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D esde o início da Copa 2010 está no ar o Bolão Nagem JC (www.bolaonagemjc. com.br), ferramenta inovadora lan- çada pelo JC Online, em parceria com a Gruponove, a Nagem, Mean- time e o Centro de Estudos e Siste- mas Avançados do Recife (Cesar). Trata-se de um concurso recreati- vo, que premia os internautas que atingirem as maiores pontuações com relação aos seus palpites em todas as fases da Copa do Mundo 2010. O projeto, pioneiro no País por estar presente, além do hotsite, nas redes sociais, segue até o do- mingo 11 de julho e já possui mais de 10 mil participantes. Segundo o gerente de Marketing e Vendas de Novas Mídias do Sistema Jornal do Commercio de Comuni- cação, Felipe Menezes, desde que o JC Online resolveu aquecer o merca- do de mídia online, a equipe do por- tal sabia que precisaria contar com alguns parceiros em tecnologia. “Apesar de termos a nossa equipe tec- nologia e de muitos projetos serem desenvolvidos por ela, precisamos, principalmente quando temos de- mandas especializadas, de parceiros com expertise em tecnologia.” A partir daí, o Cesar desenvolveu o Bolão Nagem JC na web e nas re- des sociais, e a Meantime, a aplica- ção mobile. “Já contamos com par- ceiros nos projetos de desenvolvi- mento de hotsites ou de campa- nhas há algum tempo. Com isso, percebemos que precisamos aproxi- mar, cada vez mais, o marketing da tecnologia. Sentimos também que essas novas empresas de tecno- logia, antigamente muito técnicas, têm uma visão de marketing e de negócios atual, precisando criar no- vas ferramentas.” O gerente de produtos do Cesar e responsável pelo projeto Bolão Na- gem JC, Bruno Pereira, diz que a ideia do projeto é ter um bolão in- ter-redes sociais e fazer com que as pessoas utilizem o Facebook, o Twit- ter e o Orkut nas suas apostas, as- sim como a interface web. “Desta forma, conseguimos fazer o maior projeto de redes sociais do Brasil.” Ele lembra ainda que o processo dos bolões do Cesar começou no ano passado, quando foi desenvolvi- do o Futweet (palpites para o Brasi- leirão 2009, que atingiu a marca de 1300 seguidores/apostadores) e de- pois, o Bolão JC (aplicativo que foi o ponto de conexão entre o SJCC e os torcedores locais no Campeonato Pernambucano). “Essas duas expe- riências serviram como plataforma e deu visibilidade para o Bolão Na- gem JC”, completa. Já o diretor de criação da Meanti- me, Diego Credídio, explica que a versão mobile da iniciativa tem o objetivo de permitir que os usuá- rios acompanhem via celular de qualquer lugar tudo o que aconte- ce no maior torneio de futebol do mundo. “É um aplicativo que está sendo atualizado em tempo real pe- la equipe do JC Online e os usuá- rios podem acompanhar o placar dos jogos e verificar a tabela das partidas. Queríamos agregar valor ao produto do Bolão Nagem JC, por- que as pessoas gostam de acompa- nhar os jogos pelo celular e a nos- sa intenção é suprir essa necessida- de do usuário.” » GESTÃO DA INFORMAÇÃO Desafio é estimular busca por conhecimento Bibliotecas devem evoluir na web » JOGOS ELETRÔNICOS Extra sedia em agosto campeonato de game Breno Pires do JC Online A s possibilidades de acesso à informação trazidas pelas no- vas tecnologias de informa- ção e comunicação estão modifi- cando de forma radical a relação das pessoas com a leitura e o co- nhecimento. O acesso aos mais di- versos conteúdos é potencializado através da pesquisa em sites, espe- cializados ou não, de qualquer lu- gar do mundo, bem como de livros virtuais (os e-books), com crescen- te disponibilização para download e agora portáteis graças a apare- lhos como o Kindle. A oferta de leitura e de conheci- mento passa a ter um alcance sem precedentes, e o consumo de infor- mação também se expande, até de- vido ao cuidado crescente com edu- cação, que passa a ser levada mais a sério nos países que ainda não são de primeiro mundo. Nesse con- texto, as bibliotecas percebem a im- portância de uma evolução rumo a um futuro mais digital – sem dei- xar, no entanto, que a tecnologia comprometa a sua essência. O futuro do conhecimento está na internet, como plataforma, de- fende o professor e pesquisador Mar- cos Galindo, coordenador do depar- tamento de ciência da informação da UFPE, que congrega os cursos de biblioteconomia e gestão da in- formação. “O rio corre para o mar, e o mar da gente hoje é a internet. O mar da biblioteca e do conheci- mento está na internet”, pontua. No Laboratório de Tecnologia da Informação