e que devem servir de orientao

    para a correta interpretao e aplicao das normas constitucionais e apreciao da subsuno, ou no,

    da Lei 8.899/1994 a elas. Vale, assim, uma palavra, ainda que brevssima, ao Prembulo da Constituio,

    no qual se contm a explicitao dos valores que dominam a obra constitucional de 1988 (...). No apenas

    o Estado haver de ser convocado para formular as polticas pblicas que podem conduzir ao bem-estar,

    igualdade e justia, mas a sociedade haver de se organizar segundo aqueles valores, a fim de que se

    firme como uma comunidade fraterna, pluralista e sem preconceitos (...). E, referindo-se, expressamente,

    ao Prembulo da Constituio brasileira de 1988, escolia Jos Afonso da Silva que O Estado Democrtico

    de Direito destina-se a assegurar o exerccio de determinados valores supremos. Assegurar, tem, no

    contexto, funo de garantia dogmtico-constitucional; no, porm, de garantia dos valores abstratamente

    considerados, mas do seu exerccio. Este signo desempenha, a, funo pragmtica, porque, com o

    objetivo de assegurar, tem o efeito imediato de prescrever ao Estado uma ao em favor da efetiva

    realizao dos ditos valores em direo (funo diretiva) de destinatrios das normas constitucionais que

    do a esses valores contedo especfico (...). Na esteira destes valores supremos explicitados no

    Prembulo da Constituio brasileira de 1988 que se afirma, nas normas constitucionais vigentes, o

    princpio jurdico da solidariedade. (ADI 2.649, voto da Rel. Min. Crmen Lcia, julgamento em 8-5-2008,

    Plenrio, DJE de 17-10-2008.)

    "Prembulo da Constituio: no constitui norma central. Invocao da proteo de Deus: no se trata de

    norma de reproduo obrigatria na Constituio estadual, no tendo fora normativa." (ADI 2.076, Rel.

    Min. Carlos Velloso, julgamento em 15-8-02, Plenrio, DJ de 8-8-03.)

  • 6

    TTULO I - Dos Princpios Fundamentais

    Art. 1 A Repblica Federativa do Brasil, formada pela unio indissolvel dos Estados e Municpios

    e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrtico de Direito e tem como fundamentos:

    NOVO: "Lei 6.683/79, a chamada Lei de anistia. (...) Princpio democrtico e princpio republicano: no

    violao. (...) No Estado democrtico de direito o Poder Judicirio no est autorizado a alterar, a dar outra

    redao, diversa da nele contemplada, a texto normativo. Pode, a partir dele, produzir distintas normas.

    Mas nem mesmo o Supremo Tribunal Federal est autorizado a rescrever leis de anistia. Reviso de lei de

    anistia, se mudanas do tempo e da sociedade a impuserem, haver ou no de ser feita pelo Poder

    Legislativo, no pelo Poder Judicirio." (ADPF 153, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 29-4-2010,

    Plenrio, DJE de 6-8-2010.)

    Controle jurisdicional da atividade persecutria do estado: uma exigncia inerente ao estado democrtico

    de direito. O Estado no tem o direito de exercer, sem base jurdica idnea e suporte ftico adequado, o

    poder persecutrio de que se acha investido, pois lhe vedado, tica e juridicamente, agir de modo

    arbitrrio, seja fazendo instaurar investigaes policiais infundadas, seja promovendo acusaes formais

    temerrias, notadamente naqueles casos em que os fatos subjacentes persecutio criminis revelam-se

    destitudos de tipicidade penal. Precedentes. (HC 98.237, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 15-12-

    2009, Segunda Turma, DJE de 6-8-2010.)

    "A Lei de Execuo Penal LEP de ser interpretada com os olhos postos em seu art. 1. Artigo que

    institui a lgica da prevalncia de mecanismos de reincluso social (e no de excluso do sujeito apenado)

    no exame dos direitos e deveres dos sentenciados. Isso para favorecer, sempre que possvel, a reduo

    de distncia entre a populao intramuros penitencirios e a comunidade extramuros. Essa particular

    forma de parametrar a interpretao da lei (no caso, a LEP) a que mais se aproxima da CF, que faz da

    cidadania e da dignidade da pessoa humana dois de seus fundamentos (incisos II e III do art. 1). A

    reintegrao social dos apenados , justamente, pontual densificao de ambos os fundamentos

    constitucionais." (HC 99.652, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 3-11-2009, Primeira Turma, DJE de 4-

    12-2009.)

    "A plena liberdade de imprensa um patrimnio imaterial que corresponde ao mais eloquente atestado de

    evoluo poltico-cultural de todo um povo. Pelo seu reconhecido condo de vitalizar por muitos modos a

    Constituio, tirando-a mais vezes do papel, a Imprensa passa a manter com a democracia a mais

    entranhada relao de mtua dependncia ou retroalimentao. Assim visualizada como verdadeira irm

    siamesa da democracia, a imprensa passa a desfrutar de uma liberdade de atuao ainda maior que a

    liberdade de pensamento, de informao e de expresso dos indivduos em si mesmos considerados. O

    5 do art. 220 apresenta-se como norma constitucional de concretizao de um pluralismo finalmente

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    compreendido como fundamento das sociedades autenticamente democrticas; isto , o pluralismo como a

    virtude democrtica da respeitosa convivncia dos contrrios. A imprensa livre , ela mesma, plural, devido

    a que so constitucionalmente proibidas a oligopolizao e a monopolizao do setor ( 5 do art. 220 da

    CF). A proibio do monoplio e do oligoplio como novo e autnomo fator de conteno de abusos do

    chamado poder social da imprensa." (ADPF 130, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 30-4-2009,

    Plenrio, DJE de 6-11-2009.)

    O Estado de direito viabiliza a preservao das prticas democrticas e, especialmente, o direito de

    defesa. Direito a, salvo circunstncias excepcionais, no sermos presos seno aps a efetiva comprovao

    da prtica de um crime. Por isso usufrumos a tranquilidade que advm da segurana de sabermos que, se

    um irmo, amigo ou parente prximo vier a ser acusado de ter cometido algo ilcito, no ser arrebatado de

    ns e submetido a ferros sem antes se valer de todos os meios de defesa em qualquer circunstncia

    disposio de todos. (...) O que caracteriza a sociedade moderna, permitindo o aparecimento do Estado

    moderno, , por um lado, a diviso do trabalho; por outro, a monopolizao da tributao e da violncia

    fsica. Em nenhuma sociedade na qual a desordem tenha sido superada, admite-se que todos cumpram as

    mesmas funes. O combate criminalidade misso tpica e privativa da Administrao (no do

    Judicirio), atravs da polcia, como se l nos incisos do art. 144 da Constituio, e do Ministrio Pblico, a

    quem compete, privativamente, promover a ao penal pblica (art. 129, I). (HC 95.009, Rel. Min. Eros

    Grau, julgamento em 6-11-2008, Plenrio, DJE de 19-12-2008.)

    "Ao direta de inconstitucionalidade: Associao Brasileira das Empresas de Transporte Rodovirio

    Intermunicipal, Interestadual e Internacional de Passageiros ABRATI. Constitucionalidade da Lei 8.899,

    de 29 de junho de 1994, que concede passe livre s pessoas portadoras de deficincia. Alegao de

    afronta aos princpios da ordem econmica, da isonomia, da livre iniciativa e do direito de propriedade,

    alm de ausncia de indicao de fonte de custeio (arts. 1, IV; 5, XXII; e 170 da CF): improcedncia. A

    autora, associao de classe, teve sua legitimidade para ajuizar ao direta de inconstitucionalidade

    reconhecida a partir do julgamento da ADI 3.153-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de 9-9-2005.

    Pertinncia temtica entre as finalidades da autora e a matria veiculada na lei questionada reconhecida.

    Em 30-3-2007, o Brasil assinou, na sede da ONU, a Conveno sobre os Direitos das Pessoas com

    Deficincia, bem como seu Protocolo Facultativo, comprometendo-se a implementar medidas para dar

    efetividade ao que foi ajustado. A Lei 8.899/1994 parte das polticas pblicas para inserir os portadores

    de necessidades especiais na sociedade e objetiva a igualdade de oportunidades e a humanizao das

    relaes sociais, em cumprimento aos fundamentos da Repblica de cidadania e dignidade da pessoa

    humana, o que se concretiza pela definio de meios para que eles sejam alcanados." (ADI 2.649, Rel.

    Min. Crmen Lcia, julgamento em 8-5-2008, Plenrio, DJE de 17-10-2008.)

