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8/17/2019 Uma Introdução à Economia Politica Da Informação
http://slidepdf.com/reader/full/uma-introducao-a-economia-politica-da-informacao 1/20
EmaiO i FEE , Porto Alegre, 2 2) 89-108, 1981.
U M A I N T R O D U Ç Ã O
À E C O N O M I A P O L Í T I C A D A I N F O R M A Ç Ã O *
José R icardo Tauile
.. . É PREFERÍVEL TRATAR IMPE RF EI TAM EN TE O QU E É IMPORTANTE
D O Q U E ATINGIR
HABILIDADE EXTR EM A
N O TRATO D E QUESTÕES IRRELEVANTES .
Paul A. Baran
Introdução
Este trabalho tem por obje tivo fazer um levanta mento e uma abord agem
pre limi nar de alguns pont os que pode riam cons tituir -se em referen ciais
teóricos para as disc ussõ es em torno de questões sobre a econ omia da
informação.
Pro curem os an ali sar , ao longo da exist ência do cap ita lis mo, a evolução
do papel que a noção de informação representou vis- ã-vi s consti tui
ção de formas de: mercado, organização do capital, produção e trabalho. A van tag em de se fa
zer uma abord agem desse tipo é conseguir perc eber a const ituiç ão e tran s
formação de sistemas de informação, desde os primeir os momen tos da orga niza ção
dos merca dos e da pro duç ão c apit alis ta, até o mome nto pr es en te, com a
consolidação do mercado mu ndi al.
As atuais estrutura s polí tico -eco nômi cas apoiam-se num a base técn ica,
que desde a segun da gu erra mundia l tem passad o por uma verdad eir a
revo
lução tecnológica , a da tele informática , cuja importância não pode ser min imi zad a.
De um lado , ela capacita o ser huma no a romper as amarra s que o pre n
dem ã Te rr a, lanç ando- se ã aventu ra maio r de ocupar o espaço que a cir
cunda. Por outro lado , as falhas dos equipamentos dest a geraçã o te cno
lógica co locam a próp ria sobr evi vênc ia da espécie hu man a como que ame a
ça da po r um fio (de c o m p u t a d o r ) , indepen dente da resp onsa bili dade que
se poss a atribuir a pessoas indiv idual mente . O grande númer o de sat é
lites com erci ais , científi cos ou mil ita re s, e as primeir as estações or
bitai s terrestres tri pul ada s, bem como as recentes falhas de compu ta
dores do sistema de defes a amer icano atestam a plen a ent rada nes ta era ,
ate a pouc o cons idera da como ficção científica. Adicion almente , nao cus-
* Este ensaio é f ruto d e um agradável p er í od o de es tu do e t raba lho s is temát ico com Ivan da Costa iVlarques e Jorge
Cesá r io W ande r l ey , a que m devo a pe r cepç ão conc re t a , r e a l, da e spec i f ic i dade e ab rangênc i a da t e l e in fo rm á t i ca .
A re sponsab i l i dade sob re a s i dé ia s aqu i exp re s sa s , ev iden t em e n te , é apenas m inha .
** D ou to rad o em Econ om ia pe l a N ew Sch oo l f o r Soc i a l Resea rch , N ew Y ork , P ro fe s so r da Facu ld ade de Econ om ia
e A dm in i s t r ação da U n ive r sidade F ede ra l do R io de J ane i ro
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ta lembrar que a cons truçã o da bomb a atô mica lançada so bre Hir osh ima só
foi poss ível graças aos complexos cálcu los feitos no prime iro comp uta
dor oper acio nal, o E N I A C.
E ssa revolução tecnoló gica, entre outras caract erísti cas, poten ciali za
enor meme nte a efi ciên cia de funci onam ento (dos fluxos de infor mação e
au to rid ad e, que se corttrapoem) das est rut ura s que for mam os gi ga nt es
cos organ ismos das grandes emp re sas , corporaç ões mult inac ion ais e dos
estados nac ion ais . Como conseqüên cia imed iata se colocam quest ões como
as da privacidade, do controle socia l , d o controle dos mercados de trabalho etc. Estes mer
c a d o s , por sua ve z, defi nem hoje uma divisão i nterna cional do trab alho
onde a uma desc entr aliz ação e hier arqu izaç ão da prod ução atravé s das
fronteiras nacionais desb otada s, corresponde uma centralização da de
cisão e, conse qüent emente , do pode r, polarizado nos chamados países de
senvolvi dos .
A complexa expans ão e inte rnaci onali zaçã o da produ ção capital ista não
permi te mais qu e se cla ssifiqu e esta div isão de trabalho como de um la
do países produt ores pri mários e de outro produtore s de ma nu fa tu rad os ,
p o i s , como se ve ho je , a prod ução indus trial está por todos os cantos
do mundo (até flutu ando pe la bac ia a m a z ô n i c a ) .
Já o prin cipi o tayl orista da separação ej i tre concepção e execução do trabalho,se leva
do ãs dimen sões do capitali smo co ntempo râneo (em que claramente fazer
nao pode ser equac ionad o com saber f a z e r ) , nos pres ente ia, por sua
v e z ,
com uma nov a forma de depe ndên cia: a depen dênci a tecn oló gic a (que
talvez pude sse também ser caracte rizad a como
dependê ncia das inform ações)
.
A s
corporações multinaci onais internacion alizam a produção final de b e n s ,
mas não a capaci dade de geração física e intelectu al da tecnol ogia em
que se apo ia, porq ue o controle do acesso ã tecnologia é absol utam ente
fundament al para a definiçã o do leque de altern ativas dispo nívei s par a
a form ulaç ão de pro jet os sóció-econoraicos.
L o g o ,
a produ ção i ntele ctual criat iva tende a se concent rar junto ã s e
de destas corporaç ões em seus países (des envolvi dos) de orig em, par a
onde se dirige um fluxo de todas as informações relevantes ã pro duç ão,
ã circulaç ão dos produ tos e ã circula ção financeir a. A este fluxo de
informações contr apõe-s e um fluxo de autor idade e pod er, onde a lógic a
do sist ema ex ige ago ra que a ma xi mi za çã o de lucros se dê em termoS g l o
bai s e que as par tes se sub met am ao inter esse do todo . Nã o é de se es
tra nhar , assim, que esta capacida de de concepção e de decisão seja co
mo que nat ura lme nte drena da e se concent re junto aos centros de de
cisão dos gran des blo cos de capi tal int ern aci ona l par a aten der a sua
lógic a de acu mul açã o em escal a mu ndi al e por isso me smo tem col ocad o em
questão todo o refere ncial inst ituci onal dos estados nacio nai s.
É diante deste quadro que nos encon tramo s hoje. Macr ouni dade s pro dut i
v a s ,
buro crát icas e políticas que cada vez mais dep ende m das nova s tec
nologias de armazen amento, processamento e transmissão da informa ção,
para seu funcion ament o efi cien te. Este conjunto de tecn olog ias, que com
põem a revolução tecnol ógica que vivem os no limiar do século XX I , p r e
cisa ser adeq uada ment e avaliado com a maio r urgên cia sob o risco de mais
uma vez perdermos o comando da noss a hi stór ia.
As Partes I, II e III deste trabalho disti nguem tres per íod os. O
p r i
meiro vai do surgim ento do capital ismo até o inicio da mat uri dad e da
revol ução industr ial e do enri que cim ent o do capitali smo inglês . A P ar
te II most ra o inicio da ascens ão de seu her dei ro , os Esta dos Unidos
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Parte I
Não há como min imi zar a importân cia da informa ção na orga niza ção ini
cial dos me rc ado s. O mono póli o do conhecim ento de rotas e caminhos m a
ríti mos, bem como demais informações comerciais foram da maio r impor
tânci a nao só para o enriq uecim ento de reis nobres e mer cad ore s, mas
pri nci pal ment e pa ra o esta bele cime nto de um sistema ca pitalista de pro
duçã o. De posse das informaçõe s estr atégic as sob re o funci oname nto dos
mer cad os, os capitais merca ntis pass aram a penet rar na produç ão de mo
do a orga niz á-la segundo seus inte ress es, molde s e objetivos, já que com
o cresci mento dos mercad os não se pod ia mais depender da eventual co
mer cia liz açã o de um exceden te produzi do segundo uma lógica não capita
lista (dest inado , por exe mplo , a ser pago como tributo ao senhor da ter
ra .
Era necessár io organizar a produção capitalisti camente. Isto e, trans
formar o artesã o em um trabalhador assala riado que trabalh asse segundo
os objet ivos do propr ietár io dos meios de produção ~ o capit alist a —
que , des ta for ma, inco rpo rava agora em sua orb ita nao apenas a esfer a
da comerc iali zaçã o e circulação de mer cad ori as, mas também a esfer a da
produção.
^ A i nda a s s i m , po r s e t r a t a r de um t em a de f r on t e i r a , é pos s í ve l qu e a l guma s ques t ões s e j am abor d adas i mper f e i t am en
t e ou m esm o sem o ap r o f und am ent o t ed r i c o dese jáve l , apesa r de s eu ca r á t e r r eco nhe c i da me nt e exp l o r a t ó ri o , , O p t a
mo s , e n t r e t an t o , p o r s ac r if i car , de ce r t o mo do , o r i go r acadêm i co em f unção da neces s i dade de t r aze r , pa r a o âmb i t o
dos ec ono mi s t a s , a d i s cus são que o r a s e t r ava en t r e os p r o f i s s i ona is da á r ea d e p r oce s sam en t o de dado s , a i ndús t r i a
nac i on a l e ó r gão s gove r nam ent a i s , sobr e a f o r mul ação d e d i r e t r i ze s pa r a i mpl em en t aç ão de uma po l í t i ca nac i ona l
de i n f o r m á t i ca . D en t r o d es t e e s pú i t o , qua l qu e r ob se r vação , c ri 't i ca ou suges t ão s e r á bem - v i nda pe l o au t o r ,.
da Ame ric a, que começam a empree nder novos e grandes projeto s so cia is,
exigi ndo uma orga niza ção cap ital ist a mais efi cien te e apoiados em uma
base técni ca mais produt iva (isto Í: efic iênc ia na prod ução de exc ede n
te
e c o n ô m i c o ) .
