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BOAS PRÁTICAS AGROPECUÁRIAS REDUZEM AS EMISSÕES DE GEE E AUMENTAM A PRODUÇÃO DE CARNE NA AMAZÔNIA

BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

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Page 1: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

BOAS PRaacuteTICAS AGROPECUaacuteRIAS REdUzEm

AS EmISSotildeES dE GEE E AUmEnTAm A PROdUccedilatildeO dE

CARnE nA AmAzocircnIA

O Imaflorareg eacute uma organizaccedilatildeo

brasileira sem fins lucrativos

criada em 1995 para promover a

conservaccedilatildeo e o uso sustentaacutevel

dos recursos naturais e para ge-

rar benefiacutecios sociais nos setores

florestal e agropecuaacuterio

PREFAacuteCIO

PRODUCcedilAtildeO DE CARNE BOVINA E MUDANCcedilAS CLIMAacuteTICAS

METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL DO PROGRAMA NOVO CAMPO

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl do ProgrAmA noVo cAmPo

REFEREcircNCIAS

RESULTADOS E CONCLUSOtildeES

ANEXOS

04

10

17

30

47

45

52

IacutendICE

A agropecuaacuteria brasileira eacute uma das mais importantes produto-

ras de alimento do mundo Entretanto tem enfrentado um du-

plo desafio aumentar sua produccedilatildeo para atender uma popula-

ccedilatildeo em crescimento e reduzir suas emissotildees de gases de efeito

estufa (GEE) para mitigar as mudanccedilas climaacuteticas globais

Os desafios tem sido pauta de compromissos climaacuteticos mun-

diais como o que ocorreu na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-

21) em Paris em 2015 e que culminou com o Acordo de Paris

Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro se comprometeu a recupe-

rar 15 milhotildees de hectares de pastagens degradadas e expandir

outros 5 milhotildees de hectares de sistemas produtivos integrados

como estrateacutegia para reduzir as emissotildees de GEE nacionais

ateacute 2030

4

Contudo satildeo limitadas as evidecircncias de como um conjunto

de praacuteticas agropecuaacuterias afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as

emissotildees de GEE em propriedades rurais brasileiras O

tem trabalhado para suprir essa lacuna de informaccedilotildees ava-

liando iniciativas regionais jaacute estabelecidas e que promovam

sistemas de produccedilatildeo mais sustentaacuteveis conciliando produccedilatildeo

e conservaccedilatildeo

No presente trabalho o apresenta estimativas do balan-

ccedilo de GEE durante a intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da produccedilatildeo

pecuaacuteria na Amazocircnia aplicadas agrave anaacutelise do Programa Novo

Campo uma iniciativa que atua em fazendas de pecuaacuteria de

corte no estado do Mato Grosso Promovendo a gestatildeo integra-

da da propriedade rural o programa fomenta a adoccedilatildeo progres-

siva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Gado de Corte (BPA)

da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel

(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS)

Essa anaacutelise mostra que o potencial de reduccedilatildeo de emissotildees de

GEE das fazendas participantes do programa alcanccedilaraacute cerca

de 50 por hectare e 90 por quilograma de carne produzida

com elevaccedilatildeo da produccedilatildeo de carne em cinco vezes Apenas nos

dois primeiros anos de melhorias nas praacuteticas agropecuaacuterias em

5

propriedades com elevada taxa de degradaccedilatildeo de pastagens

o programa jaacute proporcionou aumento da produccedilatildeo de carne de

quase 100 e reduziu as emissotildees de GEE em 25 por hectare

de pastagem e em 60 por quilograma de carne produzida

Esses resultados satildeo consequecircncia de uma estrateacutegia que ini-

cialmente recuperou cerca de 10 da aacuterea de pastagem das

propriedades participantes Essa proporccedilatildeo representa qua-

se 500 dos 3500 ha de pastagens degradadas cobertas pelo

programa - dos quais 190 ha foram reformados com sistema

de Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria (iLP) Adicionalmente essa

estrateacutegia introduz e aperfeiccediloa praacuteticas como o pastejo rota-

cionado teacutecnicas de suplementaccedilatildeo sanidade e reproduccedilatildeo

animal e sistemas de gestatildeo para a sustentabilidade das pro-

priedades como um todo

A avaliaccedilatildeo feita pelo mostra que a estrateacutegia ado-

tada pelo Programa Novo Campo tem conduzido os niacuteveis

de emissatildeo de GEE das fazendas participantes a patamares

similares aos encontrados em outras localidades do mundo

com alta eficiecircncia de produccedilatildeo como Nova Zelacircndia Uniatildeo

Europeia e Estados Unidos

Este trabalho tambeacutem mostra o potencial e a capacidade da

pecuaacuteria de corte em reduzir suas emissotildees de GEE e aumen-

tar a produccedilatildeo de proteiacutena animal podendo subsidiar produ-

tores na adoccedilatildeo de boas praacuteticas em larga escala Ao mesmo

tempo tambeacutem deve auxiliar tomadores de decisatildeo consumi-

dores e demais atores da cadeia da carne quanto agrave importacircn-

cia da produccedilatildeo sustentaacutevel em escala para a manutenccedilatildeo do

clima e atendimento a demanda por alimentos

O trabalho apresentado pelo reforccedila a coerecircncia das

metas propostas pelo governo brasileiro para reduccedilatildeo das

emissotildees nacionais Mas tambeacutem alerta tomadores de deci-

satildeo para o desafio de ampliar a assistecircncia teacutecnica e a di-

fusatildeo de tecnologia ao produtor rural Somente a reforma de

pastagens natildeo seraacute suficiente - eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo

de sistemas de gestatildeo que incluam um conjunto de boas praacute-

ticas agropecuaacuterias em escala no Brasil para que as metas

sejam alcanccediladas

Conselho Diretor

Adalberto Veriacutessimo

Andreacute Villas-Bocircas

Maria Zulmira de Souza

Seacutergio Esteves

Maria Celia M Toledo Cruz

Tasso Rezende de Azevedo

Ricardo Abramovay

Conselho Consultivo

Maacuterio Mantovani

Marcelo Paixatildeo

Marilena Lazzarini

Rubens Mendonccedila

Conselho Fiscal

Adauto Tadeu Basiacutelio

Erika Bechara

Rubens Mazon

Sec Executiva

Laura de Santis Prada

Roberto Palmieri

Comunicaccedilatildeo

Priscila Mantelatto

Marina Jordatildeo

Faacutetima Nunes

Diuliane Silva

Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola (Imaflorareg)

Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia Marina Piatto Ciniro Costa Junior - Piracicaba SP Imaflora 2016 68 p 21 x 28 cm

ISBN 978-85-98081-86-1

1 Agropecuaacuteria brasileira 2 Emissotildees de GEE 3 Cadeia de valor - Carne 4 Amazocircnia Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia

RealizaccedilatildeoInstituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Imaflorareg

Coord do estudoMarina Piatto

AutoresCiniro Costa JuniorMarina Piatto

RevisatildeoEduardo Assad Embrapareg

Susian Martins FGV-EESP GV-AGROreg

FotografiaAcervo Imaflorareg

Instituto Centro de Vida ICVreg

Projeto graacutefico e infografiaThiago Oliveira Basso Obassreg

Apoio financeiroMoore Foundationreg

GTPSreg

Essa licenccedila natildeo vale para fotos e ilustraccedilotildees que permanecem em copyright Nota inserida na contracapa

produccedilatildeo de carne bovina

e mudanccedilas climaacuteticas

11

O BRASIl aleacutem de possuir o maior rebanho comercial do mundo eacute tambeacutem um dos

maiores produtores consumidores e exportadores de carne bovina Da atual produccedilatildeo de

carne brasileira (oito milhotildees de toneladas anuais) 75 eacute consumida internamente e o

restante eacute exportado principalmente para paiacuteses da Europa e da Aacutesia (IBGE ABIEC sd)

Com esses nuacutemeros o Valor Bruto da Produccedilatildeo (VBP) da carne bovina foi estimado em

R$ 704 bilhotildees para 2015 (atraacutes apenas do complexo da soja) tornando-se assim um dos

principais setores da economia do paiacutes (BRASIL 2015a) Aleacutem disso essas posiccedilotildees ten-

dem a se manter com a projeccedilatildeo de aumento de produccedilatildeo de 25 para suprir demandas

por carne na proacutexima deacutecada (BRASIL 2015b)

Por outro lado a criaccedilatildeo de bovinos de corte eacute tambeacutem uma das principais fontes de

emissatildeo de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil ndash em 2015 foram emitidos 274

MtCO2e por essa atividade Nesse mesmo ano o paiacutes todo emitiu cerca de 1900 Mt-

CO2e sendo que o setor de agropecuaacuteria contribuiu com 22 dessas emissotildees

(425 MtCO2e) Assim a quantidade de GEE emitida apenas pela pecuaacuteria de cor-

te representa 65 das emissotildees do setor agropecuaacuterio e 15 das emissotildees do paiacutes

atualmente (SEEG sd) Existem ainda as emissotildees de GEE devido a degradaccedilatildeo dos

solos de pastagens estimada em aproximadamente 200 MtCO2e mas que ainda natildeo satildeo

computados no inventaacuterio nacional (SEEG 2016)

O impacto da atividade pecuaacuteria seria reduzido caso o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo

fosse melhorado Estima-se que a produccedilatildeo de carne bovina no Brasil pode ao menos do-

brar utilizando as aacutereas de pastagem jaacute existentes (STRASSBURG et al 2014) Com baixa

exploraccedilatildeo de seu potencial as aacutereas de pastagem tornam-se susceptiacuteveis a degradaccedilatildeo

Com isso estima-se que hoje existem entre 40 e 50 milhotildees de hectares de pastagens

degradadas no Brasil (Eduardo AssadEmbrapa-Comunicaccedilatildeo Pessoal)

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2030 com as atuais ten-

decircncias de produtividade (IBGE sd) seria necessaacuterio aumentar seu rebanho em torno

de 15 (30 milhotildees de cabeccedilas) Nesse contexto acredita-se que apenas os estados da

Amazocircnia comportariam 40 desses animais adicionais (BARBOSA et al 2015) Com

isso haacute um alerta para a potencial conversatildeo de aacutereas nativas e degradaccedilatildeo de aacutereas jaacute

estabelecidas para acomodar esses animais excedentes

12

Nesse sentido a produccedilatildeo de carne bovina brasileira tem sido foco de preocupaccedilotildees

quanto o seu atual e futuro impacto nas mudanccedilas climaacuteticas globais Tanto eacute que se

tornou o tema central nas metas de reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE apresentadas pelo Brasil

na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) realizada em Paris em 2015 evento global que

culminou com maior acordo climaacutetico global jaacute visto o Acordo de Paris (BRASIL 2015c d)

De acordo com o decreto que regulamenta a

Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima ndash

PNMC (BRASIL 2010) o Brasil oficializa um

compromisso voluntaacuterio de reduzir suas emis-

sotildees de GEE entre 361 e 389 ateacute 2020 com-

paradas aos niacuteveis de 2005 Para cumprir essa

meta o decreto tambeacutem prevecirc a elaboraccedilatildeo

de Planos Setoriais com a inclusatildeo de accedilotildees

indicadores e metas especiacuteficas de reduccedilatildeo de

emissotildees e mecanismos para a verificaccedilatildeo do

seu cumprimento para guiar cada setor

O plano setorial para a Agricultura eacute chama-

do de Plano ABC (BRASIL 2012) Esse plano

tem abrangecircncia nacional e seu periacuteodo de vi-

gecircncia eacute de 2010 a 2020 sendo composto por

seis programas relacionados a tecnologias de

mitigaccedilatildeo

1 Recuperaccedilatildeo de 15 milhotildees de

hectares de pastagens degradadas

2 Expansatildeo de 4 milhotildees de hectares de

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta

(iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs)

3 Expansatildeo de 8 milhotildees de hectares

de Sistema Plantio Direto (SPD)

4 Introduccedilatildeo da Fixaccedilatildeo Bioloacutegica

de Nitrogecircnio (FBN) em 55

milhotildees de hectares

5 Expansatildeo de florestas plantadas

em 55 milhotildees de hectares

6 Tratamento de 44 milhotildees

de m3 dejetos animais

Enquanto isso na 21ordf Conferecircncia das Partes

(COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees

Unidas sobre Mudanccedila do Clima realizada em

novembro de 2015 em Paris reuniu 195 paiacuteses

e culminou na elaboraccedilatildeo do Acordo de Paris

Esse acordo tem objetivo de conter o aumento

Acordos climaacuteticos e A AgropecuaacuteriA brAsileirA

13

da temperatura meacutedia global em bem menos

do que 2oC acima dos niacuteveis preacute-industriais

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da

soma de esforccedilos desses 195 paiacuteses incluindo

o Brasil por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo

Nacionalmente Determinadas (INDC)

Apoacutes ratificada pelo presidente Michel Temer em

setembro de 2016 a INCD brasileira deixou de

ser uma pretensatildeo e se tornou um compromis-

so formal de contribuiccedilatildeo chamando-se agora

NDC A NDC brasileira por sua vez se compro-

mete em reduzir as emissotildees do paiacutes em 37

abaixo dos niacuteveis de 2005 em 2025 e subse-

quentemente reduzir essas emissotildees em 43

abaixo dos niacuteveis de 2005 (21 GtCO2e) em 2030

(BRASIL 2015cd) Isso significa o paiacutes reduzir

900 Mt CO2e ateacute 2030 o que resultaria em uma

emissatildeo nesse ano estimada em 1200 Mt CO2e

No que se refere ao setor agriacutecola a NDC brasi-

leira planeja fortalecer o Plano ABC por meio da

recuperaccedilatildeo adicional de 15 milhotildees de hecta-

res de pastagens degradadas e incremento de 5

milhotildees de hectares de sistemas de integraccedilatildeo

Lavoura-Pecuaacuteria-Florestas (iLPF) ateacute 2030

14

Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo Nacional-

mente Determinada (INDC ndash do inglecircs intended Nationally Determined Contribution) se

comprometeu em fortalecer o Plano ABC (BRASIL 2012) com a recuperaccedilatildeo de 15 mi-

lhotildees de hectares de pastagens degradadas e expansatildeo de 5 milhotildees de hectares siste-

mas de produccedilatildeo pecuaacuteria integrados com lavoura e floresta no paiacutes ateacute 2030

A INDC brasileira foi ratificada em setembro de 2016 pelo presidente Michel Temer dei-

xando assim de ter caraacuteter de pretensatildeo e se tornando um compromisso formal de contri-

buiccedilatildeo E assim passa a partir de agora a ser chamada de NDC As accedilotildees contempladas

na NDC brasileira tecircm como objetivo de suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios e

manter as emissotildees do setor de agropecuaacuteria em 2030 sob mesmo patamar de emissotildees

de 2005 ano base da NDC brasileira (BRASIL 2015c d)

Entretanto existem poucas evidecircncias de como um conjunto de boas praacuteticas afetam as

emissotildees de GEE e a produccedilatildeo de fazendas de gado de corte (HAVLIK et al 2014 WOL-

LENBERG et al 2016) Nesse contexto existe a necessidade da avaliaccedilatildeo de iniciativas

reais que introduzem praacuteticas baseadas na recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas com

o objetivo de aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de carne bovina no Brasil e ao mesmo

tempo reduzir as emissotildees de GEE

Esse eacute o caso por exemplo do Programa Novo Campo Coordenado pelo Instituto Centro

de Vida (ICV) o programa tem por objetivo promover praacuteticas sustentaacuteveis de produccedilatildeo de

carne em fazendas de pecuaacuteria na Amazocircnia melhorando o seu desempenho econocircmico

social e ambiental Com isso contribui para reduzir o desmatamento conservar ou recu-

perar os recursos naturais e fortalecer a economia local (ICV 2014)

As intervenccedilotildees promovidas pelo Programa Novo Campo satildeo baseadas na gestatildeo integra-

da da propriedade rural com a adoccedilatildeo progressiva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bo-

vinos de Corte (Valle 2011) da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel

(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS) Ambos estatildeo centralizados

na recuperaccedilatildeo e intensificaccedilatildeo de pastagens degradadas no fornecimento adequado de

suplementaccedilatildeo na melhoria do manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e na adequa-

ccedilatildeo ambiental das propriedades (MARCUZZO 2015)

15

Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser

definidas como um conjunto de normas e de

procedimentos a serem observados para tornar

os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-

taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-

dor o fornecimento de alimentos produzidos de

forma sustentaacutevel (Valle 2011)

A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam

periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de

boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-

ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-

cadores que abrangem todo o sistema produti-

vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental

social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e

das pastagens

BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007

pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-

rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um

conjunto de normas e de procedimentos a se-

rem observados pelos produtores rurais para

que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais

rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-

mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao

adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar

e controlar os diversos fatores que influenciam a

produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-

ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo

do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-

dades de conquista de novos mercados que va-

lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle

2011)

GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar

todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria

bovina a usarem os indicadores como uma fer-

ramenta de busca da sustentabilidade Para o

GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-

lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-

tros quantitativos ou qualitativos que podem ser

avaliados de acordo com alguns criteacuterios No

GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-

do estaacutegios cumulativos de desempenho e os

criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala

de desempenho (GTPS sd)

boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps

16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-

CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas

participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir

intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de

bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas

bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia

bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano

bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores

bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha

Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo

Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio

da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-

pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras

fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-

cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de

emissotildees

Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-

pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-

sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais

METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL

DO PROGRAMA NOVO CAMPO

18

CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-

zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as

primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1

Tabela 1 Anexo 1 e 2)

As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes

estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as

deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo

como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho

Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta

passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-

ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-

ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)

TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012

Nome fazenda

Aacuterea de pastagem (ha)

Nuacutemero meacutedio de animais

Sistema produccedilatildeo

Produccedilatildeo meacutedia carne

(kg ha-1 ano-1)

Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790

Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732

Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724

Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500

Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511

19

n 5 000 km

Amazocircnia

Cerrado

Pantanal

Caatinga

mata Atlacircntica

Pampa

fazendas novo Campo

mato Grosso (mT)

FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO

20

Os segmentos de cria recria e engorda cons-

tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos

de corte Estes podem estar presentes em uma

mesma propriedade ou separados

bull Cria Compreende o periacuteodo de

cobertura ateacute a desmama

bull Recria Compreende a periacuteodo entre a

desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute

a reproduccedilatildeo em fecircmeas

bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal

para o abate que pode ser feita

a pasto ou no confinamento

Assim essas fases designam o sistema de pro-

duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de

cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-

to quando essas fases estatildeo presentes em uma

mesma fazenda diz-se que a mesma possui um

sistema de produccedilatildeo de ciclo completo

sistemAs de produccedilatildeo de cArNe

21

implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps

Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual

de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e

o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-

ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos

animais nas fazendas

Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de

cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da

propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e

estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade

Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as

fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de

pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado

o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte

da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa

aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem

A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura

e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-

ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-

cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto

mais degradado maior a necessidade de reforma

Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado

dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-

mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura

da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo

dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100

kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)

22

bull Recuperar pastagens degradadas uma

das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de

corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-

gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das

aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se

encontram abandonadas ou subutilizadas

promovendo ganhos de produtividade e au-

mentando o sequestro de carbono nos solos

Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo

estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e

de energia Sistemas produtivos estabeleci-

dos em pastagens recuperadas podem pro-

duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se

comparados a sistemas em pastagens de-

gradadas O primeiro passo para recuperar

pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da

fazenda para posterior intervenccedilatildeo

bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-

mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-

lita um melhor uso da forragem aumentando

a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo

para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-

de pois permite o abate de animais mais jo-

vens e com melhor acabamento No entanto

para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-

to de boa qualidade todos os insumos natildeo

podem conter componentes ou resiacuteduos que

possam acarretar problemas agrave sauacutede animal

e humana

bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto

de atividades veterinaacuterias regularmente pla-

nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e

manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas

accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-

zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-

fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo

precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-

ccedilatildeo e banho carrapaticida

bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um

conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a

eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-

mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-

priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel

Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA

ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a

instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias

na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

(MARCUZZO 2015)

23

gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo

do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia

produtiva do rebanho de cria pode ser obtida

por meio das seguintes praacuteticas de manejo

a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de

ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-

tes etc)

b Escolha do periacuteodo de monta

c Escolha do sistema de acasalamento

d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo

e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes

f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama

g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais

h Controle sanitaacuterio do rebanho

bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-

do dos recursos naturais existentes na pro-

priedade rural em conformidade com as leis

ambientais e com as teacutecnicas recomendadas

para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-

de dos recursos hiacutedricos e da paisagem

bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-

quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo

accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-

ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-

cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo

de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e

direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-

dimento das exigecircncias legais e o registro

de todos as atividades e processos da pro-

priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria

e ambiental)(Valle 2011)

24

caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee

Ferramenta de caacutelculo

A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das

emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas

aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais

fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala

de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-

riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-

tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para

condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006

WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)

FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees

Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a

quantidade de GEE emitido (ou removido) pela

quantidade de material consumido ou processa-

do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-

mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg

kg) ou porcentagem ()

balanccedilo de gee =

emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)

O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende

a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)

de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na

pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-

la de fazenda (da porteira para dentro) envolve

a soma das emissotildees de GEE pelos animais e

seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-

dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-

quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-

da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em

solos bem manejados

25

PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA

TR

An

SPOR

TES

CO2

n2O

CH4

REB

AnHO

COndIccedilatildeO dO PASTO

USOS dE InSUmOS

FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA

26

Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)

pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de

dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de

acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade

A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de

fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao

solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela

queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-

culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo

sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)

Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de

GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-

lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do

inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)

O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado

com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-

ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-

tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-

sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda

analisada pode ser visto no Anexo 1

coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo

Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou

os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-

priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e

suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a

total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas

O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da

base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades

participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-

zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)

27

O Potencial de Aquecimento Global (Global

Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-

timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-

rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo

ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma

vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-

ciais de aquecer a Terra quando presentes na

atmosfera O IPCC determina os valores GWP

a serem utilizados e os atualiza de acordo com

o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea

Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute

foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo

(Assessment Report) do IPCC

AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-

decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-

lizados globalmente A calculadora de emissotildees

GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta

em seu modo default os valores GWP reporta-

dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar

de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-

quer outro valor GWP Entretanto nota-se que

para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-

dos apresentados em CO2e eacute preciso checar

se esses valores foram calculados utilizando os

mesmos fatores GWP

Assessment report

Ar2 Ar3 Ar5

1 1 1

21 25 28

310 298 265

poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)

28

paracircmetros utilizados

1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade

2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens

3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)

29

Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que

intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na

meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue

A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi

dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio

entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos

de anaacutelise

Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo

das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos

do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo

condiccedilatildeo das pastagens

bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)

bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo

de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo

moderada para severamente degradada (IPCC 2006)

bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de

degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)

Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da

mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-

mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas

atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros

trabalhos

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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Projeto-Brasil-AgropecuC3A1riagt

190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

que

oco

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20

12 -

exc

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013)

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havi

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sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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O Imaflorareg eacute uma organizaccedilatildeo

brasileira sem fins lucrativos

criada em 1995 para promover a

conservaccedilatildeo e o uso sustentaacutevel

dos recursos naturais e para ge-

rar benefiacutecios sociais nos setores

florestal e agropecuaacuterio

PREFAacuteCIO

PRODUCcedilAtildeO DE CARNE BOVINA E MUDANCcedilAS CLIMAacuteTICAS

METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL DO PROGRAMA NOVO CAMPO

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl do ProgrAmA noVo cAmPo

REFEREcircNCIAS

RESULTADOS E CONCLUSOtildeES

ANEXOS

04

10

17

30

47

45

52

IacutendICE

A agropecuaacuteria brasileira eacute uma das mais importantes produto-

ras de alimento do mundo Entretanto tem enfrentado um du-

plo desafio aumentar sua produccedilatildeo para atender uma popula-

ccedilatildeo em crescimento e reduzir suas emissotildees de gases de efeito

estufa (GEE) para mitigar as mudanccedilas climaacuteticas globais

Os desafios tem sido pauta de compromissos climaacuteticos mun-

diais como o que ocorreu na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-

21) em Paris em 2015 e que culminou com o Acordo de Paris

Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro se comprometeu a recupe-

rar 15 milhotildees de hectares de pastagens degradadas e expandir

outros 5 milhotildees de hectares de sistemas produtivos integrados

como estrateacutegia para reduzir as emissotildees de GEE nacionais

ateacute 2030

4

Contudo satildeo limitadas as evidecircncias de como um conjunto

de praacuteticas agropecuaacuterias afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as

emissotildees de GEE em propriedades rurais brasileiras O

tem trabalhado para suprir essa lacuna de informaccedilotildees ava-

liando iniciativas regionais jaacute estabelecidas e que promovam

sistemas de produccedilatildeo mais sustentaacuteveis conciliando produccedilatildeo

e conservaccedilatildeo

No presente trabalho o apresenta estimativas do balan-

ccedilo de GEE durante a intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da produccedilatildeo

pecuaacuteria na Amazocircnia aplicadas agrave anaacutelise do Programa Novo

Campo uma iniciativa que atua em fazendas de pecuaacuteria de

corte no estado do Mato Grosso Promovendo a gestatildeo integra-

da da propriedade rural o programa fomenta a adoccedilatildeo progres-

siva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Gado de Corte (BPA)

da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel

(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS)

Essa anaacutelise mostra que o potencial de reduccedilatildeo de emissotildees de

GEE das fazendas participantes do programa alcanccedilaraacute cerca

de 50 por hectare e 90 por quilograma de carne produzida

com elevaccedilatildeo da produccedilatildeo de carne em cinco vezes Apenas nos

dois primeiros anos de melhorias nas praacuteticas agropecuaacuterias em

5

propriedades com elevada taxa de degradaccedilatildeo de pastagens

o programa jaacute proporcionou aumento da produccedilatildeo de carne de

quase 100 e reduziu as emissotildees de GEE em 25 por hectare

de pastagem e em 60 por quilograma de carne produzida

Esses resultados satildeo consequecircncia de uma estrateacutegia que ini-

cialmente recuperou cerca de 10 da aacuterea de pastagem das

propriedades participantes Essa proporccedilatildeo representa qua-

se 500 dos 3500 ha de pastagens degradadas cobertas pelo

programa - dos quais 190 ha foram reformados com sistema

de Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria (iLP) Adicionalmente essa

estrateacutegia introduz e aperfeiccediloa praacuteticas como o pastejo rota-

cionado teacutecnicas de suplementaccedilatildeo sanidade e reproduccedilatildeo

animal e sistemas de gestatildeo para a sustentabilidade das pro-

priedades como um todo

A avaliaccedilatildeo feita pelo mostra que a estrateacutegia ado-

tada pelo Programa Novo Campo tem conduzido os niacuteveis

de emissatildeo de GEE das fazendas participantes a patamares

similares aos encontrados em outras localidades do mundo

com alta eficiecircncia de produccedilatildeo como Nova Zelacircndia Uniatildeo

Europeia e Estados Unidos

Este trabalho tambeacutem mostra o potencial e a capacidade da

pecuaacuteria de corte em reduzir suas emissotildees de GEE e aumen-

tar a produccedilatildeo de proteiacutena animal podendo subsidiar produ-

tores na adoccedilatildeo de boas praacuteticas em larga escala Ao mesmo

tempo tambeacutem deve auxiliar tomadores de decisatildeo consumi-

dores e demais atores da cadeia da carne quanto agrave importacircn-

cia da produccedilatildeo sustentaacutevel em escala para a manutenccedilatildeo do

clima e atendimento a demanda por alimentos

O trabalho apresentado pelo reforccedila a coerecircncia das

metas propostas pelo governo brasileiro para reduccedilatildeo das

emissotildees nacionais Mas tambeacutem alerta tomadores de deci-

satildeo para o desafio de ampliar a assistecircncia teacutecnica e a di-

fusatildeo de tecnologia ao produtor rural Somente a reforma de

pastagens natildeo seraacute suficiente - eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo

de sistemas de gestatildeo que incluam um conjunto de boas praacute-

ticas agropecuaacuterias em escala no Brasil para que as metas

sejam alcanccediladas

Conselho Diretor

Adalberto Veriacutessimo

Andreacute Villas-Bocircas

Maria Zulmira de Souza

Seacutergio Esteves

Maria Celia M Toledo Cruz

Tasso Rezende de Azevedo

Ricardo Abramovay

Conselho Consultivo

Maacuterio Mantovani

Marcelo Paixatildeo

Marilena Lazzarini

Rubens Mendonccedila

Conselho Fiscal

Adauto Tadeu Basiacutelio

Erika Bechara

Rubens Mazon

Sec Executiva

Laura de Santis Prada

Roberto Palmieri

Comunicaccedilatildeo

Priscila Mantelatto

Marina Jordatildeo

Faacutetima Nunes

Diuliane Silva

Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola (Imaflorareg)

Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia Marina Piatto Ciniro Costa Junior - Piracicaba SP Imaflora 2016 68 p 21 x 28 cm

ISBN 978-85-98081-86-1

1 Agropecuaacuteria brasileira 2 Emissotildees de GEE 3 Cadeia de valor - Carne 4 Amazocircnia Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia

RealizaccedilatildeoInstituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Imaflorareg

Coord do estudoMarina Piatto

AutoresCiniro Costa JuniorMarina Piatto

RevisatildeoEduardo Assad Embrapareg

Susian Martins FGV-EESP GV-AGROreg

FotografiaAcervo Imaflorareg

Instituto Centro de Vida ICVreg

Projeto graacutefico e infografiaThiago Oliveira Basso Obassreg

Apoio financeiroMoore Foundationreg

GTPSreg

Essa licenccedila natildeo vale para fotos e ilustraccedilotildees que permanecem em copyright Nota inserida na contracapa

produccedilatildeo de carne bovina

e mudanccedilas climaacuteticas

11

O BRASIl aleacutem de possuir o maior rebanho comercial do mundo eacute tambeacutem um dos

maiores produtores consumidores e exportadores de carne bovina Da atual produccedilatildeo de

carne brasileira (oito milhotildees de toneladas anuais) 75 eacute consumida internamente e o

restante eacute exportado principalmente para paiacuteses da Europa e da Aacutesia (IBGE ABIEC sd)

Com esses nuacutemeros o Valor Bruto da Produccedilatildeo (VBP) da carne bovina foi estimado em

R$ 704 bilhotildees para 2015 (atraacutes apenas do complexo da soja) tornando-se assim um dos

principais setores da economia do paiacutes (BRASIL 2015a) Aleacutem disso essas posiccedilotildees ten-

dem a se manter com a projeccedilatildeo de aumento de produccedilatildeo de 25 para suprir demandas

por carne na proacutexima deacutecada (BRASIL 2015b)

Por outro lado a criaccedilatildeo de bovinos de corte eacute tambeacutem uma das principais fontes de

emissatildeo de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil ndash em 2015 foram emitidos 274

MtCO2e por essa atividade Nesse mesmo ano o paiacutes todo emitiu cerca de 1900 Mt-

CO2e sendo que o setor de agropecuaacuteria contribuiu com 22 dessas emissotildees

(425 MtCO2e) Assim a quantidade de GEE emitida apenas pela pecuaacuteria de cor-

te representa 65 das emissotildees do setor agropecuaacuterio e 15 das emissotildees do paiacutes

atualmente (SEEG sd) Existem ainda as emissotildees de GEE devido a degradaccedilatildeo dos

solos de pastagens estimada em aproximadamente 200 MtCO2e mas que ainda natildeo satildeo

computados no inventaacuterio nacional (SEEG 2016)

O impacto da atividade pecuaacuteria seria reduzido caso o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo

fosse melhorado Estima-se que a produccedilatildeo de carne bovina no Brasil pode ao menos do-

brar utilizando as aacutereas de pastagem jaacute existentes (STRASSBURG et al 2014) Com baixa

exploraccedilatildeo de seu potencial as aacutereas de pastagem tornam-se susceptiacuteveis a degradaccedilatildeo

Com isso estima-se que hoje existem entre 40 e 50 milhotildees de hectares de pastagens

degradadas no Brasil (Eduardo AssadEmbrapa-Comunicaccedilatildeo Pessoal)

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2030 com as atuais ten-

decircncias de produtividade (IBGE sd) seria necessaacuterio aumentar seu rebanho em torno

de 15 (30 milhotildees de cabeccedilas) Nesse contexto acredita-se que apenas os estados da

Amazocircnia comportariam 40 desses animais adicionais (BARBOSA et al 2015) Com

isso haacute um alerta para a potencial conversatildeo de aacutereas nativas e degradaccedilatildeo de aacutereas jaacute

estabelecidas para acomodar esses animais excedentes

12

Nesse sentido a produccedilatildeo de carne bovina brasileira tem sido foco de preocupaccedilotildees

quanto o seu atual e futuro impacto nas mudanccedilas climaacuteticas globais Tanto eacute que se

tornou o tema central nas metas de reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE apresentadas pelo Brasil

na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) realizada em Paris em 2015 evento global que

culminou com maior acordo climaacutetico global jaacute visto o Acordo de Paris (BRASIL 2015c d)

De acordo com o decreto que regulamenta a

Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima ndash

PNMC (BRASIL 2010) o Brasil oficializa um

compromisso voluntaacuterio de reduzir suas emis-

sotildees de GEE entre 361 e 389 ateacute 2020 com-

paradas aos niacuteveis de 2005 Para cumprir essa

meta o decreto tambeacutem prevecirc a elaboraccedilatildeo

de Planos Setoriais com a inclusatildeo de accedilotildees

indicadores e metas especiacuteficas de reduccedilatildeo de

emissotildees e mecanismos para a verificaccedilatildeo do

seu cumprimento para guiar cada setor

O plano setorial para a Agricultura eacute chama-

do de Plano ABC (BRASIL 2012) Esse plano

tem abrangecircncia nacional e seu periacuteodo de vi-

gecircncia eacute de 2010 a 2020 sendo composto por

seis programas relacionados a tecnologias de

mitigaccedilatildeo

1 Recuperaccedilatildeo de 15 milhotildees de

hectares de pastagens degradadas

2 Expansatildeo de 4 milhotildees de hectares de

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta

(iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs)

3 Expansatildeo de 8 milhotildees de hectares

de Sistema Plantio Direto (SPD)

4 Introduccedilatildeo da Fixaccedilatildeo Bioloacutegica

de Nitrogecircnio (FBN) em 55

milhotildees de hectares

5 Expansatildeo de florestas plantadas

em 55 milhotildees de hectares

6 Tratamento de 44 milhotildees

de m3 dejetos animais

Enquanto isso na 21ordf Conferecircncia das Partes

(COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees

Unidas sobre Mudanccedila do Clima realizada em

novembro de 2015 em Paris reuniu 195 paiacuteses

e culminou na elaboraccedilatildeo do Acordo de Paris

Esse acordo tem objetivo de conter o aumento

Acordos climaacuteticos e A AgropecuaacuteriA brAsileirA

13

da temperatura meacutedia global em bem menos

do que 2oC acima dos niacuteveis preacute-industriais

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da

soma de esforccedilos desses 195 paiacuteses incluindo

o Brasil por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo

Nacionalmente Determinadas (INDC)

Apoacutes ratificada pelo presidente Michel Temer em

setembro de 2016 a INCD brasileira deixou de

ser uma pretensatildeo e se tornou um compromis-

so formal de contribuiccedilatildeo chamando-se agora

NDC A NDC brasileira por sua vez se compro-

mete em reduzir as emissotildees do paiacutes em 37

abaixo dos niacuteveis de 2005 em 2025 e subse-

quentemente reduzir essas emissotildees em 43

abaixo dos niacuteveis de 2005 (21 GtCO2e) em 2030

(BRASIL 2015cd) Isso significa o paiacutes reduzir

900 Mt CO2e ateacute 2030 o que resultaria em uma

emissatildeo nesse ano estimada em 1200 Mt CO2e

No que se refere ao setor agriacutecola a NDC brasi-

leira planeja fortalecer o Plano ABC por meio da

recuperaccedilatildeo adicional de 15 milhotildees de hecta-

res de pastagens degradadas e incremento de 5

milhotildees de hectares de sistemas de integraccedilatildeo

Lavoura-Pecuaacuteria-Florestas (iLPF) ateacute 2030

14

Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo Nacional-

mente Determinada (INDC ndash do inglecircs intended Nationally Determined Contribution) se

comprometeu em fortalecer o Plano ABC (BRASIL 2012) com a recuperaccedilatildeo de 15 mi-

lhotildees de hectares de pastagens degradadas e expansatildeo de 5 milhotildees de hectares siste-

mas de produccedilatildeo pecuaacuteria integrados com lavoura e floresta no paiacutes ateacute 2030

A INDC brasileira foi ratificada em setembro de 2016 pelo presidente Michel Temer dei-

xando assim de ter caraacuteter de pretensatildeo e se tornando um compromisso formal de contri-

buiccedilatildeo E assim passa a partir de agora a ser chamada de NDC As accedilotildees contempladas

na NDC brasileira tecircm como objetivo de suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios e

manter as emissotildees do setor de agropecuaacuteria em 2030 sob mesmo patamar de emissotildees

de 2005 ano base da NDC brasileira (BRASIL 2015c d)

Entretanto existem poucas evidecircncias de como um conjunto de boas praacuteticas afetam as

emissotildees de GEE e a produccedilatildeo de fazendas de gado de corte (HAVLIK et al 2014 WOL-

LENBERG et al 2016) Nesse contexto existe a necessidade da avaliaccedilatildeo de iniciativas

reais que introduzem praacuteticas baseadas na recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas com

o objetivo de aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de carne bovina no Brasil e ao mesmo

tempo reduzir as emissotildees de GEE

Esse eacute o caso por exemplo do Programa Novo Campo Coordenado pelo Instituto Centro

de Vida (ICV) o programa tem por objetivo promover praacuteticas sustentaacuteveis de produccedilatildeo de

carne em fazendas de pecuaacuteria na Amazocircnia melhorando o seu desempenho econocircmico

social e ambiental Com isso contribui para reduzir o desmatamento conservar ou recu-

perar os recursos naturais e fortalecer a economia local (ICV 2014)

As intervenccedilotildees promovidas pelo Programa Novo Campo satildeo baseadas na gestatildeo integra-

da da propriedade rural com a adoccedilatildeo progressiva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bo-

vinos de Corte (Valle 2011) da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel

(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS) Ambos estatildeo centralizados

na recuperaccedilatildeo e intensificaccedilatildeo de pastagens degradadas no fornecimento adequado de

suplementaccedilatildeo na melhoria do manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e na adequa-

ccedilatildeo ambiental das propriedades (MARCUZZO 2015)

15

Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser

definidas como um conjunto de normas e de

procedimentos a serem observados para tornar

os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-

taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-

dor o fornecimento de alimentos produzidos de

forma sustentaacutevel (Valle 2011)

A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam

periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de

boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-

ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-

cadores que abrangem todo o sistema produti-

vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental

social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e

das pastagens

BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007

pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-

rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um

conjunto de normas e de procedimentos a se-

rem observados pelos produtores rurais para

que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais

rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-

mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao

adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar

e controlar os diversos fatores que influenciam a

produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-

ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo

do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-

dades de conquista de novos mercados que va-

lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle

2011)

GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar

todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria

bovina a usarem os indicadores como uma fer-

ramenta de busca da sustentabilidade Para o

GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-

lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-

tros quantitativos ou qualitativos que podem ser

avaliados de acordo com alguns criteacuterios No

GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-

do estaacutegios cumulativos de desempenho e os

criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala

de desempenho (GTPS sd)

boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps

16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-

CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas

participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir

intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de

bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas

bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia

bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano

bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores

bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha

Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo

Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio

da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-

pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras

fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-

cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de

emissotildees

Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-

pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-

sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais

METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL

DO PROGRAMA NOVO CAMPO

18

CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-

zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as

primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1

Tabela 1 Anexo 1 e 2)

As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes

estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as

deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo

como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho

Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta

passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-

ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-

ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)

TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012

Nome fazenda

Aacuterea de pastagem (ha)

Nuacutemero meacutedio de animais

Sistema produccedilatildeo

Produccedilatildeo meacutedia carne

(kg ha-1 ano-1)

Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790

Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732

Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724

Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500

Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511

19

n 5 000 km

Amazocircnia

Cerrado

Pantanal

Caatinga

mata Atlacircntica

Pampa

fazendas novo Campo

mato Grosso (mT)

FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO

20

Os segmentos de cria recria e engorda cons-

tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos

de corte Estes podem estar presentes em uma

mesma propriedade ou separados

bull Cria Compreende o periacuteodo de

cobertura ateacute a desmama

bull Recria Compreende a periacuteodo entre a

desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute

a reproduccedilatildeo em fecircmeas

bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal

para o abate que pode ser feita

a pasto ou no confinamento

Assim essas fases designam o sistema de pro-

duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de

cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-

to quando essas fases estatildeo presentes em uma

mesma fazenda diz-se que a mesma possui um

sistema de produccedilatildeo de ciclo completo

sistemAs de produccedilatildeo de cArNe

21

implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps

Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual

de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e

o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-

ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos

animais nas fazendas

Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de

cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da

propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e

estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade

Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as

fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de

pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado

o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte

da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa

aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem

A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura

e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-

ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-

cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto

mais degradado maior a necessidade de reforma

Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado

dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-

mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura

da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo

dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100

kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)

22

bull Recuperar pastagens degradadas uma

das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de

corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-

gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das

aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se

encontram abandonadas ou subutilizadas

promovendo ganhos de produtividade e au-

mentando o sequestro de carbono nos solos

Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo

estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e

de energia Sistemas produtivos estabeleci-

dos em pastagens recuperadas podem pro-

duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se

comparados a sistemas em pastagens de-

gradadas O primeiro passo para recuperar

pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da

fazenda para posterior intervenccedilatildeo

bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-

mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-

lita um melhor uso da forragem aumentando

a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo

para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-

de pois permite o abate de animais mais jo-

vens e com melhor acabamento No entanto

para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-

to de boa qualidade todos os insumos natildeo

podem conter componentes ou resiacuteduos que

possam acarretar problemas agrave sauacutede animal

e humana

bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto

de atividades veterinaacuterias regularmente pla-

nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e

manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas

accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-

zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-

fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo

precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-

ccedilatildeo e banho carrapaticida

bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um

conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a

eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-

mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-

priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel

Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA

ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a

instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias

na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

(MARCUZZO 2015)

23

gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo

do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia

produtiva do rebanho de cria pode ser obtida

por meio das seguintes praacuteticas de manejo

a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de

ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-

tes etc)

b Escolha do periacuteodo de monta

c Escolha do sistema de acasalamento

d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo

e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes

f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama

g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais

h Controle sanitaacuterio do rebanho

bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-

do dos recursos naturais existentes na pro-

priedade rural em conformidade com as leis

ambientais e com as teacutecnicas recomendadas

para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-

de dos recursos hiacutedricos e da paisagem

bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-

quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo

accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-

ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-

cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo

de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e

direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-

dimento das exigecircncias legais e o registro

de todos as atividades e processos da pro-

priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria

e ambiental)(Valle 2011)

24

caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee

Ferramenta de caacutelculo

A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das

emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas

aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais

fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala

de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-

riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-

tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para

condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006

WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)

FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees

Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a

quantidade de GEE emitido (ou removido) pela

quantidade de material consumido ou processa-

do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-

mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg

kg) ou porcentagem ()

balanccedilo de gee =

emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)

O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende

a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)

de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na

pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-

la de fazenda (da porteira para dentro) envolve

a soma das emissotildees de GEE pelos animais e

seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-

dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-

quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-

da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em

solos bem manejados

25

PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA

TR

An

SPOR

TES

CO2

n2O

CH4

REB

AnHO

COndIccedilatildeO dO PASTO

USOS dE InSUmOS

FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA

26

Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)

pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de

dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de

acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade

A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de

fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao

solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela

queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-

culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo

sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)

Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de

GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-

lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do

inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)

O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado

com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-

ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-

tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-

sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda

analisada pode ser visto no Anexo 1

coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo

Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou

os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-

priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e

suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a

total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas

O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da

base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades

participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-

zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)

27

O Potencial de Aquecimento Global (Global

Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-

timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-

rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo

ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma

vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-

ciais de aquecer a Terra quando presentes na

atmosfera O IPCC determina os valores GWP

a serem utilizados e os atualiza de acordo com

o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea

Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute

foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo

(Assessment Report) do IPCC

AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-

decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-

lizados globalmente A calculadora de emissotildees

GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta

em seu modo default os valores GWP reporta-

dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar

de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-

quer outro valor GWP Entretanto nota-se que

para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-

dos apresentados em CO2e eacute preciso checar

se esses valores foram calculados utilizando os

mesmos fatores GWP

Assessment report

Ar2 Ar3 Ar5

1 1 1

21 25 28

310 298 265

poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)

28

paracircmetros utilizados

1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade

2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens

3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)

29

Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que

intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na

meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue

A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi

dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio

entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos

de anaacutelise

Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo

das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos

do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo

condiccedilatildeo das pastagens

bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)

bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo

de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo

moderada para severamente degradada (IPCC 2006)

bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de

degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)

Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da

mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-

mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas

atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros

trabalhos

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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Projeto-Brasil-AgropecuC3A1riagt

190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

que

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12 -

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havi

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sum

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rou-

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ouve

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atildeo d

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seg

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ra a

poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 3: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

PREFAacuteCIO

PRODUCcedilAtildeO DE CARNE BOVINA E MUDANCcedilAS CLIMAacuteTICAS

METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL DO PROGRAMA NOVO CAMPO

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl do ProgrAmA noVo cAmPo

REFEREcircNCIAS

RESULTADOS E CONCLUSOtildeES

ANEXOS

04

10

17

30

47

45

52

IacutendICE

A agropecuaacuteria brasileira eacute uma das mais importantes produto-

ras de alimento do mundo Entretanto tem enfrentado um du-

plo desafio aumentar sua produccedilatildeo para atender uma popula-

ccedilatildeo em crescimento e reduzir suas emissotildees de gases de efeito

estufa (GEE) para mitigar as mudanccedilas climaacuteticas globais

Os desafios tem sido pauta de compromissos climaacuteticos mun-

diais como o que ocorreu na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-

21) em Paris em 2015 e que culminou com o Acordo de Paris

Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro se comprometeu a recupe-

rar 15 milhotildees de hectares de pastagens degradadas e expandir

outros 5 milhotildees de hectares de sistemas produtivos integrados

como estrateacutegia para reduzir as emissotildees de GEE nacionais

ateacute 2030

4

Contudo satildeo limitadas as evidecircncias de como um conjunto

de praacuteticas agropecuaacuterias afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as

emissotildees de GEE em propriedades rurais brasileiras O

tem trabalhado para suprir essa lacuna de informaccedilotildees ava-

liando iniciativas regionais jaacute estabelecidas e que promovam

sistemas de produccedilatildeo mais sustentaacuteveis conciliando produccedilatildeo

e conservaccedilatildeo

No presente trabalho o apresenta estimativas do balan-

ccedilo de GEE durante a intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da produccedilatildeo

pecuaacuteria na Amazocircnia aplicadas agrave anaacutelise do Programa Novo

Campo uma iniciativa que atua em fazendas de pecuaacuteria de

corte no estado do Mato Grosso Promovendo a gestatildeo integra-

da da propriedade rural o programa fomenta a adoccedilatildeo progres-

siva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Gado de Corte (BPA)

da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel

(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS)