    "Segundo a nova redao acrescentada ao Ato das Disposies Constitucionais Gerais e Transitrias da

    Constituio de Mato Grosso do Sul, introduzida pela EC 35/2006, os ex-Governadores sul-mato-

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    grossenses que exerceram mandato integral, em 'carter permanente', receberiam subsdio mensal e

    vitalcio, igual ao percebido pelo Governador do Estado. Previso de que esse benefcio seria transferido

    ao cnjuge suprstite, reduzido metade do valor devido ao titular. No vigente ordenamento republicano e

    democrtico brasileiro, os cargos polticos de chefia do Poder Executivo no so exercidos nem ocupados

    'em carter permanente', por serem os mandatos temporrios e seus ocupantes, transitrios. Conquanto a

    norma faa meno ao termo 'benefcio', no se tem configurado esse instituto de direito administrativo e

    previdencirio, que requer atual e presente desempenho de cargo pblico. Afronta o equilbrio federativo e

    os princpios da igualdade, da impessoalidade, da moralidade pblica e da responsabilidade dos gastos

    pblicos (arts. 1; 5, caput; 25, 1; 37, caput e XIII; 169, 1, I e II; e 195, 5, da Constituio da

    Repblica). Precedentes. Ao direta de inconstitucionalidade julgada procedente, para declarar a

    inconstitucionalidade do art. 29-A e seus pargrafos do Ato das Disposies Constitucionais Gerais e

    Transitrias da Constituio do Estado de Mato Grosso do Sul." (ADI 3.853, Rel. Min. Crmen Lcia,

    julgamento em 12-9-2007, Plenrio, DJ de 26-10-2007.)

    "Estipulao do cumprimento da pena em regime inicialmente fechado Fundamentao baseada apenas

    nos aspectos inerentes ao tipo penal, no reconhecimento da gravidade objetiva do delito e na formulao

    de juzo negativo em torno da reprovabilidade da conduta delituosa Constrangimento ilegal caracterizado

    Pedido deferido. O discurso judicial, que se apoia, exclusivamente, no reconhecimento da gravidade

    objetiva do crime e que se cinge, para efeito de exacerbao punitiva, a tpicos sentenciais meramente

    retricos, eivados de pura generalidade, destitudos de qualquer fundamentao substancial e reveladores

    de linguagem tpica dos partidrios do direito penal simblico ou, at mesmo, do direito penal do inimigo

    , culmina por infringir os princpios liberais consagrados pela ordem democrtica na qual se estrutura o

    Estado de Direito, expondo, com esse comportamento (em tudo colidente com os parmetros delineados

    na Smula 719/STF), uma viso autoritria e nulificadora do regime das liberdades pblicas em nosso

    Pas. Precedentes." (HC 85.531, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 22-3-2005, Segunda Turma, DJ

    de 14-11-2007.) Vide: HC 100.678, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 4-5-2010, Primeira

    Turma, DJE de 1-7-2010.

    improcedente a ao. Em primeiro lugar, no encontro ofensa ao princpio federativo, a qual, no

    entender da autora, estaria na feio assimtrica que a norma estadual impugnada deu a um dos aspectos

    do correspondente processo legislativo em relao ao modelo federal. Ora, a exigncia constante do art.

    112, 2, da Constituio fluminense consagra mera restrio material atividade do legislador estadual,

    que com ela se v impedido de conceder gratuidade sem proceder necessria indicao da fonte de

    custeio. assente a jurisprudncia da Corte no sentido de que as regras do processo legislativo federal

    que devem reproduzidas no mbito estadual so apenas as de cunho substantivo, coisa que se no

    reconhece ao dispositivo atacado. que este no se destina a promover alteraes no perfil do processo

    legislativo, considerado em si mesmo; volta-se, antes, a estabelecer restries quanto a um produto

    especfico do processo e que so eventuais leis sobre gratuidades. , por isso, equivocado ver qualquer

    relao de contrariedade entre as limitaes constitucionais vinculadas ao princpio federativo e a norma

    sob anlise, que delas no desbordou. (...) Alm disso, conforme sobrelevou a AGU, os princpios

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    constitucionais apontados como violados so bastante abrangentes (...). Realizando-se o cotejo entre o

    artigo impugnado nestes autos e os preceitos constitucionais adotados como parmetro de sua

    constitucionalidade, no se vislumbra qualquer incompatibilidade, at porque se trata de disposies

    desprovidas de correlao especfica. Da chegar-se, sem dificuldade, concluso de que a norma

    estadual no vulnera o princpio federativo, consagrado nos arts. 1, caput, 18 e 25 da CF." (ADI 3.225,

    voto do Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 17-9-2007, Plenrio, DJ de 26-10-2007.)

    "Extradio e necessidade de observncia dos parmetros do devido processo legal, do estado de direito e

    do respeito aos direitos humanos. Constituio do Brasil, arts. 5, 1, e 60, 4. Trfico de entorpecentes.

    Associao delituosa e confabulao. Tipificaes correspondentes no direito brasileiro. (...) Obrigao do

    STF de manter e observar os parmetros do devido processo legal, do estado de direito e dos direitos

    humanos." (Ext 986, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 15-8-2007, Plenrio, DJ de 5-10-2007.)

    "Mandado de segurana impetrado pelo Partido dos Democratas DEM contra ato do Presidente da

    Cmara dos Deputados. Natureza jurdica e efeitos da deciso do TSE na Consulta 1.398/2007. Natureza

    e titularidade do mandato legislativo. Os partidos polticos e os eleitos no sistema representativo

    proporcional. Fidelidade partidria. Efeitos da desfiliao partidria pelo eleito: perda do direito de continuar

    a exercer o mandato eletivo. Distino entre sano por ilcito e sacrifcio do direito por prtica lcita e

    juridicamente consequente. Impertinncia da invocao do art. 55 da Constituio da Repblica. Direito do

    impetrante de manter o nmero de cadeiras obtidas na Cmara dos Deputados nas eleies. Direito

    ampla defesa do parlamentar que se desfilie do partido poltico. Princpio da segurana jurdica e

    modulao dos efeitos da mudana de orientao jurisprudencial: marco temporal fixado em 27-3-2007.

    (...) Mandado de segurana contra ato do Presidente da Cmara dos Deputados. Vacncia dos cargos de

    deputado federal dos litisconsortes passivos, Deputados federais eleitos pelo partido impetrante e

    transferidos, por vontade prpria, para outra agremiao no curso do mandato. (...) Resposta do TSE a

    consulta eleitoral no tem natureza jurisdicional nem efeito vinculante. Mandado de segurana impetrado

    contra ato concreto praticado pelo Presidente da Cmara dos Deputados, sem relao de dependncia

    necessria com a resposta Consulta 1.398 do TSE. O Cdigo Eleitoral, recepcionado como lei material

    complementar na parte que disciplina a organizao e a competncia da Justia Eleitoral (art. 121 da

    Constituio de 1988), estabelece, no inciso XII do art. 23, entre as competncias privativas do TSE

    responder, sobre matria eleitoral, s consultas que lhe forem feitas em tese por autoridade com jurisdio

    federal ou rgo nacional de partido poltico. A expresso matria eleitoral garante ao TSE a titularidade

    da competncia para se manifestar em todas as consultas que tenham como fundamento matria eleitoral,

    independente do instrumento normativo no qual esteja includo. No Brasil, a eleio de deputados faz-se

    pelo sistema da representao proporcional, por lista aberta, uninominal. No sistema que acolhe como se

    d no Brasil desde a Constituio de 1934 a representao proporcional para a eleio de deputados e

    vereadores, o eleitor exerce a sua liberdade de escolha apenas entre os candidatos registrados pelo

    partido poltico, sendo eles, portanto, seguidores necessrios do programa partidrio de sua opo. O

    destinatrio do voto o partido poltico viabilizador da candidatura por ele oferecida. O eleito vincula-se,

    necessariamente, a determinado partido poltico e tem em seu programa e iderio o norte de sua atuao,

  • 10

    a ele se subordinando por fora de lei (art. 24 da Lei 9.096/1995). No pode, ento, o eleito afastar-se do

    que suposto pelo mandante o eleitor , com base na legislao vigente que determina ser

    exclusivamente partidria a escolha por ele feita. Injurdico o descompromisso do eleito com o partido o

    que se estende ao eleitor pela ruptura da equao poltico-jurdica estabelecida. A fidelidade partidria

    corolrio lgico-jurdico necessrio do sistema constitucional vigente, sem necessidade de sua expresso

    literal. Sem ela no h ateno aos princpios obrigatrios que informam o ordenamento constitucional. A

    desfiliao partidria como causa do afastamento do parlamentar do cargo no qual se investira no

    configura, expressamente, pela Constituio, hiptese de cassao de mandato. O desligamento do

    parlamentar do mandato, em razo da ruptura, imotivada e assumida no exerccio de sua liberdade

    pessoal, do vnculo partidrio que assumira, no sistema de representao poltica proporcional, provoca o

    desprovimento automtico do cargo. A licitude da desfiliao no juridicamente inconsequente,

    importando em sacrifcio do direito pelo eleito, no sano por ilcito, que no se d na espcie. direito

    do partido poltico manter o nmero de cadeiras obtidas nas eleies proporcionais. garantido o direito

    ampla defesa do parlamentar que se desfilie de partido poltico. Razes de segurana jurdica, e que se

    impem tambm na evoluo jurisprudencial, determinam seja o cuidado novo sobre tema antigo pela

    jurisdio concebido como forma de certeza e no causa de sobressaltos para os cidados. No tendo

    havido mudanas na legislao sobre o tema, tem-se reconhecido o direito de o impetrante titularizar os

    mandatos por ele obtidos nas eleies de 2006, mas com modulao dos efeitos dessa deciso para que

    se produzam eles a partir da data da resposta do TSE Consulta 1.398/2007." (MS 26.604, Rel. Min.

    Crmen Lcia, julgamento em 4-10-2007, Plenrio, DJE de 3-10-2008.) No mesmo sentido: MS 26.602,

    Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 4-10-2007, Plenrio, DJE de 17-10-2008; MS 26.603, Rel. Min. Celso

    de Mello, julgamento em 4-10-2007, Plenrio, DJE de 19-12-2008.

