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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO: PESQUISA DE MERCADO EM COMUNICAÇÕES BRUNO BAPTISTÃO NETO A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO DO CONSUMIDOR, ADQUIRIDO ATRAVÉS DO GRAU DE ESCOLARIDADE E NÍVEL DE INFORMAÇAO, NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE. 1

A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

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Trabalho final de Pós-graduação ECA/ USP - A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO DO CONSUMIDOR, ADQUIRIDO ATRAVÉS DO GRAU DE ESCOLARIDADE E NÍVEL DE INFORMAÇAO, NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

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Page 1: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULOESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES

PÓS-GRADUAÇÃOESPECIALIZAÇÃO: PESQUISA DE MERCADO EM COMUNICAÇÕES

BRUNO BAPTISTÃO NETO

A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO DO CONSUMIDOR, ADQUIRIDO

ATRAVÉS DO GRAU DE ESCOLARIDADE E NÍVEL DE INFORMAÇAO, NA

FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE.

São Paulo

2008

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Page 2: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

BRUNO BAPTISTÃO NETO

A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO DO CONSUMIDOR, ADQUIRIDO

ATRAVÉS DO GRAU DE ESCOLARIDADE E NÍVEL DE INFORMAÇÃO, NA

FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE.

Monografia apresentada à Escola de Comunicação e Artesda Universidade de São Paulo para obtenção de título de especialista em pesquisa de mercado em comunicação.

Orientação: Prof. Dr. José Paulo Hernandes

São Paulo2008

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BRUNO BAPTISTÃO NETO

A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO DO CONSUMIDOR, ADQUIRIDO

ATRAVÉS DO GRAU DE ESCOLARIDADE E NÍVEL DE INFORMAÇÃO, NA

FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE.

Monografia apresentada como pré-requisito para obtenção de título de especialista em Pesquisa de mercado em comunicação da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, submetida à aprovação da banca examinadora composta pelos seguintes membros:

________________________________________________Prof. Dr. José Paulo Hernandes

________________________________________________Prof.

________________________________________________Prof.

São Paulo, ___ de ___________ de 2008.

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Page 4: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

À minha família e meus queridos

companheiros de profissão que

despertaram em mim o interesse

pela pesquisa de mercado.

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Page 5: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

AGRADECIMENTOS

Á meus pais, que investiram na base da minha educação.

Á minha avó, que sempre esteve ao meu lado com uma palavra de motivação.

Á meus professores, que ensinam com paciência e dedicação.

Á meus amigos de profissão, que me orientaram nos caminhos da pesquisa.

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Page 6: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

RESUMO

O projeto em questão oportunamente questiona a qualidade do ensino das

instituições brasileiras e sugere a avaliação do nível de informação dos indivíduos

como alternativa para obter maior compreensão do nível de conhecimento do

público analisado. Com o complemento dessa variável associada ao nível de

escolaridade o pesquisador terá a oportunidade de melhor segmentar o público

entrevistado de forma a encontrar maior eficácia nas abordagens que diferenciam os

públicos segundo seu nível de conhecimento. Esse indicador será relacionado ao

processo de compra para validar sua objetividade e para compreender a relação e

possível influência do nível de conhecimento do consumidor ao nível de

conscientização do mesmo durante o processo de consumo. Para observar essas

questões o projeto parte de algumas hipóteses que serão testadas com analise de

banco de dados proveniente de pesquisa de campo realizada para esse fim.

Palavras-chave: escolaridade, informação, conhecimento, consciência, consumo.

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Page 7: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

ABSTRACT

This Project questions the quality of the Brazilian education system and suggests an

evaluation of individual levels of information as an alternative to obtaining a better

understanding on the level of knowledge of the population here studied. This

variable in association with the level of instruction, allows the researcher to divide the

people interviewed in a way that contrasts and divides the public according to their

schooling. Such indicator will be related to the shopping process, validating the

objective and understanding the relation of a possible influence on the level of

knowledge of the buyer to his/her level of awareness, during a shopping experience.

This project is based on a few hypotheses; these will be tested based on the analysis

of data base records from field research obtained for this purpose.

Key-words: schooling, information, level of instruction, level of awareness, shopping

process.

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Page 8: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - IGC das Universidades - Distribuição nas faixas (1 a 5) Brasil 2008....................................................................................................18

Figura 2 - IGC das Universidades – Distribuição nas faixas (1 a 5) – Brasil – 2008 .............................................................................................19

Figura 3 - Modelo de Engel para o processo de decisão do consumo em etapas ......................................................................................................................34

Figura 4 - modelo de Assael, cruzando envolvimento com grau de diferenciação entre marcas .................................................................................................... .......42

Figura 5 - As duas táticas para atuar na Dissonância Cognitiva .............................45

Figura 6 – Respondentes por grau de escolaridade ou “certificação” ......................54

Figura 7 – Respondentes por nível de informação ...................................................54

Figura 8 - Penetração das mídias por nível de informação dos indivíduos .............55

Figura 9 - Importância dos temas por nível de informação dos indivíduos .............56

Figura 10 - Certificação X Nível de informação .......................................................57

Figura 11 - Nível de informação X Certificação – Perfil de sexo .............................58

Figura 12 - Nível de informação X Certificação – Perfil de idade ............................58

Figura 13 - Nível de informação X Certificação – Renda Familiar Mensal ..............59

Figura 14 - Nível de informação X Certificação – Costuma Fazer Compras ...........59

Figura 15 - Nível de informação X Certificação – Nível de Consciência .................60

Figura 16 - Perfil dos entrevistados por nível de consciência ..................................61

Figura 17 - Perfil dos grupos com diferentes níveis de consciência .......................62

Figura 18 - Escolaridade Superior x Alto nível de informação ................................63

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Page 9: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Quantidade de alunos matriculados e concluintes do ensino fundamental e médio ............................................................................................................ 17

Tabela 2 - Taxa de abandono do ensino médio e fundamental ....................... 17

Tabela 3 - Quantidade de Cursos de Graduação Presenciais no Brasil .......... 18

Tabela 4 - Número de Instituições de Curso Superior no Brasil ...................... 18

Tabela 5 - Cotas utilizadas para coleta de campo na cidade de São Paulo .... 45

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Page 10: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.........................................................................................13

2 METODOLOGIA ....................................................................................14

3 SEGMENTAÇÃO ....................................................................................15

4 O PERFIL DO CONSUMIDOR ................................................................17

4.1 Certificação ..........................................................................................18

4.2 Nível de Formação ...............................................................................22

5 O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR ..........................................24

5.1 Teorias Sobre o Comportamento do Consumidor ...............................24

5.1.1 As Teorias Racionais Sobre o Comportamento do Consumidor .......27

5.1.2 As Teorias da Motivação do Comportamento do Consumidor ..........27

5.1.3 As Teorias Comportamentais Sobre o Consumidor ......................... 28

5.1.4 Teorias Sociais Sobre o Comportamento do Consumidor ................29

5.1.5 Teorias de Tipologia do Consumidor .................................................29

6 COMPRA POR IMPULSO ......................................................................31

6.1 Conceitos Sobre a Compra por Impulso ..............................................31

6.1.1 A Compra Impulsiva Como Compra Não Planejada .........................31

6.1.2 A Compra Impulsiva Como Expressão das Emoções .......................32

6.1.3 A Compra Impulsiva Como Doença ................................................. 32

6.1.4 As Variáveis Individuais e Situações da Compra Impulsiva ..............32

6.2 O Papel do Varejo no Estímulo do Consumo por Impulso ...................33

7 O CONSUMO COMO UM PROCESSO EM ETAPAS ............................35

7.1 A Expectativa........................................................................................36

7.2 A Percepção e a Seleção de Estímulos ...............................................38

7.2.1 A Percepção Relativa ao Corpo ........................................................38

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Page 11: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

7.2.2 A Percepção Relativa ao Nosso Psiquismo ......................................38

7.2.3 A Percepção Relativa aos Objetos ....................................................39

7.2.4 A Percepção Relativa às Pessoas e Regras Sociais ........................39

7.3 A Construção de Alternativas ...............................................................40

7.3.1 Da Aprendizagem ..............................................................................40

7.3.2 Da Memória .......................................................................................40

7.3.3 Da Razão ..........................................................................................41

7.3.4 Do Relacionamento ...........................................................................41

7.4 O Julgamento do Consumo ................................................................ 42

7.4.1 Representação Social ...................................................................... 42

7.4.2 As Representações e o Comportamento do Consumo .....................43

7.5 O Momento da Compra ........................................................................43

7.6 Pós-Compra e a Dissonância Cognitiva ..............................................44

7.6.1 A Dissonância e o Comportamento de Consumo .............................45

7.6.2 Esforços para Anular ou Diminuir a Dissonância ............................. 46

8 PESQUISA DE CAMPO .........................................................................47

8.1 Abordagem Metodológica ....................................................................48

8.1.1 A Amostra ..........................................................................................48

8.1.2 Definição de Métricas ........................................................................49

8.1.3 Hipóteses ..........................................................................................55

8.2 Resultados da Pesquisa e Verificação das Hipóteses .........................56

8.2.1 Perfil dos Respondentes ...................................................................56

8.2.2 Perfil do Nível de Informação ............................................................57

8.2.3 Relação Entre Nível de Informação e Certificação ............................58

8.2.4 Nível de Consciência .........................................................................61

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 68

REFERÊNCIAS ............................................................................................70

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Page 12: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

APÊNDICE ...................................................................................................72

ANEXOS ......................................................................................................76

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Page 13: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, devido à necessidade de melhor compreender o consumidor,

vemos em série de formas de segmentar e qualificar os indivíduos com o propósito

de buscar um comportamento padrão que proporcione estratégias de atuação para

as marcas segundo o público pretendido. Uma das formas de melhor entender o

comportamento desses indivíduos é agrupá-los segundo o grau de escolaridade,

que entre outras finalidades é uma forma de qualificar o consumidor.

Muito se discute no Brasil a respeito da qualidade da nossa educação que

não proporciona ao aluno uma base sólida de conhecimento que o permita se

desenvolver com facilidade no campo profissional ou mesmo ingressar em

universidades públicas que exigem um maior preparo dos candidatos em termos de

conhecimento teórico. Partindo dessa visão, seria então questionável a forma de

qualificação ou segmentação do público segundo o grau de escolaridade, uma vez

que a certificação do indivíduo em um nível escolar não seria uma garantia de

conhecimento e aprendizado condizente ao esperado.

Com o movimento da chamada “era da informação”, as notícias e informações

a respeito da sociedade e cotidiano chegam a lugares onde antes não tinham

acesso e, a massificação dos meios de comunicação permitindo maior penetração

desses meios nos lares colabora para isso. Dessa forma, pode-se dizer que grande

parte das pessoas com grau de escolaridade deferentes, hoje, teriam acesso às

mesmas informações. Diferente de alguns anos atrás.

Diante dessa questão, este estudo pretende criar uma nova forma de

abordagem do público, considerando não apenas o grau de escolaridade como uma

das formas de qualificação, mas somar a isso um indicador que aponte o nível de

informação do indivíduo. A necessidade de criação desse indicador será avaliada no

desenvolver do estudo onde se pretende criar uma métrica adequada e compara-la

aos indicadores de grau de escolaridade.

Assim, a primeira parte deste projeto discorre a respeito da qualidade da

educação brasileira e o acesso e hábitos relacionados à informação. A segunda

parte do estudo discorre a respeito das teorias de comportamento do consumidor, as

quais deveremos retomar no final do trabalho como base de comparação para as

duas formas de qualificação do público sugeridas: certificação e nível de informação.

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Page 14: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

2 METODOLOGIA

A proposta deste estudo é entender as relações entre o conhecimento do

público consumidor, o que chamaremos neste projeto de “repertório”, que abrange

tanto o nível de escolaridade como outras fontes de informação e conhecimento do

consumidor, e a possível influência desse repertório no seu comportamento de

compra.

O “repertório” do consumidor será composto por duas variáveis distintas:

1. Certificação

2. Nível de informação

De forma geral, a certificação refere-se ao grau de escolaridade do indivíduo,

enquanto o nível de informação está ligado aos hábitos de leitura e fontes de

informação e conhecimento desse indivíduo. As duas variáveis serão tratadas com

maior nível de detalhe nos capítulos que se seguem.

Dessa forma, o projeto em questão pretende avaliar a relação entre as duas

variáveis, bem como a relação destas com o comportamento de consumo dos

indivíduos e o grau de conscientização destes diante de uma situação de compra.

O projeto não pretende estabelecer qual é a melhor variável para explicar o

nível de conscientização dos indivíduos durante uma situação de consumo, mas tem

a pretensão de entender se existem diferenças nos resultados quando comparados

entre as duas variáveis (certificação e nível de informação) e quais as contribuições

que o pesquisador pode obter com a utilização das duas variáveis no

desenvolvimento de uma análise, seja relacionada ao consumo ou a qualquer outro

tema que se pretenda desenvolver.

Tendo em vista a ausência de fontes de dados disponíveis para observar

relação dessas variáveis, bem como testar e validar as hipóteses que devem

direcionar uma análise conclusiva a cerca do tema proposto, foi necessário o

desenvolvimento de uma pesquisa de campo para obtenção de uma base de

informações que permita essa avaliação com os cuidados necessários.

A Pesquisa foi realizada em São Paulo Capital no mês de Setembro de 2008

com 120 moradores da cidade, sendo distribuída proporcionalmente entre homens e

mulheres dos 18 e 65 anos, segundo dados do IBGE. O método de coleta de

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informações utilizado foi à abordagem em ponto de fluxo com questionário

estruturado de 10 minutos de duração.

A proposta desse estudo se baseia no entendimento de dois pilares de

informação:

Perfil do consumidor

Seu comportamento diante da uma situação de consumo

Antes de entrar nos critérios de definição do perfil do consumidor, é valido

especificar que qualquer critério utilizado para o agrupamento e diferenciação entre

consumidores, pode ser entendido como segmentação. Dessa forma abrimos o

conceito da segmentação na seqüência para destacar essa etapa do processo.

3 SEGMENTAÇÃO

Segundo Telles (2003), os mercados são constituídos de consumidores

diferentes entre si e, por essa razão, embora possam estar adquirindo o mesmo

produto, aspectos e elementos peculiares a esses compradores podem dar origem a

identificação de grupos com características similares.

Desse modo, o conjunto de consumidores dá origem a subconjuntos, com

características similares e necessidades diferenciadas, sensíveis a apelos distintos,

relação, dependência ou compreensão características ao produto. Esse

entendimento leva ao conceito da segmentação de mercado. Ou seja, os mercados

consistem de consumidores que diferem entre si em muitos aspectos e podem ser

segmentados de várias maneiras.

A segmentação de mercado significa, basicamente, a separação do mercado

em “submercados”, cujo objetivo é o aumento da eficiência da estratégia de

marketing, pela otimização dos recursos e esforços de venda, adequadamente

focados e ponderados para os segmentos identificados.

Objetivando de modo mais estruturado, a compreensão da importância da

segmentação para o marketing, devem-se reconhecer os diferentes níveis de

segmentação possíveis, quais sejam:

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Page 16: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

Marketing de massa: o agente ofertante preocupa-se com a produção,

promoção e distribuição em massa de um produto para todos.

Marketing de segmento: orientação para segmentos de mercado,

formados por um grupo de compradores identificados em dado

mercado.

Marketing de nicho: focado em um grupo relativamente menor do que

um segmento, constituído por clientes com algumas necessidades não

totalmente satisfeitas.

Marketing local: dirigido a um grupo de consumidores locais, com

programas considerando as necessidades destes de acordo com a

localidade.

Marketing individual: customização de oferta, negociação, logística e

assistência técnica; o marketing individual é, em geral, gerenciado

neste nível de segmentação, orientado cliente a cliente.

A base para segmentação de mercado não é única. Várias formas existem,

sendo o esforço de diagnóstico e planejamento de marketing direcionado para o

desenvolvimento da estratégia mais adequada de segmentação. Os critérios de

segmentação mais utilizados são o geográfico, o demográfico, o econômico, o

setorial, o perfil de uso, etc, sendo que nos últimos anos desenvolveram-se

abordagens multivariadas, relacionadas principalmente a aspectos psicográficos, de

estilo de vida, benefício esperado, lealdade e atitudinal.

Os requisitos básicos para considerar uma segmentação adequada são:

1. Mensurabilidade - avaliação da dimensão do segmento

2. Acessibilidade - grau em que os segmentos podem ser

eficazmente atingidos

3. Importância - grau em que os segmentos são suficientemente

expressivos e/ou rentáveis

4. Possibilidade de ação - o grau em que se possam desenvolver

ações para atrair e atender segmentos.