Essa anaacutelise mostra que o potencial de reduccedilatildeo de emissotildees de

GEE das fazendas participantes do programa alcanccedilaraacute cerca

de 50 por hectare e 90 por quilograma de carne produzida

com elevaccedilatildeo da produccedilatildeo de carne em cinco vezes Apenas nos

dois primeiros anos de melhorias nas praacuteticas agropecuaacuterias em

5

propriedades com elevada taxa de degradaccedilatildeo de pastagens

o programa jaacute proporcionou aumento da produccedilatildeo de carne de

quase 100 e reduziu as emissotildees de GEE em 25 por hectare

de pastagem e em 60 por quilograma de carne produzida

Esses resultados satildeo consequecircncia de uma estrateacutegia que ini-

cialmente recuperou cerca de 10 da aacuterea de pastagem das

propriedades participantes Essa proporccedilatildeo representa qua-

se 500 dos 3500 ha de pastagens degradadas cobertas pelo

programa - dos quais 190 ha foram reformados com sistema

de Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria (iLP) Adicionalmente essa

estrateacutegia introduz e aperfeiccediloa praacuteticas como o pastejo rota-

cionado teacutecnicas de suplementaccedilatildeo sanidade e reproduccedilatildeo

animal e sistemas de gestatildeo para a sustentabilidade das pro-

priedades como um todo

A avaliaccedilatildeo feita pelo mostra que a estrateacutegia ado-

tada pelo Programa Novo Campo tem conduzido os niacuteveis

de emissatildeo de GEE das fazendas participantes a patamares

similares aos encontrados em outras localidades do mundo

com alta eficiecircncia de produccedilatildeo como Nova Zelacircndia Uniatildeo

Europeia e Estados Unidos

Este trabalho tambeacutem mostra o potencial e a capacidade da

pecuaacuteria de corte em reduzir suas emissotildees de GEE e aumen-

tar a produccedilatildeo de proteiacutena animal podendo subsidiar produ-

tores na adoccedilatildeo de boas praacuteticas em larga escala Ao mesmo

tempo tambeacutem deve auxiliar tomadores de decisatildeo consumi-

dores e demais atores da cadeia da carne quanto agrave importacircn-

cia da produccedilatildeo sustentaacutevel em escala para a manutenccedilatildeo do

clima e atendimento a demanda por alimentos

O trabalho apresentado pelo reforccedila a coerecircncia das

metas propostas pelo governo brasileiro para reduccedilatildeo das

emissotildees nacionais Mas tambeacutem alerta tomadores de deci-

satildeo para o desafio de ampliar a assistecircncia teacutecnica e a di-

fusatildeo de tecnologia ao produtor rural Somente a reforma de

pastagens natildeo seraacute suficiente - eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo

de sistemas de gestatildeo que incluam um conjunto de boas praacute-

ticas agropecuaacuterias em escala no Brasil para que as metas

sejam alcanccediladas

Conselho Diretor

Adalberto Veriacutessimo

Andreacute Villas-Bocircas

Maria Zulmira de Souza

Seacutergio Esteves

Maria Celia M Toledo Cruz

Tasso Rezende de Azevedo

Ricardo Abramovay

Conselho Consultivo

Maacuterio Mantovani

Marcelo Paixatildeo

Marilena Lazzarini

Rubens Mendonccedila

Conselho Fiscal

Adauto Tadeu Basiacutelio

Erika Bechara

Rubens Mazon

Sec Executiva

Laura de Santis Prada

Roberto Palmieri

Comunicaccedilatildeo

Priscila Mantelatto

Marina Jordatildeo

Faacutetima Nunes

Diuliane Silva

Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola (Imaflorareg)

Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia Marina Piatto Ciniro Costa Junior - Piracicaba SP Imaflora 2016 68 p 21 x 28 cm

ISBN 978-85-98081-86-1

1 Agropecuaacuteria brasileira 2 Emissotildees de GEE 3 Cadeia de valor - Carne 4 Amazocircnia Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia

RealizaccedilatildeoInstituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Imaflorareg

Coord do estudoMarina Piatto

AutoresCiniro Costa JuniorMarina Piatto

RevisatildeoEduardo Assad Embrapareg

Susian Martins FGV-EESP GV-AGROreg

FotografiaAcervo Imaflorareg

Instituto Centro de Vida ICVreg

Projeto graacutefico e infografiaThiago Oliveira Basso Obassreg

Apoio financeiroMoore Foundationreg

GTPSreg

Essa licenccedila natildeo vale para fotos e ilustraccedilotildees que permanecem em copyright Nota inserida na contracapa

produccedilatildeo de carne bovina

e mudanccedilas climaacuteticas

11

O BRASIl aleacutem de possuir o maior rebanho comercial do mundo eacute tambeacutem um dos

maiores produtores consumidores e exportadores de carne bovina Da atual produccedilatildeo de

carne brasileira (oito milhotildees de toneladas anuais) 75 eacute consumida internamente e o

restante eacute exportado principalmente para paiacuteses da Europa e da Aacutesia (IBGE ABIEC sd)

Com esses nuacutemeros o Valor Bruto da Produccedilatildeo (VBP) da carne bovina foi estimado em

R$ 704 bilhotildees para 2015 (atraacutes apenas do complexo da soja) tornando-se assim um dos

principais setores da economia do paiacutes (BRASIL 2015a) Aleacutem disso essas posiccedilotildees ten-

dem a se manter com a projeccedilatildeo de aumento de produccedilatildeo de 25 para suprir demandas

por carne na proacutexima deacutecada (BRASIL 2015b)

Por outro lado a criaccedilatildeo de bovinos de corte eacute tambeacutem uma das principais fontes de

emissatildeo de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil ndash em 2015 foram emitidos 274

MtCO2e por essa atividade Nesse mesmo ano o paiacutes todo emitiu cerca de 1900 Mt-

CO2e sendo que o setor de agropecuaacuteria contribuiu com 22 dessas emissotildees

(425 MtCO2e) Assim a quantidade de GEE emitida apenas pela pecuaacuteria de cor-

te representa 65 das emissotildees do setor agropecuaacuterio e 15 das emissotildees do paiacutes

atualmente (SEEG sd) Existem ainda as emissotildees de GEE devido a degradaccedilatildeo dos

solos de pastagens estimada em aproximadamente 200 MtCO2e mas que ainda natildeo satildeo

computados no inventaacuterio nacional (SEEG 2016)

O impacto da atividade pecuaacuteria seria reduzido caso o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo

fosse melhorado Estima-se que a produccedilatildeo de carne bovina no Brasil pode ao menos do-

brar utilizando as aacutereas de pastagem jaacute existentes (STRASSBURG et al 2014) Com baixa

exploraccedilatildeo de seu potencial as aacutereas de pastagem tornam-se susceptiacuteveis a degradaccedilatildeo

Com isso estima-se que hoje existem entre 40 e 50 milhotildees de hectares de pastagens

degradadas no Brasil (Eduardo AssadEmbrapa-Comunicaccedilatildeo Pessoal)

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2030 com as atuais ten-

decircncias de produtividade (IBGE sd) seria necessaacuterio aumentar seu rebanho em torno

de 15 (30 milhotildees de cabeccedilas) Nesse contexto acredita-se que apenas os estados da

Amazocircnia comportariam 40 desses animais adicionais (BARBOSA et al 2015) Com

isso haacute um alerta para a potencial conversatildeo de aacutereas nativas e degradaccedilatildeo de aacutereas jaacute

estabelecidas para acomodar esses animais excedentes

12

Nesse sentido a produccedilatildeo de carne bovina brasileira tem sido foco de preocupaccedilotildees

quanto o seu atual e futuro impacto nas mudanccedilas climaacuteticas globais Tanto eacute que se

tornou o tema central nas metas de reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE apresentadas pelo Brasil

na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) realizada em Paris em 2015 evento global que

culminou com maior acordo climaacutetico global jaacute visto o Acordo de Paris (BRASIL 2015c d)

De acordo com o decreto que regulamenta a

Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima ndash

PNMC (BRASIL 2010) o Brasil oficializa um

compromisso voluntaacuterio de reduzir suas emis-

sotildees de GEE entre 361 e 389 ateacute 2020 com-

paradas aos niacuteveis de 2005 Para cumprir essa

meta o decreto tambeacutem prevecirc a elaboraccedilatildeo

de Planos Setoriais com a inclusatildeo de accedilotildees

indicadores e metas especiacuteficas de reduccedilatildeo de

emissotildees e mecanismos para a verificaccedilatildeo do

seu cumprimento para guiar cada setor

O plano setorial para a Agricultura eacute chama-

do de Plano ABC (BRASIL 2012) Esse plano

tem abrangecircncia nacional e seu periacuteodo de vi-

gecircncia eacute de 2010 a 2020 sendo composto por

seis programas relacionados a tecnologias de

mitigaccedilatildeo

1 Recuperaccedilatildeo de 15 milhotildees de

hectares de pastagens degradadas

2 Expansatildeo de 4 milhotildees de hectares de

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta

(iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs)

3 Expansatildeo de 8 milhotildees de hectares

de Sistema Plantio Direto (SPD)

4 Introduccedilatildeo da Fixaccedilatildeo Bioloacutegica

de Nitrogecircnio (FBN) em 55

milhotildees de hectares

5 Expansatildeo de florestas plantadas

em 55 milhotildees de hectares

6 Tratamento de 44 milhotildees

de m3 dejetos animais

Enquanto isso na 21ordf Conferecircncia das Partes

(COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees

Unidas sobre Mudanccedila do Clima realizada em

novembro de 2015 em Paris reuniu 195 paiacuteses

e culminou na elaboraccedilatildeo do Acordo de Paris

Esse acordo tem objetivo de conter o aumento

Acordos climaacuteticos e A AgropecuaacuteriA brAsileirA

13

da temperatura meacutedia global em bem menos

do que 2oC acima dos niacuteveis preacute-industriais

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da

soma de esforccedilos desses 195 paiacuteses incluindo

o Brasil por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo

Nacionalmente Determinadas (INDC)

Apoacutes ratificada pelo presidente Michel Temer em

setembro de 2016 a INCD brasileira deixou de

ser uma pretensatildeo e se tornou um compromis-

so formal de contribuiccedilatildeo chamando-se agora

NDC A NDC brasileira por sua vez se compro-

mete em reduzir as emissotildees do paiacutes em 37

abaixo dos niacuteveis de 2005 em 2025 e subse-

quentemente reduzir essas emissotildees em 43

abaixo dos niacuteveis de 2005 (21 GtCO2e) em 2030

(BRASIL 2015cd) Isso significa o paiacutes reduzir

900 Mt CO2e ateacute 2030 o que resultaria em uma

emissatildeo nesse ano estimada em 1200 Mt CO2e

No que se refere ao setor agriacutecola a NDC brasi-

leira planeja fortalecer o Plano ABC por meio da

recuperaccedilatildeo adicional de 15 milhotildees de hecta-

res de pastagens degradadas e incremento de 5

milhotildees de hectares de sistemas de integraccedilatildeo

Lavoura-Pecuaacuteria-Florestas (iLPF) ateacute 2030

14

Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo Nacional-

mente Determinada (INDC ndash do inglecircs intended Nationally Determined Contribution) se

comprometeu em fortalecer o Plano ABC (BRASIL 2012) com a recuperaccedilatildeo de 15 mi-

lhotildees de hectares de pastagens degradadas e expansatildeo de 5 milhotildees de hectares siste-

mas de produccedilatildeo pecuaacuteria integrados com lavoura e floresta no paiacutes ateacute 2030

A INDC brasileira foi ratificada em setembro de 2016 pelo presidente Michel Temer dei-

xando assim de ter caraacuteter de pretensatildeo e se tornando um compromisso formal de contri-

buiccedilatildeo E assim passa a partir de agora a ser chamada de NDC As accedilotildees contempladas

na NDC brasileira tecircm como objetivo de suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios e

manter as emissotildees do setor de agropecuaacuteria em 2030 sob mesmo patamar de emissotildees

de 2005 ano base da NDC brasileira (BRASIL 2015c d)

Entretanto existem poucas evidecircncias de como um conjunto de boas praacuteticas afetam as

emissotildees de GEE e a produccedilatildeo de fazendas de gado de corte (HAVLIK et al 2014 WOL-

LENBERG et al 2016) Nesse contexto existe a necessidade da avaliaccedilatildeo de iniciativas

reais que introduzem praacuteticas baseadas na recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas com

o objetivo de aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de carne bovina no Brasil e ao mesmo

tempo reduzir as emissotildees de GEE

Esse eacute o caso por exemplo do Programa Novo Campo Coordenado pelo Instituto Centro

de Vida (ICV) o programa tem por objetivo promover praacuteticas sustentaacuteveis de produccedilatildeo de

carne em fazendas de pecuaacuteria na Amazocircnia melhorando o seu desempenho econocircmico

social e ambiental Com isso contribui para reduzir o desmatamento conservar ou recu-

perar os recursos naturais e fortalecer a economia local (ICV 2014)

As intervenccedilotildees promovidas pelo Programa Novo Campo satildeo baseadas na gestatildeo integra-

da da propriedade rural com a adoccedilatildeo progressiva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bo-

vinos de Corte (Valle 2011) da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel

(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS) Ambos estatildeo centralizados

na recuperaccedilatildeo e intensificaccedilatildeo de pastagens degradadas no fornecimento adequado de

suplementaccedilatildeo na melhoria do manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e na adequa-

ccedilatildeo ambiental das propriedades (MARCUZZO 2015)

15

Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser

definidas como um conjunto de normas e de

procedimentos a serem observados para tornar

os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-

taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-

dor o fornecimento de alimentos produzidos de

forma sustentaacutevel (Valle 2011)

A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam

periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de

boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-

ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-

cadores que abrangem todo o sistema produti-

vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental

social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e

das pastagens

BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007

pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-

rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um

conjunto de normas e de procedimentos a se-

rem observados pelos produtores rurais para

que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais

rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-

mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao

adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar

e controlar os diversos fatores que influenciam a

produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-

ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo

do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-

dades de conquista de novos mercados que va-

lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle

2011)

GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar

todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria

bovina a usarem os indicadores como uma fer-

ramenta de busca da sustentabilidade Para o

GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-

lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-

tros quantitativos ou qualitativos que podem ser

avaliados de acordo com alguns criteacuterios No

GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-

do estaacutegios cumulativos de desempenho e os

criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala

de desempenho (GTPS sd)

boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps

16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-

CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas

participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir

intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de

bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas

bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia

bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano

bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores

bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha

Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo

Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio

da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-

pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras

fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-

cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de

emissotildees

Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-

pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-

sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais

METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL

DO PROGRAMA NOVO CAMPO

18

CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-

zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as

primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1

Tabela 1 Anexo 1 e 2)

As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes

estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as

deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo

como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho

Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta

passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-

ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-

ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)

TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012

Nome fazenda

Aacuterea de pastagem (ha)

Nuacutemero meacutedio de animais

Sistema produccedilatildeo

Produccedilatildeo meacutedia carne

(kg ha-1 ano-1)

Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790

Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732

Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724

Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500

Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511

19

n 5 000 km

Amazocircnia

Cerrado

Pantanal

Caatinga

mata Atlacircntica

Pampa

fazendas novo Campo

mato Grosso (mT)

FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO

20

Os segmentos de cria recria e engorda cons-

tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos

de corte Estes podem estar presentes em uma

mesma propriedade ou separados

bull Cria Compreende o periacuteodo de

cobertura ateacute a desmama

bull Recria Compreende a periacuteodo entre a

desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute

a reproduccedilatildeo em fecircmeas

bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal

para o abate que pode ser feita

a pasto ou no confinamento

Assim essas fases designam o sistema de pro-

duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de

cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-

to quando essas fases estatildeo presentes em uma

mesma fazenda diz-se que a mesma possui um

sistema de produccedilatildeo de ciclo completo

sistemAs de produccedilatildeo de cArNe

21

implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps

Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual

de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e

o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-

ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos

animais nas fazendas

Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de

cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da

propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e

estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade

Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as

fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de

pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado

o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte

da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa

aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem

A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura

e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-

ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-

cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto

mais degradado maior a necessidade de reforma

Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado

dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-

mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura

da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo

dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100

kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)

22

bull Recuperar pastagens degradadas uma

das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de

corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-

gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das

aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se

encontram abandonadas ou subutilizadas

promovendo ganhos de produtividade e au-

mentando o sequestro de carbono nos solos

Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo

estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e

de energia Sistemas produtivos estabeleci-

dos em pastagens recuperadas podem pro-

duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se

comparados a sistemas em pastagens de-

gradadas O primeiro passo para recuperar

pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da

fazenda para posterior intervenccedilatildeo

bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-

mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-

lita um melhor uso da forragem aumentando

a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo

para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-

de pois permite o abate de animais mais jo-

vens e com melhor acabamento No entanto

para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-

to de boa qualidade todos os insumos natildeo

podem conter componentes ou resiacuteduos que

possam acarretar problemas agrave sauacutede animal

e humana

bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto

de atividades veterinaacuterias regularmente pla-

nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e

manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas

accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-

zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-

fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo

precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-

ccedilatildeo e banho carrapaticida

bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um

conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a

eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-

mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-

priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel

Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA

ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a

instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias

na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

(MARCUZZO 2015)

23

gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo

do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia

produtiva do rebanho de cria pode ser obtida

por meio das seguintes praacuteticas de manejo

a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de

ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-

tes etc)

b Escolha do periacuteodo de monta

c Escolha do sistema de acasalamento

d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo

e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes

f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama

g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais

h Controle sanitaacuterio do rebanho

bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-

do dos recursos naturais existentes na pro-

priedade rural em conformidade com as leis

ambientais e com as teacutecnicas recomendadas

para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-

de dos recursos hiacutedricos e da paisagem

bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-

quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo

accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-

ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-

cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo

de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e

direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-

dimento das exigecircncias legais e o registro

de todos as atividades e processos da pro-

priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria

e ambiental)(Valle 2011)

24

caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee

Ferramenta de caacutelculo

A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das

emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas

aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais

fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala

de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-

riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-

tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para

condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006

WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)

FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees

Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a

quantidade de GEE emitido (ou removido) pela

quantidade de material consumido ou processa-

do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-

mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg

kg) ou porcentagem ()

balanccedilo de gee =

emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)

O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende

a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)

de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na

pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-

la de fazenda (da porteira para dentro) envolve

a soma das emissotildees de GEE pelos animais e

seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-

dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-

quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-

da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em

solos bem manejados

25

PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA

TR

An

SPOR

TES

CO2

n2O

CH4

REB

AnHO

COndIccedilatildeO dO PASTO

USOS dE InSUmOS

FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA

26

Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)

pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de

dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de

acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade

A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de

fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao

solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela

queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-

culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo

sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)

Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de

GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-

lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do

inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)

O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado

com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-

ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-

tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-

sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda

analisada pode ser visto no Anexo 1

coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo

Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou

os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-

priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e

suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a

total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas

O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da

base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades

participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-

zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)

27

O Potencial de Aquecimento Global (Global

Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-

timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-

rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo

ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma

vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-

ciais de aquecer a Terra quando presentes na

atmosfera O IPCC determina os valores GWP

a serem utilizados e os atualiza de acordo com

o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea

Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute

foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo

(Assessment Report) do IPCC

AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-

decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-

lizados globalmente A calculadora de emissotildees

GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta

em seu modo default os valores GWP reporta-

dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar

de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-

quer outro valor GWP Entretanto nota-se que

para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-

dos apresentados em CO2e eacute preciso checar

se esses valores foram calculados utilizando os

mesmos fatores GWP

Assessment report

Ar2 Ar3 Ar5

1 1 1

21 25 28

310 298 265

poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)

28

paracircmetros utilizados

1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade

2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens

3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)

29

Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que

intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na

meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue

A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi

dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio

entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos

de anaacutelise

Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo

das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos

do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo

condiccedilatildeo das pastagens

bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)

bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo

de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo

moderada para severamente degradada (IPCC 2006)

bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de

degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)

Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da

mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-

mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas

atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros

trabalhos

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

que

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sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 4: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

A agropecuaacuteria brasileira eacute uma das mais importantes produto-

ras de alimento do mundo Entretanto tem enfrentado um du-

plo desafio aumentar sua produccedilatildeo para atender uma popula-

ccedilatildeo em crescimento e reduzir suas emissotildees de gases de efeito

estufa (GEE) para mitigar as mudanccedilas climaacuteticas globais

Os desafios tem sido pauta de compromissos climaacuteticos mun-

diais como o que ocorreu na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-

21) em Paris em 2015 e que culminou com o Acordo de Paris

Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro se comprometeu a recupe-

rar 15 milhotildees de hectares de pastagens degradadas e expandir

outros 5 milhotildees de hectares de sistemas produtivos integrados

como estrateacutegia para reduzir as emissotildees de GEE nacionais

ateacute 2030

4

Contudo satildeo limitadas as evidecircncias de como um conjunto

de praacuteticas agropecuaacuterias afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as

emissotildees de GEE em propriedades rurais brasileiras O

tem trabalhado para suprir essa lacuna de informaccedilotildees ava-

liando iniciativas regionais jaacute estabelecidas e que promovam

sistemas de produccedilatildeo mais sustentaacuteveis conciliando produccedilatildeo

e conservaccedilatildeo

No presente trabalho o apresenta estimativas do balan-

ccedilo de GEE durante a intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da produccedilatildeo

pecuaacuteria na Amazocircnia aplicadas agrave anaacutelise do Programa Novo

Campo uma iniciativa que atua em fazendas de pecuaacuteria de

corte no estado do Mato Grosso Promovendo a gestatildeo integra-

da da propriedade rural o programa fomenta a adoccedilatildeo progres-

siva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Gado de Corte (BPA)

da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel

(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS)

Essa anaacutelise mostra que o potencial de reduccedilatildeo de emissotildees de

GEE das fazendas participantes do programa alcanccedilaraacute cerca

de 50 por hectare e 90 por quilograma de carne produzida

com elevaccedilatildeo da produccedilatildeo de carne em cinco vezes Apenas nos

dois primeiros anos de melhorias nas praacuteticas agropecuaacuterias em

5

propriedades com elevada taxa de degradaccedilatildeo de pastagens

o programa jaacute proporcionou aumento da produccedilatildeo de carne de

quase 100 e reduziu as emissotildees de GEE em 25 por hectare

de pastagem e em 60 por quilograma de carne produzida

Esses resultados satildeo consequecircncia de uma estrateacutegia que ini-

cialmente recuperou cerca de 10 da aacuterea de pastagem das

propriedades participantes Essa proporccedilatildeo representa qua-

se 500 dos 3500 ha de pastagens degradadas cobertas pelo

programa - dos quais 190 ha foram reformados com sistema

de Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria (iLP) Adicionalmente essa

estrateacutegia introduz e aperfeiccediloa praacuteticas como o pastejo rota-

cionado teacutecnicas de suplementaccedilatildeo sanidade e reproduccedilatildeo

animal e sistemas de gestatildeo para a sustentabilidade das pro-

priedades como um todo

A avaliaccedilatildeo feita pelo mostra que a estrateacutegia ado-

tada pelo Programa Novo Campo tem conduzido os niacuteveis

de emissatildeo de GEE das fazendas participantes a patamares

similares aos encontrados em outras localidades do mundo

com alta eficiecircncia de produccedilatildeo como Nova Zelacircndia Uniatildeo

Europeia e Estados Unidos

Este trabalho tambeacutem mostra o potencial e a capacidade da

pecuaacuteria de corte em reduzir suas emissotildees de GEE e aumen-

tar a produccedilatildeo de proteiacutena animal podendo subsidiar produ-

tores na adoccedilatildeo de boas praacuteticas em larga escala Ao mesmo

tempo tambeacutem deve auxiliar tomadores de decisatildeo consumi-

dores e demais atores da cadeia da carne quanto agrave importacircn-

cia da produccedilatildeo sustentaacutevel em escala para a manutenccedilatildeo do

clima e atendimento a demanda por alimentos

O trabalho apresentado pelo reforccedila a coerecircncia das

metas propostas pelo governo brasileiro para reduccedilatildeo das

emissotildees nacionais Mas tambeacutem alerta tomadores de deci-

satildeo para o desafio de ampliar a assistecircncia teacutecnica e a di-

fusatildeo de tecnologia ao produtor rural Somente a reforma de

pastagens natildeo seraacute suficiente - eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo

de sistemas de gestatildeo que incluam um conjunto de boas praacute-

ticas agropecuaacuterias em escala no Brasil para que as metas

sejam alcanccediladas

Conselho Diretor

Adalberto Veriacutessimo

Andreacute Villas-Bocircas

Maria Zulmira de Souza

Seacutergio Esteves

Maria Celia M Toledo Cruz

Tasso Rezende de Azevedo

Ricardo Abramovay

Conselho Consultivo

Maacuterio Mantovani

Marcelo Paixatildeo

Marilena Lazzarini

Rubens Mendonccedila

Conselho Fiscal

Adauto Tadeu Basiacutelio

Erika Bechara

Rubens Mazon

Sec Executiva

Laura de Santis Prada

Roberto Palmieri

Comunicaccedilatildeo

Priscila Mantelatto

Marina Jordatildeo

Faacutetima Nunes

Diuliane Silva

Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola (Imaflorareg)

Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia Marina Piatto Ciniro Costa Junior - Piracicaba SP Imaflora 2016 68 p 21 x 28 cm

ISBN 978-85-98081-86-1

1 Agropecuaacuteria brasileira 2 Emissotildees de GEE 3 Cadeia de valor - Carne 4 Amazocircnia Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia

RealizaccedilatildeoInstituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Imaflorareg

Coord do estudoMarina Piatto

AutoresCiniro Costa JuniorMarina Piatto

RevisatildeoEduardo Assad Embrapareg

Susian Martins FGV-EESP GV-AGROreg

FotografiaAcervo Imaflorareg

Instituto Centro de Vida ICVreg

Projeto graacutefico e infografiaThiago Oliveira Basso Obassreg

Apoio financeiroMoore Foundationreg

GTPSreg

Essa licenccedila natildeo vale para fotos e ilustraccedilotildees que permanecem em copyright Nota inserida na contracapa

produccedilatildeo de carne bovina

e mudanccedilas climaacuteticas

11

O BRASIl aleacutem de possuir o maior rebanho comercial do mundo eacute tambeacutem um dos

maiores produtores consumidores e exportadores de carne bovina Da atual produccedilatildeo de

carne brasileira (oito milhotildees de toneladas anuais) 75 eacute consumida internamente e o

restante eacute exportado principalmente para paiacuteses da Europa e da Aacutesia (IBGE ABIEC sd)

Com esses nuacutemeros o Valor Bruto da Produccedilatildeo (VBP) da carne bovina foi estimado em

R$ 704 bilhotildees para 2015 (atraacutes apenas do complexo da soja) tornando-se assim um dos

principais setores da economia do paiacutes (BRASIL 2015a) Aleacutem disso essas posiccedilotildees ten-

dem a se manter com a projeccedilatildeo de aumento de produccedilatildeo de 25 para suprir demandas

por carne na proacutexima deacutecada (BRASIL 2015b)

Por outro lado a criaccedilatildeo de bovinos de corte eacute tambeacutem uma das principais fontes de

emissatildeo de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil ndash em 2015 foram emitidos 274

MtCO2e por essa atividade Nesse mesmo ano o paiacutes todo emitiu cerca de 1900 Mt-

CO2e sendo que o setor de agropecuaacuteria contribuiu com 22 dessas emissotildees

(425 MtCO2e) Assim a quantidade de GEE emitida apenas pela pecuaacuteria de cor-

te representa 65 das emissotildees do setor agropecuaacuterio e 15 das emissotildees do paiacutes

atualmente (SEEG sd) Existem ainda as emissotildees de GEE devido a degradaccedilatildeo dos

solos de pastagens estimada em aproximadamente 200 MtCO2e mas que ainda natildeo satildeo

computados no inventaacuterio nacional (SEEG 2016)

O impacto da atividade pecuaacuteria seria reduzido caso o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo

fosse melhorado Estima-se que a produccedilatildeo de carne bovina no Brasil pode ao menos do-

brar utilizando as aacutereas de pastagem jaacute existentes (STRASSBURG et al 2014) Com baixa

exploraccedilatildeo de seu potencial as aacutereas de pastagem tornam-se susceptiacuteveis a degradaccedilatildeo

Com isso estima-se que hoje existem entre 40 e 50 milhotildees de hectares de pastagens

degradadas no Brasil (Eduardo AssadEmbrapa-Comunicaccedilatildeo Pessoal)

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2030 com as atuais ten-

decircncias de produtividade (IBGE sd) seria necessaacuterio aumentar seu rebanho em torno

de 15 (30 milhotildees de cabeccedilas) Nesse contexto acredita-se que apenas os estados da

Amazocircnia comportariam 40 desses animais adicionais (BARBOSA et al 2015) Com

isso haacute um alerta para a potencial conversatildeo de aacutereas nativas e degradaccedilatildeo de aacutereas jaacute

estabelecidas para acomodar esses animais excedentes

12

Nesse sentido a produccedilatildeo de carne bovina brasileira tem sido foco de preocupaccedilotildees

quanto o seu atual e futuro impacto nas mudanccedilas climaacuteticas globais Tanto eacute que se

tornou o tema central nas metas de reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE apresentadas pelo Brasil

na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) realizada em Paris em 2015 evento global que

culminou com maior acordo climaacutetico global jaacute visto o Acordo de Paris (BRASIL 2015c d)

De acordo com o decreto que regulamenta a

Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima ndash

PNMC (BRASIL 2010) o Brasil oficializa um

compromisso voluntaacuterio de reduzir suas emis-

sotildees de GEE entre 361 e 389 ateacute 2020 com-

paradas aos niacuteveis de 2005 Para cumprir essa

meta o decreto tambeacutem prevecirc a elaboraccedilatildeo

de Planos Setoriais com a inclusatildeo de accedilotildees

indicadores e metas especiacuteficas de reduccedilatildeo de

emissotildees e mecanismos para a verificaccedilatildeo do

seu cumprimento para guiar cada setor

O plano setorial para a Agricultura eacute chama-

do de Plano ABC (BRASIL 2012) Esse plano

tem abrangecircncia nacional e seu periacuteodo de vi-

gecircncia eacute de 2010 a 2020 sendo composto por

seis programas relacionados a tecnologias de

mitigaccedilatildeo

1 Recuperaccedilatildeo de 15 milhotildees de

hectares de pastagens degradadas

2 Expansatildeo de 4 milhotildees de hectares de

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta

(iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs)

3 Expansatildeo de 8 milhotildees de hectares

de Sistema Plantio Direto (SPD)

4 Introduccedilatildeo da Fixaccedilatildeo Bioloacutegica

de Nitrogecircnio (FBN) em 55

milhotildees de hectares

5 Expansatildeo de florestas plantadas

em 55 milhotildees de hectares

6 Tratamento de 44 milhotildees

de m3 dejetos animais

Enquanto isso na 21ordf Conferecircncia das Partes

(COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees

Unidas sobre Mudanccedila do Clima realizada em

novembro de 2015 em Paris reuniu 195 paiacuteses

e culminou na elaboraccedilatildeo do Acordo de Paris

Esse acordo tem objetivo de conter o aumento

Acordos climaacuteticos e A AgropecuaacuteriA brAsileirA

13

da temperatura meacutedia global em bem menos

do que 2oC acima dos niacuteveis preacute-industriais

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da

soma de esforccedilos desses 195 paiacuteses incluindo

o Brasil por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo

Nacionalmente Determinadas (INDC)

Apoacutes ratificada pelo presidente Michel Temer em

setembro de 2016 a INCD brasileira deixou de

ser uma pretensatildeo e se tornou um compromis-

so formal de contribuiccedilatildeo chamando-se agora

NDC A NDC brasileira por sua vez se compro-

mete em reduzir as emissotildees do paiacutes em 37

abaixo dos niacuteveis de 2005 em 2025 e subse-

quentemente reduzir essas emissotildees em 43

abaixo dos niacuteveis de 2005 (21 GtCO2e) em 2030

(BRASIL 2015cd) Isso significa o paiacutes reduzir

900 Mt CO2e ateacute 2030 o que resultaria em uma

emissatildeo nesse ano estimada em 1200 Mt CO2e

No que se refere ao setor agriacutecola a NDC brasi-

leira planeja fortalecer o Plano ABC por meio da

recuperaccedilatildeo adicional de 15 milhotildees de hecta-

res de pastagens degradadas e incremento de 5

milhotildees de hectares de sistemas de integraccedilatildeo

Lavoura-Pecuaacuteria-Florestas (iLPF) ateacute 2030

14

Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo Nacional-

mente Determinada (INDC ndash do inglecircs intended Nationally Determined Contribution) se

comprometeu em fortalecer o Plano ABC (BRASIL 2012) com a recuperaccedilatildeo de 15 mi-

lhotildees de hectares de pastagens degradadas e expansatildeo de 5 milhotildees de hectares siste-

mas de produccedilatildeo pecuaacuteria integrados com lavoura e floresta no paiacutes ateacute 2030

A INDC brasileira foi ratificada em setembro de 2016 pelo presidente Michel Temer dei-

xando assim de ter caraacuteter de pretensatildeo e se tornando um compromisso formal de contri-

buiccedilatildeo E assim passa a partir de agora a ser chamada de NDC As accedilotildees contempladas

na NDC brasileira tecircm como objetivo de suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios e

manter as emissotildees do setor de agropecuaacuteria em 2030 sob mesmo patamar de emissotildees

de 2005 ano base da NDC brasileira (BRASIL 2015c d)

Entretanto existem poucas evidecircncias de como um conjunto de boas praacuteticas afetam as

emissotildees de GEE e a produccedilatildeo de fazendas de gado de corte (HAVLIK et al 2014 WOL-

LENBERG et al 2016) Nesse contexto existe a necessidade da avaliaccedilatildeo de iniciativas

reais que introduzem praacuteticas baseadas na recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas com

o objetivo de aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de carne bovina no Brasil e ao mesmo

tempo reduzir as emissotildees de GEE

Esse eacute o caso por exemplo do Programa Novo Campo Coordenado pelo Instituto Centro

de Vida (ICV) o programa tem por objetivo promover praacuteticas sustentaacuteveis de produccedilatildeo de

carne em fazendas de pecuaacuteria na Amazocircnia melhorando o seu desempenho econocircmico

social e ambiental Com isso contribui para reduzir o desmatamento conservar ou recu-

perar os recursos naturais e fortalecer a economia local (ICV 2014)

As intervenccedilotildees promovidas pelo Programa Novo Campo satildeo baseadas na gestatildeo integra-

da da propriedade rural com a adoccedilatildeo progressiva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bo-

vinos de Corte (Valle 2011) da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel

(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS) Ambos estatildeo centralizados

na recuperaccedilatildeo e intensificaccedilatildeo de pastagens degradadas no fornecimento adequado de

suplementaccedilatildeo na melhoria do manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e na adequa-

ccedilatildeo ambiental das propriedades (MARCUZZO 2015)

15

Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser

definidas como um conjunto de normas e de

procedimentos a serem observados para tornar

os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-

taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-

dor o fornecimento de alimentos produzidos de

forma sustentaacutevel (Valle 2011)

A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam

periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de

boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-

ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-

cadores que abrangem todo o sistema produti-

vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental

social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e

das pastagens

BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007

pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-

rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um

conjunto de normas e de procedimentos a se-

rem observados pelos produtores rurais para

que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais

rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-

mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao

adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar

e controlar os diversos fatores que influenciam a

produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-

ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo

do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-

dades de conquista de novos mercados que va-

lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle

2011)

GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar

todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria

bovina a usarem os indicadores como uma fer-

ramenta de busca da sustentabilidade Para o

GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-

lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-

tros quantitativos ou qualitativos que podem ser

avaliados de acordo com alguns criteacuterios No

GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-

do estaacutegios cumulativos de desempenho e os

criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala

de desempenho (GTPS sd)

boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps

16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-

CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas

participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir

intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de

bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas

bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia

bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano

bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores

bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha

Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo

Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio

da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-

pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras

fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-

cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de

emissotildees

Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-

pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-

sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais

METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL

DO PROGRAMA NOVO CAMPO

18

CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-

zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as

primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1

Tabela 1 Anexo 1 e 2)

As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes

estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as

deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo

como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho

Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta

passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-

ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-

ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)

TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012

Nome fazenda

Aacuterea de pastagem (ha)

Nuacutemero meacutedio de animais

Sistema produccedilatildeo

Produccedilatildeo meacutedia carne

(kg ha-1 ano-1)

Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790

Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732

Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724

Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500

Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511

19

n 5 000 km

Amazocircnia

Cerrado

Pantanal

Caatinga

mata Atlacircntica

Pampa

fazendas novo Campo

mato Grosso (mT)

FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO

20

Os segmentos de cria recria e engorda cons-

tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos

de corte Estes podem estar presentes em uma

mesma propriedade ou separados

bull Cria Compreende o periacuteodo de

cobertura ateacute a desmama

bull Recria Compreende a periacuteodo entre a

desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute

a reproduccedilatildeo em fecircmeas

bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal

para o abate que pode ser feita

a pasto ou no confinamento

Assim essas fases designam o sistema de pro-

duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de

cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-

to quando essas fases estatildeo presentes em uma

mesma fazenda diz-se que a mesma possui um

sistema de produccedilatildeo de ciclo completo

sistemAs de produccedilatildeo de cArNe

21

implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps

Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual

de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e

o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-

ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos

animais nas fazendas

Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de

cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da

propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e

estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade

Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as

fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de

pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado

o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte

da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa

aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem

A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura

e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-

ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-

cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto

mais degradado maior a necessidade de reforma

Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado

dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-

mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura

da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo

dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100

kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)

22

bull Recuperar pastagens degradadas uma

das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de

corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-

gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das

aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se

encontram abandonadas ou subutilizadas

promovendo ganhos de produtividade e au-

mentando o sequestro de carbono nos solos

Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo

estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e

de energia Sistemas produtivos estabeleci-

dos em pastagens recuperadas podem pro-

duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se

comparados a sistemas em pastagens de-

gradadas O primeiro passo para recuperar

pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da

fazenda para posterior intervenccedilatildeo

bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-

mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-

lita um melhor uso da forragem aumentando

a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo

para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-

de pois permite o abate de animais mais jo-

vens e com melhor acabamento No entanto

para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-

to de boa qualidade todos os insumos natildeo

podem conter componentes ou resiacuteduos que

possam acarretar problemas agrave sauacutede animal

e humana

bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto

de atividades veterinaacuterias regularmente pla-

nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e

manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas

accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-

zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-

fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo

precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-

ccedilatildeo e banho carrapaticida

bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um

conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a

eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-

mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-

priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel

Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA

ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a

instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias

na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

(MARCUZZO 2015)

23

gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo

do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia

produtiva do rebanho de cria pode ser obtida

por meio das seguintes praacuteticas de manejo

a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de

ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-

tes etc)

b Escolha do periacuteodo de monta

c Escolha do sistema de acasalamento

d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo

e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes

f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama

g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais

h Controle sanitaacuterio do rebanho

bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-

do dos recursos naturais existentes na pro-

priedade rural em conformidade com as leis

ambientais e com as teacutecnicas recomendadas

para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-

de dos recursos hiacutedricos e da paisagem

bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-

quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo

accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-

ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-

cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo

de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e

direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-

dimento das exigecircncias legais e o registro

de todos as atividades e processos da pro-

priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria

e ambiental)(Valle 2011)

24

caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee

Ferramenta de caacutelculo

A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das

emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas

aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais

fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala

de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-

riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-

tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para

condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006

WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)

FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees

Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a

quantidade de GEE emitido (ou removido) pela

quantidade de material consumido ou processa-

do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-

mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg

kg) ou porcentagem ()

balanccedilo de gee =

emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)

O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende

a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)

de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na

pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-

la de fazenda (da porteira para dentro) envolve

a soma das emissotildees de GEE pelos animais e

seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-

dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-

quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-

da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em

solos bem manejados

25

PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA

TR

An

SPOR

TES

CO2

n2O

CH4

REB

AnHO

COndIccedilatildeO dO PASTO

USOS dE InSUmOS

FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA

26

Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)

pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de

dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de

acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade

A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de

fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao

solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela

queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-

culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo

sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)

Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de

GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-

lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do

inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)

O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado

com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-

ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-

tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-

sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda

analisada pode ser visto no Anexo 1

coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo

Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou

os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-

priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e

suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a

total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas

O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da

base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades

participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-

zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)

27

O Potencial de Aquecimento Global (Global

Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-

timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-

rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo

ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma

vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-

ciais de aquecer a Terra quando presentes na

atmosfera O IPCC determina os valores GWP

a serem utilizados e os atualiza de acordo com

o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea

Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute

foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo

(Assessment Report) do IPCC

AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-

decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-

lizados globalmente A calculadora de emissotildees

GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta

em seu modo default os valores GWP reporta-

dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar

de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-

quer outro valor GWP Entretanto nota-se que

para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-

dos apresentados em CO2e eacute preciso checar

se esses valores foram calculados utilizando os

mesmos fatores GWP

Assessment report

Ar2 Ar3 Ar5

1 1 1

21 25 28

310 298 265

poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)

28

paracircmetros utilizados

1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade

2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens

3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)

29

Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que

intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na

meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue

A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi

dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio

entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos

de anaacutelise

Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo

das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos

do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo

condiccedilatildeo das pastagens

bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)

bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo

de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo

moderada para severamente degradada (IPCC 2006)

bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de

degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)

Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da

mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-

mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas

atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros

trabalhos

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

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sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 5: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

Contudo satildeo limitadas as evidecircncias de como um conjunto

de praacuteticas agropecuaacuterias afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as

emissotildees de GEE em propriedades rurais brasileiras O

tem trabalhado para suprir essa lacuna de informaccedilotildees ava-

liando iniciativas regionais jaacute estabelecidas e que promovam

sistemas de produccedilatildeo mais sustentaacuteveis conciliando produccedilatildeo

e conservaccedilatildeo

No presente trabalho o apresenta estimativas do balan-

ccedilo de GEE durante a intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da produccedilatildeo

pecuaacuteria na Amazocircnia aplicadas agrave anaacutelise do Programa Novo

Campo uma iniciativa que atua em fazendas de pecuaacuteria de

corte no estado do Mato Grosso Promovendo a gestatildeo integra-

da da propriedade rural o programa fomenta a adoccedilatildeo progres-

siva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Gado de Corte (BPA)

da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel

(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS)

Essa anaacutelise mostra que o potencial de reduccedilatildeo de emissotildees de

GEE das fazendas participantes do programa alcanccedilaraacute cerca

de 50 por hectare e 90 por quilograma de carne produzida

com elevaccedilatildeo da produccedilatildeo de carne em cinco vezes Apenas nos

dois primeiros anos de melhorias nas praacuteticas agropecuaacuterias em

5

propriedades com elevada taxa de degradaccedilatildeo de pastagens

o programa jaacute proporcionou aumento da produccedilatildeo de carne de

quase 100 e reduziu as emissotildees de GEE em 25 por hectare

de pastagem e em 60 por quilograma de carne produzida

Esses resultados satildeo consequecircncia de uma estrateacutegia que ini-

cialmente recuperou cerca de 10 da aacuterea de pastagem das

propriedades participantes Essa proporccedilatildeo representa qua-

se 500 dos 3500 ha de pastagens degradadas cobertas pelo

programa - dos quais 190 ha foram reformados com sistema

de Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria (iLP) Adicionalmente essa

estrateacutegia introduz e aperfeiccediloa praacuteticas como o pastejo rota-

cionado teacutecnicas de suplementaccedilatildeo sanidade e reproduccedilatildeo

animal e sistemas de gestatildeo para a sustentabilidade das pro-

priedades como um todo

A avaliaccedilatildeo feita pelo mostra que a estrateacutegia ado-

tada pelo Programa Novo Campo tem conduzido os niacuteveis

de emissatildeo de GEE das fazendas participantes a patamares

similares aos encontrados em outras localidades do mundo

com alta eficiecircncia de produccedilatildeo como Nova Zelacircndia Uniatildeo

Europeia e Estados Unidos

Este trabalho tambeacutem mostra o potencial e a capacidade da

pecuaacuteria de corte em reduzir suas emissotildees de GEE e aumen-

tar a produccedilatildeo de proteiacutena animal podendo subsidiar produ-

tores na adoccedilatildeo de boas praacuteticas em larga escala Ao mesmo

tempo tambeacutem deve auxiliar tomadores de decisatildeo consumi-

dores e demais atores da cadeia da carne quanto agrave importacircn-

cia da produccedilatildeo sustentaacutevel em escala para a manutenccedilatildeo do

clima e atendimento a demanda por alimentos

O trabalho apresentado pelo reforccedila a coerecircncia das

metas propostas pelo governo brasileiro para reduccedilatildeo das

emissotildees nacionais Mas tambeacutem alerta tomadores de deci-

satildeo para o desafio de ampliar a assistecircncia teacutecnica e a di-

fusatildeo de tecnologia ao produtor rural Somente a reforma de

pastagens natildeo seraacute suficiente - eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo

de sistemas de gestatildeo que incluam um conjunto de boas praacute-

ticas agropecuaacuterias em escala no Brasil para que as metas

sejam alcanccediladas

Conselho Diretor

Adalberto Veriacutessimo

Andreacute Villas-Bocircas

Maria Zulmira de Souza

Seacutergio Esteves

Maria Celia M Toledo Cruz

Tasso Rezende de Azevedo

Ricardo Abramovay

Conselho Consultivo

Maacuterio Mantovani

Marcelo Paixatildeo

Marilena Lazzarini

Rubens Mendonccedila

Conselho Fiscal

Adauto Tadeu Basiacutelio

Erika Bechara

Rubens Mazon

Sec Executiva

Laura de Santis Prada

Roberto Palmieri

Comunicaccedilatildeo

Priscila Mantelatto

Marina Jordatildeo

Faacutetima Nunes

Diuliane Silva

Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola (Imaflorareg)

Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia Marina Piatto Ciniro Costa Junior - Piracicaba SP Imaflora 2016 68 p 21 x 28 cm

ISBN 978-85-98081-86-1

1 Agropecuaacuteria brasileira 2 Emissotildees de GEE 3 Cadeia de valor - Carne 4 Amazocircnia Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia

RealizaccedilatildeoInstituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Imaflorareg

