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Alegres... com tristezas Filipenses interpretação

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A474

Alves, Silvio Dutra Alegres... Com tristezas/ Silvio Dutra Alves. - Rio de Janeiro, 2015. 69p.; 14,8x21cm

1. Teologia. 2. Vida Cristã. 3. Paciência Cristã.

I. Título.

CDD 230.227

CDD 230.227

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Sumário

Introdução ....................................................................4

Algo a Ser Aprendido...............................................6

A Alegria em Servir ao Evangelho....................8

Alegres por Imitarmos a Cristo........................22

Estar Contente é um Mandamento...............36

A Consolidação da Alegria.................................46

ANEXO: Epístola aos Filipenses......................56

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Introdução

Nosso título não significa que ficamos alegres

com as tristezas que temos, senão que somos alegres ainda que em meio a tristezas.

É nisto que consiste o verdadeiro contentamento, pois não há como se evitar as tristezas que vêm bater à nossa porta.

Se nossa alegria e felicidade dependessem da ausência de tristezas no nosso viver, jamais

poderíamos estar num estado de plena satisfação com a vida.

Como fomos projetados para a alegria e não para a tristeza, para o contentamento e não para a insatisfação, devemos então buscar encontrar a

chave que nos permita abrir a porta que nos leva

a triunfar sobre as tribulações e aflições que

temos aqui deste outro lado do céu, de forma a sermos achados alegres, ainda que com

tristezas.

Assim, o objetivo principal deste livro é o de revelar as sendas que conduzem à referida

porta, tomando por base os ensinamentos da

Epístola de Paulo aos Filipenses, cujo tema

central é o deste tipo de alegria que tudo vence.

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Todavia, para que não se pense que a alegria aqui tratada é do tipo triunfalista e carnal,

devemos por motivo de plena honestidade para

com a revelação bíblica, e com a própria realidade da experiência, afirmar que a vida

cristã está pontuada por muitas aflições e

tribulações para que se cumpra o propósito divino de enfraquecer o nosso ego carnal, para

que possamos viver cada vez mais no seu

próprio poder, segundo a força operante da sua

graça na nova criatura que recebemos na conversão.

As tristezas que temos, portanto, deste outro lado do céu, apesar de não serem agradáveis em

si mesmas, abrem a porta para aquela verdadeira alegria espiritual, de modo que

sendo entristecidos por muitas aflições, temos,

no entanto, na medida em que suportamos com

paciência estas aflições, a assistência da graça de Deus, pela qual somos tornados fortes e

alegres em espírito no Senhor Jesus. Assim, se

cumpre em nós a mesma experiência que

tiveram os apóstolos, e podemos dizer juntamente com Paulo que apesar de

entristecidos estamos sempre alegres.

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Algo a Ser Aprendido

A alegria em meio às aflições é o

cumprimento da possibilidade proferida por

Jesus a seus discípulos de que apesar de terem

aflições neste mundo, deveriam ter bom ânimo.

Temos o registro destas palavras nos evangelhos, e além disso, o apóstolo Paulo deve

ter aprendido esta lição diretamente dos lábios

de Jesus quando lhe revelou o evangelho.

Paulo entendeu que isto não nos vem de uma forma instantânea e para sempre por um ato

miraculoso, senão que é algo que deve ser aprendido na dura jornada da vida, por se

submeter à ação da graça de Jesus que nos torna

pacientes e alegres em meio às tribulações.

Assim, encontramos na epistola que ele escreveu aos Filipenses quais são os

fundamentos deste aprendizado que o levou a se

expressar nos seguintes termos:

“11 Não digo isto por causa de necessidade, porque já aprendi a contentar-me com as

circunstâncias em que me encontre.

12 Sei passar falta, e sei também ter abundância; em toda maneira e em todas as coisas estou

experimentado, tanto em ter fartura, como em

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passar fome; tanto em ter abundância, como em

padecer necessidade.

13 Posso todas as coisas naquele que me

fortalece.”

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A Alegria em Servir ao Evangelho

(Filipenses 1)

Quando Paulo escreveu a epístola aos

Filipenses, ele se encontrava preso em Roma,

porque havia apelado para César, conforme

podemos ver no relato do livro de Atos.

O próprio livro de Atos se encerra com a prisão domiciliar de Paulo em Roma, e foi nesta

ocasião que ele escreveu aos Filipenses, bem

como as epístolas aos Colossenses, Efésios e

Filemom.

Ele estava convicto de que seria posto em liberdade, porque havia sido preso por causa de

acusações dos judeus, e sendo cidadão romano,

sabia que o parecer de César lhe seria favorável,

porque o Império Romano não se envolvia nas questões religiosas das nações dominadas,

quando as religiões não interferissem nos

interesses do império.

Paulo sabia que viver ou morrer era um assunto relativo à vontade soberana e absoluta de Deus.

Ele não poderia interferir um só milímetro quanto a isto, nem mesmo lhe interessava fazer

tal interferência, em face do seu grande desejo

de partir deste mundo para estar para sempre

com o Senhor, como afirma nos versos 20 a 26.

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Mas, se era da vontade de Deus que continuasse aqui, dando testemunho do evangelho de Cristo,

então, esta também seria a sua escolha, e se

renderia à vontade divina com alegria e contentamento na realização do serviço que

Deus lhe tivesse designado.

Disto decorria a sua força e esperança, pois na ocasião da escrita da carta aos filipenses já havia passado cerca de seis anos em prisão,

acumulados em Jerusalém, Cesareia e agora em

Roma.

Poderia ser indagado como alguém em tais

circunstâncias poderia ser achado ainda assim contente e animado?

Paulo havia conhecido o segredo e o compartilha conosco, de modo que podemos

experimentar o mesmo, desde que sigamos os seus passos.

Se nós fixarmos bem a nossa atenção nas coisas que Paulo diz neste primeiro capítulo da

epístola, poderemos ver que o tema central do

seu interesse é o progresso do evangelho.

A sua gratidão a Deus pelos filipenses, não era propriamente em relação ao cuidado que

demonstravam por ele, Paulo, mas que

demonstravam pela obra do evangelho.

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Paulo disse que anelava pelo aperfeiçoamento espiritual deles, e declarou qual era a razão da

esperança da sua expectativa manifestada em

tais sentimentos que possuía em relação a eles: o fato de serem participantes com ele tanto nas

suas prisões quanto na defesa e confirmação do

evangelho, como se vê nos versos 6 e 7.

Ele prosseguiu afirmando no verso 12, que até mesmo suas prisões e as circunstâncias que as

envolveram foram úteis para o progresso do evangelho, tanto pelo seu testemunho direto

aos soldados da guarda pessoal de César, que era

chamada de guarda pretoriana, como o

testemunho do evangelho a muitos, até mesmo a governadores.

De modo que ainda que estando aprisionado a

sua vida continuava sendo útil nas mãos de Deus em favor de muitos, e isto é certamente um

motivo que temos para nos alegrarmos.

A sua prisão também estava incentivando a muitos a pregarem o evangelho, como afirmou

nos versos 13 e 14; e ele louvava a Deus até

mesmo por aqueles que o faziam pensando estar lhe acrescentando aflições, por se vangloriarem

no fato de estarem pregando livremente,

enquanto o próprio apóstolo estava preso, como

vemos nos versos 15 a 18.

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Paulo reconhecia que até ele seria beneficiado pelo trabalho destes que pregavam a Cristo por

motivo de disputarem com ele. Os seus motivos

não eram adequados, porque deveriam fazê-lo com amor e com vistas à unidade, mas eles

estavam pregando a palavra verdadeira, e isto

resultaria na salvação de muitos. Estes que fossem salvos, certamente seriam movidos a

orar em favor do progresso do evangelho, e

Paulo sabia que até ele seria beneficiado por

estas orações.

Por isso, o apóstolo afirmou que de toda maneira, por pretexto ou por verdade, o que

importa é que Cristo seja anunciado, e ele se regozijava nisto e que sempre se regozijaria.

Ele não mudaria de parecer em relação a isto, porque sabia que é o reino de Cristo que

prevalecerá afinal sobre todo e qualquer

interesse, como lemos nos versos 18 e 19.

Paulo sabia que a vida de um cristão neste mundo é para a obra do evangelho. É para dar

testemunho de Cristo seja onde for, e na ocasião que for.

Então, ele expôs no verso 27 a sua expectativa em relação aos filipenses, de que

permanecessem firmes num só espírito,

combatendo juntamente como uma só alma

pela fé do evangelho.