O processo de segmentação de mercado poderia ser considerado parte de

um processo maior de analise, seleção e definição do mercado alvo, bem como

estabelecimento de estratégias de posicionamento de mercado. Tal processo

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Page 17: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

poderia ser subdividido em oito subprocessos, ou denominar-se programa de

segmentação, analise de mercado e posicionamento, expostos a seguir:

1. Reconhecimento das bases (variáveis) de segmentação de mercado;

2. Definição dos segmentos de mercado (subgrupos “homogêneos”);

3. Delineamento da configuração dos segmentos de mercado;

4. Analise da atratividade e potencial dos segmentos;

5. Definição dos segmentos, constituintes do mercado alvo do negócio;

6. Compreensão dos conceitos relevantes no posicionamento nos

segmentos;

7. Decisão sobre posicionamento, considerando cada segmento de

mercado;

8. Encaminhamento potencial das estratégias adotadas.

Das vantagens da segmentação de mercado, podemos relacionar três

principais:

Reconhecimento favorecido e facilitado das oportunidades e ameaças

de marketing.

Otimização da alocação de recursos destinados a marketing, a partir

de estratégias suportadas pelo conhecimento dos grupos

consumidores.

Compatibilização e adequação dos planos de marketing, considerando

as diferenças das características dos compradores.

4 O PERFIL DO CONSUMIDOR

Para melhor compreensão do comportamento do consumidor no momento da

compra/consumo e da relação desse momento ao nível de conhecimento deste

consumidor, faz-se necessário classificá-lo conforme padrões e hábitos que

possibilite agrupá-lo e analisá-lo dentro de um único contexto comum a todos.

Nesse sentido faz-se necessário o estabelecimento de critérios que deverão

distinguir e segmentar os consumidores em diferentes níveis de conhecimento. O

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Page 18: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

nível de conhecimento do consumidor deve ser definido a partir de alguns critérios

que se seguem:

4.1 Certificação

Para classificar e diferenciar o consumidor, assim como estabelecer uma

relação com seu comportamento no ato de consumo, será necessário conhecer

inicialmente o seu grau de escolaridade. Essa definição deverá posteriormente

apontar diferenças entre públicos com diferentes níveis de certificação.

Entende-se por certificação a formação ou graduação dos indivíduos nos

diferentes níveis de escolaridade regulamentados pelo MEC (Ministério da

Educação). Segundo o ministério da educação, a estrutura do ensino brasileiro

divide-se basicamente em três níveis: educação infantil, o ensino médio e a

educação superior.

Utilizaremos neste projeto a nomenclatura “certificação” para diferenciar essa

forma de obtenção de informação e conhecimento da forma que será apresentada a

seguir, que se baseia no hábito de leitura e busca de informação dos indivíduos.

Além disso, a utilização dessa nomenclatura faz alusão a uma das propostas deste

projeto que seria questionar a qualidade do nível de educação no Brasil e apontar

que a graduação do indivíduo (ou certificação), atualmente, não seria garantia de

uma base de conhecimento que proporcione um julgamento e análise crítica do

indivíduo para com as questões que permeiam o sua ambiente de convívio,

sociedade e até mesmo o seu comportamento de consumo.

Assim, uma hipótese a ser analisada neste estudo, considera que a

certificação apenas pode não ser obstante para avaliar o nível de conhecimento do

consumidor.

Baseado na qualidade de ensino no Brasil, que muitos especialistas da área

de educação apontam como deficiente e aquém dos padrões de países

desenvolvidos, desde o ensino básico, fundamental até o ensino superior, a

certificação provavelmente não seria aqui obstante para definir a qualidade do

conhecimento do indivíduo a que se pretende identificar neste estudo.

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Page 19: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

Podemos utilizar alguns dados para apontar as deficiências da educação

brasileira que podem basear essa analise (tabelas 1 e 2).

O Brasil estaria entre os 20 países que não atingiriam a meta de redução de

50% do analfabetismo até 2015 e uma das maiores preocupações seria a qualidade

do ensino. Segundo a Unesco, o Brasil vem evoluindo nos índices de matrícula,

temos cada vez mais alunos matriculados nas escolas, mas a retenção desses

alunos nas escolas, a falta de qualidade nos programas de ensino e a dificuldade na

alfabetização de adultos seriam hoje os maiores problemas para o ensino Brasileiro

(UNESCO, Estado de São Paulo 11/2005).

Tabela 1: Quantidade de alunos matriculados e concluintes do ensino fundamental e médio.

Ano Matrícula Concluintes Matrícula Concluintes1999 36.059.742 2.484.972 7.769.199 1.786.827

2000 35.717.948 2.648.638 8.192.948 1.836.130

2001 35.298.089 2.707.683 8.398.008 1.855.419

2002 35.150.362 2.778.033 8.710.584 1.884.874

2003 34.438.749 2.668.605 9.072.942 1.851.834

2004 34.012.434 2.462.319 9.169.357 1.879.044

2005 33.534.561 2.471.690 9.031.302 1.858.615

Var% (05X99) -7,1 -0,5 15,4 3,9Var% (05X02) -4,6 -11,0 3,7 -1,4Fonte: MEC/INEP

ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO MÉDIO

Tabela 2: Taxa de abandono do ensino médio e fundamental.

Ano Fundamental Medio Fundamental Medio Fundamental Medio

1999 11.3 16.4 1.2 4.4 12.3 18.4

2000 12 16.6 1.4 4.6 13 18.5

2001 9.6 15 1 2.9 10.4 16.9

2003 8.3 14.7 0.8 1.9 9.1 16.6

2004 8.3 16 0.7 1.7 9.1 18

2005 7.5 15.3 0.7 1.5 8.2 17.1

Fonte: MEC/INEP

PÚBLICATOTAL PRIVADO

Outro fator agravante seria o crescimento na quantidade de instituições

(Tabela 4) e cursos de ensino superior privadas (tabela 3) sem a mesma qualidade

das instituições públicas (Figura 2).

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Page 20: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

Tabela 3: Quantidade de Cursos de Graduação Presenciais no BrasilAno TOTAL Particular Pública Com/Confes/Fil

2000 10.585 3.315 4.021 3.249

2001 12.155 4.094 4.401 3.660

2002 14.399 5.236 5.252 3.911

2003 16.453 6.404 5.662 4.387

Var% (03x00) 55,4 93,2 40,8 35,0Fonte: MEC/INEP

Tabela 4: Número de Instituições de Curso Superior no BrasilAno TOTAL Particular Pública Com/Confes/Fil

1999 1.097 526 192 379

2000 1.180 698 176 306

2001 1.391 903 183 305

2002 1.637 1.125 195 317

2003 1.859 1.302 207 350

2004 2.013 1.401 224 388

Var% (99x04) 44,7 55,1 22,4 27,2

Fonte: MEC/INEP

Freqüentemente nos deparamos com questionamentos na mídia analisando o

crescimento no número de instituições de ensino superior privadas sob a alegação

de interesses mercantis em contraponto ao objetivo primário de uma instituição de

ensino que se baseia no desenvolvimento intelectual e na formação de profissionais

capacitados para executar as funções exigidas em sua licenciatura. Vale destacar

nesse sentido a proliferação nos últimos anos de cursos de gestão com propostas

de ensino em curto prazo ou até mesmo cursos a distância que qualificam o

profissional através de aulas via web sem que este tenha contato com profissionais

e professores da área.

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Page 21: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

Figura 1: IGC das Universidades – Distribuição nas faixas (1 a 5) – Brasil - 2008

Figura 2: IGC das Universidades – Distribuição nas faixas (1 a 5) – Brasil - 2008

No entanto é importante lembrar que não se pode generalizar esse tipo de

observação, valendo-se do fato de que existem instituições sérias e comprometidas

com o desenvolvimento qualitativo do ensino, mesmo sendo algumas delas privadas

e exigentes de mensalidades elevadas, nem sempre acessíveis aos padrões da

maior parte dos brasileiros, mas tornam-se por esse fato excludente e elitizadas,

favorecendo os pequenos grupos localizados no topo da pirâmide de classificação

social.

Para isso seria necessário complementar a informação do grau de

escolaridade com outra forma de classificação e qualificação desse consumidor.

Uma alternativa de classificação seria abordar os hábitos de leitura e busca de

informação de cada indivíduo.

Dentro dos critérios de classificação do nível de certificação, pretende-se

avaliar em separado os indivíduos:

Analfabetos

Até a 4ª série

De 5ª a 8ª série

21

Page 22: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

Ensino Médio

Superior completo ou mais

4.2 Nível de Informação

A classificação dos consumidores segundo os hábitos de leitura e busca pela

informação, por sua vez, permitiriam conhecer o nível de conhecimento e

envolvimento dos consumidores com relação aos fatos cotidianos de sua sociedade

e da atualidade. Essa classificação seria independente do grau de certificação do

consumidor, uma vez que o hábito de leitura e busca por informação independe do

grau de certificação do indivíduo, embora possa ser influenciada pela escolarização.

A hipótese a ser avaliada neste estudo questiona se o comportamento do

indivíduo no momento do consumo poderia encontrar melhor relação com seus

hábitos de leitura e busca da informação do que necessariamente com o grau de

certificação que este atinge ao longo de sua vida.

Essa hipótese considera que, dependendo das fontes de informação e hábitos

de leitura de determinados meios ou até mesmo veículos específicos de

comunicação, esse consumidor estaria mais sujeito as campanhas e ações

promocionais, e neste sentido, independente do seu grau de certificação, seu

comportamento no momento do consumo poderia estar condicionado a um

determinado padrão de ação sob influência do meio/fonte de informação utilizada.

Outra observação também pertinente seria a hipótese de que pessoas com

baixa escolaridade e que tenham o hábito de leitura e acesso constante a

informação, poderiam desenvolver um pensamento crítico e o bastante para

desenvolver um comportamento diferenciado de outras pessoas com mesmo grau

de escolaridade, porém com menor acesso a informação e leitura.

Em paises desenvolvidos, onde o nível de educação atinge padrões elevados

de qualidade e onde grande parte dos indivíduos tem hábito de leitura, talvez haja a

necessidade de outras formas de classificação para segmentar os indivíduos e

22

Page 23: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

relacionar a seu comportamento no ato do consumo. Porém, no Brasil, além de

encontrarmos muitos indivíduos com baixo nível de escolaridade e grandes

disparidades na qualidade do ensino, ainda existe um grande número de indivíduos

que não possuem hábito de leitura.

Segundo a pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, estudo realizado pelo

Instituto Pró-Livro e Ibope Inteligência, que considerou como universo a população

na faixa etária a partir dos cinco anos (Pesquisa feita por amostragem, com base em

5,2 mil entrevistas em 311 municípios brasileiros dos 27 estados no período de 29

de novembro a 14 de dezembro de 2007), 45% dos brasileiros não têm hábito de ler.

A pesquisa considerou como critério pessoas que não leram nenhum livro nos

últimos três meses (Anexo C e D).

O relatório aponta que os classificados como não-leitores estão na base da

pirâmide social: 28% deles não são alfabetizados e 35% estudaram até a 4ª série do

ensino fundamental. Metade do grupo pertence à classe D e a maioria tem renda

familiar de um a dois salários-mínimos. Entre os motivos para não ler, a falta de

tempo aparece como o mais apontado, com 29%. Outros 28% não lêem porque não

são alfabetizados e 27% porque não gostam ou não têm interesse. O relatório

ressalta que a leitura aparece em quinto lugar entre as atividades preferidas dos

entrevistados, ficando atrás de ver televisão, ouvir música, ouvir rádio e descansar.

Dos leitores que declararam gostar da atividade e realizá-la com freqüência, 79%

têm formação superior, 78% têm renda familiar acima de 10 salários-mínimos e 69%

são moradores de regiões metropolitanas (Anexo C e D).

Baseado nas informações do estudo acima, pode-se inferir que o hábito de

leitura está relacionado ao grau de certificação dos indivíduos, pois quanto maior a

escolaridade, maior o hábito de leitura dos indivíduos. Apesar de relacionadas, são

duas variáveis independentes, uma vez que o hábito de leitura/ busca de informação

não está condicionado ao grau de escolaridade, mas pode ser influenciado por ele.

Partindo dessa analise pode-se comparar o comportamento no momento do

consumo aos dois modelos de classificação do indivíduo segundo seu conhecimento

e informação, sendo que as duas formas de segmentação devem ser

complementares para melhor explicar o comportamento de compra do consumidor.

Dentro dos critérios de classificação do hábito de leitura/ busca de

informação, pretende-se avaliar os seguintes aspectos:

Hábito de Leitura de livros, revistas, jornais

23

Page 24: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

Acesso a outras fontes de informação como Internet, TV ou rádio

Tipo de informação/ gênero – notícias, esportes, economia,

entretenimento...

Freqüência de leitura/ acesso as informações

5 O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

Dos primórdios do marketing, orientado para a produção e vendas, até os

modelos atuais, orientados para o mercado, percebe-se uma valorização crescente

da importância do consumidor.

Ter o consumidor como centro e ponto de partida significa uma mudança no

eixo decisório das empresas. Em vez de decidir conforme as potencialidades de

produção, ou vendas da empresa, cada vez mais se exige como capacidade

competitiva que a empresa ofereça produtos e serviços que venham ao encontro

das expectativas dos clientes. Ele é quem acaba mostrando os possíveis rumos da

empresa. Dessa forma devemos criar constantemente novos instrumentos e modos

de satisfação do consumidor.

O consumidor tem relações recíprocas com a empresa, seus concorrentes, o

meio ambiente em que vive e sua própria vida pessoal. Todas as forças ordenam-se

no ato do consumo.

5. 1 Teorias Sobre o Comportamento do Consumidor

Assim como o interesse pelo estudo do comportamento do consumidor não é

novo, hipóteses e explicações foram criadas com base nas relações de troca a mais

de 100 anos, uma série de teorias se desenvolveram ao longo dos anos com o

intuito de encontrar as melhores explicações para as motivações que resultam no

comportamento dos compradores.

Conforme citado por Giglio (2002), antes de apontar algumas das teorias de

comportamento, se faz necessário relacionar alguns pressupostos utilizados como

base para o desenvolvimento das teorias conhecidas atualmente:

24

Page 25: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

As ciências que apóiam os estudos do comportamento do consumidor partem

de pressupostos sobre os fenômenos. Alguns desses pressupostos são:

O ser humano é positivo, seu comportamento é ditado pela razão.

O ser humano é emotivo, movido por afetos conscientes e

inconscientes.

O ser humano é social, movido pelas regras do grupo.

O ser humano é dialético, movido por oposições.

O ser humano é complexo, movido por determinações e

indeterminações de vários níveis.

Pressupostos da Psicologia:

O ser humano como ser racional - a prática do consumo é baseada

na razão.

O ser humano como ser emocional - a prática do consumo é

baseada na estimulação.

O ser humano como ser social – a prática do consumo é baseada

na pressão social.

Pressupostos da Sociologia:

O ser humano é gregário por natureza com algum poder de arbítrio.

O ser humano é gregário por necessidade, porém buscando o

isolamento, a individualidade.

O ser humano é gregário por necessidade, sempre buscando fazer

parte dos grupos.

Além dos pressupostos acima, outros são utilizados para basear estudos na

área da comunicação e administração, mas vale destacar que boa parte desses

pressupostos possui um ponto em comum, que seria a determinação de três

dimensões distintas para explicar o comportamento do consumidor.

O ser humano possui uma a orientação triádica, ou três dimensões, que é

direcionada pela sua estrutura cerebral e pelo modo como se desenvolve cada um

dos elementos desta estrutura. Dessa maneira, o ser humano possui um hemisfério

cerebral esquerdo, responsável pela capacidade intelectual/racional; possui um

hemisfério cerebral direito, responsável pela capacidade emotiva/criativa; e possui

25

Page 26: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

um “cérebro central”, herança de sua ancestralidade animal, repositório da

instintividade, responsável pela capacidade de comando/ação. Esta estrutura

triádica se manifesta em várias teorias e pontos de vista: pensar, ser, agir na

pedagogia; superego, ego e id na psicanálise; adulto, criança e pai na análise

transacional; ectomorfo, endomorfo e mesomorfo segundo os somatipos de Sheldon;

quociente intelectual, inteligência emocional e capacidade de liderança na avaliação

de potencial em recursos humanos; etc (GREGORI, 1998).

A organização da atividade humana, e em um caso específico, a estrutura das

organizações, possui, na visão deste autor, três componentes fundamentais e

integrados:

A dimensão de pessoas, dada pelos indivíduos que realizam a

atividade ou que compõe a organização, em sua essência humana;

A dimensão do conhecimento envolvido na atividade, a tecnologia

que o suporta e o grau da informação e experiência existente;

A dimensão de processos, relacionada com a capacidade de

organização das tarefas e atividades e da estrutura necessária para

isso.

Outro conceito fundamental é o de atitude. De acordo com este conceito, os

padrões de relacionamento humano com relação a qualquer elemento é fruto de sua

atitude para com este elemento. De acordo com Eagly & Chaiken (1993), a atitude

tem três componentes: o componente cognitivo, o componente afetivo e o

componente conativo ou comportamental. O componente cognitivo é a parte racional

da atitude, onde se concentram as informações sobre o elemento estudado. O

componente afetivo carrega o componente cognitivo de emoções, preconceitos e

outros fatores irracionais. O componente conativo é a exteriorização da atitude do

indivíduo como ação no mundo real.