    "Ao direta de inconstitucionalidade Art. 75, 2, da Constituio de Gois Dupla vacncia dos cargos

    de prefeito e vice-prefeito Competncia legislativa municipal Domnio normativo da lei orgnica

    Afronta aos arts. 1 e 29 da Constituio da Repblica. O poder constituinte dos Estados-membros est

    limitado pelos princpios da Constituio da Repblica, que lhes assegura autonomia com condicionantes,

    entre as quais se tem o respeito organizao autnoma dos Municpios, tambm assegurada

    constitucionalmente. O art. 30, I, da Constituio da Repblica outorga aos Municpios a atribuio de

    legislar sobre assuntos de interesse local. A vocao sucessria dos cargos de prefeito e vice-prefeito pe-

    se no mbito da autonomia poltica local, em caso de dupla vacncia. Ao disciplinar matria, cuja

    competncia exclusiva dos Municpios, o art. 75, 2, da Constituio de Gois fere a autonomia desses

    entes, mitigando-lhes a capacidade de auto-organizao e de autogoverno e limitando a sua autonomia

    poltica assegurada pela Constituio brasileira. Ao direta de inconstitucionalidade julgada procedente."

    (ADI 3.549, Rel. Min. Crmen Lcia, julgamento em 17-9-2007, Plenrio, DJ de 31-10-2007.) Vide: ADI

    4.298-MC, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 7-10-2009, Plenrio, DJE de 27-11-2009; ADI 1.057-

    MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 20-4-1994, Plenrio, DJ de 6-4-2001.

    "O postulado republicano que repele privilgios e no tolera discriminaes impede que prevalea a

    prerrogativa de foro, perante o STF, nas infraes penais comuns, mesmo que a prtica delituosa tenha

  • 11

    ocorrido durante o perodo de atividade funcional, se sobrevier a cessao da investidura do indiciado,

    denunciado ou ru no cargo, funo ou mandato cuja titularidade (desde que subsistente) qualifica-se

    como o nico fator de legitimao constitucional apto a fazer instaurar a competncia penal originria da

    Suprema Corte (CF, art. 102, I, b e c). Cancelamento da Smula 394/STF (RTJ 179/912-913). Nada pode

    autorizar o desequilbrio entre os cidados da Repblica. O reconhecimento da prerrogativa de foro,

    perante o STF, nos ilcitos penais comuns, em favor de ex-ocupantes de cargos pblicos ou de ex-titulares

    de mandatos eletivos transgride valor fundamental prpria configurao da ideia republicana, que se

    orienta pelo vetor axiolgico da igualdade. A prerrogativa de foro outorgada, constitucionalmente, ratione

    muneris, a significar, portanto, que deferida em razo de cargo ou de mandato ainda titularizado por

    aquele que sofre persecuo penal instaurada pelo Estado, sob pena de tal prerrogativa

    descaracterizando-se em sua essncia mesma degradar-se condio de inaceitvel privilgio de

    carter pessoal. Precedentes." (Inq 1.376-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 15-2-2007,

    Plenrio, DJ de 16-3-2007.)

    "A questo do federalismo no sistema constitucional brasileiro O surgimento da ideia federalista no

    Imprio O modelo federal e a pluralidade de ordens jurdicas (ordem jurdica total e ordens jurdicas

    parciais) A repartio constitucional de competncias: poderes enumerados (explcitos ou implcitos) e

    poderes residuais." (ADI 2.995, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 13-12-2006, Plenrio, DJ de 28-9-

    2007.) No mesmo sentido: ADI 3.189, ADI 3.293 e ADI 3.148, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em

    13-12-2006, Plenrio, DJ de 28-9-2007.

    "Governador e Vice-Governador do Estado Afastamento do Pas por qualquer tempo Necessidade de

    autorizao da Assembleia Legislativa, sob pena de perda do cargo Alegada ofensa ao postulado da

    separao de poderes Medida cautelar deferida. A fiscalizao parlamentar como instrumento

    constitucional de controle do Poder Executivo: Governador de Estado e ausncia do territrio nacional. O

    Poder Executivo, nos regimes democrticos, h de ser um poder constitucionalmente sujeito fiscalizao

    parlamentar e permanentemente exposto ao controle poltico-administrativo do Poder Legislativo. A

    necessidade de ampla fiscalizao parlamentar das atividades do Executivo a partir do controle exercido

    sobre o prprio chefe desse Poder do Estado traduz exigncia plenamente compatvel com o postulado

    do Estado Democrtico de Direito (CF, art. 1, caput) e com as consequncias poltico-jurdicas que

    derivam da consagrao constitucional do princpio republicano e da separao de poderes. A autorizao

    parlamentar a que se refere o texto da Constituio da Repblica (prevista em norma que remonta ao

    perodo imperial) necessria para legitimar, em determinada situao, a ausncia do chefe do Poder

    Executivo (ou de seu vice) do territrio nacional configura um desses instrumentos constitucionais de

    controle do Legislativo sobre atos e comportamentos dos nossos governantes. Plausibilidade jurdica da

    pretenso de inconstitucionalidade que sustenta no se revelar possvel, ao Estado-membro, ainda que no

    mbito de sua prpria Constituio, estabelecer exigncia de autorizao ao chefe do Poder Executivo

    local, para afastar-se, por qualquer tempo, do territrio do Pas. Referncia temporal que no encontra

    parmetro na Constituio da Repblica." (ADI 775-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 23-10-

    1992, Plenrio, DJ de 1-12-2006.)

  • 12

    "Inexistente atribuio de competncia exclusiva Unio, no ofende a Constituio do Brasil norma

    constitucional estadual que dispe sobre aplicao, interpretao e integrao de textos normativos

    estaduais, em conformidade com a Lei de Introduo ao Cdigo Civil. No h falar-se em quebra do pacto

    federativo e do princpio da interdependncia e harmonia entre os poderes em razo da aplicao de

    princpios jurdicos ditos 'federais' na interpretao de textos normativos estaduais. Princpios so normas

    jurdicas de um determinado direito, no caso, do direito brasileiro. No h princpios jurdicos aplicveis no

    territrio de um, mas no de outro ente federativo, sendo descabida a classificao dos princpios em

    'federais' e 'estaduais'." (ADI 246, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 16-12-2004, Plenrio, DJ de 29-4-

    2005.)

    "O pacto federativo, sustentando-se na harmonia que deve presidir as relaes institucionais entre as

    comunidades polticas que compem o Estado Federal, legitima as restries de ordem constitucional que

    afetam o exerccio, pelos Estados-membros e Distrito Federal, de sua competncia normativa em tema de

    exonerao tributria pertinente ao ICMS." (ADI 1.247-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 17-8-

    1995, Plenrio, DJ de 8-9-1995.)

    "Se certo que a nova Carta Poltica contempla um elenco menos abrangente de princpios constitucionais

    sensveis, a denotar, com isso, a expanso de poderes jurdicos na esfera das coletividades autnomas

    locais, o mesmo no se pode afirmar quanto aos princpios federais extensveis e aos princpios

    constitucionais estabelecidos, os quais, embora disseminados pelo texto constitucional, posto que no

    tpica a sua localizao, configuram acervo expressivo de limitaes dessa autonomia local, cuja

    identificao at mesmo pelos efeitos restritivos que deles decorrem impe-se realizar. A questo da

    necessria observncia, ou no, pelos Estados-membros, das normas e princpios inerentes ao processo

    legislativo, provoca a discusso sobre o alcance do poder jurdico da Unio Federal de impor, ou no, s

    demais pessoas estatais que integram a estrutura da Federao, o respeito incondicional a padres

    heternomos por ela prpria institudos como fatores de compulsria aplicao. (...) Da resoluo dessa

    questo central, emergir a definio do modelo de Federao a ser efetivamente observado nas prticas

    institucionais." (ADI 216-MC, Rel. p/ o ac. Min. Celso de Mello, julgamento em 23-5-1990, Plenrio, DJ de

    7-5-1993.)

    I - a soberania;

    "As terras indgenas versadas pela Constituio Federal de 1988 fazem parte de um territrio estatal-

    brasileiro sobre o qual incide, com exclusividade, o Direito nacional. E como tudo o mais que faz parte do

    domnio de qualquer das pessoas federadas brasileiras, so terras que se submetem unicamente ao

    primeiro dos princpios regentes das relaes internacionais da Repblica Federativa do Brasil: a soberania

    ou independncia nacional (inciso I do art. 1 da CF). (...) H compatibilidade entre o usufruto de terras

  • 13

    indgenas e faixa de fronteira. Longe de se pr como um ponto de fragilidade estrutural das faixas de

    fronteira, a permanente alocao indgena nesses estratgicos espaos em muito facilita e at obriga que

    as instituies de Estado (Foras Armadas e Polcia Federal, principalmente) se faam tambm presentes

    com seus postos de vigilncia, equipamentos, batalhes, companhias e agentes. Sem precisar de licena

    de quem quer que seja para faz-lo. Mecanismos, esses, a serem aproveitados como oportunidade mpar

    para conscientizar ainda mais os nossos indgenas, instru-los (a partir dos conscritos), alert-los contra a

    influncia eventualmente mals de certas organizaes no governamentais estrangeiras, mobiliz-los em

    defesa da soberania nacional e reforar neles o inato sentimento de brasilidade. Misso favorecida pelo

    fato de serem os nossos ndios as primeiras pessoas a revelar devoo pelo nosso Pas (eles, os ndios,

    que em toda nossa histria contriburam decisivamente para a defesa e integridade do territrio nacional) e

    at hoje dar mostras de conhecerem o seu interior e as suas bordas mais que ningum." (Pet 3.388, Rel.

