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CAPITAL SOCIAL E CONHECIMENTO: COMO AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS PERMITEM A CRIAÇÃO DO CONHECIMENTO EM UMA EMPRESA DE DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE KM Brasil – Paper 95 Carlos O. Quandt Paulo R. Pereira Jr. Rosilda R. do Vale PPAD/PUCPR

CAPITAL SOCIAL E CONHECIMENTO: COMO AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS PERMITEM A CRIAÇÃO DO CONHECIMENTO EM UMA EMPRESA DE DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE

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Esta pesquisa apresenta uma verificação empírica, tanto da influência do capital social na criação do conhecimento, quanto o reforço da criação do conhecimento sobre o capital social, em uma empresa de desenvolvimento de software. Carlos O. Quandt Paulo R. Pereira Jr. Rosilda R. do Vale PPAD/PUCPR

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CAPITAL SOCIAL E CONHECIMENTO: COMO AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS PERMITEM A CRIAÇÃO DO CONHECIMENTO EM UMA EMPRESA DE DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE

KM Brasil – Paper 95

Carlos O. Quandt

Paulo R. Pereira Jr.

Rosilda R. do Vale

PPAD/PUCPR

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Resumo• Esta pesquisa apresenta uma verificação empírica, tanto

da influência do capital social na criação do conhecimento, quanto o reforço da criação do conhecimento sobre o capital social, em uma empresa de desenvolvimento de software.

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Apresentação• Fundamentação Teórica• Contextualização• Coleta e Análise dos dados• Considerações Finais

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A criação do conhecimento• De forma integral, o modelo de Nonaka e Takeuchi (1997)

a respeito da criação do conhecimento, considera as relações interpessoais como mecanismos para o conhecimento fluir na organização, e criar novo conhecimento, conhecimento este que pode permitir a organização se adaptar às novas circunstâncias do ambiente, assim como obter desempenho superior.

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Capital Social• Nas reflexões de Bourdieu (1986), o capital social é visto

como a possessão de relações – formais ou informais – que permite a mobilização de crédito para um determinado ganho.

• Nas reflexões de Lin (1999), como o acesso aos recursos por meio das relações sociais, também a mobilização destes recursos para determinados retornos instrumentais, como ganhos financeiros, poder e reputação, ou retornos expressivos, como saúde física e mental e satisfação.

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Capital Social - Dimensões• As reflexões a respeito do capital social seguiram duas

tradições distintas (MORAN, 2005), a imersão estrutural, que diz a respeito da posição do individuo na rede de relações e configuração da rede de relações, e a imersão relacional, que diz a respeito do conteúdo das relações, como confiança, normas e obrigações.

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Capital Social - Dimensões• Nahapiet e Ghoshal (1998) utilizaram destas duas

tradições para conceituar três dimensões do capital social relacionadas à criação do conhecimento, sendo a dimensão estrutural respectiva à tradição a respeito da posição do individuo na rede de relações e configuração da rede de relações, e as dimensões relacional e cognitiva respectivas às reflexões a respeito do conteúdo das relações.

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Dimensão Relacional• A dimensão relacional do capital social se refere ao nível

de confiança desenvolvido entre as pessoas durante as interações, sendo este nível de confiança descrito a partir de normas, obrigações, confiança e identificação sensibilização de atores em relação a seus objetivos coletivos. (CHAN; CHOW, 2008).

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Dimensão Relacional• O nível de confiança influencia as expectativas de haver

um comportamento positivo por parte daquele que recebe desta confiança, criando assim uma relação positiva entre a confiança e o compartilhamento do conhecimento. De forma que o compartilhamento do conhecimento é mais propenso a existir entre indivíduos confiáveis.

• H1: A confiança está positivamente relacionada com a atitude de compartilhar conhecimento.

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Dimensão Cognitiva• Segundo Tsai e Ghoshal (1998), a visão compartilhada,

como parte da dimensão cognitiva do capital social, incorpora os objetivos coletivos e as aspirações dos membros de uma organização. Quando os membros da organização têm as mesmas percepções sobre como interagir com o outro, eles podem evitar possíveis mal-entendidos na comunicação, além de terem mais oportunidades para trocar ideias ou compartilhar outros recursos livremente.

