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Acordao condenacao segunda_instancia

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Page 1: Acordao condenacao segunda_instancia

P O D E R J U D I C I Á R I OT R I B U N A L D E J U S T I Ç A D O E S T A D O D E S Ã O P A U L O

Registro: 2013.0000246050

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 0009140-81.2007.8.26.0400, da Comarca de Olímpia, em que são apelantes GONÇALO APARECIDO MOREIRA, PAULO BITENCOURT PIRES e DENIS CORREIA MOREIRA.

ACORDAM, em 13ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmo. Desembargadores CARDOSO PERPÉTUO (Presidente) e AUGUSTO DE SIQUEIRA.

São Paulo, 25 de abril de 2013.

RENÊ RICUPERORELATOR

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APELAÇÃO N.º 0009140-81.2007.8.26.0400 - OLÍMPIA

Voto nº 23.543

Apelação nº 0009140-81.2007.8.26.0400 OLÍMPIA

Apelantes: PAULO BITENCOURT PIRES e OUTROS

Apelado: MINISTÉRIO PÚBLICO

LEI Nº 8.666/93 Art. 90 Fraude a licitação - Absolvição - Inadmissibilidade Autoria comprovada Combinação entre vereador e seus parentes para vencerem a licitação - Penas fixadas nos mínimos legais e substituídas por restritivas de direitos - Apelos desprovidos.

Ao relatório da r. sentença (fls. 553/563),

acrescenta-se que os acusados PAULO BITENCOURT

PIRES, DENIS CORREIA MOREIRA e GONÇALO APARECIDO

MOREIRA foram condenados, cada um, às penas de 02

anos de detenção, em regime aberto, e ao pagamento

de 10 dias-multa, no piso, substituídas as penas

privativas de liberdade por prestação de serviços à

comunidade pelo prazo da condenação, e prestação

pecuniária no valor de um salário mínimo em

benefício do conselho tutelar da comarca, como

incursos no artigo 90 da Lei nº 8.666/93.

Inconformados, eles apelaram para reclamar

a absolvição por insuficiência de provas. GONÇALO e

PAULO sustentam a inocorrência do resultado material

exigido pela lei (fls. 572/576), e DENIS alega ter

sido convidado para a licitação desconhecendo os

seus concorrentes (fls. 579/580 e 583/589).

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APELAÇÃO N.º 0009140-81.2007.8.26.0400 - OLÍMPIA

Apresentadas as contrarrazões (fls.

595/598), opinou a douta Procuradoria Geral de

Justiça pelo desprovimento dos recursos (fls.

604/609).

É o relatório.

A imputação é a de que, no período

compreendido entre 26 de março e 02 de abril de

2007, os acusados frustraram e fraudaram, mediante

ajuste e combinação, o caráter competitivo do

procedimento licitatório para obterem vantagem

decorrente da adjudicação do objeto do certame.

Restou apurado que a Prefeitura de

Severínia necessitava alugar um caminhão para a

coleta e transporte de entulhos e resíduos de podas

de quintais e, para tanto, abriu licitação na

modalidade convite, escolhendo três competidores: o

cunhado, o irmão e o genitor de um dos vereadores em

exercício na comarca, tendo o primeiro vencido o

certame por apresentar o preço mais baixo.

Assim, PAULO BITENCOURT PIRES, então

cunhado do vereador GONÇALO APARECIDO MOREIRA,

celebrou contrato com a municipalidade de Severínia,

alugando o seu caminhão para a municipalidade (fls.

81/104).

No entanto, embora constasse o nome de

PAULO no documento do aludido veículo como comprador

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(fl. 85), ele não era, de fato, o seu proprietário.

Carlos de Jesus de Pazzeto Gomes afirmou

que seu pai, Diogo Gomes, vendeu o caminhão para uma

pessoa da cidade Olímpia-SP, a qual revendeu o

veículo a um vereador de Severínia-SP (fls.

149/150).