    Min. Ayres Britto, julgamento em 19-3-2009, Plenrio, DJE de 1-7-2010.)

    A imprescindibilidade do uso do idioma nacional nos atos processuais, alm de corresponder a uma

    exigncia que decorre de razes vinculadas prpria soberania nacional, constitui projeo concretizadora

    da norma inscrita no art. 13, caput, da Carta Federal, que proclama ser a lngua portuguesa o idioma

    oficial da Repblica Federativa do Brasil. (HC 72.391-QO, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 8-3-

    1995, Plenrio, DJE de 17-3-1995.)

    II - a cidadania

    A Lei 8.899/1994 parte das polticas pblicas para inserir os portadores de necessidades especiais na

    sociedade e objetiva a igualdade de oportunidades e a humanizao das relaes sociais, em

    cumprimento aos fundamentos da Repblica de cidadania e dignidade da pessoa humana, o que se

    concretiza pela definio de meios para que eles sejam alcanados. (ADI 2.649, Rel. Min. Crmen Lcia,

    julgamento em 8-5-2008, Plenrio, DJE de 17-10-2008.)

    "Ningum obrigado a cumprir ordem ilegal, ou a ela se submeter, ainda que emanada de autoridade

    judicial. Mais: dever de cidadania opor-se ordem ilegal; caso contrrio, nega-se o Estado de Direito."

    (HC 73.454, Rel. Min. Maurcio Corra, julgamento em 22-4-1996, Segunda Turma, DJ de 7-6-1996.)

    III - a dignidade da pessoa humana;

    direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, j

    documentados em procedimento investigatrio realizado por rgo com competncia de polcia judiciria,

    digam respeito ao exerccio do direito de defesa. (Smula Vinculante 14)

  • 14

    S lcito o uso de algemas em casos de resistncia e de fundado receio de fuga ou de perigo

    integridade fsica prpria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por

    escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da

    priso ou do ato processual a que se refere, sem prejuzo da responsabilidade civil do Estado. (Smula

    Vinculante 11)

    Nota: O Plenrio do STF, no julgamento da ADI 3.510, declarou a constitucionalidade do art. 5 da Lei de

    Biossegurana (Lei 11.105/2005), por entender que as pesquisas com clulas-tronco embrionrias no

    violam o direito vida ou o princpio da dignidade da pessoa humana.

    "A pesquisa cientfica com clulas-tronco embrionrias, autorizada pela Lei 11.105/2005, objetiva o

    enfrentamento e cura de patologias e traumatismos que severamente limitam, atormentam, infelicitam,

    desesperam e no raras vezes degradam a vida de expressivo contingente populacional (ilustrativamente,

    atrofias espinhais progressivas, distrofias musculares, a esclerose mltipla e a lateral amiotrfica, as

    neuropatias e as doenas do neurnio motor). A escolha feita pela Lei de Biossegurana no significou um

    desprezo ou desapreo pelo embrio in vitro, porm uma mais firme disposio para encurtar caminhos

    que possam levar superao do infortnio alheio. Isto no mbito de um ordenamento constitucional que

    desde o seu prembulo qualifica a liberdade, a segurana, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e

    a justia como valores supremos de uma sociedade mais que tudo fraterna. O que j significa incorporar

    o advento do constitucionalismo fraternal s relaes humanas, a traduzir verdadeira comunho de vida ou

    vida social em clima de transbordante solidariedade em benefcio da sade e contra eventuais tramas do

    acaso e at dos golpes da prpria natureza. Contexto de solidria, compassiva ou fraternal legalidade que,

    longe de traduzir desprezo ou desrespeito aos congelados embries in vitro, significa apreo e reverncia a

    criaturas humanas que sofrem e se desesperam. Inexistncia de ofensas ao direito vida e da dignidade

    da pessoa humana, pois a pesquisa com clulas-tronco embrionrias (inviveis biologicamente ou para os

    fins a que se destinam) significa a celebrao solidria da vida e alento aos que se acham margem do

    exerccio concreto e inalienvel dos direitos felicidade e do viver com dignidade (Min. Celso de Mello).

    (...) A Lei de Biossegurana caracteriza-se como regrao legal a salvo da mcula do aodamento, da

    insuficincia protetiva ou do vcio da arbitrariedade em matria to religiosa, filosfica e eticamente

    sensvel como a da biotecnologia na rea da medicina e da gentica humana. Trata-se de um conjunto

    normativo que parte do pressuposto da intrnseca dignidade de toda forma de vida humana, ou que tenha

    potencialidade para tanto. A Lei de Biossegurana no conceitua as categorias mentais ou entidades

    biomdicas a que se refere, mas nem por isso impede a facilitada exegese dos seus textos, pois de se

    presumir que recepcionou tais categorias e as que lhe so correlatas com o significado que elas portam no

    mbito das cincias mdicas e biolgicas." (ADI 3.510, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 29-5-2008,

    Plenrio, DJE de 28-5-2010.)

    NOVO: "(...) a dignidade da pessoa humana precede a Constituio de 1988 e esta no poderia ter sido

    contrariada, em seu artigo 1, III, anteriormente a sua vigncia. A Arguente desqualifica fatos histricos que

    antecederam a aprovao, pelo Congresso Nacional, da Lei 6.683/79. (...) A inicial ignora o momento talvez

  • 15

    mais importante da luta pela redemocratizao do pas, o da batalha da anistia, autntica batalha. Toda a

    gente que conhece nossa Histria sabe que esse acordo poltico existiu, resultando no texto da Lei

    6.683/79. (...) Tem razo a Arguente ao afirmar que a dignidade no tem preo. As coisas tm preo, as

    pessoas tm dignidade. A dignidade no tem preo, vale para todos quantos participam do humano.

    Estamos, todavia, em perigo quando algum se arroga o direito de tomar o que pertence dignidade da

    pessoa humana como um seu valor [valor de quem se arrogue a tanto]. que, ento, o valor do humano

    assume forma na substncia e medida de quem o afirme e o pretende impor na qualidade e quantidade em

    que o mensure. Ento o valor da dignidade da pessoa humana j no ser mais valor do humano, de todos

    quantos pertencem humanidade, porm de quem o proclame conforme o seu critrio particular. Estamos

    ento em perigo, submissos tirania dos valores. (...) Sem de qualquer modo negar o que diz a Arguente

    ao proclamar que a dignidade no tem preo [o que subscrevo], tenho que a indignidade que o

    cometimento de qualquer crime expressa no pode ser retribuda com a proclamao de que o instituto da

    anistia viola a dignidade humana. (...) O argumento descolado da dignidade da pessoa humana para

    afirmar a invalidade da conexo criminal que aproveitaria aos agentes polticos que praticaram crimes

    comuns contra opositores polticos, presos ou no, durante o regime militar, esse argumento no

    prospera." (ADPF 153, voto do Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 29-4-2010, Plenrio, DJE de 6-8-2010.)

    Trfico de entorpecentes. (...) Priso em flagrante. bice ao apelo em liberdade. Inconstitucionalidade:

    necessidade de adequao do preceito veiculado pelo art. 44 da Lei 11.343/2006 e do art. 5, XLII, aos

    arts. 1, III, e 5, LIV e LVII, da CF. (...) Apelao em liberdade negada sob o fundamento de que o art. 44

    da Lei 11.343/2006 veda a liberdade provisria ao preso em flagrante por trfico de entorpecentes.

    Entendimento respaldado na inafianabilidade desse crime, estabelecida no art. 5, XLIII, da CF. Afronta

    escancarada aos princpios da presuno de inocncia, do devido processo legal e da dignidade da

    pessoa humana. Inexistncia de antinomias na Constituio. Necessidade de adequao, a esses

    princpios, da norma infraconstitucional e da veiculada no art. 5, XLIII, da CF. A regra estabelecida na

    Constituio, bem assim na legislao infraconstitucional, a liberdade. A priso faz exceo a essa regra,

    de modo que, a admitir-se que o art. 5, XLIII, estabelece, alm das restries nele contidas, vedao

    liberdade provisria, o conflito entre normas estaria instalado. A inafianabilidade no pode e no deve

    considerados os princpios da presuno de inocncia, da dignidade da pessoa humana, da ampla defesa

    e do devido processo legal constituir causa impeditiva da liberdade provisria. No se nega a acentuada

    nocividade da conduta do traficante de entorpecentes. Nocividade afervel pelos malefcios provocados no

    que concerne sade pblica, exposta a sociedade a danos concretos e a riscos iminentes. No obstante,

    a regra consagrada no ordenamento jurdico brasileiro a liberdade; a priso, a exceo. A regra cede a

    ela em situaes marcadas pela demonstrao cabal da necessidade da segregao ante tempus. Impe-

    se porm ao Juiz, nesse caso o dever de explicitar as razes pelas quais algum deva ser preso

    cautelarmente, assim permanecendo. (HC 101.505, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 15-12-

    2009, Segunda Turma, DJE de 12-2-2010.) No mesmo sentido: HC 100.185, Rel. Min. Gilmar Mendes,

    julgamento em 8-6-2010, Segunda Turma, DJE de 6-8-2010; HC 100.742, Rel. Min. Celso de Mello,

    julgamento em 3-11-2009, Segunda Turma, Informativo 566; HC 101.055, Rel. Min. Cezar Peluso,

    julgamento em 3-11-2009, Segunda Turma, DJE de 18-12-2009. Em sentido contrrio: HC 93.229, Rel.

