32
DIREITO ADMINISTRATIVO A impetração de habeas data é cabível quando a informação for relativa ao próprio impetrante. Fora dessa hipótese a obtenção de informação sonegada pelo Estado pode ser viabilizada pela utilização de mandado de segurança individual e mandado de segurança coletivo. Princípio da autotutela A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá -los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridosPrincípio da obrigatória motivação O princípio da obrigatória motivação impõe à Administração Pública o dever de indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinaram a prática do ato (art. 2º, parágrafo único, VII, da Lei n. 9.784/99). Assim, a validade do ato administrativo está condicionada à apresentação por escrito dos fundamentos fáticos e jurídicos justificadores da decisão adotada. a corrente majoritária defende que a motivação é obrigatória tanto nos atos vinculados quanto nos atos discricionários. dos atos que exigem motivação. Todo e qualquer ato administrativo deve ser motivado (posição mais segura para concursos) nomeação e exoneração de cargos comissionados: conhecidos como cargos “de confiança”, são de livre provimento dispensando motivação. Mas se for apresentado motivo falso ou inexistente, a exoneração de comissionado será nula (teoria dos motivos determinantes).

Resumo de Direito administrativo do livro de Alexandre Mazza

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Resumo de Direito administrativo do livro de Alexandre Mazza

DIREITO ADMINISTRATIVO

A impetração de habeas data é cabível quando a informação for relativa ao próprio impetrante. Fora dessa hipótese a obtenção de informação sonegada pelo Estado pode ser viabilizada pela utilização de mandado de segurança individual e mandado de segurança coletivo.

Princípio da autotutela

A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá -los por motivo de conveniência ou oportunidade,respeitados os direitos adquiridos”

Princípio da obrigatória motivaçãoO princípio da obrigatória motivação impõe à Administração Pública o deverde indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinaram a práticado ato (art. 2º, parágrafo único, VII, da Lei n. 9.784/99). Assim, a validade do atoadministrativo está condicionada à apresentação por escrito dos fundamentosfáticos e jurídicos justificadores da decisão adotada.

a corrente majoritária defende que a motivação é obrigatória tantonos atos vinculados quanto nos atos discricionários.

dos atos que exigem motivação. Todo e qualquer ato administrativodeve ser motivado (posição mais segura para concursos)

nomeação e exoneração de cargos comissionados: conhecidos comocargos “de confiança”, são de livre provimento dispensando motivação.Mas se for apresentado motivo falso ou inexistente, a exoneração de comissionadoserá nula (teoria dos motivos determinantes).

A motivação deve ser apresentada simultaneamente ou no instante seguinteà prática do ato.

A teoria dos motivos determinantes afirma que o motivo apresentado como fundamento fático da conduta vincula a validade do ato administrativo. Assim, havendo comprovação de que o alegado pressuposto de fato é falso ou inexistente, o ato torna -se nulo. Assim, por exemplo, se o infrator demonstrar que a infração

Page 2: Resumo de Direito administrativo do livro de Alexandre Mazza

não ocorreu, a multa é nula. Ainda nos casos em que a lei dispensa a apresentação de motivo, sendo apresentada razão falsa, o ato deve ser anulado.

2.7.3 Princípio da finalidade

Seu conteúdo obriga a Administração Pública a sempre agir, visando a defesado interesse público primário. Em outras palavras, o princípio da finalidade proíbeo manejo das prerrogativas da função administrativa para alcançar objetivo diferentedaquele definido na legislação.

Desvio de finalidade, desvio de poder ou tresdestinação é defeito que tornanulo o ato administrativo quando praticado, tendo em vista fim diverso daqueleprevisto, explícita ou implicitamente, na regra de competência (art. 2º, parágrafo único, e, da Lei n. 4.717/65).

No desvio de poder (ou de finalidade), o agente competente atua visando interesse alheio ao interesse público; no excesso de poder, o agente competenteexorbita no uso de suas atribuições indo além de sua competência.

Princípio da proporcionalidade

Não se usam canhões para matar pardais2.7.5.1 Proporcionalidade perante a lei e proporcionalidade na leiO respeito à proporcionalidade vincula a Administração Pública e o PoderLe gislativo. Fala -se, assim, em proporcionalidade perante a lei e proporcionalidadena lei.A proporcionalidade perante a lei aplica -se ao administrador público, quedeverá evitar exageros no modo de aplicação da lei ao caso concreto.Pelo contrário, a proporcionalidade na lei constitui exigência aplicável aolegislador, pois, no momento de criação da norma, está obrigado, sob pena deviolação do devido processo legal material (art. 5º, LIV, da CF), a estabelecer penasadequadas à gravidade dos comportamentos a serem reprimidos.

A responsabilidade do Estado por condutas comissivas é objetiva, não dependendo

Page 3: Resumo de Direito administrativo do livro de Alexandre Mazza

da comprovação de culpa ou dolo. Já nos danos por omissão, o dever de indenizarcondiciona -se à demonstração de culpa ou dolo, submetendo -se à teoria subjetiva.

2.7.7 Princípio da segurança jurídica

Proibição de aplicação retroativa de novas interpretações de dispositivos legais e normas administrativas.Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: (...) XIII – interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação”.

2.7.9 Princípio do controle judicial ou da sindicabilidadePreceitua que o Poder Judiciário detém ampla competência para investigar alegitimidade dos atos praticados pela Administração Pública, anulando -os em casode ilegalidade (art. 5º, XXXV, da CF: “a lei não excluirá da apreciação do PoderJudiciário lesão ou ameaça a direito”).