Alguns teóricos defendem que até mesmo as formas de comunicação e

interação humana são baseadas no aspecto tri-dimensional. Toda e qualquer

interação humana partem de três dimensões distintas e que se relacionam ou

complementam: Emocional; Físico; Racional.

26

Page 27: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

De acordo com os pressupostos acima, há teorias do comportamento de

consumo e práticas diferentes. Cabe aos profissionais e estudiosos determinar as

metodologias mais adequadas ao que se pretende.

Considerando os pressupostos dos vários campos do conhecimento sobre o

ser humano, podemos relacionar abaixo uma série de teorias baseadas em um ou

mais pressupostos que pretendem explicar o comportamento de consumo.

5.1.1 As Teorias Racionais sobre o Comportamento do Consumidor

Parte do pressuposto de que o ser humano distingue-se pela sua capacidade

de raciocínio, de solução lógica de problemas e de flexibilidade na busca de opções

de soluções. Assim a grande massa de consumidores teria consciência de seu

comportamento de consumo e estaria no controle desse comportamento.

Uma das teorias mais conhecidas vem da economia. Nesta visão, o

consumidor é ditado pelas escolhas racionais sobre a disponibilidade dos produtos e

dos recursos necessários.

Baseado neste racional, o ser humano tem infinitos desejos e limitadas

possibilidades de satisfazê-los, dessa forma, deve buscar os produtos que lhe

ofereçam o máximo de satisfação. Na medida em que consome o produto, a

capacidade de tirar a satisfação desse ato diminui dessa forma o produto começa a

perder valor para o consumidor que poderá buscar outro produto para satisfazê-lo.

Apesar de simples, as teorias racionais são criticadas por teóricos devido ao

pouco interesse no aspecto descritivo e privilegiam características dos produtos e

menos as características dos consumidores.

5.1.2 As Teorias da Motivação do Comportamento do Consumidor

O fundamento das teorias da motivação é a afirmação que o comportamento

pode ser entendido a partir das emoções, dos afetos entre sujeitos, deixando o

racional em segundo plano. Dentre as teorias mais conhecidas neste campo estão

às chamadas teorias psicodinâmicas de Freud (1970) e as teorias do self e

realização de Maslow (1954).

A teoria de Freud afirma que as pessoas não conhecem seus verdadeiros

desejos, pois existe uma espécie de avaliação que determina quais deles poderão

tornar-se consciente e quais não. Essa teoria nasce da observação de seus

27

Page 28: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

pacientes e concluíram que certas idéias dos sujeitos seriam tão prejudiciais a sua

segurança e saúde que eram reprimidas na consciência, tornando-se inconscientes.

Como tinham uma carga energética, continuavam fazendo pressão para subir a

consciência e acabavam se manifestando em sonhos, atos falhos e outros caminhos

tortuosos.

Já Maslow afirma que as pessoas criam cinco planos básicos na vida:

satisfazer necessidades fisiológicas, segurança, afeto, relacionamento e auto-

realização. Os níveis seriam independentes uns dos outros, sendo a predominância

dada por uma valoração da pessoa.

De forma geral, as teorias têm o grande mérito de penetrarem mais a fundo

na personalidade das pessoas, aceitando que a consciência é um fluxo inconstante,

sinal do que ocorre mais profundamente.

5.1.3 As Teorias Comportamentais Sobre o Consumidor

Diferente das teorias da motivação, as teorias comportamentais colocam

como objeto de estudo apenas os fenômenos observáveis, eliminando emoções,

afetos e qualquer noção de inconsciente.

Os teóricos propagadores destas teorias eram conhecidos como behavioristas

e se apoiaram na Neurologia e Fisiologia para criar seus experimentos e apoiar suas

idéias. Dentre as teorias comportamentais a mais conhecida seria de Skinner (1978)

e sua teoria do “condicionamento”. Segundo experimentos feitos com animas,

Skinner conclui que o comportamento pode ser incrementado se for sucedido por

uma recompensa importante para o sujeito. É o caso clássico da mãe que dá um

doce ao filho por ter comido toda a refeição. Dessa forma podemos fazer relação

das teorias behaviorista com o marketing quando analisamos toda a gama de

serviços e brindes pós venda que aqui pode ser entendido sob a ótica de fornecer

“presentes” após a compra, objetivando a repetição da compra ou a simples

propaganda boca a boca. Partindo da observação, Skinner conclui que as regras de

sociedade são, no fundo, um conjunto de estímulos operantes positivos, ou

negativos, e que o Ser humano repete os mesmos comportamentos dos animais de

laboratório. Dê-lhes um presente e ele apresenta um comportamento; dê-lhe um

castigo e o comportamento será extinto.

28

Page 29: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

A grande vantagem desse modelo é que os psicólogos behavioristas

conseguiram reduzir a um modelo simples os complexos agrupamentos humanos e

suas regras e comportamentos. As teorias comportamentais têm apoio nos fatos e

no embasamento lógico, diferente das teorias da motivação.

Não é por acaso que muitas empresas adotam estratégias de presentes (ou

promoções) para tentar atrair o consumidor e levá-lo a criar o hábito de compra.

5.1.4 Teorias Sociais Sobre o Comportamento do Consumidor

Neste caso o fundamento da teoria de consumo não está no indivíduo, mas

fora dele, nas regras de grupo aos quais ele pertence, ou gostaria de pertencer.

Neste conceito alguns autores consideram que o nascimento do homem está

ligado ao nascimento de regras, cuja função básica é diminuir as conseqüências das

fraquezas instintivas do homem.

5.1.5 Teorias de Tipologias do Consumidor

Consiste no uso de recursos de classificação e generalização dos indivíduos

para agrupamento segundo similaridades.

No recurso de generalização, observa-se um fenômeno algumas vezes e se

procuram ou se criam os elementos comuns à maioria deles, generalizando essa

repetição para todas as ocorrências do fenômeno. No recurso da classificação,

desde que haja uma generalização anterior, coloca-se um evento particular dentro

da categoria em que se espera que ele esteja contido.

Basicamente, podemos considerar esse processo como uma forma de

segmentação de mercado, que consiste em dividir as pessoas em características

comuns.

Uma das grandes razões para se generalizar e classificar consiste na

facilidade para se explicar um evento isolado. Assim, um plano de marketing, ao

considerar um público alvo, pode utilizar as classificações de desejos e

comportamentos típicos daquele segmento, para tentar prever as vendas.

Dentre as formas de Tipologia, podemos citar:

Classificação por critérios Demográficos – divisão de grupos em

variáveis facilmente mensuráveis, tais como: idade, sexo, estado civil,

29

Page 30: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

ocupação, renda, local de moradia, número de filhos, escolaridade,

entre outros.

Classificação por critérios da personalidade (traços psicográficos) –

essa forma de classificação é apoiada por correntes em Psicologia que

afirmam que as características básicas de personalidade são

adquiridas na infância e sua mudança não é freqüente, ou por

correntes que aceitam que as características são mutáveis por toda a

vida.

Classificação por estilo de vida – consiste num conjunto de

características de personalidade, atitude, valores e crenças, rotinas de

trabalho, estudo e lazer.

Classificação pelo ciclo de vida do produto – consiste no estudo de

consumidores conforme sua disposição para a compra de produtos

recém lançados ou posteriormente.

Os Inovadores – compram o produto no lançamento

Os Adotantes – também querem produtos novos, mas se

diferenciam dos inovadores pelo aspecto racional, pois não

querem se arriscar imediatamente.

Os Seguidores – só compra o produto se houver suficiente

experimentação, os fabricantes já colocaram produtos melhores

no mercado e o produto se tornou estável.

O acomodado ou comprador tardio – só compra produtos em

declínio, espera pelas promoções e queima de estoque.

A classificação pelo modo de compra – esse modelo aborda o

comportamento no ato da compra no tocante as variáveis de compra

racional e compra por impulso. Esse conceito será mais bem

aprofundado em capítulos posteriores.

A existência de um vasto leque de teorias para explicar o comportamento do

consumidor tem origem nos pressupostos. Devido a não existência de um conjunto

de conhecimento definido e estático sobre o comportamento do consumidor, cada

modelo parte de algum pressuposto que considera aceitável e leva a conseqüências

praticas bem diversas.

30

Page 31: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

Uma opção muito provável é unir mais de uma teoria, ou um pouco de cada,

para criar modelos adequados a explicação de novas situações de comportamento

de consumo, porém incorre-se em riscos devido à metodologia aplicável a cada uma

delas, que poderia levar a condução de uma metodologia cega gerando assim um

viés na interpretação dos fatos.

Dessa forma, pode-se dizer que todo o leque de informações acima são

teorias, e nada mais que isso. É necessário primeiramente aceitar que não existe

teoria correta ou errada, mas podem-se encontrar teorias mais adequadas ao que se

pretende realizar para suportar os caminhos escolhidos para a compreensão do

comportamento do consumidor.

6 COMPRA POR IMPULSO

Em alguns ramos de negócios onde a compra é realizada sem muito

envolvimento emocional, costuma-se utilizar a expressão “compra por impulso”.

Esse modelo de compra caracteriza-se pelo processo rápido e não planejado,

guiado por estimulação momentânea.

6.1 Conceitos Sobre a Compra por Impulso

Segundo Almeida (1993), estudando a influência do humor sobre a compra

impulsiva, encontrou uma grande variedade de conceitos, podendo-se agrupá-los

em três abordagens principais:

Conceito tradicional – Apresenta a compra impulsiva como uma

compra não planejada, cuja principal causa é devida ao meio ambiente.

Conceito comportamental simples – A compra impulsiva é uma compra

emocional.

Conceito do comportamento exagerado – A compra impulsiva é uma

doença.

6.1.1 A compra Impulsiva como Compra não Planejada

31

Page 32: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

Nesse contexto, a origem da compra impulsiva seria o meio ambiente (por

exemplo, fatores climáticos, disponibilidade do produto, estimulação no ponto de

venda), ou fatores de personalidade (como tendência a busca do prazer imediato),

ou fatores culturais (como a compra de um perfume numa roda de amigas em que

todas as outras também compraram).

Situações de fatores climáticos, como chuva repentina, podem estimular a

compra de capas e guarda-chuvas.

Nos caixas de supermercados há uma série de produtos que, supõe-se, são

comprados por impulso. Nas filas dos caixas para compras de até 10 itens, percebe-

se grande quantidade de produtos disponíveis nas laterais do percurso da fila, antes

do caixa, para estimular a compra impulsiva.

Vendedoras de perfumes que organizam reuniões de mulheres acreditam que

se a maioria do grupo comprar um item, o restante também comprará, mesmo não

tendo necessidade.

6.1.2 A Compra Impulsiva como Expressão das Emoções

Apesar do uso da palavra comportamento no artigo de Almeida (1993), sua

pesquisa refere-se aos afetos, as emoções como origem do comportamento. Nesse

caso, não importa se a compra havia sido planejada ou não. As explicações giram

ao redor do ponto de que a pessoa sente um grande prazer no ato da compra.

Em capitulo especial sobre o prazer imediato, Popcorn (1997) comenta a

tendência das pessoas em deixar certos controles de lado, como dietas ou

exercícios, e se dar o direito de alguns consumos extravagantes. Essas compras

emocionais associadas ao “eu mereço” poderiam ser classificadas como impulsivas,

conforme o conceito anterior.

6.1.3 A Compra Impulsiva como Doença

Nesse sentido, a compra por impulso é mais adequadamente denominada

como compra compulsiva. O sujeito é acometido de um desejo incontrolável de

comprar, que só reduz sua pressão com a consumação do ato. Aqui a estimulação

ambiental parece não ter importância, já que a pressão é interna.

32

Page 33: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

6.1.4 As Variáveis Individuais e Situacionais da Compra Impulsiva

Os dois últimos modelos estão mais voltados para as variáveis internas do

sujeito. O primeiro modelo e suas variações utilizam fatores ambientais, como

origem e explicação dos motivos da compra por impulso. Entre eles podemos citar:

Meio ambiente resultante de ações de marketing: redução de preço, publicidade,

oferta de cupons, abertura de loja em dias especiais;

Meio ambiente anterior a compra: formulação de lista, vendas por

correspondências;

Meio ambiente exterior a compra: inovações de marketing, como

cartas de crédito, lojas automáticas;

Meio ambiente psicossocial: festas criadas (dia das mães),

presença de alguém de influência (um vendedor da família);

Tempo: abertura de lojas nas férias ou domingos;

Estoque: de cerveja no verão, por exemplo.

Como variáveis individuais teríamos:

Demográficas (sexo, classe social, etc.).

Ligadas aos afetos: fadiga, decepção, humor, paixão...

Ligadas ao ato da compra: Eliminação da resistência de compra

6.2 O Papel do Varejo no Estímulo do Consumo por Impulso

Segundo Haug (1971), em sua obra “Crítica da Estética da mercadoria”

coloca que expor e apresentar as mercadorias, decoração do ponto de venda, sua

arquitetura, a iluminação, as cores, o fundo musical, os aromas; a equipe de vendas,

seu aspecto exterior, seu comportamento; a concretização da venda – cada

momento de mudança de forma da mercadoria e as circunstâncias nas quais ocorre

e que o influenciam, são abrangidos pelo cálculo fundamental da valorização e

configurados funcionalmente. A estética das lojas e vitrines é o objeto e o recurso de

concorrência entre arquitetos e decoradores de lojas, como também entre varejistas.

A inovação estética tornou-se, no campo das técnicas de vendas, uma imposição

econômica da qual os capitais comerciais isolados não podem mais fugir.

33

Page 34: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

Todo o sentido de construção e organização da loja deve ter um fim único e

proposital: “oferecer vivências através das compras”. Portanto, quem quiser vender

tem que oferecer mais do que produtos dispostos em prateleiras, tem que oferecer

vivências no ambiente da loja.

O deixar-se ver da mercadoria, a sua visitação, o processo de compra e todos

os momentos neles constantes são calculados em conjunto segundo a concepção

de uma obra de arte totalmente teatral, cujos efeitos visam predispor o público para

a compra. Desse modo, o ponto de venda, enquanto palco assume a função de

proporcionar ao público vivências que estimulam e acentuam a predisposição para a

compra.

Em contraposição a estratégia de “compra vivenciada” aparece à estratégia

de compra praticamente imperceptível como tal. Da perspectiva de valor de troca e –

num nível mais elevado – da perspectiva da valorização, o ideal seria poder levar o

proprietário do dinheiro a compra “sem refletir a necessidade dessa aquisição”. Para

este comportamento ideal, criou-se uma expressão própria em sua ciência prática,

relativa ao comportamento do comprador, ou seja, a “compra por impulso”. Para

provocá-la, a apresentação, o arranjo e a configuração do preço da mercadoria

recebem tarefas específicas. A sua ordenação apóia-se no encontro surpreendente

com o cliente distraído.

A compra não percebida como tal e por isso mesmo irrefletida baseia-se tanto

na distração quanto na “compra vivenciada”. Se a compra irrefletida ocorre por

acaso, literalmente de passagem, o desdobramento da compra vivenciada coloca o

acidental no centro dos esforços estéticos, que faz o capital da mercadoria aparecer

como uma distração divertida do público.

Dessa forma, o entretenimento passa a ser essencial junto à oferta da

mercadoria para culminar na efetivação da venda. Os eventos de entretenimento,

um recurso adicional para estimular a compra derivado da própria mercadoria, têm

de ser pagos também pelo comprador. Quando uma mercadoria for vendida, serão

vendidos no futuro não só a sua apresentação e a sua fama simulada – que tem de

ser pagos pelo comprador – mas também a apresentação da atividade de venda.

Importante ressaltar que o ambiente da loja retratado acima não contempla

apenas o espaço físico desta, mas também pode ser compreendido no espaço

virtual da loja. No mesmo sentido apresentado acima, o espaço virtual também deve

preocupar-se em oferecer a vivência da compra e, neste aspecto, a tarefa deve ser

34

Page 35: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

ainda mais bem trabalhada uma vez que não há a tangibilidade da mercadoria e não

existem todos os efeitos de sentido que podem ser trabalhados em um ambiente

físico, como a recepção de um vendedor ou aspectos visuais como a o toque no

produto na prateleira ou o próprio odor característico do ambiente físico da loja.

Nestes ambientes virtuais outras características devem ser estimuladas para

promover o produto e a efetivação da compra, e neste aspecto a facilidade de

navegação aparece como o principal meio de proporcionar a compra da mercadoria.

Algumas empresas já proporcionam algo mais ao público como

entretenimento utilizando-se de tecnologias hipermidiáticas para provocar efeitos de

sentido através de imagens e vídeos. Apesar dos avanços recentes esse é um meio

ainda em desenvolvimento com características específicas onde a empresa e o

consumidor estão em processo de descobrimento e experimentação até chegar ao

estágio de completo amadurecimento na relação de compra e venda via web.

7 O CONSUMO COMO UM PROCESSO EM ETAPAS

Conhecendo o leque de teorias disponíveis para entendimento e analise do

comportamento do consumidor, além dos aspectos motivacionais da compra por

impulso, faze-se necessário aprofundar a analise no processo de compra para obter

com maior clareza a compreensão da influencia das teorias comportamentais e a

interação das diversas fontes motivacionais com a decisão de compra em seu

momento prático.

