View
213
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O RH ESTIMULANDO O DESENVOLVIMENTO DO JOVEM
APRENDIZ NAS ORGANIZAÇÕES
Por: Ranuzia de Melo Alves
Orientador
Prof. Aleksandra Sliwowska
Rio de Janeiro
2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O RH ESTIMULANDO O DESENVOLVIMENTO DO JOVEM
APRENDIZ NAS ORGANIZAÇÕES
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Gestão de Recursos Humanos.
Por: Ranuzia de Melo Alves
3
AGRADECIMENTOS
.... À Oriental Veículos, por ter me
proporcionado a oportunidade de ampliar
meus conhecimentos e, meu Gestor por
acreditar na minha capacidade de
crescimento profissional...
4
DEDICATÓRIA
..... Dedico a meu marido Jarbas e minha filha
Julia por estarem sempre me apoiando nos
momentos mais difíceis...
5
RESUMO
Este trabalho refere-se a um tema inovador no contexto social. O
Programa Jovem Aprendiz ainda não foi incorporado na sociedade. A idéia das
empresas pensarem no programa como um projeto de responsabilidade social, está
ainda distante. É certa a luta do RH responsavelmente social pela implantação
desse projeto, pois nutre a idéia da busca de profissionais mais qualificados, dando
a chance do primeiro emprego e influenciando os jovens às boas competências,
formando profissionais com conhecimentos, habilidades e atitudes. Os jovens são
capazes de somar esforços e contribuir para uma sociedade mais justa. Ele é o
Adulto de amanhã; ele é o Presidente da Nação, O Atleta medalha de ouro, o
Executivo, o Professor, ele é à base de tudo! Neste texto, podemos ver caminhos
para ajudar a alavancar esse projeto de muito orgulho para nós brasileiros.
6
METODOLOGIA
Os métodos que contribuíram para elaboração do estudo em questão,
basearam-se em fontes de pesquisa como: implantação do programa e a vivência
com aprendizes na Oriental 2004 Veículos Ltda, livros, artigos, sites, revistas
voltadas ao foco “Programa Jovem Aprendiz”.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - O Jovem Aprendiz e a Sociedade 9
CAPÍTULO II - RH estimulando o desenvolvimento do jovem aprendiz nas
organizações 13
CAPÍTULO III – A inserção e a capacitação do jovem aprendiz 22
CONCLUSÃO 38
ANEXOS I 41
ANEXOS II 43
BIBLIOGRAFIA 44
WEBGRAFIA 45
ÍNDICE 46
8
INTRODUÇÃO
O programa Jovem Aprendiz apoiado na Lei 10.097/2000, a Lei da
aprendizagem, está voltado para a inserção e preparação de jovens no mundo
corporativo.
Com este programa, o Governo em parceria com outras organizações não
governamentais, tem desenvolvido junto às empresas privadas ou não, um processo
de aprendizado a estes jovens em formação, para que saibam fazer novas leituras
do mundo, tomar decisões e intervir de forma positiva a sociedade. Acredita-se que
é de responsabilidade compartilhada do Estado, da Sociedade, da família e dos
próprios jovens, fortalecer sua auto-estima e sua condição de cidadãos por meio do
trabalho. Precisamos somar esforços para contribuir com a empregabilidade dos
nossos jovens, principalmente dos menos privilegiados.
Sendo assim, o RH das organizações tem por dever como gestores de
pessoas e talentos, contribuir integralmente ao desenvolvimento destes futuros
profissionais, pois diante da nossa atual realidade perante a sociedade, no sentido
do envolvimento dos jovens com drogas, gravidez precoce e outros, abraçarmos a
causa deste programa é imprescindível, a fim de capacitarmos estes jovens e torná-
los profissionais aptos neste mercado de trabalho tão competitivo, baseando-se é
claro, na formação e não na produção, conforme (ECA, art.62), integrando-os e
atendendo à suas necessidades, despindo-nos de preconceitos e aprendendo a
conviver com suas diferenças individuais e suas condições.
9
CAPÍTULO I
O JOVEM APRENDIZ E A SOCIEDADE
...Podem tudo nos tirar, menos o conhecimento.
A sociedade ainda não tem conhecimento da importância de um
programa de aprendizes. A aprendizagem é uma oportunidade de inserção, mas a
lei de aprendizagem ainda permite ao jovem uma qualificação profissional. Vivemos
hoje sob o estigma da baixa qualificação escolar. No Brasil, falar de ensino é falar de
um abandono escolar. Prima-se que “conhecimento é poder”, e luta-se para tornar
este sonho uma realidade, e não somente utopia.
Temos hoje 60 milhões de alunos freqüentando as escolas brasileiras, em
todos os níveis; este número cresceu muito nos últimos anos, sobretudo no ensino
fundamental. Há necessidade de mais recursos para educação, que hoje investe
cerca de 4,5% do PIB.
Isso porque um sistema estruturado de ensino se configura como um
conjunto de soluções que vão além do material didático. Ele inclui, por exemplo,
tecnologias educacionais, portal educativo, formação continuada de professores,
avaliação e acompanhamento da aprendizagem do aluno, entre outras, que, juntas,
resultarão em melhor desempenho escolar.
E quais são os caminhos para se reverter esse quadro? Podemos
vislumbrar cinco, que se complementam:
10
1) continuar a melhoria da distribuição de renda;
2) fortalecer políticas de valorização docente;
3) investir na qualidade e ampliação da educação infantil;
4) promover formação continuada para professores e gestores e;
5) optar por materiais e recursos didáticos que vão ao encontro de uma
aprendizagem significativa, que possibilitem ao aluno do ensino público uma
formação adequada às demandas desta época.
“Com nossos avanços econômicos, inclusive com as perspectivas do pré-
sal, que poderá ter exploração potencializada nos próximos 10 anos, surgirão
milhares de empregos, sobretudo no nível médio, nas áreas de Petróleo e Gás,
transformando as opções de RH” (Arnaldo Niskier – Presidente CIEE). E neste
contexto, é que o RH empreenderá na formação destes jovens para um futuro
promissor. Com o advento das Olimpíadas e da Copa do Mundo, precisamos formar
elos com a Sociedade no intuito de termos talentos preparados para estes eventos
de ordem mundial aqui no Brasil.
