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Universidade de Satildeo Paulo
Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas
Departamento de Letras Modernas
Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Liacutengua Literatura e Cultura Italianas
Implicaccedilotildees do uso de Material Didaacutetico Virtual
Livre em contexto formal de ensino-aprendizagem
de italiano como LEL2 - a perspectiva dos
Problemas de Ensino
ROcircMULO FRANCISCO DE SOUZA
SAtildeO PAULO
2014
ROcircMULO FRANCISCO DE SOUZA
Implicaccedilotildees do uso de Material Didaacutetico Virtual
Livre em contexto formal de ensino-aprendizagem
de italiano como LEL2 - a perspectiva dos
Problemas de Ensino
Tese apresentada ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em
Liacutengua Literatura e Cultura Italianas do Departamento
de Liacutenguas Modernas da Faculdade de Filosofia Letras e
Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo como
requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutor em
Letras ndash Liacutengua Literatura e Cultura Italianas
Aacuterea de Concentraccedilatildeo Liacutengua Literatura e Cultura
Italianas
Linha de Pesquisa Aquisiccedilatildeo e Aprendizagem do
Italiano como Liacutengua Estrangeira
Orientadora Profa Dra Paola Giustina Baccin
SAtildeO PAULO
2014
Folha de Aprovaccedilatildeo
iii
Agrave MINHA FAMIacuteLIA
E AOS MEUS AMIGOS
iv
Agradecimentos
Agrave Maria Silva e Souza minha matildee ao Paulo Eustaacutequio de Souza (In memoriam) meu pai e ao
Paulo Eustaacutequio de Souza Juacutenior meu irmatildeo pelo apoio imprescindiacutevel ao Francisco Louzimar
da Silva meu tio e agrave Maria Ruth Silva minha avoacute pelo apoio e incentivo agrave toda minha famiacutelia
pelo apoio
aos amigos e amigas Gilson Santos Joseacute Euriacutealo dos Reis Maria de Lourdes Camilo Re-
gina Vale Isabel Cristina Valeacuteria Hufnagel Marilene Viggiano Helmy Franco Jovacircnio Nas-
cimento Alexandre Antoniazzi Adriana Pitarello Mateus Gomes Enzo Silva Thiago Dias
da Silva Juliana Moreti Tatiana Vasconcelos Andrea Saffioti Raquel Caldas Eacuterica Salatini
Renata Cabral Daniela Aparecida Vieira Vinicio Corrias Ana Luiza Leite Bado Adriana Du-
arte Giovana Fumes Gustavo Henriques Hurbano de Mello Cauecirc Tamburini Tamara Ferreira
Paula de Oliveira Ariane Souza Santos Leite Luciane Correa Ferreira Alessandra Caramori
Benilde Schultz Karine Marielly Beatriz Quevedo Camargo Gladys Plens de Camargo Egis-
vanda Sandes Youssef Cherem Lauro Ceacutesar e Wagner F Silva pelo apoio e companhia nas
horas incertas
agrave Profa Dra Paola Gisutina Baccin pela confianccedila pela orientaccedilatildeo e pelo sustento da liberdade
de pensamento e de accedilatildeo Sou eternamente grato agrave Profa Dra Fernanda Landucci Ortale pelo
diaacutelogo pelos cafeacutes e pelo apoio agrave Profa Dra Denise Bertolli Braga pelas acertadas observaccedilotildees
sobre este trabalho agrave Profa Dra Carolina Torquato Pizzolo pelo apoio agrave Profa Dra Karine
Simoni pelo apoio
aos alunos e professores do Setor de Italiano da Universidade Federal de Santa Catarina pelo
incentivo e pelo apoio financeiro aos colegas do coletivo REA-Brasil pelos debates aos colegas das
comunidades LaTeX-br e abnTeX2 pelo diaacutelogo e pelo apoio agrave CAPES e ao Governo Federal Bra-
sileiro pelo apoio financeiro dirigido a esta pesquisa e agrave minha formaccedilatildeo aos alunos e professores
do Setor de Liacutengua Literatura e Cultura Italianas da Universidade de Satildeo Paulo aos profes-
sores e demais funcionaacuterios da FFLCH (Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas) da USP
agrave Universidade de Satildeo Paulo agrave cidade de Satildeo Paulo e aos paulistanos que me receberam de
braccedilos abertos
v
NON DUCOR DUCO
Natildeo sou conduzido conduzo
vi
Resumo
SOUZA R F Implicaccedilotildees do uso de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto formal de
ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 - a perspectiva dos Problemas de Ensino 2014
177 f Tese (doutorado) - Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas - Universidade de Satildeo
Paulo Satildeo Paulo 2014
Nossa pesquisa teve como objetivo explorar as implicaccedilotildees relativas agrave utilizaccedilatildeo de material didaacutetico
de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano LEL2 As impli-
caccedilotildees foram tratadas em forma de Problemas de Ensino e o termo utilizaccedilatildeo foi desdobrado em
dois aspectos utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial e produccedilatildeo Orientou-nos a hipoacutetese de que o
uso de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de
liacutengua italiana como LEL2 deflagra uma seacuterie de implicaccedilotildees observaacuteveis e especiacuteficas ndash as quais
podem ser definidas em termos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010) ndash dada a sua natureza
peculiar ou seja livre A fim de alcanccedilar nossos objetivos lanccedilamos matildeo de uma metodologia
qualitativa de vieacutes construtivista e interpretativista Os Problemas de Ensino foram identificados por
meio da anaacutelise de Relatos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010) Balizaram nossas anaacutelises
a metodologia de formaccedilatildeo de professores alicerccedilada na ideia de Aprendizagem Baseada em
Problemas (ABP) explicitada em Ortale (2010) e as teacutecnicas e procedimentos de desenvolvimento
de teoria fundamentada conforme Strauss e Corbin (2008) Os Problemas de Ensino relativos agrave
utilizaccedilatildeo foram investigados em duas disciplinas de liacutengua italiana ofertadas em niacutevel de graduaccedilatildeo
junto agrave Faculdade de Letras de uma universidade puacuteblica do estado de Satildeo Paulo Os Problemas
de Ensino relativos agrave produccedilatildeo foram pesquisados nos contextos de duas ediccedilotildees de um curso de
formaccedilatildeo de professores de liacutengua italiana em serviccedilo e em preacute-serviccedilo que ministramos no acircmbito
de duas universidades puacuteblicas brasileiras - uma no estado de Santa Catarina e outra no estado
de Satildeo Paulo Encontramos um total de 11 (onze) Problemas de Ensino - 7 (sete) relacionados
ao aspecto da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre e 4 (quatro) relacionados ao aspecto da
utilizaccedilatildeo Notamos por meio de nossa anaacutelise a proeminecircncia de dois fatores associados aos
Problemas de Ensino encontrados as crenccedilas a respeito de materiais didaacuteticos de natureza virtual
livre e a demanda pelo desenvolvimento de competecircncias relativas aos aspectos virtual e livre desse
tipo de material didaacutetico Concluiacutemos que os Problemas de Ensino identificados natildeo satildeo especiacuteficos
mas sim caracteriacutesticos dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre
Palavras-chave Linguiacutestica Linguiacutestica Aplicada Ensino de Liacutengua Estrangeira Italiano Material
Didaacutetico Virtual Livre Problemas de Ensino
vii
Abstract
SOUZA R F Implications of the use of Free Virtual Educational Materials in the context of for-
mal teaching and learning Italian FLSL - the perspective of the Problems of Teaching 2014
177 f Tese (doutorado) - Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas - Universidade de Satildeo
Paulo Satildeo Paulo 2014
The aim of our research was to explore the implications related to the use of Free Virtual Educati-
onal Materials in the context of formal teaching and learning Italian as FLSL The implications were
dealt as Problems of Teaching (ORTALE 2010) and the term use was considered according to two
aspects use in presential classrooms and production The hypothesis was that the use of Free Virtual
Educational Materials in the context of formal teaching and learning Italian as FLSL triggers a series
of observable and specific implications which can be defined in terms of Problems of Teaching due
to its peculiar nature that is being a free educational material The methodology adopted here was
qualitative both constructivist and interpretativist The Problems of Teaching were identified through
the analysis of the Reports of Problems of Teaching (ORTALE 2010) The analyses were based
on the methodology of teacher education supported by the idea of Problem-Based Learning (PBL)
explained in Ortale (2010) and the techniques and procedures of the Grounded Theory according
to Strauss e Corbin (2008) The Problems of Teaching related to the use were investigated in two
undergraduate subjects of Italian Language offered by the College of Arts in a public university in Satildeo
Paulo state The Problems of Teaching related to the production were researched in the context of
two editions of the training course for teachers of Italian Language in-service and pre-service taught
at two Brazilian public universities ndash one in Santa Catarina state and the other in Satildeo Paulo state
We have found the total of 11 (eleven) Problems of Teaching ndash 7 (seven) related to the aspect of
production of Free Virtual Educational Materials and 4 (four) related to the aspect of its use We have
noticed through our analysis the prominence of two factors associated to the Problems of Teaching
which were found in the research the beliefs regarding Free Virtual Educational Materials and the
demand to develop the competences related to the free and virtual aspects of this sort of material We
concluded that the Problems of Teaching identified here are not specific but are typical of educational
materials that are virtual and free
Keywords Linguistics Applied Linguistics Teaching of Foreign Language Italian Free Virtual
Educational Materials Problems of Teaching
viii
Riassunto
SOUZA R F Implicazioni dellrsquouso di Materiale Didattico Virtuale Libero in contesto di in-
segnamento e di apprendimento formale di lingua italiana come LSL2 - la prospettiva dei
Problemi Didattici 2014 177 f Tese (doutorado) - Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias
Humanas - Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2014
La presente ricerca si egrave proposta di esplorare le implicazioni riguardanti lrsquouso di materiali didat-
tici di essenza virtuale e libera in contesto di insegnamento e di apprendimento formale di lingua
italiana come LSL2 Le implicazioni sono state trattate sotto forma di Problemi Didattici (ORTALE
2010) e lrsquouso egrave stato visto sotto due aspetti lrsquoutilizzazione durante lrsquoinsegnamento in presenza e
la produzione Ci ha guidato lrsquoipotesi che lrsquouso di materiali didattici di essenza virtuale e libera in
contesto di insegnamento e di apprendimento formale di lingua italiana come LSL2 innesca una
serie di implicazioni specifiche e osservabili - le quali possono essere definite in termini di Problemi
Didattici - data la sua peculiare natura libera Per raggiungere i nostri obiettivi abbiamo utilizzato
una metodologia qualitativa di carattere costruttivista e interpretativa I Problemi Didattici sono stati
identificati attraverso lrsquoanalisi delle Storie dei Problemi Didattici (ORTALE 2010) Hanno guidato
le nostre analisi la metodologia di formazione docenti basata sullrsquoidea di Problem-Based Learning
(PBL) trattata in Ortale (2010) e le tecniche e procedure riguardanti lo svilluppo di grounded theory
(STRAUSS CORBIN 2008) I Problemi Didattici riguardanti lrsquoutilizzo sono stati studiati in due corsi di
lingua italiana dei corsi di laurea della Facoltagrave di Lettere di unrsquouniversitagrave pubblica nello stato di Satildeo
Paulo I Problemi Didattici riguardanti la produzione sono stati studiati in due edizioni di un corso di
formazione per insegnanti di lingua italiana in servizio e in pre-servizio in due universitagrave pubbliche
brasiliane - una nello stato di Santa Catarina e lrsquoaltra nello stato di Satildeo Paulo Abbiamo individuato
un totale di undici (11) Problemi Didattici - 7 (sette) legati allrsquoaspetto della produzione di Materiale
Didattico Virtuale Libero e 4 (quattro) legati allrsquoaspetto dellrsquoutilizzo Notiamo dalla nostra analisi la
preminenza di due fattori associati ai Problemi Didattici trovati le credenze sui materiali didattici di
essenza virtuale e libera e la necessitagrave di sviluppo delle competenze relative agli aspetti virtuale e
libero di questo tipo di materiale didattico Si conclude che i Problemi Didattici individuati non sono
specifici ma sono tipici dei materiali didattici di essenza virtuale e libera
Parole-chiave Linguistica Linguistica Applicata Glottodidattica Italiano Materiale Didattico Virtuale
Libero Problemi Didattici
ix
Sumaacuterio
Folha de Aprovaccedilatildeo iii
iv
Agradecimentos v
Resumo vii
Abstract viii
Riassunto ix
Introduccedilatildeo 1
Cenaacuterio de abertura problematizaccedilatildeo e delineamento da pesquisa 1
Hipoacutetese 5
Justificativa 6
Objetivo geral 6
Objetivos especiacuteficos 7
Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese 7
1 Material Didaacutetico Virtual Livre - nossa concepccedilatildeo 11
11 A cultura livre 11
12 O software livre 13
13 Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons 16
14 Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre 21
2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -
explorando interseccedilotildees 26
3 Software livre no contexto de ensino-aprendizagem de liacutenguas - por que (natildeo) utilizar 37
31 Vantagens relacionadas ao uso de software livre 37
32 Pontos criacuteticos relativos ao uso de software livre 46
33 Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explorando a produtividade altruiacutesta 48
4 Metodologia de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre 52
41 Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre 53
x
SUMAacuteRIO xi
411 Visatildeo geral sobre modelos instrucionais 54
412 O modelo ADDIE - modelo instrucional baacutesico 55
413 Modelo de Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas 64
414 Modelo de Elaboraccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos de Ensino de Liacutenguas 70
42 A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre 74
421 Busca de insumos livres com o Flickr imagens 77
422 Busca de insumos livres com o SpinXpress miacutedias em geral 78
423 Busca de Insumos Livres com o Jamendo muacutesicas 81
424 Busca de Insumos livres utilizando o Google arquivos e paacuteginas da web em
geral 83
43 Atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico virtual promovendo a cultura livre 84
44 O uso de software livre 87
441 O sistema de blogs e de gerenciamento de conteudos para web Wordpress 87
442 O programa de autoria EXElearning 89
5 Metodologia de pesquisa 92
51 A Pesquisa em Problemas de Ensino 92
52 Estudo qualitativo 94
53 Consideraccedilotildees sobre a eacutetica na pesquisa 100
54 Consideraccedilotildees sobre a validade interna da pesquisa 103
55 Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados 106
6 Perfil dos informantes 111
61 Perfil do professor do ensino superior puacuteblico 112
62 Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo 113
621 Experiecircncia com ensino de italiano 115
622 Haacutebitos de planejamento de aulas e de apropriaccedilatildeo do material didaacutetico 117
623 Letramento Digital 121
7 Anaacutelise dos Problemas de Ensino 126
71 Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual
Livre 129
711 Dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas flexiacuteveis129
712 Inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres no material
didaacutetico 133
713 Crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre neces-
sariamente aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente 135
714 Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em
construccedilatildeoque o software livre pode apresentar 137
715 Dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas 139
716 Dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de Sequecircncias Didaacuteticas
digitais 142
717 Dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware 144
SUMAacuteRIO xii
72 Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual
Livre em sala de aula presencial 145
721 Dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizados
para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de
aula presencial 146
722 Crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala de aula
presencial poderaacute ser mal vista pelos discentes 148
723 Dificuldade em compreender o funcionamento do software utilizado em sala
de aula 148
724 Preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software que abrigam e
fornecem acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas 150
8 Conclusotildees 152
81 Das caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino identificados nesta pesquisa 152
82 Das possiacuteveis estrateacutegias ou caminhos de resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino identi-
ficados nesta pesquisa 155
83 Da hipoacutetese de pesquisa 156
84 Da metodologia e dos possiacuteveis desdobramentos futuros desta pesquisa 157
Referecircncias 159
Apecircndice A - Carta de consentimento 170
Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas 171
Lista de quadros
11 As 4 liberdades de um Trabalho Cultural Livre 14
12 Condiccedilotildees baacutesicas de licenciamento Creative Commons 18
13 Conjunto de licenccedilas Creative Commons 19
14 Os materiais didaacuteticos fechado Virtual Livre Virtual Livre com Algumas Restriccedilotildees e
suas licenccedilas 22
15 Caraacuteter livre a materiais didaacuteticos virtuais algumas condiccedilotildees 23
16 Os materiais didaacuteticos fechado Virtual Livre Virtual Livre com Algumas Restriccedilotildees e
seus suportes 24
21 A educaccedilatildeo na sociedade industrial e na sociedade da informaccedilatildeo 28
22 Desvantagens dos meacutetodos 30
31 Vantagens do software livre em relaccedilatildeo ao proprietaacuterio 38
41 Componentes e subcomponentes do modelo ADDIE 58
42 Princiacutepios a serem considerados na etapa de Implementaccedilatildeo - modelo ADDIE 63
43 Quadro comparativo entre os modelos ADDIE Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas
e Quadro de Elaboraccedilatildeo de Material Didaacutetico para o Ensino de Liacutenguas 72
44 EXElearning e sua tipologia de atividades (Idevices) 91
51 Exemplos de Relatos de Problemas de Ensino 94
52 Teacutecnicas de coletas de dados tiacutepicas de abordagens qualitativas 97
53 Princiacutepios gerais de eacutetica na pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo 102
54 Salvaguardas para proteccedilatildeo dos participantes desta pesquisa 103
55 Estrateacutegias de validaccedilatildeo adotadas nesta pesquisa 105
56 Coleta de dados I - utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto de
disciplinas presenciais de italiano como LEL2 107
57 Coleta de dados II - produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto de curso
de formaccedilatildeo de professores de italiano LEL2 108
61 Perfil predominante dos grupos 1 e 2 114
62 Competecircncias tecnoloacutegicas conforme Romero (2008) 116
63 Experiecircncia com ensino de italiano - grupos 1 e 2 117
64 Contextos de ensino relativos agrave experiecircncia dos participantes - grupos 1 e 2 118
65 Haacutebitos de preparaccedilatildeo de aulas - grupos 1 e 2 119
xiii
LISTA DE QUADROS xiv
66 Haacutebitos de produccedilatildeo de material didaacutetico - grupos 1 e 2 120
67 Utilizaccedilatildeo de recursos da Internet na praacutetica de sala de aula - grupos 1 e 2 122
68 Competecircncia relativa agrave utilizaccedilatildeo de recursos da Internet - grupos 1 e 2 123
69 Experiecircncia com editoraccedilatildeo digital - grupos 1 e 2 124
610 Experiecircncia com instalaccedilatildeo de software - grupos 1 e 2 125
611 Experiecircncia com Ambientes Virtuais de Aprendizagem - grupos 1 e 2 125
71 Problemas de Ensino relacionados agrave produccedilatildeo e agrave utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos de
natureza virtual livre 127
72 Competecircncias digitais esperadas para o docente conforme Espanha (2013) 130
73 Relatos-produccedilatildeo dificuldade de encontrar insumos com licenccedilas flexiacuteveis 132
74 Relatos-produccedilatildeo inseguranccedila (e resistecircncia) relativa agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres
no material didaacutetico 134
75 Relatos-produccedilatildeo crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza livre
necessariamente aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente 136
76 Relato-produccedilatildeo Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato
em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar 138
77 Usuaacuterio estaacutetico e usuaacuterio proativo (livre) - perfis referenciais antagocircnicos 139
78 Relatos-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas 140
79 Relatos-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de sequecircncia
didaacuteticas digitais 143
710 Relato-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware 145
711 Relatos-utilizaccedilatildeo dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem
ser utilizados para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em
sala de aula presencial 147
712 Relatos-utilizaccedilatildeo crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala de
aula presencial poderaacute ser mal vista pelos discentes 149
713 Relatos-utilizaccedilatildeo dificuldade em compreender o funcionamento do software utilizado
em sala de aula 149
714 Relatos-utilizaccedilatildeo preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software que
abrigam e fornecem acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas 151
Lista de Figuras
11 Material Didaacutetico Virtual Livre e seus conceitos subjacentes 21
41 Componentes de um problema Fonte adaptado de Rothwell e Kazanas (2003 p 36) 56
42 As fases do modelo ADDIE Fonte adaptado de Hanley (2009) 57
43 Modelo da Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas Fonte adaptado de Almeida Filho
(2010 p 22) 65
44 Modelo Ampliado da Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas Fonte Almeida Filho
(2010 p 22) 66
45 Modelo de Elaboraccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos de Ensino de Liacutenguas Fonte adaptado
de Jolly e Bolitho (1998 p 98) 71
46 Ferramenta de busca do Creative Commons - tela principal Fonte adaptado de
CREATIVE COMMONS (sd) 75
47 Documentaccedilatildeo de insumos identificaccedilatildeo da licenccedila de uma imagem Fonte adaptado
de Flickr (sd) 76
48 Flikr - Tela de busca manual de imagens com licenccedilas Creative Commons Fonte
adaptado de Flickr (sd) 77
49 Flickr resultado de busca de imagens Creative Commons ndash Atribuiccedilatildeo com o termo
chiesa Fonte adaptado de Flickr (sd) 78
410 Flickr resultado de busca de imagens Creative Commons ndash Atribuiccedilatildeo com o termo
chiesa uma igreja em Citta Nova Moacutedena Itaacutelia Fonte adaptado de Flickr (sd) 79
411 Tela do mecanismo de busca online do SpinXpress Fonte adaptado de SPINXPRESS
(sd) 80
412 SpinXpress resultado de busca de miacutedias com o termo musica leggera Fonte adap-
tado de SPINXPRESS (sd) 80
413 Tela de busca avanccedilada do Jamendo Fonte adaptado de Jamendo (sd) 82
414 Resultados de busca no Jamendo a canccedilatildeo Sogno e sua licenccedila Fonte adaptado
de Jamendo (sd) 82
415 Motor de busca Google - tela da filtragem avanccedilada Fonte adaptado de Google (sd) 83
416 Exemplo de resultado de busca por licenccedila - motor de busca Google quotidiano
Fonte adaptado de Google (sd) 84
417 Radio Frequenza Appenino - canal com conteuacutedo livre Fonte adaptado de RFA (sd) 85
418 Mecanismo informatizado de atribuiccedilatildeo de licenccedila Creative Commons Fonte adap-
tado de CREATIVE COMMONS BRASIL (sd) 85
xv
LISTA DE FIGURAS xvi
419 Resultado do processo de escolha da licenccedila Creative Commons Fonte adaptado de
CREATIVE COMMONS BRASIL (sd) 86
420 Wordpress Tela de ediccedilatildeo e de posts Fonte adaptado de CODEX WORDPRESS (sd) 88
421 Wordpress Paineacuteis de administraccedilatildeo Fonte adaptado de CODEX WORDPRESS (sd) 88
422 EXElearning - interface e seus componentes Fonte Adaptado de EXElearning (sd) 90
51 Dinacircmica de curso experimentaccedilatildeo gradativa e cumulativa de atividades problema
nucleares 110
Introduccedilatildeo
Cenaacuterio de abertura problematizaccedilatildeo e delineamento da
pesquisa
O mundo estaacute se tornando cada vez mais aberto Os sinais e iniciativas de abertura podem ser
percebidos de modo mais intenso nas uacuteltimas deacutecadas (BONK 2009 LITTO 2009 LITTO 2006
TAPSCOTT WILLIAMS 2013 TAPSCOTT WILLIAMS 2007 VAZ RIBEIRO MATHEUS 2010
NIKOI et al 2011) Isso ocorre fundamentalmente graccedilas ao desenvolvimento e agrave popularizaccedilatildeo
da Internet e das Tecnologias da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo
As relaccedilotildees econocircmicas e sociais estatildeo adquirindo novos formatos (GIMENES 2013 p 9) tanto
na esfera puacuteblica quanto na esfera privada De fato por meio da rede mundial de computadores
pessoas compram e vendem organizam movimentos sociais com a ajuda de pessoas geografica-
mente distantes estabelecem os mais diversos tipos de relacionamentos compartilham saberes
e colaboram uns com os outros seja para fins comerciais seja pela simples vontade de ajudar
(SHIRKY 2010 p 18) ou de divulgar opiniotildees pessoais
Empresas governos e ateacute grupos de pesquisa institucionalizados (TAPSCOTT WILLIAMS 2007
p 23) rompendo com modelos claacutessicos estritamente hierarquizados (TAPSCOTT WILLIAMS
2007 p 9) de produccedilatildeo e gestatildeo assumem posturas de abertura expondo seus problemas
(TAPSCOTT WILLIAMS 2007 TAPSCOTT WILLIAMS 2013) - sobretudo por meio da Internet - com
a expectativa de canalizar soluccedilotildees advindas da inteligecircncia coletiva (LEVY 2007 p 28) Em outras
palavras eles exploram o chamado excedente cognitivo 1 (SHIRKY 2010 p 15) assumindo um
modelo conhecido como crowdsourcing2 (TAPSCOTT WILLIAMS 2007 BRITO 2008 BENKLER
2002 p 11 p 144 p 375)
Especialmente no caso da governanccedila puacuteblica essa abertura ocorre tambeacutem com o intuito
de promover a circulaccedilatildeo o uso e o reuso de dados e documentos oficiais (NOVA ZELAcircNDIA
2010 OPEN GOVERNMENT PARTNERSHIP 2011 p 3 p 1) - tais como conjuntos de dados
geoespaciais cientiacuteficos e de performance administrativa estatiacutesticas oficiais imagens fotograacuteficas
1Shirky (2010 15) ao falar de excedente cognitivo refere-se ao tempo livre coletivo que todos noacutespossuiacutemos o qual pode ser gasto em atividades individuais - tal como assistir TV - ou em grandes projetoscoletivos - como por exemplo a elaboraccedilatildeo de entradas da Wikipedia Nesse caso o tempo livre pode servisto como um bem social geral
2O crowdsoursing eacute um modelo de produccedilatildeo que utiliza a inteligecircncia e os conhecimentos coletivosde voluntaacuterios espalhados pela internet para resolver problemas criar conteuacutedo ou desenvolver novastecnologias(TAPSCOTT WILLIAMS 2007 p 11)
1
Cenaacuterio de abertura problematizaccedilatildeo e delineamento da pesquisa
filmes e recursos educacionais (NOVA ZELAcircNDIA 2010 p 3) - visando o crescimento criativo
cultural e econocircmico de indiviacuteduos organizaccedilotildees comerciais e sem fins lucrativos da sociedade civil
bem como o aumento da sustentabilidade e a presenccedila de benefiacutecios puacuteblicos mais amplos (NOVA
ZELAcircNDIA 2010 p 3)
Estrateacutegias de governo aberto tem sido adotadas em paiacuteses como Estados Unidos Austraacutelia
Reino Unido Nova Zelacircndia (AGUNE FILHO BOLLIGER 2010 p 9) e Brasil Ademais segundo
dados da OPEN GOVERNMENT PARTNERSHIP (2013) mais de 50 paiacuteses assinaram a Declaraccedilatildeo
de Governo Aberto assumindo a intenccedilatildeo de adotaacute-las
A educaccedilatildeo assim como as relaccedilotildees sociais econocircmicas empresariais e governamentais
tambeacutem experimenta novas possibilidades e formatos com vieses de abertura Dessa forma
universidades escolas e institutos passam a disponibilizar via web conteuacutedos e programas de
seus cursos (LITTO 2009 p 304) - permitindo muitas vezes sua ediccedilatildeo e reuso - os quais ateacute
entatildeo circulavam de forma restrita confirmando e configurando o que Litto (2006 p 73) e Litto
(2009 p 304) reconhecem como paradigma da escassez (vs paradigma da abundacircncia) ou
seja uma visatildeo marcada pela crenccedila de que as coisas realmente boas ocorrem em quantidades
pequenas acessiacuteveis apenas para os mais ricos e estudiosos (LITTO 2006 p 73) Como exemplo
de abertura podemos citar o MIT 3 que em 2001 decide abrir os seus acervos de informaccedilatildeo e de
conhecimento que nessa instituiccedilatildeo auxiliam a aprendizagem (LITTO 2009 BARBOSA ARIMOTO
2013 p 304 p 18) estabelecendo precedente para diversas universidades tais como - entre outras
- as universidades norte americanas da Califoacuternia de Harvard de Princenton da Pennsylvania de
Michigan e Yale (OPENCOURSEWARE sd OPENCOURSEWARE 2011)
Bonk (2009 p 8) tambeacutem percebe sinais de abertura no acircmbito da educaccedilatildeo Nesse sentido
ele aponta 10 (dez) openers ou seja tendecircncias tecnoloacutegicas com vieacutes de abertura que do seu
ponto de vista contribuem para a transformaccedilatildeo da educaccedilatildeo e da vida no seacuteculo XXI Satildeo elas
1 Web busca no universo dos e-Books
2 E-learning e blended learning
3 Disponibilidade de fontes abertas e software livre
4 Recursos Reutilizaacuteveis e OpenCourseWare
5 Repositoacuterios de objetos de aprendizagem e portais
6 Participaccedilatildeo do aprendiz em comunidades de informaccedilatildeo aberta
7 Colaboraccedilatildeo eletrocircnica
8 Realidades alternativas de aprendizagem
9 Mobilidade e portabilidade de tempo real
10 Redes de aprendizagem personalizada
(BONK 2009 p 8)
O mesmo jaacute citado avanccedilo tecnoloacutegico - ou seja o contiacutenuo desenvolvimento e popularizaccedilatildeo
da Internet e das Tecnologias da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo - permite a adoccedilatildeo de praacuteticas ateacute entatildeo
3Massachusetts Institute of Technology
2
Cenaacuterio de abertura problematizaccedilatildeo e delineamento da pesquisa
restritas a poucos grupos A Economia Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42) parece demonstrar sinais
de enfraquecimento Isso significa que atividades como ediccedilatildeo publicaccedilatildeo e circulaccedilatildeo de bens
culturais imateriais (textos muacutesicas viacutedeos etc) jaacute natildeo dependem de grandes corporaccedilotildees ndash tais
como editoras gravadoras ou produtoras ndash nem tampouco de grandes e arriscados investimentos
financeiros Com efeito qualquer indiviacuteduo que tenha acesso agrave rede mundial de computadores pode
tornar o seu trabalho puacuteblico bastando para isso o preenchimento de um cadastro - quando muito
- e o clique em um botatildeo virtual cuja funccedilatildeo eacute realizar a publicaccedilatildeo (SHIRKY 2010 p 45) Mais
do que uma cultura livre ndash ou seja em que a circulaccedilatildeo de cultura eacute menos controlada (LESSIG
2004 p 48) ndash o que percebemos eacute a presenccedila de uma cultura do compartilhamento da abundacircncia
(LITTO 2006 p 73) em que pessoas e instituiccedilotildees se propotildeem a compartilhar experiecircncias e
conhecimentos - muitos dos quais ateacute entatildeo restritos - ainda que para fins comerciais
As implicaccedilotildees decorrentes da formaccedilatildeo desse cenaacuterio de novas possibilidades e formatos
de abertura (BONK 2009 LITTO 2009 LITTO 2006 TAPSCOTT WILLIAMS 2013 TAPSCOTT
WILLIAMS 2007 VAZ RIBEIRO MATHEUS 2010 NIKOI et al 2011) e de abundacircncia (LITTO
2006 LITTO 2009 p 73 p 304) podem ser sentidas na praacutexis dos professores de liacutenguas uma
vez que culturas e bens culturais materiais e imateriais figuram como instrumento e mateacuteria prima do
seu trabalho De fato no decorrer de nossa experiecircncia docente no Brasil - a qual compreende tanto
o ensino de liacutengua e cultura italianas quanto a formaccedilatildeo de professores dessa liacutengua especialmente
para o uso de novas tecnologias no ensino 4 - chamaram-nos agrave atenccedilatildeo duas questotildees ambas
relacionadas ao uso de material didaacutetico em contexto formal de ensino-aprendizagem
Percebemos em primeiro lugar um recorrente sentimento de desorientaccedilatildeo relativo ao direito
de uso de insumos (tais como muacutesicas textos e imagens) de terceiros em materiais didaacuteticos de
autoria proacutepria sobretudo para utilizaccedilatildeo em contextos formais e institucionalizados de ensino e
aprendizagem tais como escolas e universidades Em outras palavras esses profissionais frente ao
mar de possibilidades nunca antes navegado(LITTO 2009 p 304) - de abundacircncia (LITTO 2006
LITTO 2009 p 73 p 304) - de insumos digitais provenientes sobretudo da internet - e frente agrave
facilidade com que poderiam acessaacute-los e editaacute-los - questionavam-se a respeito das possibilidades
e direitos de utilizaccedilatildeo desses insumos em seus trabalhos formais Vale observar que eacute possiacutevel
nesse caso que estejamos presenciando o enfrentamento de questotildees por parte do professor de
idiomas ateacute entatildeo tiacutepicas do universo editorial
Em segundo lugar - mas de forma natildeo menos significativa - percebemos uma inquietaccedilatildeo tam-
beacutem recorrente entre os professores de italiano como liacutengua estrangeira com os quais convivemos
em nossa carreira perante situaccedilotildees em que se viam obrigados a utilizar materiais didaacuteticos impres-
sos - principalmente em forma de livros e apostilas - claramente adotados por motivos de natureza
econocircmica envolvendo lucro financeiro pessoal de colegas - algumas vezes em contextos de ensino
puacuteblico - e o favorecimento de determinados autores e editoras muitos dos quais estrangeiros dada
a natureza do assunto tratado - a saber liacutengua e cultura italianas Notamos que a inquietaccedilatildeo
nesse caso referia-se mais ao sentimento de aprisionamento do professor e menos agrave accedilatildeo de lucrar
4Nossa experiecircncia como professor de italiano completa 11 anos no ano de publicaccedilatildeo desta tese tendosido viecircnciada no Brasil em contextos de aula particular de cursos livres especialmente extensatildeo universitaacuteriae escolas de idiomas de ensino meacutedio regular em escolas da rede privada e de ensino universitaacuterio emcurso de Letras no acircmbito do ensino superior puacuteblico brasileiro
3
Cenaacuterio de abertura problematizaccedilatildeo e delineamento da pesquisa
financeiramente com produtos educacionais - tal como livro didaacutetico - em si Parece-nos que tal
sensaccedilatildeo se coloca em maior evidecircncia quando em contraste com as possibilidades de ampliaccedilatildeo
de acesso emergentes no cenaacuterio de abertura e de abundacircncia jaacute mencionados
Consideramos essas questotildees - ambas relacionadas ao uso de material didaacutetico - como exemplos
de implicaccedilotildees - em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 - decorrentes
da presenccedila de um cenaacuterio de abertura (BONK 2009 LITTO 2009 LITTO 2006 TAPSCOTT
WILLIAMS 2013 TAPSCOTT WILLIAMS 2007 VAZ RIBEIRO MATHEUS 2010 NIKOI et al
2011) de abundacircncia (LITTO 2006 LITTO 2009 p 73 p 304) e de sinais de falecircncia da Economia
Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42) Satildeo elas que datildeo origem agrave nossa investigaccedilatildeo - ainda antes
de formalizaacute-la em termos de pesquisa de doutoramento - na medida em que ao confrontaacute-las
questionamo-nos sobre a existecircncia de outras implicaccedilotildees e em caso afirmativo sobre quais seriam
essas implicaccedilotildees
Simultaneamente ao surgimento de nossos questionamentos - bem como no decorrer de nossa
investigaccedilatildeo teoacuterica preliminar - entramos em contato com grupos de pesquisa em software livre
Percebemos a partir desse encontro - e dos diversos que se seguiram - que poderia ser viaacutevel a
utilizaccedilatildeo de material didaacutetico de caraacuteter livre ou aberto 5 tal qual a essecircncia do software livre no
ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 em contexto formal - dada a presenccedila do jaacute mencionado
cenaacuterio de abertura - e que havia ao mesmo tempo uma demanda e uma carecircncia relacionadas a
pesquisas formais sobre as implicaccedilotildees dessa utilizaccedilatildeo
Decidimos assim empreender a pesquisa recolocando nossas questotildees de modo que elas
focalizassem natildeo as implicaccedilotildees relativas agrave presenccedila de um cenaacuterio de abertura mas sim as
implicaccedilotildees relacionadas agrave utilizaccedilatildeo de material didaacutetico compatiacutevel com esse cenaacuterio ou seja
material didaacutetico essencialmente aberto ou livre Com efeito perguntamo-nos se haveria implicaccedilotildees
e em caso afirmativo quais seriam essas implicaccedilotildees decorrentes do uso de material didaacutetico
dessa natureza em contexto formal de ensino-aprendizagem de liacutengua italiana como LEL2
Reforccedilou a escolha por essa mudanccedila de foco a nossa constataccedilatildeo de que alguns estados
brasileiros haviam jaacute apresentado e concretizado propostas de utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos que
se pretendiam de algum modo abertos ou livres em suas escolas puacuteblicas Esse eacute o caso por
exemplo do Governo do Estado do Paranaacute que em 2006 por meio de sua Secretaria de Educaccedilatildeo
empreendeu o projeto Folhas (SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCACcedilAtildeO DO PARANAacute sd)
lanccedilando propostas de livros didaacuteticos virtuais denominados puacuteblicos distribuiacutedos em formato digital
e alinhados com uma proposta de abertura
Determinado o foco e as questotildees de pesquisa concentramo-nos em como as implicaccedilotildees
poderiam ser observadas e analisadas O desafio se colocou em termos teoacutericos-metodoloacutegicos
e operacionais Encontramos em Ortale (2010) um arcabouccedilo teoacuterico-metodoloacutegico que poderia
balizar a nossa investigaccedilatildeo dando forma e tratabilidade agrave nossa ideia abstrata de implicaccedilotildees
Esse arcabouccedilo - que seraacute debatido com mais profundidade no decorrer desta tese - constroacutei-se
em torno dos conceitos de Problemas de Ensino e Narrativas de Problemas de Ensino Em nossa
pesquisa eles satildeo relacionados agrave utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre pelo professor de
5Consideramos que os especificadores livre e aberto podem ser usados com o mesmo sentido Entretantoconforme discutido no capiacutetulo 1 preferimos o termo livre por uma questatildeo de coerecircncia com as expressotildeessoftware livre cultura livre e licenccedila livre
4
Hipoacutetese
italiano LEL2 em contexto formal de ensino-aprendizagem
Decidimos frente ao desafio operacional da investigaccedilatildeo convidar professores de liacutengua italiana
como LEL2 a utilizar materiais didaacuteticos de natureza virtual livre nos contextos formais de ensino-
aprendizagem dessa liacutengua em que atuavam Optamos pelo contexto de ensino superior puacuteblico
dado que no inicio do doutoramento acabaacutevamos de concluir uma experiecircncia de docecircncia - de
aproximadamente 18 (dezoito) meses - nesse contexto - Aleacutem da nossa familiaridade com a praacutetica
de ensino superior - o que nos deixava mais a vontade para empreender investigaccedilotildees nesse
ambiente - percebemos nesse acircmbito uma grande demanda por materiais didaacutetico e de formaccedilatildeo
profissional e acadecircmica de natureza virtual livre - principalmente pelo fato de se tratar de um
contexto de ensino puacuteblico
Durante a investigaccedilatildeo percebemos que seria necessaacuterio articular o termo utilizaccedilatildeo em produ-
ccedilatildeo e utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial Dessa maneira reconfiguramos o cenaacuterio de pesquisa
de modo que pudeacutessemos contemplar os dois aspectos De fato para investigar as implicaccedilotildees - ou
Problemas de Ensino - relacionados agrave produccedilatildeo de material didaacutetico de natureza virtual livre elabo-
ramos e ministramos dois cursos envolvendo professores de italiano em serviccedilo e em preacute-serviccedilo
Mantivemos o acircmbito do ensino superior como contexto de investigaccedilatildeo referente agraves implicaccedilotildees
decorrentes da utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos dessa natureza Consideramos ambos os aspectos
como pertencentes agrave praacutetica de ensino-aprendizagem em contexto formal Esses contextos seratildeo
retomados e debatidos de forma mais detalhadas no capiacutetulo 5 - Metodologia de Pesquisa
Enfim vale mencionar que consideramos relevante para o desenvolvimento de nossa pes-
quisa tentar compreender a natureza livre do material didaacutetico cujas implicaccedilotildees no ensino formal
investigamos bem com discorrer sobre essa natureza e correlacionaacute-la ao contexto e tradiccedilotildees
teoacutericas relativos ao campo da Linguiacutestica Aplicada no que se refere especialmente ao ensino
aprendizagem de liacutenguas e os seus materiais didaacuteticos Compreendemos que essa caracteriacutestica -
ou seja a qualidade de ser livre - confere-lhe grau de especificidade
Tendo em vista o cenaacuterio de abertura a problematizaccedilatildeo e o traccedilado geral de nosso percurso -
discutidos nesta seccedilatildeo - apresentamos nossa pesquisa cujo escopo permeia o estudo de materiais
didaacuteticos virtuais de natureza livre e as implicaccedilotildees da sua utilizaccedilatildeo em contexto formal de ensino-
aprendizagem de italiano como LEL2 - tendo sido o termo utilizaccedilatildeo desdobrado em produccedilatildeo e
utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial
Nas seccedilotildees subsequentes descrevemos as caracteriacutesticas que consideramos essenciais para
uma melhor compreensatildeo do desenho que propomos para nossa investigaccedilatildeo bem como desta tese
- a saber a hipoacutetese de pesquisa a justificativa os objetivos geral e especiacuteficos e a organizaccedilatildeo
capitular da tese
Hipoacutetese
O estudo que apresentamos e discutimos nesta tese organiza-se e se orienta pela nossa hipoacutetese
de que a utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-
aprendizagem de liacutengua italiana como LEL2 deflagra uma seacuterie de implicaccedilotildees observaacuteveis e
especiacuteficas ndash as quais podem ser definidas em termos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p
5
Objetivo geral
425) ndash dada a sua natureza peculiar ou seja livre
Justificativa
A justificativa da investigaccedilatildeo que apresentamos nesta tese consolida-se perante a demanda por
pesquisas no acircmbito do ensino-aprendizagem de liacutenguas - especialmente de italiano como LEL2
- em contexto formal relacionadas agrave presenccedila de um cenaacuterio de abertura (BONK 2009 LITTO
2009 LITTO 2006 TAPSCOTT WILLIAMS 2013 TAPSCOTT WILLIAMS 2007 VAZ RIBEIRO
MATHEUS 2010 NIKOI et al 2011) de abundacircncia (LITTO 2006 LITTO 2009 p 73 p 304) de
recursos digitais e de sinais de falecircncia da Economia Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42)
Consideramos que essas pesquisas - como a que empreendemos e apresentamos - poderatildeo
auxiliar os professores de idiomas - assim como os outros profissionais envolvidos no ofiacutecio do
ensino de liacutenguas tais como coordenadores linguiacutestas aplicados ou gestores em seus esforccedilos de
compreensatildeo e eventual apropriaccedilatildeo das novas perspectivas e na superaccedilatildeo dos desafios teoacutericos-
metodoloacutegicos e profissionais que se configuram a partir da presenccedila do mencionado cenaacuterio de
abertura
Parece-nos oportuno justificar tambeacutem o desenvolvimento desta pesquisa - dado o seu caraacuteter
interdisciplinar - no acircmbito do Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Liacutengua Literatura e Cultura Italianas
da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da USP Consideramos essa filiaccedilatildeo pertinente
e justificada na medida em que as reflexotildees e resultados apresentados poderatildeo trazer benefiacutecios
diretos para todos os envolvidos no ensino de liacutengua italiana no Brasil contribuindo para um
enriquecimento desse setor O acesso agraves vaacuterias aacutereas do conhecimento foi feito portanto em funccedilatildeo
do ensino da liacutengua italiana como LEL2
Ademais a escolha da liacutengua de aplicaccedilatildeo ndash a saber a liacutengua italiana ndash dos estudos apresen-
tados nesta tese pressupotildee o apoio e a avaliaccedilatildeo de especialistas em ensino de liacutengua italiana
para estrangeiros e liacutenguistas aplicados os quais se encontram no programa de Poacutes-graduaccedilatildeo
em Liacutengua Literatura e Cultura Italianas da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da
Universidade de Satildeo Paulo
Objetivo geral
O propoacutesito deste estudo eacute o de explorar as implicaccedilotildees relacionadas agrave utilizaccedilatildeo de material
didaacutetico de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano LEL2 Tais
implicaccedilotildees foram especificadas e tratadas em termos de Problemas de Ensino ou seja foram
coletadas e analisadas por meio de Narrativas de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425)
Ademais o termo utilizaccedilatildeo foi desdobrado em dois aspectos - a saber a produccedilatildeo de material
didaacutetico e a sua utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial
6
Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese
Objetivos especiacuteficos
bull Observar e discutir os Problemas de Ensino decorrentes da produccedilatildeo de material didaacutetico de
natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2
bull Observar e discutir os Problemas de Ensino relativos agrave utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial
de material didaacutetico de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de
italiano como LEL2
bull Observar e avaliar as possibilidades de utilizaccedilatildeo de insumos registrados com licenccedilas livres
na produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de italiano L2LE e de natureza virtual livre
bull Apresentar e discutir possiacuteveis estrateacutegias que apontem para a resoluccedilatildeo dos Problemas de
Ensino levantados na pesquisa
Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese
No CAPIacuteTULO 1 discutimos o conceito de Material Didaacutetico Virtual Livre com o qual trabalhamos
em nossa pesquisa e tambeacutem nesta tese Contemplamos apenas os conceitos que do nosso ponto
de vista justificam a utilizaccedilatildeo do especificador livre para esse tipo de material didaacutetico Dessa
forma as discussotildees abrangem as ideias de Cultura Livre (LESSIG 2004 p 48) de software livre
(FREE SOFTWARE FOUNDATION sd) e de Licenccedila Livre (FREEDOMDEFINED sd apud FARIA
2011 p 21) A partir dos debates propostos nesse capiacutetulo eacute possiacutevel perceber que a maneira
como concebemos o Material Didaacutetico Virtual Livre estaacute em sintonia com os conceitos de Trabalhos
Culturais Livres (FREEDOMDEFINED sd) e de Recursos Educacionais Abertos (THE WILLIAM
AND FLORA HEWLETT FOUNDATION SD BARBOSA ARIMOTO 2013 p 18) Os conceitos
se relacionam principalmente pelo fato de serem os trecircs baseados na filosofia do software livre
sendo cada um deles - consideramos - uma tentativa de aplicaccedilatildeo dessa filosofia em artefatos
diferentes de software Relacionamos ainda o conceito de Material Didaacutetico Virtual Livre com as
noccedilotildees de Material Didaacutetico Virtual Livre com Algumas Restriccedilotildees - que propomos - e de material
didaacutetico fechado
No CAPIacuteTULO 2 trazemos para debate a nossa hipoacutetese de que materiais didaacuteticos de natureza
virtual livre estatildeo sintonizados com a pedagogia poacutes-meacutetodo (KUMARAVADIVELU 2001 KUMA-
RAVADIVELU 2006b) podendo nesse caso ser tomados como materiais didaacuteticos de caraacuteter
poacutes-meacutetodo ou simplesmente materiais didaacuteticos poacutes-meacutetodo Para tanto discutimos o paradigma
da chamada pedagogia poacutes-meacutetodo considerando a conjectura teoacuterica de falecircncia da pedagogia
dos meacutetodos no acircmbito do ensino e aprendizagem de liacutenguas Compreendemos em siacutentese que
os materiais didaacuteticos de natureza virtual livre podem ser associados agrave pedagogia poacutes-meacutetodo na
medida em que refletem os paracircmetros pedagoacutegicos da particularidade da praticabilidade e da
possibilidade - os quais conforme Kumaravadivelu (2001) Kumaravadivelu (2006b) caracterizam a
essecircncia da pedagogia poacutes-meacutetodo Em outras palavras a noccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza
7
Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese
virtual livre pressupotildee respectivamente em sua essecircncia tal qual a pedagogia poacutes-meacutetodo a sensi-
bilidade ao contexto de utilizaccedilatildeo o empoderamento do professor e o incentivo a questionamentos
de status quo e agrave transformaccedilatildeo social sobretudo no que se refere aos aprendizes Consideramos
enfim que levantar esse debate significa tambeacutem ampliar a oportunidade de melhor compreender
as caracteriacutesticas dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre
No CAPIacuteTULO 3 abordamos a questatildeo das controveacutersias a respeito do uso de software livre em
oposiccedilatildeo ao software proprietaacuterio Aleacutem disso propomos um aprofundamento a respeito da dimensatildeo
produtiva de artefatos ou tecnologias com potencial altruiacutesta As controveacutersias satildeo de naturezas diver-
sas apontando temaacuteticas nucleares que perpassam desde o niacutevel teacutecnico ateacute os niacuteveis econocircmico e
filosoacutefico - entre outros Interessa-nos sobremaneira perceber que a utilizaccedilatildeo de software livre
poderaacute trazer implicaccedilotildees para o campo do ensino de liacutenguas - tomado como contexto educacional -
tanto no acircmbito da formaccedilatildeo de professores quanto em contexto de ensino-aprendizagem de um
idioma Consideramos que as controveacutersias relativas ao uso de software livre - em oposiccedilatildeo ao
software proprietaacuterio - podem ser estendidas de modo anaacutelogo ao uso de Material Didaacutetico Virtual
Livre - em detrimento a materiais didaacuteticos fechados O debate sobre as controveacutersias giram em
torno das vantagens e dos pontos criacuteticos do uso de software livre A proposta de aprofundamento
relacionada agrave dimensatildeo produtiva de artefatos ou tecnologias com potencial altruiacutesta se refere em
outras palavras agrave uma discussatildeo sobre os modelos de negoacutecio que podem ser adotados a fim de
estabelecer uma gestatildeo sustentaacutevel para projetos ou iniciativas livres
No CAPIacuteTULO 4 apresentamos e discutimos quatro aspectos que consideramos centrais em relaccedilatildeo
agrave metodologia que adotamos para orientar a produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual
livre Satildeo eles a utilizaccedilatildeo de modelos instrucionais - em especial o modelo ADDIE (GAGNEacute
et al 2005 ROTHWELL KAZANAS 2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) o
modelo da Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002
ALMEIDA FILHO 2010 p 18) e o Quadro para Escrita de Material Didaacutetico de Liacutenguas (JOLLY
BOLITHO 1998 p 90) as teacutecnicas de buscas de insumos livres as teacutecnicas de licenciamento do
material didaacutetico virtual atribuindo-lhe uma licenccedila livre ou flexiacutevel e a utilizaccedilatildeo de software livre O
modelo ADDIE o modelo de Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas e Quadro para Elaboraccedilatildeo de
Material Didaacutetico de Ensino de Liacutenguas - os quais podem ser compreendidos como modelos que
visam em linhas gerais o entendimento de contextos instrucionais e o suporte ao planejamento e
operacionalizaccedilatildeo de cursos em seus diversos aspectos sendo o segundo e o terceiro dirigidos ao
contexto de ensino de liacutenguas - foram tomados como referecircncia para operacionalizaccedilatildeo de Materiais
Didaacuteticos Virtuais Livres em contexto de ensino e aprendizagem de liacutenguas Os aspectos relativos agrave
busca de insumos livres eou flexiacuteveis e agrave atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico de natureza
virtual livre satildeo abordados a partir de um vieacutes praacutetico-operativo com exemplos de uso de ferramentas
disponiacuteveis na Internet e estatildeo em sintonia com as reflexotildees propostas em EDUCACcedilAtildeO ABERTA
(2011) A utilizaccedilatildeo de software livre como suporte para o Material Didaacutetico Virtual Livre enfim
envolve o debate sobre os dois programas livres que analisamos e utilizamos em nossa pesquisa
Trata-se do sistema de criaccedilatildeo de blogs e gerenciamento de conteuacutedos para web denominado
8
Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese
Wordpress e do programa de autoria intitulado EXElearning Nesse caso buscamos apresentar
as caracteriacutesticas gerais de ambos os programas bem como os aspectos que nos motivaram a
utilizaacute-los
No CAPIacuteTULO 5 focalizamos os diversos aspectos relacionados agrave metodologia de pesquisa empre-
gada em nosso estudo Os debates giram em torno da dimensatildeo empiacuterica da investigaccedilatildeo ndash a saber
a identificaccedilatildeo e anaacutelise dos Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) relacionados agrave produccedilatildeo
de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre e agrave sua utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial de
italiano como LEL2 Durante a explanaccedilatildeo apontamos as escolhas teoacuterico-metodoloacutegicas adotadas
nesta investigaccedilatildeo incluindo os contextos estudados e as estrateacutegias de levantamento e anaacutelise de
dados empregadas Em linhas de siacutentese nossa abordagem investigativa foi de natureza qualitativa
e se balizou por um vieacutes epistemoloacutegico existencial (natildeo determinista) construtivista (STAKE 2011
p 42) e interpretativo A coleta de dados se deu em dois contextos distintos (1) em sala de aula
presencial de italiano como LEL2 - contexto em que investigamos os Problemas de Ensino relativos
ao uso do Material Didaacutetico Virtual Livre - e (2) em curso de formaccedilatildeo para professores em serviccedilo
e em preacute-serviccedilo de italiano como LEL2 - contexto em que investigamos os Problemas de Ensino
relativos ao aspecto da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
No CAPIacuteTULO 6 apresentamos o perfil dos informantes que participaram de nossa pesquisa um
professor de liacutengua italiana do ensino superior puacuteblico brasileiro - cuja praacutetica de sala de aula
envolvendo a utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre investigamos - e dois grupos de profes-
sores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo participantes de duas ediccedilotildees do curso de formaccedilatildeo - sendo
esses envolvidos com a produccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico no acircmbito de nossa pesquisa
O levantamento foi realizado por meio de questionaacuterios observaccedilatildeo e anaacutelises documentais Os
questionaacuterios foram respondidos antes dos respectivos periacuteodos de observaccedilatildeo acompanhamento
e levantamento de dados figurando como avaliaccedilatildeo diagnoacutestica direcionada ao professor e aos
dois grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo Em linhas gerais buscamos investigar a
familiaridade dos participantes no que se refere ao uso de novas tecnologias - bem como aspectos do
seu letramento digital da sua praacutetica de sala de aula de seus haacutebitos habilidades e competecircncias
relativas agrave produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de material didaacutetico para o ensino de liacutenguas e dos respectivos
contextos de utilizaccedilatildeo do Material Didaacutetico Virtual Livre - no acircmbito de realizaccedilatildeo de nossa pesquisa
- quando pertinente Percebemos que o professor informante possui vasta experiecircncia com ensino
de italiano em contexto formal superior puacuteblico brasileiro que possui pouca familiaridade com
o uso de computador e da Internet utilizando-os eventualmente em sua praacutetica de sala de aula
e que se apropria do livro didaacutetico considerando-o de grande valia no que se refere ao aspecto
organizativo do empreendimento de ensino e aprendizagem - tanto para os alunos quanto para
o professor - mas que deve ser complementado adaptado e as vezes subvertido de modo a
corresponder agraves demandas locais Percebemos que os grupos de professores em serviccedilo e em
preacute-serviccedilo por sua vez possuem experiecircncia de ensino de italiano atuando predominantemente
em contexto de extensatildeo universitaacuteria e de escola de idiomas que tem como haacutebito a consulta a
materiais didaacuteticos alternativos e a manuais do professor a seleccedilatildeo de fragmentos de materiais
9
Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese
de autoria de terceiros como complementaccedilatildeo ao livro didaacutetico que adotam em sua praacutetica e que
utilizam predominantemente o e-mail e a paacutegina web e que possuem maior experiecircncia com a
atividade de utilizaccedilatildeo - tais como editoraccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de Ambientes Virtuais de Aprendizagem -
de recursos digitais do que com a atividade de instalaccedilatildeo desses recursos Figuram como recursos
e atividades com os quais os informantes declaram possuir maior familiaridade e-mail redes sociais
textos imagens e eslaide
No CAPIacuteTULO 7 trazemos os resultados de nossa pesquisa de campo ou seja trazemos para
debate os Problemas de Ensino relativos agrave produccedilatildeo e agrave utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 Em linhas gerais identificamos
7 (sete) Problemas de Ensino relativos ao contexto de produccedilatildeo e 4 (quatro) Problemas de Ensino
relativos ao contexto de utilizaccedilatildeo Satildeo eles dificuldade para encontrar insumos desejados registra-
dos com licenccedilas flexiacuteveis inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres no
material didaacutetico crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre necessaria-
mente aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica
e o estado de artefato em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar dificuldade relativa agrave
identificaccedilatildeo das licenccedilas dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de sequecircncias didaacuteticas
digitais dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou
miacutedias que podem ser utilizados para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas
em sala de aula presencial crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala de aula
presencial poderaacute ser mal vista pelos discentes dificuldade em compreender o funcionamento do
software utilizado em sala de aula e preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software
que abrigam e fornecem acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas
No CAPIacuteTULO 8 enfim tecemos as consideraccedilotildees finais sobre a nossa pesquisa As discussotildees
estatildeo distribuiacutedas em trecircs aspectos as caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino identificados
nesta pesquisa as possiacuteveis estrateacutegias ou caminhos de resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino
identificados a hipoacutetese de pesquisa e finalmente a metodologia e os possiacuteveis desdobramentos
futuros de nossa investigaccedilatildeo
10
Capiacutetulo 1
Material Didaacutetico Virtual Livre - nossa
concepccedilatildeo
Neste capiacutetulo apresentamos e discutimos o conceito de Material Didaacutetico Virtual Livre com o qual
trabalhamos em nossa pesquisa e consequentemente em nossa tese Contemplamos apenas
os conceitos que do nosso ponto de vista justificam a utilizaccedilatildeo do especificador livre para esse
tipo de material didaacutetico Dessa forma os debates giram em torno das ideias de Cultura Livre
(LESSIG 2004 p 48) de software livre (FREE SOFTWARE FOUNDATION sd) e de Licenccedila
Livre (FREEDOMDEFINED sd apud FARIA 2011 p 21)
No decorrer dos debates apontamos sempre que possiacutevel caracteriacutesticas que justificam a
utilizaccedilatildeo desse especificador e que portanto caracterizam o material didaacutetico como livre Cabe
lembrar que nosso trabalho e nossas discussotildees se concentram em materiais didaacuteticos para o ensino
de liacutenguas Em especial conforme jaacute mencionado nossa investigaccedilatildeo se concentra no acircmbito
do ensino de liacutengua italiana como LEL2 Consideramos esse debate essencial jaacute que conforme
acenado na introduccedilatildeo desta tese trabalhamos com a ideia de que o termo livre indica um aspecto
- ou seja sua natureza livre - que torna esse tipo de material didaacutetico especiacutefico e que portanto
pode gerar Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) tambeacutem especiacuteficos
A partir dos debates propostos nas seccedilotildees subsequentes seraacute possiacutevel perceber que a maneira
como concebemos o Material Didaacutetico Virtual Livre estaacute em sintonia com os conceitos de Trabalhos
Culturais Livres (FREEDOMDEFINED sd) e de Recursos Educacionais Abertos (THE WILLIAM
AND FLORA HEWLETT FOUNDATION SD BARBOSA ARIMOTO 2013) Os conceitos se
relacionam principalmente pelo fato de que satildeo os trecircs baseados na filosofia do software livre
sendo cada um deles uma tentativa de aplicaccedilatildeo dessa filosofia em artefatos diferentes de software
11 A cultura livre
Lessig (2004) discute a questatildeo da cultura livre focalizando em especial o papel dos direitos
autorais frente aos paradigmas e agraves praacuteticas culturais (produccedilatildeo divulgaccedilatildeo e consumo de bens
culturais) estabelecidos com o advento das novas tecnologias da informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo O autor
afirma que toda cultura se caracteriza como livre sendo que umas satildeo mais livres que outras A
11
A cultura livre
natildeo-liberdade de uma cultura reside no fato de os seus bens culturais serem dominados por grandes
corporaccedilotildees o que restringiria o seu acesso
Em uma cultura menos livre a possibilidade de se criar a partir de obras de terceiros torna-se
dificultada por dispositivos restritivos como o Copyright mdash especialmente no que diz respeito agrave
criaccedilatildeo de obras derivadas Nas palavras de Lessig (2004 p 48)
[c]ulturas livres satildeo culturas que deixam uma grande parcela de si abertapara outros poderem trabalhar em cima conteuacutedo controlado ou que exigepermissatildeo representa muito menos da cultura (LESSIG 2004 p 48)
Uma anaacutelise superficial a respeito do conceito de cultura livre poderia evidenciar a ideia errocircnea
de que uma cultura livre eacute uma cultura sem propriedade Lessig (2004 p 18) pronuncia-se a esse
respeito afirmando que
o oposto de uma cultura livre eacute uma lsquocultura da permissatildeorsquo mdash uma culturana qual os criadores podem criar apenas com a permissatildeo dos poderososou dos criadores do passado (LESSIG 2004 p 18)
Ele defende um equiliacutebrio relativo agrave detenccedilatildeo da produccedilatildeo cultural produzida pela sociedade
ou seja nem uma anarquia nem algum tipo de feudalismo Nesse contexto portanto natildeo se estaacute
