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A maior qualidade do bambu é o vazio interior As lições do bambu “…Se o bambu tivesse o talo maciço, ele seria pesado, rígido, inflexível. Com isso, os taoístas perceberam que é o vazio que garante as qualidades do bambu. O vazio é um dos conceitos fundamentais do pensamento oriental. Para a maior parte das pessoas, o vazio tem um sentido negativo. Significa nulidade, inexistência, zero. Para os orientais é o oposto. Se o bambu tem suas virtudes por causa do caule oco, então o vazio tem um sentido positivo. O vazio é a origem de boas qualidades, é algo que se valoriza e permite a existência das coisas. Basta pensarmos de modo inverso. Se o elevador estiver lotado, não podemos entrar. Se nossa mente estiver entulhada de preocupações, não podemos pensar direito. É dessa forma que os sábios antigos viam o vazio. Não pela ausência, mas sim pelas possibilidades que ele abre, pelos benefícios que ele traz. É uma visão positiva e não negativa. Um antigo texto chinês, o Tao Te Ching, diz: “O vaso é feito de argila, mas é o vazio que o torna útil. Abrem-se portas e janelas nas paredes de uma casa, mas é o vazio que a torna habitável”. O vazio é invisível. Apesar de óbvio, esse detalhe é fundamental porque mostra que as coisas mais importantes são invisíveis. Os sábios sabem que existem coisas mais profundas do que as aparências. Para os mestres orientais, o vazio é universal, onipresente. Percebiam que o Sol flutuava no céu, no vazio, que a lua flutuava no escuro da noite, no vazio. Para os mestres orientais, “universo”, “o todo” e “vazio” são conceitos correspondentes. Tudo nasce no (e do) vazio e tudo volta para o vazio. O mesmo vazio do bambu…”

A maior qualidade do bambu é o vazio interior

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A maior qualidade do bambu é o vazio interior

As lições do bambu

“…Se o bambu tivesse o talo maciço, ele seria pesado, rígido, inflexível. Com isso, os

taoístas perceberam que é o vazio que garante as qualidades do bambu. O vazio é um

dos conceitos fundamentais do pensamento oriental.

Para a maior parte das pessoas, o vazio tem um sentido negativo. Significa nulidade,

inexistência, zero. Para os orientais é o oposto. Se o bambu tem suas virtudes por causa

do caule oco, então o vazio tem um sentido positivo. O vazio é a origem de boas

qualidades, é algo que se valoriza e permite a existência das coisas. Basta pensarmos

de modo inverso. Se o elevador estiver lotado, não podemos entrar. Se nossa mente

estiver entulhada de preocupações, não podemos pensar direito.

É dessa forma que os sábios antigos viam o vazio. Não pela ausência, mas sim pelas

possibilidades que ele abre, pelos benefícios que ele traz. É uma visão positiva e não

negativa. Um antigo texto chinês, o Tao Te Ching, diz: “O vaso é feito de argila, mas é

o vazio que o torna útil. Abrem-se portas e janelas nas paredes de uma casa, mas é o

vazio que a torna habitável”.

O vazio é invisível. Apesar de óbvio, esse detalhe é fundamental porque mostra que as

coisas mais importantes são invisíveis. Os sábios sabem que existem coisas mais

profundas do que as aparências. Para os mestres orientais, o vazio é universal,

onipresente. Percebiam que o Sol flutuava no céu, no vazio, que a lua flutuava no

escuro da noite, no vazio. Para os mestres orientais, “universo”, “o todo” e “vazio”

são conceitos correspondentes. Tudo nasce no (e do) vazio e tudo volta para o vazio. O

mesmo vazio do bambu…”