Baseado no modelo de Engel (1995) e com o reforço da estrutura teórica

realizado por Giglio (2002), o processo de escolha e decisão durante a compra de

um produto passa por quatro pontos fundamentais:

Os estímulos mercadológicos, as variáveis de influência (aqui se entende por

fatores individuais, sociais e situacionais), o processamento da informação (memória

e aprendizagem) e a seqüência de decisão, que neste caso seria a parte mais

elaborada com cinco etapas bem definidas.

Das cinco etapas do processo de decisão (Figura 3), a consciência das

expectativas seria a primeira delas. Na seqüência, o processo transcorre com as

etapas de seleção dos estímulos e busca das alternativas que as satisfaçam. O

próximo passo na cadeia seria o julgamento da compra, que deverá orientar a

decisão final de compra. O último passo desse processo seria a avaliação pós-

35

Page 36: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

compra, quando deveremos ter início da etapa de avaliação da satisfação do

consumidor.

Figura 3: Modelo de Engel para o processo de decisão do consumo em etapas.

7.1 A Expectativa

As escolhas sobre o que e como consumir começam muito antes do momento

da compra propriamente dita. Elas remontam as expectativas mais básicas da

existência humana, constituindo-se nas experiências com o nosso corpo, nossas

idéias e emoções, com outras pessoas, sobre o tempo e o espaço, sobre as regras e

o simbolismo. Em cada um desses campos de experiências, o sujeito busca ordem e

superação, numa dinâmica insolúvel, porém complementar. O jogo dos dois

movimentos (ordenação e superação) sobre os campo de experiência é o pano de

fundo de onde brotam as expectativas, iniciando o processo de escolha.

O processo todo de escolha, portanto, é influenciado pela qualidade das

experiências do sujeito nos campos básicos da existência.

Os conceitos mais importantes da expectativa remetem ao futuro. Eles

revelam certa medida de experiências que o sujeito passou, mas são,

fundamentalmente, os sinais de quais experiências eles anseia, qual tipo de vida cria

para o seu futuro.

O consumo de um produto pode estar associado a várias expectativas. No

caso de um carro novo pro exemplo, podem-se encontrar expectativas de

impressionar um vizinho, ou de não ter problemas mecânicos durante as viagens, ou

até de poder correr em alta velocidade (expectativas de ordenação e superação).

O que se conclui é que não basta conhecer os modos de compra e uso de um

produto, mas é preciso conhecer as expectativas que o cercam. Sem esse

conhecimento, fica muito difícil adaptar os produtos ou incrementar a satisfação do

consumidor.

36

Page 37: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

As expectativas possuem 3 componentes básicos:

1. Ideativo – É o que se espera que aconteça, isto é, qual a idéia central

da mudança buscada. São resultados esperados após o

comportamento. Uma propaganda, por exemplo, pode fornecer um

componente ideativo.

2. Afetivo – Refere-se ao grau de interesse e afeto colocado no desejo.

Também pode ser criada por fatores externo, como uma propaganda

(por exemplo, a emoção de consumo de um refrigerante)

3. Operacional – É o caminho para se realizar a expectativa. No caso do

comportamento de consumo, é a definição de quais produtos e

serviços podem auxiliar na satisfação da expectativa. Nesses casos, os

profissionais de marketing podem se esforçar para associar seus

produtos as expectativas (como exemplo, mostrar que o uso de

determinado perfume tem como resultado a obtenção de companhia).

As expectativas podem ser infinitas, mas podem ser ordenadas em quatro

grupos básicos:

Expectativas em relação ao corpo – Em maior ou menor grau, estão

sempre relacionadas a uma situação futura de um corpo diferente do

atual. Como exemplo, pessoas estão raramente satisfeitas com o seu

corpo, elegendo uma variada gama de produtos e serviços que

modifiquem a situação.

Expectativas em relação ao psiquismo (idéias, afetos e valores) – O

conceito de psiquismo aqui abrande conteúdos ideativos (as idéias

próprias, conhecimento), valorativos (os valores, as regras que cada

um cria) e afetivos (a gama de emoções).

Expectativas em relação às outras pessoas – É a expectativa de as

pessoas estabelecerem relações humanas diferentes daquelas em que

estão inseridas. Empregados querem ser patrões, filhos querem

comandar, namorados lutam pelo poder um sobre o outro,

comandados querem liderar. O esforço para tornar-se melhor que o

outro é à base da competição, tão valorizada na cultura ocidental.

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Page 38: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

Expectativas em relação aos objetos – Parte de que as pessoas estão

sempre insatisfeitas com os objetos que estão a seu redor e com a

forma como lidam com eles.

7.2 A Percepção e a Seleção de Estímulos

A palavra percepção refere-se aos processos pelos quais o indivíduo recebe

estímulos, seleciona-os e interpreta-os (Krech, 1974).

Pode-se entender a percepção é de modo geral um modo de ver e entender o

mundo que nos cerca, incluindo a nós próprios.

Freqüentemente somos colocados em contato com as quatro fontes de

estimulação de nossa vida: corpo, idéias (incluindo emoções, sonhos, fantasias),

meio físico e meio social. A forma de selecioná-los e interpretá-los é resultado tanto

das experiências anteriores do sujeito (que tendem a criar padrões perceptivos)

quanto da situação de expectativas dominantes daquele momento da vida.

7.2.1 A Percepção Relativa ao Corpo

Parte do princípio de que o corpo humano é uma fonte inesgotável de

estimulação. Da quantidade de sinais originados, precisamos selecionar alguns e

dar-lhes um significado.

O diálogo constante entre os estímulos de que tomamos consciência e os

significados que lhes associamos dependem de quais expectativas estão dominando

nossa experiência naquele momento.

7.2.2 A Percepção Relativa ao Nosso Psiquismo

Ao mesmo tempo em que o corpo manda seus estímulos, somos também

bombardeados por sinais que vem do nosso psiquismo, sejam emoções, idéias,

recordações, imaginações, suposições, devaneios, raciocínios, julgamentos: tudo

num fluxo constante.

Da mesma forma como as experiências do corpo constroem um padrão

perceptivo, as experiências psíquicas constroem um padrão psicológico. Uma

38

Page 39: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

pessoa pode ser basicamente emotiva, outra mais racional, ou muito criativa, ou

imaginativa. Isso caracteriza o mundo das relações do indivíduo com o seu

psiquismo.

7.2.3 A Percepção Relativa aos Objetos

Somos também freqüentemente colocados em contato com estímulos

externos ao nosso corpo, sejam físicos (da natureza e dos objetos) ou sociais (das

regras). Do mundo físico recebemos todos os estímulos originados dos sons,

imagens, movimentos, texturas, temperaturas, aromas, gostos. Necessitamos

selecioná-los e interpretá-los. Descriminar esses estímulos não é só uma questão de

consumo, mas de sobrevivência.

7.2.4 A Percepção Relativa as Pessoas e Regras Sociais

Somos também submetidos ao contato e estímulos que vem de terceiros e

das regras sociais. Das nossas experiências de prazer, alegrias, tristeza com outras

pessoas, construímos padrões de relacionamentos que constituem um filtro nas

percepções.

Das experiências com outras pessoas, no mundo das regras, construímos o

nosso código de ética, o nosso modo de ser no mundo e o nosso padrão de

percepção das pessoas.

De forma geral, concluímos que estamos em contato com uma grande

variedade de estímulos, oriundos dessas quatro esferas fundamentais. Conforme

essas estimulações nos afetam ao longo da vida, vamos selecionando-as e

construindo modos de responder a elas.

Assim, fica evidente que existe uma reciprocidade entre as expectativas e a

percepção: uma influencia a outra.

Perceber é, portanto, um ato de seleção, analise e interpretação dos

estímulos com que entramos em contato ao longo de nossas vidas. É essa seleção

e análise que orienta nossas ações. Conhecendo suas expectativas, então, o

consumidor presta atenção nos estímulos que se relacionam com elas e, da seleção

39

Page 40: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

dos estímulos surgem os padrões de comportamento e que entre os

comportamentos possíveis está o consumo.

7.3 A Construção de Alternativas

Conhecendo as expectativas, e selecionando os estímulos que lhe

interessam, o consumidor busca as alternativas de produtos e serviços que possam

satisfazer aquelas expectativas. Nesse processo de busca e escolha entram em jogo

os processos de aprendizagem, memória, razão, afeto e relacionamento, Da inter-

relação dessas variáveis cria-se as opções que pode incluir um ou mais produtos.

7.3.1 Da Aprendizagem

O aprendizado ocorre com a experimentação, porém, é mais do que só

experimentar. É necessário que a atividade seja considerada interessante e

importante pelo sujeito. Por outro lado, existe uma forma de aprendizagem que não

depende das experiências. É aquela passada de boca a boca, na qual os conceitos

são transmitidos.

Aprendendo com a própria experiência e/ou com o relato de outros e

recordando as experiências e relatos, o consumidor vai formando padrões de

conduta ao procurar produtos e serviços. Esses padrões de conduta fazem parte do

que pode ser chamado de hábitos de consumo.

Hábito pode ser definido como um processo de compra simplificado, em que o

levantamento e analise das alternativas são praticamente eliminados, unindo-se as

expectativas diretamente a compra, sem necessidades de processos de seleção de

estímulos e de levantamento das alternativas, mas é uma das respostas de busca

de segurança e ordem que motiva o ser humano.

Apesar da existência de hábitos, em momentos de crise o comportamento do

consumidor pode ser alterado, quebrando rotinas e reiniciando um processo de

seleção de estímulos e busca de alternativas.

40

Page 41: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

7.3.2 Da Memória

Memória é a capacidade de evocar situações passadas, a partir de um

estímulo presente. Isso implica que a memória é mais uma reconstituição do que

uma recuperação. Assim, quando um cliente relata uma experiência pessoal, está

mostrando quais estímulos são importantes, para ele, no presente e no futuro.

7.3.3 Da Razão

O levantamento de alternativas depende também do processo de razão que a

pessoa executa.

Em outras palavras, no comportamento de consumo que demanda algum

tempo de procura antes da compra entra em jogo um processo de analise e síntese

das vantagens oferecidas pelo fornecedor e seu produto.

Esse processo não pode ser considerado somente racional, lógico, mas pode-

se dizer que os consumidores executam um processo de análise e síntese, o qual

pode ser denominado de razão.

7.3.4 Do Relacionamento

Sentir-se importante, reconhecido, é fundamental para qualquer pessoa que

está se habituando a comprar em uma determinada loja, permitindo que os

estímulos relativos à determinada loja sejam colocados num grau mais elevado na

consciência. O consumidor sente-se recompensado pelo atendimento e acaba

gravando na sua memória a solução para o plano de compra de um produto

específico. Em outras palavras, pode-se dizer que está se formando um hábito de

compra.

O relacionamento está fundamentado em aspectos intangíveis, tais como,

confiança, garantia de qualidade, fidelidade. A única maneira de desenvolver esses

aspectos seria com uma equipe de atendimento devidamente treinada, isto é,

pessoas que saibam valorizar o consumidor nos aspectos que este considera

importantes.

Para resumir, de forma geral, o processo de levantamento de alternativas e

de escolha apóia-se em alguns pontos básicos: a história de eventos passados (o

fato real), a reconstrução dessas histórias (a recuperação pela memória), os relatos

41

Page 42: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

de outras pessoas sobre suas histórias, os atuais processos racionais de

comparações e o relacionamento com vendedores enquanto se realiza o

atendimento.

7.4 O Julgamento do Consumo

Conhecendo as expectativas, selecionando os estímulos e escolhendo as

alternativas, o consumidor julga se o consumo é aceitável, se vale a pena, se não há

restrições morais ou conseqüências negativas.

O julgamento é o resultado do conjunto das representações sociais sobre

determinado consumo ou produto.

7.4.1 Representação Social

Para Moscovici (1994), Representações Sociais são formas de conhecimento

socializadas (ou partilhadas por grupos), tendo o seu lado afetivo e simbólico. Como

conhecimento social, elas são grupais. Como resultado de processos simbólicos,

são particulares, porque os símbolos possibilitam uma variedade infinita e são a

relação entre o sujeito e o objeto. Como atividade criada no espaço social, o símbolo

contém o social. A mescla da experiência de cada um com a experiência de outros

(o social) cria continuamente a experiência que constitui a realidade de todos.

As representações sociais têm vida independente, reproduzem-se e se

misturam, tendo como causas não só a estrutura social, como outras

representações. Nessa condição, não existiriam representações falsas. Não importa

se o julgamento do consumidor está equivocado, mas sim que ele existe e pode ser

compartilhado por um grupo.

A representação social tem um aspecto social (está presente nos vários

segmentos), um componente cognitivo (uma idéia norteadora) e outro afetivo

(conforme as experiências de cada pessoa). Relacionando com o processo de

consumo, as representações sociais sobre os produtos e serviços determinam a

disposição positiva ou negativa em adquiri-los. O julgamento, portanto, tem o

42

Page 43: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

importante papel de decisão sobre as conseqüências de consumo, abarcando as

questões éticas.

7.4.2 As Representações e o Comportamento de Consumo

Para ocorrer o consumo não basta que o cliente conheça suas expectativas e

queira comprar. É necessário que ele aprove o seu ato.

De maneira simples, qualquer experiência de consumo ao nosso alcance (real

ou imaginada) recebe um julgamento positivo ou negativo assim que se apresenta.

O profissional que ouve e analisa detalhes do consumo diário perceberá que

o consumidor tenta responder duas perguntas antes do consumo:

1. Conforme minhas experiências anteriores, tal consumo nesse

momento é apropriado? Quais imagens me vêm à mente quando

penso estar consumindo esse produto?

2. Conforme o que os outros dizem sobre esse consumo e esperam

que eu faça, ele é apropriado? Quais imagens os outros tem sobre o

consumo?

As duas questões definem o processo de influência das representações

sociais no consumo. O sujeito pode querer e ao mesmo tempo considerar que não é

bom para si ou para os outros. Se existe o desejo, mas as representações são

negativas, o pensamento deverá ser: “Eu quero e posso, mas acho que não devo

(por mim ou pelos outros), então não compro.”

Assim, vemos que o processo de consumo inicia-se bem antes que a pessoa

esteja pensando em algum produto específico. Antes de consumir, há um caminho

que vai desde a percepção dos estímulos que chegam ao sujeito (selecionados

conforme as expectativas), passando pelo levantamento das alternativas de

consumo possíveis, chegando ao julgamento da validade do consumo. Só após é

que vem a compra propriamente dita.

7.5 O Momento da Compra

43

Page 44: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

Conforme foi abordado nos capítulos anteriores, a compra deve ser entendida

como mais um passo e não como o único passo do consumo.

Para McKeena (1993), “... a compra é apenas um dos resultados de um

relacionamento positivo com o cliente”. Atualmente já dispomos de ferramentas do

marketing que visam despertar as expectativas do consumidor e outras que

objetivam manter o cliente satisfeito após a compra.

A compra pode ser vista também como o momento da troca de valor, quando

duas partes negociam a satisfação de suas expectativas. Esse ponto implica que a

situação presente das duas partes é o fator que determina o modo de compra. Como

exemplo: Ao chegar a uma feira de automóveis as 8 h da manhã, observa-se um

modo de relacionamento das duas partes; chegando as 13 h da tarde, percebe-se

um modo bem diverso, porque ambas as partes modificaram a sua situação, embora

o vendedor seja a mesma pessoa das 8 h.

Como foi mencionado anteriormente, existem dois movimentos básicos que

determinam o comportamento das pessoas. Por um lado elas procuram formas de

superar seus limites de vida, por outro, ordenar suas experiências. Como exemplo

de ordenação, pode-se mencionar o modelo de Assael (98:67). Segundo Assael é

possível categorizar o produto, ou serviço, conforme o grau de envolvimento e

diferenciação de marca (pode-se cruzar com o grau de informação necessária, ou a

lealdade a marca, ou o grau de hábito construído e outras variáveis). Coloca-se

como grau de envolvimento a importância que o cliente dá ao consumo, isto é, o

quanto ele imagina que a sua vida poderá mudar após a compra e o quanto ele está

disposto a se esforçar para realizá-la.

A outra categoria refere-se à percepção (ou julgamento) que o cliente tem de

diferenciação de marcas.

Graficamente o modelo que cruza essas duas variáveis apresenta-se como segue:

44

Page 45: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

Figura 4: modelo de Assael, cruzando envolvimento com grau de diferenciação entre marcas.

7.6 Pós-Compra e a Dissonância Cognitiva

Dissonância cognitiva é um termo de Festinger (1957) e refere-se exatamente

ao processo e resultado final cognitivo e emocional da verificação da diferença entre

o que se esperava e o que ocorreu. Festinger utiliza o conceito de maneira ampla,

incluindo toda e qualquer discordância entre as ações (o corpo em ação), idéias (o

mundo das idéias), e a ética do sujeito (seu código de relações).

Posto dessa forma, observando o cotidiano de qualquer pessoa, verifica-se

que estamos freqüentemente entrando em dissonância. A cada vez que tal ocorre,

tentamos criar mecanismos que eliminem a frustração presente e possível futura.