“A contratação de aprendizes deve ser vista com atenção pelas
empresas, pois essa prática pode ser um caminho eficiente para elas cumprirem
suas políticas de responsabilidade social. Essa atitude faz com que as empresas
contribuam efetivamente com a redução dos problemas que afetam a juventude
brasileira, como a violência, a evasão escolar, a baixa qualificação para o trabalho e
o desemprego” (Enid Rocha - pesquisadora do IPEA).
11
Os aprendizes enfrentam dois problemas principais: a baixa qualificação
educacional e a pouca quantidade de programas de aprendiz. As vagas oferecidas
são normalmente na área administrativa ou de mecânica. Será que os jovens
querem seguir somente essas áreas? Para as verdadeiras organizações, não existe
um setor mais importante que o outro. Se não houver permanente colaboração entre
todos, o sistema tende ao fracasso.
Será mais significativo, quando a legislação que está tramitando for
aprovada estendendo às empresas públicas a obrigatoriedade de sua aplicação.
Em 2008, na abertura da I Conferência Nacional da Aprendizagem
Profissional, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva se comprometeu a atingir a meta
de inserir 800 mil jovens aprendizes no mercado de trabalho até 2010. Porém, até
junho deste ano número de aprendizes contratados somava 183.170, segundo o
Ministério do Trabalho e Emprego. O total representa 22% da meta do Governo
Federal.
Conforme cálculos do Ministério do Trabalho, se todas as empresas
cumprissem a cota mínima de aprendizes exigida por lei — 5% do total de
empregados com formação profissional — o potencial de contratação de aprendizes
alcançaria 1,2 milhão.
Motivação é o empenho de aumentar ou manter tão alto
quanto possível a capacidade de um indivíduo, a fim de que
este possa alcançar excelência na execução das atividades
das quais dependam o sucesso ou o fracasso da organização a
que pertence. (HECKHAUSEN, 1967, p.32).
12
É neste contexto de motivação que precisamos contar com as famílias
destes jovens, pois são elas que validam o trabalho das escolas e o crescimento dos
mesmos perante o mercado de trabalho; jovem que estuda é jovem que cresce! Não
foi à toa que aquela “catadora de papel”, Srª Maria de Lourdes Nascimento,
incentivava e trabalhava arduamente para dar condições ao filho Alcides do
Nascimento, 22 anos, que passou em primeiro lugar em Biomedicina para UFPE, e
foi brutalmente assassinado, interrompendo seu ciclo de vida e ascensão.
1.1 – A Sociedade Investindo no Jovem
Aderindo ao Programa jovem aprendiz, as empresas terão a oportunidade
de ganhar como empregadoras, educadoras e empreendedoras.
Como empregadora, a empresa ganha um futuro profissional capacitado
para o exercício das funções desejadas.
No papel de educadora, o retorno está na construção de uma sociedade
do conhecimento capaz de estimular o desenvolvimento de um País com maior
segurança social.
No perfil de empreendedora, as empresas estarão consolidando um
contingente de jovens cidadãos, com a cultura de uma sociedade focada na
construção de uma nova realidade.
O retorno institucional ao associar a marca da empresa a um programa
social de amplitude nacional e divulgado internacionalmente, caminha pela
promoção da mudança social, contribuindo para o desenvolvimento profissional e
cidadão dos jovens aprendizes, e mais ainda, cumprindo a Lei da Aprendizagem
(10.097/2000).
13
CAPÍTULO II
O RH ESTIMULANDO O DESENVOLVIMENTO DO JOVEM
APRENDIZ NAS ORGANIZAÇÕES
...Bom para o jovem, melhor para a organização
As organizações socialmente responsáveis devem somatizar à idéia que
ao ingressar no Programa Aprendiz Legal, ela estará cumprindo um importante papel
social, contribuindo com o desenvolvimento profissional e cidadão de jovens
aprendizes. A lei determina que as empresas destinem de 5% a 15% de seus
quadros para contratação de aprendizes.
Os Recursos Humanos da empresas devem, no entanto, divulgar as
gestões das empresas, que o momento é favorável e o retorno institucional é fato, ao
associar sua marca a um programa social amplamente divulgado. Devem atuar
como agente de mudança, reconhecer as pessoas como parceiras da organização,
proporcionar competitividade à organização, manter um comportamento ético e
socialmente responsável. O profissional de RH é aquele que presta serviços
voltados à identificação, análise, organização e métodos utilizados nas
organizações, e aquele que recomenda ações preventivas e corretivas para o
sucesso da organização. É, portanto um profissional reconhecidamente qualificado
em seu campo de trabalho.
14
2.1 - Argumentos a favor da responsabilidade social da empresa
Keith Davis defende a responsabilidade social da empresa. Ele
argumenta que a responsabilidade social caminha de mãos dadas com o poder
social, e uma vez que a empresa é a força mais poderosa na vida contemporânea,
ela tem a obrigação de assumir a responsabilidade social correspondente. A
sociedade, por sua vez, tendo conferido poder a empresa, pode chamar a empresa
a prestar contas pelo uso de tal poder. Davis afirma ainda que a empresa deve estar
aberta a representantes sociais e à análise especializada de problemas sociais; a
sociedade deve prestar atenção e valorizar os esforços das empresas na área de
responsabilidade social. Em um sentido muito revolucionário, ele chega a afirmar
que a empresa, se possuir a perícia necessária, tem a obrigação até de ajudar a
solucionar os problemas sociais nos quais não esteja diretamente envolvida. Essa
obrigação é em favor do bem geral, pois quando a sociedade melhorar, a empresa
se beneficiará.
2.1.1 - Argumentos teóricos em favor da responsabilidade social
ü Programas de responsabilidade social ajudam a evitar que pequenos
problemas possam se tornar grandes problemas. Em última análise, isso será
benéfico à sociedade e à empresa.
ü Ser socialmente responsável é a coisa ética ou correta a fazer.
ü Demonstrar sensibilidade a questões sociais ajudará a evitar intervenção
governamental na empresa.
2.1.2 - Argumentos práticos em favor da responsabilidade social
15
ü Ações que demonstraram sensibilidade social, se efetivadas dentro de um
modelo econômico sustentável, podem, de fato, ser lucrativas para empresa.
ü Ser socialmente responsável melhora a imagem de relações públicas da
empresa em termos de cidadania.
ü Se nós mesmo não o fizemos, nem a opinião pública, nem o governo exigirão
que o façamos, apenas punirão como a Lei permite.