pregando que os artistas por exemplo natildeo sejam considerados autores e natildeo possam receber pelos
seus trabalhos
A partir desse ponto de vista eacute possiacutevel relacionar o surgimento das novas tecnologias da
informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo mdash sobretudo as baseadas na Internet mdash e a questatildeo da cultura livre
Essas tecnologias podem facilitar o aumento (ou manutenccedilatildeo) da liberdade ou seja da possibilidade
de se criar sobre outras obras Essa facilidade com que as pessoas por meio dessas tecnologias
conseguem consumir e produzir cultura (acessar bens culturais e criar a partir dos mesmos) tende
a minar uma estrutura marcada pela tentativa de controle do processo por parte de grandes
corporaccedilotildees Como visto acima isso caracterizaria uma sociedade como menos livre
Frente agraves reflexotildees propostas em Lessig (2004) consideramos que o material didaacutetico denomi-
nado livre deveraacute ser o produto de um processo de produccedilatildeo livre ou seja processo em que os
autores tiveram a liberdade de consumir outros produtos culturais 6 sem a necessidade de chancela
de grupos ou corporaccedilotildees que figurem como detentores desses produtos Seguindo o mesmo
raciociacutenio esse material como um bem cultural deveraacute ter conteuacutedo livre contribuindo assim com
a circulaccedilatildeo livre da cultura
Ressaltamos que essa tentativa de caracterizaccedilatildeo soacute eacute possiacutevel na medida em que estamos
considerando o material didaacutetico de ensino de liacutenguas como produtos culturais que tambeacutem seratildeo
constituiacutedos por outros produtos culturais como muacutesicas textos imagens etc Produtos esses ndash os
materiais didaacuteticos ndash que tambeacutem poderatildeo ser apropriados por outros indiviacuteduos para elaboraccedilatildeo
de novos bens culturais
6Nesta tese utilizamos as expressotildees bens culturais e produtos culturais como equivalentes
12
O software livre
12 O software livre
Um software eacute criado a partir de uma linguagem de alto niacutevel tais como C Cobol ou Java perfeita-
mente compreensiacuteveis pelo ser humano Utilizando-se dessas linguagens o programador produz o
chamado coacutedigo-fonte Para que esse coacutedigo possa ser compreendido pelo computador ele precisa
passar por um processo de compilaccedilatildeo que o transformaraacute em linguagem binaacuteria (TAURION 2004
p 15)
O claacutessico atual e hegemocircnico (TAURION 2004 SILVEIRA 2004) modelo de desenvolvimento
e distribuiccedilatildeo de software consiste em ceder ao usuaacuterio uma licenccedila para o seu uso fornecendo-lhe
apenas a versatildeo do programa em linguagem binaacuteria Trata-se do modelo de software proprietaacuterio
(TAURION 2004 p 15)
Segundo Silveira (2004 p 10) em um modelo de software proprietaacuterio o usuaacuterio natildeo adquire
um produto dado que natildeo poderaacute alteraacute-lo reformaacute-lo ou sequer revendecirc-lo como poderia fazer com
uma casa por exemplo se fosse sua Ele possui apenas uma licenccedila para usaacute-lo permanecendo
como seu dono a empresa ou o programador responsaacutevel pelo seu desenvolvimento De fato o
usuaacuterio natildeo poderaacute alteraacute-lo ou revendecirc-lo natildeo apenas porque natildeo teraacute acesso ao seu coacutedigo-fonte
mas tambeacutem porque a licenccedila de uso natildeo lhe permite isso O modelo de negoacutecios do software
proprietaacuterio eacute portanto baseado em licenccedilas de propriedade e ldquovive do aprisionamento de seus
clientes ao pagamento de licenccedilas de usordquo (SILVEIRA 2004 65)
O software livre ao contraacuterio do software proprietaacuterio insere-se em um modelo de negoacutecio
caracterizado pelas liberdades de uso coacutepia modificaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo (SILVEIRA 2004 FREE
SOFTWARE FOUNDATION sd) Nesse modelo o coacutedigo-fonte tambeacutem eacute distribuiacutedo o que torna
o programa legiacutevel e passiacutevel de ser modificado Aleacutem de alterar o programa o usuaacuterio poderaacute
copiaacute-lo e redistribuiacute-lo sem restriccedilotildees Segundo Taurion (2004 p 17) o programador do software
livre ldquooutorga a todos direitos de usar copiar alterar e redistribuir o programardquo
Segundo a FREE SOFTWARE FOUNDATION (sd) o software livre se refere com mais exatidatildeo
a 4 (quatro) liberdades a saber
-A liberdade de executar o programa para qualquer propoacutesito (liberdade no
0)
-A liberdade de estudar como o programa funciona e adaptaacute-lo para as suasnecessidades (liberdade no 1) Acesso ao coacutedigo-fonte eacute um preacute-requisitopara esta liberdade
-A liberdade de redistribuir coacutepias de modo que vocecirc possa ajudar ao seuproacuteximo (liberdade no 2)
-A liberdade de aperfeiccediloar o programa e liberar os seus aperfeiccediloamentosde modo que toda a comunidade se beneficie (liberdade no 3) Acesso aocoacutedigo-fonte eacute um preacute-requisito para esta liberdade (FREE SOFTWAREFOUNDATION sd)
A filosofia do software livre eacute nitidamente diferente da filosofia do chamado software proprietaacuterio
na medida em que a distribuiccedilatildeo deste se restringe apenas agrave liberaccedilatildeo da sua versatildeo executaacutevel ou
seja do seu coacutedigo binaacuterio Esse tipo de distribuiccedilatildeo impede que seu usuaacuterio ou outros programado-
res vejam e estudem as soluccedilotildees de programaccedilatildeo relativas agravequele software jaacute que o acesso ao seu
13
O software livre
Quadro 11 As 4 liberdades de um Trabalho Cultural Livre
bull A liberdade de usar o trabalho e aproveitar os benefiacutecios do seu uso
bull A liberdade de estudar o trabalho e de aplicar o conhecimento dele adquirido
bull A liberdade de fazer coacutepias e distribuiacute-las em todo ou em parte da informaccedilatildeoou expressatildeo
bull A liberdade de fazer mudanccedilas e melhoramentos e de distribuir trabalhosderivados
Fonte adaptado de Freedomdefined (sd)
coacutedigo-fonte natildeo eacute possiacutevel
A partir dessas reflexotildees a respeito da filosofia do software livre bem como a descriccedilatildeo do seu
processo de negoacutecio eacute possiacutevel atribuir algumas caracteriacutesticas aos materiais didaacuteticos de natureza
livre De fato para que o material didaacutetico seja livre ele deveraacute se inserir em um modelo de negoacutecio
caracterizado pelas liberdades de uso coacutepia modificaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo para qualquer um para
qualquer finalidade ou seja fundamentar-se - resguardadas as diferenccedilas entre os dois produtos
- em liberdades equivalentes agraves 4 (quatro) liberdades atribuiacutedas pela Free Software Foundation
ao software livre Ademais ele deveraacute ser disponibilizado de modo que essas liberdades sejam
garantidas
Encontramos expressatildeo para nossos anseios por liberdades equivalentes para o Material Didaacutetico
Virtual Livre em Freedomdefined (sd) Com efeito ao caracterizar Trabalhos Culturais Livres - ou
seja trabalhos culturais que podem ser livremente estudados aplicados copiados eou modificados
por qualquer um para qualquer finalidade(FREEDOMDEFINED sd) - os autores dessa instituiccedilatildeo
adaptam as 4 (quatro) liberdades do software livre de modo a poder atribuiacute-las a trabalhos culturais
caracterizando-os dessa forma como livres Essas liberdades as quais consideramos aplicaacuteveis
tambeacutem aos Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres satildeo descritas no QUAD 11 Consideramos que
a tentativa de garantir essas liberdades encontra-se em utilizar software livre ou formatos livres 7
como suporte para materiais didaacuteticos virtuais de natureza livre
Uma anaacutelise simples a respeito das distribuiccedilotildees de software livre e proprietaacuterio pode evidenciar
o fato de que a filosofia do software livre permite uma maior circulaccedilatildeo do conhecimento e estimula o
trabalho colaborativo A circulaccedilatildeo do conhecimento se daacute exatamente pelo fato de o coacutedigo-fonte
do software livre ser aberto podendo ser estudado por quem quer que seja O trabalho colaborativo
por sua vez eacute estimulado pela liberdade de alterar utilizar e redistribuir o software Cabe lembrar
que a condiccedilatildeo fundamental da redistribuiccedilatildeo de novas versotildees eacute a manutenccedilatildeo da liberaccedilatildeo do
7O termo formato se refere agrave maneira como um arquivo seraacute gravado ou seja agrave sua extensatildeo (CULTURAUFPA sd SUDREacute 2013 p 34) Assim como um software ou um aplicativo os formatos de arquivos tambeacutempodem ser livres ou proprietaacuterios Satildeo exemplos de formatos proprietaacuterios o doc (formato de documentosdo Microsoft Word) e o pps (formato de apresentaccedilotildees do Microsoft PowerPoint) Os formatos odt (paraarquivos de texto) e odp (para apresentaccedilotildees de slides) satildeo por sua vez exemplos de formatos livres
14
O software livre
coacutedigo-fonte o que garante que o software continue livre e que outros programadores possam
tambeacutem gozar de suas liberdades
O trabalho colaborativo caracteriacutestico da filosofia do software livre evoca imediatamente a ideia
de inteligecircncia coletiva proposta em Levy (2007 p 28) Segundo esse autor a inteligecircncia coletiva
Eacute uma inteligecircncia distribuiacuteda por toda a parte incessantemente valorizadacoordenada em tempo real que resulta em uma mobilizaccedilatildeo efetiva dascompetecircncias Acrescentemos agrave nossa definiccedilatildeo este complemento indis-pensaacutevel a base e o objetivo da inteligecircncia coletiva satildeo o reconhecimentoe o enriquecimento muacutetuo das pessoas () Uma inteligecircncia distribuiacutedapor toda parte tal eacute o nosso axioma inicial Ningueacutem sabe tudo todossabem alguma coisa todo o saber estaacute na humanidade (LEVY 2007 p28)
O debate proposto por Levy (2007) a respeito da inteligecircncia coletiva estaacute diretamente relacio-
nado com as novas possibilidades de interaccedilatildeo oferecidas pelo ciberespaccedilo Ele se refere agraves novas
tecnologias digitais que facilitam sensivelmente o trabalho colaborativo e consequentemente a
manifestaccedilatildeo da inteligecircncia coletiva
Quando diferentes programadores de diferentes partes do mundo por iniciativa proacutepria de
forma siacutencrona ou assiacutencrona decidem aprimorar um programa agregando valor ao mesmo cada
qual com a sua competecircncia a inteligecircncia coletiva se manifesta Essa dinacircmica de trabalho soacute eacute
possiacutevel a partir de uma filosofia como a do software livre - em oposiccedilatildeo ao modelo proprietaacuterio
Para que o material didaacutetico seja caracterizado como livre consideramos que ele deve ser
suscetiacutevel agrave accedilatildeo da inteligecircncia coletiva como concebida por Levy (2007 p 28) Em outras palavras
esse material poderaacute ser produzido por vaacuterios autores os quais poderatildeo aprimoraacute-lo segundo as
suas competecircncias individuais gerando novas versotildees Saber programar eacute a competecircncia requerida
para se alterar um software livre Da mesma maneira competecircncias operativas - tais como entre
outros saber elaborar unidades didaacuteticas materiais didaacuteticos e exames de verificaccedilatildeo (DIADORI
2001 p 199) - bem como niacuteveis baacutesicos de letramento digital seratildeo condiccedilatildeo para o trabalho de
elaboraccedilatildeo do material didaacutetico livre
Uma interpretaccedilatildeo equivocada a respeito do software livre poderia se instalar ao se associarem
as suas liberdades agrave condiccedilatildeo de distribuiccedilatildeo gratuita do mesmo De fato o software livre natildeo
precisa ser necessariamente distribuiacutedo de forma gratuita O usuaacuterioprogramador tem a liberdade
de alterar um software livre e vender a sua nova versatildeo desde que o mantenha livre ldquoSoftware
livre eacute uma questatildeo de liberdade natildeo de preccedilordquo (FREE SOFTWARE FOUNDATION sd) A esse
respeito Morimoto (2009 p 15) acrescenta que
Existe a possibilidade de ganhar algum dinheiro vendendo CDs gravadospor exemplo mas como todo mundo pode fazer a mesma coisa eacute precisovender por um preccedilo relativamente baixo cobrando pelo trabalho de grava-ccedilatildeo e natildeo pelo software em si que estaacute largamente disponiacutevel (MORIMOTO2009 p 15)
Emfim Silveira (2004) lembra que o modelo de negoacutecio do software livre eacute baseado em serviccedilos
e procura vender desenvolvimento capacitaccedilatildeo e suporte Se por um lado o programador natildeo
15
Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons
tem lucro financeiro com a venda de programas de coacutedigo aberto ele o teraacute com a prestaccedilatildeo de
serviccedilos advinda do uso e da adaptaccedilatildeo do software livre para determinados contextos ou demandas8 O programador portanto recebe pelo seu serviccedilo e natildeo pela venda do software O mesmo
princiacutepio poderaacute ser atribuiacutedo ao trabalho com materiais didaacuteticos virtuais de natureza livre De
fato professores com as devidas competecircncias poderatildeo se apropriar do material livre e adaptaacute-lo a
contextos especiacuteficos sendo pagos por esse trabalho 9 Capacitaccedilatildeo e suporte tambeacutem satildeo tarefas
cabiacuteveis para atuaccedilatildeo do professor em um modelo de negoacutecio livre capacitaccedilatildeo para o uso do
material didaacutetico de natureza livre e suporte didaacutetico e operacional para a sua utilizaccedilatildeo por terceiros
Observamos dessa forma a possibilidade de abertura de novos nichos de atuaccedilatildeo para o
profissional de letras decorrentes da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre Para que ele
possa atuar nessas novas frentes de trabalho deveraacute necessariamente desenvolver competecircncias
operativas (DIADORI 2001 p 199) e aumentar o seu niacutevel de letramento digital ou seja desenvolver
as competecircncias necessaacuterias para o uso das novas tecnologias no acircmbito do ensinoaprendizagem
de liacutenguas
13 Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons
Creative Commons eacute uma proposta de licenccedila de uso mais flexiacutevel (CREATIVE COMMONS sd
JOSGRILBERG 2008 p 113) - ou menos restritiva - que o Copyright e mais restritiva que o Domiacutenio
Puacuteblico (GABRIEL 2013 p 48) Conforme nos lembra Gabriel (2013 p 48) se o Copyright carrega
a ideia de todos os direitos reservados o Domiacutenio Puacuteblico significa sem direitos reservados e o
Creative Commons alguns direitos reservados
A licenccedila Creative Commons formatada em 2002 (FARIA 2011 p 22) foi concebida por
Lawrence Lessig (ROSENBERG 2004 JOSGRILBERG 2008 GABRIEL 2013 p 432 p 113 p
47) advogado estadunidense com o objetivo de facilitar o processo de uso e compartilhamento de
obras Essa tentativa de facilitaccedilatildeo se configura na medida em que propotildee eliminar a burocracia
desse processo de uso e compartilhamento imposto pelo Copyright (JOSGRILBERG 2008 p 114)
O Creative Commons de fato consiste em um sistema de licenciamento em que o artista ou autor
define quais direitos e liberdades seratildeo atribuiacutedas agrave sua produccedilatildeo No ato do licenciamento seraacute
estabelecido por exemplo se a obra poderaacute ser executada comercializada ou ateacute modificada por
terceiros Tais condiccedilotildees de uso satildeo agregadas ao produto e passam a ser visiacuteveis ao puacuteblico que
seraacute assim informado a respeito do que pode ou natildeo pode fazer com ele Dessa forma espera-se
a extinccedilatildeo da figura do intermediaacuterios - por exemplo de advogados - e da burocracia jaacute que as
permissotildees de uso estatildeo previamente estabelecidas pelos autores
O QUAD 12 apresenta as condiccedilotildees baacutesicas de licenciamento que o autor poderaacute atribuir agrave
sua obra Note-se que no ato do licenciamento ele poderaacute combinaacute-las de modo a delinear com
precisatildeo os direitos que pretende estabelecer para a obra Segundo a CREATIVE COMMONS
8Tome-se como exemplo um programador que eacute contratado por uma padaria ou uma farmaacutecia paraadaptar um software livre as suas necessidades especiacuteficas
9Tome-se agora como exemplo um professor com a competecircncia necessaacuteria contratado por umainstituiccedilatildeo para adaptar o material didaacutetico livre para a sua realidade ou seja para o seu contexto de ensinoEntendemos por adaptaccedilatildeo em consonacircncia com Mezzadri (2003) a produccedilatildeo de material ad hoc
16
Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons
BRASIL (sd) o uso indevido das obras sob a licenccedila Creative Commons poderaacute ser julgado como
violaccedilatildeo de direitos autorais Ademais Gabriel (2013 p 49) observa que essas licenccedilas jaacute foram
traduzidas e adaptadas agrave legislaccedilatildeo de diversos paiacuteses inclusive agraves do Brasil Essa informaccedilatildeo
corrobora a ideia de que o objetivo da licenccedila Creative Commons natildeo eacute abolir os direitos autorais
mas flexibilizaacute-los
As condiccedilotildees baacutesicas de licenciamento apresentadas no QUAD 12 combinadas entre si
compotildeem o conjunto de 6 (seis) licenccedilas Creative Commons ndash a saber Atribuiccedilatildeo Atribuiccedilatildeo - sem
derivados Atribuiccedilatildeo - natildeo comercial - compartilha igual Atribuiccedilatildeo - compartilha igual Atribuiccedilatildeo -
natildeo comercial e Atribuiccedilatildeo - natildeo comercial - sem derivados ndash reunidas e descritas no QUAD 13
Cabe ao autor escolher uma das propostas e conferi-la ao seu trabalho de acordo com as liberdades
que deseja atribuir-lhe
Em termos operacionais o registro das obras eacute feito pela Internet nas proacuteprias paacuteginas da
organizaccedilatildeo natildeo governamental sem fins lucrativos tambeacutem chamada Creative Commons Aleacutem do
sistema de registro suas paacuteginas oferecem em associaccedilatildeo com empresas como Google 10 Yahoo11 e Flickr 12 - entre outras - motores de busca especializados na localizaccedilatildeo de material registrado
sob a licenccedila Creative Commons
Natildeo obstante a clara flexibilidade das licenccedilas Creative Commons em detrimento agrave proposta
do Copyright conforme discute Faria (2011 p 25) nem todas as licenccedilas Creative Commons
podem ser consideradas livres O autor fundamenta a sua constataccedilatildeo no conceito de Licenccedila
Livre proposto em Freedomdefined (sd) a qual - consideramos - relaciona-se estritamente com a
essecircncia da filosofia do software livre conforme proposto pela Free Software Foundation - discutido
na seccedilatildeo 12 deste capiacutetulo - ou seja consiste na ideia de que
[L]icenccedila [L]ivre eacute toda licenccedila que garante ao receptor de uma obra prote-gida por direito autoral as liberdades de utilizar e gozar dos benefiacutecios deseu uso[] copiar e distribuir[] estudar e modificar[] e distribuir modificaccedilotildeesdaquela obra (FREEDOMDEFINED sd apud FARIA 2011 p 21)
Dessa forma ainda segundo Faria (2011 p 26) algumas licenccedilas apresentam atributos que
violam as liberdades de coacutepia distribuiccedilatildeo e modificaccedilatildeo - conforme a citada definiccedilatildeo de licenccedila
livre - e portanto natildeo podem ser incluiacutedas em obras designadas como livres Como exemplo Faria
(2011 p 26) cita os atributos Natildeo a obras derivadase Uso natildeo comercial Enquanto a primeira
natildeo permite a modificaccedilatildeo a segunda subtrai a liberdade comercial de uso da obra derivada
Consideramos que ao interpretar a subtraccedilatildeo da liberdade de uso comercial da obra derivada
como um desvio do conceito de Licenccedila Livre Freedomdefined (sd apud FARIA 2011 p 26)
dialoga com a ideia - discutida na seccedilatildeo 12 desta tese - de que segundo a Free Software Foundation
software livre eacute uma questatildeo de liberdade e natildeo de preccedilo Dessa forma uma licenccedila que restringe o
uso comercial natildeo estaria de acordo com a noccedilatildeo de Licenccedila Livre (FREEDOMDEFINED sd) e
naturalmente tampouco com a filosofia do software livre (FREE SOFTWARE FOUNDATION sd)
Faria (2011 p 25) cita como exemplos de atributos que caracterizam a licenccedila como livre a
10wwwgooglecombr11wwwyahoocombr12wwwflickrcom
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Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons
Quadro 12 Condiccedilotildees baacutesicas de licenciamento Creative Commons
Condiccedilatildeoda licenccedila
Explicaccedilatildeo Exemplo
Atribuiccedilatildeo Vocecirc permite que outras pes-soas copiem distribuam e exe-cutem sua obra protegida pordireitos autorais mdash e as obrasderivadas criadas a partir delamdash mas somente se for dado creacute-dito da maneira que vocecirc esta-beleceu
Joana publica sua fotografia com alicenccedila de Atribuiccedilatildeo por que ela de-seja que todos usem suas fotos con-tanto que lhe deem creacutedito Beto en-contra na Internet a fotografia de Jo-ana e deseja mostraacute-la na primeira paacute-gina de seu website Beto coloca a fo-tografia de Joana em seu site e indicade forma clara a autoria da mesma
Uso natildeo-comercial
Vocecirc permite que outras pes-soas copiem distribuam e exe-cutem sua obra mdash e as obrasderivadas criadas a partir delamdash mas somente para fins natildeocomerciais
Gustavo publica sua fotografia em seuwebsite com uma licenccedila de Uso NatildeoComercial Camila imprime a fotogra-fia de Gustavo Camila natildeo estaacute auto-rizada a vender a impressatildeo da foto-grafia sem a autorizaccedilatildeo de Gustavo
Natildeo aobras de-rivadas
Vocecirc permite que outras pes-soas copiem distribuam e exe-cutem somente coacutepias exatasda sua obra mas natildeo obras de-rivadas
Sara licencia a gravaccedilatildeo de sua muacute-sica com uma licenccedila Natildeo a ObrasDerivadas Joatildeo deseja cortar umafaixa da muacutesica de Sara e incluiacute-la emsua proacutepria obra remixando-a e cri-ando uma obra totalmente nova Joatildeonatildeo pode fazer isso sem autorizaccedilatildeode Sara
Compartilhamento pelamesmalicenccedila
Vocecirc pode permitir que outraspessoas distribuam obras de-rivadas somente sob uma li-cenccedila idecircntica agrave licenccedila querege sua obra
A fotografia de Gustavo eacute licenciadasob as condiccedilotildees de Uso Natildeo Comer-cial e Compartilhamento pela mesmaLicenccedila Camila eacute uma artista ama-dora de colagem Ela usa a foto-grafia de Gustavo em uma de suascolagens A condiccedilatildeo do Comparti-lhamento pela mesma Licenccedila exigeque Camila disponibilize sua colagemcom uma licenccedila Uso Natildeo Comercialplus-Compartilhamento pela mesmaLicenccedila Esta condiccedilatildeo faz com queCamila disponibilize sua obra a todasas pessoas sob os mesmos termoscom os quais Gustavo disponibilizoua ela
Fonte adaptado de CREATIVE COMMONS BRASIL (sd)
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Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons
Quadro 13 Conjunto de licenccedilas Creative Commons
Atribuiccedilatildeo - CC BY Esta licenccedila permiteque outros distribuam remixem adapteme construam sobre a sua obra mesmo co-mercialmente desde que lhe deem creacuteditopela criaccedilatildeo original Esta eacute a licenccedila maisaberta dentre as oferecidas Recomendadopara ampla divulgaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos ma-teriais licenciados
Atribuiccedilatildeo-natildeo comercial - compartilha igual- CC BY-NC-SA Esta licenccedila permite queoutros remixem faccedilam tweak e construamsobre o seu trabalho natildeo comercialmentecontanto que atribuam creacutedito a vocecirc e li-cenciem as novas criaccedilotildees sob os mesmostermos
Atribuiccedilatildeo-natildeo comercial - CC BY-NC Estalicenccedila permite que outros remixem adap-tem e criem obras natildeo comerciais e apesarde suas obras novas deverem creacuteditos avocecirc vocecirc e ser natildeo comerciais natildeo preci-sam ser licenciadas nos mesmos termos
Atribuiccedilatildeo-sem derivados - CC BY-ND Estalicenccedila permite a redistribuiccedilatildeo comercial enatildeo comercial desde que a obra permaneccedilainalterada com creacutedito para vocecirc
Atribuiccedilatildeo-compartilha igual - CC BY-SAEsta licenccedila permite que outros remixemfaccedilam tweak e construam sobre a sua obramesmo para fins comerciais contanto queatribuam creacutedito a vocecirc e licenciem as no-vas criaccedilotildees sob os mesmos paracircmetrosEsta licenccedila eacute muitas vezes comparada aoCopyleft ndash licenccedilas de software livre e opensource Todas as novas obras com base nasua levaratildeo a mesma licenccedila entatildeo quais-quer derivados tambeacutem permitiratildeo o uso co-mercial Esta eacute a licenccedila utilizada pela Wiki-pedia e eacute recomendada para materiais quese beneficiariam de conteuacutedo da Wikipediae de projetos igualmente licenciados
Atribuiccedilatildeo - natildeo comercial - sem derivados- CC BY-NC-ND Esta licenccedila eacute a mais res-tritiva das nossas seis licenccedilas principaispermitindo que os outros faccedilam o downloadde suas obras e compartilhem-nas desdeque deem creacutedito a vocecirc natildeo as alterem oufaccedilam uso comercial delas
Fonte adaptado de (CREATIVE COMMONS BRASIL sd)
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Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons
Atribuiccedilatildeoe a Atribuiccedilatildeo - compartilhamento pela mesma licenccedila Conforme lembra Faria (2011
p 25) a Atribuiccedilatildeorequer apenas que o autor da obra original seja citado da maneira como definir
Nesse caso qualquer um pode copiar distribuir e modificar inclusive para fins comerciais desde que
preserve os creacuteditos da obra original (FARIA 2011 p 25) Ele acrescenta que esse atributo quando
utilizado individualmente permite a maacutexima disseminaccedilatildeo do material licenciado A Atribuiccedilatildeo -
compartilhamento pela mesma licenccedila por sua vez requer que - aleacutem de o autor da obra original
ser citado da maneira como definir - o trabalho derivado seja distribuiacutedo com a mesma licenccedila Faria
(2011 p 26) lembra que esse mecanismo de preservaccedilatildeo da liberdade eacute tambeacutem conhecido como
Copyleft
Cabe mencionar que o Copyleft termo originalmente associado agrave licenccedila de uso de software
livre denominada GPL por Richard Stallman foi criado pelo artista e programador Don Hopkins o
qual o definiu como all rights reversed13 fazendo trocadilho com Copyright - all rights reserved14
(FARIA 2011 p 24) Em outras palavras o Copyleft pode ser definido como
uma forma de usar a legislaccedilatildeo de proteccedilatildeo dos direitos autorais com oobjetivo de retirar barreiras agrave utilizaccedilatildeo difusatildeo e modificaccedilatildeo de uma obracriativa devido agrave aplicaccedilatildeo claacutessica das normas de propriedade intelec-tual exigindo que as mesmas liberdades sejam preservadas em versotildeesmodificadas (FARIA 2011 p 24)
Definido como tal de acordo com Faria (2011 p 24) e Gabriel (2013 p 47) o Copyleft se
diferencia do Domiacutenio Puacuteblico na medida em que apresenta restriccedilotildees que precisam ser observadas
Lembramos que o Domiacutenio Puacuteblico por sua vez permite qualquer utilizaccedilatildeo de uma obra
Consideramos enfim que materiais didaacuteticos virtuais para serem classificados como livres
deveratildeo ser compostos por insumos sinalizados de alguma maneira como livres Esse material
deveraacute ao mesmo tempo possuir uma licenccedila livre que especifique as liberdades a ele atribuiacutedas
Tomamos nesse caso o termo livre conforme definido em Freedomdefined (sd) citado em Faria
(2011 p 21) e discutido neste seccedilatildeo Isso significa que apesar de adotarmos a licenccedila Creative
Commons em nosa pesquisa - bem como considerar os 6 (seis) tipos de licenccedilas funcionais
no acircmbito da produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos de ensino-aprendizagem de liacutenguas -
concordamos com Faria (2011 p 26) quando observa que nem todas as suas licenccedilas poderatildeo
ser vistas como livres Concordamos ainda que os atributos Natildeo a obras derivadase Uso natildeo
comercialmarcam esse descompasso
Ademais dada a flexibilidade e a funcionalidade do conjunto de licenccedilas Creative Commons
- bem como a sua discrepacircncia com relaccedilatildeo ao universo do Copyright ou seja de um universo
fechado marcado pela burocracia e pela desfavorecimento da Cultura Livre (LESSIG 2004 p 18) -
parece-nos aceitaacutevel considerar que esses atributos - a saber Natildeo a obras derivadase Uso natildeo
comercialidentificam o que vamos reconhecer como Material Didaacutetico Virtual Livre com Algumas
Restriccedilotildees
13Todos os direitos revertidos14Todos os direitos reservados
20
Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre
Figura 11 Material Didaacutetico Virtual Livre e seus conceitos subjacentes
14 Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual
Livre
Considerados os debates das seccedilotildees anteriores eacute possiacutevel apontar alguns dos traccedilos que do nosso
ponto de vista caracterizam o material didaacutetico virtual como livre
Conforme mencionado consideramos que o Material Didaacutetico Virtual Livre deveraacute ser o produto
de um processo de produccedilatildeo livre ou seja processo em que os autores tiveram a liberdade de
consumir outros produtos culturais sem a necessidade de permissatildeo de grupos ou corporaccedilotildees que
figurem como detentores desses produtos Seguindo o mesmo raciociacutenio esse material como um
bem cultural deveraacute ele proacuteprio figurar como livre contribuindo assim com a circulaccedilatildeo livre da
cultura Em outras palavras trata-se de um tipo de material didaacutetico que em essecircncia beneficia-se
da cultura livre - conforme definido em Lessig (2004 p 48) - ao mesmo tempo em que a promove
(SOUZA 2010b SOUZA 2011c SOUZA 2011a SOUZA 2011b) ndash sendo naturalmente suscetiacutevel
agrave accedilatildeo da inteligecircncia coletiva como concebida por Levy (2007 p 28)
Consideramos que para que isso ocorra esse material didaacutetico deveraacute se inserir em um modelo
de negoacutecio livre - ou seja caracterizado pelas liberdades de uso coacutepia modificaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo
(FREE SOFTWARE FOUNDATION sd SILVEIRA 2004 p 9) para qualquer um e para qualquer
fim (FREE SOFTWARE FOUNDATION sd) - utilizar como suporte um software livre ou em
consonacircncia com Freedomdefined (sd) formatos livres Ele deveraacute tambeacutem consumir insumos
livres e ser ele proacuteprio registrado com uma licenccedila livre sendo o termo Licenccedila Livre tomado em
ambos os casos segundo a definiccedilatildeo da Freedomdefined (sd) - ou seja que essencialmente
proteja a manutenccedilatildeo das liberdades de uso coacutepia distribuiccedilatildeo e modificaccedilatildeo A FIG 11 ilustra
21
Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre
Quadro 14 Os materiais didaacuteticos fechado Virtual Livre Virtual Livre com AlgumasRestriccedilotildees e suas licenccedilas
Material didaacuteticofechado
Material DidaacuteticoVirtual Livre com
AlgumasRestriccedilotildees
Material DidaacuteticoVirtual Livre
Licenccedilaproacutepria
eoudos in-sumos
bull Copyright bull CC-BY-NC
bull CC-BY-NC-SA
bull CC-BY-ND
bull CC-BY-NC-ND
bull CC-BY
bull CC-BY-SA(Copyleft)
por meio de um mapa conceitual as relaccedilotildees entre os principais conceitos discutidos a respeito da
caracterizaccedilatildeo do Material Didaacutetico Virtual Livre
Em adiccedilatildeo consideramos que a presenccedila dos atributos Uso natildeo comercial(NC) e Natildeo a obras
derivadas(ND) em sua licenccedila - eou dos insumos que utiliza caracteriza o material didaacutetico virtual
como Material Didaacutetico Virtual Livre com Algumas Restriccedilotildees O QUAD 14 mostra a relaccedilatildeo entre
materiais didaacuteticos fechados Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres e Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres
com Algumas Restriccedilotildees no que diz respeito ao tipo de licenccedila
Encontramos em Freedomdefined (sd) e na Wikipedia - sendo nesta por meio da entrada
LICENCcedilAS CREATIVE COMMONS (sd) - concepccedilotildees equivalentes agraves nossas a respeito da
natureza livre do material didaacutetico virtual De fato a Freedomdefined (sd) aponta 4 (quatro)
caracteriacutesticas as quais denomina Condiccedilotildees Adicionais para Atribuiccedilatildeo de Caraacuteter Livre a um
Trabalho Cultural Satildeo elas a disponibilidade da fonte de dados o uso de um formato livre nenhuma
restriccedilatildeo teacutecnica e nenhuma outra restriccedilatildeo ou limitaccedilatildeo A Wikipedia por sua vez por meio da
entrada LICENCcedilAS CREATIVE COMMONS (sd) aponta para a necessidade de atribuiccedilatildeo clara de
autoria dos trabalhos subjacentes a uma obra derivada Por meio do QUAD 15 apresentamos uma
amalgamaccedilatildeo dos pontos de vista da Freedomdefined (sd) e da Wikipedia os quais - consideramos
- aleacutem de dialogar com alguns aspectos da nossa concepccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre pode
auxiliar os trabalhos praacutetico-operativos (tais como produccedilatildeo e reconhecimento) com materiais dessa
natureza no acircmbito do ensino-aprendizagem de liacutenguas
Destacamos a partir do exposto no QUAD 15 o debate sobre o uso de formatos livres Concor-
damos com a Freedomdefined (sd) quando assumem que a condiccedilatildeo de liberdade dos Trabalhos
Culturais Livres seraacute mantida no caso de uso de formatos natildeo livres - por razotildees praacuteticas - quando
disponibilizada uma coacutepia em formato livre e no caso de uso de formatos digitais patenteados -
22
Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre
Quadro 15 Caraacuteter livre a materiais didaacuteticos virtuais algumas condiccedilotildees
Disponibilidade dafonte de dados
Onde um trabalho final foi obtido por meio de compilaccedilatildeo ou pro-cessamento de um arquivo fonte ou de muacuteltiplos arquivos fontetodas as fontes de dados subjacentes devem estar disponiacuteveisjuntamente com o trabalho propriamente dito sob as condiccedilotildeesoriginais Pode ser uma partitura de uma composiccedilatildeo musical osmodelos usados em uma cena em 3D os dados de uma publica-ccedilatildeo cientiacutefica os coacutedigos fonte de um programa de computadorou qualquer outra informaccedilatildeo deste tipo
Disponibilidade deindicaccedilotildees clarassobre as licenccedilasdas fontes de dados
Onde um trabalho final foi obtido por meio da compilaccedilatildeo ouprocessamento de um arquivo fonte ou de muacuteltiplos arquivos fonteas licenccedilas de todas as fontes de dados subjacentes devem estardisponiacuteveis juntamente com o trabalho propriamente dito deforma clara Isso significa incluir quaisquer avisos de direitosautorais (se aplicaacutevel) Citar o nome pseudocircnimo ou user ID doautor (Internet) Citar o tiacutetulo ou nome da obra caso haja algum(no caso de Internet) Citar sobre qual licenccedila a obra se encontraMencionar se a obra eacute derivada ou adaptada Se for adaptadpapor exemplo indicar Esta eacute uma traduccedilatildeo para o portuguecircs de[nome da obra original] de [autor]ou Roteiro baseado em [obraoriginal] [autor]
Uso de um formatolivre
Para arquivos digitais o formato no qual um trabalho eacute disponi-bilizado natildeo deve ser protegido por patentes a menos que sejaemitida uma permissatildeo livre de royalties mundial ilimitada e irrevo-gaacutevel para que se faccedila uso da tecnologia patenteada Enquantoformatos natildeo-livres podem agraves vezes ser usados por razotildees praacuteti-cas uma coacutepia em formato livre deve estar disponiacutevel para que otrabalho seja considerado livre
Nenhuma restriccedilatildeoteacutecnica
O trabalho deve estar disponiacutevel de maneira que nenhuma medidateacutecnica seja usada para limitar as liberdades acima enumeradas
Nenhuma outra res-triccedilatildeo ou limitaccedilatildeo
O trabalho propriamente dito natildeo deve estar coberto por restriccedilotildeeslegais (patentes contratos etc) ou limitaccedilotildees (como direitos deprivacidade) o que anularia as liberdades acima enumeradas [as4 (quatro) liberdades anunciadas no QUAD 11] Um trabalhopode fazer uso de isenccedilotildees legais ao direito autoral (para citartrabalhos sob direito autoral) embora apenas as suas porccedilotildeesque satildeo inambiguamente livres constituem um trabalho livre
Fonte adaptado de Freedomdefined (sd) e LICENCcedilAS CREATIVE COMMONS (sd)
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Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre
Quadro 16 Os materiais didaacuteticos fechado Virtual Livre Virtual Livre com AlgumasRestriccedilotildees e seus suportes
Material didaacuteticofechado
Material DidaacuteticoVirtual Livre com
Algumas Restriccedilotildees
Material DidaacuteticoVirtual Livre
Tipo desuportedigital
bull Software eouformato proprie-taacuterio
bull Formato propri-etaacuterio legiacutevel eeditaacutevel por soft-ware livre En-quanto a condi-ccedilatildeo for vaacutelida
bull Software eou for-mato livres
bull Formato proprie-taacuterio com coacutepiaem formato livre
bull Formato patente-ado com permis-satildeo livre de royal-ties
tambeacutem por razotildees praacuteticas - quando emitida uma permissatildeo livre de royalties sendo essa de abran-
gecircncia mundial e irrevogaacutevel Consideramos esse raciociacutenio vaacutelido tambeacutem para Materiais Didaacuteticos
Virtuais Livres Com efeito em ambos os casos o material didaacutetico virtual permaneceraacute livre mediante
o cumprimento das respectivas condiccedilotildees - a saber a disponibilidade de uma coacutepia em formato
livre e de uma permissatildeo livre de royalties de abrangecircncia mundial e irrevogaacutevel Acrescentamos
que por outro lado vamos considerar Material Didaacutetico Virtual Livre com Algumas Restriccedilotildees os
casos em que forem utilizados formatos natildeo livres - ou proprietaacuterios - tais como entre outros os
formatos doc (formato de texto do Microsoft Word) e pps (formato de apresentaccedilotildees do Microsoft
Power Point) - sem a disponibilizaccedilatildeo de uma versatildeo em formato livre quando (e enquanto) esses
formatos proprietaacuterios puderem ser lidos e editados por aplicativos livres Indicamos no QUAD 16
a relaccedilatildeo entre materiais didaacuteticos fechados Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres e Materiais Didaacuteticos
Virtuais Livres com Algumas Restriccedilotildees no que se refere ao tipo de suporte digital
Concluiacutemos esta subseccedilatildeo - e este capiacutetulo - trazendo para debate dois aspectos relacionados
a maneira como concebemos Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres em nossa pesquisa e consequen-
temente nesta tese O primeiro aspecto consiste em nossa visatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
como Sequecircncias Didaacuteticas (OLIVEIRA 2013 p 53) A fim de discuti-lo retomamos o conceito
de Recursos Educacionais Abertos (THE WILLIAM AND FLORA HEWLETT FOUNDATION SD
BARBOSA ARIMOTO 2013 p 18) Cabe lembrar que esse conceito tal qual o de Trabalhos Cultu-
rais Livres (FREEDOMDEFINED sd) dialoga em essecircncia com a nossa visatildeo sobre Materiais
Didaacuteticos Virtuais Livres Conforme dissemos no iniacutecio deste capiacutetulo todos os trecircs conceitos podem
ser interpretados como tentativas de aplicaccedilatildeo da filosofia do software livre em artefatos diferentes
de software O segundo diz respeito agrave nossa escolha pela utilizaccedilatildeo do especificador livre - em
detrimento a aberto - na expressatildeo Material Didaacutetico Virtual Livre
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Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre
De acordo com THE WILLIAM AND FLORA HEWLETT FOUNDATION (SD) Recursos Educaci-
onais Abertos
satildeo recursos de ensino aprendizagem e pesquisa que estatildeo em domiacuteniopuacuteblico ou foram disponibilizados com uma licenccedila de propriedade intelec-tual que permite a liberdade de uso e reaproveitamento por outros (THEWILLIAM AND FLORA HEWLETT FOUNDATION SD)
Conforme lembram THE WILLIAM AND FLORA HEWLETT FOUNDATION (SD) e Barbosa e
Arimoto (2013 p 18) esse conceito foi definido pela Unesco em 2002 e se refere a cursos completos
materiais de cursos moacutedulos livros texto viacutedeos provas software ou qualquer outra ferramenta
ou teacutecnica usada para apoiar o acesso ao conhecimento
Observamos que em nossa pesquisa - bem como nesta tese - nossa visatildeo de Material Didaacutetico
Virtual Livre estaacute relacionada agrave ideia de Sequecircncia Didaacutetica tal qual definida em Oliveira (2013 p
53) encontrando reflexo tambeacutem em Dolz J Noverraz e Schneuwly (2004 p 83) Segundo Oliveira
(2013 p 53) uma Sequecircncia Didaacutetica pode ser definida como
um conjunto de atividades conectadas entre si e [que] prescinde de umplanejamento para delimitaccedilatildeo de cada etapa eou atividade para trabalharos conteuacutedos disciplinares de forma integrada para uma melhor dinacircmicano processo ensino-aprendizagem (OLIVEIRA 2013 p 53)
Dessa forma apesar da ancestralidade comum entre os dois conceitos a visatildeo de que a
expressatildeo Recursos Educacionais Abertos - conforme THE WILLIAM AND FLORA HEWLETT
FOUNDATION (SD) e Barbosa e Arimoto (2013 p 18) - pode ser utilizado para referenciar
nominalmente artefatos de naturezas diversas (tais como livros texto programas ou software)
diferencia-se da maneira como concebemos Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres ou seja como
Sequecircncias Didaacuteticas (OLIVEIRA 2013 p 53) materializadas em formato digital
Por fim justificamos nossa escolha pelo especificador livre - em oposiccedilatildeo a aberto - na ex-
pressatildeo Material Didaacutetico Virtual Livre Natildeo obstante considerarmos os termos aberto e livre
intercambiaacuteveis nessa expressatildeo optamos pelo termo livre por consideraacute-lo mais coerente com as
expressotildees relativas aos conceitos que do nosso ponto de vista - conforme discutimos neste capiacutetulo
- fundamentam-no A saber Cultura Livre (LESSIG 2004 48) software livre (FREE SOFTWARE
FOUNDATION sd) e Licenccedila Livre (FREEDOMDEFINED sd)
Esperamos que por meio do debate apresentado neste capiacutetulo a respeito da natureza livre do
material didaacutetico virtual tenha sido possiacutevel expressar nossa percepccedilatildeo - anunciada na introduccedilatildeo
desta tese - de que esse tipo de material didaacutetico apresenta especificidades e que portanto -
conforme nossa hipoacutetese - ao ser inserido no acircmbito do ensino-aprendizagem de italiano como
LEL2 pode apresentar Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 45) tambeacutem especiacuteficos A partir
do exposto eacute possiacutevel por exemplo observar que a praacutetica de elaboraccedilatildeo de materiais didaacuteticos
com insumos provenientes da Internet bem como a publicaccedilatildeo de materiais didaacuteticos de autoria
proacutepria na rede mundial de computadores - as quais se apresentam jaacute consagradas na rotina de
professores de idiomas - distingui-se da praacutetica especiacutefica de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual
Livre dada justamente a sua natureza livre
25
Capiacutetulo 2
Material Didaacutetico Virtual Livre para o
ensino de liacutenguas material
poacutes-meacutetodo() - explorando
interseccedilotildees
Neste capiacutetulo trazemos para debate a nossa hipoacutetese de que materiais didaacuteticos de natureza virtual
livre estatildeo sintonizados com a pedagogia poacutes-meacutetodo (KUMARAVADIVELU 2001 KUMARAVADI-
VELU 2006b) podendo nesse caso ser tomados como materiais didaacuteticos de caraacuteter poacutes-meacutetodo
ou simplesmente materiais didaacuteticos poacutes-meacutetodo 15 Para tanto discutimos o paradigma da cha-
mada pedagogia poacutes-meacutetodo considerando a conjectura teoacuterica de falecircncia da pedagogia dos
meacutetodos no acircmbito do ensino e aprendizagem de liacutenguas No decorrer dos debates apontamos as
interseccedilotildees entre os dois arcabouccedilos teoacutericos - ou seja materiais didaacuteticos de natureza virtual livre
e a pedagogia poacutes-meacutetodo - quando consideramos pertinente Compreendemos em siacutentese que
os materiais didaacuteticos de natureza virtual livre podem ser associados agrave pedagogia poacutes-meacutetodo na
medida em que refletem os paracircmetros pedagoacutegicos da particularidade da praticabilidade e da
possibilidade - os quais conforme Kumaravadivelu (2001) Kumaravadivelu (2006b) caracterizam a
essecircncia da pedagogia poacutes-meacutetodo Em outras palavras a noccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza
virtual livre pressupotildee respectivamente em sua essecircncia tal qual a pedagogia poacutes-meacutetodo a sensi-
bilidade ao contexto de utilizaccedilatildeo o empoderamento do professor e o incentivo a questionamentos
de status quo e agrave transformaccedilatildeo social sobretudo no que se refere aos aprendizes Consideramos
enfim que levantar esse debate significa tambeacutem ampliar a oportunidade de melhor compreender
as caracteriacutesticas dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre
Cabe ressaltar que ao propormos essa relaccedilatildeo estamos em acordo com Santana (2012 p
140) e Alencar (2007) os quais tambeacutem acenam para uma aproximaccedilatildeo de construtos de natureza
15Tivemos a oportunidade de debater essa hipoacutetese em 2010 no acircmbito da disciplina O Ensino-Aprendizagem de Liacutenguas a Partir da Deacutecada de 1970 ministrado pela Profa Dra Fernanda LanducciOrtale ofertada pelo Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Liacutengua Literatura e Cultura Italianas da USP e em2011 no acircmbito do VII Congresso Internacional da ABRALIN (Associaccedilatildeo Brasileira de Linguiacutestica) realizadoUniversidade Federal do Paranaacute (Curitiba - PR) - (SOUZA 2011c)
26
Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees
virtual livre direta ou indiretamente agraves concepccedilotildees do educador brasileiro Paulo Freire Conforme
mencionamos no decorrer deste capiacutetulo o paracircmetro da possibilidade estaacute baseado - entre outros
autores - nas concepccedilotildees desse pesquisador (KUMARAVADIVELU 2001 KUMARAVADIVELU
2006b KUMARAVADIVELU 2003 p 542 p 174 p 13) Com efeito Santana (2012 p 140) aponta
a concepccedilatildeo de Recursos Educacionais Abertos como um importante caminho para a concretizaccedilatildeo
de algumas das mudanccedilas sociais esperadas pela emergecircncia das tecnologias digitais(SANTANA
2012 p 140) ou seja para a concretizaccedilatildeo das possibilidades da educaccedilatildeo na era da informaccedilatildeo -
em detrimento ao modelo de educaccedilatildeo na era industrial - conforme Flecha e Elboj (2000) Nesse
caso em siacutentese a educaccedilatildeo na sociedade da informaccedilatildeo estaacute associada agrave concepccedilatildeo de Paulo
Freire - ainda na deacutecada de 1970 - da educaccedilatildeo como um processo de praacutetica de liberdade e como
ferramenta de transformaccedilatildeo Essa educaccedilatildeo conforme os autores permite que os indiviacuteduos
imersos na sociedade da informaccedilatildeo possam ser - entre outras expectativas - sujeitos de suas
proacuteprias aprendizagens (FLECHA ELBOJ 2000 p 144) Apresentamos por meio do QUAD 21 as
caracteriacutesticas da educaccedilatildeo na sociedade industrial - ou seja correspondente agraves demandas vigentes
nas sociedades industriais - e da educaccedilatildeo na sociedade da informaccedilatildeo - ou seja uma educaccedilatildeo
que para Flecha e Elboj (2000 p 146) pode corresponder aos desafios dessa sociedade
Alencar (2007) por sua vez parece sugerir que a condiccedilatildeo de software livre corresponde
agraves concepccedilotildees de Freire (1967 p 24) a respeito do papel de tecnologias em uma perspectiva
educacional libertadora Nesse sentido - entre vaacuterios outros aspectos abordados em seu estudo -
Alencar (2007) lembra que para Freire (1967)
()a tecnologia aleacutem de ser compreendida apreendida deve ser contextu-alizada - contextualizar a tecnologia em si proacutepria sua gecircnese e utilizaccedilatildeodesvelando os interesses e a ideologia impliacutecita os benefiacutecios e as limita-ccedilotildees do uso - em seguida identificaacute-la com o contexto local discutindo suasimplicaccedilotildees na vida dos usuaacuterios ativos e a melhor forma de incorporaacute-lapara o bem daquele grupo naquele contexto(ALENCAR 2007 p 38)
Compreendemos desse modo que Alencar (2007) evoca em seu trabalho os pensamentos do
educador brasileiro Paulo Freire com o intuito de associaacute-los agrave concepccedilatildeo de software livre - construto
esse tambeacutem focalizado em sua pesquisa Vale lembrar que em essecircncia de fato a noccedilatildeo de
software livre pressupotildee a possibilidade de contextualizaccedilatildeo ou seja de sua personalizaccedilatildeo sob
demandas advindas dos contextos de uso de debate sobre interesses e ideologias impliacutecitas em
sua proacutepria gecircnese - bem como na concepccedilatildeo do construto software em geral e de discussatildeo sobre
as implicaccedilotildees de sua utilizaccedilatildeo na vida dos usuaacuterios Consideramos que esses pressupostos satildeo
tambeacutem vaacutelidos para a noccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre ou para qualquer outro
construto dessa natureza
A necessidade da elaboraccedilatildeo de uma pedagogia poacutes-meacutetodo surge segundo Kumaravadivelu
(2001 p 537) da insatisfaccedilatildeo com as limitaccedilotildees da ideia de meacutetodo e do conseguinte modelo
de formaccedilatildeo de professores de idiomas marcado por uma abordagem descendente em que o
professor-formador transmite um conjunto de conhecimentos preestabelecidos ao professor em
formaccedilatildeo sugerindo-lhe as melhores praacuteticas modelando o seu comportamento enquanto docente
e avaliando os seus haacutebitos pedagoacutegicos (KUMARAVADIVELU 2001 p 551) Nesse sentido
27
Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees
Quadro 21 A educaccedilatildeo na sociedade industrial e na sociedade da informaccedilatildeo
A educaccedilatildeo na sociedade industrial A educaccedilatildeo na sociedade da informa-ccedilatildeo
Funccedilatildeo reprodutora da educaccedilatildeo Funccedilatildeo transformadora da educaccedilatildeoConcepccedilatildeo totalizante da escola Haacute processos educativos nas comunidades
Burocratizaccedilatildeo e academicismo que setransferem tanto aos profissionais quantoaos outros participantes
Concepccedilatildeo ampla de aprendizagem comosocializaccedilatildeo participativa e comunicativaque recupere os objetivos mais utoacutepicos daeducaccedilatildeo de jovens e adultos
Concepccedilatildeo de ciecircncia em compartimentosestanques
Concepccedilatildeo interdisciplinar de ciecircncia
Metodologia baseada na concepccedilatildeo taylo-rista da pedagogia de objetivos
Metodologia baseada nos princiacutepios deaprendizagem dialoacutegica
Transmissatildeo de uma cultura ocidental Processos transculturais que se baseiamna convivecircncia multicultural
Metodologia eminentemente expositiva eutilizaccedilatildeo de fichas como materiais baacutesicosde aprendizagem
Incorporaccedilatildeo das novas tecnologias aosprocessos de aprendizagem
Fonte adaptado de Santana (2012 p 141) e Flecha e Elboj (2000 p 146)
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Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees
alguns autores como Brown (2002 p 10) e Allwright (1991 p 7) apontam algumas limitaccedilotildees ou
criacuteticas relativas aos meacutetodos de ensino de liacutenguas as quais reunimos por meio do QUAD Em
consonacircncia com esses autores Kumaravadivelu (2006b p 163-168) elenca uma seacuterie de mitos
relacionados agrave ideia de meacutetodo os quais segundo ele representam uma visatildeo inflamada sobre
essa ideia Satildeo eles
1 Existe o melhor meacutetodo pronto e esperando para ser encontrado
2 Meacutetodos constituem o princiacutepio organizativo para o ensino de liacutenguas
3 Meacutetodos contem um valor universal e satildeo historicamente neutros
4 Teoacutericos constroem conhecimento e professores consomem conheci-mento
5 Meacutetodos satildeo neutros e natildeo possuem motivaccedilotildees ideoloacutegicas
(KUMARAVADIVELU 2006b p 163-168)
Em linhas gerais conforme o autor o primeiro mito estaacute relacionado agrave busca - quase obsessiva
- pela determinaccedilatildeo por meios cientiacuteficos de qual seria o melhor meacutetodo de ensino de liacutenguas
Essa busca se mostra improdutiva e inviaacutevel na medida em que - entre outros fatores - a pesquisa
sobre a eficaacutecia de meacutetodos envolve elementos que natildeo podem ser controlados - tais como as
demandas objetivos e variantes dos aprendizes e o perfil do professor (KUMARAVADIVELU 2006b
p 164) O segundo mito aponta para a concepccedilatildeo de que os meacutetodos poderiam figurar como o
centro de toda a operaccedilatildeo de ensino e aprendizagem de liacutenguas tornando-se referecircncia para todos
os componentes dessa operaccedilatildeo - tais como o design do curriacuteculo a elaboraccedilatildeo do material didaacutetico
ou as estrateacutegias de ensino Percebeu-se contudo que os meacutetodos satildeo construtos demasiadamente
limitados para explicar satisfatoriamente as complexidades do ensino e aprendizagem de liacutenguas e
que ademais a concentraccedilatildeo excessiva nesses construtos significou o desprezo de outros aspectos
tambeacutem envolvidos nessa atividade - tais como a cogniccedilatildeo do professor e dos aprendizes os
contextos culturais ou as percepccedilotildees dos aprendizes (KUMARAVADIVELU 2006b p 165) O
terceiro mito se refere agrave concepccedilatildeo de que um meacutetodo pode ser usado em qualquer contexto
Cabe mencionar conforme Kumaravadivelu (2006b p 165) que meacutetodos satildeo construiacutedos a partir
de contextos e demandas idealizados e que por isso satildeo essencialmente desconectados das
realidades em que satildeo aplicados que a busca por meacutetodos universalmente aplicaacuteveis consiste em
um exerciacutecio de forccedila descendente e que ao fazecirc-lo ignora-se aleacutem dos jaacute citados elementos
contextuais o fato de que os profissionais envolvidos na atividade de ensino e aprendizagem de
liacutenguas possuem algum tipo de experiecircncia com essa tarefa O quarto mito estaacute relacionado agrave
separaccedilatildeo entre teoria e praacutetica no campo do ensino de liacutenguas marcada pelo estabelecimento
artificial de papeacuteis antagocircnicos e bem definidos para o teoacuterico e para o professor Enquanto agravequele
cabe a construccedilatildeo de conhecimento a esse fica a tarefa da praacutetica Tal configuraccedilatildeo natildeo se
difere segundo Kumaravadivelu (2006b p 166) de uma relaccedilatildeo entre produtores e consumidores
de bens de consumo O autor observa que tal qual uma relaccedilatildeo comercial o estabelecimento
desse modelo cria a ideia de uma classe privilegiada - representada pelos teoacutericos - e de uma
classe natildeo privilegiada - representada pelos professores Essa relaccedilatildeo hieraacuterquica ainda conforme
29
Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees
Quadro 22 Desvantagens dos meacutetodos
bull Satildeo construiacutedos considerando-se as diferenccedilas de um para o outro ainda quesimilaridades podem ser mais importantes jaacute que meacutetodos que satildeo diferentesem termos de princiacutepios abstratos parecem ser muito mais similares na praacuteticade sala de aula
bull Simplificam de modo infeliz uma seacuterie de fatores altamente complexos comopor exemplo considerar as semelhanccedilas entre aprendizes quando as diferenccedilaspodem ser mais relevantes
bull Desvia energia de questotildees potencialmente mais produtivas uma vez que otempo gasto para aprender como implementar um meacutetodo particular significamenos tempo para outras atividades como por exemplo o design de tarefas desala de aula
bull Gera lealdade agrave uma marca o que seraacute improvavelmente uacutetil para a profissatildeo[professor de idiomas] uma vez que promove rivalidades inuacuteteis sobre questotildeesessencialmente irrelevantes
bull Gera condescendecircncia por transmitir a impressatildeo de que respostas foram defato encontradas para todas as principais questotildees metodoloacutegicas da nossaprofissatildeo [professor de idiomas]
bull Oferece um senso de coerecircncia raso e externamente derivado para profes-sores de liacutenguas o que pode inibir o desenvolvimento de uma personalidademais profunda e em uacuteltima instacircncia de um senso de coerecircncia mais valiosointernamente derivado
bull Meacutetodos satildeo demasiadamente prescritivos assumindo demais sobre um con-texto antes desse contexto ter sido identificado Eles satildeo portanto supergene-ralizados no que diz respeito agrave sua aplicaccedilatildeo em situaccedilotildees praacuteticas
bull Geralmente meacutetodos satildeo distintos nos estaacutegios iniciais de um curso de liacutenguasmas satildeo muito semelhantes uns aos outros nos estaacutegios mais avanccedilados
bull Pensava-se que os meacutetodos podiam ser empiricamente testados por meiode quantificaccedilatildeo cientiacutefica de modo a determinar qual seria o melhor meacutetodoDescobrimos que algo intuitivo e um pouco artesanal natildeo pode jamais serverificado claramente por validaccedilatildeo empiacuterica
bull Meacutetodos satildeo carregados de agendas poliacuteticas e mercenaacuterias por parte deseus produtores Frequentemente criam um centro de poder em torno de siacutetornaram-se veiacuteculos de um imperialismo linguiacutestico visando o desempodera-mento perifeacuterico
Fonte adaptado de Brown (2002 p 10) e Allwright (1991 p 7)
30
Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees
Kumaravadivelu (2006b p 166) contribuiu para aumentar o conflito entre essas duas classes ao
inveacutes de estimular o diaacutelogo Compreendemos que essa perspectiva ademais pode ser associada
agraves praacuteticas de consumo caracteriacutesticas de modelos de negoacutecios fechados em que o consumidor natildeo
tem poder para apropriar-se integralmente dos construtos ou artefatos que consome - como ocorre
por exemplo no modelo de negoacutecios em que o software proprietaacuterio se insere O quinto e uacuteltimo
mito enfim estaacute relacionado agrave constataccedilatildeo de que o conceito de meacutetodo reflete uma determinada
visatildeo de mundo articulando-se em relaccedilotildees desiguais de interesse ou seja carregando em si o que
Pennycook (1989 597) reconheceu como conhecimento de interesse Kumaravadivelu (2006b p
167) observa ainda que o conceito de meacutetodo eacute tambeacutem um construto que causa marginalidade O
autor aponta pelo menos dois aspectos a segregaccedilatildeo entre gecircneros e entre nativos e natildeo nativos O
primeiro caso se refere ao estabelecimento da ideia de que os homens satildeo responsaacuteveis pela teoria
e as mulheres pela praacutetica - considerando-se o que ele chamou de forccedila de trabalhode ensino de
inglecircs O segundo caso diz respeito agrave marginalizaccedilatildeo dos natildeo nativos no que diz respeito ao ensino
de liacutenguas
Kumaravadivelu (2001 p 538) e Kumaravadivelu (2006b p 171) percebem a pedagogia
poacutes-meacutetodo como um sistema tridimensional composto por trecircs paracircmetros pedagoacutegicos inter-
relacionados - a saber o paracircmetro da particularidade da praticabilidade e da possibilidade Em
linhas de siacutentese o paracircmetro da particularidade estaacute relacionado agrave opccedilatildeo por uma pedagogia
sensiacutevel ao contexto ou seja embasada em uma compreensatildeo verdadeira das particularidades
linguiacutesticas socioculturais e poliacuteticas locais(KUMARAVADIVELU 2001 p 544) Esse paracircmetro
rejeita portanto a escolha pela utilizaccedilatildeo de princiacutepios e procedimentos geneacutericos e predetermi-
nados elaborados com o intuito de cumprir metas tambeacutem geneacutericas e predeterminadas (KUMA-
RAVADIVELU 2001 KUMARAVADIVELU 2006b p 544 p 171) - tal como - compreendemos -
pressuposto no paradigma dos meacutetodos O paracircmetro da praticabilidade por sua vez estaacute rela-
cionado agrave rejeiccedilatildeo de um modelo artificial em que figura uma relaccedilatildeo dicotocircmica entre teoacutericos -
cuja funccedilatildeo eacute produzir conhecimento - e professores - cuja funccedilatildeo se restringe a consumir esse
conhecimento (KUMARAVADIVELU 2001 p 544) De fato a pedagogia poacutes-meacutetodo busca romper
com essa relaccedilatildeo encorajando professores a teorizar a partir de sua praacutetica e praticar o que
teorizaram(KUMARAVADIVELU 2001 KUMARAVADIVELU 2006b p 544 p 173) O paracircmetro
da possibilidade enfim estaacute relacionado agrave opccedilatildeo por trazer agrave tona a consciecircncia sociopoliacutetica que
os aprendizes carregam consigo para a sala de aula rejeitando desse modo uma concepccedilatildeo de
que o ensino-aprendizagem de liacutenguas se restringe aos elementos linguiacutesticos funcionais obtidos
em sala de aula (KUMARAVADIVELU 2001 p 545) Esse paracircmetro - inspirado principalmente
nos trabalhos de Paulo Freire Simon (1988) Giroux (1988) Auerbach (1995) e Benesch (2001)
para os quais conforme Kumaravadivelu (2001 p 538) e Kumaravadivelu (2006b p 171) toda
pedagogia implica em relaccedilotildees de poder e dominaccedilatildeo sendo implementadas de modo a criar e
sustentar desigualdades - conta com o reforccedilo do posicionamento dos aprendizes e professores
enquanto sujeitos como estrateacutegia para encorajaacute-los a questionar o status quo de subjugaccedilatildeo em
que se encontram (KUMARAVADIVELU 2001 542)
Vale mencionar que para Kumaravadivelu (2001 p 538) o termo pedagogia se refere em
sentido amplo tanto aos temas relativos agraves estrateacutegias de sala de aula aos materiais instrucionais
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Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees
agraves metas curriculares agraves medidas de avaliaccedilatildeo quanto a uma gama de experiecircncias poliacuteticas
histoacutericas socioculturais que podem influenciar - direta ou indiretamente - o ensino de liacutenguas
estrangeiras
Kumaravadivelu (2006a p 66) argumenta que a transiccedilatildeo de uma pedagogia baseada em
meacutetodo para uma pedagogia poacutes-meacutetodo pode ser sinalizada pelas concepccedilotildees de que meacutetodos natildeo
satildeo neutros - ou seja conforme Pennycook (1989 p 589) eles refletem um ponto de vista particular
sobre o mundo articulando relaccedilotildees desiguais de poder e interesse - e de que natildeo existe o melhor
meacutetodo - conforme Prabhu (1990 p 172) Nesse caso apontando para a perspectiva da pedagogia
poacutes-meacutetodo o que importa ainda segundo Prabhu (1990 p 172) eacute que o professor baseado no
que ele chama de senso de plausibilidade entenda como a sua atividade docente pode melhor
auxiliar os alunos em sua aprendizagem considerando as demandas do contexto de aplicaccedilatildeo - ou
seja empoderando o professor
Cabe observar que Kumaravadivelu (1994) reforccedila essa predileccedilatildeo consciente pelo empodera-
mento do professor - caracteriacutestico da perspectiva da pedagogia poacutes-meacutetodo - explicitando o que ele
chamou de condiccedilatildeo poacutes-meacutetodo ou seja uma condiccedilatildeo marcada pela descentralizaccedilatildeo da tarefa