Conforme a teoria de Festinger, não se pode eliminar a dissonância, mas sim

compreender a forma de construção dos mecanismos para lidar com ela e também

as formas de interferência na sua modificação. É a mesma configuração estrutural

das representações. Elas sempre estão presentes e o que podemos fazer é tentar

mudar seu conteúdo.

A existência da dissonância cognitiva após um consumo cria um ambiente

psíquico (uma predisposição) para o surgimento de julgamentos negativos em

relação ao produto/serviço, o que interfere naquela etapa imediatamente anterior a

compra. Significa que uma dissonância cognitiva é uma das fontes do nascimento de

julgamentos negativos sobre os produtos/serviços.

O julgamento do consumo (a disposição criada pelas representações) é uma

espécie de permissão para o consumo, uma questão ética que vem antes da

compra, ao passo que a avaliação pós-compra é uma comparação entre o que se

esperava e o que se obteve. Para se compreender ainda melhor, diríamos que uma

frustração com um determinado consumo pode alterar o julgamento sobre ele,

influenciando o processo todo na próxima vez.

A comparação entre o esperado e o obtido não pode ser visto apenas como

um processo racional, mas uma união dos elementos de todo o processo de

consumo, isto é, as expectativas, a memória, a aprendizagem durante o consumo,

as idéias e o fluxo dos acontecimentos. Tudo vai se unindo naquele momento de uso

do produto e analise de seus resultados.

45

Page 46: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

7.6.1 A Dissonância e o Comportamento de Consumo

Existem duas situações que associam o comportamento de consumo e a

dissonância. Uma refere-se à dissonância que ocorre por motivos independentes do

consumo e que leva a pessoa a um consumo específico como resposta para

eliminá-la. Por exemplo: algumas pessoas, especialmente mulheres, quando se

sentem frustradas por quaisquer motivos, não tem dúvida em passear para consumir

num Shopping Center. Para elas é uma forma de mudar os sentimentos negativos.

A segunda situação, que se enquadra melhor ao estudo em questão, refere-

se à dissonância causada pelo consumo, cuja intensidade e tipo de respostas para

eliminá-la dependem dos graus de importância dada ao consumo e de consciência

das expectativas.

Abaixo seguem três tipos de soluções em situações de consumo:

1. Distorção das percepções: A pessoa anula sua consciência dos

estímulos que originam dissonância.

2. Depreciação da fonte da dissonância: Nesse caso os estímulos são

evidentes demais para serem negados.

3. Buscar apoio social: Nesse caso os estímulos não podem ser

distorcidos, tampouco depreciada a fonte de dissonância. A solução

está em buscar apoio social e, se possível, encontrar culpados

externos ao grupo. A sociedade, o capitalismo selvagem, a política, o

trânsito, a imigração são alguns “culpados” freqüentemente citados.

7.6.2 Esforços para Anular ou Diminuir a Dissonância

Para minimizar os impactos da dissonância no comportamento de consumo

pode-se adotar duas posturas (Figura 5). A primeira consiste em influenciar a etapa

relativa à construção das expectativas. Seria basicamente, esclarecer o mais

detalhadamente possível quais os benefícios que o consumidor pode esperar do

produto/serviço. Portanto, trata-se de desenvolver uma tática de prestação de

serviços em substituição as táticas tradicionais de vendas.

Outra possibilidade consiste em atuar no momento da compra e no pós-

compra, quando se constrói a noção do que se está obtendo em comparação ao que

se esperava. Em verdade, o momento da compra lida com os dois lados da questão

46

Page 47: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

simultaneamente, as expectativas e os resultados. Já no pós-compra, a tática

consiste em influenciar as conclusões sobre o que se obteve.

Figura 5: As duas táticas para atuar na Dissonância Cognitiva.

8 PESQUISA DE CAMPO

Conforme mencionado no início do Capitulo 2, devido à ausência de fontes de

dados disponíveis para observar a relação das variáveis “certificação” e “nível de

informação”, bem como testar e validar as hipóteses que devem direcionar uma

análise conclusiva associando essas variáveis ao comportamento de consumo

consciente dos indivíduos, foi necessário o desenvolvimento de uma pesquisa de

campo para obtenção de uma base de informações que permita essa avaliação com

os cuidados necessários.

A Pesquisa foi realizada em São Paulo Capital no mês de Setembro de 2008

com 120 moradores da cidade. A amostra foi distribuída proporcionalmente entre

homens e mulheres dos 18 e 65 anos, segundo dados do IBGE (Tabela 5). O

método de coleta de informações utilizado foi à abordagem em ponto de fluxo com

questionário estruturado de 10 minutos de duração contendo somente perguntas

fechadas.

Tabela 5: Cotas utilizadas para coleta de campo na cidade de São Paulo segundo dados do BGE.

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Page 48: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

A pesquisa de campo tem o objetivo de validar as hipóteses levantadas nos

primeiros capítulos deste estudo, bem como apontar indicadores que direcionem as

diferenças entre as variáveis analisadas para o melhor entendimento do “repertório”

dos indivíduos. Lembrando que trataremos o repertório neste estudo como o

conhecimento do indivíduo adquirido por meio da “certificação” (grau de

escolaridade) e do “nível de conhecimento” (hábitos de informação do indivíduo).

8.1 ABORDAGEM METODOLÓGICA

8.1.1 A Amostra

A princípio, foi definida uma abordagem metodológica ideal para o

direcionamento da pesquisa de campo. A abordagem ideal para coleta das

informações considera um cenário com recursos mínimos disponíveis. Nesse

sentido foi considerada uma amostra mínima ideal de 250 casos para a cidade de

São Paulo que permite uma margem de erro de 6,2% com intervalo de confiança de

95% para a analise dos resultados totais.

Devido à restrição de recursos para o desenvolvimento do projeto de

pesquisa na sua forma de abordagem ideal, o estudo parte de uma base amostral

inferior à considerada ideal. Dessa forma, apesar de todos os cuidados para com a

abordagem do público em ponto de fluxo, permitindo aleatoriedade com restrições

de cotas de perfil de idade e renda, o estudo em questão não tem a pretensão de

apontar com alta precisão e consistência estatística as relações entre as variáveis

de estudo com o público pesquisado, mas se restringe a estudar as tendências de

comportamento e a correlação entre as variáveis “certificação” e “nível de

informação” para melhor compreender as necessidades de abordagens futuras que

deverão conduzir a um melhor entendimento do “repertório” do público pesquisado.

A contribuição desse estudo se restringe a apontar ao pesquisador a necessidade

de se abordar o nível de conhecimento dos indivíduos e tratamento mais adequado

para a associação das variáveis de qualificação desse respondente para análise do

tema pretendido.

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Page 49: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

8.1.2 Definição de Métricas

No Capitulo 4 descreve-se algumas hipóteses para análise das variáveis, bem

como a diferenciação das variáveis pretendidas, “certificação” e “nível de

informação”.

1. Certificação

De forma sucinta, ficou estabelecido que a métrica utilizada para a variável

“certificação” seria a estrutura de escolaridade definida pelo MEC e utilizada em

outros critérios de qualificação dos entrevistados, por exemplo, o critério Brasil.

Assim sendo, foi perguntado o nível de escolaridade do entrevistado, considerando a

conclusão ou não desse nível. Devido à restrição amostral, para cruzamento e

análise das variáveis no estudo em questão faz-se necessário o agrupamento das

faixas de escolaridade em três níveis de diferenciação, alinhado a estrutura de

escolaridade utilizada pelo MEC:

Até 8ª série do ensino fundamental

Ensino médio incompleto e completo

Ensino Superior incompleto e completo

2. Nível de Informação

Para a abordagem do “nível de informação”, não foi identificada uma métrica

usual e considerada pelas instituições e grupos de pesquisa como padrão para

definição dessa variável. Dessa forma fez-se necessário a criação de um indicador

que permita a análise das variáveis de forma objetiva e precisa, com os cuidados

necessários para que essas variáveis transmitam com propriedade o nível de

informação do indivíduo baseado em seus hábitos de leitura e busca por informação.

Antes de aprofundar na definição do indicador, faz-se necessário a definição

de Informação utilizada para o direcionamento do estudo em questão:

“Informação é o resultado do processamento, manipulação e organização de

dados de tal forma que represente uma modificação (quantitativa ou qualitativa) no

conhecimento do sistema (pessoa, animal ou máquina) que a recebe”. “Informação

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Page 50: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

enquanto conceito carrega uma diversidade de significados, do uso cotidiano ao

técnico”. “Genericamente, o conceito de informação está intimamente ligado às

noções de restrição, comunicação, controle, dados, forma, instrução, conhecimento,

significado, estímulo, padrão, percepção e representação de conhecimento.” (fonte

Wikipédia. Acesso em 29/09/2008).

A definição dessa métrica como variável para analise e comparação com o

grau de escolaridade, ou certificação, parte do princípio de que todas as teorias que

pretendem explicar o comportamento de consumo dos indivíduos, levando em

consideração todas as correntes teóricas revistas nos capítulos acima, sem

exceção, estão diretamente relacionadas às informações as quais o sujeito está

submetido. Em outras palavras, a quantidade e/ou qualidade das informações

recebidas e o processamento dessa informação tomando por base o repertório do

individuo devem direcionar seus anseios e ações, que serão observados de uma

teoria de comportamento de consumo.

Partindo dessa definição, identificou-se a necessidade de filtrar o que seria

considerado como informação para este estudo, uma vez que temos acesso

diariamente a variados meios que abordam temas distintos, mas nem todas as

informações que recebemos cumprem com o papel de modificar o conhecimento do

sistema que a recebe de forma a interferir no comportamento desse sistema.

Devido à restrição amostral e de recursos que permitissem uma maior

abrangência para o escopo pretendido, foi necessário à definição de forma arbitrária

de algumas premissas para o indicador de nível de informação, sendo elas:

O estudo deverá considerar apenas os meios de informação de maior

abrangência entre a população - livros, jornais, revistas, televisão,

radio e internet.

O nível de informação deverá ser ponderado pelos temas que

oferecem maior contribuição qualitativa ao nível de conhecimento.

Por exemplo, temas como Política, economia, tecnologia e

programas como documentários e jornalismo tem a possibilidade de

oferecer maior conhecimento ao receptor dessa informação do que

temas como esportes, lazer e programas de culinária, tendo em vista

a contribuição dessa informação para um comportamento de

consumo consciente.

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Page 51: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

Cada meio utilizado como fonte de informação, além de ponderado

pelo tema, será também ponderado pela frequência de utilização/

acesso a informação. Por exemplo, um respondente que tem acesso

a informações de economia durante 7 dias da semana,

provavelmente terá maior conhecimento sobre esse tema se

comparado a um respondente que tem acesso a informações de

economia apenas 1 vez ao longo da semana.

Dessa forma, foi perguntado a cada respondente qual o meio a que este teve

acesso nos últimos 30 dias, quais os temas que mais procura nos meios em que

utiliza para se informar e a freqüência de acesso a essa informação.

A partir dessas informações foi criado um indicador que considera em uma

escala de 0 a 10 o nível de informação do indivíduo.

Para análise cruzada dos dados de nível de informação com as outras

variáveis do estudo, considerando amostra mínima para cada grupo de

respondentes, foi definido um indicador de nível de informação em três níveis. Baixo

nível de informação, Médio nível de informação e Alto nível de informação.

Deve-se considerar que a postura arbitrária adotada para definição de

algumas premissas para o indicador de nível de informação é passível de

questionamentos, uma vez que a utilização de um método adequado para essa

definição foi suplantada por um método arbitrário limitado aos recursos disponíveis.

A criação desse indicador não pretende estabelecer este método como um modelo

ideal para avaliação dessa variável, mas pretende apenas apontar a necessidade de

se considerar o nível de informação para qualificação do “repertório” de um

respondente e testar as hipóteses levantadas neste projeto.

3. Nível de consciência para o consumo

Assim como para o nível de informação, não há indícios de um indicador

padrão para avaliação do nível de consciência do indivíduo com relação a seu

comportamento de consumo. Dessa forma foi necessária a criação de um modelo

arbitrário para avaliação desse aspecto e associação as variáveis que pretendemos

estudar neste projeto.

Assim como o nível de informação, esse indicador não tem a pretensão de ser

considerado como um modelo padrão de analise do nível de consciência, mas foi

51

Page 52: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

idealizado apenas com a pretensão de estudar as diferenças entre as duas variáveis

que compõem o repertório do indivíduo. Ou seja, o tema poderia ser qualquer outro,

uma vez que o objetivo é avaliar as variáveis que formam o nível de conhecimento

ou “repertório” do indivíduo.

Tendo em vista que as duas variáveis que compõem a análise do repertório,

apesar de serem métricas diferentes, em comum pretendem diferenciar o público

quanto à qualidade de seu conhecimento, seria mais adequado que a métrica que

avalie o nível de consciência do consumidor tenha aspectos em maior parte

fundamentados nas teorias racionais sobre o comportamento do consumidor

(Capítulo 5 – 5.1.1), além de indícios que podemos oportunamente avaliar dentro do

processo de consumo em etapas que abordam momentos de análise crítica e

racional para a definição do consumo propriamente dito.

Em outras palavras, no comportamento de consumo que demanda algum

tempo de procura antes da compra entra em jogo um processo de analise e síntese

das vantagens oferecidas pelo fornecedor e seu produto. Esse processo não pode

ser considerado somente racional, lógico, mas pode-se dizer que os consumidores

executam um processo de análise e síntese, o qual pode ser denominado de razão.

Esse processo deverá direcionar o seu comportamento e escolha no momento da

compra, assim a grande massa de consumidores teria consciência de seu

comportamento de consumo e estaria no controle desse comportamento.

Oportunamente o projeto em questão deverá procurar uma linha de explicação

desse comportamento associado as variáveis “certificação” e “nível de informação”

do indivíduo.

Para facilitar a associação com as outras variáveis, o nível de consciência do

individuo foi criado a partir de um indicador de 10 pontos, assim como para o nível

de informação. Além da escala de 10 pontos, para facilitar o cruzamento das

variáveis e respeitando uma amostra mínima para análise das informações segundo

a freqüência de respostas, o nível de consciência foi agrupado em três grupos de

respondentes, sendo aqueles indivíduos com baixo nível de consciência observado,

médio nível de consciência e alto nível de consciência.

A aplicação em campo foi conduzida por uma bateria de frases para avaliar o

aspecto atitudinal com escala de 7 pontos. Algumas dessas frases foram escolhidas

para compor o indicador de nível de consciência do consumidor. Esse processo foi

definido de forma arbitrária, observando o método mais adequado para a proposta

52

Page 53: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

deste estudo e baseado nas teorias comportamentais relacionadas ao consumo já

descritas nos capítulos anteriores deste estudo.

Dentre as frases estimuladas em campo como forma de obter o melhor

entendimento a respeito do comportamento de consumo dos indivíduos, algumas

foram determinadas com base nas teorias racionais, em que a grande massa de

consumidores teria consciência de seu comportamento de consumo e estaria no

controle desse comportamento. Dentre as frases utilizadas como estímulo estão:

Costumo planejar as compras antes de ir às lojas

Procuro informações dos produtos que pretendo comprar antes de ir às lojas

Pesquiso o preço do produto em diferentes lojas/lugares antes de comprar

Ainda quanto ao comportamento racional, mas analisado dentro de um processo por

etapas, a etapa da compra seria o momento da troca de valor, quando duas partes

negociam a satisfação de suas expectativas. Nesse momento o grau de

envolvimento com o produto e a disponibilidade do comprador define a forma de

negociação entre as partes. Os estímulos abaixo apresentados na pesquisa de

campo pretendem observar essa situação na pesquisa de campo:

Costumo negociar/ pedir descontos sobre o preço final dos produtos que

estou comprando

O preço do produto é o mais importante no momento da compra

Antes mesmo da etapa da compra propriamente dita, na etapa da construção das

alternativas baseado nas expectativas do consumidor entram em jogo os processos

de aprendizagem, memória, razão, afeto e relacionamento. De forma a observar

aspectos comportamentais foi abordado também o processo de escolha baseado na

aprendizagem, onde o consumidor, aprendendo com a própria experiência e/ou com

o relato de outros e recordando as experiências e relatos, vai formando padrões de

conduta ao procurar produtos e serviços, o que pode ser chamado de hábitos de

consumo, expressado na pesquisa de campo com o estimulo:

Sempre compro os mesmos produtos nas mesmas lojas

Ainda relacionado ao momento da escolha e julgamento da compra apoiado em

teorias sociais, onde o fundamento da teoria de consumo não está no indivíduo, mas

fora dele, nas regras de grupo aos quais ele pertence ou gostaria de pertencer, o

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estimulo seguinte busca identificar a necessidade de minimizar as fraquezas

instintivas do homem:

Preocupo-me com o que os outros pensam dos produtos que compro

E ainda quanto às relações sociais, as influencias das representações sociais

relativas à simbologia e representatividade dos produtos e dos jogadores envolvidos

tem forte apelo no momento da seleção e julgamento pré-compra, onde o indivíduo

deverá avaliar a importância dessa compra para si e dentro do meio em que está

inserido. Os estímulos abaixo foram selecionados com o objetivo de rastrear esse

comportamento:

A marca do produto é o mais importante no momento da compra

Conheço o nome do fabricante de todos os produtos que compro

Aspectos comportamentais, que assumem que o comportamento pode ser

incrementado se sucedido por uma recompensa importante para o sujeito, também

influenciam o comportamento final de compra e representam parte importante dentre

as teorias de comportamento de consumo. O condicionamento da compra seria

explicado por uma serie de teorias que visam antecipar as ações do consumidor e

facilitar os esforços e investimentos em comunicação e marketing. Os estímulos

abaixo pretendem observar as variáveis observacionais dentre os pesquisados:

Sempre procuro por promoções nas lojas

Sempre deixo para comprar na época de liquidações

Costumo comprar grandes quantidades/tudo na mesma loja para ter desconto

De forma a complementar os estímulos com diferentes teorias que se

complementam na busca pelo entendimento do comportamento do consumidor,

também se faz necessário ponderar a relação emocional/ impulsiva do processo de

compra, como tendência a busca do prazer imediato. O estimulo abaixo busca

observar essa teoria:

Costumo comprar mais produtos do que havia planejado

Sendo que a teoria da compra por impulso estaria diretamente relacionada a

dissonância cognitiva, em outras palavras, refere-se exatamente ao processo e

54

Page 55: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

resultado final cognitivo e emocional da verificação da diferença entre o que se

esperava e o que ocorreu. Essa teoria pretendeu-se avaliar com o estimulo seguinte:

Nunca me arrependi dos produtos que comprei

Em outras palavras, a definição dos estímulos testados em campo para a definição

dos níveis de comportamento de consumo utilizados como parte integrante das

analises deste estudo, estão diretamente ligados e baseados nas diversas teorias

comportamentais que buscam, de forma geral, o melhor entendimento do processo

de busca, avaliação, escolha e decisão de uma compra.