da UFPE (Liber), Ga- lindo coordena um projeto de digi- talização de arquivos, norteado por dois eixos fundamentais: a preserva- ção de conteúdos e a disponibiliza- ção para o acesso na rede. “O que a gente tem pensado para isso é de- senvolver projetos que combinem a preservação e o acesso à biblioteca pública. Não se pode pensar em uma iniciativa de modernização nas bibliotecas com uma ação con- servadora”, diz o pesquisador. Galindo é um entusiasta do po- der de multiplicação da internet. “Antigamente, a gente guardava a informação. Se um livro era raro, você guardava ele. As pessoas se ufanavam de possuir coisas raras. Hoje, ao contrário, as pessoas se ufanam quando dão acesso. Obser- ve que as bibliotecas têm milhares ou milhões de acessos. Quanto mais acesso você tem, mais gente está visitando, mais o que você faz tem sentido.” Para o especialista em gestão da informação, mais do que a platafor- ma em que o conteúdo é oferecido, o fundamental é que seja mantida a função social das bibliotecas, isto é: guardar conhecimento, recuperá- lo, levá-lo para a sociedade, gerar novos conhecimentos e preservá-los num sistema de informação para gerações futuras. Por isso ele enten- de que as bibliotecas existentes na web são como quaisquer outras bi- bliotecas, só que com um grau maior de evolução tecnológica. “Qual é a diferença entre o Google e aquela biblioteca de cinco mil anos atrás, feita em tabuletinha, em Nínive, na Mesopotâmia, onde hoje é Bagdá? Para mim, é só a tec- nologia. Biblioteca digital é uma bi- blioteca”, interpreta Galindo. Regina Fazioli, coordenadora da Biblioteca Virtual do Governo do Es- tado de São Paulo (BVSP) e consul- tora em gestão do conhecimento, entende que as bibliotecas físicas têm que adaptar a própria atuação para atender melhor às necessida- des das pessoas. “Penso que as bi- bliotecas públicas estão ficando pa- ra trás. Elas não estão alcançando as pessoas para fora de seus muros. É importante não ficar restrito aos espaços físicos”, diz. Fazioli defende a utilização de ferramentas antenadas com a nova era do conhecimento, em desenvol- vimento. Esse é um dos preceitos que guiam o trabalho da BVSP (ve- ja matéria abaixo). “A biblioteca fí- sica deve se preocupar com outras instâncias da transferência de infor- mação, como forma de poten- cializar a sua vocação de centro de informação, construção de conheci- mento e vivência”, aponta. Em Pernambuco, o projeto Sesi Indústria do Conhecimento, que tem abrangência nacional, promo- ve a implantação de centros multi- mídias que oferecem à população pesquisa e prática de leitura em di- versas mídias. São dez as unidades no Estado, e outras quatro estão por vir. Coordenador do projeto, Leonar- do Roque destaca que as novas tec- nologias, apesar de promoverem mudanças na relação das pessoas com a informação, não ameaçam o futuro das bibliotecas comuns. “Sou da opinião que, embora a tec- nologia vá provocar profundas mu- danças na forma como as bibliote- cas prestam seus serviços, unidades tradicionais ainda serão necessá- rias ao desenvolvimento humano”, afirma. Roque, no entanto, destaca que não se trata apenas de tecnologia. É preciso que os profissionais este- jam preparados para relacionar as diferentes possibilidades de acúmu- lo de conhecimento. “Enquanto a tecnologia encanta com seus recur- sos e visual hi-tech, precisamos apresentar os livros como instru- mentos que abram portas para no- vas aventuras e oportunidades e não só como materiais meramente didáticos e para estudos”, defende. Uma biblioteca brasileira está quebrando paradigmas na oferta de informação ao leitor. São ver- dadeiros agentes da informação os membros da Biblioteca Virtual do Governo do Estado de São Pau- lo (BV-SP), que desenvolvem o projeto o Livro e a Leitura, que vem atendendo o público de for- ma personalizada e, ao mesmo tempo, estimuladora da autono- mia. “A BV-SP pode se caracterizar como um serviço eletrônico de in- formação e gratuito. É bom focar que ela não contém material digi- talizado. A mudança grande de paradigma é de acervo para aces- so à informação”, sintetiza Regi- na Fazioli, coordenadora da BV. O modo de trabalho é simples. O leitor/usuário envia um e-mail para a BV com o tema que deseja pesquisar. A equipe da biblioteca virtual registra, inicia as pesqui- sas e retorna ao leitor com os en- caminhamentos, para que ele en- contre as respostas. “Responde- mos indicando todas as fontes em vídeo e em texto. O importan- te é atender à ânsia de conheci- mento