2.7.10 Princípios da continuidade do serviço público e da obrigatoriedadeda fun ção administrativaO princípio da continuidade veda a interrupção na prestação dos serviçospúblicos. Por ser característica inerente ao regime jurídico dos serviços públicos, o dever de continuidade estende -se às formas indiretas de prestação, por meio de concessionários e permissionários. Isso porque a continuidade constitui garantia do usuário, que não se altera diante da forma de prestação do serviço.

Entretanto, o art. 6º, § 3º, da Lei n. 8.987/95, na esteira do entendimento doutrináriomajoritário e da jurisprudência do STJ, autoriza o corte no fornecimento do serviço,após prévio aviso, nos casos de: a) razões de ordem técnica ou de segurança das instalações;e b) inadimplemento do usuário.

2.7.11 Princípio da descentralização ou especialidade

O princípio da descentralização ou especialidade recomenda que, sempre quepossível, as funções administrativas devem ser desempenhadas por pessoas jurídicasautônomas, criadas por lei especificamente para tal finalidade. É o caso das

Page 4: Resumo de Direito administrativo do livro de Alexandre Mazza

autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista(art. 37, XIX, da CF).

2.7.12 Princípio da presunção de legitimidade

até prova em contrário, os atos administrativos são considerados válidos para o Direito, cabendo ao particular o ônus de provar eventual ilegalidade na sua prática.

2.7.13 Princípio da isonomiaO princípio da isonomia é preceito fundamental do ordenamento jurídico queimpõe ao legislador e à Administração Pública o dever de dispensar tratamentoigual a administrados que se encontram em situação equivalente. Exige, dessemodo, uma igualdade na lei e perante a lei. tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida de suas desigualdades”.

DESCONCENTRAÇÃO

Na desconcentração as atribuições são repartidas entre órgãos públicos pertencentes a uma única pessoa jurídica, mantendo a vinculação hierárquica.

Os órgãos não possuem capacidade processual pois não tem personalidade jurídica própria.

DESCENTRALIZAÇÃO

Já na descentralização, as competências administrativas são exercidas por pessoasjurídicas autônomas, criadas pelo Estado para tal finalidade. Exemplos: autarquias,fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista.

O instituto fundamental da descentralização é o de entidade. Nos termos doart. 1º, § 2º, II, da Lei n. 9.784/99, entidade é a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica própria. Tendo personalidade autônoma, tais entidades respondem judicialmente pelos prejuízos causados por seus agentes públicos.

3.7 ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETAA Administração Pública Indireta ou Descentralizada é composta por pessoas

Page 5: Resumo de Direito administrativo do livro de Alexandre Mazza

jurídicas autônomas com natureza de direito público ou de direito privado.1

São pessoas de direito público: autarquias, fundações públicas, agênciasreguladoras e associações públicas.Possuem personalidade de direito privado: empresas públicas, sociedadesde economia mista e fundações governamentais.

3.7.1 AutarquiasAutarquias são pessoas jurídicas de direito público interno, pertencentes à Administração Pública Indireta, criadas por lei específica para o exercício de atividades típicas da Administração Pública.

O conceito legislativo de autarquia é apresentado pelo art. 5º, I, do Decreto -Lein. 200/67: serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônioe receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública,que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeiradescentralizada.

As autarquias possuem as seguintes característicasjurídicas:

a) são pessoas jurídicas de direito públicob) são criadas e extintas por lei específica

afasta a possibilidade de criação de tais entidades por meio de leis

a) multitemáticas.b) Emc) respeito ao princípio da simetria das formas, sed) a criação depende de lei, então a extinção dee) autarquia igualmente exige lei específica, sendof) inaplicável o regime extintivo falimentar;

dotadas de autonomia gerencial, orçamentária e patrimonial: autonomiaé capacidade de autogoverno representando um nível de liberdade na gestão de

seus próprios assuntos, intermediário entre a subordinação hierárquica e a independência

Assim, as autarquias não estão subordinadas hierarquicamente à AdministraçãoPública Direta, mas sofrem um controle finalístico chamado de supervisão ou tutela

Page 6: Resumo de Direito administrativo do livro de Alexandre Mazza

ministerial

. nunca exercem atividade econômica:autarquias somente podem desempenhar atividades típicas da AdministraçãoPública (art. 5º, I, do Decreto -Lei n. 200/67), como prestar serviços públicos,

exercer o poder de polícia ou promover o fomento

são imunes a impostos: por força do art. 150, § 2º, da Constituição Federal,autarquias não pagam nenhum imposto. Em razão de a norma mencionar somenteimpostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições especiais, são devidos normalmente.

seus bens são públicos: os bens pertencentes às autarquias são revestidos dosatributos da impenhorabilidade, inalienabilidade e imprescritibilidade

praticam atos administrativos: os atos praticados pelos agentes públicos pertencentesàs autarquias classificam -se como atos administrativos sendo dotados depresunção de legitimidade, exigibilidade, imperatividade e autoexecutorie dade;celebram contratos administrativos

o regime normal de contratação é estatutário: em regra, os agentes públicospertencentes às autarquias ocupam cargos públicos, compondo a categoria dos servidores públicos estatutários. A contratação celetista é excepcional;

possuem as prerrogativas especiais da Fazenda Pública: as autarquias possuem todos os privilégios processuais característicos da atuação da Fazenda Pública em juízo, como prazos em dobro para recorrer e em quádruplo para contestar, desnecessidade de adiantar custas processuais e de anexar procuração do representante legal, dever de intimação pessoal, execução de suas dívidas pelo sistema de precatórios etc.

responsabilidade objetiva e direta:as autarquias respondem objetivamente, isto é, sem necessidade de comprovação de culpa ou dolo, pelos prejuízos causados por seus agentes a particulares. Além de objetiva, a responsabilidade também é direta, porque é a própria entidade que deve ser

Page 7: Resumo de Direito administrativo do livro de Alexandre Mazza

acionada judicialmente para reparar os danos patrimoniais que causar. A Administração Direta (entidades federativas) só poderá ser acionada em caráter subsidiário, vale dizer, na hipótese de a autarquia não possuir condições patrimoniais eorçamentárias de indenizar a integralidade do valor da condenação;

3.7.2 Fundações públicasFundações públicas são pessoas jurídicas de direito público interno, instituídaspor lei específica mediante a afetação de um acervo patrimonial do Estado auma dada finalidade pública. Exemplos: Funai, Funasa, IBGE, Funarte e FundaçãoBiblioteca Nacional.

