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7/22/2019 A-Utilizao-de-Ferramentas-Ergonmicas-em-Percias-Judiciais-de-DORT-Priscila-Romano-Carrara
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A Utilizao de Ferramentas Ergonmicas em Percias Judiciais de DORT.
Carrara, P.R.; Abreu, M.J.
Fisioterapia do Trabalho So PauloColgio Brasileiro de Estudos Sistmicos CBES
Resumo
Na atualidade vivemos uma grande polmica em relao ao nexo entre as doenas
relacionadas questo DORT e o trabalho. O assunto tornou-se evidente desde a publicao
da Norma de Avaliao de Incapacidade do Instituto Nacional de Seguridade Social, que
regulamenta o critrio de nexo tcnico entre as patologias e suas causas. Recentemente o
assunto voltou tona, com a renovao da Lei 10.666/03 e as resolues do INSS 1236/04 e
1269/06 que introduziram duas novas prticas na rotina de sade ocupacional das empresas: o
FAP (Fator Acidentrio Previdencirio) e o NTEP (Nexo Tcnico Epidemiolgico). Essa nova lei
inverte o nus da prova do nexo epidemiolgico. Se a empresa no concordar com o nexo
estabelecido, ter de provar que no foi o trabalho o causador da doena ou leso no
trabalhador. Essa nova situao gerou aumento na demanda de percias.Percia o exame de
situaes ou fatos relacionados a coisas e pessoas, praticado por especialista na matria que
lhe submetida, com o objetivo de elucidar determinados aspectos tcnicos. Percia Judicial
a diligncia designada pelo juiz para que o perito esclarea atravs de um laudo tcnico um
fator indispensvel para a concluso final do juiz. A percia realizada por requisio formal da
instituio, pblica ou privada, ou de pessoa jurdica. Nas percias judiciais sobre DORT, a
grande necessidade dos juzes de saber se a doena que acometeu o reclamante tem o nexo
com as atividades exercidas por ele na reclamada, e saber se essa doena est ou vai
incapacitar esse indivduo. Para entendermos e correlacionarmos o nexo entre as atividades e
a doena, temos que entender da atividade e das causas das doenas. Os resultados da
percia clnica e in lcus, so apresentadas atravs de parecer sucinto, apenas com repostas
aos quesitos formulados, ou de um laudo tcnico com exposio detalhada dos elementos
investigados, sua anlise e fundamentao tcnica-cientfica das concluses. Dentre eles
feita a utilizao de ferramentas de diagnstico de risco biomecnico da tarefa como: NIOSH,
RULA e OWAS. Essas ferramentas possuem adequao para cada tipo de movimento e
segmento corporal, e suas interpretaes podem ser adaptadas nos laudos periciais que sero
descritas nesse trabalho.Palavras-chave: Ergonomia, Niosh, Owas,Percia Judicial, Rula.
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Introduo
Os Distrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) tem se constitudo um
grande problema de sade pblica em muitos pases industrializados. Com advento da
Revoluo Industrial, quadros clnicos decorrentes de sobrecarga esttica e dinmica do
sistema osteomuscular tornaram-se mais numerosos.Diferentemente do que ocorre com doenas no ocupacionais, as doenas relacionadas ao
trabalho tm implicaes legais que atingem a vida dos pacientes. O seu reconhecimento
regido por normas e legislaes especficas a fim de garantir a sade e os direitos do
trabalhador.
Atualmente o nmero de processos trabalhistas contra empresas vem aumentando
consideravelmente. Com o advento da Lei 11.430, de 26 de dezembro de 2006, regulamentada
pelo decreto 6.042, de 12 de fevereiro de 2007, as empresas tero que provar, doravante, queum acidente ou doena de seu empregado no est relacionado com a natureza de sua
funo. a chamada inverso do nus da prova.
O NTEP pode ser traduzido pelo nexo presumido em funo da incidncia de patologias,
estatisticamente encontradas, em trabalhadores de um grupo especfico e o FAP pode ser
representado por um coeficiente, partir do NTEP qeu ser aplicado no momento que a
empresa realizar o pagamento da contribuio previdenciria.
Essa lei aumentou consideravelmente a demanda de pericias judiciais trabalhistas.