do cliente, independente- mente de qual seja ela”, diz Fa- zioli. “As pessoas acham que, solici- tando a informação, nós vamos dar a pesquisa pronta. E não é is- so. A biblioteca virtual não dá pes- quisa pronta para ninguém. Se al- guém pesquisar geografia do Bra- sil, podemos até dar um parágra- fo, dizendo: ‘A gente entende que geografia do Brasil seja isso e aquilo. Se você precisar de mais informações sobre o assunto, de- ve procurar em tal e tal lugar’”, explica a coordenadora. A ideia é capacitar as pessoas para elas mesmas se sentirem autônomas para procurar as informações. “Um dos conceitos que a gente trabalha é o de gestão de conheci- mento. Tudo é muito comparti- lhado. O ambiente é voltado para isso”, completa Fazioli. A equipe é formada por quatro bibliotecá- rios, uma pessoa com licenciatu- ra em letras, uma formada em di- reito, outra que faz gestão de ne- gócios – para ajudar também na parte administrativa –, uma esta- giária e uma voluntária da área de tecnologia. “O que se procura é utilizar as qualidades e os co- nhecimentos específicos dos pro- fissionais para aplicá-los aqui”, destaca Fazioli. Os funcionários da BV também produzem conteúdo. Especiais são publicados mensalmente, com temas variados. O de agosto de 2009 é emblemático: Como pesquisar na internet. O índice de downloads de materiais do site aumentou 2.000% de 2006 até o fim de 2009. A equipe também responde aos e-mails de sites a exemplo de Por- tal SP, Ouvidoria SP, Gestão Pú- blica e Casa Civil, bem como ao próprio site da biblioteca virtual. Isso dá, na visão de Fazioli, um alcance maior ao trabalho. “Aten- demos pessoas do mundo todo.” O uso de hiperlinks é explora- do ao extremo na BV. Indicações de informações em outros sites são constantes. Até mesmo os es- peciais produzidos pela equipe da BV são carregados de links para mais informações em outras pági- nas. Dessa forma, a biblioteca vai trazendo para as demais unida- des o hipertexto, elemento presen- te nas enciclopédias e adaptada com extremo sucesso para a co- municação na internet – caracte- rística até do webjornalismo. Existe receita para desenvolver um trabalho assim? Regina Fazio- li diz que não. “É tudo muito per- sonalizado, porque as perguntas também são personalizadas.” Ex- ceção à regra são os 98 modelos de respostas a perguntas recorren- tes. Todavia, os cuidados da ativi- dade de biblioteconomia conti- nuam firmes. “As pessoas falam que tudo que se diz na internet pode não ser certo. Mas isso tam- bém acontece nos livros. Então é desconfiar de tudo que está escri- to. Ver como vai passar a informa- ção às pessoas. É preciso ter sem- pre muito claro que a gente lida com pessoas. O cliente tem que ser atendido sempre com muito respeito”, finaliza. Pioneirismo inter-redes no Bolão JC Fotos: Tiago Calazans/JC Imagem GUIA Biblioteca Virtual de São Paulo oferece especiais e orienta pesquisa www.jc.com.br/informatica » JC ONLINE LIBER Professor Marcos Galindo lidera projeto em laboratório da UFPE que visa preservar textos pela digitalização, feita com máquinas de ponta Convergência de mídias e novos dispositivos de acesso ao conhecimento, como e-readers, exigem mudanças na forma de sistematizar conteúdo » informática D ecepcionado com a perfor- mance do Brasil na Copa do Mundo da África do Sul? A Taça-Extra – Campeonato Brasi- leiro de Futebol Digital é a oportu- nidade ideal para montar e coman- dar o seu time da forma que você quiser. O evento, que será realiza- do nos dias 7 e 8 de agosto, no Ex- tra de Boa Viagem, é promovido pe- la rede de supermercados e patroci- nadora oficial da seleção brasilei- ra, com parceria da Confederação Brasileira de Futebol Digital (CBFD). Os jogos serão disputados com um dos games mais badalados do momento, o Pro evolution soccer 2010 (Winning eleven), da Kona- mi, na plataforma PlayStation 3. Serão 64 seletivas no País, 25 em lojas Extra. As inscrições cus- tam R$ 20 e podem ser feitas até o dia 4 de agosto pelo site www.cbfdv. com.br, onde o interessado encon- tra também dados do regulamento e tabelas de jogos. A idade mínima é de 18 anos. As seletivas regionais premiarão o vice-campeão e o campeão com PlayStations 3 e garantem a partici- pação, com todas as despesas pa- gas, na grande final, realizada em São Paulo em novembro. O encon- tro terá a participação dos 128 clas- sificados brasileiros, que disputa- rão o título de melhor jogador digi- tal. Os três primeiros ganharão prê- mios de US$ 10 mil, US$ 5 mil e US$ 2,5 mil.

