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BOAS PRaacuteTICAS AGROPECUaacuteRIAS REdUzEm
AS EmISSotildeES dE GEE E AUmEnTAm A PROdUccedilatildeO dE
CARnE nA AmAzocircnIA
O Imaflorareg eacute uma organizaccedilatildeo
brasileira sem fins lucrativos
criada em 1995 para promover a
conservaccedilatildeo e o uso sustentaacutevel
dos recursos naturais e para ge-
rar benefiacutecios sociais nos setores
florestal e agropecuaacuterio
PREFAacuteCIO
PRODUCcedilAtildeO DE CARNE BOVINA E MUDANCcedilAS CLIMAacuteTICAS
METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL DO PROGRAMA NOVO CAMPO
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl do ProgrAmA noVo cAmPo
REFEREcircNCIAS
RESULTADOS E CONCLUSOtildeES
ANEXOS
04
10
17
30
47
45
52
IacutendICE
A agropecuaacuteria brasileira eacute uma das mais importantes produto-
ras de alimento do mundo Entretanto tem enfrentado um du-
plo desafio aumentar sua produccedilatildeo para atender uma popula-
ccedilatildeo em crescimento e reduzir suas emissotildees de gases de efeito
estufa (GEE) para mitigar as mudanccedilas climaacuteticas globais
Os desafios tem sido pauta de compromissos climaacuteticos mun-
diais como o que ocorreu na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-
21) em Paris em 2015 e que culminou com o Acordo de Paris
Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro se comprometeu a recupe-
rar 15 milhotildees de hectares de pastagens degradadas e expandir
outros 5 milhotildees de hectares de sistemas produtivos integrados
como estrateacutegia para reduzir as emissotildees de GEE nacionais
ateacute 2030
4
Contudo satildeo limitadas as evidecircncias de como um conjunto
de praacuteticas agropecuaacuterias afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as
emissotildees de GEE em propriedades rurais brasileiras O
tem trabalhado para suprir essa lacuna de informaccedilotildees ava-
liando iniciativas regionais jaacute estabelecidas e que promovam
sistemas de produccedilatildeo mais sustentaacuteveis conciliando produccedilatildeo
e conservaccedilatildeo
No presente trabalho o apresenta estimativas do balan-
ccedilo de GEE durante a intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da produccedilatildeo
pecuaacuteria na Amazocircnia aplicadas agrave anaacutelise do Programa Novo
Campo uma iniciativa que atua em fazendas de pecuaacuteria de
corte no estado do Mato Grosso Promovendo a gestatildeo integra-
da da propriedade rural o programa fomenta a adoccedilatildeo progres-
siva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Gado de Corte (BPA)
da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel
(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS)
Essa anaacutelise mostra que o potencial de reduccedilatildeo de emissotildees de
GEE das fazendas participantes do programa alcanccedilaraacute cerca
de 50 por hectare e 90 por quilograma de carne produzida
com elevaccedilatildeo da produccedilatildeo de carne em cinco vezes Apenas nos
dois primeiros anos de melhorias nas praacuteticas agropecuaacuterias em
5
propriedades com elevada taxa de degradaccedilatildeo de pastagens
o programa jaacute proporcionou aumento da produccedilatildeo de carne de
quase 100 e reduziu as emissotildees de GEE em 25 por hectare
de pastagem e em 60 por quilograma de carne produzida
Esses resultados satildeo consequecircncia de uma estrateacutegia que ini-
cialmente recuperou cerca de 10 da aacuterea de pastagem das
propriedades participantes Essa proporccedilatildeo representa qua-
se 500 dos 3500 ha de pastagens degradadas cobertas pelo
programa - dos quais 190 ha foram reformados com sistema
de Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria (iLP) Adicionalmente essa
estrateacutegia introduz e aperfeiccediloa praacuteticas como o pastejo rota-
cionado teacutecnicas de suplementaccedilatildeo sanidade e reproduccedilatildeo
animal e sistemas de gestatildeo para a sustentabilidade das pro-
priedades como um todo
A avaliaccedilatildeo feita pelo mostra que a estrateacutegia ado-
tada pelo Programa Novo Campo tem conduzido os niacuteveis
de emissatildeo de GEE das fazendas participantes a patamares
similares aos encontrados em outras localidades do mundo
com alta eficiecircncia de produccedilatildeo como Nova Zelacircndia Uniatildeo
Europeia e Estados Unidos
Este trabalho tambeacutem mostra o potencial e a capacidade da
pecuaacuteria de corte em reduzir suas emissotildees de GEE e aumen-
tar a produccedilatildeo de proteiacutena animal podendo subsidiar produ-
tores na adoccedilatildeo de boas praacuteticas em larga escala Ao mesmo
tempo tambeacutem deve auxiliar tomadores de decisatildeo consumi-
dores e demais atores da cadeia da carne quanto agrave importacircn-
cia da produccedilatildeo sustentaacutevel em escala para a manutenccedilatildeo do
clima e atendimento a demanda por alimentos
O trabalho apresentado pelo reforccedila a coerecircncia das
metas propostas pelo governo brasileiro para reduccedilatildeo das
emissotildees nacionais Mas tambeacutem alerta tomadores de deci-
satildeo para o desafio de ampliar a assistecircncia teacutecnica e a di-
fusatildeo de tecnologia ao produtor rural Somente a reforma de
pastagens natildeo seraacute suficiente - eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo
de sistemas de gestatildeo que incluam um conjunto de boas praacute-
ticas agropecuaacuterias em escala no Brasil para que as metas
sejam alcanccediladas
Conselho Diretor
Adalberto Veriacutessimo
Andreacute Villas-Bocircas
Maria Zulmira de Souza
Seacutergio Esteves
Maria Celia M Toledo Cruz
Tasso Rezende de Azevedo
Ricardo Abramovay
Conselho Consultivo
Maacuterio Mantovani
Marcelo Paixatildeo
Marilena Lazzarini
Rubens Mendonccedila
Conselho Fiscal
Adauto Tadeu Basiacutelio
Erika Bechara
Rubens Mazon
Sec Executiva
Laura de Santis Prada
Roberto Palmieri
Comunicaccedilatildeo
Priscila Mantelatto
Marina Jordatildeo
Faacutetima Nunes
Diuliane Silva
Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola (Imaflorareg)
Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia Marina Piatto Ciniro Costa Junior - Piracicaba SP Imaflora 2016 68 p 21 x 28 cm
ISBN 978-85-98081-86-1
1 Agropecuaacuteria brasileira 2 Emissotildees de GEE 3 Cadeia de valor - Carne 4 Amazocircnia Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia
RealizaccedilatildeoInstituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Imaflorareg
Coord do estudoMarina Piatto
AutoresCiniro Costa JuniorMarina Piatto
RevisatildeoEduardo Assad Embrapareg
Susian Martins FGV-EESP GV-AGROreg
FotografiaAcervo Imaflorareg
Instituto Centro de Vida ICVreg
Projeto graacutefico e infografiaThiago Oliveira Basso Obassreg
Apoio financeiroMoore Foundationreg
GTPSreg
Essa licenccedila natildeo vale para fotos e ilustraccedilotildees que permanecem em copyright Nota inserida na contracapa
produccedilatildeo de carne bovina
e mudanccedilas climaacuteticas
11
O BRASIl aleacutem de possuir o maior rebanho comercial do mundo eacute tambeacutem um dos
maiores produtores consumidores e exportadores de carne bovina Da atual produccedilatildeo de
carne brasileira (oito milhotildees de toneladas anuais) 75 eacute consumida internamente e o
restante eacute exportado principalmente para paiacuteses da Europa e da Aacutesia (IBGE ABIEC sd)
Com esses nuacutemeros o Valor Bruto da Produccedilatildeo (VBP) da carne bovina foi estimado em
R$ 704 bilhotildees para 2015 (atraacutes apenas do complexo da soja) tornando-se assim um dos
principais setores da economia do paiacutes (BRASIL 2015a) Aleacutem disso essas posiccedilotildees ten-
dem a se manter com a projeccedilatildeo de aumento de produccedilatildeo de 25 para suprir demandas
por carne na proacutexima deacutecada (BRASIL 2015b)
Por outro lado a criaccedilatildeo de bovinos de corte eacute tambeacutem uma das principais fontes de
emissatildeo de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil ndash em 2015 foram emitidos 274
MtCO2e por essa atividade Nesse mesmo ano o paiacutes todo emitiu cerca de 1900 Mt-
CO2e sendo que o setor de agropecuaacuteria contribuiu com 22 dessas emissotildees
(425 MtCO2e) Assim a quantidade de GEE emitida apenas pela pecuaacuteria de cor-
te representa 65 das emissotildees do setor agropecuaacuterio e 15 das emissotildees do paiacutes
atualmente (SEEG sd) Existem ainda as emissotildees de GEE devido a degradaccedilatildeo dos
solos de pastagens estimada em aproximadamente 200 MtCO2e mas que ainda natildeo satildeo
computados no inventaacuterio nacional (SEEG 2016)
O impacto da atividade pecuaacuteria seria reduzido caso o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo
fosse melhorado Estima-se que a produccedilatildeo de carne bovina no Brasil pode ao menos do-
brar utilizando as aacutereas de pastagem jaacute existentes (STRASSBURG et al 2014) Com baixa
exploraccedilatildeo de seu potencial as aacutereas de pastagem tornam-se susceptiacuteveis a degradaccedilatildeo
Com isso estima-se que hoje existem entre 40 e 50 milhotildees de hectares de pastagens
degradadas no Brasil (Eduardo AssadEmbrapa-Comunicaccedilatildeo Pessoal)
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2030 com as atuais ten-
decircncias de produtividade (IBGE sd) seria necessaacuterio aumentar seu rebanho em torno
de 15 (30 milhotildees de cabeccedilas) Nesse contexto acredita-se que apenas os estados da
Amazocircnia comportariam 40 desses animais adicionais (BARBOSA et al 2015) Com
isso haacute um alerta para a potencial conversatildeo de aacutereas nativas e degradaccedilatildeo de aacutereas jaacute
estabelecidas para acomodar esses animais excedentes
12
Nesse sentido a produccedilatildeo de carne bovina brasileira tem sido foco de preocupaccedilotildees
quanto o seu atual e futuro impacto nas mudanccedilas climaacuteticas globais Tanto eacute que se
tornou o tema central nas metas de reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE apresentadas pelo Brasil
na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) realizada em Paris em 2015 evento global que
culminou com maior acordo climaacutetico global jaacute visto o Acordo de Paris (BRASIL 2015c d)
De acordo com o decreto que regulamenta a
Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima ndash
PNMC (BRASIL 2010) o Brasil oficializa um
compromisso voluntaacuterio de reduzir suas emis-
sotildees de GEE entre 361 e 389 ateacute 2020 com-
paradas aos niacuteveis de 2005 Para cumprir essa
meta o decreto tambeacutem prevecirc a elaboraccedilatildeo
de Planos Setoriais com a inclusatildeo de accedilotildees
indicadores e metas especiacuteficas de reduccedilatildeo de
emissotildees e mecanismos para a verificaccedilatildeo do
seu cumprimento para guiar cada setor
O plano setorial para a Agricultura eacute chama-
do de Plano ABC (BRASIL 2012) Esse plano
tem abrangecircncia nacional e seu periacuteodo de vi-
gecircncia eacute de 2010 a 2020 sendo composto por
seis programas relacionados a tecnologias de
mitigaccedilatildeo
1 Recuperaccedilatildeo de 15 milhotildees de
hectares de pastagens degradadas
2 Expansatildeo de 4 milhotildees de hectares de
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta
(iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs)
3 Expansatildeo de 8 milhotildees de hectares
de Sistema Plantio Direto (SPD)
4 Introduccedilatildeo da Fixaccedilatildeo Bioloacutegica
de Nitrogecircnio (FBN) em 55
milhotildees de hectares
5 Expansatildeo de florestas plantadas
em 55 milhotildees de hectares
6 Tratamento de 44 milhotildees
de m3 dejetos animais
Enquanto isso na 21ordf Conferecircncia das Partes
(COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees
Unidas sobre Mudanccedila do Clima realizada em
novembro de 2015 em Paris reuniu 195 paiacuteses
e culminou na elaboraccedilatildeo do Acordo de Paris
Esse acordo tem objetivo de conter o aumento
Acordos climaacuteticos e A AgropecuaacuteriA brAsileirA
13
da temperatura meacutedia global em bem menos
do que 2oC acima dos niacuteveis preacute-industriais
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da
soma de esforccedilos desses 195 paiacuteses incluindo
o Brasil por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo
Nacionalmente Determinadas (INDC)
Apoacutes ratificada pelo presidente Michel Temer em
setembro de 2016 a INCD brasileira deixou de
ser uma pretensatildeo e se tornou um compromis-
so formal de contribuiccedilatildeo chamando-se agora
NDC A NDC brasileira por sua vez se compro-
mete em reduzir as emissotildees do paiacutes em 37
abaixo dos niacuteveis de 2005 em 2025 e subse-
quentemente reduzir essas emissotildees em 43
abaixo dos niacuteveis de 2005 (21 GtCO2e) em 2030
(BRASIL 2015cd) Isso significa o paiacutes reduzir
900 Mt CO2e ateacute 2030 o que resultaria em uma
emissatildeo nesse ano estimada em 1200 Mt CO2e
No que se refere ao setor agriacutecola a NDC brasi-
leira planeja fortalecer o Plano ABC por meio da
recuperaccedilatildeo adicional de 15 milhotildees de hecta-
res de pastagens degradadas e incremento de 5
milhotildees de hectares de sistemas de integraccedilatildeo
Lavoura-Pecuaacuteria-Florestas (iLPF) ateacute 2030
14
Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo Nacional-
mente Determinada (INDC ndash do inglecircs intended Nationally Determined Contribution) se
comprometeu em fortalecer o Plano ABC (BRASIL 2012) com a recuperaccedilatildeo de 15 mi-
lhotildees de hectares de pastagens degradadas e expansatildeo de 5 milhotildees de hectares siste-
mas de produccedilatildeo pecuaacuteria integrados com lavoura e floresta no paiacutes ateacute 2030
A INDC brasileira foi ratificada em setembro de 2016 pelo presidente Michel Temer dei-
xando assim de ter caraacuteter de pretensatildeo e se tornando um compromisso formal de contri-
buiccedilatildeo E assim passa a partir de agora a ser chamada de NDC As accedilotildees contempladas
na NDC brasileira tecircm como objetivo de suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios e
manter as emissotildees do setor de agropecuaacuteria em 2030 sob mesmo patamar de emissotildees
de 2005 ano base da NDC brasileira (BRASIL 2015c d)
Entretanto existem poucas evidecircncias de como um conjunto de boas praacuteticas afetam as
emissotildees de GEE e a produccedilatildeo de fazendas de gado de corte (HAVLIK et al 2014 WOL-
LENBERG et al 2016) Nesse contexto existe a necessidade da avaliaccedilatildeo de iniciativas
reais que introduzem praacuteticas baseadas na recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas com
o objetivo de aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de carne bovina no Brasil e ao mesmo
tempo reduzir as emissotildees de GEE
Esse eacute o caso por exemplo do Programa Novo Campo Coordenado pelo Instituto Centro
de Vida (ICV) o programa tem por objetivo promover praacuteticas sustentaacuteveis de produccedilatildeo de
carne em fazendas de pecuaacuteria na Amazocircnia melhorando o seu desempenho econocircmico
social e ambiental Com isso contribui para reduzir o desmatamento conservar ou recu-
perar os recursos naturais e fortalecer a economia local (ICV 2014)
As intervenccedilotildees promovidas pelo Programa Novo Campo satildeo baseadas na gestatildeo integra-
da da propriedade rural com a adoccedilatildeo progressiva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bo-
vinos de Corte (Valle 2011) da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel
(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS) Ambos estatildeo centralizados
na recuperaccedilatildeo e intensificaccedilatildeo de pastagens degradadas no fornecimento adequado de
suplementaccedilatildeo na melhoria do manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e na adequa-
ccedilatildeo ambiental das propriedades (MARCUZZO 2015)
15
Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser
definidas como um conjunto de normas e de
procedimentos a serem observados para tornar
os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-
taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-
dor o fornecimento de alimentos produzidos de
forma sustentaacutevel (Valle 2011)
A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam
periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de
boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-
ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-
cadores que abrangem todo o sistema produti-
vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental
social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e
das pastagens
BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007
pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-
rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um
conjunto de normas e de procedimentos a se-
rem observados pelos produtores rurais para
que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais
rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-
mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao
adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar
e controlar os diversos fatores que influenciam a
produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-
ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo
do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-
dades de conquista de novos mercados que va-
lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle
2011)
GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar
todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria
bovina a usarem os indicadores como uma fer-
ramenta de busca da sustentabilidade Para o
GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-
lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-
tros quantitativos ou qualitativos que podem ser
avaliados de acordo com alguns criteacuterios No
GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-
do estaacutegios cumulativos de desempenho e os
criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala
de desempenho (GTPS sd)
boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps
16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-
CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas
participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir
intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de
bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas
bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia
bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano
bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores
bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha
Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo
Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio
da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-
pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras
fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-
cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de
emissotildees
Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-
pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-
sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais
METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL
DO PROGRAMA NOVO CAMPO
18
CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-
zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as
primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1
Tabela 1 Anexo 1 e 2)
As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes
estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as
deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo
como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho
Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta
passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-
ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-
ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)
TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012
Nome fazenda
Aacuterea de pastagem (ha)
Nuacutemero meacutedio de animais
Sistema produccedilatildeo
Produccedilatildeo meacutedia carne
(kg ha-1 ano-1)
Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790
Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732
Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724
Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500
Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511
19
n 5 000 km
Amazocircnia
Cerrado
Pantanal
Caatinga
mata Atlacircntica
Pampa
fazendas novo Campo
mato Grosso (mT)
FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO
20
Os segmentos de cria recria e engorda cons-
tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos
de corte Estes podem estar presentes em uma
mesma propriedade ou separados
bull Cria Compreende o periacuteodo de
cobertura ateacute a desmama
bull Recria Compreende a periacuteodo entre a
desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute
a reproduccedilatildeo em fecircmeas
bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal
para o abate que pode ser feita
a pasto ou no confinamento
Assim essas fases designam o sistema de pro-
duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de
cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-
to quando essas fases estatildeo presentes em uma
mesma fazenda diz-se que a mesma possui um
sistema de produccedilatildeo de ciclo completo
sistemAs de produccedilatildeo de cArNe
21
implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps
Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual
de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e
o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-
ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos
animais nas fazendas
Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de
cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da
propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e
estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade
Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as
fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de
pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado
o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte
da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa
aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem
A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura
e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-
ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-
cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto
mais degradado maior a necessidade de reforma
Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado
dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-
mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura
da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo
dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100
kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)
22
bull Recuperar pastagens degradadas uma
das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de
corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-
gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das
aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se
encontram abandonadas ou subutilizadas
promovendo ganhos de produtividade e au-
mentando o sequestro de carbono nos solos
Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo
estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e
de energia Sistemas produtivos estabeleci-
dos em pastagens recuperadas podem pro-
duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se
comparados a sistemas em pastagens de-
gradadas O primeiro passo para recuperar
pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da
fazenda para posterior intervenccedilatildeo
bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-
mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-
lita um melhor uso da forragem aumentando
a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo
para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-
de pois permite o abate de animais mais jo-
vens e com melhor acabamento No entanto
para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-
to de boa qualidade todos os insumos natildeo
podem conter componentes ou resiacuteduos que
possam acarretar problemas agrave sauacutede animal
e humana
bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto
de atividades veterinaacuterias regularmente pla-
nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e
manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas
accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-
zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-
fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo
precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-
ccedilatildeo e banho carrapaticida
bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um
conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a
eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-
mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-
priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel
Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA
ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a
instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias
na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
(MARCUZZO 2015)
23
gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo
do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia
produtiva do rebanho de cria pode ser obtida
por meio das seguintes praacuteticas de manejo
a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de
ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-
tes etc)
b Escolha do periacuteodo de monta
c Escolha do sistema de acasalamento
d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo
e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes
f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama
g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais
h Controle sanitaacuterio do rebanho
bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-
do dos recursos naturais existentes na pro-
priedade rural em conformidade com as leis
ambientais e com as teacutecnicas recomendadas
para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-
de dos recursos hiacutedricos e da paisagem
bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-
quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo
accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-
ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-
cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo
de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e
direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-
dimento das exigecircncias legais e o registro
de todos as atividades e processos da pro-
priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria
e ambiental)(Valle 2011)
24
caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee
Ferramenta de caacutelculo
A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das
emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas
aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais
fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala
de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-
riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-
tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para
condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006
WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)
FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees
Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a
quantidade de GEE emitido (ou removido) pela
quantidade de material consumido ou processa-
do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-
mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg
kg) ou porcentagem ()
balanccedilo de gee =
emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)
O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende
a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)
de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na
pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-
la de fazenda (da porteira para dentro) envolve
a soma das emissotildees de GEE pelos animais e
seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-
dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-
quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-
da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em
solos bem manejados
25
PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA
TR
An
SPOR
TES
CO2
n2O
CH4
REB
AnHO
COndIccedilatildeO dO PASTO
USOS dE InSUmOS
FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA
26
Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)
pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de
dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de
acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade
A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de
fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao
solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela
queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-
culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo
sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)
Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de
GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-
lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do
inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)
O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado
com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-
ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-
tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-
sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda
analisada pode ser visto no Anexo 1
coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo
Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou
os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-
priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e
suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a
total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas
O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da
base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades
participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-
zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)
27
O Potencial de Aquecimento Global (Global
Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-
timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-
rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo
ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma
vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-
ciais de aquecer a Terra quando presentes na
atmosfera O IPCC determina os valores GWP
a serem utilizados e os atualiza de acordo com
o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea
Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute
foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo
(Assessment Report) do IPCC
AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-
decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-
lizados globalmente A calculadora de emissotildees
GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta
em seu modo default os valores GWP reporta-
dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar
de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-
quer outro valor GWP Entretanto nota-se que
para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-
dos apresentados em CO2e eacute preciso checar
se esses valores foram calculados utilizando os
mesmos fatores GWP
Assessment report
Ar2 Ar3 Ar5
1 1 1
21 25 28
310 298 265
poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)
28
paracircmetros utilizados
1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade
2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens
3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)
29
Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que
intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na
meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue
A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi
dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio
entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos
de anaacutelise
Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo
das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos
do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo
condiccedilatildeo das pastagens
bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)
bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo
de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo
moderada para severamente degradada (IPCC 2006)
bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de
degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)
Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da
mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-
mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas
atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros
trabalhos
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
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20
12 -
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havi
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sum
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prim
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mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
ertu
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poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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+55 19 3429 0800 wwwimafloraorg
O Imaflorareg eacute uma organizaccedilatildeo
brasileira sem fins lucrativos
criada em 1995 para promover a
conservaccedilatildeo e o uso sustentaacutevel
dos recursos naturais e para ge-
rar benefiacutecios sociais nos setores
florestal e agropecuaacuterio
PREFAacuteCIO
PRODUCcedilAtildeO DE CARNE BOVINA E MUDANCcedilAS CLIMAacuteTICAS
METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL DO PROGRAMA NOVO CAMPO
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl do ProgrAmA noVo cAmPo
REFEREcircNCIAS
RESULTADOS E CONCLUSOtildeES
ANEXOS
04
10
17
30
47
45
52
IacutendICE
A agropecuaacuteria brasileira eacute uma das mais importantes produto-
ras de alimento do mundo Entretanto tem enfrentado um du-
plo desafio aumentar sua produccedilatildeo para atender uma popula-
ccedilatildeo em crescimento e reduzir suas emissotildees de gases de efeito
estufa (GEE) para mitigar as mudanccedilas climaacuteticas globais
Os desafios tem sido pauta de compromissos climaacuteticos mun-
diais como o que ocorreu na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-
21) em Paris em 2015 e que culminou com o Acordo de Paris
Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro se comprometeu a recupe-
rar 15 milhotildees de hectares de pastagens degradadas e expandir
outros 5 milhotildees de hectares de sistemas produtivos integrados
como estrateacutegia para reduzir as emissotildees de GEE nacionais
ateacute 2030
4
Contudo satildeo limitadas as evidecircncias de como um conjunto
de praacuteticas agropecuaacuterias afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as
emissotildees de GEE em propriedades rurais brasileiras O
tem trabalhado para suprir essa lacuna de informaccedilotildees ava-
liando iniciativas regionais jaacute estabelecidas e que promovam
sistemas de produccedilatildeo mais sustentaacuteveis conciliando produccedilatildeo
e conservaccedilatildeo
No presente trabalho o apresenta estimativas do balan-
ccedilo de GEE durante a intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da produccedilatildeo
pecuaacuteria na Amazocircnia aplicadas agrave anaacutelise do Programa Novo
Campo uma iniciativa que atua em fazendas de pecuaacuteria de
corte no estado do Mato Grosso Promovendo a gestatildeo integra-
da da propriedade rural o programa fomenta a adoccedilatildeo progres-
siva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Gado de Corte (BPA)
da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel
(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS)
Essa anaacutelise mostra que o potencial de reduccedilatildeo de emissotildees de
GEE das fazendas participantes do programa alcanccedilaraacute cerca
de 50 por hectare e 90 por quilograma de carne produzida
com elevaccedilatildeo da produccedilatildeo de carne em cinco vezes Apenas nos
dois primeiros anos de melhorias nas praacuteticas agropecuaacuterias em
5
propriedades com elevada taxa de degradaccedilatildeo de pastagens
o programa jaacute proporcionou aumento da produccedilatildeo de carne de
quase 100 e reduziu as emissotildees de GEE em 25 por hectare
de pastagem e em 60 por quilograma de carne produzida
Esses resultados satildeo consequecircncia de uma estrateacutegia que ini-
cialmente recuperou cerca de 10 da aacuterea de pastagem das
propriedades participantes Essa proporccedilatildeo representa qua-
se 500 dos 3500 ha de pastagens degradadas cobertas pelo
programa - dos quais 190 ha foram reformados com sistema
de Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria (iLP) Adicionalmente essa
estrateacutegia introduz e aperfeiccediloa praacuteticas como o pastejo rota-
cionado teacutecnicas de suplementaccedilatildeo sanidade e reproduccedilatildeo
animal e sistemas de gestatildeo para a sustentabilidade das pro-
priedades como um todo
A avaliaccedilatildeo feita pelo mostra que a estrateacutegia ado-
tada pelo Programa Novo Campo tem conduzido os niacuteveis
de emissatildeo de GEE das fazendas participantes a patamares
similares aos encontrados em outras localidades do mundo
com alta eficiecircncia de produccedilatildeo como Nova Zelacircndia Uniatildeo
Europeia e Estados Unidos
Este trabalho tambeacutem mostra o potencial e a capacidade da
pecuaacuteria de corte em reduzir suas emissotildees de GEE e aumen-
tar a produccedilatildeo de proteiacutena animal podendo subsidiar produ-
tores na adoccedilatildeo de boas praacuteticas em larga escala Ao mesmo
tempo tambeacutem deve auxiliar tomadores de decisatildeo consumi-
dores e demais atores da cadeia da carne quanto agrave importacircn-
cia da produccedilatildeo sustentaacutevel em escala para a manutenccedilatildeo do
clima e atendimento a demanda por alimentos
O trabalho apresentado pelo reforccedila a coerecircncia das
metas propostas pelo governo brasileiro para reduccedilatildeo das
emissotildees nacionais Mas tambeacutem alerta tomadores de deci-
satildeo para o desafio de ampliar a assistecircncia teacutecnica e a di-
fusatildeo de tecnologia ao produtor rural Somente a reforma de
pastagens natildeo seraacute suficiente - eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo
de sistemas de gestatildeo que incluam um conjunto de boas praacute-
ticas agropecuaacuterias em escala no Brasil para que as metas
sejam alcanccediladas
Conselho Diretor
Adalberto Veriacutessimo
Andreacute Villas-Bocircas
Maria Zulmira de Souza
Seacutergio Esteves
Maria Celia M Toledo Cruz
Tasso Rezende de Azevedo
Ricardo Abramovay
Conselho Consultivo
Maacuterio Mantovani
Marcelo Paixatildeo
Marilena Lazzarini
Rubens Mendonccedila
Conselho Fiscal
Adauto Tadeu Basiacutelio
Erika Bechara
Rubens Mazon
Sec Executiva
Laura de Santis Prada
Roberto Palmieri
Comunicaccedilatildeo
Priscila Mantelatto
Marina Jordatildeo
Faacutetima Nunes
Diuliane Silva
Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola (Imaflorareg)
Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia Marina Piatto Ciniro Costa Junior - Piracicaba SP Imaflora 2016 68 p 21 x 28 cm
ISBN 978-85-98081-86-1
1 Agropecuaacuteria brasileira 2 Emissotildees de GEE 3 Cadeia de valor - Carne 4 Amazocircnia Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia
RealizaccedilatildeoInstituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Imaflorareg
Coord do estudoMarina Piatto
AutoresCiniro Costa JuniorMarina Piatto
RevisatildeoEduardo Assad Embrapareg
Susian Martins FGV-EESP GV-AGROreg
FotografiaAcervo Imaflorareg
Instituto Centro de Vida ICVreg
Projeto graacutefico e infografiaThiago Oliveira Basso Obassreg
Apoio financeiroMoore Foundationreg
GTPSreg
Essa licenccedila natildeo vale para fotos e ilustraccedilotildees que permanecem em copyright Nota inserida na contracapa
produccedilatildeo de carne bovina
e mudanccedilas climaacuteticas
11
O BRASIl aleacutem de possuir o maior rebanho comercial do mundo eacute tambeacutem um dos
maiores produtores consumidores e exportadores de carne bovina Da atual produccedilatildeo de
carne brasileira (oito milhotildees de toneladas anuais) 75 eacute consumida internamente e o
restante eacute exportado principalmente para paiacuteses da Europa e da Aacutesia (IBGE ABIEC sd)
Com esses nuacutemeros o Valor Bruto da Produccedilatildeo (VBP) da carne bovina foi estimado em
R$ 704 bilhotildees para 2015 (atraacutes apenas do complexo da soja) tornando-se assim um dos
principais setores da economia do paiacutes (BRASIL 2015a) Aleacutem disso essas posiccedilotildees ten-
dem a se manter com a projeccedilatildeo de aumento de produccedilatildeo de 25 para suprir demandas
por carne na proacutexima deacutecada (BRASIL 2015b)
Por outro lado a criaccedilatildeo de bovinos de corte eacute tambeacutem uma das principais fontes de
emissatildeo de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil ndash em 2015 foram emitidos 274
MtCO2e por essa atividade Nesse mesmo ano o paiacutes todo emitiu cerca de 1900 Mt-
CO2e sendo que o setor de agropecuaacuteria contribuiu com 22 dessas emissotildees
(425 MtCO2e) Assim a quantidade de GEE emitida apenas pela pecuaacuteria de cor-
te representa 65 das emissotildees do setor agropecuaacuterio e 15 das emissotildees do paiacutes
atualmente (SEEG sd) Existem ainda as emissotildees de GEE devido a degradaccedilatildeo dos
solos de pastagens estimada em aproximadamente 200 MtCO2e mas que ainda natildeo satildeo
computados no inventaacuterio nacional (SEEG 2016)
O impacto da atividade pecuaacuteria seria reduzido caso o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo
fosse melhorado Estima-se que a produccedilatildeo de carne bovina no Brasil pode ao menos do-
brar utilizando as aacutereas de pastagem jaacute existentes (STRASSBURG et al 2014) Com baixa
exploraccedilatildeo de seu potencial as aacutereas de pastagem tornam-se susceptiacuteveis a degradaccedilatildeo
Com isso estima-se que hoje existem entre 40 e 50 milhotildees de hectares de pastagens
degradadas no Brasil (Eduardo AssadEmbrapa-Comunicaccedilatildeo Pessoal)
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2030 com as atuais ten-
decircncias de produtividade (IBGE sd) seria necessaacuterio aumentar seu rebanho em torno
de 15 (30 milhotildees de cabeccedilas) Nesse contexto acredita-se que apenas os estados da
Amazocircnia comportariam 40 desses animais adicionais (BARBOSA et al 2015) Com
isso haacute um alerta para a potencial conversatildeo de aacutereas nativas e degradaccedilatildeo de aacutereas jaacute
estabelecidas para acomodar esses animais excedentes
12
Nesse sentido a produccedilatildeo de carne bovina brasileira tem sido foco de preocupaccedilotildees
quanto o seu atual e futuro impacto nas mudanccedilas climaacuteticas globais Tanto eacute que se
tornou o tema central nas metas de reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE apresentadas pelo Brasil
na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) realizada em Paris em 2015 evento global que
culminou com maior acordo climaacutetico global jaacute visto o Acordo de Paris (BRASIL 2015c d)
De acordo com o decreto que regulamenta a
Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima ndash
PNMC (BRASIL 2010) o Brasil oficializa um
compromisso voluntaacuterio de reduzir suas emis-
sotildees de GEE entre 361 e 389 ateacute 2020 com-
paradas aos niacuteveis de 2005 Para cumprir essa
meta o decreto tambeacutem prevecirc a elaboraccedilatildeo
de Planos Setoriais com a inclusatildeo de accedilotildees
indicadores e metas especiacuteficas de reduccedilatildeo de
emissotildees e mecanismos para a verificaccedilatildeo do
seu cumprimento para guiar cada setor
O plano setorial para a Agricultura eacute chama-
do de Plano ABC (BRASIL 2012) Esse plano
tem abrangecircncia nacional e seu periacuteodo de vi-
gecircncia eacute de 2010 a 2020 sendo composto por
seis programas relacionados a tecnologias de
mitigaccedilatildeo
1 Recuperaccedilatildeo de 15 milhotildees de
hectares de pastagens degradadas
2 Expansatildeo de 4 milhotildees de hectares de
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta
(iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs)
3 Expansatildeo de 8 milhotildees de hectares
de Sistema Plantio Direto (SPD)
4 Introduccedilatildeo da Fixaccedilatildeo Bioloacutegica
de Nitrogecircnio (FBN) em 55
milhotildees de hectares
5 Expansatildeo de florestas plantadas
em 55 milhotildees de hectares
6 Tratamento de 44 milhotildees
de m3 dejetos animais
Enquanto isso na 21ordf Conferecircncia das Partes
(COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees
Unidas sobre Mudanccedila do Clima realizada em
novembro de 2015 em Paris reuniu 195 paiacuteses
e culminou na elaboraccedilatildeo do Acordo de Paris
Esse acordo tem objetivo de conter o aumento
Acordos climaacuteticos e A AgropecuaacuteriA brAsileirA
13
da temperatura meacutedia global em bem menos
do que 2oC acima dos niacuteveis preacute-industriais
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da
soma de esforccedilos desses 195 paiacuteses incluindo
o Brasil por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo
Nacionalmente Determinadas (INDC)
Apoacutes ratificada pelo presidente Michel Temer em
setembro de 2016 a INCD brasileira deixou de
ser uma pretensatildeo e se tornou um compromis-
so formal de contribuiccedilatildeo chamando-se agora
NDC A NDC brasileira por sua vez se compro-
mete em reduzir as emissotildees do paiacutes em 37
abaixo dos niacuteveis de 2005 em 2025 e subse-
quentemente reduzir essas emissotildees em 43
abaixo dos niacuteveis de 2005 (21 GtCO2e) em 2030
(BRASIL 2015cd) Isso significa o paiacutes reduzir
900 Mt CO2e ateacute 2030 o que resultaria em uma
emissatildeo nesse ano estimada em 1200 Mt CO2e
No que se refere ao setor agriacutecola a NDC brasi-
leira planeja fortalecer o Plano ABC por meio da
recuperaccedilatildeo adicional de 15 milhotildees de hecta-
res de pastagens degradadas e incremento de 5
milhotildees de hectares de sistemas de integraccedilatildeo
Lavoura-Pecuaacuteria-Florestas (iLPF) ateacute 2030
14
Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo Nacional-
mente Determinada (INDC ndash do inglecircs intended Nationally Determined Contribution) se
comprometeu em fortalecer o Plano ABC (BRASIL 2012) com a recuperaccedilatildeo de 15 mi-
lhotildees de hectares de pastagens degradadas e expansatildeo de 5 milhotildees de hectares siste-
mas de produccedilatildeo pecuaacuteria integrados com lavoura e floresta no paiacutes ateacute 2030
A INDC brasileira foi ratificada em setembro de 2016 pelo presidente Michel Temer dei-
xando assim de ter caraacuteter de pretensatildeo e se tornando um compromisso formal de contri-
buiccedilatildeo E assim passa a partir de agora a ser chamada de NDC As accedilotildees contempladas
na NDC brasileira tecircm como objetivo de suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios e
manter as emissotildees do setor de agropecuaacuteria em 2030 sob mesmo patamar de emissotildees
de 2005 ano base da NDC brasileira (BRASIL 2015c d)
Entretanto existem poucas evidecircncias de como um conjunto de boas praacuteticas afetam as
emissotildees de GEE e a produccedilatildeo de fazendas de gado de corte (HAVLIK et al 2014 WOL-
LENBERG et al 2016) Nesse contexto existe a necessidade da avaliaccedilatildeo de iniciativas
reais que introduzem praacuteticas baseadas na recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas com
o objetivo de aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de carne bovina no Brasil e ao mesmo
tempo reduzir as emissotildees de GEE
Esse eacute o caso por exemplo do Programa Novo Campo Coordenado pelo Instituto Centro
de Vida (ICV) o programa tem por objetivo promover praacuteticas sustentaacuteveis de produccedilatildeo de
carne em fazendas de pecuaacuteria na Amazocircnia melhorando o seu desempenho econocircmico
social e ambiental Com isso contribui para reduzir o desmatamento conservar ou recu-
perar os recursos naturais e fortalecer a economia local (ICV 2014)
As intervenccedilotildees promovidas pelo Programa Novo Campo satildeo baseadas na gestatildeo integra-
da da propriedade rural com a adoccedilatildeo progressiva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bo-
vinos de Corte (Valle 2011) da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel
(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS) Ambos estatildeo centralizados
na recuperaccedilatildeo e intensificaccedilatildeo de pastagens degradadas no fornecimento adequado de
suplementaccedilatildeo na melhoria do manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e na adequa-
ccedilatildeo ambiental das propriedades (MARCUZZO 2015)
15
Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser
definidas como um conjunto de normas e de
procedimentos a serem observados para tornar
os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-
taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-
dor o fornecimento de alimentos produzidos de
forma sustentaacutevel (Valle 2011)
A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam
periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de
boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-
ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-
cadores que abrangem todo o sistema produti-
vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental
social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e
das pastagens
BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007
pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-
rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um
conjunto de normas e de procedimentos a se-
rem observados pelos produtores rurais para
que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais
rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-
mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao
adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar
e controlar os diversos fatores que influenciam a
produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-
ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo
do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-
dades de conquista de novos mercados que va-
lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle
2011)
GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar
todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria
bovina a usarem os indicadores como uma fer-
ramenta de busca da sustentabilidade Para o
GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-
lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-
tros quantitativos ou qualitativos que podem ser
avaliados de acordo com alguns criteacuterios No
GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-
do estaacutegios cumulativos de desempenho e os
criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala
de desempenho (GTPS sd)
boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps
16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-
CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas
participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir
intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de
bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas
bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia
bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano
bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores
bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha
Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo
Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio
da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-
pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras
fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-
cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de
emissotildees
Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-
pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-
sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais
METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL
DO PROGRAMA NOVO CAMPO
18
CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-
zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as
primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1
Tabela 1 Anexo 1 e 2)
As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes
estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as
deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo
como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho
Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta
passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-
ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-
ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)
TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012
Nome fazenda
Aacuterea de pastagem (ha)
Nuacutemero meacutedio de animais
Sistema produccedilatildeo
Produccedilatildeo meacutedia carne
(kg ha-1 ano-1)
Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790
Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732
Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724
Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500
Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511
19
n 5 000 km
Amazocircnia
Cerrado
Pantanal
Caatinga
mata Atlacircntica
Pampa
fazendas novo Campo
mato Grosso (mT)
FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO
20
Os segmentos de cria recria e engorda cons-
tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos
de corte Estes podem estar presentes em uma
mesma propriedade ou separados
bull Cria Compreende o periacuteodo de
cobertura ateacute a desmama
bull Recria Compreende a periacuteodo entre a
desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute
a reproduccedilatildeo em fecircmeas
bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal
para o abate que pode ser feita
a pasto ou no confinamento
Assim essas fases designam o sistema de pro-
duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de
cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-
to quando essas fases estatildeo presentes em uma
mesma fazenda diz-se que a mesma possui um
sistema de produccedilatildeo de ciclo completo
sistemAs de produccedilatildeo de cArNe
21
implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps
Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual
de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e
o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-
ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos
animais nas fazendas
Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de
cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da
propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e
estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade
Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as
fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de
pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado
o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte
da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa
aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem
A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura
e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-
ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-
cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto
mais degradado maior a necessidade de reforma
Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado
dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-
mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura
da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo
dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100
kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)
22
bull Recuperar pastagens degradadas uma
das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de
corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-
gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das
aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se
encontram abandonadas ou subutilizadas
promovendo ganhos de produtividade e au-
mentando o sequestro de carbono nos solos
Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo
estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e
de energia Sistemas produtivos estabeleci-
dos em pastagens recuperadas podem pro-
duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se
comparados a sistemas em pastagens de-
gradadas O primeiro passo para recuperar
pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da
fazenda para posterior intervenccedilatildeo
bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-
mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-
lita um melhor uso da forragem aumentando
a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo
para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-
de pois permite o abate de animais mais jo-
vens e com melhor acabamento No entanto
para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-
to de boa qualidade todos os insumos natildeo
podem conter componentes ou resiacuteduos que
possam acarretar problemas agrave sauacutede animal
e humana
bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto
de atividades veterinaacuterias regularmente pla-
nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e
manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas
accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-
zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-
fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo
precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-
ccedilatildeo e banho carrapaticida
bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um
conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a
eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-
mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-
priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel
Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA
ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a
instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias
na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
(MARCUZZO 2015)
23
gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo
do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia
produtiva do rebanho de cria pode ser obtida
por meio das seguintes praacuteticas de manejo
a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de
ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-
tes etc)
b Escolha do periacuteodo de monta
c Escolha do sistema de acasalamento
d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo
e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes
f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama
g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais
h Controle sanitaacuterio do rebanho
bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-
do dos recursos naturais existentes na pro-
priedade rural em conformidade com as leis
ambientais e com as teacutecnicas recomendadas
para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-
de dos recursos hiacutedricos e da paisagem
bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-
quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo
accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-
ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-
cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo
de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e
direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-
dimento das exigecircncias legais e o registro
de todos as atividades e processos da pro-
priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria
e ambiental)(Valle 2011)
24
caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee
Ferramenta de caacutelculo
A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das
emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas
aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais
fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala
de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-
riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-
tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para
condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006
WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)
FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees
Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a
quantidade de GEE emitido (ou removido) pela
quantidade de material consumido ou processa-
do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-
mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg
kg) ou porcentagem ()
balanccedilo de gee =
emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)
O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende
a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)
de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na
pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-
la de fazenda (da porteira para dentro) envolve
a soma das emissotildees de GEE pelos animais e
seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-
dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-
quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-
da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em
solos bem manejados
25
PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA
TR
An
SPOR
TES
CO2
n2O
CH4
REB
AnHO
COndIccedilatildeO dO PASTO
USOS dE InSUmOS
FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA
26
Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)
pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de
dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de
acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade
A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de
fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao
solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela
queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-
culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo
sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)
Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de
GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-
lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do
inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)
O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado
com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-
ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-
tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-
sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda
analisada pode ser visto no Anexo 1
coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo
Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou
os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-
priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e
suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a
total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas
O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da
base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades
participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-
zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)
27
O Potencial de Aquecimento Global (Global
Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-
timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-
rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo
ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma
vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-
ciais de aquecer a Terra quando presentes na
atmosfera O IPCC determina os valores GWP
a serem utilizados e os atualiza de acordo com
o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea
Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute
foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo
(Assessment Report) do IPCC
AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-
decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-
lizados globalmente A calculadora de emissotildees
GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta
em seu modo default os valores GWP reporta-
dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar
de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-
quer outro valor GWP Entretanto nota-se que
para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-
dos apresentados em CO2e eacute preciso checar
se esses valores foram calculados utilizando os
mesmos fatores GWP
Assessment report
Ar2 Ar3 Ar5
1 1 1
21 25 28
310 298 265
poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)
28
paracircmetros utilizados
1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade
2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens
3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)
29
Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que
intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na
meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue
A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi
dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio
entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos
de anaacutelise
Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo
das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos
do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo
condiccedilatildeo das pastagens
bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)
bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo
de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo
moderada para severamente degradada (IPCC 2006)
bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de
degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)
Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da
mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-
mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas
atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros
trabalhos
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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Projeto-Brasil-AgropecuC3A1riagt
190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
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12 -
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des
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havi
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sum
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ouve
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atildeo d
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prim
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mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
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ra a
poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Estrada Chico Mendes 185Piracicaba BrasilCEP 13426-420
+55 19 3429 0800 wwwimafloraorg
PREFAacuteCIO
PRODUCcedilAtildeO DE CARNE BOVINA E MUDANCcedilAS CLIMAacuteTICAS
METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL DO PROGRAMA NOVO CAMPO
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl do ProgrAmA noVo cAmPo
REFEREcircNCIAS
RESULTADOS E CONCLUSOtildeES
ANEXOS
04
10
17
30
47
45
52
IacutendICE
A agropecuaacuteria brasileira eacute uma das mais importantes produto-
ras de alimento do mundo Entretanto tem enfrentado um du-
plo desafio aumentar sua produccedilatildeo para atender uma popula-
ccedilatildeo em crescimento e reduzir suas emissotildees de gases de efeito
estufa (GEE) para mitigar as mudanccedilas climaacuteticas globais
Os desafios tem sido pauta de compromissos climaacuteticos mun-
diais como o que ocorreu na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-
21) em Paris em 2015 e que culminou com o Acordo de Paris
Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro se comprometeu a recupe-
rar 15 milhotildees de hectares de pastagens degradadas e expandir
outros 5 milhotildees de hectares de sistemas produtivos integrados
como estrateacutegia para reduzir as emissotildees de GEE nacionais
ateacute 2030
4
Contudo satildeo limitadas as evidecircncias de como um conjunto
de praacuteticas agropecuaacuterias afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as
emissotildees de GEE em propriedades rurais brasileiras O
tem trabalhado para suprir essa lacuna de informaccedilotildees ava-
liando iniciativas regionais jaacute estabelecidas e que promovam
sistemas de produccedilatildeo mais sustentaacuteveis conciliando produccedilatildeo
e conservaccedilatildeo
No presente trabalho o apresenta estimativas do balan-
ccedilo de GEE durante a intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da produccedilatildeo
pecuaacuteria na Amazocircnia aplicadas agrave anaacutelise do Programa Novo
Campo uma iniciativa que atua em fazendas de pecuaacuteria de
corte no estado do Mato Grosso Promovendo a gestatildeo integra-
da da propriedade rural o programa fomenta a adoccedilatildeo progres-
siva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Gado de Corte (BPA)
da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel
(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS)
Essa anaacutelise mostra que o potencial de reduccedilatildeo de emissotildees de
GEE das fazendas participantes do programa alcanccedilaraacute cerca
de 50 por hectare e 90 por quilograma de carne produzida
com elevaccedilatildeo da produccedilatildeo de carne em cinco vezes Apenas nos
dois primeiros anos de melhorias nas praacuteticas agropecuaacuterias em
5
propriedades com elevada taxa de degradaccedilatildeo de pastagens
o programa jaacute proporcionou aumento da produccedilatildeo de carne de
quase 100 e reduziu as emissotildees de GEE em 25 por hectare
de pastagem e em 60 por quilograma de carne produzida
Esses resultados satildeo consequecircncia de uma estrateacutegia que ini-
cialmente recuperou cerca de 10 da aacuterea de pastagem das
propriedades participantes Essa proporccedilatildeo representa qua-
se 500 dos 3500 ha de pastagens degradadas cobertas pelo
programa - dos quais 190 ha foram reformados com sistema
de Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria (iLP) Adicionalmente essa
estrateacutegia introduz e aperfeiccediloa praacuteticas como o pastejo rota-
cionado teacutecnicas de suplementaccedilatildeo sanidade e reproduccedilatildeo
animal e sistemas de gestatildeo para a sustentabilidade das pro-
priedades como um todo
A avaliaccedilatildeo feita pelo mostra que a estrateacutegia ado-
tada pelo Programa Novo Campo tem conduzido os niacuteveis
de emissatildeo de GEE das fazendas participantes a patamares
similares aos encontrados em outras localidades do mundo
com alta eficiecircncia de produccedilatildeo como Nova Zelacircndia Uniatildeo
Europeia e Estados Unidos
Este trabalho tambeacutem mostra o potencial e a capacidade da
pecuaacuteria de corte em reduzir suas emissotildees de GEE e aumen-
tar a produccedilatildeo de proteiacutena animal podendo subsidiar produ-
tores na adoccedilatildeo de boas praacuteticas em larga escala Ao mesmo
tempo tambeacutem deve auxiliar tomadores de decisatildeo consumi-
dores e demais atores da cadeia da carne quanto agrave importacircn-
cia da produccedilatildeo sustentaacutevel em escala para a manutenccedilatildeo do
clima e atendimento a demanda por alimentos
O trabalho apresentado pelo reforccedila a coerecircncia das
metas propostas pelo governo brasileiro para reduccedilatildeo das
emissotildees nacionais Mas tambeacutem alerta tomadores de deci-
satildeo para o desafio de ampliar a assistecircncia teacutecnica e a di-
fusatildeo de tecnologia ao produtor rural Somente a reforma de
pastagens natildeo seraacute suficiente - eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo
de sistemas de gestatildeo que incluam um conjunto de boas praacute-
ticas agropecuaacuterias em escala no Brasil para que as metas
sejam alcanccediladas
Conselho Diretor
Adalberto Veriacutessimo
Andreacute Villas-Bocircas
Maria Zulmira de Souza
Seacutergio Esteves
Maria Celia M Toledo Cruz
Tasso Rezende de Azevedo
Ricardo Abramovay
Conselho Consultivo
Maacuterio Mantovani
Marcelo Paixatildeo
Marilena Lazzarini
Rubens Mendonccedila
Conselho Fiscal
Adauto Tadeu Basiacutelio
Erika Bechara
Rubens Mazon
Sec Executiva
Laura de Santis Prada
Roberto Palmieri
Comunicaccedilatildeo
Priscila Mantelatto
Marina Jordatildeo
Faacutetima Nunes
Diuliane Silva
Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola (Imaflorareg)
Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia Marina Piatto Ciniro Costa Junior - Piracicaba SP Imaflora 2016 68 p 21 x 28 cm
ISBN 978-85-98081-86-1
1 Agropecuaacuteria brasileira 2 Emissotildees de GEE 3 Cadeia de valor - Carne 4 Amazocircnia Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia
RealizaccedilatildeoInstituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Imaflorareg
Coord do estudoMarina Piatto
AutoresCiniro Costa JuniorMarina Piatto
RevisatildeoEduardo Assad Embrapareg
Susian Martins FGV-EESP GV-AGROreg
FotografiaAcervo Imaflorareg
Instituto Centro de Vida ICVreg
Projeto graacutefico e infografiaThiago Oliveira Basso Obassreg
Apoio financeiroMoore Foundationreg
GTPSreg
Essa licenccedila natildeo vale para fotos e ilustraccedilotildees que permanecem em copyright Nota inserida na contracapa
produccedilatildeo de carne bovina
e mudanccedilas climaacuteticas
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O BRASIl aleacutem de possuir o maior rebanho comercial do mundo eacute tambeacutem um dos
maiores produtores consumidores e exportadores de carne bovina Da atual produccedilatildeo de
carne brasileira (oito milhotildees de toneladas anuais) 75 eacute consumida internamente e o
restante eacute exportado principalmente para paiacuteses da Europa e da Aacutesia (IBGE ABIEC sd)
Com esses nuacutemeros o Valor Bruto da Produccedilatildeo (VBP) da carne bovina foi estimado em
R$ 704 bilhotildees para 2015 (atraacutes apenas do complexo da soja) tornando-se assim um dos
principais setores da economia do paiacutes (BRASIL 2015a) Aleacutem disso essas posiccedilotildees ten-
dem a se manter com a projeccedilatildeo de aumento de produccedilatildeo de 25 para suprir demandas
por carne na proacutexima deacutecada (BRASIL 2015b)
Por outro lado a criaccedilatildeo de bovinos de corte eacute tambeacutem uma das principais fontes de
emissatildeo de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil ndash em 2015 foram emitidos 274
MtCO2e por essa atividade Nesse mesmo ano o paiacutes todo emitiu cerca de 1900 Mt-
CO2e sendo que o setor de agropecuaacuteria contribuiu com 22 dessas emissotildees
(425 MtCO2e) Assim a quantidade de GEE emitida apenas pela pecuaacuteria de cor-
te representa 65 das emissotildees do setor agropecuaacuterio e 15 das emissotildees do paiacutes
atualmente (SEEG sd) Existem ainda as emissotildees de GEE devido a degradaccedilatildeo dos