Segundo Vendrame (1997), o perito indivduo de confiana do juiz, sendo at denominado de
os olhos e ouvidos do juiz, figurando como auxiliar da justia, e, ainda que seja serventurio
excepcional e temporrio, deve reunir os conhecimentos tcnicos e cientficos indispensveis
elucidao dos problemas fticos da questo.
De acordo com o dicionrio escolar da lngua portuguesa de Dermival Ribeiro Rios, percia a
habilidade em alguma arte ou profisso; vistoria ou exame tcnico.
Conforme o dicionrio Aurlio, Perito sbio, hbil, o que sabedor ou especialista em
determinado assunto, nomeado judicialmente para avaliao, exame e vistoria.
Para Brandimiller (1996), o trabalho pericial abrange diferentes atividades tais como:
- Anlise direta de coisas, situaes e fatos estabelecidos e documentados apresentados
percia;
- Observao qualitativa e quantitativamente atravs de (exame, vistoria, inspeo);
- Estudo qualitativo, incluindo avaliaes, medies, clculos;
- Investigaes e fatos, voltada para o esclarecimento de circunstncias de sua ocorrncia e
determinadas relaes (temporais, causa-efeito, responsabilidade etc).
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As percias judiciais especficas para DORT tem como objetivo principal saber se a doena de
que o reclamante portador possui nexo com as atividades exercidas por ela na reclamada
(estabelecimento do nexo causal) e se essa doena da qual portador traz ou vai trazer
alguma incapacidade em uma das esferas funcionais. A funcionalidade, bem como o nexo da
doena com a atividade laboral exercida, exige conhecimento profundo da cincia domovimento e da biomecnica laboral para se chegar a um laudo esclarecedor e fidedigno,
auxiliando assim o parecer final do juiz.
O conhecimento da anatomia, fisiologia, histologia, biomecnica ocupacional, biomecnica
fisiolgica, da ergonomia e das normas trabalhistas so fundamentais para a formulao de
uma percia estruturada, objetiva e concreta (VERONESI, 2008).
A percia tcnica cinesiolgia-funcional, pode se feita em trs fases:
FASE 1-PERCIA CL NICA
Atravs da anamnese, exame fsico clnico com auxilio da fotogrametria computadorizada,
testes palpatrios, testes especficos, testes especficos para amplitude de movimento, testes
de confiabilidade, teste temporal com a eletromiografia de superfcie.
FASE 2-
PERCIA IN LOCUS
Anlise de documentos como PPRA e PCMSO, coleta de materiais audiovisuais (filmadora e
cmera digital) da atividade laboral desenvolvida pelo reclamante na reclamada e entrevista
com testemunhas.
FASE 3-
CONSTRU O DO LAUDO PERICIAL
Com todos os dados obtidos na percia clnica e in lcus, ser realizado uma anlise destes
dados, atravs de um processo programado e organizado.
Primeiramente ser feita a anlise de risco biomecnico da atividade laboral, utilizando
ferramentas mundialmente reconhecidas como: OWAS, RULA E NIOSH.
Essas ferramentas nos do a porcentagem de risco biomecnico para a sade do trabalhador
da atividade analisada. Independente do trabalhador, a ferramenta analisa o risco da atividade
em questo. Com o resultado final da ferramenta, associado ao resultado do exame clnico
pericial, conseguimos fazer a construo da existncia ou no do nexo causal.
seguir ser descrita as ferramentas para anlise do posto de trabalho que auxiliam o
fisioterapeuta do trabalho a investigar e diagnosticar as situaes em se encontra o trabalho
em uma determinada atividade laboral. Fazendo uma comparao das interpretaes de uma
anlise ergonmica e um laudo pericial.
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FERRAMENTAS ERGONMICAS EM PERCIA JUDICIAL DE DORT
MTODO OWAS
Este mtodo foi desenvolvido na Finlndia para analisar as posturas de trabalho na indstria de
ao, e foi proposto por trs pesquisadores finlandeses (KARKU, KANSI e KUORINKA: 1977)para Ovaco Oy Company em conjunto com o Instituto finlands de Sade ocupacional, seu
nome OWAS, deriva de Ovaco Working Posture Analysing System.