De acordo com o entendimento adotado pela maioria da doutrina e pela totalidadedos concursos públicos, as fundações públicas são espécies de autarquiasrevestindo -se das mesmas características jurídicas aplicáveis às entidades autárquicas.

Podem exercer todas as atividades típicas da Administração Pública, como prestar serviços públicos e exercer poder de polícia.

Agencias reguladoras

As agências reguladoras são autarquias com regime especial, possuindo todas ascaracterísticas jurídicas das autarquias comuns mas delas se diferenciando pela presença de duas peculiaridades em seu regime jurídico:a) dirigentes estáveis: ao contrário das autarquias comuns, em que os dirigentes ocupam cargos em comissão exoneráveis livremente pelo Poder Executivo, nas agências reguladoras os dirigentes são protegidos contra o desligamento imotivado.

mandatos fixos: diferentemente do que ocorre com as demais autarquias, nasagências reguladoras os dirigentes permanecem na função por prazo determinadosendo desligados automaticamente após o encerramento do mandato.

é vedada a edição, pelas agências, deatos administrativos gerais e abstratos.3.7.4 Agências executivas

agências executivas é um título atribuído pelo governo federal a autarquias, fundações públicas e órgãos que celebrem contrato de

Page 8: Resumo de Direito administrativo do livro de Alexandre Mazza

gestão para ampliação de sua autonomia mediante a fixação de metas de desempenho.

As características fundamentais das agências executivas são as seguintes:a) são autarquias, fundações e órgãos querecebem a qualificação por decreto do Presidenteda República ou portaria expedida porMinistro de Estado;b) celebram contrato de gestão com oMinistério supervisor para ampliação daautonomia;c) possuem um plano estratégico de reestruturaçãoe de desenvolvimento institucional,voltado para a melhoria da qualidade da gestão e para redução de custosExistem somente no âmbito federal

Associações públicas

Consórciopúblico é o negócio jurídico plurilateral dedireito público que tem por objeto medidas demútua cooperação entre entidades federativas,resultando na criação de uma pessoajurídica autônoma com natureza de direitoprivado ou de direito público.

Os consórcios de direito privado não integram a Administração;

associação pública: se as entidadesconsorciadas optarem por conferir naturezajurídica de direito público, a nova pessoajurídica recebe a denominação de associaçãopública. De acordo com a regra prevista no art.6º da Lei n. 11.107/2005, a associação públicaintegra a Administração Pública Indiretade todos os entes consorciados.

associações públicas são pessoas jurídicas de direito públicointerno pertencentes à Administração Pública Indireta.

3.7.6 Empresas estatais

Empresas públicas e sociedades de economia mista tem personalidade de direito privado. sofrem controle pelos Tribunais de Contas, Poder Legislativo e Judiciário;Dever de contratar mediante prévia li citação. obrigatoriedade de realização de concurso público proibição de acumulação de cargos, empregos ou funções públicas

Page 9: Resumo de Direito administrativo do livro de Alexandre Mazza

contratação de pessoal pelo regime celetista de emprego público, com exceção dos dirigentes, sujeitos ao regime comissionado (cargos “de confiança”);remuneração dos empregos não sujeita ao teto constitucional, exceto se receberem recursos públicos para pagamentode despesas de pessoal ou de custeio em geralimpossibilidade de falência

3.7.6.1 Empresas públicasEmpresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado, criadas por autorizaçãolegislativa, com totalidade de capital público e regime organizacional livre.

O conceito legislativo está previsto no art. 5º, II, do Decreto -Lei n. 200/67:empresas públicas são entidades dotadas de personalidade jurídica de direito privado,com patrimônio próprio e capital exclusivo da União todo capital é público: nas empresas públicas não existe dinheiro privado integrando Ko capital social

suas demandas são de competênciada Justiça Federal

3.7.6.2 Sociedades de economia mistaSociedades de economia mista são pessoas jurídicas de direito privado,criadas mediante autorização legislativa, com maioria de capital público e organizadas obrigatoriamente como sociedades anônimas.demandas são julgadas na justiça comumestadual

ATOS ADMINISTRATIVOSNem todo ato da Administração é ato administrativo.nem todo ato jurídico praticado pela Administração é ato administrativo;nem todo ato administrativo é praticado pela Administração.

cinco atributos: a) presunção delegitimidade; b) imperatividade; c) exigibilidade;

c) autoexecutoriedade; e) tipicidade

o Judiciário não pode apreciar de ofício a nulidade do ato administrativo.18

4.8.2 Imperatividade ou coercibilidade

Page 10: Resumo de Direito administrativo do livro de Alexandre Mazza

O atributo da imperatividade significa que o ato administrativo pode criar unilateralmente obrigações aos particulares, independentemente da anuência destes.

4.8.3 ExigibilidadeA exigibilidade, portanto, resume -se ao poder de aplicar sanções administrativas, como multas, advertências e interdição de estabelecimentos comerciais.