de elaboraccedilatildeo de teorias e das tomadas de decisotildees pedagoacutegicas Em suas palavras
Se o conceito habitual de meacutetodo outorga aos teoacutericos a elaboraccedilatildeo deteorias pedagoacutegicas baseadas em conhecimento teoacuterico a condiccedilatildeo poacutes-meacutetodo empodera os participantes [professores] para que elaborem teoriasbaseadas na pratica de sala de aula Se o conceito de meacutetodo outorga aosteoacutericos a centralidade das tomadas de decisotildees de cunho pedagoacutegico acondiccedilatildeo poacutes-meacutetodo habilita os participantes a praacuteticas inovadoras locaise especiacuteficas baseadas na sala de aula (KUMARAVADIVELU 1994 p29)
Ainda segundo Kumaravadivelu (1994 p 29) a condiccedilatildeo poacutes-meacutetodo eacute alicerccedilada em trecircs
aspectos a busca por uma alternativa ao meacutetodo no lugar da busca de um meacutetodo alternativo a
autonomia do professor e o pragmatismo baseado em princiacutepios A condiccedilatildeo poacutes-meacutetodo portanto
reconhece o potencial do professor natildeo soacute para o ensino em termos praacuteticos mas tambeacutem para
agir com autonomia em questotildees acadecircmicas e administrativas impostas por instituiccedilotildees curriacuteculos
e livros didaacuteticos(KUMARAVADIVELU 1994 p 30) e estimula o desenvolvimento de uma postura
reflexiva e de competecircncias que lhe permitam analisar e avaliar a proacutepria praacutetica e iniciar e administrar
mudanccedilas em sala de aula As accedilotildees e decisotildees do professor para Kumaravadivelu (1994 p 30)
seriam balizadas pelo que ele denominou de pragmatismo baseado em princiacutepios - ou seja em uma
pedagogia pragmaacutetica em que o professor toma decisotildees de cunho pedagoacutegico associando teoria e
praacutetica a partir do contexto de aplicaccedilatildeo e com base em sua avaliaccedilatildeo criacutetica oferecendo um tipo
de ensino informado (KUMARAVADIVELU 1994 p 31) - ou ainda pelo jaacute mencionado senso de
plausibilidade (PRABHU 1990 p 172)
Dessa forma a realizaccedilatildeo de uma pedagogia poacutes-meacutetodo para Kumaravadivelu (2006b p
185) envolve a adoccedilatildeo de propostas que permitam uma clara e consequente quebra do conceito
de meacutetodo que ofereccedila um quadro de referecircncia coerente e compreensivo dentro dos limites
permitidos pelo estado atual do conhecimento e que ofereccedila um conjunto de ideias bem definido
e bem explicado que possa guiar aspectos importantes das atividades de sala de aula de ensino
32
Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees
de L2 Kumaravadivelu (2006b p 165) cita pelo menos trecircs quadros de referecircncia - considerados
por ele como sendo de orientaccedilatildeo poacutes-meacutetodo - que podem corresponder a essas demandas o
quadro referencial tridimensional de Stern 16 o quadro referencial praacutetico-exploratoacuterio de Allwright17 e o seu quadro referencial de macroestrateacutegias 18 Interessa-nos aqui mais do que explorar as
caracteriacutesticas de cada um dos quadros compreender que todos eles pressupotildee a autonomia e a
centralidade no professor e no contexto de aplicaccedilatildeo A titulo de exemplo observamos que o quadro
referencial de Kumaravadivelu eacute constituiacutedo de macro e microestrateacutegias As macroestrateacutegias
podem ser vistas como planos gerais derivados de conhecimento teoacuterico empiacuterico e pedagoacutegico
sobre ensino e aprendizagem de L2 (KUMARAVADIVELU 2003 KUMARAVADIVELU 1994 p 38 p
32) Elas satildeo referecircncias gerais sobre as quais o professor pode gerar microestrateacutegias ou teacutecnicas
contextualizadas as quais por sua vez seratildeo utilizadas em sala de aula As microestrateacutegias desse
modo funcionam como operacionalizadoras das macroestrateacutegias Vale ressaltar que conforme
Kumaravadivelu (2003 p 38) e Kumaravadivelu (1994 p 32) o quadro de macroestrateacutegias eacute neutro
no que se refere a teorias e meacutetodos Isso natildeo significa que eacute desconectado de teorias mas que natildeo
eacute coagido por uma teoria especiacutefica sobre liacutengua aprendizagem ou ensino (KUMARAVADIVELU
2003 KUMARAVADIVELU 1994 p 38 p 32)
Aleacutem de concentra-se no papel do professor - sobre o qual discutimos ateacute agora - Kumaravadivelu
(2006b) aponta as caracteriacutesticas e funccedilotildees esperadas para o aprendiz e para o formador de
professores de idiomas na perspectiva da pedagogia poacutes-meacutetodo ou seja caracteriacutesticas e funccedilotildees
consistentes com os paracircmetros da particularidade da praticabilidade e da possibilidade Desse
modo na perspectiva da pedagogia poacutes meacutetodo espera-se que o aprendiz seja - ou se torne -
personagem ativo e autocircnomo em seu processo de aprendizagem tomando decisotildees inclusive
em niacutevel pedagoacutegico (KUMARAVADIVELU 2006b p 176) com o intuito de aperfeiccediloar esse
processo Nesse caso conforme Kumaravadivelu (2006b p 176) a autonomia eacute vista por meio
de dois aspectos um mais estrito e outro mais amplo Em termos estritos autonomia significa o
desenvolvimento da capacidade de aprender a aprender sendo essa accedilatildeo tomada como um fim em si
mesma (KUMARAVADIVELU 2006b p 177) Significa assumir o comando da proacutepria aprendizagem
- ou seja assumir a responsabilidade pela determinaccedilatildeo dos objetivos de aprendizagem pela
definiccedilatildeo dos conteuacutedos e progressotildees pela seleccedilatildeo dos meacutetodos e teacutecnicas apropriados pelo
monitoramento dos processos de aprendizagem e pela avaliaccedilatildeo do que foi aprendido conforme
Holec (1988 apud KUMARAVADIVELU 2006b) - e aprender a lanccedilar matildeo de estrateacutegias - cognitivas
metacognitivas sociais afetivas etc - de forma apropriada com o objetivo de realizar metas
de aprendizagem estabelecidas (KUMARAVADIVELU 2006b p 176) acessando criando ou
descobrindo modos pessoais de aprendizagem de liacutenguas Para Kumaravadivelu (2006b p 177) na
praacutetica caberaacute ao aprendiz
bull Identificar seus estilos e estrateacutegias pessoais de aprendizagem demodo a conhecer as suas limitaccedilotildees e pontos fracos como aprendizesde liacutenguas
bull Enriquecer seus estilos e estrateacutegias de aprendizagem incorporando
16Stern (1983) Stern (1985) Stern Allen e Harley (1992)17Allwright (1993)18Kumaravadivelu (2003)
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Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees
estilos e estrateacutegias de aprendizes de sucesso
bull Buscar por oportunidades adicionais de contato com a liacutengua indoaleacutem da sala de aula acessando recursos de bibliotecas centros deaprendizagens ou miacutedia eletrocircnica como a Internet
bull Colaborar com outros aprendizes na reuniatildeo de informaccedilotildees sobreum projeto especiacutefico em que estiverem trabalhando
bull Tirar vantagem de oportunidades de comunicaccedilatildeo com falantes com-petentes na liacutengua alvo
(KUMARAVADIVELU 2006b p 177)
Em termos amplos autonomia significa libertar-se ou seja tornar-se - mais do que um aprendiz
eficiente - um pensador criacutetico empoderado capaz de reconhecer os entraves soacutecio-poliacuteticos que
o impedem de realizar de modo pleno o seu potencial humano Nas palavras de Kumaravadivelu
(2006b p 177)
A autonomia libertadora vai muito aleacutem [do aprender a aprender] procu-rando auxiliar os aprendizes a reconhecer os entraves soacutecio-poliacuteticos queos impedem de realizar plenamente o seu potencial humano e munindo-lhescom as ferramentas intelectuais e cognitivas necessaacuterias para superaacute-los
(KUMARAVADIVELU 2006b p 177)
Segundo Kumaravadivelu (2006b p 178) essa autonomia libertadora poderaacute ser incentivada por
meio das seguintes accedilotildees
bull Encorajando os aprendizes a assumir com a ajuda dos professoreso papel de mini-etnoacutegrafos de modo que possam investigar e com-preender como por exemplo liacutengua como ideologia pode servir ainteresses escusos
bull Fazendo-os refletir sobre a formaccedilatildeo de suas identidades por meioda escrita de diaacuterios ou outros textos sobre assuntos que os estimulea pensar em quem satildeo e como se relacionam ao mundo social
bull Ajudando-os no que se refere agrave formaccedilatildeo de comunidades de apren-dizagem em que possam desenvolver grupos socialmente coesose unificados de apoio mutuo buscando auto-conhecimento e auto-aperfeiccediloamento
bull Oferecendo oportunidades para que possam explorar as inuacutemeraspossibilidades oferecidas pela Internet e posteriormente trazendopara a sala de aula os seus proacuteprios toacutepicos e materiais para debatebem como suas perspectivas individuais sobre os temas
(KUMARAVADIVELU 2006b p 178)
O formador de professores na perspectiva da pedagogia poacutes-meacutetodo segundo Kumaravadivelu
(2006b p 182) teraacute a funccedilatildeo de criar condiccedilotildees para que os professores em formaccedilatildeo adquiram
autoridade e autonomia necessaacuterias para que possam assumir uma postura reflexiva sobre a sua
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Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees
praacutetica dando-lhe forma e implementando mudanccedilas quando considerar oportuno O autor aponta
para a necessidade do estabelecimento de uma relaccedilatildeo dialoacutegica entre formador e professores em
formaccedilatildeo de modo que a experiecircncia natildeo se limite a um mero passar por arcabouccedilos teoacutericos
considerando-se dessa forma a perspectiva do professor em formaccedilatildeo suas crenccedilas valores e
conhecimentos como parte do processo de aprendizagem (KUMARAVADIVELU 2006b p 183) Em
termos praacuteticos o papel do formador na perspectiva da pedagogia poacutes-meacutetodo envolve
bull Reconhecer e ajudar os professores em formaccedilatildeo a reconhecer asdesigualdades construiacutedas nos programas correntes de formaccedilatildeo deprofessores os quais tratam teoacutericos como produtores de conheci-mento e professores como consumidores de conhecimento
bull Permitir que futuros professores possam articular seus pensamentose experiecircncias bem como compartilhar suas crenccedilas pessoais con-cepccedilotildees e saberes a respeito do ensino e aprendizagem de liacutenguasdurante todo o percursos de formaccedilatildeo
bull Encorajar os futuros professores a pensarem criticamente de modoque possam relacionar o seu conhecimento pessoal com o conheci-mento profissional com ao qual estatildeo sendo expostos monitorandocomo cada um formata ou eacute formatado pelo outro avaliando como oconhecimento profissional geneacuterico pode ser usado para construir asua proacutepria teoria sobre a praacutetica
bull Criar condiccedilotildees para que os professores em formaccedilatildeo possam ad-quirir habilidades analiacuteticas baacutesicas sobre o discurso de sala de aulaque iratildeo auxilia-lo a compreender a natureza das interaccedilotildees nessecontexto
bull Direcionar parte de suas agendas de pesquisa para o que Cameronet al (1992) chamaram de pesquisa empoderada ou seja pes-quisa com - em detrimento agrave pesquisa sobre - seus professores emformaccedilatildeo
bull Expor os professores em formaccedilatildeo a uma pedagogia da possibilidadeajudando-os a engajar-se criticamente com autores que tem trazidonossa consciecircncia sobre poder e poliacutetica ideias e ideologias quealimentam a formaccedilatildeo de professores de idiomas
(KUMARAVADIVELU 2006b p 183)
Dado o exposto vimos que em essecircncia a pedagogia poacutes-meacutetodo consiste em um sistema
tridimensional articulado em trecircs paracircmetros pedagoacutegicos inter-relacionados - a saber o paracircmetro
da particularidade da praticabilidade e da possibilidade Isso significa em linhas gerais que a
pedagogia poacutes-meacutetodo visa - em oposiccedilatildeo agrave pedagogia baseada em meacutetodos - a facilitaccedilatildeo e o
avanccedilo de um ensino de liacutenguas sensiacutevel ao contexto e embasado em uma verdadeira compreensatildeo
das particularidades linguiacutesticas socioculturais e poliacuteticas locais a ruptura com a noccedilatildeo artificial
estabelecida da existecircncia de papeacuteis antagocircnicas entre aqueles que fazem teoria - ou seja os
teoacutericos - e aqueles que fazem praacutetica - ou seja os professores - associada agrave concepccedilatildeo de que a
esse professor cabe a construccedilatildeo de suas proacuteprias teorias sobre a praacutetica e o impulsionamento da
consciecircncia sociopoliacutetica que os participantes carregam consigo de modo a auxiliaacute-los na sua busca
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Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees
pela formaccedilatildeo identitaacuteria e pela transformaccedilatildeo social - sendo aprendizes professores e formadores
de professores tratados como coexploradores
Consideramos que materiais didaacuteticos de natureza virtual livre podem ser associados agrave pedagogia
poacutes-meacutetodo na medida em que tambeacutem refletem os paracircmetros pedagoacutegicos da particularidade
da praticabilidade e da possibilidade De fato esse tipo de material didaacutetico em essecircncia tal
qual o software livre pressupotildee a possibilidade de contextualizaccedilatildeo - ou seja de personalizaccedilatildeo
sob demandas advindas de contextos de uso de debate sobre interesses e ideologias impliacutecitas
em sua proacutepria gecircnese - bem como na concepccedilatildeo de materiais didaacuteticos de outras naturezas
como por exemplo de materiais didaacuteticos fechados e de discussatildeo sobre as implicaccedilotildees de
sua utilizaccedilatildeo na vida dos usuaacuterios Isso significa que esse tipo de material didaacutetico tambeacutem
pressupotildee o empoderamento do professor oferecendo-lhe niacuteveis mais profundos de apropriaccedilatildeo e
de personalizaccedilatildeo - se comparados por exemplo com materiais didaacuteticos fechados
36
Capiacutetulo 3
Software livre no contexto de
ensino-aprendizagem de liacutenguas - por
que (natildeo) utilizar
Neste capiacutetulo trazemos para debate a questatildeo das controveacutersias a respeito do uso de software livre
em detrimento ao software proprietaacuterio Consideramos oportuno abordar esse tema na medida em
que adotamos o uso de software livre ou de formatos livres como condiccedilatildeo para a caracterizaccedilatildeo de
materiais didaacuteticos virtuais de ensino e aprendizagem de liacutenguas como livres Uma leitura atenta do
capiacutetulo mostraraacute que as controveacutersias satildeo de naturezas diversas apontando temaacuteticas nucleares
que perpassam desde o niacutevel teacutecnico ateacute os niacuteveis econocircmico e filosoacutefico - entre outros Interessa-
nos sobremaneira perceber que a utilizaccedilatildeo de software livre poderaacute trazer implicaccedilotildees para o
campo do ensino de liacutenguas - tomado como contexto educacional - seja no acircmbito da formaccedilatildeo de
professores seja em contexto de ensino-aprendizagem de um idioma Ademais consideramos que
as controveacutersias relativas ao uso de software livre - em oposiccedilatildeo ao software proprietaacuterio - podem
ser estendidas para o uso de Material Didaacutetico Virtual Livre - consideradas proporcionalmente as
especificidades de cada um dos artefatos - em detrimento a materiais didaacuteticos fechados
Em linhas gerais discorremos sobre as controveacutersias - as quais giram em torno das vantagens e
dos pontos criacuteticos do uso de software livre - nas seccedilotildees 31 e 32 Na seccedilatildeo 33 propomos um
aprofundamento a respeito da dimensatildeo produtiva de artefatos ou tecnologias com potencial altruiacutesta
Em outras palavras discutimos os modelos de negoacutecio que podem ser adotados com o intuito de
estabelecer uma gestatildeo sustentaacutevel para projetos ou iniciativas livres
31 Vantagens relacionadas ao uso de software livre
Nesta seccedilatildeo - como anunciado - iniciamos o debate sobre as controveacutersias relativas ao uso do
software livre Revisitamos para tanto uma seacuterie de vantagens relativas ao uso de software livre
em oposiccedilatildeo ao proprietaacuterio Reunimos e apresentamos - de forma sinteacutetica - por meio do QUAD
31 as vantagens que seratildeo abordadas
Conforme nos lembram Sabino e Kon (2009 p 7) a principal vantagem do software livre se refere
37
Vantagens relacionadas ao uso de software livre
Quadro 31 Vantagens do software livre em relaccedilatildeo ao proprietaacuterio
Liberdade de compartilhamento do coacutedigofonte
Sabino e Kon (2009)
Incentivo agrave cultura da reciclagem Sabino e Kon (2009)
Maior potencial para qualidade Sabino e Kon (2009) Raymond (1998)
Atuaccedilatildeo da inteligecircncia coletiva Sabino e Kon (2009) Raymond (1998)
Modelo de produccedilatildeo coletiva do conheci-mento
Ramos (2008) Miranda (2003)
Alternativa agrave pirataria Ramos (2008) Free Software FoundationEurope (SD)
Independecircncia do usuaacuterio em relaccedilatildeo a umuacutenico fornecedor ou tecnologia proprietaacuteria
Sabino e Kon (2009) Free Software Founda-tion Europe (SD) Hexsel (2002) Stallman(SD) Almeida (2000) Silveira (2004)
Baixo custo financeiro Free Software Foundation Europe (SD)Ramos (2008) Almeida (2000) Hexsel(2002) Siqueira (2009)
Maior potencial para inclusatildeo Michelazzo (2003) Free Software Founda-tion Europe (SD) Ramos (2008) Lamas(2004) Stallman (SD) Silva (2010 p 4)
Empoderamento do usuaacuterio Michelazzo (2003)
Vantagem reprodutiva e de variabilidademaior possibilidade de autopreservaccedilatildeo en-quanto espeacutecie
Oliva (2000)
Esfera governamental vantagem macroe-conomica maior seguranccedila autonomia tec-noloacutegica independecircncia de fornecedoresdemocracia
Silveira (2004)
38
Vantagens relacionadas ao uso de software livre
ao fato de que o seu coacutedigo fonte pode ser livremente compartilhado Essa caracteriacutestica permite
evitar a duplicaccedilatildeo de esforccedilos - ou seja o investimento de tempo energia e recursos financeiros
na reinvenccedilatildeo da roda - quando entidades diferentes estatildeo interessadas no desenvolvimento de
aplicativos com funcionalidades semelhantes (SABINO KON 2009 p 7) Em outras palavras
eles se referem agrave cultura da reciclagem do reaproveitamento dos esforccedilos e soluccedilotildees de terceiros
disponibilizadas em caraacuteter livre como ponto de partida para novos projetos Trata-se conforme
Pretto (2012 p 101) de valores coincidentes com a chamada cultura Hacker De fato para o autor
() o olhar atento no que eacute feito pelo outro a continuidade do coacutedigo apartir do produzido a remixagem das informaccedilotildees e novamente a disponi-bilizaccedilatildeo desses resultados mesmo que parciais para toda a comunidadeeacute parte intriacutenseca do jeito de trabalhar dos hackers (PRETTO 2012 p101)
A hipoacutetese de que o software livre tem condiccedilotildees de apresentar maior qualidade do que o
software proprietaacuterio - dados os respectivos modelos de construccedilatildeo - satildeo tambeacutem apontados por
Sabino e Kon (2009 p 7) em consonacircncia com Raymond (1998) como uma vantagem daquele
sobre esse O potencial para uma maior qualidade do software livre estaacute associado ao seu processo
de desenvolvimento horizontal e colaborativo (SILVEIRA 2004 p 63) reconhecido como modelo
bazar (RAYMOND 1998 p 1) o qual permite e pressupotildee que os coacutedigos sejam revisados por
diversos programadores conectados pela rede mundial de computadores Dessa forma - ao contrario
do modelo fechado e hierarquizado caracteriacutestico da induacutestria do software proprietaacuterio (SILVEIRA
2004 p 63) reconhecido por Raymond (1998) como modelo catedral - a forma de desenvolvimento
do software livre conta com a vantagem da accedilatildeo da inteligecircncia coletiva ou ainda com o que pode
ser reconhecido como a Lei de Linus para a qual dados olhos suficientes todos os bugs satildeo
superficiais(SABINO KON 2009 p 7)
Raymond (1998 p 12) corrobora essa visatildeo ressaltando o papel fundamental do coordenador
de desenvolvimento em contextos pautados pelo modelo bazar Ele afirma que de fato muitas
cabeccedilas satildeo inevitavelmente melhores que uma desde que um coordenador tenha a sua disposiccedilatildeo
uma miacutedia tatildeo boa quanto a Internet e que tenha a capacidade de liderar sem coerccedilatildeo O autor
aprofunda o seu ponto de vista - o qual consideramos de teor bastante funcional e pragmaacutetico e
condizente com a natureza do Material Didaacutetico Virtual Livre - por meio do seguinte comentaacuterio
Eu acredito que o futuro do software de coacutedigo aberto iraacute pertencer gra-dativamente a pessoas que () deixam para traacutes a catedral e abraccedilamo bazar Isto natildeo quer dizer que uma visatildeo individual e brilhante natildeo iraacutemais ter importacircncia ao contraacuterio eu acredito que o estado da arte dosoftware de coacutedigo aberto iraacute pertencer a pessoas que iniciem de uma visatildeoindividual e brilhante entatildeo amplificando-a atraveacutes da construccedilatildeo efetiva deuma comunidade voluntaacuteria de interesse () Nenhum desenvolvedor decoacutedigo fechado pode competir com o conjunto de talento que a comunidade() pode dar para resolver um problema Muito poucos podem ateacute mesmoser capazes de pagar as mais de duzentas pessoas que tecircm contribuiacutedopara [um determinado projeto no modelo bazar] Talvez no final a culturade coacutedigo aberto iraacute triunfar natildeo porque a cooperaccedilatildeo eacute moralmente cor-reta ou a proteccedilatildeo do software eacute moralmente errada (assumindo que vocecirc
39
Vantagens relacionadas ao uso de software livre
acredita na uacuteltima o que natildeo faz tanto o Linus [Tourvalds] como eu) massimplesmente porque o mundo do software de coacutedigo fechado natildeo podevencer uma corrida evolucionaacuteria com as comunidades de coacutedigo abertoque podem colocar mais tempo haacutebil () em um problema (RAYMOND1998 p 12)
Em termos educativos segundo Ramos (2008 p 2) e FREE SOFTWARE FOUNDATION
EUROPE (sd p 1) a vantagem de se usar software livre se baseia no fato de que os aprendizes
poderatildeo perceber em seu modo de produccedilatildeo o grande potencial do trabalho colaborativo realizado
por comunidades virtuais distribuiacutedas geograficamente e unidas pela Internet (RAMOS 2008 p
2) Aleacutem do valor positivo atribuiacutedo agrave colaboraccedilatildeo em si o papel das Tecnologias da Informaccedilatildeo
e da Comunicaccedilatildeo nesse contexto podem ser colocadas em destaque auxiliando o aprendiz a
tornar-se um cidadatildeo com capacidade de tirar o melhor proveito dessas tecnologias na sociedade
da informaccedilatildeo (RAMOS 2008 p 2) Para Miranda (2003 p 263) esse modo de produccedilatildeo do
software livre resgata o que a humanidade carrega de melhor ou seja o conhecimento produzido e
apropriado coletivamente(MIRANDA 2003 p 263) Ao utilizar software livre conforme lembra FREE
SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p1) a escola oferece um bom exemplo perante a tarefa
de ensinar os alunos a compartilhar e colaborar envolvendo-os na comunidade que compartilha
conhecimento - ou seja a comunidade do software livre
Ramos (2008 p 2) e FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p 2) lembram que
o software livre pode ser usado como alternativa agrave pirataria De fato a sua utilizaccedilatildeo representa
conformidade perante a lei (RAMOS 2008 p 2) em casos de uso e coacutepia que seriam considerados
criminosos no universo do software proprietaacuterio Os autores se referem a um desestiacutemulo agrave cultura
da pirataria No acircmbito escolar isso significa que os alunos natildeo seratildeo incentivados ou tentados
a gerar e instalar coacutepias ilegais (RAMOS 2008 p 2) dado que poderatildeo fazecirc-lo de modo livre e
previamente consentido ao utilizarem software livre Vale lembrar que natildeo eacute incomum no contexto
de ensino formal - incluindo o acircmbito do ensino e aprendizagem de liacutenguas - o estabelecimento
da cultura da pirataria representado pelo uso indevido de fotocoacutepias e de software educacional
proprietaacuterio seja por parte do professor seja por parte dos alunos
A esse respeito Miranda (2003 p 261) reconhece que a cultura da pirataria eacute tambeacutem explorada
por empresas de software proprietaacuterio com o intuito de difundir o seu produto para em seguida obter
o pagamento das licenccedilas por meio de campanhas antipirataria - muitas vezes apoiadas pelo poder
puacuteblico no cumprimento do seu papel legiacutetimo de entidade reguladora - sobretudo direcionadas
a empresas de meacutedio-grande porte e universidades (MIRANDA 2003 p 261) Stallman (sd p
1) e FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p 1) apresentam raciociacutenio semelhante
Com efeito segundo Stallman (sd p 1) natildeo eacute incomum que empresas de software proprietaacuterio
ofereccedilam amostras graacutetis para escolas com a expectativa de conseguirem clientes que no futuro
iratildeo pagar pelo serviccedilo com o qual estiveram habituados a trabalhar em seu universo escolar A
FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p 1) referindo-se especialmente agrave educaccedilatildeo
infantil e baacutesica argumenta que se as escolas ensinam os seus aprendizes a confiar no software
proprietaacuterio daratildeo agrave eles dependecircncia por algo que para ter direito agrave sua utilizaccedilatildeo futura teratildeo que
pagar e que em geral desestimula a partilha e a boa vontade na sociedade(FREE SOFTWARE
FOUNDATION EUROPE sd p 1)
40
Vantagens relacionadas ao uso de software livre
Vantagem semelhante apontam Sabino e Kon (2009 p 7) FREE SOFTWARE FOUNDATION
EUROPE (sd p 1) Hexsel (2002 p 12) Stallman (sd p 1) e Almeida (2000 p 4) quando
argumentam que a utilizaccedilatildeo de software livre garante independecircncia do usuaacuterio - seja ele um
indiviacuteduo ou uma instituiccedilatildeo tal como escolas universidades empresas ou governos - em relaccedilatildeo a
um uacutenico fornecedor ou a uma uacutenica tecnologia proprietaacuteria Nesse sentido Hexsel (2002 p 12)
explica que existe um risco inerente ao se adotar um plano de negoacutecio dependente de um uacutenico
fornecedor de software ou sistema informatizado na medida em que esse fornecedor pode encerrar
a produccedilatildeo - deixando o seu cliente sem o respaldo teacutecnico necessaacuterio - ou decidir lanccedilar uma nova
e melhoradaversatildeo do seu software - obrigando o cliente a comprar novas licenccedilas (SABINO KON
2009 p 7) - geralmente muito onerosas (ALMEIDA 2000 p 4) - caso queira se atualizar No
universo do software livre conforme Hexsel (2002 p 12) essa dependecircncia natildeo existe jaacute que o
seu coacutedigo fonte natildeo eacute propriedade de uma entidade Isso significa que natildeo haacute possibilidade de um
determinado produto ser descontinuado pela conveniecircncia comercial do fornecedor Mesmo no caso
da distribuiccedilatildeo de um software livre for de responsabilidade de um grupo a sua extinccedilatildeo natildeo seraacute
um problema para os seus clientes dado que seraacute possiacutevel encontrar outras versotildees do programa
na Internet bem como obter auxiacutelio teacutecnico por parte da comunidade - tambeacutem por meio da rede
mundial de computadores - ou em uacuteltima instacircncia contratar programadores para que a manutenccedilatildeo
- ou alteraccedilotildees - sejam feitos em seus programas (HEXSEL 2002 p 13) Essas alternativas ou
seja essa independecircncia so eacute possiacutevel por se tratar de software de coacutedigo aberto ou livre
FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p 2) Ramos (2008 p 1) Almeida (2000
p 3) Hexsel (2002 p 13) e Siqueira (2009 p 15) apontam o baixo custo financeiro como uma
vantagem associada agrave utilizaccedilatildeo de software livre Hexsel (2002 p 13) lembra que o desembolso
inicial para obtenccedilatildeo de sistemas livres eacute proacuteximo de zero Ele explica que os gastos de compra
normalmente equivalem ao preccedilo de custo de distribuiccedilatildeo ou seja os custos do suporte fiacutesico - tais
como CDs DVDs - e de documentaccedilatildeo - como por exemplo manuais de instruccedilatildeo - quando essa
se apresenta em suporte impresso Ademais esses programas podem ser baixados pela Internet
gratuitamente excluindo-se os custos de conexatildeo Esse custo segundo Hexsel (2002 p 13) de
qualquer modo consiste em uma pequena fraccedilatildeo dos produtos comerciais similares(HEXSEL
2002 p 13) No caso dos sistemas proprietaacuterios conforme argumenta Hexsel (2002 p 13) aleacutem
do valor pago pela licenccedila haveraacute um custo alto para manutenccedilatildeo jaacute que existe uma dependecircncia
de serviccedilos monopolizados pelo fornecedor ou providos por outras empresas ou consultores
individuais(HEXSEL 2002 p 13) O autor acrescenta que eacute possiacutevel estimar que o preccedilo
de manutenccedilatildeo de um sistema livre no pior caso equivalha ao mesmo serviccedilo relativo a um
sistema proprietaacuterio Ele lembra que entretanto o suporte pode ser encontrado gratuitamente
em comunidades de programadores disponibilizadas na Internet Consideramos oportuno lembrar
que o acesso ao coacutedigo fonte pode estabelecer uma maior concorrecircncia entre os programadores
o que pode controlar os preccedilos jaacute que todos tem acesso ao coacutedigo e o cliente poderaacute escolher o
serviccedilo que melhor lhe atrair em termos econocircmicos Ramos (2008 p 1) e FREE SOFTWARE
FOUNDATION EUROPE (sd p 2) discutem essa vantagem focalizando o ambiente escolar Os
autores argumentam que os recursos financeiros que seriam gastos na compra de programas podem
ser investidos em outros segmentos tais quais atualizaccedilotildees dos computadores da escola formaccedilatildeo
41
Vantagens relacionadas ao uso de software livre
de professores e funcionaacuterio e melhorias diversas A escolha por uma gestatildeo mais econocircmica
conforme sugere Ramos (2008 p 1) pode representar um maior compromisso com a instituiccedilatildeo
sendo especialmente relevante para a sociedade em se tratando de instituiccedilotildees puacuteblicas
O potencial para inclusatildeo - em seus diversos acircmbitos - tambeacutem eacute apontado como uma vantagem
relativa ao uso de software livre conforme Michelazzo (2003 p 269) FREE SOFTWARE FOUN-
DATION EUROPE (sd p 1) Ramos (2008 p 2) Lamas (2004 p 40) Stallman (sd p 1) e
Silva (2010 p 4) Michelazzo (2003 p 269) sugere que se bem trabalhado e agregado agrave grade
curricular as tecnologias livres podem ser um elemento definidor para a transiccedilatildeo de um status quo
da educaccedilatildeo marcada pela presenccedila de uma geraccedilatildeo de operadores de tecla(MICHELAZZO 2003
p 269) para uma geraccedilatildeo capaz de compreender como as coisas funcionam e delas poderem
se apropriar com mais autonomia Em alusatildeo agrave possibilidade de estudo e funcionamento de uma
tecnologia livre em detrimento agrave impossibilidade premeditada de fazecirc-lo em um sistema proprietaacuterio
o autor lembra que o software livre deve ser explorado a fim de apresentar como as coisas ocorrem
e natildeo somente como programar para que ocorram(MICHELAZZO 2003 p 269) Essa forma de
empoderamento para Michelazzo (2003 p 269) natildeo se limita agrave questatildeo teacutecnica mas encontra
reflexo tambeacutem na esfera social jaacute que aleacutem das aptidotildees teacutecnicas envolve o desenvolvimento
do caraacuteter formando cidadatildeos que podem contribuir para o coletivo mediante suas descobertas
seu aprendizado seus erros e acertosMichelazzo (2003 p 270) Lamas (2004 p 40) corrobora a
argumentaccedilatildeo observando que o software livre representa a diferenccedila entre exclusatildeo e inclusatildeo
digital(LAMAS 2004 p 40) na medida em que se apresenta disponiacutevel para qualquer um a custos
que se aproximam de zero ao contraacuterio das tecnologias proprietaacuterias com seus preccedilos exorbitantes
FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p 1) abordando o assunto a partir do ponto de
vista escolar - em consonacircncia com Stallman (sd p 1) e Almeida (2000 p 2) - acrescenta que o
software livre traz igualdade na casa(FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE sd p 1) jaacute
que
Com o software livre os professores podem dar uma coacutepia para cada alunoAssim os pais natildeo ficam em posiccedilatildeo de tomar uma decisatildeo financeira e ascrianccedilas de famiacutelias com menos recursos financeiros podem aprender comas mesmas ferramentas que qualquer outra crianccedila (FREE SOFTWAREFOUNDATION EUROPE sd p 1)
Consideramos que essa afirmaccedilatildeo pode ser estendida para todos os niacuteveis de ensino formal do
sistema educacional brasileiro natildeo se restringindo portanto agrave educaccedilatildeo infantil
Ainda sobre o vantajoso potencial para inclusatildeo das tecnologias livres Silva (2010 p 4) faz
menccedilatildeo ao altruiacutesmo produtivo Ele traz agrave tona projetos de vieacutes livres e colaborativos tal qual a
Wikipedia 19 o OpenStreetView 20 e o Grameen Bank 21 observando que todos eles tecircm como
base o altruiacutesmo um conceito - conforme lembra o proacuteprio Silva (2010 p 4) - trazido por Augusto
Comte para descrever uma das mais nobres disposiccedilotildees humanas a inclinaccedilatildeo inata do homem a
dedicar-se ao bem estar do proacuteximo(SILVA 2010 p 4) O autor baseia a sua argumentaccedilatildeo no
exemplo do Grameen Bank uma empresa de Bangladesh especializada em microcreacutedito que ao
19httpwwwwikipediaorg20httpopenstreetvieworg21httpwwwgrameencom
42
Vantagens relacionadas ao uso de software livre
contraacuterio dos bancos convencionais confere legibilidade para empreacutestimos a clientes que tiverem
menos condiccedilotildees De fato conforme lembra Silva (2010 p 4) o banco eacute uma empresa social
que estipula como restriccedilatildeo uacutenica para ilegibilidade de contratos de empreacutestimo os casos de natildeo
pagamento
Em sua argumentaccedilatildeo Silva (2010 p 4) natildeo expressa uma definiccedilatildeo clara do termo altruiacutesmo
produtivo Contudo segundo nossa interpretaccedilatildeo o autor parece se referir agrave qualidade de um projeto
de ser altruiacutesta ao inveacutes de comungar com modelos que visam apenas - e de modo impiedoso
- o proacuteprio lucro em detrimento ao bem estar dos demais Compreendemos - em consonacircncia
com Souza (2010a) 22 - que altruiacutesmo produtivo se refere agrave qualidade de um produto ou modo
de produccedilatildeo que contenha potencial altruiacutesta mas que ao mesmo tempo carregue possibilidade
de lucro financeiro por parte dos atores envolvidos Dessa forma por exemplo um sistema livre
eacute intrinsecamente altruiacutesta na medida em que ao licencia-lo como tal o seu autor entende que o
fruto do seu trabalho poderaacute ajudar ao proacuteximo e agrave sociedade em geral Concomitantemente esse
profissional poderaacute obter lucro financeiro ao ser contratado por exemplo por terceiros seja para
a manutenccedilatildeo do seu sistema seja para sua adaptaccedilatildeo agraves demandas locais Consideramos esse
aspecto uma vantagem das tecnologias livres em relaccedilatildeo agraves proprietaacuterias Em adiccedilatildeo atribuiacutemos a
mesma caracteriacutestica e portanto a mesma vantagem ao Material Didaacutetico Virtual Livre Materiais
didaacuteticos dessa natureza poderatildeo ser utilizados por alunos e escolas de baixa renda Seus autores
no entanto poderatildeo obter lucro financeiro prestando serviccedilo de manutenccedilatildeo ou adaptaccedilatildeo agraves
realidades e demandas de ensino locais em qualquer contexto educacional
Encerramos esta seccedilatildeo apresentando a visatildeo de dois autores sobre as vantagens do uso de
software livre Silveira (2004 p 38) - o primeiro deles - aponta uma seacuterie de motivos para que o
Brasil opte para o uso de software livre Consideramos que os argumentos relacionados a essa
dimensatildeo podem tambeacutem ter reflexo em uma avaliaccedilatildeo local - em uma escola ou universidade por
exemplo - sobre a opccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de software livre Oliva (2000 p 1) por sua vez lanccedilando
matildeo de uma analogia entre o software e os seres vivos com base em argumentos da teoria da
evoluccedilatildeo de Darwin defende que o software livre apresenta uma vantagem competitiva com relaccedilatildeo
ao proprietaacuterio Trata-se de uma argumentaccedilatildeo de cunho filosoacutefico a qual consideramos bastante
peculiar e talvez pouco aplicaacutevel perante uma avaliaccedilatildeo sobre o uso do software livre Natildeo obstante
essa peculiaridade e essa provaacutevel baixa aplicabilidade praacutetica consideramos vaacutelido traze-la agrave tona
com o intuito gerar maiores reflexotildees sobre a natureza do software livre
Silveira (2004 p 38) aponta cinco argumentos em favor da utilizaccedilatildeo do software livre como
referecircncia para o uso e desenvolvimento das tecnologias da informaccedilatildeo por parte do governo Satildeo
eles o argumento macroeconocircmico o argumento de seguranccedila o argumento da autonomia tecnoloacute-
gica o argumento da independecircncia de fornecedores e o argumento democraacutetico Observamos que
dentre eles pelo menos dois argumentos ja foram tratados nesta seccedilatildeo o argumento autonomia
tecnoloacutegica e da independecircncia de fornecedores
A vantagem macroeconomia conforme Silveira (2004 p 39) refere-se essencialmente a uma
acentuada reduccedilatildeo de envio de royalties derivados do pagamento de licenccedilas de software para
22Tivemos a oportunidade de apresentar e debater essa questatildeo em 2010 no acircmbito do XI SLA ndash Seminaacuteriode Linguiacutestica Aplicada realizado na Universidade Federal da Bahia (Salvador BA)
43
Vantagens relacionadas ao uso de software livre
o exterior Essa diminuiccedilatildeo gera maior sustentabilidade para a dinacircmica da inclusatildeo digital da
sociedade brasileira e de informatizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das empresas e instituiccedilotildees (SILVEIRA
2004 p 39) No que se refere ao acircmbito escolar brasileiro Silveira (2004 p 39) calcula uma quantia
de 300 milhotildees de doacutelares gastos em compras de licenccedilas para informatizar aproximadamente
100 mil escolas sendo cada uma em meacutedia com 30 computadores A sua conta esta baseada
na compra de licenccedilas de uso de software baacutesico - tal qual sistemas operacionais e software de
escritoacuterio como editores de texto e imagens planilhas de caacutelculos etc - os quais poderiam ser
substituiacutedos por equivalentes livres gerando um custo muito menor Sobre o aspecto da seguranccedila
Silveira (2004 p 40) explica que o software livre ao contraacuterio do proprietaacuterio apresenta maior
transparecircncia podendo ser plenamente auditado dado que apresenta o coacutedigo aberto Dessa forma
o governo pode analisar o software que adquire excluir rotinas duvidosas detectar falhas graves
ou ateacute mesmo o envio de informaccedilotildees para outros governos (SILVEIRA 2004 p 40) O autor
lembra que empresas proprietaacuterias geralmente cobram para liberar esse acesso o qual deveria ser
um direito do usuaacuterio(SILVEIRA 2004 p 40) Ademais algumas empresas para ceder o acesso
exigem um contrato de confiabilidade o que lhes permite abrir um processo caso entendam que o
auditor copiou alguma linha de coacutedigo
A utilizaccedilatildeo de software livre para Silveira (2004 p 40) apresenta a vantagem de reforccedilar a
autonomia e a capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica do paiacutes na medida em que permite que usuaacuterios nacionais
sejam desenvolvedores internacionais(SILVEIRA 2004 p 40) De fato teacutecnicos engenheiros e
especialistas podem se atualizar por meio do estudo dos coacutedigos e da documentaccedilatildeo do software
livre decorrente da adaptaccedilatildeo agraves demandas locais (SILVEIRA 2004 p 40) Aleacutem disso a participa-
ccedilatildeo em projetos internacionais motiva o acumulo de inteligecircncia e experiecircncia pelos programadores
brasileiro melhorando nossa capacidade de gerar tecnologia(SILVEIRA 2004 p 41) e confirmando
nosso papel de desenvolvedores e natildeo somente de consumidores dessa novas tecnologias A inde-
pendecircncia dos fornecedores - ao optar pelo software livre - permite que o governo faccedila atualizaccedilotildees
ou alteraccedilotildees nos sistemas pagando menos e exigindo melhor qualidade(SILVEIRA 2004 p 41)
A independecircncia de uma uacutenica empresa gera um mercado mais concorrente em que as empresas
locais se sentiratildeo com uma maior motivaccedilatildeo para gerar negoacutecios no exterior e se concentrarem
na venda de desenvolvimento capacitaccedilatildeo e suporte (SILVEIRA 2004 p 42) Em relaccedilatildeo ao
argumento democraacutetico enfim Silveira (2004 p 42) lembra que as tecnologias da informaccedilatildeo estatildeo
cada vez mais se tornando os meios de expressatildeo de economia cultura e conhecimento Elas
satildeo o cerne de uma sociedade em rede (SILVEIRA 2004 p 42) Nesse contexto a limitaccedilatildeo do
seu acesso - bem como a ideia de que tais tecnologias satildeo propriedade privada de poucos grupos
econocircmicos comeccedila a ser percebido como uma violaccedilatildeo dos direitos fundamentais(SILVEIRA
2004 p 42) do ser humano As tecnologias da informaccedilatildeo precisam ser livres e desenvolvidas de
modo democraacutetico e colaborativo (SILVEIRA 2004 p 42) Compreendemos que ao optar pelo
software livre o governo poderaacute contribuir nesse sentido
Oliva (2000 p 1) defende que o software livre apresenta uma vantagem competitiva com relaccedilatildeo
ao software proprietaacuterio Conforme anunciado ele o faz por meio de uma analogia entre formas
de vida e unidades de software considerando argumentos relativos agrave seleccedilatildeo natural - tais como a
facilidade de reproduccedilatildeo e aumento da variabilidade ocorrecircncias caras agrave preservaccedilatildeo da espeacutecie
44
Vantagens relacionadas ao uso de software livre
O autor inicia a analogia estabelecendo algumas equivalecircncias entre conceitos do acircmbito do
desenvolvimento de software e das ciecircncias naturais (OLIVA 2000 p 1) Ele estabelece por
exemplo que um programa pode ser considerado uma espeacutecie a coacutepia de um programa um
indiviacuteduo e o surgimento de uma nova versatildeo uma espeacutecie variante de um individuo Da mesma
forma enquanto a demanda do usuaacuterio para o uso de um software equivale ao nicho de uma espeacutecie
o trabalho das CPUs dos usuaacuterios corresponde agrave comida pela qual o indiviacuteduo compete e enfim
os desenvolvedores e mantenedores agraves forccedilas ocultas da natureza que introduzem variaccedilotildees nas
espeacutecies(OLIVA 2000 p 1)
A analogia de Oliva (2000 p 1) prossegue em seu desenvolvimento com base em duas
conclusotildees de Charles Darwin - citadas a seguir e referenciadas como 1 e 2 - configurando a
vantagem reprodutiva e a vantagem da variabilidade Satildeo elas
1 Uma grande quantidade de variedade sobre a qual diferenccedilas in-dividuais estatildeo presentes seratildeo evidentemente favoraacuteveis (para aproduccedilatildeo de novas formas por meio da seleccedilatildeo natural) Um grandenuacutemero de indiviacuteduos por oferecer uma melhor chance em um dadoperiacuteodo para o aparecimento de variedades ricas vai compensaruma menor quantidade de variabilidade em cada indiviacuteduo sendoacredito um elemento muito importante de sucesso [preservaccedilatildeo daespeacutecie] (DARWIN 1859)
2 () variaccedilotildees natildeo obstante leves e advindas de qualquer causa seelas satildeo em qualquer grau relevantes para os indiviacuteduos de umaespeacutecie nas suas infinitamente complexas relaccedilotildees com outros seresorgacircnicos e com a sua condiccedilatildeo fiacutesica de vida tenderatildeo a contribuircom a preservaccedilatildeo desses indiviacuteduos (DARWIN 1859)
Oliva (2000 p 2) aborda a vantagem da reprodutividade lembrando que o software livre tem
um enorme potencial para deixar muitos descendentes tendendo agrave proliferaccedilatildeo Isso ocorre natildeo soacute
pelas liberdades a ele atribuiacutedas mas tambeacutem pelo seu baixo preccedilo Tal raciociacutenio natildeo vale para
o software proprietaacuterio jaacute que geralmente sua reproduccedilatildeo eacute feita na maior parte das vezes por
clonagem e com menos frequecircncia pelo lanccedilamento de novas versotildees dado que se trata de um
processo caro (OLIVA 2000 p 2) O que se vecirc portanto segundo o autor eacute a proliferaccedilatildeo de
coacutepias sem variaccedilatildeo ou seja de clones
Oliva (2000 p 3) ao discorrer sobre a vantagem da variabilidade observa que as variaccedilotildees
de um software natildeo satildeo aleatoacuterias - ao contraacuterio das espeacutecies naturais - mas criadas pelos desen-
volvedores a partir das necessidades dos usuaacuterios Esses por sua vez no caso do software livre
carregam o poder de dirigir a variaccedilatildeo na medida em que alteram o software - seja por contra proacutepria
seja contratando algueacutem para faze-lo seja enfim publicando a sua demanda em um foacuterum ou lista
de e-mails com a expectativa de que um voluntaacuterio o ajude no desenvolvimento gratuitamente ou
em troca de algum tipo de pagamento (OLIVA 2000 p 3) Segundo o autor parece oacutebvio no que
se refere ao software livre que a liberdade de fazer mudanccedilas e de redistribuir as novas variaccedilotildees
aumenta a variedade da espeacutecie - ou seja do software - tornando-os mais adequados para outros
nichos ainda que desconhecidos quando da sua criaccedilatildeo
Conforme explica Oliva (2000 p 3) uma variaccedilatildeo que apresenta uma vantagem competitiva
em relaccedilatildeo agrave versatildeo original - ou seja uma variaccedilatildeo que introduz uma funccedilatildeo uacutetil para uma grande
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Pontos criacuteticos relativos ao uso de software livre
variedade de nichos - pode ser aceita por uma maior quantidade de administradores de outros
projetos e rapidamente proliferar-se Por outro lado quando a variante natildeo eacute vantajosa natildeo eacute
aceita e perece ficando apenas no seu nicho
Oliva (2000 p 2) argumenta enfim que seria possiacutevel supor que a maioria dos usuaacuterios mesmo
tendo acesso ao coacutedigo fonte natildeo faccedilam alteraccedilotildees mas distribuem coacutepias iguais (clones) Em
resposta a essa possibilidade ele lembra que se um nuacutemero suficiente de pessoas lanccedila matildeo do
coacutedigo para altera-lo o niacutevel de variaccedilatildeo do software livre seraacute maior do que do software proprietaacuterio
(OLIVA 2000 p 3)
Compreendemos em siacutentese que Oliva (2000) por meio de sua argumentaccedilatildeo defende que
o software livre em detrimento ao proprietaacuterio apresenta melhor capacidade de reproduccedilatildeo e de
geraccedilatildeo de variedade dados os respectivos modelos de desenvolvimento O software livre portanto
teraacute maiores condiccedilotildees de autopreservaccedilatildeo enquanto espeacutecie
32 Pontos criacuteticos relativos ao uso de software livre
Trazemos para debate nesta seccedilatildeo alguns pontos criacuteticos relativos ao uso de software livre
Satildeo eles a ausecircncia de garantias e a inesistecircncia de um proprietaacuterio ou responsaacutevel legal a
inconsistecircncia da interface do usuaacuterio a dificuldade de instalaccedilatildeo e configuraccedilatildeo sobretudo para
usuaacuterios principiantes a qualidade a imagem e a reputaccedilatildeo a escassez de matildeo de obra para o
desenvolvimento e suporte bem como o seu alto custo e a exposiccedilatildeo da propriedade intelectual
Em acordo com Alencar (2007 p 75) percebemos que os pontos criacuteticos apresentados
consistem em problemas de software em geral natildeo se limitando portanto agraves soluccedilotildees livres Com
efeito seraacute possiacutevel notar no decorrer da seccedilatildeo uma tentativa de relativizar cada um deles Cabe
observar ainda que esse tema eacute tratado de diversas maneiras pelos autores e pesquisadores que
abordam o assunto Enquanto Alencar (2007 p 75) por exemplo refere-se ao tema como limitaccedilotildees
do software livre Hexsel (2002 p 16) e Sabino e Kon (2009 p 8) utilizam o termo desvantagem
Melo (2009 p 1) por sua vez preferem a expressatildeo pontos fracos do software livre
Sabino e Kon (2009 p 8) e Hexsel (2002 p 18) apontam a ausecircncia de garantias - associada agrave
inexistecircncia de um proprietaacuterio ou responsaacutevel legal - como um aspecto do software livre que pode
ser considerado desvantajoso em detrimento ao proprietaacuterio Conforme explicam Sabino e Kon (2009
p 8) soluccedilotildees livres podem significar problemas caso seja necessaacuterio o fornecimento de garantias
ou ainda em casos de ocorrecircncia de prejuiacutezos pela falha do sistema dado que suas licenccedilas em
geral eximem o autor de qualquer responsabilidade tanto quanto eacute permitido pela lei(SABINO
KON 2009 p 8) Hexsel (2002 p 1) relativiza a questatildeo lembrando que a existecircncia de um
proprietaacuterio natildeo prevecirc necessariamente garantias relacionadas a eventuais prejuiacutezos decorrentes
do uso de um software Ademais eles observam que as empresas de software proprietaacuterio tambeacutem
tentam ao maacuteximo em seus contratos eximirem-se de responsabilidades tanto quanto permitido
pela lei Sabino e Kon (2009 p 8) acrescentam que independente das claacuteusulas de ausecircncia
de responsabilidade algumas empresas de software livre optam pelo fornecimento de garantias e
suporte em forma de serviccedilo
A inconsistecircncia - e a natildeo uniformidade - da interface de usuaacuterio eacute trazida por Hexsel (2002 p 16)
46
Pontos criacuteticos relativos ao uso de software livre
e Melo (2009 p 1) como um ponto criacutetico relativo agrave utilizaccedilatildeo do software livre Os autores explicam
que essa caracteriacutestica tem raiacutezes no modelo de desenvolvimento descentralizado caracteriacutestico
desse tipo de software Trata-se de uma questatildeo que apesar de existente - ou seja com a qual
o usuaacuterio de fato poderaacute se deparar - natildeo corresponde a todos os casos de software livre Os
autores ressaltam a existecircncia de projetos especializados de desenvolvimento cujo foco estaacute na
resoluccedilatildeo dessa situaccedilatildeo Melo (2009 p 8) lembra enfim que empresas de software proprietaacuterio
natildeo estatildeo isentas dessa praacutetica De fato - comenta o autor - natildeo satildeo incomuns as descontinuidades
de interface de usuaacuterio de uma versatildeo proprietaacuteria para a outra
Hexsel (2002 p 16) e Melo (2009 p 1) apontam a dificuldade de instalaccedilatildeo e de configuraccedilatildeo
como uma questatildeo problemaacutetica relativa ao uso de software livre sobretudo para usuaacuterios iniciantes
ou sem conhecimentos especiacuteficos de programaccedilatildeo Hexsel (2002 p 16) explica que essa questatildeo
estaacute relacionada com a natureza do software livre e com o seu modo de desenvolvimento Ele lembra
que os primeiros usuaacuterios satildeo normalmente os proacuteprios programadores - ou usuaacuterios avanccedilados -
os quais tecircm praacutetica na instalaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de programas Hexsel (2002 p 17) e Melo (2009 p
2) argumentam que mesmo em se tratando de software proprietaacuterio a facilidade de instalaccedilatildeo e
administraccedilatildeo pode ser ilusoacuteria Apesar da relativa facilidade os procedimentos de instalaccedilatildeo podem
apresentar outros pontos negativos como por exemplo a inflexibilidade Em adiccedilatildeo Melo (2009 p
2) observa que a facilidade de instalaccedilatildeo tanto para o software livre quanto para o proprietaacuterio deve
ser analisada caso a caso Compreendemos que certamente o grau de facilidade de instalaccedilatildeo
- bem como o investimento na usabilidade de telas de instalaccedilatildeo dependeratildeo do publico alvo do
software em questatildeo
Sabino e Kon (2009 p 8) observam que a qualidade a imagem e reputaccedilatildeo tambeacutem satildeo
vistos como um aspecto de desvantagem no que se refere agrave utilizaccedilatildeo do software livre Segundo
os autores a inexistecircncia de uma empresa de renome como referecircncia para um software pode
representar para os potenciais usuaacuterios a possibilidade de abandono e de interrupccedilatildeo de suporte
para o produto Corrobora para essa desconfianccedila o fato de o software ser distribuiacutedo de forma
gratuita (SABINO KON 2009 p 8) Para Hexsel (2002 p 20) essa crenccedila de que a gratuidade do
software eacute incompatiacutevel com qualidade eacute falsa e confusa Existe de fato para o autor uma falta de
informaccedilatildeo impliacutecita nessa concepccedilatildeo jaacute que o software livre natildeo eacute necessariamente graacutetis mas
distribuiacutedo sem custos - ou por um custo muito baixo Ainda sobre essa falta de informaccedilatildeo Hexsel
(2002 p 20) ressalta que uma fraccedilatildeo significativa da internet eacute construiacuteda por software livre sendo
a sua existecircncia viaacutevel por causa da disponibilidade desses softwares como coacutedigo fonte aberto
Segundo Hexsel (2002 p 17) Melo (2009 p 1) e Sabino e Kon (2009 p 8) a escassez de
matildeo de obra - bem como o seu alto custo - para o desenvolvimento e suporte de software livre pode
ser vista como uma desvantagem No sentido de desconstruir a veracidade dessa constataccedilatildeo os
autores chamam a atenccedilatildeo para o presenccedila da documentaccedilatildeo e dos variados canais - tais como
foacuteruns listas de discussatildeo e sites de desenvolvimento - em que os usuaacuterios poderatildeo tirar duacutevidas
e receber auxiacutelio por parte da comunidade - ou seja programadores usuaacuterios mais experientes
ou ateacute mesmo os proacuteprios desenvolvedores de um determinado sistema Hexsel (2002 p 17)
observa ainda que na medida em que um determinado sistema se difunde a demanda por pessoal
capacitado para instalaccedilatildeo operaccedilatildeo e administraccedilatildeo tende a aumentar
47
Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explorando a produtividade altruiacutesta
Sabino e Kon (2009 p 8) enfim observam que a opccedilatildeo por um modelo aberto pode ser
percebido como uma desvantagem para os seus autores e produtores dada a oacutebvia exposiccedilatildeo
de propriedade intelectual Nesse caso segundo os autores caberaacute agrave empresa responsaacutevel pela
produccedilatildeo estabelecer ou manter diferenciais para que a longo prazo o seu mercado seja garantido
(SABINO KON 2009 p 8) Em contrapartida conforme argumentam Sabino e Kon (2009 p 8)
seraacute mais difiacutecil para uma empresa conseguir vantagem competitiva sobre a outra se o produto
de software for registrado com uma licenccedila que determine obrigatoriedade na manutenccedilatildeo das
liberdades em caso de qualquer diferencial no produto Dessa forma o diferencial poderaacute tambeacutem
ser absorvido pela empresa que primeiro expocircs o seu coacutedigo Cabe ressaltar que observamos
nesse raciociacutenio a ideia essencial do copyleft (FARIA 2011 p 24) ou seja de forccedilar a manutenccedilatildeo
das liberdades conforme discutido no capiacutetulo 1 desta tese
33 Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explo-
rando a produtividade altruiacutesta
Na seccedilatildeo 31 apontamos como vantagem das tecnologias livres - incluindo Material Didaacutetico Virtual
Livre - o seu potencial para agregar o altruiacutesmo a formas de obtenccedilatildeo de renda ou seja o que
consideramos como altruiacutesmo produtivo Nesta seccedilatildeo exploramos um puco mais essa vantagem
trazendo para debate alguns possiacuteveis modelos de negoacutecio relacionados agrave utilizaccedilatildeo de tecnologias
e artefatos livres tais como o software livre os Recursos Educacionais Abertos e o Material Didaacutetico
Virtual Livre Aprofundamos portanto em seu aspecto produtivo
Em acordo com Santos (2013 p 11) consideramos que o termo modelo de negoacutecio nesta
seccedilatildeo refere-se agrave capacidade - ou os meios - que as instituiccedilotildees de ensino tem ao seu dispor
para recuperarem seus investimentos em projetos livres de modo a torna-los mais sustentaacuteveis
Essa questatildeo se justifica como lembra Santos (2013 p 11) pelo fato de que a implementaccedilatildeo de
projetos dessa natureza apresentam custos que podem ir dos mais baixos a grandes investimentos
dependendo do tipo de iniciativa que se pretenda realizar(SANTOS 2013 p 11) Cabe mencionar
que enquanto a autora se refere aos Recursos Educacionais Abertos nosso foco satildeo o software
livre e o Material Didaacutetico Virtual Livre Compreendemos que os comentaacuterios de Santos (2013 p
11) - bem como dos demais autores citados nesta seccedilatildeo cujo foco de anaacutelise tem como objeto
a noccedilatildeo de Recursos Educacionais Abertos - se aplicam a gestatildeo de projetos envolvendo os trecircs
artefatos citados dada a sua natureza livre comum Ademais consideramos que esses modelos de
negoacutecio podem balizar natildeo apenas o trabalho das instituiccedilotildees de ensino mas tambeacutem dos vaacuterios
atores envolvidos na gestatildeo de iniciativas livres - tais como programadores e professores-autores de
material didaacutetico
Santos (2013 p 12) aponta sete modelos de negoacutecio comumente utilizados por instituiccedilotildees de
ensino superior em seus esforccedilos de implementaccedilatildeo de projetos envolvendo Recursos Educacionais
Abertos Satildeo eles doaccedilatildeo assinatura contribuiccedilatildeo patrociacutenio institucional governamental e
comercial A doaccedilatildeo ocorre quando uma Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental (ONG) ou outro tipo
de organizaccedilatildeo - por exemplo uma fundaccedilatildeo - paga pela produccedilatildeo e disseminaccedilatildeo do artefato
48
Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explorando a produtividade altruiacutesta
livre A assinatura ocorre quando uma instituiccedilatildeo de ensino - ou outra organizaccedilatildeo - pagam para
serem membros de um consoacutercio que gerencia a elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de artefatos livres
Na contribuiccedilatildeo o autor se responsabiliza pelos custos e produccedilatildeo dos mesmos(SANTOS 2013
p 12) O patrociacutenio consiste no financiamento da produccedilatildeo e disseminaccedilatildeo dos artefatos livres
por parte das instituiccedilotildees educacionais - ou outra instituiccedilatildeo - em troca de publicidade O modelo
institucional caracteriza-se quando uma instituiccedilatildeo educacional paga pela criaccedilatildeo do conteuacutedo e
disseminaccedilatildeo como parte da sua missatildeo(SANTOS 2013 p 12) O modelo governamental por sua
vez eacute caracterizado quando o financiamento eacute assumido de modo centralizado pelo governo em
prol de seus objetivos Enfim o modelo comercial se caracteriza quando o aluno paga - geralmente
uma quantia simboacutelica(SANTOS 2013 p 12) - pelo conteuacutedo serviccedilo ou certificado
Baseados em Santos (2013 p 15) consideramos que iniciativas livres tal qual Recursos
Educacinais Abertos ou Material Didaacutetico Virtual Livre podem agregar valor agraves instituiccedilotildees que os
utilizam Santos (2013 p 15) lembra que esse valor eacute em grande parte intangiacutevel como o reforccedilo
do compromisso com o empreendedorismo social vinculado agrave imagem institucional(SANTOS 2013
p 15) o aumento da visibilidade da instituiccedilatildeo e o fato de que esses recursos podem funcionar como
uma vitrine para a instituiccedilatildeo principalmente quando difundidos na rede mundial de computadores
A autora lembra que de fato essa utilizaccedilatildeo apresentam grande potencial para gerar matriacutecula e
consequentemente gerar renda indireta (SANTOS 2013 p 15)
Litto (2006 p 76) observa a existecircncia de uma grande variaccedilatildeo nas estrateacutegias institucionais de
produccedilatildeo de Recursos Educacionais Abertos Ele explica que algumas delas seguem uma poliacutetica
top down (de cima para baixo) na qual a administraccedilatildeo coordena todas essas atividades(LITTO
2006 p 76) e uma poliacutetica bottom up (de baixo para cima) marcada por esforccedilos individuais de
professores pioneiros(LITTO 2006 p 76) Em consonacircncia com Beshear (2005) Litto (2006 p 76)
deflagra a existecircncia de trecircs tipos de coleccedilotildees institucionais de Recursos Educacionais Abertos o
mandiacutebula o bastatildeo e o cenoura O mandiacutebula conssite no modelto biblioteca de recursos apoiada
na ideia de que se construiacutermos eles [os usuaacuterios] viratildeo(LITTO 2006 p 76) e na promoccedilatildeo
de campanhas com objetivo de persuadir a utilizaccedilatildeo por parte dos usuaacuterios o modelo bastatildeo
por sua vez toma forma quando a administraccedilatildeo instrui o corpo docente a usar determinados
Recursos Educacionais Abertos em substituiccedilatildeo a livros texto comerciais O modelo cenoura enfim
configura-se como tal perante a existecircncia de uma poliacutetica de incentivos - em forma de reduccedilatildeo
de taxas ou aumento de auxiacutelios - para que o corpo discente e docente criem e usem Recursos
Educacionais Abertos (LITTO 2006 p 76)
A Wikipedia por meio da entrada Open bussines 23 reconhece a existecircncia de diversos tipos de
modelos de negoacutecios abertos por meio dos quais eacute possiacutevel obter lucro financeiro com a utilizaccedilatildeo
de software livre ou ainda financiar o seu desenvolvimento Segundo a Wikipedia apesar de seu
status legal a aceitaccedilatildeo dos modelos de negoacutecio abertos por parte da comunidade do software livre
pode variar De fato alguns modelos satildeo considerados controversos ou desprovidos de eacutetica outros
satildeo aceitos outros ainda satildeo recomendados pela comunidade como por exemplo a obtenccedilatildeo de
renda por meio da cobranccedila pelo serviccedilo (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE
23O termo Open Bussines foi traduzido por FUNDACAO GETULIO VARGAS (sd) como modelos de negoacutecioabertos
49
Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explorando a produtividade altruiacutesta
sd)
Nesse sentido BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE (sd) apresenta treze
modelos o licenciamento duplo a venda de serviccedilos profissionais a venda de produtos custo-
mizados a venda do software como serviccedilo as parcerias com organizaccedilotildees patrocinadoras o
sistema de doaccedilotildees voluntaacuterias o sistema de bounties o sistema de preacute-compra ou crowdfunding o
software como publicidade a venda de extensotildees proprietaacuterias adicionais a venda de determinados
componentes de um produto de software o re-licenciamento de um software aberto para proprietaacuterio
a abertura gradual do software e a ofuscaccedilatildeo do coacutedigo fonte
Em linhas gerais o licenciamento duplo consiste em licenciar um software com duas licenccedilas
(BLANCO 2006 BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) de naturezas
diversas Normalmente utiliza-se uma licenccedila aberta e uma proprietaacuteria (BLANCO 2006 p 1)
Nesse modelo conforme lembra BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE (sd)
a versatildeo proprietaacuteria pode ser vendida com o intuito de patrocinar a continuidade da versatildeo livre
do projeto A venda de serviccedilos profissionais eacute a forma mais conhecida e recomendada pela