Eles comearam com anlises fotogrficas das principais posturas tpicas, observando o
trabalho dos refrataristas no reparo e troca da proteo refrataria dos conversores para
fabricao de aos especiais onde as posturas requeridas pelo trabalho eram muito
constrangedoras para os operrios (SANTOS: 2000).
Os pesquisadores definiram 72 posturas tpicas, que resultaram de diferentes combinaes dasseguintes posies: Dorso 4 posies tpicas; Braos 3 posies tpicas; Pernas - 7
posies tpicas, conforme o quadro abaixo.
Classe 1Postura normal dispensa cuidados, a no ser em casos excepcionais.
Classe 2Postura que deve ser verificada na prxima reviso dos mtodos de trabalho.
Classe 3Postura que deve merecer ateno a curto prazo.
Classe 4Postura que deve merecer ateno imediata.
A aplicao desse mtodo durante dois anos nas siderrgicas finlandesas levaram melhoria
das condies de trabalho, contriburam de forma relevante para remodelao de linhas de
produo e identificou e solucionou problemas h muito pendentes onde tentativas anteriores
fracassaram.
O sistema se baseia na amostragem da atividade em intervalos constantes ou variveis,
verificando-se a freqncia e o tempo gasto em cada postura. Nas amostragens soconsideradas as posies das costas, braos, pernas, uso de fora e fase da atividade aos
quais so atribudos valores consubstanciados em um cdigo de seis dgitos. O primeiro dgito
do cdigo indica a posio das costas, o segundo, a dos braos, o terceiro, a das pernas, o
quarto indica a carga ou uso da fora e o quinto e sexto dgitos, a fase de trabalho, conforme
mostrado no quadro acima (WILSON e CORLETT:1995).
Para o registro das posturas o procedimento observar o trabalho, com ateno na postura,
fora e fase do trabalho que o indivduo est executando e logo fazer o registro. Contudo, o
mais utilizado fazer fotos da seqncia de posturas ou filmes acompanhados de uma
observao direta e a partir da efetuar o registro.
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Nas atividades cclicas deve ser observado todo o ciclo e nas atividades no cclicas deve ser
observado um perodo de trinta a sessenta segundos.
Para se analisar a atividade, ou um segmento da atividade, levando em conta o tempo que o
operrio permanece em cada posio tpica usa-se um quadro que determina a categoria de
ao baseada nos parmetros e concluses dos pesquisadores e idealizadores do mtodoOWAS, que a chave para enquadrar a seqncia de posturas em anlise e determinar a
categoria de ao correspondente.
Este mtodo dispe de programa para computador denominado winOWAS que automatiza o
processo, uma vez preenchido j faz automaticamente e apresenta ferramentas grficas que
auxiliam na visualizao e anlise. O endereo na internet www.turva.me.tut.fi/owas da
Tempere University of Technology Tempere Finland.
METODO RULA
Rapid Upper Limb Assessment (RULA) desenvolvido por Lynn McAtamney e Nigel Corlett
(1993) Universidade de Nottinghan, foi descrita pela primeira vez em uma edio de 1993 da
revista Applied Ergonomics.
RULA um mtodo ergonmico utilizado para avaliar a exposio de indivduos, fora,
posturas e atividades musculares que podem ocasionar doenas ocupacionais (LER/DORT).
uma ferramenta de triagem que avalia a carga biomecnica e postural em todo o corpo, com
especial ateno para o pescoo, tronco e membros superiores. Estudos de confiabilidade
foram realizados utilizando RULA em grupos de usurios VDU e operadores de mquinas de
costura. A avaliao requer da ferramenta RULA pouco tempo para completar o placar e gera
uma lista de aes que indicava o nvel de interveno necessrio para reduzir os riscos de
leso devido carga fsica do operador. RULA se destina a ser usado como parte de um
amplo estudo ergonmico. Ela foi desenvolvida para detectar posturas de trabalho ou fatores
de risco que merecem mais ateno.
As posturas so enquadradas de acordo com as angulaes entre os membros e o corpo,
obtendo-se escores que definem o nvel de ao a ser seguido, similares aos adotados pelo
mtodo OWAS.