Este período cu lmina ria com a época da prime ira guer ra,
que envo lve diret ament e o conflit o entre a Ingla terr a e a Ale man ha e
pega os Estado s Unidos começando a adotar a prod ução em mass a base ada
em linhas de mont agem ( F o r d ) . É en tão qu e, ta mbém p ela primei ra ve z, se
rompe o capi tali smo para dar lugar a um sistema soci alis ta. Segue-se uma
época de tra nsiç ão, c inzent a pela gra nde depr ess ão, que prece deu a con
sagração da hegemonia am ericana no pós-gu erra mundia l. A terceira par
te do trabalh o cobre desd e o adv ent o da era da ele trô nic a até os dias
de hoje.
As Parte s I e II não devem -se constitui r em maio res novidad es para o
leitor (especial mente a Parte I ) . Elas fazem um retro spect o de pontos
já bas tan te conh ecid os, mas que, olhados sob a ótic a da economi a da in
formação, servirão para situar melho r, históri ca e teoricamente, as
ques tões que serão abordadas na Parte 11^.
Este estudo nao deve ser nunc a ente ndido como um trabalh o comple to, mas
sim o que ele é, na pr áti ca , nao ma is do que um pont o de par tid a pa ra
começa r a discu ssão em torno de temas que envol verão noss a socied ade
daqui par a o final deste sécul o e que , sem dúv ida, defi nem nov os p ar â
metr os e variáv eis para a questão demo crát ica.
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A dife renç a entre preço s de compra e ve nd a, que antes depe ndia de um
proc esso de barg anha e de man ipul açã o de informações come rcia is, torna
va- se passíve l de ser aum entad a ã med ida que os preço s de compra p a s
sava m a ser subst ituíd os pela noça o,de custos de pro duç ão. Crescia de
imp ort ânc ia, desta ma ne ira , o conhec imento e control e de técnicas de
pro duç ão ma is efici entes que permit isse m um rebai xamen to de custos atra
vés da extração de maior intens idade do traba lho. Saber fazer ou saber
como fazer desempe nha um papel estratég ico neste pr oce sso .
A base técnic a artesan al que o capita lismo her dou de mod os de produ ção
ant eri ore s, depo sit ava seu conhe cimen to (suas info rmaç ões) de como fa
zer as coi sas, os pr od ut os , nas mãos de trabalhadores dir eto s, mestres
oficia is cujo apr end iza do, integrado ao proce sso de pro duç ão , se dava
de uma man eir a quase indi vidu aliz ada, num períod o de pelo menos sete
anos de apren diza do. Or a, este conjunto de inf orm açõ es, expresso pelas
habi lida des e quali ficaç ões do trab alha dor, era um forte elemento de
bar gan ha em suas m ã o s , pois lhe possib ilit avam ditar o ritmo da p rod uçã o.
P ression ado pela nature za competitiv a dos mer cad os, o capitalista viu-
-se então compe lido a transformar a produ ção para que a viss e organi zada
segund o sua lógi ca, a da extração do exced ente com o obje tivo da max im i-
zaçao de luc ro s. Seu pri mei ro pass o foi pro mov er a conliecida divi são
(técnica) do trab alh o. Pess oas diferentes pass aram a exec utar tarefas
difer entes de um mes mo todo , cuja unid ade antes depe ndia de uma só
p e s
soa.
Assi m, não soment e aume ntava a prod utiv idad e como também os cus
tos de salários se redu ziam , visto que se podi a comprar as partes fra -
cionadamente por um preço men or. Além d isso, o poder de barg anha i n d i
vidual do trabalhado r, devido ao domínio da técnica, passa va a s e r , d a
mes ma form a, enf raq uec ido , pois o trabalho era fracionado em mil ped a
ços. Como il ust raç ão e aval iaç ão das dimen sões com que se deu este p r o
cesso,
cabe recordar q ue , em A Rique za das Na çõ es , Ad am Smith de ixou
seu testemunh o das dezoit o tarefas diferen tes que enco ntrou na fabr i
cação de alfinetes.
Alg uma s tarefas simp lifi cara m-se a tal ponto q ue , em deter minad o mo me n
to, se tornou pos síve l retirar das mãos do trabalhado r a ferr amen ta de
trabalho e acopl á-la a uma máq uin a.
D o pont o de vista das relações sociais de produção
do empresário capitalista,esta é uma passagem fundam ental, pois um coiijunto de inform ações sobre o
processo de trabalho começou a se incorporar em mecanismos móveis , isto é, nas máquinas, cristalizando-
-se, assim, sob a forma social de capital f ixo. Es ta é a cara cte riz açã o fundam ental da
revolução indu strial, que acarretou uma potencializaçao extraordin ária
da prod utiv idad e e do proces so de maxi miz açao de luc ros , dando nova
substancia
a
conco rrênc ia capital ista por maiores fatias de mer cad o.
E m outras pala vras , após um período de transição manu fatu reir o, esta
bel eci am- se finalment e conexões reais (materiais) entre as relações so
ciais e o modo de produç ão espe cific ament e capit alist a.
Log o a seguir, surgi ram má qu in as , como a máq uin a a vapo r de Wa tt , para
suprir de energia estes mecani smos de modo a dar-lhes u m ritmo de fun
cio nam ent o, de acordo com a rac ion ali dad e de seus prop rietá rios , p r e
ench endo e mesmo amplian do os limites de pote ncia lida de estabe lecido s
por estas novas formas de artic ulaçã o social e crist alizaç ão do conhe
cimento humano.
Ao se acele rar a prod utiv idad e através da divisão técnic a de trabalho
mult ipli cav am-s e as unidades geradoras de informações que coope ravam
par a que o todo se comp leta sse no pro dut o fin al. Com ist o, criava -se a
ne ces sid ade de um novo tipo de traba lho cuja função era har mon iza r o
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Parte II
Rebento e herd eiro do impéri o industri al in glê s, os Esta dos Unidos fo
ram prota gonis tas do mais espet acula r crescimento econôm ico na segunda
meta de do século XI X e prin cipio do século XX. Sua const ituiçã o como
funcionamento das part es. E ste trabalho de supervisão, de con tro le e ge
r e n ci a d a p r o d u ç ã o a s s u m i a , po r s ua v e z , u m a fo r ma v e r t i c a l i z a d a e h i e -
rarquizada de divisão de trabalho. N este mesmo sent ido, em contrapar
tida, diss ocia vam- se tamb ém as funções de propr iedad es e gere ncia em
termos de organ izaç ão do capital socia l.
Ain da neste conti nuo de desc entr aliz ação e aument o do vol ume de infor
mações que compõ em a pro duçã o soc ial , definiram- se outra s formas de tra
balho com funçõe s de contab iliz ar e controlar estas informaçõ es, dive r
sos serviços ad mini stra tivo s de esc rit óri o, níveis de geren cia etc.
Um outro tipo de traba lho que prog ress ivam ente se cons titu iu ã parte
foi o chamado trab alho in tel ect ual , que começou a se des loc ar do tra
b a l h o m a n u a l . N i t i d a m e n t e
passou a haver uma tendência de se pensar o processo de produção
de fora dele, surgin do aos pouco s as engen harias de produ to e de pro ces so.
Este movi ment o de rac ion aliz açã o da produç ão des emb oco u, ao final do
século pas sad o, em Fre deri ck Ta ylo r, que em nome da chama da gere ncia
cient ific a expl icit ou esta disso ciaçã o entre concepção e execuç ão do
trabalho como um de seus princí pios fund ament ais.
Sob este enfoque e com a pro gres siv a cons tituiç ão d e sistemas de ma qu i
nar ia, isto é, a inte rliga ção de vária s máquin as (ou a integraçã o de
micros istema s de informações em um m a c r o s i s t e m a ) , uma par te cada
vez maior do tr abalho man ual de execu ção era transfo rmado em mero apên
dice do pro ces so, submetid o ine xorav elmen te ao ritmo de contin ua p r e s
são por aumento de pro dut ivi dad e.
Ass im, as formas de trabalho de exe cuç ão, na pra tic a, torna vam-s e ob
jeto,
como qualq uer o ut ro , do proce sso de pro duç ão, podendo ser deco m
posto e reco mpos to segun do a lógica (do prop riet ário ) deste gigant esco
m e c a n i s m o .
M as como o processo de produção de lucros nao se restringe a pe n as ã p ro
dução de b e n s , ã med ida que a emp res a crescia e a divis ão do tr abalho
se descentraliz ava horizo ntal ment e, ela tendia a se centralizar verti
calmente, definindo níveis (sociais) de decisão, contr ole, concepção,
conta biliz ação e execução como conjuntos dispost os hi era rqu ica men te.
A nível int ern aci ona l, com o crescimento da indústri a e do livre comér
cio entre as na çõ es , sob lideran ça ingles a, defin iam-s e também c ontor
nos de uma divisã o do trabalho que co locav a, de um lad o, paíse s pr odu
tores de produ tos pri mári os e, de ou tr o, países produtor es de produtos
manu fatu rado s, países estes que eram, deste mod o, os detentores do mo
nopó lio de infor maçõe s sobre a capaci dade ind ustri al.
