Apostila Metalografia(Revisada)

Preview:

DESCRIPTION

Metalografia

Citation preview

2

Página 1 de 17

Laboratório de Metalografia e Ensaios dos Materiais

METALOGRAFIA

Introdução

Metalografia é o ramo da metalurgia que estuda as estruturas, as

propriedades dos metais e suas ligas, e relaciona a composição química com

as propriedades físicas e mecânicas.

O exame metalográfico procura relacionar a estrutura do material com

as propriedades físicas e com o processo de fabricação, sendo que este

exame pode ser:

Macrográfico

Micrográfico

1- MACROGRAFIA

1.1 Objetivo

Obter uma informação ampla da peça, facilitar a micrografia e

determinar a região crítica para análise detalhada.

A macrografia consiste no exame do aspecto de uma superfície plana

seccionada de uma peça ou amostra metálica, devidamente polida e atacada

por um reagente adequado. Por seu intermédio tem-se uma idéia de

conjunto, referente à homogeneidade do material, à distribuição e natureza

de falhas, impurezas; ao processo de fabricação. Algumas das

heterogeneidades mais comuns nos metais:

Vazio, causado pelo resfriamento lento;

Página 2 de 17

Forma Irregular de segregação

Segregação, causadas pelas impurezas e outros metais;

Dendritas, formação de grãos de vários tamanhos;

Trincas, devido às tensões excessivas no resfriamento;

Regiões alteradas termicamente na soldagem;

Estrutura colunar devido ao processo de soldagem e solidificação

após fusão;

1.2 Seleção da amostra

1.2.1 Cuidados a observar:

Saber o que realmente o cliente deseja e o fim a que se destina a

peça

Em qualquer hipótese é altamente prudente proceder a um exame

detido da peça sob diversos pontos de vista, como o aspecto da fratura, a

existência de marcas de pancadas, gripamentos, vestígios de soldas,

azulamento por aquecimento, porosidades, rebarbas, trincas, polimentos

locais, enferrujamento, corrosões, desgastes, marcas punçonadas,

Página 3 de 17

entortamentos, etc., antes de determinar cortes ou extração de amostras ou

de corpos de prova.

Na apreciação dos sinais encontrados, é preciso muita atenção para

não confundir aqueles que possivelmente já existiam na peça, antes do

evento que deu motivo ao estudo, e que podem conduzir a alguma pista para

as investigações, com os que possam ter sidos ocasionados pela aplicação

de ferramentas para retirar a peça de onde estava instalada, ou então,

ocasionados por quedas, ou durante o transporte.

1.3 Preparação da amostra

a) Escolha da secção a ser estudada;

Defeitos e possíveis causas durante a operação de corte

b) Preparação da superfície (lixamento/polimento);

c) Ataque com reagente químico adequado;

d) Interpretação dos resultados;

e) Documentação;

Escolha da secção:

Página 4 de 17

I- Transversal (Macro)

Naturezas do material;

Homogeneidade da secção;

Intensidade da segregação;

Forma de disposição das bolhas;

Existência de restos de vazios;

Profundidade e uniformidade da carbonetação;

Profundidade de descarbonetação;

Profundidade de têmpera;

Inclusões;

II- Longitudinal (Macro)

Processos de fabricação;

Análise de cordão de solda;

Caldeamento;

Preparação da superfície

Cuidados:

Mudança da estrutura;

Aquecimento não superior a 100ºC;

Pressão excessiva (encruamento);

Lixamento;

Ataque químico.

Obs.: Em função de variações estruturais ou químicas o material será

mais ou menos atacado.

Embutimento

A quente: As resinas para embutimento a quente

apresentam baixa viscosidade, contração, boa adesão à

amostra e resistência a ação de agentes químicos, bem

como propriedades mecânicas adequadas para aplicações

específicas.

Página 5 de 17

A frio: São resinas auto-polimerizáveis, com propriedades químicas e

mecânicas para atendimento das mais diversas necessidades de

embutimento, metalográfico, mineralógico, cerâmico e petrográfico.

Precauções:

Quantidade de material;

Temperatura e pressão do trabalho;

Tempo de aquecimento e refrigeração do equipamento.