A uma pontuao possue 4 categorias, que indicaro os nveis de aco: 1 ou 2 pontos
(situao aceitvel); 3 ou 4 (necessidade de mais investigao); 5 ou 6 (necessidade de mais
investigao e mudana breve); 7 (investigao e mudana imediata).
McAtamney e Corlett citam que pontuaes baixas no garantem que postos de trabalho esto
livres de riscos ergonmicos e pontuaes altas no asseguram que problemas graves
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existem. uma ferramenta para detectar posturas do trabalho ou fatores de riscos que
merecem ateno.
A ltima etapa a observo da tarefa, sendo analisadas as atividades realizadas pelo
trabalhador, a sua movimentao na produo e o entendimento da tarefa que realmente ele
realiza.Para avaliao com o mtodo RULA, pode-se utilizar fotografias sequenciais, onde ser
analisado o momento em que o membro analisado atinge o ponto mximo ou extremo do ciclo
da atividade laboral.
METODO NIOSH
Em 1980, nos Estados Unidos, sob iniciativa do National Institute for Ocupational Safety and
Health NIOSH, patrocinou-se o desenvolvimento de um mtodo para determinar a cargamxima a ser manuseada e movimentada manualmente numa atividade de trabalho NIOSH
Work Practices Guide for Manual Lifting (1981).
Para isto, um grupo de pesquisadores reuniu-se para a formulao de um mtodo consistente
sobre o assunto, levantando referncias bibliogrficas de todo o mundo e concluram que este
mtodo deveria levar em conta quatro aspectos bsicos:
- o epidemiolgico > Que o estudo das doenas, sua incidncia, prevalncia, efeitos e os
meios para sua preveno ou tratamento (Barbanti, 1994).
- o psicolgico > que considera o comportamento humano numa determinada situao. No
caso do trabalho, observamos que a imposio de certas tarefas depende da aceitao do
prprio trabalhador;
- o biomecnico> levando em conta as estruturas e funes dos sistemas biolgicos, usando
conceitos, mtodos e leis da mecnica;
- o fisiolgico > estudando as funes do organismo vivo. Procurou-se por meio da fisiologia
do exerccio, estudar as funes do organismo em relao ao trabalho fsico.
Foi estabelecido um critrio no baseado em determinada carga, acima da qual seria
problemtico e abaixo da qual haveria segurana, nem se basearam em estabelecer uma
freqncia mxima, nem uma tcnica especifica para se fazer um esforo.
O mtodo utilizado estabeleceu que, para uma situao qualquer de trabalho, no levantamento
manual de cargas, existe um L.P.R. O L.P.R, uma vez calculado, compara-se com a carga real
levantada, obtendo-se ento o ndice de Levantamento (I.L).
Assim, estipula-se que se o valor do I.L for menor que 1.0, a chance de leso ser mnima e o
trabalhador estar em situao segura; se o valor for de 1.0 a 2.0, aumenta-se o risco; e se a
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situao de trabalho for maior que 2.0, aumentar o risco de leses na coluna e no sistema
msculo-ligamentar (Waters, 1993; Couto, 1995).
Segundo os pesquisadores uma carga abaixo dos limites recomendados:
- a incidncia de leses dorsais e de acidentes no aumenta significativamente;
- a carga limite induz uma fora de compresso da ordem de 350 kg sobre o disco L5-S1, quepode ser tolerado pela maioria dos trabalhadores jovens e em boas condies de sade;
- o gasto energtico ultrapassaria 240 Watts quando a tarefa superior a CLR;
- mais de 75% das mulheres e 95% dos homens so muscularmente capazes de levantar
cargas correspondentes a CLR.
