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Av. Franklin Roosevelt, nº. 23, 16º andar | Centro | Rio de Janeiro | RJ | Brasil | CEP: 20021-120 (55 21) 2212-3223 | mezzomo@mezzomo.com
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EXMO. SR. DR. MIN. LUÍS ROBERTO BARROSO,
MD RELATOR DO ARE 1054490
"No Brasil, antes do Código Eleitoral de 1932, não havia registro de candidatos por partidos
ou grupos de eleitores, e todos os candidatos eram, a rigor, avulsos”.
Walter Costa Porto
Dicionário do Voto, Editora UNB, São Paulo, 2000, p. 91
Rodrigo Sobrosa Mezzomo e Rodrigo Rocha Barbosa, ambos já sobejamente
qualificados nos Autos do processo identificado ao norte, vem, por intermédio de
seus advogados, expor novos argumentos e reiterar
pe d i d o d e Tu t e la pro v i s ór i a
( a r t . 9 3 2 , I I , d o N C P C ) ,
o que fazem nos seguintes termos, a saber:
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i –do financiamento dos pré
candidatos
“Apesar das alterações que trouxe ao Código, a Lei 48, de 4 de maio de 1935,
manteve a possibilidade do candidato avulso que só findaria com o Decreto-
Lei nº 7.586, de 28 de maio de 1945. O anteprojeto deste permitira o registro de candidatos
avulsos, mediante requerimento firmado por duzentos eleitores.
Entendera a comissão que o elaborara que a arregimentação partidária não deveria se o
resultado de imposição legal, mas o das preferências livremente manifestadas pelos eleitores.
E que não competiria à lei obrigar o eleitorado a se filiar a partidos,
mas estes é que deveriam conquista-los pelo seu programa e pela
confiança que inspirem seus diretores”
Augusto O. Gomes Castro
A Lei eleitoral comentada, Tip. Batista de Souza, Rio de Janeiro, 1945, p. 40.
Como é cediço, a partir desta terça-feira, 15 de maio de 2018, todos os pré-
candidatos podem dar início ao programa de financiamento coletivo de
campanha, conhecido como crowdfunding eleitoral.
Segundo a Lei Eleitoral nº 9504/97, é permitido aos pré-candidatos a
participação em entrevistas, programas, encontros ou debates no rádio, na
televisão e na internet, inclusive com a exposição de plataformas e projetos
políticos.
No mesmo sentido, é facultada a realização de encontros, seminários ou
congressos, em ambiente fechado, para tratar da organização dos processos
eleitorais, discussão de políticas públicas e planos de governo, bem como
divulgar posicionamento pessoal sobre questões políticas, inclusive nas redes
sociais e divulgar a pré-candidatura.
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Dest’arte, resta de meridiana clareza que a arrecadação prévia de recursos
na modalidade de financiamento coletivo (crownfunding eleitoral) é
fundamental para a viabilização de candidaturas.
Ademais, em campanhas curtíssimas como as atuais, de apenas 45 dias, a pré-
candidatura (pré-campanha) ganha relevo extremo, sendo momento tão ou
mais relevante que o próprio período eleitoral stricto senso. Desta feita, o
presente petitório serve para expor novos argumentos e demonstrar a
premente necessidade de deferimento da tutela provisória, cuja situação
agora se agrava, vez que os prejuízos eleitorais não são mais hipotéticos, mas
concretos a partir desta terça-feira, 15 de maio de 2018.
ii – DO FUMUS BONI IURIS
“Os partidos e agrupamentos políticos são forças de
repulsão das personalidades definidas e de esmagamento
da liberdade de pensar”.
Alberto Torres
A Organização Nacional, 1914
II.1. – DO ART. 16-A, DA LEI Nº 9504/97
Segundo o eg. Tribunal Superior Eleitoral (TSE) 1, quase oito mil e quinhentos
candidatos a prefeito, vice-prefeito ou vereador concorreram com registros
1 http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/resultados-da-eleicao-estao-sujeitos-a-mudancas-diz-tse/
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indeferidos nas eleições de 2016. Dito de outro modo, no último certame
quase nove mil pessoas puderam competir, a despeito da ausência de registro
perante a Justiça Eleitoral.