Coord do estudoMarina Piatto

AutoresCiniro Costa JuniorMarina Piatto

RevisatildeoEduardo Assad Embrapareg

Susian Martins FGV-EESP GV-AGROreg

FotografiaAcervo Imaflorareg

Instituto Centro de Vida ICVreg

Projeto graacutefico e infografiaThiago Oliveira Basso Obassreg

Apoio financeiroMoore Foundationreg

GTPSreg

Essa licenccedila natildeo vale para fotos e ilustraccedilotildees que permanecem em copyright Nota inserida na contracapa

produccedilatildeo de carne bovina

e mudanccedilas climaacuteticas

11

O BRASIl aleacutem de possuir o maior rebanho comercial do mundo eacute tambeacutem um dos

maiores produtores consumidores e exportadores de carne bovina Da atual produccedilatildeo de

carne brasileira (oito milhotildees de toneladas anuais) 75 eacute consumida internamente e o

restante eacute exportado principalmente para paiacuteses da Europa e da Aacutesia (IBGE ABIEC sd)

Com esses nuacutemeros o Valor Bruto da Produccedilatildeo (VBP) da carne bovina foi estimado em

R$ 704 bilhotildees para 2015 (atraacutes apenas do complexo da soja) tornando-se assim um dos

principais setores da economia do paiacutes (BRASIL 2015a) Aleacutem disso essas posiccedilotildees ten-

dem a se manter com a projeccedilatildeo de aumento de produccedilatildeo de 25 para suprir demandas

por carne na proacutexima deacutecada (BRASIL 2015b)

Por outro lado a criaccedilatildeo de bovinos de corte eacute tambeacutem uma das principais fontes de

emissatildeo de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil ndash em 2015 foram emitidos 274

MtCO2e por essa atividade Nesse mesmo ano o paiacutes todo emitiu cerca de 1900 Mt-

CO2e sendo que o setor de agropecuaacuteria contribuiu com 22 dessas emissotildees

(425 MtCO2e) Assim a quantidade de GEE emitida apenas pela pecuaacuteria de cor-

te representa 65 das emissotildees do setor agropecuaacuterio e 15 das emissotildees do paiacutes

atualmente (SEEG sd) Existem ainda as emissotildees de GEE devido a degradaccedilatildeo dos

solos de pastagens estimada em aproximadamente 200 MtCO2e mas que ainda natildeo satildeo

computados no inventaacuterio nacional (SEEG 2016)

O impacto da atividade pecuaacuteria seria reduzido caso o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo

fosse melhorado Estima-se que a produccedilatildeo de carne bovina no Brasil pode ao menos do-

brar utilizando as aacutereas de pastagem jaacute existentes (STRASSBURG et al 2014) Com baixa

exploraccedilatildeo de seu potencial as aacutereas de pastagem tornam-se susceptiacuteveis a degradaccedilatildeo

Com isso estima-se que hoje existem entre 40 e 50 milhotildees de hectares de pastagens

degradadas no Brasil (Eduardo AssadEmbrapa-Comunicaccedilatildeo Pessoal)

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2030 com as atuais ten-

decircncias de produtividade (IBGE sd) seria necessaacuterio aumentar seu rebanho em torno

de 15 (30 milhotildees de cabeccedilas) Nesse contexto acredita-se que apenas os estados da

Amazocircnia comportariam 40 desses animais adicionais (BARBOSA et al 2015) Com

isso haacute um alerta para a potencial conversatildeo de aacutereas nativas e degradaccedilatildeo de aacutereas jaacute

estabelecidas para acomodar esses animais excedentes

12

Nesse sentido a produccedilatildeo de carne bovina brasileira tem sido foco de preocupaccedilotildees

quanto o seu atual e futuro impacto nas mudanccedilas climaacuteticas globais Tanto eacute que se

tornou o tema central nas metas de reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE apresentadas pelo Brasil

na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) realizada em Paris em 2015 evento global que

culminou com maior acordo climaacutetico global jaacute visto o Acordo de Paris (BRASIL 2015c d)

De acordo com o decreto que regulamenta a

Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima ndash

PNMC (BRASIL 2010) o Brasil oficializa um

compromisso voluntaacuterio de reduzir suas emis-

sotildees de GEE entre 361 e 389 ateacute 2020 com-

paradas aos niacuteveis de 2005 Para cumprir essa

meta o decreto tambeacutem prevecirc a elaboraccedilatildeo

de Planos Setoriais com a inclusatildeo de accedilotildees

indicadores e metas especiacuteficas de reduccedilatildeo de

emissotildees e mecanismos para a verificaccedilatildeo do

seu cumprimento para guiar cada setor

O plano setorial para a Agricultura eacute chama-

do de Plano ABC (BRASIL 2012) Esse plano

tem abrangecircncia nacional e seu periacuteodo de vi-

gecircncia eacute de 2010 a 2020 sendo composto por

seis programas relacionados a tecnologias de

mitigaccedilatildeo

1 Recuperaccedilatildeo de 15 milhotildees de

hectares de pastagens degradadas

2 Expansatildeo de 4 milhotildees de hectares de

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta

(iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs)

3 Expansatildeo de 8 milhotildees de hectares

de Sistema Plantio Direto (SPD)

4 Introduccedilatildeo da Fixaccedilatildeo Bioloacutegica

de Nitrogecircnio (FBN) em 55

milhotildees de hectares

5 Expansatildeo de florestas plantadas

em 55 milhotildees de hectares

6 Tratamento de 44 milhotildees

de m3 dejetos animais

Enquanto isso na 21ordf Conferecircncia das Partes

(COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees

Unidas sobre Mudanccedila do Clima realizada em

novembro de 2015 em Paris reuniu 195 paiacuteses

e culminou na elaboraccedilatildeo do Acordo de Paris

Esse acordo tem objetivo de conter o aumento

Acordos climaacuteticos e A AgropecuaacuteriA brAsileirA

13

da temperatura meacutedia global em bem menos

do que 2oC acima dos niacuteveis preacute-industriais

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da

soma de esforccedilos desses 195 paiacuteses incluindo

o Brasil por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo

Nacionalmente Determinadas (INDC)

Apoacutes ratificada pelo presidente Michel Temer em

setembro de 2016 a INCD brasileira deixou de

ser uma pretensatildeo e se tornou um compromis-

so formal de contribuiccedilatildeo chamando-se agora

NDC A NDC brasileira por sua vez se compro-

mete em reduzir as emissotildees do paiacutes em 37

abaixo dos niacuteveis de 2005 em 2025 e subse-

quentemente reduzir essas emissotildees em 43

abaixo dos niacuteveis de 2005 (21 GtCO2e) em 2030

(BRASIL 2015cd) Isso significa o paiacutes reduzir

900 Mt CO2e ateacute 2030 o que resultaria em uma

emissatildeo nesse ano estimada em 1200 Mt CO2e

No que se refere ao setor agriacutecola a NDC brasi-

leira planeja fortalecer o Plano ABC por meio da

recuperaccedilatildeo adicional de 15 milhotildees de hecta-

res de pastagens degradadas e incremento de 5

milhotildees de hectares de sistemas de integraccedilatildeo

Lavoura-Pecuaacuteria-Florestas (iLPF) ateacute 2030

14

Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo Nacional-

mente Determinada (INDC ndash do inglecircs intended Nationally Determined Contribution) se

comprometeu em fortalecer o Plano ABC (BRASIL 2012) com a recuperaccedilatildeo de 15 mi-

lhotildees de hectares de pastagens degradadas e expansatildeo de 5 milhotildees de hectares siste-

mas de produccedilatildeo pecuaacuteria integrados com lavoura e floresta no paiacutes ateacute 2030

A INDC brasileira foi ratificada em setembro de 2016 pelo presidente Michel Temer dei-

xando assim de ter caraacuteter de pretensatildeo e se tornando um compromisso formal de contri-

buiccedilatildeo E assim passa a partir de agora a ser chamada de NDC As accedilotildees contempladas

na NDC brasileira tecircm como objetivo de suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios e

manter as emissotildees do setor de agropecuaacuteria em 2030 sob mesmo patamar de emissotildees

de 2005 ano base da NDC brasileira (BRASIL 2015c d)

Entretanto existem poucas evidecircncias de como um conjunto de boas praacuteticas afetam as

emissotildees de GEE e a produccedilatildeo de fazendas de gado de corte (HAVLIK et al 2014 WOL-

LENBERG et al 2016) Nesse contexto existe a necessidade da avaliaccedilatildeo de iniciativas

reais que introduzem praacuteticas baseadas na recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas com

o objetivo de aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de carne bovina no Brasil e ao mesmo

tempo reduzir as emissotildees de GEE

Esse eacute o caso por exemplo do Programa Novo Campo Coordenado pelo Instituto Centro

de Vida (ICV) o programa tem por objetivo promover praacuteticas sustentaacuteveis de produccedilatildeo de

carne em fazendas de pecuaacuteria na Amazocircnia melhorando o seu desempenho econocircmico

social e ambiental Com isso contribui para reduzir o desmatamento conservar ou recu-

perar os recursos naturais e fortalecer a economia local (ICV 2014)

As intervenccedilotildees promovidas pelo Programa Novo Campo satildeo baseadas na gestatildeo integra-

da da propriedade rural com a adoccedilatildeo progressiva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bo-

vinos de Corte (Valle 2011) da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel

(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS) Ambos estatildeo centralizados

na recuperaccedilatildeo e intensificaccedilatildeo de pastagens degradadas no fornecimento adequado de

suplementaccedilatildeo na melhoria do manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e na adequa-

ccedilatildeo ambiental das propriedades (MARCUZZO 2015)

15

Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser

definidas como um conjunto de normas e de

procedimentos a serem observados para tornar

os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-

taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-

dor o fornecimento de alimentos produzidos de

forma sustentaacutevel (Valle 2011)

A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam

periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de

boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-

ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-

cadores que abrangem todo o sistema produti-

vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental

social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e

das pastagens

BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007

pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-

rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um

conjunto de normas e de procedimentos a se-

rem observados pelos produtores rurais para

que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais

rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-

mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao

adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar

e controlar os diversos fatores que influenciam a

produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-

ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo

do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-

dades de conquista de novos mercados que va-

lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle

2011)

GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar

todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria

bovina a usarem os indicadores como uma fer-

ramenta de busca da sustentabilidade Para o

GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-

lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-

tros quantitativos ou qualitativos que podem ser

avaliados de acordo com alguns criteacuterios No

GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-

do estaacutegios cumulativos de desempenho e os

criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala

de desempenho (GTPS sd)

boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps

16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-

CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas

participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir

intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de

bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas

bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia

bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano

bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores

bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha

Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo

Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio

da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-

pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras

fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-

cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de

emissotildees

Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-

pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-

sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais

METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL

DO PROGRAMA NOVO CAMPO

18

CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-

zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as

primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1

Tabela 1 Anexo 1 e 2)

As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes

estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as

deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo

como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho

Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta

passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-

ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-

ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)

TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012

Nome fazenda

Aacuterea de pastagem (ha)

Nuacutemero meacutedio de animais

Sistema produccedilatildeo

Produccedilatildeo meacutedia carne

(kg ha-1 ano-1)

Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790

Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732

Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724

Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500

Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511

19

n 5 000 km

Amazocircnia

Cerrado

Pantanal

Caatinga

mata Atlacircntica

Pampa

fazendas novo Campo

mato Grosso (mT)

FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO

20

Os segmentos de cria recria e engorda cons-

tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos

de corte Estes podem estar presentes em uma

mesma propriedade ou separados

bull Cria Compreende o periacuteodo de

cobertura ateacute a desmama

bull Recria Compreende a periacuteodo entre a

desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute

a reproduccedilatildeo em fecircmeas

bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal

para o abate que pode ser feita

a pasto ou no confinamento

Assim essas fases designam o sistema de pro-

duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de

cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-

to quando essas fases estatildeo presentes em uma

mesma fazenda diz-se que a mesma possui um

sistema de produccedilatildeo de ciclo completo

sistemAs de produccedilatildeo de cArNe

21

implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps

Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual

de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e

o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-

ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos

animais nas fazendas

Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de

cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da

propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e

estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade

Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as

fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de

pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado

o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte

da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa

aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem

A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura

e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-

ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-

cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto

mais degradado maior a necessidade de reforma

Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado

dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-

mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura

da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo

dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100

kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)

22

bull Recuperar pastagens degradadas uma

das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de

corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-

gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das

aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se

encontram abandonadas ou subutilizadas

promovendo ganhos de produtividade e au-

mentando o sequestro de carbono nos solos

Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo

estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e

de energia Sistemas produtivos estabeleci-

dos em pastagens recuperadas podem pro-

duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se

comparados a sistemas em pastagens de-

gradadas O primeiro passo para recuperar

pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da

fazenda para posterior intervenccedilatildeo

bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-

mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-

lita um melhor uso da forragem aumentando

a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo

para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-

de pois permite o abate de animais mais jo-

vens e com melhor acabamento No entanto

para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-

to de boa qualidade todos os insumos natildeo

podem conter componentes ou resiacuteduos que

possam acarretar problemas agrave sauacutede animal

e humana

bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto

de atividades veterinaacuterias regularmente pla-

nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e

manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas

accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-

zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-

fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo

precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-

ccedilatildeo e banho carrapaticida

bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um

conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a

eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-

mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-

priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel

Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA

ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a

instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias

na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

(MARCUZZO 2015)

23

gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo

do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia

produtiva do rebanho de cria pode ser obtida

por meio das seguintes praacuteticas de manejo

a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de

ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-

tes etc)

b Escolha do periacuteodo de monta

c Escolha do sistema de acasalamento

d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo

e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes

f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama

g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais

h Controle sanitaacuterio do rebanho

bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-

do dos recursos naturais existentes na pro-

priedade rural em conformidade com as leis

ambientais e com as teacutecnicas recomendadas

para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-

de dos recursos hiacutedricos e da paisagem

bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-

quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo

accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-

ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-

cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo

de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e

direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-

dimento das exigecircncias legais e o registro

de todos as atividades e processos da pro-

priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria

e ambiental)(Valle 2011)

24

caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee

Ferramenta de caacutelculo

A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das

emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas

aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais

fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala

de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-

riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-

tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para

condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006

WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)

FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees

Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a

quantidade de GEE emitido (ou removido) pela

quantidade de material consumido ou processa-

do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-

mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg

kg) ou porcentagem ()

balanccedilo de gee =

emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)

O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende

a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)

de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na

pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-

la de fazenda (da porteira para dentro) envolve

a soma das emissotildees de GEE pelos animais e

seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-

dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-

quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-

da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em

solos bem manejados

25

PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA

TR

An

SPOR

TES

CO2

n2O

CH4

REB

AnHO

COndIccedilatildeO dO PASTO

USOS dE InSUmOS

FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA

26

Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)

pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de

dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de

acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade

A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de

fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao

solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela

queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-

culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo

sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)

Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de

GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-

lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do

inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)

O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado

com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-

ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-

tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-

sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda

analisada pode ser visto no Anexo 1

coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo

Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou

os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-

priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e

suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a

total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas

O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da

base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades

participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-

zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)

27

O Potencial de Aquecimento Global (Global

Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-

timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-

rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo

ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma

vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-

ciais de aquecer a Terra quando presentes na

atmosfera O IPCC determina os valores GWP

a serem utilizados e os atualiza de acordo com

o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea

Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute

foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo

(Assessment Report) do IPCC

AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-

decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-

lizados globalmente A calculadora de emissotildees

GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta

em seu modo default os valores GWP reporta-

dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar

de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-

quer outro valor GWP Entretanto nota-se que

para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-

dos apresentados em CO2e eacute preciso checar

se esses valores foram calculados utilizando os

mesmos fatores GWP

Assessment report

Ar2 Ar3 Ar5

1 1 1

21 25 28

310 298 265

poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)

28

paracircmetros utilizados

1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade

2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens

3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)

29

Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que

intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na

meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue

A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi

dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio

entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos

de anaacutelise

Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo

das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos

do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo

condiccedilatildeo das pastagens

bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)

bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo

de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo

moderada para severamente degradada (IPCC 2006)

bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de

degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)

Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da

mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-

mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas

atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros

trabalhos

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

REfEREcircnCIAS

ASSAD E MARTINS S Agricultura de baixa emissatildeo de carbono a evoluccedilatildeo de um novo pa-

radigma Observatoacuterio abc 2013 p 32-34

ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DAS INDUacuteSTRIAS EXPORTADORAS DE CARNE (ABIEC) Disponiacute-

vel em lthttpwwwabieccombrindexaspgt Acesso em 26 nov 2016

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

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eses

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seg

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sem

eadu

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o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 6: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

propriedades com elevada taxa de degradaccedilatildeo de pastagens

o programa jaacute proporcionou aumento da produccedilatildeo de carne de

quase 100 e reduziu as emissotildees de GEE em 25 por hectare

de pastagem e em 60 por quilograma de carne produzida

Esses resultados satildeo consequecircncia de uma estrateacutegia que ini-

cialmente recuperou cerca de 10 da aacuterea de pastagem das

propriedades participantes Essa proporccedilatildeo representa qua-

se 500 dos 3500 ha de pastagens degradadas cobertas pelo

programa - dos quais 190 ha foram reformados com sistema

de Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria (iLP) Adicionalmente essa

estrateacutegia introduz e aperfeiccediloa praacuteticas como o pastejo rota-

cionado teacutecnicas de suplementaccedilatildeo sanidade e reproduccedilatildeo

animal e sistemas de gestatildeo para a sustentabilidade das pro-

priedades como um todo

A avaliaccedilatildeo feita pelo mostra que a estrateacutegia ado-

tada pelo Programa Novo Campo tem conduzido os niacuteveis

de emissatildeo de GEE das fazendas participantes a patamares

similares aos encontrados em outras localidades do mundo

com alta eficiecircncia de produccedilatildeo como Nova Zelacircndia Uniatildeo

Europeia e Estados Unidos

Este trabalho tambeacutem mostra o potencial e a capacidade da

pecuaacuteria de corte em reduzir suas emissotildees de GEE e aumen-

tar a produccedilatildeo de proteiacutena animal podendo subsidiar produ-

tores na adoccedilatildeo de boas praacuteticas em larga escala Ao mesmo

tempo tambeacutem deve auxiliar tomadores de decisatildeo consumi-

dores e demais atores da cadeia da carne quanto agrave importacircn-

cia da produccedilatildeo sustentaacutevel em escala para a manutenccedilatildeo do

clima e atendimento a demanda por alimentos

O trabalho apresentado pelo reforccedila a coerecircncia das

metas propostas pelo governo brasileiro para reduccedilatildeo das

emissotildees nacionais Mas tambeacutem alerta tomadores de deci-

satildeo para o desafio de ampliar a assistecircncia teacutecnica e a di-

fusatildeo de tecnologia ao produtor rural Somente a reforma de

pastagens natildeo seraacute suficiente - eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo

de sistemas de gestatildeo que incluam um conjunto de boas praacute-

ticas agropecuaacuterias em escala no Brasil para que as metas

sejam alcanccediladas

Conselho Diretor

Adalberto Veriacutessimo

Andreacute Villas-Bocircas

Maria Zulmira de Souza

Seacutergio Esteves

Maria Celia M Toledo Cruz

Tasso Rezende de Azevedo

Ricardo Abramovay

Conselho Consultivo

Maacuterio Mantovani

Marcelo Paixatildeo

Marilena Lazzarini

Rubens Mendonccedila

Conselho Fiscal

Adauto Tadeu Basiacutelio

Erika Bechara

Rubens Mazon

Sec Executiva

Laura de Santis Prada

Roberto Palmieri

Comunicaccedilatildeo

Priscila Mantelatto

Marina Jordatildeo

Faacutetima Nunes

Diuliane Silva

Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola (Imaflorareg)

Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia Marina Piatto Ciniro Costa Junior - Piracicaba SP Imaflora 2016 68 p 21 x 28 cm

ISBN 978-85-98081-86-1

1 Agropecuaacuteria brasileira 2 Emissotildees de GEE 3 Cadeia de valor - Carne 4 Amazocircnia Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia

RealizaccedilatildeoInstituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Imaflorareg

Coord do estudoMarina Piatto

AutoresCiniro Costa JuniorMarina Piatto

RevisatildeoEduardo Assad Embrapareg

Susian Martins FGV-EESP GV-AGROreg

FotografiaAcervo Imaflorareg

Instituto Centro de Vida ICVreg

Projeto graacutefico e infografiaThiago Oliveira Basso Obassreg

Apoio financeiroMoore Foundationreg

GTPSreg

Essa licenccedila natildeo vale para fotos e ilustraccedilotildees que permanecem em copyright Nota inserida na contracapa

produccedilatildeo de carne bovina

e mudanccedilas climaacuteticas

11

O BRASIl aleacutem de possuir o maior rebanho comercial do mundo eacute tambeacutem um dos

maiores produtores consumidores e exportadores de carne bovina Da atual produccedilatildeo de

carne brasileira (oito milhotildees de toneladas anuais) 75 eacute consumida internamente e o

restante eacute exportado principalmente para paiacuteses da Europa e da Aacutesia (IBGE ABIEC sd)

Com esses nuacutemeros o Valor Bruto da Produccedilatildeo (VBP) da carne bovina foi estimado em

R$ 704 bilhotildees para 2015 (atraacutes apenas do complexo da soja) tornando-se assim um dos

principais setores da economia do paiacutes (BRASIL 2015a) Aleacutem disso essas posiccedilotildees ten-

dem a se manter com a projeccedilatildeo de aumento de produccedilatildeo de 25 para suprir demandas

por carne na proacutexima deacutecada (BRASIL 2015b)

Por outro lado a criaccedilatildeo de bovinos de corte eacute tambeacutem uma das principais fontes de

emissatildeo de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil ndash em 2015 foram emitidos 274

MtCO2e por essa atividade Nesse mesmo ano o paiacutes todo emitiu cerca de 1900 Mt-

CO2e sendo que o setor de agropecuaacuteria contribuiu com 22 dessas emissotildees

(425 MtCO2e) Assim a quantidade de GEE emitida apenas pela pecuaacuteria de cor-

te representa 65 das emissotildees do setor agropecuaacuterio e 15 das emissotildees do paiacutes

atualmente (SEEG sd) Existem ainda as emissotildees de GEE devido a degradaccedilatildeo dos

solos de pastagens estimada em aproximadamente 200 MtCO2e mas que ainda natildeo satildeo

computados no inventaacuterio nacional (SEEG 2016)

O impacto da atividade pecuaacuteria seria reduzido caso o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo

fosse melhorado Estima-se que a produccedilatildeo de carne bovina no Brasil pode ao menos do-

brar utilizando as aacutereas de pastagem jaacute existentes (STRASSBURG et al 2014) Com baixa

exploraccedilatildeo de seu potencial as aacutereas de pastagem tornam-se susceptiacuteveis a degradaccedilatildeo

Com isso estima-se que hoje existem entre 40 e 50 milhotildees de hectares de pastagens

degradadas no Brasil (Eduardo AssadEmbrapa-Comunicaccedilatildeo Pessoal)

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2030 com as atuais ten-

decircncias de produtividade (IBGE sd) seria necessaacuterio aumentar seu rebanho em torno

de 15 (30 milhotildees de cabeccedilas) Nesse contexto acredita-se que apenas os estados da

Amazocircnia comportariam 40 desses animais adicionais (BARBOSA et al 2015) Com

isso haacute um alerta para a potencial conversatildeo de aacutereas nativas e degradaccedilatildeo de aacutereas jaacute

estabelecidas para acomodar esses animais excedentes

12

Nesse sentido a produccedilatildeo de carne bovina brasileira tem sido foco de preocupaccedilotildees

quanto o seu atual e futuro impacto nas mudanccedilas climaacuteticas globais Tanto eacute que se

tornou o tema central nas metas de reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE apresentadas pelo Brasil

na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) realizada em Paris em 2015 evento global que

culminou com maior acordo climaacutetico global jaacute visto o Acordo de Paris (BRASIL 2015c d)

De acordo com o decreto que regulamenta a

Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima ndash

PNMC (BRASIL 2010) o Brasil oficializa um

compromisso voluntaacuterio de reduzir suas emis-

sotildees de GEE entre 361 e 389 ateacute 2020 com-

paradas aos niacuteveis de 2005 Para cumprir essa

meta o decreto tambeacutem prevecirc a elaboraccedilatildeo

de Planos Setoriais com a inclusatildeo de accedilotildees

indicadores e metas especiacuteficas de reduccedilatildeo de

emissotildees e mecanismos para a verificaccedilatildeo do

seu cumprimento para guiar cada setor

O plano setorial para a Agricultura eacute chama-

do de Plano ABC (BRASIL 2012) Esse plano

tem abrangecircncia nacional e seu periacuteodo de vi-

gecircncia eacute de 2010 a 2020 sendo composto por

seis programas relacionados a tecnologias de

mitigaccedilatildeo

1 Recuperaccedilatildeo de 15 milhotildees de

hectares de pastagens degradadas

2 Expansatildeo de 4 milhotildees de hectares de

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta

(iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs)

3 Expansatildeo de 8 milhotildees de hectares

de Sistema Plantio Direto (SPD)

4 Introduccedilatildeo da Fixaccedilatildeo Bioloacutegica

de Nitrogecircnio (FBN) em 55

milhotildees de hectares

5 Expansatildeo de florestas plantadas

em 55 milhotildees de hectares

6 Tratamento de 44 milhotildees

de m3 dejetos animais

Enquanto isso na 21ordf Conferecircncia das Partes

(COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees

Unidas sobre Mudanccedila do Clima realizada em

novembro de 2015 em Paris reuniu 195 paiacuteses

e culminou na elaboraccedilatildeo do Acordo de Paris

Esse acordo tem objetivo de conter o aumento

Acordos climaacuteticos e A AgropecuaacuteriA brAsileirA

13

da temperatura meacutedia global em bem menos

do que 2oC acima dos niacuteveis preacute-industriais

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da

soma de esforccedilos desses 195 paiacuteses incluindo

o Brasil por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo

Nacionalmente Determinadas (INDC)

Apoacutes ratificada pelo presidente Michel Temer em

setembro de 2016 a INCD brasileira deixou de

ser uma pretensatildeo e se tornou um compromis-

so formal de contribuiccedilatildeo chamando-se agora

NDC A NDC brasileira por sua vez se compro-

mete em reduzir as emissotildees do paiacutes em 37

abaixo dos niacuteveis de 2005 em 2025 e subse-

quentemente reduzir essas emissotildees em 43

abaixo dos niacuteveis de 2005 (21 GtCO2e) em 2030

(BRASIL 2015cd) Isso significa o paiacutes reduzir

900 Mt CO2e ateacute 2030 o que resultaria em uma

emissatildeo nesse ano estimada em 1200 Mt CO2e

No que se refere ao setor agriacutecola a NDC brasi-

leira planeja fortalecer o Plano ABC por meio da

recuperaccedilatildeo adicional de 15 milhotildees de hecta-

res de pastagens degradadas e incremento de 5

milhotildees de hectares de sistemas de integraccedilatildeo

Lavoura-Pecuaacuteria-Florestas (iLPF) ateacute 2030

14

Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo Nacional-

mente Determinada (INDC ndash do inglecircs intended Nationally Determined Contribution) se

comprometeu em fortalecer o Plano ABC (BRASIL 2012) com a recuperaccedilatildeo de 15 mi-

lhotildees de hectares de pastagens degradadas e expansatildeo de 5 milhotildees de hectares siste-

mas de produccedilatildeo pecuaacuteria integrados com lavoura e floresta no paiacutes ateacute 2030

A INDC brasileira foi ratificada em setembro de 2016 pelo presidente Michel Temer dei-

xando assim de ter caraacuteter de pretensatildeo e se tornando um compromisso formal de contri-

buiccedilatildeo E assim passa a partir de agora a ser chamada de NDC As accedilotildees contempladas

na NDC brasileira tecircm como objetivo de suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios e

manter as emissotildees do setor de agropecuaacuteria em 2030 sob mesmo patamar de emissotildees

de 2005 ano base da NDC brasileira (BRASIL 2015c d)

Entretanto existem poucas evidecircncias de como um conjunto de boas praacuteticas afetam as

emissotildees de GEE e a produccedilatildeo de fazendas de gado de corte (HAVLIK et al 2014 WOL-

LENBERG et al 2016) Nesse contexto existe a necessidade da avaliaccedilatildeo de iniciativas

reais que introduzem praacuteticas baseadas na recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas com

o objetivo de aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de carne bovina no Brasil e ao mesmo

tempo reduzir as emissotildees de GEE

Esse eacute o caso por exemplo do Programa Novo Campo Coordenado pelo Instituto Centro

de Vida (ICV) o programa tem por objetivo promover praacuteticas sustentaacuteveis de produccedilatildeo de

carne em fazendas de pecuaacuteria na Amazocircnia melhorando o seu desempenho econocircmico

social e ambiental Com isso contribui para reduzir o desmatamento conservar ou recu-

perar os recursos naturais e fortalecer a economia local (ICV 2014)

As intervenccedilotildees promovidas pelo Programa Novo Campo satildeo baseadas na gestatildeo integra-

da da propriedade rural com a adoccedilatildeo progressiva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bo-

vinos de Corte (Valle 2011) da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel

(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS) Ambos estatildeo centralizados

na recuperaccedilatildeo e intensificaccedilatildeo de pastagens degradadas no fornecimento adequado de

suplementaccedilatildeo na melhoria do manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e na adequa-

ccedilatildeo ambiental das propriedades (MARCUZZO 2015)

15

Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser

definidas como um conjunto de normas e de

procedimentos a serem observados para tornar

os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-

taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-

dor o fornecimento de alimentos produzidos de

forma sustentaacutevel (Valle 2011)

A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam

periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de

boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-

ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-

cadores que abrangem todo o sistema produti-

vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental

social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e

das pastagens

BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007

pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-

rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um

conjunto de normas e de procedimentos a se-

rem observados pelos produtores rurais para

que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais

rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-

mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao

adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar

e controlar os diversos fatores que influenciam a

produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-

ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo

do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-

dades de conquista de novos mercados que va-

lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle

2011)

GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar

todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria

bovina a usarem os indicadores como uma fer-

ramenta de busca da sustentabilidade Para o

GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-

lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-

tros quantitativos ou qualitativos que podem ser

avaliados de acordo com alguns criteacuterios No

GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-

do estaacutegios cumulativos de desempenho e os

criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala

de desempenho (GTPS sd)

boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps

16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-

CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas

participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir

intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de

bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas

bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia

bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano

bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores

bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha

Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo

Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio

da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-

pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras

fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-

cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de

emissotildees

Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-

pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-

sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais

METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL

DO PROGRAMA NOVO CAMPO

18

CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-

zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as

primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1

Tabela 1 Anexo 1 e 2)

As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes

estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as

deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo

como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho

Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta

passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-

ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-

ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)

TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012

Nome fazenda

Aacuterea de pastagem (ha)

Nuacutemero meacutedio de animais

Sistema produccedilatildeo

Produccedilatildeo meacutedia carne

(kg ha-1 ano-1)

Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790

Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732

Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724

Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500

Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511

19

n 5 000 km

Amazocircnia

Cerrado

Pantanal

Caatinga

mata Atlacircntica

Pampa

fazendas novo Campo

mato Grosso (mT)

FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO

20

Os segmentos de cria recria e engorda cons-

tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos

de corte Estes podem estar presentes em uma

mesma propriedade ou separados

bull Cria Compreende o periacuteodo de

cobertura ateacute a desmama

bull Recria Compreende a periacuteodo entre a

desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute

a reproduccedilatildeo em fecircmeas

bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal

para o abate que pode ser feita

a pasto ou no confinamento

Assim essas fases designam o sistema de pro-

duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de

cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-

to quando essas fases estatildeo presentes em uma

mesma fazenda diz-se que a mesma possui um

sistema de produccedilatildeo de ciclo completo

sistemAs de produccedilatildeo de cArNe

21

implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps

Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual

de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e

o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-

ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos

animais nas fazendas

Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de

cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da

propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e

estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade

Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as

fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de

pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado

o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte

da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa

aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem

A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura

e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-

ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-

cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto

mais degradado maior a necessidade de reforma

Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado

dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-

mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura

da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo

dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100

kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)

22

bull Recuperar pastagens degradadas uma

das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de

corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-

gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das

aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se

encontram abandonadas ou subutilizadas

promovendo ganhos de produtividade e au-

mentando o sequestro de carbono nos solos

Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo

estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e

de energia Sistemas produtivos estabeleci-

dos em pastagens recuperadas podem pro-

duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se

comparados a sistemas em pastagens de-

gradadas O primeiro passo para recuperar

pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da

fazenda para posterior intervenccedilatildeo

bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-

mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-

lita um melhor uso da forragem aumentando

a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo

para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-

de pois permite o abate de animais mais jo-

vens e com melhor acabamento No entanto

para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-

to de boa qualidade todos os insumos natildeo

podem conter componentes ou resiacuteduos que

possam acarretar problemas agrave sauacutede animal

e humana

bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto

de atividades veterinaacuterias regularmente pla-

nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e

manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas

accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-

zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-

fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo

precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-

ccedilatildeo e banho carrapaticida

bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um

conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a

eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-

mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-

priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel

Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA

ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a

instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias

na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

(MARCUZZO 2015)

23

gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo

do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia

produtiva do rebanho de cria pode ser obtida

por meio das seguintes praacuteticas de manejo

a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de

ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-

tes etc)

b Escolha do periacuteodo de monta

c Escolha do sistema de acasalamento

d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo

e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes

f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama

g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais

h Controle sanitaacuterio do rebanho

bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-

do dos recursos naturais existentes na pro-

priedade rural em conformidade com as leis

ambientais e com as teacutecnicas recomendadas

para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-

de dos recursos hiacutedricos e da paisagem

bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-

quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo

accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-

ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-

cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo

de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e

direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-

dimento das exigecircncias legais e o registro

de todos as atividades e processos da pro-

priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria

e ambiental)(Valle 2011)

24

caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee

Ferramenta de caacutelculo

A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das

emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas

aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais

fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala

de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-

riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-

tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para

condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006

WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)

FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees

Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a

quantidade de GEE emitido (ou removido) pela

quantidade de material consumido ou processa-

do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-

mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg

kg) ou porcentagem ()

balanccedilo de gee =

emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)

O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende

a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)

de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na

pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-

la de fazenda (da porteira para dentro) envolve

a soma das emissotildees de GEE pelos animais e

seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-

dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-

quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-

da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em

solos bem manejados

25

PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA

TR

An

SPOR

TES

CO2

n2O

CH4

REB

AnHO

COndIccedilatildeO dO PASTO

USOS dE InSUmOS

FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA

26

Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)

pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de

dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de

acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade

A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de

fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao

solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela

queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-

culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo

sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)

Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de

GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-

lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do

inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)

O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado

com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-

ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-

tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-

sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda

analisada pode ser visto no Anexo 1

coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo

Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou

os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-

priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e

suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a

total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas

O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da

base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades

participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-

zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)

27

O Potencial de Aquecimento Global (Global

Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-

timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-

rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo

ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma

vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-

ciais de aquecer a Terra quando presentes na

atmosfera O IPCC determina os valores GWP

a serem utilizados e os atualiza de acordo com

o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea

Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute

foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo

(Assessment Report) do IPCC

AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-

decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-

lizados globalmente A calculadora de emissotildees

GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta

em seu modo default os valores GWP reporta-

dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar

de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-

quer outro valor GWP Entretanto nota-se que

para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-

dos apresentados em CO2e eacute preciso checar

se esses valores foram calculados utilizando os

mesmos fatores GWP

Assessment report

Ar2 Ar3 Ar5

1 1 1

21 25 28

310 298 265

poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)

28

paracircmetros utilizados

1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade

2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens

3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)

29

Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que

intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na

meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue

A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi

dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio

entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos

de anaacutelise

Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo

das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos

do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo

condiccedilatildeo das pastagens

bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)

bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo

de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo

moderada para severamente degradada (IPCC 2006)

bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de

degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)

Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da

mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-

mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas

atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros

trabalhos

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

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sem

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sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Estrada Chico Mendes 185Piracicaba BrasilCEP 13426-420

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Page 7: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

Este trabalho tambeacutem mostra o potencial e a capacidade da

pecuaacuteria de corte em reduzir suas emissotildees de GEE e aumen-

tar a produccedilatildeo de proteiacutena animal podendo subsidiar produ-

tores na adoccedilatildeo de boas praacuteticas em larga escala Ao mesmo

tempo tambeacutem deve auxiliar tomadores de decisatildeo consumi-

dores e demais atores da cadeia da carne quanto agrave importacircn-

cia da produccedilatildeo sustentaacutevel em escala para a manutenccedilatildeo do

clima e atendimento a demanda por alimentos

O trabalho apresentado pelo reforccedila a coerecircncia das

metas propostas pelo governo brasileiro para reduccedilatildeo das

emissotildees nacionais Mas tambeacutem alerta tomadores de deci-

satildeo para o desafio de ampliar a assistecircncia teacutecnica e a di-

fusatildeo de tecnologia ao produtor rural Somente a reforma de

pastagens natildeo seraacute suficiente - eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo

de sistemas de gestatildeo que incluam um conjunto de boas praacute-

ticas agropecuaacuterias em escala no Brasil para que as metas

sejam alcanccediladas

Conselho Diretor

Adalberto Veriacutessimo

Andreacute Villas-Bocircas

Maria Zulmira de Souza

Seacutergio Esteves

Maria Celia M Toledo Cruz

Tasso Rezende de Azevedo

Ricardo Abramovay

Conselho Consultivo

Maacuterio Mantovani

Marcelo Paixatildeo

Marilena Lazzarini

Rubens Mendonccedila

Conselho Fiscal

Adauto Tadeu Basiacutelio

Erika Bechara

Rubens Mazon

Sec Executiva

Laura de Santis Prada

Roberto Palmieri

Comunicaccedilatildeo

Priscila Mantelatto

Marina Jordatildeo

Faacutetima Nunes

Diuliane Silva

Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola (Imaflorareg)

Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia Marina Piatto Ciniro Costa Junior - Piracicaba SP Imaflora 2016 68 p 21 x 28 cm

ISBN 978-85-98081-86-1

1 Agropecuaacuteria brasileira 2 Emissotildees de GEE 3 Cadeia de valor - Carne 4 Amazocircnia Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia

RealizaccedilatildeoInstituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Imaflorareg

Coord do estudoMarina Piatto

AutoresCiniro Costa JuniorMarina Piatto

RevisatildeoEduardo Assad Embrapareg

Susian Martins FGV-EESP GV-AGROreg

FotografiaAcervo Imaflorareg

Instituto Centro de Vida ICVreg

Projeto graacutefico e infografiaThiago Oliveira Basso Obassreg

Apoio financeiroMoore Foundationreg

GTPSreg

Essa licenccedila natildeo vale para fotos e ilustraccedilotildees que permanecem em copyright Nota inserida na contracapa

produccedilatildeo de carne bovina

e mudanccedilas climaacuteticas

11

O BRASIl aleacutem de possuir o maior rebanho comercial do mundo eacute tambeacutem um dos

maiores produtores consumidores e exportadores de carne bovina Da atual produccedilatildeo de

carne brasileira (oito milhotildees de toneladas anuais) 75 eacute consumida internamente e o

restante eacute exportado principalmente para paiacuteses da Europa e da Aacutesia (IBGE ABIEC sd)

Com esses nuacutemeros o Valor Bruto da Produccedilatildeo (VBP) da carne bovina foi estimado em

R$ 704 bilhotildees para 2015 (atraacutes apenas do complexo da soja) tornando-se assim um dos

principais setores da economia do paiacutes (BRASIL 2015a) Aleacutem disso essas posiccedilotildees ten-

dem a se manter com a projeccedilatildeo de aumento de produccedilatildeo de 25 para suprir demandas

por carne na proacutexima deacutecada (BRASIL 2015b)

Por outro lado a criaccedilatildeo de bovinos de corte eacute tambeacutem uma das principais fontes de

emissatildeo de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil ndash em 2015 foram emitidos 274

MtCO2e por essa atividade Nesse mesmo ano o paiacutes todo emitiu cerca de 1900 Mt-

CO2e sendo que o setor de agropecuaacuteria contribuiu com 22 dessas emissotildees

(425 MtCO2e) Assim a quantidade de GEE emitida apenas pela pecuaacuteria de cor-

te representa 65 das emissotildees do setor agropecuaacuterio e 15 das emissotildees do paiacutes

atualmente (SEEG sd) Existem ainda as emissotildees de GEE devido a degradaccedilatildeo dos

solos de pastagens estimada em aproximadamente 200 MtCO2e mas que ainda natildeo satildeo

computados no inventaacuterio nacional (SEEG 2016)

O impacto da atividade pecuaacuteria seria reduzido caso o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo

fosse melhorado Estima-se que a produccedilatildeo de carne bovina no Brasil pode ao menos do-

brar utilizando as aacutereas de pastagem jaacute existentes (STRASSBURG et al 2014) Com baixa

exploraccedilatildeo de seu potencial as aacutereas de pastagem tornam-se susceptiacuteveis a degradaccedilatildeo

Com isso estima-se que hoje existem entre 40 e 50 milhotildees de hectares de pastagens

degradadas no Brasil (Eduardo AssadEmbrapa-Comunicaccedilatildeo Pessoal)

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2030 com as atuais ten-

decircncias de produtividade (IBGE sd) seria necessaacuterio aumentar seu rebanho em torno

de 15 (30 milhotildees de cabeccedilas) Nesse contexto acredita-se que apenas os estados da

Amazocircnia comportariam 40 desses animais adicionais (BARBOSA et al 2015) Com

isso haacute um alerta para a potencial conversatildeo de aacutereas nativas e degradaccedilatildeo de aacutereas jaacute

estabelecidas para acomodar esses animais excedentes

12

Nesse sentido a produccedilatildeo de carne bovina brasileira tem sido foco de preocupaccedilotildees

quanto o seu atual e futuro impacto nas mudanccedilas climaacuteticas globais Tanto eacute que se

tornou o tema central nas metas de reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE apresentadas pelo Brasil

na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) realizada em Paris em 2015 evento global que

culminou com maior acordo climaacutetico global jaacute visto o Acordo de Paris (BRASIL 2015c d)

De acordo com o decreto que regulamenta a

Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima ndash

PNMC (BRASIL 2010) o Brasil oficializa um

compromisso voluntaacuterio de reduzir suas emis-

sotildees de GEE entre 361 e 389 ateacute 2020 com-

paradas aos niacuteveis de 2005 Para cumprir essa

meta o decreto tambeacutem prevecirc a elaboraccedilatildeo

de Planos Setoriais com a inclusatildeo de accedilotildees

indicadores e metas especiacuteficas de reduccedilatildeo de

emissotildees e mecanismos para a verificaccedilatildeo do

seu cumprimento para guiar cada setor

O plano setorial para a Agricultura eacute chama-

do de Plano ABC (BRASIL 2012) Esse plano

tem abrangecircncia nacional e seu periacuteodo de vi-

gecircncia eacute de 2010 a 2020 sendo composto por

seis programas relacionados a tecnologias de

mitigaccedilatildeo

1 Recuperaccedilatildeo de 15 milhotildees de

hectares de pastagens degradadas

2 Expansatildeo de 4 milhotildees de hectares de

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta

(iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs)

3 Expansatildeo de 8 milhotildees de hectares

de Sistema Plantio Direto (SPD)

4 Introduccedilatildeo da Fixaccedilatildeo Bioloacutegica

de Nitrogecircnio (FBN) em 55

milhotildees de hectares

5 Expansatildeo de florestas plantadas

em 55 milhotildees de hectares

6 Tratamento de 44 milhotildees

de m3 dejetos animais

Enquanto isso na 21ordf Conferecircncia das Partes

(COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees

Unidas sobre Mudanccedila do Clima realizada em

novembro de 2015 em Paris reuniu 195 paiacuteses

e culminou na elaboraccedilatildeo do Acordo de Paris

Esse acordo tem objetivo de conter o aumento

Acordos climaacuteticos e A AgropecuaacuteriA brAsileirA

13

da temperatura meacutedia global em bem menos

do que 2oC acima dos niacuteveis preacute-industriais

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da

soma de esforccedilos desses 195 paiacuteses incluindo

o Brasil por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo

Nacionalmente Determinadas (INDC)

Apoacutes ratificada pelo presidente Michel Temer em

setembro de 2016 a INCD brasileira deixou de

ser uma pretensatildeo e se tornou um compromis-

so formal de contribuiccedilatildeo chamando-se agora

NDC A NDC brasileira por sua vez se compro-

mete em reduzir as emissotildees do paiacutes em 37

abaixo dos niacuteveis de 2005 em 2025 e subse-

quentemente reduzir essas emissotildees em 43

abaixo dos niacuteveis de 2005 (21 GtCO2e) em 2030

(BRASIL 2015cd) Isso significa o paiacutes reduzir

900 Mt CO2e ateacute 2030 o que resultaria em uma

emissatildeo nesse ano estimada em 1200 Mt CO2e

No que se refere ao setor agriacutecola a NDC brasi-

leira planeja fortalecer o Plano ABC por meio da

recuperaccedilatildeo adicional de 15 milhotildees de hecta-

res de pastagens degradadas e incremento de 5

milhotildees de hectares de sistemas de integraccedilatildeo

Lavoura-Pecuaacuteria-Florestas (iLPF) ateacute 2030

14

Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo Nacional-

mente Determinada (INDC ndash do inglecircs intended Nationally Determined Contribution) se

comprometeu em fortalecer o Plano ABC (BRASIL 2012) com a recuperaccedilatildeo de 15 mi-

lhotildees de hectares de pastagens degradadas e expansatildeo de 5 milhotildees de hectares siste-

mas de produccedilatildeo pecuaacuteria integrados com lavoura e floresta no paiacutes ateacute 2030

A INDC brasileira foi ratificada em setembro de 2016 pelo presidente Michel Temer dei-

xando assim de ter caraacuteter de pretensatildeo e se tornando um compromisso formal de contri-

buiccedilatildeo E assim passa a partir de agora a ser chamada de NDC As accedilotildees contempladas

na NDC brasileira tecircm como objetivo de suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios e

manter as emissotildees do setor de agropecuaacuteria em 2030 sob mesmo patamar de emissotildees

de 2005 ano base da NDC brasileira (BRASIL 2015c d)

Entretanto existem poucas evidecircncias de como um conjunto de boas praacuteticas afetam as

emissotildees de GEE e a produccedilatildeo de fazendas de gado de corte (HAVLIK et al 2014 WOL-

LENBERG et al 2016) Nesse contexto existe a necessidade da avaliaccedilatildeo de iniciativas

reais que introduzem praacuteticas baseadas na recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas com

o objetivo de aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de carne bovina no Brasil e ao mesmo

tempo reduzir as emissotildees de GEE

Esse eacute o caso por exemplo do Programa Novo Campo Coordenado pelo Instituto Centro

de Vida (ICV) o programa tem por objetivo promover praacuteticas sustentaacuteveis de produccedilatildeo de

carne em fazendas de pecuaacuteria na Amazocircnia melhorando o seu desempenho econocircmico

social e ambiental Com isso contribui para reduzir o desmatamento conservar ou recu-

perar os recursos naturais e fortalecer a economia local (ICV 2014)