FRMULA DO NIOSH
Limite de peso recomendado:
LPR = 23 x FDH x FAV x FDVP x FFL x FRLT x FQPC ou;
LPR = 23 x HM x VM x DM x FM x AM x CM
Onde o valor 23, corresponde ao peso limite ideal, quer dizer, aquele que pode ser manuseado
sem risco particular, quando a carga est idealmente colocada, compreendendo:
FDH corresponde a distncia horizontal (em centmetros) entre a posio das mos noincio do levantamento e o ponto mdio sobre uma linha imaginria ligando os dois
tornozelos. Calcula-se divindo a constante 25 pela distncia mensurada. Portanto se a
carga est 30 cm de distncia do corpo, teremos: 25/30= 0,83 (fator de multiplicao da
frmula)
FAV corresponde distncia vertical (em cm) das mos com relao ao solo no incio
do levantamento. O clculo se d por meio da frmula: 1 (0,003 x [V-75]) para
alturas at acima de 75 cm e; 1 (-0,003 x [V-75]) para alturas at 75 cm . Lembramosque os nmeros apresentados so constantes da frmula e no devem ser modificados,
cabendo apenas ao analista a mensurao da distncia das mos (na pega) no incio do
levantamento Fator V. Por exemplo, se no levantamento de uma caixa sobre um
palet de 20 cm: 1 (-0,003 x [20-75]) = 0,835 (Fator de multiplicao)
FDVP corresponde distncia vertical percorrida desde do incio do levantamento at
o trmino da ao. Sua frmula de clculo assim utilizada: (0,82 + 4,5/D); onde D a
distncia total percorrida. Muitas pessoas acabam se confundindo neste fator em
situaes em que a carga encontra-se em alturas elevadas, como por exemplo esteiras
rolantes (trabalho de sacaria). Nesta condio podemos encontrar alturas iniciais de at
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200 cm (ou 2 metros). O que fazer? Na verdade o procedimento o mesmo: se o
trabalhador apanha um saco nesta altura e leva at o palet (40 cm), teremos: altura
inicial (200) altura final (40) = distncia percorrida D (160 cm). Ai s substituir na
frmula de clculo: (0,82 + 4,5/160) = 0,85 (fator de multiplicao);
FFL o fator freqncia de levantamento obtido por meio de uma tabela pr-estabelecida. Nesta tabela deveremos observar quantas vezes o funcionrio realiza o
levantamento dentro de um minuto, a durao desta atividade e a distncia vertical (V)
em que o levantamento acontece.
FRLT o fator rotao lateral do tronco como o prprio nome sugere, verifica a rotao
em graus durante o transporte da carga. A frmula de clculo se d por: 1-(0,032 x A).
Ento se um funcionrio realiza uma pega a sua frente e leva at uma esteira lateral
esse ngulo pode aproximar-se de 90, ento: 1-(0,032 x 90) = 0,71 ser o fator declculo;
FQPC o fator qualidade de pega da carga segue alguns fatores mais qualitativos. A
figura abaixo explicita algumas recomendaes para se determinar a qualidade da pega:
ndice de Levantamento (IL) do mtodo Niosh o que determina se uma atividade apresenta
risco de leso msculo esqueltica e ainda quantifica esse risco.
Ao contrrio do que muitas pessoas imaginam, o ndice de 23 Kg amplamente difundido no aplicvel todas as situaes de trabalho encontradas; e sim o IL.
O IL nada mais do que a diviso da constante (23 kg) pela multiplicao de todos os outros
fatores como j apresentados previamente.
A interpretao dos resultados segue os seguintes parmetros:
IL menor que 1,0> condio segura chance mnima de leso; IL entre 1,0 e 2,0> condio insegura mdio risco de leso;
IL acima de 2,0> condio insegura alto risco de leso.
O Niosh um mtodo amplamente difundido e utilizado no Brasil e no mundo. Podemos citar
aqui algumas situaes em que pode ser aplicado, mas no podemos nos restringir a elas:
Anlise de postos de trabalho;
Percias ocupacionais; Priorizao de riscos entre diversos postos;
Adequao legislao;
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Simulao de projetos de melhoria
Objetivo
O objetivo deste trabalho fazer um levantamento bibliogrfico quanto utilizao de
ferramentas de anlise de risco ergonmicos, em percias judiciais in lcus, demonstrando qual
a sensibilidade de cada ferramenta, em situaes ergonmicas e segmentos corporais
diferentes, enfim a ferramenta mais adequada, posteriormente foi demonstrada tabelas
comparativas das interpretaes entre uma anlise ergonmica e um laudo pericial. Sendo as
ferramentas citadas neste artigo: NIOSH, RULA E OWAS; que so ferramentas reconhecidas
mundialmente.