Bibliotecas devem evoluir na web

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Página 5 do caderno de Informática do Jornal do Commercio no dia 07-07-2010 traz reportagem sobre a necessidade de adaptação das bibliotecas à nova realidade da troca de informações e conhecimentos proporcionada pelos avanços da internet e das novas tecnologias da comunicação, com matéria vinculada ("Desafio é estimular busca por conhecimento") sobre a Biblioteca Virtual do Governo do Estado de São Paulo, a BV-SP (http://www.bibliotecavirtual.sp.gov.br), que vem quebrando paradigmas na oferta de informação ao leitor, trilhando novas formas de as bibliotecas atenderem o público com conhecimento, que é a sua função essencial. A reportagem é de Breno Pires, do JC Online. Além disso, a página tem outras duas matérias: "Pioneirismo inter-redes no Bolão JC" e "Extra sedia em agosto campeonato de game".

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D esde o início da Copa 2010está no ar o Bolão NagemJC (www.bolaonagemjc.

com.br), ferramenta inovadora lan-çada pelo JC Online, em parceriacom a Gruponove, a Nagem, Mean-time e o Centro de Estudos e Siste-mas Avançados do Recife (Cesar).Trata-se de um concurso recreati-vo, que premia os internautas queatingirem as maiores pontuaçõescom relação aos seus palpites emtodas as fases da Copa do Mundo2010. O projeto, pioneiro no Paíspor estar presente, além do hotsite,nas redes sociais, segue até o do-mingo 11 de julho e já possui maisde 10 mil participantes.

Segundo o gerente de Marketing eVendas de Novas Mídias do SistemaJornal do Commercio de Comuni-cação, Felipe Menezes, desde que o

JC Online resolveu aquecer o merca-do de mídia online, a equipe do por-tal sabia que precisaria contar comalguns parceiros em tecnologia.“Apesar de termos a nossa equipe tec-nologia e de muitos projetos seremdesenvolvidos por ela, precisamos,principalmente quando temos de-mandas especializadas, de parceiroscom expertise em tecnologia.”

A partir daí, o Cesar desenvolveuo Bolão Nagem JC na web e nas re-des sociais, e a Meantime, a aplica-ção mobile. “Já contamos com par-ceiros nos projetos de desenvolvi-mento de hotsites ou de campa-nhas há algum tempo. Com isso,percebemos que precisamos aproxi-mar, cada vez mais, o marketingda tecnologia. Sentimos tambémque essas novas empresas de tecno-logia, antigamente muito técnicas,

têm uma visão de marketing e denegócios atual, precisando criar no-vas ferramentas.”