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Ao testemunho de Paulo, guardadas as devidas proporções, posso acrescentar o meu próprio

testemunho, uma vez que tendo sido assolado

várias vezes por enfermidades, como um câncer de intestino, que me levou a um extenso

tratamento e perda de cerca de setenta

centímetros do cólon, e dois infartos do miocárdio, sendo que o último, recentemente,

pelo qual fiquei sessenta e dois dias

hospitalizado, todavia, o Senhor concedeu-me

graça e me fortaleceu para me empenhar ainda mais na obra do ministério, inclusive no período

de internação.

Parece que a alegria que invade o nosso coração e que nos vem diretamente do céu, torna-se

ainda maior nestas ocasiões, pelo regozijo que temos em sentir todas as coisas que Deus faz por

nós e por nosso intermédio.

Quão bom foi ver que pessoas que ali estiveram comigo internadas, e que passaram para o outro lado do rio desta vida, tiveram a ventura de

serem resgatas das garras da morte espiritual e

eterna, ainda que ao apagar das luzes, para

entrarem na verdadeira e duradoura vida, após deixarem a habitação do seu tabernáculo

terreno.

Eles encontraram a alegria e a paz eternas antes de terem feito a travessia, pois tivemos o

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privilégio e a honra de termos sido instrumento

nas mãos do Senhor para a sua salvação.

Por isso, Paulo costumava abençoar as Igrejas com a fórmula graça e paz a vós outros da parte

de Deus Pai e de nosso Senhor Jesus Cristo.

A paz que Paulo impetrava como apóstolo era a paz que Cristo dá, e não a paz que o mundo dá.

Mas, esta paz não pode existir se não estivermos

sendo fortalecidos pela graça.

Por isso, a graça e a paz sempre vêm juntas; sendo que a paz é um dos frutos da graça.

Na verdade, todo verdadeiro fruto espiritual, todo verdadeiro amadurecimento espiritual é o resultado do trabalho da graça de Jesus; daí a

convicção e certeza de Paulo que o trabalho da

graça, que Deus havia começado nos cristãos

filipenses continuaria operando até o seu aperfeiçoamento, até o dia de Cristo Jesus, como

se vê no verso 6.

Todo aquele que pertence realmente a Cristo terá este aperfeiçoamento realizado pela graça

por causa da habitação do Espírito Santo.

Importa que todo filho de Deus seja

aperfeiçoado até à semelhança de Cristo Jesus.

É muito comum encontrarmos na Bíblia passagens que afirmam a necessidade de

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aperfeiçoamento dos cristãos para o encontro

deles com Cristo, entre nuvens, por ocasião do

arrebatamento da Igreja, como por exemplo, I Jo

2.28; Fp 1.10; I Cor 1.8; Col 1.22; I Tes 3.13; I Tes 5.23 e Ef 5.27.

Nós vemos claramente em todos estes textos, que o dia da volta do Senhor é colocado como

um ponto de referência, como um alvo para o

qual todos os filhos de Deus devem avançar como numa carreira; porque importa que a

Igreja seja apresentada a Ele como uma noiva

ataviada para seu noivo; gloriosa, santa, sem

mancha, irrepreensível.

Paulo preparava os cristãos como esta noiva santa, para apresentá-la a Cristo, do modo como ela deve ser achada no dia da sua vinda.

Paulo fala de uma obra da graça de Deus que já foi começada, e que deve avançar na

experiência cristã, até seu completo

aperfeiçoamento no dia de Cristo.

Ele afirmava isto, porque todo aquele que possui a verdadeira graça será impulsionado a crescer espiritualmente, pois há um princípio de vida na

graça, que chama por uma graça amadurecida,

assim como há um princípio de vida natural que

chama pela maturidade física dos seres vivos.

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Paulo disse aos filipenses que o crescimento no amor depende do pleno conhecimento das

coisas espirituais, sobretudo do próprio Cristo,

com discernimento, do que procede dele, daquilo que não procede, sem o que não é

possível aprovar as coisas excelentes, e ser

cristãos sinceros e sem ofensa, ou seja, sem mácula, mas cheios do fruto de justiça, que é

operado por Cristo em nossa comunhão com

Ele, como afirma nos versos 10 e 11.

O amor é o cumprimento da lei, portanto, o amor aqui referido não é um amor sensual, mas

o amor ágape, que nos vem do alto, que nos

recomenda a Deus, porque é fundamentado no

conhecimento e discernimento da sua vontade.

Aprovar coisas excelentes é saber diferenciar entre o que é precioso e o que é vil, e escolher e

praticar o que é precioso para Deus.

É somente assim que podemos ser sinceros, ou seja, pensar e agir de acordo com aquilo que nós

somos de fato; porque a impressão que dermos

a outros e aquilo que dissermos e fizermos,

estará em conformidade com aquilo que somos.

Este é um dos ingredientes da fórmula da verdadeira e duradoura alegria – o viver de

modo reto diante de Deus e dos homens, pois

isto é recompensado por Deus nos honrando e

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dando paz e alegria aos nossos corações em toda

e qualquer circunstância.

Então, o discernimento espiritual que procede

da capacidade de julgar todas as coisas, segundo a mente de Cristo e não segundo o mundo, seria

necessário para que os filipenses entendessem

que as prisões e sofrimentos de Paulo não

significavam que ele tivesse fracassado e muito menos que há qualquer insucesso no evangelho

de Cristo.

Por isso, o apóstolo se apressou em lhes dizer

logo neste início da sua epístola, quantos bons propósitos Deus estava realizando através das

suas prisões e tribulações. Com isto estaria

prevenindo qualquer tipo de escândalo por parte dos filipenses em relação às suas prisões e

sofrimentos.

Ele não queria ser uma pedra de tropeço para qualquer cristão, por causa de uma interpretação falha do fato de estar preso e

sofrendo por causa do evangelho.

O diabo poderia lhes tentar com o pensamento, de que caso a doutrina de Paulo fosse de Deus, ele não deveria estar padecendo daquele modo,

por tanto tempo, porque afinal havia ficado

preso por dois anos em Jerusalém, mais dois em

Cesareia, e também já estava na prisão de Roma

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por cerca de dois anos, na ocasião em que

escreveu esta epístola aos filipenses.

Nunca o escândalo e loucura da cruz foi tão patentemente marcado como através dos

sofrimentos de Paulo.

Quando se prega e se vive o genuíno evangelho, e quanto mais se busca a semelhança de Cristo

como Paulo fazia, o resultado sempre será o de

sofrermos algum tipo de oposição e perseguição

do inferno, porque Satanás se opõe tenazmente à pregação do evangelho verdadeiro, e ao seu

progresso, produzindo conversões a Cristo.

Mas, a paciência nas tribulações e a aprovação e confirmação da fé, contribuem para o nosso

aperfeiçoamento espiritual e nos torna mais

poderosos para ministrar a graça de Cristo,

porque o seu poder se aperfeiçoa em nossa fraqueza.

A serenidade, graça, amor, alegria, paz, e poder que Paulo demonstrava ter na prisão, deram um grande testemunho da eficácia da consolação

de Cristo e do Espírito Santo em relação aos seus

servos fiéis.

Muitos se dispuseram a se render a um Deus de amor que manifestava seu poder de maneira

prática na vida de Paulo, porque onde outros

teriam gemido, Paulo exultava.

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Mesmo estando preso, o apóstolo continuava gerando frutos espirituais para Deus, porque

estava preso, mas não deixava de orar e dirigir a

obra através dos seus cooperadores.

Ele não parou de estudar enquanto estava na prisão, conforme vemos em suas epístolas,

mesmo quando estava próxima a sua morte,

conforme se vê em II Timóteo. Não recuou na fé,

não alterou seu testemunho, não desfaleceu e estava bem certo de que todo o fruto do seu

trabalho lhe traria grande galardão.

O seu lema era: “enquanto no corpo não desperdicemos nenhum tempo em fazer o bem”

e este deveria ser também o lema de todo

cristão.

Por isso, ao ter escrito aos filipenses, sabia que

era necessário permanecer ainda na carne, porque ainda haveria muito fruto do seu

trabalho. Esta era sua razão para continuar a

viver, porque aquela era a vontade de Deus para

com ele, conforme afirmou nos versos 21 a 24.

Dar um bom testemunho de Cristo neste mundo não é somente uma boa razão para continuar

vivendo, mas uma razão importante e

necessária, segundo a vontade de Deus, até ao

tempo determinado por Ele para a nossa partida.

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Decidir permanecer na carne por amor aos eleitos é a boa decisão que Deus espera ver em

todos os seus filhos, especialmente nos

ministros do evangelho.