Metodologia
Contextualizou-se a pesquisa realizando uma investigao bibliogrfica sobre percia judicial do
trabalho, DORT e o histrico das ferramentas ergonmicas OWAS, RULA e NIOSH, que so
mtodos de anlise dos fatores de risco ocupacionais, que podem ser aplicados em Pericia
Judicial de DORT.
Aps a reviso da literatura sobre os diversos instrumentos de anlise, procedeu-se o
comparativo das interpretaes entre uma anlise ergonmica e um laudo pericial, e a
avaliao desses instrumentos e a escala de mtodos de anlise ideais para aplicao em
Percias Judiciais em casos investigativos de DORT.
Resultados e Discusso
O trabalho influencia na postura e nas condies musculoesquelticas do trabalhador, porm
para obter essa correlao, fundamental termos instrumentao cientfica, que venham
elucidar os fatos (VERONESI,2009).
Por isso as ferramentas de anlise dos postos de trabalho so instrumentos qualitativos e/ou
quantitativos fundamentais para a anlise ergonmica do trabalho, para analisar o riscomusculoesqueltico que a atividade laboral traz para a sade do trabalhador, possvel, no
somente categorizar e quantificar as atividades laborais, como verificar as fases de maiores
riscos biomecnicos, e verificar os segmentos que esto em riscos dentro da atividade. Essa
identificao so fatores fundamentais para o estabelecimento do nexo causal e a fomentao
da concluso do laudo pericial (VERONESI, 2009).
A mesma tarefa realizada por diferentes trabalhadores nem sempre efetuada segundo um
nico protocolo. Possivelmente em funo da natureza da tarefa, pelas caractersticasneuroorganizacional de cada indivduo, das diferentes formas de execut-las e de interagir com
a organizao do trabalho, alguns indivduos apresentam problemas de sade que podem
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manisfestar-se de diferentes formas, como as doenas do sistema musculoesqueltico, entre
elas as posturais. (DUL e WEERDMEESTER, 1998 apud VERONESI, 2008).
Dessa forma, para um trabalho pericial, fundamental que se analise todas as etapas da
atividade laboral e o uso de uma ferramenta diagnstica torna mais claro e objetivo esse
trabalho (VERONESI,2009).Estudos biomecnicos demonstram que determinada postura apresenta maior vantagem em
determinada tarefa pela menor carga estrutural, menor gasto energtico, pelo menor tempo de
fadiga e menores riscos de leses. (GIL, 1999 apud VERONESI, 2008). Em contrapartida,
algumas atividades laborais, em razo da sua caracterstica operacional, proporcionam
condies contrrias, favorecendo o aparecimento da leso. essa quantificao dos riscos
biomecnicos que as atividades comportam que torna fundamental o uso das ferramentas em
trabalhos periciais (VERONESI, 2009).Em percia devemos analisar o que a atividade laboral exige do trabalhador, e no analisar o
que o trabalhador realiza. Quando falamos em atividade laboral, estamos falando em
movimentos realizados em determinada postura de trabalho e a caracterstica que gera uma
ao (amplitude de movimento, tipo de contrao, tipo de alavancas, tempo de durao e ciclo
de movimento), para entender a atividade laboral que est em anlise na percia judicial.
As ferramentas de anlise ergonmica citadas neste trabalho possuem grande importncia na
elaborao do laudo pericial, que sero utilizadas conforme a atividade de trabalho realizada e
a regio que se deseja avaliar, proporcionando assim uma prova bem fundamentada para
expor a existncia ou no de nexo de causa.
Ressaltando sempre que as ferramentas ergonmicas so mtodos auxiliares e no podem ser
fator conclusivo em trabalhos periciais com anlise ergonmica da atividade laboral.