Lubrificação;

Granulometria;

Lixamento

Objetivo

Eliminar as imperfeições da superfície da

amostra (ex.: oxidação, rebarbas, arranhados

profundos, etc.).

Pode ser, de acordo com:

- Operação (manual ou mecânico)

- Meio (a seco ou úmido)

Para a preparação de uma superfície plana,

isenta de deformações plásticas e mecânicas é

necessário um correto lixamento,

deve-se começar da lixa mais grossa

para a mais fina, mudando a direção

do lixamento em 90º.

Página 6 de 17

O ataque

Objetivo:

Revelar a microestrutura e os constituintes da amostra, possibilitando

maior entendimento das suas propriedades.

O ataque pode ser por:

Imersão

Aplicação

Impressão direta (Impressão de Baumann)

Quanto ao tempo:

Longo ou profundo

Rápido ou superficial

Quanto à temperatura:

A frio

A quente

Interferências no comportamento do ataque:

Variação da composição do material (concentração de impurezas);

Variação de estrutura (deformação a frio);

Variação de cristalização (granulometria grosseira, textura acicular,

gradiente térmico);

Principais reagentes para a macrografia:

I. Iodo;Página 7 de 17

II. Acido Sulfúrico;

III. Heyn (Cloreto Cupro-Amoniacal);

IV. Acido clorídrico;

V. Fry (Acido clorídrico + Água + Cloreto Cúprico)

Principais reagentes para a micrografia

Nota: Estes reagentes são basicamente soluções diluídas de ácidos

orgânicos ou inorgânicos, álcalis, ou outras soluções de natureza complexa.

Como foi verificado anteriormente, a seleção final de uma solução, para fazer

parecer um desenvolvimento da estrutura, depende da composição e

condições estruturais do metal ou da liga.

Página 8 de 17

1.11 Tempo de Ataque

I. Fator importante para o ataque correto a um corpo de prova é a

seleção do reagente que melhor se adapte à composição química e à

condição física do metal;

II. Controle conveniente do tempo de ataque para que se produza um

grau de contraste apropriado entre os diferentes componentes da

estrutura.

III.Limpeza da superfície atacada.

OBS: O tempo de ataque depende da estrutura em questão e da

ampliação que se deseja na fotografia. Conforme o reagente escolhido, o

tempo de ataque variará de poucos segundos até alguns minutos, ou dias.

1.12 Recomendações:

Não atacar mais que o necessário para fazer aparecer o detalhe

significativo;

Um grau de contraste satisfatório para uma micrografia com pequeno

aumento é geralmente excessivo para uma melhor definição da estruturas

em ampliações muito maiores;

Desejando-se um alto contraste, é preferível obtê-lo por meios

fotográficos a recorrer a um ataque profundo, pois este ocultará os

detalhes mais finos da estrutura;

Se um corpo de prova for insuficientemente atacado (pouco contraste), é

preferível poli-lo novamente no disco acabador e atacá-lo novamente com

ácido superior, a um ataque já levado a efeito, outro posterior;

Não tocar com coisa alguma numa superfície já atacada e fotografá-la

logo após o ataque.

INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS (Macro)

Quando a estrutura ataca mais:

Regiões encruadas;

Regiões temperadas ou temperadas e revenidas;

Granulação grosseira;

Quando a composição química ataca mais:

Regiões com maior teor de carbono;Página 9 de 17

Regiões com maior teor de fósforo;

Regiões com maior quantidade de inclusões não metálicas,

principalmente enxofre e fósforo;

1.1.1. IDENTIFICAÇÃO

Técnica de polimento, repolimento e ataque, servem para definir o

defeito:

Regiões ricas em carbono desaparecem com um leve repolimento;

Regiões ricas em impurezas, principalmente inclusões de S e P,

sofrem um ataque profundo escurecendo mais, permanecendo assim

mesmo após um leve polimento;

Regiões com granulação grosseira aparecem como mosaicos de lado

escuro (parte clara e parte escura);

Regiões com têmpera branda ou temperadas e revenidas, ficam mais

brilhantes que o resto da amostra após um repolimento;

Região encruada retira-se todo o ataque, com o polimento;