    Min. Crmen Lcia, julgamento em 1-4-2008, Primeira Turma, DJE de 25-4-2008.

  • 16

    "Inconstitucionalidade da chamada execuo antecipada da pena. Art. 5, LVII, da CF. Dignidade da

    pessoa humana. Art. 1, III, da CF. O art. 637 do CPP estabelece que (o) recurso extraordinrio no tem

    efeito suspensivo, e uma vez arrazoados pelo recorrido os autos do traslado, os originais baixaro

    primeira instncia para a execuo da sentena. A Lei de Execuo Penal condicionou a execuo da

    pena privativa de liberdade ao trnsito em julgado da sentena condenatria. A Constituio do Brasil de

    1988 definiu, em seu art. 5, LVII, que ningum ser considerado culpado at o trnsito em julgado de

    sentena penal condenatria. Da que os preceitos veiculados pela Lei 7.210/1984, alm de adequados

    ordem constitucional vigente, sobrepem-se, temporal e materialmente, ao disposto no art. 637 do CPP. A

    priso antes do trnsito em julgado da condenao somente pode ser decretada a ttulo cautelar. (...) A

    Corte que vigorosamente prestigia o disposto no preceito constitucional em nome da garantia da

    propriedade no a deve negar quando se trate da garantia da liberdade, mesmo porque a propriedade tem

    mais a ver com as elites; a ameaa s liberdades alcana de modo efetivo as classes subalternas. Nas

    democracias mesmo os criminosos so sujeitos de direitos. No perdem essa qualidade, para se

    transformarem em objetos processuais. So pessoas, inseridas entre aquelas beneficiadas pela afirmao

    constitucional da sua dignidade (art. 1, III, da CF). inadmissvel a sua excluso social, sem que sejam

    consideradas, em quaisquer circunstncias, as singularidades de cada infrao penal, o que somente se

    pode apurar plenamente quando transitada em julgado a condenao de cada qual. Ordem concedida.

    (HC 94.408, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 10-2-2009, Segunda Turma, DJE de 27-3-2009.)

    "Priso preventiva. (...) Autos instrudos com documentos comprobatrios do debilitado estado de sade do

    paciente, que provavelmente definhar na priso sem a assistncia mdica de que necessita, o

    estabelecimento prisional reconhecendo no ter condies de prest-la. O art. 117 da LEP determina, nas

    hipteses mencionadas em seus incisos, o recolhimento do apenado, que se encontre no regime aberto,

    em residncia particular. Em que pese a situao do paciente no se enquadrar nas hipteses legais, a

    excepcionalidade do caso enseja o afastamento da Smula 691/STF e impe seja a priso domiciliar

    deferida, pena de violao do princpio da dignidade da pessoa humana (art. 1, III, da CF)." (HC 98.675,

    Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 9-6-2009, Segunda Turma, DJE de 21-8-2009.) No mesmo sentido:

    RHC 94.358, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 29-4-2008, Segunda Turma, Informativo 504.

    Lei do crime organizado (art. 7). Vedao legal apriorstica de liberdade provisria. Conveno de

    Parlermo (art. 11). Inadmissibilidade de sua invocao. (...) Clusulas inscritas nos textos de tratados

    internacionais que imponham a compulsria adoo, por autoridades judicirias nacionais, de medidas de

    privao cautelar da liberdade individual, ou que vedem, em carter imperativo, a concesso de liberdade

    provisria, no podem prevalecer em nosso sistema de direito positivo, sob pena de ofensa presuno

    de inocncia, dentre outros princpios constitucionais que informam e compem o estatuto jurdico

    daqueles que sofrem persecuo penal instaurada pelo Estado. A vedao apriorstica de concesso de

    liberdade provisria repelida pela jurisprudncia do STF, que a considera incompatvel com a presuno

    de inocncia e com a garantia do due process, dentre outros princpios consagrados na Constituio da

  • 17

    Repblica, independentemente da gravidade objetiva do delito. Precedente: ADI 3.112/DF. A interdio

    legal in abstracto, vedatria da concesso de liberdade provisria, incide na mesma censura que o

    Plenrio do STF estendeu ao art. 21 do Estatuto do Desarmamento (ADI 3.112/DF), considerados os

    postulados da presuno de inocncia, do due process of law, da dignidade da pessoa humana e da

    proporcionalidade, analisado este na perspectiva da proibio do excesso. O legislador no pode

    substituir-se ao juiz na aferio da existncia de situao de real necessidade capaz de viabilizar a

    utilizao, em cada situao ocorrente, do instrumento de tutela cautelar penal. Cabe, unicamente, ao

    Poder Judicirio, aferir a existncia, ou no, em cada caso, da necessidade concreta de se decretar a

    priso cautelar. (HC 94.404, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 18-11-2008, Segunda Turma, DJE

    de 18-6-2010.) Em sentido contrrio: HC 89.143, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 10-6-2008,

    Segunda Turma, DJE de 27-6-2008.

    Controvrsia a propsito da possibilidade, ou no, de concesso de liberdade provisria ao preso em

    flagrante por trfico de entorpecentes. Irrelevncia para o caso concreto, face a sua peculiaridade.

    Paciente primria, de bons antecedentes, com emprego e residncia fixos, flagrada com pequena

    quantidade de maconha quando visitava o marido na penitenciria. Liberdade provisria deferida pelo Juiz

    da causa, posteriormente cassada pelo Tribunal de Justia local. Mandado de priso expedido h cinco

    anos, no cumprido devido a irregularidade no cadastramento do endereo da paciente. Supervenincia de

    doena contagiosa [AIDS], acarretando outros males. Inteno, da paciente, de entregar-se autoridade

    policial. Entrega no concretizada ante o medo de morrer no presdio, deixando desamparada a filha

    menor. Dizer 'peculiaridade do caso concreto dizer exceo. Exceo que se impe seja capturada pelo

    ordenamento jurdico, mesmo porque a afirmao da dignidade da pessoa humana acode paciente. A

    transgresso lei punida de modo que a lei [= o direito] seja restabelecida. Nesse sentido, a condenao

    restabelece o direito, restabelece a ordem, alm de pretender reparar o dano sofrido pela vtima. A priso

    preventiva antecipa o restabelecimento a longo termo do direito; promove imediatamente a ordem. Mas

    apenas imediatamente, j que haver sempre o risco, em qualquer processo, de ao final verificar-se que o

    imediato restabelecimento da ordem transgrediu a prpria ordem, porque no era devido. A justia

    produzida pelo Estado moderno condena para restabelecer o direito que ele mesmo pe, para restabelecer

    a ordem, pretendendo reparar os danos sofridos pela vtima. Mas a vtima no caso dos autos no

    identificada. a prpria sociedade, beneficiria de vingana que como que a pacifica em face, talvez, da

    frustrao que resulta de sua incapacidade de punir os grandes impostores. De vingana se trata, pois

    certo que manter presa em condies intolerveis uma pessoa doente no restabelece a ordem, alm de

    nada reparar. A paciente apresenta estado de sade debilitado e dela depende, inclusive economicamente,

    uma filha. Submet-la ao crcere, isso incompatvel com o direito, ainda que se possa ter como

    adequado regra. Da que a captura da exceo se impe. Ordem deferida, a fim de que a paciente

    permanea em liberdade at o trnsito em julgado de eventual sentena penal condenatria. (HC 94.916,

    Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 30-9-2008, Segunda Turma, DJE de 12-12-2008.)

    A natureza jurdica da regresso de regime lastreada nas hipteses do art. 118, I, da Lei de Execues

    Penais sancionatria, enquanto aquela baseada no inciso II tem por escopo a correta individualizao da

  • 18

    pena. A regresso aplicada sob o fundamento do art. 118, I, segunda parte, no ofende ao princpio da

    presuno de inocncia ou ao vetor estrutural da dignidade da pessoa humana. Incidncia do teor da Sm.

    vinculante 9 do STF quando perda dos dias remidos. (HC 93.782, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,

    julgamento em 16-9-2008, Primeira Turma, DJE de 17-10-2008.) No mesmo sentido: HC 100.953, Rel.

    Min. Ellen Gracie, julgamento em 16-3-2010, Segunda Turma, DJE de 9-4-2010; HC 95.984, Rel. Min.

    Cezar Peluso, julgamento em 10-2-2009, Segunda Turma, DJE de 8-5-2009.

    Paciente denunciado pela infrao do art. 290 do CPM. Alegao de incidncia do princpio da

    insignificncia. Precedentes do STF favorveis tese da impetrao: no aplicao espcie vertente.