As intervenccedilotildees promovidas pelo Programa Novo Campo satildeo baseadas na gestatildeo integra-

da da propriedade rural com a adoccedilatildeo progressiva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bo-

vinos de Corte (Valle 2011) da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel

(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS) Ambos estatildeo centralizados

na recuperaccedilatildeo e intensificaccedilatildeo de pastagens degradadas no fornecimento adequado de

suplementaccedilatildeo na melhoria do manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e na adequa-

ccedilatildeo ambiental das propriedades (MARCUZZO 2015)

15

Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser

definidas como um conjunto de normas e de

procedimentos a serem observados para tornar

os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-

taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-

dor o fornecimento de alimentos produzidos de

forma sustentaacutevel (Valle 2011)

A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam

periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de

boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-

ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-

cadores que abrangem todo o sistema produti-

vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental

social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e

das pastagens

BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007

pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-

rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um

conjunto de normas e de procedimentos a se-

rem observados pelos produtores rurais para

que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais

rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-

mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao

adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar

e controlar os diversos fatores que influenciam a

produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-

ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo

do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-

dades de conquista de novos mercados que va-

lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle

2011)

GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar

todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria

bovina a usarem os indicadores como uma fer-

ramenta de busca da sustentabilidade Para o

GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-

lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-

tros quantitativos ou qualitativos que podem ser

avaliados de acordo com alguns criteacuterios No

GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-

do estaacutegios cumulativos de desempenho e os

criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala

de desempenho (GTPS sd)

boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps

16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-

CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas

participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir

intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de

bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas

bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia

bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano

bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores

bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha

Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo

Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio

da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-

pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras

fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-

cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de

emissotildees

Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-

pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-

sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais

METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL

DO PROGRAMA NOVO CAMPO

18

CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-

zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as

primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1

Tabela 1 Anexo 1 e 2)

As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes

estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as

deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo

como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho

Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta

passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-

ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-

ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)

TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012

Nome fazenda

Aacuterea de pastagem (ha)

Nuacutemero meacutedio de animais

Sistema produccedilatildeo

Produccedilatildeo meacutedia carne

(kg ha-1 ano-1)

Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790

Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732

Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724

Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500

Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511

19

n 5 000 km

Amazocircnia

Cerrado

Pantanal

Caatinga

mata Atlacircntica

Pampa

fazendas novo Campo

mato Grosso (mT)

FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO

20

Os segmentos de cria recria e engorda cons-

tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos

de corte Estes podem estar presentes em uma

mesma propriedade ou separados

bull Cria Compreende o periacuteodo de

cobertura ateacute a desmama

bull Recria Compreende a periacuteodo entre a

desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute

a reproduccedilatildeo em fecircmeas

bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal

para o abate que pode ser feita

a pasto ou no confinamento

Assim essas fases designam o sistema de pro-

duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de

cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-

to quando essas fases estatildeo presentes em uma

mesma fazenda diz-se que a mesma possui um

sistema de produccedilatildeo de ciclo completo

sistemAs de produccedilatildeo de cArNe

21

implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps

Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual

de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e

o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-

ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos

animais nas fazendas

Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de

cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da

propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e

estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade

Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as

fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de

pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado

o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte

da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa

aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem

A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura

e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-

ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-

cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto

mais degradado maior a necessidade de reforma

Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado

dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-

mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura

da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo

dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100

kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)

22

bull Recuperar pastagens degradadas uma

das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de

corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-

gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das

aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se

encontram abandonadas ou subutilizadas

promovendo ganhos de produtividade e au-

mentando o sequestro de carbono nos solos

Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo

estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e

de energia Sistemas produtivos estabeleci-

dos em pastagens recuperadas podem pro-

duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se

comparados a sistemas em pastagens de-

gradadas O primeiro passo para recuperar

pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da

fazenda para posterior intervenccedilatildeo

bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-

mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-

lita um melhor uso da forragem aumentando

a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo

para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-

de pois permite o abate de animais mais jo-

vens e com melhor acabamento No entanto

para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-

to de boa qualidade todos os insumos natildeo

podem conter componentes ou resiacuteduos que

possam acarretar problemas agrave sauacutede animal

e humana

bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto

de atividades veterinaacuterias regularmente pla-

nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e

manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas

accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-

zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-

fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo

precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-

ccedilatildeo e banho carrapaticida

bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um

conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a

eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-

mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-

priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel

Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA

ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a

instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias

na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

(MARCUZZO 2015)

23

gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo

do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia

produtiva do rebanho de cria pode ser obtida

por meio das seguintes praacuteticas de manejo

a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de

ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-

tes etc)

b Escolha do periacuteodo de monta

c Escolha do sistema de acasalamento

d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo

e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes

f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama

g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais

h Controle sanitaacuterio do rebanho

bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-

do dos recursos naturais existentes na pro-

priedade rural em conformidade com as leis

ambientais e com as teacutecnicas recomendadas

para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-

de dos recursos hiacutedricos e da paisagem

bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-

quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo

accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-

ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-

cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo

de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e

direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-

dimento das exigecircncias legais e o registro

de todos as atividades e processos da pro-

priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria

e ambiental)(Valle 2011)

24

caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee

Ferramenta de caacutelculo

A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das

emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas

aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais

fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala

de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-

riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-

tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para

condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006

WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)

FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees

Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a

quantidade de GEE emitido (ou removido) pela

quantidade de material consumido ou processa-

do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-

mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg

kg) ou porcentagem ()

balanccedilo de gee =

emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)

O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende

a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)

de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na

pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-

la de fazenda (da porteira para dentro) envolve

a soma das emissotildees de GEE pelos animais e

seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-

dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-

quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-

da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em

solos bem manejados

25

PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA

TR

An

SPOR

TES

CO2

n2O

CH4

REB

AnHO

COndIccedilatildeO dO PASTO

USOS dE InSUmOS

FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA

26

Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)

pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de

dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de

acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade

A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de

fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao

solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela

queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-

culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo

sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)

Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de

GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-

lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do

inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)

O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado

com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-

ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-

tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-

sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda

analisada pode ser visto no Anexo 1

coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo

Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou

os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-

priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e

suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a

total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas

O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da

base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades

participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-

zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)

27

O Potencial de Aquecimento Global (Global

Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-

timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-

rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo

ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma

vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-

ciais de aquecer a Terra quando presentes na

atmosfera O IPCC determina os valores GWP

a serem utilizados e os atualiza de acordo com

o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea

Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute

foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo

(Assessment Report) do IPCC

AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-

decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-

lizados globalmente A calculadora de emissotildees

GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta

em seu modo default os valores GWP reporta-

dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar

de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-

quer outro valor GWP Entretanto nota-se que

para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-

dos apresentados em CO2e eacute preciso checar

se esses valores foram calculados utilizando os

mesmos fatores GWP

Assessment report

Ar2 Ar3 Ar5

1 1 1

21 25 28

310 298 265

poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)

28

paracircmetros utilizados

1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade

2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens

3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)

29

Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que

intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na

meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue

A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi

dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio

entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos

de anaacutelise

Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo

das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos

do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo

condiccedilatildeo das pastagens

bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)

bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo

de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo

moderada para severamente degradada (IPCC 2006)

bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de

degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)

Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da

mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-

mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas

atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros

trabalhos

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

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gem

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20

12 -

exc

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ouve

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TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 8: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

Conselho Diretor

Adalberto Veriacutessimo

Andreacute Villas-Bocircas

Maria Zulmira de Souza

Seacutergio Esteves

Maria Celia M Toledo Cruz

Tasso Rezende de Azevedo

Ricardo Abramovay

Conselho Consultivo

Maacuterio Mantovani

Marcelo Paixatildeo

Marilena Lazzarini

Rubens Mendonccedila

Conselho Fiscal

Adauto Tadeu Basiacutelio

Erika Bechara

Rubens Mazon

Sec Executiva

Laura de Santis Prada

Roberto Palmieri

Comunicaccedilatildeo

Priscila Mantelatto

Marina Jordatildeo

Faacutetima Nunes

Diuliane Silva

Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola (Imaflorareg)

Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia Marina Piatto Ciniro Costa Junior - Piracicaba SP Imaflora 2016 68 p 21 x 28 cm

ISBN 978-85-98081-86-1

1 Agropecuaacuteria brasileira 2 Emissotildees de GEE 3 Cadeia de valor - Carne 4 Amazocircnia Como boas praacuteticas agropecuaacuterias tecircm reduzido as emissotildees de GEE e aumentado a produccedilatildeo de carne na Amazocircnia

RealizaccedilatildeoInstituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Imaflorareg

Coord do estudoMarina Piatto

AutoresCiniro Costa JuniorMarina Piatto

RevisatildeoEduardo Assad Embrapareg

Susian Martins FGV-EESP GV-AGROreg

FotografiaAcervo Imaflorareg

Instituto Centro de Vida ICVreg

Projeto graacutefico e infografiaThiago Oliveira Basso Obassreg

Apoio financeiroMoore Foundationreg

GTPSreg

Essa licenccedila natildeo vale para fotos e ilustraccedilotildees que permanecem em copyright Nota inserida na contracapa

produccedilatildeo de carne bovina

e mudanccedilas climaacuteticas

11

O BRASIl aleacutem de possuir o maior rebanho comercial do mundo eacute tambeacutem um dos

maiores produtores consumidores e exportadores de carne bovina Da atual produccedilatildeo de

carne brasileira (oito milhotildees de toneladas anuais) 75 eacute consumida internamente e o

restante eacute exportado principalmente para paiacuteses da Europa e da Aacutesia (IBGE ABIEC sd)

Com esses nuacutemeros o Valor Bruto da Produccedilatildeo (VBP) da carne bovina foi estimado em

R$ 704 bilhotildees para 2015 (atraacutes apenas do complexo da soja) tornando-se assim um dos

principais setores da economia do paiacutes (BRASIL 2015a) Aleacutem disso essas posiccedilotildees ten-

dem a se manter com a projeccedilatildeo de aumento de produccedilatildeo de 25 para suprir demandas

por carne na proacutexima deacutecada (BRASIL 2015b)

Por outro lado a criaccedilatildeo de bovinos de corte eacute tambeacutem uma das principais fontes de

emissatildeo de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil ndash em 2015 foram emitidos 274

MtCO2e por essa atividade Nesse mesmo ano o paiacutes todo emitiu cerca de 1900 Mt-

CO2e sendo que o setor de agropecuaacuteria contribuiu com 22 dessas emissotildees

(425 MtCO2e) Assim a quantidade de GEE emitida apenas pela pecuaacuteria de cor-

te representa 65 das emissotildees do setor agropecuaacuterio e 15 das emissotildees do paiacutes

atualmente (SEEG sd) Existem ainda as emissotildees de GEE devido a degradaccedilatildeo dos

solos de pastagens estimada em aproximadamente 200 MtCO2e mas que ainda natildeo satildeo

computados no inventaacuterio nacional (SEEG 2016)

O impacto da atividade pecuaacuteria seria reduzido caso o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo

fosse melhorado Estima-se que a produccedilatildeo de carne bovina no Brasil pode ao menos do-

brar utilizando as aacutereas de pastagem jaacute existentes (STRASSBURG et al 2014) Com baixa

exploraccedilatildeo de seu potencial as aacutereas de pastagem tornam-se susceptiacuteveis a degradaccedilatildeo

Com isso estima-se que hoje existem entre 40 e 50 milhotildees de hectares de pastagens

degradadas no Brasil (Eduardo AssadEmbrapa-Comunicaccedilatildeo Pessoal)

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2030 com as atuais ten-

decircncias de produtividade (IBGE sd) seria necessaacuterio aumentar seu rebanho em torno

de 15 (30 milhotildees de cabeccedilas) Nesse contexto acredita-se que apenas os estados da

Amazocircnia comportariam 40 desses animais adicionais (BARBOSA et al 2015) Com

isso haacute um alerta para a potencial conversatildeo de aacutereas nativas e degradaccedilatildeo de aacutereas jaacute

estabelecidas para acomodar esses animais excedentes

12

Nesse sentido a produccedilatildeo de carne bovina brasileira tem sido foco de preocupaccedilotildees

quanto o seu atual e futuro impacto nas mudanccedilas climaacuteticas globais Tanto eacute que se

tornou o tema central nas metas de reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE apresentadas pelo Brasil

na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) realizada em Paris em 2015 evento global que

culminou com maior acordo climaacutetico global jaacute visto o Acordo de Paris (BRASIL 2015c d)

De acordo com o decreto que regulamenta a

Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima ndash

PNMC (BRASIL 2010) o Brasil oficializa um

compromisso voluntaacuterio de reduzir suas emis-

sotildees de GEE entre 361 e 389 ateacute 2020 com-

paradas aos niacuteveis de 2005 Para cumprir essa

meta o decreto tambeacutem prevecirc a elaboraccedilatildeo

de Planos Setoriais com a inclusatildeo de accedilotildees

indicadores e metas especiacuteficas de reduccedilatildeo de

emissotildees e mecanismos para a verificaccedilatildeo do

seu cumprimento para guiar cada setor

O plano setorial para a Agricultura eacute chama-

do de Plano ABC (BRASIL 2012) Esse plano

tem abrangecircncia nacional e seu periacuteodo de vi-

gecircncia eacute de 2010 a 2020 sendo composto por

seis programas relacionados a tecnologias de

mitigaccedilatildeo

1 Recuperaccedilatildeo de 15 milhotildees de

hectares de pastagens degradadas

2 Expansatildeo de 4 milhotildees de hectares de

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta

(iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs)

3 Expansatildeo de 8 milhotildees de hectares

de Sistema Plantio Direto (SPD)

4 Introduccedilatildeo da Fixaccedilatildeo Bioloacutegica

de Nitrogecircnio (FBN) em 55

milhotildees de hectares

5 Expansatildeo de florestas plantadas

em 55 milhotildees de hectares

6 Tratamento de 44 milhotildees

de m3 dejetos animais

Enquanto isso na 21ordf Conferecircncia das Partes

(COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees

Unidas sobre Mudanccedila do Clima realizada em

novembro de 2015 em Paris reuniu 195 paiacuteses

e culminou na elaboraccedilatildeo do Acordo de Paris

Esse acordo tem objetivo de conter o aumento

Acordos climaacuteticos e A AgropecuaacuteriA brAsileirA

13

da temperatura meacutedia global em bem menos

do que 2oC acima dos niacuteveis preacute-industriais

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da

soma de esforccedilos desses 195 paiacuteses incluindo

o Brasil por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo

Nacionalmente Determinadas (INDC)

Apoacutes ratificada pelo presidente Michel Temer em

setembro de 2016 a INCD brasileira deixou de

ser uma pretensatildeo e se tornou um compromis-

so formal de contribuiccedilatildeo chamando-se agora

NDC A NDC brasileira por sua vez se compro-

mete em reduzir as emissotildees do paiacutes em 37

abaixo dos niacuteveis de 2005 em 2025 e subse-

quentemente reduzir essas emissotildees em 43

abaixo dos niacuteveis de 2005 (21 GtCO2e) em 2030

(BRASIL 2015cd) Isso significa o paiacutes reduzir

900 Mt CO2e ateacute 2030 o que resultaria em uma

emissatildeo nesse ano estimada em 1200 Mt CO2e

No que se refere ao setor agriacutecola a NDC brasi-

leira planeja fortalecer o Plano ABC por meio da

recuperaccedilatildeo adicional de 15 milhotildees de hecta-

res de pastagens degradadas e incremento de 5

milhotildees de hectares de sistemas de integraccedilatildeo

Lavoura-Pecuaacuteria-Florestas (iLPF) ateacute 2030

14

Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo Nacional-

mente Determinada (INDC ndash do inglecircs intended Nationally Determined Contribution) se

comprometeu em fortalecer o Plano ABC (BRASIL 2012) com a recuperaccedilatildeo de 15 mi-

lhotildees de hectares de pastagens degradadas e expansatildeo de 5 milhotildees de hectares siste-

mas de produccedilatildeo pecuaacuteria integrados com lavoura e floresta no paiacutes ateacute 2030

A INDC brasileira foi ratificada em setembro de 2016 pelo presidente Michel Temer dei-

xando assim de ter caraacuteter de pretensatildeo e se tornando um compromisso formal de contri-

buiccedilatildeo E assim passa a partir de agora a ser chamada de NDC As accedilotildees contempladas

na NDC brasileira tecircm como objetivo de suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios e

manter as emissotildees do setor de agropecuaacuteria em 2030 sob mesmo patamar de emissotildees

de 2005 ano base da NDC brasileira (BRASIL 2015c d)

Entretanto existem poucas evidecircncias de como um conjunto de boas praacuteticas afetam as

emissotildees de GEE e a produccedilatildeo de fazendas de gado de corte (HAVLIK et al 2014 WOL-

LENBERG et al 2016) Nesse contexto existe a necessidade da avaliaccedilatildeo de iniciativas

reais que introduzem praacuteticas baseadas na recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas com

o objetivo de aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de carne bovina no Brasil e ao mesmo

tempo reduzir as emissotildees de GEE

Esse eacute o caso por exemplo do Programa Novo Campo Coordenado pelo Instituto Centro

de Vida (ICV) o programa tem por objetivo promover praacuteticas sustentaacuteveis de produccedilatildeo de

carne em fazendas de pecuaacuteria na Amazocircnia melhorando o seu desempenho econocircmico

social e ambiental Com isso contribui para reduzir o desmatamento conservar ou recu-

perar os recursos naturais e fortalecer a economia local (ICV 2014)

As intervenccedilotildees promovidas pelo Programa Novo Campo satildeo baseadas na gestatildeo integra-

da da propriedade rural com a adoccedilatildeo progressiva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bo-

vinos de Corte (Valle 2011) da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel

(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS) Ambos estatildeo centralizados

na recuperaccedilatildeo e intensificaccedilatildeo de pastagens degradadas no fornecimento adequado de

suplementaccedilatildeo na melhoria do manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e na adequa-

ccedilatildeo ambiental das propriedades (MARCUZZO 2015)

15

Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser

definidas como um conjunto de normas e de

procedimentos a serem observados para tornar

os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-

taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-

dor o fornecimento de alimentos produzidos de

forma sustentaacutevel (Valle 2011)

A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam

periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de

boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-

ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-

cadores que abrangem todo o sistema produti-

vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental

social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e

das pastagens

BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007

pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-

rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um

conjunto de normas e de procedimentos a se-

rem observados pelos produtores rurais para

que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais

rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-

mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao

adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar

e controlar os diversos fatores que influenciam a

produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-

ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo

do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-

dades de conquista de novos mercados que va-

lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle

2011)

GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar

todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria

bovina a usarem os indicadores como uma fer-

ramenta de busca da sustentabilidade Para o

GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-

lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-

tros quantitativos ou qualitativos que podem ser

avaliados de acordo com alguns criteacuterios No

GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-

do estaacutegios cumulativos de desempenho e os

criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala

de desempenho (GTPS sd)

boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps

16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-

CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas

participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir

intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de

bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas

bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia

bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano

bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores

bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha

Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo

Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio

da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-

pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras

fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-

cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de

emissotildees

Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-

pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-

sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais

METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL

DO PROGRAMA NOVO CAMPO

18

CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-

zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as

primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1

Tabela 1 Anexo 1 e 2)

As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes

estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as

deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo

como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho

Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta

passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-

ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-

ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)

TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012

Nome fazenda

Aacuterea de pastagem (ha)

Nuacutemero meacutedio de animais

Sistema produccedilatildeo

Produccedilatildeo meacutedia carne

(kg ha-1 ano-1)

Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790

Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732

Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724

Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500

Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511

19

n 5 000 km

Amazocircnia

Cerrado

Pantanal

Caatinga

mata Atlacircntica

Pampa

fazendas novo Campo

mato Grosso (mT)

FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO

20

Os segmentos de cria recria e engorda cons-

tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos

de corte Estes podem estar presentes em uma

mesma propriedade ou separados

bull Cria Compreende o periacuteodo de

cobertura ateacute a desmama

bull Recria Compreende a periacuteodo entre a

desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute

a reproduccedilatildeo em fecircmeas

bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal

para o abate que pode ser feita

a pasto ou no confinamento

Assim essas fases designam o sistema de pro-

duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de

cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-

to quando essas fases estatildeo presentes em uma

mesma fazenda diz-se que a mesma possui um

sistema de produccedilatildeo de ciclo completo

sistemAs de produccedilatildeo de cArNe

21

implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps

Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual

de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e

o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-

ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos

animais nas fazendas

Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de

cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da

propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e

estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade

Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as

fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de

pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado

o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte

da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa

aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem

A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura

e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-

ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-

cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto

mais degradado maior a necessidade de reforma

Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado

dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-

mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura

da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo

dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100

kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)

22

bull Recuperar pastagens degradadas uma

das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de

corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-

gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das

aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se

encontram abandonadas ou subutilizadas

promovendo ganhos de produtividade e au-

mentando o sequestro de carbono nos solos

Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo

estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e

de energia Sistemas produtivos estabeleci-

dos em pastagens recuperadas podem pro-

duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se

comparados a sistemas em pastagens de-

gradadas O primeiro passo para recuperar

pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da

fazenda para posterior intervenccedilatildeo

bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-

mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-

lita um melhor uso da forragem aumentando

a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo

para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-

de pois permite o abate de animais mais jo-

vens e com melhor acabamento No entanto

para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-

to de boa qualidade todos os insumos natildeo

podem conter componentes ou resiacuteduos que

possam acarretar problemas agrave sauacutede animal

e humana

bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto

de atividades veterinaacuterias regularmente pla-

nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e

manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas

accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-

zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-

fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo

precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-

ccedilatildeo e banho carrapaticida

bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um

conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a

eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-

mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-

priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel

Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA

ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a

instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias

na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

(MARCUZZO 2015)

23

gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo

do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia

produtiva do rebanho de cria pode ser obtida

por meio das seguintes praacuteticas de manejo

a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de

ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-

tes etc)

b Escolha do periacuteodo de monta

c Escolha do sistema de acasalamento

d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo

e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes

f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama

g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais

h Controle sanitaacuterio do rebanho

bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-

do dos recursos naturais existentes na pro-

priedade rural em conformidade com as leis

ambientais e com as teacutecnicas recomendadas

para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-

de dos recursos hiacutedricos e da paisagem

bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-

quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo

accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-

ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-

cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo

de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e

direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-

dimento das exigecircncias legais e o registro

de todos as atividades e processos da pro-

priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria

e ambiental)(Valle 2011)

24

caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee

Ferramenta de caacutelculo

A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das

emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas

aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais

fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala

de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-

riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-

tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para

condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006

WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)

FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees

Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a

quantidade de GEE emitido (ou removido) pela

quantidade de material consumido ou processa-

do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-

mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg

kg) ou porcentagem ()

balanccedilo de gee =

emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)

O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende

a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)

de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na

pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-

la de fazenda (da porteira para dentro) envolve

a soma das emissotildees de GEE pelos animais e

seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-

dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-

quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-

da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em

solos bem manejados

25

PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA

TR

An

SPOR

TES

CO2

n2O

CH4

REB

AnHO

COndIccedilatildeO dO PASTO

USOS dE InSUmOS

FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA

26

Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)

pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de

dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de

acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade

A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de

fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao

solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela

queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-

culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo

sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)

Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de

GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-

lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do

inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)

O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado

com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-

ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-

tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-

sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda

analisada pode ser visto no Anexo 1

coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo

Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou

os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-

priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e

suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a

total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas

O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da

base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades

participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-

zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)

27

O Potencial de Aquecimento Global (Global

Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-

timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-

rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo

ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma

vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-

ciais de aquecer a Terra quando presentes na

atmosfera O IPCC determina os valores GWP

a serem utilizados e os atualiza de acordo com

o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea

Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute

foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo

(Assessment Report) do IPCC

AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-

decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-

lizados globalmente A calculadora de emissotildees

GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta

em seu modo default os valores GWP reporta-

dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar

de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-

quer outro valor GWP Entretanto nota-se que

para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-

dos apresentados em CO2e eacute preciso checar

se esses valores foram calculados utilizando os

mesmos fatores GWP

Assessment report

Ar2 Ar3 Ar5

1 1 1

21 25 28

310 298 265

poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)

28

paracircmetros utilizados

1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade

2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens

3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)

29

Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que

intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na

meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue

A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi

dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio

entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos

de anaacutelise

Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo

das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos

do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo

condiccedilatildeo das pastagens

bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)

bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo

de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo

moderada para severamente degradada (IPCC 2006)

bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de

degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)

Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da

mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-

mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas

atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros

trabalhos

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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Projeto-Brasil-AgropecuC3A1riagt

190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

que

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seg

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mecircs

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ra a

poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 9: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

RealizaccedilatildeoInstituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Imaflorareg

Coord do estudoMarina Piatto

AutoresCiniro Costa JuniorMarina Piatto

RevisatildeoEduardo Assad Embrapareg

Susian Martins FGV-EESP GV-AGROreg

FotografiaAcervo Imaflorareg

Instituto Centro de Vida ICVreg

Projeto graacutefico e infografiaThiago Oliveira Basso Obassreg

Apoio financeiroMoore Foundationreg

GTPSreg

Essa licenccedila natildeo vale para fotos e ilustraccedilotildees que permanecem em copyright Nota inserida na contracapa

produccedilatildeo de carne bovina

e mudanccedilas climaacuteticas

11

O BRASIl aleacutem de possuir o maior rebanho comercial do mundo eacute tambeacutem um dos

maiores produtores consumidores e exportadores de carne bovina Da atual produccedilatildeo de

carne brasileira (oito milhotildees de toneladas anuais) 75 eacute consumida internamente e o

restante eacute exportado principalmente para paiacuteses da Europa e da Aacutesia (IBGE ABIEC sd)

Com esses nuacutemeros o Valor Bruto da Produccedilatildeo (VBP) da carne bovina foi estimado em

R$ 704 bilhotildees para 2015 (atraacutes apenas do complexo da soja) tornando-se assim um dos

principais setores da economia do paiacutes (BRASIL 2015a) Aleacutem disso essas posiccedilotildees ten-

dem a se manter com a projeccedilatildeo de aumento de produccedilatildeo de 25 para suprir demandas

por carne na proacutexima deacutecada (BRASIL 2015b)

Por outro lado a criaccedilatildeo de bovinos de corte eacute tambeacutem uma das principais fontes de

emissatildeo de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil ndash em 2015 foram emitidos 274

MtCO2e por essa atividade Nesse mesmo ano o paiacutes todo emitiu cerca de 1900 Mt-

CO2e sendo que o setor de agropecuaacuteria contribuiu com 22 dessas emissotildees

(425 MtCO2e) Assim a quantidade de GEE emitida apenas pela pecuaacuteria de cor-

te representa 65 das emissotildees do setor agropecuaacuterio e 15 das emissotildees do paiacutes

atualmente (SEEG sd) Existem ainda as emissotildees de GEE devido a degradaccedilatildeo dos

solos de pastagens estimada em aproximadamente 200 MtCO2e mas que ainda natildeo satildeo

computados no inventaacuterio nacional (SEEG 2016)

O impacto da atividade pecuaacuteria seria reduzido caso o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo

fosse melhorado Estima-se que a produccedilatildeo de carne bovina no Brasil pode ao menos do-

brar utilizando as aacutereas de pastagem jaacute existentes (STRASSBURG et al 2014) Com baixa

exploraccedilatildeo de seu potencial as aacutereas de pastagem tornam-se susceptiacuteveis a degradaccedilatildeo

Com isso estima-se que hoje existem entre 40 e 50 milhotildees de hectares de pastagens

degradadas no Brasil (Eduardo AssadEmbrapa-Comunicaccedilatildeo Pessoal)

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2030 com as atuais ten-

decircncias de produtividade (IBGE sd) seria necessaacuterio aumentar seu rebanho em torno

de 15 (30 milhotildees de cabeccedilas) Nesse contexto acredita-se que apenas os estados da

Amazocircnia comportariam 40 desses animais adicionais (BARBOSA et al 2015) Com

isso haacute um alerta para a potencial conversatildeo de aacutereas nativas e degradaccedilatildeo de aacutereas jaacute

estabelecidas para acomodar esses animais excedentes

12

Nesse sentido a produccedilatildeo de carne bovina brasileira tem sido foco de preocupaccedilotildees

quanto o seu atual e futuro impacto nas mudanccedilas climaacuteticas globais Tanto eacute que se

tornou o tema central nas metas de reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE apresentadas pelo Brasil

na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) realizada em Paris em 2015 evento global que

culminou com maior acordo climaacutetico global jaacute visto o Acordo de Paris (BRASIL 2015c d)

De acordo com o decreto que regulamenta a

Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima ndash

PNMC (BRASIL 2010) o Brasil oficializa um

compromisso voluntaacuterio de reduzir suas emis-

sotildees de GEE entre 361 e 389 ateacute 2020 com-

paradas aos niacuteveis de 2005 Para cumprir essa

meta o decreto tambeacutem prevecirc a elaboraccedilatildeo

de Planos Setoriais com a inclusatildeo de accedilotildees

indicadores e metas especiacuteficas de reduccedilatildeo de

emissotildees e mecanismos para a verificaccedilatildeo do

seu cumprimento para guiar cada setor

O plano setorial para a Agricultura eacute chama-

do de Plano ABC (BRASIL 2012) Esse plano

tem abrangecircncia nacional e seu periacuteodo de vi-

gecircncia eacute de 2010 a 2020 sendo composto por

seis programas relacionados a tecnologias de

mitigaccedilatildeo

1 Recuperaccedilatildeo de 15 milhotildees de

hectares de pastagens degradadas

2 Expansatildeo de 4 milhotildees de hectares de

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta

(iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs)

3 Expansatildeo de 8 milhotildees de hectares

de Sistema Plantio Direto (SPD)

4 Introduccedilatildeo da Fixaccedilatildeo Bioloacutegica

de Nitrogecircnio (FBN) em 55

milhotildees de hectares

5 Expansatildeo de florestas plantadas

em 55 milhotildees de hectares

6 Tratamento de 44 milhotildees

de m3 dejetos animais

Enquanto isso na 21ordf Conferecircncia das Partes

(COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees

Unidas sobre Mudanccedila do Clima realizada em

novembro de 2015 em Paris reuniu 195 paiacuteses

e culminou na elaboraccedilatildeo do Acordo de Paris

Esse acordo tem objetivo de conter o aumento

Acordos climaacuteticos e A AgropecuaacuteriA brAsileirA

13

da temperatura meacutedia global em bem menos

do que 2oC acima dos niacuteveis preacute-industriais

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da

soma de esforccedilos desses 195 paiacuteses incluindo

o Brasil por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo

Nacionalmente Determinadas (INDC)

Apoacutes ratificada pelo presidente Michel Temer em

setembro de 2016 a INCD brasileira deixou de

ser uma pretensatildeo e se tornou um compromis-

so formal de contribuiccedilatildeo chamando-se agora

NDC A NDC brasileira por sua vez se compro-

mete em reduzir as emissotildees do paiacutes em 37

abaixo dos niacuteveis de 2005 em 2025 e subse-

quentemente reduzir essas emissotildees em 43

abaixo dos niacuteveis de 2005 (21 GtCO2e) em 2030

(BRASIL 2015cd) Isso significa o paiacutes reduzir

900 Mt CO2e ateacute 2030 o que resultaria em uma

emissatildeo nesse ano estimada em 1200 Mt CO2e

No que se refere ao setor agriacutecola a NDC brasi-

leira planeja fortalecer o Plano ABC por meio da

recuperaccedilatildeo adicional de 15 milhotildees de hecta-

res de pastagens degradadas e incremento de 5

milhotildees de hectares de sistemas de integraccedilatildeo

Lavoura-Pecuaacuteria-Florestas (iLPF) ateacute 2030

14

Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo Nacional-

mente Determinada (INDC ndash do inglecircs intended Nationally Determined Contribution) se

comprometeu em fortalecer o Plano ABC (BRASIL 2012) com a recuperaccedilatildeo de 15 mi-

lhotildees de hectares de pastagens degradadas e expansatildeo de 5 milhotildees de hectares siste-

mas de produccedilatildeo pecuaacuteria integrados com lavoura e floresta no paiacutes ateacute 2030

A INDC brasileira foi ratificada em setembro de 2016 pelo presidente Michel Temer dei-

xando assim de ter caraacuteter de pretensatildeo e se tornando um compromisso formal de contri-

buiccedilatildeo E assim passa a partir de agora a ser chamada de NDC As accedilotildees contempladas

na NDC brasileira tecircm como objetivo de suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios e

manter as emissotildees do setor de agropecuaacuteria em 2030 sob mesmo patamar de emissotildees

de 2005 ano base da NDC brasileira (BRASIL 2015c d)

Entretanto existem poucas evidecircncias de como um conjunto de boas praacuteticas afetam as

emissotildees de GEE e a produccedilatildeo de fazendas de gado de corte (HAVLIK et al 2014 WOL-

LENBERG et al 2016) Nesse contexto existe a necessidade da avaliaccedilatildeo de iniciativas

reais que introduzem praacuteticas baseadas na recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas com

o objetivo de aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de carne bovina no Brasil e ao mesmo

tempo reduzir as emissotildees de GEE

Esse eacute o caso por exemplo do Programa Novo Campo Coordenado pelo Instituto Centro

de Vida (ICV) o programa tem por objetivo promover praacuteticas sustentaacuteveis de produccedilatildeo de

carne em fazendas de pecuaacuteria na Amazocircnia melhorando o seu desempenho econocircmico

social e ambiental Com isso contribui para reduzir o desmatamento conservar ou recu-

perar os recursos naturais e fortalecer a economia local (ICV 2014)

As intervenccedilotildees promovidas pelo Programa Novo Campo satildeo baseadas na gestatildeo integra-

da da propriedade rural com a adoccedilatildeo progressiva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bo-

vinos de Corte (Valle 2011) da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel

(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS) Ambos estatildeo centralizados

na recuperaccedilatildeo e intensificaccedilatildeo de pastagens degradadas no fornecimento adequado de

suplementaccedilatildeo na melhoria do manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e na adequa-

ccedilatildeo ambiental das propriedades (MARCUZZO 2015)

15

Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser

definidas como um conjunto de normas e de

procedimentos a serem observados para tornar

os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-

taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-

dor o fornecimento de alimentos produzidos de

forma sustentaacutevel (Valle 2011)

A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam

periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de

boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-

ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-

cadores que abrangem todo o sistema produti-

vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental

social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e

das pastagens

BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007

pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-

rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um

conjunto de normas e de procedimentos a se-

rem observados pelos produtores rurais para

que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais

rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-

mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao

adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar

e controlar os diversos fatores que influenciam a

produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-

ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo

do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-

dades de conquista de novos mercados que va-

lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle

2011)

GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar

todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria

bovina a usarem os indicadores como uma fer-

ramenta de busca da sustentabilidade Para o

GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-

lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-

tros quantitativos ou qualitativos que podem ser

avaliados de acordo com alguns criteacuterios No

GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-

do estaacutegios cumulativos de desempenho e os

criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala

de desempenho (GTPS sd)

boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps

16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-

CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas

participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir

intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de

bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas

bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia

bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano

bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores

bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha

Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo

Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio

da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-

pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras

fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-

cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de

emissotildees

Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-

pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-

sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais

METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL

DO PROGRAMA NOVO CAMPO

18

CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-

zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as

primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1

Tabela 1 Anexo 1 e 2)

As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes

estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as

deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo

como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho

Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta

passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-

ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-

ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)

TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012

Nome fazenda

Aacuterea de pastagem (ha)

Nuacutemero meacutedio de animais

Sistema produccedilatildeo

Produccedilatildeo meacutedia carne

(kg ha-1 ano-1)

Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790

Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732

Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724

Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500

Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511

19

n 5 000 km

Amazocircnia

Cerrado

Pantanal

Caatinga

mata Atlacircntica

Pampa

fazendas novo Campo

mato Grosso (mT)

FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO

20

Os segmentos de cria recria e engorda cons-

tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos

de corte Estes podem estar presentes em uma

mesma propriedade ou separados

bull Cria Compreende o periacuteodo de

cobertura ateacute a desmama

bull Recria Compreende a periacuteodo entre a

desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute

a reproduccedilatildeo em fecircmeas

bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal

para o abate que pode ser feita

a pasto ou no confinamento

Assim essas fases designam o sistema de pro-

duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de

cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-

to quando essas fases estatildeo presentes em uma

mesma fazenda diz-se que a mesma possui um

sistema de produccedilatildeo de ciclo completo

sistemAs de produccedilatildeo de cArNe

21

implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps

Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual

de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e

o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-

ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos

animais nas fazendas

Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de

cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da

propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e

estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade

Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as

fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de

pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado

o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte

da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa

aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem

A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura

e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-

ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-

cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto

mais degradado maior a necessidade de reforma

Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado

dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-

mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura

da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo

dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100

kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)

22

bull Recuperar pastagens degradadas uma

das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de

corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-

gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das

aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se

encontram abandonadas ou subutilizadas

promovendo ganhos de produtividade e au-

mentando o sequestro de carbono nos solos

Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo

estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e

de energia Sistemas produtivos estabeleci-

dos em pastagens recuperadas podem pro-

duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se

comparados a sistemas em pastagens de-

gradadas O primeiro passo para recuperar

pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da

fazenda para posterior intervenccedilatildeo

bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-

mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-

lita um melhor uso da forragem aumentando

a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo

para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-

de pois permite o abate de animais mais jo-

vens e com melhor acabamento No entanto

para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-

to de boa qualidade todos os insumos natildeo

podem conter componentes ou resiacuteduos que

possam acarretar problemas agrave sauacutede animal

e humana

bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto

de atividades veterinaacuterias regularmente pla-

nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e

manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas

accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-

zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-

fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo

precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-

ccedilatildeo e banho carrapaticida

bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um

conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a

eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-

mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-

priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel

Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA

ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a

instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias

na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

(MARCUZZO 2015)

23

gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo

do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia

produtiva do rebanho de cria pode ser obtida

por meio das seguintes praacuteticas de manejo

a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de

ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-

tes etc)

b Escolha do periacuteodo de monta

c Escolha do sistema de acasalamento

d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo

e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes

f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama

g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais

h Controle sanitaacuterio do rebanho

bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-

do dos recursos naturais existentes na pro-

priedade rural em conformidade com as leis

ambientais e com as teacutecnicas recomendadas

para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-

de dos recursos hiacutedricos e da paisagem

bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-

quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo

accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-

ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-

cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo

de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e

direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-

dimento das exigecircncias legais e o registro

de todos as atividades e processos da pro-

priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria

e ambiental)(Valle 2011)

24

caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee

Ferramenta de caacutelculo

A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das

emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas

aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais

fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala

de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-

riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-

tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para

condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006

WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)

FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees

Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a

quantidade de GEE emitido (ou removido) pela

quantidade de material consumido ou processa-

do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-

mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg

kg) ou porcentagem ()

balanccedilo de gee =

emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)

O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende

a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)

de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na

pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-

la de fazenda (da porteira para dentro) envolve

a soma das emissotildees de GEE pelos animais e

seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-

dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-

quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-

da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em

solos bem manejados

25

PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA

TR

An

SPOR

TES

CO2

n2O

CH4

REB

AnHO

COndIccedilatildeO dO PASTO

USOS dE InSUmOS

FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA

26

Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)

pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de

dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de

acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade

A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de

fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao

solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela

queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-

culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo

sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)

Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de

GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-

lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do

inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)

O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado

com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-

ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-

tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-

sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda

analisada pode ser visto no Anexo 1

coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo

Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou

os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-

priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e

suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a

total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas

O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da

base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades

participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-

zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)

27

O Potencial de Aquecimento Global (Global

Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-

timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-

rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo

ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma

vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-

ciais de aquecer a Terra quando presentes na

atmosfera O IPCC determina os valores GWP

a serem utilizados e os atualiza de acordo com

o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea

Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute

foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo

(Assessment Report) do IPCC

AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-

decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-

lizados globalmente A calculadora de emissotildees

GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta

em seu modo default os valores GWP reporta-

dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar

de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-

quer outro valor GWP Entretanto nota-se que

para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-

dos apresentados em CO2e eacute preciso checar

se esses valores foram calculados utilizando os

mesmos fatores GWP

Assessment report

Ar2 Ar3 Ar5

1 1 1

21 25 28

310 298 265

poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)

28

paracircmetros utilizados

1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade

2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens

3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)

29

Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que

intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na

meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue

A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi

dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio

entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos

de anaacutelise

Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo

das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos

do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo

condiccedilatildeo das pastagens

bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)

bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo

de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo

moderada para severamente degradada (IPCC 2006)

bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de

degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)

Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da

mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-

mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas

atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros

trabalhos

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

REfEREcircnCIAS

ASSAD E MARTINS S Agricultura de baixa emissatildeo de carbono a evoluccedilatildeo de um novo pa-

radigma Observatoacuterio abc 2013 p 32-34

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

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20

12 -

exc

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013)

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mas

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part

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seg

undo

mecircs

em

cob

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ra a

poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 10: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

produccedilatildeo de carne bovina

e mudanccedilas climaacuteticas

11

O BRASIl aleacutem de possuir o maior rebanho comercial do mundo eacute tambeacutem um dos

maiores produtores consumidores e exportadores de carne bovina Da atual produccedilatildeo de

carne brasileira (oito milhotildees de toneladas anuais) 75 eacute consumida internamente e o

restante eacute exportado principalmente para paiacuteses da Europa e da Aacutesia (IBGE ABIEC sd)

Com esses nuacutemeros o Valor Bruto da Produccedilatildeo (VBP) da carne bovina foi estimado em

R$ 704 bilhotildees para 2015 (atraacutes apenas do complexo da soja) tornando-se assim um dos

principais setores da economia do paiacutes (BRASIL 2015a) Aleacutem disso essas posiccedilotildees ten-

dem a se manter com a projeccedilatildeo de aumento de produccedilatildeo de 25 para suprir demandas

por carne na proacutexima deacutecada (BRASIL 2015b)

Por outro lado a criaccedilatildeo de bovinos de corte eacute tambeacutem uma das principais fontes de

emissatildeo de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil ndash em 2015 foram emitidos 274

MtCO2e por essa atividade Nesse mesmo ano o paiacutes todo emitiu cerca de 1900 Mt-

CO2e sendo que o setor de agropecuaacuteria contribuiu com 22 dessas emissotildees

(425 MtCO2e) Assim a quantidade de GEE emitida apenas pela pecuaacuteria de cor-

te representa 65 das emissotildees do setor agropecuaacuterio e 15 das emissotildees do paiacutes

atualmente (SEEG sd) Existem ainda as emissotildees de GEE devido a degradaccedilatildeo dos

solos de pastagens estimada em aproximadamente 200 MtCO2e mas que ainda natildeo satildeo

computados no inventaacuterio nacional (SEEG 2016)

O impacto da atividade pecuaacuteria seria reduzido caso o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo

fosse melhorado Estima-se que a produccedilatildeo de carne bovina no Brasil pode ao menos do-

brar utilizando as aacutereas de pastagem jaacute existentes (STRASSBURG et al 2014) Com baixa

exploraccedilatildeo de seu potencial as aacutereas de pastagem tornam-se susceptiacuteveis a degradaccedilatildeo

Com isso estima-se que hoje existem entre 40 e 50 milhotildees de hectares de pastagens

degradadas no Brasil (Eduardo AssadEmbrapa-Comunicaccedilatildeo Pessoal)

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2030 com as atuais ten-

decircncias de produtividade (IBGE sd) seria necessaacuterio aumentar seu rebanho em torno

de 15 (30 milhotildees de cabeccedilas) Nesse contexto acredita-se que apenas os estados da

Amazocircnia comportariam 40 desses animais adicionais (BARBOSA et al 2015) Com

isso haacute um alerta para a potencial conversatildeo de aacutereas nativas e degradaccedilatildeo de aacutereas jaacute

estabelecidas para acomodar esses animais excedentes

12

Nesse sentido a produccedilatildeo de carne bovina brasileira tem sido foco de preocupaccedilotildees

quanto o seu atual e futuro impacto nas mudanccedilas climaacuteticas globais Tanto eacute que se

tornou o tema central nas metas de reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE apresentadas pelo Brasil

na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) realizada em Paris em 2015 evento global que

culminou com maior acordo climaacutetico global jaacute visto o Acordo de Paris (BRASIL 2015c d)

De acordo com o decreto que regulamenta a

Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima ndash

PNMC (BRASIL 2010) o Brasil oficializa um

compromisso voluntaacuterio de reduzir suas emis-

sotildees de GEE entre 361 e 389 ateacute 2020 com-

paradas aos niacuteveis de 2005 Para cumprir essa

meta o decreto tambeacutem prevecirc a elaboraccedilatildeo

de Planos Setoriais com a inclusatildeo de accedilotildees

indicadores e metas especiacuteficas de reduccedilatildeo de

emissotildees e mecanismos para a verificaccedilatildeo do

seu cumprimento para guiar cada setor

O plano setorial para a Agricultura eacute chama-

do de Plano ABC (BRASIL 2012) Esse plano

tem abrangecircncia nacional e seu periacuteodo de vi-

gecircncia eacute de 2010 a 2020 sendo composto por

seis programas relacionados a tecnologias de

mitigaccedilatildeo

1 Recuperaccedilatildeo de 15 milhotildees de

hectares de pastagens degradadas

2 Expansatildeo de 4 milhotildees de hectares de

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta

(iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs)

3 Expansatildeo de 8 milhotildees de hectares

de Sistema Plantio Direto (SPD)

4 Introduccedilatildeo da Fixaccedilatildeo Bioloacutegica

de Nitrogecircnio (FBN) em 55

milhotildees de hectares

5 Expansatildeo de florestas plantadas

em 55 milhotildees de hectares

6 Tratamento de 44 milhotildees

de m3 dejetos animais

Enquanto isso na 21ordf Conferecircncia das Partes

(COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees

Unidas sobre Mudanccedila do Clima realizada em

novembro de 2015 em Paris reuniu 195 paiacuteses

e culminou na elaboraccedilatildeo do Acordo de Paris

Esse acordo tem objetivo de conter o aumento

Acordos climaacuteticos e A AgropecuaacuteriA brAsileirA

13

da temperatura meacutedia global em bem menos

do que 2oC acima dos niacuteveis preacute-industriais

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da

soma de esforccedilos desses 195 paiacuteses incluindo

o Brasil por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo

Nacionalmente Determinadas (INDC)