Trata-se, por certo, da conhecida figura da candidatura sub judice,
consagrada em nossa legislação no art. 16-A, da Lei nº 9504/97. É de sabença
geral que a candidatura “por conta e risco”2, é plenamente aplicada pelo
Tribunal Superior Eleitoral desde meados de 20023.
Reza o aludido dispositivo, in verbis (sem destaques no original):
“Art. 16-A. O candidato cujo registro esteja sub judice
poderá efetuar todos os atos relativos à campanha
eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito no rádio e
na televisão e ter seu nome mantido na urna eletrônica
enquanto estiver sob essa condição, ficando a validade dos
votos a ele atribuídos condicionada ao deferimento de seu registro
por instância superior.
***
Como dito alhures, o acenado comando normativo nada mais fez que positivar
a jurisprudência consolidada do Eg. TSE sobre o tema relativo à situação dos
candidatos com registros indeferidos antes da data da eleição, mas que
interpuseram recurso para superior instância visando à reforma da decisão.
2 Conforme leciona o Prof. Thales Tácito Cerqueira em uma de sua obra Reformas Eleitorais Comentadas. São Paulo: Saraiva: 2010. 3 MS 3.100, Rel. Min. Sepúlveda Pertence; CTA 786, Rel. Min. Fernando Neves; INST 55, Rel. Min. Fernando Neves.
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Óbvio é que o citado dispositivo, quando menciona a candidato sub judice, se
referiu àqueles com “registro indeferido”, vez que a legislação dispõe que a
validade dos votos para os candidatos nesta situação “fica condicionada ao
deferimento de seu registro por instância superior”.
Assim sendo, é lógico que se a validade dos votos está condicionada ao futuro
deferimento do registro por instância recursal, se está falando de um candidato
que pode ser votado, malgrado não possua registro.
A propósito, todo o conteúdo da norma em comento só faz sentido ao se
conceber tratar-se de candidato SEM registro, já que ao candidato COM
registro, ainda que por decisão sem trânsito em julgado, já é garantido o direito
de efetuar todos os atos de campanha.
Dito de outro modo, candidato sub judice é todo e qualquer
candidato que por qualquer razão – seja por ausência de condições
de elegibilidade, seja por existirem causas de inelegibilidade – teve
seu registro indeferido e, por força da interposição de recurso,
ainda não ocorreu o trânsito em julgado de seu pedido.
Neste sentido é o verbo de Thales Tácito Cerqueira, a saber:
“(...) [a lei ] em seu artigo 16-A, cria a possibilidade de um
candidato concorrer mesmo que seu registro esteja sub
judice, ou seja, sem decisão final favorável do TSE. Ele
poderá fazer campanha normalmente enquanto estiver nessa
condição, inclusive no rádio e na TV. Trata-se da adoção da
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teoria da conta e risco, aplicada pelo TSE em várias
eleições, (...)”4
Tácito Cerqueira complementa seu posicionamento agregando as seguintes
ponderações, a saber:
“(...) Assim, caso a decisão não tenha sido apreciada pelo
TSE, em sede de embargos de declaração em REsp, até a eleição,
seu nome também deverá figurar na urna eletrônica.
Todavia, os votos recebidos por ele só serão válidos se o pedido de
registro for aceito definitivamente pelo TSE, o que se denominou
de “teoria dos votos engavetados (...)”.
A jurisprudência aponta, de modo uníssono, pela inviabilidade de
cancelamento imediato de candidatura, id est, ao negar o registro de
candidatura, deve o Judiciário assegurar que o candidato possa prosseguir
em campanha até final julgamento, conforme lhe assegura expressamente o
comando legal.
Neste sentido, vejamos o julgado do TSE, o qual é representativo da
controvérsia:
“MANDADO DE SEGURANÇA. INDEFERIMENTO DE
REGISTRO. REALIZAÇÃO DE ATOS DE CAMPANHA.