comunidade de software livre (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) Ela
consiste em cobrar pelos serviccedilos - como treinamento suporte teacutecnico ou consultoria - em detrimento
a cobranccedila pelo software A venda de produtos customizados consiste na comercializaccedilatildeo de itens
- tais como camisetas canecas chaveiros mouse-pads etc - com o logotipo da empresa ou do
software livre A venda do software como serviccedilo consiste por sua vez na comercializaccedilatildeo de
assinaturas para acesso a software que permanecem no servidor ou seja serviccedilos online tal qual o
serviccedilo de cloud computing (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) Cabe
ressaltar que tal serviccedilo apesar de legal pode ser considerado inadequado e incoerente com a ideia
do software livre jaacute que forccedila os usuaacuterios a pagar cada vez mais pelo uso de sistemas cujo coacutedigo eacute
inacessiacutevel De fato ainda que livre o usuaacuterio natildeo teraacute acesso (JOHNSON 2008)
A parceria com organizaccedilotildees patrocinadoras consiste na associaccedilatildeo com governos univer-
sidades empresas ou outro tipo de instituiccedilatildeo natildeo governamental (BUSINESS MODELS FOR
OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) que forneccedila fonte de renda para o projeto de desenvolvimento
de um software livre O sistema de doaccedilotildees voluntaacuterias se configura quando o responsaacutevel por
um projeto de desenvolvimento - seja uma instituiccedilatildeo seja um programador independente - pede
doaccedilotildees para arrecadar fundos para o seu projeto O sistema de bounties consiste na arrecadaccedilatildeo
de fundos entre os usuaacuterios de um aplicativo livre com o intuito de desenvolver e implementar uma
determinada funcionalidade nesse aplicativo (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFT-
WARE sd) Modelo semelhante eacute o modelo de preacute-compra ou crowdfunding que funciona por meio
da arrecadaccedilatildeo de fundos advindos de doaccedilatildeo O modelo do software livre como publicidade prevecirc a
disponibilizaccedilatildeo de espaccedilos para a fixaccedilatildeo de banners ou outro tipo de propaganda por meio da qual
ocorre a arrecadaccedilatildeo (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) A venda de
extensotildees proprietaacuterias adicionais consiste na accedilatildeo de disponibilizar extensotildees plugins ou add-ons
proprietaacuterios (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) natildeo essenciais de
modo que seu uso seja condicionado ao pagamento Uma variante desse modelo segundo BUSI-
NESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE (sd) eacute a venda de determinados componentes
de um produto de software o qual consiste em manter proprietaacuterio determinado aspecto do conteuacutedo
50
Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explorando a produtividade altruiacutesta
de um software de coacutedigo aberto (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd)
tornando-o acessiacutevel em troca de pagamento Esse eacute o caso por exemplo de um videogame em
que determinados aspectos graacuteficos ou sonoros permanecem proprietaacuterios sendo o seu coacutedigo
fonte baacutesico livre Para obter uma experiecircncia completa do videogame o usuaacuterio teraacute que comprar o
conteuacutedo proprietaacuterio
O re-licenciamento segundo a BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE (sd)
ocorre quando uma empresa reverte a licenccedila de um sistema livre - completamente desenvolvido
em seu acircmbito - para proprietaacuterio de modo a poder comercializar legalmente o produto A abertura
gradual do software se configura quando o acesso agraves versotildees mais recentes eacute dado apenas para
usuaacuterios pagantes Conforme lembra BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE
(sd) uma das maneiras de disponibilizaccedilatildeo gradual ocorre quando uma empresa disponibiliza seu
software proprietaacuterio - atribuindo-lhe uma licenccedila livre - apoacutes um longo periacuteodo de comercializaccedilatildeo
ou quando alcanccedilado o retorno financeiro pretendido Ao fazecirc-lo a empresa tenta evitar que o seu
software seja abandonado e se torne obsoleto jaacute que daraacute a chance para que a comunidade de
software livre continue o seu desenvolvimento e suporte (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE
SOFTWARE sd) Enfim o uacuteltimo modelo discutido em BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE
SOFTWARE (sd) - o qual percebemos natildeo esta diretamente relacionado com a obtenccedilatildeo de
retorno financeiro em projetos de software livre - consiste no ofuscamento do coacutedigo fonte Esse
termo segundo a REVISTA BRASILEIRA DE WEB (2013) e BUSINESS MODELS FOR OPEN-
SOURCE SOFTWARE (sd) refere-se agrave tentativa deliberada de dificultar a compreensatildeo de um
coacutedigo fonte Essa tentativa se daacute por exemplo por meio da inserccedilatildeo de coacutedigo natildeo destrutivo
redundante ou de nomes de variaacuteveis sem sentido - entre outros (REVISTA BRASILEIRA DE WEB
2013)
Consideramos como jaacute mencionado que os modelos discutidos em Santos (2013 p 12) e
em Litto (2006 p 76) satildeo viaacuteveis igualmente para a gestatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
conforme nossa concepccedilatildeo apresentada nesta tese Em adiccedilatildeo percebemos que tais modelos
natildeo satildeo excludentes entre siacute podendo servir de inspiraccedilatildeo para que os atores envolvidos - ou seja
entre outros instituiccedilotildees escolares professores-autores diretores coordenadores pedagoacutegicos -
descubram criem ou derivem novos meios de gestatildeo sustentaacutevel caso decidam pela utilizaccedilatildeo
de Material Didaacutetico Virtual Livre Ademais consideramos que a mesma inspiraccedilatildeo pode ser
encontrada nos modelos de negoacutecio abertos discutidos em BUSINESS MODELS FOR OPEN-
SOURCE SOFTWARE (sd) ainda que os mesmos se refiram ao software livre Vale ressaltar
que a utilizaccedilatildeo de alguns desses modelos descaracterizaria o material didaacutetico virtual como livre
excluindo naturalmente o seu aspecto altruiacutesta Isso ocorre por exemplo quando adotada a
estrategia de converter o licenciamento livre para proprietaacuterio com o intuito de legalizar a sua venda
ou ainda a utilizaccedilatildeo do material como serviccedilo disponiacutevel mediante pagamento
51
Capiacutetulo 4
Metodologia de produccedilatildeo de Material
Didaacutetico Virtual Livre
Neste capiacutetulo apresentamos e discutimos quatro aspectos que consideramos nucleares em relaccedilatildeo
agrave metodologia - ou processo - que adotamos para a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
Satildeo eles a utilizaccedilatildeo de modelos instrucionais - em especial o modelo ADDIE (GAGNEacute et al
2005 ROTHWELL KAZANAS 2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) o modelo da
Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA
FILHO 2010) e o Quadro para Escrita de Material Didaacutetico de Liacutenguas (JOLLY BOLITHO 1998
p 90) as teacutecnicas de buscas de insumos livres as teacutecnicas de licenciamento do material didaacutetico
virtual atribuindo-lhe uma licenccedila livre ou flexiacutevel e a utilizaccedilatildeo de software livre
Observamos que durante a nossa pesquisa tivemos a oportunidade de experimentar e avaliar
cada um desses quatro aspectos Ademais pudemos agregar elementos relacionados ao contexto
de ensino-aprendizagem de liacutenguas de modo que a metodologia - ou processo - de produccedilatildeo de
Material Didaacutetico Virtual Livre com a qual trabalhamos pudesse oferecer condiccedilotildees para - do nosso
ponto de vista - melhor apoiar a praacutetica do professor de idiomas
O modelo ADDIE o modelo de Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas e Quadro para Elaboraccedilatildeo
de Material Didaacutetico de Ensino de Liacutenguas - os quais podem ser originalmente compreendidos como
modelos que visam em linhas gerais o entendimento de contextos instrucionais e o suporte
ao planejamento e operacionalizaccedilatildeo de cursos em seus diversos aspectos sendo o segundo
e o terceiro dirigidos ao contexto de ensino de liacutenguas - foram tomados como referecircncia para
operacionalizaccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres em contexto de ensino e aprendizagem de
liacutenguas Em outras palavras aleacutem de consideramos os trecircs modelos como arcabouccedilos teoacutericos
adequados para a compreensatildeo da atividade instrucional em si adotamos os modelos como
instrumentos para que o professor-autor pudesse se guiar na operacionalizaccedilatildeo do Material Didaacutetico
Virtual Livre bem como na documentaccedilatildeo dessa praacutetica
Os aspectos relativos agrave busca de insumos livres eou flexiacuteveis e agrave atribuiccedilatildeo de liberdades ao
Material Didaacutetico Virtual Livre satildeo abordados a partir de um vieacutes praacutetico-operativo com exemplos
de uso de ferramentas disponiacuteveis na Internet e estatildeo em sintonia com as reflexotildees propostas em
EDUCACcedilAtildeO ABERTA (2011) Cabe lembrar que a rede mundial de computadores apresenta uma
52
Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
dinacircmica metamoacuterfica e efecircmera e que por isso os instrumentos citados podem natildeo ser perenes
cabendo ao professor-autor atualizar-se continuamente Dessa forma interessa-nos sobremaneira
ilustrar a praacutetica Consideramos que a compreensatildeo dessa praacutetica - natildeo obstante a possibilidade de
mudanccedilas nos aspectos das ferramentas em si - pode contribuir - entre outras maneiras - para o
desenvolvimento das habilidades relativas agrave operacionalizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre no
contexto de ensino e aprendizagem de idiomas especificadamente de italiano como LEL2
Abordamos enfim a utilizaccedilatildeo de software livre como suporte para o Material Didaacutetico Virtual
Livre trazendo para debate os dois programas que analisamos e utilizamos em nossa pesquisa
Trata-se do sistema de criaccedilatildeo de blogs e gerenciamento de conteuacutedos para web denominado
WORDPRESS (sd) 24 e do programa de autoria intitulado (EXElearning sd) 25 Nosso objetivo eacute o
de apresentar as caracteriacutesticas gerais de ambos os programas bem como os aspectos que nos
motivaram a utilizaacute-los Optamos por natildeo debater todos os recursos e funccedilotildees de cada um deles
De fato consideramos que esse aprofundamento fugiria ao escopo desta tese
41 Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacute-
tico Virtual Livre
Trazemos nesta seccedilatildeo para debate a dimensatildeo relativa agrave utilizaccedilatildeo de modelos instrucionais
como referecircncia teoacuterico-operativa para a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre no contexto
instrucional especiacutefico de ensino-aprendizagem de liacutenguas Consideramos oportuno introduzir o
debate colocando em pauta reflexotildees sobre a natureza dos modelos instrucionais em geral para
em seguida discutir o modelo baacutesico ADDIE (GAGNEacute et al 2005 ROTHWELL KAZANAS 2003
SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) o Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de
Linguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010) e o Quadro para
Elaboraccedilatildeo de Material Didaacutetico de Ensino de Liacutenguas (JOLLY BOLITHO 1998 p 90)
Seraacute possiacutevel notar no decorrer da sessatildeo que os modelos citados - natildeo obstante apresentem
singularidades e focos ligeiramente diferentes - dialogam entre si na medida em que todos eles
refletem essencialmente uma metodologia operativa norteada pela resoluccedilatildeo de problemas instrucio-
nais representando dessa forma propostas instrucionais sensiacuteveis ao contexto - em consonacircncia
com a concepccedilatildeo da Pedagogia Poacutes-meacutetodo e a natureza do Material Didaacutetico Virtual Livre conforme
discutido no capiacutetulo 2 desta tese Nosso objetivo eacute o de apresentaacute-los discuti-los e quando possiacutevel
destacar relaccedilotildees entre eles e com o contexto de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre para o
ensino de liacutenguas - conforme investigado em nossa pesquisa de doutoramento e discutido nesta tese
Percebemos de fato no decorrer de nossa pesquisa bem como de nossa praacutetica que o estudo e a
compreensatildeo dos trecircs modelos pode auxiliar de modo positivo o cumprimento dessa tarefa - a saber
a tarefa de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre Consideramos que as noccedilotildees trazidas pela
compreensatildeo dos trecircs modelos satildeo complementares
Dessa forma notamos que o modelo ADDIE (GAGNEacute et al 2005 ROTHWELL KAZANAS
24httpwwwwordpressorg25httpwwwexelearningorg
53
Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) pode auxiliar na compreensatildeo de contextos
instrucionais em geral bem como de outros modelos instrucionais na medida em que consiste em
um modelo instrucional baacutesico a partir do qual eacute possiacutevel estabelecer outros modelos inserindo
adaptaccedilotildees decorrentes de demandas especiacuteficas Percebemos que o Modelo da Operaccedilatildeo Global
de Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010 p
18) e o Quadro para Produccedilatildeo de Material Didaacutetico para o Ensino de Liacutenguas (JOLLY BOLITHO
1998 p 96) por sua vez podem auxiliar na compreensatildeo de processos instrucionais relativos
ao contexto especiacutefico de ensino e aprendizagem de liacutenguas - bem como desse contexto em si -
sendo o primeiro - do nosso ponto de vista - com um vieacutes predominantemente descritivo e o segundo
com um vieacutes operativo-procedimental e especificadamente relativo agrave produccedilatildeo de material didaacutetico
Ambos de fato abordam dimensotildees e aspectos especiacuteficos desse contexto Se por um lado o
professor-autor de Material Didaacutetico Virtual Livre poderaacute compreender melhor o contexto instrucional
para o qual iraacute produzir o seu material didaacutetico - ou seja o contexto de ensino e aprendizagem de
liacutenguas - por meio do Modelo da Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993
ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010 p 18) por outro poderaacute operacionalizar essa
atividade por meio do Quadro para Produccedilatildeo de Material Didaacutetico para o Ensino de Liacutenguas (JOLLY
BOLITHO 1998 p 96)
411 Visatildeo geral sobre modelos instrucionais
Um modelo de design instrucional pode ser visto como um quadro procedimental para a produccedilatildeo
sistemaacutetica de instruccedilatildeo (THOMAS 2010 p 187) Ele incorpora estrateacutegias baacutesicas do design
instrucional tais como entre outras a anaacutelise do puacuteblico alvo - ou seja levantamento e avaliaccedilatildeo
das necessidades do aprendiz - a determinaccedilatildeo dos objetivos de aprendizagem e a avaliaccedilatildeo do
processo instrucional em seus diversos aspectos (THOMAS 2010 GAGNEacute et al 2005 p 187
p 21 ) Aleacutem disso esse construto informa como elementos e estrateacutegias instrucionais podem
ser integradas e operacionalizadas na produccedilatildeo e realizaccedilatildeo de cursos (THOMAS 2010 p 187)
dado que descreve a maneira de conduzir as suas diversas etapas (GUSTAFSON BRANCH 2002
p 19) Conforme observam Gustafson e Branch (2002 p 19) um modelo de design instrucional
permite a visualizaccedilatildeo de todo o processo aleacutem de estabelecer diretrizes para sua gestatildeo e para
a comunicaccedilatildeo entre os eventuais membros da equipe gestora de um projeto instrucional e seus
eventuais clientes
Gagneacute et al (2005 p 19) e Seels e Glasgow (1998 p 165) lembram que um modelo instrucional
consiste em uma tentativa de representaccedilatildeo de processos de design instrucional podendo tomar
variadas formas verbal visual tridimensional (SEELS GLASGOW 1998 p 166) espiral curviliacuteneo
em cascata sequencial (GAGNEacute et al 2005 p 41) - entre outras Seels e Glasgow (1998)
acrescentam que independente da forma o seu objetivo eacute o de apresentar uma visatildeo sobre a
realidade - ou seja sobre processos de design instrucional De acordo com Gagneacute et al (2005 p
41) cada tipo de representaccedilatildeo apresenta benefiacutecios no que diz respeito ao apoio e agrave comunicaccedilatildeo
no processo como um todo e podem ser alguns mais ou menos efetivos do que outros Os autores
observam que para ser realmente efetivo um modelo deve ser permeado com indicaccedilotildees dos
papeacuteis e tarefas dos profissionais envolvidos (stakeholders) em um dado projeto instrucional A
54
Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
forma desse modelo seraacute mais efetiva se corresponder agraves demandas instrucionais locais as quais
podem ser mais ou menos complexas exigindo de fato um ou outro tipo de representaccedilatildeo (GAGNEacute
et al 2005 p 41) Dessa forma de acordo com Gagneacute et al (2005 p 42) o desafio do designer
instrucional - ou de outro profissional envolvido no design de cursos tal qual um professor-autor de
material didaacutetico para o ensino de liacutenguas - tange por um lado o saber elaborar e aplicar processos
instrucionais em um dado contexto e por outro lado o saber representar ou comunicar o processo
em termos de modelo instrucional
Cabe ressaltar enfim que um modelo nunca seraacute uma representaccedilatildeo completa da realidade -
ou seja de um processo de design instrucional - dado o niacutevel de abstraccedilatildeo necessaacuterio para traduzir
essa realidade em termos teoacutericos (SEELS GLASGOW 1998 p 166) Assim cada modelo poderaacute
enfatizar diferentes aspectos do processo de design instrucional (SEELS GLASGOW 1998 p 165)
incluir indicaccedilotildees de atividades paralelas e iterativas a serem realizadas no decorrer do processo
acompanhar anotaccedilotildees ou descriccedilotildees a respeito da ordem de cumprimento das etapas e de como
elas devem ser cumpridas (SEELS GLASGOW 1998 p 167) - entre outras caracteriacutesticas Gagneacute
et al (2005 p 38) corroborando essa noccedilatildeo de diversidade tipoloacutegica identificam pelo menos dois
tipos de modelos instrucionais a saber os modelos geneacutericos e os modelos situados Enquanto os
modelos geneacutericos tendem a representar uma abordagem - ou conceito de um autor sobre como
o processo de design instrucional deveria ser conduzido - que possa ser aplicada em uma grande
variedade de contextos ambientes de aprendizagem ou sistemas de acesso agrave instruccedilatildeo (GAGNEacute
et al 2005 p 38) os modelos situados satildeo desenvolvidos por organizaccedilotildees especialmente para
representar balizar e controlar os seus processos de design de sistemas instrucionais (GAGNEacute et
al 2005 p 39) Esses modelos conforme lembram Gagneacute et al (2005 p 39) normalmente natildeo
satildeo publicados por serem proprietaacuterios ou por representarem as demandas instrucionais especiacuteficas
de uma organizaccedilatildeo
Nas proacuteximas subseccedilotildees apresentamos e discutimos os modelos ADDIE (GAGNEacute et al 2005
ROTHWELL KAZANAS 2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) o Modelo de
Operaccedilatildeo Global de Ensino de Linguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA
FILHO 2010 p 18) e o Quadro para Elaboraccedilatildeo de Material Didaacutetico de Ensino de Liacutenguas (JOLLY
BOLITHO 1998 p 90) e apontamos quando possiacutevel as relaccedilotildees entre eles e com o contexto de
produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas
412 O modelo ADDIE - modelo instrucional baacutesico
Um dos modelos instrucionais mais baacutesicos e essenciais (CARR-CHELLMAN 2010 GUSTAFSON
BRANCH 2002 GAGNEacute et al 2005 SEELS GLASGOW 1998 p 3 p 18 p 21 p 7) consiste
no modelo denominado ADDIE Trata-se de um modelo formado por 5 (cinco) componentes que
segundo Gagneacute et al (2005 p 38) e Rothwell e Kazanas (2003 p 3) representam as etapas de
um projeto instrucional consoante com a metodologia de resoluccedilatildeo de problemas de performance
humana sendo nesse caso direcionado a problemas de ordem instrucional Satildeo elas Anaacutelise
(Analysis) Desenho (Design) Desenvolvimento (Development) Implementaccedilatildeo (Implementation) e
Avaliaccedilatildeo (Evaluation) Elas estatildeo representadas na FIG 42 Suas inicias em inglecircs compotildeem o
acrocircnimo ADDIE (CARR-CHELLMAN 2010 GAGNEacute et al 2005 ROTHWELL KAZANAS 2003 p
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Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
Figura 41 Componentes de um problemaFonte adaptado de Rothwell e Kazanas (2003 p 36)
3 p 21 p 55)
Essas etapas de fato conforme Gagneacute et al (2005 p 38) e Rothwell e Kazanas (2003 p 3)
correspondem aos principais estaacutegios de modelos dirigidos agrave resoluccedilatildeo sistemaacutetica de problemas
instrucionais - jaacute que envolve em linhas gerais a identificaccedilatildeo dos problemas (de ordem instrucional)
e suas causas (anaacutelise) a elaboraccedilatildeo de propostas para soluccedilatildeo dos problemas identificados
(design) a elaboraccedilatildeo da soluccedilatildeo (desenvolvimento) a experimentaccedilatildeo (implementaccedilatildeo) e final-
mente a tentativa de constataccedilatildeo do sucesso da soluccedilatildeo proposta (avaliaccedilatildeo) - e estaacute de acordo
com a concepccedilatildeo de design instrucional propostas em Seels e Glasgow (1998 p 1) os quais
compreendem essa atividade como o processo de resolver problemas instrucionais por meio da
anaacutelise sistemaacutetica das condiccedilotildees de aprendizagem(SEELS GLASGOW 1998 p 1)
Vale mencionar que Rothwell e Kazanas (2003 p 35) concebem problemas de performance
humana como o resultado de uma discrepacircncia entre o estado vigente - ou seja o que eacute - e o estado
ideal - ou seja o que deveria ser - a qual demanda accedilotildees presentes ou futuras para ser solucionada
(ROTHWELL KAZANAS 2003 p 35) Enquanto o estado vigente eacute chamado de Condiccedilatildeo e
representa o estado de coisas existentes o estado ideal eacute chamado de Criteacuterio e representa o estado
de coisas desejaacutevel (ROTHWELL KAZANAS 2003 p 35) Os autores explicam que a diferenccedila
entre Condiccedilatildeo e Criteacuterio eacute uma lacuna ou seja pode ser visto como o problema As razotildees
para essa lacuna satildeo a Causa do problema as consequecircncias dessa lacuna os seus Sintomas
(ROTHWELL KAZANAS 2003 p 35) Duas satildeo as accedilotildees principais que Rothwell e Kazanas
(2003 p 35) sugerem para a resoluccedilatildeo dessa lacuna a coleta de informaccedilotildees sobre a Condiccedilatildeo e
a identificaccedilatildeo do Criteacuterio A coleta de informaccedilotildees visa melhor compreender a Condiccedilatildeo sendo
feita por meio de perguntas agraves pessoas a respeito do problema (ROTHWELL KAZANAS 2003
p 35) Os autores observam que identificar o Criteacuterio consiste na identificaccedilatildeo do estado ideal ou
desejado ou seja o que deveria acontecer ou o que pessoas deveriam saber fazer A FIG 41 traz
uma representaccedilatildeo esquemaacutetica do raciociacutenio de Rothwell e Kazanas (2003 p 35)
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Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
Figura 42 As fases do modelo ADDIEFonte adaptado de Hanley (2009)
Gagneacute et al (2005 p 21) aleacutem de reconhecerem que o modelo ADDIE eacute como um todo
baseado na metodologia de resoluccedilatildeo de problemas lembram que atividades desse tipo - ou seja
de resoluccedilatildeo de problemas - estatildeo presentes em cada uma de suas fases ou etapas Ademais a
respeito da dinacircmica da atividade instrucional representada pelo modelo (FIG 42) Gagneacute et al
(2005 p 21) acrescentam que o processo natildeo ocorre necessariamente de modo linear podendo
comeccedilar em qualquer uma das etapas Dessa forma conforme exemplificam os autores o processo
pode se iniciar a partir de uma proposta de redesenho de um curso ou curriacuteculo Eacute possiacutevel de fato
que comece pela fase de avaliaccedilatildeo e que com base nos dados dessa avaliaccedilatildeo seja necessaacuterio
retornar agraves etapas precedentes de modo a avaliar se ocorreram mudanccedilas - como nas caracteriacutesticas
dos aprendizes por exemplo - ou ainda se existe uma demanda por engendrar revisotildees relativas
aos objetivos conteuacutedos ou atividades de aprendizagem (GAGNEacute et al 2005 p 22)
Consideramos oportuno nos proacuteximos paraacutegrafos discutir com mais atenccedilatildeo cada uma das
fases do modelo ADDIE - de modo a melhor compreendecirc-lo - bem como apontar algumas relaccedilotildees
com o contexto de utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
Iniciamos o debate lembrando que cada uma das fases apresentam subcomponentes - os
quais descrevemos por meio do QUAD 41 - expressos por Gagneacute et al (2005 p 22) em forma
de recomendaccedilotildees relativas ao desenvolvimento de cada uma delas A observaccedilatildeo desses sub-
componentes pode auxiliar o profissional que adota o modelo ADDIE a melhor compreendecirc-lo a
sistematizar o seu trabalho e ainda a propor mudanccedilas e adaptaccedilotildees no proacuteprio modelo quando
necessaacuterio
Em linhas gerais o objetivo da fase de Anaacutelise eacute o de compreender o contexto instrucional em
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Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
Quadro 41 Componentes e subcomponentes do modelo ADDIE
Componentes Subcomponentes
Anaacutelise a) Determinaccedilatildeo das necessidades para as quais a instruccedilatildeoseraacute a soluccedilatildeo b) Conduccedilatildeo de uma anaacutelise instrucional afim de determinar os objetivos relativos agraves dimensotildees cogniti-vas afetivas e motoras a serem desenvolvidos durante o cursoc) Determinaccedilatildeo das habilidades que se espera que os estu-dantes desenvolvam e qual delas iraacute causar impacto para aaprendizagem durante o curso d) Anaacutelise do tempo disponiacute-vel e do tempo que seraacute utilizado para o curso e) Anaacutelise decontexto e de recursos
Design a) Traduccedilatildeo das metas do curso em resultados que se esperaque os alunos alcancem ao final do curso b) Determinaccedilatildeodos toacutepicos ou unidades instrucionais a serem cumpridas bemcomo o tempo que seraacute necessaacuterio para cada um deles c)Organizaccedilatildeo das unidades em sequecircncia considerando-seos objetivos do curso d) Especificaccedilatildeo para cada unidadedo que se espera que os alunos saibam ao concluiacute-las e)Estabelecimento das liccedilotildees e atividades de aprendizagempara cada unidade f) Estabelecimento de especificaccedilotildeespara avaliaccedilatildeo da aprendizagem dos estudantes
Desenvolvimento a) Tomada de decisotildees sobre os tipos de materiais didaacuteticose atividades de aprendizagem b) Preparaccedilatildeo das versotildeesprototiacutepicas dos materiais didaacuteticos ou atividades c) Experi-mentaccedilatildeo dos materiais didaacuteticos com membros do puacuteblicoalvo d) Revisatildeo refinamento e produccedilatildeo dos materiais didaacuteti-cos e atividades e) Elaboraccedilatildeo das instruccedilotildees de ensino oumateriais complementares
Implementaccedilatildeo a) Aquisiccedilatildeo dos materiais didaacuteticos a serem adotados pelosprofessores ou pelos estudantes b) Fornecimento de ajudaou suporte caso necessaacuterio
Avaliaccedilatildeo a) Implementaccedilatildeo de planos de avaliaccedilatildeo dos estudantes doprograma b) Implementaccedilatildeo de planos para manutenccedilatildeo erevisatildeo do curso
Fonte adaptado de (GAGNEacute et al 2005)
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Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
que se insere o projeto incluindo as necessidades dos aprendizes (GAGNEacute et al 2005 SEELS
GLASGOW 1998 p 23 p 8) Gagneacute et al (2005 p 23) apresentam um exemplo a respeito do teor
das decisotildees que o designer instrucional - ou outro profissional envolvido na tarefa de design de um
curso - deveraacute tomar durante a fase de anaacutelise Os autores mostram que um curso de Anatomia por
exemplo serviraacute tanto para estudantes de patologias da voz quanto para estudantes de Psicologia
do Esporte O foco da disciplina no entanto deveraacute mudar de acordo com as necessidades de
cada profissional (GAGNEacute et al 2005 p 23) Em outras palavras isso quer dizer que o foco do
curso deveraacute ser diferenciado para cada tipo de puacuteblico-alvo Percebemos que accedilotildees e demandas
anaacutelogas podem ser vistas na praacutexis do professor de idiomas quando por exemplo varia o grau de
exigecircncia de uma atividade de compreensatildeo de um texto autecircntico complexo de acordo com o niacutevel
de proficiecircncia dos alunos
A fase de deign consiste em estabelecer os objetivos educacionais a serem alcanccedilados as
habilidades e competecircncias que se espera que os aprendizes tenham desenvolvido ao final do
percurso instrucional as estrateacutegias educacionais necessaacuterias para se cumprir essa meta e os
instrumentos de avaliaccedilatildeo que seratildeo utilizados (GAGNEacute et al 2005 SEELS GLASGOW 1998 p
26 p 11) Um produto gerado nessa fase segundo Gagneacute et al (2005 p 26) seria um documento
contendo o planejamento do curso
Ainda com relaccedilatildeo agrave fase de design Gagneacute et al (2005 p 27) ressaltam a possibilidade de se
fazer uma prototipaccedilatildeo raacutepida Essa atividade consiste em testar elementos do design instrucional
em elaboraccedilatildeo de modo a se avaliar a sua eficiecircncia Os autores recomendam que a prototipaccedilatildeo
seja feita o quanto antes e justificam essa accedilatildeo por dois motivos em primeiro lugar porque por
meio de um protoacutetipo o eventual cliente poderaacute constatar se o produto estaacute satisfatoacuterio em segundo
porque ao fazecirc-lo as chances de se obter um design final inadequado aos objetivos pedagoacutegicos do
curso seriam menores
Vale ressaltar que Gagneacute et al (2005) lidam com a ideia de que um projeto instrucional pode ser
encomendado por terceiros Os clientes poderiam ser escolas entidades governamentais ou ateacute
empresas preocupadas com a formaccedilatildeocapacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios os quais contratam um
profissional - por exemplo um designer instrucional - para elaborar e gerir os percursos formativos
Os estudos apresentados em Gagneacute et al (2005) de fato tem como meta contribuir com a formaccedilatildeo
profissional do designer instrucional Em nosso estudo contudo focalizamos a figura do professor
de idiomas que a priori ao elaborar seus cursos e materiais didaacuteticos pode mobilizar competecircncias
anaacutelogas agraves de um designer instrucional
Consideramos vaacutelidas e aceitaacuteveis situaccedilotildees em que o professor de idiomas se coloque como
autor de materiais didaacuteticos para utilizaccedilatildeo de terceiros - sejam colegas escolas entidades gover-
namentais ou empresas Agrave diferenccedila de autores de livros didaacuteticos que elaboram percursos de
aprendizagem descontextualizados - ou de prateleira - esses professores elaborariam os cursos
e materiais didaacuteticos ndash para escolas empresas entidades governamentais ou grupos privados
ndash tomando o cuidado de envolver os professores da casa (no caso de escolas) no processo de
elaboraccedilatildeo da melhor maneira possiacutevel como autores ou coautores
Essa postura seria jaacute suficiente do nosso ponto de vista para aproximar o trabalho daqueles
ndash a saber os autores de livros didaacuteticos de prateleira ndash agrave era dos meacutetodos e destes ndash a saber
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Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
professores-autores que elaboram materiais didaacuteticos para escolas ndash a uma pedagogia Poacutes-meacutetodo -
conforme discutido no capiacutetulo 2 desta tese - ainda que nesse caso as funccedilotildees de professor autor
e pesquisador eventualmente natildeo recaiam estritamente sobre o mesmo indiviacuteduo ndash a saber o
mesmo professor ou o professor da casa no caso de contrataccedilatildeo para produccedilatildeo de material didaacutetico
ad hoc em uma determinada escola
A etapa de Desenvolvimento tem como meta a confecccedilatildeo ou a escolha do material instrucional
levando em consideraccedilatildeo tanto os objetivos pedagoacutegicos previamente estabelecidos na fase de
Design quanto os resultados da anaacutelise de contexto sistematizados na fase de Avaliaccedilatildeo Refere-se
portanto agrave preparaccedilatildeo dos materiais didaacuteticos que seratildeo utilizados no ambiente de aprendizagem
(GAGNEacute et al 2005 SEELS GLASGOW 1998 p 31 p 12)
Trata-se de uma etapa cujo trabalho pode ser abordado a partir de vaacuterias perspectivas depen-
dendo por exemplo de aspectos como a variaccedilatildeo dos objetivos instrucionais a adequaccedilatildeo dos
materiais didaacuteticos existentes ou as caracteriacutesticas do contexto de aplicaccedilatildeo do curso ou material
didaacutetico (GAGNEacute et al 2005 p 31) Em alguns contextos educacionais ndash conforme nos lembram
Gagneacute et al (2005 p 31) ndash o curriacuteculo o curso ou o material didaacutetico jaacute existem e podem ndash ou
devem ndash ser utilizados o maacuteximo possiacutevel em sua versatildeo integral agrave exigecircncia por exemplo da escola
ou de esferas superiores Em outros contextos natildeo existem materiais didaacuteticos que correspondem
aos objetivos definidos o que demanda a elaboraccedilatildeo de novos materiais Em outros ainda existem
materiais didaacuteticos ou partes deles que podem ser incorporados a novos materiais ou que precisam
ser adaptados a novos modos de acesso por parte do aprendiza (GAGNEacute et al 2005 p 31)
Gagneacute et al (2005 p 31) com base nessa variedade de contextos estabelecem quatro
categorias de situaccedilotildees de desenvolvimento ndash ou seja de preparaccedilatildeo do material didaacutetico relativo
ao seu curso ndash que o designer instrucional e do nosso ponto de vista tambeacutem o professor-autor de
Material Didaacutetico Virtual Livre poderaacute enfrentar Satildeo elas 1) a elaboraccedilatildeo de um novo curso - eou
seus respectivos materiais didaacuteticos 2) o trabalho com curriacuteculos e materiais didaacuteticos existentes 3)
a reformulaccedilatildeo de materiais didaacuteticos existentes - modificando objetivos e conteuacutedos ou aplicando
o material em novos contextos de aplicaccedilatildeo - e 4) a incorporaccedilatildeo de materiais existentes em um
novo curso
A elaboraccedilatildeo de um novo curso (eou seus respectivos materiais didaacuteticos) eacute concebida por
Gagneacute et al (2005 p 32) como a atividade primaacuteria para a qual o designer instrucional eacute formado
Os autores nos lembram que na maioria dos cursos esse profissional lanccedila matildeo de todo o processo
de produccedilatildeo desenvolvendo aulas ou modelos ineacuteditos Consideramos que o professor de idiomas
eventualmente pode se deparar com essa tarefa em sua praacutexis
O trabalho com curriacuteculos e materiais didaacuteticos existentes eacute uma situaccedilatildeo tiacutepica em que o
professor trabalha com o curriacuteculos livros didaacuteticos e materiais suplementares adotados pela escola
ou sistema educacional (GAGNEacute et al 2005 p 31) Nesse contexto normalmente os professores
preparam aulas de acordo com os objetivos e conteuacutedos fornecidos pelos materiais didaacuteticos Essa
abordagem natildeo estaacute de acordo com uma praacutetica que ressalta a importacircncia de se estabelecerem
metas e objetivos locais antes de elaborar e desenvolver esforccedilos instrucionais Entretanto conforme
argumentam os autores curriacuteculos e materiais fornecidos podem ser o resultado de processos
de desenvolvimento que resultaram em objetivos e conteuacutedos apropriados para um determinado
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Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
contexto Nesse caso cabe ao professor segundo Gagneacute et al (2005 p 32) desenvolver planos de
aula que incorporem os seus proacuteprios estilos de ensino ou ateacute mesmo criar unidades de trabalho
suplementares considerando demandas locais
A reformulaccedilatildeo de materiais didaacuteticos existentes - modificando objetivos e conteuacutedos ou aplicando
o material em novos contextos - eacute uma situaccedilatildeo de desenvolvimento que ocorre frequentemente
conforme Gagneacute et al (2005 p 32) na elaboraccedilatildeo de cursos empresariais mas podem ocorrer
tambeacutem no ambiente escolar Um exemplo desse constexto seria a adaptaccedilatildeo de um programa
existente para um contexto especiacutefico tal como modificar ou complementar seminaacuterios geneacutericos
de modo a corresponder agraves demandas de uma organizaccedilatildeo especiacuteficas (GAGNEacute et al 2005 p 31)
O trabalho do designer instrucional ndash ou do professor-autor ndash nesse caso conforme argumentam
Gagneacute et al (2005 p 32) seria conduzir anaacutelises e definir necessidades e objetivos dentro
das organizaccedilotildees e em seguida estudar os materiais existentes de modo a determinar quais
modificaccedilotildees ou complementaccedilotildees seriam necessaacuterias para corresponder agraves demandas locais Essa
seria uma accedilatildeo coerente com a perspectiva de trabalho com o modelo ADDIE
A incorporaccedilatildeo de materiais existentes em um novo curso eacute tambeacutem um contexto que o
designer instrucional - ou professor-autor de materiais didaacuteticos - poderaacute encontrar na fase de
desenvolvimento Esse profissional apoacutes trabalhar na anaacutelise e no subsequente estabelecimento
de objetivos considera a elaboraccedilatildeo de novos materiais mas tambeacutem avalia a possibilidade de
incorporaccedilatildeo ou adaptaccedilatildeo de materiais didaacuteticos existentes
Constatamos ndash a partir de nossa experiecircncia docente bem como no decorrer de nossa pesquisa
ndash que os contextos apontados pelos autores satildeo tambeacutem recorrentes no campo do ensino de
liacutenguas De fato observamos que eacute trabalho comum na praacutexis do professor de idiomas avaliar
e incorporar materiais didaacuteticos ou curriacuteculos elaborados por terceiros ndash sejam impressos sejam
virtuais ndash aos seus proacuteprios cursos Consideramos que essa praacutetica viabiliza e enriquece o trabalho
desse professor que nem sempre - em consonacircncia com Masuhara (1998 p 247) - teria tempo e
condiccedilotildees para elaborar materiais didaacuteticos novos a cada desafio instrucional Percebemos de fato
que o seu trabalho se torna rico na medida em que ao adotaacute-la esse profissional entra em contato
com novas ideias novos pontos de vista novas soluccedilotildees expressas em forma de materiais didaacuteticos
sobre temas da sua aacuterea de atuaccedilatildeo
Corroboram nossa percepccedilatildeo entre outros os debates de Tomlinsom (2001) Tomlinsom (2003a)
sobre a relevacircncia da atividade de produccedilatildeo de material didaacutetico para a formaccedilatildeo do professor de
idiomas - seja inicial seja continuada - e para a sua praacutetica de ensino quotidiana Nesse sentido
Tomlinsom (2001 p 66) defende que experiecircncias monitoradas de desenvolvimento de material
didaacutetico consistem em momentos propiacutecios para que o professor adquira consciecircncia teoacuterica e
praacutetica ou seja compreenda - e saiba aplicar - teorias de ensino e aprendizagem de liacutenguas e
alcance desenvolvimento pessoal e profissional O mesmo princiacutepio se refere de acordo com
Tomlinsom (2003a p 518) agrave atuaccedilatildeo em equipes de desenvolvimento de materiais didaacuteticos desde
que os membros da equipe - ou seja os professores envolvidos - possam mobilizar em conjunto
suas experiecircncias e saberes a fim de alcanccedilar seu objetivo de desenvolvimento - seja um livro
didaacutetico um conjunto de materiais complementares para a aula da semana que vem(TOMLINSOM
2003a p 518) ou materiais para um curso de niacutevel institucional ou nacional O autor acrescenta
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Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
que de fato os membros da equipe podem adquirir enorme consciecircncia de todos os aspectos do
ensino e aprendizagem - bem como desenvolver habilidades que seratildeo extremamente uacuteteis em
suas experiecircncias (de ensino) futuras e adquirir confianccedila e autoestima - se for dado a esse grupo a
liberdade e os recursos para que compreendam e utilizem a sua proacutepria abordagem e quadros de
referecircncia (TOMLINSOM 2003a p 518)
O desenvolvimento profissional e pessoal para Tomlinsom (2003a p 518) seraacute ainda mais
eficiente se os membros da equipe participarem de todas as atividades de desenvolvimento - a
saber para o autor a anaacutelise das necessidades dos aprendizes a determinaccedilatildeo da abordagem
pedagoacutegica dos quadros de referecircncia para o desenvolvimento de materiais didaacuteticos e do syllabus
o esboccedilo e a experimentaccedilatildeo de amostras de unidades a revisatildeo do syllabus da abordagem e
dos quadros de referecircncia a busca e o desenvolvimento dos textos e a produccedilatildeo monitoramento
experimentaccedilatildeo revisatildeo e ediccedilatildeo dos materiais didaacuteticos
Aleacutem da ideia de que o processo de elaboraccedilatildeo de material didaacutetico pode ser tatildeo vaacutelido quanto o
seu produto no que diz respeito agrave formaccedilatildeo e agrave praacutexis quotidiana do professor de idiomas Tomlinsom
(2001 p 66) - pressupondo o uso de livro didaacutetico - lembra que avaliaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e produccedilatildeo de
materiais didaacuteticos satildeo tarefas que esse professor deveraacute necessariamente saber realizar dado
que nenhum livro didaacutetico seraacute ideal para uma turma ou grupo
Observamos que o trabalho com Material Didaacutetico Virtual Livre se adeacutequa a toda essa variedade
de contextos que como mencionado permeia tambeacutem a praacutetica do professor de idiomas Seria
equivocado portanto imaginar que o trabalho com materiais didaacuteticos dessa natureza limita o
professor agrave funccedilatildeo de criar os proacuteprios materiais didaacuteticos ou de criar materiais originais a cada
situaccedilatildeo de ensino Tal afirmaccedilatildeo de fato seria incoerente para um tipo de material didaacutetico
essencialmente predisposto a se beneficiar da inteligecircncia coletiva como eacute o caso do Material
Didaacutetico Virtual Livre
Finalizada nossa proposta de reflexatildeo sobre a fase de Desenvolvimento do modelo ADDIE
(GAGNEacute et al 2005 ROTHWELL KAZANAS 2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55
p 7 ) - bem como temas correlatos - concluiacutemos esta seccedilatildeo trazendo para debate as etapas de
Implementaccedilatildeo e Avaliaccedilatildeo previstas no modelo
A fase de Implementaccedilatildeo segundo Gagneacute et al (2005 p 34) pode se referir a dois momentos -
a saber a execuccedilatildeo do curso em si ou seja quando o curso se inicia para o puacuteblico-alvo e o uso
do material em testes por exemplo durante a prototipaccedilatildeo raacutepida Ademais Gagneacute et al (2005 p
34) apontam 5 (cinco) princiacutepios que devem ser observados na etapa de Implementaccedilatildeo Esses
princiacutepios se referem agraves dimensotildees de 1) gestatildeo de sistemas de aprendizagem 2) orientaccedilatildeo ao
estudante 3) mudanccedila de gestatildeo 4) condiccedilotildees do contexto de aplicaccedilatildeo e 5) planos de manutenccedilatildeo
do curso
Esses princiacutepios ndash apresentados e discutidos no QUAD 42 ndash contribuem para uma melhor
compreensatildeo da fase de Implementaccedilatildeo e consequentemente para nossa proposta de trabalho
com Material Didaacutetico Virtual Livre dado que adotamos o modelo ADDIE como um dos modelos
de referecircncia para o seu processo de produccedilatildeo Ressaltamos que no QUAD 42 os princiacutepios
se encontram em forma de recomendaccedilotildees ao designer instrucional Em nosso estudo conforme
discutido anteriormente consideramos tais recomendaccedilotildees - as quais devem ser vistas como
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Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
Quadro 42 Princiacutepios a serem considerados na etapa de Implementaccedilatildeo - modelo ADDIE
1 Desenvolva um sistema de gestatildeo de aprendizagem que seja ade-quado aos requisitos do contexto Esse sistema pode ser simples ndashcomo a utilizaccedilatildeo de um diaacuterio de classe ndash ou complexo como umsistema de informaccedilatildeo que contem registros dos requisitos e neces-sidades de cada estudante competecircncias especiacuteficas adquiridas emcada uma das etapas de aprendizagem concluiacutedas hora e data deconclusatildeo de eventos de aprendizagem e programaccedilatildeo para eventosfuturos
2 Providencie suporte e orientaccedilatildeo aos estudantes - Em muitas situa-ccedilotildees os estudantes natildeo tem ideia clara do que seraacute esperado delesdas atividades que vatildeo acontecer ou como devem se preparar parao curso
3 Planeje suporte - Inclua meios de treinar os instrutores e promoversuporte necessaacuterio para que eles sejam facilitadores efetivos Edi-toras de livros didaacuteticos geralmente fornecem manuais do professorEsses materiais no entanto devem eventualmente ser adaptados(ou materiais novos devem ser criados) de modo que correspondammelhor aos objetivos do curso
4 Faccedila planos relacionados ao contexto de aplicaccedilatildeo - Deve-se con-siderar os aspectos do contexto de aplicaccedilatildeo que poderatildeo afetar aimplementaccedilatildeo do curso incluindo requisitos tecnoloacutegicos suportelocal para ensino a distacircncia se for o caso horaacuterios adequados paraas aulas disponibilidade de instrutores e potenciais conflitos noshoraacuterios dos alunos
5 Faccedila planos de manutenccedilatildeo do curso ndash programe-se para vaacuterios tiposde avaliaccedilatildeo para o monitoramento do conteuacutedo do curso visando aprecisatildeo e os prazos Observe continuamente a relevacircncia do cursopara os objetivos e requisitos de aprendizagem da organizaccedilatildeo emque se aplica a instruccedilatildeo
Fonte adaptado de Gagneacute et al (2005 p 32)
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Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
sugestotildees e natildeo como regras - direcionadas ao professor de idiomas envolvido no processo de
produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
Enfim em linhas gerais a etapa de avaliaccedilatildeo figura como a uacuteltima etapa do modelo ADDIE
Contudo conforme Gagneacute et al (2005 p 35) a avaliaccedilatildeo ocorre em todo o processo e focaliza
aleacutem dos alunos os elementos do curso ndash tal como o curriacuteculo e os materiais didaacuteticos envolvidos ndash
e o processo em si
413 Modelo de Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas
O Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO
2002 ALMEIDA FILHO 2010) consiste em uma tentativa de compreensatildeo da constituiccedilatildeo e do funci-
onamento da grande e complexa operaccedilatildeo de ensino-aprendizagem de uma LE(ALMEIDA FILHO
2010 p 20) considerando-se para isso a anaacutelise do processo de ensinar outras liacutenguas Esse
processo conforme sugere o autor envolve 4 (quatro) dimensotildees ou fases distintas intrinsecamente
relacionadas umas com as outras e influenciadas por uma dada abordagem ou seja a abordagem
de ensinar do professor Satildeo elas
1 o planejamento das unidades de um curso
2 a produccedilatildeo de materiais didaacuteticos ou a seleccedilatildeo deles
3 as experiecircncias na com e sobre a liacutengua-alvo realizadas com osalunos principalmente dentro mas tambeacutem fora da sala de aula e
4 a avaliaccedilatildeo de rendimento dos alunos (mas tambeacutem a proacutepria autoa-valiaccedilatildeo do professor e avaliaccedilatildeo dos alunos eou externa do trabalhodo professor)
(ALMEIDA FILHO 2010 p 17)
Tomando por base sua proposta de representaccedilatildeo graacutefica simplificada do modelo - a qual
apresentamos por meio da FIG 43 - em um comentaacuterio a respeito da sua dinacircmica Almeida Filho
(1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) observa que alteraccedilotildees em uma das fases pode
causar mudanccedilas nas demais em cadeia em forma de movimentos proativos e retroativos ou seja
respectivamente para frente - da esquerda para a direita - e para traacutes - da direita para a esquerda
Segundo o autor por exemplo em uma situaccedilatildeo nova de ensino - ou seja aquela que comeccedila com
grupos para os quais natildeo havia provisotildees anteriores de ensino na L-alvo(ALMEIDA FILHO 2010 p
18) ou com grupos em que se abandonou as provisotildees anteriores em prol de uma nova proposta
- as fases podem ser trabalhadas ordenadamente da esquerda para a direita De modo anaacutelogo
alteraccedilotildees podem ser iniciadas em qualquer fase em situaccedilotildees em que jaacute estaacute posto um dado
ensino Em ambos os casos conforme Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho
(2010 p 18) mudanccedilas equilibradoras ocorreratildeo nas outras fases por meio dos jaacute mencionados
efeitos proativos e retroativos A esse respeito Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida
Filho (2010 p 18) acrescenta que satildeo sempre comuns contradiccedilotildees e conflitos ainda que todo o
sistema da operaccedilatildeo global seja de tipo rsquoecoloacutegicorsquo harmonizador(ALMEIDA FILHO 2010 p 18)
64
Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
Figura 43 Modelo da Operaccedilatildeo Global do Ensino de LiacutenguasFonte adaptado de Almeida Filho (2010 p 22)
De um modo geral segundo Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010
p 18) quanto mais agrave direita ocorrer uma alteraccedilatildeo maior efeito retroativo potencial ela teraacute sobre
as outras fases ou dimensotildees Quanto mais agrave esquerda maior seraacute o potencial proativo Contudo
conforme lembra Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010 p 18) o ponto -
ou fase - em que a alteraccedilatildeo ocorre tambeacutem pode ser relevante Dessa forma natildeo eacute garantido que
mudanccedilas em fases mais agrave esquerda garantam alteraccedilotildees agrave frente com o mesmo vigor Isso quer
dizer por exemplo segundo o autor que um planejamento novo pode natildeo contar com alteraccedilotildees
- ou adaptaccedilotildees - agrave frente adequadas - tais como materiais procedimentos e avaliaccedilotildees Em
contrapartida a suacutebita inserccedilatildeo de um novo sistema de avaliaccedilatildeo - ou seja mudanccedila a direita -
causaraacute uma demanda mais intensa de ajuste agrave esquerda dado que de acordo com Almeida Filho
(1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010 p 19) avaliaccedilotildees tem um grande poder de
controle institucional
Conforme mencionado no iniacutecio desta seccedilatildeo e representado na FIG 43 para Almeida Filho
(1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010 p 17) as etapas ou dimensotildees do processo de
ensinar uma liacutengua satildeo influenciados pela Abordagem de Ensinar do Professor a qual para o autor
tambeacutem poderaacute sofrer mudanccedilas ou rupturas profundas no decorrer do processo mediante reflexatildeo
e estudo(ALMEIDA FILHO 2010 p 19) por parte do professor Essa abordagem para o autor
exerce uma forccedila potencial que orienta as decisotildees e accedilotildees do professor ao longo do tempo nesse
processo de ensinar normalmente materializado na forma de sessotildees ou aulas (ALMEIDA FILHO
2010 p 17) Cabe mencionar que para Almeida Filho (2010 p 17) uma abordagem equivale a
um conjunto de disposiccedilotildees conhecimentos crenccedilas pressupostos eeventualmente princiacutepios sobre o que eacute linguagem humana LE e o que eaprender e ensinar uma liacutengua alvo Como se trata de educaccedilatildeo em liacutenguaestrangeira principiada em contextos formais escolares frequentemente taisdisposiccedilotildees e conhecimentos precisam abranger tambeacutem as concepccedilotildeesde homem ou pessoa humana de sala de aula e dos papeacuteis representadosde professor e de aluno de uma nova liacutengua (ALMEIDA FILHO 2010 p 17)
65
Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
Figura 44 Modelo Ampliado da Operaccedilatildeo Global do Ensino de LiacutenguasFonte Almeida Filho (2010 p 22)
Para Almeida Filho (2010 p 20) as concepccedilotildees de linguagem de aprender e ensinar uma liacutengua
alvo presentes em sua concepccedilatildeo de Abordagem de Ensinar do Professor mantem-se com a
mateacuteria prima das competecircncias dos professores(ALMEIDA FILHO 2010 p 20) ou seja as
competecircncias impliacutecita aplicada e profissional A primeira diz respeito as intuiccedilotildees crenccedilas e
experiecircncias sobre o que eacute ensinar que o professor possui (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA
FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010 p 21) A segunda eacute aquela que capacita o professor a
ensinar de acordo com o que sabe conscientemente(ALMEIDA FILHO 2010 p 21) ou seja
permite-lhe explicar de modo plausiacutevel porque ensina como ensina e porque obteacutem os resultados
que obteacutem A terceira por sua vez consiste em reconhecer seus deveres potencial e importacircncia
social no exerciacutecio do magisteacuterio na aacuterea de ensino de liacutenguas(ALMEIDA FILHO 2010 p 21)
Aleacutem da Abordagem do Professor Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho
(2010 p 21) reconhece outras forccedilas atuantes na construccedilatildeo do processo de ensino-aprendiza gem
as quais conforme notamos na representaccedilatildeo graacutefica ampliada do Modelo de Operaccedilatildeo Global de
Ensino de Liacutenguas (FIG 44) pairam sobre essa abordagem em uma correlaccedilatildeo direta Satildeo elas
os filtros afetivos do professor e dos aprendizes que envolvem ansiedades bloqueios motivaccedilatildeo
pressotildees dos grupos cansaccedilo fiacutesico e oscilaccedilotildees eventuais a abordagem de aprender do aluno a
abordagem de ensino subjacente ao material didaacutetico adotado e os valores desejados por outros no
contexto escolar - tais como a instituiccedilatildeo o diretor os outros professores liacutederes mais velhos eou
com maior poder na instituiccedilatildeo (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO
2010 p 21)
Almeida Filho (1996 p 1) aprofunda suas reflexotildees sobre o Modelo de Operaccedilatildeo Global de
Ensino de Liacutenguas abordando a questatildeo (ou etapa) do planejamento de cursos de idiomas o qual
para ele geralmente materializa-se em um documento escrito e expliacutecito O autor confere ao tema
dessa vez um ponto de vista mais operativo e menos descritivo se comparado com Almeida Filho
66
Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
(1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) - citados e discutidos neste capiacutetulo Trata-se o
planejamento para o autor de uma atividade fundamental no processo de ensino de uma liacutengua
especialmente em se tratando de contexto formal Segundo Almeida Filho (1996 p 2) de maneira
restrita o planejamento - o qual geralmente materializa-se em um documento escrito e expliacutecito -
consiste no
processo ordenado e mapeado de decisotildees sobre inserccedilotildees de conteuacutedolinguiacutestico (amostras da liacutengua-alvo explicaccedilotildees generalizaccedilotildees sobreaspectos sistematizaacuteveis dessas amostras e automatizaccedilotildees eventuais)do tipo de processo que seraacute engendrado no curso e da reflexatildeo sobreas decisotildees e resultados das experiecircncias miacutenimas na e sobre a liacutengua-alvo num curso de liacutengua apresentado em forma de unidades de ensino-aprendizagem
(ALMEIDA FILHO 1996 p 2)
O planejamento portanto conforme Almeida Filho (1996 p 1) envolve a previsatildeo de conteuacutedos e
amostras da natureza das experiecircncias com e na liacutengua alvo e em consonacircncia com Stenhouse
(1975) a reserva de procedimentos e momentos para a reflexatildeo sobre o proacuteprio planejamento sobre
materiais procedimentos de aula e de avaliaccedilatildeo jaacute implementados Para Almeida Filho (1996 p 1) -
em sintonia com a visatildeo de Gagneacute et al (2005) a respeito do modelo instrucional ADDIE apresentada
e discutida neste capiacutetulo - o planejamento consiste em uma atividade sensiacutevel ao contexto jaacute que
eacute precedido - no acircmbito da Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas - pelo reconhecimento - almenos
- dos dados principais do contexto mais amplo em que se insere a situaccedilatildeo de ensino
Em adiccedilatildeo essa atividade prevecirc a explicaccedilatildeo dos pressupostos sobre liacutengualinguagem humana
e sobre ensinar e aprender liacutenguas com os quais o planejador pretende trabalhar (ALMEIDA FILHO
1996 VIANA 1997 p 1 p 33) sendo as suas decisotildees orientadas por uma abordagem de ensinar
liacutenguas e tomadas no sentido de alcanccedilar os objetivos reconhecidos dos aprendizes (ALMEIDA
FILHO 1996 VIANA 1997 p 2 p 33) Conforme lembra Viana (1997 p 33) a descoberta do
perfil dos aprendizes - a qual de fato eacute considerada como essencial - eacute realizada geralmente por
meio do levantamento de dados contextuais focalizando necessidades interesses expectativas e
eventuais fantasias [sobre a liacutengua] dos aprendizes(VIANA 1997 p 33)
Almeida Filho (1996) representa essa concepccedilatildeo de planejamento tambeacutem em termos de accedilotildees
para o planejador Satildeo elas
bull Interpretaccedilatildeo do contexto e antecedentes
bull Justificativa para aprender a liacutengua alvo
bull Definiccedilatildeo dos interesses e necessidades
bull Especificaccedilatildeo de niacuteveis ou ciclos
bull Alinhamento dos materiais meacutetodos e avaliaccedilotildees
bull Definiccedilatildeo dos objetivos
bull Definiccedilatildeo das unidades
bull Avaliaccedilatildeo interna (do planejamento) e momento de reflexatildeo
67
Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
(ALMEIDA FILHO 1996)
Compreendemos que Almeida Filho (1996) materializa a ideia de planejamento aplicando em
algumas momentos um vieacutes relativo agrave abordagem comunicativa ou seja o que podemos reconhecer
como dimensatildeo comunicativa Isso acontece por exemplo quando sugere que as categorias Recorte
Comunicativo e Funccedilotildees (comunicativas) sejam consideradas para a atividade de Especificaccedilatildeo
de Unidades (ALMEIDA FILHO 1996 p 11) Natildeo obstante consideramos que o seu conceito
de planejamento pode ser abstraiacutedo de modo que outras abordagens possam ser materializadas
conforme uma dada Abordagem de Ensinar - em consonacircncia com a concepccedilatildeo do Modelo Global
de Ensino de Liacutenguas Assim o tomamos em nosso debate e em nossa praacutetica de produccedilatildeo de
Material Didaacutetico Virtual Livre Com efeito lanccedilamos matildeo do arcabouccedilo teoacuterico relativo a esse
conceito com o cuidado de natildeo impor a visatildeo de que o planejamento deve ser feito necessariamente
pelo vieacutes da abordagem comunicativa
A partir da anaacutelise da concepccedilatildeo de planejamento (ALMEIDA FILHO 1996) consideramos
plausiacutevel dizer que o Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993
ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010) - tal qual o modelo ADDIE (GAGNEacute et al 2005
ROTHWELL KAZANAS 2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7) - pode ser considerado
como um modelo instrucional baseado na metodologia de resoluccedilatildeo de problemas de performance
humana (ROTHWELL KAZANAS 2003 p 35) sendo nesse caso dirigido a problemas de ordem
instrucional Essa constataccedilatildeo se justifica na medida em que - baseados na concepccedilatildeo de problemas
de performance humana apresentada por Rothwell e Kazanas (2003 p 35) discutida na seccedilatildeo
412 deste capiacutetulo - consideramos que o delineamento do perfil do contexto para o qual a instruccedilatildeo
seraacute projetada pode estabelecer uma discrepacircncia em relaccedilatildeo aos objetivos que seratildeo definidos
para uma dada situaccedilatildeo de ensino e aprendizagem de liacutenguas Em outras palavras constatamos
a possibilidade de estabelecimento de uma discrepacircncia - ou problema - entre um estado vigente
(estado de Condiccedilatildeo) - ou seja as competecircncias e saberes relacionados agrave liacutengua alvo vigentes - e um
estado ideal (estado de Criteacuterio) representado pelas competecircncias e saberes relacionados agrave liacutengua
alvo que se espera que os aprendizes alcancem com o apoio de um dado contexto instrucional
Em adiccedilatildeo percebemos que a concepccedilatildeo do Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas
bem como da accedilatildeo de planejamento refletem as conclusotildees a que chegam Richards e Renandya
(2002 p 65) e Finney (2002 p 74) apoacutes estudo comparado entre modelos de planejamento de
curriacuteculo syllabus e materiais didaacuteticos no acircmbito do ensino e aprendizagem de liacutenguas Com efeito
segundo Richards e Renandya (2002 p 65)
os processos de desenvolvimento de curriacuteculo e de design de syllabus noacircmbito do ensino de liacutenguas geralmente envolvem a avaliaccedilatildeo das necessi-dades dos aprendizes em um dado programa de liacutengua o desenvolvimentode metas e objetivos o planejamento do syllabus a seleccedilatildeo de abordagensde ensino e de materiais didaacuteicos e a decisatildeo sobre procedimentos ecriteacuterios de avaliaccedilatildeo
(RICHARDS RENANDYA 2002 p 65)
Para Finney (2002 p 74) natildeo obstante a miriacuteade de modelos destacam-se como aspectos
centrais a anaacutelise de necessidades a ecircnfase no processo e no produto o foco no aprendiz e na
68
Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
aprendizagem a avaliaccedilatildeo de cada estaacutegio e a necessidade de interaccedilatildeo e integraccedilatildeo entre os
diferentes aspectos do design e da implementaccedilatildeo de processos
Concluiacutemos os debates sobre o Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas relacionando-
o - conforme Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) - com as propostas de
Anthony (1963) e Richards e Rodgers (1982) as quais se referem agrave querela sobre a definiccedilatildeo dos
termos abordagem meacutetodo metodologia e teacutecnica estabelecida no campo da Linguiacutestica Aplicada
em especial no que se refere ao ensino de liacutenguas estrangeiras
Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010 p 20) reconhece que Anthony
(1963) se esforccedilou no sentido de esclarecer a confusatildeo terminoloacutegica ao apresentar em 1963 a
sua hoje claacutessica e pioneira(ALMEIDA FILHO 2010 p 20) hierarquia entre os termos abordagem
meacutetodo e teacutecnica De fato conforme Richards e Rodgers (1982 p 15) no modelo de Anthony abor-
dagem se refere ao niacutevel no qual hipoacuteteses e crenccedilas sobre o que eacute liacutengua e o que eacute aprendizagem
de liacutenguas satildeo especificadas meacutetodo eacute o niacutevel em que a teoria eacute colocada em praacutetica e em que
satildeo feitas escolhas sobre habilidades e conteuacutedos seratildeo trabalhados - bem como sobre a ordem de