8.1.3 Hipóteses

Com base nas analises da proposta deste estudo, pretende-se validar algumas

hipóteses com a pesquisa de campo que podemos resumir aqui:

1. Quanto maior o acesso à informação, maior será o comportamento

consciente no momento do consumo.

2. Quanto maior a escolaridade, maior será o nível de informação do

indivíduo.

3. O nível de informação do indivíduo associado à escolaridade pode

melhor representar o nível de conscientização do indivíduo do que a

analise dessas variáveis em separado.

4. O nível de informação do indivíduo pode melhor representar o nível de

conscientização do que a escolaridade apenas (certificação).

5. Nem sempre as pessoas com o maior grau de educação apresentam

comportamento consciente no momento da compra.

De forma secundária, podemos testar as hipóteses de que:

1. Nem sempre as pessoas com o maior nível de renda apresentam

comportamento consciente no momento da compra.

2. Quanto maior a escolaridade, maior a renda média do indivíduo.

55

Page 56: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

8.2 Resultados da Pesquisa e Verificação das Hipóteses

8.2.1 Perfil dos Respondentes

Com base na pesquisa de campo, foi identificado um perfil diferenciado

quanto as variáveis certificação e Nível de informação. Observando resultados

preliminares (Figura 6 e 7) é possível identificar que basicamente as divergências

são mais significativas nas bases de indivíduos com de menor qualificação.

30,6%38%

31,4%

0

10

20

30

40

ANALFABETO -8 SÉRIE

ENSINO MÉDIOCOMP/INCOMP

SUPERIORCOMP/ INCOMP

ESCOLARIDADE

Figura 6: Respondentes por grau de escolaridade ou “certificação”

40,5%

28,9% 30,6%

0

10

20

30

40

50

BAIXO MÉDIO ALTO

NÍVEL DE INFORMAÇÃO

Figura 7: Respondentes por nível de informação

Do total de entrevistados, 31% têm certificação até a 8ª série, enquanto 38%

chegou ao ensino médio. Avaliando o nível de informação, essa proporção se inverte

passando o menor nível a ter maior importância entre os pesquisados. No caso, 41%

apresentaram baixo nível de informação, enquanto 29% apresentaram resultado

mediano.

8.2.2 Perfil do Nível de Informação

56

Page 57: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

Antes de seguir com as comparações entre as variáveis de estudo é

importante uma breve descrição sobre o perfil dos três níveis de informação para

que se estabeleça uma referencia para cada grupo de indivíduos segundo seus

hábitos de leitura e busca por informação.

Figura 8: Penetração das mídias por nível de informação dos indivíduos

Dentre as diferenças principais entre os indivíduos com níveis de informação

baixo, médio e alto (Figura 8) está à penetração de Livros, Jornais e Internet. Pode-

se afirmar que quanto maior o nível de informação maior a penetração dessas três

fontes de informação. Vale ressaltar que duas delas são mídias impressas e mesmo

a internet exige uma postura mais ativa do indivíduo com relação à busca pela

informação, similar aos livros e jornais. Quanto às mídias TV e Rádio, apresentam

maior penetração sem diferenças significativas entre os grupos de indivíduos. Essas

duas mídias podem ser classificadas como passivas no tocante à relação entre o

indivíduo e o sistema, uma vez que o indivíduo tem menor ação na seleção das

informações que recebe através desses sistemas.

Outra diferença fundamental entre os grupos está no tipo de programa/

informação adquirido através de cada mídia (Figura 9). Observa-se que grupos de

indivíduos com nível de informação elevado tendem a buscar temas especializados

ou informações sobre política, economia, tecnologia ou até mesmo conhecimentos

gerais como história e literatura. Já os grupos com nível de informação médio e

baixo ocupam a maior parte do tempo com informações sobre esportes, lazer,

57

PENETRAÇÃO DAS MÍDIA POR NÍVEL DE INFORMAÇÃO

35

51

78

4551

87

29

7468

8494

89

7180 81

39

60

76

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

BAIXO

MÉDIO

ALTO

BAIXO

MÉDIO

ALTO

BAIXO

MÉDIO

ALTO

BAIXO

MÉDIO

ALTO

BAIXO

MÉDIO

ALTO

BAIXO

MÉDIO

ALTO

LIVROS JORNAIS REVISTAS TV RADIO INTERNET

PENETRAÇÃO DAS MÍDIA POR NÍVEL DE INFORMAÇÃO

35

51

78

4551

87

29

7468

8494

89

7180 81

39

60

76

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

BAIXO

MÉDIO

ALTO

BAIXO

MÉDIO

ALTO

BAIXO

MÉDIO

ALTO

BAIXO

MÉDIO

ALTO

BAIXO

MÉDIO

ALTO

BAIXO

MÉDIO

ALTO

LIVROS JORNAIS REVISTAS TV RADIO INTERNETLIVROS JORNAIS REVISTAS TV RADIO INTERNET

Page 58: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

cotidiano, entretenimento, novelas, música e outros assuntos correlatos classificados

aqui como “outros”.

Figura 9: Importância dos temas por nível de informação dos indivíduos

Mesmo quanto à frequência de acesso a essas informações apontam

diferenças significativas entre os diferentes níveis de informação. O público com

maior nível de informação apresenta freqüência superior aos demais níveis para

grande parte dos temas em comum para os três níveis. Esses resultados revelam

que de fato podemos agrupar indivíduos quanto aos padrões de hábito e costume

relacionado à busca pela informação.

8.2.3 Relação entre Nível de Informação e Certificação

Este resultado sugere um contingente de pessoas que apesar de maior

escolaridade, possuem menor nível de informação. Quando analisamos as

informações dessas variáveis cruzadas (Figura 10), temos maior clareza da

correlação entre elas e as diferenças eminentes.

58

PENETRAÇÃO DOS TEMAS POR NÍVEL DE INFORMAÇÃO

12 1131

5 11 190 8 16 15

46 52

0 417 11

3254

0 11

24

0

22

41

00

8 12

1521

3 0

17

0

9

29

24

39

24

0

17

22

712

16

5

5

0

65

3921

96

50

19

9381

6073

3927

97 96

6784

55

18

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

BAIXO

MÉDIO

ALTO

BAIXO

MÉDIO

ALTO

BAIXO

MÉDIO

ALTO

BAIXO

MÉDIO

ALTO

BAIXO

MÉDIO

ALTO

BAIXO

MÉDIO

ALTO

ESPECIALIZADOS MACROECONOMICO/ JORNALISMO CONH. GERAIS OUTROS

LIVROS JORNAIS REVISTAS TV RADIO INTERNET

PENETRAÇÃO DOS TEMAS POR NÍVEL DE INFORMAÇÃO

12 1131

5 11 190 8 16 15

46 52

0 417 11

3254

0 11

24

0

22

41

00

8 12

1521

3 0

17

0

9

29

24

39

24

0

17

22

712

16

5

5

0

65

3921

96

50

19

9381

6073

3927

97 96

6784

55

18

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

BAIXO

MÉDIO

ALTO

BAIXO

MÉDIO

ALTO

BAIXO

MÉDIO

ALTO

BAIXO

MÉDIO

ALTO

BAIXO

MÉDIO

ALTO

BAIXO

MÉDIO

ALTO

ESPECIALIZADOS MACROECONOMICO/ JORNALISMO CONH. GERAIS OUTROS

LIVROS JORNAIS REVISTAS TV RADIO INTERNETLIVROS JORNAIS REVISTAS TV RADIO INTERNET

Page 59: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

70,3%

16,2%

13,5%

37%

41,3%

21,7%

15,8%

26,3%

57,9%

0

20

40

60

80

100

ATÉ A 8 SÉRIE ENSINO MÉDIOCOMP/INCOMP

SUPERIOR COMP/INCOMP

NÍVEL DE INFORMAÇÃO X ESCOLARIDADE

BAIXO MÉDIO ALTO

Figura 10: Certificação X Nível de informação

De fato, os resultados apontam a existência de uma correlação entre as duas

variáveis, sendo que quanto maior a escolaridade, maior o acesso à informação.

Porém, os resultados também apontam que a escolaridade não é uma garantia de

maior informação e, conseqüentemente maior “repertório”, uma vez que mesmo

entre as pessoas de nível de escolaridade superior existem pessoas que não

possuem o hábito de buscar informação. O oposto também é verificado no nível de

escolaridade inferior, porém em menor proporção. Nota-se que 14% das pessoas

com menor nível de escolaridade possuem nível de informação comparável a média

das pessoas com nível Superior. Dentre as pessoas de ensino médio, é maior a

proporção de indivíduos com baixo nível de informação do que indivíduos com alto

nível. Nesse aspecto nota-se claramente haver um salto significativo no nível de

informação apenas quando o indivíduo chega ao ensino superior.

Quanto ao perfil das variáveis, alguns aspectos diferenciados corroboram

para hipótese de que as duas variáveis se complementam e podem trazer grande

contribuição ao pesquisador quando analisadas conjuntamente. Quanto ao perfil de

sexo (Figura 11), nota-se que as mulheres se destacam na escolaridade superior,

mas também no nível de informação intermediário. O oposto para o público

masculino, mas este apresenta maior quantidade de pessoas com baixa informação.

59

Page 60: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

Figura 11: Nível de informação X Certificação – Perfil de sexo

Quanto à idade média (Figura 12), nota-se também uma diferença marcante

quanto as variáveis. Observa-se claramente a migração de pessoas entre os níveis

de escolaridade e nível de informação. Verifica-se que um contingente de jovens

com ensino médio possui baixo nível de informação, e um contingente de pessoas

dos 31 aos 45 anos com ensino superior que possui nível de informação

intermediário. O oposto ocorre com o público acima dos 46 anos, com menor

proporção na escolaridade superior, mas com maior importância entre aqueles com

alto nível de informação.

Figura 12: Nível de informação X Certificação – Perfil de idade

Quanto à renda familiar mensal (Figura 13), observa-se uma correlação maior

entre as variáveis, inclusive quanto ao costume de compra dos entrevistados (Figura

14). Observa-se que quanto maior a renda, maior a escolaridade e o nível de

informação, mas nem todo indivíduo de alta renda possui elevado nível de

informação e certificação.

60

31 31

4234

2736

0%10%

20%30%40%

50%60%70%80%

90%100%

HOMEM MULHER

ATÉ 8 SÉRIE ENS MÉDIO C/INC SUPERIOR C/ INC

4636

22 36

32 29

0%10%

20%30%40%

50%60%70%80%

90%100%

HOMEM MULHER

BAIXO MÉDIO ALTO

31 31

4234

2736

0%10%

20%30%40%

50%60%70%80%

90%100%

HOMEM MULHER

ATÉ 8 SÉRIE ENS MÉDIO C/INC SUPERIOR C/ INC

4636

22 36

32 29

0%10%

20%30%40%

50%60%70%80%

90%100%

HOMEM MULHER

BAIXO MÉDIO ALTO

13

41 36

5920 39

2839

25

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

18-30 31-45 46-65

ATÉ 8 SÉRIE ENS MÉDIO C/INC SUPERIOR C/ INC

36 41 44

36 28 22

28 30 33

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

18-30 31-45 46-65

BAIXO MÉDIO ALTO

13

41 36

5920 39

2839

25

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

18-30 31-45 46-65

ATÉ 8 SÉRIE ENS MÉDIO C/INC SUPERIOR C/ INC

36 41 44

36 28 22

28 30 33

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

18-30 31-45 46-65

BAIXO MÉDIO ALTO

Page 61: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

Figura 13: Nível de informação X Certificação – Renda Familiar Mensal

Figura 14: Nível de informação X Certificação – Costuma Fazer Compras

8.2.4 Nível de Consciência

A maior divergência entre as duas variáveis se manifesta no cruzamento com

o nível de conscientização do consumidor (Figura 15). O destaque estaria no nível

de consciência mais elevado. Os dados apontam que a maior parte das pessoas

com alto nível de consciência apresenta baixa escolaridade, por outro lado, observa-

se que quanto maior o nível de consciência, maior o nível de informação.

61

60

254

33

43

39

8

33

57

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%80%

90%

100%

ATÉ R$1000 DE R$1001-3000

MAIS DER$3001

ATÉ 8 SÉRIE ENS MÉDIO C/INC SUPERIOR C/ INC

73

3511

20

33

36

833

54

0%10%

20%30%

40%50%60%

70%80%90%

100%

ATÉ R$1000 DE R$1001-3000

MAIS DER$3001

BAIXO MÉDIO ALTO

60

254

33

43

39

8

33

57

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%80%

90%

100%

ATÉ R$1000 DE R$1001-3000

MAIS DER$3001

ATÉ 8 SÉRIE ENS MÉDIO C/INC SUPERIOR C/ INC

73

3511

20

33

36

833

54

0%10%

20%30%

40%50%60%

70%80%90%

100%

ATÉ R$1000 DE R$1001-3000

MAIS DER$3001

BAIXO MÉDIO ALTO

85,7 88,6 10083,8 91,3 97,4

14,3 11,4 016,2 8,7 2,6

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

BAIXO MÉDIO ALTO ATÉ 8SÉRIE

ENSINOMÉDIOC/INC

SUPERIORCOMP/ INC

SIM NÃO

Page 62: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

Figura 15: Nível de informação X Certificação – Nível de Consciência

A diferença entre as duas variáveis quando analisadas através do nível de

conscientização ocorre justamente devido ao pequeno contingente de pessoas dos

três níveis de escolaridade que apresentam diferentes níveis de informação. Fica

evidente nesse caso que uma análise que leve em consideração apenas uma das

duas variáveis que compõem o repertório do indivíduo, poderia gerar conclusões

diferentes do que se observa considerando as duas variáveis em conjunto.

Em analise mais detalhada foi identificado que dentre as pessoas com alto

nível de consciência, grande parte apresenta renda média de até R$1.000 (Figura

16). Para esses casos, a postura mais consciente no momento de fazer as compras

torna-se uma necessidade e não uma opção, e nesse caso destacam-se as pessoas

de menor grau escolaridade que apresentam médio e alto nível de informação.

Dentre as afirmações testadas em campo, mais de 50% das pessoas com elevado

nível de consciência afirmam que sempre procuram por promoções, pesquisam o

preço antes da compra, costumam negociar o valor total e planejar a compra antes

de ir às lojas.

62

24 2546

5234

31

2442

23

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

BAIXA CONS. MÉDIA CONS. ALTA CONS.

ATÉ 8 SÉRIE ENS MÉDIO C/INC SUPERIOR C/ INC

42 4334

36 2626

2130

40

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

BAIXA CONS. MÉDIA CONS. ALTA CONS.

BAIXO MÉDIO ALTO

24 2546

5234

31

2442

23

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

BAIXA CONS. MÉDIA CONS. ALTA CONS.

ATÉ 8 SÉRIE ENS MÉDIO C/INC SUPERIOR C/ INC

42 4334

36 2626

2130

40

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

BAIXA CONS. MÉDIA CONS. ALTA CONS.