solos de pastagens estimada em aproximadamente 200 MtCO2e mas que ainda natildeo satildeo
computados no inventaacuterio nacional (SEEG 2016)
O impacto da atividade pecuaacuteria seria reduzido caso o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo
fosse melhorado Estima-se que a produccedilatildeo de carne bovina no Brasil pode ao menos do-
brar utilizando as aacutereas de pastagem jaacute existentes (STRASSBURG et al 2014) Com baixa
exploraccedilatildeo de seu potencial as aacutereas de pastagem tornam-se susceptiacuteveis a degradaccedilatildeo
Com isso estima-se que hoje existem entre 40 e 50 milhotildees de hectares de pastagens
degradadas no Brasil (Eduardo AssadEmbrapa-Comunicaccedilatildeo Pessoal)
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2030 com as atuais ten-
decircncias de produtividade (IBGE sd) seria necessaacuterio aumentar seu rebanho em torno
de 15 (30 milhotildees de cabeccedilas) Nesse contexto acredita-se que apenas os estados da
Amazocircnia comportariam 40 desses animais adicionais (BARBOSA et al 2015) Com
isso haacute um alerta para a potencial conversatildeo de aacutereas nativas e degradaccedilatildeo de aacutereas jaacute
estabelecidas para acomodar esses animais excedentes
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Nesse sentido a produccedilatildeo de carne bovina brasileira tem sido foco de preocupaccedilotildees
quanto o seu atual e futuro impacto nas mudanccedilas climaacuteticas globais Tanto eacute que se
tornou o tema central nas metas de reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE apresentadas pelo Brasil
na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) realizada em Paris em 2015 evento global que
culminou com maior acordo climaacutetico global jaacute visto o Acordo de Paris (BRASIL 2015c d)
De acordo com o decreto que regulamenta a
Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima ndash
PNMC (BRASIL 2010) o Brasil oficializa um
compromisso voluntaacuterio de reduzir suas emis-
sotildees de GEE entre 361 e 389 ateacute 2020 com-
paradas aos niacuteveis de 2005 Para cumprir essa
meta o decreto tambeacutem prevecirc a elaboraccedilatildeo
de Planos Setoriais com a inclusatildeo de accedilotildees
indicadores e metas especiacuteficas de reduccedilatildeo de
emissotildees e mecanismos para a verificaccedilatildeo do
seu cumprimento para guiar cada setor
O plano setorial para a Agricultura eacute chama-
do de Plano ABC (BRASIL 2012) Esse plano
tem abrangecircncia nacional e seu periacuteodo de vi-
gecircncia eacute de 2010 a 2020 sendo composto por
seis programas relacionados a tecnologias de
mitigaccedilatildeo
1 Recuperaccedilatildeo de 15 milhotildees de
hectares de pastagens degradadas
2 Expansatildeo de 4 milhotildees de hectares de
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta
(iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs)
3 Expansatildeo de 8 milhotildees de hectares
de Sistema Plantio Direto (SPD)
4 Introduccedilatildeo da Fixaccedilatildeo Bioloacutegica
de Nitrogecircnio (FBN) em 55
milhotildees de hectares
5 Expansatildeo de florestas plantadas
em 55 milhotildees de hectares
6 Tratamento de 44 milhotildees
de m3 dejetos animais
Enquanto isso na 21ordf Conferecircncia das Partes
(COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees
Unidas sobre Mudanccedila do Clima realizada em
novembro de 2015 em Paris reuniu 195 paiacuteses
e culminou na elaboraccedilatildeo do Acordo de Paris
Esse acordo tem objetivo de conter o aumento
Acordos climaacuteticos e A AgropecuaacuteriA brAsileirA
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da temperatura meacutedia global em bem menos
do que 2oC acima dos niacuteveis preacute-industriais
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da
soma de esforccedilos desses 195 paiacuteses incluindo
o Brasil por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo
Nacionalmente Determinadas (INDC)
Apoacutes ratificada pelo presidente Michel Temer em
setembro de 2016 a INCD brasileira deixou de
ser uma pretensatildeo e se tornou um compromis-
so formal de contribuiccedilatildeo chamando-se agora
NDC A NDC brasileira por sua vez se compro-
mete em reduzir as emissotildees do paiacutes em 37
abaixo dos niacuteveis de 2005 em 2025 e subse-
quentemente reduzir essas emissotildees em 43
abaixo dos niacuteveis de 2005 (21 GtCO2e) em 2030
(BRASIL 2015cd) Isso significa o paiacutes reduzir
900 Mt CO2e ateacute 2030 o que resultaria em uma
emissatildeo nesse ano estimada em 1200 Mt CO2e
No que se refere ao setor agriacutecola a NDC brasi-
leira planeja fortalecer o Plano ABC por meio da
recuperaccedilatildeo adicional de 15 milhotildees de hecta-
res de pastagens degradadas e incremento de 5
milhotildees de hectares de sistemas de integraccedilatildeo
Lavoura-Pecuaacuteria-Florestas (iLPF) ateacute 2030
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Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo Nacional-
mente Determinada (INDC ndash do inglecircs intended Nationally Determined Contribution) se
comprometeu em fortalecer o Plano ABC (BRASIL 2012) com a recuperaccedilatildeo de 15 mi-
lhotildees de hectares de pastagens degradadas e expansatildeo de 5 milhotildees de hectares siste-
mas de produccedilatildeo pecuaacuteria integrados com lavoura e floresta no paiacutes ateacute 2030
A INDC brasileira foi ratificada em setembro de 2016 pelo presidente Michel Temer dei-
xando assim de ter caraacuteter de pretensatildeo e se tornando um compromisso formal de contri-
buiccedilatildeo E assim passa a partir de agora a ser chamada de NDC As accedilotildees contempladas
na NDC brasileira tecircm como objetivo de suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios e
manter as emissotildees do setor de agropecuaacuteria em 2030 sob mesmo patamar de emissotildees
de 2005 ano base da NDC brasileira (BRASIL 2015c d)
Entretanto existem poucas evidecircncias de como um conjunto de boas praacuteticas afetam as
emissotildees de GEE e a produccedilatildeo de fazendas de gado de corte (HAVLIK et al 2014 WOL-
LENBERG et al 2016) Nesse contexto existe a necessidade da avaliaccedilatildeo de iniciativas
reais que introduzem praacuteticas baseadas na recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas com
o objetivo de aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de carne bovina no Brasil e ao mesmo
tempo reduzir as emissotildees de GEE
Esse eacute o caso por exemplo do Programa Novo Campo Coordenado pelo Instituto Centro
de Vida (ICV) o programa tem por objetivo promover praacuteticas sustentaacuteveis de produccedilatildeo de
carne em fazendas de pecuaacuteria na Amazocircnia melhorando o seu desempenho econocircmico
social e ambiental Com isso contribui para reduzir o desmatamento conservar ou recu-
perar os recursos naturais e fortalecer a economia local (ICV 2014)
As intervenccedilotildees promovidas pelo Programa Novo Campo satildeo baseadas na gestatildeo integra-
da da propriedade rural com a adoccedilatildeo progressiva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bo-
vinos de Corte (Valle 2011) da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel
(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS) Ambos estatildeo centralizados
na recuperaccedilatildeo e intensificaccedilatildeo de pastagens degradadas no fornecimento adequado de
suplementaccedilatildeo na melhoria do manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e na adequa-
ccedilatildeo ambiental das propriedades (MARCUZZO 2015)
15
Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser
definidas como um conjunto de normas e de
procedimentos a serem observados para tornar
os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-
taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-
dor o fornecimento de alimentos produzidos de
forma sustentaacutevel (Valle 2011)
A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam
periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de
boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-
ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-
cadores que abrangem todo o sistema produti-
vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental
social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e
das pastagens
BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007
pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-
rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um
conjunto de normas e de procedimentos a se-
rem observados pelos produtores rurais para
que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais
rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-
mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao
adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar
e controlar os diversos fatores que influenciam a
produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-
ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo
do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-
dades de conquista de novos mercados que va-
lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle
2011)
GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar
todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria
bovina a usarem os indicadores como uma fer-
ramenta de busca da sustentabilidade Para o
GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-
lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-
tros quantitativos ou qualitativos que podem ser
avaliados de acordo com alguns criteacuterios No
GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-
do estaacutegios cumulativos de desempenho e os
criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala
de desempenho (GTPS sd)
boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps
16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-
CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas
participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir
intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de
bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas
bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia
bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano
bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores
bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha
Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo
Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio
da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-
pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras
fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-
cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de
emissotildees
Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-
pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-
sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais
METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL
DO PROGRAMA NOVO CAMPO
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CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-
zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as
primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1
Tabela 1 Anexo 1 e 2)
As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes
estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as
deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo
como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho
Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta
passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-
ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-
ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)
TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012
Nome fazenda
Aacuterea de pastagem (ha)
Nuacutemero meacutedio de animais
Sistema produccedilatildeo
Produccedilatildeo meacutedia carne
(kg ha-1 ano-1)
Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790
Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732
Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724
Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500
Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511
19
n 5 000 km
Amazocircnia
Cerrado
Pantanal
Caatinga
mata Atlacircntica
Pampa
fazendas novo Campo
mato Grosso (mT)
FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO
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Os segmentos de cria recria e engorda cons-
tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos
de corte Estes podem estar presentes em uma
mesma propriedade ou separados
bull Cria Compreende o periacuteodo de
cobertura ateacute a desmama
bull Recria Compreende a periacuteodo entre a
desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute
a reproduccedilatildeo em fecircmeas
bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal
para o abate que pode ser feita
a pasto ou no confinamento
Assim essas fases designam o sistema de pro-
duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de
cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-
to quando essas fases estatildeo presentes em uma
mesma fazenda diz-se que a mesma possui um
sistema de produccedilatildeo de ciclo completo
sistemAs de produccedilatildeo de cArNe
21
implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps
Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual
de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e
o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-
ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos
animais nas fazendas
Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de
cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da
propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e
estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade
Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as
fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de
pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado
o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte
da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa
aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem
A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura
e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-
ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-
cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto
mais degradado maior a necessidade de reforma
Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado
dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-
mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura
da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo
dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100
kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)
22
bull Recuperar pastagens degradadas uma
das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de
corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-
gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das
aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se
encontram abandonadas ou subutilizadas
promovendo ganhos de produtividade e au-
mentando o sequestro de carbono nos solos
Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo
estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e
de energia Sistemas produtivos estabeleci-
dos em pastagens recuperadas podem pro-
duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se
comparados a sistemas em pastagens de-
gradadas O primeiro passo para recuperar
pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da
fazenda para posterior intervenccedilatildeo
bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-
mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-
lita um melhor uso da forragem aumentando
a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo
para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-
de pois permite o abate de animais mais jo-
vens e com melhor acabamento No entanto
para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-
to de boa qualidade todos os insumos natildeo
podem conter componentes ou resiacuteduos que
possam acarretar problemas agrave sauacutede animal
e humana
bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto
de atividades veterinaacuterias regularmente pla-
nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e
manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas
accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-
zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-
fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo
precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-
ccedilatildeo e banho carrapaticida
bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um
conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a
eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-
mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-
priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel
Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA
ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a
instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias
na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
(MARCUZZO 2015)
23
gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo
do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia
produtiva do rebanho de cria pode ser obtida
por meio das seguintes praacuteticas de manejo
a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de
ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-
tes etc)
b Escolha do periacuteodo de monta
c Escolha do sistema de acasalamento
d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo
e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes
f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama
g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais
h Controle sanitaacuterio do rebanho
bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-
do dos recursos naturais existentes na pro-
priedade rural em conformidade com as leis
ambientais e com as teacutecnicas recomendadas
para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-
de dos recursos hiacutedricos e da paisagem
bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-
quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo
accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-
ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-
cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo
de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e
direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-
dimento das exigecircncias legais e o registro
de todos as atividades e processos da pro-
priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria
e ambiental)(Valle 2011)
24
caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee
Ferramenta de caacutelculo
A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das
emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas
aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais
fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala
de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-
riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-
tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para
condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006
WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)
FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees
Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a
quantidade de GEE emitido (ou removido) pela
quantidade de material consumido ou processa-
do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-
mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg
kg) ou porcentagem ()
balanccedilo de gee =
emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)
O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende
a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)
de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na
pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-
la de fazenda (da porteira para dentro) envolve
a soma das emissotildees de GEE pelos animais e
seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-
dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-
quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-
da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em
solos bem manejados
25
PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA
TR
An
SPOR
TES
CO2
n2O
CH4
REB
AnHO
COndIccedilatildeO dO PASTO
USOS dE InSUmOS
FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA
26
Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)
pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de
dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de
acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade
A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de
fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao
solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela
queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-
culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo
sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)
Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de
GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-
lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do
inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)
O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado
com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-
ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-
tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-
sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda
analisada pode ser visto no Anexo 1
coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo
Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou
os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-
priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e
suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a
total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas
O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da
base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades
participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-
zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)
27
O Potencial de Aquecimento Global (Global
Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-
timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-
rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo
ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma
vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-
ciais de aquecer a Terra quando presentes na
atmosfera O IPCC determina os valores GWP
a serem utilizados e os atualiza de acordo com
o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea
Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute
foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo
(Assessment Report) do IPCC
AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-
decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-
lizados globalmente A calculadora de emissotildees
GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta
em seu modo default os valores GWP reporta-
dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar
de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-
quer outro valor GWP Entretanto nota-se que
para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-
dos apresentados em CO2e eacute preciso checar
se esses valores foram calculados utilizando os
mesmos fatores GWP
Assessment report
Ar2 Ar3 Ar5
1 1 1
21 25 28
310 298 265
poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)
28
paracircmetros utilizados
1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade
2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens
3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)
29
Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que
intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na
meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue
A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi
dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio
entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos
de anaacutelise
Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo
das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos
do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo
condiccedilatildeo das pastagens
bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)
bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo
de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo
moderada para severamente degradada (IPCC 2006)
bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de
degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)
Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da
mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-
mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas
atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros
trabalhos
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
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exc
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natildeo
havi
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sum
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rou-
se q
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atildeo h
ouve
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atildeo d
e U
reia
no
prim
eiro
mecircs
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rea
mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
ertu
ra a
poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Estrada Chico Mendes 185Piracicaba BrasilCEP 13426-420
+55 19 3429 0800 wwwimafloraorg
A agropecuaacuteria brasileira eacute uma das mais importantes produto-
ras de alimento do mundo Entretanto tem enfrentado um du-
plo desafio aumentar sua produccedilatildeo para atender uma popula-
ccedilatildeo em crescimento e reduzir suas emissotildees de gases de efeito
estufa (GEE) para mitigar as mudanccedilas climaacuteticas globais
Os desafios tem sido pauta de compromissos climaacuteticos mun-
diais como o que ocorreu na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-
21) em Paris em 2015 e que culminou com o Acordo de Paris
Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro se comprometeu a recupe-
rar 15 milhotildees de hectares de pastagens degradadas e expandir
outros 5 milhotildees de hectares de sistemas produtivos integrados
como estrateacutegia para reduzir as emissotildees de GEE nacionais
ateacute 2030
4
Contudo satildeo limitadas as evidecircncias de como um conjunto
de praacuteticas agropecuaacuterias afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as
emissotildees de GEE em propriedades rurais brasileiras O
tem trabalhado para suprir essa lacuna de informaccedilotildees ava-
liando iniciativas regionais jaacute estabelecidas e que promovam
sistemas de produccedilatildeo mais sustentaacuteveis conciliando produccedilatildeo
e conservaccedilatildeo
No presente trabalho o apresenta estimativas do balan-
ccedilo de GEE durante a intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da produccedilatildeo
pecuaacuteria na Amazocircnia aplicadas agrave anaacutelise do Programa Novo
Campo uma iniciativa que atua em fazendas de pecuaacuteria de
corte no estado do Mato Grosso Promovendo a gestatildeo integra-
da da propriedade rural o programa fomenta a adoccedilatildeo progres-
siva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Gado de Corte (BPA)
da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel
(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS)
Essa anaacutelise mostra que o potencial de reduccedilatildeo de emissotildees de
GEE das fazendas participantes do programa alcanccedilaraacute cerca
de 50 por hectare e 90 por quilograma de carne produzida
com elevaccedilatildeo da produccedilatildeo de carne em cinco vezes Apenas nos
dois primeiros anos de melhorias nas praacuteticas agropecuaacuterias em
5
propriedades com elevada taxa de degradaccedilatildeo de pastagens
o programa jaacute proporcionou aumento da produccedilatildeo de carne de
quase 100 e reduziu as emissotildees de GEE em 25 por hectare
de pastagem e em 60 por quilograma de carne produzida
Esses resultados satildeo consequecircncia de uma estrateacutegia que ini-
cialmente recuperou cerca de 10 da aacuterea de pastagem das
propriedades participantes Essa proporccedilatildeo representa qua-
se 500 dos 3500 ha de pastagens degradadas cobertas pelo
programa - dos quais 190 ha foram reformados com sistema
de Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria (iLP) Adicionalmente essa
estrateacutegia introduz e aperfeiccediloa praacuteticas como o pastejo rota-
cionado teacutecnicas de suplementaccedilatildeo sanidade e reproduccedilatildeo
animal e sistemas de gestatildeo para a sustentabilidade das pro-
priedades como um todo
A avaliaccedilatildeo feita pelo mostra que a estrateacutegia ado-
tada pelo Programa Novo Campo tem conduzido os niacuteveis
de emissatildeo de GEE das fazendas participantes a patamares
similares aos encontrados em outras localidades do mundo
com alta eficiecircncia de produccedilatildeo como Nova Zelacircndia Uniatildeo
Europeia e Estados Unidos
Este trabalho tambeacutem mostra o potencial e a capacidade da
pecuaacuteria de corte em reduzir suas emissotildees de GEE e aumen-
tar a produccedilatildeo de proteiacutena animal podendo subsidiar produ-
tores na adoccedilatildeo de boas praacuteticas em larga escala Ao mesmo
tempo tambeacutem deve auxiliar tomadores de decisatildeo consumi-
dores e demais atores da cadeia da carne quanto agrave importacircn-
cia da produccedilatildeo sustentaacutevel em escala para a manutenccedilatildeo do
clima e atendimento a demanda por alimentos
O trabalho apresentado pelo reforccedila a coerecircncia das
metas propostas pelo governo brasileiro para reduccedilatildeo das
emissotildees nacionais Mas tambeacutem alerta tomadores de deci-
satildeo para o desafio de ampliar a assistecircncia teacutecnica e a di-
fusatildeo de tecnologia ao produtor rural Somente a reforma de
pastagens natildeo seraacute suficiente - eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo
de sistemas de gestatildeo que incluam um conjunto de boas praacute-
ticas agropecuaacuterias em escala no Brasil para que as metas
sejam alcanccediladas
Conselho Diretor
Adalberto Veriacutessimo
Andreacute Villas-Bocircas
Maria Zulmira de Souza
Seacutergio Esteves
Maria Celia M Toledo Cruz
Tasso Rezende de Azevedo
Ricardo Abramovay
Conselho Consultivo
Maacuterio Mantovani
Marcelo Paixatildeo
Marilena Lazzarini
Rubens Mendonccedila
Conselho Fiscal
Adauto Tadeu Basiacutelio
Erika Bechara
Rubens Mazon
Sec Executiva
Laura de Santis Prada
Roberto Palmieri
Comunicaccedilatildeo
Priscila Mantelatto
Marina Jordatildeo
Faacutetima Nunes
Diuliane Silva
Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola (Imaflorareg)
Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia Marina Piatto Ciniro Costa Junior - Piracicaba SP Imaflora 2016 68 p 21 x 28 cm
ISBN 978-85-98081-86-1
1 Agropecuaacuteria brasileira 2 Emissotildees de GEE 3 Cadeia de valor - Carne 4 Amazocircnia Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia
RealizaccedilatildeoInstituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Imaflorareg
Coord do estudoMarina Piatto
AutoresCiniro Costa JuniorMarina Piatto
RevisatildeoEduardo Assad Embrapareg
Susian Martins FGV-EESP GV-AGROreg
FotografiaAcervo Imaflorareg
Instituto Centro de Vida ICVreg
Projeto graacutefico e infografiaThiago Oliveira Basso Obassreg
Apoio financeiroMoore Foundationreg
GTPSreg
Essa licenccedila natildeo vale para fotos e ilustraccedilotildees que permanecem em copyright Nota inserida na contracapa
produccedilatildeo de carne bovina
e mudanccedilas climaacuteticas
11
O BRASIl aleacutem de possuir o maior rebanho comercial do mundo eacute tambeacutem um dos
maiores produtores consumidores e exportadores de carne bovina Da atual produccedilatildeo de
carne brasileira (oito milhotildees de toneladas anuais) 75 eacute consumida internamente e o
restante eacute exportado principalmente para paiacuteses da Europa e da Aacutesia (IBGE ABIEC sd)
Com esses nuacutemeros o Valor Bruto da Produccedilatildeo (VBP) da carne bovina foi estimado em
R$ 704 bilhotildees para 2015 (atraacutes apenas do complexo da soja) tornando-se assim um dos
principais setores da economia do paiacutes (BRASIL 2015a) Aleacutem disso essas posiccedilotildees ten-
dem a se manter com a projeccedilatildeo de aumento de produccedilatildeo de 25 para suprir demandas
por carne na proacutexima deacutecada (BRASIL 2015b)
Por outro lado a criaccedilatildeo de bovinos de corte eacute tambeacutem uma das principais fontes de
emissatildeo de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil ndash em 2015 foram emitidos 274
MtCO2e por essa atividade Nesse mesmo ano o paiacutes todo emitiu cerca de 1900 Mt-
CO2e sendo que o setor de agropecuaacuteria contribuiu com 22 dessas emissotildees
(425 MtCO2e) Assim a quantidade de GEE emitida apenas pela pecuaacuteria de cor-
te representa 65 das emissotildees do setor agropecuaacuterio e 15 das emissotildees do paiacutes
atualmente (SEEG sd) Existem ainda as emissotildees de GEE devido a degradaccedilatildeo dos
solos de pastagens estimada em aproximadamente 200 MtCO2e mas que ainda natildeo satildeo
computados no inventaacuterio nacional (SEEG 2016)
O impacto da atividade pecuaacuteria seria reduzido caso o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo
fosse melhorado Estima-se que a produccedilatildeo de carne bovina no Brasil pode ao menos do-
brar utilizando as aacutereas de pastagem jaacute existentes (STRASSBURG et al 2014) Com baixa
exploraccedilatildeo de seu potencial as aacutereas de pastagem tornam-se susceptiacuteveis a degradaccedilatildeo
Com isso estima-se que hoje existem entre 40 e 50 milhotildees de hectares de pastagens
degradadas no Brasil (Eduardo AssadEmbrapa-Comunicaccedilatildeo Pessoal)
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2030 com as atuais ten-
decircncias de produtividade (IBGE sd) seria necessaacuterio aumentar seu rebanho em torno
de 15 (30 milhotildees de cabeccedilas) Nesse contexto acredita-se que apenas os estados da
Amazocircnia comportariam 40 desses animais adicionais (BARBOSA et al 2015) Com
isso haacute um alerta para a potencial conversatildeo de aacutereas nativas e degradaccedilatildeo de aacutereas jaacute
estabelecidas para acomodar esses animais excedentes
12
Nesse sentido a produccedilatildeo de carne bovina brasileira tem sido foco de preocupaccedilotildees
quanto o seu atual e futuro impacto nas mudanccedilas climaacuteticas globais Tanto eacute que se
tornou o tema central nas metas de reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE apresentadas pelo Brasil
na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) realizada em Paris em 2015 evento global que
culminou com maior acordo climaacutetico global jaacute visto o Acordo de Paris (BRASIL 2015c d)
De acordo com o decreto que regulamenta a
Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima ndash
PNMC (BRASIL 2010) o Brasil oficializa um
compromisso voluntaacuterio de reduzir suas emis-
sotildees de GEE entre 361 e 389 ateacute 2020 com-
paradas aos niacuteveis de 2005 Para cumprir essa
meta o decreto tambeacutem prevecirc a elaboraccedilatildeo
de Planos Setoriais com a inclusatildeo de accedilotildees
indicadores e metas especiacuteficas de reduccedilatildeo de
emissotildees e mecanismos para a verificaccedilatildeo do
seu cumprimento para guiar cada setor
O plano setorial para a Agricultura eacute chama-
do de Plano ABC (BRASIL 2012) Esse plano
tem abrangecircncia nacional e seu periacuteodo de vi-
gecircncia eacute de 2010 a 2020 sendo composto por
seis programas relacionados a tecnologias de
mitigaccedilatildeo
1 Recuperaccedilatildeo de 15 milhotildees de
hectares de pastagens degradadas
2 Expansatildeo de 4 milhotildees de hectares de
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta
(iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs)
3 Expansatildeo de 8 milhotildees de hectares
de Sistema Plantio Direto (SPD)
4 Introduccedilatildeo da Fixaccedilatildeo Bioloacutegica
de Nitrogecircnio (FBN) em 55
milhotildees de hectares
5 Expansatildeo de florestas plantadas
em 55 milhotildees de hectares
6 Tratamento de 44 milhotildees
de m3 dejetos animais
Enquanto isso na 21ordf Conferecircncia das Partes
(COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees
Unidas sobre Mudanccedila do Clima realizada em
novembro de 2015 em Paris reuniu 195 paiacuteses
e culminou na elaboraccedilatildeo do Acordo de Paris
Esse acordo tem objetivo de conter o aumento
Acordos climaacuteticos e A AgropecuaacuteriA brAsileirA
13
da temperatura meacutedia global em bem menos
do que 2oC acima dos niacuteveis preacute-industriais
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da
soma de esforccedilos desses 195 paiacuteses incluindo
o Brasil por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo
Nacionalmente Determinadas (INDC)
Apoacutes ratificada pelo presidente Michel Temer em
setembro de 2016 a INCD brasileira deixou de
ser uma pretensatildeo e se tornou um compromis-
so formal de contribuiccedilatildeo chamando-se agora
NDC A NDC brasileira por sua vez se compro-
mete em reduzir as emissotildees do paiacutes em 37
abaixo dos niacuteveis de 2005 em 2025 e subse-
quentemente reduzir essas emissotildees em 43
abaixo dos niacuteveis de 2005 (21 GtCO2e) em 2030
(BRASIL 2015cd) Isso significa o paiacutes reduzir
900 Mt CO2e ateacute 2030 o que resultaria em uma
emissatildeo nesse ano estimada em 1200 Mt CO2e
No que se refere ao setor agriacutecola a NDC brasi-
leira planeja fortalecer o Plano ABC por meio da
recuperaccedilatildeo adicional de 15 milhotildees de hecta-
res de pastagens degradadas e incremento de 5
milhotildees de hectares de sistemas de integraccedilatildeo
Lavoura-Pecuaacuteria-Florestas (iLPF) ateacute 2030
14
Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo Nacional-
mente Determinada (INDC ndash do inglecircs intended Nationally Determined Contribution) se
comprometeu em fortalecer o Plano ABC (BRASIL 2012) com a recuperaccedilatildeo de 15 mi-
lhotildees de hectares de pastagens degradadas e expansatildeo de 5 milhotildees de hectares siste-
mas de produccedilatildeo pecuaacuteria integrados com lavoura e floresta no paiacutes ateacute 2030
A INDC brasileira foi ratificada em setembro de 2016 pelo presidente Michel Temer dei-
xando assim de ter caraacuteter de pretensatildeo e se tornando um compromisso formal de contri-
buiccedilatildeo E assim passa a partir de agora a ser chamada de NDC As accedilotildees contempladas
na NDC brasileira tecircm como objetivo de suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios e
manter as emissotildees do setor de agropecuaacuteria em 2030 sob mesmo patamar de emissotildees
de 2005 ano base da NDC brasileira (BRASIL 2015c d)
Entretanto existem poucas evidecircncias de como um conjunto de boas praacuteticas afetam as
emissotildees de GEE e a produccedilatildeo de fazendas de gado de corte (HAVLIK et al 2014 WOL-
LENBERG et al 2016) Nesse contexto existe a necessidade da avaliaccedilatildeo de iniciativas
reais que introduzem praacuteticas baseadas na recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas com
o objetivo de aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de carne bovina no Brasil e ao mesmo
tempo reduzir as emissotildees de GEE
Esse eacute o caso por exemplo do Programa Novo Campo Coordenado pelo Instituto Centro
de Vida (ICV) o programa tem por objetivo promover praacuteticas sustentaacuteveis de produccedilatildeo de
carne em fazendas de pecuaacuteria na Amazocircnia melhorando o seu desempenho econocircmico
social e ambiental Com isso contribui para reduzir o desmatamento conservar ou recu-
perar os recursos naturais e fortalecer a economia local (ICV 2014)
As intervenccedilotildees promovidas pelo Programa Novo Campo satildeo baseadas na gestatildeo integra-
da da propriedade rural com a adoccedilatildeo progressiva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bo-
vinos de Corte (Valle 2011) da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel
(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS) Ambos estatildeo centralizados
na recuperaccedilatildeo e intensificaccedilatildeo de pastagens degradadas no fornecimento adequado de
suplementaccedilatildeo na melhoria do manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e na adequa-
ccedilatildeo ambiental das propriedades (MARCUZZO 2015)
15
Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser
definidas como um conjunto de normas e de
procedimentos a serem observados para tornar
os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-
taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-
dor o fornecimento de alimentos produzidos de
forma sustentaacutevel (Valle 2011)
A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam
periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de
boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-
ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-
cadores que abrangem todo o sistema produti-
vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental
social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e
das pastagens
BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007
pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-
rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um
conjunto de normas e de procedimentos a se-
rem observados pelos produtores rurais para
que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais
rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-
mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao
adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar
e controlar os diversos fatores que influenciam a
produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-
ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo
do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-
dades de conquista de novos mercados que va-
lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle
2011)
GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar
todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria
bovina a usarem os indicadores como uma fer-
ramenta de busca da sustentabilidade Para o
GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-
lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-
tros quantitativos ou qualitativos que podem ser
avaliados de acordo com alguns criteacuterios No
GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-
do estaacutegios cumulativos de desempenho e os
criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala
de desempenho (GTPS sd)
boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps
16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-
CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas
participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir
intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de
bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas
bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia
bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano
bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores
bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha
Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo
Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio
da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-
pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras
fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-
cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de
emissotildees
Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-
pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-
sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais
METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL
DO PROGRAMA NOVO CAMPO
18
CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-
zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as
primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1
Tabela 1 Anexo 1 e 2)
As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes
estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as
deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo
como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho
Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta
passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-
ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-
ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)
TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012
Nome fazenda
Aacuterea de pastagem (ha)
Nuacutemero meacutedio de animais
Sistema produccedilatildeo
Produccedilatildeo meacutedia carne
(kg ha-1 ano-1)
Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790
Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732
Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724
Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500
Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511
19
n 5 000 km
Amazocircnia
Cerrado
Pantanal
Caatinga
mata Atlacircntica
Pampa
fazendas novo Campo
mato Grosso (mT)
FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO
20
Os segmentos de cria recria e engorda cons-
tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos
de corte Estes podem estar presentes em uma
mesma propriedade ou separados
bull Cria Compreende o periacuteodo de
cobertura ateacute a desmama
bull Recria Compreende a periacuteodo entre a
desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute
a reproduccedilatildeo em fecircmeas
bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal
para o abate que pode ser feita
a pasto ou no confinamento
Assim essas fases designam o sistema de pro-
duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de
cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-
to quando essas fases estatildeo presentes em uma
mesma fazenda diz-se que a mesma possui um
sistema de produccedilatildeo de ciclo completo
sistemAs de produccedilatildeo de cArNe
21
implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps
Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual
de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e
o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-
ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos
animais nas fazendas
Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de
cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da
propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e
estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade
Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as
fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de
pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado
o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte
da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa
aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem
A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura
e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-
ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-
cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto
mais degradado maior a necessidade de reforma
Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado
dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-
mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura
da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo
dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100
kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)
22
bull Recuperar pastagens degradadas uma
das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de
corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-
gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das
aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se
encontram abandonadas ou subutilizadas
promovendo ganhos de produtividade e au-
mentando o sequestro de carbono nos solos
Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo
estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e
de energia Sistemas produtivos estabeleci-
dos em pastagens recuperadas podem pro-
duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se
comparados a sistemas em pastagens de-
gradadas O primeiro passo para recuperar
pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da
fazenda para posterior intervenccedilatildeo
bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-
mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-
lita um melhor uso da forragem aumentando
a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo
para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-
de pois permite o abate de animais mais jo-
vens e com melhor acabamento No entanto
para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-
to de boa qualidade todos os insumos natildeo
podem conter componentes ou resiacuteduos que
possam acarretar problemas agrave sauacutede animal
e humana
bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto
de atividades veterinaacuterias regularmente pla-
nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e
manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas
accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-
zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-
fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo
precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-
ccedilatildeo e banho carrapaticida
bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um
conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a
eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-
mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-
priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel
Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA
ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a
instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias
na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
(MARCUZZO 2015)
23
gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo
do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia
produtiva do rebanho de cria pode ser obtida
por meio das seguintes praacuteticas de manejo
a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de
ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-
tes etc)
b Escolha do periacuteodo de monta
c Escolha do sistema de acasalamento
d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo
e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes
f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama
g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais
h Controle sanitaacuterio do rebanho
bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-
do dos recursos naturais existentes na pro-
priedade rural em conformidade com as leis
ambientais e com as teacutecnicas recomendadas
para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-
de dos recursos hiacutedricos e da paisagem
bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-
quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo
accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-
ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-
cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo
de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e
direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-
dimento das exigecircncias legais e o registro
de todos as atividades e processos da pro-
priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria
e ambiental)(Valle 2011)
24
caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee
Ferramenta de caacutelculo
A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das
emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas
aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais
fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala
de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-
riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-
tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para
condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006
WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)
FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees
Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a
quantidade de GEE emitido (ou removido) pela
quantidade de material consumido ou processa-
do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-
mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg
kg) ou porcentagem ()
balanccedilo de gee =
emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)
O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende
a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)
de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na
pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-
la de fazenda (da porteira para dentro) envolve
a soma das emissotildees de GEE pelos animais e
seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-
dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-
quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-
da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em
solos bem manejados
25
PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA
TR
An
SPOR
TES
CO2
n2O
CH4
REB
AnHO
COndIccedilatildeO dO PASTO
USOS dE InSUmOS
FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA
26
Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)
pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de
dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de
acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade
A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de
fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao
solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela
queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-
culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo
sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)
Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de
GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-
lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do
inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)
O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado
com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-
ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-
tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-
sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda
analisada pode ser visto no Anexo 1
coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo
Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou
os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-
priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e
suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a
total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas
O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da
base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades
participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-
zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)
27
O Potencial de Aquecimento Global (Global
Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-
timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-
rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo
ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma
vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-
ciais de aquecer a Terra quando presentes na
atmosfera O IPCC determina os valores GWP
a serem utilizados e os atualiza de acordo com
o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea
Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute
foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo
(Assessment Report) do IPCC
AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-
decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-
lizados globalmente A calculadora de emissotildees
GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta
em seu modo default os valores GWP reporta-
dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar
de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-
quer outro valor GWP Entretanto nota-se que
para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-
dos apresentados em CO2e eacute preciso checar
se esses valores foram calculados utilizando os
mesmos fatores GWP
Assessment report
Ar2 Ar3 Ar5
1 1 1
21 25 28
310 298 265
poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)
28
paracircmetros utilizados
1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade
2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens
3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)
29
Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que
intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na
meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue
A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi
dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio
entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos
de anaacutelise
Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo
das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos
do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo
condiccedilatildeo das pastagens
bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)
bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo
de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo
moderada para severamente degradada (IPCC 2006)
bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de
degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)
Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da
mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-
mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas
atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros
trabalhos
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
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elo
nuacutem
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sem
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sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Estrada Chico Mendes 185Piracicaba BrasilCEP 13426-420
+55 19 3429 0800 wwwimafloraorg
Contudo satildeo limitadas as evidecircncias de como um conjunto
de praacuteticas agropecuaacuterias afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as
emissotildees de GEE em propriedades rurais brasileiras O
tem trabalhado para suprir essa lacuna de informaccedilotildees ava-
liando iniciativas regionais jaacute estabelecidas e que promovam
sistemas de produccedilatildeo mais sustentaacuteveis conciliando produccedilatildeo
e conservaccedilatildeo
No presente trabalho o apresenta estimativas do balan-
ccedilo de GEE durante a intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da produccedilatildeo
pecuaacuteria na Amazocircnia aplicadas agrave anaacutelise do Programa Novo
Campo uma iniciativa que atua em fazendas de pecuaacuteria de
corte no estado do Mato Grosso Promovendo a gestatildeo integra-
da da propriedade rural o programa fomenta a adoccedilatildeo progres-
siva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Gado de Corte (BPA)
da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel
(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS)
Essa anaacutelise mostra que o potencial de reduccedilatildeo de emissotildees de
GEE das fazendas participantes do programa alcanccedilaraacute cerca
de 50 por hectare e 90 por quilograma de carne produzida
com elevaccedilatildeo da produccedilatildeo de carne em cinco vezes Apenas nos
dois primeiros anos de melhorias nas praacuteticas agropecuaacuterias em
5
propriedades com elevada taxa de degradaccedilatildeo de pastagens
o programa jaacute proporcionou aumento da produccedilatildeo de carne de
quase 100 e reduziu as emissotildees de GEE em 25 por hectare
de pastagem e em 60 por quilograma de carne produzida
Esses resultados satildeo consequecircncia de uma estrateacutegia que ini-
cialmente recuperou cerca de 10 da aacuterea de pastagem das
propriedades participantes Essa proporccedilatildeo representa qua-
se 500 dos 3500 ha de pastagens degradadas cobertas pelo
programa - dos quais 190 ha foram reformados com sistema
de Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria (iLP) Adicionalmente essa
estrateacutegia introduz e aperfeiccediloa praacuteticas como o pastejo rota-
cionado teacutecnicas de suplementaccedilatildeo sanidade e reproduccedilatildeo
animal e sistemas de gestatildeo para a sustentabilidade das pro-
priedades como um todo
A avaliaccedilatildeo feita pelo mostra que a estrateacutegia ado-
tada pelo Programa Novo Campo tem conduzido os niacuteveis
de emissatildeo de GEE das fazendas participantes a patamares
similares aos encontrados em outras localidades do mundo
com alta eficiecircncia de produccedilatildeo como Nova Zelacircndia Uniatildeo
Europeia e Estados Unidos
Este trabalho tambeacutem mostra o potencial e a capacidade da
pecuaacuteria de corte em reduzir suas emissotildees de GEE e aumen-
tar a produccedilatildeo de proteiacutena animal podendo subsidiar produ-
tores na adoccedilatildeo de boas praacuteticas em larga escala Ao mesmo
tempo tambeacutem deve auxiliar tomadores de decisatildeo consumi-
dores e demais atores da cadeia da carne quanto agrave importacircn-
cia da produccedilatildeo sustentaacutevel em escala para a manutenccedilatildeo do
clima e atendimento a demanda por alimentos
O trabalho apresentado pelo reforccedila a coerecircncia das
metas propostas pelo governo brasileiro para reduccedilatildeo das
emissotildees nacionais Mas tambeacutem alerta tomadores de deci-
satildeo para o desafio de ampliar a assistecircncia teacutecnica e a di-
fusatildeo de tecnologia ao produtor rural Somente a reforma de
pastagens natildeo seraacute suficiente - eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo
de sistemas de gestatildeo que incluam um conjunto de boas praacute-
ticas agropecuaacuterias em escala no Brasil para que as metas
sejam alcanccediladas
Conselho Diretor
Adalberto Veriacutessimo
Andreacute Villas-Bocircas
Maria Zulmira de Souza
Seacutergio Esteves
Maria Celia M Toledo Cruz
Tasso Rezende de Azevedo
Ricardo Abramovay
Conselho Consultivo
Maacuterio Mantovani
Marcelo Paixatildeo
Marilena Lazzarini
Rubens Mendonccedila
Conselho Fiscal
Adauto Tadeu Basiacutelio
Erika Bechara
Rubens Mazon
Sec Executiva
Laura de Santis Prada
Roberto Palmieri
Comunicaccedilatildeo
Priscila Mantelatto
Marina Jordatildeo
Faacutetima Nunes
Diuliane Silva
Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola (Imaflorareg)
Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia Marina Piatto Ciniro Costa Junior - Piracicaba SP Imaflora 2016 68 p 21 x 28 cm
ISBN 978-85-98081-86-1
1 Agropecuaacuteria brasileira 2 Emissotildees de GEE 3 Cadeia de valor - Carne 4 Amazocircnia Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia
RealizaccedilatildeoInstituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Imaflorareg
Coord do estudoMarina Piatto
AutoresCiniro Costa JuniorMarina Piatto
RevisatildeoEduardo Assad Embrapareg
Susian Martins FGV-EESP GV-AGROreg
FotografiaAcervo Imaflorareg
Instituto Centro de Vida ICVreg
Projeto graacutefico e infografiaThiago Oliveira Basso Obassreg
Apoio financeiroMoore Foundationreg
GTPSreg
Essa licenccedila natildeo vale para fotos e ilustraccedilotildees que permanecem em copyright Nota inserida na contracapa
produccedilatildeo de carne bovina
e mudanccedilas climaacuteticas
11
O BRASIl aleacutem de possuir o maior rebanho comercial do mundo eacute tambeacutem um dos
maiores produtores consumidores e exportadores de carne bovina Da atual produccedilatildeo de
carne brasileira (oito milhotildees de toneladas anuais) 75 eacute consumida internamente e o
restante eacute exportado principalmente para paiacuteses da Europa e da Aacutesia (IBGE ABIEC sd)
Com esses nuacutemeros o Valor Bruto da Produccedilatildeo (VBP) da carne bovina foi estimado em
R$ 704 bilhotildees para 2015 (atraacutes apenas do complexo da soja) tornando-se assim um dos
principais setores da economia do paiacutes (BRASIL 2015a) Aleacutem disso essas posiccedilotildees ten-
dem a se manter com a projeccedilatildeo de aumento de produccedilatildeo de 25 para suprir demandas
por carne na proacutexima deacutecada (BRASIL 2015b)
Por outro lado a criaccedilatildeo de bovinos de corte eacute tambeacutem uma das principais fontes de
emissatildeo de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil ndash em 2015 foram emitidos 274
MtCO2e por essa atividade Nesse mesmo ano o paiacutes todo emitiu cerca de 1900 Mt-
CO2e sendo que o setor de agropecuaacuteria contribuiu com 22 dessas emissotildees
(425 MtCO2e) Assim a quantidade de GEE emitida apenas pela pecuaacuteria de cor-
te representa 65 das emissotildees do setor agropecuaacuterio e 15 das emissotildees do paiacutes
atualmente (SEEG sd) Existem ainda as emissotildees de GEE devido a degradaccedilatildeo dos
solos de pastagens estimada em aproximadamente 200 MtCO2e mas que ainda natildeo satildeo
computados no inventaacuterio nacional (SEEG 2016)
O impacto da atividade pecuaacuteria seria reduzido caso o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo
fosse melhorado Estima-se que a produccedilatildeo de carne bovina no Brasil pode ao menos do-
brar utilizando as aacutereas de pastagem jaacute existentes (STRASSBURG et al 2014) Com baixa
exploraccedilatildeo de seu potencial as aacutereas de pastagem tornam-se susceptiacuteveis a degradaccedilatildeo
Com isso estima-se que hoje existem entre 40 e 50 milhotildees de hectares de pastagens
degradadas no Brasil (Eduardo AssadEmbrapa-Comunicaccedilatildeo Pessoal)
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2030 com as atuais ten-
decircncias de produtividade (IBGE sd) seria necessaacuterio aumentar seu rebanho em torno
de 15 (30 milhotildees de cabeccedilas) Nesse contexto acredita-se que apenas os estados da
Amazocircnia comportariam 40 desses animais adicionais (BARBOSA et al 2015) Com
isso haacute um alerta para a potencial conversatildeo de aacutereas nativas e degradaccedilatildeo de aacutereas jaacute
estabelecidas para acomodar esses animais excedentes
12
Nesse sentido a produccedilatildeo de carne bovina brasileira tem sido foco de preocupaccedilotildees
quanto o seu atual e futuro impacto nas mudanccedilas climaacuteticas globais Tanto eacute que se
tornou o tema central nas metas de reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE apresentadas pelo Brasil
na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) realizada em Paris em 2015 evento global que
culminou com maior acordo climaacutetico global jaacute visto o Acordo de Paris (BRASIL 2015c d)
De acordo com o decreto que regulamenta a
Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima ndash
PNMC (BRASIL 2010) o Brasil oficializa um
compromisso voluntaacuterio de reduzir suas emis-
sotildees de GEE entre 361 e 389 ateacute 2020 com-
paradas aos niacuteveis de 2005 Para cumprir essa
meta o decreto tambeacutem prevecirc a elaboraccedilatildeo
de Planos Setoriais com a inclusatildeo de accedilotildees
indicadores e metas especiacuteficas de reduccedilatildeo de
emissotildees e mecanismos para a verificaccedilatildeo do
seu cumprimento para guiar cada setor
O plano setorial para a Agricultura eacute chama-
do de Plano ABC (BRASIL 2012) Esse plano
tem abrangecircncia nacional e seu periacuteodo de vi-
gecircncia eacute de 2010 a 2020 sendo composto por
seis programas relacionados a tecnologias de
mitigaccedilatildeo
1 Recuperaccedilatildeo de 15 milhotildees de
hectares de pastagens degradadas
2 Expansatildeo de 4 milhotildees de hectares de
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta
(iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs)
3 Expansatildeo de 8 milhotildees de hectares
de Sistema Plantio Direto (SPD)
4 Introduccedilatildeo da Fixaccedilatildeo Bioloacutegica
de Nitrogecircnio (FBN) em 55
milhotildees de hectares
5 Expansatildeo de florestas plantadas
em 55 milhotildees de hectares
6 Tratamento de 44 milhotildees
de m3 dejetos animais
Enquanto isso na 21ordf Conferecircncia das Partes
(COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees
Unidas sobre Mudanccedila do Clima realizada em
novembro de 2015 em Paris reuniu 195 paiacuteses
e culminou na elaboraccedilatildeo do Acordo de Paris
Esse acordo tem objetivo de conter o aumento
Acordos climaacuteticos e A AgropecuaacuteriA brAsileirA
13
da temperatura meacutedia global em bem menos
do que 2oC acima dos niacuteveis preacute-industriais
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da
soma de esforccedilos desses 195 paiacuteses incluindo
o Brasil por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo
Nacionalmente Determinadas (INDC)
Apoacutes ratificada pelo presidente Michel Temer em
setembro de 2016 a INCD brasileira deixou de
ser uma pretensatildeo e se tornou um compromis-
so formal de contribuiccedilatildeo chamando-se agora
NDC A NDC brasileira por sua vez se compro-
mete em reduzir as emissotildees do paiacutes em 37
abaixo dos niacuteveis de 2005 em 2025 e subse-
quentemente reduzir essas emissotildees em 43
abaixo dos niacuteveis de 2005 (21 GtCO2e) em 2030
(BRASIL 2015cd) Isso significa o paiacutes reduzir
900 Mt CO2e ateacute 2030 o que resultaria em uma
emissatildeo nesse ano estimada em 1200 Mt CO2e
No que se refere ao setor agriacutecola a NDC brasi-
leira planeja fortalecer o Plano ABC por meio da
recuperaccedilatildeo adicional de 15 milhotildees de hecta-
res de pastagens degradadas e incremento de 5
milhotildees de hectares de sistemas de integraccedilatildeo
Lavoura-Pecuaacuteria-Florestas (iLPF) ateacute 2030
14
Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo Nacional-
mente Determinada (INDC ndash do inglecircs intended Nationally Determined Contribution) se
comprometeu em fortalecer o Plano ABC (BRASIL 2012) com a recuperaccedilatildeo de 15 mi-
lhotildees de hectares de pastagens degradadas e expansatildeo de 5 milhotildees de hectares siste-
mas de produccedilatildeo pecuaacuteria integrados com lavoura e floresta no paiacutes ateacute 2030
A INDC brasileira foi ratificada em setembro de 2016 pelo presidente Michel Temer dei-
xando assim de ter caraacuteter de pretensatildeo e se tornando um compromisso formal de contri-
buiccedilatildeo E assim passa a partir de agora a ser chamada de NDC As accedilotildees contempladas
na NDC brasileira tecircm como objetivo de suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios e
manter as emissotildees do setor de agropecuaacuteria em 2030 sob mesmo patamar de emissotildees
de 2005 ano base da NDC brasileira (BRASIL 2015c d)
Entretanto existem poucas evidecircncias de como um conjunto de boas praacuteticas afetam as
emissotildees de GEE e a produccedilatildeo de fazendas de gado de corte (HAVLIK et al 2014 WOL-
LENBERG et al 2016) Nesse contexto existe a necessidade da avaliaccedilatildeo de iniciativas
reais que introduzem praacuteticas baseadas na recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas com
o objetivo de aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de carne bovina no Brasil e ao mesmo
tempo reduzir as emissotildees de GEE
Esse eacute o caso por exemplo do Programa Novo Campo Coordenado pelo Instituto Centro
de Vida (ICV) o programa tem por objetivo promover praacuteticas sustentaacuteveis de produccedilatildeo de
carne em fazendas de pecuaacuteria na Amazocircnia melhorando o seu desempenho econocircmico
social e ambiental Com isso contribui para reduzir o desmatamento conservar ou recu-
perar os recursos naturais e fortalecer a economia local (ICV 2014)
As intervenccedilotildees promovidas pelo Programa Novo Campo satildeo baseadas na gestatildeo integra-
da da propriedade rural com a adoccedilatildeo progressiva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bo-
vinos de Corte (Valle 2011) da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel
(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS) Ambos estatildeo centralizados
na recuperaccedilatildeo e intensificaccedilatildeo de pastagens degradadas no fornecimento adequado de
suplementaccedilatildeo na melhoria do manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e na adequa-
ccedilatildeo ambiental das propriedades (MARCUZZO 2015)
15
Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser
definidas como um conjunto de normas e de
procedimentos a serem observados para tornar
os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-
taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-
dor o fornecimento de alimentos produzidos de
forma sustentaacutevel (Valle 2011)
A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam
periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de
boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-
ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-
cadores que abrangem todo o sistema produti-
vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental
social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e
das pastagens
BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007
pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-
rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um
conjunto de normas e de procedimentos a se-
rem observados pelos produtores rurais para
que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais
rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-
mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao
adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar
e controlar os diversos fatores que influenciam a
produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-
ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo
do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-
dades de conquista de novos mercados que va-
lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle
2011)
GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar
todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria
bovina a usarem os indicadores como uma fer-
ramenta de busca da sustentabilidade Para o
GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-
lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-
tros quantitativos ou qualitativos que podem ser
avaliados de acordo com alguns criteacuterios No
GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-
do estaacutegios cumulativos de desempenho e os
criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala
de desempenho (GTPS sd)
boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps
16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-
CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas
participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir
intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de
bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas
bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia
bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano
bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores
bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha
Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo
Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio
da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-
pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras
fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-
cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de
emissotildees
Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-
pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-
sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais
METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL
DO PROGRAMA NOVO CAMPO
18
CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-
zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as
primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1
Tabela 1 Anexo 1 e 2)
As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes
estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as
deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo
como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho
Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta
passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-
ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-
ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)
TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012
Nome fazenda
Aacuterea de pastagem (ha)
Nuacutemero meacutedio de animais
Sistema produccedilatildeo
Produccedilatildeo meacutedia carne
(kg ha-1 ano-1)
Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790
Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732
Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724
Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500
Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511
19
n 5 000 km
Amazocircnia
Cerrado
Pantanal
Caatinga
mata Atlacircntica
Pampa
fazendas novo Campo
mato Grosso (mT)
FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO
20
Os segmentos de cria recria e engorda cons-
tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos
de corte Estes podem estar presentes em uma
mesma propriedade ou separados
bull Cria Compreende o periacuteodo de
cobertura ateacute a desmama
bull Recria Compreende a periacuteodo entre a
desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute
a reproduccedilatildeo em fecircmeas
bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal
para o abate que pode ser feita
a pasto ou no confinamento
Assim essas fases designam o sistema de pro-
duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de
cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-
to quando essas fases estatildeo presentes em uma
mesma fazenda diz-se que a mesma possui um
sistema de produccedilatildeo de ciclo completo
sistemAs de produccedilatildeo de cArNe
21
implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps
Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual
de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e
o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-
ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos
animais nas fazendas
Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de
cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da
propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e
estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade
Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as
fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de
pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado
o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte
da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa
aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem
A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura
e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-
ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-
cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto
mais degradado maior a necessidade de reforma
Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado
dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-
mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura
da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo
dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100
kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)
22
bull Recuperar pastagens degradadas uma
das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de
corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-
gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das
aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se
encontram abandonadas ou subutilizadas
promovendo ganhos de produtividade e au-
mentando o sequestro de carbono nos solos
Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo
estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e
de energia Sistemas produtivos estabeleci-
dos em pastagens recuperadas podem pro-
duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se
comparados a sistemas em pastagens de-
gradadas O primeiro passo para recuperar
pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da
fazenda para posterior intervenccedilatildeo
bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-
mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-
lita um melhor uso da forragem aumentando
a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo
para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-
de pois permite o abate de animais mais jo-
vens e com melhor acabamento No entanto
para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-
to de boa qualidade todos os insumos natildeo
podem conter componentes ou resiacuteduos que
possam acarretar problemas agrave sauacutede animal
e humana
bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto
de atividades veterinaacuterias regularmente pla-
nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e
manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas
accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-
zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-
fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo
precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-
ccedilatildeo e banho carrapaticida
bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um
conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a
eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-
mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-
priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel
Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA
ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a
instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias
na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
(MARCUZZO 2015)
23
gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo
do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia
produtiva do rebanho de cria pode ser obtida
por meio das seguintes praacuteticas de manejo
a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de
ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-
tes etc)
b Escolha do periacuteodo de monta
c Escolha do sistema de acasalamento
d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo
e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes
f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama
g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais
h Controle sanitaacuterio do rebanho
bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-
do dos recursos naturais existentes na pro-
priedade rural em conformidade com as leis
ambientais e com as teacutecnicas recomendadas
para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-
de dos recursos hiacutedricos e da paisagem
bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-
quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo
accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-
ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-
cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo
de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e
direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-
dimento das exigecircncias legais e o registro
de todos as atividades e processos da pro-
priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria
e ambiental)(Valle 2011)
24
caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee
Ferramenta de caacutelculo
A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das
emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas
aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais
fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala
de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-
riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-
tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para
condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006
WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)
FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees
Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a
quantidade de GEE emitido (ou removido) pela
quantidade de material consumido ou processa-
do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-
mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg
kg) ou porcentagem ()
balanccedilo de gee =
emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)
O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende
a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)
de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na
pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-
la de fazenda (da porteira para dentro) envolve
a soma das emissotildees de GEE pelos animais e
seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-
dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-
quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-
da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em
solos bem manejados
25
PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA
TR
An
SPOR
TES
CO2
n2O
CH4
REB
AnHO
COndIccedilatildeO dO PASTO
USOS dE InSUmOS
FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA
26
Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)
pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de
dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de
acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade
A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de
fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao
solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela
queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-
culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo
sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)
Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de
GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-
lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do
inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)
O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado
com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-
ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-
tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-
sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda
analisada pode ser visto no Anexo 1
coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo
Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou
os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-
priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e
suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a
total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas
O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da
base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades
participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-
zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)
27
O Potencial de Aquecimento Global (Global
Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-
timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-
rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo
ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma
vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-
ciais de aquecer a Terra quando presentes na
atmosfera O IPCC determina os valores GWP
a serem utilizados e os atualiza de acordo com
o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea
Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute
foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo
(Assessment Report) do IPCC
AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-
decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-
lizados globalmente A calculadora de emissotildees
GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta
em seu modo default os valores GWP reporta-
dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar
de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-
quer outro valor GWP Entretanto nota-se que
para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-
dos apresentados em CO2e eacute preciso checar
se esses valores foram calculados utilizando os
mesmos fatores GWP
Assessment report
Ar2 Ar3 Ar5
1 1 1
21 25 28
310 298 265
poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)
28
paracircmetros utilizados
1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade
2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens
3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)
29
Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que
intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na
meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue
A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi
dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio
entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos
de anaacutelise
Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo
das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos
do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo
condiccedilatildeo das pastagens
bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)
bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo
de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo
moderada para severamente degradada (IPCC 2006)
bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de
degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)
Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da
mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-
mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas
atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros
trabalhos
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
REfEREcircnCIAS
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
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os p
elo
nuacutem
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part
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ra a
poacutes
sem
eadu
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sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Estrada Chico Mendes 185Piracicaba BrasilCEP 13426-420
+55 19 3429 0800 wwwimafloraorg
propriedades com elevada taxa de degradaccedilatildeo de pastagens
o programa jaacute proporcionou aumento da produccedilatildeo de carne de
quase 100 e reduziu as emissotildees de GEE em 25 por hectare
de pastagem e em 60 por quilograma de carne produzida
Esses resultados satildeo consequecircncia de uma estrateacutegia que ini-
cialmente recuperou cerca de 10 da aacuterea de pastagem das
propriedades participantes Essa proporccedilatildeo representa qua-
se 500 dos 3500 ha de pastagens degradadas cobertas pelo
programa - dos quais 190 ha foram reformados com sistema
de Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria (iLP) Adicionalmente essa
estrateacutegia introduz e aperfeiccediloa praacuteticas como o pastejo rota-
cionado teacutecnicas de suplementaccedilatildeo sanidade e reproduccedilatildeo
animal e sistemas de gestatildeo para a sustentabilidade das pro-
priedades como um todo
A avaliaccedilatildeo feita pelo mostra que a estrateacutegia ado-
tada pelo Programa Novo Campo tem conduzido os niacuteveis
de emissatildeo de GEE das fazendas participantes a patamares
similares aos encontrados em outras localidades do mundo
com alta eficiecircncia de produccedilatildeo como Nova Zelacircndia Uniatildeo
Europeia e Estados Unidos
Este trabalho tambeacutem mostra o potencial e a capacidade da
pecuaacuteria de corte em reduzir suas emissotildees de GEE e aumen-
tar a produccedilatildeo de proteiacutena animal podendo subsidiar produ-
tores na adoccedilatildeo de boas praacuteticas em larga escala Ao mesmo
tempo tambeacutem deve auxiliar tomadores de decisatildeo consumi-
dores e demais atores da cadeia da carne quanto agrave importacircn-
cia da produccedilatildeo sustentaacutevel em escala para a manutenccedilatildeo do
clima e atendimento a demanda por alimentos
O trabalho apresentado pelo reforccedila a coerecircncia das
metas propostas pelo governo brasileiro para reduccedilatildeo das
emissotildees nacionais Mas tambeacutem alerta tomadores de deci-
satildeo para o desafio de ampliar a assistecircncia teacutecnica e a di-
fusatildeo de tecnologia ao produtor rural Somente a reforma de
pastagens natildeo seraacute suficiente - eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo
de sistemas de gestatildeo que incluam um conjunto de boas praacute-
ticas agropecuaacuterias em escala no Brasil para que as metas
sejam alcanccediladas
Conselho Diretor
Adalberto Veriacutessimo
Andreacute Villas-Bocircas
Maria Zulmira de Souza
Seacutergio Esteves
Maria Celia M Toledo Cruz
Tasso Rezende de Azevedo
Ricardo Abramovay
Conselho Consultivo
Maacuterio Mantovani
Marcelo Paixatildeo
Marilena Lazzarini
Rubens Mendonccedila
Conselho Fiscal
Adauto Tadeu Basiacutelio
Erika Bechara
Rubens Mazon
Sec Executiva
Laura de Santis Prada
Roberto Palmieri
Comunicaccedilatildeo
Priscila Mantelatto
Marina Jordatildeo
Faacutetima Nunes
Diuliane Silva
Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola (Imaflorareg)
Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia Marina Piatto Ciniro Costa Junior - Piracicaba SP Imaflora 2016 68 p 21 x 28 cm
ISBN 978-85-98081-86-1
1 Agropecuaacuteria brasileira 2 Emissotildees de GEE 3 Cadeia de valor - Carne 4 Amazocircnia Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia
RealizaccedilatildeoInstituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Imaflorareg
Coord do estudoMarina Piatto
AutoresCiniro Costa JuniorMarina Piatto
RevisatildeoEduardo Assad Embrapareg
Susian Martins FGV-EESP GV-AGROreg
FotografiaAcervo Imaflorareg
Instituto Centro de Vida ICVreg
Projeto graacutefico e infografiaThiago Oliveira Basso Obassreg
Apoio financeiroMoore Foundationreg
GTPSreg
Essa licenccedila natildeo vale para fotos e ilustraccedilotildees que permanecem em copyright Nota inserida na contracapa
produccedilatildeo de carne bovina
e mudanccedilas climaacuteticas
11
O BRASIl aleacutem de possuir o maior rebanho comercial do mundo eacute tambeacutem um dos
maiores produtores consumidores e exportadores de carne bovina Da atual produccedilatildeo de
carne brasileira (oito milhotildees de toneladas anuais) 75 eacute consumida internamente e o
restante eacute exportado principalmente para paiacuteses da Europa e da Aacutesia (IBGE ABIEC sd)
Com esses nuacutemeros o Valor Bruto da Produccedilatildeo (VBP) da carne bovina foi estimado em
R$ 704 bilhotildees para 2015 (atraacutes apenas do complexo da soja) tornando-se assim um dos
principais setores da economia do paiacutes (BRASIL 2015a) Aleacutem disso essas posiccedilotildees ten-
dem a se manter com a projeccedilatildeo de aumento de produccedilatildeo de 25 para suprir demandas
por carne na proacutexima deacutecada (BRASIL 2015b)
Por outro lado a criaccedilatildeo de bovinos de corte eacute tambeacutem uma das principais fontes de
emissatildeo de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil ndash em 2015 foram emitidos 274
MtCO2e por essa atividade Nesse mesmo ano o paiacutes todo emitiu cerca de 1900 Mt-
CO2e sendo que o setor de agropecuaacuteria contribuiu com 22 dessas emissotildees
(425 MtCO2e) Assim a quantidade de GEE emitida apenas pela pecuaacuteria de cor-
te representa 65 das emissotildees do setor agropecuaacuterio e 15 das emissotildees do paiacutes
atualmente (SEEG sd) Existem ainda as emissotildees de GEE devido a degradaccedilatildeo dos
solos de pastagens estimada em aproximadamente 200 MtCO2e mas que ainda natildeo satildeo
computados no inventaacuterio nacional (SEEG 2016)
O impacto da atividade pecuaacuteria seria reduzido caso o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo
fosse melhorado Estima-se que a produccedilatildeo de carne bovina no Brasil pode ao menos do-
brar utilizando as aacutereas de pastagem jaacute existentes (STRASSBURG et al 2014) Com baixa
exploraccedilatildeo de seu potencial as aacutereas de pastagem tornam-se susceptiacuteveis a degradaccedilatildeo
Com isso estima-se que hoje existem entre 40 e 50 milhotildees de hectares de pastagens
degradadas no Brasil (Eduardo AssadEmbrapa-Comunicaccedilatildeo Pessoal)
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2030 com as atuais ten-
decircncias de produtividade (IBGE sd) seria necessaacuterio aumentar seu rebanho em torno
de 15 (30 milhotildees de cabeccedilas) Nesse contexto acredita-se que apenas os estados da
Amazocircnia comportariam 40 desses animais adicionais (BARBOSA et al 2015) Com
isso haacute um alerta para a potencial conversatildeo de aacutereas nativas e degradaccedilatildeo de aacutereas jaacute
estabelecidas para acomodar esses animais excedentes
12
Nesse sentido a produccedilatildeo de carne bovina brasileira tem sido foco de preocupaccedilotildees
quanto o seu atual e futuro impacto nas mudanccedilas climaacuteticas globais Tanto eacute que se
tornou o tema central nas metas de reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE apresentadas pelo Brasil
na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) realizada em Paris em 2015 evento global que
culminou com maior acordo climaacutetico global jaacute visto o Acordo de Paris (BRASIL 2015c d)
De acordo com o decreto que regulamenta a
Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima ndash
PNMC (BRASIL 2010) o Brasil oficializa um
compromisso voluntaacuterio de reduzir suas emis-
sotildees de GEE entre 361 e 389 ateacute 2020 com-
paradas aos niacuteveis de 2005 Para cumprir essa
meta o decreto tambeacutem prevecirc a elaboraccedilatildeo
de Planos Setoriais com a inclusatildeo de accedilotildees
indicadores e metas especiacuteficas de reduccedilatildeo de
emissotildees e mecanismos para a verificaccedilatildeo do
seu cumprimento para guiar cada setor
O plano setorial para a Agricultura eacute chama-
do de Plano ABC (BRASIL 2012) Esse plano
tem abrangecircncia nacional e seu periacuteodo de vi-
gecircncia eacute de 2010 a 2020 sendo composto por
seis programas relacionados a tecnologias de
mitigaccedilatildeo
1 Recuperaccedilatildeo de 15 milhotildees de
hectares de pastagens degradadas
2 Expansatildeo de 4 milhotildees de hectares de
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta
(iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs)
3 Expansatildeo de 8 milhotildees de hectares
de Sistema Plantio Direto (SPD)
4 Introduccedilatildeo da Fixaccedilatildeo Bioloacutegica
de Nitrogecircnio (FBN) em 55
milhotildees de hectares
5 Expansatildeo de florestas plantadas
em 55 milhotildees de hectares
6 Tratamento de 44 milhotildees
de m3 dejetos animais
Enquanto isso na 21ordf Conferecircncia das Partes
(COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees
Unidas sobre Mudanccedila do Clima realizada em
novembro de 2015 em Paris reuniu 195 paiacuteses
e culminou na elaboraccedilatildeo do Acordo de Paris
Esse acordo tem objetivo de conter o aumento
Acordos climaacuteticos e A AgropecuaacuteriA brAsileirA
13
da temperatura meacutedia global em bem menos
do que 2oC acima dos niacuteveis preacute-industriais
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da
soma de esforccedilos desses 195 paiacuteses incluindo
o Brasil por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo
Nacionalmente Determinadas (INDC)
Apoacutes ratificada pelo presidente Michel Temer em
setembro de 2016 a INCD brasileira deixou de
ser uma pretensatildeo e se tornou um compromis-
so formal de contribuiccedilatildeo chamando-se agora
NDC A NDC brasileira por sua vez se compro-
mete em reduzir as emissotildees do paiacutes em 37
abaixo dos niacuteveis de 2005 em 2025 e subse-
quentemente reduzir essas emissotildees em 43
abaixo dos niacuteveis de 2005 (21 GtCO2e) em 2030
(BRASIL 2015cd) Isso significa o paiacutes reduzir
900 Mt CO2e ateacute 2030 o que resultaria em uma
emissatildeo nesse ano estimada em 1200 Mt CO2e
No que se refere ao setor agriacutecola a NDC brasi-
leira planeja fortalecer o Plano ABC por meio da
recuperaccedilatildeo adicional de 15 milhotildees de hecta-
res de pastagens degradadas e incremento de 5
milhotildees de hectares de sistemas de integraccedilatildeo
Lavoura-Pecuaacuteria-Florestas (iLPF) ateacute 2030
14
Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo Nacional-
mente Determinada (INDC ndash do inglecircs intended Nationally Determined Contribution) se
comprometeu em fortalecer o Plano ABC (BRASIL 2012) com a recuperaccedilatildeo de 15 mi-
lhotildees de hectares de pastagens degradadas e expansatildeo de 5 milhotildees de hectares siste-
mas de produccedilatildeo pecuaacuteria integrados com lavoura e floresta no paiacutes ateacute 2030
A INDC brasileira foi ratificada em setembro de 2016 pelo presidente Michel Temer dei-
xando assim de ter caraacuteter de pretensatildeo e se tornando um compromisso formal de contri-
buiccedilatildeo E assim passa a partir de agora a ser chamada de NDC As accedilotildees contempladas
na NDC brasileira tecircm como objetivo de suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios e
manter as emissotildees do setor de agropecuaacuteria em 2030 sob mesmo patamar de emissotildees
de 2005 ano base da NDC brasileira (BRASIL 2015c d)
Entretanto existem poucas evidecircncias de como um conjunto de boas praacuteticas afetam as
emissotildees de GEE e a produccedilatildeo de fazendas de gado de corte (HAVLIK et al 2014 WOL-
LENBERG et al 2016) Nesse contexto existe a necessidade da avaliaccedilatildeo de iniciativas
reais que introduzem praacuteticas baseadas na recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas com
o objetivo de aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de carne bovina no Brasil e ao mesmo
tempo reduzir as emissotildees de GEE
Esse eacute o caso por exemplo do Programa Novo Campo Coordenado pelo Instituto Centro
de Vida (ICV) o programa tem por objetivo promover praacuteticas sustentaacuteveis de produccedilatildeo de
carne em fazendas de pecuaacuteria na Amazocircnia melhorando o seu desempenho econocircmico
social e ambiental Com isso contribui para reduzir o desmatamento conservar ou recu-
perar os recursos naturais e fortalecer a economia local (ICV 2014)
As intervenccedilotildees promovidas pelo Programa Novo Campo satildeo baseadas na gestatildeo integra-
da da propriedade rural com a adoccedilatildeo progressiva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bo-
vinos de Corte (Valle 2011) da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel
(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS) Ambos estatildeo centralizados
na recuperaccedilatildeo e intensificaccedilatildeo de pastagens degradadas no fornecimento adequado de
suplementaccedilatildeo na melhoria do manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e na adequa-
ccedilatildeo ambiental das propriedades (MARCUZZO 2015)
15
Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser
definidas como um conjunto de normas e de
procedimentos a serem observados para tornar
os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-
taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-
dor o fornecimento de alimentos produzidos de
forma sustentaacutevel (Valle 2011)
A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam
periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de
boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-
ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-
cadores que abrangem todo o sistema produti-
vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental
social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e
das pastagens
BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007
pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-
rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um
conjunto de normas e de procedimentos a se-
rem observados pelos produtores rurais para
que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais
rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-
mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao
adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar
e controlar os diversos fatores que influenciam a
produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-
ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo
do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-
dades de conquista de novos mercados que va-
lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle
2011)
GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar
todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria
bovina a usarem os indicadores como uma fer-
ramenta de busca da sustentabilidade Para o
GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-
lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-
tros quantitativos ou qualitativos que podem ser
avaliados de acordo com alguns criteacuterios No
GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-
do estaacutegios cumulativos de desempenho e os
criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala
de desempenho (GTPS sd)
boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps
16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-
CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas
participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir
intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de
bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas
bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia
bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano
bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores
bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha
Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo
Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio
da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-
pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras
fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-
cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de
emissotildees
Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-
pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-
sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais
METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL
DO PROGRAMA NOVO CAMPO
18
CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-
zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as
primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1
Tabela 1 Anexo 1 e 2)
As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes
estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as
deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo
como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho
Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta
passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-
ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-
ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)
TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012
Nome fazenda
Aacuterea de pastagem (ha)
Nuacutemero meacutedio de animais
Sistema produccedilatildeo
Produccedilatildeo meacutedia carne
(kg ha-1 ano-1)
Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790
Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732
Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724
Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500
Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511
19
n 5 000 km
Amazocircnia
Cerrado
Pantanal
Caatinga
mata Atlacircntica
Pampa
fazendas novo Campo
mato Grosso (mT)
FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO
20
Os segmentos de cria recria e engorda cons-
tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos
de corte Estes podem estar presentes em uma
mesma propriedade ou separados
bull Cria Compreende o periacuteodo de
cobertura ateacute a desmama
bull Recria Compreende a periacuteodo entre a
desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute
a reproduccedilatildeo em fecircmeas
bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal
para o abate que pode ser feita
a pasto ou no confinamento
Assim essas fases designam o sistema de pro-
duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de
cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-
to quando essas fases estatildeo presentes em uma
mesma fazenda diz-se que a mesma possui um
sistema de produccedilatildeo de ciclo completo
sistemAs de produccedilatildeo de cArNe
21
implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps
Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual
de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e
o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-
ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos
animais nas fazendas
Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de
cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da
propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e
estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade
Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as
fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de
pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado
o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte
da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa
aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem
A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura
e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-
ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-
cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto
mais degradado maior a necessidade de reforma
Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado
dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-
mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura
da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo
dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100
kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)
22
bull Recuperar pastagens degradadas uma
das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de
corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-
gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das
aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se
encontram abandonadas ou subutilizadas
promovendo ganhos de produtividade e au-
mentando o sequestro de carbono nos solos
Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo
estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e
de energia Sistemas produtivos estabeleci-
dos em pastagens recuperadas podem pro-
duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se
comparados a sistemas em pastagens de-
gradadas O primeiro passo para recuperar
pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da
fazenda para posterior intervenccedilatildeo
bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-
mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-
lita um melhor uso da forragem aumentando
a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo
para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-
de pois permite o abate de animais mais jo-
vens e com melhor acabamento No entanto
para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-
to de boa qualidade todos os insumos natildeo
podem conter componentes ou resiacuteduos que
possam acarretar problemas agrave sauacutede animal
e humana
bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto
de atividades veterinaacuterias regularmente pla-
nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e
manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas
accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-
zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-
fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo
precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-
ccedilatildeo e banho carrapaticida
bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um
conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a
eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-
mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-
priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel
Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA
ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a
instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias
na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
(MARCUZZO 2015)
23
gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo
do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia
produtiva do rebanho de cria pode ser obtida
por meio das seguintes praacuteticas de manejo
a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de
ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-
tes etc)
b Escolha do periacuteodo de monta
c Escolha do sistema de acasalamento
d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo
e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes
f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama
g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais
h Controle sanitaacuterio do rebanho
bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-
do dos recursos naturais existentes na pro-
priedade rural em conformidade com as leis
ambientais e com as teacutecnicas recomendadas
para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-
de dos recursos hiacutedricos e da paisagem
bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-
quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo
accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-
ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-
cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo
de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e
direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-
dimento das exigecircncias legais e o registro
de todos as atividades e processos da pro-
priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria
e ambiental)(Valle 2011)
24
caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee
Ferramenta de caacutelculo
A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das
emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas
aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais
fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala
de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-
riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-
tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para
condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006
WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)
FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees
Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a
quantidade de GEE emitido (ou removido) pela
quantidade de material consumido ou processa-
do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-
mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg
kg) ou porcentagem ()
balanccedilo de gee =
emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)
O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende
a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)
de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na
pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-
la de fazenda (da porteira para dentro) envolve
a soma das emissotildees de GEE pelos animais e
seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-
dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-
quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-
da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em
solos bem manejados
25
PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA
TR
An
SPOR
TES
CO2
n2O
CH4
REB
AnHO
COndIccedilatildeO dO PASTO
USOS dE InSUmOS
FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA
26
Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)
pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de
dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de
acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade
A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de
fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao
solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela
queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-
culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo
sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)
Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de
GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-
lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do
inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)
O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado
com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-
ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-
tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-
sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda
analisada pode ser visto no Anexo 1
coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo
Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou
os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-
priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e
suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a
total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas
O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da
base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades
participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-
zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)
27
O Potencial de Aquecimento Global (Global
Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-
timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-
rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo
ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma
vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-
ciais de aquecer a Terra quando presentes na
atmosfera O IPCC determina os valores GWP
a serem utilizados e os atualiza de acordo com
o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea
Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute
foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo
(Assessment Report) do IPCC
AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-
decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-
lizados globalmente A calculadora de emissotildees
GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta
em seu modo default os valores GWP reporta-
dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar
de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-
quer outro valor GWP Entretanto nota-se que
para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-
dos apresentados em CO2e eacute preciso checar
se esses valores foram calculados utilizando os
mesmos fatores GWP
Assessment report
Ar2 Ar3 Ar5
1 1 1
21 25 28
310 298 265
poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)
28
paracircmetros utilizados
1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade
2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens
3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)
29
Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que
intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na
meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue
A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi
dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio
entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos
de anaacutelise
Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo
das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos
do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo
condiccedilatildeo das pastagens
bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)
bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo
de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo
moderada para severamente degradada (IPCC 2006)
bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de
degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)
Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da
mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-
mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas
atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros
trabalhos
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
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Whiteetal(2010)
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Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
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atildeo h
ouve
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atildeo d
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prim
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part
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seg
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mecircs
em
cob
ertu
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poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
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65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Estrada Chico Mendes 185Piracicaba BrasilCEP 13426-420
+55 19 3429 0800 wwwimafloraorg
Este trabalho tambeacutem mostra o potencial e a capacidade da
pecuaacuteria de corte em reduzir suas emissotildees de GEE e aumen-
tar a produccedilatildeo de proteiacutena animal podendo subsidiar produ-
tores na adoccedilatildeo de boas praacuteticas em larga escala Ao mesmo
tempo tambeacutem deve auxiliar tomadores de decisatildeo consumi-
dores e demais atores da cadeia da carne quanto agrave importacircn-
cia da produccedilatildeo sustentaacutevel em escala para a manutenccedilatildeo do
clima e atendimento a demanda por alimentos
O trabalho apresentado pelo reforccedila a coerecircncia das
metas propostas pelo governo brasileiro para reduccedilatildeo das
emissotildees nacionais Mas tambeacutem alerta tomadores de deci-
satildeo para o desafio de ampliar a assistecircncia teacutecnica e a di-
fusatildeo de tecnologia ao produtor rural Somente a reforma de
pastagens natildeo seraacute suficiente - eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo
de sistemas de gestatildeo que incluam um conjunto de boas praacute-
ticas agropecuaacuterias em escala no Brasil para que as metas
sejam alcanccediladas
Conselho Diretor
Adalberto Veriacutessimo
Andreacute Villas-Bocircas
Maria Zulmira de Souza
Seacutergio Esteves
Maria Celia M Toledo Cruz
Tasso Rezende de Azevedo
Ricardo Abramovay
Conselho Consultivo
Maacuterio Mantovani
Marcelo Paixatildeo
Marilena Lazzarini
Rubens Mendonccedila
Conselho Fiscal
Adauto Tadeu Basiacutelio
Erika Bechara
Rubens Mazon
Sec Executiva
Laura de Santis Prada
Roberto Palmieri
Comunicaccedilatildeo
Priscila Mantelatto
Marina Jordatildeo
Faacutetima Nunes
Diuliane Silva
Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola (Imaflorareg)
Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia Marina Piatto Ciniro Costa Junior - Piracicaba SP Imaflora 2016 68 p 21 x 28 cm
ISBN 978-85-98081-86-1
1 Agropecuaacuteria brasileira 2 Emissotildees de GEE 3 Cadeia de valor - Carne 4 Amazocircnia Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia
RealizaccedilatildeoInstituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Imaflorareg
Coord do estudoMarina Piatto
AutoresCiniro Costa JuniorMarina Piatto
RevisatildeoEduardo Assad Embrapareg
Susian Martins FGV-EESP GV-AGROreg
FotografiaAcervo Imaflorareg
Instituto Centro de Vida ICVreg
Projeto graacutefico e infografiaThiago Oliveira Basso Obassreg
Apoio financeiroMoore Foundationreg
GTPSreg
Essa licenccedila natildeo vale para fotos e ilustraccedilotildees que permanecem em copyright Nota inserida na contracapa
produccedilatildeo de carne bovina
e mudanccedilas climaacuteticas
11
O BRASIl aleacutem de possuir o maior rebanho comercial do mundo eacute tambeacutem um dos
maiores produtores consumidores e exportadores de carne bovina Da atual produccedilatildeo de
carne brasileira (oito milhotildees de toneladas anuais) 75 eacute consumida internamente e o
restante eacute exportado principalmente para paiacuteses da Europa e da Aacutesia (IBGE ABIEC sd)
Com esses nuacutemeros o Valor Bruto da Produccedilatildeo (VBP) da carne bovina foi estimado em
R$ 704 bilhotildees para 2015 (atraacutes apenas do complexo da soja) tornando-se assim um dos
principais setores da economia do paiacutes (BRASIL 2015a) Aleacutem disso essas posiccedilotildees ten-
dem a se manter com a projeccedilatildeo de aumento de produccedilatildeo de 25 para suprir demandas
por carne na proacutexima deacutecada (BRASIL 2015b)
Por outro lado a criaccedilatildeo de bovinos de corte eacute tambeacutem uma das principais fontes de
emissatildeo de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil ndash em 2015 foram emitidos 274
MtCO2e por essa atividade Nesse mesmo ano o paiacutes todo emitiu cerca de 1900 Mt-
CO2e sendo que o setor de agropecuaacuteria contribuiu com 22 dessas emissotildees
(425 MtCO2e) Assim a quantidade de GEE emitida apenas pela pecuaacuteria de cor-
te representa 65 das emissotildees do setor agropecuaacuterio e 15 das emissotildees do paiacutes
atualmente (SEEG sd) Existem ainda as emissotildees de GEE devido a degradaccedilatildeo dos
solos de pastagens estimada em aproximadamente 200 MtCO2e mas que ainda natildeo satildeo
computados no inventaacuterio nacional (SEEG 2016)
O impacto da atividade pecuaacuteria seria reduzido caso o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo
fosse melhorado Estima-se que a produccedilatildeo de carne bovina no Brasil pode ao menos do-
brar utilizando as aacutereas de pastagem jaacute existentes (STRASSBURG et al 2014) Com baixa
exploraccedilatildeo de seu potencial as aacutereas de pastagem tornam-se susceptiacuteveis a degradaccedilatildeo
Com isso estima-se que hoje existem entre 40 e 50 milhotildees de hectares de pastagens
degradadas no Brasil (Eduardo AssadEmbrapa-Comunicaccedilatildeo Pessoal)
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2030 com as atuais ten-
decircncias de produtividade (IBGE sd) seria necessaacuterio aumentar seu rebanho em torno
de 15 (30 milhotildees de cabeccedilas) Nesse contexto acredita-se que apenas os estados da
Amazocircnia comportariam 40 desses animais adicionais (BARBOSA et al 2015) Com
isso haacute um alerta para a potencial conversatildeo de aacutereas nativas e degradaccedilatildeo de aacutereas jaacute
estabelecidas para acomodar esses animais excedentes
12
Nesse sentido a produccedilatildeo de carne bovina brasileira tem sido foco de preocupaccedilotildees
quanto o seu atual e futuro impacto nas mudanccedilas climaacuteticas globais Tanto eacute que se
tornou o tema central nas metas de reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE apresentadas pelo Brasil
na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) realizada em Paris em 2015 evento global que
culminou com maior acordo climaacutetico global jaacute visto o Acordo de Paris (BRASIL 2015c d)
De acordo com o decreto que regulamenta a
Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima ndash
PNMC (BRASIL 2010) o Brasil oficializa um
compromisso voluntaacuterio de reduzir suas emis-
sotildees de GEE entre 361 e 389 ateacute 2020 com-
paradas aos niacuteveis de 2005 Para cumprir essa
meta o decreto tambeacutem prevecirc a elaboraccedilatildeo
de Planos Setoriais com a inclusatildeo de accedilotildees
indicadores e metas especiacuteficas de reduccedilatildeo de
emissotildees e mecanismos para a verificaccedilatildeo do
seu cumprimento para guiar cada setor
O plano setorial para a Agricultura eacute chama-
do de Plano ABC (BRASIL 2012) Esse plano
tem abrangecircncia nacional e seu periacuteodo de vi-
gecircncia eacute de 2010 a 2020 sendo composto por
seis programas relacionados a tecnologias de
mitigaccedilatildeo
1 Recuperaccedilatildeo de 15 milhotildees de
hectares de pastagens degradadas
2 Expansatildeo de 4 milhotildees de hectares de
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta
(iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs)
3 Expansatildeo de 8 milhotildees de hectares
de Sistema Plantio Direto (SPD)
4 Introduccedilatildeo da Fixaccedilatildeo Bioloacutegica
de Nitrogecircnio (FBN) em 55
milhotildees de hectares
5 Expansatildeo de florestas plantadas
em 55 milhotildees de hectares
6 Tratamento de 44 milhotildees
de m3 dejetos animais
Enquanto isso na 21ordf Conferecircncia das Partes
(COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees
Unidas sobre Mudanccedila do Clima realizada em
novembro de 2015 em Paris reuniu 195 paiacuteses
e culminou na elaboraccedilatildeo do Acordo de Paris
Esse acordo tem objetivo de conter o aumento
Acordos climaacuteticos e A AgropecuaacuteriA brAsileirA
13
da temperatura meacutedia global em bem menos
do que 2oC acima dos niacuteveis preacute-industriais
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da
soma de esforccedilos desses 195 paiacuteses incluindo
o Brasil por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo
Nacionalmente Determinadas (INDC)
Apoacutes ratificada pelo presidente Michel Temer em
setembro de 2016 a INCD brasileira deixou de
ser uma pretensatildeo e se tornou um compromis-
so formal de contribuiccedilatildeo chamando-se agora
NDC A NDC brasileira por sua vez se compro-
mete em reduzir as emissotildees do paiacutes em 37
abaixo dos niacuteveis de 2005 em 2025 e subse-
quentemente reduzir essas emissotildees em 43
abaixo dos niacuteveis de 2005 (21 GtCO2e) em 2030
(BRASIL 2015cd) Isso significa o paiacutes reduzir
900 Mt CO2e ateacute 2030 o que resultaria em uma
emissatildeo nesse ano estimada em 1200 Mt CO2e
No que se refere ao setor agriacutecola a NDC brasi-
leira planeja fortalecer o Plano ABC por meio da
recuperaccedilatildeo adicional de 15 milhotildees de hecta-
res de pastagens degradadas e incremento de 5
milhotildees de hectares de sistemas de integraccedilatildeo
Lavoura-Pecuaacuteria-Florestas (iLPF) ateacute 2030
14
Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo Nacional-
mente Determinada (INDC ndash do inglecircs intended Nationally Determined Contribution) se
comprometeu em fortalecer o Plano ABC (BRASIL 2012) com a recuperaccedilatildeo de 15 mi-
lhotildees de hectares de pastagens degradadas e expansatildeo de 5 milhotildees de hectares siste-
mas de produccedilatildeo pecuaacuteria integrados com lavoura e floresta no paiacutes ateacute 2030
A INDC brasileira foi ratificada em setembro de 2016 pelo presidente Michel Temer dei-
xando assim de ter caraacuteter de pretensatildeo e se tornando um compromisso formal de contri-
buiccedilatildeo E assim passa a partir de agora a ser chamada de NDC As accedilotildees contempladas
na NDC brasileira tecircm como objetivo de suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios e
manter as emissotildees do setor de agropecuaacuteria em 2030 sob mesmo patamar de emissotildees
de 2005 ano base da NDC brasileira (BRASIL 2015c d)
Entretanto existem poucas evidecircncias de como um conjunto de boas praacuteticas afetam as
emissotildees de GEE e a produccedilatildeo de fazendas de gado de corte (HAVLIK et al 2014 WOL-
LENBERG et al 2016) Nesse contexto existe a necessidade da avaliaccedilatildeo de iniciativas
reais que introduzem praacuteticas baseadas na recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas com
o objetivo de aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de carne bovina no Brasil e ao mesmo
tempo reduzir as emissotildees de GEE
Esse eacute o caso por exemplo do Programa Novo Campo Coordenado pelo Instituto Centro
de Vida (ICV) o programa tem por objetivo promover praacuteticas sustentaacuteveis de produccedilatildeo de
carne em fazendas de pecuaacuteria na Amazocircnia melhorando o seu desempenho econocircmico
social e ambiental Com isso contribui para reduzir o desmatamento conservar ou recu-
perar os recursos naturais e fortalecer a economia local (ICV 2014)
As intervenccedilotildees promovidas pelo Programa Novo Campo satildeo baseadas na gestatildeo integra-
da da propriedade rural com a adoccedilatildeo progressiva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bo-
vinos de Corte (Valle 2011) da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel
(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS) Ambos estatildeo centralizados
na recuperaccedilatildeo e intensificaccedilatildeo de pastagens degradadas no fornecimento adequado de
suplementaccedilatildeo na melhoria do manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e na adequa-
ccedilatildeo ambiental das propriedades (MARCUZZO 2015)
15
Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser
definidas como um conjunto de normas e de
procedimentos a serem observados para tornar
os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-
taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-
dor o fornecimento de alimentos produzidos de
forma sustentaacutevel (Valle 2011)
A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam
periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de
boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-
ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-
cadores que abrangem todo o sistema produti-
vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental
social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e
das pastagens
BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007
pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-
rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um
conjunto de normas e de procedimentos a se-
rem observados pelos produtores rurais para
que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais
rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-
mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao
adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar
e controlar os diversos fatores que influenciam a
produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-
ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo
do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-
dades de conquista de novos mercados que va-
lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle
2011)
GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar
todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria
bovina a usarem os indicadores como uma fer-
ramenta de busca da sustentabilidade Para o
GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-
lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-
tros quantitativos ou qualitativos que podem ser
avaliados de acordo com alguns criteacuterios No
GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-
do estaacutegios cumulativos de desempenho e os
criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala
de desempenho (GTPS sd)
boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps
16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-
CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas
participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir
intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de
bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas
bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia
bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano
bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores
bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha
Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo
Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio
da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-
pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras
fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-
cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de
emissotildees
Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-
pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-
sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais
METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL
DO PROGRAMA NOVO CAMPO
18
CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-
zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as
primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1
Tabela 1 Anexo 1 e 2)
As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes
estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as
deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo
como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho
Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta
passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-
ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-
ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)
TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012
Nome fazenda
Aacuterea de pastagem (ha)
Nuacutemero meacutedio de animais
Sistema produccedilatildeo
Produccedilatildeo meacutedia carne
(kg ha-1 ano-1)
Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790
Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732
Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724
Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500
Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511
19
n 5 000 km
Amazocircnia
Cerrado
Pantanal
Caatinga
mata Atlacircntica
Pampa
fazendas novo Campo
mato Grosso (mT)
FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO
20
Os segmentos de cria recria e engorda cons-
tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos
de corte Estes podem estar presentes em uma
mesma propriedade ou separados
bull Cria Compreende o periacuteodo de
cobertura ateacute a desmama
bull Recria Compreende a periacuteodo entre a
desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute
a reproduccedilatildeo em fecircmeas
bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal
para o abate que pode ser feita
a pasto ou no confinamento
Assim essas fases designam o sistema de pro-
duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de
cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-
to quando essas fases estatildeo presentes em uma
mesma fazenda diz-se que a mesma possui um
sistema de produccedilatildeo de ciclo completo
sistemAs de produccedilatildeo de cArNe
21
implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps
Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual
de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e
o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-
ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos
animais nas fazendas
Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de
cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da
propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e
estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade
Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as
fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de
pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado
o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte
da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa
aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem
A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura
e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-
ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-
cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto
mais degradado maior a necessidade de reforma
Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado
dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-
mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura
da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo
dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100
kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)
22
bull Recuperar pastagens degradadas uma
das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de
corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-
gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das
aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se
encontram abandonadas ou subutilizadas
promovendo ganhos de produtividade e au-
mentando o sequestro de carbono nos solos
Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo
estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e
de energia Sistemas produtivos estabeleci-
dos em pastagens recuperadas podem pro-
duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se
comparados a sistemas em pastagens de-
gradadas O primeiro passo para recuperar
pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da
fazenda para posterior intervenccedilatildeo
bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-
mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-
lita um melhor uso da forragem aumentando
a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo
para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-
de pois permite o abate de animais mais jo-
vens e com melhor acabamento No entanto
para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-
to de boa qualidade todos os insumos natildeo
podem conter componentes ou resiacuteduos que
possam acarretar problemas agrave sauacutede animal
e humana
bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto
de atividades veterinaacuterias regularmente pla-
nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e
manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas
accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-
zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-
fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo
precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-
ccedilatildeo e banho carrapaticida
bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um
conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a
eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-
mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-
priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel
Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA
ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a
instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias
na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
(MARCUZZO 2015)
23
gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo
do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia
produtiva do rebanho de cria pode ser obtida
por meio das seguintes praacuteticas de manejo
a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de
ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-
tes etc)
b Escolha do periacuteodo de monta
c Escolha do sistema de acasalamento
d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo
e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes
f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama
g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais
h Controle sanitaacuterio do rebanho
bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-
do dos recursos naturais existentes na pro-
priedade rural em conformidade com as leis
ambientais e com as teacutecnicas recomendadas
para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-
de dos recursos hiacutedricos e da paisagem
bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-
quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo
accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-
ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-
cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo
de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e
direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-
dimento das exigecircncias legais e o registro
de todos as atividades e processos da pro-
priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria
e ambiental)(Valle 2011)
24
caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee
Ferramenta de caacutelculo
A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das
emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas
aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais
fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala
de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-
riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-
tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para
condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006
WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)
FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees
Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a
quantidade de GEE emitido (ou removido) pela
quantidade de material consumido ou processa-
do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-
mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg
kg) ou porcentagem ()
balanccedilo de gee =
emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)
O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende
a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)
de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na
pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-
la de fazenda (da porteira para dentro) envolve
a soma das emissotildees de GEE pelos animais e
seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-
dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-
quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-
da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em
solos bem manejados
25
PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA
TR
An
SPOR
TES
CO2
n2O
CH4
REB
AnHO
COndIccedilatildeO dO PASTO
USOS dE InSUmOS
FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA
26
Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)
pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de
dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de
acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade
A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de
fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao
solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela
queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-
culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo
sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)
Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de
GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-
lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do
inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)
O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado
com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-
ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-
tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-
sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda
analisada pode ser visto no Anexo 1
coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo
Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou
os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-
priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e
suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a
total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas
O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da
base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades
participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-
zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)
27
O Potencial de Aquecimento Global (Global
Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-
timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-
rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo
ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma
vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-
ciais de aquecer a Terra quando presentes na
atmosfera O IPCC determina os valores GWP
a serem utilizados e os atualiza de acordo com
o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea
Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute
foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo
(Assessment Report) do IPCC
AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-
decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-
lizados globalmente A calculadora de emissotildees
GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta
em seu modo default os valores GWP reporta-
dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar
de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-
quer outro valor GWP Entretanto nota-se que
para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-
dos apresentados em CO2e eacute preciso checar
se esses valores foram calculados utilizando os
mesmos fatores GWP
Assessment report
Ar2 Ar3 Ar5
1 1 1
21 25 28
310 298 265
poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)
28
paracircmetros utilizados
1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade
2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens
3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)
29
Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que
intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na
meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue
A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi
dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio
entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos
de anaacutelise
Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo
das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos
do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo
condiccedilatildeo das pastagens
bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)
bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo
de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo
moderada para severamente degradada (IPCC 2006)
bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de
degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)
Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da
mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-
mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas
atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros
trabalhos
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
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12 -
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mas
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part
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seg
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mecircs
em
cob
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poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola (Imaflorareg)
Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia Marina Piatto Ciniro Costa Junior - Piracicaba SP Imaflora 2016 68 p 21 x 28 cm
ISBN 978-85-98081-86-1
1 Agropecuaacuteria brasileira 2 Emissotildees de GEE 3 Cadeia de valor - Carne 4 Amazocircnia Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia
RealizaccedilatildeoInstituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Imaflorareg
Coord do estudoMarina Piatto
AutoresCiniro Costa JuniorMarina Piatto
RevisatildeoEduardo Assad Embrapareg
Susian Martins FGV-EESP GV-AGROreg
FotografiaAcervo Imaflorareg
Instituto Centro de Vida ICVreg
Projeto graacutefico e infografiaThiago Oliveira Basso Obassreg