Por ém, a conso lidação e expans ão deste qua dro , numa segun da fase da re
voluçã o ind ust ria l, prov ocou alteraç ões nao apenas do equil íbrio da ba
lança do poder eco nômi co mu nd ia l, mas também na base técni ca do sist e
ma pro dut ivo , que mais tarde acaba riam desemb ocando no períod o da re
voluç ão te cnológ ica que vivem os hoj e. É deste perí odo de matu ração que
passar emos a tratar ago ra.
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A . D , C hand l e r faz um cu i dadoso t r a t am en t o des t a e ou t r a s ques t õ es em T h e V i si b l e H and : T h e Manage r i a l R evo l u -
t ion in Am er ic an Busi r ress , Harvard Un ivers i ty Press , 1977
nação e a conqu ista e ocupaç ão territor ial do Oe st e, estic ando o vé r
tice esquerdo do triân gulo de B arringt on M o ore , colocaram probl emáti
cas novas ,cuja s soluçõ es aponta vam as novas direçõe s do desen volv imen
to (da or gan iz açã o) cap ita lis ta. A con stru ção dos caminh os do Oes.te,
marcad os pelos trilhos das estradas de fer ro, e a coloniz ação da re
gião deram dimen sões qual itat ivam ente diferen tes ao capitalismo que en
traria em nov a fase de acumul ação (coincidente com a chamada fase mo
nopolis ta) de passag em para a hegem onia americana.
De acordo com Alf red D. Chand ler^ , uma das questões que logo dife ren
ciou o capitali smo americ ano foi o enorme espaço contíguo no qual de
veria atu ar. Nu m pais de dimens ões quas e cont ine nta is, as empresas que
objetivaram, opera r no espaço geogr áfico nacional foram obrig adas a
p a s
sar, segundo Ch and ler , por uma revolução g ere nci al, seguindo o exempl o
das estrutu ras admi nistr ativ as des envol vidas pelas estradas de ferro a
caminho da costa do Pacífico.
S em dúvid a, teve extraordinári a importância nest a mudanç a a execução
destes meg apr oje tos , que se const ituír am no siste ma ferrov iário e que
foram preced idos pela construção dos canais da Pe nsi lva nia , ligando o
norde ste ao meio oeste america no. Bast a ver qu e, se em 1840 já hav ia
3.000 milh as de es trad as de fe rr o, elas cheg aram a 30. 000 mil has em 1860,
e a 74.000 milha s em 1 875, depois de alca nçar o Pac ifico em 1869.
Do ponto de vis ta da economi a da info rmaç ão, obser vou- se então o des en
volv iment o de estruturas administ rativ as compatívei s com o porte
d e s
tes empr een dime nto s. Seu funcio namento dependia da sist emáti ca coleta
e proc essa ment o de um número con sider ável de informa ções di spe rsa s, de
mo do a formar um todo harm.onioso e que fiz esse sen tid o p rod uti vo .
Na ver dad e, o núme ro de info rmações neces sária s par a isso era tao gra n
de que os pri mei ros ad min ist rado res dos canais e estr adas de ferro ge
ralmente eram seus engenhe iros con strut ores. Estes eram os mais capa
citados a faze-los funcionarem efi cient ement e, exatamente pela familia ri-
dade e profun do conhecim ento dos mega sist emas de info rma ções , em que
consi stiam as construções que comandar am.
Tais sistemas exigi ram como suport e físico o dese nvolv imen to de meios
de comuni cações rápidos e efi cie nt es, como foi o caso do telégrafo , pa
ra viab ili zar o tráfe go pel a e xtensa rede ferroviária, sem colisões etc .
Comerc ializa do em 184 7, o telégrafo al cança va,em 18 60,50 .000 milhas de
linhas instaladas nos Estado s Un id os ; chegava ao Pací fico em 1861 e,
em 188 0, somava um total de 291.000 mi lha s. A partir des ta déc ada , foi
a vez da comer ciali zação do tel efo ne, usado inicia lment e apenas como
comple mentaç ao da rede teleg ráfica.
Por outro lado, ressa lte-s e que a natu reza destes grandes inves timen
tos em capital fixo exi gira m uma cuidad osa dife ren cia ção en tre os cus
tos de operaç ão e os custos de constr ução , a fim de poder ca lc ul ar co r-
reta men te sua depre cia ção e dema is custos envo lvid os no trá fego de trem
em relação ao per cur so. Foi daí que se origi nou a mod ern a conta bilid a
de de c ust os, em respo sta ãs nece ssid ades ditadas pelo e norme volume de
negó cio s, mult ipli cado s pelos diversos estágios de produç ão e dis tri -
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^ I n i c i ado por E l y Whi t ney , no p r i nc í p i o do s écu l o X I X , na p r odução de a r mas .
E que s e cons t i t u i , s egundo N a t han R osenbe r g , num pr oces so de conve r gênc i a t ecno l óg i ca na i ndús t r i a de máqu í nas -
í e r r a m e n t a s . V e r I e c h n o l o g i c a l C l i a n g e i n t h e M a c h i n e T o o l , I n d u s t r y , 1 8 4 0 - 1 9 1 0 i n P e r s p e c ti v e s o n T e c h n o l o g y .
^ T r a t a - s e aqu i , po r exem pl o , da cham ada ques t ão da por os i dad e do t r aba l ho .
^ E s t a i magem encon t r a - s e no s t r aba l hos qu e S t eph en H ym er desenvo l veu sobr e a f o r ma ção e o r i gens das co r por açõ es
mu l t i nac i o na i s e a d i v i s ão i n t e r nac i o na l do t r ab a l ho .
buiç ao no i nteri or de um imenso espaço geog ráfi co. As atividade s aí en
volv idas dera m ori gem a novas formas de trabalho i nte lec tua l, de rot i
na pre- pro gram avel (como a de con tado r, por exem plo) que, conform e se
ver á mais adi ant e, vier am mais t arde a ser também incor porad as por ele
ment os de capital fixo (pelos co mp ut ad ore s) .
Acr esc ent e-s e a este quadro de mul tip lic açã o de núcle os de informaç ão
um extr aord inár io aumento da qua ntid ade de produt os decorren te da es
calada para a prod ução em mas sa que atend ia aos mer cad os emer gen tes .
Evi den teme nte isso sõ foi pos sív el, dife rent emen te do que ocorria na
Ing late rra, graças ã padron izaç ão que se al canç ava, seja no consumo pro
duti vo, seja no consumo final . As si m é que , desde a nov ida de que foi o
uso de partes intercambiáv eis na pro duç ão^ , ao carát er univ ersa l das
máqu inas -fer rame ntas produzidas pela nascente indústria metal mecâ ni
ca'*, segu ido da produ ção ind ust ria l de ben s de con sum o dur ávei s (máqui
nas de cos tura, de escre ver , bic icl eta , autom óvel etc. ),ã adoção de mé
todos taylor istas de gerenc ia cien tifi ca , culmi nando com a linha de
mo nta gem da Ford, inúmeros foram os fatores a pot enci ali zar o aumento
da pro dut ivi dad e do capita lismo ameri cano no per íod o.
Perm eando o sentid o destes desenvol vimen tos te cnológ icos esteve sempre
a prog res siva tendên cia de se pen sar o proc esso de prod ução de fora
del e, que finalm ente se tornou clara ment e exp lic ita da como o princip io
tayl oris ta de sep araçã o entre a con cepçã o e a execução do process o. Pro
cura va- se, dest a form a, retirar do alcance do trab alha dor direto o con
trole do sistema de informaçõe s sobre o qual atuava.D espojado, cada vez
m a i s ,
da ca pacida de de tomar decisões técn icas , o traba lho dir eto, cons
tituído em objet o de processo de prod ução , era artic ulado aos outros
meios de produção (instrumentos de trabalho, máquinas e maté rias -pri
m a s ) ,
segundo uma lÓgica exter na a si própri o e, por^ isso mes mo , inca
paz de resistir, indi vid ualm ente , a uma in tens ifica ção do ritmo do pro
cesso^. Havia o que se pod e caracterizar co m o luna transferência da tomad a de dec isões sobre a orga
nização e processamento das informações técnicas de produção, do local da fábrica para o escritório.
à ampliação do s is tema de informações , que def ine o processo de produção como um todo, correspon
deu, por sua vez, um considerável deslocamento da capacidade de tomar decisões dentro destes s is
temas e, co nse qü en tem en te, um rearranjo significativo das estrutiuas administrativas encarregadas de
dar conta
deste f luxo de inform ações .
Esta foi uma razão ad ici ona l para criação e
consol idação de um sem númer o de serviços buro crá tic os, além de novos
níve is de gere ncia , depar tame ntos e divisões (téc nica s, geográ ficas ou
admi nist rati vas) env olvid as nos circuitos de acumul ação da empresa (do
capital como um todo: produ ção e circu laçã o) que refo rmula vam a divi
são técnica vert ical do trabalho e, cons eqüe ntem ente , a divis ão social
do traba lho. A pola rida de do pode r pass ava então a ser defi nida pela
capac idade de cada um de atuar sobre um conjunto de informaç ões rele
van tes ã prod ução e ã circu lação , enfim, ã acumula ção de cap ital , d i s
postas hie rarq uic ame nte em uma pirâmi de de p o d e r ° .
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^ J , A , H obs on , em M od em C ap i t a l i sm , no cap i t u l o i n t i t u l ado T h e F i na nc i e r , f az um a b r i l ha n t e expos i ção do
n o v o p a p e l q u e d e s e m p e n h a r a m o s b a n c o s n a e c o n o m i a a m e r i c a n a . N a v e r d a d e , é u m p a p e l b a s t a n t e s e m e l h a n t e a o
qu e R . H üf e r d i n g desc r eve em E l C ap i t a l F i n an c i e r o pa r a o ca so a l emã o .