A filosofia da Lei da Aprendizagem é oferecer aos jovens uma preparação
para o exercício profissional, oferecendo capacitação e garantindo inclusão social
com empregabilidade. O RH deve, no entanto, estar “antenado” nos jovens,
garantindo sua freqüência escolar e no trabalho, estabilidade nos cursos de
capacitação, pois não é interessante que o jovem seja descontado no seu salário,
como punição pela sua falta à capacitação, o importante é que ele participe das
atividades educativas e culturais, ampliando sua visão de mundo e se preparando
para o mercado, pois, se ele não freqüentar a capacitação, poderá ser considerado
celetista, com efeito retroativo.
Garantir também uma interação com os outros profissionais das empresas
faz parte do papel do RH, não deixando que eles sejam apenas um “quebra-galho”,
mas motivá-los e fazer com que as pessoas entendam que a função de aprendiz é
muito mais importante do que se pensa: é a formação de um profissional melhor
para a Empresa e para sociedade em geral.
2.2 – Benefícios para a Empresa que participa do Programa
16
2.2.1 - Incentivos Fiscais e Tributários
As empresas que participam do Programa Jovem Aprendiz, além de
estarem contribuindo para uma sociedade mais responsável, também ganham com
incentivos fiscais e tributários. Vejamos a seguir os benefícios gerados para as
Empresas que aderem ao Programa Jovem Aprendiz:
ü Apenas 2% de FGTS (alíquota 75% inferior à contribuição normal)
ü Empresas registradas no “Simples”, que optarem por participar do Programa,
não terão acréscimo na contribuição previdenciária.
ü Dispensa do aviso prévio remunerado
ü Isenção de multa rescisória
ü Remuneração reduzida pelo salário mínimo hora
ü Contrato por prazo determinado de dois anos (art. 428 CLT)
2.2.2 – Entidades qualificadas a ministrar cursos de aprendizagem
O Cadastro Nacional de Aprendizagem foi criado destinando o registro
das entidades de formação técnico-profissional metódica responsáveis pela
qualificação de jovens no âmbito da aprendizagem. As Instituições qualificadas a
ministrar cursos de aprendizagem são:
1. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI);
2. Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC);
17
3. Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR);
4. Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT);
5. Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (SESCOOP);
6. As Escolas Técnicas de Educação, inclusive as agrotécnicas;
7. As Entidades sem Fins Lucrativos, que tenham por objetivos a
assistência ao adolescente e a educação profissional, registradas no
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (arts. 429 e
430 da CLT);
Especificamente na modalidade de aprendizagem profissional, podem ser
contabilizados avanços significativos do ponto de vista legal. De 2005 até agora, é
possível dizer que foi criado um arcabouço que dará sustentação à exploração do
enorme potencial de vagas para adolescentes e jovens e para pessoas com
deficiência, serem encaminhados ao mercado formal de trabalho.
O Rh da Empresa deve designar formalmente um supervisor para
monitoramento do aprendiz. Este ficará responsável pela coordenação de trabalhos
práticos e acompanhamento das atividades do aprendiz, no estabelecimento,
visando garantir sempre uma formação que possa de fato contribuir para seu
desenvolvimento integral e a concordância com os conteúdos estabelecidos no
curso em que foi matrivulado, de acordo com o programa de aprendizagem (Art. 23,
§1º, do decreto nº 5.598/05).
18
Garantir o caráter permanente da aprendizagem como política pública
orientada, e com resultados monitorados pela ação estatal, integrando essa
modalidade ao Sistema Público de Trabalho Emprego e Renda, é uma estratégia
que se articula ao Plano Nacional para que o jovem participe efetivamente do projeto
de uma sociedade mais justa.
Em Novembro de 2008, foi realizada a I Conferência Nacional da
AprendizagemProfissional. Na ocasião, foi lançado pelo MTE um desafio: A
contratação de 800.000 Aprendizes, até 2010. Para que seja atingida, a meta deverá
ter o apoio de todas as partes envolvidas no processo de Aprendizagem.
Foi também criado um Fórum permanente, o Fórum Nacional de
Aprendizagem Profissional, que tem como objetivo ser um espaço aberto de
discussão e aperfeiçoamento, para que a política de Aprendizagem seja sempre
modernizada, acompanhando as tendências atuais do mercado de trabalho.
É importante ressaltar que os Recursos Humanos das empresas devem
estar atentos ao contato com as Instituições de ensino, programando com
antecedência as turmas de aprendizagem para os jovens, de modo que eles estejam
em permanente capacitação teórica. Há ainda, uma certa dificuldade em conseguir
turmas para os aprendizes nos órgãos citados acima, pois a procura por um serviço
gratuito é grande, mas vale lembrar que as empresas já pagam por este serviço no
montante de sua Guia da Previdência Social. Acontece de muitas empresas terem
de recorrer às instituições particulares para atender às fiscalizações, e acabam
tendo que pagar por isso.
19
Preço justo por terem esperado uma intimação do Ministério do Trabalho
e Emprego (MTE) chegar, ao invés de terem cumprido com a Lei em tempo hábil.
Uma dessas instituições que vem abraçando o programa Jovem Aprendiz
é o CIEE, que em parceria com outras organizações como: Fundação Roberto
Marinho, Instituto Ethos, Rede Globo, Rede Cidadã, Gerar, vem contribuindo com a
Sociedade na capacitação teórica de aprendizes, com o objetivo da geração de
profissionais capacitados e cidadãos conscientes, desenvolvendo ações de caráter
educativo, cultural e técnico-científico, visando oferecer à comunidade soluções para
integração de jovens no mercado de trabalho.
“Atualmente na América Latina, todos os olhares estão postos na educação. A
educação deixou de ser um aspecto marginal da realidade. Está no centro do
cenário histórico e político da América Latina, tanto em termos de expectativa da
opinião pública quanto em termos de decisão...A educação sempre teve legitimidade
moral...A educação tem legitimidade política obviamente... Mas existe atualmente
legitimidade macroeconômica e isso se agrega às outras legitimidades, e, em um
mundo tão pragmático como o que nos tocou no final do século XX, isso tem peso.”
Bernardo(Kliksberg;BID;1999).
“Adotar um sistema de Educação Estratégica é condição essencial para que as
empresas desenvolvam com eficácia seus talentos humanos”
(Marisa Eboli) .