O gerente de produtos do Cesar eresponsável pelo projeto Bolão Na-gem JC, Bruno Pereira, diz que aideia do projeto é ter um bolão in-ter-redes sociais e fazer com que aspessoas utilizem o Facebook, o Twit-ter e o Orkut nas suas apostas, as-sim como a interface web. “Destaforma, conseguimos fazer o maiorprojeto de redes sociais do Brasil.”Ele lembra ainda que o processodos bolões do Cesar começou noano passado, quando foi desenvolvi-do o Futweet (palpites para o Brasi-leirão 2009, que atingiu a marca de1300 seguidores/apostadores) e de-pois, o Bolão JC (aplicativo que foio ponto de conexão entre o SJCC eos torcedores locais no Campeonato

Pernambucano). “Essas duas expe-riências serviram como plataformae deu visibilidade para o Bolão Na-gem JC”, completa.

Já o diretor de criação da Meanti-me, Diego Credídio, explica que aversão mobile da iniciativa tem oobjetivo de permitir que os usuá-rios acompanhem via celular dequalquer lugar tudo o que aconte-ce no maior torneio de futebol domundo. “É um aplicativo que estásendo atualizado em tempo real pe-la equipe do JC Online e os usuá-rios podem acompanhar o placardos jogos e verificar a tabela daspartidas. Queríamos agregar valorao produto do Bolão Nagem JC, por-que as pessoas gostam de acompa-nhar os jogos pelo celular e a nos-sa intenção é suprir essa necessida-de do usuário.”

» GESTÃO DA INFORMAÇÃO

Desafio é estimular busca por conhecimento

Bibliotecas devem evoluir na web

» JOGOS ELETRÔNICOS

Extra sedia em agostocampeonato de game

Breno Piresdo JC Online

A s possibilidades de acesso àinformação trazidas pelas no-vas tecnologias de informa-

ção e comunicação estão modifi-cando de forma radical a relaçãodas pessoas com a leitura e o co-nhecimento. O acesso aos mais di-versos conteúdos é potencializadoatravés da pesquisa em sites, espe-cializados ou não, de qualquer lu-gar do mundo, bem como de livrosvirtuais (os e-books), com crescen-te disponibilização para downloade agora portáteis graças a apare-lhos como o Kindle.

A oferta de leitura e de conheci-mento passa a ter um alcance semprecedentes, e o consumo de infor-mação também se expande, até de-vido ao cuidado crescente com edu-cação, que passa a ser levada maisa sério nos países que ainda nãosão de primeiro mundo. Nesse con-texto, as bibliotecas percebem a im-portância de uma evolução rumo aum futuro mais digital – sem dei-xar, no entanto, que a tecnologiacomprometa a sua essência.

O futuro do conhecimento estána internet, como plataforma, de-fende o professor e pesquisador Mar-cos Galindo, coordenador do depar-tamento de ciência da informaçãoda UFPE, que congrega os cursosde biblioteconomia e gestão da in-formação. “O rio corre para o mar,e o mar da gente hoje é a internet.O mar da biblioteca e do conheci-mento está na internet”, pontua.

No Laboratório de Tecnologia daInformação da UFPE (Liber), Ga-lindo coordena um projeto de digi-

talização de arquivos, norteado pordois eixos fundamentais: a preserva-ção de conteúdos e a disponibiliza-ção para o acesso na rede. “O quea gente tem pensado para isso é de-senvolver projetos que combinem apreservação e o acesso à bibliotecapública. Não se pode pensar emuma iniciativa de modernizaçãonas bibliotecas com uma ação con-servadora”, diz o pesquisador.

Galindo é um entusiasta do po-der de multiplicação da internet.“Antigamente, a gente guardava ainformação. Se um livro era raro,

você guardava ele. As pessoas seufanavam de possuir coisas raras.Hoje, ao contrário, as pessoas seufanam quando dão acesso. Obser-ve que as bibliotecas têm milharesou milhões de acessos. Quantomais acesso você tem, mais genteestá visitando, mais o que você faztem sentido.”