As novas macro unidad es capitalistas americ anas, que aprenderam a ser
mliltiplantàs e depois mul tid ivi sio nai s, iriam a segui r aprende r a ser
mul tin aci ona is. Como tal, faziam parte de uma nov a lógic a, de um outr o
níve l de comp lexi dade , onde os circuitos de acumu lação cap ita lis tas , ao
se desd obra rem, o faziam separ ando as caract erísti cas de prop ried ades
do cap ita l, das de empr eend edor , com frações de pro pri eda de de empr e
sas inteiras sendo comer cial iza das, como qualquer outra mer cad ori a, em
bolsas de val ore s.
De:Çinia-se t ambém, desta m ane ira , um nov o pap el par a os ban cos . De ba n
cos cometciais , tran sfor mava m-se em ban cos de inve stim ento , atra vés das
soci edad es por ações (socie dades anôn imas - S / A ) , deix ando uma pr ati ca
banc ária , lastreada numa concepção estática de capitalismo mercan til em
que a remune raç ão do uso do dinheiro se restring e ao paga mento de juros
banc ário s. Os novos bancos americanos passaram a fundir-se as at ivida
des indu stri ais e a part icip ar direta ment e dos riscos do empre end ime n
to^. Ao uso prod utiv o do dinh eiro pelas empresas corr espo ndia , então,
um pag ame nto de divide ndos vincu lad os ãs condições de lucrat ivid ade. O
que devemos obs erva r, es peci alme nte nestas colocações, é a agil izaç ão da
capaci dade de acumul ação dos circuit os do capital diante de uma suces são
de novos proj etos socia is. Em outras pal avr as, diante de novas, po ss i
bili dad es de expa ndir os circu itos de acumulaç ão capitalista , o nbvo ca
pital finan ceiro america no pod e e soube explorá-las, apoia ndo- se em uma
bas e técnica ind ustria l mais mod ern a e efic ient e que a ingles a.
Mas volta ndo ãs questões do pro cess o de produç ão, sej a ing lês, amer ica
no ou alemã o, o fato é que o empre endi mento capit alist a aumen tou tr e
men dam ent e sua escala . Os corre spond entes proce ssos de fabri cação con
tín ua, em séri e ou até mes mo em lin ha de mon tag em, exi gia m compl exos de
capi tal fixo que nao apenas aum ent ava m de vol ume (físico e f i n a n c e i r o ) ,
mas também, e talvez, pri ncip alm ente , no que nos concerne aq ui, pas sa
vam a se consti tui r em macrosãstem as de informação. Sob a for ma pri nci pa l de
máqu inas e .equipamentos inte rlig ados , tais sistemas dependiam cada vez menos
de coid iedmentos e informações sobre o processo produt ivo, que fossem representadas pelas qual i f ica
ções encontradas em trabalhadores individuais . Ainda que tarefas especial izada s (que
pod eri am mes mo ser considerad as como qual ific adas ) conti nuas sem a ser
bast ant e necess ária s â oper ação dos sis tem as, suas caract erísti cas eram
ditada s pelo própr io capital, além de serem padr oniz adas o sufi cien te
para garan tire m seu rápido apre ndiz ado por um con tingen te de tra bal had o
res cada vez mais indif erenc iado e, por isso mes mo, mut uam ent e s ubs ti -
tuivel.
O siste ma de máq uin as, apesar do seu aumento de escala , reque ria pro
gres siva ment e uma proporç ão cada vez menor de trabalh adores nece ssár ios
ã sua operaç ão direta vis -ã- vis , por exempl o, trabal hadores enc arr e
gados de sua man ute nçã o, que acum ulav am mais respon sabil idade s e, con
seqüen temente , conhecimentos sobre a continuidade de seu funciona mento.
Isto porque os sistemas constituí dos em macr opro cess os preci sam ser re
parado s pron tam ent e, no caso de uma eventual queb ra ou falha do sis
tema, sob pena de signif icativ as quedas na pro duti vida de e, logo, nas
condições de lucrat ividad e que se constitui no moto destes sis tem as .
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A s s i m , a m a n u t e n ç ã o m e c â n i c a e elétric a tornou-se um dos l o c u s de q u a
lificação de trabalhad ores diretos ( manuais ) que detinh am controle
sobre amplos conhecimentos técnicos do processo produt ivo.
Conhecimentos sobre áreas mais restri tas, mas nao menos relevantes e
mesmo nevrálgicas para a pro duçã o, concentravam-se em redutos fraci o
nados de q u a l i f i c a ç ã o de m a o - d e - o b r a , d e f i n i n d o uma d ivisão social den
tro da divisão técnic a do t r a b a l h o , a saber: operaçao^de má quin as-f er
ramentas unive rsais (versát eis e f l e x í v e i s , em oposição ãs máquinas com
plexas e a u t o m a t i z a d a s , u s a d a s em produção seriada de grande quan tida-
d e - m a s s a ) , serviços de ferrame ntaria (preparação de ferramentas e d i s
positivos para (sua) f i x a ç ã o ; um trabalho até hoje quase a r t e s a n a l ) ,
alguns serviços de a j u s t e e de m o n t a g e m (em geral em p r o d u ç ã o sob en
comenda e m e c â n i c a p e s a d a p r o d u z i d a em pequen as séries ou lotes), l a p i
dação etc.
As maior es quantid ades
de
m a o - d e - o b r a , e n t r e t a n t o , d i s p e r s a v a m - s e
na
produção em atividades de a l i m e n t a ç ã o e regulagem de máquinas e/ou p r o
cessos auto matiz ados, lim peza, transportes de material e t c , e s e r v i
ços burocráticos de escr itório (contabilidade, expedição, compras etc.)
que exigiam, pela naturez a parcelad a do processo de p r o d u ç ã o , q u a l i f i
cação bem mais sim plific ada e conhecimentos padronizados e localizados
sobre os fluxos materiais e financeiros dos circuitos de acumulação de
capital.
A s s i m ,
a
estrutura formal
do
processo
de
produção passou
a ser
dada
por
diversos níveis
de
administração
e
gerencia, enquanto
seu
c o n t e ú d o , i s
to e, a técnica, cristali zava-se em máquinas e equipamentos de capital
fixo, de um lado pulverizando-se em graus mais ou menos dispersos en
tre os trabalhos dir eto s, e, de outro, concentrando-se na e m e r g e n t e ca
tegoria de trabalhadores intelectu ais.
A tendência a se pensar o processo de produção como sist ema, e de fora
deste,
pode nao-somente ser ilustrada com o surgimento das diversas ca
tegorias de e n g e n h a r i a de produto e de p r o c e s s o , mas também com a cha
mada revolução tecnico-cientifica, que começou na Alem anha coinciden
temente na segunda metade do século passad o. A p esquisa científ ica, sem
duvida, desempenhou papel importantíssimo
nos
campos
de
engenharia
me
cânica (motores e combustão in ter na, formas e fontes de energia de e l e
tricidade , petr óleo , carvão e t c ) , utilização de novos insumos (aço),
d e s e n v o l v i m e n t o da industria química (explosivos), entre outros . Na v e r
dade,
incorporação d ciência (transformada ela própria em capital) de m -
neira sistemática o processo produt ivo, é o que se pode melhor caracterizar, em termos contemporâ
neos , como produção de tecn o log ia . Cientistas engenheiros, gerentes de produção
e projetistas em geral passaram a ser formados e a desen volve r seus es
forços a fim de gerar e organizar conhecimentos distribuídos segundo a
lógica do modo capitali sta de produzir. A tecnologia, enquanto produ
ção social de conhecimentos ci entífi cos, tornou-se uma mer cad ori a como
qualquer outra
no
século
XX e
começou
a ser
também negociada
nos
m e r
cados para ser i n c o r p o r a d a aos diversos ramos de atividades sócio-pro-
dutivas.
A p e s a r de nao ser o local de fazer uma análise mais prof unda desta q u e s
tão, e interessante notar que, do mesmo modo , a estrutura da u n i v e r s i
dade moderna e dos sistemas educacionais de massa que a prece dem devem
ser entendidos i luz das exigências de exe cução, con ce pçã oe decisão que
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Parte III
o século XX ass isti u, em sua primeira^me-tade, a alguns fen ôme nos , como
a pri meir a e segunda guerras mu nd ia is, a grande depr essã o de 1929/32 e
o su rgiment o e a expansão de regimes soc ial ist as, que exe mpli fica ram as
profun das mudanças no curso do desen volvi mento do capitalismo mun dia l.
Este s aconteci mento s marc aram a perda da heg emo nia do império inglês e
ascens ão do capitali smo american o juntame nte com suas formas de ma cr o-
empres as que vie ram a se tornar nas corporações mult inac iona is e qu e,
consequ entement e, deram novos contornos a atual divisã o intern aciona l
do trabalho.
Be m, mas o que hã de novo com est a divi são e o que se pa ss a de di fe re n
te com o cará ter já int ern aci ona liz ado do capita lis mo? 0 fato e que a
conc orrê ncia capi tali sta, calcada numa base técn ica mult ifor me e em
constan te tran sfo rmaç ão, ocasio na uma inevitável interp enetra çao de
mercados interna cionais, nacionais ere gio nai s (também estes internacio
n a l i z a d o s ) ; choques mais freqüent es entre as esferas de diferentes p o-
deres polític os nac ion ais ; e desloc ament os sociais muito exacer bados
nos mome ntos de crise , que pas sar am a exigir um papel mais ati vo, me
diado r e regula dor dos estados nac ion ais , sob o risco de verem seri amen -
^ Para um ex cele nte t r a ta m en to da q ues tã o le ia-se 'Sch ool in g in Capi ta l i s t Am er ic a , de S„ Bowles e H, Gint i s , Bas ic
B ooks , 1976 V er t ambe 'm o t r a t a me n t o que D av íd N ob l c da' à ques t ão da engenha r i a , p r o mo ven do a r ee s t r u t u r a ção
da força dc t rabalh o c cr iand o novos hábi tos socia i s , em Am er ic a by De sign , ed Al f red Knopf, 1979
serão feitas aos futuros tra balh ado res^ , cientist as, administrador es etc.
envolvidos na produção social .