11.2 Interpretação das Micrografias

A correta interpretação das texturas que ocorre nos materiais é

matéria que requer larga experiência do operador. Dentre as inúmeras

estruturas, citamos:

11.2.1. Inclusões

a) Fósforo

Localiza-se na ferrita e somente pode ser observada ao microscópio

quando o seu teor estiver acima de 1%. Forma estrias claras, pois

expulsa o carbono dessas regiões. A presença de fósforo causa

fragilidade aos aços e também melhora a usinabilidade;

b) Enxofre

Forma sulfeto de manganês a 1100oC, apresentando-se sob a forma

de polígonos, glóbulos ou formas arborescentes de coloração

cinzenta. O sulfeto de ferro geralmente não aparece nos aços

Página 10 de 17

comuns; caso aconteça, terá coloração amarelada. A presença de

enxofre nos aços facilita a usinabilidade.

c) Manganês

Semelhante ao enxofre

d) Silício

O silício não é detectado ao microscópio.

e) Alumínio

Usado como desoxidante nos aços. Forma com o oxigênio

Al2O3 (alumina) que se apresenta ao microscópio sob a forma de

partículas negras esparsas ou agrupadas.

11.2.2. Microconstituintes

a) Ferrita

Página 11 de 17

Solução sólida de carbono no ferro alfa- Origina-se na zona crítica- É

a forma estável a temperatura ambiente.

Apresenta-se ao microscópio em grãos claros com finos contornos

pretos.

Identificação Metalográfica

Apresenta-se ao microscópio como grãos brancos com finos

contornos pretos. Arranha e deforma-se facilmente- Arestas arredondadas. É

fortemente atraída pelo ímã

b) Cementita

Carboneto de ferro Fe3C

Apresenta-se clara com contornos pretos, chega a riscar o vidro.

Identificação metalográfica

Apresenta-se como uma só massa e não mostra subdivisão em

grãos. Não é riscada, se apresenta precipitada, forma um abaulamento.

Possui cor amarelada. Brilho intenso. Forma bastonetes ou nódulos.

Atacada com picrato de sódio em ebulição se torna escura diferenciando da

ferrita.

c) Perlita

Corresponde a lamelas de ferrita (88%) e cementita (12%). As

lamelas podem ser planas, curvas ou ondeadas. A perlita se

apresenta escura ao microscópio.

Agregado mecânico e que ocorre abaixo de 723oC (Linha A1).

As lamelas são mais ou menos paralelas podendo ser planas,

curvas ondeadas, etc.. O afastamento entre elas depende, entre

outros fatores, da velocidade de resfriamento e do ângulo segundo o

qual o grão de perlita é cortado. Dureza é intermediária entre ferrita

e cementita. Proporção de ± 1 de cementita para 6 de ferrita. Formas

mais comuns lamelas ou grânulos. Em determinadas condições pode

apresentar-se sob outras formas.

Identificação metalográfica

Página 12 de 17

Em aços com baixo carbono se localiza em geral nos contornos da

ferrita, aumentando-se a %C este quadro vai se modificando até se tornar o

constituinte principal. São envolvidos ou quase, por rede de ferrita ou

cementita. Possui coloração marrom, verde ou preta, dependendo do ataque

(reagente e tempo), aumento de observação e estrutura da perlita. As

lamelas só podem ser vistas com ampliações de mais de 200 X. Forma grãos

d) Martensita

Apresenta ao microscópio aspecto acicular e escuro.

11.3 Procedimentos de Exame ao Microscópio

Observar os seguintes cuidados ao trabalhar com o microscópio:Página 13 de 17

iniciar a observação com a objetiva de menor ampliação;

o foco para o microscópio monoscópico é conseguido aproximando-se a

objetiva o mais possível da amostra, tomando-se o máximo de cuidado para

que não haja colisão entre esses elementos e em seguida, com um dos

olhos na ocular, afastar lentamente o canhão. Quando o objeto estiver com

em foco, utilizar o parafuso de ajuste fino.

se o microscópio utilizado é estereoscópico, ajustar primeiro o foco com o

olho direito, conforme o procedimento anterior e posteriormente ajustar a

dioptria do olho esquerdo utilizando-se do ajuste colocado na própria ocular

esquerda;

ao mudar-se de objetiva, afastar o canhão do microscópio da amostra

para evitar colisão das lentes das objetivas com a amostra;