    Princpio da especialidade. (...) A existncia de deciso neste STF no sentido pretendido pela impetrante,

    inclusive admitindo a incidncia do princpio da insignificncia justia castrense, a despeito do princpio

    da especialidade e em considerao ao princpio maior da dignidade humana (HC 92.961, Rel. Min. Eros

    Grau, DJ de 21-2-2008), no bastante a demonstrar como legtima sua pretenso. Nas circunstncias do

    caso, o fato no penalmente irrelevante, pois a droga apreendida, alm de ter sido encomendada por

    outra pessoa, seria suficiente para o consumo de duas pessoas, o que configuraria, minimamente, a

    periculosidade social da ao do Paciente. A jurisprudncia predominante do STF no sentido de

    reverenciar a especialidade da legislao penal militar e da justia castrense, sem a submisso

    legislao penal comum do crime militar devidamente caracterizado. (HC 94.649, Rel. Min. Crmen Lcia,

    julgamento em 12-8-2008, Primeira Turma, DJE de 10-10-2008.)

    O julgamento perante o Tribunal do Jri no requer a custdia preventiva do acusado, at ento simples

    acusado inciso LVII do art. 5 da Lei Maior. Hoje no necessria sequer a presena do acusado (...).

    Diante disso, indaga-se: surge harmnico com a Constituio mant-lo, no recinto, com algemas? A

    resposta mostra-se iniludivelmente negativa. Em primeiro lugar, levem em conta o princpio da no

    culpabilidade. certo que foi submetida ao veredicto dos jurados pessoa acusada da prtica de crime

    doloso contra a vida, mas que merecia o tratamento devido aos humanos, aos que vivem em um Estado

    Democrtico de Direito. Segundo o art. 1 da Carta Federal, a prpria Repblica tem como fundamento a

    dignidade da pessoa humana. Da leitura do rol das garantias constitucionais art. 5 , depreende-se a

    preocupao em resguardar a figura do preso. (...) Ora, estes preceitos a configurarem garantias dos

    brasileiros e dos estrangeiros residentes no Pas repousam no inafastvel tratamento humanitrio do

    cidado, na necessidade de lhe ser preservada a dignidade. Manter o acusado em audincia, com algema,

    sem que demonstrada, ante prticas anteriores, a periculosidade, significa colocar a defesa,

    antecipadamente, em patamar inferior, no bastasse a situao de todo degradante. (...) Quanto ao fato de

    apenas dois policiais civis fazerem a segurana no momento, a deficincia da estrutura do Estado no

    autorizava o desrespeito dignidade do envolvido. Incumbia sim, inexistente o necessrio aparato de

    segurana, o adiamento da sesso, preservando-se o valor maior, porque inerente ao cidado. (HC

    91.952, voto do Rel. Min. Marco Aurlio, julgamento em 7-8-2008, Plenrio, DJE de 19-12-2008.)

  • 19

    A Lei 8.899/1994 parte das polticas pblicas para inserir os portadores de necessidades especiais na

    sociedade e objetiva a igualdade de oportunidades e a humanizao das relaes sociais, em

    cumprimento aos fundamentos da Repblica de cidadania e dignidade da pessoa humana, o que se

    concretiza pela definio de meios para que eles sejam alcanados. (ADI 2.649, Rel. Min. Crmen Lcia,

    julgamento em 8-5-2008, Plenrio, DJE de 17-10-2008.)

    O Tribunal, por maioria, deu provimento a agravo regimental interposto em suspenso de tutela

    antecipada para manter deciso interlocutria proferida por desembargador do Tribunal de Justia do

    Estado de Pernambuco, que concedera parcialmente pedido formulado em ao de indenizao por

    perdas e danos morais e materiais para determinar que o mencionado Estado-membro pagasse todas as

    despesas necessrias realizao de cirurgia de implante de Marcapasso Diafragmtico Muscular MDM

    no agravante, com o profissional por este requerido. Na espcie, o agravante, que teria ficado tetraplgico

    em decorrncia de assalto ocorrido em via pblica, ajuizara a ao indenizatria, em que objetiva a

    responsabilizao do Estado de Pernambuco pelo custo decorrente da referida cirurgia, que devolver ao

    autor a condio de respirar sem a dependncia do respirador mecnico. (...) Concluiu-se que a realidade

    da vida to pulsante na espcie imporia o provimento do recurso, a fim de reconhecer ao agravante, que

    inclusive poderia correr risco de morte, o direito de buscar autonomia existencial, desvinculando-se de um

    respirador artificial que o mantm ligado a um leito hospitalar depois de meses em estado de coma,

    implementando-se, com isso, o direito busca da felicidade, que um consectrio do princpio da

    dignidade da pessoa humana. (STA 223-AgR, Rel. p/ o ac. Min. Celso de Mello, julgamento em 14-4-

    2008, Plenrio, Informativo 502.)

    "Uso de substncia entorpecente. Princpio da insignificncia. Aplicao no mbito da Justia Militar. (...)

    Princpio da dignidade da pessoa humana. Paciente, militar, preso em flagrante dentro da unidade militar,

    quando fumava um cigarro de maconha e tinha consigo outros trs. Condenao por posse e uso de

    entorpecentes. No aplicao do princpio da insignificncia, em prol da sade, disciplina e hierarquia

    militares. A mnima ofensividade da conduta, a ausncia de periculosidade social da ao, o reduzido grau

    de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da leso jurdica constituem os requisitos de

    ordem objetiva autorizadores da aplicao do princpio da insignificncia. A Lei 11.343/2006 nova Lei de

    Drogas veda a priso do usurio. Prev, contra ele, apenas a lavratura de termo circunstanciado.

    Preocupao do Estado em mudar a viso que se tem em relao aos usurios de drogas. Punio severa

    e exemplar deve ser reservada aos traficantes, no alcanando os usurios. A estes devem ser oferecidas

    polticas sociais eficientes para recuper-los do vcio. O STM no cogitou da aplicao da Lei 11.343/2006.

    No obstante, cabe a esta Corte faz-lo, incumbindo-lhe confrontar o princpio da especialidade da lei

    penal militar, bice aplicao da nova Lei de Drogas, com o princpio da dignidade humana, arrolado na

    Constituio do Brasil de modo destacado, incisivo, vigoroso, como princpio fundamental (...) Excluso

    das fileiras do Exrcito: punio suficiente para que restem preservadas a disciplina e hierarquia militares,

    indispensveis ao regular funcionamento de qualquer instituio militar. A aplicao do princpio da

    insignificncia no caso se impe; a uma, porque presentes seus requisitos de natureza objetiva; a duas,

    em virtude da dignidade da pessoa humana. Ordem concedida." (HC 92.961, Rel. Min. Eros Grau,

  • 20

    julgamento em 11-12-2007, Segunda Turma, DJE de 22-2-2008.) No mesmo sentido: HC 90.125, Rel. p/ o

    ac. Min. Eros Grau, julgamento em 24-6-2008, Segunda Turma, DJE de 5-9-2008.

    "Ato do Tribunal de Contas da Unio. (...). Penses civil e militar. Militar reformado sob a CF de 1967.

    Cumulatividade. (...). A inrcia da Corte de Contas, por sete anos, consolidou de forma positiva a

    expectativa da viva, no tocante ao recebimento de verba de carter alimentar. Este aspecto temporal diz

    intimamente com o princpio da segurana jurdica, projeo objetiva do princpio da dignidade da pessoa

    humana e elemento conceitual do Estado de Direito." (MS 24.448, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em

    27-9-2007, Plenrio, DJ de 14-11-2007.)

    "(...) a exigncia constante do art. 112, 2, da Constituio fluminense consagra mera restrio material

    atividade do legislador estadual, que com ela se v impedido de conceder gratuidade sem proceder

    necessria indicao da fonte de custeio. (...) Por fim, tambm infrutfero o argumento de desrespeito ao

    princpio da dignidade da pessoa humana. Seu fundamento seria porque a norma (...) retira do legis lador,

    de modo peremptrio, a possibilidade de implementar polticas necessrias a reduzir desigualdades sociais

    e favorecer camadas menos abastadas da populao, permitindo-lhes acesso gratuito a servios pblicos

    prestados em mbito estadual; a regra (...) tem por objetivo evitar que, atravs de lei, venham a ser

    concedidas a determinados indivduos gratuidades, o preceito questionado (...) exclui desde logo a

    possibilidade de implementao de medidas nesse sentido (concesso de gratuidade em matria de

    transportes pblicos), j que estabelece um bice da fonte de custeio. Sucede que dessa frgil premissa

    no se segue a concluso pretendida, pois falsa a suposio de que a mera necessidade de indicao

    da fonte de custeio da gratuidade importaria inviabilidade desta. A exigncia de indicao da fonte de

    custeio para autorizar gratuidade na fruio de servios pblicos em nada impede sejam estes prestados

    graciosamente, donde no agride nenhum direito fundamental do cidado. A medida reveste-se, alis, de

    providencial austeridade, uma vez que se preordena a garantir a gesto responsvel da coisa pblica, o

    equilbrio na equao econmico-financeira informadora dos contratos administrativos e, em ltima anlise,

    a prpria viabilidade e continuidade dos servios pblicos e das gratuidades concedidas. (ADI 3.225, voto

    do Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 17-9-2007, Plenrio, DJ de 26-10-2007.)

    Arguio de incompetncia da Justia Federal. Improcedncia: o nmero de cento e oitenta pessoas

    reduzidas condio anloga a de escravo suficiente caracterizao do delito contra a organizao do

    trabalho, cujo julgamento compete Justia Federal. (HC 91.959, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 9-

    10-2007, Segunda Turma, DJE de 22-2-2008.)