R ecapi tulando : ao longo do desenvolvime nto do capitalismo indus trial ,
o proc esso de trabalho teve sua uni dade prog res siva fracion ada e rei n-
corpo rada em um proc esso de prod ução governado cad a vez mais pelo ca
p i t a l ,
no senti do de que o trab alho se tornou um obj eto des te p roc ess o
de valo riza ção como qualquer out ro meio de pro duç ão. A unidad e do p r o
cesso ficav a garan tida pelos divers os níveis de super visão e gerenc ia
da produ ção , bem como pela inter conex ao das máqu inas a formar os sis te
mas auto matiza dos de maq uin ari as. Aind a ao níve l de controle do pro du
to como um tod o, o aumento da escal a e a mult ipli caç ão de lo cus da
produção implicaram no apoio de serviços administr ativos de escr itór ios,
que são uma forma de trabal ho intelec tual de ex ec uç ão , de rotina pr e-
-pr ogr amá vel . Como se verá adi ant e, este foi um campo fértil par a a
posterior introdução de máquinas calculadoras e equipamentos de esc ri
tório,
novam ente como eleme ntos de capital fixo e auxilia r e, de po is ,
para substit uir funções que o trab alha dor, ainda que ind ire to, exec u
tava.
Outro dos element os do pro ces so, que dele se des tac a, é o esforço de
con cepç ão, o trabalho intelectual (criativo) prop riam ente dito . E fi
n a l m e n t e ,
fora da produç ão strict u sensu , mas tao ou mais import ante
para a acumul ação de lucros de empre sa como um tod o, crescer am treme n
damen te de importâ ncia as ativida des ligadas a chama da esfer a da cir
c u l aç ã o do c ap i ta l ( c o m e r c i a l i z a ç ã o, f i n an c i a m en t o e t c ) .
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te ameaçad a a so brev ivên cia do próprio siste ma capi tali sta por suas p r ó
prias e internas cont radi ções .
Internacionalizou-se, então, não o capital (este já era e sempre foi
internacionalizado),
mas a produção
industrial (manufatiueira ou não capitalista.
O comer cio, o finan ciamen to e, ago ra, também a prod ução se inte rnac io
nalizaram. P ode-se dizer que os novos níveis de entropia que o sistema alcançou se viabi
lizaram graças às redes de rádio e telecomunicações, formando vários megasistemas de informação (fa
zendo c om que o mundo se tornasse cada vez menor).
Es tes sis tema s cob rem o mun do com
camadas de e spaço defin idas pelo fluxo de inform ações que corre através
dos canais de comunicaçõ es e míd ia.
As nece ssid ades ditadas pelo aumento das escalas das empresas e pelo
comércio entre elas (direto ou através de bol sa de mer cado ria s ou de
v a l o r e s ) ,
além do crescim ento das tecn obur ocra cias e aparat os po ll ti-
co-mil itares de Est ado , puderam ser atendidas ao longo do sécul o XX por
desen volvi ment os apur ados em tecnologi as de uso de ener gia elé tri ca,
como válvulas,_^ relais , tra nsi st or es, circ uitos inte gra dos e suas mai s
modernas versões de micr oproc essa dores , que, iucess anteme nte, tem revo
lucionado as gerações de técnicas de tratam ento mas sif ica do de infor
maçõ es, seja trans missã o, processament o ou memo rizaç ão.
Também as calculadoras mec âni cas , inicia lment e, depois as elétricas e
eletrônicas serviram para ajudar a manip ulação de dados. D ese nvolvera m-
-se nao apenas méto dos de cálc ulo, mas tamb ém técnicas de mem oriz ação
e esto cage m de inf orm açõe s. Enf im, a gama de prod utos nes te campo ,
que defi ne a no va base técn ica, varia desde a lâmpada elétri ca e
p a s
sa,pelo rádio, t elevi são, máquinas calculadoras eletro-m ecanicas e, fi
nalm ente , os computadores eletrônicos.
Se o alcanc e do ser hu man o, com a util izaç ão destes novos equipa mento s
e míd ia, ^pa ssa a ser ma io r, o mundo pa ssa a ser men or. A quantid ade de
informações que ele deverá lidar, conseq üentem ente, aumentará exponen-
cia lme nte, ã med ida que estes meios de manu seio s de infor maç ões , atra
vés de codificaçao/ decodificaça o de impulsos elétricos, forem au mentan
do sua capacidade e eficiência.
A concepção sistêmica, possibilitando o tratamento de massa de informações muito maiores, inegavel
mente implicou significativas economias na captação, ordenamento e transformação de formas de ener
gia,
ainda que em detri mento do tratamento indiv idua lizad o das uni dad es,
ja que se lhe padro niz am as opções por process os de múlt iplas esc olh as.
É inte ressa nte que estes processo s de múlti plas escolhas sao efet iva
men te os mais fáceis de codificar através de sistem as digitais incre
menta is bina rio s: pass agem ou nao de corrente elét rica rep resen tam sim
e na o. A uni dad e de info rmaç ão é um dest es sinai s e def ini da como um
bit : oito b i t s formam um byt e (sao 256 combinaç ões de pos sib ili
dades de pas sag em de corrente elé tri ca, que perm item a codifi cação di
g i t al d o a l f a b e t o , d o s n ú m e r os e t c ) .
Como vim os , os merc ados criados e devidame nte explora dos pela indústria
da infor mação foram os merca dos do envio de informaç ões a distânc ias
cada vez maio res em perí odo s de tempo mai s curtos (velo cidad e do som e
da energia e létri ca por meios cada vez m e l h o r e s ) , como o telé graf o e a
troca instantânea de informações pelo telefone.
A seguir vie ram os pode rosos mecan ismos do envio de mens agen s sonoras
e imagem captadas por aparelhos indiv idu ali zad os, que poss ibil ita m as
explor ações dos mer cad os de rádio e tele difu sao , bem como os mercad os
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ilOO
de bens de consumo du rá vei s, eletr odom éstic os et c. Já na linha da co
dific ação escri ta e proc essa ment o das inf orm açõ es, as calcul adora s e
comput adores ele trôni cos sao herde iros dos meca nism os de dat ilo gra fia ,
cálculos/' memorização e ediçã o/im pren sa. ̂ Nes te campo també m, a acel e
ração das inovações havid as com a introdução de métod os e proc essos e l e
trônicos desde a segu nda guerra tem sido tao gra nde , e acom panh ada de
reflex os tão significa tivos n a área da prod ução e da admin istr ação so
c i a l , que freq üent emen te se tem caracte rizado este perí odo com uma
revolução tecnológica no setor da teleinformática.
Algu mas das impre ssion antes dimens ões do que está ocor rendo hoj e n o se
tor da comput ação e letr ônic a nos Estados Uni dos , como uma qued a de
cus
tos anuais míni ma de 2 0% ao ano, nos últimos v inte a n o s ^ , e uma minia -
turizaç ao equ iva len te, se consid erarm os que num circuito integra do ja
se consegu e incorporar funções equiv alent es ãs desem penha das por mais
de 100 .00 0 tr an si st or es individuais-^'^, de ix am clar o o ritm o esp.antoso
das novas poss ibil idad es de mercad os par a novas funções e aplica ções
destes tipos de pro du to s, colocando ao alcance de um numero muito mai or
de usuários o poder de c ompu taçã o.
Sua utiliz ação v ai , por exe mpl o, dos cálculos da bom ba at ômi ca, que foi
lançada em Hiro shi ma, ãs estações orbitais tripulad as, passan do por com
p u t a d o r e s d o m é s t i c o s , a p a re l h os d e v i d e o - c a s s e t e , j o g o s e l e t r ô n i c o s , m a -
quinas -ferram enta com controle numé ric o, equipamentos de controle de
p r o c e s s o s ,
aparelhos de med ici na com puta riz ada, banc os de dados etc .
E nfi m, encontram-se as aplicações da teleinformática na esfera poli ti-
co- mil ita r, no consumo produti vo/a dmin istr ativ o e em padrões de consu
mo final. Inevit avel ment e, ocorre inte rpene traça o de funções e de me r
cado,
tipi ficadas pel a telem ática (telepr ocessam ento + informátic a, co
mo chamam os fran ces es, ou comun ica çõe s, como pre fere m os a m e r i c a n o s ) .
As aplicaçõe s da informát ica realmen te se dao em áreas muit o ab rang en
t e s ,
dificu ltando a diferencia ção de faixas de mercado^^. Imagine o lei
tor os efei tos de jun tar -se em um só aparelh o term inai s de redes de ví
d e o , fonia e teleprocessamento.
As conseqü ências deste processo de infor matiz ação da soc ieda de sao as
mais pro fun das . Na Fr anç a, por exe mpl o, foi tal a pre ocu paç ão, que o
Pre side nte Va lery G iscard D 'Estaing recome ndou a seu Inspetor G eral das
Finan ças um relat ório sobre o assu nto, que foi apresent ado por Simon
Nora em janei ro de 1978. O relatór io Nor a, como ficou conh ecid o, deve
ria trata r a ii^formatica como um fator de tran sfo rma ção da or ga ni za
ção econ ômic a e social e'do modo de vi da para que a socie dade este ja
em condiçã o, ao mesmo t empo , de o promove r e controlar para o colocar
Seg und o repo r tage m de capa da revis ta Business Weel í , de pr imei ro dc se tem bro de 1980
I b i dem , 14 ab r . 1 980 .