Se amamos realmente ao Senhor, e desejamos de fato estar com Ele, devemos provar isto pela renúncia à nossa vontade, e às paixões deste

mundo, e escolher fazer incansavelmente sua

obra; remindo o tempo, de maneira que nosso

amor por Ele seja comprovado no amor pelo nosso próximo, que é na verdade uma

demonstração de amor ao próprio Deus, porque

Ele precisa nos usar para alcançar os eleitos e

edificá-los na verdade, como lemos nos versos 21 a 24 deste primeiro capítulo de Filipenses.

Paulo exortou os filipenses a serem diligentes vivendo de modo digno do evangelho

combatendo o bom combate da fé em unidade

espiritual, como se fossem uma só alma, sem se

deixarem intimidar pelos adversários, que são, na verdade, opositores do evangelho.

Esta oposição espiritual é uma indicação da genuinidade da nossa salvação, e da perdição

dos nossos inimigos e de Cristo, como Paulo

afirma nos versos 25 a 28.

Então, não há motivo para se paralisar a obra de evangelização em face das perseguições que

possamos sofrer. Os sofrimentos não são

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estranhos ao evangelho, ao contrário, fazem

parte da identificação que devemos ter em tudo

com Cristo, que é a nossa Cabeça.

Não somos apenas participantes da glória de Jesus, como também dos seus sofrimentos,

porque importa que os cristãos sejam em tudo,

semelhantes a ele.

A chamada da fé é, portanto, também uma

chamada ao sofrimento, ou seja, a padecer por amor a Cristo, por causa do trabalho que

realizamos para ele, como se vê no verso 29.

Paulo havia dado um grande exemplo à Igreja, de como se deveria proceder e combater, até aquele momento da sua vida. Este é o mesmo

combate do qual participam todos os cristãos;

ele deixou os filipenses bem inteirados disto

para que julgassem de maneira correta os próprios sofrimentos que viessem a

experimentar na defesa do evangelho, como

afirma no verso 30.

Não é simplesmente o sofrimento, mas a causa

do sofrimento; e não somente a causa, mas o espírito que faz o mártir.

Um homem pode sofrer por uma causa ruim, e então, sofre justamente; ou numa boa causa,

mas com uma mente errada e não por causa do

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evangelho; então, os sofrimentos perdem seu

valor e não o tornam digno de receber galardão.

Estes sofrimentos pelo evangelho não consistem basicamente nas aflições comuns

desta vida da qual todos partilham, sejam ou não cristãos, mas sobretudo as canseiras, as

perseguições, as injúrias e tudo o mais que

sofremos quando nos dedicamos à obra do

evangelho.

Todavia, em tudo o que sofremos, somos contemplados pela poderosa consolação do Senhor, de modo que podemos enxergar um

céu sem nuvens em meio às piores

tempestades, podemos ter o coração fortalecido

em meio às mais terríveis batalhas, de modo que o segredo da felicidade não está em sermos

poupados de tribulações, mas em termos o

poderoso consolo do Espirito Santo que nos leva

até mesmo a nos regozijarmos em meio a elas.

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Alegres por Imitarmos a Cristo

(Filipenses 2)

Outra grande lição para a alegria que

aprendemos na epístola aos Filipenses é a de

que devemos em tudo ser imitadores de Cristo,

sobretudo na sua humildade e mansidão, e na

forma como se entregava inteiramente aos cuidados de Deus Pai nas ofensas, necessidades,

perseguições e injúrias que padecia.

A Igreja de Filipos havia enviado uma oferta para

Paulo pelas mãos de Epafrodito, como se vê no verso 25 do segundo capítulo de Filipenses.

Epafrodito era daquela Igreja da Macedônia,

tendo vir ter com o apóstolo em sua prisão, em

Roma.

Epafrodito deve ter relatado ao apóstolo alguns dos problemas que a Igreja estava vivendo,

especialmente entre duas pessoas da liderança que não estavam em unidade, como se vê em Fp

4.2, as quais se chamavam Evódia e Síntique.

Ambas estavam sendo movidas por orgulho espiritual. Este deve ter sido o principal motivo que levou Paulo a discorrer neste capítulo sobre

o espírito de humildade e submissão que deve

existir em todos os cristãos; e para confirmar

esta verdade, chamou à lembrança o exemplo

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que nos foi deixado pelo próprio Jesus, como se

vê nos versos 5 a 8.

A unidade espiritual, especialmente na congregação local, tem em vista garantir e

manter a presença do Espírito Santo na Igreja,

manifestando seu poder nos cristãos.

Quando a unidade é quebrada, o diabo tira vantagem disto, e a obra começa a sofrer,

porque Deus não pode manifestar seu agrado para conosco, senão seu desagrado.

Isto é algo tão importante, que Paulo fez toda uma aplicação alusiva à necessidade de

unidade, que é baseada numa verdadeira

humildade.

Ele desejava que a Igreja em Filipos fizesse progresso na fé e em todas as coisas relativas ao

reino de Deus, mas sabia que isto não seria possível caso não se empenhassem em manter a

unidade no amor de Cristo.

Paulo lhes mostrou que ser cristão não é apenas crer em Cristo, mas padecer por Ele,

combatendo em prol do evangelho conforme o

exemplo que ele, Paulo, lhes havia deixado.

Assim, quando começa este segundo capítulo dizendo “portanto”, ele vai mostrar o que seria

necessário fazer para tal.

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Eles deveriam estar dispostos a se exortarem mutuamente em Cristo, na consolação e no

amor do Espírito, com afetos e compaixões

sinceros do interior dos seus corações, como se vê no verso primeiro.

Eles haviam enviado a oferta para Paulo na prisão para animar e alegrar o apóstolo, mas ele

diz no verso 2, que sua alegria seria completa caso eles fizessem isto, porque somente assim,

poderiam ter o mesmo modo de pensar, o

mesmo amor, o mesmo ânimo.

Somente é possível ter tudo isto quando não fazemos as coisas na Igreja por motivo de

partidarismo ou de vanglória, que consiste em

buscar glória para si mesmo; mas com humildade, considerando os outros superiores

a nós, sabendo o quanto dependemos deles no

corpo de Cristo, para que sejamos abençoados

por Deus, estando reunidos num só espírito, como Paulo afirma no verso 3.

Por isso, nenhum cristão deve buscar o que é somente do seu interesse, mas, sobretudo o que

é do interesse dos outros.

Se não agimos deste modo, ficamos privados da graça, porque Deus somente a concede à igreja

que vive em unidade. Sem a graça não podemos

ficar de pé, permanecendo na presença de Deus.

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O amor em unidade é um dever.

Cristo ordenou aos seus discípulos, que eles devem se amar com o mesmo amor com o qual

Ele os tem amado.

As características deste amor estão destacadas em I Cor 13. Ali podemos ver que não é um amor

que busca o seu interesse, que não se irrita

facilmente, que é paciente, benigno, sofredor,

longânimo, que não se alegra com a injustiça, mas com a verdade. Enfim, é um amor

sobrenatural que procede da ação da graça do

Espírito Santo em nossa mente e coração.

E, quão difícil é manter o amor fraternal na unidade do Espírito Santo, porque demanda

completa diligência da parte dos cristãos na luta

contra a natureza carnal pecaminosa, o diabo e

o fascínio do mundo.

Se alguém pretende fazer a vontade de Deus terá obrigatoriamente que renunciar ao que o

mundo lhe oferece, e que é contrário ao modo

de vida que nos foi determinado por Cristo.

Nós temos que amar o nosso próximo como a nós mesmos, sabendo que nós, tanto quanto

eles estávamos destituídos da graça de Jesus,

em completa situação de miséria e debaixo de

uma condenação eterna.

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Importa fazer valer, sobretudo a misericórdia e a humildade em nosso testemunho de vida.

Jesus nos deixou o exemplo supremo disto, para que seguíssemos seus passos. Se o fizermos,

somos bem-aventurados e temos a aprovação de

Deus.

Os que são de Cristo devem viver como Cristo viveu neste mundo, deixando-nos seu exemplo

para ser seguido.

Cristo era totalmente manso e humilde de coração, como Ele próprio afirma em Mt 11.29.

Em tudo o que fez nunca estava buscando ser servido, mas servir; nunca estava buscando o que era do seu interesse, mas veio buscar e

salvar o que se havia perdido, como se vê em Lc

19.10. Tão intenso foi seu serviço em favor dos

homens, que não tinha sequer onde reclinar sua cabeça, e raramente tirava tempo para

descansar.

Ele se gastou completamente por amor aos pecadores, até à morte na cruz.