O impacto positivo nos resultados do negócio decorrente da adoção
desses Sistemas Educacionais Estratégicos e Competitivos tem incentivado um
interesse crescente pelo tema, e é legal lembrar que quando “não” se tem um
aprendiz, não se quer tê-lo, quando se tem, ele faz falta! Convivendo com
aprendizes nas Empresas, vimos como isso é fato.
20
Após algum tempo, o trabalho deles é algo que já faz parte do contexto
organizacional, não é apenas mais um, e sim um corpo ajudando no crescimento da
empresa.
A gestão de Recursos Humanos está tendo a rara oportunidade de auto-
transformar sua função dentro das organizações para uma dimensão mais
estratégica, agregando valor ao negócio ao investir no desenvolvimento das pessoas
e no processo de aprendizagem.
As estratégias de implantação do programa Jovem aprendiz nas
Organizações devem ser encaradas mais do que como um produto das reuniões
anuais de planejamento das empresas, mas como um processo de sonhar e criar um
futuro, compartilhado com toda organização.
Incentivar os aprendizes a buscar informação, a capacitação e a
atualização profissional é o lado concreto desta história. A aplicação visando à
geração de valor é o outro lado da moeda, que deve ser bem lapidado, pois é a
parte mais profunda do programa. Um dos maiores desafios de recursos humanos
tem sido a aferição destes valores. Qual o valor agregado ao negócio? Outro ponto
de destaque tem sido o fato de que os gerentes consideram difícil avaliar o capital
humano em suas organizações, tendo em vista que constituem uma parte vital deste
capital. Há que se destacar também a questão de enfoque, quando os gerentes tem
de mudar sua visão em relação aos funcionários – vendo-os como capital valioso em
vez de recursos que demandam despesas – quando a antiga visão de RH está, hoje,
servindo bem a eles? Dentro desta abordagem, alguns gerentes de RH nunca
mudarão, a menos que sejam obrigados. A boa notícia é que o momento chegou: os
gerentes tem que promover o conceito de capital humano ou sucumbir com sua
21
chegada. Segundo Meister, estas iniciativas também se devem à frustração com o
nível de qualidade e conteúdo do ensino formal disponibilizado, o que também é
válido em nossa realidade brasileira.
Como vimos neste capítulo, não é tão difícil implantar uma idéia tão fácil,
onde se tem lucro e reconhecimento social. Basta querer e saber fazer. O jovem é
um prenúncio bom, é virtude que se resgata a cada momento, é ser feliz e pleno, é
ter habilidades e novas idéias, é reconhecer que errou e talvez errar de novo, mas
no intuito de fazer melhor aquilo que nós adultos, o incentivamos a fazer bem!
22
CAPÍTULO III
A INSERÇÃO E A CAPACITAÇÃO DO JOVEM APRENDIZ
...Mais que profissionais, formando cidadãos!
Em 2005, foram inseridos no mercado de trabalho 73.231 jovens
aprendizes– 29.605 tiveram a carteira de trabalho assinada após fiscalização
realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Desde 2000, quando foi
sancionada a Lei do Aprendiz (10.097), a Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT)
realiza ações de fiscalização nos estabelecimentos comerciais de todo o País para
garantir os direitos trabalhistas dos jovens aprendizes.
Com o objetivo de aumentar ainda mais o número de jovens contratados
com vínculo formal de trabalho, em dezembro do ano passado o governo publicou
decreto esclarecendo e acrescentando informações à Lei do Aprendiz para torná-la
mais acessível ao empresariado e as Organizações não Governamentais (ONG’S).
Além disso, o MTE e entidades da sociedade civil organizada vão realizar várias
ações para divulgar melhor a Lei. Entre elas, será confeccionada uma cartilha
explicativa, com todo o passo a passo sobre como podem ser feitas as contratações
dos jovens. Será realizado também um seminário para lançar a cartilha e uma
campanha nacional de informação sobre o tema.
A metodologia de inserção do aprendiz legal privilegia o desenvolvimento
de competências a partir de uma abordagem interdisciplinar do conhecimento.
23
O currículo do programa contempla saberes sintonizados com o cotidiano
dos jovens, aliados aos diferentes contextos sócio-culturais e profissionais. Dessa
forma, o programa busca preparar os jovens não apenas para o mundo do trabalho,
mas também para a vida.
Nos novos mundos de negócios e do trabalho de hoje, terão mais
probabilidades de sucesso as empresas que se mostrarem capazes de realizar a
transformação de estratégias em ações, de enfrentar a incerteza e a ambigüidade e
de atuar com visão global, perspectiva de longo prazo, capacidade de correr riscos e
gestão por missões.
Essas condições, essenciais para alcançar a excelência empresarial,
exigem que a gestão de pessoas se desloque da posição tático-operacional
tradicional para um posicionamento estratégico, o que implica concepção de um
modelo de gestão estratégica de pessoas, esse modelo inclui a inserção do
programa Jovem Aprendiz.
A integração social na organização requer ausência de preconceitos,
igualdade, mobilidade, relacionamento e senso comunitário.
O Programa de Jovem aprendiz agrega às famílias dos jovens e as
empresas, por terem a oportunidade de, durante 24 meses, prepararem mão-de-
obra qualificada para Sociedade e para si próprias; para as famílias, a certeza de
que seus filhos estarão sendo capacitados para cidadania, tornando-os pessoas
responsáveis, e, para os jovens que, ao percorrem essa caminhada, tornarem-se
prontos para o ingresso em um mercado de trabalho cada dia mais exigente.
Nos nossos dias, as empresas estão buscando os melhores profissionais
para se trabalhar, e porque não, formá-los? Ao invés de pagar fortunas contratando
had hunters para procurar profissionais, podemos formá-los desde o começo, dando
24
a oportunidade de crescimento pessoal e profissional. Imaginem um diretor de
empresa, ter começado como um jovem aprendiz? Os empregados de hoje estão
em busca de condições para um desempenho consciente de suas funções, para que
se possa avaliar seus aspectos éticos, sociais, legais e humanos; eles querem maior
visibilidade no ambiente de trabalho, querem ser vistos e reconhecidos. Então por
que não começar?
