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APLICAÇÃO DA VERSÃO REDUZIDA DA BATERIA DE TESTES
MONTREAL BATTERY OF EVALUATION OF AMUSIA (MBEA)
EM PACIENTES AFÁSICOS DE EXPRESSÃO E DISÁRTRICOS Michelle de Melo Ferreira, Clara Yoko Shimoda Ikuta*
* Autor correspondente: [email protected]
Introdução: Os déficits das funções musicais, amusia, resultantes de lesão cerebral podem estar associados com os déficits de linguagem. Apesar do sistema musical e da linguagem trabalharem de forma independente, algumas funções se utilizam dos mesmos substratos neurais (Zattorre, 2005; Sacks, 2011). A Montreal Battery of Evaluation of Amusia (MBEA), compõe-se de 6 testes que avaliam o processamento musical referente à discriminação da organização melódica (contorno, escala, intervalo), organização temporal (ritmo, métrica) e memória incidental (Peretz,Champod,Hyde, 2003). No Brasil esta bateria foi traduzida e validada em 2010 e reduzida em 2012 (Silva-Nunes; Haase, 2012).
Objetivo: Analisar a aplicabilidade da versão reduzida da MBEA em pacientes afásicos de expressão e disártricos; mensurar e comparar o grau e a área do déficit musical dos 2 grupos.
Método: Selecionou-se 11 indivíduos com diagnóstico de afasia de expressão e disartria, audição normal auto referida, idade entre 26 a 63 anos e que não fizeram terapia de voz após a lesão (Fonoaudiologia e/ou Musicoterapia). Aplicou-se a bateria MBEA nos 2 grupos, afásicos (n=5) e disártricos (n=6). A análise estatística dos resultados foi feita através do teste não paramétrico de Mann-Whitney e o poder da amostra foi obtido através da ferramenta de Poder e Tamanho de Amostra do Minitab.
Resultados:
Gráfico 1:
Discussão: Não houve diferença significativa quanto ao número de acertos dos 2 grupos em cada teste, porém ambos tiveram uma média de acertos menor no teste de métrica em relação aos demais testes, incluindo o teste de ritmo. Este dado parece apoiar a literatura quanto ao ritmo e a métrica que muitas vezes considerados similares, são processados de formas distintas. O ritmo no sentido mais amplo refere-se ao padrão de organização temporal, sendo os acentos métricos criados quando acentos estruturais ocorrem regularmente espaçados em intervalos, no padrão de pulsação rítmica (Thaut, 2008). Não houve diferença significativa ao comparar os resultados dos grupos, provavelmente porque o poder da amostra (11 indivíduos) foi de 49,9%, o que é considerado baixo.
Conclusão: Os resultados individuais obtidos em cada grupo, assim como a manutenção da atenção sustentada conforme o tempo de duração da prova certificam a aplicabilidade da versão reduzida da MBEA para os pacientes com afasia e disartria. Verificou-se a necessidade de aumentar a amostragem dos indivíduos dos 2 grupos, afásicos e disártricos, para a efetividade da análise inter-grupos.
Referências Bibliográficas
Zatorre, (2005). Music, the food of neuroscience. Nature, vol 434 (17) march: 312-315, www.nature.com
Sacks, O. (2011). Alucinações musicais. São Paulo: Companhia das Letras
Peretz, I; Champod, S; Hyde, K. (2003) Varieties of Musical Disorders: The Montreal Battery of Evaluation of Amusia. Annals of the New York Academy of Sciences, 999, 58-75.
Silva-Nunes, M; Haase, V. G. (2012) Montreal Battery of Evaluation of Amusia: validity evidence and norms for adolescents in Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil. Dement
Neuropsychol, 6 (4):244-252.
Thaut, M. H. Rhythm, Music and the Brain: scientific foundations and clinical applications. Sheridan Books. USA. 2008.
Tabela 1: Análise comparativa do grupo de afásicos de expressão e disártricos quanto ao número de acerto nos testes