Paulo chamou o exemplo de Cristo para alertar os filipenses, porque ninguém jamais poderá se

humilhar tanto quanto Cristo se humilhou, pois

não era um homem pecador; porém se fez

homem, sendo Deus, exaltado à destra do Pai,

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coroado de honra e glória diante dos serafins,

querubins, arcanjos e anjos no céu.

E o que Jesus fez?

Humilhou-se a si mesmo, esvaziando-se e tomando a forma de servo, assumindo a

natureza do homem, apesar de ser Deus, como

Paulo afirma nos versos 6 a 8 deste segundo

capítulo de Filipenses.

Ele fez isto, porque era governado

completamente por um sentimento de humildade e não de orgulho. É este mesmo

sentimento de Cristo que todos os cristãos

devem ter, conforme se ordena no verso 5.

Cristo não considerou uma desonra o fato de ter sido feito menor do que os anjos, ainda que por um determinado período, a saber, enquanto

viveu neste mundo esvaziado da sua glória

divina, como vemos em Hb 2.9, porque

considerou maior coisa fazer a vontade do Pai, relativamente à salvação dos pecadores.

Os cristãos têm um serviço a fazer para Deus, que é a continuidade do mesmo serviço de

Cristo, e para tanto necessitam ter o mesmo

sentimento de humildade que houve em Cristo

Jesus.

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Nosso Senhor comprovou sua humildade através da sua obediência ao Pai, como vemos

no verso 8, e é do mesmo modo que nossa

humildade é comprovada diante de Deus, a saber, na nossa obediência a Ele.

Jesus se manifestou também, para o propósito de nos ensinar qual é o modo correto de se viver

para Deus.

Este modo que nos revelou é em completa submissão e serviço, escolhendo fazer a vontade

de Deus, em vez da nossa vontade, gastando-se inteiramente na sua obra, porque afinal, nos

deu vida para que trabalhássemos para Ele.

Fomos colocados neste mundo para este propósito. Bem-aventurados são todos aqueles

que não somente descobrem isto, como

também se aplicam a isto.

A humilhação voluntária de Jesus se comprova também, no fato de que Ele tem o nome que é

sobre todo o nome, como vemos no nono verso

deste segundo capitulo de Filipenses. Por isso,

ao nome de Jesus se dobra e se dobrará todo joelho dos que estão nos céus, na terra e debaixo

da terra, e toda língua confessa e confessará que

Jesus é Senhor, como se afirma nos versos 10 e

11.

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Isto, porque Ele sempre foi e será o Senhor de tudo e de todos.

E como se viu o Senhor em seu ministério terreno?

Na forma de servo e em completa humildade. Servo na verdadeira acepção da palavra, ou seja,

servindo de fato tanto a Deus quanto aos

homens criados à sua imagem e semelhança.

Como devem ser e andar então, os cristãos, os quais não estavam na glória do céu antes de

serem gerados, e que nunca tiveram e jamais terão a mesma intensidade de glória do seu

Senhor?

Caberia, se deixarem dominar por qualquer forma de orgulho ou vanglória ao se

compararem com seu Senhor, no exemplo que

lhes deixou para ser seguido?

Jesus viveu suportando pacientemente a maldade dos homens, em grande pobreza, a

ponto de não ter onde reclinar a cabeça; viveu de ofertas e sabia o que era a aflição; não viveu em

pompa externa e não buscou nenhuma posição

que O exaltasse sobre os demais homens,

buscando fama e honrarias deste mundo.

Ele não deu somente seu serviço aos homens, mas sua própria vida; morrendo por eles na cruz.

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30

Ninguém nunca desceu tanto ou poderá descer tanto em humilhação, quanto nosso Senhor,

porque Ele estava na glória do céu quando veio

assumir nossa humanidade, ao ser gerado com um corpo humano no ventre de Maria.

Ele passou a ter a natureza humana, além da natureza divina na qual Ele subsistia. E,

consentiu, apesar de sua perfeição gloriosa, em

suportar conviver com pecadores falhos,

impuros, imperfeitos e ignorantes como nós.

Se Ele não tivesse feito isto, jamais poderíamos receber a natureza divina para estar em nós, além da nossa natureza humana.

Para nós, receber a natureza divina é uma grande honra e glória. Mas para Cristo, assumir

nossa natureza humana, sendo Deus, foi uma

grande humilhação. A Palavra, “porém”, do

texto de Filipenses nos mostra que Ele não se envergonhou disto, porque não se envergonha

em nos chamar de irmãos, por ter-se feito

semelhante a nós, como lemos em Hb 2.11 e 11.16.

Em face dos argumentos apresentados quanto à humilhação de Cristo e consequente exaltação

relativa à recompensa da sua humilhação, e da necessidade de os cristãos seguirem seu

exemplo; o apóstolo afirmou logo em seguida no

verso 12, que a consequência lógica e natural de

tudo isto é que todos os cristãos devem

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31

desenvolver a sua salvação com temor e tremor,

ou seja, os cristãos devem ter a devida

consideração para com estas verdades, quanto

ao que é esperado deles, de maneira que se tornem semelhantes ao seu Senhor, em seu

amadurecimento espiritual.

Desenvolver a salvação nada mais é do que se santificar em obediência à vontade de Deus.

Não somos naturalmente humildes; ao contrário, somos governados pela carne.

Por isso é preciso mortificar a carne para que possamos ser governados pelo Espírito Santo, e

crescermos em humildade diante de Deus, para

que Ele possa nos transformar segundo a

semelhança de Cristo.

Lembremos sempre que este é um ingrediente essencial para a verdadeira alegria.

Ao falar de desenvolver a salvação, Paulo falou também no mesmo versículo 12 sobre

obediência voluntária e resultante de uma disciplina consciente em cumprir a Palavra de

Deus, mesmo quando não estamos na presença

dos que nos lideram.

É necessário ter esta reverência ao Senhor com santo temor e tremor, porque é Ele quem opera

em nós, em relação ao desenvolvimento da

Page 32: Alegres... com tristezas   Filipenses interpretação

32

nossa salvação, tanto o querer quanto o efetuar,

não segundo aquilo que seja da nossa vontade,

mas da sua boa vontade divina, como se vê no

verso 13.

A nossa vontade natural quer sempre fazer aquilo que seja do nosso próprio interesse

egoísta, mas a vontade de Deus é santa, perfeita,

boa, agradável. É esta vontade que o Espírito Santo quer implantar em nossa natureza.

O Espírito Santo não nos foi dado, portanto, para fazermos o que seja da nossa própria vontade,

mas aquilo que é da vontade de Deus, na

transformação de nossas vidas.

Quando o Espírito luta contra a carne, não é para fazer nossa vontade, mas para aplicar em nossa

vida a vontade de Deus, como vemos em Gál 5.17.

Em outras palavras, se não tivermos temor e

tremor de Deus e da sua Palavra, Ele consequentemente não atuará em nossa

vontade, e não operará na liberdade do Espírito

para nos dar amadurecimento espiritual.

É a graça de Deus que inclina nossa vontade ao que é bom, e nos permite executar o bem. Não

há nenhuma força, mérito ou capacidade em

nós mesmos, que nos habilite a fazer a obra de

Deus.

Page 33: Alegres... com tristezas   Filipenses interpretação

33

Além destas coisas recomendadas, Paulo lhes disse no verso 15, que para se tornarem

irrepreensíveis e sinceros, como imaculados

filhos de Deus, resplandecendo como luminares no mundo, no meio de uma geração

corrupta e perversa, eles deveriam fazer todas

as coisas sem murmurações nem contendas; retendo a palavra de Deus, que Paulo chama, de

palavra da vida, no verso 16, porque é por meio

dela que recebemos a vida eterna do Senhor,

que se manifesta em nós.

A fé é tanto maior, quanto mais habite ricamente em nós a Palavra de Deus, porque a fé é gerada pela Palavra, e a vida, pela fé, porque se

afirma que o justo viverá pela fé.

Estes três são, portanto, mutuamente dependentes, e não podem ser separados, a

saber: Palavra, fé e vida eterna.

Paulo demonstrou também sua preocupação com o aperfeiçoamento dos filipenses, quando

disse no verso 19, que lhes enviaria em breve a Timóteo, que lhe daria um relatório da

verdadeira condição espiritual deles, de

maneira que pudesse estar animado em relação

aos filipenses. Ele enviaria Timóteo, porque eles sabiam o quanto Timóteo andava nas pegadas

do apóstolo, e quanto buscava somente o

interesse do evangelho de Cristo, e não seus

próprios interesses, como costumavam fazer os

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34

falsos obreiros e pastores infiéis, como lemos

nos versos 19 a 23.