4 Cerqueira, Thales Tácito. Direito Eleitoral Esquematizado, Saraiva, 2015. 5º edição, p. 258.
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1. O art. 45 da Res.-TSE n° 23.373 - que reproduz o teor do ART. 16-
A DA LEI N° 9.504197 - expressamente estabelece que o
candidato cujo registro esteja sub judice PODERÁ EFETUAR
TODOS OS ATOS RELATIVOS À CAMPANHA ELEITORAL,
inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão
e ter o seu nome mantido na urna eletrônica enquanto estiver sob
essa condição.
2. Não se pode - com base na nova redação do art. 15 da Lei
Complementar n° 64190, dada pela Lei Complementar n°
13512010 - concluir pela possibilidade de cancelamento
imediato da candidatura, com a proibição de realização de
todos os atos de propaganda eleitoral, em virtude de
decisão por órgão colegiado no processo de registro,
sobretudo porque, caso sejam adotadas tais medidas,
evidentemente as candidaturas estarão inviabilizadas, quer
em decorrência do MANIFESTO PREJUÍZO À CAMPANHA
ELEITORAL, quer pela RETIRADA DO NOME DO CANDIDATO
DA URNA ELETRÔNICA. Agravo regimental não provido.”
(Ac.-TSE, de 25.9.2012, no AgR-MS nº 88673, rel. Min Arnaldo
Versiani)
***
No corpo do voto do v. acórdão verifica-se o seguinte:
(...) De outra parte, não há como acolher a tese de que se
possa, de imediato, obstar a candidatura, à vista da
possibilidade de interposição de recurso na via
extraordinária. (...)
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Se, por um lado, as disposições da LC n° 135/2010 visaram a
proteger a probidade administrativa, a moralidade para o
exercício do mandato - considerada a vida pregressa do candidato
- e a normalidade e legitimidade das eleições contra o abuso do
poder político e econômico, conforme disposto no art. 14, § 9º , da
Constituição Federal, não menos certo é que se deve, também,
dar primazia à elegibilidade de cidadãos, assegurando-se
direitos políticos igualmente previstos no texto
constitucional.
Assim, a discussão sobre a viabilidade de candidatura deve
observar o devido processo legal, não se podendo adotar
soluções drásticas que impliquem em afronta a direito dos
candidatos, partidos e coligações.
POR ESSA RAZÃO É QUE HÁ MUITO A JURISPRUDÊNCIA
DESTE TRIBUNAL ADMITE QUE O CANDIDATO POSSA
RECORRER, POR SUA CONTA E RISCO, NO PROCESSO DE
REGISTRO, O QUE PASSOU A SER, INCLUSIVE, OBJETO DE
PREVISÃO NAS PRÓPRIAS RESOLUÇÕES EDITADAS PARA
AS ELEIÇÕES, INCLUSIVE PARA AS DE 2012 (ART. 45 DA
RES.-TSE NO 23.373). ADEMAIS, ESSA SOLUÇÃO FOI
INCORPORADA PELA LEI N° 12.0341/2009, AO INSERIR O
ART. 16-A NA LEI N° 9.504/97.
(...) O que não se pode é negar-lhe o direito de
prosseguir na campanha eleitoral, cuja eventual medida
proibitiva implicará fragrante e irreparável prejuízo.
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Pelo exposto, mantenho a decisão agravada, por seus próprios
fundamentos, e nego provimento ao agravo regimental.”
***
II.2. – DO CASO IN CONCRETO
A despeito da obviedade, é forçoso reafirmarmos como premissa do
pensamento que a questão das candidaturas independentes dos ora
Requerentes está posta sub judice.
No mesmo sentido, é manifesto que o pleito sub examem comporta pedido
para que, enquanto não julgado o mérito do Recurso Extraordinário Eleitoral,
seja deferido o registro de candidatura para eleições subsequentes, o que inclui
o pleito de 2018.