    A Constituio de 1988 traz um robusto conjunto normativo que visa proteo e efetivao dos direitos

    fundamentais do ser humano. A existncia de trabalhadores a laborar sob escolta, alguns acorrentados, em

    situao de total violao da liberdade e da autodeterminao de cada um, configura crime contra a

  • 21

    organizao do trabalho. Quaisquer condutas que possam ser tidas como violadoras no somente do

    sistema de rgos e instituies com atribuies para proteger os direitos e deveres dos trabalhadores,

    mas tambm dos prprios trabalhadores, atingindo-os em esferas que lhes so mais caras, em que a

    Constituio lhes confere proteo mxima, so enquadrveis na categoria dos crimes contra a

    organizao do trabalho, se praticadas no contexto das relaes de trabalho. (RE 398.041, Rel. Min.

    Joaquim Barbosa, julgamento em 30-11-2006, Plenrio, DJE de 19-12-2008.) No mesmo sentido: RE

    541.627, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 14-10-2008, Segunda Turma, DJE de 21-11-2008.

    "O direito de defesa constitui pedra angular do sistema de proteo dos direitos individuais e materializa

    uma das expresses do princpio da dignidade da pessoa humana. Diante da ausncia de intimao de

    defensor pblico para fins de julgamento do recurso, constata-se, no caso concreto, que o constrangimento

    alegado inegvel. No que se refere prerrogativa da intimao pessoal, nos termos do art. 5, 5, da

    Lei 1.060/1950, a jurisprudncia desta Corte se firmou no sentido de que essa h de ser respeitada." (HC

    89.176, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 22-8-2006, Segunda Turma, DJ de 22-9-2006.)

    "Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (Lei 7.492, de 1986). Crime societrio. Alegada inpcia da

    denncia, por ausncia de indicao da conduta individualizada dos acusados. Mudana de orientao

    jurisprudencial, que, no caso de crimes societrios, entendia ser apta a denncia que no individualizasse

    as condutas de cada indiciado, bastando a indicao de que os acusados fossem de algum modo

    responsveis pela conduo da sociedade comercial sob a qual foram supostamente praticados os delitos.

    (...) Necessidade de individualizao das respectivas condutas dos indiciados. Observncia dos princpios

    do devido processo legal (CF, art. 5, LIV), da ampla defesa, contraditrio (CF,art. 5, LV) e da dignidade da

    pessoa humana (CF, art. 1, III)." (HC 86.879, Rel. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 21-2-

    2006, Segunda Turma, DJ de 16-6-2006.)

    "Arguio de descumprimento de preceito fundamental Adequao Interrupo da gravidez Feto

    anencfalo Poltica judiciria Macroprocesso. Tanto quanto possvel, h de ser dada sequncia a

    processo objetivo, chegando-se, de imediato, a pronunciamento do STF. Em jogo valores consagrados na

    Lei Fundamental como o so os da dignidade da pessoa humana, da sade, da liberdade e autonomia

    da manifestao da vontade e da legalidade , considerados a interrupo da gravidez de feto anencfalo

    e os enfoques diversificados sobre a configurao do crime de aborto, adequada surge a arguio de

    descumprimento de preceito fundamental. Arguio de descumprimento de preceito fundamental Liminar

    Anencefalia Interrupo da gravidez Glosa penal Processos em curso Suspenso. Pendente de

    julgamento a arguio de descumprimento de preceito fundamental, processos criminais em curso, em

    face da interrupo da gravidez no caso de anencefalia, devem ficar suspensos at o crivo final do STF.

    Arguio de descumprimento de preceito fundamental Liminar Anencefalia Interrupo da gravidez

    Glosa penal Afastamento Mitigao. Na dico da ilustrada maioria, entendimento em relao ao qual

    guardo reserva, no prevalece, em arguio de descumprimento de preceito fundamental, liminar no

  • 22

    sentido de afastar a glosa penal relativamente queles que venham a participar da interrupo da gravidez

    no caso de anencefalia." (ADPF 54-QO, Rel. Min. Marco Aurlio, julgamento em 27-4-2005, Plenrio, DJ

    de 31-8-2007.)

    "A durao prolongada, abusiva e irrazovel da priso cautelar de algum ofende, de modo frontal, o

    postulado da dignidade da pessoa humana, que representa considerada a centralidade desse princpio

    essencial (CF, art. 1, III) significativo vetor interpretativo, verdadeiro valor-fonte que conforma e inspira

    todo o ordenamento constitucional vigente em nosso Pas e que traduz, de modo expressivo, um dos

    fundamentos em que se assenta, entre ns, a ordem republicana e democrtica consagrada pelo sistema

    de direito constitucional positivo." (HC 85.237, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 17-3-2005,

    Plenrio, DJ de 29-4-2005.) No mesmo sentido: HC 98.621, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento

    em 23-3-2010, Primeira Turma, DJE de 23-4-2010; HC 95.634, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 2-6-

    2009, Segunda Turma, DJE de 19-6-2009; HC 95.492, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 10-3-

    2009, Segunda Turma, DJE de 8-5-2009.

    "Denncia. Estado de Direito. Direitos fundamentais. Princpio da dignidade da pessoa humana. Requisitos

    do art. 41 do CPP no preenchidos. A tcnica da denncia (art. 41 do CPP) tem merecido reflexo no plano

    da dogmtica constitucional, associada especialmente ao direito de defesa. Denncias genricas, que no

    descrevem os fatos na sua devida conformao, no se coadunam com os postulados bsicos do Estado

    de Direito. Violao ao princpio da dignidade da pessoa humana. No difcil perceber os danos que a

    mera existncia de uma ao penal impe ao indivduo. Necessidade de rigor e prudncia daqueles que

    tm o poder de iniciativa nas aes penais e daqueles que podem decidir sobre o seu curso." (HC 84.409,

    Rel. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 14-12-2004, Segunda Turma, DJ de19-8-2005.)

    O direito ao nome insere-se no conceito de dignidade da pessoa humana, princpio alado a fundamento

    da Repblica Federativa do Brasil (CF, art. 1, III)." (RE 248.869, voto do Rel. Min. Maurcio Corra,

    julgamento em 7-8-2003, Plenrio, DJ de 12-3-2004.)

    O fato de o paciente estar condenado por delito tipificado como hediondo no enseja, por si s, uma

    proibio objetiva incondicional concesso de priso domiciliar, pois a dignidade da pessoa humana,

    especialmente a dos idosos, sempre ser preponderante, dada a sua condio de princpio fundamental da

    Repblica (art. 1, III, da CF/1988). Por outro lado, incontroverso que essa mesma dignidade se

    encontrar ameaada nas hipteses excepcionalssimas em que o apenado idoso estiver acometido de

    doena grave que exija cuidados especiais, os quais no podem ser fornecidos no local da custdia ou em

    estabelecimento hospitalar adequado." (HC 83.358, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 4-5-

    2004, Primeira Turma, DJ de 4-6-2004.)

  • 23

    Sendo fundamento da Repblica Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana, o exame da

    constitucionalidade de ato normativo faz-se considerada a impossibilidade de o Diploma Maior permitir a

    explorao do homem pelo homem. O credenciamento de profissionais do volante para atuar na praa

    implica ato do administrador que atende s exigncias prprias permisso e que objetiva, em verdadeiro

    saneamento social, o endosso de lei viabilizadora da transformao, balizada no tempo, de taxistas

    auxiliares em permissionrios. (RE 359.444, Rel. p/ o ac. Min. Marco Aurlio, julgamento em 24-3-2004,

    Plenrio, DJ de 28-5-2004.)

    Fundamento do ncleo do pensamento do nacional-socialismo de que os judeus e os arianos formam

    raas distintas. Os primeiros seriam raa inferior, nefasta e infecta, caractersticas suficientes para justificar

    a segregao e o extermnio: inconciabilidade com os padres ticos e morais definidos na Carta Poltica

    do Brasil e do mundo contemporneo, sob os quais se ergue e se harmoniza o estado democrtico.

    Estigmas que por si s evidenciam crime de racismo. Concepo atentatria dos princpios nos quais se

    erige e se organiza a sociedade humana, baseada na respeitabilidade e dignidade do ser humano e de sua

    pacfica convivncia no meio social. Condutas e evocaes aticas e imorais que implicam repulsiva ao

    estatal por se revestirem de densa intolerabilidade, de sorte a afrontar o ordenamento infraconstitucional e

    constitucional do Pas. (HC 82.424, Rel. p/ o ac. Min. Presidente Maurcio Corra, julgamento em 17-9-

    2003, Plenrio, DJ de 19-3-2004.)

    A mera instaurao de inqurito, quando evidente a atipicidade da conduta, constitui meio hbil a impor

    violao aos direitos fundamentais, em especial ao princpio da dignidade humana. (HC 82.969, Rel. Min.

    Gilmar Mendes, julgamento em 30-9-2003, Segunda Turma, DJ de 17-10-2003.)