Paulo não somente lhes enviaria Timóteo, como afirmou no verso 24, que tinha a certeza

de que ele, Paulo, seria posto em liberdade e

também iria visitá-los brevemente para a

confirmação da fé deles.

Mas por ora, antes que ele e Timóteo fossem ter com os filipenses, ele estaria lhes enviando de

volta a Epafrodito, como se vê no verso 25, o qual tinha sido enviado em missão pela Igreja de

Filipos até sua prisão em Roma.

Epafrodito havia adoecido quase à morte; possivelmente em seu trabalho em favor do

evangelho; e sua enfermidade havia chegado ao

conhecimento da Igreja de Filipos.

A proximidade da morte fizera com que Epafrodito desejasse estar junto dos seus irmãos

de Filipos, como se vê no verso 26, motivo pelo

qual Paulo urgiu com ele para que logo retornasse a Filipos, para que a Igreja visse que

estava totalmente recuperado, porque Deus lhe

havia curado, para alegria de todos,

especialmente do apóstolo Paulo.

Por isso, Paulo exortou a Igreja de Filipos a receber Epafrodito com honra, e não somente a

ele, mas a todos que fossem como ele; que

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35

arriscassem suas vidas por causa da obra de

Cristo, como podemos ler nos versos 27 a 30.

Page 36: Alegres... com tristezas   Filipenses interpretação

36

Estar Contente é um Mandamento (Filipenses 3)

Poucos supõem que alegrar-se é um

mandamento de Deus para os homens tanto

quanto não furtarás, não matarás, não cobiçarás

etc, e, todavia, o é.

Na verdade, é o oposto de todas as coisas que nos são proibidas pela Lei de Deus, juntamente

associado a termos paz, gratidão, justiça e tudo o

mais que é inerente ao reino dos céus.

Quando Jesus disse, por exemplo, que não deveríamos estar ansiosos por coisa alguma, temos também aqui um outro mandamento, e

não uma simples exortação, pois a ansiedade

age contra a fé, assim como a ingratidão, contra

a justiça e o amor.

Temos então o dever de estarmos atentos e aplicados a estas ordenanças se pretendermos

agradar de fato a Deus.

Afinal é uma grande prova de incredulidade não sermos gratos e contentes por tudo, pois é a

negação da verdade de que Deus cuida permanentemente de nós e provê para todas as

nossas necessidades, assim como ele havia

virado a página de tristeza da doença que quase

havia levado Epafrodito à morte, curando-o.

Page 37: Alegres... com tristezas   Filipenses interpretação

37

O retorno de Epafrodito a Filipos em plena saúde seria uma clara demonstração do cuidado

e da misericórdia de Deus para com seu povo, e

isto deveria ser reconhecido como um motivo de grande alegria para a Igreja.

Como Deus havia virado a página de tristeza, eles também deveriam virá-la e se alegrarem no Senhor, conforme Paulo lhes exortou logo no

primeiro versículo deste capítulo:

“Quanto ao mais, irmãos meus, regozijai-vos no Senhor. Não me é penoso a mim escrever-vos as

mesmas coisas, e a vós vos dá segurança.”

Paulo disse, que o fato de os filipenses se

regozijarem no Senhor lhes daria segurança, porque a alegria no Senhor é a nossa força, e nos

mantém firmes e seguros na fé, diante das

tribulações.

Eles deveriam aprender a estarem contentes em toda e qualquer situação, porque é assim

fazendo, que não somos removidos pelas

provações e tribulações, da nossa firmeza em Cristo.

É a fé que vence o mundo. É a graça que nos dá força para viver na fé.

Page 38: Alegres... com tristezas   Filipenses interpretação

38

Logo, os filipenses deveriam se acautelar contra a pregação dos judaizantes, que ainda era muito

forte naquela época contra a Igreja de Cristo.

Eles alegavam que tudo quanto uma pessoa necessitava fazer para ser salva era se

circuncidar e guardar toda a lei de Moisés.

Eles negavam que alguém pudesse ser salvo e crescer espiritualmente somente pela fé em

Cristo, confiando no trabalho da sua graça.

Eles afirmavam que salvação é segundo o mérito do homem e não segundo o mérito de Cristo, ou seja, que alguém é salvo por guardar as obras da

lei, e não pela justiça de Cristo, que recebemos

pela fé.

A verdadeira conversão que traz salvação é aquela que é do coração, que transforma o

coração de pedra em coração de carne, e não a circuncisão do prepúcio que os judaizantes

pregavam, como se vê no verso 2 deste terceiro

capítulo de Filipenses.

Paulo alertou também os filipenses, a se acautelarem daqueles que ele chamou de cães e

de maus obreiros neste mesmo segundo

versículo.

Estes eram os falsos profetas vestidos de ovelhas que pregavam um evangelho de facilidades para

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39

a Igreja; que barateavam a graça de Cristo e

escondiam a ofensa da cruz, com o intuito de

serem agradáveis às pessoas.

Na verdade, não são ovelhas, mas lobos vorazes, porque destroem a vida espiritual dos cristãos

com sua falsa doutrina.

Por isso são chamados de cães, numa associação

que Paulo faz com lobos vorazes. Eles não têm verdadeiro interesse no bem-estar espiritual do

rebanho, senão explorá-lo, segundo seu apetite

interesseiro.

Sempre haverá estes falsos profetas na Igreja, especialmente no tempo do fim, conforme nosso Senhor Jesus Cristo e os apóstolos nos

advertiram, para nos guardarmos do seu ensino

e influência.

Paulo passou então a demonstrar para instrução dos filipenses, qual é a essência da verdadeira

vida espiritual.

Ele disse que esta consiste, em servir a Deus em espírito, porque é possível somente se comunicar com Deus em espírito, e não pela

confiança na carne, conforme faziam aqueles

falsos mestres, especialmente os judaizantes,

como se vê no verso 3.

Page 40: Alegres... com tristezas   Filipenses interpretação

40

Nenhum culto que comece na carne e termine na carne pode agradar a Deus, por mais religioso

e reverente que seja, porque o que é nascido da

carne é carne. Deus é espírito e importa sempre que seja adorado em espírito e na verdade da sua

Palavra revelada na Bíblia.

Este culto em espírito leva o cristão a se gloriar em Cristo Jesus, como se afirma no verso 3,

porque fora de Cristo e do trabalho da cruz, não pode existir verdadeira comunhão com Deus,

porque somente Jesus é o caminho, a verdade e

a vida. Sem Ele ninguém pode ir ao Pai.

Esta comunhão em espírito com Deus é promovida pelo que Cristo fez e faz por nós, e por

permanecer em nós. Sem a sua presença nada podemos fazer quanto a servir e agradar a Deus.

Paulo mesmo foi um excelente fariseu. Ele era israelita da tribo de Benjamim, e também

circuncidado no prepúcio. Ele era

irrepreensível segundo a lei, no entanto chegou

até mesmo a ser perseguidor da Igreja, porque lhe faltava este conhecimento pessoal e íntimo

de Jesus, como afirma nos versos 4 a 6.

Paulo poderia se gloriar no que fez, mas seria uma glória vã, porque seria uma glória no que

fizera na carne, e não pelo espírito.

Page 41: Alegres... com tristezas   Filipenses interpretação

41

Quando conheceu a Jesus e se converteu de fato, passou a considerar como perda todas estas

coisas que lhe pareceriam ser lucro, de maneira

que abriu mão de tudo o que havia recebido por tradição religiosa para guardar, para que

pudesse ganhar mais de Cristo.

E não somente estas coisas religiosas, mas tudo o que possa ser considerado excelente neste

mundo, passou também a considerar como

perda para alcançar a excelência do conhecimento de Jesus, como afirma nos versos

6 a 8.

O que o mundo considera elevado, Paulo considerava como um refugo, como esterco,

para que pudesse ganhar mais a Cristo. Ele

estava desembaraçado de tudo e de todos, para poder servir livre e totalmente ao seu Senhor.

Não se deixe enganar pelos falsos mestres, nem mesmo pela sua própria imaginação! Era isto

que Paulo estava dizendo aos filipenses.

Ele não parou nisto; prosseguiu dizendo no verso 17 que fossem seus imitadores e daqueles

que seguiam seu exemplo de vida, porque ele

não buscava ser achado em Jesus baseado na justiça da lei, mas na justiça que é segundo a fé

em Cristo, a saber, a justiça que é dada como um

dom de Deus, ao que tem fé em Jesus. E, deste

modo a poder conhecê-lo e o poder da sua vida

Page 42: Alegres... com tristezas   Filipenses interpretação

42

ressurreta, que nos leva a participar dos seus

sofrimentos, e a estarmos conformados à sua

morte.

