Palestra apae 2011

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Família na Construção do

Movimento APAEano

Profº Marco Aurélio C. de Lima

São Luís/MA2011

Latim FAMULUS: conjunto de servos e dependentes de um chefe ou senhor.

A família vem-se transformando através dos tempos, acompanhando as mudanças religiosas, econômicas e sócio-culturais do contexto em que se encontram inseridas. Esta é um espaço sócio-cultural que deve ser continuamente renovado e reconstruído;

A família representa um grupo social primário que influencia e é influenciado por outras pessoas e instituições. É um grupo de pessoas, ou um número de grupos domésticos ligados por descendência a partir de um ancestral comum, matrimônio ou adoção.

O interesse pelo estudo da FAMÍLIA tem crescido em todos os setores do conhecimento. Cada ramo científico irá abordá-la por determinado ângulo:

- Economistas → Consumo doméstico;- Etnólogos → Estruturas de parentesco;- Juristas → Leis relativas à família;- Sociólogos → Funcionamento

contemporâneo;- Psicólogos → Efeitos inter e intrafamiliares;- Demógrafos → Crescimento/queda da

natalidade;- Antropólogos → Sistemas familiares em

diversas culturas.

O conceito de família, ao ser abordado, evoca obrigatoriamente, os conceitos de papéis e funções. Em todas as famílias, independentemente da sociedade, cada membro ocupa determinada posição ou tem determinado estatuto, como por exemplo, marido, mulher, filho ou irmão, sendo orientados por papéis.

As famílias como agregações sociais, ao longo dos tempos, assumem ou renunciam funções de proteção e socialização dos seus membros, como resposta às necessidades da sociedade pertencente.

Nesta perspectiva, as funções da família regem-se por dois objetivos, sendo um de nível interno, como a proteção psicossocial dos membros, e o outro de nível externo, como a acomodação a uma cultura e sua transmissão.

Para o sociólogo francês Frédéric Le Play (1806-1882) a família ocupa o centro das preocupações e, consequentemente, é o vértice do seu "método social".

Para Le Play, todas elas possuem uma característica primordial, inseparável da natureza humana:

“os indivíduos agrupam-se por "unidades sociais",

ou seja, famílias - compostas ao menos de um pai, uma mãe e seus filhos. As formas de família podem apresentar-se bastante diversificadas, com graus diferentes de simplicidade e de complexidade. Todavia, alguns elementos constitutivos são indispensáveis para a garantia da estabilidade e da paz social”.

O padrão fundamental para o desenvolvimento infantil é a sua própria família. Os pais transformam-se nas figuras imprescindíveis para a sua evolução e proporcionam o modelo mais importante para a sua educação.

Os primeiros anos de vida de uma criança decorrem no seio da família, onde as relações possuem uma grande intensidade emocional.

O circuito familiar formado atualmente por poucas pessoas, implica a manutenção de vínculos muitos íntimos. Desta relação nasce a possibilidade dos pais servirem de modelo desde os primeiros meses de vida e esse contato é crucial, uma vez que é nele que se estabelecem o futuro desenvolvimento afetivo e social e por último, a construção da personalidade.

A família tem fundamental importância para a formação do indivíduo, tanto no aspecto emocional quanto comportamental porque constitui o alicerce principal para o desenvolvimento humano, o primeiro contato com o mundo se dá no âmbito familiar, onde recebemos os primeiros valores, estabelecemos as primeiras relações afetivas, compartilhamos dúvidas, angústias e temores (SCHRANK; OLSCHOWSKY, 2008).

A família é o suporte principal para a vida de qualquer pessoa, mas para as pessoas com necessidades especiais, ela possui especial importância por necessitarem de cuidados e acompanhamento dos membros desse grupo familiar.

Para Yacubian et al. (2001), a família proporciona à criança, o apoio e o suprimento de suas necessidades físicas, suporte financeiro, os mantém a salvo do ambiente que os marginaliza e o discrimina, ensina novas habilidades, auxilia no aperfeiçoamento de outras...

...organiza atividades sociais, monitora a medicação, consultas e as socorre repetidas vezes, principalmente em situações de pouca autonomia.

A família nesse caso tem um papel de apoio e auxílio aos profissionais de saúde e educação, onde repassam a compreensão de forma mais clara e objetiva às necessidades afetadas destas crianças, passando a ser dessa forma a interface entre a criança e o sistema de saúde e/ou educação.

Melman (2002) ressalta que a presença de uma pessoa com situação mental causa um impacto nos demais membros da família, tendo em vista que os familiares ficam sobrecarregados por ações que envolvem a função de acompanhar seus membros e o cuidado com os mesmos. Essa sobrecarga familiar é sentida não somente nos aspectos emocional e físico, mas também no aspecto econômico.

O diagnóstico de uma situação mental gera um sentimento inexplicável, um vazio que contribui para uma baixa da qualidade de vida. A partir desse acontecimento, sentimentos derivados passam a fazer parte desse cotidiano, como o medo, a tristeza, a vergonha e a piedade, ou seja, um amontoado de ações ou efeitos do sentir (NAVARINI; HIRDES, 2008).