A Ferramenta OWAS, a mais antiga das ferramentas, sendo um modelo simples para
registro e anlise de posturas corporais em situaes ocupacionais. Avalia diferentes
segmentos do corpo: membros superiores (trs posies), membros inferiores (sete posies)
e coluna vertebral (quatro posies). Cada posio analisada refere-se a um nmero que deve
ser assinalado no menu da folha de registro. Aps completar o registro, esses valores so
lanados em uma tabela de inter-relao dos dados, chegando assim a uma classificao
geral, a qual pode ser interpretada em quatro categorias de anlise, as quais indicam a
necessidade de interveno daquela postura e o risco de leso biomecnica para cada
categoria (GIL, 1999, apud VERONESI, 2008).
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Quando utilizado no trabalho pericial, analisado o conjunto postural de maior sobrecarga
biomecnica que a atividade exige do trabalhador e consequentemente exigiu para o
reclamante e fazer a anlise tendo em vista essa situao. (VERONESI, 2010)
Na percia ela analisa de forma relativamente rpida um grande nmero de posturas,
identificando assim as mais crticas que tenham riscos de leses, utilizada principalmente naavaliao de riscos da coluna lombar, especialmente em atividades que exigem movimentos de
flexo lombar. Durante a anlise, so consideradas as posturas relacionadas s costas,
braos, pernas e carga manuseada pelo trabalhador ou reclamante. Cada segmento
receber uma pontuao correspondente condio biomecnica que a atividade laboral
proporcionar. Esses dados so lanados em tabelas pr-definidas e com o cruzamento
dessas informaes, chega-se a um resultado final. O resultado final dado por meio de
nmeros, onde cada um tem uma interpretao especfica, tento para anlise ergonmica,quanto para anlise pericial.
Abaixo segue uma tabela comparativa entre uma anlise ergonmica e um laudo pericial
usando a ferramenta OWAS. (VERONESI, 2009)
RESULTADO FINAL INTERPRETAO
ERGONMICA
INTERPRETAO
PERICIAL
1 No so necessrias medidas
corretivas.
Sem riscos de leso.
2 So necessrias correes
em futuro prximo.
Riscos mnimos de leso
(25% - 50%)
3 So necessrias correes
to logo quanto possvel.
Riscos moderados de leso
(50% - 75%)
4 So necessrias correes
imediatamente.
Riscos mximos de leso
(75% - 100%)
A Ferramenta RULA um mtodo de avaliao ergonmica rpida para identificar o nvel de
risco ergonmico de indivduos, fora, trabalho muscular esttico, amplitude de movimento,
posturas e atividades musculares. Em percia ideal na anlise de atividades que exigem
repeties de membros superiores, pois avalia cada segmento separadamente. Para facilitar o
registro o corpo foi dividido em dois grupos, A e B: o grupo A formado pelo membro superior
(brao, antebrao e punho); o grupo B formado pelo pecoo, troco e pernas. adotada uma
pontuao a cada movimento de cada segmento, onde o nmero 1 representa a pontuao
mnima equivalente quele movimento ou quela postura de menor risco, enquanto vai
aumentando a pontuao, aumentando o risco de leso. Para cada articulao, existem
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condies que podem agravar ou atenuar o risco envolvido, chamadas de ajustes.Nas
condies que podem aumentar o risco de leso, acrecido 1 ponto; por outro lado,
subtraido 1 ponto das condies atenuantes. O trabalho muscular esttico ou repetitivo
considerado pela ferramenta RULA como atividade muscular de riscos msculoesquelticos. A
contrao considerada esttica, quando permanece sem movimentopor mais de 1 minutopara execuo de tarefas e consederada repetitiva quando ocorrem 4 movimentos ou
repeties por minuto (VERONESI,2009).Aps as anlises e pontuaes dos segmentos
corporais, elas so transportadas para tabelas pr-definidas pela ferramenta. feito o
cruzamento dos dados em cada tabela de cada bloco, obtendo-se assim um resultado parcial
representando cada bloco. Esse resultado parcial de cada bloco lanado em uma terceira
tabela e, no cruzamento desses resultados parciais, obtido o resultado final. O resultado final
uma interpretao correspondente ao rsco musculoesqueltico dos membros superiores.(GIL,1999 apud VERONESI,2008). Abaixo segue uma tabela comparativa entre uma anlise
ergonmica e um laudo pericial usando a ferramenta RULA. (VERONESI, 2009)
RESULTADO FINAL INTERPRETAO
ERGONMICA
INTERPRETAO
PERICIAL
1 ou 2 Anlise aceitvel. Sem riscos de leso.