4.8.4 Autoexecutoriedade

Trata -se de uma verdadeira “autoexecutoriedade” porque é realizada dispensandoautorização judicial.

São exemplos de autoexecutoriedade:a) guinchamento de carro parado em local proibido;b) fechamento de restaurante pela vigilância sanitária;c) apreensão de mercadorias con trabandeadas;d) dispersão de passeata imoral;e) demolição de construção irregular emárea de manancial;f) requisição de escada particular para combater incêndio;g) interdição de estabelecimento comercial irregular;

4.8.5 Tipicidade

A tipicidade diz respeito à necessidade de respeitar -se a finalidadeespecífica definida na lei para cada espécie de ato administrativo. Dependendoda finalidade que a Administração pretende alcançar, existe um ato definidoem lei.20

Válida para todos os atos administrativos unilaterais, a tipicidade proíbe,por exemplo, que a regulamentação de dispositivo legal seja promovida utilizando--se uma portaria, já que tal tarefa cabe legalmente a outra categoria de ato administrativo, o decreto.

Os elementos de existência do ato adminidtrativo são conteúdo e forma.

Objeto do ato administrativo é o bem ou a pessoa a que o ato faz referência.

4.10 MÉRITO DO ATO ADMINISTRATIVO

Page 11: Resumo de Direito administrativo do livro de Alexandre Mazza

Mérito ou merecimento é a margem de liberdade que os atos discricionáriosrecebem da lei para permitir aos agentes públicos escolher, diante da situação concreta,qual a melhor maneira de atender ao interesse público. Trata -se de um juízo deconveniência e oportunidade que constitui o núcleo da função típica do Poder Executivo, razão pela qual é vedado ao Poder Judiciário controlar o mérito do ato administrativo. essa margem de liberdade pode residir no motivo ou no objeto do ato discricionário.

Motivo

éritObjeto

o juízo de oportunidade diz respeito ao momento e ao motivoensejadores da prática do ato

Quanto ao juízo de conveniência, relaciona -se diretamente com a escolha doconteúdo e a intensidade dos efeitos do ato jurídico praticado pela Administração.

4.11 REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO

Competência ou sujeito: o primeiro requisito de validade do ato administrativoé denominado competência ou sujeito. A competência é requisito vinculadoem regra, a competência administrativa pode ser transferida temporariamente mediante delegação ou avocação. Porém, são indelegáveis: competências exclusivas, a edição de atos normativos e a decisão de recursos (art. 13 da Lei n. 9.784/99).

O objeto é requisito discricionário

Forma: é requisito vinculado, envolvendo o modo de exteriorização e os procedimentos prévios exigidos na expedição do ato administrativo.

Page 12: Resumo de Direito administrativo do livro de Alexandre Mazza

Motivo: é a situação de fato e o fundamento jurídico que autorizam a prática do ato. Constitui requisito discricionário porque pode abrigar margem de liberdade outorgada por lei ao agente público.

Finalidade: requisito vinculado

Atos vinculados são aqueles práticos pela Administração sem margem alguma deliberdade, pois a lei define de antemão todos os aspectos da conduta.

Atos vinculados não podem ser revogados porque não possuem mérito, que é ojuí zo de conveniência e oportunidade relacionado à prática do ato. Entretanto, podem ser anulados por vício de legalidade.

Atos discricionários são praticados pela Administração dispondo de margem deliberdade para que o agente público decida, diante do caso concreto, qual a melhor maneira de atingir o interesse público.

Os atos discricionários são caracterizados pela existência de um juízo de conveniênciae oportunidade no motivo ou no objeto, conhecido como mérito. Por isso, podemtanto ser anulados na hipótese de vício de legalidade quanto revogados por razões deinteresse público.

Convém relembrar que os atos discricionários estão sujeitos a amplo controle de legalidade perante o Judiciário. Ao juiz é proibido somente revisar o mérito do atoDiscricionário.

atos simples são aqueles que resultam da manifestação de um único órgão, seja singular (simples singulares) ou colegiado (simples colegiais ou coletivos).

atos compostos são aqueles praticados por um único órgão, mas que dependem daverificação, visto, aprovação, anuência, homologação ou “de acordo” por parte de outro,como condição de exequibilidade.

No ato composto, a existência, a validade e a eficácia dependem da manifestação do primeiro órgão (ato principal), mas a execução fica pendente até a manifestação do outro órgão (ato secundário).38,39

Page 13: Resumo de Direito administrativo do livro de Alexandre Mazza

atos complexos são formados pela conjugação de vontades de mais de um órgão.A manifestação do segundo órgão é elemento de existência do ato complexo. Somenteapós, o ato torna -se perfeito. Com a in te gração da vontade do segundo órgão, é que passa a ser atacável pela via judicial ou administrativa.

Simples Manifestação de um único órgão A vontade do único órgão torna o ato existente, válido e eficazMesmo se o órgão for colegiado, o ato é simples

Composto Praticado por um órgão, mas sujeito à aprovação de outro EX Auto de infração que depende do visto de autoridade superior A vontade do segundo órgão é condição de exequibilidade do ato. Apareceu na prova “condição de exequibilidade”, o ato é composto.

Complexo Conjugação de vontades de mais de um órgão EX Investidura de funcionário A vontade do segundo órgão é elemento de existência do ato.

No ato complexo, as duas vontades se fundem na prática de ato uno.