Apoio financeiroMoore Foundationreg
GTPSreg
Essa licenccedila natildeo vale para fotos e ilustraccedilotildees que permanecem em copyright Nota inserida na contracapa
produccedilatildeo de carne bovina
e mudanccedilas climaacuteticas
11
O BRASIl aleacutem de possuir o maior rebanho comercial do mundo eacute tambeacutem um dos
maiores produtores consumidores e exportadores de carne bovina Da atual produccedilatildeo de
carne brasileira (oito milhotildees de toneladas anuais) 75 eacute consumida internamente e o
restante eacute exportado principalmente para paiacuteses da Europa e da Aacutesia (IBGE ABIEC sd)
Com esses nuacutemeros o Valor Bruto da Produccedilatildeo (VBP) da carne bovina foi estimado em
R$ 704 bilhotildees para 2015 (atraacutes apenas do complexo da soja) tornando-se assim um dos
principais setores da economia do paiacutes (BRASIL 2015a) Aleacutem disso essas posiccedilotildees ten-
dem a se manter com a projeccedilatildeo de aumento de produccedilatildeo de 25 para suprir demandas
por carne na proacutexima deacutecada (BRASIL 2015b)
Por outro lado a criaccedilatildeo de bovinos de corte eacute tambeacutem uma das principais fontes de
emissatildeo de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil ndash em 2015 foram emitidos 274
MtCO2e por essa atividade Nesse mesmo ano o paiacutes todo emitiu cerca de 1900 Mt-
CO2e sendo que o setor de agropecuaacuteria contribuiu com 22 dessas emissotildees
(425 MtCO2e) Assim a quantidade de GEE emitida apenas pela pecuaacuteria de cor-
te representa 65 das emissotildees do setor agropecuaacuterio e 15 das emissotildees do paiacutes
atualmente (SEEG sd) Existem ainda as emissotildees de GEE devido a degradaccedilatildeo dos
solos de pastagens estimada em aproximadamente 200 MtCO2e mas que ainda natildeo satildeo
computados no inventaacuterio nacional (SEEG 2016)
O impacto da atividade pecuaacuteria seria reduzido caso o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo
fosse melhorado Estima-se que a produccedilatildeo de carne bovina no Brasil pode ao menos do-
brar utilizando as aacutereas de pastagem jaacute existentes (STRASSBURG et al 2014) Com baixa
exploraccedilatildeo de seu potencial as aacutereas de pastagem tornam-se susceptiacuteveis a degradaccedilatildeo
Com isso estima-se que hoje existem entre 40 e 50 milhotildees de hectares de pastagens
degradadas no Brasil (Eduardo AssadEmbrapa-Comunicaccedilatildeo Pessoal)
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2030 com as atuais ten-
decircncias de produtividade (IBGE sd) seria necessaacuterio aumentar seu rebanho em torno
de 15 (30 milhotildees de cabeccedilas) Nesse contexto acredita-se que apenas os estados da
Amazocircnia comportariam 40 desses animais adicionais (BARBOSA et al 2015) Com
isso haacute um alerta para a potencial conversatildeo de aacutereas nativas e degradaccedilatildeo de aacutereas jaacute
estabelecidas para acomodar esses animais excedentes
12
Nesse sentido a produccedilatildeo de carne bovina brasileira tem sido foco de preocupaccedilotildees
quanto o seu atual e futuro impacto nas mudanccedilas climaacuteticas globais Tanto eacute que se
tornou o tema central nas metas de reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE apresentadas pelo Brasil
na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) realizada em Paris em 2015 evento global que
culminou com maior acordo climaacutetico global jaacute visto o Acordo de Paris (BRASIL 2015c d)
De acordo com o decreto que regulamenta a
Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima ndash
PNMC (BRASIL 2010) o Brasil oficializa um
compromisso voluntaacuterio de reduzir suas emis-
sotildees de GEE entre 361 e 389 ateacute 2020 com-
paradas aos niacuteveis de 2005 Para cumprir essa
meta o decreto tambeacutem prevecirc a elaboraccedilatildeo
de Planos Setoriais com a inclusatildeo de accedilotildees
indicadores e metas especiacuteficas de reduccedilatildeo de
emissotildees e mecanismos para a verificaccedilatildeo do
seu cumprimento para guiar cada setor
O plano setorial para a Agricultura eacute chama-
do de Plano ABC (BRASIL 2012) Esse plano
tem abrangecircncia nacional e seu periacuteodo de vi-
gecircncia eacute de 2010 a 2020 sendo composto por
seis programas relacionados a tecnologias de
mitigaccedilatildeo
1 Recuperaccedilatildeo de 15 milhotildees de
hectares de pastagens degradadas
2 Expansatildeo de 4 milhotildees de hectares de
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta
(iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs)
3 Expansatildeo de 8 milhotildees de hectares
de Sistema Plantio Direto (SPD)
4 Introduccedilatildeo da Fixaccedilatildeo Bioloacutegica
de Nitrogecircnio (FBN) em 55
milhotildees de hectares
5 Expansatildeo de florestas plantadas
em 55 milhotildees de hectares
6 Tratamento de 44 milhotildees
de m3 dejetos animais
Enquanto isso na 21ordf Conferecircncia das Partes
(COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees
Unidas sobre Mudanccedila do Clima realizada em
novembro de 2015 em Paris reuniu 195 paiacuteses
e culminou na elaboraccedilatildeo do Acordo de Paris
Esse acordo tem objetivo de conter o aumento
Acordos climaacuteticos e A AgropecuaacuteriA brAsileirA
13
da temperatura meacutedia global em bem menos
do que 2oC acima dos niacuteveis preacute-industriais
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da
soma de esforccedilos desses 195 paiacuteses incluindo
o Brasil por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo
Nacionalmente Determinadas (INDC)
Apoacutes ratificada pelo presidente Michel Temer em
setembro de 2016 a INCD brasileira deixou de
ser uma pretensatildeo e se tornou um compromis-
so formal de contribuiccedilatildeo chamando-se agora
NDC A NDC brasileira por sua vez se compro-
mete em reduzir as emissotildees do paiacutes em 37
abaixo dos niacuteveis de 2005 em 2025 e subse-
quentemente reduzir essas emissotildees em 43
abaixo dos niacuteveis de 2005 (21 GtCO2e) em 2030
(BRASIL 2015cd) Isso significa o paiacutes reduzir
900 Mt CO2e ateacute 2030 o que resultaria em uma
emissatildeo nesse ano estimada em 1200 Mt CO2e
No que se refere ao setor agriacutecola a NDC brasi-
leira planeja fortalecer o Plano ABC por meio da
recuperaccedilatildeo adicional de 15 milhotildees de hecta-
res de pastagens degradadas e incremento de 5
milhotildees de hectares de sistemas de integraccedilatildeo
Lavoura-Pecuaacuteria-Florestas (iLPF) ateacute 2030
14
Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo Nacional-
mente Determinada (INDC ndash do inglecircs intended Nationally Determined Contribution) se
comprometeu em fortalecer o Plano ABC (BRASIL 2012) com a recuperaccedilatildeo de 15 mi-
lhotildees de hectares de pastagens degradadas e expansatildeo de 5 milhotildees de hectares siste-
mas de produccedilatildeo pecuaacuteria integrados com lavoura e floresta no paiacutes ateacute 2030
A INDC brasileira foi ratificada em setembro de 2016 pelo presidente Michel Temer dei-
xando assim de ter caraacuteter de pretensatildeo e se tornando um compromisso formal de contri-
buiccedilatildeo E assim passa a partir de agora a ser chamada de NDC As accedilotildees contempladas
na NDC brasileira tecircm como objetivo de suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios e
manter as emissotildees do setor de agropecuaacuteria em 2030 sob mesmo patamar de emissotildees
de 2005 ano base da NDC brasileira (BRASIL 2015c d)
Entretanto existem poucas evidecircncias de como um conjunto de boas praacuteticas afetam as
emissotildees de GEE e a produccedilatildeo de fazendas de gado de corte (HAVLIK et al 2014 WOL-
LENBERG et al 2016) Nesse contexto existe a necessidade da avaliaccedilatildeo de iniciativas
reais que introduzem praacuteticas baseadas na recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas com
o objetivo de aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de carne bovina no Brasil e ao mesmo
tempo reduzir as emissotildees de GEE
Esse eacute o caso por exemplo do Programa Novo Campo Coordenado pelo Instituto Centro
de Vida (ICV) o programa tem por objetivo promover praacuteticas sustentaacuteveis de produccedilatildeo de
carne em fazendas de pecuaacuteria na Amazocircnia melhorando o seu desempenho econocircmico
social e ambiental Com isso contribui para reduzir o desmatamento conservar ou recu-
perar os recursos naturais e fortalecer a economia local (ICV 2014)
As intervenccedilotildees promovidas pelo Programa Novo Campo satildeo baseadas na gestatildeo integra-
da da propriedade rural com a adoccedilatildeo progressiva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bo-
vinos de Corte (Valle 2011) da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel
(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS) Ambos estatildeo centralizados
na recuperaccedilatildeo e intensificaccedilatildeo de pastagens degradadas no fornecimento adequado de
suplementaccedilatildeo na melhoria do manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e na adequa-
ccedilatildeo ambiental das propriedades (MARCUZZO 2015)
15
Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser
definidas como um conjunto de normas e de
procedimentos a serem observados para tornar
os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-
taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-
dor o fornecimento de alimentos produzidos de
forma sustentaacutevel (Valle 2011)
A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam
periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de
boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-
ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-
cadores que abrangem todo o sistema produti-
vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental
social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e
das pastagens
BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007
pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-
rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um
conjunto de normas e de procedimentos a se-
rem observados pelos produtores rurais para
que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais
rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-
mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao
adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar
e controlar os diversos fatores que influenciam a
produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-
ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo
do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-
dades de conquista de novos mercados que va-
lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle
2011)
GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar
todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria
bovina a usarem os indicadores como uma fer-
ramenta de busca da sustentabilidade Para o
GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-
lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-
tros quantitativos ou qualitativos que podem ser
avaliados de acordo com alguns criteacuterios No
GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-
do estaacutegios cumulativos de desempenho e os
criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala
de desempenho (GTPS sd)
boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps
16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-
CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas
participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir
intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de
bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas
bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia
bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano
bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores
bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha
Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo
Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio
da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-
pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras
fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-
cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de
emissotildees
Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-
pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-
sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais
METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL
DO PROGRAMA NOVO CAMPO
18
CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-
zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as
primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1
Tabela 1 Anexo 1 e 2)
As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes
estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as
deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo
como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho
Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta
passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-
ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-
ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)
TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012
Nome fazenda
Aacuterea de pastagem (ha)
Nuacutemero meacutedio de animais
Sistema produccedilatildeo
Produccedilatildeo meacutedia carne
(kg ha-1 ano-1)
Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790
Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732
Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724
Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500
Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511
19
n 5 000 km
Amazocircnia
Cerrado
Pantanal
Caatinga
mata Atlacircntica
Pampa
fazendas novo Campo
mato Grosso (mT)
FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO
20
Os segmentos de cria recria e engorda cons-
tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos
de corte Estes podem estar presentes em uma
mesma propriedade ou separados
bull Cria Compreende o periacuteodo de
cobertura ateacute a desmama
bull Recria Compreende a periacuteodo entre a
desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute
a reproduccedilatildeo em fecircmeas
bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal
para o abate que pode ser feita
a pasto ou no confinamento
Assim essas fases designam o sistema de pro-
duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de
cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-
to quando essas fases estatildeo presentes em uma
mesma fazenda diz-se que a mesma possui um
sistema de produccedilatildeo de ciclo completo
sistemAs de produccedilatildeo de cArNe
21
implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps
Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual
de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e
o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-
ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos
animais nas fazendas
Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de
cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da
propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e
estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade
Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as
fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de
pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado
o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte
da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa
aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem
A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura
e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-
ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-
cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto
mais degradado maior a necessidade de reforma
Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado
dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-
mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura
da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo
dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100
kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)
22
bull Recuperar pastagens degradadas uma
das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de
corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-
gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das
aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se
encontram abandonadas ou subutilizadas
promovendo ganhos de produtividade e au-
mentando o sequestro de carbono nos solos
Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo
estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e
de energia Sistemas produtivos estabeleci-
dos em pastagens recuperadas podem pro-
duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se
comparados a sistemas em pastagens de-
gradadas O primeiro passo para recuperar
pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da
fazenda para posterior intervenccedilatildeo
bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-
mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-
lita um melhor uso da forragem aumentando
a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo
para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-
de pois permite o abate de animais mais jo-
vens e com melhor acabamento No entanto
para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-
to de boa qualidade todos os insumos natildeo
podem conter componentes ou resiacuteduos que
possam acarretar problemas agrave sauacutede animal
e humana
bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto
de atividades veterinaacuterias regularmente pla-
nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e
manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas
accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-
zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-
fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo
precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-
ccedilatildeo e banho carrapaticida
bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um
conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a
eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-
mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-
priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel
Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA
ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a
instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias
na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
(MARCUZZO 2015)
23
gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo
do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia
produtiva do rebanho de cria pode ser obtida
por meio das seguintes praacuteticas de manejo
a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de
ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-
tes etc)
b Escolha do periacuteodo de monta
c Escolha do sistema de acasalamento
d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo
e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes
f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama
g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais
h Controle sanitaacuterio do rebanho
bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-
do dos recursos naturais existentes na pro-
priedade rural em conformidade com as leis
ambientais e com as teacutecnicas recomendadas
para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-
de dos recursos hiacutedricos e da paisagem
bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-
quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo
accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-
ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-
cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo
de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e
direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-
dimento das exigecircncias legais e o registro
de todos as atividades e processos da pro-
priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria
e ambiental)(Valle 2011)
24
caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee
Ferramenta de caacutelculo
A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das
emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas
aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais
fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala
de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-
riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-
tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para
condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006
WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)
FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees
Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a
quantidade de GEE emitido (ou removido) pela
quantidade de material consumido ou processa-
do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-
mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg
kg) ou porcentagem ()
balanccedilo de gee =
emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)
O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende
a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)
de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na
pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-
la de fazenda (da porteira para dentro) envolve
a soma das emissotildees de GEE pelos animais e
seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-
dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-
quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-
da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em
solos bem manejados
25
PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA
TR
An
SPOR
TES
CO2
n2O
CH4
REB
AnHO
COndIccedilatildeO dO PASTO
USOS dE InSUmOS
FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA
26
Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)
pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de
dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de
acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade
A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de
fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao
solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela
queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-
culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo
sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)
Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de
GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-
lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do
inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)
O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado
com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-
ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-
tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-
sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda
analisada pode ser visto no Anexo 1
coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo
Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou
os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-
priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e
suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a
total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas
O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da
base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades
participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-
zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)
27
O Potencial de Aquecimento Global (Global
Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-
timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-
rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo
ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma
vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-
ciais de aquecer a Terra quando presentes na
atmosfera O IPCC determina os valores GWP
a serem utilizados e os atualiza de acordo com
o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea
Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute
foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo
(Assessment Report) do IPCC
AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-
decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-
lizados globalmente A calculadora de emissotildees
GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta
em seu modo default os valores GWP reporta-
dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar
de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-
quer outro valor GWP Entretanto nota-se que
para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-
dos apresentados em CO2e eacute preciso checar
se esses valores foram calculados utilizando os
mesmos fatores GWP
Assessment report
Ar2 Ar3 Ar5
1 1 1
21 25 28
310 298 265
poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)
28
paracircmetros utilizados
1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade
2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens
3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)
29
Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que
intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na
meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue
A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi
dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio
entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos
de anaacutelise
Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo
das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos
do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo
condiccedilatildeo das pastagens
bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)
bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo
de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo
moderada para severamente degradada (IPCC 2006)
bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de
degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)
Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da
mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-
mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas
atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros
trabalhos
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
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oco
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havi
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sum
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prim
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mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
ertu
ra a
poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Estrada Chico Mendes 185Piracicaba BrasilCEP 13426-420
+55 19 3429 0800 wwwimafloraorg
RealizaccedilatildeoInstituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Imaflorareg
Coord do estudoMarina Piatto
AutoresCiniro Costa JuniorMarina Piatto
RevisatildeoEduardo Assad Embrapareg
Susian Martins FGV-EESP GV-AGROreg
FotografiaAcervo Imaflorareg
Instituto Centro de Vida ICVreg
Projeto graacutefico e infografiaThiago Oliveira Basso Obassreg
Apoio financeiroMoore Foundationreg
GTPSreg
Essa licenccedila natildeo vale para fotos e ilustraccedilotildees que permanecem em copyright Nota inserida na contracapa
produccedilatildeo de carne bovina
e mudanccedilas climaacuteticas
11
O BRASIl aleacutem de possuir o maior rebanho comercial do mundo eacute tambeacutem um dos
maiores produtores consumidores e exportadores de carne bovina Da atual produccedilatildeo de
carne brasileira (oito milhotildees de toneladas anuais) 75 eacute consumida internamente e o
restante eacute exportado principalmente para paiacuteses da Europa e da Aacutesia (IBGE ABIEC sd)
Com esses nuacutemeros o Valor Bruto da Produccedilatildeo (VBP) da carne bovina foi estimado em
R$ 704 bilhotildees para 2015 (atraacutes apenas do complexo da soja) tornando-se assim um dos
principais setores da economia do paiacutes (BRASIL 2015a) Aleacutem disso essas posiccedilotildees ten-
dem a se manter com a projeccedilatildeo de aumento de produccedilatildeo de 25 para suprir demandas
por carne na proacutexima deacutecada (BRASIL 2015b)
Por outro lado a criaccedilatildeo de bovinos de corte eacute tambeacutem uma das principais fontes de
emissatildeo de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil ndash em 2015 foram emitidos 274
MtCO2e por essa atividade Nesse mesmo ano o paiacutes todo emitiu cerca de 1900 Mt-
CO2e sendo que o setor de agropecuaacuteria contribuiu com 22 dessas emissotildees
(425 MtCO2e) Assim a quantidade de GEE emitida apenas pela pecuaacuteria de cor-
te representa 65 das emissotildees do setor agropecuaacuterio e 15 das emissotildees do paiacutes
atualmente (SEEG sd) Existem ainda as emissotildees de GEE devido a degradaccedilatildeo dos
solos de pastagens estimada em aproximadamente 200 MtCO2e mas que ainda natildeo satildeo
computados no inventaacuterio nacional (SEEG 2016)
O impacto da atividade pecuaacuteria seria reduzido caso o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo
fosse melhorado Estima-se que a produccedilatildeo de carne bovina no Brasil pode ao menos do-
brar utilizando as aacutereas de pastagem jaacute existentes (STRASSBURG et al 2014) Com baixa
exploraccedilatildeo de seu potencial as aacutereas de pastagem tornam-se susceptiacuteveis a degradaccedilatildeo
Com isso estima-se que hoje existem entre 40 e 50 milhotildees de hectares de pastagens
degradadas no Brasil (Eduardo AssadEmbrapa-Comunicaccedilatildeo Pessoal)
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2030 com as atuais ten-
decircncias de produtividade (IBGE sd) seria necessaacuterio aumentar seu rebanho em torno
de 15 (30 milhotildees de cabeccedilas) Nesse contexto acredita-se que apenas os estados da
Amazocircnia comportariam 40 desses animais adicionais (BARBOSA et al 2015) Com
isso haacute um alerta para a potencial conversatildeo de aacutereas nativas e degradaccedilatildeo de aacutereas jaacute
estabelecidas para acomodar esses animais excedentes
12
Nesse sentido a produccedilatildeo de carne bovina brasileira tem sido foco de preocupaccedilotildees
quanto o seu atual e futuro impacto nas mudanccedilas climaacuteticas globais Tanto eacute que se
tornou o tema central nas metas de reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE apresentadas pelo Brasil
na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) realizada em Paris em 2015 evento global que
culminou com maior acordo climaacutetico global jaacute visto o Acordo de Paris (BRASIL 2015c d)
De acordo com o decreto que regulamenta a
Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima ndash
PNMC (BRASIL 2010) o Brasil oficializa um
compromisso voluntaacuterio de reduzir suas emis-
sotildees de GEE entre 361 e 389 ateacute 2020 com-
paradas aos niacuteveis de 2005 Para cumprir essa
meta o decreto tambeacutem prevecirc a elaboraccedilatildeo
de Planos Setoriais com a inclusatildeo de accedilotildees
indicadores e metas especiacuteficas de reduccedilatildeo de
emissotildees e mecanismos para a verificaccedilatildeo do
seu cumprimento para guiar cada setor
O plano setorial para a Agricultura eacute chama-
do de Plano ABC (BRASIL 2012) Esse plano
tem abrangecircncia nacional e seu periacuteodo de vi-
gecircncia eacute de 2010 a 2020 sendo composto por
seis programas relacionados a tecnologias de
mitigaccedilatildeo
1 Recuperaccedilatildeo de 15 milhotildees de
hectares de pastagens degradadas
2 Expansatildeo de 4 milhotildees de hectares de
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta
(iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs)
3 Expansatildeo de 8 milhotildees de hectares
de Sistema Plantio Direto (SPD)
4 Introduccedilatildeo da Fixaccedilatildeo Bioloacutegica
de Nitrogecircnio (FBN) em 55
milhotildees de hectares
5 Expansatildeo de florestas plantadas
em 55 milhotildees de hectares
6 Tratamento de 44 milhotildees
de m3 dejetos animais
Enquanto isso na 21ordf Conferecircncia das Partes
(COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees
Unidas sobre Mudanccedila do Clima realizada em
novembro de 2015 em Paris reuniu 195 paiacuteses
e culminou na elaboraccedilatildeo do Acordo de Paris
Esse acordo tem objetivo de conter o aumento
Acordos climaacuteticos e A AgropecuaacuteriA brAsileirA
13
da temperatura meacutedia global em bem menos
do que 2oC acima dos niacuteveis preacute-industriais
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da
soma de esforccedilos desses 195 paiacuteses incluindo
o Brasil por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo
Nacionalmente Determinadas (INDC)
Apoacutes ratificada pelo presidente Michel Temer em
setembro de 2016 a INCD brasileira deixou de
ser uma pretensatildeo e se tornou um compromis-
so formal de contribuiccedilatildeo chamando-se agora
NDC A NDC brasileira por sua vez se compro-
mete em reduzir as emissotildees do paiacutes em 37
abaixo dos niacuteveis de 2005 em 2025 e subse-
quentemente reduzir essas emissotildees em 43
abaixo dos niacuteveis de 2005 (21 GtCO2e) em 2030
(BRASIL 2015cd) Isso significa o paiacutes reduzir
900 Mt CO2e ateacute 2030 o que resultaria em uma
emissatildeo nesse ano estimada em 1200 Mt CO2e
No que se refere ao setor agriacutecola a NDC brasi-
leira planeja fortalecer o Plano ABC por meio da
recuperaccedilatildeo adicional de 15 milhotildees de hecta-
res de pastagens degradadas e incremento de 5
milhotildees de hectares de sistemas de integraccedilatildeo
Lavoura-Pecuaacuteria-Florestas (iLPF) ateacute 2030
14
Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo Nacional-
mente Determinada (INDC ndash do inglecircs intended Nationally Determined Contribution) se
comprometeu em fortalecer o Plano ABC (BRASIL 2012) com a recuperaccedilatildeo de 15 mi-
lhotildees de hectares de pastagens degradadas e expansatildeo de 5 milhotildees de hectares siste-
mas de produccedilatildeo pecuaacuteria integrados com lavoura e floresta no paiacutes ateacute 2030
A INDC brasileira foi ratificada em setembro de 2016 pelo presidente Michel Temer dei-
xando assim de ter caraacuteter de pretensatildeo e se tornando um compromisso formal de contri-
buiccedilatildeo E assim passa a partir de agora a ser chamada de NDC As accedilotildees contempladas
na NDC brasileira tecircm como objetivo de suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios e
manter as emissotildees do setor de agropecuaacuteria em 2030 sob mesmo patamar de emissotildees
de 2005 ano base da NDC brasileira (BRASIL 2015c d)
Entretanto existem poucas evidecircncias de como um conjunto de boas praacuteticas afetam as
emissotildees de GEE e a produccedilatildeo de fazendas de gado de corte (HAVLIK et al 2014 WOL-
LENBERG et al 2016) Nesse contexto existe a necessidade da avaliaccedilatildeo de iniciativas
reais que introduzem praacuteticas baseadas na recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas com
o objetivo de aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de carne bovina no Brasil e ao mesmo
tempo reduzir as emissotildees de GEE
Esse eacute o caso por exemplo do Programa Novo Campo Coordenado pelo Instituto Centro
de Vida (ICV) o programa tem por objetivo promover praacuteticas sustentaacuteveis de produccedilatildeo de
carne em fazendas de pecuaacuteria na Amazocircnia melhorando o seu desempenho econocircmico
social e ambiental Com isso contribui para reduzir o desmatamento conservar ou recu-
perar os recursos naturais e fortalecer a economia local (ICV 2014)
As intervenccedilotildees promovidas pelo Programa Novo Campo satildeo baseadas na gestatildeo integra-
da da propriedade rural com a adoccedilatildeo progressiva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bo-
vinos de Corte (Valle 2011) da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel
(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS) Ambos estatildeo centralizados
na recuperaccedilatildeo e intensificaccedilatildeo de pastagens degradadas no fornecimento adequado de
suplementaccedilatildeo na melhoria do manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e na adequa-
ccedilatildeo ambiental das propriedades (MARCUZZO 2015)
15
Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser
definidas como um conjunto de normas e de
procedimentos a serem observados para tornar
os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-
taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-
dor o fornecimento de alimentos produzidos de
forma sustentaacutevel (Valle 2011)
A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam
periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de
boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-
ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-
cadores que abrangem todo o sistema produti-
vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental
social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e
das pastagens
BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007
pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-
rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um
conjunto de normas e de procedimentos a se-
rem observados pelos produtores rurais para
que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais
rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-
mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao
adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar
e controlar os diversos fatores que influenciam a
produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-
ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo
do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-
dades de conquista de novos mercados que va-
lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle
2011)
GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar
todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria
bovina a usarem os indicadores como uma fer-
ramenta de busca da sustentabilidade Para o
GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-
lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-
tros quantitativos ou qualitativos que podem ser
avaliados de acordo com alguns criteacuterios No
GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-
do estaacutegios cumulativos de desempenho e os
criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala
de desempenho (GTPS sd)
boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps
16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-
CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas
participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir
intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de
bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas
bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia
bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano
bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores
bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha
Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo
Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio
da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-
pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras
fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-
cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de
emissotildees
Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-
pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-
sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais
METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL
DO PROGRAMA NOVO CAMPO
18
CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-
zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as
primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1
Tabela 1 Anexo 1 e 2)
As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes
estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as
deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo
como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho
Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta
passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-
ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-
ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)
TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012
Nome fazenda
Aacuterea de pastagem (ha)
Nuacutemero meacutedio de animais
Sistema produccedilatildeo
Produccedilatildeo meacutedia carne
(kg ha-1 ano-1)
Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790
Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732
Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724
Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500
Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511
19
n 5 000 km
Amazocircnia
Cerrado
Pantanal
Caatinga
mata Atlacircntica
Pampa
fazendas novo Campo
mato Grosso (mT)
FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO
20
Os segmentos de cria recria e engorda cons-
tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos
de corte Estes podem estar presentes em uma
mesma propriedade ou separados
bull Cria Compreende o periacuteodo de
cobertura ateacute a desmama
bull Recria Compreende a periacuteodo entre a
desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute
a reproduccedilatildeo em fecircmeas
bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal
para o abate que pode ser feita
a pasto ou no confinamento
Assim essas fases designam o sistema de pro-
duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de
cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-
to quando essas fases estatildeo presentes em uma
mesma fazenda diz-se que a mesma possui um
sistema de produccedilatildeo de ciclo completo
sistemAs de produccedilatildeo de cArNe
21
implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps
Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual
de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e
o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-
ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos
animais nas fazendas
Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de
cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da
propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e
estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade
Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as
fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de
pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado
o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte
da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa
aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem
A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura
e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-
ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-
cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto
mais degradado maior a necessidade de reforma
Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado
dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-
mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura
da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo
dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100
kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)
22
bull Recuperar pastagens degradadas uma
das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de
corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-
gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das
aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se
encontram abandonadas ou subutilizadas
promovendo ganhos de produtividade e au-
mentando o sequestro de carbono nos solos
Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo
estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e
de energia Sistemas produtivos estabeleci-
dos em pastagens recuperadas podem pro-
duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se
comparados a sistemas em pastagens de-
gradadas O primeiro passo para recuperar
pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da
fazenda para posterior intervenccedilatildeo
bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-
mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-
lita um melhor uso da forragem aumentando
a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo
para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-
de pois permite o abate de animais mais jo-
vens e com melhor acabamento No entanto
para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-
to de boa qualidade todos os insumos natildeo
podem conter componentes ou resiacuteduos que
possam acarretar problemas agrave sauacutede animal
e humana
bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto
de atividades veterinaacuterias regularmente pla-
nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e
manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas
accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-
zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-
fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo
precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-
ccedilatildeo e banho carrapaticida
bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um
conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a
eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-
mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-
priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel
Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA
ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a
instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias
na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
(MARCUZZO 2015)
23
gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo
do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia
produtiva do rebanho de cria pode ser obtida
por meio das seguintes praacuteticas de manejo
a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de
ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-
tes etc)
b Escolha do periacuteodo de monta
c Escolha do sistema de acasalamento
d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo
e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes
f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama
g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais
h Controle sanitaacuterio do rebanho
bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-
do dos recursos naturais existentes na pro-
priedade rural em conformidade com as leis
ambientais e com as teacutecnicas recomendadas
para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-
de dos recursos hiacutedricos e da paisagem
bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-
quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo
accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-
ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-
cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo
de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e
direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-
dimento das exigecircncias legais e o registro
de todos as atividades e processos da pro-
priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria
e ambiental)(Valle 2011)
24
caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee
Ferramenta de caacutelculo
A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das
emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas
aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais
fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala
de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-
riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-
tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para
condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006
WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)
FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees
Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a
quantidade de GEE emitido (ou removido) pela
quantidade de material consumido ou processa-
do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-
mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg
kg) ou porcentagem ()
balanccedilo de gee =
emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)
O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende
a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)
de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na
pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-
la de fazenda (da porteira para dentro) envolve
a soma das emissotildees de GEE pelos animais e
seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-
dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-
quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-
da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em
solos bem manejados
25
PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA
TR
An
SPOR
TES
CO2
n2O
CH4
REB
AnHO
COndIccedilatildeO dO PASTO
USOS dE InSUmOS
FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA
26
Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)
pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de
dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de
acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade
A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de
fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao
solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela
queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-
culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo
sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)
Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de
GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-
lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do
inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)
O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado
com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-
ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-
tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-
sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda
analisada pode ser visto no Anexo 1
coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo
Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou
os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-
priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e
suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a
total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas
O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da
base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades
participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-
zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)
27
O Potencial de Aquecimento Global (Global
Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-
timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-
rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo
ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma
vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-
ciais de aquecer a Terra quando presentes na
atmosfera O IPCC determina os valores GWP
a serem utilizados e os atualiza de acordo com
o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea
Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute
foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo
(Assessment Report) do IPCC
AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-
decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-
lizados globalmente A calculadora de emissotildees
GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta
em seu modo default os valores GWP reporta-
dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar
de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-
quer outro valor GWP Entretanto nota-se que
para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-
dos apresentados em CO2e eacute preciso checar
se esses valores foram calculados utilizando os
mesmos fatores GWP
Assessment report
Ar2 Ar3 Ar5
1 1 1
21 25 28
310 298 265
poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)
28
paracircmetros utilizados
1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade
2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens
3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)
29
Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que
intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na
meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue
A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi
dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio
entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos
de anaacutelise
Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo
das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos
do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo
condiccedilatildeo das pastagens
bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)
bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo
de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo
moderada para severamente degradada (IPCC 2006)
bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de
degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)
Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da
mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-
mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas
atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros
trabalhos
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
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20
12 -
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havi
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sum
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mas
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part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
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ra a
poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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produccedilatildeo de carne bovina
e mudanccedilas climaacuteticas
11
O BRASIl aleacutem de possuir o maior rebanho comercial do mundo eacute tambeacutem um dos
maiores produtores consumidores e exportadores de carne bovina Da atual produccedilatildeo de
carne brasileira (oito milhotildees de toneladas anuais) 75 eacute consumida internamente e o
restante eacute exportado principalmente para paiacuteses da Europa e da Aacutesia (IBGE ABIEC sd)
Com esses nuacutemeros o Valor Bruto da Produccedilatildeo (VBP) da carne bovina foi estimado em
R$ 704 bilhotildees para 2015 (atraacutes apenas do complexo da soja) tornando-se assim um dos
principais setores da economia do paiacutes (BRASIL 2015a) Aleacutem disso essas posiccedilotildees ten-
dem a se manter com a projeccedilatildeo de aumento de produccedilatildeo de 25 para suprir demandas
por carne na proacutexima deacutecada (BRASIL 2015b)
Por outro lado a criaccedilatildeo de bovinos de corte eacute tambeacutem uma das principais fontes de
emissatildeo de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil ndash em 2015 foram emitidos 274
MtCO2e por essa atividade Nesse mesmo ano o paiacutes todo emitiu cerca de 1900 Mt-
CO2e sendo que o setor de agropecuaacuteria contribuiu com 22 dessas emissotildees
(425 MtCO2e) Assim a quantidade de GEE emitida apenas pela pecuaacuteria de cor-
te representa 65 das emissotildees do setor agropecuaacuterio e 15 das emissotildees do paiacutes
atualmente (SEEG sd) Existem ainda as emissotildees de GEE devido a degradaccedilatildeo dos
solos de pastagens estimada em aproximadamente 200 MtCO2e mas que ainda natildeo satildeo
computados no inventaacuterio nacional (SEEG 2016)
O impacto da atividade pecuaacuteria seria reduzido caso o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo
fosse melhorado Estima-se que a produccedilatildeo de carne bovina no Brasil pode ao menos do-
brar utilizando as aacutereas de pastagem jaacute existentes (STRASSBURG et al 2014) Com baixa
exploraccedilatildeo de seu potencial as aacutereas de pastagem tornam-se susceptiacuteveis a degradaccedilatildeo
Com isso estima-se que hoje existem entre 40 e 50 milhotildees de hectares de pastagens
degradadas no Brasil (Eduardo AssadEmbrapa-Comunicaccedilatildeo Pessoal)
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2030 com as atuais ten-
decircncias de produtividade (IBGE sd) seria necessaacuterio aumentar seu rebanho em torno
de 15 (30 milhotildees de cabeccedilas) Nesse contexto acredita-se que apenas os estados da
Amazocircnia comportariam 40 desses animais adicionais (BARBOSA et al 2015) Com
isso haacute um alerta para a potencial conversatildeo de aacutereas nativas e degradaccedilatildeo de aacutereas jaacute
estabelecidas para acomodar esses animais excedentes
12
Nesse sentido a produccedilatildeo de carne bovina brasileira tem sido foco de preocupaccedilotildees
quanto o seu atual e futuro impacto nas mudanccedilas climaacuteticas globais Tanto eacute que se
tornou o tema central nas metas de reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE apresentadas pelo Brasil
na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) realizada em Paris em 2015 evento global que
culminou com maior acordo climaacutetico global jaacute visto o Acordo de Paris (BRASIL 2015c d)
De acordo com o decreto que regulamenta a
Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima ndash
PNMC (BRASIL 2010) o Brasil oficializa um
compromisso voluntaacuterio de reduzir suas emis-
sotildees de GEE entre 361 e 389 ateacute 2020 com-
paradas aos niacuteveis de 2005 Para cumprir essa
meta o decreto tambeacutem prevecirc a elaboraccedilatildeo
de Planos Setoriais com a inclusatildeo de accedilotildees
indicadores e metas especiacuteficas de reduccedilatildeo de
emissotildees e mecanismos para a verificaccedilatildeo do
seu cumprimento para guiar cada setor
O plano setorial para a Agricultura eacute chama-
do de Plano ABC (BRASIL 2012) Esse plano
tem abrangecircncia nacional e seu periacuteodo de vi-
gecircncia eacute de 2010 a 2020 sendo composto por
seis programas relacionados a tecnologias de
mitigaccedilatildeo
1 Recuperaccedilatildeo de 15 milhotildees de
hectares de pastagens degradadas
2 Expansatildeo de 4 milhotildees de hectares de
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta
(iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs)
3 Expansatildeo de 8 milhotildees de hectares
de Sistema Plantio Direto (SPD)
4 Introduccedilatildeo da Fixaccedilatildeo Bioloacutegica
de Nitrogecircnio (FBN) em 55
milhotildees de hectares
5 Expansatildeo de florestas plantadas
em 55 milhotildees de hectares
6 Tratamento de 44 milhotildees
de m3 dejetos animais
Enquanto isso na 21ordf Conferecircncia das Partes
(COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees
Unidas sobre Mudanccedila do Clima realizada em
novembro de 2015 em Paris reuniu 195 paiacuteses
e culminou na elaboraccedilatildeo do Acordo de Paris
Esse acordo tem objetivo de conter o aumento
Acordos climaacuteticos e A AgropecuaacuteriA brAsileirA
13
da temperatura meacutedia global em bem menos
do que 2oC acima dos niacuteveis preacute-industriais
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da
soma de esforccedilos desses 195 paiacuteses incluindo
o Brasil por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo
Nacionalmente Determinadas (INDC)
Apoacutes ratificada pelo presidente Michel Temer em
setembro de 2016 a INCD brasileira deixou de
ser uma pretensatildeo e se tornou um compromis-
so formal de contribuiccedilatildeo chamando-se agora
NDC A NDC brasileira por sua vez se compro-
mete em reduzir as emissotildees do paiacutes em 37
abaixo dos niacuteveis de 2005 em 2025 e subse-
quentemente reduzir essas emissotildees em 43
abaixo dos niacuteveis de 2005 (21 GtCO2e) em 2030
(BRASIL 2015cd) Isso significa o paiacutes reduzir
900 Mt CO2e ateacute 2030 o que resultaria em uma
emissatildeo nesse ano estimada em 1200 Mt CO2e
No que se refere ao setor agriacutecola a NDC brasi-
leira planeja fortalecer o Plano ABC por meio da
recuperaccedilatildeo adicional de 15 milhotildees de hecta-
res de pastagens degradadas e incremento de 5
milhotildees de hectares de sistemas de integraccedilatildeo
Lavoura-Pecuaacuteria-Florestas (iLPF) ateacute 2030
14
Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo Nacional-
mente Determinada (INDC ndash do inglecircs intended Nationally Determined Contribution) se
comprometeu em fortalecer o Plano ABC (BRASIL 2012) com a recuperaccedilatildeo de 15 mi-
lhotildees de hectares de pastagens degradadas e expansatildeo de 5 milhotildees de hectares siste-
mas de produccedilatildeo pecuaacuteria integrados com lavoura e floresta no paiacutes ateacute 2030
A INDC brasileira foi ratificada em setembro de 2016 pelo presidente Michel Temer dei-
xando assim de ter caraacuteter de pretensatildeo e se tornando um compromisso formal de contri-
buiccedilatildeo E assim passa a partir de agora a ser chamada de NDC As accedilotildees contempladas
na NDC brasileira tecircm como objetivo de suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios e
manter as emissotildees do setor de agropecuaacuteria em 2030 sob mesmo patamar de emissotildees
de 2005 ano base da NDC brasileira (BRASIL 2015c d)
Entretanto existem poucas evidecircncias de como um conjunto de boas praacuteticas afetam as
emissotildees de GEE e a produccedilatildeo de fazendas de gado de corte (HAVLIK et al 2014 WOL-
LENBERG et al 2016) Nesse contexto existe a necessidade da avaliaccedilatildeo de iniciativas
reais que introduzem praacuteticas baseadas na recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas com
o objetivo de aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de carne bovina no Brasil e ao mesmo
tempo reduzir as emissotildees de GEE
Esse eacute o caso por exemplo do Programa Novo Campo Coordenado pelo Instituto Centro
de Vida (ICV) o programa tem por objetivo promover praacuteticas sustentaacuteveis de produccedilatildeo de
carne em fazendas de pecuaacuteria na Amazocircnia melhorando o seu desempenho econocircmico
social e ambiental Com isso contribui para reduzir o desmatamento conservar ou recu-
perar os recursos naturais e fortalecer a economia local (ICV 2014)
As intervenccedilotildees promovidas pelo Programa Novo Campo satildeo baseadas na gestatildeo integra-
da da propriedade rural com a adoccedilatildeo progressiva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bo-
vinos de Corte (Valle 2011) da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel
(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS) Ambos estatildeo centralizados
na recuperaccedilatildeo e intensificaccedilatildeo de pastagens degradadas no fornecimento adequado de
suplementaccedilatildeo na melhoria do manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e na adequa-
ccedilatildeo ambiental das propriedades (MARCUZZO 2015)
15
Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser
definidas como um conjunto de normas e de
procedimentos a serem observados para tornar
os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-
taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-
dor o fornecimento de alimentos produzidos de
forma sustentaacutevel (Valle 2011)
A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam
periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de
boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-
ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-
cadores que abrangem todo o sistema produti-
vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental
social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e
das pastagens
BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007
pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-
rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um
conjunto de normas e de procedimentos a se-
rem observados pelos produtores rurais para
que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais
rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-
mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao
adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar
e controlar os diversos fatores que influenciam a
produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-
ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo
do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-
dades de conquista de novos mercados que va-
lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle
2011)
GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar
todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria
bovina a usarem os indicadores como uma fer-
ramenta de busca da sustentabilidade Para o
GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-
lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-
tros quantitativos ou qualitativos que podem ser
avaliados de acordo com alguns criteacuterios No
GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-
do estaacutegios cumulativos de desempenho e os
criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala
de desempenho (GTPS sd)
boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps
16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-
CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas
participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir
intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de
bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas
bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia
bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano
bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores
bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha
Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo
Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio
da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-
pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras
fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-
cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de
emissotildees
Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-
pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-
sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais
METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL
DO PROGRAMA NOVO CAMPO
18
CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-
zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as
primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1
Tabela 1 Anexo 1 e 2)
As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes
estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as
deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo
como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho
Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta
passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-
ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-
ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)
TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012
Nome fazenda
Aacuterea de pastagem (ha)
Nuacutemero meacutedio de animais
Sistema produccedilatildeo
Produccedilatildeo meacutedia carne
(kg ha-1 ano-1)
Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790
Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732
Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724
Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500
Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511
19
n 5 000 km
Amazocircnia
Cerrado
Pantanal
Caatinga
mata Atlacircntica
Pampa
fazendas novo Campo
mato Grosso (mT)
FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO
20
Os segmentos de cria recria e engorda cons-
tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos
de corte Estes podem estar presentes em uma
mesma propriedade ou separados
bull Cria Compreende o periacuteodo de
cobertura ateacute a desmama
bull Recria Compreende a periacuteodo entre a
desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute
a reproduccedilatildeo em fecircmeas
bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal
para o abate que pode ser feita
a pasto ou no confinamento
Assim essas fases designam o sistema de pro-
duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de
cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-
to quando essas fases estatildeo presentes em uma
mesma fazenda diz-se que a mesma possui um
sistema de produccedilatildeo de ciclo completo
sistemAs de produccedilatildeo de cArNe
21
implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps
Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual
de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e
o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-
ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos
animais nas fazendas
Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de
cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da
propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e
estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade
Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as
fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de
pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado
o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte
da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa
aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem
A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura
e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-
ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-
cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto
mais degradado maior a necessidade de reforma
Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado
dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-
mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura
da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo
dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100
kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)
22
bull Recuperar pastagens degradadas uma
das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de
corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-
gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das
aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se
encontram abandonadas ou subutilizadas
promovendo ganhos de produtividade e au-
mentando o sequestro de carbono nos solos
Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo
estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e
de energia Sistemas produtivos estabeleci-
dos em pastagens recuperadas podem pro-
duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se
comparados a sistemas em pastagens de-
gradadas O primeiro passo para recuperar
pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da
fazenda para posterior intervenccedilatildeo
bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-
mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-
lita um melhor uso da forragem aumentando
a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo
para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-
de pois permite o abate de animais mais jo-
vens e com melhor acabamento No entanto
para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-
to de boa qualidade todos os insumos natildeo
podem conter componentes ou resiacuteduos que
possam acarretar problemas agrave sauacutede animal
e humana
bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto
de atividades veterinaacuterias regularmente pla-
nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e
manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas
accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-
zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-
fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo
precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-
ccedilatildeo e banho carrapaticida
bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um
conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a
eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-
mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-
priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel
Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA
ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a
instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias
na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
(MARCUZZO 2015)
23
gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo
do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia
produtiva do rebanho de cria pode ser obtida
por meio das seguintes praacuteticas de manejo
a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de
ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-
tes etc)
b Escolha do periacuteodo de monta
c Escolha do sistema de acasalamento
d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo
e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes
f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama
g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais
h Controle sanitaacuterio do rebanho
bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-
do dos recursos naturais existentes na pro-
priedade rural em conformidade com as leis
ambientais e com as teacutecnicas recomendadas
para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-
de dos recursos hiacutedricos e da paisagem
bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-
quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo
accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-
ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-
cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo
de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e
direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-
dimento das exigecircncias legais e o registro
de todos as atividades e processos da pro-
priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria
e ambiental)(Valle 2011)
24
caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee
Ferramenta de caacutelculo
A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das
emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas
aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais
fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala
de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-
riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-
tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para
condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006
WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)
FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees
Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a
quantidade de GEE emitido (ou removido) pela
quantidade de material consumido ou processa-
do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-
mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg
kg) ou porcentagem ()
balanccedilo de gee =
emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)
O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende
a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)
de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na
pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-
la de fazenda (da porteira para dentro) envolve
a soma das emissotildees de GEE pelos animais e
seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-
dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-
quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-
da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em
solos bem manejados
25
PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA
TR
An
SPOR
TES
CO2
n2O
CH4
REB
AnHO
COndIccedilatildeO dO PASTO
USOS dE InSUmOS
FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA
26
Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)
pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de
dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de
acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade
A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de
fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao
solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela
queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-
culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo
sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)
Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de
GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-
lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do
inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)
O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado
com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-
ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-
tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-
sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda
analisada pode ser visto no Anexo 1
coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo
Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou
os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-
priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e
suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a
total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas
O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da
base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades
participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-
zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)
27
O Potencial de Aquecimento Global (Global
Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-
timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-
rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo
ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma
vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-
ciais de aquecer a Terra quando presentes na
atmosfera O IPCC determina os valores GWP
a serem utilizados e os atualiza de acordo com
o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea
Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute
foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo
(Assessment Report) do IPCC
AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-
decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-
lizados globalmente A calculadora de emissotildees
GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta
em seu modo default os valores GWP reporta-
dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar
de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-
quer outro valor GWP Entretanto nota-se que
para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-
dos apresentados em CO2e eacute preciso checar
se esses valores foram calculados utilizando os
mesmos fatores GWP
Assessment report
Ar2 Ar3 Ar5
1 1 1
21 25 28
310 298 265
poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)
28
paracircmetros utilizados
1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade
2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens
3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)
29
Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que
intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na
meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue
A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi
dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio
entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos
de anaacutelise
Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo
das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos
do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo
condiccedilatildeo das pastagens
bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)
bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo
de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo
moderada para severamente degradada (IPCC 2006)
bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de
degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)
Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da
mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-
mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas
atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros
trabalhos
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
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gem
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Nov
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20
12 -
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prim
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mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
ertu
ra a
poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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+55 19 3429 0800 wwwimafloraorg
11
O BRASIl aleacutem de possuir o maior rebanho comercial do mundo eacute tambeacutem um dos
maiores produtores consumidores e exportadores de carne bovina Da atual produccedilatildeo de
carne brasileira (oito milhotildees de toneladas anuais) 75 eacute consumida internamente e o
restante eacute exportado principalmente para paiacuteses da Europa e da Aacutesia (IBGE ABIEC sd)
Com esses nuacutemeros o Valor Bruto da Produccedilatildeo (VBP) da carne bovina foi estimado em
R$ 704 bilhotildees para 2015 (atraacutes apenas do complexo da soja) tornando-se assim um dos
principais setores da economia do paiacutes (BRASIL 2015a) Aleacutem disso essas posiccedilotildees ten-
dem a se manter com a projeccedilatildeo de aumento de produccedilatildeo de 25 para suprir demandas
por carne na proacutexima deacutecada (BRASIL 2015b)
Por outro lado a criaccedilatildeo de bovinos de corte eacute tambeacutem uma das principais fontes de
emissatildeo de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil ndash em 2015 foram emitidos 274
MtCO2e por essa atividade Nesse mesmo ano o paiacutes todo emitiu cerca de 1900 Mt-
CO2e sendo que o setor de agropecuaacuteria contribuiu com 22 dessas emissotildees
(425 MtCO2e) Assim a quantidade de GEE emitida apenas pela pecuaacuteria de cor-
te representa 65 das emissotildees do setor agropecuaacuterio e 15 das emissotildees do paiacutes
atualmente (SEEG sd) Existem ainda as emissotildees de GEE devido a degradaccedilatildeo dos
solos de pastagens estimada em aproximadamente 200 MtCO2e mas que ainda natildeo satildeo
computados no inventaacuterio nacional (SEEG 2016)
O impacto da atividade pecuaacuteria seria reduzido caso o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo
fosse melhorado Estima-se que a produccedilatildeo de carne bovina no Brasil pode ao menos do-
brar utilizando as aacutereas de pastagem jaacute existentes (STRASSBURG et al 2014) Com baixa
exploraccedilatildeo de seu potencial as aacutereas de pastagem tornam-se susceptiacuteveis a degradaccedilatildeo
Com isso estima-se que hoje existem entre 40 e 50 milhotildees de hectares de pastagens
degradadas no Brasil (Eduardo AssadEmbrapa-Comunicaccedilatildeo Pessoal)
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2030 com as atuais ten-
decircncias de produtividade (IBGE sd) seria necessaacuterio aumentar seu rebanho em torno
de 15 (30 milhotildees de cabeccedilas) Nesse contexto acredita-se que apenas os estados da
Amazocircnia comportariam 40 desses animais adicionais (BARBOSA et al 2015) Com
isso haacute um alerta para a potencial conversatildeo de aacutereas nativas e degradaccedilatildeo de aacutereas jaacute
estabelecidas para acomodar esses animais excedentes
12
Nesse sentido a produccedilatildeo de carne bovina brasileira tem sido foco de preocupaccedilotildees
quanto o seu atual e futuro impacto nas mudanccedilas climaacuteticas globais Tanto eacute que se
tornou o tema central nas metas de reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE apresentadas pelo Brasil
na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) realizada em Paris em 2015 evento global que
culminou com maior acordo climaacutetico global jaacute visto o Acordo de Paris (BRASIL 2015c d)
De acordo com o decreto que regulamenta a
Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima ndash
PNMC (BRASIL 2010) o Brasil oficializa um
compromisso voluntaacuterio de reduzir suas emis-
sotildees de GEE entre 361 e 389 ateacute 2020 com-
paradas aos niacuteveis de 2005 Para cumprir essa
meta o decreto tambeacutem prevecirc a elaboraccedilatildeo
de Planos Setoriais com a inclusatildeo de accedilotildees
indicadores e metas especiacuteficas de reduccedilatildeo de
emissotildees e mecanismos para a verificaccedilatildeo do
seu cumprimento para guiar cada setor
O plano setorial para a Agricultura eacute chama-
do de Plano ABC (BRASIL 2012) Esse plano
tem abrangecircncia nacional e seu periacuteodo de vi-
gecircncia eacute de 2010 a 2020 sendo composto por
seis programas relacionados a tecnologias de
mitigaccedilatildeo
1 Recuperaccedilatildeo de 15 milhotildees de
hectares de pastagens degradadas
2 Expansatildeo de 4 milhotildees de hectares de
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta
(iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs)
3 Expansatildeo de 8 milhotildees de hectares
de Sistema Plantio Direto (SPD)
4 Introduccedilatildeo da Fixaccedilatildeo Bioloacutegica
de Nitrogecircnio (FBN) em 55
milhotildees de hectares
5 Expansatildeo de florestas plantadas
em 55 milhotildees de hectares
6 Tratamento de 44 milhotildees
de m3 dejetos animais
Enquanto isso na 21ordf Conferecircncia das Partes
(COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees
Unidas sobre Mudanccedila do Clima realizada em
novembro de 2015 em Paris reuniu 195 paiacuteses
e culminou na elaboraccedilatildeo do Acordo de Paris
Esse acordo tem objetivo de conter o aumento
Acordos climaacuteticos e A AgropecuaacuteriA brAsileirA
13
da temperatura meacutedia global em bem menos
do que 2oC acima dos niacuteveis preacute-industriais
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da
soma de esforccedilos desses 195 paiacuteses incluindo
o Brasil por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo
Nacionalmente Determinadas (INDC)
Apoacutes ratificada pelo presidente Michel Temer em
setembro de 2016 a INCD brasileira deixou de
ser uma pretensatildeo e se tornou um compromis-
so formal de contribuiccedilatildeo chamando-se agora
NDC A NDC brasileira por sua vez se compro-
mete em reduzir as emissotildees do paiacutes em 37
abaixo dos niacuteveis de 2005 em 2025 e subse-
quentemente reduzir essas emissotildees em 43
abaixo dos niacuteveis de 2005 (21 GtCO2e) em 2030
(BRASIL 2015cd) Isso significa o paiacutes reduzir
900 Mt CO2e ateacute 2030 o que resultaria em uma
emissatildeo nesse ano estimada em 1200 Mt CO2e
No que se refere ao setor agriacutecola a NDC brasi-
leira planeja fortalecer o Plano ABC por meio da
recuperaccedilatildeo adicional de 15 milhotildees de hecta-
res de pastagens degradadas e incremento de 5
milhotildees de hectares de sistemas de integraccedilatildeo
Lavoura-Pecuaacuteria-Florestas (iLPF) ateacute 2030
14
Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo Nacional-
mente Determinada (INDC ndash do inglecircs intended Nationally Determined Contribution) se
comprometeu em fortalecer o Plano ABC (BRASIL 2012) com a recuperaccedilatildeo de 15 mi-
lhotildees de hectares de pastagens degradadas e expansatildeo de 5 milhotildees de hectares siste-
mas de produccedilatildeo pecuaacuteria integrados com lavoura e floresta no paiacutes ateacute 2030
A INDC brasileira foi ratificada em setembro de 2016 pelo presidente Michel Temer dei-
xando assim de ter caraacuteter de pretensatildeo e se tornando um compromisso formal de contri-
buiccedilatildeo E assim passa a partir de agora a ser chamada de NDC As accedilotildees contempladas
na NDC brasileira tecircm como objetivo de suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios e
manter as emissotildees do setor de agropecuaacuteria em 2030 sob mesmo patamar de emissotildees
de 2005 ano base da NDC brasileira (BRASIL 2015c d)
Entretanto existem poucas evidecircncias de como um conjunto de boas praacuteticas afetam as
emissotildees de GEE e a produccedilatildeo de fazendas de gado de corte (HAVLIK et al 2014 WOL-
LENBERG et al 2016) Nesse contexto existe a necessidade da avaliaccedilatildeo de iniciativas
reais que introduzem praacuteticas baseadas na recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas com
o objetivo de aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de carne bovina no Brasil e ao mesmo
tempo reduzir as emissotildees de GEE
Esse eacute o caso por exemplo do Programa Novo Campo Coordenado pelo Instituto Centro
de Vida (ICV) o programa tem por objetivo promover praacuteticas sustentaacuteveis de produccedilatildeo de
carne em fazendas de pecuaacuteria na Amazocircnia melhorando o seu desempenho econocircmico
social e ambiental Com isso contribui para reduzir o desmatamento conservar ou recu-
perar os recursos naturais e fortalecer a economia local (ICV 2014)
As intervenccedilotildees promovidas pelo Programa Novo Campo satildeo baseadas na gestatildeo integra-
da da propriedade rural com a adoccedilatildeo progressiva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bo-
vinos de Corte (Valle 2011) da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel
(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS) Ambos estatildeo centralizados
na recuperaccedilatildeo e intensificaccedilatildeo de pastagens degradadas no fornecimento adequado de
suplementaccedilatildeo na melhoria do manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e na adequa-
ccedilatildeo ambiental das propriedades (MARCUZZO 2015)
15
Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser
definidas como um conjunto de normas e de
procedimentos a serem observados para tornar
os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-
taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-
dor o fornecimento de alimentos produzidos de
forma sustentaacutevel (Valle 2011)
A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam
periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de
boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-
ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-
cadores que abrangem todo o sistema produti-
vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental
social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e
das pastagens
BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007
pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-
rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um
conjunto de normas e de procedimentos a se-
rem observados pelos produtores rurais para
que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais
rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-
mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao
adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar
e controlar os diversos fatores que influenciam a
produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-
ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo
do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-
dades de conquista de novos mercados que va-
lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle
2011)
GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar
todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria
bovina a usarem os indicadores como uma fer-
ramenta de busca da sustentabilidade Para o
GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-
lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-
tros quantitativos ou qualitativos que podem ser
avaliados de acordo com alguns criteacuterios No
GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-
do estaacutegios cumulativos de desempenho e os
criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala
de desempenho (GTPS sd)
boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps
16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-
CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas
participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir
intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de
bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas
bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia
bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano
bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores
bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha
Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo
Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio
da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-
pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras
fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-
cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de
emissotildees
Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-
pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-
sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais
METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL
DO PROGRAMA NOVO CAMPO
18
CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-
zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as
primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1
Tabela 1 Anexo 1 e 2)
As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes
estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as
deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo
como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho
Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta
passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-
ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-
ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)
TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012
Nome fazenda
Aacuterea de pastagem (ha)
Nuacutemero meacutedio de animais
Sistema produccedilatildeo
Produccedilatildeo meacutedia carne
(kg ha-1 ano-1)
Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790
Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732
Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724
Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500
Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511
19
n 5 000 km
Amazocircnia
Cerrado
Pantanal
Caatinga
mata Atlacircntica
Pampa
fazendas novo Campo
mato Grosso (mT)
FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO
20
Os segmentos de cria recria e engorda cons-
tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos
de corte Estes podem estar presentes em uma
mesma propriedade ou separados
bull Cria Compreende o periacuteodo de
cobertura ateacute a desmama
bull Recria Compreende a periacuteodo entre a
desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute
a reproduccedilatildeo em fecircmeas
bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal
para o abate que pode ser feita
a pasto ou no confinamento
Assim essas fases designam o sistema de pro-
duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de
cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-
to quando essas fases estatildeo presentes em uma
mesma fazenda diz-se que a mesma possui um
sistema de produccedilatildeo de ciclo completo
sistemAs de produccedilatildeo de cArNe
21
implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps
Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual
de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e
o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-
ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos
animais nas fazendas
Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de
cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da
propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e
estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade
Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as
fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de
pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado
o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte
da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa
aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem
A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura
e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-
ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-
cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto
mais degradado maior a necessidade de reforma
Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado
dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-
mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura
da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo
dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100
kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)
22
bull Recuperar pastagens degradadas uma
das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de
corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-
gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das
aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se
encontram abandonadas ou subutilizadas
promovendo ganhos de produtividade e au-
mentando o sequestro de carbono nos solos
Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo
estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e
de energia Sistemas produtivos estabeleci-
dos em pastagens recuperadas podem pro-
duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se
comparados a sistemas em pastagens de-
gradadas O primeiro passo para recuperar
pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da
fazenda para posterior intervenccedilatildeo
bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-
mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-
lita um melhor uso da forragem aumentando
a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo
para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-
de pois permite o abate de animais mais jo-
vens e com melhor acabamento No entanto
para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-
to de boa qualidade todos os insumos natildeo
podem conter componentes ou resiacuteduos que
possam acarretar problemas agrave sauacutede animal
e humana
bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto
de atividades veterinaacuterias regularmente pla-
nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e
manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas
accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-
zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-
fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo
precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-
ccedilatildeo e banho carrapaticida
bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um
conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a
eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-
mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-
priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel
Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA
ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a
instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias
na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
(MARCUZZO 2015)
23
gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo
do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia
produtiva do rebanho de cria pode ser obtida
por meio das seguintes praacuteticas de manejo
a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de
ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-
tes etc)
b Escolha do periacuteodo de monta
c Escolha do sistema de acasalamento
d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo
e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes
f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama
g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais
h Controle sanitaacuterio do rebanho
bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-
do dos recursos naturais existentes na pro-
priedade rural em conformidade com as leis
ambientais e com as teacutecnicas recomendadas
para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-
de dos recursos hiacutedricos e da paisagem
bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-
quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo
accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-
ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-
cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo
de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e
direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-
dimento das exigecircncias legais e o registro
de todos as atividades e processos da pro-
priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria
e ambiental)(Valle 2011)
24
caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee
Ferramenta de caacutelculo
A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das
emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas
aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais
fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala
de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-
riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-
tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para
condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006
WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)
FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees
Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a
quantidade de GEE emitido (ou removido) pela
quantidade de material consumido ou processa-
do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-
mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg
kg) ou porcentagem ()
balanccedilo de gee =
emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)
O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende
a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)
de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na
pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-
la de fazenda (da porteira para dentro) envolve
a soma das emissotildees de GEE pelos animais e
seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-
dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-
quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-
da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em
solos bem manejados
25
PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA
TR
An
SPOR
TES
CO2
n2O
CH4
REB
AnHO
COndIccedilatildeO dO PASTO
USOS dE InSUmOS
FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA
26
Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)
pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de
dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de
acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade
A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de
fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao
solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela
queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-
culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo
sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)
Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de
GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-
lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do
inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)
O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado
com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-
ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-
tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-
sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda
analisada pode ser visto no Anexo 1
coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo
Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou
os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-
priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e
suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a
total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas
O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da
base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades
participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-
zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)
27
O Potencial de Aquecimento Global (Global
Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-
timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-
rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo
ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma
vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-
ciais de aquecer a Terra quando presentes na
atmosfera O IPCC determina os valores GWP
a serem utilizados e os atualiza de acordo com
o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea
Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute
foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo
(Assessment Report) do IPCC
AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-
decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-
lizados globalmente A calculadora de emissotildees
GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta
em seu modo default os valores GWP reporta-
dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar
de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-
quer outro valor GWP Entretanto nota-se que
para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-
dos apresentados em CO2e eacute preciso checar
se esses valores foram calculados utilizando os
mesmos fatores GWP
Assessment report
Ar2 Ar3 Ar5
1 1 1
21 25 28
310 298 265
poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)
28
paracircmetros utilizados
1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade
2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens
3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)
29
Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que
intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na
meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue
A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi
dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio
entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos
de anaacutelise
Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo
das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos
do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo
condiccedilatildeo das pastagens
bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)
bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo
de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo
moderada para severamente degradada (IPCC 2006)
bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de
degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)
Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da
mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-
mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas
atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros
trabalhos
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
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oco
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embr
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20
12 -
exc
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des
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havi
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sum
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mas
a
part
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seg
undo
mecircs
em
cob
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poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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12
Nesse sentido a produccedilatildeo de carne bovina brasileira tem sido foco de preocupaccedilotildees
quanto o seu atual e futuro impacto nas mudanccedilas climaacuteticas globais Tanto eacute que se
tornou o tema central nas metas de reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE apresentadas pelo Brasil
na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) realizada em Paris em 2015 evento global que
culminou com maior acordo climaacutetico global jaacute visto o Acordo de Paris (BRASIL 2015c d)
De acordo com o decreto que regulamenta a
Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima ndash
PNMC (BRASIL 2010) o Brasil oficializa um
compromisso voluntaacuterio de reduzir suas emis-
sotildees de GEE entre 361 e 389 ateacute 2020 com-
paradas aos niacuteveis de 2005 Para cumprir essa
meta o decreto tambeacutem prevecirc a elaboraccedilatildeo
de Planos Setoriais com a inclusatildeo de accedilotildees
indicadores e metas especiacuteficas de reduccedilatildeo de
emissotildees e mecanismos para a verificaccedilatildeo do
seu cumprimento para guiar cada setor
O plano setorial para a Agricultura eacute chama-
do de Plano ABC (BRASIL 2012) Esse plano
tem abrangecircncia nacional e seu periacuteodo de vi-
gecircncia eacute de 2010 a 2020 sendo composto por
seis programas relacionados a tecnologias de
mitigaccedilatildeo
1 Recuperaccedilatildeo de 15 milhotildees de
hectares de pastagens degradadas
2 Expansatildeo de 4 milhotildees de hectares de
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta
(iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs)
3 Expansatildeo de 8 milhotildees de hectares
de Sistema Plantio Direto (SPD)
4 Introduccedilatildeo da Fixaccedilatildeo Bioloacutegica
de Nitrogecircnio (FBN) em 55
milhotildees de hectares
5 Expansatildeo de florestas plantadas
em 55 milhotildees de hectares
6 Tratamento de 44 milhotildees
de m3 dejetos animais
Enquanto isso na 21ordf Conferecircncia das Partes
(COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees
Unidas sobre Mudanccedila do Clima realizada em
novembro de 2015 em Paris reuniu 195 paiacuteses
e culminou na elaboraccedilatildeo do Acordo de Paris
Esse acordo tem objetivo de conter o aumento
Acordos climaacuteticos e A AgropecuaacuteriA brAsileirA
13
da temperatura meacutedia global em bem menos
do que 2oC acima dos niacuteveis preacute-industriais
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da
soma de esforccedilos desses 195 paiacuteses incluindo
o Brasil por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo
Nacionalmente Determinadas (INDC)
Apoacutes ratificada pelo presidente Michel Temer em
setembro de 2016 a INCD brasileira deixou de
ser uma pretensatildeo e se tornou um compromis-
so formal de contribuiccedilatildeo chamando-se agora
NDC A NDC brasileira por sua vez se compro-
mete em reduzir as emissotildees do paiacutes em 37
abaixo dos niacuteveis de 2005 em 2025 e subse-
quentemente reduzir essas emissotildees em 43
abaixo dos niacuteveis de 2005 (21 GtCO2e) em 2030
(BRASIL 2015cd) Isso significa o paiacutes reduzir
900 Mt CO2e ateacute 2030 o que resultaria em uma
emissatildeo nesse ano estimada em 1200 Mt CO2e
No que se refere ao setor agriacutecola a NDC brasi-
leira planeja fortalecer o Plano ABC por meio da
recuperaccedilatildeo adicional de 15 milhotildees de hecta-
res de pastagens degradadas e incremento de 5
milhotildees de hectares de sistemas de integraccedilatildeo
Lavoura-Pecuaacuteria-Florestas (iLPF) ateacute 2030
14
Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo Nacional-
mente Determinada (INDC ndash do inglecircs intended Nationally Determined Contribution) se
comprometeu em fortalecer o Plano ABC (BRASIL 2012) com a recuperaccedilatildeo de 15 mi-
lhotildees de hectares de pastagens degradadas e expansatildeo de 5 milhotildees de hectares siste-
mas de produccedilatildeo pecuaacuteria integrados com lavoura e floresta no paiacutes ateacute 2030
A INDC brasileira foi ratificada em setembro de 2016 pelo presidente Michel Temer dei-
xando assim de ter caraacuteter de pretensatildeo e se tornando um compromisso formal de contri-
buiccedilatildeo E assim passa a partir de agora a ser chamada de NDC As accedilotildees contempladas
na NDC brasileira tecircm como objetivo de suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios e
manter as emissotildees do setor de agropecuaacuteria em 2030 sob mesmo patamar de emissotildees
de 2005 ano base da NDC brasileira (BRASIL 2015c d)
Entretanto existem poucas evidecircncias de como um conjunto de boas praacuteticas afetam as
emissotildees de GEE e a produccedilatildeo de fazendas de gado de corte (HAVLIK et al 2014 WOL-
LENBERG et al 2016) Nesse contexto existe a necessidade da avaliaccedilatildeo de iniciativas
reais que introduzem praacuteticas baseadas na recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas com
o objetivo de aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de carne bovina no Brasil e ao mesmo
tempo reduzir as emissotildees de GEE
Esse eacute o caso por exemplo do Programa Novo Campo Coordenado pelo Instituto Centro
de Vida (ICV) o programa tem por objetivo promover praacuteticas sustentaacuteveis de produccedilatildeo de
carne em fazendas de pecuaacuteria na Amazocircnia melhorando o seu desempenho econocircmico
social e ambiental Com isso contribui para reduzir o desmatamento conservar ou recu-
perar os recursos naturais e fortalecer a economia local (ICV 2014)
As intervenccedilotildees promovidas pelo Programa Novo Campo satildeo baseadas na gestatildeo integra-
da da propriedade rural com a adoccedilatildeo progressiva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bo-
vinos de Corte (Valle 2011) da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel
(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS) Ambos estatildeo centralizados
na recuperaccedilatildeo e intensificaccedilatildeo de pastagens degradadas no fornecimento adequado de
suplementaccedilatildeo na melhoria do manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e na adequa-
ccedilatildeo ambiental das propriedades (MARCUZZO 2015)
15
Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser
definidas como um conjunto de normas e de
procedimentos a serem observados para tornar
os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-
taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-
dor o fornecimento de alimentos produzidos de
forma sustentaacutevel (Valle 2011)
A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam
periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de
boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-
ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-
cadores que abrangem todo o sistema produti-
vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental
social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e
das pastagens
BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007
pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-
rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um
conjunto de normas e de procedimentos a se-
rem observados pelos produtores rurais para
que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais
rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-
mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao
adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar
e controlar os diversos fatores que influenciam a
produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-
ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo
do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-
dades de conquista de novos mercados que va-
lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle
2011)
GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar
todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria
bovina a usarem os indicadores como uma fer-
ramenta de busca da sustentabilidade Para o
GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-
lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-
tros quantitativos ou qualitativos que podem ser
avaliados de acordo com alguns criteacuterios No
GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-
do estaacutegios cumulativos de desempenho e os
criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala
de desempenho (GTPS sd)
boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps
16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-
CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas
participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir
intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de
bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas
bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia
bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano
bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores
bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha
Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo
Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio
da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-
pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras
fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-
cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de
emissotildees
Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-
pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-
sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais
METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL
DO PROGRAMA NOVO CAMPO
18
CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-
zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as
primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1
Tabela 1 Anexo 1 e 2)
As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes
estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as
deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo
como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho
Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta
passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-
ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-
ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)
TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012
Nome fazenda
Aacuterea de pastagem (ha)
Nuacutemero meacutedio de animais
Sistema produccedilatildeo
Produccedilatildeo meacutedia carne
(kg ha-1 ano-1)
Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790
Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732
Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724
Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500
Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511
19
n 5 000 km
Amazocircnia
Cerrado
Pantanal
Caatinga
mata Atlacircntica
Pampa
fazendas novo Campo
mato Grosso (mT)
FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO
20
Os segmentos de cria recria e engorda cons-
tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos
de corte Estes podem estar presentes em uma
mesma propriedade ou separados
bull Cria Compreende o periacuteodo de
cobertura ateacute a desmama
bull Recria Compreende a periacuteodo entre a
desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute
a reproduccedilatildeo em fecircmeas
bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal
para o abate que pode ser feita
a pasto ou no confinamento
Assim essas fases designam o sistema de pro-
duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de
cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-
to quando essas fases estatildeo presentes em uma
mesma fazenda diz-se que a mesma possui um
sistema de produccedilatildeo de ciclo completo
sistemAs de produccedilatildeo de cArNe
21
implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps
Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual
de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e
o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-
ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos
animais nas fazendas
Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de
cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da
propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e
estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade
Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as
fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de
pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado
o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte
da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa
aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem
A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura
e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-
ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-
cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto
mais degradado maior a necessidade de reforma
Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado
dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-
mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura
da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo
dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100
kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)
22
bull Recuperar pastagens degradadas uma
das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de
corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-
gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das
aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se
encontram abandonadas ou subutilizadas
promovendo ganhos de produtividade e au-
mentando o sequestro de carbono nos solos
Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo
estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e
de energia Sistemas produtivos estabeleci-
dos em pastagens recuperadas podem pro-
duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se
comparados a sistemas em pastagens de-
gradadas O primeiro passo para recuperar
pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da
fazenda para posterior intervenccedilatildeo
bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-
mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-
lita um melhor uso da forragem aumentando
a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo
para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-
de pois permite o abate de animais mais jo-
vens e com melhor acabamento No entanto
para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-
to de boa qualidade todos os insumos natildeo
podem conter componentes ou resiacuteduos que
possam acarretar problemas agrave sauacutede animal
e humana
bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto
de atividades veterinaacuterias regularmente pla-
nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e
manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas
accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-
zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-
fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo
precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-
ccedilatildeo e banho carrapaticida
bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um
conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a
eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-
mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-
priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel
Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA
ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a
instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias
na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
(MARCUZZO 2015)
23
gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo
do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia
produtiva do rebanho de cria pode ser obtida
por meio das seguintes praacuteticas de manejo
a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de
ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-
tes etc)
b Escolha do periacuteodo de monta
c Escolha do sistema de acasalamento
d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo
e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes
f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama
g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais
h Controle sanitaacuterio do rebanho
bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-
do dos recursos naturais existentes na pro-
priedade rural em conformidade com as leis
ambientais e com as teacutecnicas recomendadas
para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-
de dos recursos hiacutedricos e da paisagem
bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-
quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo
accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-
ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-
cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo
de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e
direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-
dimento das exigecircncias legais e o registro
de todos as atividades e processos da pro-
priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria
e ambiental)(Valle 2011)
24
caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee
Ferramenta de caacutelculo
A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das
emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas
aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais
fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala
de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-
riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-
tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para
condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006
WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)
FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees
Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a
quantidade de GEE emitido (ou removido) pela
quantidade de material consumido ou processa-
do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-
mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg
kg) ou porcentagem ()
balanccedilo de gee =
emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)
O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende
a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)
de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na
pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-
la de fazenda (da porteira para dentro) envolve
a soma das emissotildees de GEE pelos animais e
seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-
dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-
quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-
da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em
solos bem manejados
25
PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA
TR
An
SPOR
TES
CO2
n2O
CH4
REB
AnHO
COndIccedilatildeO dO PASTO
USOS dE InSUmOS
FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA
26
Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)
pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de
dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de
acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade
A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de
fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao
solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela
queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-
culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo
sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)
Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de
GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-
lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do
inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)
O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado
com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-
ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-
tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-
sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda
analisada pode ser visto no Anexo 1
coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo
Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou
os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-
priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e
suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a
total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas
O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da
base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades
participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-
zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)
27
O Potencial de Aquecimento Global (Global
Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-
timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-
rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo
ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma
vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-
ciais de aquecer a Terra quando presentes na
atmosfera O IPCC determina os valores GWP
a serem utilizados e os atualiza de acordo com
o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea
Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute
foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo
(Assessment Report) do IPCC
AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-
decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-
lizados globalmente A calculadora de emissotildees
GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta
em seu modo default os valores GWP reporta-
dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar
de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-
quer outro valor GWP Entretanto nota-se que
para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-
dos apresentados em CO2e eacute preciso checar
se esses valores foram calculados utilizando os
mesmos fatores GWP
Assessment report
Ar2 Ar3 Ar5
1 1 1
21 25 28
310 298 265
poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)
28
paracircmetros utilizados
1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade
2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens
3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)
29
Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que
intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na
meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue
A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi
dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio
entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos
de anaacutelise
Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo
das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos
do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo
condiccedilatildeo das pastagens
bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)
bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo
de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo
moderada para severamente degradada (IPCC 2006)
bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de
degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)
Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da
mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-
mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas
atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros
trabalhos
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
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Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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51
_______ Documento de anaacutelise evoluccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa no Brasil
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
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seg
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mecircs
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poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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13
da temperatura meacutedia global em bem menos
do que 2oC acima dos niacuteveis preacute-industriais
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da
soma de esforccedilos desses 195 paiacuteses incluindo
o Brasil por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo
Nacionalmente Determinadas (INDC)
Apoacutes ratificada pelo presidente Michel Temer em
setembro de 2016 a INCD brasileira deixou de
ser uma pretensatildeo e se tornou um compromis-
so formal de contribuiccedilatildeo chamando-se agora
NDC A NDC brasileira por sua vez se compro-
mete em reduzir as emissotildees do paiacutes em 37
abaixo dos niacuteveis de 2005 em 2025 e subse-
quentemente reduzir essas emissotildees em 43
abaixo dos niacuteveis de 2005 (21 GtCO2e) em 2030
(BRASIL 2015cd) Isso significa o paiacutes reduzir
900 Mt CO2e ateacute 2030 o que resultaria em uma
emissatildeo nesse ano estimada em 1200 Mt CO2e
No que se refere ao setor agriacutecola a NDC brasi-
leira planeja fortalecer o Plano ABC por meio da
recuperaccedilatildeo adicional de 15 milhotildees de hecta-
res de pastagens degradadas e incremento de 5
milhotildees de hectares de sistemas de integraccedilatildeo
Lavoura-Pecuaacuteria-Florestas (iLPF) ateacute 2030
14
Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo Nacional-
mente Determinada (INDC ndash do inglecircs intended Nationally Determined Contribution) se
comprometeu em fortalecer o Plano ABC (BRASIL 2012) com a recuperaccedilatildeo de 15 mi-
lhotildees de hectares de pastagens degradadas e expansatildeo de 5 milhotildees de hectares siste-
mas de produccedilatildeo pecuaacuteria integrados com lavoura e floresta no paiacutes ateacute 2030
A INDC brasileira foi ratificada em setembro de 2016 pelo presidente Michel Temer dei-
xando assim de ter caraacuteter de pretensatildeo e se tornando um compromisso formal de contri-
buiccedilatildeo E assim passa a partir de agora a ser chamada de NDC As accedilotildees contempladas
na NDC brasileira tecircm como objetivo de suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios e
manter as emissotildees do setor de agropecuaacuteria em 2030 sob mesmo patamar de emissotildees
de 2005 ano base da NDC brasileira (BRASIL 2015c d)
Entretanto existem poucas evidecircncias de como um conjunto de boas praacuteticas afetam as
emissotildees de GEE e a produccedilatildeo de fazendas de gado de corte (HAVLIK et al 2014 WOL-
LENBERG et al 2016) Nesse contexto existe a necessidade da avaliaccedilatildeo de iniciativas
reais que introduzem praacuteticas baseadas na recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas com
o objetivo de aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de carne bovina no Brasil e ao mesmo
tempo reduzir as emissotildees de GEE
Esse eacute o caso por exemplo do Programa Novo Campo Coordenado pelo Instituto Centro
de Vida (ICV) o programa tem por objetivo promover praacuteticas sustentaacuteveis de produccedilatildeo de
carne em fazendas de pecuaacuteria na Amazocircnia melhorando o seu desempenho econocircmico
social e ambiental Com isso contribui para reduzir o desmatamento conservar ou recu-
perar os recursos naturais e fortalecer a economia local (ICV 2014)
As intervenccedilotildees promovidas pelo Programa Novo Campo satildeo baseadas na gestatildeo integra-
da da propriedade rural com a adoccedilatildeo progressiva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bo-
vinos de Corte (Valle 2011) da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel
(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS) Ambos estatildeo centralizados
na recuperaccedilatildeo e intensificaccedilatildeo de pastagens degradadas no fornecimento adequado de
suplementaccedilatildeo na melhoria do manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e na adequa-
ccedilatildeo ambiental das propriedades (MARCUZZO 2015)
15
Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser
definidas como um conjunto de normas e de
procedimentos a serem observados para tornar
os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-
taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-
dor o fornecimento de alimentos produzidos de
forma sustentaacutevel (Valle 2011)
A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam
periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de
boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-
ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-
cadores que abrangem todo o sistema produti-
vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental
social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e
das pastagens
BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007
pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-
rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um
conjunto de normas e de procedimentos a se-
rem observados pelos produtores rurais para
que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais
rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-
mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao
adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar
e controlar os diversos fatores que influenciam a
produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-
ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo
do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-
dades de conquista de novos mercados que va-
lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle
2011)
GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar
todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria
bovina a usarem os indicadores como uma fer-
ramenta de busca da sustentabilidade Para o
GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-
lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-
tros quantitativos ou qualitativos que podem ser
avaliados de acordo com alguns criteacuterios No
GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-
do estaacutegios cumulativos de desempenho e os
criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala
de desempenho (GTPS sd)
boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps
16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-
CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas
participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir
intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de
bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas
bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia
bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano
bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores
bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha
Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo
Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio
da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-
pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras
fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-
cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de
emissotildees
Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-
pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-
sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais
METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL
DO PROGRAMA NOVO CAMPO
18
CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-
zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as
primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1
Tabela 1 Anexo 1 e 2)
As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes
estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as
deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo
como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho
Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta
passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-
ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-
ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)
TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012
Nome fazenda
Aacuterea de pastagem (ha)
Nuacutemero meacutedio de animais
Sistema produccedilatildeo
Produccedilatildeo meacutedia carne
(kg ha-1 ano-1)
Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790
Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732
Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724
Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500
Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511
19
n 5 000 km
Amazocircnia
Cerrado
Pantanal
Caatinga
mata Atlacircntica
Pampa
fazendas novo Campo
mato Grosso (mT)
FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO
20
Os segmentos de cria recria e engorda cons-
tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos
de corte Estes podem estar presentes em uma
mesma propriedade ou separados
bull Cria Compreende o periacuteodo de
cobertura ateacute a desmama
bull Recria Compreende a periacuteodo entre a
desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute
a reproduccedilatildeo em fecircmeas
bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal
para o abate que pode ser feita
a pasto ou no confinamento
Assim essas fases designam o sistema de pro-
duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de
cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-
to quando essas fases estatildeo presentes em uma
mesma fazenda diz-se que a mesma possui um
sistema de produccedilatildeo de ciclo completo
sistemAs de produccedilatildeo de cArNe
21
implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps
Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual
de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e
o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-
ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos
animais nas fazendas
Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de
cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da
propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e
estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade
Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as
fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de
pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado
o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte
da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa
aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem
A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura
e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-
ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-
cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto
mais degradado maior a necessidade de reforma
Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado
dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-
mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura
da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo
dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100
kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)
22
bull Recuperar pastagens degradadas uma
das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de
corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-
gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das
aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se
encontram abandonadas ou subutilizadas
promovendo ganhos de produtividade e au-
mentando o sequestro de carbono nos solos
Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo
estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e
de energia Sistemas produtivos estabeleci-
dos em pastagens recuperadas podem pro-
duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se
comparados a sistemas em pastagens de-
gradadas O primeiro passo para recuperar
pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da
fazenda para posterior intervenccedilatildeo
bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-
mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-
lita um melhor uso da forragem aumentando
a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo
para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-
de pois permite o abate de animais mais jo-
vens e com melhor acabamento No entanto
para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-
to de boa qualidade todos os insumos natildeo
podem conter componentes ou resiacuteduos que
possam acarretar problemas agrave sauacutede animal
e humana
bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto
de atividades veterinaacuterias regularmente pla-
nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e
manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas
accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-
zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-
fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo
precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-
ccedilatildeo e banho carrapaticida
bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um
conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a
eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-
mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-
priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel
Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA
ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a
instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias
na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
(MARCUZZO 2015)
23
gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo
do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia
produtiva do rebanho de cria pode ser obtida
por meio das seguintes praacuteticas de manejo
a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de
ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-
tes etc)
b Escolha do periacuteodo de monta
c Escolha do sistema de acasalamento
d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo
e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes
f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama
g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais
h Controle sanitaacuterio do rebanho
bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-
do dos recursos naturais existentes na pro-
priedade rural em conformidade com as leis
ambientais e com as teacutecnicas recomendadas
para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-
de dos recursos hiacutedricos e da paisagem
bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-
quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo
accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-
ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-
cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo
de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e
direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-
dimento das exigecircncias legais e o registro
de todos as atividades e processos da pro-
priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria
e ambiental)(Valle 2011)
24
caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee
Ferramenta de caacutelculo
A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das
emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas
aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais
fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala
de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-
riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-
tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para
condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006
WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)
FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees
Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a
quantidade de GEE emitido (ou removido) pela
quantidade de material consumido ou processa-
do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-
mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg
kg) ou porcentagem ()
balanccedilo de gee =
emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)
O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende
a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)
de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na
pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-
la de fazenda (da porteira para dentro) envolve
a soma das emissotildees de GEE pelos animais e
seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-
dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-
quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-
da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em
solos bem manejados
25
PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA
TR
An
SPOR
TES
CO2
n2O
CH4
REB
AnHO
COndIccedilatildeO dO PASTO
USOS dE InSUmOS
FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA
26
Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)
pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de
dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de
acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade
A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de
fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao
solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela
queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-
culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo
sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)
Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de
GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-
lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do
inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)
O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado
com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-
ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-
tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-
sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda
analisada pode ser visto no Anexo 1
coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo
Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou
os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-
priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e
suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a
total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas
O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da
base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades
participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-
zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)
27
O Potencial de Aquecimento Global (Global
Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-
timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-
rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo
ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma
vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-
ciais de aquecer a Terra quando presentes na
atmosfera O IPCC determina os valores GWP
a serem utilizados e os atualiza de acordo com
o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea
Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute
foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo
(Assessment Report) do IPCC
AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-
decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-
lizados globalmente A calculadora de emissotildees
GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta
em seu modo default os valores GWP reporta-
dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar
de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-
quer outro valor GWP Entretanto nota-se que
para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-
dos apresentados em CO2e eacute preciso checar
se esses valores foram calculados utilizando os
mesmos fatores GWP
Assessment report
Ar2 Ar3 Ar5
1 1 1
21 25 28
310 298 265
poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)
28
paracircmetros utilizados
1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade
2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens
3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)
29
Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que
intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na
meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue
A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi
dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio
entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos
de anaacutelise
Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo
das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos
do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo
condiccedilatildeo das pastagens
bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)
bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo
de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo
moderada para severamente degradada (IPCC 2006)
bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de
degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)
Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da
mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-
mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas
atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros
trabalhos
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
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embr
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20
12 -
exc
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des
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ma
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havi
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sum
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mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
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ra a
poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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14
Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo Nacional-
mente Determinada (INDC ndash do inglecircs intended Nationally Determined Contribution) se
comprometeu em fortalecer o Plano ABC (BRASIL 2012) com a recuperaccedilatildeo de 15 mi-
lhotildees de hectares de pastagens degradadas e expansatildeo de 5 milhotildees de hectares siste-
mas de produccedilatildeo pecuaacuteria integrados com lavoura e floresta no paiacutes ateacute 2030
A INDC brasileira foi ratificada em setembro de 2016 pelo presidente Michel Temer dei-
xando assim de ter caraacuteter de pretensatildeo e se tornando um compromisso formal de contri-
buiccedilatildeo E assim passa a partir de agora a ser chamada de NDC As accedilotildees contempladas
na NDC brasileira tecircm como objetivo de suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios e
manter as emissotildees do setor de agropecuaacuteria em 2030 sob mesmo patamar de emissotildees
de 2005 ano base da NDC brasileira (BRASIL 2015c d)
Entretanto existem poucas evidecircncias de como um conjunto de boas praacuteticas afetam as
emissotildees de GEE e a produccedilatildeo de fazendas de gado de corte (HAVLIK et al 2014 WOL-
LENBERG et al 2016) Nesse contexto existe a necessidade da avaliaccedilatildeo de iniciativas
reais que introduzem praacuteticas baseadas na recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas com
o objetivo de aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de carne bovina no Brasil e ao mesmo
tempo reduzir as emissotildees de GEE
Esse eacute o caso por exemplo do Programa Novo Campo Coordenado pelo Instituto Centro
de Vida (ICV) o programa tem por objetivo promover praacuteticas sustentaacuteveis de produccedilatildeo de
carne em fazendas de pecuaacuteria na Amazocircnia melhorando o seu desempenho econocircmico
social e ambiental Com isso contribui para reduzir o desmatamento conservar ou recu-
perar os recursos naturais e fortalecer a economia local (ICV 2014)
As intervenccedilotildees promovidas pelo Programa Novo Campo satildeo baseadas na gestatildeo integra-
da da propriedade rural com a adoccedilatildeo progressiva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bo-
vinos de Corte (Valle 2011) da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel
(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS) Ambos estatildeo centralizados
na recuperaccedilatildeo e intensificaccedilatildeo de pastagens degradadas no fornecimento adequado de
suplementaccedilatildeo na melhoria do manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e na adequa-
ccedilatildeo ambiental das propriedades (MARCUZZO 2015)
15
Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser
definidas como um conjunto de normas e de
procedimentos a serem observados para tornar
os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-
taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-
dor o fornecimento de alimentos produzidos de
forma sustentaacutevel (Valle 2011)
A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam
periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de
boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-
ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-
cadores que abrangem todo o sistema produti-
vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental
social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e
das pastagens
BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007
pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-
rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um
conjunto de normas e de procedimentos a se-
rem observados pelos produtores rurais para
que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais
rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-
mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao
adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar
e controlar os diversos fatores que influenciam a
produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-
ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo
do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-
dades de conquista de novos mercados que va-
lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle
2011)
GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar
todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria
bovina a usarem os indicadores como uma fer-
ramenta de busca da sustentabilidade Para o
GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-
lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-
tros quantitativos ou qualitativos que podem ser
avaliados de acordo com alguns criteacuterios No
GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-
do estaacutegios cumulativos de desempenho e os
criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala
de desempenho (GTPS sd)
boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps
16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-
CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas
participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir
intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de
bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas
bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia
bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano
bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores
bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha
Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo
Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio
da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-
pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras
fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-
cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de
emissotildees
Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-
pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-
sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais
METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL
DO PROGRAMA NOVO CAMPO
18
CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-
zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as
primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1
Tabela 1 Anexo 1 e 2)
As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes
estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as
deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo
como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho
Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta
passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-
ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-
ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)
TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012
Nome fazenda
Aacuterea de pastagem (ha)
Nuacutemero meacutedio de animais
Sistema produccedilatildeo
Produccedilatildeo meacutedia carne
(kg ha-1 ano-1)
Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790
Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732
Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724
Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500
Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511
19
n 5 000 km
Amazocircnia
Cerrado
Pantanal
Caatinga
mata Atlacircntica
Pampa
fazendas novo Campo
mato Grosso (mT)
FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO
20
Os segmentos de cria recria e engorda cons-
tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos
de corte Estes podem estar presentes em uma
mesma propriedade ou separados
bull Cria Compreende o periacuteodo de
cobertura ateacute a desmama
bull Recria Compreende a periacuteodo entre a
desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute
a reproduccedilatildeo em fecircmeas
bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal
para o abate que pode ser feita
a pasto ou no confinamento
Assim essas fases designam o sistema de pro-
duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de
cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-
to quando essas fases estatildeo presentes em uma
mesma fazenda diz-se que a mesma possui um
sistema de produccedilatildeo de ciclo completo
sistemAs de produccedilatildeo de cArNe
21
implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps
Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual
de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e
o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-
ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos
animais nas fazendas
Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de
cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da
propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e
estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade
Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as
fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de
pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado
o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte
da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa
aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem
A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura
e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-
ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-
cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto
mais degradado maior a necessidade de reforma
Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado
dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-
mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura
da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo
dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100
kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)
22
bull Recuperar pastagens degradadas uma
das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de
corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-
gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das
aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se
encontram abandonadas ou subutilizadas
promovendo ganhos de produtividade e au-
mentando o sequestro de carbono nos solos
Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo
estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e
de energia Sistemas produtivos estabeleci-
dos em pastagens recuperadas podem pro-
duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se
comparados a sistemas em pastagens de-
gradadas O primeiro passo para recuperar
pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da
fazenda para posterior intervenccedilatildeo
bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-
mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-
lita um melhor uso da forragem aumentando
a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo
para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-
de pois permite o abate de animais mais jo-
vens e com melhor acabamento No entanto
para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-
to de boa qualidade todos os insumos natildeo
podem conter componentes ou resiacuteduos que
possam acarretar problemas agrave sauacutede animal
e humana
bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto
de atividades veterinaacuterias regularmente pla-
nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e
manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas
accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-
zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-
fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo
precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-
ccedilatildeo e banho carrapaticida
bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um
conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a
eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-
mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-
priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel
Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA
ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a
instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias
na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
(MARCUZZO 2015)
23
gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo
do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia
produtiva do rebanho de cria pode ser obtida
por meio das seguintes praacuteticas de manejo
a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de
ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-
tes etc)
b Escolha do periacuteodo de monta
c Escolha do sistema de acasalamento
d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo
e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes
f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama
g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais
h Controle sanitaacuterio do rebanho
bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-
do dos recursos naturais existentes na pro-
priedade rural em conformidade com as leis
ambientais e com as teacutecnicas recomendadas
para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-
de dos recursos hiacutedricos e da paisagem
bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-
quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo
accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-
ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-
cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo
de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e
direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-
dimento das exigecircncias legais e o registro
de todos as atividades e processos da pro-
priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria
e ambiental)(Valle 2011)
24
caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee
Ferramenta de caacutelculo
A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das
emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas
aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais
fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala
de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-
riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-
tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para
condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006
WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)
FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees
Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a
quantidade de GEE emitido (ou removido) pela
quantidade de material consumido ou processa-
do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-
mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg
kg) ou porcentagem ()
balanccedilo de gee =
emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)
O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende
a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)
de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na
pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-
la de fazenda (da porteira para dentro) envolve
a soma das emissotildees de GEE pelos animais e
seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-
dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-
quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-
da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em
solos bem manejados
25
PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA
TR
An
SPOR
TES
CO2
n2O
CH4
REB
AnHO
COndIccedilatildeO dO PASTO
USOS dE InSUmOS
FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA
26
Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)
pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de
dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de
acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade
A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de
fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao
solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela
queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-
culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo
sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)
Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de
GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-
lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do
inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)
O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado
com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-
ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-
tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-
sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda
analisada pode ser visto no Anexo 1
coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo
Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou
os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-
priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e
suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a
total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas
O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da
base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades
participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-
zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)
27
O Potencial de Aquecimento Global (Global
Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-
timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-
rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo
ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma
vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-
ciais de aquecer a Terra quando presentes na
atmosfera O IPCC determina os valores GWP
a serem utilizados e os atualiza de acordo com
o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea
Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute
foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo
(Assessment Report) do IPCC
AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-
decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-
lizados globalmente A calculadora de emissotildees
GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta
em seu modo default os valores GWP reporta-
dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar
de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-
quer outro valor GWP Entretanto nota-se que
para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-
dos apresentados em CO2e eacute preciso checar
se esses valores foram calculados utilizando os
mesmos fatores GWP
Assessment report
Ar2 Ar3 Ar5
1 1 1
21 25 28
310 298 265
poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)
28
paracircmetros utilizados
1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade
2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens
3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)
29
Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que
intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na
meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue
A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi
dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio
entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos
de anaacutelise
Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo
das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos
do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo
condiccedilatildeo das pastagens
bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)
bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo
de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo
moderada para severamente degradada (IPCC 2006)
bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de
degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)
Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da
mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-
mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas
atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros
trabalhos
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
a r
efor
ma
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asta
gem
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tre
Nov
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12 -
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havi
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sum
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prim
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mas
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part
ir do
seg
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mecircs
em
cob
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poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
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15
Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser
definidas como um conjunto de normas e de
procedimentos a serem observados para tornar
os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-
taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-
dor o fornecimento de alimentos produzidos de
forma sustentaacutevel (Valle 2011)
A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam
periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de
boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-
ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-
cadores que abrangem todo o sistema produti-
vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental
social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e
das pastagens
BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007
pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-
rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um
conjunto de normas e de procedimentos a se-
rem observados pelos produtores rurais para
que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais
rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-
mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao
adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar
e controlar os diversos fatores que influenciam a
produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-
ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo
do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-
dades de conquista de novos mercados que va-
lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle
2011)
GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar
todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria
bovina a usarem os indicadores como uma fer-
ramenta de busca da sustentabilidade Para o
GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-
lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-
tros quantitativos ou qualitativos que podem ser
avaliados de acordo com alguns criteacuterios No
GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-
do estaacutegios cumulativos de desempenho e os
criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala
de desempenho (GTPS sd)
boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps
16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-
CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas
participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir
intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de
bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas
bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia
bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano
bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores
bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha
Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo
Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio
da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-
pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras
fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-
cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de
emissotildees
Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-
pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-
sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais
METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL
DO PROGRAMA NOVO CAMPO
18
CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-
zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as
primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1
Tabela 1 Anexo 1 e 2)
As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes
estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as
deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo
como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho
Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta
passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-
ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-
ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)
TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012
Nome fazenda
Aacuterea de pastagem (ha)
Nuacutemero meacutedio de animais
Sistema produccedilatildeo
Produccedilatildeo meacutedia carne
(kg ha-1 ano-1)
Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790
Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732
Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724
Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500
Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511
19
n 5 000 km
Amazocircnia
Cerrado
Pantanal
Caatinga
mata Atlacircntica
Pampa
fazendas novo Campo
mato Grosso (mT)
FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO
20
Os segmentos de cria recria e engorda cons-
tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos
de corte Estes podem estar presentes em uma
mesma propriedade ou separados
bull Cria Compreende o periacuteodo de
cobertura ateacute a desmama
bull Recria Compreende a periacuteodo entre a
desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute
a reproduccedilatildeo em fecircmeas
bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal
para o abate que pode ser feita
a pasto ou no confinamento
Assim essas fases designam o sistema de pro-
duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de
cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-
to quando essas fases estatildeo presentes em uma
mesma fazenda diz-se que a mesma possui um
sistema de produccedilatildeo de ciclo completo
sistemAs de produccedilatildeo de cArNe
21
implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps
Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual
de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e
o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-
ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos
animais nas fazendas
Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de
cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da
propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e
estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade
Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as
fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de
pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado
o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte
da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa
aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem
A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura
e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-
ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-
cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto
mais degradado maior a necessidade de reforma
Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado
dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-
mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura
da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo
dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100
kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)
22
bull Recuperar pastagens degradadas uma
das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de
corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-
gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das
aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se
encontram abandonadas ou subutilizadas
promovendo ganhos de produtividade e au-
mentando o sequestro de carbono nos solos
Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo
estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e
de energia Sistemas produtivos estabeleci-
dos em pastagens recuperadas podem pro-
duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se
comparados a sistemas em pastagens de-
gradadas O primeiro passo para recuperar
pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da
fazenda para posterior intervenccedilatildeo
bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-
mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-
lita um melhor uso da forragem aumentando
a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo
para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-
de pois permite o abate de animais mais jo-
vens e com melhor acabamento No entanto
para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-
to de boa qualidade todos os insumos natildeo
podem conter componentes ou resiacuteduos que
possam acarretar problemas agrave sauacutede animal
e humana
bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto
de atividades veterinaacuterias regularmente pla-
nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e
manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas
accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-
zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-
fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo
precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-
ccedilatildeo e banho carrapaticida
bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um
conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a
eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-
mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-
priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel
Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA
ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a
instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias
na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
(MARCUZZO 2015)
23
gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo
do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia
produtiva do rebanho de cria pode ser obtida
por meio das seguintes praacuteticas de manejo
a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de
ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-
tes etc)
b Escolha do periacuteodo de monta
c Escolha do sistema de acasalamento
d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo
e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes
f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama
g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais
h Controle sanitaacuterio do rebanho
bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-
do dos recursos naturais existentes na pro-
priedade rural em conformidade com as leis
ambientais e com as teacutecnicas recomendadas
para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-
de dos recursos hiacutedricos e da paisagem
bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-
quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo
accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-
ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-
cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo
de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e
direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-
dimento das exigecircncias legais e o registro
de todos as atividades e processos da pro-
priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria
e ambiental)(Valle 2011)
24
caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee
Ferramenta de caacutelculo
A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das
emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas
aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais
fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala
de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-
riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-
tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para
condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006
WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)
FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees
Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a
quantidade de GEE emitido (ou removido) pela
quantidade de material consumido ou processa-
do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-
mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg
kg) ou porcentagem ()
balanccedilo de gee =
emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)
O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende
a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)
de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na
pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-
la de fazenda (da porteira para dentro) envolve
a soma das emissotildees de GEE pelos animais e
seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-
dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-
quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-
da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em
solos bem manejados
25
PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA
TR
An
SPOR
TES
CO2
n2O
CH4
REB
AnHO
COndIccedilatildeO dO PASTO
USOS dE InSUmOS
FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA
26
Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)
pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de
dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de
acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade
A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de
fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao
solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela
queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-
culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo
sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)
Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de
GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-
lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do
inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)
O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado
com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-
ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-
tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-
sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda
analisada pode ser visto no Anexo 1
coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo
Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou
os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-
priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e
suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a
total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas
O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da
base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades
participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-
zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)
27
O Potencial de Aquecimento Global (Global
Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-
timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-
rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo
ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma
vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-
ciais de aquecer a Terra quando presentes na
atmosfera O IPCC determina os valores GWP
a serem utilizados e os atualiza de acordo com
o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea
Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute
foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo
(Assessment Report) do IPCC
AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-
decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-
lizados globalmente A calculadora de emissotildees
GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta
em seu modo default os valores GWP reporta-
dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar
de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-
quer outro valor GWP Entretanto nota-se que
para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-
dos apresentados em CO2e eacute preciso checar
se esses valores foram calculados utilizando os
mesmos fatores GWP
Assessment report
Ar2 Ar3 Ar5
1 1 1
21 25 28
310 298 265
poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)
28
paracircmetros utilizados
1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade
2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens
3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)
29
Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que
intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na
meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue
A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi
dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio
entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos
de anaacutelise
Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo
das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos
do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo
condiccedilatildeo das pastagens
bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)
bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo
de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo
moderada para severamente degradada (IPCC 2006)
bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de
degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)
Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da
mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-
mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas
atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros
trabalhos
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
REfEREcircnCIAS
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
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12 -
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havi
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part
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sem
eadu
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sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-
CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas
participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir
intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de
bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas
bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia
bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano
bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores
bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha
Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo
Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio
da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-
pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras
fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-
cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de
emissotildees
Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-
pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-
sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais
METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL
DO PROGRAMA NOVO CAMPO
18
CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-
zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as
primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1
Tabela 1 Anexo 1 e 2)
As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes
estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as
deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo
como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho
Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta
passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-
ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-
ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)
TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012
Nome fazenda
Aacuterea de pastagem (ha)
Nuacutemero meacutedio de animais
Sistema produccedilatildeo
Produccedilatildeo meacutedia carne
(kg ha-1 ano-1)
Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790
Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732
Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724
Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500
Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511
19
n 5 000 km
Amazocircnia
Cerrado
Pantanal
Caatinga
mata Atlacircntica
Pampa
fazendas novo Campo
mato Grosso (mT)
FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO
20
Os segmentos de cria recria e engorda cons-
tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos
de corte Estes podem estar presentes em uma
mesma propriedade ou separados
bull Cria Compreende o periacuteodo de
cobertura ateacute a desmama
bull Recria Compreende a periacuteodo entre a
desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute
a reproduccedilatildeo em fecircmeas
bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal
para o abate que pode ser feita
a pasto ou no confinamento
Assim essas fases designam o sistema de pro-
duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de
cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-
to quando essas fases estatildeo presentes em uma
mesma fazenda diz-se que a mesma possui um
sistema de produccedilatildeo de ciclo completo
sistemAs de produccedilatildeo de cArNe
21
implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps
Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual
de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e
o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-
ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos
animais nas fazendas
Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de
cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da
propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e
estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade
Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as
fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de
pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado
o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte
da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa
aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem
A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura
e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-
ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-
cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto
mais degradado maior a necessidade de reforma
Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado
dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-
mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura
da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo
dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100
kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)
22
bull Recuperar pastagens degradadas uma
das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de
corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-
gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das
aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se
encontram abandonadas ou subutilizadas
promovendo ganhos de produtividade e au-
mentando o sequestro de carbono nos solos
Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo
estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e
de energia Sistemas produtivos estabeleci-
dos em pastagens recuperadas podem pro-
duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se
comparados a sistemas em pastagens de-
gradadas O primeiro passo para recuperar
pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da
fazenda para posterior intervenccedilatildeo
bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-
mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-
lita um melhor uso da forragem aumentando
a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo
para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-
de pois permite o abate de animais mais jo-
vens e com melhor acabamento No entanto
para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-
to de boa qualidade todos os insumos natildeo
podem conter componentes ou resiacuteduos que
possam acarretar problemas agrave sauacutede animal
e humana
bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto
de atividades veterinaacuterias regularmente pla-
nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e
manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas
accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-
zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-
fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo
precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-
ccedilatildeo e banho carrapaticida
bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um
conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a
eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-
mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-
priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel
Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA
ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a
instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias
na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
(MARCUZZO 2015)
23
gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo
do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia
produtiva do rebanho de cria pode ser obtida
por meio das seguintes praacuteticas de manejo
a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de
ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-
tes etc)
b Escolha do periacuteodo de monta
c Escolha do sistema de acasalamento
d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo
e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes
f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama
g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais
h Controle sanitaacuterio do rebanho
bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-
do dos recursos naturais existentes na pro-
priedade rural em conformidade com as leis
ambientais e com as teacutecnicas recomendadas
para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-
de dos recursos hiacutedricos e da paisagem
bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-
quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo
accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-
ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-
cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo
de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e
direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-
dimento das exigecircncias legais e o registro
de todos as atividades e processos da pro-
priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria
e ambiental)(Valle 2011)
24
caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee
Ferramenta de caacutelculo
A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das
emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas
aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais
fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala
de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-
riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-
tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para
condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006
WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)
FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees
Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a
quantidade de GEE emitido (ou removido) pela
quantidade de material consumido ou processa-
do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-
mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg
kg) ou porcentagem ()
balanccedilo de gee =
emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)
O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende
a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)
de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na
pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-
la de fazenda (da porteira para dentro) envolve
a soma das emissotildees de GEE pelos animais e
seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-
dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-
quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-
da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em
solos bem manejados
25
PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA
TR
An
SPOR
TES
CO2
n2O
CH4
REB
AnHO
COndIccedilatildeO dO PASTO
USOS dE InSUmOS
FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA
26
Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)
pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de
dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de
acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade
A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de
fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao
solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela
queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-
culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo
sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)
Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de
GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-
lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do
inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)
O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado
com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-
ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-
tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-
sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda
analisada pode ser visto no Anexo 1
coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo
Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou
os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-
priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e
suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a
total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas
O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da
base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades
participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-
zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)
27
O Potencial de Aquecimento Global (Global
Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-
timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-
rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo
ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma
vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-
ciais de aquecer a Terra quando presentes na
atmosfera O IPCC determina os valores GWP
a serem utilizados e os atualiza de acordo com
o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea
Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute
foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo
(Assessment Report) do IPCC
AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-
decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-
lizados globalmente A calculadora de emissotildees
GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta
em seu modo default os valores GWP reporta-
dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar
de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-
quer outro valor GWP Entretanto nota-se que
para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-
dos apresentados em CO2e eacute preciso checar
se esses valores foram calculados utilizando os
mesmos fatores GWP
Assessment report
Ar2 Ar3 Ar5
1 1 1
21 25 28
310 298 265
poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)
28
paracircmetros utilizados
1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade
2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens
3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)
29
Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que
intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na
meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue
A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi
dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio
entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos
de anaacutelise
Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo
das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos
do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo
condiccedilatildeo das pastagens
bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)
bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo
de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo
moderada para severamente degradada (IPCC 2006)
bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de
degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)
Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da
mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-
mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas
atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros
trabalhos
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
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oco
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Dez
embr
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20
12 -
exc
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des
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havi
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sum
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mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
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ra a
poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL
DO PROGRAMA NOVO CAMPO
18
CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-
zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as
primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1
Tabela 1 Anexo 1 e 2)
As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes
estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as
deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo
como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho
Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta
passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-
ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-
ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)
TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012
Nome fazenda
Aacuterea de pastagem (ha)
Nuacutemero meacutedio de animais
Sistema produccedilatildeo
Produccedilatildeo meacutedia carne
(kg ha-1 ano-1)
Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790
Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732
Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724
Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500
Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511
19
n 5 000 km
Amazocircnia
Cerrado
Pantanal
Caatinga
mata Atlacircntica
Pampa
fazendas novo Campo
mato Grosso (mT)
FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO
20
Os segmentos de cria recria e engorda cons-
tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos
de corte Estes podem estar presentes em uma
mesma propriedade ou separados
bull Cria Compreende o periacuteodo de
cobertura ateacute a desmama
bull Recria Compreende a periacuteodo entre a
desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute
a reproduccedilatildeo em fecircmeas
bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal
para o abate que pode ser feita
a pasto ou no confinamento
Assim essas fases designam o sistema de pro-
duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de
cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-
to quando essas fases estatildeo presentes em uma
mesma fazenda diz-se que a mesma possui um
sistema de produccedilatildeo de ciclo completo
sistemAs de produccedilatildeo de cArNe
21
implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps
Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual
de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e
o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-
ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos
animais nas fazendas
Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de
cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da
propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e
estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade
Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as
fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de
pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado
o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte
da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa
aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem
A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura
e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-
ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-
cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto
mais degradado maior a necessidade de reforma
Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado
dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-
mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura
da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo
dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100
kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)
22
bull Recuperar pastagens degradadas uma
das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de
corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-
gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das
aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se
encontram abandonadas ou subutilizadas
promovendo ganhos de produtividade e au-
mentando o sequestro de carbono nos solos
Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo
estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e
de energia Sistemas produtivos estabeleci-
dos em pastagens recuperadas podem pro-
duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se
comparados a sistemas em pastagens de-
gradadas O primeiro passo para recuperar
pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da
fazenda para posterior intervenccedilatildeo
bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-
mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-
lita um melhor uso da forragem aumentando
a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo
para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-
de pois permite o abate de animais mais jo-
vens e com melhor acabamento No entanto
para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-
to de boa qualidade todos os insumos natildeo
podem conter componentes ou resiacuteduos que
possam acarretar problemas agrave sauacutede animal
e humana
bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto
de atividades veterinaacuterias regularmente pla-
nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e
manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas
accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-
zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-
fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo
precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-
ccedilatildeo e banho carrapaticida
bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um
conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a
eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-
mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-
priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel
Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA
ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a
instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias
na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
(MARCUZZO 2015)
23
gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo
do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia
produtiva do rebanho de cria pode ser obtida
por meio das seguintes praacuteticas de manejo
a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de
ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-
tes etc)
b Escolha do periacuteodo de monta
c Escolha do sistema de acasalamento
d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo
e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes
f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama
g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais
h Controle sanitaacuterio do rebanho
bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-
do dos recursos naturais existentes na pro-
priedade rural em conformidade com as leis
ambientais e com as teacutecnicas recomendadas
para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-
de dos recursos hiacutedricos e da paisagem
bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-
quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo
accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-
ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-
cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo
de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e
direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-
dimento das exigecircncias legais e o registro
de todos as atividades e processos da pro-
priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria
e ambiental)(Valle 2011)
24
caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee
Ferramenta de caacutelculo
A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das
emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas
aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais
fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala
de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-
riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-
tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para
condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006
WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)
FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees
Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a
quantidade de GEE emitido (ou removido) pela
quantidade de material consumido ou processa-
do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-
mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg
kg) ou porcentagem ()
balanccedilo de gee =
emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)
O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende
a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)
de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na
pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-
la de fazenda (da porteira para dentro) envolve
a soma das emissotildees de GEE pelos animais e
seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-
dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-
quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-
da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em
solos bem manejados
25
PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA
TR
An
SPOR
TES
CO2
n2O
CH4
REB
AnHO
COndIccedilatildeO dO PASTO
USOS dE InSUmOS
FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA
26
Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)
pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de
dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de
acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade
A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de
fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao
solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela
queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-
culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo
sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)
Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de
GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-
lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do
inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)
O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado
com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-
ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-
tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-
sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda
analisada pode ser visto no Anexo 1
coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo
Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou
os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-
priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e
suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a
total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas
O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da
base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades
participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-
zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)
27
O Potencial de Aquecimento Global (Global
Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-
timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-
rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo
ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma
vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-
ciais de aquecer a Terra quando presentes na
atmosfera O IPCC determina os valores GWP
a serem utilizados e os atualiza de acordo com
o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea
Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute
foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo
(Assessment Report) do IPCC
AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-
decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-
lizados globalmente A calculadora de emissotildees
GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta
em seu modo default os valores GWP reporta-
dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar
de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-
quer outro valor GWP Entretanto nota-se que
para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-
dos apresentados em CO2e eacute preciso checar
se esses valores foram calculados utilizando os
mesmos fatores GWP
Assessment report
Ar2 Ar3 Ar5
1 1 1
21 25 28
310 298 265
poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)
28
paracircmetros utilizados
1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade
2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens
3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)
29
Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que
intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na
meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue
A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi
dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio
entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos
de anaacutelise
Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo
das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos
do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo
condiccedilatildeo das pastagens
bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)
bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo
de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo
moderada para severamente degradada (IPCC 2006)
bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de
degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)
Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da
mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-
mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas
atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros
trabalhos
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
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Nov
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Dez
embr
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12 -
exc
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havi
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sum
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atildeo d
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reia
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prim
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mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
ertu
ra a
poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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+55 19 3429 0800 wwwimafloraorg
18
CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-
zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as
primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1
Tabela 1 Anexo 1 e 2)
As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes
estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as
deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo
como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho
Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta
passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-
ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-
ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)
TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012
Nome fazenda
Aacuterea de pastagem (ha)
Nuacutemero meacutedio de animais
Sistema produccedilatildeo
Produccedilatildeo meacutedia carne
(kg ha-1 ano-1)
Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790
Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732
Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724
Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500
Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511
19
n 5 000 km
Amazocircnia
Cerrado
Pantanal
Caatinga
mata Atlacircntica
Pampa
fazendas novo Campo
mato Grosso (mT)
FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO
20
Os segmentos de cria recria e engorda cons-
tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos
de corte Estes podem estar presentes em uma
mesma propriedade ou separados
bull Cria Compreende o periacuteodo de
cobertura ateacute a desmama
bull Recria Compreende a periacuteodo entre a
desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute
a reproduccedilatildeo em fecircmeas
bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal
para o abate que pode ser feita
a pasto ou no confinamento
Assim essas fases designam o sistema de pro-
duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de
cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-
to quando essas fases estatildeo presentes em uma
mesma fazenda diz-se que a mesma possui um
sistema de produccedilatildeo de ciclo completo
sistemAs de produccedilatildeo de cArNe
21
implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps
Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual
de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e
o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-
ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos
animais nas fazendas
Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de
cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da
propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e
estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade
Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as
fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de
pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado
o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte
da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa
aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem
A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura
e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-
ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-
cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto
mais degradado maior a necessidade de reforma
Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado
dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-
mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura
da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo
dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100
kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)
22
bull Recuperar pastagens degradadas uma
das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de
corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-
gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das
aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se
encontram abandonadas ou subutilizadas
promovendo ganhos de produtividade e au-
mentando o sequestro de carbono nos solos
Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo
estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e
de energia Sistemas produtivos estabeleci-
dos em pastagens recuperadas podem pro-
duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se
comparados a sistemas em pastagens de-
gradadas O primeiro passo para recuperar
pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da
fazenda para posterior intervenccedilatildeo
bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-
mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-
lita um melhor uso da forragem aumentando
a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo
para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-
de pois permite o abate de animais mais jo-
vens e com melhor acabamento No entanto
para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-
to de boa qualidade todos os insumos natildeo
podem conter componentes ou resiacuteduos que
possam acarretar problemas agrave sauacutede animal
e humana
bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto
de atividades veterinaacuterias regularmente pla-
nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e
manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas
accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-
zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-
fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo
precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-
ccedilatildeo e banho carrapaticida
bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um
conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a
eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-
mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-
priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel
Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA
ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a
instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias
na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
(MARCUZZO 2015)
23
gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo
do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia
produtiva do rebanho de cria pode ser obtida
por meio das seguintes praacuteticas de manejo
a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de
ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-
tes etc)
b Escolha do periacuteodo de monta
c Escolha do sistema de acasalamento
d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo
e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes
f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama
g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais
h Controle sanitaacuterio do rebanho
bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-
do dos recursos naturais existentes na pro-
priedade rural em conformidade com as leis
ambientais e com as teacutecnicas recomendadas
para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-
de dos recursos hiacutedricos e da paisagem
bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-
quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo
accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-
ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-
cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo
de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e
direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-
dimento das exigecircncias legais e o registro
de todos as atividades e processos da pro-
priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria
e ambiental)(Valle 2011)
24
caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee
Ferramenta de caacutelculo
A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das
emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas
aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais
fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala
de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-
riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-
tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para
condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006
WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)
FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees
Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a
quantidade de GEE emitido (ou removido) pela
quantidade de material consumido ou processa-
do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-
mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg
kg) ou porcentagem ()
balanccedilo de gee =
emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)
O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende
a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)
de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na
pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-
la de fazenda (da porteira para dentro) envolve
a soma das emissotildees de GEE pelos animais e
seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-
dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-
quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-
da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em
solos bem manejados
25
PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA
TR
An
SPOR
TES
CO2
n2O
CH4
REB
AnHO
COndIccedilatildeO dO PASTO
USOS dE InSUmOS
FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA
26
Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)
pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de
dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de
acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade
A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de
fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao
solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela
queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-
culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo
sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)
Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de
GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-
lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do
inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)
O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado
com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-
ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-
tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-
sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda
analisada pode ser visto no Anexo 1
coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo
Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou
os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-
priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e
suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a
total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas
O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da
base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades
participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-
zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)
27
O Potencial de Aquecimento Global (Global
Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-
timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-
rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo
ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma
vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-
ciais de aquecer a Terra quando presentes na
atmosfera O IPCC determina os valores GWP
a serem utilizados e os atualiza de acordo com
o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea
Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute
foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo
(Assessment Report) do IPCC
AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-
decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-
lizados globalmente A calculadora de emissotildees
GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta
em seu modo default os valores GWP reporta-
dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar
de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-
quer outro valor GWP Entretanto nota-se que
para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-
dos apresentados em CO2e eacute preciso checar
se esses valores foram calculados utilizando os
mesmos fatores GWP
Assessment report
Ar2 Ar3 Ar5
1 1 1
21 25 28
310 298 265
poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)
28
paracircmetros utilizados
1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade
2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens
3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)
29
Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que
intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na
meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue
A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi
dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio
entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos
de anaacutelise
Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo
das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos
do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo
condiccedilatildeo das pastagens
bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)
bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo
de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo
moderada para severamente degradada (IPCC 2006)
bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de
degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)
Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da
mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-
mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas
atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros
trabalhos
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
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gem
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Nov
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20
12 -
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havi
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ouve
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atildeo d
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prim
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mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
ertu
ra a
poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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+55 19 3429 0800 wwwimafloraorg
19
n 5 000 km
Amazocircnia
Cerrado
Pantanal
Caatinga
mata Atlacircntica
Pampa
fazendas novo Campo
mato Grosso (mT)
FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO
20
Os segmentos de cria recria e engorda cons-
tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos
de corte Estes podem estar presentes em uma
mesma propriedade ou separados
bull Cria Compreende o periacuteodo de
cobertura ateacute a desmama
bull Recria Compreende a periacuteodo entre a
desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute
a reproduccedilatildeo em fecircmeas
bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal
para o abate que pode ser feita
a pasto ou no confinamento
Assim essas fases designam o sistema de pro-
duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de
cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-
to quando essas fases estatildeo presentes em uma
mesma fazenda diz-se que a mesma possui um
sistema de produccedilatildeo de ciclo completo
sistemAs de produccedilatildeo de cArNe
21
implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps
Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual
de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e
o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-
ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos
animais nas fazendas
Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de
cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da
propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e
estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade
Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as
fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de
pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado
o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte
da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa
aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem
A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura
e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-
ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-
cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto
mais degradado maior a necessidade de reforma
Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado
dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-
mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura
da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo
dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100
kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)
22
bull Recuperar pastagens degradadas uma
das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de
corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-
gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das
aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se
encontram abandonadas ou subutilizadas
promovendo ganhos de produtividade e au-
mentando o sequestro de carbono nos solos
Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo
estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e
de energia Sistemas produtivos estabeleci-
dos em pastagens recuperadas podem pro-
duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se
comparados a sistemas em pastagens de-
gradadas O primeiro passo para recuperar
pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da
fazenda para posterior intervenccedilatildeo
bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-
mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-
lita um melhor uso da forragem aumentando
a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo
para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-
de pois permite o abate de animais mais jo-
vens e com melhor acabamento No entanto
para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-
to de boa qualidade todos os insumos natildeo
podem conter componentes ou resiacuteduos que
possam acarretar problemas agrave sauacutede animal
e humana
bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto
de atividades veterinaacuterias regularmente pla-
nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e
manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas
accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-
zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-
fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo
precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-
ccedilatildeo e banho carrapaticida
bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um
conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a
eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-
mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-
priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel
Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA
ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a
instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias
na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
(MARCUZZO 2015)
23
gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo
do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia
produtiva do rebanho de cria pode ser obtida
por meio das seguintes praacuteticas de manejo
a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de
ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-
tes etc)
b Escolha do periacuteodo de monta
c Escolha do sistema de acasalamento
d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo
e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes
f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama
g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais
h Controle sanitaacuterio do rebanho
bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-
do dos recursos naturais existentes na pro-
priedade rural em conformidade com as leis
ambientais e com as teacutecnicas recomendadas
para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-
de dos recursos hiacutedricos e da paisagem
bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-
quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo
accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-
ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-
cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo
de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e
direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-
dimento das exigecircncias legais e o registro
de todos as atividades e processos da pro-
priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria
e ambiental)(Valle 2011)
24
caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee
Ferramenta de caacutelculo
A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das
emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas
aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais
fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala
de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-
riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-
tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para
condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006
WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)
FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees
Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a
quantidade de GEE emitido (ou removido) pela
quantidade de material consumido ou processa-
do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-
mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg
kg) ou porcentagem ()
balanccedilo de gee =
emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)
O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende
a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)
de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na
pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-
la de fazenda (da porteira para dentro) envolve
a soma das emissotildees de GEE pelos animais e
seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-
dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-
quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-
da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em
solos bem manejados
25
PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA
TR
An
SPOR
TES
CO2
n2O
CH4
REB
AnHO
COndIccedilatildeO dO PASTO
USOS dE InSUmOS
FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA
26
Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)
pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de
dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de
acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade
A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de
fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao
solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela
queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-
culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo
sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)
Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de
GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-
lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do
inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)
O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado
com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-
ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-
tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-
sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda
analisada pode ser visto no Anexo 1
coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo
Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou
os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-
priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e
suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a
total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas
O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da
base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades
participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-
zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)
27
O Potencial de Aquecimento Global (Global
Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-
timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-
rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo
ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma
vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-
ciais de aquecer a Terra quando presentes na
atmosfera O IPCC determina os valores GWP
a serem utilizados e os atualiza de acordo com
o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea
Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute
foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo
(Assessment Report) do IPCC
AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-
decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-
lizados globalmente A calculadora de emissotildees
GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta
em seu modo default os valores GWP reporta-
dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar
de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-
quer outro valor GWP Entretanto nota-se que
para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-
dos apresentados em CO2e eacute preciso checar
se esses valores foram calculados utilizando os
mesmos fatores GWP
Assessment report
Ar2 Ar3 Ar5
1 1 1
21 25 28
310 298 265
poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)
28
paracircmetros utilizados
1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade
2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens
3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)
29
Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que
intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na
meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue
A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi
dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio
entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos
de anaacutelise
Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo
das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos
do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo
condiccedilatildeo das pastagens
bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)
bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo
de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo
moderada para severamente degradada (IPCC 2006)
bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de
degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)
Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da
mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-
mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas
atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros
trabalhos
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
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Nov
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havi
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atildeo d
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mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
ertu
ra a
poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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20
Os segmentos de cria recria e engorda cons-
tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos
de corte Estes podem estar presentes em uma
mesma propriedade ou separados
bull Cria Compreende o periacuteodo de
cobertura ateacute a desmama
bull Recria Compreende a periacuteodo entre a
desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute
a reproduccedilatildeo em fecircmeas
bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal
para o abate que pode ser feita
a pasto ou no confinamento
Assim essas fases designam o sistema de pro-
duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de
cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-
to quando essas fases estatildeo presentes em uma
mesma fazenda diz-se que a mesma possui um
sistema de produccedilatildeo de ciclo completo
sistemAs de produccedilatildeo de cArNe
21
implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps
Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual
de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e
o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-
ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos
animais nas fazendas
Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de
cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da
propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e
estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade
Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as
fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de
pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado
o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte
da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa
aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem
A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura
e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-
ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-
cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto
mais degradado maior a necessidade de reforma
Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado
dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-
mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura
da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo
dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100
kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)
22
bull Recuperar pastagens degradadas uma
das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de
corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-
gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das
aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se
encontram abandonadas ou subutilizadas
promovendo ganhos de produtividade e au-
mentando o sequestro de carbono nos solos
Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo
estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e
de energia Sistemas produtivos estabeleci-
dos em pastagens recuperadas podem pro-
duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se
comparados a sistemas em pastagens de-
gradadas O primeiro passo para recuperar
pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da
fazenda para posterior intervenccedilatildeo
bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-
mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-
lita um melhor uso da forragem aumentando
a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo
para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-
de pois permite o abate de animais mais jo-
vens e com melhor acabamento No entanto
para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-
to de boa qualidade todos os insumos natildeo
podem conter componentes ou resiacuteduos que
possam acarretar problemas agrave sauacutede animal
e humana
bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto
de atividades veterinaacuterias regularmente pla-
nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e
manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas
accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-
zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-
fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo
precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-
ccedilatildeo e banho carrapaticida
bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um
conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a
eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-
mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-
priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel
Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA
ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a
instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias
na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
(MARCUZZO 2015)
23
gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo
do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia
produtiva do rebanho de cria pode ser obtida
por meio das seguintes praacuteticas de manejo
a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de
ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-
tes etc)
b Escolha do periacuteodo de monta
c Escolha do sistema de acasalamento
d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo
e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes
f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama
g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais
h Controle sanitaacuterio do rebanho
bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-
do dos recursos naturais existentes na pro-
priedade rural em conformidade com as leis
ambientais e com as teacutecnicas recomendadas
para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-
de dos recursos hiacutedricos e da paisagem
bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-
quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo
accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-
ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-
cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo
de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e
direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-
dimento das exigecircncias legais e o registro
de todos as atividades e processos da pro-
priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria
e ambiental)(Valle 2011)
24
caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee
Ferramenta de caacutelculo
A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das
emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas
aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais
fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala
de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-
riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-
tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para
condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006
WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)
FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees
Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a
quantidade de GEE emitido (ou removido) pela
quantidade de material consumido ou processa-
do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-
mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg
kg) ou porcentagem ()
balanccedilo de gee =
emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)
O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende
a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)
de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na
pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-
la de fazenda (da porteira para dentro) envolve
a soma das emissotildees de GEE pelos animais e
seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-
dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-
quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-
da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em
solos bem manejados
25
PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA
TR
An
SPOR
TES
CO2
n2O
CH4
REB
AnHO
COndIccedilatildeO dO PASTO
USOS dE InSUmOS
FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA
26
Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)
pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de
dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de
acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade
A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de
fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao
solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela
queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-
culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo
sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)
Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de
GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-
lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do
inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)
O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado
com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-
ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-
tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-
sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda
analisada pode ser visto no Anexo 1
coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo
Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou
os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-
priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e
suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a
total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas
O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da
base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades
participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-
zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)
27
O Potencial de Aquecimento Global (Global
Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-
timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-
rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo
ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma
vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-
ciais de aquecer a Terra quando presentes na
atmosfera O IPCC determina os valores GWP
a serem utilizados e os atualiza de acordo com
o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea
Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute
foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo
(Assessment Report) do IPCC
AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-
decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-
lizados globalmente A calculadora de emissotildees
GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta
em seu modo default os valores GWP reporta-
dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar
de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-
quer outro valor GWP Entretanto nota-se que
para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-
dos apresentados em CO2e eacute preciso checar
se esses valores foram calculados utilizando os
mesmos fatores GWP
Assessment report
Ar2 Ar3 Ar5
1 1 1
21 25 28
310 298 265
poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)
28
paracircmetros utilizados
1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade
2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens
3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)
29
Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que
intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na
meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue
A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi
dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio
entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos
de anaacutelise
Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo
das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos
do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo
condiccedilatildeo das pastagens
bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)
bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo
de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo
moderada para severamente degradada (IPCC 2006)
bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de
degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)
Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da
mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-
mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas
atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros
trabalhos
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
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Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
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sum
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atildeo h
ouve
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atildeo d
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part
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seg
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mecircs
em
cob
ertu
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poacutes
sem
eadu
ra d
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sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
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As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps
Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual
de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e
o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria
Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-
ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos
animais nas fazendas
Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de
cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da
propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e
estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade
Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as
fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de
pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado
o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte
da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa
aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem
A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura
e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-
ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-
cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto
mais degradado maior a necessidade de reforma
Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado
dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-
mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura
da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo
dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100
kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)
22
bull Recuperar pastagens degradadas uma
das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de
corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-
gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das
aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se
encontram abandonadas ou subutilizadas
promovendo ganhos de produtividade e au-
mentando o sequestro de carbono nos solos
Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo
estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e
de energia Sistemas produtivos estabeleci-
dos em pastagens recuperadas podem pro-
duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se
comparados a sistemas em pastagens de-
gradadas O primeiro passo para recuperar
pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da
fazenda para posterior intervenccedilatildeo
bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-
mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-
lita um melhor uso da forragem aumentando
a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo
para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-
de pois permite o abate de animais mais jo-
vens e com melhor acabamento No entanto
para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-
to de boa qualidade todos os insumos natildeo
podem conter componentes ou resiacuteduos que
possam acarretar problemas agrave sauacutede animal
e humana
bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto
de atividades veterinaacuterias regularmente pla-
nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e
manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas
accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-
zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-
fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo
precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-
ccedilatildeo e banho carrapaticida
bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um
conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a
eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-
mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-
priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel
Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA
ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a
instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias
na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
(MARCUZZO 2015)
23
gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo
do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia
produtiva do rebanho de cria pode ser obtida
por meio das seguintes praacuteticas de manejo
a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de
ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-
tes etc)
b Escolha do periacuteodo de monta
c Escolha do sistema de acasalamento
d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo
e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes
f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama
g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais
h Controle sanitaacuterio do rebanho
bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-
do dos recursos naturais existentes na pro-
priedade rural em conformidade com as leis
ambientais e com as teacutecnicas recomendadas
para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-
de dos recursos hiacutedricos e da paisagem
bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-
quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo
accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-
ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-
cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo
de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e
direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-
dimento das exigecircncias legais e o registro
de todos as atividades e processos da pro-
priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria
e ambiental)(Valle 2011)
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caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee
Ferramenta de caacutelculo
A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das
emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas
aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais
fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala
de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-
riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-
tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para
condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006
WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)
FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees
Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a
quantidade de GEE emitido (ou removido) pela
quantidade de material consumido ou processa-
do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-
mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg
kg) ou porcentagem ()
balanccedilo de gee =
emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)
O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende
a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)
de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na
pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-
la de fazenda (da porteira para dentro) envolve
a soma das emissotildees de GEE pelos animais e
seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-
dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-
quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-
da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em
solos bem manejados
25
PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA
TR
An
SPOR
TES
CO2
n2O
CH4
REB
AnHO
COndIccedilatildeO dO PASTO
USOS dE InSUmOS
FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA
26
Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)
pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de
dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de
acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade
A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de
fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao
solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela
queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-
culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo
sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)
Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de
GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-
lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do
inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)
O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado
com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-
ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-
tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-
sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda
analisada pode ser visto no Anexo 1
coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo
Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou
os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-
priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e
suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a
total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas
O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da
base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades
participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-
zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)
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O Potencial de Aquecimento Global (Global
Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-
timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-
rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo
ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma
vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-
ciais de aquecer a Terra quando presentes na
atmosfera O IPCC determina os valores GWP
a serem utilizados e os atualiza de acordo com
o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea
Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute
foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo
(Assessment Report) do IPCC
AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-
decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-
lizados globalmente A calculadora de emissotildees
GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta
em seu modo default os valores GWP reporta-
dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar
de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-
quer outro valor GWP Entretanto nota-se que
para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-
dos apresentados em CO2e eacute preciso checar
se esses valores foram calculados utilizando os
mesmos fatores GWP
Assessment report
Ar2 Ar3 Ar5
1 1 1
21 25 28
310 298 265
poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)
28
paracircmetros utilizados
1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade
2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens
3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)
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Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que
intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na
meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue
A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi
dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio
entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos
de anaacutelise
Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo
das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos
do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo
condiccedilatildeo das pastagens
bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)
bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo
de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo
moderada para severamente degradada (IPCC 2006)
bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de
degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)
Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da
mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-
mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas
atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros
trabalhos
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
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eses
em
que
oco
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asta
gem
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tre
Nov
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o e
Dez
embr
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20
12 -
exc
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para
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az
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ju q
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corr
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Out
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bro
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013)
po
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ntes
des
sa r
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ma
natildeo
havi
a us
o de
sses
in
sum
os n
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asta
gens
adi
cion
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con
side
rou-
se q
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atildeo h
ouve
apl
icaccedil
atildeo d
e U
reia
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prim
eiro
mecircs
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rea
mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
ertu
ra a
poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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22
bull Recuperar pastagens degradadas uma
das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de
corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-
gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das
aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se
encontram abandonadas ou subutilizadas
promovendo ganhos de produtividade e au-
mentando o sequestro de carbono nos solos
Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo
estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e
de energia Sistemas produtivos estabeleci-
dos em pastagens recuperadas podem pro-
duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se
comparados a sistemas em pastagens de-
gradadas O primeiro passo para recuperar
pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da
fazenda para posterior intervenccedilatildeo
bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-
mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-
lita um melhor uso da forragem aumentando
a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo
para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-
de pois permite o abate de animais mais jo-
vens e com melhor acabamento No entanto
para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-
to de boa qualidade todos os insumos natildeo
podem conter componentes ou resiacuteduos que
possam acarretar problemas agrave sauacutede animal
e humana
bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto
de atividades veterinaacuterias regularmente pla-
nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e
manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas
accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-
zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-
fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo
precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-
ccedilatildeo e banho carrapaticida
bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um
conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a
eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-
mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-
priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel
Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA
ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a
instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias
na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
(MARCUZZO 2015)
23
gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo
do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia
produtiva do rebanho de cria pode ser obtida
por meio das seguintes praacuteticas de manejo
a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de
ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-
tes etc)
b Escolha do periacuteodo de monta
c Escolha do sistema de acasalamento
d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo
e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes
f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama
g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais
h Controle sanitaacuterio do rebanho
bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-
do dos recursos naturais existentes na pro-
priedade rural em conformidade com as leis
ambientais e com as teacutecnicas recomendadas
para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-
de dos recursos hiacutedricos e da paisagem
bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-
quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo
accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-
ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-
cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo
de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e
direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-
dimento das exigecircncias legais e o registro
de todos as atividades e processos da pro-
priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria
e ambiental)(Valle 2011)
24
caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee
Ferramenta de caacutelculo
A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das
emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas
aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais
fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala
de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-
riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-
tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para
condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006
WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)
FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees
Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a
quantidade de GEE emitido (ou removido) pela
quantidade de material consumido ou processa-
do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-
mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg
kg) ou porcentagem ()
balanccedilo de gee =
emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)
O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende
a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)
de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na
pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-
la de fazenda (da porteira para dentro) envolve
a soma das emissotildees de GEE pelos animais e
seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-
dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-
quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-
da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em
solos bem manejados
25
PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA
TR
An
SPOR
TES
CO2
n2O
CH4
REB
AnHO
COndIccedilatildeO dO PASTO
USOS dE InSUmOS
FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA
26
Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)
pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de
dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de
acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade
A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de
fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao
solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela
queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-
culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo
sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)
Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de
GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-
lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do
inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)
O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado
com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-
ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-
tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-
sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda
analisada pode ser visto no Anexo 1
coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo
Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou
os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-
priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e
suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a
total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas
O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da
base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades
participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-
zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)
27
O Potencial de Aquecimento Global (Global
Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-
timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-
rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo
ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma
vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-
ciais de aquecer a Terra quando presentes na
atmosfera O IPCC determina os valores GWP
a serem utilizados e os atualiza de acordo com
o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea
Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute
foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo
(Assessment Report) do IPCC
AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-
decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-
lizados globalmente A calculadora de emissotildees
GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta
em seu modo default os valores GWP reporta-
dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar
de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-
quer outro valor GWP Entretanto nota-se que
para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-
dos apresentados em CO2e eacute preciso checar
se esses valores foram calculados utilizando os
mesmos fatores GWP
Assessment report
Ar2 Ar3 Ar5
1 1 1
21 25 28
310 298 265
poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)
28
paracircmetros utilizados
1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade
2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens
3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)
29
Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que
intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na
meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue
A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi
dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio
entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos
de anaacutelise
Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo
das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos
do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo
condiccedilatildeo das pastagens
bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)
bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo
de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo
moderada para severamente degradada (IPCC 2006)
bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de
degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)
Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da
mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-
mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas
atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros
trabalhos
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
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Dez
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des
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natildeo
havi
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sses
in
sum
os n
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con
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se q
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ouve
apl
icaccedil
atildeo d
e U
reia
no
prim
eiro
mecircs
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refo
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mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
ertu
ra a
poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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23
gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo
do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia
produtiva do rebanho de cria pode ser obtida
por meio das seguintes praacuteticas de manejo
a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de
ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-
tes etc)
b Escolha do periacuteodo de monta
c Escolha do sistema de acasalamento
d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo
e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes
f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama
g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais
h Controle sanitaacuterio do rebanho
bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-
do dos recursos naturais existentes na pro-
priedade rural em conformidade com as leis
ambientais e com as teacutecnicas recomendadas
para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-
de dos recursos hiacutedricos e da paisagem
bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-
quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo
accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-
ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-
cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo
de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e
direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-
dimento das exigecircncias legais e o registro
de todos as atividades e processos da pro-
priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria
e ambiental)(Valle 2011)
24
caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee
Ferramenta de caacutelculo
A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das
emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas
aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais
fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala
de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-
riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-
tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para
condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006
WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)
FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees
Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a
quantidade de GEE emitido (ou removido) pela
quantidade de material consumido ou processa-
do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-
mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg
kg) ou porcentagem ()
balanccedilo de gee =
emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)
O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende
a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)
de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na
pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-
la de fazenda (da porteira para dentro) envolve
a soma das emissotildees de GEE pelos animais e
seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-
dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-
quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-
da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em
solos bem manejados
25
PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA
TR
An
SPOR
TES
CO2
n2O
CH4
REB
AnHO
COndIccedilatildeO dO PASTO
USOS dE InSUmOS
FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA
26
Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)
pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de
dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de
acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade
A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de
fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao
solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela
queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-
culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo
sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)
Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de
GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-
lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do
inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)
O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado
com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-
ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-
tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-
sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda
analisada pode ser visto no Anexo 1
coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo
Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou
os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-
priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e
suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a
total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas
O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da
base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades
participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-
zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)
27
O Potencial de Aquecimento Global (Global
Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-
timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-
rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo
ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma
vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-
ciais de aquecer a Terra quando presentes na
atmosfera O IPCC determina os valores GWP
a serem utilizados e os atualiza de acordo com
o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea
Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute
foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo
(Assessment Report) do IPCC
AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-
decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-
lizados globalmente A calculadora de emissotildees
GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta
em seu modo default os valores GWP reporta-
dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar
de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-
quer outro valor GWP Entretanto nota-se que
para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-
dos apresentados em CO2e eacute preciso checar
se esses valores foram calculados utilizando os
mesmos fatores GWP
Assessment report
Ar2 Ar3 Ar5
1 1 1
21 25 28
310 298 265
poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)
28
paracircmetros utilizados
1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade
2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens
3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)
29
Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que
intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na
meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue
A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi
dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio
entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos
de anaacutelise
Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo
das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos
do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo
condiccedilatildeo das pastagens
bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)
bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo
de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo
moderada para severamente degradada (IPCC 2006)
bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de
degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)
Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da
mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-
mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas
atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros
trabalhos
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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51
_______ Documento de anaacutelise evoluccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa no Brasil
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
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seg
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mecircs
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poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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24
caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee
Ferramenta de caacutelculo
A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das
emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas
aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais
fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala
de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-
riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-
tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para
condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006
WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)
FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees
Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a
quantidade de GEE emitido (ou removido) pela
quantidade de material consumido ou processa-
do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-
mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg
kg) ou porcentagem ()
balanccedilo de gee =
emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)
O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende
a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)
de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na
pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-
la de fazenda (da porteira para dentro) envolve
a soma das emissotildees de GEE pelos animais e
seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-
dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-
quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-
da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em
solos bem manejados
25
PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA
TR
An
SPOR
TES
CO2
n2O
CH4
REB
AnHO
COndIccedilatildeO dO PASTO
USOS dE InSUmOS
FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA
26
Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)
pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de
dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de
acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade
A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de
fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao
solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela
queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-
culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo
sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)
Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de
GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-
lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do
inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)
O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado
com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-
ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-
tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-
sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda
analisada pode ser visto no Anexo 1
coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo
Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou
os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-
priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e
suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a
total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas
O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da
base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades
participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-
zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)
27
O Potencial de Aquecimento Global (Global
Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-
timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-
rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo
ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma
vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-
ciais de aquecer a Terra quando presentes na
atmosfera O IPCC determina os valores GWP
a serem utilizados e os atualiza de acordo com
o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea
Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute
foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo
(Assessment Report) do IPCC
AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-
decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-
lizados globalmente A calculadora de emissotildees
GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta
em seu modo default os valores GWP reporta-
dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar
de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-
quer outro valor GWP Entretanto nota-se que
para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-
dos apresentados em CO2e eacute preciso checar
se esses valores foram calculados utilizando os
mesmos fatores GWP
Assessment report
Ar2 Ar3 Ar5
1 1 1
21 25 28
310 298 265
poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)
28
paracircmetros utilizados
1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade
2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens
3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)
29
Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que
intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na
meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue
A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi
dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio
entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos
de anaacutelise
Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo
das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos
do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo
condiccedilatildeo das pastagens
bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)
bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo
de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo
moderada para severamente degradada (IPCC 2006)
bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de
degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)
Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da
mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-
mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas
atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros
trabalhos
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
a r
efor
ma
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asta
gem
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tre
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Dez
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12 -
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havi
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reia
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prim
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mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
ertu
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poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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25
PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA
TR
An
SPOR
TES
CO2
n2O
CH4
REB
AnHO
COndIccedilatildeO dO PASTO
USOS dE InSUmOS
FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA
26
Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)
pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de
dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de
acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade
A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de
fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao
solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela
queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-
culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo
sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)
Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de
GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-
lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do
inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)
O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado
com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-
ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-
tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-
sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda
analisada pode ser visto no Anexo 1
coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo
Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou
os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-
priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e
suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a
total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas
O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da
base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades
participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-
zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)
27
O Potencial de Aquecimento Global (Global
Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-
timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-
rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo
ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma
vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-
ciais de aquecer a Terra quando presentes na
atmosfera O IPCC determina os valores GWP
a serem utilizados e os atualiza de acordo com
o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea
Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute
foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo
(Assessment Report) do IPCC
AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-
decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-
lizados globalmente A calculadora de emissotildees
GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta
em seu modo default os valores GWP reporta-
dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar
de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-
quer outro valor GWP Entretanto nota-se que
para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-
dos apresentados em CO2e eacute preciso checar
se esses valores foram calculados utilizando os
mesmos fatores GWP
Assessment report
Ar2 Ar3 Ar5
1 1 1
21 25 28
310 298 265
poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)
28
paracircmetros utilizados
1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade
2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens
3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)
29
Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que
intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na
meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue
A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi
dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio
entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos
de anaacutelise
Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo
das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos
do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo
condiccedilatildeo das pastagens
bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)
bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo
de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo
moderada para severamente degradada (IPCC 2006)
bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de
degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)
Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da
mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-
mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas
atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros
trabalhos
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
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Nov
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Dez
embr
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20
12 -
exc
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013)
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des
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natildeo
havi
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sum
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ouve
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atildeo d
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prim
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mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
ertu
ra a
poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Estrada Chico Mendes 185Piracicaba BrasilCEP 13426-420
+55 19 3429 0800 wwwimafloraorg
26
Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)
pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de
dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de
acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade
A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de
fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao
solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela
queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-
culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo
sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)
Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de
GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-
lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do
inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)
O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado
com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-
ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-
tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-
sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda
analisada pode ser visto no Anexo 1
coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo
Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou
os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-
priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e
suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a
total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas
O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da
base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades
participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-
zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)
27
O Potencial de Aquecimento Global (Global
Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-
timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-
rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo
ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma
vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-
ciais de aquecer a Terra quando presentes na
atmosfera O IPCC determina os valores GWP
a serem utilizados e os atualiza de acordo com
o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea
Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute
foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo
(Assessment Report) do IPCC
AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-
decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-
lizados globalmente A calculadora de emissotildees
GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta
em seu modo default os valores GWP reporta-
dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar
de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-
quer outro valor GWP Entretanto nota-se que
para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-
dos apresentados em CO2e eacute preciso checar
se esses valores foram calculados utilizando os
mesmos fatores GWP
Assessment report
Ar2 Ar3 Ar5
1 1 1
21 25 28
310 298 265
poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)
28
paracircmetros utilizados
1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade
2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens
3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)
29
Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que
intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na
meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue
A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi
dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio
entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos
de anaacutelise
Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo
das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos
do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo
condiccedilatildeo das pastagens
bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)
bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo
de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo
moderada para severamente degradada (IPCC 2006)
bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de
degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)
Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da
mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-
mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas
atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros
trabalhos
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
a r
efor
ma
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asta
gem
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tre
Nov
embr
o e
Dez
embr
o de
20
12 -
exc
eto
para
a F
az
Mita
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ntre
Out
ubro
e N
ovem
bro
de 2
013)
po
is a
ntes
des
sa r
efor
ma
natildeo
havi
a us
o de
sses
in
sum
os n
as p
asta
gens
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rou-
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atildeo h
ouve
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atildeo d
e U
reia
no
prim
eiro
mecircs
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rea
mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
ertu
ra a
poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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27
O Potencial de Aquecimento Global (Global
Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-
timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-
rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo
ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma
vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-
ciais de aquecer a Terra quando presentes na
atmosfera O IPCC determina os valores GWP
a serem utilizados e os atualiza de acordo com
o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea
Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute
foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo
(Assessment Report) do IPCC
AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-
decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-
lizados globalmente A calculadora de emissotildees
GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta
em seu modo default os valores GWP reporta-
dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar
de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-
quer outro valor GWP Entretanto nota-se que
para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-
dos apresentados em CO2e eacute preciso checar
se esses valores foram calculados utilizando os
mesmos fatores GWP
Assessment report
Ar2 Ar3 Ar5
1 1 1
21 25 28
310 298 265
poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)
28
paracircmetros utilizados
1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade
2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens
3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)
29
Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que
intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na
meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue
A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi
dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio
entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos
de anaacutelise
Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo
das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos
do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo
condiccedilatildeo das pastagens
bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)
bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo
de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo
moderada para severamente degradada (IPCC 2006)
bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de
degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)
Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da
mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-
mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas
atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros
trabalhos
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
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a r
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asta
gem
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tre
Nov
embr
o e
Dez
embr
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20
12 -
exc
eto
para
a F
az
Mita
ju q
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corr
eu e
ntre
Out
ubro
e N
ovem
bro
de 2
013)
po
is a
ntes
des
sa r
efor
ma
natildeo
havi
a us
o de
sses
in
sum
os n
as p
asta
gens
adi
cion
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se q
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ouve
apl
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reia
no
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mecircs
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mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
ertu
ra a
poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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28
paracircmetros utilizados
1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade
2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens
3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)
29
Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que
intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na
meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue
A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi
dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio
entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos
de anaacutelise
Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo
das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos
do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo
condiccedilatildeo das pastagens
bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)
bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo
de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo
moderada para severamente degradada (IPCC 2006)
bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de
degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)
Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da
mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-
mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas
atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros
trabalhos
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
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12 -
exc
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des
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natildeo
havi
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sum
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reia
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prim
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rea
mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
ertu
ra a
poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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+55 19 3429 0800 wwwimafloraorg
29
Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que
intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na
meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue
A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi
dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio
entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos
de anaacutelise
Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo
das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos
do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo
condiccedilatildeo das pastagens
bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)
bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo
de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo
moderada para severamente degradada (IPCC 2006)
bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de
degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)
Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da
mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-
mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas
atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros
trabalhos
Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
REfEREcircnCIAS
ASSAD E MARTINS S Agricultura de baixa emissatildeo de carbono a evoluccedilatildeo de um novo pa-
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
a r
efor
ma
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asta
gem
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tre
Nov
embr
o e
Dez
embr
o de
20
12 -
exc
eto
para
a F
az
Mita
ju q
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corr
eu e
ntre
Out
ubro
e N
ovem
bro
de 2
013)
po
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ntes
des
sa r
efor
ma
natildeo
havi
a us
o de
sses
in
sum
os n
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rou-
se q
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atildeo h
ouve
apl
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atildeo d
e U
reia
no
prim
eiro
mecircs
da
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rea
mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
ertu
ra a
poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl
do ProgrAmA novo cAmPo
31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
a r
efor
ma
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asta
gem
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tre
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Dez
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12 -
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havi
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sum
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reia
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prim
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mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
ertu
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poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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31
AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam
no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas
Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-
mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por
hectare (Tabela 1 Figura 3)
Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de
50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60
dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-
ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance
quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et
al 2015 CARDOSO et al 2016)
Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de
produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-
tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo
manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam
o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando
suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo
EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)
PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)
InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)
2012 2013 2014 Potencial0
3
5
0
40
80
45
38
24
50
2012 2013 2014 Potencial
483
322
7
794
2012 2013 2014 Potencial0
175
350
96 122
350
65
FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES
32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
a r
efor
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asta
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o e
Dez
embr
o de
20
12 -
exc
eto
para
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Out
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ovem
bro
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013)
po
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ntes
des
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efor
ma
natildeo
havi
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o de
sses
in
sum
os n
as p
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gens
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atildeo h
ouve
apl
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atildeo d
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reia
no
prim
eiro
mecircs
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rea
mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
ertu
ra a
poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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32
A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de
produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz
de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de
superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)
Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de
alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir
o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-
vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais
satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por
quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na
eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas
FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES
REBAnHO
BAlAnccedilO GEE
InSUmOSSOlO
2012
2012
2013
2013
2014
2014
Potencial
Potencial
2012 2013 2014 Potencial
-276
2012 2013 2014 Potencial
003
001
Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
0
3
5
0
1
2
0
01
1
0
3
5
45
38
24
50
265
246
434
294
183
129
203
007
086
33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
a r
efor
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gem
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tre
Nov
embr
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havi
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sum
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mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
ertu
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poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
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33
Continuanapaacuteginaseguinte
Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi
melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-
peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453
ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria
(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)
Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais
essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-
banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-
pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na
suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo
da fazenda
O sequestro de carbono pode ser definido como
a captura e estocagem de carbono que eacute retira-
do da atmosfera Nas pastagens a estocagem
de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da
atmosfera na forragem por meio do processo de
fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa
forragem satildeo decompostos por microrganismos
do solo sendo que uma parte eacute estocada na
mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra
parte volta para a atmosfera na forma de CO2
Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade
de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao
balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-
tido nos resiacuteduos vegetais
Pastagens influenciam esse ciclo de acordo
com o manejo empregado Pastagens em pro-
cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super
pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-
minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a
entrada de C no solo e consequentemente natildeo
conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-
nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-
guem sequestrar Aleacutem disso outros processos
decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a
erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do
niacutevel de C no solo
Por outro lado pastagens bem manejadas
produzem forragem suficiente para manter ou
sequestro de cArboNo No solo
Continuanapaacuteginaseguinte
34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
REfEREcircnCIAS
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
a r
efor
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asta
gem
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tre
Nov
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o e
Dez
embr
o de
20
12 -
exc
eto
para
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Out
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bro
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013)
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des
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ma
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havi
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sum
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ouve
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atildeo d
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reia
no
prim
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mecircs
da
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mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
ertu
ra a
poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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34
A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-
tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando
haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com
melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-
naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede
do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-
ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-
nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento
organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)
Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo
das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades
aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em
25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por
quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)
A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do
tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de
conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes
E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-
ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-
bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees
de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees
provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-
ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)
aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do
solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-
gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade
do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-
mulo de carbono no solo estimado em 20 anos
(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-
riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono
se equilibra (IPCC 2006)
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
a r
efor
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asta
gem
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tre
Nov
embr
o e
Dez
embr
o de
20
12 -
exc
eto
para
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Mita
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Out
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ovem
bro
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013)
po
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ntes
des
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efor
ma
natildeo
havi
a us
o de
sses
in
sum
os n
as p
asta
gens
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se q
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atildeo h
ouve
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atildeo d
e U
reia
no
prim
eiro
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rea
mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
ertu
ra a
poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Estrada Chico Mendes 185Piracicaba BrasilCEP 13426-420
+55 19 3429 0800 wwwimafloraorg
35
Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-
ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou
carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo
consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-
na basicamente com o plantio durante o veratildeo
de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho
soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-
cies forrageiras
Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre
os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal
considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel
resultando em diferentes sistemas integrados
como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura
-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-
tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-
volvida pela Embrapa em parceria com outras
instituiccedilotildees
O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-
neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no
plantio defasado da forrageira em aproximada-
mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal
de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no
periacuteodo da seca Basicamente as plantas de
milho se desenvolvem mais rapidamente e som-
breiam o capim retardando seu crescimento
Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar
penetra no interior do dossel da lavoura e atinge
as plantas de capim que passam a crescer e
emitir novas folhas formando forragem de alta
qualidade para pastejo no inverno
sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA
36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
a r
efor
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tre
Nov
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20
12 -
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sum
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a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
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poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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36
Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-
tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-
na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo
aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um
melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial
Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina
InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)
Beauchemineta(2010)
Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)
0
30
60
CaseyandHolden(2006a)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CaseyandHolden(2006b)
CederbergandStadig(2003)
Veyssetetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Crossonetal(2010)
Nguyenetal(2004)
Oginoetal(2004)
Pelletieretal(2010)
Petersetal(2010)
Phetteplaceelat(2001)
Subak(1999)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Williamsetal(2006)
Whiteetal(2010)
Williamsetal(2006)
EvansandWilliams(2009)
ProgramaNovoCampo(antes)
ProgramaNovoCampo(depois)
Emissotildees reportadas internacionalmente
Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)
37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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Change Biology 2016 Disponiacutevel em lthttponlinelibrarywileycomdoi101111
gcb13340abstractgt Acesso em 27 nov 2016
WORLD RESOURCES INSTITUTE (WRI) GHG Protocol Agriacutecola calculator 2014 Disponiacutevel
em lthttpwwwghgprotocolorgAgriculture-GuidanceVisC3A3o-Geral3A-
Projeto-Brasil-AgropecuC3A1riagt
190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
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sem
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sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
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37
Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-
tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute
(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao
rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por
inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de
alimento ou um reduzido manejo do rebanho
(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob
uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa
de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na
propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-
cia do sistema produtivo as taxas de natalidade
e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-
nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute
capaz de produzir uma maior quantidade de car-
ne e aumentar sua rentabilidade com um menor
nuacutemero de animais
AJuste do rebANHo
38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
a r
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asta
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natildeo
havi
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in
sum
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asta
gens
adi
cion
alm
ente
con
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part
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poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
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38
potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens
A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices
produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo
moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho
Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24
t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que
essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que
reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida
quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012
(Figura 3 6)
Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa
Novo Campo promova um aumento de produ-
ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma
quantidade de GEE emitida pela propriedade
quando comparado ao iniacutecio do programa Con-
tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as
emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute
possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-
tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar
suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-
damental passo de recuperar pastagens degra-
dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes
de explorar outras formas de sequestrar carbo-
no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-
dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-
voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem
de potencializarem o sequestro de carbono no
solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-
bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos
galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-
tunidades de reduzir o impacto dos sistemas
agropecuaacuterios no clima
estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo
39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
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ativ
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mas
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part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
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ra a
poacutes
sem
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ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
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39
mEnOS 50 GEE HA
mEnOS 90 GEE KG CARnE
SEQUESTRO dE CARBOnO
nO SOlO
400mAIS CARnE
REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE
mElHOR GESTatildeO dA
PROPRIEdAdE
Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria
recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam
condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo
meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-
tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho
seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada
100 hectares)
Impacto na produtividade
Impacto no meio ambiente
InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA
FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO
40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
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ativ
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mas
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part
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seg
undo
mecircs
em
cob
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poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
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40
A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa
para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do
sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-
das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura
3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea
total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a
performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente
Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade
agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-
te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo
intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo
Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-
recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo
A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode
ser definida como um processo de tornar as
aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis
de acordo com uma proposta estabelecida pelo
Ibama (1990)
A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais
aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-
dadas principalmente por evitar a erosatildeo um
dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela
perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas
de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na
textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-
ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos
da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-
sim uma vez recuperado o solo restabelece
funccedilotildees importantes para o bom funcionamento
do sistema produtivo como promover melhores
condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-
mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir
o escoamento superficial da aacutegua e consequen-
temente o carreamento de sedimentos para os
cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)
41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
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natildeo
havi
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sum
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cion
alm
ente
con
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se q
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atildeo h
ouve
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icaccedil
atildeo d
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part
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mecircs
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poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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41
cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t
de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)
Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-
ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o
principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas
pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse
estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa
demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)
Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo
nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o
aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)
Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado
por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)
Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-
logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda
futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder
Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030
Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo
Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program
CEnaacuteRIO TEndEnCIAl
CEnaacuteRIO InOVAdOR
CEnaacuteRIO PROGRAmA
Potencial0
150
300
0
150
300
0
150
300
PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR
42
aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
a r
efor
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gem
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tre
Nov
embr
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havi
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sum
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mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
ertu
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poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
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aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et
al 2015 BARBOSA et al 2015)
Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala
assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-
jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto
(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao
programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados
para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo
ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo
Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do
Programa Novo Campo mostram que o ganho
de eficiecircncia das fazendas participantes pode
aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas
propriedades em aproximadamente R$ 200000
por hectare aleacutem de reduzir substancialmente
o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)
Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-
gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-
cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne
bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa
reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do
aumento de produtividade Esses caacutelculos se
baseiam em um investimento inicial no valor de
R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo
o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-
naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o
valor da terra no modelo nem do custo da regu-
larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas
foi considerado o investimento adicional de R$
240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-
to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo
do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem
depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-
lares ou pastagens intensificadas Custos vari-
aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo
e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro
antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-
ram descontadas as despesas financeiras que a
propriedade teria com financiamentos e imposto
de renda (IIS 2015)
43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
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embr
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20
12 -
exc
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des
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havi
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sum
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ouve
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prim
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mas
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part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
ertu
ra a
poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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43
20202005 2030
750
1500
Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos
pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris
A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre
Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do
Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global
abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-
mento em 15ordmC
Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-
taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-
da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt
em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees
totais nacionais (BRASIL 2015cd)
As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos
valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC
(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-
das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)
Em
Mt C
O2e
Ad
apta
do
de
Bra
sil (
2015
d)
Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira
44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
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seg
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mecircs
em
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poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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44
O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em
2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de
carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo
de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-
duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)
Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute
boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-
duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030
Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-
taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em
propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-
ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto
dessas accedilotildees
De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC
para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na
regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-
gura 3 6)
Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na
meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-
mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo
diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia
contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-
lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE
Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-
sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico
seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-
nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo
apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional
RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
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seg
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mecircs
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cob
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poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES
46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
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12 -
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havi
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sum
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mas
a
part
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seg
undo
mecircs
em
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poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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46
A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada
da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo
mostram que
evidecircncias do programa
1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida
2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida
3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais
4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais
A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e
sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-
bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e
privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-
te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de
carbono do paiacutes
REfEREcircnCIAS
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
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os p
elo
nuacutem
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20
12 -
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de 2
013)
po
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ntes
des
sa r
efor
ma
natildeo
havi
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sses
in
sum
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adi
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no
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mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
ertu
ra a
poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
a r
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asta
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20
12 -
exc
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des
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natildeo
havi
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o de
sses
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sum
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prim
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mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
ertu
ra a
poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
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seg
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mecircs
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cob
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poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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49
EMBRAPA Emissotildees de metano por fermentaccedilatildeo enteacuterica e manejo de dejetos de animais Re-
latoacuterios de referecircncia agricultura 3ordm inventaacuterio brasileiro de emissotildees e remoccedilotildees antroacutepicas
de gases de efeito estufa Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilatildeo 2015a
EMBRAPA Emissotildees de oacutexido nitroso de solos agriacutecolas e de manejo de dejetos Relatoacuterios de
referecircncia agricultura 3ordm inventaacuterio brasileiro de emissotildees e remoccedilotildees antroacutepicas de gases
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
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20
12 -
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sum
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mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
ertu
ra a
poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
a r
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asta
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20
12 -
exc
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des
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havi
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o de
sses
in
sum
os n
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asta
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e U
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prim
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mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
ertu
ra a
poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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+55 19 3429 0800 wwwimafloraorg
51
_______ Documento de anaacutelise evoluccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa no Brasil
(1970-2013) setor de agropecuaacuteria Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola
(Imaflora) Satildeo Paulo Observatoacuterio do Clima 2015
STRASSBURG B B N et al When enough should be enough improving the use of current
agricultural lands could meet production demands and spare natural habitats in Brazil Global
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em lthttpwwwghgprotocolorgAgriculture-GuidanceVisC3A3o-Geral3A-
Projeto-Brasil-AgropecuC3A1riagt
190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
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que
oco
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12 -
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des
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natildeo
havi
a us
o de
sses
in
sum
os n
as p
asta
gens
adi
cion
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rou-
se q
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atildeo h
ouve
apl
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atildeo d
e U
reia
no
prim
eiro
mecircs
da
refo
rma
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rea
mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
ertu
ra a
poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Estrada Chico Mendes 185Piracicaba BrasilCEP 13426-420
+55 19 3429 0800 wwwimafloraorg
190
35
+150ndash85ndash60
AnEXOS
Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo
FAZENDA 5 IRMAtildeOS
Responsaacutevel
VAldOmIRO fERRARESI900animais
500 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
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gem
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tre
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12 -
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havi
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atildeo d
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prim
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mas
a
part
ir do
seg
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mecircs
em
cob
ertu
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poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Estrada Chico Mendes 185Piracicaba BrasilCEP 13426-420
+55 19 3429 0800 wwwimafloraorg
53
Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo
completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-
co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)
Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-
gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-
taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente
Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104
kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)
TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 26 23
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2
Dejetos 03 02 0
Insumos 0024 0038 0217
Ureia 0014 0028 0208
Calcaacuterio 0010 0010 0009
Diesel 0002 0002 0011
Pastagem 2 17 -06
Degradada 2 19 17
Reformada 0 -02 -23
Emissatildeo GEEha 52 43 19
Produccedilatildeo de carne 50 874 1244
Intensidade 1039 507 16
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
a r
efor
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asta
gem
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12 -
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havi
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mas
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part
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seg
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mecircs
em
cob
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poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
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54
Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-
mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de
parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais
e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de
pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com
a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea
reformada (Tabela 2)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da
aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com
alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as
emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para
874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)
E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo
Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou
mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de
um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)
Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-
sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar
mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da
Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-
gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar
sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo
Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu
rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais
que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-
po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da
Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de
emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior
reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
rreu
a r
efor
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part
ir do
seg
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mecircs
em
cob
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sem
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TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Estrada Chico Mendes 185Piracicaba BrasilCEP 13426-420
+55 19 3429 0800 wwwimafloraorg
55
38
+98ndash60ndash15
A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-
tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100
animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia
aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-
mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)
No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais
impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso
logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava
Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1
sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de
emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente
menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-
terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS
FAZENDA BEVILAQUA
Responsaacutevel
CElSO BEVIlAQUA3100animais
1400 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
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havi
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seg
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sem
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sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
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56
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57
para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da
eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave
recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-
produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-
tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano
(Tabela 3)
TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 36 32 28
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3
Dejetos 03 03 0
Insumos 0009 0015 0015
Ureia 0005 0011 0011
Calcaacuterio 0004 0004 0004
Diesel 0001 0001 0001
Pastagem 2 19 19
Degradada 2 2 2
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 57 52 48
Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567
Intensidade 718 382 305
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
izad
os p
elo
nuacutem
ero
de m
eses
em
que
oco
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a r
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asta
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Dez
embr
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20
12 -
exc
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013)
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havi
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sum
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mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
ertu
ra a
poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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+55 19 3429 0800 wwwimafloraorg
57
40
+136ndash66ndash22
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida
em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)
Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-
iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de
sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada
Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio
de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1
Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1
ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)
Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de
sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos
manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-
mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho
Responsaacutevel
AldO dAnETTI900animais
480 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
FAZENDA PARAIacuteSO
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
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satildeo
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ida)
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33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
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prim
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mas
a
part
ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
ertu
ra a
poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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+55 19 3429 0800 wwwimafloraorg
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi
capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52
para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-
naacuterio (Tabela 4)
Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-
ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido
agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase
140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)
TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 31 3 24
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2
Dejetos 02 02 0
Insumos 0028 0045 0045
Ureia 0017 0033 0033
Calcaacuterio 0012 0012 0012
Diesel 0002 0002 0002
Pastagem 2 17 17
Degradada 2 19 19
Reformada 0 -02 -02
Emissatildeo GEEha 52 47 41
Produccedilatildeo de carne 521 912 1232
Intensidade 995 525 341
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
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sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
58
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
62
63
Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
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atildeo d
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mas
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ir do
seg
undo
mecircs
em
cob
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poacutes
sem
eadu
ra d
o pa
sto
TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
63
64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
65
As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Estrada Chico Mendes 185Piracicaba BrasilCEP 13426-420
+55 19 3429 0800 wwwimafloraorg
59
32
+57ndash35ndash5
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em
66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)
A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE
e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as
emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-
ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por
hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-
gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila
ha-1 ano-1 (Tabela 5)
Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6
de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca
de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-
FAZENDA SAtildeO MATHEUS
Responsaacutevel
fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais
550 ha
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
59
60
sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
2ek
g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
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g c
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pro
duz
ida)
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Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
res
anua
is fo
ram
rel
ativ
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elo
nuacutem
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TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
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64
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
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As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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+55 19 3429 0800 wwwimafloraorg
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sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-
tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou
a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por
hectare ao ano (Tabela 5)
Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus
foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente
5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel
(Tabela 5)
TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)
2012 2013 2014
Bovinos 16 16 16
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2
Dejetos 01 01 0
Insumos 0000 0025 0032
Ureia 0000 0018 0023
Calcaacuterio 0000 0007 0008
Diesel 0000 0001 0002
Pastagem 2 19 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 -01 -01
Emissatildeo GEEha 36 35 34
Produccedilatildeo de carne 724 842 1134
Intensidade 501 42 326
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
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g c
arne
pro
duz
ida)
61
33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
62
Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
nten
sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
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duz
ida)
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Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
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TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
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Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
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As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Estrada Chico Mendes 185Piracicaba BrasilCEP 13426-420
+55 19 3429 0800 wwwimafloraorg
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33
+34ndash32ndash8
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-
duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)
A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-
cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne
antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as
emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)
Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha
de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-
minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea
reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem
em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e
uso de diesel (Tabela 6)
FAZENDA MITAJU
Responsaacutevel
mIlTOn SOUzA1200animais
ReduccedilatildeoGEEhectare
ReduccedilatildeoGEEkgdecarne
Aumentodaproduccedilatildeodecarne
aacuterea de pastagem
aacuterea de pastagem reformadarecuperada
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Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
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uccedilatildeo
de
carn
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Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
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TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
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Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
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As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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+55 19 3429 0800 wwwimafloraorg
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Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas
com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de
boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais
carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)
Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de
boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em
32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)
TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO
Fonte Emissatildeo
2012 2013 2014
Bovinos 32 29 3
Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3
Dejetos 03 02 0
Insumos 0000 0006 0031
Ureia 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0000 0002 0008
Diesel 0000 0000 0002
Pastagem 2 2 18
Degradada 2 2 19
Reformada 0 0 -01
Emissatildeo GEEha 52 49 48
Produccedilatildeo de carne 732 789 982
Intensidade 714 628 489
P
rod
uccedilatildeo
de
carn
e (k
g c
arca
ccedila h
a-1)
I
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sid
ade
de
emis
satildeo
(kg
CO
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g c
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Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
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TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
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Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
64
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As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Estrada Chico Mendes 185Piracicaba BrasilCEP 13426-420
+55 19 3429 0800 wwwimafloraorg
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Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo
Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses
Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288
Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231
Entre 12 e 24 meses
Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70
Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32
Acima de 24 meses
Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36
Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581
Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239
AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33
Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495
Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330
ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1
500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982
AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547
Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33
Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valo
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TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo
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Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
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As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta
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Fazenda 5 irmatildeos
Fazenda bevilaqua
Fazenda paraiacuteso
Fazenda s matheus
Fazenda mitaju
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)
Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30
Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27
Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02
Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031
Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023
Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008
Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002
Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18
Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19
Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01
BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48
Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8
GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489
Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32
TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
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