Somente quem tem participação pela fé na morte de Jesus, considerando-a como a sua

própria morte, poderá também participar da sua

ressurreição, como se afirma nos versos 9 a 11.

A ressurreição do nosso corpo no arrebatamento da Igreja será a plenitude da

perfeição da promessa relativa à renovação do nosso corpo. A perfeição espiritual que também

será obtida na mesma ocasião será a plenitude

da perfeição da promessa relativa ao nosso

espírito.

O modo de se viver pela fé nesta promessa da perfeição futura, que teremos do nosso corpo e

espírito é buscando a perfeição de santificação do nosso espírito, alma e corpo, como se vê em I

Tes 5.23.

Esta santificação de todo o espírito, de toda a alma e de todo o corpo, a saber, de todas as suas

partes e faculdades será completamente

perfeita no céu; portanto, este trabalho de

aperfeiçoamento deve começar aqui na terra.

Os que vivem deste modo comprovam que são da fé em Cristo, porque prosseguem vivendo do

modo dos que testemunham que estão de fato à

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43

busca desta perfeição futura que lhes foi

prometida por Deus, como Paulo afirma no

verso 12 deste terceiro capítulo de filipenses.

Nem Paulo teve, nem qualquer cristão terá a perfeição total de santificação do seu espírito,

corpo e alma enquanto viverem neste mundo; mas, sendo imitadores de Paulo devem viver

avançando adiante para o alvo que lhes foi

proposto por Deus, de alcançarem o prêmio da

chamada que receberam da parte de Deus por estarem em Cristo Jesus, como se vê nos versos

13 e 14.

Afinal, Paulo e os demais apóstolos foram levantados pelo Senhor para serem modelos a

serem imitados pela Igreja, quanto ao modo

correto de se viver para Ele.

Aqueles que são maduros espiritualmente são os que estão aperfeiçoados para a obra do ministério, e devem ter sempre este sentimento

a que Paulo havia se referido; caso contrário,

aqueles que sentissem alguma coisa de modo

diferente, Deus lhes revelaria no tempo oportuno a verdade destas afirmações, como

lemos no verso 15.

Mas, nenhum cristão deve recuar do ponto a que chegou de conhecimento da revelação da

verdade por Deus. A medida de perfeição, ou

seja, da maturidade espiritual a que cada um

Page 44: Alegres... com tristezas   Filipenses interpretação

44

chegou, deve ser mantida, e devem prosseguir

na mesma, rumo ao alvo da perfeição que lhes

está proposta, como Paulo afirma no verso 16.

Onde houver a verdadeira graça, ela nos conduzirá a um desejo de ter uma maior graça.

Esta graça não vem de nós mesmos, mas de Jesus Cristo.

É, portanto o exemplo de Paulo e de todos que viveram desta forma que deve ser seguido, e não o daqueles que são inimigos da cruz de Cristo,

que negam a necessidade de todas estas coisas;

mesmo daqueles falsos líderes que se entregam

a um tipo de religião de base emocional, e até choram para impressionar seus ouvintes, como

se vê nos versos 17 e 18.

Por maior aparência que haja de piedade na devoção deles, ela é falsa, portanto o fim deles é

a perdição, porque não podem atinar com as

coisas espirituais que são discernidas somente

espiritualmente, por aqueles que andam no Espírito Santo.

Como cuidam somente das coisas terrenas, e dos seus interesses carnais, não há verdadeira prática espiritual em sua religião, por maior que

possa ser a aparência de piedade que tentem

transmitir para conquistar os corações dos

incautos, como se vê no verso 19.

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45

O padrão das coisas que os cristãos esperam no seu viver está no céu, de onde aguardam a volta

do Senhor, para que transforme este corpo

terreno, no corpo glorioso que lhes está prometido que receberão no arrebatamento. O

Senhor fará isto, segundo a eficácia do seu

próprio poder que Ele tem de sujeitar a si todas as coisas, como Paulo afirma nos versos 20 e 21.

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46

A Consolidação da Alegria

(Filipenses 4)

Paulo sabia que Deus não é um tirano que nos

trata como se fôssemos marionetes em suas

mãos. Não! Mil vezes não! Teria dito Paulo!

Ele não anula nossos pensamentos e vontade, e por isso nós O amamos livre e voluntariamente

de todo o nosso coração, porque o amor, para ser

amor, deve ser livre e voluntário.

Paulo conhecia perfeitamente estas coisas, e afirmou mais uma vez no quarto versículo deste

capítulo, a condição na qual todo cristão deveria ser encontrado:

“Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos.”

Quando descobrimos quem é de fato o Senhor e o quanto Ele nos ama e cuida de nós, a

consequência natural é que nos regozijaremos sempre nele, e manifestaremos isto com a nossa

adoração e louvor voluntários, com alegria de

coração.

Quando crescemos no conhecimento da graça e de Jesus, e passamos a conhecer cada vez

melhor, qual é o caráter, amoroso, justo e

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47

bondoso do nosso Rei, nada deste mundo

poderá nos tornar insatisfeitos.

Tudo suportaremos por amor a Ele com alegria em nossos corações, não somente como expressão de nossa gratidão, mas, sobretudo,

porque será impossível viver de outro modo,

estando permanentemente em espírito diante

da sua Grandeza e Majestade.

Esta alegria sobrenatural, que é fruto do Espírito, invadirá nosso coração de tal maneira

que sempre seremos achados vivendo

contentes em toda e qualquer circunstância.

Nós aprenderemos isto, assim como Paulo havia aprendido.

Nós sabemos o quanto agrada ao Senhor, que vivamos num só espírito, com o mesmo sentir

de uns para com os outros. Então, nada faremos

por motivo de partidarismo ou de vanglória, porque sabemos que a vontade do nosso Deus é

que vivamos em união, sobretudo em unidade

de fé e amor.

As “Evódias” e as “Síntiques”, que são cristãs verdadeiras e trabalharam em prol do

evangelho, juntamente com aqueles cujos

nomes também estão no livro da vida, devem ser

ajudadas a voltarem a trabalhar em harmonia,

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48

com o mesmo sentir no Senhor, como lemos

nos versos 2 e 3.

A alegria e coroa dos ministros do evangelho é a de ver que seus amados irmãos, que estão

debaixo do seu cuidado permanecem firmes no

Senhor, como se lê no primeiro versículo.

Agora, a alegria recomendada pelo apóstolo não é uma alegria carnal, ou seja, oriunda da carne, que tenha seus motivos na carne.

É alegria puramente espiritual, e assim é recomendado também pelo apóstolo, no verso

5, que, ao lado dela, haja moderação diante de

todos os homens, sabendo que os olhos do

Senhor estão acompanhando nosso proceder em todos os instantes.

Nem mesmo as nossas presentes necessidades

neste mundo são motivo para nos roubar esta alegria espiritual no Senhor, porque devemos

aprender a não andar ansiosos por coisa

alguma; ao mesmo tempo em que devemos fazer conhecidos os nossos pedidos diante de

Deus por meio da oração e da súplica, sendo-Lhe

gratos pelas respostas que nos der, ainda que

seja um “não”, ou um “espere”; porque é somente assim, reconhecendo sua soberania,

que a sua paz poderá guardar nosso coração e

nosso pensamento, em nossa comunhão com

Cristo Jesus, como Paulo afirma no verso 6.

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49

A paz que Deus nos dá é sobrenatural. Ela não pode ser explicada pela razão, porque excede

todo o entendimento.

É paz comunicada diretamente ao nosso espírito, pelo Espírito de Deus.

Ela não é o fruto dos nossos pensamentos.

É paz no meio do conflito, a qual nos visita inesperadamente; vinda do alto, como resposta

à nossa oração e comunhão com o Senhor.

É fruto da sua graça, do seu Espírito, porque se diz também que o fruto do Espírito é paz.

Não podemos, no entanto, experimentar isto, se não aprendermos a abrigar, ou seja, a dar boa

acolhida, a um modo de concentrar nossa

atenção e pensamento somente naquilo que é

verdadeiro, honesto, justo, puro, amável, de boa fama e que possua virtude e louvor, como se

afirma no verso 8.

Não admira que aqueles que vivam em comunhão mental com coisas que sejam

abomináveis ao Senhor, se queixem de falta de

alegria e paz espiritual em seus espíritos.

Eles poderão até mesmo exibir um comportamento alegre, mas será uma alegria

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50

oriunda da carne, e não do Espírito Santo, cujo

fruto é também alegria.