apresentaccedilatildeo dos conteuacutedos Teacutecnica enfim consiste no niacutevel em que procedimentos de sala de
aula satildeo descritos (RICHARDS RODGERS 1982 p 15)
Richards e Rodgers (1982) por sua vez conforme Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002)
Almeida Filho (2010 p 19) retomam a questatildeo concebendo meacutetodometodologia no topo da hierar-
quia e subordinando a eles os conceitos de abordagem planejamento (design) 26 e procedimento
(teacutecnica) no mesmo niacutevel (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010
p 19) Com efeito Richards e Rodgers (1982 p 154) em oposiccedilatildeo agrave proposta terminoloacutegica
de Anthony (1963) preferem considerar meacutetodo como um termo geneacuterico para a especificaccedilatildeo e
interrelaccedilatildeo entre teoria e praacutetica(RICHARDS RODGERS 1982 p 154) e raciocinar em termos
de abordagem design e procedimentos Para os autores
() abordagem define as concepccedilotildees crenccedilas e teorias sobre a naturezada linguagem as quais operam como construto axiomaacutetico ou pontosde referecircncia e provem fundamento teoacuterico para o que os professoresde liacutenguas em uacuteltima anaacutelise fazem com os alunos em sala de aula() design especifica a relaccedilatildeo entre teorias sobre linguagem e sobreaprendizagem agrave forma e agrave funccedilatildeo das atividades e dos materiais no contextoinstrucional () o procedimento emfim compreende as teacutecnicas e praacuteticasde sala de aula as quais satildeo consequecircncias de determinados designs eabordagens
(RICHARDS RODGERS 1982 p 154)
Cabe lembrar que ao propor mudanccedilas no arcabouccedilo de Anthony (1963) Richards e Rodgers (1982)
tem como meta o estabelecimento de um quadro que possa ser utilizado para descrever avaliar e
comparar meacutetodos de ensino de liacutenguas (RICHARDS RODGERS 1982 p 164) frente agrave - entatildeo -
proliferaccedilatildeo de meacutetodos de ensino de liacutenguas (RICHARDS RODGERS 1982 p 153)
Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) estabelece pelo menos trecircs
pontos de divergecircncia entre os trecircs arcabouccedilos teoacutericos O primeiro ponto consiste no fato de que
26Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) prefere traduzir os termos design etechnique (RICHARDS RODGERS 1982) como planejamento e procedimento respectivamente
69
Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
para Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010 p 20) Anthony (1963) e
Richards e Rodgers (1982) a rigor natildeo trabalham com um modelo teoacuterico articulado - tal qual o
Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas - e sim com um arcabouccedilo fixo de posiccedilotildees
conceituais(ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010 p 20) Ele
ressalta que Anthony (1963) e Richards e Rodgers (1982) natildeo prevem os movimentos proativo e
retroativo - ao contraacuterio do Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas o qual conforme
discutido nesta seccedilatildeo prevecirc um movimento ordenado da esquerda para a direita (ou vice versa)
e de cima para baixo considerando-se a atuaccedilatildeo da abordagem dominante O segundo ponto diz
respeito ao fato de que Richards e Rodgers (1982) natildeo faz discriminaccedilatildeo entre planejamento de
cursos e sua materializaccedilatildeo em unidades de material didaacutetico na fase que chama de planejamento
Aleacutem disso o autor natildeo considera uma fase de avaliaccedilatildeo O terceiro e uacuteltimo ponto se refere a
constataccedilatildeo de que Anthony (1963) e Richards e Rodgers (1982) natildeo prevem a possiblidade de
ruptura na abordagem de ensinar do professor por meio de reflexatildeo sobre o processo de ensino e
aprendizagem
A esse respeito consideramos oportuno lembrar que cada um dos autores - a saber Anthony
(1963) Richards e Rodgers (1982) e Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho
(2010) - propotildeem seus respectivos quadros teoacutericos a partir de objetivos e contextos diferentes
Dessa forma associamos os modelos de Anthony (1963) Richards e Rodgers (1982) e Almeida Filho
(1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) respectivamente a um contexto histoacuterico cuja
demanda estava em estabelecer os primeiros passos na sistematizaccedilatildeo dos conceitos relativos ao
ensino aprendizagem de liacutenguas considerando-se o campo da Linguiacutestica Aplicada 27 a proliferaccedilatildeo
de meacutetodos e agrave busca do meacutetodo ideal 28 e enfim a predominacircncia e a valorizaccedilatildeo da abordagem
comunicativa como referecircncia para o ensino de liacutenguas 29
414 Modelo de Elaboraccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos de Ensino de Liacuten-
guas
Jolly e Bolitho (1998 p 90) apresentam e discutem o Modelo de Elaboraccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos
Trata-se de um modelo instrucional cujo objetivo eacute de fato o de representar o processo de elaboraccedilatildeo
de materiais didaacuteticos para o contexto de ensino e aprendizagem de liacutenguas Ele eacute composto por
seis atividades nucleares representadas pela FIG 45 - a saber identificaccedilatildeo da demanda para
produccedilatildeo do material didaacutetico identificaccedilao da necessidade de investigaccedilatildeo teoacuterica efetivaccedilatildeo
contextual efetivaccedilatildeo pedagoacutegica produccedilatildeo uso e avaliaccedilatildeo - as quais encontram reflexo direto em
demandas locais advindas do contexto de ensino e aprendizagem de idiomas conforme argumentam
os autores
A demanda - problema ou necessidade relativa ao acircmbito do ensino e aprendizagem de liacutenguas
- pode ser exemplificada conforme Jolly e Bolitho (1998 p 90) pela constataccedilatildeo de que o livro
27O debate sobre a situaccedilatildeo da Linguiacutestica Aplicada no seacuteculo XX pode ser vista em Richards e Rodgers(1982 p 14)
28De acordo com Richards e Rodgers (1982 p 1)29Conforme Richards e Renandya (2002 p 65) existe uma predominacircncia da abordagem comunicativa na
deacutecada de 1980
70
Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
Figura 45 Modelo de Elaboraccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos de Ensino de LiacutenguasFonte adaptado de Jolly e Bolitho (1998 p 98)
didaacutetico em uso - considerando-se um determinado grupo - natildeo apresenta textos autecircnticos ou
atividades especiacuteficas tais quais atividades de leitura e produccedilatildeo escrita Uma vez constatada
a demanda por esses tipos de textos e atividades - as quais o livro didaacutetico natildeo contempla - o
professor se encontra perante a tarefa de elaborar materiais didaacuteticos de modo a supri-la Estaacute
posta desse modo a fase de identificaccedilatildeo de demanda para produccedilatildeo de material didaacutetico (JOLLY
BOLITHO 1998 p 90)
Apoacutes identificar a demanda o professor poderaacute se deparar com conteuacutedos (significados funccedilotildees
habilidades etc) que natildeo domina ou que precisam ser revistos Jolly e Bolitho (1998 p 91) trazem
como exemplo as noccedilotildees sobre o uso de palavras da liacutengua inglesa - tais como nought nil nothing
zero o - cujo uso pode causar duacutevidas para os aprendizes dessa liacutengua De fato ao perceber que
precisa rever os toacutepicos em termos teoacuterico o professor estaacute no acircmbito da fase de identificaccedilatildeo da
necessidade de investigaccedilatildeo teoacuterica segundo Jolly e Bolitho (1998 p 91)
A efetivaccedilatildeo contextual dos novos materiais propostos estaacute relacionada agrave busca de ideias con-
textos e textos apropriados a uma determinada turma Dessa forma conforme Jolly e Bolitho (1998
p 92) poderaacute haver um problema de efetivaccedilatildeo contextual caso sejam utilizadas atividades que
apresentem temas discrepantes com a realidade local como por exemplo o debate sobre problemas
relativos agrave neve ou agraves manhatildes geladas em atividades dirigidas a paiacuteses tropicais (JOLLY BOLITHO
1998 p 92) Encontramos consonacircncia com o ponto de vista dos autores nas recomendaccedilotildees
e consideraccedilotildees culturais dirigidas aos professores de liacutengua inglesa de Alberta Canadaacute Com
efeito ALBERTA EDUCATION (2007 p 35) recomenda que os professores aprendam sobre o
conhecimento cultural e linguiacutestico preacutevio dos alunos estrangeiros com os quais vatildeo trabalhar que
tenham sensibilidade poliacutetica com relaccedilatildeo a esse puacuteblico - dada a possibilidade de surgimento
de conflitos poliacuteticos pregressos ao se tocarem em determinados assuntos e que evitem visotildees
esteriotipadas sobre a sua cultura de origem
Concordamos com os autores quando chamam a atenccedilatildeo para a adequaccedilatildeo entre os temas
propostos e os contextos locais dos aprendizes Entretanto consideramos plausiacutevel tambeacutem
71
Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
Quadro 43 Quadro comparativo entre os modelos ADDIE Operaccedilatildeo Global de Ensino deLiacutenguas e Quadro de Elaboraccedilatildeo de Material Didaacutetico para o Ensino de Liacutenguas
ADDIE (GAGNE et al
2005 ROTHWELL e KA-
ZANAS 2003 SEELS e
GLASGOW 1998)
OPERACcedilAtildeO GLO-BAL DE ENSINODE LIacuteNGUAS(ALMEIDA FILHO (1993
2002 2010)
QUADRO DEELABORACcedilAtildeODE MATERIALDIDAacuteTICO PARAO ENSINO DELIacuteNGUAS (JOLLY e
BOLITHO 1998)
CONTEXTO INS-TRUCIONAL
Geral Ensino de liacutenguas Ensino de liacutenguas
PERSPECTIVAPREDOMI-NANTE
Teoacuterico-operativa Descritiva Teoacuterico-operativa
PRODUTO OUFOCO PRINCI-PAL
Percurso de en-sino e aprendiza-gem
Percurso de en-sino e aprendiza-gem
Material didaacutetico
BASE METODO-LOacuteGICA OPE-RACIONAL
Resoluccedilatildeo de pro-blemas instrucio-nais e sensibili-dade ao contexto
Resoluccedilatildeo de pro-blemas instrucio-nais e sensibili-dade ao contexto
Resoluccedilatildeo de pro-blemas instrucio-nais e sensibili-dade ao contexto
DINAcircMICA Ordem de fasespre-estabelecidamas o processopode inciar emqualquer umade acordo com ademanda
Ordem de fasespre-estabelecidaMovimentaccedilatildeoproativa e retro-ativa Modeloharmonizador ouecoloacutegico
Ordem de fasespre-estabelecidamas o processopode inciar emqualquer umade acordo com ademanda
72
Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
momentos em que satildeo explorados em sala de aula temas relativos agrave cultura alvo que podem natildeo
corresponder agrave cultura local dos aprendizes dada a relevacircncia da compreensatildeo dessa cultura alvo
em se tratando de aprendizagem de uma liacutengua estrangeira a ela associada Compreendemos que
caberaacute ao professor a sensibilidade para abordaacute-los - e quando necessaacuterio elaborar os materiais
didaacuteticos correspondentes - sem perder de vista a noccedilatildeo de efetivaccedilatildeo contextual
Compotildeem ainda o modelo descrito e debatido em Jolly e Bolitho (1998 p 90) a efetivaccedilatildeo
pedagoacutegica a produccedilatildeo fiacutesica do material didaacutetico o seu uso e avaliaccedilatildeo
A efetivaccedilatildeo pedagoacutegica do material didaacutetico diz respeito agrave busca por atividades e agrave elaboraccedilatildeo
apropriadas Dessa forma uma efetivaccedilatildeo pedagoacutegica falha pode ser constatada por exemplo
conforme Jolly e Bolitho (1998 p 93) quando se percebe que o material didaacutetico natildeo estaacute claro o
suficiente a ponto de levar o aluno ao erro ou ao fracasso na realizaccedilatildeo da atividade Os autores
lembram que a escrita eficiente das instruccedilotildees das atividades propostas tem papel decisivo na
efetivaccedilatildeo pedagoacutegica (JOLLY BOLITHO 1998 p 93)
A preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo fiacutesica do material didaacutetico envolve consideraccedilotildees sobre o seu
layout Jolly e Bolitho (1998 p 95) lembram que aparecircncia fiacutesica do material estaacute relacionada agrave sua
efetividade e agrave motivaccedilatildeo dos aprendizes Os autores citam como exemplo de falha relativa a esse
aspecto a confusatildeo provocada por imagens de qualidade ruim e a desmotivaccedilatildeo advinda de uma
maacute organizaccedilatildeo dos espaccedilos entre os elementos de uma paacutegina de um livro didaacutetico
Enfim Jolly e Bolitho (1998 p 96) lembram que o uso eacute uma oportunidade para equacionar o
material didaacutetico com as necessidades que motivaram a sua produccedilatildeo criando contexto propiacutecio
para sua avaliaccedilatildeo Essa avaliaccedilatildeo de fato em linhas gerais consiste para Jolly e Bolitho (1998
p 95) na tentativa de constatar se o material corresponde agraves demandas locais - ou se deve ser
descartado ou adaptado Ademais para os autores a avaliaccedilatildeo pode ser vista como elementos
motivador da dinamicidade do processo de elaboraccedilatildeo de materiais didaacuteticos dado que impulsiona
a revisitaccedilatildeo das outras atividades - a dinacircmica do processo estaacute representada na FIG 45 pelas
setas Para Jolly e Bolitho (1998 p 96) o processo de elaboraccedilatildeo de materiais didaacuteticos eacute dinacircmico
e autoajustaacutevel
Concluiacutemos esta subseccedilatildeo apresentando um quadro comparativo (QUAD 43)que relaciona os
trecircs modelos descritos e analisados neste capiacutetulo - os quais conforme mencionado tomamos como
referecircncia para a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em nossa pesquisa de doutoramento e
em nossa praacutetica Satildeo eles o modelo ADDIE (GAGNEacute et al 2005 ROTHWELL KAZANAS 2003
SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) o modelo da Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas
(ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010 p 18) e o Quadro para
Escrita de Material Didaacutetico de Liacutenguas (JOLLY BOLITHO 1998 p 90) O quadro comparativo
(QUAD 43) traz as caracteriacutesticas dos modelos que consideramos baacutesicas
73
A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre
42 A busca por insumos livres beneficiando-se da Cul-
tura Livre
Nesta seccedilatildeo apresentamos a teacutecnica por meio da qual o professor-autor de Materiais Didaacuteticos
Virtuais Livres poderaacute obter insumos livres (textos sons imagem etc) Ela foi experimentada
em todos os contextos de produccedilatildeo de materiais didaacuteticos dessa natureza no decorrer de nossa
pesquisa
Conforme discutido no capiacutetulo 1 desta tese uma das caracteriacutesticas do Material Didaacutetico Virtual
Livre que do nosso ponto de vista permite-nos atribuir-lhe especificidade ndash em relaccedilatildeo aos demais
tipos de materiais didaacuteticos ndash e classificaacute-lo como livre consiste na utilizaccedilatildeo de insumos livres
em sua composiccedilatildeo ou seja insumos registrados sob uma Licenccedila Livre tal qual definido pela
Freedomdefined (sd)
Adotamos a proposta da organizaccedilatildeo natildeo governamental Creative Commons como referecircncia
para nossos trabalhos Essa organizaccedilatildeo propotildee - como debatido no capiacutetulo 1 desta tese - um
conjunto de 6 (seis) licenccedilas flexiacuteveis (QUAD 13) cuja funccedilatildeo eacute identificar e descrever as permissotildees
de utilizaccedilatildeo que os autoresartistas desejam atribuir aos seus respectivos trabalhos
Cabe lembrar que consideramos em conformidade com Faria (2011 p 26) - que nem to-
das as licenccedilas do conjunto Creative Commons podem ser classificadas como Licenccedilas Livres
(FREEDOMDEFINED sd) De fato a presenccedila dos atributos Uso natildeo comerciale Natildeo a obras
derivadassubtraem esse status Consequentemente consideramos que a utilizaccedilatildeo de insumos
com licenccedilas flexiacuteveis que apresentam um desses atributos conferem ao material didaacutetico virtual a
condiccedilatildeo de Livre com Algumas Restriccedilotildees 30
Em termos praacuteticos insumos com licenccedilas Creative Commons podem ser obtidos na Internet
(websites foacuteruns blogs redes sociais etc) Ademais esse insumo pode ser encontrado e even-
tualmente classificado em websites ou repositoacuterios especiacuteficos tais como o Jamendo (sd) 31 e
o Flickr (sd) respectivamente especializados em muacutesica e imagens Caberaacute ao professor que
pretende elaborar materiais didaacuteticos virtuais livres acessar tais espaccedilos virtuais identificar o tipo de
licenccedila atribuiacuteda ao insumo e avaliar se a licenccedila poderaacute ser utilizada em seu material didaacutetico de
modo a caracterizaacute-lo como Livre ou como Livre com Algumas Restriccedilotildees respeitando as liberdades
atribuiacutedas pelos autores dos insumos
O processo de localizaccedilatildeo de insumos livres pode ser otimizado por meio da utilizaccedilatildeo de
mecanismos de busca especiacuteficos ndash como o mecanismo de busca interno do jaacute citado Flickr filtros de
busca especializados disponibilizados em motores de busca convencionais ndash como o motor de busca
do SPINXPRESS (sd) 32 ou ainda pela utilizaccedilatildeo de programas especiacuteficos de compartilhamento
de arquivos ndash como o programa SPINXPRESS (sd) 33
A FIG 46 apresenta uma ferramenta disponibilizada na paacutegina da organizaccedilatildeo natildeo governa-
mental Creative Commons que auxilia o usuaacuterio a localizar insumos licenciados por meio do seu
30A relaccedilatildeo entre Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres com AlgumasRestriccedilotildees e suas respectivas licenccedilas pode ser vista no capiacutetulo 1 e estaacute mapeado no QUAD 14
31httpwwwjamendocom32httpwwwgooglecombr33httpwwwspinxpresscom
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A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre
Figura 46 Ferramenta de busca do Creative Commons - tela principalFonte adaptado de CREATIVE COMMONS (sd)
conjunto de licenccedilas a partir de palavras chave Ele solicita a indicaccedilatildeo do repositoacuterio ndash para o qual
apontaraacute a pesquisa ndash e permite que esse usuaacuterio especifique as caracteriacutesticas da licenccedila desejada
Ademais o usuaacuterio poderaacute indicar se deseja encontrar insumos cujos autores permitem o uso para
fins comerciais eou modificaccedilatildeo adaptaccedilatildeo ou uso em outras obras
De fato o usuaacuterio poderaacute buscar insumos por exemplo relacionados ao Palio di Siena ou agrave
Divina Commedia Para tanto ele poderaacute utilizar as expressatildeo Palio di Siena ou Divina Commedia
indicando que deseja apontar sua busca para o repositoacuterio Jamendo Ao escolher esse repositoacuterio
ele tem consciecircncia de que encontraraacute em caso de busca bem sucedida muacutesicas ou viacutedeos
relacionados agraves expressotildees indicadas dado que o Jamendo eacute um repositoacuterio especializado nesse
tipo de insumo A busca poderaacute ser ainda mais especiacutefica se o usuaacuterio por exemplo marcar a opccedilatildeo
de filtragem ldquomodificar adaptar ou usar noutras obrasrdquo referente ao insumo
Ressaltamos que a utilizaccedilatildeo dessa ferramenta natildeo isenta o usuaacuterio da tarefa de observar se os
insumos encontrados estatildeo realmente licenciados de acordo as especificaccedilotildees da busca Segundo
CREATIVE COMMONS BRASIL (sd)
Note por favor que a searchcreativecommonsorg natildeo eacute um motor depesquisa Pelo contraacuterio oferece uma forma conveniente de acesso aserviccedilos de pesquisa disponibilizados por outras entidades independentesA CC natildeo tem qualquer controle sobre os resultados Natildeo assuma queos resultados apresentados pela pesquisa neste portal foram licenciadoscom uma licenccedila CC Deve verificar sempre que a obra estaacute efectivamentelicenciada com uma licenccedila CC seguindo o respectivo link Dado que parautilizar uma licenccedila CC natildeo eacute necessaacuterio qualquer registo a CC natildeo dispotildeede nenhuma forma de determinar o que foi ou natildeo foi disponibilizado nostermos de uma licenccedila CC Se tiver qualquer duacutevida a este respeito devecontactar directamente o detentor dos direitos de autor ou tentar contactar
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A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre
Figura 47 Documentaccedilatildeo de insumos identificaccedilatildeo da licenccedila de uma imagemFonte adaptado de Flickr (sd)
o site onde encontrou o conteuacutedo (CREATIVE COMMONS BRASIL sd)
Tomamos essa ressalva como recomendaccedilatildeo geral para o processo de produccedilatildeo de Material
Didaacutetico Virtual Livre Recomendamos essa avaliaccedilatildeo ad hoc por parte do professor-autor mesmo
que se trate de uma pesquisa feita por intermediaccedilatildeo de qualquer outro canal Deve-se ter consci-
ecircncia de que nesse caso natildeo estaacute em jogo apenas a questatildeo da postura eacutetica profissional mas
tambeacutem a possibilidade de puniccedilatildeo legal pelo uso indevido de insumos cujas liberdades de utilizaccedilatildeo
foram estabelecidas por licenccedilas Creative Commons Vale lembrar que conforme Gabriel (2013
p 49) e CREATIVE COMMONS BRASIL (sd) essas licenccedilas jaacute foram traduzidas e adaptadas agrave
legislaccedilatildeo de vaacuterios paiacuteses - dentre os quais o Brasil - e que o seu uso indevido pode ser julgado
como violaccedilatildeo de direitos autorais
Recomendamos que o professor-autor de Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres - ou Livres com
Restriccedilotildees - lance matildeo de registros pessoais datados - aleacutem da disponibilizaccedilatildeo da fonte de
dados no proacuteprio material didaacutetico com as condiccedilotildees originais de licenciamento dos trabalhos
subjacentes como discutido no capiacutetulo 1 e citado na Tabela 15 desta tese - por meio dos quais
poderaacute comprovar as liberdades estabelecidas para os insumos utilizados em suas sequencias
didaacuteticas livres resguardando-se legalmente Essa documentaccedilatildeo pode ser feita por exemplo por
meio da captaccedilatildeo de imagens em que apareccedilam o conteuacutedo e a respectiva licenccedila A FIG 47
apresenta uma tela em que constam os dados de licenciamento de uma imagem A letra (A) na FIG
47 indica a licenccedila atribuiacuteda agrave imagem Nesse caso trata-se de uma licenccedila Creative Commons ndash
Atribuiccedilatildeo natildeo comercial - Compartilha igual
Nas seccedilotildees subsequentes apresentamos alguns exemplos reais de buscas de insumos livres
Natildeo eacute nossa intenccedilatildeo apresentar todos os recursos e repositoacuterios especializados em conteuacutedo com
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A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre
Figura 48 Flikr - Tela de busca manual de imagens com licenccedilas Creative CommonsFonte adaptado de Flickr (sd)
licenccedila Creative Commmons mas sim ilustrar melhor algumas possibilidades de busca Trazemos
como exemplos buscas realizadas a partir de temas aleatoacuterios da cultura italiana utilizando os
repositoacuterios Flickr e Jamendo bem como o filtro do motor de busca do Google e o programa de
compartilhamento especializado Spinxpress
421 Busca de insumos livres com o Flickr imagens
O Flickr eacute um site de gerenciamento e compartilhamento de imagens que oferece a possibilidade de
armazenar e buscar imagens com licenccedila Creative Commons configurando-se dessa forma como
um repositoacuterio de imagens com licenccedilas flexiacuteveis
A partir do site eacute possiacutevel empreender buscas manuais e mecacircnicas As buscas manuais
ou seja sem o auxiacutelio de mecanismos de busca podem ser feitas pela paacutegina intitulada Explo-
rarCreative Commons(FIG 48) cujo acesso se daacute pelo item Explorardo seu menu principal
do Flickr O usuaacuterio ao abrir a paacutegina poderaacute manualmente explorar as imagens as quais se
apresentam organizadas de acordo com os 6 (seis) tipos de licenccedilas propostas pela organizaccedilatildeo
natildeo governamental Creative Commons A FIG 48 apresenta 2 (duas) das 6 (seis) categorias ndash a
saber as categorias Atribuiccedilatildeoe Atribuiccedilatildeo - natildeo a obras derivadas
As buscas automaacuteticas por sua vez podem ser empreendidas com o motor de busca interno
disponibilizado na mesma paacutegina ExplorarCreative Commons A FIG 49 mostra as primeiras 28
(vinte e oito) fotos de um total de 4829 (quatro mil oitocentos e vinte e nove) referenciadas pelo
termo chiesa cujas liberdades estatildeo representadas pela licenccedila Creative Commons ndash Atribuiccedilatildeo
A partir das paacuteginas de resultados o usuaacuterio poderaacute selecionar a imagem desejada clicando
sobre ela e em seguida proceder com a confirmaccedilatildeo do tipo de licenccedila Selecionamos como
exemplo a imagem de uma igreja do povoado de Cittagrave Nova em Moacutedena Itaacutelia (FIG 410)
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A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre
Figura 49 Flickr resultado de busca de imagens Creative Commons ndash Atribuiccedilatildeo com otermo chiesa
Fonte adaptado de Flickr (sd)
Identificamos ao acessar a imagem que a foto eacute de autoria de Roberto Ferrari e que ela foi tirada
no dia 4 de junho de 2006 (FIG 410 - A) com uma maacutequina fotograacutefica modelo Canon PowerShot
G6 (FIG 410 - A) Confirmamos ainda que o autor da foto atribuiu uma licenccedila Creative Commons
ndash Atribuiccedilatildeo-CompartilhaIgual (FIG 410 - B)
Essa licenccedila permite que a foto seja reproduzida distribuiacuteda e adaptada mesmo que para
fins comerciais desde que a autoria da foto seja mencionada nos trabalhos derivados e que tais
trabalhos sejam licenciados com a mesma licenccedila da foto
422 Busca de insumos livres com o SpinXpress miacutedias em geral
O Spinxpress consiste em um projeto que viabiliza a elaboraccedilatildeo de trabalhos envolvendo miacutedias
Ele tem como meta a disponibilizaccedilatildeo de ferramentas para busca e compartilhamento de miacutedias
de qualquer tamanho tipo ou licenccedilas incluindo o conjunto de licenccedilas Creative Commons A
procura por miacutedias livres pode ser feita no proacuteprio site do projeto com o auxilio de um mecanismo de
busca intitulado Get Media ou por meio de um programa de compartilhamento de arquivos instalado
localmente O mecanismo de busca online (FIG 411) permite que o usuaacuterio escolha o tema o
tipo de licenccedila e de miacutedia desejados bem como a fonte de pesquisa De fato aleacutem de cobrir o
proacuteprio repositoacuterio o mecanismo de busca varre tambeacutem repositoacuterios e paacuteginas externas Conforme
declarado no proacuteprio site o Get Media busca em
1 Repositoacuterios - tais como o The Internet Archive 34 o Flickr e o bliptv35
34httparchiveorgindexphp35httpwwwbliptv
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A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre
Figura 410 Flickr resultado de busca de imagens Creative Commons ndash Atribuiccedilatildeo com otermo chiesa uma igreja em Citta Nova Moacutedena Itaacutelia
Fonte adaptado de Flickr (sd)
2 Bancos de dados armazenados e atualizados constantemente peloSPINXPRESS (sd) e pelo Magnatune (sd) 36 e
3 Feeds RSS incluindo o ccMixter CCHits e o Freelog
(SPINXPRESS sd)
O programa de compartilhamento de arquivos do SpinXpress - cujo download pode ser feito no
site do projeto - permite que o usuaacuterio distribua e procure miacutedias com licenccedila Creative Commons
A FIG 412 mostra os resultados de uma busca que realizamos com a expressatildeo italiana musica
leggera Cabe mencionar que a versatildeo do programa de compartilhamento do SpinXpress que
utilizamos nesta busca natildeo oferece a possibilidade de filtragem pelo tipo de licenccedila Entre os
programas e aplicativos estudados e utilizados em nossa pesquisa percebemos que esse foi o
menos eficiente em termos de localizaccedilatildeo de insumos livres De fato a expressatildeo musica leggera
apresentou-nos apenas 4 (quatro) arquivos como resultado (FIG 412 - A) sendo esses registrados
com a licenccedilas Creative Commons - Atribuiccedilatildeo - Uso natildeo comercial - ou seja como discutido no
capiacutetulo 1 desta tese uma licenccedila que apesar de flexiacutevel seraacute considerada natildeo livre
As informaccedilotildees sobre os arquivos encontrados podem ser vistas ao se posicionar sobre eles
o ponteiro do mouse Como indicado na FIG 412 ao fazecirc-lo apareceraacute um quadro (FIG 412 -
B) com as informaccedilotildees Trata-se conforme mencionamos de um arquivo de muacutesica cuja licenccedila
permite a sua reproduccedilatildeo distribuiccedilatildeo e adaptaccedilatildeo desde que natildeo seja para fins comerciais e que
a sua autoria seja declarada nos trabalhos derivados Vale lembrar que a utilizaccedilatildeo desse insumo -
consideramos - atribui o status de Livre com Restriccedilotildees ao material didaacutetico virtual dada a presenccedila
do atributo Uso natildeo comercialem seu licenciamento
36httpmagnatunecom
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A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre
Figura 411 Tela do mecanismo de busca online do SpinXpressFonte adaptado de SPINXPRESS (sd)
Figura 412 SpinXpress resultado de busca de miacutedias com o termo musica leggeraFonte adaptado de SPINXPRESS (sd)
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A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre
423 Busca de Insumos Livres com o Jamendo muacutesicas
O Jamendo eacute um site de distribuiccedilatildeo de muacutesicas livres sediado em Luxemburgo Trata-se - de acordo
com Wikipedia por meio da entrada Jamendo - em linhas gerais de um repositoacuterio de muacutesicas
que conta com 25 empregados e que pode ser considerado um dos principais protagonistas no
movimento da muacutesica livre na Franccedila(JAMENDO sd)
O seu modelo de negoacutecio - segundo JAMENDO (sd) - visa tanto o financiamento proacuteprio quanto
dos artistas Ele envolve 3 (trecircs) canais ou formas de obtenccedilatildeo de receita publicidade recebimento
de doaccedilotildees dos usuaacuterios do site e contratos comerciais pelo Jamendo PRO A renda com publicidade
eacute dividida em 50 entre o site e os artistas sendo que cada um dos artistas recebe de acordo com
a quantidade de visualizaccedilotildees de suas muacutesicas em relaccedilatildeo aos demais As doaccedilotildees satildeo recebidas
inteiramente pelos artistas subtraiacuteda de uma pequena porcentagem para o site O Jamendo PRO
enfim consiste em uma loja de compra de licenccedilas para uso comercial As muacutesicas adquiridas
pelo Jamendo PRO seratildeo utilizadas por exemplo em ambientes de aeroportos restaurantes
supermercados filmes ou documentaacuterios (JAMENDO sd) Conforme lembra JAMENDO (sd) os
canais France 2 (FRANCE 2 - TV sd) 37 e Arte (ARTE - TV sd) 38 utilizam com regularidade as
obras do Jamendo PRO
Vale mencionar que os usuaacuterios podem ouvir o seu conteuacutedo no proacuteprio site ou ainda baixaacute-lo
Aleacutem de muacutesicas o Jamendo disponibiliza uma radio online por meio de streaming
As buscas de insumos no Jamendo ndash tal qual no Flikr ndash podem ser feitas manualmente ou com
a ajuda de um mecanismo de busca disponiacutevel em uma de suas paacuteginas O usuaacuterio - conforme
observa a Wikipedia ainda por meio da entrada Jamendo - em sua busca manual pode encontrar
muacutesicas e aacutelbuns utilizando-se de tags correspondentes ao estilo musical - jazz rock pop reggae
- de sua preferecircncia A FIG 413 apresenta o mecanismo de busca avanccedilada do Jamendo Ele
permite que o usuaacuterio faccedila a filtragem da busca especificando o paiacutes de origem (FIG 413 - A) a
liacutengua (FIG 413 - B) e o tipo de licenccedila (FIG413 - C) desejados
Empreendemos uma busca no Jamendo utilizando a tag pop e especificando o paiacutes e a liacutengua
desejada ndash Itaacutelia e italiano respectivamente Procuramos por muacutesicas com atribuiccedilatildeo Creative
Commons - Atribuiccedilatildeo - compartilha igual A FIG 414 apresenta um dos resultados encontrados
Trata-se da canccedilatildeo intitulada Sogno de Andrea Pardi Giuggie Alberto Bruzzese
Confirmamos ndash por meio de uma anaacutelise ad hoc ndash o tipo de licenccedila atribuiacuteda agrave canccedilatildeo (FIG 414
- A) Trata-se de fato da licenccedila Creative Commons - Atribuiccedilatildeo - compartilha igual A reproduccedilatildeo
distribuiccedilatildeo e adaptaccedilatildeo da muacutesica Sogno estatildeo permitidas inclusive para fins comerciais desde
que as obras derivadas mencionem a sua autoria e que a licenccedila seja perpetuada
37France 2 eacute o principal canal de televisatildeo puacuteblico francecircs e o segundo mais visto na Franccedila(FRANCE 2sd)
38Arte - Association Relative agrave la Teacuteleacutevision Europeacuteenne Trata-se de uma rede de televisatildeo franco-alematildeque procura promover uma programaccedilatildeo de qualidade no que se refere ao mundo das artes e da cultura Suasede se localiza em Estrasburgo (Franccedila) com filial em Baden-Baden (Alemanha)(ARTE sd)
81
A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre
Figura 413 Tela de busca avanccedilada do JamendoFonte adaptado de Jamendo (sd)
Figura 414 Resultados de busca no Jamendo a canccedilatildeo Sogno e sua licenccedilaFonte adaptado de Jamendo (sd)
82
A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre
Figura 415 Motor de busca Google - tela da filtragem avanccediladaFonte adaptado de Google (sd)
424 Busca de Insumos livres utilizando o Google arquivos e paacutegi-
nas da web em geral
O motor de busca da empresa Google apresenta diversas opccedilotildees de filtragem para suas pesquisas
Em sua busca avanccedilada o usuaacuterio poderaacute especificar a maneira como a expressatildeo deveraacute ser
procurada ndash por exemplo pela palavra exata por todas as palavras ou excluindo todas as expressotildees
ndash restringir a busca pelo idioma pela regiatildeo pela uacuteltima atualizaccedilatildeo pelo site ou domiacutenio ou ainda
pelos direitos de uso do item procurado ndash entre outras A opccedilatildeo Direitos de Uso oferece as 6 (seis)
possibilidades de licenccedilas Creative Commons A FIG 415 apresenta parte da tela do filtro avanccedilado
Em (A) podemos ver a opccedilatildeo Direitos de Uso a qual nos interessa especialmente na busca por
insumos com licenccedilas flexiacuteveis ou dentre elas com licenccedilas livres
Apresentamos como exemplo o resultado de uma busca em que utilizamos a palavra italiana
quotidiano Lanccedilamos matildeo da opccedilatildeo de filtragem intitulada Direitos de Uso restringindo a busca a
sites cujo conteuacutedo apresentasse itens livres para uso modificaccedilatildeo e compartilhamento inclusive
para fins comerciais Para isso escolhemos a opccedilatildeo Sem restriccedilotildees de uso ou compartilhamento
mesmo comercialmente no menu de opccedilotildees Parte dos resultados da busca pode ser vista na FIG
416 a qual apresenta as 4 (quatro) primeiras paacuteginas de um total de 132000 (cento e trinta e duas
mil)
Acessamos um dos links indicados e encontramos o site intitulado Radio Frequenza Appenino
Trata-se em linhas gerais de um projeto que visa dar voz aos jovens dos povoados da regiatildeo dos
Alpes Bolonheses (RFA sd) na Itaacutelia A proposta eacute que por meio da utilizaccedilatildeo de canais de
comunicaccedilatildeoinformaccedilatildeo e de uma postura de jornalismo participativo esses jovens desenvolvam
noccedilotildees de cidadania discutindo sobre temaacuteticas ligadas agrave imigraccedilatildeo agrave intercultura e ao encontro de
geraccedilotildees entre outros temas
O site da RFA - Radio Frequenza Appenino - disponibiliza uma seacuterie de programas de raacutedio e TV
em liacutengua italiana por meio de canais Livestream A FIG 417 apresenta um desses canais Ele
permite que os internautas vejam a transmissatildeo (FIG 417 - A) e interajam com os apresentadores -
83
Atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico virtual promovendo a cultura livre
Figura 416 Exemplo de resultado de busca por licenccedila - motor de busca Googlequotidiano
Fonte adaptado de Google (sd)
bem como com outros internautas - por meio de um chat (FIG 417 - B)
Confirmamos (FIG 417 - C) que todo o conteuacutedo disponibilizado no site da RFA - Radio
Frequenza Appenino - poderaacute ser reproduzido distribuiacutedo e adaptado inclusive para fins comerciais
desde que nos trabalhos derivados seja feita atribuiccedilatildeo aos seus autores
43 Atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico virtual
promovendo a cultura livre
Nesta seccedilatildeo discutimos o terceiro e uacuteltimo aspecto relativo agrave metodologia de produccedilatildeo de material
didaacutetico de natureza virtual livre conforme haviamos anunciado Trazemos para debate as teacutecnicas
adotadas para a realizaccedilatildeo do licenciamento desse tipo de material didaacutetico
Em termos operativos licenciar o material didaacutetico virtual como Livre significa atribuir-lhe uma
licenccedila livre ou seja em nossa proposta uma das 6 (seis) licenccedilas Creative Commons que natildeo
contenham os atributos Uso natildeo Comerciale Natildeo a obras derivadas De fato conforme discutido
no capiacutetulo 1 desta tese consideramos que a presenccedila de insumos licenciados com esses dois
atributos confere-lhe o status de Livre com Algumas Restriccedilotildees Em ambos os casos - a saber Livre
ou Livre com Restriccedilotildees - a atribuiccedilatildeo de licenccedilas envolve em linhas gerais
1 a anaacutelise da Sequecircncia Didaacutetica a ser licenciada
2 a anaacutelise e a escolha da licenccedila flexiacutevel adequada
3 e a aplicaccedilatildeo da licenccedila agrave Sequecircncia Didaacutetica
84
Atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico virtual promovendo a cultura livre
Figura 417 Radio Frequenza Appenino - canal com conteuacutedo livreFonte adaptado de RFA (sd)
Figura 418 Mecanismo informatizado de atribuiccedilatildeo de licenccedila Creative CommonsFonte adaptado de CREATIVE COMMONS BRASIL (sd)
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Atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico virtual promovendo a cultura livre
Figura 419 Resultado do processo de escolha da licenccedila Creative CommonsFonte adaptado de CREATIVE COMMONS BRASIL (sd)
O processo de escolha das licenccedilas que adotamos em nossa pesquisa - bem como em nossa
praacutetica - realiza-se com o auxiacutelio de um mecanismo informatizado disponibilizado na paacutegina da
organizaccedilatildeo natildeo governamental Creative Commons e reproduzido na FIG 418 A partir desse
mecanismo o usuaacuterio responderaacute perguntas relativas agraves caracteriacutesticas que deseja atribuir agrave licenccedila
do seu trabalho Ele indicaraacute por exemplo o tiacutetulo do trabalho o nome do autor a URL do trabalho
a URL do material usado como fonte do trabalho ndash ou seja no caso de produccedilatildeo de Material Didaacutetico
Virtual Livre dos insumos utilizados - o contato para outras permissotildees e informaccedilotildees sobre o
estilo do siacutembolo que seraacute gerado e associado ao trabalho
A FIG 419 apresenta o resultado final do processo de escolha da licenccedila Creative Commons
Licenciamos como exemplo uma Sequecircncia Didaacutetica fictiacutecia de nossa autoria denominada Sequecircn-
cia Didaacutetica 1 Atribuiacutemos agrave sequecircncia a licenccedila Creative Commons - Atribuiccedilatildeo Indicamos tambeacutem
a fonte - fictiacutecia - do insumo ou seja o site wwwsitedeorigemcom Esses dados seratildeo anexados agrave
sequencia didaacutetica conforme apresentados na FIG 419 - A Para tanto basta recortar o coacutedigo
HTLM gerado pelo mecanismo (FIG 419 - B) e inseri-lo na sequecircncia didaacutetica virtual para a qual a
licenccedila foi criada
86
O uso de software livre
44 O uso de software livre
Abordamos nesta seccedilatildeo o aspecto da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre relativo agrave utilizaccedilatildeo
de software livre como suporte Para tanto apresentamos nas subseccedilotildees posteriores um debate
acerca dos programas que utilizamos em nossa pesquisa Satildeo eles o sistema de criaccedilatildeo de
blogs e gerenciamento de conteuacutedos Wordpress e o programa de autoria EXElearning Conforme
anunciamos na introduccedilatildeo deste capiacutetulo nosso objetivo eacute o de apresentar as suas caracteriacutesticas
gerais
Vale ressaltar que nossa escolha por esses programas se deu principalmente por se tratarem
de software natildeo proprietaacuterio customizaacuteveis de acesso gratuito e de faacutecil utilizaccedilatildeo instalaccedilatildeo e
customizaccedilatildeo por usuaacuterios natildeo programadores Contribuiu ainda para nossa escolha - entre outros
fatores - a presenccedila de variados recursos que correspondem agrave praacutetica relacionada ao ensino e
aprendizagem de liacutenguas - tais como entre outros atividades de verdadeiro ou falso cloze e muacuteltipla
escolha ou seja formatos de atividades consagrados e de ampla utilizaccedilatildeo nesse contexto - e
a qualidade apresentada por ambos no que tange aspectos que vatildeo desde o seu funcionamento
ateacute a sua interface - a qual consideramos com efeito bastante amigaacutevel Isso significa em outras
palavras que consideramos ambos os programas coerentes com a nossa concepccedilatildeo de Material
Didaacutetico Virtual Livre e adequados para produccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico em contextos de
ensino e aprendizagem de liacutenguas sobretudo em contextos formais
441 O sistema de blogs e de gerenciamento de conteudos para web
Wordpress
O Wordpress consiste em um sistema livre de publicaccedilatildeo e gerenciamento de blogs e conteuacutedos
para web De fato conforme nos lembra Lary (2010 p 19) o Wordpress eacute um sistema flexiacutevel
que pode ser usado em projetos colaborativos em departamentos de universidades na criaccedilatildeo de
portfoacutelios de artistas sites para empresas e certamente blogs pessoais
Trata-se o Wordpress de um sistema de faacutecil instalaccedilatildeo configuraccedilatildeo e utilizaccedilatildeo Como
observa Lary (2010 p 21) ele oferece uma rica ediccedilatildeo de textos a possibilidade de utilizaccedilatildeo de
miacutedias embutidas (tais como viacutedeos imagens e sons) um eficiente sistema de gerenciamento de
menus a possibilidade de utilizaccedilatildeo de temas diversos widgets - ou seja componentes de arrastar
e colar que podem ser fixados nas barras laterias (LARY 2010 p 22) - e plug-ins - entre outras
caracteriacutesticas
A FIG 420 apresenta a tela de ediccedilatildeo de posts do Wordpress Ressaltamos a presenccedila do
Painel de gerenciamento (FIG 420 - A) da aacuterea de ediccedilatildeo de posts (FIG 420 - B) a qual apresenta
as opccedilotildees de ediccedilatildeo em versatildeo texto ou HTML o painel recursos de publicaccedilatildeo (FIG 420 - C) e o
painel de gerenciamento de tags
Ilustramos por meio da FIG 421 o conjunto de paineacuteis de administraccedilatildeo do Wordpress Per-
cebemos por meio do painel uma amostra dos recursos oferecidos pelo sistema De fato ele
apresenta recursos ligados agrave administraccedilatildeo de posts miacutedias paacuteginas comentaacuterios aparecircncia
plug-insusuaacuterios ferramentas configuraccedilotildees e paineacuteis
87
O uso de software livre
Figura 420 Wordpress Tela de ediccedilatildeo e de postsFonte adaptado de CODEX WORDPRESS (sd)
Figura 421 Wordpress Paineacuteis de administraccedilatildeoFonte adaptado de CODEX WORDPRESS (sd)
88
O uso de software livre
442 O programa de autoria EXElearning
O EXElearning eacute um programa de autoria livre elaborado com o apoio do governo neozelandecircs
e da organizaccedilatildeo natildeo governamental neozelandesa de pesquisa e desenvolvimento educacional
CORE 39 nos acircmbitos da Universidade de Auckland 40 da Universidade de Tecnologia de Auckland41 e do Politeacutecnico Tairawhiti 42 (EXElearning sd) com o intuito de auxiliar professores e demais
acadecircmicos na tarefa de elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de conteuacutedo na web sem a necessidade de
conhecimento especiacutefico de linguagens de programaccedilatildeo (EXElearning sd SILVA 2011 p 43)
Conforme nos lembram EXElearning (sd) e Silva (2011 p 43) o EXElearning permite que o
conteuacutedo produzido seja publicado nos padrotildees IMS Content Package IMS Common Cartridge
SCORM 12 aleacutem de paacuteginas HTML - o que consideramos demonstra que os seus autores tiveram
a intenccedilatildeo de facilitar ao maacuteximo a interoperabilidade do EXElearning jaacute que os formatos citados
configuram-se como padrotildees criados para promover a interoperabilidade entre programas Citamos
como exemplo de interoperabilidade o fato de que Sequecircncias Didaacuteticas salvas no padratildeo SCORM
12 podem ser lidas e utilizadas tambeacutem no Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle 43
O programa de autoria EXElearning pode ser obtido gratuitamente por meio de download na
paacutegina do projeto a que pertence ou seja projeto EXElearning 44 Ele apresenta como caracteriacutestica
como lembra Silva (2011 p 44) o fato de que o acesso agrave sua interface de utilizaccedilatildeo se da
sem a necessidade de conexatildeo agrave rede por meio dos navegadores Firefox (livre) Internet Explorer
(proprietaacuterio) e Chrome (livre) Dessa forma uma vez instalado o software o usuaacuterio encontraraacute
uma interface veloz intuitiva e faacutecil de trabalhar(SILVA 2011 p 44) Apresentamos por meio da
FIG 422 a interface de trabalho do EXElearning e os seus componentes Na interface podemos
destacar as 4 (quatro) principais aacutereas de operaccedilatildeo o Menu Principal (FIG 422 - A) o Painel de
Destaque que mostra a estrutura das atividades em forma de aacutervore (FIG 422 - B) o Painel Idevice
que contem os tipos de atividades padratildeo que o programa oferece ao usuaacuterio e que podem ser
inseridos nas atividades eou Sequecircncias Didaacuteticas (FIG 422 - C) e a Aacuterea de trabalho (FIG 422 -
D)
Destacamos ainda na FIG422 dois aspectos da interface com o intuito de melhor compreender
o seu funcionamento Em primeiro lugar observamos que a Aacuterea de trabalho (FIG 422 - D)
apresenta um trecho de uma Sequecircncia Didaacutetica intitulada The goose that laid the golden eggs 45
por meio da qual o autor propotildee em siacutentese que o aprendiz faccedila uma reflexatildeo a respeito de um
texto disponibilizado em aacuteudio e em forma de texto escrito com o mesmo nome da atividade Em
segundo lugar ressaltamos no Painel Idevice o conjunto de tipos de atividades e elementos que o
programa de autoria EXElearning disponibiliza em seu formato padratildeo Cada um dos itens da lista
apresenta um tipo de atividade preacute-estruturada com determinadas caracteriacutesticas e com a qual o
usuaacuterio poderaacute trabalhar em sua Sequecircncia Didaacutetica Apresentamos com base em Silva (2011
39httpwwwcore-edorg40httpwwwaucklandacnzuoa41httpwwwautacnz42httpwwweitacnztairawhiti43httpwwwmoodleorgbr44httpwwwexelearningorg45Em portuguecircs O ganso dos ovos de ouro
89
O uso de software livre
Figura 422 EXElearning - interface e seus componentesFonte Adaptado de EXElearning (sd)
p 47) em portuguecircs no QUAD 44 os tipos de atividades (Idevices) disponibilizadas no Painel
Idevice acompanhadas de suas respectivas funccedilotildees Acrescentamos que o EXElearning permite
que os usuaacuterios criem novos modelos de atividades
90
O uso de software livre
Quadro 44 EXElearning e sua tipologia de atividades (Idevices)
IDevice DescriccedilatildeoObjetivos Identifica os objetivos da atividade ou Sequecircncia Didaacutetica elaborada
Preacute-requisitos
Considera os preacute-requisitos e conhecimentos que se espera que o aprendiz possua paramelhor compreensatildeo das atividades
Atividade Trata-se de um modelo de tarefa simples O apredniz poderaacute fazer a leitura de um pequenotexto pensar nas respostas e ao clicar em um botatildeo saber se as suas hipoacuteteses deresposta estatildeo corretas ou natildeo
Cloze Neste modelo de atividade algumas palavras ou expressotildees satildeo ocultados de modo queo aprendiz preencha os espaccedilos em branco com as expressotildees corretas
Atividades deLeitura
Esta atividade consiste na disponibilizaccedilatildeo de um espaccedilo para leitura (ou seja inserccedilatildeode um texto) a solicitaccedilatildeo de uma reflexatildeo sobre a leitura e de feedback associado agraveproposta de reflexatildeo
Ampliador deimagens
Permite a visualizaccedilatildeo ampliada de partes de uma determinada figura inserida pelo autor
Applet Java Permite a inserccedilatildeo de applets Java para compor o conteuacutedo das atividades ou SequecircnciasDidaacuteticas
Artigo Wikibo-oks
Permite que o EXElearning busque arquivos relacionados a um determinado termodiretamente na Wikipedia importando o texto para a atividade ou Sequecircncia Didaacutetica
Estudo decaso
Apresenta uma determinada situaccedilatildeo ou caso de modo que o aprendiz possa se envolverem estudos de caso ou seja compreender um caso e aplicar o que aprendeu em novassituaccedilotildees
Galeria deImagens
Permite a criaccedilatildeo de um aacutelbum com imagens
Verdadeiroou falso
Permite a criaccedilatildeo de atividades de verdadeiro ou falso
Muacuteltipla esco-lha
Satildeo apresentadas diferentes respostas para que o aprendiz possa escolha a mais ade-quada a uma solicitaccedilatildeo
RSS Permite a inserccedilatildeo de conteuacutedos disponibilizados via RSS
Reflexatildeo Apresenta as mesmas propriedades do recurso Atividade
SCORM Quiz Consiste em uma atividade em formato de QUIZ
Selaccedilatildeo muacutelti-pla
Ideal para situaccedilotildees em que haja mais de uma opccedilatildeo que responda adequadamente agravessolicitaccedilotildees feitas no enunciado
Siacutetio web ex-terno
Permite que um site da web possa ser visualizado em uma atividade sem que hajanecessidade de que uma nova janela do navegador seja aberta
Texto livre Permite a inserccedilatildeo de diferentes miacutedias em uma atividade - textos aacuteudios imagensviacutedeos etc
Fonte adaptado de Silva (2011 p 47)
91
Capiacutetulo 5
Metodologia de pesquisa
Neste capiacutetulo apresentamos e discutimos os diversos aspectos envolvidos na metodologia de
pesquisa empregada em nosso estudo Os debates giram entorno da dimensatildeo empiacuterica da
investigaccedilatildeo ndash a saber a identificaccedilatildeo e anaacutelise dos Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425)
relacionados agrave utilizaccedilatildeo de material didaacutetico de natureza virtual livre - ou seja agrave sua produccedilatildeo e ao
seu uso em sala de aula presencial - em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano LEL2
Durante a explanaccedilatildeo apontamos e discutimos as escolhas teoacuterico-metodoloacutegicas que adotamos
em nossa investigaccedilatildeo incluindo o desenho da pesquisa no que se refere aos contextos estudados
e agraves estrateacutegias de levantamento e anaacutelise de dados empregadas
Essencialmente nossa abordagem investigativa foi de natureza qualitativa e se balizou por um
vieacutes epistemoloacutegico existencial (natildeo determinista) construtivista (STAKE 2011 p 42) e interpretativo
A coleta de dados se deu em dois contextos distintos - a saber (1) em sala de aula presencial
de italiano como LEL2 - contexto em que investigamos os Problemas de Ensino relativos ao uso
do Material Didaacutetico Virtual Livre - e (2) em curso de formaccedilatildeo para professores em serviccedilo e em
preacute-serviccedilo de italiano como LEL2 - contexto em que investigamos os Problemas de Ensino relativos
ao aspecto da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
51 A Pesquisa em Problemas de Ensino
Pesquisas em Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) relacionados ao ensino de liacutenguas
estrangeiras satildeo ainda incipientes A carecircncia de literatura sobre esse tema motivou-nos a refletir
sobre a natureza dos Problemas de Ensino e a partir daiacute estabelecer a abordagem metodoloacutegico-
cientiacutefica que melhor viabilizasse a investigaccedilatildeo sobre os Problemas de Ensino relacionados agrave
utilizaccedilatildeo de material didaacutetico de natureza virtual e livre
Encontramos em Ortale (2010 p 425) ndash bem como na praacutetica da Profa Dra Fernanda Landucci
Ortale 46 no acircmbito da disciplina intitulada Atividades de Estaacutegio italianondash 47 os indiacutecios de como
esse objeto de estudo poderia ser abordado
46Professora do curso de Letrasitaliano da Universidade de Satildeo Paulo47Disciplina pertencente ao curriacuteculo do curso de Licenciatura em Letras Italiano da Faculdade de Filosofia
Letras Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo
92
A Pesquisa em Problemas de Ensino
Em um contexto de formaccedilatildeo de professores de liacutengua italiana - ou seja durante a disciplina
ldquoAtividades de Estaacutegio italianordquo- a autora lanccedila matildeo de Relatos de Problemas de Ensino como
deflagradores ldquode reflexotildees sobre a praacutetica de sala de aulardquo (ORTALE 2010 p 425) Tais Relatos
satildeo identificados por seus alunos (professores de liacutengua italiana em preacute-serviccedilo) basicamente
de trecircs (3) maneiras 1) por meio de reflexotildees sobre a proacutepria praacutetica pregressa ndash no caso de
professores em formaccedilatildeo com experiecircncia de ensino de liacutengua italiana 2) por meio de reflexotildees
sobre a proacutepria experiecircncia como aluno em cursos de liacutengua italiana e 3) por meio de entrevistas
com professores que jaacute tenham praacutetica no ensino de liacutengua italiana ndash sendo as estrateacutegias didaacuteticas
2 e 3 utilizadas no caso de o aluno natildeo ter tido qualquer praacutetica antecedente com ensino de liacutengua
italiana Segundo a autora referindo-se agrave sua proposta de trabalho
()solicitamos a professores de italiano (liacutengua estrangeira) que escreves-sem sobre situaccedilotildees problemaacuteticas que enfrentavam em sala de aula Aesses escritos demos a denominaccedilatildeo de lsquoRelatos de Problemas de Ensinorsquo(ORTALE 2010 p 425)
Ainda em Ortale (2010 p 425) encontramos uma definiccedilatildeo de Relato de Problema de Ensino ndash
a qual citamos ipsis litteris a seguir ndash bem como alguns exemplos desses relatos ndash apresentados
no QUAD 71 Segundo a autora
Podemos definir lsquoRelato de Problema de Ensinorsquo como uma narrativa oudescriccedilatildeo sobre a sala de aula realizada por um professor e que podeapresentar dificuldades preocupaccedilotildees com praacuteticas futuras ou percepccedilotildeesnegativas sobre praacuteticas jaacute realizadas (ORTALE 2010 p 425)
Uma leitura atenta dos exemplos apresentados no QUAD 71 mostraraacute que os Relatos de
Problemas de Ensino apontam para variadas dimensotildees da praacutexis do professor de liacutenguas (ORTALE
2010 p 426) A constataccedilatildeo dessa multiplicidade dimensional pode ser corroborada pela proposta
de categorizaccedilatildeo de Problemas de Ensino indicadas em Ortale (2010 p 426) A saber
()interaccedilatildeo professor-aluno ou aluno-aluno conhecimento da liacutengua-alvorelaccedilatildeo professor-livro didaacutetico ensino das habilidades comunicativas pla-nejamento de aula ensino da gramaacutetica correccedilatildeo papel da liacutengua ma-ternatraduccedilatildeo (ORTALE 2010 p 426)
Concluiacutemos apoacutes a investigaccedilatildeo teoacuterica e a observaccedilatildeo de campo - acompanhando a disciplina
ldquoAtividades de Estaacutegio italianoldquo 48 que a maneira mais adequada para investigarmos os Problemas
de Ensino relacionados ao uso de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto formal de ensino-
aprendizagem de liacutengua italiana como L2LE dar-se-ia por meio do levantamento desses problemas
junto a professores de italiano em serviccedilo e em preacute-serviccedilo - em contexto de utilizaccedilatildeo desse
tipo especiacutefico de material didaacutetico - por meio de praacuteticas investigativas de cunho epistemoloacutegico
qualitativo interpretativo e construtivista A opccedilatildeo por esse vieacutes teoacuterico-metodoloacutegico configura-
se como reflexo da praacutetica da prof Dra Fernanda Landucci Ortale que de fato acessa os
48Acompanhei a disciplina em sua totalidade durante o primeiro semestre de 2012 exercendo a funccedilatildeode estagiaacuterio no acircmbito do PAE - Programa de Aperfeiccediloamento para o Ensino oferecido aos alunos dapoacutes-graduaccedilatildeo da Universidade de Satildeo Paulo como parte de sua formaccedilatildeo didaacutetica para atuaccedilatildeo no ensinosuperior
93
Estudo qualitativo
Quadro 51 Exemplos de Relatos de Problemas de Ensino
Exemplo 1 ldquoNem sempre consigo responder perguntas de vocabulaacuterio dos alunose digo que vou levar a resposta na aula seguinte mas me sinto malmesmo assimrdquo
Exemplo 2 ldquoTenho na mesma turma uma aluna de 13 e outra de 69 anos Paramim eacute muito difiacutecil conseguir administrar a classe com tanta diferenccedilade interesses e necessidades
Exemplo 3 ldquoTenho grupos grandes de quase 20 alunos e haacute muita diferenccedilana velocidade de realizaccedilatildeo das atividades Alguns terminam muitoraacutepido os exerciacutecios e me olham com impaciecircnciardquo
Exemplo 4 ldquoAlunos que querem traduzir tudo atrapalham a aula Agraves vezes meesforccedilo para fazer gestos e explicaccedilotildees em italiano e no final osalunos traduzem para o portuguecircs e ainda pedem uma confirmaccedilatildeominhardquo
Fonte adaptado de Ortale (2010 p 425)
Problemas de Ensino por meio de relatos e pela natureza personaliacutestica desses relatos - dado que
satildeo expressatildeo da percepccedilatildeo dos professores carregada de sentido em relaccedilatildeo aos contextos de
ensino-aprendizagem em que estatildeo inseridos
Subjaz a essa escolha certamente a ideia de que a realidade eacute construiacuteda a partir do ponto
de vista e interpretaccedilatildeo dos sujeitos que a experimentam conforme uma visatildeo epistemoloacutegica
construtivista (GRBICH 2007 STAKE 1995 p 3 p 99) O mesmo vale para o conhecimento o
qual eacute outrossim construiacutedo pelos sujeitos em sua relaccedilatildeo interpretada com o mundo e em contexto
de investigaccedilatildeo em consenso com as percepccedilotildees do pesquisador
A opccedilatildeo por uma abordagem qualitativa de vieacutes interpretativo e construtivista bem como o
desenho de nossa pesquisa satildeo debatidos com mais detalhes nas seccedilotildees subsequentes Ademais
essa escolha apresenta reflexo na maneira como os dados satildeo analisados e apresentados nesta
tese
52 Estudo qualitativo
Pesquisas do tipo qualitativo segundo Brown e Rodgers (2002 p 12) opotildeem-se a pesquisas do
tipo quantitativo na medida em que satildeo predominantemente baseadas em dados natildeo-numeacutericos
Strauss e Corbin (2008 p 23) ao propor um estudo sobre teacutecnicas de teoria fundamentada definem
pesquisas qualitativas como qualquer tipo de pesquisa que produza resultados natildeo atingidos por meio
de procedimentos estatiacutesticos ou de outras formas de quantificaccedilatildeo Nesse caso anaacutelises qualitativas
satildeo concebidas como processos natildeo-matemaacuteticos de interpretaccedilatildeo ministrados a fim de descobrir
94
Estudo qualitativo
conceitos e relaccedilotildees a partir dos dados brutos e de organizaacute-los em um esquema explanatoacuterio
teoacuterico (STRAUSS CORBIN 2008 p 24) Os autores lembram ainda que a quantificaccedilatildeo de dados
- como no caso do censo ou de informaccedilotildees histoacutericas sobre pessoas ou objetos estudados - natildeo
muda o caraacuteter qualitativo de uma pesquisa quando o grosso da anaacutelise eacute interpretativo (STRAUSS
CORBIN 2008 p 23)
Stake (2011 p 21) caracteriza a pesquisa qualitativa em oposiccedilatildeo agrave quantitativa ressaltando
que enquanto o raciociacutenio desta estaacute fortemente baseado em atributos lineares mediccedilotildees e anaacutelises
estatiacutesticas o pensamento daquela se baseia principalmente na percepccedilatildeo e compreensatildeo humana
O autor observa que entretanto todo pensamento cientiacutefico consiste em uma mescla das duas
abordagens Stake (2011 p 23) Por esse prisma diferencia-las seria mais uma questatildeo de ecircnfase
do que de limites (STAKE 2011 STAKE 1995 p 29 p 36) haja vista que em estudos qualitativos
ideias quantitativas de enumeraccedilatildeo tem o seu espaccedilo e que em estudos quantitativos estatildeo
pressupostos a interpretaccedilatildeo do pesquisador e alguma descriccedilatildeo em linguagem natural (STAKE
2011 STAKE 1995 p 29 p 36)
Stake (1995) e Stake (2011) aprofundam o debate argumentando que a diferenccedila entre investiga-
ccedilotildees qualitativas e quantitativas natildeo satildeo fundamentalmente balizadas pela diferenccedila entre descriccedilatildeo
verbal e dados numeacutericos (STAKE 1995 STAKE 2011 p 37 p 67) mas sim respectivamente pela
diferenccedila entre a procura pelo conhecimento personaliacutestico e o estudo de medidas objetivas a busca
por ocorrecircncias e a busca por causa e efeito a percepccedilatildeo do conhecimento como algo construiacutedo
por um vieacutes pessoal e como descoberta do mundo como ele eacute a atribuiccedilatildeo de um papel pessoal e
impessoal para o pesquisador e a investigaccedilatildeo para obter compreensatildeo e para obter explicaccedilatildeo Por
conseguinte a epistemologia qualitativa eacute concebida como construtivista experiencial situacional e
personaliacutestica (STAKE 2011 p 42) em detrimento agrave epistemologia positivista
Retomamos a oposiccedilatildeo entre os objetivos de investigar para obter compreensatildeo (epistemologia
qualitativa) e investigar para obter explicaccedilatildeo (epistemologia quantitativa) por considera-la importante
para a compreensatildeo do ponto de vista de Stake (2011) e Stake (1995) sobre a abordagem qualitativa
e consequentemente ampliar nossa visatildeo sobre o tema Os autores (STAKE 1995 STAKE 2011
p 37 p 67) se baseiam na proposta de distinccedilatildeo feita pelo filoacutesofo Georg Henrik von Wright 49
o qual segundo eles percebe a existecircncia de uma sutil diferenccedila epistemoloacutegica entre os dois
conceitos natildeo obstante reconheccedila que explicaccedilotildees carregam o objetivo de promover compreensatildeo
e que compreensatildeo seja frequentemente expressa em termos de explicaccedilatildeo (STAKE 1995 STAKE
2011 p 38 p 67) Trata-se segundo Stake (2011 p 67) de uma distinccedilatildeo ligeiramente parecida
com as distinccedilotildees entre medicar o paciente e cuidar do paciente e promover um ensino centrado
no professor e um ensino centrado no aluno Certamente o meacutedico promove as duas accedilotildees mas
cuidar do paciente denota mais pessoalidade Preparar-se para ensinar de forma didaacutetica no caso
do professor eacute conceitualmente diferente de organizar oportunidades experienciais para os alunos
Prosseguindo com o debate Stake (2011 p 67) e Stake (1995 p 38) observam que von Wright
associa a ideia de busca por explicaccedilatildeo ao pensamento de causa e efeito - tiacutepico de abordagens
quantitativas - e a ideia de busca por compreensatildeo agrave procura pela compreensatildeo humana - tiacutepico
de abordagens qualitativas A fim de elucidar ainda mais a questatildeo Stake (1995 p 38) propotildee a
49Os autores se referem a Wright (1971) em seu livro Explanation and Understanding
95
Estudo qualitativo
anaacutelise de duas perguntas de pesquisa relacionadas ao contexto da educaccedilatildeo as quais representam
respectivamente uma preocupaccedilatildeo em explicar e uma preocupaccedilatildeo em compreender Satildeo elas