Apoacutes ratificada pelo presidente Michel Temer em

setembro de 2016 a INCD brasileira deixou de

ser uma pretensatildeo e se tornou um compromis-

so formal de contribuiccedilatildeo chamando-se agora

NDC A NDC brasileira por sua vez se compro-

mete em reduzir as emissotildees do paiacutes em 37

abaixo dos niacuteveis de 2005 em 2025 e subse-

quentemente reduzir essas emissotildees em 43

abaixo dos niacuteveis de 2005 (21 GtCO2e) em 2030

(BRASIL 2015cd) Isso significa o paiacutes reduzir

900 Mt CO2e ateacute 2030 o que resultaria em uma

emissatildeo nesse ano estimada em 1200 Mt CO2e

No que se refere ao setor agriacutecola a NDC brasi-

leira planeja fortalecer o Plano ABC por meio da

recuperaccedilatildeo adicional de 15 milhotildees de hecta-

res de pastagens degradadas e incremento de 5

milhotildees de hectares de sistemas de integraccedilatildeo

Lavoura-Pecuaacuteria-Florestas (iLPF) ateacute 2030

14

Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo Nacional-

mente Determinada (INDC ndash do inglecircs intended Nationally Determined Contribution) se

comprometeu em fortalecer o Plano ABC (BRASIL 2012) com a recuperaccedilatildeo de 15 mi-

lhotildees de hectares de pastagens degradadas e expansatildeo de 5 milhotildees de hectares siste-

mas de produccedilatildeo pecuaacuteria integrados com lavoura e floresta no paiacutes ateacute 2030

A INDC brasileira foi ratificada em setembro de 2016 pelo presidente Michel Temer dei-

xando assim de ter caraacuteter de pretensatildeo e se tornando um compromisso formal de contri-

buiccedilatildeo E assim passa a partir de agora a ser chamada de NDC As accedilotildees contempladas

na NDC brasileira tecircm como objetivo de suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios e

manter as emissotildees do setor de agropecuaacuteria em 2030 sob mesmo patamar de emissotildees

de 2005 ano base da NDC brasileira (BRASIL 2015c d)

Entretanto existem poucas evidecircncias de como um conjunto de boas praacuteticas afetam as

emissotildees de GEE e a produccedilatildeo de fazendas de gado de corte (HAVLIK et al 2014 WOL-

LENBERG et al 2016) Nesse contexto existe a necessidade da avaliaccedilatildeo de iniciativas

reais que introduzem praacuteticas baseadas na recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas com

o objetivo de aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de carne bovina no Brasil e ao mesmo

tempo reduzir as emissotildees de GEE

Esse eacute o caso por exemplo do Programa Novo Campo Coordenado pelo Instituto Centro

de Vida (ICV) o programa tem por objetivo promover praacuteticas sustentaacuteveis de produccedilatildeo de

carne em fazendas de pecuaacuteria na Amazocircnia melhorando o seu desempenho econocircmico

social e ambiental Com isso contribui para reduzir o desmatamento conservar ou recu-

perar os recursos naturais e fortalecer a economia local (ICV 2014)

As intervenccedilotildees promovidas pelo Programa Novo Campo satildeo baseadas na gestatildeo integra-

da da propriedade rural com a adoccedilatildeo progressiva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bo-

vinos de Corte (Valle 2011) da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel

(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS) Ambos estatildeo centralizados

na recuperaccedilatildeo e intensificaccedilatildeo de pastagens degradadas no fornecimento adequado de

suplementaccedilatildeo na melhoria do manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e na adequa-

ccedilatildeo ambiental das propriedades (MARCUZZO 2015)

15

Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser

definidas como um conjunto de normas e de

procedimentos a serem observados para tornar

os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-

taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-

dor o fornecimento de alimentos produzidos de

forma sustentaacutevel (Valle 2011)

A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam

periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de

boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-

ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-

cadores que abrangem todo o sistema produti-

vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental

social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e

das pastagens

BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007

pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-

rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um

conjunto de normas e de procedimentos a se-

rem observados pelos produtores rurais para

que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais

rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-

mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao

adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar

e controlar os diversos fatores que influenciam a

produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-

ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo

do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-

dades de conquista de novos mercados que va-

lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle

2011)

GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar

todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria

bovina a usarem os indicadores como uma fer-

ramenta de busca da sustentabilidade Para o

GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-

lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-

tros quantitativos ou qualitativos que podem ser

avaliados de acordo com alguns criteacuterios No

GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-

do estaacutegios cumulativos de desempenho e os

criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala

de desempenho (GTPS sd)

boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps

16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-

CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas

participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir

intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de

bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas

bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia

bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano

bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores

bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha

Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo

Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio

da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-

pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras

fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-

cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de

emissotildees

Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-

pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-

sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais

METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL

DO PROGRAMA NOVO CAMPO

18

CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-

zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as

primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1

Tabela 1 Anexo 1 e 2)

As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes

estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as

deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo

como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho

Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta

passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-

ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-

ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)

TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012

Nome fazenda

Aacuterea de pastagem (ha)

Nuacutemero meacutedio de animais

Sistema produccedilatildeo

Produccedilatildeo meacutedia carne

(kg ha-1 ano-1)

Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790

Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732

Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724

Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500

Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511

19

n 5 000 km

Amazocircnia

Cerrado

Pantanal

Caatinga

mata Atlacircntica

Pampa

fazendas novo Campo

mato Grosso (mT)

FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO

20

Os segmentos de cria recria e engorda cons-

tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos

de corte Estes podem estar presentes em uma

mesma propriedade ou separados

bull Cria Compreende o periacuteodo de

cobertura ateacute a desmama

bull Recria Compreende a periacuteodo entre a

desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute

a reproduccedilatildeo em fecircmeas

bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal

para o abate que pode ser feita

a pasto ou no confinamento

Assim essas fases designam o sistema de pro-

duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de

cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-

to quando essas fases estatildeo presentes em uma

mesma fazenda diz-se que a mesma possui um

sistema de produccedilatildeo de ciclo completo

sistemAs de produccedilatildeo de cArNe

21

implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps

Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual

de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e

o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-

ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos

animais nas fazendas

Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de

cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da

propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e

estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade

Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as

fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de

pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado

o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte

da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa

aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem

A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura

e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-

ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-

cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto

mais degradado maior a necessidade de reforma

Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado

dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-

mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura

da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo

dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100

kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)

22

bull Recuperar pastagens degradadas uma

das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de

corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-

gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das

aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se

encontram abandonadas ou subutilizadas

promovendo ganhos de produtividade e au-

mentando o sequestro de carbono nos solos

Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo

estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e

de energia Sistemas produtivos estabeleci-

dos em pastagens recuperadas podem pro-

duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se

comparados a sistemas em pastagens de-

gradadas O primeiro passo para recuperar

pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da

fazenda para posterior intervenccedilatildeo

bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-

mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-

lita um melhor uso da forragem aumentando

a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo

para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-

de pois permite o abate de animais mais jo-

vens e com melhor acabamento No entanto

para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-

to de boa qualidade todos os insumos natildeo

podem conter componentes ou resiacuteduos que

possam acarretar problemas agrave sauacutede animal

e humana

bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto

de atividades veterinaacuterias regularmente pla-

nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e

manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas

accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-

zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-

fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo

precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-

ccedilatildeo e banho carrapaticida

bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um

conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a

eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-

mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-

priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel

Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA

ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a

instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias

na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

(MARCUZZO 2015)

23

gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo

do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia

produtiva do rebanho de cria pode ser obtida

por meio das seguintes praacuteticas de manejo

a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de

ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-

tes etc)

b Escolha do periacuteodo de monta

c Escolha do sistema de acasalamento

d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo

e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes

f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama

g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais

h Controle sanitaacuterio do rebanho

bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-

do dos recursos naturais existentes na pro-

priedade rural em conformidade com as leis

ambientais e com as teacutecnicas recomendadas

para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-

de dos recursos hiacutedricos e da paisagem

bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-

quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo

accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-

ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-

cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo

de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e

direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-

dimento das exigecircncias legais e o registro

de todos as atividades e processos da pro-

priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria

e ambiental)(Valle 2011)

24

caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee

Ferramenta de caacutelculo

A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das

emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas

aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais

fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala

de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-

riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-

tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para

condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006

WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)

FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees

Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a

quantidade de GEE emitido (ou removido) pela

quantidade de material consumido ou processa-

do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-

mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg

kg) ou porcentagem ()

balanccedilo de gee =

emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)

O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende

a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)

de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na

pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-

la de fazenda (da porteira para dentro) envolve

a soma das emissotildees de GEE pelos animais e

seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-

dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-

quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-

da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em

solos bem manejados

25

PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA

TR

An

SPOR

TES

CO2

n2O

CH4

REB

AnHO

COndIccedilatildeO dO PASTO

USOS dE InSUmOS

FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA

26

Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)

pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de

dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de

acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade

A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de

fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao

solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela

queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-

culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo

sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)

Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de

GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-

lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do

inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)

O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado

com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-

ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-

tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-

sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda

analisada pode ser visto no Anexo 1

coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo

Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou

os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-

priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e

suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a

total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas

O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da

base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades

participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-

zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)

27

O Potencial de Aquecimento Global (Global

Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-

timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-

rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo

ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma

vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-

ciais de aquecer a Terra quando presentes na

atmosfera O IPCC determina os valores GWP

a serem utilizados e os atualiza de acordo com

o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea

Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute

foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo

(Assessment Report) do IPCC

AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-

decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-

lizados globalmente A calculadora de emissotildees

GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta

em seu modo default os valores GWP reporta-

dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar

de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-

quer outro valor GWP Entretanto nota-se que

para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-

dos apresentados em CO2e eacute preciso checar

se esses valores foram calculados utilizando os

mesmos fatores GWP

Assessment report

Ar2 Ar3 Ar5

1 1 1

21 25 28

310 298 265

poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)

28

paracircmetros utilizados

1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade

2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens

3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)

29

Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que

intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na

meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue

A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi

dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio

entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos

de anaacutelise

Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo

das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos

do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo

condiccedilatildeo das pastagens

bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)

bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo

de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo

moderada para severamente degradada (IPCC 2006)

bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de

degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)

Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da

mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-

mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas

atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros

trabalhos

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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WOLLENBERG E et al Reducing emissions from agriculture to meet the 2degC target Global

Change Biology 2016 Disponiacutevel em lthttponlinelibrarywileycomdoi101111

gcb13340abstractgt Acesso em 27 nov 2016

WORLD RESOURCES INSTITUTE (WRI) GHG Protocol Agriacutecola calculator 2014 Disponiacutevel

em lthttpwwwghgprotocolorgAgriculture-GuidanceVisC3A3o-Geral3A-

Projeto-Brasil-AgropecuC3A1riagt

190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

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12 -

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sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 11: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

11

O BRASIl aleacutem de possuir o maior rebanho comercial do mundo eacute tambeacutem um dos

maiores produtores consumidores e exportadores de carne bovina Da atual produccedilatildeo de

carne brasileira (oito milhotildees de toneladas anuais) 75 eacute consumida internamente e o

restante eacute exportado principalmente para paiacuteses da Europa e da Aacutesia (IBGE ABIEC sd)

Com esses nuacutemeros o Valor Bruto da Produccedilatildeo (VBP) da carne bovina foi estimado em

R$ 704 bilhotildees para 2015 (atraacutes apenas do complexo da soja) tornando-se assim um dos

principais setores da economia do paiacutes (BRASIL 2015a) Aleacutem disso essas posiccedilotildees ten-

dem a se manter com a projeccedilatildeo de aumento de produccedilatildeo de 25 para suprir demandas

por carne na proacutexima deacutecada (BRASIL 2015b)

Por outro lado a criaccedilatildeo de bovinos de corte eacute tambeacutem uma das principais fontes de

emissatildeo de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil ndash em 2015 foram emitidos 274

MtCO2e por essa atividade Nesse mesmo ano o paiacutes todo emitiu cerca de 1900 Mt-

CO2e sendo que o setor de agropecuaacuteria contribuiu com 22 dessas emissotildees

(425 MtCO2e) Assim a quantidade de GEE emitida apenas pela pecuaacuteria de cor-

te representa 65 das emissotildees do setor agropecuaacuterio e 15 das emissotildees do paiacutes

atualmente (SEEG sd) Existem ainda as emissotildees de GEE devido a degradaccedilatildeo dos

solos de pastagens estimada em aproximadamente 200 MtCO2e mas que ainda natildeo satildeo

computados no inventaacuterio nacional (SEEG 2016)

O impacto da atividade pecuaacuteria seria reduzido caso o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo

fosse melhorado Estima-se que a produccedilatildeo de carne bovina no Brasil pode ao menos do-

brar utilizando as aacutereas de pastagem jaacute existentes (STRASSBURG et al 2014) Com baixa

exploraccedilatildeo de seu potencial as aacutereas de pastagem tornam-se susceptiacuteveis a degradaccedilatildeo

Com isso estima-se que hoje existem entre 40 e 50 milhotildees de hectares de pastagens

degradadas no Brasil (Eduardo AssadEmbrapa-Comunicaccedilatildeo Pessoal)

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2030 com as atuais ten-

decircncias de produtividade (IBGE sd) seria necessaacuterio aumentar seu rebanho em torno

de 15 (30 milhotildees de cabeccedilas) Nesse contexto acredita-se que apenas os estados da

Amazocircnia comportariam 40 desses animais adicionais (BARBOSA et al 2015) Com

isso haacute um alerta para a potencial conversatildeo de aacutereas nativas e degradaccedilatildeo de aacutereas jaacute

estabelecidas para acomodar esses animais excedentes

12

Nesse sentido a produccedilatildeo de carne bovina brasileira tem sido foco de preocupaccedilotildees

quanto o seu atual e futuro impacto nas mudanccedilas climaacuteticas globais Tanto eacute que se

tornou o tema central nas metas de reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE apresentadas pelo Brasil

na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) realizada em Paris em 2015 evento global que

culminou com maior acordo climaacutetico global jaacute visto o Acordo de Paris (BRASIL 2015c d)

De acordo com o decreto que regulamenta a

Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima ndash

PNMC (BRASIL 2010) o Brasil oficializa um

compromisso voluntaacuterio de reduzir suas emis-

sotildees de GEE entre 361 e 389 ateacute 2020 com-

paradas aos niacuteveis de 2005 Para cumprir essa

meta o decreto tambeacutem prevecirc a elaboraccedilatildeo

de Planos Setoriais com a inclusatildeo de accedilotildees

indicadores e metas especiacuteficas de reduccedilatildeo de

emissotildees e mecanismos para a verificaccedilatildeo do

seu cumprimento para guiar cada setor

O plano setorial para a Agricultura eacute chama-

do de Plano ABC (BRASIL 2012) Esse plano

tem abrangecircncia nacional e seu periacuteodo de vi-

gecircncia eacute de 2010 a 2020 sendo composto por

seis programas relacionados a tecnologias de

mitigaccedilatildeo

1 Recuperaccedilatildeo de 15 milhotildees de

hectares de pastagens degradadas

2 Expansatildeo de 4 milhotildees de hectares de

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta

(iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs)

3 Expansatildeo de 8 milhotildees de hectares

de Sistema Plantio Direto (SPD)

4 Introduccedilatildeo da Fixaccedilatildeo Bioloacutegica

de Nitrogecircnio (FBN) em 55

milhotildees de hectares

5 Expansatildeo de florestas plantadas

em 55 milhotildees de hectares

6 Tratamento de 44 milhotildees

de m3 dejetos animais

Enquanto isso na 21ordf Conferecircncia das Partes

(COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees

Unidas sobre Mudanccedila do Clima realizada em

novembro de 2015 em Paris reuniu 195 paiacuteses

e culminou na elaboraccedilatildeo do Acordo de Paris

Esse acordo tem objetivo de conter o aumento

Acordos climaacuteticos e A AgropecuaacuteriA brAsileirA

13

da temperatura meacutedia global em bem menos

do que 2oC acima dos niacuteveis preacute-industriais

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da

soma de esforccedilos desses 195 paiacuteses incluindo

o Brasil por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo

Nacionalmente Determinadas (INDC)

Apoacutes ratificada pelo presidente Michel Temer em

setembro de 2016 a INCD brasileira deixou de

ser uma pretensatildeo e se tornou um compromis-

so formal de contribuiccedilatildeo chamando-se agora

NDC A NDC brasileira por sua vez se compro-

mete em reduzir as emissotildees do paiacutes em 37

abaixo dos niacuteveis de 2005 em 2025 e subse-

quentemente reduzir essas emissotildees em 43

abaixo dos niacuteveis de 2005 (21 GtCO2e) em 2030

(BRASIL 2015cd) Isso significa o paiacutes reduzir

900 Mt CO2e ateacute 2030 o que resultaria em uma

emissatildeo nesse ano estimada em 1200 Mt CO2e

No que se refere ao setor agriacutecola a NDC brasi-

leira planeja fortalecer o Plano ABC por meio da

recuperaccedilatildeo adicional de 15 milhotildees de hecta-

res de pastagens degradadas e incremento de 5

milhotildees de hectares de sistemas de integraccedilatildeo

Lavoura-Pecuaacuteria-Florestas (iLPF) ateacute 2030

14

Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo Nacional-

mente Determinada (INDC ndash do inglecircs intended Nationally Determined Contribution) se

comprometeu em fortalecer o Plano ABC (BRASIL 2012) com a recuperaccedilatildeo de 15 mi-

lhotildees de hectares de pastagens degradadas e expansatildeo de 5 milhotildees de hectares siste-

mas de produccedilatildeo pecuaacuteria integrados com lavoura e floresta no paiacutes ateacute 2030

A INDC brasileira foi ratificada em setembro de 2016 pelo presidente Michel Temer dei-

xando assim de ter caraacuteter de pretensatildeo e se tornando um compromisso formal de contri-

buiccedilatildeo E assim passa a partir de agora a ser chamada de NDC As accedilotildees contempladas

na NDC brasileira tecircm como objetivo de suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios e

manter as emissotildees do setor de agropecuaacuteria em 2030 sob mesmo patamar de emissotildees

de 2005 ano base da NDC brasileira (BRASIL 2015c d)

Entretanto existem poucas evidecircncias de como um conjunto de boas praacuteticas afetam as

emissotildees de GEE e a produccedilatildeo de fazendas de gado de corte (HAVLIK et al 2014 WOL-

LENBERG et al 2016) Nesse contexto existe a necessidade da avaliaccedilatildeo de iniciativas

reais que introduzem praacuteticas baseadas na recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas com

o objetivo de aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de carne bovina no Brasil e ao mesmo

tempo reduzir as emissotildees de GEE

Esse eacute o caso por exemplo do Programa Novo Campo Coordenado pelo Instituto Centro

de Vida (ICV) o programa tem por objetivo promover praacuteticas sustentaacuteveis de produccedilatildeo de

carne em fazendas de pecuaacuteria na Amazocircnia melhorando o seu desempenho econocircmico

social e ambiental Com isso contribui para reduzir o desmatamento conservar ou recu-

perar os recursos naturais e fortalecer a economia local (ICV 2014)

As intervenccedilotildees promovidas pelo Programa Novo Campo satildeo baseadas na gestatildeo integra-

da da propriedade rural com a adoccedilatildeo progressiva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bo-

vinos de Corte (Valle 2011) da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel

(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS) Ambos estatildeo centralizados

na recuperaccedilatildeo e intensificaccedilatildeo de pastagens degradadas no fornecimento adequado de

suplementaccedilatildeo na melhoria do manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e na adequa-

ccedilatildeo ambiental das propriedades (MARCUZZO 2015)

15

Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser

definidas como um conjunto de normas e de

procedimentos a serem observados para tornar

os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-

taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-

dor o fornecimento de alimentos produzidos de

forma sustentaacutevel (Valle 2011)

A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam

periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de

boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-

ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-

cadores que abrangem todo o sistema produti-

vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental

social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e

das pastagens

BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007

pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-

rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um

conjunto de normas e de procedimentos a se-

rem observados pelos produtores rurais para

que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais

rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-

mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao

adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar

e controlar os diversos fatores que influenciam a

produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-

ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo

do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-

dades de conquista de novos mercados que va-

lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle

2011)

GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar

todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria

bovina a usarem os indicadores como uma fer-

ramenta de busca da sustentabilidade Para o

GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-

lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-

tros quantitativos ou qualitativos que podem ser

avaliados de acordo com alguns criteacuterios No

GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-

do estaacutegios cumulativos de desempenho e os

criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala

de desempenho (GTPS sd)

boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps

16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-

CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas

participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir

intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de

bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas

bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia

bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano

bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores

bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha

Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo

Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio

da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-

pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras

fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-

cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de

emissotildees

Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-

pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-

sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais

METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL

DO PROGRAMA NOVO CAMPO

18

CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-

zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as

primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1

Tabela 1 Anexo 1 e 2)

As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes

estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as

deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo

como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho

Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta

passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-

ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-

ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)

TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012

Nome fazenda

Aacuterea de pastagem (ha)

Nuacutemero meacutedio de animais

Sistema produccedilatildeo

Produccedilatildeo meacutedia carne

(kg ha-1 ano-1)

Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790

Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732

Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724

Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500

Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511

19

n 5 000 km

Amazocircnia

Cerrado

Pantanal

Caatinga

mata Atlacircntica

Pampa

fazendas novo Campo

mato Grosso (mT)

FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO

20

Os segmentos de cria recria e engorda cons-

tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos

de corte Estes podem estar presentes em uma

mesma propriedade ou separados

bull Cria Compreende o periacuteodo de

cobertura ateacute a desmama

bull Recria Compreende a periacuteodo entre a

desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute

a reproduccedilatildeo em fecircmeas

bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal

para o abate que pode ser feita

a pasto ou no confinamento

Assim essas fases designam o sistema de pro-

duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de

cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-

to quando essas fases estatildeo presentes em uma

mesma fazenda diz-se que a mesma possui um

sistema de produccedilatildeo de ciclo completo

sistemAs de produccedilatildeo de cArNe

21

implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps

Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual

de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e

o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-

ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos

animais nas fazendas

Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de

cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da

propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e

estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade

Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as

fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de

pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado

o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte

da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa

aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem

A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura

e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-

ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-

cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto

mais degradado maior a necessidade de reforma

Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado

dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-

mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura

da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo

dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100

kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)

22

bull Recuperar pastagens degradadas uma

das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de

corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-

gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das

aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se

encontram abandonadas ou subutilizadas

promovendo ganhos de produtividade e au-

mentando o sequestro de carbono nos solos

Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo

estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e

de energia Sistemas produtivos estabeleci-

dos em pastagens recuperadas podem pro-

duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se

comparados a sistemas em pastagens de-

gradadas O primeiro passo para recuperar

pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da

fazenda para posterior intervenccedilatildeo

bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-

mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-

lita um melhor uso da forragem aumentando

a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo

para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-

de pois permite o abate de animais mais jo-

vens e com melhor acabamento No entanto

para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-

to de boa qualidade todos os insumos natildeo

podem conter componentes ou resiacuteduos que

possam acarretar problemas agrave sauacutede animal

e humana

bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto

de atividades veterinaacuterias regularmente pla-

nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e

manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas

accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-

zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-

fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo

precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-

ccedilatildeo e banho carrapaticida

bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um

conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a

eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-

mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-

priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel

Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA

ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a

instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias

na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

(MARCUZZO 2015)

23

gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo

do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia

produtiva do rebanho de cria pode ser obtida

por meio das seguintes praacuteticas de manejo

a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de

ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-

tes etc)

b Escolha do periacuteodo de monta

c Escolha do sistema de acasalamento

d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo

e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes

f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama

g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais

h Controle sanitaacuterio do rebanho

bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-

do dos recursos naturais existentes na pro-

priedade rural em conformidade com as leis

ambientais e com as teacutecnicas recomendadas

para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-

de dos recursos hiacutedricos e da paisagem

bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-

quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo

accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-

ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-

cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo

de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e

direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-

dimento das exigecircncias legais e o registro

de todos as atividades e processos da pro-

priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria

e ambiental)(Valle 2011)

24

caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee

Ferramenta de caacutelculo

A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das

emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas

aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais

fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala

de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-

riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-

tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para

condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006

WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)

FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees

Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a

quantidade de GEE emitido (ou removido) pela

quantidade de material consumido ou processa-

do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-

mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg

kg) ou porcentagem ()

balanccedilo de gee =

emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)

O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende

a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)

de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na

pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-

la de fazenda (da porteira para dentro) envolve

a soma das emissotildees de GEE pelos animais e

seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-

dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-

quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-

da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em

solos bem manejados

25

PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA

TR

An

SPOR

TES

CO2

n2O

CH4

REB

AnHO

COndIccedilatildeO dO PASTO

USOS dE InSUmOS

FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA

26

Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)

pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de

dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de

acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade

A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de

fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao

solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela

queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-

culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo

sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)

Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de

GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-

lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do

inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)

O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado

com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-

ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-

tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-

sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda

analisada pode ser visto no Anexo 1

coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo

Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou

os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-

priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e

suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a

total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas

O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da

base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades

participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-

zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)

27

O Potencial de Aquecimento Global (Global

Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-

timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-

rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo

ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma

vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-

ciais de aquecer a Terra quando presentes na

atmosfera O IPCC determina os valores GWP

a serem utilizados e os atualiza de acordo com

o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea

Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute

foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo

(Assessment Report) do IPCC

AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-

decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-

lizados globalmente A calculadora de emissotildees

GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta

em seu modo default os valores GWP reporta-

dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar

de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-

quer outro valor GWP Entretanto nota-se que

para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-

dos apresentados em CO2e eacute preciso checar

se esses valores foram calculados utilizando os

mesmos fatores GWP

Assessment report

Ar2 Ar3 Ar5

1 1 1

21 25 28

310 298 265

poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)

28

paracircmetros utilizados

1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade

2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens

3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)

29

Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que

intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na

meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue

A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi

dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio

entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos

de anaacutelise

Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo

das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos

do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo

condiccedilatildeo das pastagens

bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)

bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo

de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo

moderada para severamente degradada (IPCC 2006)

bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de

degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)

Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da

mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-

mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas

atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros

trabalhos

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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Projeto-Brasil-AgropecuC3A1riagt

190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

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20

12 -

exc

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ouve

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seg

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mecircs

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poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 12: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

12

Nesse sentido a produccedilatildeo de carne bovina brasileira tem sido foco de preocupaccedilotildees

quanto o seu atual e futuro impacto nas mudanccedilas climaacuteticas globais Tanto eacute que se

tornou o tema central nas metas de reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE apresentadas pelo Brasil

na 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) realizada em Paris em 2015 evento global que

culminou com maior acordo climaacutetico global jaacute visto o Acordo de Paris (BRASIL 2015c d)

De acordo com o decreto que regulamenta a

Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima ndash

PNMC (BRASIL 2010) o Brasil oficializa um

compromisso voluntaacuterio de reduzir suas emis-

sotildees de GEE entre 361 e 389 ateacute 2020 com-

paradas aos niacuteveis de 2005 Para cumprir essa

meta o decreto tambeacutem prevecirc a elaboraccedilatildeo

de Planos Setoriais com a inclusatildeo de accedilotildees

indicadores e metas especiacuteficas de reduccedilatildeo de

emissotildees e mecanismos para a verificaccedilatildeo do

seu cumprimento para guiar cada setor

O plano setorial para a Agricultura eacute chama-

do de Plano ABC (BRASIL 2012) Esse plano

tem abrangecircncia nacional e seu periacuteodo de vi-

gecircncia eacute de 2010 a 2020 sendo composto por

seis programas relacionados a tecnologias de

mitigaccedilatildeo

1 Recuperaccedilatildeo de 15 milhotildees de

hectares de pastagens degradadas

2 Expansatildeo de 4 milhotildees de hectares de

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta

(iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs)

3 Expansatildeo de 8 milhotildees de hectares

de Sistema Plantio Direto (SPD)

4 Introduccedilatildeo da Fixaccedilatildeo Bioloacutegica

de Nitrogecircnio (FBN) em 55

milhotildees de hectares

5 Expansatildeo de florestas plantadas

em 55 milhotildees de hectares

6 Tratamento de 44 milhotildees

de m3 dejetos animais

Enquanto isso na 21ordf Conferecircncia das Partes

(COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees

Unidas sobre Mudanccedila do Clima realizada em

novembro de 2015 em Paris reuniu 195 paiacuteses

e culminou na elaboraccedilatildeo do Acordo de Paris

Esse acordo tem objetivo de conter o aumento

Acordos climaacuteticos e A AgropecuaacuteriA brAsileirA

13

da temperatura meacutedia global em bem menos

do que 2oC acima dos niacuteveis preacute-industriais

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da

soma de esforccedilos desses 195 paiacuteses incluindo

o Brasil por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo

Nacionalmente Determinadas (INDC)

Apoacutes ratificada pelo presidente Michel Temer em

setembro de 2016 a INCD brasileira deixou de

ser uma pretensatildeo e se tornou um compromis-

so formal de contribuiccedilatildeo chamando-se agora

NDC A NDC brasileira por sua vez se compro-

mete em reduzir as emissotildees do paiacutes em 37

abaixo dos niacuteveis de 2005 em 2025 e subse-

quentemente reduzir essas emissotildees em 43

abaixo dos niacuteveis de 2005 (21 GtCO2e) em 2030

(BRASIL 2015cd) Isso significa o paiacutes reduzir

900 Mt CO2e ateacute 2030 o que resultaria em uma

emissatildeo nesse ano estimada em 1200 Mt CO2e

No que se refere ao setor agriacutecola a NDC brasi-

leira planeja fortalecer o Plano ABC por meio da

recuperaccedilatildeo adicional de 15 milhotildees de hecta-

res de pastagens degradadas e incremento de 5

milhotildees de hectares de sistemas de integraccedilatildeo

Lavoura-Pecuaacuteria-Florestas (iLPF) ateacute 2030

14

Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo Nacional-

mente Determinada (INDC ndash do inglecircs intended Nationally Determined Contribution) se

comprometeu em fortalecer o Plano ABC (BRASIL 2012) com a recuperaccedilatildeo de 15 mi-

lhotildees de hectares de pastagens degradadas e expansatildeo de 5 milhotildees de hectares siste-

mas de produccedilatildeo pecuaacuteria integrados com lavoura e floresta no paiacutes ateacute 2030

A INDC brasileira foi ratificada em setembro de 2016 pelo presidente Michel Temer dei-

xando assim de ter caraacuteter de pretensatildeo e se tornando um compromisso formal de contri-

buiccedilatildeo E assim passa a partir de agora a ser chamada de NDC As accedilotildees contempladas

na NDC brasileira tecircm como objetivo de suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios e

manter as emissotildees do setor de agropecuaacuteria em 2030 sob mesmo patamar de emissotildees

de 2005 ano base da NDC brasileira (BRASIL 2015c d)

Entretanto existem poucas evidecircncias de como um conjunto de boas praacuteticas afetam as

emissotildees de GEE e a produccedilatildeo de fazendas de gado de corte (HAVLIK et al 2014 WOL-

LENBERG et al 2016) Nesse contexto existe a necessidade da avaliaccedilatildeo de iniciativas

reais que introduzem praacuteticas baseadas na recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas com

o objetivo de aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de carne bovina no Brasil e ao mesmo

tempo reduzir as emissotildees de GEE

Esse eacute o caso por exemplo do Programa Novo Campo Coordenado pelo Instituto Centro

de Vida (ICV) o programa tem por objetivo promover praacuteticas sustentaacuteveis de produccedilatildeo de

carne em fazendas de pecuaacuteria na Amazocircnia melhorando o seu desempenho econocircmico

social e ambiental Com isso contribui para reduzir o desmatamento conservar ou recu-

perar os recursos naturais e fortalecer a economia local (ICV 2014)

As intervenccedilotildees promovidas pelo Programa Novo Campo satildeo baseadas na gestatildeo integra-

da da propriedade rural com a adoccedilatildeo progressiva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bo-

vinos de Corte (Valle 2011) da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel

(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS) Ambos estatildeo centralizados

na recuperaccedilatildeo e intensificaccedilatildeo de pastagens degradadas no fornecimento adequado de

suplementaccedilatildeo na melhoria do manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e na adequa-

ccedilatildeo ambiental das propriedades (MARCUZZO 2015)

15

Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser

definidas como um conjunto de normas e de

procedimentos a serem observados para tornar

os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-

taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-

dor o fornecimento de alimentos produzidos de

forma sustentaacutevel (Valle 2011)

A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam

periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de

boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-

ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-

cadores que abrangem todo o sistema produti-

vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental

social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e

das pastagens

BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007

pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-

rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um

conjunto de normas e de procedimentos a se-

rem observados pelos produtores rurais para

que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais

rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-

mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao

adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar

e controlar os diversos fatores que influenciam a

produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-

ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo

do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-

dades de conquista de novos mercados que va-

lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle

2011)

GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar

todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria

bovina a usarem os indicadores como uma fer-

ramenta de busca da sustentabilidade Para o

GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-

lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-

tros quantitativos ou qualitativos que podem ser

avaliados de acordo com alguns criteacuterios No

GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-

do estaacutegios cumulativos de desempenho e os

criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala

de desempenho (GTPS sd)

boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps

16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-

CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas

participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir

intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de

bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas

bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia

bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano

bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores

bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha

Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo

Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio

da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-

pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras

fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-

cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de

emissotildees

Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-

pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-

sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais

METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL

DO PROGRAMA NOVO CAMPO

18

CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-

zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as

primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1

Tabela 1 Anexo 1 e 2)

As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes

estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as

deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo

como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho

Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta

passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-

ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-

ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)

TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012

Nome fazenda

Aacuterea de pastagem (ha)

Nuacutemero meacutedio de animais

Sistema produccedilatildeo

Produccedilatildeo meacutedia carne

(kg ha-1 ano-1)

Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790

Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732

Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724

Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500

Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511

19

n 5 000 km

Amazocircnia

Cerrado

Pantanal

Caatinga

mata Atlacircntica

Pampa

fazendas novo Campo

mato Grosso (mT)

FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO

20

Os segmentos de cria recria e engorda cons-

tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos

de corte Estes podem estar presentes em uma

mesma propriedade ou separados

bull Cria Compreende o periacuteodo de

cobertura ateacute a desmama

bull Recria Compreende a periacuteodo entre a

desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute

a reproduccedilatildeo em fecircmeas

bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal

para o abate que pode ser feita

a pasto ou no confinamento

Assim essas fases designam o sistema de pro-

duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de

cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-

to quando essas fases estatildeo presentes em uma

mesma fazenda diz-se que a mesma possui um

sistema de produccedilatildeo de ciclo completo

sistemAs de produccedilatildeo de cArNe

21

implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps

Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual

de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e

o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-

ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos

animais nas fazendas

Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de

cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da

propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e

estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade

Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as

fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de

pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado

o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte

da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa

aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem

A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura

e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-

ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-

cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto

mais degradado maior a necessidade de reforma

Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado

dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-

mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura

da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo

dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100

kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)

22

bull Recuperar pastagens degradadas uma

das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de

corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-

gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das

aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se

encontram abandonadas ou subutilizadas

promovendo ganhos de produtividade e au-

mentando o sequestro de carbono nos solos

Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo

estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e

de energia Sistemas produtivos estabeleci-

dos em pastagens recuperadas podem pro-

duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se

comparados a sistemas em pastagens de-

gradadas O primeiro passo para recuperar

pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da

fazenda para posterior intervenccedilatildeo

bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-

mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-

lita um melhor uso da forragem aumentando

a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo

para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-

de pois permite o abate de animais mais jo-

vens e com melhor acabamento No entanto

para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-

to de boa qualidade todos os insumos natildeo

podem conter componentes ou resiacuteduos que

possam acarretar problemas agrave sauacutede animal

e humana

bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto

de atividades veterinaacuterias regularmente pla-

nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e

manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas

accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-

zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-

fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo

precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-

ccedilatildeo e banho carrapaticida

bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um

conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a

eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-

mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-

priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel

Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA

ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a

instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias

na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

(MARCUZZO 2015)

23

gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo

do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia

produtiva do rebanho de cria pode ser obtida

por meio das seguintes praacuteticas de manejo

a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de

ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-

tes etc)

b Escolha do periacuteodo de monta

c Escolha do sistema de acasalamento

d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo

e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes

f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama

g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais

h Controle sanitaacuterio do rebanho

bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-

do dos recursos naturais existentes na pro-

priedade rural em conformidade com as leis

ambientais e com as teacutecnicas recomendadas

para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-

de dos recursos hiacutedricos e da paisagem

bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-

quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo

accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-

ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-

cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo

de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e

direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-

dimento das exigecircncias legais e o registro

de todos as atividades e processos da pro-

priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria

e ambiental)(Valle 2011)

24

caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee

Ferramenta de caacutelculo

A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das

emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas

aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais

fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala

de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-

riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-

tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para

condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006

WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)

FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees

Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a

quantidade de GEE emitido (ou removido) pela

quantidade de material consumido ou processa-

do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-

mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg

kg) ou porcentagem ()

balanccedilo de gee =

emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)

O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende

a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)

de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na

pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-

la de fazenda (da porteira para dentro) envolve

a soma das emissotildees de GEE pelos animais e

seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-

dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-

quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-

da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em

solos bem manejados

25

PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA

TR

An

SPOR

TES

CO2

n2O

CH4

REB

AnHO

COndIccedilatildeO dO PASTO

USOS dE InSUmOS

FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA

26

Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)

pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de

dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de

acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade

A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de

fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao

solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela

queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-

culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo

sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)

Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de

GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-

lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do

inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)

O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado

com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-

ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-

tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-

sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda

analisada pode ser visto no Anexo 1

coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo

Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou

os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-

priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e

suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a

total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas

O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da

base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades

participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-

zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)

27

O Potencial de Aquecimento Global (Global

Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-

timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-

rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo

ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma

vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-

ciais de aquecer a Terra quando presentes na

atmosfera O IPCC determina os valores GWP

a serem utilizados e os atualiza de acordo com

o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea

Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute

foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo

(Assessment Report) do IPCC

AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-

decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-

lizados globalmente A calculadora de emissotildees

GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta

em seu modo default os valores GWP reporta-

dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar

de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-

quer outro valor GWP Entretanto nota-se que

para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-

dos apresentados em CO2e eacute preciso checar

se esses valores foram calculados utilizando os

mesmos fatores GWP

Assessment report

Ar2 Ar3 Ar5

1 1 1

21 25 28

310 298 265

poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)

28

paracircmetros utilizados

1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade

2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens

3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)

29

Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que

intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na

meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue

A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi

dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio

entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos

de anaacutelise

Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo

das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos

do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo

condiccedilatildeo das pastagens

bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)

bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo

de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo

moderada para severamente degradada (IPCC 2006)

bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de

degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)

Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da

mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-

mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas

atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros

trabalhos

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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latoacuterios de referecircncia agricultura 3ordm inventaacuterio brasileiro de emissotildees e remoccedilotildees antroacutepicas

de gases de efeito estufa Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilatildeo 2015a

EMBRAPA Emissotildees de oacutexido nitroso de solos agriacutecolas e de manejo de dejetos Relatoacuterios de

referecircncia agricultura 3ordm inventaacuterio brasileiro de emissotildees e remoccedilotildees antroacutepicas de gases

de efeito estufa Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilatildeo 2015b

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

que

oco

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havi

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seg

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mecircs

em

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ra a

poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 13: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

13

da temperatura meacutedia global em bem menos

do que 2oC acima dos niacuteveis preacute-industriais

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da

soma de esforccedilos desses 195 paiacuteses incluindo

o Brasil por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo

Nacionalmente Determinadas (INDC)

Apoacutes ratificada pelo presidente Michel Temer em

setembro de 2016 a INCD brasileira deixou de

ser uma pretensatildeo e se tornou um compromis-

so formal de contribuiccedilatildeo chamando-se agora

NDC A NDC brasileira por sua vez se compro-

mete em reduzir as emissotildees do paiacutes em 37

abaixo dos niacuteveis de 2005 em 2025 e subse-

quentemente reduzir essas emissotildees em 43

abaixo dos niacuteveis de 2005 (21 GtCO2e) em 2030

(BRASIL 2015cd) Isso significa o paiacutes reduzir

900 Mt CO2e ateacute 2030 o que resultaria em uma

emissatildeo nesse ano estimada em 1200 Mt CO2e

No que se refere ao setor agriacutecola a NDC brasi-

leira planeja fortalecer o Plano ABC por meio da

recuperaccedilatildeo adicional de 15 milhotildees de hecta-

res de pastagens degradadas e incremento de 5

milhotildees de hectares de sistemas de integraccedilatildeo

Lavoura-Pecuaacuteria-Florestas (iLPF) ateacute 2030

14

Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo Nacional-

mente Determinada (INDC ndash do inglecircs intended Nationally Determined Contribution) se

comprometeu em fortalecer o Plano ABC (BRASIL 2012) com a recuperaccedilatildeo de 15 mi-

lhotildees de hectares de pastagens degradadas e expansatildeo de 5 milhotildees de hectares siste-

mas de produccedilatildeo pecuaacuteria integrados com lavoura e floresta no paiacutes ateacute 2030

A INDC brasileira foi ratificada em setembro de 2016 pelo presidente Michel Temer dei-

xando assim de ter caraacuteter de pretensatildeo e se tornando um compromisso formal de contri-

buiccedilatildeo E assim passa a partir de agora a ser chamada de NDC As accedilotildees contempladas

na NDC brasileira tecircm como objetivo de suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios e

manter as emissotildees do setor de agropecuaacuteria em 2030 sob mesmo patamar de emissotildees

de 2005 ano base da NDC brasileira (BRASIL 2015c d)

Entretanto existem poucas evidecircncias de como um conjunto de boas praacuteticas afetam as

emissotildees de GEE e a produccedilatildeo de fazendas de gado de corte (HAVLIK et al 2014 WOL-

LENBERG et al 2016) Nesse contexto existe a necessidade da avaliaccedilatildeo de iniciativas

reais que introduzem praacuteticas baseadas na recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas com

o objetivo de aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de carne bovina no Brasil e ao mesmo

tempo reduzir as emissotildees de GEE

Esse eacute o caso por exemplo do Programa Novo Campo Coordenado pelo Instituto Centro

de Vida (ICV) o programa tem por objetivo promover praacuteticas sustentaacuteveis de produccedilatildeo de

carne em fazendas de pecuaacuteria na Amazocircnia melhorando o seu desempenho econocircmico

social e ambiental Com isso contribui para reduzir o desmatamento conservar ou recu-

perar os recursos naturais e fortalecer a economia local (ICV 2014)

As intervenccedilotildees promovidas pelo Programa Novo Campo satildeo baseadas na gestatildeo integra-

da da propriedade rural com a adoccedilatildeo progressiva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bo-

vinos de Corte (Valle 2011) da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel

(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS) Ambos estatildeo centralizados

na recuperaccedilatildeo e intensificaccedilatildeo de pastagens degradadas no fornecimento adequado de

suplementaccedilatildeo na melhoria do manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e na adequa-

ccedilatildeo ambiental das propriedades (MARCUZZO 2015)

15

Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser

definidas como um conjunto de normas e de

procedimentos a serem observados para tornar

os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-

taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-

dor o fornecimento de alimentos produzidos de

forma sustentaacutevel (Valle 2011)

A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam

periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de

boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-

ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-

cadores que abrangem todo o sistema produti-

vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental

social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e

das pastagens

BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007

pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-

rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um

conjunto de normas e de procedimentos a se-

rem observados pelos produtores rurais para

que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais

rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-

mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao

adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar

e controlar os diversos fatores que influenciam a

produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-

ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo

do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-

dades de conquista de novos mercados que va-

lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle

2011)

GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar

todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria

bovina a usarem os indicadores como uma fer-

ramenta de busca da sustentabilidade Para o

GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-

lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-

tros quantitativos ou qualitativos que podem ser

avaliados de acordo com alguns criteacuterios No

GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-

do estaacutegios cumulativos de desempenho e os

criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala

de desempenho (GTPS sd)

boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps

16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-

CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas

participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir

intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de

bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas

bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia

bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano

bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores

bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha

Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo

Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio

da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-

pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras

fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-

cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de

emissotildees

Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-

pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-

sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais

METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL

DO PROGRAMA NOVO CAMPO

18

CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-

zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as

primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1

Tabela 1 Anexo 1 e 2)

As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes

estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as

deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo

como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho

Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta

passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-

ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-

ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)

TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012

Nome fazenda

Aacuterea de pastagem (ha)

Nuacutemero meacutedio de animais

Sistema produccedilatildeo

Produccedilatildeo meacutedia carne

(kg ha-1 ano-1)

Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790

Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732

Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724

Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500

Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511

19

n 5 000 km

Amazocircnia

Cerrado

Pantanal

Caatinga

mata Atlacircntica

Pampa

fazendas novo Campo

mato Grosso (mT)

FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO

20

Os segmentos de cria recria e engorda cons-

tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos

de corte Estes podem estar presentes em uma

mesma propriedade ou separados

bull Cria Compreende o periacuteodo de

cobertura ateacute a desmama

bull Recria Compreende a periacuteodo entre a

desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute

a reproduccedilatildeo em fecircmeas

bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal

para o abate que pode ser feita

a pasto ou no confinamento

Assim essas fases designam o sistema de pro-

duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de

cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-

to quando essas fases estatildeo presentes em uma

mesma fazenda diz-se que a mesma possui um

sistema de produccedilatildeo de ciclo completo

sistemAs de produccedilatildeo de cArNe

21

implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps

Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual

de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e

o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-

ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos

animais nas fazendas

Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de

cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da

propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e

estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade

Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as

fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de

pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado

o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte

da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa

aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem

A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura

e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-

ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-

cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto

mais degradado maior a necessidade de reforma

Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado

dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-

mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura

da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo

dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100

kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)

22

bull Recuperar pastagens degradadas uma

das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de

corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-

gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das

aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se

encontram abandonadas ou subutilizadas

promovendo ganhos de produtividade e au-

mentando o sequestro de carbono nos solos

Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo

estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e

de energia Sistemas produtivos estabeleci-

dos em pastagens recuperadas podem pro-

duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se

comparados a sistemas em pastagens de-

gradadas O primeiro passo para recuperar

pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da

fazenda para posterior intervenccedilatildeo

bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-

mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-

lita um melhor uso da forragem aumentando

a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo

para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-

de pois permite o abate de animais mais jo-

vens e com melhor acabamento No entanto

para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-

to de boa qualidade todos os insumos natildeo

podem conter componentes ou resiacuteduos que

possam acarretar problemas agrave sauacutede animal

e humana

bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto

de atividades veterinaacuterias regularmente pla-

nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e

manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas

accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-

zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-

fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo

precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-

ccedilatildeo e banho carrapaticida

bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um

conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a

eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-

mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-

priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel

Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA

ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a

instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias

na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

(MARCUZZO 2015)