BAIXO MÉDIO ALTO

Page 63: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

Figura 16: Perfil dos entrevistados por nível de consciência

Os dados apontam ainda que o perfil com baixa consciência para o consumo

está mais concentrado no ensino médio e nível de informação intermediário (Figura

15). Essa postura indica que a falta de maior conhecimento para esses indivíduos

lhes permite exercer o consumo “sem culpa”, sendo que a posição financeira mais

estável não atua como uma pressão para que este tenha maior critério no processo

de compra. Esse grupo estaria talvez mais sujeito ao consumo “impulsivo”, pois

dentre as afirmações testadas (Figura 17), aquelas em que este grupo se destaca

são as de que costuma comprar mais produtos do que havia planejado (32%

concordam totalmente com a afirmação, contra cerca 20% dos níveis de consciência

médio e alto) e a de que nunca se arrependeu dos produtos que comprou (45%

discordam da afirmação, contra menos de 20% dos outros grupos).

Ao contrário do público de baixa consciência, o público de nível de

consciência intermediário tem maior concentração no nível de escolaridade superior

e está bem distribuído entre os três níveis de informação. Este perfil possui ainda

uma condição financeira mais favorável, o que lhe permite ser menos cauteloso no

ato do consumo, mas seu elevado nível de escolaridade lhe permite ser mais critico

com relação ao consumo, diferente do indivíduo de baixa consciência. Dentre as

afirmações, verifica-se que este público tem as mesmas preocupações que o

indivíduo de alta consciência, com a diferença de que ele considera também

importante à marca do produto e ocasionalmente compra mais do que havia

planejado.

63

3924 19 28 27 29 37

18

41

37 56 38 47 50 3453

2139

25 35 27 21 29 29

0%

20%

40%

60%

80%

100%

18-30 anos 31-45 anos 46-65 anos ATÉR$1000

DER$1001-

3000

MAIS DER$3001

HOMEM MULHER

BAIXA CONS. MÉDIA CONS. ALTA CONS.

Page 64: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

Figura 17: Perfil dos grupos com diferentes níveis de consciência

Partindo do perfil dos diferentes níveis de consciência para o consumo, pode-

se estabelecer com maior propriedade um comparativo entre as variáveis que

compõem o repertório do indivíduo para identificar a contribuição de cada uma delas

para o entendimento do indicador de consciência.

Assim, quando observado a relação das afirmações do perfil de alta

consciência com os públicos de escolaridade superior e alto nível de informação

(Figura 18), o resultado sugere uma maior correlação entre o indivíduo de maior

nível de informação com o de maior nível de consciência.

64

TOP BOX - CONCORDO TOTALMENTE COM A AFIRMAÇÃO

77

66

60

54

43

40

40

34

23

20

20

20

17

17

14

40

28

23

28

8

8

23

19

26

11

6

21

4

11

15

0

5

14

5

5

0

32

0

14

9

9

32

9

4

9

Sempre procuro promoções

Pesquiso o preço antes

Costumo negociar/pedir descontos

Planejo as compras antes de ir a loja

Compro tudo na mesma loja p ter desconto

Deixo para comprar nas liqquidações

O preço é o + importante

Procuro informações do produto antes

A marca é o + importante

Nunca me arrependi do que comprei

Conheço o fabric. do produto que compro

Costumo comprar + do que planejei

Me preocupo com o que os outros pensam

Compro os mesmo produtos nas memas lojas

A imagem do fabr. Não é importante

Alta Cons. Média Cons. Baixa Cons.

Page 65: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

Figura 18: Escolaridade Superior x Alto nível de informação

Observa-se que os indivíduos com maior nível de informação destacam-se

nas afirmações em que o grupo de alta consciência prevalece. Neste caso pode-se

afirmar que quanto maior o acesso à informação, com ressalvas a qualidade dessa

informação, maior será a chance de um indivíduo desenvolver um comportamento

crítico e consciente diante da situação de consumo. Obviamente que somente a

informação não garante a qualidade do repertório desse indivíduo, dessa forma a

análise conjunta do nível de escolaridade ou certificação como nos propusemos a

classificar essa variável, trará maior contribuição ao pesquisador do que a análise

das duas variáveis em separado.

Oportunamente, considerando as teorias de processo de consumo em etapas,

podemos inferir que o comportamento consciente para o consumo na forma

idealizada neste estudo teria maior contribuição nas etapas da escolha das

alternativas, julgamento da compra e compra propriamente dita. Dessa forma

entende-se que o indivíduo com indicador de consciência elevado terá um processo

mais criterioso no escolha das alternativas. Este deverá planejar com maior cuidado

o seu gasto até ter a segurança de que está fazendo um bom negócio e mesmo

65

TOP BOX - CONCORDO TOTALMENTE COM A AFIRMAÇÃO

32

32

32

32

14

0

19

27

16

8

8

27

3

14

14

46

49

38

35

14

14

30

24

19

11

8

22

11

5

16

Sempre procuro promoções

Pesquiso o preço antes

Costumo negociar/pedir descontos

Planejo as compras antes de ir a loja

Compro tudo na mesma loja p ter desconto

Deixo para comprar nas liqquidações

O preço é o + importante

Procuro informações do produto antes

A marca é o + importante

Nunca me arrependi do que comprei

Conheço o fabric. do produto que compro

Costumo comprar + do que planejei

Me preocupo com o que os outros pensam

Compro os mesmo produtos nas memas lojas

A imagem do fabr. Não é importante

Ensino Superior Alto nível de Informação

Page 66: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

após a decisão da compra, no ato da compra este deverá ainda buscar alguma

forma de obter maiores vantagens no negócio, como negociar descontos no valor

final. Provavelmente a etapa de julgamento do consumo perde força para este grupo

de indivíduos uma vez que este perfil estabelece um filtro muito criterioso na seleção

das alternativas, tendo em vista que este consumidor possui em média um alto nível

de informação e uma renda média limitada. Neste caso a influencia das

representações sociais é minimizado pela necessidade de realizar um bom negócio.

Diferente do grupo de indivíduos com alta consciência, os indivíduos que

apresentaram avaliação intermediária para este indicador teriam nível de

comprometimento semelhante na seleção das alternativas, porém com maior

influência das representações sociais na etapa de julgamento da compra, uma vez

que este grupo de indivíduos pertence a uma faixa de renda elevada, possui maior

escolaridade e, consequentemente são em média bem informados. O simples

indicador de que a marca se torna mais importante para este grupo no momento da

escolha e ocasionalmente ele compra mais do que havia planejado aponta que

valores simbólicos e intrínsecos ao produto são elevados nesse momento tomando

por parâmetro as representações sociais. Neste caso para o indivíduo com

consciência mediana é importante realizar um bom negócio, mas desde que seja

vantajoso para si e para os outros, considerando também a representação simbólica

deste consumo no seu ambiente de convívio.

Diferente dos dois públicos acima, o grupo de indivíduos com indicador de

conscientização baixo tem maior predisposição ao consumo impulsivo do que os

grupos anteriores. Como destacado acima, este perfil apresenta maior probabilidade

de comprar mais produtos do que havia planejado e demonstra maior chance de

arrependimento das compras realizadas. Neste caso o processo de escolha das

alternativas ocorre com uma velocidade maior, talvez não de forma adequada para

que este possa ponderar com segurança as alternativas disponíveis. O processo de

julgamento da compra também seria realizado com maior velocidade levando em

consideração as representações sociais para aquele momento, sem considerar a

real necessidade da compra e se ela seria adequada para o momento, por essa

razão o arrependimento posterior. Para esse público a etapa da compra seria o

processo mais simples, desde que o produto se encaixe no orçamento disponível a

compra é realizada sem a sensação de “culpa”. Apesar de ter uma atividade menor

nas etapas do consumo anteriores a compra, esse público estaria mais sujeito ao

66

Page 67: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

que é classificado como última etapa do processo, que seria o pós compra ou

dissonância cognitiva. Ou seja, existe maior probabilidade de o produto não

satisfazer as expectativas desse consumidor, não necessariamente por um

problema do produto em si, mas devido à forma de condução do processo de

compra parte do indivíduo. Essa dissonância possivelmente poderá influenciar a

etapa do julgamento em sua compra futura. Em geral esse público tem um perfil

predominantemente jovem, masculino, com renda média familiar de R$ 1.000 a

3.000 reais e como mencionado anteriormente, em média possui uma escolaridade

de nível médio e nível de informação intermediário, o que não lhe permite uma

postura mais crítica e consciente durante as etapas do processo de compra.

67

Page 68: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O capítulo final desta monografia visa responder a proposta e objetivos deste

estudo, que levanta a questão da qualidade da escolaridade no Brasil e sugere à

necessidade de um indicador paralelo para dar suporte às análises que façam

distinção do público entrevistado quanto ao nível de conhecimento dos indivíduos.

Acompanhando os indicadores primários que indicam os problemas derivados

da má gestão da qualidade da educação no Brasil, que resultante disso temos uma

população com pouco hábito de leitura, não obstante o crescimento contínuo no

número de instituições de ensino superiores particulares que não oferecem a mesma

qualidade de ensino que as instituições públicas e, baseado nos dados da pesquisa

de campo que apontam diferenças nos níveis de informação dentro dos diferentes

grupos de escolaridade, concluo que a melhor forma de avaliar o conhecimento de

grupos de indivíduos dentro de um escopo que sugere a diferenciação de grupos

conforme o nível de conhecimento seria a avaliação do nível de informação dos

entrevistados e análise desse indicador em conjunto ao grau de escolaridade, ou

certificação como esse projeto pretende classificar esse indicador daqui em diante.

Esta conclusão tem base principalmente nos resultados da pesquisa de

campo que validam as hipóteses levantadas no decorrer do estudo evidenciando

que escolaridade não é garantia de conhecimento e não é garantia de formação de

um indivíduo plenamente consciente de seus atos e ciente dos temas e situações

que permeiam seu ambiente de convívio. Pelo contrário, o estudo evidencia que

existem grupos de indivíduos que apesar do baixo grau de escolaridade estão

devidamente antenados aos fatos e informações de seu ambiente e apresentam

hábitos de leitura e busca por informação comparáveis a média dos indivíduos com

escolaridade superior. Consequentemente esse grupo de indivíduos poderá

desenvolver um comportamento diferenciando dentro de seu grupo com mesmo

grau de escolaridade e inclusive ter um padrão de comportamento esperado de um

indivíduo com certificação superior à dele. O mesmo serve para o contrário, para

indivíduos com escolaridade elevada, mas desatento às informações disponíveis em

seu ambiente.

O projeto em questão não tem a pretensão de avaliar se um indicador é

melhor que o outro, pois o comportamento dessas variáveis tem grande relação com

o escopo do estudo, isto é, dependendo da proposta da análise as duas variáveis

68

Page 69: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

podem apresentar resultados distintos ou não. Mas fica demonstrado que a análise

combinada dessas variáveis pode trazer alguma contribuição ao pesquisador que

pretende aprofundar o conhecimento no público pesquisado e certamente evitar a

conclusão equivocada de resultados que, aparentemente evidentes, podem conter o

viés da qualificação do entrevistado segundo o seu nível de informação.

Com este ponto proponho uma reflexão dos profissionais de pesquisa e

marketing e todas as classes acostumadas à avaliação de indicadores tomando por

base de qualificação do entrevistado segundo o grau de escolaridade, tendo em

vista que apesar da correlação inegável entre as variáveis escolaridade e nível de

informação, elas não são dependentes entre si. Embora o grau de escolaridade

possa estimular o hábito de leitura e busca por informação, ela não é uma garantia

de que isso ocorra de fato.

69

Page 70: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

REFERÊNCIAS

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1957.

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de Psicanálise. Rio de Janeiro: Imago. 1970.

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70

Page 71: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

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em 25/08/2008.

Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Informa

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71

Page 72: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

10. APÊNDICE

Nível de Informação x Nível de Consciência –

Gráfico de dispersão e perfil dos grupos

72

0123456789

10

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Nível de informação (Alto =>3)

Nív

el d

e C

onsc

iênc

ia (

Alto

=>

7)

Homem+ de R$1.000

+ de 31 anosSuperior com/inc+ de R$1000

31-45 anosAté 8ª sérieAté R$1.000

18-30 anosEnsino MédioAté R$3.000

0123456789

10

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Nível de informação (Alto =>3)

Nív

el d

e C

onsc

iênc

ia (

Alto

=>

7)

Homem+ de R$1.000

+ de 31 anosSuperior com/inc+ de R$1000

31-45 anosAté 8ª sérieAté R$1.000

18-30 anosEnsino MédioAté R$3.000

Page 73: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

APÊNDICE

Perfil por nível de informação

Costuma fazer Compras

Frequência de compra

73

46 36 36 41 4473

3511

22 36 36 28 22

20

33

36

32 29 28 30 338

3354

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

HOMEM MULHER 18-30 31-45 46-65 ATÉR$1000

DER$1001-

3000

MAIS DER$3001

86

14

89

11

100

00

20

40

60

80

100

120

SIM NÃO

BAIXO MÉDIO ALTO

70

3716

42 43 34

16

41

26

36 2626

14 22

58

21 30 40

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

ATÉ 8 SÉRIE ENSINOMÉDIO C/INC

SUPERIOR C/INC

BAIXA CONS. MÉDIA CONS. ALTA CONS.

BAIXO MÉDIO ALTO

23,811,9

23,8 31

4,8 2,4 2,4

25,8

22,616,1

29

3,2 3,2 0

35,1

32,4 18,9

10,8

2,7 0 00

10

20

30

40

50

60

70

80

90

MAIS DE 1 VZ PORSEMANA

1 VZ PORSEMANA

1 VZ A CADA 15DIAS

1 VZ POR MÊS 1 VZ A CADA 45DIAS

1 VZ A CADA 2MESES

MENOS DE 1 VZ ACADA 2 MESES

BAIXO MÉDIO ALTO

Page 74: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

APÊNDICE

Perfil por grau de escolaridade

Costuma fazer Compras

Frequência de compra

74

31 3113

41 3660

254

42 34 5920 39

33

43

39

27 36 28 3925

833

57

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

HOMEM MULHER 18-30 31-45 46-65 ATÉR$1000

DER$1001-

3000

MAIS DER$3001

24 2546 53

17 14

5234

3135

54

27

2442

2312

29

60

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

BAIXA CONS. MÉDIA CONS. ALTA CONS. BAIXA INF. MÉDIA INF. ALTA INF.

ATÉ 8ª SÉRIE ENS MÉDIO C/INC SUPERIOR C/ INC

84

16

91

9

97

30

20

40

60

80

100

120

SIM NÃO

ATÉ 8ª SÉRIE ENS MÉDIO C/INC SUPERIOR C/ INC

19 19 23 297 0 3

2914

2624

25 0

35

32 1119

30 00

10

20

30

40

50

60

70

80

90

MAIS DE 1 VZ PORSEMANA

1 VZ PORSEMANA

1 VZ A CADA 15DIAS

1 VZ POR MÊS 1 VZ A CADA 45DIAS

1 VZ A CADA 2MESES

MENOS DE 1 VZ ACADA 2 MESES

ATÉ 8ª SÉRIE ENS MÉDIO C/INC SUPERIOR C/ INC

Page 75: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

APÊNDICE

Perfil geral dos entrevistados

SEXO

MULHER51%

HOMEM49%

IDADE

31-4538%

18-3032%

46-6530%

RENDA FAMILIAR MENSAL

33,1%40,5%

23,1%

3,3%

05

1015202530354045

ATÉ R$1000 DE R$1001-3000 MAIS DE R$3001 NÃOSABE/RECUSA

PROFISSÃO

14%

1,7%

9,1%

31,4%

11,6%

14%

5,8%

12,4%

0 5 10 15 20 25 30 35

FUNC EMPRESA PRIVADA

EMPRESÁRIO/NEG PRÓPRIO

FUNCIONÁRIO PÚBLICO

AUTONOMO/ PROF LIBERAL

ESTUDANTE

DESEMPREGADO

APOSENTADO

OUTROS

COSTUMA FAZER COMPRAS

SIM91%

NÃO9%

FREQUÊNCIA DE COMPRAS

28,2%

21,8%

20%

23,6%

3,6%

1,8%

0,9%

0 5 10 15 20 25 30

MAIS DE 1 VZ POR SEMANA

1 VZ POR SEMANA

1 VZ A CADA 15 DIAS

1 VZ POR MÊS

1 VZ A CADA 45 DIAS

1 VZ A CADA 2 MESES

MENOS DE 1 VZ A CADA 2 MESES

75

Page 76: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

ANEXO A

Brasil é 71º em qualidade da Educação. O Estado de S. Paulo. São Paulo, 10

nov. 2005.

Disponível em:

http://www.educarede.org.br/educa/html/index_revista_prov.cfm?conteudo=rapidin

has. Acesso em: 10 nov. 2005.

Brasil é 71º em qualidade da Educação

O Brasil corre o risco de não atingir parte das metas de Educação traçadas em

2000 pelas Nações Unidas no encontro Educação para Todos, segundo o relatório

global Educação para Todos, apresentado pelo Unesco. Apesar de ter posto a

maior parte das crianças na escola, o País ainda peca pela falta de qualidade na

Educação e por ter dificuldades de alfabetizar adultos. Entre 121 países, o Brasil

aparece em 71º lugar.