O pro gram a de po l í t i ca dc recurso s dc inío rm açã o da Harvard Univ ers í ty ,em seu re la tór io anuaí ,c lass i f ica seus nov os
associad os dc aco rdo com suas a t ividad es com f ronte ira ,s de di ferenc iação b as t an te di fusas . Ainda ass im, sao en um e
r ados s epa r a dam ent e Média e Pr odu t o s de C on sum o: p r odu t os de co nsum o, f i lmes , tv a cabo . pub l i cações de r ev is
ta s ,
de j o r na i s , de l iv r os , m i i s ica . ou t r os d i ve r t i me n t os , m í d i a ; C om uni ca ções : s i st emas de comuni ca ções e i n f o r ma
ções e s eus equ i pam ent o s , t e l eco mun i cações c s eus equ i p am ent os , se r v iços de i n f o r mação c p r oces sa men t o de dado s
e s eus eq u i pa me nt os : O u t r os Se r v i ços de I n f o r ma ção : s e rv i ços dc co r r e i o , no t í c i a s ; Pesqu i sa : s e rv i ços de con su l t o r i a ,
pesqu isas de aval iação, pesquisa e des env olvim ento ; Indú st r ia de Serviços : edu caçã o, t ranspo r tes e viagens , imobi l iá
r ias , saúde c seguros , serviços f inance i ros e de crédi to , energia ; Ma nufatura e Misceláne a: ou t ras inform ações , equip a
me n t o s i ndus t r ia i s , i mpr ensa e equ i pam ent o s , p r o du t o s f lo r e s ta i s , não r e l ac i onados com i n t omi aç ão
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A p e s a i
da
.sociedade
qu e
fo rma
a ,SBS
incluir
a
C O M S A T
c a
A l i T N A
LII L
Ca.sualty,
a
l iderança
do
g r u p o
éda
IBM,
a
p o n i o
de um dos
g e re n te s
da SBS, T.
S l iu rma n . d e c l a ra r
em
entrevista publ icada
na
R e v i s t a F o r t u n e ,
ju-
n h o /7 7 : A g o ra , se mp re
que eu
disse r
IBM, cu
q u e ro d i z e r
SBS '
A VARIG ut i l iza -se
da
rcda
da
SITA ( So c ié t e In t c rn a c io n a l e
dc
T e l e c o m u n i c a c i o n A e r o n a u t i q u e ) p a ra
ter
acesso
a
seu
c e n t ro
de
p r o c e s s a m e n t o
dc
d a d o s ,
que
fica localizado
nos
Ls t a d o s U n id o s
a serviço da democracia e do desenvolvimento humano . A telemática,
diferentemente da eletricidade, nao veicularã uma corrente inerte, mas
de informação, isto e, de poder. A linha telefônica e o canal de tele
visão constituem as premissas dessa mutuaçao, começando a se ligar aos
computadores ebases de dados, e em breve disporao, graças aos satéli
tes,
de um instrumento imperial. A informática constituirá nao uma re
de a mais, porem uma rede de outra natureza, fazendo jogar entre elas
imagens, sons e memórias; tranforraará, enfim, nosso modelo cultural.
Produtos,
processos e a própria cultura tem-se metamorfoseado a medida
que as aceleradas transformações que tem-se sucedido na tecnologia de
comunicações exerceram, e ainda exercem, grandes influências sobre os
rumos de competição intercapitalista. As faixas de mercado, como se vê,
passam a ter delimitações muito difusas, porque a base técnica tem ten
dido a se assemelhar em ramos empresariais diversos. É o caso especial
mente do uso da mesma tecnologia de eletrônica digital nas comunica
ções e na computação. Essa espécie de
convergéuci
.T
tecnológica
tornou inevi
tável, por exemplo, a interpenetraçao dos mercados pelas respectivas
empresas lideres. Assim é que a SBS — System Business Satélite (leia-se
X B M
) 1 2 _ prepara-se para alcançar um satélite para explorar comunica
ções empresariais mundialmente, e a ATT jã recebeu o sinal verde da FCC
americana para ingressar na produção de processamento de dados.
O que era
ficção científica até bem pouco tempo virou realidade tecnológica.
Apesar de oligopolizados
os novos mercados acirram ainda mais e rede
finem os níveis, formas e dimensões da concorrência capitalista, como e
o caso do surgimento da dependência tecnológica, a dependência das in
formações. Uma das medidas desta dependência salta aos olhos com a
u t i
lização de sistemas de teleprocessamento que tem seus bancos de dados
localizados em outros países. É o caso já encontrado em varias cori:>o-
raçoes multinacionais que fazem, até o controle de estoques das subsi
diárias a partir de centros de processamento de dados localizados jun
to is suas sedes. Ê o caso também do sistema de reserva de passagens
aéreas de companhias^^, que mesmo para vôos nacionais dependem do en
vio de dados, através de redes, ao exterior, onde esta localizado o seu
centro de processamento.
Outro exemplo de convergência tecnológica a estimular a verticaliza-
çao das indústrias e conseqüente fusões de mercados encontra-se entre
as produtoras de componentes eletrônicos e as produtoras de equipamen
tos.
A especificidade do complexo componente/equipamento força esta in
tegração.
Mas nao é só de homogeneidade tecnológica que vive a concorrência ca
pitalista. Empresas líderes de outros setores industriais já descorti
nam o mesmo potencial mercadológico que advém com a telemática. Éo ca
so da EXXON Corporation, o maior produto industrial de empresas no mun
do (com produção anual no valor de US$ 84,4
b i l h õ e s ) ,
que atua princi
palmente em termos de energia e, no entanto, neste momento, também se
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c i o n a l ,
ref ormul ando, conse qüente mente, a prévia segmentação de mer ca
dos oli gop oli zad os. Ê inequ ívoco o valo r que a infor mação assume para
quem a possui . O sistema financeir o, o tecno-burocr ãtico e mesmo o p r o
dut ivo , via de regr a, aume ntam extr aord inar iam ente o escopo das suas
pos sibi lid ades de atuação ao adotar as emer gente s formas da tele máti ca.
I nevita velmente esta profunda e acelerada modific ação na base técnica
do sist ema nao pod eria deixar de influ encia r bas tan te a compos ição da
força de trabalho (em escalas lo cais , reg ion ais , naci onai s e inter na
ciona is) a par tir do surg imen to de novas formas de trab alho. As sim é
que uma serie de prof issõe s se tra nsfo rma ram com as possi bilid ades de
uso de equi pame ntos de elet rôni ca dig it al , comput adores e equipame ntos
de teleprocessamento.
O uso e a aplic ação de computa dores na adm ini str aç ão, na produç ão téc -
nica-cie,ntif
ica,
e na prod ução mater ial dir eta int ui uma compa ração com
o adve nto da revol ução indust rial . Da mes ma man eir a qu e, como se viu
ant eri orm ent e, o surgi mento das máquin as pode ser ente ndid o como a cris
talização de hab ili dade s, conhec imento s, enfim de inteli gênci a em e l e
me nt os , que têm a forma social de capital fix o, també m agora,e com m u i
to mais cla rez a, este proce sso transfe re inf orm açõ es, antes de posse
dos tr aba lha dor es, par a o domínio do capita l. SÕ que agor a, o co njunto
de infor maçõe s transf eridas sao expl icit amen te expres sas por ativi da
des ment ais (trabalho i n t e l e c t u a l ) , sejam elas criat ivas(cálculo s cien
tíf ico s, enge nhar ia etc. ) ou pré- prog rama das (contabilidade,serviços de
escritório
e t c . ) .
Como diz um anúncio da IBM em pág ina in teira do New Yor k Times,. de 9 de
julho de 1980 , a adoção deste tipo de tec nol ogi a, ao contrário de vá
rias outras inovaç ões que revo lucio nara m a técni ca ao longo da hi st ó
ria da hum anid ade , traz uma vantag em men tal . E por isso el a é importan
t e,
porq ue vem ao encont ro das atuais necessi dade s ditad as pela evolu
ção das divisões do trabalh o (técnica social e i nter naci onal ), que poêm
tanta ênfase no des loc ame nto entre ativid ades de concepç ão e de exe
cuç ão, med ida s por nívei s de super visão e gerenc ia.
In ici alm ent e, os comput adores eram constr uídos com válvul as e tinham
enorm e tama nho , se comparado s com os de ho je . O trabal ho de pro gra ma
ção dos cálculo s a serem executad os exi gia muit os c onhecim entos de en
genh ari a elé tri ca, já que era feito dire tame nte por enfiação
( hard
w i r e d ) . Mas logo enco ntro u na lógica capita lista da divi são de traba
lho campo fértil par a um múltip lo desd obram ento em tarefas e funções do
tipo digitado res/perf uradores de cartão , programadore s e analistas de
siste ma ( software ).
Curiosa e, de certo mod o, patetica mente , o primeiro contingente de p r o
gram adore s era composto de mul her es, por se pensar que este trabalho
pude sse ser classif icado como serviç o de escr itór io. Como , ent ret ant o,
os prim órdio s da progr amaç ão (projeto geral e seqUê ncia detal hada de
inst ruçõ es) se revel aram muito mais complexos do que apar entav am, as
mulh eres fora m desloc adas da program ação de lingu agem de máqu ina (que
exi gia então conhec imentos de lógica abs tra ta, mat emá tic a, curcuitos
elétri cos, maq uin as, e campos objetivos como aerodinâmica, contabili da
de de custos etc. ) para atividade s de digi taçã o/pe rfur acão de cartõe s.