Por sua vez, Doair Branco, vulgo “Du”,

natural de Olímpia, confirmou tê-lo vendido para

Nilson, o qual, por sua vez, o negociou com GONÇALO

(fls. 270 e 471/472).

Dioraci Ferreira Lima, motorista da

prefeitura que usava o caminhão como ferramenta de

trabalho fazendo a limpeza do município, contou que

toda a manutenção do veículo era realizada após

entendimento com GONÇALO, o qual, segundo populares,

era o dono do caminhão (fls. 271/272 e 467/468).

Nesse sentido também é o depoimento de

Sérgio Pereira dos Santos, também funcionário do

município, afirmando que Dioraci o procurava toda as

vezes que o aludido veículo necessitava de

manutenção, ocasião em que o mandava falar

diretamente com GONÇALO (fls. 268/269 e 469/470).

Logo, inexiste dúvida de que o vereador

GONÇALO era, de fato, o proprietário do caminhão

objeto da licitação (nada obstante tenha negado a

acusação fls. 187/188, 262 e 527 depoimento

gravado em Cd), e que gratuitamente o transferiu

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para o nome de PAULO, seu cunhado, para poder

participar do certame proposto pela prefeitura, o

que lhe era vedado em razão do cargo que ocupava no

poder legislativo municipal.

O próprio PAULO alegou ter comprado o

caminhão por R$ 26.000,00 (fls. 160/161, 263/264 e

527 depoimento gravado em Cd), informação que

diverge do documento oficial, no qual consta que o

negócio foi efetuado por R$ 18.000,00, circunstância

indicativa de que PAULO apenas cedeu o seu nome para

figurar como proprietário, pois é de se convir que

ninguém se engana quanto a uma diferença de oito mil

reais.

Assim, agindo como preposto de GONÇALO,

PAULO inscreveu o veículo na prefeitura pretendendo

participar de licitações, o que de fato aconteceu.

A municipalidade abriu licitação e convidou

PAULO, DENIS e SINÉSIO, os quais eram,

respectivamente, cunhado, irmão e genitor de

GONÇALO, vereador da comarca, vencendo o primeiro o

certame, por ter apresentado a proposta mais

vantajosa para a administração (fl. 98).

Embora os funcionários responsáveis pelo

certame tenham asseverado desconhecer o parentesco

entre os participantes, sugerindo que a coincidência

ocorreu por puro acaso (fls. 253/254, 482/483 e 527

depoimentos gravados em Cd), não se pode olvidar

que, para selecionar os candidatos, tiveram acessos

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a documentos pessoais dos mesmos, exigidos pela lei

de licitação, circunstância que reforça a tese

acusatória no sentido de que tudo não passou de

prévia combinação entre as partes para que GONÇALO

pudesse participar e vencer o certame, por meio de

PAULO.

Insubsistente, portanto, a tese de que o

parentesco entre os concorrentes à licitação fosse

desconhecida da administração, cujo dever de ofício

era o de justamente evitar essa imoral condição,

inexistindo dúvida de que os participantes estavam

combinados entre si, embora tenham negado essa

condição (fls. 160/161, 263/264 PAULO; fls. 187/188

e 262 GONÇALO; fls. 266/267 e 473/474 SINÉSIO;

mais os depoimentos gravados em Cd fl. 527).

Nesse passo, irrelevante a discussão sobre

o resultado material do delito que, na prática,

ocorreu porque PAULO, DENIS e SINÉSIO, previamente

ajustados com GONÇALO e com funcionários do setor de

licitação da prefeitura, permitiram que o primeiro

vencesse o certame e recebesse vantagem decorrente

da adjudicação do objeto do certame, no caso, os

aluguéis percebidos pelo empréstimo do caminhão ao

município (fls. 105/142).

Irrecusável a condenação, a capitulação

legal também está correta pelos motivos

anteriormente expostos.

As penas restaram fixadas nos mínimos

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legais e foram substituídas por restritivas de

direitos, merecendo confirmação.

Ante o exposto, negaram provimento às

apelações.

RENÊ RICUPERO

RELATOR

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