23

gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo

do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia

produtiva do rebanho de cria pode ser obtida

por meio das seguintes praacuteticas de manejo

a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de

ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-

tes etc)

b Escolha do periacuteodo de monta

c Escolha do sistema de acasalamento

d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo

e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes

f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama

g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais

h Controle sanitaacuterio do rebanho

bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-

do dos recursos naturais existentes na pro-

priedade rural em conformidade com as leis

ambientais e com as teacutecnicas recomendadas

para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-

de dos recursos hiacutedricos e da paisagem

bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-

quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo

accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-

ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-

cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo

de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e

direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-

dimento das exigecircncias legais e o registro

de todos as atividades e processos da pro-

priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria

e ambiental)(Valle 2011)

24

caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee

Ferramenta de caacutelculo

A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das

emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas

aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais

fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala

de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-

riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-

tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para

condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006

WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)

FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees

Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a

quantidade de GEE emitido (ou removido) pela

quantidade de material consumido ou processa-

do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-

mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg

kg) ou porcentagem ()

balanccedilo de gee =

emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)

O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende

a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)

de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na

pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-

la de fazenda (da porteira para dentro) envolve

a soma das emissotildees de GEE pelos animais e

seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-

dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-

quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-

da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em

solos bem manejados

25

PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA

TR

An

SPOR

TES

CO2

n2O

CH4

REB

AnHO

COndIccedilatildeO dO PASTO

USOS dE InSUmOS

FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA

26

Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)

pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de

dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de

acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade

A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de

fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao

solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela

queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-

culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo

sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)

Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de

GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-

lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do

inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)

O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado

com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-

ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-

tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-

sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda

analisada pode ser visto no Anexo 1

coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo

Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou

os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-

priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e

suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a

total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas

O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da

base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades

participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-

zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)

27

O Potencial de Aquecimento Global (Global

Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-

timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-

rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo

ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma

vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-

ciais de aquecer a Terra quando presentes na

atmosfera O IPCC determina os valores GWP

a serem utilizados e os atualiza de acordo com

o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea

Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute

foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo

(Assessment Report) do IPCC

AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-

decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-

lizados globalmente A calculadora de emissotildees

GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta

em seu modo default os valores GWP reporta-

dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar

de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-

quer outro valor GWP Entretanto nota-se que

para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-

dos apresentados em CO2e eacute preciso checar

se esses valores foram calculados utilizando os

mesmos fatores GWP

Assessment report

Ar2 Ar3 Ar5

1 1 1

21 25 28

310 298 265

poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)

28

paracircmetros utilizados

1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade

2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens

3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)

29

Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que

intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na

meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue

A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi

dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio

entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos

de anaacutelise

Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo

das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos

do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo

condiccedilatildeo das pastagens

bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)

bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo

de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo

moderada para severamente degradada (IPCC 2006)

bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de

degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)

Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da

mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-

mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas

atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros

trabalhos

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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Projeto-Brasil-AgropecuC3A1riagt

190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

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eses

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sem

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ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 14: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

14

Nessa ocasiatildeo o governo brasileiro por meio de sua pretendida Contribuiccedilatildeo Nacional-

mente Determinada (INDC ndash do inglecircs intended Nationally Determined Contribution) se

comprometeu em fortalecer o Plano ABC (BRASIL 2012) com a recuperaccedilatildeo de 15 mi-

lhotildees de hectares de pastagens degradadas e expansatildeo de 5 milhotildees de hectares siste-

mas de produccedilatildeo pecuaacuteria integrados com lavoura e floresta no paiacutes ateacute 2030

A INDC brasileira foi ratificada em setembro de 2016 pelo presidente Michel Temer dei-

xando assim de ter caraacuteter de pretensatildeo e se tornando um compromisso formal de contri-

buiccedilatildeo E assim passa a partir de agora a ser chamada de NDC As accedilotildees contempladas

na NDC brasileira tecircm como objetivo de suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios e

manter as emissotildees do setor de agropecuaacuteria em 2030 sob mesmo patamar de emissotildees

de 2005 ano base da NDC brasileira (BRASIL 2015c d)

Entretanto existem poucas evidecircncias de como um conjunto de boas praacuteticas afetam as

emissotildees de GEE e a produccedilatildeo de fazendas de gado de corte (HAVLIK et al 2014 WOL-

LENBERG et al 2016) Nesse contexto existe a necessidade da avaliaccedilatildeo de iniciativas

reais que introduzem praacuteticas baseadas na recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas com

o objetivo de aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de carne bovina no Brasil e ao mesmo

tempo reduzir as emissotildees de GEE

Esse eacute o caso por exemplo do Programa Novo Campo Coordenado pelo Instituto Centro

de Vida (ICV) o programa tem por objetivo promover praacuteticas sustentaacuteveis de produccedilatildeo de

carne em fazendas de pecuaacuteria na Amazocircnia melhorando o seu desempenho econocircmico

social e ambiental Com isso contribui para reduzir o desmatamento conservar ou recu-

perar os recursos naturais e fortalecer a economia local (ICV 2014)

As intervenccedilotildees promovidas pelo Programa Novo Campo satildeo baseadas na gestatildeo integra-

da da propriedade rural com a adoccedilatildeo progressiva das Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bo-

vinos de Corte (Valle 2011) da Embrapa e do Guia de Indicadores de Pecuaacuteria Sustentaacutevel

(GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GTPS) Ambos estatildeo centralizados

na recuperaccedilatildeo e intensificaccedilatildeo de pastagens degradadas no fornecimento adequado de

suplementaccedilatildeo na melhoria do manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e na adequa-

ccedilatildeo ambiental das propriedades (MARCUZZO 2015)

15

Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser

definidas como um conjunto de normas e de

procedimentos a serem observados para tornar

os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-

taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-

dor o fornecimento de alimentos produzidos de

forma sustentaacutevel (Valle 2011)

A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam

periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de

boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-

ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-

cadores que abrangem todo o sistema produti-

vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental

social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e

das pastagens

BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007

pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-

rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um

conjunto de normas e de procedimentos a se-

rem observados pelos produtores rurais para

que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais

rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-

mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao

adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar

e controlar os diversos fatores que influenciam a

produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-

ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo

do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-

dades de conquista de novos mercados que va-

lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle

2011)

GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar

todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria

bovina a usarem os indicadores como uma fer-

ramenta de busca da sustentabilidade Para o

GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-

lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-

tros quantitativos ou qualitativos que podem ser

avaliados de acordo com alguns criteacuterios No

GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-

do estaacutegios cumulativos de desempenho e os

criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala

de desempenho (GTPS sd)

boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps

16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-

CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas

participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir

intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de

bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas

bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia

bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano

bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores

bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha

Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo

Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio

da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-

pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras

fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-

cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de

emissotildees

Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-

pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-

sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais

METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL

DO PROGRAMA NOVO CAMPO

18

CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-

zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as

primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1

Tabela 1 Anexo 1 e 2)

As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes

estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as

deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo

como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho

Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta

passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-

ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-

ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)

TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012

Nome fazenda

Aacuterea de pastagem (ha)

Nuacutemero meacutedio de animais

Sistema produccedilatildeo

Produccedilatildeo meacutedia carne

(kg ha-1 ano-1)

Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790

Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732

Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724

Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500

Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511

19

n 5 000 km

Amazocircnia

Cerrado

Pantanal

Caatinga

mata Atlacircntica

Pampa

fazendas novo Campo

mato Grosso (mT)

FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO

20

Os segmentos de cria recria e engorda cons-

tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos

de corte Estes podem estar presentes em uma

mesma propriedade ou separados

bull Cria Compreende o periacuteodo de

cobertura ateacute a desmama

bull Recria Compreende a periacuteodo entre a

desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute

a reproduccedilatildeo em fecircmeas

bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal

para o abate que pode ser feita

a pasto ou no confinamento

Assim essas fases designam o sistema de pro-

duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de

cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-

to quando essas fases estatildeo presentes em uma

mesma fazenda diz-se que a mesma possui um

sistema de produccedilatildeo de ciclo completo

sistemAs de produccedilatildeo de cArNe

21

implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps

Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual

de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e

o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-

ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos

animais nas fazendas

Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de

cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da

propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e

estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade

Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as

fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de

pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado

o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte

da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa

aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem

A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura

e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-

ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-

cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto

mais degradado maior a necessidade de reforma

Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado

dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-

mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura

da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo

dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100

kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)

22

bull Recuperar pastagens degradadas uma

das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de

corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-

gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das

aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se

encontram abandonadas ou subutilizadas

promovendo ganhos de produtividade e au-

mentando o sequestro de carbono nos solos

Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo

estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e

de energia Sistemas produtivos estabeleci-

dos em pastagens recuperadas podem pro-

duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se

comparados a sistemas em pastagens de-

gradadas O primeiro passo para recuperar

pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da

fazenda para posterior intervenccedilatildeo

bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-

mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-

lita um melhor uso da forragem aumentando

a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo

para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-

de pois permite o abate de animais mais jo-

vens e com melhor acabamento No entanto

para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-

to de boa qualidade todos os insumos natildeo

podem conter componentes ou resiacuteduos que

possam acarretar problemas agrave sauacutede animal

e humana

bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto

de atividades veterinaacuterias regularmente pla-

nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e

manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas

accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-

zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-

fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo

precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-

ccedilatildeo e banho carrapaticida

bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um

conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a

eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-

mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-

priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel

Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA

ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a

instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias

na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

(MARCUZZO 2015)

23

gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo

do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia

produtiva do rebanho de cria pode ser obtida

por meio das seguintes praacuteticas de manejo

a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de

ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-

tes etc)

b Escolha do periacuteodo de monta

c Escolha do sistema de acasalamento

d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo

e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes

f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama

g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais

h Controle sanitaacuterio do rebanho

bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-

do dos recursos naturais existentes na pro-

priedade rural em conformidade com as leis

ambientais e com as teacutecnicas recomendadas

para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-

de dos recursos hiacutedricos e da paisagem

bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-

quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo

accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-

ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-

cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo

de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e

direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-

dimento das exigecircncias legais e o registro

de todos as atividades e processos da pro-

priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria

e ambiental)(Valle 2011)

24

caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee

Ferramenta de caacutelculo

A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das

emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas

aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais

fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala

de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-

riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-

tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para

condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006

WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)

FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees

Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a

quantidade de GEE emitido (ou removido) pela

quantidade de material consumido ou processa-

do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-

mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg

kg) ou porcentagem ()

balanccedilo de gee =

emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)

O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende

a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)

de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na

pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-

la de fazenda (da porteira para dentro) envolve

a soma das emissotildees de GEE pelos animais e

seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-

dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-

quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-

da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em

solos bem manejados

25

PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA

TR

An

SPOR

TES

CO2

n2O

CH4

REB

AnHO

COndIccedilatildeO dO PASTO

USOS dE InSUmOS

FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA

26

Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)

pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de

dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de

acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade

A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de

fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao

solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela

queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-

culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo

sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)

Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de

GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-

lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do

inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)

O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado

com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-

ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-

tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-

sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda

analisada pode ser visto no Anexo 1

coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo

Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou

os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-

priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e

suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a

total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas

O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da

base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades

participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-

zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)

27

O Potencial de Aquecimento Global (Global

Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-

timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-

rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo

ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma

vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-

ciais de aquecer a Terra quando presentes na

atmosfera O IPCC determina os valores GWP

a serem utilizados e os atualiza de acordo com

o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea

Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute

foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo

(Assessment Report) do IPCC

AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-

decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-

lizados globalmente A calculadora de emissotildees

GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta

em seu modo default os valores GWP reporta-

dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar

de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-

quer outro valor GWP Entretanto nota-se que

para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-

dos apresentados em CO2e eacute preciso checar

se esses valores foram calculados utilizando os

mesmos fatores GWP

Assessment report

Ar2 Ar3 Ar5

1 1 1

21 25 28

310 298 265

poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)

28

paracircmetros utilizados

1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade

2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens

3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)

29

Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que

intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na

meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue

A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi

dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio

entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos

de anaacutelise

Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo

das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos

do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo

condiccedilatildeo das pastagens

bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)

bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo

de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo

moderada para severamente degradada (IPCC 2006)

bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de

degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)

Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da

mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-

mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas

atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros

trabalhos

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

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sem

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sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 15: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

15

Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias (BPA) podem ser

definidas como um conjunto de normas e de

procedimentos a serem observados para tornar

os sistemas de produccedilatildeo mais eficientes e ren-

taacuteveis aleacutem de assegurar ao mercado consumi-

dor o fornecimento de alimentos produzidos de

forma sustentaacutevel (Valle 2011)

A Embrapa e o Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) desenvolveram e atualizam

periodicamente guias para a disseminaccedilatildeo de

boas praacuteticas para a pecuaacuteria de corte brasilei-

ra Esses materiais apresentam criteacuterios e indi-

cadores que abrangem todo o sistema produti-

vo desde a gestatildeo da propriedade (ambiental

social e produtiva) ateacute o manejo dos animais e

das pastagens

BPA-EMBRAPA desenvolvido desde 2007

pela EMBRAPA as Boas Praacuteticas Agropecuaacute-

rias ndash Bovinos de Corte (BPA) referem-se a um

conjunto de normas e de procedimentos a se-

rem observados pelos produtores rurais para

que seus sistemas de produccedilatildeo se tornem mais

rentaacuteveis e competitivos e que forneccedilam ali-

mentos oriundos de produccedilotildees sustentaacuteveis Ao

adotar as BPA o produtor rural poderaacute identificar

e controlar os diversos fatores que influenciam a

produccedilatildeo contribuindo para sistemas de produ-

ccedilatildeo mais competitivos mediante a consolidaccedilatildeo

do mercado interno e a ampliaccedilatildeo das possibili-

dades de conquista de novos mercados que va-

lorizam a carne e o couro de alta qualidade (Valle

2011)

GIPS-GTPS o objetivo do material eacute encorajar

todos os elos da cadeia de valor da pecuaacuteria

bovina a usarem os indicadores como uma fer-

ramenta de busca da sustentabilidade Para o

GTPS sustentabilidade eacute um processo de me-

lhoria contiacutenua Esses indicadores satildeo paracircme-

tros quantitativos ou qualitativos que podem ser

avaliados de acordo com alguns criteacuterios No

GIPS os indicadores estatildeo organizados segun-

do estaacutegios cumulativos de desempenho e os

criteacuterios descrevem o niacutevel mais alto da escala

de desempenho (GTPS sd)

boAs praacuteticAs AgropecuaacuteriAs bpA-embrApA e gips-gtps

16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-

CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas

participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir

intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de

bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas

bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia

bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano

bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores

bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha

Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo

Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio

da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-

pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras

fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-

cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de

emissotildees

Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-

pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-

sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais

METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL

DO PROGRAMA NOVO CAMPO

18

CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-

zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as

primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1

Tabela 1 Anexo 1 e 2)

As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes

estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as

deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo

como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho

Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta

passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-

ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-

ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)

TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012

Nome fazenda

Aacuterea de pastagem (ha)

Nuacutemero meacutedio de animais

Sistema produccedilatildeo

Produccedilatildeo meacutedia carne

(kg ha-1 ano-1)

Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790

Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732

Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724

Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500

Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511

19

n 5 000 km

Amazocircnia

Cerrado

Pantanal

Caatinga

mata Atlacircntica

Pampa

fazendas novo Campo

mato Grosso (mT)

FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO

20

Os segmentos de cria recria e engorda cons-

tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos

de corte Estes podem estar presentes em uma

mesma propriedade ou separados

bull Cria Compreende o periacuteodo de

cobertura ateacute a desmama

bull Recria Compreende a periacuteodo entre a

desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute

a reproduccedilatildeo em fecircmeas

bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal

para o abate que pode ser feita

a pasto ou no confinamento

Assim essas fases designam o sistema de pro-

duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de

cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-

to quando essas fases estatildeo presentes em uma

mesma fazenda diz-se que a mesma possui um

sistema de produccedilatildeo de ciclo completo

sistemAs de produccedilatildeo de cArNe

21

implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps

Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual

de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e

o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-

ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos

animais nas fazendas

Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de

cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da

propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e

estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade

Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as

fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de

pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado

o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte

da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa

aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem

A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura

e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-

ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-

cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto

mais degradado maior a necessidade de reforma

Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado

dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-

mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura

da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo

dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100

kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)

22

bull Recuperar pastagens degradadas uma

das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de

corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-

gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das

aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se

encontram abandonadas ou subutilizadas

promovendo ganhos de produtividade e au-

mentando o sequestro de carbono nos solos

Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo

estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e

de energia Sistemas produtivos estabeleci-

dos em pastagens recuperadas podem pro-

duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se

comparados a sistemas em pastagens de-

gradadas O primeiro passo para recuperar

pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da

fazenda para posterior intervenccedilatildeo

bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-

mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-

lita um melhor uso da forragem aumentando

a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo

para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-

de pois permite o abate de animais mais jo-

vens e com melhor acabamento No entanto

para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-

to de boa qualidade todos os insumos natildeo

podem conter componentes ou resiacuteduos que

possam acarretar problemas agrave sauacutede animal

e humana

bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto

de atividades veterinaacuterias regularmente pla-

nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e

manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas

accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-

zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-

fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo

precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-

ccedilatildeo e banho carrapaticida

bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um

conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a

eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-

mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-

priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel

Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA

ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a

instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias

na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

(MARCUZZO 2015)

23

gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo

do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia

produtiva do rebanho de cria pode ser obtida

por meio das seguintes praacuteticas de manejo

a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de

ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-

tes etc)

b Escolha do periacuteodo de monta

c Escolha do sistema de acasalamento

d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo

e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes

f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama

g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais

h Controle sanitaacuterio do rebanho

bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-

do dos recursos naturais existentes na pro-

priedade rural em conformidade com as leis

ambientais e com as teacutecnicas recomendadas

para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-

de dos recursos hiacutedricos e da paisagem

bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-

quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo

accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-

ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-

cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo

de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e

direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-

dimento das exigecircncias legais e o registro

de todos as atividades e processos da pro-

priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria

e ambiental)(Valle 2011)

24

caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee

Ferramenta de caacutelculo

A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das

emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas

aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais

fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala

de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-

riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-

tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para

condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006

WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)

FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees

Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a

quantidade de GEE emitido (ou removido) pela

quantidade de material consumido ou processa-

do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-

mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg

kg) ou porcentagem ()

balanccedilo de gee =

emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)

O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende

a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)

de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na

pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-

la de fazenda (da porteira para dentro) envolve

a soma das emissotildees de GEE pelos animais e

seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-

dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-

quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-

da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em

solos bem manejados

25

PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA

TR

An

SPOR

TES

CO2

n2O

CH4

REB

AnHO

COndIccedilatildeO dO PASTO

USOS dE InSUmOS

FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA

26

Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)

pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de

dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de

acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade

A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de

fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao

solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela

queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-

culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo

sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)

Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de

GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-

lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do

inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)

O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado

com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-

ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-

tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-

sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda

analisada pode ser visto no Anexo 1

coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo

Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou

os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-

priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e

suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a

total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas

O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da

base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades

participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-

zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)

27

O Potencial de Aquecimento Global (Global

Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-

timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-

rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo

ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma

vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-

ciais de aquecer a Terra quando presentes na

atmosfera O IPCC determina os valores GWP

a serem utilizados e os atualiza de acordo com

o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea

Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute

foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo

(Assessment Report) do IPCC

AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-

decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-

lizados globalmente A calculadora de emissotildees

GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta

em seu modo default os valores GWP reporta-

dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar

de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-

quer outro valor GWP Entretanto nota-se que

para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-

dos apresentados em CO2e eacute preciso checar

se esses valores foram calculados utilizando os

mesmos fatores GWP

Assessment report

Ar2 Ar3 Ar5

1 1 1

21 25 28

310 298 265

poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)

28

paracircmetros utilizados

1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade

2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens

3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)

29

Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que

intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na

meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue

A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi

dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio

entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos

de anaacutelise

Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo

das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos

do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo

condiccedilatildeo das pastagens

bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)

bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo

de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo

moderada para severamente degradada (IPCC 2006)

bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de

degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)

Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da

mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-

mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas

atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros

trabalhos

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

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que

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sem

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o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 16: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

16Durante sua fase piloto realizada entre 2012 e 2014 na regiatildeo de Alta Floresta (MT) (MAR-

CUZZO 2015) o Programa Novo Campo demonstrou que suas intervenccedilotildees nas fazendas

participantes foram capazes de impactar nos aspectos apresentados a seguir

intervenccedilotildees do programa Novo campo foram capazes de

bull Reduzir a idade meacutedia de abate de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fecircmeas

bull Aumentar a lotaccedilatildeo animal de 12 UAha para 16 UAha sendo que nas aacutereas intensificadas de cada fazenda a lotaccedilatildeo chegou a 27 UAha em meacutedia

bull Elevar a produtividade de 47haano para 108 haano nas fazendas sendo que nas aacutereas intensificadas chegou agrave meacutedia de 208 haano

bull Melhorar o acabamento de carcaccedilas com abates que qualificaram 70 das carcaccedilas como superiores

bull Aumentar a rentabilidade da propriedade significativamente de R$10000ha para R$ 68000ha

Com os positivos resultados produtivos e econocircmicos atingidos pelo Programa Novo

Campo o estimou o impacto da intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria por meio

da adoccedilatildeo de boas praacuteticas no balanccedilo das emissotildees de GEE das propriedades partici-

pantes do programa Nesse contexto o apresenta a anaacutelise das cinco primeiras

fazendas participantes da fase piloto do Programa Novo Campo E ainda avalia o poten-

cial impacto de sua estrateacutegia para os proacuteximos anos e seus impactos para a reduccedilatildeo de

emissotildees

Espera-se que esse estudo promova a discussatildeo sobre as formas de produccedilatildeo que su-

pram a demanda por alimentos e mitiguem as emissotildees de GEE e em uacuteltima anaacutelise pos-

sam atenuar os efeitos das mudanccedilas climaacuteticas globais

METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL

DO PROGRAMA NOVO CAMPO

18

CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-

zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as

primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1

Tabela 1 Anexo 1 e 2)

As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes

estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as

deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo

como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho

Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta

passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-

ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-

ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)

TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012

Nome fazenda

Aacuterea de pastagem (ha)

Nuacutemero meacutedio de animais

Sistema produccedilatildeo

Produccedilatildeo meacutedia carne

(kg ha-1 ano-1)

Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790

Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732

Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724

Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500

Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511

19

n 5 000 km

Amazocircnia

Cerrado

Pantanal

Caatinga

mata Atlacircntica

Pampa

fazendas novo Campo

mato Grosso (mT)

FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO

20

Os segmentos de cria recria e engorda cons-

tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos

de corte Estes podem estar presentes em uma

mesma propriedade ou separados

bull Cria Compreende o periacuteodo de

cobertura ateacute a desmama

bull Recria Compreende a periacuteodo entre a

desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute

a reproduccedilatildeo em fecircmeas

bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal

para o abate que pode ser feita

a pasto ou no confinamento

Assim essas fases designam o sistema de pro-

duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de

cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-

to quando essas fases estatildeo presentes em uma

mesma fazenda diz-se que a mesma possui um

sistema de produccedilatildeo de ciclo completo

sistemAs de produccedilatildeo de cArNe

21

implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps

Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual

de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e

o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-

ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos

animais nas fazendas

Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de

cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da

propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e

estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade

Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as

fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de

pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado

o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte

da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa

aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem

A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura

e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-

ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-

cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto

mais degradado maior a necessidade de reforma

Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado

dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-

mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura

da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo

dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100

kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)

22

bull Recuperar pastagens degradadas uma

das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de

corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-

gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das

aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se

encontram abandonadas ou subutilizadas

promovendo ganhos de produtividade e au-

mentando o sequestro de carbono nos solos

Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo

estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e

de energia Sistemas produtivos estabeleci-

dos em pastagens recuperadas podem pro-

duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se

comparados a sistemas em pastagens de-

gradadas O primeiro passo para recuperar

pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da

fazenda para posterior intervenccedilatildeo

bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-

mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-

lita um melhor uso da forragem aumentando

a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo

para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-

de pois permite o abate de animais mais jo-

vens e com melhor acabamento No entanto

para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-

to de boa qualidade todos os insumos natildeo

podem conter componentes ou resiacuteduos que

possam acarretar problemas agrave sauacutede animal

e humana

bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto

de atividades veterinaacuterias regularmente pla-

nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e

manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas

accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-

zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-

fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo

precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-

ccedilatildeo e banho carrapaticida

bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um

conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a

eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-

mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-

priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel

Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA

ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a

instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias

na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

(MARCUZZO 2015)

23

gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo

do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia

produtiva do rebanho de cria pode ser obtida

por meio das seguintes praacuteticas de manejo

a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de

ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-

tes etc)

b Escolha do periacuteodo de monta

c Escolha do sistema de acasalamento

d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo

e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes

f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama

g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais

h Controle sanitaacuterio do rebanho

bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-

do dos recursos naturais existentes na pro-

priedade rural em conformidade com as leis

ambientais e com as teacutecnicas recomendadas

para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-

de dos recursos hiacutedricos e da paisagem

bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-

quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo

accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-

ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-

cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo

de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e

direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-

dimento das exigecircncias legais e o registro

de todos as atividades e processos da pro-

priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria

e ambiental)(Valle 2011)

24

caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee

Ferramenta de caacutelculo

A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das

emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas

aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais

fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala

de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-

riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-

tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para

condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006

WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)

FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees

Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a

quantidade de GEE emitido (ou removido) pela

quantidade de material consumido ou processa-

do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-

mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg

kg) ou porcentagem ()

balanccedilo de gee =

emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)

O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende

a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)

de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na

pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-

la de fazenda (da porteira para dentro) envolve

a soma das emissotildees de GEE pelos animais e

seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-

dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-

quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-

da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em

solos bem manejados

25

PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA

TR

An

SPOR

TES

CO2

n2O

CH4

REB

AnHO

COndIccedilatildeO dO PASTO

USOS dE InSUmOS

FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA

26

Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)

pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de

dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de

acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade

A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de

fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao

solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela

queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-

culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo

sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)

Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de

GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-

lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do

inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)

O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado

com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-

ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-

tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-

sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda

analisada pode ser visto no Anexo 1

coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo

Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou

os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-

priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e

suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a

total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas

O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da

base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades

participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-

zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)

27

O Potencial de Aquecimento Global (Global

Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-

timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-

rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo

ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma

vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-

ciais de aquecer a Terra quando presentes na

atmosfera O IPCC determina os valores GWP

a serem utilizados e os atualiza de acordo com

o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea

Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute

foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo

(Assessment Report) do IPCC

AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-

decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-

lizados globalmente A calculadora de emissotildees

GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta

em seu modo default os valores GWP reporta-

dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar

de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-

quer outro valor GWP Entretanto nota-se que

para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-

dos apresentados em CO2e eacute preciso checar

se esses valores foram calculados utilizando os

mesmos fatores GWP

Assessment report

Ar2 Ar3 Ar5

1 1 1

21 25 28

310 298 265

poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)

28

paracircmetros utilizados

1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade

2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens

3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)

29

Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que

intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na

meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue

A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi

dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio

entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos

de anaacutelise

Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo

das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos

do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo

condiccedilatildeo das pastagens

bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)

bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo

de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo

moderada para severamente degradada (IPCC 2006)

bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de

degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)

Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da

mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-

mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas

atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros

trabalhos

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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Projeto-Brasil-AgropecuC3A1riagt

190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

que

oco

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Nov

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20

12 -

exc

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havi

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ouve

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atildeo d

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part

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seg

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mecircs

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ra a

poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO GERAL

DO PROGRAMA NOVO CAMPO

18

CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-

zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as

primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1

Tabela 1 Anexo 1 e 2)

As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes

estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as

deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo

como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho

Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta

passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-

ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-

ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)

TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012

Nome fazenda

Aacuterea de pastagem (ha)

Nuacutemero meacutedio de animais

Sistema produccedilatildeo

Produccedilatildeo meacutedia carne

(kg ha-1 ano-1)

Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790

Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732

Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724

Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500

Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511

19

n 5 000 km

Amazocircnia

Cerrado

Pantanal

Caatinga

mata Atlacircntica

Pampa

fazendas novo Campo

mato Grosso (mT)

FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO

20

Os segmentos de cria recria e engorda cons-

tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos

de corte Estes podem estar presentes em uma

mesma propriedade ou separados

bull Cria Compreende o periacuteodo de

cobertura ateacute a desmama

bull Recria Compreende a periacuteodo entre a

desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute

a reproduccedilatildeo em fecircmeas

bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal

para o abate que pode ser feita

a pasto ou no confinamento

Assim essas fases designam o sistema de pro-

duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de

cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-

to quando essas fases estatildeo presentes em uma

mesma fazenda diz-se que a mesma possui um

sistema de produccedilatildeo de ciclo completo

sistemAs de produccedilatildeo de cArNe

21

implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps

Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual

de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e

o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-

ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos

animais nas fazendas

Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de

cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da

propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e

estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade

Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as

fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de

pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado

o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte

da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa

aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem

A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura

e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-

ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-

cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto

mais degradado maior a necessidade de reforma

Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado

dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-

mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura

da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo

dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100

kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)

22

bull Recuperar pastagens degradadas uma

das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de

corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-

gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das

aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se

encontram abandonadas ou subutilizadas

promovendo ganhos de produtividade e au-

mentando o sequestro de carbono nos solos

Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo

estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e

de energia Sistemas produtivos estabeleci-

dos em pastagens recuperadas podem pro-

duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se

comparados a sistemas em pastagens de-

gradadas O primeiro passo para recuperar

pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da

fazenda para posterior intervenccedilatildeo

bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-

mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-

lita um melhor uso da forragem aumentando

a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo

para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-

de pois permite o abate de animais mais jo-

vens e com melhor acabamento No entanto

para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-

to de boa qualidade todos os insumos natildeo

podem conter componentes ou resiacuteduos que

possam acarretar problemas agrave sauacutede animal

e humana

bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto

de atividades veterinaacuterias regularmente pla-

nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e

manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas

accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-

zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-

fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo

precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-

ccedilatildeo e banho carrapaticida

bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um

conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a

eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-

mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-

priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel

Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA

ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a

instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias

na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

(MARCUZZO 2015)

23

gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo

do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia

produtiva do rebanho de cria pode ser obtida

por meio das seguintes praacuteticas de manejo

a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de

ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-

tes etc)

b Escolha do periacuteodo de monta

c Escolha do sistema de acasalamento

d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo

e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes

f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama

g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais

h Controle sanitaacuterio do rebanho

bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-

do dos recursos naturais existentes na pro-

priedade rural em conformidade com as leis

ambientais e com as teacutecnicas recomendadas

para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-

de dos recursos hiacutedricos e da paisagem

bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-

quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo

accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-

ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-

cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo

de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e

direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-

dimento das exigecircncias legais e o registro

de todos as atividades e processos da pro-

priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria

e ambiental)(Valle 2011)

24

caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee

Ferramenta de caacutelculo

A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das

emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas

aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais

fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala

de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-

riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-

tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para

condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006

WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)

FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees

Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a

quantidade de GEE emitido (ou removido) pela

quantidade de material consumido ou processa-

do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-

mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg

kg) ou porcentagem ()

balanccedilo de gee =

emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)

O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende

a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)

de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na

pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-

la de fazenda (da porteira para dentro) envolve

a soma das emissotildees de GEE pelos animais e

seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-

dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-

quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-

da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em

solos bem manejados

25

PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA

TR

An

SPOR

TES

CO2

n2O

CH4

REB

AnHO

COndIccedilatildeO dO PASTO

USOS dE InSUmOS

FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA

26

Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)

pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de

dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de

acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade

A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de

fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao

solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela

queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-

culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo

sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)

Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de

GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-

lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do

inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)

O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado

com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-

ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-

tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-

sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda

analisada pode ser visto no Anexo 1

coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo

Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou

os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-

priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e

suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a

total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas

O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da

base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades

participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-

zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)

27

O Potencial de Aquecimento Global (Global

Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-

timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-

rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo

ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma

vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-

ciais de aquecer a Terra quando presentes na

atmosfera O IPCC determina os valores GWP

a serem utilizados e os atualiza de acordo com

o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea

Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute

foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo

(Assessment Report) do IPCC

AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-

decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-

lizados globalmente A calculadora de emissotildees

GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta

em seu modo default os valores GWP reporta-

dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar

de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-

quer outro valor GWP Entretanto nota-se que

para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-

dos apresentados em CO2e eacute preciso checar

se esses valores foram calculados utilizando os

mesmos fatores GWP

Assessment report

Ar2 Ar3 Ar5

1 1 1

21 25 28

310 298 265

poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)

28

paracircmetros utilizados

1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade

2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens

3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)

29

Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que

intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na

meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue

A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi

dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio

entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos

de anaacutelise

Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo

das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos

do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo

condiccedilatildeo das pastagens

bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)

bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo

de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo

moderada para severamente degradada (IPCC 2006)

bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de

degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)

Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da

mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-

mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas

atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros

trabalhos

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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Projeto-Brasil-AgropecuC3A1riagt

190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

que

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12 -

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sem

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ra d

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sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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18

CInCO fAzEndAS de gado de corte foram avaliadas neste estudo Essas fa-

zendas estatildeo localizadas na regiatildeo do municiacutepio de Alta Floresta (MT) e compreendem as

primeiras propriedades a participarem da fase piloto do Programa Novo Campo (Figura 1

Tabela 1 Anexo 1 e 2)

As fazendas apresentam tiacutepicos histoacutericos de produccedilatildeo de carne bovina dessa regiatildeo Apoacutes

estabelecerem suas pastagens pela conversatildeo da vegetaccedilatildeo nativa amazocircnica durante as

deacutecadas de 1980-2000 as propriedades empregaram baixo ou nenhum manejo produtivo

como a correccedilatildeo dos solos o pastejo rotacionado e o controle reprodutivo do rebanho

Com isso as pastagens que foram estabelecidas nos solos feacuterteis deixados pela floresta

passaram a se degradar ao longo do tempo E as fazendas viram sua eficiecircncia de produ-

ccedilatildeo de carne declinar atingindo niacuteveis que poderiam comprometer a viabilidade econocircmi-

ca dessa atividade (MARCUZZO 2015)

TABELA 1 DESCRICcedilAtildeO GERAL DAS FAZENDAS PARTICIPANTES AO INGRESSAREM NO PROGRAMA NOVO CAMPO AO FINAL DE 2012

Nome fazenda

Aacuterea de pastagem (ha)

Nuacutemero meacutedio de animais

Sistema produccedilatildeo

Produccedilatildeo meacutedia carne

(kg ha-1 ano-1)

Bevilaqua 1400 3500 Ciclo completo 790

Mitaju 580 1300 Ciclo completo 732

Satildeo Matheus 550 650 Recria-Engorda 724

Cinco irmatildeos 500 1000 Ciclo completo 500

Paraiacuteso 480 1100 Ciclo completo 511

19

n 5 000 km

Amazocircnia

Cerrado

Pantanal

Caatinga

mata Atlacircntica

Pampa

fazendas novo Campo

mato Grosso (mT)

FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO

20

Os segmentos de cria recria e engorda cons-

tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos

de corte Estes podem estar presentes em uma

mesma propriedade ou separados

bull Cria Compreende o periacuteodo de

cobertura ateacute a desmama

bull Recria Compreende a periacuteodo entre a

desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute

a reproduccedilatildeo em fecircmeas

bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal

para o abate que pode ser feita

a pasto ou no confinamento

Assim essas fases designam o sistema de pro-

duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de

cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-

to quando essas fases estatildeo presentes em uma

mesma fazenda diz-se que a mesma possui um

sistema de produccedilatildeo de ciclo completo

sistemAs de produccedilatildeo de cArNe

21

implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps

Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual

de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e

o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-

ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos

animais nas fazendas

Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de

cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da

propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e

estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade

Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as

fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de

pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado

o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte

da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa

aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem

A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura

e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-

ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-

cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto

mais degradado maior a necessidade de reforma

Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado

dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-

mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura

da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo

dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100

kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)

22

bull Recuperar pastagens degradadas uma

das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de

corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-

gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das

aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se

encontram abandonadas ou subutilizadas

promovendo ganhos de produtividade e au-

mentando o sequestro de carbono nos solos

Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo

estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e

de energia Sistemas produtivos estabeleci-

dos em pastagens recuperadas podem pro-

duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se

comparados a sistemas em pastagens de-

gradadas O primeiro passo para recuperar

pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da

fazenda para posterior intervenccedilatildeo

bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-

mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-

lita um melhor uso da forragem aumentando

a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo

para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-

de pois permite o abate de animais mais jo-

vens e com melhor acabamento No entanto

para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-

to de boa qualidade todos os insumos natildeo

podem conter componentes ou resiacuteduos que

possam acarretar problemas agrave sauacutede animal

e humana

bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto

de atividades veterinaacuterias regularmente pla-

nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e

manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas

accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-

zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-

fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo

precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-

ccedilatildeo e banho carrapaticida

bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um

conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a

eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-

mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-

priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel

Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA

ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a

instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias

na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

(MARCUZZO 2015)

23

gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo

do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia

produtiva do rebanho de cria pode ser obtida

por meio das seguintes praacuteticas de manejo

a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de

ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-

tes etc)

b Escolha do periacuteodo de monta

c Escolha do sistema de acasalamento

d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo

e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes

f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama

g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais

h Controle sanitaacuterio do rebanho

bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-

do dos recursos naturais existentes na pro-

priedade rural em conformidade com as leis

ambientais e com as teacutecnicas recomendadas

para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-

de dos recursos hiacutedricos e da paisagem

bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-

quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo

accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-

ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-

cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo

de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e

direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-

dimento das exigecircncias legais e o registro

de todos as atividades e processos da pro-

priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria

e ambiental)(Valle 2011)

24

caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee

Ferramenta de caacutelculo

A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das

emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas

aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais

fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala

de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-

riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-

tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para

condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006

WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)

FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees

Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a

quantidade de GEE emitido (ou removido) pela

quantidade de material consumido ou processa-

do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-

mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg

kg) ou porcentagem ()

balanccedilo de gee =

emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)

O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende

a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)

de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na

pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-

la de fazenda (da porteira para dentro) envolve

a soma das emissotildees de GEE pelos animais e

seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-

dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-

quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-

da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em

solos bem manejados

25

PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA

TR

An

SPOR

TES

CO2

n2O

CH4

REB

AnHO

COndIccedilatildeO dO PASTO

USOS dE InSUmOS

FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA

26

Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)

pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de

dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de

acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade

A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de

fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao

solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela

queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-

culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo

sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)

Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de

GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-

lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do

inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)

O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado

com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-

ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-

tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-

sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda

analisada pode ser visto no Anexo 1

coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo

Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou

os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-

priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e

suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a

total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas

O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da

base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades

participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-

zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)

27

O Potencial de Aquecimento Global (Global

Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-

timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-

rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo

ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma

vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-

ciais de aquecer a Terra quando presentes na

atmosfera O IPCC determina os valores GWP

a serem utilizados e os atualiza de acordo com

o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea

Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute

foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo

(Assessment Report) do IPCC

AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-

decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-

lizados globalmente A calculadora de emissotildees

GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta

em seu modo default os valores GWP reporta-

dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar

de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-

quer outro valor GWP Entretanto nota-se que

para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-

dos apresentados em CO2e eacute preciso checar

se esses valores foram calculados utilizando os

mesmos fatores GWP

Assessment report

Ar2 Ar3 Ar5

1 1 1

21 25 28

310 298 265

poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)

28

paracircmetros utilizados

1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade

2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens

3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)

29

Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que

intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na

meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue

A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi

dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio

entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos

de anaacutelise

Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo

das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos

do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo

condiccedilatildeo das pastagens

bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)

bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo

de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo

moderada para severamente degradada (IPCC 2006)

bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de

degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)

Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da

mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-

mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas

atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros

trabalhos

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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51

_______ Documento de anaacutelise evoluccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa no Brasil

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Projeto-Brasil-AgropecuC3A1riagt

190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

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sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 19: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

19

n 5 000 km

Amazocircnia

Cerrado

Pantanal

Caatinga

mata Atlacircntica

Pampa

fazendas novo Campo

mato Grosso (mT)

FIGURA 1 BIOMAS BRASILEIROS E LOcALIzAccedilatildeO dA FAzENdAS dO PROGRAMA NOVO cAMPO

20

Os segmentos de cria recria e engorda cons-

tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos

de corte Estes podem estar presentes em uma

mesma propriedade ou separados

bull Cria Compreende o periacuteodo de

cobertura ateacute a desmama

bull Recria Compreende a periacuteodo entre a

desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute

a reproduccedilatildeo em fecircmeas

bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal

para o abate que pode ser feita

a pasto ou no confinamento

Assim essas fases designam o sistema de pro-

duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de

cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-

to quando essas fases estatildeo presentes em uma

mesma fazenda diz-se que a mesma possui um

sistema de produccedilatildeo de ciclo completo

sistemAs de produccedilatildeo de cArNe

21

implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps

Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual

de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e

o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-

ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos

animais nas fazendas

Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de

cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da

propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e

estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade

Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as

fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de

pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado

o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte

da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa

aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem

A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura

e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-

ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-

cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto

mais degradado maior a necessidade de reforma

Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado

dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-

mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura

da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo

dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100

kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)

22

bull Recuperar pastagens degradadas uma

das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de

corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-

gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das

aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se

encontram abandonadas ou subutilizadas

promovendo ganhos de produtividade e au-

mentando o sequestro de carbono nos solos

Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo

estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e

de energia Sistemas produtivos estabeleci-

dos em pastagens recuperadas podem pro-

duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se

comparados a sistemas em pastagens de-

gradadas O primeiro passo para recuperar

pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da

fazenda para posterior intervenccedilatildeo

bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-

mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-

lita um melhor uso da forragem aumentando

a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo

para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-

de pois permite o abate de animais mais jo-

vens e com melhor acabamento No entanto

para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-

to de boa qualidade todos os insumos natildeo

podem conter componentes ou resiacuteduos que

possam acarretar problemas agrave sauacutede animal

e humana

bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto

de atividades veterinaacuterias regularmente pla-

nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e

manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas

accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-

zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-

fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo

precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-

ccedilatildeo e banho carrapaticida

bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um

conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a

eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-

mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-

priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel

Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA

ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a

instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias

na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

(MARCUZZO 2015)

23

gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo

do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia

produtiva do rebanho de cria pode ser obtida

por meio das seguintes praacuteticas de manejo

a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de

ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-

tes etc)

b Escolha do periacuteodo de monta

c Escolha do sistema de acasalamento

d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo

e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes

f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama

g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais

h Controle sanitaacuterio do rebanho

bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-

do dos recursos naturais existentes na pro-

priedade rural em conformidade com as leis

ambientais e com as teacutecnicas recomendadas

para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-

de dos recursos hiacutedricos e da paisagem

bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-

quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo

accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-

ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-

cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo

de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e

direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-

dimento das exigecircncias legais e o registro

de todos as atividades e processos da pro-

priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria

e ambiental)(Valle 2011)

24

caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee

Ferramenta de caacutelculo

A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das

emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas

aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais

fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala

de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-

riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-

tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para

condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006

WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)

FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees

Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a

quantidade de GEE emitido (ou removido) pela

quantidade de material consumido ou processa-

do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-

mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg

kg) ou porcentagem ()

balanccedilo de gee =

emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)

O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende

a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)

de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na

pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-

la de fazenda (da porteira para dentro) envolve

a soma das emissotildees de GEE pelos animais e

seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-

dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-

quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-

da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em

solos bem manejados

25

PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA

TR

An

SPOR

TES

CO2

n2O

CH4

REB

AnHO

COndIccedilatildeO dO PASTO

USOS dE InSUmOS

FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA

26

Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)

pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de

dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de

acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade

A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de

fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao

solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela

queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-

culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo

sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)

Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de

GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-

lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do

inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)

O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado

com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-

ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-

tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-

sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda

analisada pode ser visto no Anexo 1

coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo

Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou

os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-

priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e

suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a

total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas

O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da

base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades

participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-

zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)

27

O Potencial de Aquecimento Global (Global

Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-

timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-

rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo

ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma

vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-

ciais de aquecer a Terra quando presentes na

atmosfera O IPCC determina os valores GWP

a serem utilizados e os atualiza de acordo com

o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea

Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute

foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo

(Assessment Report) do IPCC

AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-

decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-

lizados globalmente A calculadora de emissotildees

GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta

em seu modo default os valores GWP reporta-

dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar

de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-

quer outro valor GWP Entretanto nota-se que

para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-

dos apresentados em CO2e eacute preciso checar

se esses valores foram calculados utilizando os

mesmos fatores GWP

Assessment report

Ar2 Ar3 Ar5

1 1 1

21 25 28

310 298 265

poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)

28

paracircmetros utilizados

1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade

2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens

3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)

29

Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que

intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na

meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue

A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi

dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio

entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos

de anaacutelise

Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo

das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos

do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo

condiccedilatildeo das pastagens

bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)

bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo

de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo

moderada para severamente degradada (IPCC 2006)

bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de

degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)

Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da

mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-

mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas

atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros

trabalhos

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

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12 -

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sem

eadu

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o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 20: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

20

Os segmentos de cria recria e engorda cons-

tituem-se nas etapas de produccedilatildeo de bovinos

de corte Estes podem estar presentes em uma

mesma propriedade ou separados

bull Cria Compreende o periacuteodo de

cobertura ateacute a desmama

bull Recria Compreende a periacuteodo entre a

desmama ateacute o iniacutecio da engorda ou ateacute

a reproduccedilatildeo em fecircmeas

bull Engorda Terminaccedilatildeo do animal

para o abate que pode ser feita

a pasto ou no confinamento

Assim essas fases designam o sistema de pro-

duccedilatildeo de determinada fazenda (ie fazenda de

cria de cria e recria recria e engorda) Entretan-

to quando essas fases estatildeo presentes em uma

mesma fazenda diz-se que a mesma possui um

sistema de produccedilatildeo de ciclo completo

sistemAs de produccedilatildeo de cArNe

21

implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps

Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual

de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e

o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-

ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos

animais nas fazendas

Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de

cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da

propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e

estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade

Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as

fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de

pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado

o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte

da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa

aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem

A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura

e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-

ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-

cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto

mais degradado maior a necessidade de reforma

Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado

dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-

mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura

da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo

dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100

kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)