No entanto, o Brasil vai bem apenas no índice de matrículas, onde estaria próximo

de países como Hungria e Polônia. A qualidade de Educação, que é vista pela

Unesco por meio da permanência das crianças até a 5ª série, empurra o Brasil

para baixo. A alta repetência, a maior da América Latina, e a quantidade de horas

que as crianças passam na escola são dois dos fatores que a Unesco aponta

como problemáticos para o Brasil. Na paridade de gênero, o Brasil também tem

problemas, contrários aos da maioria dos países. Enquanto na maior parte do

mundo são as meninas que ficam fora da escola, o Brasil tem perdido os meninos

para a repetência e evasão. Dados do relatório retirados do governo brasileiro

colocam a repetência em cerca de 18% entre as meninas e quase 25% entre os

meninos.

O relatório deste ano é centrado no analfabetismo adulto. Apesar de citado pelas

campanhas e projetos de alfabetização, o Brasil é apontado entre os 20 países

que podem não atingir a meta de reduzir em 50% o número de analfabetos até

2015. Isso porque o ritmo é lento. O País tem hoje cerca de 16 milhões de

analfabetos. O relatório da Unesco elogia os esforços e as metas do governo, mas

mostra que já foram feitas várias campanhas e ações e os resultados não foram

permanentes.

76

Page 77: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

ANEXO B

14 de Setembro de 2007 - 13h39 - Última modificação em 14 de Setembro de 2007 - 18h31 Ensino superior privado cresce sem a qualidade da universidade pública, avalia Andifes Sabrina Craide Repórter da Agência Brasil

Brasília - Com maior oferta de vagas em instituições públicas e privadas de ensino superior, houve aumento do número de alunos nesses cursos, avalia o presidente da Associação Nacional de Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Archimedes Diógenes Cilone. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada hoje (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve crescimento de 13,2% no número de alunos que estão em cursos de graduação em 2006, em relação ao ano anterior, chegando a 5,9 milhões de universitários. Cilone reconhece a contribuição do sistema particular no aumento do número de alunos de ensino superior, mas chama a atenção para a qualidade da educação que é ofertada. “Esse crescimento desenfreado registrado no sistema particular não teve o diferencial da forte marca da qualidade que diferencia o ensino superior público”, avalia. O Pnad registrou um aumento de 15,3% no número de alunos do ensino superior privado. Segundo ele, as instituições federais não têm intenção nem condições de competir com o sistema privado. “O nosso papel maior é de formadores”, destaca. Segundo ele, o aumento das vagas nas universidades federais é fruto de um trabalho de expansão que vem sendo realizado desde 1998. Ele lembra que o número de alunos nas 58 instituições de ensino federais no país passou de 340 mil alunos no final da década passada para quase 700 mil atualmente. “Estamos fazendo a nossa parte para atender a essa necessidade social de aumento da oferta de vagas do ensino superior federal”, afirma. Apesar de reconhecer que o Programa Universidade para Todos (ProUni), que oferece bolsas para que estudantes de baixa renda estudem em universidades privadas, tem qualidades, Cilone diz que o programa nivelou por baixo a qualidade do ensino ofertado. “Tenho certeza que, se perguntarem aos estudantes que hoje estão no sistema particular, mediante a concessão de bolsas do Prouni, se prefeririam estar em uma universidade federal, eles com certeza optariam por estar no sistema público”, avalia. De acordo com o presidente da Andifes, atualmente 10% dos jovens brasileiros entre 18 e 24 anos chegam ao ensino superior. A meta é triplicar esse número em 10 anos. Segundo Ciloni, 4% dos jovens do Brasil têm acesso ao ensino superior público. “O Brasil é um país profundamente elitista no que diz respeito ao ensino superior”, avalia.

77

Page 78: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

ANEXO C

28 de Maio de 2008 - 16h35 - Última modificação em 28 de Maio de 2008 - 16h35 Jovens e mulheres lêem mais do que a média nacional

Elza Fiúza/ABr

Brasília - O ministro interino da Cultura , Juca Ferreira, participa da solenidade de divulgação da nova edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil Brasília - O maior índice de leitura no Brasil é registrado entre os jovens e as crianças. O diagnóstico é da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada hoje (28) pelo Instituto Pró-Livro. Enquanto a média nacional é de 4,7 livros ano/habitante, entre a população de 5 a 10 anos o índice sobe para 6,9. O público de 11 a 13 anos chega a ler 8,6 livros por ano, enquanto de 14 a 17 anos o número é de 6,6. As mulheres também saem na frente: elas lêem 5,3 livros por ano, enquanto o índice entre eles é de 4,1. O alto índice de leitura entre os jovens está ligado à fase escolar. O estudo aponta que dos 4,7 livros lidos por ano, 3,4 obras são indicadas pela escola e apenas 1,3 é uma escolha espontânea. O universo da pesquisa foi de 172,7 milhões de pessoas, das quais 95,6 milhões foram consideradas leitoras, o que significa ter lido pelo menos um livro nos últimos três meses. Desse total, 54% deles são estudantes que lêem as obras indicadas pela escola. “A pesquisa mostrou que depois da fase escolar há um distanciamento da leitura. A escola precisa trabalhar um pouco mais na tarefa de criar leitores que gostem de ler e que continuem a ler depois que saem da escola, para uma leitura não só pragmática”, avalia o coordenador da pesquisa, Galeno Amorim. As crianças apontam o prazer como o principal significado da leitura. Mas para a maioria dos entrevistados, o livro é uma fonte de conhecimento (42%). Só 8% citam a atividade como prazerosa ou interessante. As mães são indicadas como as maiores incentivadoras do hábito, ficando à frente dos professores. Para garantir que o livro não saia da vida do brasileiro após a fase escolar, o ministro interino da Cultura, Juca Ferreira, acredita que é preciso fazer um “adestramento” das crianças para que o hábito seja consolidado. “Um momento decisivo para a leitura é como ela é apresentada para as pessoas nos primeiros anos. Ela não pode ser

78

Page 79: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

ANEXO D

28 de Maio de 2008 - 17h02 - Última modificação em 29 de Maio de 2008 - 12h58 Pesquisa mostra que 45% dos brasileiros não têm hábito de ler Amanda Cieglinski Repórter da Agência Brasil

Brasília - Quase metade (45% ou 77 milhões) dos 172,7 milhões de brasileiros abrangidos pela pesquisa Retratos da Leitura no Brasil não leram nenhum livro nos últimos três meses. Desse público, 47% são mulheres e 53%, homens. O estudo, feito pelo Instituto Pró-Livro e Ibope Inteligência, considerou como universo a população na faixa etária a partir dos cinco anos. A pesquisa foi feita por amostragem, com base em 5,2 mil entrevistas em 311 municípios brasileiros dos 27 estados, no período de 29 de novembro a 14 de dezembro de 2007.

Apesar do alto índice, o secretário de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), André Lázaro, avalia como positivo o resultado da pesquisa. “O copo está razoavelmente cheio, mas a nossa sede é muito maior. A fotografia hoje diz que estamos em um bom caminho, mas essas informações nos estimulam a trabalhar mais”, acredita Lázaro.

O relatório aponta que os classificados como não- leitores estão na base da pirâmide social: 28% deles não são alfabetizados e 35% estudaram só até a 4ª série do ensino fundamental. Metade do grupo pertence à classe D e a maioria tem renda familiar de um a dois salários-mínimos. A pesquisa indica ainda que os livros religiosos são os que mais atraem esse público: 4,5 milhões disseram ler a Bíblia.

Entre os motivos para não ler, a falta de tempo aparece como o mais apontado, com 29%. Outros 28% não lêem porque não são alfabetizados e 27% porque não gostam ou não têm interesse. Entre as limitações, 16% afirmaram que possuem um ritmo lento de leitura e outros 7% disseram não compreender a maior parte do que lêem. O relatório ressalta que a leitura aparece em quinto lugar entre as atividades preferidas dos entrevistados, ficando atrás de ver televisão, ouvir música, ouvir rádio e descansar.

As Regiões Norte e Nordeste, que apresentam os menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país, também registraram as menores médias de leitura por habitante/ano: 3,9 e 4,2 respectivamente. A média nacional é de 4,7 livros ano/habitante. Para o presidente do Instituto Pró- livro, Jorge Yunes, o baixo resultado está vinculado aos níveis de escolaridade nessas regiões.

ANEXO E

79

Page 80: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

USP/ECA – Pesquisa de Mercado Setembro 2008 POR FAVOR, ESTOU FAZENDO UMA PESQUISA SOBRE HABITO DE LEITURA E CONSUMO E GOSTARIA DE SUA COLABORAÇÃO. ESSA PESQUISA TEM OBJETIVOS APENAS ACADEMICOS E SUAS INFORMAÇÕES NÃO SERÃO DIVULGADAS. GOSTARIA DE COLABORAR? LEVARÁ MENOS DE 10 MINUTOS DO SEU TEMPO. . Nome: ____________________________________________________________________________

Cidade em que mora: 1. São Paulo (SE NÃO MORA NA GSP, CANCELE)

F1. Sexo (ANOTE SEM PERGUNTAR): 1. Masculino 2. Feminino

F2. Qual a sua Idade? ANOTE (_____) : (SE MENOS DE 18 OU MAIS DE 65 ANOS CANCELE)

1. 18-25 anos 2. 26-35 anos 3. 36-45 anos 4. 46-55 anos 5. 56 a 65 anos

P2. Agora eu gostaria de conhecer seus hábitos de leitura e informação. O(A) Sr(a)...(CITAR P2 NA TABELA ABAIXO) nos últimos 30 dias? (RU)

P2a. Leu livros? P2b. Leu Jornais?

P2c. Leu Revistas?

P2d. Assistiu a TV?

P2e. Ouviu Rádio?

P2f. Navegou na Internet?

1. Sim 1. Sim 1. Sim 1. Sim 1. Sim 1. Sim 2. Não 2. Não 2. Não 2. Não 2. Não 2. Não P3. E qual/quais temas ou assuntos o(a) Sr.(a) mais procura/lê no(a)...? (TRANSPORTAR DE P2) (RM) VER LISTA DE TEMAS PARA DEPOIS MARCAR NO QUESTIONÁRIO O GRUPO RELACIONADO

P3a. livros P3b. Jornais P3c. Revistas P3d. TV P3e. Rádio P3f. Internet 1. Científico 1. Especializados 1. Especializados 1. Especializados 1. Especializados 1. Sites

Especializados 2. Técnico/Macro 2.

Macroeconômico 2. Macroeconômico

2. Jornalismo 2. Jornalismo 2. Sites de Noticia/Jornalismo

3. Literatura e Conhec. Gerais

3. Assuntos Gerais

3. Assuntos Gerais 3. Assuntos gerais

90. Outros 90. Outros 90. Outros 90. Outros 90. Outros 90. Outros P4. Agora eu gostaria de saber, dos temas/assuntos (APENAS OS TEMAS DAS LINHAS 1, 2 e 3 – VER LISTA DE TEMAS) que o(a) Sr(a) afirmou que mais lê/procura no(a) .........(P2=1), quais aqueles que o(a) Sr(a) acompanha com maior freqüência?

P4a. (P2A=1) Se Livros. ANOTAR O CODIGO DO TEMA (VER LISTA DE TEMAS) P4a 1. ( )________________ P4a 2. ( )________________ P4a 3. ( )________________

P4b. (P2B=1) Se Jornais. ANOTAR O CODIGO DO TEMA (VER LISTA DE TEMAS): P4b 1. ( )________________ P4b 2. ( )________________ P4b 3. ( )________________

P4c. (P2C=1) Se Revistas. ANOTAR O CODIGO DO TEMA (VER LISTA DE TEMAS): P4c 1. ( )______________ P4c 2. ( )______________ P4c 3. ( )______________ P4d. (P2D=1) Se TV. ANOTAR O CODIGO DO TEMA (VER LISTA DE TEMAS): P4d 1. ( )___________________ P4d 2. ( )___________________ P4d 3. ( )___________________ P4e. (P2E=1) Se Radio P4e 1. ( )___________________ P4e 2. ( )___________________ P4e 3. ( )___________________ P4f. (P2F=1) Se Internet. P4f 1. ( )____________________ P4f 2. ( )____________________ P4f 3. ( )____________________

MOSTRAR CARTÃO P4a 1 P4a 2 P4a 3 De 1 a 3 livros/ano 1 1 1 De 4 a 6 livros/ano 2 2 2 De 7 a 9 livros/ano 3 3 3 De 10 a 15 livros/ano 4 4 4 Mais de 15 livros/ano 5 5 5

MOSTRAR CARTÃO P4b 1 P4b 2 P4b 3 Menos de 1 dia/semana 1 1 1 De 2 a 3 dias/semana 2 2 2 De 4 a 5 dias/semana 3 3 3 De 6 a 7 dias/semana 4 4 4 Mais de 1 vz ao dia 5 5 5

MOSTRAR CARTÃO P4c 1 P4c 2 P4c 3 Menos de 1 vz/mês 1 1 1 1 vz ao mês 2 2 2 1 vz a cada 15 dias 3 3 3 1 vz por semana 4 4 4 Mais de 1 vz por semana 5 5 5

MOSTRAR CARTÃO TV Radio Internet d1 d2 d3 e1 e2 e3 f1 f2 f3 Menos de 1 dia/sem 1 1 1 1 1 1 1 1 1 De 2 a 3 dias/sem 2 2 2 2 2 2 2 2 2 De 4 a 5 dias/sem 3 3 3 3 3 3 3 3 3 De 6 a 7 dias/sem 4 4 4 4 4 4 4 4 4 Mais de 1 vz ao dia 5 5 5 5 5 5 5 5 5

ANEXO F

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Page 81: A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO DE CONSUMO CONSCIENTE

P5. O (A) Sr(a) costuma fazer compras em supermercados, shoppings ou lojas de rua? 1. Sim (PROSSIGA) 2. Não (CANCELAR)

P6. Com que freqüência costuma fazer compras? (MOSTRAR CARTÃO P6) (RU)

1 2 3 4 5 6 7 Mais de 1 vz por semana

1 vz por semana

1 vz a cada 15 dias

1 vz por mês 1 vz a cada 45 dias

1 vz a cada 2 meses

Menos de 1 vz a cada 2 meses

Agora vou fazer algumas perguntas e gostaria de saber se você concorda ou não, baseado em uma escala de 1 a 7, onde 1 significa “discordo totalmente” e 7 significa “concordo totalmente” (MOSTRAR CARTÃO P7) (RU)

P7. Costumo planejar as compras antes de ir as lojas? Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 6 7 Concordo Totalmente P8. Costumo comprar mais produtos do que havia planejado? Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 6 7 Concordo Totalmente P9. Procuro informações dos produtos que pretendo comprar antes de ir as lojas? Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 6 7 Concordo Totalmente P10. Sempre procuro por promoções nas lojas? Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 6 7 Concordo Totalmente P11. Costumo negociar/ pedir descontos sobre o preço final dos produtos que estou comprando? Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 6 7 Concordo Totalmente P12. A marca do produto é o mais importante no momento da compra... Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 6 7 Concordo Totalmente P13. Pesquiso o preço do produto em diferentes lojas/lugares antes de comprar. Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 6 7 Concordo Totalmente P14. O preço do produto é o mais importante no momento da compra... Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 6 7 Concordo Totalmente P15. Sempre compro os mesmos produtos nas mesmas lojas... Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 6 7 Concordo Totalmente P16. Sempre deixo para comprar na época de liquidações ... Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 6 7 Concordo Totalmente P17. Conheço o nome do fabricante de todos os produtos que compro... Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 6 7 Concordo Totalmente P18. A imagem do fabricante não é importante no momento da compra... Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 6 7 Concordo Totalmente P19. Me preocupo com o que os outros pensam dos produtos que compro... Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 6 7 Concordo Totalmente P20. Nunca me arrependi dos produtos que comprei... Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 6 7 Concordo Totalmente P21. Costumo comprar grandes quantidades/tudo na mesma loja para ter desconto... Discordo Totalmente 1 2 3 4 5 6 7 Concordo Totalmente

PARA ENCERRAR, GOSTARIA QUE O(A) SR(A) RESPONDESSE A APENAS 3 PERGUNTAS:

F3. Qual a sua Profissão? (MOSTRAR CARTÃO F3):

1. Funcionário de Empresa Privada 2. Empresário/negócio próprio 7. Funcionário Público 3. Autônomo/Prof. Liberal 4. Estudante 5. Desempregado 6. Aposentado 90. Outros F4. Qual é o seu grau de escolaridade? (MOSTRAR CARTÃO F4):

1. Analfabeto 2. Até a 4 série 3. De 5 a 8 série 4. Ensino médio incompleto

5. Ensino médio completo 6. Superior incompleto 7. Superior completo ou mais P1. Qual é sua renda média familiar mensal? (MOSTRAR CARTÃO P1):

1. Até R$1000 2. De R$1000 - 1600 3. De R$ 1600 - 3000 4. De R$ 3000 - 4000

5. De R$ 4000 - 6000 6. Mais de R$ 6000 91. Não sabe 92. Recusa

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