1 O fato de a carga de ensino ter aumentado de quatro para cinco aulasestaacute afetando a qualidade do ensino
2 Os professores que residem fora da comunidade estatildeo trabalhandomenos que a carga justa de trabalho
(STAKE 1995 p 38)
Dessa forma segundo Stake (1995 p 38) enquanto a primeira representa uma inquietaccedilatildeo com
a explicaccedilatildeo da causa de uma eventual variaccedilatildeo da qualidade do ensino (busca pela explicaccedilatildeo) a
segunda representa uma preocupaccedilatildeo com a descriccedilatildeo de ocorrecircncias mais ou menos simultacircneas
sem a expectativa de explicaccedilatildeo causal ou seja uma preocupaccedilatildeo com a compreensatildeo Conforme
discutido o primeiro exemplo estaacute associado a uma abordagem quantitativa O segundo por sua
vez a uma abordagem qualitativa
Fraenkel e Wallen (2003 p 430) trazendo o debate sobre pesquisas qualitativas para o contexto
educacional - contexto que nos interessa especialmente nesta tese dado que nos concentramos
no ensino formal de liacutengua italiana como L2LE - corrobora o ponto de vista de Stake (1995
p 38) ao dizer que enquanto o pesquisador quantitativo procura observar quatildeo acuradamente
aprendizagens atitudes e ideias se desenvolvem no contexto de ensino-aprendizagem - por meio
de comparaccedilotildees entre meacutetodos de ensino alternativos em pesquisas experimentais por exemplo
(FRAENKEL WALLEN 2003 p 430) - pesquisadores qualitativos querem saber mais do que em
que medidaou quatildeo bemalgo eacute feito em sala de aula Em outras palavras eles se envolvem na
busca por impressotildees mais holiacutesticas - ou seja por um retrato mais completo - sobre o que estaacute
ocorrendo nesse contexto Pesquisadores qualitativos segundo Fraenkel e Wallen (2003 p 430)
propotildeem-se a investigar por exemplo
bull Como professores ensinam suas respectivas mateacuterias
bull Que tipo de praacutetica eles adotam em sua rotina
bull Que tipo de coisas os estudantes fazem
bull Em que tipo de atividades se envolvem
bull Quais satildeo as regras do jogo impliacutecitas ou explicitas que parecemajudar ou atrapalhar o processo de aprendizagem50
(FRAENKEL WALLEN 2003 p 230)
No que se refere agrave metodologia de investigaccedilatildeo ainda segundo Fraenkel e Wallen (2003 p
430) o pesquisador qualitativo a fim de tentar responder essas questotildees pode documentar as
experiecircncias diaacuterias dos professores e dos estudantes - focando em uma ou no maacuteximo em um
pequeno nuacutemero de turmas - observando-as de modo mais regular possiacutevel e tentando descrever
o que vecirc da maneira mais completa e rica possiacutevel (FRAENKEL WALLEN 2003 p 430) Esse
50Traduccedilatildeo nossa
96
Estudo qualitativo
Quadro 52 Teacutecnicas de coletas de dados tiacutepicas de abordagens qualitativas
bull observaccedilotildees ou notas de campo
bull leitura de diaacuterios - em forma detexto viacutedeo ou aacuteudio
bull entrevistas individuais ou emgrupo
bull registros em aacuteudio e viacutedeo
bull leitura de documentos - tais comolivros revistas correio eletrocircnicopaacuteginas da internet e propaganda(impressa filmada ou televisio-nada)
bull gravaccedilotildees em viacutedeo de sessotildeesde laboratoacuterio
bull gravaccedilotildees de viacutedeos de transmis-soes de tv
bull anaacutelise de fotografias filmes e vi-deos caseiros
bull registro de conversas em gruposde bate-papo na internet
bull entre outros
Fonte adaptado de Brown e Rodgers (2002) Creswell (2010) Bogdan e Biklen
(1994) e (GIBBS 2009)
pesquisador poderaacute ainda lanccedilar matildeo de uma gama de teacutecnicas de obtenccedilatildeo de dados tiacutepicas de
abordagens qualitativas conforme indicam Brown e Rodgers (2002 p 12) Creswell (2010 p 213)
Bogdan e Biklen (1994 p 73) e Gibbs (2009 p 17) Reunimos exemplos dessas teacutecnicas no QUAD
52
Grbich (2007 p 3) aborda a questatildeo da metodologia qualitativa inserindo-a no quadro teoacuterico-
metodoloacutegico das quatro principais tradiccedilotildees epistemoloacutegicas (GRBICH 2007 p 2) da pesquisa
cientiacutefica ocidental dos uacuteltimos duzentos anos Satildeo elas o Positivismo ou Empirismo a Criacutetica
Emancipatoacuteria o Construtivismo ou Interpretativismo e o Poacutes-modernismo A autora em conso-
nacircncia com Fraenkel e Wallen (2003 p 432) associa o emprego de abordagens qualitativas agraves
trecircs uacuteltimas e consequentemente o emprego da abordagem quantitativa agrave primeira Ela lembra
que todas satildeo passiveis de criacuteticas e - concordando com Fraenkel e Wallen (2003 p 443) - que a
escolha de uma ou outra - ou do emprego conjunto de mais de uma tradiccedilatildeo - dependeraacute da natureza
da pesquisa envolvida das questotildees de pesquisa e da preferecircncia ou orientaccedilatildeo do pesquisador
(GRBICH 2007 p 14) Consideramos que trazecirc-las para debate contribui com nossos esforccedilos
de compreensatildeo da natureza da pesquisa qualitativa e por conseguinte da natureza da praacutetica
investigativa que adotamos em nossa pesquisa De fato como jaacute mencionado nesta seccedilatildeo nossa
abordagem ao investigar os eventuais Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) relativos ao
uso de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como
LEL2 foi de natureza qualitativa e de vieacutes interpretativo e construtivista
Em linhas gerais o positivismo ou Empirismo tem suas raiacutezes e o seu predomiacutenio na Europa
no seacuteculo XVIII (GRBICH 2007 FRAENKEL WALLEN 2003 p 4 p 432) momento em que o
positivismo o otimismo a razatildeo e o progresso pairam como discurso dominante ou seja no contexto
97
Estudo qualitativo
da chamada era do Iluminismo Acreditava-se que o conhecimento cientiacutefico poderia ser alcanccedilado
pelo homem racional capaz de desvendar uma realidade completamente conheciacutevel objetiva de
um universo exterior ordenado (GRBICH 2007 FRAENKEL WALLEN 2003 p 10 p 432) por
meio da observaccedilatildeo e de processos de pensamento loacutegico O conhecimento portanto apresenta-
se como resultado de processos de deduccedilatildeo criaccedilatildeo de hipoacuteteses identificaccedilatildeo de variaacuteveis e
mediccedilotildees em pesquisas experimentais que por sua vez resultam na identificaccedilatildeo de causalidade
permitindo prediccedilotildees sobre fatos corretamente avaliados pela loacutegica matemaacutetica (GRBICH 2007 p
5) Parte-se da premissa baacutesica de que existe uma realidade laacute fora independente dos sujeitos
dirigida por leis naturais esperando para ser descoberta pela Ciecircncia (FRAENKEL WALLEN 2003
p 425) Existe uma ecircnfase na quebra dos fenocircmenos em peccedilas manipulaacuteveis visando o estudo e
eventual reordenaccedilatildeo do todo e a visatildeo do cientista desinteressado que se mantem a parte do
objeto de estudo - incluindo seus preconceitos e valores - (FRAENKEL WALLEN 2003 p 425)
Suas caracteriacutesticas dominantes incluem princiacutepios cientiacuteficos regularidade ordem loacutegica dedutiva
leis da natureza observaccedilatildeo e experiecircncia (razatildeo) causalidade linearidade (unidimensional)
determinismo loacutegico (tudo eacute causado por alguma coisa em uma longa linha de causalidades)
e abordagens analiacuteticas e estatiacutesticas baseadas em fatos verdadeiros(GRBICH 2007 p 4)
Ademais satildeo enfatizados a classificaccedilatildeo o ordenamento e a hierarquizaccedilatildeo bem como a prediccedilatildeo
e a universalizaccedilatildeo de resultados A autoridade central da coisa depreendida e publicada pelo
autor satildeo supremos (GRBICH 2007 p 5) O conhecimento reside em grandes teorias reforccediladas
por processos de mensuraccedilatildeo cientiacutefica e pensamento racionalista armazenado em disciplinas
especialiacutesticas com fronteiras definidas e cuidadosamente protegidas (GRBICH 2007 p 5) Vale
ressaltar que as principais criacuteticas a essa tradiccedilatildeo giram em torno do debate sobre a plausibilidade
de a ciecircncia poder fornecer todas as respostas sobre a realidade e de os pesquisadores conseguirem
controlar as variaacuteveis e mostrar resultados previsiacuteveis e explicaacuteveis (GRBICH 2007 p 5)
A Criacutetica Emancipatoacuteria surge a partir do contexto de mudanccedilas econocircmicas ocorridas por causa
da industrializaccedilatildeo e o subsequente reconhecimento das criacuteticas de Karl Marx agrave exploraccedilatildeo lucro e
poder do capitalismo e do conflito de classes (GRBICH 2007 p 6) Parte-se do princiacutepio de que
as referidas mudanccedilas geram uma sociedade fragmentada A realidade eacute vista como algo que natildeo
existe por si mas que eacute fruto de uma histoacuteria obscura e construiacuteda por sistemas sociais e poliacuteticos
exploradores compreendendo interesses competitivos em que o conhecimento eacute controlado para
servir aos detentores do poder (GRBICH 2007 p 6) O poder do autor a universalidade do
conhecimento o conceito de singularidade e originalidade satildeo questionados (GRBICH 2007 p 7)
Nesse contexto a raccedila a idade o grau de pobreza a poliacutetica e a cultura satildeo estudados com o intuito
de melhor compreender as identidades individuais e a forma como essas identidades foram moldadas
por instituiccedilotildees culturais dominantes - tais como a miacutedia a ciecircncia e a religiatildeo (GRBICH 2007 p 7)
Figura deste modo como um importante foco da tradiccedilatildeo Criacutetica Emancipatoacuteria a documentaccedilatildeo
de confrontos entre detentores e desprovidos de poder (poliacutetico ou econocircmico)(GRBICH 2007 p
7) Espera-se que a pesquisa traga emancipaccedilatildeo de grupos e indiviacuteduos oprimidos por meio de
mudanccedilas sociais (GRBICH 2007 p 7)
O Construtivismo ou Interpretativismo (GRBICH 2007 p 3) tomado aqui como tradiccedilatildeo
epistemoloacutegica - cuja compreensatildeo nos interessa sobremaneira nesta tese - eacute caracterizado pela
98
Estudo qualitativo
crenccedila na inexistecircncia de um conhecimento independente desassociado do pensamento (GRBICH
2007 STAKE 1995 p 3 p 100) A realidade eacute vista como fluida mutaacutevel socialmente construiacuteda
e existente dentro da mente dos sujeitos O conhecimento eacute subjetivo construiacutedo e baseado em
sinais e siacutembolos compartilhados e reconhecidos entre os membros de um grupo ou cultura No
acircmbito investigativo esse conhecimento eacute construiacutedo na interaccedilatildeo entre pesquisador e informante
por meio de consenso (GRBICH 2007 p 8) Pressupotildeem-se muacuteltiplas realidades experimentadas
de modo diferente por pessoas diferentes O foco da investigaccedilatildeo estaacute dessa forma na exploraccedilatildeo
do modo como as pessoas interpretam e constroem sentido considerando-se suas experiecircncias de
mundo (STAKE 1995 p 99) e em como contextos eventos situaccedilotildees e o seu lugar (dos sujeitos
incluindo o pesquisador) em ambientes sociais mais amplos influenciam na construccedilatildeo desses
sentidos (GRBICH 2007 p 8) A subjetividade (a visatildeo do pesquisador e como ela foi construiacuteda) e
a intersubjetividade (reconstruccedilatildeo de visotildees por meio de interaccedilotildees com outros via linguagem oral e
textos escritos) satildeo portanto de interesse para essa tradiccedilatildeo (GRBICH 2007 p 8)
Grbich (2007 p 9) situa temporalmente o Poacutes-modernismo - tomado aqui tambeacutem como
tradiccedilatildeo epistemoloacutegica - nas uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX Segundo a autora percebe-se nesse
periacuteodo uma valorizaccedilatildeo do ante-heroacutei do indiviacuteduo complexo e multidimensional em oposiccedilatildeo a
sujeitos com pontos de vista autoritaacuterio unificado poderoso e centralizado (GRBICH 2007 p 9)
Nessa tradiccedilatildeo o mundo eacute visto como algo complexo e caoacutetico A realidade eacute transacional multipla-
mente construiacuteda e natildeo pode ser explicada por grandes narrativas ou metanarrativas (FRAENKEL
WALLEN 2003 p 433) - como por exemplo o Marxismo ou o Budismo que fazem afirmaccedilotildees uni-
versais sobre a realidade a fim de explica-la - A busca por essa realidade eacute portanto condicionada
pela compreensatildeo de que a sociedade as leis as poliacuteticas a linguagem as fronteiras disciplinares
a coleta e interpretaccedilatildeo de dados satildeo construiacutedos cultural e socialmente Nesse contexto ruptura
provocaccedilatildeo e formas muacuteltiplas de accedilatildeo satildeo essenciais para colocar essas construccedilotildees a parte
e expor o mundo da forma como ele eacute (GRBICH 2007 p 9) A ideia de significado eacute preferida
agrave de conhecimento jaacute que esse seria aprisionado pelos discursos produzidos para manutenccedilatildeo
do poder e de interesses e para controlar o acesso da populaccedilatildeo a outras explicaccedilotildees (GRBICH
2007 p 9) Ademais esses significados satildeo reconhecidos como criaccedilotildees individuais e necessitam
de interpretaccedilatildeo negociaccedilatildeo e desconstruccedilatildeo (GRBICH 2007 p 10) No acircmbito da pesquisa a
comunicaccedilatildeo interativa torna-se o contexto no qual o significado eacute esclarecido
Dessa forma com base nos debates e reflexotildees apresentados nesta seccedilatildeo atribuiacutemos agrave
nossa investigaccedilatildeo uma ecircnfase qualitativa (STRAUSS CORBIN 2008 STAKE 2011 STAKE
1995 FRAENKEL WALLEN 2003) de vieacutes construtivista interpretativo experiencial situacional e
personaliacutestico (STAKE 2011 GRBICH 2007 p 4 p 8)
De fato em nossa investigaccedilatildeo procuramos compreender as possiacuteveis implicaccedilotildees do uso de
materiais didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano
como LEL2 considerando natildeo apenas a nossa percepccedilatildeo enquanto pesquisadores mas tambeacutem
o ponto de vista dos professores de liacutengua italiana para estrangeiros em serviccedilo e em preacute-serviccedilo
participantes da pesquisa
Conforme jaacute mencionado na seccedilatildeo 51 nossa abordagem pressupotildee a concepccedilatildeo de que a
realidade e o conhecimento satildeo construiacutedos por meio da interpretaccedilatildeo que os sujeitos fazem a
99
Consideraccedilotildees sobre a eacutetica na pesquisa
partir da experimentaccedilatildeo do mundo Nesse caso as implicaccedilotildees tomadas aqui como Problemas de
Ensino (ORTALE 2010 p 425) satildeo experienciadas pelos sujeitos participantes em sua praacutetica
de ensino que as percebem por um vieacutes interpretativo e as reconhecem como tal Enquanto
pesquisadores tentamos investigar essa percepccedilatildeo dos sujeitos participantes professores em
serviccedilo e em preacute-serviccedilo de modo a identificar os Problemas de Ensino experienciados e percebidos
considerando tambeacutem a nossa interpretaccedilatildeo Nessa empresa investigativa conforme pressupotildee
uma epistemologia qualitativa de vieacutes construtivista (STAKE 2011 GRBICH 2007 p 4 p 8) os
contextos satildeo fortemente considerados e descritos (FRAENKEL WALLEN 2003 p 430) dado o
seu papel na construccedilatildeo das percepccedilotildees de todos os envolvidos
Buscamos dessa forma por ocorrecircncias (implicaccedilotildees) - bem como por suas eventuais correla-
ccedilotildees nos contextos investigados - e natildeo por relaccedilotildees de causa e efeito em tentativas de mediccedilatildeo de
variaccedilatildeo de qualidade de ensino Tal postura nos aproxima agrave uma praacutetica investigativa interessada
mais na compreensatildeo do que na explicaccedilatildeo o que conforme vimos em Stake (1995 p 37) e
Stake (2011 p 67) representa uma abordagem tipicamente relacionada agrave epistemologia qualitativa
Interessa-nos de fato uma visatildeo holiacutestica (FRAENKEL WALLEN 2003 p 430) um retrato mais
completo das implicaccedilotildees do uso de Material Didaacutetico Virtual Livre nos contextos investigados
Ressaltamos enfim que em nossa investigaccedilatildeo lanccedilamos matildeo de procedimentos e anaacutelises
tiacutepicos de abordagens qualitativas Com efeito utilizamos notas de campo diaacuterios de aula ques-
tionaacuterio aberto registro de conversas por e-mail gravaccedilatildeo em aacuteudio e viacutedeo - instrumentos de
coleta de dados tipicamente qualitativos (BROWN RODGERS 2002 CRESWELL 2010 BOGDAN
BIKLEN 1994 GIBBS 2009 p 12 p 213 p 73 p 17) bem como procedimentos de anaacutelise natildeo
estatiacutesticos ou matemaacuteticos os quais segundo Strauss e Corbin (2008 p 23) atribuem caraacuteter
qualitativo agrave pesquisa
53 Consideraccedilotildees sobre a eacutetica na pesquisa
Diversos pesquisadores e autores (CRESWELL 2010 COHEN MANION MORRISON 2011
GIBBS 2009 BOGDAN BIKLEN 1994 LUDKE ANDREacute 1986 STAKE 2011 GRBICH 2007
FRAENKEL WALLEN 2003 p 116 p 75 p 23 p 75 p 49 p 218 p 207 p 442) que
discorrem sobre abordagens e metodologias qualitativas ressaltam a importacircncia de se considerarem
os aspectos eacuteticos nesse tipo de empreendimento cientiacutefico bem como a de incluir um debate sobre
essa questatildeo no relatoacuterio da pesquisa seja ele uma tese dissertaccedilatildeo ou monografia
Questotildees e dilemas eacuteticos perpassam todas instacircncias de uma investigaccedilatildeo qualitativa (COHEN
MANION MORRISON 2011 p 76) Da escolha do tema agrave apresentaccedilatildeo dos resultados passando
pela coleta e anaacutelise dos dados Cohen Manion e Morrison (2011 p 75) lembram por exemplo da
relaccedilatildeo custo benefiacutecio presente no planejamento de propostas de pesquisas Trata-se de um dilema
que consiste em avaliar os provaacuteveis benefiacutecios sociais de uma pesquisa - como por exemplo privar
a sociedade dos resultados de uma pesquisa que poderia melhorar a condiccedilatildeo humana - em relaccedilatildeo
aos custos pessoais dos participantes - como por exemplo ofensa agrave dignidade embaraccedilo perda de
confianccedila em relaccedilotildees sociais e perda de autonomia (COHEN MANION MORRISON 2011 p 75)
- Segundo Gibbs (2009 p 23) questotildees eacuteticas afetam mais as etapas de planejamento e coleta
100
Consideraccedilotildees sobre a eacutetica na pesquisa
de dados jaacute que envolvem muitas vezes conteuacutedos pessoais e discursos que os informantes natildeo
fariam em outros contextos - tais como criacuteticas e opiniotildees pessoais sobre instituiccedilotildees e terceiros
Em todos os momentos da investigaccedilatildeo de fato o pesquisador qualitativo deveraacute tomar decisotildees
que podem ou natildeo colocar em xeque a sua conduta Observamos que nesta tese natildeo temos a
intenccedilatildeo de explorar a questatildeo da eacutetica na pesquisa qualitativa em todas as suas dimensotildees apesar
de termos consciecircncia de tais nuances e de as termos confrontado naturalmente de um modo ou
de outro em nosso percurso investigativo Privilegiamos em consonacircncia com Gibbs (2009 p 23)
os aspectos que consideramos mais criacuteticos em nossa proposta de pesquisa ou seja os aspectos
relativos ao trato com os sujeitos humanos participantes da investigaccedilatildeo principalmente no que se
refere agrave coleta anaacutelise e publicaccedilatildeo dos dados
Em uma investigaccedilatildeo cientiacutefica a conduta eacutetica estaacute relacionada agrave observaccedilatildeo das normas
relativas aos procedimentos considerados corretos e incorretos por um determinado grupo (BOGDAN
BIKLEN 1994 p 75) ou conselho de eacutetica formado por profissionais das aacutereas de especializaccedilatildeo da
pesquisa (COHEN MANION MORRISON 2011 p 75) A inexistecircncia de um coacutedigo deontoloacutegico
ou mesmo de uma comissatildeo de eacutetica no entanto pode ser compensada sem danos a uma
postura eacutetica aceitaacutevel pela observaccedilatildeo de princiacutepios gerais - como apresentado no QUAD 53 -
de convenccedilotildees para o trabalho de campo (PUNCH 1986 apud BOGDAN BIKLEN 1994 p 76)
ou ateacute mesmo pelos valores pessoais do investigador o qual eventualmente resolveraacute dilemas
eacuteticos com base no que julga serem comportamentos adequados (BOGDAN BIKLEN 1994 p 78)
(FRANKFORT-NACHMIAS NACHMIAS 1992 apud COHEN MANION MORRISON 2011 p 75)
A esse respeito Bogdan e Biklen (1994 p 78) lembram que mesmo a presenccedila de um coacutedigo
deontoloacutegico especiacutefico pode natildeo ser suficiente para a resoluccedilatildeo de dilemas eacuteticos complexos que
podem surgir em pesquisas qualitativas envolvendo sujeitos humanos cabendo ao pesquisador
mais uma vez lanccedilar matildeo dos valores pessoais cuidando para que os sujeitos envolvidos natildeo
sofram danos Antes de tudo conforme nos lembra Creswell (2010 p 232) o pesquisador tem a
obrigaccedilatildeo de respeitar os direitos as necessidades os valores e os desejos dos informantes
Stake (2011 p 223) ressalta a hipoacutetese da existecircncia de uma zona de privacidade a qual seria
relativa e situacional podendo variar de acordo com a pessoa ou circunstacircncia O pesquisador nesse
caso coloca-se em um difiacutecil estado de monitoramento em sua investigaccedilatildeo a fim de encontrar
a zona de privacidade dos sujeitos humanos com os quais trabalha e na qual ele natildeo deve entrar
(STAKE 2011 p 223)
Gibbs (2009 p 23) e Cohen Manion e Morrison (2011 p 77) trazem agrave tona a questatildeo da
relevacircncia do consentimento totalmente informado que consiste em linhas gerais na condiccedilatildeo de
que os participantes devem ser informados sobre o que estaacute em foco na pesquisa sobre o que lhes
aconteceraacute durante e apoacutes o processo (quando for o caso) e sobre o destino dos dados fornecidos
(GIBBS 2009 COHEN MANION MORRISON 2011 p 23 p 80) O princiacutepio do consentimento
totalmente informado se baseia na premissa do direito agrave liberdade e ao exerciacutecio do livre arbiacutetrio
dos sujeitos (COHEN MANION MORRISON 2011 p 77) os quais deveratildeo se sentir livres para
participar ou natildeo da pesquisa
Em nosso estudo conforme jaacute dito nesta seccedilatildeo tivemos o cuidado de observar e prever questotildees
e implicaccedilotildees eacuteticas relacionadas ao trato com os participantes especialmente no que se refere agrave
101
Consideraccedilotildees sobre a eacutetica na pesquisa
Quadro 53 Princiacutepios gerais de eacutetica na pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo
1 As identidades dos sujeitos devem ser protegidas para que a informaccedilatildeo queo investigador recolhe natildeo possa causar-lhes qualquer tipo de transtorno ouprejuiacutezo O anonimato deve contemplar natildeo soacute o material escrito mas tambeacutemos relatos verbais de informaccedilatildeo recolhida durante as observaccedilotildees O investiga-dor natildeo deve revelar a terceiros informaccedilotildees sobre os seus sujeitos e deve terparticular cuidado para que a informaccedilatildeo que partilha no local da investigaccedilatildeonatildeo venha a ser utilizada de forma poliacutetica ou pessoal
2 Os sujeitos devem ser tratados respeitosamente e de modo a obter a suacooperaccedilatildeo na investigaccedilatildeo Ainda que alguns autores defendam o uso dainvestigaccedilatildeo dissimulada verifica-se consenso relativo a que na maioria dascircunstacircncias os sujeitos devem ser informados sobre os objetivos da investi-gaccedilatildeo e o seu consentimento obtido Os investigadores natildeo devem mentir aossujeitos nem registrar conversas ou imagens com gravadores escondidos
3 Ao negociar a autorizaccedilatildeo para efetuar um estudo o investigador deve ser claroe expliacutecito com todos os participantes relativamente aos termos do acordo edeve respeitaacute-los ateacute a conclusatildeo do estudo Se aceitar fazer algo como moedade troca pela autorizaccedilatildeo deve manter a sua palavra Se concordar em natildeopublicar os seus resultados deve igualmente manter a palavra dada Dado queos investigadores levam a seacuterio as promessas que fazem deve-se ser realistanas negociaccedilotildees
4 Seja autecircntico quando escrever os resultados Ainda que as conclusotildees a quechega possam por razotildees ideoloacutegicas natildeo lhe agradar e se possam verificarpressotildees por parte de terceiros para apresentar alguns resultados que os dadosnatildeo contemplam a caracteriacutestica mais importante de um investigador deve sera sua devoccedilatildeo e fidelidade aos dados que obteacutem Confeccionar ou distorcerdados constitui o pecado mortal de um cientista
Fonte adaptado de Bogdan e Biklen (1994 p 77)
102
Consideraccedilotildees sobre a validade interna da pesquisa
Quadro 54 Salvaguardas para proteccedilatildeo dos participantes desta pesquisa
1 Os informantes concordaram e cederam ao pesquisador por meio de permissatildeoescrita o direito de coleta anaacutelise e publicaccedilatildeo - em qualquer eacutepoca ou meiode divulgaccedilatildeo - dos dados informados
2 Os informantes concederam uma permissatildeo por escrito (Apecircndice A) cedendoao pesquisador o direito de filmagem e gravaccedilatildeo de aacuteudio
3 O pesquisador concordou por meio de contrato escrito em omitir os dadospessoais dos participantes da pesquisa
4 Os interesses direitos e desejos dos informantes foram considerados emprimeiro lugar quando foram feitas escolhas relativas aos dados (CRESWELL2010 p 223)
5 As interpretaccedilotildees e anaacutelises dos dados cedidos permaneceratildeo disponibilizadaspara os informantes por meio desta tese e de outros canais tais como artigos eapresentaccedilotildees orais em congressos
6 Os participantes foram informados sobre todos os dispositivos e atividadesde coleta de dados Os dados portanto nunca foram coletados sem que osinformantes soubessem
coleta anaacutelise e publicaccedilatildeo dos dados Empregamos para tanto com o objetivo de proteger os
direitos e a privacidade dos informantes as salvaguardas indicadas no QUAD 54
54 Consideraccedilotildees sobre a validade interna da pesquisa
A validade eacute um dos pontos fundamentais de uma pesquisa qualitativa (CRESWELL 2010 p 224)
Preocupar-se com a validade interna em uma pesquisa de cunho qualitativo segundo Creswell e
Miller (2000 apud CRESWELL 2010 p 225) significa determinar se os resultados satildeo precisos
do ponto de vista do pesquisador dos participantes ou dos leitores de um relato O pesquisador
pode fazer essa verificaccedilatildeo lanccedilando matildeo de alguns procedimentos ou estrateacutegias de validade tais
como a triangulaccedilatildeo de diferentes fontes de informaccedilatildeo (CRESWELL 2010 p 226) a verificaccedilatildeo
dos membros a utilizaccedilatildeo de uma descriccedilatildeo rica e densa para a comunicaccedilatildeo dos resultados o
esclarecimento do vieacutes que o pesquisador traz para o estudo a apresentaccedilatildeo das informaccedilotildees
negativas ou discrepacircncias encontradas as quais se opotildeem aos temas a permanecircncia por um
tempo prolongado no campo a revisatildeo por pares e a utilizaccedilatildeo de um auditor externo para examinar
todo o projeto
Em termos operacionais referindo-se agrave validaccedilatildeo interna Creswell (2010 p 226) recomenda a
utilizaccedilatildeo de muacuteltiplas estrateacutegias ndash com o intuito de melhorar a capacidade do pesquisador para
avaliar a precisatildeo dos resultados ndash e a subsequente identificaccedilatildeo e discussatildeo nos relatoacuterios de
103
Consideraccedilotildees sobre a validade interna da pesquisa
pesquisa sobre as estrateacutegias adotadas
Gibbs (2009 p 118) associa a validade agrave busca pela qualidade da pesquisa seja ela qualitativa
ou quantitativa Em pesquisas quantitativas bem como qualitativas de vieacutes realista a validade
estaacute associada agrave uma tentativa de garantir que a anaacutelise esteja o mais proacuteximo possiacutevel do que
estaacute realmente acontecendo Essa preocupaccedilatildeo perde o sentido segundo o autor em pesquisas
qualitativas de vieacutes construtivista - como a nossa - jaacute que elas partem da premissa teoacuterica de que natildeo
existe uma realidade simples para ser verificada com relaccedilatildeo agraves anaacutelises mas sim muacuteltiplas visotildees
e interpretaccedilotildees (GIBBS 2009 p 118) Contudo ressalta Gibbs (2009 p 118) o pesquisador
qualitativo construtivista notaraacute a possibilidade de que em meio a grande variedade de possiacuteveis
descriccedilotildees e interpretaccedilotildees apresentadas pelos pesquisadores poderaacute haver posiccedilotildees claramente
tendenciosas e parciais ou ainda completamente tolas ou equivocadas Dessa forma em anaacutelises
e descriccedilotildees construtivistas [p]ode natildeo haver verdade simples e absoluta mas ainda assim pode
haver erro(GIBBS 2009 p 119)
A questatildeo da triangulaccedilatildeo estaacute tambeacutem fortemente associada agrave ideia de validade conforme
podemos ver em Stake (2011 p 138) e Gibbs (2009 p 120) Segundo Stake (2011 p 138) as
formas mais simples de triangulaccedilatildeo em pesquisas qualitativas consistem em observar inuacutemeras
vezes ver a partir de mais de um acircngulo (GIBBS 2009 p 120) e verificar com os envolvidos
Percebemos que todas elas carregam a ideia essencial de triangulaccedilatildeo como verificaccedilatildeo adicional
Stake (2011 p 139) assumindo uma postura claramente construtivista aprofunda o debate
dizendo que o objetivo da triangulaccedilatildeo vai aleacutem da confirmaccedilatildeo e validaccedilatildeo configurando-se como
uma forma de diferenciaccedilatildeo em uma situaccedilatildeo de ganho muacutetuo A triangulaccedilatildeo nesse caso pode
dar ao pesquisador mais confianccedila para concluir que o significado foi determinado corretamente ou
que seraacute necessaacuterio analisar as diferenccedilas para perceber significados muacuteltiplos e importantes Em
outras palavras
Se a verificaccedilatildeo adicional confirma que percebemos o significado corre-tamente noacutes ganhamos Se a verificaccedilatildeo adicional natildeo confirma podesignificar que existem mais significados para descobrir uma forma diferentede ganhar (STAKE 2011 139)
Dessa forma conforme Stake (2011 p 139) relatos conflitantes entre informantes de uma
pesquisa podem deflagrar a necessidade de identificaccedilatildeo de mais de um grupo Esse seria o caso
por exemplo em que alguns bancaacuterios afirmam que as regras satildeo justas enquanto outros dizem
que as regras satildeo injustas Esse conflito poderia significar - entre outras interpretaccedilotildees - que
bancaacuterios receacutem-contratados ou bancaacuterios que lidam com reclamaccedilotildees veem a questatildeo de forma
diferente (STAKE 2011 p 139)
Fraenkel e Wallen (2003 p 444) em sintonia com Stake (2011 p 139) acrescentam que a
verificaccedilatildeo adicional - ou seja a triangulaccedilatildeo - pode ser feita lanccedilando-se matildeo de instrumentos
de coleta de dados qualitativos e quantitativos Os autores citam como exemplo uma pesquisa
mista (ou seja que mescla teacutecnicas de abordagens qualitativas e quantitativas) envolvendo quatro
professores do ensino meacutedio A fim de obter um retrato do que ocorria cotidianamente em sala de
aula bem como identificar teacutecnicas e comportamentos efetivos dos professores foram utilizados
obervaccedilotildees de campo diaacuterios e entrevistas com os professores e alunos (instrumentos tiacutepicos de
104
Consideraccedilotildees sobre a validade interna da pesquisa
Quadro 55 Estrateacutegias de validaccedilatildeo adotadas nesta pesquisa
Etapa Estrateacutegias
Levantamentode dados
Triangulaccedilatildeo de diferentes fontes de informaccedilatildeoRevisatildeo por pares (peer debriefing)
ApresentaccedilatildeoDescriccedilatildeo rica e densa para comunicar nossos resultadosEsclarecimento do vieacutes que trouxemos para o estudo
pesquisas qualitativas) em conjunto com listas de checagem de performance listas de ranqueamento
e fluxogramas de debates (instrumentos tiacutepicos de pesquisas quantitativas) A triangulaccedilatildeo conforme
observam Fraenkel e Wallen (2003 p 444) ocorreu portanto natildeo apenas entre as observaccedilotildees
diaacuterios e entrevistas com prefessores e alunos Elas envolveram tambeacutem a sua comparaccedilatildeo com
dados quantitativos advindos da anaacutelise das interaccedilotildees em sala de aula e do rendimento dos alunos
Em nossa pesquisa adotamos mais de uma estrateacutegia de validaccedilatildeo - as quais apresentamos no
QUAD 55 - conforme recomendado em Creswell (2010 p 226) Com efeito procuramos fornecer
uma descriccedilatildeo a mais rica possiacutevel dos contextos investigados bem como esclarecer da melhor
maneira possiacutevel o nosso vieacutes investigativo Percebemos que essas estrateacutegias se relacionam -
mas natildeo se restringem - agrave apresentaccedilatildeo dos resultados e anaacutelises da pesquisa Consideramos
que uma descriccedilatildeo rica e densa pressupotildee a relevacircncia do contexto para a compreensatildeo de
anaacutelises qualitativas bem como o vieacutes personaliacutestico inerentes a essas anaacutelises As descriccedilotildees
transportam os leitores para o local e proporcionam agrave discussatildeo um elemento de experiecircncias
compartilhadas(CRESWELL 2010 p 226) O esclarecimento do vieacutes que o pesquisador traz para
o estudo por sua vez segundo Creswell (2010 p 226) cria uma narrativa honesta com os leitores e
abre espaccedilo para a reflexividade ou seja para o que Gibbs (2009 p 119) em acordo com Creswell
(2010 p 226) define como
o reconhecimento de que o produto da pesquisa reflete inevitavelmenteparte das origens e da formaccedilatildeo do meio e das preferecircncias do pesquisa-dor(GIBBS 2009 p 119)
Lanccedilamos matildeo ainda em nosso estudo das estrateacutegias de revisatildeo por pares (peer debriefing)
e de triangulaccedilatildeo as quais estatildeo associadas principalmente agrave coleta de dados Subjaz a essa
estrateacutegia nosso intuito de localizar os pontos de convergecircncia entre os diversos olhares a respeito
do fenocircmeno observado os Problemas de Ensino Com efeito lanccedilamos matildeo - conforme jaacute discutido
nesta seccedilatildeo - de diaacuterios de aula notas de campo questionaacuterios e relatos dos participantes em
forma de e-mail e registro em aacuteudio e viacutedeo A partir dos pontos de vista expressos e percebidos por
meio dessas fontes foi possiacutevel identificar os Problemas de Ensino relativos agrave utilizaccedilatildeo de material
didaacutetico de natureza virtual livre em contexto formal de aprendizagem de italiano L2LE
Dado o vieacutes qualitativo construtivista do nosso estudo empregamos a estrateacutegia de triangulaccedilatildeo
tomando-a como possibilidade de verificaccedilatildeo adicional (GIBBS 2009 STAKE 2011 p 120 p 138)
e como forma de diferenciaccedilatildeo (STAKE 2011 p 139) ou seja considerando a eventual necessidade
de analisar diferenccedilas (entre nossas anaacutelises e o ponto de vista dos sujeitos participantes) a fim de
105
Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados
reconhecer significados muacuteltiplos e importantes enriquecendo nossa anaacutelise Enfim ao empregar-
mos a triangulaccedilatildeo consideramos a possibilidade de muacuteltiplas interpretaccedilotildees mas tentamos evitar
posicionamentos tendenciosos parciais ou equivocados conforme Gibbs (2009 p 118)
55 Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de co-
leta de dados
Tivemos como meta de pesquisa conforme jaacute mencionado a investigaccedilatildeo dos Problemas de
Ensino (ORTALE 2010 p 425) relacionados agrave utilizaccedilatildeo de material didaacutetico de natureza virtual
livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 tendo sido o termo
utilizaccedilatildeodesdobrado para fins de pesquisa em utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial e produccedilatildeo
A partir desse desdobramento e a fim de alcanccedilar nosso objetivo estabelecemos dois contextos de
coleta de dados - a saber disciplinas de italiano como LEL2 e curso de formaccedilatildeo de professores de
italiano em serviccedilo e em preacute-serviccedilo - os quais representamos respectivamente nos QUADROS 56
e 57
Os Problemas de Ensino relativos ao uso de material didaacutetico de natureza virtual livre em contexto
presencial e formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 foram investigados no decorrer
de duas disciplinas de liacutengua italiana oferecidas em niacutevel de graduaccedilatildeo na mesma liacutengua junto agrave
faculdade de Letras de uma universidade puacuteblica do estado de Satildeo Paulo Durante as disciplinas
o professor responsaacutevel por ambas foi convidado a utilizar em determinadas aulas Sequecircncias
Didaacuteticas (SD) virtuais livres - relacionadas ao tema e ao momento da disciplina - elaboradas pelo
pesquisador com a sua colaboraccedilatildeo Dessa forma criamos em conjunto um total de seis (6)
Sequecircncias Didaacuteticas virtuais livres as quais indicamos no QUAD 56 com as referecircncias de SD1
(Sequecircncia Didaacutetica 1) a SD6 (Sequecircncia Didaacutetica 6) Satildeo elas respectivamente Viaggio che
senso ha per te questa parola Un viaggio in bici Mangia che ti fa bene Napoli e i ragazzi Vivere a
modo mio - mi sono trasferita in Germania e Shok culturale 51
Nesse contexto a fim de perceber os eventuais Problemas de Ensino - relativos ao uso de
Material Didaacutetico Virtual Livre em sala de aula presencial - lanccedilamos matildeo de observaccedilatildeo e notas
de campo anaacutelise de diaacutelogos entre o pesquisador e o professor - materializados em forma de
e-mails e trocados durante o periacuteodo de elaboraccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do material didaacutetico anaacutelise de
diaacuterio de aula - redigido pelo professor e questionaacuterios - sendo esses tambeacutem respondidos pelo
professor Vale ressaltar que nossos olhares se dirigiram ao professor e sua praacutetica sem no entanto
desconsiderar o contexto e os outros componentes da sala de aula investigada O QUAD 56 indica
os momentos em que utilizamos essas teacutecnicas de levantamento de dados bem como a frequecircncia
com que o fizemos Observamos que nem sempre foi possiacutevel manter uma frequecircncia regular no
que diz respeito agraves teacutecnicas utilizadas Esse eacute o caso da confecccedilatildeo dos diaacuterios de classe Conforme
mostrado no QUAD 56 houve uma diminuiccedilatildeo da utilizaccedilatildeo desse artefato da Sessatildeo 1 para a
Sessatildeo 3 Isso ocorreu principalmente pela natildeo adaptaccedilatildeo do professor a esse tipo de atividade
51Apresentamos no Apecircndice B as Sequecircncias Didaacuteticas Viaggio che senso ha per te questa parola eUn viaggio in bici
106
Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados
Aula Obser
vaccedilatilde
oNc
s
Diarios
deau
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Questi
onaacuter
io
Aplica
ccedilatildeo
deSD
Inf
adici
onais
Sessatildeo 117 horas
1 x x x xSD1Viaggio chesenso ha perte questaparola SD2Un viaggio inbiciprogramawordpress
2 x x3 x x x4 x x x5 x x x6 x x x SD17 x x x8 x x x9 x x x10 x x x SD2
Sessatildeo 213 horas
1 x xSD3 Mangiache ti fabene SD4Napoli e iragazziprogramawordpress
2 x x3 x x x4 x x x SD35 x x x6 x x7 x x8 x x SD4
Sessatildeo 325 horas
1 x x
SD5 Viverea modo mio -mi sonotrasferito inGermaniaSD6 ShokCulturaleprogramaEXElearning
2 x x3 x x4 x x5 x x6 x x7 x x SD58 x x9 x x10 x x11 x x12 x x13 x x14 x x15 x x SD6
Quadro 56 Coleta de dados I - utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto dedisciplinas presenciais de italiano como LEL2
107
Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados
Aula Ativida
des
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Notas
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mpo
Quest
Aberto
Regist
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Regist
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Inf
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Dimensatildeo formativa do curso Dimensatildeo investigativa coleta de dados
Sessatildeo 120 horas
Preacute-curso
x
1 At1 x x At1 Buscade insumoslivres At2Utilizaccedilatildeo doprograma deautoriaEXElearningAt3ElaboraccedilatildeodeSequecircnciasDidaacuteticas deitaliano LEL2At4 Imple-mentaccedilatildeodasSequecircnciasDidaacuteticas noprograma deautoriaEXElearningAt5Atribuiccedilatildeo delicenccedilaslivres agravesSequecircnciasDidaacuteticasProduzidasmdashmdashmdashApSddApresenta-ccedilatildeo e Sessatildeode debate
2 At2 x x
3At1At2At3
x x x
4
At1At2At3At4
x x x
5
At1At2At3At4At5
x x x
ApSdd x
Sessatildeo 220 horas
Preacute-curso
x
1 At1 x x2 At2 x x x
3At1At2At3
x x x
4
At1At2At3At4
x x x
5
At1At2At3At4At5
x x x
ApSdd x
Quadro 57 Coleta de dados II - produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em contextode curso de formaccedilatildeo de professores de italiano LEL2
108
Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados
De fato natildeo insistimos em sua confecccedilatildeo a fim de evitar o desconforto do professor-informante
Acrescentamos que o QUAD 56 apresenta trecircs (3) sessotildees de coleta de dados cujos limites
estabelecemos em funccedilatildeo das respectivas aulas de aplicaccedilatildeo das Sequecircncias Didaacuteticas (SD) virtuais
livres - a saber as aulas seis (6) e dez (10) para a sessatildeo 1 as aulas quatro (4) e oito (8) para
a sessatildeo 2 e as aulas sete (7) e quinze (15) para a sessatildeo 3 Dessa forma natildeo obstante as
aproximadas cento e cinquenta (150) horas de observaccedilatildeo de sala de aula que empreendemos
acompanhando as disciplinas em sua integralidade - os dados relativos a esse contexto foram
coletados no intervalo das trecircs (3) sessotildees indicadas no QUAD 56 perfazendo um total aproximado
de cinquenta e cinco (55) horas
Os Problemas de Ensino relacionados agrave produccedilatildeo do Material Didaacutetico Virtual Livre por sua
vez foram observados no contexto de um curso de formaccedilatildeo oferecido em duas ediccedilotildees no acircmbito
de duas universidades puacuteblicas brasileiras - uma no estado de Santa Catarina e outra no estado
de Satildeo Paulo - em que um total aproximado de 25 professores de liacutengua italiana em serviccedilo e em
preacute-serviccedilo foram convidados a produzir Sequecircncias Didaacuteticas (SD) de natureza virtual livre para o
ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 52
Em essecircncia o curso de formaccedilatildeo que elaboramos e ministramos teve uma carga-horaacuteria
de 20 horas (cada uma das ediccedilotildees) e foi baseado em uma abordagem de ensino-aprendizagem
construtivista Tivemos como objetivo principal por meio do curso oferecer a oportunidade de
desenvolvimento das principais competecircncias que consideramos necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo de
Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de italiano como LEL2 Satildeo elas
bull buscar e reconhecer insumos livres
bull utilizar e reconhecer programas de autoria livres (ou que gerem formatos livres)
bull elaborar sequecircncias didaacuteticas de italiano como LEL2
bull atribuir licenccedilas livres a sequecircncias didaacuteticas de proacutepria autoria
Propomos a fim de criar oportunidades para o desenvolvimento dessas competecircncias seis
atividades problema nucleares de natureza praacutetica - indicadas no QUAD 57 com as referecircncias
de At1 (Atividade 1) a At6 (Atividade 6) A saber respectivamente Busca de insumos livres
Utilizaccedilatildeo do programa de autoria EXElearning Elaboraccedilatildeo de Sequecircncias Didaacuteticas de italiano
como LEL2 Implementaccedilatildeo das Sequecircncias Didaacuteticas no programa de autoria EXElearning e
Atribuiccedilatildeo de licenccedilas livres agraves Sequecircncias Didaacuteticas (SD) produzidas - com as quais os cursistas se
deparavam gradativa e cumulativamente em uma dinacircmica espiral conforme indicamos na Figura
51 Acrescentamos que os participantes foram motivados desde o iniacutecio do curso por uma questatildeo
problema cujo desafio consistia em elaborar uma Sequecircncia Didaacutetica (SD) virtual livre para o ensino
de liacutengua italiana considerando um contexto de ensino-aprendizagem dessa liacutengua com o qual o
cursista (ou grupo de cursistas) jaacute trabalhavam ou jaacute tinha trabalhado Adotamos essa estrateacutegia a
fim de balizar as atividades e trazer significado e tom personaliacutestico para a produccedilatildeo de Sequecircncias
Didaacuteticas sugerida
52Apresentamos no Apecircndice B algumas das Sequecircncias Didaacuteticas produzidas durante os cursos
109
Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados
Figura 51 Dinacircmica de curso experimentaccedilatildeo gradativa e cumulativa de atividadesproblema nucleares
Utilizamos nesse caso como estrateacutegias de coleta de dados para a percepccedilatildeo dos eventuais
Problemas de Ensino relativos agrave produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de italiano
como LEL2 gravaccedilotildees em viacutedeo e aacuteudio questionaacuterio aberto e notas de campo - conforme indicado
no QUAD 57 Registramos em aacuteudio as interaccedilotildees entre os participantes em seus grupos de
trabalho nos momentos em que as atividades relacionadas agrave produccedilatildeo do Material Didaacutetico Virtual
Livre (At1 a At6) ocorriam Esse registro gerou um total aproximado de cinquenta e nove (59) horas
- sendo vinte e sete (27) horas na sessatildeo 1 e trinta e duas (32) horas na sessatildeo 2 Gravamos em
viacutedeo o momento da apresentaccedilatildeo do material didaacutetico produzido pelos professores-cursistas bem
como a subsequente sessatildeo de reflexatildeo e debate coletivo sobre trabalho - a qual referenciamos
no QUAD 57 como ApSdd (Apresentaccedilatildeo e sessatildeo de debate) Essa gravaccedilatildeo resultou em um
total de aproximado de uma hora e quarenta minutos (140mim) - sendo aproximadamente cinquenta
minutos (50mim) para cada uma das sessotildees Cabe relatar que esse momento de apresentaccedilatildeo
dos trabalhos concluiacutedos - ou seja de Sequecircncias Didaacuteticas virtuais livres de italiano como LEL2 -
aconteceu ao final do curso e que as reflexotildees foram fruto da interaccedilatildeo entre o pesquisador e os
participantes depois de cada apresentaccedilatildeo Durante todo o curso em consonacircncia com Ortale (2010
p 425) pedimos ainda que os participantes relatassem em forma de texto escrito as dificuldades
ou problemas que estavam enfrentando durante a produccedilatildeo do Material Didaacutetico Virtual Livre e como
estavam solucionando essas dificuldades ou problemas Esses relatos foram documentados em
forma de e-mail e motivados por meio de questionaacuterio aberto dirigido aos cursistas
Observamos enfim que tal qual no contexto de utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre -
QUAD 56- as estrateacutegias de coleta de dados natildeo foram utilizadas com uma frequecircncia regular
Citamos por exemplo o registro em aacuteudio representado no QUAD 57 o qual foi utilizado da aula
trecircs (3) a cinco (5) na sessatildeo um (1) e da aula dois (2) a cinco (5) na sessatildeo dois (2) Tambeacutem
nesse caso tivemos o cuidado de utiliza-lo de modo a respeitar o conforto dos informantes
110
Capiacutetulo 6
Perfil dos informantes
Neste capiacutetulo apresentamos o perfil dos informantes que participaram de nossa pesquisa Conforme
discutido no capiacutetulo 5 desta tese referimos-nos a um professor de liacutengua italiana do ensino superior
puacuteblico brasileiro - cuja praacutetica de sala de aula envolvendo a utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual
Livre investigamos - e dois grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo participantes do
curso de formaccedilatildeo - sendo esses envolvidos com a produccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico no
acircmbito de nossa pesquisa
O levantamento foi realizado com o auxiacutelio de questionaacuterios associados a observaccedilatildeo e anaacutelises
documentais quando necessaacuterio Os questionaacuterios foram respondidos antes dos respectivos periacuteo-
dos de observaccedilatildeo acompanhamento e levantamento de dados Em outras palavras realizamos
uma avaliaccedilatildeo diagnoacutestica direcionada ao professor e aos dois grupos de professores em serviccedilo e
em preacute-serviccedilo Em linhas gerais buscamos investigar por meio dos questionaacuterios - e eventual-
mente das observaccedilotildees e anaacutelises documentais - a familiaridade dos participantes no que se refere
ao uso de novas tecnologias - bem como aspectos do seu letramento digital da sua praacutetica de sala
de aula de seus haacutebitos habilidades e competecircncias relativas agrave produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de material
didaacutetico para o ensino de liacutenguas e dos respectivos contextos de utilizaccedilatildeo do Material Didaacutetico
Virtual Livre - no acircmbito de realizaccedilatildeo de nossa pesquisa - quando pertinente
Cabe mencionar que lanccedilamos matildeo de recursos matemaacuteticos simples em nossa tentativa de
delinear o perfil dos dois grupos envolvidos com a produccedilatildeo De fato em detrimento ao perfil pessoal
do professor do ensino superior puacuteblico envolvido com a utilizaccedilatildeo do material didaacutetico focalizamos o
seu perfil enquanto grupo Consideramos que a utilizaccedilatildeo de recursos matemaacuteticos nesse contexto
natildeo contradiz nossa proposta metodoloacutegica discutida no capiacutetulo 5 Com efeito tais recursos foram
utilizados com o objetivo de melhor compreender o perfil dos grupos de professores ou seja de uma
fraccedilatildeo do conjunto total dos informantes As anaacutelises dos Problemas de Ensino por sua vez foram
feitas a partir de um prisma qualitativo As seccedilotildees subsequentes apresentam respectivamente
nossa anaacutelise sobre o perfil do professor e dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo
111
Perfil do professor do ensino superior puacuteblico
61 Perfil do professor do ensino superior puacuteblico
Em nossa avaliaccedilatildeo diagnoacutestica bem como em nossas observaccedilotildees de campo e anaacutelise documental
- materializada em registro de troca de mensagens eletrocircnicas entre o pesquisador e o professor
- consideramos pertinente focalizar especialmente dois aspectos do perfil do professor a sua
familiaridade com a utilizaccedilatildeo de novas tecnologias em sala de aula - especialmente o computador -
e a sua maneira de apropriaccedilatildeo e uso de material didaacutetico tambeacutem em sala de aula Os debates
desta seccedilatildeo giram em torno desses dois eixos Consideramos oportuno destacar que o professor de
liacutengua italiana informante de nossa pesquisa possui experiecircncia de mais de 15 (quinze) anos com
o ensino dessa liacutengua em contexto formal superior puacuteblico brasileiro
No que se refere ao primeiro aspecto percebemos que o professor eventualmente utiliza o
computador em sala de aula visando sobretudo o acesso agrave internet Desse modo presenciamos
em nossa observaccedilatildeo de campo pelo menos duas atividades espontaneamente elaboradas por
esse profissional envolvendo pesquisa agrave rede mundial de computadores por parte dos alunos
Percebemos contudo que o professor parece considerar que natildeo possui familiaridade com o uso do
computador e de determinados recursos da Internet conforme excerto destacado abaixo Trata-se
de uma mensagem do professor destinada ao pesquisador em que se discute o uso de um blog
como suporte agraves atividades a serem realizadas em sala de aula
acabei de olhar o blog e amanhatilde gostaria que me explicasse algumasquestotildees teacutecnicas pois sou muito ignorante no assunto [] seria umaespeacutecie de moodle mais ou menos isso natildeo Achei muito interessante e estou gostando da ideia da mudanccedila mesmo
Professor informante
Ainda sobre o excerto destacamos que a ideia de mudanccedila proferida pelo informante refere-se agrave
sua concepccedilatildeo de que precisa utilizar mais o computador e a Internet em suas aulas
Em relaccedilatildeo agrave questatildeo da apropriaccedilatildeo do material didaacutetico em sala de aula percebemos que o
professor tem o haacutebito de adotar um livro didaacutetico em suas disciplinas de liacutengua italiana Segundo ele
- conforme observamos no excerto de seu relato a seguir - esse artefato carrega o aspecto positivo
de auxiliar tanto o professor quanto os aprendizes - sobretudo os iniciantes - no que se refere agrave
organizaccedilatildeo da aula e dos estudos - respectivamente - na medida em que permite a visualizaccedilatildeo
sequencial do programa e do conteuacutedo do curso Nas palavras do professor informante
Acredito que seja fundamental para os niacuteveis iniciais ter como apoio umlivro didaacutetico a fim de auxiliar os alunos a visualizarem a sequecircncia doprograma proposto [] o referido livro auxilia o professor a encaminhar oprograma
Professor informante
Ademais para ele o uso do livro didaacutetico desencadeia um sentimento de seguranccedila no decorrer de
sua praacutetica de sala de aula conforme percebemos em seu relato Trata-se de um artefato incompleto
Eu particularmente sinto-me mais seguro e me organizo melhor tendo umlivro como apoio
112
Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo
Professor informante
Natildeo obstante tais caracteriacutesticas notamos que o professor se apropria do livro didaacutetico amparado
pela concepccedilatildeo de que se trata de um artefato incompleto e nem sempre compatiacutevel com as
demandas reais locais do contexto de ensino-aprendizagem em que se insere Como tal cabe ao
professor adaptaacute-lo e ateacute subverter a proposta dos autores quando achar necessaacuterio Em adiccedilatildeo
notamos que o professor carrega a noccedilatildeo de que subverter o livro didaacutetico - evitando um esquema
de aula repetitivo - pode significar a oferta de um curso mais motivador para os aprendizes De fato
em suas palavras
Faz-se necessaacuteria a adoccedilatildeo de materiais complementares pois um livronunca esgota todas as possibilidades Ademais ha a especificidade de cadagrupo e o professor tem que ter a sensibilidade de adequar as atividades[] muitas vezes as unidades natildeo satildeo seguidas [pelo professor] da formaproposta [] Outro ponto eacute a necessidade de constante motivaccedilatildeo seo esquemase repete de forma ininterrupta as aulas e o ritmo tornam-secansativos
Professor informante
Entre os materiais complementares utilizados pelo professor informante estatildeo livros sobre a cultura
alvo materiais elaborados por outros professores - e adaptados agraves necessidades locais muacutesicas
filmes e leituras diversas
Consideramos pertinente concluir que o professor informante possui vasta experiecircncia com
ensino de italiano em contexto formal superior puacuteblico brasileiro que possui pouco familiaridade
com o uso de computador e da Internet utilizando-os eventualmente em sua praacutetica de sala de
aula e que se apropria do livro didaacutetico considerando-o de grande valia no que se refere ao aspecto
organizativo do empreendimento de ensino e aprendizagem mas que deve ser complementado
adaptado e as vezes subvertido de modo a corresponder agraves demandas locais
62 Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-
serviccedilo
Nesta seccedilatildeo conforme anunciado discutimos os resultados da avaliaccedilatildeo diagnoacutestica que realizamos
junto aos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo de liacutengua italiana participantes de
nossa pesquisa com o intuito de estabelecer o seu perfil Analisamos especificadamente os
graacuteficos obtidos a partir de suas respostas Nossa investigaccedilatildeo perpassou trecircs aacutereas as quais
consideramos pertinentes com as demandas - ou seja habilidades e competecircncias - relativas agrave
produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre Satildeo elas a experiecircncia com ensino de italiano os
haacutebitos de planejamento de aulas e de apropriaccedilatildeo do material didaacutetico e o letramento digital Aleacutem
de nossas anaacutelises distribuiacutedas nas proacuteximas subseccedilotildees formulamos um quadro esquemaacutetico por
meio do qual apresentamos o perfil predominante dos grupos 1 e 2 Trata-se do QUAD 61
Consideramos oportuno ressaltar que estamos sintonizados com as concepccedilotildees de Buzato
(2006a apud BUZATO 2006b) Buzato (2006b) e Romero (2008) a respeito da noccedilatildeo de letramento
113
Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo
Quadro 61 Perfil predominante dos grupos 1 e 2
Grupo 1 Grupo 2
Experiecircncia com ensino de italianoExperiecircncia 1 Sim SimContextos de atuaccedilatildeo predominante 2 Extensatildeo universi-
taacuteriaEscola de idiomas
Haacutebitos de planejamento de aulas e de apropriaccedilatildeo do material didaacutetico 2
Haacutebito predominante de preparaccedilatildeode aulas
Consulta a materi-ais didaacuteticos alter-nativos
Consulta a manu-ais do professor
Haacutebito predominante de produccedilatildeo dematerial didaacutetico
Seleccedilatildeo defragmentos de ma-teriais de autoriade terceiros comocomplemento aolivro didaacutetico
Seleccedilatildeo defragmentos de ma-teriais de autoriade terceiros comocomplemento aolivro didaacutetico
Recursos da Internet predominante-mente utilizados na praacutetica de sala deaula
E-mail e paacuteginaweb
E-mail e paacuteginaweb
Letramento digital 1
Recursos para utilizaccedilatildeo dos quais amaioria dos participantes se declaracompetente
E-mail e redes so-ciais
E-mail e redes so-ciais
Artefatos para editoraccedilatildeo dos quais amaioria dos participantes se declaracompetente
Texto eslide e ima-gem
Texto
Experiecircncia predominante com insta-laccedilatildeo de software
Sem experiecircnciae sem noccedilatildeo decomo se faz
Pelo menos umavez
Experiecircncia predominante com utiliza-ccedilatildeo de Ambientes Virtuais de Apren-dizagem
Como aluno(a) emcurso presencial
Como aluno(a) emcurso presencial
Experiecircncia predominante com insta-laccedilatildeo de Ambientes Virtuais de Apren-dizagem
Inexistente Quase inexistente
1 Nuacutemero total de respondentes 21 para o grupo 1 e 11 para o grupo 22 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia docente 16 para o grupo 1 e 10 para o grupo 2 Diferenccedilas entre os valores totais natildeo significativas no que se refere ao perfil predominante dos grupos
114
Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo
digital quando abordamos esse aspecto em nossa avaliaccedilatildeo diagnoacutestica Dessa forma concordamos
com a concepccedilatildeo de Buzato (2006a apud BUZATO 2006b p 16) quando diz que
Letramentos digitais (LDs) satildeo conjuntos de letramentos (praacuteticas sociais)que se apoiam entrelaccedilam e apropriam muacutetua e continuamente por meiode dispositivos digitais para finalidades especiacuteficas tanto em contextossocioculturais geograficamente e temporalmente limitados quanto naquelesconstruiacutedos pela interaccedilatildeo mediada eletronicamente (BUZATO 2006aapud BUZATO 2006b p 16)
Em adiccedilatildeo concordamos com Buzato (2006b p 8) quando acrescenta dois corolaacuterios a essa
definiccedilatildeo Satildeo eles
Corolaacuterio 1 Por reunirem conjuntos de coacutedigos modali-dades e tecnologias que se entrelaccedilam osLDs satildeo inevitavelmente hiacutebridos e instaacuteveistemporalmente de modo que a condiccedilatildeode letrado digitalestaacute sempre restrita a mo-mentos e finalidades especiacuteficas
Corolaacuterio 2 Por serem praacuteticas sociais e natildeo variaacuteveisautocircnomas os letramentos digitais tanto afe-tam as culturas e os contextos nos quaissatildeo introduzidos ou que ajudam a constituirquanto por eles satildeo afetados de modo queseus efeitossociais e cognitivos variaratildeoem funccedilatildeo dos contextos socioculturais efinalidades envolvidos na sua apropriaccedilatildeo(BUZATO 2006b p 8)
Concordamos enfim com Romero (2008 p 237) quando associa a competecircncia tecnoloacutegica
ao letramento digital - lembrando que essa competecircncia estaacute relacionada agrave aquisiccedilatildeo de habilidades
para a promoccedilatildeo da integraccedilatildeo das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem - e quando
conforme destacam Garcia et al (2011 p 83) descreve trecircs competecircncias que o professor que
trabalha com novas tecnologias deve apresentar Satildeo elas as competecircncias tecnoloacutegicas didaacuteticas
e tutoriais - descritas no QUAD 62
621 Experiecircncia com ensino de italiano
Conforme os graacuteficos apresentados no QUAD 63 observamos que a maioria dos participantes
dos grupos 1 e 2 possuem experiecircncia com o ensino de liacutengua italiana Referimos-nos a 76 dos
membros do grupo 1 e 91 dos membros do grupo 2 53 Percebemos ainda por meio dos graacuteficos
apresentados no QUAD 64 que essa experiecircncia se refere predominantemente aos contextos
53O nuacutemero total de respondentes estaacute indicado em cada um dos graacuteficos apresentados nesta seccedilatildeo Nessecaso consideramos 21 respondentes para o grupo 1 e 11 para o grupo 2 ou seja o total de respondentes comou sem experiecircncia como professor(-a) Decidimos omitir o nuacutemero total de respondentes de nossas anaacutelisestextuais visando tornaacute-las mais claras e menos redundantes Percebemos que as variaccedilotildees apresentadas aose considerarem ora todos os respondentes ora os participantes com experiecircncia docente natildeo implica emdiferenccedilas significativas no que se refere ao perfil predominante dos grupos
115
Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo
Quadro 62 Competecircncias tecnoloacutegicas conforme Romero (2008)
Competecircncias tecnoloacutegicas Domiacutenio de ferramentas de cria-ccedilatildeo e aplicaccedilotildees com o uso da in-ternet
Competecircncias didaacuteticas Capacidade de criar materiais eproduzir tarefas relevantes para osalunos de adaptaccedilatildeo a novos for-matos e processos de ensino deproduccedilatildeo de ambientes direciona-dos agrave autorregulaccedilatildeo por parte doaluno e utilizaccedilatildeo de muacuteltiplos re-cursos e possibilidades de explo-raccedilatildeo
Competecircncias tutoriais Habilidades de comunicaccedilatildeo men-talidade aberta para novas pro-postas e sugestotildees capacidadede adaptaccedilatildeo a caracteriacutesticase condiccedilotildees dos alunos e paraacompanhar o processo de ensino-aprendizagem do aluno
Fonte adaptado de Garcia et al (2011 p 83)
116
Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo
de extensatildeo universitaacuteria - para o grupo 1 - e escola de idiomas - para o grupo 2 De fato 88
dos participantes com experiecircncia do grupo 1 declarou a extensatildeo universitaacuteria como contexto
de atuaccedilatildeo enquanto 100 dos informantes - ou seja professores com experiecircncia - do grupo 2
declarou a escola de idiomas Vale observar que em ambos os grupos a experiecircncia em contexto
de aula particular individual aparece em segundo lugar tendo sido declarada respectivamente por
44 dos membros com experiecircncia do grupo 1 e por 80 tambeacutem dos membros com experiecircncia
do grupo 2
Consideramos plausiacutevel concluir a partir dos dados observados que ambos os grupos apre-
sentam perfil marcado pela experiecircncia com ensino de liacutengua italiana sendo essa relacionada
sobretudo a cursos livres - ou seja cursos de extensatildeo universitaacuteria e escolas de idiomas
622 Haacutebitos de planejamento de aulas e de apropriaccedilatildeo do material
didaacutetico
Em nossa anaacutelise dos graacuteficos apresentados pelos quadros 65 66 e 67 percebemos trecircs aspectos
proeminentes O primeiro se refere ao haacutebito de utilizar-se da pesquisa durante a preparaccedilatildeo das