A maioria das empresas deixam para contratar aprendizes a partir de uma
notificação do Ministério do Trabalho. Esta notificação chega às empresas enviadas
pelos Auditores Fiscais do Trabalho, que por meio do CAGED (Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados), conseguem visualizar se as empresas possuem ou
não aprendizes. Após avaliação da cota de aprendizes aferida pelo Auditor do
Trabalho, as empresas deverão imediatamente contratar os aprendizes, para que
não paguem multa ao M.T.E, podendo chegar essa multa, conforme art. 434 CLT. “O
grande desafio é a gente pensar em como fazer com que a aprendizagem chegue a
todos os lugares do Brasil. Pensar na aprendizagem para a juventude rural, que
também deve ser beneficiada pela lei e naquilo que está dando certo e que podemos
potencializar de forma a mobilizar cada vez mais o empresariado, os órgãos
públicos, para a efetividade dessa lei”, avaliou Luciane Cruz (coordenadora de
Projetos do CIEE do Rio de Janeiro)
É muito fácil contratar um jovem aprendiz. Basta entrar em contato com
as entidades qualificadas e receber todas as orientações necessárias para
cumprimento das determinações da Lei.
• Definição da cota de aprendizes contratados;
• Seleção e encaminhamento de adolescentes;
25
• Formação técnico-profissional
• Acompanhamento e avaliação do aprendiz durante o processo de
aprendizagem nas entidades qualificadas e na empresa
A contratação do aprendiz deve ser formalizada por meio de anotação em
CTPS e livro e/ou ficha de registro de empregados. No campo função de ver ser
anotada a palavra “aprendiz”, seguida da função constante no programa de
aprendizagem, em concordância com o Código Brasileiro de Ocupação(CBO). Nas
anotações gerais deve ser feita anotação de início e término do contrato de trabalho.
Quem pode ser aprendiz? Jovens de 14 a 24 anos que estejam cursando
o ensino fundamental ou ensino médio, com uma jornada de trabalho de até 6 horas
diárias para aprendizes, nelas incluídas as atividades teóricas e/ou práticas. O
aprendiz contratado terá direito a salário mínimo hora, 13º salário e a todos os
benefícios concedidos aos demais empregados. Suas férias deverão coincidir com o
período de férias escolares, sendo vedado o parcelamento. A jornada de trabalho do
aprendiz será de cinco dias na semana, sendo um dia dessa jornada, dedicado a
capacitação teórica nas entidades qualificadas. Ao final do curso de aprendizagem,
os aprendizes que tiverem concluído, com aproveitamento, o curso de aprendiz, será
concedido, obrigatoriamente, certificado de qualificação profissional (Art. 430,
parágrafo 2º CLT).
3.1 - Diferença entre Programa de Aprendizagem e Estágio
Não podemos confundir estágio com programa de aprendizagem. A
aprendizagem é regida pelo Art. 424 e seguintes da CLT.
26
A teor do que dispõe o art. 428 da CLT, o contrato de aprendizagem é
contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que
é assegurado ao jovem aprendiz formação técnico-profissional metódico, compatível
com seu desenvolvimento físico, moral e psicológico.
O estágio é disciplinado pela Lei 69494/77 e consiste na vivência prática
das disciplinas curriculares, sendo seu objetivo principal a complementação de
estudo regular, cuja supervisão compete às instituições de ensino. Nesta hipótese
não há vínculo de emprego entre o estudante e a empresa concedente do estágio.
Quem deve participar? Estabelecimentos de qualquer natureza com
exceção das microempresas e das empresas de pequeno porte, são obrigados a
contratar como aprendizes entre 5% e 15% do total de trabalhadores do
estabelecimento e matriculá-los nos serviços nacionais de aprendizagem ou
nas escolas técnicas ou, ainda, em entidades sem fins lucrativos voltadas
à educação profissional.
Tem-se notado uma mudança muito grande desde o dia que jovem entra
na Empresa para uma prazo de 3 meses após sua iniciação como aprendiz. Todos
os dias há uma luta muita árdua dos profissionais de RH para uma adaptação do
jovem com um novo ambiente. Até então eles iam para escola, voltavam para casa,
tinham sua “vidinha” normal. Quando se deparam com a realidade de ter
responsabilidade com seu trabalho, cobranças no horário, trabalho, capacitação
teórica nas entidades qualificadas, misturados com os trabalhos da escola, provas
etc, isso pode causar algum transtorno psicológico para os mesmos. Alguns nunca
tiverem sequer, preocupação voltada para eles, quanto a estas questões escolares,
do seu cotidiano, e até mesmo da sua relação com o mundo, pelos seus
responsáveis. E os profissionais de RH devem saber exatamente o que fazer nesses
27
casos, tendo muita paciência, postura, serenidade para lidar com diversos tipos de
casos, do mais extremo ao mais simples.
Articular a educação com o trabalho seria a associação perfeita entre o
que a escola ensina e o que as empresas procuram, segundo a presidente da ABRH
(Associação Brasileira de Recursos Humanos), Leila Nascimento. Essa conexão até
já existiu, no tempo em que as escolas ensinavam técnicas bancárias, comerciais e
administrativas. "Hoje é preciso correr atrás do prejuízo", diz Leila. "Em muitas
localidades a falta de parcerias com entidades que treinam os aprendizes dificulta a
implantação do programa", diz Leila.
Diante das grandes dificuldades, empresas investem nas próprias
universidades corporativas ou mesmo na comunidade do entorno porque sabem
que, cedo ou tarde, vão precisar daquela mão de obra. "Isso é consequência da
informação desconectada da escola com o mundo do trabalho", deduz Leila.
"Precisamos de uma política de mobilização da sociedade, do governo e da
empresa, que é a maior protagonista do trabalho". Para Leila, a Lei da
Aprendizagem coloca o país numa escalada de crescimento.
3.2 - Forma de incentivar e motivar as organizações
O ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, entregou em 21/12 o selo
“Parceiros da Aprendizagem” a 78 organizações qualificadoras e empresas que se
adequaram a Portaria nº 656, criadora do selo. A homenagem é realizada após a
comprovação das ações desenvolvidas no exercício de 2010.
28
A análise do processo para concessão do selo é garantida a empresa
candidata que atenda a pelo menos um dos seguintes requisitos: contratar, para
cumprimento da cota de aprendizes, pessoas com deficiência ou adolescentes e
jovens pertencentes a grupos mais vulneráveis; contratar beneficiários ou egressos
de ações ou programas sociais; desenvolver ou apoiar a capacitação de entidades
e formadores para atuação na aprendizagem, entre outros.