Uma alegria fanfarrona, escandalosa, sem a moderação diante de todos os homens, que é ordenada no verso 5.

Deus é inteiramente santo e justo.

Ele é luz perfeita. Ele é perfeito amor e bondade.

Então, que comunhão poderíamos ter com Ele, nos agradando das coisas que são das trevas e

rejeitando aquelas que são da luz?

A nossa mente corrompida pelo pecado original deve ser renovada pelo Espírito Santo, com a

Palavra de Deus e as coisas que são aprovadas, a

saber, que são verdadeiras, honestas, justas,

puras, amáveis, e que possuam boa fama, virtude e louvor.

Por isso não é possível amar o mundo, as coisas reprovadas que há no mundo, e ter ao mesmo

tempo, o amor e a aprovação de Deus.

Por isso, os Filipenses necessitariam praticar tudo o que haviam aprendido, recebido, ouvido

e visto no apóstolo Paulo, para que o Deus de paz

fosse com eles, como se vê no verso 9.

Não há um caminho fácil para a paz.

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51

Não há um caminho fácil para a consolação do Espírito Santo, porque Ele sempre santificará

primeiro, e depois consolará.

Não se pode contar com sua consolação enquanto permanecemos deliberadamente na

prática do pecado, andando e amando as trevas,

em vez da luz.

A demonstração do cuidado dos filipenses por

Paulo não foi imediata, como se vê no verso 10.

Eles haviam finalmente se comunicado com suas necessidades pelas mãos de Epafrodito,

mas haviam demorado a fazê-lo.

Paulo sabia que havia uma constante preocupação dos filipenses para com ele, mas na prática haviam falhado na prontidão em

socorrê-lo.

Então o que ele sentiu?

Ficou abatido?

De modo nenhum. Ele havia aprendido a viver

contente em qualquer situação.

Ele não colocava sua esperança de socorro e consolação nos homens, senão somente no

Senhor, porque os homens falham. Somente

Deus nunca falha, como vemos nos versos 11 a 13.

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52

Eles deveriam também aprender a viver de tal modo, e não somente eles, como todos os

cristãos, porque a nossa fé no Senhor será

provada de muitas maneiras, se seremos achados agradando-nos somente nele, e tendo

somente nele a única fonte do nosso

contentamento. Isto será provado até mesmo na abundância, e quando somos honrados;

ocasiões em que é muito comum nos

esquecermos de Deus.

Todavia, aquele que o tem amado, jamais o deixará quando estiver sendo exaltado. Não

deixará de dar a devida honra a Deus por estar

sendo honrado pelos homens.

Não deixará de permanecer humilde diante dele, não colocando a razão do seu

contentamento, paz e alegria na abundância e

honra que tiver, mas somente nele.

Paulo tinha também o mesmo sentimento de humildade e dependência total de Deus nas

circunstâncias difíceis de escassez, de fome e

necessidade.

Então, ao dizer “posso todas as coisas naquele que me fortalece” no verso 13, Paulo dizia que;

sua força e alegria não se apoiavam nas

circunstâncias deste mundo, mas somente no

Senhor.

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53

Paulo era grato aos filipenses por suas demonstrações de amparo, especialmente no

princípio da sua obra missionária, quando havia

deixado a Macedônia e partido para Corinto em sua segunda viagem missionária.

Mesmo quando ainda tinha ido de Filipos para Tessalônica, os filipenses lhe enviaram por duas

vezes a provisão que lhe era necessária para que

pudesse evangelizar os tessalonicenses, e

fizeram o mesmo, pelo que se depreende de suas palavras em II Cor 11.9, quando foi para a

Grécia e evangelizou Corinto.

A provisão dos ministros está ordenada por Deus em sua Palavra. No entanto, Paulo abria

mão deste direito no sentido de não exigir das

Igrejas o cumprimento desta ordenança bíblica, porque queria deixar bem claro para todos, que

não pregava por interesse em ser provido

materialmente, como se vê no verso 17, mas

reconhecia que agiam bem todos aqueles que buscavam atender à provisão das necessidades

dos seus ministros, inclusive dele próprio, como

afirmou no verso 14.

Tudo pertence a Deus e é Ele quem na verdade provê a todos, inclusive àqueles que têm o dever

de prover seus ministros.

Desta forma, Paulo estava certo que Deus continuaria suprindo todas as necessidades dos

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54

filipenses, quer materiais, quer espirituais

segundo as suas riquezas na glória, por causa de

Jesus Cristo, e não propriamente pelo seu

mérito, como se vê no verso 19.

Por isso, é ao Senhor que devemos sempre tributar glória pelos séculos dos séculos, como

Paulo fez no verso 20.

A epístola é encerrada com uma exortação nos versos 21 e 22, para que cada um dos santos fosse saudado em Cristo Jesus, assim como Paulo e os

santos que se encontravam com ele estavam

saudando os santos em Filipos. Ele faz uma

menção especial àqueles que eram da casa de César, ou seja, aqueles que ele havia ganho para

Cristo, não somente da guarda pretoriana do

Imperador, como certamente a muitos que

eram da corte de César.

A última citação desta epístola é a que encontramos no verso 23 :

“A graça do Senhor Jesus Cristo seja com o vosso espírito.”

Há maior necessidade do que esta para um cristão?

Certamente não.

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55

Tudo o que ele precisa é estar com seu coração fortalecido com a graça do Senhor, porque o

próprio Jesus nos tem dito, como disse a Paulo:

“A minha graça te basta!”

Nós precisamos da força e do poder de Cristo para executar nossos deveres; não somente os que são puramente cristãos, mas até mesmo

aqueles que são fruto da virtude moral.

Nós precisamos da sua força para nos ensinar a estarmos contentes em toda e qualquer

situação.

É por isso que Deus nos quebrará muitas vezes, para que possamos ser enfraquecidos em nossa

própria força, e aprendamos a viver com a sua

força, a qual nos fortalece em tudo; não com nossa força que é inconstante e frágil, e

desaparece principalmente diante das

circunstâncias difíceis.

Somente quando somos enfraquecidos por Deus através das tribulações e aflições, é que

podemos ser fortalecidos com sua força. Daí, poderemos dizer junto com Paulo, que quando

somos fracos aí é que somos fortes

espiritualmente.

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56

ANEXO: Epístola aos Filipenses

Filipenses 1

“1 Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus, a

todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos, com os bispos e diáconos:

2 Graça a vós, e paz da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.

3 Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós,

4 fazendo sempre, em todas as minhas orações, súplicas por todos vós com alegria

5 pela vossa cooperação a favor do evangelho desde o primeiro dia até agora;

6 tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o

dia de Cristo Jesus,

7 como tenho por justo sentir isto a respeito de vós todos, porque vos retenho em meu coração,

pois todos vós sois participantes comigo da

graça, tanto nas minhas prisões como na defesa

e confirmação do evangelho.

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57

8 Pois Deus me é testemunha de que tenho saudades de todos vós, na terna misericórdia de

Cristo Jesus.

9 E isto peço em oração: que o vosso amor aumente mais e mais no pleno conhecimento e

em todo o discernimento,

10 para que aproveis as coisas excelentes, a fim de que sejais sinceros, e sem ofensa até o dia de Cristo;

11 cheios do fruto de justiça, que vem por meio

de Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.

12 E quero, irmãos, que saibais que as coisas que me aconteceram têm antes contribuído para o progresso do evangelho;

13 de modo que se tem tornado manifesto a toda

a guarda pretoriana e a todos os demais, que é por Cristo que estou em prisões;

14 também a maior parte dos irmãos no Senhor, animados pelas minhas prisões, são muito mais

corajosos para falar sem temor a palavra de

Deus.

15 Verdade é que alguns pregam a Cristo até por inveja e contenda, mas outros o fazem de boa

mente;

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16 estes por amor, sabendo que fui posto para defesa do evangelho;

17 mas aqueles por contenda anunciam a Cristo, não sinceramente, julgando suscitar aflição às

minhas prisões.

18 Mas que importa? contanto que, de toda maneira, ou por pretexto ou de verdade, Cristo

seja anunciado, nisto me regozijo, sim, e me

regozijarei;

19 porque sei que isto me resultará em salvação, pela vossa súplica e pelo socorro do Espírito de

Jesus Cristo,

20 segundo a minha ardente expectativa e esperança, de que em nada serei confundido;

antes, com toda a ousadia, Cristo será, tanto

agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte.

21 Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro.

22 Mas, se o viver na carne resultar para mim em fruto do meu trabalho, não sei então o que

hei de escolher.