Para Gravitz (2001), a convivência em ambiente de constante estresse, traumas, perdas, tristeza e cansaço, podem levar pessoas da família a apresentarem “desordens paralelas” que podem acarretar em sobrecargas nos diversos contextos da vida desses indivíduos, denominados de traumas secundários, como a negação, minimização, forte tolerância a comportamentos inapropriados, confusão, culpa, dúvida, depressão, problemas físicos e até mesmo emocionais.

Por isso, ampliar estratégias de cuidados mais apropriados às necessidades das famílias sugere conhecê-las em suas variadas dimensões existenciais, através de uma maior aproximação do seu cotidiano e da captação dos sentidos que emergem de suas histórias de vida.

Para Schneider (2001) permitir às famílias um espaço para expressar sentimentos, medos, impressões, angústias, verdades e dúvidas, acerca da criança com necessidades especiais e de seus próprios sofrimentos, torna-se o momento adequado para a equipe multiprofissional aproximar-se da vida cotidiana dessas pessoas. Isso possibilita uma melhor abrangência e compreensão dos sentidos atribuídos por eles na assistência de seu familiar.

O acolhimento institui-se uma estratégia para atender as necessidades dos usuários e familiares, capaz de formar uma nova relação. Esse encontro acontece intercedido por uma queixa; porém, existe uma escuta ofertada pelo serviço, através de um espaço que possibilita o encontro, intercessão e negociação, entre trabalhadores, usuários e familiares, sendo uma etapa do processo de trabalho enquanto possibilidade de estabelecer uma rede de conversação (TAKEMOTO, 2007).

A possibilidade de ouvir as dificuldades advindas da convivência com a pessoa com necessidades especiais proporciona a identificação e permite que a sensação de isolamento muito presente nas famílias diminua com a construção de um grupo como espaço de referência, experimentação e trocas solidárias (MELMAN, 2001).

Foi criado em 18/08/2006 com o objetivo de apoiar as famílias dos alunos com deficiência intelectual matriculados na Escola Eney Santana, oportunizando aos familiares uma maior participação no processo educativo do aluno e na formação enquanto cidadão.

É coordenado por um Assistente Social e conta com apoio de Psicólogo e Pedagogo da Escola.

Dentro do trabalho dos familiares formam-se grupos para desenvolver atividades nas áreas de ação social, sócio-cultural, estudo e pesquisa educacional, serviço de voluntariado e capacitação profissional.

Ações do NAF:1.Reuniões com familiares;2.Comemorações de datas do calendário

escolar;3.Planejamento de ações em conjunto

com a proposta do Projeto Pedagógico da Escola;

4.Eleições para seus representantes;

5. Representatividade e participação em seminários;

6. Programações de conselhos, conferências, visitas e trocas de experiências entre familiares;

7. Participação em atividades culturais, de informática e de esporte;

8. Capacitação para o trabalho e orientação na área de Assistência Social e Direitos da Pessoa com Deficiência Intelectual.

As ações desenvolvidas pelo NAF tem por objetivo apoiar e orientar os pais nas situações individuais, nas questões relativas às necessidades do seu filho, nas atividades escolares e na dinâmica familiar e social, para que assumam uma atitude ativa, responsável e comprometida nas escolhas e decisões que influenciem na sua qualidade de vida e de sua família.

Objetivo das ações desenvolvidas pelo NAF:

Envolver as famílias dos alunos da Escola Eney Santana para uma atuação mais participativa nas atividades, tornando-se parceiras na educação e na formação do seu filho;

Desenvolver trabalho psicossocial para reestruturação da dinâmica familiar e equilíbrio emocional e social, além de orientações diversas;

Oportunizar momentos de interação e planejamento entre familiares e de outros setores da mantenedora da APAE;

Realizar estudos, dinâmicas, oficinas, cursos para geração de renda, entre outros.

Resultados obtidos:

Resgate e melhoria na qualidade da dinâmica familiar;

Apoio e orientações sobre a promoção de melhorias nas relações consigo e com o outro;

Acolhimento das demandas dos familiares, orientando para acesso ao conhecimento e compreensão da realidade;

Melhoria nos resultados de sensibilização dos familiares sobre o potencial das pessoas com necessidades especiais, desmitificando e diminuindo o preconceito;

Melhor participação dos pais nas reuniões realizadas no decorrer do ano letivo com a Coordenação, equipe técnica e professores;

Promoção e incentivo de atividades de cunho informativo, educativo, de lazer e de geração de renda.

A família também se revela como um lugar de continência, afeto e cuidado, ainda que muitas vezes apareçam sentimentos contraditórios, inerentes à frustração dos encargos objetivos e subjetivos da pessoa com necessidades especiais. Dessa maneira, a mesma faz uma reflexão sobre suas motivações, seu estilo de vida, seus valores preestabelecidos, anteriores à situação (NAVARINI; HIRDES, 2008).

“ A partir desse novo olhar a vida é vista sob outro enfoque, onde muitos valores

adquirem novo significado.”

A partir da compreensão das representações sociais construídas a respeito do fenômeno “indivíduo-família”, podemos adequar as práticas assistenciais, e daí então enfrentarmos as transformações paradigmáticas que estão a orientar este campo...

...Por isso, transversalizar o tema “Família e crianças com necessidades especiais” é importante para compreendermos como é a vida cotidiana dos atores inseridos neste contexto.

OBRIGADO!!!E-mail: kauri70@gmail.com

(98) 8111-8682 / 8838-6023