As entidades ainda tiveram que atender, cumulativamente, às seguintes
condições: manter contratos com, no mínimo, 20% de aprendizes (eles precisam
pertencer às famílias cujas rendas familiares per capita sejam de até meio salário
mínimo ou sejam egressos de programas sociais); atender ao cumprimento da cota
de pessoas com deficiência; aplicar mecanismos de avaliação; matricular os
aprendizes em cursos validados; manter registro atualizado de aprendizes no
Cadastro da Aprendizagem; entre outras condições.
“Tivemos a idéia de criar o selo como uma forma de incentivo e motivação a essas
entidades. Com essa intenção modesta queremos criar o reconhecimento pelo que
essas instituições estão fazendo por essa massa de jovens brasileiros“, ressaltou o
ministro Carlos Lupi.
O selo demonstra o reconhecimento do MTE com as entidades. É uma
forma do Ministério reconhecer as ações que as entidades do terceiro setor
desenvolvem para a qualificação dos jovens. Se não fosse a atuação dessas
entidades, que chegam a todas as partes do país, esses jovens talvez não teriam a
oportunidade de se qualificar
29
As entidades qualificadas em formação técnico-profissional metódica que
quiserem obter o selo no próximo ano deverão obter a validação dos cursos
ofertados e sua divulgação no Cadastro da Aprendizagem; manter registros
atualizados; desenvolver processos seletivos não discriminatórios; manter
instalações adequadas, comprovar investimentos na capacitação continuada de
formadores, entre outras condições.
3.3 - Lei colabora com redução da taxa de evasão escolar
A taxa de desemprego no Brasil está em 7%. Mas entre os jovens com
ensino médio incompleto, ela sobe para 16,2%. Dos quase 3,6 milhões de alunos
matriculados na primeira série do ensino médio no início de cada ano letivo 1,8
milhão deixam a escola sem concluir o curso, segundo o censo escolar do Ministério
da Educação (MEC).
Entre os 10 milhões de brasileiros de 15 a 17 anos, 4,8 milhões estão
cursando o ensino médio; 3,2 milhões ainda frequentam o ensino fundamental;
outros 2 milhões estão fora da escola, segundo o IBGE. A oportunidade de uma
capacitação para o trabalho nessa faixa etária pode ser a única oportunidade que
esses jovens terão na vida. As empresas também ganham com isso.
"Não existe projeto de responsabilidade social de maior impacto que a Lei
da Aprendizagem". Wanda Engel(Superintendente Regional do Unibanco)
Treinando os jovens para funções específicas, o departamento de
recursos humanos da empresa terá oferta maior e mais qualificada."
30
Além disso, a Lei da Aprendizagem estanca a evasão escolar, prolonga a
permanência do jovem na escola e promove a inclusão social.
Sem essa oportunidade hoje, teremos de pagar ainda mais impostos lá na
frente para bancar programas assistenciais.
As vagas para aprendizes nas empresas batem em mais de um milhão,
segundo estimativa do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Mal se conseguiu
preencher 166 mil, segundo o placardoaprendiz.org.br, que iniciou essa contagem
em novembro de 2007. O entrave para preencher os postos, conforme a
coordenação da Política de Aprendizagem do MTE, é que nem todas as empresas
estão informadas sobre a lei; muitas dizem ter dificuldade em estabelecer parcerias
com entidades responsáveis pela parte teórica dos programas; outras ainda alegam
falta de recursos; e o próprio governo não consegue fiscalizar quem preenche ou
não as cotas.
Soluções não faltam. No caso da dificuldade em encontrar organizações
parceiras, sugere-se que as escolas técnicas sejam incluídas nessa ciranda com
cursos de formação mais curtos e adaptados às necessidades das empresas. O
Sistema S também poderia empenhar-se para absorver uma quantidade maior de
aprendizes; e as próprias empresas deveriam aproveitar a oportunidade para
praticar uma responsabilidade social efetiva junto à comunidade",. O Brasil tem
cerca de 36 milhões de jovens entre 14 e 24 anos - faixa etária à qual se aplica a lei.
3.4 - Atletas emprestam prestígio à causa
31
A oportunidade oferecida aos aprendizes é o diferencial no negócio,
acredita Adair Meira, presidente da Fundação Pró-Cerrado de Goiânia (GO), que
trabalha junto a empresas do Planalto Central desde 1996. "A aprendizagem tem a
cara do mundo corporativo, faz parte das melhores práticas", diz.
Para que as empresas ainda refratárias entrem nessa ciranda, a Pró-
Cerrado conta com a parceria da Atletas. Pela Cidadania, ONG fundada em 2006
com o objetivo de batalhar pelo cumprimento da Lei da Aprendizagem. Nesse corpo
a corpo, a Atletas desembarca nas reuniões com empresários na companhia de
figuras carimbadas, como Ana Moser, Hortência, Edimilson, Raí e outros 43 atletas.
"Fazemos lobby, sim, mas com ética", diz Daniela Castro, coordenadora da Atletas.
"Atletas em geral têm um histórico de transformação da própria vida, vieram de
comunidades carentes e precisam apenas contar sua trajetória para sensibilizar os
empresários."
Raí de Oliveira, uma das estrelas da “Atletas”, comanda sua própria
organização social, a Gol de Letra, mas dedica tempo e poder de convencimento à
causa da Lei da Aprendizagem. "A fiscalização é antipática, mas necessária",
acredita Raí. "As empresas deveriam encarar a Lei da Aprendizagem como
vantagem: além de tratar do futuro profissional do jovem, cria um banco de talentos
exclusivo e tem incentivos fiscais", diz. "É a maior política pública de inclusão; num
ano eleitoral, não entendo como nenhum candidato levanta a bandeira da Lei da
Aprendizagem."
33
Em junho, o placar indica que no Brasil há 166.034 aprendizes
contratados - 21% da meta estabelecida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
em 2008, de 800 mil até fim de 2010.
O jovem, hoje, é o segmento mais displicentemente olhado pela
sociedade, uma vez que não existe política pública efetiva capaz de engajá-lo na
sociedade.
Ainda que o esperado crescimento econômico possa ajudar a reduzir os
índices de desemprego no País, é difícil acreditar que algum dia voltaremos a ter
algo parecido com o pleno emprego. E se voltarmos, seguramente não será com
base no modelo das grandes corporações.
Ora, se o emprego da forma que conhecemos hoje tende a ser cada vez
mais escasso, por que continuamos exclusivamente a formar jovens para serem
empregados? Por que não formamos também nossos jovens para serem
empregadores? Ou, melhor, empreendedores?