23 Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir e estar com Cristo,

porque isto é ainda muito melhor;

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24 todavia, por causa de vós, julgo mais necessário permanecer na carne.

25 E, tendo esta confiança, sei que ficarei, e permanecerei com todos vós para vosso

progresso e alegria na fé;

26 para que o motivo de vos gloriardes cresça por mim em Cristo Jesus, pela minha presença de novo convosco.

27 Somente portai-vos, dum modo digno do evangelho de Cristo, para que, quer vá e vos veja,

quer esteja ausente, ouça acerca de vós que

permaneceis firmes num só espírito,

combatendo juntamente como uma só alma pela fé do evangelho;

28 e que em nada estais atemorizados pelos adversários, o que para eles é indício de

perdição, mas para vós de salvação, e isso da

parte de Deus;

29 pois vos foi concedido, por amor de Cristo, não somente o crer nele, mas também o padecer por ele,

30 tendo o mesmo combate que já em mim tendes visto e agora ouvis que está em mim.”

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Filipenses 2

“1 Portanto, se há alguma exortação em Cristo, se alguma consolação de amor, se alguma

comunhão do Espírito, se alguns entranháveis

afetos e compaixões,

2 completai a minha alegria, para que tenhais o mesmo modo de pensar, tendo o mesmo amor,

o mesmo ânimo, pensando a mesma coisa;

3 nada façais por contenda ou por vanglória, mas com humildade cada um considere os

outros superiores a si mesmo;

4 não olhe cada um somente para o que é seu, mas cada qual também para o que é dos outros.

5 Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,

6 o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que se devia aferrar,

7 mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens;

8 e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e

morte de cruz.

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9 Pelo que também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu o nome que é sobre

todo nome;

10 para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e

debaixo da terra,

11 e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.

12 De sorte que, meus amados, do modo como sempre obedecestes, não como na minha

presença somente, mas muito mais agora na

minha ausência, efetuai a vossa salvação com

temor e tremor;

13 porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa

vontade.

14 Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas;

15 para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus imaculados no meio de

uma geração corrupta e perversa, entre a qual

resplandeceis como luminares no mundo,

16 retendo a palavra da vida; para que no dia de Cristo eu tenha motivo de gloriar-me de que não

foi em vão que corri nem em vão que trabalhei.

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17 Contudo, ainda que eu seja derramado como libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé,

folgo e me regozijo com todos vós;

18 e pela mesma razão folgai vós também e regozijai-vos comigo.

19 Ora, espero no Senhor Jesus enviar-vos em breve Timóteo, para que também eu esteja de

bom ânimo, sabendo as vossas notícias.

20 Porque nenhum outro tenho de igual sentimento, que sinceramente cuide do vosso

bem-estar.

21 Pois todos buscam o que é seu, e não o que é de Cristo Jesus.

22 Mas sabeis que provas deu ele de si; que,

como filho ao pai, serviu comigo a favor do evangelho.

23 A este, pois, espero enviar logo que eu tenha visto como há de ser o meu caso;

24 confio, porém, no Senhor, que também eu

mesmo em breve irei.

25 Julguei, contudo, necessário enviar-vos Epafrodito, meu irmão, e cooperador, e

companheiro nas lutas, e vosso enviado para me

socorrer nas minhas necessidades;

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26 porquanto ele tinha saudades de vós todos, e estava angustiado por terdes ouvido que

estivera doente.

27 Pois de fato esteve doente e quase à morte; mas Deus se compadeceu dele, e não somente

dele, mas também de mim, para que eu não

tivesse tristeza sobre tristeza.

28 Por isso vo-lo envio com mais urgência, para que, vendo-o outra vez, vos regozijeis, e eu tenha

menos tristeza.

29 Recebei-o, pois, no Senhor com todo a

alegria, e tende em honra a homens tais como ele;

30 porque pela obra de Cristo chegou até as portas da morte, arriscando a sua vida para

suprir-me o que faltava do vosso serviço.”

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Filipenses 3

“1 Quanto ao mais, irmãos meus, regozijai-vos no Senhor. Não me é penoso a mim escrever-vos

as mesmas coisas, e a vós vos dá segurança.

2 Acautelai-vos dos cães; acautelai-vos dos maus obreiros; acautelai-vos da falsa circuncisão.

3 Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne.

4 Se bem que eu poderia até confiar na carne. Se algum outro julga poder confiar na carne, ainda mais eu:

5 circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei fui fariseu;

6 quanto ao zelo, persegui a Igreja; quanto à justiça que há na lei, fui irrepreensível.

7 Mas o que para mim era lucro passei a considerá-lo como perda por amor de Cristo;

8 sim, na verdade, tenho também como perda todas as coisas pela excelência do

conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor;

pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as

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considero como refugo, para que possa ganhar a

Cristo,

9 e seja achado nele, não tendo como minha justiça a que vem da lei, mas a que vem pela fé

em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus

pela fé;

10 para conhecê-lo, e o poder da sua ressurreição e a participação dos seus sofrimentos, conformando-me a ele na sua

morte,

11 para ver se de algum modo posso chegar à ressurreição dentre os mortos.

12 Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas vou prosseguindo, para ver se

poderei alcançar aquilo para o que fui também

alcançado por Cristo Jesus.

13 Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que,

esquecendo-me das coisas que para trás ficam, e avançando para as que estão adiante,

14 prossigo para o alvo pelo prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus.

15 Pelo que todos quantos somos perfeitos tenhamos este sentimento; e, se sentis alguma

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coisa de modo diverso, Deus também vo-lo

revelará.

16 Mas, naquela medida de perfeição a que já chegamos, nela prossigamos.

17 Irmãos, sede meus imitadores, e atentai para

aqueles que andam conforme o exemplo que tendes em nós;

18 porque muitos há, dos quais repetidas vezes

vos disse, e agora vos digo até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo;

19 cujo fim é a perdição; cujo deus é o ventre; e

cuja glória assenta no que é vergonhoso; os quais só cuidam das coisas terrenas.

20 Mas a nossa pátria está nos céus, donde

também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo,

21 que transformará o corpo da nossa

humilhação, para ser conforme ao corpo da sua glória, segundo o seu eficaz poder de até sujeitar

a si todas as coisas.”

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Filipenses 4

“1 Portanto, meus amados e saudosos irmãos,

minha alegria e coroa, permanecei assim firmes no Senhor, amados.

2 Rogo a Evódia, e rogo a Síntique, que sintam o mesmo no Senhor.

3 E peço também a ti, meu verdadeiro companheiro, que as ajudes, porque

trabalharam comigo no evangelho, e com

Clemente, e com os outros meus cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida.

4 Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos.

5 Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor.

6 Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes em tudo sejam os vossos pedidos conhecidos diante de Deus pela oração e súplica com ações

de graças;

7 e a paz de Deus, que excede todo o

entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus.

8 Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é

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justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável,

tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude,

e se há algum louvor, nisso pensai.

9 O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus

de paz será convosco.

10 Ora, muito me regozijo no Senhor por terdes finalmente renovado o vosso cuidado para

comigo; do qual na verdade andáveis

lembrados, mas vos faltava oportunidade.

11 Não digo isto por causa de necessidade, porque já aprendi a contentar-me com as

circunstâncias em que me encontre.

12 Sei passar falta, e sei também ter abundância; em toda maneira e em todas as coisas estou

experimentado, tanto em ter fartura, como em passar fome; tanto em ter abundância, como em

padecer necessidade.

13 Posso todas as coisas naquele que me fortalece.

14 Todavia fizestes bem em tomar parte na minha aflição.

15 Também vós sabeis, ó filipenses, que, no princípio do evangelho, quando parti da

Macedônia, nenhuma Igreja comunicou

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comigo no sentido de dar e de receber, senão

vós somente;

16 porque estando eu ainda em Tessalônica, não uma só vez, mas duas, mandastes suprir-me as

necessidades.

17 Não que procure dádivas, mas procuro o fruto

que cresça para a vossa conta.

18 Mas tenho tudo; tenho-o até em abundância; cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o

que da vossa parte me foi enviado, como cheiro suave, como sacrifício aceitável e aprazível a

Deus.

19 Meu Deus suprirá todas as vossas necessidades segundo as suas riquezas na

glória, em Cristo Jesus.

20 Ora, a nosso Deus e Pai seja dada glória pelos séculos dos séculos. Amém.

21 Saudai a cada um dos santos em Cristo Jesus. Os irmãos que estão comigo vos saúdam.

22 Todos os santos vos saúdam, especialmente os que são da casa de César.

“23 A graça do Senhor Jesus Cristo seja com o vosso espírito.”.