    A simples referncia normativa tortura, constante da descrio tpica consubstanciada no art. 233 do

    Estatuto da Criana e do Adolescente, exterioriza um universo conceitual impregnado de noes com que

    o senso comum e o sentimento de decncia das pessoas identificam as condutas aviltantes que traduzem,

    na concreo de sua prtica, o gesto ominoso de ofensa dignidade da pessoa humana. A tortura constitui

    a negao arbitrria dos direitos humanos, pois reflete enquanto prtica ilegtima, imoral e abusiva um

    inaceitvel ensaio de atuao estatal tendente a asfixiar e, at mesmo, a suprimir a dignidade, a autonomia

    e a liberdade com que o indivduo foi dotado, de maneira indisponvel, pelo ordenamento positivo. (HC

    70.389, Rel. p/ o ac. Min. Celso de Mello, julgamento em 23-6-1994, Plenrio, DJ de 10-8-2001.)

    "DNA: submisso compulsria ao fornecimento de sangue para a pesquisa do DNA: estado da questo no

    direito comparado: precedente do STF que libera do constrangimento o ru em ao de investigao de

    paternidade (HC 71.373) e o dissenso dos votos vencidos: deferimento, no obstante, do HC na espcie,

  • 24

    em que se cuida de situao atpica na qual se pretende de resto, apenas para obter prova de reforo

    submeter ao exame o pai presumido, em processo que tem por objeto a pretenso de terceiro de ver-se

    declarado o pai biolgico da criana nascida na constncia do casamento do paciente: hiptese na qual,

    luz do princpio da proporcionalidade ou da razoabilidade, se impe evitar a afronta dignidade pessoal

    que, nas circunstncias, a sua participao na percia substantivaria." (HC 76.060, Rel. Min. Seplveda

    Pertence, julgamento em 31-3-1998, Primeira Turma, DJ de 15-5-1998.)

    Discrepa, a mais no poder, de garantias constitucionais implcitas e explcitas preservao da

    dignidade humana, da intimidade, da intangibilidade do corpo humano, do imprio da lei e da inexecuo

    especfica e direta de obrigao de fazer provimento judicial que, em ao civil de investigao de

    paternidade, implique determinao no sentido de o ru ser conduzido ao laboratrio, 'debaixo de vara',

    para coleta do material indispensvel feitura do exame DNA. A recusa resolve-se no plano jurdico-

    instrumental, consideradas a dogmtica, a doutrina e a jurisprudncia, no que voltadas ao deslinde das

    questes ligadas prova dos fatos. (HC 71.373, Rel. p/ o ac. Min. Marco Aurlio, julgamento em 10-11-

    1994, Plenrio, DJ de 22-11-1996.)

    IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

    O servio postal no consubstancia atividade econmica em sentido estrito, a ser explorada pela empresa

    privada. Por isso que a argumentao em torno da livre iniciativa e da livre concorrncia acaba caindo no

    vazio (...). (ADPF 46, voto do Rel. p/ o ac. Min. Eros Grau, julgamento em 5-8-2009, Plenrio, DJE de 26-

    2-2010.)

    " certo que a ordem econmica na Constituio de 1988 define opo por um sistema no qual joga um

    papel primordial a livre iniciativa. Essa circunstncia no legitima, no entanto, a assertiva de que o Estado

    s intervir na economia em situaes excepcionais. Mais do que simples instrumento de governo, a nossa

    Constituio enuncia diretrizes, programas e fins a serem realizados pelo Estado e pela sociedade. Postula

    um plano de ao global normativo para o Estado e para a sociedade, informado pelos preceitos

    veiculados pelos seus arts. 1, 3 e 170. A livre iniciativa expresso de liberdade titulada no apenas pela

    empresa, mas tambm pelo trabalho. Por isso a Constituio, ao contempl-la, cogita tambm da iniciativa

    do Estado; no a privilegia, portanto, como bem pertinente apenas empresa. Se de um lado a

    Constituio assegura a livre iniciativa, de outro determina ao Estado a adoo de todas as providncias

    tendentes a garantir o efetivo exerccio do direito educao, cultura e ao desporto (arts. 23, V, 205,

    208, 215 e 217, 3, da Constituio). Na composio entre esses princpios e regras h de ser

    preservado o interesse da coletividade, interesse pblico primrio. O direito ao acesso cultura, ao esporte

    e ao lazer so meios de complementar a formao dos estudantes." (ADI 1.950, Rel. Min. Eros Grau,

    julgamento em 3-11-2005, Plenrio, DJ de 2-6-2006.) No mesmo sentido: ADI 3.512, Rel. Min. Eros Grau,

    julgamento em 15-2-2006, Plenrio, DJ de 23-6-2006.

  • 25

    A m-f do candidato vaga de juiz classista resta configurada quando viola preceito constante dos atos

    constitutivos do sindicato e declara falsamente, em nome da entidade sindical, o cumprimento de todas as

    disposies legais e estatutrias para a formao de lista enviada ao Tribunal Regional do Trabalho TRT.

    O trabalho consubstancia valor social constitucionalmente protegido (art. 1, IV, e 170, da CB/1988), que

    sobreleva o direito do recorrente a perceber remunerao pelos servios prestados at o seu afastamento

    liminar. Entendimento contrrio implica sufragar o enriquecimento ilcito da Administrao." (RMS 25.104,

    Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 21-2-2006, Primeira Turma, DJ de 31-3-2006.)

    "O princpio da livre iniciativa no pode ser invocado para afastar regras de regulamentao do mercado e

    de defesa do consumidor." (RE 349.686, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 14-6-2005, Segunda

    Turma, DJ de 5-8-2005.)

    "A fixao de horrio de funcionamento de estabelecimento comercial matria de competncia municipal,

    considerando improcedentes as alegaes de ofensa aos princpios constitucionais da isonomia, da livre

    iniciativa, da livre concorrncia, da liberdade de trabalho, da busca do pleno emprego e da proteo ao

    consumidor." (AI 481.886-AgR, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 15-2-2005, Segunda Turma, DJ de

    1-4-2005.) No mesmo sentido: RE 199.520, Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em 19-5-1998, Segunda

    Turma, DJ de 16-10-1998.

    "Transporte rodovirio interestadual de passageiros. No pode ser dispensada, a ttulo de proteo da livre

    iniciativa , a regular autorizao, concesso ou permisso da Unio, para a sua explorao por empresa

    particular." (RE 214.382, Rel. Min. Octavio Gallotti, julgamento em 21-9-1999, Primeira Turma, DJ de 19-

    11-1999.)

    "Em face da atual Constituio, para conciliar o fundamento da livre iniciativa e do princpio da livre

    concorrncia com os da defesa do consumidor e da reduo das desigualdades sociais, em conformidade

    com os ditames da justia social, pode o Estado, por via legislativa, regular a poltica de preos de bens e

    de servios, abusivo que o poder econmico que visa ao aumento arbitrrio dos lucros." (ADI 319-QO,

    Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em 3-3-1993, Plenrio, DJ de 30-4-1993.)

    V - o pluralismo poltico.

    "Lei 8.624/1993, que dispe sobre o plebiscito destinado a definir a forma e o sistema de governo

    Regulamentao do art. 2 do ADCT/1988, alterado pela EC 2/1992 Impugnao a diversos artigos (arts.

  • 26

    4, 5 e 6) da referida Lei 8.624/1993 Organizao de frentes parlamentares, sob a forma de sociedade

    civil, destinadas a representar o parlamentarismo com Repblica, o presidencialismo com Repblica e o

    parlamentarismo com Monarquia Necessidade de registro dessas frentes parlamentares, perante a Mesa

    Diretora do Congresso Nacional, para efeito de acesso gratuito s emissoras de rdio e de televiso, para

    divulgao de suas mensagens doutrinrias (direito de antena) Alegao de que os preceitos legais

    impugnados teriam transgredido os postulados constitucionais do pluralismo poltico, da soberania popular,

    do sistema partidrio, do direito de antena e da liberdade de associao Suposta usurpao, pelo

    Congresso Nacional, da competncia regulamentar outorgada ao Tribunal Superior Eleitoral

    Consideraes, feitas pelo relator originrio (Min. Nri da Silveira), em torno de conceitos e de valores

    fundamentais, tais como a democracia, o direito de sufrgio, a participao poltica dos cidados, a

    essencialidade dos partidos polticos e a importncia de seu papel no contexto do processo institucional, a

    relevncia da comunicao de ideias e da propaganda doutrinria no contexto da sociedade democrtica

    Entendimento majoritrio do STF no sentido da inocorrncia das alegadas ofensas ao texto da Constituio

    da Repblica." (ADI 839-MC, Rel. p/ o ac. Min. Celso de Mello, julgamento em 17-2-1993, Plenrio, DJ de

    24-11-2006.)

    "Partido poltico Funcionamento parlamentar Propaganda partidria gratuita Fundo partidrio. Surge

    conflitante com a Constituio Federal lei que, em face da gradao de votos obtidos por partido poltico,

    afasta o funcionamento parlamentar e reduz, substancialmente, o tempo de propaganda partidria gratuita

    e a participao no rateio do Fundo Partidrio. Normatizao Inconstitucionalidade Vcuo. Ante a

    declarao de inconstitucionalidade de leis, incumbe atentar para a inconvenincia do vcuo normativo,

    projetando-se, no tempo, a vigncia de preceito transitrio, isso visando a aguardar nova atuao das

    Casas do Congresso Nacional." (ADI 1.354, Rel. Min. Marco Aurlio, julgamento em 7-12-2006, Plenrio,

    DJ de 30-3-2007.) No mesmo sentido: AD