A maioria de nós foi criada para ser bons funcionários de uma grande
organização. Dificilmente passaria na cabeça de quem sempre pensou em ter um
excelente e estável cargo numa empresa a idéia de abrir um incerto pequeno
negócio. Acontece que esse mundo mudou profundamente e não podemos impor
aos jovens nossos desejos, anseios e medos. Se fizermos isso estaremos
condenando-os à infelicidade e, boa parte deles, talvez a maioria, ao desemprego.
34
Precisamos também formar nossos jovens para o empreendedorismo.
Para o trabalho autônomo, para o associativismo, para o cooperativismo, que
surgem como novas possibilidades de geração de trabalho e renda.
Essas palavras apavoram a maioria das pessoas com mais de quarenta
anos, mas o novo mundo se constrói olhando para frente e não lutando para tentar
segurar um passado que definha.
Isso não significa que apenas o empreendedorismo vai resolver toda a
demanda por trabalho e renda. É evidente que a relação de emprego continuará a
existir. Entretanto, ela não será mais exclusiva nem tampouco a grande geradora de
postos de trabalho. Hoje, menos da metade dos empregados possuem relações
formais de trabalho. Esse número fica cada vez mais reduzido. É mais uma vez a
realidade indicando o caminho.
É preciso que a idéia das novas formas de trabalho, e não exclusivamente
de emprego, seja levada para o jovem desde o ciclo básico até a Universidade, de
modo que ele seja educado para a mudança e não para estabilidade. Ele deve ser
ensinado a conviver com o risco e aprender com ele, a pensar grande, a ter auto-
estima, coragem, confiança e capacidade para gerir sua própria vida, vendo na
mudança a oportunidade e não a ameaça. Abrir um pequeno negócio deveria ser
objeto de realização pessoal de não de falta de opção.
Para terminar, repito que precisamos olhar o empreendedorismo de uma
maneira um pouco menos mistificada e mais popularizada; ele deve entrar e fazer
parte do currículo das escolas. Ao desenvolver atitudes empreendedoras, estamos
ampliando as possibilidades de escolha para a realização pessoal e profissional.
35
Complementando os projetos de capacitação, devemos incentivar
também programas de incubadoras de empresas, de associações de jovens, de
empresas juniores, programas de responsabilidade social das empresas, buscando
fazer com que as empresas adotem os jovens não apenas no primeiro emprego,
mas também na orientação do empreendedorismo.
Vamos ver do lado brasileiro o que os números mostram em relação aos
jovens no mercado de trabalho.
A remuneração mensal - A remuneração é o principal item de satisfação
dos jovens que trabalham: 17% deles dizem que a remuneração mensal é o fator
número um de satisfação. A distribuição percentual, conforme a remuneração, é a
seguinte:
27% - entre 1 e 2 salários mínimos
26% - até 1 salário mínimo
24% - entre 2 e 3 salários mínimos
19% - mais de 3 salários mínimos
3% - não responderam
1% - não é remunerado
O destino do salário
57% - Parte do que ganham entra no orçamento familiar
30% - Ganham só para si
9% - Tudo o que ganham entram no orçamento familiar
3% - Não responderam
36
A jornada de trabalho
34% - 8 horas
14% - 6 horas
13% - de 1 a 5 horas
13% - 11 horas ou mais
10% - 10 horas
9% - 9 horas
6% - 7 horas
2% - outras respostas/não responderam
O tempo atrás do emprego
34% - até seis meses
25% - de seis meses a 1 ano
22% - mais de 2 anos
14% - de 1 ano até 2 anos
6% - não responderam
Para os jovens que têm alguma ocupação ou profissão, a realidade é
menos dura: embora somente 41% tenham sido absorvidos pelo mercado formal de
trabalho, 82% do universo estão de alguma forma trabalhando e conseguindo
remuneração mensal fixa ou variável. Segundo a pesquisa, para 79% dos 1.806
jovens entrevistados, apenas ter um emprego já é motivo de satisfação.
O mundo precisa que jovens de todos os níveis e em todas as profissões
ocupem seus lugares entre nas empresas.
Para o jovem o legal é:
37
“Ser diferente.”
Não tenha medo de encarar a multidão!
“Ser determinado.”
Trabalhe duro e fique focado!
“Ser criativo.”
Tente criar o seu próprio material, ele vai revelar algo único sobre você!
“Ser paciente”.
Não desista se as coisas não acontecerem de um dia para o outro.
“Ser versátil.”
Não tenha em mente apenas uma idéia, tente coisas novas e ganhe
quantas habilidades você puder!
“Ser companheiro.”
Esteja disposto a ajudar os outros, você aprenderá muito dessa forma!
38
CONCLUSÃO
“Somos do tamanho dos nossos sonhos”. - Buda
Pressupõe-se através do contexto deste trabalho, que se tenha levado os
leitores a perceberem a necessidade de se repensar no futuro dos jovens deste
País. O Ministério do Trabalho e Emprego, juntamente com outros órgãos,
governamentais ou não, criou um modelo de programa voltado a capacitação e
inserção, para atender às necessidades dos jovens desta nação.
Com vistas a proporcionar os alicerces para a construção de um modelo
capaz de adequar-se à transiência de um novo contexto organizacional, é que foi
implantado o Programa Jovem Aprendiz.
Pensar no Programa como um processo contínuo e abrangente, que
permite tangibilizar o conceito de educação para os jovens deste país, pois trata do
aprimoramento do trabalho dos mesmos, da sua iniciação no mercado de trabalho.
É um ponto muito importante, destacar o trabalho dos Recursos Humanos
incentivando este trabalho magnífico! Buscar o melhor para os jovens, é saber que
estamos contribuindo para a sua evolução profissional e pessoal.
Precisamos nos unir, permitir que os jovens se desenvolvam.
O RH entra nessa história como mediador, verificando através da visão
missão da empresa a melhor utilização dos recursos físicos, financeiros e
principalmente humanos. Quanto a pessoas precisamos entender em que contexto
elas se encontram, ou seja, suas culturas, crenças e valores, para depois de uma
análise criteriosa sabermos qual a melhor estratégia a seguir.
39
Sabemos que na verdade tudo muda muito rápido, e precisamos lidar com
esta realidade, pois as mudanças são necessárias mais não a qualquer preço. Este
é o verdadeiro papel do RH, está envolvido com todos os departamentos da
organização, do mais alto escalão ao mais baixo, unindo, integrando, valorizando,
treinando, capacitando e acima de tudo respeitando os seres humanos.