A competência para expedição de atos normativos é indelegável

atos internos: produzem efeitos dentro da Administração, vinculando somente órgãos e agentes públicos. Por alcançarem somente o ambiente administrativo doméstico, não exigem publicação na imprensa oficial, bastando cientificaros interessados. Exemplos: portaria e instrução ministerial;

atos externos: produzem efeitos perante terceiros. Exemplo: fechamento de estabelecimento e licença

atos de império: praticados pela Administração em posição de superioridadediante do particular. Exemplos: desapropriação, multa, interdição de atividade

atos de gestão: expedidos pela Administração em posição de igualdade perante oparticular, sem usar de sua supremacia e regidos pelo direito privado. Exemplos: locação de imóvel, alienação de bens públicos;

atos de expediente: dão andamento a processos administrativos. São atos derotina interna praticados por agentes subalternos sem competência decisória. Exemplo:numeração dos autos do processo.

atos unilaterais: dependem de somente uma vontade. Exemplo: licença

atos bilaterais: dependem da anuência das duas partes. Exemplo: contrato

Page 14: Resumo de Direito administrativo do livro de Alexandre Mazza

administrativo.

atos constitutivos: criam novas situações jurídicas. Exemplo: admissão de alunoem escola pública.

atos extintivos ou desconstitutivos: extinguem situações jurídicas. Exemplo:demissão de servidor;

atos declaratórios ou enunciativos: visam preservar direitos e afirmar situaçõespreexistentes. Exemplos: certidão e atestado;

atos alienativos: realizam a transferência de bens ou direitos a terceiros. Exemplo: venda de bem público

atos modificativos: alteram situações preexistentes. Exemplo: alteração do local de reunião;

atos abdicativos: aqueles em que o titular abre mão de um direito. Exemplo: renúncia à função pública.

atos precários: expedidos pela Administração Pública para criação de vínculos jurídicos efêmeros e temporários, passíveis de desconstituição a qualquer momento pela autoridade administrativa diante de razões de interesse público superveniente. Pela sua própria natureza, não geram direito adquirido à permanência do benefício. Exemplo: autorização para instalação de banca de flores em calçada.

4.13.3.12 Quanto ao modo de execução

atos autoexecutórios: podem ser executados pela Administração sem necessidade de ordem judicial. Exemplo: requisição de bens;

atos não autoexecutórios: dependem de intervenção do Poder Judiciáriopara produzir seus efeitos regulares. Exemplo: execução fiscal.

Como regra geral, decretos e regulamentos não podem criar obrigações de fazerou não fazer a particulares (art. 5º, II, da CF); ATOS ORDINATÓRIOS

portarias:4São expedidas por chefes de órgãos e repartições públicas. As portarias

Page 15: Resumo de Direito administrativo do livro de Alexandre Mazza

nunca podem ser baixadas pelos Chefes do Executivo;

4.14.3 Atos negociais

licença: constitui ato administrativo unilateral, declaratório e vinculadoque libera, a todos que preencham os requisitos legais, o desempenho de atividadesem princípio vedadas pela lei. Trata -se de manifestação do poder de polícia administrativo desbloqueando atividades cujo exercício depende de autorização da Administração. Exemplo: licença para construir

autorização: ato unilateral, discricionário,constitutivo e precário expedido paraa realização de serviços ou a utilização de bens públicos no interesse predominante do particular. Exemplos: porte de arma, mesas de bar em calçadas e autorização para exploração de jazida mineral.

permissão: ato unilateral, discricionário (corrente majoritária) e precário que faculta o exercício de serviço de interesse coletivo ou a utilização de bem público.Difere da autorização porque a permissão é outorga no interesse predominante da coletividade.- toda permissão deve ser precedida de licitação.

4.15 EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO

Retirada do ato: é a forma de extinção mais importante para provas e concursospúblicos. Ocorre com a expedição de um ato secundário praticado para extinguirato anterior. As modalidades de retirada são: revogação, anulação, cassação, caducidade e contraposição

Por envolver questão de mérito, a revogação só pode ser praticada pela AdministraçãoPública, e não pelo Judiciário.

A revogação é de competência da mesma autoridade que praticou o ato revogado.

Obs: Quando Judiciário e o Legislativo praticamatos administrativos no exercício de função atípica, a revogação pode ser por elesdeterminada. É vedado ao Judiciário revogar ato praticado por outro Poder.

Page 16: Resumo de Direito administrativo do livro de Alexandre Mazza

Além disso, a revogação só pode extinguir atos discricionários porque atos vinculados não admitem reavaliação do interesse público.

a revogação produz efeitos futuros, não retroativos, ex nunc ou proativos.

O ato revocatório é ato secundário, constitutivo e discricionário.

O ato revocatório deve ter obrigatoriamente a mesma forma do ato revogado.

A competência para revogar atos administrativos é intransmissível, irrenunciávele imprescritível.

O ato anulatório tem natureza vinculada, sendo insuscetível de revogação. Portal motivo, é impossível revogar a anulação.

A revogação de atos precários ou de vigência indeterminada não gera, porém,dever de indenizar, pois neles a revogabilidade a qualquer tempo é inerente à natureza da vantagem estabelecida.

Ao contrário da revogação, a anulação pode ter como sujeito ativo a Administração ou o Poder Judiciário.

O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má -fé”.

Já a anulação via Poder Judiciário é decorrente do controle externo exercido sobre aatividade administrativa e sujeita -se ao prazo prescricional de cinco anos (art. 1º do Decreto n. 20.910/32).

São passíveis de convalidação os atos com defeito na competência ou na forma. Defeitos no objeto, motivo ou finalidade são insanáveis, obrigando a anulação do ato.

A convalidação é uma decisão discricionária.

5.2 PODER VINCULADO

Onde houver vinculação, o agente público é um simplesexecutor da vontade legal.