aulas declarado pela maioria dos respondentes dos grupos 1 e 2 Conforme indicam os graacuteficos
contidos no QUAD 65 enquanto 88 dos respondentes com experiecircncia de ensino do grupo 1
afirma ver a proposta do mesmo assunto da aula em outros materiais 70 da mesma categoria de
respondentes do grupo 2 afirma ler manuais do professor durante essa tarefa O segundo aspecto
consiste no fato de que para a maior parte dos informantes com experiecircncia em ensino de italiano
de ambos os grupos a atividade de produccedilatildeo de material didaacutetico significa seleccedilatildeo de fragmentos ou
atividades de materiais didaacuteticos de autoria de terceiros sendo essa produccedilatildeo realizada com o intuito
de complementar um livro didaacutetico adotado Referimos-nos a 50 para o grupo 1 e 50 para o grupo
2 conforme o QUAD 66 O terceiro aspecto enfim refere-se agrave utilizaccedilatildeo de recursos da Internet
em sala de aula Com base nos graacuteficos apresentados pelo QUAD 67 consideramos plausiacutevel
dizer que a utilizaccedilatildeo de recursos da Internet eacute uma realidade para os respondentes - professores
com experiecircncia - dos grupos 1 e 2 Entre os recursos mais utilizados por ambos os grupos estatildeo
o e-mail e a paacutegina web Tais recursos de acordo com os graacuteficos alternam-se em primeiro e
segundo lugar de forma destacada dos demais nos grupos 1 e 2 Com efeito enquanto 81 dos
respondentes com experiecircncia de ensino do grupo 1 afirma utilizar o e-mail e 69 do mesmo grupo
declara utilizar a paacutegina web 70 dos respondentes da mesma categoria pertencentes ao grupo 2
dizem utilizar esse e 60 aquele
Quadro 63 Experiecircncia com ensino de italiano - grupos 1 e 2
Grupo 121 respondentes
76Sim24Natildeo
0 50 100
Grupo 211 respondentes
91Sim9Natildeo
0 50 100
117
Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo
Quadro 64 Contextos de ensino relativos agrave experiecircncia dos participantes - grupos 1 e 2
Grupo 116 respondentes 1
13Escola de idiomas38Aula particular - a partir de 2 alunos44Aula particular - individual
88Extensatildeo universitaacuteria13Ensino infantil13Ensino baacutesico
6Ensino meacutedio13Ensino superior
6Outros0 50 100
Grupo 210 respondentes 2
100Escola de idiomas10Aula particular - a partir de 2 alunos
80Aula particular - individual40Extensatildeo universitaacuteria
20Ensino infantil10Ensino baacutesico
0Ensino meacutedio0Ensino superior
20Outros0 50 100
1 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 2 Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo
118
Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo
Quadro 65 Haacutebitos de preparaccedilatildeo de aulas - grupos 1 e 2
Grupo 116 respondentes 1
1 Leio manuais do professor
2 Vejo a proposta do mesmo assunto da aula em outros mat
3 Procuro materiais ou seq didaacuteticas prontas na Internet
4 Consulto falantes nativos - pessoalmente ou pela Internet
5 Troco ideias com outros professores(-as)
6 Preparo minhas aulas sozinho(-a)
7 Natildeo tenho experiecircncia como professor(-a)
--
311882
313194
445566
257
0 50 100
Grupo 210 respondentes 2
1 Leio manuais do professor
2 Vejo a proposta do mesmo assunto da aula em outros mat
3 Procuro materiais ou seq didaacuteticas prontas na Internet
4 Consulto falantes nativos - pessoalmente ou pela Internet
5 Troco ideias com outros professores(-as)
6 Preparo minhas aulas sozinho(-a)
7 Natildeo tenho experiecircncia como professor(-a)
--
701502503
404405
606107
0 50 100
1 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 2 Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo
Parece-nos pertinente dizer que - de forma predominante no que se refere aos haacutebitos de
planejamento de suas aulas e de apropriaccedilatildeo do material didaacutetico - ambos os grupos apresentam o
haacutebito de realizar pesquisas a materiais de autoria de terceiros durante o planejamento das aulas
que ambos os grupos satildeo marcados pelo haacutebito de produccedilatildeo de material didaacutetico sendo essa
atividade para os dois grupos caracterizada como anaacutelise e seleccedilatildeo de fragmentos ou atividades
de materiais didaacuteticos de autoria de terceiros - e sendo tal seleccedilatildeo realizada com o intuito de
complementar a utilizaccedilatildeo de um livro didaacutetico e que emfim a utilizaccedilatildeo de recursos da rede
mundial de computadores para os dois grupos eacute uma realidade sendo o e-mail e a paacutegina web os
recursos mais utilizados pelos respondentes
Cabe acrescentar que consideramos plausiacutevel - diante do exposto sobre o cenaacuterio de produccedilatildeo
de material didaacutetico experienciado pelos respondentes do grupo 1 e 2 - extrapolar os dados e
sugerir que esse cenaacuterio pode indicar que os respondentes - sobretudo do grupo 1 cuja maioria
dos participantes declarou consultar outros materiais didaacuteticos sobre o mesmo assunto de sua aula -
carregam a noccedilatildeo de que o livro didaacutetico de per si natildeo eacute suficiente para corresponder as demandas
locais - o que incentiva a complementaccedilatildeo declarada como habitual para a maioria dos informantes
conforme os graacuteficos apresentados no QUAD 66
119
Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo
Quadro 66 Haacutebitos de produccedilatildeo de material didaacutetico - grupos 1 e 2
Grupo 116 respondentes 1
1 Produzo o material didaacutetico que utilizo-sou autor(a) do mat
2 Produzo o mat didaacutetico que utilizo-natildeo sou autor(a) seleciono e organizo
trechos de mat de terceiros
3 Utilizo somente livros didaacuteticos-ou apostilas de autoria de terceiros-incluindo
CDs DVDs etc
4 Utilizo livros didaacuteticos e complemento com material extra - geralmente de
minha autoria
5 Utilizo liv didaacuteticos e complemento com mat extra - geralmente fragmentos
ou atividades de terceiros
6 Natildeo tenho experiecircncia como professor(a)
61
382
03
134
505
256
0 50 100
Grupo 210 respondentes 2
1 Produzo o material didaacutetico que utilizo-sou autor(a) do mat
2 Produzo o mat didaacutetico que utilizo-natildeo sou autor(a) seleciono e organizo
trechos de mat de terceiros
3 Utilizo somente livros didaacuteticos - ou apostilas de autoria de terceiros-
incluindo CDs DVDs etc
4 Utilizo livros didaacuteticos e complemento com material extra-geralmente de
minha autoria
5 Utilizo liv didaacuteticos e complemento com mat extra-geralmente fragmentos
ou atividades de terceiros
6 Natildeo tenho experiecircncia como professor(a)
101
02
203
204
505
106
0 50 100
1 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 2 Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo
120
Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo
623 Letramento Digital
A partir de nossa leitura dos graacuteficos apresentados pelos quadros 68 69 610 e 611 percebemos
quatro caracteriacutesticas predominantes relativas ao letramento digital dos professores em serviccedilo e
em preacute-serviccedilo componentes dos grupos 1 e 2 Em primeiro lugar percebemos que os participantes
de ambos os grupos parecem ter familiaridade com a utilizaccedilatildeo de recursos da rede mundial de
computadores Com efeito de acordo com os graacuteficos apresentados por meio do QUAD 68 quase
a totalidade dos respondentes dos grupos 1 e 2 declarou saber utilizar pelo menos dois dos recursos
anunciados o e-mail e as redes sociais Dessa forma enquanto 100 dos respondentes do
grupo 1 declarou saber utilizar o e-mail e 90 declarou saber utilizar as redes sociais 91 dos
respondentes do grupo 2 declarou saber utilizar tanto um quanto o outro Chamou-nos agrave atenccedilatildeo
tambeacutem com relaccedilatildeo aos mesmos graacuteficos o fato de que a maioria dos respondentes de ambos
os grupos declarou saber utilizar outros recursos Com relaccedilatildeo ao grupo 1 destacamos que 62
dos participantes declarou saber utilizar o blog e 57 a paacutegina web No que se refere ao grupo 2
ressaltamos que 73 dos respondentes declarou saber utilizar o motor de buscas e a paacutegina web
enquanto 55 declarou saber utilizar o blog
Em segundo lugar percebemos que os informantes estatildeo tambeacutem familiarizados com a editora-
ccedilatildeo digital tendo sido a experiecircncia com ediccedilatildeo de textos digitais a que mais se destacou em ambos
os grupos De fato de acordo com os graacuteficos apresentados no QUAD 69 86 dos respondentes
do grupo 1 e 73 do grupo 2 declarou ter experiecircncia com ediccedilatildeo de textos em formato digital
Notamos tambeacutem a partir de nossa leitura dos mesmos graacuteficos que a experiecircncia com editoraccedilatildeo
de eslides em formato digital e de imagens - tambeacutem em formato digital - apareceu em segundo
e terceiro lugares respectivamente tambeacutem para ambos os grupos tendo sido de modo mais
expressivo no que se refere ao grupo 1 De fato enquanto 67 dos respondentes do grupo 1
declarou ter experiecircncia com editoraccedilatildeo de eslides e 62 com a editoraccedilatildeo de imagens 36 dos
respondentes do grupo 2 declarou ter experiecircncia com editoraccedilatildeo de eslides e 27 com editoraccedilatildeo
de imagens
Em terceiro lugar notamos que os informantes dos grupos 1 e 2 parecem ter pouca familiaridade
com a instalaccedilatildeo de software tendo o grupo 2 declarado maior experiecircncia com essa tarefa De fato
conforme os graacuteficos apresentados pelo QUAD 610 a maior parte dos respondentes do grupo 1 -
ou seja 38 - declarou nunca ter instalado um software natildeo tendo ideia de como se executa essa
tarefa No que se refere ao grupo 2 73 dos informantes declarou ter instalado algum software pelo
menos uma vez
Em quarto lugar - e de modo natildeo menos importante - percebemos - a partir de nossa anaacutelise
dos graacuteficos apresentados no QUAD 611 - dois aspectos que merecem atenccedilatildeo O primeiro deles
se refere agrave utilizaccedilatildeo de Ambientes Virtuais de Aprendizagem e o segundo agrave experiecircncia com a
instalaccedilatildeo desse tipo de sistema de software Em ambos os grupos se destaca a experiecircncia de
utilizaccedilatildeo de Ambientes Virtuais de Aprendizagem como aluno(a) em sala de aula presencial sendo
esse uso marcado de forma mais expressiva no grupo 1 De fato conforme os graacuteficos apresentados
no QUAD 611 enquanto 57 dos respondentes desse grupo declarou ter tido essa experiecircncia
27 dos informantes do grupo 2 fez a mesma declaraccedilatildeo Cabe ressaltar que essa utilizaccedilatildeo por
parte do grupo 2 se destaca perante as demais no mesmo graacutefico - a saber utilizaccedilatildeo como aluno
121
Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo
Quadro 67 Utilizaccedilatildeo de recursos da Internet na praacutetica de sala de aula - grupos 1 e 2
Grupo 116 respondentes 1
81E-mail44Blog
38Motor de buscas69Paacutegina web
6Microblog25Redes sociais
0Programas de autoria6Sistemas wiki
25Natildeo tenho experiecircncia como professor(-a)44Outros
0 50 100Grupo 2
10 respondentes 2
60E-mail10Blog
50Motor de buscas70Paacutegina web
0Microblog10Redes sociais10Programas de autoria
0Sistemas wiki10Natildeo tenho experiecircncia como professor(-a)
20Outros0 50 100
1 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 2 Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo
122
Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo
Quadro 68 Competecircncia relativa agrave utilizaccedilatildeo de recursos da Internet - grupos 1 e 2
Grupo 121 respondentes 1
100E-mail62Blog
29Motor de buscas57Paacutegina web
24Microblog90Redes sociais
0 50 100Grupo 2
11 respondentes 2
91E-mail55Blog
73Motor de buscas73Paacutegina web
27Microblog91Redes sociais
0 50 1001 Nuacutemero total de respondentes do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes do grupo 2
Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo
em cursos a distacircncia 9 utilizaccedilatildeo como professor em cursos a distacircncia 0 e utilizaccedilatildeo como
professor em cursos presenciais 18 - ainda que natildeo seja tatildeo saliente quanto o mesmo item do
grupo 1 Quanto agrave instalaccedilatildeo desse tipo de sistema de software ambos os grupos parecem ter
pouca ou nenhuma experiecircncia Dessa forma de acordo com os mesmos graacuteficos apresentados
no QUAD 611 24 dos respondentes do grupo 1 e 64 dos informantes do grupo 2 declarou
nunca ter realizado essa tarefa Vale observar que essa anaacutelise corrobora a interpretaccedilatildeo relativa agrave
experiecircncia com instalaccedilatildeo de software discutida nesta seccedilatildeo e ancorada nos graacuteficos apresentados
no QUAD 610
Consideramos plausiacutevel enfim dizer que - em relaccedilatildeo ao letramento digital - os informantes
majoritariamente possuem familiaridade com a utilizaccedilatildeo de recursos da Internet declarando
competecircncia para uso de uma gama deles - sobretudo e-mail redes sociais blogs paacuteginas web
e motores de busca e possuem experiecircncia e familiaridade com a editoraccedilatildeo digital de artefatos
diversos - sobretudo textos eslides e imagens Esses mesmos informantes no entanto possuem
de forma predominante experiecircncia com Ambientes Virtuais de Aprendizagem apenas do ponto de
vista do usuaacuterio-aluno(a) e apresentam pouca ou nenhuma competecircncia declarada para a instalaccedilatildeo
de software
123
Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo
Quadro 69 Experiecircncia com editoraccedilatildeo digital - grupos 1 e 2
Grupo 121 respondentes 1
62Imagens86Textos
10Paacutegina web24Muacutesicas24Viacutedeos
67Slides10Sequecircncias didaacuteticas em programas de autoria10Nunca editei nenhum dos itens acima
5Outros0 50 100
Grupo 211 respondentes 2
27Imagens73Textos
0Paacutegina web18Muacutesicas18Viacutedeos
36Slides9Sequecircncias didaacuteticas em programas de autoria
18Nunca editei nenhum dos itens acima9Outros
0 50 1001 Nuacutemero total de respondentes do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes do grupo 2
Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo
124
Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo
Quadro 610 Experiecircncia com instalaccedilatildeo de software - grupos 1 e 2
Grupo 121 respondentes 21
19Pelo menos uma vez19com frequecircncia24Nunca - mas tenho idea de como se faz
38Nunca - natildeo tenho ideia de como se faz0 50 100Grupo 2
11 respondentes 2
73Pelo menos uma vez9com frequecircncia
0Nunca - mas tenho idea de como se faz18Nunca - natildeo tenho ideia de como se faz
0 204060801001 Nuacutemero total de respondentes do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes do grupo 2
Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar apenas uma opccedilatildeo
Quadro 611 Experiecircncia com Ambientes Virtuais de Aprendizagem - grupos 1 e 2
Grupo 121 respondentes 1
24Jaacute utilizei como aluno(-a) em cursos a distacircncia57Jaacute utilizei como aluno(-a) em cursos presenciais
5Jaacute utilizei como professor(-a) em cursos a distacircncia5Jaacute utilizei como professor(-a) em cursos presenciais
0Jaacute instalei24Nunca instalei
14Natildeo sei o que eacute0 50 100
Grupo 211 respondentes 2
9Jaacute utilizei como aluno(-a) em cursos a distacircncia27Jaacute utilizei como aluno(-a) em cursos presenciais
0Jaacute utilizei como professor(-a) em cursos a distacircncia18Jaacute utilizei como professor(-a) em cursos presenciais
9Jaacute instalei64Nunca instalei
18Natildeo sei o que eacute0 50 100
1 Nuacutemero total de respondentes do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes do grupo 2
Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo
125
Capiacutetulo 7
Anaacutelise dos Problemas de Ensino
Apresentamos neste capiacutetulo os resultados de nossa pesquisa de campo ou seja trazemos para
debate os Problemas de Ensino relativos agrave produccedilatildeo e agrave utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 Em linhas gerais identificamos
7 (sete) Problemas de Ensino relativos ao contexto de produccedilatildeo e 4 (quatro) Problemas de Ensino
relativos ao contexto de utilizaccedilatildeo Esses Problemas - descritos e mapeados no QUAD 71 - seratildeo
discutidos nas subseccedilotildees 71 e 72 deste capiacutetulo Com efeito na seccedilatildeo 71 trazemos para debate
os Problemas de Ensino relativos ao contexto de produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual
livre - ocorrida durante as duas ediccedilotildees de um curso de formaccedilatildeo de professores de liacutengua italiana
em serviccedilo e em preacute-serviccedilo que organizamos e ministramos no acircmbito de duas universidades
puacuteblicas brasileiras sendo uma no estado de Santa Catarina e outra no estado de Satildeo Paulo - e na
seccedilatildeo 72 os Problemas de Ensino relativos ao contexto de utilizaccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico
em sala de aula presencial de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 - ocorrida em duas
disciplinas de liacutengua italiana ofertadas em niacutevel de graduaccedilatildeo na mesma liacutengua junto agrave faculdade
de Letras de uma universidade puacuteblica do Estado de Satildeo Paulo
Os Problemas de Ensino foram identificados por meio da anaacutelise dos Relatos de Problemas de
Ensino sendo esses depurados a partir dos nossos registros de pesquisa conforme debatemos no
capiacutetulo 5 - a saber 1) gravaccedilotildees em viacutedeo e aacuteudio respostas a questionaacuterio aberto e notas de
campo - para o contexto de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre e 2) notas de campo e-mails
entre o pesquisador e o informante diaacuterio de aula e respostas a questionaacuterio - para o contexto de
utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
Cabe observar que nossas anaacutelises - fundamentadas em uma perspectiva qualitativa de vieacutes
construtivista e interpretativista conforme discutimos no capiacutetulo 5 deste trabalho - estatildeo em sintonia
com dois arcabouccedilos teoacuterico-metodoloacutegicos Referimos-nos agrave loacutegica do trabalho de formaccedilatildeo de
professores de liacutengua italiana - desenvolvido pela Profa Dra Fernanda Landucci Ortale alicerccedilado
no conceito de Aprendizagem Baseada na Resoluccedilatildeo de Problemas envolvendo os conceitos de
Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) e Relatos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p
425) como discutido no capiacutetulo 5 desta tese - e nas teacutecnicas e procedimentos de desenvolvimento
de teoria fundamentada conforme Strauss e Corbin (2008) Em linhas de siacutentese esses autores
compreendem que a teorizaccedilatildeo envolve a construccedilatildeo de esquemas explanatoacuterios sendo esses
126
Capiacutetulo 7 Anaacutelise dos Problemas de Ensino
Quadro 71 Problemas de Ensino relacionados agrave produccedilatildeo e agrave utilizaccedilatildeo de materiaisdidaacuteticos de natureza virtual livre
Dimensatildeo Problemas de Ensino Relatos
Produccedilatildeo Dificuldade para encontrar insumos desejadosregistrados com licenccedilas flexiacuteveis
PD-1 a PD-7PD-13 e PD-27QUAD 73
Inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utiliza-ccedilatildeo de insumos livres no material didaacutetico
PD-8 a PD-10QUAD 74
Crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteti-cos de natureza virtual livre necessariamenteaumenta a carga horaacuteria de trabalho docente
PD-11 a PD-13QUAD 75
Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmicae o estado de artefato em construccedilatildeoque osoftware livre pode apresentar
PD-14 QUAD 76
Dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas PD-15 a PD-20QUAD 78
Dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitaise de sequecircncias didaacuteticas digitais
PD-21 a PD-25QUAD 79
Dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware PD-26 QUAD710
Utilizaccedilatildeo Dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes oumiacutedias que podem ser utilizados para organizaras Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar comelas em sala de aula presencial
UT-1 a UT-4QUAD 711
Crenccedila de que a escassez de material didaacuteticoimpresso na sala de aula presencial poderaacute sermal vista pelos discentes
UT-5 QUAD 712
Dificuldade em compreender o funcionamento dosoftware utilizado em sala de aula
UT-6 a UT-8QUAD 713
Preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardwaree do software que abrigam e fornecem acessoagraves Sequecircncias Didaacuteticas
UT-9 a UT-12QUAD 714
PD-produccedilatildeo UT-utilizaccedilatildeo
127
Capiacutetulo 7 Anaacutelise dos Problemas de Ensino
caracterizados pela integraccedilatildeo de conceitos bem definidos por meio de declaraccedilotildees de relaccedilotildees De
fato para Strauss e Corbin (2008 p 29) o termo teoria se refere a
um conjunto de conceitos bem desenvolvidos relacionados por meio de de-claraccedilotildees de relaccedilotildees que juntas constituem uma estrutura integrada quepode ser usada para explicar ou prever fenocircmenos [sociais] (STRAUSSCORBIN 2008 p 29)
Ademais esse arcabouccedilo teoacuterico-metodoloacutegico - condizente com uma perspectiva qualitativa cons-
trutivista e interpretativista - envolve entre outras teacutecnicas analiacuteticas como codificaccedilatildeo aberta
codificaccedilatildeo axial e codificaccedilatildeo seletiva - ou seja respectivamente a criaccedilatildeo de conceitos e catego-
rias a partir dos dados brutos (STRAUSS CORBIN 2008 p 103) a criaccedilatildeo de relacionamentos
entre categorias e subcategorias (STRAUSS CORBIN 2008 123) e a integraccedilatildeo dos conceitos
(STRAUSS CORBIN 2008 p 143)
Desse modo uma leitura atenta de nossas anaacutelises mostraraacute que abordamos tanto os Pro-
blemas de Ensino quanto as suas respectivas estrateacutegias de resoluccedilatildeo conforme relatado pelos
informantes ou de acordo com nosso ponto de vista Mostraraacute tambeacutem que optamos por trabalhar
com a perspectiva da criaccedilatildeo de teoria fundamentada (STRAUSS CORBIN 2008) sendo essa
naturalmente distanciada do seu foco estritamente socioloacutegico ou seja adaptada agrave problemaacutetica
que abordamos em nossa pesquisa - a saber as implicaccedilotildees da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico
Virtual Livre em contexto formal e presencial de ensino-aprendizagem de liacutengua italiana como LEL2
materializadas em forma de Problemas de Ensino
Cabe ressaltar que as implicaccedilotildees pedagoacutegicas decorrentes de nossa pesquisa aproximam-se
mais dos contextos de formaccedilatildeo de professores de idiomas - em especial de liacutengua italiana - e menos
dos contextos de ensino-aprendizagem tambeacutem de idiomas Satildeo de fato melhor caracterizadas
como implicaccedilotildees para a formaccedilatildeo de professores Consideramos que essas implicaccedilotildees estatildeo
relacionadas especialmente aos debates relativos agrave resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino levantados
em nossa pesquisa Optamos nesta tese por natildeo inaugurar uma seccedilatildeo individual para tratar dessas
implicaccedilotildees pedagoacutegicas Ao contraacuterio preferimos mantecirc-las distribuiacutedas no texto deste capiacutetulo de
modo que permanecessem associadas aos debates sobre os Problemas de Ensino aos quais estatildeo
respectivamente ligadas
Observamos que quando pertinente procuramos engendrar reflexotildees no sentido de contemplar
nossa hipoacutetese de trabalho anunciada no capiacutetulo introdutoacuterio desta tese - a saber a hipoacutetese
de que a utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-
aprendizagem de liacutengua italiana como LEL2 deflagra uma seacuterie de implicaccedilotildees observaacuteveis e
especiacuteficas ndash as quais podem ser definidas em termos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p
425) ndash dada a sua natureza peculiar ou seja livre
Destacamos enfim que buscamos estruturar nossas reflexotildees neste capiacutetulo de modo a
contemplar da melhor maneira possiacutevel os objetivos especiacuteficos de nossa pesquisa conforme
propomos tambeacutem no capiacutetulo introdutoacuterio
128
Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
71 Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produ-
ccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
Nesta seccedilatildeo apresentamos e discutimos os Problemas de Ensino relacionados agrave Produccedilatildeo de
Material Didaacutetico Virtual Livre ocorrida nos contextos das duas ediccedilotildees do curso de formaccedilatildeo de
professores de liacutengua italiana em serviccedilo e em preacute-serviccedilo que ministramos no acircmbito de duas
universidades puacuteblicas brasileiras - sendo uma no estado de Santa Catarina e outra no estado de
Satildeo Paulo
Em nossa anaacutelise identificamos um total de 27 (vinte e sete) Relatos de Problemas de Ensino
ligados agrave produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre os quais procuramos agrupar de acordo com
o(s) respectivo(s) tema(s) Os relatos apontaram para 7 (sete) Problemas de Ensino fundamentais
os quais mapeamos por meio do QUAD 71 e discutimos nas subseccedilotildees de 711 a 717 Satildeo eles
1 Dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas flexiacuteveis
2 Inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres no material didaacutetico
3 Crenccedila de que o uso de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre necessariamente aumenta
a carga horaacuteria de trabalho docente
4 Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o
software livre pode apresentar
5 Dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas
6 Dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de sequecircncias didaacuteticas digitais
7 Dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware
Vale ressaltar que os trecircs uacuteltimos Problemas de Ensino relativos agrave produccedilatildeo de materiais
didaacuteticos de natureza virtual e livre que identificamos em nossa pesquisa e que trazemos para
debate neste tese estatildeo especialmente relacionados ao desenvolvimento do letramento e da
competecircncia digital docente Com efeito uma leitura atenta de nossas anaacutelises mostraraacute que esses
Problemas de Ensino se relacionam agraves concepccedilotildees de letramento digital discutidas por Buzato
(2006a apud BUZATO 2006b) Buzato (2006b) e Romero (2008) - conforme apresentamos no
capiacutetulo 6 desta tese - e apontam para o desenvolvimento de competecircncias digitais relacionadas agrave
praacutetica docente inserida em meio agraves novas Tecnologias da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo (TICS)
de acordo Espanha (2013) Esse distribui as competecircncias digitais - as quais descrevemos no
QUAD 72 - em quatro dimensotildees Informaccedilatildeo Comunicaccedilatildeo Criaccedilatildeo de Conteuacutedo Seguranccedila e
Resoluccedilatildeo de Problemas
711 Dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com
licenccedilas flexiacuteveis
A dificuldade para encontrar insumos desejados (ou especiacuteficos) que fossem registrados com
licenccedilas flexiacuteveis podem ser percebidos por meio dos relatos de PD-1 a PD-7 (QUAD 73) PD-13
129
Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
Quadro 72 Competecircncias digitais esperadas para o docente conforme Espanha (2013)
Dimensatildeo Competecircncia
Informaccedilatildeo Identificar localizar recuperar armazenarorganizar e analisar a informaccedilatildeo digitalavaliando a sua finalidade e relevacircncia
Comunicaccedilatildeo Comunicar-se em ambientes virtuais com-partilhar recursos por meio de ferramentasem rede conectar-se e colaborar por meiode ferramentas digitais interagir e partici-par de comunidades e redes consciecircnciaintercultural
Criaccedilatildeo de Conteuacutedo Criar e editar conteuacutedos novos (textos ima-gens viacutedeos) integrar e reelaborar co-nhecimentos e conteuacutedos anteriores rea-lizar produccedilotildees artiacutesticas conteuacutedo mul-timiacutedia e programaccedilatildeo de computadoressaber aplicar os direitos de propriedade in-telectual e as licenccedilas de uso
Seguranccedila Proteccedilatildeo pessoal proteccedilatildeo de dados pro-teccedilatildeo de identidade virtual uso seguro esustentaacutevel
Resoluccedilatildeo de Proble-mas
Identificar necessidades e recursos digitaistomar decisotildees para escolher a ferramentadigital apropriada de acordo com a finali-dade ou necessidade resolver problemasconceituais atraveacutes do meio virtual resolverproblemas teacutecnicos uso criativo da tecno-logia atualizar as proacuteprias competecircncia eas dos outros
Fonte adaptado de Espanha (2013 p 13)
130
Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
(QUAD 75) e PD-26 (QUAD 710) Notamos que a ideia de insumos desejados se refere tanto a
uma forma idealizada de insumo - representado por exemplo pela expressatildeo um texto que fosse
legal(relato PD-2) - quanto a demandas de insumos especiacuteficos para as respectivas Sequecircncias
Didaacuteticas em elaboraccedilatildeo - tais como viacutedeos ou muacutesicas que falassem do corpo (relato PD-3)
viacutedeos que apresentassem uma receita culinaacuteria especiacutefica (relato PD-4) ou ainda imagens de
determinados materiais escolares (relato PD-6)
Percebemos ainda nos relatos de PD-1 a PD-7 PD-13 e PD-26 a referecircncia agrave busca de
soluccedilotildees perante a dificuldade de encontrar insumos especiacuteficos registrados com licenccedilas flexiacuteveis
As tentativas de solucionar o problema encaminharam-se em trecircs sentidos melhorar a busca
produzir os proacuteprios insumos e fazer adaptaccedilotildees nas sequecircncias didaacuteticas A melhoria da busca foi
compreendida no sentido de intensificaacute-la - ou seja simplesmente continuar procurando (relatos
PD-3 e PD-5) - e no sentido de refinaacute-la por meio da utilizaccedilatildeo de filtros e motores de busca
especializados em insumos registrados com licenccedilas flexiacuteveis (relato PD-7) A produccedilatildeo de insumos
por sua vez girou em torno da elaboraccedilatildeo de textos (relato PD-4) e da criaccedilatildeo de imagens (relato
PD-5) Emfim a mudanccedila de um ou mais aspectos abordados na sequecircncia didaacutetica - a ser
elaborada - ocorreu de modo a adaptaacute-la - a Sequecircncia Didaacutetica - aos insumos com licenccedilas flexiacuteveis
encontrados Esse eacute o caso por exemplo trazido agrave tona no relato n 6 em que se optou por associar
o estudo dos artigos agraves cores - em detrimento ao vocabulaacuterio relativo aos materiais escolares dada
a falta de imagens desse grupo de itens que fossem registrados com licenccedilas flexiacuteveis
Consideramos plausiacutevel compreender esse Problema de Ensino - ou seja a dificuldade de
encontrar insumos que sejam concomitantemente registrados com licenccedilas flexiacuteveis e condizentes
com as demandas de um determinado projeto de elaboraccedilatildeo de sequecircncias didaacuteticas - como a
experimentaccedilatildeo de questotildees e preocupaccedilotildees que sejam talvez novas para a praacutetica dos professores-
informantes mas que podem ser consideradas tiacutepicas no acircmbito da produccedilatildeo de material didaacutetico
no modelo de Economia Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42) - como por exemplo no acircmbito das
editoras Com efeito natildeo seraacute difiacutecil constatar que equipes editoriais eventualmente tenham por
exemplo que adotar estrateacutegias de criaccedilatildeo de insumo - como elaborar seus proacuteprios textos ou
imagens tal qual relatado pelos informantes desta pesquisa - de modo a contornar a falta de insumos
adequados ou a impossibilidade de compra dos direitos de uso de um determinado insumo - ou
ateacute mesmo de modo a tentar diminuir os custos de produccedilatildeo do material didaacutetico Nesse caso a
constataccedilatildeo desse Problema de Ensino poderia sinalizar um efeito do empoderamento do professor
de idiomas o qual enquanto produtor do seu proacuteprio material didaacutetico assume responsabilidades que
em outra circunstacircncia seriam atribuiacutedas a terceiros Naturalmente um professor que assume uma
postura condizente com a concepccedilatildeo poacutes-meacutetodo buscando agregar agrave sua praacutetica as dimensotildees de
pesquisa e produccedilatildeo do seu material didaacutetico deveraacute em alguma medida absorver habilidades
competecircncias e conflitos relativos a esses dois acircmbitos
131
Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
Quadro 73 Relatos-produccedilatildeo dificuldade de encontrar insumos com licenccedilas flexiacuteveis
PD-1 [Encontramos dificuldade para] conseguir uma imagem para utilizar com seusdireitos livres [Informante 16]
PD-2 () foi bem difiacutecil achar um texto que fosse legal neacute Que tivesse especificadaa licenccedila Entatildeo a gente natildeo teve muita opccedilatildeo Entatildeo a escolha do texto foiassim ldquo- Ah esse texto taacute licenciado Entatildeo vai esse mesmordquo Natildeo foi ldquo - Ahporque esse texto eacute legal interessanterdquo Natildeo foi nada disso [Informante 1]
PD-3 A gente tambeacutem queria iniciar com um viacutedeo ou uma muacutesica que falasse docorpo mas a gente natildeo encontrou uma que tivesse a licenccedila adequadaa gente podia procurar mais e achar quem sabe neacute [Informante 8]
PD-4 () como a gente procurou na internet viacutedeos da pasta a boscaiolla a genteencontrou no como era o mesmo Giallozanfrano um viacutedeo excelentemas ele natildeo tinha licenccedila pra ser utilizado entatildeo a gente pensou na Mariella(componente do grupo de trabalho que fala italiano como liacutengua materna) fazera apresentaccedilatildeo em italiano da receita e a gente ia utilizar o recurso das imagenspra ir ilustrando para os alunos Essa receita esse texto foi a Mariella queescreveu entatildeo eacute de autoria do nosso grupo [Informante 8]
PD-5 () foi uma dificuldade muito grande pra encontrar as imagens sem o copyrightneacute Que a gente pudesse utilizar entatildeo eu ateacute teve uma imagem que eutive que tirar uma foto em casa do sal que natildeo teve a Socircnia (componentedo grupo de trabalho) ajudou muito porque ela conseguiu encontrar teve umafacilidade maior pra encontrar as imagens pra gente [Informante 8]
PD-6 Como o objetivo central era estudar os artigos na verdade a gente pensouinicialmente [em] comeccedilar com algo que fosse visual pra eles na sala deaula mas noacutes natildeo conseguimos imagens livres de de por exemplo eacutemateriais de utilizaccedilatildeo caneta laacutepis ou mesmo sala de aula a gente pensouem pegar uma imagem completa assim noacutes natildeo conseguimos Entatildeo noacutesmudamos ateacute conseguirmos essa imagem livre (imagem de uma cesta comfrutas) e mudamos o foco [Informante 11] Tivemos que pensar num tema paraessa imagem entatildeo resolvemos trabalhar com o tema cores e dentro do temacores trabalhar com os artigos [Informante 3]
PD-7 A segunda e uacuteltima dificuldade foi para encontrarmos um viacutedeo que se en-caixasse na categoria de Creative Commons pois os primeiros encontradosestavam hospedados no Youtube e eram de licenccedila copyright Para solucionar-mos o problema decidimos pesquisar no wwwcreativecommonsorg sites deviacutedeos que possuam licenccedila livre copyleft Encontramos o site wwwvimeocomque os disponibiliza de forma livre e expliciacuteta qual o tipo de CC (Creative Com-mons) [Informante 9]
132
Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
712 Inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos
livres no material didaacutetico
O sentimento de inseguranccedila perante a utilizaccedilatildeo de insumos livres no material didaacutetico - bem
como a resistecircncia em fazecirc-lo - podem ser constatados nos relatos de PD-8 a PD-10 (QUAD 74)
Identificamos por meio da anaacutelise desses relatos que os insumos livres foram percebidos pelos
informantes de dois modos sendo ambos - consideramos - negativos ainda que em intensidades
diferentes Satildeo eles definitiva e intrinsecamente ruins - ou seja de qualidade duvidosa - por um
lado e por outro de caraacuteter alternativo cuja utilizaccedilatildeo poderia natildeo agradar aos alunos Dessa
forma associamos o sentimento de resistecircncia ao primeiro aspecto - a saber a crenccedila de que esses
insumos satildeo intrinsecamente de baixa qualidade por serem livres - e o sentimento de inseguranccedila
ao segundo - ou seja agrave crenccedila de que a sua utilizaccedilatildeo pode natildeo agradar aos alunos Vale ressaltar
que o julgamento sobre a qualidade dos insumos livres eacute colocada em xeque pelos informantes
em oposiccedilatildeo aos insumos advindos de um modelo de produccedilatildeo fechado ou seja que reflete a
concepccedilatildeo da Economia Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42) - tais como editoras gravadoras ou
produtoras Esses de fato seriam supostamente mais famosos e mais familiares tanto para os
alunos quanto para os professores de modo que lhes agradariam mais Para expressar o seu ponto
de vista negativo sobre os insumos livres os informantes lanccedilaram matildeo de conceitos como pouco
interessante (relato PD-9) desconhecido - com uma carga pejorativa (relato PD-9) desatualizado
(relato PD-10) e alternativo (relato PD-10)
Cabe observar que a crenccedila de que a qualidade dos produtos culturais livres eacute intrinsecamente
maacute remete agrave ideia de que o aumento da facilidade de publicaccedilatildeo proporcionada pelo desenvolvimento
tecnoloacutegico diminui a qualidade das publicaccedilotildees como um todo - conforme ocorrido com o advento
da prensa moacutevel de Guttemberg e da Internet (SHIRKY 2010 p 46) Consideramos equivocada
a associaccedilatildeo dessa concepccedilatildeo com aquela na medida em que a diminuiccedilatildeo da qualidade das
publicaccedilotildees considerado todo o seu universo natildeo equivale agrave concepccedilatildeo de que um produto cultural
seraacute de maacute qualidade pelo fato de ser livre Com efeito encontramos materiais com boa e com maacute
qualidade tanto no acircmbito do modelo de produccedilatildeo cultural fechado quanto livre A qualidade seraacute
condicionada por outros fatores
Percebemos ainda sobre esse Problema de Ensino o relato de pelo menos uma estrateacutegia
adotada no sentido de tentar solucionaacute-la Frente ao surgimento da crenccedila de que insumos livres
poderiam natildeo agradar aos alunos o professor-informante decidiu utilizar insumos de aacuteudio que
considerou remeter a aspectos da cultura italiana que lhe pareciam adequados ou uacuteteis para serem
abordados em uma aula de liacutengua e cultura italianas Referimos-nos ao relato PD-11 em que o
professor informante explica ter escolhido a utilizaccedilatildeo de muacutesicas do grupo Armada Brancaleone
ao associaacute-lo ao claacutessico filme italiano LrsquoArmata Brancaleone o qual fora produzido dentro de um
modelo de produccedilatildeo fechado Compreendemos que a resoluccedilatildeo de Problemas de Ensino motivados
por crenccedilas passam pelo exerciacutecio de reflexatildeo e ampliaccedilatildeo do contato com o artefato focalizado - ou
seja sobre o qual se tem a crenccedila Encontramos concepccedilatildeo anaacuteloga em Silva (2011 p 2) Vieira
Abrahatildeo (2004 p 133) e White (2008 p 125) quando ressaltam a explicitaccedilatildeo a conscientizaccedilatildeo e
a reflexatildeo sobre crenccedilas ou aglomerados de crenccedilas (SILVA 2005) - relacionadas nesse caso agrave
dimensatildeo do ensino e aprendizagem de liacutenguas - como accedilotildees chave em percursos de formaccedilatildeo
133
Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
Quadro 74 Relatos-produccedilatildeo inseguranccedila (e resistecircncia) relativa agrave utilizaccedilatildeo de insumoslivres no material didaacutetico
PD-8 Aquilo que a gente disse () natildeo eacute nem um artigo que a gente achou ldquoah eacutemuito interessanterdquo () Era o que tinha pra conseguir fazer a atividade Essaaliaacutes seria uma de minhas criacuteticas no sentido de natildeo encontramos nada demuito inte () tipo uma canccedilatildeo conhecida pra poder trabalhar Natildeo O quetinha era umas coisas assim do tipo ldquoAh taacute quem eacute esse que fez essa canccedilatildeonerdquo (tom irocircnico) Entatildeo num num foi muito interessante [Informante 2]
PD-9 () e com relaccedilatildeo a viacutedeos tambeacutem encontramos dificuldade para colocarporque tambeacutem inicialmente a gente tem aquela ideia de se trazer as muacutesicasatualizadas e essas na verdade satildeo as que a gente natildeo encontra liberdadesas liberdades no site entatildeo as muacutesicas atuais que estatildeo tocando nas raacutedios[Informante 11]
PD-10 Quando pensei em pesquisar muacutesicas achei um pouco complicado usar osite jamendocom pois a impressatildeo que tive foi que os artistas e muacutesicasencontradas eram um pouco alternativos Natildeo que isso seja um problema masnormalmente os alunos gostam mais daquilo que eacute mais famoso mais familiar aeles Como soluccedilatildeo escolhi um grupo que se chamava Armada Brancaleone e oaacutelbum Dura Lex pois achei interessantes[] () [O] nome do grupo () retomaum claacutessico do cinema italiano e () provavelmente poderia ser um ponto deapoio para os alunos [Informante 6]
134
Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
de professores de idiomas visando auxiliaacute-los a entender suas accedilotildees e procedimentos em sala de
aula(SILVA 2011 p 2) de modo a aprimorar a sua praacutetica Dessa forma no caso do Problema de
Ensino apontado - por exemplo - as reflexotildees podem girar em torno de conceitos como qualidade -
em se tratando dos insumos - induacutestria cultural e ateacute sobre o proacuteprio conceito de crenccedila - entre outros
A aproximaccedilatildeo com o objeto focalizado por sua vez pode ser realizado por meio da ampliaccedilatildeo de
buscas e da anaacutelise dos insumos encontrados
Consideramos enfim que Problemas de Ensino relacionados a crenccedilas - como a inseguranccedila e
a resistecircncia associadas agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres no material didaacutetico discutido nesta subseccedilatildeo
e a crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre necessariamente aumenta
a carga horaacuteria de trabalho trazida para debate na proacutexima subseccedilatildeo - natildeo seratildeo especiacuteficos no
que diz respeito a materiais didaacuteticos de natureza virtual livre De fato crenccedilas podem se referir
a artefatos e construtos de diversas naturezas - como por exemplo a uma liacutengua ao ensino agrave
aprendizagem aos programas e curriacuteculos ou ateacute mesmo ao ensino de liacutenguas enquanto profissatildeo
conforme destacam e discutem Richards e Lockhart (1996 p 30-40) atendo-se ao universo
do ensino-aprendizagem de liacutenguas Contudo eacute possiacutevel que existam crenccedilas que apontem para
caracteriacutesticas especiacuteficas desse tipo de material - ou seja materiais didaacuteticos de natureza virtual livre
- em determinado periacuteodo de tempo e contexto sociocultural tal qual - entre outros - a presenccedila de
insumos produzidos e publicados em um modelo de produccedilatildeo livre os quais conforme observamos
nesta subseccedilatildeo poderatildeo ser considerados portadores de uma suposta maacute qualidade intriacutenseca
Vale observar que ao propor essa reflexatildeo referimos-nos agraves crenccedilas sobre materiais didaacuteticos de
ensino de liacutenguas em especial sobre materiais de natureza virtual livre
713 Crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza vir-
tual livre necessariamente aumenta a carga horaacuteria de trabalho
docente
A crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre necessariamente aumenta
a carga horaacuteria de trabalho docente estaacute relacionada aos relatos de PD-11 a PD-13 (QUAD 75)
Essa crenccedila se refere agrave visatildeo de que a tarefa de produzir percursos didaacuteticos partindo-se do marco
zero seraacute necessaacuteria para todos os contextos de ensino com os quais o docente de idiomas iraacute se
deparar caso decida pela utilizaccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico em sua praacutetica Nesse caso
ignora-se a possibilidade da utilizaccedilatildeo de Sequecircncias Didaacuteticas jaacute produzidas por terceiros - ou pelo
professor autor em momentos anteriores - cuja adequaccedilatildeo se decirc por nenhuma ou quase nenhuma
adaptaccedilatildeo Desse modo ignora-se tambeacutem a possibilidade do surgimento espontacircneo de uma rede
de compartilhamento de Sequecircncias Didaacuteticas e da accedilatildeo da inteligecircncia coletiva Percebemos ainda
que essa crenccedila reflete a ideia de que materiais didaacuteticos de natureza virtual e livre natildeo seriam
compatiacuteveis com uma dinacircmica profissional docente marcada por um processo de proletarizaccedilatildeo -
ou seja um processo de precarizaccedilatildeo assalariamento e coletivizaccedilatildeo conforme Hypoacutelito (1994) e
Wenzel (1991) Como bem explicam Tumolo e Fontana (2008 p 163)
Hypoacutelito (1994) afirma ser a proletarizaccedilatildeo um processo de assalariamentoe precarizaccedilatildeo profissional no qual estaacute submetido um grande nuacutemero de
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Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
Quadro 75 Relatos-produccedilatildeo crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de naturezalivre necessariamente aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente
PD-11 () vou ser muito sincero ateacute de uma forma ateacute um pouco digamosdepondo contra mim mesmo mas escuta se eu tiver que procurar demaiseu vou desistir da atividade [Informante 2] E se vocecirc encontrar uma atividadepronta de um colega Que jaacute procurou () e que jaacute taacute quase pronta pra vocecircusar [Pesquisador]
PD-12 A questatildeo eacute pelo menos essa eacute a minha realidade eu nem acho que eacuteassim uma realidade agradaacutevel de expor aqui pros colegas mas eacute umarealidade em que vocecirc fala ldquo- Olha mal tenho tempo de ler um texto pro curso[de poacutes graduaccedilatildeo] que eu tou fazendo e aiacute eu vou sair procurando uma coisaque eu acho(dirigindo-se agrave turma) concordam que vocecirc natildeo vai mostrar paraa sala alguma coisa que vocecirc ache lixo neacute Entatildeo assim primeiro tem queeu ouvir eu ter alguma sensaccedilatildeo e tal () Eu acho que vai ser muito difiacutecilque aconteccedila (referindo-se ao trabalho de produccedilatildeo de Material Didaacutetico VirtualLivre conforme acabara de experimentar) [Informante 2]
PD-13 () vou fazer outra colocaccedilatildeo assim acredito tambeacutem que natildeo sejasomente a gente demorou bastante pra conseguir claro que inicialmenteisso acontece tambeacutem pela falta de praacutetica de conhecimento de praacuteticamas tambeacutem de encontrar os materiais encontrar aquilo que noacutes estamosquerendo e a gente vai se adaptando e vamos tendo outras necessidadestambeacutem [Informante 11] Loacutegico que a maior dificuldade eacute encontrar a licenccedilaadequada a gente ficou muito tempo procurando - ah natildeo esse natildeo daacuteporque natildeo tem licenccedila esse natildeo daacute porque natildeo tem licenccedila[Informante1] E com isso uma consequecircncia maior de grande dificuldade eacute o tempo agente perde tempo para preparar um material desse acho que isso eacute umaquestatildeo central assim o tempo do professor preparaccedilatildeo de aula neacute[informante 11] Mas acho que isso vem dentro tambeacutem da nossa [Informante1] Tem tem tambeacutem a questatildeo de agente natildeo conhecer de natildeo conhecerbem ainda o programa de natildeo estar habituado as resistecircncias tambeacutem quea gente tem pelo fato de estar muito habituado a outras coisas [Informante11] e depois que a gente acha um siacutetio que jaacute tem as imagens liberadas agente jaacute sabe o que tem ali natildeo precisa ficar ah natildeo precisa ficar procurandoimagens sei que ali naquele site tem [Informante 1]
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Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
trabalhadores Jaacute para Wenzel (1991) a proletarizaccedilatildeo eacute resultado daproduccedilatildeo capitalista que retira do trabalhador o controle sobre o processoprodutivo Trabalhador proletaacuterio eacute a negaccedilatildeo do trabalhador individual ea afirmaccedilatildeo do trabalhador coletivo Na anaacutelise desses pesquisadores odocente eacute proletaacuterio na medida em que sofre um processo de precarizaccedilatildeoe assalariamento e se afirma como um trabalhador coletivo (TUMOLOFONTANA 2008 p 163)
Consideramos nesse caso que o aumento da necessidade de assumir cargas horaacuterias de
sala de aula maiores - comprometendo-se por exemplo com mais turmas mais alunos ou mais
escolas como uma tentativa de aumento de renda - e a eventual diminuiccedilatildeo do tempo disponiacutevel
para produzir material didaacutetico respectivamente como aspectos da precarizaccedilatildeo e do controle sobre
o processo de produccedilatildeo
Percebemos por meio da anaacutelise dos relatos de PD-11 a PD-13 que a atividade de preparaccedilatildeo
de material didaacutetico foi concebida como algo de importacircncia secundaacuteria ou seja como uma perda
de tempo - conforme expressado por exemplo pela frase a gente perde tempo produzindo esse
tipo de material(relato PD-13) Compreendemos que essa concepccedilatildeo estaacute diretamente relacionada
aos valores estabelecidos por um contexto de proletarizaccedilatildeo docente (HYPOacuteLITO 1994 WENZEL
1991) em que se atribui mais valor em gastar tempo com mais horas aula do que com a atividade de
produccedilatildeo de material didaacutetico Essa concepccedilatildeo pode se opor por exemplo agrave ideia de que a produccedilatildeo
de material didaacutetico constitui-se de uma tarefa essencialmente importante para a atividade de ensino
e para a formaccedilatildeo docente continuada (TOMLINSOM 2003b TOMLINSOM 2001 JOHNSON
2003 p 445 p 67 p 10) - aleacutem de representar um aspecto do empoderamento do professor na
medida em que lhe permite tomar decisotildees relativas aos diversos aspectos de sua praacutexis como por
exemplo a escolha dos insumos com os quais pretende trabalhar Decisotildees essas que em algumas
perspectivas teoacuterico-metodoloacutegicas seriam tomadas por terceiros - tais como por exemplo autores
de livros didaacuteticos baseados em meacutetodos especiacuteficos de ensino de liacutenguas Parece-nos dessa forma
estabelecida respectivamente a relaccedilatildeo antagocircnica entre o docente como trabalhador coletivo
proletaacuterio e como trabalhador individual Parece-nos oportuno lembrar enfim que consideramos que
os Problemas de Ensino relacionados a crenccedilas podem ser trabalhados em direccedilatildeo agrave sua resoluccedilatildeo
- no que tange agrave formaccedilatildeo de professores de idiomas - pelo exerciacutecio de reflexatildeo e ampliaccedilatildeo do
contato com o(s) objeto(s) envolvidos na construccedilatildeo da crenccedila
714 Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de ar-
tefato em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar
A dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o
software livre pode apresentar estaacute relacionada ao relato PD-14 (QUAD 76) A partir da leitura
desse relato percebemos que a inquietaccedilatildeo dos professores-participantes se refere agrave presenccedila
de elementos da interface do software que poderatildeo ficar sem uso na versatildeo final (publicada) de
algumas sequecircncias didaacuteticas caso o professor-autor decida natildeo seguir os modelos de atividades
oferecidos pelo programa de autoria subvertendo-o de acordo com as proacuteprias demandas Vale
lembrar que esse software - a saber o EXElearning sobre o qual falamos no capiacutetulo 4 desta tese -
137
Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
Quadro 76 Relato-produccedilatildeo Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado deartefato em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar
PD-14 A gente acabou descobrindo por exemplo que se vocecirc () coloca o seu cursorna dica (elemento do software utilizado) e da um enter esse esse iacuteconede dica vai ficar ali eternamente () ou pelo menos a gente natildeo descobriu[como usar] () Aiacute a gente acabou criando uma dica ali que natildeo eacute verdadeque nem eacute uma dica () eacute uma observaccedilatildeo porque eu brinquei ateacute com o[pesquisador] que eu falei ldquo - Poxa se eu lanccedilo isso pro aluno usar ele vaifalar - Que raio de programador eacute esse que coloca umas coisas vazias neacute ldquoAiacute a gente acabou criando umas sabe assim umas muletas [Informante 2]
de fato disponibiliza diversas tipologias pre-estabelecidas para os usuaacuterios - tais como questotildees
de muacuteltipla escolha de verdadeiro ou falso de preenchimento de lacunas entre outras No caso
apontado o professor-informante se refere ao iacutecone dica- presente em alguns modelos e atividades
- o qual natildeo pode ser desabilitado pelo usuaacuterio mesmo que natildeo seja utilizado
Compreendemos que tal inquietaccedilatildeo estaacute relacionada agrave percepccedilatildeo do programa de autoria livre
como um artefato que se apresenta em estado final e imutaacutevel Ignora-se dessa modo a ideia de
que o usuaacuterio - ou grupo de usuaacuterios - poderaacute promover alteraccedilotildees em niacutevel de programaccedilatildeo caso
queira adaptaacute-lo agraves suas demandas locais ou simplesmente aos padrotildees funcionais ou esteacuteticos de
sua preferecircncia Em outras palavras ignora-se a essecircncia do software livre ou seja o fato de que a
sua criaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo pressupotildee a ideia de que esse artefato poderaacute ser alterado em niacutevel de
coacutedigo por outros usuaacuterios-programadores de modo a serem adaptados agraves suas necessidades
Consideramos plausiacutevel a partir de nossa anaacutelise desse relato sugerir o estabelecimento de
dois perfis referenciais antagocircnicos representativos dos professores-usuaacuterios de software livre em
sua praacutetica de ensino Referimos-nos ao usuaacuterio estaacutetico em oposiccedilatildeo ao usuaacuterio proativo ou livre
Enquanto o primeiro percebe o software livre por meio de uma perspectiva proprietaacuteria - satisfazendo-
se em usar apenas o que o software oferece da maneira como oferece ou seja contentando-se
apenas com niacuteveis superficiais ou controlados de personalizaccedilatildeo e de apropriaccedilatildeo - o segundo
percebe o software livre como tal almejando niacuteveis profundos de personalizaccedilatildeo e apropriaccedilatildeo
considerando sempre a possibilidade de alcanccedilar tais niacuteveis Destacamos essas caracteriacutesticas por
meio do QUAD 77
Desse modo parece-nos coerente dizer que os professores-participantes referenciados por meio
do relato PD-14 apresentaram percepccedilotildees e atitudes que naquele contexto - e naquele momento
- parecem apontar mais para um perfil estaacutetico e menos para um perfil proativo (ou livre) perante
a utilizaccedilatildeo de software livre na praacutetica docente Consideramos que tais professores perceberam
o software livre com o qual trabalhavam a partir de uma perspectiva proprietaacuteria De acordo com
o seu relato frente a uma demanda de personalizaccedilatildeo impossiacutevel de ser resolvida pelas funccedilotildees
oferecidas ao usuaacuterio natildeo lhes ocorreu propor alteraccedilotildees em niacutevel de coacutedigo Com efeito o relato
deflagra a necessidade de personalizaccedilatildeo - representada pelo desejo de retirar o elemento dica
138
Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
Quadro 77 Usuaacuterio estaacutetico e usuaacuterio proativo (livre) - perfis referenciais antagocircnicos
Usuaacuterio estaacutetico Usuaacuterio proativo (livre)
Percebe o software livre por umaperspectiva proprietaacuteria ainda quesaiba o conceito de software livre
Percebe o software livre por umaperspectiva livre
Sente-se confortaacutevel com niacuteveissuperficiais de apropriaccedilatildeo do soft-ware que utiliza natildeo considera su-perar esses niacuteveis
Almeja niacuteveis profundos de apro-priaccedilatildeo do software que utilizaconsidera a possibilidade de alcan-ccedilar tais niacuteveis
Sente-se confortaacutevel com niacuteveismiacutenimos ou controlados de perso-nalizaccedilatildeo do software que utilizanatildeo considera a superaccedilatildeo dessesniacuteveis
Almeja niacuteveis maacuteximos de perso-nalizaccedilatildeo do software que utilizaconsidera a possibilidade de alcan-ccedilar tais niacuteveis
presente na interface de algumas atividades do programa de autoria EXElearning - e indica uma
tentativa de soluccedilatildeo baseada em uma maquiagem daquele elemento - utilizando-o para observaccedilotildees
e natildeo para dicas conforme marca a frase Aiacute a gente acabou criando () umas muletas(relato
PD-14) Esse mesmo relato entretanto natildeo indica que foi considerada a possibilidade de se fazerem
alteraccedilotildees no niacutevel de coacutedigo como soluccedilatildeo para essa questatildeo Parece que eles natildeo levaram em
conta essa possibilidade Consideramos que naturalmente em outros contextos e outros momentos
os perfis poderatildeo variar entre os dois polos referenciais que apresentamos ou seja entre o usuaacuterio
estaacutetico e o proativo ou livre
Vale ressaltar que o trabalho de formaccedilatildeo docente relativo a esse Problema de Ensino pode apon-
tar para o desenvolvimento de uma competecircncia digital especiacutefica relacionada ao desenvolvimento
de conteuacutedo conforme Espanha (2013 p 13) Referimos-nos a saber realizar programaccedilatildeo de
computadores Citamos essa competecircncia no QUAD 72 Consideramos que ela pode variar desde
a aprendizagem de noccedilotildees gerais sobre programaccedilatildeo ateacute o saber programar em niacutevel avanccedilado
Julgamos enfim que a dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em
construccedilatildeoque o software livre pode apresentar (PE-4) natildeo parece ser especiacutefica no que se refere
aos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre Com efeito ele pode ser enfrentado tambeacutem em
contextos de utilizaccedilatildeo de materiais de outras naturezas desde que se utilize software livre - ainda
que seja estritamente relacionado ao universo dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre
715 Dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas
A dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas se refere aos relatos de PD-15 a PD-20 (QUAD
78) Conforme percebemos em nossa anaacutelise essa dificuldade estaacute relacionada a trecircs fatores a maacute
localizaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre a licenccedila de uso dos insumos nos repositoacuterios concernentes a
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Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
Quadro 78 Relatos-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas
PD-15 Aqui nesse caso a gente conseguiu copiar e colar neacute O texto Porque aimagem natildeo tava livre Soacute o texto tava livre Para modificaccedilatildeo e veiculaccedilatildeo Natildeopara comercializaccedilatildeo E foi um trauma um trauma encontrar () o negocinhoescrito la embaixo (referindo-se ao peacute de paacutegina do site onde estava localizadaa indicaccedilatildeo de licenccedila) [Informante 3]
PD-16 A gente pensou primeiro em explorar uma foto que tem nesse artigo () e comoa foto natildeo era licenciada assim natildeo tinha uma licenccedila especiacutefica pra a foto() a gente natildeo podia usar soacute a foto () como tinha a licenccedila na paacutegina agente usou o texto inteiro a paacutegina toda neacute [Informante 1]
PD-17 O problema enfrentado durante a busca de material livre na internet eacute que nemsempre as licenccedilas estatildeo a mostra o que dificulta a pesquisa Nos sites debusca de material livre em geral natildeo encontramos muitas coisas O materialem maior quantidade satildeo muacutesicas mas viacutedeos e filmes encontram-se em poucaquantidade Fotos tambeacutem satildeo acessiacuteveis Natildeo procurei textos Entender osignificado da licenccedila tambeacutem foi difiacutecil no caso de um viacutedeo porque dizia acessolivre mas natildeo mostrava a licenccedila Os problemas foram resolvidos conversandocom os colegas de curso que me ajudaram a entender as legendas quandopossiacutevel [Informante 13]
PD-18 [Tivemos dificuldade para] entender os coacutedigos das licenccedilas respectivos agrave[nossa] busca Pedimos auxiacutelio do professor e da colega ao lado para sanar asduacutevidas [Informante 14]
PD-19 [Tivemos] [d]ificuldade em encontrar sites com viacutedeos e muacutesicas onde estejainformado o tipo de direitos reservados [Informante 12]
PD-20 Natildeo encontramos a indicaccedilatildeo especiacutefica de direitos autorais do Youtube [Infor-mante 15 ]
ausecircncia de informaccedilotildees sobre a licenccedila de uso dos insumos tambeacutem nos repositoacuterios concernentes
e a incompreensatildeo das informaccedilotildees sobre as licenccedilas de uso quando essas se encontram e estatildeo
bem sinalizadas O primeiro fator pode ser percebido por exemplo pelos excertos foi um trauma
() encontrar o negocinho escrito la embaixo (referindo-se ao peacute de paacutegina do site onde estava
localizada a indicaccedilatildeo de licenccedila)(relato PD-15) e Entender o significado da licenccedila tambeacutem foi
difiacutecil no caso de um viacutedeo porque dizia acesso livre mas natildeo mostrava a licenccedila(relato PD-17)
O segundo fator por sua vez pode ser visto por meio dos excertos Nem sempre as licenccedilas
estatildeo agrave mostra (relato PD-17)e natildeo encontramos a indicaccedilatildeo especiacutefica de direitos autorais do
Youtube(relato PD-20) O terceiro fator enfim pode ser exemplificado pelo excerto [Tivemos
dificuldade para] entender os coacutedigos das licenccedilas respectivos agrave [nossa] busca(relato PD-18)
Percebemos que os dois primeiros fatores - a saber a maacute localizaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre as
licenccedilas de uso dos insumos e a ausecircncia dessas informaccedilotildees em seus repositoacuterios - natildeo estatildeo
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Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
diretamente relacionados aos professores-informantes em sua accedilatildeo de busca de insumos dado
que a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo desses repositoacuterios foi feita por terceiros Compreendemos que
aos professores-autores caberaacute nesse caso aprofundar a pesquisa de modo a tentar estabelecer
quais seriam as licenccedilas encontrando-as por exemplo em outros repositoacuterios e outras fontes
caso queiram utilizar um determinado insumo cuja licenccedila natildeo estaacute clara Natildeo obstante o trabalho
formativo relacionado agrave resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino motivados por esses fatores poderaacute
seguir no sentido de conscientizar os docentes sobre a importacircncia de se estabelecerem e de se
publicarem com clareza as licenccedilas relativas aos insumos e agraves sequecircncias didaacuteticas livres com
os quais estatildeo trabalhando e os quais pretendem publicar Ademais esse cuidado aponta para
o desenvolvimento de uma competecircncia digital especiacutefica relacionada agrave criaccedilatildeo de conteuacutedo
conforme Espanha (2013 p 13) ou seja Saber aplicar os direitos de propriedade intelectual e as
licenccedilas de uso(ESPANHA 2013 p 13) Citamos essa competecircncia no QUAD 72
Notamos que o terceiro fator por sua vez relaciona-se diretamente aos professores-informantes