• H2: A visão compartilhada está positivamente relacionada com a atitude de compartilhar conhecimento.

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Dimensão Estrutural• Para Chow e Chan (2008), a dimensão estrutural envolve

as relações sociais cujas conexões podem ser mensuradas por meio de padrões da estrutura da rede, assim como a densidade, conectividade e hierarquia, tornando possível verificar como os indivíduos se relacionam.

• Para Dekker e Hendriks (2011), a centralidade, como uma das formas da estrutura social, considera a posição do indivíduo como conectado a muitos outros indivíduos como elemento potencial para a comunicação, de forma a favorecer o compartilhamento do conhecimento.

• H3: A centralidade está positivamente relacionada com a atitude de compartilhar conhecimento.

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Criação de Conhecimento como Reforço ao Capital Social

• Como forma a contribuir com a reflexão de Nahapiet e Ghoshal (1998), a respeito da criação do conhecimento como forma de reforço ao capital social, visto que, conforme Bourdieu (1986), o capital social aumenta com o uso, diferente do capital econômico, permitindo o entendimento de que a ação de compartilhar conhecimento, e pela percepção do valor obtido do compartilhamento do conhecimento, reforce o capital social.

• H4: A confiança é reforçada pelo valor percebido do compartilhamento do conhecimento.

• H5: A visão compartilhada é reforçada pelo valor percebido do compartilhamento do conhecimento.

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Criação do conhecimento

Confiança

Centralidade

Visão

Atitude Valor Percebido

Capital Social

H1

H3

H2

H4

H5

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Contextualização

• Empresa desenvolvimento e suporte de softwares customizáveis, em Curitiba-PR

• 8 anos de atuação no mercado nacional e em expansão no mercado internacional.

• 27 membros

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Coleta de dados• Questionários

• Cinco principais relações interpessoais de cada membro da organização (135 observações).

• Matriz Afirmativas/Relações

• Escala Likert (5 pontos, concordância).

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Matriz Afirmativas/RelaçõesDilma Marina Aécio Zé Luiz

Afirmativa1 5 2 1 3 1

Afirmativa2 4 5 5 4 5

Afirmativa3 2 4 2 2 5

Afirmativa4 5 4 5 1 3

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Centralidade (UCINET)

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Análise dos dados - Correlações

***: p. valor < 0.01, **: p. valor < 0.05

  1 2 3 4 5 6

1 Visão

2 Confiança 0.435

***

3 Centralidade -0.192

**

-0.197

**

4 Atitude 0.353

***

0.224

***

-0.081

5 Valor Percebido 0.334

***

0.464

***

-0.076 0.675

***

6 Ref. Visão 0.459

***

0.457

***

-0.134 0.305

***

0.431

***

7 Ref. Confiança 0.407

***

0.476

***

-0.129 0.410

***

0.615

***

0.548

***

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Criação do conhecimento

Confiança

Centralidade

Visão

Atitude Valor Percebido

Capital Social

***

***

***

***

***: p. valor < 0.01

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Considerações finais• Conforme as expectativas de contribuir empiricamente

com o modelo de Nahapiet e Ghoshal (1998) de forma integral, a presente pesquisa conseguiu apresentar o desenvolvimento do conhecimento como forma de reforço à dimensão relacional do capital social, relação não considerada em pesquisas anteriores.

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Considerações finais• Entretanto, a centralidade não apresentou relevância

direta no desenvolvimento do conhecimento na organização, mas apresentou-se significativamente relacionada à dimensão relacional e cognitiva do capital social, mesmo que negativamente – de forma que quão mais central o indivíduo na rede de relações, menor a confiança e a visão compartilhada que ele estabelece com os outros indivíduos.

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Considerações finais• Por estas evidências, as organizações podem adotar

estratégias para estimular a visão compartilhada e relações de confiança entre os funcionários, permitindo mecanismos para o conhecimento fluir na organização, e criar novo conhecimento, também reforçando a visão compartilhada e relações de confiança entre os funcionários.

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Futuras pesquisas• A partir da análise de rede, adicionar outros elementos da

dimensão estrutural para expansão do modelo de Nahapiet e Ghoshal (1998).

• Número indivíduos e organizações participantes.