1. Cada estudante examinará duas amostras preparadas:

por ele próprio

por um dos componentes do seu grupo de trabalho

Examinar inicialmente a amostra no microscópio estereoscópico, em

que se tem uma imagem tridimensional da superfície, podendo-se diferenciar

os grãos e as partículas de impurezas;

2. Utilizando microscópio monoscópico, observar nas ampliações

disponíveis, os vários aspectos estruturais do material;

3. Determinar o tamanho de grão ASTM e o tamanho do grão médio para

cada uma das amostras;

4. Caso haja disponibilidade de câmera fotográfica, registrar cada uma das

amostras na ampliação mais significativa, identificando por comparação com

as fotomicrografias disponíveis, o material em observação. Caso não haja

disponibilidade da câmera, desenhar cada uma das amostras observadas

nas mesmas condições anteriores;

5. Caso haja disponibilidade do microdurômetro, efetuar a medida da dureza

Vickers em pelo menos dois pontos em cada uma das amostras.

Página 14 de 17

12 Relatório

Preparar e apresentar um relatório não são tarefa das mais simples; é,

porém a síntese de um trabalho realizado. A forma de demonstrar o quê e

como determinada tarefa foi desenvolvida.

Ao longo do curso, e também da carreira, os técnicos, tecnólogos e

engenheiros (sem falar nas outras áreas não tecnológicas), preparam um

sem número de relatórios descrevendo tarefas, trabalhos, projetos.

12.1 Preparação

Antes de iniciar o relatório, deve-se ter certeza que se sabe, entre

outras:

a) o propósito do relatório

b) quem lerá o relatório

c) por que o relatório será lido

d) qual o nível de conhecimento do leitor sobre a matéria

e) quais as informações devem ser incluídas Quanto maior o conhecimento

desses quesitos, as chances de se ter sucesso na comunicação escrita.

Os dados devem ser coletados à medida que o experimento é

realizado, tomando-se notas sobre cada uma das fases realizadas quanto ao

cumprimento correto e completo das mesmas. Recomenda-se a leitura do

texto na página da internet:

12.2 Requisitos

Os relatórios devem ser apresentados impressos (caso seja

manuscrito, caligrafia técnica será sempre exigida) em papel formato A4

recortado (210mm x 297mm), em somente uma das faces de cada folha,

numerada. O relatório será escrito no formato mostrado nos anexos 1 e 2,

sendo apresentados nas datas marcadas, impreterivelmente.

Página 15 de 17

Figura 20 - Aço com 0,5% de carbono. Ataque: nítrico, 1.250x. Ferrita primária (parte branca) em rede

preenchida com ferrita acicular e perlita.

12.3 Conteúdo Mínimo

Cada experimento realizado corresponderá um relatório

individualizado para cada Aluno, cujo conteúdo deverá ser composto por,

pelo menos:

1. Título do experimento;

2. Objetivo;

3. Introdução teórica;

4. Equipamentos, instrumentos e materiais utilizados;

5. Norma(s) aplicável (eis);

6. Descrição do corpo de prova;

7. Descrição do procedimento de ensaio;

8. Dados obtidos;

9. Memória de cálculo;

10. Resultados;

11. Comentários e conclusões.

Figuras, fotografias e outros elementos gráficos devem ser utilizados

sempre que possível para melhor descrição de cada um dos tópicos

abordados. Um índice sumário deve constar do relatório e todas as folhas

devem estar numeradas. Complementos como anexos e apêndices devem

constar do índice sumário. O relatório deverá estar assinado pelo

responsável pela sua elaboração, caso contrário, não terá validade.

Página 16 de 17

Referências1. COLPAERT, H. Metalografia dos produtos siderúrgicos comuns. São Paulo, SP. Ed. da Universidade de São Paulo, 1974

2. COSTA E SILVA, A. L. e MEI, P. R. Aços e ligas especiais. Sumaré, SP. ELETROMETAL Metais Especiais, 1988.

3. CHIAVERINE, Vicente

4. Novo Telecurso 2000

5. Apostila do SENAI

Página 17 de 17