A atividade predec essora da progra mação , a engenha ria elétric a, surgiu
na segun da meta de do sécul o passado em indústria s que util izav am os
avanço s da ciênc ia no processo produ tivo. Há quem consi dere que talvez
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um dos seus princ ipais objeti vos fosse padroniz ar e rotini zar o p r o
cesso de prod ução como um todo, bem como o trabalho parti cula r de in
d i v í d u o s .
Consi derad a como exten são da gere ncia , bus cav a e ofere cia
técn icas de contr ole das téc nica s . Estes engen heiro s eram, enfi m, tra
balhadore s qualificados que buscav am tornar desnecessárias as quali fi
cações de outros tra bal hado res ^^.
A at ividade de prog rama ção, irônica ep rev isi vel men te , fo i, ela própria ,
alvo de um proce sso de padr oniz ação e rot ini zaç ao, que iria desembo car
na sua transf ormaç ão em produç ão de 'software , onde se encontr aria m
programações de alto nív el, programaç ão enlatada e, finalm ente, pro
gramação estrutura da, sendo esta uma sistemáti ca aplicação de prin cí
pios tayloristas ao trabalho de programação-'^.
Ai nda ass im, o deta lhado trabal ho de instruir o computador sobre o que
fazer
( software )
permane ce relativamen te mão- de-o brai nte nsiv a e com
custos prati came nte ina lte rad os, espec ialm ente se comparar mos com a
constr ução mat eri al do equip ament o em si ( hardware ), cujos preço s
dec lin ara m nos Est dos Unid os num fator de 1.000 des de 1 9 5 5 ' ̂. A progra
maçã o e conside rada hoj e o princ ipal est rangu lamen to no crescimento da
indust ria da compu taçã o. Segun do o vice -pre side nte da IBM, Franc is G.
Ro ge rs , o so ft wa re ' é o vei cul o chave par a dir eci ona r as recei tas dc.
'hardwa re' no futuro . Nas palavra s de H. H. Ri cha man , vic e-p res ide nte
sêni or da Da ta Gen eral Cor p. , nós escre víamo s 'softwa re' pa ra vend er
'hard ware', mas no longo prazo nós construire mos 'hard ware' de modo a
ve nd er 'software -'^.
Os avanços alcançados nas técnicas de fabricação de semico nduto res e
demais compon entes dos computadores nao foram acompan hados de uma cor
respo ndent e capaci dade de mani pula ção das ling uage ns, que pree nche sse
o pleno potenc ial criado pela nova tecnologia num mer cad o compe titiv o
(ainda que olig opol izad o) .
6 até possív el detecta r uma tendência inici ada em 1969 pela IBM, e se
guida pelas princ ipais empresas do setor ,de cobrar separ adame nte pelo
hardwar e e pelo softw are , enfim de vender softwar e lucrativamen-
te. Apesar de nao se poder g ara nti r, esta te ndênci a pare ce hoje em ple
no flores ciment o. 0 melhor ex emplo desta estraté gia (que se parece com
a da Kod ak de enfat izar o.luc ro nos f ilmes e nao nas cam era s) foi a re
cente decis ão da IBM de desc arre gar q uase met ade do preç o de custo de
seus proces sadore s da série 4.300 sobre o soft ware .
Nao se quer , ent ret ant o, minim izar a importân cia e as dificu ldades na
produç ão de har dwa re , muito pelo cont rári o. O fato concre to e qu e,
devido a capacitação nece ssári a para projet ar e executa r este tipo de
tecn olog ia, a produção dos computador es e demais equipa mentos de tele
má ti ca encontr a-se extrem amen te concentr ada nos países desenv olvido s .
1 6
K R A FT , Ph i l ip . T he i ndus t r i a l i za ti on o t com pu t e i p r ogr ami ng f r om pr ogr ami ng to . so f tw are p r o duc t i on . I n :
Case , s tudies on the labor proccss . [s . l. ] , A . Z i mba l i s t , [ sd . ]
' T A V A R L S. S i lv i o R . P r ogr am ação modu l a r e p r ogr ama ção e s t r u t u r ada : mé t od os e i mpl i cações ge r enc i a is R i o de
J a n e i r o . U F R J / C O P P t . 1 9 7 9 ( T o se d c M e s t r a d o )
Dc aco rdo com R. No t í , v ice-pres ide nte da Co mp ute r Science Corp , em ent revis ta ã Business Week , de 01 de se
t embr o de 1980
9
Vide repor tagem dc capa da Business Wcck, dc 01.09 80
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É o caso de v á r i as c o rp o ra ç õ e s m u l t i n a c io n a i s , e n t r e e l as a IBM, a G e n e ra l Mo to r s e tc. Com vár ias fábr icas espa lhadas
pe lo m u n d o , a IBM não e n t re g a n e n h u m e q u ip a m e n to c o mp le to qu e t e n h a s id o p ro d u z id o em a p e n a s uma de suas
u n id a d e s p ro d u t iv a s . Já a G.M. p re p a ra - se p a ra mu i to em breve lançar o p ro j e to do c a r ro mu n d ia l , u t i l i z a n d o t a m
b é m o c o n c e i to de in t e rd e p e n d ê n c ia da p ro d u ç ã o mu n d ia l .
Deve-se ressaltar o p a p e l qu e d e s e m p e n h o u o Estado americano para v iabi l iza r o d e se n v o lv ime n to do c o n t r o l e
n u m é
r ico.
Na
d é c a d a
de 50, a
força aérea pagou pe la compra , insta lação
e
m a n u t e n ç ã o
da
mais
de 100
m á q u i n a s
de
con
t ro l e n u mé r i c o , u t i l i z a d a s nas fábr icas de se u s p r in c ip a i s su b c o n t ra t a n t e s .
E , como se vera adiante, a nova divisão internacional do trabalho traz
em si condicionantes fortíssimos para que projeto e execução de tecno
logia de ponta continuem a se concentrar nos países centrais do
c a p i
talismo, apesar de que a produção manufatureira strictu sensu possa
se espalhar pelo mundo inteiro, mesmo que no interior de uma so empre-
s a 2 0 .
O uso de princípios tayloristas de administração de empresas, gerência
de produção e controle de processos fica bastante facilitado e alcança
novas dimensões com a utilização de computadores e outros equipamentos
de teleprocessamento, pela enorme capacidade que estes têm para trata
mento detalhado de grandes volumes de informações. Como conseqüência i m e
diata, novas profissões surgem (mecânica fina, programador, analista de
sistemas e t c ) , e outras desaparecem ou transformam-se (contador, o f i
ciais mecânicos de equipamentos com controle numérico e t c ) , mas há, de
qualquer modo, uma inequívoca e forte tendência de incorporação pelos
elementos do capital (fixo) das informações relevantes ao controle em
todos os níveis dos circuitos de acumulação de capital.
A noção sistêmica é fundamental para se estender o alcance das funções
que podem desempenhar os computadores. Nao cabe aqui aprofundar em de
talhes uma análise de suas possíveis aplicações, mas vale a pena r e s
saltar mais uma vez que estas não se restringem a auxiliar atividades
administrativas. Na produção, equipamentos de controle e processamento
eletrônico de dados podem ser aplicados na automatização de controle de
processos de distribuição de cargas elétricas, no controle de proces
sos de usinagem mecânica e até mesmo na própria concepção de
i
rojetos
de engenharia, entre outros.
Como se vÔ, a automatização de processos que anteriormente eram contro
lados pelo elemento humano (mesmo quando já fossem parcialmente auto
matizados) leva a um grande aumento de sua capacidade de graus de
p r e
cisão e confiabilidade, além de miniaturizar equipamentos de controle
que ocupavam grandes espaços (é o caso da distribuição de cargas e l é
tricas dentro das empresas, ou entre
r e g i õ e s ) .
No caso de máquinas-ferramentas com controle numérico^^ e das diver
sas formas de computadores aplicado ã produção ( Computer Aided Ma
nufature - C A M ) , há uma incorporação das habilidades e conhecimentos
correspondente ã de um trabalhador extremamente qualificado, em fi
tas e outros dispositivos de memória que, uma vez programados e per
furados, podem ser acionados em geral por operadores de formação b a s
tante simples. A operação de máquinas-ferramentas universais, que e ain
da um reduto de trabalhadores qualificados com habilidades quase arte-
sanais,
controlando parte do sistema de informações sobre o processo
de trabalho, começa a ser invadida por estas máquinas eletrônicas ma
ravilhosas que sugam ura valioso patrimônio de uma parcela da classe
trabalhadora, reestruturando-a.
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TÕ6
Mas não pára aí o des loc amen to da pola rida de dos siste mas de infor ma
ções sobre os proce ssos de prod ução . Outra s catego rias pro fi ssi on ais ,
que sempre se jul gar am resgua rdadas e imunes a este pro ce sso , ja come
çam a ser também afe tad as. Ent re elas esta a enge nhar ia. Com os novos
dese nvol vime ntos em Compu ter Aided Des ign - CAD , até atividades de
concepção e proje to do engenhe iro pas sam a ser pré -pr og ram áve is , por
processos de múltipl a esc olha, amplos e flexív eis.
Em sum a, ain da que a nat ure za destas inovaç ões impli quem o surg imen to
de ativi dades prof iss iona is novas ou transform adas nos vários níveis do
proces so de acu mulaç ão capit alista (seja esfera da circul ação ou da
p r o
d u ç ã o ) , é poss íve l perc eber claram ente um deslo camen to aceler ado das
informaçõ es que compõe m este siste ma para o domíni o e prop ried ade do
capital.