em sua accedilatildeo de busca de insumos Trata-se da incompreensatildeo das informaccedilotildees sobre as licenccedilas de
uso dos insumos quando tais indicaccedilotildees estatildeo presentes e bem sinalizadas Compreendemos que a
resoluccedilatildeo desse problema bem como um possiacutevel caminho de formaccedilatildeo docente a ele relacionado
aponta naturalmente para o estudo e compreensatildeo da codificaccedilatildeo das licenccedilas independente do
conjunto referencial de licenccedilas adotado Esse estudo tambeacutem aponta para a jaacute citada competecircncia
digital relacionada agrave criaccedilatildeo de conteuacutedo trazida agrave tona em Espanha (2013 p 13) a qual repetimos
aqui Saber aplicar os direitos de propriedade intelectual e as licenccedilas de uso(ESPANHA 2013
p 13) Consideramos que saber aplicar pressupotildee compreendecirc-los - tanto os direitos quanto as
licenccedilas
Os relatos de PD-15 a PD-20 deflagraram tambeacutem a accedilatildeo de pedir ajuda aos colegas como
a principal estrateacutegia adotada pelos professores-participantes por eles referenciado Com efeito
destacamos as frases Os problemas foram resolvidos conversando com os colegas de curso
que me ajudaram a entender as legendas quando possiacutevel(relato PD-17) e Pedimos auxiacutelio do
professor e da colega ao lado para sanar as duacutevidas(relato PD-18) as quais deflagram essa accedilatildeo
Cabe mencionar que a iniciativa de pedir e oferecer auxiacutelio figura como uma accedilatildeo essencialmente
relacionada ao desenvolvimento de projetos de natureza livre - tal qual o software livre cujos
programadores e usuaacuterios tradicionalmente tentam estabelecer e manter comunidades de apoio
mutuo Percebemos que um dos principais objetivos ao fazecirc-lo consiste em facilitar a atuaccedilatildeo da
inteligecircncia coletiva em seus projetos Entendemos que essa atitude seraacute tambeacutem fundamental para
o desenvolvimento de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre Esse aspecto poderaacute ser abordado
em percursos de formaccedilatildeo de professores de idiomas e estaacute em sintonia com duas competecircncia
apontadas por Espanha (2013 p 13) - a saber conectar-se e colaborar por meio de ferramentas
digitaise interagir e participar de comunidades e redes Ambas segundo Espanha (2013 p 13)
estatildeo associadas agrave dimensatildeo da Comunicaccedilatildeo conforme apresentamos no QUAD 72
Compreendemos enfim que a dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas pode ser experi-
enciada em contextos de produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de qualquer natureza ainda que esteja -
consideramos - estreitamente relacionado agrave produccedilatildeo de materiais didaacuteticos virtuais de natureza
livre Mesmo a produccedilatildeo de materiais fechados pode envolver a utilizaccedilatildeo de insumos registrados
141
Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
com licenccedilas flexiacuteveis ou a sua exclusatildeo consciente Tanto essa decisatildeo quanto aquela envolvem a
compreensatildeo das licenccedilas A adoccedilatildeo e o entendimento do conjunto referencial de licenccedilas adotado
- independente de qual seja - estatildeo relacionados agraves demandas de adaptaccedilatildeo das leis de direitos
autorais agraves praacuteticas de produccedilatildeo e circulaccedilatildeo de bens culturais que se estabelecem com o advento
de novas tecnologias digitais Tais adaptaccedilotildees e tais praacuteticas de produccedilatildeo e circulaccedilatildeo podem
afetar a praacutetica de todos os docentes e natildeo apenas uma determinado perfil Corrobora nossa
argumentaccedilatildeo a percepccedilatildeo de Espanha (2013 p 13) quando considera importante que o docente
da era digital saiba aplicar os direitos de propriedade intelectual e as licenccedilas de uso(ESPANHA
2013 p 13) Compreendemos que Espanha (2013 p 13) se refere a todos os docentes que atuam
ou vatildeo atuar na era digital
716 Dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de Sequecircn-
cias Didaacuteticas digitais
A dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e sequecircncias didaacuteticas digitais pode ser percebida
por meio dos relatos de PD-21 a PD-25 (QUAD 79) Observamos de fato que os relatos indicam
a ocorrecircncia de dificuldades com a ediccedilatildeo de imagens - como expressa o excerto [Encontramos
problemas para] editar a imagem(relato PD-21) - e com a ediccedilatildeo das Sequecircncias Didaacuteticas pro-
duzidas com o programa de autoria EXElearning - conforme exemplificam os excertos Algueacutem
consegue dizer por que eu natildeo tou conseguindo movecirc-la(referindo-se a uma janela que abriga um
site na Sequecircncia Didaacutetica apresentada) (relato PD-23) e Eacute que o viacutedeo ela conseguiu colocar
ali Conte como foi essa epopeia(relato PD-25) ou seja como foi difiacutecil inserir o viacutedeo em uma
atividade da Sequecircncia Didaacutetica que estavam produzindo
Compreendemos que os problemas relativos agrave ediccedilatildeo das Sequecircncias Didaacuteticas podem estar
relacionados agrave pouca familiaridade dos professores-participantes com o programa de autoria
que utilizavam naquele contexto e naquele momento De fato percebemos que alguns relatos
podem deflagrar situaccedilotildees em que a resoluccedilatildeo dos problemas envolveu a aprendizagem ou a
percepccedilatildeo de um aspecto recurso ou possibilidade de configuraccedilatildeo do programa de autoria ateacute
entatildeo despercebidos pelos professores-participantes citados nos relatos Tomamos como exemplo
os relatos PD-24 e PD-25 Ambos deflagram situaccedilotildees em que os informantes declaram ter percebido
peculiaridades da dinacircmica do programa apoacutes a publicaccedilatildeo das Sequecircncias Didaacuteticas que produziam
Dessa forma enquanto no relato PD-24 os professores-participantes perceberam que o tamanho do
artigo utilizado como insumo seria diferente na versatildeo editaacutevel e na versatildeo publicada da Sequecircncia
Didaacutetica produzida no relato PD-26 o informante declara ter percebido que o viacutedeo - que acabara de
inserir - funciona normalmente na versatildeo publicada natildeo obstante apareccedila desconfigurado na versatildeo
editaacutevel Estes satildeo os trechos a partir dos quais percebemos tais relaccedilotildees A gente acabou de
descobrir depois de publicar que o artigo natildeo aparece inteiro como ele apareceria pra gente(relato
PD-24) e Ah entatildeo foi super difiacutecil mas depois eu descobri que na verdade todo o trabalho
que eu tive pra por o viacutedeo natildeo precisava ter porque na hora de publicar ele ele [funciona
normalmente](relato PD-26) Em adiccedilatildeo percebemos que no relato PD-24 a possibilidade de
optar por outras configuraccedilotildees eacute apontada pelo pesquisador No relato PD-26 o proacuteprio informante
142
Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
Quadro 79 Relatos-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e desequecircncia didaacuteticas digitais
PD-21 [Encontramos problemas para] editar a imagem (problema ainda natildeo resolvido)(Informante 15)
PD-22 aiacute aqui foi uma das dificuldades que a gente teve no programa que as opccedilotildeeseram vino bianco vino rosso e aranciata e o programa natildeo sei como natildeoaceitou a gente tentou a Socircnia (componente do grupo de trabalho) reiniciouneacute Comeccedilou tudo de novo do zero e mesmo assim o programa natildeo aceitoue ficou essa opccedilatildeo eacute entatildeo isso aqui seria uma terceira alternativa que natildeodeu certo na nossa programaccedilatildeo [Informante 8]
PD-23 () se eu conseguir abrir a janela taacute gente Vocecircs veem (riso) o site Algueacutemconsegue dizer por que eu natildeo tou conseguindo movecirc-la (referindo-se auma janela que abriga um site na sequecircncia didaacutetica apresentada) (Seguemexplicaccedilotildees dos colegas sobre como o informante poderia rolar a tela a que serefere mostrando as partes escondidas do texto) Brigado gente eacute que apessoa natildeo eacute muito (referindo-se a si mesmo e sua dificuldade em utilizar oprograma) [Informante 2]
PD-24 Nessa configuraccedilatildeo que a gente taacute mostrando aqui () eu natildeo consigo abrirmais essa janela entatildeo eu natildeo vou conseguir [rolar a paacutegina com o texto]() A gente acabou de descobrir depois de publicar que o artigo natildeo apareceinteiro como ele apareceria pra gente [Informante 2] Entatildeo vocecircs escolheramqual tamanho [para a janela que abriga o texto na sequecircncia apresentada]Pequeno meacutedio ou ( ) grande [dependendo do tamanho] o aluno vai terque [rolar ou natildeo a paacutegina] [Pesquisador] Da forma como aparecia pra genteo aluno tinha a visatildeo inteira Como se ele abrisse o site neacute () O site podeporque o site disse que pode mas a foto separadamente natildeo porque a gentenatildeo tem a licenccedila pra foto [Informante 2]
PD-25 Entatildeo a partir do viacutedeo [Informante 4] Eacute que o viacutedeo ela conseguiu colocarali Conte como foi essa epopeia [Informante 3] Ah entatildeo foi super difiacutecil masdepois eu descobri que na verdade todo o trabalho que eu tive pra por o viacutedeonatildeo precisava ter porque na hora de publicar ele ele [funciona normalmente][Informante 4]
143
Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
declara ter feito a descoberta
Consideramos que esse Problema de Ensino - bem como essas situaccedilotildees descritas - remetem
agrave questatildeo do desenvolvimento da competecircncia digital no que se refere a saber utilizar programas
de ediccedilatildeo - ou de criaccedilatildeo de conteuacutedo - em geral - conforme Romero (2008) a qual destaca
dentre as competecircncias tecnoloacutegicas que se espera que os docentes desenvolvam o domiacutenio de
ferramentas de criaccedilatildeo (QUAD 62) Naturalmente percebemos os esforccedilos de desenvolvimento
dessa competecircncia como um possiacutevel caminho a ser seguido tanto em contextos de formaccedilatildeo
docente quanto em contextos de praacutetica no sentido de solucionar esse Problema de Ensino
Vale destacar o relato PD-22 em que situaccedilatildeo descrita pode apontar tanto para a competecircncia
dos professores participantes ali referenciados quanto para problemas que podem ocorrer no
programa de autoria Trata-se de uma situaccedilatildeo com a qual os professores autores poderatildeo se
defrontar em sua praacutetica De fato ao trabalharem com qualquer programa seja livre ou proprietaacuterio
esses profissionais poderatildeo se deparar com algum tipo de falha desse software Compreendemos
que lidar com essa situaccedilatildeo tambeacutem passa pelo desenvolvimento de competecircncias especiacuteficas
tal qual conforme Espanha (2013 p 13) referindo-se agrave dimensatildeo da Resoluccedilatildeo de Problemas
saber resolver problemas teacutecnicos(QUAD 72) sendo essa - do nosso ponto de vista - tomada
em sentido amplo e significando desde resolver por contra proacutepria ateacute saber encontrar e selecionar
quem melhor poderaacute auxiliar nessa tarefa
Ressaltamos enfim que a dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de Sequecircncias
Didaacuteticas Digitais natildeo seraacute especiacutefica em relaccedilatildeo agrave produccedilatildeo de material didaacutetico de natureza virtual
livre podendo ocorrer de fato na produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de qualquer natureza desde que -
naturalmente - envolva a ediccedilatildeo de artefatos digitais
717 Dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware
O uacuteltimo Problema de Ensino relacionado agrave produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre
que identificamos em nossa pesquisa - a saber a dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware - pode
ser visto no relato PD-26 (QUAD 710) Percebemos por meio desse relato uma situaccedilatildeo em que
os professores-participantes citados pelo informante deparam-se com um arquivo de viacutedeo cujo
componente de aacuteudio natildeo pode ser ouvido em um dos computadores do seu grupo de trabalho Tal
situaccedilatildeo pode ser deflagrada por meio do excerto [tivemos] dificuldades no meu computador a
gente natildeo conseguia ouvir e soacute um deles que jaacute vinham com o texto escrito que a gente poderia
saber o que tava escrito(relato PD-26)
Associamos essa questatildeo - tal qual fizemos em nossa anaacutelise sobre a dificuldade relativa agrave
ediccedilatildeo de insumos digitais e sequecircncias didaacuteticas digitais - tanto a um mal funcionamento do compu-
tador em niacutevel de hardware ou de software quanto a questotildees relacionadas agraves competecircncias dos
professores-participantes no que se refere agrave utilizaccedilatildeo de computadores ou de software especiacuteficos
Consideramos que esse Problema de Ensino remete ao desenvolvimento de determinadas competecircn-
cias digitais tais como as jaacute citadas saber utilizar programas de ediccedilatildeo ou de criaccedilatildeo de conteuacutedo
em geral conforme Romero (2008) referindo-se agraves Competecircncias Tecnoloacutegicas (QUAD 62) e
saber resolver problemas teacutecnicos conforme aponta Espanha (2013 p 13) referindo-se agrave dimensatildeo
da Resoluccedilatildeo de Problemas (QUAD 72) Cabe lembrar que essa referecircncia agraves competecircncias
144
Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial
Quadro 710 Relato-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware
PD-26 A gente tentou inicialmente eacute acho que foi a dificuldade geral de todos osgrupos neacute Viacutedeos e imagens ah a Rosana (componente do grupo detrabalho) conseguiu achar um site que tinha um tambeacutem mudaria um pouco onosso foco neacute Que tinham aacuteudios de faacutebulas [tivemos] dificuldades no meucomputador a gente natildeo conseguia ouvir e soacute um deles que jaacute vinham como texto escrito que a gente poderia saber o que tava escrito soacute que daiacute eramuito uma dificuldade muito maior tempos verbais muito avanccedilados paranossa aula [Informante 11]
citadas aponta naturalmente para um possiacutevel caminho de formaccedilatildeo docente no que se refere ao
Problema de Ensino abordado ou seja a dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware
Consideramos oportuno observar enfim que esse tipo de problema - tal qual a dificuldade
relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de Sequecircncias Didaacuteticas digitais discutida na subseccedilatildeo
anterior (716) - natildeo parece ser especiacutefico em relaccedilatildeo agrave produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza
virtual livre Ele pode ocorrer de fato em processos de produccedilatildeo de materiais didaacuteticos virtuais
de outras naturezas como por exemplo de materiais didaacuteticos virtuais fechados Com efeito
um insumo de viacutedeo por exemplo pode natildeo funcionar em todo e qualquer computador seja por
problema de incompatibilidade por mal funcionamento do hardware ou porque o professor-autor
simplesmente natildeo sabe configurar o seu computador adequadamente
72 Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utiliza-
ccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em sala de aula
presencial
Discutimos nesta seccedilatildeo os Problemas de Ensino relacionados agrave utilizaccedilatildeo de material didaacutetico de
natureza virtual livre ocorrida em duas disciplinas de liacutengua italiana ofertadas em niacutevel de graduaccedilatildeo
na mesma liacutengua junto agrave faculdade de Letras de uma universidade puacuteblica do estado de Satildeo Paulo
Em nossa anaacutelise identificamos um total de 11 (onze) Relatos de Problemas de Ensino ligados
ao aspecto da utilizaccedilatildeo os quais procuramos reunir de acordo com o(s) respectivo(s) temas(s) A
partir desses relatos percebemos 4 (quatro) Problemas de Ensino fundamentais - mapeados no
QUAD 71 e discutidos nas subseccedilotildees de 721 a 724 Satildeo eles
1 Dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizados para organizar
as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula presencial
2 Crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso poderaacute ser mal vista pelos discentes
3 Dificuldade em compreender o funcionamento do software utilizado em sala de aula
145
Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial
4 Preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software que abrigam e fornecem
acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas
Consideramos que todos esses Problemas de Ensino estatildeo relacionados ao aspecto digital do
material didaacutetico de natureza virtual livre Desse modo natildeo os consideramos especiacuteficos no que se
refere a materiais dessa natureza ainda que sejam caracteriacutesticos e que possam ser fortemente
associados ao seu universo Com efeito a dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes - sendo nesse
caso suportes para artefatos digitais a crenccedila de que a escassez de material impresso poderaacute ser
mal vista pelos alunos a dificuldade de compreender o funcionamento do software utilizado em sala
de aula e a preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software poderatildeo ser percebidas
na utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos abertos ou fechados desde que sejam virtuais
721 Dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que po-
dem ser utilizados para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e
para trabalhar com elas em sala de aula presencial
A dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizadas para organizar as
Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula presencial podem ser constatadas
por meio dos relatos de UT-1 a UT-4 (QUAD 711) Percebemos que essa dificuldade de adaptaccedilatildeo
se desdobra em dois aspectos principais a ansiedade e a orientaccedilatildeo do professor sendo que essa -
a dimensatildeo da orientaccedilatildeo - diz respeito agrave mudanccedila de referecircncia do livro didaacutetico impresso para o
computador e agrave ocupaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico da sala de aula pelo professor enquanto leciona
Enquanto o aspecto da ansiedade pode ser visto pelo excerto () [se] trata de uma ansiedade
particular de adaptaccedilatildeo agraves novas tecnologias(relato UT-1) os aspectos relativos agrave mudanccedila de
referecircncia do livro impresso para o computador e agrave ocupaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico podem ser percebidos
pelos trechos eu me senti um pouco confuso e me confundi um pouco ao trabalhar os toacutepicos
da aula(relato UT-2) e [Sinto] dificuldade em abandonar o apoio concreto do livro[UT-3] - para
o aspecto da mudanccedila de referecircncia - e Nos dias em que usamos o computador fiquei bastante
tempo sentado posiccedilatildeo que natildeo eacute nada usual para mim pois prefiro caminhar e circular entre as
carteiras[UT-4] - para o aspecto da ocupaccedilatildeo do espaccedilo
Cabe observar que as aulas ocorreram em dois ambientes um laboratoacuterio de informaacutetica e uma
sala de aula com um computador No laboratoacuterio havia um projetor e uma seacuterie de computadores
de mesa fixos em bancadas paralelas sendo um deles disponiacutevel - agrave frente - para o professor
Na sala de aula por sua vez havia um projetor e um computador de mesa para o professor
- aleacutem da rede sem fio disponibilizada pela faculdade Compreendemos que naturalmente a
escolha de outras tecnologias - tais como notebooks netbooks tablets ou ateacute mesmo smartphones
- para uso do professor nesse caso poderia ter contribuiacutedo para uma melhor adaptaccedilatildeo entre
tecnologias e preferecircncias desse profissional no que se refere agrave ocupaccedilatildeo do espaccedilo da sala de
aula Conhecer novas tecnologias parece ser um dos caminhos para que em sua formaccedilatildeo inicial
ou continuada o docente de liacutenguas tenha agrave sua disposiccedilatildeo um leque maior de possibilidades e
para que aperfeiccediloe sua habilidade de escolha desses artefatos em sua praacutetica Isso de fato pode
contribuir para a resoluccedilatildeo do Problema de Ensino que destacamos nesta subseccedilatildeo - a saber
146
Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial
Quadro 711 Relatos-utilizaccedilatildeo dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias quepodem ser utilizados para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em
sala de aula presencial
UT-1 A minha dificuldade pessoal em relaccedilatildeo ao meio virtual parece natildeo ter afetado oandamento das aulas e do programa pois [se] trata de uma ansiedade particularde adaptaccedilatildeo agraves novas tecnologias [Professor-informante - D8]
UT-2 Nesse dia eu me senti ainda um pouco confuso e me confundi um pouco aotrabalhar os toacutepicos da aula Num determinado momento pedi ao [pesquisador]que escrevesse as perguntas na lousa mas ele logo me alertou que natildeo serianecessaacuterio pois estava tudo no site e visiacutevel aos alunos De qualquer formaa intervenccedilatildeo do [pesquisador] foi fundamental para que eu me orientasse naatividade [Professor-informante - D2]
UT-3 [Sinto] dificuldade em abandonar o apoio ldquoconcretordquo do livro apesar de entendera ldquoconcretuderdquo da rede [Professor-informante - D8]
UT-4 Aleacutem do computador usei a lousa (acho importante utilizaacute-la a fim de quebrar oritmo e fazecirc-los prestar atenccedilatildeo num outro meio) que me auxiliou no momentode trabalhar com as ideias que vinham deles Nos dias em que usamos ocomputador fiquei bastante tempo sentado posiccedilatildeo que natildeo eacute nada usual paramim pois prefiro caminhar e circular entre as carteiras Acho que tambeacutem porisso usei a lousa a fim de me deslocar de um lugar a outro [Professor-informante- D2]
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Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial
a dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizados para organizar
Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula presencial - no que se refere a
ambos os aspectos identificados ou seja tanto a ansiedade quanto a orientaccedilatildeo do professor
sendo essa ainda desdobrada em dificuldade relativa agrave mudanccedila de referecircncia do livro didaacutetico
para o computador e agrave ocupaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico da sala de aula pelo docente
Compreendemos enfim que o trabalho relativo agrave questatildeo da ansiedade relatada pelo professor-
informante - tambeacutem em contexto de formaccedilatildeo inicial ou continuada - pode passar pelo autoconheci-
mento - com o objetivo de compreender o motivo desse sentimento - e pela ampliaccedilatildeo do contato
com as novas tecnologias de modo que se tornem parte da sua praacutetica e do seu cotidiano tal qual o
livro didaacutetico impresso Ademais entendemos que essas accedilotildees podem tambeacutem contribuir para que
o professor consiga se sentir confortaacutevel ao utilizar novos sistemas de referecircncias que podem surgir
com a utilizaccedilatildeo das novas tecnologias em sala de aula presencial
722 Crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala
de aula presencial poderaacute ser mal vista pelos discentes
A crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala de aula presencial poderaacute ser mal
vista pelos alunos e alunas se destaca no relato UT-5 (QUAD 712) De fato percebemos por meio
do relato que o professor-informante declara ter levado uma grande quantidade de material didaacutetico
impresso em sua bolsa para a sala de aula mesmo tendo percebido que seria desnecessaacuterio
jaacute que todo o material da aula estava em meio virtual e todo o hardware que seria utilizado para
acessaacute-lo estava instalado na sala de aula Fator chave para essa decisatildeo conforme relata o
professor-informante consiste em sua crenccedila de que a ausecircncia desses artefatos poderia ser
avaliada negativamente Ele natildeo se permitiu fazecirc-lo pois acreditou que seria demais(relato UT-5) ir
para a sala de aula carregando apenas uma bolsa com os seus pertences
Conforme mencionamos na seccedilatildeo 71 consideramos que Problemas de Ensino baseados em
crenccedilas podem ser abordados principalmente por meio do exerciacutecio de reflexatildeo e de ampliaccedilatildeo
do contato com os elementos envolvidos na construccedilatildeo da crenccedila Percebemos nesse caso que
confrontar a questatildeo com os alunos em sala de aula pode ser uma via de soluccedilatildeo - sendo que esse
confronto pode se desdobrar tanto em uma reflexatildeo dirigida com os alunos no sentido de trazer
a questatildeo agrave tona e motivar a percepccedilatildeo de que o material para a aula estaacute acessiacutevel quanto na
eventual dissoluccedilatildeo da crenccedila motivada pelo acesso agrave verdadeira percepccedilatildeo dos alunos sobre a
questatildeo Nesse caso de fato ao saber que os alunos natildeo veem com maus olhos a questatildeo da
escassez de materiais impressos em sala de aula a crenccedila poderaacute ser diluiacuteda
723 Dificuldade em compreender o funcionamento do software utili-
zado em sala de aula
Percebemos a dificuldade em compreender o funcionamento do software utilizado em sala de
aula por meio dos relatos de UT-6 a UT-8 (QUAD 713) Nesses relatos de fato o professor-
informante declara ter sentido dificuldade em compreender o funcionamento dos programas utilizados
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Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial
Quadro 712 Relatos-utilizaccedilatildeo crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impressona sala de aula presencial poderaacute ser mal vista pelos discentes
UT-5 Hoje acordei olhei para a bolsa com o material para a aula () e pensei puxanatildeo precisaria nem levar essa bolsa pesada comigo O material estaacute todo laacute (nocomputador) Mas aiacute achei demais chegar soacute com minha bolsa pessoal semmaterial pesado livros e folhas () Levei a bolsa com quase todo o peso masa uacutenica coisa que usei foi a lista de presenccedila [Professor-informante - D2]
Quadro 713 Relatos-utilizaccedilatildeo dificuldade em compreender o funcionamento do softwareutilizado em sala de aula
UT-6 [sinto] falta de praacutetica (pouca familiaridade) com a tecnologia agrave disposiccedilatildeo (deminha parte principalmente) [Professor-informante - D8]
UT-7 ( ) acabei de olhar o blog e amanhatilde gostaria que me explicasse algumasquestotildees teacutecnicas [dirigindo-se ao pesquisador] pois sou muito ignorante noassunto [] seria uma espeacutecie de Moodle mais ou menos isso natildeo [referindo-se ao blog Wordpress utilizado para organizar o material didaacutetico nas aulas]Achei muito interessante e estou gostando da ideia da mudanccedila mesmo[Professor-informante - D1]
UT-8 ( ) natildeo consegui usar o [Ambiente Virtual de Aprendizagem] como gostaria[tive] dificuldade em alimentar o site com exerciacutecios propostas motivadorasavisos aos alunos (continuei a usar o e-mail para os avisos tradicionais e paraenvio de material extra) [Professor-informante - D8]
em suas aulas ou seja o sistema de blog Wordpress 54 e o Ambiente Virtual de Aprendizagem
disponibilizado pela universidade em que leciona - baseado no sistema MOODLE 55 Essa dificuldade
pode ser percebida pelos excertos [sinto] falta de praacutetica (pouca familiaridade) com a tecnologia
agrave disposiccedilatildeo(relato UT-6) acabei de olhar o blog e amanhatilde gostaria que me explicasse algumas
questotildees teacutecnicas [dirigindo-se ao pesquisador] pois sou muito ignorante no assunto(relato UT-7)
e natildeo consegui usar o [Ambiente Virtual de Aprendizagem] como gostaria[relato UT-8]
Notamos que frente agrave dificuldade de compreender o funcionamento dos programas utilizados
em suas aulas o professor-informante optou pela utilizaccedilatildeo de recursos digitais cujo funcionamento
lhe era familiar Nesse caso referimos-nos ao e-mail conforme relato do professor-informante
continuei a usar o e-mail para os avisos tradicionais e para envio de material extra(relato UT-8)
Compreendemos que aleacutem da opccedilatildeo de lanccedilar matildeo de recursos digitais familiares o estudo do
funcionamento dos novos programas e sistemas com os quais o professor pode se deparar em
54httpwwwwordpressorgbr55httpwwwmoodleorg
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Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial
sua praacutetica consiste em uma possiacutevel estrateacutegia perante esse Problema de Ensino - a saber a
dificuldade de compreender o funcionamento do software utilizado em sala de aula
Vale ressaltar enfim que nem sempre o professor poderaacute escolher todos os recursos digitais com
os quais pretende trabalhar Eacute possiacutevel como no caso aqui apresentado que esse profissional tenha
a sua disposiccedilatildeo um sistema - como por exemplo um Ambiente Virtual de Aprendizagem - utilizado
pela instituiccedilatildeo em que trabalha e que por motivos diversos tenha que utilizaacute-lo Naturalmente esse
debate aponta para o desenvolvimento de competecircncias relativas ao uso de novas tecnologias ou
seja conforme Romero (2008) - descrito no QUAD 62 - para as competecircncias tecnoloacutegicas as
quais como explicam Garcia et al (2011 p 83) referem-se ao domiacutenio de ferramentas de criaccedilatildeo
e aplicaccedilotildees com uso da internet(GARCIA et al 2011 p 83)
724 Preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software
que abrigam e fornecem acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas
A preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software que abrigam e fornecem acesso
agraves Sequecircncias Didaacuteticas pode ser identificada nos relatos de UT-9 a UT-11 descritos no QUAD
714 Percebemos que tal preocupaccedilatildeo - nesse caso - estaacute diretamente relacionada com o fato
de que um eventual mal funcionamento desses artefatos pode atrasar ou ateacute mesmo inviabilizar a
aula Consideramos que a preocupaccedilatildeo com um provaacutevel atraso da aula pode ser vista por meio
da anaacutelise dos relatos UT-10 e UT-11 na iacutentegra A preocupaccedilatildeo com uma eventual inviabilizaccedilatildeo
dessa atividade por sua vez pode ser deflagrada pelo excerto a uacutenica preocupaccedilatildeo que tenho eacute o
som(relato UT-9) o qual se insere - nesse relato - no contexto do planejamento de uma possiacutevel
atividade de compreensatildeo oral
Notamos que frente agrave essa preocupaccedilatildeo o professor-informante cogitou a ideia de um plano
B ou seja uma atividade alternativa a ser feita no caso de natildeo funcionamento do hardware Essa
estrateacutegia pode ser vista no relato UT-9 quando ele diz talvez um plano B referindo-se a esse
plano alternativo em caso de mal funcionamento do som Consideramos que essa situaccedilatildeo aponta
para o fato de que naturalmente o uso de novas tecnologias - quaisquer que sejam - em sala de
aula poderaacute motivar novas demandas novos olhares por parte do professor e novas estrateacutegias
relacionadas agraves tarefas de planejamento e de execuccedilatildeo de seus cursos e aulas - o que aponta
outrossim para o desenvolvimento contiacutenuo de novas habilidades e competecircncias
150
Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial
Quadro 714 Relatos-utilizaccedilatildeo preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e dosoftware que abrigam e fornecem acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas
UT-9 Oacutetima a atividade para segunda Para o dia 1o eu tinha pensado num ripassopara a prova mas estou pensando ( ) se natildeo seria melhor fazer a prova deascolto Estaremos na sala [dos computadores] se natildeo me engano talvez umviacutedeo com o tema viagem ou supermercado a uacutenica preocupaccedilatildeo que tenho eacuteo som talvez um plano B [Professor-informante - D5]
UT-10 [percebo uma] dificuldade teacutecnica demora em ligar os computadores conse-quentemente demora em iniciar a aula rede lenta [Professor-informante -D8]
UT-11 Devido a uma questatildeo teacutecnica o trabalho acessando o site com materialdidaacutetico proposto ( ) atrasou um pouco mas natildeo prejudicou o andamento daaula [Professor-informante - D2]
151
Capiacutetulo 8
Conclusotildees
Nossa pesquisa teve como objetivo explorar as implicaccedilotildees relacionadas agrave utilizaccedilatildeo de material
didaacutetico de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano LEL2
sendo essas implicaccedilotildees especificadas e tratadas em forma de Problemas de Ensino (ORTALE
2010 p 425) e sendo o termo utilizaccedilatildeo desdobrado em dois aspectos o aspecto da utilizaccedilatildeo - em
sala de aula presencial - e o aspecto da produccedilatildeo Aleacutem disso tivemos como meta - em sintonia
com a metodologia de formaccedilatildeo de professores de italiano proposta pela Profa Dra Fernanda
Landucci Ortale no acircmbito da disciplina Atividades de Estaacutegio discutida no capiacutetulo 5 desta tese
- observar e discutir possiacuteveis caminhos ou estrateacutegias de resoluccedilatildeo dos problemas identificados
Nossa investigaccedilatildeo foi motivada e orientada tambeacutem pela hipoacutetese de que a utilizaccedilatildeo de materiais
didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de liacutengua italiana
como LEL2 deflagra uma seacuterie de implicaccedilotildees observaacuteveis e especiacuteficas ndash as quais podem ser
definidas em termos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) ndash dada a sua natureza
peculiar ou seja livre Buscamos em nossas conclusotildees contemplar essas metas e questotildees
de pesquisa Para tanto destacamos 4 dimensotildees discutidas nas seccedilotildees de 81 a 84 Satildeo elas
as caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino identificados nesta pesquisa (seccedilatildeo 81) as
possiacuteveis estrateacutegias ou caminhos de resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino identificados (seccedilatildeo 82)
a hipoacutetese de pesquisa (seccedilatildeo 83) e finalmente a metodologia e os possiacuteveis desdobramentos
futuros de nossa investigaccedilatildeo (seccedilatildeo 84)
81 Das caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino
identificados nesta pesquisa
Encontramos em nossa investigaccedilatildeo um total de 11 (onze) Problemas de Ensino - 7 (sete) relacio-
nados ao aspecto da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre e 4 (quatro) relativos ao aspecto da
utilizaccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico em sala de aula presencial de ensino-aprendizagem de
italiano como LEL2 Satildeo eles de 1 a 7 relacionados ao primeiro aspecto e de 8 a 11 ao segundo
conforme tambeacutem indicamos na tabela 71
PE-1 Dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas flexiacuteveis
152
Das caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino identificados nesta pesquisa
PE-2 Inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres no material didaacutetico
PE-3 Crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre necessariamente
aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente
PE-4 Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o
software livre pode apresentar
PE-5 Dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas
PE-6 Dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de sequecircncias didaacuteticas digitais
PE-7 Dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware
PE-8 Dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizados para organizar
as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula presencial
PE-9 Crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala de aula presencial poderaacute
ser mal vista pelos discentes
PE-10 Dificuldade em compreender o funcionamento do software utilizado em sala de aula
PE-11 Preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software que abrigam e fornecem
acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas
Notamos por meio de nossa anaacutelise a proeminecircncia de dois fatores as crenccedilas a respeito de
materiais didaacuteticos de natureza virtual livre e a demanda pelo desenvolvimento de competecircncias
relacionadas aos aspectos virtual e livre desse tipo de material didaacutetico Com efeito 3 (trecircs) dos
Problemas de Ensino se relacionam estritamente agraves crenccedilas e 4 (quatro) agraves demandas ligadas ao
desenvolvimento de competecircncias digitais por parte do professor
Destacamos para o primeiro aspecto a crenccedila de que insumos livres satildeo intrinsecamente de
maacute qualidade o que pode gerar um sentimento de inseguranccedila relativo agrave utilizaccedilatildeo de materiais
de natureza livre (PE-1) a crenccedila de que o trabalho com material didaacutetico de natureza virtual livre
deveraacute ser produzido do zero a cada novo contexto de ensino e aprendizagem o que pode embasar
por sua vez a crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos dessa natureza necessariamente
aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente (PE-2) - tornando nesse caso tal utilizaccedilatildeo inviaacutevel
perante a condiccedilatildeo de proletarizaccedilatildeo do professor e a crenccedila de que a escassez de material didaacutetico
impresso na sala de aula presencial poderaacute ser vista de forma negativa pelos alunos (PE-9) jaacute
que eles poderiam associar a qualidade da aula agrave quantidade de material impresso presente nesse
ambiente
No que se refere ao segundo aspecto - a saber a demanda pelo desenvolvimento de compe-
tecircncias especiacuteficas - ressaltamos a falta ou a maacute localizaccedilatildeo das indicaccedilotildees sobre a licenccedila de
uso dos insumos e a incompreensatildeo dessas licenccedilas por parte do professor-autor quando estatildeo
claramente indicadas as quais englobamos agrave dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas (PE-5)
e associamos agraves seguintes competecircncias requeridas para o docente da era digital saber aplicar
os direitos de propriedade intelectual e as licenccedilas de uso(ESPANHA 2013 p 13) conectar-se
153
Das caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino identificados nesta pesquisa
e colaborar por meio de ferramentas digitais(ESPANHA 2013 p 13) e interagir e participar de
comunidades e redes(ESPANHA 2013 p 13) - sendo as duas ultimas ligadas a accedilotildees de apoio
muacutetuo com o intuito de aprender sobre a codificaccedilatildeo de licenccedilas flexiacuteveis ou o estabelecimento
de licenccedilas pouco claras eventualmente encontradas em insumos a dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo
de insumos e Sequecircncias Didaacuteticas digitais (PE-6) - tanto relacionada agrave falta de conhecimento do
professor a esse respeito quanto a problemas com o hardware ou o software com que trabalha
a dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware (PE-7) que tambeacutem pode se referir tanto a falta
de conhecimento do professor no sentido de natildeo conseguir configurar o software ou o hardware
de modo adequado quanto a falhas deses artefatos e enfim a dificuldade em compreender o
funcionamento do software utilizado em sala de aula (PE-10) a qual pode tambeacutem ser associada agrave
falta de conhecimento do professor a respeito dessa utilizaccedilatildeo
Compreendemos que esses trecircs uacuteltimos Problemas de Ensino (PE-5 PE-6 e PE-7) estatildeo
relacionados ao domiacutenio de ferramentas de criaccedilatildeo e aplicaccedilotildees com uso da internet conforme
Romero (2008 apud GARCIA et al 2011 p 83) e que ademais as dificuldades de ediccedilatildeo
de insumos e de Sequecircncias Didaacuteticas digitais (PE-6) e de utilizaccedilatildeo de hardware (PE-7) estatildeo
tambeacutem associadas a saber resolver problemas teacutecnicos de acordo com Espanha (2013 p 13)
Compreendemos esse saber como uma noccedilatildeo que pode transitar entre saber resolver por conta
proacutepria e saber encontrar ajuda e recursos para soluccedilatildeo
Quanto aos demais Problemas de Ensino - a saber PE-1 PE-4 PE-8 e PE-11 - percebemos
em linha de siacutentese que a dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas
flexiacuteveis (PE-1) refere-se agrave tarefa de selecionar insumos que correspondam a uma determinada
finalidade - estabelecida para a Sequecircncia Didaacutetica em elaboraccedilatildeo - e que ao mesmo tempo
possuam licenccedilas flexiacuteveis ou ainda determinada configuraccedilatildeo de licenccedila flexiacutevel a dificuldade
em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o software livre pode
apresentar (PE-4) estaacute relacionada agrave percepccedilatildeo e agrave atitude do professor-autor perante o uso de
software dessa natureza em sua praacutetica Essa constataccedilatildeo nos motivou a propor o estabelecimento
de dois perfis antagocircnicos de professores-usuaacuterios de software livre - a saber o usuaacuterio estaacutetico e o
usuaacuterio proativo ou livre Em linhas gerais enquanto esse percebe o software livre como tal - alme-
jando niacuteveis profundos de personalizaccedilatildeo e de apropriaccedilatildeo considerando sempre a possibilidade
de alcanccedilar tais niacuteveis aquele o vecirc por meio de uma perspectiva proprietaacuteria satisfazendo-se em
usar apenas o que o software oferece contentando-se com niacuteveis superficiais ou controlados de
personalizaccedilatildeo e apropriaccedilatildeo a dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem
ser utilizados para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula
presencial (PE-8) estaacute relacionada agrave ansiedade do professor - perante o uso de novas tecnologias
- e a sua orientaccedilatildeo em sala de aula sendo que essa diz respeito agrave mudanccedila de referecircncia do
livro didaacutetico impresso para o computador (de mesa) e agrave ocupaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico da sala de
aula enquanto leciona a preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware (PE-11) enfim estaacute
diretamente relacionada agrave preocupaccedilatildeo com eventuais atrasos - ou ateacute mesmo com a inviabilizaccedilatildeo
- das aulas
154
Das possiacuteveis estrateacutegias ou caminhos de resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino identificados nestapesquisa
82 Das possiacuteveis estrateacutegias ou caminhos de resoluccedilatildeo
dos Problemas de Ensino identificados nesta pesquisa
Destacamos a respeito das estrateacutegias de resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino identificados em
nossa pesquisa e dos possiacuteveis caminhos de formaccedilatildeo docente a eles relacionados - ou seja agraves
implicaccedilotildees para a formaccedilatildeo de professores de idiomas em especial de liacutengua italiana inicial ou
continuada - que em linhas gerais um dos possiacuteveis caminhos de formaccedilatildeo relacionados aos
Problemas de Ensino baseados em crenccedilas - a saber PE-2 PE-3 e PE-9 - passa do nosso ponto
de vista pelo exerciacutecio de reflexatildeo e pela ampliaccedilatildeo do contato com o(s) objeto(s) envolvido(s)
na construccedilatildeo da crenccedila Tomamos como exemplo as crenccedilas de que insumos de natureza livre
possuem maacute qualidade intriacutenseca (associada ao PE-2) e de que a escassez de material didaacutetico
impresso em sala de aula presencial poderaacute ser mal vista pelos alunos (PE-9) Com efeito as
tentativas de resoluccedilatildeo desses problemas podem girar em torno respectivamente da reflexatildeo
sobre os conceitos de qualidade induacutestria cultural e ateacute mesmo da proacutepria ideia de crenccedila e
do levantamento das opiniotildees dos alunos sobre a presenccedila ou ausecircncia de materiais didaacuteticos
impressos em sala de aula Vale ressaltar que essa questatildeo aponta para o universo das crenccedilas
sobre materiais didaacuteticos de ensino de liacutenguas especialmente sobre os materiais didaacuteticos de
natureza virtual livre
Em adiccedilatildeo percebemos que os Problemas de Ensino relacionados a crenccedilas podem tambeacutem
apontar para estrateacutegias de resoluccedilatildeo adicionais como por exemplo a utilizaccedilatildeo de insumos que
faccedilam referecircncia a produtos culturais do universo fechado tal qual relatado em nossa pesquisa
frente ao problema PE-2 ou seja a inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos
livres no material didaacutetico
O trabalho com Problemas de Ensino que envolvem a mobilizaccedilatildeo de competecircncias especiacuteficas
(PE-5 PE-6 PE-7 e PE-10) pode consistir por sua vez na identificaccedilatildeo das competecircncias requeridas
a cada caso e naturalmente no desenvolvimento dessas competecircncias pelo professor tanto em
formaccedilatildeo inicial quanto em formaccedilatildeo continuada Percebemos que em adiccedilatildeo a essa concepccedilatildeo
geral alguns problemas de ensino que envolvem a mobilizaccedilatildeo de competecircncias especiacuteficas - tais
quais dominar ferramentas de criaccedilatildeo e aplicaccedilotildees com uso da internet(ROMERO 2008 apud
GARCIA et al 2011 p 83) e saber resolver problemas teacutecnicos(ESPANHA 2013 p 13) - podem
tambeacutem apontar para estrateacutegias de resoluccedilatildeo adicionais as quais naturalmente podem sugerir
caminhos de formaccedilatildeo docente Destacamos por exemplo os Problemas de Ensino PE-5 e PE-10
De fato podem figurar como estrateacutegias de soluccedilatildeo para a dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das
licenccedilas (PE-5) o aprofundamento das buscas de insumos com o intuito de descobrir ou estabelecer
uma licenccedila pouco clara referente a um determinado insumo a melhoria da compreensatildeo do
sistema de licenciamento adotado pelo autor do insumo e a busca de auxiacutelio junto a colegas ou agrave
comunidade Podem figurar outrossim como possiacuteveis estrateacutegias para a soluccedilatildeo da dificuldade em
compreender o funcionamento do software utilizado em sala de aula (PE-10) a opccedilatildeo por tecnologias
com as quais o professor tenha mais familiaridade
Percebemos que os demais problemas de Ensino de nossa lista - a saber PE-1 PE-4 PE-8 e
PE-11 - tambeacutem apresentaram uma seacuterie de estrateacutegias que podem ser associadas agrave sua resoluccedilatildeo
155
Da hipoacutetese de pesquisa
e a possiacuteveis direcionamentos para o trabalho de formaccedilatildeo docente Consideramos oportuno
destaca-los Dessa forma a dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas
flexiacuteveis (PE-1) pode ser associada agraves seguintes estrateacutegias melhorar a busca - no sentido de
intensificaacute-la e de refinaacute-la com o auxiacutelio de motores de busca especializados produzir os proacuteprios
insumos e fazer mudanccedilas na Sequecircncia Didaacutetica de modo a adaptaacute-la aos insumos encontrados
conforme relatado pelos professores-informantes de nossa pesquisa A dificuldade em lidar com
a natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar
(PE-4) aponta de acordo com nossa concepccedilatildeo para a intensificaccedilatildeo do exerciacutecio de reflexatildeo
sobre a essecircncia do software livre para a participaccedilatildeo em projetos de criaccedilatildeo e desenvolvimento
desse tipo de artefato com o intuito de conhecer melhor a sua dinacircmica de desenvolvimento
e as suas possibilidades de personalizaccedilatildeo e para a aquisiccedilatildeo de noccedilotildees de programaccedilatildeo A
dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizados para organizar as
Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula presencial (PE-8) pode ser por
sua vez associada agraves seguintes estrateacutegias utilizaccedilatildeo de tecnologias sintonizadas com a praacutetica do
professor ampliaccedilatildeo do uso de novas tecnologias em sala de aula com o intuito de torna-las invisiacuteveis
tal qual tecnologias tradicionais como o livro didaacutetico impresso e reflexatildeo sobre sentimentos - como
ansiedade - que podem causar problemas relativos agrave utilizaccedilatildeo de novas tecnologias A preocupaccedilatildeo
com o funcionamento do hardware (PE-11) enfim pode ser associada agrave elaboraccedilatildeo de atividades
alternativas a serem realizadas em caso de mal funcionamento do hardware conforme vimos nos
relatos apresentados nesta pesquisa
83 Da hipoacutetese de pesquisa
Em resposta agrave nossa hipoacutetese de pesquisa - anunciada no capiacutetulo introdutoacuterio desta tese e
retomada na abertura do presente capiacutetulo - a saber a hipoacutetese de que a utilizaccedilatildeo de materiais
didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de liacutengua italiana
como LEL2 deflagra uma seacuterie de implicaccedilotildees observaacuteveis e especiacuteficas as quais podem ser
definidas em termos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) dada a sua natureza peculiar
ou seja livre - notamos que apesar de se tratar de um tipo de material didaacutetico que de fato carrega
especificidades os Problemas de Ensino a ele relacionados natildeo parecem ser especiacuteficos jaacute que
podem girar em torno tambeacutem de materiais didaacuteticos de outras naturezas - tal qual materiais
didaacuteticos fechados ou frutos da Economia Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42) Preferimos considerar
esses Problemas de Ensino como caracteriacutesticos dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre de
modo a rarear o aspecto de exclusividade que o termo especiacutefico pode denotar Vale mencionar que
em nossa pesquisa os Problemas de Ensino figuram como implicaccedilotildees observaacuteveis
Dessa forma notamos que crenccedilas - as quais conforme vimos destacam-se entre os Problemas
de Ensino que elencamos nesta pesquisa - podem de fato referir-se a materiais didaacuteticos (ou
artefatos ou construtos) de outras naturezas (natildeo livre) - ainda que tenhamos constatado a existecircncia
de crenccedilas que apontem para caracteriacutesticas desse tipo de material didaacutetico em um determinado
contexto sociocultural Citamos por exemplo a presenccedila de insumos produzidos e publicados em
um modelo de produccedilatildeo livre os quais podem ser considerados portadores de uma maacute qualidade
156
Da metodologia e dos possiacuteveis desdobramentos futuros desta pesquisa
intriacutenseca (PE-2) ou sua existecircncia em formato digital que por sua vez pode acarretar na escassez
de material didaacutetico impresso em sala de aula presencial e na subsequente avaliaccedilatildeo negativa dessa
situaccedilatildeo por parte dos alunos (PE-9) Com efeito essas crenccedilas podem se referir a outros tipos de
materiais didaacuteticos em outros contextos socioculturais
Raciociacutenio igual pode ser aplicado aos demais Problemas de Ensino levantados em nossa
pesquisa Desse modo percebemos que os problemas PE-6 PE-7 PE-8 PE-10 e PE-11 podem
ocorrer tanto em materiais didaacuteticos de natureza livre quanto fechados desde que sejam virtuais
Com efeito estatildeo todos relacionados ao uso de software ou hardware Em adiccedilatildeo notamos que
a dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas flexiacuteveis (PE-1) pode
corresponder agrave dificuldade anaacuteloga vivenciada em contextos de produccedilatildeo de materiais didaacuteticos
fechados Natildeo seraacute difiacutecil por exemplo constatar a dificuldade em encontrar insumos que sejam
adequados ao projeto pedagoacutegico de uma determinada Sequecircncia Didaacutetica (fechada) e que con-
comitantemente natildeo carreguem impedimentos de uso - tais como preccedilo muito alto ou falta de
anuecircncia dos respectivos autores ou detentores dos seus direitos A dificuldade em lidar com a
natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar (PE-4)
ainda que seja estritamente relacionada ao universo dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre
pode ser enfrentado tambeacutem em contextos de utilizaccedilatildeo de materiais de outras naturezas desde
que se utilize software livre A dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas (PE-5) enfim apesar
de apontar para uma atividade caracteriacutestica do trabalho com materiais livres pode ser enfrentada
durante a produccedilatildeo de materiais de natureza fechada Esse tipo de produccedilatildeo de fato poderaacute incluir
o uso de insumos livres ou ateacute mesmo a sua exclusatildeo deliberada Isso significa que a compreensatildeo
de licenccedilas e coleccedilotildees de licenccedilas flexiacuteveis figura como competecircncia requerida tanto para autores
de materiais didaacuteticos livres quanto de materiais didaacuteticos fechados Compreendemos que essa
competecircncia estaacute relacionada agraves demandas de adaptaccedilatildeo das leis de direitos autorais agraves praacuteticas
de produccedilatildeo e circulaccedilatildeo de bens culturais estabelecidas com a chegada de novas tecnologias
Essas adaptaccedilotildees e praacuteticas de produccedilatildeo e circulaccedilatildeo podem afetar a praacutetica de todos os docentes
independentemente do perfil Conforme jaacute mencionado neste capiacutetulo ratifica nossa argumentaccedilatildeo
a percepccedilatildeo de Espanha (2013 p 13) quando considera importante que o docente da era digital
saiba aplicar os direitos de propriedade intelectual e as licenccedilas de uso(ESPANHA 2013 p 13)
Entendemos que Espanha (2013 p 13) se refere a todos os docentes que atuam ou vatildeo atuar na
era digital
84 Da metodologia e dos possiacuteveis desdobramentos fu-
turos desta pesquisa
Concluiacutemos que a metodologia que empregamos em nossa pesquisa - fundamentada em uma pers-
pectiva qualitativa de vieacutes construtivista e interpretativista - mostrou-se adequada para a investigaccedilatildeo
dos Problemas de Ensino dada a sua natureza personaliacutestica Consideramos tambeacutem adequados os
contextos e os instrumentos de coletas de dados que adotamos em nossa investigaccedilatildeo Com efeito
conseguimos perceber os Problemas de Ensino relativos agrave utilizaccedilatildeo e agrave produccedilatildeo de materiais
157
Da metodologia e dos possiacuteveis desdobramentos futuros desta pesquisa
didaacuteticos de natureza virtual livre respectivamente por meio dos contextos escolhidos - ou seja
duas disciplinas de liacutengua italiana e duas ediccedilotildees de um curso de formaccedilatildeo de professores em
serviccedilo e em preacute-serviccedilo dessa liacutengua Os instrumentos de levantamento de dados - a saber 1)
gravaccedilotildees em viacutedeo e aacuteudio respostas a questionaacuterio aberto e notas de campo para o contexto
de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre e 2) notas de campo e-mails entre o pesquisador e
o informante diaacuterio de aula e respostas a questionaacuterio para o contexto de utilizaccedilatildeo de Material
Didaacutetico Virtual Livre - por sua vez foram eficientes na medida em que por meio deles conseguimos
recolher os Relatos de Problemas de Ensino a partir dos quais identificamos os Problemas de
Ensino Cabe observar enfim que consideramos especialmente produtivos os diaacutelogos abertos em
grupo que tivemos com os professores-participantes das duas ediccedilotildees dos cursos de formaccedilatildeo
imediatamente apoacutes as aulas - ou seja imediatamente apoacutes a experiecircncia de produccedilatildeo - sobre os
Problemas de Ensino enfrentados durante a atividade de produccedilatildeo de material didaacutetico Percebemos
que nessas seccedilotildees destacaram-se dois aspectos a quantidade e a qualidade das impressotildees dos
informantes sobre as suas experiecircncias de produccedilatildeo incluindo os Relatos de Problemas de Ensino
Compreendemos que o aumento da qualidade estaacute relacionada agrave manifestaccedilatildeo de Relatos de
Problemas de Ensino mais profundos e mais variados - ou seja que apontam para uma diversidade
maior de temas correlacionados Consideramos que poderiacuteamos ter explorado mais essas seccedilotildees
de diaacutelogo em nossa pesquisa Pretendemos fazecirc-lo em eventuais investigaccedilotildees futuras sobre
Problemas de Ensino
Percebemos enfim que nossa pesquisa pode apontar para almenos 3 (trecircs) possiacuteveis desdo-
bramentos O primeiro estaacute relacionado agrave proeminecircncia de Problemas de Ensino ligados a crenccedilas
percebida em nossas anaacutelises Dado esse fato consideramos pertinente nos questionar sobre a
possibilidade da existecircncia e da natureza de outras crenccedilas sobre materiais didaacuteticos de natureza
virtual livre O segundo por sua vez consiste na promoccedilatildeo de novas investigaccedilotildees sobre Problemas
de Ensino sendo dessa vez em contextos de ensino e aprendizagem de liacutengua italiana em que
materiais didaacuteticos de natureza virtual livre sejam - ou tenham sido - adotados pelo docente em
sua praacutetica diaacuteria por iniciativa proacutepria ou seja em situaccedilotildees de uso mais autecircnticas O terceiro
desdobramento enfim consiste na elaboraccedilatildeo de repertoacuterios de Problemas de Ensino relacionados
ao uso de material didaacutetico de natureza virtual livre bem como das respectivas propostas e possibili-
dades de soluccedilatildeo Esse desdobramento pode entre outros fatores reunir dados que poderatildeo ser
uacuteteis em processos de formaccedilatildeo de professores de idiomas tanto para o formador quanto para os
docentes-participantes em formaccedilatildeo especialmente quando adotadas metodologias baseadas na
Resoluccedilatildeo de Problemas de Ensino tal qual vimos em Ortale (2010 p 425)
158
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Apecircndice A - Carta de consentimento
TERMO DE CONSENTIMENTO COLETA E PUBLICACcedilAtildeO DE DADOS PARA
PESQUISA
Eu xxxxx portador do CPF n xxxxx autorizo o senhor Rocircmulo Francisco de Souza
ndash doutorando junto ao programa de poacutes-graduaccedilatildeo em Liacutengua Literatura e Cultura
Italianas da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo
Paulo ndash a publicar em qualquer meio de divulgaccedilatildeo e em qualquer eacutepoca os dados por
mim fornecidos por meio de questionaacuterio gravaccedilatildeo de voz eou viacutedeo e observaccedilatildeo
de sala de aula em contexto de pesquisa de doutorado no periacuteodo de xx a xx de xxxx
de xxxxx durante o curso de extensatildeo ldquoProduccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre
e Aplicaccedilotildees para o Ensino de Italiano LEL2rdquo oferecido junto agrave Universidade xxxxx
DESDE QUE O MEU NOME MINHA IMAGEM E MINHA VOZ OU QUALQUER OUTRO
DADO PESSOAL MEU SEJAM OMITIDOS
Data xx xx xx
Assinatura xxxxx
Pesquisador ndash Prof Msc Rocircmulo Francisco de Souza
Orientadora ndash Profa Dra Paola Giustina Baccin (USP)
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Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas
Exemplos de Sequecircncias Didaacuteticas produzidas pelos professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo nos
cursos de formaccedilatildeo (Il corpo Umano e Pasta a Boscaiola) e pelo pesquisador em conjunto com o
professor-informante (Viaggio che senso ha per te questa parola e Un Viaggio in Bici) Cada uma
das imagens apresenta uma atividade ou um conjunto de atividades que compotildeem as sequecircncias
Os planos de aula referentes agraves Sequecircncias Didaacuteticas satildeo de autoria dos professores-participantes
autores das sequecircncias Todas as atividades produzidas durante as duas ediccedilotildees do curso de
formaccedilatildeo se encontram em versatildeo HTML no DVD que acompanha esta tese ou pelo QRcode abaixo
perfazendo um total de 6 Sequecircncias Didaacuteticas
Acesso ao conteuacutedo do DVDque acompanha esta tese
wwwromulosouzacombrdvdtese
Sequecircncia Didaacutetica Il corpo umano
Plano de aula - Il Corpo Umano
Titulo Il corpo umano
Niacutevel iniciante - adulto
Habilidades desenvolvidas compreensatildeo e produccedilatildeo oral e escrita - sempre com
relaccedilatildeo ao corpo humano
Objetivo geral conhecer o vocabulaacuterio referente ao corpo humano
Tempo previsto aprox 45min
Recursos digitais envolvidos pesquisa em sites da internet (Flickr Google Creative
Commons) Exelearning
Insumos imagens
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Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas
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Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas
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Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas
Sequecircncia Didaacutetica Pasta a Boscaiola
Plano de aula - Pasta a Boscaiola
Titulo Cibo Italiano - Pasta a Boscaiola
Niacutevel baacutesico
Habilidades desenvolvidas compreensatildeo oral vocabulaacuterio especiacutefico da receita
Objetivo geral apresentar por meio de uma receita os verbos no presente do indicativo
e o vocabulaacuterio de comida
Objetivos especiacuteficos o aluno deve ser capaz de
1 Conhecer alguns alimentos tiacutepicos da culinaacuteria italiana
2 Compreender o vocabulaacuterio da receita de forma geral
3 Utilizar alguns verbos no presente do indicativo
4 Produzir uma explicaccedilatildeo oral e escrita da receita
5 Sugerir complementos tiacutepicos brasileiros na receita
6 Comparar as diferenccedilas culturais entre a culinaacuteria italiana e brasileira
7 Identificar os verbos italianos quando conjugados
8 Conhecer o vocabulaacuterio das medidas em italiano
9 Participar de discussotildees em grupos e conseguir expressar suas opiniotildees em
italiano
Tempo previsto 1haula
Recursos digitais envolvidos Photoshop CS3 (editor de imagens) pesquisa em sites
da internet (Flickr Google Creative Commons)
Insumos imagens
Sequecircncia de aula passo a passo
1 Exposiccedilatildeo do tema da aula e questionar os alunos se conhecem a ldquopasta boscai-
olardquo (5 minutos)
2 A professora encenaraacute o preparo da pasta e apresentaraacute os ingredientes que
seratildeo utilizados utilizaremos imagens para ilustrar a receita (10 minutos)
3 Propor aos alunos um exerciacutecio de verifica do vocabulaacuterio que acabaram de
conhecer (5 minutos)
4 Em duplas propor aos alunos a ldquoatividade clozerdquo a fim de utilizar a conjugaccedilatildeo
verbal presente do indicativo de verbos utilizados na culinaacuteria (15 minutos)
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Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas
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Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas
Sequecircncia Didaacutetica Viaggio che senso ha per te questa parola
Plano de aula - Viaggio che senso ha per te questa parola
Titulo Viaggio che senso ha per te questa parola
Niacutevel inicianteintermediario - adulto
Habilidades desenvolvidas compreensatildeo e produccedilatildeo oral
Objetivo geral introduzir o tema viagens conhecer o vocabulaacuterio referente a esse
tema
Tempo previsto aprox 30min
Recursos digitais envolvidos pesquisa em sites da internet (Flickr BlipTV Google)
Wordpress
Insumos viacutedeo
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Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas
Sequecircncia Didaacutetica Un viaggio in bici
Plano de aula - Un Viaggio In Bici
Titulo Un viaggio in bici
Niacutevel iniciante - adulto
Habilidades desenvolvidas compreensatildeo e produccedilatildeo oral e escrita - relacionado ao
tema viagens
Objetivo geral fazer planos para o futuro introduzir o futuro do indicativo e as expres-
sotildees para referir-se ao futuro
Tempo previsto aprox 1haula
Recursos digitais envolvidos pesquisa em sites da internet (Flickr Google blip TV)
Wordpress
Insumos viacutedeo
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Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas
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