Para o especialista em gestão dainformação, mais do que a platafor-ma em que o conteúdo é oferecido,o fundamental é que seja mantidaa função social das bibliotecas, istoé: guardar conhecimento, recuperá-

lo, levá-lo para a sociedade, gerarnovos conhecimentos e preservá-losnum sistema de informação paragerações futuras. Por isso ele enten-de que as bibliotecas existentes naweb são como quaisquer outras bi-bliotecas, só que com um graumaior de evolução tecnológica.“Qual é a diferença entre o Googlee aquela biblioteca de cinco milanos atrás, feita em tabuletinha,em Nínive, na Mesopotâmia, ondehoje é Bagdá? Para mim, é só a tec-nologia. Biblioteca digital é uma bi-blioteca”, interpreta Galindo.

Regina Fazioli, coordenadora daBiblioteca Virtual do Governo do Es-tado de São Paulo (BVSP) e consul-tora em gestão do conhecimento,entende que as bibliotecas físicastêm que adaptar a própria atuaçãopara atender melhor às necessida-des das pessoas. “Penso que as bi-bliotecas públicas estão ficando pa-ra trás. Elas não estão alcançandoas pessoas para fora de seus muros.É importante não ficar restrito aosespaços físicos”, diz.

Fazioli defende a utilização deferramentas antenadas com a nova

era do conhecimento, em desenvol-vimento. Esse é um dos preceitosque guiam o trabalho da BVSP (ve-ja matéria abaixo). “A biblioteca fí-sica deve se preocupar com outrasinstâncias da transferência de infor-mação, como forma de poten-cializar a sua vocação de centro deinformação, construção de conheci-mento e vivência”, aponta.

Em Pernambuco, o projeto SesiIndústria do Conhecimento, quetem abrangência nacional, promo-ve a implantação de centros multi-mídias que oferecem à populaçãopesquisa e prática de leitura em di-versas mídias. São dez as unidadesno Estado, e outras quatro estãopor vir.

Coordenador do projeto, Leonar-do Roque destaca que as novas tec-nologias, apesar de promoveremmudanças na relação das pessoascom a informação, não ameaçamo futuro das bibliotecas comuns.“Sou da opinião que, embora a tec-nologia vá provocar profundas mu-danças na forma como as bibliote-cas prestam seus serviços, unidadestradicionais ainda serão necessá-rias ao desenvolvimento humano”,afirma.

Roque, no entanto, destaca quenão se trata apenas de tecnologia.É preciso que os profissionais este-jam preparados para relacionar asdiferentes possibilidades de acúmu-lo de conhecimento. “Enquanto atecnologia encanta com seus recur-sos e visual hi-tech, precisamosapresentar os livros como instru-mentos que abram portas para no-vas aventuras e oportunidades enão só como materiais meramentedidáticos e para estudos”, defende.

Uma biblioteca brasileira estáquebrando paradigmas na ofertade informação ao leitor. São ver-dadeiros agentes da informaçãoos membros da Biblioteca Virtualdo Governo do Estado de São Pau-lo (BV-SP), que desenvolvem oprojeto o Livro e a Leitura, quevem atendendo o público de for-ma personalizada e, ao mesmotempo, estimuladora da autono-mia.

“A BV-SP pode se caracterizarcomo um serviço eletrônico de in-formação e gratuito. É bom focarque ela não contém material digi-talizado. A mudança grande deparadigma é de acervo para aces-so à informação”, sintetiza Regi-na Fazioli, coordenadora da BV.

O modo de trabalho é simples.O leitor/usuário envia um e-mailpara a BV com o tema que desejapesquisar. A equipe da bibliotecavirtual registra, inicia as pesqui-sas e retorna ao leitor com os en-

caminhamentos, para que ele en-contre as respostas. “Responde-mos indicando todas as fontesem vídeo e em texto. O importan-te é atender à ânsia de conheci-mento do cliente, independente-mente de qual seja ela”, diz Fa-zioli.

“As pessoas acham que, solici-tando a informação, nós vamosdar a pesquisa pronta. E não é is-so. A biblioteca virtual não dá pes-quisa pronta para ninguém. Se al-guém pesquisar geografia do Bra-sil, podemos até dar um parágra-fo, dizendo: ‘A gente entende quegeografia do Brasil seja isso eaquilo. Se você precisar de maisinformações sobre o assunto, de-ve procurar em tal e tal lugar’”,explica a coordenadora. A ideia écapacitar as pessoas para elasmesmas se sentirem autônomaspara procurar as informações.