Orienta-los, educa-los, incentiva-los como serem bem sucedidos em sua
carreira profissional, faz parte do papel do RH nas organizações. Devemos estar
atentos à Lei da Aprendizagem, e nos prevenir contra agentes negativos à mudança.
O jovem busca a energia, a sensação de alegria, a fuga dos
problemas familiares e a capacidade de realizar atividades mais
intensas, ele tem a seu favor uma coisa muito importante que é a juventude,
o mundo todo para descobrir e desbravar com muita fé, coragem e boa vontade, e
aos poucos, irá descobrir caminhos que o levarão a um futuro
maravilhoso.
Espera-se que os Recursos Humanos das empresas dediquem parte de
seu tempo para envolver e reter talentos, e nestes talentos estão incluídos os jovens.
Fornecer treinamento, feedback, orientação, é o mínimo que os profissionais de
Recursos Humanos podem fazer para que os mesmos saibam como estão se
saindo, e como podem melhorar e crescer. Dar informações claras, verdadeiras e
respeitosas; em troca, obtenha um quadro funcional talentoso e de grande
importância no ambiente profissional e social.
Tudo isso sem perder de vista o objetivo de aumentar o resultado da
empresa convergindo produtividade e satisfação dos jovens com seu trabalho.
40
É o momento do Gestor de RH mostrar a sua importância dentro da empresa
alinhando-se às estratégias de crescimento adotadas.
43
ANEXO 2
ENTREVISTA
ENTREVISTADO POR: RANUZIA DE MELO ALVES – SUPERVISORA DE RH EMPRESA ORIENTAL 2004 VEÍCULOS LTDA FORAM ENTREVISTADOS DOIS APRENDIZES COM PERGUNTAS BÁSICAS SOBRE O PROGRAMA E SUAS DEVIDAS CONTRATAÇÕES LUIZ FELLIPE MATTOS VICENTE 20 ANOS - APRENDIZ DE SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS 1 – O QUE VOCÊ ACHA DO PROGRAMA JOVEM APRENDIZ? R: BOM, POIS DA OPORTUNIDADE A MUITOS JOVENS. 2 – O QUE VOCÊ ESPERA PARA SEU FUTURO? R: MUITAS COISAS BOAS E SER EFETIVADO 3 – QUAL A IMPORTANCIA DO SEU TRABALHO, NA EMPRESA QUE TE
CONTRATOU? R: É IMPORTANTE PARA O BOM FUNCIONAMENTO DO SETOR.
GABRIELE MIRANDA SILVA – 19 ANOS – APRENDIZ DE SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS 1-O QUE VOCÊ ACHA DO PROGRAMA JOVEM APRENDIZ? R: MUITO BOM, POIS OPORTUNIZA O PRIMEIRO EMPREGO. 2-O QUE VOCÊ ESPERA PARA SEU FUTURO? R: EU VIVO O HOJE, ,POR QUE A MELHOR FORMA DE APROVEITAR UM BOM FUTURO É SABER USAR O HOJE.
3=QUAL A IMPORTANCIA AO SEU TRABALHO NA EMPRESA QUE TE CONTRATOU? R: A EMPRESA NOS DA A OPORTUNIDADE DE DISPONIBILIZAR NOSSOS CONHECIMENTOS, E NÓS FICAMOS CADA VEZ MAIS QUALIFICADOS.
44
BIBLIOGRAFIA
CLT Saraiva Acadêmica e Constituição Federal. Adendo Especial, Editora Saraiva,
2009
SILVA, Mario Celso Marcondes. Competências e Resultados em Planejamento
Estratégico de Recursos Humanos. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2003, 2ª Edição
LUZ, Ricardo. Gestão do Clima Organizacional . Rio de Janeiro: Qualitymark, 2009,–
4ª Edição
GDIKIAN, SILVA, Elizabeth Ayres, Moisés Correia. Educação Estratégica nas
Organizações. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002
TEIXEIRA, SILVEIRA, BASTOS, OLIVEIRA, Gilnei Mourão, Aristeu Coelho de,
Carlos Pinheiro dos Santos, Gercina Alves de. Gestão Estratégica de Pessoas. Rio
de Janeiro: FGV Editora, 2008, 4ª impressão
JEFFERIES, Cindy. Escola da Fama. Ciranda Cultural, 2009, São Paulo
GOLEMAN, Daniel. Biblioteca de Gestão – Moderna Prática na Gestão de Pessoas
A descoberta e retenção dos mais talentosos. São Paulo: Campus, 2009
45
WEBGRAFIA
Disponível em http: < www.mte.gov.br>
Disponível em http: < www.rhportal.com.br>
Disponível em http: < www.adminstradores.com.br>
Disponível em http: < www.aprendizlegal.org.br>
Disponível em http: < www.ethos.org.br>
Disponível em http: < www.fundaçãorobertomarinho.org.br>
Disponível em http: < www.abrhrj.com.br>
46
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I (O JOVEM APRENDIZ E A SOCIEDADE) 9
1.1 - A Sociedade Investindo no Jovem 10
CAPÍTULO II (O RH ESTIMULANDO O DESENVOLVIMENTO DO JOVEM
APRENDIZ NAS ORGANIZAÇÕES) 11
2.1 – Argumentos a favor da responsabilidade social da empresa 14
2.1.1 - Argumentos teóricos em favor da responsabilidade social 14
2.1.2 - Argumentos práticos em favor da responsabilidade social 14
2.2 – Benefícios para a Empresa que participa do Programa 15
2.2.1 - Incentivos Fiscais e Tributários 16
2.2.2 – Entidades qualificadas a ministrar cursos de aprendizagem 16
CAPITULO III ( A INSERÇÃO E A CAPACITAÇÃO DO JOVEM APRENDIZ) 22
3.1 - Diferença entre Programa de Aprendizagem e Estágio 25
3.2 - Forma de incentivar e motivar as organizações 27
3.3 - Lei colabora com redução da taxa de evasão escolar 29
3.4 – Atletas emprestam prestígio à causa 30
CONCLUSÃO 38
ANEXO I 41
ANEXO II 43
BIBLIOGRAFIA 44
WEBGRAFIA 45
ÍNDICE 46
FOLHA DE AVALIAÇÃO 47
Recommended