Page 17: Resumo de Direito administrativo do livro de Alexandre Mazza

Na discricionariedade, o legislador atribui certa competência à Administração Pública, reservando uma margem de liberdade para que o agente público, diante da situação concreta, possa selecionar entre as opções predefinidas qual a mais apropriada para defender o interesse público.

Importante destacar, ao final, que os autores são unânimes em admitir amplo controle judicial sobre o exercício do poder discricionário, exceto quanto ao mérito do ato administrativo.

5.4 PODER DISCIPLINARO poder disciplinar consiste na possibilidade de a Administração aplicar punições aos agentes públicos que cometam infrações funcionais. Assim, trata -se de poder interno, não permanente e discricionário. Interno porque somente pode ser exercido sobre agentes público, nunca em relação a particulares.

Importante frisar que, constatada a infração, a Administração é obrigada a punir seu agente. É um dever vinculado. Mas a escolha da punição é discricionária.

PODER HIERÁRQUICO

Importante destacar que não existe hierarquia entre a Administração Diretae as entidades componentes da Administração Indireta. A autonomia característica das autarquias, fundações públicas e empresas governamentais repele qualquer subordinação de tais entidades perante a Administração Central. O poder hierárquico também não é exercido sobre órgãos consultivos.

a delegação pode ser revogada a qualquer tempo pela autoridade delegante.

a regra é a delegabilidade da competência. Porém, a própria legislação assevera que três competências administrativas são indelegáveis:

ato de caráter normativorecursos administrativosmatérias de competência exclusiva

5.5.2 Avocação de competência

Diante de motivos relevantes devidamente justificados, o art. 15 da Lei n. 9.784/99permite que a autoridade hierarquicamente superior chame para si a competência de um órgão ou agente subordinado.

5.6 SUPERVISÃO MINISTERIAL

Page 18: Resumo de Direito administrativo do livro de Alexandre Mazza

A supervisão ministerial, ou controle ministerial, é o poder exercido pelosMinistérios Federais, e pelas Secretarias Estaduais e Municipais, sobre órgãos eentidades pertencentes à Administração Pública Indireta. Como as entidadesdescentralizadas são dotadas de autonomia, inexiste subordinação hierárquicaexercida pela Administração Direta sobre tais pessoas autônomas. Assim, os órgãosda Administração central desempenham somente um controle finalístico sobrea atuação de autarquias, fundações públicas e demais entidades descentralizadas.

Diante da autonomia das entidades descentralizadas, as decisões por elas expedidas,em princípio, não se sujeitam a recurso hierárquico dirigido ao Ministro de Estado da respectiva pasta. Porém, há casos excepcionais de expressa previsão legal de recurso contra decisão das entidades descentralizadas endereçado à Administração direta. É o chamado recurso hierárquico impróprio.

O certo é que decretos e regulamentos são atos administrativos e, como tal,encontram -se em posição de inferioridade diante da lei, sendo -lhes vedado criarobrigações de fazer ou deixar de fazer aosparticulares, sem fundamento direto na lei.

não pode ser objeto de delegação a edição de atos de caráternormativo.Entretanto, o parágrafo único do art. 84 da Constituição Federal prevê a possibilidadede o Presidente da República delegar aos Ministros de Estado, aoProcurador -Geral da República ou ao Advogado -Geral da União a competênciapara dispor, mediante decreto, sobre as hipóteses do art. 84, parágrafo único, da CF, como osúnicos casos admitidos de delegação de competência regulamentar.

Poder de polícia é a atividade da Administração Pública, baseada na lei e na supremacia geral, consistente no estabelecimento de limitações à liberdade e propriedade dos particulares, regulando a prática de ato ou a abstenção de fato, manifestando -se por meio de atos normativos ou concretos, em benefício do interesse público.

Page 19: Resumo de Direito administrativo do livro de Alexandre Mazza

natureza discricionária (regra geral): na esteira daquilo que tradicionalmentese compreende como a natureza jurídica do poder de polícia, trata -se de atribuição discricionária, exceção feita a casos raros, como a licença, em que prepondera o caráter vinculado da atribuição;

o poder de polícia é; discricionário e é indelegável

O tombamento não transforma a coisa tombada em bem público, mantendo -a nodomínio do seu proprietário. Mas sujeita o dono a uma série de restrições extensivas também a terceiros.

Responsabilidade objetiva do estado

Divisor de águas no direito brasileiro, a Constituição de 1946 passou a adotara teoria objetiva.

A Carta de 1967, em seu art. 105, acrescentou a necessidade de comprovação deculpa ou dolo para responsabilização do agente público na ação regressiva.

A Constituição Federal de 1988, em seu art. 37, § 6º, estabelece que “as pessoasjurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa

O direito positivo brasileiro, com as exceções acima mencionadas, adota a responsabilidade objetiva na variação da teoria do risco administrativo.

reconhece excludentes da responsabilidade estatal. Excludentes são circunstâncias que, ocorrendo, afastam o dever de indenizar. São três:culpa exclusiva da vítima ocorre culpa exclusiva da vítima quando o prejuízo é consequência da intenção deliberada do próprio prejudicado.

b) força maior: é um acontecimento involuntário, imprevisível e incontrolávelque rompe o nexo de causalidade entre a ação estatal e o prejuízo sofrido peloparticular. Exemplo: erupção de vulcão que destrói vila de casas.

Page 20: Resumo de Direito administrativo do livro de Alexandre Mazza

culpa de terceiro ocorre quando o prejuízo pode ser atribuído a pessoa estranhaaos quadros da Administração Pública.

O caso fortuito não exclui a responsabilidade estatal; Exemplo: rompimento de adutora.