“Um dos conceitos que a gentetrabalha é o de gestão de conheci-

mento. Tudo é muito comparti-lhado. O ambiente é voltado paraisso”, completa Fazioli. A equipeé formada por quatro bibliotecá-rios, uma pessoa com licenciatu-ra em letras, uma formada em di-reito, outra que faz gestão de ne-

gócios – para ajudar também naparte administrativa –, uma esta-giária e uma voluntária da áreade tecnologia. “O que se procuraé utilizar as qualidades e os co-nhecimentos específicos dos pro-fissionais para aplicá-los aqui”,

destaca Fazioli.Os funcionários da BV também

produzem conteúdo. Especiaissão publicados mensalmente,com temas variados. O de agostode 2009 é emblemático: Comopesquisar na internet. O índice dedownloads de materiais do siteaumentou 2.000% de 2006 até ofim de 2009.

A equipe também responde aose-mails de sites a exemplo de Por-tal SP, Ouvidoria SP, Gestão Pú-blica e Casa Civil, bem como aopróprio site da biblioteca virtual.Isso dá, na visão de Fazioli, umalcance maior ao trabalho. “Aten-demos pessoas do mundo todo.”

O uso de hiperlinks é explora-do ao extremo na BV. Indicaçõesde informações em outros sitessão constantes. Até mesmo os es-peciais produzidos pela equipe daBV são carregados de links paramais informações em outras pági-nas. Dessa forma, a biblioteca vai

trazendo para as demais unida-des o hipertexto, elemento presen-te nas enciclopédias e adaptadacom extremo sucesso para a co-municação na internet – caracte-rística até do webjornalismo.

Existe receita para desenvolverum trabalho assim? Regina Fazio-li diz que não. “É tudo muito per-sonalizado, porque as perguntastambém são personalizadas.” Ex-ceção à regra são os 98 modelosde respostas a perguntas recorren-tes. Todavia, os cuidados da ativi-dade de biblioteconomia conti-nuam firmes. “As pessoas falamque tudo que se diz na internetpode não ser certo. Mas isso tam-bém acontece nos livros. Então édesconfiar de tudo que está escri-to. Ver como vai passar a informa-ção às pessoas. É preciso ter sem-pre muito claro que a gente lidacom pessoas. O cliente tem queser atendido sempre com muitorespeito”, finaliza.

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LIBER Professor Marcos Galindo lidera projeto em laboratório da UFPE que visa preservar textos pela digitalização, feita com máquinas de ponta

Convergência de mídias e novos dispositivos de acesso ao conhecimento, como e-readers, exigem mudanças na forma de sistematizar conteúdo

»informática

D ecepcionado com a perfor-mance do Brasil na Copado Mundo da África do Sul?

A Taça-Extra – Campeonato Brasi-leiro de Futebol Digital é a oportu-nidade ideal para montar e coman-dar o seu time da forma que vocêquiser. O evento, que será realiza-do nos dias 7 e 8 de agosto, no Ex-tra de Boa Viagem, é promovido pe-la rede de supermercados e patroci-nadora oficial da seleção brasilei-ra, com parceria da ConfederaçãoBrasileira de Futebol Digital(CBFD).

Os jogos serão disputados comum dos games mais badalados domomento, o Pro evolution soccer2010 (Winning eleven), da Kona-mi, na plataforma PlayStation 3.

Serão 64 seletivas no País, 25em lojas Extra. As inscrições cus-tam R$ 20 e podem ser feitas até odia 4 de agosto pelo site www.cbfdv.com.br, onde o interessado encon-tra também dados do regulamentoe tabelas de jogos. A idade mínimaé de 18 anos.

As seletivas regionais premiarãoo vice-campeão e o campeão comPlayStations 3 e garantem a partici-pação, com todas as despesas pa-gas, na grande final, realizada emSão Paulo em novembro. O encon-tro terá a participação dos 128 clas-sificados brasileiros, que disputa-rão o título de melhor jogador digi-tal. Os três primeiros ganharão prê-mios de US$ 10 mil, US$ 5 mil eUS$ 2,5 mil.