22

bull Recuperar pastagens degradadas uma

das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de

corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-

gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das

aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se

encontram abandonadas ou subutilizadas

promovendo ganhos de produtividade e au-

mentando o sequestro de carbono nos solos

Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo

estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e

de energia Sistemas produtivos estabeleci-

dos em pastagens recuperadas podem pro-

duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se

comparados a sistemas em pastagens de-

gradadas O primeiro passo para recuperar

pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da

fazenda para posterior intervenccedilatildeo

bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-

mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-

lita um melhor uso da forragem aumentando

a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo

para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-

de pois permite o abate de animais mais jo-

vens e com melhor acabamento No entanto

para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-

to de boa qualidade todos os insumos natildeo

podem conter componentes ou resiacuteduos que

possam acarretar problemas agrave sauacutede animal

e humana

bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto

de atividades veterinaacuterias regularmente pla-

nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e

manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas

accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-

zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-

fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo

precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-

ccedilatildeo e banho carrapaticida

bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um

conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a

eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-

mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-

priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel

Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA

ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a

instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias

na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

(MARCUZZO 2015)

23

gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo

do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia

produtiva do rebanho de cria pode ser obtida

por meio das seguintes praacuteticas de manejo

a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de

ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-

tes etc)

b Escolha do periacuteodo de monta

c Escolha do sistema de acasalamento

d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo

e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes

f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama

g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais

h Controle sanitaacuterio do rebanho

bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-

do dos recursos naturais existentes na pro-

priedade rural em conformidade com as leis

ambientais e com as teacutecnicas recomendadas

para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-

de dos recursos hiacutedricos e da paisagem

bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-

quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo

accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-

ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-

cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo

de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e

direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-

dimento das exigecircncias legais e o registro

de todos as atividades e processos da pro-

priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria

e ambiental)(Valle 2011)

24

caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee

Ferramenta de caacutelculo

A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das

emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas

aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais

fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala

de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-

riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-

tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para

condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006

WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)

FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees

Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a

quantidade de GEE emitido (ou removido) pela

quantidade de material consumido ou processa-

do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-

mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg

kg) ou porcentagem ()

balanccedilo de gee =

emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)

O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende

a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)

de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na

pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-

la de fazenda (da porteira para dentro) envolve

a soma das emissotildees de GEE pelos animais e

seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-

dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-

quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-

da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em

solos bem manejados

25

PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA

TR

An

SPOR

TES

CO2

n2O

CH4

REB

AnHO

COndIccedilatildeO dO PASTO

USOS dE InSUmOS

FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA

26

Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)

pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de

dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de

acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade

A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de

fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao

solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela

queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-

culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo

sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)

Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de

GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-

lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do

inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)

O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado

com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-

ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-

tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-

sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda

analisada pode ser visto no Anexo 1

coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo

Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou

os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-

priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e

suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a

total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas

O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da

base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades

participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-

zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)

27

O Potencial de Aquecimento Global (Global

Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-

timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-

rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo

ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma

vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-

ciais de aquecer a Terra quando presentes na

atmosfera O IPCC determina os valores GWP

a serem utilizados e os atualiza de acordo com

o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea

Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute

foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo

(Assessment Report) do IPCC

AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-

decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-

lizados globalmente A calculadora de emissotildees

GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta

em seu modo default os valores GWP reporta-

dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar

de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-

quer outro valor GWP Entretanto nota-se que

para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-

dos apresentados em CO2e eacute preciso checar

se esses valores foram calculados utilizando os

mesmos fatores GWP

Assessment report

Ar2 Ar3 Ar5

1 1 1

21 25 28

310 298 265

poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)

28

paracircmetros utilizados

1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade

2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens

3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)

29

Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que

intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na

meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue

A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi

dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio

entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos

de anaacutelise

Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo

das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos

do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo

condiccedilatildeo das pastagens

bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)

bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo

de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo

moderada para severamente degradada (IPCC 2006)

bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de

degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)

Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da

mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-

mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas

atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros

trabalhos

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

REfEREcircnCIAS

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

que

oco

rreu

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efor

ma

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asta

gem

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Nov

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Dez

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20

12 -

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013)

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reia

no

prim

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rea

mas

a

part

ir do

seg

undo

mecircs

em

cob

ertu

ra a

poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 21: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

21

implementaccedilatildeo do manual bpA e guia gtps

Entre 2012 e 2013 as fazendas aderiram ao Programa Novo Campo seguindo o manual

de Boas Praacuteticas Agropecuaacuterias ndash Bovinos de Corte (BPA) desenvolvido pela Embrapa e

o Guia de Indicadores da Pecuaacuteria Sustentaacutevel (GIPS) do Grupo de Trabalho da Pecuaacuteria

Sustentaacutevel (GTPS) Com isso o programa tem progressivamente introduzido e aperfei-

ccediloado praacuteticas que melhoram a capacidade de gestatildeo e de manejo das pastagens e dos

animais nas fazendas

Um dos primeiros passos do programa foi a preparaccedilatildeo de um diagnoacutestico teacutecnico de

cada fazenda Esse diagnoacutestico avaliou o status atual de produccedilatildeo e de gerenciamento da

propriedade identificando as accedilotildees prioritaacuterias para melhorar seus iacutendices produtivos e

estruturar atividades futuras para melhoria continua da propriedade

Devido agrave extensa aacuterea de pastagens degradadas na regiatildeo os diagnoacutesticos de todas as

fazendas avaliadas neste estudo apontaram a necessidade de reforma ou recuperaccedilatildeo de

pastagem Entretanto pelo fato dessa accedilatildeo ter um custo financeiro relativamente elevado

o Programa Novo Campo encontrou uma soluccedilatildeo recuperar inicialmente apenas parte

da pastagem dessas propriedades que variou de 3 a 8 da aacuterea total ndash o que representa

aproximadamente 40 ha em meacutedia de pastagem

A reforma dessas aacutereas consistiu no preparo (araccedilatildeo e gradagem) calagem semeadura

e aplicaccedilatildeo de fertilizantes ao solo (ureia e fosfato supertriplo) Enquanto que a recupera-

ccedilatildeo da pastagem consistiu nas mesmas intervenccedilotildees exceto a preparaccedilatildeo do solo A de-

cisatildeo entre reformar e recuperar deveu-se ao grau de degradaccedilatildeo da pastagem ndash quanto

mais degradado maior a necessidade de reforma

Dividida em parcelas a aacuterea recuperadareformada foi utilizada para pastejo rotacionado

dos animais durante a fase de recria a uma lotaccedilatildeo meacutedia de 3 UA por hectare Esses ani-

mais foram mantidos em cada parcela por um periacuteodo de trecircs a quatro dias (ateacute a altura

da pastagem se reduzir de 90 a 40 cm em meacutedia) Logo depois foi realizada a alocaccedilatildeo

dos animais em nova parcela a anterior recebeu uma aplicaccedilatildeo de ureia (totalizando 100

kg ha-1 ano-1) (MARCUZZO 2015)

22

bull Recuperar pastagens degradadas uma

das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de

corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-

gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das

aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se

encontram abandonadas ou subutilizadas

promovendo ganhos de produtividade e au-

mentando o sequestro de carbono nos solos

Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo

estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e

de energia Sistemas produtivos estabeleci-

dos em pastagens recuperadas podem pro-

duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se

comparados a sistemas em pastagens de-

gradadas O primeiro passo para recuperar

pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da

fazenda para posterior intervenccedilatildeo

bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-

mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-

lita um melhor uso da forragem aumentando

a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo

para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-

de pois permite o abate de animais mais jo-

vens e com melhor acabamento No entanto

para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-

to de boa qualidade todos os insumos natildeo

podem conter componentes ou resiacuteduos que

possam acarretar problemas agrave sauacutede animal

e humana

bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto

de atividades veterinaacuterias regularmente pla-

nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e

manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas

accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-

zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-

fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo

precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-

ccedilatildeo e banho carrapaticida

bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um

conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a

eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-

mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-

priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel

Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA

ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a

instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias

na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

(MARCUZZO 2015)

23

gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo

do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia

produtiva do rebanho de cria pode ser obtida

por meio das seguintes praacuteticas de manejo

a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de

ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-

tes etc)

b Escolha do periacuteodo de monta

c Escolha do sistema de acasalamento

d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo

e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes

f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama

g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais

h Controle sanitaacuterio do rebanho

bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-

do dos recursos naturais existentes na pro-

priedade rural em conformidade com as leis

ambientais e com as teacutecnicas recomendadas

para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-

de dos recursos hiacutedricos e da paisagem

bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-

quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo

accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-

ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-

cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo

de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e

direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-

dimento das exigecircncias legais e o registro

de todos as atividades e processos da pro-

priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria

e ambiental)(Valle 2011)

24

caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee

Ferramenta de caacutelculo

A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das

emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas

aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais

fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala

de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-

riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-

tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para

condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006

WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)

FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees

Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a

quantidade de GEE emitido (ou removido) pela

quantidade de material consumido ou processa-

do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-

mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg

kg) ou porcentagem ()

balanccedilo de gee =

emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)

O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende

a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)

de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na

pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-

la de fazenda (da porteira para dentro) envolve

a soma das emissotildees de GEE pelos animais e

seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-

dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-

quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-

da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em

solos bem manejados

25

PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA

TR

An

SPOR

TES

CO2

n2O

CH4

REB

AnHO

COndIccedilatildeO dO PASTO

USOS dE InSUmOS

FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA

26

Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)

pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de

dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de

acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade

A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de

fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao

solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela

queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-

culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo

sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)

Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de

GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-

lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do

inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)

O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado

com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-

ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-

tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-

sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda

analisada pode ser visto no Anexo 1

coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo

Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou

os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-

priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e

suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a

total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas

O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da

base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades

participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-

zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)

27

O Potencial de Aquecimento Global (Global

Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-

timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-

rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo

ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma

vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-

ciais de aquecer a Terra quando presentes na

atmosfera O IPCC determina os valores GWP

a serem utilizados e os atualiza de acordo com

o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea

Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute

foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo

(Assessment Report) do IPCC

AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-

decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-

lizados globalmente A calculadora de emissotildees

GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta

em seu modo default os valores GWP reporta-

dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar

de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-

quer outro valor GWP Entretanto nota-se que

para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-

dos apresentados em CO2e eacute preciso checar

se esses valores foram calculados utilizando os

mesmos fatores GWP

Assessment report

Ar2 Ar3 Ar5

1 1 1

21 25 28

310 298 265

poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)

28

paracircmetros utilizados

1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade

2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens

3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)

29

Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que

intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na

meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue

A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi

dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio

entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos

de anaacutelise

Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo

das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos

do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo

condiccedilatildeo das pastagens

bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)

bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo

de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo

moderada para severamente degradada (IPCC 2006)

bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de

degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)

Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da

mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-

mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas

atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros

trabalhos

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

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seg

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mecircs

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poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 22: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

22

bull Recuperar pastagens degradadas uma

das principais accedilotildees para uma pecuaacuteria de

corte sustentaacutevel a recuperaccedilatildeo de pasta-

gens degradadas permite a reutilizaccedilatildeo das

aacutereas jaacute desmatadas e que atualmente se

encontram abandonadas ou subutilizadas

promovendo ganhos de produtividade e au-

mentando o sequestro de carbono nos solos

Entre as principais vantagens da recuperaccedilatildeo

estatildeo o aumento da eficiecircncia de produccedilatildeo e

de energia Sistemas produtivos estabeleci-

dos em pastagens recuperadas podem pro-

duzir pelo menos trecircs vezes mais carne se

comparados a sistemas em pastagens de-

gradadas O primeiro passo para recuperar

pastagens eacute por meio de um diagnoacutestico da

fazenda para posterior intervenccedilatildeo

bull Suplementaccedilatildeoanimal suplementar a ali-

mentaccedilatildeo dos bovinos em pastagem possibi-

lita um melhor uso da forragem aumentando

a eficiecircncia de todo o sistema e contribuindo

para a produccedilatildeo de carne de melhor qualida-

de pois permite o abate de animais mais jo-

vens e com melhor acabamento No entanto

para a garantia da produccedilatildeo de um alimen-

to de boa qualidade todos os insumos natildeo

podem conter componentes ou resiacuteduos que

possam acarretar problemas agrave sauacutede animal

e humana

bull Manejosanitaacuterio consiste em um conjunto

de atividades veterinaacuterias regularmente pla-

nejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e

manutenccedilatildeo da sauacutede dos rebanhos Essas

accedilotildees se concentram na limpeza e higieni-

zaccedilatildeo das instalaccedilotildees zooteacutecnicas desin-

fecccedilatildeo umbilical do receacutem-nascido ingestatildeo

precoce do colostro vacinaccedilatildeo vermifuga-

ccedilatildeo e banho carrapaticida

bull Manejo reprodutivo eacute o arranjo de um

conjunto de praacuteticas que objetiva otimizar a

eficiecircncia reprodutiva do rebanho principal-

mente as que abrangem as caracteriacutesticas li-

priNcipAis Accedilotildees dA pecuaacuteriA susteNtaacutevel

Esse manejo foi associado agrave introduccedilatildeo de outras praacuteticas determinadas no manual BPA

ndash Gado de Corte e GTPS como a suplementaccedilatildeo animal com gratildeos (a base de milho) a

instalaccedilatildeo de bebedouros nas pastagens para proteccedilatildeo dos cursos drsquoagua e melhorias

na capacidade de gestatildeo da propriedade e no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

(MARCUZZO 2015)

23

gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo

do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia

produtiva do rebanho de cria pode ser obtida

por meio das seguintes praacuteticas de manejo

a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de

ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-

tes etc)

b Escolha do periacuteodo de monta

c Escolha do sistema de acasalamento

d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo

e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes

f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama

g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais

h Controle sanitaacuterio do rebanho

bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-

do dos recursos naturais existentes na pro-

priedade rural em conformidade com as leis

ambientais e com as teacutecnicas recomendadas

para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-

de dos recursos hiacutedricos e da paisagem

bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-

quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo

accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-

ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-

cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo

de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e

direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-

dimento das exigecircncias legais e o registro

de todos as atividades e processos da pro-

priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria

e ambiental)(Valle 2011)

24

caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee

Ferramenta de caacutelculo

A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das

emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas

aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais

fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala

de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-

riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-

tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para

condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006

WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)

FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees

Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a

quantidade de GEE emitido (ou removido) pela

quantidade de material consumido ou processa-

do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-

mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg

kg) ou porcentagem ()

balanccedilo de gee =

emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)

O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende

a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)

de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na

pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-

la de fazenda (da porteira para dentro) envolve

a soma das emissotildees de GEE pelos animais e

seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-

dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-

quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-

da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em

solos bem manejados

25

PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA

TR

An

SPOR

TES

CO2

n2O

CH4

REB

AnHO

COndIccedilatildeO dO PASTO

USOS dE InSUmOS

FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA

26

Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)

pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de

dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de

acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade

A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de

fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao

solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela

queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-

culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo

sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)

Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de

GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-

lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do

inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)

O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado

com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-

ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-

tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-

sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda

analisada pode ser visto no Anexo 1

coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo

Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou

os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-

priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e

suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a

total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas

O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da

base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades

participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-

zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)

27

O Potencial de Aquecimento Global (Global

Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-

timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-

rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo

ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma

vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-

ciais de aquecer a Terra quando presentes na

atmosfera O IPCC determina os valores GWP

a serem utilizados e os atualiza de acordo com

o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea

Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute

foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo

(Assessment Report) do IPCC

AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-

decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-

lizados globalmente A calculadora de emissotildees

GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta

em seu modo default os valores GWP reporta-

dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar

de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-

quer outro valor GWP Entretanto nota-se que

para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-

dos apresentados em CO2e eacute preciso checar

se esses valores foram calculados utilizando os

mesmos fatores GWP

Assessment report

Ar2 Ar3 Ar5

1 1 1

21 25 28

310 298 265

poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)

28

paracircmetros utilizados

1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade

2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens

3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)

29

Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que

intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na

meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue

A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi

dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio

entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos

de anaacutelise

Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo

das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos

do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo

condiccedilatildeo das pastagens

bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)

bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo

de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo

moderada para severamente degradada (IPCC 2006)

bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de

degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)

Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da

mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-

mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas

atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros

trabalhos

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

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rreu

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seg

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mecircs

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poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 23: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

23

gadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea A otimizaccedilatildeo

do desempenho reprodutivo e da eficiecircncia

produtiva do rebanho de cria pode ser obtida

por meio das seguintes praacuteticas de manejo

a Identificaccedilatildeo dos animais e registro de

ocorrecircncias (nascimentos abortos mor-

tes etc)

b Escolha do periacuteodo de monta

c Escolha do sistema de acasalamento

d Preparo de novilhas para reposiccedilatildeo

e Diagnoacutestico de gestaccedilatildeo e descartes

f Determinaccedilatildeo da idade agrave desmama

g Atendimento agraves exigecircncias nutricionais

h Controle sanitaacuterio do rebanho

bull Gestatildeoambiental trata do manejo adequa-

do dos recursos naturais existentes na pro-

priedade rural em conformidade com as leis

ambientais e com as teacutecnicas recomendadas

para a conservaccedilatildeo do solo da biodiversida-

de dos recursos hiacutedricos e da paisagem

bull Gestatildeo da propriedade atender aos re-

quisitos miacutenimos de gestatildeo desenvolvendo

accedilotildees de planejamento organizaccedilatildeo dire-

ccedilatildeo e controle Dentre essas accedilotildees desta-

cam-se a revisatildeo de objetivos a previsatildeo

de receitas e despesas a coordenaccedilatildeo e

direccedilatildeo dos processos de produccedilatildeo o aten-

dimento das exigecircncias legais e o registro

de todos as atividades e processos da pro-

priedade (social trabalhista fiscal sanitaacuteria

e ambiental)(Valle 2011)

24

caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee

Ferramenta de caacutelculo

A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das

emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas

aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais

fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala

de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-

riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-

tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para

condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006

WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)

FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees

Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a

quantidade de GEE emitido (ou removido) pela

quantidade de material consumido ou processa-

do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-

mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg

kg) ou porcentagem ()

balanccedilo de gee =

emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)

O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende

a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)

de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na

pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-

la de fazenda (da porteira para dentro) envolve

a soma das emissotildees de GEE pelos animais e

seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-

dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-

quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-

da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em

solos bem manejados

25

PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA

TR

An

SPOR

TES

CO2

n2O

CH4

REB

AnHO

COndIccedilatildeO dO PASTO

USOS dE InSUmOS

FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA

26

Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)

pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de

dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de

acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade

A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de

fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao

solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela

queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-

culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo

sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)

Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de

GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-

lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do

inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)

O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado

com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-

ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-

tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-

sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda

analisada pode ser visto no Anexo 1

coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo

Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou

os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-

priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e

suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a

total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas

O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da

base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades

participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-

zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)

27

O Potencial de Aquecimento Global (Global

Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-

timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-

rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo

ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma

vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-

ciais de aquecer a Terra quando presentes na

atmosfera O IPCC determina os valores GWP

a serem utilizados e os atualiza de acordo com

o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea

Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute

foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo

(Assessment Report) do IPCC

AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-

decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-

lizados globalmente A calculadora de emissotildees

GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta

em seu modo default os valores GWP reporta-

dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar

de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-

quer outro valor GWP Entretanto nota-se que

para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-

dos apresentados em CO2e eacute preciso checar

se esses valores foram calculados utilizando os

mesmos fatores GWP

Assessment report

Ar2 Ar3 Ar5

1 1 1

21 25 28

310 298 265

poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)

28

paracircmetros utilizados

1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade

2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens

3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)

29

Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que

intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na

meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue

A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi

dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio

entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos

de anaacutelise

Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo

das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos

do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo

condiccedilatildeo das pastagens

bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)

bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo

de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo

moderada para severamente degradada (IPCC 2006)

bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de

degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)

Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da

mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-

mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas

atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros

trabalhos

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

REfEREcircnCIAS

ASSAD E MARTINS S Agricultura de baixa emissatildeo de carbono a evoluccedilatildeo de um novo pa-

radigma Observatoacuterio abc 2013 p 32-34

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

que

oco

rreu

a r

efor

ma

da p

asta

gem

(en

tre

Nov

embr

o e

Dez

embr

o de

20

12 -

exc

eto

para

a F

az

Mita

ju q

ue o

corr

eu e

ntre

Out

ubro

e N

ovem

bro

de 2

013)

po

is a

ntes

des

sa r

efor

ma

natildeo

havi

a us

o de

sses

in

sum

os n

as p

asta

gens

adi

cion

alm

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con

side

rou-

se q

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ouve

apl

icaccedil

atildeo d

e U

reia

no

prim

eiro

mecircs

da

refo

rma

da aacute

rea

mas

a

part

ir do

seg

undo

mecircs

em

cob

ertu

ra a

poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 24: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

24

caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gee

Ferramenta de caacutelculo

A calculadora GHG Protocol Agriacutecola (WRI 2014) foi utilizada para avaliar o balanccedilo das

emissotildees de GEE das fazendas participantes do Programa Novo Campo antes e apoacutes suas

aderecircncias ao programa A ferramenta foi selecionada por permitir avaliar as principais

fontes de emissatildeo e remoccedilatildeo de GEE do sistema de produccedilatildeo de carne bovina em escala

de fazenda (COSTA JUNIOR et al 2016) o rebanho os insumos aplicados ao solo a va-

riaccedilatildeo de carbono no solo e a queima de combustiacuteveis foacutesseis (Figura 2) E ainda apresen-

tar a vantagem de utilizar alguns fatores de emissatildeo desenvolvidos especificamente para

condiccedilotildees especiacuteficas brasileiras ndash o que traz maior precisatildeo aos resultados (IPCC 2006

WRI 2014 EMBRAPA 2015ab)

FAtor de emissatildeo de gee e o caacutelculo do bAlANccedilo de emissotildees

Um Fator de Emissatildeo (ou remoccedilatildeo) de GEE eacute a

quantidade de GEE emitido (ou removido) pela

quantidade de material consumido ou processa-

do Fatores de Emissatildeo e Remoccedilatildeo satildeo usual-

mente expressos em relaccedilatildeo de massa (ie kg

kg) ou porcentagem ()

balanccedilo de gee =

emissotildees (animais dejetos insumos e solos degradados) ndashremoccedilotildees (solos bem manejados)

O balanccedilo de emissotildees do sistema compreende

a soma das emissotildees e remoccedilotildees (sequestro)

de GEE do sistema em anaacutelise Por exemplo na

pecuaacuteria de corte o balanccedilo de GEE em esca-

la de fazenda (da porteira para dentro) envolve

a soma das emissotildees de GEE pelos animais e

seus dejetos pela aplicaccedilatildeo de insumos utiliza-

dos no campo (incluindo o combustiacutevel de ma-

quinaacuterio) e pelos solos em degradaccedilatildeo subtraiacute-

da pela remoccedilatildeo de GEE (sequestro de C) em

solos bem manejados

25

PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA

TR

An

SPOR

TES

CO2

n2O

CH4

REB

AnHO

COndIccedilatildeO dO PASTO

USOS dE InSUmOS

FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA

26

Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)

pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de

dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de

acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade

A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de

fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao

solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela

queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-

culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo

sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)

Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de

GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-

lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do

inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)

O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado

com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-

ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-

tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-

sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda

analisada pode ser visto no Anexo 1

coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo

Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou

os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-

priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e

suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a

total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas

O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da

base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades

participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-

zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)

27

O Potencial de Aquecimento Global (Global

Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-

timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-

rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo

ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma

vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-

ciais de aquecer a Terra quando presentes na

atmosfera O IPCC determina os valores GWP

a serem utilizados e os atualiza de acordo com

o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea

Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute

foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo

(Assessment Report) do IPCC

AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-

decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-

lizados globalmente A calculadora de emissotildees

GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta

em seu modo default os valores GWP reporta-

dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar

de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-

quer outro valor GWP Entretanto nota-se que

para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-

dos apresentados em CO2e eacute preciso checar

se esses valores foram calculados utilizando os

mesmos fatores GWP

Assessment report

Ar2 Ar3 Ar5

1 1 1

21 25 28

310 298 265

poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)

28

paracircmetros utilizados

1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade

2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens

3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)

29

Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que

intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na

meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue

A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi

dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio

entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos

de anaacutelise

Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo

das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos

do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo

condiccedilatildeo das pastagens

bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)

bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo

de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo

moderada para severamente degradada (IPCC 2006)

bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de

degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)

Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da

mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-

mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas

atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros

trabalhos

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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49

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de gases de efeito estufa Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilatildeo 2015a

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

que

oco

rreu

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20

12 -

exc

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013)

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des

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havi

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o de

sses

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sum

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cion

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rou-

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atildeo d

e U

reia

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prim

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mas

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part

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seg

undo

mecircs

em

cob

ertu

ra a

poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 25: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

25

PROCESSOS IndUSTRIAIS PROdUccedilatildeO AGRIacuteCOlA

TR

An

SPOR

TES

CO2

n2O

CH4

REB

AnHO

COndIccedilatildeO dO PASTO

USOS dE InSUmOS

FIGURA 2 ESCOPO DE ANAacuteLISE E SUAS FONTES DE EMISSAtildeO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO A FERRAMENTA GHG-PROTOCOLO AGRIacuteCOLA

26

Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)

pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de

dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de

acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade

A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de

fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao

solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela

queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-

culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo

sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)

Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de

GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-

lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do

inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)

O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado

com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-

ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-

tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-

sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda

analisada pode ser visto no Anexo 1

coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo

Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou

os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-

priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e

suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a

total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas

O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da

base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades

participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-

zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)

27

O Potencial de Aquecimento Global (Global

Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-

timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-

rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo

ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma

vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-

ciais de aquecer a Terra quando presentes na

atmosfera O IPCC determina os valores GWP

a serem utilizados e os atualiza de acordo com

o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea

Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute

foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo

(Assessment Report) do IPCC

AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-

decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-

lizados globalmente A calculadora de emissotildees

GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta

em seu modo default os valores GWP reporta-

dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar

de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-

quer outro valor GWP Entretanto nota-se que

para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-

dos apresentados em CO2e eacute preciso checar

se esses valores foram calculados utilizando os

mesmos fatores GWP

Assessment report

Ar2 Ar3 Ar5

1 1 1

21 25 28

310 298 265

poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)

28

paracircmetros utilizados

1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade

2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens

3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)

29

Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que

intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na

meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue

A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi

dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio

entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos

de anaacutelise

Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo

das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos

do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo

condiccedilatildeo das pastagens

bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)

bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo

de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo

moderada para severamente degradada (IPCC 2006)

bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de

degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)

Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da

mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-

mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas

atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros

trabalhos

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

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Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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duction of agricultural and horticultural commodities Defra project report IS0205 Cranfield

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WOLLENBERG E et al Reducing emissions from agriculture to meet the 2degC target Global

Change Biology 2016 Disponiacutevel em lthttponlinelibrarywileycomdoi101111

gcb13340abstractgt Acesso em 27 nov 2016

WORLD RESOURCES INSTITUTE (WRI) GHG Protocol Agriacutecola calculator 2014 Disponiacutevel

em lthttpwwwghgprotocolorgAgriculture-GuidanceVisC3A3o-Geral3A-

Projeto-Brasil-AgropecuC3A1riagt

190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

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12 -

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sem

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ra d

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sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 26: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

26

Com relaccedilatildeo agraves fontes de emissatildeo a calculadora estima agraves emissotildees de metano (CH4)

pela fermentaccedilatildeo enteacuterica e as emissotildees de CH4 e oacutexido nitroso (N2O) pelo manejo de

dejetos dos animais do rebanho (Figura 2) Essas emissotildees satildeo ainda relativizadas de

acordo com a idade categoria e tempo de permanecircncia desses animais na propriedade

A GHG Protocol Agriacutecola tambeacutem considera as emissotildees de N2O e CO2 pela aplicaccedilatildeo de

fertilizantes nitrogenados (sinteacuteticos e orgacircnicos) e calcaacuterios (dolomiacutetico e calciacutetico) ao

solo respectivamente As emissotildees de CO2 pela degradaccedilatildeo do solo da pastagem e pela

queima de combustiacutevel foacutessil utilizado em maquinaacuterios tambeacutem satildeo consideradas no caacutel-

culo Aleacutem disso essa ferramenta tambeacutem contabiliza a remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera pelo

sequestro de C no solo de pastagens bem manejadas (sequestro de carbono) (Figura 2)

Ao final a calculadora efetua o balanccedilo (soma) das emissotildees e remoccedilotildees dos gases de

GEE provenientes das fontes em escala de fazenda (Figura 2) e os converte em equiva-

lentes de CO2 (CO2e) utilizando fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP ndash do

inglecircs Global Warming Potential) fornecidos pelo IPCC (1995 2007 2013)

O balanccedilo de GEE obtido para cada uma das cinco fazendas analisadas foi correlacionado

com as respectivas aacutereas produtivas (emissatildeo de GEE por hectare de fazenda) e produ-

ccedilotildees de carne (emissatildeo de GEE por kg de carne produzida) dessas fazendas E apresen-

tado aqui como um balanccedilo de GEE consolidado dessas cinco fazendas (meacutedia anual des-

sas propriedades) Entretanto o balanccedilo de GEE das anaacutelises individuais de cada fazenda

analisada pode ser visto no Anexo 1

coleta de dados e parametrizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo

Baseado no escopo de anaacutelise considerado nesse trabalho (Figura 2) o coletou

os dados necessaacuterios para o caacutelculo das emissotildees de GEE de cada uma das cinco pro-

priedades avaliadas nesse estudo durante a sua fase piloto (2012 - 2014) (Anexo 1 e 2) e

suas emissotildees potenciais considerando a intensificaccedilatildeo moderada dos pastos visando a

total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas

O levantamento de dados da fase piloto e do potencial de produccedilatildeo foi feito a partir da

base de dados do ICV e de visitas a campo pela equipe do nessas propriedades

participantes do programa Assim os seguintes dados foram levantados para parametri-

zar a ferramenta GHG Protocol utilizada para esse estudo (WRI 2014)

27

O Potencial de Aquecimento Global (Global

Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-

timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-

rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo

ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma

vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-

ciais de aquecer a Terra quando presentes na

atmosfera O IPCC determina os valores GWP

a serem utilizados e os atualiza de acordo com

o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea

Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute

foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo

(Assessment Report) do IPCC

AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-

decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-

lizados globalmente A calculadora de emissotildees

GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta

em seu modo default os valores GWP reporta-

dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar

de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-

quer outro valor GWP Entretanto nota-se que

para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-

dos apresentados em CO2e eacute preciso checar

se esses valores foram calculados utilizando os

mesmos fatores GWP

Assessment report

Ar2 Ar3 Ar5

1 1 1

21 25 28

310 298 265

poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)

28

paracircmetros utilizados

1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade

2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens

3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)

29

Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que

intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na

meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue

A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi

dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio

entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos

de anaacutelise

Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo

das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos

do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo

condiccedilatildeo das pastagens

bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)

bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo

de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo

moderada para severamente degradada (IPCC 2006)

bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de

degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)

Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da

mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-

mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas

atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros

trabalhos

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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Projeto-Brasil-AgropecuC3A1riagt

190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

que

oco

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gem

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20

12 -

exc

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013)

po

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des

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havi

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sum

os n

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ouve

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part

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seg

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poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 27: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

27

O Potencial de Aquecimento Global (Global

Warming Potential em inglecircs ou GWP) eacute uma es-

timativa que uniformiza a contribuiccedilatildeo dos dife-

rentes gases de efeito estufa (GEE) em relaccedilatildeo

ao gaacutes CO2 Essa estimativa eacute necessaacuteria uma

vez que diferentes GEEs tecircm diferentes poten-

ciais de aquecer a Terra quando presentes na

atmosfera O IPCC determina os valores GWP

a serem utilizados e os atualiza de acordo com

o avanccedilo das pesquisas cientiacuteficas nessa aacuterea

Ateacute o momento trecircs diferentes valores GWP jaacute

foram publicados nos relatoacuterios de avaliaccedilatildeo

(Assessment Report) do IPCC

AR2 AR4 e AR5 (IPCC 1995 2007 2013) A ten-

decircncia eacute que os valores mais recentes sejam uti-

lizados globalmente A calculadora de emissotildees

GHG Protocolo-Agriacutecola (WRI 2014) apresenta

em seu modo default os valores GWP reporta-

dos no quarto relatoacuterio do IPCC (AR4) apesar

de permitir a mudanccedila pelo usuaacuterio para qual-

quer outro valor GWP Entretanto nota-se que

para a comparaccedilatildeo com seguranccedila de resulta-

dos apresentados em CO2e eacute preciso checar

se esses valores foram calculados utilizando os

mesmos fatores GWP

Assessment report

Ar2 Ar3 Ar5

1 1 1

21 25 28

310 298 265

poteNciAl de AquecimeNto globAl (gWp)

28

paracircmetros utilizados

1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade

2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens

3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)

29

Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que

intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na

meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue

A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi

dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio

entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos

de anaacutelise

Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo

das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos

do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo

condiccedilatildeo das pastagens

bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)

bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo

de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo

moderada para severamente degradada (IPCC 2006)

bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de

degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)

Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da

mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-

mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas

atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros

trabalhos

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

que

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rreu

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20

12 -

exc

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013)

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havi

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in

sum

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part

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seg

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mecircs

em

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poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 28: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

28

paracircmetros utilizados

1 Quantidade meacutedia anual de animais do rebanho da propriedade por categoria e idade

2 Quantidade meacutedia anual de ureia calcaacuterio e combustiacutevel foacutessil utilizada para manutenccedilatildeo das pastagens

3 Aacuterea de pastagem degradada e bem manejada (reformada ou recuperada)

29

Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que

intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na

meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue

A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi

dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio

entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos

de anaacutelise

Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo

das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos

do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo

condiccedilatildeo das pastagens

bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)

bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo

de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo

moderada para severamente degradada (IPCC 2006)

bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de

degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)

Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da

mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-

mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas

atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros

trabalhos

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

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da

refo

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mas

a

part

ir do

seg

undo

mecircs

em

cob

ertu

ra a

poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 29: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

29

Como descrito os dados foram analisados anualmente entretanto para se evitar que

intervenccedilotildees pontuais natildeo anuais de calagem dos solos causassem picos de emissatildeo na

meacutedia dos resultados foi executado um tratamento nesses valores como segue

A quantidade de calcaacuterio comumente utilizada no ano em uma mesma aacuterea foi

dividida por 60 ndash o que equivale a cinco anos (60 meses) que eacute o periacuteodo meacutedio

entre calagens do solo - e o valor alocado relativamente nos meses dos anos

de anaacutelise

Outro detalhe do caacutelculo do balanccedilo de GEE do sistema produtivo se refere agrave condiccedilatildeo

das pastagens das propriedades Baseadas em conversas com os proprietaacuterios e teacutecnicos

do programa foi entendido e assumilado o quadro que se apresenta abaixo

condiccedilatildeo das pastagens

bull 100 das aacutereas de pastagens estavam sob um niacutevel moderado de degradaccedilatildeo (IPCC 2006)

bull As aacutereas natildeo recuperadasreformadas continuariam em processo

de degradaccedilatildeo e assim partindo da condiccedilatildeo de degradaccedilatildeo

moderada para severamente degradada (IPCC 2006)

bull As aacutereas recuperadasreformadas passaram de um niacutevel moderado de

degradaccedilatildeo para um niacutevel melhorado com adiccedilatildeo de insumos (IPCC 2006)

Para manter a anaacutelise em escopo de fazenda as emissotildees de GEE pela produccedilatildeo da

mateacuteria-prima e fabricaccedilatildeo da suplementaccedilatildeo animal e transportes (inclusive dos ani-

mais) natildeo foram contabilizadas nesse trabalho Entretanto reconhece-se que essas

atividades podem ser importantes fontes de emissatildeo e devem ser avaliadas em futuros

trabalhos

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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Projeto-Brasil-AgropecuC3A1riagt

190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

que

oco

rreu

a r

efor

ma

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asta

gem

(en

tre

Nov

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o e

Dez

embr

o de

20

12 -

exc

eto

para

a F

az

Mita

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013)

po

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des

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ma

natildeo

havi

a us

o de

sses

in

sum

os n

as p

asta

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adi

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con

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rou-

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atildeo h

ouve

apl

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atildeo d

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reia

no

prim

eiro

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da

refo

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da aacute

rea

mas

a

part

ir do

seg

undo

mecircs

em

cob

ertu

ra a

poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 30: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

Anaacutelise dA FAse Piloto e PotenciAl

do ProgrAmA novo cAmPo

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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EMBRAPA Emissotildees de oacutexido nitroso de solos agriacutecolas e de manejo de dejetos Relatoacuterios de

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

que

oco

rreu

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efor

ma

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Nov

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20

12 -

exc

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013)

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des

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havi

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o de

sses

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sum

os n

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atildeo d

e U

reia

no

prim

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da

refo

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rea

mas

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part

ir do

seg

undo

mecircs

em

cob

ertu

ra a

poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 31: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

31

AS CInCO primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo abrangiam

no iniacutecio desse projeto totalizavam uma aacuterea de 3500 ha e um rebanho de 7500 cabeccedilas

Com as pastagens predominantemente degradadas e com o deficiente manejo dos ani-

mais essas propriedades produziam anualmente cerca de 70 kg de carcaccedila (47) por

hectare (Tabela 1 Figura 3)

Sob essas condiccedilotildees as emissotildees de GEE dessas fazendas tinham patamares meacutedios de

50 tCO2e ha-1 ao ano e 794 kg CO2e por kg de carne produzida (Figura 3) Cerca de 60

dessas emissotildees eram provenientes do rebanho e 40 pela degradaccedilatildeo dos solos (Figu-

ra 4) Ambos os iacutendices produtivos e ambientais satildeo considerados de baixa performance

quando comparados ao potencial dessa atividade (CROSSON et al 2011 BARBOSA et

al 2015 CARDOSO et al 2016)

Os resultados de 2012 antes do iniacutecio do projeto foram consequecircncia do sistema de

produccedilatildeo essencialmente extensivo e com baixo grau de investimento no sistema de ges-

tatildeo e de manejo do sistema produtivo Com essa falta de estrateacutegia as propriedades natildeo

manejavam pastos natildeo forneciam suplementaccedilatildeo alimentar ao rebanho e natildeo efetuavam

o manejo reprodutivo dos animais adequadamente Assim as fazendas foram degradando

suas aacutereas de pastagens e seus rebanhos perdendo eficiecircncia de produccedilatildeo

EmISSatildeO dE GEE (t CO2e ha -1)

PROdUccedilatildeO dE CARnE (kg carcaccedila ha -1)

InTEnSIdAdE EmISSatildeO GEE (CO2e por kg de carcaccedila produzida -1)

2012 2013 2014 Potencial0

3

5

0

40

80

45

38

24

50

2012 2013 2014 Potencial

483

322

7

794

2012 2013 2014 Potencial0

175

350

96 122

350

65

FIGURA 3 EMISSAtildeO GEE E PRODUccedilAtildeO MEacuteDIA NAS 5 FAzENDAS PARtIcIPANtES

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

que

oco

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Nov

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20

12 -

exc

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013)

po

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ntes

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havi

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sses

in

sum

os n

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ouve

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part

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seg

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poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 32: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

32

A degradaccedilatildeo de pastagem pode ser definida como o processo de perda de vigor de

produtividade e da capacidade de recuperaccedilatildeo natural da pastagem tornando-a incapaz

de sustentar os niacuteveis de produccedilatildeo e qualidade exigidos pelos animais bem como o de

superar os efeitos nocivos de pragas de doenccedilas e de plantas invasoras (MACEDO 1995)

Como consequecircncia os animais natildeo recebem o tratamento e a quantidade e qualidade de

alimento necessaacuteria para seu desenvolvimento e assim demoram mais tempo para atingir

o peso de abate adequado Dessa forma o rebanho passa a ter animais mais velhos agra-

vando ainda mais a situaccedilatildeo produtiva e ambiental da fazenda uma vez que esses animais

satildeo menos eficientes para ganhar peso e por isso emitem maior quantidade de GEE por

quantidade de alimento ingerido comparado a animais mais jovens ndash principalmente na

eacutepoca das secas quando a oferta de pastos eacute menor que na eacutepoca das chuvas

FIGURA 4 EMISSAtildeO DE GEE (t CO2 e ha) NAS 5 FAzENDAS pARtICIpANtES

REBAnHO

BAlAnccedilO GEE

InSUmOSSOlO

2012

2012

2013

2013

2014

2014

Potencial

Potencial

2012 2013 2014 Potencial

-276

2012 2013 2014 Potencial

003

001

Emissotildees de GEE anuais meacutedias consolidadas por fonte emissora de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

0

3

5

0

1

2

0

01

1

0

3

5

45

38

24

50

265

246

434

294

183

129

203

007

086

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

que

oco

rreu

a r

efor

ma

da p

asta

gem

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tre

Nov

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o e

Dez

embr

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20

12 -

exc

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az

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Out

ubro

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ovem

bro

de 2

013)

po

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ntes

des

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efor

ma

natildeo

havi

a us

o de

sses

in

sum

os n

as p

asta

gens

adi

cion

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rou-

se q

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atildeo h

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atildeo d

e U

reia

no

prim

eiro

mecircs

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refo

rma

da aacute

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mas

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part

ir do

seg

undo

mecircs

em

cob

ertu

ra a

poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 33: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

33

Continuanapaacuteginaseguinte

Por isso uma das primeiras intervenccedilotildees da fase piloto do Programa Novo Campo foi

melhorar a condiccedilatildeo das pastagens Nessa fase as fazendas participantes juntas recu-

peraram e reformaram 13 da aacuterea de pasto degradado abrangida pelo programa (453

ha de pastagens degradadas) das quais 190 ha foram com integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria

(sucessatildeo com soja e milho ver Fazenda 5 Irmatildeos - Anexo 1)

Com produccedilatildeo de alimento em quantidade e qualidade adequada agrave criaccedilatildeo dos animais

essas aacutereas reformadas e recuperadas foram utilizadas para pastejo rotacionado do re-

banho Aleacutem disso as propriedades progressivamente introduziram boas praacuteticas agro-

pecuaacuterias complementares - definidas nos manuais BPA e GIPS as quais se baseiam na

suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho e gestatildeo

da fazenda

O sequestro de carbono pode ser definido como

a captura e estocagem de carbono que eacute retira-

do da atmosfera Nas pastagens a estocagem

de C no solo se inicia pela fixaccedilatildeo de CO2 da

atmosfera na forragem por meio do processo de

fotossiacutentese Posteriormente os resiacuteduos dessa

forragem satildeo decompostos por microrganismos

do solo sendo que uma parte eacute estocada na

mateacuteria orgacircnica do solo (55 de C) e a outra

parte volta para a atmosfera na forma de CO2

Assim eacute formado um ciclo onde a quantidade

de mateacuteria orgacircnica estaacute em equiliacutebrio devido ao

balanccedilo entre o consumo e a fixaccedilatildeo do C con-

tido nos resiacuteduos vegetais

Pastagens influenciam esse ciclo de acordo

com o manejo empregado Pastagens em pro-

cesso de degradaccedilatildeo devido a pisoteios super

pastoreio ou infestaccedilotildees de cupins tendem a di-

minuir sua produccedilatildeo de forragem o que reduz a

entrada de C no solo e consequentemente natildeo

conseguem manter seus niacuteveis de mateacuteria orgacirc-

nica ndash emitindo assim mais CO2 do que conse-

guem sequestrar Aleacutem disso outros processos

decorrentes da degradaccedilatildeo do solo como a

erosatildeo tambeacutem contribuem com a reduccedilatildeo do

niacutevel de C no solo

Por outro lado pastagens bem manejadas

produzem forragem suficiente para manter ou

sequestro de cArboNo No solo

Continuanapaacuteginaseguinte

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

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que

oco

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12 -

exc

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seg

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poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 34: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

34

A suplementaccedilatildeo alimentar dos bovinos auxilia principalmente na conservaccedilatildeo das pas-

tagens e na nutriccedilatildeo animal fornecendo alimento adequado na eacutepoca das secas (quando

haacute insuficiente forragem nos pastos) e permitindo o abate de animais mais jovens e com

melhor acabamento Jaacute o manejo sanitaacuterio consiste em um conjunto de atividades veteri-

naacuterias regularmente planejadas e direcionadas para a prevenccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sauacutede

do rebanho Enquanto o manejo reprodutivo eacute o arranjo de praacuteticas que otimizam a efici-

ecircncia de reproduccedilatildeo do rebanho principalmente relacionadas agrave reproduccedilatildeo da fecircmea Fi-

nalmente as melhorias na gestatildeo da propriedade visam aprimorar accedilotildees de planejamento

organizaccedilatildeo direccedilatildeo e controle da fazenda (Valle 2011)

Esse conjunto de praacuteticas conseguiu paulatinamente aumentar a eficiecircncia de produccedilatildeo

das fazendas e apoacutes dois anos adotando boas praacuteticas agropecuaacuterias as propriedades

aumentaram a produccedilatildeo meacutedia de carne em 85 e reduziram suas emissotildees de GEE em

25 por hectare Com isso as propriedades reduziram 60 das emissotildees de GEE por

quilograma de carcaccedila produzida (Figura 3)

A reduccedilatildeo nas emissotildees foi reflexo direto de um ajuste do rebanho atraveacutes da reduccedilatildeo do

tempo de abate dos animais (em pelo menos seis meses ndash pela maior oferta e eficiecircncia de

conversatildeo do alimento) e identificaccedilatildeo e descarte dos animais mais velhos e ineficientes

E tambeacutem da diminuiccedilatildeo das taxas de degradaccedilatildeo das pastagens Por causa dessas praacute-

ticas as emissotildees pelos animais foram reduzidas em 15 enquanto o sequestro de car-

bono no solo nas aacutereas de pastagem reformadas e recuperadas diminuiacuteram as emissotildees

de GEE pela degradaccedilatildeo em 35 nesse periacuteodo mesmo com o aumento das emissotildees

provenientes pela aplicaccedilatildeo e uso de insumos como ureia e oacuteleo diesel para a manuten-

ccedilatildeo dessa aacuterea reformada (Figura 4)

aumentar seus niacuteveis de mateacuteria orgacircnica do

solo Adicionalmente o aumento da mateacuteria or-

gacircnica incrementa a conservaccedilatildeo e a fertilidade

do solo Entretanto existe um periacuteodo de acuacute-

mulo de carbono no solo estimado em 20 anos

(se for mantido o manejo sustentaacutevel nesse pe-

riacuteodo) posteriormente esse estoque de carbono

se equilibra (IPCC 2006)

35

Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

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20

12 -

exc

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ouve

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sem

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ra d

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TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

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As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 35: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