Para configuração da responsabilidade estatal é irrelevante a licitude ou ilicitudedo ato lesivo, bastando que haja um prejuízo decorrente de ação ou omissãode agente público para que surja o dever de indenizar.

6.11 RELAÇÕES DE CUSTÓDIA

Por isso, a responsabilidade estatal é objetiva inclusive quanto a atos de terceirosOs exemplos mais comuns são: o preso morto na cadeia por outro detento; a criançavítima de briga dentro de escola pública; bens privados danificados em galpão da Receita Federal.

Quanto ao fato de terceiro, não constitui excludente da responsabilidade nos casos decustódia, em razão do mais acentuado dever de vigilância e de proteção atribuído ao Estado nessas relações de sujeição especial.

O prazo prescricional para propositura da ação indenizatória é de três anos contatosda ocorrência do evento danoso

6.14 AÇÃO REGRESSIVAA ação regressiva é proposta pelo Estado contra o agente público causador do dano,nos casos de culpa ou dolo (art. 37, § 6º, da CF). Tem como pressuposto já ter sido o Estado condenado na ação indenizatória proposta pela vítima.

baseado no art. 37, § 5º, da Constituição Federal, de que a ação regressiva é imprescritível.Entretanto, quando se tratar de dano causado por agente ligado a empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações governamentais, concessionários e permissionários, isto é, para pessoas jurídicas de direito privado, o prazo é de três anos (art. 206, § 3º, V, do CC) contados do trânsito em julgado da decisão condenatória.

6.16 RESPONSABILIDADE DOS CONCESSIONÁRIOS

Page 21: Resumo de Direito administrativo do livro de Alexandre Mazza

O art. 2º, III, da Lei n. 8.987/95 define concessão de serviço público: “a delegaçãode sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidadede concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstrecapacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado”.Assim, a responsabilidade primária pelo ressarcimento de danos decorrentes da prestação é do concessionário, cabendo ao Estado concedente responder em caráter subsidiário. art. 37, § 6º, primeira parte, da Constituição Federal: “Aspessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros”.

Toda entidade governamental, de qualquer Poder, assim como instituições privadas mantidas com auxílio de verbas públicas, deve licitar.

Licitações

Mesmo após a realização da licitação, “a Administração Pública não é obrigada a celebrar o contrato”, de modo que o vencedor do procedimento licitatório possui somente expectativa de direito à celebração do contrato, e não direito adquiri do;

segundo a Constituição Federal de 1988, a competência para legislar sobre licitaçõesé privativa da União, mas a doutrina considera que a competência é concorrente.

7.12.6 Empresas estatais exploradoras de atividade econômicaEmpresas públicas e sociedades de economia mista são pessoas jurídicas dedireito privado pertencentes à Administração Pública indireta e, nessa condição,encontram -se submetidas ao dever de licitar.

Contratos administrativos

desigualdade entre as partes: no contrato administrativo, as partes envolvidasnão estão em posição de igualdade. Isso porque o interesse público defendidopela Administração é juridicamente mais relevante do que o interesse privado do

Page 22: Resumo de Direito administrativo do livro de Alexandre Mazza

contratado. Por isso, ao contrário da horizontalidade vigente nos contratos privados,os contratos administrativos caracterizam -se pela verticalidade, pois a AdministraçãoPública ocupa uma posição de superioridade diante do particular, reveladapela presença de cláusulas exorbitantes que conferem poderes especiais à Administração contratante;

excepcionalidade dos contratos de atribuição: no Direito Administrativo, predominam contratos de colaboração, que são aqueles firmados no interesse da Administração.Os contratos de atribuição constituem exceções, pois neles prepondera o interesse particular;

Importante destacar que nem todos os serviços públicos admitem delegaçãode sua prestação a terceiros mediante contrato de concessão. Assim, são insuscetíveisde concessão a terceiros:a) os serviços públicos não privativos do Estado: como é o caso dos serviçosde saúde e educação, cuja prestação é constitucionalmente facultada aos particularesmediante simples autorização do Estado;

a legislação brasileira trata da permissão como um contrato de adesão. É oque se depreende da leitura do art. 40 da Lei n. 8.987/95: “A permissão de serviçopúblico será formalizada mediante contrato de adesão, que observará os termosdesta Lei, das demais normas pertinentes e do edital de licitação, inclusive quantoà precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato pelo poder concedente”.

A precariedade significa, afinal, que a Administração dispõe de poderes para, flexivelmente, estabelecer alterações ou encerrá -la, a qualquer tempo, desde que fundadas razões de interesse público o aconselhem, sem obrigação de indenizar o permissionário”.1

8.11.13 Contrato de convênio

Convênio é o acordo administrativo multilateral firmado entre entidades públicasde qualquer espécie, ou entre estas e organizações particulares,14

visando a cooperação recíproca para alcançar objetivos de interesse comum a todos os conveniados.

Page 23: Resumo de Direito administrativo do livro de Alexandre Mazza

Os convênios diferem dos consórcios, essencialmente, quanto a dois pontos:a) convênios podem ser celebrados entre quaisquer entidades públicas, ouentre estas e organizações particulares; consórcios são firmados somente entreentidades federativas;

Assim, podemos conceituar agentes públicos como “todos aqueles que têmuma vinculação profissional com o Estado, mesmo que em caráter temporárioou sem remuneração”

9.3 OCUPANTES DE CARGOS EM COMISSÃOConhecidos popularmente como “cargos de confiança”, os cargos em comissãoou comissionados estão reservados a atribuições de direção, chefia e assessoramento(art. 37, V, da CF). Qualquer outra atribuição de função a comissionados– e que não envolva direção, chefia ou assessoramento – deve ser consideradacomo inconstitucional.