Assim sendo, deve a Suprema Corte assegurar aos Recorrentes
ampla possibilidade de participação no pleito de 2018, e isso inclui
a obtenção do CNPJ para abertura de conta corrente e
movimentação financeira eleitoral, bem como a inseminação dos
nomes e números nas urnas eletrônicas.
Em conclusão, temos que, em face do mencionado art. 16-A, o candidato com
registro indeferido (pendente qualquer recurso de efeito meramente
devolutivo) segue com os mesmos direitos do candidato que teve seu registro
deferido.
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II.3 – DA PRÉ-CANDIDATURA
Se, por força dos comandos insculpidos no aludido artigo 16-A é possível a
existência de candidaturas sub judice, por decorrência da lógica e jurídica, certo
é a possiblidade de pré-candidaturas sub judice, com ainda mais razão, pois
trata-se de decorrência lógica: É antiga a máxima de que “in eo quod plus est
semper inest et minus” (quem pode o mais, pode o menos)
Negar aos Recorrentes o direito de fazer arrecadação prévia de recursos na
modalidade de financiamento coletivo (crownfunding eleitoral) é, a um só
tempo, negar a lei, a democracia, a liberdade e a cidadania. Impedir os
requerentes de tomarem as providências necessárias para agilização do
financiamento coletivo (crownfunding eleitoral) equivale a inviabilizar a futura
candidatura dos Recorrentes.
III –DO PERICULUM IN MORA
“Esta é, afinal, a verdadeira realidade dos partidos políticos em
nossa terra. Qualquer espírito, liberto da sugestão das frases feitas e
com o hábito e a capacidade de raciocinar sobre realidades, todas as vezes
que meditar sobre a natureza e a vida dos nossos partidos, há de chegar
a esta conclusão: de que eles não passam de simples clãs, mais ou
menos organizados e mais ou menos vastos, que disputam pela
conquista do poder, para o fim exclusivo de explorar, em
proveito dos seus membros, burocraticamente, o país”.
Oliveira Viana
O Idealismo na Constituição, 1939
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É de solar evidencia a urgência da situação a ser protegida, o que se afere pela
mera constatação de que os pré-candidatos já podem, a partir desta terça-
feira, 15 de maio de 2018, iniciar a captação de recursos via financiamento
coletivo (crowdfunding eleitoral).
Assim sendo, trata-se de situação na qual, a permanecerem os Requerentes a
descoberto, sem qualquer proteção, amparo ou abrigo cautelar por parte do
douto Relator, certamente serão os mesmos novamente agredidos em seus
direitos políticos e humanos, pois não poderão participar do processo eleitoral
de 2018, sendo uma vez mais ceifada a chance de comparecimento à ágora
política. Sem guarida, certamente os Requerentes perecerão vítimas do
corroído e desacreditado sistema partidário brasileiro. Sem arrimo ou
assistência cautelar, prevalecerá o oligopólio de caciques e clãs políticos. É
triste dizer, mas triunfará no Brasil – mais uma vez – o cartel da ditadura
partidária.
V – DOS PEDIDOS
“[...] não existe em nosso País – e essa é uma das minhas maiores
preocupações, como estudioso do Direito Constitucional – não existe em
nosso País, repito, nenhum Partido isento de vício e de abuso no
exercício da sua específica função de congregar as correntes da opinião
nacional”.
Afonso Arinos de Melo Franco
Estudos e Discursos, 1959
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Ex positis, reiteram os Recorrentes os termos da tutela antecipada
anteriormente formulada, bem requerem agora que, enquanto não julgado o
mérito o Recurso Extraordinário Eleitoral, seja deferido aos requerentes
Rodrigo Sobrosa Mezzomo e Rodrigo Rocha Barbosa a possibilidade de
realização de captação de financiamento coletivo (crownfunding eleitoral),
oficiando-se ao TSE e demais órgão competentes o que for de direito para
implementação de tal medida.
N. Termos,
P. Deferimento.
Rio de Janeiro, 17 de maio de 2018.
Rodrigo Sobrosa Mezzomo
OAB/RJ nº 77.671
Adriano Sobrosa Mezzomo
OAB/RJ nº 69.551
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