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Os sistemas de integraccedilatildeo envolvem a produ-

ccedilatildeo de gratildeos fibras madeira energia leite ou

carne na mesma aacuterea em plantios em rotaccedilatildeo

consorciaccedilatildeo eou sucessatildeo O sistema funcio-

na basicamente com o plantio durante o veratildeo

de culturas agriacutecolas anuais (arroz feijatildeo milho

soja ou sorgo) e de aacutervores associado a espeacute-

cies forrageiras

Haacute vaacuterias possibilidades de combinaccedilatildeo entre

os componentes agriacutecola pecuaacuterio e florestal

considerando o espaccedilo e o tempo disponiacutevel

resultando em diferentes sistemas integrados

como Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF) lavoura

-pecuaacuteria (iLP) silvipastoril (SSP) ou agroflores-

tais (SAF) Esta soluccedilatildeo tecnoloacutegica foi desen-

volvida pela Embrapa em parceria com outras

instituiccedilotildees

O ILP por exemplo consiste no plantio simultacirc-

neo do cereal (ie milho) e da forrageira ou no

plantio defasado da forrageira em aproximada-

mente 30 dias depois da emergecircncia do cereal

de modo a produzir gratildeos no veratildeo e pasto no

periacuteodo da seca Basicamente as plantas de

milho se desenvolvem mais rapidamente e som-

breiam o capim retardando seu crescimento

Entretanto quando o milho eacute colhido a luz solar

penetra no interior do dossel da lavoura e atinge

as plantas de capim que passam a crescer e

emitir novas folhas formando forragem de alta

qualidade para pastejo no inverno

sistemAs iNtegrAdos lAvourA pecuaacuteriA e FlorestA

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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EMBRAPA Emissotildees de oacutexido nitroso de solos agriacutecolas e de manejo de dejetos Relatoacuterios de

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

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eses

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oco

rreu

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20

12 -

exc

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havi

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mas

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part

ir do

seg

undo

mecircs

em

cob

ertu

ra a

poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 36: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

36

Com esses niacuteveis de emissatildeo as fazendas se aproximam dos patamares emitidos por eficien-

tes sistemas produtivos encontrados em outros importantes paiacuteses produtores de carne bovi-

na (Figura 5) Isso sugere que a estrateacutegia de produccedilatildeo adotada pelo Programa Novo Campo

aleacutem de elevar a produccedilatildeo de carne com menor emissatildeo de GEE pode ainda proporcionar um

melhor posicionamento da carne brasileira no cenaacuterio mundial

Figura 5 Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de Carne bovina

InTEnSIdAdE dA EmISSatildeO dE GASES dE EfEITO ESTUfA (kg CO2e kg carcaccedila produzida)

Beauchemineta(2010)

Comparaccedilatildeo da intensidade de emissatildeo da produccedilatildeo de carne bovina reportados nacional e internacionalmente com os proporcionados pelo Programa Novo Campo (dados foram normalizados para GWP-AR4 ndash IPCC 2007)

0

30

60

CaseyandHolden(2006a)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CaseyandHolden(2006b)

CederbergandStadig(2003)

Veyssetetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Crossonetal(2010)

Nguyenetal(2004)

Oginoetal(2004)

Pelletieretal(2010)

Petersetal(2010)

Phetteplaceelat(2001)

Subak(1999)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Williamsetal(2006)

Whiteetal(2010)

Williamsetal(2006)

EvansandWilliams(2009)

ProgramaNovoCampo(antes)

ProgramaNovoCampo(depois)

Emissotildees reportadas internacionalmente

Antes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

Apoacutes da aderecircncia ao Programa novo Campo (5 fazendas)

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

REfEREcircnCIAS

ASSAD E MARTINS S Agricultura de baixa emissatildeo de carbono a evoluccedilatildeo de um novo pa-

radigma Observatoacuterio abc 2013 p 32-34

ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DAS INDUacuteSTRIAS EXPORTADORAS DE CARNE (ABIEC) Disponiacute-

vel em lthttpwwwabieccombrindexaspgt Acesso em 26 nov 2016

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

que

oco

rreu

a r

efor

ma

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asta

gem

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Nov

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o e

Dez

embr

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20

12 -

exc

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Out

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de 2

013)

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sum

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atildeo d

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reia

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prim

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refo

rma

da aacute

rea

mas

a

part

ir do

seg

undo

mecircs

em

cob

ertu

ra a

poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 37: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

37

Sistemas de produccedilatildeo de carne menos eficien-

tes tendem a possuir baixas taxas de desfrute

(proporccedilatildeo de animais abatidos em relaccedilatildeo ao

rebanho total) Essa ineficiecircncia eacute causada por

inuacutemeros fatores como a insuficiente oferta de

alimento ou um reduzido manejo do rebanho

(ie sanitaacuterio e reprodutivo) Entretanto sob

uma mesma taxa de natalidade a baixa taxa

de abate leva a um ldquorepresamentordquo de gado na

propriedade Assim com o aumento da eficiecircn-

cia do sistema produtivo as taxas de natalidade

e abate tendem a se equilibrar ajustando o reba-

nho agrave nova condiccedilatildeo Com isso a propriedade eacute

capaz de produzir uma maior quantidade de car-

ne e aumentar sua rentabilidade com um menor

nuacutemero de animais

AJuste do rebANHo

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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Projeto-Brasil-AgropecuC3A1riagt

190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

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20

12 -

exc

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013)

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sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 38: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

38

potenciais do programa Novo campo ndash intensificaccedilatildeo sustentaacutevel das pastagens

A evoluccedilatildeo recente do Programa Novo Campo indica haver melhorias substanciais nos iacutendices

produtivos e ambientais dessas propriedades com o programa estimulando a intensificaccedilatildeo

moderada dos pastos visando a total recuperaccedilatildeo das aacutereas degradadas e o manejo do rebanho

Estima-se que nos proacuteximos anos emissotildees de GEE nessas propriedades atingiratildeo 24

t CO2e ha-1 ano-1 e 70 t CO2e por kg de carcaccedila produzida (Figura 7) Isso significa que

essa estrateacutegia proporcionaraacute uma aumento de produccedilatildeo de carne em cinco vezes o que

reduziraacute as emissotildees de GEE em 50 por hectare e quase 90 por kg de carne produzida

quando comparado aos niacuteveis encontrados no iniacutecio da fase piloto do programa em 2012

(Figura 3 6)

Espera-se que nos proacuteximos anos o Programa

Novo Campo promova um aumento de produ-

ccedilatildeo de carne cinco vezes maior com a mesma

quantidade de GEE emitida pela propriedade

quando comparado ao iniacutecio do programa Con-

tudo deve-se atentar que apenas reduzindo as

emissotildees de GEE para a atmosfera eacute que seraacute

possiacutevel frear o aquecimento global Nesse sen-

tido para que a agropecuaacuteria consiga direcionar

suas emissotildees a zero apoacutes o importante e fun-

damental passo de recuperar pastagens degra-

dadas seraacute necessaacuterio adotar manejos capazes

de explorar outras formas de sequestrar carbo-

no Uma delas eacute a adoccedilatildeo de sistemas integra-

dos principalmente com aacutervores (Integraccedilatildeo La-

voura-Pecuaacuteria- Floresta) Esses sistemas aleacutem

de potencializarem o sequestro de carbono no

solo tambeacutem satildeo capazes de sequestrar car-

bono em sua biomassa aeacuterea (raiacutezes troncos

galhos e folhas) o que deve abrir novas opor-

tunidades de reduzir o impacto dos sistemas

agropecuaacuterios no clima

estrAteacutegiA pArA mANter A pecuaacuteriA de corte sequestrANdo cArboNo

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

que

oco

rreu

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20

12 -

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013)

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havi

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sses

in

sum

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side

rou-

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ouve

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atildeo d

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reia

no

prim

eiro

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refo

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da aacute

rea

mas

a

part

ir do

seg

undo

mecircs

em

cob

ertu

ra a

poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 39: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

39

mEnOS 50 GEE HA

mEnOS 90 GEE KG CARnE

SEQUESTRO dE CARBOnO

nO SOlO

400mAIS CARnE

REBAnHO mAIS JOVEm E EfICIEnTE

mElHOR GESTatildeO dA

PROPRIEdAdE

Esse cenaacuterio projeta as fazendas sob um sistema de produccedilatildeo de ciclo completo (cria

recria e engorda) com pastagens 100 recuperadas e bem manejadas as quais teriam

condiccedilotildees de suportar uma lotaccedilatildeo animal de 309 cabeccedilas ha-1 (70 maior que a lotaccedilatildeo

meacutedia de 2014) e produzir 238 de carne ha-1 ano-1 Sob essas condiccedilotildees o solo das pas-

tagens receberiam em meacutedia 100 kg de ureia e 300 kg de calcaacuterio ha-1 ano-1 e o rebanho

seria composto por 120 vacas 95 bezerros 1 touro 68 novilhos e 25 novilhas (para cada

100 hectares)

Impacto na produtividade

Impacto no meio ambiente

InTEnSIfICAccedilatildeO SUSTEnTaacuteVEl dA PECUaacuteRIA

FIGURA 6 PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESTRATeacuteGIA DO PROGRAmA NOvO CAmPO

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

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que

oco

rreu

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Nov

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20

12 -

exc

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013)

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sum

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mas

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part

ir do

seg

undo

mecircs

em

cob

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ra a

poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 40: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

40

A draacutestica reduccedilatildeo de emissotildees projetadas para as fazendas participantes do programa

para os proacuteximos anos demostrada no graacutefico acima eacute principalmente consequecircncia do

sequestro de carbono nos solos durante o restabelecimento total das pastagens degrada-

das que compensa as emissotildees adicionais pelo rebanho e pelo uso de insumos (Figura

3 e 4) Enquanto o expressivo aumento de produccedilatildeo de carne (Figura 3) eacute funccedilatildeo da aacuterea

total de pastagem fornecendo alimento em quantidade e qualidade capaz de otimizar a

performance de produccedilatildeo de um rebanho jovem e eficiente

Esses resultados mostram que com investimentos no sistema de produccedilatildeo a atividade

agropecuaacuteria eacute capaz de em um relativo curto espaccedilo de tempo reduzir consideravelmen-

te suas emissotildees de GEE concomitantemente a um aumento de produccedilatildeo

intensificaccedilatildeo sustentaacutevel da pecuaacuteria eacute chave para suprir demandas de produccedilatildeo no campo

Para o Brasil suprir a demanda de carne bovina prevista para 2025 o Ministeacuterio da Agri-

recuperAccedilatildeo de pAstAgeNs degrAdAdAs ndash beNeFiacutecios Aleacutem do cArboNo

A recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas pode

ser definida como um processo de tornar as

aacutereas em terras produtivas e autossustentaacuteveis

de acordo com uma proposta estabelecida pelo

Ibama (1990)

A manutenccedilatildeo da cobertura eacute um dos principais

aspectos da recuperaccedilatildeo de pastagens degra-

dadas principalmente por evitar a erosatildeo um

dos mais seacuterios problemas do campo tanto pela

perspectiva ambiental quanto produtiva Perdas

de nutrientes e mateacuteria orgacircnica alteraccedilotildees na

textura estrutura e quedas nas taxas de infiltra-

ccedilatildeo e retenccedilatildeo de aacutegua satildeo alguns dos efeitos

da erosatildeo sobre as caracteriacutesticas do solo As-

sim uma vez recuperado o solo restabelece

funccedilotildees importantes para o bom funcionamento

do sistema produtivo como promover melhores

condiccedilotildees para germinaccedilatildeo de sementes au-

mentar a fertilidade e umidade do solo e reduzir

o escoamento superficial da aacutegua e consequen-

temente o carreamento de sedimentos para os

cursos drsquoaacutegua (THE WORLD BANK 1992)

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

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que

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20

12 -

exc

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013)

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sem

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o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 41: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

41

cultura Pecuaacuteria e Abastecimento projeta uma produccedilatildeo 25 maior que os 8 milhotildees de t

de carcaccedila produzidos em 2014 (BRASIL 2015b)

Nesse contexto eacute esperado que apenas os estados da Amazocircnia contribuiratildeo com apro-

ximadamente 40 dessa produccedilatildeo total e o estado do Mato Grosso continuaraacute sendo o

principal produtor (IBGE sd BARBOSA et al 2015) Projeccedilotildees do Outlook-2025 feitas

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaacuteria (IMEA 2015) apontam que esse

estado deve aumentar sua produccedilatildeo de carne em 46 entre 2014 e 2025 para atender essa

demanda (de 133 para 194 milhotildees de toneladas de carcaccedila bovina)

Apenas com o aumento de produccedilatildeo de carne fomentado pelo Programa Novo Campo

nas fazendas participantes em sua fase piloto (+85) o resultado jaacute eacute 25 maior que o

aumento esperado para o estado do Mato Grosso para os proacuteximos 15 anos (IMEA 2015)

Contudo esse aumento de produccedilatildeo proporcionado pelo programa eacute similar ao esperado

por sistemas inovadores de produccedilatildeo de carne (BARBOSA et al 2015) (Figura 7)

Entende-se por um cenaacuterio inovador de produccedilatildeo fazendas de gado que adotam tecno-

logias agropecuaacuterias visando agrave intensificaccedilatildeo moderada de modo a garantir a demanda

futura de carne utilizando aacutereas jaacute estabelecidas E ainda apresentam potencial de ceder

Figura 7 Produccedilatildeo de carne esPerada Para 2030

Cenaacuterios Tendencial (BAU) e Inovador (BARBOSA et al 2015) comparados ao Programa Novo Campo

Brasil Amazocircniamato Grosso novo Campo Program

CEnaacuteRIO TEndEnCIAl

CEnaacuteRIO InOVAdOR

CEnaacuteRIO PROGRAmA

Potencial0

150

300

0

150

300

0

150

300

PilotoAntesAmazocircniaMTBRAmazocircniaMTBR

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

REfEREcircnCIAS

ASSAD E MARTINS S Agricultura de baixa emissatildeo de carbono a evoluccedilatildeo de um novo pa-

radigma Observatoacuterio abc 2013 p 32-34

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BRASIL Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento Plano setorial de mitigaccedilatildeo e de

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

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que

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20

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mas

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part

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seg

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mecircs

em

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poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 42: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

42

aacuterea para outros usos agriacutecolas e regularizar eventuais passivos ambientais (PIATTO et

al 2015 BARBOSA et al 2015)

Para se ter uma ideia do potencial do Programa Novo Campo aplicado em larga escala

assumindo apenas as porcentagens meacutedias de aumento de produccedilatildeo de carne bovina pro-

jetados para os proacuteximos anos para o Brasil (+25) e nas fazendas durante a fase piloto

(+85) e fase futura (+405) estima-se que para cada hectare de fazenda que adere ao

programa a demanda de carne eacute atendida e entre 3 e 15 hectares poderiam ser destinados

para outra modalidade de produccedilatildeo ou conservaccedilatildeo

ANaacutelise ecoNocircmicA do progrAmA Novo cAmpo

Anaacutelises bioeconocircmicas feitas no acircmbito do

Programa Novo Campo mostram que o ganho

de eficiecircncia das fazendas participantes pode

aumentar o valor presente liacutequido (VPL) dessas

propriedades em aproximadamente R$ 200000

por hectare aleacutem de reduzir substancialmente

o risco de prejuiacutezo de 99 para 15 (IIS 2015)

Assim com a recuperaccedilatildeo de pastagens de-

gradadas e adoccedilatildeo de boas praacuteticas agrope-

cuaacuterias uma atividade de produccedilatildeo de carne

bovina deficitaacuteria se transforma em lucrativa

reduzindo os custos de produccedilatildeo por meio do

aumento de produtividade Esses caacutelculos se

baseiam em um investimento inicial no valor de

R$ 200000 por hectare de pastagem (incluindo

o valor do rebanho das instalaccedilotildees do maqui-

naacuterio e dos equipamentos) natildeo considerando o

valor da terra no modelo nem do custo da regu-

larizaccedilatildeo ambiental Para as aacutereas intensificadas

foi considerado o investimento adicional de R$

240000ha (R$ 100000 para a reforma do pas-

to e R$ 140000 com insumos como correccedilatildeo

do solo e adubaccedilatildeo) Os custos fixos incluem

depreciaccedilatildeo manutenccedilatildeo de pastagens regu-

lares ou pastagens intensificadas Custos vari-

aacuteveis incluem manejo sanitaacuterio mineralizaccedilatildeo

e manejo reprodutivo Apoacutes o caacutelculo do lucro

antes dos juros e imposto de renda (EBIT) fo-

ram descontadas as despesas financeiras que a

propriedade teria com financiamentos e imposto

de renda (IIS 2015)

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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de gases de efeito estufa Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilatildeo 2015a

EMBRAPA Emissotildees de oacutexido nitroso de solos agriacutecolas e de manejo de dejetos Relatoacuterios de

referecircncia agricultura 3ordm inventaacuterio brasileiro de emissotildees e remoccedilotildees antroacutepicas de gases

de efeito estufa Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilatildeo 2015b

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

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part

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seg

undo

mecircs

em

cob

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ra a

poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 43: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

43

20202005 2030

750

1500

Agropecuaacuteria Energia Uso da terra InduacutestriaResiacuteduos

pecuaacuteria sustentaacutevel protagoniza as metas da agropecuaacuteria brasileira no Acordo de paris

A 21ordf Conferecircncia das Partes (COP-21) da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre

Mudanccedila do Clima realizada em novembro de 2015 em Paris culminou na elaboraccedilatildeo do

Acordo de Paris O acordo tem objetivo de conter o aumento da temperatura meacutedia global

abaixo dos 2ordmC acima dos niacuteveis preacute-industriais e envidar esforccedilos para limitar esse au-

mento em 15ordmC

Essa meta deveraacute ser atingida por meio da soma de esforccedilos dos quase 200 paiacuteses signa-

taacuterios incluindo o Brasil por meio de sua NDC (Contribuiccedilatildeo Nacionalmente Determina-

da) A NDC brasileira estima que em 2030 as emissotildees de GEE do paiacutes seratildeo de 1208 Mt

em que o setor agropecuaacuterio corresponderaacute por 490 Mt CO2e ou 40 dessas emissotildees

totais nacionais (BRASIL 2015cd)

As emissotildees de GEE do setor da agropecuaacuteria projetadas para 2030 satildeo proacuteximas aos

valores emitidos por esse setor em 2005 (484 Mt CO2e) - ano que eacute a linha de base da NDC

(Figura 8) Contudo as emissotildees projetadas para 2030 estaratildeo potencialmente associa-

das a uma produccedilatildeo agropecuaacuteria cerca de 30 maior que a atual (BRASIL 2015bcd)

Em

Mt C

O2e

Ad

apta

do

de

Bra

sil (

2015

d)

Figura 8 EMiSSOtildeES gEE NO BraSiL POr SETOr aTeacute 2030 aPrESENTadO PELa NdC BraSiLEira

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

que

oco

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12 -

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havi

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sem

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ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 44: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

44

O aumento de produccedilatildeo agropecuaacuteria associada agrave manutenccedilatildeo das emissotildees de GEE em

2030 se deve agraves propostas contidas na NDC brasileira que se concentram no sequestro de

carbono no solo por meio de accedilotildees ligadas agrave pecuaacuteria 15 milhotildees de ha de recuperaccedilatildeo

de pastagens degradadas e 5 milhotildees de ha de expansatildeo de sistemas integrados de pro-

duccedilatildeo com Lavoura-Pecuaacuteria-Floresta (iLPF)

Com a implementaccedilatildeo dessas accedilotildees estima-se que o sequestro de carbono compensaraacute

boa parte das emissotildees de GEE originaacuterias do aumento do rebanho e de aumento da pro-

duccedilatildeo agriacutecola necessaacuterio para suprir a demanda por produtos agropecuaacuterios em 2030

Entretanto as evidecircncias de como a recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas e a implan-

taccedilatildeo de sistemas integrados afetam a eficiecircncia de produccedilatildeo e as emissotildees de GEE em

propriedades rurais brasileiras ainda estatildeo sendo entendidas Nesse contexto o Progra-

ma Novo Campo tambeacutem se torna um importante exemplo para se verificar o impacto

dessas accedilotildees

De acordo com as anaacutelises apresentadas nesse relatoacuterio as accedilotildees propostas pela NDC

para o setor agropecuaacuterio apresentam coerecircncia para fazendas de pecuaacuteria de corte na

regiatildeo Amazocircnica recuperando pastagens e implantando sistemas integrados eacute possiacutevel

aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir as emissotildees de GEE em escala (Fi-

gura 3 6)

Entretanto o Programa Novo Campo tambeacutem mostra que aleacutem das accedilotildees propostas na

meta brasileira eacute necessaacuterio melhorar o manejo do rebanho (como na suplementaccedilatildeo ali-

mentar e praacuteticas reprodutivas e sanitaacuterias) e a gestatildeo da propriedade ndash os quais satildeo

diretamente dependentes de assistecircncia teacutecnica ao produtor Nota-se que a assistecircncia

contiacutenua proporcionada pelo Programa Novo Campo foi fundamental para promover me-

lhorias produtivas e ainda reduzir as emissotildees de GEE

Fica evidente que as metas brasileiras estatildeo no caminho certo para a reduccedilatildeo de emis-

sotildees no setor agropecuaacuterio poreacutem para garantir a execuccedilatildeo do compromisso climaacutetico

seraacute fundamental ampliar a assistecircncia teacutecnica ao produtor rural e ao mesmo tempo mo-

nitorar este aumento de eficiecircncia produtiva Nesse contexto o Programa Novo Campo

apresenta-se como um exemplo a ser replicado em escala nacional

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

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o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 45: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

RESULTADOS amp CONCLUSOtildeES

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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EMBRAPA Emissotildees de oacutexido nitroso de solos agriacutecolas e de manejo de dejetos Relatoacuterios de

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Projeto-Brasil-AgropecuC3A1riagt

190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

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12 -

exc

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sem

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ra d

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sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 46: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

46

A ImPlEmEnTAccedilatildeO de boas praacuteticas agropecuaacuterias a gestatildeo integrada

da propriedade e o monitoramento das emissotildees de GEE no Programa Novo Campo

mostram que

evidecircncias do programa

1 O Programa Novo Campo tem o potencial de aumentar a produccedilatildeo de carne em 5 vezes e reduzir 50 das emissotildees de GEE por hectare de aacuterea produtiva e 90 das emissotildees por quilograma de carne produzida

2 Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo progressiva de boas praacuteticas agropecuaacuterias (recuperaccedilatildeo de pastagens degradadas suplementaccedilatildeo animal melhorias no manejo sanitaacuterio e reprodutivo do rebanho e gestatildeo da propriedade) as fazendas participantes do programa aumentaram sua produccedilatildeo de carne em quase 100 e reduzir as emissotildees de GEE por hectare em 20 ndash resultando em 60 menos GEE por quilograma de carcaccedila produzida

3 A transiccedilatildeo de fazendas para sistemas produtivos mais eficientes e em aacutereas jaacute antropizadas (aacutereas desmatadas haacute muitos anos) apresenta-se como um meio viaacutevel para atender a demanda crescente de produtos agropecuaacuterios ao mesmo tempo em que esse setor colabora com a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas globais

4 O Programa Novo Campo apresenta-se como um importante estudo de caso para produtores elevarem sua produtividade por meios sustentaacuteveis e para tomadores de decisatildeo implementarem poliacuteticas puacuteblicas para o cumprimento de acordos climaacuteticos globais

A pecuaacuteria de corte eacute o setor de maior oportunidade de reduccedilatildeo de emissotildees de GEE e

sequestro de carbono no Brasil Sistemas mais eficientes de produccedilatildeo aumentam a renta-

bilidade do produtor e ainda colaboram com a manutenccedilatildeo do clima Os setores puacuteblico e

privado devem apoiar o produtor para que esta transiccedilatildeo seja efetiva e em escala suficien-

te para atender a demanda por carne e ainda passar de emissor ao maior sequestrador de

carbono do paiacutes

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

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exc

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013)

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part

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seg

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mecircs

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poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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referecircncia agricultura 3ordm inventaacuterio brasileiro de emissotildees e remoccedilotildees antroacutepicas de gases

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

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o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

que

oco

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Nov

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Dez

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20

12 -

exc

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sem

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ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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49

EMBRAPA Emissotildees de metano por fermentaccedilatildeo enteacuterica e manejo de dejetos de animais Re-

latoacuterios de referecircncia agricultura 3ordm inventaacuterio brasileiro de emissotildees e remoccedilotildees antroacutepicas

de gases de efeito estufa Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilatildeo 2015a

EMBRAPA Emissotildees de oacutexido nitroso de solos agriacutecolas e de manejo de dejetos Relatoacuterios de

referecircncia agricultura 3ordm inventaacuterio brasileiro de emissotildees e remoccedilotildees antroacutepicas de gases

de efeito estufa Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilatildeo 2015b

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Projeto-Brasil-AgropecuC3A1riagt

190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

que

oco

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12 -

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havi

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sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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50

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

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oco

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reia

no

prim

eiro

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mas

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part

ir do

seg

undo

mecircs

em

cob

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ra a

poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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51

_______ Documento de anaacutelise evoluccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa no Brasil

(1970-2013) setor de agropecuaacuteria Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola

(Imaflora) Satildeo Paulo Observatoacuterio do Clima 2015

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WORLD RESOURCES INSTITUTE (WRI) GHG Protocol Agriacutecola calculator 2014 Disponiacutevel

em lthttpwwwghgprotocolorgAgriculture-GuidanceVisC3A3o-Geral3A-

Projeto-Brasil-AgropecuC3A1riagt

190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

que

oco

rreu

a r

efor

ma

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asta

gem

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tre

Nov

embr

o e

Dez

embr

o de

20

12 -

exc

eto

para

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Out

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ovem

bro

de 2

013)

po

is a

ntes

des

sa r

efor

ma

natildeo

havi

a us

o de

sses

in

sum

os n

as p

asta

gens

adi

cion

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ente

con

side

rou-

se q

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atildeo h

ouve

apl

icaccedil

atildeo d

e U

reia

no

prim

eiro

mecircs

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refo

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da aacute

rea

mas

a

part

ir do

seg

undo

mecircs

em

cob

ertu

ra a

poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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190

35

+150ndash85ndash60

AnEXOS

Anexo 1 Anaacutelise individuais das 5 primeiras fazendas participantes do programa Novo campo

FAZENDA 5 IRMAtildeOS

Responsaacutevel

VAldOmIRO fERRARESI900animais

500 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

Pastagem reformada com integraccedilatildeo lavoura-pecuaacuteria

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

que

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Dez

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20

12 -

exc

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013)

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des

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havi

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sum

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ouve

apl

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atildeo d

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reia

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prim

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rea

mas

a

part

ir do

seg

undo

mecircs

em

cob

ertu

ra a

poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 53: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

53

Trabalhando em 500 ha de pastagem com um rebanho meacutedio de 900 animais em ciclo

completo de produccedilatildeo a Fazenda 5 Irmatildeos assim como a meacutedia nacional explorava pou-

co seu potencial produzindo natildeo mais que 504 kg de carne ha-1 ano-1 (Anexo 2)

Isso se devia principalmente agrave degradaccedilatildeo das pastagens que natildeo proporcionava forra-

gem com quantidade e qualidade suficiente aos animais - consequecircncia da falta de orien-

taccedilatildeo para implantar um manejo produtivo mais eficiente

Com esse perfil as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda 5 Irmatildeos eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 sendo a fazenda que mais emitia GEE para se produzir um quilograma de carne (104

kg CO2e) dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo (Tabela 2)

TABELA 2 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 26 23

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 24 2

Dejetos 03 02 0

Insumos 0024 0038 0217

Ureia 0014 0028 0208

Calcaacuterio 0010 0010 0009

Diesel 0002 0002 0011

Pastagem 2 17 -06

Degradada 2 19 17

Reformada 0 -02 -23

Emissatildeo GEEha 52 43 19

Produccedilatildeo de carne 50 874 1244

Intensidade 1039 507 16

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

que

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20

12 -

exc

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013)

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des

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ma

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o de

sses

in

sum

os n

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rou-

se q

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ouve

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reia

no

prim

eiro

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refo

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rea

mas

a

part

ir do

seg

undo

mecircs

em

cob

ertu

ra a

poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 54: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

54

Contudo com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda 5 Irmatildeos reformou inicial-

mente 7 da sua aacuterea de pastagem (35 ha) que foi utilizada para pastejo rotacionado de

parte dos bovinos de recria da propriedade e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais

e o aperfeiccediloamento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Apoacutes um ano essas intervenccedilotildees foram capazes de reduzir as emissotildees por hectare de

pastagem da Fazenda 5 Irmatildeos em quase 20 (de 52 para 43 t CO2e ha-1) mesmo com

a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maquinaacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea

reformada (Tabela 2)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi consequecircncia do sequestro de carbono no solo da

aacuterea de pastagem reformada e da melhoria da eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho Com

alimento suficiente e de qualidade a engorda do rebanho foi acelerada o que diminuiu as

emissotildees pelo rebanho e aumentou a produccedilatildeo de carne em 74 saltando de 504 para

874 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 2)

E a Fazenda 5 Irmatildeos foi aleacutem Em Janeiro de 2014 tambeacutem com auxilio do Programa Novo

Campo e das praacuteticas definidas nos manuais BPA e GIPS-GTPS a propriedade recuperou

mais 190 hectares de pastagens degradadas Entretanto dessa vez com a implantaccedilatildeo de

um sistema integrado lavoura e pecuaacuteria (Anexo 2)

Dessa maneira com 45 da aacuterea produtiva recuperada (218 ha) a Fazenda 5 Irmatildeos pas-

sou a ter um balanccedilo de emissotildees de GEE negativo pelo solo ou seja passou a sequestrar

mais carbono no solo do que emitia pela degradaccedilatildeo Aleacutem disso com a introduccedilatildeo da

Integraccedilatildeo Lavoura-Pecuaacuteria a fazenda aumentou sua capacidade de disponibilizar forra-

gem de qualidade aos animais principalmente no periacuteodo da seca aleacutem de complementar

sua renda com a soja e o milho produzido no veratildeo

Como consequecircncia a fazenda conseguiu acelerar ainda mais o tempo de abate de seu

rebanho passando a produzir 124 kg de carcaccedila por hectare ao ano ou seja 150 mais

que a produccedilatildeo de 2012 (Tabela 2) Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Cam-

po apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de boas praacuteticas agropecuaacuterias as emissotildees por hectare da

Fazenda 5 Irmatildeos foram reduzidas em 60 (de 52 para 20 t CO2e ha-1) e a intensidade de

emissatildeo em quase 85 (de 1029 para 160 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) - a maior

reduccedilatildeo de emissatildeo de GEE entre os primeiros participantes do Programa Novo Campo

55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

os p

elo

nuacutem

ero

de m

eses

em

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20

12 -

exc

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havi

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o de

sses

in

sum

os n

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ouve

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rea

mas

a

part

ir do

seg

undo

mecircs

em

cob

ertu

ra a

poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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55

38

+98ndash60ndash15

A Fazenda Bevilaqua se destaca por ter a maior aacuterea de pastagem e o maior rebanho den-

tre as primeiras propriedades participantes do Programa Novo Campo 1400 ha e 3100

animais em meacutedia (Anexo 2) Trabalhando com um ciclo de produccedilatildeo completo produzia

aproximadamente 80 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 quantidade acima da meacutedia nacional esti-

mada ao redor de 50 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 (IBGE sd Tabela 3)

No entanto a falta de atualizaccedilatildeo sobre teacutecnicas de manejo das pastagens e dos animais

impedia que a fazenda incorporasse tecnologias mais recentes no campo E com isso

logo veio a degradaccedilatildeo das suas aacutereas e a produtividade da fazenda natildeo prosperava

Desse modo as emissotildees de GEE da Fazenda Bevilaqua eram de 57 t CO2e ha-1 ano-1

sendo os bovinos por meio da fermentaccedilatildeo enteacuterica e seus dejetos a principal fonte de

emissatildeo de GEE da propriedade (60) (Tabela 3)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Bevilaqua reformou inicialmente

menos de 3 da aacuterea de pastagem (38 ha) e introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo de-

terminadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS

FAZENDA BEVILAQUA

Responsaacutevel

CElSO BEVIlAQUA3100animais

1400 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

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elo

nuacutem

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20

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natildeo

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sum

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se q

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ouve

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prim

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mas

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part

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seg

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mecircs

em

cob

ertu

ra a

poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 56: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

56

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Bevilaqua foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 15 (de 57

para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio para a manutenccedilatildeo da aacuterea reformada (Tabela 3)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE foi principalmente consequecircncia da melhoria da

eficiecircncia de produccedilatildeo do rebanho que aleacutem de ter o tempo de abate menor devido agrave

recuperaccedilatildeo da pastagem reduziu em 21 apoacutes identificar e descartar os animais im-

produtivos Essas accedilotildees fizeram com que a produccedilatildeo de carne da propriedade aumen-

tasse em 98 saltando de 79 para 157 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano

(Tabela 3)

TABELA 3 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 36 32 28

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 33 3 3

Dejetos 03 03 0

Insumos 0009 0015 0015

Ureia 0005 0011 0011

Calcaacuterio 0004 0004 0004

Diesel 0001 0001 0001

Pastagem 2 19 19

Degradada 2 2 2

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 57 52 48

Produccedilatildeo de carne 79 1382 1567

Intensidade 718 382 305

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

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20

12 -

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013)

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sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 57: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

57

40

+136ndash66ndash22

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Bevilaqua foi reduzida

em 60 (de 72 para 31 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 3)

Dentre as primeiras fazendas participantes do Programa Novo Campo eacute na Fazenda Para-

iacuteso onde foi visto o maior aumento na produccedilatildeo de carne com a reforma de apenas 8 de

sua aacuterea de pastagem antes predominantemente degradada

Com 480 ha de pastagem e um rebanho meacutedio de 900 animais a Fazenda Paraiacuteso por meio

de um ciclo de produccedilatildeo completo produzia aproximadamente 52 kg de carcaccedila ha-1 ano-1

Sob esse cenaacuterio as emissotildees de GEE meacutedias da Fazenda Paraiacuteso eram de 52 t CO2e ha-1

ano-1 (Anexo 2 Tabela 4)

Com o suporte do Programa Novo Campo a Fazenda Paraiacuteso aleacutem de reformar 8 de

sua aacuterea de pastagem (40 ha) introduziu outras praacuteticas de produccedilatildeo determinadas nos

manuais BPA e GIPS-GTPS como a suplementaccedilatildeo alimentar dos animais e o aperfeiccediloa-

mento do controle reprodutivo e sanitaacuterio do rebanho

Responsaacutevel

AldO dAnETTI900animais

480 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

FAZENDA PARAIacuteSO

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

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satildeo

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ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

is fo

ram

rel

ativ

izad

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nuacutem

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eses

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TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

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64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

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65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Estrada Chico Mendes 185Piracicaba BrasilCEP 13426-420

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Page 58: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Paraiacuteso foi

capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente 20 (de 52

para 41 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de Ureia e uso de diesel no maqui-

naacuterio (Tabela 4)

Essa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE teve como principal consequecircncia a melhoria da efici-

ecircncia de produccedilatildeo do rebanho que apoacutes fornecer alimento de melhor qualidade devido

agrave reforma da pastagem e ao descartar os animais improdutivos passou a produzir quase

140 mais carne saltando de 52 para 123 kg de carcaccedila por hectare ao ano (Tabela 4)

TABELA 4 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 31 3 24

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 28 2

Dejetos 02 02 0

Insumos 0028 0045 0045

Ureia 0017 0033 0033

Calcaacuterio 0012 0012 0012

Diesel 0002 0002 0002

Pastagem 2 17 17

Degradada 2 19 19

Reformada 0 -02 -02

Emissatildeo GEEha 52 47 41

Produccedilatildeo de carne 521 912 1232

Intensidade 995 525 341

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

58

59

32

+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

anua

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ram

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ativ

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TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Page 59: BOAS PRáTICAS AGROPECUáRIAS REdUzEm AS EmISSõES … · 10 17 30 47 45 52 ÍndICE. ... dois primeiros anos de melhorias nas práticas agropecuárias em 5. propriedades com elevada

59

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+57ndash35ndash5

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Paraiso foi reduzida em

66 (de 100 para 34 t CO2e por kg de carcaccedila produzida)

A Fazenda Satildeo Matheus mostra um cenaacuterio interessante com relaccedilatildeo as emissotildees de GEE

e a produccedilatildeo de carne de seu sistema de manejo Trabalhando com recria e engorda as

emissotildees dessa propriedade eram as menores entre as primeiras participantes do Progra-

ma Novo Campo 36 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Isso se devia agrave baixa lotaccedilatildeo animal de sua aacuterea de pastagem menos de 12 animal por

hectare a principal fonte de emissatildeo de GEE do sistema produtivo Contudo com pasta-

gens em degradaccedilatildeo a produccedilatildeo da Fazenda Satildeo Matheus era inferior a 75 kg de carcaccedila

ha-1 ano-1 (Tabela 5)

Durante sua participaccedilatildeo no Programa Novo Campo a propriedade reformou apenas 6

de seus 550 ha de pastagem em degradaccedilatildeo e manteve o mesmo perfil de rebanho cerca

de 650 com idade meacutedia menor que 24 meses (Anexo 2) Ou seja essa fazenda natildeo preci-

FAZENDA SAtildeO MATHEUS

Responsaacutevel

fRAnCISCO mIlITatildeO mATHEUS dE BRITO650animais

550 ha

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

59

60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

ade

de

emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

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emis

satildeo

(kg

CO

2ek

g c

arne

pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

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12 -

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sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Estrada Chico Mendes 185Piracicaba BrasilCEP 13426-420

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60

sou descartar animais menos eficientes como as demais propriedades precisaram Con-

tudo a adoccedilatildeo de boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia de seu sistema o qual passou

a produzir quase 60 mais carne saltando de 72 para 113 kg de carcaccedila produzidas por

hectare ao ano (Tabela 5)

Apoacutes dois anos de adoccedilatildeo dessas boas praacuteticas agropecuaacuterias a Fazenda Satildeo Matheus

foi capaz ainda de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem em aproximadamente

5 (de 36 para 34 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo regular de ureia e uso de diesel

(Tabela 5)

TABELA 5 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo de GEE (t CO2e ha)

2012 2013 2014

Bovinos 16 16 16

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 15 15 2

Dejetos 01 01 0

Insumos 0000 0025 0032

Ureia 0000 0018 0023

Calcaacuterio 0000 0007 0008

Diesel 0000 0001 0002

Pastagem 2 19 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 -01 -01

Emissatildeo GEEha 36 35 34

Produccedilatildeo de carne 724 842 1134

Intensidade 501 42 326

P

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uccedilatildeo

de

carn

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33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

g c

arca

ccedila h

a-1)

I

nten

sid

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emis

satildeo

(kg

CO

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pro

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ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

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anua

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sum

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undo

mecircs

em

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poacutes

sem

eadu

ra d

o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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61

33

+34ndash32ndash8

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Satildeo Matheus foi re-

duzida em 33 (de 50 para 33 t COze por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 5 Figura 13)

A Fazenda Mitaju ao longo dos anos tem trabalhado com um sistema de produccedilatildeo de re-

cria e engorda Com uma lotaccedilatildeo meacutedia de 21 animais por hectare e produccedilatildeo de carne

antes de aderir ao Programa Novo Campo de cerca de 70 kg de carcaccedila ha-1 ano-1 as

emissotildees de GEE eram de 52 t CO2e ha-1 ano-1 (Tabela 6)

Apoacutes aderir ao Programa Novo Campo a propriedade reformou quase 6 de seus 580 ha

de pastagem em degradaccedilatildeo No entanto com a adoccedilatildeo de praacuteticas de produccedilatildeo deter-

minadas nos manuais BPA e GIPS-GTPS e com o sequestro de carbono no solo da aacuterea

reformada a Fazenda Mitaju foi capaz de reduzir as emissotildees por hectare de pastagem

em aproximadamente 8 (de 52 para 48 t CO2e ha-1) mesmo com a aplicaccedilatildeo de ureia e

uso de diesel (Tabela 6)

FAZENDA MITAJU

Responsaacutevel

mIlTOn SOUzA1200animais

ReduccedilatildeoGEEhectare

ReduccedilatildeoGEEkgdecarne

Aumentodaproduccedilatildeodecarne

aacuterea de pastagem

aacuterea de pastagem reformadarecuperada

62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

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ccedila h

a-1)

I

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sid

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emis

satildeo

(kg

CO

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pro

duz

ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

res

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ram

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prim

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mas

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part

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seg

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mecircs

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cob

ertu

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sem

eadu

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o pa

sto

TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

64

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

65

As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

Acesse nossos canaisimaflorablogspotcomlinkedincomcompanyimaflorafacebookcomimafloratwittercomimaflora

Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Estrada Chico Mendes 185Piracicaba BrasilCEP 13426-420

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62

Apesar dessa reduccedilatildeo de emissotildees de GEE natildeo ser tatildeo expressiva quanto nas fazendas

com sistemas de produccedilatildeo de ciclo completo participantes do programa a adoccedilatildeo de

boas praacuteticas aperfeiccediloou a eficiecircncia desse sistema a ponto de produzir quase 35 mais

carne passando de 73 para 98 kg de carcaccedila produzidas por hectare ao ano (Tabela 6)

Como resultado da aderecircncia ao Programa Novo Campo apoacutes dois anos de adoccedilatildeo de

boas praacuteticas agropecuaacuterias a intensidade de emissatildeo da Fazenda Mitaju foi reduzida em

32 (de 71 para 49 t CO2e por kg de carcaccedila produzida) (Tabela 6)

TABELA 6 ACOMPANHAMENTO DE EMISSOtildeES GEE ANTES E DURANTE O PROGRAMA NOVO CAMPO

Fonte Emissatildeo

2012 2013 2014

Bovinos 32 29 3

Fermentaccedilatildeo enteacuterica 29 26 3

Dejetos 03 02 0

Insumos 0000 0006 0031

Ureia 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0000 0002 0008

Diesel 0000 0000 0002

Pastagem 2 2 18

Degradada 2 2 19

Reformada 0 0 -01

Emissatildeo GEEha 52 49 48

Produccedilatildeo de carne 732 789 982

Intensidade 714 628 489

P

rod

uccedilatildeo

de

carn

e (k

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nten

sid

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emis

satildeo

(kg

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ida)

62

63

Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Valo

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TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

63

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Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

64

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As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola Estrada Chico Mendes 185Piracicaba BrasilCEP 13426-420

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Anexo 2 Dados anuais meacutedios utilizados para o caacutelculo do balanccedilo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da ferramenta GHG Protocolo Agriacutecola de cinco fazendas participantes do Programa Novo Campo

Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

Rebanho(cabeccedilas)Entre 6 e 12 meses

Macho 124 88 80 500 501 353 222 199 101 112 35 133 229 156 288

Fecircmea 136 141 117 222 237 160 155 182 156 112 35 133 235 197 231

Entre 12 e 24 meses

Macho 27 22 46 301 257 270 142 161 164 109 191 167 18 5 70

Fecircmea 145 157 349 520 517 384 192 164 77 109 197 203 100 116 32

Acima de 24 meses

Macho 90 24 11 346 352 358 66 42 15 163 114 15 51 56 36

Fecircmea 511 430 229 1558 1320 1209 285 290 298 48 37 32 636 602 581

Total 1033 862 833 2447 3185 2733 1062 1038 811 653 608 682 1269 1132 1239

AplicaccedilatildeousodeInsumosUreia(t) 03 35 225 03 38 38 03 40 40 03 32 32 0 100 33

Calcaacutereo(t) 18 524 3374 19 566 566 20 594 594 16 482 482 0 148 495

Dieselmaq(l) 583 3495 2250 628 377 377 66 396 396 535 321 321 0 825 330

ProduccedilatildeodecarneKgcarcaccedilaha-1

500 874 1244 790 1382 1567 521 912 1232 724 842 1134 732 789 982

AacutereadepastagemEmdegradaccedilatildeo 500 465 275 1400 1362 1362 480 4404 4404 550 518 518 580 547 547

Bemmanejada 0 35 35 0 377 377 0 396 396 0 321 321 0 33 33

Integraccedilatildeol-p 0 0 190 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

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TABELA 7 DADos Do cAacuteLcuLo DAs EmissotildeEs DE GEE uTiLizAnDo A GHG-ProTocoLo

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Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

Fazenda paraiacuteso

Fazenda s matheus

Fazenda mitaju

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EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

TABELA 8 BALANCcedilO DAS EMISSOtildeES DE GEE ENTRE AS 5 FAZENDAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA

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As fotografias utilizadas nesta publicaccedilatildeo fazem parte do Acervo Imaflora e tecircm a finalidade de ilustrar os processos e de promover as comunidades e as propriedades certificadas Para democratizar ainda mais a difusatildeo dos conteuacutedos publicados no Imaflora as publicaccedilotildees estatildeo sob a licenccedila da Creative Commons (wwwcreativecommonsorgbr) que flexibiliza a questatildeo da propriedade intelectual Na praacutetica essa licenccedila libera os textos para reproduccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da obra com alguns criteacuterios apenas em casos em que o fim natildeo seja comercial citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e no caso de obras derivadas a obrigatoriedade de licenciaacute-las tambeacutem em Creative Commons Para ver uma coacutepia desta licenccedila visite lthttpcreativecommonsorglicensesby-nc-sa40gt Vocecirc pode Copiar distribuir exibir e executar a obra Criar obras derivadas Sob as seguintes condiccedilotildees Atribuiccedilatildeo - Vocecirc deve dar creacutedito ao autor original da forma especificada pelo autor ou licenciante Uso Natildeo Comercial - Vocecirc natildeo pode utilizar esta obra com finalidades comerciais Compartilhamento pela mesma Licenccedila - Se vocecirc alterar transformar ou criar outra obra com base nesta vocecirc somente poderaacute distribuir a obra resultante sob uma licenccedila idecircntica a esta

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Fazenda 5 irmatildeos

Fazenda bevilaqua

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EmissatildeodeGEE(tCO2eha-1)

Rebanho 31 26 23 36 32 28 31 30 24 16 16 16 32 29 30

Ferm enteacuterica 29 24 21 33 30 26 29 28 22 15 15 15 29 26 27

Dejetos 03 02 02 03 03 02 02 02 02 01 01 01 03 02 02

Insumos 0024 0038 0217 0009 0015 0015 0028 0045 0045 0000 0025 0032 0000 0006 0031

Ureia 0014 0028 0208 0005 0011 0011 0017 0033 0033 0000 0018 0023 0000 0004 0023

Calcaacuterio 0010 0010 0009 0004 0004 0004 0012 0012 0012 0000 0007 0008 0000 0002 0008

Diesel 0002 0002 0011 0001 0001 0001 0002 0002 002 0000 0001 0002 0000 0000 0002

Aacutereapastagem 20 17 -06 20 19 19 20 17 17 20 19 18 20 20 18

Degradadas 20 19 17 20 20 20 20 19 19 20 20 19 20 20 19

Manejada 00 -02 -23 00 -01 -01 00 -02 -02 00 -01 -01 00 00 -01

BalanccedilodasemissotildeesdeGEE(kgCO2e)GEEha 52 43 19 57 52 48 52 47 41 36 35 34 52 49 48

Variaccedilatildeo -60 -15 -22 -5 -8

GEEkgcarne 1039 507 160 718 382 305 995 525 341 501 420 326 714 628 489

Variaccedilatildeo -85 -60 -66 -35 -32

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