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O Necessário – Introdução PIAGET, Jean. O possível e o necessário. A evolução dos necessários na criança (v.2, p. 7-9) EDP-53, maio 2009 Fernando Becker Fernando Becker

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O Necessário – IntroduçãoPIAGET, Jean. O possível e o necessário. A evolução dos

necessários na criança (v.2, p. 7-9)

EDP-53, maio 2009

Fernando Becker

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Objetivo: Pôr o necessário e o possível em relação com a evolução da noção de real.O possível nos apareceu sempre relativo a um S e não pré-formado no real. Trabalhos virtuais, em Física, só existem no espírito do físico e uma interpretação de uma transformação real, como atualização de um possível, significa que essa transformação era real, embora não observável.

O mesmo com o necessário que é um produto das composições inferenciais do S e tb não é um observável. O que fornece os observáveis é o grau maior ou menor de generalidade.

Pesquisas mostram relações complexas entre possível (P) e necessário (N). Interferências do P e do N impõem-se desde os estádios iniciais, problematizando o “conceito” de real dos pequenos sujeitos.

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Crianças de 4-5 anos interpretam, em função de indiferenciação entre o factual e o normativo, o real como composto de pseudonecessidades acompanhadas de pseudoimpossibilidades.A evolução do necessário parece paralela a do possível. Das necessidades locais já constatadas no nível alto do SM e nas representações pré-operatórias, passa-se a certas formas sistemáticas de N como recursividade e transitividade e conservações, etc nas operações concretas; e uma N generalizada nas operações hipotético-dedutivas.

Há formas mais ou menos “fortes” de N – os lógicos chamam de “força” das EE. Uma diferença em compreensão reúne mais significados, mas tb maior força de integração. “O N nos parece então constituir a medida dessas integrações do mesmo modo que o P exprime a riqueza das diferenciações, daí a correlação das duas evoluções” (p.8).

Pode-se imaginar uma grande lei de evolução do real, do P e do N. Distinguem-se três períodos em suas relações:

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O R é absorvido pelo P e N, mas essa subordinação o enriquece duplamente: “por assimilação às construções e interpretações do S cognitivo” (p.9). Isso não é idealismo, porque...

Lei de evolução do real, do P e do N

1) Indiferenciação O real acompanha-se de pseudonecessidades; o P reduz-se aos prolongamentos diretos do real atual

2) Diferenciação do R/P/N (coincide com a formação das OC)

O real consistiria em conteúdos concretos; o P desdobra-se em famílias de co-P; o N ultrapassa as coordenações locais, gerando composições operatórias, condição das formas do N;

3) Integração do R/P/N em um sistema total

O real aparece como um conjunto de atualizações dos P, mas subordinado aos sistemas de ligações N.

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O organismo do S é um objeto físico e um centro de contínuas ações materiais, fontes de conhecimentos. É apenas reciprocamente que o S engloba o real no meio do P e do N, devido às ações que ele pode efetuar e cujas composições engendram o N.

É pois preciso admitir um “P” e um “N” biológicos – necessidade, para continuar vivendo, de manter estados relativamente “normais” e a possibilidade de variações “anormais” embora úteis e tendentes ao progresso. Pode-se ver nisso a fonte orgânica do “normativo” cognitivo, da qual dependem precisamente o P e o N.

Uma observação se impõe para compreender essas conclusões em toda sua generalidade. Admitimos que o P e o N são apenas relativos ao S, não são dados no O. Entretanto, admitimos que o organismo é um objeto entre outros. Todo ser vivo é ao mesmo tempo um O e um S., pois é sede de comportamentos – inclusive os vegetais que agem sobre seu meio.

F I M Fernando Becker