3 ou 4 Necessita de investigaes
das informaes em breve.
Riscos mnimos de leso
(25% - 50%)
5 ou 6 Necessita de investigaes
das informaes e
modificaes o mais rpido
possvel.
Riscos moderados de leso
(50% - 75%)
7 Necessita de investigaes
das informaes e
modificaes imediatamente.
Riscos mximos de leso
(75% - 100%)
A Ferramenta NIOSH, mtodo para determinar a carga mxima a ser manuseada e
movimentada manualmente numa atividade de trabalho; em percia judicial aplicado para
analisar as condies biomecnicas em atividade de levantamento e transporte de carga exige,
associado com o peso de manuseio; essa ferramenta analisa principamente o risco
musculoesqueltico para a coluna lombar em atividades de levantamento e transporte de
cargas como descritas acima. Leva em considerao quatro aspectos bsicos:
epidemiolgicos, psicolgicos, biomecnicos e fisiolgicos. O mtodo propem o Limite de
Peso Recomentado (L.P.R) e o ndice de Levantamento (I.L). O limite de peso recomentado
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(L.P.R) significa o peso que deve ser manipulado nas caractersticas ergonmicas,
organizacionais e de modo operatrio da atividade analisada. O ndice d Levantamento (I.L) o
resultado final da ferramenta NIOSH, em que cada valoradquirido possui uma correlao de
rsico de leso msculoesqueltico da regio lombar. O ndice de Levantamento adquirido por
meio da diviso da carga real levantada com o Limite de Peso Recomendado encontrando naequao do NIOSH. (VERONESI,2009)
Assim calcula-se que se o valor do I.L for menor do que 1.0, a chance de leso ser mnima e
o trabalhador estar em situao segura; se o valor for de 1.0 a 2.0, aumenta-se o risco; e se a
situao de trabalho for maior que 2.0, aumenta o risco de leso de colun e no sistema
msculo-ligamentar (COUTO,1995). Pode-se fazer uma adequao na interpretao do NIOSH
para ser utilizadas nos laudos cinesiolgicos-funcionais em percias judiciais e em laudos
ergonmicos. Essa adequao foi dada tomando como base o I.L2, que corresponde a 100%de rsco de leso musculoesqueltico da regio lombar. A partir dessa referncia foi utilizada
uma correlao matemtica para adquirir as porcentagens dos outros resultados finais do I.L,
como demosntra a tabela abaixo (VERONESI,2009).
RESULTADO FINAL (I.L) INTERPRETAO PORCENTAGEM DE
RISCOS
0 0,9 Risco mnimo 25%
1 1,5 Risco moderado 50%
1,6 2,0 Risco mximo 100%
3,0 Acima do risco mximo 150%
4,0 Acima do risco mximo 200%
Consideraes finais: no presente levantamento bibliogrfico notou-se grande carncia de
materiais de estudo em pericia judicial, especialmente da aplicabilidade de ferramentas
ergonmicas em pericias judiciais trabalhistas.
Referncias
COUTO, H.A: Gerenciando a LER e os DORT nos tempos atuais. Belo Horizonte, 2007.
MCATAMMEY, L.; CORLLET, E.N. RULA: A survey method for investigation of work releated
upper limb disorders. Applied Ergonomics, 1993.
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Mtodo RULA: IN. Apostila do Curso de Atualizao em Ergonomia do Centro de Estudos
Augusto Leopoldo Ayrosa Galvo do Departamento de Medicina Social da FCM da Santa Casa
SP. So Paulo: CEALAG, 2006.
RULA:Rapid Upper Limb Assessment. Desenvolvido pela OSMOND, Ergonomic WorkplaceSolutions. Apresenta sistemas de avaliao de riscos ergonmicos.
Disponvel em: . Acesso em: 06 maio. 2010.
VERONESI, J.R.J: Percia Judicial para Fisioterapeutas. So Paulo, 2008.
VERONESI, J.R.J: Fisioterapia do Trabalho:Cuidando da Sade Funcional do Trabalhador. So
Paulo, 2008.
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