Tais cargos são acessíveis sem concurso público, mas providos por nomeação política.De igual modo, a exoneração é ad nutum, podendo os comissionados ser desligados docargo imotivadamente, sem necessidade de garantir contraditório, ampla defesa e direito ao devido processo legal.

Não se deve confundir, porém, cargo de confiança (comissionado) com função de confiança. As funções de confiança também se relacionam exclusivamente com atribuições de direção, chefia e assessoramento (art. 37, V, da CF), mas só podem ser exercidas por servidores de carreira.

Pressupõem, portanto, que o indivíduo que irá exercer a função de confiança pertença aos quadros de pessoal da Administração. Exemplo: a função de chefia na procuradoria do município só pode ser exercida por um procurador concursado. A livre nomeação para funções de confiança, portanto, depende de vinculação prévia com o serviço público.

A contratação temporária, como se nota, não se rege pela Lei n. 8.112/90– o Estatuto do Servidor Público Federal.

Page 24: Resumo de Direito administrativo do livro de Alexandre Mazza

Após a posse, os empregados públicos não têm estágio probatório, mas se sujeitamao período de experiência com duração de noventa dias, previsto no art. 455,parágrafo único, da Consolidação das Leis do Trabalho.

É relevante destacar que o art. 118 da Lei n. 8.112/90, em que pese ser esta uma lei aplicável somente ao âmbito da União, estende a proibição de acumular cargos ou empregos públicos às entidades da administração indireta do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios.

Tradicionalmente, a doutrina pátria sempre sustentou que a aprovação emconcurso público gera ao candidato somente expectativa de direito, e não direitoadquirido à posse no cargo.

A Lei n. 8.112, de 11 -12 -1990, institui o “regime jurídico dos servidores públicoscivis da União, das autarquias, inclusive as em regime especial, e das fundaçõespúblicas federais”, sendo conhecida como Estatuto do Servidor Público Federal.Trata -se de lei aplicável somente no âmbito federal, sujeitando especificamenteos ocupantes de cargos públicos e cargos em comissão da União, bem como suaspessoas jurídicas de direito público, isto é, as autarquias, fundações públicas,agências reguladoras e associações públicas federais.Quanto aos ocupantes de cargos públicos estaduais, distritais e municipais,suas regras de atuação devem ser estabelecidas em leis próprias promulgadas emcada uma das esferas federativas.

A investidura em cargo público ocorre com a posse.

A nomeação em caráter efetivo é a única forma de provimento originário namedida em que não depende de prévia relação jurídica do servidor com o Estado,

controle de mérito: é exercido somente pela própria Administração quantoaos juízos de conveniência e oportunidade de seus atos. Não se admite controledo mérito de atos administrativos pelo Poder Judiciário, exceto quanto aos atos

Page 25: Resumo de Direito administrativo do livro de Alexandre Mazza

praticados pelo próprio Judiciário no exercício de função atípica. Exemplo: revogaçãode ato administrativo.

16.5 CONTROLE ADMINISTRATIVOO controle administrativo é fundamentado no poder de autotutela que aAdministração exerce sobre seus próprios atos. Tem como objetivos a confirmação,correção ou alteração de comportamentos administrativos.2

Os meios de controle administrativo são a supervisão ministerial sobre asentidades descentralizadas e o controle hierárquico típico dos órgãos da Administração direta.

16.5.1 Recurso hierárquico próprio e impróprioQuanto aos recursos hierárquicos, a doutrina identifica duas categorias:a) recurso hierárquico próprio: é aquele endereçado à autoridade superiorà que praticou o ato recorrido. Como tal recurso é inerente à organização escalonadada Administração, pode ser interposto sem necessidade de previsão legal.Exemplo: recurso contra autuação dirigido à chefia do setor de fiscalização;2

b) recurso hierárquico impróprio: dirigido à autoridade que não ocupaposição de superioridade hierárquica em relação a quem praticou o ato recorrido.Tal modalidade de recurso só pode ser interposta mediante expressa previsãolegal. Exemplo: recurso contra decisão tomada por autarquia endereçado ao Ministroda pasta a qual a entidade recorrida está vinculada.

art. 49, V: “É da competência exclusiva do Congresso Nacional sustar osatos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou doslimites de delegação legislativa”

Os Tribunais de Contas têm competência para fiscalização de quaisquer entidades públicas ou privadas que utilizem dinheiro público, incluindo as contas do Ministério Público, do Poder Legislativo e do Poder Judiciário.

16.7 CONTROLE JUDICIALO controle judicial das atividades administrativas

Page 26: Resumo de Direito administrativo do livro de Alexandre Mazza

é realizado sempre mediante provocação,

17.2 LEI DO PROCESSO ADMINISTRATIVO –N. 9.784/99

Trata -se de uma lei aplicável exclusivamente ao âmbito da União, possuindonatureza jurídica de lei federal na medida em que não vincula Estados, DistritoFederal e Municípios. A Lei n. 9.784/99 também é aplicável ao Legislativo e ao Judiciário quando atua rem no exercício de função atípica.

Por isso, o art. 5º da Lei n. 9.784/99 afirma que o processo administrativo pode iniciar –se de ofício ou a pedido do interessado

Importante destacar que a capacidade, para fins de processo administrativo, é conferidaaos maiores de dezoito anos, ressalvada previsão especial em ato normativo próprio(art. 10 da Lei n. 9.784/99).

Em nenhuma hipótese, podem ser objetode delegação: a) a edição de atos de caráternormativo; b) a decisão de recursos administrativos;c) as matérias de competênciaexclusiva do órgão ou autoridade.

delegação e avocação constituem exceções à regra geral da indelegabilidade de competências administrativas.