Para que se complete este quadro aqui delin ead o, é preci so levar ag ora
em conta os efeitos que o extremo gr au de inte rnac iona liza ção das e c o
nomia s contemp orâne as exerc e sobre a divisão social (inte rnacio nal) do
trabalho. Como já s c vi u, apos a inter nacio naliz ação do comércio e dos
fluxos finan ceiro s, a nova fase caracteriza-se pela internac ionaliz a
ção da prod ução , agenciad a principalm ente pelas corporações mult inac io
n a i s . Em bus ca de asse gurar faixas nos merca dos emer ge nte s, estas em
presas têm dispersado sua produção mundialm ente. D esta man eir a, buscam
também min imi zar seus custos e max imiz ar seus lucros numa escala mu n
dial.
Ao longo das grand es crises da eco nomi a mun dia l na pri mei ra met ade do
século XX, esbo çara m-se surtos de indust rializ ação em países per if ér i
cos do capita lismo que eram produt ores de produt os primár ios e que se
viam de uma hora par a outra impossi bilitad os (pela falta de divisas ob-
tíveis com a expo rtaçã o de produtos pri mári os) de importar uma série de
bens manu fatu rados que consumiam. Quando estas tendências se conf irma
ram no pós -seg und a guer ra (analisadas pelas vária s teorias da depe ndê n
cia, de trocas desig uai s e de det eri ori zaç ao dos termos de t r o c a ) , os
grandes bloco s de capi tal , que já havi am intern acion aliza do o fluxo do
comercio e o fluxo fin ance iro , resol veram assumir eles mesmo s a lid e
rança dos diversos proces sos de substit uição de imp ort açõ es que sur
giam e se se dimen tava m.
As sim , a inte rnac iona liza ção dos mercad os nao mais exig ia o comér cio
através de fro nte ira s, pois subsidiárias de corporações mul tin ac ion ais ,
ao opera rem in terna ment e ãs fronteiras nacion ais dos países onde estão
instaladas, estavam, na prati ca, internacionalizando estes merca dos. A
unid ade destas em pre sa s, ent ret anto , pass a por uma lógica de acum ula
ção em escala tran snac iona l. Com isso , reedit am-se em dimensõ es g l o
bais as estrutu ras gerenciais e admini strati vas daqueles e mpr eend imen
tos que antes eram apenas mult iplan tas e/ou mult idi vis ion ais .
à intens ificaçã o do comércio e do financiamen to segui u-se a inversão
dir eta p ara aglutina r ainda mais o multi secc iona do e interpenetrado me r
cado mun dial . M as , para viabil izar com eficiên cia o funcio nament o
des
tas estrutu ras org ân ic as, é precis o uma bas e técnica ade qua da, que se
apoia exatame nte na mod ern a tecno logia de telep roces samen to eletr ônico
de dados e qu e, como já vi mo s, desemboc a na telem ática .
Rec omp oe- se, mas agora em nova esc ala , a organ izaç ão do fluxo de inf or
maçõe s necessár ias ao controle do macro ou mega proc esso de acumul açã o,
tanto nas áreas da adm ini str açã o e fi na nç as , como nas de conc epçã o e
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Sumário e Conclusões
Volt amos a ressal tar alguns ponto s des te tra bal ho, be m como inferir al
gumas conclus ões que nos par ece m mais re lev ant es:
1. Apó s a inte rnaci onali zação dos circuitos do capit al comercial e m o
netá rio, intern acionaliza m-se também os circuitos do capital prod u
tivo .
2.
Com isto sao levadas a funciona r em plano inter nacio nal as conce p
ções empr esari ais e admin istra tivas que antes ope rav am numa est ru
tura multip lanta e multidi visional em um só p a í s . O modelo organ i
zac ion al de ma io r e fic iên cia e suces so foi o amer ican o, tendo em v i s
ta as condições p révi as de oper ação no seu gr ande espaço territ orial
e sob a égid e do capit al f ina nce iro .
3. Ta mbé m se ampl iaram corre spond entem ente as concepçõe s estrat égicas
de g eren ciam ento da prod uçã o. A divi são inte rnaci onal do trabalho tem
que dar conta do prin cípio tayl oris ta de separ ação entre concepção
e execu ção de pr oj et os , conc entra ndo-s e a prod ução intele ctual e o
contr ole do sistema de informa ções rele vantes do proc esso de acu mu
lação junto ao cen tro de toma da de de cis ões , a sede das empre sas, lo
calizad as em seus países (desen volvid os) de origem.
4 .
A dis tribu ição da produ ção físic a (m aterial) também nao se dá de ma
nei ra uni for me. A produç ão de tecnol ogia de pon ta também se conce n
tra nos países des env olv ido s, que se outor gam as funções de guar di-
çoes mili tare s das formações sócio- econÔm icas sob sua égide e que
lider am a corrida e spac ial . A decisã o de países perifér icos (ou sub
des env olv ido s) em empree nder grandes projetos está quase sempre as
soci ada a adoção de uma tec nolog ia de proce ssos de pont a cujos p r o
dutos componen tes sao, via de regr a, exclu siva mente produz idos pe
los paíse s cen trai s.
execu ção de pro je tos . Como o prin cípi o taylori sta de separ ação destes
dois últimos elem entos i também inevi tavel mente levado ãs dimensões in
ternacionais do ciclo de acumulação pr odut iva , acrescenta-se um elem en
to novo nas estruturas de poder políti co-eco nômico a nível mund ial. S ur
ge a quest ão da depe ndê ncia tecn ológ ica (ou, como jã se di sse , a de
pendência das i n f o r m a ç õ e s ) , pois se as grandes em pr es as, em sua expan
s ã o , inte rnacion alizam a produção final de b e n s , raramente internacio
nal iza m a produ ção intele ctual e a geração físic a de tecnolog ia de po n
ta. Do me smo mod o que a c apacid ade central de tomad a de decisões, ambas
ficam c oncen trada s ju nto ã sede das corpo rações m ul ti na ci on ai s, em seus
países de ori gem (via de regra nos centros capita listas des env olv ido s) ,
par a onde se dirig e o fluxo de todas as inf ormaç ões relev antes ã pro du
ção e circu lação dos pro dut os. A este fluxo de infor maçõe s cont rapo e-
-se um fluxo de autoridad e e de pod er, onde agor a, como se disse an te
rio rme nte , a lógica do siste ma exige que a max imi zaç ao de lucros se de
em termos globa is e que as par tes do bl oco de capi tal se sub met am ao
inter esse do todo. Des te mo do , nao é de se estra nhar que a capaci dade
de conc epção (trabalho e prod ução intele ctual criat iva ou inte lige n
te ) seja nat ura lme nte drena da e se concen tre junto aos centros de
decisão dos grandes blocos de capital int erna cion al para atender a es
ta lógic a de acumulaç ão em escal a mun dia l.
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5. fi poss íve l detectar uma tendê ncia da divisã o técnica inter nacio nal
do trabalho no interi or das próp rias empresas tran snac iona is, faze n
do com que partes diferentes se jam fabricada s em países difer entes
sem que uma úni ca fa brica poss a produ zir o todo.
,6. Re defin e-se assi m a divisão social int ernaci onal do traba lho apoi a
da numa base técni ca que pa ssa por uma evolução tao acelera da e com
cons eqüên cias sociais tao profun das (em termos de acirr ar tendência s
e disto rções pre viam ente ex iste ntes ) que este perí odo pode ser con
sidera do como de uma verd ade ira revoluç ão tecno lógic a.
7. Est a revol ução na tecno logi a do tratame nto elet rônic o e mas sif ica do
das informações altera e acele ra os proces sos de formação de me rc a
dos e sistemas financeir os i nter naci onai s.
8. Como dec orr ênc ia, aument am as poss ibil idad es de atrito entre as es
feras eco nôm ica , social e pol íti ca de conflito entre classes so
c i a i s ,
empresas (nacionais e mul ti ) e estados naci onais (condicio
nados t ambé m por conflitos entr e modo s de p r o d u ç ã o ) .
9. Estes estados nacio nais são pot enci alme nte os maior es usuár ios dos
produt os dest a revolução tecn ológ ica. Te m, assi m, o pode r de criar
uma dema nda efetiva capaz de viab iliz ar no longo prazo indústria s
nacion ais de computador es etc.
10. Mas criar condi ções de cálculo da. chamada Ef icác ia Mar gin al do C a
pital por parte de empre sário s naciona is imp lica rest ring ir o
m e s
mo cálculo das empresas mu lti na ci on ais , pelo menos no que tange
ã
expansão da sua produç ão e dos seus mer cad os.
11. A nova tecno logia de inform açoes é um veicu lo tao poder oso par a o
controle soc ial , que impõe ser domin ada por todos aqueles paíse s
que pos sam almejar a lguma ind epend ência (ou mesmo inter dep end ênci a)
econômica, tecnológica e socio-polltica.
12.
Pelo mesmo mo ti vo , o nao domí nio desta tec nol ogi a, ou seu domíni o
encla usura do e restrito pode repre senta r uma séria ameaç a a q u a l
quer projeto democrático naci onal (ou mesmo inte rnacion al. Na verda-
dade a questão democrática é lioje uma que stão mun dial) ,
13. É urgente que se criem condições e que se direc ione a inte ligên cia
naci onal , hoje em boa parte subem pregad a, ou mesmo desem prega da,
para um esforço de atu aliz ação , pop ulari zaçao , crescimento e, se p o s
sível,
até indepe ndênci a em relaçã o a esta revoluç ão tecn oló gica ,
pois se ela traz em si o germe da demo cr ac ia , traz tamb ém o do au
torita rismo, o mais perverso e incontrolável .
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